INDICADORES DO MERCADO DE ENERGIA ELÉTRICA NO ESTADO DO AMAZONAS

Carlos Alberto Figueiredo Elizabeth Ferreira Cartaxo Universidade Federal do Amazonas

Ennio Peres da Silva Universidade Estadual de Campinas

RESUMO Energia S.A.[1]. Além dessas usinas, existem as plantas dos produtores independentes, Este trabalho apresenta dados sócio- empresas estrangeiras que obtiveram concessão para econômicos do estado do Amazonas, mostrando as a geração de energia para o sistema Manaus, fato diferenças entre o sistema da capital e do interior. ocorrido em face da falta de investimentos no setor Foi realizada uma análise da divisão geográfica por parte do governo federal, agravado pelo espacial do estado, utilizando o modelo da divisão racionamento a que se submeteu a cidade em em Meso-Regiões, no qual foram inseridos meados de 1997. Atualmente existem três empresas indicadores sociais, econômicos, energéticos e estrangeiras operando na capital, utilizando geração ambientais para estabelecer um cenário que fosse termelétrica com turbinas a gás e motores Diesel. compatível com os fatores condicionantes da política energética para o Amazonas. Sistema Interior: a geração de energia é ainda bastante precário, mantido pela Companhia ABSTRACT Energética do Estado do Amazonas - CEAM, antiga empresa do governo estadual, atualmente This work presents economic and social federalizada, responsável pelo fornecimento de information from Amazonas State, showing energia a 61 municípios do interior. Fatores como, a diferences between principal city and interior state. grande extensão territorial do estado e a pequena The analysing maked of the spacial geografic densidade populacional, dificultam ainda mais uma division from the Amazonas State used the Region manutenção eficiente dos sistemas, pois o alto custo Meso model, in what inser social, economics, operacional dos geradores, aliado à grande distância energetics and enviromental fators. a ser coberta pelos meios de transporte tendem a encarecer ainda mais esse modelo, que se baseia na utilização do óleo Diesel. A ESTRUTURA DO SISTEMA ELÉTRICO NO ESTADO DO AMAZONAS A capacidade instalada no interior, de 172.595kW, corresponde a 21% do total do estado, O estado do Amazonas possui um sistema utilizando unidades geradoras à Diesel. Em alguns de geração de energia elétrica baseado quase que municípios ( e Rio Preto da exclusivamente na utilização de petróleo, óleo Eva), o fornecimento é feito com energia comprada Diesel e óleo combustível, representando cerca de da Manaus Energia S.A. e distribuída pela CEAM. 70% da geração. Nos últimos dez anos, a potência instalada Sistema Manaus: a geração de energia no interior do estado cresceu cerca de 78%, encontra-se dividida entre empresas privadas e uma enquanto que o consumo total de energia apresentou estatal. A Manaus Energia S.A., subsidiária da um crescimento de 87%, gerando assim um déficit Eletronorte, dispõe de um parque térmico composto ainda maior no suprimento da demanda do interior, pelas seguintes usinas: UTE Aparecida (120MW), que já era bastante precário na maioria dos UTE Mauá (136MW) e Elétron (120 MW). A UHE municípios. Esse fato só tem agravado os constantes Balbina com capacidade instalada de 250 MW, constitui a única hidrelétrica do estado, integrante da racionamentos de energia que sempre fizeram parte Tabela 1 – Municípios e localidades que compõem as Meso- da rotina das populações desses municípios. Regiões do Estado do Amazonas. Meso-Regiões 1- 5- TEFÉ 9- Para estabelecer uma análise de mercado, Barcelos Alvarães visando a presença e o interesse de empreendedores Novo Airão Tefé do setor elétrico, os municípios e suas localidades Sta. I.do R. Negro Maués associadas, mais representativas economicamente, S. G.da Cachoeira Caiambé Nhamundá Cucuí Parintins foram agrupados neste trabalho em doze Meso- Iauretê S. Sebast. do Uatumã Regiões que, atualmente, dispõem de uma potência Urucará instalada de 215,7MVA, com 321 unidades Pedras geradoras isoladas, com média de 0,675 MVA por Mocambo unidade. Entretanto, somente cerca de 54% desta Caburí capacidade instalada representa potência firme, com Cametá 2- JAPURÁ 6- COARÍ 10- BOCA DO média de 0,362 MVA por unidade em operação, ACRE todas com fator de potência de 80%, [2]. As Japurá Anamã unidades geradoras consomem óleo Diesel, cujo Maraã Anorí volume de armazenamento em tanques monta em Limoeiro Berurí 12.450.000 m3. Vila Bitencourt Codajás Com base em dados relativos ao ano de Morituba 1998, o estado do Amazonas conta com uma Caviana população de 2.542.581 hab., deste total 48% 3-ALTO 7-MANAUS* 11-PURÚS encontra-se na capital e 52% nos municípios do SOLIMÕES interior. Esses valores resultam numa ocupação de Amaturá 2 2 Lábrea 106.6 hab/km , na capital Manaus, e 0,8 hab/km , Benj. Constant Careiro da Várzea Tapauá no interior. Manaus possui uma área de 11.458,5 Fonte Boa km2. Jutaí Manacapuru S. Antônio do Iça Observa-se que os municípios do interior S. Paulo Olivença Pres. Figueiredo do estado com maior índice populacional são: Campinas Parintins (77.455 hab.), Manacapuru (69.297 hab.), Est. Do Equador Sacambú Itacoatiara (67.668 hab.), Tefé (66.562 hab.) e Coari Palmeiras Castanho (60.663 hab.). Apresentam na média uma população Ipiranga Puraquequara de cerca de 68.300 hab.. B. do Solimões 4- JURUÁ 8-ITACOATIARA 12-MADEIRA Carauarí Itacoatira Apuí Estes dados iniciais já indicam a Eirunepé Itapiranga Borba disformidade das políticas de desenvolvimento até N. Olinda do Norte Humaitá então praticadas no estado do Amazonas, refletindo- Novo Aripuanã se também no mercado de energia elétrica, que é um V. Aug.Montenegro fator de importância no processo de exploração Juruá Itapeaçu * Exclui a Capital. Fonte: IBGE e Elaboração Própria racional de todos os recursos que a Amazônia oferece para o crescimento da região. Nestes termos, a Tab. 2 apresenta A DIVISÃO GEOGRÁFICA ESPACIAL indicadores demográficos, quando se considera esta DOS MUNICÍPIOS DO INTERIOR EM divisão espacial. MESO-REGIÕES

Tabela 2 - Dados demográficos das Meso-Regiões A partir do agrupamento proposto pelo Meso-Região População (%)** Área (Km2) (Hab/Km2) IBGE para os municípios do interior, conforme Rio Negro 74.379 2,93 333.857 0,2 mostrado na Tab. 1, pode-se observar os municípios Japurá 20.215 0,80 73.029 0,3 integrantes de cada Meso-Região. Esse agrupamento Alto Solimões 188.781 7,42 214.217 0,9 Juruá 105.057 4,13 122.693 0,9 foi o padrão adotado em todo o trabalho, para propor Tefé 96.351 3,79 40.038 2,4 ao final que as tomadas de decisão de investimentos Coari 110.966 4,36 112.082 1,0 impactantes no sistema energético, assim como Manaus* 208.126 8,19 61.339 3,4 formulação de política tarifária, se deva dar levando Itacoatiara 119.366 4,69 25.498 4,7 em consideração um conjunto de municípios para o Parintins 188.183 7,40 107.507 1,8 Boca do Acre 44.182 1,74 65.950 0,7 desenvolvimento e abastecimento energético, que Purus 48.225 1,90 188.168 0,3 possa ter representação e peso como mercado para Madeira 117.203 4,61 221.979 0,5 atrair empreendedores, inclusive de outros setores da * Exclui a Capital Manaus Fonte: IBGE economia, não somente o elétrico. ** Em relação a população total do Estado Este trabalho propõe que toda e qualquer Com relação a capital Manaus, o custo da política de desenvolvimento proposta para o geração, incluindo a CCC, é da ordem de R$ Amazonas deve ser implementada com base nesta 40,00/MWh. Ao se retirar este subsídio, o mesmo metodologia de divisão espacial, para que os eleva-se para algo em torno de R$ 95,00/MWh, resultados a serem obtidos tenham maior alcance significando um crescimento da ordem de 58%. social, significado econômico abrangente e homogeneidade no crescimento do estado como um Pode-se concluir a partir dos dados e todo, ao invés de, tão somente, as ilhas de estudos até o momento que: desenvolvimento conforme se verificam atualmente. 1. Não é viável a manutenção do atual perfil do parque gerador para o Estado do Amazonas, Ressalta-se o fato de que esta divisão que se mostra de operação deficiente e espacial tem como principal vantagem que os inadequado para a transição quês se pretende municípios e localidades a ele vinculadas, encontra- dar ao setor energético com novos princípios se, na sua grande maioria, interligados por uma regulatórios, mormente com a energia sendo malha hidroviária da Amazônia, que se pode disponibilizada em um ambiente de mercado identificar como uma infra-estrutura existente de competitivo entre as empresas responsáveis transporte hidroviário. pelo serviço público de energia elétrica, sujeita às regras de mercado. No caso do Estado do Amazonas, a Lei 2. O poder aquisitivo das populações urbanas e Federal n.º 9.648, de 27 de maio de 1998, garante o rurais eletrificadas e não eletrificadas não tem subsídio da Conta de Consumo de Combustível – como compatibilizar as tarifas de energia CCC (rateio do gasto com óleo combustível e elétrica sem o subsídio para os combustíveis Diesel entre todas as empresas do sistema elétrico não renováveis. interligado para geração de eletricidade nos sistemas 3. Novos empreendimentos e ações devem ser isolados), pelo prazo de quinze anos, ou seja, até implementados para contemplar a redução dos 2013, recentemente estendido este prazo até 2020. custos de eletricidade com a qualidade exigida Em 2013 também tem previsto o fim dos incentivos e desejável, em função do nível de fiscais concedidos para as industrias do Pólo desenvolvimento dos diversos grupos sociais Industrial de Manaus, caso não se equacione nesse existentes, principalmente no interior do intervalo um modelo de desenvolvimento econômico Estado. e Social alternativo para o Estado, vislumbram-se 4. Não se tem mercado assegurado no interior do sérias dificuldades em se manter os seus atuais Estado, com exceção dos municípios de Tefé, níveis de desenvolvimento econômicos e social, com Coari, Manacapuru, Itacoatiara e Parintins, para sérios reflexos para o modo de sobrevivência dos permitir, dentro de um cenário de competição Amazonenses, como homem do novo século. A (onde os consumidores podem escolher seus Tabela 3 apresenta dados do custo médio de geração prestadores de serviço de energia elétrica), o de energia elétrica em função da CCC, para as interesse de investimento neste setor dirigidos a Meso-Regiões do Estado, conforme definidas na estas localidades, sem subsídios específicos. Tab. 1. 5. A existência de um mecanismo, tal como a Resolução 245, de 11 de agosto de 1999, da ANEEL, que incentiva a substituição de Tabela 3 - Custo médio da geração de energia Meso-Região Custo da Custo da Cresci- geração termelétrica à Diesel e redução dos Geração Geração Mento gastos com a CCC, assegurando recursos desta (c/CCC) (s/CCC) (%) conta para fins de financiamento de (R$/MWh) (R$/MWh) empreendimentos em aproveitamento Rio Negro 224,06 329,50 32,0 Japurá 339,11 498,46 31,9 hidrelétricos de potência superior a 1,0 MW ou Alto Solimões 240,31 350,51 31,4 inferior a 30,0 MW, características estas de Juruá 180,40 263,38 31,5 Pequenas centrais Hidrelétricas – PCH’s ou Tefé 242,75 355,64 31,7 outros, que façam uso de recursos naturais Coari 263,45 386,56 31,8 renováveis, não oferece atrativos para a Manaus (s/ a capital) 239,81 341,47 29,7 implementação de empreendimentos privados, Itacoatiara 223,17 332,58 32,9 Parintins 256,08 377,27 32,1 em fontes alternativas de energia, quer seja Boca do Acre 155,77 229,07 32,0 primária ou secundária. Purús 155,36 224,05 30,6 6. Outras características também podem ser Madeira 161,64 237,70 32,0 citadas, tais como: baixa densidade Valores Médios 223,49 327,18 31,7 populacional, economia ainda com forte Receita Total (R$) 38.458.794,91 38.458.794,91 0,0 Despesa Total (R$) 54.548.458,13 80.113.247,64 32,0 componente extrativista, baixo índice de Total (MWh) 363.548,03 363.548,03 0,0 industrialização, fraca infra-estrutura urbana Fonte: [3] para saneamento básico, comunicação de dados e telefonia, transporte regular interno e externo aos municípios e a existência de comunidades 1. Efetiva interligação da região Norte; isoladas dentro dos próprios municípios. 2. Interiorização da energia na região Amazônica, 7. Outro aspecto fundamental que caracteriza os proporcionando oportunidade para a redução municípios que constituem as Meso-Regiões do das desigualdades sociais e a possibilidade, de estado do Amazonas é o isolamento, ou seja, realização de programas de desenvolvimento não estarem interligados a outro Sistema regional voltados ao homem, que aproveitaria as Elétrico, nem mesmo a capital, com exceção aos riquezas naturais existentes para melhoria da municípios próximos de Manaus que são qualidade de vida, com o aumento da oferta de atendidos, através da venda de energia da emprego e geração de renda; Manaus Energia para a CEAM, enquanto 3. Redução do consumo de derivados de petróleo; empresa independente administrativamente, que 4. Operação integrada das bacias hidrográficas opera a distribuição nestes municípios; no caso formadas pelas UHE Tucuruí, Cachoeira, são os municípios de Rio Preto da Eva, Vila Porteira e Balbina e, ainda, Puraquequara e Presidente Figueiredo. 5. Perspectiva futura de integração ao Mercado de Energia Elétrica. Presentemente, tem-se a assinatura do contrato entre a Manaus Energia e os Consórcios FONTES ENERGÉTICAS DISPONÍVEIS INEPAR/ABB e SPIC/PIRELLI, para a construção PARA O ESTADO DO AMAZONAS de dois sistemas de transmissão visando interligar o parque hidrotérmico de Manaus aos Municípios de O conhecimento da eficiência econômica Itacoatiara, Manacapuru, Iranduba e Novo Airão. O dos municípios que formam as Meso-Regiões do trecho Manaus/Iranduba/ Manacapuru/Novo Airão, a Estado do Amazonas é de fundamental importância ser construído pela SPIC/PIRELLI, terá um trecho para concluir-se pela seleção das diversas opções subaquático com cerca de quatro quilômetros de energéticas que representam as fontes primárias extensão sob as águas do Rio Negro, da Ponta do mais econômicas e viáveis do ponto de vista de auto- Ismael, em Manaus, à Ilha do Camarão, em sustentação do desenvolvimento. Iranduba. Trata-se de uma linha de transmissão de 89Km de extensão em 69KV (até Manacapuru) e Embora tenha se procurado levantar dados 105Km, na tensão de 34,5 KV (até Novo Airão). O estatísticos, os mesmos ainda não são suficiente para sistema interligado Manaus-Itacoatiara, a ser uma adequada escolha da melhor opção energética, construído pelo consórcio INEPAR/ABB, será em ficando ainda lacunas que são: 138 KV, com 216 Km de extensão. 1. Conhecimento das despesas energéticas para a realização da produção que se destacam para os Concluídas estas obras, com prazo estimado municípios do interior; entre 14 e 24 meses, a população atendida será a 2. A renda disponível para o pagamento de energia mesma do atual sistema de distribuição. A vantagem e ao mesmo tempo, os bens de consumo para as metas de universalização do fornecimento de mínimos para uma qualidade de vida aceitável; energia está nas construções das subestações de 3. As restrições e limitações ambientais impostas interligação, ou nós do sistema, que podem produzir para região sob análise, que podem suscitar pólos de irradiação de energia elétrica para as restrições para uma política de desenvolvimento comunidades vizinhas e núcleos habitacionais, caso que não contemplem as características haja interesse político e econômico por estas ambientais e, também, localidades. Nestes casos, investimentos em 4. Peso social e econômico das medidas se subestações rebaixadoras de tensão e linhas de adotadas, pois qualquer decisão a ser tomada distribuição de média tensão poderiam ser prevê-se um clima de acirramento entre os consideradas. atores, cada um defendendo seus particulares interesses, que nem sempre tem o homem Este trabalho propõe que os integrado com a região em que convive como empreendimentos em linhas de transmissão, como base de todo o planejamento. opção, não devem ser abandonados, sem prejuízo do já definido pelos Governos Federal e Estadual do As opções energéticas para os municípios e Amazonas, o aproveitamento do gás das regiões do comunidades isoladas, analisadas por diversos Juruá e Urucu, cujo Programa de Desenvolvimento, autores, têm mostrado onerosas e inviáveis denominado Brasil em ação, pretende disponibilizar economicamente, por várias razões, dentre estas: 5 milhões de metros cúbicos ao dia de gás natural 1) Pequenas dimensões; para a produção de energia elétrica e uso industrial 2) Habitantes de baixo nível educacional, na Região Amazônica. capacidade critica de decisão e renda; 3) Baixa produtividade local; e Os argumentos que se oferecem para a 4) Grandes distâncias entre os centros produtores e defesa destes empreendimentos são: indutores do desenvolvimento. A Tabela 4 mostra, em termos qualitativos, As áreas destacadas nesse contexto as vantagens e desvantagens das diferentes fontes encontram-se nos estados do Acre, Amapá, energéticas disponíveis para o uso na Amazônia. Amazonas, Mato Grosso, Pará (região não interligada eletricamente), Rondônia e Roraima, formando a denominada Região Amazônica Isolada– Tabela 4 - Vantagens e desvantagens das fontes energéticas disponíveis na Amazônia RAI, objeto de análise do trabalho de [4]. A Tabela Fonte Distribuição Relação com o Resultado 5 apresenta dados desse trabalho. Energética Territorial ambiente Econômico Biomassa* muito grande excelente favorável Biogás muito grande excelente favorável Tabela 5 - Áreas de Reserva Solar muito grande excelente favorável Áreas de Estudo ha Hidráulico média médio variável 1. Parques Nacionais 7.313.070 Madeira muito grande prejudicial variável 2. Estações, Reservas etc. 25.897.589 Gás natural pequena prejudicial prejudicial 3.Terras indígenas 73.788.534 Óleo média prejudicial prejudicial Total da Região 106. 999.193 * Exceto madeira Total do Amazonas 55.102.050 (51,49% do total) Área total da região reservada 305.464.620 que forma a RAI As regiões de interesse deste trabalho Área territorial do Estado do 157.782.020 Amazonas continuarão a ser dependentes da ação dos Governos Fonte: [4] da união, Estadual e Municipal, porém os empreendedores privados é que deverão ficar com os encargos da produção e da distribuição da energia Essas áreas destacadas, consideradas elétrica. Os projetos de desenvolvimento econômico, legalmente protegidas, com 106.999.193 ha, a serem escolhidos para implementação na correspondem a cerca de 35% da área total Amazônia, devem ser equacionados sobre as geográfica dos estados que formam a RAI, o Estado seguintes variáveis e necessidade de coordenar todos do Amazonas participa com 18% desse total, o que estes esforços: representa 34,9% de sua área territorial. 1) Capacidade de pagamento da população; 2) Custos e preço de geração e distribuição de Da análise dos dados apresentados para energia; consubstanciar a Proposta de Emenda à Constituição 3) Incentivos fiscais a serem concedidos para o – PEC n.º 19, de 2000, que institui, nos exercícios de setor econômico, considerado estratégico; 2001 a 23013, o Fundo de Desenvolvimento da 4) Conta de Consumo de Combustíveis - CCC; Amazônia Ocidental, o percentual para o Estado do 5) Utilização de fontes renováveis de energia; Amazonas é calculado em 38,5%, para uma área 6) Utilização de fontes não renováveis de energia; territorial de 156,8 milhões de hectares. Esta 7) Geração de renda e postos de trabalho; e diferença credita-se a alguma sobreposição de áreas 8) Independência energética para a região legalmente protegidas entre elas. considerada. Portanto, estas áreas são consideradas IMPACTO AMBIENTAL DAS POLÍTICAS especiais, com finalidades de proteção para DE DESENVOLVIMENTO DO ESTADO satisfazer as pressões internacionais de não DO AMAZONAS exploração e “intocabilidade” das florestas e de sua biodiversidade, dado que é de extrema importância, As maiores áreas de reservas ambientais e não somente para a manutenção das condições indígenas do Brasil estão situadas na Região ambientais globais, como também dos incalculáveis Amazônica Brasileira, logo, não é possível a valores de riquezas econômicas para a indústria de implementação de projetos de geração, transmissão e biotecnologia. distribuição de energia elétrica, inclusive gasodutos ou barcaças para transporte do gás nesta região, sem As populações do interior do Estado do vencer todas as resistências ambientais, cujos Amazonas, em particular as comunidades que maiores entraves são: habitam de forma isolada, dificilmente poderão ser 1) Os interesses e as preocupações internacionais, admitidas no processo de integração energético com a Região Amazônica; nacional, devendo ser tratadas como comunidades 2) As legislações ambientais específicas isoladas de difícil acesso, não participante do brasileiras; e mercado nacional, nem mesmo dentro do seu 3) A dependência do atual governo em satisfazer próprio espaço geográfico. A saída que se propõem é as exigências dos Países credores de recursos, a criação de Mercados Regionais de Energia – MRE. que alavancam e financiam o desenvolvimento brasileiro. Nesse contexto, seria uma oportunidade econômica, contra a estagnação e desamparo social das populações ora classificadas como isoladas, a implementação da PEC n.º 19, sendo os recursos 14º da Lei n.º 9.427 de 26/12/1996 da ANEEL, o oriundos aplicados em projetos que possibilitem a regime econômico financeiro das concessões geração local de emprego e renda, com atividades compreendem: a contraprestação do consumidor, compatíveis com as exigências da proteção com tarifas baseadas no serviços pelo preço; a ambiental. Estes projetos seriam analisados e responsabilidade da concessionária em realizar aprovados mediante uma metodologia própria, numa investimentos em obras em instalações; a abordagem de programação e avaliação participação do consumidor no capital da multiobjetiva, utilizando um modelo binário como concessionária, mediante contribuição financeira técnica de decisão, que ora está em fase de para as obras; apropriação de ganhos de eficácia e desenvolvimento pelos autores deste trabalho. da competitividade; e a indisponibilidade, salvo disposição contratual dos bens reversíveis [5]. A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL E ENERGÉTICA REFRENTE ÀS ÁREAS De imediato a população amazonense e da ISOLADAS região norte sentirá o impacto da extinção da CCC para os sistemas isolados. A exploração ou aproveitamento de potenciais energéticos, de origem hidráulica em No mercado do Estado do Amazonas, assim terras indígenas, só poderá ser efetivado com como no norte do País, não se visualiza em curto e autorização do Congresso Nacional. médio prazo a possibilidade de se manter um sistema baseado nas regras de livre mercado, pois a As comunidades afetadas devem ser carência de energia elétrica para o seu ouvidas previamente e assegurado o direito de desenvolvimento humano, como também de participação nos resultados da atividade, na forma programas de crescimento econômico e tecnológico em que a lei dispuser, conforme os artigos 49 e 231 que vise um adequado padrão de vida para as da Constituição Federal. populações, evidencia a distância dos Estados do Norte do Brasil, notadamente o Amazonas, em Como forma de incentivar a exploração de participar de uma estrutura única para todo o País, potenciais de energia renovável, de capacidade no que se referem as atuais políticas tarifárias. reduzida, o artigo 176, parágrafo 4º; dispensa esta atividade de autorização ou concessão. No momento, faz-se necessário coexistir uma estrutura tarifária para os sistemas A produção de energia elétrica, qualquer interconectados e outra para os sistemas isolados. A que seja a fonte, tem relação íntima com o meio primeira com estímulos e diretrizes que favoreçam e ambiente. Por menor que seja esta produção, sempre garantam a formação de um mercado competitivo, haverá um impacto associado e, desta forma, os baseado na eficiência e na busca do aprimoramento preceitos do Art. 225 da Constituição Federal, que tecnológico e, a segunda com base em fatores e estabelece o direito da sociedade dispor de um meio critérios que promovam a inserção das regiões, hoje ambiente ecologicamente equilibrado, deveriam excluídas, no cenário econômico – tecnológico sempre ser observados. nacional mais desenvolvido, e assim possam vir participar de um mercado de âmbito nacional. O fornecimento de energia elétrica à sociedade, na forma de serviço público, nos termos Em relação à política tarifária, delegada à do Art. 175 da Constituição Federal, é incumbência ANEEL, para estabelecer valores das tarifas de do Poder Público. O suprimento pode ser feito energia elétrica, esta deve buscar uma função diretamente, ou indiretamente, sob regime de otimizada que equilibre, no tempo e no espaço, os concessão ou permissão, mas sempre através de objetivos dos agentes do setor elétrico do Estado e licitação, sempre que a finalidade for a prestação de da União, sendo estes os financeiro, econômico e serviço público, tendo em vista os princípios básicos social. da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e da eficiência. Devido a constatação de relevantes diversidades de situações regionais, para os Com relação a política tarifária, direitos dos mercados isolados da Região Norte, sugere-se a usuários e manutenção do serviço adequado é manutenção do regime monopolista no suprimento necessário uma legislação para dispor sobre o caráter de eletricidade para os consumidores finais, podendo especial dos contratos a serem firmados. ser adotado o regime concorrencial na expansão da oferta de energia e capacidade através do regime de CONSIDERAÇÕES FINAIS comprador único.

Para o disciplinar a concessão dos serviços O sistema de geração de energia elétrica no públicos de energia elétrica, conforme prevê o artigo Brasil é predominantemente hidrelétrico, mais de 90% da energia gerada provém de usinas hidrelétricas e isso se deve ao grande potencial hidrelétrico existente e também a um esforço para a redução na utilização de derivados de petróleo.

Em termos de mercado, o sistema isolado que forma a Região Norte detém cerca de um por cento do mercado brasileiro de energia elétrica. Estima-se que cerca de 60% do potencial hidrelétrico é viável e competitivo ambientalmente e economicamente, 42% deste potencial situa-se na Região Amazônica. Por que esquecer desta perspectiva de aproveitamento?

PALAVRAS CHAVES:

Sistema elétrico, indicadores energéticos, indicadores econômicos, política energética.

REFERÊNCIAS

[1] ELETRONORTE, Projeção da demanda e perspectivas sócio-econômicas. EPEM-RE-202/98, Sistema Manaus, Brasília, março de 1999. [2] ANEEL, FT/UA, CEAM, Relatório de Fiscalização, Manaus, março de 2000. [3] Companhia Energética do Estado do Amazonas, Boletim Estatístico de Mercado, abril de 2000. [4] Silva, E. P., Regulação Energética e Meio Ambiente: Propostas para a Região Amazônica, ANEEL, 2001. [5] IPEA, Infra–estrutura: Perspectivas de Reorganização, Regulação, Brasília, 1977.