ROBERTO PODVAL MARIANA TRANCHESI ORTIZ LUÍSA RUFFO MUCHON ODEL M. J. ANTUN VIVIANE S. JACOB RAFFAINI ANA CAROLINE MACHADO MEDEIROS PAULA MOREIRA INDALECIO LARISSA PALERMO FRADE PAULO JOSÉ ARANHA MARCELO G.G. RAFFAINI CARLOS EDUARDO MITSUO NAKAHARADA MARIANA CALVELO GRAÇA LUÍS FERNANDO SILVEIRA BERALDO ALVARO AUGUSTO M. V. ORIONE SOUZA DANIEL ROMEIRO MAYARA LAZZARO OKSMAN

EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, DR. TEORI

ZAVASCKI.

Ref.: Habeas Corpus (Distribuído por prevenção à Reclamação 17.623, Operação Lavajato)

ROBERTO PODVAL, ODEL MIKAEL JEAN ANTUN, PAULA

MOREIRA INDALECIO, LUIS FERNANDO SILVEIRA BERALDO, DANIEL ROMEIRO e

VIVIANE SANTANA JACOB RAFFAINI, inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional de São Paulo -, respectivamente sob os nºs 101.458, 172.515, Em: 02/05/2017 - 10:01:30 195.105, 206.352, 234.983 e 257.193, vêm à presença de Vossa Excelência, com fulcro nos artigos 5º, inciso LXVIII, da Constituição Federal, e nos artigos 647 e 648, inciso I, doImpresso Código depor: Processo 032.156.371-97 Penal, impetrar HC 137728 o presente Habeas Corpus em favor de JOSÉ DIRCEU DE OLIVEIRA E SILVA, brasileiro, casado, empresário, inscrito no CPF/MF sob o nº 033.620.088-95, atualmente custodiado no Complexo Médico-Penal, na Região Metropolitana de Curitiba/PR, contra ato da 5ª Turma do Egrégio Superior Tribunal de Justiça, proferido nos autos do Recurso Ordinário Constitucional nº 65.616/PR, como se verá dos fatos e fundamentos a seguir delineados.

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1. UMA BREVE E NECESSÁRIA CONTEXTUALIZAÇÃO SOBRE O OBJETO DESTE WRIT

Há mais de 1 (um) ano, esta defesa vem tentando demonstrar ao Poder Judiciário as irregularidades que norteiam a prisão

preventiva do paciente JOSÉ DIRCEU DE OLIVEIRA E SILVA.

E o faz não com base em críticas genéricas à Operação Lavajato ou ao magistrado que a preside, mas sim porque, neste caso específico, os fatos que ensejaram a decretação e a manutenção de sua prisão em nada se relacionam com aqueles que, posteriormente, foram objeto da denúncia e de sua condenação. Além do mais, quando preso preventivamente o paciente já estava em prisão domiciliar por outro processo, e nenhum fato lhe foi imputado no período em que cumpria referida medida alternativa.

Não obstante, as especificidades do caso foram postas de lado pelos Tribunais inferiores que, com o objetivo de justificar a prisão cautelar do paciente a qualquer custo, valeram-se, a todo o momento, de argumentos absolutamente genéricos e alheios aos fatos.

Assim, enquanto ao Juízo da 13.ª Vara Criminal Federal de Curitiba a medidaEm: 02/05/2017seria necessária - 10:01:30 para cessar “a prática sucessiva de ilícitos criminais” e restaurar um suposto “prestígio” da Justiça, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região declarou que o decreto cautelar seria “inevitável”, pois interrompeImpressoria a cadeia por: delitiva 032.156.371-97 e se torna HCria referência137728 “aos que tratam com desprezo às instituições públicas, sempre acreditando na impunidade”.

Na mesma linha, o Superior Tribunal de Justiça, ora autoridade coatora, afirmou que “a gravidade genérica das condutas não autoriza a segregação cautelar, no entanto, a dinâmica dos fatos e dos desdobramentos da denominada ‘Operação Lava-jato’ revelam, a toda

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evidência, a gravidade concreta das condutas praticadas, que excedem, e muito, àquelas ínsitas aos tipos penais sob apuração”.

A resistência dos Tribunais inferiores em proceder a uma análise concreta sobre os fatos que ensejaram a prisão preventiva do paciente parece ter um único objetivo: manter a prisão de uma figura política que, diante do delicado momento histórico vivido em nosso país, era sabidamente relevante na época do seu decreto. Não por outra razão, inclusive, esta defesa já havia impetrado habeas corpus preventivo quando era certa e

anunciada a prisão de JOSÉ DIRCEU.

Não obstante, se inicialmente JOSÉ DIRCEU foi tido pelas autoridades judiciais como o verdadeiro líder de uma organização criminosa instalada dentro da Petrobrás, hoje o próprio magistrado responsável por sua condenação afirmou, expressamente, que não o reconhece “como o comandante do grupo criminoso”1.

Se, num primeiro momento, qualquer menção à sigla

JD era identificada como uma referência a JOSÉ DIRCEU e atrelada a supostas irregularidades por ele cometidas, hoje a própria autoridade policial já reconheceu que, com o “aprofundamentoEm: 02/05/2017 - das 10:01:30 investigações e novas análises”, algumas conclusões persecutórias em desfavor de José Dirceu se revelaram equivocadas2. Impresso por: 032.156.371-97 HC 137728 Da mesma forma, se antes se enxergava em JOSÉ

1 Na sentença de primeira instância, o magistrado sentenciante assim afirmou: “Não reconheço José Dirceu de Oliveira e Silva como o comandante do grupo criminoso, pelo menos considerando-o em toda a sua integralidade (empresários, intermediários, agentes públicos e políticos), motivo pelo qual deixo de aplicar a agravante do art. 2º, §3º, da Lei n.º 12.850/2013”. 2 http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/09/1817420-policia-federal-errou-ao-identificar-sigla-jd-em- planilha-como-dirceu.shtml 3

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DIRCEU uma proeminente figura filiada a um dos mais fortes e importantes partidos, hoje, sem sombra de dúvidas, essa conjuntura política também se alterou sobremaneira.

Por essas razões, portanto, não se pode dizer estarmos diante do mesmo cenário existente quando da decretação da prisão preventiva

de JOSÉ DIRCEU. Não se pode admitir, também, que permanecem incontestes as supostas razões que, a princípio, pareciam suficientes a embasar o decreto cautelar.

Assim, o que esta defesa busca nesta Suprema Corte, por meio do presente habeas corpus, é que os fatos e argumentos jurídicos a seguir expostos sejam analisados de forma concreta, objetiva e alheia à figura

pública que JOSÉ DIRCEU DE OLIVEIRA E SILVA já teve.

2. A DECISÃO COATORA: AUSÊNCIA DE REQUISITOS VÁLIDOS PARA A DECRETAÇÃO

E MANUTENÇÃO DA CUSTÓDIA CAUTELAR COM FUNDAMENTO NA GARANTIA DA

ORDEM PÚBLICA

AEm: prisão 02/05/2017 do paciente - 10:01:30 foi decretada no final de julho de 2015, no âmbito da 17ª fase da investigação denominada Operação Lavajato, que tem curso na Seção Judiciária de Curitiba/PR (doc. 01). Cumprido o mandado de prisãoImpresso no dia por: 03 032.156.371-97 de agosto de 2015 HC ,137728 encontra-se o paciente preso preventivamente no Complexo Médico Penal – CMP, na região metropolitana de Curitiba.

Não tendo logrado êxito no habeas corpus preventivo que intentou, nem na tentativa de conversão do referido writ em liberatório, esta defesa impetrou novo habeas corpus, desta vez originalmente liberatório, perante

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o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, com o objetivo de ver revogada a

prisão preventiva de JOSÉ DIRCEU DE OLIVEIRA E SILVA (doc. 02).

Julgado o mérito do writ, o Desembargador Federal,

Dr. JOÃO PEDRO GEBRAN NETO denegou a ordem, com fundamento, em síntese, nos mesmos argumentos expostos pelo magistrado de primeira instância (doc. 03).

Foi então interposto Recurso Ordinário Constitucional perante o Superior Tribunal de Justiça, ora autoridade coatora, o qual foi distribuído, por prevenção, ao Ministro Felix Fischer (doc. 04).

Antes do julgamento de mérito do recurso, o magistrado de primeira instância proferiu sentença condenatória em desfavor do paciente e, na mesma ocasião, manteve a sua prisão preventiva fazendo remissão aos mesmos argumentos utilizados para decretá-la (doc. 05).

Por esses motivos, a 5ª Turma do Tribunal a quo, em votação unânime, conheceu o recurso interposto, mas negou-lhe provimento, conforme ementa que segue (doc. 06): Em: 02/05/2017 - 10:01:30 PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. OPERAÇÃO "LAVA JATO". PRISÃO PREVENTIVA. ALEGAÇÃO DE INIDONEIDADE DA FUNDAMENTAÇÃOImpresso por: DO 032.156.371-97 DECRETO PRISION HC AL.137728 SEGREGAÇÃO CAUTELAR FUNDAMENTADA NA GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. RECURSO DESPROVIDO. I - A prolação de sentença condenatória, em que se mantenha a prisão preventiva sem adição de novos fundamentos, não torna prejudicado o recurso tendente à discussão da decisão que decretou a segregação cautelar. II - A prisão cautelar deve ser considerada exceção, e só se justifica caso demonstrada sua real indispensabilidade para assegurar a ordem pública, a instrução criminal ou a aplicação da lei penal, ex vi do artigo 312 do Código de

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Processo Penal. A prisão preventiva, enquanto medida de natureza cautelar, não pode ser utilizada como instrumento de punição antecipada do indiciado ou do réu, nem permite complementação de sua fundamentação pelas instâncias superiores. III - A concreta gravidade das condutas atribuídas ao recorrente e o justificado risco de reiteração criminosa, no entanto, revestem-se de idoneidade para justificar a segregação cautelar. (Precedentes). IV - Mostra-se insuficiente a aplicação de medidas cautelares diversas da prisão, previstas no art. 319 do CPP, quando presentes os requisitos autorizadores da prisão cautelar, como na hipótese. Recurso ordinário desprovido.

Pois bem. Ao pautar-se nos mesmos fundamentos utilizados pelo magistrado de primeira instância e pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região para negar provimento ao recurso e manter o decreto cautelar, o Superior Tribunal de Justiça, ora autoridade coatora, fundamentou-se no suposto risco à reiteração criminosa e na gravidade dos delitos. Afirmou, ainda, que a prolação de sentença condenatória intensifica os pressupostos da segregação cautelar:

Como parece evidente, a prolação de sentença condenatória, em desfavor do recorrente, intensifica a percepção quanto aos pressupostos da segregação cautelar, isto é, a existência, em si, dos fatos que lhe são atribuídos e os indícios de Em: 02/05/2017 - 10:01:30 autoria. (...). O recorrente insiste, em suas razões, numa formulação crítica a respeito de ser, a reiteração criminosa, substrato idôneo à determinação da segregação cautelar, Impresso por: 032.156.371-97 HC 137728 inclusive valendo-se do argumento de que, quando da decretação de sua prisão preventiva, encontrava-se em prisão domiciliar, em virtude de sua condenação na Ação Penal 470. Essa circunstância, entretanto, milita justamente em desfavor de sua tese. O recorrente, mesmo condenado noutro feito, teria insistido em práticas ilícitas, a revelar que a pena criminal imposta não produziu efeitos preventivos. O ordenamento jurídico, no plano do direito material, valora negativamente situações similares, em que a pena criminal não refreou novos delitos, rendendo ensejo, em 6

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alguns casos, à configuração de reincidência, como circunstância agravante, ou à configuração de maus antecedentes, no nível de aplicação da pena; em termos processuais, tal particularidade surge como tendente a revelar a garantia da ordem pública, permissiva da segregação cautelar. Os riscos de reiteração e persistência na prática de atividades ilícitas, evidenciados na decisão que decretou a prisão preventiva de José Dirceu de Oliveira e Silva, e assinalados no v. acórdão que apreciou o habeas corpus em segundo grau de jurisdição, com efeito, conformam o requisito da garantia da ordem pública, densificando-o diante das singularidades da situação concreta. (...). Merece destaque o fato de o recorrente ter sido agora condenado, em primeiro grau de jurisdição, por cinco crimes de corrupção passiva e pelo menos oito operações configuradoras de lavagem de dinheiro (fls. 1.162-1.163). Daí que a alusão de ter, mesmo no decurso de cumprimento de outra sanção, persistido em práticas reveladoras de crimes, consubstancia elemento seguro quanto aos riscos de novos comportamentos ilícitos, acaso conquistada a liberdade pleiteada. Entendo, por isso, que a segregação cautelar está suficientemente fundamentada na garantia da ordem pública, tendo em vista o fundado receio de reiteração delitiva e a gravidade em concreto das condutas tidas por delituosas, a reclamar a manutenção da medida extrema decretada em desfavor do recorrente.

Inicialmente, ainda que se reconheça, como fez a autoridade coatora, que “a prolação de sentença condenatória, em desfavor do recorrente, intensifica a Em: percepção 02/05/2017 quanto - 10:01:30 aos pressupostos da segregação cautelar”, isso, por si só, não é suficiente a convalidar a prisão preventiva do paciente, viciada desde a sua decretação. Impresso por: 032.156.371-97 HC 137728 Nesse sentido, inclusive, Vossa Excelência já decidiu em favor de Ricardo Hoffmann, também acusado na Operação Lavajato, respaldando-se em outros julgados proferidos por esta Suprema Corte:

Aliás, segundo a jurisprudência predominante do Supremo Tribunal Federal, não há

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perda de interesse do habeas corpus quando, na substituição do título prisional, a custódia cautelar é mantida pelos fundamentos do decreto de prisão originário: HC 114616, Relator(a): Min. , Segunda Turma, DJe de 17/9/2013; HC 113185, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Segunda Turma, DJe de 17/12/2012; HC 110518, Relator(a): Min. , Segunda Turma, DJe de 20/3/2012; HC 116491, Relator(a): Min. , Segunda Turma, DJe de 25/6/2013; HC 117474, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, DJe de 5/11/2013; HC 119396, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Segunda Turma, DJe de 14/2/2014. 6. Em conclusão, sendo insuficientes os fundamentos da decisão que decretou a prisão processual, os quais foram mantidos na sentença condenatória, justifica-se a substituição do encarceramento por outras medidas cautelares diversas (art. 282, § 6º, do Código de Processo Penal) que se revelam suficientes para prevenir eventuais perigos residuais que porventura subsistam; (STF, HC 132.406/PR, Min. Rel. Teori Zavascki, data j. 18/02/2016).

Superada essa questão, temos que também carece de

respaldo fático e jurídico a decretação e manutenção da prisão de JOSÉ DIRCEU em vista dos riscos à ordem pública, sob os argumentos de que (i) se deve prevenir a suposta reiteração criminosa, (ii) considerar a gravidade dos fatos delitivos e (iii) resguardar a credibilidade das instituições.

Partamos, pois, para mais uma análise minuciosa da Em: 02/05/2017 - 10:01:30 ilegalidade da prisão, sendo cotejados, ponto a ponto, os argumentos.

Impresso por: 032.156.371-97 HC 137728 2.1 . A SUPOSTA REITERAÇÃO CRIMINOSA

Sem dúvidas, o principal argumento utilizado para justificar o decreto e a manutenção da prisão preventiva do paciente como garantia da ordem púbica seria o risco da reiteração da conduta criminosa.

É fato notório que, no momento em que teve decretada 8

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sua prisão preventiva, JOSÉ DIRCEU cumpria prisão domiciliar em virtude de sua condenação na Ação Penal 470.

Para o Judiciário, todavia, essa condição não foi suficiente a afastar a necessidade da prisão processual. Pelo contrário, o fato de já ter sofrido processo anterior foi utilizado para justificar e manter o decreto cautelar no curso da Operação Lavajato, com base em eventual reiteração criminosa:

Oportuno ainda lembrar que José Dirceu, após ter sido condenado, em 17/12/2012, pelo Plenário do Egrégio Supremo Tribunal Federal na Ação Penal 470, foi preso em 15/11/2013, assim permanecendo até 28/10/2014, quando foi autorizado o cumprimento do restante da pena em prisão domiciliar. Ocorre que vários dos pagamentos efetuados a JD Assessoria ocorreram após a condenação de José Dirceu pelo Supremo Tribunal Federal e alguns inclusive após a efetivação da prisão. Com efeito, v.g., a OAS realizou pagamentos a JD Assessoria a título de consultoria a ele durante todo o ano de 2013, inclusive em dezembro. Também a UTC Engenharia realizou pagamentos a JD Assessoria durante todo o ano de 2013 e inclusive em 2014, até outubro. Embora não envolvida na Operação Lavajato, consta que a EMS S/A, empresa farmacêutica, depositou R$ 8.446.500,00, em parcelas mensais, na conta da JD Em: 02/05/2017 - 10:01:30 Assessoria entre 15/09/2009 a 20/08/2014, ou seja, inclusive quando José Dirceu já estava recolhido à prisão. Embora não envolvida na Operação Lavajato, consta que a empresa Monte Impresso por: 032.156.371-97 HC 137728 Cristalina Ltda. depositou R$ 1.379.625,00, em parcelas mensais, na conta da JD Assessoria entre 02/01/2009 a 03/02/2014, ou seja, inclusive quando José Dirceu já estava recolhido à prisão. (Trecho da decisão de primeira instância, doc. 01).

Essa circunstância, entretanto, milita justamente em desfavor de sua tese. O recorrente, mesmo condenado noutro feito, teria insistido em práticas ilícitas, a revelar que a pena criminal imposta não produziu efeitos preventivos. O 9

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ordenamento jurídico, no plano do direito material, valora negativamente situações similares, em que a pena criminal não refreou novos delitos, rendendo ensejo, em alguns casos, à configuração de reincidência, como circunstância agravante, ou à configuração de maus antecedentes, no nível de aplicação da pena; em termos processuais, tal particularidade surge como tendente a revelar a garantia da ordem pública, permissiva da segregação cautelar. Os riscos de reiteração e persistência na prática de atividades ilícitas, evidenciados na decisão que decretou a prisão preventiva de José Dirceu de Oliveira e Silva, e assinalados no v. acórdão que apreciou o habeas corpus em segundo grau de jurisdição, com efeito, conformam o requisito da garantia da ordem pública, densificando-o diante das singularidades da situação concreta. (Trecho extraído do acórdão proferido pela autoridade coatora, doc. 06).

Ainda, na tentativa de transparecer o suposto “impulso criminoso” do paciente, as decisões proferidas pelo magistrado de primeira instância e pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região também ressaltaram o fato de a empresa JD ter recebido pagamentos de algumas empresas quando já estava em curso a Operação Lavajato:

(...). Nem mesmo a notoriedade das investigações da Operação Lavajato, com prisões cautelares de dirigentes da Petrobrás e das empreiteiras envolvidas, parece ter sido suficiente para frear o impulso criminoso, considerando os relatos de Dalton Avancini acima referidos, bem comoEm: 02/05/2017o pagamento - por 10:01:30 empreiteiras envolvidas no esquema criminoso de valores a JD Assessoria ainda durante 2013 e 2012, entre elas a UTC Engenharia até outubro de 2014. (Trecho daImpresso decisão de por:primeira 032.156.371-97 instância, doc. HC 01 ).137728

3.2.2. Nem mesmo a notoriedade da 'Operação Lava-Jato', com prisões de diversos envolvidos, tem desestimulado a continuidade delitiva. Aponte-se, por exemplo, dentre as transações suspeitas, depósitos da empresa EMS S/A em favor da JD Assessoria e Consultoria (mais de R$ 8 milhões), entre 15/09/2009 e 20/08/2014. Além deste, foram identificados depósitos que totalizam mais de R$ 1,3 milhões, iniciados em 2009 e finalizados em agosto de 2014. 10

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Ganha destaque o fato de depósitos terem sido efetivados no segundo semestre de 2014, já contemporaneamente à 'Operação Lava-Jato'. Sequer se poderia inferir a legalidade das relações contratuais, muitas delas com objeto duvidoso de prestação de serviços de assessoria e consultoria. Ora, é inegável a penetração do paciente em vários meios (inclusive comerciais), dado o seu passado político. Porém, não é razoável que consultoria tão personalíssima pudesse ser prestada quando o paciente encontrava-se cumprindo pena imposta na Ação Penal/STF nº 470, conhecido mensalão. (Trecho do acórdão proferido pelo TRF-4ª Região, doc. 03).

Esses argumentos, todavia, não se sustentam em razão dos fatores a seguir expostos:

I) O paciente não foi denunciado e condenado pelos fatos apontados no decreto de prisão:

Inicialmente, é importante ressaltar que a ação penal decorrente das investigações que deram origem à prisão preventiva do paciente foi instaurada para apurar tão-somente os contratos de consultoria celebrados entre a JD (empresa de consultoria do paciente), a Engevix e a JAMP. Consequentemente, a posteriorEm: 02/05/2017 condenação - 10:01:30 do paciente também limitou-se a estes fatos.

Impresso por:Não 032.156.371-97 obstante, ao HC decretar 137728 a prisão preventiva do paciente, o magistrado de primeira instância utilizou, em sua fundamentação, contratos celebrados entre a empresa de consultoria do paciente e empresas como a UTC, OAS e EMS, as quais não eram objeto da denúncia ou de qualquer investigação.

Poder-se-ia dizer, é claro, que quando o magistrado de

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primeira instância decretou a prisão preventiva de José Dirceu, ainda não havia sido ofertada denúncia. No entanto, quando instado a prestar informações nos autos do habeas corpus, o juiz de primeiro grau informou da ação penal ofertada e nada disse para limitar sua fundamentação aos termos da ação proposta.

O Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por sua vez, quando julgou o mérito da impetração, já estava ciente do objeto da ação penal proposta contra o paciente e, mesmo assim, ao tentar reforçar a “possibilidade de reiteração criminosa” referiu-se expressamente a empresas que não tinham qualquer relação com os fatos objeto da denúncia.

Ao analisar a questão, o Tribunal a quo refutou os argumentos defensivos, afirmando, em síntese, que “aqueles outros contratos, que não foram abarcados na denúncia posterior, afiguraram-se como argumentos meramente laterais à fundamentação da decisão pela prisão preventiva, reforçando as razões para seu deferimento, sem que aquilo que, depois, fez-se presente na denúncia, tenha sido olvidado”.

Pois bem. Em primeiro lugar, é absolutamente equivocada a assertiva de que a menção àqueles contratos afigurou-se apenas como “argumentos laterais”Em: 02/05/2017 a uma fundamentação - 10:01:30 já existente, pois os pagamentos feitos pelas empresas UTC e EMS foram os únicos argumentos utilizados nas referidas decisões para justificar a conclusão de que “nem mesmo a notoriedade daImpresso Operação por: Lavajato 032.156.371-97 foi suficiente HC 137728a frear o impulso criminoso ou desestimular a continuidade delitiva”.

Até porque, se analisarmos o período dos fatos apurados na ação penal que deu origem à prisão preventiva do paciente, essa conclusão seria definitivamente impossível de ser alcançada.

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Com efeito, muito embora o Ministério Público Federal tenha afirmado, durante toda a instrução criminal, que a suposta prática delituosa apurada naqueles autos teria se estendido até 23/12/2014, no decreto condenatório o magistrado reconheceu o equívoco a respeito das datas e concluiu, com base em provas e depoimentos prestados, que os registros de recebimentos indevidos apurados naqueles autos teriam ocorrido até 13/11/20133.

Ou seja, o último fato imputado ao paciente nos autos da ação penal que deu origem à prisão aqui recorrida ocorreu no dia 13 de novembro de 2013, conforme reconhecido na própria sentença condenatória. Já a 1ª fase da Operação Lavajato teve início em março de 2014.

Assim, ao invocar o argumento de que a deflagração da Operação Lavajato não teria interrompido a suposta prática criminosa, necessariamente os Tribunais inferiores valeram-se apenas de fatos que jamais

foram objeto daquela ação penal. JOSÉ DIRCEU foi denunciado e condenado tão somente por supostas irregularidades ocorridas até novembro de 2013, e decorrentes dos contratos de consultoria celebrados com as empresas Engevix e JAMP. Em: 02/05/2017 - 10:01:30 Não se pode dizer, portanto, tratar-se de argumentos laterais a outros já existentes, pois não há outro fundamento que permita concluir que aImpresso deflagração por: da032.156.371-97 Operação Lavajato HC 137728 não teria sido suficiente a impedir a suposta prática delitiva.

E é exatamente neste ponto que reside a

3 Na individualização e dosimetria das penas impostas ao peticionário, o magistrado afirmou que José Dirceu “recebeu propina inclusive enquanto estava sendo julgada pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal a Ação Penal 470, havendo registro de recebimentos pelo menos até 13/11/2013” (doc. 05). 13

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irregularidade aqui invocada: José Dirceu não foi denunciado e condenado pelos fatos apontados no decreto de sua prisão preventiva. E se os fatos lá invocados não serviram a fundamentar eventual denúncia, que dirá a prisão preventiva do paciente, que já se prolonga há mais de 1 (um) ano?

Não obstante, além de não ter sido denunciado e condenado por estes fatos, a regularidade dos contratos celebrados com a EMS e a UTC restou fartamente demonstrada no curso da Operação Lavajato.

Com efeito, a respeito da empresa farmacêutica EMS S.A., a autoridade policial expediu ofício ao seu representante ainda na fase policial, solicitando fossem esclarecidas as circunstâncias em que se deu a contratação da JD Assessoria e Consultoria Ltda., e qual o objeto do contrato celebrado entre as partes.

Em resposta ao ofício (doc. 07), a empresa esclareceu que a contratação foi uma estratégia de mercado, motivada pelo fato de sua maior concorrente também ter contratado os serviços de consultoria prestados pelo paciente no âmbito da JD4.

4 “c) Em resposta aos motivos que embasaram tal contratação, a EMS/S.A. tem a esclarecer: É hoje a maior fabricante de medicamentosEm: 02/05/2017 do Brasil, - tendo 10:01:30 como principal concorrente a Neo Química, incorporada em 2009 pela Hypermarcas S.A., que tem como maior acionista controlador a Igarapava Participações S.A., controlada pela Holding Monte Cristalina S.A., que a partir de 2009, ao entrar neste ramo vem buscando a liderança no setor farmacêutico pertencente à EMS. Registre-se que tal concorrência é comum, benéfica ao mercadoImpresso farmacêutico, por:a saúde 032.156.371-97 pública e ocorre de forma HC ética137728 e em consonância aos ditames legais. Feitas estas breves explicações, nosso diretor Luiz Fernando Barbosa dos Santos foi apresentado a José Dirceu por um amigo em comum chamado Gaspar. Passado algum período, José Dirceu, através deste mesmo amigo, solicitou a Luiz Fernando uma reunião de negócios. Nesta reunião José Dirceu ofereceu a prestação de serviços de consultoria. Informou ainda, diga-se, sem qualquer tom ameaçador, que já prestava tais serviços à Monte Cristalina. Feitas tais considerações, decidiu-se por tal contratação, muito mais preocupado com seu concorrente, que já havia celebrado tal contratação, que pudesse gerar alguma influência em seu desfavor, do que propriamente com a consultoria que José Dirceu poderia prestar. Também entendeu-se internamente que tal recusa poderia gerar animosidade com um importante e respeitado ex integrante do governo federal, e fato é que tal pensamento 14

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Por fim, a farmacêutica esclareceu, também, os motivos pelos quais manteve a contratação da JD mesmo depois de o paciente ter sido condenado na Ação Penal 470:

“Por fim, pelos motivos acima expostos, que levaram a EMS a tal contratação, não se entendeu necessário o encerramento deste contrato com o início do julgamento do processo do Mensalão (meados de 2012) ou com a condenação (17/12/2012) de José Dirceu, um dos sócios da JD Assessoria e Consultoria LTDA. Todavia, com sua prisão (15/11/2013), decidiu-se que tal prestação de serviços estaria prejudicada, motivo que ensejou no fim desta contratação, respeitando-se apenas o prazo de vigência deste quarto e último aditivo, a saber, 27/07/2014”.

Assim, os esclarecimentos feitos pela EMS sobre as razões lícitas que nortearam sua relação comercial com a JD não permitem concluir que os aditivos e pagamentos posteriores à condenação do paciente apontam para uma suposta reiteração delitiva.

Já sobre os pagamentos recebidos da Construtora UTC, em maio de 2015 o empresário Ricardo Pessoa – que celebrou acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal e é sempre utilizado como exemplo de réu solto queEm: voluntariamente 02/05/2017 - 10:01:30 optou por fazer a colaboração; que sempre tem sua palavra recebida como verdade pela acusação e pelo Juízo de primeiro grau – prestou esclarecimentos a respeito dos detalhes que envolviam a Impresso por: 032.156.371-97 HC 137728 sua relação profissional com JOSÉ DIRCEU (doc. 08).

também colaborou como motivo para a celebração deste contrato, que tinha, em síntese, como objeto a prestação de assessoria em questões internacionais, sociológicas e políticas. Não se está aqui informando que o serviço descrito no objeto do presente contrato não foi realizado, que fique bem claro, a consultoria de fato ocorreu. Foram várias as reuniões realizadas principalmente entre nosso Diretor Luiz Fernando Barbosa dos Santos e o próprio José Dirceu, que além de apresentar sua experiente visão do cenário político, sugeriu alguns projetos de novos negócios, que posteriormente deram seguimento internamente na EMS, além, é claro, de sempre estar à disposição da Contratante”.

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Na oportunidade, além de confirmar a efetiva prestação dos serviços de consultoria e assessoria, o delator também esclareceu os reais motivos que o levaram a assinar dois aditivos ao primeiro contrato efetivado com a JD em fevereiro de 2012, sendo o último deles no

período em que JOSÉ DIRCEU já estava cumprindo a pena que lhe fora imposta na Ação Penal 470:

QUE como JOSÉ DIRCEU já estava envolvido com o processo do Mensalão, LUIZ EDUARDO, em certa data, veio procurar o declarante pedindo um aditivo ao contrato; QUE LUIZ EDUARDO afirmou que a JD estava passando por dificuldades financeiras; QUE o declarante aceitou realizar o aditivo, sabendo que a força de trabalho não era mais o importante, mas apenas

para ajudar JOSÉ DIRCEU; QUE no meio deste caminho, JOSÉ DIRCEU foi preso; QUE já tinha havido pagamento de grande parte do primeiro contrato de consultoria nesta época e do primeiro aditivo; QUE o contrato de consultoria foi firmado em 01 de fevereiro de 2012; QUE depois LUIZ EDUARDO veio e solicitou um segundo

aditivo; QUE nesta época JOSÉ DIRCEU já estava preso; QUE o declarante relutou, mas aceitou; QUE este segundo aditivo foi em 01 de fevereiro de

2014; QUE depois da prisão de JOSÉ DIRCEU, claramente não houve nenhuma prestação de serviços; QUE assim, em relação ao segundo aditivo, não houve prestação de qualquer serviço; Em: 02/05/2017 - 10:01:30

Neste ponto, o depoimento de Ricardo Pessoa, que, por força do acordo de delação premiada firmou o compromisso legal de dizer a Impresso por: 032.156.371-97 HC 137728 verdade, longe de comprovar eventual reiteração delitiva, só evidencia que todos os valores recebidos pela JD após a condenação do paciente foram a título de ajuda financeira.

Os esclarecimentos do empresário Ricardo Pessoa e a análise dos recebimentos da JD demonstram que os contratos da JD minguaram

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depois da condenação de JOSÉ DIRCEU e, como é natural, com a sua prisão em novembro de 2013, a conjuntura financeira da JD degringolou.

Esse fato é mencionado pelo irmão do paciente, Luiz Eduardo, o qual foi inclusive solto após cumprimento de prisão temporária: “(...). Disse que deve, atualmente, cerca de R$1.500.000,00 à R$2.000.000,00. Consigna que houve muita dificuldade para acertar a rescisão dos funcionários. Além disso, esclarece que quando JOSÉ DIRCEU foi preso em 2013 o DECLARANTE necessitou, de fato, pedir ajuda a terceiros” (doc. 09).

Deste modo, os pagamentos recebidos pelas empresas UTC e EMS não podem ser considerados como indícios de reiteração criminosa aptos a justificar a prisão preventiva ora recorrida, pois além de o paciente não ter sido denunciado e condenado por estes fatos, todos os elementos obtidos até então demonstram que essas relações profissionais foram absolutamente lícitas. Não por outra razão, até o presente momento nenhuma investigação sobre esses contratos foi instaurada.

Além do mais, deve-se reparar que a aparente fartura de pressupostos de autoria e materialidade constantes do decreto de prisão refere-se à suposta atuaçãoEm: política 02/05/2017 do paciente - 10:01:30 na indicação do diretor Renato Duque, para que o mesmo favorecesse interesses do grupo de empreiteiras que ganhavam os contratos da Petrobrás (ao menos, é por isso que foi denunciado e condenado, comImpresso base por: na 032.156.371-97 delação premiada, HC 137728 especialmente, de Milton Pascowitch). No entanto, nada diz a investigação, a denúncia dela extraída, ou muito menos a sentença condenatória, sobre qualquer atuação do paciente no setor farmacêutico, a macular de dúvida a licitude do contrato da JD com a empresa EMS.

Assim, os contratos celebrados com a UTC e a EMS e

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mencionados para a decretação e manutenção da prisão do paciente não suportam de indícios os fatos apontados como risco de reiteração criminosa, seja como argumento lateral, seja como argumento único.

II) As relações profissionais do paciente citadas no decreto de prisão se iniciaram antes de sua condenação da ação penal 470:

A prisão preventiva do paciente também foi decretada e mantida sob a falaciosa argumentação, segundo a qual a prisão domiciliar que

cumpria JOSÉ DIRCEU não seria suficiente e que a prisão cautelar aqui combatida seria necessária para fazer cessar as suas atividades.

Assim, no intuito de demonstrar a desnecessidade da prisão do paciente também sobre esta premissa, necessária se faz uma análise da derrocada de seus negócios de consultoria desde a sua condenação e posterior prisão na Ação Penal 470.

Sem entrar no mérito sobre serem ou não, algumas ou todas, as relações contratuais da JD, simulações para acobertar recebimento de propina; não obstante inexistaEm: 02/05/2017denúncia a -questionar 10:01:30 a grande maioria de seus negócios de consultoria, propomo-nos a uma análise apenas temporal dos contratos, que independe da discussão de mérito. Impresso por: 032.156.371-97 HC 137728 Com efeito, uma breve análise sobre os contratos da empresa JD que foram juntados aos autos durante as investigações e mencionados no decreto de prisão (doc. 10), demonstra que todas as suas

relações profissionais tiveram início antes de JOSÉ DIRCEU ser condenado no processo do Mensalão, em dezembro de 2012. Depois desse período, os negócios do paciente diminuíram consideravelmente, levando a empresa a dificílima

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situação financeira.

Assim, ainda que se pudesse considerar que todas as relações profissionais fossem ilícitas, todas elas iniciaram-se antes de sua condenação na Ação Penal 470. Para melhor verificação, segue tabela de todos os contratos constantes dos autos e mencionados na decisão de primeira instância que decretou a prisão do paciente:

ENGEVIX ENGENHARIA S.A.

Data do primeiro contrato: 01 de julho de 2008. Prazo de 06 meses Data do último contrato: 02 de novembro de 2010. Prazo de 04 meses

JAMP ENGENHEIROS ASSOCIADOS LTDA.

Data do único contrato: 15 de abril de 2011. Prazo de 20 (vinte) meses

GALVÃO ENGENHARIA S.A. Em: 02/05/2017 - 10:01:30 Data do único contrato: 25 de junho de 2009. Prazo de 12 meses Impresso por: 032.156.371-97 HC 137728 EGESA ENGENHARIA S.A.

Data do único contrato: 23 de julho de 2008. Prazo de 180 (cento e oitenta) dias

CONSTRUÇÕES E COMÉRCIO CAMARGO CORRÊA S.A.

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Data do único contrato: 22 de abril de 2010. Prazo de 12 (doze) meses

CONSTRUTORA OAS LTDA.

Data do primeiro contrato: 21 de novembro de 2006. Prazo de 24 meses Data do último contrato: 02 de julho de 2012. Prazo de 24 meses

UTC ENGENHARIA S/A

Data do 1º contrato: 01º de fevereiro de 2012. Prazo de 12 meses Data do 1º aditivo: 01º de fevereiro de 2013. Prazo de 12 meses Data do 2º aditivo: 01º de fevereiro de 2014. Prazo de 12 meses

Monte Cristalina

Data do primeiro contrato: 1º de maio de 2008. Prazo deEm: 12 meses, 02/05/2017 renovável - 10:01:30 automaticamente. Data do 1º aditivo: 30 de maio de 2012. Prazo de 12 meses, renovável automaticamente. Impresso por: 032.156.371-97 HC 137728 EMS S/A

Data do primeiro contrato: 27 de julho de 2009. Prazo de 12 meses. Data do último aditivo: 27 de julho de 2013. Prazo de 12 meses

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As datas em que foram iniciadas as relações comerciais entre a JD e as empresas acima mencionadas, portanto, evidenciam que os fatos utilizados para dar fundamento ao decreto de prisão ocorreram antes da condenação do paciente na Ação Penal 470.

Nesse contexto, ainda que se reputem criminosas todas as atividades exercidas pelo paciente, os pagamentos feitos à JD, inclusive aqueles ocorridos depois de sua condenação e quando já havia sido deflagrada a Lavajato são decorrentes de relações profissionais celebradas anteriormente.

A exceção a essas circunstâncias se verifica somente em relação à EMS e à UTC, com as quais a JD celebrou aditivos depois da

condenação de JOSÉ DIRCEU na Ação Penal 470. Esses fatos, conforme já mencionado, além de não terem sido objeto da denúncia ou da sentença condenatória proferida em desfavor do paciente, já foram fartamente esclarecidos.

Tem-se, então, por absolutamente falaciosa a afirmação de que a condenação do paciente e sua consequente prisão decretada no processo doEm: Mensalão 02/05/2017 não surtiram- 10:01:30 efeito.

Ainda que se ultrapassasse o objeto da ação penal que deu origem à Impresso prisão do por: paciente, 032.156.371-97 e que se HC co 137728nsiderassem ilícitas todas as negociações ocorridas no âmbito da empresa JD, e que dessa eventual ilicitude se concluísse que o paciente estaria reiterando práticas criminosas ao firmar todos seus contratos de consultoria, a prisão decorrente da sentença condenatória na Ação Penal 470 fez encerrar suas atividades (fossem elas lícitas ou ilícitas).

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III) Quando decretada a prisão do paciente na Operação Lavajato, já fazia quase 2 (dois) anos que José Dirceu recebera os últimos valores supostamente indevidos e apurados na ação penal que deu origem à medida cautelar:

Ainda com relação à alegada necessidade da custódia para “fazer cessar” a reiteração criminosa, importante verificar qual a importância do decreto de prisão aqui atacado para os fins declarados nas decisões proferidas pelas instâncias inferiores.

No acórdão proferido pela autoridade coatora, o Ministro Relator invocou o fato de o paciente já ter sido condenado na Ação Penal 470 e, mesmo assim, “insistido em práticas delitivas”, ressaltando, ainda, que a recente condenação na Operação Lavajato demonstra a persistência em “práticas reveladores de crimes mesmo no decurso de cumprimento de outra sanção”:

Merece destaque o fato de o recorrente ter sido agora condenado, em primeiro grau de jurisdição, por cinco crimes de corrupção passiva e pelo menos oito operações configuradoras de lavagem de dinheiro (fls. 1.162-1.163). Daí que a Em: 02/05/2017 - 10:01:30 alusão de ter, mesmo no decurso de cumprimento de outra sanção, persistido em práticas reveladoras de crimes, consubstancia elemento seguro quanto aos riscos de novos comportamentos ilícitos, acaso conquistada a liberdade Impresso por: 032.156.371-97 HC 137728 pleiteada.

A autoridade coatora afirmou, ainda, que a reiteração criminosa tem reflexos tanto no plano do direito material quanto em termos processuais, justificando, assim, a manutenção da medida cautelar:

O ordenamento jurídico, no plano do direito material, valora negativamente

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situações similares, em que a pena criminal não refreou novos delitos, rendendo ensejo, em alguns casos, à configuração de reincidência, como circunstância agravante, ou à configuração de maus antecedentes, no nível de aplicação da pena; em termos processuais, tal particularidade surge como tendente a revelar a garantia da ordem pública, permissiva da segregação cautelar.

Pois bem. Conforme fartamente narrado acima, restou definitivamente demonstrado que os fatos pelos quais o paciente foi condenado no curso da Operação Lavajato, os quais deram ensejo à prisão preventiva do paciente, teriam sido praticados em datas anteriores ao trânsito em julgado da sentença proferida na Ação Penal 470 e ao início do cumprimento da pena.

Em decorrência dessa conclusão, inclusive, o magistrado da 13ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Curitiba/PR deixou de aplicar a agravante da reincidência prevista no art. 61, inc. I, do Código Penal, conforme requerido, equivocadamente, pelo Ministério Público Federal.

Em suma, portanto, nenhum dos fatos pelos quais o paciente foi denunciado e condenado ocorreu depois do início do cumprimento da pena que lhe fora imposta na Ação Penal 470. Em: 02/05/2017 - 10:01:30 Ora, Excelências, não se pode afirmar, com seriedade, que a segregação do paciente, ocorrida em agosto de 2015, foi necessária para Impresso por: 032.156.371-97 HC 137728 evitar a reiteração delitiva, se essa suposta reiteração não existia há quase dois anos, data em que recebido o último pagamento questionado no curso da ação penal nº 5045241.84.2015.4.04.7000/PR.

E ainda que, conforme expressamente declarado no acórdão proferido pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, se considerem ilícitos os pagamentos recebidos pela EMS – pelos quais o 23

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paciente não foi denunciado e condenado, além de comprovadamente lícitos, repisa-se, o último recebimento teria ocorrido em 20/08/2014, ou seja, ao menos 1 (um) ano antes da prisão do paciente aqui questionada!

Quando se afirma, como fez a autoridade coatora, que a reiteração criminosa “surge como tendente a revelar a garantia da ordem pública, permissiva da segregação cautelar”, imagina-se que, sem a prisão preventiva, o crime estaria ainda ocorrendo. Não é o que se vê dos autos, pois ainda que todas as atividades do paciente fossem ilícitas, elas já haviam cessado há muito.

Definitivamente, o que cessou as atividades da JD e os recebimentos pelas consultorias NÃO foi a prisão decretada nestes autos! Justamente por isso, os fatos invocados para justificar e manter o decreto cautelar não são idôneos a demonstrar a necessidade da custódia; justamente por isso, não assiste razão à afirmativa do Tribunal a quo no sentido de o paciente “ter, mesmo no decurso de cumprimento de outra sanção, persistido em práticas reveladoras de crimes”.

Para dar validade à argumentação, seria imprescindível demonstrarEm: a relação02/05/2017 entre - 10:01:30 o fim das atividades supostamente ilícitas ocorridas no âmbito da JD e a prisão preventiva do paciente decretada no curso da Operação Lavajato. O que se viu, todavia, foi exatamente o contrário. Impresso por: 032.156.371-97 HC 137728 E não se trata de interpretação de prova dos autos, o próprio teor das decisões proferidas pelas instâncias inferiores comprova que as atividades supostamente ilícitas estavam encerradas quando houve o decreto cautelar do paciente.

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Em suma, o que se pretende demonstrar no presente caso é que entre a data dos fatos imputados ao paciente e objeto da prisão preventiva e a data em que a medida foi decretada há uma série de circunstâncias que comprovam a desnecessidade da cautelar com o objetivo de se evitar a reiteração da prática criminosa.

Houve, em novembro de 2013, a sua prisão em razão da condenação na Ação Penal 470; já entre janeiro e agosto de 2014, ocorreram os últimos pagamentos feitos à JD, alguns em decorrência de contratos previamente celebrados, outros a título de ajuda financeira; e finalmente em outubro daquele mesmo ano, o paciente começou a cumprir pena em regime domiciliar.

Para melhor elucidar esses lapsos temporais, segue ilustração abaixo:

2006 a Nov/2013 Agosto/2014 Outubro/2014 Agosto/2015 nov/2013

Data dos fatos Início do Em: 02/05/2017Último - 10:01:30Início do Prisão imputados ao cumprimento da desdobramento dos cumprimento da preventiva do paciente e pena imposta na fatos atribuídos ao pena imposta na paciente na objetos da prisão Ação Penal 470 paciente na decisão Ação Penal 470 Operação Impresso por: 032.156.371-97 HC 137728 preventiva na que decretou sua em prisão Lavajato, sob Operação prisão preventiva, domiciliar. o argumento Lavajato. embora, de ser posteriormente, não necessária tenham sido objeto para fazer da denúncia. cessar uma atividade considerada

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ilícita já encerrada, na pior interpretação, 1 (um) ano antes.

Ora, não se pretende defender aqui que eventual risco à ordem pública pela reiteração da prática delitiva não é suficiente a justificar um decreto cautelar.

Ocorre que trazer agora fatos ocorridos há, no mínimo, 1 (um) ano para justificar uma prisão preventiva no intuito de evitar a reiteração criminosa evidentemente já cessada, demonstra a absoluta ausência de cautelaridade da medida.

IV) José Dirceu cumpria prisão domiciliar quando foi preso preventivamente:

JOSÉ DIRCEU cumpria prisão domiciliar quando foi preso preventivamente, assim como cumprem e/ou já cumpriram tantos outros Em: 02/05/2017 - 10:01:30 investigados e denunciados na Operação Lavajato. Durante esse período, nenhum fato lhe foi imputado. Não se pode colocar em dúvida, portanto, a efetividade da prisão domiciliar como forma de garantir a não reiteração Impresso por: 032.156.371-97 HC 137728 delitiva.

Com efeito, a 2ª Turma deste Egrégio Supremo Tribunal Federal já concedeu, em sede de habeas corpus, prisão domiciliar a

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diversos investigados na Operação Lavajato5.

Ainda, vários outros acusados – dentre eles Dalton Avancini, Eduardo Leite, Zwi Skornicki, Nestor Cerveró, Fernando Baiano, Sérgio Machado e Milton Pascowitch, também foram autorizados a cumprir a pena em prisão domiciliar depois de celebrar acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal.

Da mesma forma, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa cumpriu pena em regime domiciliar após acordo de delação premiada firmado com o Ministério Público Federal e homologado por Vossa Excelência6.

Não há dúvidas, portanto, de que a mera deflagração da Operação Lavajato foi suficiente para cessar os fatos tidos como criminosos. Caso contrário, a decretação da prisão preventiva de todos os envolvidos, direta ou indiretamente, nos fatos apurados, seria necessária.

Ao manter a prisão preventiva do paciente, todavia, a autoridade coatora afirmou que se devem levar em consideração as “circunstâncias e peculiaridades”Em: 02/05/2017 que a Operação- 10:01:30 Lavajato possuiu, pois “a dinâmica dos fatos e os seus desdobramentos revelam a gravidade concreta das condutas praticadas, que excedem, e muito, àquelas ínsitas aos tipos penais sob apuraçãoImpresso”: por: 032.156.371-97 HC 137728

“É necessário dizer que, a meu ver, não se trata de analisar o presente caso,

5 http://g1.globo.com/politica/operacao-lava-jato/noticia/2015/04/maioria-de-turma-do-supremo-manda- libertar-presidente-da-construtora-utc.html; http://oglobo.globo.com/brasil/stf-autoriza-prisao-domiciliar-de- ex-executivos-da-odebrecht-19171195; 6 http://www.gazetadopovo.com.br/vida-publica/paulo-roberto-costa-segue-para-o-rj-para-cumprir-prisao- domiciliar-eebwfe82sdjf896riadkwm1xq 27

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como outros decorrentes da designada "Operação Lavajato", mediante novos paradigmas ou por meio de repudiado julgamento de exceção, mas de efetivo reconhecimento das circunstâncias e peculiaridades que a hipótese possui, a fim de estabelecer a indispensabilidade ou não de imposição da medida excepcional. (...). Em verdade, deve-se destacar que, como é sabido, a gravidade genérica das condutas não autoriza a segregação cautelar. No entanto, a dinâmica dos fatos e os desdobramentos da denominada "Operação Lava-jato" revelam, a toda evidência, a gravidade concreta das condutas praticadas, que excedem, e muito, àquelas ínsitas aos tipos penais sob apuração”.

Afirmou, ainda, que a imposição de medidas cautelares diversas da prisão não seria “suficiente”, pois “os graves crimes supostamente ocorridos e revelados pela "Operação Lavajato" reclamam uma atuação firme do Poder Judiciário, no sentido de evitar a reiteração das práticas delituosas, no intuito de possibilitar a devida apuração dos fatos praticados contra a Administração Pública e, em última análise, a população brasileira, sendo a prisão preventiva, na hipótese, a única medida cabível para atingir tais objetivos”.

Ora, Excelências, se a prisão domiciliar foi imposta e efetiva para inúmeros investigados e acusados que respondem por “graves crimes supostamente ocorridosEm: 02/05/2017 e revelados - 10:01:30 pela Operação Lavajato”, e que, portanto, também estão inseridos nas mesmas “circunstâncias”, nas mesmas “peculiaridades”, na mesma “dinâmica” e nos mesmos “desdobramentos dos fatos”, por qualImpresso a razão elapor: deixou 032.156.371-97 de ser efetiva HC ao 137728 paciente que, durante o seu cumprimento, não praticou qualquer fato supostamente ilícito? Quando foi que

JOSÉ DIRCEU, no cumprimento daquela cautelar, praticou qualquer ato que justificasse a conversão da medida em prisão preventiva?

A verdade é que, não fosse eficaz a evitar a suposta reiteração delitiva, certamente o Estado não imporia a prisão domiciliar a tantos

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outros investigados e denunciados no curso da operação.

Não por outra razão, em decisão proferida nos autos do habeas corpus 130.254, Vossa Excelência atestou, com brilhantismo, a eficácia de medidas alternativas aplicadas no curso da Operação Lavajato, determinando, assim, fosse revogada a prisão preventiva de um dos acusados:

“O próprio magistrado de primeiro grau aplicou medidas cautelares diversas da prisão para outros investigados que apresentavam situação análoga à do paciente. Assim ocorreu, por exemplo, em relação a outros investigados executivos e dirigentes de empresas supostamente envolvidas em fraudes e desvio de recursos em licitações realizadas pela , cuja prisão preventiva se dera por fundamentos praticamente idênticos. Tendo sido eficaz, nesses casos, a substituição da prisão preventiva por medidas alternativas, não há razão jurídica justificável para negar igual tratamento ao ora paciente.” (STF, HC 130.254, decisão monocrática Min. Rel. Teori Zavascki, data: 16/10/2015).

No mesmo sentido, em fevereiro p.p. Vossa Excelência confirmou, em decisão monocrática, a liminar proferida nos autos do Habeas Corpus 132.406/PR, em favor do acusado Ricardo Hoffmann, que substituiu a prisão preventiva por medidas cautelares. Em: 02/05/2017 - 10:01:30 O caso acima citado é bastante semelhante à situação do paciente: a prisão preventiva do acusado Ricardo Hoffmann foi decretada sob o pretexto de seImpresso evitar eventual por: 032.156.371-97 reiteração delitiva, HC 137728 e posteriormente sobreveio a sentença condenatória em primeira instância, mantendo a sua prisão pelos mesmos fundamentos inicialmente expostos.

Não obstante, mesmo depois de proferido o decreto condenatório, a medida cautelar foi revogada, pois, nas palavras de Vossa Excelência, “é a sentença final, e não a decisão da preventiva, o momento

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adequado para, se for o caso, sopesar a gravidade do delito e aplicar as penas correspondentes”, sendo que, “além da demonstração concreta e objetiva das circunstâncias de fato indicativas de estar em risco a preservação dos valores jurídicos protegidos pelo art. 312 do Código de Processo Penal, é indispensável ficar evidenciado que o encarceramento do acusado é o único modo eficaz para afastar esse risco.

Por fim, e ainda a revelar a similitude com o presente caso, Vossa Excelência afirmou que “a mera suposição de reiteração delitiva não se revela idônea para manter a custódia cautelar”, concluindo, portanto, que “o decreto de prisão preventiva não apresentou justificativa plausível para o encarceramento cautelar, a não ser conjunto de elementos que reforçariam os indícios de materialidade e autoria, o que, por si só, não é suficiente para decretação da prisão preventiva”.

É exatamente a hipótese dos autos. No intuito de justificar o suposto risco de reiteração delitiva, as instâncias superiores consideraram o fato do paciente já ter sido condenado na Ação Penal 470.

Ignoraram, todavia, que os fatos objeto da Operação Lavajato, os quais supostamente comprovariam o risco da reiteração delitiva, Em: 02/05/2017 - 10:01:30 não foram interrompidos com a prisão preventiva do paciente, decretada pelo Juízo de Curitiba quando já cumpria prisão domiciliar, mas sim com o cumprimento daImpresso pena que por: lhe 032.156.371-97 fora imposta na HC Ação 137728 Penal 470.

É inverídica, portanto, a afirmação de que nem a prisão domiciliar em outro processo fez cessar a reiteração criminosa. Basta ver que ao paciente não foi imputado qualquer ato ilícito enquanto cumpria a medida, iniciada no dia 20 de outubro de 2014.

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É dizer, há prova cabal de que a prisão preventiva não seria o único meio efetivo para evitar a reiteração delitiva, o que demonstra, inevitavelmente, a sua absoluta desnecessidade. Também nesse sentido foi a decisão de Vossa Excelência nos autos do habeas corpus 130.254:

“7. (...) em qualquer dessas situações, além da demonstração concreta e objetiva das circunstâncias de fato indicativas de estar em risco a preservação dos valores jurídicos protegidos pelo art. 312 do Código de Processo Penal, é indispensável ficar evidenciado que o encarceramento do acusado é o único modo eficaz para afastar esse risco. Dito de outro modo: cumpre demonstrar que nenhuma das medidas alternativas indicadas no art. 319 da lei processual penal tem aptidão para, no caso concreto, atender eficazmente aos mesmos fins. É o que estabelece, de modo expresso, o art. 282, § 6º, do Código de Processo Penal: “a prisão preventiva será determinada quando não for cabível a sua substituição por outra medida cautelar (art. 319)”. (STF, HC 130.254, decisão monocrática Min. Rel. Teori Zavascki, data: 16/10/2015).

No caso do paciente, igualmente, não se demonstrou a necessidade da segregação. A alegada imprescindibilidade consistiu em verdadeira falácia, que não subsiste a mais singela análise dos fatos. Em: 02/05/2017 - 10:01:30

Depois da sua condenação na Ação Penal 470, a

situação financeiraImpresso da JDpor: foi 032.156.371-97 de mal a pior; HC com 137728 a sua prisão, subsistiram apenas pagamentos e poucos aditivos decorrentes de contratos anteriormente celebrados; e por fim, já no período em que cumpriu a pena em regime domiciliar, nenhum fato lhe foi imputado.

Definitivamente, portanto, não foi a prisão preventiva decretada no curso da Operação Lavajato que cessou a suposta reiteração delitiva do paciente. Essa é a prova mais contundente da 31

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desnecessidade da medida adotada pelo magistrado de primeira instância e mantida pelos Tribunais inferiores.

Mas não é só. Os demais fundamentos invocados para decretar e manter a medida constritiva tampouco se sustentam, conforme será objetivamente exposto a seguir.

2.2 . DA ALEGADA GRAVIDADE “CONCRETA” DA CONDUTA E DA NECESSIDADE DE

GARANTIR A CREDIBILIDADE DAS INSTITUIÇÕES

Qualquer que seja a gravidade da conduta atribuída ao acusado, trata-se de mera imputação, sendo que, conforme afirmou Vossa Excelência no julgado já citado acima, “é a sentença final, e não a decisão da preventiva, o momento adequado para, se for o caso, sopesar a gravidade do delito e aplicar as penas correspondentes”.

Assim, não pode a prisão processual tornar-se regra, qualquer que seja a gravidade do delito imputado. No presente caso, contudo, essa premissa foi simplesmente ignorada pelos Tribunais inferiores que, como se viu acima, invocaram, a Em: todo 02/05/2017 o momento -, 10:01:30 a suposta gravidade concreta dos delitos imputados ao paciente, afirmando tratar-se de “corrupção sistêmica e habitual”. Impresso por: 032.156.371-97 HC 137728 Ora, o que é isso se não a instituição de uma nova modalidade de prisão obrigatória, como existia no Código de Processo Penal de 1941, na Era Vargas?

Se nem mesmo nos crimes considerados mais graves se institui a prisão obrigatória, como no caso dos crimes hediondos,

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e mesmo nos crimes envolvendo ofensa à vida (o bem de maior relevo e, por certo, o mais grave dos delitos), não podem alguns julgadores, unilateralmente, instituir uma regra que desvirtua a lógica do sistema, prevendo espécie de prisão compulsória.

No caso em espécie, ainda que se pudesse conjecturar como reais os fatos imputados a José Dirceu, tem-se que, nem de longe, a sua situação se assemelha a de outros codenunciados, cujos valores supostamente desviados teriam sido muito mais expressivos, os quais ou não tiveram contra si prisão decretada ou, se tiveram, estão soltos, haja vista a delação premiada.

Ora, que gravidade concreta é essa, que inicialmente justifica a “necessária” prisão cautelar das pessoas, mas que é capaz de evaporar como mágica, após uma delação “premiada” acarretando, muitas vezes, a determinação da soltura dos presos pelo próprio Juízo.

Somente à prisão penal, decorrente de uma condenação definitiva – ou, no mínimo, de uma condenação confirmada em segunda instância, a depender do julgamento de mérito das Ações Declaratórias de ConstitucionalidadeEm: 02/05/2017 (ADC) - 10:01:30 43 e 44 por esta Suprema Corte – pode-se atribuir fundamento e finalidades de prevenção geral e especial. Mas, no caso do paciente, a antecipação de pena é tão escancarada que chega o magistrado de Impresso primeira por: instância 032.156.371-97 a invocar razãoHC 137728 de prevenção geral positiva (agregação de consensos e integração da norma) e de mero e arcaico retributivismo, confundindo e pervertendo o conceito de ordem pública, ao afirmar: “o apelo à ordem pública, seja para prevenir novos crimes, seja em decorrência de gravidade concreta dos crimes praticados, já bastaria à manutenção da preventiva”.

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Além do mais, no intuito de justificar e robustecer a necessidade da prisão preventiva do paciente, os Tribunais inferiores invocaram, também, as famigeradas “repercussão social” e “credibilidade da Justiça”.

Além de absolutamente inidôneos a justificar a medida cautelar, esses argumentos só demonstram que as instituições jurídicas, as quais sempre foram fiéis ao cumprimento das normas e princípios definidores do Estado Democrático de Direito, estão se transformando em componente da instabilidade política, econômica e social vivida em nosso país.

Respeitando o devido processo legal e a presunção de inocência, o Poder Judiciário estará dando a satisfação jurídica adequada aos cidadãos; estará mostrando à população como se busca a verdadeira Justiça em um Estado que, ainda, se pretende democrático de Direito.

Não por outra razão, Vossa Excelência já afirmou, em decisão monocrática proferida no habeas corpus nº 130.254, que o respeito ao regime de estrito cumprimento da lei, seja na apuração e julgamento dos fatos, seja na preservação dos princípios constitucionais, reflete diretamente na credibilidade das instituições: Em: 02/05/2017 - 10:01:30 “Como já consignado em outros casos, não se nega que a sociedade tem justificadas e sobradas razões para se indignar com notícias de cometimento de crimes como os aqui indicadosImpresso e de por: esperar 032.156.371-97 uma adequada HC resposta 137728 do Estado, no sentido de identificar e punir os responsáveis. Todavia, a sociedade saberá também compreender que a credibilidade das instituições, especialmente do Poder Judiciário, somente se fortalecerá na exata medida em que for capaz de manter o regime de estrito cumprimento da lei, seja na apuração e no julgamento desses graves delitos, seja na preservação dos princípios constitucionais da presunção de inocência, do direito à ampla defesa e ao

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ROBERTO PODVAL MARIANA TRANCHESI ORTIZ LUÍSA RUFFO MUCHON ODEL M. J. ANTUN VIVIANE S. JACOB RAFFAINI ANA CAROLINE MACHADO MEDEIROS PAULA MOREIRA INDALECIO LARISSA PALERMO FRADE PAULO JOSÉ ARANHA MARCELO G.G. RAFFAINI CARLOS EDUARDO MITSUO NAKAHARADA MARIANA CALVELO GRAÇA LUÍS FERNANDO SILVEIRA BERALDO ALVARO AUGUSTO M. V. ORIONE SOUZA DANIEL ROMEIRO MAYARA LAZZARO OKSMAN

devido processo legal, no âmbito dos quais se insere também o da vedação de prisões provisórias fora dos estritos casos autorizados pelo legislador”. (STF, HC 130.254, decisão monocrática Min. Rel. Teori Zavascki, data: 16/10/2015).

Do contrário, agindo ao reboque dos acontecimentos, rendendo-se ao chamado “clamor popular”, ou à propalada “opinião pública” (que, na verdade, muitas vezes não passa de “opinião publicada”7), em detrimento da segurança jurídica, que só se atinge com adesão às garantias constitucionais, não se estará acautelando a sociedade, mas sim a transformando em objeto da “ilusória democracia direta, na qual a instância suprema de representação é constituída por jornalistas”8.

Evidentemente, a mera acusação pela prática de um crime, como é cediço, sempre causa ressonância ou – como se queira chamar – alguma comoção na sociedade. Pautar a prisão nesse dado, sempre presente na acusação de todo e qualquer crime, portanto, é abrir uma enorme fenda para a indevida ingerência estatal, para a supressão das liberdades.

De todo modo, o devido processo penal é, justamente, o instrumento jurídico apto, nas sociedades civilizadas, para frear os ímpetos e Em: 02/05/2017 - 10:01:30 as paixões que, naturalmente, acometem o povo, sobretudo em casos envolvendo pessoas públicas. Contudo, tais arroubos, os quais surgem independentemente de haver provas contra a pessoa, ao longo dos tempos, não raras vezes (como Impresso por: 032.156.371-97 HC 137728 demonstram as religiões e os documentos históricos de época) deram azo às mais variadas injustiças, levando a julgamentos sumários e injustos.

7 Sobretudo também devido à exploração midiática do caso, o que tem causado ainda mais constrangimento, conforme mostram, aliás, os estudos de: VIEIRA, Ana Lúcia Menezes. Processo penal e mídia. São Paulo: RT, 2003; LIRA, Rafael de Sousa. Mídia sensacionalista. : Forense, 2014. 8 Antoine Garapon, I custodi dei diritti. Giustizia e democrazia. Ed. Feltrinelli, 1997, trad. It. Ada Cremagnani, tradução livre, cit. p.77. 35

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Para tanto, basta analisar como as multidões agiam (e, em certo sentido, ainda agem), regozijando-se com julgamentos e processos penais cheios de cerimônias degradantes (entre as quais se insere a prisão), chegando-se, antigamente, a se vibrar com o sofrimento corporal infligido ao réu (mediante tortura ou dolorosas penas corporais). Embora sejam outros tempos, as ciências (sobretudo a psicologia) explicam que a irracionalidade, haja vista um inconsciente coletivo, permanece na sociedade atual, mostrando-se evidente justamente em casos como esses, de investigações e apurações sensacionalistas, envolvendo pessoas públicas.

Atender ao Direito e conferir credibilidade à Justiça não é atender aos anseios da população, curvar-se ao grito da maioria. Ensina, a

respeito, ODONE SANGUINÉ, que “o Juiz não pode se preocupar em agradar a sociedade, aparentemente majoritária, mas deve basear-se, única e exclusivamente, em critérios de racionalidade”9.

Nessa esteira, a jurisprudência pacífica e consolidada dessa Suprema Corte repudia qualquer associação entre o requisito da ordem pública para a prisão preventiva e conceitos vagos e fluidos como os consistentes em supostos “clamor públicoEm:” 02/05/2017 ou “anseio - da 10:01:30 sociedade” ou qualquer alusão à credibilidade da Justiça ou instituições:

“... O fundamentoImpresso da por: garantia 032.156.371-97 da ordem pública HC 137728 é inidôneo quando alicerçado na credibilidade da justiça e na gravidade do crime. De igual modo, circunstâncias judiciais como a gravidade do crime, o motivo, a frieza, a premeditação, o emprego de violência e o desprezo pelas normas que regem a vida em sociedade não conferem base concreta à prisão preventiva para garantia da ordem pública. Circunstâncias dessa ordem hão de refletir-se --- e

9 SANGUINÉ, Odone. Prisão cautelar, medidas alternativas e direitos fundamentais. Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 312. 36

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apenas isso --- na fixação da pena. Precedentes. 2. A simples alusão de que o paciente está sendo processado por outros crimes ou respondendo a inquéritos não é, por si só, suficiente à manutenção de sua custódia cautelar. Precedentes. 3. Constrangimento ilegal a justificar exceção à Súmula n. 691 desta Corte. Ordem concedida”. (STF, HC 99379, Relator Min. Eros Grau, 2ª Turma, data j. 08/09/2009).

“AÇÃO PENAL. Prisão preventiva. Decreto fundado na necessidade de restabelecimento da ordem pública, abalada pela gravidade do crime. Exigência do clamor público e da credibilidade da Justiça. Inadmissibilidade. Razão que não autoriza a prisão cautelar. Ofensa ao art. 5º, LVII, da CF. Precedentes. É ilegal o decreto de prisão preventiva baseado em suposta exigência do clamor público e da credibilidade da Justiça, para restabelecimento da ordem social abalada pela gravidade do fato”. (STF, HC 93315, Rel. Min. , 2ª Turma, data j. 27/05/2008).

Os fundamentos invocados para fundamentar e manter a prisão preventiva do paciente com vistas a garantir a ordem pública, portanto, não se sustentam.

Desde a sua decretação, a medida cautelar já se mostrava absolutamente equivocada e carente de requisitos de cautelaridade, e Em: 02/05/2017 - 10:01:30 a sentença condenatória em nada alterou esse contexto. Sob qualquer ótica que se tenha, portanto, trata-se de inadmissível imposição de pena antecipada.

Impresso por: 032.156.371-97 HC 137728

3. CONCLUSÃO E PEDIDOS

Além dos mencionados equívocos constantes no decreto de prisão do paciente, e das já citadas alterações circunstanciais ocorridas desde a sua prisão, os quais, por si só, já demonstrariam a

desnecessidade da medida aqui combatida, o comportamento de JOSÉ DIRCEU 37

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durante todo o período em que esteve preso também pesa a seu favor.

Desde que soube das investigações, JOSÉ DIRCEU mostrou-se proativo e adotou postura extremamente colaborativa: colocou-se à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos necessários, apresentou todos os documentos que lhe foram solicitados (e outros que entendeu relevantes), e renunciou ao seu sigilo telemático e telefônico.

Além disso, já se encontrava em prisão domiciliar por outro processo, a qual cumpria regularmente, sem qualquer notícia de que já tenha sequer cogitado empreender fuga.

Está e sempre esteve à disposição das autoridades e sempre cumpriu as determinações judiciais contra si decretadas.

Posteriormente, durante a instrução criminal, dentre tantos investigados-acusados-colaboradores que compareceram perante as

autoridades apenas para acusar, criando fatos e omitindo verdades, JOSÉ

DIRCEU se dispôs a falar em Juízo e responder a todos os questionamentos que lhe foram feitos. Em: 02/05/2017 - 10:01:30 Esclareceu sua relação com cada acusado, como eram efetivadas as consultorias prestadas no âmbito da empresa JD, e qual a real situação de cadaImpresso imóvel dopor: qual 032.156.371-97 é proprietário. HC 137728

Dentro do Complexo Médico Penal, o paciente encontra-se cumprindo pena há mais de 1(um) ano e, tão logo lhe foi possível, iniciou um trabalho na biblioteca do presídio.

Portanto, muito embora jamais tenha sido

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mencionado qualquer outro requisito além da ordem pública para justificar a medida cautelar aqui recorrida, a postura do paciente ao longo deste último ano demonstra estar absolutamente segura a aplicação da lei penal, independentemente da manutenção de sua prisão preventiva.

Feitas essas derradeiras considerações, requer-se, liminarmente, até a decisão final do presente Habeas Corpus, seja o paciente imediatamente posto em liberdade, expedindo-se, para tanto, o respectivo alvará de soltura.

No ponto, está mais que presente o fumus boni iuris, haja vista as argumentações acima, demonstrando a manifesta abusividade da coação, em razão da absoluta ausência dos requisitos de cautelaridade.

Igualmente se encontra preenchido o periculum in mora, que se verifica, por óbvio pela urgência quanto ao deferimento da liminar, uma vez que o paciente já se encontra ilegalmente preso há mais de 1 (um) ano, sendo certo que nada reparará o mal decorrente da manutenção da sua prisão ilegal.

NoEm: mérito02/05/2017, pelos - 10:01:30 mesmos motivos ensejadores do pedido liminar, pleiteia-se a concessão da ordem para, em caráter definitivo, revogar a prisão preventiva do paciente, colocando-o em liberdade. Impresso por: 032.156.371-97 HC 137728 Subsidiariamente, caso esta Suprema Corte assim não entenda, requer seja concedida a ordem de habeas corpus para que o paciente possa cumprir prisão domiciliar, conforme já fazia quando teve sua prisão preventiva decretada e nos mesmos termos já concedidos a outros investigados e acusados no curso da Operação Lavajato.

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São Paulo, 06 de outubro de 2016.

ROBERTO PODVAL ODEL MIKAEL JEAN ANTUN

OAB/SP 101.458 OAB/SP 172.515

PAULA MOREIRA INDALECIO LUÍS FERNANDO SILVEIRA BERALDO

OAB/SP 195.105 OAB/SP 206.352

DANIEL ROMEIRO VIVIANE SANTANA JACOB RAFFAINI

OAB/SP 234.983 OAB/SP 257.193

Em: 02/05/2017 - 10:01:30

Impresso por: 032.156.371-97 HC 137728

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Documentos que instruem o presente habeas corpus:

1. Decisão de decretação da prisão preventiva do paciente, proferida nos

autos nº 5031859-24.2015.4.04.7000/PR;

2. Habeas corpus impetrado no TRF-4ª Região e distribuído sob o nº

5034542-82.2015.4.04.0000/PR;

3. Acórdão proferido no Habeas Corpus nº 5034542-82.2015.4.04.0000/PR;

4. Recurso Ordinário Constitucional em Habeas Corpus, interposto no

Superior Tribunal de Justiça e distribuído sob o nº 65.616/PR;

5. Sentença condenatória de primeira instância proferida nos autos da ação

penal nº 5045241-84.2015.4.04.7000/PR;

6. Acórdão proferido no Recurso Ordinário em Habeas Corpus nº 65.616/PR;

7. Cópia da resposta ao ofício expedido à empresa EMS S.A., extraída dos

autos nº 5003917-17.2015.4.04.7000, evento 82 – AP-INQPOL36.

8. Termo de colaboração nº 21, prestado por Ricardo Ribeiro Pessoa;

9. Cópia do termo de declarações prestadas por Eduardo de Oliveira e Silva,

extraída nos autos do inquérito policial nº 5003917-17.2015.404.7000,

fls. 254, evento 54 –Em: INQ1. 02/05/2017 - 10:01:30

10. Cópias dos contratos e/ou documentos referentes às empresas Galvão

Engenharia,Impresso Construtora por: 032.156.371-97 OAS, UTC HC Engenharia, 137728 Construtora OAS, Engevix Engenharia, Egesa Engenharia S/A, Construções Camargo

Corrêa S/A e JAMP Engenheiros Associados Ltda. e Monte Cristalina,

extraídas dos eventos 24 e 40 dos autos nº 5085623-56.2014.404.7000, e

evento 82 – AP-INQPOL8 dos autos nº 5003917-17.2015.4.04.7000;

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