ENTREVISTA Linus Torvalds, Criador do Linux

REDES Gerência de redes http://revista.espiritolivre.org | #018 | Setembro 2010 com ZABBIX

Open Source Software Potential Index ­ Pág 18 Agregação de Links no NetBSD ­ Pág 74

A fronteira final: o usuário doméstico ­ Pág 58 OpenBOR ­ Fighting Games Program ­ Pág 81

Agora é a vez do OpenOffice.org ­ Pág 61 Sorteios e Promoções ­ Pág 13 COM LICENÇA

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |02 EDITORIAL / EXPEDIENTE

De kernel em kernel... EXPEDIENTE Diretor Geral Caro leitor, trazemos mais uma nova edição que, para não ser diferente, João Fernando Costa Júnior foi gerada depois de muito trabalho de uma equipe batalhadora, e que merece to­ do o respeito. Procuramos disponibilizá­la no menor tempo possível, entretanto a Editor falta de certos recursos inviabilizaram o processo. Mesmo assim, estamos aqui João Fernando Costa Júnior como a edição do mês de setembro. Tivemos a oportunidade de estar frente a Revisão frente com Linus Torvalds, criador do Linux, o popular kernel que habita em di­ Aécio Pires versos de nossos computadores. Ele esbanjou simpatia ao nos receber em uma Alexandre A. Borba longa entrevista durante a LinuxCon, em São Paulo. Não somente a entrevista, Felipe Buarque de Queiroz mas juntamente com o fato de que ainda não havíamos tido uma capa sobre o Paulo de Souza Lima tão falado pinguim, além de sua popularidade já comprovada, foram os responsá­ Tradução veis pela escolha deste tema. Apesar do bate­papo ter sido longo, preferimos Paulo de Souza Lima publicá­lo na íntegra, sem cortes, onde Torlvalds, assim como em várias de suas Kemel Zaidan declarações, divide opiniões por onde passa. O que se constata é que, kernel após kernel, o Linux se fundamenta como uma solução viável entre os mais Arte e Diagramação João Fernando Costa Júnior diversos usuários. Isto graças, não somente a Torvalds, mas a uma comunidade atuante e sempre em evolução. Quanto a entrevista, agradecimento especial a Jornalista Responsável Kemel Zaidan, que esteve no evento representando a Revista Espírito Livre. Larissa Ventorim Costa ES00867­JP Além da entrevista, contamos ainda com a colaboração de diversos outros parceiros, que fundamentaram bem o tema de capa. Ricardo Ogliari faz uma aná­ Capa lise do pinguim nos dispositivos móveis, mais especificamente nos celulares, en­ Carlos Eduardo Mattos da Cruz quanto Rodrigo Carvalho foca o seu uso no Android, o sistema operacional Contribuiram nesta edição baseado em Linux, que vem se popularizando rapidamente entre as empresas Aécio Pires que produzem aparelhos de celular e seus respectivos usuários, que por diver­ Alan Lacerda sas vezes, se apresentam como fãs da plataforma. Jomar Silva faz uma pergunta Alexandre A. Borba interessante sobre os usuários linux: Quem não usa Linux?, afinal muitos usam Alexandre Oliva sem saber Alexandre Oliva avalia pontos polêmicos que envolvem o este famo­ André Déo André Farias Oliveira so kernel e levanta várias questões que merecem ser analisadas. Cárlisson Galdino Em paralelo a isso tudo, os outros colaboradores também enriqueceram a Carlos Donizete Carlos Eduardo Mattos da Cruz edição com suas matérias: Marco Passos destaca a dificuldade de coordenar pro­ Célia Menezes jetos colaborativos enquanto Jamerson Tiossi afirma que o usuário doméstico é a Cezar Taurion fronteira final quanto a adoção do software livre no desktop. André Déo e Aécio Cristiana Ferraz Coimbra Pires descrevem como gerenciar redes com o Zabbix e prometem continuar com Daigo Asuka outros artigos a respeito. Alexandre A. Borba levanta questões de reflexão sobre Jamerson Tiossi João Almeida e Silva a recente criação da suite LibreOffice. João Fernando Costa Júnior Além destes, outros também contribuiram e o meu sentimento é de muita Jomar Silva José James Figueira Teixeira gratidão com todos, entre estes os nossos parceiros das promoções, sorteios e Juliana Kryszczun brindes. Kemel Zaidan Linus Benedict Torvalds Estamos pipocando de promoções e desta vez batemos o recorde entre to­ Marco Passos das as edições. São promoções para todos os gostos. Cursos, maratonas, even­ Mônica Paz tos, livros, kits e muito mais. Convidamos os leitores a sempre visitarem o site Paulino Michellazo oficial da revista, pois algumas promoções acabam sendo feitas somente através Paulo de Souza Lima do site, de nossas redes sociais, parceiros, etc. Vale ressaltar ainda que, se você Ricardo Ogliari já participou de uma promoção, pode se inscrever nas demais promoções, sem Rita de Cássia Gonçalves Silva Rodrigo Carvalho problema. Só não há necessidade de se inscrever numa mesma promoção vári­ Ronald Kaiser as vezes, já que os registros duplicados são excluídos. É torcer e ficar atentos às Samara Cristina novidades Wilkens Lenon Yuri Almeida Um forte abraço a todos nossos leitores, que mês após mês, nos revigora com mensagens de conforto e garra, muito importantes para que nos fortalecer e mantermos nosso compromisso de ler in­ Contato formação de qualidade e credibilidade, a custo zero ao leitor. [email protected] Reforço a chamada por diagramadores e aproveito ainda para me desculpar pelos artigos que ainda não foram publicados. O conteúdo assinado e as imagens que o integram, são Já estão na lista de tarefas. Até a próxima de inteira responsabilidade de seus respectivos autores, não representando necessariamente a opinião da Revista Espírito Livre e de seus responsáveis. Todos os João Fernando Costa Júnior direitos sobre as imagens são reservados a seus Editor respectivos proprietários.

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |03 EDIÇÃO 018

SUMÁRIO

CAPA 10 anos de Linux no Mainframe 32 Cezar Taurion 37 Linux no mundo mobile Ricardo Ogliari 41 Preto no branco Entrevista com Alexandre Oliva Linus Torvalds O sucesso do Android 45 Rodrigo Carvalho PÁG. 25 50 Quem não usa Linux? Jomar Silva

COLUNAS OSSPI 18 Cezar Taurion Warning Zone 22 Episódio 12

100 AGENDA 06 NOTÍCIAS FORUM NEGÓCIOS LIVRES Atitude Open Source Re­educação Livre 54 Alexandre A. Borba 77 Paulino Michelazzo Coordenando projetos 56 Marco Passos A Fronteira Final GAMES 58 Jamerson Tiossi OpenBOR Agora é a vez do OpenOffice.org 81 Carlos Donizete 61 Alexandre A. Borba 63 Sentidos da Convergência Yuri Almeida CULTURA LIVRE 84 EU + TU = Nós DESENVOLVIMENTO Wilkens Lenon 66 Framework ou CMS? Juliana Kryszczun EVENTOS Relato: SOLIVRE X 86 Maringá/PR REDES Relato: Ubuntu Global Jam 91 Rio de Janeiro/RJ Gerência de Redes com Zabbix 69 André Déo e Aécio Pires Relato: III FSLBHBETIM 93 Betim/MG 1º ENSOLBA 95 Teixeira de Freitas/BA SYSADMIN II FETEC 97 Belo Jardim/PE Agregação de Links no NetBSD 74 Alan Lacerda

QUADRINHOS Departamento Técnico 99 Suporte_

ENTRE ASPAS 100 Citação de James Watson 09 LEITOR 13 PROMOÇÕES NOTÍCIAS NOTÍCIAS Por Célia Menezes

Microsoft decide migrar os usuários do Live Abertas as inscrições para IV Encontro Spaces para o WordPress Nordestino de Software Livre e o IV Encontro O serviço de blogs da Potiguar de Software Livre Microsoft, Lives Spaces, No dia 15 setembro será descontinuado em até foram iniciadas as seis meses e os usuários inscrições para poderão optar por migrar participar do evento, para o WordPress. Quando que será realizado em o blogueiro entra no Live Natal [ Rio Grande do Spaces aparece uma tela Norte, nos dias 05 e sugerindo o upgrade com as seguintes opções: 06 de novembro de migrar imediatamente, adiar o processo, baixar 2010. Interessados todo o conteúdo já publicado ou deletar podem aproveitar o preço promocional, que se definitivamente o blog. De acordo com a encerra no dia 07 de outubro, e se inscrever por Microsoft, posts, comentários, fotos e links R$ 20,00 (estudantes e caravanas) e R$ 40,00 serão preservados e as URLs antigas serão (profissionais). Quem deixar pra depois (de 08 a redirecionadas para o novo blog. 31 de outubro) pagará valor dobrado. Vale Saiba mais: http://www.miud.in/e2S. lembrar que aos estudantes será exigido comprovante de matrícula no ato do Comunidade OpenOffice.org anuncia a credenciamento. Participe criação de uma fundação para continuar o Leia mais: http://www.ensl.org.br. desenvolvimento da suíte de escritório A fim de ter maior Lançado o Linux Mint Debian Edition independência No início deste mês, a nas decisões equipe de sobre os rumos desenvolvimento do do projeto, a Linux Mint anunciou o equipe de lançamento do Linux mantenedores do Mint Debian Edition OpenOffice.org decidiu se desligar da Oracle e (LMDE), uma criar a The Document Foundation (TDF), uma distribuição que tem o instituição autônoma, independente e Debian testing como meritocrática que coordenará o base e não mais o Ubuntu. Essa versão tem o desenvolvimento do software. Essa organização GNOME como interface gráfica padrão, o escolheu uma nova marca internacional do navegador Mozilla Firefox e o cliente de projeto, que passará a se chamar LibreOffice. mensagens instantâneas Pidgin. Download Uma versão beta, baseada no OpenOffice.org disponível no site do projeto. 3.3 está disponível para download no site, Maiores informações: http://www.linuxmint.com. confira Saiba mais: http://www.libreoffice.org.

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |06 NOTÍCIAS

Estreia a nova animação da Blender usuário deve instalar uma extensão para Firefox Foundation (compatível com Windows, Mac e Ubuntu) Sintel, o mais chamada Swarmplayer, que permite a recente curta­ distribuição dos peers. metragem da Leia a notícia no site da Wikimedia: Blender Foundation, http://www.miud.in/ebY. foi lançado oficialmente durante Campus Party: inscrições com desconto até a 30ª edição do outubro Festival de Cinema As inscrições, que Holandês, em estavam Amsterdã. O projeto vem chamando tanta disponíveis atenção da comunidade de usuários e apenas para produtores de animação que virou capa da quem já tinha revista 3D World. O vídeo será licenciado em participado de Creative Commons e liberado para visualização alguma edição e download em breve. anterior, já podem ser adquiridas pelos Visite: http://www.durian.blender.org. interessados. Até o dia 20 de outubro, o valor do ingresso custará R$ 130,00, após esta data, Lançada versão do Qt 4.7 passará a ser R$ 150,00. Na edição 2011 a A Nokia anunciou o quantidade de vagas aumentou, passando para lançamento do Qt 6,5 mil. O evento acontecerá entre os dias 17 e 4.7, que vem com 23 de janeiro de 2011, no Centro de Exposições muitas novidades. Imigrantes, em São Paulo. Dentre elas, destaca­ Saiba mais: http://www.campus­party.com.br. se o Qt Quick, responsável pela Novo beta do Mozilla Firefox 4 criação de interfaces A equipe de de usuários desenvolvimento do dinâmicas, de forma Mozilla Firefox 4 liberou mais fácil e eficaz. Maiores informações: a sexta versão beta do http://www.doc.qt.nokia.com/4.7/qt4­7­intro.html. browser com bugs que geravam instabilidade Wikipedia usará P2P para transmitir em alguns recursos e streaming erros de renderização A Wikipedia encontrou para a versão do Mac uma ótima alternativa corrigidos. Além disso, mantém características para transmitir vídeos presentes na edição anterior, como suporte à em streaming no seu propriedade de buffer de vídeo em HTML5, site e não comprometer gerenciador de novos addons e suporte para o orçamento da transições do CSS3. Conheça as novidades: Fundação Wikimedia: http://www.mozilla.com/en­US/firefox/beta/ adotou a tecnologia features. peer­to­peer. Para assistir aos vídeos, o

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |07 NOTÍCIAS

Radiohead: compartilhar e curtir públicos e sistemas educacionais. Durante um Em 2009, mais de 60 fãs do café da manhã com jornalistas latino­ Radiohead filmaram o show americanos na sede da companhia, o executivo realizado em Praga. Os afirmou que os sistemas livres não incentivam a músicos britânicos inovação e o empreendedorismo. Visite: permitiram e incentivaram a http://www.miud.in/cBn. gravação do espetáculo porque tinham como objetivo Transparência Hacker analisa dados da produzir um registro da consulta pública da nova Lei de Direitos banda se apresentando ao Autorais vivo com a maior variação de ângulos possível. O Transparência Hacker, grupo formado em O vídeo está disponível para download e não 2009 após o I Transparência Hackday, pode ser usado para fins comerciais, pois o apresentou um relatório com dados gerados objetivo é compartilhar e curtir. Baixe: pela Consulta Pública da nova Lei de Direitos http://radiohead­prague.nataly.fr. Autorais, realizada entre 14 de junho e 31 de agosto. A análise aponta que, no início do Novo site oficial do Guia Foca Linux no ar processo, houve uma tentativa de manipulação O mais famoso guia para usuários GNU/Linux do resultado, visto que uma única pessoa está de cara nova O site apresenta alterações ccontribuiud 120 vezes em cerca de duas horas como melhorias na navegação, RSS em todas e apenas cinco dentre os quase 700 usuários as páginas, FAQ e sugestões. Confira: foram responsáveis por 650 comentários, http://www.guiafoca.org. aproximadamente 11% de todos os comentários feitos até então. O curioso é que a maior parte A UFSCar é a primeira universidade era a favor da manutenção da lei atual. A brasileira a adotar o IPv6 situação só foi revertida após mudança do A Universidade Federal de sistema de contribuição, que passou a aceitar São Carlos é a primeira apenas uma contribuição por IP. Leia a análise: instituição de ensino http://www.consultalda.thacker.com.br. superior brasileira a implementar o protocolo Filme sobre o Facebook deve chegar ao IPv6 em toda a sua rede. A Brasil em dezembro iniciativa teve início após O longa A rede social estreou no Festival de uma série de testes realizada pelo setor de TI Cinema de Nova York e da universidade em parceria com o Centro de conta como Mark Estudos e Pesquisas em Tecnologia de Redes e Zuckerberg, co­fundador do Operações (CEPTRO.br) do Núcleo de Facebook, se tornou um dos Informação e Coordenação do Ponto BR mais respeitados (NIC.br). Leia na íntegra: http://www.miud.in/ejm. empresários do Vale do Silício. O filme se baseia no Presidente da Microsoft América Latina livro de Ben Mezrich, uma critica o uso de Software Livre biografia não­autorizada de Zuckerberg, Hernán Rincón, presidente da Microsoft América bestseller nos Estados Unidos. O lançamento Latina, criticou a posição de alguns governos, no Brasil está previsto para o dia 03 de incluindo o Brasil, de incentivar a adoção de dezembro. Saiba mais: programas de código aberto em serviços http://www.thesocialnetwork­movie.com.

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |08 COLUNA DO LEITOR

EMAILS, SUGESTÕES E COMENTÁRIOS Ayhan YILDIZ ­ sxc.hu Esta seção é sua leitor Aproveite para nos dizer Acho que a Revista Espírito Livre é um apoio o que ainda falta na publicação, bem como para que trabalha ou pretende trabalhar na área expressar o que pensa a respeito das matérias de infomática, pois aborta assuntos atuais e de e artigos que são publicados a cada mês. Não fi­ interesse dos leitores. que com vergonha: Algo não ficou legal? Algo Jônatas Murça de Souza ­ Montes Claros/MG deve ser mudado? Ajude­nos a tornar a revista ainda melhor. Contribua, manifeste­se e mostre Trata­se de uma valiosa fonte de informações a nós e aos demais leitores o quão importante é sobre o software livre desenvolvida com ter o espírito livre. Abaixo listamos alguns co­ inteligência e competência. mentários que recebemos nos últimos dias: Giovani Ferreira Vargas ­ Porto Alegre/RS

Aborta assuntos interessantes fazendo com que Estou entrando entrando nesse mundo do seus leitores fique sabendo das principais software livre agora e um amigo em indicou a notícias do mercado e as últimas atualizações lar essa revista e estou gostando muito. de software livre, sendo uma revista fácil de ler. Juscelino Filho ­ Fortaleza/CE Wilson Q. da Fonseca Jr ­ São Paulo/SP Sempre leio a revista, é uma ótima maneira de Conheci a Revista Espírito Livre, há pouco se manter informado sobre o software livre, e tempo. Gosto de tudo que envolve TI, ideias, de principalmente, é bem acessível. tudo que transmita informações que enrriqueça Rômulo Silva Pinheiro ­ Belém/PA ainda mais meu conhecimento. E na Revista Espírito Livre... encontro tudo isso, um Descrobri a revista recentemente e achei muito apanhado geral de tudo que acontece no meio interessante os artigos. Revelam as novidades tecnológico. e divulgam o universo do software livre. Raiza Queiroz e Silva ­ Votuporanga/SP Verano Costa Dutra ­ Duque de Caxias/RJ

Uma excelente fonte de informação e formadora Inovadora e abrangente a cada edição. de opiniões. Espero que continue contribuindo Parabéns a todos que a ajudam a desenvolvê­la para a disseminação do software livre. e a divulgar conhecimento. Luiz Sabiano Ferreira Medeiros ­ Colatina/ES Anderson Peres de Oliveira ­ Paracatu/MG

Simplesmente incomparável. Não existe no Adoro a Revista Espírito Livre pois a cada mercado revista que possa ser comparada a edição obtenho muito conteúdo de boa Espírito Livre. qualidade. Jairo Fernandes da Silva ­ Guarulhos/SP Thiago F. Procorio ­ Várzea Grande/MT

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |09 COLUNA DO LEITOR

Muito boa, pois nela consigo me atualizar sobre A Revista Espírito Livre é uma das melhores diversos assuntos referentes a TI. Ela é uma publicações sobre Software Livre que conheço. revista que está sempre atualizada. Porque A companho a revista a algum tempo e a cada entendo que hoje em dia quem domina o edição é uma emoção diferente, sempre fico na conhecimento e a informação sobre diversos expectativa quando se aproxima a data da assuntos são as pessoas que se saem bem e próxima revista. Simplesmente o máximo saber de qual fonte retirar esta boa informação Sergio Alencar ­ Parnamirim/PE faz toda a diferença. Daniel de Oliveira Sabino ­ Ubá/MG A melhor ducumentação nacional que temos sobre Linux Fonte confiável de informação do mundo dos Ricardo Francisco ­ Rio de Janeiro/RJ softwares livres. Leio sempre e compartilho com todos a minha volta. Uma excelente revista sobre software livre, Paulo Alves ­ Cruzeiro/DF igual a ela não se encontra outra igual. André Forno ­ Marechal Candido Rondon/PR Uma revista de qualidade incontestável, que sempre me proporciona muitos bons momentos Leitura obrigatória para todos. Fiz o download de leitura e de informação de forma simples e de todas as revistas e a cada nova edição direta, com ótimos colunistas e ótimos textos. surpreendo­me com o esforço da equipe da Uma revista que é o que se propõe e o que Revista Espírito Livre em oferecer gratuitamente prega, a LIBERDADE. informação de qualidade. Através de vocês Tácio de J. Andrade ­ Vitória da Conquista/BA pude conhecer o Gnu/Linux e me tornei livre. Juliano Azevedo dos Santos ­ Nazaré/BA A revista tem grande importância ao colaborar com os ingressantes no mundo do software que A revista precisava de maior divulgação em há certo tempo atrás tinham grande dificuldade faculdades e universidades em achar material de qualidade em português Daniel Carvalho Gianni ­ Ribeirão Preto/SP Mauro S. Martins ­ São José dos Campos/SP A cada edição lançada e lida (e geralmente É uma revista completa e abrangente. relida muitas vezes) fica mais difícil aguentar a Indispensável para todos aquele que querem espera pela próxima. Essa revista tem crescido saber mais sobre o fascinante mundo do open exponencialmente no cenário nacional (e quiçá source. mundial) graças à seu belo trabalho editorial, Zuanny Silva Jucá ­ Manaus/AM com escolhas de matérias bem escritas e totalmente instrutivas, abordando o mundo Uma das melhores opções para ficar por dentro tecnológico como um todo, mas sem deixar de do que acontece no mundo do software livre. lado seu espírito livre, trazendo assim aos Sergio Marcony Paulo e Silva ­ Ceilândia/DF olhos de todos softwares e ideias livres, que facilitam nosso dia­a­dia sem cobrar e restringir Ainda não li, mas apoio todas as iniciativas a nada. Muito obrigado ao editor e a todos os favor do software livre (por isso baixei todas as colunistas que doam de si em prol da edições ­ achei muito interressante os assuntos, divulgação, explanação e evangelização do da capa), inclusive uso Linux Ubuntu. software e pensamento livres. Jorgyan Ribeiro Pinto ­ Cariacica/ES Raphael Silva Souza ­ Macarani/BA

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |10 COLUNA DO LEITOR

Excelente revista. Está, ao lado de revistas Muito boa para acompanhar todos os dias Obs: tradicionais, na leitura obrigatória de todo mês. sempre esperando o lançamento da próxima Edson S. de Souza ­ Belo Horizonte/MG revista. Adriano Carvalho Batista ­ Santa Maria/DF Acompanho a revista desde a primeira edição e também sigo no twitter. Posso falar que a Uma revista que acrescenta valor aos revista me impressiona muito pela qualidade, profissionais. A filosofia livre inspira novas por isso já recomendei a vários colegas e todos tendências e resultados positivos para qualquer disseram o mesmo. As matérias sobre Cloud caminho a trilhar. Computing me ajudarão no trabalho de Leandro Toledo de Souza ­ São Paulo/SP Tendências Tecnológicas, da faculdade Edvan R. Lacerda ­ São Paulo/SP A Espirito Livre nos traz informações sobre as novidades do interesse de todo profissional de Sou um grande fã da Revista Espírito Livre, pois tecnologia que vive se interessa pela fisolofia esta consegue saciar a necessidade de open­source e tudo isso no melhor espírito da conhecimento em informática de uma forma coisa, livre. objetiva e divertida com muita competência. Guilherme Theodoro Carlos ­ Campinas/SP Giovane Oliveira de Barcelos ­ Canoas/RS Um veículo que serve para transmitir infinitos A Revista Espírito Livre reproduz com fidelidade conhecimentos sobre software livre e tecnologia a verdadeira ideia do Software Livre, não em geral. restrita apenas ao desenvolvimento de Leandro Silva de Sousa ­ Fortaleza/CE programas, mas como uma filosofia de vida. Não bastasse fazer um ótimo trabalho A Revista Espírito Livre vem destacando­se no gratuitamente, arbitrariamente ao sentido mercado de TI como um periódico muito natural do pensamento egoísta, incentiva outros importante para o desenvolvimento profissional profissionais buscarem alternativas livres, de quem a ler. superiores, dentro de uma comunidade que Cícero Pinho Rocha ­ Camocim/CE compartilha um espírito altruísta. Leandro T. de Souza ­ São Paulo/SP Um bom meio de conhecimento e divulgação de open source em geral. Poderiam fazer um É a melhor Revista de Software Livre do país. tutorial pra ensinar a colocar 2 ou mais distros Realmente muito boa no PC. Paulo Eduardo F. dos Santos ­ Taubaté/SP Alessandro Siqueira e Silva ­ Santo André/SP

Uma iniciativa revolucionária, que divulga a Excelente obra eletrônica. Atualizada, completa essência e os princípios do software livre. e que aborda assuntos dos mais diversos André Luís de C. Marinho ­ Puxinanã/PB interesses relacionados ao Software Livre e de Código Aberto. A melhor referência em open source no Brasil. Fábio Kotowiski ­ Navegantes/SC Fabricio Valadares Xavier ­ Uberlândia/MG Uma ótima revista, aborda de forma A mais completa revista digital sobre software interessante temas relacionados a tecnologia e livre. software livre. Estão todos de parabéns Ricardo Esteves Pontes ­ Campinas/SP Cândida Mara de Souza Oliveira ­ Quixadá/CE

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |11 COLUNA DO LEITOR

Ótima, sempre divulgando conhecimento e com Conheço a pouco tempo mas gostei muito do temas atuais (como TI Verde) no qual mostra jeito que são escritos os textos... com clareza e que o país dá pouca atenção ao meio ambiente. conteúdo muito inteligente. Anderson Peres de Oliveira ­ Paracatu/MG Flaviana A. de Sousa Muniz ­ Uberaba/MG

Acho uma revista com temas muitos Uma excelente publicação nacional que enfatiza interessantes, gostaria que ela tivesse mais a popularização e especialização de leitores exemplos do dia­a­dia. comuns iguais a mim que tem interesse no Vitor Guilherme de Godoi ­ São Paulo/SP mundo GNU/Linux e open source Jeison Kertesz Muniz de Souza ­ Jequié/BA Uma ótima revista. Traz artigos surpreendentemente interessantes. E atinge Ótima revista sempre acompanho. Matérias não só a pessoas ligadas diretamente a área. muito bem elaboradas e informações relevantes. Pedro H. Mázala Machado ­ Cataguases/MG Jardel Denis Berti ­ Rio Negrinho/SC

Um ótimo caminho para quem quer se informar A revista tem grande importância ao colaborar mais sobre tecnologia, e para quem trabalha com os ingressantes no mundo do software que com isto uma forma de se atualizar. há certo tempo atrás tinham grande dificuldade Danilo C. Matsumoto ­ Ribeirão Preto/SP em achar material de qualidade em português Mauro Rodrigues ­ São José dos Campos/SP Muito boa, no mercado tem poucas revistas que tem as materias sobre opensource no brasil e Muitíssimo boa. Segue a linha de outras no mundo. A revista tem muitas materias revistas pagas que conheci e acompanhei no interesssantes, e tambem o fato de estar passado, não ficando a dever em nenhum disponivel na internet para de todos. aspecto a essas outras. Wesley Lazarini ­ Cariacica/ES Geraldo M. Fontes Júnior ­ Vila Velha/ES

A melhor revista do momento acerca de Revista de extremo valor cultural para a software livre. Pois precisamos de iniciativas comunidade de software livre. Parabéns à como essa para a sociedade mude o seu modo equipe de pensar. Daniel Gustavo Lanhoso Nunes ­ Curitiba/PR Nilson Roniery da Silva Vieira ­ São Luis/MA

Revista de alta qualidade com temas relevantes e que muitos leigos em Linux deviam conhecer e ler para embarcar de vez em Software Livre. Manoel M. Oliveira ­ Porto Trombetas/PA

Excelente revista A revista Espirito Livre é mais uma prova do sucesso do modelo free/open. Uma revista gratuita, com alto padrão de qualidade, que completou mais de um ano de Comentários, sugestões e existência. Parabéns contribuições: Fábio Herold ­ Canela/RS [email protected]

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |12 PROMOÇÕES ∙ RELAÇÃO DE GANHADORES E NOVAS PROMOÇÕES PROMOÇÕES

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Rafael Hernandez em parceria com a Revista Espírito Livre estará sorteando brindes entre os leitores. Basta se inscrever neste link e começar a torcer

A TreinaLinux em parceria com a Revista Espírito Livre estará sorteando kits de DVDs entre os leitores. Basta se inscrever neste link e começar a torcer

Não ganhou? Você ainda tem chance O Clube do Hacker em parceria com a Revista Espírito Livre sorteará associações para o clube. Inscreva­se no link e cruze os dedos

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Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |13 PROMOÇÕES ∙ RELAÇÃO DE GANHADORES E NOVAS PROMOÇÕES

Joomla CMS Tutorial Instalar, Planejar e Administrar

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Maratona Gerando resultados com Scrum

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Drupal CMS Tutorial Desenvolva sites usando o Drupal como base Instalação, Administração, Novos Temas...

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YAPC::Brasil 2010

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Relação de ganhadores de sorteios anteriores:

Ganhadores da promoção Kits da Clavis:

1. Jean Oliveira ­ Taquari/RS 2. Leonardo Sallezi Vargas ­ Serra/ES

Ganhadores da promoção Kits do Rafael Hernandez:

1. Sergio Leite Lustosa Nascimento Alencar ­ Parnamirim/PE 2. Jeverson de Sousa Barbosa Lima ­ Palmas/TO

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |15 PROMOÇÕES ∙ RELAÇÃO DE GANHADORES E NOVAS PROMOÇÕES

Relação de ganhadores de sorteios anteriores:

Ganhadores da promoção Linuxcon:

1. Ricardo Esteves Pontes ­ Campinas/SP 2. Mauro Sergio Martins Rodrigues ­ São José dos Campos/SP

Ganhadores da promoção TreinaLinux:

1. Cândida Mara de Souza Oliveira ­ Quixadá/CE 2. Anderson Peres de Oliveira ­ Paracatu/MG

Ganhadores da promoção Clube do Hacker:

1. Ricardo Francisco ­ Rio de Janeiro/RJ 2. Adalto dos Reis Júnior ­ Linhares/ES 3. Zuanny Silva Jucá ­ Manaus/AM

Ganhadores da promoção Virtuallink:

1. Pétala Ferreira Fanticelli ­ São Mateus/ES 2. Aline Meira Rocha ­ Salvador/BA 3. Verano Costa Dutra ­ Duque de Caxias/RJ 4. Fabricio Mendes Pereira ­ Marília/SP 5. Fabiano Gastaldi ­ Joinville/SC

Ganhadores da promoção Joomla Day:

1. Bruno Roberto Gomes [ Gurupi/TO 2. Adriano Carvalho Batista [ Brasília/DF

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |16 PROMOÇÕES ∙ RELAÇÃO DE GANHADORES E NOVAS PROMOÇÕES

Relação de ganhadores de sorteios anteriores:

Ganhadores da promoção Linux in Rio 2010:

1. Pedro Henrique Fonseca Costa [ Paraíba do Sul/RJ 2. Wagner Baldner [ Rio de Janeiro/RJ

Ganhadores da promoção SECOP 2010:

1. Hudson Augusto Lima [ Sorocaba/SP 2. Rodrigo Ferreira da Silva [ Jaboatão/PE 3. Cícero Pinho Rocha [ Camocim/CE 4. Givanaldo Rocha de Souza [ Natal/RN 5. Felipe Augusto Nunes Ribeiro [ Goiânia/GO

Ganhadores da promoção Google Android SAO Tutorial Mão na Massa:

1. Paulo Eduardo Fagundes dos Santos ­ Taubaté/SP

Ganhadores da promoção Segurança em Linux Tutorial Mão na Massa:

1. Leon Furtado Nardella ­ São Paulo/SP

Ganhadores da promoção Maratona JBoss:

1. André Luiz Machado de Souza ­ Recife/PE 2. Mário Mayerle Filho [ São José/SC 3. André Luís de Carvalho Marinho [ Puxinanã/PB 4. Ronaldo Vieira Lima [ Praia Grande/SP 5. Ricardo Esteves Pontes [ Campinas/SP

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |17 COLUNA ∙ CEZAR TAURION

Micah Burke ­ sxc.hu

Open Source Software Potential Index

Por Cezar Taurion

Estudei atentamente um comparações. O mapa mostra trabalho muito interessante de­ cada país pelos critérios Aciti­ senvolvido pela Red Hat e pelo vity e Environment. Activity vi­ Georgia Institute of Techno­ sualiza fatores concretos como logy, chamado Open Source politicas de incentivo ao Open Software Potential Index ou OS­ Source e número de usuários, PI. A ideia básica deste índice e Environment é mais subjetivo é comparar diversos países pois tenta apontar condições com relação às suas ativida­ que permitam ao Open Source des atuais e potenciais quanto florescer. ao uso de Open Source. O re­ Medir o uso de Open sultado pode ser visto em Source não é uma tarefa fácil, www.redhat.com/about/where­ pois nem sempre os dados es­ is­open­source/activity onde tão disponíveis. Até mesmo passando o mouse pelo mapa medir o uso de determinado do globo vemos o posiciona­ software não é simples, pois mento de cada país e pode­ ao contrário de um software co­ mos fazer algumas mercial onde podemos obter

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te iniciativas regulatórias e políticas públicas de incentivo. Alguns países adotam Open A atuação dos governos Source por necessidade de so­ brevivência como Irã e Síria, varia de país para país, e inclui que não tem outras alternati­ vas, uma vez que estão limita­ diferentes ações e estratégias que dos pelo embargo comercial que os impedem de utilizar a incluem principalmente iniciativas maioria dos softwares comerci­ regulatórias e políticas públicas de ais. Por outro lado, quando incentivo. analisamos o posicionamento do Brasil nos fatores academia (14º) e ambiente empresarial Cezar Taurion (43º), vemos que ainda existe muito espaço para uma maior adoção do Open Source. O ce estratégico e recentemente, uso de Open Source pelas em­ do fornecedor o número exato na edição 16 da Espírito Livre, presas privadas brasileiras, se­ de cópias vendidas, em Open abordei esta importância anali­ jam usuárias ou Source os downloads podem sando um estudo muito interes­ desenvolvedoras de software, ser feitos não apenas a partir sante e bem detalhado, escrito ainda é relativamente restrito. dos sites base, mas de inúme­ em 2006, mas ainda bem atu­ O Linux está bem dissemina­ ros outros. Cópia de cópia é al, que é o relatório Economic do, já existem muitos usos em uma atividade comum no mun­ Impact of FLOSS on innovati­ aplicações críticas, mas ainda do Open Source. on and competitiveness of the muitas empresas restringem Com base neste índice, EU ICT sector, que pode ser seu uso a atividades periféri­ podemos avaliar quão bom é o acessado em http://ec.euro­ cas, como servidores de im­ posicionamento de um determi­ pa.eu/enterprise/ict/policy/doc/ pressão ou email. Outros nado país em relação ao Open 2006­11­20­flossimpact.pdf. softwares Open Source tam­ Source e definir ações que pos­ Mas, ao detalharmos a bém ainda não estão ampla­ sam contribuir para um aumen­ composição deste índice, obser­ mente disseminados nas to na velocidade e amplitude vamos que ele é composto pe­ médias e grandes empresas. de sua adoção. la avaliação do uso de Open Na minha opinião, olhando as Analisando o mapa, ve­ Source em três dimensões: go­ empresas desenvolvedoras, mos que o Brasil está em uma verno, empresas e acade­ me parece que o uso ainda res­ posição relativamente boa, em mia/comunidades. trito do Open Source deve­se 12º lugar. Interessante que na No item governo, o Brasil ao desconhecimento e a ideia frente do Brasil estão, à exce­ está em terceiro lugar. Apenas ainda arraigada que Open ção da Austrália (4º) e EUA França e Espanha estão à nos­ Source e softwares comerciais (9º), apenas países europeus. sa frente. A atuação dos gover­ são antagônicos. Os três primeiros são a França nos varia de país para país, e Um exemplo prático de si­ (1º), Espanha e Alemanha. A inclui diferentes ações e estraté­ nergia entre o modelo comerci­ Europa considera Open Sour­ gias que incluem principalmen­ al e o Open Source é o da

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IBM. É indiscutível que o famo­ so anúncio de um bilhão de dó­ lares de investimentos em Linux no Linux World de 2001 Na minha opinião, foi um marco no movimento Open Source. Sinalizou de for­ olhando as empresas ma inequívoca ao mercado que Open Source era sério. desenvolvedoras, me parece que o Mas o que mais a IBM vem fa­ zendo com relação ao modelo uso ainda restrito do Open Source Open Source? Por exemplo: deve­se ao desconhecimento e a a) Doou propriedade inte­ lectual a projetos Open Sour­ ideia ainda arraigada que Open ce. Entre outras ações, a IBM doou código do banco de da­ Source e softwares comerciais são dos Cloudscape (500.000 li­ nhas de código Java) para a antagônicos. Apache Software Foundation, para alavancar o projeto Derby Cezar Taurion (http://db.apache.org/derby). Também doou o código do Visu­ al Age para a Eclipse Foundati­ tiva), ser um contribuidor ativo é brincadeira. Deve, portanto, on, código que se tornou a das comunidades e não ape­ ser encarado como uma estra­ base do Eclipse IDE. nas consumidor, capturar e transformar inovações Open tégia de negócio. As empresas b) Incorporou softwares Source em valor para seus cli­ de software brasileiras deveri­ Open Source em seus produ­ entes (como exemplos o uso am olhar com mais atenção as tos. A IBM investe nas tecnologi­ do Linux nos hardwares IBM e potencialidades do modelo as de Open Source (O LTC ­ a tecnologia Rational fundamen­ Open Source e inseri­las em Linux Technology Center ­ com­ tada no Eclipse) e alavancar seus modelos de negócio. preende mais de 600 desenvol­ modelos de negócios basea­ Na academia, acredito vedores que escrevem código dos em Open Source para en­ que ainda exista muito espaço e o doam para a comunidade Li­ trar em novos mercados e para disseminar o Open Sour­ nux) e também incorpora estas expandir oportunidades de ne­ ce. A imensa maioria dos cur­ tecnologias em seus produtos. gócio. É, portanto, uma estraté­ sos de computação aborda Alguns exemplos são a inclu­ gia de negócios e não um Open Source de forma tangen­ são do Apache no WebSphere simples oportunismo ou uma re­ cial, apenas aprendendo Li­ e do Eclipse nas ferramentas ação forçada pela pressão do nux. Não insere em suas Rational. mercado. ementas a participação ativa Os objetivos da IBM com Assim, quando vemos dos alunos em comunidades Open Source são: aumentar o que uma empresa do porte e desenvolvendo ou depurando ritmo e velocidade das inova­ importância para o mercado de código. E, pior, alguns cursos ções, incentivando o caldo cul­ TI que é a IBM entrar forte no que se dizem de pós­gradua­ tural de inovação nas movimento Open Source, fica ção em software livre somente comunidades (inteligência cole­ claro que este movimento não ensinam a usar softwares co­

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f) Aprendem a trabalhar em projetos que tem vida útil longa, não ficando mais restri­ Assim, quando vemos que tos a projetos individuais, que duram apenas o semestre de uma empresa do porte e aulas; g) Mantém os currículos importância para o mercado de TI atualizados, pois estarão envol­ que é a IBM entrar forte no vidos em projetos atuais, usan­ do técnicas e tecnologias movimento Open Source, fica claro modernas. Portanto, uma rápida aná­ que este movimento não é lise do OSPI nos mostra que ainda temos um longo cami­ brincadeira. nho a percorrer. Mas, recomen­ do a vocês visitarem o site e Cezar Taurion tirarem suas próprias conclu­ sões. mo Linux e Firefox, e nem de perto passam pela experiência b) Possibilita que eles de envolver seus alunos nas co­ compreendam, na prática, a im­ munidades Open Source. portância dos princípios de en­ genharia de software; Para mais informações: Na minha opinião, o uso Site OSPI: de Open Source na formação c) Possibilita que eles tra­ http://miud.in/cvf dos futuros profissionais de balhem em colaboração com computação nos traz diversos profissionais já experientes e Impacto Econômico do FLOSS benefícios como: com estudantes de outras insti­ tuições; [em inglês]: a) Possibilita que os estu­ http://miud.in/cvi dantes adquiram experiência d) Aprendem que progra­ prática com desenvolvimento mação não é uma tarefa isola­ da, mas colaborativa; de software, necessária quan­ CEZAR TAURION é do de eventuais futuras contra­ e) Aprendem a trabalhar Gerente de Novas Tecnologias da IBM tações, pois desenvolvem em projetos de razoável (e até Brasil. código real que será avaliado mesmo alta) complexidade, Seu blog está e até mesmo colocado em ope­ abrindo a visão prática para as disponível em www.ibm.com/develo ração; dificuldades do engajamento perworks/blogs/page/ em projetos destes portes; ctaurion

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Por Carlisson Galdino

No episódio anterior, Pandora descobre como utilizar seus novos poderes elétricos, sendo capaz de controlar intensidade e duração da eletricidade que transmite. Darrel volta e a convence a se mudarem para uma outra cidade. Pandora recusa ir para Jaguarari e os dois terminam chegando a um consenso: vão para Floatibá, uma cidade próxima de Stringtown, Episódio 12 embora bem menos populosa. Agora eles se encontram na garagem do hotel que Movida a Pandora escolheram, já em Floatibá, onde Darrel apresenta à namorada um novo presente.

Pandora: Uma moto elétrica???

Darrel: É, mas...

Pandora: Meu amor, adorei

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Pandora salta em Darrel e o beija a ponto de ser alimentada diretamente por você. De quase perderem o equilíbrio e caírem os dois. preferência funcionando tanto a bateria como a Pandora. Assim a gente fica independente e Darrel: Que bom Infelizmente ela só corre pode perseguir o Oliver e sua turma não importa 40km/h... aonde eles forem.

Pandora: E daí? Isso é pouco é? Não importa, Pandora: Hahaha Adorei Bem Ela é tão fofa Onde você arrumou isso? Kin... Darrel: Legal Isso vai dar trabalho...

Darrel: É, comprei logo ali. Pandora: Enquanto você bole aí na Choquita vou ver TV um pouco. Até que esse hotel é Pandora: Ali onde, que nunca vi nada assim por bonzinho... Acho que não vou estranhar morar essas bandas? Olha... em outra cidade. Vou ter até moto

Darrel: Vou ver se consigo uma melhor mais Darrel: Em quê? pra frente. Uma KillaCycle é que seria boa. Pandora: O quê? Pandora: E ela é bonita como essa? Darrel: Enquanto eu faço o quê? Darrel: Não, ela não é uma scooter: é uma moto esportiva. Mas é bem rápida. Pandora: Ah, a Choquita É o nome da moto, né Bem? Pandora: Tá, mas... Ai que só vim me dar conta agora. Eu nem tenho carteira Será possível que Darrel: Sinceramente não sei o que é mais não vou nem poder usar meu presente? engraçado... Você chamar uma moto de Choquita ou falar com a voz assim, como se Darrel: Eu tenho carteira e vou te ensinar a tivesse usando um pedal de distorção. dirigir. Pandora: Ah, Bem... Pandora: Jura? Darrel: Mas eu gosto de você, você sabe, não Darrel: Você deve ter entendido a ideia, não é? é? Vamos tentar adaptar o sistema elétrico para ela

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Pandora: Olha que eu dou choque... Darrel: Droga Esse trabalho vai ter que esperar. Vamos para lá agora mesmo. Pandora: Bem Bem Ai meu Deus O que a gente faz agora? Pandora: E a moto?

Darrel: Resolvo depois. Pandora sai correndo do prédio até a garagem, onde está Darrel estudando o sistema elétrico Pandora: Tá, e a gente vai chegar lá como da moto. Ele solta o manual, preocupado com a então? expressão de Pandora. Darrel: Você sabe que eu dou um jeito... Darrel: Que foi, Pandora?

CARLISSON GALDINO é Bacharel em Pandora: Aconteceu de novo Ciência da Computação e pós­graduado em Produção de Software com Ênfase em Software Livre. Já manteve projetos como Darrel: O quê? IaraJS, Enciclopédia Omega e Losango. Hoje mantém pequenos projetos em seu blog Cyaneus. Membro da Academia Pandora: Eles estão atacando a PerfWay Deu Arapiraquense de Letras e Artes, é autor no plantão do Cordel do Software Livre e do Cordel do BrOffice.

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Entrevista com Linus Torvalds

Por Kemel Zaidan e João Fernando Costa Júnior

A LinuxCon foi o primeiro evento organizado pela Linux Foundation no Brasil. Tive a oportunidade de cobrir a conferência como representante da Espírito Livre durante os dias 31 de agosto e 1º de setembro, quando cerca de 800 participantes puderam assistir às palestras e oficinas com renomados nomes ligados ao kernel Linux como Jim Zemlin, Andrew Morton, Ian Pratt e o criador do Linux em pessoa, o finlandês Linus Torvalds, que nos concedeu uma entrevista exclusiva.

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Richard Stallman e Linus Torvalds são erroneamente pedantes ou arrogantes, ao provavelmente os dois maiores expoentes mesmo tempo que parece ser quase incapaz de mundiais do movimento do software livre. esconder aquilo que pensa. Da mesma forma Ambos possuem personalidades marcantes e como se atravessa um rio por um caminho de defendem o desenvolvimento e a adoção de pedras, cada palavra é bem pensada, bem software livre. Contudo as razões e objetivos escolhida, para que soe exatamente da forma pelos quais cada um deles se coloca frente ao como foi ponderada. tema mostram­se bastante diferentes. Ao contrário do que dizem alguns, achei Obviamente, há semelhanças e pontos de Linus muito simpático e atencioso, tendo contato no discurso de ambos, mas ao ouvir respondido a todas as minhas questões Torvalds falar durante a entrevista, as palavras (inclusive as menos óbvias) durante que mais ressoavam em meus ouvidos eram aproximadamente 25 minutos, apesar de todo o justamente aquelas que diferenciavam o assédio que o cercava e do cansaço que ele discurso de um e de outro. transparecia. Sou apenas um nerd que quer Ao contrário de Stallman, Linus não gosta fazer o seu trabalho bem feito sem ser de falar em público ou conceder entrevistas. incomodado, era o que ele parecia tentar dizer Tímido, com os óculos de sempre e semblante a cada momento que uma multidão de fãs típico de um nerd, não é apenas na aparência aglomerava­se em torno dele. que Linus corresponde ao esteriótipo geek. O que mais impressiona nele é uma Extremamente seguro no que diz ­ algo humanidade escancaradamente aberta. Ele não característico de pessoas muito inteligentes ­ ao cultiva o mito do gênio precoce: faz questão de ouvi­lo falar a impressão que se tem é que suas mostrar que é uma pessoa comum, com opiniões são fruto de muita reflexão, a tal ponto problemas comuns, que tem preguiça e defeitos que, quando ele chega ao resultado, a como qualquer um, mas, ao mesmo tempo, segurança é tanta que não importa que haja suas frases deixam escapar como que alguém que discorde dele. naturalmente de que se trata de alguém Dotado de forte senso de pragmatismo, ele perceptivelmente acima da média do restante sabe que suas opiniões têm peso e empreende da humanidade. um esforço visível para que elas não soem No final, a impressão que ficou foi a de que o software livre não teria chegado ao ponto em que se encontra hoje se não fosse alguém como ele. Não apenas do ponto de vista técnico, como a maioria das pessoas pode pensar, mas também do ponto de vista filosófico, pois me parece importante ter alguém que, assim como ele ­ e em complementaridade a Stallman ­ encare o software livre principalmente do ponto de vista prático de algo que deve ser bem executado. Em outras palavras, o que ele pode fazer pelas pessoas e como alcançar isto, tal qual um engenheiro que constrói uma ponte pensando em todos os pontos críticos para que ela permaneça em pé Figura 1: Linus Torvalds, durante entrevista à Revista Espírito Livre por muitos anos. O resultado disso tudo pode ser conferido nas próximas páginas.

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Revista Espírito Livre: Você alguma vez REL: Qual a importância do Brasil neste tinha imaginado que o Linux chegaria tão cenário de contribuição ao kernel? longe? LT: Não se pode dizer que um país é mais Linus Torvalds: Mais ou menos. Em 1995, importante que outro e o Brasil tem um número o Linux começou a atrair muita atenção razoável de desenvolvedores no kernel e comercial. Mas antes disso não. Os últimos também em outras aplicações. Eu não sei por anos não foram muito surpreendentes, mas os que, mas a América do Sul parece ser muito primeiros anos foram: UAU. Eu nunca pensei ativa junto ao software livre. E dentro da que fosse ficar tão grande. As pessoas América do Sul, ele é certamente um dos começaram a vendê­lo, começaram a surgir maiores. Eu não estou dizendo que não possa produtos comerciais baseados nele, como a ser melhor. É provável que muito mais pessoas Oracle e a Intel fizeram. E ele ficou grande. Mas pudessem estar no kernel. antes disso era apenas algo para meu próprio uso e de alguns amigos. REL: Eu acho que a proposta e os objetivos do software livre e do código REL: Você mencionou a Oracle. Eu sei aberto se encaixam muito bem na realidade que ela foi a primeira grande softhouse a destes países. portar um aplicativo comercial para o Linux. LT: No aspecto cultural também. LT: Não foi o fato de ser a primeira grande softhouse. Eu me esqueci ao certo quando. Creio que foi em 1995, mas a Oracle costumava REL: Como você responde às pessoas ser o símbolo de um Unix comercial. Você não que criticam os drivers e firmwares podia ser um Unix comercial sem ter o Oracle proprietários que se encontram no kernel? portado. Em todos os Unix comerciais, o Oracle LT: Eu não me importo muito com isso. Eu costumava ser o número 1. Naquele tempo, não gosto de drivers proprietários, eu odeio a esta era uma questão importante. Agora as situação dos drivers proprietários de placas de pessoas tendem a esquecer, pois há muitas vídeo. Acho que são muito ruins e estou muito grandes empresas por trás do Linux, mas lá feliz porque agora temos a Novell e drivers livres atrás, há 15 anos, não era tão comum isso de placas de video. As pessoas da Free Software acontecer. Foundation pensam que o código proprietário é algo mau. Para eles, é uma questão moral, preto no branco: código proprietário é ruim, código REL: O que você acha do processo que livre é bom. Eu não sou assim. Acho que o código a Oracle está movendo contra o Google? aberto é melhor do ponto de vista técnico; acho LT: Eu realmente não sei dizer. Eu odeio a que é mais interessante sob o ponto de vista de noção de leis de patente nos EUA porque ela que você pode estabelecer um plano melhor de está completamente falida. Empresas desenvolvimento. Mas eu não acho que seja bem processando outras por quaisquer patentes não versus mal. Não é como se estivéssemos em é bom. Normalmente elas não são tão valiosas algum tipo de cruzada religiosa e não fico tão assim, para começo de conversa. Ao mesmo abalado com software proprietário quanto tempo, de um ponto de vista legal, eu não tenho algumas pessoas ficam. Não é sempre tão claro o muitos detalhes... Eu não posso comentar mais. que pode ser considerado um trabalho derivado e Mas eu odeio ver isso acontecer. Acho que é um é por isso que a lei de direitos autorais não é tanto quanto triste. clara quanto a quando um módulo do kernel torna­

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se um trabalho derivado. Eu prefiro que tudo possua seu código aberto, mas entendo o fato de nem todo código ser. Creio que, com o passar do tempo, isso vai acontecer. Com o passar do As pessoas tempo, nós vimos que o código aberto, meio que empurrou os drivers, firmwares e também da Free Software aplicativos proprietários para um nicho. Por exemplo, o fato de que agora nós termos drivers Foundation pensam que o livres para dispositivos de mídia. Acho que ele está tornando os drivers proprietários de mídia código proprietário é algo menos importantes e acredito que isso seja verdade para tudo com o passar do tempo. O mau. Para eles, é uma código aberto pode substituir o proprietário, mas sempre haverá nichos. As empresas que questão moral, preto no decidiram que, por um motivo ou outro, não branco: código podem tornar o seu código disponível. proprietário é ruim, código REL: Mas há pessoas que pensam que o livre é bom. kernel Linux não é o lugar certo para que esses drivers proprietários sejam distribuídos. Linus Torvalds LT: Eu concordo. Concordo que existam pessoas que pensem assim. Nós estamos tentando isso. Por exemplo, uma das coisas que algum código não livre, mesmo que alguns bytes. fizemos do ponto de vista técnico foi tentar Por isso eu acho que tentar ser um purista em separar os arquivos de firmwares para que as software livre não me parece realista. Não acho distribuições pudessem facilmente distribuir os que isso seja necessário. Penso que é totalmente firmwares separados de todo o resto. Para que as aceitável rodar software comercial proprietário distribuições que não os quisessem pudessem sobre o Linux. Eu costumava utilizar o Bitkeeper dizer: tudo bem, não queremos esta parte. porque achava que era o melhor programa de Tentamos tornar as coisas mais fáceis para quem controle de versão e não importava o que fosse. tem posições mais fortes em relação a isso. Muitas pessoas ficaram insatisfeitas comigo por Estou pessoalmente convencido de que a GPL no tomar esta decisão muito pragmática. kernel Linux de maneira alguma cobre um firmware de um chip wireless separado, por REL: Foi por isso que você criou o Git? exemplo, e que são os mesmos firmwares utilizados no Windows. LT: Foi por isso que eu escrevi o Git. Porque, no final, toda a tensão criada entre as Neste caso, eu não acho que haja algum pessoas do software livre e do Bitkeeper acabou problema de copyright. Mas obviamente há se tornando tão penosa que, uma vez que não algumas pessoas que não desejam rodar nenhum havia nenhuma alternativa de código aberto, eu software que não seja livre, o que hoje é disse: bom, vou ter que escrevê­la eu mesmo. praticamente impossível. Mesmo que você rode Esta foi a forma como o Linux foi escrito. Qual apenas software de código aberto existirá uma será a dificuldade de se fazer isso? Vou tentar BIOS, ou mesmo algum pequeno software fazer isso agora, então, escrever meu próprio embarcado no seu teclado, por exemplo. Haverá

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versão. Acho que os sistemas de controle de versão são chatos. Sistemas de controle de versão são coisas que eu acho que não têm nada a ver comigo. E então, no final, acabei ...eu acho que fazendo o meu porque foi necessário. Portanto, tentar ser um purista em não estou procurando um projeto que eu queira fazer e também não tenho tempo. software livre não me parece realista. Não acho REL: Você ainda acha que o Linux no desktop continua sendo importante, ou que isso seja necessário. devemos focar agora na nuvem e na mobilidade? Penso que é totalmente LT: Eu acho que o desktop continua sendo aceitável rodar software importante. Eu, pessoalmente, penso no desktop. Tenho um telefone Linux e estou muito contente comercial proprietário sob com ele, mas no final das contas... o telefone eu só levo quando viajo e o desktop é onde eu o Linux. realmente faço o meu trabalho. Acho que, pelo fato de a maior parte da experiência do usuário Linus Torvalds de desktop estar se tornando cada vez mais navegar na Internet, há menos razões para se utilizar um desktop, mas também neste campo o Linux está em uma posição muito boa. Há uma sistema operacional Unix. Então só comecei a inércia enorme para fazer as pessoas mudarem escrever. Vou fazer o meu software de controle de sistema. Isso leva tempo e é normal. Para de versão. Eu costumava fazer meus próprios mim, o mais interessante são as workstations editores, meus próprios jogos quando eu era (estações de trabalho). Quero dizer: não estou adolescente e durante toda a minha história interessado em servidores, eu uso servidores. No computacional. Eu comecei a escrever meus sentido de que todos nós usamos servidores, próprios programas quando tinha por volta de mas eu não tenho os meus próprios servidores, 12 anos. E eles eram programas estúpidos, mas só que tenho minha própria workstation, que é durante a minha vida inteira, se eu queria jogar onde faço todo o meu trabalho, todos os dias. um jogo, apenas escrevia. Pode parecer engraçado, mas quero uma tela grande, com 24 polegadas, com muitos pixels; quero um teclado muito bom porque no telefone REL: Desse ponto de vista, o que mais celular eu não consigo escrever e­mails de forma você criaria se tivesse tempo? Por exemplo: tão eficiente. Então, para mim, o desktop sempre isso é uma coisa que me incomoda. Se eu foi importante e foi a razão pela qual eu comecei tivesse tempo tentaria fazer eu mesmo. o Linux e continuo a fazer todo o meu trabalho. LT: Eu nunca vi as coisas dessa forma. Eu sempre escrevi o que precisava e não o que queria. Por exemplo, quando fiz o Git, a última REL: Uma vez que você continua a achar coisa que eu tinha vontade de fazer era o desktop importante, qual a sua opinião escrever meu próprio sistema de controle de sobre o trabalho que a Canonical tem feito

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para difundir o uso do Linux no desktop? Já foi dito há algum tempo que eles não contribuem tanto com o kernel quanto deveriam. Qual a sua opinião? LT: Eu geralmente não me envolvo em política. Eu realmente não falo a respeito. Alguns desenvolvedores do kernel se irritaram com o fato de que a Canonical não tem muita influência sobre o kernel. Mas eu não conto quem contribuiu mais ou menos; além do que, acho importante que empresas diferentes contribuam com coisas diferentes. A Canonical não acha que o kernel é a coisa mais importante e que todas as cores, papéis de parede, temas e janelas bonitas são Figura 2: Torvalds brinca dizendo que nunca usou Debian... mais importantes do que o kernel, isso é bom para eles. Porque eu venho falando isso há fazia isso para você. E eu odiava isso. E o Suse muitos anos. As pessoas devem se importar com pegou isso primeiro, eu acho. Eu costumava isso, de diversas formas. ficar entre o Suse e o Fedora. Há empresas que são mais centradas no kernel e outras não. Todas as empresas devem focar naquilo que elas consideram ser mais REL: Eu li também que a única distro importante para elas, e nem sempre isso precisa das grandes que você não tinha usado era o ser o kernel. Debian. Continua assim? LT: Eu nunca usei o Debian, porque o Debian sempre foi para geeks que... (risos REL: Eu sei que você disse alguns anos generalizados dos ouvintes ao redor) Eu sou um atrás que utilizava o Fedora e que, de vez em geek também, mas eles têm uma grande quando, experimentava uma distro ou outra. consideração sobre como é fácil fazer upgrades Você continua experimentando diferentes e coisas assim. E eu nunca procurei isso. Eu distribuições de vez em quando? queria chegar ao kernel e o que eu precisava LT: Eu ando experimentando menos era de um bom instalador gráfico para que distribuições novas. Acho que foi há uns 8 anos pudesse ignorar as outras coisas nas quais não que eu ficava indo e voltando entre o Fedora e o tinha interesse. E o Debian por muito tempo não Suse. Porque havia alguns recursos em um de teve isso. Aí o Ubuntu resolveu esse problema. que eu absolutamente gostava e precisava ter, Mas naquele tempo, não possuía nada que o que era a suavização de bordas de fonte (anti­ Fedora também não tivesse e, para ser sincero, alias text). Eu era uma daquelas pessoas que eu fiquei preso a ele. Eu tenho cinco máquinas não tinham suavização de bordas de fonte e e não quero ter que mexer em nenhuma delas, estava muito infeliz com isso. O KDE teve isso portanto acabo rodando o Fedora nelas. E foi muito antes em versões experimentais e me por isso que eu não falei qual distribuição usava lembro de compilar minha própria versão do na conferência de imprensa. Porque não quero servidor X com o KDE, para ter suavização de que ninguém pense que isso significa que o bordas e habilitá­las manualmente, pois Fedora é melhor que todas as outras. Eu o uso nenhuma das distribuições tinha essa opção e por razões históricas e por não querer mudar todas as minhas máquinas.

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REL: Porque senão aconteceria como escola só usa Windows. É um jeito de reclamar, aconteceu na época em que você disse: eu mas ao mesmo tempo as pessoas não deveriam uso o Fedora porque é a distribuição que o ter suas vidas controladas por suas escolas. Linus Torvalds usa e portanto ela é a melhor. REL: O Linux vai fazer 20 anos no ano LT: E isso não é verdade. Já usei muitas que vem. Quais são os desafios para os distribuições e hoje elas se tornaram boas o próximos 20 anos? suficiente para que eu não me importe mais quanto a eventuais diferenças. Quando eu LT: Eu não penso cinco anos à frente, não comecei, havia diferenças enormes. Lá, bem no penso nem um ano à frente. Eu só me preocupo começo, eu costumava ter minha própria com quais serão os merges para os próximos distribuição e passavam­se meses até que meses à frente. E para coisas como essas nós alguma distro fizesse alguma coisa melhor. Mas sabemos quais serão os problemas que as depois veio o Slackware... Na verdade antes do pessoas terão. Nós nem ao menos tentamos ter Slackware, veio o SOS. Mas lá atrás, nos anos uma agenda assim tão longa, pois o hardware 90, a distribuição que você escolhia fazia uma provê casos novos: será que os tablets vão grande diferença, pois algumas delas eram decolar?. Nós não sabemos E eu tento não muito difíceis de instalar. Nos dias de hoje, não pensar nisso. Sempre me vi como engenheiro. existe mais essa diferença. Dependendo de que Vejo os problemas diários. Não quero ter esses máquina você tem, uma pode servir melhor do problemas visionários, para onde eu gostaria que que a outra, mas geralmente é só o tema que as coisas fossem. Porque no final das contas vou muda. Portanto, realmente não me importa qual errar e, se você tenta enxergar muito à frente, distribuição eu uso e eu a utilizo por motivações acaba não vendo onde está pisando e não se históricas. preocupa com o dia­a­dia. Eu me preocupo com o dia­a­dia. REL: Aqui no Brasil, muitas universidade e instituições educacionais não dão importância ao software livre. Elas não têm REL: Você faria alguma coisa diferente software livre instalado e não ensinam nada se tivesse começado hoje? relacionado a ele. O que você diria para esses estudantes que estão nas faculdades sendo LT: Se eu tivesse começado hoje e obrigados a lidar com softwares soubesse a dificuldade que seria, e que teria que proprietários? fazê­lo por 20 anos, seria muito difícil começar. Seria um projeto tão monumental que eu não LT: Apenas recordem­se do que eu fiz. Hoje teria nem começado. Então uma das coisas mais existe o Linux, mas quando eu estudei, todos os importantes para qualquer um que inicie um computadores eram Windows. Digo isso porque projeto é não definir um tamanho muito grande acabei fazendo o meu próprio programa. Não se para ele e não se importar com o quanto será preocupe tanto com o que a sua escola usa, ou o difícil, pois se você souber isso só vai que o seu trabalho usa. Se você quer aprender desencorajá­lo. Então vai precisa ser um moleque alguma coisa e é um estudante de tecnologia da ignorante de 20 anos para começar o Linux. informação, seu principal objetivo deve ser Porque qualquer um que já tivesse feito um aprender a fazer alguma coisa nova. Certifique­se sistema operacional antes teria dito: ah, isso é de ter alguma coisa diferente em casa. E talvez muito difícil e desistiria. você veja algo que possa ser feito em ambos os lados. As pessoas não deveriam dizer: A minha

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |31 CAPA ∙ 10 ANOS DO LINUX NO MAINFRAME Créditos: IBM ­ Divulgação 10 Anos do Linux no Mainframe Por Cezar Taurion

17 de maio de 2000. Nes­ nha. Não estava no budget e te dia, há dez anos, era formal­ nem era oficialmente autoriza­ mente anunciado, o Linux do. Mas, no final do ano, a IBM S/390, o Linux nos mainfra­ passou a olhar o movimento mes. Na época, imaginar um Open Source e o Linux com ou­ sistema operacional estranho tros olhos, quando Sam Palmi­ no ninho no mainframe era sano, hoje CEO e na época quase uma heresia e até a da­ sênior VP, disse em uma entre­ ta do anúncio formal, o Linux vista em outubro: The Internet S/390 era um projeto quase se­ has taught us all the importan­ creto, pouco divulgado dentro ce of moving early, the advanta­ da própria IBM. ge of being a first­mover. We Mas sua história é interes­ want to be riding that Linux mo­ sante e vale a pena recordar al­ mentum at the front, no trailing guns marcos. O projeto it. começou de forma voluntária Em dezembro a IBM publi­ em 1998, no laboratório da ca uma coleção de patches e IBM em Boeblingen, na Alema­ adições ao então kernel 2.2.13

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para o mainframe, abrindo o sis­ tema para avaliação do merca­ do, criando um alvoroço no mercado e na comunidade Li­ nux. Chega o ano 2000 e as coi­ O uso do Linux em sas avançam bem rápido. Em janeiro o Linux S/390 é disponi­ mainframe crescia rápido e em 2007 bilizado para demonstrações a IBM anunciava oficialmente seu públicas a partir do mainframe do Marist College, nos EUA e projeto Big Green, com objetivo de em pouco tempo registram­se 4.000 downloads. No mês se­ consolidar seus sistemas internos, guinte, no LinuxWorld Expo, em New York, Linus Torvalds que operavam em 3.000 servidores em seu keynote speech mencio­ na o Linux no mainframe. E distribuídos, cerca de 30 mainframes em 17 de maio é anunciado for­ malmente o Linux S/390, mere­ rodando Linux. cendo inclusive anúncio de Cezar Taurion página inteira no Wall Street Journal. Neste mesmo ano con­ segue­se uma experiência incrí­ vel: um mainframe consegue desenvolvimento do Linux. Es­ softwares para rodarem no Li­ rodar mais de 41.000 instânci­ te anúncio foi um marco para o nux em mainframes e no fim as do Linux em um único movimento do Open Source e de 2003 contabilizava­se mais LPAR, sob VM. Dentro da IBM, do Linux, pois sinalizou clara­ de 250 produtos de software, colocar o Linux no mainframe si­ mente para as empresas que Li­ inclusive o Lotus Notes. A Red nalizou diversas mudanças. nux era coisa séria. Neste Hat também anuncia sua pri­ Uma delas afetou inclusive as evento, o mainframe z900 ro­ meira distribuição para mainfra­ questões de propriedade inte­ dando Linux ganhou o prêmio mes, com o Red Hat lectual, pois os drivers dos peri­ de Best Hardware. Torna­se Enterprise Linux 3. féricos do mainframe eram IP também disponível a primeira O uso do Linux em main­ (intelectual property) da IBM e distribuição oficial do Linux pa­ frame crescia rápido e em na primeira versão do Linux ra mainframe, o SUSE Enterpri­ 2007 a IBM anunciava oficial­ S/390 tiveram que ser disponibi­ se Linux Server 7. A SUSE mente seu projeto Big Green, lizados apenas em código obje­ esteve envolvida desde o iní­ com objetivo de consolidar to. Posteriormente a IBM cio no projeto do Linux S/390, seus sistemas internos, que cedeu os direitos de licencia­ inclusive porque seu escritório operavam em 3.000 servidores mento e o código hoje está ficava em Nuremberg, há me­ distribuídos, em cerca de 30 aberto e disponível sob licença nos de duas horas de carro do mainframes rodando Linux. Si­ GPL. laboratório de Boeblingen. nalizou claramente que se No ano seguinte a IBM Em 2002 e 2003 mais no­ uma empresa global de 100 bi­ faz o famoso anúncio, no Li­ vidades. Empresas de softwa­ lhões de dólares consegue co­ nuxWorld de New York, de in­ re como SAP e Oracle locar a maioria de seus vestir um bilhão de dólares no anunciaram suporte de seus sistemas internos em Linux,

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visualizar alguns cases de uso de Cloud Computing em main­ frame. Os dados atuais Os dados atuais mostram que portar o Linux para o main­ mostram que portar o Linux para o frame foi uma decisão acerta­ da. Hoje mais de 3150 mainframe foi uma decisão aplicações estão homologadas para rodarem em Linux nos acertada. Hoje mais de 3150 mainframes. Além das distribui­ aplicações estão homologadas ções oficiais Red Hat e SUSE, vemos outras distribuições gra­ para rodarem em Linux nos tuitas (e não oficiais) como Slackware (http://www.slack mainframes. 390.org) e Debian (http://www. debian.org/ports/s390/) tam­ Cezar Taurion bém rodando em mainframes. De 2004 para 2009 o rit­ qualquer outra empresa pode­ mo de crescimento dos MIPS rá fazer a mesma coisa. Os re­ onal é um mainframe com 48 dedicados ao Linux foi de 43% sultados do Big Green são processadores, sendo 32 para ao ano. Cerca de 16% da base impressionantes: conseguiu­se produção e 16 para desenvolvi­ instalada de MIPS em mainfra­ reduzir o consumo de energia mentos e testes, capaz de su­ mes estão rodando Linux. 70% em 80% e de espaço físico em portar 10.000 transações por dos Top Clients de mainfra­ 85%. Na prática obteve­se du­ segundo. Um maior detalha­ mes rodam instâncias Linux as vezes mais capacidade com­ mento deste projeto pode ser em suas máquinas. Os clientes putacional sem demandar visto em http://www.clipper. que rodam Linux em seus aumento no consumo de ener­ com/research/TCG2009050.pdf. mainframes ultrapassam a mar­ ca dos 1300. gia. Bem, já que falamos Além disso provou­se Cloud Computing, os mainfra­ Mas, diante de tantos nú­ que é perfeitamente possível ro­ mes incorporam naturalmente meros é curioso que ainda ve­ dar­se grandes sistemas em Li­ muitos dos atributos que são mos percepções errôneas com nux. O Projeto Blue Insight, necessários a uma nuvem, co­ relação ao mainframe. Uma re­ sistema de BI interno da IBM é mo capacidade escalonável, cente conversa sobre Linux um bom exemplo. Consolidou elasticidade (você pode criar e nos mainframes, com um cole­ dezenas de BIs departamen­ desligar máquinas virtuais sem ga meu, CIO de uma grande tais e mais de 60 bases de da­ necessidade de adquirir corporação foi emblemática dos, em um modelo de hardware), resiliência e segu­ desta percepção de muitos Private Cloud Computing, ba­ rança. E sem falar em virtualiza­ executivos quanto aos mainfra­ seado em Cognos/Linux/main­ ção, que faz parte dos mes. Ele, como muitos outros frame, suportando 1 petabyte mainframes desde 1967 Aces­ profissionais é da geração for­ ou mil terabytes de dados e sando http://www.ibm.com/sys­ mada durante o movimento de atendendo mais de 200.000 tems/z/news/announcement/20 downsizing, que consagrou o usuários. A sua base computaci­ 090915_annc.html podemos modelo cliente­servidor e que considerava politicamente cor­

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reto desligar o mainframe. Nes­ ta época, início dos anos 90, to­ do e qualquer projeto de Os resultados do Big Green consultoria recomendava a mesma coisa: troquem os ca­ são impressionantes: conseguiu­se ríssimos mainframes pelos bara­ tos servidores distribuídos. reduzir o consumo de energia em Claro que muitas destas deci­ sões de troca foram acertadas, 80% e de espaço físico em 85%. Na mas muitas outras se revela­ ram totalmente inadequadas. prática obteve­se duas vezes mais O custo de propriedade de am­ capacidade computacional sem bientes distribuídos se mostrou muito mais caro que se imagina­ demandar aumento no consumo de va. Há tempos fiz um peque­ energia. no exercício onde analisei infor­ malmente uma empresa que Cezar Taurion houvesse desligado o mainfra­ me no início dos anos 90 e apenas um velho repositório tribuídos pelos diversos cantos quanto gastou em TI com seu de aplicações Cobol e PL1, tri­ da empresa em uma única má­ ambiente distribuído, conside­ pulado por profissionais à bei­ quina. Um recurso que ajuda rando todos os fatores que en­ ra da aposentadoria... Bem, muito é a tecnologia IFL (Inte­ volvem o TCO. Comparei com ele se mostrou interessado grated Facility for Linux), que a alternativa de manter os siste­ quando falei que parcela subs­ surgiu em setembro de 2000. mas no mainframe (evoluindo tancial do crescimento de recei­ Os IFL são processadores do com novos modelos e tecnologi­ ta da IBM com mainframes mainframe especialmente dedi­ as) e claro, com um consequen­ vem de novos workloads, princi­ cados a rodar Linux, com ou te uso bem mais restrito de palmente Linux. sem z/VM. São processadores servidores distribuídos. O ambi­ iguais aos demais, mas por mi­ ente 100% distribuído consu­ Mostrei que no contexto crocódigo eles só aceitam ro­ miu em 15 anos mais dinheiro atual, o movimento de consoli­ dar workloads Linux. Estima­se que a alternativa de se manter dação e virtualização dos data que hoje existam mais de um ambiente misto. centers estão abrindo novas portas para o mainframe. O 4.600 processadores IFL ati­ É verdade que o custo de TCO para se gerenciar um par­ vos. hardware há 15 anos atrás era que de centenas ou milhares O Linux no mainframe destacadamente o maior do or­ de servidores é altíssimo, acres­ consegue explorar todas as ca­ çamento de TI. Hoje não é cido agora da variável energia, racterísticas únicas do hardwa­ mais. Mas a percepção quanto que vem aumentando ainda re como sua reconhecida ao mainframe continua. Fiquei mais os budgets das áreas de confiabilidade, disponibilizada surpreso em ver o quanto de TI. por features como processado­ desconhecimento da evolução res redundantes, elevados ní­ dos mainframes ele tinha. E, te­ O mainframe pode ser veis de detecção e correção nho certeza, não é só ele... Pa­ usado para consolidar cente­ de erros e conectividade inter­ ra muitos o mainframe é nas de servidores Linux x86 dis­

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Interessante que uma vez criada uma percepção, torna­ O nível de disponibilidade se difícil mudar as ideias. Olhar o mainframe sob outra do ambiente operacional do ótica é uma mudança de para­ digmas e mudar paradigmas mainframe é muito maior que dos não é fácil. Paradigma é como as pessoas veem o mundo, ele sistemas distribuídos. E abrir uma explica o próprio mundo e o tor­ na mais compreensível e previ­ máquina virtual Linux em um sível. Mudar isso exige, antes mainframe leva alguns minutos, de mais nada, quebrar percep­ ções arraigadas. Um estudo enquanto que comprar, instalar e de TCO pode mostrar que tal­ vez as ideias e hábitos que configurar um servidor distribuído tem mantido a TI da compa­ nhia nos últimos anos não se­ pode levar semanas. jam tão mais válidos assim... Resumo da história: em 2020 Cezar Taurion iremos comemorar os 20 anos do Linux nos mainframes server de altíssima velocidade. ele: menos pontos de falha, eli­ O nível de disponibilidade do minação da latência de rede, ambiente operacional do main­ menos componentes de frame é muito maior que dos hardware e software para ge­ sistemas distribuídos. E abrir renciar, uso mais eficiente dos uma máquina virtual Linux em recursos computacionais, me­ um mainframe leva alguns minu­ lhor gestão de cargas mistas tos, enquanto que comprar, ins­ batch e transacionais, maior fa­ talar e configurar um servidor CEZAR TAURION é cilidade de diagnósticos e deter­ Gerente de Novas distribuído pode levar sema­ Tecnologias da IBM minação/correção de erros, nas. Brasil. recovery/rollback muito mais efi­ Seu blog está disponível em Bem, questionado quanto ciente... O resultado? Um me­ www.ibm.com/develo a citar alguns aspectos positi­ lhor TCO perworks/blogs/page/ vos da consolidação lembrei a ctaurion

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Linux no Mundo Mobile Créditos: http://www.talkandroid.com/wp­content/uploads/2010 Veja o que o pinguim anda aprontando no mundo mobile

Por Ricardo Ogliari

Introdução O conceito de sistema operacional Linux em pequenos dispositivos ainda não é muito co­ mum, exceto em caixas eletrônicos de institui­ ções bancárias. Porém, este cenário está mudando rapidamente. Hoje, o dispositivo que tem o crescimento de vendas mais acentuado são os smartphones. Segundo pesquisa Gartner, as vendas globais deste tipo de equipamento aumentaram 50% no segundo trimestre de 2010. E qual é o sistema operacional predominan­ te em Smartphones? Hoje ainda é o . Porém, o Android vem crescendo sua participa­ ção no mercado global desde o ano passado. Segundo previsão da Digitimes Research, no fi­ nal de 2010 a ordem dos sistemas operacionais com maior participação de mercado será:

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* Symbian: 35% do de uma parceria entre a Intel e a Canonical, * Android: 24,5% criando uma plataforma específica para rodar na * iPhone: 15,2% plataforma Intel Mobile Internet Device. Infeliz­ * RIM: 15% mente o projeto não teve seqüência e foi aban­ donado. Ou seja, a grande maioria das previsões e Mas não paramos por aqui. Podemos falar análises apontam o crescimento de plataformas também do projeto . Segundo a página open­source. O domínio de soluções fechadas oficial: a arquitetura Moblin é projetada para su­ está perdendo força a um bom tempo, prova dis­ portar múltiplas plataformas que variam de Net­ so são os números da RIM e da Symbian e, Books a Mobile Internet Devices (MID), par mais recentemente, do iPhone. vários modelos embarcados de uso, como siste­ Para comprovar este fato, a venda de mas Vehicle Infotainment smartphones Android no segundo trimestre de A página também detalha o núcleo da pla­ 2010 no mercado americano superou RIM, Sym­ taforma: O pedaço central da arquitetura é a ca­ bian e iPhone, segundo dados da Canalys. No mada comum que foi chamada de cMoblin Brasil, o maior aumento em participação de mer­ Cored. Abaixo do Moblin Core encontramos um cado foi do Android. kernel Linux e drivers específicos do dispositivo Dizem que os números não mentem, en­ para a plataforma de hardware. tão, se você é desenvolvedor de aplicativos mobi­ le é bom ficar de olhos bem abertos com o sistema operacional do Google.

Só existe o Android? A resposta é não. Além do Android pode­ mos encontrar o sistema operacional WebOS, cri­ ação da Palm, que foi vendida recentemente para a HP. Veja a Figura 1. Na metade deste ano a Nokia começou a venda do aparelho N900 no Brasil. Este smartphone é equipado com o sistema operacio­ nal Linux . Além disso, a Nokia adquiriu o Symbian e também abriu seu código fonte, que era totalmente fechado desde a sua cria­ ção. A Samsung, além de utilizar o Android em diversos de seus smartphones, como o Galaxy, por exemplo, criou a plataforma . Alguns po­ dem se enganar e achar que é mais um sistema operacional, mas na verdade, ele é apenas um framework que trabalha sobre um kernel Linux. A Figura 2 comprova isso. Para finalizar também podemos citar o Ubuntu Mobile and Embedded, que foi o resulta­ Figura 1 ­ Smartphone com o Palm WebOS

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Android Mas realmente não tem como fugir, a princi­ pal plataforma que fez com que o Linux se tor­ nasse mais comum no ambiente mobile é o Android, que vem ganhando muito espaço, con­ quistando e marcando território em grandes em­ presas. A Figura 3 mostra a arquitetura do Android. Perceba que no nível mais baixo, o Android pos­ sui um kernel Linux. Outro ponto muito importante é o open­ source, que faz com que o Android esteja sendo embarcado em outros dispositivos, que extrapo­ lam os limitem do Smartphone. Um bom exem­ plo é o automóvel chinês Roewe 350, que se tornou o primeiro automóvel a sair de fábrica Figura 2 ­ Arquitetura do framework Bada. com o Android 2.1, para gerenciamento do siste­

Fonte: http://dkor.wordpress.com/2009/12/10/bada­new­samsung­mobile­phone­platform/ ma de GPS e multimídia.

Figura 3 ­ Arquitetura do Android

Fonte: http://core.eti.br/2009/05/13/programando­androids­parte­3/

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mercado, a ARM possui mais de 90% do mercado mundial, li­ cenciado para diferentes em­ presas, como por exemplo: Texas Instruments, Qualcomm, Samsung, Motorola, iPhone, e assim por diante. Sendo assim, se a ARM continuar seu domínio neste mercado, poderemos ver siste­ mas operacionais Linux embar­ cados em um número muito grande e heterogêneos de dis­ positivos. No futuro poderemos ter o famosos pingüim no auto­ móvel, na geladeira, no fogão, na cafeteira, no seu bracelete 2.0 e no seu óculos com reali­ Figura 4 ­ Automóvel Roewe 350 dade aumentada.

Fonte: http://www.intomobile.com/2010/03/19/first­android­automobile­to­launch­next­month/

Outros exemplos incluem, tablets, netbo­ oks, TVs Digitais e até mesmo um projeto concei­ Conclusão tual de uma cafeteira, chamada Apresso. O avanço significativo do Linux nos siste­ mas operacionais para pequenos dispositivos e/ou dispositivos mobile é perceptível, a queda Padrão de Mercado na fatia de mercado das soluções proprietárias Além do Android, talvez outro grande impul­ também é saliente, logo, cabe a nós, desenvol­ sionador do Linux em dispositivos móveis seja vedores, gerentes de projetos, donos de empre­ uma iniciativa chamada Linaro. sas, CEO, ficarmos de olho nesta onda para não sermos engolidos por ela. O Linaro é uma joint venture de cinco gran­ des empresas, além da líder ARM, são elas: Fre­ escale, IBM, Samsung Electronics e a Texas Instruments. O objetivo desta união é simples e claro, visa melhorar as distribuições Linux para mobile devices, inculindo Android, MeeGo e o Ubuntu. A ARM é a fabricante dos processadores RICARDO OGLIARI atua no desenvolvi­ que estão embarcados na grande maioria dos pe­ mento de aplicações móveis com a platafor­ quenos dispositivos existentes atualmente, co­ ma Java ME a 5 anos. Bacharel em Ciência da Computação. Ministra cursos e mo por exemplo, telefones celulares, oficinas, possuindo vários artigos técnicos smartphones, Smartbooks, E­Readers, RTOS, Di­ sobre computação móvel. Ministrou pales­ tras em eventos, como o JustJava, FISL, gital Set­Top­Box, TV Digital, dentre outros. Ape­ JavaDay, dentre outros. sar da iniciativa da Intel de entrar nesse

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PRETO NO BRANCO tux.gif

Por Alexandre Oliva Fonte: http://izaak.jellinek.com/tuxes/images/black and white

Não escondo de ninguém que sou partidá­ rio do Movimento Software Livre, um movimento social que defende liberdades essenciais para usuários de software, combatendo um sistema social injusto de desrespeito, controle e opres­ são dos usuários por desenvolvedores e distri­ buidores. Desencorajamos o uso, a oferta e a recomendação de software privativo das liberda­ des essenciais, inclusive daquele que, engano­ samente, tenta se fazer passar por software que as respeita. A prática do Open Core, também chamado Fauxpen Source, é condenada até por lideranças da Iniciativa Open Source, mas tem passado despercebida (escondida?) e relevada na maior parte das distribuições de Linux e de GNU/Linux.

Valores binários É discutível se justiça, opressão e liberda­ de são ou não valores binários, ou mesmo veto­ res binários.

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De um lado, liberdade condicional não é li­ mais frequentemente associada ao Software Li­ berdade, é um eufemismo para um tipo de con­ vre: o Linux. Quando escrevo distribuição de Li­ trole; quando há opressão, há opressor e nux, refiro­me àquele software gentilmente oprimido, não importa a gravidade da opressão; publicado e mantido por Linus Torvalds desde uma pequena injustiça é suficiente para não se 1991. Sabe?, aquele que infelizmente, sozi­ fazer jus à qualificação de justo. nho, não leva a lugar algum, conforme o anún­ De outro, existem movimentos por socieda­ cio de sua primeira versão pública, pois para des mais livres, menos oprimidas, mais justas, obter um sistema funcional você precisa de uma assim como não faltam exemplos de interesses shell, compiladores, uma biblioteca etc. Linus e posições contrários. esclarece: a maior parte das ferramentas usa­ das com linux são software GNU, e completa: O que nunca vi foi movimento social que al­ essas ferramentas não estão na distribuição ­­­ mejasse menos que o máximo possível de justi­ pergunte­me (ou ao GNU) para mais informa­ ça ou liberdade, ou opressão maior que zero, ção. em pelo menos uma de suas muitas dimensões. Linux não era Software Livre em 1991: sua Por isso mesmo, quem não quer ver solu­ licença não permitia distribuição comercial. Em ção para o problema apela para desqualifica­ 1992, passou a ser licenciado integralmente sob ções como radicalismo ou fundamentalismo. a GNU GPL, mas distribuições de GNU/Linux Quem sequer vê o problema frequentemente as não tardaram a incluir programas privativos. ecoa, supondo­se razoável, tolerante e pragmáti­ co. Tampouco vê que com isso alimenta a tole­ Em 1996, Linus incorporou componentes rância à injustiça, ao subjugo e ao controle, o privativos à sua própria distribuição de Linux, e que não é razoável. não deixou de fazê­lo até hoje. São programas tidos como independentes, executados em processadores periféricos, distri­ Códigos binários buídos sem código fonte e, em sua maioria, sob Até o Movimento Software Livre lançar luz licenças restritivas. Não cabe aqui discutir se é sobre a questão das liberdades essenciais aos válida a suposta brecha jurídica utilizada para in­ usuários de software, todos os gatos eram par­ cluir esses componentes num programa com dos. Com fontes de luz adequadas, ficou fácil contribuições de muitos desenvolvedores licenci­ distinguir os programas distribuídos apenas na adas sob a GNU GPL. forma de zero (preto) e um (branco), binário exe­ O problema é que esses componentes de cutável e inescrutável, daqueles com todo o colo­ software, que chamamos de blobs, roubam do rido do código fonte. usuário o controle sobre seu computador, como Muitas outras formas de cercear as liberda­ faz qualquer software privativo, com o agravante des essenciais têm sido usadas: no campo tecno­ de que, por funcionarem em processadores peri­ lógico, travas anti­cópia e tivoização; no jurídico, féricos, não ficam sujeitos aos limites estabeleci­ licenças e contratos restritivos; no econômico, dos pelo sistema operacional para programas ameaças através de patentes induzindo à aceita­ convencionais. ção de tais restrições. Mesmo assim, já houve muito esforço para A mais comum continua sendo a negação fazer essa injustiça parecer aceitável, e até de de acesso ao código fonte, combinada ou não torná­la menos aparente, disfarçando de código com licenças restritivas. É tão comum que está fonte esses programas ofertados apenas de for­ presente até mesmo na distribuição de software ma binária, em longas sequências de números.

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Open Core Chama­se Open Core a prática de ofere­ cer um programa razoavelmente funcional como Muitas Software Livre, para atrair usuários e colabora­ dores, oferecendo funcionalidades adicionais so­ outras formas de cercear mente aos que aceitarem condições privativas de liberdades essenciais. Normalmente é usa­ as liberdades essenciais da por empresas que querem lucrar com a ven­ da das versões privativas, mas não há razão têm sido usadas: no para desconsiderar outras vantagens que um campo tecnológico, travas fornecedor de software possa almejar, como po­ pularidade e contribuições a mais. anti­cópia e tivoização; no Foi documentada originalmente como es­ tratégia de negócio alternativa à venda de servi­ jurídico, licenças e ços ou de permissões adicionais. Não é apenas contratos restritivos; no o Movimento Software Livre que vê e denuncia que Open Core é software privativo com uma is­ econômico, ameaças ca Livre. Embora a Iniciativa Open Source não to­ através de patentes me posição oficial, alguns de seus diretores têm afirmado que Open Core nada tem a ver com induzindo à aceitação de Open Source, faz mal, é uma jogada com Li­ tais restrições. berdade de Software, uma isca para o mesmo modelo de aprisionamento, esperando que você não perceba. Até analistas de mercado veem Alexandre Oliva através da cortina de fumaça e denunciam que com Open Core você licencia uma solução pri­ Mais recentemente, o disfarce caiu, e os progra­ vativa, é terminologia co­optada, nada de par­ mas têm sido movidos para fora do código dos ticularmente inovador, o rei do Open Core está drivers, que agora apenas exigem que o usuá­ nu. rio mantenha esses programas disponíveis. Por isso me surpreende que tanta gente fe­ É certo que há componentes de hardware che os olhos ante a escandalosa nudez do rei que se recusam a funcionar sem as instruções do Open Core: Linus Torvalds. Sua distribuição presentes nesses programas privativos. Não há de Linux inclui incondicionalmente código sem razão legítima para que seus fornecedores ne­ fontes e sob licenças restritivas, que ativam fun­ guem aos usuários as liberdades essenciais. To­ cionalidades adicionais de controlar alguns car­ das as razões normalmente elencadas são tões de rede, de vídeo e de som. Será que se prejudiciais ao usuário: desde impedi­lo de utili­ fazem cegos porque Linus sequer oferece o Co­ zar todo o potencial do dispositivo, para diferenci­ re Livre, ou são tão dependentes das funcionali­ ação de preços ou policiamento, até a dades adicionais que preferem não ver o manutenção de segredos para restringir a concor­ problema? Em terra de cegos, quem tem um rência, tão benéfica ao consumidor. Só não vê olho é rei, mesmo que não consiga ver muito quem não quer, ou quem não percebe que está longe. sendo enganado.

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E, pelo jeito, não vê muito longe, mesmo vel e atual Trisquel, mas para atender a todos Se visse, não se faria cúmplice dos fornecedo­ os gostos vale mencionar as também consolida­ res desses componentes, que mantêm seus súdi­ das BLAG, Drágora, dyne:bolic, Musix, Vene­ tos cegos e controlados. Veria que isso é uma nux, as possíveis futuras entrantes Amagi, injustiça cada vez mais comum, em parte gra­ DelphOS, GNU+Linux from Source Code, Neo­ ças a sua cumplicidade e liderança. Que viver natoX, Parábola, RawGNU, RMS e Tlamaki. em perfeita harmonia, como cantaram o branco Kongoni deu uma escorregada numa transição Paul McCartney e o cego negro Stevie Wonder, de mantenedor, mas aparentemente já retornou é possível quando aprendemos a dar um ao ou­ ao caminho da liberdade. tro o que necessitamos para viver. Isto é, quan­ Além de distribuir somente Software Livre, do não há opressor e oprimido, feitor e escravo, evitamos induzir usuários ao erro, como fazem agressor e vítima. A justiça, embora também ce­ tantas distribuições ao sugerir a instalação de ga, vê a diferença entre o bem e o mal: percebe software privativo. Tanto os nossos binários e não tolera a opressão. Fechar os olhos à injus­ quanto os nossos fontes devem ser fontes de li­ tiça e à opressão não é tolerância, é cumplicida­ berdade, não de armadilhas e aprisionamento. de. Nada de contratos com letras miúdas, surpresas desagradáveis, exceções arbitrárias ou segre­ Solução Livre dos obscuros. É tudo às claras, para todo mun­ do ver e participar. Preto no branco, como deve Partidários do Movimento Software Livre, ser. com os dois olhos atentos à injustiça social do software privativo, mantemos o Linux limpo e Li­ Copyright 2010 Alexandre Oliva vre, sob o nome Linux­libre, dando companhia ao mascote­mor GNU com um simpático pin­ Cópia literal, distribuição e publicação da íntegra deste artigo guim azul chamado Freedo, sempre recém­saí­ são permitidas em qualquer meio, em todo o mundo, desde que do do banho. sejam preservadas a nota de copyright, a URL oficial do docu­ Fugindo do modelo Open Core da imensa mento e esta nota de permissão. maioria das distribuição de GNU/Linux, que ofere­ http://www.fsfla.org/svnwiki/blogs/lxo/pub/preto­no­branco cem funcionalidades adicionais através dos com­ ponentes privativos do Linux e outros ALEXANDRE OLIVA é conselheiro da adicionados por elas mesmas, também mante­ Fundação Software Livre América Latina, mantenedor do Linux­libre, evangelizador mos e recomendamos diversas distribuições Li­ do Movimento Software Livre e engenheiro vres de GNU/Linux­libre. de compiladores na Red Hat Brasil. Graduado na Unicamp em Engenharia de Destaco pessoalmente a primeira da histó­ Computação e Mestrado em Ciências da ria, Ututo; a estabilíssima gNewSense e a amigá­ Computação.

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |44 CAPA ∙ O SUCESSO DO ANDROID 4x768­thumb­200x150.png

O sucesso do Android Créditos: http://www.lopezunwired.com/android­wallpaper1_102 Como o sistema baseado em Linux da Google mudou completamente o mercado móvel

Por Rodrigo Carvalho

O Android atualmente é um dos sistemas operacionais para dispositivos móveis mais po­ pulares que existe. Dessenvolvido pela Google com o apoio de diversas empresas que forma­ ram a Open Handheld Alliance, ele é baseado em Linux e tem seu código­fonte publicado sob uma licença de software livre. Seu sucesso de adoção, tanto por parte dos usuários como das fabricantes, finalmente colocou o Linux na mão de milhões de usuários em mundo todo No entanto, não é de hoje que grandes em­ presas investem na criação de sistemas abertos e baseados em Linux para dispositivos móveis, mas não tiveram um destino tão feliz. Mas então por que com o Android foi diferente? Para tentar entender isto, vamos ver o que aconteceu neste mercado.

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Visão geral do mercado A primeira grande empresa a entrar no mer­ cado de sistemas livres baseados em Linux foi a Nokia que, em 2005, lançou o seu primeiro inter­ net tablet com a plataforma Maemo: o Nokia 770. Depois disso, a finlandesa lançou mais 2 produ­ tos similares até que, em 2009, ela resolveu lan­ çar o primeiro smartphone da família: o N900. Com este aparelho, foi lançado o Maemo 5, ver­ são esta que seria a última, pois, em 2010, a No­ kia se juntaria com a Intel e sua criação, o Moblin, para desenvolver o MeeGo. O motivo da fusão foi que, apesar do peso do nome da Nokia e deste longo histórico, o Maemo nunca realmente pe­ gou a não ser entre os usuários mais avançados Figura 2 ­ Interface do MeeGo para netbooks e interessados em brinquedos tecnológicos. nux Foundation está apoiando o projeto e, ao que O Moblin foi criado pela Intel para competir parece, ele é considerado pela fundação a ver­ são oficial do Linux para dispositivos móveis. No entanto, até este momento o MeeGo é apenas ex­ pectativa e sua primeira versão preparada para usuários finais deverá sair em outubro deste ano. Outra empresa a investir foi a FIC, que não é tão grande e conhecida, mas que não poderia faltar nesta lista, pois seu projeto foi o mais inova­ dor: o OpenMoko. Criado em 2006, ele tinha o ob­ jetivo de criar o primeiro smartphone totalmente livre, tanto hardware quanto software, e lançou dois produtos seguindo esta filosofia: o Neo 1973 e o Neo FreeRunner. O primeiro foi apenas para desenvolvedores, enquanto o segundo objetivava Figura 1 ­ Nokia 770: primeiro internet tablet com Maemo o público geral. No entanto, apesar de toda a liber­ dade que traria aos fabricantes, nenhuma grande empresa realmente se interessou por ele. De fato, no mercado de netbooks equipados com seus pro­ elas inclusive o consideravam aberto demais e, cessadores Atom. Havia muita expectativa e al­ com isto, ele foi um fracasso de vendas e de ado­ guns produtos foram até lançados, mas a Intel ção por parte dos fabricantes. Apesar disso, ele não progrediu muito no mercado. Como já foi dito, tem sido um ótimo playground para os hackers ela acabou juntando esforços com a Nokia para que portaram diversos sistemas para o aparelho, tentar obter mais resultados. inclusive o próprio Android. Foi então que surgiu o MeeGo, um sistema Em 2007, um grupo de empresas, incluindo que junta o conhecimento da Nokia em tablets e Motorola, Panasonic, Samsung e Vodafone, cria­ smartphones com o da Intel em netbooks, se tor­ ram uma fundação para o desenvolvimento de nando assim a plataforma móvel mais flexível que uma nova plataforma móvel semi­aberta baseada existe atualmente, com previsão para ser usado em Linux: a LiMo Foundation. Em pouco tempo, até mesmo em carros. Importante falar que a Li­

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Figura 3 ­ Neo 1973 com OpenMoko Figura 4 ­ Palm Pre com webOS diversas outras empresas se associaram e uma çado em 2008 (o HTC G1), mas a primeira versão quantidade razoável de aparelhos foram lança­ do software só foi liberada ao público em 2009. dos, mas não decolou e atualmente só é conheci­ De lá para cá, o número de aparelhos com o siste­ da em países orientais, como Japão e Coréia. ma cresce assustadoramente e, há pouco tempo, a vendas de smartphones Android haviam ultra­ Outro caso de insucesso foi o webOS da passado os iPhones nos EUA. Atualmente o de­ Palm. Lançado em 2009, foi uma grande promes­ senvolvimento dele está muito ativo, a loja virtual sa de volta por cima da Palm, primeira gigante do cada vez mais populosa e lançamentos com re­ mundo da computação móvel, mas que havia es­ cursos excitantes quecido de se atualizar e acabou ficando para trás dos concorrentes. Com uma arquitetura de de­ senvolvimento de aplicação inovadora, muita gen­ Controvérsias do Android te apostou que o webOS seria o sistema Mesmo com todo o sucesso, o Android está operacional livre baseado em Linux dominante. circundado de controvérsias que poderiam ter im­ No entanto, as coisas também não caminharam pedido todo este sucesso. A principal delas surgiu da forma esperada e a Palm foi comprada pela quando o Maemo e o webOS ainda estavam na HP em maio deste ano. Ao que parece, a HP vai briga pelo mercado e diziam que o sistema da Go­ dar continuidade ao trabalho, já falando na versão ogle não era livre o suficiente. Algo que alimen­ 2.0 do webOS, mas ele está longe de virar a plata­ tou muito foi o lançamento do G1 antes da forma dominante. liberação do software. Além disso, a Google conti­ nua desenvolvendo a portas fechadas, no final, Já o caso do Android foi totalmente diferen­ despejam (este é o verbo que eles usam) o códi­ te. Em 2007 a Google anunciou seus planos de li­ go­fonte. berar o sistema que havia adquido com a compra da Android Inc. numa licença de software livre e Depois as concorrentes acusaram o Android criou a em conjunto com de não ser tão parecido com uma distribuição Li­ 78 empresas. O primeiro aparelho Android foi lan­ nux como seus próprios sistemas. De fato, o An­

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uma versão comunitária do Android. No final aca­ bou bem, mas houve proibição de distribuição dos aplicativos Google neste pacote, pois estes são de propriedade da empresa.

Por que o Android se tornou um suces­ so? Esta é a dúvida que fica, após analisarmos o hitórico e as controvérsias ao redor do sistema. Seria pela qualidade técnica do produto? Na mi­ nha opinião não, pois os concorrentes também eram, em sua maioria, muito competentes. Pela abertura do código e desenvolvimento certamente também não foi, pelos motivos supracitados ­ se fosse assim, o OpenMoko que deveria ter se tor­ nado um sucesso. O principal motivo, na minha opinião, foi a Google ter fundado uma aliança com diversas em­ presas fortes no mercado móvel, fortalecendo o Figura 5 ­ HTC G1 ecossistema do software. Como vimos, a Nokia, a Intel e a Palm tentaram partir sozinhas e esperan­ droid roda uma versão do Linux desenvolvida à do que outras empresas se interessassem e se parte da versão oficial, o que já causou até mes­ juntassem, mas isto nunca aconteceu. No entan­ mo alguns atritos entre a Google e os desenvolve­ to, a LiMo tentou esta estratégia e foi mal sucedi­ dores do sistema do pinguim. No entanto, a da. Daí vem o segundo motivo: um grande nome. Google já tem planos de mudar isto, até mesmo por questões de custo ­ é caro manter uma ver­ Ter a Google desde o início como cabeça do são diferente de qualquer software. desenvolvimento do sistema foi altamente benéfi­ Um pouco mais à frente a Google ainda te­ ve um desentendimento com o CyanogenMod,

Figura 6 ­ CyanogenMod Figura 7 ­ Neo Freerunner rodando Android

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co ao Android, pois é uma empresa respeitada in­ ta com a participação de nenhuma outra empresa ternacionalmente, bem vista pelo público e imparci­ ­ se ele virar um sucesso realmente será uma al no mundo móvel. Esta imparcialidade acredito grande surpresa. ter sido também fundamental, até mesmo para a formação da Open Handset Alliance, pois é muito difícil pensar que, por exemplo, a Motorola iria in­ vestir num projeto liderado pela Nokia. Além dis­ so, o Google bancou praticamente todo o desenvolvimento dando às fabrincantes um siste­ ma pronto para usar. Por fim, acho que outro fator determinante foi a escolha da plataforma de desenvolvimento de aplicações: o Java. Esta é uma das lingua­ gens mais utilizadas no mundo e é muito mais fá­ cil de aprender do que C/C++, necessários no devenvolvimento para Maemo e Moblin. No ca­ so do webOS isto é um pouco diferente, pois o Figura 8 ­ Huawei IDEOS: Android de baixo custo desenvolvimento é feito com tecnologias web, bastante difundidas e de fácil assimilação, mas Além disso, existe a questão do custo. Cada estas tecnologias ainda não estão maduras o su­ vez mais vemos lançamentos de aparelhos chine­ ficiente para desenvolver aplicativos complexos. ses de baixíssimo custo, que atendem a uma par­ cela da população que não tem condições financeiras para comprar um smartphone topo de Conclusão linha. Apesar de, na maioria das vezes, terem Como pudemos observar, a união faz a for­ qualidade duvidosa, suas vendas estão aumen­ ça, mas um grande nome faz a diferença. Além tando e levantando também a participação do An­ disso, escolhas inteligentes acabaram por aniqui­ droid no mercado. lar totalmente as chances dos concorrentes. Va­ mos ver como o mercado vai se comportar com o lançamento do MeeGo, mas, sinceramente, acho Para mais informações: que duas empresas sozinhas não vão conseguir Matéria no MaemoBrasil: competir com um sistema que tem produtos lança­ http://ur1.ca/1rlth dos por diversos fabricantes. E quanto aos sistemas proprietários? Acho Matéria sobre Android, Symbian e Meego no Guia do muito difícil qualquer plataforma proprietária conse­ Hardware: guir competir com uma aberta. O iOS (do iPhone) http://ur1.ca/1rltj é exclusivo aos produtos Apple e isto não é interes­ sante para o mercado. A plataforma Windows Mo­ bile é mais aberta à utilização pelos fabricantes, RODRIGO CARVALHO é analista de mas, em sua nova versão, está adotando políti­ sistemas com experiência pessoal e cas restritivas ao desenvolvimento de aplicações profissional com software livre e membro ativo na divulgação do software livre no que pode inibir desenvolvedores de aplicativos, as­ Rio de Janeiro através do grupo SL­RJ. sim como está acontecendo com a Apple. A Samsung também lançou o sistema BadaOS, que é baseado em Linux, mas é proprietário e não con­

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QUEM NÃO USA LINUX?

Por Jomar Silva Jan Vansteenkiste ­ sxc.hu

Acredito que como a maio­ me faz esta pergunta hoje, eu ria da pessoas que estão lendo acabo dando uma resposta este artigo, no meu dia a dia que surpreende muita gente: eu convivo com muitas pesso­ Todo mundo as que são meros usuários de Muitos acreditam que pen­ informática, e não nerds e ge­ so assim porque sou um apai­ eks como nós. Há alguns anos xonado pelo Software Livre, atrás, uma das perguntas que mas quando olhamos com as pessoas mais me faziam atenção ao mundo que nos cer­ quando descobriam com o que ca hoje, descobrimos que isso trabalho era: Quem usa Linux? é a pura realidade: até que não A resposta sempre variou tem computador em casa usa de tempos em tempos, e hoje Linux hoje em dia. em dia é até comum encontrar Basta ir a um supermerca­ muitos usuários de Linux no do fazer as compras e quando desktop entre os usuários nor­ chega a hora da fila do caixa, é mais de informática. Por este mais do que natural encontrar motivo, cada vez que alguém

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o pinguim rodando nos caixas. isso deixo como proposta de ces (www.linuxfordevices. Isso aliás já se tornou algo tão pesquisa para quem quiser se com). Eles costumam colocar comum que simplesmente nem aventurar a escrever mais so­ ali sempre notícias sobre no­ reparo mais, como fazia há al­ bre o tema). vos equipamentos que usam Li­ guns anos (e saía do caixa No mercado de smartpho­ nux e sempre me surpreendo com um sorriso no rosto, feliz nes, a bola da vez é o sistema com algumas coisas encontra­ da vida.... nerd). operacional Android do Google das por lá, que vão dos quase Diversos bancos utilizam que novamente é um Linux (ver­ óbvios smartphones e tablets Linux na sua infraestrutura (é são pocket). Além desse, exis­ (que aliás estão sendo domina­ Jomar, mas o cliente não vê is­ tem alguns aparelhos da dos pelo Android), até coisas so), e pelo menos um deles Motorola que já usam o siste­ não tão óbvias assim, como te­ (Banco do Brasil) usa Linux ma há alguns anos e teremos lefones VoIP, robôs, equipa­ nos caixas eletrônicos. Essa nos próximos meses o lança­ mentos de áudio e vídeo, aliás é a coisa que mais tem mento de smartphones usando câmeras de vídeo, automóveis surpreendido as pessoas nas o MeeGo, que novamente é e até relógio de pulso (aliás o conversas de final de semana, um Linux de bolso (e para design desse relógio parece pois quando falo que todo mun­ meus amigos não ficarem cha­ ter vindo de um seriado Japo­ do usa o sistema sempre ou­ teados comigo, temos hoje o nês dos anos 80, mas ainda as­ ço: Eu nunca coloquei a mão N900 que usa o sistema opera­ sim o carinha usa Linux... e nisso.... Colocou sim (e literal­ cional livre e como diz um ami­ este que vos escreve adoraria mente, pois os caixas tem tela go meu é o inveja maker no desfilar por aí com um desses sensível a toque). mundo dos smartphones). no pulso). Não bastasse estes dois Um site que gosto bastan­ O que mais me deixa sa­ exemplos que acredito que co­ te de visitar periodicamente já tisfeito com esta constatação é brem a imensa maioria dos bra­ há alguns anos é o Linux Devi­ ver que o mito de que Linux é sileiros, ainda temos duas áreas onde o pinguim tem nada­ do de braçada: Internet e smartphones. Por mais apaixonado Por mais apaixonado que um usuário seja pelas platafor­ que um usuário seja pelas mas proprietárias, muitos se surpreendem quando desco­ plataformas proprietárias, muitos se brem que grande parte dos si­ tes e serviços que usam surpreendem quando descobrem diariamente são baseados em Linux. O Google que o diga que grande parte dos sites e Se colocarmos na lista serviços que usam diariamente são além do Linux outros softwares livres como o Apache, aí a lista baseados em Linux. O Google que aumenta ainda mais e podería­ mos expandir o tema do artigo o diga para dizer que todo mundo usa Jomar Silva software livre hoje em dia (mas

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colateral disso é que Por essas e por outras ela à apaixonada por que deixo aqui a sugestão a to­ pinguins e fica extre­ dos: toda vez que alguém te mamente irritada perguntar Quem usa Linux, quando vê alguém aproveite a oportunidade para chamando o Tux de iniciar um prazeroso debate e pinguim (Ele é o responda: Difícil responder. Tux, não é um pin­ Mais fácil é tentar encontrar guim). Também fica quem não usa Linux hoje: um irritada quando al­ ermitão. guém tenta lhe con­ Espero ter deixado neste vencer que um artigo os argumentos básicos pinguim qualquer é o para animar discussões praze­ Tux, e graças ao meu rosas e esclarecedores nos fi­ amigo Oliva, ela ago­ nais de semana de todos ra é apaixonada tam­ vocês, e vida longa ao Linux Figura 1: Freedo bém pelo Freedo :) Mais legal do coisa pra hacker e difícil de ope­ que ver uma nativa digital se rar está definitivamente caindo divertindo no Linux, tem sido por terra, e fico aqui pensando ver a reação das pessoas mais como é que as próximas gera­ vividas quando tem seu primei­ ções de usuários irão encarar ro contato com o sistema opera­ o Linux em seus desktops. cional. Novamente eles têm Não tenho dúvidas de que ele menos dificuldade do que a mai­ JOMAR SILVA é en­ será praticamente unanimida­ oria dos usuários comuns, genheiro eletrônico e de em mais alguns anos. pois acabam identificando mui­ Diretor Geral da ODF Alliance Latin Ameri­ Esta opinião é baseada to mais os aplicativos (navega­ ca. É também coor­ dor, editor de texto, etc) do que denador do grupo de em fatos concretos, pois sou trabalho na ABNT pai de uma linda menininha o sistema operacional e na mi­ responsável pela nha experiência pessoal o co­ adoção do ODF co­ que é uma nativa digital e que mo norma brasileira sempre usou Linux (e sempre mentário que mais ouço é e membro do OASIS fez tudo o que qualquer crian­ nossa, como é rápido esse ODF TC, o comitê in­ computador, heim. Ele nunca ternacional que de­ ça faz no computador, sem pro­ senvolve o padrão blema algum). O efeito trava não ? Pega vírus?... ODF (Open Docu­ ment Format).

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FORUM ∙ ATITUDE OPEN SOURCE

Atitude Open Source

Por Alexandre A. Borba

Muitos defensores do uso de patentes e de bases proprietárias argumentam que o desenvol­ vimento tecnológico só acontece por meio do fechamento de código, pela retenção do co­ nhecimento. Ainda bem que essa história existe. Assim posso provar que isso é uma grande bale­ la. Um dos mais revolucionários meios de transporte que existe hoje, só foi possível por­ que seu inventor recusou patenteá­lo. Santos Dumont, pai da aviação, lá em 1909, recebeu uma proposta para patentear o seu mais novo invento, o Demoiselle. Como fez anteriormente com outras invenções, Santos Dumont recusou a patente, e semanas depois liberou o projeto para publicação na revista Popular Mechanics, livre para qualquer pessoa copiar, modificar e melhorar. Dessa forma, voamos de um lado pa­ ra o outro hoje graças ao espírito colaborativo e a atitude open source de Santos Dumont. Quando um projeto é patenteado e tem o seu código fechado, fecham­se também as por­

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Isso tudo só vem provar que o uso de pa­ tentes e códigos fontes fechados com a descul­ pa de desenvolvimento tecnológico é realmente uma conversa fiada. Comprovadamente, um software de código aberto tem muito menos Comprovadamente chances de conter bugs e erros críticos do que um software proprietário. Porém, vale uma res­ um software de código salva: um software de código aberto só é real­ mente confiável e estável se ele tiver uma aberto tem muito menos comunidade ativa, pois é essa comunidade que ficará por conta da auditoria de códigos e corre­ chances de conter bugs ção de bugs. Sem uma comunidade ativa, um software livre, na maioria das vezes, é tão con­ e erros críticos do que fiável quanto um software proprietário feito pelo um software proprietário. sobrinho do tio do seu cunhado. Existe uma frase que eu escuto desde pe­ Porém, vale uma ressalva, queno do meu pai: Meu filho, conhecimento é a única coisa que nunca vão poder te tirar e que um software de código não ocupa espaço algum. Porém, você só vai re­ almente conhecer alguma coisa o dia que você aberto só é realmente ensinar isso para alguém. confiável e estável se ele tiver uma comunidade Contribua para o desenvolvimento e a evolução. Seja Open Source. ativa... A ideia desse artigo surgiu depois de um Alexandre A. Borba bate­papo com Jean e Leonardo Félix, durante o Software Freedom Day 2010, que aconteceu na Escola Estadual Gomes Cardim, em Vitó­ ria/ES. tas para os avanços. Um trabalho limitado a cer­ ta quantidade de pessoas fica mais fadado ao fra­ casso. O que poderia ser útil para muitos acaba engavetado e esquecido. Mas quando um proje­ to é colocado em domínio público e tem o seu có­ digo fonte aberto, a situação se inverte totalmente. Qualquer pessoa, de qualquer parte do mundo, tem acesso ao código para corrigir er­ ALEXANDRE A. BORBA é desenvolvedor ros, sugerir modificações e melhorias para adap­ de Sistemas Web em PHP, estudante de tá­lo às suas necessidades. Isso faz com que Ciência da Computação e grande entusiasta e defensor do Software Livre. pequenas ideias se tornem, no final, gigantes­ Participa da comunidade TUX­ES e ainda cos projetos, úteis para todo o mundo, como foi contribui na gestão das mídias sociais da o caso do avião. Revista Espírito Livre.

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |55 FORUM ∙ O DESAFIO DE COORDENAR PROJETOS COLABORATIVOS

O desafio de coordenar projetos colaborativos

Por Marco Vinycius dos Santos Passos Svilen Milev ­ sxc.hu

No mundo do software livre colaboração é 2. Fazer uma reunião geral com o grupo: a palavra chave para o desenvolvimento de qual­ Após o cadastro dos colaboradores, deve­ quer projeto. Porém, nem todo projeto onde se rá ocorrer uma reunião, que além de servir para envolve a colaboração, termina da forma deseja­ que todos se conheçam, geralmente ocorre o da e por uma questão muito simples, falta de or­ chamado brainstorming (chuva de ideias) onde ganização. Como em qualquer projeto que podem aparecer ideias interessantes para o de­ possamos desenvolver ao longo da vida, um pro­ senvolvimento do projeto. jeto envolvendo colaboração também tem que ser organizado e deverá seguir algumas normas para dar certo e devido a minha experiência práti­ 3. Definir a visão e a missão do projeto: ca acredito que estas normas possam ser as se­ Assim como uma empresa, um projeto de guintes: colaboração deve ter sempre uma visão e uma missão, pois, desta forma será demonstrado a 1. Descrever o objetivo do projeto: todos os integrantes do grupo além de um norte a seguir, uma visão macro de como conseguir al­ Como em todo projeto, primeiro devemos cançá­lo. definir o objetivo deste projeto para entre outras coisas atrair colaboradores interessados no te­ ma proposto. Geralmente, estes objetivos po­ dem ser divulgados em blogs ou páginas wiki.

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4. Definir as etapas do projeto: 8. Promover o resultado alcançado: É muito importante que o projeto seja dividi­ Após a conclusão dos trabalhos, este pode­ do em etapas, que estas etapas tenha uma priori­ rá ser publicado e distribuído para que tenha vi­ dade e que sejam determinados prazos para a sibilidade, isso motiva o grupo de colaboradores conclusão de cada etapa, pois, assim se terá a continuar e com certeza promover a colabora­ uma visão geral de como está o andamento do ção. Como o mundo do software livre a filosofia projeto. da colaboração é bastante forte, podem ser utili­ zadas, por exemplo, as redes sociais e os blogs para divulgação. 5. Levantamento de riscos: Em todo projeto deve haver um levantamen­ to de riscos, este visa mensurar os possíveis ris­ 9. Dar os devidos créditos: cos ao projeto para que desta forma possamos Já me deparei com um caso que me dei­ tomar atitudes que minimizem os riscos ao anda­ xou muito triste, pois apesar do esforço em con­ mento do projeto. Por exemplo, um projeto que junto que um projeto como este exige, após a começa com 10 colaboradores e destes 4 desis­ construção do produto, todo o conteúdo foi des­ tem terá o tempo previsto para o termino da eta­ viado para fins particulares e não foram dados pa comprometido, então a rotatividade de os devidos créditos a equipe de desenvolvimen­ colaboradores é um risco sempre presente em to. Isso além de causar uma enorme frustração projetos que envolvem colaboração. da equipe envolvida, leva ao enfraquecimento do movimento de colaboração, pois desestimula a participação de novos adeptos e queima a fi­ 6. Definir os líderes do projeto: losofia envolvida por trás do projeto. Mesmo sendo um projeto em que a colabo­ ração e fornecida de forma voluntária, à gerên­ cia deve existir por vários motivos. Primeiro Neste material, procurei demonstrar um mensurar melhor o tempo, pois cada colabora­ pouco da minha pequena vivência em projetos dor geralmente colabora em seu tempo livre e is­ de colaboração e espero ter ajudado para a difu­ so significa que poderá ser a qualquer hora. são do tema. Depois cobrar o resultado, pois colaborar em um projeto mesmo que de graça e no tempo va­ Obs.: Esta matéria foi diagramada por Caio Rego, durante o Workshop de Scribus, go significa também ter responsabilidade com o ministrado por João Fernando Costa Júnior, que aconteceu durante as atividades projeto, pois, este está sendo desenvolvido para do II FASOL, no início deste mês, em Santarém/PA. entre outras coisas, ser disponibilizado para o pú­ blico.

7. Documentar o processo de constru­ ção do projeto: MARCO VINYCIOS DOS SANTOS PASSOS é administrador de sistemas Este é um ponto bastante importante do linux, estudante de sistemas de informação e adepto ao uso de projeto, pois, a documentação poderá servir co­ software livre. Colaborador ativo do mo referência para outros projetos e isso torna projeto BRSamba e de comunidades do um projeto de código aberto onde existe a cola­ mundo do software livre. Mantenedor do blog http://www.brasilopencode. boração sustentável. blogspot.com.

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A fronteira final: o usuário doméstico

Por Jamerson Tiossi

É impossível contestar que as tecnologias envolvidas no software livre/código aberto (SL/CA) são superiores às envolvidas no softwa­ re proprietário. O mercado de servidos que o di­ ga. Mas nota­se um esforço não tão silencioso assim para que o mercado de usuário domésti­ co continue do jeito que está: atestando a supre­ macia do software proprietário. Por mais que se deseje construir sistemas que funcionem bem via linhas de comando, os desenvolvedores dos sistemas operacionais SL/CA têm que assumir que o usuário padrão te­ me isto mais que o diabo teme a cruz. Iniciar qualquer explicação como Clique em terminal, faça o login como administrador... dá um nó no raciocínio do usuário comum que impossibilita­o de dar seqüência. Se ele decidir contratar al­ guém para fazer a instalação para ele, tanto pi­ or, pois diante das dificuldades que por ventura irá enfrentar o instalador aconselha trabalhar com uma tecnologia que já conhece. Convenha­

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so Internet. Problema 1. Depois de ler alguma literatura, descobri que os arquivos eram grava­ dos em uma pasta e que era possível copiar os Por mais que se arquivos para outra máquina e executar a insta­ lação. Sim, tive algumas dificuldades, pois al­ deseje construir sistemas guns pacotes já haviam sido baixados e instalados em meu computador e por isso o que funcionem bem via download do pacote do Blender não os previu. Na nova máquina, o erro obrigou a baixar manu­ linhas de comando, os almente os pacotes requeridos e ir aos poucos copiando os pacotes, algo, diga­se de passa­ desenvolvedores dos gem, chato. Mas não desisti. Sabia intuitivamen­ te que deveria haver uma forma de resolver a sistemas operacionais questão e busquei a resposta. SL/CA têm que assumir O mais certo é que este modelo de instala­ ção deveria passar por um re­estudo de modo que o usuário padrão teme que seja possível ao usuário copiar facilmente todos os pacotes que compõem uma aplicação isso mais que o diabo teme para outra máquina. O modelo atual privilegia a programação descentralizada utilizando pacotes a cruz. desenvolvidos pela comunidade, de modo a que ao instalar um software qualquer o próprio pro­ Jamerson Tiossi cesso escolha o pacote mais recente para seu perfil (seja a máquina, seja o software). Mas jun­ tar os pacotes de instalação com o mínimo re­ querido poderia ser uma possibilidade para mos que é mais prático, já que a estrutura de facilitar a disseminação. E não pense que todos pastas, arquivos, comandos e erros mais co­ tem acesso à Internet, por que não é verdade. muns desta linha de software já é de seu conhe­ cimento e ele saberá como resolver. Pense no jovem de origem humilde, que comprou o computador com dificuldade. Por op­ Para que se conquiste o usuário doméstico ção decidiu o SL/CA. Ele só faz o acesso na lan é necessário mudar o paradigma e fazer publici­ house e usa o pen drive para copiar arquivos pa­ dades e parcerias. O software livre não tem di­ ra sua própria máquina. Um pacote [ talvez um nheiro para isso arquivo compactado [ com todos os pacotes ne­ cessários seria uma mão na roda. Hum... mas e Alterar o que não funciona quem tem acesso à rede e já tem parte dos pa­ cotes instalados? Teria que fazer o download de O software livre cresce silenciosamente tudo novamente? Simples, em termos, criemos em várias frentes e todos elogiam os produtos a uma nova opção para o comando apt­get, uma que tem contato. Mas algumas coisas impedem opção barra alguma coisa que iria baixar e agre­ um crescimento ainda maior. Um dos exemplos gar todos os pacotes, facilitando assim a vida do é a instalação de programas. usuário comum. Semana passada instalei o Blender (software para animação 3D) em minha máqui­ na, mas queria usar em outra que não tem aces­

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O cliente e sua necessidade Aí está o problema do desenvolvedor de software, especialmente o desenvolvedor de software deste nível: ele acredita que é possível O usuário as pessoas aprenderem facilmente alguns co­ mandos. A seta piscante do shell dos sistemas comum de computador é operacionais é uma dificuldade especial para quem não teve contato com MS­DOS ou UNIX. aquele que usa um O usuário comum de computador é aquele sistema operacional, uma que usa um sistema operacional, uma suite de escritório e um navegador de internet. Nem clien­ suite de escritório e um te de e­mail ele usa (Dá trabalho para configu­ rar), preferindo o processamento e navegador de internet. armazenamento das mensagens nas nuvens. Com este modelo ele já está acostumado. Nem cliente de e­mail É certo que a união Ubuntu, BrOffice.org e ele usa... Mozilla Firefox supre esta demanda, mas surge Jamerson Tiossi o tempo ocioso da máquina. É neste tempo que surgem as necessida­ des dos usuários. Coisas triviais como Skype (tem versão para Ubuntu) e MSN (tem o progra­ Dos SL/CA o que mais se aproxima real­ ma aMSN, que chega a copiar um skin idêntico mente desta realidade é o Ubuntu, com seu am­ ao programa proprietário) são facilmente resolvi­ biente amigável e facilidade de instalações das apenas quando os usuários sabem da exis­ adicionais, ainda que haja muitas limitações e al­ tência destes softwares. Gravadores de guns recursos técnicos necessitem de linhas de DVD/CD (K3B) ou programas player de música comando digitadas no terminal. MP3 (Rhythmbox) compõem facilmente o conjun­ Temos que repensar nosso papel como de­ to de programas necessários para os usuários. senvolvedor e responder a questão sobre quem Para aqueles que gostam de manipular ima­ queremos como usuários: uma meia dúzia glo­ gens, o GIMP substitui facilmente o PhotoShop, bal de gênios ou ter uma estação com SL/CA e tinha uma facilidade adicional que vinha por pa­ em cada computador do planeta. drão na instalação do Ubuntu até a versão 9.10. A linha de raciocínio que quero comparti­ lhar com os usuários e desenvolvedores de SL/CA é que não devemos pressupor uma inteli­ gência especial para o usuário. Devemos produ­ zir telas amigáveis que permitam que o JAMERSON ALBUQUERQUE TIOSSI é Gestor de Sistemas Informatizados, pós­ processo de instalação se desenvolva da manei­ graduado em Engenharia de Software (com ra mais tranqüila possível, e que, na medida do ênfase em software livre), e bacharelando em Administração Pública. Desenvolve sis­ possível, se automatize ao máximo. Assim a tran­ temas de base de dados desde o início dos sição de uma plataforma de software proprietá­ anos 1.990 e atualmente trabalha com Ja­ va, NetBeans, Ubuntu e MySQL, não exata­ rio para outra com SL/CA será possível. mente nesta ordem. Mantêm um blog sobre quadrinhos e mídias em http://osilenciodos­ carneiros.blogspot.com.

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |60 FORUM ∙ AGORA É A VEZ DO OPENOFFICE.ORG

Agora é a vez do OpenOffice.org

Por Alexandre A. Borba

Na manhã desta terça­feira (28 de setem­ bro) foi divulgada a criação de uma comunidade chamada The Document Foundation, que tem como objetivo sustentar um projeto chamado LibreOffice, um fork do OpenOffice.org. Os de­ senvolvedores estavam preocupados com o fu­ turo da suite de escritórios, e decidiram se antecipar e se desvincular da Oracle. Tudo isso só vem para aumentar a polêmi­ ca em torno da Oracle e da comunidade open source. Recentes acontecimentos envolvendo o nome Oracle e o gigante das buscas Google, em torno do sistema operacional para celulares, o Android, causou muita polêmica e uma dúvida muito grande sobre o que a Oracle planeja fazer com seus projetos open source, que adquiriu junto à compra da Sun. Mas isso também nos leva a vários outros questionamentos. Ao que se sabe até o momen­ to, a Oracle, ao contrário do que aconteceu com o OpenSolaris, não tinha se manifestado sobre o OpenOffice.org e nem sobre a possível des­

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continuidade do projeto. O que nos leva à per­ Uma das coisas que muito justifica o uso gunta: esse não teria sido um passo precipitado do OpenOffice.org em várias empresas, sejam da comunidade? elas grandes ou pequenas, era o fato de existir A licença que está em uso no LibreOffice é uma empresa de respeito dando o devido respal­ a LGPL3. O problema das licenças não pode fa­ do ao projeto. Não que a comunidade criada zer com que o LibreOffice perca algumas funcio­ não seja de respeito, muito pelo contrário, os in­ nalidades que hoje o OpenOffice.org possui? tegrantes são pessoas com excelentes inten­ ções e, inclusive, vindos da equipe de Alguns não sabem, mas o nome desenvolvimento do próprio OpenOffice.org. BrOffice.org, adotado pelo projeto no Brasil, na­ Mas ainda não tem a mesma visibilidade que a da mais é que uma versão traduzida do Open Sun, e agora mais recentemente, a Oracle, tem, Office.org em inglês, com a adição de dicionári­ dando apoio e colocando sua marca no projeto. os locais, menus de ajuda, e carregando nesta Sim, certo, é fato que a Canonical, Google, mudança de nome, uma questão polêmica: o fa­ Novell, Red Hat e Open Source Initiative anunci­ to do termo OpenOffice pertencer a uma peque­ aram o seu apoio à comunidade e ao projeto Li­ na empresa brasileira que proibiu o uso do breOffice. Mas uma coisa é dar apoio, outra nome por aqui. Dessa forma, com o nome do pro­ coisa é colocar o nome. jeto passando a ser LibreOffice, aparentemente não mais justifica o nome BrOffice.org. Estaria Muitas questões ainda ficarão muito tempo então, o BrOffice.org fadado ao limbo? O projeto sem respostas, outras brevemente serão respon­ continuará com este nome ou mudará? Isto in­ didas. Mas uma coisa é certa, se a Oracle resol­ flui em alguma coisa? Só o tempo irá dizer. ver descontinuar o projeto OpenOffice.org, já temos uma alternativa no mesmo nível e que já tem um forte apoio. Entretanto, se a Oracle re­ solver tocar o barco com o OpenOffice.org, man­ tendo­o como está, nós teremos mais uma ótima suite de escritório no mercado, de código Uma das aberto e gratuita. De uma forma ou de outra, a comunidade open source em geral saiu ganhan­ coisas que muito justifica o do. Agora, sobre a comunidade BrOffice.org, se­ ria bom se o projeto OpenOffice.org continuasse uso do OpenOffice.org em existindo, pois mudar de nome nessa altura do várias empresas, sejam campeonato, não sei se seria uma boa ideia. elas grandes ou pequenas, era o fato de existir uma empresa de respeito dando

o devido respaldo ao ALEXANDRE A. BORBA é desenvolvedor de Sistemas Web em PHP, estudante de Ciência da Computação e grande projeto. entusiasta e defensor do Software Livre. Participa da comunidade TUX­ES e ainda Alexandre A. Borba contribui na gestão das mídias sociais da Revista Espírito Livre.

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |62 FORUM ∙ HENRY JENKINS E OS SENTIDOS DA CONVERGÊNCIA

HHeennrryy JJeennkkiinnss ee ooss sseennttiiddooss ddaa ccoonnvveerrggêênncciiaa

Por Yuri Almeida

A revista Contracampo Apesar de lembrar que ca­ (do Programa de Pós­gradua­ minhamos para uma conver­ ção em Comunicação ­ UFF) gência tecnológica, Jenkins publicou uma excelente entre­ disse que o novo no processo vista com Henry Jenkins conce­ de convergência é a fluidez dida ao Vinicius Navarro. Na com que o conteúdo midiático conversa, Jenkins diz que a passa por diferentes platafor­ convergência esteve sempre as­ mas; por outro, a capacidade sociada a questões tecnológi­ do público de empregar redes cas, o novo conceito, segundo sociais para se conectar de ma­ ele, é cultural. neiras novas, para moldar ati­ A indústria agora tenta sa­ vamente a circulação desse tisfazer uma demanda ampla conteúdo, para desafiar publi­ pelas mídias que nós consumi­ camente os interesses dos pro­ dores queremos, quando quere­ dutores de comunicação de mos e onde queremos. Há massa. uma tentativa de satisfazer o de­ Questionado sobre a divi­ sejo do público de participar ati­ são (social e de geração) e su­ vamente na produção e as relações com a circulação de conteúdo midiáti­ convergência, o pesquisador co. diz que o existe desigualdade no acesso às habilidades e

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |63 FORUM ∙ HENRY JENKINS E OS SENTIDOS DA CONVERGÊNCIA aos conhecimentos para partici­ Convergência e cognição as, como combinar a par dessa cultura convergen­ Jenkis lembra que toda capacidade dos jovens de pro­ te. A alternativa, segundo ele, tecnologia oferece possibilida­ cessar múltiplos canais de in­ é o fortalecimento da cultura de de ganhos e perdas cogniti­ formação com os valores da participatória, que resulta na di­ vas e segundo ele estamos em contemplação e da meditação, versificação do conteúdo e de­ uma fase de transição e a ques­ que eram virtudes das velhas mocratização do acesso aos tão não é saber do resultado fi­ formas de aprendizado. canais de comunicação. nal dessa equação entre Para o autor, diante da so­ Ainda nessa se­ convergência e cognição. brecarga de informa­ ara, Henry Jenkins é ção, mais do que professor de Ciências nunca vamos preci­ Humanas e fundador sar do pensamento e diretor do programa Questionado sobre crítico, porque vamos de Estudos de Mídia navegar, tanto indivi­ Comparada do MIT ­ a divisão (social e de dual como coletiva­ Massachusetts Institu­ mente, por uma te of Technology, que geração) e suas relações paisagem de informa­ também sedia o C3 ­ ção muito mais com­ Convergence Culture com a convergência, o plexa. Consortium, elenca pesquisador diz que existe A proposta dele dois problemas relaci­ é construir uma cultu­ onados a divisão. desigualdade no acesso às ra de especialidades Nossas instituições diversas e múltiplas educacionais estão habilidades e aos formas de conheci­ bloqueando os ca­ mento. Individual­ nais de mídia partici­ conhecimentos para mente, não podemos patória, em vez de muito contra o tsuna­ integrá­los as suas participar dessa cultura mi de informação que práticas. E as empre­ convergente. quebra sobre nós to­ sas frequentemente dos os dias. Coletiva­ fazem uso das leis de mente, no entanto, propriedade intelectu­ Yuri Almeida temos a capacidade al para calar o desejo mental de enfrentar do público de se en­ problemas comple­ gajar mais plenamen­ xos, que normalmen­ te com os conteúdos de nossa A questão é como equili­ te estariam bem além de cultura. brar novas e velhas competênci­ nossas capacidades pessoais.

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pectivas de personagens secundários ou periféricos, retor­ As empresas não nando à nave­mãe com um no­ vo quadro de referência. serão capazes de controlar os mecanismos de produção e circulação cultural.

Yuri Almeida

Convergência e fragmen­ tação pessoas se tornarão piratas Para Jenkis a sobrecarga ao tentar satisfazer seus inte­ de informação nos deixou mais resses num ambiente midiático conscientes da diversidade de que apóia maior participação nossa cultura, por outro lado a ao mesmo tempo em que o am­ circulação de novos conteúdos biente legal procura canalizar tornou­se mais fluida, tendo essa participação para servir em vista a minimização do po­ aos interesses de grandes con­ der do gatekeeper. Por outro la­ glomerados de mídia, essa é do, as pessoas tendem a se a aposta do pesquisador quan­ encontrar online com gente do questionado sobre o lugar que já conhecem na vida cotidi­ dos direitos autorais e proprie­ ana; elas tendem a procurar dade intelectual em ambientes pessoas como elas, em vez de colaborativos. usar a tecnologia para criar no­ Por fim, Jenkis diz que vas pontes. as extensões transmidiáticas YURI ALMEIDA é jor­ nalista, especialista oferecem mais informação e a em Jornalismo Con­ oportunidade de explorar mais temporâneo, pesqui­ Direito autoral, proprieda­ plenamente os mundos ficcio­ sador do jornalismo de intelectual e participa­ colaborativo e edita nais. Permitem o engajamento o blog herdeirodoca­ ção com histórias de pano de fun­ os.com sobre ciber­ As empresas não serão cultura, novas do ou realçam o impacto a lon­ tecnologias e jornalis­ capazes de controlar os meca­ go prazo dos eventos mo. Contato: hdoca­ [email protected] / nismos de produção e circula­ narrativos. Ou ainda redirecio­ ção cultural. E aí mais e mais twitter.com/herdeiro­ nam o foco em torno das pers­ docaos.

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |65 DESENVOLVIMENTO ∙ O que devo usar? Um Framework ou um CMS? Svilen Milev ­ sxc.hu

O que devo usar? Um Framework ou um CMS?

Por Juliana Kryszczun

A quantidade de informações disponíveis na Internet aumenta cada vez mais. Por isso, a forma de disponibilizar essas informações é de suma importância para que os sites se desta­ quem no meio de tantos. Os frameworks e os CMS dão o suporte necessário para manter as informações organizadas, cada um de sua ma­ neira. Muitas vezes uma equipe de desenvolvi­ mento opta em usar determinado framework para o desenvolvimento de um site, quando o uso de um CMS se adequaria melhor a realida­ de da empresa. Acontece também o contrário, empresas começam utilizando um CMS e de­ pois mudam para um framework, não fazendo a reutilização do código, resultando em perda de tempo e desgaste da equipe. Vou colocar aqui uma breve descrição e as principais funcionalidades do framework e do

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CMS (retiradas de alguns sites e livros) para auxi­ onar valor em vez de reinventar a roda; liar na escolha entre os dois. A intenção não é fa­ ­ Menos manutenção devido a fatoração zer uma análise comparativa, pois cada um tem de aspectos comuns a várias aplicações; seu objetivo. ­ Uso de herança, em caso de frameworks Um framework é uma estrutura de classes orientados a objeto; inter­relacionadas, que constitui uma implementa­ ção inacabada, para um conjunto de aplicações ­ Estabilização melhor do código (menos de um domínio. Além de permitir a reutilização defeitos) devido ao uso em várias aplicações; de um conjunto de classes, também minimiza o ­ Melhor consistência e compatibilidade en­ esforço de desenvolvimento de novas aplica­ tre aplicações. Entre outras funcionalidades. ções, pois já contém a definição de arquitetura gerada a partir dele, além de ter predefinido o flu­ xo de controle da aplicação. A ideia básica por trás de um gerenciador de conteúdo, ou em inglês, CMS ­ Content Ma­ nagement System ­ é a de separar o gerencia­ Principais funcionalidades do Fra­ mento de conteúdo do design gráfico das mework páginas que apresentam o conteúdo. Quando ­ Redução de custos e redução de time­to­ um usuário solicita uma página, as partes são market, devido a maximização de reuso; combinadas para produzirem a página HTML pa­ drão. O objetivo é exatamente o de estruturar e ­ Desenvolvedores se concentram em adici­ facilitar a criação, administração, distribuição, publicação e disponibilidade da informação ­ conteúdo. Seu conteúdo deve ser preciso, atuali­ zado, intuitivo, e bem organizado para ser utiliza­ do pelo público alvo. Os CMS são a resposta A ideia básica por mais adequada para a gestão otimizada à pro­ blemática da gestão de conteúdos. Um CMS trás de um gerenciador de apoia o gerenciamento de informações, focando conteúdo, ou em inglês, na captação, ajuste, distribuição de conteúdos para agilizar o processo de negócios de uma or­ CMS ­ Content ganização. Management System ­ é Principais funcionalidades de um a de separar o gerencia­ CMS ­ Gestão de usuários e dos seus direitos mento de conteúdo do (autenticação, autorização, auditoria); design gráfico das ­ Criação, edição e armazenamento de con­ páginas que apresentam teúdo em formatos diversos (html, doc, pdf, etc.); ­ Uso intensivo de metadados ou proprieda­ o conteúdo. des que descrevem o conteúdo; ­ Controle da qualidade de informação, Juliana Kryszczun com fluxo ou trâmite de documentos; ­ Classificação, indexação e busca de con­

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teúdo (recuperação da informação com mecanis­ lização é rápida, através do tipo, ou qualidades mos de busca); (cor, tamanho, e similares). CMSs fornecem as ­ Gestão da interface com os usuários (usa­ ferramentas para dividir os conteúdos em peda­ bilidade, arquitetura da informação); ços (ou componentes), organizá­los em grupos (índices), e armazená­los em um lugar de fácil ­ Gestão de configuração (controle de ver­ acesso (em bases de dados e arquivos XML). O sões); CMS é um conceito que permite aos usuários ­ Gravação das ações executadas sobre o de negócio gerenciar os conteúdos de seus si­ conteúdo para efeitos de auditoria e possibilida­ tes, portais corporativos, intranets ou aplicações de de desfazê­las em caso de necessidade. En­ web, sem necessariamente ter conhecimentos tre outras funcionalidades. técnicos (programação). Fazer uma boa escolha de acordo com sua realidade no início pode evitar grandes pro­ Avaliando a necessidade de um blemas depois que o site ou portal crescer. A Framework qualidade da informação disponibilizada e a usa­ Um framework pode ser entendido como bilidade da interface com o usuário são fatores um 'modelo' para o desenvolvimento de sites, de grande impacto no sucesso final. que pode ser modificado de acordo com as ne­ cessidades sem modificar sua essência. Garan­ tindo que o modelo continue igual e suas funcionalidades sejam aprimorada. O desenvolvi­ Para mais informações: mento de software é facilitado com o uso de fra­ Artigo sobre Framework na Wikipédia mework, os envolvidos podem usar mais tempo http://pt.wikipedia.org/wiki/Framework com as atividades principais do software do que com os detalhes tediosos, de baixo nível do Artigo sobre CMS na Wikipédia mesmo. Com o uso de frameworks, os desenvol­ http://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_de_gerenciamento_de vedores conseguem ter controle de seu tempo e _conteúdo de seus códigos­fonte, as tarefas repetitivas são minimizadas, os projetos são concluídos em me­ nos tempo e os padrões são seguidos. JULIANA KRYSZCZU é bacharel em Sistemas de Informação, pós­graduada em Engenharia de Software com Ênfase em Software Livre, certificada em teste Avaliando a necessidade de um pela ISTQB. Atualmente trabalha como analista de teste. Gosta e admira a forma CMS como o software livre é feito. Depois que conheceu GNU/Linux nunca mais largou Gerenciar conteúdo fica mais fácil a partir e incentiva pessoas a experimentarem do momento em que esses estão organizados também. Nas horas vagas aprende em grupos e armazenados em lugar onde a loca­ Python e escuta música.

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GGeerrêênncciiaa ddee RReeddeess ccoomm ZZaabbbbiixx

Por André Déo e Aécio Pires

gerard79 ­ sxc.hu

Para atender aos requisitos do negócio, as redes de computadores, principalmente as das médias e grandes empresas/instituições, são for­ madas por uma grande quantidade de hardware e componentes de software deixando­as mais complexas. Gerenciá­las significa lidar diaria­ mente com riscos que podem ser causados pela má configuração dos serviços, bugs de softwa­ re, problemas de segurança, desempenho e in­ terrupção dos equipamentos. Para desempenhar essa atividade, os ge­ rentes de rede podem utilizar um Sistema de Gerenciamento de Rede (Network Manager Sys­ tem ­ NMS), que é uma coleção de ferramentas integradas para monitoração e controle da rede. (STALLINGS:1999). A figura 1 mostra a ideia ge­ ral do funcionamento de um NMS.

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Figura 1 ­ Funcionamento de um sistema de gerenciamento de rede.

Como mostra a figura 1, um sistema de ge­ Características ­ Possui suporte a maioria dos sistemas operaci­ renciamento de rede monitora os dispositivos co­ onais: Linux, Solaris, HP­UX, AIX, FreeBSD, letando os dados enviados por agentes ou OpenBSD, NetBSD, Mac OS X, Windows, entre aplicações clientes instaladas nos dispositivos outros; que estão sendo gerenciados (etapa1). De pos­ ­ Monitora serviços simples (HTTP, POP3, se desses dados, o sistema analisa­os e dessa IMAP, SSH, ICMP Ping) sem o uso de agentes; forma é capaz de saber o que está acontecendo ­ Suporte nativo ao protocolo SNMP; com cada dispositivo (etapa 2). Se um problema ­ Interface de gerenciamento Web, de fácil utili­ for detectado, ele envia alertas ou toma uma zação; ação pré­configurada pelo gerente (etapa 3) e ­ Integração com banco de dados (MySQL, Ora­ passa a gerenciar os dispositivos de forma pró­ cle,PostgreSQL ou SQLite); ativa evitando que o problema aconteça nova­ ­ Geração de gráficos em tempo real; mente, usando como base as informações coleta­ ­ Fácil instalação e customização; das, ações tomadas anteriormente, ­ Agentes disponíveis para diversas plataformas: probabilidades e tendências dos acontecimen­ Linux,Solaris, HP­UX, AIX, FreeBSD, tos ocorridos. OpenBSD,SCO­OpenServer, Mac OS X, Win­ Um sistema de gerenciamento de rede bas­ dows 2000/XP/2003/Vista; tante conhecido é o Zabbix[4], que será o tema ­ Agentes para plataformas 32 bits e 64 bits; principal de uma série de artigos que estaremos ­ Integração com os Contadores de Performan­ publicando nesta revista. O objetivo da série é ce do Windows; mostrar as características, vantagens e desvanta­ ­ Software Open Source distribuído pela Licença gens do Zabbix, ensinar como instalá­lo no Ubun­ GPL v2; tu Server e CentOS, usar a interface Web e ­ Excelente Manual [ Possui licenciamento pró­ monitorar alguns equipamentos e serviços de re­ prio [ Não GPL; de, partindo das configurações básicas até as ­ Envio de alertas para: E­mail, Jabber, SMS; mais específicas. ­ Suporte a Scripts personalizados.

O que é Zabbix? Um Software Livre (e de código fonte aber­ Componentes Zabbix to ­ Open Source) com sistema de monitoramen­ Neste primeiro artigo estaremos abordan­ to distribuído capaz de monitorar a do de forma resumida as características de ca­ disponibilidade e performance de toda sua infra­ da componente, para que você possa estrutura de rede, além das aplicações e servi­ conhecê­los e entender seu papel na estrutura ços de rede.

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do Zabbix. Nos próximos artigos os componen­ Agente: tes serão detalhados no momento em que forem ­ Servidor de coleta de dados; abordardos. ­ Executa comandos remotos; ­ Registra logs de eventos.

Server: Proxy: ­ Núcleo do Zabbix, concentra toda a lógica do ­ Coleta remota de dados; sistema. Os agentes são usados apenas para co­ ­ Coleta de milhares de valores por segundo; leta de dados; ­ Diminui a carga do servidor. ­ Realiza o processamento de Dados, responsá­ vel pelo escalonamento das informações. A figura 2 mostra a atuação de cada com­ Interface Web: ponente numa rede gerenciada pelo Zabbix. Os ­ Acesso ao histórico de dados; agentes coletam as informações de cada dispo­ ­ Configuração de todos os elementos (Hosts, sitivo e envia ao servidor Zabbix, que recebe os Mapas, Gráficos, Screens, Slide Show, Actions, dados, guarda­os no banco de dados e a partir Discovery, Usuários e etc). das configurações realizadas pelo gerente na In­ terface Web, processa­os, fazendo o diagnósti­ co de cada dispositivo antes de tomar uma ação, ao passo que salva os resultados no ban­ co de dados para consultas posteriores.

Figura 2 ­ Componentes do Zabbix

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O que torna o Zabbix tão especial? me e IP do equipamento, tudo que existe para o ­ All­in­one (tudo em um), única solução quando primeiro switch passar a existir para o segundo, se trata de monitoramento e lembre­se os gráficos são gerados em tempo ­ Todos os dados históricos, tendências e configu­ real. ração são armazenados em um banco de dados; ­ Preparado para controle dos pequenos até os grandes ambientes distribuídos; Zabbix Brasil ­ Solução verdadeiramente Software Livre Zabbix Brasil[5] é a comunidade de usuári­ (GPLv2), não existe versões comerciais; os brasileiros do Zabbix criada em 11/06/2008 ­ Toda a lógica está do lado do servidor, os agen­ por André Déo[3] com o objetivo de compartilhar tes são usados apenas para coleta de dados; conhecimento e documentar o uso deste siste­ ­ Extremamente flexível Triggers, escalations, ma. new checks, screens e muito mais; A comunidade possui o site zabbixbra­ ­ Projetado para lidar com as comunicações ins­ sil.org, o wiki zabbixbrasil.org/wiki, o perfil @zab­ táveis; bixbr no Twitter e a lista de discussão ­ Suporte total ao IPv6. http://br.groups.yahoo.com/group/zabbix­brasil/, que conta com mais de 200 usuários cadastra­ Por que usar o Zabbix? Por que não dos. No site e wiki da comunidade estão disponí­ usar um outro NMS Open Source/ Co­ veis artigos, slides, tutoriais e outras mercial? informações úteis. A principal vantagem do Zabbix é a facilida­ Participe da comunidade, não apenas para de de manipulação dos objetos, o que agiliza tirar dúvidas, mas também para contribuir com­ muito o trabalho do dia­a­dia. partilhando o seu conhecimento com outras pes­ Vamos te dar um exemplo prático, nós ado­ soas. ramos exemplos Digamos que você possui 50 switches Instalando o Zabbix Server iguais, e você quer monitorar o tráfego de rede No site e no wiki da comunidade Zabbix de cada porta. Brasil há dois tutoriais de instalação do Zabbix: Você vai criar os itens de cada porta uma http://tinyurl.com/2udtbxp => ao acessar es­ única vez e salvá­los como template, depois bas­ te link será iniciado o download do tutorial de ins­ ta usar este template para os 50 switches. Você talação do Zabbix 1.8.3 no Ubuntu Server 10.04, vai criar os gráficos (e Triggers, Actions e etc) usando o banco de dados PostgreSQL. apenas no primeiro switch e depois copiá­lo pa­ ra os outros 49. Tudo isso selecionando itens e clicando em botões como copy e/ou clone. http://tinyurl.com/2wqvvjy => neste link es­ tá disponível o tutorial de instalação do Zabbix Gostou? Pois saiba que estamos apenas 1.8 no CentOS 5.4, usando o banco de dados nos aquecendo... MySQL. Digamos que você não tinha nenhum NMS na sua rede, você vai começar o trabalho agora, então você cria o primeiro switch, com tudo que Se você não quer investir muito tempo ins­ necessitar (gráficos, triggers, actions, etc), salva talando o Zabbix a partir da compilação do códi­ e depois clica no botão Full Clone, pronto seu go fonte, pode acessar a página segundo switch está pronto, basta mudar o no­ http://www.zabbix.com/download.php, na sessão

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Zabbix Appliance, para baixar a iso de um Li­ Referências veCD ou de uma máquina virtual pré­configura­ [1] ALVIN, Pedro Paulo. FERREIRA, José Alberto de Lima. da para o Virtualbox[6], VmWare[7] ou Xen[8] PIRES, Aécio dos Santos. SNMP/Zabbix. Disponível em: com o Zabbix instalado no OpenSuse 11.2, usan­ http://www.slideshare.net/aeciopires/snmp­idez. Acessado em: 10 de setembro de 2010. do o banco de dados MySQL. Depois de fazer o [2] CHIU AND SUDAMA, 1992. Apud. STALLINGS, W. SNMP, download, acesse a página http://www.zabbix SNMPv2, SNMPv3 and RMON 1 and 2. 3. ed. Boston: Addison­ .com/documentation/1.8/manual/installation/ Wesley, 1999. appliance para obter as informações e senhas [3] DEO, André. ­ Fundador e moderador da comunidade Zabbix necessárias para iniciar os testes. Brasil. Disponível em: http://andredeo.blogspot.com. Acessado em: 10 de setembro de 2010. Como o conhecimento compartilhado nes­ [4] Zabbix. Disponível em: www.zabbix.com. Acessado em: 10 ta série será exposto de forma contínua e apro­ de setembro de 2010. fundada, recomendamos fortemente que você [5] Zabbix Brasil ­ Comunidade de usuários brasileiros do instale o componente Zabbix Server para ter ca­ Zabbix. Disponível em: http://zabbixbrasil.org. Acessado em: 10 de setembro de 2010. pacidade de praticar as instruções a serem mos­ [6] VirtualBox. Disponível em: http://virtualbox.org. Acessado tradas nos próximos artigos da série. em: 10 de setembro de 2010. [7] VmWare. Disponível em: http://vmware.com. Acessado em: Considerações finais 10 de setembro de 2010. [8] Xen. Disponível em: http://www.xen.org/. Acessado em: 10 Neste artigo mostramos os motivos pelos de setembro de 2010. quais uma rede deve ser gerenciada, o que é um sistema de gerenciamento de rede e como ANDRÉ DÉO é bacharel em Sistemas de ele funciona. Além disso, mostramos o Zabbix, Informação, com Especialização em Redes de Computadores, atualmente é um sistema de gerenciamento de redes bastan­ Administrador de Redes no Gabinete do te conhecido entre os gerentes e administrado­ Reitor da Unicamp e Professor Universitário na Faculdade Policamp, usuário de Linux res de rede. desde 2002 (Slackware e CentOS), seus interesses incluem Software Livre, SNMP, Ao longo do artigo foi possível conhecer me­ Gerência de Redes, Videogames, Séries e lhor este sistema, saber como instalá­lo e como Filmes. Email: [email protected] | obter ajuda da comunidade. Nos próximos arti­ http://andredeo.blogspot.com. gos mostraremos como utilizar os outros compo­ nentes Zabbix e como usar a interface Web AÉCIO PIRES é Tecnológo em Redes de para gerenciar os dispositivos de rede. Computadores pelo IFPB, está se especializando em Segurança da Vale lembrar que para acompanhar o racio­ Informação na Faculdade iDEZ e trabalha cínio e seguir as instruções a serem mostradas como Administrador de Sistemas na Dynavídeo. Email: [email protected] | nos próximos artigos, recomendamos que você http://aeciopires.com. instale o componente Zabbix Server. Bons estudos e até a próxima edição.

14 a 16 de outubro Uberlândia ­ MG

http://emsl.softwarelivre.org/

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Agregação de Links no NetBSD Por Alan MeC Lacerda

Oi caro leitor, depois de um tempinho afas­ ta de rede (placa de rede) não é suficiente pra a tado estou de volta para mostrar mais do nosso demanda, ou quando um servidor precisa estar excelente sistema operacional ­ o NetBSD. Des­ funcionando mesmo que uma placa de rede ta vez vamos conhecer e aprender a configurar (NIC) dê problema, a solução de agregação de a agregação de links. links pode ser considerada como uma solução. Se a questão for a demanda muito grande CONHECENDO e a NIC atual não tem capacidade de responder à tal demanda, teríamos a opção da compra de Agregação de link, ou IEEE 802.3ad, é uma placa de rede mais veloz e um switch com um termo da rede de computadores que descre­ capacidade para essa nova placa [ por exemplo ve o uso de múltiplos cabos/portas de rede em um upgrade de 100 Mbps para uma placa + swit­ paralelo para aumentar a velocidade além do limi­ ch com capacidade de 1Gbps. Mas é lógico que te de um único cabo ou porta, e para aumentar essa solução é muito mais cara do que agregar a redundância para alta disponibilidade... várias portas do switch atual e fazer dessas por­ [http://www.worldlingo.com/ma/enwiki/en/Link_ tas um único link, aumentando a velocidade (por aggregation ­ em Inglês] que agora teriam mais de uma placa de rede Como pudemos ver na definição acima, a respondendo às requisições). agregação de link, ou a junção de vários links pa­ Segundo a referência citada anteriormen­ ra formar um só, é bastante útil, e podemos fri­ te, quando a agregação de links estiver ocupan­ sar a sua utilidade em ambientes de alta do entre 40% e 50% do switch aí sim seria a disponibilidade. hora de considerar a compra de equipamentos O que levaria uma pessoa a optar pelo uso com maior capacidade. da agregação de links? Simples: custo reduzi­ Veja por exemplo uma agregação de links do. Em um ambiente onde a velocidade da por­ feita entre dois switchs:

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vamos informar quais placas de rede reais se­ rão representadas pela agr0. Para isso ainda usamos o comando ifconfig, agora da seguinte maneira:

Figura 1: Agregação de links feito entre dois switchs #ifconfig agr0 agrport pcn0 #ifconfig agr0 agrport pcn1 No exemplo acima, três portas de ambos os switchs estão sendo unidas para formar um único caminho lógico. A comunicação é distribuí­ Com esses dois comando nós adiciona­ da entre essas portas mas são enxergadas co­ mos ao nosso tronco as duas placas de rede mo que passando por um único caminho. Caso que existem no computador ( pcn0 e pcn1 ). Po­ uma dessas portas falhem a comunicação entre demos conferir o resultado disso com o coman­ os switchs não será interrompida, ela continuará do ifconfig ­a: por meio dos outros dois caminhos ainda disponí­ veis.

MÃO NA MASSA Então vamos por a mão na massa. Vale res­ saltar que é necessário ter mais de uma placa de rede no computador para a configuração a se­ guir. Figura 3: ifconfig ­a após adicionada as interfaces Primeiro vamos criar o dispositivo virtual pa­ ra o trunk: Notem que a saída agora é diferente. Na in­ terface agr0 vemos que existem portas agrega­ das a ela. Agora podemos endereçar a interface #ifconfig agr0 create virtual, que ela responderá pelas duas interfaces físicas. Após feito isso podemos verificar se a inter­ Sei que você já conhece a maneira de en­ face foi criada com o comando ifconfig ­a. Veja dereçarmos uma placa usando o comando ifcon­ no meu caso qual a saída: fig. Caso tenha dúvidas consulte os artigos anteriores escrito para esta mesma revista.

O PROBLEMA DA REINICIALIZAÇÃO Tudo bem que o objetivo de nosso servidor não é ficar reiniciando, mas isso pode acontecer por vários motivos. E, como a maioria das confi­ gurações feitas em tempo de execução, essa Figura 2: ifconfig ­a após a criação do trunk agregação de links será perdida quando o siste­ Podemos ver que temos mais uma intefa­ ma operacional reiniciar. ce na lista, a agr0 que acabamos de criar. Agora Para sanar este problema, vamos criar o

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arquivo de configuração que será lido na iniciali­ tá tudo OK caso o sistema seja reiniciado de­ zação do sistema e a nossa agregação permane­ pois de entrar em produção. cerá intacta. Espero ter sido de ajuda, e qualquer dúvi­ Vamos criar o arquivo /etc/ifconfig.agr0 ( es­ da estamos sempre à disposição pra ao menos ta nomenclatura é padrão para arquivos de confi­ tentar ajudar. guração de interfaces de rede. O nome após o ponto refere­se ao nome da interface ­ leia mais sobre isso em artigos anteriores escrito para es­ ta mesma revista ). E dentro desse arquivo va­ mos colocar as seguintes linhas: Para mais informações: Site Oficial NetBSD: http://www.netbsd.org create agrport pcn0 NetBSD Kernel Interfaces Manual ­ AGR agrport pcn1 http://netbsd.gw.com/cgi­bin/man­cgi?agr++NetBSD­ current inet 10.1.1.1 netmask 255.255.255.0 NetBSD System Manager's Manual ­ IFCONFIG http://netbsd.gw.com/cgi­bin/man­cgi?ifconfig+8+NetBSD­ Com essas linhas de configuração, ao inici­ current ar, o sistema operacional vai criar a interface agr0, agregar à ela as interfaces pcn0 e pcn1, e endereçar a agr0 com o IP 10.1.1.1/24.

FINALIZANDO ALAN MeC LACERDA é formando em Então, meu caro leitor, existe alguma coisa Tecnologia de Redes de Computadores. mais fácil do que isso? Basta ficarmos atentos à Especializando em segurança da informação, amante de segurança de redes nomenclatura das placas de rede que queremos e programação desde a infância. Co­ agregar, pois elas variam a depender do fabrican­ fundador da Célula de software livre da te ( pcn0 pode ser rtk0 ou outro nome ). Lembre Universidade Jorge Amado. Consultor de Redes e sistemas operacionais. sempre de reiniciar o sistema para testar se es­

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |76 NEGÓCIOS LIVRES ∙ RE­EDUCAÇÃO LIVRE CELAL TEBER ­ sxc.hu RE­EDUCAÇÃO LIVRE Por Paulino Michelazzo

Ainda existem pessoas somos seres humanos. Pesqui­ que, mesmo depois de tantas sadores já afirmaram, basea­ provas e inúmeros estudos, du­ dos em estudos ao redor do vidam da capacidade do softwa­ mundo, que sempre fomos se­ re livre de fazer dinheiro. res sociais e que compartilhá­ Enraizados como uma sequóia vamos do convívio para a milenar, não aceitam que algo caça, a pesca e mais adiante, gratuito possa ser responsá­ a agricultura. Nossos ances­ vel por dividendos tanto para trais viviam em um mundo mui­ quem cria, quanto para quem to diferente do nosso mas já usa. E de onde vem esta dúvi­ sabiam que compartilhar o fo­ da? Porque ainda pensam as­ go, o alimento e o medo, torna­ sim e mais, o que fazer para vam as tarefas mais fáceis mudar a visão míope destes? para todos e todos ganhavam O modelo do software li­ com isso. vre não é novidade. Digo, a co­ Milhares de anos depois, laboração em torno de um bem já na Idade Média, nasceu a comum é conhecida desde que prensa de Gutemberg, que per­

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mitiu a mudança da partilha do conhecimento por meio do con­ to para o papel. Democratizou­ se (em partes, claro) a sabedo­ ria que poucos detinham para Richard Stallman não uma massa inumerável de pes­ soas no velho continente e na inventou o software livre. Ele já Ásia. Mais uma vez, a partilha existia desde o início da história da se tornou a principal força mo­ triz para levar a sociedade adi­ computação, quando as empresas ante. Assim, a história prova produziam hardware e precisavam por meio de seus longos e lon­ do software que era embarcado gos anos que o compartilha­ mento é inerente a nós e que é neste hardware, sem ônus. benéfico à todos. Aquele que pensa o contrário, ou vive fora Paulino Michelazzo da Terra ou seu nível de mes­ quinhês suplanta qualquer ou­ tro sentimento. uma caixa preta distante da rea­ que a obtenção de lucro com o Richard Stallman não in­ lidade do leigo em questões jurí­ software livre, além de não ser ventou o software livre. Ele já dicas, criam­se mitos em torno permitido, é impossível. Não existia desde o ínicio da histó­ destes que permitem as mais di­ existe almoço grátis, alguém ria da computação, quando as fusas interpretações, tais como tem que pagar a conta e coi­ empresas produziam hardware o software livre não pode ser sa grátis é ruim são sempre e precisavam do software que vendido. Explicando uma vez os principais argumentos usa­ era embarcado neste hardwa­ por todas: ele pode ser vendi­ dos. Como o ouvinte tende a re, sem ônus. Seu grande feito do. Não existe em nenhuma li­ acreditar naquele que fala, prin­ foi organizar o caos e trazer de nha da principal licença livre, a cipalmente por seu alto cargo volta a essência do software e GPL (General Public License), dentro de uma enorme empre­ do ser humano, fechada por in­ algo que diga ao contrário. Ou­ sa multinacional, não passa teresses de alguns poucos que tras licenças livres também por sua cabeça a possibilidade somente visavam retorno finan­ não possuem tal restrição e de manipulação. Imagine, co­ ceiro. Com esta organização não me lembro, em meus par­ mo uma empresa como esta sob uma licença livre, consegui­ cos conhecimentos, uma que fa­ iria me enganar? Infelizmente mos hoje garantir a partilha do ça algo semelheante (se você a verdade está longe disso. conhecimento existente em ca­ conhece, por favor, entre em Desta forma, pessoas de da linha de código dos milhões contato comigo e me avise). todos os tipos, culturas e ní­ de softwares livres existentes Mas, empresas e pesso­ veis sociais são realmente ma­ no mundo. Cada pedaço passí­ as que não desejam ver o cres­ nipuladas por interesses vel de uso por qualquer pes­ cimento do compartilhamento maiores que os seus próprios soa, onde estiver e para de idéias e softwares, embu­ de uma forma muito eficiente: qualquer propósito. tem de forma magistral no pen­ mexendo no bolso, o órgão Como o licenciamento de samento dos menos avisados mais sensível do ser humano. software, seja ele qual for, é

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tituições que procuravam a re­ dução de custo de desenvolvimento e também a Mas, empresas e qualidade que o software livre apresenta. Mais ainda, eram pessoas, que não desejam ver o clientes que estavam saindo do mundo do software licencia­ crescimento do compartilhamento do por meio de pagamento pa­ ra abraçar uma solução que de ideias e softwares, embutem trouxesse mais conforto na ad­ ministração do código e mais li­ de forma magistral no pensamento berdade para a escolha dos dos menos avisados que a fornecedores. Neste período, mantive obtenção de lucro com software dezenas de profissionais traba­ lhando, pagando seus salários livre, além de não ser permitido, e entregando os projetos com o fruto da venda de serviços é impossível. baseados em softwares já exis­ tentes, mas que precisam de Paulino Michelazzo customizações e adaptações para serem usados nos diver­ sos cenários de clientes de vá­ Diante da possibilidade de ver Como mudar este rios segmentos da economia. os filhos passando fome por pensamento? Eu era então uma micro­empre­ não ter dinheiro para pagar a sa que, usando o software li­ Não é tarefa fácil pois a conta do almoço, corretamente vre, gerava emprego e renda munição daqueles que não de­ afastam­se do software livre e da mesma forma que qualquer sejam a continuidade destas continuam a viver dentro do se­ outra empresa. guro mundo da ignorância (já ideias libertárias é grande e me disseram certa vez que a ig­ quase infinita. Mas existem mei­ Este é um pequeno exem­ norância é uma bênção). os eficientes para fazê­lo valen­ plo, mas como ele existem mi­ do­se principalmente de bons lhares espalhados pelo Brasil Não existe argumento pa­ exemplos. e pelo mundo. São empresári­ ra um pai apavorado com esta os e pessoas que desafiam o Durante dois anos e meio possibilidade e seria um despro­ modelo atual para trabalhar fui dono de uma empresa li­ pósito enorme fazê­lo. Antes com novas opções que na mai­ vre onde usávamos software li­ de qualquer ideologia ou dese­ oria das vezes mostram­se vre como ferramentas para a jo, colocamos sempre o bem es­ muito mais vantajosas em sua produção de soluções de Inter­ tar de nossos filhos adiante de lucratividade. qualquer coisa. Resumidamen­ net para clientes em todo o te, o medo é a forma mais efici­ país. O mais interessante era Nada muda na concep­ ente de afastar do que em nossa carteira de clien­ ção de uma empresa. Conti­ compartilhamento de conheci­ tes, a grande maioria não era nua­se a pagar impostos mento, pessoas que tem inte­ de pequenas empresas, mas (infelizmente), continua­se a resse em fazê­lo. sim de grandes empresas e ins­ contratar pessoas, continua­se a ter projetos com milestones,

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tarefas e atores e continua­se a ter prazos. O que muda é so­ mente a plataforma que está sendo usada para a entrega de uma solução ao cliente, na­ Para que a roda da da mais que isso. Se colocar­ economia gire de forma correta, é mos lado a lado uma empresa que trabalha com softwares do necessário o planejamento habitual modelo de licenciamento pago e uma empresa que trabalha para qualquer negócio, mas também com softwares livres, veremos que as obrigações são as mes­ a coragem de desbravar novas mas, os custos os mesmos e as atividades idem. Entretan­ oportunidades. do, o custo de aquisição na se­ gunda coluna é reduzido a Paulino Michelazzo zero, o que impacta diretamen­ te no valor final pago pelo clien­ te. A seguir teria feito e poderíamos hoje fa­ lar um idioma diferente. É importante ressaltar Sei que deixar as garanti­ que não só de serviços vive o as de lucro certo (se é que is­ Pense a respeito. software livre, mas também de so tem garantia) para Em tempo: a empresa foi produtos. Imagine por exemplo embarcar num modelo diferen­ vendida para um grupo de in­ uma caixinha com uma placa­ te não é tarefa fácil. Eu mesmo vestidores e hoje me dedico a mãe, um processador, alguma antes da criação de minha em­ consultoria com outra empre­ memória e um pequeno disco rí­ presa pensei milhares de ve­ sa, livre é claro. gido com um sistema operacio­ zes naquela condicional e nal livre embarcado que juntos sei Muita coisa pode dar erra­ geram um dispositivo multimí­ da e dá errada, principalmente Para mais informações: dia para uso na televisão da sa­ quando não se planeja as Site Paulino Michelazzo la. O que muda entre o uso do ações. Isso não é somente pa­ http://www.michelazzo.com.br software livre e o software pro­ ra uma empresa livre; todas prietário neste cenário? O cus­ elas sofrem do mesmo mal em to do hardware que é menor nosso país, independentemen­ na primeira opção pois não te do modelo a ser adotado (o PAULINO são necessários potentes pro­ Sebrae sabe bem disso). MICHELAZZO traba­ lha com TI há 20 cessadores e diversos gigaby­ Para que a roda da econo­ anos. Especializou­ tes de memória e claro, o se em CMSs livres, mia gire de forma correta é ne­ atuando hoje como sistema operacional que não cessário o planejamento consultor web nas tem custo de aquisição e vai re­ ferramentas tais co­ habitual para qualquer negócio mo Drupal, Joomla, duzir, no mínimo, o valor total mas também a coragem de des­ Magento e Word­ em 6%. Bom para quem faz, Press, tanto no de­ bravar novas oportunidades. senvolvimento bom para quem compra. Já pensou se Colombo não ti­ quanto treinamentos vesse atravessado o Atlântico e serviços. É co­au­ tor de 3 livros nestas há cinco séculos atrás? Outro respectivas áreas.

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |80 GAMES ∙ OPENBOR

OpenBOR Fighting Games Program

Por Carlos Donizete

OpenBOR é uma implementação open­ source utilizando o engine do jogo Beats of Ra­ ge originalmente criado pela Senile Team e LavaLit que é a casa oficial para o desenvolvi­ mento OpenBOR, suportado para as distribui­ ções GNU/Linux, Windows®, MacOSX® e diversos consoles (videogames) . Contando um pouco sobre o OpenBOR, a palavra BOR é a abreviatura de Beats Of Rage e foi desenvolvido em meados de 2003 por um grupo de programadores apaixonados por Streets of Rage (jogo famoso do console Mega Drive) e dos personagens da série The King of Fighters (console Neo­Geo). No início foi interessante, pois os progra­ madores estavam ansiosos pelo que poderia um grande lançamento do tipo uma continuação de talvez um Streets of Rage 4 ou talvez até mesmo o nome de Beats of Rage (que nunca foi lançado oficialmente). Mas nada aconteceu e até que tiveram a ideia deles mesmos realiza­ rem esse jogo. Por conhecerem bastante de programa­ ção, criaram um mecanismo/plataforma onde eles pudessem alterar as roms ou matrizes dos referidos jogos e como não tinham um nome es­

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Figura 1 ­ O OpenBOR permite reviver clássicos dos games

Figura 3 ­ OpenBOR em ação pecífico no que estão fazendo, deixaram o no­ me de BOR mesmo colocando a palavra Open com, King Of Fighter da SNK entre outros. na frente por ser opensource. O termo moddable significa que o progra­ Os personagens, músicas e gráficos usa­ ma permite aos usuários criar seus próprios con­ dos são, na maioria, pertencentes aos universos teúdos e, assim, sua própria beat­in­up game, CAPCOM, SNK e SEGA, porém com algumas que é então chamado um mods. modificações, tonando­os algo novo. Este mecanismo/plataforma vem se Instalando o programa OpenBOR atualizando diariamente no site da LavaLit para em sua distribuição GNU/Linux os desenvolvedores que fazem os clássicos nos jogos de briga de rua como a série do Acesse o site da LavaLit, onde você que Street Of Rage da Sega, Final Fight da Cap­ ser registrado nele para baixar os jogos e o pro­ grama: http://www.lavalit.com.

Faça do download do arquivo OpenBOR v3.0 Build XXXX.7z (XXXX = Nº da versão) Extrair o arquivo, e dentro da pasta vá em LINUX ¥ OpenBOR. Execute o binário OpenBOR, dando um duplo clique dependendo da sua distribuição GNU/Linux ou pelo terminal digitando:

$ ./OpenBOR

Basta escolher os jogos de seu interesse Figura 2 ­ Interface do OpenBOR que estão no site LavaLit, extraí­los e copiar os

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Figura 6 ­ OpenBOR em ação Figura 5 ­ Acessando o OpenBOR Encontrará o OpenBOR em Aplicativos ¥ arquivos que estão no formato .PAK ou .SPK, e Jogos (quem utiliza ambiente gráfico GNOME), colocar na pasta Paks, que está no diretório do quem trabalha com outro tipo de ambiente grafi­ OpenBOR. co como KDE ou XFCE automaticamente irá sur­ gir na sua barra de iniciar a pasta Jogos. Instalando OpenBOR criado pelo site Ubuntu Games Para mais informações: O intuito do site Ubuntu Games é facilitar Site Oficial OpenBOR: as instalações dos arquivos para os usuários ini­ http://lavalit.com ciantes e até experientes nas distribuições basea­ das em Debian/Ubuntu Linux. Vá no site do Ubuntu Games: http://www.ubuntugames.org. CARLOS DONIZETE é técnico em suporte de hardware e software onde reside no Estado de São Paulo. Criador e Se logue no site e vá na aba Downloads e administrador do site Ubuntu Games, onde desenvolve tutoriais de jogos para as clique em pesquisar com o nome OpenBOR, on­ disbtribuições Debian/Ubuntu Linux desde de encontrará o programa para baixá­lo. Agora 2006 voltado ao público iniciante. É tendo o arquivo (.deb), dê um duplo clique para conhecido pela comunidade Ubuntu Brasil pelo apelido Coringao, onde participa desde iniciar a instalação e pronto 2005.

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |83 CULTURA LIVRE ∙ EU + TU = NÓS

EU + TU = NÓS

Por Wilkens Lenon

B S K ­ sxc.hu

A soma de todos os Nós Onde o Eu é desterritorializado para além de si Formatada na reunião dos Tu's Onde o Tu é diferencializado de per si É mesclada na generosidade comum Onde o Nós é o desafio da convivência global Dos elos irmanados na rede. Em que o espaço comum é a base da organização social. São feições que se afetam Sem traumas, na diversidade comunitária. Mundo em gestação no útero das redes Feições afetivamente camaradas, Terra de todos como anunciam as comunidades Reunidas e unidas no espaço digital. Feito de gente, de mentes e de corações gentis. Arranjo evolutivo do amor universal. Espaço da alma que transcende o tempo Espaço da vida que se conecta ao mundo Esta é uma homenagem às Comunidades de Software Livre Organismo vivo, sinergético Que agrega e se congrega entre bits e bytes.

Tecnosférico é o novo mundo Mundo das ideias vivas e ativas WILKENS LENON SILVA DE De atividades sem idade ANDRADE é funcionário do Ministério Dos engajamentos na diversidade. Público na área de TI. Licenciado em computação pela Universidade Estadual da Paraíba. Usuário e ativista Diversidade única, unida pelos Nós do Software Livre tendo atuado como Das comunidades feitas de Elos Conferencista e Oficineiro no ENSOL, Formando países e continentes plurais, digitais... FLISOL, Freedom Day, etc. É líder da Pluralismo belo: humano, humanizador, iniciação de Inclusão Sócio­Digital noosférico. Projeto Edux. www.projetoedux.net

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EVENTO ∙ RELATO DE EVENTO: SOLIVRE X 2010 ­ MARINGÁ/PR

Relato do evento: SOLIVRE X

Por Daigo Asuka

Nos dias 17, 18 e 19 de de Maringá em nome desta re­ Junho, aconteceu em Maringá, vista para fazer a cobertura de Paraná, a terceira edição do So­ imprensa e, embora o evento livreX, evento idealizado por começasse apenas as 19:30, um grupo de pessoas interessa­ cheguei de Londrina por volta das em distribuir democratica­ de 10:45 da manhã e fui recep­ mente a tecnologia livre em cionado por um dos coordena­ prol do amadurecimento tecno­ dores do evento: Aleksandro lógico de nosso país. Sem fins Montanha, um grande apoia­ lucrativos, o evento tem por ob­ dor do movimento Software Li­ jetivo principal, divulgar proje­ vre. Fui direto conhecer o local tos de software livre do evento, a faculdade Unifam­ desenvolvidos por diversos pro­ ma e já pude conhecer dois pa­ fissionais, para a comunidade lestrantes: Cícero e Erick, acadêmica e empresários em ambos da comunidade Blender geral. Brasil. O tema escolhido para o Depois de um rápido des­ ano de 2010 é computação grá­ canso no hotel, retornei ao lo­ fica, envolvendo palestrantes re­ cal do evento e logo vi um nomados das áreas de excelente vídeo de abertura, computação gráfica, animação que está disponível nesse link: e realidade aumentada. http://www.youtube.com/watch Fui enviado a bela cidade ?v=RlR0oFvOMnY.

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so aparecer, Também descreveu as ousar e se im­ funções de um game designer por no merca­ e seu papel em uma equipe de do. desenvolvimento de jogos. A segun­ Foram apresentadas tam­ da e última pa­ bém as principais linguagens lestra do dia de desenvolvimento de jogos foi de autoria multiplataforma, dispositivos e de Erick Go­ sistemas operacionais; deixan­ es, e foi uma do claro a importância de co­ extensão da nhecer todas as plataformas primeira, mos­ operacionais disponíveis no trando na práti­ mercado para as quais um jo­ Figura 1: Montanha, Binhara, Brod, Breno, Eric e Wendler ca como go possa ser desenvolvido e trabalhar com portado. Em seguida destacou­ Após rápida apresenta­ o Blender, Blender Game Engi­ se as ferramentas e os forma­ ção do Montanha, entra em ce­ ne, Game Design, Netbeans, tos livres e/ou open source dis­ na o primeiro palestrante: Inkscape, Gimp, Java, SVG, Ja­ poníveis para desenvolvedores Cícero Morais. Foi interessante vascript. de jogos multiplataforma de­ notar como o trabalho de de­ Foi apresentado o jogo monstrando como integrá­los, sign não é tão difícil quanto pen­ do Garoto Coisa e como é pos­ e finalmente, destacou­se as samos, basta ter interesse em sível criar um jogo para múlti­ possibilidades de integração aprender a usar uma ferramen­ plas plataformas. Mas não do Blender com outras ferra­ ta de modelagem, e nesse ca­ ficou apenas na questão da mo­ mentas de desenvolvimento de so, foi usado o Blender 3D, delagem, tendo sido destaca­ jogos multiplataforma (Netbe­ que é o mais popular e podero­ do também um ponto ans, Unity 3D e XNA). so software open source para fundamental para um desenvol­ Terminadas as palestras esse trabalho. Normalmente vedor: dar um objetivo ao jogo. de abertura, tive o privilégio de as pessoas temem principiar Sendo destacado que o primei­ conhecer pessoalmente César em aprendê­lo, por conta da ro passo a ser dado por um as­ Brod, um dos pioneiros em cri­ aparente complexidade que en­ pirante a desenvolvedor de ar um modelo de negócios volve o mundo da computação jogos é entender a definição com software livre no Brasil. gráfica 3D. O intuito da pales­ do que é um jogo digital, suas Junto a ele, estavam: Binhara, tra foi desmitificar essa concep­ fases de desenvolvimento e Wender, Breno e Sandro. ção, demonstrando que na principais componentes, que fa­ No segundo dia do even­ prática os sólidos complexos zem de um jogo um produto de to, ocorreu o primeiro mini­cur­ são formados por elementos software que integra arte e en­ so ministrado pelo Cicero: mais simples, confeccionados genharia de software em prol Inkscape ­ Desenhos vetoriais com uma técnica acessível a da diversão e educação dos se­ com ferramenta livre. Destaco qualquer pessoa que deseje res humanos, e como estão or­ o fato de muitos olharem pra in­ aprender e esteja disposto a ganizados e balanceados os terface simples do programa e treinar. Com muita vontade e componentes de um jogo open o compararem a versão anti­ poucos comandos é possível fa­ source (roteiro, arte, código, gas do Corel, ou mesmo dize­ zer maravilhas no Blender. etc) desenvolvido com a BGE rem que ele não tem Mas não basta modelar é preci­ (Blender Game Engine). praticamente nada de ferra­

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putação principalmente para o Marke­ Gráfica, sen­ ting para vendas de produtos do uma área eletrônicos. de pesquisa in­ Assim a palestra mostrou terdisciplinar e várias tecnologias e softwares multidiscipli­ livres para a criação e elabora­ nar, pois abra­ ção de ambientes virtuais de ça todas as Realidade Virtual. áreas do co­ nhecimento. Em seguida, foi a vez de Pode­se utili­ Breno Azevedo, com o tema: zar a Realida­ Design de Games ­ Novos pro­ Figura 2: Alegria durante o evento de Virtual na cessos e tendências. O proces­ Educação, En­ so de confecção de jogos mentas de trabalho, o que é genharia, Saúde e principalmen­ eletrônicos, os três pilares dis­ um engano, como puderam te entretenimento. ciplinares básicos ­ design, pro­ comprovar durante o mini­cur­ gramação e arte, enfoque no so. Seguindo no mesmo cami­ processo de design de games nho e dependente da Realida­ em si, suas tendências (design As palestras da segunda de Virtual, a Realidade noite foram especiais, pois mos­ emergente, re­jogabilidade, so­ Aumentada, vislumbra o vídeo cial gameplay), como escolher traram o quanto é possível tra­ como meio de integrar Ambien­ balhar com animação tanto um tema e um escopo com tes Virtuais e Ambientes Reais. grandes chances de sucesso com ferramentas livres quanto A Realidade Aumentada hoje proprietárias. de aceitação, apresentação de já é realidade em algumas estatísticas e tendências do Wender foi o primeiro pa­ agências de publicidade e pro­ mercado mundial de desenvol­ lestrante, falando sobre o te­ paganda, na TV e nos telejor­ vimento de games. ma: Realidade Aumentada. nais. Na área de Apresentou os tipos de arquite­ entretenimento, a Realidade Au­ Para quem tem interesse tura para construção de ambien­ mentada chega fortemente, em seguir carreira nessa área, tes virtuais de Realidade principalmente com dispositi­ a palestra serviu para refletir Aumentada, fez a apresenta­ vos móveis e equipamentos es­ sobre o assunto. ção de uma interface de intera­ peciais. A ção com o usuário baseada Realidade Au­ em ARToolKit e ainda ser apre­ mentada é de sentado os conceitos de certa forma, VRML, ARToolKit e FLARTool­ um convite a Kit. diversão... Principalmen­ A Realidade Virtual como te com as no­ uma inovação da Interface Hu­ vas mano Computador, aparece co­ tecnologias mo a mais nova forma de voltadas para interação e de interatividade a internet. As com computadores. A Realida­ possibilidades de Virtual está dentro da Com­ são enormes, Figura 3: Pose para foto dentro do laboratório

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do Projeto Mo­ dia do evento, pôde colocar no. Nas primei­ em prática e tirar duvidas so­ ras 2 bre o funcionamento do progra­ semanas do ma. lançamento Já na parte de palestras, da versão 2.0 Sandro Bihaiko deu início com foram mais de o Hand's ON ­ Criando um jo­ 600 mil downlo­ go 3D em 45 minutos, mostra­ ads oficiais. In­ ndo os conceitos básicos de felizmente, funcionamento e operação da muitos criti­ Engine Unity3D. cam essa tec­ Figura 4: Solivre X em Maringá/PR nologia por Finalizando o evento, foi ser baseada a vez de Cesar Brod, com o te­ A palestra final da sexta­ no dotNet da Microsoft, mas ig­ ma: Corel pra quê? Hoje é fato feira ficou por conta de Alessan­ noram fatos importantes, como que a maioria das gráficas e dro Binhara, com base no te­ o reaproveitamento do conheci­ agências de publicidade utili­ ma: Criando Aplicações e mento de quem já programa zam o Corel Draw ou o Adobe Games para Web 2.0 com Mo­ nessa linguagem. Há também Illustrator para gerar seu mate­ onLight. Comentou­se sobre a o caso de programadores que rial impresso. A troca deste ma­ nova onda de aplicações e jo­ podem criar soluções em qual­ terial com seus clientes, por gos que está surgindo com a quer sistema operacional e por­ muito tempo, obrigou que os RIA (Rich Internet Aplications), tá­las sem grandes mesmos também tivessem ou aplicações ricas para inter­ dificuldades. softwares similares para que pudessem interagir diretamen­ net, que estão levando o usuá­ No terceiro e último dia rio a uma nova experiência te com o material em desenvol­ de evento, tivemos quatro mini­ vimento ou, na impossibilidade com videos de alta resolução, cursos, sendo um no período animações 2D e 3D, web ga­ disto, lidar com a ida e volta de da manhã, por Cícero Morais, arquivos não editáveis vetorial­ mes, e muitas outras novida­ com o tema: Gimp na Prática. des. Apresentou também as mente em formatos de mapas Mostrou como trabalhar com es­ de bits, postscript pu pdf. O novidades tecnológicas como sa excelente ferramenta de edi­ zoom infinito para fotos (Deep­ ção de Zoom), criação de ambientes imagens que 3D a partir de fotos, transmis­ concorre com são de vídeos em HD com ban­ o Photoshop. da variável, criação de animações 2D. Tudo isso sen­ No perío­ do criado dentro de ambientes do da tarde, de software livre em Linux, ele retornou MAC ou Windows, o que não com outro mi­ obriga os usuários a depende­ ni­curso: Blen­ rem de um único sistema opera­ der na cional para trabalhar. Foi Prática. apresentada a tecnologia Open­ Quem confe­ riu a palestra Source chamada MoonLight, Figura 5: O evento prendeu a atenção dos presentes no primeiro

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |89 EVENTO ∙ RELATO DE EVENTO: SOLIVRE X 2010 ­ MARINGÁ/PR

mesmo como, Corel Draw. As possibilidades usando as fer­ são muitas, afirmou Brod. ramentas dis­ Durante o evento, um ra­ poníveis na paz que trabalha em uma gráfi­ GUI do sK1 ca contou a Brod que após a consigo repro­ palestra viu possibilidades de duzir, a partir economizar dinheiro para a do zero, o lo­ sua empresa. Eles possuem go da nossa cerca de 20 pessoas que empresa. Mas usam o Corel mas, na verda­ o mais baca­ de, apenas duas ou três fazem na é que o produção criativa massiva. Os sK1 tem toda Figura 6: O evento proporcionou uma experiência única aos participantes demais fazem pequenas finali­ a sua infraes­ zações e ajustes para os clien­ trutura livremente disponível, in­ sK1 é um programa cuja finali­ tes, que podem muito bem ser clusive na forma completa de dade é justamente trabalhar feitas no sK1. Assim, ele man­ uma API ou linha de comando com material para a pré­impres­ teria o Corel apenas para (uniconvertor) que podem ser são, trabalhando nativamente quem realmente precisa e já usadas por outros programas. com os formatos gerados pelo adquiriu agilidade com a ferra­ Assim, ferramentas como o Corel Draw ou Adobe Illustra­ menta. tor e salvando­os nestes mes­ Inkscape e o Scribus (para a edição de gráficos vetoriais pa­ mos formatos. Assim, para Para mais informações: pequenas modificações em ar­ ra a web e editoração gráfica, quivos gerados por agências, respectivamente) podem usar Site Solivre X facilitando a interação no desen­ o uniconvertor para importar e http://solivrex.psl­pr.org.br volvimento de trabalhos, o sK1 exportar arquivos para outros é perfeito. De fato, ele já pos­ formatos. De fato, nós usamos suiu uma interface de usuário o sK1 para abrir arquivos gera­ dos no Adobe Illustrator, separa­ bastante completa e familiar DAIGO ASUKA é àqueles já acostumados a tra­ mos os elementos que nos tecnico em balhar com softwares de edi­ interessam no sK1, usamos o informática desde 1997. Usuário de ção vetorial. Inkscape para gerar material a Linux desde 2006, ser usado em páginas web e atualmente trabalha Na minha palestra mos­ podemos até usar o blender pa­ em um projeto de trei, de forma bem básica, co­ Linux voltado a ra, por exemplo, criar imagens empresas, além de mo interajo com material que tridimensionais a partir de um lo­ estar fazendo um recebo da agência de comuni­ curso de segurança gotipo que pode ter sido gera­ hacker e curso cação de nossa empresa e do, originalmente, em um completo de Linux.

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |90 EVENTO ∙ RELATO DE EVENTO: UBUNTU GLOBAL JAM ­ RIO DE JANEIRO/RJ Relato do evento

Por Ronald Kaiser

Estou aqui para compartilhar com vocês minhas impressões sobre o último Ubuntu Global Jam que aconteceu no dia 28 de agosto, no colégio Santo Inácio, em Botafogo, Rio de Janeiro. Como qualquer outro evento open source, foi uma oportunidade incrível de encontrar pessoas que lidam com os mesmos problemas diários, ajustar a máquina para realizar o que precisamos.

Figura 1: Rodrigo Carvalho, Oscar e Ronald Kaiser

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |91 EVENTO ∙ RELATO DE EVENTO: UBUNTU GLOBAL JAM ­ RIO DE JANEIRO/RJ

No evento encontrei Rodrigo Carvalho e Além disso, também tivemos junto um Oscar (da esquerda para a direita na figura encontro do ArduInRio, o grupo de Arduino do acima) e tentamos ajudar o sistema operacional Rio de Janeiro. Para quem não sabe, o Arduino Ubuntu com algumas traduções e é um hardware livre que pode ser programado empacotamentos. Aprendemos a criar pacotes para construir robôs e fazer automação em Debian, geramos um .deb de um plugin para o geral. gedit, que pode ser baixado em Foi um belo dia de tecnologia. Obrigado a http://geditplugininstaller.bravehost.com, e todos que participaram enquanto isso, algumas discussões ocorreram no canal #ubuntu­br do Freenode.

RONALD KAISER é graduando do último período do curso de Ciência da Computação da UFRJ, entusiasta de linux, atualmente trabalhando como desenvolvedor de software da Intelie. Email: [email protected].

Figura 2: O pessoal se mobilizou em prol do evento

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |92 EVENTO ∙ RELATO DE EVENTO: III FSLBHBETIM ­ BETIM/MG

Relato do evento: III Festival de Software Livre BH/Betim

Por Samara Cristina

No dia 14 de Agosto de 2010, aconteceu na cidade de Betim­MG, o III Festival de Softwa­ re Livre BH/Betim. O evento foi sediado pela Fa­ culdade Pitágoras e idealizado pelo grupo KDE­MG e pela Comunidade Betim Open Source ­ BOS, voltada para a organização e pro­ moção de eventos de Software Livre, de forma a promover o uso e desenvolvimento de ferramen­ tas livres.

Figura 1: III Festival de Software Livre BH/Betim

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Figura 2: Atenção total dos participantes durante o evento Figura 3: Itens arrecadados no evento de da Comunidade Betim Open Source). As duas primeiras edições do Festival de Os brinquedos arrecadados pela BOS fo­ Software Livre, foram realizadas em BH, e seu ram doados no dia 21 de Agosto, ao Lar Efatá, sucesso fez com que nascesse o desejo de um casa que abriga aproximadamente 30 crianças. evento do tipo em Betim. Daí a idéia de trazer o FSLBH, junto com o pessoal do KDE­MG, para dar uma palhinha do evento para a comunida­ de betinense. O III FSLBh/Betim contou com a presença de palestrantes de renome no mundo do Softwa­ re Livre, como Rodolfo Alves, Ewerson Guima­ rães (Crash), Duda Nogueira, Diego Oliveira, Tales Augusto, Lamarque Vieira, Júlio César, An­ selmo Lacerda, Felipe Ribeiro, Túlio Quites e Vi­ viane Torres... todos falando do que há de mais atual no assunto: Programação para Web usan­ do framework Django, Software Livre e Mercado de Trabalho, Soluções Open Source para empre­ endedores, mini­cursos de Gnu/Linux Básico e Qt, dentre outros, e foi um sucesso graças ao Figura 4: Entrega dos brinquedos e alegria da criançada apoio de parceiros como a Revista Espírito Li­ Para alegrar ainda mais a criançada, a fes­ vre, da Empresa Power Logic, do Portal Ceviu, tinha contou com distribuição de algodão doce e dentre outros. pipoca, graças ao patrocínio fornecido pela em­ Foram registradas mais de 500 inscrições, presa Power Logic. e destas, cerca de 350 pessoas estiveram pre­ sente nas palestras. As inscrições foram confirmadas com a doa­ ção de brinquedos. Estes foram divididos em SAMARA CRISTINA integra a comunidade Betim Open Source 50% para doação em Belo Horizonte (cidade se­ e participou da coordenação do evento. de do KDE­MG) e a outra parte para Betim (cida­

Revista Espírito Livre | Setembro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |94 EVENTO ∙ 1º ENSOLBA ­ TEIXEIRA DE FREITAS/BA

Por Rita de Cássia Gonçalves Silva

O I Encontro de Software livre no Extremo Sul da Bahia tem como objetivo realizar um evento de âmbito nacional, mostrando a filosofia do Software livre, a sua importância social, inclusão digital e a importância para o desenvolvimento da região como um todo. Através dos setores privado e público e toda a sociedade civil, podemos fazer com que a nossa região se torne referência no âmbito nacional da igualdade social e econômica. Para isso, abriremos espaço para discussão e reflexão sobre o papel do Software Livre na sociedade civil e profissional, visando

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acabar com a desigualdade social e digital em Software Livre e embaixador Fedora; Uirá regiões mais pobres, com o tema O Ribeiro, especialista em telecomunicações, Conhecimento é um Direito de Todos. redes de comutação de pacotes e Voz sobre IP; Vemos essa como uma grande Julio Cesar Neves, Analista de Suporte de oportunidade de aproximar a sociedade civil e Sistemas e professor universitário; Carlos empresarial do Extremo Sul Baiano com a Eduardo Mattos da Cruz, designer que utiliza cultura do Software Livre, como benefícios e somente software livre e membro dos grupos qualidade de serviço. Além de temas políticos, LINUERJ, Debian RJ, SLRJ e um dos designers culturais, econômicos, educacionais e sociais, o da Revista Espírito Livre; Diogenes de Souza encontro tem como objetivo apresentar novas Leão Filho, diretor executivo da Fuctura formas colaborativas de trabalho, solidariedade Tecnologia; Guilherme Razgriz, mantenedor do e o avanço da ciência e da tecnologia. É preciso portal O GIMP, referência em Gimp no Brasil e ter em mente que O Conhecimento é um fundador da primeira escola de computação Direito de Todos ­ o Software Livre é um dos gráfica livre do Brasil, o Cria Livre; João principais aliados na inclusão sócio­digital. Fernando Costa Júnior, responsável pela Revista Espírito Livre; Adonel Bezerra, fundador Com o apoio da Faculdade Pitágoras e e mantenedor de um dos maiores portais de nossos demais parceiros como Clube do Hacker Segurança de sistema do Brasil, o portal Clube e a própria Revista Espírito Livre, é com grande do Hacker; entre outros. satisfação que, envolvidos nesse projeto, vislumbramos um resultado proativo nas nossas O ENSOLBA acontecerá nos dias 29, 30, ações durante o evento. O I ENSOLBA permitirá 31 de Outubro e 01 de Novembro de 2010 na a seus participantes, palestras, oficinas, Install Faculdade Pitágoras ­ Unidade Teixeira de Fast, entre outras atividades. A realização do Freitas, que fica localizado na Avenida Juscelino evento fica a cargo do Colegiado de Ciência da Kubitschek 3000 ­ Br 101 KM 879,4 ­ Teixeira de Computação da Faculdade Pitágoras de Freitas/BA. Teixeira de Freitas/BA, sob a orientação do Professor Ramilton Costa & Equipe. A grade de programação do evento Para mais informações: apresenta Sandro Melo, evangelista de Site Oficial ENSOLBA www.ensolba.com.br

RITA DE CÁSSIA GONÇALVES SILVA é Analista de Suporte Técnico, cursa Ciência da Computação pela Faculdade Pitágoras, é membro OSUM Open Source e compõe a equipe organizadora do ENSOLBA.

Figura 1 ­ O evento acontecerá nas dependências da Faculdade Pitágoras

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II FETEC Belo Jardim, no agreste de Pernambuco, uma bandeira do Software Livre

Por João Almeida e Silva

O agreste de Pernambuco continua avan­ çando na difusão do conhecimento técnico, livre e sustentável. Na oportunidade, estará ocorren­ do, no campus Belo Jardim do Instituto Federal de Pernambuco, de 26 a 31 de outubro, a 2ª fei­ ra tecnológica (FETEC), instrumento de compar­ tilhamento de conhecimento, onde o bazar se torna realidade. Belo Jardim é uma pacata cidade situada a 180Km de Recife, conhecida como terra de mú­ sicos e das Baterias Moura, que tem nos últi­ mos anos aparecido como referência na formação de mão­de­obra técnica na área de tecnologia com ênfase em software livre. Mesmo antes de tornar­se IFPE, como par­ te do plano de expansão das escolas de ensino técnico e tecnológico, a então Escola Agrotécni­ ca de Belo Jardim, através do curso de técnico em informática, primeiro na região, por meio de ações entusiastas de professores, buscou resga­

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tar em 2006 as feiras tecnológicas, onde os alu­ Portanto, a 2ª FETEC (www.belojardim.ifpe nos podem expor seus trabalhos e trocar experi­ .edu.br/fetec), é um momento onde estaremos ências com palestrantes de outras instituições. buscando fortalecer o software livre em nossa Desse primeiro evento, os alunos de infor­ região, em nosso estado e porque não em nos­ mática já tinham em seu plano de curso as disci­ so país, é uma ousadia salutar pois o objetivo é plinas de sistemas operacionais, administração compartilhar. Através dessa tremenda oportuni­ de redes, gerência e segurança de redes, todas dade da Revista Espírito Livre, denotando seu com ênfase e utilização de software livre. Assim compromisso com a comunidade brasileira, que­ não poderia ser outro o caminho. O sonho do pro­ remos lançar o convite a você leitor a vir conhe­ fessor João Almeida a frente dessas disciplinas cer e a divulgar este pequeno evento, feito por passou a concretizar­se sob duas vertentes: a entusiastas e atualmente sob a coordenação primeira que já é a realidade de formar profissio­ dos próprios alunos como forma de exercício da nais livres, críticos, capazes e comprometidos teoria. Temos a grata satisfação de lançar oficial­ com a liberdade do conhecimento. A segunda mente o grupo de tradução SAMBA­BR que nas­ que requer um prazo e esforço muito maior que ceu de uma proposta em sala de aula e foi é tornar Belo Jardim uma referência tecnológica prontamente encabeçada pelo aluno Sérgio Ri­ em software livre de Pernambuco. cardo e já conta com mais de 15 voluntários de várias partes do Brasil. Contaremos também Como frutos do primeiro sonho, regando com a presença ilustre dos amigos Marcelo San­ os alunos à atividades extracurriculares, partici­ tana que ministrará um mini­curso de cluster, Ri­ pações nos encontros de software livre da Paraí­ cardo Brazileiro com a aprendizagem lúdica ba, duas visitas do mestre Etiene De Lacroix, através do Arduino, entre outras atividades que massivas doses de motivação, e duas edições você poderá acompanhar pelo endereço eletrôni­ da semana tecnológica, os talentos começaram co. Esse é nosso combustível, nossa realização: a aparecer como os exemplos de:. poder lançar e ver germinar essa semente que, ­ Marlon Santos Parente, 17 anos , Arte pela tecnologia nos aproxima e nos faz mais hu­ com software livre [ palestrou no 5º SOLISC; manos. ­ Gregory Laborde, 18 anos, Educação com Software Livre [ palestrou no 11º FISL; Para mais informações: ­ Thiago Vitor, 18 anos, Programação com Site Oficial 2ª FETEC Go [ Palestrou no 11º FISL; http://www.belojardim.ifpe.edu.br/fetec Sabemos que hoje não há limites geográfi­ cos para se produzir tecnologia e aqui busca­ mos atuar como agentes de transformação, porém uma transformação solidária, colaborati­ va.

A única forma de poder dar aos alunos a JOÃO ALMEIDA E SILVA é professor das condição de além de conhecerem tecnologias disciplinas de redes de computadores e sistemas operacionais livres no IFPE mas também a produzirem, tornarem­se empre­ campus de Belo Jardim. Especialista em endedores, é ensinando os caminhos do softwa­ adminstração de redes Linux pela Universidade Federal de Lavras ­ MG e re livre, mostrando­lhes que tem uma opção de mestrando em Ciência da Computação escolha sem infringir a lei, cidadãos na teoria e pela UFPE. Primeiro usuário Linux na cidade de Belo Jardim em 1998. prática. Coordenador do FLISOL de Belo Jardim.

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QUADRINHOS

Por José James Figueira Teixeira E André Farias Oliveira

DEPARTAMENTO TÉCNICO

SUPORTE_

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AGENDA

OUTUBRO

Evento: 2ª Conferência WEB Evento: PythonBrasil[6] Evento: YAPC::Brasil 2010 W3C Brasil Data: 21 a 23/10/2010 Data: 25 a 31/10/2010 Data: 05 e 06/10/2010 Local: Curitiba/PR Local: Fortaleza/CE Local: Belo Horizonte/MG Evento: PGDay SP 2010 Evento: 2ª FETEC Evento: EMSL ­ Encontro Data: 22/10/2010 Data: 26 a 31/10/2010 Mineiro de Software Livre Local: São Paulo/SP Local: Belo Jardim/PE Data: 14 a 16/10/2010 Local: Uberlândia/MG Evento: WordCamp Curitiba Evento: 1º Encontro de Data: 22/10/2010 Software Livre do Extremo Evento: II COALTi Local: Curitiba/PR Sul da Bahia ­ ENSOLBA Data: 15 a 17/10/2010 Data: 29/10 a 01/11/2010 Local: Maceió/AL Evento: 5º SoLiSC.gz Local: Fortaleza/CE Data: 22 e 23/10/2010 Evento: 15º EDTEC Local: Florianopolis/SC Data: 16/10/2010 Local: Fortaleza/CE

ENTRE ASPAS ∙ CITAÇÕES E OUTRAS FRASES CÉLEBRES

Como a mente funciona ainda é um mistério. Nós entendemos o hardware, mas não temos a menor ideia sobre o sistema operacional.

James Watson ­ Biólogo americano

Fonte: Wikiquote

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