REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

CÂMARA DOS DEPUTADOS

(DO SF . GONZ AGj . P Y1'RIOTA ) FPf-rf. I

ASSUNTO: PROTOCOLO N: ___

Deno m in ~ Rodovia IJuiz Conzaga a BR - ~ 32 - estrada integrante dO Plano

Naci\) nal de Vi aç~o , aprovado pela Lei n9 5.917, de 10 de s e temb r o d e 1972 .

c::=.., < DESPACHO r S COH .DE CONST o E ,JUSTIÇA E REDJI.ÇÃO j E DE T _ . ANSPO ~, TRS . " , À CO~1 .CO ~: ST .JUSTI Ç A E REDAÇÃO , h 22 de A(:OSTO de 19 89 em ------

IBUIÇÃO AoS~~~~~~~~~~~~~~L~-·------.em.1 ~~q~

Ào Sr. ~ Jt4&? 7VC.e1A1

Presidente da Comissão de O --~~~~~,~~~~~~------~ ~ • Ao Sr. ______• em 19__ __

O Presidente da Comissão de • • Ao Sr. ______. ______• em 19__ __ I ' . ••• O Presidente da Comissão de h h • Ao Sr. ______• em 19__ __ , t = n O Presidente da Comissão de Ao Sr. ______• em 19__ ___

O Presidente da Comissão de

Ao Sr.______. ______• em 19__ __

O Presidente da Comissão de ______. ______• em 19__ __ Ao Sr.

O Presidente da Comissão de ______• em 19__ __ Ao Sr.

O Presidente da Comissão de

GER 2 .04 S INOPSE

Projeto n.o ______de __ de ______de 19 ___

Ementa: ______------______

Autor:

Discussão única. ______. ______

1 • Discussão inicial ------

Discussão final

_"'» r r

Redação final ______4- ___

Remepsa ao Senado ______

Emendas' do Senado aprovadas em. _____ dc.______de 19_---'-__

Sancionado em ____ de ______de 19 _____ Promulgado em_.____ dc ______~ ______de 19 _____ • Velado em _____ ce ______. ______de 19 ____-

. - Publicado no "Diário Oficial" de ____ ce ______. ______d e 19 ____

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CÂMARA DOS DEPUTADOS BOLETIM DE AÇÃO LEGISLATIVA oi

SGM 20.32.0014.4· (MAR/e7)

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CÂMARA DOS DEPUTADOS BOLETIM DE AÇÃO LEGISLATIV~

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CÂMARA DOS DEPUTADOS BOLETIM DE AÇÃO LEGISLATIVA

DA MAT~RIA A ~'''' "" C'~""""""~"'·"" 1 h 1/9:f5' Iz~-r-ij !9;~- k DESCRIÇÃO DA ACÃO

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SGM 20.32.0014.4 - (MAR/87)

r---- 8Al N~ ___-. CÂMARA DOS DEPUTADOS BOLETIM DE AÇÃO LEGISLATIVA

IOENTIFICAC O DA MAHRIA DATA DA ACÃO ANO r! 1: 13a 3E"~ I \ ~ g9 I~D~-\ ~S \qgg ['~;~ '.'~J DESCRICÃO DA ACÃO

~ ",,~~~\""-"\..A à.Q> -~ ee v ~

SGM 20.32.00H.4 - (MAR/87) \ CÂMARA DOS DEPUTADOS \~ "'----o",,ss­ oes PROJETO DE LEI N9 3 . 236, DE 1989'.,° · L ~.;, (DO SR . GONZAGA PATRIOTA) t (j2h } 00 c,">" .. V. c o .

Denomina Rodovia a BR - 232 - estrada integran te do Plano Nacional de Viação , aprovado pela Lei n9 5.917, de 10 de setembro de 1973 .

i• I (ÀS COMISSOES DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E REDAÇÃO; E I DE I TRANSPORTES) . J "

GER 20.01.0007.6 - (SET/S6) As Comissoes : 1. Constituiçao e Justiça e Re daçao

• 2. Transporte s

CÂMARA DOS DEP UT ADOS 3.

Em 09 / 08 / 89.

• PROJETO DE LEI NQ ~ .J3 C, /89 Do Deputado GONZAGA PATRIOTA PDT-PE

EMENTA - DENOMINA jWDOVIA UIZ G NZAGA A BR- ~ ;;..- - ~ ~ 232 - ESTRADA INTEGRANTE DO PLANO ' , NACIO~AL;::::: . .pE VIAÇAO,r PELA •• LEI NQ 5.917, DE 1 , 09 1973.

O CONGRESSO NACIONAL DECRATA:

Art. lQ)- A BR - 232, Rodovia integrante do

Plano Nacional de Viação, aprovada pela Lei nQ 5.917, de 10/09/73, que l iga o sertão do Araripe a Capital Pernambucana, ficará deno-

minada "RODOVIA LUIZ GONZAGA-. . . Art. 2Q)- Esta lei entr ará em vigor na data ' de sua publicação.

A t. 3 Q)- Revogam-se as disposi ções em contrá rio . • to de 1989

o -

J S T I F I C A ç A O

Luiz Gonzag a nasceu lá ond e o vento enconsta o cisco, a fazenda Caiçara, terras do Barão de Exú , a trê s léguas da cidade de Novo Exú, Pe rnambuc o, a que l a mesm a onde até Kid Mo - rengueira, o rei do gatilho, ter i a de se abai xa r para não pegar uma sobra do bang- bang da guerra entre famílias . Mas o ún ico exuI

GER 20.01 .0050.5 - (DEZ/85) CÂMARA DOS DEPUTADOS -02- que baixou no terreiro de Luiz Gonzaga foi mesmo o musical. O seu pai, Januário, era cabra do barão, homem de confiança, capaz de se armar de bacamarte para defender o latifúndio do barão. Januário consertava sanfonas. E, além disso, era um dos mais respeitados sanfoneiros da região. O menino Luiz acompanhava Januário por todas as suas andanças para animar os forrós "e bailes nos pés de serra. Era doido pra meter os dedos no \ fole e, na primeira chance que teve, já mostrou intimidade, conse guindo fazer uma zoadinha bastante razoável no instrumento. A mãe, • Dona Santana, deu um tremendo cascudo, não queria nada saber de filho seu metido com sanfona. O pai de Gonzagão seria imortalizado em uma de suas músicas: "Respeita Januário", onde um amigo adverte: "Luiz respeita Januário!/Tu pode ser famoso/Mas teu pai é mais ti nhoso/e com ele ninguém vai ... ". Aliás, toda uma série de músicas de Luiz Gonzaga evoca os tempos em que vivia no pé da serra de Exú, observando o trabalho no campo, brincando nos forrós, perdi­ do nos matos. Apesar de todo um tempero de linguagem bem urbano, • a música de Luiz Gonzaga é bastante nostálgica. Canta quase sem­ pre o paraíso perdido de um tempo e de um mundo (o sertão) que não volta mais. Mas, até Gonzagão chegar no baião, muitas águas rolaram. Ele passou 10 anos no Exército, morou uns tempos em Minas Gerais e acabou aterrissando no Rio de Janeiro, onde se virava tocando em boates, botequins, praças, casas noturnas e até na zona. Tocava valsas, foxes e tangos nos bares cariocas. Não dava muito ibope. O primeiro sucesso foi "Vira e Mexe", um xa mego que estourou nas paradas no ano de O xamego é chorinho

GER 20.01 .0050.5 - (D EZ/85) ------~

I •

CÂMARA DOS DEPUTADOS -03- urbano com pimenta rítmica nordestina. Mas o grande ataque do can gaceiro do baião ocorreu mesmo no momento em que se juntou ao

cearense Humberto Teixeira, para dar à música nordestina um toque mais urbano. A viola, o pandeiro, o botijão e rabeca do baião tra dicional foram substituídos pelos acordeão) , o triângulo e a za- bumba. O baião ficou mais simples, mais dançável, mais urbano, na sua rítmica frenética, de pulsação percussiva e energia esfazian- te. Eu vou mostrar pra vocês como se dança o baião: cadência da viola dos repentistas e toada de cego na mesma pancadaria. Com a energia musical do baião de Luiz Gonza ga até lista telefônica virava letra de música. E ainda por cima ele tinha em Humberto Teixeira um craque como letrista. Os dois fizeram juntos "Asa Branca", "Juazeiro", "Mangaratiba", "Xanduzi-

nha". Com sua incrível intuição musical, Luiz Gonzaga fazia arra~ jos capazes de deixar Júlio Medaglia ou Rogério Duprat babando de inveja. Armado apenas pela sanfona e pela intuição musical, Luiz Gonzaga era capaz de criar climas, atmosferas, espaços de rItmoI e harmonia, em suma, narrar só com o som da sanfona, fazer teatro, • cinema e música só no resfolego da sanfona. Em "Mangaratiba", por exemplo, ele reproduz o balanço/solavanco de um trem com a sanfo- na. Gonzagão teve ainda um grande parceiro no médico zé Dantas. Com ele fez "Cintura Fina", "ABC do Sertão" ,

"Algodão", "Vozes da Seca". ~ com zé Dantas que uma sensibilidade para os problemas sociais começa a se insinuar na música de Luiz Gonzaga. A música que Gonzagão mais gostava é "Triste Partida" (de Patativa do Assaré). Mas não é certamente aí no "protesto" que está o melhos de sua música. O melhor de Luiz Gonzaga está no

ritmo endiabrado do baião, na ver ~ e narrativ (herança do côco e

GER 20.01.0050.5 -(DEZ/85) CÂMARA DOS DEPUTADOS -04- dos repentistas), na intuição musical dos arranjos, no impagável senso de humor: Eu sou valente/sou pernambucano/quando me zango/ /boto a mão no cano/aperto o dedo/sai logo o tutano" (de "Cortan- do o Pano"). No ápice do Tropicalismo perguntaram a Caeta no Veloso quem era o gênio da música popular brasileira. Caetano não teve dúvidas: Luiz Gonzaga. Felizmente, em um país onde se

desrespeita, sistematicamente, tudo o que é precioso, a sua voz

está registrada em discos. Vai ficar boiando no ar. ~ o Brasil, é • absurdo, mas tem (ou pelo menos tinha) um ouvido musical que não é normal. Se, nos anos 50, Luiz "Lua" Gonzaga foi o "Rei do Baião", nos anos 60 ele caiu no esquecimento. Voltou a brilhar na mídia e junto aos jovens depois que, no comecinho dos anos 70, gravou "Asa Branca". Isto, no exílio lon- drino. Quando voltou acompanhado por , Caetano não , . perdeu oportunidade de dizer que "Lua era um dos pais da mUSlca brasileira, fonte inesgotável para muitas viagens sonoras" . • Gonzagão reconhecia o apoio dos influentes Caetano e Gil. Um dia, num especial de TV, ele contou: "Eu estava numa discoteca quando ouvi uma voz que chorava "Asa Branca". Era um lamento triste, tão triste que me arrancou lágrimas dos olhos. Fui ver o que era. E vi um disco de Caetano, gravado em Londres (Caetano Veloso, Famous/Philips - 1971). A capa mostrava o artis- ta barbudo e cabeludo, envolto numa capa de pele. Minha emoção foi incontrolável. Chorei como um menino". Daí em diante, tornou-se chique regravar Luiz Gonzaga e seu vastíssimo repertório. Os nordestinos que in- vadiram a música brasileira no final dos anos 70 - Alceu, Elba

GER 20.01.0050.5 -(DEZ/ 85) CÂMARA DOS DEPUTADOS -05- Ramalho, Fagner e muitos mais não se cansaram de cultivar o mestre Lua. Sorte da música brasileira. Hoje, quem for ao Musical Center (na 215 Norte, Edifício Plaza, Loja 37 - Brasí- lia-DF) vai encontrar em catálogo bons discos do artista. Dois deles, em parceria com jovens intérpretes: "Gonzagão e Fagner" (BMG-Ariola, 1988) e "Forró do Gonzagão" (com os convidados es - peciais: , Alceu Valença, Jorge de Altinho, , Gonzaguinha, Fagner e ). Os outros são: "Vou Te Matar de Cheiro" (Copacabana, 1989); "Danado de Bom" (RCA-84); "Sanfona de Macho" (RCA-85) e "Forrobodó Cigano - Instrumental" (Copacaba- na-89). Hoje, assegura Josiel Alves Moreira, 38 anos, proprietá- rio da Misical Center, que trabalha com discos novos e usados, vamos receber "Vida de Viajante". Este disco reúne Gonzagão e Gonzaguinha e é um dos mais procurados entre a vasta produção de Luiz Gonzaga". Hoje está sendo entoado o coro dos anjos com suas maravilhosas canções, levando para o Céu, aquilo que dei xou • nas pautas das partituras que montou na terra. Cantando os lamentos da "Asa Branca" , da "Triste Partida" ou as Louvações à Padre Cícero e a Nossa Senho- , ra da Penha, enaltecendo os feitos de heróis, fazendo hinos a

natureza, ao País, à região nordestina e a Pernambuco, ele imort~ lizou o seu talento, dando um e xemplo de dignidade profissional. Não se alienou e não se descaracterizou; pelo contrário: fortale- ceu suas raízes ao ponto de sofrer furante longo período a dis- criminação da crítica especializada que via no seu repertório e no seu estilo, coisas que consideravam superadas. Felizmente o

tempo soube ser sábio e mostrou que a pureza ~=~ s a música re-

GER 20.01 .0050.5 -(DEZ/85) ( •

CÂMARA DOS DEPUTADOS -06- tratava o sentimento nacional no que havia de mais nobre. Rei do Baião, Luiz Gonzaga, o "Lua" , aquele que representa para o Brasil o exemplo do quanto um artista popu- lar pode ser importante para formação cultural de sua terra, principalmente quando ele canta a alma do povo. Gonzagão, o artista, o cantador, o homem. Tudo nele se confunde a partir do comportamento, da conduta e da seriedade profissional. Exemplo de ontem, de hoje e de sempre, Luiz Gonzaga aí está com a sua força maior da poesia popular e do sentimento do povo. Gonzagão, o pacifista de Exú que fez pousar sobre aquela terra a "Asa Branca" da paz que gerou a prosperida- de.

Do f o 1 e d e o i t o à c e n t o e v i n t e b a i x os, "L u a' , o herdeiro de Januário, tornou-se Rei. Rei aqui e lá fora, onde os entendidos da música, como na França e Inglaterra, entoam as notas melodiosas de "Asa Branca" com o povo assoviando nas ruas o solfejo da música símbolo da região nordestina. o "Lua" dos forrós de pé-da-serra do arari- pe, não deixou de ser o cantador do nordeste quando enfrentou os microfones da Rádio Nacional; os palcos iluminados do Centro Sul e as câmeras do circulo eletrônico da Televisão. Cinquenta anos se passaram. Hoje pela manha, as cinco horas, ao quebrar da bar- ra, Luiz Gonzaga, fez uma viagem. Depois de tocar e cantar por meio século para o Brasil e para o mundo, foi tocar e cantar para Deus e para o anjos. Aqui na terra, deixou sua voz; suas poesias; sua sanfona branca; seus discos e fitas; seu acervo e sobre tudo, a Paz em Exú .

GER 20.01.0050.5 -(DEZ/85) •

CÂMARA DOS DEPUTADOS -07- Não morreu porque é imortal. Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, jamais morrerá. Deixou também muita saudade para os cento

• e cinquenta milhões de brasileiros - seus irmãos - e para o resto do mundo ... Dar o nome da BR-232, que liga o Cais ao Ara ripe, a LUIZ GONZAGA, é por demais justo. Ele teve grande parti- cipação no desenvolvimento econômico do País, principalmente, contando a Construção das estradas para escoar o Progresso do Brasil.

GER 20.01.0050.5 -(DEZ/85) ,

... I . es.. -· ( ~ Ia ., . " ',-.. '.::, ~l~o:0 ..='" ~l" ~' " .,.~I , . CAMARA DOS DEPUTADOS ... -t ," . .~ . LEGISLAÇAO CITADA. Ah'CXADA PELA COORDCNACACJ DAS COMISSOES PER.MANENTES

5.917 -"DE 10 DE SETOtI'.RO " DE, 1973 <'" APrOva o Plano Nacional de Viação 'e , , dá ,outr.as providéncias.

• •••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••

.

. ---~ - teR P o N ~ O' S- DE : l'ASS-AGEM .. - -'UNIDADES DA FEDERAÇÃO E.XTENSÃO , SUPERPOSI~O_ (km) BR km - RODOVIAS TRANSVERSAIS -- - • . • •••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••.' , • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • ••••• . . . 232- . Recife (praça Rio Branco}':"rcoverde-salgue iro-par~ namirim' •••••••••••••••••••••••••••• ' I •••••••• f'" •• • • • • • • • • • • • • I • , • • • ,I A • I PE I " .5 · 1'0~ I

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..

GER 20.01.0050.5 -(DEZ/85) .$

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

COIUSSÃO DE CONSTITUIÇÃO, JUS'i'IÇA E REDAÇÃO

PROJETO DE LEI N9 3236, DE 1989

Denomina Rodovia Luiz Gonzaga a BR-232 - estrada integrante do Plano Nacional de Viação, aprovado pela Lei n9 5917, de la de setembro de 1973.

AUTOR : Deputado GONZAGA PATRIOTA

RELATOR : Deputado MENDES RIBEIRO

Este projeto manda denominar de "Rodovia Luiz Gonzaga"a BR-232, que liga o sertão do Araripe a Recife.

Os preceitos da Constituição foram integralmente obedecidos quanto à legi t .imidade ela iniciativa (art. 61, caput) e à compet~ncia legislativa da União (art. 22). A elaboração' de lei ordinária (art. 59, inciso 111) é feita pelo Congres­ so Nacional, com posterior manifestação do Presidente da Repú blica (art. 43, caput).

Pelo e xposto, voto pela constitucionalielade, JU ridicidade e boa técnica legislativa deste Projeto de Lei n9 .. 3236/39.

Sala da Comissão, em

Deputado MENDES RIBEIRO Relator

GER 20.01.0050.5 -(DEZ/85) ~------,

c A M A R A O O S O E P U T Aj) O S ~~MISSÃO DE CONSTITUIÇAO E JUSTIÇA E REDAÇÃO

PROJETO DE LEI Nº 3.236, DE 1989

PARECER DA COMISSÃO

A Comissão de Constituição e Justiça e Redação, em reunião ordinária plenária realizada hoje, opinou unanimemente pela constitucionalidade, juridicidade e técnica legislativa do Projeto de Lei nº 3.236/89,nos termos do parecer do re­ lator.

Estiveram presentes os Senhores Deputados:

Nelson Jobim Presidente, João Natal vi- ce-Presidente, Carlos Vinagre, Harlan Gadelha, Hélio Manhães, José Dutra, Leopoldo Souza, Mendes Ribeiro, Michel Temer, Nil­ son Gibson, Plínio Martins, Renato Vianna, Rosário Congro Ne­ to, Theodoro Mendes, Tito Costa, Aloysio Chaves, Costa Ferrei­ ra, Dionísio Hage, Eliézer Moreira, Evaldo Gonçalves, Francis­ co Benjamim, Messias Góis, Oscar Corrêa, Juarez Marques Batis­ ta, Sigmaringa Seixas, Gerson Peres, Ibrahim Abi-Ackel, Doutel de Andrade, Miro Teixeira, Gastone Righi, José Genoíno, José Maria Eymael, Marcos Formiga, Aldo Arantes, Antônio Mariz, Francisco Sales, Genebaldo Correia, Raimundo Bezerra, Wagner Lago, Alcides Lima, Egídio Ferreira Lima, Adylson Motta, Gon- zaga Patriota, Ervin Bonkoski e Rodrigues Palma.

Sala da Comissão, em 20 de setembro de 1989

putado MENDES , Relator

GE R 20.01 .0050.5 - (MAIO/85) CÂMARA DOS DEPUTADOS

COMISS~O DE TRANSPORTES

PROJETO DE LEI N~ 3.236, DE 1989

"D e nomina Rodov i a Luiz Gonzaga a BR-232 --- ~strada integrante do Plano Nacional de Viação, aprovado pela Lei n~ 5.917, de 10 de setembro de 1973." Autor: Deputado GO NZAGA PATRIOTA Relator: Deputado JOSÉ CARLOS VASCON- CELLOS

I - R E L ~ T Ó R I O

Mediante a propo~ição, pretende o ilustre Deputado GONZAGA PATRIOTA que se dê à BR-232, rodovia integrante do Pl a no Nacional de Viação, a denominação de "Rodovia Luiz Gon- zaga".

Justificando a iniciativa, o autor enfatiza ser por demais justo dar o nome de Luiz Gonzaga à BR-232, que liga o Cais ao Araripe, ele que "teve grande participação no desen­ volvime nto econômico do País, principalmente cantando a cons­ trução das estradas para escoar o Progresso do Brasil".

O projeto foi distribuído a esta e à Comissão de Constituição e Justiça e de Redação, que opinou sobre sua constitucionalidade, juridicidade e boa técnica legislativa.

11 - VOTO DO REL~TOR

Cabe a esta Comissão, na forma regimental, oplnar. sobre assuntos ligados ao sistema nacional de viação.

r-CD ")n 01 nn c:;n t:; _ '1111 I.QQ\ CÂMARA DOS DEPUTADOS - 02 -

ManlfestamoS• l nossa concordanclaA , com a presente lnl-• • ciativa, entendendo, como o autor, tratar-se de justa home- . , . nagem a LU1Z Gonzaga, que soube enaltecer, atraves de suas músicas , o Estado de Pernambuco, a região nordestina e o País. Sua conduta e seriedade profissional dignificaram o artista popular e são importante exemplo para a formação cultural de nosso povo.

Votamos, pois,pela aprovação do Projeto de Lei n~ 3.236, de 1989.

Sala da Comissão, em de de 1989

Deputado JOS CARLOS VASCONCELLO S Relator

/amnf

GE R 20 .01 .0050.5 - (JUL/89) CÂMARA DOS DEPUTADOS COOOISSÃO ~E ~~SPOR~ES

PARECER DA COMISSÃO

A Comissão de Transportes, em sua reuniao extraor , dinaria do dia 29 de novembro de 1989, aprovou, por unanimida de, o Proj eto de Le i nº 3 . 236/89, do Deputado Gonzaga Patriota, que "denomina Rodovia Luiz Gonzaga a BR-232 - estrada integran te do Plano Nacional de Viação, aprovado pela Lei nº 5 . 917, de 10 de setembro de 1973", nos termos do parecer do Relator, Depu , tado Jose Carlos Vasconcelos.

Compareceram os Senhores Deputados : Darcy Pozza (Presidente), Sergio Werneck, Antonio Perosa, Dalton Canabra- , va, Denisar Arneiro, Ernesto Gradella, Gidel Dantas, Mario Mar , tins, Lezio Sathler, Mauro Campos, Mauro Miranda, Paulo Rober- , to, Rubem Branquinho, Stelio Dias, Marluce Pinto, Costa Ferrei ra e Eliel Rodrigues.

Sala da Comissão, em 29 de novembro de 1989

Deputado

Deputado

GER 20.01.0050.5 - (DEz/aS) CÂMARA DOS DEPUTADOS

PROJETO DE LEI N9 3 . 236- A , DE 1989 (DO SR . GONZAGA PATRIOTA ) .... . - - . Denomina Rodovia Luiz Gonzaga a BR - 232 - Estrada inte­ grante do Plano Nacional de Viação , aprovado pela Lei n9 5 . 917 , de 10 de setembro de 1973; tendo pareceres : da Comissão de Constituição e Justiça e Redaç ão , pe­ la constitucionalidade , . juridi cidade e técnica legis­ lativa; e , da Comissão de Transportes , pela aprovação .

( PROJETO DE LEI N9 3 . 236 , DE 1 989 , A QUE SE REFEREM OS PARECERES )

GER 20.01.0007.6 - (SET/B6) -

CÂMARA DOS DEPUTADOS

PORJETO DE LEI Nº 3.236, ÓE 1989 (D o Sr .. Gonzaga Patriota)

Denomina Rodovia Luiz Gonzaga a BR-232 estra­ da integrante do PlanQ Nacional de Viação, apro­ vádO pela Lei nQ 5.917, de 10 de setembro de 1973. ~ __

(Às Comissões de Constituição e Justiça e Re~ dação; e de Transportes.) -- ü Congresso Nacional decreta: Art. 1Q A BR-232, rodov1a 1ntegrante do Plano Nacio­ nal de Viação, aprovado pela Lei nQ 5.917, de 10-9-73, que liga o sertão do Araripe à çapital pernambucana, ficará denominada "Rodov1a Lui z Gonzaga". Art . . 2Q Esta le1 entrará em vigor na data de sua publicação . Art. 3Q Revogam- se as dispos ições em contrário.

Justificação

Luiz Gonzaga nasceu lá onde o vento encosta o cisco , a fazenda Caiçara, terras do barão de Exú, a três lé­ guas da cidade de Novo Exú, Pernambuco, aquela mesma • onde até K1d Morengueira, o rei do gatilhO, teria de se abaixar para não pegar uma sobra do bang-bang da guerra entre famllias. Mas o único exú que bai xou no terreiro de Luiz Gonzaga foi mesmo o musical. O seu pai, Januário, era cabra do barão, homem de confiança, capaz de se armar de bac amarte para defender o lati­ fúndio do barão. Januário consertava sanfonas. E, além d1sso, era um dos mais respeitados sanfoneiros da região. O menino Luiz -acompanhava Januário por todas as suas andanças para animar os forrós e bailes nos pés de serra. Era doido para meter os dedos no fole e, na primeira chan­ ce que teve, já mostrou intimidade, conseguindO fazer uma zoadinha bastante razoável no instrumento. A mãe, Dona Santana, deu um tremendo cascudo, não queria nada saber de filho seu met1do com sanfona. o pai de Gonzagão seria imortalizado em uma de suas músicas: "Respeita Januário", onde um amigo adverte "Luiz respeita Januário!/Tu pode ser famoso/Mas teu pai é mais tinhoso/e com ele ninguém vai. .. " Aliás, toda uma série de músicas de Luiz Gonzaga evoca os tempos em que vivia no pé da serra de Exú, observando o trabalho no campo, brincando nos forrós, perdido nos matos. Apesar de todo um tempero de linguagem bem ur­ bano, a música de Luiz Gonzaga é bastante nostálgica. Canta quase sempre o paraíso perdido de um tempo de um mundo (o sertão) que não volta mais. Mas, até Gonzagão chegar no baião, muitas águas rolaram. Ele passou 10 anos no Exército, morou uns tempos em Minas Gerais e acabou aterrissando no Rio de Janeiro, onde se virava tocando em boates, botequins, praças, casas noturnas e até na zona. Tocava valsas, foxes e tangos nos bares cariocas. Não dava muito ibope. _. . ~ O primeiro sucesso foi "Vira e Mexe" , um xamego que e~torou nas paradas no ano de 1941. O xamego é chori­ nho urbano com pimenta -rítmica nordestina. Mas o gran­ de ataque do cangaceiro do baião ocorreu no mesmo mo­ mento em que se juntou ao cearense Humberto Teixeira, para dar à música nordestina um toque mais urbano. A viola, o pandeiro, o botijão e rabeca do baião tradi­ cional foram substituídos pelo acordeão, o triângulo e a zabumba. O baião ficou mais simples, mais dançável, mais urbano, na sua rítmica frenética, de pulsação percussiva e energia esfuziante. Eu vou mostrar para vocês como se dança o baião: cadência da viola dos re­ pentistas e toada de cego na mesma pancadaria. Com a energia musical do baião de Luiz Gonzaga até lista telefônica virava letra de música. E ainda por cima ele tinha em Humberto Teixeira um craque como letrista. Os dois fizeram juntos "Asa Branca", "Juazeiro", "Mangaratiba", "Xanduzinha". Com sua in­ crível intuição musical, Luiz Gonzaga fazia arranjos capazes de deixar Júlio Medaglia ou RogériO Duprat ba­ bando de inveja. Armado apenas pela sanfona e pela in­ tuição musical, Luiz Gonzaga era capaz de criar cli­ mas, atmosferas, espaços de ritmo e harmonia, em suma, • narrar só com o som da sanfone, fazer teatro, cinema e música só no resfolego da sanfona. Em "Mangaratiba", por exemplo, ele reproduz o balanço/solavanco de um trem com a sanfona. Gonzagão teve ainda um grande parceiro no médico Zé Dantas. Com ele fez "Cintura Fina", "ABC do Sertão", "Algodão", "Vozes da Seca". É com Zé Dantas que uma sensibilidade para os problemas sociais começa a se insinuar na música de Luiz Gonzaga. A música que Gon­ zagão mais gostava é "Triste Partida" (de Patativa do Assaré). Mas não é certamente aí no "protesto" que está o melhor de sua música. O melhor de Luiz Gonzaga está no ritmo endiabrado do baião. na verde narrativa (herança do coco e dos repentistas), na intuição musi­ cal dos arranjos. no impagável senso de humor: Eu sou valente/sou pernambucano/quando me zango/boto a mão no 3 cano/aperto o dedo/sai logo o tutano" (de "Cortando o Pano"). No ápice do Tropicalismo perguntaram a Caetano Velo­ so quem era o gênio da música popular brasileira. Cae­ tano não teve dúvidas: Luiz Gonzaga. Felizmente, em um país onde se desrespeita, sistematicamente, tudo o que é precioso, a sua voz está registrada em discos. Vai ficar boiando no ar. É o Brasil, é absurdo, mas tem (ou pelos menos tinha) um ouvido musical que não é norma 1. Se, nos anos 50, Lui z "Lua" Gonzaga foi o "Rei do Baião", nos anos 60 ele caiu no esquecimento. Voltou a brilhar na mídia e junto aos jovens depois que, no co­ mecinho dos anos 70, Caetano Veloso gravou "Asa Branca". Isto no exílio londrino. Quando voltou acom­ panhado por Gilberto Gil, Caetano não perdeu oportuni­ dade de dizer que "Lua era um dos pais da música bra­ sileira, fonte inesgotável pa~a muitas viagens sonoras". Gonzagão reconhecia o apoio dos influentes Caetano e Gil. Um dia, num especial de TV, ele contou: "Eu esta­ va numa discoteca quando ouvi uma voz que chorava "Asa Branca". Era um lamento triste, tão triste que me ar­ rancou lágrimas dos olhos. Fui ver o que era. E vi um disco de Caetano, gravado em Londres (Caetano Veloso, Famous/Philips _ 1971). A capa mostrava o artista bar­ budo e cabeludo, envolto numa capa de pele. Minha emo­ ção foi incontrolável. Chorei como um menino." Daí em diante, tornou-se chique regravar Luiz Gonza­ ga e seu vastíssimo repertório. Os nordestinos que in­ vadiram a música brasileira no final dos anos 70 Al­ ceu, Elba Ramalho, Fagner e muitos mais _ não se can­ saram de cultivar o mestre Lua. Sorte da música brasileira. Hoje, quem for ao Musi­ cal Center (na 215 Norte, Edificio Plaza, Loja 37 _ Brasília DF) vai encontrar em catálogo bons discos do artista. Dois deles, em parceria com jovens intérpretes: "Gonzagão e Fagner" (BMG _ Ariola, 1988) e "Forró do Gonzagão" (com os convidados especiais: Gal Costa, Alceu Valença, Jorge de Altinho, Chico Any­ sio, Gonzaguinha, Fagner e Elba Ramalho). Os outros são: "Vou Te Matar de Cheiro" (Copacabana, 1989); "Danado de Bom" (RCA _ 84); "Sanfona de Macho" (RCA _ 85) e "Forrobodó Cigano _ Instrumental" (Copacabana _ 89). Hoje, assegura Josiel Alves Moreira, 38 anos, proprietário da Musical Center, que trabalha com os discos novos e usados, vamos receber "Vida de Viajante". Este disco reúne Gonzagão e Gonzaguinha e é um dos mais procurados entre a vasta produção de Luiz Gonzaga. Hoje está sendo entoado o coro dos anjos com suas maravilhas canções, levando para o Céu aquilo que dei­ xou nas. pautas das partituras que mostrou na terra. Cantando os lamentos da "Asa Branca", da "Triste Partida" ou as Louvações á Padre Cícero e a Nossa Se- 4

nhora da ~ e nha, enaltecendo os feitos de heróis, fa ­ zendo hinos à natureza, ao Pais, à região nordestina e a Pernambuco, ele imortalizou o seu talento, dando um exemplo de dignidade profissional. Não se alienou e não se descaracterizou; pelo contrário: fortaleceu suas raízes ao ponto de sofrer furante longo período a di~cr,minação da crít1ca especializada que via no seu r ~ ~drtório e no seu estilo coisas que consideravam superadas. Felizmente o tempo soube ser sábio e mos­ trou que a pureza da sua música retratava o sentimento nacional no que havia de mais nobre. Rei do Baião, Luiz Gonzaga, o "Lua", aquele que re­ presenta para o Brasil o exemplo do quanto um artista popular pode ser importante para formação cultural d e sua terra, principalmente quando ele canta a alma do povo. Gonzagão, o artista, o cantador, o homem. Tudo nele se confunde a partir.do comportamento, da conduta e da seriedade profissional. Exemplo de ontem, de hoje e de sempre, Luiz Gonzaga ai está com sua força maior da poesia popular e do sentimento do povo. Gonzagãl'), o pacifista de Exú que fez pousar sobre aquela terra a "Asa Branca" da paz que gerou a prosperidade. Do fole de oito á cento e vinte baixos, "Lua, o her­ deiro de Januário, tornou-se Rei. Aqui e lá fora, onde os entendidos da música, como na França e Inglaterra, entoam as notas melodiosas de "Asa Branca" com o povo assoviando nas ruas o solfejo da música símbolo da re­ gião nordestina. o "Lua" dos forrós de pé-da-serra do Araripe não deixou de ser o cantador do Nordeste quando enfrentou os microfones da Rádio Nacional; os palcos iluminados do Centro-Sul e as c~maras do circulo eletr6nico da televisão. Cinqüenta anos se passaram. Hoje pela ma ­ nhã, ás cinco horas, ao quebrar da barra, Luiz Gonzaga fez uma viagem. Depois de tocar e cantar por meio sé­ culo para o Brasil e para o mundo, foi tocar e cantar para Deus e para o anjos. AqUi na terra, deixou sua voz; suas poesias; sua sanfona branca; seus discos e fitas; seu acervo e so- bretudo a paz em Exú. Não morreu porque é imortal. Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, jamais morrerá. Deixou também muita saudade para os cento e cinqüenta milhões de brasileiros seus irmão _ e para o resto do mundo ... Dar o nome da BR-232, que liga o cais ao Araripe, a Luiz Gonzaga é por demais justo. Ele teve grande par­ ticipação no desenvolvimento econ6mico do País, prin­ cipalmente contando a construção das estradas para es­ coar o progresso do Brasil. 5

Brasília DF, 2 de agosto de 1989. Depu- tado Gonzaga Patriota .

LEGISLACÃO CITADA, ANEXADA PELA COORDENACÃO DAS COMISSÕES PERMANENTES

LEI NQ 5.917, DE 10 DE SETEMBRO DE 1973

Aprova o Plano Nacional de Viação e dA outras providências.

BR Pontos de Unidades da Extensão Superposição Passagem Federação (Km) BR Km Rodov ias Transversais 232 Recife (Praça Rio Branco) Arcoverde Salgueiro Parnamirim PE ...... 565 101 8

Centro Gráfico do Senado Federal Brasília DF Rejeitado o projeto; a matéria vai ao Em 19 de abril de 1993.

CÂMARA DOS DEPUTADOS

PROJETO DE LEI NQ 3.236-A DE 1989 (Do Sr . Gonzaga Patriota) Denomina-se Rodovia. Luiz Gonzaga a BR-232 estrada Integrante do Plano Nacional de Viação, aprovado pela Lei nQ 5.917, de 10 de setembro de • 1973; tendo pareceres: da Comissão de Constitui ­ ção e Justiça e Redação, pela constitucionalida­ de, jurldicldade e técnica legislativa; e, da Comi são de Transportes, pela aprovação. (Projeto de Lei nQ 3.236, de 1989, a que se referem os pareceres.) o Congresso Nacional decreta: Art. 1Q A BR- 232, rodovia integrante do Plano Naci o­ nal de Viação, aprovado pela Lei nQ 5.917, de 10-9- 73, que liga o sertão do Araripe à capital pernambuc a­ na, ficará denominad.a "Rodovia Luiz Gonzaga". Art. 2Q Esta lei entrará em vigor na data de sua pub 1 i cação. Art. 3Q Revogam-se as disposições em contrário. Justificação Luiz Gonzaga nasceu lá onde o vento encosta o cisco , a fazenda Caiçara, terras do barão de Exú, a três lé­ guas da cidade de Novo .Exú, Pernambuco, aquela mesma onde até· Kid Morengueira, o rei do gatilho, teria de • se abaixar para não pegar uma sobra do bang-bang da guerra entre famflias. Mas o único exú que baixou no terreiro de Luiz Gonzaga foi mesmo o musical. O seu pai, Januário, era cabra do barão, homem de confiança , capaz de se armar de bacamarte para defender o lati ­ fúndio do barão. Januário consertava sanfonas. E, além disso, era um dos mais respeitáveis sanfone1ros da região. O menino Luiz acompanhava Januário por todas as suas andanças para animar os forrOs e bailes nos pés de ~erra. Era doido para meter os dedos no fole e, na primeira chan ~ ce Que teve, já mostrou intimidade, conseguindo fazer uma zoadlnha bastante razoável no instrumento. ~ mãe Dona Santana, deu um tremendo cascudo, não queria nada saber de filho metido com sanfona. 2

o pai de Gonzagão seria imortalizado em uma das suas músicas: "Respeita Januário", onde um amigo adverte "Luiz respeita Januário! Tu pode ser famoso/Mas teu pai é mais tinhoso/e com ele ninguém vaL .. " Aliás, toda uma séria de músicas de Luiz Gonzaga evoca os tempos em que vivia no pé da serra de Exú, observando o trabalho no campo, brincando nos forr6s, perdido nos matos. Apesar de todo um tempero de linguagem bem ur­ bano, a música de Luiz Gonzaga é bastante nostálgica. Canta quase sempre o paraíso perdido de um tempo de um mundo (o sertão) que não volta mais. Mas, até Gonzagão chegar no baião muitas águas rolaram. Ele passou 10 anos no Exército, morou uns tempos em Minas Gerais a acabou aterrisando no Rio de Janeiro, onde se virava tocando em boates, botequins, • praças, casas noturnas e até na zona. Tocava valsas, foxes e tangos nos bares cariocas . . Não dava muito ibope. O primeiro sucesso "Vira e Mexe", um xamego que es­ tourou nas paradas no ano de 1941. O xamego é chorinho urbano com pimenta rítmica nordestina. Mas o grande ataque do cangaceiro do baião ocorreu no mesmo momento em que se juntou ao cearense Humberto Teixeira, para dar á música nordestina um toque mais urbano. A viola, o pandeiro, o botijão e rabeca do baião tradicional .... foram substituídos pelo acordeão, o triângulo e a N zabumba. O baião ficou mais simples, mais dançável, ~ lO mais urbano, na sua rítmica frenética, de pulsação .!! percussiva e energia esfuziante. Eu vou mostrar para ~ Q) vocês como se dança o baião: cadência da viola dos re­ CO pentistas e toadas de cego na mesma pancadaria. ...Q)

cano/aperto o dedo/sai logo o tutano" (de "Cortando o Pano"). No ápice do Tropicalismo perguntaram a Caetano Velo­ so que era o gênio da música popular brasileira. Cae­ tano não teve dúvidas: Luiz Gonzaga. Felizmente, em que um país onde se desrespeita, sistematicamente, tudo o que é precioso, a sua voz está registrada em discos. Vai ficar boiando no ar. É o Brasil, é absur­ do, mas tem (ou pelo menos tinha) um ouvido musical Que não é normal. Se, nos anos 50, Luiz "Lua" Gonzaga foi o "Rei do Baião", nos anos 60 ele caiu no esquecimento. Voltou a brilhar na mídia e junto aos jovens depois Que, no co­ mecinho dos anos 70, Caetano Veloso gravou "Asa Branca". Isto no exílio londrino. Quando voltou acom­ • panhado por Giqberto Gil, Caetano não perdeu oportuni­ dade de dizer que "Lua era um dos pais da música bra­ sileira, fonte inesgotável para muitas viagens sonoras" . Gonzagão reconhecia o apoio dos influentes Caetano e Gil. Um dia, num especial de TV, ele contou: Eu estava numa discoteca quando ouvi a voz que chorava "Asa Branca". Era um lamento triste, tão triste que me ar­ rancou lágrimas dos olhos. Fui ver o Que era. E vi um disco de Caetano, gravado em Londres (Caetano Veloso, Famous/Philips _ 1971). A capa mostrava o artista bar­ budo e cabeludo, envolto numa capa de pele. Minha emo­ ção foi incontrolável. Chorei como um menino." Daí em diante, tornou-se chique regravar Luiz Gonza­ ga e seu vastíssimo repertório. Os nordestinos Que in­ vadiram a música brasileira no final dos anos 70 Al­ ceu, Elba Ramalho, Fagner e muito mais _ não se cansa­ ram de cultivar o mestre Lua. Sorte da música brasileira. Hoje, quem for ao Musi­ cal Center (na 215 Norte, Edifício Plaza, Loja 37 _ Brasília DF) vai encontrar em catálogo bons discos do artista. Dois deles, em parceria com jovens intérpretes: "Gonzagão e Fagner" (BMG _ Ariola, 1988) e "Forró do Gonzagão" (com os convidados especiais: • Gal Costa, Alceu Valença, Jorge de Altinho, Chico Any­ sio, Gonzaguinha, Fagner e Elba Ramalho). Os outros são "Vou te matar de Cheiro" (Copacabana, 1989); "Danado de Bom" (RCA _ 84); "Sanfona de Macho" (RCA _ 85 e "Forrobodó Cigano _ Instrumental'" (Copacabana _ 89). Hoje, assegura Josiel Alves Moreira, . 38 anos, proprietário da Musical Center, que trabalha com dis­ cos novos e usados, vamos receber "Vida de Viajante". Este disco reúne Gonzagão e Gonzaguinha e é um dos mais procurados entre a vasta produção de Luiz Gonzaga. Hoje está sendo entoado o coro dos anjos com suas maravilhas canções, levando para o' Céu aquilo que dei­ xou nas pautas das partituras Que mostrou na terra. Cantando os lamen'tos da "Asa Branca", da "Triste Partida" ou as Louvações à Padre Cícero e a Nossa ' Se- 4 nhora da Penha, enaltecendo os feitos de heróis, fa­ zendo hinos à natureza, ao Pais, à região nordestina e a Pernambuco, ele imortalizou o seu talento, dando um exemplo de dignidade profissional. Não se alienou e não se descaracterizou; pelo contrário: fortaleceu suas raizes ao ponto de sofrer durante longo período a discriminação da critica especializada que via no seu repertório, no seu estilo coisas que consideravam superadas. Felizmente o tempo soube ser sábio e mos­ trou que a pureza da sua música retratava o sentimento nacional no que havia de mais nobre. Rei do Baião, Luiz Gonzaga, o "Lua", aquele que re­ presenta para o Brasil o exemplo do quanto um artista popular pode ser importante para formação cultural de sua terra, principalmente quando ele canta a alma do • povo. Gonzagão, o artista, o cantador, o homem, tudo nele se confunde a partir do comportamento, da conduta e da seriedade profissional. Exemplo de ontem, de hoje e de sempre, Luiz Gonzaga aí está com sua força maior da poesia popular e do sentimento do povo. Gonzagão, o pacifista de Exú que fez pousar sobre aquela terra a "Asa Branca" da paz que gerou a prosperidade. Do fole de oito a cento e vinte baixos, "Lua", o herdeiro de JanuáriO, tornou-se Rei. Aqui e lá fora, onde os entendidos da música, como França e Inglater­ ra, entoam as notas melodiosas de "Asa Branca" como o povo assoviando nas ruas o sOlfejo da música simbolo da região nordestina. o "Lua" dos forrós de pé-da-serra do Araripe não deixou de ser o cantador do Nordeste quando enfrentou os microfones da Rádio Nacional; os palcos iluminados do Centro-Sul e as câmaras do circulo eletrÔnico da televisão. Cinqüenta anos se passaram. Hoje pela ma­ nhã, às cinco horas, ao quebrar da barra, Luiz Gonzaga fez uma viagem. Depois de tocar e cantar por meio sé- • culo para o Brasil e para o mundo, foi tocar e cantar para Deus e para os anjos. Aqui na terra, deixou sua voz; suas poesias; sua sanfona branca; seus discos e fitas; seu acervo e, so­ bretudo a paz em Exú. Não morreu porque ' é imortal. Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, jamais morrerá. Deixou muita saudade para os cento e cinqüenta m1- lhões de brasileiros seus irmãos e para o resto do mundo ... Dar o nome da BR-232, que liga o cais ao Arar1pe, a Luiz Gonzaga é por demais justo. Ele teve grande par­ ticipação no desenvolvimento econômico do Pais, prin­ Cipalmente contando a construção das estradas para es­ coar o progresso do Brasil. 5

Brasilia DF, 2 de agosto de 1989. Depu- tado Gonzaga Patriota. LEGISLACÃO CITADA, ANEXADA PELA COORDENACÃO DAS. COMISSOES PERMANENTES LEI NQ 5 . 917, DE 10 DE SETEMBRO DE 1973 Aprova o Plano Nacional de Viação, e dA outras providências.

BR Pontas de Unidades da Extensão Superposição Passagem Federação (km) BR km Rodovias Transversais

232 Recife (P~aça Rio Branco) Arcoverde Salgueirô Parnamirim PE 565 101 8

PARECER DA COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO, JUSTIÇA E REDAÇÃO

I e II Relatório e Voto do Relator Este projeto manda denominar de "Rodovia Luiz Gonzaga " a BR-232, que liga o sertão do Araripe a Recife. Os preceitos da Constituição foram integralmente o­ bedecidos quanto à legitimidade da iniciativa (art. 61, caput ) e à competência legislativa da União (art. 22). A elaboração de lei ordinária (art. 59, inciso • 111) é feita pelo Congresso Nacional, com posterior manifestação do Presidente da República (art. 48, caput ). Pelo exposto, voto pela constitucionalidade, juridi­ cidad~ e boa técnica legislativa deste Projeto de Lei n Q 3.236/89. Sala da Comissão, 13 de setembro de 1989. _ Depu­ tado Mendes Ribeiro, Relator. 111 Parecer da Comissão A " Comissão de Constituição e Justiça e Redação, em Reunião ordinária plenária ~ealizada hoje, opinou una­ nimente pela constitucionalidade, juridicidade e téc­ nica legislativa do Projeto de Lei n Q 3.236/89, nos termos do parecer do relator. 6

Estiveram presentes os Senhores Deputados: Nelson Jobim. Presidente. João Natal. Vice- Presidente. Carlos Vinagre. Har1an Gadelha. Hélio Manhães. José Dutra. Leopoldo Souza. Mendes Ribeiro. Michel Temer. Nilson Gibson. Plínio Martins. Renato Vianna. Rosário Congro Neto. Theodoro Mendes. Tito Costa. Aloysio Chaves. Costa Ferreira. Dionísio Hage. Eliézer Moreira. Evaldo Gonçalves. Francisco Benjamim. Messias Góis. Oscar Corrêa. Juarez Marques Batista. Sigmaringa Seixas. Gerson Peres. Ibrahim Abi-Acke1. Doute1 de Andrade. Miro Teixeira. Gastone Righi. José Genoíno. José Maria Eymael. Marcos Formiga. Aldo Arantes. Ant6nio Mariz. Francisco Sales. Genebaldo Correia. Raimundo Bezerra. Wagner Lago. Alcides Lima. Egídio Ferreira Lima. Adyl­ son Motta. Gonzaga Patriota. Ervin Bonkoski e Rodri - gues Palma. • Sala da Comissão. 20 de setembro de 1989. _ Depu­ tado Nelson Jobim, Presidente Deputado Mendes Ribeiro, Relator. PARECER DA COMISSÃO DE TRANSPORTES I Relatório Mediante a proposição, pretende o ilustre Deputado Gonzaga Patriota que se dê à BR-232. rodovia integran­ te do Plano Nacional de Viação. a denominação de "Rodovia Luiz Gonzaga". JUstificando a iniciativa. o autor enfatiza ser por demais justo dar o nome de Luiz Gonzaga à BR-232. que liga o Cais ao Araripe. ele que "teve grande partici­ pação no desenvolvimento econ6mico do País. principal­ mente contando a construção das estradas para escoar o progresso do Brasil". O projeto foi distribuido a esta e à Comissão de Constituição e Justiça e Redação. que opinou sobre sua constitucionalidade. juridicidade e boa técnica legislativa.

I I Voto do Relator Cabe a esta Comissão. na forma regimental. opinar • sobre assuntos ligados ao sistema nacional de Viação. Manifestamos nossa concordância com a presente ini­ ciativa. entendendo, como o autor, tratar-se de justa homenagem a Luiz Gonzaga. que soube enaltecer. através de suas músicas. o Estado de Pernambuco. a região nor­ destina e o País. Sua conduta e seriedade profissional dignificaram o artista popular e são importante exem­ plo para a formação cultural de nosso povo. Votamos. pois. pela aprovação do Projeto de Lei n Q 3.236. de 1989. Sala da Comissão. de 1989. Deputado José Vasconcelos, Relator. 111 Parecer da Comissão 7

A Comissão de Transportes, em sua reunião extraordinária do dia 29 de novembro de 1989, aprovou, por unanimidade, o Projeto de Lei n Q 3.236/89. do Deputado Gonzaga Patriota, que "denomina Rodovia Luiz Gonzaga a BR-232 _ estrada integrante do Plano Nacio­ nal de Viação, aprovado pela Lei n Q 5.917, de 10 de setembro de 1973", nos termos do parecer do Relator, Deputado José Carlos Vasconcelos. Compareceram os Senhores Deputados: Darcy Pozza (Presidente), Sérgio Werneck, Antonio Perosa, Dalton Canabrava, Denisar Arneiro, Ernesto Gradella, Gidel Da~tas, Mário Martins, Lézio Sathler, Mauro Campos, Mauro Miranda, Paulo Roberto, Rubem Branquinho, Stélio Dias, Marluce Pinto, Costa Ferreira e Eliel Rodrigues. Sala da Comissão, 29 de novembro de 1989. _ Depu­ tado Darcy Pozza, Presidente Deputado José Carlos Vasconcelos, Relator.

Centro Gráfico do Senado Federal Brasília DF (OS: 06215/90) OBSERVAÇOES •

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DOCUMENTOS ANEXADOS: ______. ______~

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