Reunião de: 23/06/2021 Notas Taquigráficas - Comissões CÂMARA DOS DEPUTADOS

CÂMARA DOS DEPUTADOS DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 56ª LEGISLATURA Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (AUDIÊNCIA PÚBLICA E DELIBERAÇÃO EXTRAORDINÁRIA (VIRTUAL)) Em 23 de Junho de 2021 (Quarta-Feira) Às 9 horas

O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Havendo número regimental, declaro abertos os nossos trabalhos. Informo aos Srs. Parlamentares que foram encaminhadas pelo Infoleg Comunica as atas da 18ª, da 19ª e da 20ª Reuniões desta Comissão, cujas leituras estão dispensadas, conforme o Ato da Mesa nº 123, de 2020. Em discussão as atas. (Pausa.) Não havendo quem queira discuti-las, coloco-as em votação. Os Deputados que as aprovam permaneçam como se acham. (Pausa.) Aprovadas. Informo a V.Exas. que os expedientes recebidos no período do dia 16 de junho de 2021 a 22 de junho de 2021 foram encaminhados pelo Infoleg Comunica. Requerimentos. Item 1. Requerimento nº 120, de 2021, do Sr. Elias Vaz, que requer a convocação do Ministro de Estado das Comunicações para comparecer à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, a fim de prestar esclarecimentos sobre o desvio de 52 milhões de reais previstos para campanhas com peças informativas sobre o combate à COVID-19 para fazer propaganda institucional de ações do Governo Federal. Tem a palavra o autor do requerimento, o Deputado Elias Vaz. O SR. ELIAS VAZ (PSB - GO) - Bom dia a todos. Presidente, este requerimento é fruto de informações que nós recebemos sobre gastos que estavam previstos pela Medida Provisória nº 942, créditos extraordinários que, especificamente, deveriam ser gastos com a questão da pandemia, inclusive com a propaganda de campanhas, por exemplo, para uso do álcool em gel e de máscara. Esses recursos, esses 52 milhões de reais, segundo a própria resposta institucional do Governo ao nosso gabinete e também à CPI, foram utilizados de forma irregular, para fazer campanhas institucionais. De 20 propagandas, para V.Exa. ter uma ideia, para citar um exemplo, pelo que nós recebemos, apenas 2 tratavam do combate à COVID. O resto era propaganda das ações do Governo. Então, para nós, claramente isso caracteriza até crime de responsabilidade. Nós achamos importante que o Ministro venha a esta Comissão prestar esclarecimentos sobre esse fato, que se caracteriza claramente como irregularidade. Por isso, nós entramos com este requerimento. Eu peço o apoio dos nobres pares. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Tem a palavra o Deputado Helio Bolsonaro.

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O SR. HELIO LOPES (PSL - RJ) - Sr. Presidente, Srs. Parlamentares e todos os ouvintes que estão acompanhando esta Comissão, primeiramente, quero parabenizar o Presidente pela forma como está conduzindo esta Comissão. Pergunto ao Sr. Deputado Elias Vaz se, na visão de S.Exa. — e temos que respeitar o requerimento —, há possibilidade de transformarmos a convocação em convite. O SR. ELIAS VAZ (PSB - GO) - Presidente, sim, se houver o compromisso do Ministro de vir, até porque ele é também Parlamentar nesta Casa. Por deferência a essa situação, nós podemos fazer isso, sim, Deputado, se ele se comprometer a vir a esta Casa na condição de convidado.

O SR. HELIO LOPES (PSL - RJ) - De antemão, em relação ao requerimento de V.Exa., que diz respeito a este Ministro, não há como precisar agora a data. Tenham certeza de que vou me comprometer a verificar e a passar para o Presidente e para V.Exa. uma data oportuna, para que o Ministro possa vir aqui esclarecer tudo o que está no requerimento de V.Exa. Muito obrigado pelo entendimento. O SR. EVAIR VIEIRA DE MELO (PP - ES) - Sr. Presidente, bom dia. É uma alegria saudá-lo, Deputado Aureo, do Rio de Janeiro, nosso Estado vizinho. Saúdo o Deputado Helio. Quero pedir o entendimento e a compreensão dos Parlamentares. Há um esforço do Governo para que os Ministros possam estar sempre presentes nas Comissões, dadas as exigências. Eu corroboro o apelo feito pelo nosso colega Deputado Helio, para que possamos transformar a convocação em convite. Eu me somo ao esforço do Deputado Helio para que possamos construir uma agenda e trazer o Ministro aqui, para dar explicações sucintas e objetivas, de forma a permitir o bom exercício da atividade parlamentar. Assim tem sido feito, assim tem acontecido na construção dessa agenda. As demandas são diversas nos Ministérios. O momento tem requerido dos Ministros muitas agendas externas. Mas com certeza faremos um esforço para que eles estejam presentes aqui, para trazerem seu esclarecimento, prestigiarem e enriquecerem a atividade parlamentar. A vinda de um Ministro traz prestígio ao Parlamento, traz conteúdo e permite o bom exercício, o proativo exercício da atividade parlamentar. Dentro desse entendimento, pedimos aos colegas e ao Presidente que transformemos a convocação em convite. Eu me somo ao Deputado Helio — não há essa necessidade, dadas a sua competência e a sua dedicação, dado o seu prestígio junto ao Governo, mas, se for necessário, sou colaborador, para ajudar a encontrar uma data e permitir a presença do Ministro na Casa. O SR. ELIAS VAZ (PSB - GO) - Presidente, quero fazer uma observação. Eu compreendo e aceito a proposta feita pela base do Governo. Pergunto se é possível articular com V.Exa. que, na próxima reunião, já tenhamos confirmada essa data. Nesse período, nesse lapso, daqui até a próxima reunião... O SR. EVAIR VIEIRA DE MELO (PP - ES) - Compromisso assumido. O SR. ELIAS VAZ (PSB - GO) - Está certo. Era só isso. Então, está bom, muito bem. Obrigado. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Deputado Elias Vaz, Deputado Helio Bolsonaro,... O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Presidente, eu peço subscrição. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - ... Deputado Leo de Brito,... O SR. KIM KATAGUIRI (DEM - SP) - Eu peço subscrição também, Presidente. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - ... Deputado Evair Vieira de Melo. V.Exa. não trouxe café hoje. O SR. EVAIR VIEIRA DE MELO (PP - ES) - Como a minha mãe me ensinou, diante da boa postura e do comportamento republicano desta Comissão, já providenciei. Já está a caminho o melhor café possível. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Quero informar aos nobres Parlamentares que o Governo tem cumprido todas as agendas conosco, as transformações acordadas com o Governo, conforme fizemos na última votação de convocação, a do Ministro . Todas as pautas que o Deputado Helio Lopes discutiu foram honradas com a Comissão.

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Então, vamos transformar o requerimento de convocação em requerimento de convite. O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Presidente, aproveitando o ensejo, eu gostaria de saber para que data está marcada a reunião com o Ministro da Justiça. Foi feito um convite, foi aprovado um convite ao Ministro da Justiça, . O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Foi feito um convite. Ele foi aprovado, e o Ministro já se colocou à disposição. Como tínhamos algumas datas marcadas com Ministros — ontem recebemos o Ministro Tarcísio, hoje vamos receber o Ministro Gilson, na semana que vem receberemos o Ministro Paulo Guedes —, houve conflito de datas. Foi preciso fazer um ajuste. Pelo Ministro, ele estaria presente aqui na Comissão na semana seguinte. Nós priorizamos outros Ministros. O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - É importante a vinda dele, porque nós vimos agora mais uma intervenção na Polícia Federal. O delegado que foi responsável pela operação contra o Ministro Salles foi afastado. Esse é mais um caso de afastamento de delegado para acobertar os crimes que estão sendo praticados dentro do Governo Bolsonaro.

O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Não havendo mais quem queira encaminhar, indago... O SR. JORGE SOLLA (PT - BA) - Presidente, peço a subscrição. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - O Deputado Jorge Solla está subscrito. Indago se algum Deputado deseja orientar contrariamente ao requerimento. (Pausa.) Passamos ao processo de votação. Em votação o requerimento, com as alterações. Os Srs. Deputados que o aprovam permaneçam como se acham. (Pausa.) Aprovado com alterações. Item 2. Requerimento nº 121, de 2021, do Sr. Deputado Elias Vaz, que requer a convocação do Ministro de Estado do Meio Ambiente para comparecer à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, a fim de prestar esclarecimentos sobre sua atuação no intento de causar obstáculos à investigação de crimes ambientais e de buscar patrocínio de interesses privados e ilegítimos perante a administração pública. Sr. Deputado Elias Vaz, há um requerimento como este já aprovado. Falta só ajustar a data. Tivemos o mesmo problema com o Ministro . Foi ajustada uma data, e a Comissão recebeu outro Ministro. Quando fomos trocar a data, o Ministro ficou sem agenda. Então, vou pedir a interlocução da Secretaria da Comissão com o Governo, para o ajuste de uma data com o Ministro Ricardo Salles. Isso atende V.Exa.? Ou V.Exa. quer aprovar um requerimento de convite, porque se trata de tema diferente? O SR. ELIAS VAZ (PSB - GO) - Sr. Presidente, são duas questões. Para mim, não ficou claro — e me parece que estava previsto que ele viria semana passada, no dia 16 —, para mim, não ficou claro por que ele não veio. Eu não entendi. Primeiro, há essa questão. Por isso entrei com pedido de convocação. A Comissão combinou, e o Governo tem sido rigoroso nesses acordos que temos feito. Se não for cumprido efetivamente aquilo que combinamos, teremos o direito de convocar. O próprio Governo não colocou obstrução na convocação porque era o acordo que tinha sido feito. Primeiro, quero saber por que ele não veio. Segundo, se for esse o caminho, se a não vinda dele foi acordada... Para mim, só isso justifica, que ele não tenha vindo porque foi uma posição de acordo com esta Comissão. Aí tudo bem. Eu gostaria que o convite fosse aprovado, porque a este tema é necessário que ele responda. Este tema está em toda a sociedade, é gravíssimo. Ele está sofrendo acusações sobre isso aqui. É uma oportunidade para ele, para esclarecer esses fatos, se é que há algum jeito de esclarecer. Não é? O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Sr. Deputado Elias Vaz, a título de esclarecimento, foi pedido pelo Sr. Ministro Ricardo Salles o não comparecimento na sessão do dia 16. Ele pediu uma interlocução, para ser marcada uma nova data. A convocação de Ministros de Estado por Comissões do Congresso Nacional é prerrogativa constitucional do Poder Legislativo, estampada no art. 50, caput, da Constituição Federal, que assim dispõe: Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas Comissões, poderão convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência da República para prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto previamente determinado, importando crime de responsabilidade a ausência sem justificação adequada.

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Importa aqui, como razão da minha decisão, o gravame imposto no final do dispositivo, ou seja, a imputação de crime de responsabilidade pela ausência sem justificação adequada.

Ocorre que, como se sabe, o Ministro Ricardo Salles é investigado no Supremo Tribunal Federal pelos objetos do requerimento de convocação. Dessa forma, não há que se reconhecer que de antemão existe justificação adequada para a sua não presença. Nós queremos deixar o requerimento dele aprovado e discutir com ele uma data, porque o requerimento de V.Exa. também é sobre o assunto pelo qual ele está sendo investigado, e ninguém é obrigado a produzir prova contra si. Então, podemos deixar a data. Podemos também, se não tivermos essa interlocução com o Governo, aprovar a convocação — e não vejo nenhum problema em aprovar a convocação do Ministro —, mas acho que poderíamos articular uma nova data com o Governo — e estão aqui os Deputados Helio Bolsonaro e Evair Vieira de Melo — para receber o Ministro. Quando o Ministro marcou uma data, houve um problema. A Comissão desmarcou a primeira data. Não foi isso? (Intervenção fora do microfone.) O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - A primeira data do convite foi para uma audiência conjunta, com a CMADS, e nós não quisemos participar. Na segunda data marcada, que seria o dia 16, ele pediu para não comparecer, mas não fechou a interlocução sobre nova data. Nós podemos aprovar um novo convite, nós podemos aprovar a convocação, mas acho que seria de bom tom articularmos agora, aqui com a Liderança do Governo, uma nova data para a audiência com o Ministro, se isso atender V.Exa. Nós vamos tomar a decisão do colegiado, e o Plenário é soberano. O SR. ELIAS VAZ (PSB - GO) - Presidente, eu gostaria apenas de fazer uma observação. Veja bem: o fato de ele estar sendo investigado não o exime da obrigação de vir a esta Casa. O direito dele de ficar em silêncio é uma coisa, até porque ele está sendo investigado — e é até estranho, porque é um Ministro do Meio Ambiente que é acusado de cometer crime contra o meio ambiente, mas é o Brasil, é o Brasil em que nós estamos vivendo hoje, é uma realidade totalmente absurda a que estamos vivendo hoje no País —, mas o fato é que ele não pode deixar de vir. No entanto, se alguém fizer alguma pergunta, e ele achar que vai se incriminar, ele tem o direito de ficar em silêncio. Agora, isso não o exime... A minha dúvida é esta: houve um convite — nós transformamos a convocação em convite; neste caso, fizemos já esse acordo —, ele não veio, alegando que está sendo investigado. Olha, sinceramente, como estou falando, não há previsão legal para isso. Para mim, ele rompeu um acordo, até porque, se convidarmos de novo, ele não virá de novo, ele vai ter o mesmo entendimento, e não vai querer vir. Então, essa é a minha preocupação. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Deputado Elias Vaz, nós vamos adotar o mesmo procedimento que foi adotado com todos os Ministros até a presente data. Faço uma sugestão a V.Exa. e à Liderança do Governo aqui presente na Comissão: a de transformarmos esta convocação em convite e ajustarmos uma nova data. Se o Ministro não comparecer na nova data ajustada, pode ter certeza de que eu votarei com V.Exa. pela convocação do Ministro, atitude que adotamos em todos os casos aqui até a presente data. O SR. ELIAS VAZ (PSB - GO) - Eu acato a sugestão de V.Exa., Presidente. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Podemos caminhar nesta direção, Deputado Evair Vieira de Melo? O SR. EVAIR VIEIRA DE MELO (PP - ES) - Eu queria subscrever o convite, Sr. Presidente. O SR. HELIO LOPES (PSL - RJ) - Eu também queria subscrever. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Podemos caminhar nesta direção? (Pausa.) Para encaminhar o requerimento, tem a palavra o Deputado Elias Vaz. O SR. ELIAS VAZ (PSB - GO) - Presidente, o requerimento trata da convocação do Ministro — e estamos fazendo este acordo para transformá-la em convite —, devido às tantas notícias totalmente ruins que temos acompanhado no País com relação às operações da Polícia Federal, uma polícia que não se pode nem dizer que é política, porque a Polícia Federal está no âmbito do Governo Federal.

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A verdade é que são várias acusações gravíssimas. O Deputado Leo de Brito disse que, estranhamente, quem está sendo punido é quem está investigando ele. Toda hora vemos o afastamento de alguém: foi um diretor lá da Amazônia; depois foi o afastamento de outro delegado, do que estava investigando o caso. Então, são situações absurdas. Esta Casa, que investiga os atos do Poder Executivo, principalmente esta Comissão, que tem essa responsabilidade temática, não pode ficar omissa diante dessas situações. Por isso, achamos fundamental, até porque nós estamos tratando de uma questão gravíssima, que está afetando a imagem do País em âmbito internacional, que está afetando a nossa economia... Hoje, tanto a comunidade econômica europeia quanto os Estados Unidos vêm dando sinalizações claras de retaliações, do ponto de vista econômico, ao País, devido à história de "passar a boiada", o que esse Ministro tem defendido e tem praticado no seu exercício de Ministro. Então, é muito séria essa situação. Esta Casa tem a obrigação de investigar. De forma concorrente, vamos dizer assim, ao trabalho que a Polícia Federal está fazendo, nós também temos a obrigação de fiscalizar. Portanto, daí a importância de o Ministro vir a esta Casa prestar esclarecimentos. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Não havendo mais quem queira encaminhar, indago se algum Deputado deseja orientar contrariamente ao requerimento. (Pausa.) O SR. KIM KATAGUIRI (DEM - SP) - Gostaria de subscrevê-lo, Presidente. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - O Deputado Kim Kataguiri o subscreve. Passemos ao processo de votação. Em votação o requerimento, com as alterações, a troca de convocação por convite. Os Srs. Deputados que o aprovam permaneçam como se acham. (Pausa.) Aprovado com as alterações. O SR. EVAIR VIEIRA DE MELO (PP - ES) - Sr. Presidente... O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Tem a palavra a Deputado Evair de Melo. O SR. EVAIR VIEIRA DE MELO (PP - ES) - Nós estamos convidando quem? O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Nós estamos convidando o Ministro Ricardo Salles. O SR. EVAIR VIEIRA DE MELO (PP - ES) - Ah! Está ótimo. O SR. JORGE SOLLA (PT - BA) - Peço subscrição, Presidente. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Subscrito pelo Deputado Jorge Solla. Item 3. Requerimento nº 127, de 2021, do Sr. Leo de Brito, que solicita seja convocado o Ministro da Educação, o Sr. , por notícia de apoio ao Centro Universitário Filadélfia — UNIFIL, que se encontra em investigação no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais — INEP por denúncia de fraude no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes — ENADE. Tem a palavra o Deputado Leo de Brito. O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Presidente, eu acho que este requerimento já foi submetido a esta Comissão. Foi feito um acordo aqui para que a audiência fosse realizada com outra Comissão. Na verdade, é um convite. Então, a Secretaria solicitou que fosse refeito, para que a audiência seja realizada somente pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, uma vez que, parece-me, na outra Comissão já foi feita essa audiência. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Indago a V.Exa. se podemos transformar em convite, como temos adotado com todos os Ministros. O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Sem problema. Resolvido. O SR. EVAIR VIEIRA DE MELO (PP - ES) - Sr. Presidente, eu gostaria de subscrevê-lo. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Subscrito pelo Deputado Evair de Melo. O SR. ALUISIO MENDES (Bloco/PSC - MA) - Também quero subscrevê-lo, Presidente, por favor. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Subscrito pelo Deputado Aluisio Mendes. O SR. HELIO LOPES (PSL - RJ) - Sr. Presidente, gostaria de subscrevê-lo e, mais uma vez, de agradecer ao Deputado Leo de Brito pelo entendimento de transformar a convocação em convite.

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O SR. KIM KATAGUIRI (DEM - SP) - Peço subscrição também, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Requerimento subscrito pelos Deputados Elias Vaz, Aluisio Mendes, Kim Kataguiri, Evair de Melo, Helio Bolsonaro e Jorge Solla. Os Srs. Deputados que o aprovam, com as alterações, com a transformação de convocação em convite, permaneçam como se acham. (Pausa.) Aprovado com as alterações.

Como os requerimentos dos itens 4, 5, 6 e 7 são de minha autoria, vou pular para o item 8. Depois retorno. Item 8. Requerimento nº 122, de 2021, do Sr. Elias Vaz, que requer audiência pública para tratar da auditoria financeira feita pelo Tribunal de Contas da União — TCU sobre estimativas contábeis do passivo da Previdência Social, em que afirma ter o Governo do Presidente subavaliado os valores do regime dos militares, minimizando eventual rombo futuro. Tem a palavra o Deputado Elias Vaz. O SR. ELIAS VAZ (PSB - GO) - Presidente, esta situação foi divulgada pela imprensa. Isso é muito grave, porque impacta a Previdência. O que aconteceu? O Governo subavaliou o passivo atuarial do regime dos militares em 45 bilhões de reais. Quer dizer, deixaram de colocar na conta, por exemplo, reajustes recentes no vencimento das Forças Armadas. Então, isso é sério, é uma situação séria, e nós queremos esclarecimentos sobre esse fato. Daí a audiência pública, o convite ao pessoal da auditoria do Tribunal de Contas da União, para vir a esta Casa prestar os esclarecimentos sobre essas constatações que foram feitas pelo TCU. Eu peço o apoio dos nobres pares. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Não havendo mais quem queira encaminhar, indago se algum Deputado deseja orientar contrariamente ao requerimento. (Pausa.) Passemos ao processo de votação. Os Deputados que o aprovam permaneçam como se acham. (Pausa.) Aprovado. Item 9. Requerimento nº 123, de 2021, do Sr. Leo de Brito, que solicita informações ao Ministério da Saúde sobre informações de que a comunicação do Governo Federal negou compra de 43 milhões de doses de vacinas do COVAX. Tem a palavra o autor do requerimento, o Deputado Leo de Brito. O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Sr. Presidente, eu acho que é importante esta Comissão se sensibilizar e, neste momento, solidarizar-se. V.Exa. é um Parlamentar que tem muita sensibilidade, que tem trabalhado junto com vários outros Parlamentares para que nós possamos ter a vacinação e debelar de uma vez por todas esta pandemia, que infelizmente levou mais de meio milhão de brasileiros à morte. Infelizmente. Isso tem que ser registrado no dia de hoje aqui, porque é a sessão subsequente ao dia, que foi sábado, em que atingimos essa marca. Infelizmente. Eu não gostaria de estar tratando disso. Gostaria que o Governo Federal tivesse levado muito a sério essa situação, Deputado Elias Vaz. Nós vimos diversas situações que demonstram omissão, incompetência e — por que não dizer? — negociatas, como é este caso, diga-se de passagem, o caso da vacina indiana. Eu entrei com uma PFC do superfaturamento. A CPI está fazendo uma investigação sobre quem ganhou dinheiro nessa história. Mas este caso, especificamente, tem relação com o consórcio COVAX. Foi divulgado agora, na CPI, um documento sigiloso do Itamaraty, segundo o qual existiam diversas vantagens para o Governo ter acesso à vacina do consórcio COVAX. Ele poderia ter adquirido 86 milhões de doses do COVAX e comprou apenas 43 milhões, ou seja, a metade.

Imaginem que, se o Brasil tivesse feito essa aquisição, nós certamente — e o Deputado Jorge Solla Sola deve estar nos ouvindo neste momento — teríamos salvo milhares de vidas aqui no Brasil, poderíamos ter imunizado 10% dos brasileiros. Então, eu peço a aprovação deste requerimento pelos pares da CPI... da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle. (Risos.) Já pensou, Deputado Evair? Ia dar muito trabalho, não é?

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O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Não havendo mais quem queira encaminhar, indago se algum Deputado deseja orientar contrariamente ao requerimento. O SR. KIM KATAGUIRI (DEM - SP) - Peço para subscrevê-lo, Presidente. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Subscrito pelo Deputado Kim Kataguiri. O SR. JORGE SOLLA (PT - BA) - Peço subscrição também, Presidente. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Subscrito pelo Deputado Jorge Solla e pelo Deputado Elias Vaz. Passemos ao processo de votação. Em votação o requerimento. Os Deputados que o aprovam permaneçam como se acham. (Pausa.) Aprovado. Item 10. Requerimento nº 124, de 2021, do Sr. Leo de Brito, que solicita informações ao Ministério da Saúde sobre divulgação de que a comunicação do Governo Federal — SECOM destinou à vacinação apenas 6,2% do que gastou para pregar "cuidado precoce". Tem a palavra o autor do requerimento, o Deputado Leo de Brito. O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Presidente, este é outro absurdo que aconteceu no Governo Federal, diga-se de passagem. Nós acabamos de aprovar aqui o convite ao Ministro das Comunicações, e espero que ele também venha explicar isso. O Ministério das Comunicações, por meio da Secretaria de Comunicação do Governo, poderia ter feito campanhas massivas relacionadas ao distanciamento social, ao uso de máscaras, ao uso de álcool em gel e à importância da vacinação das pessoas. Às vezes, vemos na lista de pessoas que morreram pessoas que já estão na idade das que já estão sendo vacinadas ou que têm comorbidades, e não se vacinaram por conta de fake news e de informações paralelas. A informação oficial poderia ser muito mais eficaz. O que aconteceu foi que eles, a SECOM, segundo informações do UOL, de 10 de junho, utilizaram apenas 6,2% do montante dos recursos destinados para comunicação para fazer esse trabalho. Na verdade, só trabalharam do ponto de vista do chamado "tratamento precoce", que nós sabemos que não tem resultado efetivo do ponto de vista científico. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Tem a palavra o Deputado Kim Kataguiri. O SR. KIM KATAGUIRI (DEM - SP) - Presidente, eu quero primeiro parabenizar o Deputado Leo de Brito pela iniciativa. De fato, é uma aberração que o Governo Federal tenha gasto dinheiro com esse tal de tratamento precoce, que, na verdade, é profilaxia, é uma tentativa de utilizar medicamentos para prevenir a doença, coisa que não existe. O que existe é vacina. O que nós vimos aqui, com esses dados, é que o Governo preferiu tirar dinheiro de campanhas de divulgação de vacinação. Aliás, o próprio Presidente da República — e, tradicionalmente, os Presidentes da República são vacinados; até existe uma foto famosa do Lula sendo vacinado pelo Serra, participando de campanhas de vacinação, independentemente de divergências ideológicas — até agora não promoveu, não defendeu, não falou abertamente sobre uma campanha nacional de vacinação. Colocaram um "vacinômetro" ali no Ministério da Saúde para contabilizar as vacinações, que estão acontecendo em maior parte em razão dos esforços do Instituto Butantan, que conseguiu trazer o mais rapidamente possível a vacina que o Bolsonaro dizia que não iria aprovar, que não iria implementar porque vinha da China, então não prestava.

Além disso, Presidente, a Secretaria de Comunicação, de fato, vem tendo uma postura temerária. Nós vimos também — e discutimos mais cedo a convocação do Ministro das Comunicações — que existe também uma desproporção no financiamento de veículos de comunicação. Uma das críticas que nós liberais conservadores, que a Direita tinha em relação a Governos petistas era justamente ao financiamento de blogs, de uma máquina de assassinato de reputações e de perseguição política. O que estamos vendo agora, no Governo Bolsonaro, é exatamente a mesma coisa: Record e SBT estão recebendo, desproporcionalmente, muito mais o dinheiro do pagador de impostos para fazer a defesa do Governo. O SBT até replica e distorce a palavra bíblica, diz que você não pode pensar mal dos seus governantes, que você não pode ter maus pensamentos nem no seu íntimo. Está policiando o pensamento alheio e reproduzindo esse tipo de propaganda tosca com dinheiro público.

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Então, é mais do que salutar o requerimento do Deputado Leo de Brito. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Muita gente está pecando, Deputado Kim. Tem a palavra o Deputado Evair de Melo. O SR. EVAIR VIEIRA DE MELO (PP - ES) - Sr. Presidente, nós lamentamos a falta de bom senso e equilíbrio no tratamento deste tema. Naturalmente, não sou especialista técnico, mas, durante esta madrugada, eu estava lendo os estudos que estão sendo desenvolvidos pela Universidade de Oxford. Peço aos colegas Parlamentares que também busquem esse entendimento. Eu presidi um instituto de pesquisa. Não era pesquisador, mas, naturalmente, acompanhava os procedimentos de análise. Na ciência, no processo de pesquisa, Sr. Presidente, todas as hipóteses são verdadeiras. Reconheço que o domínio do processo de pesquisa e desenvolvimento, ainda mais científico, não é fácil. Pela minha convivência, pelos meus relacionamentos, aprendi muito sobre ele, embora não o domine completamente. Num processo de investigação, Deputado Helio, Deputado Elias, todas as hipóteses são verdadeiras, todas as hipóteses são verdadeiras. No caso do câncer, que talvez seja o maior mal da humanidade, todos os dias, Presidente Aureo e demais colegas, há inúmeras tentativas, há tentativas e erros — tentativas e erros da ciência — no que se refere a tratamento precoce. Todos os dias, todos os dias há. Eu tenho certeza de que muitos de nós enfrentam o problema do câncer na família. Eu mesmo tenho problemas na minha família. Nós temos grandes centros de tratamento do câncer no Brasil. Eu cito o exemplo do câncer porque é um mal conhecido por todos nós, Deputado Helio. Em momento algum os pesquisadores, os cientistas, trabalham com as hipóteses... Então, na verdade, eu acho que encontraram nisso aí uma forma de fazer retórica. É uma prerrogativa parlamentar, mas ela não se sustenta pelos olhos da própria ciência. Eu citei o exemplo do câncer porque acho que todo mundo aqui tem um problema de câncer na família — tomara que nem todo mundo; eu tenho, mas desejo que ninguém tenha. Existem tentativas e erros no tratamento precoce do câncer todos os dias. A AIDS é outro exemplo disso, Deputado Aluisio, desde que surgiu — ainda hoje passa por esse enfrentamento. Em relação ao câncer — vou repetir —, imaginem se nós abríssemos mão do tratamento precoce, da tentativa e do erro, aos olhos da ciência, no acompanhamento do câncer? Nós não podemos ignorar isto: no processo científico, tentativa e erro fazem parte do dia a dia, fazem parte do processo investigativo.

Eu fiquei surpreso ao ler, nesta madrugada, os estudos da Universidade de Oxford, que, com certeza, estão trazendo um novo olhar, um novo entendimento sobre o procedimento preventivo e também tratativo em relação a esta praga que atinge a humanidade, a COVID. Portanto, eu acho que é preciso respeitar esses gestos. Quanto à vacinação, V.Exas. estão falando com um Parlamentar que teve atuação direta nessa causa. Eu fiquei sozinho no mandato anterior, Sr. Presidente, no mandato anterior fiquei sozinho nesta Casa defendendo vacinação em massa em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo contra a febre amarela. Fiquei sozinho. Fiquei de novembro a fevereiro fazendo essa defesa. O Governo da Presidente Dilma negava que havia uma pandemia de febre amarela. Depois o Presidente Temer cometeu o mesmo equívoco, pois a base era praticamente a mesma. Só em fevereiro o Governo admitiu a hipótese de vacinação. Então, é preciso conhecer a história. Eu fui, até do ponto de vista público, humilhado, maltratado, por não ser médico. Fiquei sozinho aqui. Em fevereiro eu disse: "Precisamos fazer um processo de vacinação contra a febre amarela". Sabe o que falaram, Sr. Presidente? Que as pessoas estavam morrendo porque o Rio Doce tinha sido contaminado, que os macacos — desculpem-me —, que os macacos estavam morrendo porque o Rio Doce estava contaminado. Outros Parlamentares, conforme a prerrogativa deles, diziam que os macacos estavam morrendo por causa dos agrotóxicos. Outros diziam que eles estavam morrendo de fome porque a agricultura tinha desmatado as florestas. E eu falava: "É febre amarela. Vai matar muita gente". O Governo da Presidente Dilma e o Governo do Presidente Michel Temer negaram veementemente que era febre amarela. Não estou nem falando de algo estranho. Só em fevereiro é que, infelizmente depois de termos perdido milhares de vítimas, principalmente nestes quatro Estados — São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo —, os governos anteriores reconheceram a necessidade de vacinação. Portanto, é um tema que eu conheço. Particularmente, como Vice-Líder do Governo — e naturalmente os Parlamentares não me acompanham nas redes sociais porque faço as minhas postagens de rotina —, tenho acompanhado, Presidente, desde o primeiro momento, os carregamentos, a distribuição das vacinas. Todas as vacinas que chegaram até este momento ao braço dos brasileiros foram pagas com recursos destinados pelo Governo Federal. Aos Estados coube a logística, às vezes atrasada, da distribuição. Eu quero agradecer muito aos Municípios brasileiros, aos Prefeitos, aos agentes comunitários de vacinação, aos agentes de saúde. Estes, sim, estão trabalhando, graças à decisão...

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Porque vale quem paga a conta. Fazer discurso é fácil. O Governo Federal tem honrado financeiramente, com a determinação e com a responsabilidade da ANVISA. Eu quero defender a ANVISA, porque nesta Casa, muitas vezes, nós que somos ligados à agricultura — não é, Deputado Aluisio? — somos acusados de fazer com que a ANVISA flexibilize, por exemplo, a liberação dos defensivos sanitários, o que é um absurdo. Existem requerimentos nossos aqui, Deputado Aureo, para uso de moléculas da Europa, de moléculas do Uruguai, da Argentina, uma vez que, validadas lá, poderiam ser usadas aqui. Infelizmente, toda a Oposição trabalha neste sentido: "Não, tem que ser validado pela ANVISA, não vale. Se está validado na Europa, não. A ANVISA é a dona da verdade". Então, quando o assunto é agricultura, a ANVISA é a dona da verdade. Trabalharam veementemente nesta Casa para liberar vacina sem a autorização da ANVISA. Ora, se vacina humana pode, por que para o agronegócio não pode? Estou falando isso aos olhos da ciência. Umidade, calor, temperatura, radiação, fisiologia, comportamento, mutações, tudo isso tem que ser considerado aos olhos da ciência. O Governo Federal disponibilizou recursos para todas as vacinas referendadas pela ANVISA. Aliás, vamos ter uma excelente notícia nas próximas horas, uma excelente notícia, uma extraordinária notícia, nas próximas horas, a de que vamos antecipar monstruosamente — a palavra é feia; desculpem- me pela palavra que usei para dizer que é uma coisa muito grande, não sei se a palavra é essa —, nas próximas horas, a aquisição de um volume considerável de vacina de uma única aplicação, para que 50, 60, 70 milhões de brasileiros sejam vacinados em poucas horas. Vamos antecipar esse processo. O Brasil realmente vem cumprindo o seu papel. E nós não somos os Estados Unidos, não temos o mesmo nível financeiro, nós não somos a Europa e mesmo assim não estamos, literalmente, passando vergonha com os nossos índices. Se o Brasil fosse um país menor, já teria feito tudo isso. Então, eu quero fazer a defesa dos nossos números com veemência. É um tema que eu conheço tecnicamente, pelo trabalho que fiz. É a defesa justa e correta daquilo que é possível.

A pergunta que faço, Sr. Presidente, para finalizar, é a seguinte: se o Brasil começasse o tratamento da pandemia hoje, copiaria de quem? Qual país sabia tudo e acertou tudo? Percebe-se que é um processo de tentativa e erro, tentativa e erro, tentativa e erro. Estou muito tranquilo quanto a isso. Conheço e faço o debate onde precisar ser feito, porque realmente nós não tivemos de quem copiar. Uns acertaram mais, outros acertaram menos. Vejam o caso do Japão, o percentual de vacinação do Japão, que, para nós, é uma nação considerada... Eu pelo menos tenho respeito pela história do povo japonês, naturalmente. Percebemos menos de 7% da população vacinada, e o Japão é um país de primeira grandeza, do ponto de vista econômico e social. Então, é um debate que tem que ser feito, como diz o jogador da concorrência, num outro patamar. Não é da concorrência, porque eu estou na segunda divisão. Então, eu não vou... O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Conclua, Deputado. O SR. EVAIR VIEIRA DE MELO (PP - ES) - Então, é um tema que tem que ser tratado realmente com números, com exatidão, com conhecimento. Eu tenho convicção quanto à condução do Governo, que conheço. Sei como os governos passados trataram a febre amarela, os dois governos passados, o da Presidente Dilma e o do Presidente Michel Temer, porque estive aqui. Conheço este Governo, conheço os números deste Governo no enfrentamento da pandemia, de forma que estou muito seguro para fazer a defesa incondicional das ações que foram feitas. Sempre se lembrem do câncer. Muitos de nossos amigos, nossos pais, parentes, conhecidos foram salvos, Deputado Aluisio, mesmo sem um tratamento definitivo, por tentativa e erro de tratamento precoce. Jamais posso negar tratamento precoce ou preventivo a qualquer tipo de doença, porque, aos olhos da ciência, toda hipótese é verdadeira. Inclusive muitos resultados positivos são frutos, às vezes, de uma combinação de fatores. Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Belas palavras, Deputado Evair de Melo. O SR. JORGE SOLLA (PT - BA) - Peço a palavra, Presidente, por favor. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Vou passar a palavra ao Deputado Jorge Solla. Como fazer dar certo nós não sabemos. Não é, Deputado Evair? Agora, como fazer dar errado nós sabemos certinho. Sobre isso temos clareza neste momento por que estamos passando. Tem a palavra o Deputado Jorge Solla. O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Só é preciso aprender. Não é, Presidente?

O SR. JORGE SOLLA (PT - BA) - Obrigado, Presidente. 9/47 Reunião de: 23/06/2021 Notas Taquigráficas - Comissões CÂMARA DOS DEPUTADOS

Eu não poderia deixar de me inscrever, porque acho que algumas questões ainda são, obviamente, polêmicas. Há divergências tanto acerca do enfrentamento da pandemia da COVID quanto sobre outros temas correlatos, na área de saúde. Pela minha formação como epidemiologista, com mestrado e doutorado, atuando na Universidade Federal da Bahia, não posso me furtar a fazer alguns comentários, até mais do que como Deputado. Não é que toda hipótese é verdadeira. Toda hipótese de trabalho vai ser submetida ao teste, e o teste é justamente para refutá-la. Você testa se ela pode ser refutada, se ela pode ser negada. Se ela não é refutada, se ela não é negada, Deputado, ela sobrevive, ela ganha fôlego, até que outro estudo possa descartá-la. O que nós estamos vivendo poderia ser polêmica em março, em abril do ano passado, mas hoje não cabe mais. A Dra. Luana Araújo, que esteve na CPI, foi muito clara: não procede mais polêmica sobre uso de medicações como cloroquina, Ivermectina, porque inúmeros estudos já submeteram a hipótese de que essas drogas poderiam ter resultado positivo, e elas foram descartadas, refutadas, mostraram-se completamente ineficazes. Então, insistir nisso... Eu acho que o Brasil é o único lugar do mundo em que esse debate ainda acontece e com certeza é o único país onde esse debate é tema de propaganda política do Presidente da República, para justificar a insanidade, desde o início da pandemia, que vem marcando a lógica, a estratégia de que todo mundo deveria se contaminar, na chamada "imunidade de rebanho". Inclusive, acho péssimo esse termo, porque "rebanho" é usado para gado. Para a população humana, o termo que usamos é "imunidade coletiva". A imunidade coletiva de uma doença como esta, com a taxa de mortalidade que tem, não pode deixar de ser chamada de "genocídio", porque significa expor uma população enorme como a nossa. Para alcançar percentuais necessários para bloquear a transmissão, para não haver mais pessoas suscetíveis em número suficiente, teria que haver, como está havendo, uma mortalidade gigantesca. Eu não posso deixar nunca de frisar que não podemos banalizar, Presidente, meio milhão de mortes, que não podemos naturalizar 500 mil vidas perdidas, porque 500 mil famílias perderam seus entes queridos. E querer fazer correlação, comparação com a vacinação nos Governos anteriores, de Lula e Dilma? Tenha a santa paciência! O pior de tudo é que o Brasil tinha tudo, neste momento, para ser um exemplo para o mundo, porque nós temos o maior programa de vacinação pública do mundo. Ele só existe devido aos investimentos feitos pelos Governos de Lula e Dilma na FIOCRUZ e no Butantan. Nós temos as duas maiores produtoras de vacinas da América Latina. Nós temos hoje, na FIOCRUZ, a maior fábrica pública de medicamentos biológicos, montada com investimentos feitos pelos Governos do Partido dos Trabalhadores. Deputado, eu era Secretário de Estado da Saúde durante a epidemia da H1N1, quando tive oportunidade de participar de um esforço de vacinação. O Brasil foi o país que mais vacinou. Em cerca de 90 dias, Presidente Aureo, mais de 80 milhões de pessoas foram vacinadas. Participei do esforço de bloqueio da febre amarela, participei do esforço de vacinação contra a meningite meningocócica, participei disso tudo como Secretário de Estado. Tivemos todo o apoio do Governo Federal, desde o início.

É bom lembrar que não é favor o Governo Federal comprar vacina; é obrigação. A divisão de responsabilidades entre União, Estados e Municípios, no que diz respeito ao Programa Nacional de Imunizações, estabelece claramente que a responsabilidade pela compra de vacinas é do Governo Federal. É quem deve comprar as vacinas e repassá-las aos Estados. Os Estados são responsáveis por montar toda a logística para a distribuição interna no seu território, as salas que permitem a manutenção da temperatura adequada, a Rede de Frio que precisa ser estabelecida. Cabe ao Município a vacinação. Cabe ao Município a aplicação da vacina no cidadão. Então, não é nenhum favor, muito pelo contrário! O que nós estamos vivendo é um absurdo. Nós tivemos a oportunidade de sair na frente. O Governo Federal jogou contra o projeto do Instituto Butantan. O projeto da FIOCRUZ está acontecendo apesar das iniciativas do Governo Federal — desde o Governo Temer, diga-se de passagem, pois não começou com Bolsonaro. Jogaram contra a FIOCRUZ. O Governo atual tentou inviabilizar que a atual Presidente da FIOCRUZ fosse reempossada, tentou cortar recursos de vários projetos, inclusive da produção de vacinas e de medicamentos biológicos. Além disso, perdemos a oportunidade com a Pfizer. Então, nós estamos atrasados. Perdemos o bonde, infelizmente. Nós precisamos continuar batendo nesta tecla: temos que usar máscara, sim! O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Peço que conclua, Deputado. O SR. JORGE SOLLA (PT - BA) - Vou concluir.

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Eu estou aqui sozinho, mas o Presidente aí está dando sempre um bom exemplo. Temos que usar máscara, sim! Somos contra a propaganda do Presidente da República. Temos que usar máscara, sim! É fundamental. É uma medida indispensável. Nós temos que manter os espaços menos ocupados, evitar aglomerações e avançar na vacinação. Sr. Presidente, desculpe-me se me estendi, mas eu não poderia deixar de me expressar por, infelizmente, ter que rebater informações que vão na contramão da ciência, vão na contramão da história, vão na contramão do enfrentamento à pandemia. Muito obrigado. O SR. EVAIR VIEIRA DE MELO (PP - ES) - Sr. Presidente, com todo o respeito ao Parlamentar que me antecedeu, ele deveria revisitar o histórico da negação da febre amarela, que matou centenas de capixabas no mandato anterior. Muito me admira o que ele, que se apresenta com um currículo escrito que eu não conheço, diz sobre o tratamento de rebanho. Ele se mostra um ignorante. Tratamento de rebanho não tem nenhuma referência a bovinos, a animais. É um conceito bíblico e científico. O tratamento de rebanho é um conceito reconhecido pela ciência, que tem um tratamento próprio. Não há nenhuma referência a gado. Perdoe-me, mas, quanto a esse tema, mostra-se totalmente ignorante e desconhecedor da referência científica do procedimento tratado como imunização de rebanho. Volto a dizer: é um tema bíblico e um tema científico. A ciência conhece, domina e trabalha com essa hipótese em inúmeros casos. Isso serve para plantas, serve para animais, serve para humanos. Eu vou ler aqui: um dos conceitos que se destacaram foi a imunidade de rebanho. A imunidade de rebanho é um termo científico em que se define o momento em que a cadeia de transmissão de uma doença dentro de um grupo populacional é interrompida por ter atingido um grande percentual de indivíduos já imunizados contra o agente. Então, admira-me muito o meu nobre colega Parlamentar, que se apresenta com um currículo médico, fazer essa negativa, num desconhecimento que mostra a sua ignorância quanto ao termo "tratamento de rebanho". Foi por isso que a ciência, nos Governos anteriores, fracassou. Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Passemos ao processo de votação. O SR. JORGE SOLLA (PT - BA) - Presidente, por favor, dê-me o direito de responder. Fui chamado de ignorante e não posso deixar passar em branco. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Com a palavra o Deputado Jorge Solla, que foi citado. O SR. JORGE SOLLA (PT - BA) - Não é questão de ignorância, Deputado. O que eu falei foi muito claro. Eu disse que não gosto de usar o termo "tratamento de rebanho"... O SR. EVAIR VIEIRA DE MELO (PP - ES) - O senhor disse que imunização de rebanho é para gado! O senhor disse que imunização de rebanho é para gado! Isso mostra a sua ignorância sobre o tema. O que o senhor falou está escrito aqui na Casa. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Deputado Evair, está garantida a palavra ao Deputado Jorge Solla. O SR. JORGE SOLLA (PT - BA) - Deputado, V.Exa. me respeite! Eu sei que os bolsonaristas não são muito de respeitar o direito dos outros, mas me respeite, por favor. O que eu disse e deixei bem claro — pode revisitar as gravações — foi que eu não gosto do termo "imunidade de rebanho" aplicado à população humana. O SR. EVAIR VIEIRA DE MELO (PP - ES) - Mentira! O senhor disse que imunização de rebanho é para gado. O SR. JORGE SOLLA (PT - BA) - Mentiroso é V.Exa! Por favor, respeite-me! Vá (ininteligível) o seu Presidente, a mim, não. Eu não vou aceitar isso. Peço, Sr. Presidente, respeito nesta Comissão, nesta reunião. Eu falei e está gravado. Eu não gosto do "termo imunidade de rebanho" aplicado à população humana. Acho melhor o termo "imunidade coletiva". Para alcançar a imunidade coletiva, que vocês bolsonaristas trabalharam, precisaram morrer 500 mil pessoas, e não se alcançou. Vão morrer 1 milhão de pessoas desse jeito e não se vai alcançar essa imunidade. Só não vão morrer 1 milhão de pessoas porque a vacina chegou — contra a sua vontade, contra a vontade do Presidente Bolsonaro e de todos os capachos deste Governo genocida.

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O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Passemos ao processo de votação. Em votação o requerimento. Os Deputados que o aprovam permaneçam como se acham. (Pausa.) Aprovado. Requerimento nº 125, de 2021, do Sr. Leo de Brito, que solicita informações ao Ministro de Estado Chefe da Secretaria- Geral da Presidência da República, Sr. , sobre lobby do Presidente Bolsonaro na Índia para garantir interesse de laboratórios na comercialização de cloroquina no Brasil. Com a palavra o Deputado Leo de Brito. O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Sr. Presidente, eu gostaria de me dirigir ao Deputado Evair Vieira de Melo. Eu gostaria de fazer um apelo a V.Exa., que tem sido uma das pessoas responsáveis por fazer um bom diálogo, inclusive conosco da oposição, de maneira muito cordata. Eu pediria, Presidente, que fosse retirado das notas taquigráficas o termo "mentiroso" em relação ao Deputado Jorge Solla. Eu ouvi atentamente as palavras do Deputado Jorge Solla. Ele falou que não gostava de utilizar... O SR. EVAIR VIEIRA DE MELO (PP - ES) - Eu já pedi as notas taquigráficas da Casa para checar as primeiras falas do Deputado Jorge Solla. Se foi diferente da minha interpretação, eu peço que retire, Presidente. Eu já pedi isso. Já fui à Mesa. O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Eu solicitaria a V.Exa... O SR. EVAIR VIEIRA DE MELO (PP - ES) - Eu posso estar equivocado. Se eu estiver equivocado no que eu ouvi do Deputado Jorge Solla, eu também peço que retire a minha fala. Porém, eu quero checar as notas taquigráficas. O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Eu solicitaria, Deputado Evair, que V.Exa. pedisse desculpas pelos termos que foram utilizados. Acho que uma coisa é fazermos o debate sob pontos de vista diferenciados, mas é fundamental — esta Comissão tem dado bom exemplo aqui — mantermos um clima de respeito. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - E equilíbrio. O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - E equilíbrio. V.Exa tem um papel fundamental aqui, porque nós dialogamos sempre com V.Exa., que tem sido um Parlamentar sempre muito receptivo. O SR. EVAIR VIEIRA DE MELO (PP - ES) - Eu aceito a solicitação do Deputado. O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Nós entendemos bem essa situação, porque o debate político é acalorado. Obrigado, Deputado Evair. Diga-se de passagem, eu sei que o Deputado Jorge Solla está se recuperando. Ele fez uma cirurgia recentemente. Visivelmente, ele não está em bom estado de saúde. E ele fez questão de fazer essa intervenção.

Presidente, este requerimento diz respeito a mais um documento revelado pelo Ministério das Relações Exteriores sobre a atuação não só do Governo Bolsonaro. Aqui nós estamos falando especificamente, Deputado Kim Kataguiri, da atuação pessoal do Presidente da República. Eu tenho dito aqui diversas vezes que os adversários políticos do Governo, como os dois Delegados de Polícia Federal que foram afastados recentemente porque investigaram o Governo, são tratados na marreta, são tratados de forma muito dura. Entretanto, o Governo gosta de ajudar seus amigos, inclusive alguns amigos como o dono da Havan. A própria ABIN, recentemente, levantou informações de que ele enriqueceu de maneira muito estranha. Mas, neste caso especificamente, o Presidente da República entrou em contato com o Primeiro-Ministro indiano, Narendra Modi, em abril do ano passado, para que ele acelerasse a exportação de insumos para a fabricação da cloroquina, que, comprovada e cientificamente, não serve para nada, a não ser para malária. Essa foi uma das formas de o Presidente ajudar as empresas EMS e Apsen, que têm em seu comando o empresário bolsonarista Carlos Sanchez. Nós temos um lobista na Presidência da República. O Presidente está fazendo lobby, inclusive neste caso da Covaxin, que vai ser agora investigado, com mais de 1 bilhão e 300 milhões de reais superfaturados. Enquanto a vacina Oxford/ AstraZeneca custa 19,78 reais, essa Covaxin custa 80 reais. Isso está sendo investigado. O Ministério Público Federal já apontou indícios de superfaturamento nesse caso especificamente.

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Nós estamos pedindo ao Sr. Secretário-Geral da Presidência da República que traga mais informações sobre esse lobby para ajudar os seus amigos. Não sei se eles ajudaram na campanha passada ou se vão ajudar na campanha do ano que vem o Presidente Bolsonaro, que inclusive é lobista da indústria de armas e agora se apresenta ajudando seus amigos numa condição muito favorável de Presidente da República. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Passemos ao processo de votação. O SR. ELIAS VAZ (PSB - GO) - Presidente, quero subscrever. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Subscrito pelo Deputado Elias Vaz. Os Srs. Deputados que o aprovam permaneçam como se acham. O SR. KIM KATAGUIRI (DEM - SP) - Sr. Presidente, eu gostaria de subscrever e dizer ao Deputado Leo de Brito que não é lobby. O que o Presidente da República faz tem um nome muito mais rigoroso e mais duro do que esse: é tráfico de influência, é utilizar-se do seu cargo para enriquecer os seus aliados. É disso que trata o requerimento. O SR. JORGE SOLLA (PT - BA) - Peço a subscrição, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Subscrito pelo Deputado Elias Vaz. Subscrito pelo Deputado Kim Kataguiri. Subscrito pelo Deputado Jorge Solla. Os Deputados que o aprovam permaneçam como se acham. (Pausa.) Aprovado.

Requerimento nº 129, de 2021, do Sr. Kim Kataguiri, que solicita informação ao Ministro de Estado das Comunicações, Sr. Fábio Salustino Mesquita de Faria, a fim de prestar esclarecimentos sobre os parâmetros de repasses à emissoras de acordo com os princípios da administração pública. Com a palavra o Deputado Kim Kataguiri. O SR. KIM KATAGUIRI (DEM - SP) - Sr. Presidente, nós temos visto que o Governo Federal tem utilizado verba pública para beneficiar os veículos de comunicação que passam pano para o Governo Federal. Eles oficialmente recebem dinheiro público para fazer a defesa, para fazer as vezes de propaganda estatal. Aliás, por falar em propaganda estatal, a Agência Brasil, a EBC, anunciou que vai haver um telejornal só com notícias positivas, um telejornal governista. Isso é um negócio assustadoramente similar a regimes totalitários, sei lá, a uma ditadura norte-coreana. É um noticiário em que não há crítica, um noticiário em que não se apresenta nenhuma fiscalização, nenhuma oposição, nenhuma crítica ao Governo Federal. É propaganda pura e simples. Não é imprensa. Não é trabalho de jornalista. É trabalho de quem quer passar pano para o Presidente da República. Inclusive, um inquérito conduzido pela Polícia Federal revelou que blogueiros ligados ao Palácio do Planalto receberam verba pública para exercerem seus papéis. Há também a suspeita de repasse de 90 mil reais de uma servidora do BNDES ao blogueiro Alan dos Santos, que também teve suas passagens e hospedagens pagas com dinheiro do Fundo Partidário para participar de um evento. E também há essa distorção, esse repasse bilionário — nós estamos falando de, pelo menos, 20 bilhões de reais — a veículos de comunicação que estão desproporcionalmente recebendo verbas só porque fazem a defesa do Governo Federal. Então, isso é o que nós queremos fiscalizar, isso é o que nós queremos tirar a limpo. Essa prática suja de utilizar dinheiro público para fazer propaganda própria e beneficiar os seus aliados em veículos de comunicação é uma das coisas mais autoritárias e mais podres numa política autoritária. O SR. ELIAS VAZ (PSB - GO) - Presidente... O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Tem a palavra o Deputado Elias Vaz. O SR. ELIAS VAZ (PSB - GO) - Presidente, eu quero primeiro parabenizar a iniciativa do Deputado Kim Kataguiri. Quero dizer também que é tão evidente isso. Nós estamos fazendo um levantamento, Deputado Kim, sobre gastos com esse tipo de divulgação. Nós identificamos, por exemplo, que um apresentador da Record já recebeu, em 2019 e 2020, mais de meio milhão de reais de cachê. E outra apresentadora recebeu 411 mil reais, também da Record. É um negócio absurdo! Nós estamos vendo claramente que estão escolhendo as pessoas para, na verdade, ser gasta a publicidade do Governo. Então, isso é muito sério, muito grave. Eu acho que é importante esta Comissão abordar essa situação e fazer uma discussão, porque isso não faz parte de um sistema democrático. Não é assim. Não se pode escolher quem vai efetivamente se beneficiar com propaganda de Governo, pagar cachê para apresentadores que se aliam com a posição do Governo.

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O interessante é que esse apresentador foi defender o Governo inclusive com relação à vacinação. Será que é coincidência ou foi porque ele recebeu meio milhão de reais? Nós ficamos pensando se não há uma conivência, uma conveniência nesse tipo de situação. Então, eu gostaria de pedir ao Deputado Kim que eu pudesse subscrever também este requerimento. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Subscrito pelo Deputado Elias Vaz. Passemos ao processo de votação. O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Presidente, subscrevo também. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Subscrito pelo Deputado Leo de Brito. O SR. JORGE SOLLA (PT - BA) - Também peço subscrição, Presidente. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Subscrito pelo Deputado Jorge Solla.

Os Srs. Deputados que aprovam o requerimento permaneçam como se acham. (Pausa.) Aprovado. Requerimento nº 130, de 2021, do Sr. Deputado Aluisio Mendes, que requer formulação de convite ao Sr. Carlos Eduardo de Oliveira Lula, Secretário de Estado de Saúde do Maranhão, a fim de prestar esclarecimentos em audiência pública sobre o Plano Nacional de Imunização no Maranhão. Com a palavra o Autor do requerimento, o Deputado Aluisio Mendes. O SR. ALUISIO MENDES (Bloco/PSC - MA) - Sr. Presidente, quero cumprimentá-lo pelo brilhante trabalho à frente desta Comissão. A razão deste requerimento é que estão acontecendo alguns conflitos de informação no meu Estado do Maranhão sobre o número de vacinas encaminhadas pelo Governo Federal e o número de vacinas que o Estado está encaminhando aos Municípios. Quero aproveitar a oportunidade para parabenizar o Prefeito de São Luís, Eduardo Braide, que é o campeão de vacinas neste País. Nesta semana, em São Luís, serão vacinados todos os jovens de 18 e 19 anos. Toda a população adulta de São Luís será vacinada até o fim deste mês. Parabéns ao ex-Deputado e Prefeito Eduardo Braide! Um dos motivos desse convite ao Secretário Lula é que há uma informação de que, em razão do avanço da vacinação em São Luís, o Governo do Estado, por ciúme, está boicotando a remessa das vacinas destinadas à Capital São Luís e a outros Municípios. Nós queremos esclarecer com o Secretário, nesta Comissão, as informações que nos chegaram e confrontá-las com as informações do Ministério da Saúde, para ver realmente quem está falando a verdade: se são os Prefeitos que acusam o Secretário de não estar repassando as vacinas na quantidade devida ou se é o Governo do Estado, que diz que está passando essa quantidade de vacinas. Sr. Presidente, eu gostaria que o meu requerimento fosse aprovado pelos meus pares. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Com a palavra o Deputado Gastão Vieira. O SR. JORGE SOLLA (PT - BA) - Peço que me inscreva, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Subscrito pelo Deputado Jorge Solla. O SR. JORGE SOLLA (PT - BA) - Eu peço que me inscreva. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Desculpe-me. Está inscrito. O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Quero discutir também, Sr. Presidente. O SR. GASTÃO VIEIRA (Bloco/PROS - MA) - Sr. Presidente, em primeiro lugar, quero cumprimentar V.Exa. e todos os membros da Comissão. Eu, na qualidade de suplente do Deputado titular desta Comissão Márcio Jerry, estou participando, pela primeira vez, desta reunião muito proveitosa. Espero, cada vez mais, dar uma contribuição. Eu ouvi atentamente, no encaminhamento do seu requerimento, o Líder do bloco a que pertenço, o Deputado Aluisio Mendes, do meu Estado do Maranhão, que faz um trabalho muito sério.

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Eu gostaria de ponderar, neste momento, que o Maranhão, que sempre tem a fama de ser o último em tudo, está recebendo o reconhecimento pelo número de pessoas vacinadas, o reconhecimento pela ação da Prefeitura de São Luís. Eu não apoio o Prefeito, mas reconheço que a velocidade da vacinação mostra que havia uma organização prévia. Neste momento, nós fazemos a discussão: ficou com a vacina ou não ficou com a vacina? Isso acaba queimando um pouco o filme. Nós somos os melhores. Já há até turismo em razão da vacina. Pessoas de outros lugares estão indo ao Maranhão para se vacinarem. Deputado Aluisio Mendes, o Secretário de Saúde é Presidente do CONASS. Ele não é só Secretário de Saúde do Maranhão, ou seja, qualquer coisa com ele repercute no conjunto de todos os Secretários de Saúde do Brasil, que ele representa. Ele é o Presidente do CONASS. Eu peço ao Deputado Aluisio Mendes que adie esta discussão para a próxima reunião. Enquanto isso, como ele tem acesso ao Governo, conseguiria os dados do Governo Federal.

Eu me comprometo, Presidente, a conseguir os dados do Governo Estadual com o Secretário Carlos Lula. E na semana que vem nós votamos. Não vamos perder esse momento tão bom que a Capital do nosso Estado está vivendo. Há um fato extremamente positivo: a velocidade com que nós estamos vacinando — jovens, todo tipo de pessoa — em vários pontos da cidade. Nós estamos dando um show! Eu peço ao meu Líder do bloco, Deputado Aluisio Mendes, que me conceda esta semana para articularmos melhor. Que o Presidente tente conciliar para ver como pode obter as informações que o Deputado Aluisio precisa. O Secretário de Saúde do Maranhão, que é o Presidente do CONASS, bem como o Governo do Maranhão, não foi chamado pela CPI do Senado. O Governador Flávio Dino não foi convocado pela CPI do Senado, não está no rol dos convocados. Portanto, eu queria pensar junto com o Deputado Aluisio, que é um grande maranhense, como eu. Nesta semana, procuraríamos os dados e acertaríamos tudo para não pegarmos — não é pegar no sentido pejorativo — o nosso Secretário, que também é Presidente do CONASS. Ele é uma pessoa muito importante neste momento tão delicado da vida do País com relação à pandemia. Esse é o apelo que eu faço ao Deputado Aluisio e a V.Exa., que é o Presidente desta Comissão. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Com a palavra o Deputado Aluisio Mendes. O SR. ALUISIO MENDES (Bloco/PSC - MA) - Sr. Presidente, primeiro, cumprimento o Deputado Gastão Vieira, que eu admiro muito pelo seu trabalho, pela sua competência, pela sua história. É uma pessoa que eu admiro pela sua trajetória política. Mas eu queria ponderar ao Deputado Gastão Vieira: é um convite, Deputado Gastão Vieira, e não cria nenhum constrangimento ao Secretário Carlos Lula. Muito pelo contrário, dará ao Secretário Carlos Lula a oportunidade de explicar essas questões aqui nesta Comissão. Trata-se de um convite. Ele vai marcar a data da sua vinda. Nós não o estamos convocando. Ele virá explicar essa inconsistência dos dados, pois ele informa que tem feito a distribuição da vacina, mas os Prefeitos dizem que essa informação não é correta. Nós queremos dar ao Secretário Carlos Lula esta oportunidade de esclarecer essas dúvidas. Deputado Gastão Vieira, realmente, São Luís do Maranhão é a Capital brasileira que mais tem vacinado no Brasil. Nós criamos agora o turismo de vacina. No meu último voo, quando eu fui para São Luís na última semana, mais de 70% dos passageiros não eram do Maranhão. Estavam indo ao Maranhão para se vacinar. Nós já estávamos vacinando, na semana passada, jovens de 22 anos no Maranhão. Sem dúvida nenhuma, essa Capital tem dado um exemplo de competência e de proatividade com relação à vacina. Mas o Estado do Maranhão, não! O Estado do Maranhão ainda está na rabeira da vacinação, se comparado a outros Estados. Nós não podemos confundir São Luís com Maranhão. Quero dar ao Secretário Carlos Lula, Deputado Gastão, a oportunidade de esclarecer, como Presidente do CONASS e como Secretário de Saúde do Estado do Maranhão, se os números que têm chegado sobre as remessas de vacinas ao Estado e a distribuição para os Municípios — e há inúmeras queixas de Prefeitos — estão corretos. A informação que nos chegou é que esses números não estão batendo. Então, não é nenhum tipo de constrangimento. Eu conheço o Secretário Carlos Lula, admiro o seu profissionalismo, mas queremos dar a ele, nesta Comissão, a oportunidade de esclarecer essas informações, que são extremamente graves. Deputado Gastão, o trabalho desta Comissão é este: convocar autoridades públicas para virem a esta Casa dar explicações sobre fatos controversos. Nós trazemos Ministros de Estado, Chefes de Poder. Então, não há nenhum constrangimento e nenhum tipo de coação ao Secretário Carlos Lula por vir a esta Comissão convidado para prestar esclarecimentos.

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O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Com a palavra o Deputado Leo de Brito. O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Sr. Presidente, a minha questão é de princípio, na verdade. O Deputado Jorge Solla iria falar primeiro? (Pausa.) Quero demonstrar o meu apreço pelo Deputado Aluisio Mendes. Nós nos conhecemos desde a legislatura passada. Participamos de várias Comissões juntos. Sei que é ele um Parlamentar atuante pelo povo do Maranhão. E esse requerimento tem um propósito nobre, como é a ação parlamentar do Deputado Aluisio Mendes. Eu fui Presidente da Comissão aqui também, em 2016. Especificamente sobre essa questão, quando eu falo por uma questão de princípio, é porque, se eu citar o caso do meu Estado, eu sou oposição ao atual Governo do Estado do Acre e há uma série de situações relacionadas. Inclusive, o Acre está em último lugar em vacinação e há a questão do superfaturamento de hospital de campanha, lá no Estado do Acre. Eu, por princípio, não traria um requerimento de convite ao Secretário de Saúde do meu Estado para cá. Senão, talvez, transformaríamos isso aqui, o plenário da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, em um debate que estará muito adstrito à questão dos Estados, especificamente. Como é uma questão relacionada ao Programa Nacional de Imunizações — PNI, acho importante que o Secretário do PNI... Esse requerimento pode ser, de repente, convertido em requerimento de informação. Eu acho que a própria Comissão pode oficiar o Secretário para ele passar outras informações. Não é um requerimento de informação, especificamente, mas eu queria fazer essa ponderação ao Deputado Aluisio Mendes, porque talvez criemos um precedente que vai fazer com que a Comissão se transforme em um palco das questões estaduais, Presidente. Então, eu queria só fazer essa ponderação. Acho que o encaminhamento que foi dado pelo próprio Deputado Gastão Vieira, nosso ex-Ministro, que é do Estado do Maranhão, é um encaminhamento plausível. Eu queria só fazer essa ponderação ao Deputado Aluisio Mendes, porque acho melhor do que convidarmos um Secretário. Daqui a pouco, nós vamos ter que convidar vários Secretários Estaduais aqui. O SR. ALUISIO MENDES (Bloco/PSC - MA) - Presidente, quero só responder ao Deputado Leo de Brito. Realmente, eu reconheço nele um grande companheiro de outras legislaturas. Foi um brilhante Presidente desta Comissão e, como Presidente da Comissão, ele sabe que, regimentalmente, não existe nenhum impedimento ao convite de autoridades estaduais, principalmente quando se trata de recursos federais. O Plano Nacional de Imunizações é custeado integralmente com recursos federais. Então, nós não estamos trazendo uma discussão política local, nem uma questão paroquial do Estado do Maranhão para cá. Nós estamos discutindo aqui o Plano Nacional de Imunizações, custeado integralmente com recursos federais, que estão sendo encaminhados ao Estado do Maranhão; e, segundo informações, não tem sido feita essa distribuição de forma apolítica. Então, Deputado Leo de Brito, em deferência a V.Exa., que considero um grande colega, um grande companheiro de outros embates aqui nesta Casa, o que nós estamos querendo é esclarecer uma informação muito grave. Nós estamos tratando de vacinação do povo do Maranhão, da possibilidade de Municípios que são adversários do Governador Flávio Dino não estarem recebendo vacinas como deveriam estar recebendo. Não é uma questão de discussão de política paroquial nem estadual. É uma questão muito mais grave do que isso.

Eu queria fazer um pedido aos meus companheiros aqui. Eu tenho sido parceiro em todos os convites feitos a autoridades, mesmo sendo da base do Governo. Estou concordando com o chamamento e com o convite de autoridades do Governo Federal, para que venham a esta Casa prestar esclarecimentos. Peço que se atentem para a gravidade desse fato. Se for verdade a informação que chegou ao nosso conhecimento — de que as vacinas estão chegando ao Estado do Maranhão e não estão sendo distribuídas de maneira correta aos Municípios —, esse é um fato que precisa ser esclarecido, Presidente. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Com a palavra o Deputado Jorge Solla. O SR. JORGE SOLLA (PT - BA) - Obrigado, Presidente. Eu queria propor algo ao Deputado Aluisio Mendes, Autor do requerimento. Como o Secretário Carlos Lula é o Presidente do CONASS e como questionamentos acerca da distribuição de vacinação não estão restritos ao Estado do Maranhão, se V.Exa. concordar, Deputado — eu até subscrevo —, poderíamos fazer uma adaptação para convidá-lo, como Presidente do CONASS, para falar sobre a distribuição de vacinas no território nacional. Obviamente, como é Secretário de Saúde do Maranhão, em particular, falaria também no Maranhão. Poderíamos estender o convite. Seria interessante que, além do Presidente do CONASS, viesse a Coordenadora do PNI — Programa Nacional de Imunizações, do Ministério da Saúde. É muito importante, mais do que nunca, debater, com certeza. Concordo com a sua preocupação com os critérios de distribuição de vacina. Como isso tem sido feito da União para os Estados e dos Estados para os Municípios? Esse é um

16/47 Reunião de: 23/06/2021 Notas Taquigráficas - Comissões CÂMARA DOS DEPUTADOS debate importante. Existem vários questionamentos, repito, não só no Maranhão, mas em vários Estados. Têm surgido questionamentos que inclusive têm mudado os critérios de algumas situações para dar conta dos desafios da abrangência em um País continental como o nosso. Quero aproveitar, Presidente — eu refiz um cálculo aqui —, para mostrar ainda mais a importância da vacinação. Quanto àquela estratégia que o Presidente Bolsonaro pregou de contaminar todo o mundo, eu refiz os cálculos aqui: partindo de uma população de 210 milhões de habitantes, a tese é que, para alcançar o fim da transmissão, precisaria de mais de 70% das pessoas contaminadas, ou seja, 147 milhões de brasileiros. Hoje, nós temos 18 milhões de casos confirmados de pessoas contaminadas e 505 mil óbitos, o que dá uma taxa de mortalidade, de letalidade, melhor dizendo, de 2,8%, ou seja, 2,8% dos 18 milhões de pessoas contaminadas foram a óbito, ou seja, 505 mil pessoas. Partindo do pressuposto de que há muita gente contaminada que não fez o teste, que nós não sabemos — esse total de 18 milhões de contaminados é subnotificado —, vamos reduzir de 2,8% a letalidade para 1%, como acontece em outros países. Aplicando aos 147 milhões, nós teríamos 1 milhão e 470 mil óbitos. Para ser ainda mais conservador, vamos reduzir essa taxa de letalidade para 0,5%, uma das mais baixas do planeta. Chegaríamos a 735 mil mortes. Então, para atender os interesses do Presidente e a sua estratégia, ainda falta morrerem 230 mil pessoas por COVID para provar se a sua tese absurda tem algum tipo de fundamento. Por isso, eu quero reforçar a vacinação. Reforço o pedido ao Deputado Aluisio Mendes para que façamos modificação no requerimento para convidar o Secretário Carlos Lula como Presidente do CONASS e a Coordenadora do PNI, para debatermos aqui a distribuição de vacinas entre os Estados e os Municípios.

Assim, ele seria ouvido como Secretário. Insisto: se eu fosse o Secretário da Bahia sendo ouvido como Presidente do CONASS, eu não deixaria de aproveitar para falar do meu Estado, até porque, na última vez em que eu vi, Deputado, o Maranhão tinha a menor taxa de mortalidade por COVID de todos os Estados da Federação. Obrigado. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Com a palavra o Deputado Helio Lopes. O SR. HELIO LOPES (PSL - RJ) - Sr. Presidente, primeiramente, quero dizer que respeito o Deputado Leo de Brito, que é oposição. Temos muitas divergências ideológicas, mas, no campo do respeito, do entendimento e do Regimento, temos uma boa convivência aqui. Isso ocorre porque há respeito. Todas as vezes em que esta Casa convoca um Ministro, nós solicitamos — e somos atendidos — que a convocação seja transformada em convite. E até agradeço por isso. Hoje mesmo houve vários casos assim. Desde quando começou a funcionar a CFFC, acho que foram convidados aproximadamente uns 20 Ministros durante a pandemia. O Ministro da Saúde foi chamado aqui umas quatro ou cinco vezes. O Ministro da Defesa também foi chamado. Chegamos ao acordo de, mesmo com a pandemia, com a sua responsabilidade, transformar em convite. Eu acho que isso vai abrir precedente. Esta Casa, no poder que lhe confere, poder transformar em convite para vir uma pessoa aqui. Todo o mundo fala em fato grave, em vacina... Sabemos que já foram vacinados 90 milhões de pessoas e 24 milhões tomaram a segunda a dose. Assim como nos Estados Unidos, quem tomou a segunda dose está sendo liberado para andar sem máscara, sem ter que usar álcool, até porque a ciência... Mas eu não venho aqui a esta Casa trazer o tema para o debate ideológico. Eu o trago para o debate de coerência. Solicito ao Sr. Deputado Aluisio Mendes, que fez o requerimento: o detalhe é transformar em convite ou não. Então, transforme em convite e traga para esta Casa. Aqui já esteve um Ministro de Estado. Não cabe vir um Secretário. Não é questão de levar para bairro, até porque estamos falando de pandemia, de Governo, de verba federal. E esta Casa tem a prerrogativa de chamá-lo aqui, sim, para dirimir dúvidas. Ontem, esteve aqui o Ministro Tarcísio de Freitas. Hoje vai estar aqui o Ministro Gilson Machado. E amanhã vai estar aqui outro Ministro. Então, devemos transformar em convite, sim. Senão, vai ser o primeiro aqui... Eu nunca contestei: "Não chama. Não chama". Eu sempre falo: "Há a possibilidade, com todo o respeito, de transformar a convocação em convite?" Então, eu quero subscrever o requerimento do Deputado Aluisio Mendes, sim, para que se transforme em convite ou se defina que vai ser convocação. É claro que esta é uma Casa de diálogo. Se ele falar que vai retirar, eu concordo também. Estou dizendo que escuto a todos e não trago um debate ideológico para polemizar, até porque esta Comissão é técnica. E quem leva a discussão ideologicamente tem todo o direito, pois a Constituição não impede. Com todo o respeito ao Sr. Deputado Leo de Brito, quero divergir nesse posicionamento, mas respeitando a opinião de V.Exa. Até peço desculpas por estar indo contra, mas esta Casa é de respeito. Eu sou a favor de transformar em convite.

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Talvez ele traga uma informação que o Deputado Aluisio Mendes vai falar: "Não. Eu tinha um posicionamento diferente. Com o seu esclarecimento, eu vou verificar". Mas é grave se está havendo turismo de vacina. O pessoal fala de Leite Moça, diz que aconteceu isso ou não aconteceu, diz que não se comprou vacina. É fato que o Governo deixou de agir porque o STF determinou algumas ações. Mas eu não quero entrar nessa pauta. Aqui, eu vou entrar na pauta do Regimento: vai ser convite ou convocação?

O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Deixe-me só fazer uma sugestão. Existe um debate sendo travado aqui sobre o convite a um Secretário de Estado. A sugestão que eu faço ao Deputado Aluisio Mendes é que possamos aprovar o convite, e o Secretário envia todas as informações. Se as informações chegarem ao Deputado Aluisio Mendes através da Comissão, nós tentaremos depois viabilizar uma audiência para recebermos aqui o Secretário de Estado, se for da vontade dele. Mas que possamos aprovar, porque não tem fundamento prolongarmos este debate, pois é só a aprovação de um convite a um Secretário de Estado. O SR. ALUISIO MENDES (Bloco/PSC - MA) - Sr. Presidente, eu concordo com a proposta do Deputado Jorge Solla de transformar o convite ao Secretário de Saúde do Estado do Maranhão e Presidente do CONASS para falar sobre o Plano Nacional de Imunizações. Está tranquilo. No debate, na conversa, na discussão, eu tratarei especificamente da questão do Maranhão. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Então, vamos aprovar aqui a troca do Secretário... O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Sr. Presidente, quero só falar da minha aquiescência também. Eu concordo com o formato sugerido. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Há concordância do Deputados Leo de Brito. O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Ele vem aqui na condição de Presidente do CONASS. O SR. ELIAS VAZ (PSB - GO) - Sr. Presidente, houve a sugestão do Deputado Jorge Solla para acrescentar a Coordenadora de Imunização do Ministério da Saúde. O SR. ALUISIO MENDES (Bloco/PSC - MA) - Eu acho que algum Deputado pode fazer esse requerimento. Eu me contento apenas com o Presidente do CONASS. O SR. ELIAS VAZ (PSB - GO) - Ele fez essa sugestão para acrescentarmos. Eu concordo com a posição dele. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Com a palavra o Deputado Gastão Vieira. O SR. GASTÃO VIEIRA (Bloco/PROS - MA) - Sr. Presidente, eu quero dizer da saudade que tenho do tempo em que eu era Presidente da Comissão de Educação. Eu sempre buscava a conciliação, como V.Exa. fez. Eu acho que este é um assunto sério. Compete ao Governador fazer a logística e mandar as vacinas para os Municípios. Aqui, no Maranhão, na segunda remessa, todos os Municípios que não tinham vacinado nem 35% da população receberam vacinas proporcionais à vacinação. Portanto, existem divergências, muitas divergências: as Prefeituras têm ou não têm condições de aplicar a vacina? O Governo do Estado contratou gente para ajudar as Prefeituras. Então, esse esclarecimento é ótimo. Agradeço ao Deputado Aluisio, ao meu amigo Deputado Jorge Solla e a V.Exa. por termos chegado a um consenso. Eu me responsabilizo, Deputado Aluisio, perante o Secretário: todas as informações que ele remeterá a esta Comissão — e eu sou o responsável por isso — chegarão até a Presidência da Comissão. Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Então, conforme acordo encaminhado, com a concordância dos nobres pares neste plenário e também pelo sistema híbrido, passemos ao processo de votação, com as alterações. Em votação o requerimento com as alterações. Os Srs. Deputados que o aprovam permaneçam como se acham. (Pausa.) Aprovado. Retiro de pauta os itens 4, 5, 6 e 7. O SR. ALUISIO MENDES (Bloco/PSC - MA) - Presidente, peço a palavra para uma questão de ordem. 18/47 Reunião de: 23/06/2021 Notas Taquigráficas - Comissões CÂMARA DOS DEPUTADOS

A única alteração aceita foi a transformação do convite: em vez de ser ao Secretário, será ao Presidente do CONASS. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Será ao Presidente do CONASS. Retiro de pauta os itens 4, 5, 6 e 7. O SR. ELIAS VAZ (PSB - GO) - Eu havia feito uma sugestão de que colocasse também, até porque se trata de uma questão federal, a Coordenadora do Ministério da Saúde, para que ela pudesse vir por meio do mesmo requerimento. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Deixe-me fazer uma sugestão, Deputado Elias Vaz.

V.Exa. deu essa sugestão, mas ela não foi acatada pelo Deputado Aluisio Mendes. Como nós concordamos aqui, com ampla maioria, V.Exa. pode apresentar um requerimento. Quando fizermos a audiência, chamaremos os dois e faremos em conjunto a audiência. Na hora ''h'', as informações recebidas pelo Secretário podem contemplar o Deputado Aluisio Mendes, e evitamos de marcar uma audiência pública. O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Presidente, eu entendi que nós tínhamos entrado em acordo com relação à proposta do Deputado Jorge Solla. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Entramos. O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Não. Com relação ao Presidente do CONASS e... O SR. JORGE SOLLA (PT - BA) - E a Coordenadora do PNI, Deputado. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - V.Exa. pode apresentar um requerimento em conjunto com o Deputado Elias Vaz. Nós juntamos e fazemos a aprovação para marcarmos a audiência. Fechado? O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Tudo bem. O SR. JORGE SOLLA (PT - BA) - Presidente, só para eu entender: fica aprovado o convite ao Presidente do CONASS e faremos outro requerimento para convidar a Coordenadora do PNI? E fazemos o debate em conjunto? É essa a ideia? O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Isso. A ideia é essa. O SR. JORGE SOLLA (PT - BA) - O.k. Estou de acordo. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Retiro de pauta os itens 4, 5, 6 e 7 e, por ausência do requerente, os itens 18, 19 e 22. Retiro de pauta também, a pedido, o item 23. Convido o Deputado Helio Lopes para assumir a Presidência e dar continuidade aos trabalhos. (Pausa.) O SR. PRESIDENTE (Helio Lopes. PSL - RJ) - Requerimento nº 131, de 2021, do Sr. Kim Kataguiri, que solicita informações ao Ministro de Estado da Economia, Sr. Paulo Roberto Nunes Guedes, a fim de disponibilizar, de acordo com o texto apresentado na Medida Provisória nº 1.031, de 2021, chamada de MP da ELETROBRAS, os estudos de impactos que fundamentaram o texto e também os benefícios aos consumidores. Para encaminhar o requerimento, convido o Deputado Kim Kataguiri, Autor, que falará por 3 minutos. O SR. KIM KATAGUIRI (DEM - SP) - Sr. Presidente, a medida provisória que permitiu a capitalização da ELETROBRAS junto com um monte de jabutis é uma grande farsa, na realidade. Primeiro, o Ministro Paulo Guedes e o Ministro de Minas e Energia dizem que isso trará um benefício na conta de luz, um desconto entre 5% e 7%, e que a capitalização da ELETROBRAS vai gerar 100 bilhões de reais de lucro para os cofres públicos. Só que há um detalhe: eles nunca apresentaram esse estudo. E já foram cobrados a fazer isso. Eles nunca mostraram onde estão os dados que provam que haverá um abatimento na conta de luz. O cálculo que eles fazem de 100 bilhões de reais de ganho... Quero que fique muito claro que eu sou 100% a favor da privatização da ELETROBRAS, da Caixa, do Banco do Brasil, da PETROBRAS e da maior parte das estatais. No entanto, o que foi feito na medida provisória da ELETROBRAS foi contrair uma dívida maior do que o que se vai ganhar com a venda da ELETROBRAS. Isso porque a estimativa do próprio Ministério da Economia, que não apresentou as fontes nem os dados, é de ganho de 100 bilhões de reais. Mas um estudo da FIESP mostrou que a medida provisória causa um

19/47 Reunião de: 23/06/2021 Notas Taquigráficas - Comissões CÂMARA DOS DEPUTADOS prejuízo de 400 bilhões de reais — 400 bilhões de reais! —, segundo um estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, diretamente na nossa conta de luz. Outro estudo apresentado pela Associação dos Consumidores de Energia e pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor — IDEC mostra que o aumento na conta de luz vai ser, mais ou menos, na proporção de 30%. Isso porque nós estamos obrigando o Governo Federal a comprar, construir e manter 8 gigawatts de potência de termelétricas. As termelétricas — para quem não entende como funciona o nosso sistema elétrico —, são ativadas quando as hidrelétricas, que são a nossa principal fonte de energia, renovável e limpa, assim como a energia solar, a energia eólica, contratada em leilões, não estão dando conta de atender o mercado. Então, ativamos as termelétricas, que produzem energia não renovável, energia suja, energia mais cara, mas que são necessárias serem mantidas como reserva para que o nosso sistema elétrico não entre em colapso.

A medida provisória obriga essas termelétricas que estão sendo construídas e contratadas a operar 100% do tempo. Mesmo quando nós tivermos energia mais barata, mais limpa e renovável à disposição, as termelétricas precisarão continuar rodando, gerando prejuízo e aumento na conta de luz; sem falar do aumento de 10% no preço da carne e do leite, ambos extremamente intensivos no uso de energia para sua produção. A inflação já está batendo recorde no seu histórico de 12 meses, principalmente puxada pelo preço dos alimentos. Quem vai ao supermercado tem uma noção muito clara de que o óleo de soja está subindo 50%, 80%, assim como o arroz, o feijão. E a energia, que é um dos principais componentes do preço dos alimentos, principalmente da carne e do leite, terá um aumento de 10%. Por isso estou fazendo esse requerimento para exigir os estudos que fundamentaram o texto da MP da ELETROBRAS com todos os jabutis, que foi um acordo que o Governo Bolsonaro fez, loteando muito dos interesses, endividando as próximas gerações, encarecendo a conta de luz, para acomodar os interesses dos seus aliados políticos. Estou pedindo esse estudo, que, na minha visão, sequer existe. O Ministro de Minas e Energia e o Ministro da Economia falam e falam dessas estimativas sem nunca apresentarem as fontes dos dados, porque eles não as têm. Por isso estou apresentando esse requerimento. O SR. PRESIDENTE (Helio Lopes. PSL - RJ) - Passa-se à votação. O SR. ELIAS VAZ (PSB - GO) - Presidente, quero subscrever o requerimento do Deputado Kim Kataguiri. O SR. ALUISIO MENDES (Bloco/PSC - MA) - O Deputado Aluisio Mendes quer subscrevê-lo também. O SR. PRESIDENTE (Helio Lopes. PSL - RJ) - Em votação o requerimento. Os Srs. Deputados que o aprovam permaneçam como se acham. (Pausa.) Aprovado. O SR. JORGE SOLLA (PT - BA) - Também o subscrevo, Presidente. O SR. PRESIDENTE (Helio Lopes. PSL - RJ) - O Deputado Jorge Solla também o subscreve. Há mais alguém que queira subscrevê-lo? (Pausa.) Sobre a mesa o Requerimento nº 132, de 2021, do Deputado Leo de Brito, que solicita informações ao Ministro de Estado Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Sr. Onyx Lorenzoni, sobre o repasse de R$ 527 mil de Bolsonaro para a Igreja Sara Nossa Terra, para pagar campanhas publicitárias e emplacar a agenda positiva do Governo Federal. Para encaminhar o requerimento, concedo a palavra ao autor, Deputado Leo de Brito, por 3 minutos.

O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Presidente, os Requerimentos nºs 132 e 133 têm praticamente o mesmo objeto, que é exatamente solicitar informações sobre essa farra que o Governo está fazendo com as verbas publicitárias para os amiguinhos. Se você é bolsonarista, você recebe dinheiro. Nós estamos falando aqui de mais de meio milhão de reais que foram encaminhados para essa fundação dessa igreja neopentecostal, que, evidentemente, apoia o Bolsonaro, para as campanhas Nova Previdência, Pátria Voluntária e agora a do tratamento precoce com cloroquina, que, cientificamente, não serve para nada. Isso aconteceu não só com a Igreja Sara Nossa Terra. O Requerimento nº 133 trata do caso do apresentador Sikêra Jr. Inclusive, o Deputado Elias Vaz me trouxe uma informação. Nós colocamos no requerimento que eram 120 mil reais, mas já chegou a meio milhão de reais só para o Sikêra. (Intervenção fora do microfone.) O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Pois é, e para o Luís Ernesto Lacombe.

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Então, é assim: os amigos do Governo estão muito bem aquinhoados com as verbas públicas publicitárias, inclusive os sites aliados que espalham muitas fake news, diga-se de passagem. Então, nós queremos solicitar essas informações ao Secretário da Presidência. O SR. PRESIDENTE (Helio Lopes. PSL - RJ) - Não havendo mais quem queira encaminhar, indago se algum Deputado deseja orientar contrariamente ao requerimento. (Pausa.) Passamos ao processo de votação. Em votação o requerimento. Os Srs. Deputados que o aprovam permaneçam como se acham. (Pausa.) Aprovado. Próximo item. Requerimento nº 133, de 2021, do Sr. Leo de Brito, que solicita informações ao Ministro de Estado Chefe da Secretaria- Geral da Presidência da República, Sr. Onyx Lorenzoni, sobre o pagamento, de 120 mil reais, do Presidente Bolsonaro ao apresentador Sikêra Jr., da Rede TV! Para encaminhar o requerimento, convido o autor, Deputado Leo de Brito, para falar por 3 minutos. O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Não vou usar o tempo, porque já o utilizei. Só peço aos nobre pares que aprovem o requerimento. O SR. ALUISIO MENDES (Bloco/PSC - MA) - Presidente, eu queria fazer uma sugestão ao Deputado Leo de Brito. Já aprovamos um convite para o Ministro Onyx vir a esta Casa explicar a questão da Sara Nossa Terra. Por que não aproveitar a vinda dele para esclarecer esse fato também? Eu acho que pouparia tempo a esta Comissão. Faríamos tudo em um dia só. É uma sugestão que eu faço. O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Na verdade, é um requerimento de informação. O SR. PRESIDENTE (Helio Lopes. PSL - RJ) - É requerimento de informação. O SR. ALUISIO MENDES (Bloco/PSC - MA) - É requerimento de informação. Então, desculpem-me. O SR. KIM KATAGUIRI (DEM - SP) - Peço para subscrevê-lo, Presidente. O SR. PRESIDENTE (Helio Lopes. PSL - RJ) - O Deputado Kim o subscreve. O SR. JORGE SOLLA (PT - BA) - Quero subscrever também, Presidente, o Requerimento n° 132 e o Requerimento nº 133. O SR. PRESIDENTE (Helio Lopes. PSL - RJ) - O Deputado Jorge Solla os subscreve. O SR. ALUISIO MENDES (Bloco/PSC - MA) - Também quero subscrevê-lo, Presidente. O SR. PRESIDENTE (Helio Lopes. PSL - RJ) - O Deputado Aluisio Mendes o subscreve. Passemos ao processo de votação. Em votação o requerimento. Os Srs. Deputados que o aprovam permaneçam como se acham. (Pausa.) Aprovado. Próximo item. Requerimento nº 134, de 2021, do Sr. Leo de Brito, que solicita informações ao Ministério da Economia sobre o impacto financeiro no orçamento público do Governo após a entrada em vigor da portaria publicada em 30 de abril, que permite que o Presidente Jair Bolsonaro, o Vice-Presidente Hamilton Mourão, bem como reservistas e servidores públicos aposentados que exerçam determinados cargos públicos recebam acima do teto constitucional, que está atualmente em 39 mil e 200 reais. Para encaminhar o requerimento, convido o autor, Deputado Leo de Brito, para falar por 3 minutos.

O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Sr. Presidente, assim como esse Governo trata bem os seus amigos, o Presidente trata bem a si mesmo também. Com essa portaria do Ministério da Economia, o Presidente deu um aumento de salário neste momento em que o gás de cozinha, em alguns lugares, está 150 reais, como lá no meu Estado do Acre, em que há

21/47 Reunião de: 23/06/2021 Notas Taquigráficas - Comissões CÂMARA DOS DEPUTADOS o aumento dos combustíveis, em que o Brasil está voltando para o mapa da miséria. E ainda estão querendo massacrar os servidores públicos que ganham mil ou 2 mil reais, inclusive esses que estão atuando fortemente na pandemia, os heróis da pandemia — enfermeiros, professores e policiais. Mas a turma que ganha altos salários está se dando bem hoje no nosso País. Para se ter uma ideia, vários Ministros do Governo que ganhavam o valor do teto, que era de 39,2 mil reais, passaram a ganhar 63 mil reais, um baita de um aumento salarial por conta dessa portaria do Ministério da Economia. O que nós queremos saber, Deputado Kim Kataguiri, V.Exa. que também está nessa luta aí contra os supersalários, é: qual é o impacto que isso vai ter nas contas públicas tanto federais, quanto estaduais, quanto municipais? Isso é um verdadeiro trem da alegria. Vamos lutar aqui para que aprovemos o relatório do Deputado do Paraná — não estou lembrando o nome dele — a respeito do extrateto. São um absurdo os salários, os supersalários acima do teto remuneratório . E nós estamos numa cruzada com os Parlamentares de outros partidos para acabar com essa mamata aqui no Brasil. (Pausa.) É o Deputado Rubens Bueno. Lembrei o nome. O SR. KIM KATAGUIRI (DEM - SP) - Peço para subscrever também, Presidente. O SR. PRESIDENTE (Helio Lopes. PSL - RJ) - O Sr. Deputado Kim Kataguiri subscreve. Passemos para o processo de votação. Em votação o requerimento. Os Srs. Deputados que o aprovam permaneçam como se acham. (Pausa.) Aprovado. Retiro os demais itens da pauta para iniciarmos a audiência pública com o Sr. Ministro de Estado do Turismo, o Sr. Gilson Machado. Suspendo a reunião, por 2 minutos, para dar início à audiência pública. (A reunião é suspensa.)

O SR. PRESIDENTE (Helio Lopes. PSL - RJ) - Audiência pública com o Ministro de Estado do Turismo. Aos Srs. Parlamentares comunico que estão presentes nesta Comissão o Sr. Gilson Machado Neto, Ministro de Estado do Turismo, o Sr. Mario Frias, Secretário Especial da Cultura, e Felipe Carmona Cantera, Secretário Nacional de Direitos Autorais e Propriedade Intelectual, da Secretaria Especial da Cultura. A presença de S.Exas. na reunião de hoje decorre da aprovação do Requerimento nº 106, de 2021, de autoria do Deputado Kim Kataguiri, e objetiva a prestação de esclarecimentos sobre a tentativa do Governo de controlar as rede sociais. O requerimento foi aprovado na forma de convite, subscrito pelos Deputados Leo de Brito, Elias Vaz, Evair Vieira de Melo e Helio Lopes. Neste momento, já estão aqui, já tomaram assento os convidados. Esclareço o funcionamento da audiência pública. Antes de iniciar as exposições, quero fazer o seguinte apontamento. O tempo reservado para o Ministro prestar esclarecimentos sobre o tema é de 40 minutos, prorrogáveis, se for necessário, não podendo o Sr. Ministro ser aparteado. O autor do requerimento poderá fazer suas indagações por 10 minutos. Os demais Deputados farão uso da palavra por até 3 minutos. O autor, os subscritores e os requerentes terão a preferência de fala. Assim, haverá um bloco de perguntas feitas pelo autor e pelos subscritores do requerimento na seguinte ordem: Deputado Kim Kataguiri, Deputado Leo de Brito, Deputado Elias Vaz, Deputado Evair Vieira de Melo e Deputado Helio Lopes, Presidente da Comissão, que poderão fazer perguntas nesse bloco. Em seguida, Ministro e Secretário responderão as indagações do autor e subscritores pelo tempo que for necessário. Após, passaremos às inscrições de Parlamentares e Líderes.

Antes de iniciar, quero dizer, primeiramente, que é uma satisfação estar presidindo uma Comissão que tem o Sr. Ministro Gilson como convidado, um amigo particular, um nordestino competente, que estava na EMBRATUR e que agora está no Ministério do Turismo, dando prosseguimento ao trabalho que o Deputado Marcelo Álvaro Antônio estava realizando. Tive o privilégio de, em uma viagem, verificar a sua preocupação de buscar recursos para este País e de melhorar a legislação, de maneira a gerar empregos, pois alguns países da Europa saíram da crise por meio do turismo. Eu, na condição de militar, conheci algumas cidades do Brasil e tive o privilégio de conhecer a Amazônia. Sabemos que o Nordeste tem uma beleza única, bem como o Centro-Oeste, o Sudeste e o Sul, mas o Brasil não consegue gerar receita 22/47 Reunião de: 23/06/2021 Notas Taquigráficas - Comissões CÂMARA DOS DEPUTADOS e emprego por meio do turismo. É claro que isso engloba várias coisas: segurança, pessoas capacitadas para falar um ou dois idiomas. Sr. Ministro, quero também falar do excelente trabalho que o senhor está realizando, que já está gerando receita e trazendo investimentos para o País. Que senhor tenha aqui uma boa audiência. Tenha a certeza de que não vai faltar nesta Casa o respeito pelo senhor e pelos demais convidados. Eu tive o privilégio de trabalhar em outras Comissões e sei que se respeita muito quem vem a esta Casa. Temos aqui um pessoal qualificado que, com certeza, vai fazer perguntas, o que vai enaltecer e gratificar muito quem está em casa nos assistindo. Têm a palavra os Srs. Gilson Machado, Ministro de Estado do Turismo; Mario Frias, Secretário Especial da Cultura; e Felipe Carmona Cantera, Secretário Nacional de Direitos Autorais e Propriedade Intelectual, por 40 minutos. O SR. MINISTRO GILSON MACHADO - Muito bom dia a todos. É com muito prazer que eu venho a esta Casa hoje na condição de Ministro de Estado do Turismo, tentando recuperar um setor que, como todos conhecem bem, tem potencial no nosso País, mas que, infelizmente, até o Presidente Bolsonaro chegar, não foi tratado com a devida importância econômica que pode gerar para o nosso Pais, haja vista ações que este Governo fez que nunca tinham feito antes, como, por exemplo, a isenção de visto para americanos, canadenses, japoneses e australianos. Hoje, o Ministério do Turismo tem a mesma função na captação de recursos internacionais. O Ministério do Turismo hoje tem no seu cerne transformar o turismo num motor econômico tão importante para o nosso País quanto o agronegócio. E eu conto com todos os senhores aqui para que sejam solidários a matérias de turismo, independente de partido político e de ideologia, porque a nossa ideologia hoje é o emprego do brasileiro, e nada como o turismo para gerar emprego e renda, pois ele trabalha com uma cadeia de 52 itens produtivos: vai do piloto de avião ao piloto de vans, ao fabricante de ar- condicionado, ao cozinheiro, ao fabricante de óleo de soja.

Hoje estamos aqui a pedido do Deputado Kim Kataguiri. Muito obrigado, Deputado Kim. Quero dizer que eu sempre o segui na época do MBL — Movimento Brasil Livre, e uma das coisas mais importantes daquela época era a garantia do direito do cidadão. Estamos lutando por isso, principalmente por direitos constitucionais, e torcemos para que sejam respeitados, sempre evitando arbitrariedades. Eu quero dizer aos senhores que eu estou aqui e que eu dou minha vida para que tenhamos o direito de falar o quisermos, e espero que os senhores tenham também. Eu dou a minha vida para que os senhores nunca percam o direito de se expressar, para que nunca sejam cerceados na sua liberdade de expressão. E vou ler um trecho de uma iniciativa do Movimento Brasil Livre, de 2018: Exemplo disso foi a iniciativa do Movimento Brasil Livre de impetrar mandado de injunção em face de omissão legislativa atribuída ao Presidente da República, relativamente à ausência de norma que regulamente a impossibilidade de alteração ou remoção de usuários, páginas e perfis ou de conteúdos em geral das plataformas denominadas redes sociais, sem que haja prévio aviso aos atingidos e sem que seja observado o devido processo legal. Então, isso nos inspirou a fazer esta minuta, que está sob trâmite no Ministério da Justiça e no Ministério da Ciência e Tecnologia. Este é o Governo da liberdade, é o Governo que clama pela liberdade, é o Governo que busca sempre que o cidadão não perca o seu direito. Essa proposta de decreto não inova o que já está na lei, mas apenas pretende manter as garantias, regulamentá-las, e ainda está sendo dentro do Governo debatida. Conforme o mandado de injunção que o próprio Deputado Kim Kataguiri propôs em 2018, era necessária a regulamentação da proibição de remoção de usuários, páginas, perfis e conteúdos das plataformas denominadas redes sociais sem que houvesse prévio aviso e sem que houvesse o devido processo legal. Entre os argumentos utilizados pelo Deputado consta que, em 2018, aproximadamente 200 contas, páginas, perfis de uma rede social específica foram removidos sem qualquer justificativa plausível e, pelas próprias palavras do Deputado, "pior: sem qualquer aviso prévio aos usuários". Então, Srs. Parlamentares, é isto que nós queremos evitar: arbitrariedades por conta das big techs.

Ainda foi citado nesse processo: "É certo que os direitos constitucionais, a liberdade de expressão e da soberania nacional foram profundamente abalados, merecendo melhor regulação que rege o tema". É para isto que este Governo trabalha: para que todos nós, brasileiros, nunca tenhamos cerceado o mais nobre direito, que é a nossa liberdade de expressão. Eu, como músico, sei como é isso, Ministro Marcelo. Então reforço aqui que a proposta de regulamentação do Marco Civil da Internet ainda está sendo tratada dentro do Governo, e o texto ainda não está concluído, estando aberto ainda a alterações ou até a alguma ideia que os senhores tenham aqui. Eu aceito propostas para que nunca percamos a nossa liberdade de expressão. 23/47 Reunião de: 23/06/2021 Notas Taquigráficas - Comissões CÂMARA DOS DEPUTADOS

Eu queria passar agora a palavra ao Secretário de Cultura Mario Frias. O SR. MARIO FRIAS - Obrigado, Ministro. Deputado Helio Lopes, quero saudar todos os Deputados presentes. É um prazer e uma honra estar aqui hoje. Vou reforçar o que o Ministro acabou de falar. A preocupação da Secretaria de Cultura do Governo Federal hoje é justamente que possamos ter liberdade de expressão. Mas isso não é exatamente o que estamos assistindo. Nós percebemos que muitas páginas e perfis estão sendo retirados, não se levando em consideração que esse mecanismo hoje é um mecanismo de sustento. Muitas pessoas hoje — artistas, jornalistas, pessoas comuns — têm nos seus perfis o seu ganha- pão. E, como o Ministro Gilson falou, essa é uma minuta de decreto, que estamos construindo a várias mãos. Convido os senhores a participarem também dessa construção, que a meu ver só tem um objetivo: garantir a liberdade de expressão independentemente da sua posição política. Convidamos o Felipe Carmona, atualmente Secretário de Direitos Autorais, para estar aqui, justamente porque a discussão começa neste sentido: defender os direitos do cidadão brasileiro. É importante que se diga, Deputado Kim Kataguiri, que já sigo o seu trabalho há muito tempo, muito antes de estar aqui no Governo, no MBL, bem como sigo outros componente do MBL, como o Arthur. Eu acompanho a luta de todos. E, como o senhor mesmo colocou em 2018, era necessária a regulamentação da proibição da remoção dos usuários, páginas, perfis e conteúdos pelas plataformas denominadas redes sociais sem que houvesse prévio aviso. Eu acho que o que fica de mais importante, na minha opinião, é que nenhuma big tech é superior à Justiça deste País. Nós somos uma democracia consolidada. Na minha humilde opinião, temos que respeitar exatamente esse direito primordial.

Estou à disposição para o diálogo. E, se acontecer alguma reunião na Secretaria de Cultura, que possamos todos contribuir para esse momento tão importante. Deputada Alice Portugal, é um prazer estar com a senhora, assim como com a Deputada Carla Zambelli, o Deputado Felipe Carreras e o Ministro Marcelo Álvares Antônio. É um prazer estar aqui com todos vocês. O SR. FELIPE CARMONA CANTERA - Bom dia a todos. Agradeço o convite, bem como a oportunidade para trazer mais luz a esse debate. Conforme fui apresentado, eu sou Secretário Nacional de Direitos Autorais e Propriedade Intelectual. Eu avalizo os discursos dos meus antecessores e volto ao meu tema só para poder esclarecer por que a minuta desse decreto com relação a direitos autorais partiu de nós. O art. 7º da LDA fala que qualquer criação do espírito, fixada em qualquer plataforma, tem a proteção intelectual. A partir desse princípio, no momento em que você escreve um texto, um roteiro, esses têm uma proteção intelectual. Eu queria esclarecer esse ponto, que, provavelmente, é uma grande dúvida de vocês. Outra coisa: quando o Marco Civil da Internet, que fala sobre a proteção do direito autoral, foi feito em 2014, o Ministério da Cultura, à época, participou desse processo. Os outros Ministérios que participaram desse marco civil foram: da Cultura, da Justiça, das Comunicações e da Ciência, Tecnologia e Inovações. Por isso nós temos a competência de participar da edição desse decreto. Só para deixar claro também, Deputado Kim, eu acompanhei muito o seu trabalho desde o começo, desde 2014. Quero agradecer a presença de todos aqui, da Deputada Carla Zambelli, do Ministro Marcelo, do Deputado Felipe Carreras. Obrigado a todos. O SR. PRESIDENTE (Helio Lopes. PSL - RJ) - Agradeço a exposição do Sr. Ministro e do Sr. Secretário. Passemos agora ao debate. Tem a palavra o Deputado Kim Kataguiri, autor do Requerimento nº 106, de 2021, por 10 minutos. O SR. KIM KATAGUIRI (DEM - SP) - Obrigado, Presidente, Ministro, Secretários. Quero colocar a V.Exas., inicialmente, o mandado de injunção que impetramos em 2018, que foi citado pelo Ministro de Estado. Na época, nós falamos em aviso prévio e em não remoção sem justificativa. Ou seja, a partir do momento que você entra nas redes sociais, você firma um contrato com aquela rede, e, se você descumpre aquele contrato, sua conta é removida; se você cumpre aquele contrato e ainda assim a sua conta é removida, você tem o direito de recorrer para que ela seja restabelecida. Foi exatamente isso que nós fizemos em 2018 quando algumas contas relacionadas ao Movimento Brasil Livre foram retiradas. Nós protestamos contra aquela decisão da empresa, contra a falta de aviso prévio e obtivemos as nossas páginas de volta, porque a empresa reconheceu o erro e nos devolveu aquelas páginas que haviam sido tiradas do ar. Mas em nenhum momento falamos sobre impedir que toda e qualquer publicação seja retirada sem decisão judicial.

24/47 Reunião de: 23/06/2021 Notas Taquigráficas - Comissões CÂMARA DOS DEPUTADOS

Eu acho que é disso que se trata a discussão principal desse decreto, dessa minuta de decreto, de portaria, que está sendo desenhada pelo Ministério, pelas Secretarias de V.Exas. E é nesse sentido que à época nós exigimos do Facebook o cumprimento do contrato que nós firmamos a partir do momento em que nós nos registramos nas redes, a justificativa — quais eram as publicações que haviam ensejado tirar do ar aquelas nossas páginas e quais eram as cláusulas contratuais que haviam sido violadas. O Facebook foi incapaz de apontar esses argumentos. Justamente por isso, as páginas foram restabelecidas. Nesse sentido, eu quero fazer um questionamento sobre o Marco Civil, que foi citado pelo Secretário. Ele tramitou durante 8 anos neste Parlamento. V.Exas. disseram que o decreto, a portaria ainda está sob discussão, que ainda pode sofrer acréscimos. Gostaria que, primeiro, essa discussão fosse ampliada, que ela fosse mais aberta. Existe grande reclamação por parte da sociedade civil de falta de participação na elaboração dessa portaria, desse decreto, fazendo um paralelo com o próprio Marco Civil, que foi objeto de 8 anos de discussão dentro deste Parlamento. A aprovação foi precedida de várias audiências públicas, um debate amplo dentro deste Parlamento, e, depois de todo esse processo de participação pública, de audiências, de votos parlamentares e de manifestações, escutando as mais diversas perspectivas, nós obtivemos essa legislação. Vocês não acreditam que a formulação desse decreto tenha acontecido de maneira contrária à maneira como tramitou o Marco Civil, porque falta participação, transparência, a participação da sociedade civil para a elaboração dessa minuta em relação a todo o processo de audiência e de grupo de trabalho que nós tivemos durante o processo de aprovação do Marco Civil? Outro ponto: vários trechos do decreto trazem, como eu coloquei na minha exposição inicial, a necessidade de decisão judicial para retirar o conteúdo da rede social, sobrecarregando muito os custos e as demandas que o Judiciário já tem hoje. Eu gostaria de perguntar a V.Exa. se existe estimativa de impacto orçamentário dentro do Judiciário para essas demandas que devem chegar e que hoje não existem e se existe já alguma perspectiva de incremento de orçamento no Poder Judiciário para que ele seja capaz de atender a essas demandas que vão ser criadas por essa portaria. A legislação adequada não seria lei, no Parlamento, em vez de decreto, em vez de portaria? Vocês não estariam extrapolando a competência regulamentar, legislativa, de vocês próprios? Nesse sentido, eu trago, inclusive, um parecer da Advocacia-Geral da União. Eu pergunto se V.Exas. têm conhecimento de um parecer da AGU contrário, que sugere expressamente que essas alterações propostas pela portaria sejam feitas via lei. O próprio Governo Bolsonaro e o próprio Advogado-Geral da União do Governo Bolsonaro estão dizendo o seguinte, aspas: "Inobstante tal cenário, sugiro que a autoridade política responsável pela edição final do seu ato, em caso, o Exmo. Presidente da República, considere a possibilidade de veiculação das regras normativas pretendidas por intermédio de instrumento normativo de hierarquia superior, qual seja lei ordinária ou medida provisória, com vistas a robustecer a atuação regulatória da União e de afastar eventual questionamento judicial do ato a ser editado com base na alegação de suposta ofensa ao princípio da legalidade ou extrapolação do poder regulamentar conferido ao Chefe do Poder Executivo." Fecha aspas. É exatamente este o questionamento que eu fiz agora: vocês não estariam extrapolando as funções regulamentares do Poder Executivo ao tratar em matéria infralegal o que seria de matéria legal de legislação ordinária ou de medida provisória?

Mais do que isso, continua o relatório da Advocacia-Geral da União, aspas: Inobstante a viabilidade, em tese, de tal construção jurídica, novamente recomendo que a autoridade política competente considere com a atenção devida a possibilidade de apresentação de projeto de lei ou medida provisória para veicular as inovações pretendidas, no intuito de se mitigarem os eventuais questionamentos judiciais em face da norma a ser expedida. Então, eu perguntaria, reforçando objetivamente tudo isso que foi dito, se V.Exas. têm conhecimento desse parecer da Advocacia-Geral da União, se discordam desse parecer, se têm um posicionamento contrário ou favorável, se vão considerá-lo na elaboração desse decreto. Um outro ponto é se não haveria contradição dos pareceres, do decreto e das obrigações estipuladas no decreto com a recém-aprovada Lei de Liberdade Econômica, que prevê que, em regra, as empresas têm a liberdade de atuação, dentro do campo contratual, de cumprir aquelas cláusulas, o que, infelizmente, não aconteceu no caso da retirada das páginas do MBL — e, por isso, nós tivemos as páginas restituídas. Não seria o caso de solucionar isso pela via contratual e só em caso de permanecida controvérsia levar isso para o Poder Judiciário, em vez de já começar desgastando, já começar entupindo o Poder Judiciário de pronto, como bem coloca o texto da minuta do decreto? E o último questionamento que eu faria é quanto à avaliação de V.Exas. sobre o fato de que o decreto proibiria — entre aspas — "fornecedores de meio de pagamento" de removerem ou suspenderem conta suspeitas de lavagem de dinheiro ou financiamento de terrorismo enquanto não houver decisão judicial específica. Não causa preocupação esperar o trânsito 25/47 Reunião de: 23/06/2021 Notas Taquigráficas - Comissões CÂMARA DOS DEPUTADOS em julgado de uma decisão judicial ou uma liminar para se retirar uma publicação que promova lavagem de dinheiro, tráfico de armas, tráfico de drogas, tráfico de pessoas, pedofilia ou qualquer outro tipo de crime que envolva organizações criminosas? Não há um prejuízo ao crime organizado nesse trecho do decreto que estabelece que os fornecedores de meio de pagamento permitam a remoção ou suspensão sem ordem judicial, nas hipóteses de uso de conta falsa ou automatizada? Ou seja, se um sujeito utilizar uma conta autêntica, se o sujeito utilizar uma conta com RG, com CPF, com endereço, mas utilizar essa conta pra promover lavagem de dinheiro ou ações terroristas, o fornecedor do meio de pagamento vai ter que esperar uma decisão judicial para, então, remover a publicação? Isso não causa mais dano à sociedade do que benefício? Esses são os questionamentos que eu colocaria ao Ministro e aos Secretários, agradecendo a atenção aos três. O SR. PRESIDENTE (Helio Lopes. PSL - RJ) - Eu quero informar que há um bloco de inscritos para falar. Vamos fechar esse bloco e, depois, V.Exa. poderá responder. Com a palavra o Deputado Leo de Brito, que dispõe do tempo de Líder, 3 minutos. (Pausa.) A SRA. ALICE PORTUGAL (PCdoB - BA) - Os inscritos no Infoleg serão contemplados no segundo bloco, Deputado Helio? O SR. PRESIDENTE (Helio Lopes. PSL - RJ) - Sim, senhora. A SRA. ALICE PORTUGAL (PCdoB - BA) - Obrigada. O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Sr. Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, inicialmente, eu gostaria de parabenizar o Deputado Kim Kataguiri por esse requerimento, porque é importante para a sociedade brasileira esclarecermos essa situação especificamente. Também quero cumprimentar o Sr. Ministro do Turismo, Gilson Machado; o Secretário Mario Frias; o Sr. Felipe Carmona e os demais Deputados e Deputadas que vieram para colaborar com este debate.

Inicialmente, a preocupação principal em relação a esse decreto é porque, no nosso entendimento — e no entendimento de várias entidades — há violação ao Marco Civil da Internet. A justificativa do Governo é de impedir que as redes sociais sofram o que o Governo chama de censura ideológica. Mas nós temos que entender o que é liberdade de expressão. O primeiro debate que devemos fazer é a respeito do que é liberdade de expressão. A liberdade de expressão obedece a determinados marcos civilizatórios importantes. Hoje nós estamos em um debate aqui que beira a discussão a respeito da civilização e da barbárie. E nós temos marcos civilizatórios, sobretudo desde a Declaração Universal dos Direitos Humanos, depois da Segunda Guerra Mundial, depois do Holocausto e das barbaridades que foram cometidas. Há diversos tratados internacionais, declarações em Direito Internacional referendando esses marcos civilizatórios. Eu estou dizendo isso para introduzir o tema e para dizer que a Internet não é terra sem lei. Você não pode fazer qualquer coisa na Internet. A Internet não pode ser espaço para reprodução de racismo. A Internet não pode ser espaço, Deputada Alice, para reprodução de machismo, de discriminação, de xenofobia, de fake news, de desinformações. Eu não sei se o Ministro e a equipe do Ministério sabem, mas há gente morrendo em nosso País por causa de fake news — é triste ter que dizer isso —, porque não tomaram a vacina. É muito triste! Nós chegamos a meio milhão de mortos no último sábado. E, no meio desse meio milhão de mortos, há gente que morreu, no nosso País, porque não tomou vacina, porque achou que vacina não servia, porque há um monte de fake news aí circulando — as mesmas fake news que ajudaram a eleger o Sr. Presidente da República, Deputada Alice. A outra preocupação em relação ao decreto é porque ele cria grandes poderes para a Secretaria de Cultura... O SR. EDUARDO BOLSONARO (PSL - SP) - Quantos o Lula matou com desvio bilionário da PREVI, metrolão, mensalão? O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Presidente... O SR. EDUARDO BOLSONARO (PSL - SP) - Ele assaltou o Brasil. E vêm querer botar o dedo na cara. Genocidas são vocês! O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Você é filho de genocida! Você é filho de genocida! O SR. EDUARDO BOLSONARO (PSL - SP) - Mas eu não defendo ladrão. O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Você é filho de genocida! O SR. EDUARDO BOLSONARO (PSL - SP) - Partido de vagabundos e traíras é que vocês são! 26/47 Reunião de: 23/06/2021 Notas Taquigráficas - Comissões CÂMARA DOS DEPUTADOS

O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Filhotinho de genocida! O SR. EDUARDO BOLSONARO (PSL - SP) - Genocidas são vocês. Fizeram o desarmamento. Mataram milhões! Desviaram dinheiro da saúde, não fizeram UTI... E agora vêm dizer que não está tudo uma maravilha e que o Presidente é genocida?! Seus canalhas! O SR. PRESIDENTE (Helio Lopes. PSL - RJ) - Vamos manter a ordem. O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Você me respeite! Você é filho de genocida, rapaz! O SR. PRESIDENTE (Helio Lopes. PSL - RJ) - Srs. Parlamentares, por favor, vamos manter a ordem. O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Seu pai não respeita ninguém. O SR. EDUARDO BOLSONARO (PSL - SP) - Ele não tem que respeitar vagabundo, não. Tinha que estar tudo preso, na cadeia. Como é que vocês estão soltos aí? O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - É um genocida! O SR. EDUARDO BOLSONARO (PSL - SP) - Partido que afundou o Brasil: 13 milhões de desempregados... O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - É um genocida! Fale na sua vez. O SR. EDUARDO BOLSONARO (PSL - SP) - Tome vergonha na cara, rapaz! O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Filhote de genocida! Filhote da Ditadura! O SR. PRESIDENTE (Helio Lopes. PSL - RJ) - Senhores, vamos manter a ordem, por favor. A SRA. ALICE PORTUGAL (PCdoB - BA) - Sr. Presidente, estamos com um Ministro presente. Não é possível que um Deputado... O SR. EDUARDO BOLSONARO (PSL - SP) - O Ministro está presente para ficar ouvindo esse tipo de baboseira aqui? Peste atenção, rapaz, fale a verdade! O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Eu estou fazendo uma fala com base em fatos reais. O SR. PRESIDENTE (Helio Lopes. PSL - RJ) - Sr. Leo de Brito... O SR. EDUARDO BOLSONARO (PSL - SP) - Então, apresente a pessoa que morreu porque não tomou vacina. Qual o nome da pessoa, o CPF? Quem é que morreu porque não tomou vacina? A SRA. ALICE PORTUGAL (PCdoB - BA) - Aldir Blanc. A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP) - Presidente, pela ordem. Existe um artigo dentro do Regimento que diz que Ministros de Estado têm que ser tratados com urbanidade aqui dentro. Peço que V.Exa. retire das notas taquigráficas a palavra "genocida". A SRA. ALICE PORTUGAL (PCdoB - BA) - Quem faltou com urbanidade aqui... A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP) - V.Exa. tem que retirar das notas taquigráficas... O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Estou não estou tratando mal ninguém aqui. Estou fazendo uma fala com base em fatos. O SR. PRESIDENTE (Helio Lopes. PSL - RJ) - Sr. Deputado Leo de Brito, Sr. Deputado Eduardo, vamos dar prosseguimento. Vamos manter... O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Gostaria que V.Exa. repusesse o meu tempo, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Helio Lopes. PSL - RJ) - Vai ser reposto. É aquilo que foi falado. Esta Casa tem-se destacado pelo respeito por quem vem aqui, como convidado, para dirimir dúvidas e responder ao que está no requerimento. O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Vou tratar com respeito, vou tratar com respeito, como estou tratando.

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O SR. PRESIDENTE (Helio Lopes. PSL - RJ) - Solicito a todos que este episódio não venha a se repetir. Esta Casa é uma casa de respeito, de ambos os lados. Dando prosseguimento, recomponho o tempo de V.Exa., Deputado Leo de Brito, para continuar a sua fala. O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Obrigado. Quero agradecer a V.Exa., Deputado Helio Lopes, e gostaria que a minha fala fosse... O SR. PRESIDENTE (Helio Lopes. PSL - RJ) - A contagem do tempo está parada. O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Eu vou fazer uma série de considerações e vou fazer perguntas. Quanto à preocupação em relação à Secretaria da Cultura como um superórgão para tratar dessa situação, com base na questão dos direitos autorais, uma das sugestões que eu queria fazer ao Ministério é a de ouvir as entidades relacionadas à Internet. A Coalizão Direitos na Rede, que envolve 45 entidades, recentemente fez uma nota a respeito da minuta do decreto. Gostaria de ler alguns trechos dessa nota, que dizem o seguinte: (...) a minuta de decreto elaborada pela Secretaria de Cultura inverte essa lógica ao obrigar que qualquer exclusão, limitação de publicações ou suspensão de contas só possa ocorrer por meio de decisão judicial, com algumas exceções. (...) Com este decreto publicado, um site não poderia, por exemplo — e nós não estamos falando só das redes; há outras situações também, de Big Tech —, retirar comentários abusivos de leitores se não recebesse uma ordem judicial para tal — seria o caso de alguém que estivesse falando de racismo, que estivesse cometendo algum tipo de discriminação. Aplicativos de mobilidade não poderiam excluir contas de ofertantes de serviço que tivessem faltas graves (como um assediador no Uber ou no AirBnB). Plataformas de conhecimento, como a Wikipédia, não poderiam editar verbetes com mentiras flagrantes. Ou seja, a decisão judicial prévia seria a regra geral para a moderação de conteúdo. (...) Uma coisa que eles poderiam fazer até com notificação, o que acho razoável, ao usuário, teria que ser feita pela via judicial. Em nome da "liberdade de expressão", o governo estaria acabando com a possibilidade de brasileiras e brasileiros se sentirem seguros e ouvidos para se expressarem, criando uma internet sem diversidade de espaços. Uma internet que poderão imperar os mais violentos e aqueles que lotam as timelines com spam. (...) A norma delegaria à Secretaria de Direito Autoral e Propriedade Intelectual do Ministério do Turismo um poder de fiscalização que a tornaria, na prática, um mega controlador da Internet no Brasil. (...) Neste raciocínio, as plataformas estariam obrigadas a veicular aquilo que seus usuários produzem. Então, seria qualquer tipo de plataforma. Lembro que as plataformas são todas privadas, e elas têm políticas, elas têm as suas políticas. No momento em que o usuário entra em uma plataforma como essa, ele está aquiescendo, está concordando com as políticas da plataforma. Essa é uma preocupação. Eu tenho algumas perguntas a fazer.

Qual é a avaliação do Ministro e dos Secretários a respeito do Projeto de Lei nº 2.630, de 2020, que fala da chamada "Lei das Fake News", uma das preocupações que nós estamos expressando neste momento, que já foi aprovado no Senado e vem sendo amplamente debatido nesta Casa? A minuta do decreto que veio a público, segundo inúmeros especialistas, seria ilegal e inconstitucional, visto que as alterações propostas, com forte impacto no que já está disposto no Marco Civil da Internet, somente poderiam ser feitas por meio de uma nova legislação. Qual é a avaliação a respeito da compatibilidade com a Lei do Marco Civil? Para que fique claro, o Governo pretende editar uma medida provisória para alterar o Marco Civil da Internet? Nesse caso, se vocês considerarem que o decreto não está de acordo com a Lei do Marco Civil. Segundo as mais importantes entidades do setor, a minuta de decreto, além de ilegal, poderia permitir que a desinformação e o discurso de ódio crescessem e se mantivessem indefinidamente na rede. O senhor está de acordo? Por quais razões, entre as exceções previstas para a limitação de publicações ou suspensão de contas pelas plataformas, sem autorização judicial, não estão contidos os conteúdos que incentivam o ódio e as práticas de desinformação? É importante dizer que as nações democráticas estão tratando dessas situações, todas elas estão tratando dessas situações das fake news. O caminho que as nações democráticas têm percorrido é exatamente o das regulações públicas, construídas multissetorialmente, que assegurem a liberdade de expressão e permitam o combate aos abusos praticados no exercício.

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Há mais algumas perguntas que eu quero fazer. O Governo Bolsonaro teme um amplo debate a respeito do tema? Há interesse em fazer um amplo debate a respeito do tema? Qual é a justificativa para a edição de um decreto de tamanha gravidade, que imediatamente seria judicializado, sem qualquer discussão com a sociedade? Por quais razões as discussões não poderiam ser realizadas, por exemplo, no âmbito da discussão do projeto das fake news, do PL 2.630, sobre o qual em breve haverá uma Comissão Especial? V.Sas. poderão ser, deverão ser convidadas para participar dessa Comissão Especial. Então, nós estamos apelando aqui para um debate mais amplo. É fundamental um debate aberto, claro. Eu acho que isso é importante. Qual é a opinião do Ministro a respeito da formulação que a Coalizão Direitos na Rede faz? É preciso, simultaneamente, assegurar a liberdade de expressão e permitir o combate dos abusos praticados no seu exercício. Para finalizar a minha fala, nestes minutos que faltam, quero falar de algo interessante que eu vi aqui. Vários Deputados têm trabalhado e trabalham na questão do turismo. Então, aproveito a presença do Ministro Gilson Machado aqui para falar a respeito da questão do turismo, de uma coisa que tem-me preocupado. Têm vindo vários Ministros aqui, e de alguma maneira temos nos solidarizado com vários deles, porque os Ministros têm procurado fazer o seu trabalho, mas, muitas vezes, na minha opinião, são atrapalhados pela própria ação do Presidente da República. Cito o exemplo do Ministro da Saúde, Deputada Alice, que veio aqui e falou sobre o distanciamento social, o uso de máscara e de álcool em gel, que não existe o tratamento precoce, como ele falou na CPI, com cloroquina, Ivermectina, remédio para piolho, e depois levou um puxão de orelha e teve que mudar de opinião. Ontem mesmo nós recebemos aqui o Ministro da Infraestrutura, que falou sobre os aeroportos da Amazônia — eu sou da Amazônia, Sr. Ministro — e sobre a importância do ecoturismo na Amazônia. Precisamos do ecoturismo, mas, ao mesmo tempo, o Governo incentiva garimpeiros e madeireiros e tem um Ministro do Meio Ambiente que faz parte de uma organização criminosa que faz contrabando de madeira ilegal para o exterior, e os desmatamentos no País estão batendo recorde. Então, eu fico preocupado com essas contradições.

Eu penso que V.Exa. fez uma formulação interessante aqui, Ministro Gilson, a respeito da importância do turismo. O turismo no Brasil poderia ser muito mais explorado, melhor explorado, pelo potencial que tem, de norte a sul e de leste a oeste, pelos vários trades turísticos que nós temos no nosso País. No entanto, a imagem internacional do Brasil é muito ruim. Como fazer uma política de turismo que dê resultados com uma imagem muito ruim? Existe a imagem da forma como o Brasil tratou a pandemia, Deputada Alice, de como o Brasil trata os indígenas brasileiros, que são os povos originários. Agora na CCJ vão acabar com a possibilidade de reconhecimento das suas terras, vão acabar com a possibilidade de reconhecimento das suas formas de vida e das suas tradições. Existe a imagem de como o Brasil lida com a questão dos direitos humanos e agora há essa questão da supersecretaria que tenta controlar, através de um decreto relacionado a direitos autorais, a Internet. Então, a minha preocupação é com a imagem internacional do Brasil no Governo Bolsonaro, que é uma imagem muito ruim. Isso é uma realidade, é um fato, é um desafio que o nosso Ministro, com toda a sua boa vontade e a boa vontade de sua equipe, vai ter que superar. Seriam essas as considerações. Agradeço ao Ministro pela sua disponibilidade e pela disponibilidade de sua equipe, por estarem aqui na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle. Obrigado. O SR. PRESIDENTE (Helio Lopes. PSL - RJ) - Tem a palavra o Ministro Gilson Machado, para as suas considerações. O SR. MINISTRO GILSON MACHADO - Deputada Alice Portugal e Deputado Leo de Brito, eu tenho 53 anos de idade e não me perdoo por não ter conhecido a Amazônia antes dos meus 52 anos de idade. Deputado Leo, eu queria pedir ao senhor, que é da Amazônia, que não deixe ninguém falar mal da Amazônia no mundo, lá fora. O mundo todo pensa que a Amazônia acabou, o mundo todo pensa que o Rio Negro não tem mais água, e este ano nós estamos vendo a maior cheia da história nos rios da Bacia Amazônica. Se está havendo cheia, é porque temos água. Se nós temos água, é porque nós temos vida. O mundo todo torce para não concorrer com o Brasil no quesito ecoturismo. Ninguém quer concorrer com um cara que é melhor do que ele. Nenhum país é igual ao nosso em termos de recursos naturais.

A Amazônia está preservada, sim. Quem diz isso não sou eu, não. Quem diz isso é a NASA. O senhor pode ver isso numa imagem de satélite. O Estado do Amazonas está com 86% de sua cobertura vegetal, igual a quando Jesus Cristo veio à Terra. Agora, a narrativa que criam contra o nosso País é muito forte. Isso prejudica o emprego no seu Estado, isso prejudica todos nós brasileiros, independentemente de ideologia política.

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Eu queria pedir união em torno do nosso Brasil, porque estão queimando o Brasil lá fora. Esse discurso sobre a Amazônia... Eu trouxe agora um grupo de investidores... O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Esse é um apelo que nós temos que fazer ao Presidente, Sr. Ministro, com todo o respeito. Se o desmatamento for reduzido e os índios forem respeitados — e eu estou falando de dados concretos —, se tivermos outra atitude, certamente a Amazônia vai ser respeitada. O SR. MINISTRO GILSON MACHADO - Eu vou lhe dar um exemplo. O Presidente da França, Emmanuel Macron, num post no Twitter dele, disse: "Our house is burning" — "A nossa casa está queimando" —, como se a Amazônia fosse a casa dele. Já pensaram se ele dissesse isso da Califórnia, se chamasse a Califórnia de "our house"? O que o senhor acha disso? A Amazônia está preservada, meu amigo. Eu fui a Santarém com um grupo de investidores. É uma das carteiras que o Ministério do Turismo criou, a carteira de atração de investimentos internacionais, porque acreditamos que, sem meio ambiente preservado, não vai haver turismo depois da pandemia. O maior aliado do emprego hoje no case turístico é a preservação ambiental, porque o mundo vai querer chegar lá e ver o peixe e ver o pássaro. Se não houver, ele vai escrever isto na Booking, no Tripadvisor: "Não vá, porque não tem". Aí o cara vai para a República Dominicana, para a Costa Rica, mas não vem para o Brasil. Então, eu quero pedir união, pelo nosso País, não é pelo... é pelo emprego no nosso País. A respeito da Amazônia, voltando ao quesito Amazônia, sabemos que o Rio Amazonas tem 6.400 quilômetros. Os investidores estrangeiros que chegaram a Santarém pensavam que a Amazônia tinha acabado. Eu os levei a Alter do Chão, a Belterra, a Manaus. Fiz um cruzeiro num barco-hotel, em Manaus, o que foi a melhor experiência turística que eu tive na minha vida. Já conheci o Caribe de barco, conheci o mundo todo. Aos senhores aqui e a quem estiver me ouvindo pela televisão quero dizer o seguinte: não deixem de conhecer a Amazônia. Nada se compara à experiência turística de subir o Rio Negro num barco-hotel. Diga-se de passagem, são autossustentáveis os barcos-hotéis que existem na região hoje. Eles não agridem o meio ambiente. Pelo contrário. Eles interagem com o meio ambiente, com as comunidades indígenas. Enfim, é o etnoturismo indígena. Deputada, vou defender aqui o nosso Governo porque é meu papel também. A senhora acusou o Governo Bolsonaro de ser responsável pela morte de Aldir Blanc, por não haver vacina. (Intervenção fora do microfone.) O SR. MINISTRO GILSON MACHADO - É. Eu quero dizer à senhora que Aldir Blanc morreu no dia 4 de maio de 2020. Não havia vacina.

Eu quero dizer também que neste Governo, 1 dia após a ANVISA ter liberado a vacina, já havia vacina em todo o Brasil. Este Governo recebeu uma moção de aplausos da Organização Mundial do Turismo, pela forma como está conduzindo a crise da COVID. A Organização Mundial do Turismo, diga-se de passagem, é uma das agências da ONU, da qual também fazem parte a Organização Internacional do Trabalho e a Organização Mundial da Saúde. O Brasil, na América Latina hoje, é referência na condução da COVID: o Brasil é o único país que fabrica vacina, é o país que está com a vacinação mais acelerada e é o país que tem a maior capacidade de sair da crise. Quem está dizendo isso não sou eu, não. Quem está dizendo isso é o mundo. Eu estive na reunião dos Ministros das Américas e na Organização Mundial do Turismo em Madri, há 1 mês. Nós liberamos os aeroportos para serem concedidos aqui no Brasil. A primeira coisa que a repórter fez, quando eu cheguei à Bolsa de Valores de São Paulo, junto com o Ministro Tarcísio, foi me perguntar, Ministro Marcelo, Deputado Kim Kataguiri, o seguinte: "Como é que vocês vão vender um ativo do Brasil, conceder, em uma época de crise como esta?". Eu disse: "Minha senhora, o otimista pode até errar, mas o pessimista já começa errado". Sobre recuperação depois da pandemia, nenhum país — e quem está dizendo isso não sou eu, é o Google — tem a capacidade de recuperação que o Brasil tem. Hoje, de cada cem buscas por turismo no mundo, 54 são por ecoturismo. Em 2019, de cada cem buscas por turismo no mundo, apenas 10% eram por turismo de natureza. Então, os investidores do mundo sabem que a bola da vez somos nós. Somos o último lugar que ainda está intocado. Nós temos que preservar isso, sim. A repórter me perguntou, Deputada Carla Zambelli: "Como é que vocês vão vender esse ativo?". Eu disse: "Vamos fazer o seguinte: quando terminar o leilão, a senhora me procura". Nós conseguimos conceder os aeroportos, os 22 aeroportos, inclusive o de Manaus — e quem o comprou foi uma empresa francesa que vai investir no turismo sustentável, a Vinci,

30/47 Reunião de: 23/06/2021 Notas Taquigráficas - Comissões CÂMARA DOS DEPUTADOS que opera aeroportos na França; se eu não me engano, o Aeroporto Charles de Gaulle também é operado por ela —, por 18 vezes o valor por que estávamos esperando vender. Então, para este País, o turismo vai ser tão importante quanto o agronegócio. Agora, para isso, Deputada, eu preciso que a senhora lute pelo turismo, pelo nosso País, e não deixe nenhuma ideologia falar mal do nosso País lá fora. Aqui dentro nós brigamos, trocamos tapas, agora, lá fora vamos defender o nosso País. Há quem torça para darmos errado, para não concorrer conosco. Era isso. Eu vou deixar a outra parte para o Felipe responder. Ele vai responder à pergunta do senhor. O SR. MARIO FRIAS - Respondendo ao Deputado Kim Kataguiri, nós chegamos à Secretaria da Cultura há 1 ano. Eu cheguei exatamente há 1 ano. A função da Secretaria da Cultura é entender as necessidades do povo e, de alguma maneira, construir um parecer técnico sobre o que está acontecendo. Nós recebemos inúmeras reclamações — não foram uma nem duas nem três — em relação a essa questão da liberdade de expressão nas redes sociais. Nesse período todo, o senhor nunca me procurou, para ir lá conversar conosco. Eu sei que o senhor é um apaixonado por games, assim como o meu filho e as gerações mais novas. Eu tenho 50 anos de idade, e não tenho o hábito de jogar, mas acho fantástico. Temos outros projetos muito interessantes também, com os quais tentamos incentivar a garotada a transformar esse hobby numa profissão. Eu também acho que é uma função nossa tentar, de alguma maneira, criar capacitação.

Outra questão, em relação à Secretaria da Cultura: muita gente fala sobre política pública, Deputado, e que, de alguma maneira, nós podemos estar brigando com essa política pública, mas estudos mostram — e temos técnicos dentro da Secretaria que apontam isto — que 70% dos recursos investidos nos últimos 15 anos ficaram com apenas 10% dos proponentes. Tecnicamente, isso não demonstra nem um pouco uma política pública, demonstra, sim, uma centralização e a utilização da máquina pública para interesses pessoais. Então, isso sempre foi uma preocupação nossa. Quanto à participação desta Casa — e eu tenho muito respeito por ela; é por causa desta forma de governar que nós temos uma democracia consolidada no Brasil —, o diálogo na Secretaria da Cultura está aberto. Por algumas vezes já tivemos reuniões com a Deputada Alice Portugal. Sempre me coloco à disposição para debater todos os temas. Por se tratar de uma minuta, nós estamos discutindo aqui algo que ainda está em construção. Então, mais uma vez, estendo o convite ao Deputado Leo, à Deputada Carla Zambelli, ao Ministro Marcelo, ao Deputado Girão e a todas as pessoas aqui presentes para participarem da construção desse decreto. O Felipe Carmona vai explicar um pouquinho mais, mais tecnicamente. Obviamente, como Secretário hoje, eu estou responsável por cinco secretarias, por sete vinculadas, e por aí vai. É muita responsabilidade. O que eu posso garantir é que a nossa intenção vai ser sempre a de defender a população. O meu papel, como Executivo, é o de construir pareceres. Eu não faço leis. Essa responsabilidade é dos senhores. Eu me coloco desde já à disposição para debater e dialogar, Deputado Leo, Deputada Alice, Deputado Kim, para que possamos construir isso a quatro mãos ou com quantas mãos forem necessárias, para que o nosso objetivo seja concluído. Deputado Leo, as reclamações são diversas e de todos os tamanhos. Nós somos brasileiros. Por natureza, somos um povo pluricultural, de todos os tipos de etnias. Fui criado, na minha família, para respeitar pessoas. Eu acho que isso é o mais importante neste momento. Quando a população nos procura, principalmente a SNDAPI, a Secretaria do Carmona, para fazer diversas reclamações em relação ao autoritarismo, à imposição de ideias nas redes sociais, mais uma vez repito, cabe a nós do Executivo desenvolver um parecer, Deputado. É um parecer apenas, é uma minuta. Ela é tão importante para nós, Deputado Marcelo, que, neste momento, o MCTI, o MJ, o MTUR e a Secretaria da Cultura estão avaliando essa minuta. Isso demonstra o quanto este assunto é importante. Todos esses Ministérios têm as suas Conjur, e todos esses advogados estão debruçados sobre este tema, para que nós ajamos, conforme o Governo Jair Bolsonaro, dentro da lei, com probidade e transparência. É uma diretriz do Presidente da República que nós briguemos pela democracia. Eu vou passar a palavra agora para o Felipe Carmona. Muito obrigado, senhores.

O SR. FELIPE CARMONA CANTERA - Deputados, eu fui marcando aqui os pontos que muitos sombrearam como dúvidas, que pretendo esclarecer. Se não esclarecer, como disseram o Secretário Especial da Cultura e o Ministro, as portas estão abertas, para podermos trazer luz.

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Vamos partir da seguinte premissa: o Marco Civil da Internet, na sua concepção, traz que o ambiente digital, a Internet, é tão público quanto qualquer outro ambiente público, quanto uma praça. Então, todos os princípios e garantias constitucionais, desde o art. 5º, desde os arts. 4º, 5º e 6º, que falam sobre a sua liberdade de expressão, até o art. 220 da própria Constituição Federal, ou até o próprio Marco Civil da Internet, falam sobre essa pluralidade de pensamentos e que você tem o direito de expressá-los. Então, vamos partir deste princípio: para toda liberdade existem ônus e existem bônus. Se houver excessos, eles vão ser combatidos com o rigor da lei. Agora, vamos lá! Eu vou por pontos. Se esquecer alguma coisa, por favor, corrijam-me, e podemos ir conversando. Vamos lá! Contrato de adesão. Começando pelo que disse o Deputado Kim Kataguiri. V.Exa. comentou o mandado de injunção. Legal. Os contratos das Big Tech como funcionam? É total contrato de adesão, tanto é que lá existe um foro de eleição. Elas elegem um foro. Isso é ilegal num contrato de adesão. Afinal, conforme o — vamos invocá-lo — Código de Defesa do Consumidor, é no domicílio do consumidor, e não na empresa. As Big Tech fazem isso. Isso invalida totalmente o contrato. Como funciona o contrato delas? São as políticas. Cito como exemplo estas quatro Big Tech: Twitter, Facebook, Youtube e Instagram — americanas. Elas traduzem e não observam a nossa legislação. Isso é um fato. Lá é outro sistema, lá chamam de "copyright", aqui chamam de "direito de autor". Enfim, depois posso esclarecer um pouco mais isso. Em outras coisas, o próprio contrato de adesão não prevê a ampla defesa. Sempre que eles foram retirar conteúdo, como aconteceu com a MBL em 2018, quando entraram com mandado de injunção, elas não deram essa previsão. No órgão público existe a ampla defesa, o duplo grau de jurisdição, existem recursos, enquanto nas Big Tech eles criam... Não é mostrado de uma forma clara o que você está infringindo. Eu recebi mais de 40 denúncias nesse período, desde que tiveram acesso a esse decreto. Elas tiram sem nem perguntar, nem explicar, não te dão nem o direito de se defender. Em um dos casos, para os senhores terem uma ideia, uma conta foi banida do Youtube, de pessoas que trabalham, que têm roteiro — é um jornal do Youtube. Elas foram banidas do Youtube. Falaram: "Apele aqui". É o termo que eles usam. Não é "recurso", é "apele". Você clica e lê: "Login e senha". Você digita o login e a senha, tenta entrar, e aparece esta mensagem: "Perfil bloqueado. Apele aqui". Aí você entra nesse looping e não consegue nem resgatar todo o material que tem no Youtube. Os senhores sabem como um "youtuber" trabalha hoje. Ele confia nessa plataforma. E é uma plataforma pública. Por mais que seja uma empresa privada, ela tem animus público, ela te dá o direito. Como eu falei, o Marco Civil da Internet, na sua espinha dorsal, é um ambiente público, tanto quanto qualquer outro local. Então, se eu chegar à praça e começar a falar algumas coisas, algumas palavras de ordem, ou falar na Internet, é público. Essa é a espinha dorsal do Marco Civil da Internet, diferentemente dos Estados Unidos, onde não existe um marco civil da Internet. Lá é outra coisa. Os princípios de liberdade lá são um pouco diferentes. Com relação ao contrato de adesão, era isso. Questionamento da AGU. Vamos lá!

Quando o decreto foi feito, nós analisamos toda a legislação. Como V.Exa. comentou, foram 8 anos de debate. Houve o debate. O Marco Civil da Internet, no seu art. 19, fala da necessidade de uma construção — e você consegue ver a necessidade da judicialização. Não somos nós que estamos criando. V.Exa. é formado em direito também — se não me engano, é advogado. Existe a hierarquia das normas: Constituição Federal, emenda à Constituição, e tal — Pirâmide de Kelsen. Já existe uma norma, já existe uma lei que versa sobre este tema, sobre estas necessidades, inclusive sobre as penalidades. O próprio Marco Civil da Internet traz o rol: 10% do faturamento... Isso aconteceu lá atrás. Então, não estamos inovando. O Advogado-Geral da União deu o parecer. O senhor até leu, ipsis litteris, o que ele escreveu. Estava escrito lá: "Viável". Foi aprovado, não foi reprovado. E teria que ser por outra... Existe uma construção. Poderia ser feito por meio de uma emenda à Constituição? Poderia. Está na lei. Poderia ser feito por uma lei complementar, que está acima de lei ordinária? Poderia. Já há uma lei ordinária. Então, ele não inviabilizou o decreto, ele sugeriu que poderia ser feito também por medida provisória ou por lei. Eu falei sobre a discussão na Câmara, sobre a viabilidade. Previsão legal. Existem, tanto no Código de Defesa do Consumidor quanto no Marco Civil da Internet, todas as previsões. Eu estou com eles aqui. Inclusive, com relação ao mandado de injunção, o art. 7º do Marco Civil da Internet diz, no inciso XI: Art. 7º O acesso à internet é essencial ao exercício da cidadania, e ao usuário são assegurados os seguintes direitos: (...) XI - publicidade e clareza de eventuais políticas de uso dos provedores (...); 32/47 Reunião de: 23/06/2021 Notas Taquigráficas - Comissões CÂMARA DOS DEPUTADOS

(...) Hoje, quando os provedores, as Big Tech, cerceiam a sua fala, eles não falam claramente por quê. Podem falar que é discurso de ódio, mas você não consegue nem se defender. Eles não lhe dão nem esse direito. Eles cautelarmente retiram o seu conteúdo, cerceando o seu direito de fala. E a sua liberdade de pensamento? Isso é muito complicado, porque nisso chegamos até a fé. Por exemplo, se alguém está com uma doença terminal, você fala assim: "Reze, ore. Vou acender uma vela". Existe comprovação científica? Não. "Então, eu vou retirar, porque isso é fake news ou qualquer coisa do tipo". É muito complicado quando eles começam a controlar a nossa fala, dizendo o que é ou não é fake news, entrando no tema da fé. Se eu disser que 2 mais 2 são 22, esse é o meu ponto de vista. Se eu disser que a Terra é plana, esse é o meu ponto de vista sobre o mundo. Se eu disser que existem pedras energéticas que podem ajudar, esse é o meu ponto de vista. Não posso ser cerceado, e o que eu disser não pode ser caracterizado como fake news. Esse é só mais um ponto. Terra sem lei. A Internet não é uma terra sem lei. Existe lei, o Marco Civil da Internet, que foi debatido nesta Casa durante 8 anos. Nós não estamos alterando nada do Marco Civil da Internet. Só queremos regulamentar. Com o próprio mandado de injunção... Já existe um decreto, mas as realidades de 2014 eram um pouco diferentes das realidades atuais. As leis são usos e costumes. Os usos e costumes foram sendo alterados. Antigamente, as Big Tech não agiam dessa forma. Então, agora temos que adaptar a legislação. Controle pelo Estado. O controle não é do Estado, ou não é o Estado que vai controlar o que pode ou não pode tirar. Existe todo um processo administrativo. Falta falar da parte orçamentária. Não somos nós da Secretaria Nacional de Direitos Autorais... A Secretaria Nacional do Consumidor também pode atuar, também pode ser acionada. O Ministério das Comunicações também pode ser acionado. Nós não teremos a prerrogativa total. Pode falar, Deputado.

O SR. KIM KATAGUIRI (DEM - SP) - Quero só citar um pequeno detalhe, Secretário: todas essas instituições que o senhor citou não são parte do Estado? O SR. FELIPE CARMONA CANTERA - É claro. O Judiciário é parte do Estado, Deputado? O SR. KIM KATAGUIRI (DEM - SP) - É claro. O SR. FELIPE CARMONA CANTERA - Então, se for pelo Judiciário, também é pelo Estado. Vamos lá! Adam Smith e Ludwig von Mises. Eu sei que o senhor vai conseguir entender agora. A autorregulação de uma empresa não pode estar acima de uma norma ordinária, fora a constitucional, senão eu poderia ter um restaurante e dizer, sei lá, que polaco não entra, ou um anão, ou um sanfoneiro. (Intervenção fora do microfone.) (Risos.) O SR. FELIPE CARMONA CANTERA - É autorregulação. Tem que entender com parcimônia. Eu não estou dizendo, Deputado, que as Big Tech... Elas têm que deixar claro — como já está na lei — o que estão fazendo. Por exemplo, elas tiraram um discurso de ódio, segundo a visão delas. Elas deram o direito a ampla defesa? Deram. Elas deram o direito ao duplo grau de jurisdição? Foi um órgão externo, ou elas mesmas disseram que você infringiu, e não lhe deram o direito de defesa? Essa matéria é muito importante, precisa ser regulada — de todos os lados, Deputado. Se é esquerda, se é centro, se é progressista, se não é, nós aceitamos toda e qualquer denúncia de violação. Por exemplo, se uma Big Tech falar que é discurso de ódio quando o senhor fala que o Bolsonaro é um genocida, pode nos acionar e falar: "Essa é a minha liberdade de expressão, esse é o meu ponto de vista". Estaremos abertos para isso. Então, é muito complicado dar esse poder, 100%, a uma empresa privada, quando se tem o monopólio. A Internet não é terra sem lei. A discriminação. Como todos os que me antecederam falaram, isso aqui é uma minuta. Estamos estudando, estamos aprimorando. Vai por mim, faz tempo que eu estou estudando essa parte, não é de hoje. A minuta que chegou até vocês — e não é a minuta final — traz diversas limitações e exceções para que as Big Tech possam tirar o conteúdo, discricionariamente. Como eu falei, há ônus e bônus. Órgãos terroristas, como o Deputado falou, podem se organizar para

33/47 Reunião de: 23/06/2021 Notas Taquigráficas - Comissões CÂMARA DOS DEPUTADOS cometer algum crime. Nessa minuta que chegou até vocês já há essas restrições, limitações, exceções. Não sei qual minuta o Deputado Kim tem, mas o art. 2º-C diz: Art. 2º-C. Em observância ao disposto no caput do art. 8º da Lei nº 12.965, de 2014 — Marco Civil da Internet —, os provedores de aplicações de internet não poderão excluir, suspender ou limitar a divulgação de conteúdo gerado pelo usuário em seus aplicativos sem ordem judicial, com exceção dos seguintes casos: I - quando o conteúdo publicado pelo usuário estiver em desacordo com a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 — que é o ECA. (...) Então, em se tratando de qualquer crime contra criança, tira-se o conteúdo. Eu coloquei aqui, lá na frente, a ação penal pública incondicionada. Existem têm três tipos de ação: a ação penal pública condicionada, a ação penal pública incondicionada e a ação penal privada. Por exemplo, se eu ameaço algum Deputado, é o Deputado que tem que sentir o animus dele ameaçado e me processar. É assim que funciona no cara a cara. Se a polícia estiver passando por uma pessoa, e ela disser "ele falou que vai me matar", e a pessoa não agir, ou seja, não disser "eu não me senti ameaçada"... É preciso condicionar. Com relação à ameaça, não. Se fosse uma ofensa, a ação seria privada. Enfim, no caso de ameaça contra uma criança... (Intervenção fora do microfone.) O SR. FELIPE CARMONA CANTERA - No caso de crimes contra a honra, a pessoa vai impetrar uma ação penal privada. Volto à minuta: nudez ou representação explícita — isso as Big Tech podem retirar sem terem que acionar o Judiciário; prática, apoio, promoção ou incitação de infração penal sujeita a ação penal pública incondicionada. Qualquer tipo de homicídio, qualquer crime contra a pessoa, contra a vida, contra o patrimônio é uma ação penal pública incondicionada. "Ah, vamos nos juntar para roubar um banco". Se jogarem isso na Internet... "Ah não! A Big Tech não pode". A Big Tech pode. E mais: terrorismo e seus atos; prática, apoio, promoção ou incitação de atos de ameaça ou violência, inclusive contra raça, cor, etnia. Foi exatamente isso que o Deputado comentou. Para isso, já está previsto que as Big Tech têm que retirar, sem o devido processo legal. Até o racismo é uma ação penal pública incondicionada — não a injúria racial, mas o racismo, sim. Fabricação, consumo explícito de drogas ilícitas, apologia, prática, enfim. Lá no art. 2º-C estão todas essas previsões, dos casos em que as Big Tech podem atuar.

Eu li todas as matérias. Como eu estudei e me debrucei sobre este tema, eu pensei: "É bom ter esse da feedback da galera, como especialistas". Um especialista americano, se não me engano, "pós-doc" em Harvard, baseou toda a tese dele na legislação americana. Existe o princípio da territorialidade. É a nossa legislação. Lá não existe o Marco Civil da Internet, é outro tipo. Lá eles até "primaziam" a liberdade de autogestão da empresa: "Ah, se você não quer, vá para outro lugar". É outra coisa. Nós já temos a lei. Vamos lá! Lei das Fake News. Sobre a Lei das Fake News eu já comecei a tecer alguns pensamentos. Eu cheguei a analisar esse projeto das fake news. Como falei para o senhor, existem pensamentos, existem crenças de que pedras energéticas curam. Isso é fake news? Depende de para quem. Para mim, pode ser, para o senhor, não; às vezes, para alguma outra Deputada que acredita nisso. A pessoa não vai poder expor o ponto de vista dela, o jeito como pensa, que existe mais de um deus, que existe Deus, que existe santo? É uma linha muito tênue, e não há como o Estado controlar. Eu sou contra o Estado controlar essa liberdade. O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Secretário, quero dar uma contribuição. Uma coisa é a questão da crença, de crenças religiosas... O SR. FELIPE CARMONA CANTERA - Não, que crenças religiosas... O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - É metafísica. Nós estamos falando de questões científicas ou factuais. Fake news é questão científica ou factual. O SR. FELIPE CARMONA CANTERA - Isso. Então, como eu estava falando, existem dois tipos, até onde eu estudei dessa lei: existem leis e existem princípios. Por exemplo, a lei da gravidade.

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O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Nós estamos falando de questões objetivas, e não subjetivas. A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP) - Não. Na verdade, ele está tentando remeter, Secretário, à questão científica, de vacina, de tratamento etc. Na própria CPI, vimos que há médico que defende uma coisa e há médico que defende outra. Entre os médicos, na ciência, existe divergência. Não adianta querer dizer que é uma Big Tech que tem que decidir isso. Desculpe-me, Deputado. Com todo o respeito... O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Vou dar um exemplo bem claro, Deputada: Terra plana. A Terra ser plana é uma convenção científica. Para ficar mais claro: a Terra é redonda. É uma convenção científica. A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP) - Eu também acredito que a Terra seja redonda. Quem acredita que a Terra seja plana que vai até a ponta da Terra e cai. Quem vai morrer é ele. Pelo amor Deus, gente! Se a pessoa acha que a Terra é plana e quer escrever que a Terra é plana, isso não prejudica ninguém. Eu acho que a Terra é redonda, e tem gente que diz que sou "terraplanista". Que ache! Mas querer dizer que isso é científico e que isso tem que ser decidido por uma Big Tech? Pelo amor de Deus, gente! O SR. PRESIDENTE (Helio Lopes. PSL - RJ) - Pessoal, vamos dar prosseguimento à explanação e à resposta. Após a resposta dele, teremos mais um bloco, para fazerem perguntas, para tirarem as dúvidas. Vamos aproveitar o conhecimento dos especialistas que estão aqui na frente. Aproveito para agradecer à Casa por manter esse respeito. A Casa está de parabéns.

O SR. FELIPE CARMONA CANTERA - Vou encerrar o que eu falei sobre a liberdade de expressão, que é um ponto de vista. Há fatos científicos, como a lei da gravidade, que não são refutados. Às vezes, dependendo do caso concreto de que o senhor esteja falando, tudo depende. E, se depende, eu não acredito que uma empresa possa mitigar o que é ou o que não é. Eu acredito que, se há uma fake news, se há alguma coisa, não é a Big Tech que deve julgar se é fake ou se não é fake. Porque sabemos que as empresas privadas, às vezes, têm interesses. Então, vamos deixar isso para o administrativo ou para o judicial, vamos deixar para o Estado regular ou analisar isso, como eu falei, dando o direito à ampla defesa e ao duplo grau de jurisdição, que são direitos pátrios, estão na Constituição. Nada mais justo do que nós conseguirmos, de alguma forma, controlar esse conteúdo. Como eu disse e digo mais uma vez, não seremos os paladinos da justiça, não será isso a Secretaria Nacional de Direitos Autorais e Propriedade Intelectual. Por exemplo, se o senhor, na sua rede social, apenas compartilhar, não existe uma criação de espírito nisso. Certo? A Secretaria Nacional de Direitos Autorais... Como eu disse no começo, segundo o art. 7º, toda criação de espírito tem a proteção da sua propriedade intelectual. Então, se é um simples compartilhamento, não tem, e, sim, quem criou o meme, o texto, enfim. Obrigado. O SR. MINISTRO GILSON MACHADO - A respeito das fake news, vou aproveitar, porque falei na Amazônia, para mostrar aqui o post do Sr. Macron. Para quem quiser ver está aqui. (Exibe o telefone celular.) Ele postou uma foto de um fotógrafo que morreu em maio de 2003 como sendo de 2019, durante a crise da Amazônia, dizendo que era no Brasil. Isso daqui o mundo replicou. É fake news e deu prejuízo de bilhões de dólares ao nosso País, porque, quando eu cheguei à Suécia para a maior feira de ecoturismo do mundo, o mundo pensava que Guarulhos não estava operando por excesso de fumaça. O pior é que é verdade. Graças a Deus, tive a chance de defender o meu País naquele momento. O SR. LEO DE BRITO (PT - AC) - Por isso é que temos que cuidar bem da nossa Amazônia e dos nossos indígenas. O SR. MINISTRO GILSON MACHADO - E está bem cuidada. Eu estive lá. Está bem cuidada, como nunca esteve. Deputado Leo, onde não há água não há vida. Nós estamos tendo a maior cheia dos últimos 100 anos na Bacia Amazônica. Outra coisa a respeito disso: depois da minuta, levantou-se um debate muito salutar. Eu queria pôr os senhores a par, porque faz parte disto a regulação da Internet. A ABIH me pediu que tomasse uma atitude com relação aos perfis falsos de hotéis, pousadas, meios de hospedagem, do que eu mesmo sou vítima. Está aqui um perfil falso da minha pousada, em São Miguel dos Milagres. (Exibe o telefone celular.) Há oito perfis falsos, que eu não consigo derrubar da Internet.

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Fiz uma reunião com o Ministro Anderson e com representantes do Facebook, que regula isso. Hoje, grande parte das vendas são feitas via Instagram. A mídia é divulgada no Instagram. Então, muita gente se aproveita para fazer um perfil falso, para ganhar dinheiro, lesar o contribuinte e lesar o proprietário da pousada.

Chega um fim de semana, um cara vem à minha pousada com a reserva feita num perfil falso, e não tem o seu quarto guardado. Como é que eu faço? O cara pegou um voo de São Paulo para chegar lá, com o perfil falso — está aqui: um perfil falso. O cara bota um "T" a mais com a mesma foto, tudo igualzinho, recebe o dinheiro, emite um voucher falso e chega lá para se hospedar! Como é que fica? Eu coloquei o Cadastur, que é o nosso cadastro, e pedi celeridade a eles para que dessem um sinalzinho azul ou alguma coisa que identificasse quais são os perfis reais, uma demanda do trade que está prejudicando o consumidor e os meios de hospedagem. A Internet é praticamente um ser vivo, cada dia há uma inovação, cada dia é uma coisa, e nós temos, sim, que melhorar a cada dia a proteção, as garantias e os direitos individuais do consumidor. O SR. PRESIDENTE (Helio Lopes. PSL - RJ) - Observando a ordem das inscrições, passarei a palavra aos Líderes e aos demais inscritos. Concedo a palavra ao Deputado General Girão, por 3 minutos. Em seguida, falará o Deputado Elias Vaz. O SR. GENERAL GIRÃO (PSL - RN) - Sras. e Srs. Deputados, Sr. Ministro, Secretário de Cultura, nobres amigos, eu gostaria de me expressar dizendo para os senhores que nós temos trabalhado nesta Casa procurando legislar. Minha assessoria entrará em contato com o Sr. Secretário de Defesa do Consumidor, para que nós possamos avançar num projeto de lei de minha autoria e de outros Deputados do PSL que procura estabelecer novas hipóteses de cometimento de crimes em caso de censura das redes sociais, pois o que se está discutindo aqui hoje é liberdade. Se alguém usa a rede social para cometer um crime, essas big techs da vida têm que ser responsabilizadas mesmo, porque elas acobertam isso. Mas, se você usa a rede social para defender... Eu, por exemplo, contraí COVID duas vezes. Nas duas vezes em que eu contraí a COVID, eu usei medicamento prescrito pelo médico, um médico corajoso, que está enfrentando parte da sociedade médica que infelizmente está achando que não deve aplicar medicação de imediato. "Voltem para casa, fiquem em casa, esperem o vírus se fortalecer dentro de vocês". Isso é um absurdo! É um crime mandar as pessoas voltarem para casa para o vírus se fortalecer, atacar os pulmões, o coração e até a cabeça e gerar doenças. Portanto, nós precisamos de uma lei que regulamente melhor esta questão. Não se pode proibir a pessoa de publicar um exemplo pessoal. Na semana passada, nós estávamos discutindo entre nós. Eu perdi 7 mil seguidores, na semana passada, de uma hora para outra, no Twitter. Portanto, nós precisamos deste projeto de lei e vamos pedir uma reunião com vocês. Nós pretendemos levar esta questão adiante para podermos ter o mínimo de liberdade. Sr. Presidente, eu gostaria que parasse meu tempo, por favor. Muito obrigado. É por liberdade que nós estamos brigando: liberdade de expressão, liberdade de opinião. Nós estamos sendo acometidos por um absurdo antidemocrático. O Deputado Daniel Silveira está sendo incriminado por liberdade de opinião, além do fato de estar sofrendo em função do art. 53, quando ele tem, neste caso, inviolabilidade de opiniões, palavras e votos.

Portanto, Sr. Ministro e Srs. Deputados, nós temos que trabalhar em função da nossa liberdade. O Governo Bolsonaro pensa assim, tenho certeza absoluta, como o Presidente expressou várias vezes. Só quem já perdeu a liberdade sabe o que isso significa. Eu morei na Polônia por 2 anos, o polonês é um exemplo. O polonês proibiu e aplicou em sua nova legislação multas pesadíssimas em cima das big techs, caso façam isso. Amparados nisso, o Deputado Daniel Silveira, a Deputada Major Fabiana e eu procuramos na Embaixada da Polônia nos respaldar também. É claro, trata-se de outro país, de outra legislação, mas nós estamos procurando construir isso aqui deste jeito. Parabéns a todos pelo trabalho que estão fazendo. Contem com nosso apoio! Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Helio Lopes. PSL - RJ) - Muito obrigado, Deputado General Girão. Tem a palavra o Deputado Elias Vaz, por 3 minutos. O SR. ELIAS VAZ (PSB - GO) - Presidente, eu quero cumprimentar todos os presentes, o Ministro e os Secretários. Primeiro, eu penso que este tema é muito interessante, e precisamos fazer uma reflexão profunda sobre ele porque é, de certa forma, um tema novo. Eu até costumo dizer que, quando nós discutíamos sobre o peso que havia na calúnia e na difamação de uma pessoa que ia, às vezes, a um local da vizinhança e falava alguma coisa sobre alguém, o peso é

36/47 Reunião de: 23/06/2021 Notas Taquigráficas - Comissões CÂMARA DOS DEPUTADOS gravíssimo. Hoje nós temos, às vezes, um ataque a uma pessoa o qual viraliza no Brasil inteiro. Isso é um negócio absurdo! O peso de uma fake news e suas consequências é um negócio gravíssimo hoje! Nós temos que fazer algumas reflexões. Fica uma discussão: mas é a empresa que vai tomar medidas e decidir sobre isso? Parece-me que nós precisamos de uma legislação competente, eficaz, que dê respostas rápidas. Não me agrada o fato de ficarmos só na situação de um pensamento de uma empresa, que pode ter um lado, uma conveniência em determinado momento e atitudes que não sejam corretas. Nós precisamos avançar neste ponto. Deputada Alice Portugal, eu fico me preocupado, porque esse Governo promove fake news, é um negócio impressionante! Como confiar num Governo como este? Dizer que esse Governo é que vai controlar este sistema gera uma grande desconfiança. Sinceramente, um sujeito dizer para mim que está tudo bem uma pessoa colocar nas redes sociais que no Brasil é mentira que o pessoal está morrendo de COVID, que estão enterrando caixão vazio, é absurdo! Alguns aqui nesta sala colocaram isso nas redes sociais. Além disso, ainda dizem que não se trata de fake news, que isso é opinião. Vai dizer para as pessoas que é mentira, que a COVID não é uma coisa tão grave? Era esta a polêmica naquele momento. Ou se fazia um alerta à sociedade para esta saber que a situação era grave, e se mostrou grave, tanto é que morreu mais de meio milhão de pessoas só no Brasil. Ainda há aqui gente que ficava propagando isso até hoje! Até hoje, o Presidente da República continua dizendo: “Acho que esse negócio daí, eu recebi um relatório do TCU. Eu acho que não morreu esse tanto de gente". Sobre a vacina, falam: “Não, gente, isso é ciência ou não é?" O Presidente Bolsonaro acabou de ir a Anápolis há 2 semanas e disse que a vacina não tinha comprovação científica. Como não? Até hoje ele se recusa a usar máscara em público, e a toda hora ele faz questão de aparecer em público. Eu quero parabenizar a todos, inclusive a Deputada Carla Zambelli, que eu não sei por que retirou a máscara quando o Presidente retirou. Achei essa atitude lamentável. V.Exa., amiga dele, tinha que chamar a atenção dele para que ele não fizesse mais esse tipo de coisa, especialmente porque ele é Presidente da República, portanto tem que dar o exemplo. Ele provoca aglomerações o tempo inteiro, tem um comportamento que não dá, que é inexplicável, além do que ele coloca nas redes sociais, além das narrativas que ele coloca nas redes sociais a todo momento.

Eu estou recebendo até hoje e vejo nas redes sociais as pessoas dizerem que as vacinas são ineficazes, que não prestam para nada. Se isso não é fake news, o que será? Eu ouvi o senhor dizer que tem a visão de que a Terra é plana. Isso não é fake news? Sinceramente, isso é o mesmo que deseducar as pessoas, e nós gastamos um dinheirão para educá-las. Falar para mim ou para uma criança que a Terra é plana é o mesmo que desinformar. Sinceramente, isso é fake news, sim! Nós precisamos tratar este assunto com seriedade. É claro que há um limite para isso, até onde é opinião, direito ao credo religioso, direito ao debate democrático, mas tudo tem limite. Nós precisamos encontrar este ponto, sei que não é fácil. Nós temos que fazer isso com muita discussão. Nós precisamos ter mecanismos de controle, sim, porque nós não podemos permitir que uma pessoa tenha destruída a sua vida e depois querer corrigir o que já foi destruído, que não tem mais volta. Sinceramente, nós precisamos fazer uma discussão mais profunda sobre este tema. O SR. PRESIDENTE (Helio Lopes. PSL - RJ) - Muito obrigado, Deputado Elias Vaz. Tem a palavra a Deputada Alice Portugal, por 3 minutos. A SRA. ALICE PORTUGAL (PCdoB - BA) - Presidente, eu queria saber se já chegou a indicação do meu tempo de Líder. O SR. PRESIDENTE (Helio Lopes. PSL - RJ) - Justamente por não ter chegado, eu estou oferecendo a V.Exa. o tempo, porque a Deputada Carla Zambelli dispõe do tempo da Liderança. A SRA. ALICE PORTUGAL (PCdoB - BA) - Eu tenho a impressão de que o meu já deve ter chegado também. O SR. PRESIDENTE (Helio Lopes. PSL - RJ) - Não chegou, não, Deputada. A SRA. ALICE PORTUGAL (PCdoB - BA) - Então, eu vou escutar a Deputada Carla Zambelli, até chegar a minha designação. Muito obrigada, Presidente. O SR. PRESIDENTE (Helio Lopes. PSL - RJ) - Muito obrigado, Deputada. V.Exa. manda nesta Casa, assim como a Deputada Carla Zambelli. As mulheres mandam nesta Casa! Portanto, vamos ouvir o Deputado Marcelo Álvaro Antônio. Tem a palavra o Deputado Marcelo Álvaro Antônio, como Líder do Governo. O SR. MARCELO ÁLVARO ANTÔNIO (PSL - MG) - Primeiro, Presidente Deputado Helio, eu quero parabenizar o Ministro Gilson, o Secretário Especial Mario Frias, o Secretário Carmona por esta iniciativa, porque este debate realmente

37/47 Reunião de: 23/06/2021 Notas Taquigráficas - Comissões CÂMARA DOS DEPUTADOS precisa estar na pauta do Brasil neste momento tão importante da nossa democracia. Este debate tem o único e exclusivo objetivo de garantir o direito de expressão a todos. Vale para todo mundo! Vou citar um exemplo que está muito evidente. Para a própria comunidade científica, em se tratando do tratamento precoce, não existe consenso sobre a eficácia ou não do uso de medicamentos diversos. Hoje o Governo britânico orientou a Oxford a estudar a ivermectina — neste momento, estão estudando a ivermectina para o tratamento da COVID-19. Eu fui acometido da COVID-19, fiz o tratamento precoce, tomei ivermectina e hidroxicloroquina. Eu não estou receitando esta medicação para ninguém, porque eu não sou médico, mas eu tomei. Três dias depois, eu estava novo, estava muito bem! Se não existe consenso na comunidade científica, quem são o Facebook, o Twitter e o Instagram para retirarem postagens quando alguém diz que é a favor do tratamento precoce?

Na semana passada, o Senador Randolfe cobrou a presença do Facebook e do Twitter na CPI da COVID para questionar por que a conta do Presidente Donald Trump foi retirada, foi banida, e a do Presidente Jair Bolsonaro, não. Todos nós sabemos que, em 2018, o Presidente Bolsonaro se elegeu sem contar com a grande mídia. Estas plataformas é que deram a oportunidade de veiculação da mensagem que o Presidente trazia naquele momento, uma mensagem de esperança, de combate à corrupção, e que ela chegasse às famílias, às pessoas. Qual é o objetivo real do Senador Randolfe? Ele quer, já visando a 2022, enfraquecer o Presidente Bolsonaro, tirando-lhe o direito de se posicionar nas redes sociais. Portanto, nós temos que estar atentos a tudo. Esta é uma medida que vale para todos, para todos os lados, não apenas para a Direita ou para a Esquerda. Eu acredito que deixar única e exclusivamente na mão dessas plataformas estas decisões é realmente muito temeroso. Esta minuta de decreto vem em boa hora. Este debate certamente vai ser muito ampliado, e tudo o que nós queremos é garantir o direito de expressão das pessoas nas plataformas da Internet, só isso. Parabéns, Secretário Carmona e Secretário Mario Frias! Parabéns, nosso Ministro do Turismo, Gilson Machado. Realmente alguém precisava ter a coragem de levantar este debate, e os senhores tiveram. Eu não tenho dúvida de que o Brasil e todos os brasileiros vão ganhar muito com este debate, porque nós certamente vamos chegar a um bom termo e, assim, garantir a liberdade de expressão para cada brasileiro que quiser se posicionar na Internet. De outro lado, nós repudiamos veementemente o que tem acontecido nestas plataformas. Se você se posicionar hoje a favor do tratamento precoce, sua postagem é retirada. Não há comprovação científica, nem sim, nem não. Baseado em que se está retirando isso? O próprio Deputado Kim Kataguiri disse aqui que algumas contas foram reativadas porque as plataformas não tinham condições de avaliar se tal coisa era realmente verdadeira ou não. Mais uma vez, parabéns! Este debate vai produzir bons frutos, não tenho dúvida nenhuma. Certamente, é a liberdade de expressão de todos os brasileiros que vai ganhar com isso. Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Helio Lopes. PSL - RJ) - O Ministro Gilson Machado vai fazer uma observação. Em seguida, terão a palavra as Deputadas Carla Zambelli e Alice Portugal. O SR. MINISTRO GILSON MACHADO - Deputado Marcelo, eu gostaria de fazer apenas uma observação. Digamos que foi comprovado que uma plataforma digital big tech foi arbitrária e causou prejuízo a uma pessoa que montou seu canal, sua equipe, por exemplo, no Youtube. O que ela vai pagar por este prejuízo? Como ela vai ser responsabilizada por esse prejuízo, por uma arbitrariedade comprovada? Hoje, nada! Como o Felipe disse, é crime, mas não tem punição.

É muito importante pontuar esta questão aqui. Se for comprovado um dolo de uma big tech, ela não sofrerá punição. Ela causará um prejuízo a um terceiro que investiu, a um jornalista que montou um canal no Youtube, que fez tudo, e ela tirou o serviço dele por uma arbitrariedade, independentemente de ideologia. Ela é isenta de punição, ou seja, ela não paga nada. Nós estamos procurando normatizar que a lei valha para todos. Era apenas esta a observação que eu queria fazer. Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Helio Lopes. PSL - RJ) - Esta foi a observação do Sr. Ministro. Chamo o Deputado Paulo Ganime, que estava inscrito. S.Exa. dispõe de 3 minutos. O SR. PAULO GANIME (NOVO - RJ) - Presidente, grande Deputado Helio, meu conterrâneo, é um prazer estar aqui com V.Exa. e ter a presença do Ministro. É muito bom tê-lo aqui hoje! Aliás, ele é o segundo Ministro que nós temos numa Comissão de que eu participo, em que conseguimos ter uma relação boa com o Governo e Ministros aceitam vir à Câmara por convite. Acho que, desta forma, nós conseguimos estabelecer um papel correto, definido, para o Poder Legislativo:

38/47 Reunião de: 23/06/2021 Notas Taquigráficas - Comissões CÂMARA DOS DEPUTADOS fazer a fiscalização e acompanhar o trabalho do Executivo. Obrigado pela presença, Ministro. V.Exa. é alguém com quem temos uma boa relação, sempre muito solícito e atento, desde a época da EMBRATUR e também agora no Ministério. Obrigado pela contribuição de sempre. Ministro, aqui fica uma pergunta. Nós estamos discutindo os marcos legais acerca deste tema, assim como estamos falando de projetos ligados às fake news. Aliás, eu sou, ou era, o Relator da Comissão de Ciência e Tecnologia. Nós estamos falando de um decreto que inverte a lógica do marco civil da Internet: ele se disfarça, de alguma forma, em liberdade de expressão e ainda sobrecarrega o Judiciário. Nosso sistema judiciário, que hoje já não consegue dar vazão à quantidade de demandas, agora vai também virar fiscal de timeline, de feed, de tudo mesmo? Esta é a primeira pergunta. É isso mesmo? Será que alguém o consultou? A dúvida que fica é se o Judiciário também foi consultado na discussão sobre este decreto. Considerando-se os milhões de posts removidos por segundo hoje na Internet por intermediários, uma das perguntas é a seguinte: o Judiciário se tornará um analista de timeline do Facebook, dos conteúdos do Youtube, julgando apenas os pedidos de remoção destes conteúdos? O Judiciário, que já é congestionado, vai ficar ainda mais atolado. O Judiciário se tornará um leviatã com a incorporação de milhares de juízes e de toda a infraestrutura? Outro ponto é que isso viola a lei da introdução de normas de direitos brasileiros, porque é uma medida inconsequente, na medida em que viola a lei da liberdade econômica, já que não houve um estudo de impacto regulatório. Além disso, viola a Lei de Responsabilidade Fiscal, porque cria indiretamente despesas sem a correspondente fonte de receita. Trata- se de perguntas. Na verdade, este é o nosso entendimento.

Nós gostaríamos de saber a visão do Ministro e do Ministério sobre isso. Outra pergunta: o decreto presidencial pode violar todos esses conceitos e, ainda assim, ignorar as violações e seguir tramitando? Ministro, com todo o respeito que tenho por V.Exa. e pela boa relação, pelo trabalho que vem sendo feito neste sentido, a pergunta que fica é a seguinte: nós realmente estamos indo no caminho correto? Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Helio Lopes. PSL - RJ) - Muito obrigado, meu conterrâneo Paulo Ganime. Como já tinha sido avisado a esta Casa, devido a um compromisso, o Ministro terá que sair às 13 horas. Chamo a Deputada Alice Portugal. S.Exa. dispõe de 5 minutos. Em seguida, falará a Deputada Carla Zambelli. A SRA. ALICE PORTUGAL (PCdoB - BA) - Obrigada, Deputado Helio. Eu me esmerarei. Gostaria de agradecer sua gentileza de sempre, Presidente. Sr. Ministro, é um prazer estar com V.Exa. Eu sou a Presidente da Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados, e hoje V.Exa. ocupa uma pasta que tem grandes tarefas — V.Exa. está aqui hoje discutindo aspectos relacionados à comunicação — e que abriga a Secretaria de Cultura. Quero cumprimentar o Secretário Mario Frias. Como V.Exa. sabe, a cultura virou itinerante e sofre por isso. V.Exa. já tem enormes responsabilidades com o turismo, que foi interrompido por causa da pandemia. Independentemente das opiniões que tenhamos sobre os governos, nós todos defendemos o Brasil e o turismo. No entanto, nós sabemos que houve uma execução baixa, baixíssima, neste ano, o que é reflexo desta circunstância da emergência sanitária, que a todos nos aflige. Eu quero saber de V.Exa., Ministro, se tem conhecimento de que a cultura foi para o Ministério da Cidadania, depois foi levada e está abrigada no seu Ministério e tem apenas um orçamento de 23 milhões de reais. Nós conseguimos aprovar a Lei de Emergência Cultural, na verdade, um advento, porque foram 3 bilhões de reais para as mãos dos fazedores de cultura. Houve um resíduo. Nós conseguimos aprovar a liberação do resíduo e agora, infelizmente, neste mês, depois de derrubarmos o veto presidencial, o Secretário Mario Frias, de maneira inexplicável, apoiou o veto. Em suas redes sociais, ele divulgou um dinheiro de 870 milhões de reais que vai ajudá-lo na Secretaria que está no seu Ministério. Eu tenho aqui a publicação da imprensa do post dele nas redes sociais. Nós conseguimos que o TCU desse um acórdão para liberá-lo, e o Congresso Nacional o aprovou, derrubando o veto presidencial. Agora sai a Portaria nº 5, publicada pela Secretaria Nacional de Cultura, com a solicitação para que os gestores responsáveis por esse dinheiro, que já foi liberado 2 vezes, mantenham os saldos nas contas e não promovam movimentação financeira até que um novo decreto saia. No dia 16 de março, única vez em que nós estivemos com V.Exa., Secretário Mario Frias, o senhor disse que liberaria um decreto. Não liberou. Agora, o senhor manda parar o que já é legal, prometendo um decreto que não saiu.

39/47 Reunião de: 23/06/2021 Notas Taquigráficas - Comissões CÂMARA DOS DEPUTADOS

Nós queremos saber, Ministro, que dia a secretaria vai dizer: "Usem!" Os secretários já estão usando. O TCU mandou, e o Congresso Nacional aprovou a lei, derrubou o veto presidencial. Já é lei, portanto. Trata-se da Lei nº 14.150, de 2021, que já autorizou a prorrogação do uso do saldo remanescente até 31 de dezembro de 2021. Isso para a cultura! Isso prejudica a cultura e o seu Ministério, a exequibilidade de recurso. São 870 milhões travados por uma portaria da Secretaria Nacional de Cultura.

Perdoe-me a ênfase, não é agressividade, é ênfase, é clamor, é pedido. Vamos impedir a insegurança jurídica na cultura! Segundo, Sr. Presidente — por isso, eu precisava dos 7 minutos —, nós sabemos que a ANCINE está sem direção. O Presidente da República havia anunciado o nome do Sr. Vinicius Clay Araújo Gomes, o Pastor Tutuca, para exercer a Direção da Agência Nacional do Cinema. Com todo o respeito, eu sou uma pessoa que respeita todos os cultos, opiniões, tudo, mas nós precisamos na ANCINE, Ministro, de pessoas especializadas em cinema. O cinema é um produto, uma indústria sem chaminé, um cartão de visita por meio do qual a EMBRATUR chega lá fora e vende a imagem do Brasil. Vejam o que os americanos fazem com o cinema deles! Nós estamos crescendo, temos talentos gigantescos. O resultado é que agora foi indicado o atual Presidente da ANCINE, que é substituto, o Sr. Alex Braga, mas dois outros cargos de diretoria estão vazios. A ANCINE não funciona. Resultado: nós estamos com um grave contencioso da Lei Rouanet porque a ANCINE está vivendo um apagão de canetas: são milhões de reais em projetos já aprovados e selecionados que não são liberados. A Lei Rouanet foi diabolizada, Ministro. Nós estamos com uma captação absolutamente impossível de ser contemplada. O Secretário Frias, por quem tenho simpatia, é uma pessoa afável comigo. O senhor está andando armado na Secretaria, e isso não está bonito para o senhor. Os funcionários estão reclamando, Líder, de gritos. Há muito medo na Secretaria Nacional de Cultura. Isso não é fake news. Está no UOL de hoje: "Mario Frias completa 1 ano na Cultura com polêmicas e Lei Rouanet travada". É notícia de hoje, isso foi dito hoje. Em 2017, nós captamos 5.406 projetos e, hoje, estamos captando 881 projetos. A par disso, é dito que não é liberado o recurso da Lei Rouanet para os que já foram captados, selecionados, homologados, porque há uma pendência anterior na prestação de contas. Nosso Tribunal de Contas diz que nada tem a ver um contencioso passado com a liberação atual. Portanto, eu peço a V.Exa. que oriente a Secretaria a liberar o dinheiro da Lei Rouanet para o cinema funcionar, para o teatro funcionar, ainda que virtualmente. Isso tudo porque eu não consigo audiência com V.Exa. Apenas uma vez, como Presidente da Comissão de Cultura desta Casa, eu consegui conversar com o Secretário Nacional de Cultura. Por último, eu gostaria de falar sobre a Fundação Palmares. O Presidente da Fundação Cultural Palmares diz que vai retirar metade do acervo da fundação. A informação é que uma comissão analisou que há obras de caráter marxista, de caráter completamente diferente da intenção da Fundação Palmares, que é lutar contra o racismo. Esse acervo é tombado, é um acervo da União, importante na luta antirracista, na demonstração do que foi a escravidão no Brasil, mas, infelizmente, o Secretário da Fundação Palmares diz que não foi prejudicial para os negros brasileiros.

Ministro, ideologia, opinião, tudo isso tem que ser respeitado, mas nós não podemos abrir mão do bom senso e da garantia de preservar os interesses do Estado. Assim, eu apelo para V.Exa. pelo retorno do acervo da Fundação Palmares para a sede, que hoje está na EBC, que já está sendo vendida. Está dito aqui que 5.300 livros, folhetos e catálogos são de temática alheia ao escopo do órgão, são marxistas, são comunistas; a Fundação Palmares irá retirar do seu acervo mais da metade das obras. Foi uma comissão que fez esta avaliação. De acordo com a análise desta comissão, apenas 478 obras têm cunho pedagógico, educacional e cultural, portanto, dentro da missão institucional da fundação. Ministro, esta questão está sob seu escopo, sob sua responsabilidade. É o seu Ministério que responde por isso. Eu tenho certeza de que V.Exa. não pensa assim. Isso não é possível em um Brasil que venceu a escravidão e luta para incorporar os negros que saíram da senzala para a favela. Eu sou uma Deputada no quinto mandato, sou do Estado da Bahia, onde está o Recôncavo Baiano, o maior contingente de negros deste País. Eu peço a V.Exa. a preservação da fundação e a análise sobre esse senhor, que só gera polêmica e insegurança em relação à comunidade negra do Brasil. É em nome dela que eu falo neste momento. São três os assuntos: ANCINE, dinheiro da Lei Rouanet e da Lei Aldir Blanc e a Pasta da Cultura. É melhor recriar o Ministério, Ministro! A cultura merece, a cultura precisa ter a própria casa e a visão de que ela é irmã gêmea do turismo na imagem do Brasil para fora e para dentro. Muito obrigada, Deputado Helio, de coração, pela tolerância.

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O SR. PRESIDENTE (Helio Lopes. PSL - RJ) - Eu agradeço a participação de V.Exa. nesta Comissão, Deputada Alice Portugal. Vamos ouvir agora a Deputada Carla Zambelli. A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP) - Muito obrigada, Sr. Presidente. É um prazer estar aqui, na companhia de amigos como o Ministro Gilson, o Secretário Mario Frias e o Felipe, que me ensinou muito sobre a lei de direitos autorais. Felipe, eu faço um mea-culpa, porque cometi um erro em relação à lei de direitos autorais. Eu publiquei um vídeo na minha página com fundo musical de um autor nordestino, que está me processando. Eu não sabia que eu não podia usar a música ao fundo do vídeo que eu tinha colocado na minha página. Portanto, eu cometi um erro e estou pagando por ele judicialmente. Foi solicitado, judicialmente, que eu tirasse o vídeo do ar. Eu o retirei do ar, porque eu obedeço às ordens judiciais. Passei a obedecer à lei de direitos autorais. Eu conheci um pouco a lei de direitos autorais por meio do senhor e do seu trabalho. Eu gostaria de comentar algumas coisas. Não quero falar necessariamente para vocês, mas para o público que está em casa. Público que está em casa, ouça-me, por favor, e preste atenção ao que estamos passando aqui. A lei do marco civil da Internet foi discutida durante 8 anos aqui na Câmara, no Congresso de forma geral. Esta lei carece de algumas regulamentações, que podem se dar de várias formas. Uma delas é por decreto: um decreto, por definição, pode regulamentar uma lei. É isso que está acontecendo aqui com este decreto que nós estamos debatendo. Além disso, o art. 5º da Constituição garante nossa liberdade de expressão.

Um Deputado aqui falou sobre a Lei de Liberdade Econômica. A liberdade econômica deve existir, sim, e eu sou uma das maiores defensoras da liberdade econômica no nosso País, mas ela não pode estar acima da nossa liberdade de expressão, de forma nenhuma, nunca. Quando nós perdemos nossa liberdade de expressão, perdemos nossa liberdade como um todo, a liberdade de poder falar. A principal estrutura ou o principal pilar da democracia é a liberdade de expressão. Eu já tinha escrito aqui uma pergunta para fazer a V.Exa. sobre as exceções que já estavam previstas no decreto quanto ao que pode ser retirado, sem a necessidade de se recorrer ao Judiciário. Eu entendo que, entre outras, está o terrorismo. Se não me engano, trata-se da Lei nº 8.069. V.Exa. me mandou uma vez, eu tinha esta dúvida, porque eu realmente tenho uma preocupação, por exemplo, com a pedofilia. V.Exa. me disse: "Já está previsto na Lei de Direitos Autorais, no decreto, no Estatuto da Criança, Lei nº 8.069, que os casos todos..." Eu quero tranquilizar os senhores e dizer que o Governo Bolsonaro, neste decreto, está preocupado com todas as informações que envolvam ou possam envolver a segurança das nossas crianças, como a pornografia infantil, o terrorismo e diversos outros temas. O fato é que nossa segurança não estará ameaçada porque, no decreto, já existe previsão legal para isso. Alguns dizem que o Judiciário vai ficar abarrotado de coisas. Primeiro, no Judiciário, hoje, nós já temos problema em algumas instâncias. O Judiciário passa casos na frente. Eu vou citar um deles. O caso do ex-Presidente Lula foi colocado na frente do caso de uma senhora que estava havia 5 anos dependendo do julgamento do STF para receber um medicamento — ela morreu por causa da falta do medicamento. No entanto, o ex-presidiário, desculpem, o ex-Presidente Lula foi julgado no STF antes dessa senhora, que morreu por falta de medicamento. Quando usam aqui a palavra "genocida", nós poderíamos citar diversos genocidas na história. Já existe também uma reclamação da sociedade em relação às big techs. Eu queria pedir à Secretaria que fosse preparando, se possível, as imagens que eu gostaria de exibir ao público e aos senhores, Ministro Gilson, Secretário Mario e Secretário Felipe. Muita gente vai ficar feliz com o que eu vou mostrar agora — meus inimigos, principalmente. Vou colocar os óculos para enxergar melhor. (Segue-se exibição de imagens.) Uma pessoa me mandou esta mensagem ontem. Eu peço, por favor, um pouco de silêncio, porque eu preciso me concentrar. Uma pessoa viu que não estava mais recebendo minhas notificações, foi à minha página e percebeu que tinha "descurtido" minha página, mas, na verdade, ela não tinha "descurtido": ela era minha fã. Quando ela clicou em "curtir a página", apareceu: "Mas você tem certeza de que não quer retroceder, não quer rever? Ou você quer, realmente, gostar da página?" Eu pergunto: isso é normal, isso deve acontecer ou está acontecendo apenas comigo? Minha página está correndo o risco de ser retirada do ar. Isto é da minha página. Sei que meus inimigos estão muito felizes, comemorando este momento, soltando fogos de artifício. Mas está escrito ali que minha página está correndo o risco de ser 41/47 Reunião de: 23/06/2021 Notas Taquigráficas - Comissões CÂMARA DOS DEPUTADOS retirada do ar. Por quê? Porque eu postei vídeos que estão dentro da minha liberdade de opinião. Não foram retirados da página a pedido da Justiça, Secretário Mario. Foram retirados da página por uma big tech que tem suas leis lá na América. As leis dela na América estão valendo aqui no Brasil. Eu, como cidadã, não apenas como Deputada, quero ser respeitada pelas leis do meu País, Secretário, e eu sei que o senhor defende isso. Isso também está acontecendo com outros cidadãos.

Portanto, eu estou aqui para lhe pedir, pelo amor de Deus, que faça com que este decreto passe a valer. Ministro, minha página não pode ser retirada do ar. Eu tenho esta página há 10 anos, tenho 2,6 milhões seguidores no Facebook, pessoas que gostam do meu trabalho. Minha página pode ser retirada do ar porque eu dei uma opinião de que o Facebook não gostou? Quem define se é fake news ou não? Quem pode definir isso? São os Estados Unidos? Nossa soberania nacional não vale? Nossa soberania nacional tem que valer. Nossas leis aqui têm que valer. Nossa Lei de Direitos Autorais tem que valer. Nosso Marco Civil da Internet tem que valer. Nosso art. 5º da Constituição tem que valer, Ministro, por favor! Eu sei que o senhor pensa como nós. Eu estou falando não para o senhor, mas para as pessoas que estão em casa e para os Deputados desta Casa. Desculpem-me por passar um pouco do tempo, mas eu precisava mostrar isso para o senhor. Se o senhor quiser se retirar, Ministro, depois eu lhe mando o vídeo, não há problema. Uma pessoa comentou ontem na minha página que teve que curtir a página de novo e nunca tinha deixado de curti-la. Estes são os prints. Eu estou colocando este print como testemunha de um processo que estou movendo contra o Facebook. "Estão armando o golpe já faz tempo, é uma injustiça." Foi banida da minha página ou não? Ele tentou publicar e viu: "Tem certeza de que você deseja republicar isso?" Ora, ele está falando de injustiça, de imparcialidade na Justiça, que não dá para confiar e que liberaram bandidos. Por que estão perguntando se ele quer colocar este comentário mesmo ou não? Está aí um print. Então, eles estão colocando, retirando ou não coisas do conteúdo da nossa página ao bel-prazer. O próximo print mostra: "Isso pode estar violando nossas diretrizes. Se você quer realmente publicar esse comentário..." Era aquele tipo de comentário ali, sobre uma opinião da pessoa. Se estivesse dentro das questões de pornografia, etc., mas não estava! O próximo print data de maio. O alcance das minhas publicações está ali no meio: 40 milhões de pessoas. Eu estou falando de maio. Este está muito ruim, mas, ali embaixo, nós vemos: em verde, as pessoas que curtiram minha página; em azul, a diferença entre os que curtiram e os que "descurtiram"; em vermelho, Felipe, as pessoas que "descurtiram" minha página. Eu estou com uma média de mil pessoas, todos os dias, que "descurtem" minha página. Agora me digam como uma coisa pode ser tão retilínea de "descurtir" a página todos os dias, e eu perder mil pessoas! O SR. PRESIDENTE (Helio Lopes. PSL - RJ) - Deputada, V.Exa. tem mais 1 minuto, para encerrar. A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP) - É rapidinho, Sr. Presidente. Nós já estamos em junho. Já baixou para 36,2 milhões por mês o alcance da minha página. Em maio, eram 44 milhões. Então, baixou. Eu vou mostrar para os senhores. Está meio fora de ordem, mas os senhores vão entender. Em abril, minha página alcançava 68,8 milhões de pessoas por mês. A cada 28 dias, eu alcançava quase 70 milhões de pessoas só no Facebook. Eu estou alcançando 30, porque estou sofrendo uma represália do Facebook por emitir minha opinião. Foram retirados do ar 19 vídeos em que expresso minha opinião. Eu tenho imunidade parlamentar. Essas pessoas querem ouvir minha opinião, mas não estão mais conseguindo fazer isso, Ministro. Isso não pode acontecer.

Aqui temos o número dos meus seguidores, que caiu muito. Este aqui é para mostrar a V.Exa. um dos motivos pelos quais eu tirei minha máscara. Primeiro, eu respeito meu Presidente. Ali, fiz um ato simbólico de respeito ao meu Presidente, para mostrar que ele não está sozinho, porque o que esse homem está enfrentando... V.Exa. pode ter a opinião que quiser e pode representar contra mim por isso. O Governador Doria pode me multar se quiser. Eu posso sofrer as represálias que forem necessárias, mas eu agi assim por outro motivo também. Eu estou fazendo, a cada 2 semanas, meu exame de anticorpos neutralizantes e estou reagente 62% — não transmito nem pego a COVID. Teoricamente, eu não precisaria usar máscara, mas estou usando em respeito às pessoas e porque esta é a regra. Eu não agi de forma irresponsável. Eu sabia que não estaria transmitindo, eu sabia que não estaria pegando de ninguém... V.Exa. me citou, e eu respondi. Não lhe dou o direito de resposta. O SR. ELIAS VAZ (PSB - GO) - Presidente, a decisão de conceder o direito de resposta cabe à Presidência da Mesa. O SR. PRESIDENTE (Helio Lopes. PSL - RJ) - Deputada, V.Exa. citou o Parlamentar.

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A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP) - Eu não citei, eu não falei o nome dele. O SR. ELIAS VAZ (PSB - GO) - V.Exa. estava se dirigindo a mim, Deputada. A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP) - Eu não o citei. Ele me citou nominalmente, Presidente, e eu respondi a ele. O SR. PRESIDENTE (Helio Lopes. PSL - RJ) - Deputada, eram 5 minutos para V.Exa., e eu dei mais 2 ou 3 minutos, como dei para a Deputada Alice Portugal. V.Exa. sabe que eu lhe tenho respeito, como tenho por todos aqui. Assim como, desde o início, foi mantida a boa convivência, a boa relação, V.Exa. está demonstrando o motivo do entendimento. Eu vou lhe conceder mais 1 minuto. Logo que terminar, eu vou chamar o Presidente para dar continuidade à audiência e, assim, os convidados poderem responder. Como foi acertado, o Sr. Ministro, que tinha um compromisso às 13 horas, ele chegou cedo, ele vai responder a algumas questões. O Secretário de Cultura tinha dito, Deputada Alice, que V.Exa. pode ir até lá, porque ele vai dirimir todas as dúvidas. Se V.Exa. não for atendida, vai poder dizer à Presidência da Comissão que não foi atendida. O Secretário é, digamos, um lorde, é muito educado, representa bem o segmento. V.Exa. também representa a Comissão, assim como a Deputada Zambelli. Por gentileza, Deputada Zambelli. A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP) - Eu termino rapidinho, Presidente. Por último, eu queria apenas dizer que sou favorável, Mario, Ministro e Felipe, a que coloquem neste decreto, eventualmente, por exemplo, que cada perfil na Internet tenha que ser ligado a um CPF. Não estão dizendo que nós temos robôs, que nós usamos máquina para robô, etc.? Quem sabe não se pode colocar isso no decreto, para evitar que os "bolsominions", os gados e os robôs dos Bolsonaros façam mais de um perfil. Eu sou contra a possibilidade de uma pessoa ter mais de um perfil. A pessoa tem que ser verificada, tem que ter um perfil de verdade, a não ser que sejam dados de direito autoral, como o "Laurinha Opressora" — não sei o quê "opressora". Fizeram também um meu, o "Zambesta". Podem fazer, não tem problema. Sobre os perfis falsos, o perfil tem que ser ligado ao CPF. É um pedido que faço. A última questão é que o Deputado Kim Kataguiri disse que está com um documento que falava sobre uma opinião. Eu falei agora com o Ministro André Mendonça, da AGU, e ele me pediu que dissesse que se trata de uma opinião de uma consultoria que fica num Ministério, que não é algo definitivo, é sempre provisório, que está em cada Ministério, que não retrata uma manifestação da AGU ou do Advogado-Geral da União. Assim, vocês não precisam levar isso em consideração. Muito obrigada.

O SR. PRESIDENTE (Helio Lopes. PSL - RJ) - Muito obrigado. O SR. MARCELO ÁLVARO ANTÔNIO (PSL - MG) - Sr. Presidente, só uma questão de ordem. O Ministro Gilson tinha deixado bem claro que tinha um limite de horário. O SR. PRESIDENTE (Helio Lopes. PSL - RJ) - Isso. Vou só chamar o Presidente para vir aqui para encerrar a reunião. O SR. MARCELO ÁLVARO ANTÔNIO (PSL - MG) - Tudo bem, vai encerrar, mas a fala da Deputada Alice foge completamente do escopo original desta audiência pública, que são as redes sociais. O SR. PRESIDENTE (Helio Lopes. PSL - RJ) - Sr. Presidente Aureo, por gentileza, venha tomar o lugar devido de V.Exa., para agradecer aos representantes presentes a esta Comissão. O Ministro chegou aqui e disse que sempre iria dar espaço para todos, mas que tinha um compromisso às 13 horas. Quero agradecer ao Sr. Ministro e ao Secretário por esclarecerem todas as dúvidas. Agradeço ao Secretário por ter aberto o espaço da Secretaria para o pessoal poder visitá-lo e tirar todas as dúvidas. Agradeço a todos. A SRA. ALINE SLEUTJES (PSL - PR) - Presidente, por gentileza, peço 1 minuto só. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Deputada Aline, V.Exa. tem 1 minuto. A SRA. ALINE SLEUTJES (PSL - PR) - Presidente, eu estava na minha Comissão de Agricultura e eu só gostaria de registrar o nosso agradecimento ao Secretário e ao Ministro por estarem aqui.

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Gostaria de dizer que, para nós, este tem sido um momento muito difícil, porque não temos mais o direito de expressar os nossos sentimentos, os nossos desejos, as nossas opiniões. Sou uma Deputada que tomo muito zelo, muito cuidado com as minhas publicações, e, mesmo assim, por muitas vezes, tenho sido punida, tenho tido retiradas as publicações, tenho sido questionada. Eu acho que, hoje, nós temos que lutar pelo direito de todo o cidadão brasileiro, não só por nós Deputados ou por Ministros e Secretários. Precisamos lutar pela liberdade de expressão. É nosso direito podermos publicar o que pensamos. E, se alguém publicar algo que fere, que é inconstitucional, que é ilegal ou imoral, ele será punido pelas próprias leis. Hoje existem leis contra danos morais, contra fake news, já existem leis que podem fazer esse registro. Então, faço aqui um apelo para que realmente tenhamos essa legislação que nos dê direito à liberdade, que nos dê direito de dizer o que pensamos, de que possamos defender as bandeiras em que acreditamos. Era nesse sentido a minha fala. Muito obrigada, Presidente, pela oportunidade. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Quero agradecer ao Deputado Helio Lopes Bolsonaro, que presidiu a audiência pública. Agradeço a presença do Ministro de Estado do Turismo e do Secretário Nacional de Cultura, Mario Frias, com toda a sua equipe aqui presente. Sou um Deputado do Rio de Janeiro, onde estamos vivendo uma experiência positiva com a cultura nacional, na construção de salas de cinema, democratizando o acesso ao cinema brasileiro em cidades pequenas do nosso Estado. Estamos tendo construção de cinco salas no Estado do Rio de Janeiro, numa experiência muito positiva com a cultura nacional. Quero expressar a minha alegria de este debate ser feito aqui na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle. Trata-se de um debate importante, um debate que precisa ser aprofundado no momento. Mas essa não é uma questão do Brasil, é uma questão mundial. Vamos ter muitos problemas, daqui pela frente, com essa questão dos direitos autorais, que precisa ser debatida em um amplo debate, oferecido à sociedade e aos Parlamentares. Agradeço a presença de todos os Parlamentares que participaram desta audiência, agradeço a todos os que se conectaram conosco pela TV Câmara, neste debate da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle.

Gostaria de perguntar ao Ministro e ao Secretário Mario Frias se querem fazer alguma consideração final. Está com a palavra o Sr. Ministro. O SR. MINISTRO GILSON MACHADO - Eu quero convidar a Deputada a debatermos a cultura. Eu, como músico, queria pontuar que hoje é um dia muito triste para mim. Hoje é dia 23 de junho, véspera de São João, e pelo segundo ano consecutivo o Nordeste está sem São João. E só quem é nordestino sabe o que é a dor de passar o dia 23 de junho num apartamento em Brasília, quando se está acostumado a tocar dois, três shows numa noite de véspera de São João. Independentemente de ideologia política, eu acho que nós temos que nos unir para que nunca mais isso aconteça na história do nosso País, por uma razão extrínseca, que não foi criada aqui em nosso País, que não é intrínseca nossa. Eu quero também, na oportunidade, Deputada, debater com a senhora, com o nosso querido Secretário Mario Frias, sobre o porquê, durante 20 anos, praticamente, a política pública da cultura gastou em torno de 13 bilhões e 70% dos projetos só contemplaram 10%. Nós vamos ter a oportunidade de debater isso lá. Por que projetos priorizaram coisas abomináveis? Não é porque o nosso Estado seja laico. O nosso povo brasileiro não é ateu. E este Governo não é anticristão. São coisas abomináveis: põem em xeque até o sexo de Jesus Cristo com o dinheiro público! O Evangelho segundo Jesus, a Rainha do Céu foi pago com dinheiro público, Deputada! No Museu de Arte Moderna foram gastos 6,6 milhões de reais para que crianças tocassem o corpo de um homem nu, Deputada. Esse tipo de coisa vamos ter a oportunidade de debater, e eu faço questão de receber a senhora lá no Ministério, com o Mario Frias, com todo mundo. Macaquinhos, quem estiver me escutando pela Internet agora, eu não vou dizer o que é, porque é nojento o que fazem com o dedo. Tenha curiosidade, bote no Youtube. Macaquinhos pago com dinheiro público, Deputada, enquanto igrejas... A SRA. ALICE PORTUGAL (PCdoB - BA) - Mas isso não justifica segurar o dinheiro público para o que vale a pena ser mostrado, e estão segurando. Soltem o dinheiro! A Portaria nº 5 tem que cair. O SR. MINISTRO GILSON MACHADO - Nós vamos ter esse debate. A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP) - Convença o TCU, então, Deputada Alice. A SRA. ALICE PORTUGAL (PCdoB - BA) - Já está convencido por unanimidade — procure ler, amiga. Não minta, Deputada Carla.

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O SR. MINISTRO GILSON MACHADO - Deputada, o que nós temos acompanhado são obras históricas que este Governo está entregando e que eram verdadeiros monumentos ao descaso, como a Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Militares, em Pernambuco, que nós entregamos no sábado agora, como a Igreja de Nossa Senhora do Amparo, em Marechal Deodoro, que nós entregamos segunda-feira passada, obras que estavam paradas há 15 anos, 18 anos, equipamentos turísticos, porque o turismo religioso é importantíssimo no Brasil.

Então é isso, Deputada. Esse debate eu faço questão de ter com V.Exa., até porque me sinto muito confortável, pois sou músico, tenho mais de 200 músicas registradas no meu nome. Humildemente, lido com essa parte desde 1993. Já toquei em circo, Deputada. Já toquei "tomara que não chova". Sabe o que é "tomara que não chova"? É aquele circo do pior que tem. (Risos.) A SRA. ALICE PORTUGAL (PCdoB - BA) - Sim, conheço. O SR. MINISTRO GILSON MACHADO - Já toquei uma vez, Deputada. Eu cheguei ao show, montei o meu barraco lá e não deu ninguém, Deputada. Não deu ninguém. Montei a venda, e nenhuma pessoa apareceu. Aí, de repente, lá vêm umas 30 pessoas e eu digo: "Olha, vai dar bom!" Quando estavam chegando, vi que era o povo que tinha acabado de sair de uma igreja, estavam todos com a Bíblia embaixo do braço, e ninguém ia entrar no show de forró. É isso, Deputada. Vamos debater, vamos construir. Vamos construir a cultura que realmente interessa ao nosso povo. Crianças precisam ter cultura, crianças precisam ter acesso a instrumentos musicais lá na ponta. Crianças precisam treinar o seu talento. Quantos virtuosos nós não perdemos no Brasil, até na própria Bahia, da senhora, por falta de oportunidade? Então, Deputada, nós vamos ter esse debate. Faço questão de sair daqui, e aproveitando que está aqui o nosso assessor de imprensa, o Bob, já marcar com a senhora e com o Mario Frias para debatermos. Eu sei que a senhora vai ser uma grande aliada nossa, não tenho dúvida. E respondendo à Deputada Carla Zambelli... A SRA. ALICE PORTUGAL (PCdoB - BA) - Eu só peço que o senhor cumpra a lei e libere os 870 milhões. E aceito o convite, naturalmente. O SR. MINISTRO GILSON MACHADO - Vamos, vamos... Eu quero mostrar à senhora, e se tiver algum erro nosso, nós vamos construir a solução. Fique tranquila. A SRA. ALICE PORTUGAL (PCdoB - BA) - Agradeço. Obrigada, Ministro. O SR. MINISTRO GILSON MACHADO - Quanto ao que disse aqui a Deputada Carla Zambelli, nenhuma Big Tech dos Estados Unidos, da Rússia, da casa da peste que for pode ser maior do que a lei do Brasil. Nenhuma! Nós temos a nossa legislação, a nossa Justiça. Ninguém é superior às nossas leis. E é para isso que nós estamos aqui, é para isso que o Congresso trabalha e o nosso Governo trabalha também. E a sua ideia de colocar um CPF casado é uma ideia que temos que analisar, porque evita perfil. Hoje a hotelaria está sofrendo demais com perfis falsos. Eu mesmo tenho problema, porque tenho 12 perfis falsos que eu não consigo retirar do Instagram e continuam lesando. Então, estamos construindo. Esse negócio, inclusive, de perfil falso veio à tona depois da minuta que nós enviamos para o Presidente da República. Eu quero agradecer a todos vocês e dizer que contem conosco para o que for necessário. O Secretário Mario Frias vai falar por 1 minuto, para terminar. O SR. MARIO FRIAS - Um minutinho só para mim. Em relação à Lei Aldir Blanc, Deputada, o Governo Federal fez a distribuição desses recursos em menos de 60 dias, mostrando total eficiência e transparência. E, como a senhora deve saber, esse orçamento estava pendurado na Emenda Constitucional nº 106, de 2020, o chamado Orçamento de Guerra. Nunca, em tempo algum, o Governo Federal colocou no mesmo ano 3 bilhões de reais à disposição da cultura. Nós estamos muito preocupados com este momento horrível, porque sou um profissional de cultura e fomos o primeiro setor a parar e ainda não temos uma previsão para voltar. Então, essa responsabilidade do Governo Federal foi cumprida à risca, dentro da lei e em tempo recorde, e esses recursos foram destinados a Estados e Municípios. Em relação a esses 870 milhões que a senhora mencionou muito bem, não houve capacidade de distribuição pelos Estados e Municípios. O Governo Federal distribuiu em tempo recorde.

Todos nós aqui sabemos que esse dinheiro foi empenhado em 2020 e precisava ser executado em 2020. Com a sensibilidade do Governo Federal do Presidente Jair Bolsonaro, nós conseguimos que essa execução fosse feita em 2021, e mais, que a

45/47 Reunião de: 23/06/2021 Notas Taquigráficas - Comissões CÂMARA DOS DEPUTADOS prestação de conta desse mesmo recurso, que deveria ter sido empenhado e executado em 2020, fosse permitida em março de 2022, e a senhora estava comigo na Comissão. A SRA. ALICE PORTUGAL (PCdoB - BA) - O senhor estava comigo. O SR. MARIO FRIAS - Isso, desculpe, eu estava com a senhora na Comissão. Com certeza, a senhora é quem manda. A SRA. ALICE PORTUGAL (PCdoB - BA) - Na Comissão. O SR. MARIO FRIAS - Na Comissão, isso. E V.Exa. tem toda abertura na Secretaria de Cultura e diálogo para isso. Em relação à ANCINE, ela vem fazendo um trabalho excepcional na Presidência de Alex Braga. Nós distribuímos uma linha de crédito para o setor de exibidores no valor de 450 milhões de reais, justamente por entender que os exibidores, que são a ponta, são os mais prejudicados neste momento. Estamos estudando, ou melhor, na própria Secretaria de Cultura, já com parceria do BNDES, colocarmos agora no setor de eventos mais 408 milhões. Há preocupação e dedicação constante da Secretaria de Cultura para que esse tema tão sensível, que são os nossos artistas de todas as expressões culturais neste País, seja atendido. Mais uma vez, convido a senhora, Deputada, fique à vontade. O Ministro Gilson, da Secretaria de Cultura, tem sido um parceiro, assim como o Deputado Marcelo foi um alicerce para nós. A Secretaria de Cultura tem hoje a confiança do Presidente Jair Bolsonaro, e nós vamos trabalhar, Deputada, para que não aconteça o que aconteceu anteriormente, quando 70% dos recursos, que chegam a quase 13 bilhões de reais, ficaram concentrados no eixo Rio-São Paulo apenas para 10% de proponentes. Então pergunto: que política pública é essa que a senhora está dizendo que nós não estamos executando, que não chegou ou chegou ao povo brasileiro? A nossa preocupação hoje é com o homem comum, porque, de alguma maneira, a cultura foi sequestrada para um palanque político-ideológico, e hoje ela vai ser devolvida ao homem comum. Obrigado, Deputada. Desculpe-me pela eloquência aqui, mas V.Exa. sabe que a faço com todo o respeito. A SRA. ALICE PORTUGAL (PCdoB - BA) - Eu também sou eloquente. O SR. MARIO FRIAS - V.Exa. tem sido uma parceira. V.Exa. tem procurado, sim, a Secretaria de Cultura, e não nos reunimos apenas uma vez, foram duas, mas vamos nos reunir quantas vezes forem necessárias. A SRA. ALICE PORTUGAL (PCdoB - BA) - Presidente Aureo, falarei de maneira muito rápida, porque eu também terei que me retirar, tenho uma audiência com o Presidente Arthur Lira. Quero dizer que não estou falando de políticas públicas, nem disse que não há execução de políticas. Esses 870 milhões são do Projeto de Lei nº 795, de 2021, do Senado, aprovado na Câmara e vetado pelo Presidente, com o seu apoio nas redes sociais. O TCU, Deputada Carla, por unanimidade, já liberou, nós derrubamos o veto e já é lei. Peço para suspender a Portaria nº 5. O SR. MARIO FRIAS - Posso pedir para a senhora... (Intervenção fora do microfone.) A SRA. ALICE PORTUGAL (PCdoB - BA) - Licença, Deputada Carla... O SR. MARIO FRIAS - Com certeza, Deputada. É porque eu quero falar... (Intervenção fora do microfone.) A SRA. ALICE PORTUGAL (PCdoB - BA) - Já é lei, já é lei... O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Está garantida a palavra à Deputada Alice Portugal. A SRA. ALICE PORTUGAL (PCdoB - BA) - É somente isso: eu peço a revisão da Portaria nº 5. Está havendo inconsistência jurídica, porque já é lei e já há decisão, por unanimidade, do Tribunal de Contas da União. V.Exa. sabe disso, Secretário Frias. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Está com a palavra o Secretário Especial de Cultura. O SR. MARIO FRIAS - Deputada, eu só queria contar uma coisa para a senhora: desde a discussão de que esse orçamento estava ligado à LOA de 2020, eu venho conversando...

A SRA. ALICE PORTUGAL (PCdoB - BA) - Isso já foi resolvido, Frias.

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O SR. MARIO FRIAS - Sim, mas o que eu quero dizer à senhora é isso. A SRA. ALICE PORTUGAL (PCdoB - BA) - Foi resolvido pela Lei e pelo TCU. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Deputada, a palavra está garantida ao Sr. Mario Frias. O SR. MARIO FRIAS - Desculpe-me, Deputada. Eu quero falar uma coisa boa para a senhora: desde janeiro eu venho buscando junto ao Presidente da República, junto ao Ministro Paulo Guedes, independentemente dessa verba que estava com alguns problemas jurídicos — conforme a senhora sabe, e como eu falei, essa verba estava presa ao Orçamento de 2020 —, liberar 1 bilhão de reais, para que possamos, ainda neste ano, anunciar essa liberação. E eu quero dizer à senhora, em primeira mão, que nós estamos trabalhando e que isso está a caminho. A minha preocupação na essência é a mesma da senhora. O nosso setor, que foi profundamente destruído muitas vezes por políticas públicas de Governos Estaduais e Municipais — nós temos consciência disso —, necessita dessa ajuda. Então, não estou me omitindo a ajudar, mas eu estou seguindo a lei. A SRA. ALICE PORTUGAL (PCdoB - BA) - Não, não é ajuda, eu repito. Eu já esclareci isso suficientemente. E, evidentemente, os que nos assistem e são da cultura nos entendem. Muito obrigada, Deputado Aureo, Secretário Frias. Vamos marcar a audiência com a Comissão. O SR. MARIO FRIAS - Sim. Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. SOLIDARIEDADE - RJ) - Um grande feito hoje aqui é o anúncio do Sr. Secretário Especial da Cultura da possibilidade de um investimento pesado no setor cultural nacional. Não havendo mais quem queira fazer uso da palavra, encerro a sessão, antes convocando reunião de audiência pública para quinta-feira, dia 24/06, às 9 horas, no Plenário 11, para tratar do vazamento de dados sigilosos do INSS, nos termos do Requerimento nº 87, de 2021, de autoria do Deputado Elias Vaz. Está encerrada a reunião.

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