PRODUÇÃO DE AÇAÍ (Euterpe oleracea Mart.) NO ESTADO DO PARÁ: DESENVOLVIMENTO E CONTRADIÇÕES

AÇAÍ PRODUCTION (Euterpe oleracea Mart.) IN THE STATE OF PARÁ: DEVELOPMENT AND CONTRADICTIONS

Apresentação: Comunicação Oral

Cleidson Barbosa Favacho1; Carlos Anderson Sousa de Carvalho2; Leandro José de Oliveira Mindelo3; Marlon Gonçalves Rodrigues4; Félix Lelis da Silva5

DOI: https://doi.org/10.31692/2526-7701.IIICOINTERPDVAGRO.2018.00192

Resumo O açaí é um fruto oriundo da região norte do Brasil e no Estado do Pará concentrou-se a maior produção do país com 131 836 toneladas do fruto em 2016, sendo esse, consumido na região e exportado o que gera uma receita significativa para o Estado. Entretanto, os municípios produtores ficam com uma pequena parte desse valor, o que gera pouco desenvolvimento local e, consequentemente, baixo IDHM. Dessa forma, o objetivo desse trabalho é avaliar através de pesquisas bibliográficas o desenvolvimento local e suas contradições através do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) correlacionando com a produção do açaí nos principais municípios extrativistas estado do Pará. Dessa forma, avaliou-se, através de pesquisas bibliográficas, para tanto, buscou-se na literatura atual, dados sobre os principais municípios produtores de açaí do Pará e analisou-se o desenvolvimento local com a produção de açaí e suas contradições, através de analises estatísticas. Em 2016, dentre os 20 municípios com maior produção do Brasil, 13 estão no Pará que produziu 131 836 toneladas de açaí e gerou um capital de 287,2 milhões de reais. Por outro lado, o IDHM desses municípios se apresentam baixo ou muito baixo, não mostrado de acordo com os dados disponibilizados pelo governo um desenvolvimento socioeconômico significativo igualmente a geração de divisas proporcionadas pela comercialização do açaí na sua forma inatura por partes desses municípios produtores. Através disso, conclui-se que a cada ano o açaí torna-se um produto mais valorizado, no entanto essa importância atrelada ao produto não beneficiam a maioria dos atores envolvidos na cadeia do fruto. O aumento na demanda do açaí e a procura, tanto no território brasileiro como exterior, geram divisas, mas beneficiam pouco aqueles que são considerados o pilar dessa cadeia, os produtores extrativistas, que continuam invisíveis às benfeitorias conduzidas através do beneficiamento do fruto. Palavras-Chave: Geração de divisas; IDHM; PIB; Comercialização do açaí.

Abstract Açaí is a fruit from the northern region of and in the State of Pará the country's largest production was concentrated with 131 836 tons of the fruit in 2016, which is consumed in the region and exported, which generates a significant income for the State . However, the

1 Curso de Eng. de Alimentos, IFPA - Campus /[email protected]; 2 Curso de Agronomia, IFPA - Campus Castanhal/[email protected]; 3 Curso de Eng. de Alimentos, IFPA - Campus Castanhal/[email protected]; 4 Cursa Mestrado Profissional em Desenvolvimento Rural Sustentável de Empreendimento Agroalimentares, IFPA - Campus Castanhal/ [email protected]; 5 Docente Doutor, IFPA – Campus Castanhal/[email protected]

producing municipalities have a small part of this value, which generates little local development and, consequently, low HDI. In this way, the objective of this article is to evaluate the local development and its contradictions through the Municipal Human Development Index (IDHM), correlating with açaí production in the main extractive municipalities of Pará, through bibliographic research. by means of bibliographical research, for this purpose, data on the main açaí producing municipalities of Pará were searched in the literature and analyzed the local development with the production of açaí and its contradictions, through statistical analysis. In 2016, among the 20 municipalities with the highest production in Brazil, 13 are in Pará, which produced 131 836 tons of açaí and generated a capital of 287.2 million reais. On the other hand, the HDI of these municipalities are presented low or very low, not shown according to the data made available by the government a significant socioeconomic development also the generation of foreign exchange provided by the commercialization of açaí in its inatura form by parts of these producing municipalities. Through this, it is concluded that each year the açaí becomes a more valued product, nevertheless this importance attached to the product does not benefit the majority of the actors involved in the chain of the fruit. The increase in açaí demand and demand, both in Brazil and abroad, generate foreign exchange, but little benefit those considered the pillar of this chain, the extractive producers, who remain invisible to the improvements carried out through the processing of the fruit. Keywords: Foreign exchange generation; IDHM; GDP; Commercialization of açaí.

INTRODUÇÃO O açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.) é uma espécie nativa da Região Amazônica, que se sobressai economicamente em relação as outras espécies por apresentar grande potencialidade no fornecimento de matérias primas para as indústrias (Brandão et al., 2015). Encontrado principalmente nas florestas de várzeas do estuário amazônico, é um importante componente da dieta alimentar dos povos nativos da região. Até o final do século XX, o açaí era considerado um produto alimentar somente das populações ribeirinhas e nas áreas urbanas do estado, fazendo parte do hábito alimentar dos paraenses, sendo um componente básico da alimentação diária, principalmente entre as famílias de baixa renda (SANTANA et al. 2006; PAGLIARUSSI et al. 2010). No Brasil, a demanda pelo fruto vem crescendo entre os consumidores de maior renda, envolvendo questões culturais, estética e saúde. A partir do início do século XXI, o açaí difundiu-se também em novas fronteiras de comércios, atendendo a mercados de outras regiões do país, em seguida, mercados internacionais, principalmente do Japão, EUA e Países da União Europeia, o que agrega valor ao fruto (IDESP, 2010). Mesmo com o processo de valorização do açaí no contexto nacional e internacional, Corrêa (2010) presume que as questões regionais de organização do território das comunidades produtoras estão inseridas em uma lógica de produção capitalista que continuam com os mesmos problemas de cunho econômico e social que apresentavam no passado. Posteriormente,

analisando essa problemática econômica de desvalorização territorial de agregação de valor a matéria-prima local, Bastos e Mercês (2011) esclarecem que a economia do Pará é baseada em atividades com baixa anexação de valor e de tecnologia, sendo este um delineador analógico da disparidade econômica e social, visto que, parte da sua população não se apropria da renda gerado no estado. De forma que, de acordo com IBGE (2016) dos 20 municípios de maior produção de açaí do Brasil, 13 concentram-se dentro do estado do Pará, juntos concentram 87% da produção Paraense, garantindo para o estado uma receita de cerca de R$ 287,2 milhões, consistindo a maior parte da sua produção, obtida através do extrativismo, onde também estão acentuados os municípios com os menores índices de desenvolvimento humano do estado (PNUD, 2010). Sendo assim, o objetivo desse trabalho é avaliar através de pesquisas bibliográficas o desenvolvimento local e suas contradições através do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) correlacionando com a produção do açaí nos principais municípios extrativistas estado do Pará, usando, para isso, métodos estatísticos.

METODOLOGIA As áreas de estudo do presente trabalho, foram os principais municípios produtores de açaí do estado (Figura 01), de acordo com IBGE (2014) distribuídos entre as Mesorregião do Nordeste Paraense e Marajó, sendo estes em maior destaque na imagem, , Oeiras do Pará, Muaná, , , , Afuá, São Sebastião da Boa Vista, Igarapé-Miri, São Miguel do Guamá, Magalhães Barata, São Domingo do Capim. Figura 01: Principais municípios paraenses produtores de frutos de açaí em toneladas.

Fonte: IBGE: Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura 2016. A metodologia para a elaboração do presente estudo, foi a de uma revisão de literatura existente. De acordo com Vergara (2000) este método implica no estudo sistematizado, desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, redes eletrônicas, isto é, material acessível ao público em geral. Assim, buscou-se levantar e analisar dados em livros e artigos publicados sobre o tema em questão, a fim de se entender a importância do desenvolvimento local com a produção de açaí e suas contradições através do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) dos principais municípios produtores do fruto no estado. A analises dos dados, consistiram na investigação através de centros de pesquisas estatísticos federativos: Empresa Brasileira de Produção Agropecuária (EMBRAPA); Secretaria de Estado de Agricultura (SAGRI); Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB); Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará (IDESP) e no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Os dados foram digitalizados no Software Windows Excel e para a análise da relação entre as variáveis, do IDHM dos municípios produtores de açaí com o valor da produção do fruto, utilizou-se teste de regressão linear simples e gráficos de dispersão linear, a partir do programa BioEstat 5.3.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Desenvolvimento

No ano de 2016 o Pará atingiu a produção de 131 836 toneladas do fruto, de um total de 215 609 toneladas de todo o Brasil, em uma área plantada superior a 77 mil hectares e as principais regiões paraenses responsáveis por essa produção são: o Baixo Tocantins e Marajó (SAGRI, 2011 e IBGE, 2016). O fruto é cultivado, de acordo com o Censo Agropecuário, relatado pela SAGRI (2011); Turini (2014) com 12.804 propriedades rurais paraenses com cerca de 300 mil pessoas envolvidas em toda a cadeia produtiva, representando aproximadamente 70% da fonte de renda da população ribeirinha, e no mesmo ano, a venda de polpa e mix de açaí tanto para o mercado interno quanto para o mercado externo injetou, de acordo com o senso Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura do IBGE (2016), cerca de R$ 539,8 milhões, o que representa sozinho uma participação de 10 % do valor total da produção extrativista vegetal não madeireiro, sendo injetado somente no estado, cerca de 287,2 milhões na economia local se destacando em primeiro lugar entre os produtos alimentícios oriundos do extrativismo vegetal.

Contradições Os dados estatísticos do IDHM disponíveis no PNUD (2010) e a produção extrativista no IBGE (2016) (tabela 01), denotam que o IDHM e o valor da produção do fruto de açaí nos principais municípios produtores no estado, possui uma associação característica, tida como, fraca relação negativa (r < 0) (CHARNET, 2008), com coeficiente de correlação de 27,46% para a associação entre as variáveis, conforme mostrado pelo programa BIOESTAT 5.3 expressos no (gráfico 01) e quadro 01. Tabela 01: Valor da produção e IDHM dos Municípios de maior produção de açaí no estado. MUNICIPIOS PRODUTORES Valor (R$ Milhões) Índice (IDHM) Limoeiro do Ajuru 87,45 0.541 Oeiras do Pará 59,38 0.507 Afuá 20,51 0.489 Mocajuba 19,43 0.575 Inhangapi 16,19 0.572 Muaná 15,65 0.547 Ponta de Pedras 13,50 0.563 São Sebastião da Boa Vista 12,96 0.558 Igarapé-Miri 10,26 0.547 São Miguel do Guamá 9,72 0.591 Magalhães Barata 8,64 0.597 São Domingo do Capim 8,64 0.532 4,86 0.609

Fonte: PNUD (2010) e IBGE PEVS (2016)

Gráfico 01: Diagrama de dispersão linear com as variáveis dependentes e variáveis independentes.

Fonte: organizado pelo autor (2018) através do BIOESTAT 5.3.

Deste modo, o diagrama de dispersão linear acima, apresenta um coeficiente de determinação (R²) baixo para o valor da produção de açaí nos municípios e o IDHM (Quadro 01), sendo de apenas 0,0754 ou 7,54%, ou seja, alguns dados observados situam-se afastado da reta de regressão, deste modo, pode-se concluir que o ajuste não é perfeito, e, portanto, a variação do IDHM são 7,5% explicadas pelas variações do valor da produção de açaí nos munícipios de maior destaque no Pará, denotando assim, que o valor da produção do açaí nos municípios tem baixa influência sobre o IDHM, ou seja, no desenvolvimento socioeconômico desses municípios. Por conseguinte, o teste F (regressão), utilizado para a tomada de decisão das hipóteses construídas, constatou que Fcal (0,8155) < Ftab (5% = 4,96), logo, implica na não existência de regressão e rejeição da equação. Quadro 01: Teste de regressão linear de acordo com os dados da tabela 04. FONTES DE VARIAÇÃO GL SQ QM Regressão 1 236550202.5 236550202.5 Erro 10 2900570878 290057087.8 Total 11 3137121080 ---

F (regressão) = Calculado = p = 0.6089 Tabelado = 0.8155 4,96 Variável dependente = Coluna 1

Variável independente = Coluna 2 Média (X) = 0.5516 Média (Y) = 20025.25 Coef. de Determinação (R2) = 0.0754 R2 (ajustado) = -0.0171 Coeficiente de Correlação = 0.2746 Coef. de Regressão (b) = -145362.1138 t = -0.9031 p = 0.3877 Equação Y' = a + bX P = probabilidade; GL = grau de liberdade; SQ = soma dos quadrados; QM = quadrado médio; Fonte: organizado pelo autor, (2018). Com maior parte do que é produzido internamente, acaba sendo beneficiado fora do estado, o Pará deixa de anexar valores a extração de suas riquezas minerais, como também, as agroflorestais, deixando de obter uma maior margem de lucros, portanto, contribuindo para a improjeção do IDHM em relação a produção extrativista no estado. O município do Limoeiro do Ajuru maior produtor, com a participação de 26,6% do total produzido no Pará, gera uma renda apenas com extração do fruto de R$ 87,45 milhões, correspondendo à receita de 55,02% do PIB do município, todavia, o IDHM, é um do mais baixo do estado, ficando na posição de 114°, com índice de 0,541 representado pelo PNUD como índice Baixo (Tabela 02) (PNUD, 2010; IBGE, 2016). Tabela 02: Ranking dos municípios no contexto: Produto Interno Bruto (PIB) e Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) dos maiores produtores de açaí do estado.

Índice de Desenvolvimento Produto Interno Bruto MUNICÍPIOS Humano Municipal (IDHM) (PIB) PRODUTORES Posição Índice Posição Valor Estadual (IDHM) Estadual (Milhões) Limoeiro do Ajuru 114° 0,541 85° 126 932 Oeiras do Pará 128° 0,507 81° 129 520 Muaná 106° 0,547 90° 113 005 Mocajuba 81° 0,575 86° 124 501 Inhangapi 83° 0,572 134° 44 412 Ponta de Pedras 92° 0,563 94° 108 524 Afuá 135° 0,489 71° 154 172 São Sebastião da Boa Vista 97° 0,558 107° 87 060 Igarapé-Miri 108° 0,547 57° 218 356 São Miguel do Guamá 60° 0,591 55° 230 750 Magalhães Barata 50° 0,597 139° 35 668 São Domingo do Capim 118° 0,532 83° 128 043 Critérios estabelecidos pelo PNUD: Muito Alto (acima de 0,800); Alto (entre a 0,700 a 0,799); Médio (0,600 a 699); Baixo (0,500 a 0,599); Muito Baixo (0 a 0,499). Fonte: Organizado pelo autor (2018); baseado no PNUD (2010) e IBGE (2012)

Como mostra a tabela acima, mesmo o estado liderando a produção do fruto de açaí no País, o Ranking do Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios (IDHM), seguindo os critérios estabelecidos de avaliação do PNUD (2010), todos os municípios citados apresentaram-se IDHM Baixo com exceção do Município de Afuá que é relacionado IDHM, como Muito Baixo. Sobretudo, como a maior parte da produção é exportada para fora do estado, deixando de agregar valor ao produto internamente, Pagliarussi (2010) estima que 70 a 80% do açaí processado em forma de polpa vendidas no país são produzidas no Pará e os maiores compradores são o Rio de Janeira, São Paulo, Brasília e alguns estados do Nordeste. Denotando que parte dos produtos inatura oriundas no estado, são industrializados na fabricação de subprodutos em outras regiões do país, gerando divisas para as regiões produtoras, porém, a agregação de valor no produto industrializados supera a dos produtores rurais (ANDRADE et al., 2015). Isso demonstra uma disparidade de preço entre o lugar onde se produz e o lugar onde se vende. A partir disso podemos comprovar que as famílias e as comunidades que se encontram no início da cadeia produtiva não usufruem do mesmo lucro daqueles do final. Limal et al., (2008) destaca também, que a falta de infraestrutura dos municípios que fazem parte da mesorregião do Marajó é um fator negativo para o crescimento econômico da região a partir da exploração do açaí, mesmo embora a exploração do açaí apresente grande possibilidade de alavancagem e desenvolvimento da economia regional, a logística e, principalmente o transporte na região produtora, é bastante deficitária, uma vez que a venda do produto depende, em grande escala, das embarcações que fazem a rota entre as mesorregiões, dos preços do frete e da atuação dos atravessadores. Outro fato de importante destaque é o apoio as novas tecnologias para beneficiamento do açaí nesses municípios, posteriormente, Carvalho e Gomes (2007) constataram no estudo de caso na Ilha do Combú localizada na Região Metropolitana de Belém, que a atividade extrativista é realizada para suprir certas necessidades imediatas voltadas para a sua reprodução social. Esse acontecimento tem revelado um crescimento na demanda pelo próprio mercado, que não proporciona retornos significativos à produção imediata devido à ausência de incentivo às inovações tecnológicas, assim como a falta de infraestrutura para conservação e escoamento do produto, limitando esse trabalho ao extrativismo pelo extrativismo. Portanto, esse tipo de exploração não gera a capacidade de diversificação do produto e, em consequência não

proporciona o aumento da renda e nem a melhoria das condições de vida desse segmento populacional contribuindo para colocação do estado entre os piores IDHM do Brasil. Por meio dessas contextualizações citadas e de acordo com dados estatísticos do governo apresentados acima, mostram que as regiões produtores de matéria prima no estado são as que menos se beneficia de suas próprias riquezas, onde parte da população permanece em condições financeiras e sociais delicadas. Nogueira; Homma (1998) expõe que através de novas formas de trabalho o açaí passa a ter um novo valor, mas é um valor que o ribeirinho não conhece e não consegue usufrui.

CONCLUSÕES Através disso, conclui-se que a cada ano o açaí torna-se um produto mais valorizado, no entanto essa importância atrelada ao produto não beneficiam a maioria dos atores envolvidos na cadeia do fruto. O aumento na demanda do açaí e a procura, tanto no território brasileiro como exterior, geram divisas, mas não é o bastante para beneficiar aqueles que são considerados o pilar dessa cadeia, os produtores extrativistas, que continuam invisíveis às benfeitorias conduzidas através do beneficiamento do fruto. Mesmo produzindo divisas e o Pará arrecadando mais da metade da renda gerada, contribuindo para o PIB dos seus municípios, essas contribuições econômicas têm pouca influência no IDH desses municípios, sendo que os mesmos são relacionados pelo PNUD no ranking dos piores IDHM do estado, apresentado como baixo, com exceção do município de Afuá que é relacionado como muito baixo, denotando assim, que a falta de investimentos e infraestruturas para o escoamento da produção e o beneficiamento para a industrialização de subprodutos a partir da extração do fruto desses municípios, fazem com que a maior parte da renda gerada seja distribuída entre as empresas, associações, atravessadores e as empresas que exploram aquilo que é produzido nessas comunidades, submetendo esses municípios apenas como simples produtores de commodities, e em curto e médio prazo não se observam mudanças significativas na estrutura econômica do estado e muitos menos dos municípios onde é extraído o fruto.

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