"Adoro filmes franceses, tenho um preconceito a Filmografia de : favor deles. Diversos de meus diretores 1956 O Mundo do Silêncio (Le Monde du silence) preferidos são franceses, como François 1958 Ascensor para o Cadafalso (Ascenseur pour apresenta Truffaut, Jean Renoir e Louis Malle. E O Sopro l'échafaud) no Coração é provavelmente meu filme 1959 Os Amantes (Les Amants) preferido de Malle. As coisas que acontecem 1960 Zazie no Metrô (Zazie dans le métro) entre o filho e sua mãe parecem até românticas, 1961 Vida Privada (Vie privée) mas também são assustadoras e tabu, o que 1962 (curta-metragem) torna tudo mais atraente. É proibido: você sente 1963 Trinta Anos Esta Noite (Le Feu follet) 1964 Bons baisers de Bangkok (TV) que eles estão entrando em território perigoso. o 1965 Viva Maria (Viva Maria) Edição n 20 Mas o jeito como o filme apresenta a situação é 1967 O Ladrão Aventureiro (Le Voleur) 14 de Junho de 2003 - perfeito. Não se torna traumático. Acaba sendo 1968 Histórias Extraordinárias (Histoires a expressão da proximidade da relação dos dois, extraordinaires) como os dois estão conectados entre si, e é 1968 Calcutta sobre isso que é o filme." 1970 L'Inde fantôme (TV) Wes Anderson (Diretor de Os Excêntricos 1970 O Sopro no Coração (Le Souffle au cœur) 1974 Place de la Republique Tenenbaums e Rushmore/Três É Demais) 1974 Humain, trop humain 1974 Lacombe Lucien (Lacombe Lucien) "Dizem que eu faço exercicios de estilo. Não é 1975 Lua Negra (Black Moon) nada disso. Eu acho que é na verdade algo que 1976 Close Up (curta-metragem) ocorre também em pintura. Não acredito que 1978 Menina Bonita (Pretty Baby) um pintor encontra seu jeito de primeira: é 1980 Atlantic City preciso procurar de todas as formas. Em cinema, 1981 My Dinner with André 1984 Crackers é igual. (...) Decidi fazer filmes em todas as 1985 A Baía do Ódio () direções por um certo tempo, e a única coisa 1986 God's Country (TV) que me interessa é ter a certeza de que o filme 1987 The Pursuit of Happiness (TV) que eu faço é melhor do que o seguinte. Vou 1987 Adeus Meninos () onde minha curiosidade me carrega." 1989 Loucuras de Primavera (Milou en Mai) Louis Malle 1992 Perdas e Danos (Damage) 1994 Tio Vânia em Nova York (Vanya on )

O Soprop no Coraçãoç Próximos Filmes: de Louis Malle 21/06 Nanouk do Norte, de Flaherty Convidado: Domingos de Oliveira (Cineasta) 30/06 Ouro e Maldição, de Erich Von Stroheim Sinopse debatedor: Walter lima Jr. Laurent, de 15 anos de idade, vive em Dijon no seio de uma família burguesa de tradições rígidas. Não se dá muito bem com seu pai, nem com seus irmãos. É apaixonado por sua mãe, Clara, mulher muito livre que está cansada do marido. Laurent está naquela idade quando tudo é revolta. É a transição da infância para a adolescência, são as primeiras experiências sexuais. Depois de uma escarlatina, contrai um sopro no coração, e vai se tratar em uma estação climática, acompanhado de sua mãe. Longe de casa, com todo o tempo do mundo só Mediação dos Debates: Eduardo Valente e Ruy Gardnier. para eles, aprofundam essa relação de paixão que os une. Programação e Produção: Grupo Estação e Contracampo.

Realização Colaboração Le Souffle Au Coeur França, 1971, Cor, 35mm, 110 min Direção: Louis Malle Roteiro: Louis Malle Fotografia: Ricardo Aronovich Música: Charlie Parker, Sidney Bechet, Gaston Frèche e Henri Renaud Montagem: Suzanne Baron Produção: Nouvelles Éditions de Films, Marianne, Vides Cinematografica, Franz Seitz Filmproduktion, Vincent Malle, Claude Nedjar Elenco: Léa Massari, Bernoit Ferreaux, Daniel Gélin, Michel Lonsdale, Fabien Ferreux, Marc Winocourt, Ave Ninchi, Gila Von Weitershausen, Corinne Kersten, Jacqueline Chauvaud, Micheline Bona, Henri Poirier, François Werner, Lilianne Sorval, Eric Burnelli, André Zulawsky, Jacques Gheusi, Yvon Lec. www.estacaovirtual.com www.contracampo.he.com.br faz O Sopro No Coração. Não se trata Vale notar o encanto cinematográfico de O Sopro no Coração de uma história em que o incesto Lea Massari (atriz de filmes como A provoca ou é provocado por um Aventura de Antonioni e A Primeira Não é mais antigo que o cinema o um sentido de impulsividade), e por violento transtorno psíquico. A vida Noite de Tranquilidade de Zurlini) como conceito de adolescer, de transitar da isso ganha a atenção de todos, a italiana Clara, mãe de Laurent, assim infância à idade adulta. Na verdade, aproveita a vida como pode e como lhe como a fabulosa interpretação de Benoît se há alguns séculos não se tinha a convém. Nisso, a mesmo tempo se une Ferreux no papel principal (sua estréia noção de adolescência, hoje parece e se liberta de seus primos-irmãos do no cinema), com um comportamento às vezes que todos o somos, uma vez cinema francês, os garotos anárquicos sempre remetendo a algo instintivo, que um dia o fomos – principalmente do Zero de Comportamento de Vigo e não-planejado – é realmente incrível a para um certo tipo de cinema, do Antoine Doinel do Incompreendidos divertida maneira que Laurent ataca as sobretudo o dos efeitos especiais. O de Truffaut. Laurent, apesar da má meninas, dobrando o pescoço e Sopro no Coração é um filme sobre saúde e dos mimos, tem a vitalidade e avançando de um jeito grosseiro, entre um garoto de catorze anos (quase o sentimento de liberdade de seus o desajeitado e o animalesco. Vale quinze) – mas, ao invés de se aparentados cinematográficos – mas, notar, sobretudo, que o filme tem uma identificar com seus conflitos, por esta má saúde e mimos, não tem do vitalidade impressionante, uma incrível encanta-se com eles, em busca do que se queixar acerca de dinheiro e capacidade de reviver as experiências tempo que ficou para trás (é um filme sobre um adolescente, e não para um adolescente). Não é que Laurent não sofra com seus problemas – a questão é que seus sentimentos, bons ou continua, e só resta rir. Em ruins, não têm a mesma força que a praticamente todos os outros experiência em si. Por mais exemplos que encontrarmos de desagradável que seja no momento tematização do incesto na ficção, ter a primeira transa interrompida, a teremos tramas em que o lembrança que resta é de uma rompimento do tabu traz imenso situação divertida. Só resta rir. sofrimento, traz uma ruptura definitiva com o relacionamento antes estabelecido – para lembrar de É essa libertação de um certo recalque cuidados, ao contrário dos anteriores. um exemplo marcante, dois anos de Laurent, seja ouvindo o bebop de que o filme parece pleitear. A mãe de Não precisa se preocupar em ter antes Visconti fizera o seu Os Deuses Charlie Parker (e como é boa uma trilha Laurent afasta-se da família por conta liberdade – ele tem de tudo, sorte dele, Malditos. O Sopro no Coração sonora com Bird Parker!), transando com de um amante, o pai de Laurent é que pode ficar ouvindo jazz em paz. transgride essa norma, o incesto putas, suportando a paquera de um ausente, seus irmãos implicam com ele, rompe para evoluir, para conciliar. O padre mal-resolvido, seduzindo gatinhas a empregada não pára de reclamar, filme consegue este feito bizarro, e no hotel, lendo tanto livros clássicos seus amigos são chatos... e daí? Vive-se Nisso o filme situa sua transgressão no entanto muito natural: diante do como libertinos ou vendo sua linda mesmo assim, não é mesmo?. E pode central, a quebra de tabu que o rompimento do tabu, a conciliação é mamãezinha saindo do banho. ser divertido – não é ruim, no final das tornou famoso. Para a dramaturgia a maior transgressão – não custa contas. O menino mimado, o pequeno clássica, pior que o rompimento do lembrar que transgressão e gênio que ganha tudo e ainda rouba tabu do incesto, só mesmo se este rompimento de tabus são dois dos Daniel Caetano discos, que tem o problema de saúde a rompimento se der sem sofrimento, pontos centrais em grande parte dos que se refere o título, o sopro no sem conseqüentes perda e purgação – filmes do realizador, Louis Malle. coração (que parece sugerir também isso sim é tabu de verdade. É isso que