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UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DHE – DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO

CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

FUTEBOL AMADOR EM IJUÍ – RS: FRAGMENTOS DA HISTÓRIA SOB A ÓTICA DE PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

EDUARDO MACUGLIA

Ijuí – RS 2018

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EDUARDO MACUGLIA

FUTEBOL AMADOR EM IJUÍ – RS: FRAGMENTOS DA HISTÓRIA SOB A ÓTICA DE PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Educação Física da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharelado em Educação Física.

Orientador: Prof. Me. Mauro Bertollo

Ijuí – RS 2018

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Dedico este Trabalho de Conclusão de Curso, primeiramente a Deus. Agradeço a minha família por estar sempre ao meu lado, em todos os momentos, sempre acreditando no meu potencial, me incentivando, apoiando e entendendo minhas dificuldades, especialmente a minha Mãe, meu Pai (in memoriam) e meu Irmão.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por ter me abençoado e me iluminado por toda a minha trajetória acadêmica e pessoal. Ao professor Mauro Bertollo, pelo apoio, incentivo e disponibilidade na orientação deste trabalho. A todo corpo docente do Curso de Graduação em Educação Física da UNIJUÍ que me proporcionou a conclusão deste Curso.

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RESUMO

Trazido da Inglaterra pelo jovem Charles William Miller, o futebol teve seu desenvolvimento no Brasil no final do século XIX. No Rio Grande do Sul teve seu destaque na cidade de Rio Grande e pela fronteira do Uruguai e em Ijuí – RS no ano de 1907. A pesquisa tem como objetivo principal entender de que maneira se desenvolveu o futebol de campo amador na cidade de Ijuí, sob os relatos de ex- atletas e/ou dirigentes que hoje possuem graduação em Educação Física. A pesquisa teve como instrumento uma entrevista semiestruturada, desenvolvida em dois momentos. Inicialmente foi feito um levantamento literário sobre a história do futebol no Brasil, no Estado do Rio Grande do Sul e por fim em Ijuí. A seguir foi realizada uma pesquisa de campo com sete profissionais de Educação Física que atuaram no futebol amador de Ijuí no período de 1960 a 2018, cada um no seu tempo, sendo os mesmos entrevistados e suas respostas transcritas para posterior análise. Os resultados desse estudo mostram que o desenvolvimento do futebol amador no município de Ijuí decaiu com o passar das gerações, por forte influência de fatores externos como política, violência, financeiro e do incentivo por parte das famílias a dar continuidade às histórias do mundo futebolístico vivenciadas por seus familiares.

Palavras-Chave: Futebol Ijuiense. Futebol Profissional. Profissionais de Educação Física. Sociedade Esportiva Ouro Verde. Esporte Clube São Luiz.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Sport Club Oriental ...... 19 Figura 2 – Sport Club Riograndense ...... 19 Figura 3 – O Gaúcho da Linha 8 Leste ...... 20 Figura 4 – Time dos Onze ...... 20 Figura 5 – Estádio 19 de Outubro do Esporte Clube São Luiz de Ijuí ...... 27 Figura 6 – Campeão Copa Arizona Estadual 1975 ...... 30 Figura 7 – Campeão Copa Arizona Estadual 1980 ...... 30 Figura 8 – Campeão Copa Dreher 1981 ...... 30 Figura 9 – Sede da Sociedade Recreativa Ouro Verde ...... 31

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...... 7

2 REFERENCIAL TEÓRICO ...... 10 2.1 FUTEBOL AMADOR E PROFISSIONAL NO BRASIL ...... 10 2.2 ESPORTES DE ALTO RENDIMENTO E ESPORTE ENQUANTO ATIVIDADE DE LAZER ...... 12 2.3 ESPORTE MODERNO: CHEGADA DO FUTEBOL NO BRASIL ...... 13 2.4 HISTÓRIA DO FUTEBOL NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL ...... 15 2.5 O FUTEBOL EM IJUÍ ...... 18 2.6 AS LIGAS E OS CONSELHOS DESPORTIVOS EM IJUÍ ...... 24 2.7 ESPORTE CLUBE SÃO LUIZ: DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DO FUTEBOL EM IJUÍ ...... 25 2.8 SOCIEDADE ESPORTIVA OURO VERDE: DESENVOLVIMENTO AMADOR DO FUTEBOL EM IJUÍ ...... 28

3 PROCESSO METODOLÓGICO ...... 33

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS ...... 36 4.1 A HISTÓRIA DE PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO FUTEBOL AMADOR DE IJUÍ ...... 36 4.2 FRAGMENTOS DA HISTÓRIA DO FUTEBOL AMADOR IJUIENSE NA ÓTICA DE PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ...... 39

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...... 44

REFERÊNCIAS ...... 48

APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ...... 51

APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO ...... 53

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1 INTRODUÇÃO

O interesse por essa pesquisa se deve pela forte ligação com a história do futebol na cidade e no meu desenvolvimento. Vindo de uma família de vários tios praticantes da modalidade que obterão destaque na região, no estado e também a nível nacional. Também, pelo fato dos meus familiares possuírem participação na história do futebol amador do município e prestar uma homenagem ao meu pai (in memoriam) que marcou seu nome no futebol ijuiense, dando continuidade por mim de forma prazerosa de estar no meio futebolístico. No entanto, começo esse estudo aprofundando sobre o início do futebol em nosso país, esporte que chegou ao Brasil em fins do século XIX vindo da Inglaterra e tornou-se o esporte mais popular entre os brasileiros, segundo Guedes (2009, p. 454). É praticado tanto de forma amadora, quanto profissional, em campeonatos que são disputados desde as cidades do interior, até grandes clássicos regionais, estaduais e, até mesmo, nacionais. A modalidade teve papel importante na sociedade como forma de lazer, competitivo e direcionado ao profissionalismo, passando a ser parte da vida das famílias brasileiras. Teve seu desenvolvimento através da vinda de Charles William Miller:

Em 1894, após passar dez anos estudando na Inglaterra, país natal de seus pais, voltou a São Paulo, munido de um livro de regras do Association Football, duas bolas para a sua prática, uma bomba de ar para enchê-las, um par de chuteiras, uma camisa do time do Banister Court School e outra do Saint Mary‟s Football Club, ambos de Southampton, pelos quais se destacara como atacante (FRANZINI, 2009, p. 113).

Após a chegada de Charles William Miller o futebol teve seu desenvolvimento de forma amadora. Os times eram formados por indivíduos da sociedade, trabalhadores de grandes empresas e também estudantes que organizavam os jogos em diferentes áreas. O futebol era praticado em “campinhos”, pátios de escolas ou até mesmo no meio das ruas, muitas vezes sem camisa, sem coletes e descalços. Nota-se que a história do futebol no Brasil se divide em duas partes. Primeiramente amadora, onde não havia remuneração, pois os indivíduos estavam dispostos a praticar como divertimento, lazer e até mesmo, como forma de 8 expressão individual e coletiva. Nessa perspectiva, tendo um forte conteúdo formador e tornando-se um ingrediente importante da nossa cultura. Toledo (2000, p. 10) confirma o status amador do futebol da época, dizendo que:

O amadorismo, regime vigente no futebol brasileiro por um período de aproximadamente trinta anos, teve o seu ocaso em 1933. Era denominado amador, pois entre outras características fundamentais, proibia, através dos estatutos das primeiras associações e federações que os jogadores recebessem qualquer benefício que configurasse uma remuneração para jogar.

Em suma, a partir do momento que foi se desenvolvendo o futebol no Brasil, com clubes e ligas sendo criadas, os organizadores e dirigentes deram início ao planejamento dos clubes. Isso acontece através dos objetivos e das premiações pelas vitórias e conquistas. Nessa fase, pode-se dizer que aconteceu a transição do amadorismo para o profissionalismo da contemporaneidade, segundo Toledo (2000, p. 10). Diante do exposto surge o interesse para investigar e entender de que maneira se desenvolveu o futebol de campo amador na cidade de Ijuí – RS, sob os relatos de ex-atletas que hoje possuem graduação em educação física. Com intuito da pesquisa de campo, há uma delimitação no período de 1960 a 2018, com experiências vivenciadas de ex-atletas e/ou dirigentes deste período que se tornaram profissionais de Educação Física. Este recorte, possivelmente nos facilitará a compreensão e relatará as diferentes histórias do futebol de campo amador em Ijuí. Além disso, a escolha dos sujeitos pesquisados serem profissionais de educação física ocorre para contribuir com que a coleta de dados tenha um viés, para perceber como os profissionais de Educação Física diferenciam a história do futebol amador em Ijuí em suas épocas. Assim surge a problematização dessa pesquisa: como os profissionais de educação física percebem a evolução do futebol de campo amador de Ijuí, a partir de suas vivências como atletas ou dirigentes? Inicialmente, segundo Bindé (1988, p. 5) o futebol chegou em Ijuí na primeira década do século 19 e se desenvolveu já na década seguinte, tanto na cidade quanto no interior. Durante a década de 60, muitas equipes conhecidas como amadoras fizeram o município de Ijuí ter um grande destaque, sobretudo, por conta de alguns clubes de futebol que tiveram visibilidade nacional. A pesquisa está dividida em capítulos que, inicialmente, apresenta como objetivo entender a 9 evolução histórica do futebol de campo amador ijuiense, a partir da concepção de atuais profissionais de Educação Física que no período compreendido entre os anos de 1960 e 2018 vivenciaram a modalidade, seja como jogador ou como dirigente de equipes. Seguindo a base teórica que dá sustentação para justificar o desenvolvimento do trabalho, aplicando a metodologia de pesquisa de campo com entrevistas, coletando e analisando os dados fornecidos pelos profissionais de Educação Física que vivenciaram a evolução do futebol amador na cidade em suas diferentes épocas. Portanto, incluindo como objetivo, entender a evolução histórica do futebol de campo amador ijuiense a partir da concepção de atuais profissionais de Educação Física que, no período compreendido entre os anos de 1960 e 2018, vivenciaram como atletas e/ou dirigentes essa modalidade esportiva. Nesse sentido, inicialmente foram pesquisados os documentos arquivados pelo Museu Antropológico Diretor Pestana nas décadas de 60 a 2018, que auxilia na sustentação do trabalho e esclarece certas dúvidas relacionadas ao desenvolvimento do futebol amador na cidade. Contribui para compreender a preparação dos atletas antes e durante um campeonato, entender de que forma o esporte influenciava a qualidade de vida dos envolvidos, bem como, perceber a Influência ou não da sociedade na evolução do futebol amador no município. Enfim, buscando alcançar os objetivos, organizei o trabalho da seguinte forma: primeiramente, através do referencial teórico que me dará subsídios que possam fortalecer as afirmações desta pesquisa. Na sequência, apresento o processo metodológico. Sigo com a apresentação e análise dos dados coletados e, por fim, com intuito de acrescentar dentro deste assunto histórico, opinar através das minhas considerações finais juntamente com os resultados obtidos desta pesquisa.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste período do trabalho em primeira parte específico as diferenças do futebol amador e profissional, suas ligas e conselhos desportivos em nossa cidade, além de exemplificar o esporte de alto rendimento e o esporte enquanto atividade de lazer. Comento sobre o esporte moderno, o futebol e a sua chegada ao Brasil, no Estado do Rio Grande do Sul até chegar ao nosso município de Ijuí. Enfim citando dois exemplos de clubes da nossa cidade com seus desenvolvimentos que tiveram destaque ao longo de suas histórias, tanto na esfera amadora quanto na profissional.

2.1 FUTEBOL AMADOR E PROFISSIONAL NO BRASIL

Pelo progresso das equipes amadoras, vale ressaltar a importância das mesmas para o acontecimento de transição do futebol amador para o futebol profissional, segundo Toledo (2000, p. 10). Os dirigentes/responsáveis das equipes premiavam seus atletas conforme a sua produção dentro de campo. Ou seja, atingir os objetivos que foram planejados gerando certo benefício ao atleta o considerando como forma de “trabalho”, alistando-se no âmbito profissional. Nessa perspectiva: “[...] o „amadorismo‟ foi-se desmascarando. Em 1915 já não era escândalo a gratificação aos jogadores feita às claras em qualquer clube de São Paulo ou do Rio, de Pernambuco ou do Rio Grande do Sul” (CORREA, 1933, p. 21-24). Isto é, toda essa alternância é devido às equipes amadoras durante a participação em campeonatos serem “estimuladas” com alguma premiação ou bônus para que consigam chegar aos objetivos expostos por seus superiores. Nesse sentido incentivando de forma econômica para o atleta dar o melhor de si para ser “agradado”. Destarte, com essa atitude de algumas pessoas do meio pode se dizer que o amadorismo poderia ter prazo de validade no país. Assim sendo, o futebol de campo no Brasil foi classificado amador até certo instante, pois a remuneração foi adotada tornando-se um dos principais motivos da ascensão da modalidade. Advindo então à transferência do amadorismo para o profissionalismo os enredados recebiam algum benefício dentro e fora de campo. Em suma o futebol de campo passou a ser conhecido profissionalmente no Brasil, subdividido em três momentos: 11

Um primeiro, que teve início com o fim do amadorismo e durou até meados dos anos 40, empenhou-se em acabar com os resquícios do amadorismo às escondidas, conhecido como “marrom”, regulamentando os ganhos financeiros dos jogadores, sobretudo nos campeonatos mais organizados. Um segundo momento do profissionalismo pela ingerência do Estado Novo, que passou a regulamentar de maneira centralizadora as diretrizes do esporte nacional, com a criação do CND – Conselho Nacional de Desportos –, em 1943, fiscalizando clubes, federações e confederações. O terceiro momento, inaugurado por volta da primeira metade dos anos 90, se desdobra na atual conjuntura. Paulatinamente, vem-se substituindo a centralização burocratizada característica do período anterior, ampliando os processos de profissionalização não somente entre os jogadores, o que se exemplifica com a regulamentação da Lei Pelé, que estabelece o fim da “Lei do Passe”, como também no gerenciamento dos clubes, federações e confederações, com nítida participação de empresas privadas patrocinando e conduzindo os negócios esportivos (TOLEDO, 2000, p. 10-11).

No entanto, é percebido que o amadorismo não teve fim. Apenas aconteceu uma separação daqueles que jogavam de forma amadora, como forma de lazer, sem receber benefício algum, daqueles que jogavam com objetivos estabelecidos, buscando o alto rendimento e almejando novas conquistas para os times que defendiam. Do mesmo modo, a começar com a introdução da remuneração no futebol de campo, percebe-se a rápida evolução da modalidade nos estados. No entanto, primeiramente, o esporte era remunerado de forma “escondida”. Poucos atletas eram beneficiados não havendo manifestação, considerando esse acontecido expõe-se que estes eram os atletas da elite. Através da criação do Conselho Nacional de Desportos todos os abrangidos no esporte deveriam ter suas informações memorizadas, registros dos benefícios proporcionados. Nessa perspectiva com a criação da Lei Pelé em 24 de março de 1998, sucedeu ainda a atuação de indivíduos interessados, em apadrinhar de forma financeira aqueles que os interessavam. Os atletas, clubes, comissão técnica e outros eram os beneficiados com total clareza e transparência por parte das estruturas eminentes do futebol. Como se pode ver, a expansão do futebol de campo profissional no cenário nacional é modelo de evolução da história esportista, vinculada ao jogo como espetáculo de massa, entusiasmando diversas esferas da sociedade. Este esporte glorificado pela mídia, instigando novos adeptos para a esfera da modalidade esportiva.

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2.2 ESPORTES DE ALTO RENDIMENTO E ESPORTE ENQUANTO ATIVIDADE DE LAZER

Podemos classificar os esportes em duas perspectivas: na manifestação de alto rendimento e na de participação. Primeiramente, em alto rendimento, onde o atleta busca os objetivos planejados possibilitando premiações e conquistas, ou seja, dispondo certo “benefício financeiro” ao mesmo. Por outro lado, existe o esporte como forma de lazer, onde o indivíduo praticante realiza a modalidade sem objetivar prêmios, buscando apenas qualidade de vida, saúde e bem-estar. Com relação a isso, Bracht (2011, p. 24), aparentemente fazendo uma crítica, ressalta que:

O esporte que conhecemos, na escola, pode na verdade vincular-se a uma das duas perspectivas de esporte anteriormente referidas, embora pareçam predominar hoje, em maior ou menor grau, as características do esporte de rendimento. A manifestação que ainda fornece o modelo para o esporte escolar é o esporte de rendimento.

Evidentemente, o esporte de rendimento, conhecido também como esporte espetáculo devido às manifestações de órgãos superiores e entidades, com a inserção de altos valores, pode ser considerado uma mercadoria. O esporte de alto rendimento é popularizado pelos meios de comunicação, tendo alcance em todo território brasileiro. Vale ressaltar que o esporte praticado como forma de lazer possui ligações ao alto rendimento, devido a sua manifestação nacional dispondo de exemplos a serem seguidos pelos indivíduos praticantes. Segundo Digel (apud BRACHT, 2011, p. 25):

[...] o esporte espetáculo constitui hoje um sistema que pode ser resumido nos seguintes pontos: possui um aparato para a procura de talentos normalmente financiados pelo Estado e, além disso, promove o desenvolvimento tecnológico, com o desenvolvimento de aparelhos para a utilização completa do “material humano”; tendo vários atletas que a principal ocupação é o esporte; possui um público consumidor que financia a parte do esporte-espetáculo; os meios de comunicação de massa são coorganizadores do esporte-espetáculo; possui um sistema de gratificação que varia em função do sistema político-societal.

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Existe uma ligação entre o esporte de alto rendimento com o esporte praticado como forma de lazer, pois primeiramente o indivíduo iniciante pratica o futebol sem objetivar lucros ou conquistas, tendo essa base para depois ingressar no ambiente profissional. Os indivíduos praticantes, através dos meios de comunicação, procuram buscar informações, descobrindo e conhecendo a prática esportiva, o que oportuniza certa experiência da modalidade.

O esporte de alto rendimento ou espetáculo aproxima-se do mundo do trabalho, onde cada vez mais o ser humano está inserido, enquanto o esporte como lazer circunscrevem-se no mundo do não trabalho. O sentido interno das ações no interior da instituição do esporte-espetáculo é pautado pela vitória ou derrota, da maximização do rendimento e da racionalização dos meios. No esporte como forma de lazer outros códigos apresentam-se como relevantes e capazes de orientar a ação, por exemplo, ligados à saúde, ao prazer da prática e à sociabilidade (BRACHT, 2011, p. 27).

Sendo assim, todo esporte que é praticado de forma prazerosa ligada à saúde, com valores e propósitos sociais, identifica-se como lazer, quer dizer, sem ambicionar resultados ou conquistas. Já o esporte de alto rendimento ou espetáculo é aquele que o indivíduo terá que ter desempenho a cima da média, realizando uma rotina de treinamentos, planejando metas e objetivos a serem conquistados individualmente ou coletivamente.

2.3 ESPORTE MODERNO: CHEGADA DO FUTEBOL NO BRASIL

O futebol teve origem no Brasil com seu surgimento por volta do ano 1894 quando Charles Miller regressou ao país, contendo em sua bagagem as primeiras bolas de futebol, uniformes e outros materiais. Charles, filho de pais ingleses foi mandado à Inglaterra para completar seus estudos. Lá aprendeu a praticar o futebol e, com seu retorno ao Brasil, foi considerado o introdutor deste esporte, segundo Franzini (2009).

Em São Paulo, onde Charles Miller promovera o primeiro jogo em 1895, entre funcionários da Companhia de Gás e funcionários da São Paulo Railway (em sua maior parte sócios do The São Paulo Athletic Club, como o próprio Miller), já existiam cinco clubes intensamente dedicados a sua prática: São Paulo Athletic, Associação Athletica Mackenzie College, Sport Club Germania, Spor Club Internacional e Club Athletico Paulistano (FRANZINI, 2009, p. 116).

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Como vimos, neste período o Brasil passa por um progresso com o movimento de estudantes que saíram para se especializar em diferentes áreas. Essa progressão está vinculada de acordo com Franzini (2009), com os exemplos de Charles Miller e dos imigrantes vindos para o país buscando novos terrenos e áreas, cada imigrante introduzindo suas culturas no país e colaborando na criação de novos clubes. Foram advindos clubes no eixo Rio/São Paulo, estados que tiveram a mais rápida progressão da modalidade e, por conseguinte, tanto a elite quanto as camadas mais populares agruparam equipes para competições. No entanto:

Antes que isso acontecesse, porém, deu-se que a bola caiu-se nos pés de outras camadas sociais, que não gozavam do privilégio de fazer parte de um seleto club ou estudar em colégios não menos exclusivos, como o Alfredo Gomes ou Albílio, onde o futebol passara a fazer parte da formação dos corpos e mentes dos alunos, com vistas a promoção daquele mesmo “desenvolvimento físico da raça” saudado na ocasião do primeiro jogo entre paulistas e cariocas. Novos personagens, novos interesses e, sobretudo, novas apropriações do jogo entravam assim em cena, ou melhor, em campo, e para transformá-lo em modo decisivo e indelével (FRANZINI, 2009, p. 119-120).

Verificamos que a partir deste ponto os idealizadores desta prática no Brasil além de prolongar esta modalidade pelos estados brasileiros, também sentiram a utilidade de elaborar regras e ligas de pelejas, estabelecendo os padrões de cada uma delas (FRANZINI, 2009). A eclosão de mais clubes/equipes trouxe a preocupação com a elaboração de uma instituição, que pudesse organizar e planejar melhor as partidas que sucediam entre as equipes de diferentes estados durante os enfrentamentos.

O primeiro movimento nesse sentido se deu em 1915, com a fundação no Rio de Janeiro, da Confederação Brasileira de Desporto (CBD), com o propósito de congregar os interesses das diversas ligas e federações esportivas estaduais e, assim, representar oficialmente o Brasil junto à Federação Internacional de Football Association, a Fifa, entidade máxima do futebol mundial, fundada em 1904 (FRANZINI, 2009, p. 125-126).

Dessa forma, a partir da criação de uma instituição como já citada acima, pode-se identificar então o processo de evolução da modalidade, sucedendo a transição do amadorismo para o profissionalismo.

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2.4 HISTÓRIA DO FUTEBOL NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

Foi no século XIX que surgiu o futebol no Estado do Rio Grande do Sul, com as primeiras atividades do meio futebolístico na cidade de Rio Grande e cidades próximas da fronteira com o Uruguai. Nessa perspectiva:

[...] existem relatos de que já se praticava o futebol nas cidades de Uruguaiana e Santana do Livramento antes de 1900. Entretanto o primeiro clube dedicado exclusivamente à prática do futebol foi o Sport Club Rio Grande, da cidade do Rio Grande. Assim, o Rio Grande foi o primeiro clube de futebol no Rio Grande do Sul e no Brasil, tendo sido fundado em 19 de julho de 1900 (WIKIPÉDIA, 2017, p. 1).

Nessa perspectiva o município de Rio Grande – RS tem registros que a prática do futebol já acontecia antes mesmo de 1900. Sobre isso, destaca-se que:

Quando o futebol ainda era pouco conhecido, lá pelo fim do século XIX, um grupo de descendentes de Albion resolveu iniciar a prática do esporte, fundando um clube na cidade de Rio Grande. Foi ali na Noiva do Mar que as primeiras jogadas aconteceram. Embora a fundação do clube tenha acontecido nesta data, há registros de que já praticavam o esporte desde 1898 com uma bola importada da Inglaterra, pois não existiam fabricantes em nosso continente. Dizem que era boa para chutar, mas horrível para cabecear (GAÚCHAZH, 2015, p. 1).

Além disso, a fundação do clube movimentou a sociedade rio-grandense, pois era a realização de um sonho daqueles indivíduos praticantes do futebol. Sendo assim:

Foi por uma nota redigida em alemão que os moradores de Rio Grande, pelo menos os da colônia germânica, souberam da existência daquele esporte novo em que 22 homens tentavam chutar uma bola de couro. Assinada pelo alemão Johannes Minnemann, o convite anunciava que haveria um jogo de futebol às 9h30min do dia 14 de julho de 1900, no campo do Clube de Tiro Alemão. Havia ainda um aviso: após a partida, seria discutida a criação de um clube em Rio Grande. Não só rolou o jogo como também colocaram o sonho em prática: criaram o Sport Club Rio Grande iniciando a história do futebol brasileiro e contra fatos não há argumentos (GAÚCHAZH, 2015, p. 1).

Em seguida, a cidade de Rio Grande já conhecida como o município do primeiro clube de futebol do país, surgiram outros clubes na cidade além do Sport Club Rio Grande. Segundo Correia, Lima e Rigo (2014, p. 2): 16

[...] não cabe apenas destacar o pioneirismo desse clube, tendo em vista que, segundo Correia e Rigo (2014), entre 1900 e 1916, houve registros de fundação de 47 clubes de futebol na cidade. Além disso, Lima e Rigo (2014) destacam a década de 1930 como uma década vitoriosa para o futebol da cidade, já que, os três principais clubes, Sport Club São Paulo, Sport Club Rio Grande e Football Club Rio-grandense conquistaram três títulos estaduais para a cidade em 1933, 1936 e 1939, respectivamente.

Além disso, diferentes eram as formas de organização dos campeonatos no município. Havia várias competições locais e intermunicipais, segundo Correia, Lima e Rigo (2014, p. 3), “a primeira edição do Campeonato Municipal foi realizada somente em 1916, após o estabelecimento e a organização da Liga de Football Riograndense fundada no final de 1915”. Segundo Correia, Lima e Rigo (2014, p. 3):

Antes dos primeiros campeonatos municipais, ocorriam amistosos na cidade, ou viagens para outros municípios. Nessas excursões do início do século o Rio Grande ajudou a difundir o esporte para outros centros, tais como Pelotas, Bagé e Porto Alegre.

Nessa perspectiva o futebol era praticado como forma de entretenimento, sem muito compromisso com a competitividade e sim de feitio descompromissado. O esporte culturalmente importado dos terrenos europeus com o objetivo de socialização, daqueles indivíduos da mesma esfera socioeconômica da cidade. Segundo Correia, Lima e Rigo (2014, p. 15):

Os amistosos foram importantes para que a comunidade começasse a conhecer o futebol, entretanto, os clubes da época, começavam a aflorar o espírito competitivo e organizar amistosos e campeonatos. Essa competitividade, porém, instigava sentimento de rivalidade que começava a aflorar, gerando brigas dentro de campo e rompimentos de relações. Todavia, o aumento da competitividade acabou determinando a fundação das ligas, com o objetivo de gerir o futebol na cidade.

Em outras palavras, ligado a forte influência da expansão do futebol na cidade de Rio Grande e dos países como Uruguai e Argentina novas agremiações são criadas, como o 14 de Julho de Santana do Livramento (1902), Sport Club Bagé (1906) e Guarany Futebol Clube (1907).

Ainda por influência do Uruguai e da Argentina, surgiram outros clubes, alguns anos depois, ao longo de nossas fronteiras setentrionais, como o 14 de Julho de Santana do Livramento (1902), o Sport Club Bagé (1906) e o 17

Guarany Futebol Clube (1907), ambos da cidade de Bagé. Diante do pioneirismo do Sport Club Rio Grande no ano de 1900, ao longo dos anos seguintes, a região de Rio Grande viu surgirem diversas outras agremiações esportivas, como o Rio Grandense Futebol Clube (1912). Já na vizinha Pelotas, em 1908, surgia o e alguns anos depois o Grêmio Esportivo Brasil (1911). Esse movimento futebolístico na zona sul do Estado, então um dos principais polos econômicos do Rio Grande do Sul, influenciou a constituição dos clubes na capital. Em 7 de setembro de 1903, o Sport Club Rio Grande fez um jogo exibição em Porto Alegre e essa partida inspirou os porto-alegrenses, que se motivaram na fundação de clubes de futebol. Assim, em 15 de setembro de 1903, surgia o Grêmio Foot-ball Porto Alegrense e o Fussball Club Porto Alegre, equipe essa que resistiu até a década de 1940, quando veio a fechar suas portas. Em 1909, surgiu o e, em 1913, mais duas equipes: o e o Esporte Clube São José. O Sport Club Internacional e o Grêmio Porto Alegrense, ao longo do século XX, transformaram-se nos mais importantes clubes de futebol do Rio Grande do Sul. Nas primeiras décadas, no entanto, a força do futebol da fronteira sul e de Pelotas e Rio Grande contrapôs-se à força da capital (PRODANOV, 2008, p. 1).

Do mesmo modo, como em outros estados do Brasil, o Rio Grande do Sul definiu a criação de uma liga, com o objetivo de fazer uma competição estadual única. Assim no dia 18 de maio de 1918 ocorreu o primeiro encontro de alguns representantes das equipes do estado, para debater sobre o futuro do futebol.

Nesta primeira assembleia estiveram presentes: Victor Rodrigues, presidente do E.C. Cruzeiro e representante do E.C. Uruguaiana; Izoldo Leal, pelo 14 de Julho de Santana do Livramento; Araújo Vianna pelo Guarani de Cruz Alta; Francisco Simões Lopes representando os clubes de Pelotas e de Bagé; Nestor Fontoura da Liga de Rio Grande, e Aurélio Py, José Revello, Washington Martins e Antenor Lemos (do S. C. Internacional). Ali foi fundada a Federação Rio-Grandense de Desporto, atual Federação Gaúcha de Futebol. A FRGD foi reconhecida oficialmente pela CBD, Confederação Brasileira de Desportos, no dia 10 de agosto daquele ano. O primeiro torneio do Estado, que seria disputado no mesmo ano de 1918 acabou cancelado em virtude da Gripe Espanhola que atingiu o Rio Grande do Sul (WIKIPÉDIA, 2017, p. 1).

Em seguida, depois do cancelamento do primeiro torneio do estado como já citado, foi realizado o primeiro campeonato gaúcho de futebol em 1919, com várias equipes com interesse em participar. Porém, segundo Wikipédia (2017, p. 1), por terem perdido o prazo de inscrições os representantes de São Leopoldo (Nacional), Bagé (Guarany), Cruz Alta (desconhecido), Uruguaiana (Uruguaiana) e Santana do Livramento (14 de Julho) foram eliminados, portanto restaram para a final somente os representantes de Porto Alegre e Pelotas.

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Dessa forma, somente no ano de 1919 é que seria disputado, oficialmente, o primeiro Campeonato Gaúcho de Futebol, tendo como participantes apenas quatro clubes gaúchos, sendo um da capital, um de Pelotas e dois da fronteira. Os clubes participantes desse primeiro campeonato foram o 14 de Julho, de Livramento, o Brasil, de Pelotas, o Grêmio, de Porto Alegre, e o Esporte Clube Uruguaiana, dessa mesma cidade. Sagrou-se campeão desse primeiro campeonato o Brasil, sendo reconhecido como o primeiro campeão gaúcho de futebol (PRODANOV, 2008).

Nessa perspectiva o estado do Rio Grande do Sul tem destaque no cenário futebolístico, segundo Mascarenhas (2000, p. 1):

O Rio Grande do Sul, doravante aqui mencionado pela sigla “RS”, estado situado no extremo sul do Brasil, realizou em seu território com grande êxito a difusão espacial do futebol, entre 1900 e 1920. No contexto brasileiro, trata-se de um dos primeiros estados a adotar e organizar a prática do futebol, possuindo ainda hoje o clube sobrevivente mais antigo do país, o Sport Clube Rio Grande, fundado em julho de 1900. Mais que isso, o Rio Grande do Sul (RS) já realizava, em 1922, um campeonato que recobria espacialmente quase todo o estado, reunindo clubes provenientes de diversas cidades espalhadas pelo território estadual. Nas primeiras décadas do século XX, as cidades da Campanha Gaúcha (a metade setentrional do RS, historicamente muito articulada com a região platina) dominavam o campeonato gaúcho. Vale destacar que naquela época, a maioria dos campeonatos estaduais de futebol no Brasil se restringiam à capital dos estados e, no máximo, a seus arredores imediatos.

Constata-se que o futebol teve rápida expansão em nosso estado, tornando- se uma modalidade esportiva bastante visada pelas diferentes camadas sociais. Nesse sentido o futebol gaúcho teve seu desenvolvimento tornando-se conhecido no cenário do futebol brasileiro.

2.5 O FUTEBOL EM IJUÍ

Os primeiros times de futebol em Ijuí começaram a se formar em 1907. Segundo Bindé (1988), os primeiros praticantes tinham idade de dez a doze anos. No entanto, em seguida, os menores com idade de seis a oito anos também faziam parte do desenvolvimento do esporte na cidade. Logo nos primeiros anos, o futebol era praticado como uma forma de lazer, digo, em campinhos, ruas dos bairros ou pátio das escolas pelas pessoas que ali habitavam, sem objetivar resultados ou metas estabelecidas. A prática do futebol também teve registros que não havia materiais específicos, como a bola que muitas 19 vezes era improvisada, sem chuteiras ou tênis e até mesmo sem uniformes para distinguir os times que foram organizados. Bindé (1988, p. 16-17) confirma a identificação dos quatros primeiros times da cidade. São eles: o Sport Club Oriental – 1916 (figura 1), o Sport Club Riograndense – 1918 (figura 2), o Gaúcho – 1940 (figura 3) considerado o clube mais antigo do interior do município e o time dos Onze – 1925 (figura 4).

Figura 1 – Sport Club Oriental

Fonte: Bindé (1988, p. 16).

Figura 2 – Sport Club Riograndense

Fonte: Bindé (1988, p. 16).

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Figura 3 – O Gaúcho da Linha 8 Leste

Fonte: Bindé (1988, p. 17).

Figura 4 – Time dos Onze

Fonte: Bindé (1988, p. 17).

Naturalmente, existia um lugar preferido para a prática do futebol na cidade. Uma área desabitada que hoje se localiza a Escola Estadual de 1° Grau Rui Barbosa (Ruizinho). Segundo Bindé (1988), no ano de 1916 o futebol começou a ser praticado no local que se tornou conhecido como a Baixada, mesma área que hoje está o Estádio 19 de Outubro, do Esporte Clube São Luiz. Segundo o mesmo autor (ibidem), não foi descoberto em que época a Baixada passou a ser campo de futebol, apenas há relatos que a partir do ano de 1916 já jogavam futebol no local. 21

Mesmo realizando a pesquisa, não foram encontradas datas especificas da fundação dos clubes, portanto como já se encontrava relatado, os clubes como o Oriental e o Riograndense tomaram destaque no cenário futebolístico de Ijuí. Bindé (1988, p. 18) afirma que “no seu depoimento, João Agostini lembra que os primeiros times – o dos „grandes‟ e o da „gurizada‟ – existiram de 1907 a 1913 e não chegaram a ter denominação permanente”. Seguindo esse pensamento e baseado nos depoimentos, pode-se afirmar que os dois primeiros clubes da cidade foram o Oriental e o Riograndense, surgindo por volta de 1916.

João Agostini afirma com absoluta convicção de que o Riograndense deixou de existir no dia 19 de outubro de 1919 e conta como isso aconteceu: naquele dia o Riograndense jogou com o Guarani, de Cruz Alta, e levou 19 gols. Envergonhados com essa humilhante goleada, seus defensores, no mesmo dia, resolveram mudar o nome do clube. Acolhendo sugestão do coronel Dico, fundaram o Sport Clube 19 de Outubro, em homenagem a data do início da colonização de Ijuí (BINDÉ, 1988, p. 20).

Depois da mudança de nome do Riograndense devido ao fato ocorrido, o clube Oriental também teve mudança, começou a ser chamado de Grêmio Foot-Ball Ijuhyense, modificação que aconteceu em 21 de outubro de 1919 (Ibidem). No entanto, os dois clubes tiveram uma existência mais longa, até acontecer a união dos mesmos, passando a ser chamado de 19 de Outubro. Segundo Bindé (1988, p. 23), “o primeiro, entremeado com alguns curtos períodos de inatividade ou decadência, manteve-se em atividade até meados do ano 1936. O segundo existiu até mais ou menos a metade do ano de 1934”. Como pudemos refletir, ficou claro que o desenvolvimento do futebol em nosso município aconteceu entre os anos de 1916 e 1917. Pode se relatar que, com a criação dos times e campeonatos, destacaram-se vários clássicos municipais e regionais do futebol, tendo evidencia a partir dos anos 40 até a década de 70. Devido ao não desenvolvimento dos clubes e déficit de planejamento financeiro, muitas agremiações fecharam suas portas, contudo a partir da década de 80, novos clubes surgiram e outros retomaram as atividades no meio do futebol.

Na antiga vila e depois cidade de Ijuí, além das já mencionadas, devemos citar entre as agremiações de primeira linha, a existência do Internacional (1922), Clube Atlético Bancário (fundado dia 28.07.30), 3 de Outubro (1931), Botafogo e Nacional (1933), 14 de Julho, Vasco da Gama e Juventude (1937), Esporte Clube São Luiz (20.03.38), Grêmio Literário e Esportivo Ijuiense (fundado 1938), Clube Atlético Ijuiense (fundado em 22

10.06.42), tendo aparecido o nome de Atlético também em 1937 e em 1940; Esporte Clube Gaúcho, fundado em 18.10.43, na linha 3 Oeste, e que mais tarde mudou sua sede para a cidade e ganhou denominação de Grêmio Esportivo Gaúcho, a partir de 1949; Cruzeiro Futebol Clube (1943), Clube Atlético Farroupilha (fundado em 02.06.45), Esporte Clube Independente (1946), Esporte Clube São José (fundado em 11.10.48) e Força e Luz Futebol Clube (fundado em 10.05.50) (BINDÉ, 1988, p. 25).

Vale ressaltar que, dentre todos esses clubes citados, apenas o Esporte Clube São Luiz e o Grêmio Esportivo Gaúcho ainda mantem suas atividades. Tal como ao longo dos tempos, muitos jogadores do município formaram combinados para disputarem partidas, segundo Bindé (1988, p. 25): “relatando os exemplos de clubes como: União (1930), Excursionistas (1931), Cidade de Ijuí e União Ijuiense (1935), Onze Amadores (1938) e Grêmio Esportivo Ferragista (1943)”. Assim, marcado pelo surgimento de vários times e promoção do primeiro campeonato municipal no ano de 1921. Também, surge a primeira instituição dirigente do futebol ijuiense, a Liga Desportiva Ijuhyense, que, segundo Bindé (1988, p. 23):

[...] organizou o primeiro campeonato, o qual teve a participação do 19 de Outubro e Grêmio, da vila, e mais o Gaúcho, da linha 8 Leste, o Flor da Mocidade, da Linha 8 Oeste, o 7 de Setembro, da linha 19 Norte, e o Juventude, de Picada da Conceição. O Grêmio Foot-ball Ijuhyense foi o primeiro campeão do município.

Deste modo, o futebol modificou a cultura em nosso município. Tornou-se uma paixão da população, sendo, inicialmente, de caráter festivo. Porém, como a modalidade foi sempre de contato e disputa, também há relatos de desentendimentos, brigas, discussões que acabavam prejudicando o espetáculo do futebol. Com o passar do tempo, os jogos não eram realizados apenas entre as equipes da cidade, os times da região também estavam organizando partidas com as equipes de Ijuí, como por exemplo:

[...] o intercâmbio com clubes de Santo Ângelo e Cruz Alta se tornou mais assíduo, realizando-se muitos jogos aqui e lá, nas décadas de 20 e 30. Também os clubes locais jogaram algumas vezes com equipes de Júlio de Castilhos, Passo Fundo, Tupanciretã, Palmeira das Missões, Carazinho, Neu-Wurttemberg (hoje Panambi), além de uma histórica excursão de trem do 19 de Outubro a Santa Cruz do Sul e Rio Pardo, em setembro de 1927, onde sofreu duas derrotas, 1 a 0 para o Santa Cruzense e 4 a 2 para o Atlético, de Rio Pardo, respectivamente (BINDÉ, 1988, p. 25). 23

Como se pode ver ao longo dos anos no município, surgiram várias agremiações. Cabe citar algumas com maior repercussão, segundo Bindé (1988, p. 229):

Grêmio Esportivo Sepé Tiaraju (1962), Sociedade Esportiva Ouro Verde (1964) Sociedade Esportiva Aymoré (1965), Esporte Clube Progresso (1966), Sociedade Esportiva Pirahy (1966), Associação Atlética Imasa (1972), Estrela Vermelha Futebol Clube (1972).

Quer dizer que, durante as décadas passadas muitos times foram criados, sendo que alguns mantiveram suas atividades e, outros, tiveram pouco tempo de existência. Segundo o CMDL - Coordenadoria Municipal de Desporto e Lazer (2018) não há registros das equipes inscritas nos diversos campeonatos amadores da Cidade. Ao contrário, Bindé (1988, p. 237) relata alguns times existentes, além dos já citados:

Alguns já com bastante tradição, como o São Paulo Futebol Clube, do Bairro Lulu Ilgenfritz; Associação Atlética Ponte Preta, do Bairro Assis Brasil; o Esporte Clube Metropol, do Bairro Glória; o Real Atlético Clube, do Bairro Storch, que teve entre seus fundadores o saudoso Antônio Silva (Telefunken); o Esporte Clube Coríntians, do Bairro Glória; o Esporte Clube Cruzeiro, do Bairro São Geraldo; o Canarinho Futebol Clube, do Bairro Hammarstron; e o Misto Futebol Clube, do Bairro Storch. Também se incluem outras agremiações com existência mais recente, como o Esporte Clube Vila Nova, do Bairro Boa Vista; o Industrial Futebol Clube, do Bairro Industrial; o Esporte Clube Barcelona, do Bairro São José; o Barcelona Futebol Clube, do Bairro Erval; o Huracan Futebol Clube, do Bairro São Paulo; a Sociedade Esportiva e Recreativa União, do Bairro Getúlio Vargas; o Esporte Clube Botafogo, do Bairro Boa Vista; o Esporte Clube Flamento, do Bairro Elizabeth; o Atlético São Geraldo, do Bairro São Geraldo; o Esporte Clube 9 de Julho, do Bairro Jardim; o Palestino Futebol Clube, do Bairro Industrial; o Roma Futebol Clube, do Bairro Mundstock; o Esporte Clube Modelo, do Bairro Modelo; o Tiradentes Futebol Clube, do Bairro Thomé de Souza; o Esportivo Futebol Clube, do Bairro Independência; o Esporte Clube Expressinho, do Bairro Independência; o Esporte Clube Guarani, do Bairro São Geraldo; o Grêmio Esportivo Havaí, do Bairro Ferroviário; o Real Júnior Atlético Clube, do Bairro Storch; o Santos Futebol Clube, do Bairro Lulu Ilgenfritz; a Udinese Futebol Clube, do Bairro Thomé de Souza; o Leônico Futebol Clube; o Esporte Clube Juventus, e a Associação Atlética Penharol.

Como podemos ver, o município de Ijuí teve uma grande quantidade de times durante muitos anos. Época em que era disputado um dos mais disputados campeonatos de amadores do estado. Infelizmente, com o passar dos anos, muitos times acabaram encerrando suas atividades. Lamentavelmente, não obteve-se 24 relatos do porquê desse acontecimento. No entanto, há indícios de que diversos fatores influenciaram as agremiações a findar sua história.

2.6 AS LIGAS E OS CONSELHOS DESPORTIVOS EM IJUÍ

Para que se tenha organização, normas e leis para serem seguidas pelos clubes e atletas, existe um órgão superior responsável pelo desenvolvimento das atividades do meio futebolístico. Pode se chamar, como por exemplo a nível mundial, a FIFA (Federation Internationale de Foot-Ball Association); a nível nacional, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol); e, a nível estadual, FGF (Federação Gaúcha de Futebol). Seguindo essa ideia, no âmbito municipal também existe agremiação responsável pela organização dos clubes e campeonatos, conhecido como CMD (Conselho Municipal de Desporto), também com o objetivo de promover os esportes amadores de todas as modalidades e categorias, inclusive o futebol. Segundo Bindé (1988, p. 43), como já citado anteriormente, “a primeira entidade que se tem notícia em Ijuí foi a Liga Desportiva Ijuhyense, que empossou sua primeira diretoria no dia 13 de Julho de 1921”. No entanto, há indícios de outra liga existente na década de 1980, destacada pelo próprio autor quando afirma que:

Somente em 1937 é que aparece notícia sobre a realização de um campeonato municipal e a entidade dirigente era a Liga Atlética Ijuiense (LAI), criada em março daquele ano e “cuja finalidade é estimular, incentivar e criar o esporte verdadeiro e real, fundado no desenvolvimento físico, na conquista da saúde e na conformação da espécie”, segundo divulgou o “Correio Serrano” em sua edição de 13.03.37 (BINDÉ, 1988, p. 43).

Após isso, segundo Bindé (1988, p. 43), “há relatos em julho de 1942 com fundação da Liga Ijuiense de Futebol, promovendo a organização e, também inclusão de um quadro de árbitros para ministrar as partidas”. Depois de nove anos a Liga voltou a ser destacada, com uma nova diretoria e para definir o futuro do futebol do município. Mas, a partir daí, passou a funcionar regularmente, acontecendo mudanças tanto no quadro da diretoria, quanto no ambiente futebolístico ijuiense. Em seguida em 1963 ocorreu a extinção da LIF, devido aos presidentes do Gaúcho e Esporte Clube São Luiz, considerar que havia apenas estes dois clubes de nível profissional na cidade. Segundo Bindé (1988, p. 45), “No dia 9 de Abril de 25

1963 foi criada a Liga Varzeana de Ijuí para dirigir o campeonato municipal da categoria”. Segundo o mesmo autor, em 1966, foi criado o Conselho Municipal de Desportos (CMD), cujo objetivo era promover, organizar, desenvolver o futebol, outras modalidades e atividades do município. Atualmente a entidade responsável pelos esportes no município é identificado como CMDL (Coordenadoria Municipal de Desporto e Lazer). Possui os mesmos objetivos já citados anteriormente: promover, organizar, desenvolver o futebol, outras modalidade e atividades de cultura, lazer e esporte para o município. O órgão é vinculado a SMCET (Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Turismo).

2.7 ESPORTE CLUBE SÃO LUIZ: DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DO FUTEBOL EM IJUÍ

Com o desenvolvimento do futebol em Ijuí vários atletas começaram a se destacar, assim também como clubes e suas organizações. A própria população que incentivava o crescimento do esporte em nosso município auxiliava no avanço do futebol para o cenário profissional do futebol. Efetivamente, o futebol de campo profissional chegou à Ijuí pelo ano de 1956, que, segundo Bindé (1988, p. 216) “teve a organização do então recém-criado Departamento Varzeano da Liga Ijuiense de Futebol”. Em seguida o São Luiz foi fundado em uma antiga escola localizada no antigo salão São Luiz, da Paróquia Nossa Senhora da Natividade. Segundo Bindé (1988, p. 59) a denominação “Foi em homenagem a esse santo considerado protetor da mocidade e ao mesmo tempo de reconhecimento ao então vigário, padre Pio José Busanello”.

O Esporte Clube São Luiz de Ijuí foi fundado em 20 de fevereiro de 1938, pelo desportista Angelino Alves dos Santos. É um dos clubes mais antigos e reconhecidos do Estado, sendo um dos únicos representantes da região em competições estaduais. O clube manteve-se no amadorismo até meados da década de 50, passando em seguida a disputar a segunda divisão do campeonato gaúcho. No início da década de 60 ingressou na primeira divisão de profissionais destacando-se no quadro estadual esportivo. De julho de 1977 a novembro de 1985 o clube licenciou-se das competições oficiais, sendo retomado a partir de 1986, a partir daí, em rápida ascensão o clube voltou à primeira divisão, o que foi confirmado com o título estadual da primeira divisão de 1990, voltou à primeira divisão estadual em 1991. Conquistou, em 1997, a Copa Galego, derrotando o Glória na final. Treinado por Nestor Simionatto, o São Luiz venceu a primeira partida da decisão por 4x0 em Ijuí, e empatou 26

a segunda por 1 a 1, no Estádio Altos da Glória, em Vacaria. Durante a preparação para a Copa do Mundo de 1994, no qual a Seleção Brasileira se sagrou campeã, o São Luiz, enfrentou em 1991 a futura campeã mundial, no Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, empatando em 0 a 0. Em 2002, depois de quase fechar o departamento de futebol profissional e de acumular dívidas, o São Luiz de Ijuí mudou de direção, investiu em contratações e modificou completamente o time. O time permaneceu fechado por nove meses e o clube esteve ameaçado de falir. A nova direção assumiu em dezembro e, com a ajuda da comunidade, montou a equipe para o Campeonato Gaúcho de 2002. Atualmente o São Luiz é um dos clubes com maior tempo de permanência na elite do Futebol Gaúcho, conquistando, em 2013, o Título de Campeão do Interior do RS e ocupando a terceira colocação na classificação geral (ESPORTE CLUBE SÃO LUIZ DE IJUÍ, 2008).

Como se pode ver, teve a sua primeira participação em cenário nacional devido ao título de Campeão do Interior em 2013, ingressando na Copa do Brasil no ano seguinte. No entanto, não avançou de fase, pois acabou sendo eliminado e ainda teve que fechar o ano com a triste notícia do seu rebaixamento para a Segunda Divisão do Campeonato Gaúcho. Desde o ano de 2015, com seu descenso, o São Luiz tentou se reerguer participando da Divisão de Acesso e muitas vezes bateu na “trave” para voltar a Elite do Futebol Gaúcho. Depois destes três anos planejando, batalhando, o clube conseguiu no ano de 2017 voltar ao Campeonato Gaúcho da Primeira Divisão, conquistando o título da Divisão de Acesso em cima do da cidade de Santa Cruz do Sul – RS. Sobre isso, destaca-se:

O São Luiz é o campeão da Divisão de Acesso 2017. O clube de Ijuí venceu o Avenida nos pênaltis, após um empate sem gols no tempo normal, na tarde deste sábado, no Estádio 19 de Outubro. Os donos da casa fizeram 9 a 8 nas cobranças de penalidades e ficaram com a taça. As duas equipes estão garantidas na disputa da Primeira Divisão do Gauchão 2018. Jonatas, do São Luiz, e Rodrigo, do Avenida, foram os destaques da partida. Sem muita inspiração dos sistemas ofensivos, as defesas dos goleiros impediram que as poucas chances de gols se confirmassem. Na disputa dos pênaltis, Jonatas fez a diferença para o São Luiz. O goleiro defendeu duas cobranças, e ainda converteu a sua oportunidade, para garantir a vitória por 9 a 8 sobre o Avenida (GAÚCHAZH, 2017).

O Esporte Clube São Luiz de Ijuí possui como estrutura física seu estádio conhecido como 19 de Outubro que:

[...] tem capacidade para 8.000 pessoas, contando com arquibancadas móveis que nos jogos importantes são colocadas, sendo boa parte sentados, possui copas, copas de alimentação, vestiários, sala de imprensa, salas de transmissão de imprensa, alojamento de atletas e sede do clube. O 27

Estádio 19 de Outubro é a casa do Esporte Clube São Luiz de Ijuí. O Estádio agora é patrimônio municipal, onde também já foi palco de vários shows e atrações nacionais. O estádio possui uma boa iluminação, e se destaca pela ótima conservação do gramado. O mesmo está localizado em um ponto privilegiado da cidade, sendo de total e fácil acesso. O Estádio também possui uma área coberta onde abriga centenas de cadeiras para seus torcedores (WIKIPÉDIA, 2017, p. 1).

Figura 5 – Estádio 19 de Outubro do Esporte Clube São Luiz de Ijuí

Fonte: GaúchaZH (2013, p. 1).

Desde a sua fundação, até o ano de 2017, o São Luiz sempre se destacou por sua organização e planejamento. Por ser uma equipe do interior, vale destacar a qualidade do gramado do Estádio 19 de Outubro, muito elogiado por diversos clubes e diretorias que aqui estiveram. Sobre o gramado, no segundo semestre de 2017, após a conquista do título da Divisão de Acesso, a diretoria resolver fazer alterações e se igualar a modernidade dos demais campos de futebol do nosso país, havendo a troca do gramado. Nesse sentido:

O estádio 19 de outubro está pronto para a estreia do Gauchão. A direção do São Luiz iniciou o processo de troca do gramado em setembro do ano passado para a competição e o piso está em boas condições para o jogo desta quarta-feira contra o Grêmio. O vestiário do time local também passou por melhorias para a competição (GAÚCHAZH, 2018, p. 1).

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Além de possuir o departamento profissional, o clube também dispõe do desenvolvimento do futebol amador. Ou seja, escolinha masculina e feminina, nas categorias juvenil e juniores, que tem como objetivo formar o atleta profissional e também o cidadão com valores e princípios que o esporte pode oferecer. Tem, ainda, o intuito de participar de competições municipais, regionais, estaduais, nacionais e até mesmo internacionais, nas diferentes categorias. Em 2018 o clube conseguiu montar um elenco forte e competitivo, tendo planejamento de se manter na elite do futebol gaúcho. Assim, terminou a fase classificatória na oitava colocação, classificando-se para a fase de mata a mata, na qual enfrentou o Grêmio Esportivo Brasil (Brasil de Pelotas), sendo eliminado da competição.

2.8 SOCIEDADE ESPORTIVA OURO VERDE: DESENVOLVIMENTO AMADOR DO FUTEBOL EM IJUÍ

O futebol de Ijuí teve no seu desenvolvimento uma fase marcante de conquistas por equipes consideradas amadoras, tendo destaque até mesmo no cenário nacional. Como já relatado, o futebol profissional existiu a partir de 1952 na cidade. Também se fez filiação de clubes amadores na antiga Federação Rio Grandense de Futebol (FRGF), hoje conhecida como Federação Gaúcha de Futebol (FGF). Esses clubes do amadorismo ijuiense, eram classificados no futebol da terceira categoria, considerado varzeano. Vejamos que:

No futebol amador de Ijuí, sem favor nenhum, despontou em primeiro plano a Sociedade Esportiva Ouro Verde, do Bairro Assis Brasil, a agremiação amadorista local que mais títulos conquistou nessa categoria, tanto no município, como no Estado, chegando em certa época a figurar entre as melhores do País (BINDÉ, 1988, p. 213).

Nesse sentido, dá para dizer que a Sociedade Esportiva Ouro Verde do Bairro Assis Brasil, é o mais importante clube do futebol amador de Ijuí, conquistando inúmeros títulos um após o outro. Segundo Bindé (2017, p. 11), “Sua origem é ligada a um grupo de meninos que jogava bola no chamado „campo do cedro‟ no ano de 1964”. Primeiramente quando nasceu o time de futebol através destes meninos, o time foi batizado como Grêmio Esportivo Assis Brasil, até então 29 não aceito pelos alunos da Escola Assis Brasil, aconteceu então a sugestão e a mudança de nome.

Poucos dias após a sua fundação, quando havia recebido a primitiva denominação de Grêmio Esportivo Assis Brasil o time veio a disputar o seu primeiro jogo. Valendo-se de usa invejável memoria, Ari Bertollo nos conta: “O primeiro jogo amistoso, quando ainda se chamava Grêmio Esportivo Brasil, aconteceu no dia 19 de Junho de 1964. Foi contra o Sepé Tiarajú, num campo existente no Bairro Glória e terminou empatado em 4 a 4” (BINDÉ, 2017, p. 18).

Após o time mudar seu nome, sendo definido como Sociedade Esportiva Ouro Verde, o clube teve seu desenvolvimento com o ingresso de atletas e também considerando a importância de eleger um presidente que pudesse planejar e orientar os mesmos. Por conseguinte, foi lembrado o nome de Daniel Zimmermann, que segundo Bindé (2017, p. 12), “era o proprietário daquela área onde aconteciam as „peladas‟ de fins de semana e costumava assisti-las. Uma comissão foi formada para ir convidá-lo”. Daniel aceitou o convite e dirigiu a equipe nos dois primeiros anos do clube, sendo o primeiro presidente da história do Ouro Verde. Em seguida, com a fundação do Ouro Verde e a definição do primeiro presidente, o clube começou a planejar o seu desenvolvimento. Surgiu então o interesse em participar de diferentes campeonatos na região, e também a nível nacional, como pode-se ver na afirmação de Bindé (2017, p. 12):

Em 1975 surgia por iniciativa do jornal A Gazeta Esportiva, de São Paulo, com o patrocínio da Cia. de Cigarros Souza Cruz, aquele que seria o maior campeonato de futebol amador até então realizado no País, a Copa Arizona, envolvendo quase 400 equipes.

Foi desta forma que o Ouro Verde teve destaque no futebol amador venceu várias fases das competições municipais, regionais e estaduais, chegando três vezes ao cenário nacional do futebol. Conquistou respectivamente o quarto lugar em duas ocasiões (1975 e 1980) (figuras 6 e 7), na maior competição de clubes amadores do país a Copa Arizona, depois conhecida como Copa Dreher no ano de 1981 (figura 8) não obteve classificação para a fase final, além é claro dos títulos municipais e regionais que tiveram destaque na sua história, segundo Bindé (2017, p. 12-13).

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Figura 6 – Campeão Copa Arizona Estadual 1975

Fonte: Bindé (2017, p. 40).

Figura 7 – Campeão Copa Arizona Estadual 1980

Fonte: Bindé (2017, p. 42).

Figura 8 – Campeão Copa Dreher 1981

Fonte: Bindé (2017, p. 44).

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Possui sua sede (figura 9) localizada na Travessa dos Estudantes e Avenida Getúlio Vargas, no Bairro Assis Brasil, local de encontro dos integrantes do Ouro Verde, para reuniões, jantares, festas entre outros acontecimentos. Uma conquista da agremiação, para os atletas e envolvidos ao longo dos anos, com planejamento e organização através da diretoria e seu presidente, procurando sempre melhorias no local e incentivando a união e encontro das famílias do Ouro Verde. Segundo Bindé (2017, p. 150), “O Ouro Verde era muito mais que um time, era uma família, todos estavam ali querendo dar o seu melhor e envolver seus familiares, era exemplo de organização e planejamento”. Tinha como objetivo além das conquistas que foram marcadas ao longo dos anos, instruir o atleta a ser um bom cidadão na sociedade que estava incluso. Por falar em família, o time contava com uma ala feminina de torcida, que apoiava o time em jogos e viagens, sendo um fator importante de incentivo aos atletas da agremiação.

Esse espírito de convívio e integração também foram fortes motivos para que brotassem no seio da agremiação vários namoros e casamentos, que seguramente vieram fortalecer o espírito familiar que caracteriza a história da Sociedade Esportiva Ouro Verde (BINDÉ, 2017, p. 151).

Figura 9 – Sede da Sociedade Recreativa Ouro Verde

Fonte: Bindé (2017, p. 148).

Seguindo os relatos, posso afirmar que a história do Ouro Verde está fortemente ligada à minha família, sendo que um total de seis irmãos, sobrenome Macuglia, marcaram história no futebol amador e profissional de Ijuí. Sobretudo com 32 passagem pelo Ouro Verde: Luiz Carlos Macuglia (Casca), José Marcos Moura Macuglia (Zeca), Antônio Aloísio Moura Macuglia (Toni), Tarcísio Macuglia e meu pai (in memoriam) Emiliano Tadeu Moura Macuglia (Capucho), apenas Guilherme Macuglia não jogou pelo clube, atuando no São José do bairro com mesmo nome. Em vista disto, sendo um dos motivos deste estudo, podendo deixar aqui registrado uma homenagem para aquele que foi e sempre será o maior exemplo para mim, àquele que marcou sua história sendo um dos maiores centroavantes e “goleadores” do futebol amador Ijuiense, lembrado com carinho por todos, meu pai, conhecido no meio futebolístico como “Capucho”.

A origem do seu apelido é um tanto curiosa. Assim ele conta: “Quando eu tinha uns oito anos de idade fui encarregado de cuidar de uma criação de coelhos que pertencia ao padre Pio, vigário da Natividade e ao Frei Henrique, um capuchinho da Paróquia de São Geraldo. Assim começaram a me chamar de Capucho e o apelido pegou” (BINDÉ, 2017, p. 73).

Enfim, meu pai começou a jogar futebol amador no time do Pirahy, depois foi convidado a participar do Ouro Verde. Atuou pelo clube de 1970 a 1992, sendo um dos maiores goleadores e colecionadores de títulos.

Foi campeão amador do município nos anos de 1970, 1972, 1973, 1974, 1978, 1979 e 1980, além de campeão estadual da Copa Arizona nos anos de 1975 e 1980 e da Copa Dreher em 1981. Também conquistou quatro títulos de campeão pelos veteranos no final dos anos 80 e início dos anos 90. No tempo em que prestou o serviço militar, no quartel do Exército de Ijuí, ele foi campeão de atletismo (BINDÉ, 2017, p. 74).

Portanto, essa é uma forma de homenagear quem marcou e fez história no futebol amador ijuiense.

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3 PROCESSO METODOLÓGICO

Esta investigação tem como objetivo principal entender de que maneira se desenvolveu o futebol de campo amador na cidade de Ijuí, sob os relatos de ex- atletas e/ou dirigentes que hoje possuem graduação em Educação Física. Para tanto, se caracteriza como uma pesquisa de campo, descritiva e de abordagem qualitativa. Segundo Gil (2007, p. 17), pesquisa é definida como o:

(...) procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa desenvolve-se por um processo constituído de várias fases, desde a formulação do problema até a apresentação e discussão dos resultados.

A pesquisa de campo, por sua vez, caracteriza-se pelas investigações em que, além da pesquisa bibliográfica e/ou documental, se realiza coleta de dados junto a pessoas, com o recurso de diferentes tipos de pesquisa (pesquisa ex-post- facto, pesquisa-ação, pesquisa participante, etc.) (FONSECA, 2002). Já a pesquisa descritiva exige do investigador uma série de informações sobre o que deseja pesquisar. Esse tipo de estudo pretende descrever os fatos e fenômenos de determinada realidade (TRIVIÑOS, 1987). No que tange à pesquisa qualitativa, Minayo (2001, p. 14) afirma que a mesma:

(...) trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.

O instrumento utilizado na pesquisa foi uma entrevista semiestruturada, desenvolvida em dois momentos. Inicialmente foi feito um levantamento literário sobre a história do futebol no Brasil, no Estado do Rio Grande do Sul e, por fim, em Ijuí. A seguir foi realizada uma pesquisa de campo com sete profissionais de Educação Física que atuaram no futebol amador de Ijuí no período de 1960 a 2018, cada um no seu tempo, sendo os mesmos entrevistados e suas respostas transcritas para posterior análise. A pesquisa foi realizada primeiramente no Museu Antropológico Diretor Pestana com a coleta de informações do futebol amador em Ijuí. Por meio dos 34 jornais e livros arquivados pelo museu, foi identificado alguns indivíduos que participaram do desenvolvimento do futebol amador. Sendo assim, com estas informações e o diálogo com o professor orientador Mauro Bertollo, que também jogou em equipes do município nesse período, definimos as sete pessoas do gênero masculino que atuaram como atleta e/ou dirigente de futebol no período de 1960 a 2018. Para termos algumas informações sobre os sete entrevistados, apresento os mesmos: Mirno Wondracek, César Augusto Homerich Valduga, Osmar Laureano, Ronaldo Bueno da Silva, Gilmar Wiercinski, Fernando Berwig Antes e Affonso Lang. Todos são formados em Educação Física com conclusão na Universidade de Cruz Alta – UNICRUZ e Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ. Os sujeitos são moradores da cidade de Ijuí e os mesmos possuem idade entre 27 e 69 anos, dois professores são aposentados e os demais atuam em escolas, academias, clubes, universidades e escolinhas de futebol. Nesse sentido, após ter as informações e localizado os indivíduos a serem entrevistados, houve o primeiro contato com os mesmos através de ligações telefônicas para marcar um encontro. Os indivíduos foram entrevistados em diferentes dias da semana, primeiramente mostrando a eles o questionário e o termo de consentimento de participação em pesquisa sendo assinado pelos mesmos, referente à época que eles atuaram como atletas e ou/dirigentes de futebol. Foram realizados um total de quatorze encontros, sendo dois para cada indivíduo para produção das entrevistas e demais informações a serem coletadas. As entrevistas foram realizadas em diferentes locais: residências, locais de trabalho e na universidade. Em seguida utilizei como objeto de pesquisa, um gravador para registrar a fala dos entrevistados para depois transcrever suas respostas perante o questionário. As questões (APÊNDICE B) estão direcionadas ao período que atuaram no futebol amador, quais clubes participaram, como foi o desenvolvimento do futebol na sua época e suas opiniões sobre o desenvolvimento da modalidade no município. Os sete Profissionais de Educação Física das diferentes épocas aceitaram em participar e responderam todas as questões feitas aos mesmos. Sendo assim agregaram conhecimento e informações para o desenvolvimento deste trabalho. 35

Enfim aplicado aos cuidados éticos desta pesquisa o termo de consentimento e participação na pesquisa (APÊNDICE A), concordado por todos e assinado e o questionário aplicado aos entrevistados.

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4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

Após a busca de informações históricas por meio da realização das entrevistas com os sete sujeitos, que foram definidos pela vivência no futebol ijuiense entre a década de 1960 e os dias atuais, pode-se avaliar como se desenvolveu o futebol amador em Ijuí. Assim, procuro nesse tópico, apresentar fragmentos históricos do futebol amador, a partir do olhar de profissionais de Educação Física que vivenciaram, em diferentes épocas, a prática do futebol em equipes ijuienses, ou que, ainda, participaram como dirigentes esportivos. Na sequência, exploro os relatos, tentando organizá-los de forma cronológica. No entanto, penso que seja importante inicialmente apresentar a caracterização dos sujeitos, sobretudo, considerando o momento vivido pelos mesmos no futebol amador ijuiense.

4.1 A HISTÓRIA DE PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO FUTEBOL AMADOR DE IJUÍ

Em 1969, Mirno Wondracek começou sua carreira no futebol amador pelo Real Futebol Clube do Bairro Storch. Na ocasião, a equipe tinha vinte e cinco atletas e não tendo oportunidades de atuar surgiu o convite do amigo Roberto François de ir jogar no Ouro Verde. Com vinte anos de idade continuou no Ouro Verde no ano de 1970. Em 1971 jogou no Fluminense do Bairro Hammastron e 1972 foi jogar no Progresso de Augusto Pestana, onde atuava e trabalhava. Em 1977, jogou no Estrela Vermelha, participando da famosa Copa Arizona do mesmo ano. Em 1978, Ari Bertollo e Arlindo Marschner o convidaram para ser preparador físico do Ouro Verde, que em seguida contou, também, com a presença do professor Luciano Tamiozzo, formando então a equipe de preparação física do time. Ainda, em 1984 jogou pelos veteranos do Ouro Verde, campeonato no qual o clube participava. Após, e perto dos cinquenta anos de idade, jogou no Gaúcho, partidas amistosas. Formou-se no ano de 1975 em Educação Física Plena, primeira turma da Universidade de Cruz Alta – UNICRUZ. Na década de 1970, César Augusto Homerich Valduga, conhecido como “Guto”, começou a jogar no futebol amador de Ijuí no Glória do bairro Glória, permanecendo na equipe por dois anos, até 1972. Depois, esteve fora da cidade, 37 quando jogou em Tenente Portela. Voltou a jogar em Ijuí, defendendo o Atlas, do bairro São José, de 1975 até 1977. Jogou, ainda, no Estrela Vermelha, de 1977 até 1982. Também defendeu as equipes do Canarinho do Bairro Hammarstron em 1983 e 1984 e São José do bairro São José em 1985 e 1986, terminando sua carreira nos veteranos do Ouro Verde e Atlas, na década de 1990. Formou-se em Educação Física na Universidade de Cruz Alta – UNICRUZ, onde ingressou em 1979 e concluiu em 1982. Tem licenciatura plena, podendo atuar tanto em treinamento esportivo, quanto na educação. Já no final da década de 1970, Osmar Laureano iniciou sua atuação no futebol amador em Ijuí, a partir dos doze anos de idade, na escolinha do Gaúcho. Com quinze anos estreou em campeonatos municipais pelo time do Progresso do Bairro Progresso. Em seguida, o Ouro Verde do bairro Assis Brasil o convidou para fazer parte do time. Osmar relata que o nível técnico era muito alto, mas ele acompanhava o time principal. Ressalta que era difícil de entrar no time. Através do Ouro Verde foi convidado a fazer teste no Grêmio de Porto Alegre, isso em 1981, quando, na sequência, iniciou a carreira profissional. Voltou para Ijuí em função dos estudos, tentando então jogar pelo Esporte Clube São Luiz. No entanto, foi contratado pelo Guarani de Cruz Alta – RS, isso em 1987, mesmo ano que entrou na universidade. Jogou também profissionalmente pelo Santa Bárbara de Santa Bárbara do Sul – RS e Getúlio Vargas da cidade que lhe empresta o nome. Optou em encerrar sua carreira em 1990, quando preferiu concluir a graduação e, também, por questões financeiras. Formou-se em 1992 pela Universidade de Cruz Alta – UNICRUZ. No início de 1993, atuou pelo time do Mauá da vila Mauá do interior do município, clube amador que investia financeiramente em seus atletas. Entre os anos de 1987 e 1990 voltou a jogar profissionalmente. De 1990 a 1995 jogou amador, dando uma pausa na sua carreira com vinte e seis anos. Depois de um tempo, voltou a jogar, no ano de 2005 defendendo um time da Vila Floresta, no campeonato amador de Ijuí. Jogou ainda no Mauá, durante três anos e dois anos no Juventude do Rincão dos Goi, quando encerrou sua carreira. Depois disso, foi convidado para ser treinador do Flamengo do bairro Elizabeth, isso em 2001. Ronaldo Bueno da Silva também jogou no futebol amador em Ijuí nos anos de 1980. Atuou no Clube Atlético São Geraldo do bairro São Geraldo, São Paulo do bairro Lulu Ilgenfritz, Atlas do bairro São José, Ouro Verde do bairro Assis Brasil até 38 os anos 1990. Retornou ao futebol amador pelos veteranos com a equipe da Sul Net, do bairro Centro e também pelo Palestino do bairro Industrial, nos anos de 2000 a 2004, respectivamente. Formou-se em Educação Física pela Universidade de Cruz Alta – UNICRUZ, onde ingressou no ano de 1984 vinculado ao futebol. Concluiu em 1989 com título de licenciatura plena. Gilmar Wiercinski, mais conhecido como “Lico”, jogou de 1980 até 1997. Começou em 1980 no Santos do Bairro Lulu Ilgenfritz, rival do São Paulo do mesmo bairro. Uma espécie de “segundinho”, pois no primeiro time nunca tinha oportunidade de jogar com os “melhores”. O São Paulo era onde hoje é o Centro Esportivo do SESI, o pai do professor Lico era envolvido com a comunidade, presidente da mesma. Lembra que tinham ambição de chegar ao nível do Ouro Verde e outras equipes que eram consideradas as mais fortes do município. A partir de 1985 jogou praticamente apenas no São Paulo. Ele alega que começaram a sair os antigos jogadores, o que deu oportunidade aos mais novos de participarem, como no caso dele. Jogou, ainda, no Coritiba do bairro Thomé de Souza, quando, em algum momento, o São Paulo não participou dos campeonatos. “Lico” não lembra por qual motivo, mas, nesse período, teve oportunidade de jogar ainda no Sepé Tiarajú do Bairro Glória, no Flamengo do Bairro Elizabeth e no último time que defendeu, o Boca Juniors do Bairro Glória. Encerrou suas atividades futebolísticas por volta de 1997, por conta de duas cirurgias, em ambos os joelhos e, também, por um desgaste no quadril descoberto através da universidade. Além das equipes da cidade, jogou no interior, defendendo o Guarani da linha cinco leste, Juventude do Santana e Ijuí da Linha Oito Leste. Lembra que no Guarani da linha cinco, tinha ligação com etnias que promoviam torneios. “Lico” conta que ficou campeão pelos poloneses, registrando que aconteceram apenas dois torneios nesse formato. Formou-se na Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ em Educação Física Plena. Começou em 1994 no curso de filosofia, sendo que no segundo semestre migrou para o curso de Educação Física, concluindo o mesmo em 1998. Fernando Berwig Antes começou a jogar no futebol amador nos anos de 2002 e 2003 quando tinha dezesseis e dezessete anos, no Palestino do Bairro Industrial até 2010. Ainda em 2003 atuou pelo Mauá da Vila Mauá, na competição 39

Copa dos Campeões. Logo depois se profissionalizou no São Luiz, isso em 2004 e 2005. Em 2006 retornou ao futebol amador, devido a uma lesão no ligamento cruzado anterior, prejudicando a continuidade no futebol profissional. Em 2010 atuou pelo Chorão, time do interior do município, pelo Floresta no Campeonato Distrital e por último no Flamengo da Linha 11 em 2017. Formou-se na Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, concluindo o curso no ano de 2011, com o título de Educação Física Plena. Affonso Lang começou a jogar no futebol amador em 2007, com dezessete anos, no Farroupilha da Floresta. Na mesma época, jogava no juvenil do Esporte Clube São Luiz. Voltou a jogar no futebol amador em 2010, pelo Juventude do Rincão dos Goi na Copa dos Campeões, bem como em 2011. Já em 2013 atuou pelo Avante de Augusto Pestana, na mesma competição. Nos anos seguintes atuou apenas pelo Ouro Verde do bairro Assis Brasil. Iniciou sua formação superior em 2009, quando jogava no São José de Porto Alegre. Confessa que gostaria de se especializar em fisiologia do exercício, em virtude da experiência do futebol. Ao retornar para Ijuí, em 2011 deu continuidade aos estudos e se formou no segundo semestre de 2013, apenas com o título de licenciatura pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ.

4.2 FRAGMENTOS DA HISTÓRIA DO FUTEBOL AMADOR IJUIENSE NA ÓTICA DE PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Inicialmente, na década de 1960, o futebol amador em Ijuí já tinha alguns clubes que se destacavam, mas o que chama atenção é o compromisso que os atletas tinham com suas equipes, como por exemplo, a Sociedade Esportiva Ouro Verde, do bairro Assis Brasil. O Ouro Verde era considerado um clube semiprofissional, onde a cobrança pelos resultados e a organização era fundamental para o desenvolvimento do clube. Muito jogadores acabaram surgindo no meio amador e se transferiram para o profissional, tendo destaque no cenário futebolístico do município, mesmo o futebol amador sendo praticado apenas nos finais de semana. Existiam dois clubes considerados profissionais, o Esporte Clube Gaúcho e o Esporte Clube São Luiz que 40 eram exemplos para os clubes amadores, muitos atletas se destacavam e ingressaram no ambiente do futebol profissional. Segundo Mirno na década de 1960 e 1970: “O futebol amador era forte, por que vários jogadores do amador jogavam no profissional ganhando algum benefício, mas eram muito fortes os dois clubes profissionais e buscavam apenas em Ijuí e não fora da cidade atletas para compor os elencos”. Por isso muitos clubes começaram a investir em atletas, pois o nível dos jogos era bom e os responsáveis gostariam de ter no seu time os melhores incentivando os mesmos com algum benefício. O futebol em Ijuí era muito bem visto, tendo repercussão nacional, muito diferente do que se vê hoje em dia. Mirno reforça essa ideia afirmando que: “a cidade de Ijuí antigamente se preparava para o campeonato amador, tinha até cento e vinte times, com várias chaves, era um campeonato que causava vibração da sociedade, vários campos, vários árbitros, de Cruz alta, Panambi, Santo Ângelo, causando euforia para aqueles que acompanhavam”. O mesmo aparece na fala de Guto na década de 1970: “as famílias incentivavam muito os jogos, compareciam aos locais, não existia violência como agora. Mas também por que na época os dois clubes profissionais da cidade estavam fechados, por isso o amador em Ijuí teve grande repercussão”. Do mesmo modo Osmar cita que no período de 1980 a 1990 “tinha mais de cem times, disputando a Copa Arizona e Copa Draher, muitos deixavam de jogar profissionalmente para jogar amador. Antigamente se destacava muito a parte técnica, nível muito alto, tinha times que treinavam no final do dia, Ouro Verde e Estrela Vermelha como exemplos”. Já na década de 1980, Ronaldo confirma isso dizendo que “a cidade gostava muito do futebol, tinha como exemplo a seleção brasileira Tri Campeã Mundial, tendo vários times na cidade. Muitos jogadores foram revelados, surgindo no futebol amador e indo para o cenário profissional”. Por isso o futebol amador em Ijuí teve grande destaque no cenário regional, estadual e até mesmo nacional, por meio de alguns clubes e consequentemente revelando vários jogadores para diferentes times do estado e fora dele. Nesse sentido considerando o grande destaque que se teve, chamou a atenção de diferentes blocos da sociedade, influenciando as famílias a participarem também dos campeonatos e jogos, torcendo e apoiando os atletas. Até mesmo a 41 política fez parte do desenvolvimento do futebol no município, pois muitos vereadores “patrocinavam” os clubes que eles administravam. Segundo Guto: “existia diferença dos campeonatos amadores da primeira e segunda divisão, muitas vezes acontecia atos de violência e durante a semana eram julgados esses casos, mas os vereadores chegavam no CMD e falavam que o jogador do time deles não poderia ficar suspenso, sendo assim facilitava para o time no campeonato”. Nesse sentido pode se observar que a política acabou prejudicando o desenvolvimento do futebol em Ijuí, com a inclusão de valores aos atletas e clubes. Segundo Osmar: “antigamente o estádio 19 de Outubro do São Luiz com os jogos do futebol amador tinha até três mil pessoas assistindo, coisa rara de se ver nos tempos atuais. Não existem mais times de bairro, poucos restaram para dar continuidade com organização, às pessoas não querem mais se envolver, pois tem muito dinheiro envolvido para formação dos times”. A contrapartida, existiam clubes que priorizavam a amizade, o amor à camisa, sem ter influência de patrocinadores. Os jogadores se reuniam durante a semana em alguns espaços da cidade e treinavam para os jogos do final de semana, sem orientação alguma de um profissional da área. Nesse sentido, Ronaldo ressalta que: “o futebol decaiu bastante, pelo fato de não ter mais espaços para a prática, antigamente os meninos organizavam os espaços, limpando e cuidando para poder praticar o futebol com os amigos. Cada bairro tinha no mínimo duas ou até três equipes, hoje não existe mais isso”. O mesmo aparece no registro na década de 1970 segundo Guto “o futebol amador em Ijuí decaiu muito devido a muitos fatores, como por exemplo, a influência do dinheiro no meio, como uma forma de patrocínio. Era considerado um dos melhores campeonatos de futebol do Brasil na época, para hoje estar passando um momento difícil. Muitos jogadores foram revelados saindo do município, mas quando envolveu a política a situação se agravou mais, menor foi à qualidade dos times”. É evidente que com o passar dos anos foram surgindo alguns obstáculos e fatores para o desenvolvimento da pratica do futebol amador na cidade. Há pouco incentivo por parte da sociedade em estar presente nos campos de futebol. Lico diz que: “a violência acabou prejudicando o futebol em Ijuí, os times jogam com certo medo, pois não sabem o que se passa fora de campo. Tinha times que até em amistosos tinha alguns mal-entendidos, até mesmo em jogos de 42 confraternização, pois a competitividade era grande. Muitas famílias não deram continuidade a essa raiz futebolística, porém ainda existem envolvimento dos bairros em promover a modalidade, incentivando as pessoas a praticarem o futebol. Ainda faltam pessoas que queiram fazer algo diferente, ter um compromisso, sendo que o futebol pode ser uma válvula de escape para tirar a criança das drogas e da violência”. Do mesmo modo a prática do futebol com o passar das décadas foi diminuindo no município, devido a diversos fatores externos. Podemos relatar a influência da política, do dinheiro, da violência e também do incentivo por parte dos familiares em continuar a prática do futebol amador em Ijuí. Fernando confirma isso dizendo que: “antigamente tinha mais jogadores devido às famílias influenciarem os mesmos, até como forma de lazer a pratica do futebol. Hoje as crianças têm várias opções, principalmente na frente da televisão, no celular, no computador e não buscam praticar o futebol como antigamente. O lazer antigamente era jogar futebol coisa que hoje não se encontra mais”. Não se localiza mais ambientes de respeito para a prática do futebol no município, devido à falta de orientação e organização por parte dos clubes. Sobre esse tema Fernando declara que: “o futebol amador tem como objetivo através do CMDL, planejar e organizar jogos para que seja de forma de integração e lazer para aqueles atletas que trabalham a semana toda e querem fazer algo de diferente nos finais de semana, sem correr riscos. Deveriam ter punições aos atletas envolvidos em confusões no ambiente do futebol, pois se não punir acaba desestimulando certos atletas a jogarem, objetivo não constatado aqui, cabe então punir da mesma forma todos aqueles que não estiverem dentro das regras e normas do futebol amador em Ijuí”. O mesmo pode ser encontrado na fala de Affonso na década de 2010 quando expõe que “a organização do futebol, destacando o trabalho da coordenadoria de esporte e lazer, incentivando a pratica como forma saudável, mesmo tendo atletas que ainda não evoluíram neste quesito. Uma questão para a educação física pensar que é que a alta competitividade está atrelada a violência no futebol moderno e não no desempenho, não apenas hoje, mas antigamente também. Como faz falta a conscientização da construção de valores, não somente respeitar seu adversário, mas sim respeitar o jogo, o atleta e também aos demais envolvidos no esporte, por que se não, perde a graça, deixa de ser competitivo”. 43

Pode se concluir que o futebol amador em Ijuí está em decadência devido aos fatores externos que prejudicaram o desenvolvimento do mesmo com o passar dos anos. De 1960 até 1990 o futebol amador no município foi considerado um dos melhores do Brasil, identificado como a fase de “Ouro” do esporte Ijuiense, com vários atletas sendo revelados e clubes conquistando campeonatos pelo Brasil á fora, como por exemplo, a Sociedade Esportiva Ouro Verde do bairro Assis Brasil. Affonso reconhece esse fato sustentando que: “na verdade acontece uma transformação cultural forte, tanto na sociedade em si quanto também no futebol, o que acontece nos clubes amadores é dirigentes querendo bancar atletas para ganhar títulos, e em cima deles marcar presença, junto disso vem o oportunista, são poucos os clubes que tem uma identificação do clube com os atletas, amor pela camisa e pela história do clube”. A questão do declínio do futebol amador em nosso município está vinculada também ao desenvolvimento financeiro da sociedade, vai ter dirigentes investindo nos melhores atletas e formando os melhores times. Possibilitando a liberdade para os jogadores procurarem atuar no futebol amador de outras cidades, pois não tem um nível interessante e os fatores externos acabam gerando medo aos mesmos. Por exemplo, muitos atletas jovens buscam praticar o futebol com os mais velhos no campeonato amador de veteranos ou até mesmo jogos durante a semana entre amigos, pois nesse ambiente não tem influência de patrocinadores e muito menos riscos para o mesmo. Sendo assim o futebol é praticado de forma prazerosa, no ambiente de lazer e diversão. Parece-me que após a análise das informações coletadas, surge uma alternativa para a continuidade do futebol amador no município de forma segura, parte primeiramente com o exemplo do único clube na cidade profissional, o Esporte Clube São Luiz ter a manutenção das suas categorias de base. Cabe ao clube e aos demais responsáveis planejar, orientar e incentivar os jovens atletas a seguir a carreira futebolística, oportunizando a possibilidade de crescimento tanto profissional quanto pessoal.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Primeiramente o futebol chegou ao Brasil através do estudante Charles William Miller, pelo ano de 1894 como já relatado. Charles foi o responsável pelo desenvolvimento da modalidade no país, inicialmente pelo eixo Rio-São Paulo onde trabalhadores, estudantes e diferentes pessoas da camada social integraram o meio futebolístico. Por meio da sua rápida ascensão vários estados deram início a prática do futebol, tanto como forma de lazer quanto de alto rendimento, ou seja, objetivando resultados, conquistas e beneficiando os atletas financeiramente. Em outras palavras o futebol foi considerado profissional pelo fato de incluir rotinas de treinos, partidas e objetivos planejados pelo clube, já de forma amadora não há esse total envolvimento dos praticantes. A chegada do futebol no Estado do Rio Grande do Sul foi por volta do século XIX, mais exatamente na cidade de Rio Grande e pela fronteira do Uruguai. Tornou- se um esporte com grande destaque no estado, incentivando diversas camadas da sociedade à participar de jogos e campeonatos em suas regiões, a nível estadual e até mesmo possibilitando destaque no cenário nacional. Em Ijuí não foi diferente a prática do futebol, sendo conhecido tanto na cidade quanto no interior com seus clubes e campeonatos. Segundo Bindé (1988, p. 16-17), foram identificados os quatros primeiros times da cidade, são eles: O Sport Club Oriental – 1916, o Sport Club Riograndese – 1918, o Gaúcho – 1940 considerado o clube mais antigo do interior do município e o time dos Onze – 1925. Além disso, pode-se dizer que temos um exemplo de clube amador que foi considerado “semiprofissional” a Sociedade Esportiva Ouro Verde do bairro Assis Brasil, fundada em dois de junho de 1964. Instituição que teve destaque na região, no estado e também no Brasil pelas suas conquistas e pela forma que era organizada, dentro e fora de campo. Essa agremiação fortemente ligada ao motivo deste trabalho por fazer da minha história e da família “Macuglia”. Assim como surgiram os clubes amadores como a Sociedade Esportiva Ouro Verde, posso citar a criação de dois clubes que foram considerados profissionais na cidade. O Esporte Clube São Luiz com fundação em 1938 e o Grêmio Esportivo Gaúcho em 1943, ambos os exemplos seguiram suas atividades durante alguns anos, hoje apenas o Esporte Clube São Luiz está em atividade, com 45 a equipe profissional e as escolinhas tanto masculinas quanto feminina, sem ter categorias de base. Com intuito de analisar e aprofundar o assunto do desenvolvimento do futebol no município do período de 1960 a 2018, por meio das informações transcritas dos profissionais de educação física. Esses que vivenciaram como atletas e/ou dirigentes podemos identificar vários fatores importantes para o desenrolar da história futebolística ijuiense. Verificamos que de 1960 á 1990 o futebol aparece no município de forma destacada, identificada como fase de “Ouro” do esporte ijuiense. Tudo por conta de o nível das competições serem altíssimas, com clubes bem organizados dentro e fora de campo. Os times tinham jogadores com grande capacidade técnica que se sob saíam dos demais, surgindo até a possibilidade de ingressar nas equipes profissionais, como Grêmio Esportivo Gaúcho e Esporte Clube São Luiz. À medida que foram se destacando os atletas surgiu o interesse de clubes de outras regiões e estados. Muitos atletas foram revelados do futebol amador do município, havendo reconhecimento até mesmo nacional, ou seja, podemos dizer que Ijuí exportava atletas de grande qualidade para o cenário do futebol. Na verdade, todo esse desenvolvimento se deve a grande quantidade de atletas e clubes que surgiram nesse período. Do mesmo modo Osmar, 2018 cita que “na sua época tinha mais de cem times, disputando a Copa Arizona e Copa Draher, muitos deixavam de jogar profissionalmente para jogar amador. Antigamente se destacava muito a parte técnica, nível muito alto, tinha times que treinavam no final do dia, Ouro Verde e Estrela Vermelha como exemplos”. Nesse sentido, a cidade prestigiava e incentivava o futebol no município com as famílias apoiando e torcendo, era uma forma de lazer nos finais de semana. Muitos atletas identificavam o “jogo” como forma de lazer, porém outros entendiam como performance, buscando sempre o objetivo de ganhar. Alguns atletas e clubes se preparavam para os jogos de finais de semana, tendo até mesmo pessoas responsáveis pelos treinamentos das equipes. O esporte chamou atenção até mesmo da política, com o interesse de pessoas com cargos superiores querendo ingressar no meio de forma financeira, beneficiando atletas e clubes. Possivelmente a partir de 1990 com mais frequência, por meio do fator financeiro que o futebol amador em Ijuí começou a ser questionado. Muitos atletas recebendo algum benefício, clubes selecionando os 46 melhores e não acontecendo mais a prática da modalidade como forma prazerosa, por amor à camisa e pela história clube. Tal como a prática do futebol inicialmente foi considerada amadora, em diferentes lugares do município, pelas amizades e sem objetivar lucro algum. Affonso reconhece esse fato sustentando que: “na verdade acontece uma transformação cultural forte, tanto na sociedade em si quanto também no futebol, o que acontece nos clubes amadores é dirigentes querendo bancar atletas para ganhar títulos, e em cima deles marcar presença, junto disso vem o oportunista, são poucos os clubes que tem uma identificação do clube com os atletas, amor pela camisa e pela história do clube”. Além disso, o envolvimento da questão financeira para os clubes e atletas acabou possibilitando a falta de compromisso de alguns indivíduos, gerando também falta de segurança e violência dentro e fora de campo, acontecendo até mesmo fatos adversos para não realização dos jogos. Em seguida Lico diz que: “a violência acabou prejudicando o futebol em Ijuí, os times jogam com certo medo, pois não sabem o que se passa fora de campo. Tinha times que até em amistosos tinha alguns mal-entendidos, até mesmo em jogos de confraternização, pois a competitividade era grande. Muitas famílias não deram continuidade a essa raiz futebolística, porém ainda existem envolvimento dos bairros em promover a modalidade, incentivando as pessoas a praticarem o futebol. Ainda faltam pessoas que queiram fazer algo diferente, ter um compromisso, sendo que o futebol pode ser uma válvula de escape para tirar a criança das drogas e da violência”. Pela mesma razão cabe analisar todo esse desenvolvimento de forma criteriosa, percebendo que o futebol amador no município decaiu por vários fatores. Por exemplo: da política, da violência, do dinheiro e também o interesse das famílias em incentivar os jovens a continuar a praticar o futebol amador na cidade. Tudo isso por conta das diferentes opções de lazer e até mesmo modalidades esportivas que hoje em dia podemos encontrar. Além de não ter um grande número de interessados em praticar o futebol, pelos fatores já citados ainda existe a falta de lugares para realização da modalidade esportiva que no passado era diferente. Cabe como uma opção ao CMDL julgar, orientar e incentivar os demais envolvidos a continuar o desenvolvimento do esporte amador em Ijuí de forma segura. 47

Sobre esse tema Fernando declara que: “o futebol amador tem como objetivo através do CMDL, planejar e organizar jogos para que seja de forma de integração e lazer para aqueles atletas que trabalham a semana toda e querem fazer algo de diferente nos finais de semana, sem correr riscos. Deveriam ter punições aos atletas envolvidos em confusões no ambiente do futebol, pois se não punir acaba desestimulando certos atletas a jogarem, objetivo não constatado aqui, cabe então punir da mesma forma todos aqueles que não estiverem dentro das regras e normas do futebol amador em Ijuí”. Nesse sentido, nos profissionais de Educação Física devemos procurar soluções para continuar a grande história do futebol amador em Ijuí, respeitando tudo que foi escrito e usando como exemplo para as próximas gerações. Surge como uma opção depois de analisar as experiências dos profissionais entrevistados, a manutenção das categorias de base do único clube profissional na cidade que figura na elite do futebol gaúcho, o Esporte Clube São Luiz. Enfim, o clube deve ter suas categorias de base como, por exemplo, os juvenis e juniores para incentivar os jovens atletas a continuar sua carreira futebolística, formando não apenas o atleta profissional, mas sim o indivíduo como pessoa, tendo valores e princípios de formação social. Dessa forma, podemos pensar algumas possibilidades para melhorar essa imagem do futebol amador em Ijuí. Surge então uma ideia de reeducar os sujeitos praticantes da modalidade com informativos, reuniões e encontros partindo não apenas do CMDL, mas sim, das próprias agremiações que poderiam realizar algumas atividades para instruir melhor seus envolvidos. Cabe, também, ter uma rígida punição para aqueles que não respeitam as normas dos campeonatos, bem como, não se deixar levar por fatores externos que possam beneficiar alguma agremiação, atleta ou dirigente. Portanto cabe a nós, profissionais da área esportiva, instruir e capacitar os envolvidos para que haja um desenvolvimento do futebol em Ijuí de forma saudável e construtiva. Sendo exemplo para as próximas gerações, agregando valores e princípios ao ser humano e a sociedade a que está incluso. 48

REFERÊNCIAS

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APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado Senhor

Estou desenvolvendo uma pesquisa cujo título é “Futebol Amador em Ijuí – RS: Fragmentos da História sob a Ótica de Profissionais de Educação Física”. Este trabalho é fruto de estudos da graduação em Educação Física, Bacharelado na Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ. A metodologia utilizada para a realização da pesquisa é descritiva, realizando o seguinte estudo através de uma análise, interpretando os fatos, e em seguida será transcrita. As informações retiradas dos documentos serão utilizadas apenas para fins científicos vinculados ao presente projeto de pesquisa, podendo você ter acesso as suas informações e realizar qualquer modificação no seu conteúdo, se julgar necessário. Todos os documentos ficarão sob a responsabilidade da pesquisadora principal, por um período de cinco anos e após serão deletados e/ou incinerados. Nós pesquisadores garantimos que as informações obtidas serão utilizadas apenas para fins científicos vinculados a este projeto de pesquisa. Você tem liberdade para recusar-se a participar da pesquisa, ou desistir dela a qualquer momento sem que haja constrangimento, podendo você solicitar que as informações sejam desconsideradas no estudo. Mesmo participando da pesquisa poderá recusar-se a responder as perguntas ou a quaisquer outros procedimentos que ocasionem constrangimento de qualquer natureza. Está garantido que você não terá nenhum tipo de despesa financeira durante o desenvolvimento da pesquisa, como também, não será disponibilizada nenhuma compensação financeira. Eu, orientando Eduardo Macuglia, bem como meu orientador Mauro Bertollo assumimos toda e qualquer responsabilidade no decorrer da investigação e garantimos que as informações somente serão utilizadas para esta pesquisa, podendo os resultados vir a ser publicados. Se houver dúvidas quanto à sua participação poderá pedir esclarecimento a qualquer um de nós, nos endereços e telefones abaixo: 52

Eduardo Macuglia, orientando da UNIJUÍ, residente na Rua 13 de Maio, 1162, B. Centro, Ijuí/RS – 98700-000 – Tel. Cel. (55) 9-96814363, e-mail: [email protected] ou Mauro Bertollo, orientador, residente na Rua Domingos Burtet, 157, B. Progresso, Ijuí/RS – 98700-000 – Tel. Institucional/Unijuí/Curso de Educação Física: (55) 3332- 0255.

O presente documento foi assinado em duas vias de igual teor, ficando uma com o entrevistado ou responsável legal e a outra com os pesquisadores. Eu, ______, CPF ______, ciente das informações recebidas concordo em participar da pesquisa, autorizando-os a utilizarem as informações por mim concedidas e/ou os resultados alcançados.

Data: Local/RS, ______/______/______

______Entrevistado

______Eduardo Macuglia Orientando

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APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO

Nome: ______Idade: ______Data: ______

1. Você jogou no futebol amador em Ijuí?

2. Qual sua formação?

3. No seu ponto de vista, qual a diferença do futebol amador para o futebol profissional? Como era na sua época?

4. Quais as diferenças do futebol praticado na sua época para o atual? Você ainda acompanha?

5. Quando, por quanto tempo e por que teve envolvimento com o futebol amador?

6. Você foi dirigente? Qual sua função?

7. Como você vê o desenvolvimento do futebol amador ijuiense?

______Entrevistado