O Ensino Normal Do Colégio Antonio Tortato Em Paranacity E Região
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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE TEXTO CADERNO PEDAGÓGICO TEMA GERAL: O GOSTO E O (DES) GOSTO NA ESCOLA O ENSINO NORMAL DO COLÉGIO ANTONIO TORTATO EM PARANACITY E REGIÃO PROFESSOR PDE: LUCIANA MORON RODRIGUES ORIENTADOR: IVANA VERALDO 2008 INTRODUÇÃO O tema geral proposto neste caderno, “o gosto e desgosto na escola”, pode ser abordado sob várias perspectivas. Em nosso texto, procuramos olhá-lo a partir do estabelecimento de relações entre a escola e a sociedade. Interessa-nos saber em que medida a sociedade gosta ou desgosta da escola. Dito de outra forma: é preciso avaliar se os modelos de escolas hoje consolidados atendem às necessidades da sociedade. Há contentamento ou descontentamento? Há satisfação ou insatisfação? Há procura ou rejeição? Pretendemos, então, olhar para o “gostar” ou “desgostar” da escola não como uma faculdade individual, mas sim, social. Dessa abordagem também podem decorrer variados tipos de pesquisa. Aqui apresentamos os resultados parciais da pesquisa que estamos desenvolvendo no Programa de Desenvolvimento Educacional da Secretaria de Estado da Educação do Paraná sobre o impacto do ensino normal oferecido pelo Colégio Antonio Tortato em Paranacity e região. Essa avaliação nos oferece dados, quantitativos e qualitativos, que podem servir para dimensionar a importância que essa modalidade de educação ainda preserva, apesar da crise que se abate há algum tempo sobre o ensino normal em nível médio. As informações que apresentaremos demonstram o grau de satisfação ou insatisfação da população em relação ao ensino normal desse Colégio. Nossa pesquisa, em andamento, tem enfrentado os obstáculos normais que se interpõem àqueles que se debruçam sobre estudos sócio-históricos referentes às instituições educacionais localizadas em municípios novos e de pequeno porte. Já prevíamos, portanto, a exigüidade de material, devido à inexistência de uma política municipal de preservação da memória da cidade, de seus moradores e de suas instituições. Além disso, não há, também, estudos de caráter científico que tenham como objeto seja o ensino normal, seja o Colégio Antonio Tortato, seja o município de Paranacity. Muitas das informações foram colhidas através de entrevistas, leitura de material publicitário, achados casuais de preciosos documentos e fotografias, consulta a documentos da Prefeitura, como o Plano Diretor, etc. Para que o leitor se familiarize com nosso tema e contextualize a reflexão específica, apresentaremos, primeiramente, algumas breves informações sobre a trajetória do ensino normal no Estado do Paraná. Depois, faremos uma exposição rápida da história de Paranacity e do Colégio Antonio Tortato que lá oferece o ensino normal. 1 Após, apresentaremos alguns dados que indicam o “gosto” social por essa modalidade de ensino em Paranacity e região. A Escola Normal no Estado do Paraná A primeira Escola Normal na Província do Paraná foi criada em 1876, pela Lei nº 456, de 12 de abril, na cidade de Curitiba. A história da formação de professores no Estado do Paraná não foi muito diferente em relação aos demais Estados do Brasil. As dificuldades financeiras da Província e também o pouco interesse em manter os gastos com educação resultaram no fechamento de escolas, ficando algumas localidades sem escolas e professores. A profissão não era valorizada e a freqüência à Escola Normal não se fazia atrativa, mas, mesmo assim, a freqüência foi incentivada, no intuito de melhorar o preparo do professor (Guarnieri e Castanha, 2006). Na tentativa de resolver o problema da falta de professores, foi restabelecido, pela lei nº 290 de 15 de abril de 1871, a classe de alunos-mestres. Guarnieri e Castanha (2006) mostram que a formação de professores, mesmo atravessando sérias dificuldades, conquistou alguns avanços: Em 1882 foi aprovado o regulamento do instituto normal que passou a ser denominado Instituto Normal e de Preparatórios da Província do Paraná. O ensino era gratuito e confiado aos professores que deviam ministrá-lo aos alunos simultaneamente. O curso normal era dividido em primário e secundário (2006, p.68). Na década de 1920, alguns Estados promoveram as chamadas reformas educacionais. No Paraná, ela ocorreu em 1923, sob a orientação de Lysimaco Ferreira da Costa e, estabelecia que o plano de estudo da Escola Normal deveria ocorrer em dois cursos: o fundamental ou o geral, com duração de três anos, e o profissional ou especial, com três semestres. Os Cursos oferecidos nas antigas Escolas Normais, como foram chamados até a década de 60, e transformados em habilitação Magistério, com a Lei 5.692/71, contribuíram de maneira ímpar para a formação de pessoal habilitado para atuarem nas séries iniciais do Ensino de 1º Grau, que atualmente denomina-se Ensino Fundamental. Anteriormente à expansão dos cursos de Pedagogia, os cursos de Magistério foram os principais espaços de formação de professores para a educação inicial de crianças. Contribuíram, grandemente, para a melhoria da qualidade pedagógica e profissional. 2 No Paraná, a partir de 1983, iniciaram-se inúmeros processos de reformulação curriculares de todos os níveis de ensino que são concluídos entre 1989 e 1990 e, finalmente, implantados entre 1990 e 1991. Em 1995, ocorrem mudanças radicais nos rumos da Educação do Estado do Paraná, em virtude das tendências internacionais e nacionais impostas pelo capitalismo. Desta forma, em 1996, a SEED, ordena a cessação das matrículas de todos os cursos profissionalizantes, inclusive do Magistério e propõe o PROEM (Programa de Melhoria e Expansão do Ensino Médio) que apontava para a estruturação do Ensino Profissionalizante como Pós-Médio: seria criada uma rede de cursos para os alunos egressos do Ensino Médio, o que não passou do plano legal. A partir dessa determinação da SEED, presenciou-se um aumento significativo dos cursos profissionalizantes de iniciativa privada em todo o Estado. Esse processo aconteceu com muita resistência e insatisfação da população, especialmente da faixa etária de 15 a 19 anos, que esteve impossibilitada do acesso ao ensino público profissionalizante. Assim, por oito anos, foram suspensos os cursos profissionalizantes, com exceção de quatorze colégios que ofereciam o Magistério, que apesar das pressões, resistiram bravamente e mantiveram os seus cursos em pleno funcionamento. Em 2003, iniciam-se novas discussões acerca da Educação Profissional no Estado, visando à efetivação de novas propostas curriculares, inclusive para o curso de formação de docentes em nível médio. A partir dessas discussões, aponta-se para uma organização escolar no sentido da superação das condições históricas do capitalismo e dos limites para a emancipação humana, em que são indicados pela SEED como pressupostos curriculares: o trabalho como princípio educativo; a práxis como princípio curricular e o direito da criança à escola de qualidade social. (SEED, 2003, p. 12). O Município de Paranacity As décadas de 40 a 60 foram palco de um grande desenvolvimento do Estado do Paraná. Houve um enorme crescimento demográfico em que se destacou a ocupação das terras que atualmente correspondem à região norte e noroeste do estado. A famosa “terra-roxa” atraia para a agricultura, e mais especificamente a cafeicultura, um dos vetores que impulsionava a economia da época. 3 É neste contexto, a exemplo de outros municípios, que nasce Paranacity. O desbravamento da área onde se acha implantado o município, foi iniciado no ano de 1949, através da Imobiliária Progresso Ltda, de propriedade dos senhores: Rajah Eid e Faiez Eid, responsáveis pela colonização e vendas de lotes urbanos e rurais a civilizadores oriundos dos mais diversos pontos do país. Paranacity era apenas uma clareira aberta na densa e exuberante floresta que tomava conta da região Noroeste do Paraná. Em 1951, a localidade já apresentava um comércio ativo e a boa qualidade da terra atraia a cada dia mais famílias e, conseqüentemente, surgiram as primeiras propriedades rurais. No ano de 1953 Paranacity foi elevada a Distrito Administrativo de Nova Esperança e, em 26 de novembro de 1954, através de inúmeras reivindicações de seus moradores, foi emancipada, tornando-se município, de acordo com a Lei Estadual nº 253. Emancipada politicamente Paranacity teve como seu primeiro prefeito eleito o senhor Venério Paulo Venério. A expansão econômica e populacional gerou novas necessidades e exigências, incluindo a necessidade de serviços educacionais. A cidade já nasceu sob o signo da modernidade. Seu nome representa a junção da palavra Paraná (nome do Estado) e a palavra city, que significa cidade. A adoção desse nome aponta a mesma trajetória de surgimento de outros municípios da região norte e noroeste do Paraná. Nessa trajetória, o capital inglês, principalmente o comandado pela Companhia de Terras Norte do Paraná, depois denominada de Companhia Norte Paranaense de Melhoramentos, teve importante papel 1. Atualmente, Paranacity é um município de pequeno porte, cuja população alcançava, em 2006, 9.538 habitantes (IBGE). Apesar de ser pequeno, é um município que tem importância na região na qual está instalado, uma vez que abrange uma comarca constituída de mais quatro municípios, Inajá, Cruzeiro do Sul, Jardim Olinda e Paranapoema. Segundo o que consta no Plano Diretor de Paranacity, realizado em 2006, no setor de educação, a população de Paranacity procura Paranavaí, Maringá e Presidente 1 Londrina foi a primeira cidade nascida na fase inglesa da colonização. Segundo Santos “No trajeto da Companhia