FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA POLITÉCNICA GRADUAÇÃO DE ARQUITETURA E URBANISMO

BRUNA ALESSANDRA MOMBACH VIEIRA

CENTRO DE INTEGRAÇÃO SOCIAL E ABRIGO TEMPORÁRIO PARA IMIGRANTES EM PASSO

FUNDO – RS.

PASSO FUNDO 2017 BRUNA ALESSANDRA MOMBACH VIEIRA

CENTRO DE INTEGRAÇÃO SOCIAL E ABRIGO TEMPORÁRIO PARA IMIGRANTES EM – RS.

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado para obtenção do grau de Arquiteta e Urbanista no curso de Arquitetura e Urbanismo, Escola Politécnica, da IMED.

Orientadora: Prof. Dra. Andrea Quadrado Mussi.

PASSO FUNDO 2017 BRUNA ALESSANDRA MOMBACH VIEIRA

CENTRO DE INTEGRAÇÃO SOCIAL E ABRIGO TEMPORÁRIO PARA IMIGRANTES EM PASSO FUNDO – RS.

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado para obtenção do grau de Arquiteta e Urbanista no curso de Arquitetura e Urbanismo, Escola Politécnica, da FACULDADE MERIDIONAL - IMED, com Linha de Pesquisa em Tecnologia. Projeto e Gestão do Ambiente Construído.

Passo Fundo, 30 de novembro de 2017.

BANCA EXAMINADORA

Profª. Dra. Andrea Quadrado Mussi Orientadora

Profª. Me. Amanda Schüler Bertoni Coorientadora

Prof.ª Dra. Caliane Almeida Membro Avaliador

AGRADECIMENTOS

Dedico em primeiro lugar a Deus por ter me concedido a esta oportunidade. A minha família que sempre esteve presente e contando comigo, aos professores que na trajetória deste curso não mediram esforços para nos transmitir seus conhecimentos, principalmente a minha orientadora, Profª. Dra. Andrea Quadrado Mussi, que sempre me incentivou e me motivou a seguir em frente, mesmo em momentos de desmotivação. Agradeço as amizades que fiz nesse curso, com certeza serão inesquecíveis. Enfim, a todas as pessoas que me ajudaram e me incentivaram para chegar até aqui, obrigada. RESUMO

O presente trabalho consiste na análise e concepção para a implantação de um Centro de Integração Social e Abrigo Temporário para Imigrantes na cidade de Passo Fundo – RS. A imigração vem aumentando nas últimas décadas, e o Brasil já se torna palco das redes imigratórias. Passo Fundo – por ter muitos imigrantes a mais de 10 anos residindo na cidade, acaba por se tornar meio mais fácil, por ter conterrâneos que já fazem a “ponte”, para os novos virem, além de existirem setores produtivos que necessitam de mão-de-obra, como por exemplo os frigoríficos e abatedouros, que por sua grande exportação para países Árabes, necessitam da certificação Halal. A integração e inserção social desses imigrantes ainda é muito precária, pois, apesar das imigrações existirem a muito tempo, esse assunto vem sendo abordado recentemente, e Passo Fundo ainda não tem uma estrutura e um planejamento adequado para poder ajudar essas pessoas. Com esse intuito, é que esse estudo está sendo realizado, para abordar de forma prática e eficaz, quais são os pontos em que a cidade mais necessita melhorar para poder abrigar e interagir com essa população nova que está emigrando.

Palavras-chave: Inserção e Integração Social. Imigrantes. Passo Fundo.

ABSTRACT

The present work consists of the analysis and design for the implantation of a Center of Social Integration and Temporary Shelter for Immigrants in the city of Passo Fundo - RS. Immigration has been increasing in recent decades, and is already the scene of immigration networks. Passo Fundo - for having many immigrants with more than 10 years residing in the city, ends up becoming easier, for having countrymen that already make the "bridge", for the new ones to come, besides there are productive sectors that need hand- such as refrigerators and slaughterhouses, which, due to their large exports to Arab countries, require the Halal certification. The integration and social integration of these immigrants is still very precarious because, despite the immigrations that have existed for a long time, this subject has been approached recently, and Passo Fundo does not yet have a structure and adequate planning to be able to help these people. With this in mind, this study is being carried out in order to approach in a practical and effective way, what are the points in which the city most needs to improve in order to be able to shelter and interact with this new population that is emigrating

Keywords: Insertion and Social Integration. Immigrants. Passo Fundo.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Sede da mesquita em Passo Fundo – RS ...... 12 Figura 2 – Local destinado as orações na Mesquita em Passo Fundo ...... 13 Figuras 3 e 4 – Falta de infraestrutura da Mesquita em Passo Fundo ...... 14 Figura 5- Embaixadora Fatouma Binetou Correa com representantes da Associação Senegalesa de Passo Fundo...... 22 Figura 6- Rota dos imigrantes senegaleses ao ...... 23 Figura 7- Distribuição da Imigração Senegalesa no Rio Grande do Sul...... 24 Figura 8 – Concentração dos imigrantes senegaleses no RS...... 25 Figura 9- Alunos de rede pública de Passo Fundo participam de palestra para conhecer o islã...... 27 Figura 10- Alunos e professora em frente a Mesquita, com o presidente Radwan Mohamed Jehani...... 27 Figura 11 – Relógio com os horários das orações ...... 30 Figura 12- Austin Resource center for the homeless ...... 32 Figura 13- Planta baixa 1º pavimento...... 34 Figura 14 – Planta Baixa 2º pavimento...... 34 Figura 15 – Planta Baixa 3º pavimento ...... 35 Figura 16 – Fachada ...... 35 Figura 17 e 18 – Fachada com materiais sem acabamento, mas com durabilidade. 36 Figura 19 – Mesquita Al-Islah e seu entorno ...... 37 Figura 20 – Grandes aberturas da mesquita Al-Islah proporcionam conexão com o externo ...... 37 Figura 21- Programa e funções do projeto ...... 38 Figura 22 – Sala de orações aberta ...... 39 Figura 23 – Relação do edifício com o Minarete Figura 24 – Tela Arabesca40 Figura 25 – Maquete Volumétrica ...... 40 Figura 26 – Corte ...... 41 Figura 27 – localização de Passo Fundo no Estado do Rio Grande do Sul ...... 41 Figura 28- Mapa da cidade de Passo Fundo ...... 42 Figura 29- Terreno de implantação do projeto ...... 43 Figura 30 – Mapa Nolli ...... 43 Figura 31 – Mapa de uso dos solos ...... 44 Figura 32 – Mapa de alturas...... 45 Figura 33 – Infraestrutura Urbana, rede viária...... 46 Figura 34 – Distribuição de água potável ...... 47 Figura 35 – Expessura das tubulações e suas distribuições ...... 47 Figura 36 – Marcação de rede de esgoto cloacal, pluvial, energia e vegetação ...... 48 Figura 37 – Dimensões do Terreno ...... 49 Figura 38 – Características específicas do terreno ...... 50 Figura 39 – Declividade do terreno ...... 50 Figura 40 – Localização da área do Terreno ...... 51 Figura 41 – Mapa de uso do Solo ...... 51 Figura 42 – imagem interna de mesquita Figura 43 – Imagem de mesquita ...... 54 Imagem 44- Principais arcos islâmicos ...... 54 Figura 45- Organograma ...... 56 Figura 46 – Fluxograma do Abrigo ...... 56 Figura 47 – Fluxograma dos setores administrativo e público ...... 57 Figura 48- proposta de zoneamento 01 ...... 57 Figura 49- proposta de zoneamento 02 ...... 58 Figura 50- proposta de zoneamento 03 ...... 59

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Programa de necessidades do projeto ...... Erro! Indicador não definido.

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1- número de imigrantes registrados no RS...... 18 Gráfico 2- Percentual dos dez maiores grupos encontrados no RS...... 19

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...... 11 1.1 INTRODUÇÃO AO CAPÍTULO ...... 11 1.2 TEMA DO PROJETO ...... 12 1.3 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO PROJETO ...... 13 1.3.1 Inclusão e Dificuldades de Inserção ...... 14 1.3.2 Análise Espacial dos Imigrantes ...... 15 1.3.3 A Importância do Abrigo ...... 15 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...... 16 2.1 INTRODUÇÃO AO CAPÍTULO ...... 16 2.2 IMIGRAÇÃO AFRICANA NO BRASIL ...... 16 2.2.1 Imigração no Rio Grande do Sul ...... 18 2.2.2 Imigração em Passo Fundo ...... 19 2.3 REDES IMIGRATÓRIAS ...... 22 2.4 USO DE TICS PARA COMUNICAÇÃO...... 26 2.5 INCLUSÃO E DIFICULDADES DE INSERÇÃO ...... 28 2.6 CULTURA E RELIGIÃO ...... 30 2.7 ESTUDOS DE CASO ...... 31 2.7.1 Austin Resource Center for the Homeless ...... 31 2.7.1.1 Autor e localização do projeto ...... 32 2.7.1.2 Implantação ...... 32 2.7.1.3 Programa de Necessidades ...... 33 2.7.1.4 Funcionalidade ...... 33 2.7.1.5 Forma ...... 35 2.7.2 Mesquita Al-Islah ...... 36 2.7.2.1 Autor e localização do projeto ...... 36 2.7.2.2 Implantação ...... 36 2.7.2.3 Programa de Necessidades ...... 38 2.7.2.4 Funcionalidade ...... 39 2.7.2.5 Forma ...... 39 CAPÍTULO 3: DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO ...... 41 3.1 INTRODUÇÃO AO CAPÍTULO ...... 41 3.2 CONTEXTUALIZAÇÃO REGIONAL ...... 41 3.3 MAPA NOLLI, USO DO SOLO E ALTURA DAS EDIFICAÇÕES ...... 43 3.4 INFRAESTRUTURA URBANA ...... 45 3.4.1 Rede Viária ...... 45 3.4.2 Rede de água ...... 46 3.4.2 Rede de Esgoto Cloacal, Pluvial, Rede de Energia e Vegetação existente ...... 48 3.5 CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS DO TERRENO ...... 49 3.6 SÍNTESE DE LEGISLAÇÕES E NORMATIVAS ...... 50 CAPÍTULO 4: CONCEITO E DIRETRIZES PROJETUAIS...... 52 4.1 INTRODUÇÃO ...... 52 4.2 CONCEITO DO PROJETO ...... 52 4.3 DIRETRIZES DE ARQUITETURA ...... 52 4.4 DIRETRIZES URBANÍSTICAS ...... 53 CAPÍTULO 5: PARTIDO GERAL ...... 54 5.1 INTRODUÇÃO ...... 54 5.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES ...... 54 5.3 ORGANOGRAMA E FLUXOGRAMA ...... 55 5.4 PROPOSTAS DE ZONEAMENTO ...... 57 CAPÍTULO 6: CONSIDERAÇÕES FINAIS ...... 59 REFERÊNCIAS ...... 61

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1. INTRODUÇÃO

1.1 INTRODUÇÃO AO CAPÍTULO O Rio Grande do Sul e o Brasil são os principais destinos das imigrações após dois séculos da primeira vinda dos imigrantes, e hoje se identificam ao mundo como uma possibilidade para imigrações financeiras, porém com posicionamento mais humanitário, com uma economia em constante crescimento e várias possibilidades de regiões para explorar e se posicionar economicamente e socialmente (UEBEL, 2015). Conforme Tedesco e Grzybovski (2013) são vários motivos que trazem os imigrantes à Passo Fundo, RS, entre eles informações de habitantes que já estavam na cidade trabalhando em frigoríficos de aves, o que garantiria a inserção dos imigrantes que estavam para chegar, também na mesma empresa. Outro fator que os autores mencionam é que em Passo Fundo, seria mais fácil a documentação para a estadia temporária no Brasil. Então, desde 2010 o fluxo migratório se tornou intenso na região. Portanto, o tema desta monografia é centrado nas informações necessárias para o desenvolvimento de um projeto de Centro de Integração Social e Abrigo Temporário para imigrantes em Passo Fundo, RS. Logo, seu objetivo geral é o desenvolvimento de uma edificação, onde possam ter programas sociais para colaborar com a inserção dos imigrantes na sociedade, e entidades públicas para reger tais programas e melhor atender a demanda de imigrantes que tem escolhido Passo Fundo, em busca de uma melhor qualidade de vida para seus familiares. Enquanto seus objetivos específicos são: alojar essas pessoas, até que tenham condições financeiras para sair do abrigo; criar espaços em que eles possam conviver uns com os outros, e praticar seus costumes, culturas e religião; assim como criar setores de divulgação de seus costumes para que a cidade receba e conheça tais necessidades particulares, visando a maior integração e miscigenação cultural ou conhecimento do desconhecido; projetar setores específicos para que entidades públicas possam trabalhar para a resolução dos problemas e dificuldades que os imigrantes encontram ao vir para uma cidade totalmente desconhecida; instituir um centro de idiomas, para facilitar o aprendizado da língua portuguesa, entre outros setores que possam intervir de forma positiva para sua inserção na sociedade. 12

1.2 TEMA DO PROJETO O município de Passo Fundo – RS, não possui nenhuma estrutura adequada e que comporte a grande população de imigrantes que tem se alojado na cidade nos últimos anos. Para melhor atender essas pessoas, que vem para um lugar totalmente desconhecido, e que sofrem discriminação, o tema do projeto é a inserção de um Centro de Integração Social e Abrigo Temporário para Imigrantes em Passo Fundo-RS. O empreendimento irá amenizar os problemas decorrentes da desigualdade social, violência, preconceito e discriminação que estas pessoas sofrem ao chegar em uma cidade despreparada para recebê-los, além de oferecer um abrigo temporário. Em entrevista realizada com o presidente da Mesquita de Passo Fundo-RS Radwan, ele ressalta que não tem como saber um número certo de imigrantes que aqui residem, mas que são aproximadamente 1000 que fazem uso da mesquita. Porém, não se sabe um número exato que se encontram aqui no município pelo alto fluxo de entrada e saída deles na cidade (TEDESCO; GRZYBOVSKI, 2013).

Figura 1 – Sede da mesquita em Passo Fundo – RS Fonte: do autor (2017). 13

Conforme podemos ver na imagem, a mesquita é pequena, e para quantidade de fiéis acima descritos, não comporta. Na entrevista, Jehani aponta que quando eles fazem os encontros, a rua é fechada e a maioria das pessoas ficam fora da edificação, pois o espaço destinado às orações comporta no máximo 200 pessoas.

Figura 2 – Local destinado as orações na Mesquita em Passo Fundo Fonte: do autor (2017).

1.3 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO PROJETO Atualmente, na cidade de Passo Fundo só existe uma Mesquita que é usada para reunir os imigrantes para seus rituais religiosos, e também para o descanso do pessoal nos horários de intervalo de suas atividades laborais. E esta, não contém espaços com alojamentos. A infraestrutura do local não é própria para o fim na qual é usada, faltando equipamentos, mobiliários e salas distintas para cada uso, o espaço se torna apertado e não é cômodo. Porém é o único local que os imigrantes têm para confraternização e folga. 14

Figuras 3 e 4 – Falta de infraestrutura da Mesquita em Passo Fundo Fonte: do autor (2017).

Em entrevista, realizada em setembro de 2017, com o atual presidente da mesquita, Radwan Mohamed Jehani1, ele aponta que o local é frequentado por aproximadamente 1000 imigrantes, dentre eles vindos de: Senegal, Bangladesh, Gana, Paquistão, Egito, Marrocos, Gâmbia, Gné, Palestina, Síria e Sudaneses. Porém os dois maiores grupos são os oriundos de Senegal e Bangladesh. Portanto, um número de pessoas muito grande, para uma infraestrutura tão precária. Portanto, os principais fatores justificativos para a Implantação do Centro de Integração Social e Abrigo Temporário para imigrantes em Passo Fundo são os relacionados à inclusão e dificuldades de inserção, que ocorre pela burocracia documental e discriminação; análise espacial dos imigrantes e suas necessidades primordiais em relação a seus costumes e vida particular.

1.3.1 Inclusão e Dificuldades de Inserção Uma das principais barreiras que os imigrantes encontram ao chegarem na cidade é a burocracia documental e a discriminação e preconceito. Atualmente, não existe nenhum órgão na Prefeitura Municipal de Passo Fundo que possa amparar os imigrantes, seja com um planejamento adequado para receber os imigrantes, ou uma área de direitos humanos para auxiliar na procura de emprego. Ou ainda um local para facilitar a questão documentária, agilizar a legalização e ao mesmo tempo um setor que possa atender os vendedores ambulantes.

1 Entrevista realizada no dia 06.09.2017 com termo de consentimento livre e esclarecido. 15

No que se refere à inclusão social dos imigrantes, Dutra e Gayer (2015) apontam como fator primordial a dificuldade de aprendizagem da língua portuguesa. Ainda destacam que para se ter inclusão deve-se aprovar e aceitar as diferenças, na vida em coletividade. Significando assim direitos iguais as oportunidades, independente das particularidades de cada pessoa ou grupo social.

1.3.2 Análise Espacial dos Imigrantes Conforme relatado em entrevista por Jehani (AUTORA, 2017), os imigrantes não têm lugar fixo na cidade. Geralmente cada recém-chegado na cidade procura seu grupo mais próximo e se aloja junto com os outros. Geralmente costumam alugar casas e as fazem de pensões, mas a mudança de um lugar para outro é muito frequente, pois conforme vão chegando novos imigrantes os lugares acabam por se tornar apertados e não comportam a demanda de pessoas. O único local que por enquanto é fixo para os encontros é a mesquita. Ali eles também costumam fazer reuniões para organizar os encontros esportivos e realizar suas festas, que geralmente ocorrem com a frequência de 3 vezes ao ano.

1.3.3 A Importância do Abrigo Baganha e Marques (2001, p.48) afirmam que inclusão social “compreende em programas que visam a inclusão de todos quantos se veem excluídos em termos de benefícios sociais, emprego, cuidados de saúde, sistema educativo, habitação, etc”. Mediante esses conceitos pode-se perceber a importância da inserção dos imigrantes no meio social no qual estão vivendo. O quanto faz falta um programa que estimule sua integração com a comunidade para que possam usufruir de seus direitos como pessoas. O abrigo se torna uma ferramenta importante, já que oferece uma hospedagem provisória até que o imigrante consiga uma remuneração fixa para se sustentar sem ajuda. Levando em conta as situações acima descritas, pode-se entender a importância do Centro de Integração Social e abrigo temporário para imigrantes, pois o projeto irá amenizar as dificuldades e afrontas que esses indivíduos encontram ao chegar em uma cidade totalmente desconhecida, pois assim saberão a quem recorrer e onde ir para buscarem ajuda.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 INTRODUÇÃO AO CAPÍTULO Neste capítulo será apresentada a revisão de literatura que indica os principais assuntos pertinentes à compreensão do tema escolhido para o projeto. Assim, são apresentados os seguintes assuntos: imigração africana no Brasil; imigração no Rio Grande do Sul e Passo Fundo; redes imigratórias; uso de TICs para comunicação; inclusão e dificuldades de inserção; cultura e religião.

2.2 IMIGRAÇÃO AFRICANA NO BRASIL O Brasil, sempre se mostrou como uma grande rota para as imigrações internacionais, pelas características territoriais, sociais e econômicas de fácil adaptação dos estrangeiros, o que pode ser confirmado pelo grande grupo migratório que se introduziu no país entre os séculos XIX e XX, como espanhóis, alemães, italianos e japoneses. Também existem aqueles que pela imposição do capitalismo, se destinam ao país com intuito de melhorar suas condições financeiras e manter um equilíbrio social como, por exemplo, sírios, haitianos, bolivianos e imigrantes da África Ocidental (UEBEL, 2015). A imigração africana no Brasil teve início no século XVI, quando a cana de açúcar tem seu preço em alta na Europa e os Portugueses decidem implantar a cultura canavieira. Mas para tanto, necessitavam de mão de obra, e a população indígena não era suficiente para tal cultivo (LEVY, 1974). Levy (1974) ainda afirma que esses migrantes escravos eram forçados a sair de sua cidade natal, já que naquela época, suas cidades não tinham excesso de população como atualmente. Essa importação de escravos foi intensa até 1850, após é implantada a lei do sexagenário e alguns africanos conseguiram voltar para casa (LEVY, 1974 apud GOURLART, 1950, p. 99). Somente no início do século XIX, na entrada do capitalismo ao Brasil que segundo Levy (1974, p. 50) o quadro mudou de “migração africana forçada para migração de força de trabalho livre”, por dois grandes motivos: primeiro a escassez de escravos, já que estes agora tinham maior proteção, e segundo pelo aumento populacional da Europa e um modelo financeiro impróprio, no qual acaba contribuindo para a emigração Europeia. 17

Sabe-se que existem vários fatores que influenciam indivíduos a deixarem sua nação, sejam eles de desamparo em questões como empregabilidade, educação básica, falta de democracia e também questões religiosas, como também a procura de melhores condições de vida, educação, climas mais amenos, e principalmente oferta de emprego (DUTRA; GAYER, 2015). E, atualmente as imigrações que se destinam ao Brasil, estão enquadradas em algum desses motivos. Ainda, Tedesco e Grzybovski (2011) introduzem que, certamente um dos principais motivos da imigração são por razões econômicas. A decisão de emigrar se dá pela necessidade de uma moradia melhor, de ter um emprego e uma renda fixa para si e para os filhos, ter uma despreocupação econômica, assim como adquirir bens de consumo e pessoais. Por esse motivo, a atração em volta da empregabilidade é acentuada e justificada. Mediante conduta do Governo Brasileiro em relação ao povo africano, a vinda destes ao Brasil, se torna atrativa pela nova lei implantada em 2009, como afirmam Tedesco e Grzybovski, 2011. O fluxo migratório atual de africanos para o Brasil foi estimulado pela “lei da anistia’ e evidencia a presença deste país num processo macroestrutural de reestruturação produtiva internacional. Em termos teóricos, o debate em torno das migrações internacionais é um fenômeno social “natural”, inerente ao comportamento humano, mas encontra-se limitado às imposições do Estado, que tem poderes de permitir ou não alguém de cruzar sua fronteira (limites territoriais), bem como às limitações culturais de pertencer e de ser aceito (TEDESCO; GRZYBOVSKI, 2011, p.336).

Conforme o censo de 2010 do IBGE são 432.356 imigrantes no Brasil, número 4,5 vezes maior que o censo de 2000 (95.829 imigrantes). Uebel (2015, p. 24) aponta para a nova tendência da imigração no Brasil: “com o país inserido nas redes migratórias internacionais e agenda internacional das migrações, o rumo econômico e social do Brasil nos últimos três séculos certamente será muito considerável agora”. É importante lembrar que, antes de 2010, a imigração africana não era tão impactante no Brasil devido aos altos custos da viajem e também às facilidades de imigração para países da União Europeia. Porém, após a crise de imigração na Europa em 2011, é que o grande destino tem se tornado o Brasil (UEBEL, 2016).

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2.2.1 Imigração no Rio Grande do Sul A vinda de imigrantes africanos ao Rio Grande do Sul, sendo a maioria muçulmanos, homens, jovens e negros, nos proporciona ter o contato com diferentes culturas. Carrega também a discriminação e o temor do novo, como afirma Brignol (2015). Brignol (2015) comenta que no Rio Grande do Sul a chegada de senegaleses teve destaque desde 2008. Os imigrantes escolhem as cidades principalmente pela existência de oferta de trabalho na indústria alimentícia, metalmecânica e na construção civil. As regiões mais escolhidas são da Serra e Centro-norte, tendo destaque para as cidades de , Bento Gonçalves, Garibaldi, Passo Fundo e, há pouco tempo também, . Como afirma Uebel (2015, pág. 22): “uma das características mais marcantes da história do capitalismo tem sido a intensa mobilidade espacial da população”. E aqui no Rio Grande do Sul não é diferente. Analisando o gráfico 1 e 2, podemos identificar o número de imigrantes vindos ao estado entre os anos de 2000 a 2014, e ver o ranking de nacionalidades mais encontradas, respectivamente:

Número de 2000 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Imigrantes 17532 311 585 738 34863 933 1565 1559 43550

Gráfico 1- número de imigrantes registrados no RS. Fonte: Uebel (2015). 19

Como mostra o gráfico, no ano de 2000 havia um número considerável de imigrantes no Rio Grande do Sul e é a partir daí que começam as mudanças na economia, sociais e políticas, especialmente ocasionadas pelas migrações internacionais. Porém, são nos anos 2010 e 2014 que acontece os dois “booms” imigratórios no Brasil e no Rio Grande do Sul (UEBEL, 2015).

Gráfico 2- Percentual dos dez maiores grupos encontrados no RS. Fonte: Uebel (2015). Conforme o gráfico 2, o Haiti se encontra em 10º lugar no ranking das nacionalidades vindas ao Rio Grande do Sul, sendo de aproximadamente 2517 indivíduos. O Senegal ocupa a 22º posição no ranking com aproximadamente 536 pessoas (UEBEL, 2015). Entretanto, sabemos que o número de senegaleses chegados ao Estado após 2014, aumentou significativamente.

2.2.2 Imigração em Passo Fundo Em Passo Fundo, apesar de existirem africanos há mais de 10 anos, o intenso fluxo ocorreu recentemente, devido informações dos conterrâneos, que na cidade em questão, a facilidade de regularização da documentação e trabalho seria facilitada (TEDESCO; GRZYBOVSKI, 2011). Tedesco e Grzybovski (2011) ainda afirmam que estes imigrantes passam por várias regiões, mas a concentração de moradia é voltada para Passo Fundo – RS, pois a referência que é transmitida a nível Brasil, pelos imigrantes que estão a mais tempo por aqui, é que a legalização 20 dos documentos para estada provisória no Brasil é feita com maior agilidade, o que é confirmado por funcionários do departamento da Policia Federal da cidade. Outro fator que auxiliou sua estadia em Passo Fundo, foi a oferta de empregos em empresas frigoríficas e no setor metal-mecânico. Sem contar, que como existe grande número de imigrantes que já residem a mais tempo foi-se criando uma “rede de conhecidos”, o que impulsionou a criação da Associação de Senegaleses de Passo Fundo-RS. É difícil contar com número certo de imigrantes que residem na cidade, pois existe um fluxo intenso de entrada e saída (TEDESCO; GRZYBOVSKI, 2011). Essa informação também pôde ser confirmada por empresários que empregam os imigrantes, conforme entrevista feita a um contratante por Tedesco e Grzybovski (2001, p.344): “os senegaleses procuram as melhores ofertas de trabalho e, quando as encontram, simplesmente migram para a região”. Porém, em entrevista2 com o presidente da Mesquita islâmica, foi informado que existem aproximadamente 1000 usuários que frequentam o local. A grande maioria dos imigrantes em Passo Fundo são solteiros, homens com idade entre 25 e 40 anos, no fim de 2010 também foram contabilizadas cinco mulheres, estando quatro casadas. Grande parcela dos imigrantes trabalham em sua cidade de origem com práticas agrícolas e comércio. Porém, também foi contabilizado grande número que exercem práticas laborais técnicas, como pedreiro, carpinteiro, soldador, motorista, mecânico e padeiro. Vários destes, pretendem residir no Brasil por pelo menos 4 a 5 anos, e alguns idealizam trazer suas esposas e ter moradia fixa no Brasil, pois apesar da remuneração não ser muito boa, ainda é mais favorável que em seu país. O perfil da maioria dos imigrantes é de empreendedorismo, correndo riscos, vendendo bijuterias e aceitando atividades laborais provisórias, para juntar dinheiro e poder realizar planos para o futuro, como voltar para sua cidade natal, ter seu próprio negócio ou até mesmo conseguir sustentar sua família (TEDESCO, GRZYBOVSKI, 2011). Ao término de uma das entrevistas realizadas por Tedesco e Grzybovski (2011, pág.345), um dos líderes do grupo, afirma que desejaria que os enxergássemos como trabalhadores, pois não estavam aqui para roubar o lugar de

2 Entrevistado: Radwan Mohamed Jehani, presidente da mesquita em Passo Fundo, no dia 06.09.2017, com termo de consentimento livre e esclarecido. 21 ninguém, nem extorquir, apenas agradeciam a Deus por estarem com saúde para poder ajudar suas famílias, e que apesar das diferenças, “para Deus somos todos seres humanos iguais”. A grande maioria dos imigrantes residem em pensões e pousadas, pois a dificuldade de alugar ou comprar um imóvel é imensa pela burocracia documental, fiadores, desconfiança e ainda valores altos de aluguéis. Mesmo eles estando legais no país temporariamente, as portas não estão abertas nessa situação. Por esse motivo existe a importância em ter um mediador para direcionar essas pessoas e líderes que possam facilitar e abrir caminhos para os imigrantes (TEDESCO, GRZYBOVSKI, 2011). Pode-se concluir que essa questão migratória apela por mudanças em vários sentidos, mas principalmente em sua integração social e na intensão de desenvolvimento econômico mundial (TEDESCO, GRZYBOVSKI, 2011). E para ajudar nas questões econômicas e de inserção, em setembro deste ano, Passo Fundo recebeu a visita da embaixadora do Senegal, Fatouma Binetou Correa. Ela participou de várias reuniões com o Executivo e a Comissão de Cidadania, Cultura e Direitos Humanos da Câmara de Vereadores de Passo Fundo- RS, como descrito em reportagem do jornal Diário da Manhã. Seu principal objetivo é servir de intermédio para os imigrantes, para melhor atender suas necessidades. Sua vinda também serviu para coletar informações de como ajudá-los na facilitação dos seus documentos para estadia provisória no país. Ressalta que é muito importante os imigrantes fazerem um cadastro e ter seu passaporte legal, até para ter um controle de onde estão e quantos são. Também aponta que tem interesse em fazer um cadastro com universidades da cidade, para que os universitários senegaleses possam fazer intercâmbios, descreve o Jornal Diário da Manhã. Ainda em reportagem do Jornal, em entrevista com o Advogado da Associação de Senegaleses de Passo fundo, Luiz Alfredo Gallas, defende que “a inclusão de diferentes nacionalidades em novos espaços faz parte de um novo comportamento da humanidade”, o que se encaixa no direito de livre arbítrio para residir onde julga ter melhores condições. 22

Figura 5- Embaixadora Fatouma Binetou Correa com representantes da Associação Senegalesa de Passo Fundo. Fonte: Jornal Diário da Manhã (2017)

Podemos perceber, que há uma movimentação positiva em Passo Fundo. A cidade está recebendo entidades dos países africanos, e os órgãos públicos do município estão se mostrando solidários e abertos para resolver os problemas deles e ajudá-los. Sendo assim, a cidade precisa de uma infraestrutura adequada para essas pessoas, pois a tendência é que o número aumente com esse sentimento de acolhimento da cidade, além da comunicação entre si o que acaba favorecendo a criação de redes.

2.3 REDES IMIGRATÓRIAS Os primeiros imigrantes africanos vindos ao Brasil são ganeses (UEBEL, 2015). Mais recentemente, o alto fluxo tem sido de Senegaleses, estes, seguindo fluxos parecidos referente a origem (ganeses, África), e acabam repetindo as rotas e redes dos haitianos, que também são recentes no território brasileiro. No entanto, estes com maior educação e alguns, com formação acadêmica (UEBEL, 2016). Na figura 6, podemos analisar as rotas seguidas dos imigrantes senegaleses até sua chegada no Rio Grande do Sul: 23

Figura 6- Rota dos imigrantes senegaleses ao Rio Grande do Sul Fonte: Uebel (2016).

Na figura 7, é exibida a disseminação dos imigrantes senegaleses no Rio Grande do Sul, com dados coletados em 2014: 24

Figura 7- Distribuição da Imigração Senegalesa no Rio Grande do Sul. Fonte: Uebel (2016).

Observa-se pelo mapa, que os senegaleses estão em sua maior parte distribuídos nas regiões da Serra Gaúcha, norte do Estado, Região metropolitana. Porém também nas regiões do litoral norte e Sul, e alguns na região Centro-Oeste do Rio Grande do Sul, diferente dos haitianos; o que nos leva deduzir que esses imigrantes vem sem atividades laborais antecipadamente acertadas ou com redes já firmadas. Ou seja, são eles que irão posicionar as redes vindouras, ainda que não de modo direto, aos haitianos (UEBEL, 2016). Com base em informações já citadas e dados coletados junto à Policia Federal em 2015, Uebel (2016) criou outro mapa evidenciando os municípios que existem grande concentração dos senegaleses no Rio Grande do Sul: 25

Figura 8 – Concentração dos imigrantes senegaleses no RS. Fonte: Uebel (2016). A figura 8 confirma que as regiões alvo dos imigrantes senegaleses são Passo Fundo e Caxias do Sul. O grupo localizado em Passo Fundo também engloba as cidades de Não-Me- Toque, Marau, Tapejara, Getúlio Vargas e . Os imigrantes que se direcionam para essa região, tem suas atividades laborais em empresas agroindustriais ou de capital gerado da agricultura e pecuária, como frigoríficos, curtumes e abatedouros da região. Sua receptividade na cidade é considerada boa e com uma infraestrutura de atenção já existente no local (UEBEL, 2016). Conforme participação no bate-papo com a comunidade em geral e também com os imigrantes com a Embaixadora Fatouma Binetou Correa, pude perceber a satisfação dos imigrantes com a região em si. Um deles menciona em público: “Brasileiros começam a nos reconhecer, pelos nossos atos e pelo nosso trabalho”. Evidentemente existem muitos problemas de inserção dessa população na comunidade e, um desses motivos, também é como citado por Tedesco e Grzybovski (2011): “Os senegaleses têm status legal de temporário, [...]. Desse modo, a noção de temporário leva a que eles tenham de trabalhar ao máximo para 26 obter recursos financeiros, não busquem se integrar aos processos sociais de seus vínculos geográficos”. Entretanto, a região Norte é considerada receptiva e mais atrativa que a Região da Serra, pois grande parte dos imigrantes da região trabalham com contrabandos de mercadorias; entretanto já levou alguns vendedores a apreensão das mercadorias e prisão (UEBEL, 2016). Outro fator que leva os imigrantes escolherem a região norte mostra-se claro neste trecho citado por Uebel (2015, pág. 56): “As alterações recentes nos fluxos migratórios e suas implicações macroeconômicas também representam a maturidade das correntes migratórias estimuladas pelas redes baseadas nos laços domésticos”. Ou seja, os imigrantes procuram traçar os mesmos caminhos de seus conterrâneos e procuram vir para lugares onde já haja conhecidos, para garantir que tenham ajuda e acolhimento de quem já está à mais tempo na cidade.

2.4 USO DE TICS PARA COMUNICAÇÃO O uso das tecnologias de informação e comunicação (TICs) vem aumentando constantemente, devido às facilidades que esta proporciona, como um valor acessível e possibilidade de conexão sem fio (BRIGNOL,2015). Existem vários meios de comunicação e sabe-se o quanto são importantes, principalmente a internet, para possibilitar as comunicações transnacionais, comum entre a prática migratória, para poder manter relações, como Brignol descreve no trecho: O uso de TICs, assumem um papel importante para a consolidação de relações transnacionais próprias das dinâmicas migratórias: possibilidade ampliada de contato entre migrantes e desses com seus familiares e amigos; construção de projetos de migração; manutenção de vínculos com o país de nascimento; aprendizado do idioma do país para o qual migraram; tomada de conhecimento e participação na cultura local; organização e mobilização social através da participação em organizações migrantes, entre outras possibilidades de usos ligadas à experiência migratória (BRIGNOL, 2015, pág. 93).

O uso das TICs, se torna essencial para os imigrantes, principalmente no quesito redes imigratórias, como também a coordenação de instituições sociais, culturais e religiosas que estão situadas nas cidades (BRIGNOL,2015). Em Passo Fundo, a Associação dos Senegaleses teve abertura em outubro de 2014, no município também existe a mesquita com nome Mesquita Sheikh Jamal Al Haddad. Os dois tem páginas e perfis no facebook, onde podemos constar fotos, 27 passagens bíblicas, como forma de atrair a comunidade passo-fundense a conhecer o islamismo e mostrar que não há porque ter temor.

Figura 9- Alunos de rede pública de Passo Fundo participam de palestra para conhecer o islã. Fonte: Facebook (acesso em 04.11.2017).

Figura 10- Alunos e professora em frente a Mesquita, com o presidente Radwan Mohamed Jehani. Fonte: Facebook (acesso em 04.11.2017)

O principal aparelho usado para comunicação é o telefone celular. Os imigrantes relatam que ao chegarem na cidade é primordial que comprem um chip de operadora local para usufruir de seus benefícios. Com a facilidade da internet 3G, 28 se torna acessível a comunicação com seus familiares e amigos de longe, pois o aparelho possui o WhatsApp, Viber e Imo, que são os principais aplicativos utilizados para tal. O celular se torna parte da dinâmica migratória e do uso de TICs, permitindo a estruturação dos vínculos transnacionais: o que garante muito além de emissões de depósitos das economias dos migrantes para o exterior. Os vínculos transnacionais retratam inclusive, relações afetivas, familiares ou de parentesco (BRIGNOL, 2015). Para o vínculo familiar não se tornar um empecilho no objetivo dos imigrantes, eles procuram trabalhar mais para contrabalançar essa carência dos familiares, mas “vínculos continuam persistindo bem, como intimidade e afetividade a distância, facilitadas pelas novas tecnologias da informação” (TEDESCO; GRZYBOVSKI, 2011, pág. 351). O uso das TICs ainda é muito essencial para a administração das associações e entidades, pois BRIGNOL (2015), relata que, conforme sua pesquisa, existe um grupo fechado no WhatsApp dos dirigentes dessas entidades, na qual encaminham, conversam e chegam a soluções sobre as condutas dos imigrantes. Sabemos que a comunicação é um processo primordial para haver inclusão e inserção em uma sociedade. Pode-se concluir esse tema sobre TICs, conforme Brignol (2015) afirma: A comunicação em rede assume também uma função importante no processo de aproximação entre as culturas migrantes e as comunidades locais nas cidades. Assim, as páginas e os grupos em sites de redes sociais tornam-se espaços de divulgação de aspectos pouco abordados sobre a cultura senegalesa e as contribuições dos coletivos migrantes nas cidades gaúchas. Servem, ainda, para compartilhar as informações publicadas na mídia local, além de promover a mobilização e a aproximação entre os migrantes e, de forma ainda inicial, as comunidades locais (BRIGNOL, 2015, pág. 106).

2.5 INCLUSÃO E DIFICULDADES DE INSERÇÃO O Brasil recebe migrações desde o período de sua colonização. Porém naquela época, com a transferência forçada de africanos para sua escravatura. Recentemente, ao ouvirmos falar sobre imigrações a sociedade imaginava grandes navios com italianos, alemães e outros europeus, que vinham com propósito de branquear os cidadãos para mudança do trabalho do escravo. Por esse motivo que a vinda dos imigrantes africanos recentemente ao Brasil “traz o preconceito e o medo do outro, na reprodução de um discurso muitas vezes xenofóbico” (BRIGNOL, 2015, pág. 91). 29

Nesse contexto, também se insere a dinâmica trabalhista. A comunidade melhor remunerada precisa progressivamente de imigrantes, e a classe média baixa acabam por se tornar sua hospedagem; os imigrantes são potentes trabalhistas. É essa esfera que os caracteriza e que conduz sua realidade fundamentada nas hipóteses mercantis: aperfeiçoamento, desfrute e lucratividade. (TEDESCO;GRZYBOVSKI, 2015). Essa é uma das problemáticas da inserção com a comunidade. Ninguém pensa em interagir, de tentar conversar, muito sequer fazer amizade. Todos os veem como mão de obra barata e forte. Ainda existem princípios e preconceitos devido a história do Brasil colônia. Hoje a realidade é diferente, essas pessoas são seres humanos iguais a nós, tem necessidades como todos e necessitam interagir e socializar como todos temos. O problema não são os imigrantes, é a sociedade que não os recebe. Certamente que essa situação hoje já está melhor, já existem entidades públicas ajudando e tentando melhorar. Porém a grande maioria da sociedade ainda os vê somente como mão de obra. Pode-se exemplificar essas dificuldades conforme trecho citado a baixo: Não basta simplesmente adquirir algumas informações sobre usos, costumes ou apreensão de línguas estrangeiras para se fazer intercultura; deve-se adentrar, sim, para as problemáticas cognitivas, afetivas, sociais, desenvolver um pensamento aberto, inclusivo, que valorize os comportamentos reconhecidos no diálogo e no encontro (TEDESCO; GRZYBOVSKI, 2011, pág. 345 apud BECCEGATO, 1995; SAYAD, 2008).

Em entrevista com o presidente da Mesquita Jehani, ele apontou que a principal dificuldade de inserção com a comunidade é a comunicação, pois os imigrantes não sabem nada do português e isso dificulta muito. Em uma de suas indicações para melhorias em relação aos imigrantes, Jehani sugere que seria muito importante ter um incentivo da prefeitura para realizações de aulas de português, que já facilitaria muito sua integração e inserção com as pessoas. Em suas atividades laborais, eles procuram se comunicar através de gestos, informação essa que também pode ser confirmada por um empresário contratante (TEDESCO; GRZYBOVSKI, 2011). Outro fator que acaba por dificultar a inserção é que os imigrantes por si já são mais fechados, como eles tem que fazer o visto, que é temporário, acabam por pensar somente no trabalho, pois alegam que já que vieram para isso, o tempo precisa ser aproveitado (TEDESCO; GRZYBOVSKI, 2011). 30

2.6 CULTURA E RELIGIÃO Em todas as conversas e entrevista podemos perceber que os imigrantes no geral são muçulmanos. Conforme relatado eles crêem no profeta Maomé, e sua bíblia é o Alcorão. Maomé tinha o intuito de converter as pessoas ao islamismo, e seguindo essa linha ele fundou um governo teocrático, e designou a cidade de Medina como sua Base, a partir daí que ele criou a Mesquita para local de oração e reunião, conseguindo assim, implantar uma comunidade, não com intuito de somente difundir o islamismo, mas também de vivê-lo e praticá-lo a fim de transformá-lo em uma força (BINICHESKI, 2010). A arquitetura das mesquitas tem como característica o uso de um minarete que era uma torre bem alta, a fim de muadhin chamar os fiéis para as 5 rezas obrigatórias que eles fazem todos os dias. Em uma das ocasiões que estive presente na mesquita, o “relógio” tocou, anunciando que era hora de oração. Segundo relato, o relógio foi comprado na Arábia para este fim.

Figura 11 – Relógio com os horários das orações Fonte: do autor (2017). No relógio estão demarcados os horários das orações e os fiéis, na hora que ele é tocado, param tudo que estão fazendo para subir e fazer sua oração. 31

Outro quesito interessante sobre a cultura dos islâmicos é a questão do certificado Halal. Existem alimentos, principalmente carnes, que só é consumida por eles, se tiver o certificado Halal, que é a forma como o animal é abatido. Por esse motivo também, que muitos imigrantes conseguiram se empregar em empresas de abates de aves aqui na Região, como confirmado por Tedesco e Grzybovski: Todos são praticantes da religião islâmica e, assim, passam a ser mão de obra demandada pelos frigoríficos de aves, pois na região de Passo Fundo há vários grandes frigoríficos de aves que exportam carnes aos países árabes que seguem a religião islâmica. Estes requerem a certificação Halal para comprovar o processo de matança dos animais [...]; sua função é a sangria, isto é matar o frango, os outros são supervisores de abate. O frango, na hora da sangria, tem que estar direcionado para Meca (TEDESCO; GRZYBOVSKI, 2011, pág. 343).

Também é válido acrescer aqui, que os profissionais que são responsáveis pelo abate dos animais, diferente dos demais, tem o visto como permanente no Brasil, pois é justificado pela nacionalidade e religião, que são as características necessárias para conseguir o certificado Halal. Com todas as dificuldades de inserção que existem entre os imigrantes e a sociedade, o que eles mais insistem é que necessitam de condições para construir uma mesquita, que assim, será viável a integração entre os imigrantes, e posteriormente a intenção é que a comunidade conheça sua religião, além disso é difícil ter integração entre culturas e hábitos pela falta de saber falar o português (TEDESCO; GRZYBOVSKI, 2011).

2.7 ESTUDOS DE CASO Neste capítulo serão apresentados estudos de caso para auxiliar na análise e concepção do projeto do Centro de Integração Social e Abrigo Temporário para Imigrantes em Passo Fundo – RS. Porém, como o grande fluxo de imigrações é uma problemática recente, não foram encontrados projetos com informações suficientes para uma análise mais aprofundada. Portanto, serão utilizados estudos de caso de Abrigos para Moradores de Rua, ou pessoas em situações de rua, que é um tema semelhante, e também mesquitas, que é a principal forma de expressão arquitetônica em relação a religião islâmica praticada pelos imigrantes.

2.7.1 Austin Resource Center for the Homeless

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2.7.1.1 Autor e localização do projeto O projeto em questão é um abrigo de emergência e serve como um local de encontro e centro de apoio de ajuda para pessoas sem teto. Está localizado na cidade de Austin Texas, nos Estados Unidos. A equipe contratada foi a LZT Architects, sua conclusão foi em 2004 e possui 8.168m².

2.7.1.2 Implantação O projeto está localizado em um campo antigo no centro de Austin, atendido por várias linhas de transportes coletivos a sua volta. O projeto também contempla estacionamento privativo, bicicletário e uma estação de energia para carros que usam esse tipo de combustível. Existe uma forte conexão entre o interior e o exterior do edifício, devido ao uso de grandes janelas e pele de vidro que permitem a entrada de luz natural e proporciona uma vista da cidade em mais de 90% de seus cômodos. Materiais que tem baixas emissões de compostos orgânicos voláteis colaboram para a criação de um ambiente saudável. Visando uma maior conexão com a sociedade, o projeto proporciona espaços abertos e acessíveis, se abrindo para a rua através de um pátio e uma entrada envidraçada com pé-direito duplo. As grandes aberturas permitem que quem está do lado de fora enxergue o que acontece no interior do edifício, além de ter um pátio externo sombreado que acaba sendo usado pelo sem-teto; o que acaba de forma indireta trazendo uma conexão com esses indivíduos. O edifício procura remeter uma atitude de divulgação, abertura, acessibilidade e respeito pelos moradores de rua. Com os recursos dessa edificação, acaba permitindo uma abrangência de longo alcance na cidade.

Figura 12- Austin Resource center for the homeless Fonte: aiat opten. 33

Conforme pode ser analisado por essa imagem, não existem edificações em altura próximas ao edifício, e ele mantem um padrão de altura com o entorno.

2.7.1.3 Programa de Necessidades O projeto tem 3 andares, neles estão distribuídos nos seguintes ambientes: 1º andar – Recepção, Lavanderia, Vestiários, Sala de Informática, clínicas, elevadores e estacionamento. 2º andar – Terraço ao ar livre, cantina, cozinha, sala de conferência, sala de reuniões compartilhada, escritório aberto, terraço, área médica, banheiros masculino e feminino e sala multiuso. 3º andar - Banheiro, escritórios, dormitórios e um terraço ao ar livre.

2.7.1.4 Funcionalidade No primeiro andar encontramos os acessos e setores de serviço e atendimento ao público. No segundo andar encontramos o setor de lazer e descanso com cantina e terraço ao ar livre, assim como setores de escritórios para a comunidade e banheiros. No terceiro andar exclusivamente setor privado, onde encontra-se os dormitórios e banheiros e também um terraço ao ar livre. A funcionalidade do edifício é boa, pois possui todos os setores necessários para um bom atendimento ao público alvo. 34

Figura 13- Planta baixa 1º pavimento Fonte: Fonte: aiat opten.

Figura 14 – Planta Baixa 2º pavimento. Fonte: Fonte: aiat opten 35

Figura 15 – Planta Baixa 3º pavimento Fonte: Fonte: aiat opten

2.7.1.5 Forma

Figura 16 – Fachada Fonte: Fonte: aiat opten. O telhado possui um revestimento refletor que para reduzir as cargas de refrigeração no interior do edifício. Também foi utilizado sistema de coleta da água da chuva e o uso de vidros implica em 20% menos gasto de energia do que as edificações comuns. O sistema de basculantes empilhadas reduziu a quantidade de acabamentos, subprodutos foram utilizados para uma melhor qualidade e durabilidade do edifício. 36

Pode-se concluir que este projeto tem uma grande preocupação com a sustentabilidade e a eficiência energética da edificação, materiais renováveis assim como incentivo a meios de transporte não poluentes.

Figura 17 e 18 – Fachada com materiais sem acabamento, mas com durabilidade. Fonte: aiatopten 2.7.2 Mesquita Al-Islah

2.7.2.1 Autor e localização do projeto O projeto da mesquita foi criado pelo escritório Formwerkz Architects para atender a comunidade muçulmana de Punggol em Singapura. A mesquita conta com uma área de 3700m² e tem capacidade para 4500 pessoas. A ideia dos arquitetos era fazer uma mesquita aberta, como um componente integrante da comunidade. Também com intuito de obter melhores visuais, acessibilidade e uma liberdade climática, e principalmente fazer com que as pessoas possam conhecer e obter uma compreensão religiosa.

2.7.2.2 Implantação A mesquita está localizada na densa cidade de Punggol em Singapura. A principal ideia dos arquitetos era fazer uma mesquita aberta para que tenha uma maior conexão com o exterior, como forma de atrair a comunidade a conhecer e obter uma maior compreensão religiosa. Para isso foram utilizadas grandes aberturas. No terreno de implantação do projeto existem bastante espaços livres em sua malha urbana, o que acabou permitindo uma maior conexão visual com o bairro, e também maior luminosidade e ventilação natural. Além dessa porosidade no entorno, existem prédios em altura, mas ficam todos atrás da mesquita, o que não 37 interfere em sua fachada e no seu visual deslumbrante e chamativo em relação aos demais edifícios do bairro.

Figura 19 – Mesquita Al-Islah e seu entorno Fonte: ArchDaily, 2017.

Figura 20 – Grandes aberturas da mesquita Al-Islah proporcionam conexão com o externo Fonte: ArchDaily, 2017. 38

2.7.2.3 Programa de Necessidades O projeto conta com 3 blocos: o bloco principal de oração, o centro de aprendizado islâmico e o bloco administrativo. Porém também é usado como áreas de eventos e atividades que servem para as três funções do programa.

Figura 21- Programa e funções do projeto Fonte: ArchDaily, 2017.

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Nos blocos da figura programa, a cor azul é identificada como o salão de oração, a cor amarela o centro administrativo e a cor verde seminário, que também é usado para eventos e conforme for a necessidade dos usuários. No bloco circulação, a cor verde foi usada para circulação horizontal, enquanto a amarela para circulação vertical.

2.7.2.4 Funcionalidade Foi elaborada uma planta livre em que a sala de oração é acessada e visualizada por todos os lados, pois não existem muros externos não deixando criar a ideia de distinção entre a mesquita e a rua. Os 3 blocos do projeto são ligados por terraços ajardinados a partir da rua, formando plataformas elevadas que se tornam uma praça pública.

Figura 22 – Sala de orações aberta Fonte: ArchDaily, 2017.

2.7.2.5 Forma O projeto possui 3 blocos que se conectam entre si. A ideia dos 3 blocos distintos foi criada pelos arquitetos para trazer uma maior porosidade ao edifício. As fachadas possuem telas arabesca para um maior conforto climático, mas também servem para uma ideia de união com o minarete que fica no pátio, transmitindo uma maior imponência do interno com o externo, e com o entorno, e também como pode ser verificado na figura 21 no item ventilação, por ter esses blocos distintos, acaba tendo um conforto térmico pois existe ventilação em todo prédio. 40

Figura 23 – Relação do edifício com o Minarete Figura 24 – Tela Arabesca Fonte: ArchDaily, 2017. Fonte: ArchDaily, 2017.

Figura 25 – Maquete Volumétrica Fonte: ArchDaily, 2017. 41

Figura 26 – Corte Fonte: ArchDaily, 2017.

CAPÍTULO 3: DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO

3.1 INTRODUÇÃO AO CAPÍTULO Nesta parte será apresentado o diagnóstico da área de implantação do projeto, bem como um estudo de seu entorno imediato.

3.2 CONTEXTUALIZAÇÃO REGIONAL

Figura 27 – localização de Passo Fundo no Estado do Rio Grande do Sul Fonte: Wikipédia (2017).

42

Figura 28- Mapa da cidade de Passo Fundo Fonte: Prefeitura Municipal de Passo Fundo - adaptado pelo autor (2017).

Passo Fundo fica localizado no Norte do Rio Grande do Sul e é considerada a maior cidade dessa região. Conforme censo do IBGE de 2017, tem uma população de aproximadamente 198.799 habitantes. É uma das cidades mais densas do estado pelo seu grande número de edifícios, o PIB do município, em 2014 foi de R$ 7.382.563,98 e a renda per capita, de R$ 37.739,31. Conhecida como “Capital do Planalto Médio“ e “Capital Nacional da Literatura”, pois na cidade ocorre anualmente o evento Jornada Nacional da Literatura, reunindo vários autores e músicos que vem prestigiar o evento. A implantação do projeto será na Rua Morom, no bairro Boqueirão. Este bairro é considerado o segundo mais importante da cidade, e mais completo. 43

Figura 29- Terreno de implantação do projeto Fonte: Google Earth – adaptado pelo autor, 2017

O terreno utilizado era a antiga sede do Esporte Clube Gaúcho, após, o terreno foi vendido e nele foi construído o Estádio Wolmar Salton, que foi demolido em 2014.

3.3 MAPA NOLLI, USO DO SOLO E ALTURA DAS EDIFICAÇÕES

Figura 30 – Mapa Nolli 44

Fonte: Prefeitura Municipal de Passo Fundo, adaptado pelo autor, 2017.

Conforme podemos verificar no mapa, essa área da cidade é muito edificada. Porém, conforme pode-se analisar, a área com maior concentração de edificações é a que se aproxima dos arredores do centro. Nas áreas que vão se afastando do centro, o número de edificações vai diminuído significativamente. Isso porque existe as áreas verdes e de mata que mantem-se preservadas. Entretanto é um local que tende a se expandir para essa área da região, já que existe a Faculdade de Odontologia – Fasurgs e várias outras instituições de ensino.

Figura 31 – Mapa de uso dos solos Fonte: Prefeitura Municipal de Passo Fundo, adaptado pelo autor.

O entorno do terreno, bem como essa área do bairro, é caracterizado como residencial. Existem muitas áreas de mata, porém parques e praças são somente nos canteiros centrais da avenida Brasil. Há também um número significativo de escolas, e também a Faculdade Fasurgs. 45

Figura 32 – Mapa de alturas Fonte: Prefeitura Municipal de Passo Fundo, adaptado pelo autor (2017).

Nos quarteirões do entorno do terreno, a maioria das edificações são baixas, de 1 ou 2 pavimentos, ao passo que os quarteirões vão se aproximando do centro, as edificações em altura começam a aparecer mais.

3.4 INFRAESTRUTURA URBANA Neste capítulo serão apresentados estudos de infraestrutura urbana, para analisar e especificar os pontos positivos e os pontos a melhorar, afim de amenizar os problemas existentes e diagnosticar os problemas que podem ocorrer futuramente.

3.4.1 Rede Viária As ruas que compõem o entorno do terreno são: Morom, Diogo de Oliveira, Mascarenhas e Independência. O leito carroçável da rua Morom fica em torno de 9,3m, calçadas de 3,1m com estado de conservação bom de ambos. Na rua Diogo de Oliveira o leito carroçável é de 14m e as calçadas 2m, com estado de conservação não muito bom e em alguns trechos as calçadas estão quebradas pelo fato das raízes das árvores estarem saindo para fora. A rua Mascarenhas tem uma pavimentação mista: em partes basalto e outras em asfalto. Seu leito carroçável é de 46

12m e as calçadas 1,5m. Pode-se considerar em bom estado de conservação, as calçadas também estão conservadas. Porém tem trechos que não tem calçada. A rua Independência tem leito carroçável de 9m e calçadas 2m. Pavimentação em basalto e estado de conservação bom. Em relação ao fluxo das vias em torno do terreno, em sua maior parte é moderado, exceto no horário de pique, que o fluxo é intenso até pelo fato de existirem escolas e também a faculdade.

Figura 33 – Infraestrutura Urbana, rede viária. Fonte: Google Earth, adaptado pelo autor.

3.4.2 Rede de água O ponto de distribuição de água potável para o terreno em estudo vem da E.T. 1 e E.T 2 da CORSAN Vila Rodrigues, conforme mostrado no mapa.

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Figura 34 – Distribuição de água potável Fonte: Google Earth, adaptado pelo autor, 2017.

As Tubulações são de água fria, DN 50 – 60 – 75 mm para a maioria dos lotes do entorno do terreno, e DN 200mm para a rua Diogo de Oliveira, seguindo para a Av. João Catapan, como mostra o mapa a seguir:

Figura 35 – Expessura das tubulações e suas distribuições Fonte: Corsan, adaptado pelo autor.

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3.4.2 Rede de Esgoto Cloacal, Pluvial, Rede de Energia e Vegetação existente O local de intervenção não contém Sistema de Tratamento de Esgoto. Portando, a alternativa será fazer o sistema de Fossa – Filtro - Sumidouro. Sobre a coleta de água pluvial, existem várias fossas nas ruas em torno do lote, que colaboram com sua coleta. O entorno do lote é bem iluminado, pois existe grande número de postes de energia elétrica. Existem várias árvores junto às calçadas e em torno da faculdade Fasurgs e do Instituto Menino Deus é preservada mata nativa. Porém, não existe nenhuma praça ou parque que comporte grande número de pessoas. As praças existentes ficam nos canteiros que dividem a Av. Brasil. Todos esses dados sobre infraestrutura Urbana podemos analisar no mapa a seguir:

.

3.3.5 CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS DO TERRENO Deve conter textos e explicativos e mapa com as seguintes informações: - dimensões do terreno; - topografia; - projeção de sombra; - ventos dominantes; - orientação solar; - vegetação existente; - visuais do terreno e entorno imediato (skyline)

- orientação solar; - vegetação existente; - Figura 36 – Marcação de rede de esgoto cloacal, pluvial, energia e vegetação Fonte: Google Earth, adaptado pelo autor, 2017.

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3.5 CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS DO TERRENO

Figura 37 – Dimensões do Terreno Fonte: do autor (2017)

Conforme especificado na imagem, o terreno possui 22.396 m² de área. A área de implantação do projeto possui uma infraestrutura boa, com todos os equipamentos urbanos necessários ao seu redor, como água potável, rede pluvial e energia elétrica até pelo fato de ser um bairro habitado à tempo. Não existem vegetações no terreno, apenas aos seus arredores, como já mostrado nos mapas e figuras anteriores. Na figura 30 podemos ver as características específicas do terreno, como topografia, projeção de sombra, ventos dominantes e orientação solar.

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Figura 38 – Características específicas do terreno Fonte: do autor, 2017.

O terreno possui declive de 1,5m, como podemos ver na figura 39:

Figura 39 – Declividade do terreno Fonte: do autor, 2017.

3.6 SÍNTESE DE LEGISLAÇÕES E NORMATIVAS Conforme Mapa de Zoneamento Urbano, o terreno encontra-se situado na Zona de Uso Especial (ZUE).

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Figura 40 – Localização da área do Terreno Fonte: Prefeitura Municipal de Passo Fundo, adaptado pelo autor, 2017.

Conforme Anexo 02 da tabela de usos da Prefeitura Municipal de Passo Fundo, o projeto está encaixado em duas atividades: CS.18 – Serviços Profissionais: Entidades de classe/ Social/ Serviços/ Assistencial/ Científica-cultural. CS.20 – Serviços de Alojamento Tipo I: Casa de Apoio Assistencial. No anexo 04 do mapa de uso do solo da Prefeitura Municipal de Passo Fundo, o uso CS.18 está Conforme (C), e o uso CS.20 está Permissível (P).

Figura 41 – Mapa de uso do Solo Fonte: Prefeitura Municipal de Passo Fundo, adaptado pelo autor, 2017.

De acordo com a lei complementar nº 170, de 09 de outubro de 2006, que dispõe sobre o Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado – PDDI do Município de Passo Fundo em seu Art. 1º Fica definido para a Zona de Uso Especial, previsto no artigo 59 da Lei Complementar nº 170/2006 em que se localiza o imóvel do Sport Club Gaúcho de Passo Fundo/RS, os seguintes índices urbanísticos: 52

TO = 80% para subsolo, térreo, superiores acima do térreo, cotados da soleira de entrada do prédio até a laje de forro do último pavimento estabelecido dentro da altura máxima de 10m; TO 60% para os demais pavimentos. CA = 3,6.

CAPÍTULO 4: CONCEITO E DIRETRIZES PROJETUAIS

4.1 INTRODUÇÃO Nesta parte será apresentado o conceito de projeto e suas principais diretrizes.

4.2 CONCEITO DO PROJETO O conceito do projeto se trata da integração e inserção social da comunidade para com o edifício, para que haja uma maior proximidade dos imigrantes com a comunidade em geral. Os edifícios serão localizados de forma que não exista uma barreira para que os visitantes não pensem que não são bem-vindos. A ideia é fazer com que as pessoas se cruzem dentro da edificação sem que haja uma separação entre elas. Os materiais serão escolhidos de forma que as pessoas sintam curiosidade de conhecer um pouco mais da cultura, religião e costumes dos imigrantes, chamando a atenção de todos. Portanto, o conceito do projeto se trata em trazer a comunidade ao edifício, para que haja interação e, principalmente, integração entre pessoas.

4.3 DIRETRIZES DE ARQUITETURA Com o conceito chamando as pessoas para dentro do edifício, despertar a curiosidade e a vontade de estar em um espaço novo, com experiências novas a fim de querer conhecer o novo horizonte dos imigrantes, para proporcionar um enriquecimento cultural. A integração e a conexão entre espaço privado + semiprivado + púbico cria uma ideia de um edifício como conector simbólico a fim de promover o encontro para o novo e sua compreensão. Uma característica da arquitetura islâmica é a riqueza da decoração: a confecção de cerâmicas, vidros, a transcrição de manuscritos e o artesanato de madeira ou metal também são muito importantes na cultura islâmica. A cerâmica é um dos primeiros mecanismos de decoração dos muçulmanos e manter formas geométricas como o quadrado e o cubo se torna uma preocupação na arquitetura. 53

Tudo sempre foi organizado a partir da geometria. Uma das principais características da arquitetura islâmica é sua subjetividade. É conhecida como uma “arquitetura preservada”. Suas formas e sua fachada não revelam sobre a ocupação da edificação. Seus ambientes externos não desvendam o interior dele que, na maioria das vezes, é mais esplêndido e ornamentado. Os ornamentos são feitos a partir de cores e texturas, variando com o uso de pinturas, azulejos, mosaicos e formas geométricas desenhadas em outros materiais. Os materiais entram em harmonia com os elementos da natureza: luz, água e vegetação. A ornamentação é usada para criar valores contrários a tectônica da edificação, criando assim uma sensação de não-substancialidade da estrutura, sensação de leveza, ideia de espaço infinito. São com esses conceitos de arquitetura islâmica que serão usados materiais e forma que sejam capazes de traduzir sua infinidade e grandiosidade, a fim de realmente atrair as pessoas, e se sentirem sempre convidadas a estarem na edificação.

4.4 DIRETRIZES URBANÍSTICAS Para trazer a comunidade ao edifício, a não utilização de muros é essencial, o passeio será prolongado de maneira que faça a ligação entre a rua Morom e Independência, já que essas são interrompidas pelo terreno. Fazer uma conexão de pedestres a fim de usar o espaço como meio democrático utilizando o paisagismo para expô-las ao novo de forma sutil. Para fazer essa ligação, serão utilizados pilotis, para que as pessoas adentrem em um espaço aberto, apreciando a natureza e uma galeria interna no edifício para ir conhecendo um pouco mais da cultura, costumes e religião dos imigrantes. A criação de áreas verdes e de um parque, será bem-vinda para a região de implantação do projeto, já que não existe uma praça central naquela área, e aos arredores existem escolas e também uma faculdade, onde esse espaço servirá de convivência. 54

Figura 42 – imagem interna de mesquita Figura 43 – Imagem de mesquita Fonte: Casa Vogue Fonte: Pure Viajem

Imagem 44- Principais arcos islâmicos Fonte: Google, 2017.

CAPÍTULO 5: PARTIDO GERAL

5.1 INTRODUÇÃO Nesta parte será apresentado o partido geral do projeto.

5.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES

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Tabela: apresentação do programa de necessidades para o projeto. Setor Privado Setor Administrativo Setor Público Comércio de Artigos e Abrigo com alojamentos Administrativo Roupas típicas da cultura masculinos (100 pessoas) islâmica Alojamentos tipo família (5 Sala para Entidades Área de lazer Externas famílias) públicas Alojamentos feminino (10 Salas multiuso Playground pessoas) Banheiros femininos e Sala de reunião Praça masculinos coletivos Quadra poliesportiva para Cozinha Banheiro encontros esportivos Espaço para Refeitório Copa confraternização Sala de uso comum Mesquita Sala informática Estacionamentos Sala de Espera Lavanderia Banheiros públicos Ateliê de Costura Tabela 1 – Programa de necessidades do projeto Fonte: do autor (2017).

5.3 ORGANOGRAMA E FLUXOGRAMA

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Figura 45- Organograma Fonte: do autor (2017).

Figura 46 – Fluxograma do Abrigo Fonte: do autor (2017). 57

Figura 47 – Fluxograma dos setores administrativo e público Fonte: do autor (2017).

5.4 PROPOSTAS DE ZONEAMENTO

Figura 48- proposta de zoneamento 01 Fonte: do autor (2017). 58

Essa proposta, tem como critério principal a divisão dos espaços de forma a manter a privacidade de cada local. Ocupa bem o espaço do terreno. Porém ficou com espaço de praça pequeno, poderia ser maior, e o abrigo em si ficou muito na orientação Sul, o que não é muito favorável, ainda mais para os imigrantes, que vem de regiões extremamente quentes, e o frio para eles é muito ruim.

Figura 49- proposta de zoneamento 02 Fonte: do autor (2017). Nessa proposta foi usado um eixo linear, deixando a mesquita no centro voltada para o pátio. Diferente da proposta anterior, essa ficou com um grande pátio podendo trabalhar bastante áreas verdes. Entretanto, como a intenção é fazer uma galeria cultural no térreo para que as pessoas conheçam mais da cultura e haja uma maior integração social e fazer a ligação entre a Rua morom e a Rua Independência, o que acaba por estender demais o caminho fazendo esse eixo em L. O pedestre terá que percorrer todo o terreno para conseguir chegar na outra rua, vai acabar acontecendo que eles desviarão o edifício e passarão pela praça, onde é o caminho mais curto.

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Figura 50- proposta de zoneamento 03 Fonte: do autor (2017). Essa foi a proposta escolhida, pois foi a que melhor resolverá o programa e o conceito. Com um eixo linear que se estabelece no menor trajeto para fazer a ligação entre as ruas Morom e Independência, estimula as pessoas querer passar por ele, e como consequência elas irão olhar e conhecer a cultura dos imigrantes. Como a mesquita é a melhor forma de tradução da arquitetura islâmica, foi utilizado um pátio com uma fonte d’água, direcionado a praça para sua frente e quem passa na rua Morom (que é mais movimentada que a independência nesse trecho), consegue visualizar sua beleza e exuberância. O abrigo, ficando localizado em cima da galeria onde as pessoas irão passar, estimula para que haja um encontro entre eles, o que ajudará em sua interação com a comunidade, além de o abrigo também estar localizado na posição solar mais favorável.

CAPÍTULO 6: CONSIDERAÇÕES FINAIS Conforme dados apresentados, estudos realizados e análises feitas, podemos perceber a importância do Abrigo e da Mesquita para os imigrantes, que atualmente encontram-se em uma cidade que não possui infraestrutura adequada e nenhum 60

órgão público competente para atender a essas pessoas. O abrigo irá solucionar o problema dos imigrantes que chegam a cidade e não tem moradia, irá amenizar a questão burocrática de documentação, visto temporário e também encaminhá-los para um emprego para sua sustentação, contando com um centro administrativo competente para essas funções. A mesquita, local sagrado para suas orações, irá solucionar os problemas que os seguidores sofrem hoje: aproximadamente 1000 fiéis, e um espaço de no máximo 200 lugares. E principalmente, a integração social entre os imigrantes e a comunidade Passo-fundense, pois será realizado um projeto urbanístico com um local para lazer, com praças e playground para a comunidade usufruir juntamente com os imigrantes, assim como uma quadra poliesportiva para eventos esportivos.

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