Anais do XII Encontro de Ciências da Vida “Valorização da Pesquisa Científica e Conscientização do uso de Recursos Naturais”

Ilha Solteira – 2018

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XII Encontro de Ciências da Vida “Valorização da Pesquisa Científica e

Conscientização do uso de Recursos Naturais”

ANAIS

Edição: FEIS/UNESP

Organizadores: Cristiéle da Silva Ribeiro Vitor Emanuel Gomes Batista

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FICHA CATALOGRÁFICA

Elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação

Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação da UNESP - Ilha Solteira.

Encontro de Ciências da Vida (12. : 2018 : Ilha Solteira). E56a Anais [do] XII Encontro de Ciências da Vida [recurso eletrônico] / organizadores: Cristiéle da Silva Ribeiro, Vitor Emanuel Gomes Batista. -- Ilha Solteira : Unesp/FEIS, 2018 240 p. : il.

Inclui bibliografia e índice Temática do evento: Valorização da pesquisa científica e conscientização do uso de recursos naturais ISBN 978-85-5722-231-1

1. Ciência e tecnologia - Congressos. 2. Pesquisa - Congressos. 3. Recursos naturais - Congressos. 4. Formação profissional - Congressos. 4. Ciência e civilização - Congressos. I. Ciências Biológicas. II. Engenharia Agronômica. III. Zootecnia. IV. Valorização da pesquisa científica e conscientização do uso de recursos naturais.

CDD 570.7

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Sumário

Anatomia da artéria coronária do coração de Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758) ...... 12 Anatomia das artérias coronárias do coração de Ara ararauna (Linnaeus, 1758) de vida livre ...... 14 Anatomia do baço de jaguatirica (Leopardus pardalis, linnaeus 1758) ...... 16 A importância do Bioma Cerrado para alunos do quinto ano do ensino fundamental I (Ilha Solteira, SP) ...... 18 Antes eu sonhava com a UNESP, agora nem durmo: Influência do semestre letivo sobre a qualidade do sono ...... 20 As Cooperativas de Reciclagem e a gestão dos resíduos sólidos urbanos: estudo de caso do município de Ilha Solteira (SP) ...... 22 A utilização de curtas-metragens socioambientais como ferramenta para educação ambiental no ensino formal ...... 24 Avaliação da concentração de nutrientes na água do córrego do Ipê, município de Ilha Solteira-SP...... 26 Avaliação do metabolismo proteico de Geophagus proximus no reservatório de Jupiá, Ilha Solteira-SP ...... 28 Capacidade de Crescimento, Nodulação e Potencial para Fitorremediação de Cajanus Cajan em Solos Contaminados por Cobre ...... 30 Caracterização da morfologia testicular do peixe anual Hypsolebias janaubensis (Cyprinodontiformes, Rivulidae)...... 32 Composição florística da vegetação regenerante em área degradada em processo de recuperação no Cerrado ...... 34 Descrição anatômica de sistemas subterrâneos de uma espécie de Mimosa do Cerrado adaptada ao fogo ...... 35 Enquadramento das águas doces superficiais no Brasil e a diretiva quadro da União Europeia para as águas: um estudo comparativo ...... 38 Estabelecimento in vitro de Passiflora giberti ...... 40 Estabelecimento in vitro de Passiflora setacea ...... 42 Índice de qualidade da água do córrego do Ipê no município de Ilha Solteira/SP ...... 44 Influência do canal Artificial de Pereira Barreto, sobre aspectos alimentares de Geophagus proximus no rio São José dos Dourados, SP ...... 46 Influência de diferentes tipos de substratos no desenvolvimento de mudas de capuchinha anã e capuchinha simples...... 48 Inventario florístico da ilha fluvial de Ilha Solteira ...... 50

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Investigação da ação do DMSO em células normais e de câncer de colo de útero ...... 52 Levantamento da arborização urbana do Jardim Santa Catarina – Ilha Solteira / SP: Rua Joaçaba ...... 56 Levantamento Fitossociológico da Fazenda Escola em Garça/SP ...... 58 Lobação pulmonar de tamanduá mirim (Tamandua tetradactyla – Linnaeus, 1758) de vida livre ...... 60 Morfologia do plexo lombossacro Puma concolor( Linnaeus, 1771) ...... 62 Mortalidade de fêmeas de Astyanax altiparanae (Characiformes, Characidae) submetidas ao contato macho-fêmea ...... 64 Observação direta do comportamento de predação de Lobo-Guará (Chrysocyon brachyurus Illiger 1815) no município de Ilha Solteira-SP ...... 66 Ocorrência de monogenéticos em Serrasalmus maculatus (Characiformes, Serrasalmidae) no reservatório de Ilha Solteira, rio Grande-SP: dados parciais ...... 68 Parasitas branquiais em duas espécies de arraias do gênero Potamotrygon no município de Castilho, SP: Dados parciais...... 70 Plantas medicinais: reconhecimento e percepções ...... 71 POLUIÇÃO DA ÁGUA: ATIVIDADES COM ALUNOS DO 5º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL I (ILHA SOLTEIRA, SP)...... 74 Potencial para fitorremediação de Calopogonium mucunoides em solos contaminados por boro ...... 77 Percepção da utilização de flores e plantas artificiais no Restaurante Universitário da UNESP – Campus de Ilha Solteira/SP ...... 79 QUALIDADE DE RELATÓRIOS DE IMPACTO AMBIENTAL: ESTUDO DE CASO DO APROVEITAMENTO HIDRELÉTRICO “BELO MONTE”...... 81 Tolerância e potencial para fitorremediação Inga fagifolia em solos contaminados por chumbo...... 83 Tolerância e potencial para fitorremediação de Inga uruguensis em solos contaminados por chumbo ...... 85 Variação cromática em filhotes de Potamotrygon amandae: Variação, herdabilidade ou camuflagem? ...... 87 Perfil lipídico uterino de Potamotrygon falkneri na região de Castilho, Alto Rio Paraná, SP, Brasil ...... 89 Aumento de proliferação das células germinativas de Astyanax altiparanae (Characidae) submetidos à elevada temperatura da água ...... 92 Avaliação gonadal e hepática de reprodutores de Gymnocorymbus ternetzi, submetidos a dieta rica em aminoácidos essenciais (Ω3)...... 95 Células Rodlet no tubo digestivo de Gymnocorymbus ternetzi ...... 97 Composição da dieta de Cichla kelberi (Teleostei: Perciformes: Cichlidae) no reservatório de Jupiá, rio Paraná ...... 99

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Composição da dieta de Geophagus proximus (Perciforme, Cichlidae) no reservatório de Jupiá, rio Paraná-SP ...... 101 Descrição morfológica do fígado de Pimelodus cf. platicirris (Siluriforme) ...... 103 Efeitos da temperatura e do pH sobre a atividade da xilanase produzida por fungo mesofílico...... 105 INVERTEBRADOS DE SOLO COMO BIOINDICADOR DO PROCESSO DE FERTIRRIGAÇÃO DE EFLUENTES DE CURTUME ...... 107 Levantamento fitossociológico visando a identificação de espécies com potencial para projetos de recuperação de áreas degradadas no Cerrado ...... 109 Nível de sensibilidade ao frio dos embriões de Astyanax altiparanae Garutti & Britski, 2000 (Teleostei: Characidae)...... 111 Ocorrência de crustáceos ectoparasitas em Serrasalmus maculatus no reservatório de Jupiá, rio Paraná - SP ...... 113 O que os peixes comem? A influência de uma piscicultura em tanques-rede sob a dieta de cinco espécies de peixes silvestres, rio Grande, SP ...... 115 Piscicultura em tanques-rede pode influenciar na relação peso-comprimento e fator de condição relativo de Pimelodus cf. platicirris no rio Grande/SP? ...... 117 Plasticidade trófica de Oreochromis niloticus oriundos do reservatório de Ilha Solteira, rio Grande ...... 119 Relação peso-comprimento e índice hepatossomático de Plagioscion squamosissimus sobre a influência da piscultura em tanque-rede...... 121 Viabilidade dos embriões de Astyanax altiparanae, provenientes de parentais alimentados com ômega 3, após exposição à crioprotetores...... 123 Territorialidade do Vireo gundlachii (Aves: Vireonidae) na Reserva Ecológica de Siboney - Juticí, Santiago de Cuba, Cuba ...... 125 Análise econômica da produção de lima ácida Tahiti (Citrus latifolia): Estudo de caso de uma propriedade no município de Itajobi ...... 128 Análise econômica da produção de olerícolas no município de Ilha Solteira-SP...... 130 Análise econômica de apiário no município de Água Clara/MS ...... 132 Concentrações de macronutrientes nos grãos de milho em função de misturas de bactérias promotoras de crescimento de plantas, visando a redução da adubação nitrogenada ...... 134 Concentrações de micronutrientes nos grãos de milho em função de misturas de bactérias promotoras de crescimento de plantas, visando a redução da adubação nitrogenada ...... 136 Controle químico de Chrysodeixis includens na cultura da soja, em condições de campo...... 138 Densidade básica da madeira de espécies arbóreas de cerrado no Município de Três Lagoas - MS ...... 140

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Efeito de herbicidas no controle de Digitaria insularis na cultura da soja, em condições de campo ...... 142 Efeitos da inoculação de bactérias promotoras de crescimento nos aspectos produtivos e produtividade do arroz de terras altas ...... 144 Embebição de sementes e crescimento inicial de plântulas de Pitomba (Talisia esculenta L.) ...... 146 Estabelecimento inicial de Passiflora caerulea em duas concentrações de meio MS .. 148 Estabelecimento inicial de Passiflora foetida em concentrações de meio para conservação in vitro ...... 150 Estabelecimento in vitro de Passiflora tenuifila em duas concentrações de meio MS . 152 Germinação de Boca-de-Leão em diferentes substratos comerciais...... 154 Morfometria de frutos e sementes de Pitomba (Talisia esculenta L.) ...... 156 Morfometria de sementes de Cambuci (Campomanesia phaea L.) ...... 158 Produção de biomassa do eucalipto aos 6,5 anos de idade em função da adubação fosfatada ...... 160 Produção de biomassa do eucalipto aos 6,5 anos de idade em função da adubação nitrogenada ...... 162 Produtividade do eucalipto aos 54 meses de idade em resposta a adubação fosfatada . 164 Produtividade do eucalipto aos 54 meses de idade em resposta adubação potássica .... 166 Qualidade industrial de arroz de terras altas em função da inoculação de Bacillus amyloliquefasciens ...... 168 Análise econômica da produção de soja com a reaplicação superficial de calcário e gesso no município de Selvíria – MS ...... 170 Avaliação da cobertura do solo com vegetação nativa em área de cerrado fortemente antropizada, após processos de restauração ecológica ...... 178 Componentes de produção e produtividade do arroz de terras altas inoculado com Bacillus subtilis via foliar ...... 180 Qualidade industrial de grãos integrais de arroz em função da inoculação de bactérias promotoras de crescimento ...... 182 Análises morfológicas do tubo digestivo de Gymnocorymbus ternetzi ...... 185 (Teleostei; Characidae) ...... 185 Anatomia dos Musculus Papillaris de corações de Bubalus bubalis ...... 187 Aves recebidas no Centro de Conservação da Fauna Silvestre de Ilha Solteira (CCFS) ...... 189 Caracterização histológica da trabeculae septomarginales em Bubalus bubalis (Linnaeus, 1758) do cerrado brasileiro ...... 191 Classificação de coeficientes de variação em experimentos com suínos industriais ..... 193 Classificação de índices de variação, a partir de trabalhos com poedeiras comercias. . 195

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Classificação de índices de variação calculados a partir de artigos científicos na área de avicultura de postura...... 197 Custos e rentabilidade da produção de milho verde em Franca/SP: um estudo de caso 199 Efeito da suplementação de vitamina E (α-tocoferol), na composição de filés de Prochilodus lineatus (VALENCIENNES, 1847) ...... 201 Efeitos da suplementação de óleo de peixe na dieta de zebrafish (Danio rerio): análise de tecido gonadal ...... 203 Enriquecimento ambiental em sistema de produção de caprinos: respostas a estímulos e interação com o homem ...... 205 Ganho de peso de bovinos ½ sangue Angus e Nelore PO em diferentes épocas de pesagem sob pastejo intensivo ...... 208 Prevalência de tuberculose bovina em animais abatidos no noroeste do Estado de São Paulo...... 210 Proposta de classificação de coeficiente de variação em experimentos com bovinos leiteiros...... 212 Regressão linear segmentada com platô para estimativa do tamanho ótimo de parcela em experimentos com gado de leite ...... 214 Relação da temperatura cutânea com o comportamento de cabras mestiças na região de Ilha Solteira-SP ...... 216 Tamanho ótimo de parcela pelo método de regressão linear segmentada com platô para poedeiras comerciais utilizando Índice de variação...... 218 Tempo ótimo de mistura de ração em misturador vertical ...... 220 A RELAÇÃO DO ÍNDICE GONADOSSOMÁTICO (IGS) E IDADE DE MACHOS DE Brycon orbignyanus (CHARACIFORMES: CHARACIDAE) ...... 228 Efeito do contato macho-fêmea na redução da mortalidade de machos de Astyanax altiparanae (Characiformes: Characidae) ...... 230 Estudo comparativo dos parâmetros hematológicos e bioquímicos de equinos naturalmente parasitados ...... 232 PERDAS DE MASSA SECA DE SILAGENS DE SORGO APÓS A REENSILAGEM ...... 234 Relação peso-comprimento e índice hepatossomático de Plagioscion squamosissimus sobre a influência da piscultura em tanque-rede...... 236

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RESUMOS DA GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

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Anatomia da artéria coronária do coração de Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758)

Valentina Pasquali Bossardi*(1), Maria Luiza Ribeiro Delgado(1), Kelly Costa Barboza(1), Lúcio de Oliveira e Sousa(2), Elisângela Medeiros Melo de Lima(3), Alan Peres Ferraz de Melo(3) ,

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Laboratório de Anatomia. E-mail: [email protected] 2CCFS/CESP, Médico-veterinário, Centro de Conservação da Fauna Silvestre/CESP 3UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Laboratório de Anatomia.

Introdução O Leopardus pardalis conhecido popularmente como jaguatirica, é um mamífero que atinge até 101cm de comprimento e encontrado em todas as regiões do Brasil, exceto no Sul do Rio Grande do Sul. Animal noturno realiza lentas caminhadas sendo os machos mais ágeis que as fêmeas (cerca de 1,7 km\h fêmeas e 3,8 km\h machos), dispensando um intenso trabalho muscular. Contudo a intensidade de transporte e bombeamento de nutrientes e oxigênio é lento. O coração é um órgão de grande importância que necessita de um suprimento arterial especializado, sendo as artérias coronárias direita e esquerda os vasos responsáveis. Apresentam origem a partir da aorta (Getty et al. 1981), com variação quanto a origem, trajeto e número podendo apresentar-se intramiocárdica total ou parcialmente. O trabalho teve como objetivou descrever as artérias coronárias direita, esquerda e seus ramos, observando, ainda, sua superficialidade, estabeleceendo comparações com outros mamíferos.

Material e métodos Foi utilizado uma jaguatirica (Leopardus pardalis), macho, adulto que pesava 16kg. Animal de vida livre que veio a óbito, doado pelo Zoológico de Ilha Solteira ao Laboratório de Anatomia Animal da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira. Realizou-se a retirada do coração por rupturas das articulações costocondrais, seguida de abertura da cavidade torácica. Em seguida isoluo-se o coração do conjunto coração-pulmões, onde em seguida realizou-se a injeção de substância látex1 corada com pigmento rosa na origem de ambas as artérias coronárias. Posteriormente, foi fixados em solução de formoldeído a 10% por um peíodo de 72 horas. As artérias coronárias dissecadas, identificadas e fotodocumentadas e nominados conforme a Nomina Anatomica Veterinaria (2017)

1 Substância Látex retirada da Hevia brasiliensis, obtida na Usina de Beneficiamento de Látex Bonilha, município de Mirassol, Estado de São Paulo, Brasil.

Resultados e discussão Observou-se que a artéria coronária direta tem origem a partir da aorta como relatam Getty et al. (1986) e Dyce et al. (1997), e pode, ainda, apresenta uma anastomose com o lado esquerdo (Figura 1). Já a artéria coronária esquerda se divide em dois ramos, um paraconal que é o ramo descendente que ocupa o suco intraventricular paraconal e o circunflexo que contorna o átrio esquerdo (Figura 2).

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Figura 1 – Fotomacrografia do coração de um Leopardus pardalis, coração isolado, onde se observa: Artéria coronária esquerda (ACD) e ramo descendente (RD)

Figura 2 – Fotomacrografia do coração de um Leopardus pardalis, coração isolado, onde se observa: Ramo descendente (RD) e artéria coronária direita (ACD)

Conclusões Conforme os estudo realizado foi possível concluir que a irrigação esquerda e direita era equilibrada, e quanto a sua distribuição era ramificada onde e apresentou uma anastomose entre os dois lados.

Referencias

GETTY, R. Anatomia dos animais domésticos. Rio de janeiro:Guanabara Koogan S.A. 1986, p.153

DYCE, K.M; SACK, W.O; WENSING, C.J.G. Anatomia veterinária. Rio de janeiro:Guanabara Koogan S.A.1997, 191.

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Anatomia das artérias coronárias do coração de Ara ararauna (Linnaeus, 1758) de vida livre

Tulio Gabriel de Freitas*(1), Lúcio de Oliveira e Sousa(2), Elisângela Medeiros Melo de Lima(3), Rosângela Felipe Rodrigues(4), Geovana Carolina Rodrigues de Sá(4) Alan Peres Ferraz de Melo(3)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Laboratório de Anatomia. E-mail: [email protected] 2CCFS/CESP, Médico-veterinário, Centro de Conservação da Fauna Silvestre/CESP 3UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Laboratório de Anatomia, 4UNESP-FMVA/Araçatuba, Docente, Departamento de Apoio, Produção e Saúde Animal, Laboratório de Anatomia dos Animais Domésticos

Introdução Com a primavera, período de reprodução dos animais, inicia-se também o trágico ciclo do tráfico de animais silvestres, principalmente psitacídeos, a Arara-canindé, também conhecida como Arara-de-barriga- amarela ou Arara-azul e amarela, caracteriza-se por apresentar as partes superiores azuis e partes inferiores amarelas, a garganta é negra e possui fileiras de penas faciais também negras (SICK, 1997). Um dos órgãos de grande importância funcional é o coração, esse órgão demonstra um suprimento arterial especializado, artérias coronárias direita e esquerda, apresentando origem a partir da aorta. As artérias coronárias, direita e esquerda, possuem suas emergências a partir da aorta apresentando cada uma delas um único óstio coronário (NICKEL et al., 1981; GETTY, 1986; CORREIA-OLIVEIRA, 2013). No peru (Melleagus gallopavo) a anatomia cardíaca mostrou duas câmaras atriais e duas ventriculares com septações completas e aorta saindo do ventrículo esquerdo; uma artéria coronária superficial emergiu da aorta por óstio próprio e dirigiu-se para a margem do ventrículo direito; a artéria coronária profunda emergiu do óstio próprio e dirigiu-se também para a margem do ventrículo direito; a artéria coronária profunda emergiu de óstio próprio em tronco único, dirigindo-se para a margem esquerda do ventrículo esquerdo, onde se bifurcou em artérias circunflexa e artéria interventricular anterior (RODRIGUES et al., 1999). Diante da grande importância da espécie pois o tráfico de animais silvestres aumenta e da necessidade de estudos comparativos, o presente estudo descreveu a arquitetura vascular das arteriais coronárias objetivando estabelecer um padrão coronariano na espécie.

Material e métodos Foram utilizados 10 animais provenientes do Centro de Conservação da fauna Silvestre de Ilha Solteira, todos os espécimes de vida livre que vieram a óbito em detrimento de acidentes variados na região. O projeto recebeu autorização da Comissão de Ética no Uso de Animais da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira/UNESP, uma vez que os animais serão utilizados de outro experimento. Foi realizada abertura da cavidade celomática. Em seguida foi feita a identificação do coração juntamente com os pulmões. Retirou-se o conjunto coração e pulmões e após isolamento do coração e realizou-se a injeção de substância látex corada com pigmento específico na origem de ambas as artérias coronárias, sendo em seguida fixados em solução de formol a 10% por 72 horas. Após esse período realizou-se dissecação das artérias coronárias e os resultados encontrados em cada espécime foram registrados em fotodocumentação e esquemas.

Resultados e discussão As artérias coronárias direita e esquerda possuíram origem a partis da aorta, como relatou Bezuidenhout (1984), Na face atrial (direita) observou-se que a artéria coronária direita que acompanhou o seio coronário, onde formou o ramo circunflexo direito (Figura 1), que, entre os dois ventrÌculos, continuous-se como ramo interventricular subsinuoso, seguindo até o ápice do coração como mencionou Getty (1986). Na face auricular (esquerda), a artéria coronária esquerda ramificou-se em ramo interventricular paraconal e ramo circunflexo esquerdo, que seguiu no seio coronário, até próximo do ramo circunflexo como apontaram Dyce et al. (1997). Os ramos profundos, de ambas as artérias coronárias, apresentaram-se pequenas, suprindo a maior parte do septo interventricular e parte da valva atrioventricular direita. As artérias coronárias apresentaram de igual tamanho, e formaram um circuito equilibrado como elucidaram Bezuidenhout (1984) e Soares at al. (2010).

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Figura 1 – Fotomacrografia do coração de uma Ara ararauna, coração isolado, onde se observa: artéria coronária esquerda (ACD), ramo descendente (RD), atrio direito (AD), arterias pulmonares (AP) e pulmão (P).

Conclusões Conforme o estudo realizado, foi possível concluir que a irrigação esquerda e direita era equilibrada e ambas as artérias apresentaram origem a partir da aorta, e quanto a sua distribuição era ramificada onde e apresentou uma anastomose entre os dois lados.

Referências GIORDAN, M. O Papel da Experimentação no Ensino de Ciências. II Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências. 1999.

BEZUIDENHOUT, A. J. The coronary circulation of the heart of the ostrich (Struthio camelus). Journal of Anatomy. v. 138, n. 3, p. 385-397, 1984. BEZUIDENHOUT, A. J. The topography of the thoraco-abdominal viscera in the ostrich (Struthio camelus). Onderstepoort Journal of Veterinary Research. v. 53, n. 2, p. 111-117, 1986.

DYCE, K.M; SACK, W.O; WENSING, C.J.G. Anatomia veterinária. Rio de janeiro:Guanabara Koogan S.A.1997, p.171

GETTY, R. Anatomia dos animais domésticos. Rio de janeiro:Guanabara Koogan S.A. 1986, p.153

SICK, H. (1997) Ornitologia brasileira. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira.

SOARES, Cristiane Martins et al. Dilatação fluxo-mediada da artéria braquial e complexo médio-intimal das artérias carótida e braquial: avaliação de indivíduos com e sem fatores de risco para aterosclerose. Radiol Bras, São Paulo, v.43, n.6, p.389-393, Dec.2010. Disponível em: . Acesso em 20 de abril de 2018.

NICKEL, R.; SCHUMMER, A.; SEIFERRE, E. The anatomy of the domestic animals. Berlin-Hamburg: Verlag Paul Parey, 1981. v.3, p.71-74.

RODRIGUES, Tânia Maria de Andrade et al. Estudo evolutivo da anatomia das artérias coronárias em espécies de vertebrados com técnica de moldagem em acetato de vinil (vinilite). 1999. Disponível em: . Acesso em: 12 dez. 2017.

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Anatomia do baço de jaguatirica (Leopardus pardalis, linnaeus 1758)

Laís Yeda da Silveira Floriano(1) *, Alan Peres Ferraz de Melo (2), Myllena Mayla Santos de Oliveira(3)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Laboratório de Pesquisa em Anatomia Animal – e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Pesquisa em Anatomia Animal. 3UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Laboratório de Pesquisa em Anatomia Animal – e-mail: [email protected]

Introdução Leopardus pardalis mais conhecido como jaguatirica é um mamífero da família Família Felidae. Nativo da América, sendo considerada o terceiro maior felino do continente, depois da onça pintada e do puma. Encontrada em diversos habitats como nas florestas tropicais, subtropicais, savanas e mangues. É um animal de vida livre solitário e territorialista apresentando hábitos noturnos na maioria das vezes. Apresenta tamanho corporal varia de 70 a 100 cm de comprimento, geralmente pesam entre 7 e 16 kg e os machos costumam ser maiores e mais pesados que as fêmeas. A jaguatirica é um predador carnívoro que está no topo da cadeia alimentar. Atualmente todas as espécies que pertencem ao gênero Leopardus (Leopardus tigrinus, Leopardus pardalis e Leopardus wiedii) encontram-se na Lista Nacional de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) (Oliveira et al., 2011), e são encontradas na lista vermelha da União Internacional de Conservação da Natureza (IUCN) classificada como: LC Least Concern. O baço é o maior órgão linfático do organismo e está ligado, entre outros aspectos, na resposta imune frente a antígenos transportados pelo sangue e no armazenamento de eritrócitos e plaquetas (Furrianca et al., 2008). Nos animais, o baço tem a habilidade de acrescentar a populações de eritrócitos e granulócitos e pode ser reservatório para células vermelhas durantes periodos de demandas incomuns (Samuelson, 2007). O objetivo é a anatomia do baço e qual sua localização na cavidade abdominal, para um maior discernimento sobre a anatomia dos felídeos.

Material e métodos Para a realização deste trabalho foi utilizado um baço de Jaguatirica (Leopardus pardalis) adulta, macho que veio a óbito e foi cedida pelo Centro de Conservação de Fauna Silvestre de Ilha Solteira – SP para a Universidade Estadual Paulista - FEIS. Após óbito do animal, este foi encaminhado para o Laboratório de Anatomia da Faculdade de Engenharia de lha Solteira, onde foi feito um corte na linha alba com bisturi, para se ter acesso a cavidade abdominal. Foi realizada a identificação topográfica dos órgãos internos, com registro fotográfico e seccionando-se próximos a sua origem. Todo o material foi manuseado com muito cuidado para não haver danos. Após o procedimento a peça foi guardada em solução aquosa de formaldeído 20%.

Resultados e discussão O baço é uma estrutura localizada na cavidade abdominal estando posicionado no antímero esquerdo do animal, próximo a curvatura ventricular maior, como relatam Almeida (2013) e Getty (1986). É circundado por uma cápsula composta de tecido fibroso denso, fibras elásticas e musculatura lisa (Cesta, 2006), sendo que esta, emite prolongamentos dividindo o parênquima em compartimentos incompletos. É um órgão altamente estruturado consistindo em três compartimentos principais: a polpa vermelha, a zona marginal e a polpa branca. Há uma união entre os dois, por meio do peritônio e de finos vasos provenientes do ventrículo gástrico, chamado de ligamento gastroesplênico (Figura 1). Apresenta duas extremidades, uma extremidade dorsal sendo esta mais fina e voltada cranialmente e uma extremidade ventral mais espessa. Este órgão destaca-se na cavidade abdominal por apresentar uma coloração vermelho escuro e apresenta duas superfícies, sendo elas, parietal e visceral, identicamente ao apresentado pelo tamanduá-bandeira (Almeida, 2013).

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Figura 1- Fotomacrografia da cavidade abdominal de uma Jaguatirica macho, onde se observa: B = baço; ID = intestino delgado; TA = tecido adiposo; F = fígado; E = estômago.

Conclusões Podemos concluir que o baço da Jaguatirica (Leopardus pardalis) é encontrado na cavidade abdominal e fica na curvatura ventricular maior, com a parte superior próxima ao estômago e a inferior próxima ao intestino delgado, com o lado direito apresentando uma superfície menor e o lado esquerdo uma superfície maior.

Referências ALMEIDA, D. A;. Topografia e irrigação do baço do tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla– LINNAEUS,1758) de vida livre. São José do Rio Preto: 2013. 50 p. CESTA, M. F. Normal structure, function, and histology of the spleen. Toxicologic Pathology, vol. 34, p. 455-465, 2006.

CUBAS, Z. S.; SILVA, J. C. R.; CATÃO-DIAS, J. L. Tratado de animais selvagens. São Paulo: Roca, 2007. 1376 p.

FURRIANCA, M. C.; VÁSQUEZ, B.; DEL SOL , M. Estereología comparativa entre el bazo del cuye (Cavia porcellus) y la rata (rattus novergicus, Sprague Dawley).International Journal of Morphology, vol. 26, n. 3, p. 529- 532, 2008.

MEBIUS, R. E.; KRAAL, G. Structure and function of the spleen. Nature Reviews Immunology, vol. 5, n. 8, p. 606-616, 2005.

Melo, F. A. C.; ANÁLISE MORFOQUANTITATIVA DE TIMO E BAÇO DE GATOS FELV- POSITIVOS NATURALMENTE INFECTATOS. Brasília: 2013. 25p.

MÜLLER, T. R; Contribuição do estudo ultrassonográfico (modo b e Doppler) de órgãos abdominais em gatos do mato (Leopardus tigrinus) hígidos: valores de referência.2013. 75 f. Tese (Doutorado) - Curso de Medicina Veterinária, Universidade Estadual Paulista Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Botucatu, 2013.

Portal de Pesquisas Temáticas. Jaguatirica. 2004-2017. Disponível em: . Acesso em: 19 out. 2017. SAMUELSON, D. A. Immune System. In:_. Textbook of Veterinary Histology, Missouri: Saunders-Elsevier, 2007. cap.12, p.250-270.

The IUCN Red List Of Threatened Species.Leopardus pardalis.2015. Disponível em: . Acesso em: 19 out. 2017. Toda Matéria. Jaguatirica. 2011-2018. Disponível em: . Acesso em 19 mar. 2018.

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A importância do Bioma Cerrado para alunos do quinto ano do ensino fundamental I (Ilha Solteira, SP)

Rebeca De Marcos(1), Marcela dos Santos Maróstica(2), Thayline Queiroz(3), Aline Patricia Maciel(4) Carolina Buso Dornfeld(5)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Licenciatura, Laboratório de Ensino de Ciências e Biologia (LECBio). e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Bióloga, Laboratório de Ensino de Ciências e Biologia (LECBio). e-mail: [email protected] 3,4UNESP-FEIS, Curso de Pós-graduação em Ensino e Processos Formativos, Laboratório de Ensino de Ciências e Biologia (LECBio). e-mail: [email protected] 4UNESP-FEIS, Curso de Pós-graduação em Ensino e Processos Formativos, Laboratório de Ensino de Ciências e Biologia (LECBio). e-mail: [email protected] 5UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Ensino de Ciências e Biologia (LECBio). e-mail: [email protected]

Introdução O bioma Cerrado tem alcançado maior visibilidade nas escolas sendo considerado tema central para inúmeras discussões acerca de quais possibilidades a relação entre o ser humano e o meio ambiente reservam para o futuro do mesmo. Sabe-se que a cidade de Ilha Solteira é uma área de transição entre Cerrado e Mata Atlântica e, sendo assim, faz-se necessário trabalhar com os alunos os conhecimentos sistematizados a respeito da fauna e flora do local onde residem. Assim, a partir do momento em que os alunos passam a entender a importância da diversidade local, cresce também a necessidade da busca por melhorias desse ambiente. Segundo Reigota (2017), a educação ambiental deve procurar favorecer e estimular possibilidades de se estabelecer coletivamente uma nova aliança (entre os seres humanos e a natureza e entre nós mesmos) que possibilite a todas as espécies biológicas a sua convivência e sobrevivência com dignidade. Dessa forma, a Educação Ambiental ao ser inserida nos anos iniciais do Ensino Fundamental, clarifica a crescente necessidade na busca por melhorias do meio ambiente, por meio da sensibilização das crianças, o que possibilitará mudanças positivas para o futuro. A partir de propostas ensinadas em sala de aula, os alunos dos anos iniciais, passam a ser capazes de ver e entender quais são os problemas que o Cerrado tem enfrentado ao longo dos anos e propor soluções, desenvolvendo uma consciência ecologicamente adequada. Conforme Marotti et al. (2016) a instituição escolar, como corresponsável por ações e efetivação da educação ambiental, é incumbida de despertar no aluno o interesse em relação as questões ambientais, bem como o seu desejo de trabalhar, no sentido de exercer um papel ativo e indispensável na manutenção e/ou preservação do meio ambiente. Considerando o exposto, o objetivo deste trabalho foi elaborar atividades que estimulem o trabalho de forma colaborativa entre os alunos para auxiliar no processo de aprendizagem à respeito do Bioma Cerrado.

Material e métodos As atividades foram realizadas com alunos de quatro turmas do quinto ano de uma escola localizada na cidade de Ilha Solteira (SP), como parte do Projeto de Extensão Universitária (PROEX-UNESP) “Biologia muito além da Ilha”. Participaram da atividade 90 alunos do 5º ano e a professora titular da turma responsável pela disciplina de Educação Ambiental na escola. Utilizou-se 4 horas/aula em cada turma. Na atividade 1 utilizou-se projetor multimídia para apresentar as características do Bioma Cerrado a fim de elucidar a diversidade de fauna e flora que esse bioma abrange, bem como a sua localização geográfica, seus aquíferos e bacias hidrográficas. Essa atividade foi expositiva-participativa. Na atividade 2, foi confeccionado o mapa do Brasil, destacando em cor verde a área que corresponde ao Cerrado. Diversas fotografias de animais desse bioma e de outros foram impressos, recortados e colocados dentro de um envelope. Elaborou-se 4 cópias desse material, para que as salas fossem divididas em quatro grupos. Os alunos deveriam colocar na área destacada do Cerrado os animais pertencentes ao bioma. Ao final da atividade foi realizada uma discussão sobre as dificuldades dos alunos. Na atividade 3, os alunos em grupo, elaboraram cartazes acerca dos impactos ambientais que afetam o Cerrado. Foram elencados quatro grandes temas: Agronegócio, Erosão, Mineração e Queimadas. Frases sobre esses temas associadas ao Cerrado foram impressas. Ao efetuarem a leitura das frases, os alunos deveriam associá-las a um dos grandes temas. Houve discussão sobre as frases

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junto com os alunos. Na atividade 4 foi elaborado um experimento para mostrar a importância das matas ciliares. Foi montado em um recipiente retangular grande de plástico um cenário, que correspondesse a um rio com mata ciliar de um lado e sem mata ciliar do outro. O recipiente foi forrado com saco de lixo preto, colocou- se uma garrafa PET cortada ao meio que iria simbolizar o rio, terra (que foi distribuída ao redor da garrafa) e gramíneas. Outra garrafa PET transparente foi utilizada para simular a chuva. Após a demonstração do experimento, foi entregue um questionário contendo quatro questões dissertativas que foi preenchido em duplas e trios e a análise das respostas foi realizada utilizando a Análise de Conteúdo de Bardin (2016).

Resultados e discussão O ensino sobre o espaço geográfico contribui muito para o aprendizado, segundo Goulart (2011) a compreensão do espaço geográfico pressupõe o desenvolvimento do olhar espacial, especificidade da Geografia, o qual proporciona as condições para a efetiva aprendizagem geográfica, valorizando o movimento, a contextualização e o cotidiano. Durante a realização das três primeiras atividades foi possível observar as curiosidades e dúvidas que os alunos possuíam sobre o Cerrado. As atividades realizadas em grupo proporcionaram melhor interação entre os alunos e entre professora-alunos. Os alunos fizeram associações corretas entre a fauna presente no Cerrado, sendo que as maiores dúvidas estavam relacionadas com as espécies com ampla distribuição geográfica, isto é, espécies não endêmicas deste Bioma. Em relação à elaboração dos cartazes, percebeu-se que os alunos conseguiram relacionar o grande tema com as frases disponíveis para leitura. Verificou-se que a montagem dos cartazes foi coletiva e que os alunos se ajudaram mutuamente. Foram respondidos 38 questionários por duplas ou trios na atividade 4 (90 alunos). Na questão 1, os alunos descreveram o que observaram no experimento. Como exemplo tem-se: “Que a mata com vegetação quando choveu absorveu água e a mata sem vegetação quando choveu começou a fazer pequenos buracos e começou a deslizar terra para dentro do rio”. Na pergunta 2, 87% citaram erosão e assoreamento como principais problemas apresentados no experimento. Na questão 3, 95% descreveram as consequência, tal como: “As consequências são a entrada de barro no rio e o desequilíbrio ambiental” e “Pode causar buracos no solo e assoreamentos nos rios, desmatamento das florestas e a extinção dos animais”. Na questão 4, 87% dos alunos apresentaram a importância e eficácia da mata ciliar, tal como: “A importância é de absorver a água e mandar ela para os lençóis freáticos e para as bacias hidrográficas”. Ao analisar os resultados obtidos das quatro turmas, de modo geral todas as atividades corresponderam ao que havia sido planejado e considerando a faixa etária dos alunos, por volta dos 10 – 11 anos, considera-se que mesmo com temas complexos, o uso de metodologias participativas, estímulo ao trabalho em grupo e utilização de experimentos, favorecem a aprendizagem.

Conclusões O bioma Cerrado no contexto escolar ganha a possibilidade de se fazer notável aos olhos dos alunos, logo nos anos iniciais do Ensino Fundamental, propiciando melhorias na relação do ser humano com o meio ambiente, demonstrando sua importância e preparando os alunos para que saibam diferenciar os problemas existentes no Cerrado.

Referências

BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo (Trads. Luís Antero Reto e Augusto Pinheiro). 3ª reimp. da 1ª ed. de 2016. Lisboa: Edições, v. 70, 2016.

GOULART, Ligia Beatriz. Aprendizagem e ensino: uma aproximação necessária à aula de Geografia. O ensino de Geografia e suas composições curriculares. Porto Alegre: UFRGS, 2011.

MAROTTI, A. C. B. et al. Projeto Biodiversidade do Cerrado – Escola Oca dos Curumins no Município de São Carlos-SP. Piracicaba-SP: [s.n.], 2016. 2 p. Disponível em: . Acesso em: 30 mar. 2018.

REIGOTA, Marcos. O que é educação ambiental. Brasiliense, 2017.

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Antes eu sonhava com a UNESP, agora nem durmo: Influência do semestre letivo sobre a qualidade do sono

Aymar Orlandi Neto(1)*; Agatha Yukari Horoiwa(2), Ariadyne Santos Soares(2), Aryane Mendes Magnani(2), Bianca da Silva Miguel(2), Caroline de Lima Frachia(2), Eduardo Akira Yamamoto(2), Fabielli Souza Leite Martins(2), Isis Caroline Ferreira Barbosa(2), Jéssica Natália Barbosa de Almeida(2), Luiz Henrique Carneiro Alves(2), Márcia Evelyn Alves(2), Mariana Bocchi da Silva(2), Márla Alixandre Silva(2), Matheus Alexandre dos Santos Pina(2), Paula Beatriz Pereira de Oliveira(2), Pedro Lacal da Cunha Minin(2), Sonia Yoko Sawakuchi(2), Stefanie Oliveira de Sousa(2), Taiene Maiara Santos(2), Tamara Jarosi Handajevsky(2), Thaisa Teixeira(2), Vanessa Capeletti Bernardes(2), Victor Navarro da Silva(2), Vinícius Santos dos Reis(2), Cristiele da Silva Ribeiro(3)

1UNESP- IBB, Curso de Pós-graduação em Ciências Biológicas (Zoologia)- [email protected] 2UNESP-FEIS, Discentes do 9º semestre do Curso de Ciências Biológicas, matriculados na disciplina Fisiologia Geral e Comparada: Sistemas – Bacharelado e Licenciatura. 3UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia.

Introdução O sono é um estado da consciência de acentuada importância na saúde física, mental e psicológica nos indivíduos, pois regula a homeostase fisiológica, secretando hormônios, reduzindo a temperatura corporal e função cardiovascular, além de alterar o desempenho cognitivo e de humor (Pascotto e Santos, 2013). Estudantes universitários são um grupo de risco para o desenvolvimento de distúrbios relacionados ao sono, devido a má qualidade e/ou privação do sono (Pereira et al., 2011). Tais condições, interferem negativamente na atividade do indivíduo durante o dia, prejudicando os processos cognitivos (Souza e Guimarães,1999). Observa-se que as exigências durante a graduação são muitas, e aumentam conforme a graduação vai chegando ao fim, consequentemente reduzindo o número de horas e qualidade do sono compensatório ao trabalho ser realizado (Depieri et al., 2016). Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi comparar aspectos da qualidade de sono entre alunos do primeiro e nono semestres do curso de Ciências Biológicas da UNESP, câmpus de Ilha Solteira – SP.

Métodos O presente estudo foi realizado na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, câmpus de Ilha Solteira pelos alunos regularmente matriculados na disciplina Fisiologia Geral e Comparada: Sistemas, no 1º semestre de 2018. Os questionários foram aplicados para 39 alunos, sendo 18 do 1º semestre (idade média de 18 anos e 8 meses ± 1 ano e 7 meses) e 21 do 9º semestre (idade média de 22 anos e 7 meses ± 1 ano e 3 meses). Todos os participantes estavam cientes e de acordo com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Aplicou-se um questionário respondido por 7 dias subsequentes (19/03/2018 – 25/03/2018) pelos sujeitos da pesquisa, contendo as seguintes questões: “Você fez uso de qualquer substância química que altera o padrão de sono (álcool, cafeína, etc.)?”; “Você realizou atividade física?”; “Horas de sono”; “Como você se sentiu ao acordar?”; “Comparado ao seu sono habitual, sua qualidade de sono foi (melhor, pior ou igual)”; “Você se lembra de ter acordado e dormido de novo?”; “Quanto tempo para pegar no sono?”. Sendo as respostas transformadas em escala ordinal. Posteriormente, realizou-se o teste de Shapiro-Wilk para verificar a normalidade das variáveis. Para os dados paramétricos foi aplicado o teste T de student, e não paramétricos foi aplicado o Teste de soma de Postos de Wilcoxon. Ainda, utilizou-se do Teste de Corrrelação de Pearson para medir a força da relação linear entre variaveis, e também a idade dos sujeitos da pesquisa. Os dados foram analisados utilizando o software estatístico RStudio, versão 1.1.442.

Resultados e discussão Verificou-se que os calouros praticam mais atividades físicas e se sentem melhor ao acordar em relação aos veteranos (Tabela 1). Ainda, os veteranos tiveram o tempo de sono inferior aos calouros (Tabela 1), sendo estes dentro da média brasileira para a faixa etária analisada (Walch, 2016). Tais resultados, bem como a correlação da idade com as horas de sono (p>0,0001), sendo quando maior a idade, menor o tempo de sono, sugerem que os veteranos, devido a maior carga de exigências acadêmicas, possuem menos tempo para práticas esportivas e horas de sono, consequentemente podendo afetar na percepção de bem-estar ao acordar. Sendo

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aspectos importantes na saúde e qualidade de vida dos indivíduos (Lavie, 1996). Também, verificou-se uma correlação negativa entre a percepção do bem-estar ao acordar e interrupções durante o sono (p=0,008), com indivíduos que tiveram mais vezes o sono interrompido auto-avaliando pior a sensação ao acordar. Esta correlação negativa corrobora com outros estudos, que indicaram que indivíduos que tem o sono interrompido um maior número de vezes se sentiram menos dispostos do que os indivíduos que não enfrentaram interrupções (Depieri et al. 2016; Costa e Ceolim, 2013). Observando-se as respostas às questões “Como você se sentiu ao acordar?”; “Comparado ao seu sono habitual, sua qualidade de sono foi (melhor, pior ou igual)”, percebe-se que não houve coerência entre as respostas para ambos grupos, que por vezes descreviam a qualidade de sono como ruim e a sensação ao acordar como boa, e vice-versa. Tal fato pode estar ligado aos estudantes não conseguirem fazer uma autoavaliação de forma efetiva (Depieri et al. 2016). Verificando-se a necessidade de trabalhos preventivos direcionados aos alunos desde o início da graduação, para que estes consigam desenvolver uma qualidade de sono favorável às suas necessidades e possam adequá-las às suas atividades diárias.

Tabela 1 – Aspectos de qualidade de sono em alunos Calouros e Veteranos do Curso de Ciências Biológicas da FEIS/UNESP a,b Grupos Aspectos analisados Calouros Veteranos Horas de sono (horas, minutos) 8,10±1,37a 6,53±0,10b Prática de exercícios físicos (0= nenhuma vez; 1= todos 0,31±0,07a 0,14±0,01b os dias) Uso de substâncias químicas que alteram padrões de 0,31±0,08 0,43±0,07 sono (0= nenhuma vez; 1= todos os dias) Qualidade de Sono (melhor=2; pior=0) 0,86±0,09 0,64±0,13 Sensação ao acordar (bem=2; mal=1) 1,77±0,07a 1,29±0,04b Número de despertares noturnos (vezes por noite) 0,86±0,17 1,00±0,10 Tempo para adormecer (<30`=1; >30`=2; >60`=3) 1,37±0,10 1,00±0,04 Mostram diferença estatística significativa entre os grupos de discentes analisados (p<0,005).

Conclusões Considerando que estudantes de graduação tendem a ter problemas ligados ao estresse devido à sobrecarga mental e física, concluímos que a qualidade de sono foi depletada consideravelmente na comparação entre alunos calouros e veteranos, notadamente pela diminuição de horas de sono e pior auto avaliação da sensação ao acordar.

Agradecimentos Os autores agradecem aos discentes do 1º semestre do curso de Ciências Biológicas pela participação na pesquisa.

Referências COSTA, S.V., CEOLIM, M.F. Fatores que interferem na qualidade do sono de pacientes internados. Revista da Escola de Enfermagem da USP. 47:46-52,2013.

LAVIE, P. The enchanted world of sleep. New Haven: Yale University Press, 1996. 270p.

DEPIERI, N.B., CÍCERO, L.R., GUIZELLINI, V.S., BIANCHI, L.R.O. Qualidade do Sono e Sonolência entre Universitários Formandos. Arquivos do MUDI, 20:33-42, 2016.

PASCOTTO, A. C., SANTOS, B. R. M. Avaliação da qualidade do sono em estudantes de ciências da saúde. Revista do Instituto de Ciências da Saúde. 31: 306-310, 2013.

PEREIRA, E.G., GORDIA, A.P., QUADROS, T.M.B. Padrão do sono em universitários brasileiros e sua relação com a prática de atividades físicas: uma revisão da literatura. Revista Brasileira de Ciências da Saúde. 9: 1-6, 2011.

SOUZA, J. C.; GUIMARÃES, L. A. M. Insônia e qualidade de vida. UCDB, 1999. 194 p.

WALCH, Olivia J.; COCHRAN, Amy; FORGER, Daniel B. A global quantification of “normal” sleep schedules using smartphone data. Science advances, 2(5), p 1-6, 2016.

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As Cooperativas de Reciclagem e a gestão dos resíduos sólidos urbanos: estudo de caso do município de Ilha Solteira (SP)

Marina Guimarães Germini (1)*, Denise Gallo Pizella (2)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia.

Introdução Uma gestão sustentável de resíduos sólidos urbanos necessita de olhares atentos para a inter-relação entre a sustentabilidade ambiental, social e econômica, visando não somente a redução da geração de resíduos e o desperdício das matérias-primas, mas também sua reciclagem. A Política Nacional de Resíduos Sólidos de 2010 concedeu às cooperativas de catadores de materiais recicláveis a condição de um instrumento de gestão. Para que seja implementado, necessita de recursos, sendo que as prefeituras municipais podem conceder às organizações de catadores galpões de triagem, pagamento de despesas como água e energia elétrica, transporte, projetos de capacitação, divulgação e educação ambiental. Segundo IPEA (2015) e BESEN (2012), mais de oito bilhões de reais são enterrados anualmente no Brasil, em forma de materiais que poderiam ser recuperados, impulsionando a geração de trabalho e de renda. Para que a gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) cumpra com os requisitos de emancipação social dos catadores de materiais recicláveis, há que se observar o papel do Poder Público nesta promoção, pois, segundo Besen (2012, p. 423): “[...] Há casos sérios de violação de direitos humanos em que esses trabalhadores são submetidos a horas de trabalho a fio sem qualquer salubridade, há casos de servidão por dívida ao comprador, vínculos por meio de pequenos vícios, trabalho infantil e análogo à escravidão”. No Brasil, cerca de 90% de todo material reciclável é coletado pelos catadores (majoritariamente mulheres negras), agentes principais da nossa cadeia produtiva e os que menos se beneficiam com ela. Tendo em vista o protagonismo das cooperativas de catadores dadas pela PNRS, este trabalho tem por objetivo analisar as potencialidades e problemas enfrentados pelas cooperativa de catadores de materiais reciclaveis no município de Ilha de Solteira (SP) em termos da promoção de uma gestão socioambientalmente sustentável dos RSU.

Material e Métodos A metodologia do trabalho correspondeu à análise documental do Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos do Município de Ilha Solteira de 2012, de modo a identificar as potencialidades e dificuldades da gestão de RSU no que se diz respeito à cooperativa de catadores de materiais recicláveis. Deste modo, se procurou analisar a frequência e modo de coleta; a renda média obtida pelos cooperados; como se dá a venda dos materiais e, por fim, as condições de trabalho dos cooperados. Resultados e discussão O município de Ilha Solteira (SP) possui um programa de coleta seletiva por meio de uma parceria entre a Prefeitura Municipal com a cooperativa COPERSELI (Cooperativa de Reciclagem e Seleção de Lixo), que iniciou suas operações no ano de 2002, se localizando no Distrito Industrial municipal. No momento de elaboração do Plano de Resíduos Sólidos, a cooperativa possuía 11 trabalhadores, que obtinham uma renda que variava entre R$ 600,00 a R$ 800,00 ao mês (ILHA SOLTEIRA, 2012). Segundo Ilha de Notícias (2017) a coleta seletiva é realizada de segunda à sábado, abrangendo todas as regiões do município, onde há uma divisão de acordo com os bairros/setores existentes, de modo a facilitar sua logística, ocorrendo no periodo noturno. Os caminhões coletores foram considerados inadequados para a realização da coleta, visto que realizam a prensa dos materiais, podendo ocasionar acidentes aos trabalhadores com a quebra de vidros e, dada a presença comum de materiais orgânicos dispostos em conjunto com os recicláveis, levar à perda destes (ILHA SOLTEIRA, 2012), o que compromete a própria existência da coleta no município. Após a coleta, o material é levado ao galpão da COPERSELI, que se encontrava, no momento, desorganizado. Em termos de equipamentos, havia duas prensas hidráulicas e uma esteira de catação, sendo que todos se encontravam em estado precário de conservação, levando à paradas constantes nas operações que se davam no galpão. Os materiais que chegam ao galpão são depositados em um silo e direcionados à esteira. Os materiais recicláveis são colocadps em “Big Bags”, onde são reservados de acordo com seu tipo. Posteriormente, aqueles que precisam de prensa passam por tal processo e são armazenados para a venda. No galpão, foram observados, no momento de elaboração do Plano, materiais volumosos espalhados, como camas, sofás, para-choques de carros, dentre outros (ILHA SOLTEIRA, 2012), colaborando para a desorganização no ambiente de trabalho.

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Entrevistas realizadas com os cooperados demonstraram inadequações nas condições de trabalho, quais sejam: o baixo rendimento econômico obtido, gerando desmotivação com o trabalho; pequeno apoio por parte da Prefeitura Municipal, como a ausência de um coordenador que orientassse os cooperados em todo o processo de trabalho, desde a organização do espaço, à triagem, vendas e administração da cooperativa; ausência de programas de educação ambiental visando a adesão dos moradores para a separação dos materiais recicláveis; a não remuneração, por parte da Prefeitura Municipal, pelos serviços prestados na gestão dos RSU, como permite a Lei 12.305/2010 (Política Nacional de Resíduos Sólidos), além de dívidas financeiras da cooperativa por conta de tributos fiscais. Em termos de vendas dos materiais, consta no Plano que o maior comprador de materiais recicláveis é uma empresa aparista, ou seja, de “ferro-velho”, situada no município, que compra peças de ferro e papelão e remunera diretamente os trabalhadores da cooperativa (ILHA SOLTEIRA, 2012). No Plano de Resíduos foi realizada uma pesquisa com a população do município em termos da coleta seletiva. Deste modo, 99, 35% dos residentes consideraram a coleta como muito importante, o mesmo se dando com os comerciantes do município, que responderam neste mesmo sentido, em 100%. Quanto à gestão compartilhada dos resíduos, que atribui, segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos, a colaboração de todos em termos da coleta seletiva e outros aspectos da Lei, obtiveram-se os seguintes dados: nas residências, 6,8% das pessoas não separam os recicláveis dos resíduos orgânicos, 81,2% sempre o fazem e 11,8% somente de forma esporádica. Já na área commercial, 10% não separa, 82,5% sempre o faz e 7,5% separa esporadicamente. Como encaminhamentos do Plano para solucionar os problemas levantados, estão a inserção de trabalhadores que atuam de modo autônomo no município; investimento em novos equipamentos para a cooperativa e remuneração dos cooperados pelos serviços prestados à Prefeitura Municipal, de modo a aumentar a renda dos trabalhadores (ILHA SOLTEIRA, 2012).

Conclusões O município de Ilha Solteira possui uma cooperativa de coleta de materiais recicláveis desde o ano de 2002, que possui potencialidades para uma ação mais efetiva na gestão dos RSU municipais, desde que a Prefeitura Municipal, em conjunto com a sociedade ilhense, atue para sua melhoria. A PNRS atribuiu um importante papel às cooperativas, pois é um instrumento de gestão que possibilita um aumento na vida útil de aterros sanitários, possibilita a diminuição no uso de novos materiais para a confecção dos diversos produtos que são consumidos, além de permitir a emancipação social de catadores autônomos. O Plano de Gestão de Resíduos apresentou encaminhamentos para sanar os problemas enfrentados pela cooperativa, mas sem ações concretas para efetivá-los. Etapas posteriores do trabalho procurarão validar ou não os problemas e potencialidades da cooperativa identificados no Plano, por meio de entrevistas com os cooperados e com o gestor ambiental local.

Referências BESEN, G.R. Política Nacional de Resíduos e o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis. In: JARDIM, A.; YOSHIDA, C.; FILHO, J. V. M. (Org). Política nacional, gestão e gerenciamento de resíduos sólidos. Barueri, SP: Manole, 2012, p. 414.

CEMPRE. Radiografando a Coleta Seletiva. 2014. Disponível em: . Acesso em: 21 mar. 2018.

ILHA DE NOTÌCIAS. Coleta seletiva segue sem alteração; novo calentário é apenas para o lixo comum. Disponível em . 2017. Acesso em: 10 abril 2018.

ILHA SOLTEIRA. Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos de Ilha Solteira-SP. Ilha Solteira, 2012.

IPEA. Boas Práticas de Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos e de Logística Reversa com a Inclusão de Catadores de Materiais Recicláveis. Rio de Janeiro: IPEA, 2015.

MANNARINO, C. F.; FERREIRA, J.A.; GANDOLLA, M. Contribuições para a evolução do gerenciamento de resíduos sólidos urbanos no Brasil com base na experiência Européia. Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 21, n. 2, p.379-385, 2016.

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A utilização de curtas-metragens socioambientais como ferramenta para educação ambiental no ensino formal

João Vitor de Souza Xavier(1) *, Rafael Augusto Martins(2), Denise Gallo Pizella(3)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Licenciatura e Bacharelado, Departamento de Biologia e Zootecnia. E-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Departamento de Biologia e Zootecnia. 3UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia

Introdução Segundo Tristão (2004), a temática ambiental é facilmente relacionada aos temas apresentados aos alunos em sua grade tradicional de disciplinas, mas, por apresentar uma natureza interdisciplinar, é melhor trabalhada por meio de projetos ou atividades extracurriculares, pois não é possível inseri-la na estrutura curricular, em uma única disciplina. Neste sentido, Gava e Xavier (2008), apontam para a utilização da ferramenta audiovisual para que os alunos possam articular diversas visões de mundo de modo estimulante e emocionante, por possuir uma liguagem própria e cotidiana. Este Projeto de Extensão teve como principal objetivo desenvolver o espírito crítico de estudantes da cidade de Ilha Solteira (SP) frente aos problemas socioambientais nacionais e globais, estimulando seu senso crítico de maneira que propusessem soluções que pudessem minimizar tais problemas, por meio de debates em sala de aula, fazendo uso da ferramenta cinematográfica. Material e métodos O projeto foi desenvolvido juntamente a uma escola da rede privada de ensino, no município de Ilha Solteira (SP), para alunos do Ensino Médio, perfazendo aproximadamente 42 alunos. Neste sentido foram exibidos, quase que mensalmente, curtas metragens relacionados à temática socioambiental. Após a exibição dos curtas- metragens, foram realizados debates com as turmas referentes aos temas abordados e solicitado aos estudantes que respondessem a um questionário, que posteriormente foi analisado, de modo a perceber de que forma o público-alvo apreendeu os conteúdos discutidos. Foram exibidos e discutidos os seguintes curtas-metragens no período: “Rio Resiliente: áreas verdes urbanas”, “Refugiados do Desenvolvimento”, “São Paulo, a cidade dos rios invisíveis”, “Rios Voadores”, “Para onde foram as andorinhas?”, “Ilha das Flores” e “Cuidar das borboletas”.

Resultados e discussão O primeiro documentário exibido “Rio Resiliente: áreas verdes urbanas” trata da importância destes espaços para o aumento da umidade do ar, infiltração das águas da chuva, conforto térmico, entre outros. A análise dos questionários mostrou que os alunos participantes consideram tais espaços como importantes por conta destes benefícios, porém, consideraram que há uma carência de áreas verdes no ambiente urbano, que são pouco valorizados pela população em geral e pouco preservados por parte do Poder Público. Em sua maioria, consideraram um dever de toda a coletividade a conservação e uso de tais áreas. O segundo curta-metragem “Refugiados do Desenvolvimento” aborda o mito do desenvolvimento econômico, que se dá de forma predatória e excludente. Neste sentido, o modelo econômico acaba por promover uma elevada degradação ambiental e social, onde as populações mais pobres sofrem de forma desproporcional em relação aos impactos gerados, se tornando refugiados ambientais, ou seja, não beneficiados pelas políticas de desenvolvimento econômico existentes no Brasil. Nesta intervenção, os estudantes foram levados a pensar sobre o desenvolvimento existente no país e se este promoveria de fato a sustentabilidade socioambiental. Quando questionados sobre a definição de desenvolvimento sustentável obteve-se “um progresso que não afeta o meio ambiente”, por exemplo. Após o documentário e a discussão realizada, percebeu-se uma compreensão de que o termo se apóia em um tripé que considera as questões ambientais, sociais e econômicas como interligadas. Além disto, a maioria dos estudantes apresentou a definição clássica de desenvolvimento sustentável, que inclui as gerações futuras na utilização dos bens e serviços ambientais. Já quando questionados sobre os termos “refugiados” e “refugiados do desenvolvimento” se obteve como respostas que refugiados “são aqueles que não podem morar em tal local, e são obrigados a sair de lá”, enquanto que refugiados do desenvolvimento “são pessoas que tem que sair de suas casas, pois vai ser construído algo no local”. Muitos participantes mostraram um entendimento de que há desigualdades sociais no modelo de desenvolvimento adotado no país.

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No terceiro mês, foi trabalhado o documentário “São Paulo, a cidade dos rios invisíveis” que relaciona a cidade com seus rios, onde se buscou contextualizar o tema com exemplos de Ilha Solteira. Ao questionar os estudantes sobre seu conhecimento dos rios visíveis no município, diversos estudantes citaram os principais rios e córregos existentes e, de modo geral, apresentaram ideias que relacionam a proteção dos rios com a conservação da vegetação ciliar. Nesta intervenção, se procurou discutir as causas das enchentes urbanas e, como respostas nos questionários, houve a compreensão da relação entre a canalização e tamponamento dos rios com as enchentes. Por fim, foram questionados sobre quais atores sociais deveriam exercer boas práticas para a conservação dos rios urbanos, com uma compreensão do dever da coletividade neste sentido. “Rios Voadores” foi o quarto audiovisual a ser trabalhado, com o intuito de promover a discussão em torno da importância da floresta Amazônica para a geração de massas de ar úmido que levam à grande parte das precipitações que se dão nas regiões sudeste e centro-oeste do país. Obtive-se com as discussões e questionários a compreensão deste fato e que as principais ameaças para a manutenção da Floresta são as madeireiras, a mineração e a expansão agrícola. Quando questionados a respeito das soluções para os problemas que afetam a manutenção da Floresta, obtive-se a necessidade de “conscientização da população; respeitar as leis preestabelecidas…”; além da mobilização social: “Protestar e denunciar, como o caso que ocorreu no Rock in Rio…”. O quinto documentário, “Para onde foram as andorinhas?”, teve como finalidade apresentar os impactos que o desmatamento visando à expansão agropecuária se dão em tribos que residem no Parque Nacional do Xingu. Neste curta, os estudantes conseguiram relacionar as causas e efeitos sofridos pelos povos indígenas e refletiram acerca do conhecimento destes povos, destacando a medicina, técnicas de cultivo, de pesca, entre outras. “Ilha das Flores”, o sexto curta-metragem a ser trabalhado, teve a finalidade de mostrar as desigualdades sociais presentes no país, apesar de todos sermos seres-humanos. Os estudantes apresentaram em seus questionários a questão das injustiças sociais: “como o Brasil é um país capitalista, quem possui mais poder aquisitivo tem mais direitos que uma pessoa que não possui.”. Por fim foram levados a questionar qual a relação entre “Desenvolvimento Sustentável” e “Desigualdades Sociais”. Apesar de compreenderem que a idéia de desenvolvimento sustentável exclui a realidade das desigualdades sociais, se observou em algumas respostas, uma certa dificuldade em realizar tal análise, que a equipe do projeto considerou também como sendo de alta complexidade. O sétimo e último curta-metragem foi “Cuidar das Borboletas”, que teve por objetivo discutir os problemas socioambientais derivados do nosso modelo agrícola de desenvolvimento, baseada nos incentivos à agricultura convencional em detrimento da orgânica. Nas discussões e nos questionários, os estudantes demonstram saber que a produção orgânica é socioambientalmente sustentável, mas levantaram as dificuldades em encontrar tais alimentos nos mercados. Ainda foi possível discutir as possíveis iniciativas para o aumento da produção de orgânicos no Brasil por meio de incentivos às cooperativas que os produzem.

Conclusões O Projeto de Extensão Universitária “Cinema e Meio Ambiente”, de acordo com as discussões realizadas e as respostas dos estudantes, parece ter cumprido com seu objetivo primordial. No entanto, dificuldades foram encontradas em seu decorrer, dadas fundamentalmente pelo tempo reduzido dado para as intervenções (uma aula de 50 minutos de duração), impossibilidade o trabalho com curtas-metragens com maior tempo de duração e comprometendo que discussões mais profundas fossem realizadas.

Agradecimentos

A Pró-reitoria de Extensão Univeristária (PROEX) da UNESP, pela bolsa e auxílios concedidos ao desenvolvimento deste Projeto.

Referências GAVA, R.; XAVIER, W.S. Entre o Ensino e o Debate: o uso do documentário “The Corporation” como recurso didático na formação de administradores brasileiros. Revista Eletrônica de Gestão Organizacional, número especial I ENEPQ, 2008, p. 70-79. TRISTÃO, M. Saberes e fazeres da educação ambiental no cotidiano escolar. Revista brasileira de educação ambiental, 2004, p.47-56.

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Avaliação da concentração de nutrientes na água do córrego do Ipê, município de Ilha Solteira-SP.

Mayra Carolina da Silva Ferreira(1)*, Letícia de Oliveira Manoel (2), Sérgio Luís de Carvalho(3)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas, e-mail: [email protected] 2UNESP-IBB, Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas (Zoologia) 3UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia.

Introdução A crescente escassez de águas naturais de boa qualidade constitui um dos grandes problemas mundiais da atualidade. Tal quadro pode, em grande parte, ser atribuído à demanda crescente de água pelas populações conjugada à deterioração dos mananciais superficiais e subterrâneos ocasionada pelo lançamento inadequado de esgotos sanitários, industriais e resíduos sólidos no solo e em corpos hídricos (CAMPOS, 1999). Sabe-se que o lançamento de elevadas concentrações de nutrientes (nitrogênio e fósforo) em cursos de água superficiais causa a diminuição dos níveis de oxigênio e o aumento da biomassa algal originada no corpo receptor decorrente do processo de eutrofização (CHERNICHARO, 2001). A maioria dos estudos realizados procura enfocar a exportação de nutrientes de bacias de drenagem, analisando a relação entre o uso da bacia de drenagem para a agricultura e a exportação de nitrogênio e fósforo. Segundo ODUM (1988) uma paisagem puramente urbana tende a liberar relativamente mais nitrogênio, enquanto que uma quantidade maior de fósforo tende a escoar de uma bacia predominantemente agrícola. O monitoramento dos recursos hídricos superficiais das microbacias permite avaliar a velocidade dos processos de degradação e a efetividade de medidas conservacionistas implantadas no sistema por melhores práticas de manejo. Neste sentido, o objetivo deste estudo é avaliar a concentração de nutrientes (fósforo e nitrogênio) na água do córrego do Ipê, no município de Ilha Solteira - SP.

Material e métodos Realizou-se 12 campanhas com periodicidade mensal (maio/2012 a abril/2013), em dois pontos amostrais: P1 - na nascente do córrego do Ipê (20° 27’ 25.4” S e 51°18’ 33.7” O) e P2 – na foz do córrego do Ipê (20° 27’ 05.2” S e 51° 21’ 46.8” O), localizados na Microbacia Hidrográfica do Córrego Caçula, no município de Ilha Solteira, região noroeste do Estado de São Paulo. As coletas foram realizadas no período matutino, utilizando garrafas de polietileno de dois litros higienizadas com água ionizada, as amostras foram preservadas seguindo os procedimentos recomendados na NBR 9898/97. Para a análise de Nitrogênio total (N) e Fósforo total (P) foi utilizado a metodologia de análise da digestão de ácido persulfato seguido de espectrofotometria pelo aparelho HACH modelo DR2500, de acordo com os Métodos para as Análises de Águas Potáveis e Residuárias – Standard Methods for Examination of Water and Wastewater (APHA-AWWA-WPCF, 1998). As amostras foram analisadas no laboratório de Saneamento do Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira (UNESP), onde foram avaliadas em no máximo 24 horas após a coleta.

Resultados e discussão O fósforo total é considerado um dos melhores indicadores do conteúdo de nutrientes em qualquer ecossistema (SANTI et al. 2012), e sabe-se que o lançamento de elevadas concentrações de nutrientes (N e P) em cursos de água superficiais causa a diminuição dos níveis de oxigênio e o aumento da biomassa algal originada no corpo receptor decorrente do processo de eutrofização (Chernicharo, 2001), além de ocasionar problemas como gosto e odor, declínio da pesca, mortandade de peixes, obstrução de cursos d’água e efeitos tóxicos sobre animais e seres humanos (VON SPERLING, 2005). Em águas naturais, que não foram submetidas a processos de poluição, a quantidade de fósforo total varia de 0,005 a 0,020 mg.L-1 (EMBRAPA, 2002), enquanto que nas estações amostrais avaliadas a concentração média foi de 3,29 mg.L-1 (Estação 1) e 3,13 mg.L-1 (Estação 2), acima do permitido para corpos d’água de classe 2, que é de até 0,0500 mg.L-1 (Resolução CONAMA 357/05). De acordo com Poleto (2003) as altas concentrações de P no córrego do Ipê, devem-se ao lançamento de esgotos clandestinos que são lançados diretamente nesse corpo d’água, além do transporte de fertilizantes e adubos do solo sem conservação adequada. Segundo Freitas (2000), as águas drenadas em áreas agrícolas e urbanas podem provocar a presença excessiva de fósforo em águas naturais entre outras fontes antrópicas.

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Em relação ao Nitrogênio Total, também se observou valores elevados nas duas estações amostrais, com concentração média de 1,60 mg.L-1 na estação 1, e 2,45 mg.L-1 na estação 2. Os resultados obtidos estão associados ao processo de urbanização que resultou na contaminação do córrego do Ipê, com acentuado comprometimento da qualidade de suas águas, decorrente de fontes pontuais e difusas. Tal fato resulta dos esgotos clandestinos que são lançados diretamente nesse corpo d’água e da falta de práticas de conservação do solo que sejam eficientes na retenção das águas pluviais e controle de erosões.

Conclusões Conclui-se que as concentrações de P e N no córrego do Ipê, apresentaram valores elevados ultrapassando os limites estabelecidos pela legislação, caracterizando o ambiente aquático como contaminado e sujeito a processos de eutroficação. Desta forma, torna-se necessária a implantação de técnicas de manejo como curvas de nível, para diminuir e evitar erosões, além do carreamento de adubos e nutrientes do solo, bem como realizar levantamento e eliminação dos esgotos clandestinos, tornando-os parte do sistema de esgoto municipal.

Referências APHA – American Public Health Association, AWWA – American Water Works Association, WPCF – Water Pollution Control Federation. “Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater”. 19ª ed. Washington, DC, USA: ed. APHA, 1995.

CAMPOS, J. R. (Coordenador). Tratamento de esgotos sanitários por processo anaeróbio e disposição controlada no solo. Rio de Janeiro: ABES, 1999. 464p.

CHERNICHARO, C. A. L. (Coordenador). Pós-tratamento de efluentes anaeróbios. Belo Horizonte: PROSAB, 2001. 544p.

CONAMA Resolução CONAMA n° 357, 18 de março de 2005. Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, 2005. 22p

EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Indicadores da qualidade da água. 2002.

FARIAS, M. S. S. Monitoramento da qualidade da água na Bacia Hidrográfica do Rio Cabelo. 2006. 152 f. Tese (Doutorado em Engenharia Agrícola) - Centro de Tecnologia e Recursos Naturais, Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande, 2006.

ODUM, E. P. Ecologia. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan S.A., 1988.

POLETO, C. Monitoramento e avaliação da qualidade da água de uma microbacia hidrográfica no município de Ilha Solteira - SP. 2003. 150 p. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Engenharia Civil na área de recursos hídricos e tecnologias ambientais, Universidade Estadual Paulista – UNESP, Ilha Solteira, 2003.

SANTI, G. M.; FURTADO, C. M, MENEZES, R. S.; KEPPELER, E. C. Variabilidade espacial de parâmetros e indicadores de qualidade da água na sub-bacia hidrográfica do Igarapé São Francisco, Rio Branco, Acre, Brasil. Ecologia Aplicada, Lugar de Publicação, v. 11, n. 1, p. 23-31, 2012.

VON SPERLING, M. Princípios do tratamento biológico de águas residuárias. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 1996.

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Avaliação do metabolismo proteico de Geophagus proximus no reservatório de Jupiá, Ilha Solteira-SP

Bianca Luany Inhã de Godoi (1), Thaisa Teixeira (1), Bruno da Silva(2), José Daniel Soler Garves(2), Igor Paiva Ramos(3), Cristiéle da Silva Ribeiro (4)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado e Licenciatura, Laboratório de Estudos em fisiologia animal- LEFISA. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS e IBB, Curso de Pós-graduação em Ciências Biológicas (Zoologia), Laboratório de Ecologia de Peixes – Pirá e Laboratório de Estudos em Fisiologia Animal – LEFISA 3UNESP-FEIS e IBB, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Ecologia de Peixes – Pirá 4UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Estudos em Fisiologia Animal – LEFISA

Introdução Segundo o Ministério do Meio Ambiente (2006), as espécies exóticas invasoras têm um significativo impacto no modo de vida das espécies endêmicas e das pessoas. A disseminação dessas espécies é considerada a segunda maior ameaça da perda de biodiversidade, levando a destruição das características locais e a alteração das propriedades ecológicas essenciais. Consideradas invasoras, a presença dessas espécies pode alterar o equilíbrio da ictiofauna local em decorrência da competição e predação (Shibatta e Dias, 2006; Agostinho et al, 2007). Espécies como o porquinho (Geophagus proximus) são exóticas introduzidas nas bacias do rio Paraná (Carvalho et al, 2007). Há, entretanto, uma problemática acerca da comercialização do filé desta e de outras espécies importantes na região. O processo sanitário é falho, incompleto, e a inspeção da carne fica aquém do esperado, por não passar por uma avaliação satisfatória, como pode ser observado em feiras de vendas de pescado (Silva et al., 2008). A taxa de parasitismo, qualidade nutritiva, entre tantos outros aspectos de qualidade, não apresentam avaliação confiável ou mesmo nunca foram avaliados. Para Sales e Sales (1990) a avaliação da composição bromatológica é importante para inferir a qualidade do filé, além da avaliação de tecidos metabolicamente importantes e que podem ser influenciados pelo novo ambiente em que a espécie está inserida. Portanto, o objetivo desse trabalho foi caracterizar a composição proteica hepática e muscular da espécie não-nativa G. proximus, no reservatório de Jupiá, rio Paraná.

Material e métodos As coletas dos exemplares de G. proximus foram realizadas no reservatório de Jupiá (Usina Hidrelétrica Engenheiro Souza Dias), o qual localiza-se a jusante da UHE de Ilha Solteira, no rio Paraná, entre as cidades de Andradina (SP), Castilho (SP) e Três Lagoas (MS). Os espécimes foram coletados em período chuvoso (março de 2018) no rio Paraná, com a utilização de com a utilização de redes de espera com malhagens entre 25 e 45 mm entre nós não adjacentes. As redes foram montadas nas margens do reservatório por volta das 7:00h e vistoriadas a cada três horas (Autorização SISBIO 61669-1). Foram coletados 25 espécimes adultos. Esses animais foram dessensibilizados com o uso de gelo e eutanasiados com secção da medula espinal na altura do opérculo, com a extração dos tecidos hepático e muscular, acondicionados em freezer a -80ºC até o momento das análises (Autorização CEUA-FEIS 05/2018). O teor proteico dos tecidos foi determinado por método colorimétrico, após precipitação e solubilização das proteínas totais. A concentração de proteína foi calculada com base em uma curva padrão de albumina sérica bovina (Lowry et al,1951). Os resultados apresentados são de cunho exploratório, provenientes de dados parciais de projeto de Iniciação Científica. Foram apresentados a média e o erro padrão das concentrações proteicas dos tecidos analisados.

Resultados e Discussão Foram analisados 24 animais, com média de massa corpórea de 99,48±11,92g e comprimento padrão de 13,80±0,50cm. Os resultados metabólicos sugerem uma similaridade na concentração proteica no tecido hepático dessa espécie (289,88±19,58 mg/g), comparada à concentração deste substrato no tecido muscular (279,96±22,91 mg/g).

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No trabalho de Silva et al, (2017) a amplitude de concentração proteica foi de 378,24 a 175,21 mg/g para o tecido hepático e 246,00 a 161,28 mg/g para o tecido muscular para G. proximus coletados na bacia do rio Paraná, valores muito semelhantes aos encontrados neste trabalho. Estes resultados demonstram um padrão bastante distinto do descrito para teleósteos, de altas concentrações hepáticas de substrato proteico na comparação com o menor armazenamento muscular deste substrato metabólico (Sheridan, 1994). Dois trabalhos realizados com Oreochromis niloticus, espécie da família Cichlidae, a mesma de G. proximus, demonstraram valores de proteínas totais musculares menores do que os encontrados neste trabalho; Ribeiro et al, (2014), avaliando a inclusão de proteína microbiana na ração de tilápias, obteve uma amplitude de 82 a 170 mg/g; enquanto em um estudo feito com filés da mesma espécie, por Moura et al (2009), a concentração de proteína no tecido muscular da tilápia variou de 137,2 a 182,5mg/g. Os resultados obtidos neste trabalho mostraram uma porcentagem de proteína maior do que o esperado para pescados de acordo com Sartori e Amancio (2012), de 150 a 250 mg/g, o que pode garantir a qualidade deste filé, já que o pescado é uma fonte proteica importante para a alimentação humana.

Referências AGOSTINHO, A. A.; GOMES, L. C.; PELICICE, F. M. Ecologia e manejo de recursos pesqueiros em reservatórios do Brasil. Eduem, Maringá, 2007. 501p.

CARVALHO, E. D.; DAVID, G. S.; NOVAES, J. L. C.; RAMOS, I. P. Relatório técnico-científico: Levantamento da biologia pesqueira e análise da capacidade suporte ambiental. Projeto Parque Aquícola FEIS (Ilha Solteira) e IBB (Botucatu), Botucatu, SP, 2007.

LOWRY, O.H., ROSENBROUGH, N.J., FARR, A, L., RANDALL, R.J. Protein measurement with the Folin phenol reagent. The Journal of Biological Chemistry, 193:265-275, 1951.

MMA (2006). Espécies exóticas invasoras: situação brasileira / Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Biodiversidade e Florestas. – Brasília, 24p.

MOURA, M. A. M.; GALVÃO, J. A.; HENRIQUE, C. M.; SILVA, L. K. S. OETTERER, M. Caracterização físico-química e de frescor de filés de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) oriundas da pesca extrativista no médio Rio Tietê/SP, Brasil. Boletim do Instituto de Pesca, 35:487–495, 2009.

RIBEIRO, C. S.; MOREIRA, R.G.; CANTELMO, O. A.; ESPOSITO, E. The use of Kluyveromyces marxianus in the diet of Red-Stirling tilapia (Oreochromis niloticUs, Linnaeus) exposed to natural climatic variation: effects on growth performance, fatty acids, and protein deposition. Aquaculture Research, 45: 812-827,2014.

SALES, R. D. O.; SALES, A. M. Estudo da composição química e rendimento de dez espécies de pescado de água doce de interesse comercial nos açudes do Nordeste Brasileiro. Ciência Agronômica, 21: 27-30, 1990.

SARTORI, A. G. O.; AMANCIO, R. D. Pescado importância nutricional e consumo no Brasil. Segurança Alimentar e Nutricional, Campinas, 19(2): 83-93, 2012.

SHERIDAN, M.A. Regulation of lipid metabolism in poikilothermic vertebrates. Comparative Biochemistry and Physiology Part B: Comparative Biochemistry, 107:495–508, 1994.

SILVA, B. Influência de piscicultura em tanque-rede na fisiologia metabólica de Geophagus proximus e Plagioscion squamosissimus. Trabalho de Conclusão de Curso, Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, 2017. 30p.

SHIBATTA, O. A.; DIAS, J. H. P. 40 peixes do Brasil: CESP 40 anos. Rio de Janeiro, 2006.

SILVA, M. L.; MATTÉ, G. R.; MATTÉ, M. H. Aspectos sanitários da comercialização de pescado em feiras livres da cidade de São Paulo, SP/Brasil. Instituto Adolfo Lutz, 67: 208–214, 2008.

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Capacidade de Crescimento, Nodulação e Potencial para Fitorremediação de Cajanus Cajan em Solos Contaminados por Cobre

Mariana Bocchi da Silva(1)*, Liliane Santos de Camargos(2), Victor Navarro da Silva(3), Caroline de Lima Frachia(4)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado e Licenciatura, Laboratório de Fisiologia do Metabolismo Vegetal. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Fisiologia do Metabolismo Vegetal 3, 4UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado e Licenciatura, Laboratório de Fisiologia do Metabolismo Vegetal.

Introdução A poluição de solos por metais pesados (MPs) tem se tornado um problema global crescente com o desenvolvimento industrial, o aumento da mineração e o uso de lodo de esgoto em solos agriculturáveis (Chen et al., 2000). A grande questão é que nem todo metal pesado é puramente tóxico, e vários micronutrientes são metais pesados, como por exemplo o cobre (Cu2+). O cobre (Cu) é um micronutriente essencial para as plantas, participando como componente de diversas enzimas que catalisam o fluxo de elétrons e as reações de oxi- redução nas células. Entretanto, em altas concentrações no solo, esse elemento pode proporcionar alterações drásticas nas células vegetais, as quais podem resultar em perdas consideráveis para o potencial produtivo das plantas (Santos et al., 2004; Mantovani, 2009; Girotto, 2010). A fitorremediação é uma técnica que emprega plantas como agentes de descontaminação, com o fim de remediar água e solos contaminados por poluentes de origem orgânica e inorgânica. Em solos contaminados com MPs, ela tem como princípio a absorção e acúmulo desses elementos pelas plantas, as quais podem ser posteriormente armazenadas para tratamento subsequente (Oliveira et al., 2006). A espécie Cajanus cajan é uma leguminosa herbácea, muito utilizada como adubo verde em sistemas agrícolas, não havendo dados sobre a tolerância desta a elementos potencialmente tóxicos, sejam eles nutrientes ou não, dessa forma a avaliação da tolerância e potencial fitorremediador dessa planta a níveis potencialmente tóxicos de cobre pode gerar subsidios para recuperação de áreas. Assim, o principal objetivo desse estudo é caracterizar a tolerância e potencial fitorremediador de C. cajan ao metal pesado cobre para potencial aplicação dessa planta como fitorremediadora.

Material e métodos O experimento foi conduzido em casa de vegetação, a temperatura controlada de 27°C, com controle do fotoperíodo, ao longo de 60 dias. Foi composto por cinco tratamentos, sendo um controle e cinco doses de cobre disponível (30, 60, 120, 240 e 480 mg/dm3) com cinco repetições biológicas compostas por 2 indivíduos. O solo utilizado foi o solo de Cerrado, obtido na FEPE (Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão da FEIS-UNESP). Todas as contaminações foram colocadas em vasos de 2L. Após a contaminação, esperou-se um período de estabilização do solo de 10 dias e depois as sementes de C. Cajan foram colocadas para germinar. Durante a condução do experimento em 60 dias, foram realizadas medidas de altura e número de folhas neste período. Após, foi realizada a coleta e a planta separada em parte aérea e parte radicular; os nódulos foram separados, contados e pesados. O material foi seco em estufa de circulação fechada por 72 horas a 60ºC para a obtenção da massa seca. Com os dados de massa seca foi obtido o índice de tolerância para cada tratamento. Os dados coletados foram comparados por análise no programa SISVAR através do Teste de Regressão, com significância de 0,05.

Resultados e discussão Através dos dados analisados, observou-se que, a altura e o número de folhas foram maiores na dose de 30 mg/dm3 e menores na dose de 480 mg/dm3, apresentando significância no teste de regressão, no qual, pode-se inferir que o Cu afeta o crescimento e o desenvolvimento de C. cajan a medida que sua concentração aumenta no solo. A massa fresca foliar teve um aumento nas doses de 30, 60, 120 e 240 mg/dm3 quando comparados ao tratamento controle, e na dose de 480 mg/dm3 foi reduzida em comparação aos demais tratamentos, sendo

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o mesmo comportamento observado para massa seca. Pode-se dizer que a biomassa aumentou com a presença do Cu no solo, o que nos leva a crer que ele pode ser armazenado mais facilmente na parte aérea, e que em concentrações acima de 480 mg/dm3 essa biomassa decresce, . Já a massa fresca radicular tem seu desenvolvimento comprometido quando as concentrações de Cu ultrapassam 240 mg/dm3, quando comparadas com as concentrações mais baixas, sendo que a dose de 30 mg/dm3 apresenta um efeito estimulante ao crescimento. Ao analisar a massa seca radicular, vemos um aumento na dose de 60 mg/dm3 e o decréscimo nas doses acima de 240 mg/dm3. Estas observações sugerem que a parte radicular sofre redução no seu desenvolvimento quando a concentração de Cu no solo excede 240 mg/dm3.

TABELA 1 – MÉDIAS DE CRESCIMENTO; NÚMERO, MASSA FRESCA E MASSA SECA FOLIAR; NÚMERO E MASSA DE NÓDULOS; MASSA SECA E MASSA FRESCA RADICULAR; E ÍNDICE DE TOLERÂNCIA DE C. CAJAN A SOLOS CONTAMINADOS POR COBRE (CU). Massa fresca (g) Massa seca (g) IT Tratamento Altura Númer Número Peso Parte sistema Massa Massa Valores (cm) o de de nódulos aérea radicular foliar radicular Folhas Nódulos (g) 0 mg/dm3 46,45 11,40 59,80 0,59466 9,636 47,022 2,71 11,68 - 30 mg/dm3 67,30 14,20 100,00 1,24394 21,752 52,21 7,048 11,128 1,26 60 mg/dm3 57,55 14,00 108,60 0,94706 17,25 44,144 5,51 12,738 1,26 120 mg/dm3 58,95 12,60 70,80 0,88736 15,31 47,626 4,84 11,428 1,1 240 mg/dm3 56,35 12,50 104,40 1,24738 15,72 39,096 5,024 10,096 1,05 480 mg/dm3 38,25 9,80 43,60 0,72556 7,612 21,726 2,184 4,544 0,46 Coeficiente 0,009* 0,004* 0,102NS 0,737NS 0,01* 0,003* 0,014* 0,019* - angular Coeficiente 0,045* 0,111NS 0,054NS 0,070NS 0,044* 0,537NS 0,037* 0,429NS - linear NS: Não Significativo ao Teste de Regressão com significância de 0,05. *: Significativo ao Teste de Regressão com significância de 0,05. IT: Índice de Tolerância.

Os resultados obtidos para o índice de tolerância (IT), mostram que C. cajan tolera a presença de Cu no solo nas concentrações de 30, 60, 120 e 240 mg/dm3, pois são próximos ou igual a 1,0. Mas na concentração de 480 mg/dm3, o resultado foi de 0,46, o que sugere a baixa tolerância da planta a esta concentração. Estes dados fornecem um forte indicativo da capacidade de tolerância e potencial de uso desta espécie em solos contaminados com concentrações que não excedam 240 mg/dm3.

Conclusões Cajanus cajan apresenta potencial para ser usada como fitorremediadora em solos contominados por cobre.

Referências CHEN, H.M.; ZHENG, C.R.; TU, C. & SHEN, Z.G. Chemical methods and phytoremediation of soil contaminated with heavy metals. Chemosphere, 41:229-234, 2000.

GIROTTO, E. Alterações fisiológicas e bioquímicas em plantas cultivadas em solos com acúmulo de cobre e zinco. Santa Maria, RS. Universidade Federal de Santa Maria. 2010. 152p. (Tese de Doutorado)

MANTOVANI, A. Composição química de solos contaminados por cobre: formas, sorção e efeito no desenvolvimento de espécies vegetais. Porto Alegre, RS, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2009. 165p. (Tese doutorado).

OLIVEIRA, A. & PAMPULHA, M.E. (2006) Effects of long-term heavy metal contamination on soil microbial characteristics. Journal of Bioscience and Bioengineering 102 (3), 157- 161.

SANTOS, H. P.; MELO, J.W.B.; LUZ, N.B. & TOMASI, R.J. Comportamento fisiológico de plantas de aveia (Avena strigosa) em solos com excesso de cobre. Bento Gonçalves: Embrapa, 2004 (Comunicado Técnico 49).

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Caracterização da morfologia testicular do peixe anual Hypsolebias janaubensis (Cyprinodontiformes, Rivulidae).

Maria Luiza Ribeiro Delgado(1)*, Cristiane Fernanda Benevente(1), Patricia Postingel Quirino(2); Maria Rita de Cáscia Barreto Netto (3), Alexandre Ninhaus- Silveira (4), Rosicleire Veríssimo-Silveira (4)

1*UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, LINEO - Laboratório de Ictiologia Neotropical. E-mail: [email protected] 2UNESP-IBB, Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (Zoologia). LINEO - Laboratório de Ictiologia Neotropical. 3CEPTA – ICMBio, Analista Ambiental, Laboratório de Citogenética e Biologia Molecular de Peixes 4UNESP-FEIS, Docente, Depto de Biologia e Zootecnia, LINEO - Laboratório de Ictiologia Neotropical

Introdução As espécies do gênero Hypsolebias pertencem ao grupo dos rivulídeos, peixes anuais que habitam banhados, pântanos e riachos rasos; podem sofrer com mudanças drásticas nas características físico-químicas da água, devido a sua pouca plasticidade e grande especificidade ecológica, esses peixes são grandemente impactados pelas ações antrópicas (FONTANA, et al, 2003 citado por MARIANO, 2010; ICMBio, 2013). Tendo em vista a susceptibilidade da espécie devido à descaracterização do seu habitat, a grande importância da espécie e a lacuna quanto ao conhecimento de aspectos da biologia reprodutiva destes peixes, este trabalho teve como objetivo caracterizar a morfologia testicular da espécie de peixe Hypsolebias janaubensis.

Material e métodos Quatro exemplares machos e adultos de H. janaubensis foram cedidos pela Dra. Maria Rita de Cáscia Barreto Netto, integrante do Projeto PAN dos Rivulídeos, do Centro Nac. de Pesq. e Conservação de Biodiversidade Aquática Continental,CEPTA/ICMBio, Pirassununga/SP (Proc.: 004/2015 – CEUA/CEPTA). As coletas foram realizadas entre 15 e 16/04/2016, em poças de água temporárias no município de Janaúba-MG, utilizando peneiras e rede de arrastro. Os espécimes foram anestesiados com solução de Eugenol, os testículos foram removidos, fixados, incluídos (Historesina Leica), processados para microscopia de luz em micrótomo Leica RM2245® e corados com Metanil Yellow/Ácido Periódico/Hematoxilina Férrica. As análises foram realizadas em microscopia de luz (Zeiss – AxioCam) no Laboratório de Ictiologia Neotropical, FEIS, Unesp. As características testiculares foram determinadas segundo Grier (1981).

Resultados e discussão Para a espécie H. janaubensis notou-se que os testículos são formados internamente por lóbulos (Fig. 1A), que terminam em fundos cegos na periferia testicular, característica já observada em outras espécies de rivulideos, a exemplo de Melanorivulus aff. punctatus (CASSEL, 2013) e Atlantirivulus riograndensis (CAVALHEIRO & FIALHO, 2014), que também possuem testículos lobulares restritos. No interior dos lóbulos se encontra o epitélio germinativo, onde se localizam as células de Sertoli (Fig. 1B-E) que apresentam projeções citoplasmática ao redor das células germinativas, dando origem aos espermatocistos. Ainda no epitélio, são observadas as espermatogônias (Fig. 1B), as primeiras e maiores células da linhagem germinativa, possuem formato arredondado e núcleo bem evidente e central, podem estar isoladas ou em cistos; não são observadas individualmente ao longo da extensão dos lóbulos, apenas na periferia (Fig.1B) o que caracteriza o tipo testicular lobular restrito, como definido por Parent e Grier (2004), sendo observado além de rivulídeos, também em outros grupos, a exemplo dos Poeciliidae, outra família de Cyprinodontiformes. Dentre as células encontradas nos cistos, estão os espermatócitos primários que, após divisão meiótica dão origem aos secundários (Fig. 1C e 1D), que possuem núcleo mais arredondado e condensado que os primeiros. Também são encontradas espermátides iniciais, secundarias e finais (Fig. 1E), entre elas ocorre apenas um processo de diferenciação, no qual há uma condensação gradativa das cromátides na passagem das iniciais para secundária e nas espermátides finais, sendo também evidenciado o flagelo (Fig. 1E); após essa etapa, há a liberação dos espermatozoides para o lúmen ou luz lobular o lúmen, processo conhecido como espermiogênese (Fig. 1F), e deste modo, caracterizado por espermatogênese cística (Grier, 1981).

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Figura 1: Organização testicular de Hypsolebias janaubensis.

Legenda: A: extensão do lóbulo (L), circundado por linha vermelha e compartimento germinativo (CG),. B. Cistos de espermatogônias (Eg). C: Espermatócitos primários (Ec1) D: Cistos de espermatócitos secundários (Ec2). E: Cistos de espermátides iniciais (Et1), espermátides intermediárias (Et2) espermátides finais (Et3) e flagelos (f). F: Espermatozoides no lúmen (Ez). S: células de Sertoli. Magnificação: A:200x; B, C, D, E e F: 1000x.

Conclusões A caracterização morfológica dos testículos de Hypsolebias janaubensis é dada como do tipo lobular restrito e está filogeneticamente de acordo com os resultados encontrados em membros da família Rivulidae.

Agradecimentos Os autores agradecem ao Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Biodiversidade Aquática Continental – CEPTA – ICMBio; CNPq pela bolsa PIBIC, a UNESP-FEIS e ao LINEO - Laboratório de Ictiologia Neotropical.

Referências CASSEL, M. Gametogenesis and reproductive cycle of Melanorivulus aff. punctatus (Boulenger, 1895) (Cyprinodontiformes, Rivulidae) in chapada dos Guimarães, Mato Grosso, . Neotropical Ichthyology, v.11, n.1, p.179–192, 2013.

CAVALHEIRO, L. W.; FIALHO, C. B. Biologia alimentar e reprodutiva de Atlantirivulus riograndensis (costa & lanés, 2009) (Cyprinodontiforme: Rivulidae) no refúgio de vida silvestre banhado dos pachecos, Rio Grande do Sul. 2014. 77 f. Dissertação (Biologia Animal), Universidade Federal do Rio Grande do Sul- UF, Porto Alegre, 2014.

GRIER, H.J. Cellular organization of the testis and spermatogenesis in fishes. Am Zool. 21, 345-57. 1981.

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MARIANO, W. S. Peixes anuais e alterações ambientais - revisão de literatura. Meio ambiente, sociedade contemporânea e sustentabilidade. p. 39-47, 2010.

PARENTI, R.L.; GRIER, H.J. Evolution and phylogeny of gonad morphology in bony fishes. Integrative and Comparative Biology, v, 44, p. 333–348, 2004.

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Composição florística da vegetação regenerante em área degradada em processo de recuperação no Cerrado

Thais Soto Boni (1), Katia Luciene Maltoni (2), Jaquelyne Poliszuk de Azevedo (3)*, José Antonio Agustini (1), Maria José Neto (4)

1 UNESP-FEIS, Curso de Pós-graduação em Agronomia. 2 UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitossanidade, Engenharia Rural e Solos. 3 UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado. e-mail: [email protected] 4 UFMS-CPTL, Docente, Curso de Ciências Biológicas.

Introdução

O restabelecimento do processo de regeneração natural, em ambiente intensamente impactado, contribui para a estabilidade e a continuidade da comunidade em determinadas áreas (Medeiros et al., 2007), principalmente em locais onde fragmentos da vegetação natural disponibilizam sementes (Durigan et al., 1998). Estabelecido o processo de recuperação por revegetação, a avaliação dos progressos deve acontecer durante os anos seguintes. Esta avaliação pode ser, em princípio, feita por meio do estudo da composição florística. O estudo da composição florística trata da identificação das espécies existentes em determinado local, sendo a base fundamental para diversos trabalhos (Felfili; Rezende, 2003). Ela é útil no monitoramento de áreas nativas ou de áreas degradadas em processo de recuperação, permitindo avaliar e melhorar as estratégias utilizadas (Vieira; Gandolfi, 2006). Este estudo teve por objetivo avaliar a diversidade, origem e modo de dispersão das espécies vegetais espontâneas em área degradada em processo de recuperação para compreensão do processo.

Material e Métodos

Os trabalhos foram conduzidos em condições de campo, em área experimental estabelecida na Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão, da Faculdade de Engenharia – UNESP/Campus de Ilha Solteira, localizada no município de Selvíria/MS, em área degradada, na década de 60, pela construção da UHE de Ilha Solteira (SP), de onde foram removidos a vegetação nativa e horizontes do solo, deixando exposto o subsolo, que permaneceu sem cobertura vegetal até 2011, devido à baixa resiliência do solo, em função da intensidade do impacto. A área experimental foi instalada em uma área contínua de 3,4 ha, localizada à margem direita do Rio Paraná, a jusante da UHE, sob Latitude 20º 23’ 02” Sul e Longitude 51º 24’ 24” Oeste. Nesta área foram estabelecidos 12 tratamentos, com o objetivo geral de criar no solo degradado condições para dar suporte à vegetação nativa, no caso o Cerrado. O delineamento experimental adotado foi em blocos casualizados com doses de resíduos aplicados em faixas, em esquema fatorial 3 x 4, sendo 3 doses (0, 16 e 32 t ha-1) de resíduo orgânico (RO - macrófitas aquáticas) e 4 doses (0, 15, 30 e 45 t ha-1) de resíduo agroindustrial (RA - cinza oriunda da queima do bagaço da cana-de-açúcar) que resultaram no estabelecimento de 36 parcelas de 20 x 30 m (600 m2), separadas por faixas de 05 m de largura. Mecanizada a área, incorporados os resíduos (Novembro/2011) esta permaneceu em pousio por 03 meses. Em fevereiro/2012 foram introduzidas na área experimental mudas de 10 espécies de ocorrência no Cerrado da região, com plantio conduzido em covas (0,40 m de profundidade), com espaçamento de 4,0 x 5,0 m sendo 1080 o número de mudas utilizadas, onde cada parcela do experimento recebeu três indivíduos de cada espécie. Em março de 2015 foi realizada uma avaliação da vegetação espontânea, nas 36 parcelas (20 x 30 m) experimentais, contudo, as ações relativas a identificação de indivíduos do estrato herbáceo foi realizada em sub-parcelas de 5 x 5 m, localizadas no canto superior esquerdo das parcelas de 20 x 30 m, adaptado de Munhoz e Araújo (2011). No restante da parcela, foram amostrados indivíduos do estrato arbustivo-arbóreo com altura superior a 30 cm, mas não foram consideradas as mudas introduzidas. As espécies foram classificadas de acordo com sua origem fitogeográfica (nativas ou exóticas), com base em banco de dados da literatura disponível, e síndromes de dispersão de sementes (anemocoria, autocoria e zoocoria), seguindo a classificação adotada por van der Pijl (1982).

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Resultados e Discussão

O levantamento florístico realizado em março/2015 revelou ocorrência espontânea de 72 espécies, distribuídas em 27 famílias, com predomínio das famílias Fabaceae, Poaceae, Asteraceae e Euphorbiaceae, com 16, 8, 6 e 5 espécies, respectivamente. O número de espécies arbustivo-arbóreas identificadas foi de 25 e as espécies exóticas identificadas, todas as 7, são herbáceas e estão distribuídas entre as famílias Poaceae, Asteraceae, Commelinaceae e Fabaceae, com 4, 1, 1, e 1 espécies, respectivamente. Com relação à síndrome de dispersão, observou-se que 35,7% são autocóricas, 30% anemocóricas e 34,3% zoocóricas. A semelhança entre a dispersão por autocoria e por zoocoria tem seu comportamento explicado devido às condições do ambiente, completamente aberto, como em formações savânicas e campestres do Cerrado, onde as espécies herbáceas prevalecem, e os modos de dispersão mais simples e de menor custo energético como a autocoria passiva são favorecidos (Kuhlmann; Ribeiro, 2016). A fauna dispersora promove a entrada de novas espécies vegetais advindas de fragmentos vizinhos, auxiliando na dispersão das sementes das espécies plantadas e presentes na área, contribuindo para a rápida colonização da área em recuperação e aumento na diversidade local (Pilon; Durigan, 2013).

Conclusões

O modelo adotado para a recuperação da área degradada propiciou a entrada e estabelecimento de 72 espécies nativas regenerantes, em apenas 03 anos. A presença de espécies que se dispersam por zoocoria e de um fragmento de vegetação nativa próxima ao experimento, podem ter auxiliado a chegada de novas espécies na área experimental.

Referências

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FELFILI, J. M.; REZENDE, R. P. Conceitos e métodos em fitossociologia. Brasília: Universidade de Brasília, Departamento de Engenharia Florestal, 2003. (Comunicações Técnicas Florestais, v. 5, n. 1)

KUHLMANN, M.; RIBEIRO, J. F. Evolution of seed dispersal in the Cerrado biome: ecological and phylogenetic considerations. Acta Bot. Bras., Belo Horizonte, v. 30, n. 2, p. 271-282, 2016.

MEDEIROS, M. B.; FELFILI, J. M.; LIBANO, A. M. Comparação florística-estrutural dos estratos de regeneração e adulto em cerrado sensu strictu no Brasil Central. Revista Cerne. Lavras, v. 13, n. 3, p. 291-198, 2007.

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VAN DER PIJL, L. Principles of dispersal in higher . 3 ed. New York: Springer-Verlag, 1982.

VIEIRA, D. C. M.; GANDOLFI, S. Chuva de sementes e regeneração natural sob três espécies arbóreas em uma floresta em processo de restauração. Revista Brasileira de Botânica, v.29, n.4, p.541-554, 2006.

Descrição anatômica de sistemas subterrâneos de uma espécie de Mimosa do Cerrado adaptada ao fogo

Beatriz Schenaide Vitoria (1) *, Natacha Silva (2), Aline Redondo Martins (1)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Laboratório de Anatomia Vegetal. e-mail: [email protected] 1UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Anatomia Vegetal 2UNESP-Rio Claro, Curso de Pós-Graduação em Biologia Vegetal

Introdução

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O gênero Mimosa, pertencente à família Fabaceae, possui mais de 3300 espécies encontradas em regiões tropicais e subtropicais (Simon et al, 2011; LPWG, 2017). Há uma grande diversidade desse gênero, com espécies que apresentam atributos de adaptações ao ambiente e ao distúrbio de fogo frequente no Cerrado Brasileiro (Lewis, 1987; Barneby, 1991; Simon et al, 2011). O fogo desempenha um papel importante como força seletiva na evolução das espécies de plantas em habitats susceptíveis a ele. (Bond & Van Wilgen, 1996; Keeley et al, 2011). Para a sobrevivência dessas espécies, há a necessidade de estratégias de persistência que possibilitem sua regeneração após eventos de fogo, como a regeneração a partir da rebrota (Bond & Midgley, 2001). Muitas espécies de Mimosa apresentam órgãos subterrâneos lignificados e espessados (Appezzato da Glória, 2015), com reservas energéticas e um banco de gemas; para que ocorra a rebrota após o fogo (Silva, 2011; Simon & Penningtony, 2012; Fidelis et al., 2014). Para melhor compreensão do desenvolvimento, funcionamento e classificação desses órgãos, respondendo questões ecológicas relacionadas ao fogo no Cerrado, são necessários estudos desses sistemas subterrâneos (Compton, 1912; Oliveira, 1999; Appezzato da Glória, 2015). O objetivo deste trabalho foi analisar e descrever o sistema subterrâneo de plântulas Mimosa leiocephala quanto à estrutura anatômica do hipocótilo e da raiz, aos nove meses de idade.

Material e métodos As sementes da espécie Mimosa leiocephala foram coletadas na Reserva Natural da Serra do Tombador- GO em maio de 2016, escarificadas, germinadas em laboratório, transplantadas para sacos de mudas e posteriormente mantidas em casa de vegetação. Logo em seguida, as plântulas com nove meses de idade foram fixadas em FAA 70, para análises anatômicas de hipocótilo e raiz, que incluem desidratação, inclusão em historresina, seccionamento em micrótomo rotativo e coloração com azul de toluidina (Johansen, 1940). O presente trabalho é parte da tese de doutorado, em andamento, “Adaptações subterrâneas e sobrevivência de espécies de leguminosas do Cerrado ao fogo”, da aluna Natacha Silva (Unesp – Rio Claro).

Resultados e discussão Nas secções transversais da raiz primária e no hipocótilo da plântula de M. leicephala, foi observado como revestimento secundário periderme contendo idioblastos fenólicos (Fig 1). Na região do floema secundário da raiz foram encontrados raios parenquimáticos largos (Fig.1 C e D), diferente dos raios parenquimáticos observados no hipocótilo, que são mais restritos (Fig.1 A e B). O xilema secundário, em ambos os órgãos (Fig. A e C), apresenta elementos de vaso distribuídos em série, porém no xilema secundário da raiz (Fig.1 C) eles se encontram na maioria isolados. A espécie apresenta grande quantidade de fibras no xilema secundário (Fig.1). Foi observado presença de medula na região do hipocótilo, o que reflete sua origem caulinar. O xilema primário da raiz se organiza em quatro polos de protoxilema (Fig.1 D).

Figura 1: Secções transversais do hipocótilo (A e B) e da raiz primária (C e D) de plântula de M. Leiocephala, aos nove meses de idade, apresentando crescimento secundário.

Conclusões Dessa forma, as características que podem estar relacionadas à adaptação e de resistência ao fogo, observadas na espécie em estudo, são: estrutura secundária aos nove meses, presença de idioblastos fenólicos e fibras.

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Agradecimentos Agradecemos ao auxílio financeiro da FAPESP – Processo número 2015/06743-0.

Referências APPEZZATO DA GLÓRIA. Morfologia de sistemas subterrâneos de plantas = Morphology of underground systems/ Beatriz Appezzato da Glória, 160p., 2015.

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Enquadramento das águas doces superficiais no Brasil e a diretiva quadro da União Europeia para as águas: um estudo comparativo

Paulo Henrique Furlan (1), Denise Galo Pizella (2) 1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado – e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia

Introdução Com o objetivo de melhorar as disponibilidades hídricas superficiais e subterrâneas, em qualidade e quantidade; de reduzir os conflitos reais e potenciais de uso da água; e de aumentar a percepção da conservação da água como valor socioambiental relevante, em 1997 foi criada Lei n. 9433/97, mais conhecida como Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) (Brasil, 1997). Esta lei conta com instrumentos de gestão que asseguram o cumprimento dos objetivos para qual foi criada, sendo o enquadramento das águas em classes um instrumento de planejamento que necessita de uma etapa diagnóstica para identificar quais os usos existentes (preponderantes) na bacia hidrográfica, de modo a condicionar a qualidade hídrica a eles. (Diniz et al, 2006). O enquadramento é influenciado por aspectos técnicos, econômicos, sociais e políticos. Segundo a Resolução do CONAMA nº 357/2005, o enquadramento dos corpos d’água representa uma meta a ser alcançada ou mantida de acordo com os usos pretendidos. No Brasil são adotadas cinco classes de qualidade para as águas doces superficiais, uma especial e outras que variam de 1 à 4, sendo a número 4, a de menor qualidade e a que é aproveitada apenas para usos menos exigentes, como a navegação e harmonia paisagística, por exemplo (Brasil, 2005). Mundialmente falando, um sistema de classificação que tem recebido destaque por seu conteúdo inovador é a Diretiva Quadro da União Europeia para as águas. Elaborada em outubro do ano 2000, tal diretiva tem como objetivo central a melhoria de todos os corpos d’agua da União para um bom status ecológico até o ano de 2015 (Oliveira e Marques, 2008). Em busca de um melhor aprimoramento do arcabouço legislativo ambiental brasileiro, o presente trabalho tem o intuito de realizar um estudo comparativo entre o sistema de classificação das águas doces estabelecido no Brasil por meio da Resolução CONAMA 357/05 e pela Diretiva Quadro da União Europeia para as Águas, considerada modelo de gestão da qualidade hídrica, de modo a identificar as oportunidades e desafios para o enquadramento das águas doces no Brasil.

Material e métodos Para a realização deste trabalho, que apresenta resultados parciais da pesquisa, foi tecida uma análise documental da Lei n.9433/97 e da Diretiva Quadro da União Europeia para as Águas, onde se buscou comparar os objetivos de ambas as Leis. Resultados e discussão Os objetivos de qualidade hídrica, sejam da PNRH, sejam da Diretiva Quadro da União Europeia para as Águas, tem pontos em comum, como por exemplo, o uso sustentável das águas para assegurar tais recursos para as futuras gerações; a mitigação, prevenção e defesa contra eventos hidrológicos, sejam de cunho antrópico ou natural. A Tabela 01 visa enfatizar estes pontos em comum. Tabela 1- Objetivos consonantes entre a Política Nacional de Recursos Hídricos e da Diretiva Quadro da UE para as Águas. PNRH Diretiva Quadro da UE para as Águas Assegurar à atual e às futuras gerações a necessária Promover um consumo de água sustentável, disponibilidade de água, em padrões de qualidade baseado numa proteção a longo prazo dos recursos adequados aos respectivos usos (BRASIL, 1997, hídricos disponíveis; (EC, 2000, art. 1, inciso). art. 2.,inciso I) e [...] a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável (BRASIL, 1997, art. 2, inciso II). A prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos Assegurar a redução gradual da poluição das águas críticos de origem natural ou decorrentes do uso subterrâneas e evitar a agravação da sua poluição inadequado dos recursos naturais (BRASIL, 1997, (EC, 2000, art. 1, Inciso D) e contribuir para art. 2, inciso III). mitigar os efeitos das inundações e secas [...] (EC, 2000, art. 1, Inciso E). Entretanto, os objetivos da Diretiva Quadro da UE são mais elaborados e melhores explanados e possuem pontos que a PNRH não menciona em seu escopo. Neste sentido, o Inciso A da Diretiva Quadro enfatiza a proteção e melhoria dos ecossistemas aquáticos e dos ecossistemas terrestres dependentes de cada

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corpo hídrico e, além disso, apresenta termos como “proteção”, “redução”, “melhoramento”, enquanto que nos objetivos da PNRH, a única palavra presente é “prevenção”, demonstrando que a Diretiva Quadro tem o intuito de promover uma melhor qualidade de suas águas de modo mais abrangente, enquanto que a PNRH não apresenta uma visão ecossistêmica mais ampla dos corpos hídricos, de modo protetivo, buscando apenas conservá-los. A Tabela 02, deste modo, tem como foco mostrar as diferenças nos objetivos de cada uma das legislações em análise. Tabela 2- Diferenças entre os objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos e da Diretiva Quadro da UE para as Águas PNRH Diretiva Quadro da UE para as Águas (Não possui objetivo correspondente) Evitar a continuação da degradação e proteger e melhorar o estado dos ecossistemas aquáticos, e também dos ecossistemas terrestres e zonas úmidas diretamente dependentes dos ecossistemas aquáticos, no que respeita às suas necessidades em água (EC, 2000, art. 1, Inciso A). O Art. 2. Inc. III da Lei 9433/97 fala da prevenção Visa uma proteção reforçada e um melhoramento e defesa contra usos inadequados dos recursos do ambiente aquático, nomeadamente através de naturais, mas não menciona melhoramento e/ou medidas específicas para a redução gradual das redução/cessação de substâncias prioritárias. descargas, das emissões e perdas de substâncias prioritárias e da cessação ou eliminação por fases de descargas, emissões e perdas dessas substâncias prioritárias (EC, 2000, art. 1, Inciso).

Conclusões A partir dos dados preliminares da pesquisa, é possível, notar uma maior preocupação com os ecossistemas e o meio na Diretiva Quadro da UE do que na PNRH em seus objetivos, os quais, além de mais detalhados, enfatizam a redução ou a cessação de algumas ações antrópicas nos corpos hídricos, em termos de poluentes prioritários a serem eliminados. Outras etapas a serem desenvolvidas poderão elucidar melhor as potenciais diferenças e semelhanças entre tais dispositivos legais, como a metodologia para a classificação dos corpos d’água, os parâmetros de qualidade utilizados para tanto e quais as principais dificuldades e potencialidades que alguns países membro da União Européia encontram para a implementação da Diretiva Quadro.

Referências BRASIL. Lei nº 9433 de 08 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Diário Oficial da União, 09 de janeiro de 1997.

BRASIL. Resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Diário Oficial da União, 18 de março de 2005.

DINIZ, L. T.; YASAKI, L.F.O.; JUNIOR, J.M.M.; PORTO, M.F.A. O Enquadramento de Cursos d’água na legislação brasileira. I SIMPÓSIO DE RECURSOS HÍDRICOS DO SUL-SUDESTE. ABRH: Curitiba, p.1-19. Disponível em: . 2006. Acesso em: 06 set. 2016.

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OLIVEIRA, C. C. de; MARQUES, D. M. Proteção e qualidade dos recursos hídricos brasileiros: contribuições da Diretiva Européia para a água. Rega, v. 5, n. 1, p.7-12, 2008.

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Estabelecimento in vitro de Passiflora giberti Beatriz Cardoso Ribeiro (1)*, Glaucia Amorim Faria (2), Antonio Flavio Arruda Ferreira(2), Enes Furlani Junior(2), Beatriz Garcia Lopes(3).

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado e Licenciatura - Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais – e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docentes: DMAT, UNEMAT, DFTASE - Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais 3UNESP-FEIS, Curso de Pós-Graduação em Agronomia –Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais.

Palavras chave: Passiflora sp., micropropagação, cultura de tecidos, microestacas, segmentos nodais, explantes.

Introdução Maracujá é o nome popular dado a várias espécies pertencentes ao gênero Passiflora. Aproximadamente 90% das 400 espécies deste gênero são distribuídas nas regiões tropicais e subtropicais do globo. O estabelecimento dessa cultura, tem enfrentado inúmeros problemas como as doenças, como morte prematura e fusariose, que ocasionam perdas não só de produtividade, mas também da qualidade dos frutos, dessa forma, há uma grande necessidade de realizarem-se estudos com espécies que sejam resistentes e as técnicas de cultura de tecidos tornam-se alternativas viáveis para esses estudos. As técnicas de cultura de tecidos vêm proporcionando maior disponibilidade de plantas de boa qualidade fitossanitária e isentas de patógenos sendo utilizada em escala comercial para várias espécies de fruteiras. Segundo Freitas (1997) a micropropagação oferece uma boa alternativa para o maracujazeiro, pois podem produzir em grande escala clones selecionados de variedades com interesse comercial. Essa técnica, atua assim não só para o melhoramento genético da espécie quanto para a conservação de bancos de germoplasma in vitro. Deste modo, o objetivo deste trabalho foi avaliar o estabelecimento inicial in vitro de Passiflora giberti em concentrações do meio MS, visando a produção de mudas e a manutenção da espécie in vitro.

Material e métodos O experimento foi instalado e conduzido no Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais da UNESP - Campus de Ilha Solteira. Foram usadas sementes de Passiflora giberti. (BGP - 414), provenientes de frutos do banco de germoplasma de Passiflora spp., da EMBRAPA Mandioca e Fruticultura. As plantas em casa de vegetação foram cortadas logo após a quarta gema axilar e levadas ao laboratório para desinfestação. Em seguida, para o estabelecimento in vitro foram utilizados segmentos nodais (microestacas) com aproximadamente 1 cm de comprimento, contendo as gemas axilares. Estes foram desinfestados em etanol 70% por 40 segundos e posteriormente em solução de hipoclorito de sódio 0,2% por 15 minutos e a tríplice lavagem foi realizada em câmara de fluxo laminar. Posteriormente o material foi inoculado verticalmente em frascos contendo 20 mL de meio MS (Murashige & Skoog, 1962) com 50% e 100% das concentrações dos sais minerais e vitaminas, suplementado com 30 g L-1 de sacarose, solidificado com 6 g L-1 de ágar, ajustado a um pH de 5,8 e autoclavado a 121ºC (1 kg cm-2) por 20 minutos. Os segmentos nodais inoculados foram mantidos em sala de crescimento com fotoperíodo de 16 horas, temperatura de 27 ± 1 °C. O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado, com 25 repetições, sendo inoculado um segmento nodal por tubo, totalizando 2 tratamentos: T1= MS padrão (100%) e T2= ½ MS(50%). Os meios foram solidificados com 4 mg.L-1 ágar (Merck®) e o pH foi ajustado para 5,8. A avaliação foi realizada aos 30 dias após a incubação dos explantes em meio de cultura, observando- se contaminação endógena, contaminação exógena, taxa de germinação, altura das brotações (cm); número de folhas; número de raízes, escala de desenvolvimento e coloração das folhas. Para este último parâmetro foram utilizadas notas para quantificar a viabilidade dos explantes, que variaram de 1 a 5, sendo: 1 = gema não desenvolvida mas vigorosa; 2 = gema em desenvolvimento; 3 = plântula em crescimento; 4 = planta com folhas e 5 = planta completa, e. para CF considerou-se: 5 = folhas verde-escuro; 4 = folhas verde-médio; 3 = folhas verde-claro; 2 = folhas verde-amarelado e 1 = folhas com coloração amarelada. Os dados para as variáveis contaminação endógena, contaminação exógena e teste de germinação, foram avaliados por meio do teste de Qui-Quadrado (PEARSON, 1900) e Teste Exato de Fisher (FISHER, 1922), as demais variáveis foram submetidos à análise de variância pelo teste F a x% de probabilidade e ao teste Tukey a 5% de probabilidade, utilizou-se o SAS on demand (2017) para o cálculo desses valores.

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Resultados e discussão

Durante as avaliações, verificou-se que muitos explantes sofreram oxidação. Houve 100% de contaminação endógena (bacteriana) nos explantes. As variáveis: escala de desenvolvimento, número de gemas, comprimento da brotação, número de folhas e escala de coloração tiveram CV de 56,38%, 62,00%, 35,99%, 46,15% e 0,00% respectivamente, conforme é mostrado na tabela abaixo.

Tabela 1 - Análise de variância para escala de desenvolvimento (ESCDES), número de gemas (NG), comprimento da brotação (CB), número de folhas (NF) e escala de coloração (COR) no estabelecimento de genótipos de Passiflora giberti. Ilha Solteira/SP, 2018. Fontes de ESCDES NG CB NF COR Variação p – Valor Meios 0,71ns 0,74ns 0,93ns 0,77ns 0,00ns CV (%) 56,38 62,00 35,99 46,15 0,00 MEIO Médias 50% 1,25±0,78a 1,25±0,91a 1,15±0,37a 3,50±2,12a 1,00±0,00a 100% 1,17 ±0,57a 1,17±0,57a 1,10±0,42a 3,00±0,00a 1,00±0,00a Média Geral 1,12 1,20 1,10 3,25 1,00 D.M.S 0,42 0,46 0,24 6,45 0,00 *Significativo e ns não significativo a 5% de probabilidade pelo Teste f. 1Letras iguais na coluna não diferem entre si pelo Teste F a 5% de probabilidade. O p-valor >0,05 não significativo (ns).

Conclusões Podemos concluir que para o estabelecimento da espécie Passiflora giberti, não há influência entre as concentrações de meio MS testadas.

Referências FREITAS, I.M.N. Micropropagação in vitro de maracujazeiro. Atas de Horticultura. Vilamoura, v.18, 1997. SAS INSTITUTE. SAS user's guide: statistics, version 9.3. Cary: SAS Institute, 2010. MURASHIGE, Toshio; SKOOG, Folke. A revised medium for rapid growth and bio assays with tobacco tissue cultures. Physiologia plantarum, v. 15, n. 3, p. 473-497, 1962. FISHER, M. A. On the mathematical foundations of theoretical statistics. Phil. Trans. R. Soc. Lond. A, v. 222, n. 594-604, p. 309-368, 1922. PEARSON, Karl. The London, Edinburgh, and Dublin Philosophical Magazine and Journal of Science, v. 50, n. 302, p. 157-175, 1900.

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Estabelecimento in vitro de Passiflora setacea Beatriz Cardoso Ribeiro (1)*, Glaucia Amorim Faria (2), Antonio Flavio Arruda Ferreira(2), Enes Furlani Junior(2), Beatriz Garcia Lopes(3).

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado e Licenciatura - Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais – e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docentes: DMAT, UNEMAT, DFTASE - Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais 3UNESP-FEIS, Curso de Pós Graduação em Agronomia –Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais.

Palavras chave: Passiflora sp., micropropagação, cultura de tecidos, microestacas, segmentos nodais, explantes. Introdução O gênero Passiflora é amplamente distribuído pelo território brasileiro e pode ser encontrado em todas as regiões do país em pomares comerciais ou quintais de casa. Um dos grandes problemas enfrentados no estabelecimento da cultura de maracujá são as doenças, como morte prematura e fusariose, que ocasionam perdas não só de produtividade, mas também da qualidade dos frutos, havendo portando a necessidade de realizarem-se estudos com espécies que sejam resistentes e as técnicas de cultura de tecidos tornam-se alternativas viáveis para esses estudos. As técnicas de cultura de tecidos vêm proporcionando maior disponibilidade de plantas de boa qualidade fitossanitária e isentas de patógenos sendo utilizada em escala comercial para várias espécies de fruteiras. Segundo Freitas (1997) a micropropagação oferece uma boa alternativa para o maracujazeiro, pois podem produzir em grande escala clones selecionados de variedades com interesse comercial. A grande vantagem destes tipos de explante é que por envolver órgãos meristemáticos pré-formados, propiciam uma maior estabilidade genética das plantas micropropagadas. Deste modo, o objetivo deste trabalho foi avaliar o estabelecimento inicial in vitro de Passiflora setacea DC. em concentrações do meio MS, visando a produção de mudas e a manutenção da espécie in vitro.

Material e métodos O experimento foi instalado e conduzido no Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais da UNESP - Campus de Ilha Solteira. Foram usadas sementes de Passiflora setacea DC. (BGP - 272), provenientes de frutos do banco de germoplasma de Passiflora spp., da EMBRAPA Mandioca e Fruticultura. As plantas em casa de vegetação foram cortadas logo após a quarta gema axilar e levadas ao laboratório para desinfestação. Em seguida, para o estabelecimento in vitro foram utilizados segmentos nodais (microestacas) com aproximadamente 1 cm de comprimento, contendo as gemas axilares. Estes foram desinfestados em etanol 70% por 40 segundos e posteriormente em solução de hipoclorito de sódio 0,2% por 15 minutos e a tríplice lavagem foi realizada em câmara de fluxo laminar. Posteriormente o material foi inoculado verticalmente em frascos contendo 20 mL de meio MS (Murashige & Skoog, 1962) com 50% e 100% das concentrações dos sais minerais e vitaminas, suplementado com 30 g L-1 de sacarose, solidificado com 6 g L-1 de ágar, ajustado a um pH de 5,8 e autoclavado a 121ºC (1 kg cm-2) por 20 minutos. Os segmentos nodais inoculados foram mantidos em sala de crescimento com fotoperíodo de 16 horas, temperatura de 27 ± 1 °C. O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado, com 25 repetições, sendo inoculado um segmento nodal por tubo, totalizando 2 tratamentos: T1= MS padrão (100%) e T2= ½ MS(50%). Os meios foram solidificados com 4 mg.L-1 ágar (Merck®) e o pH foi ajustado para 5,8. A avaliação foi realizada aos 30 dias após a incubação dos explantes em meio de cultura, observando- se contaminação endógena, contaminação exógena, taxa de germinação, altura das brotações (cm); número de folhas; número de raízes, escala de desenvolvimento e coloração das folhas. Para este último parâmetro foram utilizadas notas para quantificar a viabilidade dos explantes, que variaram de 1 a 5, sendo: 1 = gema não desenvolvida mas vigorosa; 2 = gema em desenvolvimento; 3 = plântula em crescimento; 4 = planta com folhas e 5 = planta completa, e. para CF considerou-se: 5 = folhas verde-escuro; 4 = folhas verde-médio; 3 = folhas verde-claro; 2 = folhas verde-amarelado e 1 = folhas com coloração amarelada. Os dados para as variáveis contaminação endógena, contaminação exógena e teste de germinação, foram avaliados por meio do teste de Qui-Quadrado (PEARSON, 1900) e Teste Exato de Fisher (FISHER, 1922), as demais variáveis foram submetidos à análise de variância pelo teste F a x% de probabilidade e ao teste Tukey a 5% de probabilidade, utilizou-se o SAS on demand (2017) para o cálculo desses valores.

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Resultados e discussão Ao analisarmos o caso da contaminação exógena (CONTEX), o meio ½MS (50%) apresentou os menores casos contaminação, sendo que 87% frascos contaminados e 13% não contaminados. Já no meio MS padrão (100%), 77% frascos não contaminaram e 23% contaminaram. Para a contaminação bacteriana (CONT), o meio ½MS (50%) apresentou os menores casos contaminação, sendo que 85% frascos contaminados e 25% não contaminados. Já no meio MS padrão (100%), 77% frascos contaminaram e 23% não contaminaram. No caso do desenvolvimento (DES), o meio ½MS (50%) apresentou 82% frascos não desenvolvidos e 18% desenvolvidos. Já no meio MS padrão (100%), 80% frascos não desenvolvidos e 20% desenvolvidos.

Tabela 1 – Índice Kappa, teste Qui-quadrado (p-valor) e Teste Exato de Fisher (p-valor) para contaminação exógena (CONTEX), contaminação endógena (CONT) e desenvolvimento dos explantes (DES) de genótipos de Passiflora setacea. Ilha Solteira/SP, 2018. CONTEX CONT DES Kappa1 0,63 0,69 0,71 Qui-quadrado2 0,32 0,35 0,84 Fisher3 0,51ns 0,51 ns 1,00 ns 1Escala de correlação do índice Keppa(K): K <0, não existe concordância; 0 ou = x2 tabelado: Rejeita-se Ho. Se x2 calculado < x2 tabelado: Aceita-se Ho. / 3Teste de Fisher se o p-valor >0,05 não significativo(ns).

Com relação ao teste do Qui-quadrado, podemos aferir que as contaminações exógena e endógena tiveram uma correlação desprezível, enquanto o desenvolvimento apresenta uma correlação forte. Ao observarmos os valores das contaminações endógena e exógena, percebemos que para esse teste não houveram diferenças significativas entre as médias. Com base nos dados da tabela, percebeu-se que não houveram diferenças significativas entre os meios no caso da espécie Passiflora setacea DC. Dessa forma, para essa espécie, não há diferenças ao se trabalhar com o meio ½ MS(50%) ou MS(100%).

Tabela 2 - Análise de variância para escala de desenvolvimento (ESCDES), número de gemas (NG), comprimento da brotação (CB), número de folhas (NF) e escala de coloração (COR) no estabelecimento de genótipos de Passiflora setácea DC. Ilha Solteira/SP, 2018. Fontes de ESCDES NG CB NF COR Variação p – Valor Meios 0,56ns 0,24ns 0,08ns 0,47ns 0,12ns CV (%) 51,77 82,36 84,35 49,77 37,79 MEIO Médias 50% 1,91±1,16a 1,09±0,30a 0,27±0,18a 5,00±3,00a 1,40±0,56a 100% 2,16 ±0,93a 1,66±1,55a 0,52±0,44a 3,75±1,25a 1,20±0,40a Média Geral 2,04 1,39 0,40 4,28 1,30 D.M.S 0,89 0,99 0,28 4,18 0,25 *Significativo e ns não significativo a 5% de probabilidade pelo Teste f. 1Letras iguais na coluna não diferem entre si pelo Teste F a 5% de probabilidade.

Observando os dados da Tabela 2, nota-se que as médias dos meios não tiveram diferença significativas, contudo, os valores das medias foram bons para essa espécie, tendo em vista que diversas espécies, aos 30 dias, ainda não formam nenhuma folha. Logo, a cultura responde bem ao meio MS.

Conclusões Para o estabelecimento da espécie Passiflora setacea DC, não há influencia entre as concentrações de meio MS testadas. Referências FREITAS, I.M.N. Micropropagação in vitro de maracujazeiro. Atas de Horticultura. Vilamoura, v.18, 1997. SAS INSTITUTE. SAS user's guide: statistics, version 9.3. Cary: SAS Institute, 2010. MURASHIGE, Toshio; SKOOG, Folke. A revised medium for rapid growth and bio assays with tobacco tissue cultures. Physiologia plantarum, v. 15, n. 3, p. 473-497, 1962. FISHER, M. A. On the mathematical foundations of theoretical statistics. Phil. Trans. R. Soc. Lond. A, v. 222, n. 594-604, p. 309-368, 1922. PEARSON, Karl. The London, Edinburgh, and Dublin Philosophical Magazine and Journal of Science, v. 50, n. 302, p. 157-175, 1900.

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Índice de qualidade da água do córrego do Ipê no município de Ilha Solteira/SP

Mayra Carolina da Silva Ferreira(1)*, Letícia de Oliveira Manoel (2), Sérgio Luís de Carvalho(3)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas, e-mail: [email protected] 2UNESP-IBB, Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas (Zoologia) 3UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia.

Introdução A água é o elemento fundamental da vida, e seus múltiplos usos são indispensáveis para as atividades humanas, em que se destacam o abastecimento público e industrial, a irrigação agrícola, a produção de energia elétrica e as atividades de lazer e recreação. A água representa, sobretudo, o principal constituinte de todos os organismos vivos (ALVES, 2008). A preocupação com a degradação dos recursos hídricos e as perspectivas de escassez traz à tona a necessidade de uma interpretação eficaz da qualidade das águas. Portanto, é necessário o uso de poucos e significativos parâmetros para diferentes áreas e diversos fins, para avaliar e monitorar, de forma objetiva e adequada, a qualidade das águas. Tal necessidade é um desafio que tem sido enfrentado, na maior parte das vezes, com a otimização do monitoramento e utilização de Índices de Qualidade de Água (IQA), que consiste no emprego de variáveis que se correlacionam com as alterações de origem antrópica ou natural, ocorridas na microbacia (DONADIO et al. 2005). Neste sentido, o objetivo do presente estudo foi avaliar a qualidade da água do córrego do Ipê, por meio do monitoramento de parâmetros físico-químicos e biológicos, utilizando-se o Índice de Qualidade da Água (IQA).

Material e Métodos Este trabalho foi realizado no córrego do Ipê localizado na microbacia do córrego Caçula no município de Ilha Solteira, região noroeste do Estado de São Paulo. As amostras de água foram coletadas durante o período de estiagem (maio a outubro) e chuvoso (novembro a abril), com periodicidade mensal, entre os meses de maio de 2012 a abril de 2013, em dois pontos de amostragem: P1 - nascente do córrego do Ipê (20° 27’ 25.4 S e 51°18’ 33.7 O) e P2 - foz do córrego do Ipê (20° 27’ 05.2” S e 51° 21’ 46.8” O), totalizando doze campanhas. As amostras de água foram coletadas em frasco de polietileno. No campo foi feita a mensuração da temperatura da água, utilizando termômetro portátil em horário das 09h00min às 11h00min. As análises experimentais foram realizadas no laboratório de Saneamento do Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira (UNESP), onde foram realizadas todas as análises em no máximo 24 horas após a coleta. A coleta e a preservação das amostras seguiram os procedimentos recomendados na ABNT NBR 9898: 1997. Foram realizadas análises das condições físicas, químicas e biológicas, com base nos Métodos para as Análises de Águas Potáveis e Residuárias – Standard Methods for Examination of Water and Wastewater (APHA-AWWA-WPCF, 1998). Os parâmetros de qualidade, que fazem parte do cálculo do Índice de Qualidade de Água (IQA) refletem, principalmente, a contaminação dos corpos hídricos ocasionada pelo lançamento de esgotos domésticos. O IQA foi calculado pelo produtório ponderado das qualidades de água conforme estabelecido pela CETESB (2003).

Resultados e discussão Durante o período de amostragem, a qualidade da água variou de 31(ruim) a 60 (boa) na nascente do córrego do Ipê apresentando IQA médio “regular”. Foi observado a redução nos valores de IQA no período chuvoso. Resultados semelhantes foram obtidos por diversos autores, como (POLETO, 2003; PINHEIRO; LOCATELLI, 2006; ZANINI et al. 2010). Dentre os parâmetros que compõem o IQA, a concentração de fósforo total, sólidos totais, coliformes fecais e turbidez foram os que mais contribuíram para a variação dos valores observados. Tal fato pode ser explicado pelo carreamento de partículas de solo no período chuvoso interferindo no IQA, mostrando que pode haver alguma influência sazonal sobre os dados, principalmente no mês de janeiro onde foi registrada a maior precipitação (301,9 mm). Observação similar sobre o comportamento dessas variáveis em relação ao IQA e à pluviosidade também é reportada por Piasentin et al. (2009). A presença de materiais sólidos em suspensão, como silte, argila, colóides, matéria orgânica entre outros, pode alterar de forma significativa a turbidez da água. Assim, a elevação da turbidez nestes corpos d’água pode ser explicada pelo aumento da pluviosidade ocorrida nestes meses, fazendo com que os materiais

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à montante, tais como aqueles oriundos da lixiviação dos solos agricultáveis e de sedimentos do rio, fossem carreados para a jusante do curso d’água, elevando os valores deste parâmetro. Em relação ao IQA na foz do córrego do Ipê, pode-se verificar que, os valores oscilaram entre 43 a 62 (qualidade regular e boa, respectivamente), com o IQA médio de 51,6 sendo considerado de qualidade boa. A concentração de coliformes termotolerantes, oxigênio dissolvido, sólidos totais e fósforo total apresentaram- se acima do limite estabelecido pela Resolução CONAMA no 357/2005 para rios de Classe 2. A maioria dessas alterações ocorreu durante o período chuvoso, no qual há carreamento de matéria orgânica, o que explica o aumento da concentração de sólidos, fósforo total e coliformes termotolerantes devido à criação de animais e/ou resíduos orgânicos da agricultura.

Conclusões Concluiu-se que a qualidade da água na nascente do córrego do Ipê apresenta-se com média “regular”, e na sua foz como “boa”. Pode-se correlacionar estes resultados com possíveis contaminantes de origem antrópica carreados para o córrego. Fica evidente que a área necessita de uma atenção especial, principalmente na nascente do córrego do Ipê, uma vez que esta apresentou resultados preocupantes, principalmente pelos altos valores de turbidez, podendo reduzir a penetração da luz solar, consequentemente diminuindo a taxa fotossintética e prejudicando a oxigenação da água. É importante ressaltar que apesar da presença de mata ciliar, a falta de curvas de nível, fez com que as partículas fossem carreadas para a nascente. Por sua vez, a proteção das nascentes, incluindo o manejo de terras em nível de bacias hidrográficas é a forma mais eficiente de uso dos recursos de uma região, pois visa à preservação e melhoria da quantidade e qualidade da água.

Referências ALVES, E. C.; SILVA, C. F.; COSSICH, E. S.; TAVARES, C. R. G.; SOUZA FILHO, E. E.; CARNIEL, A. Avaliação da qualidade da água da bacia do rio Pirapó – Maringá, Estado do Paraná, por meio de parâmetros físicos, químicos e microbiológicos. Acta Scientiarum Technology, Maringá, v. 30, n. 1, p. 39-48, 2008.

AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION- APHA. Standard methods for the examination of water and wastewater. 20th ed. Washington: APHA, 1998.

BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA. Resolução Conama n° 357, 17 de março de 2005.

COMPANHIA ESTADUAL DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO BASICO E DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE- CETESB. Relatório de qualidade das águas interiores do Estado de São Paulo. São Paulo: CETESB, 2003. p. 264.

DONADIO, N. M. M.; GALBIATTI, J. A.; PAULA, R. C. Qualidade da água de nascentes com diferentes usos do solo na bacia hidrográfica do Córrego Rico, São Paulo, Brasil. Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v. 25, n. 1, p. 115-125, 2005.

PIASENTIN, A. M.; SEMENSATTO JUNIOR, D. L.; SAAD, A. R.; MONTEIRO JUNIOR, A. J.; RACZKA, M. J. Índice de qualidade da água (IQA) do reservatório Tanque Grande, Guarulhos (SP): análise sazonal e efeitos do uso e ocupação do solo. Geociências, São Paulo, v. 28, n. 3, p. 305-317, 2009.

PINHEIRO, A.; LOCATELLI, N. D. Evoluções espaciais e temporais da qualidade das águas dos mananciais superficiais da bacia do Itajaí. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, Porto Alegre, v. 11, n. 3, p. 71-77, 2006.

POLETO, C. Monitoramento e avaliação da qualidade da água de uma microbacia hidrográfica no município de Ilha Solteira - SP. 2003. 161 f. Dissertação (Mestrado em Recursos Hídricos e Tecnologias Ambientais)- Faculdade de Engenharia, Universidade Estadual Paulista, Ilha Solteira, 2003.

ZANINI, H. L. T.; AMARAL, L. A.; ZANINI, J. R.; TAVARES, L. H. S. Caracterização da água da microbacia do córrego rico avaliada pelo índice de qualidade de água e de estado trófico. Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v. 30, n. 4, p. 732-741, 2010.

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Influência do canal Artificial de Pereira Barreto, sobre aspectos alimentares de Geophagus proximus no rio São José dos Dourados, SP

Aymar Orlandi Neto(1), Michel Caneschi Whitaker(2), Cristiele da Silva Ribeiro (3), Igor Paiva Ramos(3)

1UNESP-FEIS e IBB, Pós-graduação em Ciências Biológicas (Zoologia) - [email protected] 2UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Laboratório de Ecologia de Peixes – Pirá 3UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia.

Introdução O canal artificial de Pereira Barreto conecta o reservatório de Três Irmãos (Tietê) ao rio São José dos Dourados e contribui com uma vazão média de 173 m3 de águas com diferentes parâmetros físico-químicos (Cesp, 2013; Cetesb, 2017). Contudo, o efeito dessas águas sobre a ictiofauna do rio São José dos Dourados ainda é desconhecido. Sendo Geophagus proximus, uma espécie de peixe não-nativa, abundante, tolerante aos estressores ambientais e com potencial bioindicador aquático (Fedorenkova et al., 2013), o objetivo da presente proposta é avaliar a influência do canal de Pereira Barreto sobre aspectos alimentares em G. proximus, no rio São José dos Dourados.

Material e métodos Exemplares de G. proximus (30 por área amostral) foram coletados em três áreas: uma livre da influência do canal de Pereira Barreto (cinco quilômetros a montante do canal - Ac), um sob a influência do canal (cinco quilômetros a jusante do canal - Dc) e uma área controle (reservatório de Três Irmãos nas proximidades do canal - Re), no período de Outubro a Dezembro de 2017. Os peixes foram eutanasiados (SISBIO n° 56809-1 e CEUA nº 02/2017) e posteriormente, os estômagos retirados, fixados e conservados. Os conteúdos estomacais foram examinados sob estereomicroscópio, identificados até o menor nível taxonômico possível e quantificados separadamente de acordo com o método volumétrico (Hyslop, 1980). Dados limnológicos de temperatura (Te), pH, potencial de óxido redução (Or), condutividade elétrica (Ce), oxigênio dissolvido (Od) e sólidos totais (St) foram determinados pelo medidor multiparâmetros HORIBA U53, em cincos pontos de cada área, e a transparência da água (Tr) obtida pelo Disco de Secchi. Utilizou-se da PERMANOVA one-way para avaliar diferenças das dietas entre os grupos, SIMPER para verificar a contribuição de cada item alimentar e PERMDISP para verificar homogeneidade da dispersão multivariada da dieta entre as áreas. Para comparações limnológicas foi empregadas ANOVA. O software estatístico utilizado foi o RStudio, versão 1.1.442. Para todas as diferenças foram consideradas o valor de p<0.05.

Resultados e discussão Foram verificadas diferenças (p<0,05) entre as áreas Ac e Dc e Ac e Re para Tr (Ac 1.06 m; Dc 2.48 m; Re 4.99 m), Te (Ac 29.82 °C; Dc 29.10 °C; Re 28.9°C), Ce (Ac 0.133 mS cm-1; Dc 0.165 mS cm-1; Re 0.167 mS cm-1) e St (Ac 0.086 g/L; Dc 0.107 g/L; Re 0.108 g/L), além do pH entre as áreas Ac e Re (Ac 6.26; Dc 6.28; Re 7.13). Ainda, não foram verificadas diferenças nas variáveis Te, Or, Ce, Od e St entre as áreas Dc e Re. Foram observadas diferenças na dieta de G. proximus entre as três áreas, sendo Detrito, Escamas, Vegetal, Chironomidae e Bivalve, os itens que mais influenciaram na dissimilaridade (Tabela 1). Contudo, houve homogeneidade nas dispersões multivariadas da composição alimentar das áreas, assim como a dieta dos indivíduos de Dc foi mais restrita e aninhada a Re, do que Ac (Figura 1). Tais resultados indicam que aspectos físico-químicos do rio São José dos Dourados se alteram após o canal artificial e se assemelham ao do reservatório de Três Irmãos, influenciando a dieta de G. proximus. Uma vez que, a maior abundância de detritos, larvas de insetos bentônicos e bivalves nas áreas Dc e Re, sugerem um hábito detritívoro-iliofágo nessas áreas, enquanto que em Ac a maior presença de escamas e material vegetal sugerem um hábito detritívoro-onívoro. Os valores de Ce e St em Dc podem estar relacionados ao aumento de partículas orgânicas provenientes do reservatório, favorecendo maior abundância de Chironomidae e Bivalves (Jorcin e Nogueira, 2008), enquanto, o aumento da transparência os torna mais suscetíveis a predação por G. proximus (Agostinho et al., 2007). Na área Ac, a maior abundância de itens alimentares com menor digestibilidade como Escama e Vegetal podem indicar pouca disponibilidade de macroinvertebrados bentônicos (Abelha et al., 2001). Apesar disso, a presença de Trichoptera em Ac e Dc, sugerem que estes ambientes podem estar menos impactados em relação a Re (Bouchard, 2004). A menor variação e o maior aninhamento da dieta de Dc em relação Re, pode ser devido a perda de filtros biogeográficos pelo canal

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artificial, a qual favorece a homogeneização biótica, consequentemente, maior similaridade dos recursos disponíveis entre as áreas (Rahel, 2012). Tabela 1 - Volume (%) dos itens consumidos por Geophagus proximus, nas áreas antes do canal (Ac) e depois do canal (Dc), no rio São José dos Dourados e no reservatório de Três Irmãos (Re), rio Tiête. Ne = número de estômagos, Co = Coleoptera larva, Ga = Gastropoda, Bi = Bivalve, Di = Diptera, Ch = Chironomidae larva, Es = Escamas, Ve = Vegetal, In = Insetos, De = Detritos, Tr = Trichoptera larva, Al = Algas, Cl = Cladocera, Os = Ostracoda, Pl = Plástico. Ár Ne Co Ga Bi Di Ch Es Ve In De Tr Al Cl Os Pl Ac 16 0 1.9 0.4 0 2.7 18 5.1 1.9 68.6 0.8 0 <0.1 0 0 Dc 12 <0.1 0.5 2.5 0.3 4.0 3.5 3.9 1.3 82.0 1.3 0.2 <0.1 <0.1 <0.1 Re 10 0 1.1 11.2 1.5 3.6 0.2 3.6 0.6 77.6 0 0 0.3 0 0

Figura 1 - Dispersões multivariadas da dieta de Geophagus proximus, com base na medida de distância de Bray Curtis entre as áreas antes do canal (Ac) (azul), depois do canal (Dc) (vermelho) no rio São José dos Dourados e no reservatório de Três Irmãos (Re) (verde), rio Tietê, SP.

Conclusões Sugere-se que o Canal de Pereira Barreto, devido a vazão de águas provenientes do reservatório de Três Irmãos, influência aspectos limnológicos, modificando a biota aquática e os recursos disponíveis, com reflexos na dieta de G. proximus no rio São José dos Dourados.

Referências ABELHA, M.C.F.; AGOSTINHO, A.A.; GOULART, E. Plasticidade trófica em peixes de água doce. Acta Scientiarum, 23:425-434, 2001.

AGOSTINHO, A.A. GOMES, L.C.; PELICICE, F.M. Ecologia e manejo de recursos pesqueiros em reservatórios do Brasil, Eduem, Maringá, 2007. 501p.

BOUCHARD, R.W. Guide to aquatic invertebrates of the Upper Midwest: identification manual for students, citizen monitors, and aquatic resource professionals. University of Minnesota, Water Resources Research Center, 2004. 208p.

CESP - Companhia Energética de São Paulo. Informações sobre a Usina Hidrelétrica de Três Irmãos, 2013. Disponível em: http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/consulta_publica/, acesso em 02/02/2018.

CETESB - Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental. Relatório da Qualidade de Águas Interiores do Estado de São Paulo – 2016, São Paulo, 2017. 287p.

FEDORENKOVA, A.; VONK, J.A.; BREURE, A.M.; HENDRIKS, A.J.; LEUVEN, R.S.E.W. Tolerance of native and non-native fish species to chemical stress: a case study for the River Rhine. Aquatic Invasions, 8:231-241, 2013.

RAHEL, F.J. Homogenization of freshwater faunas. Annual Review of Ecology and Systematics, 3391:291-315, 2002.

JORCIN, A.; NOGUEIRA, M.G. Benthic macroinvertebrates in the Paranapanema reservoir cascade (southeast Brazil). Brazilian Journal of Biology, 68:1013-1024, 2008.

HYSLOP, E.J. Stomach contentes analysis – a review of methods and their application. Journal of Fish Biology, 17:411-429, 1980.

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Influência de diferentes tipos de substratos no desenvolvimento de mudas de capuchinha anã e capuchinha simples.

Hemily Mayumi Borges(1)*, Regina Maria Monteiro de Castilho(2), Raíssa Pereira Dinalli Gazola(3), Rodolfo de Niro Gazola(4)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado. e-mail: [email protected] 2,3UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitotecnia, Tec.de Alimento e Sócio Economia 4UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitossanidade, Engenharia Rural e Solos

Introdução PANC - Plantas Alimentícias Não Convencionais são, segundo KINUPP (2007) aquelas espécies nativas não utilizadas ou subutilizadas na alimentação, mas que possuem potencial para tal. Entre elas está a capuchinha (Tropaeolum majus L. - Tropaeolaceae) planta herbácea anual decumbente, originária da América do Sul (Brasil, Peru e Colômbia), e conhecida em diversas culturas como uma planta multifuncional, pois além de ornamental e medicinal, suas folhas (ricas em vitamina C e sais minerais, com sabor semelhante do agrião) e flores são utilizadas na culinária (PATRO, 2013). Visto que a espécie é propagada por semente, o trabalho teve como objetivo avaliar a influência de substratos no desenvolvimento de mudas de capuchinha anã e simples.

Material e métodos O experimento foi realizado no período de 17/03 a 07/04 de 2018 em casa de vegetação (Pad & Fan) na FEIS/UNESP. A semeadura de capuchinha anã e capuchinha simples foi realizada em bandejas de plástico (preenchidas com os respectivos substratos) contendo 60 células, utilizando-se uma semente por célula, sendo estas fornecidas pela Agristar do Brasil Ltda. A germinação foi analisada diariamente, sendo considerada aquelas que apresentaram o gancho plumular. Após 21 dias, foi feito a contagem de folhas e a retirada da bandeja para determinação da altura da parte aérea e o comprimento da raiz, com auxílio de uma régua graduada em cm. Para a determinação da massa fresca, colocadas em sacos de papel, identificadas conforme o tratamento, repetição e tipo de capuchinha. Em seguida foram pesadas em balança analítica, colocadas em sacos de papel pardo e levadas para a estufa por 72 horas a 65 ֯C, sendo retiradas e pesadas novamente para se determinar a massa seca. Utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado, sendo quatro tratamentos: Basaplant (casca de pinus, turfa, carvão e vermiculita), Click Mudas (casca de pinus, fibra de côco, turfa fibrosa e vermiculita), Bioplant (fibra de coco, casca de arroz, casca de pinus), Topgarden Floreira (casca de pinus, turfa, carvão), com 5 repetições e 6 sementes/repetição, totalizando 30 sementes para cada tratamento, para 2 tipos: Capuchinha Anã e Capuchinha Simples. Os dados obtidos foram submetidos a análise de variância com o auxílio do programa Sisvar (Ferreira, 2008) e teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Resultados e discussão Nos Gráficos 1a e 1b constam os resultados de porcentagem de germinação de Capuchinha Simples e Anã (% de germinação, segundo produtor, de 85% e 65%, respectivamente), mostrando que Clik Mudas foi o com menor % de germinação para ambas, e Basaplant, apesar de alcançar valores superiores aos demais substratos, este foi abaixo do esperado. A % de germinação de capuchinha, de acordo com trabalho de Team (2017), foi de 54% e, quando escarificadas, foi de 65%, ou seja, acima dos valores encontrados no presente trabalho; aventa-se a possibilidade de que a composição dos substratos tenha influenciado no conteúdo relativo de água (CRA) de cada qual, e assim a disponibilidade hídrica para a semente foi diferente, afetando a % de germinação. Segundo Home Guides (2017) é recomendado que sementes de capuchinha sejam submersas em água, antes do plantio, por 24 horas. Observa-se, pela Tabela 1 que, para capuchinha simples ocorreu diferença em número de folha e massa fresca, sendo os maiores resultados para Basaplant, e os menores para Floreira; para capuchinha anã, ocorreu diferença em número de folhas e altura da planta, sendo maiores valores para Floreira e Bioplant e menor para Click Mudas, e maior para Basaplant e menor para Clik Mudas, respectivamente. Bezerra (2003) que diz que dependendo da formulação, os substratos comerciais apresentam diferentes respostas na produção de mudas de hortaliças, visto assim a variação de condutividade elétrica (CE) e o pH de cada qual, além de que os teores de nutrientes nem sempre são suficientes para promover o desenvolvimento satisfatório das mudas, vindo ao encontro resultado do presente trabalho. Gráfico 1 - Porcentagem de germinação de Capuchinha Simples (a) e Anã (b), em 4 diferentes substratos. Ilha Solteira, 2018.

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35 29,96 29,96 a 50 44,4 b 30 40 33,3 25 22,18 30 24,96 20 16,6 20,78 15 20 10 10 5 0

0 GERMINAÇÃO % % GERMINAÇÃO Click MudasFloreira Bioplant Basaplant Click MudasFloreira Bioplant Basaplant SUBSTRATOS SUBSTRATOS Fonte: do autor próprio – Abril/2018

Tabela 1 – Valores médios de número de folhas (NF), altura da parte aérea (altPA), comprimento da raiz (CR), massa fresca (MF), massa seca (MS) em capuchinha simples, conforme os tratamentos. NF altPA CR MF MS Tratamento (cm) (g planta-1) Capuchinha simples Click Mudas 5,50 ab 15,00 a 10,80 a 1,30 ab 0,16 a Floreira 4,67 b 13,17 a 12,10 a 1,20 b 0,16 a Bioplant 5,50 ab 14,35 a 15,18 a 1,99 ab 0,20 a Basaplant 6,27 a 14,59 a 14,21 a 2,15 a 0,23 a C.V. (%) 15,05 11,20 28,79 27,87 27,44 Capuchinha anã Click Mudas 3,62 b 10,97 b 8,30 a 0,95 a 0,12 a Floreira 6,00 a 12,28 ab 13,50 a 1,34 a 0,17 a Bioplant 5,62 a 14,58 ab 14,60 a 1,92 a 0,20 a Basaplant 5,18 ab 16,79 a 13,79 a 1,99 a 0,21 a C.V. (%) 20,11 20,99 26,83 36,18 35,29 Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

Conclusão O substrato Basaplant mostrou-se o mais adequado para germinação e desenvolvimento de capuchinha anã e capuchinha simples.

Agradecimento - A Agristar Brasil e a Base Substrato.

Referências BEZERRA, F. C. Produção de Mudas de Hortaliças em Ambiente Protegido. Fortaleza : Embrapa Agroindústria Tropical, 2003. Disponível em: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/425185/1/doc72.pdf. Acesso em 20 de abril de 2017.

FERREIRA, D.F. SISVAR: um programa para análises e ensino de estatística. Revista Symposium, Lavras, v.6, n.2, p.36-41, 2008.

HOME GUIDES. How Long Does It Take for Nasturtiums to Grow? Disponivel em: http://homeguides.sfgate.com/long-nasturtiums-grow-66657.html. Acesso em 20 de abril de 2017.

KINUPP, V.F. Plantas alimentícias não-convencionais da região metropolitana de Porto Alegre, RS. 2007. disponível em http://hdl.handle.net/10183/12870. Acesso em 20 de abril de 2017.

PATRO, R. Capuchinha – Tropaeolum majus. 2013. Disponível em https://www.jardineiro.net/plantas/capuchinha-tropaeolum-majus.html. Acesso em 20 de abril de 2017.

TEAM, L. Analises de la germinacion de la capuchina. Disponível em: http://www.feriadelasciencias.unam.mx/anteriores/feria23/feria418_01_analisis_de_la_germinacion_de_la_c apuchina.pdf Acesso em 20 de abril de 2017.

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Inventario florístico da ilha fluvial de Ilha Solteira Sonia Yoko Sawakuchi (1), Otávio Italo Matos Uzumaki (1), Andreia Alves Rezende (2)

1UNESP-FEIS, Dicente, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Herbário (HISA).

Introdução A região denominada Área de Influência das Usinas Hidrelétricas do Complexo de Urubupungá, sofreu grande pressão antrópica sobre os recursos naturais devido à formação dos reservatórios e das construções das usinas hidrelétricas (UHE) de Jupiá e Ilha Solteira; que após mais de trinta anos continuam degradando os recursos naturais desta região (GINAK et al., 2007). Na década de 60 antes da construção da UHE de Ilha Solteira, com base em cartas topográficas e imagens aéreas verificou-se que a ilha fluvial apresentava uma área total de 28,20 hectares e 64,60% da área era recoberta pela vegetação arbórea. As análises das imagens de 1978, após da construção da UHE, foi verificado uma redução de 21,13% da área original e de uma drástica redução da vegetação com perda de 83% da vegetação arbórea (ANDRADE, 2013). A redução da área total da ilha pode ser atribuída ao desprendimento dos sedimentos e não reposição dos mesmos pela ação da erosão, fato esse que consequentemente pode causar a perda da vegetação ainda existente e até mesmo o desaparecimento da ilha (WILSON-JR. et al., 2017). Devido à sua importância histórica e ecológica, a ilha fluvial “Ilha Solteira” foi declarada Patrimônio Histórico Público Cultural Municipal, conforme a Lei Municipal Nº 1054, de 21 de agosto de 2003, e Área de Proteção Ambiental, segundo a Lei Municipal Nº 1125, de 06 de fevereiro de 2004. Sabe-se que ilhas costumam ser locais com grande diversidade de espécies, entretanto na ilha fluvial de Ilha Solteira a diversidade de espécies está relacionada com o controle e estabilização do solo (WILSON-JR. et al., 2017). A atual configuração da ilha fluvial se encontra segmentada devido ação de canal que a dividiu em duas ilhotas, indicando uma progressiva degradação. Entretanto, mesmo com as evidencia desta degradação não foi encontrado nenhum registro sobre as espécies da flora da Ilha Solteira, fazendo-se necessário um levantamento de sua vegetação. Sendo assim, o objetivo deste estudo foi investigar por meio de inventario florístico quais espécies da flora compõe a diversidade atual da ilha.

Material e métodos Este estudo foi realizado na ilhota da parte norte da ilha fluvial denominada Ilha Solteira, localizada no Rio Paraná a 1 km da barragem da Usina Hidrelétrica de Ilha Solteira na divisa dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul (WILSON-JR. et al., 2017), com área aproximada de 1,88 hectares (Figura 1). A vegetação encontra-se no Domínio Atlântico, e é caracterizada como Floresta Estacional Semidecidual (IBGE 2004).

Figura 1 – Ilha fluvial de Ilha Solteira, em destaque em vermelho a localização da área de estudo.

Coleta e identificação do material botânico Para a realização do inventário florístico das espécies da ilha fluvial foram realizadas coletas quinzenais, por um período de sete meses (setembro de 2017 a março de 2018).

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Os espécimes foram coletados e herborizados de acordo com as técnicas usuais apresentadas por Fidalgo e Bononi (1989). A identificação preliminar do material botânico foi realizada em campo e complementada e/ou conferida pela comparação com materiais depositados no Herbário de Ilha Solteira (HISA), também foram analisados em herbários virtuais na rede mundial de computadores e pela consulta à bibliografia especializada. As espécies foram ordenadas em famílias de acordo com o sistema APG III (SOUZA & LORENZI 2012). Para a verificação de sinonímias botânicas, autoria e grafias foram consultados os bancos de dados W3 Tropicos do Missouri Botanical Garden (http://www.tropicos.org), International Plant Names Index (http://www.ipni.org) e a Lista de Espécies da Flora do Brasil (http://floradobrasil.jbrj.gov.br).

Resultados e discussão Foram amostradas 27 espécies distribuídas em 25 gêneros e 20 famílias, sendo que duas espécies são exóticas, Cordia myxa L. e Syzygium cumini (L.) Skeels, entre as nativas não há nenhuma espécie ameaçada (Martinelli; Moraes 2013). Fabaceae foi a família mais rica, com quatro espécies, seguidas por Myrtaceae (três espécies), Cannabaceae e Urticaceae, ambas com duas espécies, essas quatro famílias representam 30% do total de espécies. As outras 16 famílias estão representadas por uma única espécie, correspondendo a 60% do total de espécies, mostrando que poucas famílias concentram maior quantidade de espécies, padrão esse característico das florestas tropicais (Gentry 1982). O fato de Fabaceae ser a família mais rica em espécie era esperado, principalmente devido a simbiose da grande maioria das espécies com as bactérias do gênero Rhizobium fixadoras de nitrogênio (SOUZA; LORENZI, 2012). Vale destacar que a maioria das espécies amostradas apresentam hábito arbóreo, correspondendo a 66% do total de espécie, verificou-se também que a síndrome de dispersão predominante foi zoocoria, correspondente 77% do total de espécie, esses resultados indicam a importância da zoocoria para essa área, pois poderá favorecer a colonização de outras áreas da ilha, uma vez que existe fontes de recurso para a fauna. Segundo HOWE, SMALLWOOD (1982), uma das hipóteses para explicar as vantagens da dispersão por animais é e dispersão dirigida, que consiste na dispersão de sementes maiores e, ao mesmo tempo, é mais direcionada do que a anemocoria.

Conclusões Nota-se uma diversidade significativa de espécies de árvores na área da Ilha Fluvial de Ilha Solteira, tal diversidade é atestada pois mais da metade das espécies estão representadas em 16 famílias. Esses resultados, considerando a falta de conhecimento sobre a bióloga e ecologia da Ilha fluvial de Ilha Solteira, contribui para a expansão do conhecimento da flora regional e fornece um importante subsídio para o aprimoramento de ações de conservação.

Agradecimentos Os autores agradecem os auxílios prestados em campo por Luiz Arnaldo Leonaldo e Fabiano Gavoti da Silva da Guarda Municipal e do Setor de Trânsito de Ilha Solteira.

Referências GINAK, S. G.; ALTIMARE, A. L.; SILVA, H. R. Uso de imagem Quickbird para o mapeamento do uso e ocupação do solo da ilha fluvial denominada Ilha Solteira. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, 13., 2007, Florianópolis. Anais XIII. Florianópolis: Inpe, p. 539 – 54, 2007. FIDALGO, O.; BONONI, V. L. R. (Org.). Técnicas de coleta, preservação e herborização de material botânico. São Paulo: Instituto de Botânica, 1984. 62 p. WILSON-JR, G.; CELERI, A.; SOUZA, M. G.; SILVA, H. R.; DIAS, J. H.P. Variações morfológicas da Ilha Solteira, Rio Paraná. In: Congresso Internacional de Hidrossedimentologia, 2, Foz de Iguaçu, Paraná, 2017. ANDRADE, P.C.C. Evolução dos Processos Sedimentológicos e Morfológicos a Jusante de Barragens de Usinas Hidrelétricas. Dissertação de Mestrado. COPPE/UFRJ, RJ, Brasil. 2013. SOUZA, V.C.; LORENZI, H. Botânica sistemática: guia ilustrado para identificação das famílias de angiosperma da flora brasileira, baseada em APGIII. 3.ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 768p. 2012. GENTRY, Alwyn H. Tropical Forest Biodiversity: Distributional Patterns and Their Conservational Significance. Oikos, v. 63, n. 1, p.19-28, 1992. doi.org/10.2307/3545512. HOWE, H F; SMALLWOOD, J. Ecology of Seed Dispersal. Annual Review of Ecology and Systematics, v. 13, n. 1, p. 201-228, 1982. doi.org/10.1146/annurev.es.13.110182.001221.

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Investigação da ação do DMSO em células normais e de câncer de colo de útero

Myllena Mayla Santos de Oliveira(1), Flavia Cristina Rodrigues-Lisoni(2)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Laboratório de Genética Molecular. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Genética Molecular. e-mail: [email protected]

Introdução O câncer pode ser definido como mais de 100 doenças apresentando em comum o crescimento desordenado (maligno) de células que invadem os tecidos e órgãos, sendo capaz de espalhar-se para outras regiões do corpo. Existem vários tipos de câncer, de acordo com as diferentes células afetadas do corpo, podendo ser causados por fatores genéticos ou ambientais (INCA, 2017). O carcinoma de colo de útero afeta grande parte da população mundial e, se não tratado, pode levar a morte. O tratamento desses tumores inclui cirurgia, terapia por irradiação e quimioterapia. Entretanto, esses métodos são altamente invasivos, podendo causar lesões estéticas irrecuperáveis, com um significativo comprometimento funcional. Em função disso, algumas plantas vêm sendo utilizadas no tratamento do câncer e uma delas tem despertado interesse científico, a Piper cubeba, utilizada no tratamento fitoterápico de gonorreia, sífilis, dores abdominais, diarreia, enterite, asma e tumores em geral. Porém, as lignanas da Piper cubeba são diluídas em Dimetilsulfóxido (DMSO) que é considerado citotóxico em quantidades ainda não bem especificadas. O DMSO é um solvente polar e aprótico que tem sido empregado como ingrediente inativo em vários produtos aprovados pela Food and Drug Administration (FDA). Também é um eliminador de radicais livres que atua no transporte de membrana, solubilidade em água e é agente de diferenciação com uma respectiva atividade anti-neoplásica (Mickey et al., 1989). Além disso, é um antioxidante exógeno devido à sua capacidade de reagir com radicais de hidroxila e apresenta uma alta solubilidade sobre diversos compostos (Alemón-Medina et al., 2008). Em função disso, o presente trabalho tem como objetivo geral avaliar o efeito do DMSO, em diferentes concentrações, sobre a morfologia e proliferação na linhagem de célula de câncer de colo de útero (SiHa) e células normais (HaCaT), observando como esse composto age e como essas alterações podem participar do processo tumorigênico.

Material e métodos

Foram utilizadas duas linhagens celulares: uma de células de carcinoma de colo de útero (SiHa) e uma células de queratinócitos normais da pele humana (HaCaT). Essas foram tratadas com DMSO nas concentrações de 1, 5 e 10 % do volume total do meio de cultura adequado para cada tipo celular, pois os fitoterápicos utilizados no nosso Laboratório estão diluídos em DMSO.

Metodologia

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A. Cultivo e análise da morfologia celular A linhagem celular SiHa foi semeada em meio completo (MEM) e a HaCaT (DMEM), ambos suplementados com 10% de soro bovino, 10mM aminoácidos não essenciais, 100mM piruvato de sódio e

100µg/mL de antibiótico/antimicótico. As células foram mantidas a 37°C e atmosfera de 5% de CO2 por 24 horas, até se fixarem no substrato. A morfologia celular foi analisada diariamente em microscópio invertido.

B. Índice de proliferação celular Para analisar o índice de proliferação foi realizada uma curva de crescimento para cada concentração a ser testada com contagem de células cultivadas em placas de cultura de 24 poços, semeadas na concentração 4 de 5x10 em 300uL de meio completo e mantidas a 37°C em câmara úmida e atmosfera com 5% de CO2, por 24 horas, até se fixarem no substrato. Após esse período, o meio de cultura foi substiuído por meio de cultura sem soro (0%), a fim de deixar todas as células na mesma etapa celular. Após 24 horas, o meio sem soro foi substituído pelo meio completo e adicionado o DMSO nas concentrações desejadas. Nas primeiras quatro horas do experimento, as células dos primeiros poços da placa foram tripsinizadas e contadas em câmara de Neubauer (hemocitômetro). As células contidas nos outros poços das placas foram tripsinizadas e contadas após 24, 48 e 72 horas do experimento, o qual foi realizado em duplicatas. Todos os dados foram analisados usando o software Prisma GraphPad versão 7.00. Os resultados foram apresentados como média ± erro padrão da média (EPM) e o teste estatística foi realizado pela análise de variância para comparações múltiplas (ANOVA), seguida do teste de Tukey. Valores de p menores que 0,05 foram considerados para indicar resultados estatisticamente significativos.

Resultados e discussão

A morfologia das células SiHa e HaCaT (Figura 1) é caracterizada por células pequenas com um citoplasma escasso, núcleo grande e nucléolos evidentes, com aspecto variando de estrelado a fusiforme, e geralmente se encontram agrupadas pois dependem de adesão celular para o crescimento. Após os tratamentos com as diferentes concentrações de DMSO não houve modificação da morfologia celular. No ensaio de proliferação celular, pela curva de crescimento (Figura 2), foi possível observar o efeito inibidor de crescimento celular pela ação do DMSO em relação às células sem o tratamento (controle). Ao que tudo indica, quando usado, o DMSO causa morte celular, fazendo com que o crescimento dessas células diminua. As três diferentes concentrações de testadas (1, 5 e 10%) reduziram o crescimento das células normais e tumorigênicas. Nossos dados corroboram com os resultados de Abreu Costa e colaboradores (2017), que também observaram uma diminuição da proliferação celular e na produção de citocinas em culturas de linfócitos periféricos quando tratados com DMSO. Os relatos na literatura de inibição do crescimento celular após o tratamento com DMSO são antigos, que envolvem desde células de melanoma até adenocarcinoma retal humano (Huberman et al.,1979; Tsao et al., 1982).

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A. B.

Figura 1: Microscopia óptica: análise da morfologia das linhagens celulares SiHa (A) e HaCaT (B) sem tratamento, após 72 horas de cultivo. Aumento de 100x. Barra: 20μm

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A. B.

Figura 2. Gráfico representativo do ensaio de proliferação celular das linhagens celulares SiHa (A) e HaCaT (B). Células tratadas com DMSO a 1, 5 e 10%. * vs controle, p <0.05.

Conclusões Podemos concluir que o tratamento com o DMSO não altera a morfologia das células SiHa e HaCat, mas reduz o crescimento celular dessas, possivelmente devido ao efeito anti-proliferativo do DMSO em culturas de células de carcinoma de colo de útero e de células normais humanas.

Referências ALEMÓN-MEDINA, Radamés; Munõz-Sánchez, José Luis; Ruiz-Azuara, Lena; Gracia-Mora, Isabel. Casiopeína IIgly induced cytotoxicity to HeLa cells depletes the levels of reduced glutathione and is prevented by dimethyl sulfoxide. México: Toxicology In Vitro, 2008. 6 p. de Abreu Costa L, Henrique Fernandes Ottoni M, Dos Santos MG, Meireles AB, Gomes de Almeida V, de Fátima Pereira W, Alves de Avelar-Freitas B, Eustáquio Alvim Brito-Melo G. Dimethyl Sulfoxide (DMSO) Decreases Cell Proliferation and TNF-α, IFN-γ, and IL-2 Cytokines Production in Cultures of Peripheral Blood Lymphocytes. Molecules. 2017 Nov 10;22(11). pii: E1789. Huberman, Eliezer; Heckman , Carol; Langenbach, Robert; Stimulation of Differentiated Functions in Human Melanoma Cells by Tumor-promoting Agents and Dimethyl Sulfoxide. Omaha: Biology Division, 1979. HumanRectalAdenocarcinoma Cells. São Francisco: Department of Medicine, University of California School of Medicine, 1982. INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER - INCA (Rio de Janeiro). O que é o Câncer? Disponível em: . Acesso em: 28 ago. 2017.

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Mickey DD, Carvalho L, Foulkes K. Conventional chemotherapeutic agents combined with DMSO in treatment of rat prostate carcinoma. Prostate 1989; 15:221-32. Tsao, D., Morita, A., Bella A., Jr., Luu P., and Kim V. S., Differential Effects of Sodium Butyrate,Dimethyl Sulfoxide,and Retinoic Acidon Membrane-associated Antigen,Enzymes,and Glycoproteinsof .

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Levantamento da arborização urbana do Jardim Santa Catarina – Ilha Solteira / SP: Rua Joaçaba

Thalita Monteiro Araújo Silva(1)*, Regina M. M. de Castilho (2) 1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas, e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitotecnia, Tec. de Alimentos e Sócio-economia

Introdução Entre os benefícios gerados pela arborização, tem-se: o estético - a quebra de monotonia pelas linhas, texturas e formas das árvores, que confere harmonia paisagística; climático e ambiental - relacionado ao microclima, visto o feito do sombreamento que melhora o conforto térmico e lumínico, como também minimiza o efeito de fortes chuvas, e a diminui da poluição do ar e sonora. Há ainda efeitos psicológicos (redução do estresse), fisiológicos (diminuição de batimento cardíaco acelerado), econômicos (valoração de propriedades) e sociais (melhora a convivência interpessoal) (COUTRO, 2007). Os conflitos gerados entre árvores urbanas com a fiação elétrica, largura da calçada, uso da via (tipo de tráfego), recuo ou não das construções e equipamentos urbanos (hidrantes, placa de trânsito, etc....), são causados pelo não ou mau planejamento na implantação, o que leva a poda (que descaracteriza a copa e/ou morte da espécie) ou supressão (retirada da árvore). Assim, o objetivo do presente trabalho é realizar o levantamento da arborização urbana do Jardim Sta Catarina – Ilha Solteira / SP e posteriormente gerar folder de orientação.

Material e Métodos

O levantamento vem sendo realizado desde 17 de março de 2018, nas ruas do Jardim Santa Catarina, localizado na zona Sul da cidade de Ilha Solteira – SP. Para tanto, está sendo utilizada a seguinte planilha, confeccionada pelos autores:

Resultados e Discussão

Na Rua Joaçaba existem 36 árvores adultas, que constam do Quadro 1, assim como a situação em que se encontram. São 11 espécies, e dentre elas 54,54% nativas do Brasil (3 frutíferas), sendo que o uso de espécies exóticas pode contribuír para o desaparecimento de alguns pássaros nativos, em razão da mudança nos seus hábitos alimentares. A maioria das árvores se encontra sob fiação, o que compromete o pleno desenvolvimento das mesmas, visto sofrerem poda, principalmente pela concessionária de energia elétrica. O uso do oiti, é relatado por Brito, Oliveira e Hossomi (2012) em cidades como Uchôa - SP (67,05%) e em Matupá – MT (73,1%), sendo que no local estudado 58, 33% são desta espécie, mesmo sendo recomendado não ultrapassar 30% de uma única família de árvores, 20% de um único gênero e 10% de uma única espécie (CENTRAL FLORESTAL, 2018). Quando não são impostas restrições ao seu crescimento em altura por meio de podas, L. tomentosa tem a copa frondosa que proporciona sombra, fato que justifica seu uso em larga escala na arborização urbana (FERREIRA; GASPAROTTO; LIMA, 2001). Em Maringá – PR. usa-se redes compactas, reduziram mais de 80% á necessidade de poda na arborização urbana de médio e grande porte (FARHAT; MARÓSTICA, 1994). Licania tomentosa e aquatica foram introduzida na arborização urbana pelo paisagista francês Glaziou (por volta de 1840), e, apesar de ambas se desenvolverem bem, as espécies do bioma local se adaptam melhor às condições de clima e solo e contribuem para a manutenção da biodiversidade natural, tornando-se fonte de divulgação e valorização da flora local (ALVAREZ, 2012). Tecoma stans é espécie biocontaminante, visto que invade e suprime pastagens e substitui vegetação nativa, principalmente nas margens de rodovias; no Paraná, conforme a Lei Estadual 11200/95 de 1995, a planta é considerada nociva ao meio ambiente e é vetado o seu uso e comercialização (BREDOW, PEDROSA- MACEDO, 2018).

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Segundo Almeida (2009) as frutíferas - manga, goiaba, caju, pitanga e romã, encontradas no presente trabalho, geralmente tem o plantio em decorrência de ações não planejadas, feito de forma espontânea pela população, e o uso destas pode beneficiar a avifauna, por propiciar alimento.

Quadro 1 – Quantidade, nome vulgar e científico e situações - sob fiação, com afloramento de raízes, necessidade de poda e problemas fitossanitários, de árvores urbanas da Rua Joaçaba. Ilha Solteira, 2018. Qt Nome vulgar Nome científico Sob Afloramento Necessidade poda? Problemas fiação? de raízes? Fitossanitários?

1 Limoeiro Citrus sp Não Não Sim (condução) Não 21 *Oiti1 Licania tomentosa Sim Não 20 (Rebaixamento Não de copa) 5 Mangueira Mangifera indica Não Não Sim (condução) Não

1 *Goiabeira1 Psidium guajava Não Não Sim (Condução) Não

1 *Farinha seca2 Albizia niopoides Sim Não Sim (Transplante) Não

1 Ipê de jardim Tecoma stans Não Não Sim (Condução) Não

1 *Cajueiro3 Anacardium occidentale Não Não Sim (Condução) Não 1 Figueira Ficus benjamina Sim Sim Sim (Rebaixamento Não de copa) 1 * Munguba4 Pachira aquatica Sim Não Não Não

2 *Pitangueira1 Eugenia uniflora Sim Não Sim (condução) Não 1 Romã Punica granatum Não Não Sim (condução) Não Espécies nativas; 1- Mata Atlântica, 2 – Cerrado, 3 - Dunas e Restinga do Nordeste; 4 - Floresta Amazônica.

Conclusões Faz-se necessário, na área de estudo, melhor orientação para a arborização urbana, visto o uso excessivo de uma mesma espécie e do conflito de várias com a fiação.

Referências ALMEIDA, D. N. Análise da arborização urbana de cinco cidades da região da região norte do Estado do Mato Grosso. 2009. Disponível em: http://www.ufmt.br/fenf/arquivos/0a241f85423324b3077c8ee2dc7b6748.pdf. Acesso em 21 de abril de 2018.

ALVAREZ, I. A. et al. Arborização urbana no semiárido: espécies potenciais na Caatinga. Embrapa Florestas-Documentos (INFOTECA-E), 2012.

BREDOW, E. A. PEDROSA-MACEDO, J. H. O amarelinho Tecoma stans (L.) Jussieu ex. Kunth (Bignoniaceae) – sua distribuição mundial, práticas de manejo e a busca de seu controle biológico no Brasil. Disponível em http://www.mma.gov.br/estruturas/174/_arquivos/174_05122008112321.pdf. Acesso em 21 de abril de 2018.

BRITO, L.; OLIVEIRA, L. W.; HOSSOMI, S. T. A análise da fitossanidade da espécie Licania tomentosa, Benth (Chrysobalanaceae) (oiti) presente na arborização viária no município de Rancharia – SP. Cidades Verdes, v.03, n.06, 2015, pp. 103-109

CENTRAL FLORESTAL. Elaboração e Execução de Projetos de Arborização e Paisagismo. Disponível em: http://www.centralflorestal.com.br/2017/06/elaboracao-e-execucao-de-projetos-de.html. Acesso em 21 de abril de 2018.

COUTRO, E. M.; MIRANDA, G. de M. Levantamento da arborização urbana de Irati – PR e sua influência na qualidade de vida de seus habitantes. Revista eletrônica. Lato Sensu – ano 2, nº 1, julho de 2007.

FARHAT, C. B.; MARÓSTICA, L. M. F. O planejamento urbano levando em consideração a arborização e as áreas verdes: Experiências de Maringá-PR. In: Congresso Brasileiro de Arborização Urbana, 2., Encontro Nacional sobre Arborização Urbana, 5.Anais.São Luiz: Sociedade Brasileira de Arborização Urbana. p.103- 112, 1994

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Levantamento Fitossociológico da Fazenda Escola em Garça/SP

Lucas Ferreira(1)*, Matheus Sousa de Paula Carlis (2), Alysson Aluízio de Oliveira Rios (3), Mairê Butzer Vinales(4) ,Camila Kamblevicus Garcia (5)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado e Licenciatura, Departamento de Biologia e Zootecnia – DBZ. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia-Bacharelado, Departamento de Biologia e Zootecnia - DBZ. 3UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado e Licenciatura, Departamento de Biologia e Zootecnia – DBZ.

Introdução Atualmente a demanda por áreas verdes vem crescendo nos ambientes urbanos devido aos benefícios que retorna ao meio, como purificação do ar e sombra aos animais. Sendo instrumento de suporte, a fitossociologia é um método de reconhecimento da comunidade vegetal de uma determinada área, auxiliando nos projetos de manejo e recuperação de áreas degradas (SCHORN, 2014). Diversos órgãos públicos estão relacionados neste tema, destacando a Sociedade Brasileira de Arborização Urbana (SBAU) que estipula índices de área verde. Ela preconiza um mínimo de 15 m²/ Habitante para as áreas verdes públicas (Luncon et al, 2013) Assim, o presente trabalho tem por objetivo realizar um levantamento Fitossociológico na Etec. Dep. Paulo Ornellas Carvalho de Barros, visando quantificar se a unidade escolar atende à demanda de 15 m² de área verde por pessoa e 10 m² de área verde por animal Material e métodos No dia 10 de março de 2017, foi realizada a demarcação das áreas para o levantamento Fitossociológico. Dividiu-se a escola em quatro blocos: B1, B2, B3 e B4, onde o bloco 1 (B1), por ter uma área extensa, foi subdividido em B1RA, B1E e B1H para facilitar na realização do trabalho. O B1 contém uma área de 5,08 ha, o B2 contém 4,52 ha, o B3 contém 2,65 ha e o B4 contém 1,49 ha totalizando uma área de 13,74 há. Após a identificação, os dados obtidos de todos os blocos, foram colocados em forma de tabela no intuito de organizar e verificar a frequência de cada espécie.

Resultados e discussão O levantamento apontou a presença de 544 árvores, destacando-se 20 espécies arbóreas em maior frequência, as árvores do gênero Tabebuia foram as que mais se destacaram em toda a comunidade escolar totalizando 85 árvores. Com os dados coletados foi calculado a porcentagem de área verde em cada bloco e da área total. Com isso verificamos a quantidade de área verde do B2 e B3 para os animais, e do B1 e B4 para as pessoas que frequentam a unidade escolar (funcionários, alunos e professores), conforme tabela 1 e 2. Os blocos B2 e B3 (local onde convivem os animais de pasto) foram os que apresentaram menos porcentagem de área verde total, com 12,08% e 6,83% respectivamente e, além disso, as árvores que se encontram estão mal distribuídas, contribuindo para o estresse térmico animal.

Tabela 1- Porcentagem de área verde da Unidade Escolar em Ha. Bloco Área Total (ha) Área Total Verde (ha) Área Verde (%) B1 5,08 1,70 33,51 B2 4,52 0,55 12,08 B3 2,65 0,18 6,83 B4 1,49 1,46 97,94 Total 13,75 3,89 28,32

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Tabela 2- Porcentagem de área verde por indivíduo em m². Indivíduos Qtd Área verde disponível (m²) Área verde/indivíduo (m²) Animais 63 1811,74 28,76 Pessoas 194 17038,02 87,82 Conclusões Conclui-se que a escola ultrapassa a indicação de 15 m² de área verde, obtendo um valor de 87,82 m²/pessoas. Entretanto, em relação a quantidade de área verde por animal ultrapassou o indicado (10 m²) com um valor de 28,76 m²/animal, porém se mostrou mal distribuídas deixando os animas expostos.

Referências

SCHORN, Lauri Amândio et al. FITOSSOCIOLOGIA DE FRAGMENTOS DE FLORESTA ESTACIONAL DECIDUAL NO ESTADO DE SANTA CATARINA – BRASIL. Ciência Florestal, [s.l.], v. 24, n. 4, p.15-17, 26 dez. 2014. Universidad Federal de Santa Maria. http://dx.doi.org/10.5902/1980509816582. LUCON, T. N.; FILHO, J. F. P.; SOBREIRA, F. G. Índice e percentual de áreas verdes para o perímetro urbano de Ouro Preto, MG. Revsbau, Piracicaba, SP, v. 8, n. 3, p. 63-78, 2013

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Lobação pulmonar de tamanduá mirim (Tamandua tetradactyla – Linnaeus, 1758) de vida livre

Raquel Lopes Queiroz*(¹), Tássia Brito Rodrigues(¹); Elisângela Medeiros Melo de Lima(2), Lúcio de Oliveira e Sousa(3), Rosangela Felipe Rodrigues(4), Alan Peres Ferraz de Melo (5)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Laboratório de Anatomia. E-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Técnica, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Anatomia 3CCFS/CESP, Médico-veterinário 4UNESP-FMVA/Araçatuba, Docente, Departamento de Apoio, Produção e Saúde Animal, Laboratório de Anatomia dos Animais Domésticos 5UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Anatomia

Introdução Tamandua tetradactyla, é um mamífero da Família Myrmecophagidae, popularmente conhecido como tamanduá mirim ou tamanduá de colete. A espécie se encontra distribuída em vários países da América do Sul, e no Brasil pode ser encontrada em todos os biomas (Abba e Superina, 2010). É noturno, predominantemente arborícola, embora também se movimente pelo solo (Rodrigues e Marinho-filho, 2003). Há diversos estudos sobre lobação pulmonar em diferentes espécies de mamíferos silvestres da fauna brasileira, como descrito para capivara (Citrângulo et al, 2001), ouriço-cacheiro (Guimarães et al, 2012), mão-pelada (Sestari et al, 2011) tamanduá bandeira (Giraldi et al, 2017) e veado catingueiro (Martins et al, 2014) entretanto, não há relatos de estudos anatômicos da lobação pulmonar em tamanduá mirim. Dessa forma, o objetivo deste trabalho é descrever, anatomicamente, a lobação pulmonar do tamanduá mirim e assim contribuir com a anatomia comparada de Xenarthra, proporcionando base para futuros estudos clínicos.

Material e métodos No presente trabalho foi utilizado um pulmão de tamanduá mirim (Tamandua tetradactyla), fêmea, de faixa etária e causa da morte desconhecidas, proveniente do Centro de Conservação da Fauna Silvestre em Ilha Solteira – São Paulo. O animal foi levado ao Laboratório de Anatomia da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira – UNESP FEIS, onde se procedeu a retirada e posterior separação dos órgãos do animal. O pulmão foi colocado em água corrente por três horas, com o objetivo de retirar o excesso de sangue que o órgão apresentava. Após a lavagem, foi colocado em recipiente contendo solução aquosa de formaldeído a 20%, por período não inferior a 72 horas, com o objetivo de fixação. Identificou-se o limite do hilo antes da dissecação do parênquima pulmonar, a fim de determinar o local, fora ou dentro do parênquima. O excesso de tecido não pertencente ao parênquima pulmonar, como esôfago e artéria aorta foi retirado, ficando somente o parênquima pulmonar e a traqueia. O pulmão foi dissecado, a fim de identificar os lobos e segmentos bronquiopulmonares. Antes de proceder a dissecação o comportamento dos brônquios lobares foi identificado, antes de penetrar no parênquima pulmonar, com o objetivo de determinar a segmentação. Após a identificação dos segmentos, o pulmão foi foto documentado. A Nomina Anatomica Veterinaria (2012) foi utilizada para a nomeação das estruturas anatômicas.

Resultados e discussão No órgão analisado, o pulmão direito era formado por quatro lobos: cranial, médio, caudal e acessório (Fig. 1B). Sendo o lobo pulmonar cranial direito dividido em parte cranial e parte caudal (Fig. 1A). Já o pulmão esquerdo dividiu-se em lobo cranial e caudal e também houve divisão em partes cranial e caudal do lobo cranial, assim como relatam Citrângulo et al. (2001), Guimarães et al. (2012), Martins et al. (2014) e Sestari et al. (2011), destacando-se Giraldi et al. (2017) onde foram encontrados os mesmos padrões na lobação pulmonar de tamanduás bandeira (Myrmecophaga tridactyla). Segundo Giraldi et al. (2017) essa divisão dos lobos cranial direito e esquerdo em partes se assemelha à distribuição de ruminantes. A traqueia dividia-se em dois brônquios principais (Fig. 1A), o brônquio principal direito e o brônquio principal esquerdo que emitem brônquios lobares para os demais lobos. Os brônquios lobares ainda se subdividem e dão origem a seguimentos bronquiopulmonares. Notou-se também que o parênquima pulmonar esquerdo possuía tamanho ligeiramente maior comparado ao parênquima pulmonar direito, ao contrário do que observou Giraldi et al. (2017) em

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tamanduás bandeira, onde o pulmão direito era em comparação com o esquerdo. Porém, observou-se que o brônquio principal direito era maior comparado ao

brônquio principal esquerdo.

Figura 1. A. Vista ventral do pulmão de um tamanduá mirim (Tamandua tetradactyla). Árvore brônquica: TRA: Traquéia; 1: Brônquio principal dir.; 1’: Brônquio principal esq.; Parênquima pulmonar: CRD: Lobo pulmonar dir. dividido em parte cranial (PCCRD) e parte caudal (PRCRD); LM: lobo pulmonar médio; CD: lobo pulmonar caudal dir.; LA: lobo pulmonar acessório; CRE: lobo pulmonar esq. dividido em parte cranial (PCCRE) e caudal (PRCRE); CE: lobo pulmonar caudal esq. B. Vista dorsal do pulmão. Foto da autora. Conclusões O padrão de lobação pulmonar do tamanduá mirim se assemelha ao padrão encontrado em tamanduás bandeira, que por sua vez, é semelhante ao dos ruminantes, onde a parte cranial e a parte caudal nos lobos pulmonares cranial direito e esquerdo estão presentes. A árvore brônquica possui brônquios principais direito e esquerdo se ramificando em brônquios lobares que originam os segmentos bronquiopulmonares. Estudos sobre a segmentação pulmonar nesta espécie serão realizados.

Referências ABBA, A.M.; SUPERINA, M. Anteater Red List Assessment. Edentata, Washington, v. 11, n. 2, p.96-115, 2010. CITRÂNGULO M.; RIBEIRO, A.A.C.M.; MORAES, P.T.B; MACHADO, M.R.F. Lobação e vascularização arterial do pulmão da capivara (Hydrochaeris hydrochaeris) Arq. Ciênc. Vet. Zool Unipar, Umuarama, v.4, n 2, p.119- 127, 2001. GIRALDI, A.C.C.; AIRES, L.P.N.; RODRIGUES, R.F.; CRUVINEL, T.M.A.; MELO, A.P.F. Anatomia e segmentação pulmonar de tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla – Linnaeus, 1758) de vida livre. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., Belo Horizonte, v. 69, n. 1, p.22-28, 2017. GUIMARÃES, G.C.; LOPES, G.C.; ROSA, M.C.B.; SESTARI, C.E.O.; OLIVEIRA, F.S. Lobação pulmonar e distribuição brônquica do ouriço-cacheiro (Sphiggurus villosus). Acta Scient. Vet., Porto Alegre, v. 40, n. 2, p 1037-1041, 2012. MARTINS, T.M.M.; PEREIRA, K.F.; LIMA, F.C; FONTANA, C.A.P.; SANTOS, A.L.Q.; MALYSZ, T. Distribuição dos brônquios lobares dos pulmões do veado- -catingueiro Mazama gouazoubira. Pesq. Vet. Bras., Rio de Janeiro, v. 5, n. 34, p.473-476, 2014. NOMINA ANATOMICA. New York: World Association of Veterinary Anatomists, 2012. RODRIGUES, F; MARINHO-FILHO, J. Diurnal rest sites of translocated lesser anteaters (Tamandua tetradactyla) in the Cerrado of Brazil. Edentata, Washington, v.05, p.44-46, 2003. SESTARI C.E.O.; CORRÊA, A.F; MARTINS, L.L.; GUIMARÃES, G.C.; OLIVEIRA, F.S. Lobação pulmonar e distribuição brônquica em Mão-Pelada (Procyon cancrivorus Cuvier, 1798): relato de dois casos. Vet. Zootec., Botucatu, v.18 n.3, p.374- 378, 2011.

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Morfologia do plexo lombossacro Puma concolor( Linnaeus, 1771)

Mariana Arede de Souza(1)*, Alan Peres Ferras de Melo(2), Roberto Gameiro de Carvalho (1), Luiz Eduardo de Oliveira e Souza(3), Rosângela Felipe Rodrigues(1)

1 UNESP-FMVA, Departamento de Apoio, Produção e Saúde Animal – DAPSA. Curso de Medicina Veterinária – e-mail: [email protected] 2 UNESP - FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia. 3 UNISALESIANO – Faculdade de Medicina Veterinária, Araçatuba/SP.

Introdução A onça parda (Puma concolor), animal carnívoro presente em todos os biomas do Brasil é considerada um mamífero de grande porte cujo comprimento corpóreo alcança de 85 a 150 cm; apresentando cauda de 45 a 85 cm, e peso de 22 a 120 kg. A coloração é parda avermelhada uniforme, particularmente com a região ventral mais clara e quase branca. A face lateral do focinho, e porção dorsal das orelhas assim como a extremidade da cauda é escura (Reis et al. 2006 ). Os nervos espinhais são componentes do sistema nervoso periférico, formados pela união das raízes dorsais e ventrais, apresentando, na região torácica, uma disposição metamérica, porém, na altura da inserção dos brotos apendiculares, os ramos ventrais de nervos espinhais entrecruzam–se e formam os plexos de onde se originam nervos constituídos por fibras de duas ou mais raízes espinhais (Erhart, 1986). De acordo com a espécie e com o número de vértebras lombares, existem sete nervos lombares no gato, com ramificação de modo semelhante aos nervos torácicos, após a sua saída do respectivo forame intervertebral, em um ramo dorsal e um ventral. Os ramos dorsais inervam, juntamente com os ramos mediais, os músculos localizados dorsalmente na coluna vertebral. Os ramos ventrais dos nervos lombares unem-se formando o plexo lombar, onde os três ou quatro primeiros trocam poucas fibras entre si. Como plexo lombar, no sentido restrito, são descritos os ramos ventrais unidos entre si dos últimos três nervos lombares. No plexo lombar podem ser diferenciados os seguintes nervos: nervo íliohipogástrico cranial e caudal, nervo ílioinguinal, nervo genitofemoral, nervo cutâneo femoral lateral, nervo femural, nervo obturatório. Este trabalho visa oferecer informações sobre a morfologia do plexo lombossacral da onça parda (Puma concolor) bem como representa uma contribuição à neuroanatomia comparada na Medicina Veterinária. Material e métodos Foi utilizado uma espécime de onça parda (Puma concolor) adulto, macho, doado pelo Centro de Recuperação de Animais Silvestres (Ceretas/UNESP/Araçatuba) do Hospital Veterinário/UNESP. Este animal foi fixado com solução de formaldeído a 10% pela artéria femoral. Após o período de fixação, o exemplar foi dissecado, realizando-se incisões próximas à cavidade abdominal, onde foram rebatidos a cútis e músculos e os órgãos retirados até chegar ao plexo lombrossacral. Os nervos foram dissecados e fotodocumentados. A nomenclatura adotada baseou-se na Nomina Anatomica Veterinaria (2017).

Resultados e discussão O plexo lombossacro é formado pelos plexos lombar e sacral como relatam Erhart (1986) e Evans (1993). O plexo lombar apresentou os seguintes nervos: iliohipogástrico cranial e caudal, ilioinguinal, genitofemura, femural cutâneo lateral, safeno, obturatório, femoral; e o plexo sacral é constituido pelo nervo isquiático, como descreveram Evans (1993) e Erhart (1986).

Figura 1 – Fotomacrografia da cavidade abdominal e pélvica de um

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Puma concolor, vista ventral, onde se observa os nervos emergentes do plexo lombossacro: nervo iliohipogástrico (1), nervo ilioinguinal cranial (2); nervo femural cutâneo (3); nervo genitofemural (4); nervo genito femural (5), nervo safeno (6), nervo femural (seta preta), nervo obturado (*), nervo isquiático (seta branca)

Conclusões O estudo do plexo lombossacro em Puma concolor é semelhante aos felinos domésticos, este estudo contribuiu para uma abordagem precisa destes nervos.

Referências ARAÚJO, E. B.; LIMA, A. R.; PINHEIRO, L. L.; MUNIZ, J. A. P. C.; IMBELONI, A.; BRANCO, E. Origem e distribuição do plexo braquial de Saimiri sciureus. Pesquisa Veterinária Brasileira, Seropédica, v. 32, n. 12, p. 1351-1354, 2012.

DONE, S. D.; GOODY, P. C.; EVANS, S. A.; STICKLAND, N. C. Atlas colorido de Anatomia veterinária do cão e do gato. Vol. 3. São Paulo: Manole, 2002. 10.16.

ERHART, E. A. Neuroanatomia simplificada. 6. ed, Roca, São Paulo, Brasil, 400pp.

HUDSON, L.C.; WILLIAM P. H. Atlas of feline anatomy for veterinarians. WB Saunders Company, 1993.

INTERNATIONAL COMMITTEE ON VETERINARY GROSS ANATOMICAL NOMENCLATURE. Nomina anatomica veterinaria. 6 ed. Knoxville: World Association on Veterinary Anatomist, 2017. 160 p.

FREITAS, A. I. A. Regeneração espontânea da lesão do plexo braquial no gato: Relato de caso. PUBVET, Londrina, v. 4, n. 42, Ed. 147, Art. 990, 2010.

REIS, N.R.D.P., PEDRO, A.L., LIMA, W.A. Mamíferos do Brasil. Londrina: Nélio R. dos Reis. 2006, 243p.

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Mortalidade de fêmeas de Astyanax altiparanae (Characiformes, Characidae) submetidas ao contato macho-fêmea

Marcelo Joho Hiromoto(1), Elis Marina da Silva Cabral(2), Patrícia Postingel Quirino(3), Ricardo Hideo Mori(4), Alexandre Ninhaus-Silveira(5), Rosicleire Veríssimo-Silveira(5)

¹UNESP-FEIS, Curso de Graduação em Ciências Biológicas - FEIS, LINEO - Laboratório de Ictiologia Neotropical. e-mail: [email protected]. ²UNESP-FEIS, Mestre em Ciência e Tecnologia Animal -FEIS, LINEO - Laboratório de Ictiologia Neotropical. 3UNESP-FEIS, Pós-graduação em Ciências Biológicas (Zoologia - IBB), LINEO - Laboratório de Ictiologia Neotropical. 4UNESP-FEIS, Zootecnista, Doutor em Aquicultura, LINEO - Laboratório de Ictiologia Neotropical. 5UNESP-FEIS, Docente, DBZ, LINEO - Laboratório de Ictiologia Neotropical.

Introdução Diferenças na história de vida e a especialização morfológica se traduzem no comportamento diferente entre os sexos, afetando a agressividade. É esperado que machos e fêmeas difiram em sua agressividade, sendo os machos mais agressivos e por isso tendem a ser o animal dominante em um grupo (Magurran e Garcia, 2000). Essas interações entre os indivíduos podem afetar os níveis hormonais e consequentemente o comportamento reprodutivo dentro da espécie (Liley e Stacey, 1983). Deste modo, considerando o exposto acima, teve-se por objetivo verificar a influência do contato fêmea- macho na mortalidade de fêmeas lambari A. altiparanae, espécie muito utilizada na aquicultura.

Material e métodos Para a condução do experimento, foram utilizados três sistemas de recirculação de água, com 5 caixas de 180 litros cada sistema, sendo uma delas utilizada como filtro mecânico e biológico. Cada caixa recebeu uma quantidade específica de fêmeas e machos, com delineamento inteiramente casualizado, sendo três tratamentos com quatro repetições, totalizando 12 unidades experimentais (CEUA - Protocolo 08/2017). Um total de 168 machos e 72 fêmeas foram distribuídos nos seguintes tratamentos: Tratamento 1 (T1) = 72 machos + 8 fêmeas (10% fêmeas) – 2 fêmeas/caixa; Tratamento 2 (T2) = 56 machos + 24 fêmeas (30% fêmeas) – 6; fêmeas/caixa; Tratamento 3 (T3) = 40 machos + 40 fêmeas (50% fêmeas) – 10; fêmeas/caixa. Antes da condução do experimento, os peixes foram previamente aclimatados por quinze dias em tanques de 1000 L, nesse período os machos estavam separados das fêmeas. Durante a condução do experimento, período de 34 dias, foi realizado diariamente o monitoramento da qualidade da água (pH, condutividade, temperatura, oxigênio dissolvido e amônia tóxica) a alimentação dos peixes (ração com 36% de proteína bruta), a limpeza das caixas e o controle da mortalidade de manhã e à tarde, nesse controle os animais mortos eram retirados e identificados quanto ao sexo e origem. Ao final desse período, os dados de mortalidade das fêmeas de A. altiparanae foram tabelados, expressos graficamente e submetidos a análise de variância (ANOVA) a nível de significância p>0,05.

Resultados e discussão A taxa de mortalidade das fêmeas foi menor que 50% em todos os tratamentos, e não diferiu estatisticamente entre eles. Entretanto, o valor mais baixo foi observado na proporção de sexo 1:1 com 17,5% das fêmeas mortas, em contrapartida a proporção de 30% fêmeas apresentou 41,7% (Fig. 1). Figura 1 - Porcentagem de fêmeas mortas em cada tratamento.

50 Mortalidade % %

0 T1 T2 T3 T1: 10% fêmeas; T2: 30% fêmeas e T3: 50% fêmeas

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Com relação a distribuição da mortalidade das fêmeas de A. altiparanae (Figura 2), o T1 apresentou mortalidade apenas no 23º dia de experimento. Já no T2 ocorreu óbitos ao longo de todo o período experimental, sendo os maiores valores no início do experimento (5º e 7º, com 2 e 3 mortes, respectivamente). Já o T3 teve sua mortalidade cessada no 10º de experimento, bem antes que o tratamento com 30% de fêmeas, que teve seu último óbito registrado no 30º dia. Deste modo, segundo Volpato et al. (1987), possivelmente uma mortalidade mais prolongada ao longo do período, representa uma demora em estabilizar a hierarquia de dominância.

Figura 2 - Distribuição da mortalidade de fêmeas ao longo do experimento. 10% Fêmeas 4 3 2 1 0 1º 3º 5º 7º 9º 11º13º15º17º19º21º23º25º27º29º31º33º

30% Fêmeas 4 3 2 1

0

1º 3º 5º 7º 9º

23º 13º 15º 17º 19º 21º 25º 27º 29º 31º 33º 11º

50% Fêmeas 4 3 2 1 0 1º 3º 5º 7º 9º 11º13º15º17º19º21º23º25º27º29º31º33º

Conclusões O tratamento com 50% de fêmeas apresentou o menor período de ajuste no sistema e consequentemente mortalidade. Apesar de não diferir estatisticamente, a proporção sexual de 1:1, parece ser o melhor tratamento para a manutenção dos A. altiparanae em uma escala comercial.

Referências MAGURRAN, A. E.; GARCIA, M. Sex differences in behaviour as an indirect consequence of mating system. Journal of Fish Biology, Chichester, v. 57, p. 839- 857, 2000.

LILEY, N. R.; STACEY, N. E. Hormones, pheromones and reproductive behaviour. In: HOAR, W. S., RANDALL, D. J.; DONALDSON, E. M. (Eds.) Fish Physiology. New York: Academic Press, 1983. v. 9B. p. 1-63.

VOLPATO, G.L.; FRIOLI, P.M.A.; CARRIERI, M.P. Heterogeneous growth in fishes: some new data in the Nile tilapia Oreochromis niloticus and a general view about the casual mechanisms. Boletim of Physiology Animal, v.13, p.7- 22, 1989.

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Observação direta do comportamento de predação de Lobo-Guará (Chrysocyon brachyurus Illiger 1815) no município de Ilha Solteira-SP

Marcos Vinicius Lopes Queiroz(1)*, Felipe Chinaglia Montefeltro(2)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Laboratório Paleontologia e Evolução. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Paleontologia e Evolução

Introdução O lobo-guará, Chrysocyon brachyurus (ILLIGER, 1815) é o maior representante dos canídeos na América do Sul. O status da espécie varia de Quase Ameaçada à Criticamente em Perigo (Machado et al., 2008; Paula e DeMatteo, 2015). Apesar de ser um dos animais emblemáticos da fauna brasileira, a observação direta do comportamento desta espécie é rara, pois o C. brachyurus desempenha a maior parte de suas atividades durante a noite com picos de atividade crepusculares (Dietz, 1984; Paula et al., 2013). A região é contida na área de ocorrência da espécie (Dietz, 1984) e este resumo trata de um registro em vídeo de C. brachyurus em Ilha Solteira que acompanhou uma sequência de comportamentos que são descritos aqui.

Material e métodos As gravações apresentadas foram feitas por volta das 7:00h do dia 31 de agosto de 2017 e registraram uma série de comportamentos de uma fêmea jovem de C. brachyurus. O local da gravação foi próximo ao bairro do Ipê na cidade de Ilha Solteira-SP, na Rodovia SP-310, na altura do km 656. Ao todo foram registrados 20 vídeos por dois equipamentos: 15 deles feitos por uma Canon SX60 HS e 5 gravados por um dispositivo celular. Houve um esforço para combinar os vídeos tomando as sobreposições entre os eventos das duas câmeras. Os vídeos no total resultaram em 26 minutos de gravação. A análise dos vídeos foi feita buscando a caracterização por meio de revisão bibliográfica e quantificação da duração dos comportamentos. No caso de comportamentos registrados em vídeos que não são ininterruptos o tempo calculado entre o fim de um vídeo e o início do próximo registrado nos arquivos MP4 foi adicionado aos comportamentos.

Resultados e discussão O animal foi avistado à beira da rodovia no canteiro lateral onde predominavam gramíneas de grande porte que em certos pontos cobriam o animal totalmente. O canteiro tem uma largura de cerca de 18,3 m, onde paralelo à rodovia se encontra uma cerca que o separava de um pasto. Lobos-guará são descritos como sensíveis à aproximação de humanos, fugindo sempre que possível. Os raros encontros entre humanos e lobos, quando ultrapassam os 3 metros costumam deflagrar reações como urinação, defecação, fingir comportamento de caça e farejar o ambiente próximo (Dietz, 1984). Nenhum desses comportamentos foi observado mesmo quando aproximados a dois metros do animal. O primeiro comportamento observado foi a captura efetiva de uma presa (Cavia sp), que está entre as mais comuns do lobo (Silva e Talamoni, 2003). A duração do comportamento de caça registrado foi de 7 minutos. Nos 3 segundos finais houve a fuga do Cavia sp para a rodovia onde aconteceu a captura pelo C. brachyurus. Durante a caçada, a estratégia principal do lobo consistia em dar saltos altos que eram finalizados com uma queda sobre as patas dianteira justapostas. Os saltos tinham como finalidade desentocar a presa de seu esconderijo e força-la a correr. Este tipo de estratégia é comumente observado em raposas que caçam sobre a relva alta ou sobre a neve (Speller, 1972). Ao todo foram registrados 23 saltos que aconteciam em sequências de 2 a 4. As sequências de saltos foram prescindidas por um estado de alerta. Este estado ocorreu outras 4 vezes anteriores a breves corridas sobre a vegetação e 1 vez anterior a captura da presa no centro da rodovia. Após capturar a presa, o animal se direcionou para a pastagem próxima com a presa aos dentes, tal movimentação durou 85 segundos. Após, o animal deitou, terminou de abater a presa e começou a ingeri-la. Todo o comportamento de alimentação durou 4 minutos e 42 segundos. Os vídeos registraram a movimentação do animal após a ingestão da presa, tal movimentação durou 5 minutos e 47 segundos, e consistiu no animal chegando até um canavial que se encontra ao lado oposto da rodovia. Durante a caminhada o animal urinou nas proximidades do canavial. No canavial o lobo começou a morder e derrubar feixes de cana-de-açúcar de modo que assim acessasse e consumisse o seu interior. Este comportamento durou 2 min e 45 seg, e no seu decorrer o lobo-guará consumiu 6 canas. O consumo de cana- de-açúcar por C. brachyurus foi descrito por Carvalho e Vasconcellos (1995).

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O relato dos comportamentos trazem dados importantes pelas circunstancias em que ocorreram. O registro foi feito às margens de uma rodovia, um ambiente de extrema periculosidade para o a animal, uma vez que estas são responsáveis por vitimizar de um terço à metade da produção anual de filhotes, além de centenas de indivíduos adultos (Rodrigues, 2002). A proximidade à ambientes antropizados é uma consequência de uma das maiores ameaças ao Lobo, a perda e fragmentação de habitat decorrente do avanço dos centros urbanos (Paula et al, 2013). Esta redução de habitat faz com que os animais percam território de caça, levando a maior probabilidade de se aproximar das áreas urbanas em busca de alimento. A espécie é razoavelmente tolerante à ações antrópicas, como a agricultura, chegando até a utilizar plantações como fonte de alimento. Porém, a espécie muda o repertório comportamental ao contato frequente com humanos, conforme registrado nos vídeos e em trabalhos anteriores em que o lobo se tornava muito mais tolerante a aproximação de humanos (Fernandes, 2016). Como consequência dessa aproximação, se tornam vítimas de atropelamentos, perseguição e abate pela população além de contaminação por doenças de animais domésticos (Rodrigues, 2002; Paula et al, 2013; Paula e DeMatteo, 2015).

Conclusões Os registros apresentados tipificam problemas conhecidos, mas pobres em evidências diretas, para a conservação desta espécie simbólica para a região e para o Cerrado. Evidências das mudanças em seus hábitos devido a invasão e destruição do ambiente natural deste animal devem receber atenção da sociedade, pesquisadores e conservacionistas. A região possui um grande potencial para auxiliar na preservação da espécie pois combina duas características incomuns no estado de São Paulo: a presença de populações viáveis da espécie e grandes áreas preservadas.

Agradecimentos Agradecemos a Guarda Municipal de Ilha Solteira pela constate colaboração e apoio, em especial ao senhor Renato Augustos Alves e ao guarda Luiz Arnaldo.

Referências CARVALHO, C.T.; VASCONCELLOS, L.E.M. Disease, food and reproduction of the maned wolf – Chrysocyon Brachyurus (Illiger) (Carnivora, Canidae) in Southeast Brazil. Revista Brasileira de Zoologia, Curitiba, v. 12, p. 627-640, 1995.

DIETZ, J.M. Ecology and social organization of the Maned Wolf (Chrysocyon Brachyurus). Smithsonian Contributions to Zoology, Whashington DC, v. 392, p. 1-51, 1984.

FERNANDES, P.C. Comportamento do Lobo-guará, Chrysocyon brachyurus (Illiger, 1815) (Mammalia: Canidae) na Reserva Particular do Patrimônio Natural do Caraça. Tese de mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, Brasil. 71p, 2016.

MACHADO, A.B.M.; DRUMMOND, G.M. & PAGLIA, A.P. Livro vermelho da fauna brasileira ameaçada de extinção. Série Biodiversidade, vol. XIX. Brasília: MMA, 2 vol. 917p. 2008.

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PAULA, R.C.; RODRIGUES, F.H.G.; QUEIROLO, D; JORGE, R.P.S.; LEMOS, F.G.; RODRIGUES, L.A. Avaliação do estado de conservação do Lobo-guará Chrysocyon Brachyurus (Illiger, 1815) no Brasil. Biodiversidade Brasileira, Brasília, v.3, p. 146-159, 2013.

RODRIGUES, F.H.G. Ecologia e conservação do loboguará na Estação Ecológica de Águas Emendadas, DF. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Estadual de Campinas, Campinas, Brasil. 96p, 2002.

SILVA, Joaquim A.; TALAMONI, Sônia A. Diet adjustments of maned wolves, Chrysocyon brachyurus (Illiger)(Mammalia, Canidae), subjected to supplemental feeding in a private natural reserve, Southeastern Brazil. Revista Brasileira de Zoologia, v. 20, n. 2, p. 339-345, 2003.

SPELLER, S.W. Food ecology and hunting behaviour of denning arctic foxes at Aberdeen Lake, Northwest Territories. Tese de Doutorado, 1972.

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Ocorrência de monogenéticos em Serrasalmus maculatus (Characiformes, Serrasalmidae) no reservatório de Ilha Solteira, rio Grande-SP: dados parciais

Bianca da Silva Miguel (1)*, Letícia de Oliveira Manoel (2), Lidiane Franceschini (3), Igor Paiva Ramos (4)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Laboratório de Ecologia de Peixes – Pirá. e-mail: [email protected]. 2UNESP-IBB, Curso de Pós-graduação em Zoologia, Laboratório de Ecologia de Peixes – Pirá 3UNESP-IBB, Curso de Pós-doutorado em Zoologia, Laboratório de Parasitologia de Animais Silvestres - Lapas 4UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Ecologia-Pirá

Introdução A ictiofauna de água doce do Brasil é a mais rica do mundo, com aproximadamente 2.600 espécies (Buckup et al, 2007). Contudo, poucos estudos relatam a biodiversidade de parasitas de peixes silvestres, sem importância econômica, de modo a reunir informações sobre sua distribuição geográfica e aspectos da biologia e estrutura da comunidade parasitária. Dentre as espécies de peixes brasileiras, Serrasalmus maculatus, conhecida popularmente como “piranha-amarela”, possui boa capacidade de ajuste a ambientes lênticos artificiais como represas de usinas hidrelétricas, e tornou-se abundante nesses ambientes (Behr e Signor, 2008). Entretanto, apesar de sua grande abundância, há poucos estudos relacionados aos seus aspectos parasitológicos (Lacerda et al, 2007). Assim, estudos que contribuam para o conhecimento da helmintofauna de S. maculatus, podem contribuir para o conhecimento da ictiologia e parasitologia de peixes brasileiros. Neste sentido, o objetivo do presente trabalho é relatar a ocorrência de Anacanthorus cf. lepyrophallus e Mymarothecium sp. na espécie de peixe de água doce S. maculatus no reservatório de Ilha Solteira, rio Grande-SP.

Material e métodos As coletas de exemplares de S. maculatus foram realizadas com auxílio de redes de espera de diferentes malhagens, em uma área amostral no município de Santa Clara D’Oeste – SP, no braço Can-Can do reservatório de Ilha Solteira, rio Paraná (50°55’59,65’’W e 20°02’30,54’’S). Os espécimes foram capturados, individualizados em sacos plásticos e gradativamente resfriados (caixas térmicas de polietileno preenchidas com gelo em cubos) a fim de diminuir rapidamente a sua atividade metabólica até o óbito, conforme licença SISBIO nº 42229-1 e parecer CEUA 001/2014. Posteriormente, foram congelados e encaminhados ao Departamento de Biologia e Zootecnia, na FEIS – Câmpus de Ilha Solteira, onde foram mensurados o comprimento padrão (cm) com auxílio de ictiômetro (0,1 cm) e massa total (g) com auxílio de balança analítica (0,01 g). Os parasitas obtidos foram quantificados, preparados e montados em meio Gray & Wess para identificação taxonômica. Os cálculos dos atributos parasitológicos: prevalência (P%), abundância média (AM) e intensidade média de infestação (IMI) foram feitas para cada espécie de parasita encontrado de acordo com Bush et. al. (1997).

Resultados e discussão Foram analisados 19 exemplares de S. maculatus, com comprimento padrão médio de 13,98 ± 0,46 (9,5 – 18,0 cm) e massa total média de 109,04 ± 9,81 (32,24 - 201,29 g). Quanto aos atributos parasitológicos, foram amostrados 106 monogenéticos (P = 76,2%, IMI = 6,62 ±1,18 e AM = 5,57 ±1,14), sendo 104 pertencentes a espécie Anacanthorus cf. lepyrophallus (P= 84,2%) e 2 pertencentes ao gênero Mymarothecium (P = 10,5%). Para A. cf. lepyrophallus a IMI e AM foram 6,5 ±1,17 (1 - 19) e 5,5 ±1,13 (0 - 40), enquanto para Mymarotheciumspp. a IMI e AM foram 1,0 (1 - 1) e 0,1 ± 0,07 (0 - 1), respectivamente. O gênero Anacanthorus abrange aproximadamente 69 espécies (Cohen et al, 2013), parasitas de brânquias de hospedeiros pertencentes a ordem Characiformes. Especificamente, A. cf. lepyrophallus foi descrita no hospedeiro Serrasalmus elongatus procedentes do rio Negro (AM), bem como em outras espécies congenéricas de hospedeiros do rio Solimões, no lago do Rei e no Furo do Catalão (Kritsky et al, 1992). Entretanto nunca havia sido registrado na bacia do alto rio Paraná, sendo este seu primeiro registro para a bacia. O gênero Mymarothecium abrange cerca de aproximadamente seis espécies (Leão et al., 2015), e também são parasitas de brânquias de serrasalmídeos, como no caso de Mymarothecium dactylotum registrado em Serrasalmus rhombeus nas regiões do rio Pitinga, Igarapé Água Branca, rio Uatumã, (AM) (Kritsky et al, 1996).

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De maneira geral, os monogenéticos parasitas de peixes localizam-se preferencialmente nas regiões das brânquias e superfície externa de seus hospedeiros, mas podem também acometer as narinas, bexiga urinária e estômago. Provocam lesões nos tecidos, aumento da produção do muco, hemorragias cutâneas, branquiais, hiperplasia nos filamentos brânquias e em infecções menos intensas as pequenas lesões são portas para infecções secundárias (Martins e Romero, 1996), podendo assim, alterar o comportamento dos peixes.

Conclusões Esse é o primeiro registro de A. cf. lepyrophallus e Mymarothecium sp. em S. maculatus, na bacia do alto rio Paraná, contribuindo para o conhecimento da fauna parasitária brasileira.

Agradecimentos A equipe do Laboratório de Ecologia de Peixes – Pirá e CNPq.

Referências BEHR, E.R.; SIGNOR, C.A. Distribuição e alimentação de duas espécies simpátricas de piranhas Serrasalmusmaculatus e Pygocentrusnattereri (Characidae, Serrasalminae) do rio Ibicuí, Rio Grande do Sul, Brasil. Iheringia, Série Zoologia, v. 98, n. 4, p. 501-507. 2008.

BERGAMASCHI-SAZIMA, S.P. As espécies de peixes oriundas da pesca artesanal num trecho do baixo rio tietê: composição, rendimento e avaliação empírica da sustentabilidade da pesca. Dissertação (Mestrado em Zoologia), Universidade Estadual Paulista – UNESP, Botucatu, São Paulo, 2007.

BUCKUP, P.A; MENEZES, N.A; GHAZZI, M.S (Ed.). Catálogo das espécies de peixes de água doce do Brasil. Rio de Janeiro: Museu Nacional, 2007.

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FROESE, R.; PAULY, D. FishBase. World Wide Web electronicpublication. http://www.fishbase.org, acessado em: 15 de abril de 2018.

KRITSKY, D. C.; BOEGER, W. A.; VAN EVERY, L. R. Neotropical Monogenoidea. 17. Anacanthorus Mizelle and Price, 1965 (Dactylogyridae, Anacanthorinae) from characoid fishes of the central Amazon. Journal of the Helminthological Society of Washington, v. 59, n. 1, p. 25-51, 1992.

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Parasitas branquiais em duas espécies de arraias do gênero Potamotrygon no município de Castilho, SP: Dados parciais.

Thalita Fischer Santini Mendes(1), Douglas de Castro Ribeiro (2) Luciano Alves dos Anjos(3) e Jumma Miranda Araújo Chagas(4)

1 UNESP-FEIS, Curso Ciências Biológicas – Bacharelado e Licenciatura, Laboratório de Ecologia do Parasitismo – LECOP. Email: [email protected]. 2 Unesp-Ibilce, Departamento de Zoologia e Botânica, Laboratório de Ictiologia. 3 UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Ecologia do Parasitismo. 4 Unesp-IBB, Pós-Graduação em Ciências Biológicas (Zoologia); Unesp-FEIS, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Ecologia do Parasitismo.

Introdução A presença de representantes do grupo Potamotrygonidae na região do alto rio Paraná, teve início após a inundação do Salto de Sete Quedas (1982) atualmente submersa pelo reservatório da hidrelétrica de Itaipu, que representava uma barreira natural separando a ictiofauna da porção baixa do rio Paraná da porção superior (Loboda & Carvalho, 2013). Em sua maioria, a fauna parasitária neste grupo é constituída por platelmintos dos grupos Cestoda e Monogenea. Cestódeos são obrigatoriamente parasitas do trato digestório enquanto Monogenóides são encontrados nas branquiais (Rêgo, 1979; Brooks et al. 1981; Marques, 2000). Informações sobre a fauna de helmintos em representantes do gênero Potamotrygon na região do Alto Paraná são escassas e incipientes. Com base nas informações disponíveis na literatura acerca do gênero Potamotrygon e na escassez de informações sobre sua helmintofauna na região do Alto Paraná para este grupo, algumas hipóteses foram levantadas: (1) A fauna parasitária de monogenóides acompanhou seus hospedeiros nesse período de colonização relativamente recente (~30 anos). (2) Havendo monogenóides no local amostrado, as 3 espécies descritas para Bacia do Prata estão presentes nas espécies amostradas. Esse estudo tem como objetivo inventariar a diversidade, distribuição e aspectos ecológicos das espécies de parasitos branquiais em Potamotrygon amandae e Potamotrygon falkneri do alto rio Paraná, no município de Castilho, SP. Material e métodos Os espécimes de P. amandae e P. falkneri foram coletados entre 2015 e 2016, utilizando arpão, tarrafas e vara de mão (SISBIO-50019-2). Após anestesiados e eutanasiados, as brânquias foram removidas, os arcos branquiais separados e colocados em recipiente contendo formol 10% a 65ºC e, posteriormente transferido para Álcool 70% (CEUA/FEIS 15/2017). Os ectoparasitas foram montados em lâmina e lamínula e diafanizados com Gray & Wess e Hoyer’s, de acordo com Domingues e Marques (2007).

Resultados e discussão Até então foram processados e analisados o conteúdo branquial de cinco animais de cada espécie de hospedeiro coletado. Dos espécimes de Potamotrygon amandae, analisados, três apresentaram infecção parasitária por Potamotrygonocotyle tsalickisi. Dos cinco espécimes de Potamotrygon falkneri nenhuma apresentou infecção parasitária constatada nas análises, a partir destes resultados, os índices ecológicos foram calculados de acordo em Bush et al. (1997) e estão apresentados na tabela 1.

Tabela 1: Índices de prevalência, abundância e intensidade de infecção pelo platelminto Potamotrygonocotyle tsalickisi, em arraias das espécies Potamotrygon amandae e Potamotrygon falckneri¸

Potamotrygonocotyle tsalickisi Prevalência Abundancia Intensidade P. amandae 60 % 144 ± 199,15 240 ± 199,15 P. falckneri 0% 0 ± 0 0 ± 0

Na Bacia do Prata, são descritos até o momento apenas três espécies de Monogenea todas do gênero Potamotrygonocotyle, sendo P. tsalickisi, P. chisholmae, e P. dromedarius (Ale, 2009; Domingues & Marques, 2007). No processo de colonização do alto rio Paraná, as arraias podem ter ganho ou perdido formas de parasitárias (Alvarenga et al. 2009). Das três espécies válidas registradas para a Bacia do rio da Prata, apenas a espécie P. tsaliksi foi encontrada e a ausência das demais espécies de monogenóides nos hospedeiros

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avaliados pode estar relacionada com a competição dos recursos limitantes compartilhados, considerando desta forma, o parasita P. tsaliksi um explorador mais eficaz na disputa por recursos. Devido à falta de ectoparasitas branquiais em P. falkneri, pode-se inferir que a fauna parasitária vem acompanhando seus hospedeiros no período de colonização relativamente recente, porém sua especificidade não se mostra, até o momento, tão estritamente relacionado com a espécie, provavelmente essa especificidade esteja mais relaciona ao gênero. Uma outra hipótese é que a ausência pode estar relacionada ao nível de infestação por outros grupos de parasitos, resultando em uma competição de recursos assim influenciando nas taxas de infestação dos monogenóides.

Conclusões Por serem resultados parciais, até então, pode-se esperar alguma mudança referente aos índices de prevalência, abundância e intensidade em P. amandae e P. falkneri ou até mesmo a possibilidade de que ao final da análise dos materiais coletados, a espécie P. falkneri apresentarem infecção por ectoparasitas. Até o momento pode-se inferir que a fauna parasitária vem acompanhando seus hospedeiros nesse período de colonização relativamente recente e que o ectoparasita P. tsaliksi de alguma forma se sobressaiu na disputa por recursos limitados oferecidos pelo hospedeiro, dentre os demais parasitas.

Referências ALE, K. H. F. Sistemática molecular e biogeografia dos Monogenoidea (Platyhelminthes: Cercomeromorpha), parasitas das brânquias de Potamotrygonidae (Condrichthyes: Rajiformes: Myliobatoidei). Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo, 2009.

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Plantas medicinais: reconhecimento e percepções

Luana Grenge Rasteiro(1), Ana Luiza Costa Moreira(2), Aline Redondo Martins(3), Regina Maria Monteiro de Castilho(4)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Licenciatura e Bacharelado, Laboratório de Estudos em Morfologia e Anatomia Vegetal, [email protected] 2UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Licenciatura e Bacharelado, [email protected] 3UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Estudos em Morfologia e Anatomia Vegetal, [email protected] 4UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio Economia, [email protected]

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Introdução O homem sempre buscou produtos naturais, com fins curativos, preventivos, terapêuticos que garantiriam sua sobrevivência, mostrando suas relações de dependência ao longo dos séculos com as plantas (ANDRADE; CARDOSO; BASTOS, 2007). Com o avanço da Ciência, e diante do aumento de informações produzidas, é compreensível a abordagem diversificada das plantas medicinais para usos profiláticos ou paliativos, por meio de chás, decoctos, tinturas, fitoterápicos, etc. Isto mostra que a medicina popular vem merecendo uma maior atenção, para que através da difusão do conhecimento sua experiência não seja inadequada (VALE, 2002). Matos (2002), apresenta as farmácias vivas iniciadas no estado do Ceará com uso de plantas medicinais na saúde pública, e caracteriza esses locais como hortos de plantas medicinais com acesso comunitário, geralmente próximo aos posto de saúde locais. Assim, como parte do projeto de extensão “Horticultura como Terapia Ocupacional”, realizado no Centro de Atenção Psico Social (CAPS), foram apresentadas plantas medicinais visando possibilitar formas distintas de percepção, utilizando tato, olfato, além de estimular a memória dos pacientes atendidos no local.

Material e Métodos O trabalho realizado “Ervas medicinais” (nome escolhido pelos pacientes), necessitou de coleta do material botânico além de pesquisas relacionadas às nove espécies escolhidas. Posteriormente utilizou-se lápis de colorir, sacos plásticos, cartolinas, cola, desenhos, plaquinhas com os nomes das plantas, canetas, além de 9 espécies vegetais “in natura” :alecrim (Rosmarinus officinalis), boldo (Pneumus boldus), capim cidreira (Cymbopogon citratus) e erva cidreira (Melissa officinalis), guaco (Mikania glomerata), sálvia (Salvia officinalis), manjericão (Ocimum basilicum), hortelã (Mentha villosa) e citronela (Cymbopogon nardus). Houve o apoio da terapeuta ocupacional e da psicóloga do CAPS, que ajudaram no desenvolvimento da dinâmica com o grupo de pacientes, que por meio dos sentidos reconheceram e esclareceram seus usos, a importância das plantas para a sociedade enfatizando a importância do projeto que participam.

Resultados e Discussão

Os resultados são expressos através da Figura 1, que demonstra a participação de um dos pacientes na elaboração do cartaz.

Figura 1: Elaboração do cartaz durante a dinânica sobre uso de plantas medicinais. (Fonte: Próprio autor, 2018)

Os pacientes demonstraram conhecimento sobre as plantas, reconhecendo-as em sua maioria, sendo que a média de reconhecimento entre os 7 pacientes foi de 5 plantas, e o contato com a horta e as plantas presentes nos canteiros, proporcionou experiência prévias. Desta forma a realização do trabalho proposto possibilitou a interação maior dos pacientes com plantas, além de elucidar algumas questões sobre a medicina popular, sua importância e cuidados. Os pacientes foram ativamente participativos, com perguntas e até mesmo mais informações sobre as plantas medicinais. Por exemplo, algumas questões importantes a serem esclarecidas aos pacientes: como armazenar as plantas? Existe interação entre medicamentos? Plantas também possuem contra indicações? Na Figura 2 é apresentado o resultado final do cartaz, sendo que há possibilidade de desenvolver outros, também com a participação dos pacientes, para serem colocados em postos da cidade, esclarecendo e mostrando as plantas medicinais, seus usos e importância.

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Figura 2: Cartaz finalizado em exposição no CAPS. (Fonte: Próprio autor, 2018)

As plantas medicinais são amplamente utilizadas no Brasil, e desta forma o contato dos pacientes com as mesmas já ocorria, sendo que algumas delas estão presentes no canteiro da horta, permitindo assim o reconhecimento, além de proporcionar esclarecimento sobre seus usos e cuidados relacionados aos métodos populares, curativos e preventivos. Conclusões Conclui-se que a proposta de trabalhar com plantas medicinais mostrou-se como atividade interativa com os pacientes do CAPS, além de ocorrer esclarecimentos e reconhecimento da medicina popular em nosso cotidiano.

Agradecimentos Agradecimentos a terapeuta ocupacional Emilia Akiko Seiki Sato, e a psicóloga Inayá Ananias Weijemborg do CAPS.

Referências

ANDRADE, S.F.; CARDOSO, L.G.; BASTOS, J.K. Anti-inflammatory and antinociceptive activities of extract, fractions and populnoic acid from bark wood of Austroplenckia populnea. Journal of Ethnopharmacoly, v.109, n. 3, p. 464- 471, 2007.

MATOS, F.J.A. Farmácias Vivas: sistema de utilização de plantas medicinais projetado para pequenas comunidades, ed. 4, Edições UFC, 2002.

VALE, N.B. A farmacobotânica, ainda tem lugar na moderna anestesiologia? Rev Bra Anestesiol. v.52, n. 3, p. 368-80, 2002.

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POLUIÇÃO DA ÁGUA: ATIVIDADES COM ALUNOS DO 5º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL I (ILHA SOLTEIRA, SP).

Andressa O. Cipriano(1)*, Rebeca de Marcos(2), Marcela S. Maróstica(3), Thayline V. Queiroz(4), Aline P. Maciel(5) e Carolina B. Dornfeld(6)

1,2UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado e Licenciatura, Laboratório de Ensino de Ciências Biológicas (LECBio). e-mail: [email protected]; e-mail: [email protected] 3UNESP-FEIS, Bióloga, Laboratório de Ensino de Ciências e Biologia (LECBio). e-mail: [email protected] 4, 5UNESP-FEIS, Curso de Pós-graduação em Ensino e Processos Formativos, Laboratório de Ensino de Ciências e Biologia (LECBio). e-mail: [email protected]; e-mail: [email protected] 6UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Ensino de Ciências e Biologia (LECBio). e-mail: [email protected]

Introdução A questão da degradação ambiental por ações antrópicas é uma preocupação cada vez mais presente na sociedade e é uma realidade que precisa ser enfrentada (SABINO et al., 2017), considerando inclusive que suas consequências podem ser vistas em rios presentes em áreas urbanas, que foram degradados ao ponto de se tornarem rios aptos a serem utilizados apenas para navegação e harmonia paisagística. Assim, é importante que os alunos compreendam, principalmente em momentos de crise hídrica, sobre o percurso que os rios percorrem, entendendo sobre a capacidade e limites da autodepuração e como a ação humana pode interferir neste processo natural. Partindo-se do entendimento de que crianças se interessam mais por atividades lúdicas e participativas, decidiu-se como referencial teórico a Pluralidade Metodológica, como afirmam Laburú et al., (2003), que quanto mais variado e rico for o meio intelectual, metodológico ou didático fornecido pelo professor, maiores condições ele terá de desenvolver uma aprendizagem significativa da maioria de seus alunos. Ainda, segundo Martins e Martins (2008), o professor é o responsável pelo ambiente de aprendizagem, que seja envolvente e intelectualmente ativo, que forneça experiências, propicie a reflexão e estimule as interações entre grupos. Assim, os objetivos foram elaborar e executar atividades utilizando o Pluralismo Metodológico para o ensino do tema Poluição da Água, para alunos de 5º ano do Ensino Fundamental I em escolas situadas em Ilha Solteira (SP).

Material e métodos Durante o período de três semanas foram realizadas atividades teóricas e práticas junto às turmas do 5º ano do ensino fundamental I de duas escolas públicas municipais de Ilha Solteira (SP). O tema Poluição da Água foi selecionado de acordo com o cronograma de aulas da disciplina de Educação Ambiental, presente no currículo do município. O trabalho foi desenvolvido como parte do Projeto de Extensão Universitária, “Biologia Muito Além da Ilha: sem limites para o conhecimento” (PROEX-UNESP). Foram realizadas 3 aulas de 50 minutos cada, iniciadas com a apresentação teórica, utilizando-se do projetor multimídia, do diálogo e de perguntas como ferramentas para a ampliação da interação com os alunos. O exemplo utilizado foi o estudo do Rio Tietê. Além disso, inseridos na metodologia pluralística, foram exibidos dois vídeos disponibilizados pela Agência Nacional de Águas, tendo como temas o Ciclo Hidrológico e o Uso Racional da Água. Sabe-se também que a experimentação desperta o interesse entre os alunos em diversos níveis de escolarização, aumentando a capacidade de aprendizado e funcionando como meio de envolver o aluno nos temas em pauta (Giordan, 1999). Foi realizado uma atividade em grupo sobre autodepuração em rios, disponível em Ciência Curiosa do Youtube (https://www.youtube.com/watch?v=fsbfMO12q5U). Por fim, os alunos preencheram um relatório contendo 2 questões dissertativas. Estas foram analisadas e interpretadas de forma qualitativa e quantitativa, separando as respostas em níveis para compreender a aprendizagem dos alunos, segundo a Análise de Conteúdo.

Resultados e discussão O uso do exemplo do rio Tietê foi importante para o entendimento do tema, sabendo-se que a maioria dos alunos tinha conhecimento prévio sobre a região do Baixo Tietê, localizado próximo ao município de Ilha Solteira. Nesta região, o rio possui uma água de boa qualidade, em virtude do maior volume de água e ter se

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autodepurado em seu percurso, diminuindo as concentrações dos agentes contaminantes. Os estudantes comentaram sobre o uso das atividades práticas (vídeos e experimento), afirmando que a aprendizagem foi facilitada e mais divertida. Alegaram que os vídeos abriram espaço para o debate sobre a ação antrópica sobre as águas, dando ênfase na autodepuração da água e sua relação com o ciclo hidrológico. Comentários similares foram repetidos nas salas em ambas escolas, demonstrando a importância de utilizar diversas metodologias para o ensino do tema, como apontado por Laburú et al (2003) e Martins e Martins (2008). As respostas elaboradas no relatório de atividade podem ser observadas na Tabela 1.

Tabela 1 – Respostas elaboradas no relatório de atividade para as duas questões de interesse. Questão Q1: “Escreva com suas próprias palavras o que aconteceu no experimento. Como você acha que essa prática está relacionada com a poluição dos rios?” e questão Q2: “Você acredita que a natureza pode se despoluir sozinha? Se a população não poluir mais, os lagos e rios podem voltar a ser ambientes limpos? Justifique sua resposta”. Categorias de análise Q1 Exemplos de respostas Q1 Categoria de análise Exemplos de respostas Q2 Q2 A- Grupo apenas “Aconteceu no experimento A - Grupo “Sim, porque eles (os rios) descreveu o experimento, que quando a água ia compreendeu que a vão se limpar sozinhos”. sem relacionar a prática passando de um béquer para natureza é capaz de se com o conteúdo teórico (2) o outro a água que tava autodepurar. (6) sendo acrescentada ia limpando a água que estava suja” B - Grupo apenas “A cor mais escura significa B - Grupo “Sim, a natureza pode se descreveu o que acontecia que o rio está poluído e compreendeu que a despoluir, no seu ritmo! E se com a natureza, sem depois ela passa por um natureza é capaz de se a população parar de poluir referência à descrição do processo e a água vai ficando restaurar, e soube os lagos e os rios terão que foi observado no cada vez mais clara depois comentar sobre a águas claras e cristalinas”. experimento (6) no final a cor ficou mais influência do ser clara e significa que o rio humano. (3) não está mais poluído”. C - Grupo soube descrever “A poluição diminuiu. C- Grupo soube “Sim, eu acredito. Sim, pois o experimento, e em Porque a chuva ficou explicar os processos os rios passariam pelas seguida relacionar com a despoluindo e as pessoas químico-físico e rochas e iria se misturar teoria (5) foram parando de jogar lixo biológicos que com a água da chuva que e no fim fizemos um ocorrem para a estaria limpa, que ficariam experimento utilizando autodepuração dos limpas também”. detergente como os rios.(4) poluentes” Fonte: Dados do próprio trabalho. O número entre parênteses indica o número de grupos de alunos que elaboraram respostas incluídas em cada categoria de análise.

Na análise dos questionários, percebeu-se que não houve nenhuma resposta incorreta. Entretanto, observa-se respostas incompletas ao solicitado na questão.

Conclusões Infere-se que o uso de diferentes metodologias para o ensino não só é mais eficaz quanto a compreensão do conteúdo, como também é um fator importante para a motivação dos alunos, que demonstraram maior interesse e tiveram a participação aumentada nas aulas. Apesar de não ser identificado nenhum conceito incorreto nas respostas, a incidência de respostas incompletas permite avaliar que faltou compreensão do aluno ao que foi solicitado na questão. Nesse caso, considera-se a imaturidade na redação científica, inerente ao ano escolar em que as atividades foram desenvolvidas e também à insuficiência de atividades que implementam essa ação no cotidiano das salas de aula.

Referências GIORDAN, M. O Papel da Experimentação no Ensino de Ciências. II Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências. 1999.

LABURÚ, C. E., ARRUDA, S. M., NARDI, R. Pluralismo Metodológico no Ensino De Ciências. Ciência & Educação, v. 9, n. 2, p. 247-260, 2003

MARTINS, L. F., MARTINS, I. Análise De Uma Experiência Visando À Introdução À Linguagem Da Ciência Nas Séries Iniciais Do Ensino Fundamental. Experiências em Ensino de Ciências – V3(2), pp. 39-55, 2008.

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SABINO, C.V.S, AMARAL, F.C, CHAVES, A.C.L. Proposta De Atividade Didática Relacionada Ao Tema Água: O Peixinho Viajante. Experiências em Ensino de Ciências V.12, No.4, 2017.

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Potencial para fitorremediação de Calopogonium mucunoides em solos contaminados por boro

Victor Navarro da Silva (1)*, Caroline de Lima Frachia(2), Isis Caroline Ferreira Barbosa(2), Mariana Bocchi da Silva(2), Liliane Santos de Camargos(3)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Laboratório de Fisiologia do Metabolismo Vegetal (LFMV). E-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Laboratório de Fisiologia do Metabolismo Vegetal (LFMV) 3UNESP-FEIS, 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Fisiologia do Metabolismo Vegetal (LFMV)

Introdução A contaminação do solo por metais pesados é um problema que há muito tempo vem preocupando a população nem todo metal pesado é puramente tóxico, e vários micronutrientes são metais pesados, como por exemplo o cobre (Cu2+) e o boro (B) que faz parte de enzimas envolvidas em reações de oxidação- redução.Teores de B acima de 3,0 mg dm-3 já indicam efeitos tóxicos em muitas plantas, sendo que as maiores contribuições de B no ambiente ocorrem por via antrópica. Uma alternativa ambientalmente correta é a fitorremediação, na qual são utilizadas plantas tolerantes ao metal pesado para remoção ou estabilização do contaminante no solo. A espécie Calopogonium mucunoides é uma leguminosa herbácea, que apresenta as características favoráveis mencionadas acima, também é utilizada como adubo verde em sistemas agrícolas, e já foi caracterizada como tolerante ao metal pesado chumbo (Souza et al., 2012) e moderadamente tolerante a contaminação por cobre. Assim, o principal objetivo desse estudo é caracterizar a tolerância e potencial fitorremediador de C. mucunoides ao boro para potencial aplicação dessa planta como fitorremediadora. . Material e métodos O experimento foi conduzido em casa de vegetação com temperatura controlada em 27ºC. A contaminação do solo foi realizada com as seguintes doses de boro: 0mg/dm3 (controle), 30 mg/dm3, 60 mg/dm3, 120 mg/dm3, 240 mg/dm3, 480 mg/dm3. Foram preparados vasos de 2 l (com medidas de 1:1 de areia e terra), tendo cada tratamento seis repetições, cada uma composta por duas plantas .Ao final de 4 meses, as plantas foram coletadas, estando na fase adulta vegetativa. a parte aérea e a parte radicular foram secadas em estufas a 60° Celsius durante 2 dias e foi feita a pesagem da massa seca da parte aérea e radicular. Para posteriormente serem moídas separadamente para fazer análises de boro nos tecidos. A concentração de boro na parte aérea e raiz foi analisada no Laboratório De Nutrição De Plantas, da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, pela metodologia do Espectrômetro de colorimetria como mostra tabela 5, na tabela 6 conseguimos perceber a tolerância da planta no solo contaminado. Os dados coletados foram tratados no SISVAR© com o teste de Regrassão a 5% de significancia.

Resultados e discussão O acúmulo de boro nos tecidos mostra que a espécie absorve e acumula de forma equitativa entre parte aérea e sistema radicular (Gráfico 1).

Gráfico 1. Acúmulo de boro em tecidos de C. mucunoides, em solos contaminados com boro (B). Dados referem-se á média de 5 repetições. Todos os tratamentos apresentaram diferença significativa pelo teste de Regressão a 5% no SISVAR©.

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C. mucunoides distribui o boro tanto na parte aérea como na parte radicular, em um coeficiente de praticamente 1:1. Podendo-se concluir que ela é uma parte fitoextratora, a qual se baseia no acúmulo do contaminante na parte aérea (Lombi et al., 2001), e também fitoestabilizadora onde baseia-se na imobilização do contaminante nas raízes e no solo, reduzindo dessa forma a sua disponibilidade para outros organismos e prevenindo a erosão do solo e a lixiviação do contaminante para áreas ainda não contaminadas (Santos et al., 2007).

O índice de tolerância mostra que C. mucunoides possui potencial em crescimento e desenvolvimento em solos contaminados por boro (Gráfico 2).

Gráfico 2. Índice de tolerância de C. mucunoides em solos contaminados com boro (B). Dados referem-se à média de 5 repetições.

Com as médias de índice de tolerância, podemos perceber que mesmo em concentração com altos níveis de boro, C. mucunoides consegue crescer e se desenvolver em solos contaminados por boro.

Conclusões C. mucunoides consegue se crescer e se desenvolver em solos contaminados por boro. Possui potencial para ser usada em técnicas de fitorremediação, pois consegue acumular boro nos tecidos da parte aérea e nas raízes. Agradecimentos Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (FAPESP) pelo suporte financeiro (processo 2015/09567-9), e pela bolsa de IC-VNS (processo nº 2015/17089-0).

Referências LOMBI, E.; ZHAO, F.J.; DUNHAM, S.J. & MCGRATH, S.P. Phytoremediation of heavy metal-contaminated soils: Natural hyperaccumulation versus chemically enhanced phytoextraction. J. Environ. Qual., 30: 1919-1926., 2001.

SANTOS, F.S.D.; MAGALHÃES, M.O.L.; MAZUR, N. & SOBRINHO, N.M.B.A. Correção química e fitoestabilização de um resíduo industrial contaminado com Zn e Cd. Sci. Agric., 64:506-512, 2007.

SOUZA LA, DE ANDRADE SAL, DE SOUZA SCR, SCHIAVINATO MA (2012) Arbuscular mycorrhiza confers Pb tolerance in Calopogonium mucunoides. Acta Physiol Plant 34:523–531

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Percepção da utilização de flores e plantas artificiais no Restaurante Universitário da UNESP – Campus de Ilha Solteira/SP

Iris Prates Belletti (1)*, Rodrigo Castilho Freitas(1), Regina M. M. de Castilho(2)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – [email protected]; [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitotecnia, Tec. de Alimentos e Socioeconômica.

Introdução A utilização da percepção é uma ferramenta fundamental para o entendimento dos comportamentos e ações, promovendo por consequência a sensibilização e o desenvolvimento de posturas éticas e responsáveis (MARCZWSKI, 2006). O estudo da percepção ambiental, ou seja, da relação homem-natureza é importante para entender o comportamento das pessoas diante a realidade, sendo influenciado pela interpretação que elas fazem do ambiente (SILVA, 2013). Segundo Tuan (1980), o elo afetivo entre a pessoa e o lugar ou ambiente pode contribuir para a construção das relações do indivíduo com o meio. Segundo o mesmo autor existem diversas maneiras de perceber o ambiente e se construir a realidade através de experiências únicas. Ao entrar em contato com o meio ambiente, as pessoas fazem uso dos cinco sentidos em um processo associado com os mecanismos cognitivos, ou seja, cada indivíduo percebe, reage e responde diferentemente frente às ações sobre o meio, sendo que respostas ou manifestações são resultado das percepções, dos processos cognitivos, julgamentos e expectativas de cada indivíduo. Flores aproximam as pessoas à natureza, e o uso de plantas artificias se torna cada vez mais comum, visto que com a tecnologia avançada utilizada, estas são muito realistas, e demandam menor manutenção (KLEIN, 2016). O contato com plantas de distintas texturas, de acordo com AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (1995), incita a produção de endorfina, aumentando a sensação de bem-estar geral. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a percepção de discentes com relação a utilização de flores artificiais no Restaurante Universitário da UNESP – Campus de Ilha Solteira/SP.

Material e Métodos O experimento foi montado no dia 16 de março de 2018, no interior do Restaurante Universitário da UNESP – Campus de Ilha Solteira/SP, com faixa etária variando entre 17 a 21 anos, abrangendo os seguintes cursos: Ciências Biológicas, Engenharia Agronômica, Engenharia Civil, Engenharia Elétrica, Engenharia Mecânica, Física, Matemática e Zootecnia; o questionário aplicado consta da Figura 1, e foi feita a aplicação no dia 06 de abril de 2018. Para a montagem utilizou-se uma treliça de plástico marrom (50cm de altura; 150cm de comprimento), que foi fixada em três ganchos de metal, a 150 cm do piso; nesta foram inseridas flores e plantas artificiais, ficando dispostas como mostrado na Figura 2. Os resultados são apresentados em tabelas e porcentagens.

Figura 2 – Treliça com flores e plantas artificiais, instalada no RU/UNESP, Ilha Solteira/SP. Fonte: Próprios autores (2018). Figura 1 – Questionário utilizado. Fonte: Próprios autores (2018).

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Resultados e Discussão

Responderam ao questionário 40% de mulheres e 60% de homens, sendo 54% dos cursos de biológicas e 46% de exatas. As mulheres percebem melhor o ambiente, sendo que dentre 2,5% destas não notaram a presença de plantas, enquanto que para homens foi 8,3% no mesmo quesito. Isso confirma o explanado por Brabyn et al. (2005) que diz que as diferenças biológicas entre os sexos atingem a percepção sensorial, e dado o mesmo nível de estímulo, a resposta feminina é muito mais sensível, no que diz respeito à audição, olfato, paladar e tato, No caso da visão, sentido mais utilizado no presente trabalho, enquanto os homens são mais precisos e focados, as mulheres têm melhor visão periférica, além possuírem mais células fotorreceptoras, ou seja, o que possibilita maior percepção do ambiente. Ao longo da história da civilização ocidental, há uma proeminência da visão em relação aos outros sentidos, sendo que no Renascimento, se considerava que os sentidos faziam parte de um sistema hierárquico no qual a visão ocupava o lugar mais elevado e o tato o mais baixo (PALLASMAA, 2006), justificando assim, com relação a interação com as plantas – tato, que somente 34% as “tocaram”. A maior % de mulheres que interagiram e perceberam a natureza artificial pode ser devido ao fato que o cérebro masculino parece privilegiar a especificidade, enquanto o da mulher, o conjunto (LIMA, 2015).

Tabela 1: Porcentagem da percepção das plantas artificiais por grupos de sexo biológico. Ilha Solteira (2018). Sexo Percepção das Interação com as Percepção da natureza artificial Biológico plantas plantas das plantas Feminino 97,5% 23% 61,5% Masculino 91,3% 11,5% 55,8% Fonte: Próprios autores (2018).

Dentre os entrevistados, 99% acreditam que plantas embelezam e animam o ambiente, tornando-o mais agradável; o 1% foi representado por masculino (21 anos).

Conclusões As diferentes percepções estão relacionadas às diferentes experiências e à herança biológica.

Agradecimento: A Mônica Leal Motta, nutricionista do RU / UNESP, Ilha Solteira/SP.

Referências AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual de diagnóstica e estatística de transtornos mentais – DSM 4o. 4. ed. Porto Alegre: Ed. Rev. Artes Médicas, 1995.

BRABYN J. A., SCHNECK M. E., LOTT L. A., HAEGERSTRÖM-PORTNOY G. Night driving self-restriction: vision function and gender differences. Optom. Vis. Sci. 82, 755–764, 2005.

KLEIN, C. Como usar plantas artificiais na decoração. Disponível em: https://revistaquem.globo.com/Casa-dos- Famosos/noticia/2016/06/quem-decora-por-camila-klein-como-usar-plantas-artificiais-na-decoracao.html. Acesso em: 17 abril 2018.

LIMA, J.D. Seis características do cérebro que tornam homens e mulheres diferentes. 2015. Disponível em: http://www.semprefamilia.com.br/seis-caracteristicas-do-cerebro-que-tornam-homens-e-mulheres-diferentes/. Acesso em: Acesso em: 17 abril 2018.

MARCZWSKI, M. Avaliação da percepção ambiental em uma população de estudantes do ensino Fundamental de uma escola municipal rural: um estudo de caso. 2006. 188 f. Dissertação (Mestrado em Ecologia) - Instituto de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2006.

PALLASMAA, J. Los ojos de la piel: la arquitecture y los sentidos. Barcelona: Editoral Gustavo Gili. 2006.

SILVA, L. J. C. Estudo da percepção ambiental dos alunos do Ensino Médio no colégio Estadual Manoel de Jesus em Simões Filho, BA. 2013. 66 f. (Monografia de Especialização em Gestão Ambiental em Municípios) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Medianeira, 2013.

TUAN, Y. F. Topofilia - um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente. São Paulo: Ed. Difel, 1980.

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QUALIDADE DE RELATÓRIOS DE IMPACTO AMBIENTAL: ESTUDO DE CASO DO APROVEITAMENTO HIDRELÉTRICO “BELO MONTE”

Jéssica Natália Barbosa de Almeida (1)*, Denise Gallo Pizella (2)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Licenciatura e Bacharelado. e-mail:[email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia.

Introdução Dentre os diversos estudos ambientais que perfazem a Avaliação de Impacto Ambiental, encontra-se o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), necessários para o licenciamento de atividades potencialmente poluidoras listadas no Anexo 01 da Resolução CONAMA 237/97. Dentre tais empreendimentos, encontram-se os Aproveitamentos Hidrelétricos (AHE). No entanto, apesar de legal e institucionalmente estruturado, o licenciamento ambiental no Brasil apresenta uma série de deficiências, dadas em parte pela má qualidade dos Estudos de Impacto Ambiental e seus respectivos Relatórios de Impacto Ambiental, quando solicitados.Visando aperfeiçoar a qualidade técnica dos EIAs elaborados no Brasil, Sánchez (2006) propôs um roteiro ou guia com uma série de critérios considerados importantes na avaliação de EIAs de projetos rodoviários, mas que pode ser adequado a outros empreendimentos. O guia segue o roteiro de um EIA típico, conforme os procedimentos presentes na Resolução CONAMA 01/86 e tem por função auxiliar órgãos ambientais e o público em geral na identificação da qualidade destes estudos, possibilitar a comparação entre EIAs efetuados para uma mesma tipologia de empreendimento e analisar a evolução temporal da qualidade destes estudos. No entanto, apesar da existência de diversos guias para a análise da qualidade de Estudos de Impacto Ambiental, não ocorre o mesmo para com os Relatórios de Impacto Ambiental, que são os documentos resultantes de EIAs e difundidos para o escrutínio público. Tendo em vista a necessidade de melhorias dos Relatórios de Impacto Ambiental elaborados no Brasil e, consequentemente, aprimorar o procedimento de licenciamento ambiental, este trabalho tem por objetivo analisar o RIMA do Aproveitamento Hidrelétrico de Belo Monte, empreendimento licenciado pelo IBAMA e localizado no estado do Pará.

Material e Métodos O RIMA do Aproveitamento Hidrelétrico de Belo Monte, foi encontrado n sítio eletrônico do IBAMA e analisado segundo uma adaptação da “Lista de Verificação para análise de um estudo de impacto ambiental de um projeto rodoviário” presente em Sánchez (2006). Tal lista apresenta treze itens referentes aos procedimentos presentes em EIAs/RIMAs, entretanto, este trabalho apresentará resultados parciais da análise, contemplando o “Sumário do RIMA”, “Objetivos do empreendimento”, “Caracterização do Empreendimento” e “Alternativas tecnológicas e locacionais do empreendimento”. Para cada item analisado foi atribuída uma nota, que various de A a F, segundo Sánchez (2006), sendo A, “Tarefa bem executada”; B, “Omissões menores e poucos pontos inadequados”; C, “Aceitável”; D, “Omissões importantes ou pontos inadequados”; E “Insatisfatório, com omissões significativas” e F “Muito insatisfatório”.

Resultados e discussão ✓ Sumário do RIMA O RIMA apresenta um sumário detalhado e paginado que, segundo Sánchez (2013) se refere a uma estratégia para atender às necessidades dos vários tipos de leitores, sendo uma ferramenta que permite a rápida localização de informações relevantes. Deste modo, se atribuiu nota A a este item.

✓ Objetivos e as justificativas do empreendimento Segundo Sánchez (2013), os objetivos do projeto e as justificativas para a alternativa escolhida devem ser comunicados ao público. O RIMA apresentou os objetivos do empreendimento junto com a justificativa sobre a suas escolhas. Tendo em vista que o objetivo do empreendimento é apresentado, se poderia atribuir nota A a este item do RIMA. No entanto, as justificativas são elucidadas de forma tendenciosa, como se a única matriz energética para suprir a demanda do país fosse a hidráulica. Além disto, alternativas estruturais, tais como estudos de diminuição do consumo, não são apresentadas. Deste modo, se atribui nota C a este item.

✓ Caracterização do empreendimento

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O RIMA faz uma breve apresentação a respeito das características de uma usina hidrelétrica e, em seguida, uma apresentação básica do empreendimento, com resumos de suas características principais. Está presente no RIMA a localização do empreendimento de forma descritiva. O AHE Belo Monte apresenta obras em diferentes trechos do rio Xingu e terras vizinhas, na região de Altamira. Ao todo são quatro locais de obras: Sítios Pimental, Bela Vista, Belo Monte e região dos Canais e Diques. Os sítios Belo Monte e Bela Vista estão no município de Vitória do Xingu. O Sítio Pimental fica em áreas de Vitória do Xingu e Altamira. O local chamado de Sítio Canais e Diques atinge áreas maiores, somente no município de Vitória do Xingu (ELETROBRÁS, 2009). No entanto, a localização não é apresentada com elementos visuais, como imagens de satélite ou fotos aéreas, considerados importantes, segundo Sánches (2013) para a compreensão do público acerca da inserção regional do empreendimento. Deste modo, se atribui nota D a este item.

✓ Histórico do empreendimento e das etapas do licenciamento ambiental. O RIMA apresenta um histórico do empreendimento, relatando o início dos estudos sobre o potencial hidráulico do rio Xingu em 1975 até maio de 2009, onde se protocolou o segundo EIA/RIMA solicitado pelo IBAMA. As etapas do licenciamento ambiental são descritas de forma breve, com uma linguagem de fácil entendimento. A apresentação do histórico se dá por pequenas ilustrações, por meio de “posticks”, que seguem em ordem cronológica, onde cada um apresenta o evento ocorrido naquele ano. Neste item, dado seu conteúdo satisfatório, atribui-se nota A.

✓ Alternativas locacionais e tecnológicas do empreendimento As alternativas locacionais do empreendimento não estão presents no RIMA, uma prática inadequada em um EIA e, consequentemente, em seu RIMA. A alternativa tecnológica apresentada no RIMA foi a modificação nas dimensões do reservatório da futura usina, o qual sofreu uma redução de área de 1.225 quilômetros quadrados para 516 quilômetros quadrados frente à proposta inicial (ELETROBRÁS, 2009). Dentre as alternativas a serem contempladas, se deve considerar as consequências de não desenvolvimento do projeto, denominada de “alternativa zero”, ou “de não ação”, sob o ponto de vista ambiental, social e econômico (BRASIL, 1986). Segundo Sánchez (2013), os EIAs desenvolvidos no país carecem destas considerações ou, quando são apresentadas, não possuem critérios para sua seleção e escolha final. A indicação das alternativas locacionais e tecnológicas é fundamental, pois é pré-requisito para a definição dos ambientes a serem submetidos aos impactos positivos e negativos do empreendimento, incluindo seus processos construtivos e industriais, os recursos utilizados e os rejeitos gerados pelo projeto, assim como sua disposição final (MPF, 2004). Neste item, o critério não foi aplicável. No entanto, dada a necessidade de sua apresentação, se atribui nota F ao mesmo.

Conclusões O RIMA do AHE de Belo Monte, até o momento de sua análise, possui pontos fortes principalmente na linguagem acessível que confere ao leitor e na organização do documento. No entanto, etapas cruciais de um RIMA que auxilie o público a participar de audiências públicas e ao órgão ambiental que toma a decisão sobre a concessão ou não de licenças ambientais foram consideradas inadequadas, tais como a justificativa do empreendimento e a apresentação e análise de alternativas tecnológicas e locacionais. Tais inadequações são comuns em EIAs e RIMAs realizados no Brasil.

Referências BRASIL. Lei No. 6938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Diário Oficial da União, 02 de setembro de 1981, Brasília, DF. 1981.

ELETROBRÀS. RIMA (Relatório de Impacto Ambiental). Aproveitamento Hidrelétrico Belo Monte. 2009.

MPF. Deficiências em Estudos de Impacto Ambiental: Síntese de uma Experiência. Brasília: ESPMU. 2004.

SÁNCHEZ, L.E. Avaliação de Impacto Ambiental: conceitos e métodos. São Paulo: Oficina de Textos. 2006.

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Tolerância e potencial para fitorremediação Inga fagifolia em solos contaminados por chumbo. Isis Caroline Ferreira Barbosa(1), Dra. Liliane Santos de Camargos(2), Wesller da Silva de Paiva(3), Caroline de Lima Frachia(4), Victor Navarro da Silva(5)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Laboratório de Fisiologia Vegetal - e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Fisiologia do Metabolismo Vegetal 3, 4, 5UNESP-FEIS, Curso Ciências Biológicas – Bacharelado e Licenciatura, Laboratório de Fisiologia do Metabolismo Vegetal

Introdução A contaminação do solo por metais pesados é um problema que há muito tempo vem preocupando a população, e cada vez mais tem aumentado o número de locais contaminados em função do aumento de atividades industriais que utilizam esses elementos durante processos de acabamento. Um dos maiores problemas associados à poluição de solos por metais pesados é devido ao fato desses não serem metabolizáveis, assim esses elementos são acumulados em diferentes níveis tróficos da cadeia alimentar, levando o contaminante da base até o topo da cadeia. O chumbo (Pb) é um elemento metálico que pertence ao grupo IVA da tabela periódica (grupo do Carbono), com densidade de 11,34 g cm-3, não é necessário à vida das plantas e de nenhum outro organismo vivo, incluindo o homem. De acordo com a CETESB, para chumbo, as concentrações de valor de referência 17 mg kg-1; valor de prevenção 72 mg kg-1 e valores de 300 mg kg-1 já são consideradas como altas e necessitam de intervenção, enquanto áreas agrícolas não devem possuir concentrações maiores que 180 mg kg-1 e áreas industriais 900 mg kg-1. Uma alternativa ambientalmente correta para este problema é a fitorremediação, na qual são utilizadas plantas tolerantes a metais pesados para remoção ou estabilização do contaminante no solo (Memon & Schröder (2009). A espécie Inga fagifolia possui sistema simbiótico estável na presença de nitrato no meio (dados nossos não publicados), podendo ser uma espécie com potencial para o uso como fitorremediadora.

Material e métodos

O solo foi contaminado com chumbo (Pb) nas seguintes concentrações: 0g/dm3 (controle), e as doses de 100, 200, 300, 400, 500 mg kg-1 de chumbo. As mudas foram transplantadas neste solo e mantidas em casa de vegetação, com controle para disponibilidade de água e temperatura a 27º C, e mantidas durante 5 meses na qual foram realizadas medidas de altura e número de folhas. Após este período, as plantas foram coletadas, separadas em parte aérea e raiz, pesadas e secas em estufa de circulação forçada para obtenção da massa seca e cálculo do índice de tolerância (IT). Este material seco foi triturado e o chumbo foi quantificado por ICP- MS.

Resultados e discussão

Quando observado o peso seco, nesta fase do desenvolvimento, a maior alocação de matéria seca está no tecido radicular, com maior massa em relação aos demais órgãos. Em relação aos tratamentos, não houve diferença significativa entre os mesmos de acordo com a análise de regressão. O IT demostra que a espécie Inga fagifolia foi capaz de crescer em solo contaminado mesmo no tratamento 500mg/dm3. Considerando que nenhum dos dados foi inferior a 0,8 sugere a tolerância da espécie à presença de chumbo e potencial para uso em recuperação de solos contaminados. Observando os dados de quantificação de chumbo, verifica-se que a espécie é capaz de absorver e acumular chumbo e que este acumulo é proporcional à concentração de chumbo no solo. A espécie tem maior capacidade de acúmulo na parte radicular e este índice é consideravelmente maior que na parte aérea. segundo Romeiro, Lagôa e Furlani (2007), a planta ideal para a fitoextração deve ser tolerante aos autos níveis do elemento e acumular grandes quantidades na parte aérea, porém com esses dados podemos observar que a planta acumulou muito mais na parte radicular o que acaba por caracterizá-la como uma fitoestabilizadora. Pelo fato de Inga fagifolia tratar-se de uma espécie nativa que, segundo nossos dados, tolera grandes concentrações de chumbo no solo absorvendo e acumulando parte deste, ainda que quase na totalidade no sistema radicular, é uma grande

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vantagem o seu uso em recuperação de áreas degradadas, pois pode-se estabilizar a área contaminada podendo essa ser revegetada, pois será removido gradativamente o teor elevado de chumbo no solo.

Tabela 1. Média da massa seca das folhas, caule e raiz; resultados da quantificação de Chumbo nos tecidos da parte aérea (folha e caule) e raiz; e Índice de tolerância de Inga Fagifolia a solo contaminado com Pb. Média da massa seca (g) Quantificação de Índice de chumbo tolerância Parte Raiz Tratamentos Folha Caule Raiz aérea (mg/gMF) Valores (mg/gMF) 0mg/dm3 1,16 1,19 2,53 3,0 3,0 - 100mg/dm3 1,34 2,06 3,02 3,0 40,13 1,15 200mg/dm3 1,38 1,64 3,00 4,46 127,53 1,07 300mg/dm3 1,14 1,89 2,18 7,53 165,40 1,09 400mg/dm3 1,51 1,80 3,00 7,20 194,33 1,13 500mg/dm3 1,29 2,09 2,57 11,43 309,0 11,43 Regressão Linear Ns Ns Ns S * S* -

Ns: Não significativo ao Teste de Regressão com significância de 0,05. S*: Significativo ao Teste de Regressão com significância de 0,05.

Conclusões

Inga fagifolia apresenta tolerância a altas concentrações de Pb no solo, podendo absorver e acumular, preferencialmente na raiz. Assim, caracteriza-se como uma fitoestabilizadora.

Agradecimentos (opcional)

Pró Reitoria de pesquisa PROPe - PIBIC Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica UNESP. FAPESP (APR 2015/09567-9)

Referências

Memon, A.R. & Schröder, P. (2009) Implications of metal accumulation mechanisms to phytoremediation. Environmental Science and Soil Pollution Research 16, 162-175.

Piechalak, A., Tomaszewska, B. & Baralkiewicz, D. (2003) Enhancing phytoremediative ability of Pisum sativum by EDTA application. Phytochemistry 64, 1239-1251.

CETESB (2005) Valores orientadores para solos e águas subterrâneas no estado de São Paulo. Secretaria de Estado do Meio Ambiente.

ROMEIRO, Solange; LAGÔA, Ana Maria MagalhÃes Andrade; FURLANI, Pedro Roberto. ABSORÇÃO DE CHUMBO E POTENCIAL DE FITORREMEDIAÇÃO DE CANAVALIA ENSIFORMES L. Scielo, Campinas, v. 66, n. 2, p.327-334, 14 set. 2007. Disponível em: . Acesso em: 13 jul. 2017.

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Tolerância e potencial para fitorremediação de Inga uruguensis em solos contaminados por chumbo

Caroline de Lima Frachia(1)*, Liliane Santos de Camargos(2), Victor Navarro da Silva(3), Isis Caroline Ferreira Barbosa(4), Mariana Bocchi da Silva(5), Wesller da Silva de Paiva(6)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado e Licenciatura, Laboratório de Fisiologia do Metabolismo Vegetal. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Fisiologia do Metabolismo Vegetal 3, 4, 5UNESP-FEIS, Curso Ciências Biológicas – Bacharelado e Licenciatura, Laboratório de Fisiologia do Metabolismo Vegetal 6UNESP-FEIS, Curso de Pós-Graduação em Agronomia – Laboratório de Fisiologia do Metabolismo Vegetal

Introdução A contaminação do solo por metais pesados é um problema que há muito tempo vem preocupando a população, e cada vez mais tem aumentado o número de locais contaminados devido ao grande aumento de atividades industriais que utilizam esses elementos durante processos de acabamento. Uma alternativa ambientalmente correta é a fitorremediação, na qual são utilizadas plantas tolerantes ao metal pesado para remoção ou estabilização do contaminante no solo. Inga uruguensis é uma leguminosa arbórea, que apresenta estabilidade do sistema simbiótico na presença de nitrato no meio, sendo assim uma planta que pode apresentar potencial como fitorremediadora. Dessa forma, o principal objetivo deste trabalho é avaliar a tolerância inicial de mudas de I. uruguensis em solos contaminados por chumbo e seu potencial de extração e acúmulo de Pb nos tecidos.

Material e métodos O experimento foi conduzido em casa de vegetação com temperatura controlada em 27º C, sem controle de fotoperíodo, ao longo de 130 dias. A contaminação do solo foi realizada com as seguintes doses de chumbo: 0 mg/dm3 (controle), 100 mg/dm3, 200 mg/dm3, 300 mg/dm3, 400 mg/dm3, 500 mg/dm3. Após o período de estabilização do solo (10 dias) as mudas de I. uruguensis com cerca de 6 meses de idade foram transplantadas no solo contaminado e mantidas por 5 meses. Durante todo o período medidas de crescimento foram realizadas. Após, as plantas foram separadas em raíz, caule e folhas, secos em estufa de circulação fechada por 72 horas a 60ºC para a obtenção da massa seca. O material foi triturado em moinho de bola para preparo das amostras para quantificação de chumbo por espectroscopia de emissão óptica com plasma induzido (ICP-OES). O índice de tolerância foi obtido a partir dos dados de massa seca. Os dados foram comparados no programa SISVAR através do Teste de Regressão, com significância de 0,05.

Resultados e discussão Observou-se que, o tratamento 400mg/dm3 apresentou maior massa de parte aérea enquanto o tratamento 500mg/dm3 apresentou menor peso; já no caso da raiz, o tratamento 400mg/dm3 apresentou maior massa, e a menor massa foi observada no tratamento 300mg/dm3. Segundo Iannacone e Alvariño (2005), o chumbo reduz o crescimento radicular, isso se deve ao seu efeito negativo sobre a organização dos microtúbulos (Samardakiewicz e Wozny, 2005) durante a mitose, prejudicando a divisão celular (Kozhevnikova et al., 2009). Apesar de haver uma leve redução na massa e crescimento de raiz, no presente estudo, foi observado que esse efeito negativo no crescimento radicular não ocorreu, uma vez que não houve diferença significativa. Com relação ao caule, ele geralmente é menos afetado pois, devido a carga negativa da parede celular das raízes e da formação de sais insolúveis, o Pb fica retido preferencialmente nas raízes (Almeida et al., 2007).

Tabela 1. Média da massa seca das folhas, caule e raiz; resultados da quantificação de Chumbo nos tecidos da parte aérea (folha e caule) e raiz; e Índice de tolerância de Inga uruguensis a solo contaminado com Pb.

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Média da massa seca (g) Quantificação de Índice de chumbo tolerância Tratamentos Folha Caule Raiz Parte Raiz Valores aérea (mg/gMF) (mg/gMF) 0mg/dm3 1,74 4,44 2,94 <3,0* <3,0* - 100mg/dm3 1,22 4,6 2,21 4,07 83,1 0,89 200mg/dm3 1,98 5,11 3,29 11,37 144,53 1,20 300mg/dm3 0,94 3,96 2,04 8,4 132,3 0,86 400mg/dm3 2,15 5,42 3,76 7,83 482 1,42 500mg/dm3 0,91 3,72 2,32 20,73 421 0,84 Regressão Linear 0,062 NS 0,286 NS 0,876 NS 0,014S 0,001S -

Ns: Não significativo ao Teste de Regressão com significância de 0,05. S: Significativo ao Teste de Regressão com significância de 0,05. *: Menor que o limite de quantificação do aparelho.

Inga uruguensis apresentou valores elevados de IT (índice de tolerância) indicando que, no período analisado, a espécie mostrou-se bastante tolerante ao chumbo, principalmente aos tratamentos de 200mg/dm3 e 400mg/dm3. Em nenhum dos tratamentos o IT foi inferior a 0,8; isto parece ser um forte indicativo da capacidade de tolerância e potencial de uso desta espécie em solos contaminados. Segundo Souza (2017), plantas potencialmente bioacumuladoras tendem a absorver Pb e depositá-lo em seus tecidos da raiz, caule e folhas. Como podemos observer na tabela 1, a concentração de Pb na parte aérea das plantas de I. uruguensis foi maior no tratamento 500 mg/dm3, o que indica não só potencial de absorção mas também de translocação do metal; no entanto, em todos os tratamentos, a concentração mais elevada de chumbo foi observada na raiz, sendo o tratamento 400mg/dm3 o de maior valor, havendo variação significativa tanto para parte aérea quanto para raiz.

Conclusões Inga uruguensis apresenta potencial para ser usada como fitorremediadora possuindo perfil de bioacumuladora.

Agradecimentos Agradeço a FAPESP (APRn.2015∕09567-9 e IC-CLF n. 2016/07864-9) pelo apoio financeiro.

Referências SOUZA, G.S. Morfologia aplicada à caracterização da tolerância de Talinum patens ao chumbo.

IANNACONE, J., ALVARIÑO, L. (2005) Efecto ecotoxicológico de tres metales pesados sobre el crecimiento radicular de cuatro plantas vasculares. Agricultura Técnica. 65 (2): 198‐203.

SAMARDAKIEWICZ, S., WOZNY, A. (2005) Cell division in Lemna minor roots treated with lead. Aquatic Botany 83: 289‐295.

KOZHEVNIKOVA, A.D., SEREGIN, I.V., BYSTROVA, E.I., BELYAEVA, A.I., KATAEVA, M.N., IVANOV, V.B. (2009) The effects of lead, nickel, and strontium nitrates on cell division and elongation in maize roots. Russian Journal of Plant Physiology 56: 242‐250.

ALMEIDA, A‐A.F., VALLE, R.R., MIELKE, M.S., GOMES, F.P. (2007) Tolerance and prospection of phytoremediator woody species of Cd, Pb, Cu and Cr. Brazilian Journal of Plant Physiology. 19: 83‐98.

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Variação cromática em filhotes de Potamotrygon amandae: Variação, herdabilidade ou camuflagem?

Nicolas Camelo Rolim Cesar (1)*, Jumma Miranda Araújo chagas (2), Cristiele da Silva Ribeiro (3), Douglas de Castro Ribeiro (4)

1 Unesp-FEIS, Curso de Zootecnia – Bacharelado, Laboratório de Estudos em Fisiologia Animal, Lefisa. email: [email protected] 2 Unesp-IBB, Pós-Graduação em Ciências Biológicas (Zoologia); Unesp-FEIS, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Ecologia do Parasitismo. 3 Unesp-FEIS, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Estudos em Fisiologia Animal, Lefisa. 4 Unesp-Ibilce, Departamento de Zoologia e Botânica, Laboratório de Ictiologia.

Introdução A visualização das cores proporciona aos animais a capacidade de discriminar diferentes objetos devido as propriedades espectrais, capacidade esta, que evoluiu e se desenvolveu em muitas espécies (Kelber & Ososrio, 2003). As formas com que os seres vivos lidam e interagem com as cores são diversas, com objetivos e funções muito distintas dependendo do contexto observado. Um dos exemplos mais conhecidos do uso das cores pelos animais é a camuflagem, que se resume a uma adaptação que diversas espécies possuem para dificultar sua identificação perante ao ambiente (Stevens e Merilaita, 2009). Outro exemplo são as cores de alerta que alguns animais anunciam (Servedio, 2000), que refletem comunicação, respostas fisiológicas e interações sexuais (Andersson, 1994), dentre outras interações biológicas. Para os zoólogos, a variação das cores nos animais é uma importante característica taxonômica utilizada durante a descrição morfológica das diferentes espécies. Em arraias do gênero Potamotygon, a variação cromática é claramente observada em diversas espécies. Esta ampla variação ocorre tanto entre espécies diferentes, como também de forma intraespecífica, o que dificulta muitas das vezes o diagnóstico de um padrão comum de coloração nestes animais (Loboda & Carvalho, 2013). Historicamente, evidenciados por trabalhos de taxonomia, os diferentes fenótipos (em sua maioria) foram investigados em semaforontes adultos, sendo pouco abordados em outros planos de observação. O objetivo deste trabalho foi descrever e quantificar as variações cromáticas encontradas nos filhotes de Potamotrygon amandae, na região do Alto Rio Paraná, reservatório de Jupiá, no município de Ilha Solteira, SP.

Material e métodos Este estudo foi realizado durante os anos de 2017 e 2018 no município de Ilha Solteira-SP, localizado na região do Alto Rio. Foram coletados 31 filhotes oriundos de abortos de 9 fêmeas. Os animais foram coletados a barco, usando como arte de pesca arpões e tarrafas (SISBIO-50019-2). As fêmeas adultas foram anestesiadas e fotografadas. Os filhotes provenientes dessas fêmeas foram anestesiados, fixados com formalina 10%, conservados em álcool 70% (CEUA/FEIS 15/2017) e fotografados. A descrição dos padrões de coloração da região dorsal do disco e da cauda foi realizada por meio de observação direta dos filhotes e foi baseado, com modificações, no trabalho de Almeida (2003).

Resultados e discussão Foram diagnosticados cinco padrões de coloração dorsal dos discos: (i) ocelado: ocelos conspícuos predominantemente bicolores com centro de pigmentação amarelada envolvido por um anel escuro, com distribuição aleatória; (ii) reticulado: linhas e manchas que se conectam criando formas poligonais em forma de rede, de coloração escura e distribuídos principalmente na região central do disco; (iii) vermiculado: formas vermiformes alongadas de tamanho variado, coloração escura ou amarelada, não uniforme, eventualmente formando círculos; (iv) difuso: vermiculações, retículos e ocelos inconspícuos, geralmente é constituído pela sobreposição dos três padrões, com coloração de fundo marrom-acinzentado, e; (v) liso: ocelos, vermiculações e retículos ausentes, padrão de fundo marrom, com pouca variação de tonalidade. Em todos os filhotes, o terço final da cauda é de coloração negra, com pintas claras difusas ou eventualmente ausentes. Na porção médio-anterior das caudas foi possível delimitar 3 padrões de coloração distintas: (i) reticulado: linhas e manchas que se conectam criando formas poligonais em forma de rede, de coloração escura, mais definidas na base da cauda fragmentando mais posteriormente; (ii) vermiculado:

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formas vermiformes alongadas de tamanho variado e coloração escura, faixas laterais e dorsais que se repetem com padrão mais uniforme na base da cauda, e; (iii) liso: base da cauda sem formas aparentes, ocelos, vermiculações e retículos ausentes ou inconspícuos ao longo da porção mais posterior da cauda. Nos discos o padrão difuso foi o mais frequente (41.9%). Demais padrões apresentaram menos de 16% de frequência. Nas caudas o padrão vermiculado foi observado em 51.6% dos filhotes, seguido pelo reticulado com 45.2%. O padrão liso foi observado em somente um filhote. As interações entre os distintos padrões cromáticos observados nos discos e caudas resultam em 11 combinações de coloração. A combinação difuso-vermiculado foi, no geral, a mais frequente (22.6%), também a mais observada nas fêmeas (33.3%). Por sequência, a combinação difuso-reticulado foi observada em 25% dos machos e representa 19.4% do total. Os padrões liso-liso, vermiculado-vermiculado e vermiculado-reticulado foram registrados em um indivíduo para cada padrão. Pelo menos dois padrões de coloração dorsal foram observados nas fêmeas adultas, basicamente todas as fêmeas coletadas apresentam cor de fundo marrom, eventualmente algumas pequenas diferenças de tonalidade puderam ser observadas, mas há um grupo caracterizado pela predominância de ocelos fragmentados, presença de pintas e manchas no plano dorsal do disco e outro grupo caracterizado pelo padrão ocelado típico (cf. Loboda & Carvalho, 2013). Porém, mais de um padrão é observado entre filhotes irmãos, chegando até mesmo 4 padrões, evidenciando a grande amplitude de variação cromática em filhotes, como ocorre nos adultos. Embora haja variações quanto aos padrões de coloração dorsal, a cor de fundo dos filhotes é muito semelhante, caracterizados por um marrom claro. A correlação dessas características tem como provável objetivo mesclar o filhote com o substrato arenoso e o ambiente aquático das margens de rios, ou seja, uma camuflagem, comportamento evidenciado no trabalho de Garrone-Neto e Uieda (2012). Estas características visuais também são observadas em filhotes de outras espécies do gênero Potamotrygon (e.g. P. bosemani, P. scobina, P. motoro e P. hystrix), relação que provavelmente está ligada ao hábito comportamental de se enterrar e a preferência pelas áreas mais arenosas e rasas (Garrone-Neto e Uieda, 2012).

Conclusões A grande variação cromática observada nos adultos também é observada nos filhotes, verificamos que tais variações cromáticas já são observadas desde as fases mais juvenis nesta espécie. O padrão de coloração dos filhotes está associado ao seu ambiente, e pode ser resultado da adaptação destes animais ao meio em que habitam, porém, poucas são as informações disponíveis com respeito à policromia nos filhotes.

Referências ALMEIDA, M.P. Pesca, policromatismo e aspectos sistemáticos de Potamotrygon scobina Garmam, 1913 (Chondrichthyes: Potamotrygonidae) da região da Ilha de Colares-Baía de Marajó-Pará. Universidade Federal do Pará and Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém, 2003. 145p. (Dissertação de Mestrado)

ANDERSSON, M.B. Sexual selection. Princeton University Press, 1994. 599p.

GARRONE NETO, D.; UIEDA, V.S. Activity and habitat use of two species of stingrays (Myliobatiformes: Potamotrygonidae) in the upper Paraná River basin, Southeastern Brazil. Neotropical Ichthyology, 10:1, 81-88, 2012.

KELBER, A.; OSORIO, D. From spectral information to animal colour vision: experiments and concepts. Proceedings of the Royal Society of London B: Biological Sciences, 277:1688, 1617-1625, 2010.

LOBODA, T.S.; CARVALHO, M.R. Systematic revision of the Potamotrygon motoro (Müller & Henle, 1841) species complex in the Paraná-Paraguay basin, with description of two new ocellated species (Chondrichthyes: Myliobatiformes: Potamotrygonidae). Neotropical Ichthyology, 11:4, 693-737, 2013.

SERVEDIO, M.R. The effects of predator learning, forgetting, and recognition errors on the evolution of warning coloration. Evolution, 54:3, 751-763, 2000.

STEVENS, M.; MERILAITA, S. Animal camouflage: current issues and new perspectives. Philosophical Transactions of the Royal Society B: Biological Sciences, 364:1516, 423-427, 2009.

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Perfil lipídico uterino de Potamotrygon falkneri na região de Castilho, Alto Rio Paraná, SP, Brasil

Agatha Yukari Horoiwa(1), Ariadyne Santos Soares (1), Gabriely Oliveira Garcia (1), Jumma Miranda Chagas(2) , Douglas de Castro Ribeiro (3), Cristiéle da Silva Ribeiro(4)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Laboratório de Estudos em Fisiologia Animal– LEFISA. e-mail: [email protected] 2 UNESP-IBB, Pós-Graduação em Ciências Biológicas (Zoologia); Unesp-FEIS, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Ecologia do Parasitismo. 3 Unesp-IBILCE, Departamento de Zoologia e Botânica, Laboratório de Ictiologia. 4 Unesp-FEIS, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Estudos em Fisiologia Animal, LEFISA.

Introdução A reprodução dos Chondrichthyes, de modo geral, apresenta diversos mecanismos que atribuem ao grupo um grande sucesso reprodutivo, como a fertilização interna. Além disso, as raias de água doce possuem uma particularidade: viviparidade histotrófica, em que os embriões são nutridos pela produção do chamado “leite uterino” nos trofonemas, que consiste em vilosidades na parede do útero materno. Esta substância é rica em lipídios, proteínas e carboidratos, ingeridos pela boca e/ou absorvidos por filamentos branquiais externos do embrião (Hamlett et al., 1993). No caso de raias certamente a distribuição metabólica e compromisso de reservas energéticas para a reprodução se estenderá a períodos pós-vitelogênicos, já que o sucesso reprodutivo destas espécies dependerá do desenvolvimento do trofonema e do leite uterino, que servirão de base nutritiva para os embriões até o momento do parto (Hamlett, 2013). A reprodução dos Potamotrigonídeos está relacionada com o ciclo hidrológico, em que a fecundidade pode variar de um a vinte embriões por período reprodutivo e a época do nascimento pode durar de três a quatro meses (Charvet- Almeida et al., 2005). Desta forma é importante o entendimento dos processos fisiológicos ligados à dinâmica reprodutiva, adaptações fisiológicas associadas à relação trófica materno-fetal e os padrões de alocação de distintas classes de lipídeos durante a gestação, que possam refletir particularidades nutricionais e ambientais na espécie escolhida. A recente inundação para construção do reservatório de Itaipu possibilitou a colonização de espécies de raias na região do Alto Paraná, que inclui o município de Ilha Solteira (Vilela et al., 2004), uma destas espécies é Potamotrygon falkneri. Visto o presente o objetivo deste trabalho foi analisar o perfil lipídico uterino de Potamotrygon falkneri espécie não-nativa no Alto Rio Paraná.

Material e métodos As coletas foram realizadas no município de Castilho, SP, entre os anos de 2016 a 2018, com o auxílio de arpão (SISBIo nº 50019-1). Os animais coletados (n=16) foram anestesiados e eutanasiados (CEUA/FEIS 15/2017), posteriormente foi realizada uma secção na região pélvica e coletado o tecido uterino, que foi armazenado em freezer -80ºC para posterior extração e determinação da concentração de lipídeos totais por técnica de determinação colorimétrica, desenvolvida por Frings et al. (1972). Com base na classificação de Gama (2013), que se baseia em características macroscópicas dos ovários, os animais foram classificados em três estágios reprodutivos: em vitelogênese, grávidas e repouso. A partir das análises macroscópicas dos ovários foram analisadas 4 fêmeas em repouso; 6 em vitelogênese e 6 grávidas. Para verificação do nível de interação entre as variáveis foi utilizado o Software BioStat 5.3. Utilizou- se o Teste t de Student (α = 5%) para avaliações paramétricas; e aplicou-se o teste de Kruskal Wallis para análises não paramétricas.

Resultados e discussão As secreções uterinas ou “leite uterino” nas raias são particularmente ricas em lipídeos (Hamlett et al., 2013). Os resultados obtidos mostraram um aparente aumento de lipídeos com o passar da maturação gonadal dos animais (Figura 1), culminado em diferença estatística significativa entre as fêmeas em repouso (166,26±69,03 mg/g) e as fêmeas grávidas (525,49±293,03 mg/g). Muitos trabalhos com Chondrichthyes

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mostraram que realmente ocorre a mobilização de lipídeos hepáticos e musculares para o tecido gonadal e uterino, com controle neuroendócrino via hormônios folículo estimulante e estradiol, como em fêmeas de Rhynoptera bonasus (Wourms, 1981).

Figura 1 - Concentração de lipídeos totais uterinos em fêmeas de Potamotrygon falkneri

abLetras diferentes representam diferenças significativas entre estágios reprodutivos (p<0,05). Fonte: próprio autor.

Conclusão Conclui-se que a viviparidade histotrófica apresentada por Potamotrygon falkneri analisada neste trabalho é guiada por aumento da concentração de lipídeos no tecido uterino, que pode estar diretamente relacionada à secreção de `leite uterino`.

Referências

CHARVET-ALMEIDA, P.; GÓES DE ARAÚJO, M.L.; ALMEIDA, M. P. Reproductive aspects of freshwater stingrays (Chondrichthyes: Patamotrygonidae) in the Brazilian Amazon Basin. Journal of Northwest Atlantic Fishery Science, 35: 165–171, 2005.

FRINGS, C. S.; FENDLEY, T. W.; DUNN, R. T.; QUEEN, C. A. Improved determinationof total serum lipids y the sulfo-phospho-vanillin reaction. Clinical chemistry, 18: 673–4, 1972.

GAMA, C. S. Diversidade e ecologia das raias de água doce (Chondrichthyes: Potamotrygonidae) da reserva biológica do parazinho, AP. Tese de doutorado, UFPB, 2013.

HAMLETT, W. C.; EULITT, A. M.; JARRELL, R. L.; KELLY, M. A. Uterogestation and placentation in elasmobranchs. Journal of Experimental Zoology India, 266: 347–367, 1993.

HAMLETT, W.C.; KORMANIK, G.; STORRIE, M.; STEVENS, B.; WLAKER, T.I. Chondrichthyan Parity, Lecithotrophy and Matrotrophy, In: Reproductive Biology and Phylogeny of Chondrichthyes Sharks, Batoids, and Chimaeras, Volume 3, 2013, 400p.

VILELA, M.J.A., FRANCO, R.A.M.; ALMEIDA, N.V.A. 2004. Monitoramento da pesca no reservatório de Porto Primavera (UHE Engº Sérgio Motta), no Rio Paraná. Relatório Final (Agosto/2000-Novembro/2003), CESP/FAPEC/UFMS, Três Lagoas.

WOURMS, J.P. Viviparity: The maternal-fetal relationship in fishes. American Zoology. 21 :473-515, 1981.

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RESUMOS DA PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

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Aumento de proliferação das células germinativas de Astyanax altiparanae (Characidae) submetidos à elevada temperatura da água

Patricia Postingel-Quirino(1)*, Maira da Silva Rodrigues (2), Diógenes Henrique de Siqueira-Silva(3), Elis Marina da Silva Cabral(4), Alexandre Ninhaus-Silveira(5), Rosicleire Veríssimo-Silveira(5)

1UNESP-IBB, Pós-graduação em Ciências Biológicas – Zoologia - LINEO - Laboratório de Ictiologia Neotropical. E-mail: [email protected] 2UNESP-CAUNESP, Pós-graduação em Aquicultura 3UNIFESSPA, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia 4UNESP-FEIS, Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Animal 5UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, LINEO - Laboratório de Ictiologia Neotropical

Introdução Peixes são bons modelos biológicos para estudos relacionados à alterações de temperatura, por serem animais ectotérmicos (Crawshaw, 1980). Estão restritos a ambientes aquáticos e qualquer alteração que este meio enfrentar refletirá diretamente na reprodução dos mesmos, uma vez que este é um evento fisiológico de grande custo energético e somente ocorrerá quando os animais estiverem em condições ideais (Ribeiro e Moreira, 2012). Deste modo, o presente estudo teve como objetivo avaliar a influência do aumento de temperatura da água na reprodução do caracídeo Astyanax altiparanae, popularmente conhecido como lambari do rabo amarelo.

Material e métodos Espécimes machos adultos de .Astyanax altiparanae obtidos de criadouros da região de Ilha Solteira, nos períodos de abril e maio de 2016 e dezembro e janeiro de 2017, e alocados nas dependências do Laboratório de Ictiologia Neotropical (LINEO/FEIS). Os animais foram divididos em dois grupos (n=48 para cada grupo) e mantidos em sistemas de recirculação de água sob temperatura de 27ºC e 32ºC (Permit Número: 006/2012 / CEUA). Após uma semana de aclimatação, os animais receberam pulsos de injeção intraperitoneal de bromodeoxiuridina (BrdU) na concentração de 100 mg/Kg de peixe/dia, com intervalo de 24 horas. As coletas tiveram início assim que o último pulso de injeção foi aplicado, sendo a primeira após 1h, seguida de outra após 4h, e por fim coletas a cada 24h, prolongando-se por um período de quinze dias. Os animais foram anestesiados com solução de benzocaína obtida a partir da diluição de 0,5 g de benzocaína em 5ml de álcool absoluto e 2L de água. As gônadas foram expostas, removidas e seccionadas transversalmente na região mediana e fixadas em methacarn, posteriormente foram processados para a microscopia de luz (Technovit 7100®). Após emblocados, os testículos foram submetidos a cortes de 3 μm em micrótomo Leica RM 2245®. As lâminas foram submetidas ao protocolo de imunodetecção por meio de BrdU, incubadas em temperatura ambiente por 1h com anticorpo-BrdU diluído em solução tampão fosfato salino pH 7.4 (PBS) contendo 1% de albumina de soro bovino e em seguida por 1h com Power Vision®. Os cortes foram corados em Hematoxilina de Harris e fotografados em Zeiss – AXIOCAM-MRc5®. A análise estereológica foi realizada utilizando uma grade de intersecção de 420 pontos (Motic Image Plus 2.0®), sobreposto a uma área da secção histológica obtida a partir da região central dos testículos. Cada grade é equivalente a um campo, dessa forma cinco campos (2.100 pontos) foram contados aleatoriamente para cada animal analisado, sob microscopia de luz com magnificação de imagem de 400x. Foram quantificados os tipos celulares marcados: espermatogônias A-indiferenciadas (Aind), espermatogônias A-diferenciadas (Adif), espermatogônias B (EspB), espermatócitos (EspC), espermátides (EspD), espermatozoides (EspZ), células picnóticas e células de Sertoli. A análise estereológica foi realizada comparando o total de células contabilizadas para cada tipo celular estipulado, e comparado par a par (Teste T e Teste U) entre os tratamentos testados.

Resultados e discussão Espermatogônias Aind, Adif, EspB, EspC e células de Sertoli, não apresentaram diferenças estatísticas entre as temperaturas (Fig. 1). Entretanto, apesar de não haver diferença estatística significante, pode-se notar que há uma diferença numérica nos EspC entre os animais mantidos a 27ºC e 32ºC, sendo de 2.158 e 3.469,

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respectivamente. Foram encontradas diferenças significativas na quantidade de EspD e EspZ nas diferentes temperaturas (Fig. 1). Estes tipos de células germinativas não sofrem mais divisões meióticas, apenas passam por diferenciações celulares, assim, tal resultado pode ser justificado pela diferença numérica vista nos cistos de EspC, considerando que EspC estão passando por divisões meióticas, e geram quatro células ao final do processo espermatogonial. Há também uma redução no número de células que pode ser notada dentro de cada tratamento, na passagem de EspC, EspD até EspZ. Esses dados demonstram o processo natural da espermatogênese, uma vez que a passagem de células em EspC para EspD é muito rápida, e poucos cistos de espermátides são encontrados, além de que também pode ocorre morte celular. Por outro lado, nota-se que há uma diferença significativa entre os tratamentos para EspZ, o que é explicado pelo fato de que a espermatogênese foi estimada em 6 dias para animais que estavam a 27ºC e em 24h para animais submetidos a 32ºC, ou seja, a espermatogênse foi acelerada e consequentemente houve maior acúmulo de espermatozoides. Breton (1977) relatou que temperaturas baixas da água estimulam proliferação de espermatogônias, enquanto que temperaturas mais altas estimulam proliferação celular de espermatócitos refletindo em cistos de espermátides e espermatozoides em Salmo gairdneri. Resultados semelhantes foram encontrados em Oreochromis niloticus por Melo et al.(2016), onde notou-se que águas com temperaturas mais baixas do que o indicado para aquela espécie influenciavam na proliferação de espermatogônias e na renovação celular.

Figura 1: Análise estereológica da espermatogênese de Astyanax altiparanae. Análises de espermatogônias A-indiferenciadas (Aind), A-diferenciadas (Adif), espermatogônias do tipo B (EspB) e cels. de Sertoli foram submetidas a Teste-T. Análises de espermatócitos (EspC), espermátides (EspD), espermatozóides (EspZ) e células picnóticas foram submetidas a Teste-U. Letras minúsculas indicam diferenças entre os tratamentos, enquanto que letras maiúsculas indicam diferenças dentro do mesmo tratamento.

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Conclusões Concluímos que a elevação da temperatura da água para Astyanax altiparanae proporciona um aumento na proliferação celular durante o processo espermatogênico, refletindo diretamente nos cistos de espermátides e espermatozoides, além de aumento na morte celular.

Agradecimentos Agradecemos ao Laboratório de Reprodução e Biologia Molecular, no Departamento de Morfologia do Instituto de Biociências de Botucatu – IBB pela disponibilidade e ajuda com a técnica de imunodetecção.

Referências BRETON, B. et al. Effects of photoperiod and temperature on plasma gonadotropin and spermatogenesis in the rainbow trout Salmo gairdnerii Richardson. In: Annales de Biologie Animale Biochimie Biophysique. EDP Sciences, p. 331-340, 1997. CRAWSHAW, L. I. Temperature regulation in vertebrates. Ann. Rev. Physiol., v. 42, p.473-491, 1980.

MELO, R. M.; RIBEIRO, Y. M.; LUZ, R. K., BAZZOLI; N., RIZZO. Influence of low temperature on structure and dynamics of spermatogenesis during culture of Oreochromis niloticus. Animal Reproduction Science, v.172, p. 148-156, 2016. RIBEIRO, C. S.; MOREIRA, R. G.. Fatores ambientais e reprodução dos peixes. Revista da Biologia, São Paulo, v. 8, p.58-61, 2012.

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Avaliação gonadal e hepática de reprodutores de Gymnocorymbus ternetzi, submetidos a dieta rica em aminoácidos essenciais (Ω3).

Laís Pedroso Borges (1)*, Cristiane Bashiyo-Silva(1), Laicia Carneiro Leite(2), Ana Carolina Andrade de Jesus(3), Rosicleire Veríssimo-Silveira(4), Alexandre Ninhaus-Silveira(4)

1UNESP-IBB, Curso de Pós-graduação em Ciências Biológicas - Zoologia, Laboratório de Ictiologia Neotropical - L.I.NEO. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Curso de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia Animal, L.I.NEO. 3UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia, L.I.NEO. 4UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, L.I.NEO.

Introdução Durante o período reprodutivo, o fígado está diretamente ligado a produção de vitelogenina, que será acumulada nos oócitos sob a forma de vitelo, durante o período de vitelogênese. Este processo causa o aumento do volume e peso dos ovários dos peixes e do fígado devido a sua grande atividade (Vazzoller, 1996; Boscolo et al., 2011). Durante a vitelogênese são acumulados lipídios para reserva energética (ácidos graxos), tendo como função além da produção de energia metabólica (ATP), atuarem na composição dos fosfolipídios presentes na membrana celular, auxiliar na manutenção do grau de fluidez desta e em atividades relacionadas ao crescimento e reprodução. E os ácidos graxos altamente insaturados (Ω3 e Ω6), são considerados fundamentais na formação de oócitos viáveis e simétricos. Gymnocorymbus ternetzi é uma espécie de peixe neotropical, conhecido como tetra negro. Possui grande importância no mercado de peixes ornamentais por sua coloração, comportamento pouco agressivo e fácil manejo (Benine et al., 2015). O Objetivo deste trabalho foi avaliar os índices hepatossomático e gonadossomático de reprodutores Gymnocorymbus ternetzi, após a inclusão 5% de óleo de peixe marinho, rico em aminoácidos essenciais (Ω3) em sua dieta.

Material e métodos Aproximadamente seiscentos espécimes adultos de Gymnocorymbus ternetzi foram alocados em dois sistemas fechados no Laboratório de Ictiologia Neotropical (L.I.NEO), Depto. de Biologia e Zootecnia (DBZ), UNESP/FEIS, sendo cada sistema compostos por seis aquários de vidro de 45L (CEUA/UNESP 0014/2017). Este sistema foi dividido em dois grupos um denominado como grupo controle (GC), sendo alimentado com ração sem aditivo o outro denominado grupo óleo (GO) que está sendo alimentado com a ração acrescida de 5% de óleo de peixe marinho. A análise bromatológica da ração foi realizada no Laboratório de Bromatologia (DBZ/FEIS) e a análise de ômega 3 foi realizada no Laboratório de Estudos em Fisiologia Animal (DBZ/FEIS) (Tab.1).

Tabela 1. Composição da análise bromatológica da ração.

Grupo Controle Grupo Óleo Cinzas (%) 9,61 9,36 Extrato Etéreo (%) 6,91 10,19 Proteína Bruta (%) 52,45 50,51 Fibra Bruta (%) 0,29 1,84 Ômega 3 (%) 13,54 16,3 Fonte: próprio autor.

Análise do Índice Hepatossomático e do Índice Gonadossomático Durante o período de seis meses (novembro/2017 a abril/2018), foram coletadas dez fêmeas mensalmente. Os indivíduos coletados foram eutanasiados por longa exposição à solução de benzocaína (0,1 mg.kg -1). A seguir, foi mensurada a massa corporal - MC(g) e o comprimento total - CT(cm) utilizando uma balança mecânica e um ictiômetro, respectivamente. Em seguida, foi realizada uma incisão na região ventral do animal, no sentido postero-anterior, expondo toda a cavidade abdominal, para retirada da gônada e fígado, sendo mensurada a massa hepática – MF(g) e massa gonadal – MG(g) para determinação do índice gonadossomático1 e hepatossomático2 (Tabela 2). ¹Índice hepatossomático (IHS) – ([Massa do Fígado (g) / Massa corpórea do animal (g)]x100); IHS = ([MF/MC]x100) ²Índice Gonadossomático (IGS) – ([Massa das gônadas (g), / Massa corpórea do animal (g)]x100);

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IGS = ([MG/MC] x 100) Análise estatística Para avaliar o nível de interação entre as variáveis tempo e inclusão do óleo na dieta, utilizou-se o programa estatístico “R” aplicando inicialmente o teste quanto à normalidade e homocedasticidade para obtenção das premissas paramétricas. E posteriormente foi aplicado análise de covariância (ANCOVA) aos dados do trabalho.

Resultados e discussão As medidas do GC e GO quanto ao comprimento, massa corpórea, massa do fígado e gônada estão representadas na tabela 2. Os valores médios de índice hepatossomático (0,89±0,32; 0,90±0,35, respectivamente) e gonadossomático (19,26±4,31; 19,74±3,94, respectivamente) do GC em relação ao GO não apresentaram diferença significativa (p<0,05) (Figura 1). No entanto foi observado que o IHS apresenta uma diminuição no tamanho do fígado (0,58±022) em janeiro no GC. Essa queda no IHS sugere que suas reservas hepatossomáticas estão sendo conduzidas para o processo de vitelogênese (Agostinho, 1985) e consequentemente alterando o tamanho desse ovário. No entanto, não observamos nenhuma alteração no IGS em nenhum dos grupos, durante esses seis meses de coleta.

Tabela 2. Medidas dos peixes no período de seis meses. Tratamento CT (cm) MC(g) MF(g) MG(g) Controle 5,24 ±0,48 2,94 ± 0.47 0,02 ±0,00 0,56 ± 0,15 Óleo 5,31 ±0,54 3 ± 0.49 0,02 ±0,01 0,569 ± 0,15 Fonte: próprio autor. Legenda: CT: comprimento total, MC: massa corporal, MF: massa do fígado, MG: massa da gônada.

Figura 1. Valores médios mensais do Índice hepatossomático (IHS) e do índice gonadossomático (IGS) em fêmeas de Gymnocorymbus ternetzi.

As barras indicam o índice gonadossomático e a linha o índice hepatossomático. Segundo o teste ANCOVA (p≥0,05) não houve diferença

estatística entre os parâmetros avaliados.

Fonte: próprio autor.

Conclusão Podemos concluir que a inclusão de óleo de peixe marinho no percentual proposto, na alimentação de Gymnocorymbus ternetzi, não alterou o IHS nem o IGS, dentro do período estudado. Agradecimentos Ao Laboratório de Bromatologia, e ao Laboratório de Estudos em Fisiologia Animal-LEFISA pela disponibilização do espaço para a realização das análises de rações.

Referências AGOSTINHO, A.A. Estrutura da população, idade, crescimento e reprodução de Rhinelepis aspera (Agassiz, 1829) (Osteichthyes, Loricariidae) do rio Paranapanema, PR. São Carlos, 1985. (Doctoral Thesis in Science) - Universidade Federal de São Carlos. BOSCOLO, W. R.; SIGNOR, A.; FREITAS, J. M. A.; BITTENCOURT, F.; FEIDEN, A. Nutrição de peixes nativos. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 40, p.145-154, 2011. VAZZOLER, A. E. A. Biologia da reprodução de peixes teleósteos: teoria e prática. Maringá: Núcleo de Pesquisas em Liminologia, Ictiologia e Aqüicultura, 1996. BENINE, R.C., MELO, B.F., CASTRO, R.M.C.; OLIVEIRA, C. Taxonomic revision and molecular phylogeny of Gymnocorymbus Eigenmann, 1908 (Teleostei, Characiformes, Characidae). Zootaxa 3956 (1): 001–028, 2015.

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Células Rodlet no tubo digestivo de Gymnocorymbus ternetzi

Évillyn dos Santos Zacheo(1)*, Renata Alari Chedid (2), Ricardo Hideo Mori (2), Laís Pedroso Borges(3), Rosicleire Veríssimo-Silveira(4), Alexandre Ninhaus- Silveira(4)

1UNESP-FEIS, Graduando, Ciências Biológicas, Depto. de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Ictiologia Neotropical – L.I.NEO. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Pós-Doutorando, Pós-graduação em Ciência e Tecnologia Animal, L.I.NEO. 3UNESP-IBB, Mestranda, Pós-graduação em Ciências Biológicas - Zoologia, L.I.NEO. 4UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, L.I.NEO.

Introdução A célula Rodlet é um enigmático tipo celular, que foi descrito pela primeira vez em 1892, por Telohán, e embora se tenha passado mais de um século, desde sua primeira descrição, pesquisadores especialistas em histologia e patologia ainda estudam a origem e a função exata dessa célula (Manera e Dezfuli, 2004). A célula Rodlet somente foi observada em teleósteos e, atualmente, está sendo relacionado a sua presença a uma resposta generalizada do organismo a uma variedade de estressores, especialmente infecções parasitárias, toxinas, neoplasias e lesões teciduais gerais, o que tem aumentado ainda mais o interesse a seu respeito (Rideout et al, 2015). A espécie utilizada neste experimento é Gymnocorymbus ternetzi, pertence à ordem Characiformes, família Characidae, sendo popularmente conhecida como tetra negro. Apresenta grande importância no comércio de peixes ornamentais devido a sua forma, coloração, pouca exigência na manutenção e fácil cultivo (Frankel, 2004; Uma e Chandran, 2008). O objetivo do presente estudo foi verificar a presença deste tipo celular no trato digestivo de Gymnocorymbus ternetzi, visto que estudos sobre células Rodlet em Characifomes são ainda incipientes. Diante do exposto, este trabalho contribuirá para a ampliação de conhecimentos acerca dessa célula, bem como elucidação de sua função no trato digestivo de peixes caracídeos.

Material e métodos Para o presente trabalho, foram utilizados dez indivíduos adultos de Gymnocorymbus ternetzi, que foram coletados do plantel pertencente ao Laboratório de Ictiologia Neotropical - L.I.NEO., os quais foram mantidos em aquários sob temperatura entre 29° e 31°C e alimentados com ração comercial (47,5% de proteína bruta) até a saciedade aparente. Para análise, os animais foram anestesiados e eutanizados por aprofundamento anestésico com cloridrato de benzocaína. A seguir, foi feita uma incisão longitudinal na região ventral para exposição dos órgãos, sendo coletada parte do trato digestivo, dividido nas seguintes porções: cecos pilóricos, intestino anterior, médio e posterior. Para realizar análises sob microscopia de luz, fragmentos dos órgãos foram fixados em solução de Karnovsky modificado, subsequentemente destinados à rotina de inclusão em historesina (Leica®, Germany), passando por secções histológicas de 1-3μm de espessura e corados com Azul de Toluidina a 1%. Resultados e discussão Foram identificadas células Rodlet em porções do epitélio dos cecos pilóricos e do intestino médio de G. ternetzi. Porém, ao longo do epitélio do intestino anterior e posterior estas não foram encontradas. Assim como caracterizado por Schultz (2014), as células Rodlet apresentam um formato típico de pêra, com núcleo basal heterocromático e bastonetes em seu interior, localizadas entre enterócitos e células caliciformes (Figs.1C, 2C, 2D). Segundo Iwai (1968), a célula Rodlet está principalmente associada ao tecido epitelial, como o observado no presente trabalho. Ainda foi observado que, estas células estavam alocadas na região apical do epitélio, o que pode indicar que suas secreções seriam liberadas na luz do intestino. Adicionalmente, foi observada a presença exacerbada de muco no intestino médio produzido pelas células caliciformes (Fig.2), o que poderia indicar uma anormalidade, visto que a produção de muco é uma barreira primária, servindo de proteção para impedir a translocação de patógenos (Ringø et al., 2010). Assim, é possível que a identificação de células Rodlet nessa região esteja relacionada a um desafio parasitário, já que, de acordo com Fishelson et al. (2011), as células Rodlet estão associadas a respostas imunes.

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Figura 1 – Célula Rodlet no epitélio dos cecos pilóricos de G. ternetzi. A. Corte transversal dos cecos evidenciando a disposição das pregas. B e C. Célula Rodlet (rc) na região apical do epitélio, entre enterócitos (et) e células caliciformes próximas (cc). Vaso sanguíneo com hemácias (hm).

Figura 2 – Célula Rodlet no epitélio do intestino médio de G. ternetzi. A. Corte transversal do intestino médio evidenciando a disposição de pregas e muco (mc). B e C. Célula Rodlet (rc) em formato de pêra e com núcleo basal, na porção apical do epitélio, entre células caliciformes (cc) e enterócitos (et).

Conclusões Este estudo identificou de forma inédita a presença de células Rodlet nos cecos pilóricos e no intestino médio de Gyminocorymbus ternetzi, provavelmente relacionado a uma disfunção orgânica local, devido à grande quantidade de muco observado na superfície epitelial destas regiões.

Referências FISHELSON, L.; RUSSELL, B.; GOLANI, D.; GOREN, M. Rodlet cells in the alimentary tract of three genera of lizardfishes (Synodontidae, Aulopiformes): more on these enigmatic “gate-guards” of fishes. French Icthyological Society - Cybium, v.35, p.121-129, 2011. FRANKEL, J.S. Inheritance of Trunk Banding in the Tetra (Gymnocorymbus ternetzi Characidae). Journal of Heredity, v. 95, p.262–264, 2004. IWAI, T. Notes on the pear-shaped cell (rodlet cell) in the epithelium of the digestive tract of fishes. Bulletin of Japanese Society of Science Fisheries, v. 34, p. 133-137, 1968. MANERA, M; DEZFULI, B.S. Rodlet cells in teleosts: a new insight into their nature and functions. Journal of Fish Biology, v. 65, p.597-619, 2004. RIDEOUT, R. M.; SMITH, S.A.; MORGAN, M.J. High-density aggregations of rodlet cells in the gonads of Greenland halibut Reinhardtius hippoglossoides, a deep-water marine flatfish. Journal Fish of Biology, v.86, p. 1630, 2015. RINGØ, E. LØVMO, L. KRISTIANSEN, M. et al. Lactic acid bacteria vs, pathogens in the gastrointestinal tract of fish: a review. Aquaculture Research, v.41, p. 451-467, 2010. SCHULTZ, A.G.; JONES, P.L.; TOOP, T. Rodlet cells in Murray cod, Maccullochella peelii peelii (Mitchell), affected with chronic ulcerative dermatopathy. Journal of Fish Diseases, v. 37, p. 219 e 220, 2014. UMA, B. & CHANDRAN, M.R. Induction of Triploidy in Gymnocorymbus Ternetzi (Boulenger). Research Journal of Fisheries and Hydrobiology, v.3, p.41–47, 2008.

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Composição da dieta de Cichla kelberi (Teleostei: Perciformes: Cichlidae) no reservatório de Jupiá, rio Paraná

Bruno da Silva(1)*, José Daniel Soler Garves(1), Cibele Diogo Pagliarini(1), Cristiéle da Silva Ribeiro (2), Igor Paiva Ramos(3)

1UNESP-FEIS e IBB, Curso de Pós-graduação em Ciências Biológicas (Zoologia), Laboratório de Ecologia de Peixes – Pirá e Laboratório de Estudos em Fisiologia Animal – LEFISA. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Estudos em Fisiologia Animal – LEFISA 3UNESP-FEIS e IBB, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Ecologia de Peixes – Pirá

Introdução

A espécie Cichla kelberi Kullander & Ferreira, 2006, também conhecida como tucunaré-amarelo, é uma espécie de peixe carnívora originária da bacia Amazônica, introduzida na década de 1980 na bacia do rio Paraná. Atualmente possui importância na pesca artesanal e comércio de proteína animal em vários reservatórios da bacia do alto Paraná. Especificamente, no reservatório de Ilha Solteira, observa-se grande abundância de C. kelberi (Carvalho et al., 2007). A introdução de espécies não-nativas reestrutura o meio ambiente, o que influencia significativamente a dieta das espécies e estas mudanças levam a modificação da cadeia alimentar, resultando frequentemente no desaparecimento de espécies nativas (Luiz et al., 2011). O potencial reestruturador de espécies não-nativas ocorre com C. kelberi, pois há espécimes que estão em rios pantaneiros e de outras bacias, como a do Paraná, e apresentam grande potencial invasor, com plasticidade alimentar, o que lhe confere sobrevivência em diversos lugares (Reis, 2014). Portanto, o objetivo desse trabalho foi caracterizar a composição da dieta natural da espécie não-nativa C. kelberi, por meio da análise de conteúdo estomacal, no reservatório de Jupiá, rio Paraná.

Material e métodos As coletas dos exemplares de C. kelberi foram realizadas no reservatório de Jupiá (Usina Hidrelétrica Engenheiro Souza Dias), o qual localiza-se a jusante da UHE de Ilha Solteira, no rio Paraná, entre as cidades de Andradina, Castilho (SP) e Três Lagoas (MS). Os espécimes foram coletados em período chuvoso (março de 2018) no rio Paraná, com a utilização de vara com carretilha e iscas artificiais. Foram capturados um número amostral de 25 animais adultos, todos pertencentes a mesma classe de tamanho (23,9 a 31,2 cm) (Autorização SISBIO 61669-1 e protocolo CEUA-FEIS 05/2018). Foi realizada a dissecação para retirada dos estômagos que foram fixados em formol 4% e conservados em álcool 70% até o momento das análises em laboratório. Os conteúdos estomacais foram examinados sob estereomicroscópio. Os itens alimentares foram considerados isoladamente, identificados até o menor nível taxonômico possível, usando chaves de identificação específica. Posteriormente, os itens foram quantificados de acordo com o método gravimétrico e volumétrico (Hyslop, 1980). A fim de diminuir influências da variação do tamanho e massa dos animais sobre a composição da dieta, foi utilizado o método para ajustar os valores de massa do item alimentar à massa do peixe (WAG = MI/MT), onde MI é a massa do item alimentar e MT a massa do peixe (Ahlbeck et al., 2012). Os resultados estão expressos em porcentagem da massa de cada item em relação a massa total da dieta.

Resultados e discussão Foram analisados um total de 25 estômagos de C. kelberi (17 fêmeas e 8 machos), sendo que três não apresentaram conteúdo estomacal. Foram registrados 10 itens alimentares, com predominância de itens de origem animal. Cichla kelberi alimentou-se principalmente de Macrobrachium sp. (58,96%), Fragmento de peixe (26,66%), Sedimento (4,16%), Astyanax sp. (3,60%), Cichla sp. (2,55%) e Characiforme (1,39%). Sementes, Cladocera e Copepoda também foram itens encontrados, porém, com percentual de massa <0,01%. Com base nos resultados, observa-se que C. kelberi possui hábito alimentar carnívoro, como também relatado por Ferrareze e Nogueira (2015) para bacia do rio Paraná. No entanto, segundo Velludo (2007), essa espécie é especificamente piscívora, já que peixes perfizeram em seu estudo, 59,65% do total do seu índice alimentar, ocorrendo em 47,89% dos animais avaliados, no reservatório do Lobo, em Brotas. Essa composição alimentar, entretanto, diferiu-se da dieta encontrada nos animais coletados no reservatório de

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Jupiá, rio Paraná, pois verificou-se maior percentual de massa dos itens relacionados a Macrobrachium sp., espécie de camarão abundante no rio Paraná (Wi = 58,96). Suárez et al. (2001), em estudo realizado na bacia do rio Piquiri, Pantanal, também observaram que C. kelberi possui dieta baseada em peixes. Constatou-se biomassa predominante de Curimatidae (27,36%) e Cichlidae (26,93%), seguidas de Sternopygidae (15,15%), Characidae (11,48%), Hemiodontidae (7,44%), Erythrinidae (4,86%), Loricariidae (4,02%) e outras (2,71%). Segundo Reis (2014), há favorecimento aos ciclídeos piscívoros em ambientes lacustres recém- formados, por serem predadores visuais que se beneficiam pela estratificação do reservatório. Outro fator que favorece este grupo, o que inclui o gênero Cichla, é a disponibilização de material orgânico terrestre para suas potencias presas, peixes de menor porte que são frequentemente onívoras. Outro aspecto observado no presente estudo, foi o canibalismo, sendo esse tipo de relação também observada por Ferrareze e Nogueira (2015), no qual houve a predação de espécimes juvenis do gênero Cichla em reservatório da bacia do rio Paraná. Em bacias onde esse gênero é introduzido, o número de recursos na dieta tende a ser menor que em locais endêmicos, com alta ocorrência de canibalismo (Reis, 2014).

Conclusões Conclui-se que a dieta de C. kelberi pode variar dentro de um espectro limitado por itens alimentares de origem animal, estando esta variação diretamente relacionada a disponibilidade dos diferentes itens alimentares no reservatório, podendo ocorrer até mesmo canibalismo, como observado no presente estudo.

Agradecimentos À Fapesp pela bolsa de estudos e apoio financeiro. Ao Laboratório de Ecologia de Peixes (Pirá) e Laboratório de Estudos em Fisiologia Animal (LEFISA).

Referências AHLBECK, I.; HANSSON, S.; HJERNE, O. Evaluating fish diet analysis methods by individual-based modelling. C. J. Fish. Aq. Sciences, 69:1184-1201, 2012.

CARVALHO, E. D.; DAVID, G. S.; NOVAES, J. L. C.; RAMOS, I. P. A pesca artesanal no contexto da tilapicultura em tanques-rede no reservatório de Ilha Solteira (Alto do Rio Paraná, SP/MS): composição, rendimento e partilha de recursos. Relatório de pesquisa, 2007.

FERRAREZE, M.; NOGUEIRA, M. G. Impact assessment of the introduction of Cichla kelberi in a large Neotropical reservoir and its lateral lagoons (Upper Paraná River Basin, Brazil). B. J. Biology, 75:1018-1026, 2015.

HYSLOP, E. J. Stomach contents analysis: a review of methods and their application. J. F. Biology, 17:411– 429, 1980. LUIZ, T. F.; VELLUDO, M. R.; PERET, A. C.; FILHO, J. L. R.; PERET, A. M. Diet, reproduction and population structure of the introduced amazonian fish Cichla piquiti (perciformes: Cichlidae) in the cachoeira dourada reservoir (Paranaíba river, central Brazil). R. Biol. Tropical, 59:727–741, 2011.

RAMOS-FILHO, M. M.; RAMOS, M. I. L.; HIANE, P. A.; SOUZA, E. M. T. Perfil lipídico de quatro espécies de peixes da região pantaneira de Mato Grosso do Sul. C. Tec. Alimentos, 28:361–365, 2008.

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VELLUDO, M. R. Ecologia trófica da comunidade de peixes do reservatório do Lobo (Broa), Brotas- Itirapina/SP, com ênfase à introdução recente da espécie alóctone Cichla kelberi (Perciformes, Cichlidae). 2007. Dissertação (Mestrado em Ecologia e Recursos Naturais) – Universidade Federal de São Carlos, 2007.

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Composição da dieta de Geophagus proximus (Perciforme, Cichlidae) no reservatório de Jupiá, rio Paraná-SP

José Daniel Soler Garves(1)*, Bruno da Silva(1), Cristiéle da Silva Ribeiro(2), Igor Paiva Ramos(3)

1UNESP-FEIS e IBB, Curso de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (Zoologia), Laboratório de Ecologia de Peixes – PIRÁ. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Estudos em Fisiologia Animal – LEFISA 3UNESP-FEIS e IBB, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Ecologia de Peixes – PIRÁ

Introdução Geophagus proximus, conhecido como “porquinho”, pertence à família Cichlidae (Perciformes) e possui distribuição natural na bacia Amazônica (MORETTO et al., 2008), sendo introduzido e com ampla distribuição na bacia do alto rio Paraná, com destaque para os reservatórios de Ilha Solteira, Jupiá e Porto Primavera (Marques, em andamento). Em sua área de distribuição natural, possui maior abundância em sistemas lênticos (CERDEIRA; RUFFINO, 2000), característica esta, também observada nos reservatórios de usinas hidrelétricas da bacia do alto rio Paraná. Desta forma, é uma das espécies de peixes mais capturadas pela pesca artesanal na região Noroeste do estado de São Paulo (CESP, 2014). Quanto a dieta, Geophagus proximus já foi caracterizada como herbívora (SILVA et al., 2005), onívora (REIS, 2014) e detritívora (MORETTO et al., 2008), demonstrando grande plasticidade trófica. Assim, o objetivo deste trabalho foi caracterizar a composição da dieta da espécie G. proximus, por meio da análise de conteúdo estomacal, no reservatório de Jupiá, rio Paraná-SP.

Material e métodos As coletas dos exemplares de G. proximus foram realizadas em período chuvoso (março/2018) no reservatório de Jupiá (Usina Hidrelétrica Engenheiro Souza Dias), localizado no rio Paraná-SP, entre as cidades de Andradina (SP), Castilho (SP) e Três Lagoas (MS) (20°30'33.4"S 51°27'19.7"W). Foram utilizadas redes de espera com malhagens entre 25 e 45 mm entre nós não adjacentes, sendo estas dispostas nas margens do reservatório por volta das 7:00h e vistoriadas a cada três horas (Autorização SISBIO 61669- 1 e protocolo CEUA-FEIS 05/2018). Este método permite a coleta de exemplares apenas da espécie selecionada, sem prejuízo a outras espécies, além de não haver problemas relacionados ao conteúdo estomacal. No total, foram capturados um número amostral de 30 animais adultos (23.6 a 12.8cm). Os espécimes tiveram mensurados a massa total com auxílio de balança (0,01 g), o comprimento padrão por meio de ictiômetro (0,1 cm) e o sexo, visualmente. Em seguida, realizou-se a dissecação para a retirada dos estômagos, que foram fixados em formol 4% e conservados em álcool 70%. O conteúdo estomacal foi analisado sob estereomicroscópio e os itens alimentares identificados até o menor nível taxonômico possível e quantificados de acordo com o método volumétrico (HYSLOP, 1980). Os resultados foram expressos pela porcentagem de massa de cada item alimentar. Para minimizar o efeito do comprimento e da massa dos peixes sobre as análises, aplicou-se o método de Ahlbeck et al., (2012) para ajustar os valores de massa do item alimentar à massa do peixe (WAG = MI/MT), onde MI é a massa do item alimentar e MT a massa total do peixe.

Resultados e discussão Dentre os 30 espécimes analisados, todos apresentaram conteúdo estomacal. No total, 11 itens alimentares foram encontrados, sendo os mais consumidos, Gastropoda (49.03%), detrito (44.60%), Ostracoda (2.68%), alga filamentosa (1.21%) e vegetal (1.17%). Com base nos resultados apresentados, infere-se que a espécie G. proximus apresenta hábito alimentar onívoro, assim como verificado por Reis, (2014). Outro aspecto relevante, relatado por Gois et al., (2015) é a sobreposição de nicho trófico entre G. proximus e Satanoperca pappaterra no reservatório de Itaipú, com o predomínio de consumo de itens alimentares como detritos/sedimentos, moluscos e insetos aquáticos por ambas espécies, padrão de alimentação semelhante ao observado no presente estudo. Assim, tendo em vista a ocorrência e registro de exemplares de S. pappaterra durante as coletas, inferimos que também ocorra sobreposição de nicho entre

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estas duas espécies no reservatório de Jupiá. A diversidade de itens alimentares encontrados na composição da dieta de G. proximus no presente estudo, demonstra plasticidade e oportunismo trófico, assim como constatado por Kliemann, (2018), o que possibilita o ajuste às variações das condições ambientais, e ainda, pode garantir seu estabelecimento e colonização efetiva em reservatórios.

Conclusões Conclui-se que a espécie G. proximus apresenta hábito alimentar onívoro, não apresentando grande seletividade em relação aos itens alimentares consumidos.

Agradecimentos (opcional) UNESP, CAPES e Laboratório de Ecologia de Peixes - Pirá.

Referências AHLBECK, I.; HANSSON, S.; HJERNE, O. Evaluating fish diet analysis methods by individual-based modelling. Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences, 69:1184-1201, 2012.

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CESP – Companhia Energética de São Paulo. Programa de Manejo Pesqueiro. Relatórios nº GA/233/2014, 2014, 136p.

GOIS, K. S.; PELICICE, F.; GOMES, L. C.; AGOSTINHO, A. A. Invasion of an Amazonian cichlid in the Upper Paraná River: facilitation by dams and decline of a phylogenetically related species. Hydrobiologia, 746:401- 413, 2015.

HYSLOP, E. J. Stomach contents analysis: a review of methods and their application. Journal of Biology, 17:411–429, 1980.

KLIEMANN, B. C. K. Influência de piscicultura em tanques-rede sobre a ecologia trófica de peixes silvestres, no reservatório de Ilha Solteira, Rio Grande, SP. Botucatu/SP, 2018. 93p. (Projeto de Mestrado).

MARQUES, H. Efeitos a longo termo de represamentos sobre a ictiofauna em reservatórios Neotropicais. Botucatu/SP, 2018. (Projeto de Doutorado – em andamento).

REIS, L. R. G. Dieta de duas espécies de peixes da família Cichlidae (Actinopterygii – Perciformes) na região do aproveitamento elétrico de estreito: rio Tocantins, MA. Universidade Estadual de Feira de Santana, 2014.

SILVA, D. S. da; LUCOTTE, M.; ROULET, M.; POIRIER, H.; MERGLER, D.; SANTOS, E. O.; CROSSA, M. Trophic structure and bioaccumulation of mercury in fish of three natural lakes of the Brazilian Amazon. Water, Air and Soil Pollution. 165:77–94, 2005.

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Descrição morfológica do fígado de Pimelodus cf. platicirris (Siluriforme)

Cristiane Fernanda Benevente (1)*, Amanda Pereira dos Santos Silva (2), Igor Paiva Ramos (3), Cristiéle da Silva Ribeiro(4), Alexandre Ninhaus-Silveira(5), Rosicleire Veríssimo-Silveira (5)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, LINEO – Laboratório de Ictiologia Neotropical e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Doutora em Ciências Biológicas (Zoologia), IBB, LINEO – Labo. de Ictiologia Neotropical 3UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Lab. de Ecologia de Peixes (Pirá) 4UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Lab. de Estudos de Fisiol. Animal. (Lefisa) 5UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, LINEO – Lab. de Ictiologia Neotropical

Introdução Nativo da Bacia do rio Paraná, o Pimelodus cf. platicirris Borodin 1927, popularmente conhecido como mandi, é um peixe de couro pertencente a ordem Siluriformes e diferencia-se dos demais, dentro do gênero, por apresentar cinco ou mais fileiras de maculas arredondadas na lateral de seu corpo (Silva, 2015). Por conta de sua dieta onívora, pode ser utilizado como um bioindicador de poluição ambiental, uma vez que, alterações morfológicas no fígado, o órgão mais afetado por acumular toxinas nos seus tecidos proveniente da água e de sua dieta (Balula et al, 2005), podem indicar o comprometimento da saúde dos peixes (Carrola et. Al, 2009). Assim, este estudo tem por objetivo, a descrição morfológica do fígado de P. cf. platicirris servindo de subsídios para estudos a respeito de alterações ambientais.

Material e métodos Foram realizadas 6 coletas bimestrais no Rio Grande (Santa Clara D’Oeste/SP), braço Bosque (50º 51’ 17,6” W e 20º 00’ 37,5” S), entre set/2014 a out/2015, totalizando 15 exemplares capturados. Os procedimentos de coleta e eutanásia foram conduzidos de acordo com os protocolos aprovados pelo SISBIO nº 42229-1 e protocolo da Comissão de Ética Animal nº 001/2014. Os fígados foram removidos, seccionados e fixados em solução de paraformaldeído a 4% e glutaraldeido a 2% em tampão fosfato Sorensen, pH 7,4. Os fragmentos foram desidratados em séries crescentes de concentração de álcool e incluídos em historesina (Technovit® 7100/historesina) e submetidos a cortes de 3 µm de espessura em micrótomo LEICA RM 2245®. As lâminas foram coradas com hematoxilina e eosina e posteriormente analisadas por Microscópio óptico Zeiss Axio Scope A1®, acoplado a uma câmera digital Axiocam Mrc5®.

Resultados e discussão O fígado do Pimelodus cf. platicirris é formado em sua maioria por hepatócitos, células com formato poliédrico e núcleo central, arranjados em cordões delimitados por vasos sinusóides (Fig. 1A e 1B), sendo estes últimos, caracterizados por possuírem fenestras em sua extensão para ocorrer trocas de nutrientes entre os hepatócitos (Junqueira et. Al, 2013).Também estão presentes os ductos biliares, caracterizados pela presença de um tecido epitelial cúbico simples e um tecido muscular liso circundando- o (Fig. 1C). Tais estruturas são responsáveis por transportar o suco biliar até a vesícula biliar, onde é armazenado, (Lemes et. al, 2004). Em P. cf. platicirris esses ductos, podem ser encontrados sozinhos no parênquima hepático, como próximos a vasos sanguíneos (Fig. 1C e 1D), sendo o mesmo observado em Colossoma macropomum (Costa, 2012). Em P. cf. platicirris o tecido pancreático (Fig 1E) está presente no parênquima hepático, como também relatado em C. macropomum e Danio rerio (Costa, 2012; Oliveira, 2015), tal fato, é parece ser característico de teleósteos, pois o pâncreas encontrar-se disperso no mesentério e prolonga-se ao redor da veia porta do fígado, ocorrendo a junção de seus ductos para formar um ducto em comum na parte superior do intestino (Rotta, 2003). Também foi possível identificar a parte exócrina do pâncreas, formada por ácinos serosos (Fig. 1E-inset) e rica em grânulos zimogênio (Junqueira et. al, 2013). Em todas as amostras dos espécimes analisados, foram encontrados centros de melanomacrófagos perto de vasos sanguíneos (Fig. 1F). São células ricas em lisossomos, assim, sua função é fagocitar células estranhas ou células mais velhas, mantendo o parênquima hepático livre de agentes que possam prejudicar o órgão (Lemes et. al, 2004).

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Figura 1. Fígado de Pimelodus cf. platicirris

Legenda- A) Fígado (corte transversal); B) Tecido hepático formado por hepatócitos (seta preta) e circundados pelos vasos sinusóides (seta branca); C) Ducto biliar (DB) no tecidos hepático; D) Ducto biliar próximo ao vaso sanguíneo (VS) e ao centro de melanomacrófago (C); E) Tecido pancreático (asterisco) no fígado, circundando um vaso sanguíneo; E-inset) parte exócrina do tecido pancreático, formado por ácinos serosos (seta vermelha); F) Centro de melanomacrófagos no parênquima hepático ao lado de um vaso sanguíneo. linha preto: cordões hepáticos; seta curva: núcleo do tec. epitelial cúbico simples; ML: músculo liso; Hm: hemácias.

Conclusões Concluímos que a morfologia hepática de Pimelodus cf. platicirris, é conservativa e segue o mesmo padrão das descrições já feitas para outros teleósteos.

Agradecimentos (opcional) Agradeço o CNPq (Universal 457083/2014-0), ao Laboratório PIRÁ, LEFISA e LINEO.

Referências BALULA, T.L.A. Avaliação dos efeitos histológicos ao nível de brânquias e fígado no peixe mosquito (Gambusian holbrooki) após exposição a cloreto de benzalcônio. Dissertação. Porto, Portugal. Univ. Fernando Pessoa, 2005. 40p.

CARROLA J, FONTAÍNHAS-FERNANDES A, MATOS P, ROCHA E (2009) Liver Histopathology in Brown Trout (Salmo trutta f. fario) from the Tinhela River, Subjected to Mine Drainage from the Abandoned Jales Mine (Portugal). Bull Environ Contam Toxicol 83:35-41.

COSTA, G.M.; ORTIS, R.C.; LIMA, M.G.; CASALS, J.B.; LIMA, A.R.; Jr KFOURY, J.R. Estrutura morfológica do fígado de tambaqui Colossoma macropomum (Cuvier, 1818). Pesquisa Veterinária Brasileira, 32(9), 947-950, 2012.

JUNQUEIRA FILHO, Luiz Carlos Uchoa; CARNEIRO, Jose. Histologia Básica: Texto e Atlas. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013. 538 p.

LEMES, Alexandra da Silva; BRACCINI, Maria del Carmen. Descrição e análise histológica das glândulas anexas do trato digestório de Hoplias malabaricus (Bloch, 1794), (Teleostei, Erythrinidae). Biodiversidade Pampeana, Uruguaiana, v. 2, n. 1, p.33-41, 28 dez. 2004.

OLIVEIRA, L.B. Descrições macro e microestruturais do fígado de zebrafish (Danio rerio). Brasília: Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade de Brasília, 2015, 18 p. Dissertação de Mestrado.

ROTTA, M.A. Aspectos gerais da fisiologia e estrutura do sistema digestivo dos peixes relacionados à piscicultura. Corumbá: Embrapa Pantanal, 2003a. 48p. (Embrapa Pantanal. Documentos, 53).

SILVA, T.T. Pimelodus maculatus e P. platicirris (Siluriformes: Pimelodidae) no alto rio Paraná: caracterização morfológica, dieta e reprodução. Dissertação. Jaboticabal, BR. Univ. Est. Paulista Júlio de Mesquita Filho, 2015. 46p.

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Efeitos da temperatura e do pH sobre a atividade da xilanase produzida por fungo mesofílico.

Sirlene do Nascimento Senna(1)*, Vanessa Salto Massarente (2), Gustavo Orlando Bonilla-Rodriguez (3), Heloiza Ferreira Alves Prado (4)

1UNESP-IBILCE, Curso de Pós graduação em Microbiologia – Laboratório de Biotecnologia. e-mail: [email protected] 2UNESP-IBILCE, curso de Pós graduação em Microbiologia – Laboratório de Bioquímica de proteínas. 3UNESP-IBILCE, Docente, Departamento de Química, Laboratório de Bioquímica de proteínas. 4UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio-Economia, Laboratório de Biotecnologia.

Introdução Muitas espécies de fungos têm sido testadas e utilizadas para a produção de substâncias de uso industrial. As enzimas e vitaminas são exemplos de metabólitos primários que vem despertando interesse dessa área (SINGH et al., 2017). Das enzimas produzidas pelos fungos destacam-se as celulases, lacases, xilanases, pectinases e amilases (REHMAN et al., 2014). As xilanases, tem potencial em variadas aplicações nas indústrias de alimentos, biocombustível, papel e celulose (HO, 2017). O objetivo desse trabalho foi avaliar os efeitos da temperatura e do pH na atividade da xilanase, produzida pelo fungo Gongronella butleri IPS8.2, visando aplicações biotecnológicas futuras.

Material e métodos Cultivo sólido O cultivo em estado sólido do fungo foi realizado em frascos Erlenmeyer de 250 mL contendo 5,0 g de substrato, que foi umedecido com 10 mL de água destilada. O substrato utilizado foi o farelo de trigo. Os frascos inoculados com 5 discos do microrganismo à 30 °C durante 72 horas. Depois deste tempo de cultivo, a solução enzimática bruta foi extraída para análises subsequentes. Efeito da temperatura na xilanase produzida pelo fungo Gongronella butleri IPS8.2 O efeito da temperatura ótima da enzima foi avaliada pela determinação da atividade xilanolítica, em triplicata, pela mistura reacional contendo 0,025 mL da enzima bruta, em 0,225 mL de substrato (1% xilana), em tampão acetato 0,1 mM a pH 5,5. A reação foi determinada em ensaios variando a temperatura de 30 a 75 ° C com intervalos de 5 ° C por 10 minutos, posteriormente foi interrompida pela adição de 0,250 mL do reagente DNS (ácido 3,5 dinitrosalicílico) para a quantificação dos açúcares redutores liberados, como proposto por MILLER (1959). O controle da reação foi preparado com a adição da enzima, do reagente DNS e do substrato nessa sequência. A leitura espectrofotométrica foi realizada em Elisa à 540 nm. Efeito do pH na xilanase produzida pelo fungo Gongronella butleri IPS8.2 A determinação do pH ótimo na atividade da xilanase, seguiu as mesmas condições descritas acima, utilizando tampões com diferentes valores de pHs, na temperatura ótima anteriormente encontrada. Os seguintes tampões (100 mM) foram utilizados: Mcllvaine (pH 3,0-8,0) e tampão glicina-NaOH (pH 8,0-11).

Resultados e discussão O fungo Gongronella butleri IPS8.2 em farelo trigo produziu 49,35 U/ml de xilanase, a máxima atividade desta enzima foi observada a 45 ° C (Fig. 1a). A atividade foi mantida em 50% até 55 ° C, no entanto , a 60 °C , as atividades diminuíram rapidamente. O pH ótimo encontrado para esta enzima ficou aproximadamente entre 5-5,5 (fig.1b). Enzimas mesofílicas apresentam sua atividade otima na faixa de 40 a 60 °C (LEE et al., 2009). Geralmente, as temperaturas ótimas para a maioria das xilanases de fúngicas encontram entre 50 a 65 °C (SANDRIM et al., 2005; BENETI et al., 2009; KAR et al., 2013). Próximo aos dados deste trabalho Irfan e Syed (2012) determinou o pH ótimo 5.0 para xilanases produzidas por T. viride.

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Figura 1. Variação da atividade de xilanase em diferentes valores de temperatura (a) e diferentes valores de pH (b).

Conclusões As xilanases se mostraram moderadamente termoresistentes (faixa ótima à 45 º C) não sendo indicadas para processos biotecnológicos que demandam altas temperaturas. Já o pH ótimo ficou dentro esperado para espécies fúngicas, sendo encontrado na faixa entre 5,0-5,5.

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SINGH, R. et al. Microbial metabolites in nutrition, healthcare and agriculture. 3 Biotech, v.7, p.1-14, 2017.

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INVERTEBRADOS DE SOLO COMO BIOINDICADOR DO PROCESSO DE FERTIRRIGAÇÃO DE EFLUENTES DE CURTUME

Yasmim Alves Araújo de Oliveira(1)*, Narcisa Silva(2), Alexandre Ninhaus- Silveira(3)

1*Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira (UNESP/FEIS), Mestranda, Curso de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia Animal - PPGCTA. [email protected] 2 ILES/ULBRA Itumbiara - Instituto Luterano de Ensino Superior, Docente. 3UNESP/FEIS, Docente, Depto. de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Ictiologia Neotropical/L.I.NEO.

Introdução Os curtumes são indústrias que causam elevado impacto ambiental, pois empregam grandes quantidades de água. Consequentemente, geram uma grande quantidade de efluentes contaminado. Em diversas indústrias coureiras, o tratamento empregado para efluentes líquidos é o tratamento primário, que consiste em remoção de sólidos e matéria orgânica (BERTONCINE, 2008). Este tipo de tratamento gera uma grande pressão sobre os recursos naturais causadas por curtumes em especial sobre os recursos hídricos, sendo assim a disposição no solo por fertirrigação tem se mostrado muito eficiente (OLIVEIRA, 2010). A alteração da qualidade do solo ou o incentivo à sua degradação, promove redução de biodiversidade animal, afetando a manutenção dos ecossistemas terrestres (AZEVEDO, 2004). O trabalho teve como objetivo, verificar a influência do processo de fertirrigação na biodiversidade de invertebrados de solo, especificamente comparar a diversidade de invertebrados de solo da área fertirrigada / pastagem em relação a área não irrigada.

Material e métodos A pesquisa foi realizada em áreas do município de Itumbiara-GO, pertencentes a uma empresa de curtume. Sendo utilizadas 2 áreas. A área 1 possui 39.000 m², é utilizada para o processo de fertirrigação e área 2 possui 2000 m² e não passa pelo processo de fertirrigação. Em cada área foi marcado um transecto linear de 1.400 m², dividido em 7 parcelas, as parcelas tiveram espaçamento entre si, de 200 m². Para amostragem dos invertebrados, foi realizada uma coleta de solo no mês de agosto na área 1 e área 2. Cada amostra foi acondicionada em sacos plásticos devidamente etiquetados, armazenados em refrigerador a 10ºC e levada ao laboratório de pesquisa do ILES/ULBRA. Os invertebrados foram retirados, através do método de catação manual, colocados em placa de Petri e identificados à nível de ordem através das chaves de identificação de invertebrados (ARAÚJO et al., 2010). A análise de constância foi baseada em Silveira Neto et al. (1976). Foi realizado Teste T Two Sample para testar se houve diferença de diversidade e riqueza populacional significativa entre a área 1 e área 2. Para essas análises utilizamos o software estatístico Systat 10.

Resultados e discussão Dentre as ordens coletadas na área 1, apenas uma foi classificada como constante, (Tab. 1). Segundo o teste T referente a abundância de indivíduos entre área 1 e área 2, não houve diferença significativa, sendo representado pelos valores de t = 1,54; gl = 40 e p = 0.131 (Fig. 1). Apesar da área 1 ser mais abundante do que área 2. O ambiente onde ocorre a fertirrigação possibilita o desenvolvimento de diversos invertebrados de solo conforme demonstrado pelos níveis de abundância e riqueza, devido ao fato de ser um ambiente úmido. O número de ordens e de morfotipos encontrado diferiu entre os locais, sendo a área 1 mais representativa. Este fragmento apresenta maior umidade em relação à área 2. A área 2 apresenta número inferior de ordens, devido à ausência da fertirrigação. Nesse ponto, os resultados concordam com TEIXEIRA (2009) o qual salienta que locais com baixa umidade, fragmentados ou com pequenas dimensões territoriais estão sujeitos a baixa variedade, pois favorece o desenvolvimento de indivíduos que utilizam um recurso alimentar em específico.

Tabela 1 – Constância e abundância dos indivíduos coletados em quarenta e dois pontos nas áreas 1 e dois 2 Itumbiara-GO.

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Fonte: Elaborada pelo autor Yasmim Alves Araújo de Oliveira.

Figura 1– Teste t aplicado para verificar riqueza e abundância de indivíduos da área 1 em relação à área 2 em Itumbiara – GO.

Fonte: Elaborada pelo autor Yasmim Alves Araújo de Oliveira.

Conclusões A fauna avaliada neste estudo demonstrou a influência positiva do uso da terra para fertirrigação sobre sua riqueza e abundância na composição de táxons, no entanto, devem-se realizar mais estudos referentes à alteração da composição química do solo causada pelo descarte do efluente, para verificar se há relação com o aumento de nutrientes ou não da área e verificar a presença de maior abundância de matéria orgânica possivelmente ocasionado pelo processo de fertirrigação.

Referências

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Levantamento fitossociológico visando a identificação de espécies com potencial para projetos de recuperação de áreas degradadas no Cerrado

Jaquelyne Poliszuk de Azevedo (1)*, Kátia Luciene Maltoni (2), Thais Soto Boni (3), José Antonio Agustini(3)

1 UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, e-mail: [email protected] 2 UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitossanidade, Engenharia Rural e Solos. 3 UNESP-FEIS, Curso de Pós-graduação em Agronomia.

Introdução O bioma Cerrado é reconhecido internacionalmente como um dos 34 hotspots para conservação da biodiversidade mundial, por apresentar ampla variedade de ecossistemas, grande extensão territorial, elevada biodiversidade e alto grau de endemismo das espécies (Sloan et al., 2014). Apesar do reconhecimento de sua importância biológica o Cerrado é um dos ecossistemas mais ameaçados do planeta devido à velocidade de conversão de áreas nativas em áreas antropizadas (Klink; Machado, 2005). Nas últimas décadas ações antrópicas têm causado a perda de material genético vegetal nativo, parte destes praticamente desconhecidos do ponto de vista científico (Vieira; Martins, 2000), evidenciando a necessidade de estudos voltados à identificação de plantas do Cerrado. Diferentes espécies têm surgido espontaneamente em áreas de Cerrado bastante impactadas, mostrando potencial para seu aproveitamento em projetos de restauração ecológica. No entanto, para que estas possam ser recomendadas é importante conhecer seu comportamento em relação às condições edáficas, a possibilidade de produção de mudas, entre outros. Desta forma, o estudo foi conduzido com o objetivo de identificar a composição florística e parâmetros fitossociológicos de uma área de Cerrado degradado pela construção da UHE de Ilha Solteira, onde várias espécies de Cerrado vêm se estabelecendo lentamente.

Material e métodos Este estudo foi conduzido na Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão (FEPE), da Faculdade de Engenharia-UNESP/Campus de Ilha Solteira, localizada em Selvíria, MS. A área considerada encontra-se degradada (Latitude: 20° 38’ 10” Sul e Longitude: 51° 40’ 41” Oeste), desde 1965, por ocasião da construção da Usina Hidrelétrica de Ilha Solteira. Desta área foram removidos a vegetação e os materiais de solo e subsolo foram retirados até 12m de profundidade, para uso na obra da UHE, deixando o subsolo à superfície. Nestas áreas, observa-se ainda hoje baixo recobrimento vegetal devido às características edáficas presentes (Rodrigues et al., 2007). Dentro da área foram instaladas 4 parcelas de 5 hectares e dentro de cada uma delas foram alocados 6 transectos de 25 m, com arame e estacas, para identificação da vegetação, estes transectos passam a ser considerados parcelas amostrais de 4,00 x 25,0 m, como indicado pela portaria CBRN 1/2015 (São Paulo, 2015), onde foram identificadas todas as espécies lenhosas e arbustos com altura superior a 1,00 m, que tocaram no transecto. Parâmetros fitossociologicos também foram obtidos (densidade, dominância, frequência, índices de valor de importância – IVI, e de cobertura – IVC), de acordo com fórmulas usuais (Mueller-Dombois e Ellenberg, 1974; Martins, 1991).

Resultados e discussão Os indivíduos espontâneos identificados na área somaram 137, distribuídos em 15 espécies. As espécies com maior número de indivíduos e, consequentemente, de maior relevância de acordo com o estudo fitossociológico foram o Astronium fraxinifolium com 60 indivíduos, a Curatella americana com 16 indivíduos, o Machaerium acutifolium com 12 indivíduos e a Casearia sylvestris com 11 indivíduos (Tabela 1). As espécies A. fraxinifolium e M. acutifolium apresentam dispersão de sementes pelo vento, sendo classificadas como anemocóricas, e as espécies C. americana e C. sylvestris são zoocóricas. Esta dualidade entre anemocoria e zoocoria é um indicativo de que a área pode estar saindo do estágio inicial de sucessão para outro mais avançado. Isto porque, as primeiras espécies a se estabelecerem após um distúrbio são aquelas dispersadas pelo vento (Resensburger et al., 2008), e com o passar do tempo essas espécies tendem a ser substituídas por espécies zoocóricas (Tabarelli; Mantovani, 1999), aumentando a complexidade florístico-estrutural, bem como as interações ecológicas com outros organismos.

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Conclusões O levantamento fitossociológico, da área degradada, indicou a ocorrência de 137 indivíduos pertencentes a 15 espécies. A espécie Astronium fraxinifolium apresentou maior importância sociológica, obtendo as maiores densidade, frequência, dominância relativa e o maior índice de cobertura, mostrando que é uma espécie com potencial para ser usada na recuperação de áreas degradadas.

Tabela 1. Parâmetros fitossociológicos das espécies em regeneração. N = Número de indivíduos encontrados por espécie; DR = Densidade relativa (plantas/ha); FR = Frequência relativa; DoR = Dominância relativa; IVI = Valor de Importância (DR + DoR + FR); IVC = Valor de Cobertura (DR + DoR). s N DR (%) FR (%) DoR (%) IVI IVC Acosmium dasycarpum (Vogel) Yakovlev 3 2,19 2,19 0,340 4,72 2,53 Astronium fraxinifolium Schott ex Spreng 60 43,80 43,80 42,393 129,98 86,19 Bowdichia virgilioides Kunth 2 1,46 1,46 0,690 3,61 2,15 Calliandra dysantha Benth. 5 3,65 3,65 0,297 7,60 3,95 Casearia sylvestris Sw. 11 8,03 8,03 3,156 19,21 11,19 Curatella americana L. 16 11,68 11,68 35,952 59,31 47,63 Diospyros hispida A. DC. 1 0,73 0,73 0,012 1,47 0,74 Heteropterys byrsonimifolia A.Juss. 8 5,84 5,84 1,197 12,88 7,04 Machaerium acutifolium Vogel 12 8,76 8,76 11,523 29,04 20,28 Matayba guianensis Aubl. 6 4,38 4,38 1,108 9,87 5,49 Piptocarpha rotundifolia (Less.) Baker 4 2,92 2,92 2,307 8,15 5,23 Qualea parviflora Mart. 1 0,73 0,73 0,362 1,82 1,09 Randia armata (Sw.) DC. 1 0,73 0,73 0,009 1,47 0,74 Stryphnodendron polyphyllum Mart. 1 0,73 0,73 0,008 1,47 0,74 Xylopia aromatica (Lam.) Mart. 6 4,38 4,38 0,647 9,41 5,03 Referências GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Secretaria do Meio Ambiente. Protocolo de monitoramento de projetos de restauração ecológica. 2015. Disponível em: . Acesso em: 15 dez. 2016.

KLINK, C.A.; MACHADO, R.B. (2005) A conservação do Cerrado brasileiro. Belo Horizonte, Megadiversidade, v. 1, p. 148-155. 2005.

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VIEIRA, R.F.; MARTINS, M.V.M. Recursos genéticos de plantas medicinais do Cerrado: uma compilação de dados. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v. 3, n.1, p.13-36, 2000.

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Nível de sensibilidade ao frio dos embriões de Astyanax altiparanae Garutti & Britski, 2000 (Teleostei: Characidae).

Laís Pedroso Borges (1)*, Cristiane Bashiyo-Silva(1), Fabrício Souza Marçal (1), Raphael da Silva Costa (2), Rosicleire Veríssimo-Silveira(3), Alexandre Ninhaus- Silveira(3)

1UNESP-IBB, Curso de Pós-graduação em Ciências Biológicas - Zoologia, L.I.NEO - Laboratório de Ictiologia Neotropical. e-mail: [email protected] 2UNESP-IBILCE, Doutor em Biologia Animal, L.I.NEO. 3UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, L.I.NEO.

Introdução O desenvolvimento da embriogênese dos peixes, está diretamente relacionado a temperatura de incubação podendo retardar, adiantar, como também causar heterogeneidade na qualidade do embrião a ser formado, devido a catalisação ou inibição dos processos metabólicos e enzimáticos dos embriões (Ninhaus- Silveira et al., 2006; Gwo et al., 1995). Segundo Robles et al., (2009), uma das principais preocupações dos criobiologistas na criopreservação de embriões de peixes está relacionada à alta sensibilidade destes ao resfriamento. Em vista disso, o objetivo do nosso trabalho foi avaliar a sensibilidade dos embriões de Astyanax altiparanae quando expostos a baixas temperaturas.

Material e métodos Obtenção dos embriões

Reprodutores adultos e maduros foram induzidos à reprodução com o uso de Ovopel®, com dosagem única nas fêmeas (3 mg/Kg) e machos (0,5 mg/Kg). Sendo os embriões coletados na fase embrionária de 6 somitos para o desenvolvimento dos experimentos.

Sensibilidade ao frio

Os embriões na fase de 6 somitos (n = 20, cinco repetições) foram alocados em placas de petri contendo 50 ml de água do ambiente, sendo a seguir colocadas em incubadoras do tipo B.O.D.- Cienlab, onde permaneceram por um período de 12h às temperaturas de 15, 5 e 0ºC, sem a presença de qualquer substância crioprotetora. Após este período, todas as amostras foram depositadas em incubadoras de polietileno com tela (8,9cm altura x 5cm diâmetro) e alocadas em tanques com fluxo contínuo de água para prosseguirem seu desenvolvimento embrionário até eclosão. Como controle, embriões foram mantidos nas incubadoras à temperatura ambiente. Após a eclosão das larvas, estas foram fixadas em solução de paraformaldeído a 4% e glutaraldeído a 2% em tampão fosfato Sorensen 0,1 M pH 7,2 (Karnovsky), sendo avaliada a taxa de eclosão e morfologia dos embriões e larvas.

Análise estatística

Para avaliar o nível de interação entre as variáveis, foi utilizado o programa estatístico “R”. Como as premissas paramétricas não foram obtidas, os dados foram realizados através do teste de Kruskal Wallis.

Comitê de Ética

Os procedimentos utilizados neste trabalho foram aprovados pelo Comitê de Ética em Uso Animal (CEUA), protocolo nº. 02031.000032/201568.

Resultados e discussão Somente os embriões resfriados a 15°C apresentaram taxa de eclosão de 74,7±17,44% (Fig. 1), entretanto todos os embriões apresentaram-se deformados (Fig. 2). Diferindo estatisticamente do controle (98,7±2,8). Nas temperaturas de 5 e 0°C, nenhum dos embriões eclodiram. Costa et al. (2017), reporta que os embriões na fase de 6 somitos em Prochilodus lineatus, obteve baixa eclosão quando expostos a temperatura de 5°C. Segundo Zhang e Rawson (1995), a alta sensibilidade à refrigeração dos embriões de peixe é provavelmente devido à grande quantidade de lipídios intraembrionários. Quanto as deformações,

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Neves et al. (2012) afirmam que as células da blastoderme, a camada sincicial e córion são as estruturas mais danificadas em baixas temperaturas e levam inviabilidade dos embriões.

Conclusões Concluímos que os embriões de Astyanax altiparanae, também apresentam alta sensibilidade a baixas temperaturas, sendo que nenhuma das temperaturas avaliadas permitiu a eclosão de larvas viáveis.

Figura 1. Percentual de larvas eclodidas após resfriamento nas temperaturas de 0, 5 e 15°C. 120 a 100 b 80 60 40

Taxa de eclosão (%) de eclosão Taxa 20 c c 0 C 15°C 5°C 0°C

Fonte: próprio autor. Legenda: Barras com letras diferentes indicam diferenças significativas (p<0.05), de acordo com teste de Kruskal-Wallis.

Figura 2. Deformações nas larvas de Astyanax altiparanae após o procedimento de resfriamento a 15°C.

Fonte: próprio autor. Legenda: Deformações na região da coluna e vitelo (B, C, D). Controle (A). Asterisco, curvatura na coluna. Seta fina, retração do vitelo. Seta grossa, má formação da vesícula óptica.

Agradecimentos Ao Centro Nacional de Pesquisa Conservação dos Peixes Continentais (CEPTA/ICMBio) pela disponibilização das instalações e dos peixes, a Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (FAPESP) pelo suporte financeiro, processo nº 2015/10115-5.

Referências COSTA, R., S. et al. Effects of cryoprotectants and low temperatures on hatching and abnormal embryo development of Prochilodus lineatus (Characiformes: Prochilodontidae). Neotropical Ichthyology, v.15, n.3, p. 1-10, 2017.

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ROBLES, V.; CABRITA, E.; HERRÁEZ, M. P. Germplasm Cryobanking in Zebrafish and Other Aquarium Model Species. Zebrafish. v. 3, 281-296, 2009.

ZHANG, T.; RAWSON, D. M. Studies on chilling sensitivity on zebrafish (Brachydanio rerio) embryos. Cryobiology, v.32, p. 239-246, 1995.

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Ocorrência de crustáceos ectoparasitas em Serrasalmus maculatus no reservatório de Jupiá, rio Paraná - SP

Letícia de Oliveira Manoel(1)*, Lidiane Franceschini(2), José Daniel Soler Garves (1), Aymar Orlandi Neto(1) & Igor Paiva Ramos(3)

1UNESP-IBB, Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas (Zoologia), Laboratório de Ecologia de Peixes – Pirá, e-mail: [email protected] 2UNESP-IBB, Pós-doutoranda em Ciências Biológicas (Zoologia), Laboratório de Parasitologia de Animais Silvestres - Lapas 3UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia.

Introdução Crustáceos da Subclasse Branchiura são ectoparasitas de peixes e, ocasionalmente, de anfíbios e répteis (MALTA & VARELLA, 2000). São facilmente visíveis a olho nu, com 2 a 3 mm de comprimento, e popularmente conhecidos como “piolho ou carrapato de peixe”. Todas as espécies de branquiúros dulcícolas conhecidas pertencem à família Argulidae e são divididas em três gêneros, Argulus, Dolops e Dipteropeltis (GENOVEZ, 2008). As espécies do gênero Dolops são as únicas que apresentam maxílulas robustas, dilatadas na base e na extremidade distal com um forte gancho quitinoso, durante toda a vida (GOMES & MALTA, 2002). De acordo com WoRMS (World Register of Marine Species) apenas 13 espécies de Dolops são descritas, sendo que a maioria são endêmicas da região Neotropical (América do Sul e Central), exceto duas espécies que foram encontradas em outros continentes - Dolops ranarum (Stuhlmann, 1891) encontrada exclusivamente na África, e D. tasmanianus Fryer, 1969, encontrada apenas na Tasmânia (NEETHLING & AVENANT-OLDEWAGE, 2016). A ocorrência de Dolops carvalhoi é registrada em 12 espécies de peixes dulcícolas brasileiros e Dolops bidentata em oito espécies de peixes, demonstrando sua baixa especificidade parasitária (LUQUE et al. 2013). São frequentemente encontradas na superfície corporal, nadadeiras e brânquias em peixes silvestres e de cativeiro (EIRAS, 1994). Esses parasitas, ao se alimentarem, introduzem o estilete no tegumento do hospedeiro e inoculam enzimas digestivas que, além de serem tóxicas, têm ação citolítica, provocam lesões ulcerosas na pele dos peixes (PAVANELLI, EIRAS & TAKEMOTO, 2008). Embora os crustáceos sejam parasitas em potencial de peixes, principalmente no Estado de São Paulo, poucos trabalhos foram desenvolvidos a respeito da interação parasita-hospedeiro e formas de erradicação do mesmo (GENOVEZ, 2008). Neste sentido, o objetivo do presente trabalho é relatar a ocorrência de crustáceos ectoparasitas na espécie de peixe de água doce Serrasalmus maculatus (Characiformes, Serrasalmidae), visando contribuir para o conhecimento da distribuição deste parasita e fornecer as primeiras informações sobre aspectos parasitológicos para este peixe no reservatório de Jupiá, rio Paraná.

Material e métodos Realizou-se uma coleta em março de 2018, com auxílio de vara com carretilha e isca artificial, no reservatório de Jupiá (20º30’33.4S e 51°27’19.7W) no município de Ilha Solteira, Rio Paraná, Estado de São Paulo, Brasil. Os espécimes de S. maculatus capturados foram individualizados em sacos plásticos e gradativamente resfriados (caixas térmicas de polietileno preenchidas com gelo em cubos) a fim de diminuir rapidamente a sua atividade metabólica até o óbito, conforme licença SISBIO nº 62509-1 e protocolo CEUA nº 07/2018. Posteriormente, foram congelados e encaminhados ao Departamento de Biologia e Zootecnia, na FEIS – Câmpus de Ilha Solteira, onde foram mensurados o comprimento padrão (cm) com auxílio de ictiômetro (0,1 cm) e massa total (g) com auxílio de balança analítica (0,01 g). Para avaliar a ocorrência de crustáceos ectoparasitas, foi feita a lavagem da superfície corporal e analisados sob estereomicroscópio binocular e os parasitas conservadas em álcool a 70%. Os cálculos dos atributos parasitológicos: prevalência (P), abundância média (AM) e intensidade média de infecção (IMI) foram feitas de acordo com Bush et al. (1997) para cada espécie de ectoparasita encontrado.

Resultados e discussão Foram capturados 50 exemplares de S. maculatus, sendo que o comprimento padrão médio foi 15,89 ± 0,38 (11 – 22,3 cm) e massa total média 167,25 ± 13,43 (46,75 - 519,05 g). Quanto aos atributos parasitológicos, foram amostrados 321 crustáceos ectoparasitas, sendo 195 da espécie Dolops carvalhoi (P= 72%), 121 Dolops bidentata (P= 58%), e outros cinco espécimes do mesmo gênero que não puderam ser identificados ao nível de espécie por estarem danificados.. Para D. carvalhoi a IMI e AM foram 5,41 ± 1,15 (1 - 40) e 3,90 ± 0,89 (0 - 40), respectivamente, enquanto para D. bidentata a IMI e AM foram 4,17 ±

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0,52 (1 - 11) e 2,42 ± 0,42 (0 - 11), respectivamente. Segundo estudo realizado por Carvalho, Del-Claro e Takemoto (2003), os maiores níveis de infestação por ectoparasitas do gênero Dolops, ocorreu durante períodos de altas temperaturas, redução dos níveis de água, podendo estar relacionado com a alta densidade populacional e baixa qualidade da água. A presença deste parasita, em alta intensidade de infecção, pode causar agressão severa, visto que seu aparelho de fixação é dotado de ganchos. A esse trauma soma-se o fato de que mudam constantemente de lugar, amplificando os danos ao hospedeiro. Tomados por tais agressões os peixes passam a nadar agitada e erraticamente, tendendo a rasparem-se em objetos, na tentativa de livrarem-se do incômodo (THATCHER& BRITES NETO, 1994) Nos locais agredidos, observam-se hemorragias puntiformes, hiperpigmentação na pele, aumento drástico do número de glândulas produtoras de muco e um influxo de linfócitos (SCHALCH, MORAES & SOARES, 2009). De maneira geral a patogenia pode ser resumida em efeitos inflamatórios, lesões ulcerativas, favorecendo o desenvolvimento de infecções secundárias devido à penetração de fungos e bactérias (PAVANELLI, EIRAS & TAKEMOTO, 2008). Além dos efeitos diretamente ligados a sua forma de fixação no hospedeiro, mudanças nos parâmetros sanguíneos, como por exemplo, um hematócrito menor em peixes parasitados por D. carvalhoi, foi relatado por Tavares-Dias et al. (2007), tais mudanças foram atribuídas secundariamente à alimentação no sangue do hospedeiro.

Conclusões Esse é o primeiro registro de D. carvalhoi e D. bidentata em S. maculatus, contribuindo assim para o conhecimento das relações parasita-hospedeiros no reservatório de Jupiá, rio Paraná.

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O que os peixes comem? A influência de uma piscicultura em tanques- rede sob a dieta de cinco espécies de peixes silvestres, rio Grande, SP

José Daniel Soler Garves(1)*, Michel Caneschi Whitaker(2), Cibele Diogo Pagliarini(1), Bruna Caroline Kotz Kliemann(1), Rosilene Luciana Delariva(3), Igor Paiva Ramos(4)

1UNESP-FEIS e IBB, Curso de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (Zoologia), Laboratório de Ecologia de Peixes - Pirá. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Laboratório de Ecologia de Peixes - Pirá 3UNIOESTE-CCBS, Docente, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Laboratório de Ictiologia, Ecologia e Biomonitoramento - LIEB 4UNESP-FEIS e IBB, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Ecologia de Peixes - Pirá

Introdução No Brasil, a utilização das águas continentais para aquicultura é uma das atividades que mais crescem atualmente, chegando a 574.164 toneladas de pescado produzidas em 2015 (FILHO, 2016). Tais sistemas de cultivo propiciam a entrada de matéria orgânica na forma de ração, peixes, fezes e muco, oferecendo abrigo e disponibilizando recursos alimentares para os organismos locais (PILLAY, 2004). Segundo Ramos et al. (2010), essa entrada de matéria orgânica pode modificar comunidades de peixes, padrões de parasitismo e dieta de animais silvestres, que podem refletir sobre a cadeia alimentar local. Portanto, o objetivo deste trabalho foi analisar a composição da dieta de cinco espécies de peixes silvestres (Geophagus proximus, Metynnis maculatus, Plagioscion squamosissimus, Schizodon nasutus e Serrasalmus maculatus) sob influência de uma piscicultura em tanques-rede no reservatório de Ilha Solteira/SP.

Material e métodos As coletas (SISBIO n° 56809-1) foram realizadas em janeiro e julho de 2017, com o auxílio de redes de espera em duas áreas: uma próxima aos tanques-rede de uma piscicultura (TR) e outra sem a influência desta atividade, 10 km a montante, denominada controle (CT), ambas no reservatório de Ilha Solteira, rio Grande, SP. Os exemplares foram dessensibilizados com o uso de gelo e posteriormente eutanasiados por secção da medula espinhal na altura do opérculo, sendo mensurados, massa total com auxílio de balança (0,01 g), comprimento padrão por meio de ictiômetro (0,1 cm) e sexo, visualmente (CEUA 01/2014). Em seguida, realizou-se a dissecação para retirada dos estômagos, que foram fixados em formol 4% e conservados em álcool 70%. O conteúdo estomacal foi analisado sob estereomicroscópio e os resultados expressos pela porcentagem de volume de cada item alimentar. Para minimizar o efeito do tamanho do peixe sobre as análises, aplicou-se método para ajustar os valores de volume do item alimentar à massa do peixe (WAG = VI/MT), onde VI é o volume do item alimentar e MT a massa do peixe (AHLBECK et al., 2012). Posteriormente, os itens foram quantificados de acordo com o método volumétrico, utilizando proveta graduada e placa de vidro milimetrada (HELLAWELL; ABEL, 1971). Em seguida, os resultados da composição da dieta foram comparados para verificação de possíveis diferenças entre as áreas (p<0,05) por meio dos softwares “Primer 6” (PERMANOVA one way) e “Past 2.17” (SIMPER overal pool/Similaridade).

Resultados e discussão A partir da análise da dieta das cinco espécies avaliadas, foi possível observar diferenças entre as áreas controle (CT) e tanques-rede (TR) (PERMANOVA p = 0,001; F = 10,63), com 96.47% de dissimilaridade, sendo registrados 21 itens alimentares na área CT e 20 na área TR, considerando-se as cinco espécies avaliadas. Os itens que mais contribuíram para essa diferença foram, respectivamente, Macrobrachium sp. (24.72%), ração (22.01%) e fragmento de peixe (13.87%). Dentre as cinco espécies analisadas, G. proximus apresentou diferenças entre as áreas TR e CT (PERMANOVA p = 0,001; F = 11,71) e foi a única que apresentou o item alimentar ração em sua dieta na área TR. Isto pode ser explicado devido ao hábito alimentar onívoro da espécie, que demonstra plasticidade alimentar e oportunismo trófico, se ajustando a disponibilidade de recursos do ambiente, assim como constatado por Kliemann (2018). Também foi observada diferença entre as áreas CT e TR para S. nasutus (PERMANOVA p = 0,021; F = 2,43), sendo o item mais consumido na área TR fragmento vegetal e em CT, mexilhão, diferentemente do observado por Souto et al. (2016), onde sua dieta foi composta

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majoritariamente de vegetais. Plagioscion squamosissimus (PERMANOVA p = 0,057; F = 2,10) e S. maculatus (PERMANOVA p = 0,078; F = 1,68) não consumiram alimentos diferentes dos normalmente encontrados em suas dietas, portanto, não apresentaram diferenças entre as áreas CT e TR. O item alimentar dominante de P. squamosissimus em ambas as áreas foi crustáceos, exibindo o mesmo padrão encontrado na região amazônica (STEFANI, 2009), demonstrando que este recurso alimentar pode ser fundamental para manter a população desta espécie no reservatório de Ilha Solteira/SP. Dentre as cinco espécies analisadas, apenas Metynnis maculatus (PERMANOVA p = 0.224; F = 1,58) consumiu os mesmos itens alimentares em ambas as áreas (Tabela 1), não havendo diferenças entre elas, evidenciando que a piscicultura não influenciou a composição de sua dieta.

Tabela 1. Itens mais consumidos na composição da dieta das cinco espécies analisadas (% volume). Geophagus Metynnis Plagioscion Schizodon Serrasalmus proximus* maculatus squamosissimus nasutus* maculatus CT TQ CT TQ CT TQ CT TQ CT TQ Mex Raç Alg Alg Mac Mac Mex Fv Fp Fp 64.31 56.09 90.52 37.34 97.11 63.39 99.99 82.20 74.21 89.74 Det Det Fv Fv Fv Fp Mol Alg Hym Fv 17.54 33.58 5.17 34.85 2.24 27.14 0.01 10.65 12.01 7.44 Gas Fv Det Det Fp Gp Det Bla Col 7.51 4.45 4.32 24.03 0.19 9.11 6.77 4.22 2.69 Itens alimentares, onde, Mex = Mexilhão; Det = Detrito; Gas = Gastropoda; Raç = Ração; Fv = Fragmento vegetal; Alg = Alga filamentosa; Mac = Macrobrachium sp.; Fp = Fragmento de peixe; Gp = Geophagus proximus; Mol = Molusca; Hym = Hymenoptera; Bla = Blattodea; Col = Coleoptera. CT = Área Controle; TR = Área Tanques-Rede. *Espécies com valores significativos estatisticamente. Conclusões Conclui-se que a piscicultura em tanques-rede influenciou a dieta de G. proximus e S. nasutus.

Agradecimentos (opcional) UNESP, UNIOESTE, PROPe-UNESP, CNPq e Laboratório de Ecologia de Peixes - Pirá.

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PILLAY, T. V. R. Aquaculture and the environment (2ª edition). Blackwell Publishing, 212 p., 2004.

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Piscicultura em tanques-rede pode influenciar na relação peso- comprimento e fator de condição relativo de Pimelodus cf. platicirris no rio Grande/SP?

Letícia de Oliveira Manoel(1)*, Denis William Johansem de Campos(2), Lidiane Franceschini(3), Rosilene Luciana Delariva(4), Rosicleire Verissimo-Silveira(5) & Igor Paiva Ramos(5)

1UNESP-IBB, Doutoranda em Ciências Biológicas (Zoologia) - Laboratório de Ecologia de Peixes – Pirá. e-mail: [email protected] 2UNESP-CAUNESP, Mestrando em Aquicultura, Centro de Aquicultura, Jaboticabal 3UNESP-FEIS, Pós-doutoranda em Ciências Biológicas, Laboratório de Parasitologia de Animais Silvestres - Lapas 4UNIOESTE-CASCAVEL, Docente, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde 5UNESP- FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia.

Introdução Em sistemas de pisciculturas em tanques-rede, até 30% da ração utilizada é liberada na forma de efluentes para o ambiente aquático (PILLAY, 2004). Tais efluentes (resto de ração, fezes, muco, escamas e peixes mortos), podem afetar a qualidade da água e provocar alterações ecológicas para peixes nativos (PILLAY, 2004; RAMOS et al., 2013). Os efluentes aportados ao ecossistema aquático, podem ser utilizados como recurso alimentar pela biota silvestre atraindo a ictiofauna local (RAMOS et al., 2013Assim, estudos que avaliem a influência da atividade aquícola sobre aspectos populacionais de peixes silvestres podem fornecer conhecimento sobre as influências ambientais de tal atividade sobre a biota silvestre, e contribuir para o estabelecimento de medidas mais sustentáveis na aquicultura brasileira. Neste sentido, o objetivo do presente trabalho é avaliar a relação peso-comprimento e o fator de condição relativa (Kn) de Pimelodus cf. platicirris em área de influência de piscicultura em tanques-rede no reservatório de Ilha Solteira, Rio Grande, SP.

Material e métodos Realizou-se 14 coletas bimestrais (set/2014-out/2016), com redes de espera em duas áreas: piscicultura em tanques-rede (TR) e área livre de influência de pisciculturas (CT). Foram mensurados o comprimento padrão (cm) com auxílio de ictiômetro (0,1 cm) e massa total (g) com auxílio de balança analítica (0,01 g). Posteriormente todos os exemplares amostrados foram encaminhados ao Laboratório de Ecologia de Peixes – Pirá, Departamento de Biologia e Zootecnia, na FEIS – Campus de Ilha Solteira. Foi calculada a relação peso/comprimento, que é considerado um importante modelo matemático na dinâmica de populações de peixes conforme Le Cren (1951), para obtenção do tipo de crescimento.Os dados obtidos foram ajustados em um gráfico de dispersão, sendo a variável X o comprimento padrão (cm), e Y a massa total (g), obtendo-se uma equação matemática tipo potência, na qual a constante α (coeficiente linear) indica o bem-estar do peixe, e a constante Ф (coeficiente angular), que é particular para cada espécie, tende a assumir valores entre 2,0 e 4,0, expressando o tipo de crescimento da espécie (SANTOS, 1978; BENEDITO-CECÍLIO & AGOSTINHO, 1997; ORSI, et al. 2002). Assim, valores iguais a 3,0, indicam crescimento do tipo isométrico, valores menores que 3,0, crescimento do tipo alométrico negativo e maiores que 3,0 crescimento do tipo alométrico positivo. Para avaliação deste parâmetro, foi utilizado o cálculo de intervalo de confiança segundo Froese (2006). Foi determinado o fator de condição relativo (Kn= Wt/We) individualmente de cada espécime. O cálculo avalia o quociente entre a massa empiricamente registrada (Wt) e a massa teoricamente esperada (We) para um dado comprimento padrão (LE CREN, 1951). Foram estimados os valores dos coeficientes linear (a”)e angilar(b) que, foram utilizados no cálculo dos valores teoricamente esperados de massa total (We) para um dado valor de Lt, pela da equação: We = a.Ltb. Após as estimativas dos valores individuais de Kn, foram calculados os valores médios de Kn nas duas áreas amostrais, os quais foram comparados estatisticamente ao valor centralizador (Kn = 1,0), pelo teste “U” (p<0,05), através do software Bioestat 5.3.

Resultados e discussão Avaliou-se 325 exemplares de P. cf. platicirris sendo 304 pertencentes à área tanque e 21 à da área controle. Quanto à relação peso/comprimento, observou-se crescimento alométrico positivo para exemplares da área tanque e crescimento isométrico para área controle. Pimelodus cf. platicirris é espécie onívora/generalista, que consome diferentes itens alimentares autóctones na área controle, enquanto na área tanque consome quase que exclusivamente restos de ração segundo estudos realizados por Kliemann

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(2018). Rações fornecidas aos peixes em cultivos apresentam nutrientes como: proteína, lipídios, minerais e vitaminas balanceadas. Neste sentido, os efluentes, sobretudo,os restos de ração disponibilizados ao ecossistema na área tanque, estão proporcionando maior grau engorda, quando comparados com exemplares do trecho controle. Quanto ao fator de condição relativo (Kn), observou-se valores superiores a 1 na área tanque (média = 1,04, variância = 0,04, t = 3,2952 e p = 0,0013) e valores iguais a 1 para área controle (média = 0,96, variância = 0,02, t =-1234 e p = 0,2244). Observa-se que maiores valores são encontrados na área próxima aos tanques de cultivo, que está diretamente relacionada à mudança no balanço energético evidenciada no fator de condição. Esta espécie está utilizando a ração como novo recurso alimentar de fácil aquisição e disponibilidade contínua ao sistema, favorecendo maior atividade alimentar (Kliemann, 2018) e obtendo-se assim acúmulo maior de reserva corporal. Ademais, estudos em ambientes marinhos baseados na comparação da taxa de sedimentação de efluentes procedentes das áreas destinadas a aquicultura, mostram que peixes silvestres podem consumir de 40 a 60% dos sedimentos (efluentes) provenientes dessa atividade (Felsing et al, 2005). Desta forma, o aproveitamento, sobretudo, dos restos de ração, por espécies silvestres com dieta oportunista, tal como Pimelodus cf. platicirris, pode representar um efeito mitigador frente ao processo de eutrofização em função da atividade do sistema de produção em questão. Os dados apresentados corroboram com os observados por Ramos (2009), que avaliou a espécie Pimelodus maculatus (espécie congenérica) também procedentes de área sob influência de sistemas de piscicultura em tanques- rede no reservatório de Chavantes (SP/PR). Conclusões Conclui-se que piscicultura em tanques-rede influencia no tipo de crescimento e o fator de condição relativo de P. cf. platicirris no reservatório de Ilha Solteira/SP.

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Plasticidade trófica de Oreochromis niloticus oriundos do reservatório de Ilha Solteira, rio Grande

Cibele Diogo Pagliarini(1)*, José Daniel Soler Garves(1), Lidiane Franceschini(2) Cristiéle da Silva Ribeiro (3), Rosilene Luciana Delariva (4), Igor Paiva Ramos(5)

1UNESP-FEIS e IBB, Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas (Zoologia), Laboratório de Ecologia de Peixes – PIRÁ. e-mail: [email protected] 2UNESP-IBB, Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas (Zoologia), Laboratório de Parasitologia de Animais Silvestres 3UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Estudos em Fisiologia Animal- LEFISA 4UNIOESTE-CASCAVEL, Docente, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) 5UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Ecologia de Peixes- PIRÁ

Introdução A produção de peixes oriundos da aquicultura no Brasil totalizou 691,700 mil toneladas no ano de 2017, resultado é 8% superior ao ano de 2016, sendo Oreochomis niloticus (Cichlidae, Perciformes), a principal espécie produzida, com 357.639 mil toneladas ou 51,7% do total da piscicultura (PEIXEBR, 2018). Conhecida popularmente como tilápia-do-Nilo, O. niloticus é considerada não-nativa invasora (Shea; Chesson, 2002). Apresenta rápido crescimento, reprodução tardia, alta prolificidade, hábito alimentar onívoro, facilitando a aceitação de rações, além de boa adaptação ao confinamento (Kubitza, 2000). Tilápias silvestres apresentam grande plasticidade alimentar, consumindo itens, como: algas, plantas aquáticas, sementes, crustáceos, insetos aquáticos, peixes, entre outros (Kubitza, 2000). Com isso, exemplares oriundos de escapes de tanques-rede podem apresentar o mesmo comportamento alimentar e assim competir por recursos e espaço com espécies de peixes nativas, podendo causar modificações na estrutura da ictiofauna (Zavala-Camin, 1996). Portanto, estudos sobre dieta são importantes, pois possibilitam o entendimento sobre a biologia da espécie, organização trófica, oferta de alimento e o alimento mais apropriado nutricionalmente para a espécie (Zavala-Camin, 1996). Apesar das tilápias serem alvos de muitos estudos, devido a sua grande produção comercial e consumo, existem alguns pontos ainda não esclarecidos, como os efeitos ambientais do escape desses indivíduos dos sistemas de cultivo sobre o meio ambiente. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar a composição alimentar de O. niloticus cultivados e silvestres, oriundos do reservatório de Ilha Solteira, rio Grande, SP.

Material e métodos Foram realizadas duas coletas (janeiro e julho de 2017) (CEUA nº 9/2016) e um total de 50 animais por coleta (25 exemplares cultivados e 25 silvestres), foram amostrados. Posteriormente, realizou-se a dissecação para retirada dos estômagos que foram fixados em formol 4% e conservados em álcool 70% até o momento das análises em laboratório. Os conteúdos estomacais foram examinados sob estereomicroscópio, os itens alimentares identificados até o menor nível taxonômico possível. Posteriormente, foram quantificados de acordo com o método volumétrico (HELLAWELL; ABEL, 1971). A fim de evitar influências da variação do tamanho e massa dos animais sobre a composição da dieta, foi utilizado o método para ajustar os valores de volume do item alimentar à massa do peixe (WAG = VI/MT), no qual VI é o volume do item alimentar e MT a massa do peixe (Ahlbeck et al., 2012). Os resultados foram expressos em porcentagem do volume de cada item em relação ao volume total da dieta, com auxílio do software EXCEL (Microsoft). Para verificar se havia diferença na composição da dieta, foi realizada a análise PERMANOVA com o auxílio do software PRIMER 6 e posteriormente a análise SIMPER para verificar quais itens mais contribuíram com essa diferença, com auxílio do Past.

Resultados e discussão Foram analisados 80 espécimes de O. niloticus, sendo que 20 (16 cultivados e 4 silvestres) estavam com estômagos vazios. Verificou-se, por meio da análise PERMANOVA, diferença na composição da dieta entre os indivíduos cultivados e silvestres (F=15,508; p=0,001). Segundo a análise SIMPER, a

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dissimilaridade total para a composição da dieta entre os indivíduos foi de 94,9% e os itens que mais contribuíram para esta diferença foram: Ração (55,64%), Fragmento vegetal (19,45%) e Detrito (15,27%). O espectro alimentar foi composto por 22 itens alimentares, demonstrando uma dieta variada, como observado por outros autores (Chapman; Fernando, 1994; Njiru et al. 2004 e Zaganine, 2012), apresentando hábito alimentar onívoro (Oso et al. 2006). Especificamente, para os indivíduos cultivados, foram registrados 14 itens e para os silvestres, 21 itens alimentares. Quanto aos itens mais consumidos, para O. niloticus cultivados o principal foi Ração (67,83%), seguido de Fragmento vegetal (18,93%) e Alga filamentosa (12,31%). Para os exemplares silvestres o principal também foi ração (78,50%), seguido de Detrito (10,40%) e Fragmento vegetal (8,56%). O resultado dos exemplares de tanque com menor participação de ração ou maior quantidade de estômagos vazios, se justifica pelo fato da coleta ter sido realizada em período de despesca, quando os peixes, ficam aproximadamente 48 horas sem alimentação para posterior transporte. Assim, sem fornecimento de ração, buscaram outros itens de origem autóctone. Demonstrando que, independente do local ocupado e dos recursos abundantemente fornecidos, como a ração, eles frequentemente utilizam alimentos naturais. Para os indivíduos silvestres, de maneira semelhante, Baggio (2012) observou que O. niloticus provenientes de escapes acidentais consumiram restos de ração, fragmentos vegetais, matéria orgânica, algas e insetos. Os dados obtidos neste trabalho, corroboram com um padrão de diversificação da dieta quando estes indivíduos se encontram em ambientes naturais. Tal fato pode demonstrar um possível compartilhamento de recursos alimentares entre tilápias silvestres e espécies nativas que habitam as regiões próximas aos tanques de cultivo. Ainda, as tilápias silvestres consumiram uma maior diversidade de recursos, pois possuem livre acesso a novos ambientes, incluindo a zona de sedimentação no fundo dos tanques-rede e área marginal do reservatório (Braccini et al., 2008). Tal fato é preocupante, tanto com relação as possíveis mudança da estrutura da ictiofauna, como também, o contato e possível intercâmbio de parasitas entre as tilápias silvestres e de escapes com as espécies nativas, bem como com os peixes dos tanques (Carvalho, 2006).

Conclusões Conclui-se, que as tilápias possuem hábito alimentar onívoro. Os indivíduos cultivados consomem itens naturais para complementar sua dieta. Ainda, as tilápias silvestres também utilizam recursos naturais, porém, com acesso à uma área maior, possibilitando a ocorrência de sobreposição no uso de recursos com a ictiofauna nativa.

Agradecimentos FAPESP (Processo: 2016/23468-6); PIRÁ e LEFISA (Laboratórios de pesquisa)

Referências AHLBECK, I. et al. Evaluating fish diet analysis methods by individual-based modelling. C. J. Fish. Aq. Sciences, v. 69, p.1184-1201, 2012. BAGGIO, R. A. Avaliação do status quo da tilápia do Nilo Oreochromis niloticus no reservatório de Itaipu e na Bacia do Rio Uruguai. 99 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas, Área de Concentação em Zoologia) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 99 p., 2012. BRACCINI, G. L. et al. Ectoparasitos de Tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) cultivados em tanques-rede nos rios do corvo e guairacá, Paraná, Brasil. Rev. Bras. Paras. Vet., v. 12, p. 24-29, 2008. CARVALHO, E. D. Avaliação dos impactos da piscicultura em tanques-rede nas represas dos grandes tributários do Alto Paraná (Tietê e Paranapanema): o pescado, a ictiofauna agregada e as condições limnológicas. 46 p. Relatório de pesquisa (FAPESP) - Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, SP, Brasil. 2006. CHAPMAN, G.; FERNANDO C. H. The diets and related aspects of feeding of Nile tilapia (Oreochromis niloticus L.) and common carp (Cyprinus carpio L.) in lowland rice fields in northeast Thailand. Aquac., v. 123, p. 281–307, 1994.HELLAWELL, J. M.; ABEL, R. A rapid volumetric method for the analysis of the food of fishs. Jour. Fish Biol., v. 3, p. 29-37, 1971 KUBITZA, F. Tilápia: tecnologia e planejamento na produção comercial. Jundiaí: 289 p, 2000. NJIRU, M. et al. Shifts in the food of Nile tilapia, Oreochromis niloticus (L.) in Lake Victoria, Kenya. Afri. Jour. Ecol., v. 42, p. 163-170, 2004. Oso, J. A.; AYODELE, I. A.; FAGBUARO, O. Food and feeding habitats of Oreochomis niloticus (L.) and Sarotherodon galilaeus (L.) in a Tropical Reservoir. V. 1, p. 118-121, 2006. PEIXEBR, Associação Brasileira de Piscicultura. Anuário, 71 p., 2018. SHEA, K.; CHESSON, P. Community ecology theory as a framework for biological invasions. Trends Ecol. and Evol., v. 17, p. 170-176, 2002. ZAGANINE et al. Ontogenetic diet shifts of Oreochromis niloticus and Tilapia rendalli of the Barra Bonita reservoir (Tietê river, São Paulo State, Brazil). Acta Scient. Biol. Scie., v. 34, p. 255-262, 2012. ZAVALA–CAMIN, L. A. Introdução aos estudos sobre alimentação natural em peixes. Maringá: Eduem, 1996.

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Relação peso-comprimento e índice hepatossomático de Plagioscion squamosissimus sobre a influência da piscultura em tanque-rede. Maria Angélica Galli Dutra (1) *, Luciane Gomes da Silva (1), Laicia Carneiro Leite (1), Rosicleire Veríssimo Silveira (2)

1UNESP-FEIS, Curso de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia animal, LINEO – Laboratório de Ictiologia Neotropical. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Ictiologia Neotropical

Introdução Os peixes vêm sendo amplamente utilizados para avaliar a saúde de ecossistemas aquáticos e as modificações fisiológicas ocasionadas, atuando como bioindicadores de poluição ambiental (KOCK et al. 1996). Sendo assim, o objetivo do trabalho foi avaliar a relação peso-comprimento e o índice hepatossomático da espécie Plagioscion squamosissimus sobre a influência de uma piscicultura em tanque- rede.

Material e métodos Área de estudo As coletas para o presente estudo foram realizadas em uma piscicultura em tanques-rede no munícipio de Santa Clara D’Oeste – SP, no braço Can-Can do reservatório de Ilha Solteira, rio Paraná (50°55’59.65’’W e 20°02’30.54’’S)

Coletas de material biológico As coletas da ictiofauna silvestre foram realizadas ao longo do ano de 2015 de forma bimensal, com auxílio de redes de espera de diferentes malhagens (3 a 14 cm entre nós não adjacentes) em duas áreas amostrais. As áreas amostrais foram: uma próxima aos tanques-rede (área Tanque) e outra em local a aproximadamente 10 km (50º 51’ 17,6” W e 20º 00’ 37,5” S) a montante com características fisiográficas semelhantes, mas sem a influência de sistemas de pisciculturas em tanques-rede (área Controle). Depois de anestesiados em solução alcoólica de benzocaína (1g/ml), foram realizadas a biometria de cada exemplar como a mensuração do comprimento total (LT, cm), comprimento padrão (LS, cm) e peso total (WT, g). Posteriormente os fígados também foram removidos, pesados e fixados

Resultados e discussão Foram capturados 181 exemplares de P. squamosissimus, onde 95 indivíduos foram capturados na área controle e 86 indivíduos na área Tanque.

MÉDIAS - CONTROLE COMPRIMENTO PADRÃO PESO TOTAL PESO TOTAL IHS set/14 18,5 67,36 80,22 0,42933458 dez/14 19,77 227,9 0 0,626056935 abr/15 18,52 136,63 466,78 0,479018132 jun/15 21,15 201,91 199,13 0,617272646 ago/15 23,24 278,44 119,12 0,642617651 out/15 22,66 225,52 154,79 0,393535216 dez/15 23,71 254,07 359,15 0,460736274 fev/16 22 177,47 202,81 0,796337398 abr/16 29,16 424,11 261,05 0,427360875 jun/16 19,5 235,38 150,66 0,412124931 ago/16 23,5 214,81 266,7 0,593811187 out/16 31,75 597,69 - 0,499576297 dez/16 22,33 316,72 212,18 0,280280944

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MÉDIAS - TANQUE COMPRIMENTO PADRÃO PESO TOTAL PESO HEPÁTICO IHS set/14 19,75 80,22 0,63 0,531286895 dez/14 - 0 0 - abr/15 26,01 466,78 1,81 0,480499511 jun/15 21,63 199,13 0,96 0,530793893 ago/15 18,02 119,12 0,28 0,313349371 out/15 19,46 154,79 0,92 0,554587505 dez/15 24,1 359,15 1,84 0,407544282 fev/16 22,63 202,81 0,81 0,405857603 abr/16 22,4 261,05 1,31 0,477728896 jun/16 19 150,66 0,56 0,365146441 ago/16 30,75 266,7 2,98 1,119425948 out/16 - - - - dez/16 22,16 212,18 0,642 0,323138907

Referências

KOCK G., TRIENDL M. & HOFER R. Seasonal patterns of metal accumulation in Arctic char (Salvelinus alpinus) from n oligotrophic Alpine lake related to temperature. Can. J. Fish. Aquat. Sci. 53:780-786, 1996.

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Viabilidade dos embriões de Astyanax altiparanae, provenientes de parentais alimentados com ômega 3, após exposição à crioprotetores.

Laicia Carneiro Leite (1) *, Cristiane Bashiyo-Silva(2), Laís Pedroso Borges(2), Cristiéle da Silva Ribeiro(3), Rosicleire Veríssimo-Silveira(4), Alexandre Ninhaus- Silveira(4).

1UNESP-FEIS, Curso de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Animal, Lab. de Ictiologia Neotropical (L.I.NEO). e-mail: [email protected] 2UNESP-IBB, Curso de Pós-Graduação em Ciências Biológicas - Zoologia, L.I.NEO. 3UNESP-FEIS, Docente, Depto. de Biologia e Zootecnia, Lab. de Estudos em Fisiol. Animal (LEFISA). 4UNESP-FEIS, Docente, Depto. de Biologia e Zootecnia, L.I.NEO.

Introdução Os protocolos utilizados para criopreservação de embriões de peixes ainda não são efetivos, por esbarrarem em problemas como: toxidade dos crioprotetores e baixa permeabilidade das membranas (Hagedorn et al, 1996; Ninhaus-silveira et al, 2008). Considerando o fato de que os ácidos graxos essenciais da cadeia ômega 3, tem ação sobre a fluidez e permeabilidade das membranas (March, 1993), este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito da exposição de embriões de Astyanax altiparanae provenientes de reprodutores alimentados com dieta rica em ômega 3 a soluções crioprotetoras.

Material e Métodos Reprodutores adultos e maduros de A. altiparanae foram separados em dois grupos: 1) GC - alimentado com ração Laguna onívoros alevino, 2.6mm e; 2) GO - alimentado com a mesma ração acrescida de 5% de óleo de peixe marinho, rico em ácidos graxos ômega 3 (Campestre Ind. e Com. de Óleos Vegetais LTDA.). Foi fornecido diariamente 5% do peso vivo/ração/dia. Os reprodutores foram induzidos hormonalmente à reprodução (GnRHa; Ovopel®), e posteriormente foram utilizados embriões na fase embrionária de 6 somitos. Teste de sensibilidade aos crioprotetores Os embriões foram descorionificados e expostos a seis soluções crioprotetoras - SCPs (Propileno glicol-PROP; Metanol-MET; Dimetil sulfóxido-DMSO; Dimetil acetamida-DMA; Dimetil formamida- DMF; Glicerol-GLI) nas concentrações de 1M, 2M, 3M, 4M, 5M e 6M por um período de 20 minutos (n=50, r=5), sendo cada tratamento iniciado pela permeabilização coriônica (Pronase-E 0,25mg/ml/10seg. Após a exposição às SCPs, os embriões foram acondicionados em a incubadoras (Fig.1), para continuar seu desenvolvimento embrionário até a eclosão, sendo posteriormente fixados em solução de paraformaldeído a 4% e glutaraldeído a 2% em tampão fosfato Sorensen 0,1 M pH 7,2 (Karnovsky).

Figura 1. Esquema da metodologia utilizada para o teste de sensibilidade à concentração de crioprotetores.

Fonte: próprio autor. Legenda: Teste aplicado para o Grupo Controle (GC) e Grupo com óleo (GO). Tempo de exposição ao crioprotetor: 20 minutos. Propileno glicol-PROP, Metanol-MET, Dimetil sulfóxido-DMSO; Dimetil acetamida-DMA; Dimetil formamida-DMF; Glicerol- GLI.

Análise estatística Aos dados do teste de toxicidade foi aplicada porcentagem relativa ao controle de cada reprodução realizada. Como as premissas paramétricas não foram obtidas, foi utilizada o teste de Kruskal Wallis, aplicado pelo programa estatístico “R”.

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Comitê de Ética Os procedimentos utilizados neste trabalho foram aprovados pelo Comitê de Ética em Uso Animal (CEUA), protocolo nº. 02031.000032/201568. Resultados e Discussão As taxas de eclosão relativa (TE) e de larvas normais (LN) para os grupos GC e GO, após exposição aos crioprotetores (CPs), estão representados na figura 2. Estatisticamente, dentre os CPs, pode-se observar que para GC, MET 3M (100,3±3,7% TE; 100,32% LN) e 5M (101,41±2,9% TE; 101,41% LN); PROP 2M (101,67±3,58% TE; 101,67% LN), 5M (100,07±2,1% TE; 100,07% LN) foram os CPs que propiciaram maiores TE e LN. Os CPs com DMF, DMA e GLI causaram grande mortalidade ou quando eclodidos apresentaram deformações graves. Demonstrando que existe sensibilidade quanto ao tipo de CP e a sua concentração. Segundo Zilli et al. (2005), concentrações elevadas podem ser deletérias aos embriões, gerando danos ao citoesqueleto, desnaturando proteínas e fragmentando o material genético. Em relação à GO, a SC mais efetiva foi o PROP 4M (100,4±2,1% TE, 101,66% LN), quando comparado com os outros CPs. O crioprotetor DMF, só propiciou altas TE e LN a 1M (98,77±2,68%). Os tratamentos com DMA e GLI foram deletérios para os embriões de GO. A análise dos dados (Fig. 2), mostra que o GO pode ter aumentado a fluidez de membranas (Wiegand, 1996) tornando os embriões mais sensíveis a exposição aos CPs. Pois, quanto maior a fluidez da membrana, maior é a possibilidade de troca da água das células (Adam et al, 1995) pela SC, levando a uma diminuição da TE e um aumento das más- formações embrionárias.

Figura 2. Teste de toxicidade em embriões de Astyanax altiparanae na fase de seis somitos.

Fonte: próprio autor. Legenda: A - Grupo controle (GC). B - Grupo com óleo de peixe marinho (GO). Legenda: dimetil acetamida (DMA), dimetil formamida (DMF), dimetil sulfóxido (DMSO), Glicerol (GLI), metanol (MET), propileno glicol (PROP). Concentrações de 1-6M. Barras com letras diferentes indicam diferenças significativas (p<0.05), de acordo com teste de Kruskal-Wallis, entre os crioprotetores.

Conclusões Pode-se concluir que, os embriões do GO, apresentaram maior sensibilidade aos CPs. E que PROP e MET, demonstraram causar menos efeitos deletérios aos embriões de Astyanax altiparanae, principalmente em concentrações acima de 3M, para ambos os grupos avaliados.

Agradecimentos Ao Centro Nacional de Pesquisa Conservação dos Peixes Continentais (CEPTA/ICMBio) pela disponibilização das instalações e dos peixes, a Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (FAPESP) pelo suporte financeiro, processo nº 2015/10115-5.

Referências ADAM, M. M.; RABA, K. J.; MCANDREW, B. J. The effect of temperature and chorion manipulation on the permeability of rosy barb and zebrafish embryos. Crvo-Lett., v.16, p.65, 1995. HAGEDORN, M. et al. Magnetic resonance microscopy and spectroscopy reveal kinetics of cryoprotectant permeation in a multicompartmental biological system. Proc. Nati. Acad. Sei., v. 93, p. 7454-7459, 1996. MARCH, B. E., Essential fatty acids in fish physiology. Canadian Journal of Physiology and Pharmacology, 1993, vl.71, n. 9, p. 684-689, 1993. NINHAUS-SILVEIRA, A. et al. Cryogenic preservation of embryos of Prochilodus lineatus (Valenciennes, 1836) (Characiforme; Prochilodontidae). Zygote, v. 17, n. 1, p. 45–55, 2008. WIEGAND, M. D. Composition, accumulation and utilization of yolk lipids in teleost fish. Fish Biology and Fisheries 6, v. 286, p. 259–286, 1996. ZILLI, L. et al. Effect of cryopreservation on sea bass sperm proteins. Biology of reproduction, v. 72, n. 5, p. 1262–7, 2005.

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Territorialidade do Vireo gundlachii (Aves: Vireonidae) na Reserva Ecológica de Siboney - Juticí, Santiago de Cuba, Cuba

Malbelys Padilla Sanchez (1) *, Alexandre Ninhaus-Silveira(2), Freddy Rodriguez Santana(3), Nicasio Viña Davila(4)

1UNESP-IBB, Doutoranda, Pós-graduação em Ciências Biológicas: Zoologia – Laboratório de Ictiologia Neotropical - L.I.NEO. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, L.I.NEO. 3BIOECO, Centro Oriental De Ecossistemas y Biodiversidade, Investigador, Departamento de Zoologia. 4CBC, Corredor Biológico do Caribe, Diretor Técnico.

Introdução O conhecimento sobre padrões de distribuição e territorialidade é essencial para entender a ecologia comportamental das aves. O comportamento territorial é uma das manifestações mais óbvias de dominância. Durante os ciclos anuais, a maioria dos vertebrados restringe suas atividades a áreas específicas, o que é conhecido como área doméstica (Odum & Kuenzler, 1955). Um dos métodos mais recomendados para obter a distribuição dos territórios de uma determinada espécie, é o mapeamento de territórios a partir do registro em um mapa dos indivíduos observados em várias visitas sucessivas a uma determinada área, durante a estação reprodutiva (Ralph, 1996). O presente estudo aborda a territorialidade de Juan Chiví (Vireo gundlachii) na Reserva Ecológica Siboney-Juticí (RESJ), na província de Santiago de Cuba. Segundo Padilla (2006), V. gundlachii, estabelece seus territórios durante a estação reprodutiva. Durante o período não reprodutivo, os casais foram observados demostrando sinais de exclusão a outros indivíduos da mesma espécie, dentro de suas áreas domésticas, mas quando da entrada neste território de bandos mistos, este casal seguia com este bando. A partir de observações não publicadas, levantou-se a hipótese que casais V. gundlachii mantem-se no território não só durante o período reprodutivo, mas durante todo o ano. Deste modo, este estudo teve como objetivo geral, caracterizar as áreas domésticas e verificar se há territórios estabelecidos pelos casais da espécie ao longo do ano, na Reserva Ecológica Siboney Juticí.

Material e métodos Para o desenvolvimento do projeto foram estabelecidas as seguintes ações: 1. Caracterízar área de estudo e captura e marcação de indivíduos O estudo foi realizado na Reserva Ecológica Siboney-Juticí (RESJ), situada na província de Santiago de Cuba, Cuba, entre as coordenadas 19°56'26'' a 19°58'13'' N e 75°49'32'' a 75°42'24'' W. A captura e marcação dos indivíduos foram realizadas em duas áreas da RESJ. Na área 1 pertencente ao Matorral Xeromorfo Costeiro, foram instaladas 22 redes de neblina em posições fixas durante o estudo. Estas foram coletadas mensalmente de julho de 2010 a dezembro de 2013. Na área 2 localizada no Bosque Semidecíduo Microfilo as capturas foram realizadas nos meses de abril, junho, julho, setembro do ano 2011 e fevereiro e novembro de 2012. Para a captura foram utilizadas de quatro a 12 redes. 2. Avaliar a fidelidade ao sitio e a delimitação dos territórios e áreas domésticas A lealdade ao sitio foi analisada a partir dos dados obtidos na área 1 de julho de 2010 a outubro de 2013. Chamamos de sitio a área contida pelo polígono formado pela conexão imaginativa das posições das redes externas. Para delimitar os territórios das espécies, utilizou-se a metodologia de mapeamento de indivíduos territoriais marcados com anéis coloridos e seu acompanhamento, como sugerido por Langen & Vehernhand (1998). 3. Desenvolvimento de observações comportamentais Os comportamentos foram registrados ad libitum, através da observação direta de indivíduos marcados, com o uso de binóculos. A vocalização foi registrada como variáveis comportamentais, neste caso nos referimos a vocalizações que indicam interação com outros indivíduos. 4. Processamento de dados O processamento dos dados de localização para a determinação de ambientes e territórios domésticos foi feito através do programa ArcGis 10 com ferramenta Kernel Density, baseada na função quadrática proposta por Silverman (1986), com raio de pesquisa de 50 m e tamanho de célula de 30 cm. O teste de Kolmogorov-Smirnov foi realizado para determinar se as capturas e recapturas obtidas por mês entre 2010 e 2013 e verificados se ajustam-se a uma distribuição normal. Para verificar se houve diferenças entre capturas e recapturas obtidas por meses e anos, foi utilizada aplicada uma ANOVA (P> 0,05) a cada

126 caso.

Resultados e discussão Um total de 79 indivíduos de Vireo gundlachii foram capturados em quatro anos, entre julho de 2010 e dezembro de 2013 na área 1. Dos indivíduos capturados, 42 eram adultos, 53,1% e 37 jovens, 46,9%. Durante o período analisado, 24 indivíduos foram recapturados, representando 30,3% das capturas. Durante o estudo, 11 áreas domésticas foram definidas para as espécies no RESJ. A extensão dessas áreas domésticas foi de 6175,9 ± 4297,4 m2 (média ± DP), com valores mínimos de 1.267 m2 e máximos de 11.586 m2. Todos os indivíduos apresentaram territórios com padrão central, levando em consideração a distribuição das áreas com maior densidade de observação. (Fig.1)

Figura 1Representação dos ambientes domésticos e padrões de distribuição de Vireo gundlachii (aves: Vireonidae) na Reserva Ecológica de Siboney-Juticí (RESJ) durante os anos de 2011 e 2012.

Foram registradas 149 observações comportamentais para os 24 indivíduos reavistados. De estes, 55% foi para as vocalizações, sendo esta a mais frequente. Seguido 31,5% de forrageio, 8,7% para movimentos dentro de bandos mistos e 4,6% de interações físicas. Conclusões A espécie apresentou indivíduos com fidelidade ao local ao longo do ano, dispersão pós-natal e indivíduos flutuantes. Os indivíduos da espécie apresentam áreas domésticas com padrão central e o casal defende territórios ao longo do ano. A vocalização representa o comportamento territorial mais frequente manifestado pelos indivíduos de Vireo gundlachii e casais juntam-se a bandos mistos de alimentação apenas em suas áreas domésticas. Referências ODUM, E. P. & E. J. KUENZLER. Measurement of territory and home range size in birds. Auk. 72: 128-137. 1955.

PADILLA, S. M. Evaluación del método de mapificación de territorios con reclamo de tres especies de aves endémicas en la Reserva Ecológica Siboney-Juticí. Universidad de Oriente, Santiago de Cuba. 2006. 70 p. (Dissertação de Licenciatura).

LANGEN, T. & S. VEHERNHAND. Ecological factor affecting group and territory size in White- Throated Magpie-jays. Auk. 115 (2): 327-339. 1998.

RALPH, C. J., GEUPEL, G. R., PYLE, P., MARTIN, T. E., DESANTE, D. F., y MILÁ, B. Manual de métodos de campo para el monitoreo de aves terrestres. Gen. Tech. Rep. PSW-GTR-159. Albany, CA: US Department of Agriculture, Forest Service, Pacific Southwest Research Station. 46 p, 159. 1996.

SILVERMAN, B.W. Density estimation for statistics and data analysis. Chapman and Hal. London. 175 pp. 1986.

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RESUMOS DA GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRONÔMICA

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Análise econômica da produção de lima ácida Tahiti (Citrus latifolia): Estudo de caso de uma propriedade no município de Itajobi

Tamiris Yoshie Kiyama de Oliveira(1), Omar Jorge Sabbag(2), Nathália Cristina Marchiori Pereira(1), Emariane Satin Mortinho(1), Paulo Henrique Pissolito(1)

(1)Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Faculdade de Engenharia/Unesp, Campus de Ilha Solteira, São Paulo, [email protected], [email protected], [email protected], [email protected], (2)Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Faculdade de Engenharia/Unesp, Campus de Ilha Solteira, São Paulo, Professor Assistente Doutor, [email protected].

Introdução A lima ácida Tahiti (Citrus latifolia Tanaka), popularmente conhecida como “limão”, ganhou grande destaque na ampliação dos pomares cítricos, por possuir bom comportamento diante das principais doenças e pragas que assolam os plantios comerciais, e pela abertura do mercado europeu para esta fruta (DE FIGUEIREIDO et al., 2002). De acordo com levantamento feito pelo IBGE (2015), São Paulo foi o estado que mais produziu esta fruta, sendo Itajobi a cidade que mais se destacou na produção da lima ácida. A análise econômica é o processo pelo qual o produtor passa a conhecer os resultados financeiros de suas atividades. Em razão da nova ordem econômica, os negócios agropecuários têm a mesma complexidade, importância e dinâmica dos demais setores da economia, exigindo do produtor rural uma nova visão da administração dos seus negócios (MARTINS et al., 1998). Neste contexto, ela se torna é um ponto fundamental para o sucesso do negócio, pois permite avaliar o resultado financeiro e fornece bases para adaptação a mudanças na realidade econômica (SABBAG; NICODEMO, 2011). Perante ao exposto, este trabalho teve por objetivo verificar o custo de produção e os índices de rentabilidade de lima ácida Tahiti, em uma propriedade situada no município de Itajobi – SP.

Material e métodos A propriedade escolhida para a realização deste estudo de caso localiza-se no município de Itajobi – SP, com coordenadas 21°18’34’’ S e 49°14’ 9’’ W e altitude de 453 m. A área, classificada como sendo de pequeno porte, possuí 6 hectares plantados com lima ácida Tahiti. Toda área de cultivo é fertirrigada através de sistema de gotejamento, e o ciclo de produção é de 12 meses. O levantamento das informações foi realizado por meio de entrevista simples, diretamente com o produtor, e o período de avaliação econômica foi relativo à produção da safra 2015/2016. Para o cálculo do custo de produção utilizou-se a estrutura adotada pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA), proposta por MATSUNAGA et al. (1976). Calculou-se o custo operacional efetivo (COE), que decompõe-se em insumos, mão de obra manual e mecanizada. Para o cálculo da depreciação linear ((valor inicial – valor final)/vida útil do bem) que compõe o custo da hora-máquina, como máquinas e implementos da propriedade possuem mais de 10 anos, considerou-se valor final como sendo 50% do valor inicial. Em seguida, calculou-se o custo operacional total (COT), resultante do COE acrescido de outras despesas e juros de custeio. Determinou-se também os índices de rentabilidade, segundo metodologia proposta por MARTIN et al. (1998). Foram calculados os seguintes indicadores: a receita bruta (RB); lucro/resultado operacional (LO); índice de lucratividade (IL) e calculou-se preço de equilíbrio.

Resultados e discussão Com relação aos custos oriundos do sistema de produção de lima ácida Tahiti para a safra 2015/2016 (Tabela 1), o COE resultou em R$ 45.521,08, sendo que 82,25% deste total correspondem à mão de obra manual, seguido pelos insumos que perfizeram 10,68% e por fim a mão de obra mecanizada, que representou 7,07% do COE. Já o COT, resultante da COE acrescida à demais despesas e juros de custeio, foi avaliado em R$ 49.048,96.

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Tabela 1 - Composição dos custos totais da produção da lima ácida Tahiti, em propriedade localizada em Itajobi – SP, para a safra 2015/2016. Descrição Total (R$) 1. Insumos 4.862,70 2. Mão de obra manual 37.440,00 3. Mão de obra mecanizada 3.218,38 Custo operacional efetivo (COE) 45.521,08 Outras despesas (5% COE) 2.276,05 Juros de custeio (5,5% a.a. sobre 50% da COE) 1.251,83 Custo operacional total (COT)* 49.048,96 *Para determinação do COT não calculou-se a depreciação do investimento, visto que o pomar já havia sido instalado.

Com base na produção de lima ácida Tahiti obtida na safra 2015/2016, 3605 caixas de 27 Kg, temos que o produtor gastou R$ 13,61/caixa/ano, valor que fica abaixo da média do valor de produção de R$ 20,34/caixa/ano, trazido pelo AGRINUAL (2016). Comparando-se o custo de produção do limão de R$ 8.174,67/hectare gastos na propriedade, com outras frutas cítricas, como a laranja “Pêra” de R$ 3.439,97/hectare, em trabalho de SOBRINHO et al. (2004), tem-se que o custo de produção de lima ácida Tahiti está bem superior, principalmente pelo uso mão de obra manual. Na tabela 2 encontram-se os indicadores de rentabilidade para a produção de limão. Foi considerado o preço médio pago ao produtor de R$ 31,60/caixa de 27 Kg, para uma produção total anual de 3605 caixas.

Tabela 2 - Indicadores de rentabilidade para a produção de lima ácida Tahiti, em propriedade localizada em Itajobi – SP, para a safra 2015/2016. Indicadores de rentabilidade Especificação Total Receita bruta R$ 113.918,00 Resultado operacional R$ 64.869,04 Índice de lucratividade % 56,94 Quantidade de equilíbrio Caixas 1552 Preço de equilíbrio R$ 13,61

Não existe um padrão ideal para a lucratividade, devendo ao gestor comparar o lucro obtido com a média do setor em que atua.

Conclusões Dado o destaque da lima ácida para a região de Itajobi, a análise econômica mostra-se de grande importância, por evidenciar que a produção da cultura possuí bons indicadores de rentabilidade, além de ser uma ferramenta essencial a serviço do produtor, na gestão de custos e tomada de decisão.

Referências AGRIANUAL. Anuário da agricultura brasileira. São Paulo: FNP Consultoria e comércio, 2016.

DE FIGUEIREDO, J.O.; STUCHI, E.S.; DONADIO, L.C.; SOBRINHO, J.T.; LARANJEIRA, F.F.; PIO, R.M.; SEMPIONATO, O.R. Porta-enxertos para a lima ácida Tahiti na região de bebedouro, SP. Rev. Bras. Frutic., v. 24, n. 1, 2002.

IBGE. Produção Agrícola Municipal. 2015.

MARTINS, N.B.; SERRA, R.; OLIVEIRA, M.D.M.; ÂNGELO, J.A.; OKAWA, H. Sistema “Custagri”: Sistema Integrado de Custos Agropecuários. São Paulo: IEA/ASS. 1997.

MATSUNAGA, M.B.; TOLEDO, P.F. Metodologia de custo de producao utilizada pelo IEA. Agricultura em São Paulo, v. 23, n. 1, p. 123-139. 1976.

SABBAG, O.J.; NICODEMO, D. Viabilidade econômica para produção de mel em propriedade familiar. Pesquisa Agropecuária Tropical, v. 41, n. 1, 2011.

SOBRINHO, A.P.C. et al. Cultivo dos Citros. Editor técnico: Antônia Fonseca de Jesus Magalhães. Cruz das Almas: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, 2004. 183p.

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Análise econômica da produção de olerícolas no município de Ilha Solteira-SP

Adalberto Amador Rezende Filho(1)*, Omar Jorge Sabbag (2), César Augusto de Freitas Buranello(3), Lucas Sussai Freitas Alvarenga(3), Fernando de Souza Buzo(3)

1UNESP-FEIS, Graduando em Engenharia Agronômica. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio Economia 3UNESP-FEIS, Graduando em Engenharia Agronômica.

Introdução A produção agrícola, de maneira geral, sofre ação direta das condições climáticas, tornando-a atividade de alto risco. No que diz respeito às olerícolas, culturas de ciclo curto e exigentes quanto ao uso de insumos, irrigação, adubação e tratos culturais, o problema não é diferente, além de apresentar uma estacionalidade bem definida, que provoca queda nos preços e consequentemente depressão na renda do produtor. (RODRIGUES, MARTINS E ARAÚJO, 1997) Em qualquer área de mercado, a análise de custo é essencial para um bom desenvolvimento e uma gestão positiva. O conhecimento de todos os elementos que compõem o custo do produto são importantes para determinar o preço ideal de venda a ser praticado, que por consequência torna-se uma estratégia competitiva para o produtor para a sua sobrevivência no mercado. O objetivo desse trabalho foi a realização da análise econômica da produção de alface, rúcula e almeirão sob um sistema de irrigação por microaspersão de um pequeno produtor no município de Ilha Solteira-SP.

Material e métodos A propriedade do presente estudo localiza-se no município de Ilha solteira, São Paulo, sob as coordenadas de latitude 20°24’12’’ S, longitude 51°19’54’’ W. O levantamento das informações foi realizada por meio de entrevista presencial com o horticultor, que possui uma horta de 600 m² sob irrigação (método de microaspersão) e conduz diferentes espécies olerícolas, entre as abordadas no trabalho: alface, rúcula e almeirão. O custo de produção das olerícolas está de acordo com o modelo utilizado pelo Instituto de Economia Agrícola – IEA (MATSUNGA et al., 1976), o qual compõem-se de custo operacional efetivo (COE), com a utilização de mão de obra e insumos; e o custo operacional total (COT), resultante do COE acrescido das despesas com depreciação de máquinas e implementos, assistência técnica, despesas gerais e encargos financeiros. Os indicadores de lucratividade utilizados foram os considerados por Martin et al., (1997), que são: receita bruta, lucro operacional e o índice de lucratividade. Foi verificado o ponto de nivelamento, que diz respeito ao mínimo que deve-se produzir, em quantidade, para cobrir os custos de produção.

Resultados e discussão Tabela 01. Produção, preço de venda e indicadores de rentabilidade para um ciclo de produção de alface, rúcula e almeirão em uma propriedade de Ilha Solteira – SP (2017).

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Indicadores de Rentabilidade Cultura Alface Rúcula Almeirão Produção* 340 340 340 Preço de venda R$3,00 R$3,00 R$3,00 Receita Bruta R$ 1.152,00 R$ 1.152,00 R$ 1.152,00 Resultado Operacional R$ 544,13 R$ 414,40 R$ 503,96 Indice de Lucratividade 47,23% 35,97% 43,75% Ponto de Equilíbrio (em maços de 3) Quantidade 203 246 216 Preço R$ 1,58 R$ 1,92 R$ 1,69 *Produção em maços de 3 plantas. Ao se observar o trabalho de Pires et al. (2003) observa-se que o produtor obteve um IL de 39,43%, um pouco abaixo do obtido no presente trabalho, o que pode ser explicado pelo menor preço de venda obtido por maço de alface (no trabalho citado, de R$0,60), resultado de ser um trabalho de 2002 (15 anos atrás). Mas, por outro lado, o trabalho de Miguel, Grizotto e Furlaneto (2010), analisando a produção orgânica de alface, obteve um IL de 77,3%, muito maior que o presente trabalho. Por outro lado, o cultivo da rúcula, apesar de bastante rentável para o produtor, se encontra com um IL bem abaixo do encontrado por Rezende et al. (2009), que obtiveram um IL de 89,65% para o cultivo de rúcula solteira em 2005.

Conclusões Pode-se concluir que a atividade é compensatória para o produtor, uma vez que otimiza a pequena área de produção, aproveitando-se da sua localização, que por ser próximo a cidade, consegue vender sua produção no próprio local.

Referências MARTIN, NELSON B. et al. Sistema “Custagri”: sistema integrado de custos agropecuários. São Paulo: IEA/SAA, 1997.p.1-75.

MATSUNAGA, M. et al. Metodologia de custo utilizada pelo IEA. Agricultura em São Paulo, v.23, n.1, p.123-39, 1976.

RODRIGUES, Adilson Bellissimo; MARTINS, Maria Inez E. G.; ARAÚJO, Jairo Augusto C. de. Avaliação econômica da produção de alface em estufa. 1997. Disponível em: . Acesso em: 15 out. 2017.

PIRES, R.; MASTRANTONIO, R. S.; SANTOS, E. B. R.; TARSITANO, M. A.; SENO, S. Custo de produção e lucratividade da cultura da alface no cinturão verde de Ilha Solteira-SP. 2003. Disponível em: . Acesso em: 01 nov. 2017.

MIGUEL, F. B.; GRIZOTTO, R. K.; FURLANETO, R. P. B. Custo de produção de alface em sistema de cultivo orgânico. Pesquisa e Tecnologia, v. 7, n. 2, p. 1-6, 2010.

REZENDE, Bráulio Luciano Alves et al. Custo de produção e rentabilidade das culturas de alface, rabanete, rúcula e repolho em cultivo solteiro e consorciadas com pimentão. Ciência e Agrotecnologia, v. 33, n. 1, p. 305-312, 2009.

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Análise econômica de apiário no município de Água Clara/MS

Gabriela Cervati(1), Iris Mariane da Silva Martins(2)*, Omar Jorge Sabbag(3)

1UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia – Bacharelado, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócioeconomia - DFTASE 2*UNESP-FEIS, Curso de Engenharia Agronômica – Bacharelado, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócioeconomia - DFTASE. E-mail: [email protected] 3UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócioeconomia – DFTASE.

Introdução A apicultura atribui-se à criação de abelhas, com fins industriais para a retirada do mel. O mel é elaborado pelas abelhas a partir do néctar coletado nas flores. É um dos poucos alimentos de ação antibactericida e de fácil digestão, podendo ser utilizado como alimento tanto na colmeia quanto para o ser humano (BACAXIXI et al., 2011). O sucesso de qualquer tipo de organização está diretamente relacionado à sua gestão. Assim, um modelo de gestão deve ser formulado considerando os princípios e atividades de cada organização, visando sempre ao atendimento dos seus objetivos, dentre os quais o controle de custos (SOARES et al., 2016). Assim, o presente trabalho teve como objetivo analisar economicamente um apiário localizado no município de Água Clara/MS, desde a implantação do projeto e sua manutenção até a venda do mel.

Material e métodos A propriedade foi localizada no município de Água Clara, Mato Grosso do Sul, com latitude 20º 26' 53" S longitude 52º 52' 41" W e altitude de 303m, que possui 34 colmeias. O período de avaliação econômica foi relativo à produção anual (Outubro de 2017). Na análise da infraestrutura, foi calculado o capital fixo como material permanente a ser depreciável em função do tempo de uso. Para o levantamento do custo de produção efetivo (COE), englobou-se toda a mão de obra utilizada e insumos; já o custo operacional total (COT) resultou do COE, acrescido dos demais gastos, como depreciação linear, outras despesas operacionais e juros de custeio (MATSUNAGA et al., 1976). Para o CTP (custo total de produção), foi contabilizado o pró-labore (remuneração) do produtor em relação à atividade. Os indicadores de rentabilidade, propostos por Martin et al. (1997), foram: receita bruta, obtida pelo fator multiplicativo da quantidade produzida e o preço recebido pelo produtor; receita líquida, pela diferença entre a receita e os custos totais; e o índice de lucratividade, correspondente a proporção da receita bruta que se constitui em recursos disponíveis, em relação à receita obtida. Foi verificado ainda o ponto de nivelamento, que se refere ao mínimo que se deve produzir (em quantidade) para cobrir os custos com a produção, bem como ao preço de equilíbrio, resultante do custo total de produção sobre a produtividade.

Resultados e discussão O investimento necessário para a estrutura (capital fixo) do apiário foi de R$19.505,00, sendo que a casa do mel contribui com 62,6%, correspondendo ao item de maior investimento para o sistema apícola. Com relação aos custos oriundos do sistema de produção (Tabela 1), o COE resultou em R$10.317,00, sendo que 62% corresponderam à mão de obra, seguido pelos insumos, que perfizeram 20,5% do COE. Vale destacar que a mão de obra deve ser monitorada de forma constante, considerando que a empresa pode contratar funcionários temporários, buscando uma redução no custo na mão de obra (OLIVEIRA NETO, 2010). O COT foi avaliado em R$12.505,22, envolvendo as demais despesas, a depreciação de instalações/equipamentos, com vida útil média de 10 anos e os juros de custeio, destacando ainda que o CTP foi resultante da remuneração atribuída ao produtor ao longo do ciclo produtivo, com acréscimo de 62% aos custos operacionais. Na Tabela 2, têm-se os indicadores de rentabilidade para a produção de mel. Foi considerado o preço médio pago ao apicultor (R$10,00/kg) para uma produção de 3.876 kg (38 kg por caixa). Desta forma, a receita bruta foi de R$38.760,00, com uma lucratividade aproximada de 48%. Verificou-se ainda que para a produção cobrir os seus custos, é necessário vender 2.026 kg ou comercializar a um preço mínimo de R$5,23/kg para a quantidade produzida, inferindo que a atividade nesta condição é altamente rentável, representando um aumento superior em 91,3% para a quantidade e preço ofertados.

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Tabela 1. Coeficientes técnicos e custo operacional total (COT) para a produção anual de mel no apiário, Água Clara/MS (em R$ - Outubro de 2017). Item Valor (R$) % Mão de obra 7.752,00 62,0 Insumos* 2.565,00 20,5 Custo Operacional Efetivo (COE) 10.317,00 82,5 Outras despesas* 515,85 4,1 Depreciação Linear 1.221,00 9,8 Juros de custeio** 451,37 3,6 Custo Operacional Total (COT) 12.505,22 100 Remuneração do empresário 7.752,00 - Custo Total de Produção (CTP) 20.257,22 - *Aquisição de Rainhas/Embalagem/Cera Alveolada (kg)/Alimento Energético (kg); ** 8,75% a.a. sobre 50% do COE. Fonte: dados da pesquisa.

Tabela 2. Rentabilidade da produção anual de mel no apiário, Água Clara/MS (em R$ - Outubro de 2017). Item Valor Preço/kg 10,00 Produção (kg) 3.876 Receita Bruta (R$) 38.760,00 Custo Operacional Total (R$) 20.257,22 Receita Liquida (R$) 18.502,78 Índice de Lucratividade (%) 47,74 Ponto de equilíbrio - quantidade (kg) 2.026 Ponto de equilíbrio – preço (R$/kg) 5,23 Fonte: dados da pesquisa.

Conclusões Sob a ótica econômica, a produção de mel apresentou bem atrativa, por meio de indicadores de rentabilidade que reforçam a necessidade de uma gestão de custos para a atividade apícola.

Referências BACAXIXI, P.; BUENO, C.E.M.S.; RICARDO, H.A.; EPIPHANIO, P.D.; SILVA, D.P.; BARROS, B.M.C.; SILVA, T.F.; BOSQUÊ, G.G.; LIMA, F.C.C. A importância da apicultura no Brasil. Revista Científica Eletrônica de Agronomia, v. 20, p. 1-5, 2011.

MARTIN, N. B.; SERRA, R.; OLIVEIRA, M. D. M.; ÂNGELO, J.A.; OKAWA, H. Sistema “CUSTAGRI”: sistema integrado de custos agropecuários. São Paulo: IEA/SAA, p. 1-75, 1997.

MATSUNAGA, M.; BERNELMANS, P. F.; TOLEDO, P. E. N.; DULLEY, R. D.; OKAWA, H.; PEDROSO, I. A. Metodologia de custo utilizada pelo IEA. Agricultura em São Paulo, v.23, n.1, p. 123-39, 1976.

OLIVEIRA NETO, A. A. Companhia Nacional de Abastecimento. Custos de Produção Agrícola: a metodologia da Conab, Brasília, v.1, n. 9-10, p. 39-40, 2010. Disponível em: . Acesso em: 21 Mar. 2018.

SOARES, D. M. A.; SOUZA, E. F.; FORMIGA, M. R. G.; SANTOS, C. L. A; LIMA, P. M. F.; ABRANTES, R. S. X.; SANTOS, V. C.; LOIOLA, M. V. C.; SANTOS, E. L. A.; SOUZA, K. A. O planejamento estratégico na apicultura: uma contribuição para a sustentabilidade. Intesa – Informativo Técnico do Semiárido, v. 10, n. 2, p.26- 30, 2016.

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Concentrações de macronutrientes nos grãos de milho em função de misturas de bactérias promotoras de crescimento de plantas, visando a redução da adubação nitrogenada

Jeferson Silva de Souza (1)*, Marcelo Carvalho Minhoto Teixeira Filho (2), Fernando Shintate Galindo (3), Poliana Aparecida Leonel Rosa (4), Rafaela Neris Gaspareto (5), Ingrid Torres Pereira (6)

1UNESP-FEIS, Curso de Engenharia Agronômica– Graduação, Laboratório de Nutrição de Planta – e- mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitossanidade, Engenharia Rural e Solos (DEFERS), Laboratório de Nutrição de Plantas 3UNESP-FEIS, Curso de Pós-graduação em Agronomia 4UNESP-FEIS, Curso de Pós-graduação em Agronomia 5UNESP-FEIS, Curso de Pós-graduação em Agronomia 6UNESP-FEIS, Curso de Engenharia Agronômica– Graduação

Introdução O Brasil é o terceiro maior produtor e segundo maior exportador de milho (OCDE/FAO, 2016), sendo esta uma cultura de intensa representatividade para o país e cultivada em todo território nacional. O uso de fertilizantes químicos principalmente os nitrogenados promovem comumente aumento na produtividade da cultura do milho, de acordo com o IMEA (2015), porém proporcionam aumento no custo de produção. Por conta do elevado custo dos fertilizantes e também pela conscientização a favor de uma agricultura sustentável e menos poluente, são crescentes as pesquisas com o uso de inoculantes que contêm bactérias promotoras de crescimento plantas (BPCP), capazes de fixar o nitrogênio atmosférico e aumentar sua produtividade. As BPCP correspondem a um grupo de microrganismos benéficos às plantas devido à capacidade de colonizar a superfície das raízes, rizosfera, filosfera, tecidos internos das plantas e podem estimular o crescimento das plantas por diversas maneiras, sendo as mais relevantes: capacidade de fixação biológica de nitrogênio e produção de fitormônios. Existem vários trabalhos confirmando que Azospirillum produz fitohormônios que estimulam o crescimento das raízes de diversas espécies de plantas, incrementos na absorção da água e nutrientes, maior tolerância a estresses como salinidade e seca, resultando em uma planta mais vigorosa e produtiva (HUERGO et al., 2008). Além do Azospirillum brasilense existem outras bactérias promotoras de crescimento de plantas de interesse agronômico, como Pseudomonas fluorescens e Bacillus subtilis. Xiao-Ying et al. (2015) constataram que Bacillus subtilis e Pseudomonas fluorescens são as duas espécies mais importantes na promoção do crescimento e proteção contra patógenos em plantas, ocasionando no interior dessas plantas a inibição do crescimento de agentes patogênicos por meio de vários mecanismos, contudo pouco se sabe sobre o efeito destas bactérias isoladas ou combinadas na nutrição de plantas e na concentração de nutrientes nos grãos. O objetivo foi avaliar a influência de diferentes combinações de inoculações com bactérias promotoras do crescimento de plantas (Azospirillum brasilense, Bacillus subtilis e Pseudomonas fluorescens), visando à redução da adubação nitrogenada em cobertura, na concentração de nutrientes nos grãos de milho em região de Cerrado.

Material e métodos O experimento foi realizado com milho safrinha, em sistema plantio direto com irrigação suplementar, em Selvíria – MS, região de Cerrado. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com cinco repetições e oito tratamentos, sendo: 1) Testemunha (sem inoculação e sem adubação nitrogenada); 2) Sem inoculação e com 75% da dose de N recomendada (112,5 kg ha-1 de N, na forma de ureia aplicada em estádio V4); 3) Sem inoculação e aplicação da dose de N recomendada (150 kg ha-1 de N); 4) Inoculação com A. brasilense + 75% da dose de N recomendada; 5) Inoculação com A. brasilense + B. subtilis + 75% da dose de N; 6) Inoculação com A. brasilense + P. fluorescens + 75% da dose de N; 7) Inoculação com B. subtilis + P. fluorescens + 75% da dose de N; e 8) Inoculação com A. brasilense + B. subtilis + P. fluorescens + 75% da dose de N. A adubação nitrogenada foi realizada nas entrelinhas do milho. No estádio R2 do milho foi mensurado indiretamente o índice de clorofila foliar (ICF) por meio de

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leituras na folha abaixo da espiga principal (no terço média desta folha de milho) com a ajuda de um clorofilômetro digital. Na ocasião da colheita do milho, foram separados os grãos para determinação da concentração de N, P, K, Ca, Mg e S, de acordo com metodologia proposta por Malavolta et al. (1997). Os resultados foram analisados pela análise de variância e teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade para comparação de médias dos tratamentos.

Resultados e discussão Os maiores ICF foram obtidos com a inoculação de duas BPCP, indepentemente das espécies e também com 75% de N e sem inoculação (Tabela 1). O N é um dos constituintes da molécula de clorofila, sendo assim, o ICF se correlaciona positivamente com o teor de N na planta. Nas concentrações de macronutrientes nos grãos foi observado grande influência das inoculações com BPCP. Para concentração de N nos grãos de milho, notou-se que as combinações das BPCP proporcionaram concentrações muito superiores. Exatamente o contrário foi observado para as concentrações de Ca e S, ou seja, foram menores. Quanto as concentrações de P e Mg, as maiores foram obtidas com a combinação entre B. subtilis e P. fluorescens, 100% da dose de N recomendada e com a inoculação apenas de A. brasilense. Estes dois últimos tratamentos propiciaram também as maiores concentrações de K nos grãos. Esses resultados se devem a fixação biológica de nitrogênio e produção de fitormônios oriundo da BPCP, os quais interferem na absorção de nutrientes e metabolismo vegetal.

Tabela 1- Índice de clorofila foliar (ICF) e concentrações de N, P, K, Ca, Mg e S nos grãos de milho, em função de inoculações com bactérias promotoras do crescimento de plantas (Azospirillum brasilense, Bacillus subtilis e Pseudomonas fluorescens), associando à redução da adubação nitrogenada em cobertura. ICF N P K Ca Mg S Tratamentos ------(g kg-1)------0% de N sem inoculação 39,77 b 15,40 b 2,86 b 4,05 b 4,77 b 0,90 a 1,30 a 75% de N sem inoculação 48,57 a 15,47 b 2,60 c 2,56 c 5,33 a 0,80 b 1,26 a 100% de N sem inoculação 43,74 b 15,98 b 3,61 a 4,59 a 5,04 b 1,02 a 1,30 a Azo e 75%N 42,50 b 17,03 b 3,49 a 4,78 a 4,92 b 0,95 a 1,29 a Azo+Bac e 75%N 46,40 a 52,80 a 3,10 b 3,63 b 0,43 c 0,73 b 0,27 b Azo+Pseud e 75%N 45,97 a 50,53 a 2,47 c 2,67 c 0,50 c 0,70 b 0,27 b Bac+Pseud e 75%N 48,52 a 50,10 a 3,77 a 3,88 b 0,50 c 0,90 a 0,27 b Azo+Bac+Pseud e 75%N 41,35 b 51,30 a 3,13 b 3,57 b 0,40 c 0,73 b 0,23 b Teste F 9,85** 211,4** 13,55** 15,27** 562,3** 5,39** 173,5** Erro Padrão 1,045 1,30 0,1285 0,2050 0,1029 0,0506 0,0418 Média geral 44,60 33,58 3,13 3,72 2,74 0,84 0,77 CV (%) 5,24 6,69 7,12 9,56 6,51 10,41 9,37 Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo teste Scott Knott a 5% de probabilidade. **, * e ns: significativas em p <0,01, 0,01

Conclusões As BPCP combinadas proporcionam maior ICF e concentração de N nos grãos de milho, porém menores concentrações de Ca e S em relação aos tratamentos sem inoculação. As maiores concentrações de P e Mg foram obtidas com a combinação entre B. subtilis e P. fluorescens, com 100% da dose de N recomendada e com a inoculação apenas de A. brasilense. A concentração de K foi superior com 100% da dose de N recomendada e com a inoculação apenas de A. brasilense.

Referências VIANA, G. “Bactérias aumentam produtividade do milho e reduzem adubos químicos”. Embrapa, 2015. Disponível em:. Acesso em: 23 mar. 2018.

XIAO-YING, G.; CHUN-E, H.; TAO, L.; ZHU, O. Effect of Bacillus subtilis and Pseudomonas fluorescens on growth of greenhouse tomato and rhizosphere microbial community. Journal of Northeast Agricultural University, v. 22, n. 3, p. 32-42, 2018.

MOURA, R. ROBERTO, A. VINICIUS, A. “035 - Coquetel biológico (EM) no crescimento de mudas de Ocimum basilicum L.”. Cadernos de Agroecologia, 2012. Disponível em: . Acesso em 23 mar. 2018.

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Concentrações de micronutrientes nos grãos de milho em função de misturas de bactérias promotoras de crescimento de plantas, visando a redução da adubação nitrogenada

Jeferson Silva de Souza (1)*, Marcelo Carvalho Minhoto Teixeira Filho (2), Fernando Shintate Galindo (3), Poliana Aparecida Leonel Rosa (4), Rafaela Neris Gaspareto (5), Ingrid Torres Pereira (6)

1UNESP-FEIS, Curso de Engenharia Agronômica– Graduação, Laboratório de Nutrição de Planta – e- mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitossanidade, Engenharia Rural e Solos (DEFERS), Laboratório de Nutrição de Plantas 3UNESP-FEIS, Curso de Pós-graduação em Agronomia 4UNESP-FEIS, Curso de Pós-graduação em Agronomia 5UNESP-FEIS, Curso de Pós-graduação em Agronomia 6UNESP-FEIS, Curso de Engenharia Agronômica– Graduação

Introdução A população mundial ultrapassou sete bilhões de pessoas em 2011 e continua crescendo a cada década. Neste contexto, se destaca o milho, o qual é o alimento base para produção animal. O Brasil é o terceiro maior produtor e segundo maior exportador de milho (OCDE/FAO, 2016), abaixo apenas de países como China e Estados Unidos. Para obter aumento expressivo na produtividade da cultura do milho, o manejo da adubação nitrogenada é realizado, entretanto, em função da dinâmica do N no solo, são adicionadas grandes quantidades de fertilizantes nitrogenados, o que onera o custo de produção dos agricultores e polui o ambiente, tanto para produção como após sua aplicação no campo. Assim, para uma agricultura mais sustentável, é crescente e explicável o interesse pelo uso de inoculantes contendo bactérias que promovem o crescimento e incrementam a produtividade de plantas. Essas bacterias correspondem a um grupo de microrganismos benéficos às plantas devido à capacidade de colonizar a superfície das raízes, rizosfera, filosfera, tecidos internos das plantas, proporcionando na minimização de estresse e controle biológico da microbiota patogênica e podem estimular o crescimento das plantas por diversas maneiras, sendo as mais relevantes: capacidade de fixação biológica de nitrogênio. Na literatura existem vários trabalhos confirmando que Azospirillum produz fitohormônios que estimulam o crescimento das raízes de diversas espécies de plantas, incrementos na absorção da água e minerais, maior tolerância a estresses como salinidade e seca, resultando em uma planta mais vigorosa e produtiva (HUERGO et al., 2008). Além do Azospirillum brasilense existem outras bactérias promotoras de crescimento de plantas (BPCP) de interesse agronômico, como Pseudomonas fluorescens e Bacillus subtilis. Xiao-Ying et al. (2015) constataram que Bacillus subtilis e Pseudomonas fluorescens são as duas espécies mais importantes na promoção do crescimento e proteção contra patógenos em plantas, ocasionando no interior dessas plantas a inibição do crescimento de agentes patogênicos através de vários mecanismos. A hipótese desta pesquisa é que a inoculação combinada de diferentes espécies de BPCP pode contribuir de forma mais sustentável com a biofortificação agronômica (como Fe e Zn) de grãos de milho. Sendo assim, objetivou-se avaliar a influência de diferentes combinações de inoculações com bactérias promotoras do crescimento de plantas (Azospirillum brasilense, Bacillus subtilis e Pseudomonas fluorescens), visando à redução da adubação nitrogenada em cobertura, na concentração de micronutrientes nos grãos de milho em região de Cerrado.

Material e métodos O experimento foi realizado com milho safrinha, em sistema plantio direto com irrigação suplementar, em Selvíria – MS, região de Cerrado. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com cinco repetições e oito tratamentos, sendo: 1) Testemunha (sem inoculação e sem adubação nitrogenada); 2) Sem inoculação e com 75% da dose de N recomendada (112,5 kg ha-1 de N, na forma de ureia aplicada em estádio V4); 3) Sem inoculação e aplicação da dose de N recomendada (150 kg ha-1 de N); 4) Inoculação com A. brasilense + 75% da dose de N recomendada; 5) Inoculação com A. brasilense + B. subtilis + 75% da dose de N; 6) Inoculação com A. brasilense + P. fluorescens + 75% da dose de N; 7) Inoculação com B. subtilis + P. fluorescens + 75% da dose de N; e 8) Inoculação com A. brasilense + B. subtilis + P. fluorescens + 75% da dose de N. A adubação nitrogenada foi realizada nas entrelinhas do

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milho. Na ocasião da colheita do milho, foram separados os grãos para secagem, moagem e determinação da concentração de B, Cu, Fe, Mn e Zn, de acordo com metodologia proposta por Malavolta et al. (1997). Os resultados foram analisados pela análise de variância e teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade para comparação de médias dos tratamentos.

Resultados e discussão De acordo com os resultados observados na Tabela 1, as inoculações com BPCP não influenciaram a concentração de B nos grãos de milho em relação aos tratamentos sem inoculação. Diferentemente para as concentrações de Cu, Fe, Mn e Zn nos grãos, notou-se grande diferença entre os tratamentos. A maior concentração de Cu foi obtida na testemunha (sem inoculação e sem adubação com N em cobertura). Por outro lado, observou-se superior concentração de Mn quando se adubou com 100% da dose de N e para inoculação apenas com A. brasilense. Contudo o resultado mais interessante demonstrou que as maiores concentrações de Fe e Zn foram propiciadas pela inoculação de Bacillus subtilis mais Pseudomonas fluorescens, mesmo com a redução de 25% na dose de N recomendada para a cultura. Portanto, esta seria a combinação de BPCP mais interessante para a biofortificação agronômica de grãos de milho, e de forma sustentável.

Tabela 1- Concentrações de B, Cu, Fe, Mn e Zn nos grãos de milho, em função de inoculações com bactérias promotoras do crescimento de plantas (Azospirillum brasilense, Bacillus subtilis e Pseudomonas fluorescens), associando à redução da adubação nitrogenada em cobertura. B Cu Fe Mn Zn Tratamentos ------(mg kg-1)------0% de N sem inoculação 1,28 a 56,67 a 10,67 c 6,00 c 29,00 d 75% de N sem inoculação 1,94 a 4,33 d 3,33 d 2,67 d 23,67 e 100% de N sem inoculação 3,00 a 20,00 c 11,33 c 12,33 a 31,67 d Azo e 75%N 2,08 a 27,00 b 10,00 c 12,33 a 35,00 c Azo+Bac e 75%N 2,57 a 6,00 d 24,33 b 10,00 b 59,33 b Azo+Pseud e 75%N 3,33 a 5,67 d 23,00 b 6,67 c 58,00 b Bac+Pseud e 75%N 2,50 a 8,00 d 30,33 a 10,33 b 68,00 a Azo+Bac+Pseud e 75%N 2,00 a 7,33 d 26,67 b 8,67 b 60,67 b Teste F 2,809* 62,841** 60,742** 16,982** 152,293** Erro Padrão 0,3885 2,2699 1,2528 0,8128 1,4149 Média geral 2,34 16,88 17,46 8,62 45,67 CV (%) 28,78 23,30 12,43 16,32 5,37 Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo teste Scott Knott a 5% de probabilidade. **, * e ns: significativas em p <0,01, 0,01

Conclusões A concentração de B nos grãos de milho não diferiu entre os tratamentos. A maior concentração de Cu foi obtida na testemunha. A concentração de Mn foi superior quando se adubou com 100% da dose de N e para inoculação apenas com A. brasilense. As maiores concentrações de Fe e Zn foram propiciadas pela inoculação de Bacillus subtilis mais Pseudomonas fluorescens, mesmo com a redução de 25% na dose de N recomendada para a cultura. Portanto, esta seria a combinação de BPCP mais interessante para a biofortificação agronômica de grãos de milho.

Referências VIANA, G. “Bactérias aumentam produtividade do milho e reduzem adubos químicos”. Embrapa, 2015. Disponível em:. Acesso em: 23 mar. 2018.

MOURA, R. ROBERTO, A. VINICIUS, A. “035 - Coquetel biológico (EM) no crescimento de mudas de Ocimum basilicum L.”. Cadernos de Agroecologia, 2012. Disponível em: . Acesso em 23 mar. 2018.

XIAO-YING, G.; CHUN-E, H.; TAO, L.; ZHU, O. Effect of Bacillus subtilis and Pseudomonas fluorescens on growth of greenhouse tomato and rhizosphere microbial community. Journal of Northeast Agricultural University, v. 22, n. 3, p. 32-42, 2018.

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Controle químico de Chrysodeixis includens na cultura da soja, em condições de campo.

Gustavo Ribeiro Camargo(1)*, Germison Vital Tomquelski(2), Jõao Paulo Paiva do Amaral(3), Jõao Victor Maestrello Leal(3), Josiane Aparecida Viveiros de Oliveira(4), Anna Caroline Pelais de Queiroz(5)

1 UNESP-FEIS, Curso de Engenharia Agronômica, e-mail: [email protected] 2 Fundação Chapadão, Pesquisador. 3 UNESP-FEIS, Curso de graduação em Agronomia. 4 Fundação Chapadão, Engenheira Agrônoma. 5 Engenheira Agrônoma. Introdução A soja é uma commodity agrícola que é responsável por aproximadamente 13% do volume total de exportações no Brasil (Augusto et al., 2012). Ao país, é atribuída a posição de segundo maior produtor de soja em nível mundial (Embrapa, 2013), com previsões para a safra de 2014 de uma produção em torno de 90×106 toneladas, constituindo-se assim, em um novo recorde na produção nacional (Conab, 2014). No entanto, existe ainda a necessidade de melhorar os índices de produtividade, diante de um quadro de crise econômica mundial, a demanda por alimentos de uma população que deverá crescer exponencialmente até 2050, impõe às lideranças globais o desafio de aumentar a produção agrícola de maneira sustentável (FAO, 2014). A cultura da soja está sujeita ao ataque de muitas espécies de insetos e ácaros durante todo seu ciclo (Vivan e Degrande, 2011). Os insetos-praga da Ordem Lepidoptera são os agentes desfolhadores que provocam os danos mais consideráveis, durante todos os estádios fenológicos dessa cultura (Reunião, 2010). Uma das pragas que apresenta grande incidência nas lavouras brasileiras é a lagarta falsa medideira, Chrysodeixis includens que comumente ataca as lavouras de soja no Brasil causando prejuízos. Seu hábito e época de ocorrência nas lavouras a torna uma praga muito importante, sendo de difícil controle. Diante disso, o estudo de novas moléculas faz-se necessário para minimizar os danos. O objetivo do presente trabalho é avaliar o efeito de diversos inseticidas no controle de Chrysodeixis includens na cultura da soja em condições de campo.

Material e métodos O experimento foi conduzido na Fazenda Nova França, no município de Costa Rica-MS. O delineamento utilizado foi o de blocos casualizados (DBC), com 4 repetições sendo as parcelas compostas por 14 linhas da cultura com 9 metros de comprimento (72 m²) e espaçamento entre linhas da cultura de 0,45 m. As avaliações foram realizadas por meio de “pano de batida”, contando lagartas Chrysodeixis includens, em 3 batidas de pano por parcela, totalizando 16 batidas de pano por tratamento. Fez-se uma avaliação prévia para Chrysodeixis includens, antecedendo as aplicações, e as demais avaliações aos 2, 4, 7 e 14 DAA (dias após aplicação). Para aplicação dos tratamentos foi utilizado um pulverizador costal de pressão constante (CO2) equipado com uma barra e espaçadas de 50 cm. A análise estatística dos dados foi realizada com auxílio do programa SISVAR (Ferreira, 2002). Os resultados foram submetidos a análise de variância, adotando-se como critério para escolha do modelo a magnitude dos coeficientes significativos a 5 %, pelo teste Tukey.

Resultados e discussão Tabela 1.Efeito de diversos inseticidas no controle de lagartas Chrysodeixis includens na cultura da soja. Número total de lagartas em 16 batidas de pano e % de eficiência (%E). Aos 2, 4, 7, 14 dias após aplicação. Fazenda Nova França. Município de Costa Rica/MS. Safra 2016/17.

Doses (mL Número de Lagartas por pano de batida Tratamentos ou g p.c. ha-1 ) 2 DAA 4 DAA 7 DAA 14 DAA Testemunha - 6,75 a 5,25 a 5,25 a 5,25 a Metomil + 500 3,00 bc 1,75 b 3,00 ab 1,75 b Novalurom

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Flubendiamida 70 2,50 bc 3,25 ab 1,25 b 1,50 b Indoxacarbe 400 2,00 bc 1,50 b 1,75 b 1,00 b Clorfenapir 1000 1,50 bc 1,75 b 2,00 b 1,75 b Tiodicarbe 400 1,25 c 1,50 b 2,00 b 1,50 b Espinetoram 150 1,75 bc 2,50 b 2,75 ab 0,75 b Metoxifenozida 350 4,25 ab 3,00 b 3,25 ab 1,50 b Metoxifenozida + 300 + 1200 3,50 bc 2,50 b 1,75 b 2,00 ab Clorpirifós Valor de F 8,96** 7,80** 5,04** 3,73** DMS 2,78 2,04 2,58 3,28 CV 39,28 33,15 41,97 72,22 ¹Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna, comparado em 2 DAA, 4 DAA, 7 DAA e 14 DAA, dentro de cada variável, não apresentam diferença significativa entre si pelo teste de Tukey (P=0,05); ²DAA: Dias após aplicação.

Conclusões De acordo com os resultados descritos na Tabela 1, observou-se que: • Em 2 DAA, o tratamento Tiodicarbe se diferiu significativamente entre a testemunha e os demais tratamentos. • Metomil+Novalurom, Flubendiamida, Indoxacarbe, Clorfenapir, Espinetoram e Metoxifenozida+ Clorpirifós se diferiram significamente da testemunha, mas não apresentaram diferença entre o tratamento Tiodicarbe. • Em 4 DAA apenas Flubendiamida não se diferiu da testemunha. • Em 7 DAA os tratamentos Metomil+Novalurom, Espinetoram e Metoxifenozida não se diferiram significativamente da testemunha. • Em 14 DAA somente Metoxifenozida+Clorpirifós não apresentou diferença significativa em relação a testemunha.

Referências

Augusto LGS, Carneiro FF, Pignati W, Rigotto RM, Friedrich K, Faria NMX, Búrigo AC, Freitas VMT, Guiducci Filho E (2012) Dossiê ABRASCO - Um Alerta sobre os Impactos dos Agrotóxicos na Saúde. Associação Brasileira de Saúde Coletiva. 2ª Parte. Rio de Janeiro, Brasil. 135 pp.

Conab (2014) Nono Levantamento da Avaliação da Safra de Grãos 2013/2014. Companhia Nacional de Abastecimento. Brasília, Brasil. www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/ ar-quivos/14_05_08_10_11_00_bo- letim_graos_maio_2014.pdf (Cons. 17/06/2014).

Embrapa (2013) Embrapa Soja. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. www.cnpso.em- brapa.br/index.php?op_page=22& (Cons. 03/06/2013).

FAO (2014) Demanda Mundial por Alimentos e Combate a Fome. Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura. www.fao.org.br/FAOdd m a .asp (Cons. 22/01/ 2014)

Vivan LM, Degrande PE (2011) Pragas da soja. Bol. Pesq. Soja 15: 239 -297.

Reunião (2010) Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina 2010/2011 e 2011/2012. 38ª Reunião de pesquisa da soja da região sul. FUNDACEP FECOTRIGO. Cruz Alta, Brasil. 168 pp.

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Densidade básica da madeira de espécies arbóreas de cerrado no Município de Três Lagoas - MS

Leonardo Ribeiro Queiroz(1)*, Arlindo Ananias Pereira da Silva (2), William de Oliveira Pereira(3)

1AEMS-FITL, Curso de Engenharia Civil – Bacharelado, e-mail: [email protected] 2UFMS-CPTL, Docente Auxiliar - Temporário, Curso de Engenharia de Produção e Ciências Biológicas, Laboratório de Física 3UFMS-CPTL, Curso de Ciências Biológicas – Licenciatura.

Introdução As espécies nativas do bioma cerrado apresentam diferentes potenciais de uso como, por exemplo, o madeireiro, tanto para uso moveleiro como estrutural. Existe uma subutilização do potencial que a flora nativa oferece devido à carência de pesquisas no Brasil (FISCHER et al., 2007) e, o processo de urbanização torna-se uma das grandes ameaças ao desaparecimento dessas espécies. De acordo com Martini et al. (2010), gerar informações referentes ao desenvolvimento da planta em seu ambiente é uma das ferramentas básicas para se indicar o uso e as necessidades da mesma. De acordo com Almeida (2007), o desenvolvimento tecnológico da madeira como material estrutural cresceu mundialmente nas últimas décadas, em vista disso as industrializações da madeira nas construções aumentaram, surgindo novos produtos à base de madeira, tais como MDF (Medium Density Fiberboard) placa de fibra de média densidade e o OSB (oriented strand board) painel de particulas de madeira orientada. A madeira pode ser encontrada em diversas formas como material estrutural, como, madeira em tora, madeira serrada, madeira laminada colada, madeira compensada e madeira reconstruídas. O comportamento estrutural da madeira dependem das exigencias de um projeto final. Sendo o uso mais frequenta das madeiras reconstituidas por terem propriedades isotrópicas, garatindo assim um otimo desempenho estrutural, garatindo mais diversidade nas construções. A madeira quando utilizada na construção civil, apresenta uma serie de vantagem, garantindo segurança e durabilidade além de aparência visual agradavel. No município de Três Lagoas-MS, praticamente todo Cerrado nativo foi desmatado para a instalação de pastagens e posteriormente para o cultivo de eucalipto, restando poucos fragmentos de cerrado intocado. Da mesma forma, em perímetro urbano, restaram pequenas áreas, geralmente antropizadas, que refletem, em parte, a vegetação original do ambiente. Dessa forma, torna-se imprescindível o estudo dessas áreas em busca de plantas com características interessantes para o homem e consequentemente para sua preservação. Nesse sentido este trabalho objetivou estudar a densidade da madeira de espécies arbóreas nativas presentes em perímetro urbano do município, com potencial para uso em sistemas estruturais.

Material e métodos O estudo foi desenvolvido no município de Três Lagoas - MS, em áreas de cerrado modificadas pela ação antrópica e localizadas no perímetro urbano. O Município de Três Lagoas, com uma área de 10.206 Km2. Está localizado na porção leste do Estado de Mato Grosso do Sul. Sua sede está a uma altitude de 319 m, nas coordenadas 20º 45’ 04" latitude Sul e 51º 40' 42" longitude Oeste (IBGE, 2009). A cobertura vegetal original do Município é de cerrados e campos limpos e, a classe de solo Latossolo vermelho escuro e Podzólico vermelho escuro, e Neossolo quartzarênico. O clima, segundo classificação de Köppen, é do tipo tropical quente e úmido (Aw), com estação chuvosa no verão e seca no inverno e precipitação média anual está compreendido entre 900 mm e 1.400 mm. A temperatura média anual é de 26ºC. Na seleção das árvores das espécies amostradas (Tabela 1), foram considerados indivíduos livres de injurias mecânicas e ataque por agentes xilófagos. Após a seleção dos indivíduos, de cada espécie amostrada foram retiradas baguetas diametrais de 20 mm, de casca a casca, utilizando-se o trado de incremento. Para a determinação da densidade básica por posição radial de amostragem foi utilizado o procedimento de imersão em água, descrito na norma NBR 11941 (ABNT, 2003). Tabela 1 – Família, nome científico, nome vulgar e frequência das espécies. Família Nome científico Nome vulgar Caryocaraceae Caryocar brasiliense Pequi Fabaceae Bowdichia virgilioides Sucupira-preta Copaifera langsdorffi Copaíba Hymenaea Jatobá-do-cerrado stigonocarpa

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Resultados e discussão Os valores da densidade básica média, mínima e máxima de todas as espécies são apresentados na Tabela 2. De acordo com os resultados encontrados a densidade básica mínima variou de 0,34-0,67 g.cm-3, enquanto que a máxima variou de 0,99-1,10 g.cm-3.

Tabela 2 – Valores de densidade básica média, mínima e máxima das espécies estudadas. Espécie Média Mínima Máxima Bowdichia virgilioides 0,73 0,34 (0,13) 1,09 (0,10) (0,00) Caryocar brasiliense 0,79 0,65 (0,10) 1,01 (0,09) (0.08) Copaifera langsdorffi 0,83 0,59 (0,04) 0,99 (0,00) (0,05) Hymenaea stigonocarpa 0,92 0,67 (0,05) 1,10 (0,02) (0,05) Média seguida de desvio padrão.

Conclusões A caracterização da densidade básica da madeira, é uma ferramenta importante para o direcionamento do possível uso, de forma correta, das espécies, servindo como subsídio para trabalhos futuros e para o manejo florestal sustentável de recursos florestais madeireiros, as espécies estudadas apresentaram densidades classificadas como moderada a alta, sendo interessante para uso em sistemas estruturais, contudo há necessidade de estudos relativos as propriedades mecânicas da madeira, uma vez que esta é considerada um material anisotrópico.

Referências ALMEIDA

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 11941: madeira: determinação da densidade básica. Rio de Janeiro, 2003. 6 p.

FISCHER, S. Z.; STUMPF, E. R. T.; HEIDEN, G.; BARBIERI, R. L.; WASUM, R. A. Plantas da flora brasileira no mercado internacional de floricultura. Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, p. 510-512, 2007. IBGE

MARTINI, A.; BIONDI, D.; BATISTA, A.C.; NATAL, C.M. Fenologia de espécies nativas com potencial paisagístico. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 31, n. 1, p.75-84, 2010.

ALMEIDA, P. A. O. 35 - Madeira como Material Estrutural. In: Geraldo Cechela Isaia. (Org.). MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO CIVIL e Princípios de Ciência e Engenharia de Materiais. 1 ed. São Paulo: Arte Interativa, 2007, v. 02, p. 1181-1202.

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Efeito de herbicidas no controle de Digitaria insularis na cultura da soja, em condições de campo

Gustavo Ribeiro Camargo(1)*, Germison Vital Tomquelski(2), Eduardo Henrique Marcandalli Bolleta(3), Josiane Aparecida Viveiros de Oliveira(4), Anna Caroline Pelais de Queiroz(5)

1 UNESP-FEIS, Curso de Engenharia Agronômica, e-mail: [email protected] 2 Fundação Chapadão, Pesquisador. 3 UNESP-FEIS, Curso de graduação em Agronomia. 4 Fundação Chapadão, Engenheira Agrônoma. 5 Engenheira Agrônoma.

Introdução A cultura da soja durante a safra 2017/2018 ocupou uma área em torno de 35,0 milhões de hectares, com produção total de 111,6 milhões de toneladas (CONAB, 2017). Algumas plantas daninhas apresentam maior tolerância ao herbicida Glifosato, entre as plantas que requerem uma atenção maior, está em destaque a Digitaria insularis, mais conhecido como capim amargoso. O problema de plantas daninhas resistentes no Brasil é uma das preocupações de pesquisadores da área de Ciência das Plantas Daninhas, além dos produtores que já verificam perdas significativas nos campos agrícolas. O uso de herbicidas com diferentes mecanismos de ação, evita a resistência das plantas daninhas e também ajuda a melhorar o controle de diferentes plantas daninhas. De tal forma os estudos de associação de herbicidas com glifosato devem ser realizados a fim de manter a sustentabilidade do sistema e evitar o surgimento de biótipos resistentes. Diante deste fato a necessidade de estudos de novas estratégias de ação, e novos herbicidas, para conter o aumento na infestação destas plantas, se faz necessário. O capim-amargoso é uma espécie nativa de regiões tropicais e subtropicais da América, onde é frequentemente encontrado em diversos locais, culturas. Apresenta diversas características que o difere de outras plantas daninhas, entre elas destaca-se a capacidade de formação de rizomas, que apesar de curtos são bem evidentes, formando notáveis touceiras e a capacidade de disseminação de propágulos (sementes) praticamente durante todo o verão (LORENZI 2000). As sementes desta espécie são revestidas por muitos pelos, os quais auxiliam sua dispersão a longas distâncias, o que, aliado ao grande percentual germinativo, permite que essa planta se dissemine com grande facilidade. O objetivo do presente trabalho é avaliar a eficácia agronômica de alguns herbicidas em estratégias e intervalos de dessecação, anterior a semeadura da cultura da soja.

Material e métodos O experimento foi realizado na área experimental da Fundação Chapadão, no município de Chapadão do Sul/MS, na safra 2016/17. O delineamento experimental utilizado consistiu-se em blocos casualizados (DBC), sendo compostos por parcelas com 7 linhas da cultura com 8 metros de comprimento (25,2 m2) e espaçamento de 0,45 m entre linhas. As avaliações foram realizadas aos 7, 14, 28 e 42 dias após a aplicação (DAA) atribuindo-se notas segundo a escala de ALAM (1974). Para a aplicação dos tratamentos utilizou-se pulverizador costal de pressão constante (CO2) equipado com uma barra, cujos bicos aplicadores espaçados de 50 cm para cada linha. A análise estatística dos dados foi realizada com auxílio do programa SISVAR. Os resultados foram submetidos a análise de variância, adotando-se como critério para escolha do modelo a magnitude dos coeficientes significativos a 5 %, pelo teste Tukey.

Resultados e discussão

Para o controle da principal daninha na cultura da soja, realizou-se aplicações em 2 épocas: 5 dias antes da semeadura (Pré-Semeadura), e em Pré-Plantio, combinando-se diferentes moléculas e seus diferentes modos de ação no controle herbistático, como pode ser observado na Tabela 1.

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Tabela 1. Efeito de diversos herbicidas no controle de Capim-Amargoso (Digitaria insularis L.) na cultura da soja. Porcentagem de controle aos 7, 14, 28 e 42 dias após aplicação (DAA). Fazenda Experimental da Fundação Chapadão. Chapadão do Sul/MS, Safra 2016/17. Porcentagem de Controle do Capim-Amargoso (%) Tratamentos Doses (mL ou g p.c. ha-1 ) 7 DAA 14 DAA 28 DAA 42 DAA 1) Testemunha - 0 d 0 c 0 c 0 d 2) 2,4D+Glifosato+Flumyzin+ 400+3000+100+500 70,0 c 78,3 b 80,0 b 73,3 c Dash, em Pré-Plantio 3) 2,4D+Glifosato+Zethamaxx+ 400+3000+500+500 70,0 c 80,0 b 80,0 b 80,0 b Dash, em Pré-Plantio 4) 2,4 D+Glifosato+ Optil + Dash, 400+3000+200+500 70,0 c 81,6 b 83,3 b 80,0 b em Pré-Plantio 5) 2,4 D+Glifosato+ Optil + Dash, 400+3000+200+500 90,0 a 90,0 a 90,0 a 80,0 b 5 dias Pré-Semeadura 6) 2,4D+Glifosato+Diclosulan+ 400+3000+24+150+500 Imazethapyr+Dash, em Pré- 70,0 c 78,6 b 80,0 b 80,0 b Plantio 7) 2,4 D+Glifosato + S- 400+3000+1152+ metolachlor+Imazethapyr+Dash, 150+500 70,0 c 81,6 b 80,0 b 80,0 b em Pré-Plantio 8) 2,4 D+Glifosato+Clomazone 400+3000+540+ +Pendimenthalin+Dash, em Pré- 1500+500 70,0 c 80,0 b 80,0 b 80,0 b Plantio 9) 2,4 D+Glifosato+Sulfentrazone 400+200+1500+ 150+500 +Imazethapyr+Dash, em Pré- 70,0 c 80,0 b 81,6 b 80,0 b Plantio 10) 2,4 D+Glifosato+ Metribuzin + 400+3000+360+ 70,0 c 78,3 b 78,3 b 75,0 bc Trifluralin+Dash, em Pré-Plantio 1500+500 11) Paraquat + Optill + Dash, 300+200+500 86,6 b 91,6 a 90,0 a 90,0 a 5 dias Pré-Semeadura

12) Paraquat + Prow H2O+Dash, 300+2000+500 70,0 c 91,6 a 91,6 a 90,0 a em Pré-Plantio D.M.S. 2,93 5,84 5,00 5,48 CV (%) 2,22 3,91 3,33 3,76

¹Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna, comparado em 7 DAA, 14 DAA, 28 DAA e 42 DAA, dentro de cada variável, não apresentam diferença significativa entre si pelo teste de Tukey (P=0,05); ²DAA: Dias após aplicação.

Conclusões Para o Controle do capim-amargoso observa-se melhor desempenho na aplicação `5) 2,4 D+Glifosato+ Optil + Dash em Pré-Semeadura’ oferecendo maior controle na fase inicial, enquanto ainda não ocorreu o fechamento da cultura, coincidindo com o período crítico de interferência.

Referências

ASOCIACIÓN LATINOAMERICANA DE MALEZAS – ALAM. Recomendaciones sobre unificación de los sistemas de evaluación en ensayos de control de malezas. ALAM, v.1, n.1, p.35-38, 1974.

COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Acompanhamento da safra Brasileira – grãos – safra 2016/2017 – quarto levantamento da safra – janeiro/2017 Brasilia: MAPA, 2017. 86p. Disponível em: Acesso em: 16 de Abril. 2017.

LORENZI, H. Plantas daninhas do Brasil: terrestres, aquáticas, parasitas, tóxicas e medicinais. 3. ed. Nova Odessa: Plantarum, 2000. 608 p.

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Efeitos da inoculação de bactérias promotoras de crescimento nos aspectos produtivos e produtividade do arroz de terras altas

Fernando de Souza Buzo(1)*, Lucas Martins Garé (2), Orivaldo Arf(3), Paulo Henrique Pissolito(1), Anderson Teruo Takasu(2), Fábio Lima Abrantes(1)

1UNESP-FEIS, Curso de Engenharia Agronômica, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio-Economia. *e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Curso de Pós-graduação em Agronomia, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio-Economia. 3UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio-Economia.

Introdução Segundo a Conab (2018), a produtividade da cultura do arroz no Brasil nesta safra cairá cerca de 6,1% em relação ao ano anterior, o que resultará em uma produtividade média de 5,8 t ha-1. Soma-se a isso uma ligeira retração na área cultivada e tem-se uma safra com produção total cerca de 7,7% menor que na safra anterior. Analisando-se ainda o levantamento de safra, observa-se a grande diferença que existe entre a produtividade da região Sul, onde predomina o cultivo irrigado por inundação e das outras regiões do país, onde a produtividade média cai pela metade, praticamente. O arroz de terras altas cultivado com o uso da irrigação por aspersão pode proporcionar estabilidade de produção e lucratividade, estimulando o uso de práticas de maior nível tecnológico, com consequente aumento na produtividade (ARF et al., 2012). Desse modo, o cultivo de terras altas tem potencial para elevar sua produtividade. As bactérias promotoras de crescimento de plantas (BPCP) são capazes de auxiliar no suprimento de nutrientes para as plantas (como no caso de A. brasilense), produzindo substâncias que estimulam o crescimento das plantas ou ainda modificando a microbiota da rizosfera, auxiliando contra nematoides ou outros patógenos (SANTOS, 2014; SZILAGYI-ZECCHIN, 2015). Assim, representam alternativas sustentáveis para incrementar a produção agrícola mundial e controlar fitopatógenos. Desse modo, o presente trabalho objetivou verificar se a aplicação foliar de três bactérias promotoras de crescimento ou da sua mistura na cultura do arroz é capaz de alterar os aspectos produtivos e a produtividade do arroz de terras altas.

Material e métodos O trabalho foi realizado na em área experimental situada na FEPE/UNESP, no município de Selvíria-MS durante a safra agrícola de 2016/17. Utilizou-se o delineamento de blocos acaso, com quatro repetições. Os tratamentos foram a aplicação via foliar de inoculantes a base de bactérias promotoras de crescimento vegetal, Azospirillum brasilense (200 mL ha-1 do inoculante), Bacillus subtilis (500 mL ha-1 do inoculante), B. amyloliquefasciens (500 mL ha-1 do inoculante), uma mistura das três bactérias e ainda um tratamento testemunha (todos os tratamentos foram pulverizados com volume de calda de 150 L ha-1). A área foi preparada mecanicamente de modo convencional, com uma aração e duas gradagens e a semeadura foi realizada no dia 05 de novembro de 2016 usando-se densidade de semeadura de 70 kg ha-1 de sementes da cultivar BRS Esmeralda. A adubação no sulco de semeadura foi de 150 kg ha-1 de 04-30- 10 na formulação NPK. O fornecimento de água foi realizado por sistema fixo de irrigação por aspersão, com precipitação média de 3,3 mm hora-1 nos aspersores. A adubação de cobertura foi feita no dia 09 de dezembro de 2016, aplicando-se 70 kg ha-1 de N tendo o sulfato de amônio como fonte. A aplicação foliar dos tratamentos se deu dia 30 de novembro de 2016, cerca de 20 dias após a emergência da cultura. No dia 20 de fevereiro de 2017 procedeu-se a colheita manual das duas linhas centrais de cada parcela experimental, trilha mecânica e, na sequência, os grãos foram colocados em bandejas para secagem natural a sombra para atingirem umidade próxima de 13%. Realizou-se a análise de variância (Teste F) dos dados para verificar possíveis efeitos dos tratamentos pelo programa estatístico Sisvar®.

Resultados e discussão Os resultados obtidos para altura de plantas, número de panículas m-2, massa de cem grãos, massa hectolítrica, fertilidade de espiguetas e produtividade de grãos da cultivar de arroz BRS Esmeralda estão expressos na Tabela 1. É possível observar que nenhum dos tratamentos realizados diferiu do tratamento testemunha, para todos os caracteres avaliados na safra 2016/17. Tabela 1. Valores médios de altura de plantas, panículas por m2, massa de cem grãos (M100), massa hectolítrica (MHecto), fertilidade de espiguetas (FtEsp.) e produtividade de grãos (Prodt.) obtidos em arroz de terras altas em função

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da aplicação de diferentes bactérias promotoras de crescimento. Selviria (MS), 2016/17. Altura M100 MHecto FtEsp. Prodt. Paniculas m-2 Tratamentos (m) (g) (kg 100L-1) (%) (kg ha-1) Testemunha 1,19 267,14 2,71 47,83 80,85 5.985,88 A. brasilense 1,17 218,57 2,69 47,27 79,10 5.476,96 B. amyloliquefaciens 1,16 232,86 2,59 49,41 80,01 6.257,90 B. subtillis 1,17 247,14 2,59 47,27 79,94 5.433,00 Mistura 1,17 225,71 2,65 47,41 76,95 5.955,65 Teste F 0,23ns 1,63 ns 1,04 ns 0,74 ns 0,26 ns 1,36 ns DMS 0,09 68,21 0,24 4,75 13,08 1.376,52 C.V. 3,36 12,70 4,06 4,40 7,31 10,49 Média Geral 1,17 238,29 2,64 47,84 79,37 5.821,88 Ns: não significativo pelo Teste F; DMS: diferença mínima significativa; C.V.: Coeficiente de variação.

Os valores médios encontrados estão dentro do esperado para a cultura e a produtividade, inclusive, encontra-se acima da média encontrada para a região centro-oeste do país. A ausência de resultados do presente trabalho pode ser corroborada por trabalhos como o de Garé et al. (2017), que não observaram nenhum efeito da inoculação foliar de A. brasilense na cultura do arroz de terras altas. Quanto ao uso de Bacillus, há trabalhos como o de Oliveira et al. (2017) que, na cultura do feijoeiro não observaram efeito da aplicação de B. subtilis nos aspectos produtivos do feijoeiro. Porém há trabalhos como o de Idris et al. (2004) verificando benefício do B. amyloliquefasciens no desenvolvimento dos coleóptilos de milho e de Gül et al. (2008) observando maior rendimento de frutos de tomate em função do uso dessa mesma bactéria.

Conclusões A inoculação via foliar das bactérias e sua mistura não resultou em alterações nos aspectos produtivos e na produtividade da cultivar de arroz de terras altas BRS Esmeralda.

Referências ARF, O.; NASCIMENTO, V.; RODRIGUES, R. A. F.; ALVAREZ, R. C. F.; GITTI, D. C.; SÁ, M. E. Uso de etil- trinexapac em cultivares de arroz de terras altas. Pesquisa Agropecuária Tropical, p. 150-158, 2012.

CONAB. Acompanhamento da safra brasileira de grãos: safra 2017/18: sétimo levantamento. 2018. Disponível em: < https://www.conab.gov.br/index.php/component/k2/item/download/16780_e7a4a52ee1db76ad1a8cfda9b2343c48>. Acesso em: 15 mai. 2018.

GARÉ, L. M.; BUZO, F. S.; ARF, O.; PORTUGAL, J. R.; SILVEIRA, T. L. S.; MEIRELLES, F. C. Influência do thidiazuron e da inoculação com Azospirillum brasilense no crescimento e produtividade do arroz de terras altas. Revista Brasileira de Engenharia de Biossistemas, v. 11, n. 4, p. 326-339, 2017.

GÜL, A.; KIDOGLU, F.; TÜZEL, Y.; TÜZEL, I. H. Effects of nutrition and Bacillus amyloliquefaciens on tomato (Solanum lycopersicum L.) growing in perlite. Spanish Journal of Agricultural Research, vol. 6, n. 3, p. 422-429, 2008.

IDRIS, E.E.S.; BOCHOW, H.; ROSS, H.; BORRISS, R. Use of Bacillus subtilis as biocontrol agent. VI. Phytohormone like action of culture filtrates prepared from plant growth-promoting Bacillus amyloliquefaciens FZB24, FZB42, FZB45 and Bacillus subtilis FZB37. Journal of Plant Disease and Plant Protection, vol. 111, p. 583-597, 2004.

OLIVEIRA, G. R. F.; SILVA, M. S.; PROENÇA, S. L.; BOSSOLANI, J. W.; CAMARGO, J. A.; FRANCO, F. S.; SÁ, M. E. Influência do Bacillus subtilis no controle biológico de nematoides e aspectos produtivos do feijoeiro. Revista Brasileira de Engenharia de Biossistemas, v. 11, n. 1, p. 47-58, 2017.

SANTOS, J. F.; SACRAMENTO, B. L.; MOTA, K. N. A. B.; SOUZA, J. T.; AZEVEDO, A. D. Crescimento de girassol em função da inoculação de sementes com bactérias endofíticas. Pesquisa Agropecuária Tropical v.44, n.2, p. 142-150, 2014.

SZILAGYI-ZECCHIN, V. J.; MÓGOR, A. F.; RUARO, L.; RÖDER, C. Crescimento de mudas de tomateiro (Solanum lycopersicum) estimulado pela bactéria Bacillus amyloliquefaciens subsp. plantarum FZB42 em cultura orgânica. Rev. de Ciências Agrárias, Lisboa, v. 38, n. 1, p. 26-33, mar. 2015.

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Embebição de sementes e crescimento inicial de plântulas de Pitomba (Talisia esculenta L.)

Rafaela Marega Oliveira(1)*, Antonio Flávio Arruda Ferreira(2), Gláucia Amorim Faria(3), Thaisla Lobo Santana(1), Beatriz Garcia Lopes(4), Enes Furlani Junior(3)

1UNESP-FEIS, Curso de Agronomia – Bacharelado, Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais – LCTV. e-mail: [email protected] 2 UNESP-FEIS, Pós-Doutorando em Agronomia, Departamento de Matemática, Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais – LCTV 3 UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Matemática, Laboratório de Estatística Aplicada 4 UNESP-FEIS, Curso de Pós-graduação em Agronomia, Laboratório de Estatística Aplicada (LEA)

Introdução A pitombeira (Talisia esculenta Radlk) uma frutífera pertencente a família Sapindáceas, encontradas no interior de matas primárias ou com formações secundárias na Mata Atlântica, no cerrado e na caatinga (GUARIM NETO, 2003). Seu fruto possui uma polpa carnosa rica em vitaminas, consumida in natura ou em geleia (VIEIRA; GUSMÃO, 2008; CARDOSO et al., 2015). A embebição de sementes tem o intuito de acelerar o tempo de germinação e promover o crescimento das plantas jovens, melhorando assim sua homogeneidade e aumentando também sua resistência á condições desfavoráveis ao meio (BEWLEY et al., 1986). As sementes da pitombeira necessitam que se faça a semeadura logo após a extração dos frutos, pois a redução de umidade da semente pode reduzir seu potencial germinativo, ocasionando prejuízos (LORENZI; MATOS, 2006).

O objetivo deste trabalho foi avaliar períodos de embebição de sementes de pitomba (Talisia esculenta Radlk.) na emergência e no crescimento inicial das plântulas, visando a produção de mudas e a conservação in vivo da espécie.

Material e métodos O experimento foi realizado no Laboratório de Fitotecnia do Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio-Economia, da UNESP – Faculdade de Engenharia - Ilha Solteira. Os frutos fisiologicamente maduros foram coletados de plantas adultas de pitombeira oriundas de produtor rural no município de Alta Floresta/MT. Os frutos foram despolpados com auxilio de peneira de malha 6 mm e água corrente para remoção da sarcotesta. As sementes obtidas foram homogeneizadas e colocadas para secar sobre papel absorvente em local sombreado durante 12 horas. O material foi embebido em 700ml de água deionizada durante 0, 2, 4, 6 e 8 horas, realizando a troca da água a cada 1 hora. Após o período de imersão, realizou-se semeadura em sacos de polietileno para mudas de coloração preta (10 x 17 cm), preenchidos com substrato orgânico comercial Bioflora®, instaladas em Casa de Vegetação (tipo Pad & Fan) e irrigadas por microasperção durante 15 minutos dividido em duas irrigações ao dia (1800 cm3 min-1). Aos 50 dias após a semeadura avaliou-se: comprimento da parte aérea (CPA) (cm), número de folhas (NF), diâmetro do colo (DC) (mm) e relação entre comprimento da parte aérea e diâmetro do colo (RPADC). O delineamento experimental utilizado foi em blocos inteiramente casualizados, com 13 blocos e 2 repetições por bloco, sendo cada parcela formada por uma planta. As médias obtidas foram submetidas a análise de variância pelo teste F a 5% de probabilidade, utilizando-se o software estatístico SISVAR 5.3.

Resultados e discussão Na Tabela 1, pode-se observar pelo teste F que não ocorreu diferença significativa tanto para blocos quanto para as variáveis avaliadas nas mudas de Pitomba. Nota-se também que entre os tratamentos ocorreu uma porcentagem média de emergência de 71,53% e mesmo não demonstrando diferença significativa a embebição das sementes em 4h e 6h proporcionaram 80,77%, valor acima da média. Com relação aos parâmetros de crescimento das mudas as médias para comprimento da parte aérea, diâmetro do caule e número de folhas foram de 8,46 cm, 1,73 mm e 7,62 folhas, respectivamente. Essas

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características são importantes para a produção de mudas, uma vez que indica a capacidade de sobrevivência das mudas após transplantio (CARNEIRO, 1995; DANIEL et al., 1997).

Tabela 1 - Análise de variância para comprimento da parte aérea (CPA), diâmetro do colo (DC), número de folhas (NF) e relação comprimento da parte aérea/diâmetro do colo (RPADC) no crescimento inicial de mudas de pitomba (Talisia esculenta L.). Ilha Solteira/SP, 2018. PE (%) CPA (cm) DC (mm) NF1 RPADC Fontes de Variação p – Valor Bloco 0,0518 ns 0,3927 ns 0,7505 ns 0,0776 ns 0,1631 ns Tempo de 0,3737 ns 0,1359 ns 0,0759 ns 0,4791 ns 0,6278 ns Embebição C. V. (%) 60,95 31,90 22,68 18,63 21,32 Tempo (horas) Médias 0 69,23 8,52 1,69 7,15 4,95 2 61,54 8,11 1,73 8,20 4,71 4 80,77 9,63 1,89 7,92 5,06 6 80,77 8,09 1,73 7,81 4,68 8 65,38 7,63 1,53 6,83 5,05 Média Geral 71,54 8,46 1,73 7,62 4,89 ns não significativo a 5% de probabilidade pelo Teste f. 1Transformado em x^0,5.

Para relação entre a parte aérea e o diâmetro do caule as mudas de pitomba apresentaram em média um valor de 4,89. Para Chaves, Carneiro e Barroso (2006), essa relação demonstra o equilíbrio de crescimento e quanto menor seu valor melhor a capacidade de sobrevivência da muda após o transplantio.

Conclusões Nas condições que foram conduzidas o experimento, pode-se concluir que não há necessidade de embebição das sementes para obter boa emergência e crescimento inicial das mudas de Pitomba.

Referências

BEWLEY, J. D.; BLACK, M. Seeds: physiology of development and germination. New York: Plenum, 1986. 367 p.

CARDOSO, E. A.; ALVES, E. U.; ALVES, A. U. Qualidade de sementes de pitombeira em função do período e da temperatura de secagem. Semina: Ciências Agrárias, v. 36, n. 1, p. 7-16, 2015.

CARNEIRO, J. G. A. Produção e controle da qualidade de mudas florestais. Curitiba: UFPR/FUPEF, 1995. 451 p. CHAVES, L. L. B. CARNEIRO, J. G. A. BARROSO, D. G. Crescimento de mudas de Anadenanthera macrocarpa (Benth) Brenan (angico -vermelho) em substrato fertilizado e inoculado com rizóbio. Revista Árvore, p. 911-919, 2006.

DANIEL, O. et al. Aplicação de fósforo em mudas de Acacia mangium Willd. Revista Árvore, Viçosa, v. 21, n. 2, p. 163-168, 1997.

LORENZI, H.; MATOS, F. J. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas cultivadas. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2006. 512 p.

GUARIM NETO, G., SANTANA, S.R. & SILVA, J.V.B. Repertório botânico da “pitombeira” (Talisia esculenta (St.-Hil.) Radlk. - Sapindaceae). Acta Amazonica, v.33, p.237-242, 2003.

VIEIRA, F. A.; GUSMÃO, E. Biometria, armazenamento de sementes e emergência de plântulas de Talisia esculenta Radlk. (Sapindaceae). Ciência e Agrotecnologia, v. 32, n. 4, p. 1073-1079, 2008.

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Estabelecimento inicial de Passiflora caerulea em duas concentrações de meio MS

Thaisla Lobo Santana(1)*, Glaucia Amorim Faria (2), Antonio Flávio Arruda Ferreira(2), Enes Furlani Junior(2)

1UNESP-FEIS, Curso de Engenharia Agronômica, Laboratório de Estatística Aplicada/Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docentes: DMAT, UNEMAT, DFTASE - Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais

Introdução O Brasil é um dos maiores produtores de maracujá, tendo como principais finalidades a produção de suco e o consumo in natura dos frutos, entre as espécies com potencial para exploração está o Passiflora caerulea. conhecido como maracujá azul, pela coloração azulada das fimbrias de sua flor. Na medicina popular, P. caerulea é citada por possuir flores comestíveis com propriedades medicinais. Os frutos são consumidos de forma in natura, na forma de suco ou doces. Possuindo grande potencial gastronômico, pois seu epicarpo e mesocarpo são utilizados para espessar geleias e usados na decoração de alimentos (Kinupp & Lorenzi 2014). Sendo uma espécie com grande potencial para a exploração comercial. A propagação in vitro de espécies de maracujá é uma alternativa para a produção de mudas por sementes, pois, além de serem produzidas em condições controladas e assépticas, proporciona a produção massal de genótipos de interesse agronômico ou que apresentem dificuldades de se propagar ou reproduzir por outros métodos. A micropropagação vegetal consiste resumidamente no cultivo in vitro, sob condições controladas e assépticas de explantes, essa técnica é usada como uma estratégica importante para a propagação massal de genótipos de alto valor ou então de genótipos que apresentam dificuldades de propagação através de outros métodos vegetativos ou sexuados. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar o estabelecimento inicial de segmentos nodais de P. caerulea em concentrações de meio MS, visando a produção de mudas e a conservação in vitro.

Material e métodos Utilizou-se plantas de P. caerulea para a obtenção de segmentos nodais. O material foi conduzido em caixas plásticas para mudas com substrato composto por três partes de solo, uma de esterco de curral curtido (bovino), três quilos de superfosfato-simples e meio quilo de cloreto de potássio, em aproximadamente 1m3 de solo. Foram conduzidas em casa de vegetação do tipo Pad&Fan (28+-2ºC), com irrigação controlada 2 vezes ao dia por 15 minutos (1800 mm min-1). O experimento foi instalado e conduzido no Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais da UNESP - Campus de Ilha Solteira. Os segmentos nodais com aproximadamente 1 cm de comprimento, contendo gemas axilares, foram desinfestados em etanol 70% por 40 segundos e posteriormente em solução de hipoclorito de sódio 0,2% por 15 minutos e a tríplice lavagem foi realizada em câmara de fluxo laminar. Posteriormente o material foi inoculado verticalmente em tubos contendo 20 mL de meio MS (MURASHIGE; SKOOG, 1962) com 50% e 100% das concentrações dos sais minerais e vitaminas, suplementado com 30 g L-1e sacarose, solidificado com 6 g L-1 de ágar, ajustado a um pH de 5,8 e autoclavado a 121ºC (1 kg cm-2) por 20 minutos. Os segmentos nodais inoculados foram mantidos em sala de crescimento com fotoperíodo de 16 horas, temperatura de 27 ± 1 °C. O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado, com 25 repetições, sendo cada repetição composta por um segmento nodal. Aos 60 dias após a inoculação foram avaliadas as seguintes variáveis: escala de desenvolvimento (ESCDES), número de gemas (NG), comprimento das brotações (CB) (cm), número de folhas (NF), número de raízes (NR), coloração das folhas (COR) e número de calos. Foi adotada uma escala de notas para quantificar o desenvolvimento das plântulas, sendo: (1) gema não desenvolvida mas vigorosa; (2) gema em desenvolvimento; (3) plântula em crescimento; (4) planta com folhas e (5) planta completa. Para COR foi considerada uma escala de 1-5, sendo a coloração a seguir: asasasdasdasdconsiderou-se: 5 = folhas verde-escuro; 4 = folhas verde-médio; 3 = folhas verde-claro; 2 = folhas verde-amarelado e 1 = folhas com coloração amarelada.5 = folhas verde-escuro; 4 = folhas verde- médio; 3 = folhas verde-claro; 2 = folhas verde-amarelado e 1 = folhas com coloração amarelada. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância pelo teste F a 5% de probabilidade e as médias foram comparadas pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. As análises dos dados foram realizadas

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com auxílio do software estatístico SAS®.

Resultados e discussão Não foram encontradas diferenças significativas no uso das duas concentrações do meio MS para as variáveis estudadas ESCDES, NG, CB e NF (Tabela 1). A coloração das folhas e o número de calos sofreu influencia significativa dos meios utilizados como pode ser observado na Tabela 1.

Tabela 1 - Análise de variância para escore de desenvolvimento (ESCDES), número de gemas (NG), comprimento da brotação (CB), número de folhas (NF), coloração das folhas (CF) e número de calos (NC) no estabelecimento de genótipos de Passiflora caerulea. Fontes de ESCDES NG CB NF CF NC Variação p – Valor Meios 0,9504NS 0,7980NS 0,1991NS 0,4468NS <0,01* <0,01* CV (%) 23,13 31,91 24,12 10,41 0,00 0,00 Meio Médias 50% 1,45 2,67 4,00 A 3,16 A 3,0 1,00 A 100% 1,43 2,83 3,17 B 3,00 B 3,0 2,00 B Média Geral 1,44 2,78 3,44 3,10 3,0 1,48 D.M.S 0,1852 0,4457 0,4178 0,1472 <0,00 <0,00

O número de calos formados foi superior nos segmentos inoculados no meio com 100% dos sais. Essa formação de calos não é interessante, pois o objetivo de conservar bancos de germoplasma é manter as características específicas de cada espécie e, desse ponto de vista, o padrão indireto de organogênese é inviável, pois a variação somaclonal ocorre principalmente a partir da propagação por calos (BORDALLO et al., 2004).

Conclusão Para o estabelecimento in vitro de Passiflora caerulea não existe diferença entre as concentrações do meio MS utilizadas. O meio MS completo (100% da concentração de sais) proporcionou uma coloração melhor e maior desenvolvimento de calos.

Referências BORDALLO, P.N. et al. Somaclonal variation on in vitro callus culture potato cultivars. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 22, n. 2, p. 300-304, 2004.

KINUPP, V. L.; LORENZI, H. 2014. Plantas alimentícias não convencionais (PANC) no Brasil. Instituto Plantarum, Nova Odessa, São Paulo. 768 p.

MURASHIGE, T.; SKOOG, F. A revised medium for rapid growth and bioassays with tobacco tissue cultures. Physiologia Plantarum, Copenhagen, v. 15, p. 473-497, 1962.

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Estabelecimento inicial de Passiflora foetida em concentrações de meio para conservação in vitro

Luiz Henrique Silvério Junior(1)*, Glaucia Amorim Faria (2), Antonio Flávio Arruda Ferreira(2), Enes Furlani Junior(2)

1UNESP-FEIS, Curso de Agronomia – Bacharelado, Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais – LCTV. e-mail: [email protected] 2 UNESP-FEIS, Docentes, DMAT, UNEMAT e DFTASE - Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais – LCTV

Introdução O Brasil lidera o ranking mundial na produção, exportação e consumo do maracujá-azedo (Passiflora edulis), a maior porcentagem na produção do cultivar comercial se dá na região nordeste, mais especificamente na Bahia, somando 12,56 t/ha/ano de 14,1 t/ha/ano da produção nacional (IBGE, 2016). Todavia, sua produção a nível nacional não é maior devido à doenças que atacam o fruto pós colheita, inviabilizando seu cultivo em diferentes regiões do país (RIBEIRO JUNIOR e DIAS, 2005). Ocorrem no Brasil 135 espécies do gênero Passiflora, destas, 81 são endêmicas e distribuídas por todo o território nacional (CERVI et al., 2012). Dentre essas encontram-se o maracujá-silvestre (P. foetida), espécie de grande valor medicinal e posteriormente alvo de estudos quanto seu desenvolvimento in vitro (RAGAVENDRAN, C. et al. 2012). Para que tal espécie possa ser conservada em bancos de germoplasma, o trabalho a seguir objetivou o estabelecimento in vitro de segmentos nodais de P. foetida a fim de estabelecer um protocol de cultivo para esta espécie.

Material e métodos Para o estabelecimento in vitro foi utilizado material vegetal da espécie Passiflora foetida, a formação das mudas para obtenção de segmentos nodais foi em casa de vegetação tipo Pad&Fan com irrigação controlada duas vezes ao dia durante 3 minutos, com vazão de 1800 cm3 min-1 (Monteiro, 2017) do Laboratório de Fitotecnia da Unesp-FEIS (Ilha Solteira – SP). O substrato utilizado para plantio foi composto por três partes de solo, uma de esterco de curral curtido (bovino), três quilos de superfosfato- simples e meio quilo de cloreto de potássio, em aproximadamente 1m3 de solo. Os segmentos nodais com aproximadamente 1 cm de comprimento, contendo gemas axilares, foram desinfestados em etanol 70% por 40 segundos e posteriormente em solução de hipoclorito de sódio 0,2% por 15 minutos, a tríplice lavagem foi realizada em câmara de fluxo laminar. Posteriormente o material foi inoculado em frascos com 20 mL de meio MS (Murashige & Skoog, 1962) com 50% e 100% das concentrações dos sais minerais e vitaminas, suplementado com 30 g L-1 de sacarose, solidificado com 6 g L-1 de ágar, ajustado a um pH de 5,8 e autoclavado a 121ºC (1 kg cm-2) por 20 minutos. O segmentos nodais inoculados foram mantidos em sala de crescimento com fotoperíodo de 16 horas, temperatura de 27 +- 1 °C e densidade de fluxo de fótons 22 μE m-2 s-1. O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado, com 25 repetições e aos 60 dias após a inoculação dos explantes foram avaliadas as seguintes variáveis: escala de desenvolvimento (ESCDES), número de gemas (NG), comprimento das brotações (CB) (cm), número de folhas (NF), número de raízes (NR) e coloração das folhas (COR). Para os dados de ESCDES foi adotada uma escala de notas para quantificar o desenvolvimento das plântulas, variaram de 1 a 5 sendo: (1) gema não desenvolvida mais vigorosa; (2) gema em desenvolvimento; (3) plântula em crescimento; (4) planta com folhas e (5) planta completa. Para COR foi considerada uma escala de 1-5, sendo a coloração a seguir: sendo: 1 = gema não desenvolvida mas vigorosa; 2 = gema em desenvolvimento; 3 = plântula em crescimento; 4 = planta com folhas e 5 = planta completa, e. para CF considerou-se: 5 = folhas verde-escuro; 4 = folhas verde-médio; 3 = folhas verde-claro; 2 = folhas verde-amareladas e 1 = folhas com coloração amarelada. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância pelo teste F a 5% de probabilidade e as médias foram comparadas pelo teste a 5% de probabilidade. As análises dos dados foram realizadas com auxílio do software estatístico SAS®.

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Resultados e discussão Observou-se durante o período de avaliação que as gemas axilares dos segmentos nodais converteram-se em plântulas independente das concentrações dos meios. Após os 60 dias, algumas microplantas apresentaram sinais de oxidação, mudando sua tonalidade de amarelo para marrom. As variáveis: escore de desenvolvimento, número de gemas, comprimento das brotações, número de folhas e coloração da folha tiveram média geral de 2,15, 1,35, 0,83, 2,25, 1,67 e 2,00, respectivamente, conforme é mostrado na tabela abaixo:

Tabela 1 - Análise de variância para escore de desenvolvimento (ESCDES), número de gemas (NG), comprimento da brotação (CB), número de folhas (NF), escore de coloração (COR)e número de raízes (NR) no estabelecimento de genótipos de Passiflora foetida. Ilha Solteira/SP, 2017. Fontes de ESCDES NG CB NF COR NR Variação p – Valor Meios 0,3429ns 0,5152 ns 0,1191 ns 0,0552 ns 0,8300 ns <0,01* Média 2,15 1,35 0,83 2,25 1,67 2,00 Cv 47,13 60,32 77,13 40,16 36,41 0,00 Meio Médias 50% 2,2800 1,2800 0,6920 1,7143 1,6897 1,0000 B 100% 2,0000 1,4348 0,9870 2,6667 1,6552 4,0000 A *Significativo e ns não significativo a 5% de probabilidade pelo Teste F. 1Letras iguais na coluna não diferem entre si pelo Teste F a 5% de probabilidade.

O desenvolvimento por organonêse das gemas axilares não apresentou grande diferença nas duas concentrações utilizadas, mostrando que a concentração de sais a 50% pode ser utilizado visando à economia na utilização de meios MS para estabelecimento in vitro de Passiflora foetida.

Conclusões O meio com metade da concentração de sais é o mais indicado para estabelecimento in vitro de Passiflora foetida.

Referências CERVI, A.C.; MILWARD-DE-AZEVEDO, M.A. & BERNACCI, L.C. 2012. Passifloraceae. In: Forzza, R.C. et al. (ed.). Lista de espécies da flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em . Acesso em 28 Jul 2012.

IBGE. Produção Agrícola Municipal. 2016. Disponível em: . Acesso em: 23 fev. 2018. MONTEIRO, L.N.H. Armazenamento e tratamentos pré-germinativos em sementes De punica granatum l. Ilha Solteira, Universidade Paulista Júlio de Mesquita, 2017.

MURASHIGE, T.; SKOOG, F. A revised medium for rapid growth and bioassays with tobacco tissue cultures. Physiologia Plantarum, Copenhagen, v. 15, p. 473-497, 1962.

RAGAVENDRAN, C. et al. 2012. In vitro propagation of nodal and tip explants of Passiflora foetida L. An exotic medicinal plant. Tamilnadu, India. Pelagia Research Library. Asian Journal of Plant Science and Research, 2012.

RIBEIRO JÚNIOR, P. M.; DIAS, M. S. de C. Doenças do maracujá. Informe Agropecuário, v. 26, n. 228, p. 36-39, 2005.

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Estabelecimento in vitro de Passiflora tenuifila em duas concentrações de meio MS

Luiz Henrique Silvério Junior(1)*, Glaucia Amorim Faria (2), Antonio Flávio Arruda Ferreira(2), Enes Furlani Junior(2)

1UNESP-FEIS, Curso de Agronomia – Bacharelado, Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais – LCTV. e-mail: [email protected] 2 UNESP-FEIS, Docentes, DMAT, UNEMAT e DFTASE - Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais – LCTV

Introdução O Brasil lidera o ranking mundial na produção de maracujá, sobretudo o estado da Bahia, que compõe 70% da produção nacional da fruta, devido ao seu clima propício para o cultivo do gênero Passiflora. (IBGE, 2016). A família Passifloraceae tem sido alvo de diversas pesquisas quanto suas propriedades medicinais, dentre essas espécies destaca-se a tenuifila, popularmente conhecido como maracujá-alho, devido ao aroma característico de sua polpa. Ademais, tal espécie pode ser facilmente reconhecida em comparação com outras espécies por conta do formato globoso do fruto, grande quantidade de sementes e coloração interna do fruto. (PEREIRA, R.C.A. et al., 2017). Devido sua característica silvestre, carecem bancos de germoplasma para tal espécie, de tal modo que o objetivo do trabalho a seguir visa o estabelecimento in vitro por meio do desenvolvimento organogênico proveniente de gemas axilares dos segmentos nodais de P. tenuifila.

Material e métodos Para o estabelecimento in vitro foram utilizados material vegetal das espécies Passiflora tenuifila sendo a formação das mudas, para obtenção de segmentos nodais, realizada em casa de vegetação tipo Pad&Fan com irrigação controlada duas vezes ao dia durante 3 minutos, com vazão de 1800 cm3 min-1 do Laboratório de Fitotecnia da Unesp-FEIS (Ilha Solteira – SP). O substrato utilizado para plantio foi composto por três partes de solo, uma de esterco de curral curtido (bovino), três quilos de superfosfato- simples e meio quilo de cloreto de potássio, em aproximadamente 1m3 de solo. Os segmentos nodais com aproximadamente 1 cm de comprimento, contendo gemas axilares, foram desinfestados em etanol 70% por 40 segundos e posteriormente em solução de hipoclorito de sódio 0,2% por 15 minutos, a tríplice lavagem foi realizada em câmara de fluxo laminar. Posteriormente o material foi inoculado em frascos com 20 mL de meio MS (Murashige & Skoog, 1962) com 50% e 100% das concentrações dos sais minerais e vitaminas, suplementado com 30 g L-1 de sacarose, solidificado com 6 g L-1 de ágar, ajustado a um pH de 5,8 e autoclavado a 121ºC (1 kg cm-2) por 20 minutos. Os segmentos nodais inoculados foram mantidos em sala de crescimento com fotoperíodo de 16 horas, temperatura de 27 ± 1 °C e densidade de fluxo de fótons 22 μE m-2 s-1 O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado, com 25 repetições e aos 60 dias após a inoculação dos explantes foram avaliadas as seguintes variáveis: escala de desenvolvimento (ESCDES), número de gemas (NG), comprimento das brotações (CB) (cm), número de folhas (NF), número de raízes (NR) e coloração das folhas (COR). Para os dados de ESCDES foi adotada uma escala de notas para quantificar o desenvolvimento das plântulas, variaram de 1 a 5 sendo: (1) gema não desenvolvida mais vigorosa; (2) gema em desenvolvimento; (3) plântula em crescimento; (4) planta com folhas e (5) planta completa. Para COR foi considerada uma escala de 1-5, sendo a coloração a seguir: sendo: 1 = gema não desenvolvida mas vigorosa; 2 = gema em desenvolvimento; 3 = plântula em crescimento; 4 = planta com folhas e 5 = planta completa, e. para CF considerou-se: 5 = folhas verde-escuro; 4 = folhas verde-médio; 3 = folhas verde-claro; 2 = folhas verde-amarelado e 1 = folhas com coloração amarelada. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância pelo teste F a 5% de probabilidade e as médias foram comparadas pelo teste a 5% de probabilidade. As análises dos dados foram realizadas com auxílio do software estatístico SAS®.

Resultados e discussão

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Após os 60 dias, nenhuma microplanta apresentou sinais de oxidação. As variáveis: escore de desenvolvimento, número de gemas, comprimento das brotações, número de folhas e coloração da folha tiveram média geral de de 1,82, 1,49, 0,89, 2,84 e 2,30, respectivamenteMesmo não apresentando diferença significativa entre os meios, o meio MS 100% foi superior ao meio com concentrações dos sais reduzidas para todas as variaveis avaliadas,, conforme é mostrado na tabela a seguir:

Tabela 1 - Análise de variância para escore de desenvolvimento (ESCDES), número de gemas (NG), comprimento da brotação (CB), número de folhas (NF) e escore de coloração (COR) no estabelecimento de genótipos de Passiflora tenuifila. Ilha Solteira/SP, 2017. Fontes de ESCDES NG CB NF COR Variação p – Valor Meios 0,5526ns 0,2670ns 0,3173ns 0,6221ns 0,7449ns Média Geral 1,82 1,49 0,89 2,84 2,30 CV (%) 60,79 67,69 24,42 45,81 33,46 Meio Médias 50% 1,7353 1,3539 0,8000 2,6667 2,2647 100% 1,8919 1,6216 0,9118 2,9375 2,3243 *Significativo e ns não significativo a 5% de probabilidade pelo Teste F.

Conclusões Pode-se concluir que ambos os meios podem ser utilizados para fins organogênicos de plântulas de P. tenuifila, uma vez que seu desenvolvimento in vitro nas duas concentrações não apresentou diferença significativa, porém, para fins econômicos, o meio com quantidade de sais reduzidas é o mais indicado para fins de estabelecimento dessa espécie.

Referências IBGE. Produção Agrícola Municipal. 2016. Disponível em: . Acesso em: 23 fev. 2018.

MONTEIRO, L.N.H. Armazenamento e tratamentos pré-germinativos em sementes de punica granatum l. Ilha Solteira, Universidade Paulista Júlio de Mesquita, 2017.

MURASHIGE, T.; SKOOG, F. A revised medium for rapid growth and bioassays with tobacco tissue cultures. Physiologia Plantarum, Copenhagen, v. 15, p. 473-497, 1962.

PEREIRA, R.C.A. et al..Maracujá silvestre (passiflora tenuifila killip):aspectos agronômicos e características dos frutos. Comunicado Técnico. Ed 233. 2017.

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Germinação de Boca-de-Leão em diferentes substratos comerciais.

Everton S. Soares*(1,2), Camila Carmona de M. Ribeiro(1,2), Regina M. M. de Castilho(1,3)

1UNESP-FEIS, 2Curso de Agronomia – Graduação. *E-mail: [email protected]; 3Docente, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio Economia.

Introdução Boca-de-leão (Antirrhinum majus) é uma planta ornamental comumente utilizada no paisagismo urbano, bastante apreciada também como planta de corte, devido sua variedade de cores e pelo seu aroma (Ichimura e Hisamatsu, 1999). Originaria da região mediterrânea da Europa, é uma planta herbácea de pequeno porte que apresenta inflorescência na forma de espiga (Vieira et.al, 2011). Sua propagação se dá por sementes, sendo a época mais indicada para semeadura no outono e inverno (Silva et al., 2014). A qualidade da muda depende de vários fatores entre eles a composição do substrato, visto que a germinação, o desenvolvimento radicular e o enraizamento é dependente das características físicas, químicas e biológicas do substrato (Caldeira et al., 2000), e a escolha de um substrato em detrimento do solo vem da necessidade de transporte das mudas ou a ocorrência de fatores que restrinja o uso do solo, como a presença de patógenos e a salinização. Os substratos são constituídos por diferentes materiais e são classificados de acordo com sua matéria prima, podendo ser de origem vegetal (fibra de coco, casca de arroz, turfa, cascas de árvores, esfagno, resíduos de beneficiamento como tortas, bagaço, minerais (vermiculita, perlita, areia, argila expandida) e de origem sintética (lã de rocha, espuma fenólica e isopor) (Ferraz et al., 2005; Gonçalves, 1995), assim como aqueles que são produzidos por empresas especializadas e denominado comerciais. Segundo Dotto (2017), o uso da substrato comercial, assim como casca de arroz misturada ao solo, foi benéfico para o crescimento inicial das plantas de boca de leão. Desse modo, o presente trabalho teve o objetivo de avaliar a germinação da planta ornamental boca-de-leão (Antirrhinum majus) em dois substratos comerciais (Basaplant e TopGarden).

Material e métodos O experimento foi desenvolvido na Casa de Vegetação (tipo Pad & Fan – temperatura de 28oC a 34oC) do DFTASE / UNESP, Campus de Ilha Solteira – SP, sendo instalado no dia 08/04/2017 e avaliado no dia 23/04/2017. As sementes de boca-de-leão (Antirrhinum majus) da cultivar anã sortida (cedidas pela empresa Agristar do Brasil, sendo da linha TopSeed Garden) foram semeadas em bandeja de isopor com 128 células, em 2 substratos comerciais: BasaPlant Hortaliças BX e TopGarden Floreira (T1 e T2 respectivamente). Na avaliação foram contados os números de sementes germinadas durante os primeiros quinze dias após a semeadura, e os dados apresentados em porcentagem.

Resultados e discussão As condições ideais para cultivar boca-de-leão com qualidade, de acordo informações de Nau (2011), devem ser: pH entre 5,5 e 6,5; e níveis de condutividade elétrica entre 1,0 e 2,5 dS/m na solução nutritiva, sendo essas contempladas por ambos substratos, como observado na Tabela 1.

Tabela 1 – Porcentagem de germinação de sementes de boca de leão (15 dias após semeadura), em 2 substratos. Ilha Solteira, abril de 2017. Tratamento % Germinação pH* CE*(dSm-1) TopGarden Floreira 50,78 5,8 ± 0,5 2,0 ± 0,3 Basaplant® 50 5,8 ± 0,5 2,5 ± 0,3 * informações dos fabricantes.

Carter e Grieve (2008), trabalhando com a Antirrhinum majus (‘Monaco Rose’ e ‘Apollo Cinnamon’) verificaram germinação entre 98% a 100% com CE = a 2,5 dSm-1, sendo essa superior ao encontrado no presente trabalho, e também superior ao informado pela empresa (85%). Segundo Jauron

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(2000, 2017) A. majus atinge 70% de germinação entre 7 a 14 dias, a temperatura de 21oC a 23oC, sendo que Pivetta et al. (2013) observaram, em trabalho com a mesma espécie, que a maior percentagem de germinação foi observada a 20°C. Assim, provavelmente a germinação inferior ao citado pelos autores, ocorreu devido a temperatura do ambiente, que foi superior a 28oC durante o período do experimento.

Conclusões Nas condições do presente experimento, os dois substratos utilizados mostraram-se adequados para a germinação de boca-de-leão (Antirrhinum majus), ainda que a temperatura local não tenha influenciado positivamente nas taxas de germinação.

Agradecimentos

Agristar do Brasil, na pessoa do Eng. Agr. Maurício Coutinho.

Referências CALDEIRA, M.V.W; SCHUMACHER, M.V; BARICHELLO, L.R; VOGEL, H.L.M; OLIVEIRA, L.S. Crescimento de mudas de Eucalyptus saligna Smith em função de diferentes doses de vermicomposto. Revista Floresta 2000; 28(1-2): 19-30

CARTER, C. T.; GRIEVE, C. M. Mineral nutrition, growth, and germination of Antirrhinum majus L. (Snapdragon) when produced under increasingly saline conditions. Hort Science, n.43, v.3, p. 710–718. 2008.

FERRAZ, M. V.; CENTURION, J. F. BEUTLER, A. N. Caracterização física e química de alguns substratos comerciais. Acta Scientiarum Agronomy, Maringá, v. 27, p. 209-214, 2005.

GONÇALVES, A.L. Substratos para produção de mudas de plantas ornamentais. In: MINAMI, K. Produção de mudas de alta qualidade em horticultura. São Paulo: T.A.Queiroz, 1995. Cap. 14, p. 107-115.

ICHIMURA, K.; HISAMATSU, T. Effects of continuous treatment with sucrose on vase life, soluble carbohydrate concentrations, and ethylene production of cut snapdragon flowers. Journal of the Japanese Society of Horticultural Science, v.68, p.61 – 66, 1999

JAURON, R. Annual Flower Seed Germination Guide 2000. Disponível em: . Acesso em: 23 abr. 2017.

JAURON, R. Seed Germination Guide 2017. Disponível em: . Acesso em: 23 abr. 2017.

NAU, J. Ball RedBook. Crop Production. Ball Publishing (BPU), 2011.

PIVETTA, K. F. L. et al. Effect of temperature on seed germination of ornamental herbaceous perennials. Acta Hortic. 1002, 167-170, 2013.

SILVA, N.O.; FERNANDES, M.E.S.; ROCHA, V.H.M.; GORRI, J.E.R.G.; VERAS, G.J.S. Diferentes formas de condução de mudas de boca-de-leão (Antirrhinum majus L.). Enciclopédia Biosfera. Goiânia, v.10, n. 18, p. 1293-1294, 2014

VIEIRA, L.M.; MENDES, T.D.C; FINGER, F.L. Soluções conservantes prolongam a vida de vaso de inflorescência cortadas de boca-de-leão. 4. ed. Santa Maria: Ciência Rural, 2010. 40 v. Ciência Rural. Disponível em: . Acesso em: 23 abr. 2017

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Morfometria de frutos e sementes de Pitomba (Talisia esculenta L.)

Rafaela Marega Oliveira(1)*, Antonio Flávio Arruda Ferreira(2), Gláucia Amorim Faria(3), Luiz Henrique Silvério Júnior(1), Beatriz Garcia Lopes(4), Enes Furlani Junior(3)

1UNESP-FEIS, Curso de Agronomia – Bacharelado, Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais – LCTV. e-mail: [email protected] 2 UNESP-FEIS, Pós-Doutorando em Agronomia, Departamento de Matemática, Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais – LCTV 3 UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Matemática, Laboratório de Estatística Aplicada (LEA) 4 UNESP-FEIS, Curso de Pós-graduação em Agronomia, Laboratório de Estatística Aplicada (LEA)

Introdução As frutíferas nativas dos biomas nacionais estão perdendo cada vez mais espaço para a agropecuária extensiva, acarretando risco de extinção de diversas espécies tropicais não-tradicionais ainda pouco exploradas. Por essa razão, o estudo dessas nativas é de grande importância já que são fonte de alimento para fauna e de alto interesse econômico para pequenos produtores, além do uso como plantas medicinais (RIET-CORRÊA et al., 2014) Dentre essas espécies de frutíferas destaca-se a Pitombeira (Talisia esculenta Radlk – Sapindacea), espécie nativa da região amazônica encontrada no interior de matas primárias e formações secundárias da Mata Atlântica e do Cerrado (GUARIM NETO et al., 2003). Devido a sua importância como espécie nativa desses ambientes tem-se importância de conhecer a morfometria dos frutos e sementes para saber quais são as condições mais favoráveis para o melhor desenvolvimento da planta e na aplicação no melhoramento genético (SANGALLI et al., 2002). Portanto o objetivo deste trabalho foi avaliar as características morfométricas dos frutos e sementes de Pitombeira, visando a seleção de plantas com interesse agronômico.

Material e métodos O experimento foi realizado no Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais (LCTV), pertencente ao Laboratório de Fitotecnia do Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio Economia, da UNESP – Faculdade de Engenharia - Ilha Solteira. Os frutos fisiologicamente maduros foram coletados de plantas adultas de pitombeira oriundas de produtor rural no município de Alta Floresta/MT. As análises morfométricas dos frutos e das sementes foram realizadas com auxílio de balança de precisão (0,0001g) e paquímetro digital. Para obtenção das sementes os frutos foram despolpados com auxilio de peneira de malha 6 mm e água corrente para retirada da sarcotesta. Foi mensurado uma amostra de 100 frutos e 100 sementes individualmente. Os dados obtidos foram submetidos a estatística descritiva pelo método empírico pelo programa estatístico SISVAR 5,3®. Os histogramas bem como a curva de normalidade foram plotados no programa SigmaPlot 11.0®.

Resultados e discussão A média da massa dos frutos foi de 9,71 g, com um comprimento médio de 2,61 cm e um diâmetro de 2,56 cm, já a média da massa das sementes foi de 2,31 g, com um comprimento de 1,84 cm e a média do diâmetro de 1,25 cm, houve uma maior variância apenas na massa dos frutos (Tabela 1).

Tabela 1 – Estatística descritiva para variáveis massa (MF), comprimento (CF) e diâmetro (DF) dos frutos; e massa (MS), comprimento (CS) e diâmetro (DS) das sementes de pitomba (Talisia esculenta L.). Ilha Solteira/SP, 2018. Estatística MF (g) CF (cm) DF (cm) MS (g) CS (cm) DS (cm) descritiva Valores Média aritmética 9,71 2,61 2,56 2,31 1,84 1,25 Mínimo 5,69 1,80 1,80 1,01 1,00 0,70 Máximo 12,73 3,50 3,00 3,16 2,30 1,60 Variância 2,4080 0,1090 0,0956 0,2278 0,0665 0,0245 Desvio padrão 1,5118 0,3303 0,0392 0,4773 0,2579 0,1567 Erro padrão 0,1551 0,0330 0,0309 0,0477 0,0258 0,0157

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C.V. (%) 15,98 12,64 12,09 20,71 13,99 12,54 ns não significativo a 5% de probabilidade pelo Teste f. 1Transformado em x^0,5.

As variáveis massa e comprimento dos frutos, massa, comprimento e diâmetro das sementes ou seguiram distribuição normal ou ficaram muito próximas, o mesmo não ocorreu para a variável diâmetro das sementes. Para massa dos frutos a maior concentração dos dados foi entre as classes 8,86 a 10,97g (Figura 1A), e comprimento nas classes 2,57 a 2,74 cm (Figura 1B). Porém, para o diâmetro dos frutos nota-se uma dispersão nos valores, mas maiores observações na classe 2,46 cm (Figura 1C).

Figura 1 – Histograma e curva de distribuição normal das variáveis massa (A), comprimento (B) e diâmetro dos frutos (C); e para os dados de massa (D), comprimento (E) e diâmetro das sementes (F) de pitomba (Talisia esculenta L.). Ilha Solteira/SP, 2018.

Na Figura 1D, pode-se observar que a massa das sementes se enquadrou nas classes 1,98 a 2,94 cm (Figura 1D), com maiores frequências. Para o comprimento das sementes as classes com maior frequência foram as 1,71 até 1,97 cm (Figura 1E), enquanto para o diâmetro das sementes ficou entre as classes 1,20 a 1,29 cm (Figura 1F). Podemos considerar que para todas as variáveis analisadas os dados foram aproximadamente normais, fato que é altamente desejável, pois trata-se da mais importante distribuição contínua com aplicações práticas e teóricas, o que garante maior confiabilidade nos resultados, pois para realização de alguns testes estatísticos a pressuposição da normalidade deverá ser garantida.

Conclusões Concluímos que a amostra coletada apresentou distribuição tão aproximadamente normal para todas as variáveis analisadas, referindo com sucesso os parâmetros para os frutos de pitombeira.

Referências SANGALLI, A.; VIEIRA, M.C.; ZÁRATE, N.A.H. Levantamento e caracterização de plantas medicinais nativas com propriedades medicinais em fragmentos florestais e de cerrado, em Dourados-MS, numa visão etnobotânica. Acta Horticulturae, n.569, p.173-84, 2002.

GUARIM NETO, G.; SANTANA, S. R.; SILVA, J. V. B. Repertório botânico da pitombeira (Talisia esculenta (St.- Hil.) Radlk. - Sapindaceae). Acta Amazonica, Manaus, v.33, p. 237-242, 2003.

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Morfometria de sementes de Cambuci (Campomanesia phaea L.)

Thaisla Lobo Santana(1)*, Antonio Flávio Arruda Ferreira(2), Gláucia Amorim Faria(3), Rafaela Marega Oliveira(1), Luiz Henrique Silvério Júnior(1), Enes Furlani Junior

1UNESP-FEIS, Curso de Agronomia – Bacharelado, Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais – LCTV. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Pós-Doutorando em Agronomia, Departamento de Matemática, Laboratório Estatística Aplicada – LEA e Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais - LCTV 3 UNESP-FEIS, Docentes, DMAT e DFTASE - Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais (LCTV)

Introdução Para dar espaço à agropecuária extensiva, o aumento do desmatamento dos grandes biomas nacionais, tem acarretado riscos de extinção de diversas espécies frutíferas tropicais não-tradicionais ainda pouco exploradas. Entre essas frutíferas tem-se o Cambucizeiro [Campomanesia phaea (Berg.) Landr – Myrtaceae], encontrada nos Estados de São Paulo e Minas Gerais. O Cambucizeiro apresenta alto rendimento de polpa, assim como excelentes concentrações de vitamina C e compostos fenólicos, características importantes para a produção de sucos, sorvetes e bebidas alcoólicas, além dos frutos possuírem em sua constituição óleos essenciais com aroma agradável e múltiplas aplicações comerciais, principalmente como agente aromatizante para alimentos e bebidas (ADATI; FERRO, 2017). A importância de conhecer a morfometria de sementes é saber quais são as condições são mais favoráveis para o melhor desenvolvimento da planta e para aplicação no melhoramento genético (SANGALLI et al., 2002). O objetivo deste trabalho foi realizar as análises morfométricas de sementes de Cambucizeiro para estudos futuros de conservação da espécie e para a seleção de material genético.

Material e métodos O experimento foi realizado no Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais (LCTV), pertencente ao Laboratório de Fitotecnia do Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio-Economia, da UNESP – Faculdade de Engenharia - Ilha Solteira. As sementes de cambuci (Campomanesia phae L.) foram adquiridas em parceria da CATI - Núcleo de Produção de Mudas de São Bento do Sapucaí/SP. As análises morfométricas das sementes foram realizadas com auxílio de balança de precisão (0,0001g) e paquímetro digital. Foi mensurado uma amostra de 100 sementes individualmente. Os dados obtidos foram submetidos a estatística descritiva pelo método empírico e teste de hipótese para média pelo Teste t (supondo a normalidade) pelo programa estatístico SISVAR 5,3®. Os histogramas bem como a curva de normalidade foram plotadas no programa SigmaPlot 11.0®.

Resultados e discussão As sementes não variam muito entre si, uma vez que a variância (Tabela 1) foi baixa, portanto há uma homogeneidade em relação as variáveis comprimento, largura, espessura e massa das sementes. As sementes possuem em média 0,70 cm de comprimento, 0,72 cm de largura, 0,18 cm de espessura e 0,03 g de massa.

Tabela 1 – Estatística descritiva para variáveis comprimento (CS), largura (LS), espessura (ES) e massa (MS) das sementes de cambuci (Campomanesia phae L.). Ilha Solteira/SP, 2018. Estatística descritiva CS (cm) LS (cm) ES (cm) MS (g) Média aritmética 0,70 0,72 0,18 0,03 Mínimo 0,40 0,50 0,10 0,021 Máximo 0,90 0,90 0,30 0,057 Variância 0,0108 0,0133 0,0031 0,0000 Desvio padrão 0,1039 0,1151 0,0562 0,0061 Erro padrão 0,0104 0,0115 0,0056 0,0006 C.V. (%) 14,80 16,10 30,83 18,20

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De acordo com a Figura 1, podemos observar que as sementes possuem uma distribuição de comprimento em torno das classes de 0,58 a 0,83mm (Figura 1A) enquanto de largura tem maior frequência entre as classes de 0,68 a 0,80mm (Figura 1B), espessura por volta de 0,21mm (Figura 1C) e a distribuição dos pesos das sementes entre as classes de 0,030g e 0,037g (Figura 1D). Uma possível razão para o tamanho variado das sementes, ocorrendo maior observação em determinadas classes, é que no cambuci a polinização é cruzada, o que influencia nas características da formação da semente.

Figura 1 – Histograma das variáveis comprimento (A), largura (B), espessura (C) e peso das sementes (D) de cambuci (Campomanesia phae L.). Ilha Solteira/SP, 2018.

O teste utilizado neste estudo foi realizado baseado na distribuição t-student, este teste paramétrico tradicional, é obtido sob a hipótese de que a população tem distribuição normal, comparando esta distribuição e a função de distribuição empírica dos dados. Apenas para a variável peso das sementes os dados foram aproximadamente normais, para as demais variáveis os dados não foram ajustados, mostrando que para experimentos com frutos de Cambuci o tamanho amostral deve ser grande. A relação entre o tamanho amostral utilizado e a robustez para normalidade está fundamentada no teorema do limite central, que permite a aplicação de estatísticas úteis a populações que são fortemente não normais, bastando para isto utilizar amostras grandes.

Conclusões Concluímos que no cambucizeiro, a amostra coletada apresentou distribuição tão aproximadamente normal apenas para o peso das sementes.

Referências ADATI, R. T.; FERRO, V. O. Volatile oil constituents of Campomanesia phaea (O. Berg) Landrum. (Myrtaceae). Journal of Essential Oil Research, v. 18, n. 6, p. 691-692, 2006.

SANGALLI, A.; VIEIRA, M.C.; ZÁRATE, N.A.H. Levantamento e caracterização de plantas medicinais nativas com propriedades medicinais em fragmentos florestais e de cerrado, em Dourados-MS, numa visão etnobotânica. Acta Horticulturae, n.569, p.173-84, 2002.

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Produção de biomassa do eucalipto aos 6,5 anos de idade em função da adubação fosfatada

Rodolfo de Niro Gazola(1), Isabella Aline Crescenzio(2)*, Salatiér Buzetti(1), Marcelo Carvalho Minhoto Teixeira Filho(1), Raíssa Pereira Dinalli Gazola(3), Gabriela Gomes Marques(2)

1UNESP-FEIS, Docentes, Departamento de Fitossanidade, Engenharia Rural e Solos. 2UNESP-FEIS, Alunas do Curso de Engenharia Agronômica, 3UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio Economia.

Introdução As espécies de Eucalyptus são consideradas exigentes em fósforo principalmente na fase inicial do desenvolvimento. Considerando o acúmulo dos nutrientes no tronco e na parte aérea total seguem a seguinte ordem: N > Ca > K > Mg > P (Faria et al., 2008). Nesse sentido, o P é o menos extraído pela cultura. No entanto, é o nutriente que mais limita a produção na região do Cerrado, pois os seus teores na solução do solo são geralmente baixos, além de apresentar alta capacidade de adsorção e precipitação, uma vez que esses solos são extremamente ácidos e com altos teores de Al trocável (Sousa et al., 2004). A forma de compensar a baixa disponibilidade de P no solo é a aplicação de elevadas quantidades de fertilizantes fosfatados, porém tal prática onera bastante os custos de implantação do eucalipto. Portanto, a prática racional da adubação otimizando a utilização de recursos financeiros e ambientais depende de criteriosos estudos de calibração (Bognola et al., 2011). Nesse sentido, objetivou-se avaliar a adubação fosfatada na produtividade de biomassa da cultura do eucalipto aos 6,5 anos após o seu plantio, em função de doses de P2O5 em solo com baixo teor de P.

Material e métodos O experimento foi realizado de setembro/2011 a julho/2017, na Fazenda Renascença, fundo agrícola administrado pela Cargill Agrícola S/A, com latitude 20o 34’ S, longitude 51o 50’ O e altitude média de 305 m, no município de Três Lagoas, MS. Antecedendo a instalação do experimento, foram coletadas amostras do solo nas profundidades de 0 a 20 e 20 a 40 cm para determinação dos atributos químicos do solo, segundo a metodologia descrita por Raij et al. (2001). Os atributos químicos na profundidade de 0 a 20 cm foram: pH em CaCl2 de 4,2; 7,4 g dm-3 de M.O.; 1 mg dm-3 de P em resina; e teores de K, Ca, Mg, H+Al e Al de 0,2; 4,2; 1,9; 17,0 e 4,3 -3 mmolc dm , respectivamente, e a saturação por bases (V) de 27%. Na profundidade de 20 a 40 cm, foram: -3 -3 pH em CaCl2 de 4,2 e 6,8 g dm de M.O.; 1 mg dm de P em resina; teores de K, Ca, Mg, H+Al e Al de -3 0,3; 1,6; 1,1; 18,0 e 4,5 mmolc dm , respectivamente, e V de 14%. O solo foi classificado como NEOSSOLO QUARTZARÊNICO órtico (Santos et al., 2013). O experimento foi implantado em janeiro de 2012, o delineamento experimental foi o de blocos ao acaso com quatro tratamentos e cinco repetições e 420 m2 por parcela, sendo quatro doses de P (0, 40, 70 e -1 100 kg ha de P2O5). Cada parcela foi composta por 56 plantas do clone de Eucalyptus urophylla, distribuídas em sete linhas de oito plantas cada (espaçamento de 2,5 x 3,0 m). -1 Na adubação de plantio foram aplicados no sulco de plantio 15 kg ha de N e K2O, sendo utilizado como fonte a ureia e o cloreto de potássio, respectivamente. A adubação fosfatada foi realizada somente no plantio, utilizando como fonte o superfosfato triplo, sendo a quantidade aplicada conforme os tratamentos. Nas adubações de cobertura, aos 2, 9 e 14 meses, o nitrato de amônio e o cloreto de potássio, como -1 fontes de N e K2O, respectivamente, foram aplicados em cobertura 37,5; 37,5 e 50,0 kg ha de N e 49,5; -1 49,5 e 66,0 kg ha de K2O (2, 9 e 14 meses, respectivamente). Aos 6,5 anos após o plantio foi determinada a biomassa total (folhas, galhos, lenho e casca) de quatro árvores de eucalipto por tratamento, sendo uma árvore representativa da classe inferior, duas da classe intermediária e uma da classe superior, segundo a metodologia descrita por Silva (2011). Os dados foram submetidos à análise de variância com a aplicação do teste F a 5% de probabilidade. Quando significativo, realizou-se a análise de regressão. O procedimento estatístico foi realizado utilizando o programa SISVAR (Ferreira, 2008). Resultados e discussão Houve ajuste quadrático da produção da biomassa total da parte aérea das plantas de eucalipto com -1 -1 incremento das doses de P2O5, sendo a máxima de 191493 kg ha obtido com a aplicação de 67,2 kg ha de P2O5 (Figura 1). Silva (2011) avaliou o impacto das doses (NPK) em plantações de eucalipto na fase

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inicial de crescimento em NEOSSOLO QUARTZARÊNICO e, constatou que a produção de biomassa total da parte aérea do eucalipto aos 2 anos de idade foi 50% superior com a maior dose de fertilizante, em relação aos que não receberam. Tal fato, evidencia que a adubação da cultura propicia o aumento da produção de biomassa.

200000

190000

180000

170000

)

1 - 160000

150000 Biomassa Biomassa (kgha 140000

130000

Total Ŷ = 143217 + 1416,4*X - 10,387*X2 (R2 = 0,98) 120000

*: p < 0,05 110000 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 -1 Doses de P2O5 (kg ha ) Figura 1 - Biomassa total do eucalipto aos 6,5 anos após o seu plantio, em função de doses de P2O5. Três Lagoas/MS, 2017.

Conclusões O eucalipto aos 6,5 anos de idade apresenta a máxima produtividade de biomassa com a aplicação -1 de 67 kg ha de P2O5. Agradecimentos À CAPES e à FAPESP (2014/02641-6) pelo financiamento da pesquisa do primeiro autor.

Referências BOGNOLA, I. A.; CLASEN, L. A.; FRANCISCON, L.; GAVA, J. L.; DEDECEK, R. A. Aplicação de silicatos de cálcio e de potássio e o crescimento de mudas de Eucalyptus grandis. Pesquisa Florestal Brasileira, 31:83-92, 2011.

FARIA, G. E.; BARROS, N. F.; CUNHA, V. L. P.; MARTINS, I. S.; MARTINS, R. C. C. Avaliação da produtividade, conteúdo e eficiência de utilização de nutrientes em genótipos de Eucalyptus spp. no Vale do Jequitinhonha, MG. Ciência Florestal, 18:363-373, 2008.

FERREIRA, D. F. SISVAR: um programa para análises e ensino de estatística. Revista Symposium, 6:36-41, 2008.

RAIJ, B. van.; ANDRADE, J. C.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J. A. Análise química para avaliação da fertilidade de solos tropicais. Campinas, IAC, 2001. 285p.

SANTOS, H. G.; ALMEIDA, J. A.; OLIVEIRA, J. B.; LUMBRERAS, J. F.; ANJOS, L. H. C.; COELHO, M. R.; JACOMINE, P. K. T.; CUNHA, T. J. F.; OLIVEIRA, V. A (Ed.). Sistema brasileiro de classificação de solos. Brasília, Embrapa, 2013. 353p.

SILVA, P. H. M. Impactos das doses e do parcelamento da fertilização na produtividade, lixiviação e ciclagem de nutrientes em plantações de eucalipto. Piracicaba, Universidade de São Paulo, 2011. 118p. (Tese de Doutorado).

SOUSA, D. M. G.; LOBATO, E.; REIN, T. A. Adubação com fósforo. In: SOUSA, D. M. G.; LOBATO, E. (Ed.). Cerrado: correção do solo e adubação. Brasília, Embrapa, 2004. p. 147-168.

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Produção de biomassa do eucalipto aos 6,5 anos de idade em função da adubação nitrogenada

Rodolfo de Niro Gazola(1), Gabriela Gomes Marques (2)*, Salatiér Buzetti(1), Marcelo Carvalho Minhoto Teixeira Filho(1), Raíssa Pereira Dinalli Gazola(3), Isabella Aline Crescenzio(2)

1UNESP-FEIS, Docentes, Departamento de Fitossanidade, Engenharia Rural e Solos. 2UNESP-FEIS, Alunas do Curso de Engenharia Agronômica, 3UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio Economia.

Introdução O acúmulo de nutrientes no tronco e na parte aérea total das espécies de Eucalyptus segue a seguinte ordem: N > Ca > K > Mg > P (Andrade et al., 2006). Entretanto, Benatti (2013) constatou em clones de eucalipto, aos seis anos e meio de idade, a seguinte sequência: Ca > N > K > Mg > P, no entanto, o autor ressaltou que a quantidade de Ca e N acumulada foi praticamente semelhante. Nesse sentido, dentre os macronutrientes verifica-se que o N é o mais extraído pela cultura. No entanto, a influência da adubação nitrogenada tem sido contraditória em plantios de eucalipto. Os ganhos de produtividade desses plantios em resposta à sua fertilização têm sido relativamente baixos ou ausentes, o que indica que o solo tem sido capaz de suprir boa parte da demanda deste nutriente para as plantas, o que pode ser atribuído à maior quantidade de N mineralizado da matéria orgânica (M.O.) do solo (Gama-Rodrigues, 1997; Gama-Rodrigues et al., 2005). Nesse sentido, objetivou-se avaliar a adubação nitrogenada na produtividade de biomassa da cultura do eucalipto aos 6,5 anos após o seu plantio, em função de doses de N em solo com baixo teor de M.O.

Material e métodos O experimento foi realizado de setembro/2011 a julho/2017, na Fazenda Renascença, fundo agrícola administrado pela Cargill Agrícola S/A, com latitude 20o 34’ S, longitude 51o 50’ O e altitude média de 305 m, no município de Três Lagoas, MS. Antecedendo a instalação do experimento, foram coletadas amostras do solo nas profundidades de 0 a 20 e 20 a 40 cm para determinação dos atributos químicos do solo, segundo a metodologia descrita por Raij et al. (2001). Os atributos químicos na profundidade de 0 a 20 cm foram: pH em CaCl2 de 4,2; 7,4 g dm-3 de M.O.; 1 mg dm-3 de P em resina; e teores de K, Ca, Mg, H+Al e Al de 0,2; 4,2; 1,9; 17,0 e 4,3 -3 mmolc dm , respectivamente, e a saturação por bases (V) de 27%. Na profundidade de 20 a 40 cm, foram: -3 -3 pH em CaCl2 de 4,2 e 6,8 g dm de M.O.; 1 mg dm de P em resina; teores de K, Ca, Mg, H+Al e Al de -3 0,3; 1,6; 1,1; 18,0 e 4,5 mmolc dm , respectivamente, e V de 14%. O solo foi classificado como NEOSSOLO QUARTZARÊNICO órtico (Santos et al., 2013). O experimento foi implantado em janeiro de 2012, o delineamento experimental foi o de blocos ao acaso com quatro tratamentos e cinco repetições e 420 m2 por parcela, sendo quatro doses de N (0, 70, 105 e 140 kg ha-1 de N). Cada parcela foi composta por 56 plantas do clone de Eucalyptus urophylla, distribuídas em sete linhas de oito plantas cada (espaçamento de 2,5 x 3,0 m). -1 -1 Na adubação de plantio foram aplicados 70 kg ha de P2O5 (Superfosfato triplo) e 15 kg ha de K2O -1 (Cloreto de potássio) e 49,5; 49,5 e 66 kg ha de K2O em cobertura (aos 2, 9 e 14 meses, respectivamente). A adubação nitrogenada foi realizada no plantio e em três coberturas (aos 2, 9 e 14 meses) utilizando o nitrato de amônio como fonte e as quantidades aplicadas conforme os tratamentos. Aos 6,5 anos após o plantio foi determinada a biomassa total (folhas, galhos, lenho e casca) de quatro árvores de eucalipto por tratamento, sendo uma árvore representativa da classe inferior, duas da classe intermediária e uma da classe superior, segundo a metodologia descrita por Silva (2011). Os dados foram submetidos à análise de variância com a aplicação do teste F a 5% de probabilidade. Quando significativo, realizou-se a análise de regressão. O procedimento estatístico foi realizado utilizando o programa SISVAR (Ferreira, 2008). Resultados e discussão A adubação nitrogenada influenciou positivamente a produção de biomassa total da parte aérea das plantas de eucalipto aos 6,5 anos após o seu plantio, sendo que a máxima produção de 190557 kg ha-1 foi obtida com aplicação de 140 kg ha-1 de N (Figura 1). Silva (2011) constatou que a produção de biomassa total da parte aérea do eucalipto aos 2 anos de idade foi 50% superior com a maior dose de fertilizante

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(NPK), em relação aos tratamentos que não receberam a adubação. Tal fato evidencia que a adubação da cultura propicia o aumento da produção de biomassa, como verificado no presente estudo.

200000

190000

180000

)

1 - 170000

160000 Biomassa Biomassa (kgha

150000

140000 Total Ŷ = 162032 + 203,75*X (R2 = 0,87)

*: p < 0,05 130000 0 35 70 105 140 Doses de N (kg ha-1)

Figura 1 - Biomassa total do eucalipto aos 6,5 anos após o seu plantio, em função de doses de N. Três Lagoas/MS, 2017.

Conclusões O eucalipto aos 6,5 anos de idade apresenta a máxima produtividade de biomassa com a aplicação de 140 kg ha-1 de N. Agradecimentos À CAPES e à FAPESP (2014/02641-6) pelo financiamento da pesquisa do primeiro autor.

Referências ANDRADE, G. C.; BELLOTE, A. F. J.; SILVA, H. D.; RIZZI, N. E.; GAVA, J. L. Acúmulo de nutrientes na biomassa e na serapilheira de Eucalyptus grandis em função da aplicação de lixo urbano e de nutrientes minerais. Boletim de Pesquisa Florestal, 53:109-136, 2006.

BENATTI, B. P. Compartimentalização de biomassa e de nutrientes em estruturas de plantas de eucalipto cultivadas em solos distintos. Lavras, Universidade Federal de Lavras, 2013. 115p. (Dissertação de Mestrado).

FERREIRA, D. F. SISVAR: um programa para análises e ensino de estatística. Revista Symposium, 6:36-41, 2008. GAMA-RODRIGUES, E. F. Carbono e nitrogênio da biomassa microbiana do solo e da serapilheira de povoamentos de eucalipto. Seropédica, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, 1997. 108p. (Tese de Doutorado).

GAMA-RODRIGUES, E. F.; BARROS, N. F.; GAMA-RODRIGUES, A. C.; SANTOS, G. A. Nitrogênio, carbono e atividade da biomassa microbiana do solo em plantações de eucalipto. Revista Brasileira de Ciência do Solo, 29:893-901, 2005.

RAIJ, B. van.; ANDRADE, J. C.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J. A. Análise química para avaliação da fertilidade de solos tropicais. Campinas, IAC, 2001. 285p.

SANTOS, H. G.; ALMEIDA, J. A.; OLIVEIRA, J. B.; LUMBRERAS, J. F.; ANJOS, L. H. C.; COELHO, M. R.; JACOMINE, P. K. T.; CUNHA, T. J. F.; OLIVEIRA, V. A (Ed.). Sistema brasileiro de classificação de solos. Brasília, Embrapa, 2013. 353p.

SILVA, P. H. M. Impactos das doses e do parcelamento da fertilização na produtividade, lixiviação e ciclagem de nutrientes em plantações de eucalipto. Piracicaba, Universidade de São Paulo, 2011. 118p. (Tese de Doutorado).

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Produtividade do eucalipto aos 54 meses de idade em resposta a adubação fosfatada

Rodolfo de Niro Gazola(1), Isabella Aline Crescenzio(2)*, Salatiér Buzetti(3), Marcelo Carvalho Minhoto Teixeira Filho(4), Raíssa Pereira Dinalli Gazola(5), Gabriela Gomes Marques(6)

1, 3 e 4 UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitossanidade, Engenharia Rural e Solos 2 e 6 UNESP-FEIS, Curso de Engenharia Agronômica, 5 UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio Economia.

Introdução Em regiões de Cerrado, a extração de fósforo (P) pela cultura do eucalipto configura uma parcela importante para seu desenvolvimento, principalmente na fase jovem, onde a necessidade desse macronutriente é maior. Além disso, os solos ácidos dessas regiões (ricos em alumínio (Al) trocável) impossibilitam maior disponibilidade de P na solução do solo, ficando muitas vezes adsorvidos (P não lábil) ou precipitados. (Sousa et al., 2004; Silveira & Gava 2004) A aplicação de altas doses de fertilizantes fosfatados tornam-se uma alternativa para suprir a necessidade da planta, porém, a inviabilidade econômica do processo devido às altas doses aplicadas desse nutriente implica em um criterioso estudo para tornar a prática racional, otimizando os recursos financeiros e ambientais. (Bognola et al., 2011; Maeda & Bognola, 2012) Nesse sentido, objetivou-se avaliar a produtividade do eucalipto aos 54 meses de idade em função da adubação fosfatada em solos com baixa disponibilidade de P.

Material e métodos O experimento foi realizado de Setembro de 2011 a Julho de 2016, no município de Três Lagoas – MS, na fazenda Renascença, fundo agrícola administrado pela Cargill Agrícola S/A, com altitude média de 305 m e duração. Antes de dar início ao experimento, foram coletadas amostras de solos para determinação de fertilidade, nas profundidades de 0,00 a 0,20 e 0,20 a 0,40 m, segundo a metodologia descrita por Raij et -3 al. (2001). Os atributos químicos na profundidade de 0 a 20 cm foram: pH em CaCl2 de 4,2; 7,4 g dm de -3 - M.O.; 1 mg dm de P em resina; e teores de K, Ca, Mg, H+Al e Al de 0,2; 4,2; 1,9; 17,0 e 4,3 mmolc dm 3, respectivamente, e a saturação por bases (V) de 27%. Na profundidade de 0,20 a 0,40 m, foram: pH em -3 -3 CaCl2 de 4,2 e 6,8 g dm de M.O.; 1 mg dm de P em resina; teores de K, Ca, Mg, H+Al e Al de 0,3; 1,6; -3 1,1; 18,0 e 4,5 mmolc dm , respectivamente, e V de 14%. O solo foi classificado como NEOSSOLO QUARTZARÊNICO órtico (Santos et al., 2013). O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, com quatro tratamentos e cinco -1 repetições, com 4 doses de P (0, 40, 70 e 100 kg ha de P2O5). As parcelas foram compostas por 56 plantas, distribuídas em sete linhas de oito plantas cada. As mudas do clone de Eucalyptus urophylla tiveram espaçamento de 2,5 m e nas entrelinhas 3 m. -1 Na adubação de plantio, foram aplicados no sulco 15 kg ha de nitrogênio (N) e de K2O, sendo utilizado como fonte a ureia e o cloreto de potássio, respectivamente. A adubação fosfatada foi realizada somente no plantio, utilizando como fonte o superfosfato triplo, sendo a quantidade aplicada conforme a descrição dos tratamentos. O nitrato de amônio e o cloreto de potássio, como fontes de N e K2O, respectivamente, foram aplicados em cobertura, nas quantidades de 37,5; 37,5 e 50,0 kg ha-1 de N e 49,5; 49,5 e 66,0 kg ha-1 de K2O (2, 9 e 14 meses, respectivamente). Aos 54 meses após o plantio, foram realizadas as avaliações de altura e diâmetro à altura do peito (DAP), estimando a produtividade de madeira. Os dados foram submetidos à análise de variância com a aplicação do teste F a 5% de probabilidade. Quando significativo, realizou-se a análise de regressão. O procedimento estatístico foi realizado utilizando o programa SISVAR (Ferreira, 2008).

Resultados e discussão

165

A produtividade de madeira ajustou-se à função quadrática, sendo a máxima estimada de 178,1 m3 -1 -1 ha , obtida, com a aplicação de 75 kg ha de P2O5 (Tabela 1). Melo (2014) avaliou a adubação fosfatada em plantações clonais de eucalipto e, constatou que em NEOSSOLO QUARTZARÊNICO, as doses estimadas para obtenção das máximas produções do -1 Eucalyptus grandis x urophylla aos 24 e 48 meses de idade foram de 72,2 e 95,2 kg ha de P2O5, -1 respectivamente, e superior a 90,0 kg ha de P2O5 aos 60 meses, o que indicaram o aumento das respostas ao P com a idade. Para o LATOSSOLO VERMELHO AMARELO as doses estimadas para obtenção das máximas produções do Eucalyptus urophylla x globulus, aos 18 e 48 meses de idade, foram de 70,0 e 57,4 -1 kg ha de P2O5, respectivamente, ou seja, houve a diminuição das respostas com a idade. O autor explica que essa diferença entre os dois locais se deve ao teor inicial de P no solo, sendo de 1,3 mg dm-3 de P em Ribas do Rio Pardo/MS e de 4,0 mg dm-3 de P em Mogi-Guaçu/SP. No presente estudo, o teor inicial de P -3 é de 1 mg dm o que justifica a resposta da cultura à adubação com P2O5.

Tabela 1 - Diâmetro à altura do peito (DAP), altura média de plantas (H) e volume total de madeira com casca (Vt) de plantas de eucalipto, aos 54 meses após o seu plantio, em função de doses de P2O5. Três Lagoas/MS, 2016. Doses de P2O5 DAP H Vt -1 (kg ha ) (cm) (m) (m3 ha-1) 0 13,8(1) 20,59ns 206,8(2) 40 14,5 21,52 236,9 70 15,3 22,12 270,1 100 14,9 21,42 248,8 C.V. (%) 1,93 2,76 5,84 (1) * * 2 2 -1 Y = 13,74 + 0,0327 X - 0,0002 X (R = 0,89 e PM = 82 kg ha de P2O5) (2) * * 2 2 -1 Y = 204,2 + 1,4564 X - 0,0097 X (R = 0,88 e PM = 75 kg ha de P2O5)

Conclusões O eucalipto, aos 54 meses de idade, apresentou a máxima produtividade de madeira com a aplicação -1 de 75 kg ha de P2O5. Agradecimentos

À CAPES e à FAPESP pelo financiamento da pesquisa (processo número 2014/02641-6).

Referências

RAIJ, B. van.; ANDRADE, J. C.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J. A. Análise química para avaliação da fertilidade de solos tropicais 1.ed. Campinas: IAC, 2001. 285p.

FERREIRA, D. F. SISVAR: um programa para análises e ensino de estatística. Revista Symposium, 6:36-41, 2008.

MELO, E. A. S. C. Nutrição e fertilização de plantações clonais de eucalipto sob diferentes condições edafoclimámitas [Tese]. Piracicaba: Universidade de São Paulo; 2014.

SANTOS, H. G.; ALMEIDA, J. A.; OLIVEIRA, J. B.; LUMBRERAS, J. F.; ANJOS, L. H. C.; COELHO, M. R.; JACOMINE, P. K. T.; CUNHA, T. J. F.; OLIVEIRA, V. A (Ed.). Sistema brasileiro de classificação de solos. Brasília, DF: Embrapa, 2013. 353 p.

MAEDA, S. & BOGNOLA, I. A. Influência de calagem e adubação fosfatada no crescimento inicial de eucalipto e nos níveis críticos de P. Pesquisa Florestal Brasileira, 32:401-407, 2012.

SOUSA, D. M. G.; LOBATO, E.; REIN, T. A. Adubação com fósforo. In: SOUSA. D. M. G. & LOBATO, E., ed. Cerrado: Correção do solo e adubação. 2.ed. Brasília: Embrapa, 2004, p. 147-168.

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Produtividade do eucalipto aos 54 meses de idade em resposta adubação potássica

Rodolfo de Niro Gazola(1), Gabriela Gomes Marques (2), Salatiér Buzetti(1), Marcelo Carvalho Minhoto Teixeira Filho(1), Raíssa Pereira Dinalli Gazola(3), Isabella Aline Crescenzio(2)

1UNESP-FEIS, Docentes, Departamento de Fitossanidade, Engenharia Rural e Solos. 2UNESP-FEIS, Alunas do Curso de Engenharia Agronômica, 3UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio Economia.

Introdução Um dos nutrientes que mais limitam a produtividade de Eucalyptus no Brasil é o potássio (Silveira e Malavolta, 2000). Diversos trabalhos consultados na literatura constam respostas do Eucalyptus em solos -3 cujos teores de K estão abaixo de 1 mmolc dm (Galo, 1993; Scatolini et al., 1996; Gava, 1997). Portanto, em condições de teores mais altos de K no solo, as respostas do Eucalyptus à aplicação de tal nutriente não -3 tem sido consistentes, tendo respostas apenas em solos em que os teores não excedem 1 mmolc dm (Silveira e Malavolta, 2000). A realização da adubação potássica tem ocasionado aumentos significativos de produtividade em grande parte das áreas ocupadas por eucalipto, decorrentes dos baixos teores desse elemento nos solos (Almeida et al, 2007). Objetivou-se avaliar a adubação potássica na produtividade do eucalipto após 54 meses do plantio, em função de doses de potássio em solos que apresentam baixa concentração desse nutriente.

Material e métodos O experimento foi realizado entre o período de setembro de 2011 a junho de 2016, na Fazenda Renascença, fundo agrícola administrado pela Cargill Agrícola S/A, com latitude 20o 34’ S, longitude 51o 50’ O e altitude média de 305m, no município de Três Lagoas, MS. Antes de dar início ao experimento, foram coletadas amostras de solos para determinação de fertilidade, nas profundidades de 0 a 20 e 20 a 40 cm, segundo a metodologia descrita por Raij et al. (2001). -3 Os atributos químicos na profundidade de 0 a 20 cm foram: pH em CaCl2 de 4,2; 7,4 g dm de M.O.; 1 mg -3 -3 dm de P em resina; e teores de K, Ca, Mg, H+Al e Al de 0,2; 4,2; 1,9; 17,0 e 4,3 mmolc dm , respectivamente, e a saturação por bases (V) de 27%. Na profundidade de 20 a 40 cm, foram: pH em CaCl2 de 4,2 e 6,8 g dm-3 de M.O.; 1 mg dm-3 de P em resina; teores de K, Ca, Mg, H+Al e Al de 0,3; 1,6; 1,1; -3 18,0 e 4,5 mmolc dm , respectivamente, e V de 14%. O solo foi classificado como NEOSSOLO QUARTZARÊNICO órtico (Santos et al., 2013). O experimento foi implantado em 2012 no mês de janeiro, o delineamento experimental usado foi o de blocos ao acaso com quatro tratamentos e cinco repetições, sendo quatro doses de K (0, 90, 135 e 180 -1 2 kg ha de K2O). Cada parcela possuía 420 m e era composta por 56 plantas, distribuídas em sete linhas de oito plantas cada. Nas linhas de plantio, as mudas do clone de Eucalyptus urophylla foram espaçadas em 2,5 m e nas entre linhas em 3 m. Foram considerados como área útil da parcela apenas as 30 plantas centrais, como área efetiva de amostragem de 225 m2 por parcela. Antes do plantio das mudas, foram aplicados 1500 kg ha-1 de calcário e 500 kg ha-1 de gesso. Na adubação de plantio foi utilizado a ureia, o superfosfato triplo e o cloreto de potássio como fontes de N, P2O5 e K2O, respectivamente. Nas adubações de cobertura, aos 2, 9 e 14 meses, o nitrato de amônio como fonte de N e cloreto de potássio como fonte de K2O. Já na adubação de plantio, foram aplicados 70 -1 -1 -1 kg ha de P2O5 e 15 kg ha de N e K2O, na de cobertura 37,5; 37,5 e 50,00 kg ha de N aos 2, 9 e 14 meses, respectivamente. Aos 54 meses após o plantio foram executadas as medições das árvores, avaliando a altura e o diâmetro à altura do peito (DAP) das plantas nas áreas úteis das parcelas, sendo assim estimada a produtividade da madeira. Os dados foram sujeitos à análise de variância com a aplicação do teste F a 5% de probabilidade. Quando significativo, executou-se a análise de regressão. O procedimento estatístico foi realizado usando o programa SISVAR (Ferreira, 2008).

Resultados e discussão

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O incremento das doses de K2O aumentou linearmente a produtividade da madeira, correspondendo 3 -1 -1 270,1 m ha o valor da máxima produtividade de madeira obtida com a aplicação de 180 kg ha de K2O. -1 A aplicação de 180 kg ha de K2O propiciou acréscimo de 36,4% na produtividade de madeira.

Tabela 1 – Diâmetro à altura do peito (DAP), altura média de plantas (H) e volume total de madeira com casca (Vt) de plantas de eucalipto, aos 54 meses após seu plantio, em função das doses de K2O. Doses de K2O DAP H Vt -1 (kg ha ) (cm) (m) (m3 ha-1) 0 13,7(1) 20,44(2) 201,5(3) 90 14,2 21,17 222,6 135 14,9 22,10 258,2 180 15,3 22,11 270,1 C.V. (%) 2,78 2,13 6,79 (1) Y= 13,61+0,0091*X (R2=0,96); (2)Y=20,43+0,0101**X (R2=0,93); (3)Y=197,60+0,3995**X (R2=0,94)

Melo (2014) avaliou no município de Ribas do Rio Pardo/MS em NEOSSOLO QUATZARÊNICO -3 -1 (0,3 mmolc dm de K) a aplicação de doses de K2O (0,0; 50,0; 100,0 e 150,0 kg ha de K2O) em híbrido de Eucalyptus grandis x urophylla, e verificou que a resposta às doses desse nutriente aumentou entre 24 e 60 meses de idade, sendo que aos 24 meses a dose que propiciou máxima produção de madeira foi de 148 -1 kg ha-1 de K2O, e a partir dos 36 meses, superior a 150 kg ha de K2O.

Conclusões O eucalipto aos 54 meses de idade apresenta a máxima produtividade de madeira com aplicação de -1 180 kg ha de K2O. Agradecimentos À CAPES e à FAPESP (2014/02641-6) pelo financiamento da pesquisa do primeiro autor.

Referências ALMEIDA, J. C. R.; LACLAU, J. P.; GONÇALVES, J. L. M.; MOREIRA, R. M.; ROJAS, J. S. D. Índice de área foliar do Eucalyptus grandis em resposta à adubação com potássio e sódio. In: SEMINÁRIO DE RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO PARAÍBA DO SUL, 1., Taubaté, 2007. Anais. Taubaté: Universidade de Taubaté, 2007. p.1-7.

FERREIRA, D. F. SISVAR: um programa para análises e ensino de estatística. Revista Symposium, 6:36-41, 2008.

GALO, M. V. Resposta do eucalipto à aplicação de potássio em solo de cerrado [Dissertação]. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa; 1993.

GAVA, J. L. Efeito da adubação potássica em plantios de E. grandis conduzido em segunda rotação em solos com diferentes teores de potássio trocável. Série Técnica IPEF, 11:84-94, 1997.

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RAIJ, B. van.; ANDRADE, J. C.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J. A. Análise química para avaliação da fertilidade de solos tropicais 1. ed. Campinas: IAC, 2001. 285p.

SANTOS, H. G.; ALMEIDA, J. A.; OLIVEIRA, J. B.; LUMBRERAS, J. F.; ANJOS, L. H. C.; COELHO, M. R.; JACOMINE, P. K. T.; CUNHA, T. J. F.; OLIVEIRA, V. A (Ed.). Sistema brasileiro de classificação de solos. Brasília, DF: Embrapa, 2013. 353 p.

SCATOLINI, F. M.; FIRME, D. J.;GARCIA, C. H.; GOMES, F. P.; CAMARGO, F. R. A. Parcelamento da adubação potássica em E. grandis em áreas de reforma da Votorantim celulose e papel S.A. In: CONGRESSO LATINO AMERICANO DE CIÊNCIA DO SOLO. 13., 1996. Anais. Águas de Lindóia: Embrapa, 1996. CD-ROM.

SILVEIRA, R. L. V. A. & MALAVOLTA, E. Nutrição e adubação potássica em Eucalyptus. Informações Agronômicas n. 91, Piracicaba: POTAFOS, 2000. 12p.

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Qualidade industrial de arroz de terras altas em função da inoculação de Bacillus amyloliquefasciens

Fernando de Souza Buzo(1)*, Lucas Martins Garé (2), Orivaldo Arf(3), Pedro Henrique Destro(1), Nayara Fernanda Siviero Garcia(2), Éder Nunes de Lima Milhossi(1)

1UNESP-FEIS, Curso de Engenharia Agronômica, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio-Economia. *e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Curso de Pós-graduação em Agronomia, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio-Economia. 3UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio-Economia.

Introdução O arroz está entre os alimentos mais consumidos no mundo, atendendo à demanda alimentar de mais da metade da população do planeta todos os dias (Cantrell, 2002). Sabe-se que trata-se de um grão com ótimas características nutricionais e cujas plantas apresentam ampla adaptação às diferentes condições edafoclimáticas, ressaltando seu grande potencial em combater a fome do mundo (Silva et al., 2014). Em território nacional, o arroz é cultivado predominantemente na região Sul, sob sistema de irrigação por inundação, mas o cultivo em terras altas é visto como uma alternativa viável para a expansão da cultura (Embrapa, 2006). Essa modalidade apresenta produtividade reduzida, o que torna indispensável a busca por maneiras de alavancar essa produtividade no Cerrado brasileiro. As bactérias promotoras de crescimento de plantas (BPCP) tem sido descritas como bactérias que vivem associadas às plantas e capazes de promover o crescimento vegetal, produzindo substâncias que estimulam o crescimento das plantas ou ainda modificando a microbiota da rizosfera (Santos, 2014; Szilagyi-Zecchin, 2015). A espécie da bactéria Bacillus amyloliquefaciens é cosmopolita, de ocorrência natural nos solos e comumente associada ao ambiente rizosférico e endofítico de plantas (Xu et al., 2013). Ela tem sido associada à proteção de plantas contra perdas causadas por fungos e nematoides fitopatogênicos, mas também demonstrou potencial para a promoção de crescimento das plantas (Wang et al., 2012). Com isso, o presente trabalho objetivou verificar se a aplicação foliar de doses de um inoculante a base de Bacillus amyloliquefasciens é capaz de beneficiar a qualidade industrial dos grãos de arroz produzidos em terras altas.

Material e métodos O trabalho foi realizado em área experimental da Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão da FEIS – UNESP, localizada no município de Selvíria-MS. Utilizou-se o delineamento experimental de blocos ao acaso, com quatro repetições. Os tratamentos foram a aplicação de quatro doses de inoculante a base de Bacillus amyloliquefasciens (0,0; 0,25; 0,5; 1,0; 2,0 L ha-1) diluídas em 150 L ha-1 de água e aplicadas aos 20 dias após a emergência da cultura. Realizou-se preparo convencional com uma aração e duas gradagens da área experimental e semeadura mecânica da cultivar BRS Esmeralda. Realizaram-se os tratos culturais indicados para a cultura. Após a colheita, coletou-se uma amostra de 100 gramas de arroz em casca de cada parcela, que foi processada em engenho de prova SUZUKI modelo MT durante 1 minuto, para a obtenção de grãos polidos, que foram pesados para determinação do rendimento de benefício. Em seguida, colocou- se os grãos polidos no “trieur” n° 0 por 30 segundos para separação dos grãos inteiros e quebrados, para pesagem dos mesmos e consequente determinação do rendimento de inteiros e da porcentagem de grãos quebrados por parcela. Os resultados foram submetidos ao teste F da ANAVA por meio do programa estatístico Sisvar®, com o objetivo de verificar se houve diferença significativa entre os tratamentos.

Resultados e discussão Os resultados obtidos estão apresentados na Tabela 01. Observa-se que não houve efeito significativo para nenhuma das três variáveis analisadas em função das doses do inoculante a base de Bacillus amyloliquefasciens aplicadas via foliar na cultura do arroz. De qualquer modo, os valores médios encontrados estão dentro do esperado para a cultivar BRS Esmeralda que, segundo Castro et al. (2014) apresenta em média 62% de rendimento de grãos inteiros. Resultado semelhante foi encontrado por Buzo et al. (2017) em função da aplicação foliar de 500 mL ha-1 de inoculante a base da mesma bactéria, corroborando o encontrado no presente trabalho. Não foram encontrados outros trabalhos semelhantes para comparação. Talvez essas BPCP promovam o

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crescimento de plantas e aumentem a produtividade das culturas, como em Idris et al. (2004) observou nos coleóptilos de milho e Gül et al. (2008) no rendimento de frutos de tomate, mas não afetando a qualidade dos grãos produzidos.

Tabela 01. Qualidade industrial de grãos de arroz em função da aplicação foliar de doses de um inoculante a base de Bacillus amyloliquefasciens. Selvíria – MS, 2016/17.

BAL RBen. RInt. Queb. 0,00 72,30 66,03 6,28 0,25 71,38 65,05 6,33 0,50 71,75 65,33 6,43 1,00 72,85 66,45 6,40 2,00 72,43 65,53 6,90 Teste F 1,03ns 0,34ns 0,13ns C.V. (%) 1,59 2,93 21,84 Média Geral 72,14 65,68 6,47 BAL: Doses de B. amyloliquefasciens (L ha-1); RBen.: Rendimento de benefício (%); RInt.: Rendimento de grãos inteiros (%); Queb.: Quantidade de grãos quebrados (%); ns: Não significativo pelo Teste F; C.V.: Coeficiente de Variação.

Conclusões As doses do inoculante contendo Bacillus amyloliquefasciens aplicadas via foliar não afetaram o rendimento de benefício, rendimento de grãos inteiros e a porcentagem de grãos quebrados de arroz.

Referências BUZO, F. S.; ARF, O.; GARÉ, L. M.; DESTRO, P. H.; ABRANTES, F. L. Qualidade industrial do arroz de terras altas em função da inoculação de bactérias promotoras de crescimento de plantas. In: XXIX Congresso de Iniciação Científica da Unesp, 2017, Ilha Solteira. Anais... 2017.

CANTRELL, R. P. Rice: Why it's so essential for global security and stability. U.S. State Department. 2002.

CASTRO, A. P. et al. Comunicado Técnico 215: BRS Esmeralda: Cultivar de Arroz de Terras Altas com Elevada Produtividade e Maior Tolerância à Seca. Santo Antônio de Goiás: Embrapa, 2014. 4 p.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA (Embrapa). Cultivo do arroz de terras altas no Estado de Mato Grosso. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 2006.

GÜL, A.; KIDOGLU, F.; TÜZEL, Y.; TÜZEL, I. H. Effects of nutrition and Bacillus amyloliquefaciens on tomato (Solanum lycopersicum L.) growing in perlite. Spanish Journal of Agricultural Research, vol. 6, n. 3, p. 422-429, 2008.

IDRIS, E.E.S.; BOCHOW, H.; ROSS, H.; BORRISS, R. Use of Bacillus subtilis as biocontrol agent. VI. Phytohormone like action of culture filtrates prepared from plant growth-promoting Bacillus amyloliquefaciens FZB24, FZB42, FZB45 and Bacillus subtilis FZB37. Journal of Plant Disease and Plant Protection, vol. 111, p. 583-597, 2004.

SANTOS, J. F.; SACRAMENTO, B. L.; MOTA, K. N. A. B.; SOUZA, J. T.; AZEVEDO, A. D. Crescimento de girassol em função da inoculação de sementes com bactérias endofíticas. Pesquisa Agropecuária Tropical v.44, n.2, p. 142-150, 2014.

SILVA, O. F.; WANDER, A. E.; FERREIRA, C. M. Arroz: Importância econômica e social. 2014.

SZILAGYI-ZECCHIN, V. J.; MÓGOR, A. F.; RUARO, L.; RÖDER, C. Crescimento de mudas de tomateiro (Solanum lycopersicum) estimulado pela bactéria Bacillus amyloliquefaciens subsp. plantarum FZB42 em cultura orgânica. Rev. de Ciências Agrárias, Lisboa, v. 38, n. 1, p. 26-33, mar. 2015.

WANG, X.; LUO, C.; CHEN, Z. Genome sequence of the plant growthpromoting rhizobacterium Bacillus sp. strain 916. Journal of Bacteriology, Washington, v.194, n.19, p.5467-5468, 2012.

XU, Z.; SHAO, J.; LI, B.; YAN, X.; SHEN, Q.; ZHANG, R. Contribution of bacillomycin D in Bacillus amyloliquefaciens SQR9 to antifungal activity and biofilm formation. Applied and Environmental Microbiology, Washington, v.79, n.3, p.808-815, 2013.

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Análise econômica da produção de soja com a reaplicação superficial de calcário e gesso no município de Selvíria – MS Hugo Henrique Andrade Meneghette (1), Giovana Guerra Mariano (2)*, Omar Jorge Sabbag(3) 1UNESP-FEIS, Curso de Engenharia Agronômica – Bacharelado. E-mail: [email protected] 2*UNESP-FEIS, Curso de Engenharia Agronômica – Bacharelado. E- mail:[email protected] 3UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócioeconomia – DFTASE. Introdução Considerada uma das principais culturas do Brasil com grande importância econômica, a soja (Glycine max L.) ocupa uma área de aproximadamente 35 milhões de hectares, gerando uma produção de 116,996 milhões de toneladas na safra 2017/2018. Além disso, o Brasil é o segundo maior produtor mundial com uma produtividade média de 3.333 kg por hectare (EMBRAPA, 2018). A agricultura é condicionada a vários fatores, que interagem de forma a alterar a produção. Assim, torna-se necessário um planejamento e gerenciamento dos custos. A soma das despesas geradas relacionadas com a produção é uma forma de avaliar os custos de produção (FERREIRA; FREITAS; MOREIRA, 2015). O presente trabalho teve como objetivo avaliar os custos e indicadores econômicos da sojicultura em região de Cerrado, sob sistema de plantio direto, quando submetida a reaplicação superficial de calcário e gesso no município de Selvíria – MS.

Material e métodos O experimento está sendo conduzido desde 2011 em área experimental pertencente à Universidade Estadual Paulista (UNESP), Ilha Solteira/ SP, localizada no município de Selvíria - MS, situada a 20°20’53” de Latitude Sul e 51°24’02”de Longitude Oeste, com a altitude de 335m, aproximadamente. Foi avaliada a produtividade da cultura da soja no ano agrícola de 2015/2016, sendo que para tal o delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso em esquema de parcelas subdivididas, com quatro repetições. Nas parcelas estavam acondicionadas quatro doses de calcário (0; 2.000; 4.000 e 6.000 kg ha-1) e nas subparcelas, quatro doses de gesso (0; 1.500; 3.000 e 4.500 kg ha-1). O custo operacional efetivo (COE) refere-se a todos os gastos assumidos pela propriedade ao longo de um ano e que serão consumidos neste mesmo intervalo de tempo, tais como sementes, inseticidas, fungicidas, fertilizantes e serviços de mecanização como mão de obra e operações com máquinas (EVERALDO JUNIOR; OSAKI, 2005). O Custo Operacional Total (COT) leva em consideração todos os procedimentos que ocorrem na produção, como despesas indiretas (impostos, encargos sociais, material de escritório) (MATSUNGA et al., 1976). Para a realização da análise de rentabilidade, foi utilizada a metodologia descrita por Martin et al. (1998), que engloba: Receita bruta, resultado operacional, índice de lucratividade, preço e quantidade de equilíbrio.

Resultados e discussão Na Tabelas 1 encontra-se os resultados obtidos para o COT estimado. Nota-se que o custo de condução se eleva, em decorrência do aumento das quantidades de insumos utilizados. Outro fator importante é o preço da saca de soja no momento da comercialização. O produtor deve ter

171 planejamento na hora de comercializar sua produção, estudando o melhor momento de realizar a venda, para não precisar vender em baixo preço para cumprir suas obrigações. Na Tabela 2 estão dispostas as médias para produtividade de grãos de soja em sacas (60 kg). Nota que o maior valor foi observado no tratamento referente a aplicação de 4.000 kg ha-1 de calcário quando associado à 3.000 kg ha-1 de gesso, representando um aumento de 84% em relação a testemunha (sem aplicações), na qual foram observados os menores valores para esse parâmetro.

Tabela 1. Estimativa do custo total de produção in situ para produção de soja sem a aplicação dos tratamentos. Selvíria – MS, 2015.

DESCRIÇÃO ESPECIF. Nº vezes Qtde. V. unitário Total (R$)

A) Operações mecanizadas

Pulverização HM 6 0,8 70,50 338,59 Semeadura HM 2 0,7 136,30 190,78 Colheita HM 1 0,6 65,00 39,00

Subtotal A 568,37

B) Material (Insumos)

Glifosato L ha-1 2 2 11,50 45,80 Classic kg ha-1 1 0,3 58,30 17,49 Lannate L ha-1 2 1 19,00 38,00 Opera L ha-1 2 0,5 78,00 78,00 Cipermetrina L ha-1 2 0,2 23,00 9,20 Connect L ha-1 2 0,75 36,10 54,08 Bazuka L ha-1 1 0,5 20,00 10,00 Masterfix L ha-1 1 0,1 35,00 3,50 Adubo Mg ha-1 2 0,3 1.600,00 960,00 Vitavax-thiran L ha-1 1 0,2 58,00 11,60 Semente kg ha-1 1 55 3,20 176,00

Subtotal B 1.403,67

Custo operacional efetivo (C.O.E) 1.972,04

Outras despesas 98,60 Juros de custeio 15,11 Depreciação linear 8,23

Custo operacional total (C.O.T) 2.093,98

Fonte: dados da pesquisa.

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Tabela 2. Médias obtidas para produtividade de grãos de soja em função da aplicação de doses de calcário e gesso agrícola em cobertura em SPD. Selvíria – MS, 2015.

Doses de Gesso (kg ha-1) Doses de Calcário (kg ha-1) 0 1.500 3.000 4.500

0 43,72 55,08 59,03 69,15 2.000 67,15 71,82 75,80 74,17 4.000 66,82 72,08 80,57 76,70 6.000 74,32 76,83 80,25 64,02

Fonte: dados da pesquisa. Tabela 3. Estimativa de COT e Indicadores de rentabilidade para produção de soja sob SPD quando associada a aplicação de calcário (0 e 2.000 kg ha-1) e gesso agrícola (0, 1.500, 3.000 e 4.500 kg ha-1) em cobertura. Selvíria – MS, 2015.

Doses de Calcário (kg ha-1) 0 2000

Doses de Gesso (kg ha-1) 0 1500 3000 4500 0 1500 3000 4500

COT (R$) 2.093,98 2.303,92 2.450,92 2.597,92 2.446,92 2.655,03 2.802,03 2.949,03 Receita Bruta (R$) 2.532,07 3.190,43 3.419,21 4.005,17 3.889,33 4.159,62 4.390,34 4.295,73 Resultado Operacional (R$) 438,09 886,51 968,29 1.407,25 1.442,41 1.504,59 1.588,31 1.346,70 Índice de Lucratividade (%) 17,30 27,79 28,32 35,14 37,09 36,17 36,18 31,35 Preço de Equilíbrio (R$) 47,90 41,83 41,52 37,57 36,44 36,97 36,97 39,76 Quantidade de Equilíbrio (sacas) 36,15 39,78 42,32 44,85 42,25 45,84 48,38 50,92

Fonte: dados da pesquisa. O resultado operacional obtido (Tabelas 3 e 4) demonstram maior valor quando se utilizou a combinação de 2.000 kg ha-1 de calcário e 3.000 kg ha-1 de gesso, gerando um resultado operacional de R$1.588,31, demostrando que este é o melhor manejo a se adotar dentre os tratamentos estudados visando esse indicador. A receita bruta foi calculada utilizando o valor médio da saca de soja na semana da colheita, sendo aproximadamente R$57,92. O índice de lucratividade, preço e quantidade de equilíbrio tem comportamento similar mediante aos tratamentos e aos demais indicadores. Outro fator relevante é o preço dos insumos no momento de compra, ressaltando a importância da análise da flutuação do mercado local e sua sazonalidade, deduzindo a melhor época para obtenção desses produtos (FISCHER FILHO et al., 2015).

Tabela 4. Estimativa de COT e Indicadores de rentabilidade para produção de soja sob SPD quando associada a aplicação de calcário (4.000 e 6.000 kg ha-1) e gesso agrícola (0, 1.500, 3.000 e 4.500 kg ha-1) em cobertura. Selvíria – MS, 2015.

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Doses de Calcário (kg ha-1) 4000 6000

Doses de Gesso (kg ha-1) 0 1500 3000 4500 0 1500 3000 4500

COT (R$) 2.736,92 2.945,03 3.092,03 3.239,03 3.026,92 3.235,03 3.382,03 3.529,03 Receita Bruta (R$) 3.870,02 4.175,07 4.666,42 4.442,46 4.304,42 4.450,19 4.648,08 3.707,85 Resultado Operacional (R$) 1.133,11 1.230,04 1.574,39 1.203,43 1.277,51 1.215,16 1.266,05 178,81 Índice de Lucratividade (%) 29,28 29,46 33,74 27,09 29,68 27,31 27,24 4,82 Preço de Equilíbrio (R$) 40,96 40,86 38,38 42,23 40,73 42,10 42,14 55,13 Quantidade de Equilíbrio (sacas) 47,25 50,85 53,38 55,92 52,26 55,85 58,39 60,93

Fonte: dados da pesquisa. Conclusões A produção de soja na área avaliada possui um alto retorno financeiro de acordo com o investimento realizado na aplicação de calcário e gesso. Além disso, atualmente o mercado está favorável, devido à alta demanda pelo grão e aos bons níveis de preço.

Referências

EMBRAPA. Soja em números (safra 2017/2018). Embrapa Soja. 2018. Disponível em:< https://www.embrapa.br/web/portal/soja/cultivos/soja1/dados-economicos>. Acesso em 25 maio 2018.

FERREIRA, B. G. C.; FREITAS, M. M. L.; MOREIRA, G. C. Custo operacional efetivo de produção de soja em sistema de plantio direto. Revista iPecege, v. 1, n. 1, p. 39-50, 2015. Disponível em:< https://revista.ipecege.com/Revista/article/view/2/3>. Acesso em 25 maio 2018.

MATSUNAGA, M., BEMELMANS, P. F., TOLEDO, P. E. N., DULLEY, R. D., OKAWA, H., PEDROSO, I. A. Metodologia de custo de produção utilizada pelo IEA. Boletim técnico do Instituto de Economia Agrícola. 1976. Em: . Acesso em 8 de junho de 2018.

EVERALDO JUNIOR, A.G.; OSAKI, M. 2005. Avaliação do efeito da ferrugem asiática no custo operacional efetivo da soja no Estado do Mato Grosso. Disponível em:< http://www.sober.org.br/palestra/2/517.pdf>. Acesso em: 20/04/14. 2005.

FISCHER FILHO, J. A., SILVA, E. H. F. M. D., BERNARDES, E. M., OLIVEIRA, B. R. D. Levantamento e divulgação de preços de insumos agropecuários em Ilha Solteira (SP). In: Congresso de extensão universitária da UNESP. Universidade Estadual Paulista (UNESP), 2015. p. 1-4.

MARTIN, N. B; SERRA, R; OLIVEIRA, M.D.M; ÂNGELO, J.A; OKAWA, H. Sistema integrado de custos agropecuários – CUSTAGRI. Informações econômicas, São Paulo, v. 1, n. 12, p. 7-28, jan. 1998.

Nível e área do trabalho: Graduação/Agronomia Modalidade de Apresentação: Pôster

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Eficiência da adubação nitrogenada associada à inoculação com Azospirillum brasilense na cultura do trigo.

Guilherme Carlos Fernandes(1)*, Marcelo Carvalho Minhoto Teixeira Filho (2), Fernando Shintate Galindo(3), Wiliam Lima Rodrigues(1), Salatiér Buzetti(2)

1UNESP-FEIS, Curso de Agronomia. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitossanidade, Engenharia Rural e Solos, Laboratório de Nutrição de Plantas 3UNESP-FEIS, Pós-graduação em Agronomia – Sistemas de produção Introdução Em função da dinâmica do N no solo, a produção de trigo exige que sejam adicionadas grandes quantidades deste nutriente, o que onera o custo de produção dos agricultores (Galindo et al., 2016). Uma possibilidade de aumentar a eficiência da adubação nitrogenada é o uso de inibidor NBPT, o qual pode retardar a hidrolise da ureia (Galindo et al., 2018). Outra possibilidade, devido ao alto custo dos fertilizantes é o uso de inoculastes contendo bactérias fixadoras de nitrogênio que promovem o crescimento e incrementam a produtividade de plantas, como o Azospirillum brasilense (Galindo et al., 2017).

Material e métodos O trabalho foi conduzido no ano agrícola de 2014 em Selvíria – MS. O delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso com quatro repetições, sendo utilizadas duas fontes de N, ureia convencional, e Super N; cinco doses de N (0, 50, 100, 150 e 200 kg ha-1) foram aplicadas em cobertura à lanço; com e sem inoculação das sementes com A. brasilense. A inoculação das sementes de trigo com a bactéria Azospirillum brasilense estirpes Ab-V5 e Ab-V6, foi realizada na dose de 300 mL de inoculante (líquido) por hectare de sementes de trigo semeadas. Os cálculos de eficiência agronômica, agroecológica e índice de colheita de N foram realizados seguindo metodologia proposta por Fageria et al. (2003).

.

Resultados e discussão As fontes de N, bem como a inoculação com A. brasilense não influenciaram isoladamente na eficiência agronômica, eficiência agroecológica e no índice de colheita de N, entretanto, o incremento das doses de N propiciou decréscimo nas avaliações supracitadas, com ajuste à função linear decrescente.

Tabela 1. Eficiência Agronômica (EA), eficiência agroecológica (AGREC) e índice de colheita de N (ICN) em função de doses e fontes de N e da inoculação com Azospirillum brasilense na cultura do trigo. Selvíria –MS,2014

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----- EA ------AGREC------ICN ---

kg grãos/ kg N aplicado kg grãos/ kg N acumulado Ac. de N nos grãos/ Ac. de N nos grãos + palhada (P.A. total)

2014 2014 2014

Doses de N (kg ha-1)

0 - - 0,69*3

50 13,92**1 22,82*2 0,61

100 8,59 31,02 0,66

150 6,75 18,64 0,62

200 4,76 12,54 0,59

Média geral 8,505 21,25 0,63

C.V. (%) 24,78# 27,47# 12,80

Fontes de N

Ureia 8,61 a 24,73 a 0,64 a

Super N 8,40 a 17,78 a 0,62 a

D.M.S. (5%) 3,33 10,30 0,05

Inoculação

Com Azospirillum 9,40 a 19,89 a 0,62 a

Sem Azospirillum 7,61 a 22,62 a 0,65 a

D.M.S. (5%) 3,33 10,30 0,05

Conclusões As fontes ureia e Super N apresentaram eficiência agronômica, eficiência agroecológica e índice de colheita de nitrogênio semelhantes. A inoculação com A. brasilense não propiciou maior eficiência agronômica, eficiência agroecológica e índice de colheita de nitrogênio.

O incremento nas doses de N até a dose de 200 kg ha-1 em cobertura reduziu a eficiência agronômica, eficiência agroecológica e índice de colheita de nitrogênio, independentemente da fonte utilizada.

Referências

Fageria, N. K.; Slaton, N. A.; Baligar, V. C. Nutrient management for improving lowland rice productivity and sustainability. Advances in Agronomy, v.80, p.63-152, 2003. Galindo, F. S.; Teixeira Filho, M. C. M.; Buzetti, S.; Santini, J. M. K.; Alves, C. J.; Nogueira, L. M.; Ludkiewicz, M. G. Z.; Andreotti, M., Bellotte, J. L. M. Corn yield and foliar diagnosis affected by nitrogen fertilization and inoculation with Azospirillum brasilense. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 40, p. e015036, 2016. Galindo, F.S.; Teixeira Filho, M.C.M.; Buzetti, S.; Rodrigues, W.L.; Boleta, E.H.M.; Rosa, P.A.L.; Gaspareto, R.N.; Biagini, A.L.C.; Baratella, E.B.; Pereira, I.T. Technical and economic

176 viability of corn with Azospirillum brasilense associated with acidity correctives and nitrogen. Journal of Agricultural Science, v. 10, p. 213-227, 2018. Galindo, F.S.; Teixeira Filho, M.C.M.; Buzetti, S.; Santini, J.M.K.; Alves, C.J.; Ludkiewicz, M.G.Z. Wheat yield in the Cerrado as affected by nitrogen fertilization and inoculation with Azospirillum brasilense. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 52, p.794-805, 2017. /S0100- 204X2017000900012

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RESUMOS DA PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRONÔMICA

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Avaliação da cobertura do solo com vegetação nativa em área de cerrado fortemente antropizada, após processos de restauração ecológica

Flávio Henrique Fardin (1)*, Kátia Luciene Maltoni (2), Thaís Soto Boni (3), Talita Vicente das Neves(4)

1UNESP-FEIS, Curso de Pós-graduação em Agronomia, Laboratório de Pedologia. e- mail:[email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitosanidade, Engenharia Rural e Solos 3UNESP-FEIS, Pós-Graduação em Agronomia, Laboratório de Pedologia 4UNESP-FEIS, Graduação em Agronomia, Laboratório de Pedologia

Introdução A construção da Usina Hidrelética-UHE de Ilha Solteira, na década de 60 (CESP, 1988), entre as cidades de Ilha Solteira (SP) e Selvíria (MS), deixaram na região extensas áreas de empréstimo, caracterizadas pela remoção da vegetação e dos horizontes superficiais do solo, o que resultou em insignificante recuperação do cerrado ao longo do tempo, fato corroborado por Viani et. al. (2010), quando explicam que, nessas condições de degradação (terrapleno e cortes), o cerrado apresenta potencial de regeneração natural médio a lento. Projetos de recuperação ecológica buscam o restabelecimento da vegetação nativa, com o recobrimento da superfície do solo, além de outros benefícios, dentre os quais destacam-se a redução da ocorrência processos erosivos e o restabelecimento de alguns serviços ecossistêmicos. O monitoramento é uma etapa essencial para avaliar o sucesso do processo de restauração implementado, tanto no que se refere à avaliação dos métodos usados, como para inferir se a área em restauração está seguindo a trajetória ecológica desejada (Rodrigues et al, 2009). O objetivo deste trabalho foi avaliar um modelo de indução do processo de recuperação, estabelecido há 5 anos, por meio do parâmetro ecológico de cobertura do solo com vegetação nativa.

Materiais e Métodos O trabalho foi desenvolvido na Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão (FEPE) da UNESP, de Ilha Solteira, no Município de Selvíria, MS. Inicialmente a área foi mecanizada (escarificação até 0,40 m de profundidade), ocorreu a incorporação de resíduos orgânico - RO (macrófitas aquáticas) nas doses 0, 16, e 32 Mg ha-1 e agroindustrial - RA (cinza), nas doses 0, 15, 30 e 45 Mg ha-1, e suas combinações, resultando em 12 tratamentos, com 3 repetições cada, os quais tinham como finalidade condicionar o subsolo. Os tratamentos seguem descritos: T1= RO00xRA00; T2= RO00xRA15; T3= RO00xRA30; T4= RO00xRA45; T5= RO16xRA00; T6= RO16xRA15; T7= RO16xRA30; T8= RO16xRA45; T9= RO32xRA00; T10= RO32xRA15; T11= RO32xRA30 e T12= RO32xRA45; onde 00, 15,16,30 32 e 45 representam as doses em Mg ha-1. A reintrodução da vegetação ocorreu por meio do plantio de mudas de 10 diferentes espécies arbóreas nativas do Cerrado (espaçamento 4,0 por 5,0 m). Transcorridos 5 anos da intervenção, avaliou-se o desempenho da técnica proposta por meio da Portaria CBRN 1/2015 do Estado de São Paulo, a qual estabelece o Protocolo de Monitoramento de Projetos de Restauração Ecológica, utilizando-se o indicador ecológico cobertura do solo com vegetação nativa (CSVN). O indicador ecológico CSVN é medido por meio da porcentagem do solo coberto por espécies nativas, valores obtidos pela soma das medidas de um trecho linear de 25 m de comprimento de cobertura vegetal nativa verificada na linha amostral, em relação ao comprimento total da linha. Em cada uma das parcelas experimentais foram demarcadas 3 linhas amostrais de 25m para avaliação da CSVN. Esta metodologia classifica os valores de CSVN, para uma área de 5 anos, como crítico quando inferior a 30%, mínimo entre 30 e 80% e adequado quando acima de 80%. A análise dos dados foi realizada por meio do teste de Scott-Knott, utilizando o software SISVAR (FERREIRA, 2011).

Resultados e Discussão A cobertura do solo com vegetação nativa – CSVN (Figura 1) mostra que de 12 diferentes tratamentos, 9 apresentam CSVN > 30%. De acordo com a metodologia utilizada, a CSVN observada para

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os tratamentos está dentro de uma margem de tolerância para o prazo de 5 anos, e cumpre as exigências mínimas esperadas de um projeto de recuperação ecológica, exceto os tratamentos 1, 8 e 9, considerados críticos. No entanto, nenhum resultado foi classificado como adequado, ou seja, com cobertura acima dos 80%, o que indica a necessidade da realização de ações corretivas para melhorar o processo de restauração. Podem ser consideradas para a área em recuperação, ações como o controle de formigas, iniciativas de adensamento da vegetação pelo plantio de mudas de indivíduos arbóreos nativos, controle eficaz dos processos erosivos, entre outros.

Figura 1. Valores médios da cobertura do solo com vegetação nativa (CSVN) em porcentagem nos 12 tratamentos. Indicação da equação de tendência, e dos limites do CSVN: crítico (< 30%), mínimo (entre 30% e 80%) e adequado (> 80%).

As barras seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Skott-Knott. Tratamentos: T1= RO00xRA00; T2= RO00xRA15; T3= RO00xRA30; T4 RO00xRA45; T5= RO16xRA00; T6= RO16xRA15; T7= RO16xRA30; T8= RO16xRA45; T9= RO32xRA00; T10= RO32xRA15; T11= RO32xRA30 e T12= RO32xRA45, onde 00, 15,16,30 32 e 45 representam as doses em Mg ha-1

Conclusão Os resultados apontaram que a introdução dos resíduos e das mudas se mostraram eficientes para a recuperação ecológica da área por meio da avaliação da CSVN, com uma tendência de que as maiores quantidades de resíduos, orgânicos principalmente, apresentaram os melhores índices de recuperação.

Referências CESP - Companhia Energética do Estado de São Paulo. Ilha Solteira: a cidade e a usina. São Paulo:, 1988. 93p.

FERREIRA, D. F. Sisvar: a computer statistic analysis system. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 35, p. 1039-1042, 2011.

RODRIGUES, R.R.; LIMA, R.A.F.; GANDOLFI, S.; NAVE, A.G. On the restoration of high diversity forests: 30 years of experiences in the Brazilian Atlantic Forest. Biological Conservation, Kidlington, v.142, n.6, p.1242-1251, 2009.

SÃO PAULO. Portaria CBRN nº 01/2015, de 17 de janeiro de 2015, estabelece o Protocolo de Monitoramento de Projetos de Restauração Ecológica Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo. Diário Oficial do Estado de São Paulo, São Paulo, Seção Meio Ambiente.

VIANI, R. A. G.; DURIGAN, G.; MELO, A. C. G. de. A regeneração natural sob plantações florestais: desertos verdes ou redutos de biodiversidade? Ciência Florestal, Santa Maria, v. 20, n. 3, p. 533-552, 2010.

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Componentes de produção e produtividade do arroz de terras altas inoculado com Bacillus subtilis via foliar

Lucas Martins Garé(1) *, Fernando de Souza Buzo(2), Orivaldo Arf(3), Paulo Henrique Pissolito(2), Flávia Constantino Meirelles(4), Gabriel Lopes de Lima(2)

1UNESP-FEIS, Mestrando em Agronomia – Produção vegetal. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Curso de Agronomia 3UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio Economia 4UNESP-FCAV, Doutoranda em Agronomia – Produção vegetal

Introdução O arroz (Oryza sativa L.) é o terceiro cereal mais cultivado no mundo, ocupa uma posição de destaque no Brasil, sendo importante tanto do ponto de vista econômico quanto social, responsável pela geração de renda, subsistência e consumo da população. Estima-se que, a produção nacional da safra 2017/18 deve chegar a 11.278 mil toneladas, uma redução de 8,5% em relação à safra passada (Conab, 2018). As rizobactérias promotoras do crescimento de plantas (RPCPs) habitam o solo e com freqüência são isoladas da rizosfera de diversas plantas cultivadas. Entre os gêneros mais estudados destacam-se: Bacillus, Pseudomonas, Azospirillum e Rhizobium. Os efeitos desses microrganismos sobre o desenvolvimento das plantas são amplos, incluindo os efeitos benéficos na germinação de sementes, emergência de plântulas e crescimento das plantas (Lazaretti e Bettiol, 1997). O Bacillus subtilis é uma das principais RPCPs de importância para a promoção do crescimento vegetal. A promoção de crescimento das plantas mediada por Bacillus subtilis é realizada por meio de vários mecanismos, como a produção de fitormônios estimuladores do crescimento, produção de sideróforos e antibióticos (Harman et al., 2004). Assim, o objetivo do trabalho foi avaliar o efeito de doses de Bacillus subtilis aplicado via foliar, sobre os componentes de produção e produtividade do arroz de terras altas.

Material e métodos O experimento foi conduzido em área experimental da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira – UNESP, localizada no município de Selvíria-MS. O solo do local é do tipo LATOSSOLO VERMELHO Distrófico típico argiloso. A semeadura ocorreu no dia 05/11/2016 após o preparo convencional do solo, utilizando-se a cultivar BRS Esmeralda, com 70 kg ha-1 de sementes. Com base na análise de solo, foi realizada a adubação no sulco de semeadura com 150 kg ha-1 da formulação 04-30-10. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, com cinco tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos consistiram de um tratamento testemunha e quatro doses de inoculante à base de Bacillus subtilis, aplicado via foliar aos 20 dias após a emergência (DAE), cujas doses foram: 0,25; 0,50; 0,75 e 1,00 L ha-1. A aplicação do inoculante foi realizada por meio de um pulverizador manual tipo costal, na qual o volume de calda aplicada foi de 150 L ha-1. A adubação de cobertura foi realizada aos 30 DAE, com sulfato de amônio na dose de 70 kg ha-1 de nitrogênio. A colheita do arroz foi efetuada manualmente, colhendo-se as duas linhas centrais de cada parcela. A seguir, realizou-se a trilhagem mecânica e, posteriormente, os grãos de cada parcela foram colocados em bandejas para secagem natural à sombra e consequente redução da umidade para cerca de 13%. Foram avaliados o número de panículas por metro quadrado, altura, grãos cheios, grãos chochos, massa hectolítrica, massa de cem grãos e produtividade de grãos. A massa hectolítrica, massa de cem grãos e produtividade de grãos foram ajustadas à 13% de umidade (base úmida). Os resultados foram submetidos ao teste F da ANAVA através do programa estatístico Sisvar® (Ferreira, 2011).

Resultados e discussão Observa-se que não houveram diferenças significativas em nenhum dos parâmetros avaliados para a aplicação de doses do inoculante via foliar na cultivar BRS Esmeralda (Tabelas 1 e 2). Os valores para a produtividade da cultura estão dentro do esperado para o arroz de terras altas, apresentando média de 5.439 kg ha-1. A ausência de resultados no presente trabalho pode ser corroborado por Silva et al. (2017), que na cultura do feijoeiro não observou efeito da aplicação de B. subtilis nos componentes de produção e produtividade. Porém Lima et al. (2011), constataram efeitos positivos na inoculação de sementes de milho com B. subtilis, com incrementos na produtividade.

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Tabela 1. Altura de plantas, panículas por metro quadrado, grãos cheios e grãos chochos de arroz em função da aplicação de doses do inoculante à base de Bacillus subtilis. Selvíria – MS, 2016/17. Doses Altura Panículas Grãos cheios Grãos chochos (m) (m²) (n°) (n°) Testemunha 1,15 294,28 135,05 30,93 0,25 1,19 255,71 135,48 31,44 0,50 1,22 263,57 127,00 33,59 0,75 1,21 258,57 132,17 36,69 1,00 1,19 238,57 148,23 41,58 Teste F 1,523ns 0,757 ns 0,568 ns 0,967 ns CV (%) 3,27 17,78 15,34 25,64 Média 1,19 262,14 135,59 34,85 CV: Coeficiente de variação; ns: não significativo pelo teste F.

Tabela 2. Massa hectolítrica, massa de 100 grãos e produtividade de grãos de arroz em função da aplicação de doses do inoculante à base de Bacillus subtilis. Selvíria – MS, 2016/17. Doses M. hectolítrica Massa 100 Produtividade (kg 100 L-1) (g) (Kg ha-1) Testemunha 47,40 2,69 5.643 0,25 46,52 2,55 5.788 0,50 46,56 2,70 5.168 0,75 47,49 2,70 5.249 1,00 47,27 2,67 5.345 Teste F 0,296 ns 1,574 ns 0,773 ns CV (%) 3,66 3,74 11,10 Média 47,05 2,66 5.439 CV: Coeficiente de variação; ns: não significativo pelo teste F.

Conclusões A aplicação de doses do inoculante à base de Bacillus subtilis não influenciou nos componentes de produção e produtividade do cultivar BRS Esmeralda.

Referências CONAB. Acompanhamento da safra brasileira de grãos, Safra 2017/18, n. 6 – Sexto levantamento, março 2018. Disponível em: http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/18_03_13_14_15_33_grao _marco_2018.pdf. Acesso em: 07 de abril 2018.

FERREIRA, D. F. Sisvar: a computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 35, n. 6, p. 1039-1042, 2011.

HARMAN, G.E.; HOWELL, C.R.; VITERBO, A.; CHET, I.; LORITO, M. Trichoderma species – opportunistic, avirulent plantsymbionts. Nature Reviews Microbiology, v. 2, n.1, p. 43-55, 2004.

LAZZARETI, E.; BETTIOL, W. Tratamento de sementes de arroz, trigo, feijão e soja com um produto formulado a base de células e de metabólitos de Bacillus subtilis. Scientia Agricola, Piracicaba, v. 54, p. 89-96, 1997.

LIMA, F. F.; NUNES, L. A.; FIGUEIREDO, M. D. V.; ARAÚJO, F. F.; LIMA, L. M.; ARAÚJO, A. S. Bacillus subtilis e adubação nitrogenada na produtividade do milho. Revista Brasileira de Ciências Agrárias. v. 6, n. 4, 2011.

SILVA, M.S.; OLIVEIRA, G.R.F.; BOSSOLANI, J.W.; PROENÇA, S.L.; SOARES, D.A.; ROCHA, E.N.; TEIXEIRA FILHO M.C.M.; SÁ, M.E. Fertilização nitrogenada e boratada associada à inoculação com bacillus subtilis no desempenho agronômico do feijoeiro. Revista Brasileira de Engenharia de Biossistemas, v. 11, n. 2, p. 116-124, 2017.

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Qualidade industrial de grãos integrais de arroz em função da inoculação de bactérias promotoras de crescimento

Lucas Martins Garé(1) *, Fernando de Souza Buzo(2), Orivaldo Arf(3), Fábio Lima Abrantes(2), Nayara Fernanda Siviero Garcia(4), Éder Nunes de Lima Milhossi(2)

1UNESP-FEIS, Mestrando em Agronomia – Produção vegetal. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Curso de Agronomia 3UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio Economia 4UNESP-FEIS, Doutoranda em Agronomia – Produção Vegetal

Introdução O arroz (Oryza sativa L.) ocupa posição de destaque no Brasil, sendo importante tanto do ponto de vista econômico quanto social, responsável pela geração de renda, subsistência e consumo da população. Atualmente, trabalhos com bactérias promotoras de crescimento de plantas (BPCP) vem aumentando. Estes microrganismos são capazes de auxiliar no suprimento de nutrientes para as plantas (como no caso do A. brasilense), produzindo substâncias que estimulam o crescimento das plantas ou ainda modificando a microbiota da rizosfera (Araújo e Hungria, 1999; Santos et al., 2014; Szilagyi-Zecchin et al., 2015). As BPCP atuam promovendo diretamente o crescimento pela produção de ácido cianídrico, fitohormônios, enzimas como a ACC-deaminase, mineralização de nutrientes, solubilização de fosfatos, fixação do nitrogênio e aumento da absorção pelas raízes, entre outros (Conn et al., 1997; Lazarovits e Nowak, 1997). Dessa forma, o objetivo do trabalho foi avaliar a qualidade industrial de grãos integrais de arroz em função da aplicação via foliar de bactérias promotoras do crescimento de plantas.

Material e métodos O trabalho foi desenvolvido em área experimental da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira – UNESP, localizada no município de Selvíria-MS. O solo do local é do tipo LATOSSOLO VERMELHO Distrófico típico argiloso. A semeadura ocorreu no dia 05/11/2016 após o preparo convencional do solo, utilizando-se a cultivar BRS Esmeralda, com 70 kg ha-1 de sementes. Com base na análise de solo, foi realizada a adubação no sulco de semeadura com 150 kg ha-1 da formulação 04-30-10. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados, com cinco tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos consistiram na inoculação via foliar, aos 20 dias após a emergência (DAE), com 200 mL ha-1 de inoculante contendo Azospirillum brasilense, 500 mL ha-1 de inoculante com Bacillus subtilis, 500 mL ha-1 de inoculante à base de Bacillus amyloliquefasciens, uma mistura das três bactérias e ainda um tratamento testemunha. A aplicação dos inoculantes foi realizada por meio de um pulverizador manual tipo costal, na qual o volume de calda aplicado foi de 150 L ha-1. A adubação de cobertura foi realizada aos 30 DAE, na dose de 70 kg ha-1 de N na forma de sulfato de amônio. A colheita do arroz foi efetuada manualmente por unidade experimental, aos 95 DAE, colhendo-se as duas linhas centrais de cada parcela. A seguir, realizou-se a trilhagem mecânica e, posteriormente, os grãos de cada parcela foram colocados em bandejas para secagem natural à sombra e consequente redução da umidade para cerca de 13%. Para a avaliação da qualidade industrial, processou-se uma amostra de 100 gramas de arroz em casca de cada parcela em engenho de prova, modelo MT, para a obtenção de grãos integrais, que foram pesados e determinou-se o rendimento de benefício. Após isso, os mesmos foram colocados no “trieur” n° 0 por 30 segundos para separação dos grãos inteiros e quebrados, que foram devidamente pesados. Os resultados foram submetidos ao teste F da ANAVA através do programa estatístico Sisvar® (Ferreira, 2011).

Resultados e discussão Analisando-se os dados, observa-se que não ocorreram diferenças para a aplicação via foliar das BPCP no arroz de terras altas, não influenciando significativamente no rendimento de benefício, rendimento de grãos inteiros e quebrados (Tabela 1). Observam-se valores adequados para o coeficiente de variação, evidenciando elevado controle experimental. A média dos tratamentos em relação ao rendimento de engenho, apresentou valor de 75,52%. O rendimento médio de grãos inteiros foi de 67,90%, valor muito superior ao exigido pela legislação,

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indicando que as condições durante a colheita foram adequadas.

Tabela 1. Rendimento de benefício, rendimento de grãos inteiros e grãos quebrados expressos em porcentagem do cv. BRS Esmeralda em função da inoculação com diferentes BPCP. Selvíria - MS, 2016/17. Tratamentos R. benefício (%) Inteiros (%) Quebrados (%) B. subtilis 75,30 67,77 7,52 A. brasilense 75,40 67,32 8,07 B. amyloliquefaciens 75,52 67,85 7,67 Mistura 75,50 67,52 7,97 Testemunha 75,87 69,05 6,82 Teste F 0,106ns 0,487ns 0,636ns D.M.S 3,01 4,35 2,79 CV (%) 1,77 2,84 16,27 Média 75,52 67,90 7,61 D.M.S: Diferença mínima significativa pelo teste de Tukey; CV: Coeficiente de variação.

Conclusões A qualidade industrial dos grãos integrais de arroz produzidos pela cultivar BRS Esmeralda não foi afetada pela inoculação foliar com bactérias promotoras de crescimento em plantas.

Referências ARAÚJO, F.F.; HUNGRIA, M.. "Nodulação e rendimento de soja co-infectada com Bacillus subtilis e Bradyrhizobium japonicum/Bradyrhizobium elkanii." Pesquisa agropecuária brasileira 34.9 (1999): 1633-1643.

CONN, K.L.; NOWAK, J.; LAZAROVITS, G.A. Gnotobiotic bioassay for studying interactions between potatoes and plant growth-promoting rhizobacteria. Canadian Journal of Microbiology 43: 801-808. 1997.

FERREIRA, D. F. Sisvar: a computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 35, n. 6, p. 1039-1042, 2011.

LAZAROVITZ, G.; NOWAK, J.. Rhizobacterium for improvement of plant growth and establishment. Hortscience 32:188-192. 1997.

SANTOS, J.F.; SACRAMENTO, B.L.; MOTA, K.N.A.B.; SOUZA, J.T.; AZEVEDO NETO, A. D. Crescimento de girassol em função da inoculação de sementes com bactérias endofíticas. Pesquisa Agropecuária Tropical (Agricultural Research in the Tropics), 2(1), 10-1590. 2014.

SZILAGYI-ZECCHIN, V.J.; MÓGOR, A.F.; RUARO, L.; RODER, C. Crescimento de mudas de tomateiro (Solanum lycopersicum) estimulado pela bactéria Bacillus amyloliquefaciens subsp. plantarum FZB42 em cultura orgânica. Rev. de Ciências Agrárias, Lisboa, v. 38, n. 1, p. 26-33, mar. 2015.

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RESUMOS DA GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA

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Análises morfológicas do tubo digestivo de Gymnocorymbus ternetzi (Teleostei; Characidae)

Ana Carolina Andrade de Jesus (1)*, Renata Alari Chedid (2), Ricardo Hideo Mori (2), Cristiane Bashiyo-Silva(3), Rosicleire Veríssimo-Silveira(4), Alexandre Ninhaus-Silveira(4)

1UNESP-FEIS, Graduanda, Zootecnia, Depto. de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Ictiologia Neotropical - L.I.NEO. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Pós-Graduando, Pós-graduação em Ciência e Tecnologia Animal – LI.N.EO. 3UNESP-IBB, Doutoranda, Pós-graduação em Ciências Biológicas: Zoologia – L.I.NEO. 4UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia – L.I.NEO.

Introdução O estudo da morfologia do trato digestivo de diferentes peixes possibilita a maior compreensão dos hábitos alimentares singulares de cada espécie (Pessoa et al., 2013). Estes estudos orientam o desenvolvimento de rações mais adequadas para o cultivo das espécies, melhorando sua digestibilidade, diminuindo a perda para o meio e assim, preservando o meio ambiente. Gymnocorymbus ternetzi é uma espécie de peixe neotropical, conhecido como tetra negro. Possui grande importância no mercado de peixes ornamentais devido ao padrão de cores, comportamento pouco agressivo e fácil manejo (Benine et al., 2015). Devido à demanda por exemplares de tetra negro, a criação em cativeiro passou a ser uma alternativa para o abastecimento contínuo do mercado de aquariofilia (Kjorsvik et al., 1991). Diante do exposto, este trabalho tem como objetivo realizar análises histológicas e histoquímicas dos órgãos que constituem o tubo digestivo de G. ternetzi. Material e métodos Foram utilizados 15 peixes adultos, criados em sistema com renovação e aeração constante de água. Para a coleta, os exemplares foram eutanasiados por exposição prolongada à solução de cloridrato de benzocaina. A seguir, fez-se uma incisão longitudinal na região ventral, para retirada e análise dos órgãos do tubo digestivo (esôfago, estômago, cecos pilóricos e intestino). Para as análises histológicas, os fragmentos dos tecidos foram fixados em solução Karnovsky e prosseguiu-se a rotina de inclusão em historesina, microtomia (1-3µ), confecção de lâminas histológicas e coloração com azul de toluidina a 1%. Para análises histoquímicas, os fragmentos dos tecidos foram fixados em solução de Bouin, incluídos em paraplast, microtomados (3-5µ), sendo as secções histológicas expostas ao ácido periódico de Schiff (PAS).

Resultados e discussão A túnica mucosa do esôfago apresentou pregas longitudinais revestidas por uma mucosa contendo epitélio estratificado pavimentoso, com muitas células caliciformes e células epiteliais de diferentes formatos e alturas. Além disso, observou-se uma lâmina própria/submucosa formada por tecido conjuntivo frouxo. A túnica muscular é constituída por uma espessa camada de fibras musculares estriadas e uma camada serosa delgada composta por tecido conjuntivo e revestimento de epitélio simples pavimentoso (Fig. 1A). No estômago, a túnica mucosa é formada por epitélio simples colunar, com células epiteliais produtoras de muco fortemente reativo ao PAS (Fig. 1B). De acordo com Arellano et al. (2001), mucossubstâncias PAS positivas apresentam caráter neutro e estão relacionadas com a proteção etipetial. Sua lâmina própria é formada por tecido conjuntivo frouxo e numerosas glândulas gástricas. A camada submucosa é semelhante a observada no esôfago. O estômago possui duas camadas de fibras musculares lisas, além de feixes delgados de fibras musculares estriadas. Em estudos com Prochilodus lineatus, Makino (2010) também relata a presença destas fibras estriadas, característica que pode estar relacionada ao regurgitamento do alimento. Observou-se também estruturas anexas a porção anterior do intestino chamadas de cecos pilóricos, estes possuem pregas delgadas dispostas longitudinalmente, com três alturas distintas. Apresenta tecido de revestimento simples colunar e poucas células caliciformes (Fig. 1C). Os cecos pilóricos têm a função de aumentar a superfície absortiva do intestino, colaborando na digestão de itens com baixa digestibilidade (CHEDID, 2016). O intestino foi dividido em: região anterior, média e posterior, sendo que estas três regiões apresentam túnica mucosa revestida por um epitélio simples colunar, composto por células absortivas e caliciformes (Fig. 1D, 1E, 1F). Foi observado que a quantidade de células caliciformes aumentou em direção posterior, sendo sua concentração máxima na região final do intestino posterior (Fig. 1F). De acordo com Arellano et al. (2001) este fato está relacionado com a proteção epitelial

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e lubrificação para passagem do bolo fecal. A túnica muscular apresenta fibras musculares lisas circulares. A camada serosa é semelhante à dos demais órgãos. Com relação às pregas intestinais, observou-se que estavam dispostas circularmente e apresentavam alturas diferentes de acordo com o seguinte padrão: na região anterior observou-se pregas em três alturas, sendo a maioria, pregas médias e mais delgadas. Já na região média, é possível observar a predominância de pregas mais baixas (Fig. 1E). Por fim, na região posterior as pregas são ainda mais baixas e espessas (Fig 1F).

Figura 1. Micrografias em cortes transversais dos órgãos do tubo digestivo de Gymnocorymbus ternetzi. A. Esôfago com epitélio (ep) composto por células caliciformes (asterisco), lâmina própria/submucosa (lp) e camada muscular (cm). B. Estômago com reação ao PAS nas células epiteliais (ce) e mucossustâncias no lúmen (seta). C. Cecos pilóricos com epitélio (ep) simples colunar e células caliciformes (asterisco). D. Intestino anterior com epitélio (ep) simples colunar e células caliciformes (asterisco). E. Intestino médio com células caliciformes (asterisco). F. Intestino posterior, evidenciando as células caliciformes (asterisco).

Conclusões Este trabalho descreveu de forma inédita detalhes sobre a estrutura do tubo digestivo de Gymnocorymbus ternetzia. Identificando que a espécie apresenta um sistema digestivo características morfológicas típicas de peixes de hábito alimentar onívoro, contendo estruturas auxiliares para a digestão de alimentos de baixa digestibilidade como os cecos pilóricos e um intestino com pregas circulares em diferentes alturas. Referências ARELLANO, J.M.; STORCH, V.; SARASQUETE, C. A histological and histochemical study of the oesophagus and oesogaster of the Senegal sole, Solea senegalensis. European Journal of Histochemistry, v.45, p.279- 294, 2001.

BENINE, R.C., MELO, B.F., CASTRO, R.M.C.; OLIVEIRA, C. Taxonomic revision and molecular phylogeny of Gymnocorymbus Eigenmann, 1908 (Teleostei, Characiformes, Characidae). Zootaxa 3956 (1): 001–028, 2015.

CHEDID, R.A. Estudos morfológicos, histoquímicos e ultraestruturais do tubo digestivo de três espécies do gênero Leporinus (Characiformes, Anostomidae). 2016. 97 f. Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Centro de Aquicultura de Jaboticabal, 2016.

KJORSVIK, E.; MEEREN, T. VAN DER; KRYVI, H.; ARNEINNSON, J.; K VENSETH, P.G. Early development of the digestive tract of cod larvae Gadus morhua L. during start-feeding and star-vation. J.Fish. Biol., Huntington, 38; 1-17, 1991.

MAKINO, L.C. Estrutura, ultraestrutura e histoquímica do aparelho digestório do Prochilodus lineatus. Análise da diversidade da microbiota intestinal de Prochilodus lineatus e Pterygoplichthys anisitsi. 2010. 98 f. Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Centro de Aquicultura de Jaboticabal, 2010.

PESSOA, E.K.R.; SILVA, N.B.; CHELLAPPA, N.T.; SOUZA, A.A.; CHELLAPA,S. Morfologia comparativa do trato digestório dos peixes Hoplias malabaricus e Hypostomus pusarum do açude Marechal Dutra, Rio Grande do Norte, Brasil. Macapá, v.3, n.1, p. 48-57,2013.

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Anatomia dos Musculus Papillaris de corações de Bubalus bubalis

(Linnaeus, 1758) do cerrado brasileiro Robson Dourado(1)*; Laura dos Santos Dourado(2); Milton Augusto Cassiano Sant’Anna(3); Elisângela Medeiros Melo de Lima(4); Alan Peres Ferraz de Melo(5) 1*FEA, Curso de Medicina Veterinária – Bacharelado. [email protected]. ²FEA, Curso de Medicina Veterinária – Bacharelado; ³UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado 4UNESP-FEIS, Técnica, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Anatomia Animal 5UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Anatomia Animal

Introdução Os problemas de doenças cardíacas aumentam a cada ano no Brasil e no mundo. Devido ao estresse da vida moderna mais pessoas, homens e mulheres, são vítimas de doenças cardíacas. Entre as doenças cardíacas podemos destacar patologias valvares que necessitam de reconstituições. Com a modernização das técnicas operatórias e novos matérias, há a necessidade de testes experimentais para o desenvolvimento de novos produtos. É exatamente com estas novas propostas de biotecnologias que muitos animais de produção viram modelos experimentais para o desenvolvimento de novos produtos, sendo assim o caso dos búfalos. Os corações apresentam, internamente nos ventrículos, os musculus papillaris que são os grandes responsáveis pela fixação das cordas tendíneas (Ghoshal, 1981; Erdogan et al., 2013). Esses músculos estão inseridos internamente a superfície do ventrículo, sendo as cúspides valvulares recebendo chordae tendineae de dois músculos (Goshal, 1981). No ventrículo direito apresentou na parede septal os mm. papillaris subarteriosus e parvus, enquanto que à direita da parede marginal o papillaris magnus, onde á esquerda apresentou os mm. papillaris subatrialis e subauricularis (Erdogan et al., 2013). No ventrículo direito todos os musculus papillaris apresentam-se menor que os do ventrículo esquerdo (Barone, 1996; Pérez et al., 2008). O presente trabalho tem como objetivo o estudo dos musculus papillares para posterior modelo experimental. Material e métodos Utilizou-se 11 corações de búfalos, sendo 10 machos e uma fêmea com peso variando de 300 a 600Kg, que foram abatidos no Frigorífico Boi Bom, município de Aparecida do Taboado, Estado do Mato Grosso do Sul. No frigorífico colheram-se somente os corações, com os pericárdios, e levou-se ao laboratório de Anatomia dos Animais Domésticos da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira/UNESP, onde foi retirado os pericárdios e acondicionadas, sem dobras, em recipiente com solução aguosa de formaldeído a 10%. Por período de 72 horas. Em seguida os corações foram abertos, com auxílio de bisturi e lâmina, para a exposição das cavidades ventriculares direita e esquerda. Os musculus papillaris foram identificados, fotodocumentados e nominados conforme a Nomina Anatomica Veterinaria 5ª Edição (2012).

Resultados e discussão Os musculus papillares são os responsáveis pela fixação das cordas tendíneas (Figura 1) em número variável, como também evidenciaram Ghoshal (1981) e Erdogan et al. (2013) em equinos e rinocerontes, respectivamente. Observou-se que o ventrículo direito mostrou-se menor que o esquerda, como demonstraram Barone (1996) em ruminantes e Pérez et al. (2008) em girafa. Os búfalos apresentaram no ventrículo direito os musculus papillares subarteriosus, parvus e magnus, e no esquerdo mm. papillaris subatrialis e subauricularis, como relataram Erdogan et al. (2013).

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Figura 1-Fotomacrografia do ventrículo direito do coração de búfalo onde se observa os musculus papillaris (MP) sustentando às chordae tendineae (CT). Barra: 1cm

Conclusões Com o material estudado é possível concluir que há grande semelhança entre os musculus papillares de animais domésticos e silvestres, quanto à distribuição dos músculos e tamanho nos ventrículos.

Referências BARONE R Anatomie compare´ des mammife`res domestiques, 3ed., tome 5: Angiologie. Vigot, France, 320- 329, 1996. GHOSHAL, N. G. Equine heart and arteries. In: Getty, R. (ed) Sisson and Grossman’s anatomy of the domestic animals, 5th edn, Philadelphia. W. B. Saunders Company,1981, 518-529 PÉREZ, W.; LIMA, M.; PEDRANA, G.; CIRILLO, F. Heart anatomy of Giraffa camelopardalis rothschildi: a case report. Vet Med Czech, 53, 165–168, 2008. ERDOGAN, S.; LIMA, M.; PÉREZ, W. Inner ventricular structures and valves of the heart in white rhinoceros (Ceratotherium simum), Anat Sci Int, v. 24, 135-139, 2013.

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Aves recebidas no Centro de Conservação da Fauna Silvestre de Ilha Solteira (CCFS)

Gabriela de Souza Peres Carvalho(1)*, Elizete Aparecida Checon de Freitas Lima(2), Lucio de Oliveira e Sousa(3), Yane Caroline Horas do Nascimento(1), Gaby Soares de Freitas(5)

1UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia – Bacharelado. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia 3CCFS, Médico Veterinário 1UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia 5UNESP-FEIS, Mestranda em Ciência e Tecnologia Animal

Introdução No Brasil existem 1.919 espécies de aves, que constituem uma fauna rica e diversa (CBRO, 2011). Dessas espécies, estima-se que 124 correm risco de extinção (IUCN, 2017), sendo os maiores motivos para esse acontecimento, a perda e a degradação do habitat e a captura excessiva desse animais. Estima-se que a contribuição financeira do Brasil no tráfico de aves seja de 15% do valor mundial (BORGES et al. 2006), caracterizando um grande problema para a biodiversdade de aves do país. As aves são o principal alvo do tráfico de animais silvestres no Brasil e correspondem a 80% das espécies contrabandeadas no mercado negro, que movimenta em torno de R$ 3 bilhões, atrás apenas do tráfico de drogas e armas (RENCTAS, 2015). Destacam-se também práticas como: extrativismo e urbanização (HERNANDEZ et al, 2006), que colaboram para a emigração desses animais do seu habitat natural, colocando-os em risco. O reconhecimento das aves de determinada região é muito importante para o monitoramento das espécies e de possíveis ameaças que possam sofrer, por esse motivo o presente trabalho teve como objetivo fazer uma caracterização das espécies de aves recebidas no Centro de Conservação de Fauna Silvestre (CCFS), localizado no município de Ilha Solteira. O CCFS atua como uma unidade de acolhimento e reabilitação de animais vulneráveis ou em extinção, que chegam vítimas de tráfico, maus tratos, posse ilegal e atropelamentos. Se possível pós recuperação, os animais são devolvidos à natureza.

Material e métodos Para a coleta de dados foi realizado um levantamento para os registros de entrada de aves no CCFS, referentes ao período de maio de 1984 a novembro de 2017. Os dados obtidos foram processados com o auxílio do programa Excel 2010, sendo a seguir categorizados de acordo com a ordem e a espécie das aves.

Resultados e discussão No período de maio de 1984 a novembro de 2017 foram recebidos pelo Centro de Conservação de Fauna Silvestre (CCFS) o total de 1.859 aves. Foram identificadas 115 espécies, distribuídas em 12 ordens, sendo a de maior destaque a ordem dos Psittaciformes seguida pela ordem dos Anseriformes. Dentre as espécies, a mais observada foi Dendrocygna autumnalis (233 índividuos), pertencente à ordem dos Anseriformes, seguida pelas espécies de Psittacara leucophthalmus (186 índividuos), Ara ararauna (151 índividuos), Amazona aestiva (123 índividuos), pertencente à ordem dos Psittaciformes e Ramphastos toco

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(107 índividuos), pertencente à ordem dos Piciformes. Todas as espécies identificadas se encontram na categoria de Pouco Preocupante da Lista Vermelha (IUCN, 2017), o que pode indicar sua grande população e pouco risco de extinção. Em investigação semelhante no Rio de Janeiro também foram encontradas grandes quantidades (total de 39.777 de 2008 a 2014), tendo como espécimes mais encontradas Psittacara leucophthalma, Ara ararauna e Amazona aestiva (Mello, 2016), assim como a espécie Ramphastos toco no Estado do Rio Grande do Sul, em que a grande quantidade de apreensões é atribuida ao grande processo de expansão populacional que vem ocorrendo principalmente em áreas florestais (Bergmann, 2015). Apesar de se enquadrar na categoria de Pouco Preocupante da Lista Vermelha da IUCN, é importante o registro das espécies que mais chegam ao CCFS, visto que este tem realizado soltura dos animais recebidos pós recuperação. Segundo Primack e Rodrigues (2001), a conservação ex situ fornece subsídios para a conservação in situ, permitindo que as espécies tenham mais chance de sobrevivência. Além disso, segundo a BirdLife International (2018), 1 em cada 8 espécies de aves no mundo estão ameaçadas de extinção. A situação do Brasil é ainda mais crítica, onde que cerca de 40% das aves ameaçadas no país são endêmicas da Mata Atlântica, o bioma mais degradado no país com apenas 11% da floresta nativa.

Conclusões A grande quantidade de aves recebidas pelo CCFS de Ilha Solteira reitera a importância de tal espaço na conservação da biodiversidade, principalmente quando se considera a soltura dos animais recebidos pós recuperação, num exemplo de integração entre a conservação ex situ e a conservação in situ. Ao mesmo tempo, os dados obtidos confirmam a dramática situação de ameaça que a fauna silvestre vem sofrendo, uma vez que esse elevado número de aves que chega ao CCFS é principalmente, resultante do tráfico, de maus tratos, de posse ilegal e de atropelamentos de animais.

Referências BERGMANN, F. B. et al. Avifauna de dois remanescentes florestais da Serra dos Tapes, Rio Grande do Sul, Brasil. Atualidades Ornitológicas, Ivaiporã, n. 186, p.1-8, jul. 2015.

BIRDLIFE INTERNATIONAL. State of the World’s Birds. Brasil: Save Brasil, 2018. Disponível em: . Acesso em: 23 abr. 2018.

BORGES, R.C. et al. Diagnóstico da fauna silvestre apreendida e recolhida pela Polícia Militar de Meio Ambiente de Juiz de Fora, MG (1998 e 1999). Revista Brasileira de Zoociências, Juiz de Fora, n. 8, p. 23–33, 2006.

CBRO - Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos. Lista comentada das aves do Brasil pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos. 2015 Disponível em: . Acesso em: 15 abr. 2018.

HERNANDEZ, E. F. T. et al. O tráfico de animais silvestres no Estado do Paraná. Acta Sci. Human Soc. Sci. Maringá, n. 2, p.257-266, 2006.

IUCN – The International Union for Conservation of Nature (Brasil).Red List. 2017. Disponível em: . Acesso em: 15 abr. 2018.

MELLO, E. R. Aves recebidas no centro de triagem de animais silvestres (CETAS) de seropédica, Rio de Janeiro, 2008 a 2014: Diagnóstico e Analíses. 2016. 97 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Biologia Animal, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, 2016.

PRIMACK, Richard B.; RODRIGUES, Efraim. Biologia da Conservação. 10. ed. Brasil: Planta, 2001. 327 p.

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Caracterização histológica da trabeculae septomarginales em Bubalus bubalis (Linnaeus, 1758) do cerrado brasileiro

Mykael Bichofi do Prado*(¹), Elisângela Medeiros Melo de Lima(2), Robson Dourado(3), Rosangela Felipe Rodrigues(4), Alan Peres Ferraz de Melo (5)

1UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia – Bacharelado, Laboratório de Anatomia. E-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Técnica, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Anatomia 3 UNESP-FEIS, Voluntário do Laboratório de Anatomia 4UNESP-FMVA/Araçatuba, Docente, Departamento de Apoio, Produção e Saúde Animal, Laboratório de Anatomia dos Animais Domésticos 5UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Anatomia

Introdução As trabeculae septomarginales estão evidentes nas concavidades do coração, justamente nos ventrículos, elas não estão inseridas às válvulas atrioventriculares, e são constituídas de fibras musculares (Cocchieri e Bardelli, 1992). Em suma, podemos salientar como função inerente referido à trabeculae septomarginales a atuação no sistema condutor do coração, sendo evidenciada por meio do corte transversal, um feixe de fibras especializadas na transportação de impulsos nervosos (Depreux et al, 1976) citado por (Bombonato et al, 2014). As trabeculae septomarginales também evita a dilatação intensa dos ventrículos durante a diástole, por intermédio da ágil condução do impulso elétrico (Okamoto et al., 1981) citado por (Gulyaeva e Roshchevskaya, 2012). O objetivo deste estudo é descrever a anatomia das trabéculas septo-marginais e demonstrar histológicamente se há fibras nervosas presentes no ventrículo direito do coração de búfalos, com o intuito de fornecer dados para um maior conhecimento do coração desta espécie.

Material e métodos No presente trabalho foram utilizados 10 corações de búfalos, 8 machos e 2 fêmeas adultas que foram coletados no FrigoIlha, município de Ilha Solteira. O material era procedente do rebanho de búfalos da fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão (FEPE) da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira (FEIS). O material colhido foi levado ao Laboratório de Anatomia Animal da FEIS e colhido fragmentos de 0,5cm das traculae septomarginales. Os fragmentos foram colhido em solução de formol tamponado e enviado ao Laboratório de Morfologia Animal da Faculdade de Medicina Veterinária de Araçatuba (FMVA/UNESP) para processamento de técnica histológica convencional. O material, após os processamentos, foram foto documentado e nominou-se de acordo com a Nomina Histologica Veterinaria (2017).

Resultados e discussão A traculae septomarginales estava presente em ambos os ventrículos, onde apresentavam aspectos muito variados. Possuiam trajeto do septum interventriculare à parede do ventrículo. Ao exame histológico evidenciou-se que elas consistiam principalmente de fibras musculares cardíacas e estavam levemente vascularizadas (3 a 5 vasos localizados na parte central da banda). Na seção transversal da traculae septomarginales, aglomerados de células condutivas foram observados nas partes periférica e central ao redor dos vasos sanguíneos. Apresentaram de grande diâmetro (7,7 mm) e células condutivas foram encontradas ao redor dos vasos localizados ao longo da seção dela, assim como demostraram Gulyaeva; Roshchevskaya (2012) em corações de suíno.

Conclusões Observou-se a presença de traculae septomarginales em ambos os ventrículos e as fibras nervosas do do complexo nervoso estavam presentes.

Referências

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GULYAEVA, A.S. and ROSHCHEVSKAYA, I.M. Nomina Histológica Veterinária. New York :World Association of Veterinary Anatomists, 2012.

GULYAEVA, A.S.; ROSHCHEVSKAYA, I.M. Morphology of Moderador Bands (Septomarginal Trabecula) in Porcino Heart Ventricles. Journal of Veterinary Medicine, 41, p.326-332, 2012.

SABURKINA, I. et al. Morphological pattern of intrinsic nerve plexus distributed on the rabbit heart and interatrial septum. Journal Anatomy , 224. p.583-593, 2014.

COCCHIERI, M., and G. Bardelli, 1992: False chordae tendineae. Minerva Cardioangiol. 40, 353–358.

DEPREUX, R.; MESTDAGH, H.; HOUCKE, M. Morphologic compare de la trabecula septomarginalis chez les mammiferes terrestres. Anatomischer Anzeiger, Deerfield Beach, v. 139, n. x, p. 24-35, 1976.

BOMBONATO, P.P. et al. Estudos esteriométricos da trabécula septomarginal em javali (sus scrofa). Biosci. J. Uberlândia, v. 30, n. 3, p. 830-833, May/June, 2014.

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Classificação de coeficientes de variação em experimentos com suínos industriais

Ariéli Daieny da Fonseca (1)*, Glaucia Amorim Faria (2), Luiz Firmino dos Santos Júnior (3), Vinícius Affonso (4)

1UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia – Bacharelado, Laboratório de Estatística Aplicada. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Matemática, Laboratório de Estatística Aplicada 3UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia – Bacharelado, Laboratório de Estatística Aplicada 4UNESP-FEIS, Curso de Matemática – Licenciatura, Laboratório de Estatística Aplicada

Introdução No mercado mundial, o Brasil encontra-se em quarto lugar na produção de carne suína, com 3.710 milhões de toneladas produzidas (cerca de 3% do total), estando atrás da China, União Europeia e Estados Unidos da América (ABPA, 2017, p.50-51; EMBRAPA, 2017). Para estimar a precisão dos experimentos na experimentação animal, uma medida geralmente utilizada pelos pesquisadores é o coeficiente de variação que, segundo Garcia (1989), é dado por desvio padrão expresso em porcentagem da média. O CV possibilita a comparação de diferentes resultados de experimentos considerando uma mesma variável resposta, permitindo ao pesquisador mensurar a precisão de suas pesquisas (Judice et al., 1999). Entre as características analisadas, segundo Judice et al. (1999), a que expressar menor CV estará fornecendo a maioria das informações ao menor custo. Na literatura zootécnica, não se tem conhecimento de nenhuma classificação exclusiva para suinocultura, evidenciando a necessidade de se entender a distribuição dos valores de CV na experimentação suinícola, visto que a grande maioria dos pesquisadores compara os seus resultados com os sugeridos por Gomes (1990), que considera os coeficientes de variação como baixos, quando são inferiores a 10%; médios, quando estão entre 10 e 20%; altos, quando estão entre 20 e 30% e muito altos, quando são superiores a 30%; valores esses sugeridos para experimentos de campo com culturas agrícolas (Judice et al., 1999). Este trabalho teve como objetivo estabelecer faixas de classificação de coeficientes de variação para as principais variáveis respostas em experimentos suinícolas pelo método de Judice et al. (1999), de modo que essa tabela oriente o pesquisador com relação à precisão dos dados de sua pesquisa.

Material e métodos Foram analisados 59 trabalhos de periódicos nacionais e internacionais obtidos em pesquisa do período de 2008 a 2015. Foram coletados em cada artigo dados estatísticos dos coeficientes de variação, totalizando 150 valores. O trabalho foi desenvolvido no LEA – Laboratório de Estatística Aplicada, financiado pelo projeto FAPESP 2015/18225-4. O método utilizado na classificação foi proposto por Judice et al. (1999), que estabelece os quantis de classificação a partir da classificação de Garcia (1989) obtidos na distribuição normal. Na tabela 1 encontram-se os valores dos quantis estabelecidos pelos dois métodos, sendo que CVm é o coeficiente de variação médio, S é o desvio padrão amostral e o CVQ é o coeficiente de variação do quartil. As análises estatísticas foram realizadas com o auxílio do Microsoft Excel.

Tabela 1. Quantis estabelecidos por Judice et al. (1999) de acordo com cada classe proposta por Garcia (1989). Métodos Classificação Garcia (1989) Judice et al. (1999) Baixo CV ≤ (CVm ─ S) CV ≤ CVQ (15,87%) Médio (CVm ─ S) < CV ≤ (CVm + S) CVQ (15,87%) < CV ≤ CVQ (84,13%) Alto (CVm + S) < CV ≤ (CVm + 2S) CVQ (84,13%) < CV ≤ CVQ (97,72%) Muito Alto CV > (CVm + 2S) CV > CVQ (97,72%)

Resultados e discussão A tabela abaixo (Tabela 2) foi elaborada com os resultados dos levantamentos realizados, a fim de classificar os coeficientes de variação para dados de comprimento de carcaça (CC), consumo diário de ração (CR), conversão alimentar (CA), espessura de toucinho média (ETM), ganho diário de peso (GDP) e

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rendimento de carcaça (RC) no método de Judice et al. (1999), comparando-os com a classificação de Gomes (2009).

Tabela 2. Faixas de classificação de coeficiente de variação sugeridas por Judice et al. (1999) para as principais variáveis respostas em suínos industriais e a classificação de Gomes (2009). Variáveis Baixo Médio Alto Muito Alto CC (cm) <4,12 4,12 a 14,19 14,19 a 16,83 >16,83 CDR (kg) <1,65 1,65 a 3,60 3,60 a 4,19 >4,19 CA <5,23 5,23 a 15,20 15,20 a 17,66 >17,66 ETM (mm) <9,12 9,12 a 25,56 25,56 a 29,69 >29,69 GDP (kg) <5,06 5,06 a 21,89 21,89 a 25,43 >25,43 RC (%) <1,08 1,08 a 4,72 4,72 a 5,49 >5,49 Gomes <10% 10% a 20% 20% a 30% >30%

Para todas as variáveis estudadas pelo método proposto por Judice et al. (1999), foram obtidas faixas de classificação distintas da classificação de Gomes (2009). Em todas as classes a classificação de Gomes (2009) foi superior à encontrada neste trabalho, apenas a variável ETM as faixas ficaram bem próximas das estabelecidas pelo autor. Essa variável também apresentou maiores valores de CV em todas as faixas. Os menores valores de CV foram encontrados para as variáveis RC e CDR, e a maior amplitude entre as faixas foram encontradas para a variável GDP, seguida por ETM. Na classificação considerada baixa, para todas as variáveis respostas avaliadas no trabalho, a classificação de Gomes (2009) se ajusta, visto que todos os valores encontrados foram inferiores a 10%. A metodologia de Gomes (2009) estabelece faixas de classificação diferentes das propostas neste estudo, já que este método não faz distinção entre a natureza das variáveis observadas e nem leva em consideração as suas particularidades, salientando a importância de estabelecer classificações de CV específicas para cada variável resposta.

Conclusões De acordo com os resultados encontrados, a tabela de classificação de Gomes (2009) não é recomendada para trabalhos na suinocultura.

Agradecimentos Agradeço à FAPESP (projetos 2015/18225-4 e 2017/25101-5), ao grupo LEA – Laboratório de Estatística Aplicada e à UNESP.

Referências

ABPA - Associação Brasileira de Proteína Animal. Relatório Anual da ABPA 2017. p.44-73. 2017.

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Estatística mundial: suínos. 2017. Disponível em: . Acesso em: 11 abr. 2018.

GARCIA, C. H. Tabelas para classificação do coeficiente de variação. Circular Técnico – IPEF, 1989. Disponível em: . Acesso em: 31 out. 2017.

GOMES, F. P. Curso de Estatística Experimental. 15. ed. Piracicaba: FEALQ, 2009. 451p.

JUDICE, M. G.; MINIZ, J. A.; CARVALHEIRO, R. Avaliação do coeficiente de variação na experimentação com suínos. Revista Ciência e Agrotecnologia, v.23, n.1, p.170-173, 1999.

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Classificação de índices de variação, a partir de trabalhos com poedeiras comercias.

Isadora Nicolielo de Souza(1)*, Luiz Firmino dos Santos Junior (2), Glaucia Amorim Faria(3)

1UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia– Bacharelado, Laboratório de Estatística Aplicado. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia, Laboratório de Estatística Aplicada 3UNESP-FEIS, Glaucia Amorim Faria, Departamento da Matemática, Laboratório de Estatística Aplicada.

Introdução A avicultura no país está crescendo cada vez mais com o passar dos anos, trazendo benefícios como produção não sazonal, evitando desemprego temporário e alto capital de giro (Mendes,2014). Segundo dados da Faostat (2016) o Brasil é o sétimo maior produtor de ovos com 2,27% da produção mundial. A experimentação agrícola utiliza parâmetros estatísticos para analisar a confiabilidade, qualidade, e precisão dos experimentos (Vilela de Resende,2007) e o método mais utilizado tem sido o coeficiente de variação. Esta estatística é a razão entre o desvio padrão e a média, podendo ou não ser expressa em porcentagem, e quanto menor é o seu valor, mais preciso será o experimento (Pimentel-Gomes,1991). Sabe- se que a homogeneidade de todas os as condições experimentais contribuem para a redução do coeficiente de variação, mas a escolha de um método que leve em consideração além desse controle o número de repetições utilizadas pode tornar essa análise mais criteriosa, mais robusta. Desse modo o índice de variação (IV), proposto por Pimentel Gomes(1991), é defendido por Vilela de Resende (2007) como método mais adequado, pois utiliza o número de repetições além de levar em consideração a variação residual. Os métodos comumente utilizado para classificação de coeficiente de variação são os de Costa et al.(2002), Garcia et al.(1989), Judice et al.(2002). Este trabalho teve como objetivo delimitar faixas de classificação de índice de variação para as variáveis produção de ovos, peso de ovo, unidade de haugh, peso de gema e peso de casca, em poedeiras comerciais com base na literatura, pelo método de Costa et al.(2002) de modo a orientar na interpretação da precisão dos dados.

Material e métodos Foram extraídos dados de 164 artigos sobre poedeiras comerciais de periódicos nacionais e internacionais. A coleta de dados foi desenvolvida no LEA-Laboratório de Estatística Aplicada na Faculdade de Engenharia- UNESP de Ilha Solteira. No projeto foi calculado o índice de variação(IV=CV/ ), proposto por Pimentel Gomes(1991). E através dos valores encontrados utilizou o método de Costa et al.(2002), para determinar a faixa de classificação. Este critério é baseado nos valores de mediana (Md) e pseudo-sigma(PS). Mas enquanto Costa et al.(2002) utilizou o coeficiente de variação(CV), no trabalho foi utilizado o índice de variação (IV), por esse motivo adaptou-se as formas de encontrar os intervalos, como segue: Baixo: IV≤ (Md - PS), Médio: (Md - PS) < IV ≤ (Md + PS), Alto: (Md +PS) < IV ≤ (Md + 2PS), Muito Alto: IV > (Md +2PS). Onde a Md=(Q1+Q3)/2 e o PS=IQR/1,35, sendo que o IQR é a amplitude interquatilica (IQR=Q3-Q1). As análises estatísticas foram desenvolvidas com a ajuda Microsoft Excel.

Resultados e discussão De acordo com o dados calculados, segundo método de Costa et al.(2002), os IVs considerados ideais para a variável de produção de ovos (EP) são aqueles que estão abaixo de 3,72; para peso de ovos (EW) menores que 1,50; para unidade de Haugh( HU) menores que 1,96; para o peso de gema(YW) menores que 1,84; e para peso de casca (SW) menores que 2,17. Valores de IVs acima disto não apresentam uma precisão confiável. Na análise dos valores encontrados nos trabalhos, podemos observar que para alguns os valores de IV encontrados estariam classificados como muito alto. Por exemplo, para variável produção de ovos, observamos em Arpasova et al.(2012) índices de 26,150; 24,430; 24,790; Silva et al. (2016) 9,775; Costa, et al. (2004) 9,124; Alves, et al. (2007) 14,56; 7,14; Silva et al. (2010) 6,820; Assuena et al. (2008) 7,07. Tabela 1 - Faixas de classificação com base no índice de variação(IV), através do critério de Costa et al.(2002).

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IV Mediano Pseudo Baixo Médio Alto Muito Alto EP 2,23 1,50 <0,73 0,73 A 3,72 3,72 a 5,22 >5,22 EW 1,10 0,40 <0,71 0,71 A 1,50 1,50 a 1,90 >1,90 HU 1,25 0,72 <0,53 0,53 A 1,96 1,96 a 2,68 >2,68 YW 1,37 0,47 <0,90 0,90 A 1,84 1,84 a 2,31 >2,31 SW 1,54 0,64 <0,90 0,90 A 2,17 2,17 a 2,81 >2,81 Variáveis onde, EP = produção de ovos; EW = peso de ovos; HU = unidade de Haugh; YW = peso de gema; SW = peso de casca.. Tabela 2 - Faixa de classificação fo coeficiente de variação(CV), de acordo com o método de Costa el al.(2002). CV Mediano Pseudo Baixo Médio Alto Muito Alto EP 5,65 3,48 <2,17 2,17 A 9,13 9,13 a 12,61 >12,61 EW 2,68 0,96 <1,72 1,72 A 3,64 3,64 a 4,60 >4,60 HU 3,16 1,81 <1,35 1,35 a 4,97 4,97 a 6,77 >6,77 YW 3,69 1,24 <2,46 2,46 a 4,93 4,93 a 6,17 >6,17 SW 3,84 2,52 <1,32 1,32 a 6,36 6,36 a 8,88 >8,88 Variáveis onde, EP = produção de ovos; EW = peso de ovos; HU = unidade de Haugh; YW = peso de gema; SW = peso de casca.. Quando analisados os resultados da classificação de coeficiente de variação, os valores ótimos para cada variável seriam EP <9,13; EW<3,64; HU<4,97; YW<4,93; SW<6,36; observamos valores mais altos do que os encontrados no cálculo de índice de variação(IV), isso demonstra a maior confiabilidade em IV, uma vez que o índice considera também o número de repetição utilizado no experimento, e não somente a média e o desvio padrão.

Conclusões Este trabalho mostra que o índice de variação apresenta dados de maior precisão do que o coeficiente de variação, aumentando assim a confiabilidade dos dados.

Agradecimentos Ao grupo de pesquisa LEA- Laboratório de estatística aplicada, à FAPESP pelo auxílio ao projeto 2015/18225-4. E agradeço também ao PIBIC.

Referências GOMES,F.P. O índice de variação, um substituto vantajoso do coeficiente de variação. Piracicaba. Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais. 1991. Disponível em: . Acesso em: 24 abr. 2018.

GARCIA, C. H. Tabelas para classificação do coeficiente de variação. Circular Técnico – IPEF, 1989. Disponível em: Acesso em: 24 de abril de 2018.

JUDICE, M.G. et al. Avaliação da precisão experimental em ensaios com bovinos de corte. Revista Ciência e Agrotecnologia, Lavras v. 26, n.5, p.1035-1040, set-out, 2002.

VILELA DE RESENDE, M.D.; DUARTE, J.B. Precisão e controle de qualidade em experimentos de avaliação de cultivares. Pesquisa Agropecuária Tropical, vol. 37, núm. 3, septiembre-, 2007, pp. 182-194 Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Goiânia, Brasil.

COSTA, N.H.A.D.; SERAPHIN, J.C.; ZIMMERMANN, F.J.P. Novo método de classificação de coeficientes de variação para a cultura do arroz de terras altas. Revista Agropecuária Brasileira, Brasilia, v. 3, n. 37, p.243-249, mar. 2002. Disponível em: . Acesso em: 24 abr. 2018.

MENDES,A.A. Panorama da avicultura nacional e perspectivas do setor. Sanidade avícola. Brasília.2014.

FAOSTAT. Pecuária Primária. 2016.Disponível em: . Acesso em: 24 de abril 2018.

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Classificação de índices de variação calculados a partir de artigos científicos na área de avicultura de postura.

Luiz Firmino dos Santos Junior (1) *, Isadora Nicolielo de Souza(1), Glaucia Amorim Faria(2) , Rosemeire da Silva Filardi (2)

1UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia– Bacharelado, Laboratório de Estatística Aplicada. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento da Matemática, Laboratório de Estatística Aplicada.

Introdução A produção de ovos brasileira no mês de janeiro de 2018 gerou um valor de 11 milhões de dólares, com destaque para a cidade de São Paulo, responsável por 2,2 milhões desse total (Agrostat, 2018). Isso expressa a importância deste setor para o agronegócio. Experimentos zootécnicos têm sido feitos com diversos objetivos, como para melhorias na produtividade, melhor aproveitamento de espaços e utilização de recursos, bem como para se descobrir novas técnicas. Nesses experimentos, a análise dos resultados é o ponto chave, e, quando falamos em análise, isso nos remete a precisão experimental. Uma das ferramentas mais utilizadas para se avaliar a precisão experimental nos estudos científicos é o Coeficiente de Variação (CV) (COSTA et al, 2002). O método de classificação de CV tem sido proposto por alguns autores como Judice et al, (1999) e Garcia (1989). Embora bastante utilizado, o CV ainda possui algumas falhas quando em desigualdade de condições, e não leva em consideração o número de repetições do experimento. O Índice de Variação (IV), que é o CV com relação a raiz do número de repetições IV=CV/√푟 se torna, portanto, uma ferramenta mais interessante para se avaliar a precisão experimental (Gomes, 1991). Assim, o objetivo deste trabalho é propor faixas de classificação de IV no lugar do CV adaptando o método de Judice et al, (1999), calculando- se os IVs a partir do CV de 164 artigos científicos obtidos de plataformas de pesquisa, para algumas das principais variáveis importante para a avicultura de postura.

Material e métodos Foram coletados da literatura e analisados 164 trabalhos científicos em periódicos nacionais e internacionais referentes aos últimos 20 anos. Foram coletados em cada artigo dados de coeficientes de variação ou dados que permitiram calcular o coeficiente de variação para cada variável de interesse, e, posteriormente, calculou-se também para cada valor obtido, o Índice de Variação experimental. O trabalho foi desenvolvido no LEA – Laboratório de Estatística Aplicada, financiado pelo projetos FAPESP 2015/18225-4 e 2017/22296-0. O método utilizado na classificação foi uma adaptação ao método proposto por Judice et al, (1999), pois o CV foi substituído pelo IV, sendo os IVs baixos valores menores que quantil 15,87%; IVs médios entre os quantis 15,87% e 84,13%; os IVs altos entre 84,13% e 97,72%; e os IVs muito altos os valores maiores que o quantil 97,72%. As variáveis produtivas selecionadas para este estudo foram: produção de ovos (EP), peso de ovos (EW), Unidade de Haugh (HU), pesos da gema (YW) e peso da casca (SW), e as análises estatísticas foram realizadas com o auxílio do Microsoft Excel.

Resultados e discussão Os resultados para as faixas de classificação dos índices de variação para as variáveis estudadas estão dispostos na Tabela 1. Na Tabela 2, temos as faixas de classificação de coeficiente de variação das mesmas variáveis para serem comparadas com os resultados da primeira tabela.

Tabela 1 – Faixas de classificação de IV para algumas das principais variáveis produtivas EP, EW, HU, YW e SW de poedeiras comercias, adaptadas do método de Judice et al. (1999) Variáveis Faixas Baixo Médio Alto Muito alto EP % <0,94 0,94 a 3,93 3,93 a 4,56 >4,56 EW g <0,55 0,55 a 1,58 1,58 a 1,83 >1,83 HU <0,56 0,56 a 2,07 2,07 a 2,40 >2,40 YW g <0,73 0,73 a 2,00 2,00 a 2,32 >2,32 SW g <0,73 0,73 a 2,25 2,25 a 2,61 >2,61

As variáveis YW e SW ficaram com intervalos de classificação bastante próximos. Já EW e HU ficaram parecidas apenas na faixa do baixo, enquanto que EP se diferenciou bastante de todas as outras. As

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faixas de IV para todas as variáveis foram menores que as encontradas pelo método convencional, podendo alterar a interpretação dos resultados do experimento quanto a precisão experimental. Laurentiz et al, (2005) por exemplo, obteve um CV de 10,5 para EP, considerado alto, mas quando usamos o IV o valor vai para 3,5 que se enquadra na faixa de médio. Isso mostra que o resultado foi melhor do que se olharmos apenas o CV. Já Kato et al. (2003) obteve 4,28 de CV para Unidade de Haugh, poderia se inferir uma precisão superestimada para essa variável, mas, quando analisamos através do IV, temos um valor de 2,14, que já é considerado alto, ou seja, houve uma variação maior dos dados do que se pensava.

Tabela 2 – Faixas de classificação de CV segundo método de Judice et al, (1999) para as variáveis produtivas EP, EW, HU, YW e SW de poedeiras comerciais Variáveis Faixas Baixo Médio Alto Muito alto EP % <2,30 2,30 a 9,42 9,42 a 10,94 >10,94 EW g <1,35 1,35 a 3,84 3,84 a 4,46 >4,46 HU <1,36 1,36 a 5,15 5,15 a 5,98 >5,98 YW g <1,97 1,97 a 5,36 5,36 a 6,23 >6,23 SW g <1,99 1,99 a 6,76 6,76 a 7,85 >7,85

Costa et al. (2008) e D’Agostini et al. (2012) encontraram para YW CV de 3,99 e 3,26 respectivamente. Num primeiro momento, entendemos que o primeiro deles teve uma variação maior. O IV por outro lado para ambos os trabalhos é igual, sendo 1,63, mostrando que na verdade ambos os dados para a variável YW tiveram a mesma variação experimental. O que influenciou nesse resultado foi que o número de repetições em cada estudo foi diferente, o primeiro com 6 e o segundo com 4. A maior repetição diminuiu a variação experimental, igualando a precisão de ambos os trabalhos científicos.

Conclusões As faixas de classificação de IV se mostram uma ferramenta melhor para se avaliar a precisão experimental para as variáveis EP, EW, HU, YW e SW do que as faixas de classificação de CV.

Referências AGROSTAT. Indicadores Gerais AGROSTAT. 2018. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Disponível em: . Acesso em: 24 fev. 2018.

Costa FGP, et al. (2008) Níveis de cálcio em dietas para poedeiras semipesadas após o pico de postura, 624-632.

COSTA, N. H. A. D. de, et al.. Novo método de classificação de coeficientes de variação para a cultura do arroz de terras altas. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 37, n. 3, p.243-249, mar. 2002.

D'Agostini P. et al. (2012) Exigência de metionina + cistina para frangas de reposição na fase recria de 13 a 18 semanas de idade, Arq. Bras. Med. Vet. Zootec.

GARCIA, C. H. Tabelas para classificação do coeficiente de variação. Circular Técnico – IPEF, 1989. Disponível em: Acesso em: 27 de abril de 2018.

GOMES, F. P., (Piracicaba). Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais. O índice de variação, um substituto vantajoso do coeficiente de variação. 1991. Disponível em: . Acesso em: 27 abr. 2018.

JUDICE, M. G., et al. Avaliação do coeficiente de variação na experimentação com suínos. Ciência e Agrotecnologia, 1999, vol. 23, no 1, p. 170-173.

Kato RK, et al. (2003) Cobalt and Vitamin B12 in diets for commercial laying hens on the second cycle of production, Brazilian Journal of Poultry Science, 45-54.

Laurentiz A. C., et al., (2005) Níveis de aminoácidos sulfurados totais para poedeiras semi-pesadas após a muda forçada, Ciência Rural, 164-168.

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Custos e rentabilidade da produção de milho verde em Franca/SP: um estudo de caso

Matheus Sousa de Paula Carlis(1)*, Éder Melero Júnior(1), Matheus Aparecido Niedo Araujo(1), Omar Jorge Sabbag(2), Lucas Ferreira(3)

1UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia – Bacharelado, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócioeconomia – DFTASE. E-mail: [email protected]. 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócioeconomia – DFTASE. 3UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado/Licenciatura, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócioeconomia – DFTASE

Introdução Nos últimos anos, tem havido maior especialização da agricultura na produção, tornando-se indispensável aos produtores rurais o conhecimento aprofundado do seu negócio (CREPALDI, 2005). Para que uma empresa se mantenha no mercado, é essencial possuir conhecimento e gerenciamento apropriado às suas necessidades e exigências impostas pelo mercado em que está inserida (MIRANDA, 2006). Neste sentido, a gestão de custos é um conjunto de procedimentos administrativos que registra, de forma sistemática e contínua, a remuneração dos fatores de produção empregados (SANTOS, MARION e SEGATTI, 2002). Neste sentido, o presente trabalho objetivou realizar a análise dos custos e rentabilidade da produção de milho verde em uma propriedade no município de Franca/SP, por meio de um estudo de caso.

Material e métodos Para elaboração do presente trabalho, realizou-se entrevista com o produtor para levantamento dos coeficientes técnicos de produção anual da cultura do milho verde em sistema convencional, durante o período relativo ao 2º semestre de 2017. Para o cálculo do custo de produção, realizou-se a estrutura do custo operacional utilizada pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA), conforme Matsunaga et al. (1976), considerando os principais gastos com insumos e mão de obra para a composição do Custo Operacional Efetivo (COE), acrescido das despesas operacionais, depreciação linear e juros de custeio, para determinar o Custo Operacional Total (COT). Os indicadores de rentabilidade utilizados foram os considerados por Martin et al. (1997), os quais englobam: receita bruta (RB), resultado operacional (RO) e o índice de lucratividade (IL). Foi verificado ainda o ponto de equilíbrio, que se refere ao mínimo que se deve produzir (quantidade) para cobrir os custos com a produção, bem como ao preço de equilíbrio, resultante do custo operacional total sobre a produtividade.

Resultados e discussão Com relação aos custos da atividade agrícola, o COE representou R$6.508,32 do custo operacional total (Tabela 1), sedo que o custo com insumos representou 60,35%% e as operações mecanizadas 22,13% do COT, fato que ressalta a importância de adotar os tratos culturais corretos para otimizar os insumos utilizados para a cultura. Por outro lado, Centeno e Kaercher (2010) relatam que os custos referentes à mecanização das operações agrícolas representam entre 10 e 30% dos custos totais, demonstrando a importância da escolha do maquinário mais adequado para o processo produtivo. O COT foi totalizado em R$7.157,71, considerando as demais despesas operacionais, depreciação de máquinas e implementos com vida útil média de 10 anos e juros de custeio de 5,5% ao ano, proporcional ao ciclo produtivo. Na Tabela 2, tem-se os indicadores de rentabilidade da atividade, na qual foram produzidas 416 sacas de milho verde, vendidas a R$30,00/saca, totalizando uma receita bruta de R$12.480,00 e com lucratividade de 42%. Observa-se ainda que é necessário comercializar 239 sacas ou ofertar a um preço mínimo de R$17,21/saca, para a cobertura dos custos de produção, representando um aumento de 74% em relação à quantidade e preço ofertados.

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Tabela 1. Coeficientes técnicos e custo operacional total (COT) para a produção anual de milho verde, Franca/SP (em R$, 2017). Descrição Valor (R$) % Operações Manuais 604,00 8,44 Operações Mecanizadas 1.584,32 22,13 Insumos 4.320,00 60,35 Custo operacional efetivo (COE) 6.508,32 90,92 Outras despesas 325,42 4,55 Depreciação 234,48 3,28 Juros de custeio 89,49 1,25 Custo operacional total (COT) 7.157,71 100 Fonte: dados da pesquisa.

Tabela 2. Rentabilidade da produção anual de milho verde, Franca/SP (em R$, 2017). Item Valor Produção (Sacas) 416 Preço de Venda (R$/saca) 30,00 Receita Bruta (R$) 12.480,00 Lucro Operacional (R$) 5.322,29 Índice de Lucratividade (%) 42,65 Quantidade de Equilíbrio (sacas)1 239 Preço de Equilíbrio (R$/saca)2 17,21 ¹ Volume mínimo de produção (sacas) para cobrir os custos de produção (COT/Preço). ² Preço mínimo de venda, para cobertura dos custos de produção (COT/Produção). Fonte: dados da pesquisa.

Conclusões A produção de milho verde, embora com altos custos em seu sistema produtivo, apresentou uma rentabilidade favorável, reforçando a importância da gestão de custos na atividade agrícola.

Referências CENTENO, A. S.; KAERCHER, D. Custo operacional das máquinas agrícolas. Agrianual, São Paulo, v.15, p.113-116, 2010. CREPALDI, S. A. Contabilidade rural: uma abordagem decisorial. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2005. MARION, J C; SEGATTI, S. Sistema de gestão de custos nas pequenas propriedades leiteiras. Custos e Agronegócios on line, v. 2, n.2, p. 2-7, 2006. MARTIN, N. B.; SERRA, R.; OLIVEIRA, M. D. M.; ÂNGELO, J.A.; OKAWA, H. Sistema “CUSTAGRI”: sistema integrado de custos agropecuários. São Paulo: IEA/SAA, p. 1-75, 1997. MATSUNAGA, M.; BERNELMANS, P. F.; TOLEDO, P. E. N.; DULLEY, R. D.; OKAWA, H.; PEDROSO, I. A. Metodologia de custo utilizada pelo IEA. Agricultura em São Paulo, v.23, n.1, p. 123-39, 1976. MIRANDA, E. E.; CRISCUOLO, C.; QUARTAROLI, C. F. Desenvolvimento rural: gestão territorial. Revista Agroanalysis (FGV), São Paulo, p. 40, 2006. SANTOS, J. S.; MARION, J. C.; SEGATTI, S. Administração de custos na agropecuária. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2002.

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Efeito da suplementação de vitamina E (α-tocoferol), na composição de filés de Prochilodus lineatus (VALENCIENNES, 1847)

Vitória Yukie Mayer Kuratani (1) *, Raphael da Silva Costa (2), Giovana Letícia Onuma (3), Cristiéle da Silva Ribeiro (4)

1UNESP-FEIS, Discente, Curso de Zootecnia, Laboratório de Fisiologia Animal. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Doutorando em Biologia Animal, IBILCE 3UNESP-FEIS, Zootecnista 4UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Fisiologia Animal

Palavras-chave: curimba, metabolismo, vitamina E, filé

Introdução A vitamina E (alfa-tocoferol) é um antioxidante lipossolúvel de grande importância, responsável por proteger as membranas biológicas contra a peroxidação lipídica, o que leva a um retardamento do processo de envelhecimento biológico em animais e humanos (Thakur e Sirivastava, 1996). Sua carência em dietas de peixes provoca baixo crescimento, exoftalmia, ascite, anemia, brânquias pálidas e disformes, prejuízo à produção de eritrócitos, menor resposta imune, despigmentação e acúmulo de gordura no fígado (Tacon, 1992). Adicionalmente aos efeitos fisiológicos da Vitamina E sua inclusão em dietas de animais cultivados pode retardar e/ou impedir a ação de radicais livres, proporcionando redução na alteração de cor e diminuição expressiva na oxidação do pescado e carne de outros animais, aumentando o tempo de prateleira (Fogaça e Sant'Ana, 2009; Taşdelen e Ceylan, 2017) O Corimba (Prochilodus lineatus) é um peixe que atinge até 78 cm e 8,2 kg, encontrado nas bacias hidrográficas do Paraná, Paraguai e Paraíba do Sul (Dias e Shibatta, 2006). O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência da suplementação de vitamina E (α-tocoferol) na alimentação de Prochilodus lineatus (Curimba) sob aspectos metabólicos do filé.

Material e métodos Foram usados 150 juvenis de Prochilodus lineatus, com 10(±1,7144) centímentros de comprimento e 7 (±1,7936) gramas, doados pela Estação de Piscicultura da Cemig de Volta Grande-MG. Estes foram levados para o Laboratório de Ictiologia Neotropical FEIS-UNESP, onde foram distribuídos peixes em 6 caixas plásticas de forma aleatória para aclimatação por 15 dias. Após este período, os animais foram novamente divididos separando-se 75 indivíduos em 3 caixas plásticas com 25 peixes cada, os quais receberam alimentação diária (3% de ração/biomassa de animal) com ração comercial extrusada Tetramim® com composição de 47% de proteína bruta, 8,8% de lipídeos e 2% de fibras, enquanto os outros 75 animais foram divididos em caixas da mesma maneira, porém compondo o grupo tratamento, alimentado com ração suplementada com 500mg/kg de vitamina E. Os animais foram mantidos em fotoperíodo natural, a limpeza das caixas efetuada a cada três dias e o tempo de duração do experimento foi de 30 dias. Foram realizadas coletas no tempo zero, e após 30 dias. Para cada coleta, os indivíduos analisados foram anestesiados com solução alcóolica de benzocaína (Ross e Ross, 1984). Em seguida foi realizada a retirada de músculo branco, o qual foi congelado em nitrogênio líquido e armazenado em ultrafreezer, até que se realizasse as análises de proteínas, glicogênio e lipídeos determinados através de colorimetria pelos métodos Lowry (1951), Dubois (1956) e Frings (1972) respectivamente.

Resultados e discussão Os resultados de lipídeos no tecido muscular apresentaram valores maiores para o grupo controle quando comparado com o grupo tratamento e com tempo inicial do experimento (P<0,05). Nota-se que a adição de óleo como veículo na ração do grupo tratamento não influenciou a deposição muscular deste substrato. Ainda se tratando do grupo tratamento pode-se relacioná-lo com o que foi comprovado em trabalho realizado em filés de trutas em que a quantidade e características dos lipídios não foram influenciadas pela vitamina E (Frigg et al, 1990).

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Quanto aos resultados de glicogênio e proteína observou-se que houve diferença estatística (P<0,05). Ambos demonstraram maior deposição de substratos tanto no grupo controle como no grupo tratamento, entretanto não houve diferença entre os grupos experimentais, logo a diferença estatística está relacionada ao tempo. Os resultados de proteína demonstraram que houve um aumento na deposição deste substrato no tecido muscular do grupo tratado com vitamina E, o que é favorável para a melhoria da qualidade do filé, uma vez que as proteínas são importantes na composição alimentar humana e também pelo pescado ser um alimento que se destaca nutricionalmente quanto à quantidade e qualidade das suas proteínas (Sartori e Amancio, 2012).

Figura 1: efeito da suplementação da vitamina E sobre glicogênio, lipídeo e proteína muscular, ab representam diferenças estatísticas entre os grupos experimentais.

Conclusões Conclui-se que a adição de vitamina E provoca alterações na deposição de glicogênio, de lipídeo e de proteínas no tecido muscular de maneira positiva agregando valor nutricional ao filé deste peixe.

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Efeitos da suplementação de óleo de peixe na dieta de zebrafish (Danio rerio): análise de tecido gonadal

Naiara Mendes Ross (1) *, Cristiane Bashyio-Silva (2), Raphael da Silva Costa (3), Cristiéle da Silva Ribeiro (4), Rosicleire Veríssimo-Silveira (5), Alexandre Ninhaus-Silveira (5)

1UNESP-FEIS, Graduando, Curso de Zootecnia, Depto. de Biologia e Zootecnia (DBZ), Laboratório de Ictiologia Neotropical - L.I.NEO. e-mail: [email protected] 2UNESP-IBB, Pós-Graduação em Ciências Biológicas – Zoologia, DBZ, L.I.NEO. 3UNESP-FEIS, Doutor em Biologia Animal, DBZ, L.I.NEO. 4UNESP-FEIS Docente, DBZ, Laboratório de Estudos em Fisiologia Animal - LEFISA 5UNESP-FEIS Docente, DBZ, L.I.NEO.

Introdução A nutrição dos reprodutores de peixes tem efeito significativo na maturação dos gametas. Entre os componentes nutricionais mais importantes para a reprodução, estão os lipídeos, que afetam drasticamente a composição de ovos por serem essenciais na formação das células e membranas dos tecidos. Diversos estudos têm mostrado que a quantidade e a qualidade dos lipídeos dos alimentos, bem como o regime alimentar durante a gametogênese, geram impacto, principalmente em aspectos ligados à desova e qualidade dos ovos e larvas (ZUDAIRE et al, 2014). O óleo de peixe marinho é rico em ômega 3, que é precursor dos ácidos graxos docosahexaenoico (DHA) e do eicosapentaenoico (EPA). Esses ácidos graxos (DHA, EPA) estão relacionados com a síntese dos hormônios esteroides e também participam do desenvolvimento gonadal (NAVARRO, 2010). O Danio rerio, conhecido como zebrafish é um pequeno peixe tropical de água doce, pertence à família dos Ciprinídeos. É considerado um modelo biológico, apresentando fertilização externa, permite fácil visualização e monitoramento de seu desenvolvimento, apresenta taxa de reprodução elevada, baixo custo de manutenção e 70% de semelhança aos genes humanos, por essas razões tem se tornado um excelente modelo experimental para os mais diversos tipos de pesquisas científicas (ZORZETTO e GUIMARÃES, 2013). Frente ao exposto, o objetivo deste trabalho foi analisar a influência da dieta suplementada com óleo de peixe, sob aspectos metabólicos e gonadais de Danio rerio.

Material e métodos Foram utilizados 90 exemplares adultos de Danio rerio, adquiridos de um atacadista de peixes ornamentais. Durante o período experimental, os peixes permaneceram em aquários de 80x40x50 cm, em um sistema de recirculação fechado e continuo, com filtros biológicos e termostatos regulados a 27°C. Os animais foram divididos em dois grupos, controle e tratamento, no grupo controle era fornecido apenas ração 45% PB, enquanto para o grupo tratamento era fornecida a ração isoproteica (45% PB) com o incremento de 5% de óleo de peixe marinho. Foram realizadas 5 coletas (1 inicial e quatro com intervalo de 15 dias). A cada coleta os animais foram anestesiados com benzocaína 0,2 g/ 200mL de água. Para coleta das gônadas os animais foram eutanasiados por secção da medula espinhal na altura do opérculo. Após a triagem e biometria, o tecido gonadal foi coletado e pesado para calcular o índice gonadossomático IGS = (peso das gônadas. peso total do animal -1) x100]. Para a determinação do teor proteico total do tecido gonadal, foi utilizado o método segundo Lowry et al. (1951) cujo o princípio é enzimático e colorimétrico e as proteínas determinadas contra uma curva padrão de albumina bovina. Os lipídeos totais foram extraídos de acordo com a metodologia de Folch et al., (1957). A partir desse extrato os lipídeos totais foram determinados pelo método de Frings et al., (1972), utilizando-se como padrão óleo de fígado de bacalhau. Para verificação do nível de interação entre as variáveis, foi utilizado o Software Sigma Stat 3.1. Utilizou-se o Teste One Way Anova (α = 5%) para avaliações paramétricas; e aplicou-se o teste de Kruskal Wallis para análises não paramétricas.

Resultados e discussão Analisando-se o comprimento padrão, massa corpórea, IGS, e proteínas gonadais, observou-se que

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não houve diferença estatística significativa entre os grupos experimentais (p>0,005). Estes resultados denotam que a inserção de óleo na dieta não afetou o desempenho zootécnico dos animais e de deposição proteica durante o desenvolvimento gonadal da espécie. O efeito da suplementação de ômega-3 deu-se aos 45 e 60 dias de alimentação (C3 e C4), com efeito direto sobre a concentração de lipídeos gonadais para grupo alimentado com óleo de peixe marinho (p=0,032 para C3 e p=0,046 para C4) na comparação com o grupo controle. Inclusões de óleo de peixe marinho (com altas concentrações de ômega 3) na dieta podem influenciar o período de maturação das gônadas de teleósteos (GONÇALVES, 2010). Fernandes-Palacios et al, 1995 relatam uma melhora significativa em parâmetros reprodutivos em Sparus aurata alimentados com dieta rica em ácidos graxos ômega 3, com aumento no crescimento, qualidade dos ovos e níveis hormonais.

Tabela 1: Dados metabólicos e desempenho zootécnico em D. rerio alimentados com óleo de peixe marinho por 60 dias. Variável INICIAL COLETA 1 COLETA 2 COLETA 3 COLETA 4 analisada/ Coleta Controle Óleo Controle Óleo Controle Óleo Controle Óleo Massa Corpórea 0,4±0,1 0,7±0,3 0,5±0,1 0,7±0,2 0,6±0,1 0,5±0,1 0,7±0,3 0,5±0,1 0,6±0,2 (g) ab ab ab ab ab ab ab ab ab

Comprimento 2,9±0,4 2,9±0,5 2,8±0,3 3,0±0,4 2,6±0,49 2,8±0,32 3,2±0,3 2,7±0,4 2,8±0,3 padrão (cm) ab Ab ab ab ab ab ab ab ab

IGS (%) 3,7±3,5 3,7±3,4 3,1±2,7 3,8±3,3 3,5±3,3 2,7±3,1 2,9±3,4 2,9±3,0 3,0±2,6 ab Ab ab ab ab ab ab ab ab Proteínas 191,2±14,2 100,0±208,2 115,0±141,1 252,3±101, 296,7±124,1 212,1±154,3 205,7±50 141,4±46,2 134,8±45 gonadais (mg/g) ab Ab ab ab ab ab ,2 ab ,8 ab ab Lipídeos 4,6±0,3 5,5±0,1 4,9±0,8 4,9±0,48 4,6±3,4 3,5±0,2 8,9±0,8 4,2±0,2 5,5±0,1 gonadais (mg/g) ab Ab ab ab ab a b a b

a,b Letras diferentes denotam diferenças estatísticas significativas (p<0,005) entre os tratamentos ezperimentais Conclusões Conclui-se que a dieta com suplementação de ômega 3 foi incorporada no tecido gonadal a partir dos 45 dias de alimentação dos animais, demonstrado pelo aumento da concentração de lipídeos no tecido gonadal. Além disso, concluímos que o ômega 3 não demonstrou efeito significativo sobre substrato proteico, IGS e índices de desempenho zootécnico para esta espécie.

Referências FERNANDES-PALACIO, H.; IZQUIERDO, M.S.; ROBAINA, L.; VALENCIA, A.; SALHI, M.; VERGARA, J.M. Effect of n-3 HUFA level in broodstock diets on egg quality of gilthead sea bream (Sparus aurata L.). Aquaculture, 132: 325-337, 1995.

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LOWRY, O.H.; ROSEBROUGH, N.J.; FARR, A.L.; RANDALL, R.J. Protein measurement with the Folin phenol reagent. J. Biol. Chem., v. 193, p. 265–275, 1951.

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NAVARRO, R. D.; NAVARRO, F.K.S.P.; SEIXAS FILHO, J.T.; RIBEIRO FILHO, O.P. Nutrição e alimentação de reprodutores de peixes. Revista Augustus, 30: 108–118,2010.

ZORZETTO, R.; GUIMARÃES, M. Um peixe modelo. Pesquisa Fapesp, 209:16–21, 2013.

ZUDAIRE, I.; MURUA, H.; GRANDE, M.; PERNET, F.; BOSIN, N. Accumulation and mobilization of lipids in relation to reproduction of yellowfin tuna (Thunnus albacares) in the Western Indian Ocean. Fish. Res., 160: 50-59, 2014.

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Enriquecimento ambiental em sistema de produção de caprinos: respostas a estímulos e interação com o homem

Aline Monteiro Arruda (1) *, Rafael Silvio Bonilha Pinheiro (2).

1UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia – Graduando. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia

Introdução Os caprinos geralmente são extremamente sociáveis, dóceis e curiosos. Tais características facilitam a domesticação desses animais e o manejo do rebanho, desde que haja um frequente de atividades com os caprinos. O estresse é uma resposta biocomportamental do organismo a qualquer desafio (estressor) que perturbe a homeostase a ponto de comprometer a regulação das respostas inerentes a todos os animais (Selye, 1974) oque pode acarretar em perdas econômicas para o produtor, por exemplo, o estresse social devido a manejos inadequados na propriedade pode influenciar negativamente a qualidade da carne (Beattie et al., 2000), o ganho de peso (Hyun et al., 1998, Stookey & Gonyou, 1994,) e a reprodução (Dobson et al., 2001). Pode também aumentar a incidência de doenças (Hemsworth et al., 1995, Lensink et al., 2000), levando até à morte de animais. Relações humano-animais inadequadas também podem influenciar negativamente a produtividade e a qualidade dos produtos (Hemsworth, Barnett et al., 2002; Hemsworth, Coleman, 2002). Animais criados em sistemas extensivos têm menor afinidade com os humanos por passarem longos períodos sem manejo, aproximando-se apenas na hora do fornecimento de alimento no cocho, rejeitando o contato em outros momentos. Isso diminui a confiança com seu criador e torna o manejo estressante para os animais Nos países desenvolvidos, cresce a preocupação com o mau trato dos animais domésticos em áreas urbanas e com o bem-estar dos animais utilizados na pesquisa e na pecuária. Embora de forma menos articulada, a população brasileira também manifesta preocupação com o bem-estar animal a cada ano (Pinheiro Machado Filho & Hötzel, 2000). O enriquecimento ambiental é sinônimo de aumento de complexidade, que acarreta no desenvolvimento da flexibilidade comportamental em resposta a ambientes dinâmicos (Rumbaugh et al., 1989), possibilitando melhoria da funcionalidade biológica dos animais (Newberry, 1995). Esse processo geralmente é utilizado para animais em confinamento com o objetivo de minimizar o estresse causado pela área restrita, mas também pode ser utilizado com outros objetivos, como a criação de um elo entre o homem e o animal. O objetivo desse trabalho é facilitar a interação do homem com caprinos criados em pasto utilizando bolas de plástico para realizar atividades que visem enriquecer o ambiente da instalação do curral onde ocorre o manejo do rebanho.

Material e métodos O experimento foi realizado no Laboratório de campo de ovinos e caprinos da Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão (FEPE), da Universidade Estadual Paulista, Câmpus de Ilha Solteira- SP. Foram utilizadas sete cabras adultas ½ Boer e ½ Saanen. As atividades com os caprinos foram no período matutino, em duas fases. Primeiramente, todos os animais foram conduzidos para o curral de manejo, onde duas bolas de plástico de aproximadamente 15 centímetros de diâmetro foram jogadas, com o objetivo de chamar a atenção dos animais para analisar o tipo de interação que ocorria. As variáveis consideradas foram: a curiosidade visual do animal pelo objeto e a movimentação em si, interações com a bola, como cheirá-la ou tocá-la, e respostas ao direcionar os objetos em direção ao animal (tentativa de fuga), conforme consta na Tabela 1. Na segunda parte do experimento as cabras foram separadas de acordo com as reações obtidas. As que esboçaram maior resposta aos estímulos apresentaram maior sociabilidade. Tais animais foram submetidos novamente ao lançamento das bolas, agora realizado de forma individual e ininterrupta durante 10 minutos. Essa atividade de interação foi repetida três vezes, com um período de descanso de 15 minutos entre uma e outra. As respostas comportamentais de cada cabra quanto à interação com a bola, com o homem e tentativa de fuga pode ser observadas na Tabela 2.

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Resultados e discussão Na primeira fase do experimento, das sete cabras avaliadas três mostraram-se mais sociáveis e interessadas na atividade de enriquecimento ambiental, enquanto as outras quatro demostraram desinteresse, medo e fuga conforme consta na Tabela 1.

Tabela 1. Reação dos caprinos ao estímulo de jogar as bolas de plástico na instalação do curral do Laboratório de campo de ovinos e caprinos da Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão (FEIS/FEPE) Comportamento dos animais Númeração da Curiosidade Interação com a Interação com o Fuga cabras bola Homem 1 Sim Sim Não Não 2 Sim Não Não Sim 3 Não Não Não Não 4 Não Não Não Sim 5 Sim Sim Não Não 6 Sim Sim Sim Não 7 Não Não Não Sim

Os animais número 1, 5 e 6 foram selecionados como os mais sociáveis do rebanho em resposta ao enriquecimento proposto nesse estudo (Tabela 1). Esses caprinos foram utilizados para a segunda fase do experimento conforme consta na Tabela 2.

Tabela 2. Comportamento dos caprinos mais sociáveis ao estímulo de jogar as bolas plásticas na instalação do curral do Laboratório de campo de ovinos e caprinos da Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão (FEIS/FEPE) Comportamento dos animais Númeração da Tentativa de Interação com a Interação com o Fuga cabras interação* bola humano 1 1º Sim Não Não 5 1º Não Não Não 6 1º Sim Sim Não 1 2º Não Não Sim 5 2º Não Não Sim 6 2º Sim Sim Não 1 3º Sim Não Não 5 3º Não Não Sim 6 3º Sim Não Não * As atividades de interação foram repetidas três vezes com cada animal.

A cabra número 1 mostrou-se interessada pela bola (Tabela 2), porém grande receio quanto a interação com o homem, e quando muito estimulada sua reação é de fuga. Já a cabra 5 demonstrou ser a mais amedrontada entre as demais cabras utilizas nesse estudo. As mais sociáveis sempre fugiram quando submetida à interação individual (Tabela 1). A cabra 6 por sua vez mostrou ser a mais sociável dos três animais (Tabela 2), respondendo bem à interação com a bola e até mesmo com o homem, não fugindo em qualquer atividade proposta. . A interação social é uma forma simples de incrementar e melhorar as relações entre o profissional e o animal (De Roo, 1993).

Conclusões Os animais criados em pasto têm receio quando são manejados em muitos momentos, e a interação com o homem é algo a ser realizado com maior frequência para facilitar as atividades de manejo necessárias. Apesar do pouco tempo de estimulo (enriquecimento ambiental) com as cabras nesse estudo, a maioria dos animais apresentou comportamento de curiosidade quanto ao objeto introduzido no curral e respostas positivas quando submetidas apenas às bolas. No entanto, quanto ao contato com o homem e as bolas a maioria dos animais manifestou tentativa de fuga inicialmente. Assim, para obter sucesso com o

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enriquecimento ambiental seria necessário que as atividades de interação, principalmente com o homem sejam realizadas por um período de maior duração.

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Ganho de peso de bovinos ½ sangue Angus e Nelore PO em diferentes épocas de pesagem sob pastejo intensivo

Maria Rita Arruda Ferreira(1), Gláucia Amorim Faria(2)

1UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia – Bacharelado, Laboratório de Estatística Aplicada – LEA. e-mail: [email protected]. 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de matemática, Laboratório de Estatística Aplicada – LEA.

Introdução A pecuária de corte na América do Sul está passando por um processo de constante evolução, principalmente com o objetivo de elevar a lucratividade sem aumentar de forma excessiva os custos de produção. O progresso dos índices zootécnicos é vital para a rentabilidade da pecuária de corte, sendo que as atividades de produção precisam ser entendidas e manejadas, embasadas por um enfoque sistêmico e buscando a maximização da eficiência econômica (BARBOSA et al., 2010). O estado de Mato Grosso do Sul, em sua maioria, há ocorrência de pastagens de qualidade, predominando as gramíneas do gênero Brachiaria (EUCLIDES et al., 1998), somando um ponto importante para a produção de gado. Conhecer as raças economicamente mais viáveis para cada região, tem sido a grande preocupação para a maioria dos produtores. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar se existe diferença substancial entre nelores puros e animais ½ sangue no quesito ganho de peso, mantidos em pastejo intensivo em pastagens com gramíneas do gênero Brachiaria no centro oeste do estado de Mato Grosso do Sul.

Material e métodos O experimento foi conduzido na Fazenda São Francisco, localizada no município de Bonito em Mato Grosso do Sul, cuja coordenadas são: latitude: -21.1313, longitude: -56.4801 21° 7′ 53″ sul, 56° 28′ 48″ oeste. Os animais foram manejados de acordo com o sistema alternado, com troca de piquete a cada 15 dias, contendo pastagem onde predomina as gramíneas do gênero Brachiaria. Foi realizado controle na oferta de ração, disponibilizando em média 450g animal-1, a qual foi composta de 80% de milho com 20% de núcleo comercial para cada mil kg, batidos na própria fazenda, para suplementar a alimentação. Foram utilizados 100 animais da raça Nelore PO e 39 animais cruzados (1/2 sangue nelore PO x 1/2 sangue Angus). As avaliações foram realizadas aos 8 meses (desmame e castração), 14 meses e 16 meses. Foi avaliado o peso de cada animal (kg) em cada uma das fases. Os resultados foram submetidos à análise de variância pelo teste F e para comparação das médias, ambos ao nível de 5% e 1% de probabilidade, utilizando para análises dos dados o programa SISVAR 5.3®.

Resultados e discussão Pode-se observar na Tabela 1 que ocorreu diferença significativa entre as raças apenas a partir dos 11 meses, para o peso ao desmame não foi encontrada diferença significativa entre raças.

Tabela 1 – Análise de variância para ganho de pesos dos animais ½ Angus e Nelore PO. Bonito/MS, 2018. Períodos Analisados Fontes de Variação Desmame 11 meses 14 meses Quadrado médio Raças 4,89 ns 10093,65* 68381,65 ** CV (%) 6,62 7,53 5,94 Raças Médias ½ Angus 310,12 a 335,92 a 421,62 a Nelores PO 310,52 a 317,56 b 373,83 b Média geral 310,32 326,74 397,73 *Significativo e ns não significativo a 5% e **significativo a 1% de probabilidade pelo Teste F. 1Letras iguais minúsculas entre linhas não diferem entre si pelo Teste F a 5% de probabilidade.

Ao desmame observa-se que os animais responderam muito bem ao processo de ganho de peso durante o período de amamentação e maturidade da microbiota ruminal, absorvendo os nutrientes que a

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gramínea ofereceu, porém estatisticamente não ocorreu significância considerável. Os pesos dos animais aos onze meses tiveram uma significância para o teste F de confiabilidade a 5%, mostrando que os animais ½ angus foram superiores. Aos quatorze meses, com os dados relatados a cima, conseguimos visualizar um novo aumento no peso dos animais, mostrando que os mesmos já estão adaptados ao novo tratamento nutricional, apresentando resultados significativos e superiores para os bovinos cruzados (421,62kg) em relação aos animais nelore (373,83kg). Com esse conjunto de informações podemos destacar a diferença entre os animais Nelores puro e os ½ Angus, cujos cruzados responderam melhor aos tratamentos após aos onze meses e os nelores e tiveram suas médias de ganho de peso igual ao desmame e mais acentuadas em comparação com os cruzados apenas até aos onze meses. O peso final dos animais meio sangue é consideravelmente superior. Os animais ½ Angus conseguem ganhar peso em um período menor, mas em grande proporção, nas mesmas condições de tempo e com a mesma disponibilidade nutricional de pastagem e suplementos, favorecendo a importância dos animais cruzados para o rebanho nacional e para o retorno financeiro do produtor.

Conclusões Nas condições em que foi conduzido esse trabalho conclui-se que os animais cruzados possuem um ganho de peso superior ao gado nelore PO.

Agradecimentos Agradeço a Rodrigo M. Ferreira por todo suporte técnico realizado na fazenda cujo experimento foi implantado.

Referências BARBOSA, F.A.; GRAÇA, D.S.; ANDRADE, V.J. Produtividade e eficiência econômica de sistemas de produção de cria, recria e engorda de bovinos de corte na região sul do estado da Bahia. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.62, p.677-685, 2010.

EUCLIDES, V.P.B. et al. Desempenho de novilhos em pastagens de Brachiaria decumbens submetidos a diferentes regimes alimentares. Revista Brasileira de Zootecnia, v.27, p.246-254, 1998.

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Prevalência de tuberculose bovina em animais abatidos no noroeste do Estado de São Paulo.

Yane Caroline Horas do Nascimento (1)*, Paulo Rogério Dobre (2), Alan Peres Ferraz de Melo(3), Affonso dos Santos Marcos (4)

1UNESP-FEIS, Profissional Zootecnista. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Curso de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia Animal. 3UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Anatomia 4UNESP-FEIS, Assistente Agropecuário IV. Coordenadoria de Defesa Agropecuária- Secretaria de Agropecuária e Abastecimento. Governo do Estado de São Paulo .

Introdução A tuberculose é causada pela Mycobacterium bovis e acomete principalmente bovinos e bubalinos (Who, 2015). Entre os métodos de diagnóstico mais comuns, estão: prova tuberculínica, vigilância epidemiológica em abatedouros, controles sanitários e diagnósticos de laboratórios apropriados. No entanto, independente do método prevê-se que os animais positivos sejam abatidos, evitando-se assim a disseminação da tuberculose. Por este motivo, foi criado o Programa Nacional de Controle e Erradicação de Brucelose e Tuberculose bovina (PNCEBT), visando redução dos índices de ocorrência da doença no Brasil (Brasil, 2006). Sua transmissão ocorre por ingestão de leite ou produtos lácteos não pasteurizados, podendo ocorrer também através da inalação de aerossóis infectados ou contato da pele com lesões cutâneas em animais infectados. Por consistir em importância de saúde pública o presente trabalho teve como objetivo a investigação da prevalência de hidatidose e tuberculose na região Noroeste do Estado de São Paulo.

Material e métodos Na análise da prevalência de tuberculose foram utilizados registros de dados de 275.580 bovinos, abatidos entre o período de Janeiro de 2007 a Dezembro de 2016 no Frigorífico Ilha Solteira LTDA. Localizado no município de Ilha Solteira, o frigorífico recebe bovinos oriundos de aproximadamente cem municípios da região Noroeste do Estado de São Paulo. O diagnóstico da doença teve suas etapas realizadas sob supervisão do Serviço de Inspeção oficial com acompanhamento de um Médico Veterinário. Foi utilizado o método de avaliação visual de lesões macroscópicas nos linfonodos, no fígado, pulmão e carcaças.

Resultados e discussão De 275.580 carcaças inspecionadas entre os anos de 2007 e 2016, foram verificados um total de 189 casos, resultando em uma prevalência geral de 0,07%, com variação de 0% a 0,24%.

Tabela 1 – Prevalência de Tuberculose em animais abatidos no Frigorífico Ilha Solteira entre os anos de 2007 a 2016.

Ano 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Animais 27.271 20.061 17.712 22.942 26.657 36.678 33.140 33.083 30.015 28.021 abatidos Prevalência 0,02% 0,00% 0,03% 0,09% 0,05% 0,04% 0,03% 0,04% 0,14% 0,24% Analisando a prevalência não foi identificado endemicidade na região, sendo que regiões com menos de 0,1% são consideradas regiões de baixa prevalência ou livres da doença(Kantor et al., 2006), o que se mostra bastante favorável à população dessa região e ao comércio em que essa carne é destinada. No entanto, sabe-se que lesões post mortem de tuberculose são de difícil diagnóstico e podem ser subestimadas, pois apenas 47% das lesões macroscópicas nas inspeções de abatedouros são identificadas (Corner, 1994). Por isso, estima-se que a prevalência em exames post-mortem seja menor do que em exames feitos com animais vivos. Apesar disso, a inspeção sanitária dos produtos de origem animal destinados ao consumo humano continua sendo a melhor medida de controle da transmissão de M. bovis, destacando ações como a pasteurização ou esterilização do leite e derivados imprescindíveis na diminuição dos riscos de transmissão de M. bovis ao homem (Murakami, 2009). O sistema de criação contribui como um fator direto

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na ocorrência da doença. A baixa lotação de pastagens e o abate precoce influenciam em uma menor chance de contaminação por diminuir o tempo de contato entre animais infectados (Furlanetto et al., 2012).Por esse motivo infestações em rebanhos de leite são mais comuns do que nos de corte por promover aglomeração de animais (Barlow et al., 1997).

Conclusões Os dados mostraram uma prevalência de 0,07% em exames post mortem nos animais abatidos na região Noroeste do Estado de São Paulo entre os anos de 2007 a 2016, sendo que para que haja confirmação da prevalência é necessária uma análise mais aprofundada, utilizando-se exames na população e em animais vivos.

Referências BARLOW, N. D. et al. A simulation model for the spread of bovine tuberculosis within New Zealand cattle herds. Preventive Veterinary Medicine, v. 32,n. 1-2, p. 57-75, 1997.

BRASIL, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT). Brasília: MAPA/SDA/DSA. 188 p. 2006.

CORNER L.A. Post mortem diagnosis of Mycobacterium bovis infection in cattle, Veterinary Microbiology v. 40, p. 53–63, 1994.

FURLANETTO, L. V. et al. Prevalência de tuberculose bovina em animais e rebanhos abatidos em 2009 no estado de Mato Grosso, Brasil. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.64, n.2, p. 274-280, 2012.

KANTOR, I.N.; RITACCO, V. An update on bovine tuberculosis programmes in Latin American and Caribbean countries. Veterinary Microbiology, v.112, p.111-118, 2006.

MURAKAMI et al. Tuberculose bovina: saúde animal e saúde pública. Arquivos de Ciência Veterinária e Zoologia da Unipar, Umuarama, v.12, n.1, p. 67-74, 2009.

WHO - World Health Organization - : Working to overcome the global impact of neglected tropical diseases: first WHO report on neglected tropical diseases, 2010 - : Neglected tropical diseases Acessado em: Junho de 2015

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Proposta de classificação de coeficiente de variação em experimentos com bovinos leiteiros.

João Vitor Storti(1)*, Glaucia Amorim Faria (2), Gabriela Valdarnini(3)

1UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia – Laboratório de Estatística Aplicada – LEA. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Matemática - Laboratório de Estatística Aplicada - LEA 3UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia – Laboratório de Estatística Aplicada – LEA.

Introdução Apesar de possuir uma extensa área rural e um dos maiores rebanhos de gados produtores de leite, o Brasil ainda ocupa a quarta posição no ranking mundial de produção, isso ocorre devido a ineficiência produtiva em relação a produção de litros de leite por vaca (Zoccal, 2017). Clima, disponibilidade de água e nutrição dos animais podem estar diretamente relacionados com produção de leite em litros. Afim de padronizar efeitos da experimentação com gado leiteiro utiliza-se o coeficiente de variação (CV), pois permite comparar melhor a variabilidade dos dados, e dá ao pesquisador uma maior precisão do seu experimento, ou seja, quanto mais dispersos os dados, menor será a sua precisão (Vieira, 2006). Define- se CV por desvio padrão sobre a média. O objetivo deste trabalho foi estabelecer faixas de classificação de coeficientes de variação para as variáveis respostas em bovinos leiteiros com base nos dados de literaturas, comparando o método proposto por Costa et al. (2002) e a classificação de Gomes (2009), a fim de orientar o pesquisador com relação à precisão dos dados de sua pesquisa.

Material e métodos Foram coletados os Coeficientes de Variação de 40 trabalhos voltados a bovinocultura leiteira, os dados foram coletados pelo portal de pesquisa Scielo com a palavra chave “Milk Production” entre os anos de 2001 a 2017, sendo eles de periódicos nacionais e internacionais. As variáveis selecionadas para estudo foram: produção de leite (PL) em kg/dia, proteína bruta do leite (PBL) em porcentagem, gordura do leite (GL) em kg/dia e sólidos totais (ST) em porcentagem. O trabalho foi realizado no LEA - Laboratório de Estatística Aplicada financiado pelo projeto FAPESP 2015/18225-4l, localizado na Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira - FEIS/UNESP. Utilizou-se ferramenta para classificação de CV o método proposto por Costa (2002), que consiste em usar a mediana do CV (Md) e o pseudo-sigma (PS), seguindo a seguinte classificação: Baixo: CV ≤ (Md - PS), Médio: (Md - PS) < CV ≤ (Md + PS), Alto: (Md +PS) < CV ≤ (Md + 2PS), Muito Alto: CV > (Md +2PS). Define-se: Md =(Q1 + Q3)/2 é a mediana dos CV, Q1 é o primeiro quartil e Q3 é o terceiro quartil, os quais delimitam 25% de cada extremidade da distribuição PS = IQR/1,35 é o pseudo-sigma sendo que IQR é a amplitude interquartílica (IQR = Q3 - Q1).

Resultados e discussão Para as variáveis produção de leite (PL) o CV ideal para que os dados sejam mais homogêneos e de maior confiabilidade seria menor que 2,91, proteína bruta do leite (PBL) menor que 0,69, gordura do leite (GL) menor que 5,51 e sólidos totais (ST) menor que 4,25. Essa faixa de classificação utilizando o método de Costa et al. (2002) se destoa do método proposto por Gomes (2009), pois nenhuma das variáveis estudadas se ajustam a esse método, ambas obtiveram valores de coeficiente de variação menor que o proposto por Gomes (2009) No trabalho realizado por Machado (2017), assim como o trabalho de Cardoso (2017), o CV da variável gordura do leite apresentou valores atípicos, destoando drasticamente dos resultados calculados pelo método de Costa (2002), esses elevados valores do coeficiente de variação, pode se dar devido a erros tanto na execução do experimento quanto na medição dos seus dados. O método de Gomes (2009) propõe faixas de classificação muito diferente da qual foi realizada neste estudo, apresentando grandes diferenças nas variáveis PL, PBL, GL e ST principalmente, pois segundo a sua metodologia os coeficientes de variação são baixos, médios, altos e muito alto quando: menores que 10% , entre 10 e 20%, de 20 a 30% e maiores que 30%, respectivamente.

Tabela 1 - Coeficiente de variação (CV MEDIANO), Pseudo-Sigma (PS) e classificação de coeficiente

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de variação pelo método de Costa et al.(2002) . CV MEDIANO Pseudo Baixo Médio Alto Muito Alto % PL 8,4 5,49 < 2,91 2,91 a 13,89 13,89 a 19,38 > 19,38 PBL 4,21 3,53 < 0,69 0,69 a 7,74 7,74 a 11,26 > 11,26 GL 9,77 4,36 < 5,51 5,51 a 14,13 14,13 a 18,49 > 18,49 ST 5,35 1,10 < 4,25 4,25 a 6,45 6,45 a 7,56 > 7,56 GOMES (2009) < 10% 10% a 20% 20% a 30% > 30% PL = Produção de Leite; PBL = Proteína Bruta do Leite; GL= Gordura do Leite, SL= Sólidos Totais.

Conclusões A tabela de classificação de Gomes (2009) não é recomendada para trabalhos com bovinos de leite devido à grande diferença em relação aos valores a partir dos dados experimentais encontrados na literatura e utilizados como base para classificação neste trabalho.

Agradecimentos Agradeço a FAPESP projetos (2016/17283-3 e (2015/18225-4), ao grupo LEA - Laboratório de Estatística Aplicada e ao PIBIC.

Referências

CARDOSO, Rogério Bernardo et al . Produção e composição química do leite de vacas em lactação mantidas a pasto submetidas à diferentes sistemas alimentares. Rev. bras. saúde prod. anim., Salvador , v. 18, n. 1, p. 113-126, Mar. 2017.

COSTA, N.H.A.D.; SERAPHIN, J.C., ZIMMERMANN; F.J.P. Novo método de classificação de coeficientes de variação para a cultura do arroz de terras altas. Pesquisa Agropecuária Brasileira; 37:243-249, 2002.

MACHADO, Henrique Valentim Nunes et al. Influence of lipid supplementation on milk components and fatty acid profile. R. Bras.Zootec., Viçosa, v.46, n.12, p.910-916, Dec.2017

GOMES, F. P. Curso de estatística experimental. 451p. 15. ed. Piracicaba: FEALQ, 2009.

VIEIRA, S. Análise de Variância (ANOVA). Editora Atlas. São Paulo, 2006. 1.ed. p.47

ZOCCAL, R. Dez países top no leite. Revista Balde Branco, 2017. Disponível em: www.baldebranco.com.br/dez-paises-top-no-leite. Acesso: 23 de março de 2017.

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Regressão linear segmentada com platô para estimativa do tamanho ótimo de parcela em experimentos com gado de leite

Gabriella Valdarnini (1) *, Glaucia Amorim Faria (2), João Vitor Storti (1), Beatriz Garcia Lopes (4)

1UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia, Laboratório de Estatística Aplicada - LEA. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Matemática, Laboratório de Estatística Aplicada - LEA 3UNESP-FEIS, Curso de Pós-graduação em Agronomia, Laboratório de Estatística Aplicada - LEA

Introdução Em pesquisas com gado leiteiro o número de animais em experimento e maiores repetições proporciona maior confiabilidade dos resultados finais, pois um número reduzido de animais pode invalidar os resultados obtidos. Levando em consideração que o alto custo é um fator limitante em experimentos zootécnicos, o elevado uso de animais pode ser um entrave para experimentação. Esse custo aliado a questões bioéticas e de bem-estar animal, tem levado os pesquisadores a reduzirem o número de animais utilizados nos seus trabalhos (ANDRADE, 2002). Experimentos de baixa precisão podem levar os pesquisadores a tirar falsas conclusões dos resultados. Desse modo, ressalta-se a importância de serem realizadas pesquisas para encontrar o número mínimo de parcelas que confiram precisão nos resultados. O objetivo desse estudo foi estimar o tamanho ótimo de parcela experimental para experimentação com gado de leite, através do modelo linear segmentado com platô.

Material e métodos Foi realizado um levantamento bibliográfico nos últimos 17 anos, com as palavras “Milk Production” e “Milk Composition” no portal de pesquisa Scielo, de dados de coeficiente de variação em diversas literaturas nacionais e internacionais. Foram obtidos os valores médios de CV (%), para cada variável em estudo de acordo com o tamanho de parcela. As variáveis coletadas foram: produção de leite (kg/dia), gordura (kg/dia), lactose (%), proteína (kg/dia) e sólidos totais (%). O tamanho de parcela, por meio de modelo linear segmentado com platô, utiliza o seguinte modelo de regressão: 퐶푉 = 훽0 + 훽1푋푖 + 휀1 푠푒 푋푖 ≤ 푋퐶, 푃 + 휀1 푠푒 푋푖 > 푋퐶 ; em que: CV é o coeficiente de variação entre totais de parcela de tamanho de Xi unidades binárias; Xi é o tamanho da parcela em unidades básicas agrupadas; Xc é o tamanho ótimo de parcelas para o qual o modelo linear se transforma em um platô, em relação a abscissa; P é o coeficiente de variação no ponto correspondente ao platô; β0 representa o intercepto; β1 o coeficiente angular do segmento linear; P é o coeficiente de variação no ponto correspondente ao platô (interceptação do segmento linear e platô); ε1 é o erro associado ao CV(x), 2 considerado independente e normalmente independentemente distribuídos com média 0 e variância 휎휀 constante. ̂ ̂ ̂ ̂ O tamanho ótimo de parcelas foi estimado pela expressão: 푋푐 = (푃̂ − 훽0)/훽1 ; em que: 훽0, 훽1 푒 푃̂ são os valores estimados dos parâmetros do modelo linear com resposta platô. As análises estatísticas referente ao ajuste dos modelos bem como os gráficos ilustrativos, foram realizados com o auxílio do software R versão 3.2.0 (R DEVELOPMENT CORE TEAM, 2018).

Resultados e discussão Como observado na Tabela 1 foi possível estimar o tamanho ótimo de parcela para a maioria das variáveis obtidas. A aplicação da regressão linear com platô foi aplicada nas variáveis gordura em kg/dia (G), produção de leite em kg/dia (PL), e proteína em kg/dia (P). Os coeficientes de variação das parcelas variaram entre 0,28% e 5,90%. As estimativas de tamanho de parcela variaram de 7 a 10 animais. Voltolini et al. (2010) e Lima et al. (2011), utilizaram valores insuficientes para resultados de precisão, pois utilizaram 4 animais por parcela experimental; Pedroso et al. (2009) obteve resultados satisfatórios pois utilizaram 10 animais, os valores de tamanho de parcela obtidos por Bolanos et al. (2014) foram superiores aos determinados neste trabalho, desse modo acredita-se que não haveria necessidade de serem utilizados acima de 10 animais, talvez fosse melhor para o pesquisador aumentar o número de repetições para garantir maior precisão.

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Na Figura 1, foi estimada graficamente a regressão linear com platô, onde a união das retas ()X representa o tamanho de parcela adequado. A partir do ponto c , aumentar o tamanho de parcela não é necessário pois não há ganho de precisão nos resultados.

Tabela 1 - Estimativas dos parâmetros do modelo segmentado linear com resposta em platô, do platô de resposta correspondente ao ponto de máxima curvatura ()P , do valor da abscissa em que ocorre o ponto de 2 máxima curvatura e do coeficiente de determinação ()R com base nos diversos experimentos com gados de leite. Coeficiente de Tamanho de Coeficiente de Variável Parâmetros variação parcela determinação aˆ ˆ 2 b P X c R G 12,8 -1,3 4,28 6,55 0,95 PL 22,4 -3,3 5,90 5,01 0,55 P 14,7 -1,36 1,87 9,38 0,83

G PL P

Figura 1 – Tamanhos de parcela pelo modelo linear com platô em experimentos com gado de leite

Conclusões O tamanho ótimo de parcela para experimentos de gado de leite é 10 animais.

Agradecimentos (opcional) Ao grupo de pesquisa LEA – Laboratório de Estatística Aplicada e ao Projeto PIBIC

Referências ANDRADE, A., PINTO, SC., OLIVEIRA, RS., Animais de Laboratório: criação e experimentação. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2002. 388 p. ISBN: 85-7541-015-6., p.28.

BOLANOS, Carmen A.D. et al. Qualidade do leite de vacas criadas no sistema silvipastoril no Vale do Cauca, Colômbia. Pesq. Vet. Bras., Rio de Janeiro, v. 34, n. 2, p. 134-140, Feb. 2014.

LIMA, Luciano dos Santos et al. Composition and fatty acid profile of milk from cows on pasture subjected to licuri oil supplement. R. Bras. Zootec., Viçosa, v. 40, n. 12, p. 2858-2865, Dec. 2011.

PEDROSO, Alexandre Mendonça; SANTOS, Flávio Augusto Portela; BITTAR, Carla Maris Machado. Substituição do milho em grão por farelo de glúten de milho na ração de vacas em lactação em confinamento. R. Bras. Zootec., Viçosa, v. 38, n. 8, p. 1614-1619, Aug. 2009.

VOLTOLINI, Tadeu Vinhas et al. Produção e composição do leite de vacas mantidas em pastagens de capim-elefante submetidas a duas frequências de pastejo. R. Bras. Zootec., Viçosa, v. 39, n. 1, p. 121-127, Jan. 2010.

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Relação da temperatura cutânea com o comportamento de cabras mestiças na região de Ilha Solteira-SP

Ana Carolina Andrade de Jesus (1)*, Eduarda Bini Ferraz Bueno (2), Cristiane Bashiyo da Silva (3), Guilherme Caio Araujo (4) Rafael Silvio Bonilha Pinheiro (5)

1 UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia – Bacharelado, e-mail: [email protected] 2 UNESP-FEIS, Graduanda curso de Zootecnia – Bacharelado 3 UNESP-IBILCE, Doutorado em Biologia Animal, L.I.NEO 4 UNESP-FEIS, Curso de Agronomia, Laboratório de Forragicultura 5 UNESP-FEIS Docente, Departamentode Biologia e Zootecnia.

Introdução Os caprinos são criados nas mais diversas regiões do mundo, na maioria não são criados em ambientes que estejam de acordo com a sua respectiva zona de termoneutralidade, assim este fato compromete suas reações fisiológicas e comportamentais. À medida que a temperatura do ambiente vai aumentando, a capacidade do animal de perder calor pela forma sensível vai diminuindo. Este pode tentar manter a temperatura corporal por meio da temperatura da pele ou vasodilatação, contudo esse processo pode não ser eficiente, se temperatura do ambiente continuar a subir, sendo assim ele dependerá da perda de calor latente, para se resfriar (MEDEIROS et al., 2015). Quando não há equilíbrio entre o ganho e a perda de calor, as reações metabólicas e as atividades dos animais como caminhar, ruminar por exemplo, geram calor e este ficará acumulado no corpo do animal (AIURA et al., 2010). Sabendo-se que o desconforto térmico afeta o comportamento animal e portando seu bem-estar, as atividades que estes realizam no pasto como pastejo, consumo de água, ruminação, deslocamento, defecção e micção (PAULA et al., 2010) são atividades que podem ser observadas para se avaliar o conforto do animal em ralação ao ambiente (CARVALHO et al., 2001). Portanto o objetivo do trabalho foi avaliar se ao longo de distintos horários no período da manhã, fazendo-se medições das temperaturas cutâneas de caprinos, houve mudanças na frequência e do tipo de comportamento expressado pelos animais. Material e métodos O trabalho foi realizado no Laboratório de campo de produção de ovinos e caprinos da fazenda de ensino ,pesquisa e extensão (FEPE) da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Câmpus de Ilha Solteira , em 9 de abril de 2018, no período das 8:30 às 11:30 horas, fazendo-se intervalo de uma hora para as observações. Utilizou-se seis cabras adultas ½ Boer com ½ Sannem que estavam em regime de pastagem, com acesso a sombra, a áreas de sol e bebedouro com água. O observador permaneceu um período de 30 minutos próximo das cabras, para estas se acostumarem com a presença do mesmo. Após isto foi feita a medição da temperatura cutânea das cabras, as 8:30, 9:30, 10:30 e 11:30 horas utilizando-se termômetro digital infravermelho Mira Laser (marca Incoterm). A quantidade de animais foi apresentada em porcentagem em relação aos parâmetros de comportamento animal. E a temperatura média foi expressa em grau celsius. Foi gerado um gráfico para o comportamento animal e temperatura neste estudo.

Resultados e discussão No gráfico 1 contam os horários que foram realizadas as medições de temperatura cutânea nas cabras e o comportamento dos animais. No primeiro horário de observação (8:30 h) cerca de 67% dos animais observados apresentaram comportamento de pastejo e a outra parte, cerca de 33% apresentava o comportamento de ruminar. A temperatura média corporal nesse horário (8:30 h) foi em torno dos 35º C, contribuindo para maior velocidade das reações químicas do organismo (metabolismo) e aumentando a demanda energética do animal (SANTOS et al., 2003), fato que também pode explicar os comportamentos relatados nesses intervalos e também pelo o aumento considerável de animais pastejando no ultimo horário desse estudo (11:30 h). Em temperatura mais elevadas, microrganismos do rúmen apresentam metabolismo mais acelerado e sendo os caprinos ruminantes dependentes da flora microbiana, um aumento na temperatura corporal pode influenciar tal metabolismo gerando maior demanda energética (ASSUNÇÃO et al., 2015). Nos horário das 9:30, os comportamentos mais destacados foram o de ócio e ruminar respectivamente . Nesse horário a temperatura média corporal dos animais analisados ficou em torno dos

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30ºC, logo, pode-se dizer que tais comportamentos foram esboçados como uma tentativa dos animais de diminuir a temperatura corporal, que no início do período amostrado (8:30), foram em torno dos 35ºC. Já no período das 10:30 horas o comportamento mais notado foi o de ruminar (cerca de 80% dos animais) seguido do comportamento de ócio e com temperaturas corporais médias próximas aos 35ºC. O ato de ruminar permite aos animais maior aproveitamento nutricional e energético do alimento ingerido, logo, é possível que tais comportamentos fossem expressados em resposta ao aumento considerável da demanda energética apresentado a partir desse horário e mantido até o ultimo horário amostrado (11:30 h).

Gráfico 1 - Horários que foram realizadas as medições de temperatura cutânea das cabras (representados pela cor azul nas colunas), comportamentos observados dos animais em porcentagem (representados pela cor preta nas colunas). Conclusões A frequência na atividade de pastejo pelos animais não foi afetada mesmo em temperaturas cutâneas e ambientais mais elevadas, fato que pode ser justificado pela necessidade dos animais em obterem energia para manterem processos metabólicos. Referências AIURA, A.L.O.; AIURA, F.S.; SILVA, R.G. Respostas termorreguladoras de cabras Saanen e Pardo Alpina em ambiente tropical. Archivos de Zootecnia, v.59, p.605-608, 2010.

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SANTOS, R. A cabra e a ovelha no Brasil. Uberaba: AgropecuáriaTropical, 2003. 479p

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Tamanho ótimo de parcela pelo método de regressão linear segmentada com platô para poedeiras comerciais utilizando Índice de variação.

Luiz Firmino dos Santos Junior (1) *, Isadora Nicolielo de Souza(1), Glaucia Amorim Faria(2) , Rosemeire da Silva Filardi (3)

1UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia– Bacharelado, Laboratório de Estatística Aplicada. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento da Matemática, Laboratório de Estatística Aplicada. 3UNESP-FEIS, Docente, Departamento da Matemática, Laboratório de Estatística Aplicada.

Introdução A produção de ovos brasileira, segundo dados da Faostat (2016), foi de pouco mais de 2 milhões de toneladas de ovos, 2,3% do total mundial neste ano. Sua relevância, faz com que pesquisadores continuem investindo em pesquisas para gerar avanços produtivos, tecnológicos e também outros aspectos, voltados as aves de postura em si. Questões como bioética e bem-estar, vem atrelados não somente a produção de ovos para o mercado consumidor, como também no uso desses animais em experimentos, portanto, determinar um tamanho de parcela ótimo experimental é algo imprescindível. Um tamanho ótimo envolve também outras questões, pois se elevado, pode gerar gastos desnecessários e maior onerosidade no trabalho, e se inferior ao ideal, provocará diminuição da precisão experimental, fazendo com que os dados obtidos não forneçam resultados que realmente funcionariam ao serem aplicados. Para se determinar o tamanho ótimo de parcela, normalmente os experimentadores utilizam como ferramenta para medir a precisão experimental o coeficiente de variação (CV), porém, ele não considera nos cálculos o número de repetições, que também influencia na precisão, desse modo, uma alternativa segundo proposto por Gomes (1991), é a utilização do índice de variação, que é a razão do CV pela raiz do número de repetições do experimento. Sendo assim, o objetivo desse trabalho foi determinar o tamanho ótimo de parcela, utilizando o índice de variação como ferramenta para medir a precisão experimental no lugar do coeficiente de variação, por meio do método de regressão linear segmentada com platô, e através de dados de tamanho de parcela coletados de trabalhos da literatura.

Material e métodos Foram coletados e analisados 164 trabalhos científicos de periódicos nacionais e internacionais referentes aos últimos 20 anos. Buscou-se em cada artigo dados de tamanho de parcela e CV, e, posteriormente, calculou-se também para cada valor obtido, o Índice de Variação (IV) experimental. Foi utilizado o instrumento computacional do programa R (R Development Core Team, 2018) para analisar as variáveis produção de ovos (EP), peso de ovos (EW) e unidade de Haugh (HU). Com a finalidade de estimar o tamanho de parcela, por meio de modelo linear segmentado com platô (LRP), utilizou-se o seguinte modelo de regressão: IVi=β0 + β1Xi + εi se Xi ≤ Xc ou IVi=P + εi se Xi > Xc, em que IVi é o índice de variação entre totais de parcela de tamanho de Xi unidades binárias; Xi é o tamanho da parcela em unidades básicas agrupadas, Xc é o tamanho ótimo de parcelas para o qual o modelo linear se transforma em um platô, em relação a abscissa; P é o coeficiente de variação no ponto correspondente ao platô; β0 representa o intercepto e β1 o coeficiente angular, do segmento linear e εi é o erro associado ao IV(x) considerado independentes e normalmente e, independentemente distribuídos com média 0 e variância constante. O tamanho ótimo de parcelas foi estimado pela expressão Xc = (푃̂ - 훽̂0)/훽̂1 em que 푃̂, 훽̂0 e 훽̂1 são os valores estimados dos parâmetros do modelo linear com resposta platô. O trabalho foi financiado pelo projeto FAPESP 2017/22296-0 e desenvolvido no LEA- Laboratório de Estatística Aplicada, financiado pelo projeto FAPESP 2015/18225-4.

Resultados e discussão Na aplicação do método de regressão segmentada com platô, com base nos diversos tamanhos de parcelas utilizados por diversos autores, utilizando-se apenas da quantificação do índice de variação. Foi ajustado o comportamento da variabilidade apenas da variável HU (Tabela1), provavelmente por causa da

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necessidade de uma busca por mais artigos para fornecer mais dados para as outras duas variáveis (EP e EW).

TABELA 1 - Estimativas dos parâmetros do modelo segmentado linear com resposta em platô, do platô de resposta correspondente ao ponto de máxima curvatura ()P , do valor da abscissa em que ocorre o ponto ()X 2 de máxima curvatura c e do índice de variação ()R com base nos diversos experimentos com poedeiras. Índice de Tamanho de Coeficiente de Variável Parâmetros variação parcela determinação ˆ ˆ P 2 a b X c R HU 5,87 -0,74 1,24 6,27 0,94

Com um índice de variação de 1,24; o tamanho de parcela encontrado para a variável HU foi de 7 unidades básicas (ub), com um coeficiente de determinação muito bom de 94%, indicando que o modelo de regressão segmentada com platô foi adequado para explicar os valores observados. Nos 164 trabalhos que foram extraídos os dados alguns autores utilizaram tamanhos de parcela muito próximos ao de 7 ub, como com 6 ub para Schmidt et al. (2011) e Freitas et al. (2013), e com 8 ub para Viera Filho et al. (2015) e Garcia et al. (2015). Porém, também tiveram autores que utilizaram tamanhos de parcela bem superiores ou inferiores, com 32 ub e 1 ub, respectivamente nos trabalhos de Zahroojian et al. (2013) e Ribeiro et al. (2010), entre outros.

Conclusões O tamanho de parcela ideal em experimentos com poedeiras comerciais para a variável unidade de Haugh é o de 7 unidades básicas.

Referências FAOSTAT. Pecuária Primária. 2016. Disponível em: . Acesso em: 25 jan. 2018.

Freitas E. R. et al. (2013) Extratos etanólicos de manga como antioxidantes na alimentação de poedeiras, Pesquisa Agropecuária Brasileira.

Garcia ERM, et al. (2015) Minerais orgânicos e licopeno na alimentação de poedeiras: desempenho zootécnico e qualidade dos ovos, Arquivos Brasileiros de Medicina Veterinário e Zootecnia, 1703-1710, DOI: dx.doi.org/10.1590/1678-4162-8422.

GOMES, F. P., (Piracicaba). Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais. O índice de variação, um substituto vantajoso do coeficiente de variação. 1991. Disponível em: . Acesso em: 27 abr. 2018.

R Development Core Team (2018). R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria. ISBN 3-900051-07-0, URL http://www.R-project.org.

Ribeiro CLG, et a, (2010) Efeito da utilização de mananoligossacarídeos (MOS) e de ácidos orgânicos associados à MOS, com e sem antibióticos, na ieta de poedeiras produtoras de ovos avermelhados, Ciência Animal Brasileira, 292-300, DOI: 10.526/cab.v11i2.3196.

Schmidt M. et al. (2011) Níveis nutricionais de treonina digestível para poedeiras leves no segundo ciclo de produção, Revista Brasileira de Zootecnia.

Vieira Filho JA, et al. (2015) Maize kernel size and texture: producton parameters, quality of eggs of the laying hens and electricity intake, 301-306, DOI: 10.4025/actascianimsci.v37i3.25565.

Zahroojian N, Moravej H, Shivazad M (2013) Effects of dietary marine algae (Spirulina platensis) on egg quality and production performance of laying hens, JAST, 1353-1364.

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Tempo ótimo de mistura de ração em misturador vertical

Mykael Bichofi do Prado(1)*, Matheus Souza de Paula Carlis (2), Sidival Antunes de Carvalho(3), Márcio Rogério Lomba(4), José Hernandes Marangoni Corrêia(5), Antônio Carlos de Laurentiz(6)

1UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia, discente. 3UNESP-FEIS, Técnico Laboratório de Bromatologia, Departamento de Biologia e Zootecnia 4UNESP-FEIS, Funcionário da FEPE 5UNESP-FEIS, Funcionário da FEPE 6UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia

Introdução Segundo dados do Sindirações, 2017, o Brasil produziu em 2016 67,2 milhões de toneladas de ração. Toda essa eficiência de produção se dá com menor gasto de tempo na mistura, que irá representar grande diferença no gasto final. O monitoramento constante dos processos auxiliará para maior eficiência na produção e um produto final de qualidade (BELLAVER 2000). A granulometria dos componentes da mistura é de extrema importância, principalmente para animais monogástricos, devido seu aparelho digestório. O tamanho corretos dos alimentos da mistura facilita na absorção dos nutrinetes (BELLAVER e NONES, 2000). A qualidade da mistura é avaliada através de um elemento traço, chamado indicador ou nutrientes da própria ração como: o manganês contido no premix e o sódio contido no sal (NaCl). Uma boa mistura deve ter um coeficiente de variação de 10% para misturadores verticais e 5% para misturadores horizontais (LIMA E NONES, 1997). O objetivo deste trabalho foi determinar o tempo ótimo de mistura de um Misturador Vertical da Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira (FEIS/UNESP) com capacidade para 1000 Kg de mistura, através de análises de amostras coletadas de diferentes tempos de mistura.

Material e métodos Para determinação do tempo ótimo de mistura do Misturador Vertical da Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira (FEIS/UNESP), foi tida como base a metodologia descrita por Lima e None (1997), com adaptações para atender as necessidades do local e do próprio misturador. Foram coletadas três repetições amostrais de cada tempo, sendo considerados dez tempos (1, 2, 4, 6, 8, 10, 12, 14, 16 e 18 minutos). O tipo de misturador em questão não permite obtenção de amostras de diferentes pontos do equipamento, logo foram coletadas três amostras do material que cai da portinhola de acesso ao silo de armazenamento da ração durante o processo de mistura. Utilizou-se 50% da capacidade do aparelho, ou seja, foram batidos 500 Kg de ingredientes, o mínimo indicado pelo fabricante. O equipamento era desligado toda vez que atingia o tempo determinado para coleta. Os componentes da ração em quilos se equivale de 371(kg) de farelo de milho, 18(kg) de farelo de trigo, 91(kg) de farelo de soja, 10,3(kg) de fosfato bicálcio, 6,8(kg) de calcário e 1,73(kg) de sal comum.

O elemento indicador escolhido foi o manganês (Mn), presente no Premix. As amostras para esta análise foram tratadas pelo método Malavolta, por Digestão Nitro perclórica, e posteriormente submetidas à espectrofotometria de absorção atômica. As análises de proteína bruta (PB) e de cinzas (CZ) foram realizadas de acordo com a metodologia descrita por Silva e Queiroz (2006). Todos os resultados foram considerados significativos se o coeficiente de variação entre as amostras fosse superior a 10%. Foi utilizado o Teste Tukey para comparação das médias, a 5% de significância)

Resultados e discussão Tabela 1. Teores de PB,CZ, e Mn, considerando diferentes tempos de mistura

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Médias (%) Tratamentos PB CZ Mn 1 15,78 ab 3,54 a 0,48 a 2 24,18 c 4,47 ab 0,57 a 4 20,51 bc 4,56 ab 0,57 a 6 18,21 ab 4,34 ab 0,57 a 8 13,32 a 4,21 ab 0,67 a 10 14,72 a 4,45 ab 0,57 a 12 14,56 a 4,92 b 0,57 a 14 14,45 a 4,89 b 0,58 a 16 14,25 a 4,67 ab 0,61 a 18 14,48 a 4,67 ab 0,65 a Valores com mesma letra na coluna não diferem entre si, ao nível de 5%, pelo Teste de Tukey

Com os teste de médias não é possível determinar o tempo ideal de mistura, devendo-se adotar o coeficiente de variação, como proposto por Lima e Nones (1997). Os dados referentes ao tempo de mistura e o coeficiente de variação estão apresentados na Figura 1. Observa-se que o tempo ótimo de mistura, encontra-se entre 10 e 14 minutos, onde o CV está abaixo de 10% e é o tempo médio preconizado pelo fabricante do equipamento.

Figura 1: Coeficiente de Variação do Manganês (Mn) 18,00 16,00 14,00 12,00 10,00 8,00 6,00 Coeficiente de Variação MN Porcentagem Porcentagem Cv 4,00 2,00 0,00 Tempo Mistura (min)

Conclusões O tempo ótimo de mistura é de 10 minutos, que além de estar num CV adequado abaixo de 10% teve uma boa homogeneização dos ingredientes.

Referências BELLAVER, C.; NONES, K. A Importância da Granulometria, da Mistura e da Peletização da Ração Avícola. IV Simpósio Goiano de Avicultura, 2000, Concórdia: EMBRAPA_CNPSA. Disponível em Acessado dia 10 de Ago. 2012.

LIMA,G. M. M; NONES, K. Determinação do tempo ótimo de Mistura de um Misturador de Ração. Instrução Técnica para o Suinocultor. Embrapa Suínos e Aves. Nº5 1997.

SILVA, D. J.; QUEIROZ, A. C. de. Análise de alimentos: métodos químicos e biológicos. 3. ed. Viçosa: UFV, 2006. 235 p.

SINDIRAÇÕES. 2017 boletim informativo do setor maio 2017. Disponível em: . Acesso em: abril 2018.

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Digestibilidade in vitro da Matéria Seca do Capim Mombaça Associado a Suplementos

Bruna Moreira Maioli(1)*, Viviane Corrêa Santos(2), Sidival Antunes de Carvalho(3).

1UNESP-FEIS, Discente, curso de zootecnia, email: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente do Departamento de Biologia e Zootecnia 3UNESP-FEIS, Assistente de suporte acadêmico II

Introdução Dentre as cultivares de Panicum maximum, destaca-se o capim Mombaça, caracterizado por apresentar elevado potencial de produção, alto valor nutritivo e resistência média à cigarrinha das pastagens (Jank, 2010). Durante o período seco, há decréscimos nas taxas de crescimento, ocasionando mudanças na composição bromatológica à medida que ocorre o processo de maturação fisiológica, observando-se aumentos da parede celular e dos teores de lignina (Van Soest, 1994). Assim, a adoção de tecnologias como a suplementação alimentar torna-se necessária, uma vez que pode ser considerada como opção para o suprimento de nutrientes limitantes e aumento da eficiência de utilização das pastagens, promovendo um maior desempenho animal (Gonçalves Mateus, 2011). Entretanto, para que a suplementação seja adequada a cada sistema de produção torna-se necessário o entendimento dos efeitos do seu uso, bem como a estratégia de sua utilização sobre a eficiência do sistema como um todo. Diante do exposto, este trabalho foi conduzido com o objetivo de verificar a influência de suplementos associados ao capim Mombaça na digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS).

Material e métodos O trabalho foi conduzido no Laboratório de Bromatologia do Departamento de Biologia e Zootecnia da FEIS/UNESP. A coleta das amostras foi realizada na fazenda Mariana no Município de Três Lagoas-MS. Foram coletados: capim Mombaça e suplementos, após homogeneização para serem fornecidos no cocho para os animais separados por categorias. A coleta de líquido ruminal foi realizada na Fazenda Experimental da FEIS/UNESP, utilizando bovino fistulado. A amostra do conteúdo ruminal foi coletada, perfazendo 600 ml de fluído/animal, sendo filtrada em dois panos, para a obtenção somente do fluído, as quais foram devidamente armazenadas em garrafas térmicas, previamente aquecidas com água a 39-40°C. O fluido foi imediatamente levado ao laboratório, onde foi iniciada a incubação, segundo a técnica de dois estádios (Tilley e Terry 1963). Os suplementos utilizados foram: mineral, energético e proteico/energético para bovinos na fase de recria oriundos da empresa Premix Nutrição Animal. Os suplementos associados ao capim foram moídos em moinho de faca provido de peneira, com crivos de 1 mm e pesados, contendo 0,25 g de amostra por filtro de TNT e selados a quente. Os filtros de náilon foram pesados com os resíduos para se determinar o coeficiente de digestibilidade in vitro da MS.

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Analisou-se a composição bromatológica do capim Mombaça para os teores de matéria seca (MS), matéria mineral (MM), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA), conforme as metodologias descritas por Silva e Queiroz (2002). O delineamento estatístico foi inteiramente casualizado (DIC), com quatro tratamentos e dez repetições. Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância e sem comparação de testes, pois não houve significância, os dados foram analisados, utilizando-se o software SISVAR 5.6.

Resultados e Discussão Tabela1. Composição químico-bromatológica do capim Mombaça.

Variável

Matéria Seca (%) 26,90 Matéria Mineral (%MS) 7,29 Proteína Bruta (%MS) 13,93 FDN (%MS) 69,69 FDA (%MS) 38,98

Fonte: elaboração do autor.

Tabela 2. Digestibilidade in vitro da matéria seca de suplementos associados ao capim Mombaça.

Tratamentos Variável MOMB1 MOMBM2 MOMBE3 MOMBPE4 DIVMS 77,28 76,39 79,00 76,97 CV(%) 2,82 3,10 2,04 5,89 1MOMB: Mombaça; 2MOMBM: Mombaça e suplemento mineral; 3MOMBE: Mombaça e suplemento energético; 4MOMBE: Mombaça e suplemento proteico/energético. DIVMS: digestibilidade in vitro da matéria seca. CV: coeficiente de variação.

Os valores para digestibilidade in vitro da matéria seca do capim Mombaça associados aos suplementos encontrados foram 77,28; 76,39; 79,00 e 76,97 %, respectivamente para o capim e os suplementos mineral, energético e proteico/energético (Tabela 2) e não são estatisticamente diferentes entre si (p>0,05). Valores inferiores médios de 60,34% para digestibilidade in vitro da matéria seca foram encontrados para o capim Mombaça por Prado et al. (2003), o que não corresponde ao observado neste experimento. Porém, estes autores não avaliaram a digestibilidade in vitro de capim Mombaça associados a suplementos.

A digestibilidade in vitro da matéria seca apresenta correlação com o consumo voluntário. Baixa digestibilidade implica em maior tempo de retenção da forragem no rúmen, promovendo limitações de consumo de ordem física. É importante ressaltar que os dados analisados foram específicos de um capim Mombaça que foi utilizado neste experimento. Sendo que se for comparado com a DIVMS de outros experimentos, obtém-se a informação de que este foi o mais digestível, fazendo com que a associação com os suplementos não altere muito os valores da digestibilidade, porém, não deixa de ser tão importante quanto somente o consumo do capim.

Conclusões

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Diante do exposto, não houve influência dos suplementos na digestibilidade in vitro, porém, mesmo o capim Mombaça tendo um excelente valor nutritivo, é importante ressaltar a importância da suplementação de bovinos criados a pasto na fase de cria e recria, não comprometendo assim os índices de desempenho animal.

Referências

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JANK, L.; et al. (Ed.). Plantas forrageiras. Viçosa: UFV, 2010. p.166-196.

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TILLEY, J.M.A.; TERRY, R.A A two-stage technique for the in vitro digestion of forage crops. Journal. British. Grassland. Society., v. 18, n. 2, p. 104-111, 1963.

VAN SOEST, P. J. Nutritional ecology of the ruminant. (2ed.) New York: Cornell University Press, 1994, 476 p.

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Prevalência de cisticercose bovina na região noroeste do Estado de São Paulo.

Yane Caroline Horas do Nascimento (1)*, Paulo Rogério Dobre(2), Alan Peres Ferraz de Melo(3), Affonso dos Santos Marcos(4)

1UNESP-FEIS, Profissional Zootecnista. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Curso de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia Animal. 3UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Anatomia 4UNESP-FEIS, Assistente Agropecuário IV. Coordenadoria de Defesa Agropecuária- Secretaria de Agropecuária e Abastecimento. Governo do Estado de São Paulo.

Introdução A cisticercose bovina é uma zoonose de alcance mundial, que pode causar grandes impactos econômicos na indústria da carne. Sua ocorrência é caracterizada como um problema de saúde pública, sendo muito associada a problemas sanitários recorrentes em propriedades de criação de animais, assim como hábitos de consumo errôneos da carne, como o mau cozimento (Lloyd, 2014). Essa doença faz parte do ciclo do complexo teníase-cisticercose e se caracteriza como o estágio larval, causado pelo parasita Taenia saginata. Além de apresentar grandes riscos à população a cisticercose bovina é uma zoonose de grande impacto econômico na cadeia produtiva da carne, pois pode causar perda de partes da carcaça, gerando danos financeiros ao produtor. Considerando esses fatores, o presente trabalho teve como objetivo investigar a prevalência de cisticercose em animais oriundos da região noroeste do Estado de São Paulo e abatidos no Frigorífico Ilha Solteira entre os anos de 2007 a 2016. Material e métodos Na análise da prevalência foram utilizados registros de dados de 275.580 bovinos, abatidos entre o período de Janeiro de 2007 a Dezembro de 2016, no Frigorífico Ilha Solteira LTDA. O frigorífico localiza- se, no município de Ilha Solteira e recebe bovinos oriundos dos municípios da região Noroeste do Estado de São Paulo. No diagnóstico da cisticercose bovina as etapas são feitas sob supervisão do Serviço de Inspeção Oficial, com acompanhamento de um Médico Veterinário, utilizando-se do método de avaliação visual de cistos na musculatura esquelética e em órgãos onde os cistos são encontrados com maior frequência, como coração, músculos de mastigação, língua e diafragma.

Resultados e discussão Das 275.580 carcaças inspecionadas entre os anos de 2007 a 2016, foram verificados 940 cistos vivos e 11.491 cistos calcificados, resultando em uma média de prevalência de 4,83% (TABELA 1).

Tabela 1 – Prevalência de cisticercose em carcaças de bovinos abatidos no Frigorífico Ilha Solteira LTDA. entre os anos de 2007 a 2016. Ano Animais abatidos Cisto vivo Cisto calcificado Prevalência 2007 27.271 186 1.962 7,70% 2008 20.061 151 1.642 8,40% 2009 17.712 145 1.370 8,60% 2010 22.942 122 1.070 5,20% 2011 26.657 108 1.043 4,30% 2012 36.678 133 1.369 4,70% 2013 33.140 64 909 2,94% 2014 33.083 16 709 2,20% 2015 30.015 8 653 2,20% 2016 28.021 7 764 2,78% Total 275.580 940 11.491 4,83%

Essa média se assemelha à média do Estado de São Paulo, de 4,8% (Ferreira et al., 2014), e do Estado de Minas Gerais, de 4,7% ( Magalhães et al., 2017), contudo ainda se manifesta abaixo da média nacional de 5% (Souza et al., 2007). Foi verificado maior quantidade de cistos calcificados, equivalendo a 92,44%. Essa predominância pode ser atribuída ao fato de que os produtores podem estar vermifugando os animais antes do abate para que ocorra a calcificação do cisto (Lima et al., 2011), havendo também a possibilidade de que o animais estejam sendo abatidos com idade após o tempo de vida do parasito, ocorrendo assim uma calcificação natural.

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Conclusões Conclui-se que a prevalência de cisticercose na região noroeste do Estado de São Paulo é de 4,83% e que os serviços de inspeção no abate são de extrema importância na diminuição da infestação da zoonose, além de promover a segurança para o consumo da carne.

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RESUMOS DA PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA

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A RELAÇÃO DO ÍNDICE GONADOSSOMÁTICO (IGS) E IDADE DE MACHOS DE Brycon orbignyanus (CHARACIFORMES: CHARACIDAE)

Luciane Gomes da Silva (1) *, Patrícia Postingel Quirino (2), Alexandre Ninhaus-Silveira (3), Rosicleire Veríssimo-Silveira (3)

1UNESP-FEIS, Mestranda em Ciência e Tecnologia Animal, Laboratório de Ictiologia Neotropical– LINEO. e-mail: [email protected]/[email protected] 2UNESP-FEIS, Doutoranda em Zoologia, Laboratório de Ictiologia Neotropical–LINEO. 3 UNESP-FEIS, Docente, Dep. de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Ictiologia Neotropical–LINEO.

Introdução Considerado um dos índices gonadais que determina o período reprodutivo dos peixes, o Índice Gonadossomático (IGS), expressa a porcentagem que as gônadas representam do peso total dos indivíduos (Vazzoler, 1996). É utilizado como importante parâmetro, pois auxilia na compressão compreensão dos aspectos e processos reprodutivos, como a diversidade de estratégias reprodutivas utilizadas por diferentes grupos (Vazzoler e Menezes, 1992). Deste modo, com os valores de IGS, associados aos aspectos macro e microscópicos das gônadas é possível determinar o período de primeira maturação, os estágios de maturação gonadal e as faixas de variação para cada fase do ciclo gonadal (Vazzoler, 1996, Siqueira-Silva, et al, 2013; Chagas et al, 2016). Considerando o exposto acima, este trabalho teve por objetivo avaliar os valores de IGS em exemplares de piracanjuba, Brycon orbignyanus, com três idades diferentes, para uma compreensão maior desse parâmetro ao longo do desenvolvimento ontogênico da espécie. A Piracanjuba, foi considerada uma das espécies mais importantes na bacia do Prata, por sua importância econômica e biológica, mas atualmente é uma espécie rara, sendo encontrada em alguns trechos do rio Uruguai e Paraná (Lima, 2017).

Material e métodos Os exemplares de B. orbignyanus, foram obtidos da Estação de Aquicultura da Usina Hidrelétrica Mário Lopes Leão, AES-Tietê, localizada na cidade de Promissão-SP (21° 17′ 49″ S, 49° 47′ 0″ W). Foram utilizados 30 machos, com idades de 1 a 3 anos, sendo 10 indivíduos por idade. Os animais foram eutanasiados com solução de benzocaína obtida a partir da diluição de 0,5 g de benzocaína em 5ml de álcool absoluto e 1L de água. De cada um dos peixes amostrados foram aferidos o comprimento padrão (cm) com a utilização de ictiômetro e as massas total (g) e gonadal (g), com auxílio de balança analítica. O índice gonadossomático foi calculado, a partir da fórmula: Wg/W.100, onde: Wg é a massa da gônada e W é a massa corporal. O índice gonadossomático (IGS) foi obtido pela razão da massa da gônada pela massa do peixe multiplicado por cem, ou seja, a porcentagem que gônada representa em relação a massa total do peixe. Os dados foram tabelados, expressos graficamente e submetidos a análise de variância (ANOVA) a nível de significância p>0,05. Teste Tukey.

Resultados e discussão Ao analisar os resultados da Tabela 1, fica evidente que há diferenças estatísticas em todos os parâmetros biométricos nas três idades dos machos de B. orbignyanus, pois os valores de massa corpórea, massa gonadal e comprimento padrão, são crescentes, assim como os valores dos IGSs (Fig. 1). Sabendo que este índice auxila na determinação do desenvolvimento gonadal e maturação em vários peixes teleósteos (Vazzoler, 1996), observa-se que para B. orbignyanus com idade de 1 ano, o valor de IGS é muito baixo (Tab. 1), indicando possivelmente animais ainda jovens, imaturos sexualmente. Tal confirmação será possível com os resultados das análises histológicas que estão em andamento. Os animais coletados com dois e três anos, liberaram semen no momento da retirada dos testículos, demonstrando estarem aptos a espermiação, entretanto os valores de IGS, diferiram estatisticamente entre si, sendo maior com o avanço da idade (Tabela 1; Figura 1). Estes resultados também mostram que o IGS tende a aumentar a medida que o peixe também cresce, corroborando com Villanueva-Gomila (et al. 2015), pois observaram que, em Pinguipes brasilianus, tanto machos como fêmeas apresentam essa relação IGS/Comprimento positiva. Deste modo, somente o calculo do IGS não é suficiente para determinar o período reprodutivo da espécie. Tabela 1 - Valores médios da biometria e do Índice Gonadossomático (IGS) de machos de

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Brycon orbignyanus

Tratamento Comprimento Massa corporal Massa das IGS (cm) (g) Gônadas (g) 1 anos 21,00 ± 2,21 a 147,41 ± 53,18 a 0,04 ± 0,03 a 0,02 ± 0,01 a 2 anos 27,55 ± 2,26 b 292,98 ± 74,99 b 4,11 ± 1,61 b 1,37 ± 0,24 b 3 anos 30,65 ± 0,88 c 423,06 ± 42,49 c 8,12 ± 1,33 c 1,93 ± 0,36 c Valores apresentados em média±erro padrão da média (n). p valor referente à análise de variância em nível de 5% de significância. * Indicam as médias significativamente maiores pelo teste de Tukey.

Figura 01 – Índice Gonadossomático de machos de Brycon orbignyanus, com diferentes idades.

Conclusões Analisando os valores do Índice Gonadossomático para machos de B. orbignyanus, foi possível concluir que há uma relação positiva entre este índice e a idade do animal.

Referências CHAGAS, J. M. A.; NINHAUS-SILVEIRA, A.; VERÍSSIMO-SILVEIRA, R. Ciclo testicular de Devario aequipinnatus (Teleostei, Cyprinidae): um potencial modelo biológico em experimentação animal. Boletim do Instituto de Pesca (Impresso), v. 42, p. 765-779, 2016.

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Efeito do contato macho-fêmea na redução da mortalidade de machos de Astyanax altiparanae (Characiformes: Characidae)

Elis Marina da Silva Cabral (1)*, Patrícia Postingel Quirino (2), Cristiane Fernanda Benevente (3), Marcelo Joho Hiromoto (3), Alexandre Ninhaus-Silveira (4), Rosicleire Veríssimo-Silveira (4)

1UNESP-FEIS, Curso de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia Animal - FEIS, LINEO - Laboratório de Ictiologia Neotropical. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Curso de Pós-graduação em Ciências Biológicas (Zoologia - IBB), LINEO - Laboratório de Ictiologia Neotropical. 3UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas - FEIS, LINEO - Laboratório de Ictiologia Neotropical 4UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, LINEO - Laboratório de Ictiologia Neotropical.

Introdução Animais competem entre si em condições de escassez de recursos e por status em uma hierarquia de dominância (Ridley, 1995; Creel et al., 2012). Os machos têm que superar potenciais rivais e o comportamento agressivo é a forma de alcançar esse objetivo. É esperado que machos e fêmeas difiram em sua agressividade, sendo os machos mais agressivos e por isso tendem a ser o animal dominante em um grupo (Magurran e Garcia, 2000). Dessa forma fatores comportamentais de dominância social dentro de uma população, afetam todo o organismo animal e podem comprometer o crescimento, a reprodução e o sistema imune (Wedemeyer, 1969). Considerando o exposto acima, o objetivo do presente trabalho foi verificar a influência do contato macho-fêmea, na mortalidade causada por interações agressivas e nos parâmetros biométricos, na espécie de interesse comercial Astyanax altiparane (Characidae).

Material e métodos Um total de 320 exemplares adultos de Astyanax altiparanae (248 machos e 72 fêmeas) foram primeiramente aclimatados por quinze dias em três tanques de 1000 L. Posteriormente foram anestesiados (25 mg/L de cloridrato de benzocaína) e foi realizada uma biometria inicial, onde foram mensurados o comprimento total e o comprimento padrão com auxílio de um paquímetro e a massa corporal com uma balança analítica. Em seguida os animais foram distribuídos em quatro sistemas de recirculação de água, com 5 caixas de 180 L cada (4 caixas-tanque e 1 filtro mecânico e biológico) de acordo com os seguintes tratamentos: T0 = 20 machos + 0 fêmeas (0% fêmeas); T10 = 18 machos + 2 fêmeas (10% fêmeas); T30 = 14 machos + 6 fêmeas (30% fêmeas) e T50 = 10 machos + 10 fêmeas (50% fêmeas). O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado com 4 tratamentos e 4 repetições (CEUA - Protocolo 08/2017). Diariamente foi realizado o monitoramento da qualidade da água, a alimentação dos peixes (ração 1,7 mm com 36% de proteína bruta), a limpeza das caixas e o controle da mortalidade de manhã e à tarde, em que os animais mortos eram retirados e identificados quanto ao sexo e origem. Decorridos os 34 dias de experimento, os animais sobreviventes foram submetidos a uma biometria final, seguindo os mesmos procedimentos que a inicial. Os dados obtidos foram comparados estatisticamente, utilizou-se o teste de normalidade Shapiro Wilk e a análise de variância (ANOVA) a nível de significância p>0,05. As variáveis que sofreram efeito dos tratamentos foram submetidas ao teste t (LSD). Também foi realizada a análise de regressão quadrática da mortalidade dos machos de A. altiparanae.

Resultados e discussão Com exceção do T30 todos os demais tratamentos tiveram a taxa de mortalidade dos machos de A. altiparanae menores que 50%, chegando a 20% no T50. Entretanto, diferenças estatísticas somente foram verificadas entre T30 e T50. Na análise da regressão quadrática da mortalidade dos machos de A. altiparanae foi possível estimar a proporção de 57,1% de fêmeas em que, de acordo com o modelo, haveria mortalidade zero dos mesmos (Fig. 1), em contrapartida, o pico de mortalidade ocorre na proporção de 21,9% fêmeas, sendo reduzido nas demais proporções (Fig. 1). Tal fato, também foi observado em Xiphophorus helleri no qual, a influência do sexo no comportamento aumenta a agressão entre os machos, na presença de fêmeas

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(Magellan e Kaiser, 2010), entretanto em A. altiparanae esse fato tende a reduzir com o aumento de fêmeas na proporção sexual. Figura 1 - Análise de regressão quadrática da mortalidade dos machos de Astyanax altiparanae nas diferentes proporções de fêmeas.

Com relação ao peso inicial quando comparado ao peso final ocorreu uma redução significativa nos tratamentos T10 e T30 (Tabela 1). No comprimento padrão, não houve diferenças entre os tratamentos. E no comprimento total, somente o T30 mostrou uma redução no comprimento final (Tabela 1). A presença da fêmea não influenciou negativamente nos parâmetros de crescimento e massa corporal dos machos. Tabela 1 - Valores médios da biometria inicial e final de Astyanax altiparanae.

Massa corporal Comp. padrão Comp. total inicial (g) final (g) inicial (cm) final (cm) inicial (cm) final (cm)

T0 6,87 ± 1,1 6,38 ± 1,3 6,50 ± 3,2 6,48 ± 3,9 7,94 ± 4,4 a 7,99 ± 4,7 b c

T10 6,94 ± 0,9 A 6,30 ± 0,9 B 6,53 ± 2,8 6,57 ± 2,6 8,09 ± 3,0 b 8,08 ± 2,8 c T30 7,04 ± 0,9 A 6,18 ± 0,8 B 6,58 ± 2,6 6,52 ± 2,9 8,08 ± 3,0 a b A 7,86±3,0 a b B

T50 6,81 ± 1,0 6,25 ± 0,8 6,51 ± 2,9 6,47 ± 3,5 8,02 ± 3,5 a b 7,83 ±3,5 a

Média 6,91 6,28 6,53 6,51 8,03 7,94 CV % 5,10 4,86 2,03 1,30 1,23 1,08 Letras distintas indicam diferença significativa (P<0,05) pelo teste t. Letras minúsculas indicam coluna, letras maiúsculas linhas.

Conclusões O cultivo de A. altiparanae na proporção 1:1 proporciona uma redução na mortalidade dos machos, causada pelas interações agressivas, quando comparada a menores proporções de fêmeas.

Referências CREEL, S., DANTZER, B., GOYMANN, W., RUBENSTEIN, D. R. The ecology of stress: effects of the social environment. Functional Ecology, Londres, v. 27, n.1, p. 66-80, 2012.

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RIDLEY, M. Animal Behaviour: an introduction to behavioral mechanisms, development and ecology. Blackwell Science. Atlanta, Georgia. 2 ed 1995. 288 p.

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Estudo comparativo dos parâmetros hematológicos e bioquímicos de equinos naturalmente parasitados

Bruna Mayra Bispo da Silva Braziliano(1)*, Meirianne Machado Ferreira(1), Fernanda Pereira Spada(1), Diogo Tiago da Silva(2), João Henrique Silva Vera(3), Julio Cesar Pereira Spada(2, 3)

1Discente do Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Agrárias de Andradina, SP e-mail: [email protected] 2Doutorando do programa de pós-graduação em Epidemiologia Experimental Aplicada às Zoonoses – USP – São Paulo - SP 3Professor do Curso de Medicina Veterinária da FCAA – Andradina - SP

Introdução Os cavalos (Equus caballus) são de grande importância na história natural da humanidade (ROSANOVA et al., 2012), sendo utilizado nos trabalhos de tração animal, manejo com rebanhos, esportes, lazer, equoterapias ou interesse comercial. Esta espécie possui inúmeros parasitos nematoides que estão presentes nas pastagens praticamente o ano todo e mesmo tendo um trabalho preventivo, muitos cavalos são infectados (FOZ FILHO, 1999). Os principais endoparasitos de cavalos são os Strongylus vulgaris, S. equinus e S. edentatus, Cyathostomum spp., Parascaris equorum, Strongyloides westeri, Trichostrongylus axei, Oxyuris equi, Habronema spp. e Anaplocefala sp. (BARBOSA et al., 2001). As técnicas de controle dos nematoides em equinos para que eles mantenham um bom estado de saúde baseia-se no manejo nutricional e medidas profiláticas, como, (vermifugação, rotação de piquetes e consorcio com outras espécies) (MOLENTO, 2005). Os equinos manejados a pasto são mais susceptíveis à verminose, principalmente os mais jovens. Geralmente, quando não se faz um controle correto da afecção, os animais apresentam emagrecimento, pelos secos e arrepiados, anemia, fraqueza e perda de apetite, e, nessas condições podem adquirir outras doenças (SERQUEIRA, 2001). Objetivo deste trabalho foi comparar resultados de exames laboratoriais (hemograma e bioquímico) de cavalos com diferentes concentrações de OPG (ovos por gramas de fezes) de helmintos.

Material e métodos Neste estudo foram amostrados 50 cavalos (Equus caballus) mestiços e puros da raça quarto de Milha, oriundos de uma propriedade rural do município de Ilha Solteira, Estado de São Paulo, durante o período de chuvas (janeiro de 2017). Os animais eram criados no sistema a pasto (Tifton). Amostras biológicas de sangue (armazenadas em tubos com e sem EDTA) e fezes foram coletadas para análises hematológicas/bioquímicas e coprológicas, respectivamente. O hemograma foi processado em analisador hematológico automático (Sysmex pocH-100iVTM), para a obtenção do valor de leucócitos totais, eritrócitos, hemoglobina, plaquetas, concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM) e volume corpuscular médio (VCM) e volume globular (VG). Para a realização de bioquímica sérica o sangue foi separado do plasma e este foi levado ao analisador automático (Cobas c111, Roche) para determinação de parâmetros bioquímicos, como ureia, creatinina, AST, ALT, proteínas totais e albumina. Os exames foram realizados no prazo máximo de 24 horas após a coleta. As amostras de fezes foram coletadas direto da ampola retal e armazenadas em sacos plásticos. A técnica coproparasitológica utilizada baseia-se na contagem de ovos por grama de fezes (OPG), utilizando- se o método de MacMaster (GORDON e WHITLOCK, 1939) com um limiar de detecção de 50 ovos/g de fezes (OPG). Os ovos dos diferentes gêneros da família Strongylidea foram identificados globalmente como estrongilídeos devido ao fato de apresentarem as mesmas características morfológicas. Os cavalos foram divididos em cinco grupos: gupo 1 (G1, n = 12) cavalos com OPG (0 ≤1000); grupo 2 (G2 n = 14) cavalos com OPG (>1001 ≤2000); grupo 3 (G3 n = 07) cavalos com OPG (>2000 ≤3000); grupo 4 (G4 n = 08) cavalos com OPG (>3001 ≤4000) e grupo 5 (G5 n = 07) cavalos com OPG (≥4001). Os resíduos foram submetidos ao teste de normalidade de Shapiro-Wilks e outliers, a homogeneidade das variâncias foi avaliada pelo teste de Levene. A média de OPG dos grupos (G1, G2, G3, G4 e G5) foram analisados por ANOVA pelo teste F e a média de comparação dos grupos foi realizada de acordo com o teste de Tukey. Os testes foram calculados com intervalos de confiança de 95% e os valores de p ≤ 0,05 foram considerados significativos. Todas as análises foram realizadas utilizando o software estatístico R versão 3.1.1 (R CORE TEAM, 2018).

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Resultados e discussão De acordo com os exames coproparasitológicos 100% dos cavalos analisados apresentaram ovos de strongilídeos em suas amostras fecais. A contagem de ovos por grama de fezes nesses animais variou de 50 a 5900, no entanto, apenas dois animais (4%) apresentavam OPG = 50, o restante (96%) as contagens de OPG estavam acima de 400, demonstrando a alta parasitemia por helmintos do gênero Strongylus no sistema digestivo desses cavalos, e, consequentemente a sua disseminação no ambiente. Similarmente, Rosanova et al. (2012) também detectaram alta infecção parasitária por strongilídeos em equinos e relacionaram essa condição a ausência de um programa de controle eficiente e manejo adequado. Não foi evidenciada a presença de outros gêneros de helmintos em nossas amostras. A comparação de médias dos exames laboratoriais desses animais em cada grupo não foi significativa para os exames hematológicos, porém, nos exames bioquímicos, como, ureia e AST (aspartato aminotransferase), houve diferença estatística (p≤0,05) (Tabela 01).

Tabela 01 - Análise hematológica e bioquímica de cavalos divididos em cinco grupos com diferentes concentrações de ovos programa de fezes (OPG), Ilha Solteira, SP, 2017.

Valores hematológicos e bioquímico dos cavalos (N = 50) Valores de G1 (n = 12) G2 (n = 14) G3 (n = 07) G4 (n = 08) G5 (n = 07) Parâmetros referência Média ± DP Média ± DP Média ± DP Média ± DP Média ± DP Eritrócitos (x106/µL) 5,5 - 9,5 8,7 ± 1,5a 7,8 ± 1,60 a 8,8 ± 0,5 a 8,5 ± 1,9 a 8,1 ± 0,6 a VG (%) 24 - 44 40,1 ± 5,1 a 36,1 ± 4,90 a 39,4 ± 3,1 a 37,9 ± 8,2 a 34,6±1,9 a Hemoglobina (g/dL) 8 - 14 13,3 ± 1,9 a 12,4 ± 1,71 a 13,6 ± 1,5 a 12,9 ± 2,7 a 11,5± 0,6 a VCM 39 - 52 46,1 ± 4,5 a 46,6 ± 4,90 a 44,9 ± 4,9 a 45,0 ± 3,6 a 42,6 ± 2,1 a CHCM 31 - 35 33,4 ±1,4 a 34,3 ±1,04 a 34,3 ± 1,7 a 34,0 ± 0,9 a 33,3 ± 0,5 a Leucócitos (x103/µL) 5,5 – 12,5 11,9 ± 2,4 a 12,3 ± 2,20 a 12,8 ± 2,4 a 11,5 ± 2,2 a 11,6± 1,9 a PPT (g/L) 60 - 80 74,8 ± 4,6 a 77,6 ± 6,81 a 74,6 ± 4,4 a 76,1 ±4,3 a 71,1 ± 4,8 a Plaquetas (x103/µL) 100 - 260 176,6 ± 40,8 a 155,2 ± 62,32 a 133,7 ± 58,0 a 166 ± 51,3 a 163,1 ± 64,0 a ALT (U/L) 3 – 23 16,1 ± 6,1 a 20,5 ± 15,05 a 25,3 ± 15,2 a 18,3 ±6,5 a 22,3 ± 13,3 a AST (U/L) 226 – 366 234,7 ± 46,1a 254,7 ± 58,3 a 147,7 ± 44,4 b 251,7 ± 62,0 a 228,5 ± 45,2a Ureia (mg/dL) 21 – 51 94,9 ± 36,1 a 82,3 ± 26,3 ab 72,4 ± 28,3 bc 74,2 ± 49,6 bc 50,6 ±22,2c Creatinina (mg/dL) 1,2 – 1,9 1,2 ± 0,3 a 1,1 ± 0,3 a 1,1 ± 0,2 a 1,3 ± 0,2 a 1,3 ± 0,2 a Albumina (g/dL) 2,6 – 3,7 3,3 ± 1,0 a 3,1 ± 0,5 a 3,1 ± 0,6 a 3±1,0 a 3,2 ± 1,0 a Nota: VCM = volume corpuscular médio; CHCM = Concentração de hemoglobina corpuscular média. PPT: Proteína Plasmática Total. Comparação de médias pelo teste de Tukey. Letras minúsculas diferentes (a, b, c) indicam significância estatística entre colunas a 5% de probabilidade (p ≤ 0,05). R versão 3.1.1 (R CORE TEAM, 2018). Valores de referência de acordo com Feldman et al. (2000).

Conclusões Concluiu-se que o parasitismo intestinal natural não foi capaz de influenciar diretamente os parâmetros hematológicos, havendo alteração apenas nos valores de ureia e AST e a alta parasitemia desses animais denuncia a ausência de manejo e medidas profiláticas na tropa.

Referências BARBOSA, O.F.; ROCHA, U.F.; SILVA, G.S.; SOARES; V.E; VERONEZ, V.A.; OLIVEIRA, G.P.; LANDIM, V.J.C; COSTA, A. J. A survey on Cyathostominae nematodes (Strongylidea, Strongylidae) in pasture bred horses from São Paulo State, Brazil. Semina: Ciências Agrárias, v.22, p.21-26, 2001.

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PERDAS DE MASSA SECA DE SILAGENS DE SORGO APÓS A REENSILAGEM

Luis Aurelio Sanches (1)*, Leandro Coelho de Araujo (2), Tamires Oliveira de Lima(3), Adriano de Almeida Lino(4) , Sabrina Novaes dos Santos-Araujo(5)

1UNESP-FEIS, Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Animal. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia. 3UNESP-FEIS, Graduação em Engenharia Agronômica. 4UNESP-FEIS, Graduação em Zootecnia. 5UNESP-FEIS, Pós-Doutorado em Agronomia.

Introdução A produção de silagem é uma forma eficiente de conservar volumosos para alimentação de ruminantes e contempla as pequenas e grandes propriedades rurais. A busca por redução de perdas no processo de produção de silagem tem sido cada vez maior e o processo de reensilagem tem sido uma alternativa viável. A reensilagem consiste em ensilar um volumoso que já passou por um processo de ensilagem, podendo ocorrer pelo modo convencional em silos trincheiras ou superfície ou em sacos. Os benefícios da reensilagem são vários, como o aproveitamento da silagem remanescente da safra anterior assim como possibilitar a comercialização para outras propriedades rurais (Chen e Weinberg, 2014; Michel et al., 2016). Neste novo cenário, diversas dúvidas surgem sobre a eficácia deste método de conservação de volumosos como: possibilidades de contaminantes por microrganismos não desejados, tempo máximo de exposição em aerobiose após o desabastecimento do silo e perdas de massa seca durante o rearmazenamento. A preocupação com a deterioração aeróbia é maior em ambientes mais quentes pela rapidez com que os processos ocorrem, visto que as leveduras aeróbias são mais ativas entre 20 a 30 °C (Ashbell et al., 2002), tendendo a estabilidade aeróbia a ser menor em países de clima tropical como o Brasil. O objetivo com este projeto foi avaliar o o efeito do processo de reensilagem sobre as perdas de massa seca por gases, a produção de efluente e a recuperação de matéria seca total das silagens de sorgo, após diferentes períodos de exposição ao ar.

Material e métodos O experimento foi conduzido na fazenda de pesquisa, ensino e extensão da UNESP, Selvíria, MS, Brasil (20°22ʹ23ʹʹ, 51°24ʹ59ʹʹW; 340 m altitude), em silos experimentais representados por baldes plásticos de 12 L, contendo no fundo sacos de algodão com areia para a recuperação do efluente e tampas para a adequada vedação. Foi utilizado o delineamento inteiramente casualizado com três repetições. Foi utilizada a silagem de sorgo forrageiro (Sorghum bicolor (L.) Moench cv. Volumax) retirada de um silo trincheira no dia 23 de janeiro de 2017, após 10 meses de vedação. Após as coletas, as amostras de silagens foram armazenadas em sacos plásticos que permaneceram abertos em ambiente coberto até que o respectivo tempo para reensilagem fosse alcançado, que corresponderam aos tratamentos: 0 (controle), 6, 12, 24, 48, 72, 96 e 120 horas de exposição das silagens ao ar. As reensilagens nos baldes foram realizadas com o auxílio de uma prensa hidráulica até que a densidade de aproximadamente 505 kg de silagem/m³ fosse alcançada. Após a compactação, os baldes foram tampados, pesados e armazenados em ambiente protegido até à sua abertura, que ocorreu após 90 dias. O método gravimétrico foi utilizado para a estimativa das perdas de massa seca por gases, da recuperação de efluentes e da recuperação de massa seca total, após a reensilagem. A massa seca das silagens antes e depois da reensilagem foram estimadas após secagem em estufa de ventilação forçada de ar a 60ºC até peso constante. Os dados foram submetidos à análise de variância por meio do programa estatístico SISVAR. Todas as variáveis analisadas foram submetidas a testes para avaliar a homogeneidade de variância do resíduo e as análises de regressões foram realizadas ao nível de significância de 5% de probabilidade.

Resultados e discussão As médias das perdas por gases, produção de efluente e a recuperação de massa seca dos tratamentos estão apresentadas no Quadro 1, não havendo ajustes significativos para as regressões lineares ou quadráticas (P>0,05). As médias observadas neste experimento estão próximas daquelas encontradas por Michel et al. (2016) ao avaliarem perdas e a recuperação de massa seca de sorgo após a reensilagem. Michel et al. (2016) observaram uma perda de 12,7% de massa seca por gases após reensilagens de sorgo

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sem inoculante bacteriano, após 48h de exposição ao ar. As perdas por efluentes determinam a quantidade de componentes solúveis que é lixiviada, componentes estes que são de alta digestibilidade (Ribeiro et al., 2010) e resultam em redução da qualidade da silagem. Não foi observado efeito significativo (P>0,05) para a produção de efluente, que apresentou média de 21,7 kg/t de silagem (Quadro 1). Michel et al. (2016), encontraram um valor médio para produção de efluentes de 39,7 kg/t de silagem de sorgo reensilada com e sem inoculantes microbianos. A recuperação da matéria seca indica quanto de material ensilado inicialmente foi recuperado. A elevada média de recuperação de matéria seca observada neste experimento aproxima-se dos valores ótimos obtidos por Silva (2014), que no seu trabalho com silagem de sorgo submetido a um período de armazenamento de 90 dias, encontrou um valor médio de 93,3 %. Os resultados deste experimento indicam que a silagem de sorgo por ser reensilada até 120 horas de exposição ao ar, sem que haja perdas de massa seca significativa.

Tabela 1. Perdas por gases, produção de efluente e recuperação da matéria seca de silagem reensilagem, após diferentes horas de exposição ao ar. Tratamentos Gases Efluente RMS (horas) (% da MS) (kg/t de silagem) (%) 0 12,3 21,2 87,7 6 11,7 21,9 88,3 12 9,4 21,2 90,6 24 9,4 21,3 90,6 48 8,4 21,4 91,6 72 10,9 21,7 89,1 96 10,9 21,8 89,1 120 4,7 21,4 95,3 Efeito linear ns ns ns Efeito quadrático ns ns ns MÉDIA 9,7 21,7 90,3 CV% 30,6 3,7 3,3 EPM 1,72 0,47 1,72 RMS= recuperação de matéria seca (MS); CV%= coeficiente de variação; EPM= erro padrão da média e ns= não significativo.

Conclusões O processo de reensilagem pode ser realizado no período de até 120 horas de aerobiose sem causar prejuízos à qualidade bromatologica da silagem e perdas de massa seca.

Referências ASHBELL, G.; WEINBERG, Z.G.; HEN, Y.; FILYA, I. The effects of temperature on the aerobic stability of wheat and corn silages. Journal of Industrial Microbiology and Biotechnology, New York, v. 28, p. 261-263, 2002.

JOHNSON, R.R.; BALWANI, T.L.; JOHNSON, L.J.; McCLURE, K.E.; DEHORITY. Corn plant maturity. II. Effect on in vitro cellulose digestibility and soluble carbohydrate content. Journal Animal Science. n. 25, p.617. 1966.

Chen, Y., Weinberg, Z.G. The effect of relocation of whole-crop wheat and corn silages on their quality. Journal of Dairy Science. n. 97, p. 406–410. 2014

MICHEL, P. H. F.; GONÇALVES, L. C.; RODRIGUES, J. A. S.; KELLER, K. M.; RAPOSO, V. S.; LIMA, E. M.; SANTOS, F. P. C.; JAYME, D. G. Re-ensiling and inoculant application with Lactobacillus plantarum and Propionibacterium acidipropionici on sorghum silages. Grass and Forage Science. v.72, n.3, p.432-440, Agosto 2016.

RIBEIRO. L.S.O. Torta de algodão e de mamona na ensilagem de capim-elefante. 2010. 86 f. Dissertação (Mestrado) apresentada à Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB / Campus de Itapetinga – BA, 2010.

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Relação peso-comprimento e índice hepatossomático de Plagioscion squamosissimus sobre a influência da piscultura em tanque-rede. Maria Angélica Galli Dutra (1) *, Luciane Gomes da Silva (1), Laicia Carneiro Leite (1), Rosicleire Veríssimo Silveira (2)

1UNESP-FEIS, Curso de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia animal, LINEO – Laboratório de Ictiologia Neotropical. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Ictiologia Neotropical

Introdução Os peixes vêm sendo amplamente utilizados para avaliar a saúde de ecossistemas aquáticos e as modificações fisiológicas ocasionadas, atuando como bioindicadores de poluição ambiental (KOCK et al. 1996). Sendo assim, o objetivo do trabalho foi avaliar a relação peso-comprimento e o índice hepatossomático da espécie Plagioscion squamosissimus sobre a influência de uma piscicultura em tanque- rede.

Material e métodos Área de estudo As coletas para o presente estudo foram realizadas em uma piscicultura em tanques-rede no munícipio de Santa Clara D’Oeste – SP, no braço Can-Can do reservatório de Ilha Solteira, rio Paraná (50°55’59.65’’W e 20°02’30.54’’S)

Coletas de material biológico As coletas da ictiofauna silvestre foram realizadas ao longo do ano de 2015 de forma bimensal, com auxílio de redes de espera de diferentes malhagens (3 a 14 cm entre nós não adjacentes) em duas áreas amostrais. As áreas amostrais foram: uma próxima aos tanques-rede (área Tanque) e outra em local a aproximadamente 10 km (50º 51’ 17,6” W e 20º 00’ 37,5” S) a montante com características fisiográficas semelhantes, mas sem a influência de sistemas de pisciculturas em tanques-rede (área Controle). Depois de anestesiados em solução alcoólica de benzocaína (1g/ml), foram realizadas a biometria de cada exemplar como a mensuração do comprimento total (LT, cm), comprimento padrão (LS, cm) e peso total (WT, g). Posteriormente os fígados também foram removidos, pesados e fixados

Resultados e discussão Foram capturados 181 exemplares de P. squamosissimus, onde 95 indivíduos foram capturados na área controle e 86 indivíduos na área Tanque.

MÉDIAS - CONTROLE COMPRIMENTO PADRÃO PESO TOTAL PESO TOTAL IHS set/14 18,5 67,36 80,22 0,42933458 dez/14 19,77 227,9 0 0,626056935 abr/15 18,52 136,63 466,78 0,479018132 jun/15 21,15 201,91 199,13 0,617272646 ago/15 23,24 278,44 119,12 0,642617651 out/15 22,66 225,52 154,79 0,393535216 dez/15 23,71 254,07 359,15 0,460736274 fev/16 22 177,47 202,81 0,796337398 abr/16 29,16 424,11 261,05 0,427360875 jun/16 19,5 235,38 150,66 0,412124931 ago/16 23,5 214,81 266,7 0,593811187 out/16 31,75 597,69 - 0,499576297 dez/16 22,33 316,72 212,18 0,280280944

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MÉDIAS - TANQUE COMPRIMENTO PADRÃO PESO TOTAL PESO HEPÁTICO IHS set/14 19,75 80,22 0,63 0,531286895 dez/14 - 0 0 - abr/15 26,01 466,78 1,81 0,480499511 jun/15 21,63 199,13 0,96 0,530793893 ago/15 18,02 119,12 0,28 0,313349371 out/15 19,46 154,79 0,92 0,554587505 dez/15 24,1 359,15 1,84 0,407544282 fev/16 22,63 202,81 0,81 0,405857603 abr/16 22,4 261,05 1,31 0,477728896 jun/16 19 150,66 0,56 0,365146441 ago/16 30,75 266,7 2,98 1,119425948 out/16 - - - - dez/16 22,16 212,18 0,642 0,323138907

Referências

KOCK G., TRIENDL M. & HOFER R. Seasonal patterns of metal accumulation in Arctic char (Salvelinus alpinus) from n oligotrophic Alpine lake related to temperature. Can. J. Fish. Aquat. Sci. 53:780-786, 1996.