UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS - RIO CLARO

EDUCAÇÃO FÍSICA

FELIPE ABATE MORGATO

RUGBY, SOB O OLHAR DA AGRESSIVIDADE.

Rio Claro 2015 FELIPE ABATE MORGATO

RUGBY, SOB O OLHAR DA AGRESSIVIDADE.

Orientador: AFONSO ANTONIO MACHADO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - Câmpus de Rio Claro, para obtenção do grau de bacharel em Educação Física.

RIO CLARO

2015

796.333 Morgato, Felipe M849r Rugby, sob o olhar da agressividade. / Felipe Morgato. - Rio Claro, 2015 25 f. : il.

Trabalho de conclusão de curso (bacharelado - Educação Física) - Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências de Rio Claro Orientador: Afonso Antonio Machado

1. Rugby. 2. Agressividade. 3. Esporte de contato. I. Título.

Ficha Catalográfica elaborada pela STATI - Biblioteca da UNESP Campus de Rio Claro/SP

Dedico este trabalho ao RURC (Rugby Rio Claro), a todos que fazem ou já fizeram parte de time e aos amantes do esporte.

AGREDECIMENTO

Gostaria de agradecer primeiramente a minha família, pelo amor, carinho, apoio e paciência, a Deus e a todos os amigos que estiveram próximos e me deram apoio e força para que eu seguisse em frente.

Aos grandes amigos que fiz na graduação, parceiros para toda hora, desde prova e trabalhos quanto a viagens, festas, reuniões e muitos outros momentos que com certeza nunca esquecerei.

A todo o time de Rugby de Rio Claro, que além do carinho enorme que me acolheu como jogador e depois como técnico me ensinou muito tanto no âmbito pessoal quanto no profissional, no qual percebi a grande importância e beleza da profissão de educador físico. E principalmente as primeiras pessoas que me envolveram com o esporte e sempre estiveram dispostas pra conversas e viagens e pró do time e do crescimento do esporte. As risadas, dores, alegrias, ralados, terceiros tempo e machucados são aprendizados que sempre serão uma parte muito importante em mim, com já diz na musica “Isso é o Rugby, o Rugby é isso”.

A Republica Xurupita, que me acolheu e me mostrou que às vezes precisamos criar um ‘’ Apocalipse’’ para que muita coisa boa surja. E que as risadas, histórias, e piadas nunca parem.

A UNESP Rio Claro e seus professores, que sem sombra de duvidas foi a base para que anos inesquecíveis e de grande importância acontecessem.

RESUMO

O Rugby, esporte de procedência inglesa, tem como sua origem no final do século XIX, apresentando um grande número de adeptos no Brasil, número esse que se vem tendo um aumento expressivo. E como se é sabido, em relações humanas que acontecem entre os competidores, técnicos e plateia atravessam os mais diversos campos afetivos e emocionais, criando espaço para múltiplas possibilidades, inclusive a agressividade. Sendo assim, o presente estudo possui como principal objetivo a análise dos fatores que associem agressividade com a modalidade Rugby. Tendo em vista o grande numero de materiais encontrados na literatura abordando a temática da agressividade, foi realizado um levantamento na literatura para investigar a relação do tema agressividade com o Rugby. A revisão bibliográfica foi realizada com base de periódicos, teses e matérias encontradas em noticias online, blogs com a finalidade de dinamizar o texto. Pode-se avaliar que, apesar de um esporte com constante contato físico, a questão da agressividade é ampla e está relacionada a muitos fatores.

Palavras- chave: Rugby; Agressividade; esporte de contato.

ABSTRACT

Rugby, English origin of , has as its origin in the late nineteenth century, and features a large number of fans in Brazil, this number that has had a significant increase. And as you know, in human relationships that take place between the competitors, technical and audience go through the various feelings and emotional fields, creating space for all kinds of possibilities, including aggression. Thus the aim of this study was to investigate factors involving bullying by the Rugby game. Given the large number of materials found in the literature dealing with the theme of aggression, a survey in the literature was conducted to investigate the theme of aggression relationship with Rugby. The literature review was made up of journals, theses and materials found in online news, blogs in order to streamline the text. It can be concluded that despite a very physical the issue of aggression is wide and is related to many factors.

Key words: Rugby; Aggressiveness; contact sport.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...... 7

2 OBJETIVO ...... 9

3 METODOLOGIA ...... 10

4 REVISÃO DE LITERATURA ...... 11

4.1 Rugby ...... 11

4.1.2 História ...... 11

4.1.3 No Brasil ...... 13

4.1.4 O jogo ...... 14

4.2 AGRESSIVIDADE ...... 16

4.2.1 Conceito ...... 16

4.2.2 Aplicações no esporte ...... 18

4.2.3 Rugby ...... 19

5 CONCLUSÃO ...... 21

6 REFERÊNCIAS ...... 22

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1 INTRODUÇÃO

Jogos com bola e contato físico podem ser constatados na história da sociedade humana há vários milênios. Dentre esses, pode-se observar um jogo muito semelhante ao Rugby atual, o , praticado pelos romanos que com a presença de uma bola pretendiam atravessar até o outro lado de uma arena empurrando os oponentes (COLLIS, 2009) Na Itália era há registros de um jogo com bola em que duas equipes se enfrentavam em dois tempos de cinquenta minutos, datado dos anos de 1500. Os celtas praticavam o Caild, jogo qual mais se atribui uma grande influência do Rugby. Jogos com bola são manifestações antropológicas, semelhantes em diversas sociedades humanas ao longo dos séculos (JUNIOR, 2007). A origem do Rugby está na Inglaterra e teve seu inicio na cidade de Rugby, derivado do jogo Caild praticado por irlandeses que estudavam na Rugby School. A criação do esporte é atribuída a William Webb Ellis, mesmo que entre fatos, mitos e pesar de relatos da pratica desde 1820, suas regras foram primeiramente escritas em 1846, formalizando o Rugby (COLLIS, 2009). Uma partida de Rugby é disputada oficialmente em um campo de dimensões de 100mX70m, dividido em quarto zonas de 22m, sendo a áreas, sendo que as áreas in-goal (zona de pontuação) podem variar entre 10 e 22m de comprimento (IRB, 2015). O esporte possui como objetivo que duas equipes de quinze ou sete jogadores cada, realizando um jogo justo de acordo com as Leis e espírito esportivo, deve, através da realização de passes, chutes, e corridas com a bola, marcar tantos pontos quanto possível, a equipe que marcar o maior número de pontos é o vencedor do jogo (IRB, 2015), ou seja, no Rugby se tem a finalidade atravessar o campo com a posse da bola e apoia-la dentro do ‘’in-goal’’ do adversário. Segundo a International Rugby Board (IRB) (2015) o Rugby trás consigo conceitos que são externos à somente uma pratica esportiva, incluindo coragem, lealdade, espírito esportivo, disciplina e trabalho em equipe. Apesar de um esporte de constante contato físico, principalmente nos momentos em que se tenta ganhar a posse da bola, uma de suas diretrizes é a de 8

não promover nenhuma jogada ou atitude de forma intencional que cause ferimentos em seu adversário (IRB, 2015). Porém, Alves, Soares e Liebano (2003) em seu estudo identificou que o maior número de lesões no esporte é justamente no ‘’’’, tal movimento pode ser considerado um dos maiores exemplos de contato físico entre os jogadores dentro de campo, pois consiste em uma das técnicas usadas na tentativa de impedir o avanço do adversário que possui a posse da bola, consistindo no uso do próprio corpo. Tendo em vista a agressão dentro do esporte, alguns autores entendem como agressão qualquer comportamento ou evento dirigido para outro individuo com a finalidade de lhe causar dor ou lhe prejudicar (ANDERSON; BUSHMAN, 2002). Um jogo que começou como um simples passatempo tem sido ‘’transformado em uma rede global em torno de grandes estádios’’ (IRB, 2015), crescendo e adquirindo mais adeptos no decorrer dos anos, principalmente no Brasil, onde se encontram mais de 5 mil atletas federados na Confederação Brasileira de Rugby (CBRU, 2009). Na perspectiva do Rugby, em que o contato entre jogadores é um fator inevitável, e visto que o número de atletas e praticantes tende a crescer (CBRU, 2009), é importante analisarmos que aspectos e valores tão importantes e valorizados na modalidade como integridade, paixão, solidariedade disciplina e respeito sejam mantidos (IRB,2015) possam estar relacionados com fatores cognitivos como a agressividade.

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2 OBJETIVO

Investigar fatores que associem agressividade com a modalidade Rugby.

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3 METODOLOGIA

Para o desenvolvimento deste projeto em um futuro Trabalho de Conclusão de Curso propõe-se realizar um amplo levantamento bibliográfico acerca dos temas discutidos neste presente e além destes, para aprofundá-los, esclarecê-los e complementá-los, assim como levantar novas questões a serem analisadas.

Tendo em vista o grande número de materiais encontrados na literatura tratando a temática da agressividade, será realizado um levantamento na literatura para investigar a relação do tema agressividade com o Rugby. Trataremos, na pesquisa bibliográfica, de ilustrar nosso material com depoimentos encontrados em jornais e revistas, para dinamizar o texto, que atenderá por um texto misto.

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4 REVISÃO DE LITERATURA

4.1 Rugby

4.1.2 História Um jogo que começou como um simples passatempo tem sido transformado em uma rede global em torno do quais grandes estádios foram construídos, um administrativo intricado, estrutura criada e estratégias complexas concebidas. (IRB, 2015)

Um entrelaçado de mito e fatos constroem a origem do Rugby, que ocorreu na Inglaterra e teve seu inicio na cidade de Rugby. Estudantes da Rugby School possuíam o costume de praticar o football (entende-se por football esportes praticados com bola na época), de forma com que suas regras eram eventualmente alteradas, e isso era instigados por seus professores, e muitas vezes as regras eram alteradas pouco tempo antes da pratica. (Em: . Acesso em: 28 abril 2015) No ano de 1823, o estudante Wiliam Webb Ellis, irritado com as regras criadas, pegou a bola com as mãos e atravessou o campo correndo, seus companheiros correram atrás dele e, desse ponto em diante, historiadores determinaram o evento como o surgimento do Rugby, que teve por fim suas regras escritas em 1844, formalizando o (COLLIS, 2009; CBRU, 2009). Atualmente o nome do suposto criador da modalidade é relembrado com uma placa fixada na Rugby Scholl e no troféu Webb Ellis, que é entregue ao vencedor do principal torneio, a copa do mundo de Rugby. Com o surgimento de diversos clubes de rúgbi por toda a Inglaterra fez necessário a criação de uma entidade nacional organizadora. Em 1871, nasceu a Rugby Football Union, que contou com a presença de 21 equipes. A União Escocesa de Rugby (SRU) foi a segunda a ser formada, em 1873, seguida da União Irlandesa de Futebol Rugby (IRFU), em 1879, e da União Galesa de Rugby (WRU), em 1881. A criação das quatro entidades nacionais fez necessário o desenvolvimento de um órgão internacional. Com isso, em 1886, nasceu o 12

Internacional Rugby Board (IRB), fundado por representantes da Escócia, Irlanda e País de Gales. A Inglaterra se recusou participar do IRB em sua fundação, e só aderiu à entidade em 1890 (Em: . Acesso em: 28 abril 2015).

Ao País de Gales, pode ser concebida uma maior responsabilidade pela difusão do esporte, não só pelas ilhas inglesas com também para o restante da Europa, devido a seus amantes e praticantes do esporte - principalmente pelas classes mais humildes. A expansão do esporte também se deu nas colônias britânicas, ressaltando países com África do Sul e Austrália que acabaram por se tornar referencias no esporte (GUERRA, 2012; IRB, 2015)

O mundial de , também conhecido com a copa do mundo de Rugby, considerado o torneio mais importante do esporte, tem edições a cada quatro anos e só teria seu início em 17 de maio de 1987, a primeira Copa do Mundo de Rugby Union, disputada na Austrália e tendo com participantes os países membros da IRB em conjunto com a Austrália e a Nova Zelândia, além de 16 nações convidadas de todos os continentes. Em 1991, a segunda Copa do Mundo foi disputada na Inglaterra, com a introdução das primeiras eliminatórias. A África do sul, uma das principais seleções da atualidade, só teve sua primeira aparição em 1995, com o fim do apartheid, e sediou a terceira copa do mundo (CBRU, 2009; COLLIS, 2009).

Em 1871, foi disputada a primeira partida internacional entre Inglaterra e Escócia, com vitória escocesa. A primeira grande competição internacional nasceu em 1883: o Four Nations (Quatro Nações), entre as Home Nations (Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda). Foi somente em 1910 que o torneio se tornou Five Nations (Cinco Nações), com a inclusão da França, e Six Nations (Seis Nações), apenas em 2000, com a entrada da Itália. No hemisfério sul foi criada uma versão deste torneio chamada Three Nations (três nações), sendo em 2011 a entrada a Argentina, formando assim o Four Nations (Quatro Nações) (GUERRA, 2012; Em: . Acesso em: 28 abril 2015). Além do Rugby union, objeto do presente estudo, existem algumas variações, como: , semelhante ao Rugby union, mas com pequenas alterações 13

nas regras, principalmente quando o jogador portador da bola é levado ao chão. , jogado na areia e quase que em sua maioria das vezes tem seu torneio disputado na praia. TAG –Rugby, onde cada atleta recebe um par de fitas que são presas a cintura de cada jogador, e caso essa fita seja retirada enquanto o jogador estiver com a posse da bola, a posse da bola passa para o time adversário. Esse estilo de jogo é comumente utilizado para inicialização ao esporte (NASCIMENTO, 2015). Existe também o ou Seven-a-side.

O Rugby sevens, surgiu na Escócia, mais precisamente na cidade de Melrose no ano de 1883. Essa modalidade é uma versão reduzida do Rugby union, pois necessita de apenas sete jogadores em campo, ao contrario dos 15 necessários no union, utilizando as mesmas dimensões de campo e com muita similaridade nas regras (IRB, 2015). Esse surgimento se deve a região de pequenos vilarejos, cujas pequenas populações dificultavam a formação de equipes de 15 jogadores. O time de Melrose RFC inovou ao convidar as equipes dos vilarejos vizinhos para um torneio de dois dias, com jogo com apenas 7 jogadores de cada lado, com tempo reduzido. O sucesso do torneio com a modalidade mais dinâmica e rápida virou uma tradição, sendo reconhecido oficialmente em 1973 (Em: . Acesso em: 28 abril 2015), e atualmente vem chamando a atenção de muitos torcedores, atraindo novos praticantes em todo mundo e em 2016 terá sua estreia nas Olimpíadas do Rio de Janeiro (CBRU, 2014)

4.1.3 No Brasil

A história no Brasil tem seu inicio na metade do século XIX, e se deve a chegada dos ingleses que trouxeram as duas principais formas de football praticadas no Reino Unido, o Rugby Football (rúgbi) e o Football Association (futebol), que foram levadas para todas as partes do mundo, por administradores britânicos, clérigos, militares, homens de negócios, trabalhadores, imigrantes, e estudantes de intercâmbio nesse período garantiram a chegada do rúgbi no país (Em: . Acesso em: 28 abril 2015) 14

Historiadores apontam que o primeiro clube exclusivamente voltado para o rúgbi no Brasil foi criado em 1891 no Rio de Janeiro, o Clube Brasileiro de Futebol Rugby, mas a equipe não teve continuidade. Em 1888, foi fundado o São Paulo Athletic Club (SPAC), que desde sua origem, teve atividades de rúgbi realizadas entre seus associados. Entretanto, foi apenas em 1895 que o clube fundou sua primeira equipe de rúgbi (SPAC, 2010; (Em: . Acesso em: 28 abril 2015) O rúgbi foi se desenvolvendo de forma lenta principalmente nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Santos. Em 1926, uma série de jogos interestaduais foi realizada no Brasil. Em 1927, o embaixador britânico no Brasil Beilby Alston, criou uma taça levando o seu nome para ser entregue aos vencedores dos duelos entre São Paulo e Rio de Janeiro, que foram disputadas todos os anos até 1940 (SPAC, 2010; Em: . Acesso em: 28 abril 2015). Devido a Segunda Guerra Mundial, muitos jogadores de origem britânica que compunham os times brasileiros voltaram para a Inglaterra.

Após a guerra, os jogos de rúgbi entre paulistas e cariocas voltaram a ser disputados, porém com menor frequência (SPAC, 2010). Em 1963 foi criada União de Rugby do Brasil (URB) que em 1972 foi transformada em Associação Brasileira de Rugby (ABR) e só em 1995 foi aprovada a filiação da ABR ao IRB. E, por fim, somente após a inclusão do rúgbi nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, a ABR foi transformada em Confederação Brasileira de Rugby (CBRu) (SPAC, 2010; Em: . Acesso em: 28 abril 2015)

4.1.4 O jogo

Segundo a cartilha referente ao jogo de rugby, disponibilizado pela IRB, o objetivo do jogo é que ambas as equipes pratiquem um jogo limpo e justo de acordo com as leis e espírito esportivo marquem o maior numero de pontos possíveis (IRB, 15

2015), seja apoiando a bola no chão dentro do in-goal adversário () ou mesmo chutando a bola entre as traves.

Tal cartilha foi produzida com a finalidade de que complementar às Leis do Jogo, e definir os padrões para todos aqueles que estão envolvidos no Rugby, em qualquer nível, e assim mantém o seu carácter único, dentro e fora do campo. (IRB, 2015).

Dentro do jogo é comum de ser visto uma pressão física extrema em um oponente, mas isso ocorre na tentativa ganhar de se posse de bola e não intencionalmente ou maliciosamente para causar ferimentos. É dentro desses limites dos quais os jogadores e árbitros devem operar e fazer essa distinção, bem como combinado o controle e disciplina, tanto individual como coletiva, na qual o código de conduta depende (IRB, 2015).

Apesar da profissionalização do esporte, algumas características são mantidas e fortemente valorizadas para que perdurem, como integridade, paixão, solidariedade, disciplina e respeito, tanto para sua própria equipe quanto a adversária e torcida (IRB, 2015).

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4.2 AGRESSIVIDADE

A temática da agressividade vem sendo estudada há vários anos e, assim sendo, existem diversos estudos referindo-se suas diversas áreas como sua natureza, aplicação no esporte, relação com emoções, e outras mais.

4.2.1 Conceito

Sobre a sua natureza, são encontradas algumas formas diferenciadas que a explicam, como a visão etológica, que explica a agressividade como algo inato aos animais (LORENZ, 1966 apud MACHADO, 1998, p. 42)

Os antropologistas, genericamente denominados culturalistas, defendem, sem negar o componente nato da agressividade, sustentam que ela se expressa conforme padrões culturais de cada povo, de cada época e de cada momento.

As formas como os atos agressivos se dão são muito variadas e, para melhor agrupa-los, algumas classificações e divisões foram criadas pelos pesquisadores.

Conforme a sua característica física, o que remontaria a ações contra o próprio corpo da vítima, agressão pode ser:

i. Verbal: ação sem contato físico, porém deferindo palavras contra a vítima;

ii. Ativa: a agressão ocorre é cometido um ato hostil pessoalmente contra a vítima;

iii. Passiva: o alvo da agressão sofrerá as consequências destes atos longe do contato do agressor-agredido.

E ainda podem ser subdivididos em forma direta, quando as consequências recaírem diretamente do agressor sobre a vítima, ou de forma indireta, em que a vítima pode ser substituída por um objeto ou outra vítima que esteja relacionada com o alvo (MACHADO 1998). 17

Outros autores ainda trazem outra divisão de agressão reativa e instrumental (MARTINS, 2005). A agressão reativa é desencadeada pelas condições que a antecedem, como uma explosão emocional, um nível de tensão elevado, ultrapassando a capacidade da pessoa para enfrentar o evento social de outra forma, enquanto que a agressão instrumental é desencadeada pela perspectiva dos resultados que o indivíduo espera obter, isto é, utiliza-se para se conseguir um determinado resultado. Machado (1998) traz em seu estudo que a agressão pode ser caracterizada também como violação as normas sociais regidas pela sociedade em que o agressor esta inserido. E que tal tema pode ser observado por alguns ângulos, sendo: cognitivo, sócio afetivo e psicomotor. O cognitivo, perante uma ameaça eminente, analisara a gravidade da situação e ira apontar reações que irão envolver duas outras áreas do comportamento. O sócio afetivo contribui com a relação entre as emoções geradas e a situação problema, sendo as emoções um dos fatores que mais interferem na resolução e, assim, a resposta mais adequada ao problema. O aspecto psicomotor é responsável pela realização da decisão escolhida a fim de solucionar o problema (MACHADO, 1998). Com visto sobre o domínio sócio afetivo, em que a relação do envolvido com a situação e emoção gerada nele, aspectos como ansiedade e medo são muito relevantes quando observamos da temática de um esporte de contato, visto que os ‘’antecedentes’’ de uma situação problema nunca são neutros perante uma situação presenciada, sendo assim um fator gerador de ansiedade. Fatores geradores de ansiedade podem ser relacionados a atingir um certo nível de performance, seja para uma satisfação própria, perante a presença de pessoas importantes como familiares ou ainda técnicos ou mesmo por não saber quais consequências a performance dele atingida trarão para sua carreira (MACHADO, 1998). Sofia e Cruz (2013) trazem em seu estudo que o aspecto da raiva também seria um importante antecedente para o surgimento da agressividade.

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4.2.2 Aplicações no esporte

Estudiosos do assunto alegam que a emoção exerce uma função reguladora sobre o comportamento (MACHADO, 1998; MAXELL; VISEK, 2009), e que tais condutas são uma forma de diminuição dessas tensões emocionais, tendo em vista que um atleta que não tenha suas necessidades satisfeitas possa sofrer de um acumulo de tensão de forma que ele não se controle e comumente assumirá uma atitude agressiva, seja contra um adversário, juiz, companheiro de equipe, torcida ou até mesmo o técnico. Diante da ação esportiva, o medo sempre estará relacionado, visto que ele pode estar conectado com o desempenho a ser atingido e assim remetendo a um quadro de ansiedade, ou mesmo o medo pode também ser encarado com relação a dor e contusões, com medo de um vexame social. Tendo em vista o medo da contusão e de lesão. Machado (1998) explicita que tal fator pode levar o atleta a executar um ‘’movimento extremamente ansioso’’(p. 66). O autor ainda traz que o medo sempre estará ligado na ação desportiva, sendo ela pequena ou grande, a ponto do praticante não conseguir absorvê-la. Outro ponto a ser observado no esporte é a questão da dor (CRATYY, 1983 apud MACHADO, 1998, p. 55), que assim como medo são grandes geradores e ansiedade. A dor é uma emoção cujo cuidado deve ser tomado, pois para cada esporte a dor tem sua relevância, como no caso dos halterofilistas, onde na maioria das vezes esta representa que o atleta se esforçou até o limite máximo de força, dor que é esperada devido a característica do esporte. Porém em outros casos, quando a sua origem é não conhecida, pode representar um afastamento do esporte e assim acarretar em varias consequências negativas para o atleta do ponto de vista do treinamento, competições, patrocinadores, e outros. Atletas com mais resistência à dor tem preferencia a praticar esporte de contato físico (MACHADO, 1998), só não se sabe se estes atletas estão na modalidade por sua tolerância maior a dor ou se esta tolerância é decorrente da pratica. Nos estudos em que as questões emocionais do esporte são tratadas, a raiva também aparece com fator relevante quando se trata do desempenho esportivo, 19

além de ser um “(...) importante antecedente dos comportamentos agressivos que a raiva se revela, mais relevante no contexto desportivo.” (SOFIA E CRUZ, 2013, p. 4). Estudos indicam a raiva como algo benéfico em situações de confronto, em que a tarefa envolva força física, porém quando analisada em uma tarefa de natureza cognitiva, a raiva aparece com uma característica prejudicial ao desempenho (SOFIA E CRUZ, 2013). Maxwell et. al. (2009) em seu trabalho encontrou uma relação entre atletas do sexo masculino e de modalidades coletivas tenderem a ter níveis superiores de raiva e agressividade quando comparado a modalidades individuais, enquanto atletas do sexo feminino demonstram níveis mais elevados de percepção de ameaça à ansiedade no comparativo com atletas masculinos (SOFIA E CRUZ, 2013). Ainda em seu estudo, Maxwell et. al. (2009) apontam que a relação entre raiva e agressividade em modalidades de contato tende a crescer com o nível de contato da modalidade, no entanto, diminuir quando analisado o nível da competição (I, II e III divisão) (SOFIA E CRUZ, 2013). Apesar da associação encontrada em muitos estudos relacionando ansiedade a agressividade (MACHADO, 1998; MARTINS, 2005; ALMEIDA, 2008; SOFIA E CRUZ 2013), na comparação entre modalidades individuais e coletivas, as individuais apresentam um maior nível de ansiedades, sugerindo que o fator do grupo ajude na distribuição da responsabilidade do desempenho pelos membros da equipe (CRUZ E VIANA, 1997 apud SOFIA E CRUZ, 2013, p. 52). Em uma abordagem cognitivista, “(...) defendidas as ideias de que os ‘’antecedentes’’ da ansiedade provêm de um estimulo e que este estimulo não é neutro, mas justamente o gerador de ansiedade.” (MACHADO, 1998, p 60), e este estimulo está sempre relacionado com um significado de um fato que já ocorreu anteriormente, surgindo frequentemente quando o atleta sentem uma ameaça ao seu bem estar e encontra poucos recursos para lidar com essa situação (SOFIA E CRUZ, 2013).

4.2.3 Rugby

Um esporte tão caracterizado pelo contato físico entre jogares, seria ele um esporte agressivo? Segundo a ideologia empregada pelo esporte, vista em sua 20

cartilha, em que o jogador deve acima de tudo respeitar seu adversário e não coloca-lo em uma situação que exponha sua saúde em risco (IRB, 2015). O Rugby, por mais que impressione em um primeiro momento pelas suas jogadas de contato, pode ser jogado por pessoas em todas as idades e gêneros, isso se deve por não possui regras complexas, fator que facilita a aprendizagem e o entendimento (NEVES et. al., 2013).

O momento em que os jogadores mais entram em contato no jogo é no ato de “tacklear” (ou derrubar) o oponente que possui a posse da bola, com o intuito de recuperá-la e impedir o progresso da outra equipe (NEVES et. al., 2013). Em esportes de contato há certos momentos, que mesmo não intencionais, ocorrem lesões, e isso pode ocorrer devido a um descuido ou por fatores como fadiga ou microtramas acumuladas do próprio atleta (ALVES; SOARES; LIEBANO, 2003), ou até mesmo por uma jogada mal intencionada de outro atleta (MAXELL; VISEK, 2009). Maxell e Visek (2009 apud KERR, 1999) dividem ações agressivas dentro de uma modalidade como sancionadas e não sancionadas, sendo que o primeiro caso abrange qualquer comportamento que caia dentro de um código específico do esporte de conduta ou é amplamente aceito como tal; não sancionadas são as agressões que estão fora de um código específico. Uma característica ímpar no Rugby é a presença do juiz, cuja autoridade é muito respeitada, sendo assim, quando o capitão de cada equipe - única pessoa do time autorizada a falar com o juiz - dirige sua palavra a ele, refere-se com o vocativo “Senhor” como forma de respeito. Apesar de todo “espirito” do Rugby se voltar para um jogo limpo, ele ainda sofre as consequências de qualquer esporte de contato e profissionalizado, onde a vontade de ganhar, e por traz disso todo um senário de fatores pessoais, visibilidade no esporte, patrocínio entre outros fatores pode ser maior do que o valor do esporte.

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5 CONCLUSÃO

Realizando uma reflexão sobre a agressividade, pode-se observar que sua origem se dá de diversas formas, principalmente pela somatória de diversos fatores que envolvem as emoções. Logo, podemos observar que as emoções influenciam e são influenciadas pelas ações. Vai da intensidade dessas emoções e como ela perturba o desenrolar ordenado da ação. Apesar de se tratar de um esporte de contato físico, variáveis emocionais e aspectos pessoais pode fazer com que praticantes tenham atitudes que fujam da atitude proposta pelo esporte.

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REFERÊNCIAS

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