Vol.5 Nº1 OUTUBRO DE 2009 Ribeira Quente Ribeira Director: MarioCarvalho EDITORIAL O Açoriano Homens da minha Terra EDIÇÕES MAR 4231, Boul. St-Laurent Com o apoio da Associação Quebequente, O Nos Estados Unidos, Eduardo é um exemplo dis- Montréal, Québec Açoriano leva, nesta edição, os seus leitores a vi- to, mas é na região de Toronto no Canada onde H2W 1Z4 Tel.: (514) 284-1813 sitarem a Ribeira Quente, freguesia do concelho esta vocação de cantar, mais se manifestou. Fax: (514) 284-6150 Site Web: www.oacoriano.org da povoação, Ilha de São Miguel. Os irmãos Lino Rego e o Mário Marinho, o Gru- E-mail: [email protected] Os Homens da Terra têm sido muitos que pela po de Amizade, o improvisador de cantigas ao sua braveza têm vencido os ventos e temporais, desafio Gil Rita são exemplos, mas aqueles que PRESIDENTE: Sandy Martins têm navegado o mar do Oceano Atlântico, por vi- foram mais longe foram os membros do Conjunto VICE-PRESIDENTE: rem duma terra virada para o mar aonde a maioria Starlight que este ano festeja 25 anos de carreira. Nancy Martins dos homens dedicam-se à pesca. É o melhor grupo musical luso da actualidade. DIRECTOR: Muitos deixaram a aldeia pequenina e o imenso Foi em Setembro de 1984 que actuaram pela pri- Mario Carvalho mar, rumando a outras terras, envergando por ou- meira vez em Toronto, a maioria dos membros são DIRECTOR ADJUNTO: tros caminhos e destinos. naturais da Ribeira Quente, Luís Furtado, baixo, Antero Branco O professor Linhares Furtado, cirurgião açoria- Danny Vieira, bateria, Francisco Furtado, teclas e REDACÇÃO: no pioneiro dos transplantes em Portugal (nos Tony Melo, voz. Sandy Martins anos sessenta), é de pais eram naturais desta fre- Só o Francisco desistiu do conjunto, os outros COLABORADORES: guesia. continuam a actuar juntos já lá vão 25 anos. Debby Martins Maria Calisto O deputado açoriano Noé Venceslau Pereira Ro- Sem duvida alguma o grande responsável por Natércia Rodrigues drigues, nasceu na freguesia da Ribeira Quente a grande parte do sucesso do grupo é o cantor e CORRESPONDENTES: 14 de Fevereiro de 1956. compositor Tony Melo, pelo seu profissionalismo, Açores João Vieira Jerónimo Grande, impulsionador do veia poética e uma voz carismática. Alamo Oliveira Edite Miguel folclore Açoriano, director e ensaiador do Grupo E uma das grandes características do conjunto é Jorge Rocha Folclórico de Santa Cecília (Fajã de Cima), foi de alegria das suas cantigas que contagia as assistên- Roberto Medeiros uma tal importância para o povo da Fajã de Cima cias por aonde têm actuado e as musicas que têm FOTOGRAFIA: que o homenagearam dando o seu nome a uma gravado no decorrer da sua existência. Anthony Nunes Ricardo Santos das ruas da freguesia. Rara é a família portuguesa que nunca ouviu José Rodrigues Mas as gentes da Ribeira Quente, talvez por cau- ou não tenha em casa música do Starlight, e en- Açores Humberto Tibúrcio sa do isolamento que viveram ao longo de muitos tre as numerosas canções, há sempre uma ho- INFOGRAFIA: anos, foram sempre um povo muito alegre e di- menagem aos Açores e a Portugal, sem esque- Sylvio Martins vertido. cerem a sua terra de origem Ribeira Quente, O livro “Cantigas do povo dos Açores” faz ques- como nas canções que o Tony compôs: Ruas da Envie o seu tão de mencionar que aos domingos e nas festas Minha Aldeia, Ribeira Quente, Se o céu existe a pedido para familiares tais como a matança do porco bailha- minha terra é o céu e Festa do Chicharro. vam em sítios combinados por rapazes e rapari- O conjunto Starlight, actuou pela primeira vez Assinantes gas, rodeados pelos mais idosos pais, mães, vi- em Montreal no dia 16 de Setembro de 1995 no O Açoriano 4231-B, Boul. St-Laurent zinhos que aproveitam uma “brechazinha” para casamento de Debby e João. Depois, têm vindo a Montréal, Québec um mata saudades do tempo da juventude. O livro Montreal todos os anos. Para além das actuações H2W 1Z4 também menciona que um destes lugares em São na América do Norte, já actuaram em algumas Miguel é a Ribeira Quente para além da Ponta ilhas dos Açores, no Continente a recentemente na Garça, Lomba da Maia, Salga e Agua Retorta. Africa do Sul. Hoje o Starlight não são homens da Os homens e mulheres desta terra quando emi- nossa terra mas de todas as terras do mundo aonde graram levaram consigo esta paixão pela música, vive um português. e alegria de viver, muitos deles cantando e ale- Foi esta alegria de cantar que muitas vezes grando as festas das comunidades aonde residem. venceu a tristeza da saudade daqueles que par- Alguns até ultrapassaram as fronteiras do país tiram, com vontade de ficar. aonde residem.
2 O Açoriano GENTE DA TERRA Haja Saúde para não perder! Mario Carvalho Chove lá fora, as árvores estão despi- o que é certo é que Cristiano está lesionado, não se sabe se das, folhas pelo chão, o frio já chegou, e vai recuperar a tempo de jogar os dois jogos decisivos para em Montreal já se viu neve a cair e gelo o apuramento da selecção, iremos defrontar a selecção da no para brisas, já não há flores no jardim, Bósnia nos dias 14 e 18 de Novembro próximos, quem ga- nem crianças a brincarem na rua, deixa- nhar vai ao mundial, quem perder fica em casa. Por ironia ram de brincar ao ar livre, refugiaram- do destino, Cristiano após ter sido criticado injustamente, se no interior da casa, instalaram-se em de não jogar tão intensamente na selecção como faz nos clu- frente ao televisor e do computador. Os idosos abandonaram bes aonde tem jogado Manchester United e presentemente os bancos do jardim, instalaram-se por detrás da janela para Real Madrid, no último jogo que jogou fez o passo para o verem o Inverno chegar. primeiro golo de Portugal aos vinte e poucos minutos da pri- Queria partir, para não ver chegar o Inverno, amigos pedi- meira parte marcado por Simão contra a Hungria. Golo este ram-me para não abandonar ‘’O Açoriano’’ hoje faz parte que abria as portas para a tão desejada vitória para podermos das nossas vidas, muitos o adoptaram, e esperam todos os manter viva a esperança de conseguir-mos alcançar o segun- meses como antigamente, uma mãe do lugar. Passados alguns minutos, esperava a carta do filho que estava Cristiano Ronaldo foi substituído, emigrado, na expectativa de saber não consegue continuar em campo, a novidades, para muitos idosos é o lesão agravou-se, no banco cumpri- único companheiro que lhes resta menta todos os colegas, talvez tenha e que fala da sua terra, das festas e medo da critica maldosa e mal ho- procissões. nesta de alguns portugueses que não Será Outono ou Inverno? O Outono sabem apreciar quem tão longe e tão no Canada é mais frio que o Inverno alto tem levado o nome de Portugal. nos Açores! Nesta altura do ano pa- Um Ferrari em piso terreiro não recemos um exército que se prepara rende tanto como em piso de asfalte, para ir à guerra, com medo de não nem as estrelas no céu brilham todos ser apanhado desprevenido pelo ini- os dias. migo! A selecção portuguesa tem jogado Tudo tem que ser bem estruturado, um sistema defensivo, com três cen- de maneira a não nos faltar nada para trais em campo, este sistema não be- o Inverno, porque ele é rigoroso e neficia aos atacantes e tira brilho às não perdoa, preparamos o agasalho, estrelas. casaco, botas, chapéu, luvas. Em Qual o país do mundo que não gos- casa, pá para limpar a neve, lenha taria de ter um Ronaldo na sua equi- para a lareira, fechar e isolar as ja- pa? nelas, arrumar o grelhador, cadeiras Deveríamos ter mais respeito e ad- e mesa do pátio, vazar a água da pis- miração por aquilo que é nosso, por- cina etc. que o dia em que se for embora como O carro, pneus de Inverno, vassoura para limpar a neve, aconteceu com o Pauleta é que iremos reconhecer o seu real raspador para o gelo, água para o para brisa com capacidade valor e a falta que ele nos faz, e para parecerem bonzinhos de resistir ao frio até aos 40 graus negativos, instalação do faz-se homenagens e dá-se prémios. abrigo de Inverno para o carro. Vinho novo na adega! O Ronaldo não deve nada a Portugal, foi com muito esforço Mas não só o Inverno nos preocupa neste momento, até a e trabalho que ele chegou aonde chegou. Portugal e todos os selecção portuguesa de futebol também nos preocupa por- portugueses é que devem muito ao Ronaldo e deveriam lhe que continuamos sem saber se vamos ou não ao mundial que enviar a cada momento palavras de encorajamento para que se realiza em 2010 na Africa do Sul. ele seja cada vez mais a estrela portuguesa que mais brilha E nos preocupamos porquê? no mundo do futebol, dizendo Obrigado por tudo o que tens Porque todos nós adoramos a selecção de Portugal, é ela feito pela nossa nação ele é um ídolo para os jovens. que alimenta as nossas raízes, foi ela que nos últimos anos Vamos esperar para ver enquanto o Inverno não chega se ensinou aos nossos filhos as cores da nossa bandeira e fez vamos ou não ao Mundial, com ou sem Cristiano Ronaldo, o nascer neles o orgulho de ter sangue português. Inverno será muito mais frio se não nos qualificarmos, mor- E para nos chatear ainda mais, veio o Bruxo espanhol rendo o sonho de içar a nossa bandeira no coração de muitas ‘’PEPE’’, jurou fazer feitiço para que o melhor jogador do crianças. mundo, Cristiano Ronaldo, ficasse lesionado. Feitiço ou não, Haja Saúde para vencer. O Açoriano 3 AS NOSSAS RAÍZES Freguesia de Ribeira Quente RIBEIRA QUENTE é uma freguesia por- de Vila Franca e Povoação Velha, ou mesmo com os Resen- tuguesa do concelho da Povoação, com 9,88 des e Bentos do Faial da Terra. km² de área, 798 habitantes (2001) e densida- Mas os PEIXOTOS DA RIBEIRA QUENTE, aquele imen- de de 80,8 hab/km². Localiza-se a uma latitu- so clã que sempre se identificou com o mar e só com o mar?... de 37.7733 (37°44’) Norte e a uma longitude Da compleição física entre o mediano e o alto, de tempe- 25.3 (25°18’) Oeste, encontrando-se quase ao ramento arrebatado e de abarroada discussão que logo se nível do mar. Tem como fronteiras, a norte a tornava pacífica, era uma gente muito bonita, tanto homens herdade de José do Canto, as terras da misericórdia de Fur- como mulheres. Com uma pele sardento-rosa-avermelhada, nas e Pico dos Bodes. A sul o mar, a nascente a Ribeira do de olhos de um azul vivo e, muito demarcados de qualquer Agrião e a poente a Grota do Tufo. No seu outro tipo de gente – como aquela que se aspecto físico, dois grupos habitacionais fixou entre a Relva e a Bretanha, mas que são bem visíveis: o lugar da Ribeira e o do nenhum historiador mencionou ou iden- Fogo. Quanto ao primeiro, e como o pró- tificou para não ferir a susceptibilidade prio nome indica, situa-se na convergên- histórica – os Peixotos da Ribeira Quente cia da Ribeira dos Tambores com o mar. eram prolíferos e bravos no mar. Este local caracteriza-se pela existência As mulheres daquele clã eram uma es- do porto de pesca e seus complexos adja- pécie de mulheres guerreira, por vezes centes. Quanto ao local do Fogo, situa-se de altura desmarcada. Quer no trabalho nos arredores da actual igreja paroquial de doméstico, quer no do campo ou outros, São Paulo, edificada de 1911 a 1917. Exis- pelo seu poder físico chamavam-nas de te aí uma pequena baia na qual se situa um bestas de carga! pequeno areal: a Praia do Fogo. A existên- Fundamentalmente, os Peixotos da Ri- cia de nascentes hidrotermais submarinas beira Quente foram o protótipo perfeito torna a água do mar tépida. de gente nórdica. O enquadramento paisagístico da Fregue- 1965 – Neste ano atingiu-se o ponto cul- sia foi sendo alterado com o decorrer dos minante da história populacional da Ri- séculos. Em 1588 um grande desmorona- beira Quente, 2421 habitantes. mento de terras num monte circundante ao Vale das Furnas, Uma das grandes obras de engenharia terão sido os dois provocado por intensas chuvadas, veio acrescentar muita Túneis, sendo o primeiro inaugurado em 1936 e o segundo terra à Ribeira Quente. Outro acontecimento de grande rele- quatro anos depois. vância para a formação da Freguesia foi a erupção vulcânica Como grandes factores de desenvolvimento Económico/So- de 2 de Setembro de 1630, em Furnas, que trouxe consigo cial da Freguesia temos os melhoramentos da estrada entre enormes quantidades de terra e pedra que vieram ganhar ter- Ribeira Quente e Furnas e os sucessivos empreendimentos reno ao mar fazendo com que se pudesse passear a pé em de melhoramento no porto de pesca. No entanto, a elevação locais onde outrora passavam barcos e navios à vela. da Ribeira Quente a Freguesia, a 24 de Junho de 1943, com 1839 – A Ribeira Quente é tornada parte integrante do uma população na altura de 1800 habitantes, foi um passo Concelho da Povoação que faz um caminho rudimentar – O decisivo para este desenvolvimento. Caminho do Redondo, que foi o primeiro feito propositada- mente para servir o povo de Ribeira Quente. Mas, afinal, quem foram aqueles que formaram a comuni- dade sedentária deste lugar? Qualquer tentativa para encontrar esta enigmática origem não pode passar além do campo das suposições, a não ser que, por mero atrevimento ou veleidade, alguém possa tirar algumas ilações daquilo que neste trabalho já foi dito. O povo desta comunidade, posta de parte a faceta verane- ante, surgiu pobre e viveu pobre no percurso da sua história agora largamente contada. Se entrarmos no campo das suposições, baseando-nos em aparências físico-fisionómicas, podemos dizer que o segun- do maior grupo étnico da Ribeira Quente, (os Regos) quer pelo seu moreno escuro, quer pelo seu comportamento e compleição, podiam ter tido algo a ver com os Sousas, Arru- das e Monteiros de Santa Maria; com os Botelhos e Bentos 4 O Açoriano HOMEM DA TERRA
Gil Rita
O Açoriano 5 CRÓNICA Saiba mais sobre a linhaça A linhaça (ou sementes de linho) é Além do seu potencial uso na preven- um importante papel na prevenção das uma excepção do reino vegetal, por ção do cancro, pesquisas preliminares doenças cardiovasculares. conter uma apreciável quantidade de sugerem que os linhanos possam ter O elevado teor de fibras das sementes gorduras ómega-3. É a principal fonte um papel na diminuição do colesterol, de linho é bem conhecido. Os polissa- de linhanos da alimentação Só terá a na prevenção da aterosclerose e trata- cáridos – gomas e mucilagens- das se- ganhar se a incluir diariamente na sua mento dos sintomas da menopausa. mentes de linho, podem ter valor nutri- alimentação. Outra das componentes da semente do cional como fibra dietética, que parece A maioria das sementes é utilizada na linho é o seu óleo, que apresenta quan- desempenhar um papel importante na alimentação em quantidades tão peque- nas que, mesmo sendo um alimento de grande valor nutritivo, adicionam pouco valor à alimentação. No entan- to, existem outras sementes que podem ser usadas em maiores quantidades, contribuindo dessa forma com quanti- dades significativas de vitaminas, sais minerais, fibras, proteínas e gorduras insaturadas. As sementes de linho (ou linhaça) po- dem ser facilmente adicionadas à ali- mentação, com todos os benefícios que daí advêm. Adicione 1 a 2 colheres de sopa diariamente aos cereais de peque- no-almoço, nos iogurtes, saladas, bolos e em todos os alimentos que quiser. A linhaça existe sob 2 formas prin- cipais, a dourada e outra mais escura. Escolha linhaça biológica e conserve-a num recipiente fechado e afastado da luz directa do sol. As sementes de linho são a fonte mais rica de um tipo de fitoestrogénio conhecidos como linhanos. Tal como no caso das isoflavonas da soja, os li- nhanos possuem uma fraca actividade estrogénica e antiestrogénica, e são es- tidades muito elevadas de ácido gordo redução da diabetes e do risco de do- truturalmente semelhantes ao estradiol essencial ómega-3, e quantidade apre- ença cardiovascular, na prevenção dos (hormona) ciável de ómega–6. cancros do cólon e do recto e reduzindo Diversos estudos têm sugerido que os Centenas de estudos já provaram que a incidência de obesidade. As semen- linhanos podem interferir no desenvol- os ácidos gordos ómega-3 podem bai- tes de linho podem também ajudar no vimento de cancro da mama, da prósta- xar os níveis de triglicéridos e de coles- funcionamento regular dos intestinos, ta, do cólon, entre outros. terol no sangue, desempenhando assim evitando a prisão de ventre.
6 O Açoriano UM POUCO SOBRE NÓS Gripe A (H1N1): 10 perguntas sobre a vacina Nancy Martins 1. Devo receber a vacina ? ligeiros e limitam-se a dores benignas onde a agulha pene- No Quebeque, a vacina será dada a todos os trou na pele do braço, ligeira febre ou ligeiras dores durante que quiserem recebê-la, mas não será obri- os 2 dias que seguem a imunização. Para a vacina da gri- gatória. As autoridades públicas encorajem a pe A (H1N1) 2009, os ensaios clínicos em curso no Canadá população a receber a vacina, mas a decisão não estarão completados no momento em que irá começar é pessoal. a campanha de imunização maciça, mas as autoridades de 2. Quem a receberá primeiro ? saúde consideram que os riscos de efeitos secundários gra- Todos não receberão a vacina ao mesmo tempo. Tendes aqui ves são muito mínimos. Nas regiões do mundo em que as a ordem de prioridades que poderá ser modificada segundo a campanhas de vacinação já começaram, poucos efeitos se- evolução da pandemia : 1. As pessoas de menos de 65 anos que sofrem de doen- ças crónicas. 2. As mulheres grávidas. 3. As crianças de entre 6 meses e 5 anos. 4. Os residentes de localidades distantes e isoladas. 5. Os que trabalham no meio da saúde. 6. As pessoas que residem com pessoas a alto risco mas que não podem receber a vacina. 7. As crianças e adolescentes de 5 a 18 anos. 2. Os polícias e bombeiros. 3. Os trabalhadores das industrias avícolas e porcinas. 4. Os adultos de 19 a 64 anos. 5. Os adultos de 65 anos e mais. 3. Que contem a vacina? cundários foram notados. Para além dos antígenos da cepa 2009 da gripe A (H1N1), a vacina contem igualmente um aditivo e um agente de con- 6. Quando poderei receber a vacina ? servação. O aditivo escolhido para a vacina canadiana é o A campanha de vacinação contra a gripe A (H1N1) foi pla- AS03, uma substância essencialmente composta de vitamina neada para o início do mês de Novembro de 2009. No en- E permite realizar economias apreciáveis sobre a quantidade tanto, as autoridades poderiam começar a oferecer a vacina utilizada, o que facilita a imunização de um grande número mais cedo que previsto. A campanha de vacinação deveria de indivíduos o mais rapidamente possível. A utilização dum prosseguir-se até ao fim de Dezembro. aditivo pode também dar uma protecção cruzada contra a mutação do antígeno. Os aditivos não são novos, são utili- 7. Onde poderei receber a vacina ? zados desde várias décadas para estimular a reacção imune Várias clínicas de vacinação serão abertas em todas as re- às vacinas, mas o uso de aditivos com vacinas contra a gripe giões do Quebeque. Um grande número de pessoas poderá nunca tinha sido aprovado anteriormente no Canadá. A vaci- assim receber a vacina num curto lapso de tempo. na canadiana contem igualmente um agente de conservação à base de mercúrio chamado thimérosal (ou thiomersal) que 8. Tenho de pagar para receber a vacina ? serve para prevenir a contaminação da vacina por agentes Não, a vacina será grátis para todos os canadianos. infecciosos que provêm da proliferação bacteriana. A vacina comum contra a gripe sazonal e a maior parte das vacinas 9. Quando irei receber a vacina contra a gripe sazonal? contra a hepatite B contêm esta substância estabilizadora. Para dar prioridade à vacinação contra a gripe A, a campa- 4. A vacina com aditivo é segura para as mulheres grá- nha de vacinação contra a gripe sazonal será adiada ao mês vidas e as crianças? de Janeiro de 2010. Não existem dados fiáveis sobre a vacina com aditivo nas mulheres grávidas e nas crianças de 6 meses a 2 anos. As 10. Como posso obter mais informações ? autoridades do Quebeque escolheram então oferecer às mu- Para mais informações e para conhecer a evolução da pan- lheres grávidas e às jovens crianças uma vacina sem aditivo, demia, consulte os seguintes sites : por medida de segurança. www.pandemiequebec.gouv.qc.ca 5. Quais são os efeitos secundários da vacina ? www.phac-aspc.gc.ca Os efeitos secundários da vacina antigripal são geralmente www.passeportsante.net O Açoriano 7 fé de um povo A alegria do povo é que faz a Festa! Pelo 13º ano consecutivo, realizou-se em Montreal no dia ano após ano. Este convívio deixou de ser da Ribeira Quente 26 de Setembro passado o Convívio em honra de São Paulo mas sim de toda a comunidade de Montreal e para além dos da Ribeira Quente, sendo o 12º promovido e organizado pela portugueses, também de alguns francófonos. Associação Saudades Da Terra Quebequente. Quem assistiu pode testemunhar a grande alegria que se vi- O primeiro convívio ocorreu no dia 28 de Setembro de 1986 veu durante o serão, é uma festa alegre, com muita luz e som e foi organizado pelo empresário Luís Ar- e a presença de muitos jovens. ruda com a colaboração de um grupo de Com uma sala muito bem decorada, boa amigos oriundos da Ribeira Quente. comida servida com abundância, muita Depois de então e após a sua fundação, animação, a festa este ano contou com ac- a “Associação Quebequente” tem sido res- tuação dos artistas locais Fátima Miguel, ponsável todos os anos de organizar este Eddy Sousa, DJ Jef Gouveia e vindo direc- convívio. De ano para ano, este evento tem tamente de Toronto, o conjunto Starlight, o sido um grande sucesso, esgotando a venda mais consagrado grupo musical português dos bilhetes semanas antes, fazendo com da actualidade na América do Norte que
que muitas pessoas reservem o seu lugar de um ano para o comemora este ano o 25º aniversário da sua fundação. outro para terem a certeza de não falharem a sua já habitual 1765 - Foi erguida a primeira ermida de São Paulo por gen- presença. É sinal que têm confiança neste organismo e na ca- te de Vila Franca, Concelho ao qual pertencia o lugar de Ri- pacidade dos seus responsáveis em fazerem sempre melhor beira Quente na altura.
8 O Açoriano fé de um povo 1796/98 – É edificada a segunda ermida de São Paulo visto pedir-se do seu padroeiro São Paulo que escoltado por 27 que a primeira se tornara insuficiente e ia-se arruinando cada barcos faz a travessia num deles entre a Ribeira Quente e a vez mais devido à sua proximidade do mar. Vila da Povoação para participar nas comemorações do Cen- tenário da Igreja Matriz. Os tempos mudaram com o significativo abandono das terras devido ao forte surto migratório que se alongou até aos nossos dias; com o aparecimento das festas populares do “Chicharro”, implantadas no coração do mês de Julho, época mais propícia à presença dos emigrantes em férias e pela afluência dos veraneantes e frequentadores acérrimos da praia. Devido a tão consideráveis mudanças foi lançado inquérito à população, se perante vantagens de monta gostariam de mudar as festas de São Paulo para o mês de Julho. Foram peremptórios em concluir que “Não”! Por isso, embora de Verão a Ribeira No livro do Tombo da igreja paro- Quente seja muito visitada pelos seus quial da Ribeira Quente encontra-se emigrantes, devido ainda à tradicional registada a: “notícia circunstanciada índole acolhedora do seu povo, à con- da estadia do Senhor Bispo nesta fre- fortante e agradável orla marítima, guesia”, por ocasião de uma visita pas- ao conjunto paisagístico do azul do toral que integrou a Bênção da Nova mar, do verde da montanha e casario Igreja, Festa de São Paulo, ordenação branco, ao feiticeiro porto e relaxan- de Presbítero e Unção de Via-Sacra, te praia, às festas do Chicharro que nos dias 22, 23 e 24 de Setembro do concentram multidões, o certo é que ano 1917. o povo não quis abdicar da marcante A narrativa é bastante longa e porme- data tradicional das festas de São Pau- norizada, mas podemos sintetizá-la no lo, na última semana de Setembro. essencial. Na mesma data a Associação orga- Começa por descrever a maneira so- niza em Montreal o convívio em hon- lene como 12 embarcações bastante ra do padroeiro da sua freguesia, o engalanadas foram à Vila da Povoação Apostolo São Paulo. receber o Sr. Bispo D. Manuel Damas- ceno da Costa. É recebido triunfalmente na Ribeira Quente com todos os requintes solenes de uma Visita Pastoral, que iniciava no dia 22 com a Bênção da nova Igreja Paroquial do Apóstolo São Paulo “que levara seis anos a construir”. Não se sabe ao certo se outras festas em honra do padro- eiro já se tinham celebrado anteriormente, mas é de supor que sim pelo facto da Visita Pastoral ter sido programada para o “ último fim-de-semana” de Setembro. As outras pa- róquias da Ouvidoria da Povoação, por serem mais antigas, já tinham preenchido os Domingos privilegiados de Verão. Escolheram esta data pela vantagem que trazia em coincidir com o tempo das colheitas e também com o quase terminus da safra das pescas do atum e bonito. 1956 – O povo inteiro da Ribeira Quente vem à praia des-
O Açoriano 9 CRÓNICA literária V Semana cultural Açoriana A casa dos Açores do Quebeque organizou a quinta Sema- com o tema ‘’Alimentar as Raízes’’, reverendo padre Jason na cultural Açoriana, com o tema ‘’Herança para os jovens’’ Reis Oliveira, nascido em Montreal, pároco da igreja de Pon- entre os dias 19 e 24 de Outubro. ta Garça São Miguel, Dr. José Morais, Dra. Lucília Santos, Com um programa muito bem recheado aonde ao longo de Sr. Duarte Miranda, e o convidado de honra o conferencista toda a semana vários convidados vindos dos Açores e tam- Eng. Bruno Pacheco, Director Regional da Juventude da Re- bém locais participaram nas conferencias, debatendo muitos gião Autónoma dos Açores. temas da actualidade.
Na sexta-feira, como é tradição, o serão foi animado pela prata da casa, com a actuação do Grupo de ‘’Cantares Recor- A abertura da semana cultural teve inicio na segunda-feira, dações’’ da Cacorbec. dia 19, com a execução do Hino dos Açores, de seguida o A numerosa assistência presente também teve a ocasião presidente da Casa dos Açores do Quebeque, Sr. Damião de assistir a algumas danças de ballet com Tania Michelle Sousa, usufruiu da palavra, dando as boas vindas a todos, Contente, neta de um dos fundadores desta Casa Sr. Manuel na expectativa que ao longo de toda a semana as pessoas Contente, que estava presente na sala, nos seus olhos dava venham participar na semana cultural açoriana. De seguida para ver um brilho de alegria e orgulho ao ver pisar o chão foi inaugurada a exposição de pintura e artes plásticas, com daquele salão com passos de dança a sua neta, talvez na sua o tema ‘‘Alegria’’ da autoria de Silva Ferreira, Cândida Cor- mente pairava a seguinte frase ‘’valeu a pena tanto trabalho e deiro, Laura Ferreira, Maria Arruda e Viò. esforço para fundar a Casa dos Açores do Quebeque’’. No decorrer da semana, foram convidados a participar, a De seguida foi a encenação ao vivo do famoso quadro ‘’O fazer uso da palavra e a dar conferencias, Álamo Oliveira, Emigrante’’ que foi de uma grande mestria os participante representante da Direcção Regional das Comunidades do Governo Regional dos Açores, o deputado da assembleia le- gislativa do parlamento Açoriano Dr. António Pedro Costa,
vestidos ao rigor da época, desfilaram um a um pelo centro da sala, expressando no rosto a dor e o sofrimento que ia na alma do Açoriano na hora da despedida, e dos familia- res que lá ficavam sem saberem qual o dia que voltariam a encontrar-se, quando se juntaram no palco era realmente o retrato ‘’O Emigrante’’. 10 O Açoriano CRÓNICA literária “Herança para os jovens’’ A alocução e descrição das personagens estiveram a cargo sados para um mundo novo, Canada, América e Brasil.” de Mercês Resendes dos Reis, que proferiu entre outras as O serão terminou com as já tradicionais cantigas ao impro- seguintes palavras: viso entre os cantadores Manuel de Fátima e João Vital. Dá O quadro do emigrante foi pintado em 1926 pelo grande para ver que o povo gosta de apreciar cantigas ao desafio, pintor Açoriano Domingos Rebelo, natural de Ponta Delga- marca presença, faz silencio e bate palmas mesmo se os pro- tagonistas são amadores, valia a pena que se repetisse mais vezes sem ter de pagar caro para vir cantadores de fora. A semana cultural culminou no sábado com o jantar de gala
em comemoração do 31º Aniversario da Cacorbec, depois do jantar houve tempo e gosto para dançar ao som da animação musical do DJ Jeff Gouveia. Parabéns casa dos Açores por mais um ano de vida e que se repitam por muitos mais anos, os jovens açorianos não se da. esqueçam que são os herdeiros desta Casa, e para garantirem “Esta obra é um documento importantíssimo para todos um futuro nada melhor que começarem desde já a conhecer nos, mas, principalmente para que os jovens de hoje possam os cantos da casa, e a sua razão de existir, o futuro começa compreender o que se passou com a saída dos seus antepas- agora e ele está nas vossas mãos.
O Açoriano 11 COMUNIDADES Novo ano lectivo arranca na Lomba do Loução com escola renovada A Câmara Municipal da Povoação inaugurou no dia 14 de igualmente oferecido à escola obras didácticas para a bibliote- Setembro, a coincidir com o primeiro dia do novo ano lectivo, ca, ferramenta de trabalho indispensável aos professores. as obras de remodelação e ampliação da Escola do 1º Ciclo da Relativamente à outra escola que fechou na Lomba do Alcai- Lomba do Loução, cujo investimento rondou 600 mil euros; de, por imposições governamentais, Francisco Álvares disse uma das maiores obras feitas nesta freguesia pela Câmara Municipal. Na altura, o Presidente da Câmara afirmou que era uma preocupação de toda a comuni- dade educativa transformar “este espaço que já ameaçava ruir num de excelência como o que hoje aqui vemos” e acrescentou que pro- vavelmente não há nos Açores nenhum con- celho que tenha um parque escolar reabilitado com excelentes condições como o do Conce- lho da Povoação. Segundo o mesmo, foi uma obra realizada de plena justiça, pelas crianças e pelos professores “porque entendemos o va- lor que a Educação tem no papel dos homens de amanhã”. que será transformada num centro social onde haverá espaço Por sua vez, o Presidente da Junta disse que aquela era uma para os mais novos e para os mais idosos. A nova escola, que obra carismática há muito reclamada pela Junta a quem a tem 68 alunos, é composta por sete salas de aulas, uma sala Câmara soube ouvir para levar por diante o projecto agora para os professores, uma sala de atendimento, uma cozinha e concluído. Foi também nesta cerimónia de inauguração que refeitório, zona de recreio, sala de ginástica, arrumos, dispen- o Presidente da Junta disse ter adquirido uma carrinha para o sa e outras áreas técnicas e sociais, instalações sanitárias para transporte dos alunos que vêem da Lomba do Alcaide, tendo professores, auxiliares, deficientes, rapazes e raparigas. Testemunho da Consul de Portugal em New Bedford Roberto Medeiros as Mansões de Newport, constituíram contributos relevantes Vice-Presidente da Câmara da Lagoa para a promoção da imagem de Portugal, das suas comunida- Ao longo dos últimos quatro anos à frente des e da cultura portuguesa nos Estados Unidos. do Consulado de Portugal em New Bedford, Não será pois de admirar que, fruto de uma política agressiva tive ocasião de testemunhar de perto a forte de apoio e proximidade às suas comunidades desenvolvida ao aposta da Câmara Municipal da Lagoa em longo dos últimos dez anos, seja hoje possível admirar a força acções de divulgação e intercâmbio cultural do vínculo das comunidades lagoenses ao seu município de na Nova Inglaterra. origem, que se traduz, nomeadamente, numa atenção muito Estas acções tiveram o mérito de não apenas cultivar e dina- próxima e solidária às necessidades de várias instituições de mizar a relação do município com os seus naturais que fixaram relevo na Lagoa, e na congregação de esforços e angariação residência nesta região Estados Unidos da América, mas tam- de meios para ajudá-las a ultrapassar as suas dificuldades. bém de promover a cultura e tradições portugue- Será justo sublinhar de forma particular a capaci- sas, mormente os traços específicos da identidade dade de iniciativa e o empenho pessoal do Senhor cultural açoriana, junto das comunidades america- Roberto Medeiros, Vice-Presidente da Câmara Mu- nas que foram acolhendo as iniciativas em que o nicipal da Lagoa, que tem sido o rosto desta estraté- município lagoense se empenhou em participar. gia de ligação e divulgação da Lagoa junto das suas As mostras de artesanato por ocasião das maio- comunidades. res festas portuguesas destas comunidades, assim A resenha ora publicada é, assim, o mais eloquen- como as exposições de presépios tradicionais, e te testemunho do sucesso e eficácia da política para ainda as parcerias estabelecidas com o Museu da as comunidades e de divulgação cultural do muni- Caça à Baleia de New Bedford, o Bristol Commu- cípio da Lagoa. nity College, as escolas secundárias da região, e 12 O Açoriano UM OLHAR Ano de 1946 – pesca do alto mar e tragédias dos pescadores da Ribeira perto do “Calhau da Roupa”, avante. Quente, porque lhes abria a situado entre a Ponta do Mar- A zona entre a Ribeira e o porta para a pesca em mar vão e o porto daquela ilha. Fogo (baia) ficou profunda- largo. Por volta das dez horas da mente cavada e a praia desa- No ano de 1946, depois de manhã do dia 5, a outra em- pareceu porque o mar conti- já há muito exercerem este barcação, depois de uma nuou a buscar o espaço que tipo de pesca industrial, mais noite de odisseia, entrou es- era seu. chamada de pesca de alto pectacularmente na doca de 1630 – Erupção Vulcâni- Incentivados pelas boas mar, estando estas duas em- Ponta Delgada. ca no lugar hoje conheci- perspectivas lançadas ao barcações nas imediações da Morreram dezassete pes- do como o Vale das Furnas. tempo pelo industrial Lori, e Ilha de Santa Maria, foram as cadores no porto de Vila do Após este cataclismo veio a aproveitando não só a expe- riência alcançada por alguns velhos sábios pescadores do porto da Ribeira Quente, que estiveram ou estavam ao ser- viço de algumas embarcações de pesca do bonito e atum, do referido industrial dos lados de Santa Clara ou Nordela, mas também a certeza de que arranjariam facilmente tri- pulações na Ribeira Quente, dois comerciantes desta loca- lidade investiram nesse tipo de embarcações motorizadas, porque o futuro parecia ser promissor. António Inácio Flor de Lima, homem empreende- dor, juntando-se a Manuel Pacheco de Medeiros Júnior, da Vila da Povoação, mandou fazer uma embarcação idên- mesmas apanhadas por uma Porto, entre os quais Júlio formar-se no local da Ribeira tica às do Lori, mesmo na tremenda tempestade – não Bento do Couto, de 44 anos Quente uma comunidade se- Ribeira Quente, visto que já existiam meios de comuni- de idade, casado na Ribeira dentária. ali existiam dois valiosos car- cação a bordo porque a na- Quente. 1952 – A 26 de Junho esta pinteiros-calafates, o Sousa e vegação ainda dependia mais No porto de Ponta Delga- Freguesia é de novo atingi- o Horácio, ambos com vastos do conhecimento dos mestres da, devido a esta tempesta- da por uma forte catástrofe conhecimentos de construção das embarcações do que da de, morreu esmagado entre a sísmica que destruiu parcial- de barcos de pesca artesanal. informação – que começou muralha e o barco do Anha- mente a quase totalidade das O outro comerciante foi na noite de 4 para 5 de Outu- nha, outro filho da Ribeira habitações existentes. Luiz Linhares de Deus. Es- bro deste acima referido ano. Quente, João Rita. 1997 – Na madrugada de 31 tes, de parceria com o mui- A “Lancha do Narciso” Também nessa noite de de Outubro deu-se o acon- to experiente lobo-do-mar (sempre assim denominada), tempestade a escola mista tecimento mais trágico da da localidade, José Narciso, com este velho timoneiro ao conhecida como “Escola do história desta Freguesia. Um também se lançaram na mes- leme, tentou fazer-se ao lar- Saraiva” foi levada pelo mar, volumoso desabamento de ma senda. go, mas foi impedida pela assim como quase toda a mu- terra, na sequência de fortes Este tipo de embarcações força do vento e vagas. Tendo ralha de protecção à mesma, chuvadas, no local da Canada veio, de certo modo, revo- sido arrastada na direcção do que também protegia o aces- da Igreja, (Baia) vitimou 29 lucionar os velhos costumes litoral, veio a despedaçar-se so à Ponta do Garajau e dali pessoas.
O Açoriano 13 GASTRONOMIA Salame de Chocolate com Cereais Ingredientes para 15 a 20 unidades 125 g de cereais de pequeno almoço; 125 g de açúcar; 100 g de margarina; 50 g de cacau em pó; 1 ovo
Preparação: Esmague grosseiramente os cereais de pequeno almoço com as mãos para dentro de uma tigela. Junte o açúcar, a marga- rina cortada em bocadinhos, o cacau em pó e o ovo. Amasse tudo com a mão até ligar os ingredientes. Com a ajuda de papel vegetal, molde a massa obtida num rolo. Leve ao fri- gorífico enrolado no papel vegetal e deixe refrescar durante algumas horas. Baba de Camelo com Pepitas Coloridas Ingredientes para 4 pessoas 1 lata de leite condensado; 4 ovos; 150 g de drageias de cho- colate coloridas
Preparação: Tire o rótulo à lata de leite condensado e coza-a, coberta com água, durante 1 hora num tacho ou durante 40 minu- tos na panela de pressão. Parta os ovos e separe as gemas das claras. Bata as gemas até fazerem espuma e adicione- lhes o leite condensado, batendo sempre. À parte bata as claras em castelo bem firme e junte-as delicadamente no preparado anterior, envolvendo-as a pouco e pouco. Dis- tribua por tacinhas e leve ao frigorífico para refrescar bem. Na altura de servir, enfeite com drageias de chocolate colo- ridas. 14 O Açoriano CRÓNICA Os Emigrantes Merces Resendes dos Reis O quadro do Emigrante foi pintado em Seguiu-se a América, “fins de 1800”, parecida, cabeça bem levantada, nada 1926 pelo grande pintor açoriano Do- outro sonho, mas este mais positivo, ao tem a ver com os pobres emigrantes, mingos Rebelo, natural de Ponta Del- fim de uns meses enviavam para as fa- talvez viesse trazer a criada que vem gada, Açores. mílias sacos com roupas com um chei- despedir-se do noivo. Esta obra é um documento importan- ro característico, e assim as famílias Uma criança, com o cesto dos peros, tíssimo para todos nós, mas principal- esperavam o dia da chegada da carta de talvez para o pai comer na viagem, são mente para que os jovens de hoje pos- chamada para realizarem aquele sonho os filhos que deixam atraz. sam compreender o que se passou com em que todos tinham carro e os frigori- Os homens têm a esperança no olhar, a saída dos seus antepassados para um fico estavam cheios de tudo o que era para eles é uma grande aventura, é a li- novo mundo, “Canadá, América e Bra- bom. berdade, é a fuga da pobreza. sil”. No início de 1953, chegou a febre da Era um mundo de sonho, de ilusões, emigração para o Canadá. de esperança, era a procura de um mun- As mesmas angustias, o mesmo sofri- do melhor, aonde poderiam encontrar mento da separação, a mesma incerteza, melhores condições de vida e sair de mas acima de tudo, a grande aventura. pobreza a que estavam votados. Eles saíam radiantes, cheios de espe- Este drama abrangia uma grande rança, as esposas, noivas, mães, estas, maioria dos Açorianos. Era gente po- entrava-lhes o luto na alma. Voltariam bre, gente que trabalhava no campo ou a ver o marido? O noivo manter-se-ia na pesca, gente cujo sonho era a emi- fiel? A mãe voltaria a ver o filho? Tan- gração. tas lágrimas, tantas saudades. Ganhar dinheiro, ter uma vida melhor Nesta pintura, há um casal idoso, quem para assim poderem fazer a carta de sabe, algum pai que vem dizer adeus ao As mulheres de lenços na cabeça e o chamada a mulheres e filhos, às noivas, filho que vai partir, a tristeza que se re- luto no coração. aos pais que tinham deixado. flecte, poderíamos traduzi-la, ele vai-se Estas lágrimas, estas saudades, as des- As primeiras emigrações dos Açores, embora, talvez nunca mais o veremos, pedidas na Doca de Ponta Delgada, o foram para o Brasil com grandes pro- mas a imagem que tem ao lado é para quadro de Senhor Santo Cristo dos Mi- messas de terrenos e material para as entregar ao filho. É a imagem do Se- lagres, a viola da terra, as malas de car- cultivarem. Foi um sonho no qual mui- nhor Santo Cristo dos Milagres e isto tão, o vestuário das mulheres, da crian- tos Açorianos tiveram de despertar para dá-lhe aos olhos aquele brilho de espe- ça, e dos homens, o chapéu de chuva, uma dura realidade. Os terrenos eram rança na grande fé do Esso Home, sim foram com grande sucesso reproduzi- a muitas milhas das povoações e mate- o filho há-de voltar. das pelo Pintor Domingos Rebelo na rial, não havia. Há uma senhora que bem vestida, bem celebre pintura O Emigrante.
O Açoriano 15 RECORDANDO
Quem são eles?
16 O Açoriano