FACULDADES INTEGRADAS HÉLIO ALONSO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

A INVASÃO DAS MULHERES NO ESPORTE: NA PRÁTICA E NA MÍDIA VIDEODOCUMENTÁRIO

Bethânea Amaro Matos Quiareli

Rio de Janeiro 2019.1

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FACULDADES INTEGRADAS HÉLIO ALONSO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

A INVASÃO DAS MULHERES NO ESPORTE: NA PRÁTICA E NA MÍDIA VIDEODOCUMENTÁRIO

Projeto Experimental apresentado ao Curso de Graduação em Comunicação Social das Faculdades Integradas Hélio Alonso, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Jornalismo, sob a orientação da Prof. Denise Lilenbaum.

Rio de Janeiro 2019.1

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Quiareli, Bethânea Amaro Matos. A invasão das mulheres no esporte: na pratica e na mídia / Bethânea Amaro Matos Quiareli. - Rio de Janeiro: FACHA, 2019. 17 f.

Orientador: Denise Lilenbaum.

Projeto Experimental (Graduação em Jornalismo) FACHA, 2019.

1. Mulheres. 2. Atletas. 3. Mídia esportiva. I. Lilenbaum, Denise. II. FACHA. III.Título.

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Bethânea Amaro Matos Quiareli

Projeto Experimental apresentado ao Curso de Graduação em Comunicação Social das Faculdades Integradas Hélio Alonso, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Jornalismo, submetido à aprovação da seguinte Banca Examinadora.

______Prof. Orientadora Denise Lilenbaum

______Membro da Banca

______Membro da Banca

______

Data da Defesa

Rio de Janeiro 2019.1

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Dedico este trabalho de conclusão de curso aos meus pais, por se fazerem presentes em todos os momentos da minha vida, por acreditar nos meus sonhos e sempre colocar os meus estudos em primeiro lugar, aos meus amigos que sempre estiveram ao meu lado. Essa graduação é nossa!

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, foi ele que me guiou até esta conquista. Foram momentos de superações, batalhas e choros. Além das lutas pessoais, dificuldades com estágio, exaustão, crises de ansiedade e pânico, com a distância da família. Agradeço aos meus pais, Simone e Cláudio, principalmente a minha mãe, por colocarem meus estudos em primeiro plano, mesmo que para isso fosse preciso abdicar de outros desejos. Obrigada por todo esforço para que nunca me faltasse nada, por trilharem todos os momentos importantes da minha vida, por acreditar nos meus sonhos e por sempre estarem dispostos a me ajudar. Gostaria de agradecer também ao meu namorado, Gabriel Gonçalves. Nesses quatro anos e meio, ele foi uma pessoa muito importante para esse caminho. Sempre ao meu lado nos momentos bons, mas principalmente nas dificuldades, me ajudando nos trabalhos e me acalmando nas minhas crises. Esteve comigo desde o primeiro dia, quando cheguei à faculdade, ainda menor de idade e vindo do interior, me mostrou como as coisas podem ser leves e tranquilas quando estamos com a cabeça no lugar, principalmente para me manter calma. Agradeço as minhas amigas Alice Cascardo, Carolina Queiroz, Consuelo Gouvêa, Helena Gouvêa, Júlia Paes, Luiza Costa, Victória Cardoso, Gabrilla Crizzio, Romulo Morse e Kelvin Queiroz por acreditarem na minha capacidade, por entenderem as minhas ausências, por me ajudarem em todos os momentos que eu precisei. Amigos, gratidão! Agradeço a minha orientadora Denise Lilenbaum, a maior incentivadora que eu tive nesse período acadêmico, com toda a sua inteligência, capacidade de ensinar e todo seu carinho em querer ajudar nos momentos mais difíceis. Denise Lilenbaum é uma grande motivadora dos jovens que chegam na sua sala de aula. Muito além dessa orientação, Denise me engrandeceu, me motivou quando eu mais precisava, abriu as portas do seu projeto, o extinto Play Facha, pelo qual pude aprender mais ainda sobre jornalismo e me deu a certeza no que eu quero atuar, no momento que eu mais me encontrava desmotivada na faculdade. Ela tem o dom de enxergar o potencial, quando eu mesmo não conseguia ver futuro nenhum. Minha gratidão é muito além deste TCC. Obrigada por cada conselho, por cada esporro e principalmente, por acreditar em mim.

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RESUMO

A proposta deste documentário é apresentar a participação da mulher desde o início em competições esportivas, ressaltando as dificuldades encontradas pelas pioneiras, tanto na prática do esporte quanto nas redações dos meios de comunicação nas editorias de esportes. O objetivo é enfatizar as conquistas ao longo de quase um século e o aumento da participação feminina em ambos os meios acima citados.

Palavras-chaves: mulheres, atletas, mídia esportiva.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...... 8 2. A EVOLUÇÃO DAS MULHERES NA PRÁTICA DO ESPORTE ...... 9 3. MULHERES NAS EDITORIAS DE ESPORTE ...... 13 4. RELATÓRIO AUDIOVISUAL ...... 15 5. CONCLUSÃO ...... 16 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...... 17

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1. INTRODUÇÃO

A participação feminina tanto em eventos esportivos quanto nas redações da imprensa nunca foi muito significativa, pelo menos até o início da década de 80. Para que a mulher conquistasse mais espaços nesses ambientes foi preciso vencer muitos desafios. Quais as dificuldades encontradas pelas pioneiras, na prática e na mídia esportiva, são as propostas que este trabalho de conclusão de curso pretende mostrar através de uma videoreportagem. Hoje algumas mulheres nos esportes viraram referências e inspiração para diversas outras. No esporte pode-se notar uma grande participação do sexo feminino, seja em lutas, futebol, natação, entre outros. No jornalismo demorou, mas finalmente no século XXI, uma mulher narrou, pela primeira vez, um jogo da Copa do Mundo, sem contar com a invasão da presença feminina como apresentadoras, repórteres e comentaristas nos principais veículos de comunicação. Para a produção desde vídeo foram realizadas entrevistas com atletas de diferentes modalidades, além de jornalistas: uma pioneira na cobertura do jornalismo esportivo na década de 80 e a primeira narradora de um jogo de futebol de Copa do Mundo de 2018. A história das mulheres brasileiras e suas conquistas nos jogos Olímpicos é o tema do primeiro capítulo deste relatório. A nadadora , a primeira mulher brasileira a participar da competição em 1932, nos jogos de . Maria Esther Bueno e sua trajetória no tênis e Ainda dos Santos no atletismo, juntamente com . O capítulo mostra também a carreira da Hortência, rainha do basquete, e Marta, a maior jogadora de futebol do mundo. As conquistas das ginastas e Daniele Hypólito na ginástica artística e a medalha de no judô brasileiro. No segundo capítulo destaca-se o surgimento do jornalismo esportivo no Brasil e a histórias das primeiras mulheres a integrar nessa editoria, mostrando um pouco sobre as pioneiras como Maria Helena Rangel, Regiani Ritter, Mary Zilda, Monika Leitão entre outras. Conta sobre a primeira mulher a narrar um jogo de Copa do Mundo, Isabelly Morais em 2018. E se o tema sobre mulheres no esporte é importante destacar, também, a campanha #deixaelatrabalhar contra o preconceito das mulheres na cobertura esportiva, presença nos estádios. Uma luta pela igualdade de gênero e a denúncia de assédios que têm ganhado força no cenário nacional e internacional.

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2. A EVOLUÇÃO DAS MULHERES NA PRÁTICA DO ESPORTE

A primeira participação feminina em uma Olimpíada foi em 1900, nos Jogos de Paris. Eram apenas 11 mulheres na competição. Barão de Coubertin, responsável pelo renascimento dos Jogos Olímpicos, e o primeiro presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional), era fiel às tradições dos jogos da Grécia Antiga, onde mulheres nem poderiam acompanhar as disputas da arquibancada. Mas de lá pra cá muita coisa mudou e hoje o número de mulheres no meio esportivo é bem significativo, tanto na prática quanto nas redações das editorias de esporte. A primeira vez que uma mulher brasileira participou de uma olímpiada foi em 1932, quando Maria Lenk, uma jovem nadadora de apenas 17 anos, desembarcou em Los Angeles, sede da competição daquele ano. A delegação brasileira era formada por 67 atletas. Ela era a única mulher da equipe. O resultado não foi dos melhores, Maria Lenk foi desclassificada nos 100 metros costas, após fazer uma virada ilegal, já nos 100 metros livres. Na outra prova, 200 metros peito, a atleta não conseguiu passar sequer das eliminatórias. Lenk voltou a competir nos Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936, dessa vez ela não foi sozinha, estava acompanhada de mais quatro mulheres, as nadadoras Helena Salles, Scylla Venâncio e Sieglinde, além da esgrimista Hilda Kramer. As mulheres do Brasil não conquistaram medalhas, mas Maria Lenk deixou sua marca registrada como a primeira atleta a introduzir um estilo em Jogos Olímpicos, o nado borboleta. Ao longo da sua trajetória Maria Lenk bateu dois recordes mundiais nos 400 metros e fez história, ao se tornar a primeira atleta brasileira a conquistar os 200 metros peito. Lenk abandonou as competições aos 33 anos, porém, mesmo fora das provas ela não abandonou o esporte, muito menos as piscinas, aos 40 anos começou a dar aulas de natação na Escola de Educação Física e Desportos da UFRJ e na década de 60, se tornou a primeira mulher a ser diretora do departamento. Lenk interrompeu sua carreira na Segunda Guerra Mundial e depois da retomada dos Jogos Olímpicos, ela já estava aposentada.

Em alta forma para competir, teve que interromper sua carreira Olímpica. Devido a Segunda Guerra Mundial não houve a competição em 1940, nem em 1944, sendo retomada apenas em 1948, nos Jogos Olímpicos de Londres. Entretanto, Maria Lenk já estaria aposentada das competições oficiais, abandonou o esporte de alto rendimento em 1942. (Estadão, 2014)

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Maria Esther Bueno também foi outra atleta brasileira que conquistou o mundo. A bailarina do Tênis, como era conhecida, foi a número um do ranking mundial por quatro temporadas (1959, 1960, 1964 e 1966), conquistou o Grand Slam por dezenove vezes, sendo sete na categoria individual, onze em duplas e um em duplas mistas. Em Wimbledon, o torneio mais antigo e de maior prestígio no mundo do Tênis, Maria Esther conquistou três taças com estilo simples e cinco em dupla. Bueno também garantiu taça em Us Open, quatro no simples e mais quatro em dupla. O torneio de Roland Garros não poderia faltar nessa extensa lista de títulos ela conquistou apenas um. No ano de 1978, Maria Esther Bueno teve seu nome inscrito no Hall da Fama do Tênis e ganhou uma estátua de cera no museu de Madame Tussaud em Londres. Ao longo da carreira a tenista conquistou ao todo 589 títulos internacionais e foi eleita a melhor tenista do século 20 da América Latina. A revista Veja1 destaca o fato de Maria Esther treinar com homens por terem poucas mulheres praticando o tênis na época.

Os dez anos de total sucesso na carreira de Maria Esther são pouco registrados pela mídia da época. Raros vídeos e fotos ajudam a relembrar a brilhante carreira da tenista brasileira. Como era obrigada a treinar com homens – poucas eram as mulheres que praticavam o tênis na época -, Estherzinha tinha golpes rápidos e fortes. Poucos privilegiados podiam acompanhar sua classe até os últimos dias de sua vida no Clube Harmonia, onde se mantinha em atividade. (Veja, 2018)

A primeira representante do atletismo brasileiro foi Aida dos Santos. A atleta não tinha nenhum apoio e nem mesmo treinador, mesmo assim entrou para a história do atletismo brasileiro ao conquistar o quarto lugar no salto em altura na Olimpíada de Tóquio em 1964. Ela foi a única mulher brasileira da delegação.

Todo mundo falava que eu não ia conseguir. O que eles não sabiam é que esse tipo de comentário me engrandece. Tive esta conquista sem técnico e, na volta ao Brasil, tinha até Corpo de Bombeiros me esperando. Mas o apoio de que eu precisei, muito antes disto, não me deram. Por isso dispensei a festança. (SANTOS, 2016)

Após uma declaração sobre as condições oferecidas pela delegação brasileira Aida foi desligada do grupo olímpico. Mesmo sem nenhum recurso, ela foi a mulher que obteve o melhor desempenho da história brasileira nos Jogos Olímpicos ao longo de 32 anos, quando Jacqueline e Sandra conquistaram a medalha de ouro no vôlei de praia nas Olímpiadas de Atlanta em 1996.

1 Disponível em: https://veja.abril.com.br/esporte/aos-78-anos-morre-maria-esther-bueno-a-tenista- mais-vitoriosa-do-brasil/. Visualizado no dia 08/05/2019 10

Maurrem Maggi colocou seu nome na história do atletismo feminino ao ganhar a medalha de ouro no salto à distância, com a marca de 7,04 metros nos Jogos Olímpicos de Pequim em 2008. Foi por duas vezes a número um do ranking mundial do salto em distância feminino (1999 e 2003) e a nona melhor atleta da história na modalidade, em 1999. A carreira de Maurrem Maggi foi manchada em 2003, quando pouco antes dos Jogos Pan-americanos de Santo Domingo, ela foi acusada de doping, e suspensa por dois anos, depois de ser identificada em seu organismo a presença de clostebol (uma substancia de esteroide anabolizante fraco raramente usado por atletas pra aumentar seu rendimento, normalmente usado na cicatrização de cortes e ferimentos) no exame de urina após ter conquistado o ouro no Troféu Brasil de Atletismo. A atleta negou o uso da substância e comprovou sua inocência, sendo absolvida por unanimidade nos tribunais esportivos brasileiros. Em 2018 Hortência foi eleita a melhor jogadora de basquete da história dos Mundiais em eleição organizada pela FIBA (Federação Internacional de Basquetebol). A Rainha Hortência, como é carinhosamente chamada, é a maior pontuadora da história da seleção brasileira, com 3.160 pontos, em 127 partidas oficiais. Hortência fez parte da equipe que ganhou o Mundial de 1994, na vitória histórica sobre os Estados Unidos, com o placar de 110 a 107, a Rainha marcou 32 pontos na partida. Além do Mundial, a jogadora conquistou a prata nos Jogos Olímpicos de Atlanta. O futebol, a maior paixão dos brasileiros, não poderia ficar sem uma representante feminina. A alagoana Marta ficou com esse posto. A atleta foi eleita seis vezes melhor do mundo. E ainda tem na bagagem o título de maior artilheira da história das Copas do Mundo de Futebol Feminino, com 15 gols marcados. Em 2009 foi eleita pela Revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes do ano. A ginástica artística também revelou muitas mulheres como Daniele Hypólito e Daiane dos Santos. Daiane foi a primeira ginasta brasileira a conquistar uma medalha de ouro em uma edição do Campeonato Mundial, incluindo homens e mulheres. Foi ela a primeira ginasta no mundo a realizar dois movimentos que depois foram batizados com seu nome, o duplo twist carpado, ou Dos Santos I (uma pirueta de giro em torno de si, seguido de um mortal duplo), e a evolução, o duplo twist esticado, ou Dos Santos II (duplo mortal e meia pirueta com o corpo esticado). Daniele Hypólito estava na equipe dos Jogos Olímpicos de Pequim em 2008, quando conquistou a inédita oitava colocação de equipe brasileira. Hypólito tem no seu currículo

11 como a primeira brasileira a conquistar uma medalha em mundial, ficando com a prata, em Gante 2001. Foi por duas vezes eleita a melhor atleta brasileira, em 2001 e 2002. No universo das lutas, uma das últimas modalidades a permitir a participação de mulheres, Rafaela Silva se tornou a primeira brasileira a conquistar o Mundial de Judô em 2013 no Rio de Janeiro. Três anos depois conquistou o ouro nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, após derrotar a judoca Dorjsürengiin Sumiyaa da Mongólia, até então líder do ranking mundial. Rafaela cresceu na favela Cidade de Deus fez parte do Instituto Reação, recém-criado pelo ex-atleta Flávio Canto. Ela se tornou a primeira atleta da história do judô brasileiro, entre homens e mulheres, a ser campeã olímpica e mundial. A Olimpíada de 2016, no Rio, foi marcada pelo maior número de mulheres no comitê olímpico brasileiro, com 45% da delegação, no total de 209 mulheres, Marcelo Laguna2, jornalista do Lance! fez uma reportagem para o site onde descreveu este crescimento feminino do esporte.

Mesmo que tenha sido por pressão do crescimento do esporte feminino, o COI acertou ao exigir de diversas modalidades um ajuste no programa esportivo. Vários esportes incluíram disputas mistas ou então abriram mais espaço para categorias femininas, tirando algumas vagas excedentes masculinas. (LAGUNA, 2019).

Fotografia 1: Gráfico sobre a evolução feminina em Olimpíadas

Fonte: https://www.cob.org.br

2 Disponível em: http://blogs.lance.com.br/laguna-olimpico/dia-da-mulher-esporte-olimpico/. Acessado no dia 26 de abril de 2019. 12

3. MULHERES NAS EDITORIAS DE ESPORTE

O jornalismo esportivo começou no Brasil no início do século XX, mas nessa época foi uma especialidade pouco expressiva dentro do jornalismo comparado a política, por exemplo, em atrair profissionais com menos habilidades e ambições que outros redatores. A profissão na área esportiva era bastante precária, muitos contavam com a ajuda dos clubes que ofereciam comidas durante os treinos.

As funções não eram fixas nem, muito menos, compensadoramente remuneradas. A maioria dos “cronistas” trabalhava de graça, só para ter o ensejo de escrever em jornal, já que essa era a sua inclinação, e para poder, principalmente, defender o seu clube, porque, naquele tempo, tal como hoje, o “cronista” tinha seu clube preferido, com a diferença de que, antes, àquela época, ninguém fazia segredo disso. Pelo contrário: eram comuns os escudos à lapela dos “cronistas” e indispensável a sua presença nas comemorações dos triunfos. O redator profissional, mas que fazia da imprensa um simples “bico”, tanto podia ser “cronista” de esportes no domingo, como redator policial na segunda-feira, crítico teatral na terça, repórter de rua na quarta, observador político na quinta ou – o que não era raro – tudo isso ao mesmo tempo... Não havia especialização. (NEIVA, 1954)

O primeiro diário totalmente voltado para os esportes surgiu apenas na década de 30. Era o famoso Jornal dos Sports, com suas características páginas rosa. O jornalismo esportivo com a Gazeta Esportiva e o Jornal dos Sports se tornou referência apenas em meados dos anos 50 e 60. Mas foi apenas em 1947 que as mulheres conseguem um espaço na mídia esportiva. Maria Helena Rangel foi a primeira mulher a que se tem notícia. Ela foi contratada pelo Jornal Gazeta para fazer parte da equipe de esportes. Tempos depois Mary Zilda Grassia Sereno foi a primeira fotojornalista. Em 1983, quando trabalhava na Rádio Gazeta, Regiani Ritter foi convidada pelo Pedro Luiz Paoliello a cobrir folgas dos setoristas nos clubes, acompanhando os bastidores, mas seu objetivo mesmo era está em frente as câmeras, participar das transmissões. Regiani conseguiu o que tanto queria na TV Gazeta, além das transmissões, participava de debates esportivos. Em 1991 Regiani foi eleita pelo jornal Unidade, do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, como melhor jornalista do ano, anos mais tarde, em 1994, teve a oportunidade de cobrir a Copa do Mundo nos Estados Unidos pela Gazeta. No fotojornalismo após Mary Zilda ter aberto os caminhos, Renata Falzoni, convidada por José Trajano começou a integrar a equipe da Folha de São Paulo como fotógrafa de vôlei feminino e basquete. Com isso se tornou uma das primeiras mulheres a fazer parte do jornalismo esportivo. 13

Falzoni foi pioneira também na vídeo-reportagem, quando entrou para a ESPN em 1995, onde teve seu programa ‘Aventuras com Renata Falzoni’. Além de apresentar, ela produzia e filmava, ou seja, um programa feito totalmente por ela. Muitas das reportagens eram realizadas sobre uma bicicleta. A jornalista Monika Leitão foi a primeira jornalista a cobrir uma Olímpiada, em Moscou no ano de 1980, a jornalista foi enviada pela TV Globo, junto com uma equipe que reunia grandes nomes como Ciro José, Luciano do Valle, Fernando Vanucci, Marcelo Matte e Roberto Feith. Essas mulheres entre diversas outras como Isabela Scalabrini, Martha Esteves, Denise Lilenbaum, foram fundamentais para abrir as portas do jornalismo esportivo, no início da década de 80. Porém, só em 2018, quase 40 anos depois, as mulheres conseguiram, de fato, conquistar uma espaço maior nas redações esportivas. Hoje as mulheres exercem as mais variadas funções na mídia como produtoras, editoras chefes, repórteres, apresentadoras e até narradoras.

Eu fui à primeira mulher a cobrir uma Olímpiada, foi em Moscou 80, hoje em dia tem muita mulher, seja na redação como em reportagem, eu acho que cresceu muito. Como era novidade as mulheres, no meu caso, por exemplo, não incomodavam tanto os homens, eles não se sentiam ameaçados de “rouparem o lugar, o espaço”, porque era muito novo. Hoje eu acho que as mulheres competem igualdade de condições. (LEITÃO, 2019)

Na Copa do Mundo da Rússia mais uma conquista: pela primeira vez na história uma mulher narrou um jogo oficial de Copa do Mundo. Isabelly Morais foi a pioneira ao narrar o jogo de abertura entre Rússia e Arábia Saudita.

Na narração hoje nos temos poucas mulheres, mas é uma realidade e toda realidade, e toda realidade ela vai passo a passo, ela começa, não começou comigo, começou com mulheres no século passado, mas a gente teve um hiato muito grande na narração e voltou esse “boom” agora de mulheres narrando futebol oque é magnífico, maravilhoso, acho que a gente tem que entender é muito natural pra todos nós narração de homem, a gente cresce com o radinho no ouvido, ouvindo jogos narrados por homens, e a gente tem também que naturalizar as vozes das mulheres. (MORAIS, 2019)

Nas famosas grades de programação, Ana Thais Matos foi contratada para fazer parte do elenco fixo do programa de grande audiência no principal canal de esportes do país, o “Troca de Passes” do SporTV. Feito inédito, uma vez que nenhuma outra mulher havia sido contratada para debater como participante em uma mesa redonda, local onde apenas havia homens e a presença feminina era apenas para embelezar o cenário com poucas oportunidades 14 de fala. Atualmente é bem mais fácil encontrar mulheres na beira dos campos, fazendo as transmissões dos jogos. Mesmo com o crescimento do número de mulheres nas editorias esportivas, a cultura machista no Brasil ainda é grande. Muitas jornalistas já passaram por situações constrangedoras como foi o caso da Bruna Dealtry, na época trabalhava pelo canal Esporte Interativo, foi beijada, à força, por um torcedor vascaíno durante cobertura do jogo entre Vasco e Universidad de Chile, pela Libertadores. Resultado disso foi o movimento criado por um grupo de 52 jornalistas de todo o país em março de 2018, o #DeixaElaTrabalhar. Essa campanha contra o preconceito das mulheres na cobertura esportiva, presença nos estádios. A força dessa campanha contra o machismo ganhou força e destaque internacional em diversos sites como o BBC NEWS, Mundo Desportivo, Marca, El País, entre outros. Não foi somente nas redes sociais que este movimento ganhou forças, os times brasileiros se solidarizaram com a causa e vem tomando medidas e ajudando na campanha contra o assédio no futebol.

4. RELATÓRIO AUDIOVISUAL

Assim que cheguei no 7º período comecei a pensar em um tema para meu TCC. Logo veio à tona o movimento #deixaelatrabalha, formado por um grupo de jornalistas que queriam combater o machismo dentro do ambiente esportivo em que elas trabalhavam.. No 6º período conheci a professora Denise Lilenbaum nas aulas da disciplina Redação e Edição em TV, que apoiou meu tema e sempre se mostrou muito animada em embarcar nesse projeto. O primeiro passo foi buscar uma ideia que juntasse toda o movimento #DeixaElaTrabalhar com dados mais novos, uma vez que esse tema já estava um pouco batido. Assim surgiu a ideia de falar sobre o crescimento das mulheres no universo esportivo tanto na prátcia esportiva quanto nas redações. Com a ajuda da professora orientadora Denise Lilenbaum conseguimos definir os personagens ideais para participar do projeto. Iniciamos as entrevistas com a jornalista Monika Leitão, ex editora-chefe doEsporte Espetacular da TV Globo e ela foi a primeira jornalista a participar de uma Olimpíada, em Moscou no ano de 1980. A segunda entrevistada foi a lutadora de UFC, Poliana Botelho, um esporte que vem crescendo a participação feminina, seria importante uma pessoa no ramo para poder falar sobre os bastidores desse universo das lutas. A terceira personagem do documentário é Isabelly Morais, a primeira mulher narrar

15 um jogo de Copa do Mundo em um canal de TV, a Fox Sport. Ao entrar em contato com Isabelly foi muito receptiva e se colocou à disposição para a entrevista. Como ela mora em Minas Gerais, a entrevista foi realizada através de perguntas enviadas que ela, gentilmente, gravou e encaminhou por e-mail. A quarta entrevistada é Adriana Samuel, ex atleta do vôlei de praia e medalhista de prata na Olimpíada de Atlanta, em 1996, e de bronze, nos Jogos de Sydney, em 2000. A atleta contou como era o esporte na sua geração e sobre as mudanças. Adriana foi muito acessível desde o primeiro contato.. As gravações foram feitas com a equipe da FACHA Botafogo, algumas realizadas em dias que não tem expediente dos funcionários do CPP foram feitas com uma Canon SL1 com lentes 50mm e uma lapela. Não houve nenhum imprevisto ou problema técnico com os equipamentos e o material capturado. A edição do videodocumentário foi realizada na Facha.

5. CONCLUSÃO

A escolha desse tema deve-se ao fato do crescimento das mulheres no esporte e a valorização delas neste espaço onde até pouco tempo era formado apenas por homens. Através desde projeto pude mostrar um pouco sobre a história dessas mulheres no ambiente esportivo, sejam atletas ou jornalistas, desde as pioneiras até as atuais. Espera-se que por meio desta pesquisa, haja uma reflexão de como os incentivos ao esporte é fundamental para nosso país, podendo salvar vidas, como foi o caso da lutadora Rafaela Silva do judô, que conheceu o esporte através de um projeto social na favela Cidade de Deus. Apesar de um breve conhecimento sobre o assunto, fazer esse documentário foi engrandecedor para enxergar que toda a admiração que eu tinha pelas atletas e jornalistas. Ao chegar ao fim deste trabalho, identifica-se que todos os meus estudos até aqui me fizeram crescer na parte pessoal e profissional. Cursar jornalismo e pautar assuntos que remetem ao esporte é importante para olharmos para todos os lados da sociedade, principalmente o meio feminino. Ali onde cada espaço foi conquistado em cima dos esforços diários, muito treinamento, cursos, faculdades, mostrar a potência de cada uma delas foi incrível. Este projeto me fez enxergar que eu não estava errada na escolha do meu curso, muito menos do meu tema, pude aprender mais com cada entrevista, cada leitura sobre as pioneiras da área e me fez querer aprender mais ainda sobre este assunto.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COELHO, Paulo Vinícius. Jornalismo Esportivo. São Paulo: Contexto, 2003. JORNAL ESTADÃO. Acervo do Jornal Estadão sobre Maria Lenk. Disponível em: . Acessado em 08/05/2019. LAGUNA, Marcelo. Força feminina no esporte olímpico é cada vez maior. Mas há muito o que evoluir. Disponível em: . Acessado em 26/04/2019. VEJA ABRIL. Aos 78 anos, morre Maria Esther Bueno, a tenista mais vitoriosa do Brasil. Disponível em: . Acessado em 08/05/2

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