JORNAL BOM DIA | 23 De Abril De 2015 2 3 JORNAL BOM DIA | 23 De Abril De 2015 Política
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GENOCÍDIO ARMÊNIO 100 anos de luta por reconhecimento pg 12 e 13 Erechim - RS R$ 2,00 QUINTA 23 de Abril de 2015 Edição 2487 Ano 10 LÍDER EM CIRCULAÇÃO NO NORTE DO RS COMÉRCIO Empréstimo do nome a terceiros pode gerar problemas futuros Embora a compra não seja efetuada pelo titular da conta, este é responsabilizado pela dívida no caso de não haver pagamento pg 6 SAÚDE CAMINHONEIROS Prática de atividades Mais uma greve a vista Terceira reunião entre categoria e representantes do governo terminou sem acordo. Para a região, físicas deve ser feita segundo o Sindicato dos Rodoviários não há bloqueios programados, porém, presidente não descarta com orientação movimentações independentes pg 7 pg 9 Quinta Quinta Opinião JORNAL BOM DIA | 23 de Abril de 2015 2 3 JORNAL BOM DIA | 23 de Abril de 2015 Política Francisco B. Dias Jaime Folle 180 ANOS colunista colaborador colunista colaborador [email protected] [email protected] Presidente destaca importância da Mondongo e mocotó Faça diferença nesta semana Ontem saí de casa com vontade de comer mondongo (uns As estatísticas comprovam que apenas 5% das pessoas, seja chamam tripada, dobradinha, outros bucho). Andei procurando em sua vida social ou profissional, são capazes de fazer diferen- Assembleia Legislativa para o Estado pelos restaurantes e não encontrei. Acho que é um prato não ça, enquanto outros 95% não passam de pessoas articuladas muito apreciado, por isso os restaurantes não fazem. Aliás, e sem grandes perspectivas de futuro, tanto pra si, como para Edson Brum (PMDB) fez um chamamento: “pensemos no quinhão de responsabilidade que tem cada foi isso que me disse um gerente. Eu, por exemplo, aprecio os outros e muito menos para a sociedade aonde vivem. mondongo e sei cozinhar, e não fica aquele cheiro caracterís- Numa comunidade, é fácil perceber es- parlamentar pelo futuro do Rio Grande que todos desejamos” tico do estômago do boi ou da vaca. Tem um segredinho que tas quatro categorias de pessoas: elimina o odor, deixar algumas horas antes de cozinhá-lo com - Os que fazem acontecer. Ao discursar na abertura da quinhão de responsabilidade bastante suco de limão. Depois de pronto com um pãozinho - Os que assistem acontecer. sessão solene alusiva aos 180 que tem cada parlamentar pelo d’água, “non c’è influenza che resista a un bel piato di mon- - Os que perguntam “o que houve aqui, que mudou tudo? “ anos da Assembleia Legisla- futuro do Rio Grande que todos dongo accompagnato da un buon bichiere di vino rosso”! - Os que pensam que somente eles tra- tiva gaúcha, completados no desejamos. A responsabilida- Traduzindo: Não há quem resista a um bom pra- balham: “os chorões de plantão”. último dia 20, o presidente do de que temos pelo futuro de to de mondongo e um bom copo de vinho tinto! Paradoxalmente aos que assistem as coisas acontecer, es- parlamento, deputado Edson gaúchas e gaúchos que ainda Um mondongo é tão bom que interessei-me em pesqui- tão sempre muito atentos ao mundo, preocupam-se em demasia Brum (PMDB), fez um convi- nem nasceram. A história, sar de onde saiu a ideia do prato. E por causa disso, acabei com os comentários do cotidiano, são sentinelas das últimas no- te aos presentes. “Proponho senhoras e senhores, está nos estudando e pesquisando as origens desta comida. Jurava tícias, não perdem nenhuma ação de desgraça e a retransmitem que façamos do dia de hoje acompanhando, enquanto nós que era coisa de italiano. Nada disso! Até onde pesquisei como emissoras de rádios e televisão. Estes, quando o cavalo um momento de reflexão. mesmos ajudamos a escrevê- é um prato típico da Nicarágua. E existe também o mocotó, passa encilhado, fazem o maior alarde, gritam e observam tudo, Uma reflexão sobre o papel -la”, disse o presidente. que é um prato tradicional do Rio Grande do Sul. E eu ima- e deixam o animal ir embora sem aproveitar a sua montaria. da Assembleia como parte da Citou que, além da disposi- ginava que era coisa de nordestino. Enganei-me outra vez! Existem também os que não enxergam as coisas acontecer, es- história e como poder de Es- ção ao bom combate, também O mocotó surgiu nas charqueadas, nas estâncias e estala- tão sempre alheios a tudo e não visualizam nem o seu próprio co- tado. Neste contexto, convido está no cerne do papel consti- gens. Os escravos, nas senzalas, ficavam sempre com as so- tidiano. Parecem estar vivendo em outro planeta, jamais fazem a todos a refletirmos sobre os tucional do parlamento a busca bras do gado, do porco e das aves. E vem daí a tradição de se algum comentário, a não ser que sejam estimulados para tal. Es- personagens que passaram pela convergência, a disposi- comer miúdos e partes menos nobres como pescoço, rabo, gor- tes, quando o cavalo passa encilhado, só ficam sabendo depois por esta tribuna represen- ção incansável ao diálogo, a duras, orelhas, etc. Isso no Brasil Colônia e em todas as capita- que o animal já foi, perdem a montaria sem tê-lo percebido. tando, na mais harmoniosa vontade de buscar a concórdia. nias. Os escravos das estâncias gaúchas começaram a comer o Existem aqueles que passam reclamando o tempo todo, achan- pluralidade, uma completa “Sem este espírito, as leis mocotó, que é extraído da pata do boi e da vaca, porque viram do que somente eles trabalham e estão sempre chorando porque amostragem do povo gaúcho”. aqui propostas, aperfeiçoa- que esse tipo de alimento dava sustância para eles trabalha- ninguém os ajuda. Dizem que os demais são todos uns incompeten- “Pensemos”, continuou, das e aprovadas redundariam rem. E é verdade, o mocotó é rico em gordura, proteína e ferro. tes, sem capacidade e por isso ele tem que fazer tudo sozinho. sobre o fundamental papel do inócuas, sem qualquer sintonia O mocotó é feito de patas, tripas e mondongo, e que em Por outro lado, existem os que fazem as coisas acontecer. Poder Legislativo, “como pilar bleia configurou um corajoso bitrariedades, dar voz aos que gente que nunca se apeque- com a realidade. Buscamos, Portugal chamam de fato ou tripas. Essas partes dos bois aba- Nem assistem demais as coisas acontecer, nem deixam de lado do estado democrático direito, grito de basta. “Foi assim no foram calados pela força, esta nou diante das adversidades assim, as soluções possíveis, tidos não eram aproveitadas. Com isso, as escravas usavam as oportunidades da vida. São os atores de seus próprios filmes, principalmente nos tempos advento da Legalidade; foi é nossa gênese”, enfatizou. e tampouco se conformou as únicas que representam a estes ingredientes para alimentar os filhos, mas a família toda dormem iguais a quero-quero, com um olho aberto e um fecha- mais sombrios”, frisou o par- assim nos obscuros tempos da A história do parlamento com o destino, quando ele pluralidade. As soluções ideais, comia. O fato relevante é que depois que os escravos passa- do, estão sempre de guarda para não perder as oportunidades lamentar, manifestando-se no ditadura militar, quando nosso gaúcho, prosseguiu Edson se mostrou perverso”. afinal, geralmente representam ram a se alimentar de mocotó, caiu muito a morte de negros que aparecem a todo momento, ao seu redor. Para estes, o cava- plenário Bento Gonçalves do Legislativo foi um dos únicos, Brum, está solidamente Referindo os grandes vultos pouco mais que uma vontade no trabalho. Naquela época, a lavoura era ainda mais exausti- lo encilhado não vai passar sozinho. Logo vai ter uma montaria. Memorial do Legislativo*, na em todo o Brasil, a permane- entrelaçada com a “constru- da História gaúcha e brasilei- individual. E o que buscamos, va e tanto os escravos como os donos de engenho e fazendas, São as pessoas de sucesso, que fazem as horas terem valor. tarde desta quarta-feira (22). cer com as portas abertas”, ção da identidade cultural da ra que ocuparam o plenário, aqui, é a convergência de morriam cedo, por anemia e falta de proteína. As crianças Têm os que são simples sonhadores, vivem seus dias imaginando e Foi assim, recordou o parla- disse. “Esta tribuna nunca foi nossa gente: a gente traba- falou do compromisso de todas as vontades. Ou parte de também. A partir do mocotó, que começou a ser difundido na não conseguem encontrar saída para suas imaginações, enquanto que mentar, ao tempo do Império, silenciada. Resistir ao jugo dos lhadora, encarregada de zelar honrar essas trajetórias. “Rogo todas elas. Esta casa é, sim, região das Missões, a morte prematura de crianças também foi os empreendedores também são sonhadores, porém, a diferença está na quando a instalação da Assem- tiranos, espernear ante as ar- pela fronteira do País, uma que pensemos sobretudo no plural”, definiu Edson Brum. reduzida drasticamente. Vendo que os bebês escravos e os ne- iniciativa. Dão os primeiros passos, seu tempo não é gasto em vão porque gros da lavoura não ficavam mais doentes, as mulheres dos fa- ocupam seus dias com suas metas e são pilotos do seu próprio destino. zendeiros levaram esse prato para a Casa Grande e, assim, co- Pense um pouco de que lado você está: se você está do lado EM BUSCA DE VERBAS meçaram a fortificar seus filhos e maridos. Como é uma receita dos que assistem as coisas acontecer, do lado dos que não de elevado valor nutricional, o mocotó passou a ser adotado enxergam as coisas acontecer, do lado dos chorões de plan- pelas famílias tradicionais e se tornou uma comida típica do tão ou está do lado dos que fazem as coisas acontecer. Esco- Sartori cobra R$ 200 milhões do ministério da Fazenda estado gaúcho, no final do século 17.