Ano 24 | Outubro 2015 | Edição 314

Pe 6 rspectivas 201 De volta ao país do futuro Sem acreditar em crescimento no ano que vem, setor automotivo se prepara para retomada só a partir de 2017

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Índice

22|Capa Amplo e completo retrato do setor para o ano que vem pela análise dos principais atores 28|Caminhões e ônibus da cadeia automotiva. É praticamente unânime a perspectiva de que a recuperação ainda 32|Motores não se encontra no horizonte de 2016, como se imaginava anteriormente. A intuição 36|Máquinas agrícolas aposta em um período semelhante ao que se viveu nos últimos meses, mas que pelo e de construção menos o pior deste capítulo não se estende para o ano que vem. A inflexão da curva 40|Fornedores apenas ficou para depois. 48|Anfavea 50|Abeifa 54|Anef 58|Fenabrave 62|Sindipeças 66|Audi 68|BMW 70|Chery 74|DAF 78|FCA 80|Ford 82|General Motors 84|Honda 88| 90|MAN 92|Mercedes-Benz 94|Nissan 98|PSA 102|Toyota 104|

©iStockphoto.com/maxsattana 106|Volkswagen

108|Lançamento 110|Fraude Em busca de mais eficiência energética Hyundai A denúncia de manipulação nos testes de emissão atualiza motor e coloca câmbio de seis marchas no de poluentes que mancha seriamente a imagem da HB20 Volkswagen no mundo

08|On&Off 14|From the Top 112|Gente&Negócios 114|Artigo Notícias que mexem com Rafael Marques, do O vaivém do mercado Ingo Pelikan, presidente o setor automotivo Sindicato dos Metalúrgicos automotivo do IQA do ABC

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AD 314 - Índice.indd 4 28/09/2015 15:01:03 Do editor

Diretoria Márcio Stéfani, S Stéfani, Vicente Alessi, filho Conselho Editorial Márcio Stéfani, S Stéfani, Vicente Alessi, filho, Fernando Calmon, Mauro Forjaz (1922 - 2009), Rik Turner, Sérgio Duarte, Tide Hellmeister (1942 - 2008) Redação Vicente Alessi, filho, diretor, George Guimarães, diretor adjunto, Márcio Stéfani, editor, S Stéfani, editor de Compatibilização Casa nova de Conteúdo, Alzira Rodrigues, editora chefe, Décio Costa, editor executivo; Marcos Rozen, editor executivo, André Barros Projeto gráfico Romeu Bassi Neto AutoData Editora completa aniversário de 23 anos neste Arte Romeu Bassi Neto, diagramador mês de outubro em casa nova, retornando à rua Pascal, Fotografia desta vez no número 1 693, no Campo Belo, onde esteve DR e Divulgação até 2004 quando mudou-se para a Chácara Santo Antônio. E como Foto capa: ©iStockphoto.com/maxsattana A Mídias Digitais acontece todo os anos dedicamos a edição deste mês a uma ampla Marcos Rozen, editor, Danilo Boccoli Gomes Eventos/Seminários cobertura sobre as perspectivas para o ano que está chegando, com Tel.: PABX 11 5189 8900 análise do que o atual trouxe de bom e de ruim. Paulo Fagundes Comercial e Publicidade A partir de conversas com os principais executivos do setor au- Ana Lúcia Machado, André Luiz Martins, Rosa Damiano, tomotivo, traçamos um cenário do atual momento e do que vem executivos de contas, Adenílson Aparecido da Silva, auxiliar de marketing pela frente. Como bem retrata a reportagem de abertura desse Assinaturas/Atendimento ao Cliente Tel. PABX 11 5189 8900, fax 11 5189 8942 Vera Lúcia de Paula rico material, assinada pelo diretor de AutoData Editora, S Sté- Departamento Administrativo/Financeiro fani, voltamos, mais uma vez, a ser o país do futuro. As metas de Vera Lúcia Cunha, diretora adjunta, Ana Lúcia N Handro, Hidelbrando C de Oliveira, Márcio Dourado Silva e Thelma chegar a 4 milhões, 5 milhões e até 6 milhões de veículos foram Melkunas adiadas e ninguém arrisca cravar data para a efetiva retomada do Apoio Cirléia R Costa, Gilberto S Santos (1974 – 2000), Maria mercado. Aparecida de Souza, Maria Elza C Neves, Simone R Costa O positivo é que há uma esperança de que o fundo do poço Tiragem 9 100 mil exemplares será neste fim de ano, com estabilidade em 2016 em relação a Pré-impressão e impressão 2015. Como as vendas já caíram no ano passado, o que vemos Eskenazi Indústria Gráfica Ltda., tel. 11 3531-7900 ISN 1415-7756 é um tombo de 30% no comparativo com 2013 no segmento de automóveis e comerciais leves e a perda da posição de três pos- AutoData é publicação da AutoData Editora Ltda., Rua Pascal, 1 693, 04616-005, Campo Belo, São Paulo, SP, Brasil, tel. tos no ranking dos maiores mercados do mundo, da quarta para PABX 55 11 5096 2957. É proibida a reprodução sem prévia autorização, mas permitida a citação desde que identificada a sétima posição. a fonte. Mas como toda crise tem lá o seu lado bom, fornecedores,

Jornalista responsável montadoras e rede alegam que o ajuste efetuado este ano favo- Vicente Alessi, filho, MS SJPESP 4 874 recerá um 2016 menos traumático. E, o principal, com tendência de continuidade do aumento da localização de peças por parte twitter.com/autodataeditora das montadoras, o que deverá fortalecer ainda mais a base da facebook.com/AutoDataEditora cadeia fornecedora.

youtube.com/autodatawebtv Alzira Rodrigues | editora www. autodata.com.br [email protected] 5

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On&Off Foton 1 Foton 2 Com a alegação de que a demora na liberação Os projetos dos caminhões não sofreram atra- de financiamento do BNDES atrasou as obras sos, assegura o executivo. O primeiro que deve de sua fábrica em Guaíba, RS, a Foton Aumark entrar na linha de montagem é o modelo de 10 negocia com duas empresas – uma delas gaú- toneladas, “com 70% dos componentes nacio- cha – a produção provisória de seus primeiros nalizados” – a cabine será importada da . caminhões aqui a partir de fevereiro. O CEO Em maio do ano que vem será a vez do modelo Bernardo Hamacek afirma que, se o financia- de 3,5 toneladas. Hamacek projeta vender 1,1 mento do banco de fomento for liberado este mil caminhões este ano ante seiscentos em mês, a fábrica própria deve estar pronta em no- 2014. Para 2016 a expectativa é crescer pelo vembro de 2016. menos 20%.

Mudança de endereço Divulgação/Salão do Automóvel

O Salão Internacional do Automóvel de São Paulo vai Há anos expositores e público reclamam da infraestru- mudar de endereço após quatro décadas, revelou com tura precária do Anhembi. O espaço reduzido, em par- exclusividade a Agência AutoData de Notícias. A 29ª ticular do estacionamento, além do calor no interior do edição da mostra, marcada para 2016, será realizada no pavilhão, que não conta com ar-condicionado, são os ainda em obras São Paulo Expo, antigo Centro de Ex- maiores alvos de críticas. O São Paulo Expo contará com posições Imigrantes, na Zona Sul da cidade, em vez do 90 mil m² para exposições –14 mil m² a mais do que o tradicional Pavilhão de Exposições do Parque Anhembi. Anhembi –, além de centro de convenções de 10 mil m² A Reed Exhibitions Machado, promotora do e estacionamento com 4,5 mil vagas. Esta será apenas a evento, limita-se ainda a afirmar que o evento seguirá no segunda mudança de endereço do Salão do Automóvel mesmo endereço, embora fontes ouvidas pela reporta- de São Paulo, que nasceu em 1960 no Parque do Ibira- gem assegurem que a empresa já manteve reuniões com puera e já na edição de 1970 ocupava o espaço no Par- montadoras e associações para comunicar a mudança. que Anhembi.

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AD 314 - On&Off.indd 8 28/09/2015 14:51:59 Off Não mais 1 A Hyundai-Caoa firmou termo de ajusta- Alívio mento de conduta com o Ministério Públi- De importante co de São Paulo comprometendo-se a não executivo de mais veicular qualquer tipo de propaganda montadora ao saber que possa induzir o consumidor a erro na que a próxima hora de adquirir seus produtos e serviços. O edição do Salão acordo encerra inquérito civil instaurado em do Automóvel de 2011, com base em decisões do Conar, e que São Paulo não será “Nossa companhia citava diversas peças produzidas e veicula- mais no Anhembi: foi desonesta com a das pela agência Z+ Comunicação. “Demorou! EPA e com o Comitê Finalmente de Recursos do Ar da Não mais 2 teremos uma área Califórnia, com todos Pelos termos do acordo a Hyundai-Caoa digna para um deverá pagar R$ 100 mil cada vez que des- salão de um dos vocês. Estragamos cumprir a promessa de não veicular mais maiores mercados tudo.” propaganda enganosa nos meios de co- automotivos do municação. A companhia se comprometeu mundo, não um Michael Horn | presidente e CEO da ainda a indenizar a sociedade pelos danos lugar de terceiro Volkswagen of America morais causados efetuando a doação de 27 mundo”. caminhões modelo HR, com baú, a entida- des filantrópicas. Primeira fala De Barry Engle, novo presidente da General Era uma vez... Motors na América do Sul durante jantar de Depois de 45 anos as autoridades brasileiras despedida de seu antecessor, Jaime Ardila: de trânsito aboliram a obrigatoriedade do “Adoro uma boa crise.” Ele explicou: “Já vivi uso de extintores de incêndio para automó- em muitos mercados. Nestes períodos nun- veis, utilitários e camionetas. O Brasil era um ca trabalhei tanto, mas também nunca cresci dos poucos países a exigir o equipamento, tanto nem me senti tão satisfeito profissio- que continua obrigatório em veículos utili- nalmente. A crise passará e sairemos dela zados comercialmente para transporte de mais fortes e competitivos. A GM acredita na passageiros, caminhões, caminhão-trator, América do Sul e em seus mercados”. micro-ônibus e ônibus, além de veículos destinados ao transporte de produtos infla- Remanufatura máveis, líquidos e gasosos. A divisão brasileira de remanufatura da Knorr-Bremse completou uma década e Recorde global cresce, em média, 30% ao ano. Reaprovei- A Audi registrou recorde de vendas globais tou cerca de 700 toneladas de alumínio e em agosto: a companhia entregou 128,6 mil ferro e produziu 250 mil peças na planta de veículos a seus consumidores, alta de 2,7% Itupeva, SP, onde tem capacidade para pro- na comparação anual. cessar até 3,5 mil peças por mês 9

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AD 314 - On&Off.indd 9 28/09/2015 14:51:59 On&Off Desejadas O número Acerto A edição deste ano do prêmio Marca Mais Os trabalhadores da Scania acertaram a Desejada, da Fenabrave, contemplou a revisão do acordo coletivo negociada pelo Toyota na categoria Automóveis e Comer- Sindicato dos Metalúrgicos do ABC ante- ciais Leves, Volvo, Caminhões, John Deere, riormente e garantiram estabilidade no em- Máquinas Agrícolas, Noma, Implementos ano completou a prego até agosto do ano que vem e reajuste Rodoviários e Triumph Motocicletas. Iveco1 no Brasil salarial de 5% retroativo à data-base da ca- tegoria, em 1º de setembro, além de paga- Aceleradas mento de abono de R$ 6 mil, a ser quitado O número de projetos compartilhados da em janeiro de 2016. Aliança -Nissan com a Daimler qua- druplicou em seis anos: de três, todos para a Europa, agora são treze também na Ásia, América do Norte e América do Sul. O maior deles é a construção de fábrica compartilha- da no México, investimento de US$ 1 bilhão. Respiro Quase nada 1 A operação brasileira da International É verdade: de janeiro a agosto a fabricante fechou contrato de exportação de de caminhões pesados Shacman, associada 51 caminhões pesados 9800i para o da Anfavea desde meados do ano passa- Grupo Maco no Chile. Todos serão do, vendeu exatos dois veículos no Brasil, entregues este mês. Em tempo: de segunda a própria entidade. Dois! No ano janeiro a agosto a empresa vendeu passado, no mesmo período, foram 36 ca- exatos 31 veículos no mercado minhões negociados. brasileiro. Quase nada 2 Em julho de 2013 a empresa chegou a re- velar que aguardava a liberação de R$ 400 milhões pelo BNDES para construir fábrica em Tatuí, SP, com produção anual inicial de 1 mil veículos. Quase nada 3 A ideia da empresa era acionar a linha de montagem no segundo semestre do ano passado. E é bom lembrar: em maio de 2012 a Shaanxi Automobile Group, controlado- ra da Shacman, anunciara investimento de

R$ 1 bilhão para produzir caminhões e mo- Divulgação/International tores em Caruaru, PE. 10

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Temos que salvar 2016

Entrevista a Alzira Rodrigues, Décio Costa e S Stéfani | [email protected] Fotos | Simão Salomão

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AD 314 - FromTheTop.indd 14 28/09/2015 14:56:15 ste ano já era. O máximo que dá das específicas para reativar a econo- móvel novo . Na sua análise a soma da para fazer é salvar empregos, ga- mia. O ajuste fiscal não pode ser um venda de carros novos e usados este rante o presidente do Sindicato fim em si mesmo. Se ficar discutindo ano, superior a 8 milhões, é uma pista Edos Metalúrgicos do ABC, Rafael Mar- só ele o País não anda. Nesta hora o importante do potencial interno. ques, para quem o importante, agora, é governo tem que ser criativo, o Esta- O sindicalista entende que parte da salvar 2016, “pois se repetirmos 2015 do tem que ser mais eficiente: ajustar culpa da queda nas vendas de novos será um desastre”. Para evitar catástro- suas contas e ao mesmo tempo sinali- é das montadoras, ou seja, do novo fe maior o sindicalista cobra do gover- zar programas novos para o mercado”. perfil de oferta no setor: “O preço do no uma posição mais clara sobre o que Marques recorda que o Brasil tem carro de entrada mudou de patamar empresários e trabalhadores devem um mercado interno grande e que e forçou a migração de consumidores esperar no curto prazo: muita gente ainda tem o sonho do para os usados. Mas o mercado existe, “O governo tem que anunciar medi- consumo, principalmente de ter auto- é mais uma questão sazonal”.

No Brasil é O Sindicato do ABC teve o problema ficar bem maior. No ano sempre assim: participação ativa no PPE, Programa passado o PPE não andou por causa de Proteção ao Emprego. O que das eleições presidenciais. Faltou adia-se tudo até muda agora? ambiente. o problema ficar O PPE cabe exatamente no momento que estamos vivendo. Não tínhamos O PPE resolverá os problemas mais bem maior. bola de cristal, mas começamos a emergentes do setor? trabalhar nele em 2012, analisando o Ele é um amortecedor forte a favor do que acontecia na época na Alemanha. emprego, mas é novo e, por isso, gera As próprias empresas com matrizes incertezas. O fato de ter sido aprovado lá falavam do programa para a gente. por medida provisória assusta alguns E foi exatamente no ano em que as empresários, provoca algumas montadoras daqui mandaram bastante dúvidas. É, no entanto, um programa remessas para fora. Na Alemanha fundamental para momentos de o programa funcionou bem, evitou crise e certamente dará conta de demissões. um universo importante da base. O importante é evitar que acordos feitos O PPE não deveria ter saído antes? pelos trabalhadores com as empresas Passamos por uma crise em 2009, acabem sendo suspensos, muitas vezes porém mais fraca do que lá fora. pela Justiça, como acontecia antes. Acabou sendo uma marolinha. Já naquela época, porém, achávamos que Como está sua aceitação no ABC? era importante ter algum mecanismo Já fizemos acordos com Mercedes- que garantisse base legal para as Benz, Volkswagen e Ford. Na negociações do gênero. Pena que no Volkswagen havia acordo de Brasil é sempre assim: adia-se tudo até estabilidade até 2019, assinado em 15

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abriram PDV em agosto, quando saíram 130 trabalhadores, e daí decidiram demitir, alegando excedente de 280 funcionários. Romperam o acordo por causa da economia, mas após greve dos empregados optaram pela negociação e fechamos o PPE.

O senhor também está cético quanto à reação da economia? Acreditávamos que este segundo semestre seria melhor do que o primeiro. E agosto foi pior do que julho. Tudo indica que o mercado continuará fraco. Ninguém tem certeza de nada e por isso não dá para contestar a posição da Ford, por exemplo. Portanto, o melhor caminho lá é o PPE. Com esse programa não há como demitir sem discussão prévia.

Como o senhor vê o mercado janeiro após uma greve. Mas todo automotivo brasileiro? acordo tem uma salvaguarda que O Brasil tem um mercado interno O Brasil ainda permite a empresa voltar a negociar muito grande. Se somarmos carros dependendo do que acontecer na novos e usados são 6 milhões de tem um mercado economia. A Volkswagen tem 2,6 mil unidades vendidas no primeiro interno muito funcionários em lay-off, um excesso semestre deste ano. As vendas grande de mão de obra. Em janeiro eles de usados vinham em queda até grande se abriram PDV [programa de demissão 2012, estabilizaram-se em 2013 e somarmos carros voluntária] e saíram 790 pessoas. Ou depois cresceram. Aí tem uma pista novos e usados seja: o PPE certamente será importante importante. Afinal, foram 6 milhões de e, nesse caso, evitará demissões. veículos comercializados aqui até o fim de junho. Parte da culpa da recessão Como foi o acordo na Ford? no segmento de zero quilômetro é da Lá havíamos feito um acordo em março indústria: o valor do carro de entrada ajustando a aplicação da inflação mudou de patamar. Isso nos pegou. até 2017 em troca de estabilidade. Mas como existe a salvaguarda eles Mudou o perfil de oferta? alegavam que não viam qualquer Exatamente isso. Com a entrada possibilidade de reação do mercado, de air bag e ABS em 2014 os carros 16

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encareceram. A faixa de preço do carro no País e, deles, cerca de um terço é de perda de conteúdo local. O câmbio de entrada mudou, gerando migração potenciais compradores. No primeiro e a rastreabilidade [Inovar-Auto] para os usados. O mercado interno ano haveria fila para comprar. trouxeram reação nas autopeças e hoje existe, é mais uma questão sazonal. há empresas trabalhando em um turno Uma hora o usado perde força e o O que teria de ser feito para e meio. Em alguns casos, como a Arteb, novo ganhará novamente. O sonho melhorar o momento econômico? em três. A Sogefi, por exemplo, passou do consumo está mantido e os carros O governo está precisando de a fazer todos os filtros de ar dos carros novos estão cada vez melhores, serão mobilização social. Temos de cobrar da General Motors que antes vinham cada vez mais desejados. ações para o bem do País. Por isso da Polônia. participamos da manifestação do dia O que falta para o mercado retomar? 15 de setembro que reuniu todas as Como é administrar um sindicato Falta, por exemplo, crédito. É um categorias com dissídio neste fim de de trabalhadores num período que ano de dificuldades, com juros altos. ano. A ideia foi exigir a adoção de divide recordes de produção com As montadoras estão preferindo medidas que impeçam um 2016 pior retração acentuada? sacrificar o volume em vez de baixar do que 2015. É realmente um período difícil. A preço. Temos também problemas previsão era de 5 milhões de veículos, com infraestrutura e commodities. As Como está a base de autopeças? vieram catorze novas fábricas para o empreiteiras estão paradas, o frete caiu Para esse segmento 2013 e 2014 País . O ambiente de reversão veio em e quem trabalha com commodities foram anos piores por causa da 2014, mas este ano está demais. Temos está segurando o consumo. Tem transportador com caminhão zero comprado em 2014 parado no pátio. A operação Lava-Jato paralisou as empreiteiras mas em algum momento vai ter que ser feito um acordo. Ninguém quer matar as empreiteiras.

Não seria necessário também incentivo para os caminhoneiros autônomos? Está aí uma pauta antiga do setor: o programa de renovação de frota. Tínhamos uma proposta nesse sentido e em 2012, na Fenatran, a retiramos para apoiar uma conjunta dos trabalhadores e da indústria. O BNDES fez uma análise e concluiu que a cada cinco caminhões velhos retirados do mercado se venderia um novo. E o governo não perderia em arrecadação. São 260 mil autônomos 18

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AD 314 - FromTheTop.indd 18 28/09/2015 14:56:19 um trabalho que se adapta na crise e Para quem é o remédio amargo? Quem desastre. Para salvar 2016 tem que na fartura. Em períodos como o atual, vai pagar? O trabalhador já está com injetar algum investimento sobre 2015. por exemplo, o absenteísmo cai. Os sabor amargo na boca. Os bancos estão Se tiver um movimento neste sentido trabalhadores sabem que o sindicato, segurando o crédito e o consumidor neste último trimestre o empresariado em momentos de crise, tem de ser uma está com medo. Para onde vai o Brasil? pode sair da paralisia em que está. ponte mais voltada para o emprego. O governo precisa responder. O momento hoje é de proteção do Como o senhor vê o ajuste fiscal em emprego. O senhor acredita em retomada em debate no momento? 2016? O ajuste fiscal é importante mas não O sindicato tem ações conjuntas A idéia nossa ao cobrar uma posição se pode pensar só nisso. O ajuste fiscal com o governo? do governo é justamente salvar 2016. não pode ser um fim em si mesmo. Estamos cobrando do governo medidas Este ano o que dá para fazer é salvar Se ficar discutindo só ele o País não específicas para retomar a economia. os empregos via PPE. Onde não for anda. Nesta hora o governo tem de Queremos que a presidente Dilma possível adotar o PPE partimos para ser criativo. O Estado tem de ser mais [Roussef] diga se haverá acordo com PPEs próprios, que se enquadrem à eficiente, tem de ajustar suas contas e as empreiteiras ou não, diga como realidade da empresa. Mas temos sinalizar com programas novos para o ficarão as taxas de juros se a inflação de salvar 2016. O ano que vem não mercado. cair... Enfim, que diga publicamente pode ser igual a este, pois só PPE não para o mercado o que vai acontecer. o sustenta. Se repetir 2015 será um Qual o balanço do PPE na região? Já fechamos um com empresa de máquinas, um na área de aço, dois em autopeças , além daqueles com Para onde vai o Mercedes-Benz, Volkwagen e Ford, o que em termos numéricos significará Brasil? O governo metade da base. Só as três montadoras precisa responder. empregam 26 mil trabalhadores.

O trabalhador já No caso da Mercedes-Benz os está com gosto trabalhadores rejeitaram acordo amargo na boca. proposto pela empresa e depois do PPE aceitaram os mesmos termos de antes. Por quê? Há diferenças. No que foi assinado tem abono de metade da inflação e o período de redução de salários baixou de doze para nove meses.

O trabalhador ainda procura o sindicato? Tem muito gente sem a memória de nossa luta do passado, mas os mais 19

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velhos incentivam a sindicalização internamente nas empresas. O destaque na greve da Volkswagen foram extamente os jovens. E na comemoração que fizemos aqui no sindicato só tinha garoto.

Quantos trabalhadores a base do ABC perdeu? O saldo negativo é de cerca de 5 mil pessoas. Hoje somos 87 mil trabalhadores. É lógico que é ruim reduzir a base.

O desemprego afetou a todos da mesma forma? Quase metade dos que perderam o emprego está aposentada ou em vias de se aposentar. No caso dos que saíram de montadoras via PDV muito partiram para alguma atividade própria. O problema maior são os jovens. Não temos programas para eles. No geral o nível do trabalhador melhorou muito. Todos têm nível médio, ensino técnico e muitos são universitários.

Que recado o senhor daria para empresas e trabalhadores neste momento difícil? O principal recado neste momento é buscar em conjunto alternativas que Somos a favor da livre negociação. evitem o desemprego. Nossa proposta, Uma categoria forte, com um sindicato na verdade, é a livre negociação. Uma categoria forte, com um sindicato forte, forte, tem condições de negociar tem condições de negociar livremente livremente e chegar a um acordo. e de chegar a um acordo. Só que esse acordo precisa de reconhecimento jurídico. Temos de valorizar a relação de trabalho e a livre negociação. 20

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Perspectivas 2016 De volta ao país do futuro O setor volta no tempo, mantém potencial, mas ninguém sabe com certeza quando virá a retomada

S Stéfani | [email protected]

e maneira absolutamente inesperada e de forma um tanto quanto atabalhoada, as Dvendas de automóveis e comerciais leves, caminhões, ônibus e máquinas agrícolas despencaram neste 2015. Voltaram aos números que eram regis- trados na segunda metade da década passada. A surpresa foi tão grande que ain- da em meados de setembro a Anfa- vea preparava mais uma revisão das projeções de vendas e de produção, a segunda do ano, formalizada agora, no princípio de outubro. E novamente para baixo. Com queda superior a 20% nas vendas de automóveis, por volta de 30% nos ônibus e acima de 40% em caminhões, o mercado brasileiro, que chegou a ser o quarto maior do mun- do, caiu para a sétima posição nesse ranking. Com tudo isso o Brasil, quem diria, ao menos no que diz respeito ao setor automotivo, retrocedeu a ponto de voltar aos tempos em que tinha que se 22

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AD 314 - P_ABRE.indd 22 28/09/2015 15:09:53 contentar em exibir o título de País do De forma geral todos sabiam que futuro. este não seria um ano fácil. Mas todos Roberto Cortes, presidente da esperavam que, depois de um primei- MAN, garante que, como os funda- ro trimestre negativo em função jus- mentos básicos do País permanecem tamente do aguardado ajuste fiscal, os mesmos, não resta dúvida de que o viria um trimestre de equilíbrio e, na futuro continua tão promissor quanto segunda metade do ano, o início da re- antes: “A questão é que, agora, não dá tomada. No fim das contas o resultado mais para saber em qual mês este futu- de 2015 representaria empate técnico ro começará”. com relação ao ano passado ou, na Nem em qual mês e, a rigor, nem pior das hipóteses, queda de até 5%. em qual ano. De fato, com o atraso Tudo muito administrável. na definição do ajuste fiscal do gover- Seria, em síntese, um ano morno. no federal – tido como indispensável Daquele tipo que Paulo Butori, pre- para o saneamento da economia – até sidente do Sindipeças, define como meados de setembro, pelo menos, boi com abóbora, refeição sem gran- ainda não havia consenso nem de sofisticação mas que, ao menos, mesmo sobre as projeções sustenta. O que não estava no radar para os meses finais deste ano. de qualquer empresa era que, neste Quanto mais para 2016. ano, o primeiro do segundo mandato “Está mais fácil, hoje, projetar da presidente Dilma Rousseff, crise 2020 do que o próximo política de bom tamanho se somaria ano”, definiu Cledorvi- à econômica e tornaria muito difícil e no Belini, presidente da demorada a definição dos termos do FCA. ajuste fiscal. Do ponto de vista das expectati- vas o ponto de inflexão para baixo foi agosto. Havia certo consenso de que o resultado do oitavo mês seria positivo com relação ao anterior, abrindo as portas para que o segundo semestre fosse melhor do que o primeiro e redu- zisse os elevados estoques das monta- doras e dos concessionários. “Como isto não aconteceu ficou evi- dente que, para este ano, restava ape- nas salvar o maior número possível de empregos”, comentou logo no início de setembro Rafael Marques, presi- dente do Sindicato dos Metalúrgicos

©iStockphoto.com/Oakozhan do ABC, antecipando que até o fim do 23

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AD 314 - P_ABRE.indd 23 28/09/2015 15:09:54 Perspectivas 2016

ano pretendia ter mais da metade da pode até ser que demore dois a três sua base já protegida por acordos en- anos a mais do que estávamos imagi- volvendo o PPE, o Programa de Prote- nando”, diz ele. “Mas não resta dúvida De forma geral, ção ao Emprego. de que, em um ou dois anos, entra- e apesar das remos em fase de crescimento anual incertezas, as SEM DESALENTO – Mesmo em meio constante”. a tantas incertezas, todavia, as pro- E é justamente em razão da manu- projeções para jeções para 2016 dos executivos das tenção destas projeções de médio e 2016 não são principais empresas do setor, ao con- longo prazos que, de forma geral, os trário do que se poderia imaginar, não investimentos estão preservados. Al- exatamente mostram desalento. gumas montadoras, como a General desalentadoras Em todos os segmentos – autos, ca- Motors, chegaram até a dobrar a apos- minhões, ônibus e máquinas agrícolas ta, de R$ 6,5 bilhões para R$ 13 bilhões – é unanime a interpretação de que o em cinco anos. E o anúncio foi feito em setor não vive uma crise com o forma- meados do primeiro semestre, quando to da letra L mas, sim, mais uma vez, o mercado já estava desabado. Vale a uma fase em V. observação do presidente Santiago Ou seja, não se trata de uma mu- Chamorro: “Precisamos manter nossa dança definitiva para um patamar me- capacidade de competição para quan- nor de mercado. Mas, sim, de um bate- do este mercado retomar”. volta, como tantas vezes já aconteceu Na verdade a manutenção dos in- nas décadas passadas. Belini contabili- vestimentos tem razões bem concretas za: “E sempre com um retorno para um de ser. Com a capacidade de produção patamar acima do anterior”. já adequada a um patamar mais ele- Na área de caminhões, por exem- vado os investimentos que agora vêm plo, apesar da queda este ano para cer- pela frente são, em sua esmagadora ca de 75 mil unidades comercializadas maioria, voltados para aumento da o mercado brasileiro, afirma Philipp qualidade e da produtividade das fá- Schiemer, presidente da Mercedes- bricas mais antigas e, sobretudo, para Benz do Brasil, continua com potencial o desenvolvimento e lançamento de de 150 mil a 200 mil unidades por ano: produtos. “É só uma questão de tempo”. É o ciclo típico do setor automotivo, Para o segmento de automóveis mesmo num mercado tão difícil. Ford, quem crava a aposta é Luiz Moan, General Motors, Honda, Hyundai, Re- presidente da Anfavea. Para ele a bai- nault e Toyota, todas com lançamentos xa relação automóvel por habitante relativamente recentes, aumentaram fora dos grandes centros garante que sua participação às custas, sobretudo, o mercado brasileiro continue com de e VW. potencial para chegar a 5 milhões de Pois bem. Fiat e VW são justamen- unidades vendidas por ano: te as duas montadoras que têm mais “Depois do resultado deste ano lançamentos programados para os 24

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Perspectivas 2016

próximos dois anos, o que vai inver- Com relação especificamente ao até apresentando algum crescimento ter o processo e forçar, na sequência, curto prazo ninguém espera a rápi- frente a 2015, ao menos nos meses fi- a reação das demais. É como andar de da recuperação, em 2016 ou mesmo nais do ano. bicicleta: quem parar de pedalar... cai. 2017, de todo o terreno perdido este Moan especifica que, antes da frus- ano. Mas, em compensação, há certo tração de agosto, a projeção com a NACIONALIZAÇÃO – Na área de consenso de que é muito provável que qual se trabalhava era de inflexão da autopeças o que garante a manuten- o fundo do poço já tenha sido alcança- curva, desta vez para cima, no segun- ção dos programas de investimento é do. Ou, pelo menos, que ele já esteja do trimestre de 2016. Agora o que se a forte desvalorização do real frente ao muito próximo. espera é que isto aconteça no terceiro dólar este ano, o que obriga às monta- A dúvida é colocada por Rogelio ou, eventualmente, até no quarto tri- doras apressar ainda mais os progra- Golfarb, vice-presidente da Ford Amé- mestre: “Mas é um movimento que, mas de nacionalização que já encami- rica do Sul: ”As vendas no atacado ain- com certeza, acontecerá em algum nhavam em razão do Inovar-Auto. da estão elevadas. E isto ainda pode ter momento do ano que vem.” Trata-se, sem dúvida, de mais uma reflexos negativos no futuro”. Depois da total imprevisibilidade porta que se abre para as empresas Em termos práticos, de qualquer deste ano a projeção de certa estabili- de autopeças e componentes com fá- forma, o que fica para o ano que vem, dade para 2016 não deixa de ser alen- bricas instaladas no País, sobretudo as excetuando-se esta observação de tadora. Sobretudo com viés de alta, sistemistas. Porta aberta que ninguém Golfarb, é projeção de relativa esta- ainda que, talvez, apenas no segundo quer entregar de mão beijada para os bilidade, com a média diária de ven- semestre. concorrentes. das e de produção de veículos talvez Afinal, tal como define Chamorro, o

Brasil: um mercado composto por ciclos. automóveis + comerciais leves 2 734 3 636 3 580 3 426 3 332 1 369 3 329 3 010

1 510 2 673 2 344 1 863 1 835 1 673

Média 1 622 721 1 607 1 517 1 495 1 480 1 399 1 383 1 350 1 348 1 206 1 070 924 881 870 810 774 750 748 744 738 709 685 677 656 635 605 536 520

76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 Variação 4,90 5,00 6,80 9,20 2,20 3,40 0,00 0,30 4,30 1,30 2,70 1,10 5,70 3,20 4,00 6,10 5,20 2,20 3,40 0,00 0,30 4,30 1,30 2,70 1,10 5,70 3,20 4,00 6,10 5,20 7,50 2,70 1,00 2,30 0,10 -4,30 -0,30 -0,30 do PIB 10,30 Fonte:Anfavea/IBGE 26

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AD 314 - P_ABRE.indd 26 28/09/2015 15:09:54 mais difícil de administrar em 2015 foi mento por montadoras, mercado de a surpresa, a rapidez com que o qua- reposição e exportações, o que lhes ga- dro se deteriorou: “Quando voltamos rantirá, já em 2015, fechar o ano com das férias, em janeiro, o País era outro”. quedas de faturamento muito meno- Neste contexto 2016 tem boas pos- res do que as das montadoras. sibilidades de ser, de fato, se não me- E também no que se refere às mon- lho pelo menos mais tranquilo do que tadoras, apoiado no aumento da com- este ano. Bem mais tranquilo. petitividade internacional gerada pela Acontece que o inesperado retorno, rápida e marcante desvalorização do Não se trata de em 2015, aos números do fim da déca- real neste ano, o presidente da Anfa- da passada acabou forçando o setor a vea não tem economizado viagens ao uma mudança dar uma boa arrumada na casa. E não Exterior em busca de novos acordos definitiva para um eram poucas as distorções que haviam de livre comércio fora das fronteiras sido acumuladas depois de anos e do combalido Mercosul. patamar menor anos de crescimento constante. Moan já adianta, além disso, que, de mercado. Mas No lado das montadoras o foco ti- mesmo que as vendas se mantenham de um bate e volta nha sido fechado exclusivamente no em torno de 10 mil unidades/dia, a mercado doméstico. Na esfera dos produção cairá nos meses finais do como tantas vezes sistemistas e demais produtores de ano. Objetivo: entrar em 2016 com es- já aconteceu. componentes quase toda a capacidade toque adequado ao novo mercado e, de produção estava voltada ao atendi- assim, sem tanta necessidade de recor- mento exatamente das montadoras. rer às vendas no atacado e promoções. Neste contexto, por mais duro e di- TRABALHO – E mesmo os trabalha- fícil que este ano esteja sendo – e ele dores, apoiados na situação de ple- está, de fato, muito duro e difícil –, as no emprego, também eles tinham se empresas do setor têm boas possibi- acostumado a reajustes de salários lidades de sair desta crise melhores, bem acima da inflação, PRLs de vários mais eficientes, mais equilibradas e salários e total estabilidade . provavelmente mais rentáveis. Este ano, forçados pelas circunstân- Isto não anula, contudo, o alerta cias, todos tiveram que começar a co- que vem de Marques, do Sindicato dos locar ordem na casa. Inclusive os con- Metalúrgicos do ABC: “O ajuste fiscal cessionários que, agora, já se atrevem não pode ser um fim em si mesmo”. O até a pensar, de verdade, em oficinas sindicalista lembra que os acordos de multimarcas para atender grupos eco- PPE que agora estão sendo fechados nômicos que hoje já formam a maioria têm validade de até um ano. Sendo do setor, em lugar das antigas empre- assim, ao menos no que diz respeito à sas familiares, como avalia Alarico As- manutenção dos empregos, em 2016 sumpção Jr., presidente da Fenabrave. apenas empatar com este ano não será Os fabricantes de componentes, de suficiente: “Algum crescimento será seu lado, já repartem, hoje, seu fatura- fundamental”. 27

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AD 314 - P_ABRE.indd 27 28/09/2015 15:09:54 Perspectivas 2016 Caminhões e ônibus

Temporada sem sobressaltos Representantes dos segmentos de caminhões e ônibus estimam que o pior da crise fica em 2015

Décio Costa | [email protected]

m recente workshop organiza‑ chassis, 5,3 mil unidades a menos do do pela AutoData Editora o vi‑ que em 2014. ce‑presidente da Anfavea e exe‑ São diversos os fatores que ocasio‑ Ecutivo da Mercedes-Benz, Luiz Carlos naram os significativos baques nos Moraes, tirou gargalhadas da plateia negócios. Como bem definiu o presi‑ ao brincar que havia se preparado com dente da MAN Latin America, Roberto calmante para sua apresentação a res‑ Cortes, “é a tempestade perfeita”. Se‑ peito do desempenho dos mercados gundo os principais dirigentes das fa‑ de caminhões e ônibus. bricantes a deterioração do ambiente, Apesar do chiste os segmentos em claro, está relacionada ao desaqueci‑ questão devem realmente estar tiran‑ mento da atividade econômica. Afinal, do o sono de muita gente. Tanto cami‑ o desempenho do mercado de cami‑ nhões quanto ônibus vêm desde o ano nhões diz muito a respeito da saúde passado em um declínio de vendas, financeira de um país. Mas também encerrando aquele período com 11% passa pelas turbulências políticas, pela de queda. Porém, nada comparado falta de confiança, pelas mudanças nas com o que se vê hoje. regras do Finame, as quais oneraram No acumulado até agosto os ne‑ os juros praticados, como também gócios com veículos de carga caíram pelo passado recente de crédito fácil e 43,5%, com 49,6 mil unidades vendi‑ barato, o que rejuvenesceu a frota das das contra 87,8 mil de um ano antes. empresas de transporte. Em ônibus, nos mesmos oito meses, “Hoje todas as indústrias do seg‑ o recuo chegou a 30%, com 12,5 mil mento oferecem algum tipo de subsí‑ 28

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Perspectivas 2016 Caminhões e ônibus

dio para o financiamento a fim de ten‑ rências da infraestrutura brasileira, na tar preservar as condições de compra volta da economia ao crescimento, na anteriores”, lembra Marco Borba, vice‑ antiga reivindicação da área por uma -presidente da Iveco. “Mas a situação política de renovação de frota. econômica só piora, o que reduz o vo‑ “É uma equação complicada de se lume de carga transportada.” resolver porque não envolve apenas O aprofundamento da crise do fim Sem tarifas a indústria”, admite Borba, da Iveco. de 2014 para cá foi reduzindo o apeti‑ “Precisamos continuar insistindo na te do mercado e as projeções dos exe‑ realistas, que questão porque a renovação é boa cutivos da indústria. Ainda no início do equilibrem para todos. Cedo ou tarde o processo ano a expectativa era de uma leve alta as contas do vai acabar engrenando.” ou no mínimo estabilidade na compa‑ A estabilidade com relação a este ração com o ano passado. Agora, como empresário, não ano também é a estimativa do pes‑ arriscou Philipp Schiemer, presidente tem banco que soal dedicado ao segmento de chassi da Mercedes-Benz, o mercado de ca‑ para ônibus, ou seja, na casa das 17 minhões deve alcançar 75 mil unida‑ empreste mil unidades, apesar de algumas ja‑ des, “se chegar,” e, em ônibus, de 17 Luís Carlos Pimenta nelas de oportunidades no mercado mil a 18 mil, “o que é muito baixo”. doméstico, como editais para opera‑ ção de transporte público em grandes OPORTUNIDADES – O momento é cidades, São Paulo incluída, e as novas delicado, sem dúvida, mas de maneira regulamentações nas rotas interesta‑ geral a percepção dos executivos da duais e internacionais, além das elei‑ indústria de caminhões e ônibus é a de ções municipais. que o pior da crise deve ficar em 2015, “Os processos já deveriam estar em levando para o ano que vem a expec‑ andamento, mas tudo está parado”, tativa de estabilidade, ainda que todos afirma Luís Carlos Pimenta, presidente advirtam a enorme dificuldade de de‑ da Volvo Bus Latin America. “Enquan‑ terminar uma projeção até mesmo no to o processo regulatório não anda, curto prazo. Os representantes falam ninguém compra.” em oportunidades nas exportações, Pimenta, no entanto, faz outra ava‑ em alguns nichos, como na mineração, liação a respeito do segmento e acredi‑ e naturalmente no setor agrícola, que ta que os problemas enfrentados pelas mais vez enxerga aumentos na produ‑ fabricantes de chassi são maiores do ção e na área plantada. que os resultantes da crise econômica Na análise de longo e médio prazos, atual. O executivo coloca na conta a no entanto, os dirigentes do segmento defasagem nas tarifas ou falta de rea‑ de caminhões ainda preservam a cer‑ juste delas: “Mesmo com cenário em teza de que o mercado está condenado boas condições as compras não acon‑ a crescer, com potencial de 150 mil a teceriam. Sem tarifas realistas, que 200 mil unidades anuais. A estimativa equilibrem as contas do empresário,

está baseada nas tão malfadadas ca‑ Bus Divulgação/Volvo não há banco que empreste”. 30

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Perspectivas 2016 Motores Entregue a pá e deixe de cavar Décio Costa | [email protected]

Para os desaquecimento generaliza­ nejamento, a indústria errou feio. No do das atividades econômicas fim de 2014 o ambiente acenava um representantes no País não deixa ninguém cenário semelhante para 2015, mas das fábricas Oimpune. As empresas fabricantes de a queda foi muito mais dramática do de motores motores independentes, fundamentais que se imaginava”. como fornecedores da cadeia automo­ Peculiares no setor automotivo, as independentes tiva, também sofrem com os impactos fabricantes de motores sentem as atu­ o ano deve ser negativos resultantes do acentuado re­ ais influências negativas por diversas cuo nos negócios de caminhões, ônibus frentes, da tão propalada falta de con­ semelhante a e máquinas. fiança de consumidores e investidores 2015, com viés Em uníssono com todos os outros aos escândalos de corrupção que en­ de baixa segmentos do setor, são frágeis os volvem governos e empreiteiras. Nas componentes delineados no horizonte fábricas, nas estradas, no campo e nas capazes de promover uma recupera­ obras as baixas nas atividades redu­ ção, seja neste ou no próximo ano. zem a demanda de motores e fecham “O mercado de motores a diesel as portas para as compras. acumula dois anos de queda nas ven­ “Com a ociosidade no transporte de das”, recorda Thomas Püschel, dire­ carga muitos transportadores fazem tor de vendas e marketing da MWM dos caminhões parados prateleira de Motores. “Não se recupera quedas de peças para manutenção de suas fro­ 15%, 20% de um ano para o outro.” tas”, exemplifica Püschel. “Diante de Luís Pasquotto, presidente da Cum­ tantas incertezas as empresas revêem mins América do Sul e vice-presidente suas prioridades para os investimen­ da Cummins Inc., lembra que ainda no tos ou mesmo os adiam na espera por último trimestre do ano passado os um ambiente melhor. Hoje o cliente representantes de todos os segmen­ está cancelando o pedido em período tos do setor automotivo enxergavam firme, quando deveríamos estar entre­ um período difícil pela frente, porém gando. Isso revela tanto a falta de mer­ com um viés de melhora no segundo cado quanto também mostra que as semestre: “Do ponto de vista do pla­ empresas estão, de fato, se adequando 32

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AD 314 - P_MWM.indd 32 28/09/2015 15:16:13 para chegar no ano que vem com esto­ ques mais baixos.” Com a ociosidade Na prática a visão para planejar é registrada hoje curta, fazendo com que o início da re­ cuperação se afaste cada vez mais. em dia muitos “A tendência é de retomada de lon­ transportadores go prazo”, diz Marcos Rangel, presi­ dente da FPT para a América Latina. fazem dos “São muitos os segmentos afetados: o caminhões mercado automotivo, o agrícola, que parados prateleira embora ainda registre resultados posi­ tivos sofre com o crédito mais restrito de peças para a e a falta de confiança, e o da constru­ manutenção de ção, que praticamente parou no País.” Os dirigentes estimam queda em suas frotas suas produções de motores de 20% Thomas Püschel a 30% em 2015. No ano passado a MWM produziu cerca de 100 mil mo­ tores, volume que já representava re­

cuo de 20% diante de 2013. A FPT, por Divulgação/FTP exemplo, espera produzir por volta de 45 mil motores, 23% menos do que no ano passado, e a Cummins projeta algo em torno de 23 mil unidades, retração A tendência é de 45%. Rangel resume: “O mercado geral na América Latina deve chegar de retomada de a 200 mil unidades, queda na mesma longo prazo proporção do mercado interno”. Marcos Rangel EXPORTAÇÕES – Apesar do declínio, os representantes das fabricantes de motores apontam alguns alívios que preservam os negócios e algum rit­ mo nas fábricas. As exportações, por exemplo, aparecem mais do que nun­ ca como prioritárias. A MWM é expor­ tadora tradicional e, segundo Püschel, as remessas da companhia devem crescer 30% este ano, alavancadas por mercados como México e Egito. Para

Divulgação/MWM este último a companhia acaba de re­ 33

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AD 314 - P_MWM.indd 33 28/09/2015 15:16:15 Perspectivas 2016 Motores

novar contrato com a Egpyt Power por “Ainda assim devemos crescer 24%, mais cinco anos. Os envios deverão para cerca de 12 mil unidades.” somar 2,5 mil unidades anuais até lá, Uma janela de oportunidade certa mas somente em 2015 serão 4,5 mil, no radar das fabricantes de motores é 20% a mais que no no passado. a introdução da legislação ambiental Também Cummins e FPT se prepa­ para máquinas agrícolas e de constru­ ram para fortalecer seus negócios com ção, o MAR 1, que promete aumento os mercados externos. Rangel enxerga de participação nos negócios das com­ crescimentos em países como Argenti­ panhias com as entregas no período Vivemos hoje a na, Peru e Chile e em segmentos como de 2016/2017. Ainda não se sabe com continuação da marítimo, de geração de energia e ni­ que velocidade nem mesmo os volu­ chos, como o de motores a gás para o mes demandados, mas não há dúvi­ crise de 2008, transporte urbano de passageiros, en­ das do movimento que se iniciará. De que não foi bem quanto a Cummins já colhe crescimen­ acordo com o presidente da Cummins, to de 10% com a exportação de peças que aposta em substituição de produ­ resolvida por aqui e serviços, áreas nas quais a MWM tos hoje importados, “o mercado está Luís Pasquotto também espera obter alta de 17%. retraído e não sabemos quantas enco­ Pasquotto ressalva que as exporta­ mendas surgirão”. ções não começam de uma hora para Os representantes das fábricas de outra e exigem investimentos na ade­ motores também são unânimes: a re­ quação de motores às características cuperação não está no horizonte de de mercado: “Quando não requer en­ 2016. Segundo eles em hipótese oti­ genharia, apenas a conta do câmbio mista o ano que vem será estável com paga. Mas nem sempre é assim”. relação a 2015, com risco de piorar: Frustrante para alguns e oportuno “Enquanto não se resolver a crise po­ para outros é o desempenho do seg­ lítica a economia não vai andar”, pon­ mento de geração de energia. Os diri­ tua Pasquotto. “Vivemos hoje a conti­ gentes das empresas depositavam es­ nuação da crise de 2008, que não foi peranças na área diante da expectativa bem resolvida por aqui”. da produção de energia ser menor do Nenhum dos três arrisca qualquer que a demanda. Com o encolhimen­ projeção e todos preferem manter to da economia, no entanto, o parque uma atitude cautelosa para “não ge­ instalado se mostra suficiente, resume rar falsas expectativas”, como assinala Pasquottto: “Houve algum crescimen­ Püschel, da MWM, ou para “não repe­ to no primeiro semestre, mas pontual. tir o que aconteceu este ano, errando Nem aí esperamos melhora”. feio”, como se defende Pasquotto. Na FPT, porém, os negócios com Rangel, da FPT, no entanto, acrescen­ geração de energia foram mais anima­ ta um conselho, sem deixar de ser, na dores, embora Rangel também lembre verdade, um desejo para que o Brasil que o segmento desaqueceu do come­ volte a crescer: “Que entreguem a pá e ço do ano para cá. deixem de cavar”. 34

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Perspectivas 2016 Máquinas agrícolas e de construção

m todos os imbróglios das condi- ções econômicas de hoje no País, a falta de confiança não explica Etudo, mas mostra de maneira educa- Campo farto, tiva o estrago que provoca. Segundo dados da Conab, Companhia Nacio- nal de Abastecimento, divulgados em venda fraca setembro, a safra agrícola 2014/2015 cresceu 8,2%, para 209,5 milhões de A crise política-econômica até justifica a queda no toneladas, 15,9 milhões de toneladas a mercado de máquinas de construção, mas não conta mais do que a colheita anterior. Acom- tudo a respeito no segmento agrícola panhou também o crescimento produ- tivo a área plantada, em 1,7%, para 58 Décio Costa | [email protected] milhões de hectares. Com o retrato farto do campo era de se esperar um desempenho semelhan- AGCO para a América Latina, que O executivo da CNH Industrial pre- te para as fabricantes de máquinas menciona ainda outros impedimen- fere não revelar os números da empre- agrícolas e de construção, afinal, para tos: “Mundialmente os preços das sa, mas adianta estimativa de que as atender demandas maiores de produ- commodities caíram, reduzindo a ren- vendas internas de máquinas agrícolas ção e de terra plantada, seria coerente tabilidade do agricultor. Sem contar devem encerrar o ano com queda de ter mais tratores. Mas não, as vendas os problemas políticos e o excesso de 20% a 25%: “Embora o volume de pro- do segmento caíram 28,3% no acumu- pessimismo no País. Alguns pararam dução no campo registre recorde, com lado até agosto, com 32,9 mil unida- para ver o que ia acontecer e daí todo a produtividade crescendo e a área au- des, e a produção 25%, para 40,6 mil, mundo parou. Agora precisa alguém mentando, o agricultor não se animou de acordo com a Anfavea. correr para todos correrem atrás. Den- em comprar. Também vale lembrar “O cenário macroeconômico debi- tro dessa confusão toda até que os nú- que a sua rentabilidade caiu um pouco litado certamente tira a confiança do meros atuais não são tão ruins”. em virtude do novo patamar do câm- investidor”, diz o diretor de desenvol- Kiep lembra que há dois anos o bio e, consequentemente, o aumento vimento do portfólio de produtos da mercado surpreendeu, com vendas nos custos. Toda a cadeia de agroquí- CNH Industrial para América Latina, além do esperado, o que naturalmente micos é baseada em dólar”. Rafael Miotto. “Também os juros estão reduziu o volume em 2014. Mas se existe algo de positivo para mais caros e os bancos mais restritivos. “Este ano tem sido muito aquém do os segmentos de máquinas agrícolas O BNDES diz que tudo está uma mara- que imaginávamos. Mas um mercado e de construção destacarem no atual vilha, mas o nosso cliente reclama das de 40 mil tratores ainda é forte.” cenário é a desvalorização do real. O dificuldades em obter o crédito.” Pelas contas de Kiep a AGCO está nível do câmbio de hoje favorece as As mesmas justificativas para de- em queda de 25% na região, um pou- exportações, promovendo uma com- senhar o desempenho de máquinas co abaixo da média de retração no seg- petitividade antes inexistente. Até em 2015 são compartilhadas por Ber- mento, de 27%: “O maior problema é o agosto, por exemplo, os volumes de nhard Kiep, vice-presidente de marke- Brasil, com recuo nas vendas de 32%. remessas da AGCO cresceram 15% e ting, pós-venda, gestão de produtos e O índice é negativo em 5% na Argen- com projeção de expansão para o ano desenvolvimento de concessionárias tina e em 11% no restante da região”. que vem: 36

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AD 314 - P_MAQ_AG_CONS.indd 36 28/09/2015 15:17:49 “Temos condições, hoje, de brigar com nossas fábricas dos Estados Uni- dos, Europa e Ásia”, revela Kiep. “Agora podemos vender para mercados que antes não tínhamos condições. Esta- mos ampliando negócios no México e O cenário Alguns pararam na África e não descartamos exportar macroeconômico para ver o que até para alguns mercados asiáticos”. debilitado ia acontecer. Daí CONSTRUÇÃO – A mesma saída certamente tira todos pararam. estratégica serve para o segmento de máquinas de construção. De acordo a confiança do Agora alguém com Afrânio Chueire, presidente da investidor. É precisa correr para Volvo CE, as exportações da empresa participam, em média, com 38% nas compreensível. todos irem atrás. vendas, mas este ano a fatia deve che- Rafael Miotto Bernhard Kiep gar a 50%: “Há atividades econômicas vinculadas às exportações que não estão tão ruins. Mineração, ouro, már- more, granito, papel e celulose e mes- mo o mercado agrícola se mostram im- portantes para buscar certo equilíbrio no negócio”. O vice-presidente da Case Cons- truction Equipment para a América La- tina, Roque Reis, também contabiliza resultados positivos nas remessas de máquinas. A expectativa é dobrar os envios até o fim do ano com a soma das marcas Case e New Holland, em- presas da CNH Industrial, para quatro- centas unidades e novamente dobrar os embarques no ano que vem: “Além da América Latina enxergamos opor- tunidades também em Cuba, devido à abertura recente, Índia e Oriente Médio. Mas também a deve melhorar com o novo governo”. Ambos os representantes das fa- bricantes de máquinas de construção,

Divulgação/CNH Divulgação/AGCO no entanto, se mostram preocupados 37

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AD 314 - P_MAQ_AG_CONS.indd 37 28/09/2015 15:17:56 Perspectivas 2016 Máquinas agrícolas e de construção

com o mercado interno. Os dois con- cordam com queda de vendas de 40% a 50%, volumes em torno de 11 mil a 13 mil unidades. Os executivos res- saltam, no entanto, que ao contrário de 2014 este ano não houve entregas para as licitações do MDA, Ministé- rio do Desenvolvimento Agrário, um volume extra que influenciou o - de sempenho de máquinas durante dois anos: “As encomendas do MDA foram importantes e fizeram parte do merca- do”, diz Chueire. “Mas se tirarmos esse volume a queda cai para 38%”. Para o ano que vem, tanto os exe- cutivos do segmento de máquinas agrícolas, como Miotto, quanto os de construção apostam na continuidade das dificuldades de 2015: “O cenário

deve ser o mesmo do atual, apesar de CE Divulgação/Volvo Divulgação/Case Construction acreditar que o nível de confiança se estabilize para poder voltar a crescer”. Kiep pontua que o que tiver que piorar ainda será neste ano, e que A recuperação Além da América um fato novo precisa ocorrer na área virá sem dúvida, econômica para poder crescer: “Nem Latina vemos queremos nada de extraordinário. Se o mas ainda levará oportunidade governo executar o que já tem, como o dois ou três também na Índia, Mais Alimento, as coisas podem come- çar a melhorar”. anos. E quando o no Oriente Médio Diante de um País com as obras de mercado voltar a e na recente infraestrutura praticamente paradas retomada devido aos escândalos de corrupção abertura em Cuba envolvendo empreiteiras, o pesso- será rápida. Roque Reis al de máquinas de construção ainda Afrânio Chueire terá de planejar o ano que vem sem tanta influência do mercado interno: “A recuperação sem dúvida virá, mas ainda levará dois ou três anos”, admite Chueire. “E quando o mercado voltar a retomada será rápida”. 38

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Perspectivas 2016 Fornecedores O lado bom A desvalorização do real trouxe oportunidades para as autopeças em exportação e nacionalização

Alzira Rodrigues | [email protected]

ue 2015 está sendo um ano Com o real depreciado os clientes pas- extremamente difícil nin- sarão a comprar mais internamente, guém tem dúvida. Mas como inclusive da Bosch, ao invés de impor- Qé comum se ouvir no meio empresarial tar o componente”. toda crise tem um lado bom. No caso Destacando que a empresa não faz das autopeças a desvalorização do real nada pensando só no curto prazo, Bo- favoreceu não só novos negócios ex- telho lembra que a Bosch vem inves- ternos como também a localização de tindo prioritariamente em nacionali-

Simão Salomão peças antes importadas. Outro dado zação e tecnologia: “Antecipamos o positivo é o aquecimento do mercado mercado e trazemos tecnologias com de reposição, também em parte por potencial de uso aqui, apostando na causa da crise que leva o consumidor a localização gradual de peças hoje im- Fizemos a lição adiar a troca do carro e com isso inves- portadas”. de casa, criamos tir na manutenção do seu usado. Já como parte desse movimento das O que fica claro na conversa com montadoras de ampliar a localização novas fontes executivos de empresas sistemistas de peças, os negócios OEM da Bosch de negócios e de autopeças em geral é que todos caíram em índice inferior ao da queda aproveitaram a crise para fazer a lição no mercado: “Nosso decréscimo nessa e estamos de casa, investiram em novas fontes área nos primeiros sete meses do ano preparados de negócios, reduziram custos e encer- foi de 9%, metade do que as vendas para quando a ram o ano com as operações ajustadas de veículos caíram até julho. Isso foi à nova realidade. Mais do que isso possível graças à conquista de novos retomada vier. “preparados para a retomada quando negócios e à expansão de vendas em Besaliel Botelho ela ocorrer”, como diz Besaliel Botelho, itens específicos, como ABS e ESP”. presidente da Bosch América Latina: Em reposição e exportação a em- “O lado bom desta crise, sem dúvi- presa registra desempenhos positivos da, é o surgimento de novas oportuni- este ano. As vendas externas cresce- dades. A moeda depreciada traz algu- ram 20%, devido a negócios princi- mas vantagens tanto em exportações palmente com os Estados Unidos e a como também nos negócios OEM. China, atingindo participação de 27% 40

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AD 314 - P_AUTOPEÇAS.indd 40 28/09/2015 15:20:03 no faturamento total da região. Esse do mercado, assim como revela planos índice era inferior a 20% em 2013 e para aumentar sua exportação a partir chegou a 22% no ano passado. de novos contatos em andamento. Com relação a 2016 Botelho avalia “Este ano tivemos aumento das que será mais um ano de recessão, com exportações indiretas, aquelas feitas alguma possibilidade de retomada só pelas montadoras com componentes Tivemos redução no segundo semestre: “Desde 2011 nossos”, informa Frédéric Sebbagh, em algumas tenho procurado manter o otimismo, presidente para as operações do Bra- porém, neste momento ainda não vejo sil e Argentina do Grupo Continental. operações, mas sinais de recuperação. Na minha visão “Mas com o câmbio atual estamos não em outras, e não atingimos o ápice da crise”. fazendo vários estudos para exportar Para o Brasil retomar o crescimen- para Europa e o Nafta. Temos opera- abrimos algumas to, na sua avaliação, é preciso voltar o ções em 53 países e vamos buscar no- frentes internas crédito, a inflação ficar em 6%, os juros vas oportunidades externas.” que geraram terem de novo tendência de baixa e, Devido à compra do Grupo Veyace principalmente, estabilidade política e pela divisão Conti Thec da Continental novas receitas econômica: “A prioridade é a estabili- no início deste ano, a empresa repeti- Frédéric Sebbagh dade política”. rá em 2015 o desempenho de 2014: Botelho acredita que o mercado “Essa aquisição foi um evento mun- de automóveis e comerciais leves dialmente significativo para o nosso em 2016 deve repetir os números de grupo e na região como um todo. Va- 2015, com um novo perfil do mercado, mos empatar este ano”. “pois as três grandes não se recuperam Também a Continental terá, em mais e há mais novos players que ocu- 2015, queda nas vendas OEM abaixo parão mais espaço”. da retração média do mercado: Para adequar produção à demanda “Tivemos redução em algumas ope- a empresa adotou todas as medidas rações, mas não em todas, e abrimos cabíveis com relação à mão de obra, algumas frentes internas que geraram mas mesmo assim teve de demitir, “e novas receitas”. hoje o quadro está ajustado”. A empresa tem resultado positivo Para Botelho o Brasil continua sen- na divisão de pneus, com ganhos de do o País do futuro: “A situação é mo- market share no País, e a Conti Tech mentânea, só não sabemos quando também teve sua atuação no mercado vai acabar. Fizemos a lição de casa, de reposição ampliada graças à com- criamos novas fontes de negócios e pra da Veyace. estamos preparados para a retomada Com relação a 2016 o executivo quando ela ocorrer”. conta que a empresa trabalha com os indicadores macroeconômicos das NOVAS FRENTES – Também o Gru- instituições financeiras e dos conse- po Continental garante estar com as lheiros do Sindipeças. No que diz res-

operações ajustadas ao novo patamar peito ao mercado interno de veículos Divulgação/Continental 41

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AD 314 - P_AUTOPEÇAS.indd 41 28/09/2015 15:20:03 Perspectivas 2016 Fornecedores

o presidente do Grupo Continental da receita. Apesar da situação difícil aposta em estabilidade ou ligeira que- e uma expectativa de queda de 10% da: “O primeiro semestre deve repetir no faturamento com relação a 2014 o segundo semestre deste ano e even- temos conseguido cumprir nossas me- tualmente depois melhorar. Mas não tas”. dá para crescer. Esperamos retomada Heinzelmann conta que custou em 2017, mas lenta”. muito à empresa preservar as expor- Já o Grupo Continental, em parti- tações em anos nos quais o mercado cular, terá um 2016 melhor do que externo não se mostrava rentável: “Sa- 2015. É que o Grupo Veyance atua em bemos que tomamos a decisão certa setores industriais, como mineração e em não abandonar o mercado inter- petróleo, o que contribuirá para o cres- nacional, mesmo porque para retomar cimento da companhia na região. De negócios lá fora depois é muito difícil”. acordo com Sebbagh também deverá Embora os negócios além das fron- haver continuidade de expansão na li- teiras tornem menos intensas as per- nha de pneus, além da perspectiva de das, o presidente da Zen lamenta a crescimento nas exportações. deterioração do mercado interno e a escalada dos custos. Ele lembra tanto MEIO A MEIO – A diversificação os valores das matérias-primas quan-

Divulgação/Zen das operações da Zen, fabricante de to os custos de produção, da mão de autopeças de Brusque, SC, aliada ao obra à energia elétrica: “Infelizmente extenso portfólio de produtos, mostra- temos o custo Brasil bastante elevado. -se como um abrigo contra os ventos E a situação atual está muito pior do Planejamos e as trovoadas que hoje castigam o que havíamos imaginado. Muitas das mercado. De acordo com Gilberto novas plataformas planejadas estão crescimento de Heinzelmann, presidente da compa- sendo postergadas ou encaminhadas 10% a 15% na nhia, exportações e mercado interno de maneira tímida”. receita de 2016, representam, em média, 50% do fatu- De acordo com Heinzelmann mes- ramento, sendo o doméstico também mo a reposição, que poderia compen- impulsionado fracionado pela metade, 50% vindo sar parte da queda na produção de principalmente da reposição e o restante da operação veículos novos, sente os efeitos do am- OEM, “um equilíbrio histórico da em- biente econômico turbulento: “A crise pelas exportações presa que ajuda muito”. não deixa nenhuma área impune. Os Gilberto Heinzelmann Atualmente, no entanto, em virtu- juros estão altos, a redução de estoque de da situação econômica, a empresa no distribuidor é prioridade e muitos tem encontrado boas saídas nas ex- deles estão inadimplentes”. portações: “O mercado internacional O dirigente da Zen está alinhado está favorecido pelo novo patamar do com as projeções da Anfavea, de que- câmbio, melhorando nossa competiti- da de 20,6% nas vendas de veículos vidade. Em alguns momentos nossas em 2015, e não enxerga melhorias remessas chegam a proporcionar 70% para 2016: “Há um risco de agrava- 42

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Perspectivas 2016 Fornecedores

mento político que pode deteriorar na, que este ano enfrenta problemas, ainda mais a economia. A oportuni- a NGK tem negócios intercompany, dade é o mercado externo, que pode vendendo para a matriz no Japão e via surpreender e melhorar a produção”. triangulação para a Nigéria: “A alta do Apesar do horizonte nebuloso para dólar favorece as exportações, mas te- fazer estimativas – suas avaliações são mos importação de matéria-prima, o baseadas no relatório Focus, do Banco que encarece nossos custos. O bom é Estamos Central –, o presidente da Zen tem que hoje temos equilíbrio das exporta- planejado crescimento de 10% a 15% ções com as importações”. investindo forte no faturamento da empresa em 2016, Com relação à economia brasileira, em modernização impulsionado pelas exportações. Miyazaki avalia que o maior proble- ma no momento é a imprevisibilidade de maquinário REPOSIÇÃO EM ALTA – A NGK provocada principalmente pela crise para aumentar a amarga queda de 20% nos negócios política. Ele não acredita em retomada produtividade OEM este ano, em linha, portanto, com do setor no ano que vem: “Em 2017 o mercado interno de veículos novos. deveremos voltar a 2013. O Brasil sem Edson Miyazaki Mas cresce 3,5% na área de reposição dúvida tem potencial. Nós estamos e trabalha para ampliar vendas em trabalhando para não nos atermos alguns mercados externos, como Co- muito aos problemas do momento, de lômbia, Peru e Chile. Como as entregas olho em 2020-2025”. para as montadoras têm participação Em setembro a empresa inaugurou de menos de 20% no seu volume físico um novo prédio em Mogi das Cruzes, – as exportações respondem por 35% SP, onde passou a centralizar todas as e o restante é aftermarket – a redução suas operações logísticas. Com ele a no faturamento ficará em 5% a 10%. empresa duplica sua capacidade ope- Édson Miyazaki, diretor comercial racional de armazenagem e entrega. A da NGK do Brasil, diz que o câmbio ampliação é parte do plano de investi- atual também favorece o faturamento mento da NGK no País, que tem como final, destacando ainda que a empresa meta expandir sua capacidade anual conseguiu se ajustar ao novo patamar para 100 milhões de velas até 2020. deste ano sem grandes traumas: Apesar de apostar no potencial do “Fizemos atividades de treinamento mercado brasileiro Myizaki avalia que de pessoal em períodos ociosos e con- no curto prazo as coisas por aqui ainda seguimos praticamente manter nosso podem piorar. O PIB, na sua avaliação, quadro. Além disso estamos investin- continuará em queda em 2016 e há do em modernização de maquinário risco de a inflação subir. para aumentar a produtividade. Vai chegar o momento em que seremos PESADOS – Com forte atuação no competitivos em nível internacional”. segmento de veículos pesados, a Me- Além de exportar para países da ritor encerrará este ano com as vendas

Divulgação/NGK América Sul, principalmente Argenti- para o mercado de reposição respon- 44

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AD 314 - P_AUTOPEÇAS.indd 44 28/09/2015 15:20:05 TMA. SERVIÇOS E SOLUÇÕES PARA CÂMARAS CLIMÁTICAS NACIONAIS E IMPORTADAS. dendo por 20% do seu faturamento e as exportações 8%. De acordo com Luís Marques, gerente de marketing e vendas da Meritor, a grande perda será no mercado de vendas OEM, com que- da de 45%: “O crescimento de outros mercados foi orgânico, não compen- sando essa perda de produção desti- Nós da TMA temos como objetivo, suprir o mercado nada às fabricantes de veículos”. com a mais completa gama de serviços e soluções em equipamentos climáticos/térmicos e automação. Ele estima que este ano a produção Criar soluções customizadas, baseando-se na de caminhões, aqui, baixe para 75 mil satisfação total do cliente, focada em agilidade e e a de ônibus para 27 mil. Sobre a re- qualidade para atender as mais diversas necessidades. Com profissionais capacitados e experientes, tomada da economia Marques diz que atendemos em todo território nacional e temos pela avaliação do mercado financeiro, como pontos diferenciados: 2016 ainda será um ano de ajuste, ou PQualidade de nossos serviços (garantia pode chegar até 03 anos) seja, melhorias só a partir de 2017. PCustos competitivos “O mercado de veículos comerciais PPronto atendimento (amplo estoque de peças) PNão cobramos taxas para visitas técnicas ainda apresentará um cenário recessi- PPara alguns casos temos equipamentos reservas vo no primeiro semestre de 2016, com

Divulgação/Meritor possibilidade de pequena retomada no segundo semestre.” No que diz respeito ao câmbio Mar- ques lembra que a desvalorização de As empresas agora mais de 60% do real nos últimos doze estão resgatando meses refletiu severamente na políti- ca de suprimentos de toda a indústria o processo de automobilística: “As empresas agora desenvolvimento estão se voltando para resgatar o de- Fornecemos soluções dimensionadas conforme as senvolvimento local de componentes, necessidades de nossos clientes. interno de Executamos manutenção preventiva, manutenção com o objetivo de aumentar o forneci- corretiva, reformas para revitalização e ou reformas componentes mento de conteúdo nacionalizado. O para adequação de novas normas e produtos, para os equipamentos mencionados abaixo: para aumentar o grande desafio é retomar a produção PEstufas e fornos local em um ambiente de alta instabili- PCâmaras climáticas e térmicas (Walk-in, choque conteúdo local dade e pouco investimento”. térmico, com teste a vácuo, acopladas ao banco de Luís Marques vibração) De qualquer forma, o foco da Meri- PEquipamentos para corrosão acelerada (nevoa salina, tor, agora, será o desenvolvimento de simulação em lama + pó e simulação de chuva + jato fornecedores internos: “Para o ano que d’água) PPainéis elétricos, CLPs e sistemas de controle, de vem temos o lançamento de novas supervisão e monitoração plataformas de produtos, agregando tecnologia e diminuição de custos de operação”. 45 TMA Soluções Climáticas & Automação Ltda. Outubro 2015 AutoData [email protected] www.tmasolucoes.com.br

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Perspectivas 2016 Anfavea

e a indústria automotiva brasi- leira até agora não caminhou nem mesmo dentro da pior Sprevisão dos executivos do setor, o transcorrer deste último trimestre igualmente não deixará saudades. Esta já era a percepção de Luiz Moan, presi- dente da Anfavea, na primeira quinze- na de setembro, dias após ter constata- do que agosto – até então imaginado por ele como provável mês em que a economia e o setor começariam a es- boçar alguma reação após a conclusão do ajuste fiscal – de fato apenas agra- vou os números debilitados do ano. “Todos sabíamos que 2015 seria um ano difícil, mas não nessa pro- fundidade nem com essa rapidez de deterioração em função de uma crise política sem precedentes, que minou o núcleo de confiança do investidor, de um lado, e do consumidor, de outro.” Moan, como boa parte do setor, imaginava que ajustes na economia eram mais do que necessários e que, pela premência, deveriam estar con-

cluídos até fim de junho. Deveriam. Divulgação/Agência Brasil “Mas vêm sendo adiados, o que tem gerado mais desconfiança do consu- midor, derrubando assim ainda mais as vendas e, como consequência, dei- xando os objetivos dos ajustes ainda Dedos mais distantes.” Com esse quadro, diz o presidente da Anfavea, traçar um cenário para cruzados 2016 “é quase impossível”. Em um exercício rápido, contudo, diz que uma Presidente da Anfavea diz que setor só exibirá alguma eventual retomada mais significativa reação no fim de 2016 caso o ajuste fiscal seja do setor poderia se dar somente no úl- concluído, e bem, necessariamente este ano timo trimestre do ano que vem, caso – e ele faz questão de enfatizar isso – to- George Guimarães | [email protected] 48

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AD 314 - P_ANFAVEA.indd 48 28/09/2015 15:23:28 dos os ajustes estejam finalizados até “Agora temos câmbio favorável, es- o fim do ano: “É fato que já perdermos cala e produtos. Potencial existe. De- três ou quatro meses, então não dá pendendo da estabilidade do câmbio, mais para acreditar em uma eventual de menor volatilidade, podemos vol- inversão da curva no meio de 2016”. tar a exportar para outras regiões, até O presidente da Anfavea já dava mesmo para a Ásia”. como certo, no começo de setembro, E lembra o esforço para encaminhar que o último terço de 2015 será de novos acordos comerciais. desempenho ainda mais sofrível em E com capacidade produtiva mais vendas e sobretudo produção: “O ní- do que suficiente para o médio prazo, vel de confiança caiu ainda mais e o o parque de fabricantes se dedicará ritmo de vendas diminuiu”, justificou, muito mais à atualização de produtos antecipando que a entidade reveria e plataformas. Até porque as monta- novamente suas projeções para o ano doras não têm mais grandes proble- nas semanas seguintes. Com essa bati- mas de processos, muitas das linhas da na ponta do comércio, argumentou, de montagem são novas ou já foram O momento é as linhas de montagens das fabricantes modernizadas nos últimos anos. de veículos ficarão ainda mais lentas Moan entende que a indústria bra- propício para de forma a não sobrecarregarem ainda sileira deve continuar olhando mais cobrar do governo mais os pátios dos revendedores. para o futuro, cujo potencial não Não será surpresa alguma, portan- muda: “Continuo acreditando em um e também to, se o volume diário médio de vendas mercado de 7 milhões de veículos, só sugerir medidas em 2016 suplantar aquele com o qual que não mais em vinte anos...” que garantam o setor deve fechar este ano: “É bem E citou números apontado por estu- provável que isso aconteça, até porque do da entidade que considerava cresci- a reativação da a base de comparação será fraca”. mento médio do PIB de 3% ao ano nas economia Mas a produção será melhor em próximas duas décadas. 2016? “Difícil dizer!”, desconversa Com esse polpudo atrativo imagi- Moan. nado, Moan acredita que a indústria Mas a possibilidade de um mercado deva aproveitar o atual momento para em 2016 pior que o deste ano não foi cobrar do governo – e auxiliá-lo, com considerada por Moan nem com algu- sugestões – medidas estruturais que ma superficialidade, ainda que o exe- não afetem o ajuste fiscal e garantam, cutivo creia em nova queda do PIB, da de fato, que o Brasil chegue lá. Cita ordem de 0,5%, recuo da inflação para exemplos como a simplificação de 6,5% e também da Selic, “que já ultra- transferência de usados, definida para passou o razoável há muito”. o começo de 2016, e decisão que man- No entanto, Moan vê nas vendas tém multas e IPVA devidos no CPF ou externas cenário mais favorável, algo CNPJ do vendedor, “algo que poderia que pode atenuar, ao menos em parte, ajudar a destravar a renovação e o lea- os eventuais deslizes internos: sing operacional”. 49

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AD 314 - P_ANFAVEA.indd 49 28/09/2015 15:23:28 Perspectivas 2016 Abeifa Sem dourar a pílula As vendas de veículos importados caíram mais de 40% em dois anos. Os importadores, contudo, acreditam que o fundo do poço já chegou.

Alzira Rodrigues | [email protected] Divulgação/Abeifa

fetados diretamente pela alta não tem muito o que falar do futuro. a Abeifa divulgou balanço dos primei- do dólar os importadores de Mas acredito em uma força inercial ros oito meses do ano. Na ocasião Vis- veículos amargam queda de que não deixará os volumes baixarem conde destacou que não há mais como A30% no acumulado deste ano e não ainda mais. No mínimo o mercado vai dourar a pílula: “Em 2014 caímos 13% vislumbram, por enquanto, perspecti- parar de cair”. e agora mais 30%, o quadro realmente va de retomada no curto prazo. Pior do Diante desse raciocínio o empre- é crítico”. que está, no entanto, não dá para ficar, sário estima que 2016 será igual ou E apesar de ter projetado ao menos na opinião do presidente da Abeifa, até mesmo um pouco melhor do que estabilidade para o setor a partir de Marcel Visconde: “Estamos vivendo 2015. Tais projeções foram feitas na agora, na época Visconde alertava que um trauma e quem está traumatizado primeira semana de setembro, quando se o País perdesse grau de investimen- 50

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Perspectivas 2016 Abeifa

to – o que veio a acontecer alguns dias Para este ano a previsão da entidade Projeções depois – a situação poderia se compli- é ficar em 65 mil, volume que, se con- : “Precisamos ter credibilidade in- firmado, representará decréscimo pró- ternacional para ter investimento. Do ximo a 23% com relação a 2014. No contrário é impossível ter retomada”. acumulado de janeiro a agosto foram Para Visconde a confiança do con- importados 42,6 mil veículos, 30,3% a sumidor é tudo: “Mesmo quem tem menos do que os 61,2 mil dos primei- poder aquisitivo não está comprando, ros oito meses de 2014. PIB o que já afeta inclusive o mercado de Em agosto, por exemplo, foram em- luxo. O câmbio tem efeito grande na placadas menos de 4,5 mil unidades, cabeça das pessoas e a alta do dólar, queda de 16% ante as 5,3 mil de um no balanço de agosto a agosto, foi de mês antes e 39% abaixo das 7,3 mil do 70%. É uma deterioração cambial real- mesmo mês do ano passado. mente impressionante”. Como a Abeifa também representa Selic A situação, segundo ele, é crítica empresas que recentemente começa- para todos e o que mais preocupa é o ram a produzir no Brasil, como BMW, imobilismo no País: Chery e até a Jeep, seus indicadores “Os dias passam e não vemos nada são mais positivos. Quando conside- acontecer. Estou muito cético. A tra- rada a produção nacional o total em- vessia é mais longa do que esperáva- placado até agosto pelas suas afiliadas Inflação mos e agora é aguardar que num certo alcança 65,5 mil, alta de 4,4% no com- ponto deixemos de sangrar”. parativo anual. A Abeifa considera o momento ideal Por marcas, a líder em emplacamen- para rediscutir as cotas de importação tos de importados da Abeifa em agosto que têm prejudicado principalmen- foi a Kia, com 1,2 mil unidades, segui- te os importadores com produtos de da por Land Rover, com 733, e BMW, Dólar maior volume, como a Kia. O próprio 421. No acumulado do ano o ranking dólar, na análise do presidente da en- aponta a mesma sequência: Kia com tidade, já é um inibidor. Outra medida 11,4 mil, queda de 26,5% ante mesmo que poderia ajudar o setor é a libera- intervalo do ano passado, Land Rover ção de benefícios para elétricos e hí- com 5,5 mil, 11,4% abaixo, e BMW bridos, pois vários importadores têm com 3,9 mil e queda de 57,5%, nesse produtos a oferecer nesse nicho. caso fruto da substituição de produtos vindos do Exterior por nacionais. MERCADO – As vendas de impor- E no ranking por modelos, igual- tados dos associados da Abeifa vêm mente considerados apenas os impor- numa sequência descendente desde tados, a liderança no acumulado até 2011, quando atingiram a 199 mil uni- agosto foi do Kia Sportage, com 5 mil dades. No ano seguinte baixaram para emplacamentos, seguido do Land Ro- 131 mil, em 2013 para 112,6 mil e no ver Range Rover Evoque, com 3 mil, e ano passado se restringiram a 96,5 mil. Lifan X60, com 1,9 mil. 52

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Perspectivas 2016 Anef

á dois anos consecutivos de- monstrando seu pessimismo quanto aos rumos da econo- Hmia brasileira o presidente da Anef, Dé- cio Carbonari, vê agora algum indício de melhora e admite até estar mais otimis- ta. Para ele o fundo do poço está che- gando: “O primeiro passo para resolver problemas é reconhecer que eles exis- tem. Parece que o governo os reconhe- ceu, o que gera perspectivas positivas”. Na sua avaliação a inflação tende agora a cair, o que leva à redução dos ju- ros em uma segunda fase: “O governo, pela própria falta de dinheiro, buscará o equilíbrio fiscal e até dezembro a eco- nomia deve estabilizar-se, com a taxa de desemprego parando de subir e a renda média parando de cair”. Carbonari diz que a hora que o traba- lhador pensar “ufa, não vou perder meu emprego” a situação muda: “E as em- presas já estarão preparadas para um novo momento porque vêm se ajustan- do desde a crise de 2013”. De acordo com o presidente da Anef,

Divulgação/Anef a média diária de vendas em agosto foi um pouquinho superior à de julho, o que já indica tendência de estabilidade. Ele admite que há uma demanda repri- mida, fruto da insegurança das pessoas Um sopro em fazer dívidas ou até mesmo gastar, o que pode acelerar a retomada no mo- mento em que ela ocorrer: no ar “Tem muita gente que troca o carro a cada dois anos e decidiu esperar. Mas O presidente da Anef mostra otimismo quanto quando completar três a tendência é de à possibilidade de a economia e o mercado compra de um novo zero quilômetro”. estabilizarem-se até o fim deste ano Carbonari lembra que no Brasil, como em todos os países emergentes, Alzira Rodrigues | [email protected] a queda é grande quando há desace- 54

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Perspectivas 2016 Anef

leração da economia, mas a retomada, Ninguém está Com base nos últimos dados cole- em geral, também é rápida: “Tenho con- tados pelo setor, relativos ao período versado com concessionários e empre- feliz, mas não de janeiro a junho, o saldo de finan- sários e é certo que ninguém está feliz. vejo ninguém ciamentos de veículos novos e usados Mas também não vejo desespero. Co- desesperado. este ano deve cair 10,6%. As financeiras meço a sentir cheiro de melhora”. encerraram dezembro do ano passado Apesar de se mostrar otimista, o Começo a sentir com saldo de R$ 211,3 bilhões e a pers- presidente da Anef prefere não arriscar um cheiro de pectiva é chegar ao fim deste ano com palpite sobre o momento da retomada R$ 189 bilhões. Os recursos liberados do mercado automotivo brasileiro. Ele melhora. caem praticamente na mesma propor- acredita em pequena queda do PIB no ção, baixando de R$ 111,3 bilhões para ano que vem, considerando o compa- R$ 99 bilhões no mesmo comparativo. rativo anual, em inflação menor e em A queda, portanto, é menor do que a dólar na faixa de R$ 3,60 a R$ 4. de mercado de veículos novos, na faixa “O câmbio foi mantido artificialmen- de 20% no acumulado do ano. O mo- te baixo por um período e, agora, ele tivo, segundo Carbonari, é o segmento terá de ficar em patamar mais compatí- de usados em alta, o que compensa em vel com a realidade.” parte a perda no mercado de novos. Um dado positivo, segundo ele, é a Os juros nos financiamentos de au- inadimplência estabilizada no segmen- tomóveis e comerciais leves registram to de automóveis e comerciais em 3,9% média em junho de 1,57% ao mês, ou desde dezembro no caso das pessoas 20,55% ao ano, no caso das instituições físicas. Já nos empréstimos para pessoas financeiras ligadas às montadoras. Na jurídicas houve leve alta da inadimplên- média do mercado ficaram em, respec- cia, de 4,1% no fim do ano passado para tivamente, 1,86% e 24,7%. Para as pes- 4,4% em maio. soas jurídicas a média foi de 1,59% ao “A boa notícia, nesse caso, é que em mês ou 20,8% ao ano. junho a inadimplência das empresas O prazo médio dos empréstimos rea- estabilizou-se no mesmo patamar do lizados no primeiro semestre deste ano mês anterior, o que contraria previsões foi de 41,7 meses, bastante próximo aos feitas no início do ano, quando imagi- 41,4 meses de 2014. No segmento de návamos uma deterioração maior neste automóveis e comerciais leves os finan- indicador.” ciamentos responderam por 54% das O volume de vendas financiadas caiu vendas. Do restante, 39% foram à vista, em todos os segmentos, mas não só em 7% por consórcio e 2% por leasing. No função da retração dos que estão receo- caso dos caminhões e ônibus 69% dos sos de fazer endividamento ou mesmo negócios se deram via Finame, 14% por sem condições para isso: “No caso dos CDC, 14% à vista, 2% por consórcio e consumidores com renda maior regis- 1% por leasing. As modalidades na ven- tramos muitos casos em que a preferên- da de motos se deram 35% por consór- cia é pela compra à vista”. cio, 33% financiadas e 32% à vista. 56

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Perspectivas 2016 Fenabrave

a esteira da crise e do próprio movimento das fabricantes de veículos no mercado, com Nas veteranas perdendo espaço para as mais novas, as redes de concessio- Na mesma nárias passam por processo de equa- lização, com fechamento de alguns pontos e abertura de outros, além da batida busca por diversificação das receitas. Nas palavras do presidente da Fena- Fenabrave espera mercado no mínimo igual em 2016 brave, Alarico Assumpção Jr., trata-se de processo saudável que deve culmi- Alzira Rodrigues | [email protected] nar com o setor mais fortalecido: “O ajuste é uma necessidade. O volume de veículos novos sempre foi importante para as concessionárias e agora vemos ações por mais fatura- mento em usados, oficina e acessórios. Estão sendo fechadas casas que se tornaram deficientes e sendo abertas outras em locais financeiramente mais estratégicos. Quem tem caixa conse- gue atravessar bem esse período”. O presidente da Fenabrave faz um paralelo com o que aconteceu nos Es- tados Unidos na crise de 2008-2009, quando o mercado baixou de 16 mi- lhões de veículos para 9 milhões e 8 mil concessionárias fecharam suas portas – de 23 mil para 15 mil: “Agora voltaram a vender mais do que antes e são 19 mil pontos de venda”. O recado que Assumpção dá à rede neste período de retração no mercado de novos baseia-se em ensinamento do seu pai: “Se estiver no inferno não pare, senão derrete. Atravesse”. Ou seja: quanto mais os concessionários investirem em receitas alternativas e redução de custos mais fortes sairão

da crise. Divulgação/Fenabrave 58

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AD 314 - P_FENABRAVE.indd 58 28/09/2015 15:28:01 Dentre os movimentos já em anda- Quanto ao mercado de caminhões, mento, destaca as oficinas comparti- considerando queda de 45,5% este lhadas que atendem várias marcas: “É ano, para 75 mil unidades, o presi- uma tendência, mas ainda há resistên- dente da Fenabrave vê espaço para cia de algumas montadoras”. crescimento de 15% no ano que vem. De janeiro a agosto fecharam no O mesmo que deve acontecer com as País 691 concessionárias de automó- máquinas agrícolas, segmento que en- veis, comerciais leves e pesados, mo- cerrará o ano com 51,9 mil unidades tos e máquinas agrícolas, ao mesmo este ano, decréscimo de 20%. tempo em que outros 344 pontos fo- Para Assumpção o primeiro semes- ram abertos. tre ainda vai ser de dificuldades: “Tal- Algumas redes ainda estão em am- vez depois comecemos a caminhar pliação, como Audi, BMW e Jeep, en- pelo lado positivo da régua, inverten- quanto outras aproveitam o momento do o círculo. Nós, brasileiros, de ma- Só vislumbramos para fechar pontos sem rentabilidade neira geral, não temos posição política. e em locais de alto custo. Mas a confusão política do momento crescimento de A Fenabrave projeta para este ano atrapalha fortemente a economia. Se a 4% a 5% ao ano a 2 milhões 566 mil emplacamentos de política acalmasse, a economia pode- partir de 2017 automóveis e comerciais leves, queda ria melhorar”. de 22,9% com relação a 2014. Para 2016, no pior cenário, vê repetição AÇÕES – Ao perceber que a crise des- de 2015: “Acredito que as 10 mil uni- te ano seria mais acentuada do que dades/dia comercializadas em julho e se previa originalmente, a Fenabrave agosto representam o fundo do poço. partiu para ações práticas junto à rede. Mas só vislumbramos crescimento na Criou em janeiro o comitê de crise, for- faixa de 4% a 5% ao ano a partir de mado por integrantes da entidade e 2017 e a retomada dos recordes de das associações de marca, e o progra- 2018 para frente”. ma Sobrevivência Já, com caravanas Com relação aos automóveis e co- que percorreram o País para abordar a merciais leves, Assumpção atenta para situação econômica e seus reflexos no o fato de que as montadoras mudaram setor automotivo: “Nossa mensagem o perfil de oferta, o que contribuiu para era: façam a sua parte, façam a lição de redução dos volumes no segmento: casa, se tiver um prego na botina tire, “Antes tínhamos mais modelos na não adianta tomar comprimido”. faixa de R$ 25 mil a R$ 30 mil e hoje A Fenabrave também fez parceria os veículos de entrada estão acima dos com a NADA, a associação dos distri- R$ 35 mil. Isso gera uma migração para buidores estadunidenses, para cursos os seminovos. As montadoras muda- de qualificação de gestão na - Nor ram o perfil de oferta porque o con- thwood University e ministrou cursos sumidor mudou: não quer mais carro para vendedores em suas várias regio- pelado, de R$ 25 mil”. nais. 59

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Perspectivas 2016 Sindipeças

á dois anos, ao projetar 2014, o presidente do Sindipeças, Pedro Butori, falou em um Hano carne com abóbora, ou seja, sem altos e baixos, meio insípido. Há um ano, previu um 2015 similar, porém com menos proteína – mais abóbora do que carne. Para 2016 é objetivo na análise: “Será um purê de abóbora, sem proteína alguma. Será o ápice da vaca magra”. Ditos à parte ele avalia que seria melhor se 2015 não tivesse aconte‑ cido: “Ninguém esperava que o País chegasse a esse ponto. Até porque as montadoras diziam que as coisas me‑ lhorariam e muitos fornecedores de‑ moraram para reduzir produção”. De positivo para o setor este ano é um efetivo aumento do índice de na‑ cionalização de peças por parte das montadoras, que, diante da alta do dólar, intensificaram a busca por for‑ necedores locais. E passado o período crítico de ajuste, Butori avalia que as empresas que fizeram a lição de casa

terão um 2016 melhor que 2015: Renato Rodrigues “Muitas empresas de autopeças ampliaram exportações e investiram na reposição. Quem fez isso vai se equilibrar no ano que vem”. Na avaliação de Butori o aumen‑ Purê de to da demanda por peças locais veio mais em função do dólar do que do Inovar‑Auto: “O câmbio é a fagulha de abóbora que precisávamos. Nos últimos anos teve queda de nacionalização e agora Apesar de projetar mais um ano difícil pela frente o índice está subindo por causa da des‑ Paulo Butori acredita que as empresas que fizeram a valorização do real”. lição de casa se sairão bem em 2016 O maior problema de 2015, de acordo com ele, foi a crise política alia‑ Alzira Rodrigues | [email protected] 62

AutoData Outubro 2015

AD 314 - P_SINDIPEÇAS.indd 62 28/09/2015 15:29:42 da à crise econômica. Diante da retra‑ até para uma situação de equilíbrio ção interna a saída do setor tem sido Projeções das exportações e importações ao lon‑ incrementar exportações e também os go do ano que vem. negócios na reposição: “Quem adia a As importações, de janeiro a julho troca do usado por um novo tem de deste ano, atingiram US$ 8,4 bilhões, arrumar o velho. Temos de aproveitar total 20,5% inferior ao registrado nos esse movimento”. primeiros sete meses de 2014. Butori O Sindipeças prevê que o setor fatu‑ reconhece que o resultado contem‑ re este ano US$ 19,5 bilhões, uma que‑ PIB pla em parte a queda na produção de da de 40% com relação aos US$ 32,6 veículos no Brasil, mas destaca que a bilhões de 2014. Como reflexo dessa busca por peças locais tem peso nessa desaceleração o quadro de funcioná‑ redução. rios será reduzido em 29,7 mil postos As exportações também caíram no este ano, baixando de 194,7 mil traba‑ período, mas em índice bem menor. lhadores para 165 mil. Selic Foram exportados até julho deste ano Para 2016 a projeção é de novo US$ 4 bilhões 540 milhões, queda de decréscimo no faturamento, de 6,7%, 6,5%. E a tendência, segundo Butori, é para US$ 18,2 bilhões: “A inadimplên‑ de alta nos negócios externos a partir cia ainda não dá sinais de queda, o de agora, considerando negócios enca‑ consumidor e os bancos continuam minhados pelo setor ao longo do ano. retraídos e a insegurança se mantém. Inflação De acordo com os dados do Sindi‑ Considerando que mundialmente os peças, em dois meses de 2015, março ciclos de bonança e retração aconte‑ e julho, a receita já foi maior do que cem de sete em sete anos, acredito em nos mesmos meses do ano passado. recuperação da economia brasileira só “Com o dólar a R$ 3,80 estamos a partir de 2018”. bem competitivos. E acredito que ele Faturamento chegue a R$ 4,00. Com a indústria con‑ BALANÇA – O aumento do índice de do setor em fiando que essa paridade cambial veio nacionalização de peças contribuiu, US$ bilhões para ficar a tendência é a de que as segundo Butori, para a redução de empresas intensifiquem ainda mais a 32,4% do déficit comercial do setor no busca de novos negócios no Exterior.” acumulado dos primeiros sete meses ,6 A previsão do Sindipeças para 2016 deste ano em relação ao mesmo perío­ 322014 é de alta de 5% nas exportações, para do de 2014. US$ 8,2 bilhões. Já as importações O déficit até julho, segundo o Sin‑ caem 10%, ficando em US$ 11,6 bi‑ dipeças, atingiu US$ 3 bilhões 880 mi‑ ,5 lhões. Oficialmente, portanto, a enti‑ lhões ante US$ 5 bilhões 730 milhões 192015 dade ainda projeta déficit para o ano dos meses equivalentes do ano passa‑ que vem. Mas Butori acredita na revi‑ do. Na análise de Butori, se o dólar se são desses números, com maior equilí‑ mantiver no patamar de R$ 3,80 a in‑ ,2 brio das exportações e importações já dústria de autopeças poderá caminhar 182016 em 2016. 63

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Perspectivas 2016 Audi

om crescimento expressivo de 90% em 2014 e outros 25% a 30% este ano a Audi espe- Cra manter desempenho positivo em 2016, com a vantagem de ter um ano cheio da oferta, do sedã A3 brasileiro ao lançamento do utilitário esportivo Q3 também made in . A produ- ção em São José dos Pinhais, PR, inicia- da em agosto, devolve à empresa o sta- tus de fabricante local após quase dez anos operando como importadora. O otimismo com relação à continui- dade do seu crescimento, no entanto, não se reflete nas projeções para a economia brasileira como um todo. Na avaliação do presidente da Audi Brasil, Jörg Hofmann, 2016 será mais um ano difícil. “Estamos agora perto do fundo do poço”, observava no fim de agosto ao conceder entrevista sobre as perspec- tivas para o ano que vem, admitindo, naquela ocasião, que o mercado talvez ainda caísse mais um pouco. Desta- cou, porém, ter a percepção de que a

Simão Salomão estabilidade não estaria tão distante. “Pelo menos para o segmento de auto- móveis e comerciais leves acredito que haja um breque na queda.” Devido principalmente às questões Vencedor políticas e econômicas o presidente da Audi ainda não arrisca palpites sobre quando se dará a retomada efetiva do na crise mercado de veículos. Quanto ao seg- mento de luxo ele avalia que da mes- Com produtos nacionais Audi aposta em ano positivo ma forma que cresceu este ano pode para a marca, mas ainda não manter-se em expansão no próximo. arrisca palpite quanto à retomada do mercado “Continuaremos sendo vencedores na crise”, aposta o presidente da Audi, Alzira Rodrigues | [email protected] que pretende encerrar 2015 com mais 66

AutoData Outubro 2015

AD 314 - P_AUDI.indd 66 28/09/2015 15:31:31 de 15 mil unidades comercializadas, gurou nova sede em São Paulo, que ante as 12 mil de 2014, e projeta ultra- Projeções abriga agora cerca de 150 profissio- passar 18 mil em 2016, ou seja, novo nais, mais do que o dobro dos 65 que crescimento na faixa de 20%: “Aumen- tinha em 2013. taremos volume e, também, a qualida- Com poucas divisórias e uma área de das vendas”. de lazer batizada de Praça Audi, o Hofmann não vê para 2016, contu- novo escritório, segundo Hofmann, do, melhorias no quadro macroeconô- traduz em seu espaço a nova cultura mico do País. Acredita que a inflação Selic da empresa no Brasil: “Com essa sede beirará os 10% e a taxa Selic suba mostramos que somos uma empresa ainda mais, chegando a 15%. Com re- moderna, de mente aberta, com todos lação ao PIB acredita que ainda haverá trabalhando interligados e satisfeitos queda no primeiro trimestre do ano com o que fazem. E tudo isso feito de que vem, com possibilidade de reação forma não convencional”. somente a partir do segundo. Inflação Apenas três meses depois de fabri- O câmbio, na avaliação do execu- car as primeiras unidades pré-série do tivo, é o item que aparece mais com- sedã A3 em São José dos Pinhais, e de plicado no contexto macroeconômico: dois do começo efetivo da produção, “Ninguém esperava que o real ficasse já neste mês as revendas da Audi terão tão depreciado e não vejo espaço para disponíveis unidades para começar a uma recuperação mais significativa. abastecer o mercado. Talvez o câmbio tenha até leve queda, De 27 concessionárias há dois anos mas nada muito significativo”. a marca conta hoje com cinquenta ca- Quanto à economia como um todo, sas e trabalha para chegar a setenta no Hofmann admite que ainda vê pela fim de 2017. Bem antes disso, em seis frente uma fase bastante desafiadora: meses no máximo, a fabricante passa- “É muito importante para o Brasil a rá a oferecer também o Audi Q3 pro- questão da posição das agências in- duzido na fábrica paranaense. ternacionais quanto à taxa de risco do Para sair fortalecida da crise a Audi País com relação aos investimentos. Se manteve todos os seus planos de in- houver rebaixamento do País no nível vestimento, “colocando o pé no acele- de recomendação [como veio a acon- rador em vez de desacelerar”, segundo tecer no início de setembro] a situação palavras de Hofmann: “O objetivo é pode piorar. Daí a inflação poderá ba- sair da crise em uma situação melhor ter nos 15%”. do que a que tínhamos antes”. A capacidade produtiva da fábrica NOVA SEDE – Para se adequar aos paranaense, que consumiu investi- novos tempos de produção local, a mento de R$ 500 milhões, é de 26 mil Audi passou por ampla reestruturação unidades/ano: 15 mil do A3 Sedan e nos últimos dois anos, após a chegada 11 mil do Q3. O objetivo é atingir tais de Hofmann ao País. Em agosto inau- volumes em 2020. 67

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AD 314 - P_AUDI.indd 67 28/09/2015 15:31:31 Perspectivas 2016 BMW

uando inaugurou a linha de montagem da fábrica de Ara- quari, SC, no finzinho de se- Qtembro do ano passado, a BMW falava Exportações em priorizar por completo o mercado interno: a unidade teria como função primordial abastecer as concessioná- na pauta rias nacionais, substituindo impor- tações, com o mercado externo sem Ano será interessante com igualdade de condições representar qualquer potencial. Expor- para as rivais, avalia o CEO da BMW, Arturo Piñero tações, a partir dali, talvez apenas em 2020. Marcos Rozen | [email protected] Pouco mais de um ano se passou e muito aconteceu com as operações produtivas locais da BMW no Brasil, as primeiras de sua longa e reconhecida história na América Latina. De apenas um modelo made in Bra- zil, o Série 3, a lista passou para cinco, com adição dos BMW X1, Série 1 e X3 e do Mini Countryman. O primeiro marco significativo, o de 10 mil uni- dades, foi comemorado em agosto. E o presente de primeiro aniversário che- gou na forma das operações das áreas de estamparia e pintura, o que deu a Araquari status de planta completa. Tudo dentro do cronograma, se- guindo um raciocínio linear, correto, programado, tipicamente alemão. Mas a criatividade e a capacidade de adap- tação rápida diante das circunstâncias do brasileiro parece já influenciar a gestão da empresa por aqui. Diante da mudança do cenário a BMW já avalia com muito, muito ca- rinho, adotar programa efetivo de ex- portações a partir da unidade brasilei- ra. E não, não está falando dos países vizinhos, como Argentina e demais

parceiros do Mercosul. Simão Salomão 68

AutoData Outubro 2015

AD 314 - P_BMW.indd 68 28/09/2015 15:32:52 “Como nosso índice de nacionaliza- cializadas, alta de 5% na comparação ção ainda é baixo não conseguiríamos Projeções com 2014, mas no total o segmento atender aos índices de conteúdo local fechará em alta de dois dígitos. do Mercosul e, desta forma, não sería- A principal razão, avalia, é seu en- mos competitivos na região”, observa tendimento de que os atuais números o CEO do BMW Group no País, o bra- e índices estão inflacionados artifi- sileiro Arturo Piñeiro. Ainda que evite cialmente. Sem citar nominalmente revelar outros pormenores, o executi- as concorrentes alemãs do segmento, vo deixa claro que os planos são ambi- PIB Piñeiro condena a estratégia “fácil e ciosos. “Pode-se imaginar Europa, Es- perigosa de comprar mercado”. Por tados Unidos, China... ainda estamos seus cálculos uma das montadoras estudando as opções possíveis.” premium está praticando preços ao Ainda que o mercado premium no consumidor pelo menos 20% abaixo. Brasil apresente números invejáveis Ele acredita que em 2016 isso mu- em 2015, a BMW prefere ser conser- Selic dará, pois “produzir no Brasil não é vadora. Por causa do cenário geral da mais barato do que trazer de fora”. E economia e do mercado automotivo lembra que em 2016 Audi e Merce- a produção catarinense deverá atingir des-Benz também iniciarão fabricação no fim do ano cerca de 11 mil unida- local de seus modelos de luxo: “Por des – ante 12,8 mil inicialmente pla- enquanto só nós produzimos aqui e no nejadas. Daí as exportações passarem Inflação ano que vem esta situação estará equi- à pauta do dia. librada. Será um ano interessante”. Interessante também porque Piñei- CUSTO ALTO – Piñero deixa claro ro avalia que a distância de preços pra- que “produzir no Brasil é mais caro ticados pelas marcas de volume e as do que em outras fábricas do grupo, premium aumentará. Ele não arrisca mas a relação cambial pode compen- Dólar previsões quanto ao cenário geral de sar”. Outra dica de que os estudos vendas, mas avalia que uma recupe- para exportação são vigorosos vem ração do cenário levará algo como 24 da lembrança do dirigente de que a meses e, assim, “[em 2016] as mon- capacidade de Araquari, de 32 mil uni- tadoras [de volume] terão que fazer dades/ano em dois turnos, “pode ser movimentos [de redução de preços], o facilmente elevada a até 100 mil/ano”. que vai afetar o mercado de luxo”. E mais um ponto a reforçar esta Também por isso a BMW decidiu nova estratégia é a previsão do execu- congelar o plano de expansão da rede, tivo de que em 2016 o segmento pre- que deverá se manter em 44 casas mium deverá registrar, na melhor das BMW e 29 Mini – ou “de duas a qua- hipóteses, volumes estáveis ante os de tro a mais no máximo”. A exceção é 2015 e, talvez, até mesmo ligeira que- a Motorrad, que terá mais casas para da – neste ano o resultado BMW será escoar aumento da produção nacional próximo de 15,5 mil unidades comer- de motos em Manaus, AM. 69

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AD 314 - P_BMW.indd 69 28/09/2015 15:32:52 Perspectivas 2016 Chery Melhor mirar para dentro Com a chegada do QQ Jacareí deve produzir 8 mil veículos no ano que vem, quase três vezes mais do que este ano

George Guimarães | [email protected]

endas em queda da ordem de 40% – quase o dobro do mercado interno – e cenário Veconômico nada claro para os próxi- mos meses. Nem esse quadro adverso parece tirar o conhecido bom humor de Luís Curi, vice-presidente da Chery Brasil, montadora com produção local, de fato, há apenas sete meses. Ainda sob o impacto de ver o dólar ter ultrapassado a barreira dos R$ 4 no dia anterior, Curi revelou, em tom descontraído, que acabara de encerrar reunião, via telefone, com seus pares na China e que tivera a nítida percep- ção de que “eles já não acreditam mais em nenhum número que informo”. É que não muito tempo antes, em outra reunião, o executivo brasileiro assegurara aos companheiros chineses que, com certeza, a cotação da moeda americana não chegaria a esse valor, afinal, “configuraria o rompimento de uma barreira psicológica importante”.

QUADRO DIVERSO – Depois des-

se, digamos – tiro na água, Curi acha Divulgação/Chery 70

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Perspectivas 2016 Chery

mais prudente não fazer previsões se- R$ 400 milhões, estaria em produção cas sobre 2016 neste momento, “so- naquele momento. bretudo porque não se sabe quando o Estaria, porque Curi confirma que ajuste fiscal será concluído”. depois do drástico recuo do mercado Para novos relatos à China, contudo, brasileiro e da rápida valorização do ele terá como premissa que o mercado dólar, que tromba com os custos de brasileiro de veículos não deve mudar um produto com alto índice inicial de com relação a 2015, assim como o PIB, conteúdo importado, o lançamento que não evoluirá com relação a este foi adiado: “Agora o Tiggo brasileiro só ano: “Há alguma possibilidade de ver- chega, mesmo, em 2017”. mos uma luz no fim do túnel só no se- O conturbado quadro econômico e gundo semestre”, diz o executivo, que em especial o câmbio – e sua alta vola- alerta, ainda, para a inflação de custos tilidade atual – são assuntos recorren- na cadeia, que “só não chegou ainda tes na empresa, “ainda muito exposta na ponta do consumo porque o mer- às variações do dólar”. Até mesmo cado está em baixa”. negociações com fornecedores que É quadro bem diverso do que es- pretendem se instalar no entorno da pera para sua empresa em 2016, que Chery em Jacareí, que oficialmente co- está apenas no começo aqui – terá o memorou seu primeiro aniversário no primeiro ano cheio de produção em Ja- fim de agosto, têm passado por muitas careí, SP – e o QQ, carro de entrada, já e novas rodadas para que a empresa em linha de montagem a partir do pri- explique e reafirme seus propósitos e meiro bimestre. Algumas unidades do metas. compacto para demonstração, porém, “Desde que anunciamos o polo de já estarão na rede de concessionárias fornecedores, no começo do segundo antes do fim de 2015. semestre, o dólar valorizou mais de Com o pioneiro Celer, nas configu- 20%.” rações hatch e sedã, e o QQ, a Chery Mesmo assim Curi descarta qual- projeta produzir cerca de 8 mil veícu- quer alteração no projeto. los em 2016, metade para cada um Ele assegura que pelo menos oito Em 2016, a Chery deles. Se assim for será salto e tanto, fornecedores já estão mais avançados pois, afinal, Curi espera que da planta nos processo de se estabelecerem. O terá o primeiro de Jacareí saiam no máximo 3 mil veí­ complexo de 4 milhões de m2, contu- ano cheio de culos este ano. do, poderá abrigar 25 no total: doze produção do A fábrica da empresa no Interior fabricantes de autopeças, cinco afilia- paulista poderia chegar ao fim do ano das, duas sistemistas, duas operado- Celer no País. No que vem até com um terceiro produto ras logísticas – uma delas, a Brazul, já primeiro bimestre em linha. O cronograma da empresa opera no local – e três de serviços em apontava que o utilitário esportivo geral. As obras começam ainda neste chega o QQ. Tiggo, cuja nova linha de montagem semestre e o início de operação efetiva demandará investimento adicional de em dois anos. 72

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Perspectivas 2016 DAF É bom ser pequeno Apesar de estar em patamar abaixo do programado, DAF dobra suas vendas no País e quer continuar ganhando participação em 2016

Alzira Rodrigues | [email protected] Divulgação/DAF

or mais paradoxal que possa pa- mos crescendo. Nossa operação é en- recer, iniciar operações no Brasil xuta, não temos problemas com ocio- em meio à crise do mercado au- sidade de mão de obra ou de qualquer Ptomotivo local acabou tendo um lado outro tipo porque nos adequamos à positivo para a DAF, com fábrica em nova realidade sem traumas.” Ponta Grossa, PR, desde 2013. Também favoreceu as operações lo- “Neste momento é bom ser peque- cais o fato de o Grupo Paccar, ao qual a no”, diz Michael Kuester, que assumiu DAF pertence, ter em 2015 seu melhor a presidência da empresa aqui em desempenho da história. março. “Como a base é pequena esta- “Isso nos ajuda bastante”, admite 74

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Perspectivas 2016 DAF

Kuester. “Temos contatos semanais com o board mundial e, embora o de- Projeções sempenho aqui não seja o esperado, a produção cresce gradualmente.” Para ampliar o índice de naciona- lização de seus caminhões e adequá- -los às exigências do Finame, a DAF duplicou seus fornecedores e já conta com 48 empresas no eixo Sul/Sudeste. PIB Inflação Dólar Os investimos em localização, afirma Kuester, devem-se também ao câm- bio: “A desvalorização do real também Gerais e o chassi é feito aqui no Paraná, crescimento. Mesmo porque a rede forçou a aceleração desse processo”. em um fornecedor de Campo Largo”. de concessionárias, hoje com vinte O maior problema do momento, diz pontos, chegará a 25 ainda este ano. APRENDIZADO – O presidente da o executivo, é a queda acentuada nas Adotamos uma política realista com os DAF ressalta ainda outro lado positivo vendas do segmento: nossos parceiros. Estamos crescendo da crise para a empresa e para ele pró- “Como o volume está muito baixo mais devagar do que prevíamos para prio, que ocupava a posição de diretor os concorrentes têm estoques eleva- manter uma rede saudável. Nossos comercial da DAF Brasil até assumir a dos e preços represados. No ano que concessionários estão capitalizados, presidência há seis meses: “O apren- vem não haverá mais como segurar: sólidos e comprometidos.” dizado foi rápido. Ainda não vivemos terão aumento. Por isso não acredito A DAF fará o lançamento oficial do um boom de mercado mas já sabemos que haja espaço para o mercado de pesado CF na Fenatran, mostra que como é a queda”. caminhões como um todo crescer em será realizada de 9 a 13 de novembro Kuester acredita que o mercado de 2016. Acreditamos que a retomada no Pavilhão de Exposições do Parque caminhões deverá repetir em 2016 os possa vir só no fim do ano”. Anhembi, em São Paulo. Na sequência volumes de vendas que atingirá no en- A DAF, no entanto, quer continuar o novo modelo já estará disponível na cerramento de 2015, acompanhando expandindo negócios por aqui, am- rede de concessionárias. o comportamento do PIB, que, em sua pliando participação. No ano passado A Fenatran deste ano é um retrato avaliação, não crescerá, repetindo a re- produziu 450 caminhões e vendeu do que acontece no mercado de cami- ceita deste ano. 257 unidades. Espera negociar este nhões. DAF e Volvo são as duas únicas A DAF investiu US$ 320 milhões no ano mais de quinhentos e pelo menos montadoras de caminhões confirma- Brasil e já tem 220 funcionários em 1 mil em 2016: “Nossa participação das. Para Kuester essa ausência da Ponta Grossa. Apesar do mercado to- está em 2% no segmento de pesados e maioria delas pode até favorecer a sua tal em queda, seu presidente diz que a chegaremos a 2,5% no fim deste ano. E empresa: empresa não alterou os planos de in- queremos 5% já em 2016”. “Como somos entrantes é impor- vestimento, principalmente em produ- Um dos fatores para essa visão oti- tante estarmos na Fenatran. E será tos e nacionalização das peças: mista é exatamente o lançamento do bom não estarem lá muitas concorren- “Já conseguimos 100% do Finame CF, seu segundo modelo aqui – con- tes: teremos mais público e clientes no para o XF e vamos lançar o CF já em tava apenas com o extrapesado XF. nosso estande. E, principalmente, nos- condições de ter esse financiamento. A “Teremos mais produtos e, por sa presença reforçará o compromisso Flamma faz nossas cabines em Minas isto, acreditamos na continuidade do que temos com o Brasil”. 76

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Perspectivas 2016 FCA Simão Salomão De olho no futuro Falar do ano que vem, para Cledorvino Belini, é missão espinhosa. É mais fácil projetar 2020 do que 2016, argumenta.

George Guimarães | [email protected]

á pouco mais de um ano Cle- Belini, contudo, lembra que suas risco retirar o grau de investimento do dorvino Belini, presidente da observações estavam sendo feitas ain- Brasil, Belini afirmou que projetar o FCA, Fiat Chrysler Automo- da em plena campanha presidencial e ano seguinte é missão bem mais espi- Hbile, a maior fabricante de veículos que o quadro poderia mudar um pou- nhosa do que há um ano. do Brasil, antecipava à AutoData que co – bem pouco – caso uma ou outra “Está mais fácil falar do que pode ser 2015 seria de ajustes de toda ordem, candidatura avançasse. Pois no mês o mercado em 2020 do que em 2016”, fossem macroeconômicos ou dentro passado, já com a certeza de que 2015 disse Belini, há quase doze anos no da própria cadeia automotiva. Afinal, será bem menos generoso do que ima- cargo, de longe o mais experiente pre- o mercado brasileiro, imaginava, no ginava, com o prolongamento de uma sidente de montadora no Brasil. máximo repetiria os números de 2014 crise que ele julga mais política do que Quando assumiu o principal posto e, assim, permitiria uma folga para re- econômica e poucas horas depois de da então somente Fiat, em janeiro de organizações e depurações. agência internacional de análise de 2004, o setor automotivo concluíra o 78

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AD 314 - P_FCA.indd 78 28/09/2015 15:37:27 ano anterior com pouco menos de 1,7 preços competitivos. O Renegade, por milhão de veículos produzidos. E feliz exemplo, poderia ser exportado para com o feito, pois era o segundo melhor qualquer lugar do mundo, mas é a Eu- resultado da história do setor, supera- ropa hoje que o envia para os Estados do somente pelos quase 1,9 milhão de Unidos.” veículos alcançados em 1997, ainda O câmbio ajuda, mas não é o sufi- sob o impacto do advento do carro ciente para recolocar o País em condi- popular. ções de competição satisfatórias, diz Belini. Para o front interno avalia que a LONGO PRAZO – “Esta é mais uma melhor maneira de combater a crise é crise no meio de tantas que a indústria Na pior das ter produtos novos. automotiva enfrentou desde seu iní- Nesse sentido a FCA pode ter boas cio aqui, desde que Getúlio Vargas se hipóteses teremos esperanças de manter sua liderança suicidou. Só que um pouco maior do mercado interno em 2016. Afinal, a Fiat contará com que o setor esperava. O que me deixa igual ao de 2015 uma inédita picape – a Toro – produ- otimista é que a história mostra que zida em Goiana, PE, já no primeiro tri- depois das crises os anos seguintes, mestre, e um novo compacto de entra- na média, sempre registraram patamar da na sequência. E a Jeep contará com mais elevado de vendas.” ao menos outro modelo. Exatamente por isso Belini prefere De qualquer forma Belini não arris- discorrer sobre as possibilidades da in- vestidor internacional, ainda que caro ca números mais objetivos para sua dústria em um prazo mais longo, que, para nós brasileiros”. empresa ou para o mercado total. tem certeza, não se modificam mesmo O custo Brasil segue crescente. A “Que modelo econômico teremos com o arrefecimento econômico dos valorização do dólar tem reflexos nos em 2016? O que nos espera em termos últimos meses e até com o que pode custos, mas o que mais preocupa Be- de desenvolvimento? Maior aperto vir pela frente no curto prazo: lini é a inflação das tarifas – sempre econômico e recuperação mais rápida “Os fundamentos do País continu- maior do que a oficial –, que deve ser ou menor e mais lenta?” am bons, as instituições estão sólidas menor em 2016, assim como a Selic: Independente disso diz que com e já passamos por crises econômicas “O Brasil não pode continuar pagando certeza será um ano difícil. Após algu- bem piores. Para quem teve inflação juros tão altos, vai contra o ajuste”. ma insistência limita-se a considerar de 3% ao dia, lidar com 9% ao ano é Muito em função da nova realidade que “na pior das hipóteses devemos refresco. O Brasil tem know- how para do dólar – para qual não vê grandes ter mercado interno igual ao de 2015”. sair de crises econômicas e, é bom alterações em 2016 e torce ao menos E na melhor?: “Algo como 10% maior”. lembrar, moratória é bem pior do que pela redução da volatilidade – Belini Ainda assim pondera que as varian- risco de down grade”. diz que a FCA tem na alça de mira am- tes são muitas, até mesmo no cenário O executivo lembra que o País con- pliar as exportações a partir do Brasil. internacional, o que pode deixar o ho- tinuará com bônus demográfico por “Os novos produtos que chegarão rizonte brasileiro menos turvo caso, bons pares de anos, ainda tem um às linhas de montagens da Fiat, em por exemplo, os preços das commodi- mercado grande e mais de 50% da Betim, e da Jeep, em Goiana, são glo- ties retomem uma curva ascendente, população na classe C. E alerta: “Com bais e, portanto, poderão ser vendidos ou nem tanto, se a China continuar em o câmbio atual ficou barato para o in- em vários países, desde que tenhamos ritmo mais lento. 79

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AD 314 - P_FCA.indd 79 28/09/2015 15:37:27 Perspectivas 2016 Ford Divulgação/Ford Indícios do passado As dificuldades do ambiente econômico de hoje já apareciam nas projeções da Ford

Décio Costa | [email protected]

agravamento da crise econô- crescem, já chegaram a participar com arriscar o volume, acredita até mesmo mica e suas implicações ne- 30%, e o varejo cai”, avalia Rogelio em uma deterioração nas vendas de gativas no setor automotivo Golfarb, vice-presidente da Ford para a veículos até o fim do ano. Onão deveriam ser uma surpresa para América Latina. “Isso conta até porque “Não chegamos ao fim do processo. a indústria. Os sinais de que a dinâmi- o ano passado não foi pior. Agora, com As medidas de ajustes ainda não che- ca do mercado mudaria o sentido da as empresas com menos fôlego para garam efetivamente, o que torna ainda curva já estavam no horizonte desde comprar, as quedas tornaram-se mais mais difícil prever estabilidade.” 2012, ano que encerra uma década de acentuadas.” Outra percepção de Golfarb de que crescimento contínuo, com média de Para Golfarb o cenário atual ainda o setor automotivo ainda não tocou 8,5% anual: “Havia o risco de desace- não permite ter previsibilidade em cur- o fundo poço, está baseada no inven- leração pelo que mostrava o ambien- to e médio prazos. Com o crédito mais tário parado nas concessionárias e te macroeconômico. Depois, a partir caro e restritivo, além da falta de con- fábricas: “Em 2015 o estoque se man- de 2013, também as vendas diretas fiança generalizada, o executivo, sem teve alto e estável, o que indica que a 80

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AD 314 - P_FORD.indd 80 28/09/2015 15:39:18 produção pode cair ainda mais, lem- priorizar um portfólio de modelos glo- brando que também as vendas diretas bais até agora se mostra bem acertada. estão em queda”. Em um ano de 20% de declínio nas Independentemente da crise, no en- vendas, a Ford registra queda de 3,4%, tanto, ele aponta distorções que “bas- o menor recuo dentre as Quatro Gran- tava parar de crescer para sentir a água des. Sua participação chega a 10,7%, bater”. Os aumentos de custos com a pouco mais de 1 ponto porcentual que mão de obra, além da introdução de tinha há um ano, de acordo com a Fe- mais tecnologia e sofisticação no auto- A crise pode nabrave: móvel nacional exigem alta escala de “Demos um pulo de qualidade, com produção para valer a pena. dar uma grande foco na tecnologia embarcada. A ofer- “É a questão da competitividade. virada. É uma ta de colocar mais custo no carro nos No País as montadoras são taxadas em oportunidade para traz desafios, mas tem dado certo”, ele 30% sobre o faturamento, não impor- avalia. “Hoje o nosso volume é menor, tando a sua situação financeira. Temos pensar sobre a porém temos mais participação”. também o pior mix de veículos, basea- empresa que se Para o ano que vem o vice-presiden- do em modelos compactos, ou seja, os te da Ford prefere não falar em núme- menos lucrativos, com um consumi- quer ser amanhã. ros, mas acredita em estabilidade com dor querendo o carro mais completo relação a 2015, com o dólar no pata- do mundo.” mar de hoje, um PIB de 0% com viés Para Golfarb a hora é de pensar em de baixa, os juros ainda altos e inflação eficiência, pois as mudanças nos auto- que tende a cair. Ele destaca, no en- móveis são cada vez mais rápidas, os tanto, que sem visão de qual é o ajuste modelos são mais recheados de tecno- que virá só aumentam as incertezas logia, além do maior número de con- para o futuro próximo: “As expectati- correntes: “A indústria sempre teve a vas de hoje talvez sejam até piores do meta de produzir mais a cada ano sem que com a execução do ajuste fiscal. olhar para a própria casa. Mas há uma Mas com ele feito o País tem condições questão estrutural a discutir, que fica de voltar a crescer. Só não sabemos de lado principalmente nos períodos quando a inflexão virá”. de crescimento. O carro, por exemplo, O executivo não tem dúvidas é de traz mais eletrônica embarcada a cada que em condições normais a tempera- ano e o País não produz isso aqui. O tura da indústria aumenta rapidamen- setor precisa de um plano que garanta te, como ocorreu em passado recente competitividade para brigar aqui e nos na turbulência de 2008/2009: mercados externos”. “Na época a indústria automotiva foi a primeira a crescer. A crise pode PARTICIPAÇÃO – A equação volume dar uma grande virada nas empresas. versus conteúdo, mesmo que na esfera É uma oportunidade para pensar so- de modelos compactos, parece ter sido bre qual é a empresa que queremos solucionada pela Ford. Sua opção por ser amanhã”. 81

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AD 314 - P_FORD.indd 81 28/09/2015 15:39:19 Perspectivas 2016 General Motors

om o menor índice de queda dentre as três lideres de merca- do, a General Motors quer en- Ccerrar 2015 com 16% de participação no ranking interno, bem próximo aos 16,5% de 2014. Para enfrentar a crise a empresa reduziu custos, manteve firme o programa de nacionalização de peças e adotou todas as medidas legais disponíveis na área trabalhista para adequar produção à demanda. Santiago Chamorro, presidente da General Motors do Brasil, admite que “olhando para o lado a empresa vive uma situação melhor” – uma refe- rência ao comportamento das marcas líderes. Seu objetivo é fechar o ano na ponta do varejo e vice-líder no ranking total, incluindo as vendas no atacado. Mas enfatiza que 2015 foi um ano difí- cil para todos. Ele acredita que o setor atingirá o fundo do poço neste último trimestre do ano e que a retomada virá por causa da demanda reprimida, mas não em 2016. “O ano que vem também será me-

díocre, sem crescimento. Teremos de Divulgação/GM recompor custos, com aumento dos preços, por isso essa posição conser- vadora. Sem contar que a recuperação da confiança do consumidor virá aos poucos. De qualquer forma nossa in- Tirar tenção é ter uma GM preparada para quando a situação melhorar.” Para o País voltar aos trilhos, diz, é proveito preciso governabilidade e um plano econômico bem definido. Ele conside- Empresa corta despesas, principalmente as não ra alguma volatilidade do câmbio, mas estratégicas, e amplia nacionalização para estar não acredita na possibilidade de cená- melhor preparada na hora da retomada rio calamitoso pela frente. O maior problema este ano, se- Alzira Rodrigues | [email protected] 82

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AD 314 - P_GM.indd 82 28/09/2015 15:40:56 gundo ele, foi a velocidade com que “A estratégica é aquela que o con- Projeções se instalou a crise: “Em dezembro de sumidor entende. Um componente a 2014 o País era um e outro em janeiro mais no carro, por exemplo. A não es- de 2015. Sabíamos que as correções tratégia é a que ele não vê”. viriam, mas ninguém esperava tanta Para exemplificar diz que o pre- recessão e a desvalorização tão acen- ço cobrado por um locutor em uma tuada do real. A queda de confiança das ações promocionais da marca do consumidor virou um choque, daí foi considerado elevado pelo comitê PIB a crise profunda”. executivo e, assim, não aprovado: “O A GM esperava que 2015 repetisse locutor aceitou fazer pela metade do os números de 2014, em torno de 3,5 preço. Esse é o típico caso de despesa milhões de veículos, e agora o que se não estratégica. Não podemos cobrar vê é um mercado interno de 2,6 mi- do consumidor o custo do locutor na lhões de unidades: “Nunca vi no Brasil propaganda”. Selic um segundo semestre pior do que o primeiro, pois normalmente responde VENDAS – A empresa projeta produ- por 53% das vendas no ano”. zir 412 mil unidades para o mercado interno este ano, 25% a menos do que NOVA ESTRATÉGIA – Chamorro em 2014. Já as exportações devem conta que no início do ano, quando crescer de 30 mil veículos no ano pas- Inflação percebeu o nível das dificuldades, a sado para 50 mil em 2015. O resultado empresa reuniu seu comitê executivo é positivo, mas que não compensa as e engavetou o plano que tinha para perdas internas. montar nova estratégia. Dentre as me- Chamorro diz que o portfólio novo didas adotadas a primeira foi segurar foi uma benção neste período de re- os preços. Buscou ainda acordos com tração: “Fizemos bem em investir em os sindicatos para adequar a mão de produtos e em manter um relaciona- obra: “Fizemos tudo o que a lei permi- mento bem próximo com nossos con- tia. Atualmente negociamos a adoção cessionários. Embora sofrendo, como do PPE nas fábricas de São Caetano do acontece com todos no Brasil, nossa Sul [SP]e Gravataí [RS]”. rede tem nos acompanhado e vive si- A GM adaptou sua estrutura de cus- tuação melhor hoje do que outras”. tos ao novo mercado: “Cortamos os A GM também mantém firme seu custos desnecessários e renegociamos, projeto de aumentar ao máximo o ín- por exemplo, contratos de energia elé- dice de nacionalização dos veículos: trica, vendendo o excedente contrata- “Estamos cumprindo rigorosamente o do para o ano. O mesmo processo foi programa de ampliar em R$ 1 bilhão adotado pelas concessionárias”. as compras locais. É processo que de- Chamorro explica o que a empresa manda tempo, vai da negociação à considera despesas estratégicas e não validação da peça, mas caminhamos estratégicas: conforme o planejado.” 83

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AD 314 - P_GM.indd 83 28/09/2015 15:40:56 Perspectivas 2016 Honda Marca segue na boa contramão Fabricante prevê fechar o ano com alta de 14% nas vendas, continuará expandindo produção e rede e vê espaço para crescer mais em 2016

Redação AutoData | [email protected]

a contramão do mercado a Honda Automóveis regis- tra crescimento de 18% nos Nprimeiros oito meses de 2015 com relação ao mesmo período do ano passado, com a venda no mercado in- terno de 98,7 mil unidades. Em março lançou o utilitário esportivo HR-V, que até hoje tem fila de três meses de es- pera, de acordo com Roberto Akiyama, vice-presidente da Honda Automóveis do Brasil, e teve contribuição decisiva para a empresa operar com capacida- de plena em sua fábrica de Sumaré, SP. “Os destaques no nosso desempe- nho foram o Honda Fit, com 29,3 mil emplacamentos no acumulado de ja- neiro a agosto, e o City, com 17,8 mil unidades comercializadas, além do HR-V, que em pouco mais de cinco me- ses atingiu a marca de 27,4 mil unida- des, o que reflete excelente aceitação no mercado.” A previsão é a de fechar o ano com crescimento de 14% em produção e vendas.

Divulgação/MWM Segundo Akiyama, assim como as 84

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Perspectivas 2016 Honda

demais fabricantes, a Honda também atuar de acordo com as necessidades Acreditamos que sente as dificuldades: “Mas diante e as realidades dos diferentes perfis de da nossa estratégia de renovação de consumidores. Por isso, manteremos o podemos atuar portfólio e o lançamento de novo seg- cronograma de lançamentos e investi- de acordo com mento, com o HR-V, temos conseguido mentos em produção e rede, esperan- as necessidades e o crescimento planejado para o ano”. do seguir crescendo em volumes de Também contribui para o desem- produção e vendas em 2016”. as realidades de penho positivo, na sua análise, a tra- Com a fábrica de Sumaré operando diferentes perfis jetória de compromisso da Honda de a plena capacidade, a Honda inaugura oferecer produtos de qualidade e ex- no primeiro semestre de 2016 sua se- de consumidores celência em serviços de pós-vendas, gunda unidade de automóveis no Bra- “com pacote de soluções: assistência sil – em Itirapina, também no Interior técnica qualificada, garantia, peças de paulista –, o que permitirá ampliação reposição e valor de revenda”. da oferta de produtos no mercado na- Já em exportações a previsão da cional. Honda é encerrar o ano com queda “Assim, nossa expectativa é seguir de 76%. De janeiro a agosto a empre- crescendo, mas ainda não fechamos sa exportou 302 unidades, volume a projeção para o ano que vem devido 90% inferior ao do mesmo período de às incertezas do ambiente macroeco- 2014. Esse cenário, diz Akiyama, deve- nômico. Quanto à exportação, a des- -se, principalmente, à dificuldade esta- valorização do real favorece negócios, belecida na balança de pagamentos da mas a recuperação dos resultados de- Argentina. penderá de acordos que estão sendo estabelecidos com outros países.” INVESTIMENTO – Na análise do Akiyama destaca o potencial do executivo as dificuldades atuais do Brasil, lembando ser uma das cinco mercado de automóveis no Brasil re- maiores economias do mundo: fletem o ambiente negativo que o País “Atualmente observamos regiões vive, em função da crise econômica e com crescimento significativo e outras política, que freia o consumo em geral: com redução nas atividades, e acredi- “O setor, porém, segue em busca de tamos que podemos atuar, como dis- novas oportunidades e alternativas se, de acordo com as necessidades e a para minimizar a freada atual, além de realidade dos diferentes perfis de con- manter investimentos vislumbrando sumidores.” a retomada do mercado no médio e Em relação às perspectivas macroe- longo prazos. Estamos investindo em conômicas, ele ressalva que o momen- uma segunda fábrica de automóveis, to é de bastante turbulência política e que dobrará nossa capacidade aqui”. econômica, dificultando qualquer pro- Apesar da crise, portanto, o execu- jeção mais consistente: “Trabalhamos, tivo diz que a empresa vê boas opor- portanto, com as projeções dos gran- tunidades: “Acreditamos que podemos des bancos brasileiros”. 86

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Perspectivas 2016 Iveco Fazer a lição de casa Na Iveco o momento exige esforços para aperfeiçoar processo e daí sair mais forte na hora em que o mercado voltar

Décio Costa | [email protected]

falta de confiança generali- zada em todos os ramos da atividade econômica do País Aagiganta o ponto de interrogação na cabeça dos dirigentes das grandes montadoras de caminhões: “É difícil olhar para 2016 e acreditar que tudo será diferente”, diz Marco Borba, vi- ce‑presidente da Iveco para América Latina. “Mas também penso que não será pior do que vivemos hoje. Acho que não estaria equivocado se esti- masse uma estabilidade com relação ao que será o fim deste ano”. Pelas projeções da fabricante de Sete Lagoas, MG, o mercado de cami- nhões deve encerrar este ano com vo- lume na faixa de 85 mil a 90 mil unida- des negociadas, patamar próximo aos registrados na segunda metade da dé- cada passada: “Não se aposta mais em um 2016 melhor, ao contrário do que se imaginava no início de 2015. Temos é que fazer a nossa parte e nos ade- quar à realidade do momento. Impor- tante é continuar fazendo tudo aquilo

que é investimento em melhorias de Divulgação/Iveco 88

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AD 314 - P_IVECO.indd 88 28/09/2015 15:44:00 processos, de produtividade, porque Mas, de forma independente do animadores nos negócios da empre- na hora em que o mercado voltar, e ele ambiente de hoje, o vice-presidente sa. Embora em alguns países a Iveco vai voltar, estaremos mais fortes, mais da Iveco acredita em um mercado bra- tenha uma base pequena de compara- capacitados”. sileiro que comporta volume muito ção, Borba contabiliza crescimento de Até 2016 a montadora consolida maior de caminhões do que se vê hoje. até 300% em alguns mercados. R$ 650 milhões no seu complexo in- Em sua avaliação o País absorveria fa- “É uma grata satisfação. O Paraguai dustrial para reforçar a produtivida- cilmente 200 mil unidades anuais. tem se apresentado como uma surpre- de, com foco em qualidade, pesquisa “O Brasil ainda é muito carente de sa positiva, o Uruguai também é outro e desenvolvimento, além de ampliar infraestrutura e diversos investimen- país em que temos percebido um cres- a nacionalização de componentes. A tos já estão mapeados. Tenho muita cimento interessante. O novo acordo empresa tem terreno de 257 mil m² crença no País porque ainda há muito com a Colômbia traz mais possibilida- ao lado da fábrica onde já foram in- para se fazer. O patamar que estamos des, além das oportunidades na Amé- vestidos R$ 16,2 milhões em obras de vendo hoje não corresponde à reali- rica Central.” infraestrutura para instalar um condo- dade do Brasil tanto pela necessidade Borba destaca, porém, que esses mínio de fornecedores. Dos vinte lotes atual quanto pela futura.” mercados são bem menores que o disponíveis oito já foram reservados. Borba considera, no entanto, que doméstico e que não adianta registrar para o mercado alcançar o estágio es- uma queda de 50% nas vendas de ca- TEMPOS DUROS – De acordo com boçado por ele são necessárias diver- minhões e querer compensar em ou- Borba a verdade é que o desaqueci- sas outras ações, como regras claras tros países: “Ajuda, mas não equipara. mento econômico já se mostrava no com relação ao financiamento, uma A saída é continuar trabalhando forte horizonte no ano passado e prenun- política econômica condizente com a no mercado brasileiro, porque aqui ciava uma temporada de tempos mais realidade e suas necessidades, além temos a maior rede instalada e maior difíceis: “No fim de janeiro de 2014, de medidas adicionais, por exemplo, compromisso. O Brasil é o principal com o vaivém das regras do Finame, a renovação de frota: “Cedo ou tar- mercado da América Latina e, apesar surgiu a preocupação em como man- de esse é um problema que temos de da queda, continua sendo”. ter o mercado com os atuais subsídios acabar enfrentando. É um processo A situação econômica do País, ele de financiamento”, lembra. “Mais im- interessante para todos, da segurança diz, continua piorando, com juros mais portante, no entanto, é a falta de visibi- nas estradas aos melhores índices de altos e até mesmo uma estimativa lidade. Não existe nenhuma restrição poluição, passando pela economia de de déficit no orçamento do governo. com relação à redução de incentivos, combustíveis”. Para ele, no entanto, o melhor a fazer mas nos últimos dois anos a indústria Embora as dificuldades atuais ele- é olhar para frente, cuidar de arrumar praticamente teve de se virar em ter- vem o nível de desconfiança e criem a própria casa e buscar novas oportu- mos de previsibilidade”. obstáculos para o mercado compra- nidades: “Acredito que o governo está O executivo salienta que o seg- dor, o executivo indica as exportações empenhado em colocar a casa em or- mento de bens de capital depende de como um fator positivo em meio à cri- dem. Ninguém mais aposta em um ce- regras muito claras de financiamen- se. “O dólar não resolve tudo, mas tem nário de caos como no passado. Traba- to para poder girar seus negócios, “e ajudado a segurar a elevação dos cus- lhamos com a expectativa de que em não se compra um caminhão ou uma tos, porque na hora de vender lá fora breve o mercado volte a se estabilizar máquina tirando dinheiro do próprio se obtém maior rentabilidade.” e, daí, o crescimento retorna. Se fosse bolso, pois o empresário adquire um Segundo o dirigente da Iveco as para pensar em um cenário de terra ar- equipamento para gerar resultados”. exportações têm trazido resultados rasada a postura seria outra”. 89

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AD 314 - P_IVECO.indd 89 28/09/2015 15:44:00 Perspectivas 2016 MAN

presidente MAN Latin Ame­ rica, Roberto Cortes, usa a expressão tempestade per­ Ofeita para definir o atual ambiente econômico do País e, em especial, o do segmento de caminhões e ônibus du­ rante o ano de 2015: “O que acontece hoje é uma conjugação de diversos fatores. E aqueles setores que deman­ dam investimentos, como o nosso, são os mais afetados pela crise. É o preço de um ajuste de uma economia que, digamos, era mais influenciada por ações governamentais e, agora, por uma mais liberal”. Cortes, no entanto, acredita em uma desproporção do tamanho da queda nas vendas de caminhões com a rea­ lidade do País. Ele não duvida da gra­ vidade da turbulência e dos seus efei­ tos, mas há outros ingredientes para determinar os quase 50% de retração nos negócios de veículos pesados: “Os fundamentos da economia ainda são sólidos. Os fatores que determinam a queda não são apenas econômicos,

também há a influência psicológica, o Divulgação/MAN nível de confiança do investidor”. Para entender as condições de hoje e seus resultados na atividade do se­ tor, o dirigente da MAN recorda as medidas anticíclicas adotadas em pas­ sado recente ou mesmo a antecipação Influências de compras de caminhões e ônibus ocorrida em virtude da mudança na legislação ambiental da Euro 3 para psicológicas Euro 5: “O crédito farto e barato talvez tenha elevado um pouco a indústria A retomada do mercado só se dará com algum fato no período 2010-2011”. novo que promova a volta da confiança do investidor No entendimento de Cortes, porém, a situação de hoje deve estar gerando Décio Costa | [email protected] 90

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AD 314 - P_MAN.indd 90 29/09/2015 17:10:18 uma demanda reprimida: “Este ano 4 mil funcionários: “Duas sextas-feiras estamos tratando de uma indústria por mês, desde janeiro, ninguém tra­ de caminhões de 75 mil a 80 mil uni­ balha na fábrica. A medida vale até dades. Estamos voltando ao nível de dezembro e dependendo do que acon­ 2001, 2002. Ou seja, alguma coisa está tecer não descartamos discutir o PPE errada, afinal, o País é outro”. [Plano de Proteção ao Emprego]”. Embora ele apostasse no fim mais Sua aposta, porém, não joga todas rápido da crise, ainda no terceiro tri­ as fichas na retomada em 2016: mestre de 2015, agora acredita só na “Trabalhamos com cenário de recu­ recuperação, mas não arrisca quando. peração, porque tem de acontecer: a “O País e o empresariado precisam questão é em quanto tempo. Por isso de um fato novo, que dê expectativa, precisamos estar prontos, evitando de­ uma possibilidade de reversão para missão em massa, para não perdermos o mercado poder voltar. Certamente capacidade. E é claro que temos um ocorrerá uma recuperação a partir dos plano B se tudo continuar como está”. ajustes que estão sendo feitos ago­ Apesar do certo otimismo com que ra. Sentimos isso no dia a dia. Temos encara as dificuldades de hoje, Cortes clientes que já estariam na hora de também aponta outros tantos casos Em caminhões renovar sua frota, mas ainda esperam, que diariamente impendem enxer­ gerando uma demanda que pode afe­ gar o horizonte com clareza. Ele, por estamos voltando tar o ano que vem.” exemplo, cita as diferentes expecta­ aos níveis de 2001 tivas para o PIB a cada nova semana e 2002. Ou seja: ACORDO – Para atravessar o ano e e os desdobramentos políticos que manter os esforços para sair fortaleci­ amplificam as más condições da eco­ alguma coisa está da ao final da tempestade, a MAN não nomia: “Uma hora isso tem de mudar, errada. Afinal o cortou investimento e ainda tem con­ não é possível o País carregar isso nas seguido preservar praticamente inal­ costas por tanto tempo. Com tudo isso País é outro. terado seu quadro de mão de obra a fica difícil acreditar em uma retomada partir de ações adotadas em consenso logo no início do ano que vem”. com seus funcionários: “Em outubro Mesmo com o novo patamar do dó­ do ano passado já falava da necessi­ lar, o que pode reacender a competiti­ dade de medidas de ajustes”, lembra vidade do produto brasileiro e tornar Cortes. “Chamei o Sindicato dos Meta­ as exportações espécie de salvaguarda lúrgicos do Sul Fluminense para elabo­ em tempos de mercado interno retraí­ rar um plano-ponte com o objetivo de do, o presidente da MAN tem suas atravessar a crise de mãos dadas, sem­ ressalvas: “O dólar tem dois lados: dá pre evitando as demissões”. mais rentabilidade ao exportar, mas Segundo Cortes o acordo vale tanto influencia os custos internos. E por para a MAN quanto para os oito forne­ mais rentável que se torne a expor­ cedores que participam do consórcio tação os nossos principais mercados modular de Resende, RJ, o que envolve também vivem situações difíceis”. 91

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AD 314 - P_MAN.indd 91 29/09/2015 17:10:18 Perspectivas 2016 Mercedes-Benz Simão Salomão Um bode novo todo dia Dirigente da Mercedes-Benz do Brasil credita à falta de confiança a crise no mercado de caminhões. E ainda vê risco de piorar.

Décio Costa | [email protected]

m uma projeção otimista o mer- relação às 87,8 mil do mesmo período foi pior do que julho”, conta Schiemer. cado de caminhões deve fechar de 2014. Mas também na percepção “Além disso o real está mais desvalo- o ano com 75 mil unidades em- de que o segundo semestre não será rizado, os juros mais altos e a inflação Eplacadas. A estimativa, do presidente melhor do que o primeiro, conforme a fora do centro da meta. Todo dia surge da Mercedes-Benz no Brasil, Philipp expectativa da maior parte dos repre- um bode novo, como a surpreendente Schiemer, não se baseia apenas no sentantes do segmento de caminhões. estimativa do orçamento com déficit. desempenho de janeiro a agosto deste “Agosto costuma ser um bom mês Isso tudo cria ainda mais incertezas, o ano, quando as vendas atingiram 49,6 de vendas e um tipo de termômetro que influencia de maneira negativa o mil unidades, um recuo de 43,5% em para o segundo semestre. Acabou que negócio de caminhões.” 92

AutoData Outubro 2015

AD 314 - P_MBB.indd 92 29/09/2015 17:11:47 Com cenário tão nebuloso o exe- Neste período do, tem problemas de pagamentos e cutivo nem mesmo acredita que o o restante da América Latina demanda segmento de transporte de carga che- as fraquezas se muito pouco volume. Há oportunida- gou ao fundo do poço, pois “se assim tornam mais de de retomar transações com o Orien- fosse já teríamos uma visão mais clara evidentes, te Médio e a África, mas é um processo do horizonte. É bem possível piorar. A de reconquista que leva tempo”. perda do grau de investimento pode exigindo coragem provocar mais recessão.” para tomar AUTOMÓVEIS – Enquanto o ano não Segundo Schiemer não há indica- termina e 2016 não chega, Schiemer ções no cenário que possam reverter decisões esforça-se em arrumar a casa. A Mer- a situação, caso dos índices macroe- cedes-Benz foi a primeira das monta- conômicos cada vez piores e os pro- doras a fazer um acordo nas bases do jetos de infraestrutura parados ou em PPE, Programa de Proteção ao Empre- andamento tímido. Mesmo no agro- go. As partes ajustaram redução de negócio, retrato de uma realidade eco- 20% na carga horária de trabalho e de nômica mais robusta no País e grande 10% no salário por nove meses mais comprador de caminhões, o executivo três prorrogáveis, o que garante esta- vê dificuldades por uma contaminação bilidade por doze meses. das incertezas. “Ganhamos um fôlego”, admite. “O “O campo ainda colhe bons resulta- programa é um instrumento de fle- dos, mas é muito dependente do dólar. conômica agora para que algum resul- xibilidade, mas não resolve no longo Se hoje há rentabilidade nas vendas tado apareça no segundo ou terceiro prazo. Se daqui a um ano não melho- externas também se compra muito trimestre de 2016. Caso nada aconteça rar precisaremos enfrentar uma nova em dólar. Vale lembrar ainda que os a recuperação virá somente em 2018”. realidade e, daí, se readequar.” financiamentos estão mais restritivos, O dirigente da Mercedes-Benz, po- Com a rotina da fábrica acertada os preços das commodities caíram e os rém, não deixa de acreditar no poten- o executivo também lembra que a fretes aumentaram. Os custos em ge- cial do País, em um mercado de 150 Mercedes-Benz não pode ficar parada. ral cresceram, gerando desconfiança.” mil a 200 mil unidades anuais. Mas Além do reforço nos serviços de pós- Outro fato capaz de justificar parte para isso a confiança do investidor e o vendas e novos produtos, inaugura no da acentuada queda nas vendas de crescimento do País precisam voltar à primeiro trimestre de 2016 a unidade caminhões foi a facilidade oferecida cena: “O Brasil tem tudo para crescer. de automóveis de Iracemápolis, SP. ao comprador: “Durante bom período Não precisa ser 7%, mas que seja 3% Certo de um horizonte de muito no passado o empresário adquiriu ca- de maneira estável”. trabalho, com mais uma fábrica para minhão subsidiado”, lembra Schiemer. O ambiente de pouca visibilidade tocar, Schiemer, no entanto, resume o “Diante de tantas incertezas e com impede Schiemer de fazer projeções momento como aquele diante de uma frota relativamente nova no parque o nítidas para o ano que vem. Mesmo as encruzilhada: “Apesar da crise, o perío- transportador deixa de comprar”. exportações são vistas com cautela: do até se mostra bom, pois as fraque- Para começar a destravar a econo- “O câmbio ajuda, mas também zas se tornam mais evidentes, exigindo mia e com ela o mercado, o presidente tem seu efeito no custo das peças. O coragem para tomar decisões. Essa é a da Mercedes-Benz avalia ser necessário mercado venezuelano está morto, a oportunidade de consertar, mas há um “se concentrar em uma agenda macroe- Argentina, mesmo que tenha merca- preço a se pagar”. 93

Outubro 2015 AutoData

AD 314 - P_MBB.indd 93 29/09/2015 17:11:47 Perspectivas 2016 Nissan

Ainda jovem François Dossa avalia que por estar há pouco tempo aqui a empresa tem espaço para continuar a crescer no ano que vem

Redação AutoData | [email protected]

om a sua nova fábrica de Re- sende, RJ, inaugurada em abril do ano passado, mais as ope- Crações de São José dos Pinhais, PR, a Nissan do Brasil quase dobrará sua produção, projetando fabricar 60 mil veículos este ano contra os 33,9 mil de 2014, considerando a unidade flumi- nense e a paranaense. A informação é do presidente da montadora, François Dossa, que destaca que o objetivo da empresa para este ano é ampliar par- ticipação no mercado brasileiro, o que considera positivo em um mercado em queda: “Superaremos os 2,5% de parti- cipação, contra 2,2% em 2014”. Sobre o comportamento atual do mercado, Dossa projeta um terceiro trimestre ainda bastante difícil, pois para o ano projeta queda superior aos 20% registrados até agosto. Para ele a retomada só virá após 2016. O fato de a empresa ter inaugurado fábrica em pleno período de retração em nada afetou, segundo o executivo, os planos da empresa no Brasil.

“Não fizemos um investimento de Ana Colla 94

AutoData Outubro 2015

AD 314 - P_NISSAN.indd 94 29/09/2015 17:09:23 R$ 2,6 bilhões no País pensando em vimento por todo o território nacional curto ou médio prazo. A fábrica de Re- em uma ação única e emocionante.” Projeções sende é um alicerce para o nosso pla- A empresa também prepara lan- no de ganhar participação de mercado çamentos para 2016, sobre os quais nos próximos anos.” Dossa por enquanto não adianta por- Dossa ressalva que, apesar de a Nis- menores: “Novidades em produtos e san ser uma das maiores fabricantes versões são importantes para atrair de veículos do mundo, no Brasil ela consumidores em um mercado cada ainda não é muito conhecida: “Somos vez mais exigente. Avaliamos, assim, PIB ainda muito jovens no mercado nacio- várias possibilidades. Nosso compro- nal. Chegamos ao País como importa- misso é o de sempre oferecer o melhor dores só em 2000 e, assim, temos de ao consumidor e isso nos ajudará a investir em um processo de conquista crescer mesmo neste momento difícil”. gradativa dos consumidores”. Sem revelar qual é a meta de ma- Nesse sentido, o presidente da Nis- rket share da Nissan para 2016 Dossa Selic san destaca ações que a empresa vem só adianta que a companhia planeja desenvolvendo para a comunicação crescer nos próximos anos: “Estamos dos atributos de uma marca japonesa investindo para conquistar maior par- que se vincula à qualidade, confia- ticipação. Mas com o cenário econô- bilidade e segurança, reforçada pela mico indefinido é difícil fazer prognós- divulgação de ser uma empresa com ticos. Cresceremos tanto em vendas Inflação produção local: como em produção, mas temos vários “Por isso estamos investindo no cenários diferentes e, por isso, prefiro reforço de nossa imagem no País e o ainda não contar os nossos objetivos”. patrocínio dos Jogos Olímpicos e Pa- Em relação às vantagens e desvan- ralímpicos Rio 2016 é um grande di- tagens da desvalorização do real, o ferencial, que mostrará aos brasileiros presidente da Nissan diz que desde a Dólar que estamos aqui para ficar e para pro- inauguração do complexo industrial duzir localmente veículos com muita de Resende a empresa desenvolve tra- qualidade e preço justo”. balho forte para aumentar os índices Para o ano que vem Dossa espera de nacionalização de seus dois produ- estabilidade do mercado como um tos lá fabricados: todo, mas projeta crescimento da “O objetivo é não ficarmos suscetí- marca principalmente em função dos veis às variações cambiais e este ano patrocínios dos jogos que serão reali- aceleramos ainda mais essa ação. Isso zados no Rio de Janeiro e dos reveza- será uma vantagem em breve. Tam- mentos da Tocha Olímpica e da Tocha bém começamos a avaliar a possibili- Paralímpica: “Com os revezamentos dade de exportação de veículos, mas levaremos os jogos para todo o Brasil ainda é apenas uma análise, pois nos- e será uma grande oportunidade de so foco é, e continuará sendo, o merca- mostrar nossos veículos e nosso atre- do nacional”. 95

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Perspectivas 2016 PSA

Mais do mesmo Carlos Gomes, presidente da PSA, não espera nenhuma grande mudança para o setor automotivo brasileiro em 2016

Redação Autodata | [email protected]

PSA já dá como certo que 2015, defini- tivamente, não deixará sauda- Ades para seus executivos, funcionários e revendedores. A exemplo da maioria dos concorrentes, o grupo francês já sabe, desde o início do segundo se- mestre, que o vermelho predominará nas planilhas da empresa ao fim deste ano. Embora não revele qual o tama- nho do recuo que espera, admite que nem vendas, nem produção e nem ex- portações escaparão de um incômodo resultado com relação a 2014, ano já difícil para o grupo. Parte dessa forte curva descendente e acima da média do mercado brasilei- ro – no caso das vendas, por exemplo, da ordem de 41% no acumulado de janeiro a agosto das marcas Peugeot e Citroën somadas – a empresa credita a processo interno global, batizado de Back in the Race, que objetiva a recu- peração econômica do grupo, ainda que em detrimento de participação e volumes, como se nota.

“No geral, teremos quedas em linha Divulgação/PSA 98

AutoData Outubro 2015

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Perspectivas 2016 PSA

ou acima das apresentadas pelo mer- embarques: “É preciso verificar como A empresa deverá cado”, reconhece Carlos Gomes, presi- a desvalorização do real abrirá novas dente para o Brasil e América Latina da frentes de negócio, com a ressalva de aumentar o PSA Peugeot Citroën, que espera que- que os mercados potenciais da região conteúdo local da da do mercado brasileiro de automó- estão atravessando, em sua maioria, veis e comerciais leves acima dos 20% em maior ou menor medida, uma crise operação brasileira este ano. “E tivemos que readaptar semelhante, o que não é obviamente o em volume e em nossos volumes a um mercado menor cenário ideal”. profundidade tanto no Brasil quanto na Argentina, o Apesar do quadro ainda incerto, a que nos afetou sensivelmente.” PSA espera ligeiro aumento de suas Gomes entende ainda ser cedo para vendas internas e também da produ- fazer alguma projeção mais precisa ção na fábrica de Porto Real, RJ. As para o ano que vem, sobretudo depois exportações da empresa dependerão da recente mudança do grau de inves- – novamente – muito da recuperação timento do Brasil por agência interna- das economias vizinhas e, sobretudo, cional de análise de risco. Mas sua per- da Argentina e das regras que lá pre- cepção, de qualquer forma, é a de que valecerão. o quadro macroeconômico não deve “Hoje, com as condições voláteis da mudar radicalmente no curto prazo: economia, essas previsões podem se “O dólar deve continuar relativa- alterar rapidamente”, pondera Gomes, mente valorizado frente ao real, a taxa que recorda que Porto Real continua de inflação tende a seguir em patamar dedicando cerca de um terço de sua elevado, fazendo com que o Ban- produção para a exportação. “Estamos co Central mantenha a Selic alta, de revendo-as constantemente, levando modo que continuaremos com uma em conta os diversos cenários.” das maiores taxas de juros nominais A atual desvalorização do real, por do mundo”. outro lado, já é considerada como No que se refere às vendas internas indutora de maior urgência para au- de veículos, a empresa trabalha com mento do conteúdo local da operação vários cenários. Os melhores deles, brasileira, “em volume e em profun- asseguram seus executivos, indicam didade”, o que pode ainda gerar boas estabilidade com relação aos já debili- oportunidades para os fornecedores tados números deste ano: “O mercado daqui. só deve retomar sua trajetória de cres- No entanto, alerta o presidente da cimento em 2017 ou 2018”. PSA, a empresa segue importando da Gomes é cauteloso também quan- Europa muitas peças de alto teor tec- do analisa o cenário das exportações nológico para os veículos que produz no ano que vem. O atual patamar do no Rio de Janeiro e que, como conse- real frente ao dólar não é suficiente quência, estão cada vez mais caras e ainda para que aposte firme no au- afetam a competitividade de Citroën e mento significativo do número de Peugeot no mercado interno. 100

AutoData Outubro 2015

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Perspectivas 2016 Toyota

om vendas estáveis este ano e ganho de participação frente à queda acima de 20% do mer- Ccado em geral, a Toyota inaugura em 2016 sua fábrica de motores de Porto Feliz, SP, e passa a comprar transmis- sões da Aisin do Brasil, ampliando as- sim seu índice de nacionalização. Além disso concluirá as obras de ampliação da unidade de Sorocaba, SP, onde pro- duz o Etios, expandindo a oferta do modelo em 50%, de 84 mil para 108 mil unidades/ano. Diante das novidades, o coordena- dor chefe da companhia para a Améri- ca Latina e Caribe, Luiz Carlos Andrade Jr., acredita que a marca terá condições de continuar ampliando market share no País: “Ainda não fechamos os nú- meros para 2016, mas a princípio ve- mos espaço ganhos de participação”. Com duas horas extras em suas duas fábricas paulistas – Sorocaba e Indaiatuba –, a Toyota prevê fechar 2015 com 195 mil emplacamentos, mesmo volume de 2014: “É resultado

Simão Salomão excepcional para um mercado com queda de 22%”, avalia Andrade. “Nos- sa participação subirá de 5,6% para 6,9% de um ano para o outro.” O mercado total, na sua opinião, Confiança deve fechar em torno de 2 milhões 660 mil veículos. Para 2016 Andrade pro- jeta pequena queda, para 2,6 milhões: é tudo “Hoje o setor está operando abaixo da sua capacidade de mercado por causa Com a fábrica de motores de Porto Feliz ativa e a da falta de confiança do consumidor”. ampliação da capacidade de Sorocaba a Toyota No caso da Toyota, a confiança na espera ganhar participação de mercado em 2016 marca, segundo Andrade, tem sido de- cisiva para o desempenho positivo este Alzira Rodrigues | [email protected] ano: “Quem não corre, morre”, obser- 102

AutoData Outubro 2015

AD 314 - P_TOYOTA.indd 102 28/09/2015 15:50:45 vou ao falar das ações de varejo que tores 1.3 e 1.5 para o Etios. Porto Fe- a empresa vem desenvolvendo justa- liz e a ampliação de Sorocaba gerarão Projeções mente para conquistar a confiança do quinhentos empregos diretos. consumidor: “A crise mostra coisas que “Com o dólar do jeito que está o au- às vezes não vemos. O atendimento na mento da localização de peças favore- rede, o valor de revenda dos veículos e cerá nossa composição de custos. Ain- a confiança na marca têm sido fatores da não temos números exatos quanto decisivos para nosso nível de vendas. É ao nosso novo índice de nacionaliza- uma grande vertente”. ção porque teremos de conviver um PIB A rede Toyota, de acordo com o exe- tempo com importação e produção cutivo, está satisfeita e continua cres- local”, conta o executivo, que destaca cendo. Dentre as ações em andamen- a nova Hilux, produzida na Argentina, to estão os minifeirões realizados em como novidade no mercado brasileiro áreas onde não há revenda instalada: até o fim deste ano. “Vamos até lá junto com o pessoal da Além do desempenho positivo no Selic concessionária que cobre a região e mercado interno, a Toyota também fazemos uma série de atividades para está ampliando suas exportações divulgar nossos modelos .” este ano. A Argentina, por exemplo, No mercado de taxistas a Toyota comprará 39 mil carros do Brasil, 6% crescerá 200% este ano, com a venda a mais do que em 2014: “Também ex- de 4,1 mil unidades do sedã Etios ante portamos para o Uruguai e o Paraguai, Inflação as 1,8 mil de 2014. sendo que nesse último caso manda- mos carros flex, o que para o Japão foi VISÃO EXTERNA – Andrade revela uma boa novidade”. ainda que em meados de setembro a Apesar de o Brasil ter perdido grau empresa reuniu dez economistas de de investimento no ranking de uma renome para conversar com um grupo agência internacional no início de que veio do Japão para entender o atu- setembro, o coordenador chefe da al momento econômico brasileiro. Toyota acredita que os investidores in- “O board mundial tem uma visão ternacionais sabem que em algum mo- bastante macro, envolvendo médio e mento a economia brasileira reagirá e, longo prazos, mas é importante para por isso, têm consciência da importân- os executivos entenderem o que acon- cia de manter os aportes aqui: tece no Brasil e ouvir pessoas daqui. “Por enquanto foi uma agência só e Os problemas não seriam tão grandes como não teve nenhuma medida drás- não fosse pela governança. Enquanto tica por parte do governo brasileiro o não se resolver a questão política não clima rapidamente acalmou-se. Não se resolve a econômica.” teve grandes repercussões internacio- A Toyota inaugura a fábrica de Porto nais. Como dizem alguns economistas Feliz no primeiro semestre do ano que o Brasil é muito maior do que tudo isso vem para, inicialmente, produzir mo- que a gente está vendo”. 103

Outubro 2015 AutoData

AD 314 - P_TOYOTA.indd 103 28/09/2015 15:50:45 Perspectivas 2016 Volvo

e quisesse a Volvo teria todos as justificativas do mundo para lamentar seus resultados e pra- Sguejar 2015: até agosto acumulava queda de impressionantes 55% nas vendas na comparação com o ano pas- sado – em volume, isso significa que os 13 mil caminhões vendidos nos oito primeiros meses de 2014 se transfor- maram em apenas 5,7 mil no mesmo período deste ano. Ou menos da me- tade, simplificando a conta. Mas a fabricante instalada em Curi- tiba, PR, tem outra forma de enxergar as coisas: ainda que reconheça a gra- vidade da situação o novo presidente do Grupo Volvo Latin America, Claes Nilsson – no posto desde janeiro, jus- tamente quando a queda nas vendas começou a se mostrar mais pronuncia- da –, lembra que seu índice de baixa está muito próximo àquele da média do mercado nos segmentos em que atua, pesados e semipesados, e que

neste ano deverá manter a liderança Divulgação/Volvo dos pesados, repetindo 2014: “Este é o nosso objetivo”. O executivo aponta ainda que o se- gundo semestre, rigorosamente den- 300 mil tro do possível, está sendo melhor do que o primeiro: “Começamos o ano com estoques razões para altos, pois a retração coincidiu com o lançamento da nova geração dos FH. Isso nos forçou a cortar o quadro acreditar de funcionários, utilizar ferramentas de flexibilidade, como lay-off e férias Volvo espera mercado estável para o ano que coletivas, além de encerrar um turno vem e encontra motivos para celebrar 2015, como de produção. Agora estamos melhor significativo marco histórico de produção em Curitiba adaptados ao atual ritmo do mercado, que está demonstrando nos últimos Marcos Rozen | [email protected] 104

AutoData Outubro 2015

AD 314 - P_VOLVO.indd 104 28/09/2015 15:54:23 meses um patamar estável, ainda que veis embarques. E nossos dois maiores baixo”. clientes, Chile e Peru, também para- Projeções Diante da falta de qualquer indica- ram de crescer”. tivo de que algo vá mudar até o fim do De qualquer forma as estimativas ano, Nilsson estima que 2015 feche para o mercado externo também são com volume de 40 mil a 45 mil cami- estáveis, tanto em 2015 ante 2014 nhões pesados e semipesados ven- quanto em 2016. didos no País. Para a Volvo o cenário Independentemente do quadro atu- deve ser mesmo de queda no ano pró- al, a Volvo não deixa de se movimen- PIB xima a 50% ante 2014. tar: inaugurou no fim de setembro A razão para um ano tão difícil, diz centro de distribuição de peças em São ele, está no “pessimismo psicológico” José dos Pinhais, PR, vizinha a Curitiba, do frotista aliado à renovação de frota com o dobro do tamanho do anterior. ocorrida nos últimos anos: “Às vezes a A nova instalação ocupa 33 mil m², situação do cliente nem está tão ruim tem vinte docas de carga e descarga Selic assim, mas ele posterga as compras, te- e capacidade para armazenar 83 mil meroso de que as coisas possam piorar itens e um pátio adicional. mais para a frente. Há até caso de fro- E em outubro a marca celebra a tistas com mais carga para transportar, produção do veículo de número 300 como no agronegócio, porém, como mil na fábrica de Curitiba – a unidade eles têm caminhões novos rodando, começou a ser construída em 1977, fa- Inflação com apenas um ou dois anos de uso, bricou o primeiro ônibus em 1979 e o podem esperar mais um pouco para primeiro caminhão um ano depois. adquirir veículos zero quilômetro.” Mais: há pouco inaugurou conces- sionária em Cuiabá, MT, a quinta casa REPETIÇÃO – Para 2016, “muito difí- nova em 2015. A rede fechará o ano cil de prever”, Nilsson espera um com- com 97 lojas, que deverão crescer, ain- Dólar portamento mais linear do mercado, o da que bem pouco, para cem até o fim que representaria repetição do resul- do ano que vem. tado de 2015 nos pesados e semipesa- Para quem acha que isso já seria o dos. O executivo entoa o coro dos que suficiente em um ano como o que vive afirmam que o mercado se recuperará o mercado de caminhões, o executivo em algum momento, mas “não vamos lembra que a Volvo é a única grande especular quando é que isso, afinal, montadora do segmento confirmada acontecerá”. para a Fenatran, em novembro. As exportações poderão represen- “Mantivemos nosso programa de tar algum incremento na produção, investimentos intocado apesar da si- mas nada muito significativo, e restrito tuação atual. Continuamos a desen- à América Latina: “O mercado esta- volver novos produtos e tecnologias. dunidense é distinto e o europeu vai Acreditamos no mercado brasileiro e entrar no Euro 6, o que limita possí- não ficaremos parados”. 105

Outubro 2015 AutoData

AD 314 - P_VOLVO.indd 105 28/09/2015 15:54:23 Perspectivas 2016 Volkswagen

uando chegou ao País, em janeiro, para assumir a pre- sidência da Volkswagen do Haja QBrasil, o sul-africano David Powels tinha sobre sua mesa projeções de um mercado interno de 3,3 milhões encrenca de automóveis e comerciais leves. Ao atender AutoData no fim de se- David Powels admite que não esperava um ano tão tembro começou justamente falando difícil. Mas prevê pequena retomada em 2016 e a das informações que teve do board recuperação de market share da Volkswagen. ao ser convidado para o cargo e da nova perspectiva de se encerrar 2015 Alzira Rodrigues | [email protected] com 2,5 milhões de emplacamentos: “É uma queda de 25% com relação a 2014 e de 30% sobre 2013. Não espe- rava uma encrenca tão grande”. E Powels vai mais longe, admitin- do que ao acertar sua vinda para cá a informação do próprio board era a de que os problemas no Brasil já tinham sido superados. Mal sabiam eles o que estava por vir. Em sua segunda pas- sagem pelo País – foi vice-presidente de finanças e estratégia corporativa da VW de 2002 a 2006 – recorda que só pegou anos difíceis aqui. Mas o quadro crítico do mercado não assusta o executivo, que faz ques- tão de ressaltar o potencial do País, definindo o momento como cíclico: “Minha experiência de Brasil mostra que cai rápido, mas volta rápido”. Para 2016 ele aposta em pequena recuperação, algo em torno de 3%, dos 2,5 milhões para 2,6 milhões de auto- móveis e comerciais leves. Admite que em anos como o atual as líderes são as que mais sofrem, mas acredita que a Volkswagen poderá recuperar partici- pação no ano que vem em função de

lançamentos em curso ou programa- Divulgação/VW 106

AutoData Outubro 2015

AD 314 - P_VW.indd 106 28/09/2015 15:55:22 dos: “Não estamos parados. Temos no- O mais positivo nesta crise toda é vidades, como o Golf e novos produtos Projeções o aumento das exportações que, se- que não posso revelar, que permitirão gundo Powels, não compensa a queda ganhos de market share em 2016. O interna mas são importantes para ga- importante é manter nossa capacidade rantir mais produção: de concorrência para a hora em que o “De janeiro a agosto nossas vendas mercado melhorar”. externas cresceram 25% em volume, Powels projeta, assim, um 2016 atingindo 77,5 mil no acumulado ante melhor para a Volkswagen, “por causa PIB as 62,5 mil do mesmo período do ano dos lançamentos”, destacando que a passado. A alta em receita foi ainda empresa vê oportunidades para ven- maior. Atingimos US$ 848 milhões até der mais aqui e lá fora. Um ponto críti- julho, 44% a mais do que nos primei- co do setor, hoje, na sua avaliação, é o ros sete meses de 2014”. excesso de capacidade instalada: “Te- A expectativa da Volkswagen é en- mos capacidade para 5,5 milhões de Selic cerrar o ano com crescimento de 25%, unidades, volume que há dois ou três algo em torno de 116 mil a 117 mil anos era de 4,2 milhões. É uma ociosi- veículos exportados. Na opinião de dade superior a 50% e eu não conheço Powels em 2016 haverá espaço para no mundo situação similar”. pequeno crescimento, cerca de 120 mil unidades. INVESTIMENTOS – Powels admite Inflação O principal mercado da empresa é que quando a empresa investiu aqui a Argentina, que comprou até agosto mais de R$ 2 bilhões, em aumento 48 mil veículos, 34% a mais do que de produção, não previa o mercado nos primeiros oito meses de 2014. O decrescente de hoje. Mas insiste em modelo mais exportado para o país vi- salientar que a visão da empresa é de zinho é o Gol, com 36 mil unidades no longo prazo, “estamos aqui há mais de Dólar acumulado dos primeiros oitos meses sessenta anos e não vamos tomar de- deste ano. cisões baseadas em análise de um pe- O modelo up! começou recente- ríodo curto”. Mais do que isso Powels mente a ser exportado para o México garante que a empresa manterá seus e também vai para o Uruguai, havendo investimentos ao mesmo tempo em boas perspectivas para vendê-lo em que ajusta sua capacidade. outros países sul-americanos, como “Usamos todas opções de ajuste, Chile e Colômbia. pois demissões não é nosso estilo: fé- Sobre o quadro macroeconômico rias coletivas, lay-off e, agora, assina- brasileiro Powels avalia que a econo- mos acordo com o Sindicato dos Me- mia não vai crescer em 2016, “mas es- talúrgicos do ABC para adotar o PPE na pero que não diminua”. Projeta, assim, fábrica da Anchieta, em São Bernardo PIB estável sem descartar, no entanto, do Campo. Já encaminhamos pedido queda de 0,5% sobre o resultado deste ao governo e só falta a autorização.” ano. 107

Outubro 2015 AutoData

AD 314 - P_VW.indd 107 28/09/2015 15:55:22 Lançamento Maior eficiência energética Divulgação/Hyundai

Com novo design HB20 traz evoluções mecânicas e tecnológicas que reduzem seu consumo em pelo menos 6% na versão dotada de motor 1.0

André Barros, de Atibaia | [email protected]

lém de promover mudanças coisas, um desconto extra de IPI para menos imposto e correremos atrás estéticas no HB20, seu primei- montadoras que atenderem certo ín- dela. Tudo que puder beneficiar nosso ro modelo nacional, a Hyun- dice de eficiência energética. Pode consumidor e a rede de concessioná- Adai também investiu em avanços me- chegar a até 2 pontos de desconto no rios é positivo”. cânicos que, segundo seus executivos, tributo para aquelas que a redução de Apresentado à imprensa em 21 de geraram na versão 1.0 economia de consumo do seu portfólio de modelos setembro, em Atibaia, SP, o novo HB20 6% no consumo de combustível com alcançar 18,84% até 2017. ganhou novas velas, pistões e anéis relação à geração anterior, com 3% de Com o lançamento a Hyundai pla- de vedação e um novo sistema de ge- ganho de eficiência energética. Na ver- neja reivindicar do governo os bene- renciamento de alternador, além de o são com motor 1.6 esses índices foram fícios previstos no programa automo- motor ser lubrificado com óleo de me- de, respectivamente, 6,5% e 4,5%. tivo. De acordo com Antônio Sérgio nor atrito. Todas as versões vêm com Os avanços tecnológicos do mode- Rodrigues, diretor executivo de ven- pneus verdes e têm, agora, nota A no lo vão ao encontro das exigências do das e marketing da Hyundai Motor PBEV, Programa Brasileiro de Etiqueta- Inovar-Auto, que prevê, dentre outras Brasil, “existe a possibilidade de pagar gem Veicular, do Inmetro. 108

AutoData Outubro 2015

AD 314 - Lançamento Hyundai.indd 108 28/09/2015 14:59:33 E a Hyundai, segundo Rodrigues, ideia que está dando certo a Hyundai tem mais cartas na manga para ampliar investiu em mudanças no design ex- a eficiência do portfólio. Nos próximos terno, incorporando ao modelo novos meses chegarão ao mercado versões faróis com LED, lanternas e para-cho- com alterações do HB20S, sedã, e do ques traseiros remodelados, além de HB20X, hatch aventureiro. Esses mo- rodas e calotas agora com aro 15. In- delos compõem 100% da produção ternamente o HB20 traz novos tecidos, nacional da Hyundai aqui e são a base com opção em couro cinza e marrom, de cálculo para a eficiência energética. essa última mais usada em automó- Em 2016 haverá outro importante veis de segmentos superiores. passo na busca pela eficiência ener- Também investiu em maior conecti- gética: está agendada para o segundo vidade, sua principal aposta para atrair semestre a inauguração do Centro os consumidores. Todos os HB20 sai- de Pesquisa & Desenvolvimento da rão de fábrica com sistemas que per- Hyundai, ao lado de sua fábrica de Pi- mitem conversar com os telefones racicaba, SP. A companhia investe R$ celulares dos motoristas, seja por meio 100 milhões e seu principal objetivo é da tecnologia bluetooth seja pelos sis- ampliar o desenvolvimento de moto- temas CarPlay, da Apple, ou CarLink, res com a tecnologia flex do Android. Rodolfo Stopa, gerente de produto DESAFIO – Fazer alterações em um do HB20, justificou a opção: “O consu- modelo que somou mais de 500 mil midor hoje em dia busca um sistema unidades vendidas em menos de três multimídia de qualidade. Ele está qua- anos é uma atitude arriscada. Alheia se comprando o sistema, com o carro ao ditado que diz que não se mexe em acompanhando a escolha”.

Sandero esportivo

A Renault diversifica a oferta de ver- 20,4% de janeiro a agosto – as vendas responde pelo desenvolvimento das sões Sandero. Desde setembro a rede da marca caíram 18,1% no período. versões esportivas dos carros Renault. oferece a R.S. 2.0, por R$ 58,9 mil, e a Desde que foi apresentado o Sande- O Sandero R.S. é resultado do traba- GT Line, R$ 49 mil. São cinco opções do ro ganhou relevância para a empresa, lho conjunto da equipe francesa com a hatch, o mais vendido da marca aqui: superando Clio e Logan. Mexer com ele, engenharia e a área de design na Amé- 51,9 mil unidades de janeiro a agosto. assim, requer agora muito cuidado. rica Latina. Sozinho representou mais de 40% das Por esta razão a área de marketing o Motor de 150 cv e transmissão me- vendas Renault no período. É, assim, o escolheu para lançar agora sua divisão cânica de seis velocidades são importa- grande responsável pelo bom desem- R.S., , criada com a fusão dos e o levam a acelerar da imobilidade penho da marca, que avançou 0,2 pon- dos departamentos de competição da a 100 km/h em 8 segundos e a atingir to porcentual em mercado que recuou Alpine e da e que desde então 202 km/h de velocidade máxima. 109

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último 18 de setembro en- trou para a mais que cente- nária história dos motores Odiesel – como triste marco – com Mancha a denúncia de que 500 mil veículos Volkswagen e Audi vendidos nos Esta- dos Unidos dispõem de software que de diesel burla testes e esconde que os motores poluem dezenas de vezes além dos li- CEO do Grupo Volkswagen renuncia após denúncia mites da legislação local. de a empresa burlar testes de poluentes nos motores Na verdade aquela sexta-feira ape- nas deflagrou o que nos dias seguintes Redação AutoData | [email protected] ganharia contornos mundiais com o reconhecimento público de que o dis- positivo está presente em pelo menos 11 milhões de veículos das marcas do Grupo Volkswagen mundo afora. Não foi surpresa, assim, a renúncia, já no dia 23, do CEO Martin Wintercorn: “A Volkswagen precisa de um reco- meço, também em termos de pessoas. Estou abrindo caminho para este reco- meço”, disse o executivo, no cargo des- de 2007 e que em maio vencera queda de braço com um dos principais acio- nistas do conglomerado, Ferdinand

Piech, ex-presidente do Conselho. Divulgação/VW A saída de Witerncorn era mais do que esperada após a EPA, agência de proteção ambiental dos Estados Uni- Volkswagen caíram cerca de 30% nos que o drible tecnológico pudesse não dos, ter divulgado o que agora já se dois dias após a confirmação de que a ser exclusivo da VW. sabe ser a maior fraude da indústria empresa se valera de um truque para Certo é que autoridades de diversos automotiva e, em particular, da alemã, vender uma falsa eficiência dos moto- países, ao mesmo tempo em que ain- reconhecida pela pujança econômica res de seus veículos, o que poderá ge- da buscam descobrir qual é, de fato, e tecnológica. Pior: que, apontam ana- rar bilhões de dólares em multas e pro- a extensão do estrago mundial e seus listas, pode colocar em xeque o futuro cessos somente nos Estados Unidos. eventuais impactos sobre a economia, dos automóveis a diesel e, para além, Naturalmente papéis de outras decidiram apertar a vigilância e discu- abalar a economia da Alemanha. grandes fabricantes de automóveis a tir procedimentos para homologações O tamanho do tropeço, de qualquer diesel, como Renault, BMW e Merce- de veículos. Certo também é que os forma, foi sentido imediatamente nas des-Benz, também acusaram o golpe, carros a diesel nunca tiveram uma es- bolsas internacionais. As ações da ainda que em menor grau. O temor era trada tão esburacada pela frente. 110

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Gente & Negócios

Bouhassoun Püschel Alves Kneissler Grossmann A MWM Motores Ronaldo Aparecido Jürgen Kneissler A PPG Industries Diesel nomeia Alves é o novo assume a direção anuncia Márcio

Divulgação/ Thomas Püschel diretor de operações geral da empresa Grossmann como para a diretoria de industriais da na América do novo diretor- vendas de peças de fabricante das Sul da Cooper presidente do reposição, cargo que baterias Heliar, a Standard, empresa grupo para o Brasil acumulará com o de Johnson Controls. especializada em e a América Latina Nour Bouhassoun é diretor de vendas de Formado em sistemas de vedação, Sul. Com mais de o novo presidente da motores e marketing, processo de anti-vibração, dezesseis anos Michelin América do reportando-se produção, com componentes para de experiência na Sul, Central e Caribe. diretamente ao especialização em transferência de freio indústria automotiva, O executivo francês presidente e CEO da engenharia mecânica, e combustível para a o executivo possui assume o lugar de Navistar Mersocul, o executivo tem indústria automotiva. vasto conhecimento Jean-Philippe Ollier, José Eduardo Luzzi. passagens por em processos agora com novas empresas como químicos e gestão de funções na França. Hengst Automotive, operações. e ZF.

Concept R$ 39,9 mil F-Pace A Nissan revela o Gripz Concept, carro con- O modelo Picanto O mais novo modelo esportivo da família ceito desenvolvido por designers da Europa com câmbio mecânico Jaguar desafiou a gravidade ao realizar um e Japão. O modelo esportivo presta home- é relançado pela Kia looping um dia antes de seu estreia mundial nagem à linha do Nissan 240Z, que dispu- Motors no País, em no Salão do Automóvel de Frankfurt, Alema- tou e venceu diversos ralis de safari no Quê- complemento à versão nha. O utilitário esportivo F-Pace foi condu- nia, Uganda e Tanzânia na década de 70. com transmissão zido com precisão pelo dublê britânico Ter- automática. Com ry Grant em uma estrutura especialmente Segurança preço sugerido construída para o evento. O sedã esportivo Subaru WRX, recém-lança- de R$ 39,9 mil a do no Brasil pela Caoa, conquistou a classi- montadora volta a Pneus ficação em segurançaTop Safety Pick+, con- competir na categoria A Bridgestone foi selecionada para traba- cedida pela Insurance Institute for Highway de compactos com lhar em parceria com o Grupo Volkswagen Safety, IIHS, organização não-lucrativa man- motores de 3 cilindros. na iniciativa de Diretrizes Futuras de For- tida pelas seguradoras nos Estados Unidos. necimento Automotivo, ou Fast na sigla em inglês. A fabricante é o único fornecedor de União da Vitória pneus que integra uma relação de mais de O Grupo Nórdica, do Paraná, inaugura uma quarenta empresas que a produtora alemã nova concessionária Volvo de caminhões e de veículos considera serem os parceiros ônibus em União da Vitória, no Interior, com de destaque em seus respectivos setores de dezesseis boxes para atendimento. atuação. 112

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Artigo Made in Brasil com excelência

m meados dos anos 1980 era Construir uma estrutura de traba­ ná, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, bastante forte a preocupação por lho sólida para todo o Brasil não é algo assim como demandas de oficinas por parte da indústria e do governo simples porque requer o engajamento certificação de serviços em cidades do Ede reforçar nosso parque industrial de pessoas devidamente preparadas Mato Grosso. Também são realizadas para sermos competitivos em todo o conforme o padrão IQA: afinal o Ins­ certificações de concessionárias em globo. De massiva concentração no tituto não pode perder a identidade, todo o País para a Fiat e a Volkswagen. Estado de São Paulo a indústria passou calcada em questões éticas e de rela­ Ainda há muitas regiões para alcan­ a buscar oportunidades em outras re­ cionamento, pontos fundamentais no çar. Não se pode estar vinculado ape­ giões. Na época montadoras que che­ processo. Portanto, além de conheci­ nas aos polos industriais. Só no Estado gavam ao Brasil, atraídas por incenti­ mento da qualidade é necessário perfil de São Paulo há uma grande amplia­ vos estaduais, começavam a construir que se enquadre nos seus princípios. ção da indústria pelo Interior, a exem­ fábricas fora de São Paulo. Por tendên­ Em outras palavras o objetivo é estar plo de Sorocaba, que não é um polo cia, lançada pela Fiat em Belo Horizon­ em todo o País com trabalho podroni­ industrial, mas um potencial onde há te, as autopeças também passavam a zado. muitas indústrias instaladas. O IQA se instalar próximas às montadoras. Com a atuação dos representantes, partiu pelos polos industriais, mas Toda essa descentralização da in­ que têm contato direto com as empre­ também quer alcançar regiões onde dústria foi acompanhada de perto pelo sas e entidades locais, características há demandas que precisam de apoio. IQA, que agora avança mais um largo regionais ficam mais perceptíveis e É extremamente importante para passo na disseminação da qualidade particularidades são melhor compre­ a nossa indústria essa diversificação em toda a cadeia, com a regionalização endidas. Esse é o diferencial da cons­ regional, que deve ser feita de forma de suas atividades, realizada por meio trução de bases regionais. Além do estruturada e planejada. A qualidade da atuação de representações próxi­ Estado de São Paulo, onde tem sede no setor automotivo precisa ser padro­ mas aos polos industriais. São espe­ na Capital e está representado nas ci­ nizada e entendida em todo o Brasil cialistas treinados e qualificados, que dades de Campinas, Piracicaba e So­ para que seja a mesma, independen­ atuam como braços do instituto em rocaba, o IQA já atua na Bahia, Goiás, temente de onde é produzida. Esse é suas respectivas regiões: identificam Minas Gerais, Paraná, Pernambuco e o nosso maior desejo: quando se falar as necessidades locais e apresentam Rio Grande do Sul. em qualidade made in Brazil, que nós, oportunidades para a melhoria contí­ Em dois anos de trabalhos já hou­ de Norte a Sul do País, sejamos reco­ nua da qualidade de processos, produ­ ve grande interesse da indústria por nhecidos mundialmente como grande tos e serviços do setor. treinamentos em estados como Para­ fabricante do setor automotivo.

Ingo Pelikan | presidente do IQA, Instituto da Qualidade Automotiva 114

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