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Instituto de Tecnologia de – ITEP/OS Unidade Gestora de Projetos Barragens da Mata Sul – UGP Barragens

RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL R I M A SISTEMA DE CONTROLE DE CHEIAS DA BACIA DO RIO SIRINHAÉM BARRAGEM

Recife Setembro/2011 ESTADO DE PERNAMBUCO EQUIPE TÉCNICA

Governador Análise do Projeto Eduardo Henrique Accioly Campos Ana Paula Batista Lemos Ferreira, Engª. Civil Análise Jurídica Vice-Governador Talden Farias, Advogado João Soares Lyra Neto Meio Físico Secretaria de Recursos Hídricos e Energéticos - SRHE Margareth M. Alheiros, Drª Geóloga João Bosco de Almeida Ana Mônica Correia, Msc Geógrafa Weronica Meira, Drª. Meteorologista Secretário Executivo de Recursos Hídricos - SRHE Rizelda Regadas, Msc Geóloga José Almir Cirilo Roberto Quental Coutinho, Dr. Eng. Geotécnico Simone Rosa da Silva, Drª. Engª. Hidróloga Antônio Carlos B.Corrêa, Dr. Geógrafo Secretário Executivo de Energia - SRHE Luciano Cintrão Barros, Dr.Geógrafo Eduardo Azevedo Rodrigues Aguinaldo Batista de Queiroz, Eng Químico

Gerência Geral de Recursos Hídricos - SRHE Meio Socioeconômico Carlos Marcelo Sá Lucia Soares Escorel, Arquiteta e Urbanista Osmil Torres Galindo Filho, Economista Gerência de Infraestrutura Hídrica - SRHE Luis Henrique R. Campos, Dr. Economista Maria Lorenzza Pinheiro Leite Veleda Lucena, Drª.Arqueóloga Apoio Administrativo Presidente da Agência Pernambucana de Àguas e Clima – APAC Solange C. da Costa e Silva, Advogada Marcelo Cauás Asfora Marlúcia Alves Rodrigues, Pedagoga Viviane Cabral, Administradora Gerente de Revitalização de Bacias - APAC Matilde Menezes Uchôa Bibliotecária Simone Rosa de Oliveira, Ms. Ciência da Informação

Instituto de Tecnologia de Pernambuco (ITEP-OS) Assistente Social Cândida Jucá Diretor Presidente - DPR Redação e edição Frederico Cavalcanti Montenegro Rossini Bandeira

Diretor Técnico - DT Arte Ivan Dornelas Falcone de Melo Romildo Araújo Lima (Ral)

Diretoria Administrativa Financeira - DAF Revisão e Diagramação Fabiana Albuquerque de Freitas Eva Luzia Nesso Meio Biótico Superintendente de Inovação Tecnológica - SITEP Marcondes A. Oliveira, Dr.Biólogo/Botânico Marcia Maria Lira Pereira Wbaneide Martins de AnDrªde, Msc Bióloga/Botânica Maristela Casé Costa Cunha, Drª. Bióloga/Oceanógrafa Cristiane Maria V.A Castro, Drª. Bióloga/Oceanógrafa Superintendente de Pesquisa e Pós-graduação - SPP Alfredo Matos Moura Júnior, Dr. Biólogo/Botânico José Geraldo Eugênio de França Aurelyanna C. B. Ribeiro, Msc. Bióloga/Zoóloga Silvia Helena L. Schwamborn, Drª. Enga. de Pesca/Oceanógrafa Superintendente de Relações e Cooperações Internacionais - SRCI Maria Adélia O. M. da Cru, Drª.Bióloga/Zoóloga Jean Paul Raul Marie Gayet Ednilza Maranhão dos Santos, Drª.Bióloga/Zoóloga Luiz Augustinho M. da Silva, Dr.Biólogo/Zoólogo Yumma Bernardo M. Valle. Msc.Bióloga/Zoóloga Roberta Rodrigues da Costa, Msc.Bióloga/Zoóloga Felipe José Alves, Geógrafo

Geoinformação Aramis Leite de Lima, MSc Engº. Cartógrafo Flávio Porfírio Alves, MSc Engº. Cartógrafo Daniel Quintino Silva, Tecnólogo em Geoprocessamento

Apoio Técnico Glauber Matias de Souza, Geólogo Otávio Leite Chaves, Geólogo

I59 Instituto de Tecnologia de Pernambuco

Relatório de Impacto Ambiental – Rima: Sistema de Controle de Cheias da Bacia do Rio Sirinhaém- Barragem Barra de Guabiraba/ Instituto de Tecnologia de Pernambuco; Unidade Gestora de Projetos Barragens da Mata Sul. – , 2011.

76f. : il. ISBN:

1.Relatório de Impacto Ambiental - RIMA. 2. Impactos Ambientais. 3. Sistema de Controle da Bacia do Rio Sirinhaém-Barragem Barra de Guabiraba. 4. Meio Ambiente. 5. Enchentes. 6. Bacia do Rio Sirinhaém. I. Instituto de Tecnologia de Pernambuco. II. Unidade Gestora de Projetos Barragens da Mata Sul. III. Título.

CDU 504 Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Barragem Barra de Guabiraba

APRESENTAÇÃO

Diante dos graves desastres por inundações ocorridas em junho de 2010, atingindo dezenas de municípios da Mata Sul e da Região Metropolitana, o Governo de Pernambuco, através da Secretaria de Recursos Hídricos e Energéticos, SRHE firmou Contrato de Gestão com a Associação Instituto de Tecnologia de Pernambuco – ITEP/OS. Em decorrência, foi criada a Unidade Gestora de Projetos Barragens da Mata Sul, UGP-Barragens, com o fim de acompanhar e coordenar os estudos ambientais e projetos de barragens nos rios Una, Sirinhaém e Jaboatão, para o controle das enchentes nessas regiões.

Este Relatório de Impacto Ambiental - RIMA apresenta uma síntese dos estudos desenvolvidos para obtenção de licenciamento junto à Agencia Ambiental de Pernambuco – CPRH, do empreendimento denominado Barragem Barra de Guabiraba, situada no alto curso do rio Sirinhaém, no município Barra de Guabiraba.

O RIMA apresenta os principais resultados dos estudos realizados para os meios físico, biótico e socioeconômico, no que se refere ao diagnóstico ambiental da situação atual da área, dos prováveis impactos e das formas de mitigação e controle dos mesmos, além dos dados sobre o empreendimento e dos responsáveis envolvidas no projeto da barragem e nos estudos ambientais. Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Barragem Barra de Guabiraba

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ...... 04

PARTE I – CONHECENDO O EMPRENDIMENTO

1. QUEM É RESPONSÁVEL PELO EMPREENDIMENTO E PELOS ESTUDOS? ...... 07

2. COMO É O EMPREENDIMENTO? ...... 11

PARTE II – CONHECENDO O MEIO AMBIENTE

3. QUE ÁREAS SERÃO AFETADAS?...... 13

4. COMO ESSAS ÁREAS SE ENCONTRAM ATUALMENTE? ...... 15

PARTE III – CONHECENDO OS IMPACTOS RESULTANTES

5. QUAIS OS IMPACTOS ANALISADOS E MEDIDAS MITIGADORAS PREVISTOS? ...... 34

6. QUAIS OS PROGRAMAS AMBIENTAIS RECOMENDADOS? ...... 38

7. AFINAL, COMO FICA A QUALIDADE AMBIENTAL FUTURA? ...... 39

8. CONCLUSÕES ...... 39 Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Barragem Barra de Guabiraba

PARTE I – CONHECENDO O EMPRENDIMENTO

1. QUEM É RESPONSÁVEL PELO EMPREENDIMENTO E PELOS ESTUDOS?

1.1. Identificação do Projeto

Empreendimento Barragem de contenção de Barra de Guabiraba

Sistema de contenção de enchentes da Bacia Hidrográfica do Projeto Rio Sirinhaém

Localização/Municípios Barra de Guabiraba e Bonito

1.2. Identificação do Empreendedor Razão social: SECRETARIA DE RECURSOS HÍDRICOS E ENERGÉTICOS CNPJ: 08.662.837/0001 -08 Endereço: Av. Cruz Cabugá, 1.111 – CEP: 5040-000 – Santo Amaro – Recife/PE Responsável: João Bosco de Almeida

Telefone: (081) – 31842518

e-mail: [email protected]

1.3. Identificação da empresa consultora responsável

Razão Social ITEP – Associação Instituto de Tecnologia de Pernambuco

CNPJ 05.774.391/0001-15

Endereço Av. Professor Luiz Freire, 700 – Cidade Universitária – Recife/PE

Responsável Frederico Cavalcanti Montenegro

Telefone (81) 3183-4399 E-mail [email protected]

7 Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Barragem Barra de Guabiraba

1.4. Identificação da equipe multidisciplinar responsável pelo EIA/RIMA

Nome Função Registro Profissional CTF IBAMA Eng. Cartógra fo CREA Ivan Dornelas Falcone de Coordenador Técnico 643879 PE32724/D Melo

Engenheira Civil CREA Analista do Projeto Básico 5313522 Ana Paula B. L. Ferreira PE28680/D Bióloga Supervisão Geral de Estudos CRBio Wbaneide Martins de 288034 Ambientais 27620/5D Andrade

Geóloga CREA Coordenação Técnica 572 Margareth Alheiros PE02569/D Biólogo CRBio Marcondes Albuquerque Supervisão Meio Biótico 245968 27377/5D de Oliveira Arquiteta e Urbanista CREA Lúcia de Fátima Soares Supervisão Meio Antrópico 1883652 PE8843/D Escorel

Meio Físico Meteorologista Clima e Condições CREA 5278907 Weronica Meira de Souza Meteorológicas PE 11580 Geógr afo Antônio Carlos de Barros Geomorfologia -

Corrêa

Geógrafa Clima e Condições - 4287864 Ana Mônica Correia Meteorológicas Meteorologista Clima e Condições CREA 5348037 Romilson Ferreira da Silva Meteorológic as RPS 3465-10 Geógrafo CREA Pedologia 5268899 Luciano Cintrão Barros PE6649/D

Engª Civil Recursos Hídric os CREA 5267121 Simone Rosa da Silva Superficiais RS069372/D Geóloga Recursos Hídricos CREA Rizelda Regadas de 2527871 Subterrâneos PE38410 Carvalho Engª Química CREA Alessandra Maciel de Lima Qualidade da Água 5076580 034277-D Barros Engº Químic o Qualidade do Ar CRQ Aguinaldo de Queiroz 266370 01300698 Batis ta Ruídos Meio Biótico Biólog o CRBio 245968 Marcondes A. de Oliveir a 27377/5D Flora e Vegetação Terrestre Biólog a CRBio 288090 Elcida de Lima Araújo 03684/5D Biólog a CRBio Elba Maria Nogueira 288133 11077/5D Ferraz Flora e Vegetação Terrestre Bióloga CRBio Wbaneide Martins de 288034 27620/5D Andrade Biólog a CRBio Yumma Bernardo Mastofauna terrestre 471506 36839/5D Maranhão Valle

8 Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Barragem Barra de Guabiraba

Biólog a Ednilza Mar anhão dos CRBio 310766 Santos 19676/5D Herpetofauna

Biólog a CRBio Fabiana Oliv eira de 1832168 59256/5D Amorim Biólogo CRBio Luiz Augustinho Menezes 469144 19949/5D da Silv a Mastofauna alada CRBio Biólogo /5D Patrícia Pila tti Alves

Biólogo Nº CRBio Alfredo Ma tos Moura Macrófitas 897964 27115/5D Júnior Bióloga CRBio Maristela Casé Costa Fitoplâncton 297073 24488/5D Cunha

Bióloga CRBio Cristiane Maria Varela de Zooplâncton e Bentos 3054785 67.486/5D Araújo de Castro

Engª de Pesca CREA Sílvia Helena Lima Ictiofauna 270079 PE030792/D Schwamborn

Bióloga CRBio Avifauna 310766 Roberta Costa Rodrigues 36720/5P Biólog a CREA Aurelyanna Christine Macrozoobentos 1007341 PE041391/D Bezerra Ribeir o Engº Florest al CREA Inventário Florestal e 5209518 Kléber Costa de Lima PE 39510 Projeto de Engº Florest al Compensação/reposição CREA João Paulo Ferreira da 1510189 Ambiental PE 39099 Silv a Meio Antrópico Economis ta CORECON 2215977 Osmil Torres Galindo Filho 1821/PE Economista Socioeconomia CORECON Luís Henrique Romani 5264846 4731/PE Campos Arquiteta e Urbanis ta CREA Lúcia de Fátima Soares Uso e Ocupação do Solo 1883652 PE8843/D Escorel Arqueólog o SAB Marcos Antônio Gomes de 516200 12 Mattos de Albuquerque Arqueologia e Patrimônio

Arqueóloga Histórico e Cultural SAB Veleda Christina Lucena de 516194 237 Albuquerque

Legislação Análise Jurídica Advogado OAB/PB /Compensação Ambiental 329532 Talden de Queiroz Farias 10.635 /Passivo Ambiental

9 Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Barragem Barra de Guabiraba

Legislação Análise Jurídica Advogado OAB/PB /Compensação Ambiental 329532 Talden de Queiroz Farias 10.635 /Passivo Ambiental Cartografia Engª Cartógrafa Cartografia CREA Ana Carolina Schuler 775184 PE33740D Correia

Engº Cartógrafo CREA Cartografia 5347904 Flávio Porfírio Alves PE033392D Cartografia Engº Cartógrafo CREA 5266700 Aramis Leite Lima PE 030760

Tecnólogo em Tecnologia da Geoprocessamento Geoinformação _____ 5347907 Daniel Quintino Geógrafo Geografia CREA Felipe José Alv es de 5347746 PE044803 Albuquerque Tecnólogo em Tecnologia da CREA Geoprocessamento Geoinformação 5351237 PRO 332510 Diego Quintino

Equipe de Apoio – Coleta de Dados Arqueóloga SAB 2115655 Rubia Nogueira Arqueologia e Patrimônio 537 Arqueólog a Histórico e Cultural SAB 2119448 Milena Duart e 539 Geólogo CREA Mapeamento Geológico 5266714 Glauber Souza da Rocha PE04508/D Geólog o CREA Mapeamento Geológico 5267005 Otávio Leite Chaves PE045081/D Biólog o CRBio Vegetação Terrestre 4927740 Josinaldo Alves da Silv a 77332/5D Bióloga CRBio Cacilda Michele Cardoso Vegetação Aquática 5076234 77874/5P Rocha

Engº de Pesca CREA/BA Ictiologia 5314146 Ericarlos Neiva Lima 2011069486

Engª de Pesca CREA/BA Ictiologia 5314142 Jana Ribeiro de Santana 2011071993 Biólogo Pedro Jorge Brainer de Avifauna

Carvalho Biólog a Paloma Joana Mastofauna Alada Albuquerque de Oliveira Biólogo CRBio Ictiofauna/Fitoplâncton Anthony Epifânio Alves 85023/05/D

10 Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Barragem Barra de Guabiraba

2. COMO É O EMPREENDIMENTO?

O empreendimento localiza-se no município de Barra de Guabiraba, que possui área de 114,22 Km2 e população de 13.900 habitantes (0,16% do total do Estado), com uma densidade demográfica de 122 habitantes/km2. A sede do município situa-se a uma altitude aproximada de 482 metros, com coordenadas geográficas de 08° 25´ 12“ de latitude sul e 35° 39´ 29” de longitude oeste, distando 132,6km da capital, com acesso pela BR-232 e PE-103/085. A análise das alternativas para escolha da solução técnica e economicamente viável para a construção da barragem Barra de Guabiraba levou em consideração os seguintes fatores: custo, acumulação, custo/m3 de água acumulada e população a ser atendida. Com base nestes dados, na presente fase de realização do projeto, a alternativa de barragem que se mostrou mais indicada, satisfazendo, portanto, os critérios acima citados, é a Alternativa Barragem em CCR, com coroamento na cota 509,00m, cuja concepção apresentou menor custo executivo, aproveitando ao máximo a topografia local e atendendo às necessidades primordiais de controle de cheias. O estudo hidrológico indicou um volume de acumulação é da ordem de 19.000.000m³, inundando uma área de 1.324.269,635m², baseado na curva cota x área x volume da bacia hidrográfica do Rio Sirinhaém.

Características Gerais do Empreendimento Nome da Barragem: ...... Barra de Guabiraba Município: ...... Barra de Guabiraba Estado:...... Pernambuco Rio Barrado: ...... Rio Sirinhaém Área da Bacia Hidrográfica: ...... 221,96km² Capacidade de Acumulação (cota 509,00m) ...... 19.000.000m³

Características da Barragem Tipo...... Gravidade - Concreto Compactado a Rolo (CCR) Cota do Coroamento ...... 509,0m Largura do Coroamento...... 6,50m Altura Máxima...... 29,0m Extensão pelo Coroamento...... 560,0m Altura Máxima...... 29,0m Talude de Montante ...... vertical Talude de Jusante Escalonado ...... (geratriz) 0,7(H):1(V)

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Características do Vertedouro Tipo...... Concreto (no corpo da barragem) Largura ...... 150,00 m Descarga de Projeto (milenar) ...... 1283,66,00 m³/s Cota da Soleira...... 504,50 m Lâmina máxima de Sangria (milenar) ...... 2,56 m Cota do Eixo da Galeria de controle de cheias centenárias: ...... 490,50m Dimensões da galeria de controle de cheia centenária...... 2,0 x 3,0 m

Prazo de execução do empreendimento Prazo 12 meses

Previsão de início da obra Fevereiro de 2012

Estimativa de custo total para a obra R$ 45.000.000,00

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PARTE II – CONHECENDO O MEIO AMBIENTE

3. QUE ÁREAS SERÃO AFETADAS?

Para os fins do Estudo de Impacto Ambiental - EIA, foram definidas as áreas de influência da barragem quanto às mudanças que poderão ocorrer com a sua construção. A legislação ambiental determina que essas áreas devem ser definidas como: área de influência indireta – AII (aquela onde os impactos poderão repercutir de forma indireta), área de influência direta – AID (quando os impactos são sentidos de forma mais imediata em áreas próximas do empreendimento) e área diretamente afetada – ADA (onde o empreendimento será implantado sendo seus impactos mais fortemente percebidos).

Área de Influência Indireta (AII)

A AII corresponde à bacia hidrográfica do Rio Sirinhaém, em cujo alto curso será implantada a barragem Barra de Guabiraba, no município de mesmo nome. Tendo em vista a continuidade do rio desde a área da barragem até a foz, como um meio contínuo onde se desenvolvem a fauna e a flora aquáticas, estima-se a possibilidade de impactos da barragem em todo o curso do rio, especialmente sobre as comunidades de peixes. A Figura 1 mostra essa área.

Figura 1

13 Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Barragem Barra de Guabiraba

Área de Influência Direta (AID)

A AID foi definida como sendo o município de Barra de Guabiraba e em alguns casos incluindo o município de Bonito, tangencialmente tocado pelas águas do lago formado pela barragem. É nessa área onde os impactos se darão de forma mais efetiva, razão pela qual serão indicadas várias medidas mitigadoras e maximizadoras. A Figura 2 apresenta a AID.

Figura 2

Área Diretamente Afetada (ADA)

A Área Diretamente Afetada (ADA) compreende o lago formado pela barragem, acrescida de uma faixa de 100m em todo o seu entorno e de um trecho de 200m para jusante. É nessa área que ocorrerão as principais modificações ambientais, com a total supressão da cobertura vegetal e afugentamento da flora. Para os estudos socioeconômicos, essa área compreende os municípios de Barra de Guabiraba e Bonito. A Figura 3 apresenta a ADA.

Figura 3

14 Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Barragem Barra de Guabiraba

4. COMO ESSAS ÁREAS SE ENCONTRAM ATUALMENTE?

As áreas foram analisadas para compor um Diagnóstico Ambiental, enfocando o meio físico (clima, geologia, geotecnia, geomorfologia, pedologia, hidrologia e hidrogeologia, qualidade do ar e ruídos); o meio biótico (flora terrestre e aquática e as diversas temáticas da fauna, como mamíferos, répteis, aves e peixes, entre outros); e o meio socioeconômico (socioeconomia, uso do solo e patrimônio cultural). Os aspectos mais relevantes do diagnóstico são mostrados a seguir.

O USO E OCUPAÇÃO DO SOLO A bacia hidrográfica do rio Sirinhaém é composta por dezessete municípios, distribuídos em três regiões de desenvolvimento - RD: Agreste Central, Mata Sul e Metropolitana. A Área de Influência Indireta – AII, que inclui como subconjunto a Área de Influência Direta – AID e a Área Diretamente Afetada - ADA, esta definida como a área que compreende a cota máxima da barragem, mais uma faixa de 100 metros em seu entorno, que corresponde a Área de Preservação Permanente – APP (Lei Federal nº 4.771/65) e de 500 metros no trecho a jusante da mesma. As áreas de influência ocupam, juntas, um território urbano de 518.056km² e um território rural de 167.882 totalizando uma área de 5.679,40km². O uso e ocupação do solo desenvolvidos no território dos municípios encontram-se diretamente relacionados com as atividades econômicas locais e regionais. Na AII apresentam-se atividades predominantemente rurais, caracterizadas pela pecuária e lavoura de produtos de subsistência, principalmente, a mandioca, a fruticultura (com destaque para a banana) e a atividade sucroalcooleira. Apenas três dos 17 municípios componentes da AII – Camocim de São Félix, São Joaquim do Monte e Sairé – não desenvolvem atividade agrícola da cana-de-açúcar. Desses, apenas o município de São Joaquim do Monte não integra a AID. A maior parte da economia local e regional está baseada no cultivo da cana-de-açúcar. Na bacia, ocupa uma área 29,3% de seu território com plantio, respondendo por 28,3% do total da produção do Estado de Pernambuco, associadas a atividades industriais a ela integradas e desenvolvidas por usinas e destilarias localizadas, sobretudo na RD Zona da Mata. As categorias de uso do solo encontradas na região de estudo foram as seguintes: - Cobertura vegetal natural; - Áreas de lavouras temporárias; - Áreas de lavouras permanentes; - Áreas de horticultura e floricultura; - Área para a produção de sementes, mudas e outras formas de propagação vegetal; - Áreas com predomínio de pastagens (pecuária e criação de outros animais); - Áreas Urbanas e Sistema rodo-ferroviário; - Áreas de Produção florestal - florestas plantadas; - Áreas de Produção florestal - florestas nativas; - Áreas de pesca e aqüicultura; - Área de atividade mineraria de argila e areia.

A SOCIOECONOMIA O quadro histórico elaborado para o estudo de impactos socioambientais das barragens da Zona da Mata de Pernambuco pode ser sumarizada nos seguintes tópicos:

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> População da região com problemas de baixa escolaridade e capacitação para o trabalho, onde parcela significativa da mão-de-obra conhece apenas parte do processo produtivo da cana-de-açúcar ou da criação de gado bovino. Isto dificulta ações de remoção de pessoas, pois esta população tem dificuldades de adaptação em novas realidades produtivas; > Ocupação de áreas de risco nas cidades e no campo. Conflitos agrários são responsáveis pela expulsão de trabalhadores de áreas cobiçadas pela produção agrícola. Estes, então, passam a ocupar áreas onde o conflito é menor, expondo-se ao risco, pois muitas vezes isto ocorre às margens dos rios ou em encostas no entorno das cidades;

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> Altos índices de desemprego nas cidades nos períodos de entressafra. O contingente de trabalhadores que atua no corte da cana-de-açúcar e que fica desempregado na época da entressafra é superior a 45%. Tal desemprego provoca problemas sociais, como o alcoolismo e a violência, por exemplo; > Alta concentração fundiária. A forma de ocupação descrita levou a alta concentração fundiária, situação que é mantida até os dias de hoje; > Problemas de posse das terras. As sucessivas crises da produção da cana-de-açúcar e a estrutura fundiária geraram uma situação onde os engenhos, fazendas e usinas acumularam dívidas junto a bancos e passivos trabalhistas. Este endividamento gerou entraves legais à transferência da posse da terra, dificultando ações de desapropriação para retirada e realocação da população nas áreas que serão inundadas.

Os aspectos demográficos permitem destacar alguns pontos relevantes para a análise dos impactos da barragem na população, entre os quais se destacam: > As taxas de crescimento populacional indicam que alguns municípios estão perdendo população para os vizinhos, principalmente aqueles que pertencem à AID; > A conversão dos municípios de rurais para urbanos já se completou em boa parte da área em questão, mas o processo ainda indica que haverá movimentos migratórios em direção às cidades, com consequente pressão por aumento da infraestrutura urbana; > A população tem envelhecido pela diminuição da taxa de natalidade, o que reduz a necessidade de crescimento da infraestrutura para atendimento da primeira infância, mas aumenta a necessidade de crescer a oferta de infraestrutura para atendimento aos idosos.

O crescimento econômico dos municípios da bacia hidrográfica do rio Sirinhaém apresenta-se bastante superior ao de Pernambuco devido à presença de . Se for feita a análise da AII sem este município, a conclusão se reverte, ou seja, existe bastante heterogeneidade na economia da região de influência da barragem. Os efeitos do desenvolvimento do Complexo Industrial e Portuário de Suape para os municípios vizinhos dependem de alguns fatores, mas com a centralidade na questão logística. Seja a abertura de uma média empresa fornecedora de alguma empresa instalada no âmbito do complexo, ou a geração de um cinturão verde que supra as necessidades de alimentos para os moradores da parte sul da RMR, que está com sua população crescendo fortemente. Para que estas cadeias de suprimentos desloquem-se para os demais municípios da bacia é preciso que haja facilidade de escoamento da produção destes para Ipojuca e . Fazendo-se o controle das enchentes na região é mais fácil manter uma infraestrutura viária com qualidade. Um impacto positivo bastante relevante da barragem é a melhoria das condições logísticas tirando um entrave para que o desenvolvimento que está se verificando no Complexo de Suape possa ser aproveitado pelos municípios da AII. Excetuando-se Ipojuca, a economia da AII é basicamente rural. Essa característica deixa as condições de vida nos municípios muito dependentes da flutuação dos preços dos produtos agrícolas, principalmente da cana-de-açúcar e dos seus principais derivados. A vulnerabilidade é mais acentuada no âmbito dos pequenos produtores familiares, que representam parcela substancial da população local, devido à sua menor produtividade, acesso mais precário a informações estratégicas sobre as condições do mercado e condições menos vantajosas de comercialização tanto dos insumos utilizados quanto da produção gerada. A estrutura fundiária da área analisada mostra-se uma das mais desigualmente distribuídas do Nordeste, onde a posse da terra é extremamente concentrada em razão da ocupação histórica das

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terras para a produção de açúcar. Deve-se ressaltar que a cana-de-açúcar é o principal produto agrícola cultivado em 12 dos 17 municípios da área em questão, e sua cultura é normalmente intensiva no uso da terra tendo em vista as grandes dimensões das unidades de produção que dão suporte à produção do açúcar. Naqueles municípios onde se localizam unidades industriais que transformam a cana-de-açúcar, o tamanho médio da unidade de produção agropecuária chega a ser superior a 200 hectares, com a posse da terra sendo geralmente mais concentrada do que naqueles onde dominam ainda outras culturas alternativas à produção de cana. Nos municípios onde predominam pequenos fornecedores de cana ou existe uma produção mais diversificada, o tamanho médio baixa para menos de 50 hectares. A indústria está concentrada nos segmentos de alimentação e bebidas, construção civil, material de transporte, químico e metalúrgico. A maior parte do emprego industrial da AII está localizada em Ipojuca. O impacto dos investimentos estruturadores de Suape faz com que Ipojuca responda por 71,9% da massa salarial da região. O setor de serviços envolve bens públicos, tais como educação, saúde, saneamento, segurança pública, entre outros. Como principais conclusões da análise dos diversos segmentos de serviços da AII e da AID salientam-se: > Existe pouca oferta de serviços de telefonia fixa, com consequente baixa taxa de conexão à internet; > A malha ferroviária está desativada, mas com projeto de revitalização em curso; > A falta de acessibilidade da rede de transportes tem influência negativa na economia local, uma vez que as principais rodovias apresentam tráfego intenso, gerando sérios problemas de desgaste. > Apesar do quadro favorável da infraestrutura energética da região, observam-se algumas vezes a interrupção do fornecimento de energia tanto nas sedes municipais quanto nas áreas rurais. Segundo a Celpe, as quedas no fornecimento de energia na área decorrem de queimadas ilegais da cana-de-açúcar ou de roubo de fios para a venda do cobre. No que diz respeito ao Índice de Desenvolvimento Humano – IDH, os municípios apresentam significativo índice de pobreza, que não se limita à renda, incluindo dificuldades de acesso ao serviço público. O IDH é um indicador síntese que utiliza como referência a renda, a expectativa de vida e a escolaridade. Os municípios apresentam um baixo índice de desenvolvimento, mostrando números abaixo da média de Pernambuco no censo de 2000. Os números sugerem que para os cálculos do IDH de 2010 esses municípios deverão apontar melhora considerável nos indicadores por conta da proximidade do Complexo Industrial e Portuário de Suape, onde ocorreram, nos últimos cinco anos, investimentos econômicos consideráveis, mas é de se esperar que essa posição relativa ainda seja desfavorável em relação à média estadual por conta dos níveis de pobreza que são bastante elevados. Dos 17 municípios que compõem a AII, apenas cinco apresentaram em 2000 índices inferiores ao da média estadual (Barra de Guabiraba, Bonito, Cortês, e São Joaquim do Monte – os três primeiros também fazendo parte da AID); fato que deve ser ressaltado porque, em 1991, apenas Ribeirão achava-se no patamar superior ao da média estadual.

______1 Cumpre destacar que retirar um entrave não é garantir que o desenvolvimento de Suape chegue aos demais municípios da AII, uma vez que existem outros entraves como a oferta de mão-de-obra qualificada e com boa escolaridade. 2 Na AII localizam-se 10 empresas agroindustriais, a saber: Destilaria Campo Belo, em ; Usina Pedrosa, em Cortês; Usina Pumaty, em Joaquim Nabuco; Usina União e Indústria, entre Primavera e Escada; Usina Interiorana, em Ribeirão; Usina Cucaú, em ; Usina Trapiche, em Sirinhaém; e Usinas Ipojuca e Salgado, em Ipojuca.

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O setor de serviços envolve bens públicos, tais como educação, saúde, saneamento, segurança pública, entre outros. Como principais conclusões da análise dos diversos segmentos de serviços da AII e da AID salientam-se: > Existe pouca oferta de serviços de telefonia fixa, com consequente baixa taxa de conexão à internet; > A malha ferroviária está desativada, mas com projeto de revitalização em curso; > A falta de acessibilidade da rede de transportes tem influência negativa na economia local, uma vez que as principais rodovias apresentam tráfego intenso, gerando sérios problemas de desgaste. > Apesar do quadro favorável da infraestrutura energética da região, observam-se algumas vezes a interrupção do fornecimento de energia tanto nas sedes municipais quanto nas áreas rurais. Segundo a Celpe, as quedas no fornecimento de energia na área decorrem de queimadas ilegais da cana-de-açúcar ou de roubo de fios para a venda do cobre. No que diz respeito ao Índice de Desenvolvimento Humano – IDH, os municípios apresentam significativo índice de pobreza, que não se limita à renda, incluindo dificuldades de acesso ao serviço público. O IDH é um indicador síntese que utiliza como referência a renda, a expectativa de vida e a escolaridade. Os municípios apresentam um baixo índice de desenvolvimento, mostrando números abaixo da média de Pernambuco no censo de 2000. Os números sugerem que para os cálculos do IDH de 2010 esses municípios deverão apontar melhora considerável nos indicadores por conta da proximidade do Complexo Industrial e Portuário de Suape, onde ocorreram, nos últimos cinco anos, investimentos econômicos consideráveis, mas é de se esperar que essa posição relativa ainda seja desfavorável em relação à média estadual por conta dos níveis de pobreza que são bastante elevados. Dos 17 municípios que compõem a AII, apenas cinco apresentaram em 2000 índices inferiores ao da média estadual (Barra de Guabiraba, Bonito, Cortês, Gameleira e São Joaquim do Monte – os três primeiros também fazendo parte da AID); fato que deve ser ressaltado porque, em 1991, apenas Ribeirão achava-se no patamar superior ao da média estadual. Em relação à Saúde, a maior parte dos problemas que afligem a população resulta das condições de subdesenvolvimento em que elas estão mergulhadas, e à qual se conjuga a extrema pobreza das famílias que vivem em meio à precariedade da infraestrutura social e urbana básica, que inclui água, esgotamento sanitário e coleta de lixo, asim como a deficiência dos serviços públicos de saúde. Devem ainda ser destacadas determinadas deficiências e inadequações no sistema de atendimento à saúde, entre as quais: a insuficiência de medicamentos, equipamentos e de instrumental nas unidades de saúde em relação à demanda; a infraestrutura precária e deficiente dos hospitais; o tratamento dispensado ao lixo hospitalar; a quantidade reduzida de leitos hospitalares; e o desconhecimento da população sobre o funcionamento do Programa de Saúde da Família - PSF. A distribuição dos recursos de saúde na região tem sua eficiência reduzida pela desproporção existente no número de médicos por habitantes. A carência de profissionais de saúde de nível superior (médico, dentista, enfermeiro e nutricionista, entre outros) é reconhecidamente um dos gargalos do setor de saúde em quase todas as regiões do País. Em onze municípios da AII houve aumento no número de leitos, em cinco ocorreram diminuição, entre os quais quatro fazem parte da AID, e em apenas um o número permaneceu o mesmo. Na AID a média de leitos por cada 10 mil habitantes é de 8,6, em 2009, quase 3 vezes abaixo da média estadual e aproximadamente 1,7 vezes menor do que a da AII; proporção inclusive bem abaixo da que essa área detinha em 2007 que correspondia a 10,5 leitos por 10 mil habitantes.

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Quanto à Educação, os dados apresentados enfatizam as deficiências no sistema educacional tanto local quanto estadual. Em relação aos problemas, o mais apontado pelas estatísticas, e confirmado pelos especialistas em educação no país, é o analfabetismo, principalmente no grupo de idade de 15 anos e mais. Essa questão é ressaltada devido a esse grupo representar parcela significativa de pessoas em idade produtiva e, se não for atenuada, poderá impedir a busca de oportunidades e uma melhor colocação no mercado de trabalho. Embora se tenha observado nos últimos dez anos um avanço na formação dos professores, através de programas de capacitação, essa formação não é, ainda, a ideal, e não contribui significativamente para a elevação do rendimento escolar, o que reforça a tese da baixa qualidade do ensino. Em relação ao número de estabelecimentos de ensino nota-se que o nível fundamental é o que oferece maior quantidade de instituições na AII (819 instituições em 2006), com as escolas municipais representando 77,3% desse total, quantidade que apresentou pequena mudança em relação a 2001 (814 unidades escolares). Um fato representativo na educação é o incremento do ensino médio na região, apesar do ainda restrito número de instituições em 2006 (60 unidades), mas comparando-se esse número com o de 2001 observa-se que o mesmo cresceu seis vezes mais no período. No que diz respeito ao Saneamento, apesar da melhora verificada, os dados permitem concluir que alguns municípios continuam apresentando condições precárias nesse conjunto de serviços básicos de infraestrutura. Sobre o fornecimento de água encanada os dados mostram que menos da metade dos domicílios da AII (49,8%) contam com esse serviço em 2000 (em 1991, essa parcela equivalia a 42,2%). Na maioria dos municípios estudados, a água disponibilizada na rede, em geral, é proveniente de poços, nascentes, cisternas ou de reservatórios abastecidos pelas chuvas. O abastecimento d'água ligado à rede geral na AII é ainda precário, atendendo em poucos casos a mais da metade dos indivíduos em 2000, como é o caso de sete dos 17 municípios da área. O PATRIMONIO CULTURAL A legislação federal aplicável ao patrimônio histórico-cultural protege os conjuntos urbanos, e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. O estudo do Patrimônio Cultural na Barragem Barra de Guabiraba foi realizado através de levantamento de dados secundários e primários dos municípios de Barra de Guabiraba e Bonito. Durante o Diagnóstico foram levantados os aspectos culturais dos municípios estudados, incluindo o levantamento do patrimônio material (arqueológico e histórico), do patrimônio imaterial (festas, danças, comidas típicas, lendas, artesanato), do patrimônio espeleológico (cavernas e furnas) e do patrimônio paisagístico. Quanto ao patrimônio imaterial dos referidos municípios, merecem destaque as festas populares como o Carnaval, São João e festas religiosas. Nessas festas ocorrem manifestações culturais típicas como o frevo, o boi lavrado, apresentações de grupos de bacamarteiros, as quadrilhas juninas; as comidas típicas como a macaxeira, o cuscuz, a carne-de-sol, comidas a base de milho, doces com frutas regionais, entre outras. O patrimônio material identificado, do ponto de vista arqueológico e histórico, corresponde a ocorrências de material lítico e cerâmico relacionado a grupos indígenas que outrora habitaram a região (referente ao período pré-histórico) e remanescentes de estruturas históricas (Engenhos) referentes ao ciclo da cana-de-açúcar em Pernambuco. Na área que será diretamente afetada pela construção da Barragem foi realizado um levantamento detalhado para identificação do patrimônio cultural presente na área. As

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informações foram obtidas através de entrevistas com a população e através de prospecção visual, enfocando a identificação de eventuais vestígios arqueológicos e históricos. O estudo realizado revelou o potencial arqueológico pré-histórico e histórico da área, com base tanto nas informações de habitantes das cercanias, quanto da identificação direta de um sítio arqueológico pré-histórico, de grupo ceramista da Tradição Tupi-Guarani. Foram identificadas 14 ocorrências históricas de interesse arqueológico. As referências históricas correspondem ao período entre os séculos XIX e XX, época que predominava na região a economia açucareira. No que tange ao patrimônio imaterial identificou-se a existência de lendas relacionadas à Cachoeira do Galo. O estudo realizado revelou o potencial e diversidade cultural desta região.

- - Figura 1 - Casa-grande do Engenho Guabiraba, atual Figura 2 - Fragmentos de cerâmica pré-histórica da câmara de vereadores do município de Barra de Tradição ceramista Tupi-Guarani. Guabir aba. Fotografia fornecida por Gilberto Leopoldino Ca valcanti. Sem data.

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Figura 3 - Engenho Burarema em Barra de Guabiraba-PE. Figura 4 - Sobrado localizado na Praça da Igreja de São Sebastião.

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Figura 5 - Ruínas do Engenho Cana Verde em Barra de Figura 6 - Cachoeira do Galo, cenário de lendas do Guabiraba-PE. município de Barra de Guabiraba-PE.

Figura 8 - Conjuntos de louça inglesa da Fazenda Água Fria, Bonito-PE.

Figura 7 - Pilão localizado na casa do Sr. Arlindo, residente na área urbana de Barra de Guabiraba, próximo onde será edificado o eixo da barragem.

Figura 10 - Desenho com referência à fundação da Figura 9 - Alfenins produzidos em Bonito a várias Associação dos Bacamarteiros de Bonito, em 1903. Data: gerações. 20/07/2011.

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O CLIMA

A bacia do Rio Sirinhaém localizada nas mesorregiões do Litoral/Zona da Mata e Agreste apresenta grande irregularidade na precipitação anual, com valores climatológicos de precipitação total anual oscilando, em média, entre 550 mm no setor oeste da bacia até 2.300mm no setor leste. Os menores valores são observados em Sairé (680mm) e em Bonito (806mm) e os maiores nas localidades de Sirinhaém (2.307 mm) e Rio Formoso (2.200 mm).

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A GEOLOGIA A Bacia do Rio Sirinhaém, situada no Agreste do Estado de Pernambuco pertence a um domínio de rochas cristalinas, bastante fraturadas, as quais controlam o curso do rio, fazendo-o correr encaixado nessas fendas.

O município Barra de Guabiraba apresenta rochas graníticas e gnáissicas, que mostram diferentes resistências aos agentes erosivos, apresentando-se na forma de colinas e morros. Além dessas unidades ocorre de forma localizada na região, ao longo do traçado dos rios e riachos, os depósitos de sedimentos recentes representados pelos aluviões do rio Sirinhaém e seus afluentes. Em vários trechos, o vale do rio é formado por rochas expostas, algumas em destaque, como é o caso da Cachoeira do Galo (foto a seguir).

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Conforme o Mapa de Recursos Minerais de Pernambuco (CPRM/2001), o município de Barra de Guabiraba não apresenta potencial mineral que possa atender à demanda para o seu desenvolvimento. Não foi identificada ocorrência de nenhuma substância mineral economicamente aproveitável, embora a presença de rochas expostas permita seu uso para produção de brita e blocos. Do ponto de vista das águas subterrâneas, existem dois tipos de aquífero: o aquífero fissural, representado por rochas cristalinas, e o denominado aquífero poroso ou intersticial, que representa os solos e os sedimentos recentes. O aquífero poroso, livre e raso, é representado pelos aluviões limitados às margens do rio Sirinhaém. Em sua maior parte, as águas subterrâneas encontram-se nos aquíferos fissurais, dentro das fendas e fraturas das rochas cristalinas, onde se acumulam as águas das chuvas. É o único manancial disponível para explotação de poços do tipo tubular. No geral, esses poços apresentam uma profundidade de 42m, com vazões médias de 2.766l/h. Dos nove poços cadastrados, dois deles apresentaram vazões elevadas, não típicas para rochas cristalinas (8.000 l/h). A média dos poços em geral para o do cristalino é em torno de 1.000l/h e sua água é considerada de boa qualidade e para o consumo humano. Os principais tributários do rio Sirinhaém a oeste do município de Barra de Guabiraba são o riacho do Renon, na margem esquerda, e o riacho Seco, na margem direita. Todos esses cursos d'água têm regime de escoamento intermitente e o padrão de drenagem é o dendrítico. O aquífero fissural, bem como os aluviões, apresentam forte interrelação com as águas superficiais, ora recarregando-as, ora sendo por elas abastecidos. Por isso, a influência da água superficial também deve ser considerada. Quando a água superficial é de boa qualidade (baixos índices de salinidade), a sua influência é positiva, ou seja, benéfica para o aquífero, pois a sua infiltração promoverá a circulação e renovação da água subterrânea.

OS RECURSOS HÍDRICOS DE SUPERFÍCIE A bacia hidrográfica do rio Sirinhaém possui apenas quatro estações fluviométricas, sendo o posto Eng. Mato Grosso o que apresenta maior disponibilidade de registros fluviométricos, embora situado bastante a montante da futura barragem Barra de Guabiraba. O regime sazonal das vazões observada no rio Sirinhaém no posto Eng. Mato Grosso indica a ocorrência de um período úmido, compreendido entre maio a outubro, sendo julho, com vazão média de 59m³/s, o mês onde geralmente ocorrem os maiores deflúvios com vazões máximas de até 122m³/s. O período de estiagem vai de novembro e abril, com valores mínimos observados no mês de dezembro, onde são registrados valores médios da ordem de 14 m³/s e mínimos da ordem de 4,7m³/s. As vazões mensais disponíveis próximas à futura Barragem Barra de Guabiraba foram obtidas por modelo chuva-vazão, observando-se que, em geral, as vazões máximas ocorrem nos meses de junho e julho, com valores médios, respectivamente, de 3,83 e 5,04m3/s. Em alguns anos, também ocorrem valores de vazões expressivos nos meses de maio e abril. Quanto às vazões mínimas, para todo o período simulado, o modelo gerou vazões nulas em alguns meses dos anos 1982, 1983 e 1984, embora as informações coletadas em campo indiquem que o rio Sirinhaém nunca secou nas proximidades da sede do município de Barra de Guabiraba. Estas discrepâncias devem-se às limitações do modelo. Porém, verifica-se que os resultados médios encontrados neste trabalho são compatíveis com os valores encontrados em estudos anteriores desenvolvidos para esta bacia. Em relação aos usos da água, na AID da Barragem Barra de Guabiraba, verifica-se que o principal uso das águas superficiais é para a agropecuária, tanto para dessedentação de animais

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quanto para irrigação. O cultivo predominante é o da cana-de-açúcar, mas também foram identificadas fruticulturas, principalmente a bananeira, e também o cultivo de inhame e milho. Em muitos casos, a irrigação é realizada a partir de pequenos barreiros que acumulam água da chuva ou localizam-se próximos às nascentes, ou por poços. Também foram identificadas captações de água para o abastecimento público, realizadas pela COMPESA, à montante e a jusante da futura barragem, além de usos não consuntivos menos expressivos, tais como: pesca, lavagem de roupa e banho. A partir dos levantamentos realizados em campo e consulta aos usuários, não foram identificados conflitos pelo uso da água atualmente na AID da Barragem Barra de Guabiraba. Constatou-se também que o rio Sirinhaém, por apresentar um trecho encachoeirado a montante da futura Barragem Barra de Guabiraba, possui um potencial para o turismo e lazer. Este aspecto é explorado, principalmente, no local denominado Cachoeira do Galo, aonde existem alguns bares que atendem os visitantes de municípios vizinhos que frequentam o local, especialmente nos meses de verão. No trecho do rio Sirinhaém que atravessa a área urbana de Barra de Guabiraba, a jusante da futura barragem, há lançamento de efluentes domésticos das residências situadas nas margens do rio, diretamente no rio Sirinhaém. Inclusive, a drenagem pluvial da cidade de Barra de Guabiraba, é lançada no rio Sirinhaém. Como haverá redução da vazão natural do rio Sirinhaém em alguns meses do ano, após a construção da Barragem Barra de Guabiraba, é necessário assegurar que a vazão remanescente garanta a qualidade da água necessária à manutenção do ecossistema à jusante. Atualmente, não foram identificados usos para geração de energia hidrelétrica na AID da Barragem Barra de Guabiraba, mas existe a expectativa de construção de aproveitamentos hidrelétricos em alguns trechos encachoeirados do rio Sirinhaém à jusante da Barragem Barra de Guabiraba, sendo o mais próximo a Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Cachoeira da Prata. Embora, bastante à jusante da futura Barragem Barra de Guabiraba, já existem aproveitamentos hidrelétricos em operação no rio Sirinhaém - PCH Gindaí e PCH Pau Sangue – e em construção – PCH Pedra Furada –, além de vários outros empreendimentos previstos, sendo três deles no município de Cortês, inclusive já detentores de concessão pela ANEEL. É importante que a regra de operação da futura Barragem Barra de Guabiraba leve em consideração os futuros usos para aproveitamentos hidrelétricos, especialmente a PCH Cachoeira da Prata.

OS SOLOS Os solos do município de Barra de Guabiraba têm estreita relação com o relevo local, que é muito movimentado, com morros e serras no entorno da área escolhida para a barragem. Ocorrem Latossolos Amarelos nos topos aplainados dos relevos em forma de colinas e morros ou mesmo as encostas acidentadas de relevo forte ondulado e montanhoso, sendo mais presentes ao longo da margem direita do rio Sirinhaém. São solos profundos a muito profundos, bem drenados, com predominância de textura argilosa. A vegetação natural primitiva na maior parte das áreas já se encontra substituída pela cultura da cana-de-açúcar e, em menor, proporção com hortifruticultura, como inhame e mandioca, dentre outras.

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Os Argissolos Amarelos ocorrem nas íngremes, sendo pouco profundos e bem drenados, encontrando-se ocupados pela cultura da cana-de-açúcar, fruticultura e com culturas de subsistência, tais como mandioca e inhame. Os Gleissolos são solos de áreas baixas, mal drenados, com excesso de umidade permanente ou temporário. Ocorrem nos ambientes de várzeas, planícies fluviais, locais de terras baixas, vinculadas a excesso d'água e estão ocupados, principalmente, com pastagens.

O RELEVO E SUA RELAÇÃO COM OS PROCESSOS DESTRUTIVOS A Bacia Hidrográfica do Rio Sirinhaém está associada a seis unidades geomorfológicas de dimensões regionais, cada uma possuindo diferentes funcionalidades e vulnerabilidades ambientais em função da relação topografia-formações superficiais, a saber: Cimeira Estrutural Conservada, com baixa vulnerabilidade à inundação, sendo mais afetada durante chuvas mais intensas; Cimeira Estrutural Dissecada, onde declives acentuados são comuns, viabilizando movimentos de massa rápidos e inundações, em função dos canais estreitos e confinados; Escarpa do Planalto da Borborema, onde declives acentuados são comuns, viabilizando movimentos de massa rápidos e inundações, em função dos canais estreitos e confinados em bolsões; Colinas Amplas, onde processos erosivos lineares são comuns e geralmente associados à ação antrópica.

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O perigo de inundação também é comum, sobretudo em função da rede de drenagem com a confluência de canais confinados que vertem para amplas planícies e terraços fluviais; Colinas Estreitas, onde os processos erosivos lineares são comuns e também associados à ação antrópica. O perigo de inundação é comum em eventos de grande magnitude, sobretudo em função dos vales estreitos forçarem a acumulação do fluxo. Todavia, a baixa magnitude da rede de drenagem contribui para diminuição atenuação do problema; Colinas Estreitas Litorâneas, onde processos erosivos lineares também são comuns e também associados à ação antrópica. O perigo de deslizamentos é mais comum que o de inundação; Planícies Costeiras Pernambucanas, incluindo as planícies marinhas e de maré, sujeitas à inundação periódica.

A COBERTURA VEGETAL Na área Diretamente Afetada (ADA e Área Indiretamente Afetada da Barragem Barra de Guabiraba), ocorrem basicamente duas tipologias vegetacionais: Mata atlântica, com diferentes status de conservação (vegetação secundária em estágio de regeneração variando de pioneiro a médio), e áreas antrópicas, com cultivo e pastagem (Figura 1).

FIGURA 1 Vista do fragmento de mata atlântica, evidenciando a FIGURA 1 Vista da área antrópica, evidenciando ocupação pelo matriz de entorno de pastagem e sua localização em relação ao canavial, em primeiro plano, e pelo reflorestamento de relevo. Coordenadas: 0205421/ 9070298. Barra de Guabiraba, eucalipto, em segundo plano, observada das coordenadas: PE. Data: 18.07.2011 0205008/9070410. Barra de Guabiraba, PE. Data: 18.07.2011.

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A flora da barragem Barra de Guabiraba foi representada por 98 famílias e 412 espécies. A maioria das espécies são nativas e bem distribuídas na floresta atlântica, como por exemplo: Albizia polycephala (Camundrongo), Brosimum guianensis (quiri), Casearia sylvestris, Cecropia pachystachia (imbaúba), Cupania racemosa (Cambotã), Cupania revoluta (Cambotã). Entre as espécies registradas apenas Swartzia pickelli (Jacarandá) está na lista de espécies ameaçadas do IBAMA. Contudo, na área da barragem Barra de Guabiraba essa espécie ocorre com elevada freqüência e está bem distribuída. A grande maioria das espécies é polinizada por insetos. Em toda a área da barragem foi observada a ocorrência de espécies exóticas, sobretudo, espécies de fruteiras de valor alimentício que foram cultivadas pela comunidade local, como laranjeira (Citrus sinensis), bananeira (Musa paradisiaca), (Artocarpus integrifolia), goiabeira (Psidium guajava), etc. Essas espécies exóticas chegavam a ocorrer dentro dos remanescentes de vegetação, devido a isto nas imagens satélites dos fragmentos davam a impressão que o fragmento apresentasse alta densidade de vegetação nativa. As espécies registradas na Barragem de Guabiraba apresentam usos diversificados, sendo o uso madeireiro o mais freqüente. Nesta categoria de uso, as plantas são utilizadas como madeira de lei ou então para lenha, carvão, estacas para cerca entre outros. O uso alimentício das plantas é também elevado, e além das fruteiras exóticas já comentadas, destaca-se o uso das fruteiras nativas como os ingás (Inga spp.). Apesar da importância social da construção da barragem, deve-se registrar que a mesma ocasionará impactos biológicos para as espécies vegetais, como por exemplo, perda de biodiversidade, aumento da fragmentação e efeito de borda, mas estes podem ser mitigados ou controlados através de medidas e programas que deverão ser realizados durante o empreendimento, como resgaste de germoplasma, plantio de mudas nos fragmentos remanescentes, implantação de corredores ecológicos, controle de plantas invasoras, programas de monitoramento da flora, etc.

OS MAMÍFEROS TERRESTRES Como resultado das pesquisas de campo para produção do diagnóstico da fauna de mamíferos terrestres referente ao Estudo de Impacto Ambiental da Barragem Barra de Guabiraba, utilizando- se os métodos de captura (armadilhas Sherman e Pitfall), busca ativa e entrevistas com a comunidade local, foi possível identificadas 25 espécies de mamíferos terrestres para a área de influencia da Barragem, distribuídos em seis ordens e 13 famílias. Esse conjunto de 25 espécies de mamíferos foi composto por espécies generalistas, que se adaptam mais facilmente às alterações do meio e, podem ser observadas tanto em áreas de mata, quanto em ambientes abertos, plantações, próximos a residências e sítios, pois algumas espécies podem se beneficiar do convívio com o ser humano, sendo atraídas por fruteiras, roçados de milho, mandioca, feijão e criações de galinhas, como é o caso de: Raposa (Cerdocyon thous), sagui (Callithrix jacchus), tatu-peba (Euprhactus sexcinctus), cassaco (Didelphis albiventris), coelho tapiti (Sylvilagus brasiliensis), guaxinim (Procyon cancrivorus), ticaca (Conepatus semistriatus) e preá (Cavia apereia). Como também, estiveram presentes animais mais dependentes das matas, como: papa-mel (Eira barbara), furão (Galictis sp.), raposa-de-gato (Puma yagouaroundi), gato- maracajá (Leopardus wiedii), lontra (Lontra longicaudis), paca (Cuniculus paca), capivara (Hydrochoerus hydrochaeris), cutia (Dasyprocta sp.), coendu (Coendou prehensilis), pequenos roedores (Akodon sp., Necromys lasiurus, Oligorizomys sp.) e marsupiais (Metachirus nudicaudatus, Micoureus demerarae, Monodelphis domestica e Gracilinanus agilis).

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Destacaram-se ainda duas espécies ameaçadas de extinção, lontra (Lontra longicaudis) e gato- maracajá (Leopardus wiedii). Apenas uma espécie endêmica da região Nordeste do Brasil – sagui- do-Nordeste (Callithrix jacchus) foi registrada. Como o nome exalta este primata é típico e, de ocorrência original restrita ao Nordeste brasileiro, todavia, devido ao comércio ilegal da fauna silvestre, este animal foi levado para o Sudeste do país, onde atualmente recebe o título de espécie exótica invasora, o que envolve severas implicações ecológicas.

A p o p u l a ç ã o l o c a l apresentou diversas formas de interação com os mamíferos presentes na área, afora a i nva s ã o d e ro ça d o s d e mandioca e milho por tatus- pebas e coelhos, foi observada a domesticação de animais (sagui) e a utilização da mastofauna como fonte de alimento, aonde os animais são caçados para tal. Entre as caças mais apreciadas estiveram: paca, peba e lontra. Lontra (Foto ilustrativa) http://www.portaisgoverno.pe.gov.br/web/parque-dois- irmaos/exibiranimais?groupId=221638&articleId=236032&te mplateId=227911

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OS ANFÍBIOS E RÉPTEIS A herpetofauna, constituida de anfíbios e répteis, representa atualmente para o Brasil uma das maiores diversidades mundiais, com destaque para a mata Atlântica. Na região do Nordeste brasileiro esse grupo ainda necessita ser melhor inventariado, principalmente para o estado de Pernambuco, que inclui um dos centros mais importantes de endemismo, o complexo de serras do Urubu, localizado na Zona da Mata Sul, áreas prioritárias para a conservação biológica. Para o Diagnóstico Ambiental foi realizada uma pesquisa bibliográfica e o estudo direto no campo através de um levantamento rápido, realizado no período entre 27/06/2011 e 07/07/2011, onde foram empregados diversos métodos de procura visual ou sonora e armadilhas de interceptação e queda, além de entrevistas abertas com a comunidade local. A amostragem foi direcionada para dois fragmentos de Mata Atlântica, um na área de influência direta (ADA), localizado na margem do rio Sirinhaém, e outro na área de influência direta (AID), sendo considerados ainda outros fragmentos próximos. Os estudos bibliográficos mostraram 27 espécies de anfíbios e 45 de répteis, enquanto os dados obtidos no campo registraram 45 espécies, sendo 27 anfíbios anuros (11 gêneros e seis famílias) e 18 répteis (16 gêneros e 12 famílias). Das 45 espécies registradas, apenas uma delas, o que representa 2,2% do total, foi registrada pela primeira vez no estado. Dentre os anfíbios, a família Hylidae (pererecas) apresentou o maior número de espécies, representando 44,4%, seguida pela família Leptodactylidae (rãs), com 25,9% do total de espécies. Dentre os répteis, a família Colubridae (serpentes) se destacou no que diz respeito à riqueza de espécies (três espécies), representando 16,6% das espécies registradas. A maioria dos répteis registrados (88,8%) pertence à ordem Squamata, representada pelas famílias de lagartos e serpentes. Foram registradas apenas duas espécies que não pertencem a esta ordem: Caiman latirostris – jacaré- do-papo-amarelo (ordem Crocodylia, família Alligatoridae) e Phrynops geoffroanus – cágado-de- barbicha (ordem Testudines, família Chelidae).

De uma maneira geral, as espécies registradas na ADA e AID da Barragem de Barra de Guabiraba não constam nas listas oficiais do IBAMA e IUCN, sendo a maioria de espécies que se adaptam facilmente a diferentes ambientes desde os mais conservados até aqueles mais modificados, como as áreas abertas, plantações e até residências humanas. Grande parte das espécies de anfíbios e répteis registrados apresenta ampla distribuição no bioma Mata Atlântica, porém o registro de uma espécie de serpente (Liotyphlops sp.) da família Anomalepedidae (primeiro para Pernambuco), ressalta a importância dos inventários em diferentes áreas do estado, para o melhor conhecimento da herpetofauna.

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O MEIO BIÓTICO AQUÁTICO Os rios fornecem habitats que estão sujeitos a constantes mudanças e, nestes ambientes, a manutenção e o desenvolvimento do meio biótico ocorre, porém raramente é mantido por um longo período, pois são transportados continuamente para a foz. A flora aquática (fitoplâncton e macrófitas) no rio Sirinhaém foi caracterizada por um baixo número de espécies e pouca biomassa. Isso se deve ao fato de ter ocorrido apenas uma coleta e nesse período as chuvas terem sido extremas, carregando parte da flora aquática (Figura 1). Do ponto de vista das cianobactérias, a água foi considerada de boa qualidade no momento da amostragem. De uma maneira geral, a macroflora aquática da área de estudo ainda não encontra-se bem estudada e conhecida. A diversidade deve aumentar consideravelmente com mais estudos assim como a biomassa deve variar em períodos climáticos distintos.

Figura 1: Rio Sirinhaém (PE) na Área Diretamente Afetada (ADA) durante o período de 11 a 15 de julho de 2011. (A) Cachoeira do Galo; (B) Leito do rio.

Com relação ao zooplâncton (animais microscópicos), apenas representantes do grupo dos insetos foi observado. Assim como para a flora, esses resultados também são conseqüência das fortes chuvas registradas na região poucos dias antes e durante o período de coleta. No caso do macrozoobentos, observou-se que não houve nenhuma ocorrência de representantes na ADA e da AID. Este fato pode estar relacionado com a elevada correnteza do rio, que fez com que o sedimento fosse lavado e/ou substituído por outros que estavam sendo carreados. As coletas realizadas neste período demonstram que a comunidade macrozoobentônica das áreas estudadas, tanto ADA quanto AID, se extinguem com a elevada quantidade de chuvas. De forma geral, a baixa riqueza de espécies, tanto para vegetais como para os animais aquáticos, refletem a necessidade de um monitoramento contemplando os períodos de seca e chuva, com estações a montante do reservatório, na ADA e a jusante, e em corpos hídricos adjacentes, que atuarão como entradas de nutrientes e organismos.

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OS PEIXES Foi feito um levantamento bibliográfico para montar uma lista provável dos peixes existentes na ADA, AID e AII e obtidos dados primários diretos no campo, através de levantamento rápido, onde a pesca foi realizada em várias estações da ADA e AID. Foram coletados 830 espécimes de peixes no total nas ADA e AID, sendo estes representados por seis ordens, 11 famílias, 16 gêneros e 17 espécies.

A consulta aos entrevistados da ADA e AID sobre conhecimento dos peixes e da pesca, mostrou que a pesca ocorre como atividade secundária, recreacional em sua maioria, gerando pescado para consumo próprio. Os aparelhos de pesca citados pelos entrevistados na ADA e AID foram picaré, puçá, armadilha, linha de mão, rede, tarrafa e vara de pesca, sendo esta última o principal equipamento de pesca utilizado. As técnicas associadas são a pesca de tapagem (também nomeada de cuia, balde e balaio) e a pesca de “loca”. Foram mencionadas 41 espécies de peixes, sendo as mais citadas: piaba (Astyanax spp.), traíra (Hoplias malabaricus), carito (Geophagus brasiliensis), jundiá (Franciscodora marmoratus), gundelo (Crenicichla spp.), piau (Steindachnerina elegans), acari Hypostomus spp. e angico (Parauchenipterus galeatus). Entrevistados da ADA e AID foram, também, solicitados a indicar áreas de alimentação e berçário no rio, sendo a margem, a área mais indicada como local de berçário e alimentação.

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PARTE III – CONHECENDO OS IMPACTOS RESULTANTES

5. QUAIS OS IMPACTOS ANALISADOS E MEDIDAS MITIGADORAS PREVISTOS?

A identificação dos impactos previsíveis em decorrência da implantação da barragem, as medidas que deverão ser tomadas para minimizar os efeitos negativos e maximizar os efeitos positivos em todas as etapas da obra são, de fato, as informações e os instrumentos essenciais para a sustentabilidade ambiental da área modificada. Por sua vez, os Programas de Controle e Monitoramento Ambiental propostos para acompanhar possíveis mudanças e adequar seu curso, contribuem para a consolidação de um Sistema de Gestão Ambiental na área da bacia que será afetada. O processo metodológico adotado para a avaliação dos impactos da barragem Barra de Guabiraba é mostrado na Figura abaixo.

Grupo de Discussão Multidisciplinar

MATRIZ DE CORRELAÇÃO

DESCRIÇÃO dos Impactos MEDIDAS de Mitigação e AVALIAÇÃO dos Impactos PROPOSTAS de

PROGNÓSTICO AMBIENTAL

Os quase 60 impactos identificados foram localizados, avaliados e descritos e, para cada um deles, foram sugeridas medidas mitigadoras e de controle ambiental, além de ações de monitoramento.

IMPACTOS SOBRE O MEIO FÍSICO

Quanto ao meio físico, os impactos mais importantes estão relacionados às águas superficiais, especialmente às mudanças de regime de fluxo, que terão forte rebatimento sobre a flora e fauna aquáticas. Os solos também foram destacados, tende em vista o grande movimento de terras que

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ocorrerá na área da barragem, para a sua construção e exploração de jazidas (fase de implantação). A contaminação das águas e dos solos e a retenção de nutrientes também foram destacados. A redução da carga sólida à jusante com aumento dos processos erosivos das margens e alteração na morfologia do canal, causará impacto na agricultura ribeirinha. Foi recomendada a preservação/recuperação da cobertura vegetal nas APP's para redução dos processos erosivos laminares e lineares. Além disso, destaca-se a retenção dos nutrientes produzidos à montante da barragem no lago da mesma, reduzindo a fertilidade das águas à jusante afetando as comunidades da fauna.

Clima e Meteorologia Alteração do clima local Degradação de áreas de empréstimo Sismicidade induzida Geologia e Solos Instabilidade dos solos no entorno do reservatório Indução de movimentos de massa Alteração da qualidade do solo Mudanças na paisagem regional Aumento da erosão hídrica na região Geomorfologia / Pedologia Erosão das margens e a jusante da barragem Redução do poder fertilizante da água efluente Alteração do regime hídrico Interferência com outros usos da água Potencial assoreamento do futuro reservatório Controle de inundações Recursos Hídricos Superficiais Perdas de água no reservatório por evaporação e infiltração Contaminação das águas Eutrofização das águas Recursos Hídricos Subterrâneos Contaminação e recarga do aquífero fissural Ruídos Aumento de ruídos gerados por máquinas e trânsito Qualidade do Ar Aumento de poeira, fumaça e gases na área da obra

IMPACTOS SOBRE O MEIO BIÓTICO

É no meio biótico onde ocorrem os maiores impactos pela supressão da cobertura vegetal para a implantação da barragem, que tem rebatimento imediato sobre a fauna, tendo em vista a perda dos habitats terrestres e aquáticos. Apesar da importância social da construção da barragem, deve-se registrar que a mesma ocasionará impactos biológicos para as espécies vegetais, como por exemplo, perda de biodiversidade, aumento da fragmentação e efeito de borda, mas estes podem ser mitigados ou controlados através de medidas e programas que deverão ser realizados durante o empreendimento, como resgaste de germoplasma, plantio de mudas nos fragmentos remanescentes, implantação de corredores ecológicos, controle de plantas invasoras, programas de monitoramento da flora e da fauna.

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Perda de biodiversidade e das características das populações vegetais Flora terrestre Fragmentação vegetal e efeito de borda

Perda de biodiversidade Interrupção no deslocamento da comunidade faunística ao longo da paisagem Desequilíbrio na comunidade faunística - R edução da capacidade de suporte à vida silvestre

Alteração da composição faunística Fauna: Fuga de espécies e invasão de domicílios Vertebrados Terrestres e Alados Aumento da caça oportunística (Mastofauna terrestre, Aumento de espécies vetoras de doenças quiropterofauna, avifauna e Aparecimento de espécies exóticas herpetofauna) Aumento de espécies sinantrópicas Deslocament o de fauna por distúrbios sonoros Perturbação da fauna por contaminação por poluentes Aumento na interação entre animais silvestres e humanos

Meio Biótico Aquático: Perda de biodiversidade, interrupção do fluxo gênico,

(Fitoplâncton, Macrófitas espécies invasoras. Zooplâncton, Macrozoobentos) Alteração na dinâmica das populações locais. Resgate de informações pré-impact o Perda de biodiversidade aquática Alteração na dinâmica das populaç ões e estrutura Ictiofauna das comunidades de peixes Interrupção de fluxo gênico e migração reprodutiva entre populações de peixes Desenvolvimento da aquicultura e da pesca

IMPACTOS SOBRE O MEIO SOCIOECONÔMICO

No meio socioeconômico os destaques foram alterações no setor produtivo, a demanda por mão-de-obra, dinamização econômica no município, aumento de doenças respiratórias e de veiculação hídrica durante a construção, alem do deslocamento de vestígios arqueológicos e alterações na paisagem e nos costumes As obras envolvem prioritariamente riscos com relação ao patrimônio arqueológico e natural paisagístico. A expectativa de tais riscos converge para as áreas de inundação e aquelas aonde

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serão necessárias ações de movimentação de terra, quando existe a possibilidade de destruição total ou parcial de sítios arqueológicos ainda não identificados. O risco de destruição dos sítios arqueológicos, caso ocorra, será de caráter irreversível, mas poderá ser significativamente reduzido mediante a adoção de medidas apropriadas, que permitam transformar o registro arqueológico em informações concernentes ao povoamento pré-histórico da área.

Eliminação de áreas com atividades agropecuárias Diminuição na oferta de alimentos Redução das perdas na oferta de bens e serviços Estrutura de oferta produtiva causados pelas enchentes Redução da capacidade de geração de energia elétrica

Contratação de pessoal para a implantação da barragem Demanda de mão de obra Perda de postos de trabalho nas unidades produtivas atingidas pela barragem Dinamização das economias municipais Demanda agregada Aumento das receitas municipais Aumento da demanda de serviços públicos e elevação do risco de acidentes Infraestrutur a de serviços públicos Redução das perdas da infraestrutura de serviços públicos Alteração brusca da localização da demanda por Educação educação

Melhoria da educação ambiental da populaç ão Aumento de doenças respir atórias Saúde Redução na incidência de doenças veiculadas pela água

Alteração no valor patrimonial das propriedades do Patrimônio Econômico entorno e a jusante da barragem Estudos preliminares Patrimônio Cultural Deslocamento de vestígios arqueológicos Alterações na paisagem local

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6. QUAIS OS PROGRAMAS AMBIENTAIS RECOMENDADOS?

Os Programas de Controle e Monitoramento Ambiental constituem um elenco de ações que estruturam o Plano de Gestão Ambiental a ser aplicado pelo Governo do Estado, sob a coordenação da CPRH. Para tal é necessário investir num arranjo institucional que atenda às diversidades da área ambiental, na três esferas de governo.

Plano de Gestão Ambiental

Programas Programas Programas do Meio Físico do Meio Biótico do Meio Antrópico

Programa de Programa ambiental para Programa de monitoramento conservação de populações educação ambiental hidrológico de espécies nativas de peixes da bacia do rio Sirinhaém Programa de Programa de recolocação da monitoramento da Programa ambiental para população qualidade da água monitoramento da pesca desapropriada

Programa de controle Programa ambiental de Programa para resgate da ictiofauna de erosão diversificação das Programa para resgate de atividades econômicas germoplasma vegetal da produtivas barragem Barra de Guabiraba Programa de Programa para recuperação e prospecção e de enriquecimento da resgate arqueológico diversidade vegetal em áreas antrópicas na barragem Barra Programa do de Guabiraba inventário de referências culturais Programa de monitoramento da vegetação de entorno da barragem Barra de Guabiraba Programa de monitoramento e de Programa de monitoramento resgate arqueológico e dos ecossitemas aquáticos do educação patrimonial rio Sirinhaém

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7. AFINAL, COMO FICA A QUALIDADE AMBIENTAL FUTURA?

A recorrência de desastres na bacia hidrográfica do rio Sirinhaém tem causado grandes perdas econômicas e sociais, com óbitos, destruição de moradias, equipamentos públicos, infraestrutura, áreas agrícolas, afetando fortemente a economia dos municípios atingidos pelas enchentes. A análise das condições ambientais atuais e dos possíveis impactos decorrentes da construção da Barragem Barra de Guabiraba, mostra grandes perdas ambientais na área diretamente afetada e nas suas imediações. Várias medidas mitigadoras a serem implementadas a partir dos Programas de Controle e Monitoramento Ambiental podem mitigar e minimizar esses impactos, sendo a maioria deles reversíveis, após a entrada da barragem em operação. A partir dessas considerações o estudo indica uma melhora significativa na qualidade de vida futura da população local e a eliminação ou redução dos desastres causados pelas enchentes, sendo favorável à construção do empreendimento, com o compromisso público de implantação das medidas e programas indicados.

8. CONCLUSÕES

A Barragem Barra de Guabiraba é parte de um sistema de contenção de enchentes para a Zona da Mata Sul de Pernambuco, como resposta aos recorrentes desastres por inundações que afetaram mais de 30 municípios dessa região. O clamor social após esses desastres, não só por parte das comunidades diretamente atingidas, mas por toda a sociedade civil do Estado, tendo como resposta do poder público esse Plano de Contenção de Enchentes para propiciar mais segurança e melhor qualidade de vida para a população da zona da mata sul pernambucana. Os estudos realizados para o Diagnóstico Ambiental permitiram caracterizar de modo consistente o espaço que poderá vir a ser afetado pela barragem, considerando todos os elementos ambientais vulneráveis e as ações envolvidas na construção e operação do empreendimento. Essa análise identificou as ações potencialmente geradoras de efeitos negativos e positivos sobre os elementos ambientais, considerando o diagnóstico dos meios físico, biótico e socioeconômico, nas Áreas de Influência Indireta (AII), Áreas de Influência Direta (AID) e Área Diretamente Afetada (ADA). Foram analisados 57 impactos, dos quais aqueles de maior significância estão associados ao meio biótico e socioeconômico, sendo os primeiros predominantemente negativos e os segundos em grande parte positivos. Para cada um dos impactos identificados foram indicadas medidas de mitigação, controle e monitoramento. O instrumento de Gestão Ambiental para embasar essas ações constitui-se de um conjunto de

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16 Programas de Controle Ambiental, que devidamente aplicados e desenvolvidos, propiciarão o equilíbrio desejado, apesar das alterações promovidas na área. A viabilidade ambiental do empreendimento se embasa nos argumentos do diagnóstico e no conjunto de propostas de mitigação, controle e monitoramento. Este empreendimento tem papel fundamental e estruturante para a região, em virtude da crescente necessidade de implementação de políticas públicas que realmente aumentem a segurança, o bem estar das pessoas e a proteção do patrimônio local. O prognóstico deste estudo é favorável à construção da Barragem Barra de Guabiraba, por representar uma solução concreta para a redução dos desastres e a melhoria da qualidade de vida dos habitantes dos municípios atingidos.

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