Poder Judiciário Justiça Do Trabalho Tribunal Superior Do Trabalho
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https://pje.tst.jus.br/tst/VisualizaDocumento/Autenticado/documento... PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO CORREIÇÃO PARCIAL OU RECLAMAÇÃO CORREICIONAL (88) Nº 1000262-44.2019.5.00.0000 REQUERENTE: SUCOCÍTRICO CUTRALE LTDA Advogado: OSMAR MENDES PAIXÃO CÔRTES REQUERIDO: TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO CGJT/LBC/rd/gs D E C I S Ã O Reautue-se o presente feito, a fim de fazer constar a 2ª SEÇÃO ESPECIALIZADA EM DISSÍDIOS INDIVIDUAIS DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO como Requerido e o MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO como Terceiro Interessado. Preliminarmente, atenda-se ao requerimento formulado na petição inicial da presente Correição Parcial, no sentido da exclusividade das intimações em nome do advogado Dr. OSMAR MENDES PAIXÃO CÔRTES, OAB/DF N.º 15.553. Trata-se de Correição Parcial, com pedido de liminar, proposta por SUCOCITRICO CUTRALE LTDA. em face de acórdão prolatado pela 2ª Seção Especializada em Dissídios Individuais do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, nos autos do Mandado de Segurança n.º 0008553-67.2018.5.15.0000, por meio do qual se negou provimento ao Agravo Interno interposto pela requerente, mantendo a decisão mediante a qual se indeferira o pedido de concessão de efeito suspensivo à liminar deferida na Ação Civil Pública 0010918-15.2018.5.15.0091. Registra a Requerente, inicialmente, que, em dezembro de 2018, o Exmo. Ministro Renato de Lacerda Paiva, no exercício da Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho, nos autos da CorPar nº 1000883-75.2018.5.00.0000, deferiu medida liminar para 1 de 13 15/04/2019 19:45 https://pje.tst.jus.br/tst/VisualizaDocumento/Autenticado/documento... suspender os efeitos da tutela provisória de urgência deferida nos autos da ACP, até o julgamento do Agravo Interno no Mandado de Segurança nº 0008553-67.2018.5.15.000. Destaca a Requerente que permanecem "as mesmas condições já verificadas por esta Corregedoria-Geral para justificar a concessão da tutela de urgência". Ressalta que não há, nas cidades em que se encontram localizadas as fazendas, o oferecimento de cursos por Serviços de Aprendizagem, escolas ou entidades substitutivas, o que afastaria sua obrigação de contratar aprendizes. Acrescenta que, nos termos do artigo 13 do Decreto n.º 5.598/2005, a ausência de cursos deve ser verificada pela inspeção do trabalho, o que não ocorreu no presente caso, sendo açodado o ajuizamento de ação judicial contra a empresa. Relata que o Ministério Público do Trabalho informou existir na localidade entidade educacional habilitada para prestação de serviços de aprendizagem - Rede de Assistência Socioeducacional Cristã (RASC) -, com autorização expedida na data de 30/8/2018. Contudo, frisa que referida autorização foi concedida na véspera do ajuizamento da Ação Civil Pública, em 31/8/2018. Acrescenta que referida entidade educacional está situada na cidade de Bauru, e não nas localidades em que a Requerente desenvolve suas atividades - Bofete, Pardinho e Borebi. Sustenta, de outro lado, que a base de cálculo da cota de aprendizes fixada pelo juízo não levou em consideração as exceções contidas nos artigos 10 e 11 do Decreto nº 5.598/2005 e na Instrução Normativa nº 97/2012, que excluem as funções que exijam habilitação profissional de nível técnico ou superior, as funções de confiança, as preenchidas sob o regime de trabalho temporário, as atividades insalubres, as perigosas e as incompatíveis com a moral dos aprendizes. Afirma que o Juízo de Primeiro grau incluiu, indevidamente, na base de cálculo da cota de aprendizes, entre outras, a atividade de coleta de laranja - que, além de sazonal, não exige curso de qualificação - tampouco proporciona aprendizagem aos 2 de 13 15/04/2019 19:45 https://pje.tst.jus.br/tst/VisualizaDocumento/Autenticado/documento... adolescentes. Não se conforma, igualmente, com a inclusão na referida base de cálculo das funções de vigia e vigilante, motorista agrícola, pedreiro, controlador de praga e trabalhador volante. Pondera que, embora forneça "treinamentos e os equipamentos de proteção individual específicos para o exercício das respectivas atividades, a fim de eliminar possíveis agentes insalubres, estas funções demandam muitas vezes contato com produtos químicos, ruídos, etc". Entende não ser suficiente que a função conste do CBO para que seja considerada na cota de aprendizes, devendo ser avaliado se a atividade descrita no caso concreto proporcionará, de fato, um aprendizado capaz de garantir aprimoramento profissional e intelectual, o que não ocorre no caso. Aponta, outrossim, a incompetência absoluta da Vara do Trabalho de Bauru/SP para processar e julgar Ação Civil Pública, sob o argumento de que a pretensão deduzida pelo Ministério Público do Trabalho envolve estabelecimentos da Requerente localizados nas cidades de Botucatu, Borebi, Pardinho, Bofete e Avaré, que não se encontram sob a jurisdição daquela Vara. Argumenta que, nos termos do artigo 2º da Lei nº 7.347/85, a competência territorial em ação civil pública possui natureza funcional e, por essa razão, não admite prorrogação. Acrescenta que, "além da questão da Incompetência Territorial, há também insuperável INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DO JUÍZO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES", uma vez que o próprio TRT fez constar de sua decisão que "os aprendizes envolvidos na discussão são, NECESSARIAMENTE, MAIORES DE 18 ANOS". Requer a concessão de medida liminar para que, "reconhecida a alta probabilidade do direito ora postulado, seja suspenso o efeito imediato da decisão exarada pelo MM. Juízo de Primeiro Grau nos autos da ACP nº 0010918-15.2018.5.15.0091, em substituição ao julgamento do Agravo pela S. SDI-2 do TRT-15, nos autos do Mandado de Segurança nº 0008553-67.2018.5.15.0000" e "em provimento definitivo, a cassação da decisão". Ao exame. 3 de 13 15/04/2019 19:45 https://pje.tst.jus.br/tst/VisualizaDocumento/Autenticado/documento... A decisão ora impugnada encontra-se fundamentada nos seguintes termos: Incompetência do MM. Juízo de Bauru O agravante reedita a preliminar de incompetência e afirma que "nenhuma das propriedades da empresa mencionadas na Ação Civil Pública estão sob a jurisdição da Vara do Trabalho de Bauru, não podendo prevalecer a competência daquele Juízo. Conforme entendimento do Relator, seriam competentes para julgar o processo as Varas do Trabalho de Botucatu, Avaré ou Lençóis Paulista, mas jamais a Vara do Trabalho de Bauru (...) Portanto, a MM. Juízo agiu irregularmente ao deferir a liminar ao Ministério Público do Trabalho, quando sequer detinha competência para analisar a questão, fato levantado pela empresa em sua contestação, e reiterado em audiência, o que foi totalmente ignorado pela Julgadora, situação que espera, seja analisada com outros olhos por este Tribunal" (fls. 396). Em que pesem os relevantes argumentos da agravante, não se vislumbra a alegada incompetência do MM. Juízo da Vara do Trabalho de Bauru para apreciar a questão. Na realidade, o primeiro aspecto que salta aos olhos é que a apresentação da exceção de incompetência deveria ter ocorrido no prazo de cinco dias a contar da notificação nos autos da Ação Civil Pública, nos termos do artigo 800 da CLT, como determinado pela nova redação imposta pela Lei 13.467/2017. No caso, a não observância do referido prazo pela agravante fez precluir a oportunidade de alegação da exceção de incompetência. Mas, ainda que assim não fosse, fato é que o Juizado Especial da Infância e Adolescência de Bauru é competente para processar e julgar o presente caso. Na verdade, este C. TRT, por meio da Resolução Administrativa nº 14/2014, de 31 de outubro de 2014, criou os Juizados Especiais da Infância e Adolescência com competência para analisar processos que envolvam trabalhador com idade inferior a 18 anos, in verbis: Art. 1º Ficam criados 10 (dez) Juizados Especiais da Infância e Adolescência (JEIAs), sendo um na cidade de Fernandópolis, um na cidade de Franca e um em cada sede de circunscrição do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região. Art. 2º Os Juizados Especiais da Infância e Adolescência poderão atuar tanto de forma fixa, quanto itinerante, e terão competência material para analisar, conciliar e julgar todos os processos que envolvam trabalhador com idade inferior a 18 (dezoito) anos, nela incluídos os pedidos de autorização para trabalho de crianças e adolescentes, as ações civis públicas e coletivas e as autorizações para fiscalização de trabalho infantil doméstico. Assim sendo, além das cidades de Fernandópolis e Franca, cada Município sede de circunscrição do TRT da 15ª Região foi equipado com um Juizado Especial da Infância e Adolescência, os chamados JEIA. Cumpre destacar que o Anexo I da Resolução Administrativa nº 03/20103, do TRT da 15ª Região, que estabelece a DIVISÃO DAS CIRCUNSCRIÇÕES E RESPECTIVAS UNIDADES JUDICIÁRIAS, indica, no capítulo VIII, como área de circunscrição de Bauru, além do município de Bauru como cidade que sedia a circunscrição, os seguintes municípios que têm Varas do Trabalho: Avaré, Botucatu, Garça, Itápolis, Jaú, Lençóis Paulista, Marília, Ourinhos, Pederneiras e Santa Cruz do Rio Pardo. 4 de 13 15/04/2019 19:45 https://pje.tst.jus.br/tst/VisualizaDocumento/Autenticado/documento... Desse modo ,o Juizado da Infância e Juventude de Bauru, criado pela Portaria GP nº 61/2015, tem competência material para analisar, conciliar e julgar todos os processos que envolvam trabalhador com idade inferior a 18 (dezoito) anos, em relação a todos os Municípios abrangidos pela definida no capítulo VIII do Anexo I da Resolução CIRCUNSCRIÇÃO Administrativa 03/2010. São eles os município de Bauru, Avaré, Botucatu, Garça, Itápolis, Jaú, Lençóis Paulista, Marília, Ourinhos, Pederneiras e Santa Cruz do Rio Pardo. Dúvida não resta, pois, que todos os Municípios em que estão instaladas as unidades demandadas da impetrante (Avaré, Botucatu, Bofete, Borebi e Pardinho) integram a circunscrição do Juizado Especial da Infância e Adolescência de Bauru, uma vez que Bofete e Pardinho compõem a área de atribuição da Vara de Botucatu, e Borebi está abrangida pelas Varas do Trabalho de Lençóis Paulista.