Estudo sobre as regiões de planejamento de ALTO PARANAÍBA

Alto Paranaíba

Com 694 mil habitantes, o Alto Paranaíba é a segunda região menos populosa de Minas Gerais. A população é predominantemente urbana (taxa de urbanização de 86,8%) e a região tem em , seu município polo.

O Alto Paranaíba responde por 4,0% do PIB, 3,0% dos empregos formais e 6,1% das exportações do Estado. No que se refere à composição setorial do PIB, evidencia-se maior participação dos serviços (45%), com destaque também para a importância relativa da indústria (24,6%) e da agropecuária (16,12%). As principais atividades econômicas desenvolvidas na região são agricultura, pecuária, cerâmica, produtos alimentares, mineração, metalurgia e turismo. Nos anos 2000, a participação regional no PIB de Minas manteve-se relativamente estável.

Fonte: Governo de Minas Gerais

Sumário

Organização territorial ...... 1

Caracterização socioeconômica do Alto Paranaíba ...... 2

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) ...... 4

Atividade econômica ...... 4

Composição dos setores econômicos ...... 6

Perfil do comércio varejista em Minas Gerais: desafios e oportunidades ...... 12

A) Perfil das empresas ...... 13

B) Caracterização do estabelecimento comercial (operação, estrutura e

investimentos) ...... 15

B.1) Modalidade de pagamento ...... 15

B.2) Modalidade de pagamento mais utilizada no estabelecimento ...... 16

B.3) Diferenciação de preços ...... 16

B.4) Investimentos ...... 17

B.5) Atuação no comércio exterior ...... 19

B.6) Inovação ...... 20

C) Efeitos da crise econômica ...... 22

D) Entraves ao setor ...... 23

Organização territorial

Microrregiões: Araxá; Patos de Minas; e Patrocínio.

Municípios: Abadia dos Dourados; Arapuá; Araxá; ; Carmo do Paranaíba; Coromandel; Cruzeiro da Fortaleza; Douradoquara; Estrela do Sul; Grupiara; Guimarânia; Ibiá; Iraí de Minas; Lagoa Formosa; Matutina; ; Nova Ponte; Patos de Minas; Patrocínio; Pedrinópolis; Perdizes; Pratinha; Rio Paranaíba; Romaria; Sacramento; Santa Juliana; Santa Rosa da Serra; São Gotardo; Serra do Salitre; Tapira; e Tiros.

1

Caracterização socioeconômica do Alto Paranaíba

Estima-se que esta região mineira possui cerca de 695 mil habitantes em seu território, saldo 8,4% superior ao observado pelo último Censo Demográfico (IBGE/2010). A taxa de alfabetização – percentagem de pessoas que sabem ler e escrever - corresponde a 93,6% da população local.

Gráfico 1: População (em mil)

694,65 640,95 Taxa de alfabetização 499,41 (Censo 2010) 93,6%

2006 2010 2017

Com uma população bem distribuída segundo o sexo, a maioria dos domicílios se encontram em território urbano.

Gráfico 2: Distribuição por sexo Gráfico 3: Situação dos domicílios

Mulheres Homens Urbana 49,7% 50,3% 86,8% Rural 13,2%

Fonte: elaboração própria com base nos dados do Censo 2010, do IBGE

A razão de dependência, isto é, a participação da população dependente (com 14 anos ou menos e de 65 anos ou mais de idade) em relação à população potencialmente ativa (com idade de 15 a 64 anos) diminuiu substancialmente na região, no período de 1991 a 2010. No último

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ano de apuração, essa taxa era de 42%. Esse movimento pode estar associado ao comportamento da taxa de fecundidade1.

Gráfico 4: Razão de dependência total (%) 1991 57,7 2000 49,6 2010 42,0

Fonte: Fundação João Pinheiro.

A taxa de fecundidade, tida como o número médio de filhos por mulher durante o período reprodutivo (15 a 49 anos de idade), caiu de 2,5 filhos por mulher, em 1991, para 2 filhos em, 2010.

Gráfico 5: Fecundidade (média de filhos) 1991 2,5 2000 2,3 2010 2,0

Fonte: Fundação João Pinheiro.

Quanto à taxa de envelhecimento, o comportamento da região de planejamento segue o padrão mundial, ou seja, observa-se um aumento da população considerada idosa (65 anos ou mais) em relação à população total. Paralelo a isso, a expectativa de vida da população local contribui para a mudança na estrutura etária da região.

Gráfico 6: Envelhecimento (%) Gráfico 7: Esperança de vida (anos)

1991 4,7 1991 68,4

2000 5,8 2000 73,0

2010 7,9 2010 76,4

Fonte: Fundação João Pinheiro.

1 Dados calculados para a região por meio de médias ponderadas pela população do ano de referência de cada indicador. 3

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)

O IDH é um índice que mede o bem-estar de uma população em uma escala de 0 a 1, sendo 1 a melhor avaliação. Em síntese, ele mensura o progresso em longo prazo em três dimensões básicas ao desenvolvimento humano: renda, educação e saúde.

O IDH da região do Alto Paranaíba apresentou evolução de 47,5% no período compreendido entre 1991 e 2010, saltando de 0,499, no início dos anos 1990, para 0,736, em 2010. No gráfico abaixo, podemos ver a evolução do IDH em suas três dimensões.

Gráfico 8: Evolução do IDH do Alto Paranaíba- 1991, 2000 e 2010 IDH: 0,499 IDH: 0,645 IDH: 0,736 0,855 0,805 0,733 0,717 0,619 0,683 0,635 0,488 0,280

1991 2000 2010 IDHM Longevidade IDHM Renda IDHM Educação

Fonte: Fundação João Pinheiro.

Atividade econômica

Segundo dados do IBGE, a região do Alto Paranaíba apresentou, em 2015, um Produto Interno Bruto (PIB) de mais de 21 bilhões de reais. A cifra é cerca de 39% superior à riqueza produzida em bens e serviços finais no território, em 2011.

Gráfico 9: Produto Interno Bruto (em R$ milhões) 20.831 21.041 18.376 15.096 16.358

2011 2012 2013 2014 2015

Fonte: IBGE | Elaboração: Estudos Econômicos - Fecomércio MG

4

Na região, o setor terciário responde pela maior participação no PIB, chegando a 45% da riqueza gerada.

Gráfico 10: Participação do PIB a preços correntes por gênero de atividade - 2015

Serviços 45,0% Adm., saúde e ed. públicas e seguridade social 14,2%

Indústria Agropecuária 24,6% 16,2%

Fonte: IBGE | Elaboração: Estudos Econômicos - Fecomércio MG

Dentre os 31 municípios que compõem a região, os dez com as maiores participações no PIB são: Araxá, Patos de Minas, Patrocínio, Sacramento, Monte Carmelo, Nova Ponte, Coromandel, Ibiá, Santa Juliana e São Gotardo.

Tabela 1: Ranking dos maiores PIB dos municípios do Alto Paranaíba Município PIB (em milhões de R$) Araxá 4.878 Patos de Minas 3.816 Patrocínio 2.160 Sacramento 1.192 Monte Carmelo 1.119 Nova Ponte 851 Coromandel 806 Ibiá 779 Santa Juliana 667 São Gotardo 633 Fonte: IBGE Cidades (2014).

Já os dez municípios com os menores Produtos Internos Brutos são elencados na tabela abaixo.

5

Tabela 2: Ranking dos menores PIB dos municípios do Alto Paranaíba Município PIB (em milhões de R$) Guimarânia 122 Romaria 117 Arapuá 100 Pedrinópolis 89 Cruzeiro da Fortaleza 76 Pratinha 72 Matutina 61 Duradoquara 49 Santa Rosa da Serra 44 Grupiara 24 Fonte: IBGE Cidades (2015)

Composição dos setores econômicos

Segundo dados mais recentes da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), a região do Alto Paranaíba contava, em 2016, com mais de 40 mil estabelecimentos, sendo que grande parte desses (69,6%) atuava no setor terciário (comércio e serviços).

Gráfico 11: Quantidade de estabelecimentos na região

40.226 41.047 40.816 40.729 37.185 38.541 38.661 35.047 36.183 33.271 33.985

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Fonte: Rais/MTE | Elaboração: Fecomércio MG A maior parcela desses estabelecimentos apresenta em seu quadro de funcionários de 0 a quatro empregados, conforme mostrado a seguir:

6

Gáfico 12: Representatividade das empresas, segundo o número de funcionários empregados

0 Empregado 19.897 De 1 a 4 14.662 De 5 a 9 3.390 De 10 a 19 1.662 De 20 a 49 729 De 50 a 99 224 De 100 a 249 106 De 250 a 499 34 De 500 a 999 16 1.000 ou Mais 9

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da Rais/MTE.

No que diz respeito ao número de empregos gerados em cada setor, observamos que o maior saldo de vínculos é atribuído aos serviços e ao comércio. Na tabela abaixo destacamos os vínculos empregatícios, bem como o número de estabelecimentos por setor em 2016.

Tabela 3: Estabelecimentos e vínculos ativos por setor - 2016 Atividade Estabelecimentos Vínculos ativos Indústria 3.224 28.635 Construção Civil 2.071 5.547 Comércio 14.107 38.272 Serviços 14.259 38.984 Adm. Pública 95 22.088 Agropecuária 6.973 31.895 Total 40.729 165.421 Fonte: Relação Anual de Informações Sociais (Rais) | Elaboração: Estudos Econômicos

Conforme destacado, os setores da região empregavam cerca de 165 mil pessoas em 2016, sendo que a remuneração média atribuída, no período, era de R$1.875,12. Um recorte realizado por porte de empresas aponta que, apesar do maior número de empresas e vínculos serem observados nas micros e pequenas, a maior parcela da massa salarial pode ser atribuída àquelas classificadas como médias e grandes empresas.

7

Gráfico 13: Vínculos empregatícios, por porte (em mil) 27,14 22,08 22,06 21,78 15,54 16,52 17,21 11,62 11,47

De 1 a 4 De 5 a 9 De 10 a 19 De 20 a 49 De 50 a 99 De 100 a 249 De 250 a 499 De 500 a 999 1000 ou mais

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da Rais (MTE)

Gráfico 14: Massa salarial, por porte de empresa

Massa salarial R$ 310,2 milhões

De 1 a 4 De 5 a 9 De 10 a 19 De 20 a 49 De 50 a 99 De 100 a 249 De 250 a 499 De 500 a 999 1000 ou mais

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da Rais (MTE) Analisando os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), observamos que, no biênio 2016-2017, foram gerados pouco mais de 4,6 mil postos de trabalho formais na região. Em 2018, até o mês de maio, 3.490 vagas formais de emprego foram geradas, mostrando a recuperação da atividade econômica e a retomada dos investimentos na região.

8

Gráfico 15: Movimentação do emprego na região

Admitidos Desligados Saldo

99.266

98.856

97.301

96.186

102.049

101.292

3.490

2.670

1.965

40.608 37.118

2015 2016 2017 2018*

757 757 -

Fonte: Caged | Elaboração: Estudos Econômicos – Fecomércio MG | *Dados até maio/18.

Tabela 4: Movimentação do emprego na região, por setor Setor 2015 2016 2017 2018* Indústria -627 -426 -426 -417 Construção Civil -643 -212 194 -102 Comércio -361 479 207 -279 Serviços 844 363 1.861 1.543 Administração Pública 76 -110 189 -2 Agropecuária -46 2.576 -60 2.747 Total -757 2.670 1.965 3.490 Fonte: Caged | Elaboração: Estudos Econômicos – Fecomércio MG | *Dados até maio/18.

No recorte para o setor do comércio, vemos que o mesmo é responsável por cerca de 34,6% dos estabelecimentos na região, totalizando, em 2016, 14.107 empresas registradas.

Gráfico 16: Número de estabelecimentos no comércio da região

2006 13.939 2007 14.139 2008 14.351 2009 14.684 2010 14.947 2011 15.071 2012 14.795 2013 14.937 2014 14.885 2015 14.527 2016 14.107

Fonte: Relação Anual de Informações Sociais (Rais) | Elaboração: Estudos Econômicos

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Do total de estabelecimentos no setor, 93,78% são caracterizados como microempresas, 5,78% como pequenas, 0,29% como médias e 0,15% como empresas de grande porte. Ainda segundo a Rais, o setor do comércio empregava 38.272 funcionários na região, em 2016, sendo que 85,33% desses vínculos eram atribuídos ao varejo, enquanto 14,67% encontravam- se empregados no segmento atacadista.

Tabela 5: Número de estabelecimentos e vínculos ativos por subsetor (2016) Atividade Estabelecimentos Vínculos ativos Comércio varejista 12.338 32.658

Comércio atacadista 1.769 5.614 Total 14.107 38.272 Fonte: Rais | Elaboração: Estudos Econômicos – Fecomércio MG

Gráfico 17: Vínculos ativos no comércio na região do Alto Paranaíba

2005 24.059 2006 24.994 2007 26.591 2008 28.960 2009 30.025 2010 32.452 2011 34.421 2012 36.140 2013 37.742 2014 38.841 2015 37.973 2016 38.272

Fonte: Relação Anual de Informações Sociais (Rais) | Elaboração: Estudos Econômicos

Na distribuição do emprego, 82,9% dos vínculos empregatícios estão concentrados em micros e pequenas empresas, portes que respondem por 80,1% da massa salarial.

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Gráficos 18 e 19: Emprego e massa salarial, por porte de empresa, no setor do comércio 19,9% 17,1%

Micro e pequena

Média e grande

82,9% 80,1% 38.272 empregados Massa salarial: R$ 59,9 milhões

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da Rais (MTE) A fim de mensurar a volatilidade do emprego no setor nos últimos anos, foram realizados recortes para o comércio e para os subsetores que o compõem. Os dados do Caged nos mostram que as vagas geradas em 2016 e 2017 mais que compensaram os fechamentos apresentados em 2015. Em 2018, porém, vemos uma redução no saldo de empregos, tendo o comércio fechado 279 vagas formais na região.

Gráfico 20: Movimentação do emprego no comércio da região

Admitidos Desligados Saldo

18.717

18.356 18.356

17.346 17.346

17.207 17.207

17.139

16.728

479 479

207 207

7.527 7.527 7.806

2015 2016 2017 2018*

279 279

361 361

- -

Fonte: Rais/MTE | Elaboração: Estudos Econômicos – Fecomércio MG | *Dados até maio/18.

Tabela 6: Movimentação do emprego no comércio Setor 2015 2016 2017 2018* Comércio varejista -399 235 211 -340 Comércio atacadista 38 244 -4 61 Total -361 479 207 -279 Fonte: Caged/MTE | Elaboração: Estudos Econômicos – Fecomércio MG | *Dados até maio/18.

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Perfil do comércio varejista em Minas Gerais: desafios e oportunidades

Este estudo visa captar o perfil das empresas comerciais de Minas Gerais, nos diversos enfoques estruturais: segmento de atuação, número de funcionários, investimentos em inovação, atuação no comércio exterior, dentre outros pontos explicitados no instrumento de coleta anexo. Além disso, busca-se levantar os desafios enfrentados pelo meio empresarial nas diversas regiões de planejamento do Estado, com vistas a subsidiar ações da entidade e dos sindicatos.

O estudo possui como objetivos específicos:

 Conhecer o perfil das empresas do setor do comércio no Estado;  Identificar investimentos realizados, com foco na inovação;  Identificar os desafios enfrentados pelo setor no Estado.

Eventuais dúvidas quanto aos resultados podem ser encaminhadas por meio do e-mail: [email protected].

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A) Perfil das empresas

De acordo com os resultados, a maioria das empresas do comércio varejista da região do Alto Paranaíba atuam no segmento alimentício, seguidos pelos estabelecimentos que comercializam tecidos, vestuário e calçados.

Gráfico 21: Segmento de atuação

Supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo 24,3% Tecidos, vestuário e calçados 21,0% Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos 18,0% Veículos e motocicletas, partes e peças 9,0%

Material de construção 9,0%

Outros artigos de uso pessoal e doméstico 6,0%

Móveis e eletrodomésticos 5,0% Equipamentos e materiais para escritório, informática e de comunicação 3,3% Combustíveis e lubrificantes 2,3%

Livros, jornais, revistas e papelaria 2,3%

Fonte: Fecomércio MG

Cerca de 73% das empresas atuantes no setor possuem até nove funcionários em seu quadro, o que as caracteriza como microempresas2. Além disso, 58,7% atuam entre 10 e 50 anos no mercado.

2 Classificação Sebrae, de acordo com o número de funcionários. 13

Gráfico 22: Quantidade de Gráfico 23: Tempo de atuação funcionários Até 2 anos 0,6% 1,4% 8,3% 25,1% De 2 a 5 anos 11,6% Até 9 De 5 a 10 anos 17,8% De 10 a 49 De 50 a 99 De 10 a 20 anos 32,6% Acima de 100 De 20 a 50 anos 26,1%

72,9% Acima de 50 anos 3,6%

Completando as variáveis de perfil, cerca de 75% dos estabelecimentos comerciais declararam ser optantes pelo Simples Nacional, como disposto no gráfico abaixo.

Gráfico 24: A empresa é optante pelo Simples Nacional? 12,0%

12,8%

75,3%

Sim Não Não sabe/não respondeu

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B) Caracterização do estabelecimento comercial (operação, estrutura e investimentos)

B.1) Modalidade de pagamento

Questionadas acerca da aceitação do cartão de crédito, a maioria das empresas afirmou aceitar tal modalidade de pagamento. Na opinião de empresários, o fato de não trabalhar com cartões limita o fluxo de negócios da empresa, comprometendo a imagem do estabelecimento junto aos consumidores. Isso, porém, não implica em não trabalhar com outras formas de pagamento.

Aceitam cartão de crédito: 92,8%

Não aceitam cartão de crédito: 7,3%

Nesse sentido, segundo percepção das empresas que aceitam cartão de crédito como forma de pagamento, 81,7% relataram não enfrentar problemas com a administradora da modalidade. Aquelas que enfrentam – 18,3% – apontaram para os seguintes entraves:

Gráfico 25: Problemas enfrentados com administradoras de cartão de crédito

Aluguel da máquina e taxas 31,3% Problemas na rede 20,9% Problemas técnicos/defeito na máquina 14,9% Dificuldade de negociação com as administradoras 7,5% Falta de transparência 7,5% Atraso ou falta de pagamento 6,0% Porcentagem das participações sobre as vendas 3,0% Cobrança indevida 3,0% Outros 6,0%

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B.2) Modalidade de pagamento mais utilizada no estabelecimento

Indagadas quanto à forma de pagamento mais utilizada no estabelecimento, grande parte das empresas indicou o pagamento à vista, em dinheiro, e a modalidade parcelada, no cartão de crédito.

Gráfico 26: Forma de pagamento mais utilizada

À vista, em dinheiro 41,6%

Cartão de crédito, parcelado 26,6%

Boleto/carnê 13,8%

Cartão de crédito, única parcela 13,1%

À vista, no débito 4,3%

Cheque pré-datado 0,6%

B.3) Diferenciação de preços

Outro ponto da pesquisa, no que diz respeito à modalidade de pagamento, relaciona-se à concessão de descontos ao consumidor, conforme a modalidade por esse utilizada. Com a instituição da Lei 13.455/2017, os comerciantes ficaram autorizados a oferecer preços diferenciados para pagamentos em dinheiro ou cartões de crédito ou débito. A lei permite tal diferenciação e obriga o fornecedor a informar, em local visível ao consumidor, os descontos oferecidos em função do meio e do prazo de pagamento. Caso não cumpra a determinação, o estabelecimento fica sujeito a multas previstas no Código de Defesa do Consumidor.

Na avaliação da Fecomércio MG, a diferenciação de preços aumenta a eficiência econômica e possibilita ao empresário e ao consumidor escolher a melhor forma de pagamento. Isso poderá fazer com que as credenciadoras de cartões reduzam as altas taxas cobradas pelos serviços (problema apontado pelos empresários, conforme visto no gráfico 25). Outro ponto importante, este voltado ao consumidor, é a minimização do chamado subsídio cruzado: dos clientes que não utilizam o cartão para aqueles que usam esse instrumento. Em outras palavras, o cliente que não pagava com débito ou crédito, ainda assim incorria nos custos dessas transações presentes no preço dos produtos. Agora, com a prática do desconto em dinheiro permitida, ele fará a opção pela modalidade que lhe proporcionar maior custo-benefício.

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Os resultados da região do Alto Paranaíba apontaram que cerca de 70% dos empresários praticam a diferenciação de preços em seu estabelecimento.

Praticam a diferenciação 70,3% de preços

Concedem desconto para pagamento à vista, em dinheiro 70,0%

52,3% Concedem desconto para pagamento à vista, no débito

B.4) Investimentos

No comércio varejista, estar atento às mudanças no mercado torna-se essencial, tendo em vista o ambiente altamente concorrencial e pulverizado. Para garantir competitividade, é imprescindível realizar investimentos e acompanhar as tendências. Especialmente em momentos de mudanças no comportamento de um consumidor, cada vez mais exigente quanto às escolhas.

Nesta abordagem, 91,0% das empresas do comércio varejista da região relataram realizar investimentos.

Estabelecimentos que 91,0% realizam investimentos... 9,0%

Indagados acerca de qual tipo de investimento realizam em seus estabelecimentos, os empresários elencaram os seguintes tópicos3:

3 Questão de múltipla resposta, podendo o empresário elencar mais de uma opção de área. Sendo assim, o percentual não soma 100% na apuração. 17

Gráfico 27: Áreas dos investimentos

Publicidade e propaganda 73,5% Segurança 72,8% Tecnologia da informação 69,8% Capacitação de funcionários 69,0% Logística 58,3%

O grande número de estabelecimentos comerciais do setor e a baixa diferenciação dos bens e serviços ofertados obrigam o estabelecimento a disputar a preferência do consumidor por meio de ações promocionais e da divulgação da marca, investindo em publicidade e propaganda. Nesse tocante, 73,5% dos empresários da região relataram direcionar recursos a essa área.

Quase 73% dos empresários relataram investir na segurança do seu estabelecimento. Motivo de reclamações e atenção do setor privado, a falta de segurança que hoje acomete não apenas os grandes centros urbanos tende a afetar o funcionamento do comércio de forma direta ou indireta. Uma recente pesquisa realizada pela área de Estudos Econômicos4 da Fecomércio MG, intitulada “Vitimização do Comércio”, com estrato para a capital mineira, revelou que mais da metade dos estabelecimentos teve relatos de algum tipo de violência. Em 57,8% das lojas foram constatados furtos de produtos, sendo que em 9,7% essa ação ocorre com frequência. Além disso, em 39% do varejo, o empresário já sofreu algum tipo de crime, seja assalto ou agressão. Com isso, o indicador trazido nessa pesquisa revela que essa realidade se faz presente nos demais municípios do Estado, levando o empresário a destinar recursos para a segurança do estabelecimento, em detrimento de investimentos em qualificação, mix de produtos e inovação, fatores que geram competitividade.

Gráfico 28: Formas de investimento em publicidade³

Veiculação em TV e rádio 51,70% Divulgação em redes sociais 36,73% Divulgação em encartes promocionais/panfletos 28,23% Divulgação em jornais e revistas 19,73% Propaganda pela internet 18,03% Carro de som/propaganda volante 6,46% Outdoor 3,40% Brindes 1,02% Contato por telefone 0,68% Patrocínio e/ou participação em eventos 0,68% Outros* 1,02%

*Placas; visitas médicas; faixas.

4 “Vitimização do Comércio”, junho de 2017. 18

B.5) Atuação no comércio exterior

Atualmente, para se tornar competitiva, uma empresa deve constantemente buscar a inovação de seus processos e de sua forma de atuação. Além disso, abrir as portas aos mercados globais gera competitividade e amplia o market share. Nesse sentido, buscou-se explorar na pesquisa a atuação das empresas varejistas do Alto Paranaíba no contexto do comércio exterior. Os resultados apontaram que apenas 7,5% das empresas atuam nesse nicho, sendo que 86,7% destas atuam importando bens de outros países.

Constatamos, portanto, a ausência de grande parte das empresas nas transações de bens e serviços internacionais, seja por meio de importações e/ou exportações. Com isso, cabe aqui destacar as impressões de tais empresas acerca de sua opção por não atuar no mercado externo. Para 21,31% delas, o fato da empresa ser pequena ou nova no mercado levava a não atuar no comércio exterior; 7,22% destacaram a falta de informação e orientação como motivadores para não comercializarem com agentes de outros países. Os demais fatores seguem elencados no gráfico abaixo.

Gráfico 29: Por que não atua no comércio exterior?

Não tem interesse/necessidade 34,71% Empresa pequena/nova no mercado 21,31% Segmento de atuação/produto 15,81% Falta de informação e orientação 7,22% Burocracia 6,53% Custos (taxas/impostos) 4,81% Filial/rede 3,78% Não está apta/não tem capacidade 2,75% Falta de oportunidade 2,41% Outros 0,69%

Em relação às empresas que atuam no mercado externo, foi questionado quais os principais entraves a estas no comércio internacional. Os principais fatores foram a alta carga de taxas e impostos nas operações e a elevada burocracia.

Entraves nas operações

Taxas/impostos (62%) Burocracia (38%)

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B.6) Inovação

Em um ambiente altamente competitivo como o setor do comércio, o diferencial de um estabelecimento pode garantir aos negócios sobrevivência no mercado e sucesso junto aos consumidores. As inovações são capazes de gerar vantagens competitivas em médio e longo prazo, permitindo que as empresas acessem novos mercados, aumentem suas receitas, realizem novas parcerias, adquiram novos conhecimentos e aumentem o valor de suas marcas.

A inovação tem a capacidade de agregar valor aos produtos comercializados, tornando-se um diferencial, ainda que momentaneamente no ambiente competitivo. No varejo, onde os produtos são praticamente equivalentes entre os ofertantes, aqueles que inovam em produtos, processos ou até mesmo na estrutura do negócio ficam em posição de vantagem em relação aos demais.

Sabendo disso foram abordados na pesquisa tópicos relacionados ao processo de inovação nos estabelecimentos comerciais. Para introduzir a temática aos empresários foi questionado se os mesmos acompanhavam as tendências de mercado, ao passo que 88,0% afirmaram se atentar a esse ponto. Além disso, cerca de 82% garantiram ter implementado algum processo de inovação em seu estabelecimento nos últimos 12 meses.

Acompanha as • 88,0% tendências?

Inovou? • 82,3%

Lançou algum produto novo Lançou algum processo Introduziu alguma mudança

ou com melhoria relevante? novo ou com melhoria na estrutura organizacional relevante? ou de marketing? 74,0% 45,0% 51,3%

Às empresas que afirmaram não ter implementado nenhum processo de inovação em seu estabelecimento (17,8%) foi questionado quais os motivos para tal comportamento, ao passo que as mesmas elencaram os pontos abaixo:

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Gráfico 30: Por que não inova?

É muito caro 41,1% Não tem interesse/necessidade 17,9% Empresa pequena/nova no mercado 10,7% Falta de informação 8,9% Segmento de atuação/produto 7,1% Não tem recurso/capacidade 7,1% Instabilidade econômica/crise 5,4% Dificuldade de conseguir recursos/crédito 1,8%

A ausência de informação foi um dos principais motivos apontados pelos empresários da região (8,9%). Apesar da internet constituir-se em uma fonte rica em conteúdo, o excesso de informações contidas no meio, associado à falta de preparo dos empresários em lidar com dados muitas vezes técnicos, acaba inviabilizando o seu melhor aproveitamento.

Além disso, e intimamente associado à falta de informação, os empresários apontaram para os custos do processo de inovação como sendo o principal inviabilizador de sua implementação. Contudo, existem diversas maneiras de se inovar no varejo. Como o próprio conceito diz, inovação é “explorar com sucesso novas ideias”, independentemente de onde essas serão aplicadas. Com isso, as possibilidades de inovação são vastas dentro de uma empresa do varejo. A própria forma de atendimento, direcionada a cada perfil de cliente e a implementação de novos processos no controle de estoques, são exemplos de ações inovadoras.

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C) Efeitos da crise econômica

A crise econômica observada nos últimos anos foi uma das maiores já registradas na história da economia brasileira. Nesse sentido, a pesquisa contemplou aspectos do período, intentando levantar o impacto sentido pelo comércio varejista da região.

71,0% dos estabelecimentos da região foram afetados pela crise econômica

Os principais impactos sentidos pelos empresários do setor estão elencados na tabela abaixo:

Tabela 7: Impactos da crise no estabelecimento Impacto % Queda na receita de vendas 90,49% Aumento da inadimplência 7,04% Redução do fluxo de clientes 3,87% Corte de investimentos 2,11% Cautela do consumidor 1,41% Concorrência desleal 0,70% Outros 0,70% Corte de funcionários 0,35%

Como podemos observar, o principal impacto refere-se à queda nas receitas de vendas, tópico apontado por cerca de 90,5% dos varejistas. Além disso, o aumento da inadimplência e a redução do fluxo da clientela afetaram de forma negativa as empresas da região.

Os empresários foram questionados ainda sobre qual fator possibilitou a sustentação dos resultados de seus negócios no período da crise. Esses fatores seguem explicitados abaixo:

Gráfico 31: Fatores e ações que proporcionaram sustentação da empresa³ 87,5% 78,0% 67,8% 64,5% 57,0%

Variado mix de Estrutura da loja, Capacitação Crédito facilitado ao Vendas em produtos vitrine constante de cliente comemorativas funcionários

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D) Entraves ao setor

A elevada carga tributária, a concorrência, a falta de mão de obra qualificada, o baixo poder de compra ou cautela do consumidor, a instabilidade política e econômica, entre outros motivos, foram quesitos apontados pelos empresários da Região do Alto Paranaíba como entraves para as atividades do setor varejista.

A alta carga tributária é tida como um dos principais entraves ao comércio. Os pesados custos com tributação, que correspondem a cerca de 40% do faturamento das empresas, não se limitam apenas ao tributo em si. A questão é amplificada, dadas as despesas extras decorrentes da complexidade e da burocracia para o pagamento de impostos. Além disso, levando em consideração que a maioria das empresas varejistas é de pequeno porte, o impacto no faturamento e, consequentemente na competitividade, é ainda maior.

Gráfico 32: Principais entraves ao setor

Alta carga tributária 20,8% Concorrência/economia informal 19,8% Falta de pessoal qualificado 12,0% Baixo poder de compra/ cautela do consumidor 6,5% Instabilidade econômica e política/crise 5,8% Inadimplência 4,8% Falta de crédito para giro/investimentos 3,8% Segurança/criminalidade 2,0% Preço altos do produtos 2,0% Busca por mercadorias/problemas com fornecedores 1,8% Captação e fidelização do cliente 1,8% Custos 1,5% Estrutura da cidade 1,3% Infraestrutura precária 1,0% Legislação/Burocracia 1,0% Concorrência com a internet 0,5% Falta de crédito para o consumidor 0,5% Comércio ruim/baixo fluxo de clientes 0,3% Falta de dinheiro/capital de giro 0,3% Outros 2,5%

O estudo buscou captar também, na avaliação do setor produtivo, quais ações o governo poderia dispender de forma a contribuir positivamente com as operações do dia a dia dos estabelecimentos comerciais. Corroborando o dado apresentado no último gráfico, a carga tributária foi apontada como o principal foco de ações.

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Gráfico 33: Quais ações governamentais atingiriam positivamente o seu estabelecimento?

Redução da carga tributária 71,33% Combate à informalidade 4,20% Crédito acessível para investimentos 3,50% Estabilidade política, menos corrupção 3,15% Retomada da economia 3,15% Fim da guerra fiscal entre Estados 1,75% Aumentar a fiscalização 1,40% Melhorar a segurança 1,40% Programas sociais 1,40% Investir em infraestrutura (mobilidade urbana) 1,05% Gerar emprego 1,05% Baixar taxa de juros 1,05% Melhoria nas leis/regulamentação 1,05% Oferecer cursos 0,70% Unificação de impostos 0,70% Aumentar salários 0,70% Outros 2,45%

EQUIPE TÉCNICA - ESTUDOS ECONÔMICOS Responsável: Guilherme Lucas Moreira Dias Almeida Analista de pesquisa: Elisa Castro da Mata Ferreira Assistente administrativa: Dayanne Jéssica da Silva Mendes Pesquisadores: Bruno Alisson Batista Gomes Filipe do Nascimento Souza Joyce do Nascimento Silva Sara Angela dos Santos Jovem aprendiz: Pedro Borges Teixeira

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