A Toponímia Africana Em Minas Gerais
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Emanoela Cristina Lima A TOPONÍMIA AFRICANA EM MINAS GERAIS POSLIN FALE/UFMG Belo Horizonte 2012 Emanoela Cristina Lima A TOPONÍMIA AFRICANA EM MINAS GERAIS Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Estudos Linguísticos. Área de concentração: Linguística Linha de pesquisa: Estudo da Variação e Mudança Linguística (1A) Orientadora: Profa. Dra. Maria Cândida Trindade Costa de Seabra Coorientadora: Profa. Dra. Sônia Maria de Melo Queiroz Belo Horizonte 2012 Agradecimentos A Deus, por toda força e sabedoria concedida e por ser o meu amparo diante das dificuldades. À Profa. Dra. Maria Cândida Trindade Costa de Seabra, pela dedicação durante a orientação desta pesquisa, e, muito mais, pelo grande incentivo dado às investigações toponímicas, desde os tempos da graduação, despertando em mim o interesse e gosto por essa área. Sou grata também por todo conhecimento construído, desde os tempos de iniciação científica, durante minha participação nas pesquisas do projeto ATEMIG. Agradeço, sobretudo, pela amizade, pela postura sempre carinhosa e exigente, e por todos os valiosos ensinamentos transmitidos. À Profa. Dra. Sônia Maria de Melo Queiroz, pelo exemplo de pessoa e profissionalismo, por desde a graduação me mostrar o quão importante é o estudo das contribuições dos negros africanos à nossa língua e cultura. Agradeço também pela dedicação como coorientadora, pelo constante incentivo e disposição à leitura crítica e construtiva desse trabalho. À Profa. Dra. Ana Cristina Fricke Matte e a toda equipe de tutores e monitores da disciplina Oficina de Leitura e Produção de Textos, agradeço pela troca de experiências durante o trabalho de tutoria na educação à distância. Ao projeto ATEMIG, ao qual essa pesquisa encontra-se vinculada. E às pesquisadoras e amigas desse projeto, Cassiane Freitas, Christiane Togethoff, Gláucia Franklim, Gisele Ribeiro, Mônica Carvalho, Sônia Machado e Tatiane Martins, pela convivência sempre entusiasmada e alegre, durante as tardes de coleta de dados do IBGE. À bibliotecária Zuleide Filgueiras e ao funcionário Nivaldo Pimentel, pelo acolhimento, atenção e interesse em ajudar na procura pelas cartas topográficas do IBGE, durante as pesquisas para o projeto ATEMIG. À amiga Cassiane Freitas, agradeço pela alegria e tranquilidade que sua presença transmitiu durante toda a graduação, iniciação científica e mestrado. Aos colegas da Pós-Graduação, Vander Lúcio, Ana Paula Mendes, Raquel Costa, pelas informações e materiais úteis à escrita da dissertação, e também pelo incentivo constante. Agradecer é mostrar ao outro a sua contribuição e valor em nossas realizações. Então minha gratidão estende-se também a todos aqueles que estiveram constantemente ao meu lado durantes esses dois anos. À Cristina Trindade, à Zalfa Trindade, ao Thiago Lima, ao Pedro Cotta e a todos os meus amigos, agradeço por me ajudarem das mais variadas formas, sobretudo, com carinho, orações, apoio, palavras de incentivo e coragem. Eu atravesso as coisas – e no meio da travessia não vejo! – só estava era entretido na idéia dos lugares de saída e de chegada. Assaz o senhor sabe: a gente quer passar um rio a nado, e passa; mas vai dar na outra banda é num ponto mais embaixo, bem diverso do que em primeiro se pensou [...] o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia... (ROSA, 1986, p. 26-52) Resumo Neste trabalho, buscando contribuir com as investigações linguístico-culturais referentes à formação do português do Brasil, realizamos o estudo dos nomes de lugar de provável origem africana que compõem parte da realidade toponímica do território mineiro. Como se sabe, a presença significativa do negro, iniciada nos séculos XVIII e XIX, período em que ocorreu povoamento do território mineiro, deixou marcas em diversos aspectos da cultura local e, consequentemente, no léxico toponímico de Minas Gerais. Tendo ciência desse fato e, ainda, sabendo que os topônimos testemunham parte da história da língua, já que os contatos linguísticos e culturais entre os povos costumam ser registrados e conservados por esses signos linguísticos, propusemo-nos a estudá-los, apontando suas ocorrências, descrevendo-os e investigando-os, seguindo os embasamentos teórico-metodológicos de Dauzat (1926) e Dick (1990a, 1990b e 2004). O corpus da pesquisa é proveniente do banco de dados do projeto ATEMIG (FALE/UFMG), no qual estão registrados todos os topônimos mineiros presentes em cartas topográficas do IBGE. Para análise linguística das bases léxicas, utilizamos dicionários gerais, etimológico, morfológico e vocabulários diversos que reúnem palavras de possível origem africana. A análise das bases léxicas revelou que as palavras de origem banto foram predominantes na toponímia mineira; dos 1480 africanismos que compõem nosso corpus, 898 são de origem banto. Os hibridismos também foram bastante recorrentes, principalmente os formados por banto + português. A análise das taxionomias toponímicas mostrou que, dentre os topônimos de Minas Gerais de provável origem africana, houve maior ocorrência de taxionomias de natureza antropocultural. A motivação toponímica mais recorrente nesse estado foi representada pelos nomes relativos às atividades sociais do homem, os sociotopônimos. A quantificação dos africanismos mineiros revelou uma baixa margem percentual de topônimos de base africana em todas as regiões mineiras. A região Oeste de Minas apresentou maior ocorrência e o Jequitinhonha, menor. Palavras-chave: Africanismo, Toponímia, Léxico, Minas Gerais. Abstract In this assignment, aiming to contribute to the linguistic-cultural investigations concerning to the formation of the portuguese language in Brazil, we have accomplished the study of the places names which were probably of african origin that compose part of the toponymic reality of the territory of Minas Gerais. As it is known, the significant presence of black people, initiated in the 18th and 19th centuries, period in which began the process of population of the territory of Minas Gerais, has left residues in several aspects of local culture and, consequently, in the lexicon toponymic of Minas Gerais. Being aware of this fact and also knowing that the toponyms testify the history of language, since the linguistic and cultural contacts between peoples are often recorded and kept by these linguistic signs, we proposed to study them, pointing to their occurrences, describing and investigating them, according to Dauzat (1926) and Dick (1990a, 1990b and 2004) theoretical and methodological base. The corpus of this research is originating from the database of the ATEMIG Project (FALE/ UFMG), in which are recorded all toponyms of Minas Gerais that are present in the IBGE topographic maps. For linguistic analysis of lexical databases, we used general, etymological and morphological dictionaries, and various vocabularies that bring together words of the possible african origin. The analysis of lexical databases demonstrated that the words of bantu origin were predominant in the toponymy of Minas Gerais; of 1480 africanisms that composes our corpus, 898 are of bantu origin. The hybridisms were also quite recurring, especially those ones formed by bantu + portuguese. The analysis of toponymic taxonomies showed that, among the toponyms of probable african origin of Minas Gerais, there was a greater occurrence of taxonomies of antropocultural kind. The most recurrent toponymic motivation in this state was represented by the names related to social activities of man, the sociotoponyms. The quantification of africanisms of Minas Gerais showed a low percentage margin of toponyms of african base in all regions of Minas Gerais. The Oeste de Minas presented the most frequence of african base toponyms and the Jequitinhonha Region presented the less of them. Key-words: Africanism, Toponymy, Lexicon, Minas Gerais. LISTA DE ABREVIATURAS ADJpl – adjetivo plural ADJsing – adjetivo singular ADV – advérbio Apl – artigo plural Asing – artigo singular Bd.– bundo Cg. – congo Fb. – fongbe da Daomeia Kik. – quicongo Kimb. – quibundo n/e – não encontrado NCf – nome composto feminino NCm – nome composto masculino Nf – nome feminino Nm – nome masculino Nmf – nome de dois gêneros (masculino e feminino) or. inc. – origem incerta port. – português Prep – preposição Spl – substantivo plural Ssing – substantivo singular suf. – sufixo Umb. – umbundo V – verbo Yor. – iorubá LISTA DE SIGLAS ATB – Atlas Toponímico do Brasil ATEMIG – Atlas Toponímico do Estado de Minas Gerais ATEMS – Atlas Toponímico do Estado do Mato Grosso do Sul ATESP – Atlas Toponímico do Estado de São Paulo CEDEFES – Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística LISTA DE TABELAS TABELA 1 – Campo das Vertentes: relação de topônimos por municípios ............................ 65 TABELA 2 – Central Mineira: relação de topônimos por municípios..................................... 72 TABELA 3 – Jequitinhonha: relação de topônimos por municípios ........................................ 78 TABELA 4 – Mata: relação de topônimos por municípios ...................................................... 84 TABELA 5 – Metropolitana: relação de topônimos por municípios ....................................... 92 TABELA 6 – Mucuri: relação de topônimos por município .................................................. 101 TABELA 7 – Noroeste: relação de topônimos