Sexta-feira 30 Janeiro 2009 ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DA EDIÇÃO Nº 6885 DO PÚBLICO, E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE DO PÚBLICO, EDIÇÃO Nº 6885 INTEGRANTE DA PARTE FAZ ESTE SUPLEMENTO

Em São Francisco à procura de Harvey Milk “Milk”, o fi lme de Gus Van Sant sobre o herói e mártir do movimento gay

Mónica MarquesdoismileoitoThe Week that WasVítor RuaBaader Meinhof 2 www.ipsilon.pt Editor defotografi Soares Mariana Noronha, Jorge Guimarães, Designers Directora dearte Esterson, Kuchar Swara Design Belanciano Faria, Cristina Fernandes, Vítor Coutinho, InêsNadais, Óscar Conselho editorial Henriques (adjunta) Editor Director Ficha Técnica numa exposiçãoemParis 46 a velocidade do urbanista 22 A lentidão do fotógrafi Depardon/Virilio 2009 temtudo para serdeles 14 doismileoito O tédio burguês feminino 12 Mónica Marques O retrato de umageração Baader Meinhof 4 “gay” eleito nos EUA político assumidamente acesa achama do primeiro Em SãoFrancisco continua Harvey Milk Sumário E-mail: •ÍpsilonSexta-feira 30 Janeiro 2009 Vasco Câmara, Joana Gorjão

Mark Porter, Simon [email protected] José Manuel Fernandes Ana Carvalho, Carla a Sónia Matos Isabel Miguel Madeira a e Flash um teledisco dosDeadMan’sum teledisco Podem ever ouvirumamúsica fazemos”. ser, étudooque masisto par defilmesporque tinhade Ryan “Entrei àPitchfork. num anos”,acentuou durante dois solidamente neste álbum é tudopara eles.“Trabalhámos mas sãogente eabanda adulta Gravam canção. comcrianças detrêsmais takes paracada os instrumentos enãofazer porsitodos regras, comotocar umasériede impondo-se comomais-valia,amadorismo pretendeu oseupróprio utilizar de resto nãoéinocente. Oduo A gravação com ocoro infantil, Romance. não nosentidoMy Chemical sentido NickCave dotermo, comogótica -no descrita sonoridade que vem sendo pronto euma aeditar primeiro encontro, comdisco do anosdepois dois banda. Elaaíestá, uma começar lógico personagens deterror) gosto e porhistórias (eporpartilharem o isso Pareceu-lhebizarra. por personagem demasiado pareceu-lhe uma usava saltosaltose este conheceu Zach, que,conta quando Gosling “Pitchfork”, aosite Em entrevista muita dosedeimproviso. com umcoro infantile de Rachel-,foigravado Shields namorava airmã Rachel McAdams - namorado daactriz conheceu enquanto da banda,que Gosling Shields, ooutro elemento Gravado com Zach razoavelmente bizarro. Preparem-se paraalgo próximos meses. de estreia sairános é oseunomeeálbum banda. DeadMan’s Bone de Gosling vocalista próximos temposcomo teremos que lidarnos actor,do Gosling estúdio. Ouseja,além de antigas colegas das aspisadas seguir “Ruptura”, decidiu como “HalfNelson” ou adulto emfilmes de setornaractor Britney Spearsantes Aguilera e Christina com Disney andou peloClub Ryan Gosling, que Gosling de Ryan gótica A banda Man’s Bone sua bandaDead vocalista da vai ser Ryan Gosling of British Architects (Riba), em of British Architects (Riba),em 2009, atribuída peloRoyal Institute Royal Medal forArchitecture Gold Álvaro Vieira vaireceber Siza a É jánodia26deFevereiro que sobre a a suavisão “Guardian” explica ao Siza deadmansbones. deadmansbones. myspace.com/ Bone em arquitectura Público Espaço Nancy Spungen? nãotiver morto E seSidVicious depoimentos e de uma nova depoimentos edeuma nova de182 construído apartir KilledNancy?”, “Who resultado, odocumentário versão éaverdade. oficial O propôs-se descobrirsea realizador de“Evita”) confundamos como AlanParkerO escritor (nãoo Spungen. Nancy americana, namorada pela sua e SidVicious, dos Sex Pistols, protagonizado pelobaixista Julieta” dopunk, do desfecho“Romeu e éaversãoHotel. Esta oficial doChelsea apartamento num matou Nancy A 12deOutubro de1978, Sid apeteceu escrever gostou tanto quelhe concerto, DVD viu e disco, álbum,canção, teatro, livro, exposição, seu. Quefi Este espaçovai ser lme, peçade Refere odesaparecimento do acordadocrime, efuncional. não poderiaestar, àhorado poderoso sedativo, Sid Vicious tendo tomado30dosesdeum Revela, porexemplo, que novos dadosaoprocesso. masacrescenta não ofaz, filho. KilledNancy?” “Who por elaaprovar do oinocência “Guardian” que foiinstigado em 1996, Parker ao conta quede SidVicious sesuicidou Amigo deAnneBeverley, mãe esperar, reacende adiscussão. em Londres e,como seriade estreia nodia6deFevereiro nova-iorquinos,policiais investigação dosarquivos nós depoispublicamos. [email protected]. E 500 caracteres para Envie-nos umanotaaté com oqueescrevemos? ou nãoconcordando sobre ele,concordando Estamos online. Clique em Internet www.ipsilon.pt. É o mesmo suplemento, é outro desafi o. Venha construir este site connosco.

nome da rainha de Inglaterra. Este Adriana Calcanhotto inaugura em Fevereiro uma exposição prémio de carreira existe desde na nova Loja das Quasi 1848 e já foi atribuído a alguns dos

GETTY IMAGES maiores arquitectos dos séculos XIX e XX - Frank Loyd Wright recebeu-o em 1941, Le Corbusier em 1953, Alvar Aalto em 1957, Niemeyer em 1998. Já no século XXI, o prémio distinguiu Frank Gehry (2000), Jean Nouvel (2001), Rafael Moneo (2003), Rem Koolhaas (2004) e Herzog & de Meuron (2007). A escolha de Siza, 75 anos, foi o pretexto para Jonathan Glacey do “The Guardian” ir ao Porto conversar com o primeiro arquitecto português a receber a distinção. “É uma grande honra, claro”, diz-lhe Siza. “A minha cidade, o Porto, tem muitos Siza diz a Glancey: “Há demasiados Os dez anos edifícios com influências edifícios hoje. A arquitectura britânicas.” Glacey pergunta-lhe se tornou-se um negócio. Há cada vez da Quasi e a nova loja acha estranho receber este prémio mais pessoas que vivem de dizer aos em Famalicão apesar de nunca ter construído no arquitectos o que podem e o que Reino Unido (se exceptuarmos uma não podem fazer.” E, depois deste Este ano as edições Quasi, de Vila colaboração, em 2005, com desabafo, confessa: “A minha última Nova de Famalicão, fazem 10 Eduardo Souto de Moura e Cecil experiência de verdadeiro prazer foi anos. Para celebrar o aniversário Balmond num pavilhão para a no Brasil - fui muito feliz a construir vão iniciar uma colecção onde Serpentine Gallery em Londres). o museu Iberê Camargo.” autores por eles editados Talvez seja estranho, admite Siza, apresentarão um dos livros da sua mas acrescenta: “Penso que um vida. Assim, onze dos seus autores arquitecto deve fazer o seu melhor Heath Ledger - Adriana Calcanhotto, Alberto trabalho onde a sua estrela o levar.” canta Nick Drake Gonçalves, Antonio Cicero, Glancey não tem dúvidas: “Siza é, Desidério Murcho, Eucanaã simplesmente, um dos melhores em álbum de Ferraz, Fernando Ribeiro, arquitectos do mundo”, escreve. E, homenagem Francisco José Viegas, João Pereira explica, que “desde o momento em Coutinho, Maria Filomena Mónica, que começou a construir, no início Nick Drake tinha 26 anos quando Michael Ruse e Rui Lage - irão dos anos 50, [...] procurou morreu de “overdose”, em 1974, escolher os livros da sua vida. Já Sid Vicious e enquadrar vistas, revelar paisagens, depois de ter ingerido uma dose está confirmada a publicação na Nancy Spungen cidades, e os caminhos através excessiva de anti-depressivos. colecção de “O Discurso do em Londres: a delas.” O seu objectivo foi sempre o Deixou no seu legado folk-rock Método”, de René Descartes, 12 de Outubro de “fazer de cada criação o lugar de músicas como “Pink Moon” e “Benchley Reunido”, de Robert de 1978 ela uma subtil revelação”. “Things Behind the Sun” e este ano Benchley, “A Brasileira de apareceu morta A arquitectura, explica-lhe Siza, por será homenageado com um disco Prazins”, de Camilo Castelo no Chelsea seu lado, “não deve nunca ser uma em que cantam Eddie Vedder, Dave Branco e “A Origem das Espécies”, Hotel, em Nova transformação arrogante da Grohl, Norah Jones e Jack Johnson, de Charles Darwin, explica o Iorque paisagem ou do espaço”. E entre outros. As sessões de editor Jorge Reis-Sá. acrescenta: “O meu desejo é desde gravações do álbum de tributo Será ainda editado “Um Pouco Mais dinheiro do casal, que seria overdose de heroína a 2 de há muito tempo o de que os edifícios foram gravadas para editar em DVD de Sol”, volume com mais de 150 em quantia significativa tendo Fevereiro de 1979 - nessa que construo tenham, de certa com o disco. E um desses outros é o antologiadores, todos de alguma em conta os direitos autorais noite terá discutido possíveis forma, estado sempre naquele lugar. actor Heath Ledger, que morreu no maneira ligados à editora. Cada um de “My Way”, a versão de versões para um novo álbum, Quero que sejam necessários, nunca início de 2008 também vítima de escolheu um poema. E durante este Frank Sinatra que Vicious incluindo “I Fought the Law” forçados.” overdose após ingestão de ano as edições Quasi continuarão a fármacos. Segundo o site da revista apostar na poesia com a publicação editara recentemente em e “YMCA” -, o documentário “Billboard”, a música em questão das obras “Algumas das Palavras”, single, e os concertos que este tenta aproximar-se o mais é uma “cover” de “Black Eyed de Fernando Guimarães (que reúne vinha dando em Nova Iorque - objectivamente possível do Dog”, de Drake, e foi gravada a sua poesia toda), “Cinemateca”, e lembra que a polícia que foram os últimos meses pelo australiano em 2007 de Eucanaã Ferraz. E ainda Eugénio encontrou no quarto de vida do ícone do punk para uma instalação de Andrade, Daniel Faria, António artística. A “cover” Botto e Natércia Freire com a impressões digitais de seis britânico. nunca foi continuação das suas obras pessoas, todas conhecidas de Parker, que diz ter enterrado editada e agora completas. Sid e Nancy, mas que a polícia com o filme uma relação com será incluída Haverá ainda dois livros de não interrogou nenhuma Sid Vicious que define como no álbum de crónicas: de Alberto Gonçalves e de delas. Os relatos recolhidos “obsessiva” (já lhe dedicou tributo ao João Pereira Coutinho. Vão editar cantor, lançado também “O Terceiro Chimpanzé”, chegam mesmo a apontar um três biografias), tem pela Johnson’s de Jared Diamond, “Filosofia da presumível culpado em consciência que a verdade é, Brushfire Records. Na Religião”, de William Rowe, Michael, toxicodependente neste caso, impossível de altura da promoção de “Teatro”, de Samuel Beckett, que também vivia no Chelsea descobrir: “Pretendia apenas “I’m not There”, a “Língua dos Eleitos”, ensaios Hotel e que terá visitado o limpar o seu nome. Claro que pseudo-biografia de Bob literários de Eduardo Pitta, “O Dylan filmada por Todd Livro Contra Deus”, de James casal na noite da morte de não estive lá, não posso jurar Heath Leger Haynes, Ledger, que fez Wood, e “À Superfície” de Margaret Nancy - outros intervenientes sobre a Bíblia que ele não o terá feito uma das “versões” de Bob, Atwood. dizem não ter dúvidas que foi fez, mas as pessoas envolvidas um cover dizia no Festival de Veneza No final do ano passado a editora realmente Sid o assassino, e sempre me disseram para de “Black Eyed que Dylan sim, tudo bem, de Jorge Reis-Sá abriu a Loja das um adianta mesmo a tese do continuar a investigar, e Dog”, gravado mas a figura da música que o Quasi, em Vila Nova de Famalicão. em 2007 encantava, a ponto de Um espaço de arte, literatura e suicídio. quando se investiga de facto um dia querer fazer design onde, a 7 de Fevereiro, Avançando temporalmente as peças simplesmente não um filme sobre Adriana Calcanhotto inaugura a sua até à morte de Vicious, por encaixam.” ela, era Nick primeira exposição mundial como Drake... artista plástica.

Ípsilon • Sexta-feira 30 Janeiro 2009 • 3 No bairro Capa

4 • Ípsilon • Sexta-feira 30 Janeiro 2009 Trinta anos depois da morte de Harvey Milk, o primeiro político assumidamente gay eleito nos EUA, a herança do vereador assassinado sobrevive numa São Francisco que mantém viva a chama da integração de uma comunidade. É preciso dar-lhes esperança, dizia Milk, que no fi lme de Gus Van Sant é interpretado por Sean Penn. Talvez nunca tenha sido tão verdade como hoje, quando Barack Obama chega ao poder. Jorge Mourinha, em São Francisco o do amor

Ípsilon • Sexta-feira 30 Janeiro 2009 • 5 Em boa verdade vos dizemos: a São “Obama e Milk são Francisco de Harvey Milk, o homem, e de “Milk”, o filme, já não existe. figuras políticas que Talvez nunca tenha existido, como a São Francisco do filme “Bullitt”, de representam uma Peter Yates, ou a São Francisco do Verão do Amor talvez também nunca charneira. No que tenham existido, meras generaliza- ções a partir de uma experiência par- diz respeito ao ticular de uma cidade cosmopolita movimento ‘gay’, de 800 mil habitantes no coração da Costa Oeste dos EUA com forte com- o Harvey foi quem ponente bairrista (dos enclaves asiá- ticos em Chinatown ou Japantown à abriu as portas: “little Italy” de North Beach ou ao psicadelismo da Haight). um homossexual Tom Ammiano, deputado à assem- bleia estatal da Califórnia, antigo assumido eleito para vereador da Câmara Municipal de São um cargo público Francisco, activista gay da primeira hora, diz-nos: “No final dos anos visível. Mas ele via 1950, corriam muitos rumores de que São Francisco era ‘gay-friendly’, o movimento ‘gay’ e isso era suficiente para quem era homossexual em New Jersey” - de não como algo onde Ammiano é originário - “ou no Nebraska. Mas quando aqui cheguei insular mas como fiquei decepcionado. Achei a cidade parte de uma atitude coloquial e provinciana.” Os tempos mudam, e não foi pre- mais abrangente ciso muito tempo para São Francisco se tornar na “terra prometida” da para com a justiça comunidade Gay Lésbica Bissexual e Transgender. Mas a São Francisco de e a sociedade” hoje não é a mesma. Na semana em que se celebrou o aniversário de Mar- Bevan Dufty, tin Luther King e Barack Obama foi vereador da Câmara empossado como Presidente, não reconhecemos a cidade solar e viva de São Francisco que Gus van Sant pinta em “Milk” - a sua biografia filmada do vereador Harvey Milk, primeiro homossexual assumido a ser eleito para um cargo político, “o Presidente da Câmara da Rua Castro”, responsável pela trans- como algo insular mas como parte de “É preciso dar-lhes esperança”, dizia Harvey Milk formação do bairro de Castro e, por uma atitude mais abrangente para há 30 anos. E talvez nunca tenha sido tão verdade como extensão, da cidade da Bay Area com a justiça e a sociedade. A dife- hoje, quando Barack Obama chega ao poder numa onda nessa “terra prometida”. rença fundamental é que a imagem que varreu os EUA até chegar à Casa Branca Sente-se no ar a vibração de um de Milk antes da sua eleição não é tão novo tempo que se abre, é certo, mas forte como a imagem após a sua a crise está demasiado presente nas morte, enquanto a experiência mul- lojas vazias com letreiros a dizer ticultural de Obama alimentou a via- “aluga-se” ou “vende-se”, nos sem- gem em que este país embarcou com abrigo que empurram carrinhos de ele à medida que explorávamos os supermercado cheios de trapos e nossos preconceitos, os nossos medos, sacos e roupas ou estão sentados na a nossa esperança.” rua com tabuletas improvisadas em Esperança é a palavra-chave. É essa cartão canelado a pedir trocos. esperança que “Milk” capta e reenvia Mesmo num dia luminoso e ameno através do seu retrato, sob os traços como este (atípico para o Inverno de de Sean Penn, do “homem certo no Janeiro), há algo de cinzento nesta momento certo” - palavras de Tom São Francisco que enfrenta o melhor Ammiano - ,”alguém que se pôs a que pode a recessão. Na avenida Van jeito, divulgou a mensagem, incenti- Ness, a loja da Circuit City, cadeia de vou os outros”: Harvey Milk, judeu electrónica de consumo que acaba nova-iorquino que deixou para trás, de abrir falência, tem já uma pequena aos 42 anos, um emprego convencio- multidão à porta minutos antes de nal numa companhia de seguros, se abrir para a liquidação total; à beira instalou em São Francisco, se tornou do Embarcadero, o luxuoso Hotel no primeiro homossexual assumido Vitale começou a despedir pessoal a ser eleito para um cargo político e face a 600 mil dólares de perdas pro- morreu no dia 27 de Novembro de jectadas só no primeiro trimestre de 1978 às mãos de um colega vereador, 2009. Dan White, que assassinara poucos “É preciso dar-lhes esperança”, minutos antes o presidente da dizia Harvey Milk há 30 anos. E talvez câmara, George Moscone. nunca tenha sido tão verdade como hoje, quando Barack Obama chega De gueto... ao poder numa onda que varreu os “Como nós, o Harvey era um imi- EUA até chegar à Casa Branca. grante da outra ponta do país. O Har- vey era o Castro. O Harvey era São Esperança é a palavra-chave Francisco. O Harvey era a nossa São A comparação não é inteiramente Francisco.” descabida, avança Mark Stanger, David Dehner, 53 anos, gerente de cónego episcopal anglicano na Cate- hotel, vindo do Wisconsin em 1977, dral Grace (e homossexual assumido): viveu esses tempos em que São Fran- “Não é nada rebuscado fazer essa cisco “saiu do armário” para se comparação. Estamos a falar de líde- assumir como a terra prome- res que nos encorajaram a descobrir tida de uma incipiente comu- a nossa própria voz, a nossa própria nidade. “Antes, o gueto ficava vida, a nossa própria coragem, a na Polk Street. O Castro estava nossa própria verdade.” apenas a começar, ainda era Bevan Dufty, vereador da Câmara uma área deprimida, cató- Municipal de São Francisco (e homos- lica, irlandesa, centrada sexual assumido, e pai de uma menina na igreja católica do de 4 anos): “Obama e Milk são figuras Santo Redentor. Como políticas que representam uma char- era uma área pouco neira. No que diz respeito ao movi- popular, havia casas mento gay, o Harvey foi quem abriu disponíveis para as portas: um homossexual assumido aqueles que tinham eleito para um cargo público visível. vindo morar para a Harvey Milk e o namorado, Scott Smith, com quem chegou Mas ele via o movimento gay não cidade.” a São Francisco no iníco dos anos 70 (James Franco e Sean Penn no fi lme)

6 • Ípsilon • Sexta-feira 30 Janeiro 2009 BETTMANN/ CORBIS BETTMANN/ JOHN STOREY/ SAN FRANCISCO CHRONICLE/ CORBIS FRANCISCO CHRONICLE/ SAN STOREY/ JOHN

Harvey Milk e o “Mayor” George Moscone em 1978, pouco tempo Dan White é preso, acusado do assassínio de George antes de terem sido assassinados (e os actores que os interpretam no fi lme) Moscone e HarveyMilk (Josh Brolin é White no fi lme de Gus Van Sant)

Ípsilon • Sexta-feira 30 Janeiro 2009 • 7 “O Castro” não equivale, claro, “Foram tempos a toda a Castro Street: enquanto bairro gay, é delimitado pelos cruza- excitantes: mentos entre as ruas Market, Church, 19.ª e Eureka e atravessado pela rua eu conseguia ensinar Castro propriamente dita. O bairro nasceu no final do século XIX, com a a tempo inteiro construção da linha de eléctrico que faz a ligação com a Baixa ao longo da durante o dia, rua Market. Começou por ser residên- ser politicamente cia de marinheiros escandinavos antes de se tornar num bairro irlan- activo e ir acabar dês. Tem dois centros nevrálgicos: o TERRY SHCMITT/ SAN FRANCISCO CHRONICLE/ CORBIS FRANCISCO CHRONICLE/ SAN SHCMITT/ TERRY primeiro na esquina da Castro com a a noite nas ‘boîtes’” 18.ª, espécie de “coração” onde se concentram comércio, serviços e res- Tom Ammiano, tauração; o segundo no cruzamento da Castro com a Market, à sombra da deputado à bandeira gigante do arco-íris, símbolo assembleia estatal da comunidade GLBT. Hoje, essa bandeira, ícone da che- da Califórnia gada ao “novo mundo”, esvoaça sobre a entrada para a estação de metro na Harvey Milk Plaza, celebrando o exacto ponto onde Milk lançou a sua candida- tura a vereador, cristalizando imedia- tamente a imagem que deu título à biografia escrita por Randy Shilts, “The Mayor of Castro Street” - “O Presidente da Câmara da Rua Castro”. ... a bairro Tom Ammiano conheceu Harvey Milk 1978: Harvey Milk na Gay Freedom Day Parade em São Francisco nesses tempos; fez com ele parte da jornada que viu o Castro tornar-se no “farol” da comunidade. “Conheci-o quando ele estava a falar com a polícia na esquina da Castro com a 18th. Os polícias costumavam aparecer quando lhes dava na real gana, para chatear as pessoas apenas por serem homos- sexuais. Eram duas e meia da manhã, e o Harvey estava a dizer exactamente isso ao polícia, ‘porque é que vocês / AFP MORRIS/ GETTY IMAGES PAUL DAVID estão aqui? Não estamos a violar nenhuma lei, nós vivemos aqui’. O que achei muito corajoso. Ele costumava dizer que o Castro era um bairro. ‘As pessoas dizem que é um gueto gay? Deixá-los. Isto é um bairro.’” Um bairro como a Greenwich Village nova-iorquina ou o Bairro Alto lisbo- eta: o sítio onde (pelo menos durante algum tempo) tudo acontece, onde toda a gente está. Mas muitos dizem que esse tempo já passou, que o Cas- tro já não é o que foi: que o bairro deixou de estar conotado com a comunidade, que a percentagem de residentes heterossexuais subiu à medida que a estabilidade do mercado residencial e os ciclos A anual parada LGBT económicos vieram forçar a saída de algumas lojas e bares icónicos. Bevan Dufty, que representa o bairro na Câmara Municipal, admite que “tem certamente havido desafios ao nível do pequeno comér- cio”. Mas recusa terminantemente as acusações de descaracterização, apoiado pelos últimos censos que dão 41 por cento de residentes GLBT no bairro (contra 15 por cento no total AFP GETTY IMAGES/ SULLIVAN/ JUSTIN da cidade) e pelo mercado habitacio- nal estável. “Se for a Nova Iorque, a comunidade não tem nem um quarto da visibilidade que tem aqui. Se for a ver o preço das casas no Castro ou em Noe Valley [bairro residencial adja- cente], verá que elas mantêm o seu valor, enquanto nos subúrbios as casas perderam 40 ou 50 por cento do seu valor de mercado e muitas estão à venda.” Para David Dehner, no entanto, há outros factores nessa diluição. “Há 30 FEATURES FOCUS © 2008 anos, os gays sentiam que, como a sociedade era tão vingativa, expressar a nossa sexualidade tinha de ser um imperativo. Só que depois veio a sida. E não havia médico que a curasse.” Para Tom Ammiano, “foram tempos Manifestação em favor de legalização do casamento homossexual excitantes: eu conseguia ensinar a tempo inteiro durante o dia, ser politi- camente activo e ir acabar a noite nas ‘boîtes’. E o melhor de tudo era fazer amigos que eram como nós. Isso era o mais importante. E a sida veio destruir esse sistema social. Olhamos para as nossas agendas da altura e começamos Gus Van Sant, a riscar nomes. Resistimos, sobrevi- realizador de “Milk”

8 • Ípsilon • Sexta-feira 30 Janeiro 2009 Escrevo estas linhas no dia da organizada nas ruas do Castro. tomada de posse de Obama, o Esse facto levou-o a intervir cada presidente que fi cará conhecido vez mais em questões de política pela ressuscitação da ideia de Um homem sexual, a servir de catalisador “esperança”. Essa ideia, tão cara para o crescimento exponencial ao imaginário optimista, mesmo da identidade e intervenção social utópico e, por vezes, messiânico de gays e lésbicas. Com Milk dos americanos - e que cala “normal” num cargo público inaugurou- ainda mais fundo na cultura se uma plataforma a partir da afro-americana, politicamente Foi provavelmente a normalidade que matou Harvey Milk - esse atrevimento de entrar na qual se podia falar, em plano madura no dia do discurso “I have esfera pública. Tivesse ficado no “gueto”, negociando a sua marginalidade, e talvez tivesse de igualdade, para todo o país, a Dream” de Martin Luther King, vivido para presenciar a débacle da abolição dos casamentos gay e lésbicos na Califórnia no politizando a questão gay e lésbica, em 1963. Talvez um preconceito contra o “backlash” anti-gay difuso e generalizado não nos mesmo dia em que Obama - o outro homem da Esperança - foi eleito. Miguel Vale de Almeida protagonizado pela campanha de deixe imaginar a “esperança” Anita Bryant contra a proibição como ideia anímica mobilizadora da discriminação com base na dos gays e das lésbicas. Mas foi-o, orientação sexual. Mas o segundo e há uns bons trinta anos, pela facto mais relevante terá sido, boca de Harvey Milk. O seu “Give tragicamente, a sua morte em Them Hope” foi proferido em CORBIS BETTMANN/ 1978. Milk foi assassinado (bem 1978 durante mobilizações gay e como o presidente da Câmara) lésbicas que se opunham a uma por um colega de vereação. proposta legislativa que defendia Durante o julgamento, velhos a expulsão dos professores argumentos homofóbicos foram do ensino público que fossem usados para desculpabilizar o assumidamente homossexuais ou homicida e banalizar a morte de que participassem no movimento Milk. O episódio da justifi cação do pelos direitos de gays e lésbicas. aligeiramento da pena com base na Mas de que esperança falava suposta infl uência do excesso de ele? Não da esperança enquanto junk food pelo assassino nas horas sentimento vago, relativo a algo de antecedentes ao crime lançaria a bom que está para vir. O conceito cidade numa fúria. São Francisco aparece no discurso sob a forma assistiu a manifestações e motins de apelo: “Dêem-lhes esperança”. contra a decisão do tribunal, A quem? Às personagens “investindo” Harvey Milk do paradigmáticas a quem o discurso estatuto de herói. foi endereçado: o jovem rapaz Estamos demasiado habituados ou a jovem rapariga que sofre a a representar a experiência gay homofobia da sua cidadezinha e lésbica através das fi guras da natal, algures na América profunda tragédia e da vitimização, por e que anseia por fugir para uma um lado, ou da sublimação pela cidade como São Francisco. arte ou pelo prazer, por outro. O gay ou a lésbica internado à Contra-cultura força, perseguido e brutalizado Harvey Milk não pareceria, à por bandos homofóbicos, por partida, um bom candidato a um lado; ou a fi gura de Oscar herói e mártir do movimento Wilde ou do hedonista sexual, gay e lésbico. Não vinha de uma por outro. Tem-nos faltado a dessas pequenas cidades onde política como esfera simbólica de vigoravam as leis anti-sodomia representação. Sobretudo quando ou onde o crime homofóbico tinha a política é feita, mais do que no consequências muitas vezes domínio do associativismo e do ainda mais trágicas - como no caso movimento social, no domínio da do assassinato, após tortura, do representação democrática. Ao jovem Matthew Shepard, e isto já ocupar um cargo público, enquanto em 1998. Oriundo de uma família gay assumido, e dando voz e judia da classe média baixa, na esperança aos gays e lésbicas, costa Leste, Milk pôde aceder ao Harvey Milk foi um pioneiro. Foi, ambiente alternativo e cosmopolita também, o produto de um meio, o de Nova Iorque, onde em 1969 americano, que estimula a política se deu a revolta de Stonewall, 575, Rua Castro: foi aqui que Harvey Milk abriu identitária, numa sociedade que se momento fundador do movimento a Castro Camera, a loja que se tornaria no centro organiza até territorialmente desse gay e lésbico. Mas foi mais a da sua vida e da sua campanha. Hoje, o espaço modo. E foi alguém que levou para onda contra-cultural dos anos 60, está ocupado por uma loja de decoração a política um estilo, uma retórica marcada pelo movimento hippie e uma performance com marca e anti-guerra que o seduziu para transformação urbana por via da representantes por bairros gay - Milk era aparentemente fora do seu namoro inicial com o criação de um bairro marcado pela e não pela cidade no seu todo. brincalhão, mesmo consigo conservadorismo. A contra-cultura identidade gay e lésbica - o Castro. Foi esta política da proximidade, próprio, provocador, irónico, como, aliás, também o movimento A concentração de homossexuais da comunidade, da suspeita em sarcástico - do mesmo modo que das mulheres, mostravam num bairro que se degradara relação ao governo e ao estado Martin Luther King trouxera para provavelmente mais dinâmica do desde a sua origem católica e que, por assim dizer, conduziu Mas, escrevendo em a intervenção pública as formas que o incipiente associativismo irlandesa, não foi no início um caso Milk à política sexual - graças à e os estilos afro-americanos de gay e lésbico vindo dos fi nais dos de gentrifi cação, como mais tarde grande transformação que foi o Portugal, creio que comunidade, sentimento religioso, anos 50 e inícios de 60, marcado aconteceria noutras cidades. Foi surgimento de um bairro gay e memória e resistência. por muita homofobia internalizada um autêntico caso de criação de lésbico numa grande cidade. os leitores percebem Mas Milk era um homem normal, - na Mattachine Society, por um refúgio, para os jovens e menos que tinha estudado para professor exemplo, era obrigatório envergar jovens a quem era necessário “dar Estatuto simbólico bem a importância de liceu, lutara na guerra da Coreia, fato e gravata para “não parecer esperança”. Milk estabeleceu-se O facto mais relevante foi o seu abrira o seu pequeno comércio, mal” (leia-se, para não parecer no Castro abrindo uma pequena estatuto de assumido. Muitas deste facto: afinal combatera os dejectos dos cães gay). Mas os relatos das relações loja de máquinas fotográfi cas. E é análises sobre a personagem, quantos políticos enquanto vereador... Como, afi nal, de Harvey - de namoro, vida aqui que se vê como, se não parecia feitas hoje, parecem esquecer o são praticamente todos os gays em comum, ou amizade - estão fadado para vir a ser um herói e isto - o que até será bom sinal. assumidamente gay e lésbicas - homens e mulheres recheados dos dramas próprios mártir gay, tão-pouco parecia estar Mas, escrevendo em Portugal, normais. Foi provavelmente essa da vida dos gays daquela época: destinado a ser um político e um creio que os leitores percebem ou lésbicas temos? normalidade que o matou - esse tratamentos com electrochoques activista da igualdade direitos. bem a importância deste facto: atrevimento de entrar na esfera em hospitais psiquiátricos, prisões A sua entrada para a política afi nal quantos políticos pública. Tivesse fi cado no “gueto”, arbitrárias em rusgas policiais, deu-se, segundo a narrativa da assumidamente gay negociando a sua marginalidade, despedimentos, expulsões de casa sua biografi a, no dia em que um ou lésbicas temos? O Obama, o presidente e talvez tivesse vivido para pela família, ou suicídio. Numa agente do fi sco lhe veio cobrar estatuto simbólico de que ficará conhecido presenciar a débacle da abolição das suas deambulações pelo país, dívidas do seu negócio. Quando Milk vem daí, de ter pela ressuscitação da dos casamentos gay e lésbicos nessa itinerância própria de quem concorreu pela primeira vez a um sido um político eleito, ideia de “esperança”. na Califórnia no mesmo dia em “só está bem onde não está”, Milk cargo autárquico, fê-lo com uma assumidamente AFP EMMANUEL DUNAND/ Essa ideia, tão cara ao que Obama - o outro homem da apaixonar-se-ia por São Francisco. plataforma de defesa dos direitos gay e, pela primeira imaginário optimista, Esperança - foi eleito. São Francisco, como tão bem dos pequenos comerciantes, vez, representando mesmo utópico e, por descreveu e analisou o sociólogo bem como com a reivindicação uma comunidade, vezes, messiânico dos [email protected] Manuel Castells nos anos 80, foi a da alteração da lei eleitoral no territorial e americanos primeira cidade a passar por uma sentido de permitir a eleição de simbolicamente miguelvaledealmeida.net

Ípsilon • Sexta-feira 30 Janeiro 2009 • 9 vemos, mas foi muito duro”. Mark Stanger concorda - “fomos dizi- mados pela epidemia, e muita da ener- gia que investíamos no activismo foi desviada para a vida quotidiana” -, mas sente que essa “diluição” é também um facto natural da evolução da comuni- dade e da sua progressiva integração na sociedade municipal. “O que nos distinguia enquanto comunidade era a expressão da nossa sexualidade. E agora estamos dispostos a aceitar que, apesar de a expressão da sexualidade nos distinguir efectivamente, somos uma comunidade bastante diversa e alguns de nós querem ter uma vida muito semelhante à dos nos- sos pais: casamento, um lar, filhos, estabilidade.” Integração Um desejo de normalidade, em Foi aqui que Harvey Milk lançou a sua candidatura suma, central a tudo o que Milk fez ao a vereador da Câmara: na esquina das ruas Market e Castro, longo da sua curta carreira (apenas à entrada da mais famosa rua “gay” do mundo 11 meses) de vereador: integração, reconhecimento, validação, que o “O que nos distinguia levou a investir-se, em 1977, na luta contra a Proposição 6, que procurou enquanto barrar a população homossexual do ensino público. David Dehner lembra- comunidade era se que essa ameaça à comunidade veio trazer “uma urgência, a necessidade a expressão da nossa de nos unirmos como uma comuni- sexualidade. E agora dade, de marcar a diferença”. A pro- posta foi derrotada (58 por cento con- estamos dispostos tra 41,6) em eleições estatais, em grande parte devido à frontalidade a aceitar que, apesar instigada por Milk, que recusou “mas- carar” a questão central e preferiu de a expressão assumir frontalmente a discriminação anti-homossexual da iniciativa. da sexualidade Uma derrota que apenas tornou nos distinguir mais tristemente irónica a recente vitória nas eleições estatais califor- efectivamente, somos nianas (52 por cento contra 48) da Proposição 8, que vem inviabilizar o uma comunidade casamento entre homossexuais na Califórnia. bastante diversa Tom Ammiano diz, com ironia: “Agrada-me a evolução de ‘OK, podes e alguns de nós ser gay mas não podes ensinar’ a ‘OK, querem ter uma vida podes ser gay mas não te podes casar’.” Mas a questão é diferente, não ameaça muito semelhante a própria aceitação social da comuni- dade: Mark Stanger aponta que “nem à dos nossos pais: todos os homossexuais acham que o casamento é algo pelo qual queiram casamento, um lar, lutar, nem todos olham para ele como um direito básico ou algo em que se filhos, estabilidade” queiram empenhar. Terá havido um Mark Stanger, cónego certo ‘encostar à bananeira’ [da comu- nidade] na medida em que as pessoas episcopal anglicano acreditaram que não havia risco de a Proposição 8 passar. Mas creio que é um revés temporário, foi o último estertor de uma velha visão do mundo muito vocal, muito forte, muito rece- fosse vivo”. Mark Stanger: “Não sei se, osa. A cultura está a mudar.” se Milk tivesse vivido ou se alguém de A passagem da 8 veio reactivar a igual estatura tivesse surgido logo a dimensão activista da comunidade seguir, as coisas teriam sido diferen- como há muito não se via, com um tes; tem tudo a ver com o contexto. A nível de empenho que muitos deseja- atmosfera poderia não ter sido tão O longo quarteirão da rua Castro entre as esquinas com a Market riam ter existido durante a campanha. propícia.” Mas Dufty é peremptório: e a 18 é dominado pela silhueta do cinema Castro (www.thecas Para Ammiano, “a beleza da derrota “Nunca haverá outro Harvey. Haverá trotheatre.com), que mantém intacta a traça e a lotação original está em que os protestos que se mon- outras pessoas que farão coisas espan- e alterna ciclos temáticos com estreias comerciais taram foram todos orgânicos, feitos tosas e quebrarão os “telhados de por gente jovem sem nenhuma filiação vidro” de outras maneiras. Não acre- política”; Bevan Dufty diz que “se as dito que se possa recriar alguém; pessoas tivessem sido expostas a este todos somos um produto do nosso

nível de protesto e raiva públicas, as tempo, da nossa experiência, dos REUTERS JACKSON/ LUCAS coisas teriam sido diferentes”, subli- desafios específicos dessa altura.” nhando o “timing” “inacreditável: um E os desafios da São Francisco filme que se tentou montar durante de hoje? A palavra a Mark Stanger: 25 anos ficar pronto à beira da passa- “Mesmo que simbolicamente, gem da Proposição 8, sublinhando os São Francisco ainda tem esse paralelos com a 6...”. A proposta teria papel de farol, a comunidade sido derrotada se o filme tivesse sido gay ainda tem um papel impor- estreado antes das eleições? “Não sei. tante. A percepção da “meca” é Eu gostava que o filme tivesse sido importante para alguns, que talvez estreado antes.” consigam encontrar aqui a coragem de serem eles próprios que não con- Liderança seguiram encontrar noutros sítios. A derrota da 8 pode ser um daqueles Aqui ainda há uma hipótese de expe- casos em que fez falta uma liderança rimentar, de correr riscos, de encon- como a de Harvey Milk - Bevan Dufty trar, já não um gueto, mas uma rede pergunta-se “como teriam sido as coi- de possibilidades.” sas se o Harvey ainda fosse vereador, ou mesmo presidente da câmara, Ver crítica de filmes págs. 39 e segs. quando a epidemia da sida aterrou. Quando olho para trás, acho que tudo O Ípsilon viajou com o apoio da Cas- teria sido muito diferente se o Harvey tello Lopes Multimedia

10 • Ípsilon • Sexta-feira 30 Janeiro 2009 AMESTERDÃO “BRÍGIDA MENDES “CLÁUDIA CRISTÓVÃO “JÚLIA VENTURA “MARIA BEATRIZ “SOFIA MOURATO

BARCELONA “JORGE LEAL “UIU

BERLIM “ADRIANA MOLDER “FILIPA CÉSAR “GABRIELA ALBERGARIA “JOÃO RICARDO OLIVEIRA “JORGE QUEIROZ “NOÉ SENDAS “NUNO CERA “RUI CALÇADA BASTOS Hollywood BUENOS AIRES “ISABEL GRÜNEISEN COLÓNIA “ANA LUÍSA RIBEIRO “SUZANNE THEMLITZ

DIJON “GERALD PETIT e o “mayor” da rua Castro GRENOBLE “AURORE DE SOUSA LONDRES “BRUNO PACHECO “CARLOS NORONHA FEIO “CATARINA DIAS “EDGAR MARTINS 16 anos passaram entre um projecto chamado “The Mayor of Castro Street” e “Milk”. “JOÃO PENALVA “PAULA REGO “RUI ANTUNES É a história da relação de Hollywood com a temática “gay”. Joana Amaral Cardoso LUXEMBURGO “MARCO GODINHO MADRID “CARLOS BUNGA

MILÃO “JOSÉ BARRIAS

MONTREAL “MIGUEL REBELO

MÜHLHAUSEN “ROSÁRIO REBELLO DE ANDRADE

NEWARK “MICHAEL DE BRITO

NEUCHÂTEL “FRANCISCO DA MATA

NOVA IORQUE “ALEXANDRA DO CARMO “ANA CARDOSO “BELA SILVA Ninguém se zangou, mas há um 1993 e “O Segredo de Brokeback Impasse. Stone abandonou “CARLOS ROQUE “CATARINA LEITÃO “GABRIEL ABRANTES “ISABEL PAVÃO “JOÃO SIMÕES “JOSÉ CARLOS TEIXEIRA “MARGARIDA CORREIA “NUNO DE CAMPOS “RICARDO VALENTIM “RITA BARROS “RITA SOBRAL amargo em duas bocas nestes Mountain” (2005) ainda tinha o processo. Bryan Singer foi CAMPOS “SUSANA GAUDÊNCIO meses de estreia e prémios de esperar mais de uma década sondado e até falou com Kevin PARIS “ALVESS “AMADEO “ANA LÉON “DACOSTA “DIOGO PIMENTÃO “JOSÉ DAVID “JÚLIO para “Milk”, de Gus Van Sant. para encontrar a unanimidade. Spacey, pensando em Brad Pitt POMAR “MANUELA MARQUES “MARIA LOURA ESTÊVÃO “RUI PATACHO “VIEIRA DA SILVA RIO DE JANEIRO “ARTUR BARRIO “ASCÂNIO MMM “HUGO HOUAYECK Robin Williams e Oliver Stone Entrou em cena Robin Williams, para Dan White, o conservador “RAFAEL BORDALO PINHEIRO andaram a espreitar a rodagem, residente em São Francisco. que viria a matar Milk. Nesta SÃO FRANCISCO “RIGO mas sem amargos de boca. Identifi cava-se com Milk, o altura o projecto já tinha SÃO PAULO “FERNANDO LEMOS Queriam ver como estava a político de Nova Iorque que passado pelas mãos de mais ZURIQUE “JORGE CAMPOS resultar um projecto que é encontrou em Frisco um espaço dois argumentistas. Spacey saiu parente distante de uma ideia de amor e assunção. E a visão de de cena. da qual chegaram a fazer parte. Milk como uma fi gura com um Entretanto, passou-se a década EXPOSIÇÃO Os descontentes, esses são Craig registo burlesco adequava-se à de 1990 e com ela os medos do Zadan e Neil Meron. Produtores “persona” de Williams. papão gay. “Brokeback Mountain” ARTISTAS LÁ FORA (“Chicago”, “Hairspray”), Mas com a estreia de “JFK” fez dos seus protagonistas heróis PORTUGUESES homossexuais, andaram 16 anos Stone recebia uma chicotada anti-discriminação. Há três anos, a tentar fazer um fi lme sobre da comunidade homossexual o actor Steve Carell mostrou-se Milk. Em apenas dois anos, Gus pelo retrato, no fi lme, de alguns interessado em Milk. Parecia que Van Sant, que chegou a estar conspiradores associados à era a altura para o fi lme acontecer, ligado ao projecto anteriormente cena gay. Stone abdicou do trono mas não. O enésimo argumentista conhecido como “The Mayor of de realizador e trocou-o pelo da associado ao projecto, Castro Street”, fez o fi lme que produção, chamando Gus Van Christopher McQuarrie, fi cou ENTRADA LIVRE Zadan e Meron tentaram. Sant. ocupado com “Valquíria” e nesse Zadan e Meron chegaram a Este encontrou um obstáculo impasse tudo se desmoronaria. FREE ENTRANCE falar com Daniel Day-Lewis, - o argumento. David Franzoni, Craig Zadan e Neil Meron tinham James Woods, Richard Gere para que viria a escrever “Gladiador” sido confrontados com obstáculos serem aquilo que agora é Sean para Ridley Scott e que já sucessivos, ao longo de mais de Penn. Tinham lido a biografi a tinha no currículo “Jumpin’ uma década, e o fi lme parecia de Milk, “The Mayor of Castro Jack Flash” (1986), tinha sido a estar sempre à espreita, mas em Street”, escrita por Randy primeira escolha de Stone, mas suspenso. Shilts, e achavam que tinham de foram requisitados os serviços Mas Gus Van Sant nunca se contar a história. Começaram o de Becky Johnston. Já corria tinha esquecido dele e Dustin processo em 1991, e o primeiro o ano de 1993 e Van Sant não Lance Black (da série Big Love) a ser provocado para participar gostou dos escritos de Jonhston. escreveu um argumento que lhe foi Oliver Stone. O estúdio O realizador conta que, depois agradou. E falou com Sean Penn, seria a Warner Brothers, e a na de recusar fi lmar aquele que gostou da ideia. Tinham um época não tão “gay-themed” argumento, foi “dispensado” (15 fi lme. Tinham “Milk”. Hollywood preparava-se para anos depois faria o fi lme, já outro “Quando se tornou claro que fazer passar “The Mayor of fi lme, este que agora se estreia). o outro fi lme ia sair primeiro, Castro Street” pelo processo de Chegava a vez do realizador sentimo-nos como se Harvey Milk “desenvolvimento”. Rob Cohen, na época conhecido tivesse morrido outra vez. Depois Stone estava entusiasmado. pelo trabalho em séries de d e termos passado 16 anos O projecto era visto como televisão e por um “biopic” a viver com esta arriscado porque Hollywood sobre Bruce Lee, “Dragon”. história, foi marginalizava a comunidade A história de montanha- como estar gay e a época era a da sida e russa de “The Mayor of de luto”, das mortes por ela causadas. Castro Street” “espelha disse “Filadélfi a” só se estrearia em [a] sensibilização das Zadan ao consciências por que “Was- Oliver Stone e Robin Hollywood passou nos hington Williams estiveram últimos 15 ou 20 anos”, Post”. ligados a um projecto rememorou Cohen sobre Harvey Milk ao “Washington Post”. Na época, não conseguiu encontrar um protagonista. Toda a gente disse “não”. Durante anos

não se K. HO LAWRENCE conseguia encontrar um protagonista.

Toda a gente REUTERS SANCHEZ/ PABLO dizia“não”

Craig Zadan e Neil Meron, os produtores que fi caram sem o “seu” Harvey Milk

Ípsilon • Sexta-feira 30 Janeiro 2009 • 11 A minha geração Uli Edel fez o retrato do grupo de guerrilha urbana que nos anos 60 e 70 aterrorizou a Alemanha ocidental. Mas “O Complexo Baader Meinhof” é também um retrato da geração a que pertence o cineasta. Desde a semana passada que é candidato ao Óscar de melhor fi lme estrangeiro. Joana Gorjão Henriques, em Londres

Uli Edel, realizador de “O Complexo apelidos de Andreas e Ulrike]. Temos “Konkret” e fazia os seus primeiros Em baixo, Uli Baader Meinhof”, é muito claro: fez que perceber porque é que foi tão difí- “Ficámos com protestos (contra a visita do Xá da Edel, o este filme para que os seus filhos, que cil os alemães lidarem com o passado Pérsia a Berlim em 1967, onde um realizador têm à volta de 20 anos e vivem nos fascista”, diz ao Ípsilon, num encontro vergonha dos nossos estudante foi morto pela polícia; con- que quis fazer EUA, pudessem “compreender o que com a imprensa internacional em Lon- pais, aquilo não tra o Vietname...). Uli Edel lia “reli- o filme para tinha acontecido”. No fundo, é um pai dres, onde estiveram também os acto- giosamente” o que ela escrevia numa contar aos a contar uma parte da sua história, a res Martina Gedeck (Ulrike) e Moritz podia voltar a altura em que ainda não tinha perce- filhos o que se história de quando tinha a idade deles. Bleibtreu (Andreas). bido que a violência não era apenas passou na Princípio número um: este não é um Geração é, aliás, uma palavra sem- acontecer. E daí veio teoria. Só mais tarde, quando os Baa- Alemanha filme para a geração de Uli porque “há pre presente, até porque os fundado- der-Meinhof “foram para a rua matar quando tinha imensos pontos de vista e não chegaria res dos Baader-Meinhof, Uli Edel e o muita raiva e daí sem misericórdia”, é que percebeu a idade deles a nenhum satisfatório para toda a produtor e argumentista Bernd Eichin- que eles “falavam a sério”. gente”. O que se torna, aliás, óbvio ger pertenciam todos à mesma. Foram vieram as RAF” Com argumento a partir do livro Cinema depois de ver “O Complexo Baader as suas paixões e “sonhos” que o rea- de Stefan Aust (até há pouco editor Meinhof” - quem conhece a história lizador quis pôr em cinema - porque da revista “Der Spiegel”), conside- das brigadas terroristas que nos anos antes da escalada de violência os Baa- rada por alguns a obra mais 60 e 70 aterrorizaram a Alemanha oci- der-Meinhof mobilizaram jovens atra- completa sobre o grupo dental, talvez não se surpreenda. vés das palavras, através da ideia de que foi responsável por É, portanto, um filme com marcas resistência ao “imperialismo norte- mais de 40 mortes, “O afectivas mas também geracionais. O americano” com quem o Estado ale- Complexo Baader realizador (nascido em 1947) fala mão pactuava, acusavam. Meinhof” começa em ainda com os pais que viveram o É também por isso que no início 1967 e pára no nazismo e contra quem estes “filhos do filme - candidato ao Óscar de momento em que a radicais” lutaram, a quem esta Alema- melhor filme estrangeiro - acompa- chamada segunda nha perguntou o que aconteceu mas nhamos a formação de um grupo, não teve resposta. “Ficámos com ver- que começou com o par Andreas Mei- gonha dos nossos pais, aquilo não nhof e Gudrun Ensslin, mas acompa- podia voltar a acontecer. E daí veio nhamos sobretudo o ar de um tempo, muita raiva e daí vieram as RAF [Fac- o Maio de 1968. ção do Exército Vermelho, outro nome Ulrike Meinhof (Martina Gedeck) para os Baader-Meinhof resultante dos era ainda jornalista na revista

12 • Ípsilon • Sexta-feira 30 Janeiro 2009 geração das RAF toma o poder, depois de Ulrike (em 1976), Andreas e Gudrun (em 1977) se terem suici- dado na prisão. Torna-se óbvio para o espectador que o realizador tem menos simpatia pela segunda geração das RAF - a mais violenta e responsá- vel pelo “Outono Alemão” de 1977, em que assassinaram o industrial Hanns-Martin Schleyer e desviaram um avião da Lufthansa com a ajuda de um grupo palestiniano.

É justo dizer que fica do lado da primeira geração dos Baader- Meinhof? Sim, é. A história de Ulrike é uma tra- gédia. Ela estava num conflito horrí- vel, fez coisas horríveis e lixou tudo, mas identifico-me com ela. Lembra-se como jovem estudante de ter ficado fascinado com os “Eram uma espécie um filme em que se percebesse que Baader-Meinhof? sim, que podemos mudar as coisas. Sim, fiquei fascinado por eles em de estrelas rock. Só que neste caso é errado, torna-se 1968 quando [Andreas Baader, uma tragédia - o filme torna-se uma Gudrun Ensslin e outros] incendia- Gudrun tinha até tragédia na segunda parte. ram os armazéns em Frankfurt. Foi Tudo no primeiro diálogo entre um “statement” político. De Gudrun entrado num filme. E Gudrun e Ulrike é bom. Quando e Andreas, em 1969, não sabíamos Ulrike diz: “Não aceito que nada pode muito. Ulrike Meinhof era famosa, sabia como vestir-se, ser feito. Não somos como os nossos inteligente, mais velha dez anos do mesmo durante o pais que não ofereceram resistência, que eu. Ulrike era também um pouco não foram dizer o que pensavam. velha para aquela geração: Andreas julgamento, em Temos que fazer qualquer coisa, não tinha 24, ela já tinha 33, o tempo de o fazer é um crime.” São grandes fra- estudante já tinha passado, estava no Frankfurt. Eles eram ses e acho que os meus filhos podem meio da carreira profissional. aprender coisas daí. um’happening’ Viu outros filmes sobre [Numa ronda de entrevistas com jorna- os Baader-Meinhof, como listas de vários países, Martina Gedeck, político, provocativo, “Alemanha no Outono” [um filme a actriz que interpreta Ulrike, descreve- encenado, com em episódios, em que uma série a como alguém que se “atrevia a dizer de cineastas, como Fassbinder, o que mais ninguém dizia”. “Tinha uma comportamentos Alexander Kluge, Edgar Reitz forma muito directa de criticar o ou Volker Schlöndorff, tiram o Governo. Era uma personagem intri- subversivos para a retrato à Alemanha do seu tempo gante, as pessoas adoravam-na”.] Em cima, Andreas na prisão, ao Veio dessa tradição mas no seu pen- - estávamos em 1978]? lado, Ulrike , a jornalista, e em samento tinham algumas ideias pare- sociedade burguesa. É muito datado... A única parte boa é Em 1971, 20 por cento dos baixo Gudrun durante um cidas com o que a Al Qaeda é hoje - de Fassbinder, em que ele está no seu jovens com menos de 30 anos treino na Jordânia. Elas são a isto em relação às acções, porque as Gradualmente isso apartamento, a beber, a falar com a expressaram a sua simpatia para força intelectual dos Baader- ideias eram diferentes. mudou, por isso mãe dele, está completamente a reve- com os Baader-Meinhof, segundo Meinhof Qual era a verdadeira filosofia lar-se ao público - e vê-se o conflito o Institut Allensbach. Além da deste grupo, que se costuma tentei que o público entre duas gerações. Há alguns filmes sua simpatia para com Ulrike, definir em duas linhas? sobre os Baader-Meinhof, mas nunca fazia parte deste grupo? A verdade é que eles não tinham uma ficasse tão confuso tentam mostrar a ligação dos aconte- Absolutamente. Mesmo com os assal- filosofia. Havia esta ideia de que o capi- cimentos nesses dez anos. tos, despertavam simpatia... Era o talismo iria levar ao fascismo. Tivemos quanto eu em 1972” Têm aparecido uma série de filmes capitalismo. Foi por isso que tentei o Holocausto mas nessa altura o Viet- que olham para o passado alemão, realizar o filme de modo a passar essa name era visto como um Holocausto, como o seu, “A Queda” e “A Vida ideia. Havia um lado divertido. mulheres é que eram os cérebros. achávamos que eles [os americanos] dos Outros”. Ajudam a redefinir a Inclusivamente há quem lhes Andreas Baader nunca quis discutir não iriam parar até que toda a popula- história alemã? chame o primeiro grupo “radical coisas, sempre as quis fazer. ção estivesse morta. Era um objectivo Na Alemanha há uma necessidade de chique”. lutar contra uma guerra. Mas assim que saber. Esta parte da História nem Sim, eram uma espécie de estrelas [Moritz Bleibtreu, que interpreta começaram estes atentados os alemães sequer estava no currículo das esco- rock. Gudrun tinha até entrado num Andreas, fala dele como um mito, ficaram contra. Depois voltou a mudar las na Alemanha. Como é que é pos- filme. E sabia como vestir-se, mesmo alguém que ninguém conhecia bem e um pouco quando Holger Meins [mem- sível que os estudantes não saibam durante o julgamento, em Frankfurt. conta que nem sequer existem registos bro das RAF] morreu depois da greve nada sobre estes dez anos? Este filme Eles eram um “happening” político, de som ou de vídeo dele (à excepção de fome - isso foi uma coisa que me abriu alguma discussão e gerou inte- provocativo, encenado, com compor- das gravações áudio do julgamento). tocou imenso. Quis mostrar também resse. Os meus filhos estavam perple- tamentos subversivos para a sociedade Perguntamos-lhe o que achava do facto ao público a simpatia que ele gerou. xos, como é que isto aconteceu? Sim, burguesa. Gradualmente isso mudou, de Andreas ser visto mais como figura acho que ajuda. por isso tentei que o público ficasse violenta e menos intelectual. Responde [Sobre a questão ideológica, Martina Como é que os alemães lidam tão confuso quanto eu em 1972. que Baader sempre assumiu que não Gedeck considera que, como comu- com este momento particular? era político: não escreveu manifestos, nista, Ulrike acreditava na justiça e Há muitas coisas que são postas em [Martina Gedeck confessa que entende não fez grandes discursos. “Era muito acreditava que o grupo iria fazer uma cima da mesa mas há muita coisa que “as origens deste tipo de violência”. narcísico, adorava que olhassem para revolução. Mas nota que os Baader-Mei- se põe debaixo do tapete. A Alema- Lembra que naquele tempo a Alema- ele. Também acho que muita da sua nhof não tinham planos claros, até por- nha não tem muita tradição de falar, nha ainda era uma democracia rígida agressividade era por se irritar muito que nunca os escreveram. “Se aquilo os meus pais nunca falaram da II e conservadora, que o nazismo ainda com esta coisa teórica. Estava na moda tivesse funcionado, não sei o que teria Guerra. estava muito presente na cabeça das ser muito intelectual e ele não era acontecido. O grupo era muito dividido, O facto de simpatizar com a pessoas, sobretudo de quem o viveu. assim. Acho que pensava: ‘Toda a gente caótico. Eram claros quanto à teoria, Ulrike... Foi por isso que a geração dos Baader- fala de muita coisa, mas ninguém faz não quanto à prática. Queriam fazer ...por momentos. Meinhof “teve que explodir para os nada, portanto vamos fazer.’”] qualquer coisa muito forte, queriam Mas admitiu que ficava com ela. impressionar”. “Os Baader-Meinhof ser melhores que os pais.”] Sim, que a tentava compreender. perguntavam: por que é o Estado se Porque é que acha que havia essa ... não teme que possa ser visto permite ser violento?” E a essa violên- predominância de mulheres? Disse que queria fazer este filme como justificação do terrorismo? cia responderam com violência.”] É difícil dizer. Acho que isso terá tam- para os seus filhos, não para a sua Bruno Ganz disse-o muito clara- bém muito a ver com Andreas Baader. geração que tem opiniões muito mente. Não se trata de o justificar. No filme passa a imagem de que as Ele tinha um certo magnetismo. Por- diferentes e controversas sobre Para lutar contra o terrorismo tem mulheres são a força intelectual que estavam lá tantas mulheres? Não os Baader-Meinhof. O seu filme que se perceber o que o motiva. E dos Baader-Meinhof, quer na sei. Talvez as mulheres fossem capazes tem tese? tem que se mudar a situação política, primeira geração, com Ulrike de ir em frente, como Ulrike. Ela era Isso é qualquer coisa que esperava: porque de outra forma o terrorismo e Gudrun, quer na segunda, muito inteligente. Sabia para onde ia? que o filme tocasse os meus filhos que continua. O terrorismo existe porque com Brigitte Mohnhaupt. Quis Sim, sabia. Suicidou-se por causa das são completamente apolíticos. Há existem determinadas condições sublinhar o papel delas? suas ideias ou porque queria acabar muitas coisas que a Ulrike diz no prin- políticas. O que tento mostrar é o que Não quis sublinhar, quis contar a ver- com aquela vida? Há muitas razões. cípio que ainda continuam a ser ver- os motivou, quais foram as razões dade. Sessenta por cento dos Baader- Considera-os uma guerrilha dade, quando fala sobre o que é a deles. Não se trata mesmo de simpa- Meinhof eram mulheres - havia, nas urbana ou terroristas? resistência, o que é protesto, sobre a tizar com o terrorismo. duas gerações, mais mulheres do que Eles consideravam-se uma guerrilha ideia de que nada tem que ser como homens. Falei com ex-soldados terro- urbana, o seu pensamento veio das é, de que tudo muda, de tudo o que O Ípsilon viajou a convite da Luso- ristas e eles disseram-me repetida- ideias sul-americanas, de Che Gue- é criado pelo homem pode ser mundo mente que o verdadeiro nome devia vara. E também o nome terrorista mudado pelo homem. Os meus filhos ser Meinhof-Ensslin-Mohnhaupt. Essas não tinha o significado que tem hoje. apanharam essa ideia. Queria fazer Ver crítica de cinema pág. 39 e segs.

Ípsilon • Sexta-feira 30 Janeiro 2009 • 13 De quando em quando Mónica Mar- pequenos retalhos da vida adoles- mos exóticos anda aos trambolhões romance sobre o romance amoroso ques pára a meio de uma frase e diz: cente, os primeiros encontros sexu- com a nossa língua burocrática e é que viveu (uma parte do livro, note- “Não sou muito boa nisto.” Depois ais, muitas dúvidas e sentimentos de atravessada constantemente pelo se, são as angústias de Marta para acrescenta: “Acho que sou melhor a culpa. recurso a expressões idiomáticas escrever). escrever.” É natural que ela não se Durante uns anos, Mónica foi jor- inglesas. Ela escreve, imaginamos, “É o sonho de uma mulher bur- sinta muito boa “nisto” de se expli- nalista no “Sete” e escreveu sobre como se fala hoje no Brasil, ou como guesa”, diz, não sem ironia. “É [um car: acabou de lançar “Transa Atlân- culinária no “Diário de Notícias” - uma portuguesa radicada há muito livro] sobre o que acontece quando tica” (Quetzal), o seu primeiro “foram anos óptimos”, diz - e depois no Brasil falaria. se chega a uma certa altura da vida. romance, e “isto” de dar entrevistas emigrou para o Brasil onde casou e E nesse sentido é autobiográfico, por- não costuma ser o seu dia-a-dia. foi mãe de dois filhos. Quando lhe O sonho de uma que chega um momento em que pen- Mónica é uma mulher bonita, de perguntamos qual a sua profissão mulher burguesa sas: ‘Que raio de merda é esta que 38 anos e sorriso largo. Sejamos actual, a resposta vem entre risos: Retratar Mónica, como fizemos estou a viver?’” honestos: só o sabemos pela badana “Não estou a trabalhar em nada.” Há acima, em termos de classes sociais A questão da autobiografia tem do livro ou pelas fotografias de pro- uma ligeira pausa, dificuldades com não é de todo despropositado. estado levemente em cima da mesa moção, porque a conversa que man- a ligação intercontinental, depois “Transa Atlântica” é um romance nos blogues e jornais. Antes de mais tivemos com ela foi por telefone - ela ouvimo-la acrescentar meio em tom sobre o tédio burguês feminino, uma porque a linguagem sexual - quando vive no Rio de Janeiro há muitos de justificação: “Eu acho que sou espécie de derivação tropical do surge - é relativamente explícita. A anos. uma burguesinha. Mas eu não vejo famoso tema balzaquiano: uma título de exemplo, quando o marido Cresceu em Portugal, era “uma mal nenhum nisso.” mulher, casada e que vive às custas de Marta toma Neuzinha, uma mula- rapariga de classe média típica” que, Não há muito sotaque brasileiro na do marido, vai caindo numa lenta tinha com que se envolve, esta diz- tal como Marta, a personagem do seu voz de Mónica Marques, ao contrário espiral de (interpretação nossa) tédio lhe: “Na xota não, eu quero casar romance, estudou na Escola Secun- do que acontece no livro, em que o ou solidão, envolve-se com um virgem.” E, na página 84, a protago- dária de Benfica. Ela acrescenta que português do Brasil contamina o por- homem que vive no outro lado do nista confessa: “(...) Nunca tinha o seu liceu “era mesmo como estava tuguês de Portugal - e essa estranha Atlântico (isto é, em Lisboa) e para batido uma siririca. Trinta anos e

no livro”, e o que está nessa parte são língua mulata cheia de virotes e ter- sair desse vórtice escreve um sabia lá o que era bater uma siririca.” Livros Neurose tropical “Transa Atlântica” não é apenas o retrato de uma portuguesa que vive no Brasil, casada e com demasiadas horas livres, que arranja um amante português e descarrila sob o peso da culpa. É também uma dissecação da distância entre duas culturas. João Bonifácio

14 • Ípsilon • Sexta-feira 30 Janeiro 2009 (Só por isto o Brasil seria um país extraordinário: “siririca” é o termo específico para o acto de masturba- ção feminina e quantos países têm um termo específico para masturba- ção feminina?) Mais que explicitamente sexual, o que temos é uma escrita sobre a inti- midade com um descaramento que é raro na literatura portuguesa. O que, visto “Transa Atlântica” ser escrito na primeira pessoa, tem levado a algumas confusões: “É curioso perguntarem-me: ‘O que é que os teus pais pensaram do livro?’” Isto, diz Mónica, é demonstrativo do que é ser portuguesa, dessa peque- “É o sonho de uma nez. “Acho que antigamente as pes- soas que escreviam não eram vistas mulher burguesa”, como pessoas normais. Virem per- guntar-me como é que os meus pais diz, não sem ironia. reagiram ao livro só acontece porque sou portuguesa e mulher. Partem do “É [um livro] sobre o princípio que o livro é autobiográfico que acontece quando e que uma portuguesa normal não pode viver aquilo.” se chega a uma certa Há, contudo, semelhanças entre Mónica e Marta: “O livro tem muito altura da vida. E daquilo que eu sou, dos meus confli- tos, dos meus desejos, dos meus nesse sentido é medos. Mas, no que diz respeito aos factos, é, infelizmente, muito ficcio- autobiográfico, nado.” porque chega um Diz isto a rir-se e depois explicita as razões do riso: “Há coisas que momento em que estão ali que eu gostava de ter vivido, como aquele “ménage”, coisas que pensas: ‘Que raio de gostaria de ter coragem de as viver.” Ela está a referir-se a um momento merda é esta que em particular do livro, em que Marta e o marido se envolvem num clássico estou a viver?’” “ménage a trois” com “uma actriz, bonitinha vinte e tais” [anos]. “Mas hei-de ter coragem de as viver”, acres- centa. O corpo no Brasil e em Portugal Que o “ménage a trois” não induza em erro, “Transa Atlântica” é até bas- tante escasso em descrições desse calibre e o envolvimento de Marta com o português é vivido, pela prota- gonista, de forma ambígua: libertação, por um lado, culpa por outro. A culpa burguesa, a culpa católica, que atiram aquela mulher para um vórtice de de ser portuguesa. “O livro é uma desamparo que a leva, entre outras neurose, sim.” coisas, a procurar videntes. E por que é um livro sobre uma neu- “Para muita gente aquele caso [no rose, um processo de queda (muito sentido de “affaire”] foi uma coisa feminino, com cremes esfoliantes, pequena, mas para ela foi dor. Há idas às compras, deitar-se na praia a uma culpa, que vem da pequenez mirar bunda), o que vamos sabendo dela, que vem do seu país de origem, de Marta não é dito explicitamente no que tem tudo a ver com Portugal.” romance: não há uma narrativa linear, O livro é explícito nesse sentido: antes estamos dentro da cabeça dela, há formas diferentes de viver o corpo pelo que a informação não nos é entre- em Portugal e no Brasil. gue de forma directa, vai sendo depo- Lentamente, tudo no livro se vai sitada às migalhas. “Isso é completa- reduzindo apenas a Marta, ao ponto mente deliberado”, diz Mónica. Ela de praticamente não haver referên- manifesta-se contente com a pergunta: cias ao amante ou ao caso que man- “É porque o livro não está tão mal têm do outro lado do Atlântico, res- escrito assim.” tando apenas Marta e o Rio de Janeiro, As dúvidas de Mónica acerca do aqui retratado com deslumbramento valor do livro são naturais: escrever - é também um livro de amor a uma um romance não foi ideia dela. cidade. Mónica apenas mantinha um blogue, “Eu acho que Marta é uma solitá- Sushi Leblon - Um blog da diáspora ria. Ela tem vontade de partilhar o blasé [http://sushileblon2.blogspot. que lhe aconteceu, mas sente um com] que era regularmente lido por ‘gap’ [sic] entre a forma de ela ver o Francisco José Viegas (responsável mundo e a forma de ver o mundo dos pela colecção Língua Comum da que a rodeiam. Há um momento em Quetzal). Foi ele que a convidou a que ela pensa em ligar [telefonar] a escrever um romance (não especifi- alguém e não encontra ninguém, por- camente este, apenas um), insistindo que pensa que a podem julgar.” a cada vez que ela dizia que não con- Como todo o livro sobre o tédio bur- seguia. guês, é um romance “sobre a culpa, Com humildade, Mónica reconhece culpa que não tem fim, que só sai com ter tido “dificuldade em manter a nar- tratamento” (no romance, Marta tem rativa e ir fechando as pontas soltas um psicanalista). Mónica volta à ques- a tempo”. Isto, diz, “não é um estilo”, tão Portugal “versus” Brasil: “É uma mas sim “um defeito” que espera cor- sociedade muito culpada [Portugal]. rigir em próximo livro. “Tentei ir dei- No Brasil não há tanto essa culpa.” xando coisas em aberto e depois ir Uma boa parte da graça do fechando, mas acho que não está bem romance vem exactamente dessa feito.” ambiguidade: Marta quer ser como O resultado final não é “diáspora as brasileiras, quer ter as bundas das ‘blasé’”. É neurose tropical. brasileiras, sente-se menor do que as brasileiras (porque não tem aquelas Ver crítica ao livro em www.ipsilon.pt bundas), mas não consegue deixar ou na edição de 16/01

Ípsilon • Sexta-feira 30 Janeiro 2009 • 15 Teríamos de estar demasiado depri- teatro se queimar. “A mensagem polí- midos para achar que “A Cidade dos tica disto, essa que podíamos reduzir que Partem”, primeira produção em a uma conversa de 15 minutos, é que PAULO PIMENTA PAULO grande escala do Teatro da Palmilha no fundo somos todos responsáveis, Dentada ao fim de oito anos de pro- porque as dinâmicas colectivas são duções de rua, vão de escada e café- feitas de vontades individuais - e por- teatro, é um musical sobre o Porto. que, na verdade, há coisas que cres- Ainda não estamos demasiado cem apesar do desinvestimento e da deprimidos mas mesmo assim, apatia contabilística da câmara. Nós olhando de frente (sem mãos, sem é que nos refugiamos demasiadas pés, e no fim já um bocado sem den- vezes no desejo de mudança - ou então tes) para este musical (com estreia usamos a conjuntura como desculpa hoje, no Teatro Carlos Alberto) em que para os sonhos adiados”, explica as pessoas vão fazendo as malas, Ricardo Alves, autor deste texto (e de saindo, e batendo com a porta por não todos os anteriores) da Palmilha Den- haver nada a esperar do sítio onde tada. vivem (e muito menos do presidente Eles não foram embora - são os que da câmara que têm), achamos que este ficaram, para o bem ou para o mal, ao é um musical sobre o Porto - e não é contrário de Carlos Anunciação, o “wishful thinking”, é exactamente o herói do nosso musical: “Ficam os contrário. Esta é a cidade em que os apáticos e ficam os que têm fé. As pes- musicais - os de La Féria, no Rivoli, e soas que estão no meio, entre um os que vieram a seguir - são a continu- estado e o outro, precisam de sair. ação da política por outros meios. Normalmente partem os melhores - É preciso ter-se ficado - a ver os mas os melhores podiam, em vez de outros saírem e a tapar os ouvidos partir, fazer alguma coisa pelo sítio de para não estremecer com o estrondo onde vêm” (como os compositores a de cada vez que alguém bate com a quem a Palmilha encomendou as can- porta - para saber que sim, confirma- ções deste musical: Alfredo Teixeira, se, o Porto deu um musical, e isso é Carlos Adolfo, Hélder Gonçalves, João uma segunda cidade a acabar mal, Lóio, Manel Cruz, Rui Lima e Sérgio pior, muito pior, do que quando a vida Martins). lhe deu tripas. Porque aí fez-se a elas É essa a parte em que nos vemos ao e acabou a comer feijoada (não esta- espelho, e em que é pior do que ima- mos a divagar: estamos a ir directos ginávamos (dissemos auto-de-fé, e ao assunto, porque “não se pode com- mais uma vez não estávamos a diva- preender a história da cidade sem gar): “Quis começar por evocar a tra- compreender a resiliência que a his- dição popular das queimas do judas tória das tripas implica”, como diz a e das serrações da velha, em que as dada altura um dos habitantes da pessoas aproveitam para ajustar con- cidade da Palmilha Dentada). tas - porque no fundo este espectáculo Podia ter dado uma conversa de também é um ajuste de contas. Na café, em vez de um musical - Ricardo aldeia esses ajustes de contas aconte- Alves era homem para ter condensado cem em datas marcadas, e têm a van- isto num comiciozinho de 15 minutos, tagem de ser colectivos, mas na cidade mas “obviamente ninguém estaria às vezes também temos necessidade interessado” em perder 15 minutos de chamar as coisas pelos nomes. Per- com os problemas do Porto, a não ser deu-se esse lado comunitário e por que houvesse alguma coisa (algum isso é nas cidades que a cidadania está “entertainment” para o caminho, por mais morta. Aqui é mais fácil ser-se exemplo) a ganhar com isso. Aqui há anónimo, é mais fácil desresponsabi- grave, mas a falta de investimento no mente brejeira - e por haver uma glo- um comiciozinho de 15 minutos em lizarmo-nos em relação ao rumo que interior ainda é mais grave”, conti- rificação da criação excessivamente que um primeiro-ministro de gravata as coisas levam”. nua. intelectual, quando todo o trabalho vermelha e um presidente da câmara Estamos, e não estamos, a falar do De resto, esta máquina da felicidade de sapa está por fazer”, argumenta de fato cinzento, ambos vagamente Porto: também estamos a falar deste não é necessariamente uma metáfora Ricardo Alves, “o mais ‘entertainer’ familiares, apresentam “a primeira país da União Europeia que se inclinou dos musicais La Féria: também pode- dos criadores teatrais do Porto” (tor- máquina de felicidade do mundo, que tanto para o lado para que está virado mos olhar para ela e ver o brilharete nou-se contracultural, diz ele na entre- será instalada na cidade”, e depois (o litoral, onde vive 75 por cento da dos computadores Magalhães na XVII vista incluída no programa, “fazer um aceitam responder a perguntas, desde população) que qualquer dia se parte Cimeira Ibero-Americana. Estamos teatro que se preocupa em comunicar que colocadas por escrito. E há “enter- mesmo em dois. “O estrangulamento todos - dentro e fora do Porto - nesse com o público”, e isso é mais absurdo tainment” para duas horas - se é que que as pessoas sentem na aldeia é o mesmo barco. do que todos os espectáculos da Pal- tem alguma piada, isso de nos vermos mesmo que as pessoas sentem na milha Dentada juntos). ao espelho e percebermos que já não cidade, a outra escala. Eu parti do Contra o teatro pelo teatro O que eles fazem - desde a primeira somos muitos. Porto para escrever este musical, por- É estranho para nós, e também é estra- saída à rua, em 2001, com “Os Piratas que foi isso que o Ricardo Pais pediu nho para eles, o Teatro da Palmilha do Fio d’Água”, ao programa de rádio Ajuste de contas quando nos convidou para esta co- Dentada ter vindo parar ao TNSJ, que produziram para a Antena 1 e à Tirando a parte (as partes: são muitas) produção com o Teatro Nacional S. depois de tantos anos off-Broadway, série de espectáculos literalmente de em que é (ou em que, mesmo não João (TNSJ), mas o problema não é digamos assim. “Há uns anos não serí- culto que criaram para a Tertúlia Cas- sendo, parece) uma sucessão de específico da cidade. O Porto tem o amos a escolha mais óbvia para uma telense, para todos os efeitos um bar “gags” (foi a fazer “gags” que a com- problema de ter o presidente da co-produção com o S. João. A maior de subúrbio - seria “stand-up comedy” panhia de Ricardo Alves chegou onde câmara que tem e a crise dos têxteis parte das pessoas acha que há qual- se não tivesse uma ideia de teatro em está hoje), “A Cidade dos que Partem” que tem e que faz com que o desem- quer coisa de errado num grupo de cima (e actores, do núcleo duro for- é o auto-de-fé que a Palmilha Dentada prego no distrito seja mais profundo teatro muito giro que faz um trabalho mado por Rodrigo Santos e Ivo Bastos tinha que fazer, numa cidade com do que no resto do país. A insatisfação muito cómico. Se calhar é por termos em diante). tanta lenha para uma companhia de no Porto é grave, a sangria no Porto é uma tradição de teatro excessiva- Não lhes interessa ter discussões

Teatro O Por Eles não sabem o que é que vai acontecer no dia em que estiverem Sabemos nós. “A Cidade dos que Partem” é uma peça séria do princípio a tem saído a bater com a porta. É para lá que vamos, cantando e r

16 • Ípsilon • Sexta-feira 30 Janeiro 2009 “Continuamos a fazer espectáculos para pessoas que não gostam de teatro, porque eu também não gosto de teatro: mais do que um projecto artístico, isto para mim é um projecto de intervenção cívica”

epistemológicas acerca disso: “Nin- guém vem ver a Palmilha para ver teatro; as pessoas vêm ver a Palmilha para ver a Palmilha.” O público deles é um público à parte - deram-se ao trabalho de perguntar, e perceberam que 70 por cento dos espectadores não têm o hábito de ir ao teatro. Agora que eles estão no Carlos Alberto, alguma coisa muda. “Mudam os meios, obviamente, e isso é deter- minante porque sempre acreditámos em fazer coisas com poucos meios, e muda a visibilidade. Mas a pressão é exactamente a mesma. Continuamos a fazer espectáculos para pessoas que não gostam de teatro, porque eu tam- bém não gosto de teatro: mais do que um projecto artístico, isto para mim é um projecto de intervenção cívica. Gosto de alguns espectáculos de teatro - exactamente como não gosto de frango, gosto de alguns pratos de frango. Uma das coisas que lamento é que se tenha perdido o hábito das pate- adas em Portugal, porque as pateadas são fundamentais para o crescimento dos próprios espectáculos. Sou conhe- cido por sair muitas vezes do teatro a meio das peças. Não tenho paciência nem tenho de ter - e é mau, para quem está no palco, que sejamos condescen- dentes”, sublinha Ricardo Alves. Também é mau, para quem fica, que toda a gente se vá embora. Eles ficaram e, subitamente, deixaram de estar sozinhos: “Não somos pais da nova geração de micro-companhias do Porto coisíssima nenhuma - a não ser neste discurso de que o melhor é fazerem-se à vida, porque aqui nin- guém dá nada a ninguém. Pais são as escolas de teatro - e este desaparecer de tudo que faz com que as novas companhias tenham desistido de estar à espera e passado a fazer coisas.” Isso, que já é outra história (a histó- ria deles, e das companhias que vie- ram a seguir), também dava um musi- cal - mas não era este.

Ver agenda de teatro pág. 37

ortoaqui tão perto deprimidos e fi zerem uma peça séria do princípio ao fi m. ao fi m - sobre esta cidade, o Porto, de onde tanta gente rindo, com o Teatro da Palmilha Dentada. Inês Nadais

Ípsilon • Sexta-feira 30 Janeiro 2009 • 17 A malta do bairro não quer parar

Nove actores vindos da Cova da Moura e uma peça sobre uma mulher que decide parar - é daqui que nasce o novo projecto da associação cultural Alkantara. Não é fácil ir ensaiar depois de um dia de trabalho num hospital ou numa fábrica. Mas eles não querem parar. Alexandra Prado Coelho

Estão ali para contar a história de Bela garante que está a resultar: Elisa (18 anos) uma mulher que pára (a partir de um “Está muito mais solta. Eu nunca convenceu a texto de Tiago Rodrigues, com ence- imaginei que ia ver a Elisa a cantar e irmã Edna (17

PEDRO CUNHA PEDRO nação de Claúdia Gaiolas e Pedro Car- a dançar.” anos) a, entre raca), mas são todos imparáveis. Só Elisa (18 anos) convenceu Edna, a o curso de isso os levaria, ao fim de um dia de irmã mais nova (17 anos) a, entre o cabeleireira e trabalho, a dirigirem-se, debaixo de curso de cabeleireira e o grupo de o grupo de chuva, para a enorme sala do espaço dança, arranjar tempo para vir para dança, Alkantara, em Santos, fazer teatro. o teatro. Edna está a meter-se no fato arranjar “É complicado”, confirma Bela de treino vermelho de Mariana, a sua tempo para Medina. “Trabalho num hospital, o personagem, “um bocadinho mazi- vir para o horário é rotativo e é difícil conciliar. nha, vaidosa, gosta de magoar os teatro Às vezes chego às onze e tal da noite outros e de fazer tudo à maneira dela, e já nem vejo a minha filha. Mas é um mas no fundo é boa pessoa”, conta, sacrifício que vale a pena.” voz suave. “É quase a minha maneira Foi há dois anos que se depararam de ser, só que ela é mais bruta.” com o anúncio para o “casting” que a associação cultural Alkantara pôs na “Eram dependentes dela” Cova da Moura. Por trás desse anúncio E Paula trouxe a sobrinha, Diana estava um projecto, coordenado por Varela, 12 anos, a mais nova do Carina Lourenço e lançado ao abrigo grupo. E com Diana veio Lena, a mãe, do programa Escolhas do Alto Comis- que ficou para que a filha não desis- sariado para a Imigração e Diálogo tisse. “Nunca tinha pensado fazer Intercultural, com a Associação Cul- teatro, tenho um tempo complicado, tural Moinho da Juventude, a Associa- estou sempre a andar de um lado ção de Solidariedade Social Alto Cova para o outro, a fazer coisas novas, da Moura e a Junta de Freguesia da dança, atletismo. O difícil foi entrar, Buraca. “Tínhamos vontade de apro- mas se o projecto tiver continuidade, veitar a pujança cultural das comuni- quero continuar.” Diana está ali sen- dades imigrantes em Portugal, dar voz tada ao lado, ar calmo, trancinhas na a uma coisa que sabemos que existe testa. Encaixou o teatro no meio da mas que muitas vezes não se conhece”, dança, com o grupo Flores da Cova, conta Carina. O projecto, de três anos, do atletismo e da natação - “tem voca- tem duas vertentes: a dança, coorde- ção para tudo”, garante a mãe, mas nada por Filipa Francisco, com o Diana quer é ser pediatra. “As outras grupo Wonderful Kova M e o espectá- coisas, eu sei que é muito giro, mas culo “Íman”; e o teatro, com os Nu Kre não se pode ter tudo na vida.” Bai Na Bu Onda. Não se pode, mas aos 29 anos Tozé Barros acredita que vale a pena ten- Para perder a vergonha tar. A irmã quer convencê-lo a sair de Paula Silva, 28 anos, veio uma pri- Portugal, mas ele fez grandes amiza- meira vez, desistiu “porque não tinha des neste grupo, e “gostaria de um tempo para o futebol”, acabou por dia fazer teatro profissionalmente”, largar o futebol e está aqui outra vez. sonho que já trazia de Cabo Verde. “Fui ver a outra peça que eles fizeram Hoje, confidencia Lena com uma gar- [“Confissões”, em 2008 no Auditório galhada, “se o grupo acabasse ele Carlos Paredes, Benfica], gostei morria”. imenso, e quando apareceu uma Foi Tozé quem, no final do ano pas- nova oportunidade não quis deitá-la sado, trouxe Miguel Vaz, quatro anos fora. Já perdi uma parte dos meus mais novo, amigo de Cabo Verde e do sonhos, que não consegui realizar, “grupo da igreja”, também ele a mas com este vou tentar.” Não é fácil: sonhar com o mundo do teatro está desempregada, tem dois filhos, enquanto trabalha numa fábrica e e as primas que vivem em Londres estuda na Universidade Lusófona insistem para ela ir também. “Para já (agora com uma pequena interrup- não fui, comprometi-me com o grupo ção porque “verba, não há”). O que mais custa a Bela é ficar parada de teatro.” Todas as noites eles juntam-se o tempo todo. Na peça que o grupo Todas as noites eles Com ela veio Djena, que “é como nesta sala, dividida entre um bar e Nu Kre Bai Na Bu Onda apresenta no juntam-se nesta sala, uma filha” desde que chegou da um cabeleireiro africano, para contar espaço Alkantara, coube a esta cabo- Guiné com oito anos. “Agora tem 15 a história da mulher que um dia deso- verdiana de 24 anos e ar sereno o dividida entre um bar e, como os pais ficaram lá, ela tem rientou todos os que viviam à sua papel principal. Ela é Marta, a mulher estado sempre comigo.” Djena tem volta. Porque é que ela decidiu parar? que um dia decide parar e ficar ape- e um cabeleireiro uma expressão doce, mas os olhos “Porque o pessoal do bairro era muito nas sentada numa cadeira em “A pregados ao chão, e quando fala é dependente dela. Parou para o bem Mulher Que Parou”, peça que estreia africano, para contar numa voz muito baixa. É tímida, fica deles, para ver se conseguiam seguir a 5 de Fevereiro, no espaço Alkan- nervosa no palco, mas tem a certeza em frente sem ela”, diz Bela. “Ela tara, em Lisboa. a história da mulher de que “isso passa”. pára e tudo muda. No fim, eles sen- Teatro “Ao princípio era difícil, mexia que um dia Muito tímida, também, Elisa Varela tem que ela tinha razão”, explica sempre as mãos ou os pés. Sou muito tem uma simpatia calorosa - tal como Edna. activa, é raro parar”, conta durante desorientou todos os a sua personagem na peça que, como Cabe a cada um entender - ou não a pausa para um lanche, ao princípio ela, gosta de cantar. “O Tiago escre- - a Marta. O próprio autor, Tiago da noite, antes de começarem os que viviam à sua veu coisas que têm a ver connosco. Rodrigues, não desvenda o mistério ensaios. Junto a uma mesa comprida Mas a minha personagem é extrover- da sua personagem. “Não sabemos encostada à parede, os outros actores volta tida, e eu sou tímida.” Timidez que, se desistiu, ou se apenas agora come- vão preparando sandes, tirando café, por estranho que pareça, foi uma das çou a lutar.” olhando para as folhas com o texto razões que a levaram ao teatro. “Vim que têm que decorar. porque quero perder a vergonha.” Ver agenda de teatro pág. 37

18 • Ípsilon • Sexta-feira 30 Janeiro 2009 DOM &.<;L;H;?HE 18:00 SALA 2

A abertura de um universo novo para a tuba deu-se através da excelência do European Tuba Trio, um projecto que explora sem preconceitos os limites entre géneros: do clássico ao jazz e ao funk. Neste concerto partilham o palco com os solistas da Big Band da ESMAE.

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SEJA UM DOS PRIMEIROS A APRESENTAR HOJE ESTE JORNAL COMPLETO NA CASA DA MÚSICA E GANHE UM CONVITE DUPLO PARA ESTE CONCERTO. OFERTA LIMITADA AOS PRIMEIROS 10 LEITORES. Os tempos modernos dos The Week Th “The Week That Was” é um mosaico da contemporaneidade em forma de canção. A de vozes e distracções que nos assaltam a toda a hora? Peter Brewis só conseguiu Gravou em sete dias um álbum de uma actualidade tão fascinante

Maravilhoso tudo o que temos dispo- nível actualmente. Ligados à Internet na esplanada, com pássaros a chilrear enquanto navegamos pelo Mar Negro no ecrã, só porque podemos. A ouvir fado na rádio enquanto trocamos e- mails com alguém em São Francisco. A acompanhar as últimas notícias, e todos os pormenores das últimas notí- cias, com o tabuleiro do almoço sobre as pernas e o portátil a debitar música recomendada por alguém que não conhecemos pelo nome, mas que se tornou o nosso melhor amigo ciber- nético. Maravilhosa esta interactividade, esta possibilidade de ter tudo, aqui e agora, sem sair de casa. E, mesmo que saiamos, tudo continua lá. A música nas ruas, os ecrãs com informação à beira da estrada, os telemóveis e os iPods e os iPhones a pedir atenção constante. Viver rápido. Viver muito. Maravilhoso, não é? Peter Brewis acha que sim, que as possibilidades podem ser maravilhosas, mas... Antes de continuar, contextualize- mos: Peter Brewis é, com o irmão David, membro dos , dis- creta banda britânica de Sunderland, “parceira” de Futureheads ou Maximo Park, que chegou ao limiar do reco- nhecimento “indie” após ter editado “Tones Of Town”, o seu segundo álbum, em 2007. Disco lançado e reconhecido, digressão cumprida, que fizeram os Field Music? Pois bem, anunciaram que a banda entraria num hiato sem fim definido. , o irmão mais novo, lançou-se numa banda paralela, os School Of Language, e o povo-público e o povo-crítica aplaudiram. Peter Brewis não quis ficar atrás. “Tendo estado três ou quatro anos com os Field Music, não saiba se conseguiria Música fazer música por mim”, conta-nos de Kate Bush. Brewis não se esconde cialidades do mundo moderno. O nome do álbum e da banda foi desde Londres. “Quando o meu irmão e confessa abertamente que “Peter Peter Brewis pode ter recorrido às inspirado em “That Was The avançou [com os School Of Language], Gabiel, o dos álbuns ‘3’ e ‘4’, está cer- memórias da sua infância para criar Week That Was”, programa decidi que era a altura de levar avante tamente lá, tal como Kate Bush”. “The Week That Was”, mas o disco pioneiro de sátira política, as muitas ideias que tinha na gaveta e Explica: “Quis recuperar sensações que gravou não se alimenta de nostal- apresentado por David Frost que nunca desenvolvera.” Dito isto, musicais que regredissem à minha gia - “a nostalgia que refiro era minha na década de 1960 pela BBC pausa e lança uma blague: “No fundo, primeira infância, aos sons dos discos e reconhecível por mim, nunca pre- não queria parecer o irmão pregui- dos meus pais, os primeiros discos tendi que fosse partilhada com o mação? Como reservar espaço para çoso.” que ouvi. Nem sei se me lembro real- ouvinte”. nós e para o espaço que nos rodeia Não parecerá decerto. Ouvindo mente deles, mas é como se conhe- entre a cacofonia de vozes e distrac- “The Week That Was”, que é título de cesse aquela ideia de som.” Desligado do mundo ções que nos assaltam a toda a hora? álbum e nome da banda que acabará E não só. Porque além dos discos De facto, “The Week That Was” não Peter Brewis só conseguiu perspec- com ele, nunca poderemos acusá-lo supracitados, Brewis diz-nos que se alimenta de nostalgia. Precisamente tivá-lo distante de tudo. de preguiçoso. Em oito canções e 32 faziam parte do seu universo a música o contrário. É uma reflexão sobre a Primeiro desligou a televisão, depois minutos, Peter Brewis criou um ciclo clássica de Vivaldi ou Beethoven, a actualidade, um mosaico da contem- afastou-se da net, por fim já nem saía de canções onde a ambição artística banda sonora da “Guerra das Estrelas” poraneidade em forma de canção, um de casa para comprar o jornal. Durante se conjuga de forma impressionante e das séries e filmes de ficção científica manifesto para o presente: o expor de uma semana, fechou-se em casa e com a imediatez da pop. Musical- do período. “Retirei ideias de tudo uma ferida aberta de cuja existência manteve-se imune ao mundo lá fora. mente, tem sido referida a influência isso, recuei a essas memórias e regur- nem nos apercebemos. A questão cen- A namorada chegava do trabalho ao do Peter Gabriel dos primeiros álbuns gitei”. Contextualização feita, volte- tral é esta: como lidar com a forma final da tarde, encontrava-o de roupão a solo, dos Japan de “Tin Drum” ou mos ao início, às maravilhosas poten- como recebemos e processamos infor- sobre o piano e, muito justamente,

20 • Ípsilon • Sexta-feira 30 Janeiro 2009 hat Was A questão central é esta: como lidar com a cacofonia u fazê-lo sem rádio, televisão ou computador. e quanto distorcida. Mário Lopes

comenta: “Se, nos anos 1960, esse O disco que Peter trabalho era feito num programa Brewis gravou não semanal, se agora esse mesmo traba- lho requer um diário, isso já é signifi- se alimenta de cativo da quantidade de informação a que estamos sujeitos actual- nostalgia: “a mente”. nostalgia que Aprender a aprender Mais que a quantidade de informação, refiro era minha e o que exaspera Brewis é todo um pro- reconhecível por cesso que conduz ao “absurdo”. Uti- liza a expressão quando lhe pergun- mim, nunca pretendi tamos se recorda qual era o tema do dia no momento em que decidiu “afas- que fosse partilhada tar-se” do mundo e refugiar-se ao piano. Polidamente, diz-nos que pre- com o ouvinte” fere não referir explicitamente o assunto, explica que sabia apenas que, beck, por exemplo, são muitíssimo caso não desligasse televisão e rádio, detalhados. Nesse sentido, o ‘Sem caso não se afastasse da Internet, “o Olhos em Gaza’ do Aldous Huxley, é bombardeamento a que estava sujeito incrível. Não vivi nos anos 1940, mas acabaria por transbordar para a parece-me que essa força descritiva música” - não nos diz, mas sabemos estará relacionada com a capacidade que nesse Dezembro de 2007 em que de estar desperto e disponível a absor- gravou o álbum, editado em Agosto ver os ínfimos pormenores do que nos de 2008 em Inglaterra, quatro meses rodeia”. depois em Portugal, o casal McCann “The Week That Was”, nome inspi- e a desaparecida Maddie enchiam rado em “That Was The Week That páginas e espaço em telejornais. Was”, programa pioneiro de sátira Para Brewis, é insignificante. Preo- política, apresentado por David Frost cupa-o o processo. Dá um exemplo: e exibido na década de 1960 pela BBC, “Lembra-se que há uns anos o mundo é um álbum de narrativa caleidoscó- esteve para acabar com a gripe das pica, que alguns têm comparado em aves. De repente, nada. Acabou. Não tom e estrutura à escrita de Paul Aus- é que o problema tenha desaparecido. ter. Peter Brewis descreve-o como Desapareceu a história, em favor de “um olhar microscópico sobre uma outra qualquer.” mesma situação”: “a mesma história Como canta em “Yesterday’s vista de perspectivas diferentes”. papers”: “yesterday’s news said the Da esfera íntima, na viagem de olhos worst is to come” - e no dia seguinte, postos no mundo correndo pela janela o mundo há-de descobrir que o pior de “Airport song” ou na angústia soli- há-de vir sim, mas de outro lado (e tária de “Come home”, ao histerismo assim sucessivamente). social de “Yesterday’s paper” ou à Na capa de “The Week That Was” competitividade, à beira da psicose, vemos Brewis e os músicos que cola- temia pela sua saúde mental. Ele, con- de “Scratch the surface” - sem esque- boraram no álbum numa sala escura geminando letras, acordes e orques- cer o teledisco de “Learn to learn”, e despida de decoração. A única lumi- trações, acumulava canções e termi- colagem vanguardista de imagens de nosidade surge do único mobiliário nava um álbum. “Afastei-me de todas arquivo, em preto e branco paranóico, presente. A luz branca da televisão as distracções do mundo moderno que, de forma enviesada, nos recorda ilumina-lhes os rostos, fixos no ecrã e para me concentrar totalmente na a sátira/denúncia da sociedade indus- alheados uns dos outros. Os seus cére- música. E a verdade é que resulta. O trial representada por Charlie Chaplin bros, imaginamos, enchem-se de disco ficou preparado numa semana... em “Tempos Modernos”. Dir-se-á informação. Acontece, aponta Peter mas, para alguém como eu, que me então, citado o “ancestral” Chaplin, Brewis, que “conhecimento e infor- tenho por muito sociável, foi uma que talvez todas estas questões sejam mação são coisas completamente dife- experiência muito estranha.” coisa antiga. Na base, sê-lo-ão. O pro- rentes”. A primeira canção do álbum Estranha mas inevitável. Porque blema, segundo Brewis, é a escala. aponta precisamente isso. Intitula-se Brewis queria chegar ao detalhe e o Depois de nos descrever o programa “Learn to learn” e é o mote do álbum. detalhe parece-lhe hoje uma quase “That Was The Week That Was”, que “Temos que aprender a aprender”, impossibilidade. “Existe tanto a acon- não conhecemos, arriscamos que, dirá primeiro Brewis. “Mas tendo que tecer, tanto a chamar-nos a atenção a tendo em conta que se tratava de uma o fazer, por onde começar?” toda a hora, de forma tão histérica, desmontagem satírica do discurso Não há resposta em “The Week that que nos escapam todos os pequenos político e mediático do seu tempo, o Was”. O seu objectivo é a simples colo- detalhes. Não temos tempo para pesar equivalente actual será o “Daily Show” cação da pergunta. as coisas, para meditar sobre elas.” de Jon Stewart. Brewis, que não o Continua: “Os livros do John Stein- conhece, ouve-nos descrevê-lo e Ver crítica de discos pág. 28 e segs.

Ípsilon • Sexta-feira 30 Janeiro 2009 • 21 NICOLAU FERNANDES NICOLAU

Eles definem assim a sua música: “rock com preocupações perfeccionistas que não são muito Primeiro foi tudo rápido demais. Os doismileoito existiam há pouco rock’n’roll”. Seja. tempo. Diz a lenda urbana, propa- gada em press-release, que se forma- E arriscamos dizer ram num dia de tempestade. Refu- que chegou no tempo giados numa cave da Maia desdo- brada em sala de ensaios, pegou cada certo um no seu instrumento e começaram a nascer canções. Estávamos em 2005 e a banda ainda nem era banda. No tempo certo No ano seguinte, vários ensaios e três “Doismileoito” é resultado de uma concertos depois, já conhecíamos os banda que se fechou durante meses

doismileoito porque havia um bur- Música numa cave, a experimentar música burinho à sua volta e porque apare- e a inventar canções. Quando de lá ciam em cartaz inesperado para saiu, começou a ouvir os comentários grupo com o seu pequeno currículo. do mundo exterior. E parte do mundo O quarto concerto dos doismileoito exterior não demorou no diagnós- foi no Sudoeste, como banda de aber- tico: eis os novos Ornatos Violeta, tura do palco principal e, nessa disseram-lhes. E eles, que fazem altura, já havia quem apontasse que questão de acentuar o quanto prezam estavam ali os sucessores dos Ornatos os autores de “O Monstro Precisa de Violeta. Foi tudo rápido demais. Amigos”, que não se importam que Em Janeiro de 2009, quando os lhes digam que prosseguem num encontramos nos escritórios da EMI “caminho que os Ornatos deixaram Music, quando são vistos como uma em aberto”, irritam-se porque a com- das grandes promessas do ano dis- paração lhes parece pouco funda- cográfico nacional, essa actuação no mentada - um reflexo da inexistência Sudoeste só existe como história de referências para este rock cantado com piada para contar no futuro. Os neste português. “Eles acabam por doismileoito de então não eram os ser uma fatia muito fininha da nossa de hoje. Estes têm o disco de estreia E se 2009 for o ano dos música”, afirma André, “mas quando preparado desde Maio de 2008 e mal se canta em português as pessoas contêm a ansiedade por vê-lo final- restringem logo o leque de referên- mente cá fora (chega às lojas dia 2 cias”. Pedro Pode remata a questão: de Fevereiro). Estes são André Aires, “O Nicolau tem o Tom Waits, o André que se divide pelo ritmo da bateria tem o Beethoven, eu levo o Michael e pelos acordes do piano, Pedro Jackson e as canções avançam”. Antes Pode, o vocalista/guitarrista com um doismileoito? que perguntem, não, não há grandes passado como hip hopper que a elec- traços de Waits, de Ludwig van ou de tricidade actual não denuncia, e Fecharam-se numa cave da Maia a congeminar canções Michael na música dos doismileoito. Nicolau Fernandes, o baixista de Mas há essa despreocupação na hora barba bem definida que gosta de e, perfeccionistas, burilaram-nas até ao pormenor. de resgatar sons e referências sem Beatles e Tom Waits e põe vídeos do olhar à proveniência. “Ouçam” de Eduardo Nascimento Se o ano passado voltámos a gostar de ouvir rock Fecham-se numa cave da Maia, no blogue da banda (www.doismi- olham para os instrumentos em volta leoito.blogs.sapo.pt). cantado em português, 2009 tem tudo para ser e congeminam canções. Depois, pes- São estes doismileoito que nos con- soal perfeccionista, ficam a burilá-las tam que tinham tudo planeado em o ano dos doismileoito. Mário Lopes até ao mais ínfimo pormenor. Por 2006. André: “achávamos que gra- essa preocupação com os detalhes - vávamos o disco em três meses e que “e pelos falsetes”, acrescenta Pedro seis meses depois o tínhamos cá explicar: “como faz muito frio e não dar na capa: “Até agora, tudo foi feito tudo como fazemos com as nossas - um amigo descreveu-os como “rock fora”. Têm-no três anos depois. Foi se passa nada, as pessoas fecham-se por nós e por pessoas em quem con- canções?” velho com música paneleira”. Eles tudo devagar demais. Será? Talvez em casa a tocar e a compor” - o que fiamos totalmente”, confirma André. No dia em que os entrevistámos, riram-se. Mas preferem algo menos que não, que eles são gente do rock condiz a versão romantizada do seu “É sempre melhor desenvolver assim preparavam-se para gravar o vídeo de agressivo: “rock com preocupações dada ao perfeccionismo. Melhor nascimento, quando fugiram ao mau aquilo que fazes”. Pedro completa a “Bem melhor 1220074” e, não sendo perfeccionistas que não são muito assim, arriscamos. Agora terão pelo tempo para inventar uma banda em ideia: “Só dessa forma podes justifi- eles a controlar todo o processo, sen- rock’n’roll”. Seja. É certo que não é menos a certeza que está tudo exac- “cave-estúdio”. Contingência gera- car a tua música e o que a envolve, tíamos-lhe uma ansiedade disfarçada velho. E arriscamos dizer que chegou tamente como querem. Mas não, não cional porque eles, que têm entre 22 só dessa forma a podes assumir total- com o sempre terapêutico humor. Um no tempo certo. é bem isso. e 28 anos, pertencem a uma geração mente”. curto post de André no blogue da Se o ano passado, com Tiago Os três meses para gravar, outros que, no que à música diz respeito, se É por isso, de resto, que eles estão banda, publicado dias depois, no final Guillul, Pontos Negros, Peixe:Avião três para editar que idealizaram são habituou a definir por si mesma o seu “assustados”. Pertencem a uma das gravações, terminava com um ou Feromona, se confirmou que vol- contingência geográfica e geracional. percurso. grande editora e o pequeno núcleo esclarecedor “foi um passo impor- támos a gostar de ouvir rock cantado Expliquemo-nos. Contingência geo- Os doismileoito, que ensaiam em que os rodeava já cresceu: “Agora é tante, correu bem”. Adeus receios e em português, então 2009 tem tudo gráfica porque os doismileoito são da casa, andaram cinquenta metros para uma equipa, uma série de gente”, ansiedade. A sombra no horizonte, para ser o ano dos doismileoito. Maia, cidade que dizem repleta de gravar o álbum no estúdio de um exclama Nicolau, questionando-se: conjecturamos, será agora outra. músicos. Até têm uma teoria para o amigo e convocaram outro para aju- “Será que vamos conseguir controlar Explica-se rapidamente. Ver crítica de discos págs. 26 e segs.

22 • Ípsilon • Sexta-feira 30 Janeiro 2009 DOM 08 FEV 12:00 SALA SUGGIA AO MEIO DIA

Peter Rundel direcção musical Rómulo Assis violino Francisco Moreira narrador

Darius Milhaud Saudades do Brasil (excertos) Bernd Alois Zimmermann Alagoana Contos do Brasil www.casadamusica.com | T 220 120 Na origem deste programa estão diversos locais do Brasil, danças e cantares tradicionais de diferentes paragens e, nalguns casos, histórias encantadoras. Para as descobrirmos em detalhe, contaremos com a presença de um narrador e as habituais ilustrações musicais da Orquestra Nacional do Porto.

MECENAS ORQUESTRA APOIO INSTITUCIONAL MECENAS DA CASA DA MÚSICA NACIONAL DO PORTO

SEJA UM DOS PRIMEIROS A APRESENTAR HOJE ESTE JORNAL COMPLETO NA CASA DA MÚSICA E GANHE UM CONVITE DUPLO PARA ESTE CONCERTO. OFERTA LIMITADA AOS PRIMEIROS 10 LEITORES.

:EC&'<;L 18:00 SALA SUGGIA

Obras de 879> Partita nº 2 I9>KC7DD >kceh[igk[ @7DÜ9;Aô Sonata 8;;J>EL;D Sonata op.110

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SEJA UM DOS PRIMEIROS A APRESENTAR HOJE ESTE JORNAL NA CASA DA MÚSICA E GANHE UM CONVITE DUPLO PARA O CONCERTO DE PIOTR ANDERSZEWSKI NA CASA DA MÚSICA. OFERTA LIMITADA AOS PRIMEIROS 10 LEITORES. Fados de cá e lá Tiago Torres da Silva teve a ideia e escreveu as letras. A pedido dele, brasileiros como Chico César, Ivan Lins, Pedro Luís, Olívia Byington ou Zeca Baleiro musicaram. E Maria João Quadros, fadista de raça, canta. Tiago e Maria explicam “Fado Mulato”. Nuno Pacheco

É inegável: tanto Tiago Torres da Silva para Tiago ter escolhido Maria João Em Maio, “Fado “Mesmo assim”, acrescenta Tiago, “já O disco, em como Maria João Quadros estão de tal Quadros e não uma jovem fadista, por chegou mais fadista do que outros, que Maria forma satisfeitos com “Fado Mulato” exemplo. “Eu precisava de uma pessoa Mulato” subirá ao porque a mãe do Pedro Luís cantava João Quadros que falam do disco como de um bebé que me trouxesse mesmo o fado aqui muitos fados e ele tinha isso presente.” canta letras recém-nascido. E, no entanto, ele para dentro, até porque os composi- palco do Coliseu Já o tema “Gente vulgar”, com música de Tiago demorou três anos a gravar. Quando tores brasileiros não conhecem bem de Alzira Espíndola e acompanha- Torres da já estava pronto, Tiago teve outra ideia: o fado, conhecem um fado que se de Lisboa: fado, fado mento do Quinteto Lusotango é, Silva e fundar uma editora de discos. Cha- chama Amália Rodrigues. Não têm segundo a fadista, “uma sátira ao fado versões de mou-lhe Grão. “Foi uma feliz coinci- outra matriz.” E há outra razão, ainda: a doer, e sambão de faca na liga. Como diria o Tiago que canções dência”, diz ele, porque achou que “Uma das coisas que achei mais curiosa a Amália disse, o fado de faca na liga e brasileiras, podia tratar melhor o disco do que se é que a João, sendo muito castiça no o tango de punhal nas costas é tudo a surge como o entregasse a outros. fado, transita com muita facilidade mesma miséria.” um manifesto:

Música Dos contactos com algumas editoras para outros lugares, nomeadamente “Houve pessoas que só gravaram um pé no fado guarda más experiências. “Pensei: não a música brasileira.” uma faixa e não tinham a mínima ideia outro na MPB quero isto mais para mim e agora Exemplo incrível disso é a faixa Buarque é qualquer coisa de colossal, de como seria o resto do disco”, diz quero mais independência. Entretanto “Desamparinho”, com música de mas não podia cantá-la com sotaque Tiago. “O José Peixoto, o Pedro Jóia e estava a fazer outros projectos no Bra- Swami Jr., que fecha o disco, agora com brasileiro nem abrasileirada. Por isso o Quinteto Lusotango adoraram. Para sil com a Elba Ramalho, a Alcione, e a guitarra de José Peixoto. Quem a afadistei-a, com guitarra e viola, e o Brasil o disco já seguiu, mas os cor- achei que era o momento.” E avançou. ouve, tentará em vão descobrir que ainda bem.” A outra versão é “Amor reios andam atrasados. À Olívia Bying- “O disco surge na editora como um cantora brasileira é aquela, de voz Alheio”, de Paulo César Pinheiro. ton já chegou, ficou delirante. Disse- manifesto. A editora é isto: um pé no grave e bem modulada. Mas é ainda Maria João ouvira-a cantada por me: ‘Não vou ficar com ele, envia-me fado, outro na MPB e sem nenhuma Maria João Quadros, com sotaque e a Joanna, no Coliseu, e achou que estava outro. Hoje vou jantar com a Bethânia condescendência em relação ao que duas vozes. Esta transfiguração vocal ali um fado. Tiago justifica-as de outra e vou dar-lho. Acho que ela tem que é preciso fazer.” E isso quer dizer não é explicada pela própria cantora: “Eu forma: “Esses dois são os artistas que ouvir isto.’” reduzir as músicas a três minutos e encarei este desafio como um grande eu mais admiro no Brasil e para mim Dia 28 de Maio, “Fado Mulato” meio só para passar na rádio. “Levei desafio, mas hilariante. O Brasil foi também uma maneira de homena- subirá ao palco do Coliseu de Lisboa. vinte anos a cortá-las e depois não pas- encanta-me mas não me deslumbra, geá-los.” “Vai ter este disco mas também fado, savam na mesma. O tema-chave deste porque sou de África [nasceu em No disco há dois duetos, com outros fado a doer, e sambão. Será espectá- disco, o ‘Fado mulato’, tem 5m15s. Moçambique]. Deslumbra-me, isso cantores. Tiago: “O dueto com o Tito culo mesmo”, diz Maria João Quadros. Quem quiser passar, passa, quem não sim, a música brasileira. Em peque- Paris, em ‘Vais dizer adeus’, funciona “É um passo gigantesco para uma edi- quiser...” nina passava a vida a cantar e a dançar pela semelhança, existe aquela rou- tora deste tamanho, mas sempre fui Quem colocar o disco a rodar tem o samba e no carnaval disfarçavam-me quidão que ambos têm na voz. Já o afoito e continuarei”, garante Tiago, logo, no arranque, a primeira sur- de baiana e de Carmen Miranda.” dueto com a Olívia Byington, em ‘Fado que na editora Grão já acolheu um presa. Uma voz claramente fadista escravo’, funciona pelo contraste.” outro disco: “El Fad Vivo”, um pro- acompanhada por um alaúde, o de Um passo gigantesco Os músicos tiveram um papel pre- jecto instrumental que reúne José Pei- Pedro Jóia. É “Fado mudo”, com Sendo o projecto antigo, as gravações ponderante, acrescenta ele. “O Diogo xoto, Carlos Zíngaro, Miguel Leiria música de Iara Rennó. “Pusemos esse começaram em 2005. Dos doze temas, Clemente, por exemplo, transformou Pereira e Vicky. “Estou completamente tema a abrir porque põe logo as pes- dez têm letra de Tiago Torres da Silva o tema do Pedro Luís, ‘Noites perdi- aberto ao trabalho de outras pessoas, soas em sentido. Aquele alaúde do e dois são versões de canções brasilei- das’, numa marcha linda que parece não quero que isto seja uma coisa Pedro Jóia, a maneira como a João ras. “Fui eu que as pedi ao Tiago”, diz saída de Alfama.”, “Quando chegou fechada em mim”. Grão a grão, quer entra a cantar...” Há uma razão forte Maria João. “A ‘Gota d’Água’ do Chico era um chorinho”, diz Maria João. outras músicas.

24 • Ípsilon • Sexta-feira 30 Janeiro 2009 “Num drama como ‘Hamlet’ do vanguarda, porque tem um outro “Desmontagem, Shakespeare, aquela frase do ‘ser ou intuito.” não ser’ é uma frase crítica. Milhares Que intuito é esse? “Desmontagem, é disso mesmo de actores disseram aquela frase. De é disso mesmo que se trata”, diz o que maneira vão ser originais? A compositor. “Ao explicar e pôr em que se trata”, diz minha ópera tem um ‘ser ou não ridículo certos clichés da ópera con- ser’”. Quem vos fala é Vítor Rua, a temporânea questiona as pessoas se o compositor. propósito da sua ópera cómica “Uma adianta continuar por aqui. Não é só Vaca Flatterzunge”, que estreia ama- pôr em ridículo. Dar-me-á um gozo “Ao explicar e pôr nhã na Culturgest, em Lisboa. Ópera enorme se servir para pôr as pessoas em ridículo certos cómica? a pensar”, diz. Nesse sentido, é uma O compositor de 47 anos, co-fun- ópera “quase pedagógica”. clichés da ópera dador dos Telectu (com Jorge Lima

Barreto), poliartista e experimenta- Finalmente possível contemporânea Música dor incansável, desafia e desmonta Estamos a falar com Vítor Rua, e não agora a ópera contemporânea de van- com O-Homem-Que-Ri, o compositor questiona as pessoas guarda e os tiques da ópera tradicio- na ópera. Mas o verdadeiro composi- nal num espectáculo de teatro musi- tor também tem sentido de humor, e se adianta continuar cal multimédia que é “uma demons- talvez sorria de contentamento por por aqui” tração do impossível”. Ser ou não ser ver o impossível a fazer-se. É que ópera? Ou, na versão bem humorada “Uma Vaca Flatterzunge” foi criada desta “Vaca”, “porque estamos assim entre 1999 e 2000, para a capital da a cantar desta forma ridícula?”, como cultura, Porto 2001, mas nunca che- diz no início o cantor de vanguarda gou a ver a luz do dia até hoje, porque Pedro Lunático (em causa está o Pier- Ricardo Pais e Pedro Burmester, que rot Lunaire, de Schönberg), à soprano estavam ligados ao projecto, deixaram Vaquíria Barbérie (certamente pró- as funções que tinham num período xima de uma das Valquírias de Wag- de “derrocada cultural”, que Vítor Rua ner). Pedro Lunático canta em lingua- associa à saída de Manuel Maria Car- “línguas da ópera”, “porque numa gem dodecafónica. Há ainda o Dr. rilho do Ministério da Cultura. A “anti- ópera tem de se ouvir alemão...”, iro- Fuínha, um crítico reaccionário que ópera” esteve depois para ser feita nos niza Vítor Rua. canta sempre em cantochão, detesta Açores e na Madeira mas, segundo o Mas há muito mais do que música o compositor e é apaixonado pela compositor, não foi feita “por causa em “Uma Vaca Flatterzunge”: “Há um cantora. de eleições”. “Agora, sim, finalmente, cenário do Rui Chafes que é uma espé- O compositor incompreendido é graças à Culturgest e ao Miguel Lobo cie de teia gigante. Quase tudo se for- O-Homem-Que-Ri, mas o próprio Antunes”, diz Vítor Rua. mou a partir dessa peça central do Rui Vítor Rua, seu alter-ego, está em Mas até que ponto é esta “Vaca” Chafes, os figurinos [Ilsa D’Orzac], a palco a conduzir os destinos pouco uma anti-ópera? “Cada cena é uma coreografia [Ana Borralho e João lineares desta ópera impossível. crítica ou uma sátira ou uma ampli- Galante], a luz, etc. Os figurinos são Impossível? Porquê? Vítor Rua ficação da mediocridade ou da qua- cenografia viva, os corpos deles é que explica-nos: “Perguntaram-me: por- lidade de estilos musicais e técnicas vão formar mesas, objectos, etc. E o que é que você não escreve uma operáticas”, diz o compositor e autor vídeo [Paulo Abreu] é uma entidade ópera? E eu disse: ‘Eu nunca hei-de do libreto. Há, por exemplo, a crítica separada, que tem vida própria...” escrever uma ópera.’ ‘Porquê?’ E eu, ao bel canto na cena um: “Hoje para O compositor promete ainda pro- de repente, em vez de responder, pus mim não faz sentido o bel canto. porcionar às pessoas “uma experiên- a mão no piano, dei um acorde Existe o microfone para uma pessoa cia auditiva interessante - vai ser absurdo e cantei: ‘Porque estamos poder sussurrar e ser ouvido num usada uma técnica de oito altifalantes assim a cantar desta forma ridícula?’ estádio - já não digo numa sala de (octofonia), de forma a criar uma Tudo se começou a rir. Era um concerto - e sobrepor-se a uma espécie de vertigem”. Além disso, ‘workshop’ com compositores e músi- orquestra. Existe esse poder tecno- escreveu a ópera a pensar em intér- cos. E de repente disse assim: ‘Eu lógico.” É também por isso que é pretes específicos, seus amigos e cola- tenho de fazer esta ópera, que vai “impossível” pôr outra vez os canto- boradores, como o saxofonista Daniel demonstrar essa impossibilidade’.” res a cantarem da mesma forma. Kientzy ou John Tilbury (piano). Então tornou-se possível o impossí- Vítor Rua diz-nos que “nesta ópera vel? Vítor Rua explica-nos melhor o Flatter...quê? há uma série de coisas que quase lugar onde situar “Uma Vaca Flatter- “Flatterzunge” (técnica vocal em que nunca” faz no seu “dia-a-dia de com- zunge”: “Existem grandes óperas a língua treme rapidamente) é uma positor.” O uso de citações directas contemporâneas. A ópera do Lachen- daquelas técnicas “de vanguarda” (será Mozart ou Thelonious Monk?), mann é uma coisa fantástica, fabu- alvo de gozo nesta ópera. Mas não é a electrónica ou a amplificação, por losa. Ou a ópera do Sciarrino. O Sciar- só o modo de cantar que é parodiado. exemplo, são coisas raras na sua rino é o nosso Bellini. Eu disse-lhe Há sátiras à ópera tradicional, ao música. Mas aqui estão, nesta “Vaca” isso e ele não se sentiu ofendido... Ou minimalismo ou à composição espec- de riso dissonante, para rir e pensar seja, existem pessoas a conceber tral. Na verdade, o compositor chega o (im)possível teatro musical. ópera hoje, contemporânea, que ele- mesmo a transformar-se em compo- vam a ópera. Mas esta minha peça sitor-espectro e muda de nome para Ver agenda de concertos pág. 31 e não é a tal ópera contemporânea de Spectrum. Gozam-se ainda com as segs.

Quase tudo (fi gurinos, cenografi a, luz...) se formou a partir de uma A ópera impossível de peça central de Rui Chafes Vítor Rua Anti-ópera? Sátira-melodrama? “Uma Vaca Flatterzunge” é a desmontagem da ópera e dos seus clichés, imaginada, escrita e conduzida por Vítor Rua. Sábado e domingo, em Lisboa, na Culturgest. Pedro Boléo

Ípsilon • Sexta-feira 30 Janeiro 2009 • 25 26 identidade nãorevelaZomby asua

•ÍpsilonSexta-feira 30 Janeiro 2009 Discos mmmmn Werkdiscs, Flur distri. Where Were UIn’ 92? Zomby Vítor Belanciano responde Zomby. de futuro? Semdúvida, passado, p ao uma mera revisitação Pode que umdisco parece os anos90! chegaram os 80, Esqueçam Pop com personalidade, comoZomby éfeita Masnãosóessa revisitação é-o. baú damemóriae,dealgumaforma, assim, parece ao ummero trajecto novas linguagens emtemporeal. Dito todas assemanas,parecia ensaiar 4 Hero quase ouAGuyCalledGerald), pioneirosprojectos (Shut Up &Dance, transição, quando umasériede homenageia, esseperíodode de90. adécada contaminar bass) num confusomosaicoque iria que iriammodelarojungleoudrum& paraostraçosrítmicos (com destaque despontavam estéticas ramificações eventos, masmuitas outras desses a bandasonora damaiorparte todoomundo.quase era Oacid-house em impunham-se músicas dedança (raves) invulgares emlocais eas particular, vivia aeuforia dasfestas Europa, eoReino Unido em Em1992,de identidade misteriosa. a um jovem músico eprodutor londrino Público Espaço Este é um disco que evoca, ou que ou evoca, Este éumdisco rovocar rovocar pseudónimo de pseudónimo de Zomby, 92?”, interroga “Where Were UIn’ engana ninguém. O títulonão deamor, éumacanção “Stay home” norueguês. jovem músico deconhecereste Dybdahl “Stay home” de adoro: deouvir nãodeixem música quesimplesmente Uma opiniãosobre uma

sensações . Aliás, não deixem . Aliás,nãodeixem Thomas portas para ofuturo. portas ouabrir nostálgica apenas revisitação sensações ambivalentes, entre ser “Where Wereisso UIn’ 92?” provoque Talvez desconhecidos. dos mais por cultura pope,aomesmotempo, um complexos recente dahistória da vezes,mais deumdosperíodosmais próximos temposiremos ouvirfalar, mas nãoparece. que nos Tudoindica rememoração. Zomby, num óptimoexercício de construção, fixados pela memóriade egéneros históricos em estilísticos plano fixo, detempos mistura de baixo que pairamsobre nunca um sirenes erobustas linhas ocasionais, vozes de incoerências rítmicas, elástico doálbum,sucessão imparável que vaideencontro aoespíritosujoe abruptos,o temoscortes misturados, interrupções, mas,emvez detemas desde 1992. edasinúmeras transformações dança de como genealogia daelectrónica sentido, que este éumdisco funciona de Burial,Kode9 Nesse ou Benga). (acorrente dubstep actual da música aventureirasdas movimentações mais comalgumas dessaépoca contacto devolver-nosconsegue pontosde mmmmn Esoteric Recordings; Mbari distri. & Fripp OfGiles,Giles The CheerfulInsanity Giles, Giles&Fripp Mário Lopes da excentricidade britânica. A reediçãodeumclássico e brilhantes Insanos promocional da editora, a Deram promocional daeditora,aDeram Pode serumfenómenoisolado, das14A sequência faixasnãotem forte como Tom Waits ou numa voz tãograve e dealmaecoraçãocheia pelo próprioecantada maravilhosamente escrita É umaautêntica pérola tive oprazer deaouvir. 2005 esónoanopassado álbum “Stray dogs”de últimos anos.Vem no uma dasmelhores dos forte aposta aposta forte “flop”. Apesar da se limitouaserum Giles &Fripp” não OfGiles, Insanity Cheerful “The ¬ Mau ☆ sabemos eelessabemque éjogo soporífera comcoros (nós celestiais limites dobomgosto numa balada os sonora desalãochá, para esticar embanda verter erudita umasonata éopontoprévio)man Iknow” para (“George aname,and gramatical is banda aproveita omotedeumjogo de Fripp.de guitarra lado acomoexpressivo trabalho melhorvoza sua develho emproado, trombones eórgãodetubos,acolocar com antipsicadélico psicadelismo sarcástico: otrioatocar mais) àRay“storytelling” Davies (ainda e Zombies), nascerumbanostálgica delirante (irmãoperverso dos que sãojazzdeumcabaret canções gordo efeio). Delenascemoito gordo efeio que vivia porser triste deRodneyhistória Toady, omiúdo (classifiquemos assima marxista dedarwinismo moral disfarçado detítuloauto-explicativo.disco neste audição. depois Etudo acabaria respondeu aoanúncio comopassoua enãocantava, não só guitarrista eFripp,teclista/vocalista, que era deum embusca Bournemouth, umanúncio numcolocaram jornalde banda seformou:osirmãosGiles da popeexcentricidade britânicas. do progressivo, éumclássicoabsoluto daquelamaioria dosfãs bandaícone pela desvalorizado injustamente conhecer umálbumque, e triste Crimson pornosterem permitido anterior.designação fim abandonarapoucoapelativa por decidiram evocalista), baixista Peter evocalista, Giles, baterista apelidos(Mike e dois Gilesera destroços dabandadetrês elementos - que nasceriamem1969, quando os enquanto timoneiro dosKingCrimson dedimensãoheróica guitarrista Frippseguiu: éRobert Fripp, Giles, Giles&Fripp épeloque selhes os outros. Deresto, sefalamoshojede par desingleseninguémouviuumou editado, que juntocomelesaíramum aquele nãoerabomcartão-de-visita. anode1968, no todoelepsicadélico Convenhamos foieditado). disco que, ainda nãotinhaestreado quando o Monthy Flying Circus (que Python branco barmandeumsketch do de preto “geeks” supremos edode homens nela postoemfazerdosdois dodisco, eemtodoocuidado capa na um gruporock. Atente-se depois apropriadamais aumaempresa que a apontouser que alguémlucidamente onomedabanda, surpresa. Confira-se em1968. edição, dasua cópias àdata vendeu demeiomilhar pouco mais (subsidiária “avant-garde” daDecca), Medíocre Na segunda parte do álbum, a doálbum,a parte Na segunda temosconto Na primeiraparte, Tudo começounaformacomoa aosKing então Agradeçamos que oálbumfoi Sucede então nãoépropriamente uma O facto plástico João Semog, 39anos, artista home with me.”Takk! will never gofar juststay let goiwon’t doyou harm stay with home menever won’t makeasound ifyou back iwon’t letyou down i home with menever look Stephen Merritt. “Stay ☆☆ Razoável ☆☆☆ Bom ☆☆☆☆ esquecimento. quem deve asobrevivência ao dessesKingCrimsona discografia intemporalque muita mais da coisas, inclassificávelquanto as e,bemvistas fascinante tão umdisco Continua nenhuma qualidades. dassuas Giles, Giles&Fripp” nãoperdeu of CheerfulInsanity edição, “The inventividade irresistível. com humor pungente euma construído classe médiabritânica, realidade, éumquadro da surrealista quando, anacronismo na disposto obra-prima que debem- sedisfarça aquilo que eranormaem1968. explícito com ponto decontacto “Eruditeeyes”intitula-se eéoúnico contemporâneos SoftMachine, improvisado, familiardos eumturbilhão ácidas com guitarras Adespedida adornar-lhe acabeça. Syd Barrett com chapéudecocoa blues trespassado peloespírito deum absoluto, “Elephantsong”,que é clássico ainda um Oferece-nos satírico). mmmmn Media Nuevos Memphis Industries;distri. The Week That Was The Week That Was contemporâneo Um clássico “Learn to learn”).“Learn motedo álbum, central dacanção (“Where doIbegin?” éaquestão mundo que temos dereaprender Brewis em“Yesterday’s um paper”), said theworst to come”,canta is (“yesterday’sapocalípticos news mundo pensadoemtons um diz otítulodaterceira canção), waitsfor noone”,como story (“The mundo que corre rápido demais relacionamos unscomosoutros. Um como comunicamos enos como elealteraedistorce aforma mundo mediático que nosrodeia e um mesmocentro: arelação com o epersonagens diversaslocais para ingleses FieldMusic que ocriou. por Peter Brewis, omembro dos demonstrada condizer comaambição minutos nãoparece eoito canções de32 um álbum.Álbumcujaconcisão nem projecto. fiquemos poraqui, É, banda, Não éentão só pioraascoisas. -oque uma banda,antesumprojecto Quarenta e um anos após a sua eumanosapósasua Quarenta éuma CheerfulInsanity” “The Álbum negro, comoconvém à confluide Cada umadascanções Muito Bom com omundo mediático cantam anossa relação The Week That Was não é realmente não érealmente como desculpa,que uma banda.Dir-se-á, péssimo nomepara é, convenhamos, The Week That Was ☆☆☆☆☆ Excelente APRESENTAÇÃO AO VIVO LANÇAMENTO EXPOSIÇÃO AGENDA CULTURAL FNAC entrada livre

APRESENTAÇÃO CUBA – UMA ODISSEIA AFRICANA de Jihan El Tahri Ciclo 50 Anos da Revolução Cubana

03.02. 18H00 FNAC GAIASHOPPING

APRESENTAÇÃO A ARTE CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA por Estevão Fontoura

06.02. 19H00 FNAC CHIADO

AO VIVO UXU KALHUS Transumâncias Groove

05.02. 21H00 FNAC CASCAISHOPPING 26.02. 18H30 FNAC CHIADO 26.02. 22H00 FNAC ALMADA

LANÇAMENTO 10 ANOS DO MICROCRÉDITO EM PORTUGAL com a presença de Mohamed Ahmed, Adelino Gomes e Valter Vinagre

04.02. 18H30 FNAC COLOMBO

EXPOSIÇÃO SESSÃO TRUFFAUT Uma viagem pela filmografia, personagens e vida do cineasta francês

25.01. - 25.03.2009 FNAC CASCAISHOPPING

Apoio: 28 assim, porque GabrieleXTC, aque masque ouvimos nunca clássicas -canções primeiro canções decriar tudo parece guiado pelodesejo declaradamentepop:defacto, quanto efugidiadeconvençõesambiciosa própriana sua ambição. palavrão), masnãosedeixa enredar (perdoem-nos o “arty” de tentações pop deunsXTC. Ouseja,éumálbum dePeter dramática Gabrieleaaudácia Peter Brewis construiu música tão Peter Brewis tão construiumúsica •ÍpsilonSexta-feira 30 Janeiro 2009 narrativa, conjuga a capacidade narrativa, conjugaacapacidade B$&' RESERVAS 707234WWW.TICKETLINE.SAPO.PT Discos Público Espaço VegZhZciV (2009), Light” Crying Com “The infelizmente, estáaanos- da natureza. Oresultado, ou apura contemplação sérias, comooambiente dedicar aquestõesmais género sexualpara se existenciais sobre o abandonar asmeditações negrume futurista que, ogolpe eis futurista de negrume tenso, constrói-se umcenáriode umambiente percussão define-se a Com minimalista. em cadência edoexotismo chocalhos demarimbas que fazusodetimbalões, mecânica pouco explícitas. atraçar-lhea música, coordenadas rock”, sãoapenaslampejosailuminar assoma aideiadeum“vaudeville antigosos mais Thingsquando Pretty podemos acrescentar, porexemplo, ESTREIA 19 MARÇO A força propulsoraA força éapercussão Antony quis energia, eàmagiaque quanto aosarranjos, à sofrido semantém, mas mesma, queocantar que avoz continua a para oestrelato. Écerto com osseusJohnsons, quatro anosocatapultou, Bird Now”, discoquehá luz dofantástico Ama “I micro-solos) ou em “Come home” um ou em“Come home”um micro-solos) explosões disparando rock (guitarras “Yesterday’s temoscurtas paper” cavalheiresca dePeter Gabriel,em comaexuberância Ian Curtis angustiada deum conjuga aalienação “It’s allgone quiet” Peter Brewis funde luzeescuridão),porque seem line” éexemplar naformacomo airport (“The reconfortante onirismo orquestrações emprestam-lhe um Porque asomnipresentes setornadominador.asa, nunca Técnico de Comunicação 35 anos Pedro Miguel Silva de 10. 6.1 lâmpadasnuma caixa que, aindaassim,ofereço um pouco preguiçoso a lá. Um discomedianoe simplesmente nãoestão envolviam odiscoanterior 1ª VEZEMPORTUGAL! Um clássicoimperdível. râneo eindiscutivelmente intemporal. inatacável, contempo- éabsolutamente pop ecomumacoesãoestética damúsica mente fielàgrandetradição recente. musical produção Absoluta- do anoem2008,éumOVNI na demelhores emváriaslistas destacado que acabou discreta circulação requinte perfeccionista. balada aopiano, elaboradacom feito lamentonostálgico belíssimo Maria João Quadros: “Fado Mulato” partedofado enãoseafasta dele “The Week“The That Was”, álbumde www.uau.pt M.L. mmmmn Banger,Ed Massala distri. AngerLambs Mr Oizo afasta dele, até pela escolha da dele,atéafasta pelaescolhada regenerador. dofadoenãose Parte pode cumpriropapelde bálsamo ouinúteis, “Fado Mulato” artificiais soamafalso,musicais pordemasiado Num misturas tempoemque tantas mmmmn Grão Fado Mulato Maria João Quadros se lhereconhecia. queestruturada eumaprecisão não harmonia,umacadência mais dead” ou“Gay -,mashá dentists” título detemas como“BruceWillis is nãoseperdeu pelo irrisão -acomeçar Osentidode e canções. abstractos movendo-se entre temas electrónicos extrema álbum, dosegundo sem perder porcompletoaáurea dostemas doprincípio, instantâneos eosritmosmais directas mais Anger” parece recuperar asfacetas editora. Também porisso, “Lambs companheiros de dos seusactuais Oizo éumadasfiguras dereferência deterajudado. Uffie) Éque écapaz Justice, Sebastian, editora EdBanger ( de tersidogravado nocontexto da Ofacto existe maiorintencionalidade. aquelefocado, ondesesenteque parcialmente, umasurpresa. isso, oseuterceiro álbumconstitui, 2001 e“Steak”de2008).Por tudo (“Nonfilm” decinema realizador de longas-metragenssuas enquanto vendoinsólito, as comoseconstata nome, cultiva gosto umcerto pelo Quentin Dupieux,seuverdadeiro correria desenfreada. que seatropelavamdigitalizados em espasmos emontagens desons desvairadadecolagens,electrónica uma sabor dascircunstâncias, bricolage, construídosao trajectos de pelastécnicas alguém fascinando digestão,muito difícil feitopor O último, de então, eraumdisco corporal. induzir alguémàagitação conseguiram Oizo dificilmente de2005 -dofrancêsScissor)” Mr. Attack” (Halfa de1999e“Moustache álbuns-“Analogos dois Worms É de longe o seu registo mais É delonge mais oseuregisto músico Masnãoésóenquanto que dança (“Flatbeat”) dança chamada música de emblemáticos da um dostemasmais composto, em1999, Apesar deter V.B. V.B. ¬Mau ☆Medíocre ☆☆Razoável ☆☆☆Bom ☆☆☆☆Muito Bom ☆☆☆☆☆Excelente

Joana Costa tem muito doismileoito: para por onde crescer eles a música é um “melting pot”

intérprete (Maria tematicamente próximas, sem sotaque nortenho e, para eles, a regulares no João Quadros, fadista nenhuma ordem temporal. O música é um “melting pot” de Porto, no Café de voz granulada e primeiro CD, “Samba e amor”, referências - sempre eléctricas, Guarani, Joana vivida), mas procura corresponde ao título: sambas, sempre a encaminhar-se para a Costa já anda há assentá-lo em amores e desamores, pessoais, vivência comunal da canção rock. vários anos pelos alicerces que se lhe políticos (como “Apesar de você) ou Ou seja, os doismileoito vão ser domínios do fado, submetem, dando-lhe tons suaves de épicos (“Vai passar”). “Todo o vistos por muitos (já estão a ser por entre elogios e algumas avaliações de peças para voz e outras geografias sonoras. Sentimento” (CD2) prolonga os vistos?) como a segunda encarnação mais reticentes. O seu disco de estreia, alaúde fora do As letras de Tiago Torres da Silva, amores mas na vertente mais íntima. dos Ornatos Violeta. E muito bem, que “Recado”, que anda agora a ser comum no contexto mentor do projecto, ganham corpo Tem “Joana francesa”, “As vitrines”, não se deve negligenciar a influência apresentado pelo país (ontem no da época. A em fados escritos por brasileiros que “Ludo real” e fecha com a imortal de Manuel Cruz e companhia numa lisboeta Maxime e hoje na Fnac do novidade consistia do fado tinham apenas rudimentos “Tatuagem”. “Cotidiano” (CD3) é geração que cresceu quando os anos NorteShopping, no Porto, às 18h30) é no facto desta não (Ivan Lins, Zeca Baleiro, Chico César, Chico olhando a vida, a cidade, o país 1990 se encaminhavam para o século uma amostra do que ela é capaz neste incluir apenas música inglesa, mas Pedro Luís, Olívia Byington, Iara e, dentro deles, os seus inúmeros XXI - e há de facto algo de Ornatos em momento: muita vontade, alguma também canções espanholas, Rennó, Alzira Espíndola) e dele se figurantes, como “Pedro pedreiro”, canções como “Bem melhor garra (mais patente em “Tua francesas e italianas. O título (“A aproximam por intuição. A voz, os “O velho Francisco” e, na paisagem, 12200074” ou “Música d’homens”. E guitarra”, “Meu corpo”, exemplos de Musical Banquet, furnished with arranjos e os músicos fizeram o resto, o morro carioca conhecido por Dois muito mal, que não se deve lançar que o canto lhe pode vir da alma) e varieties of delicious Ayres, collected com resultados surpreendentes. Irmãos. “Entre amigos” (CD4), esse peso castrador sobre os vários equívocos. “Recado”, a abrir o out of the best Authors in English, Temas como “Fado mudo”, “Quando embora preenchido só por duetos, doismileoito quando, na verdade, eles disco, a despeito do poema de French, Spanish, and Italian”) salienta a noite adormece”, “Noites perdidas”, não tem uma única faixa em comum contornam tão declaradamente a António Lobo Antunes que lhe está na a escolha dos melhores autores e a “Fado mulato”, “Vais dizer adeus”, com o disco “Duetos”, editado em questão. Neste homónimo álbum de origem, arranca mal (o canto deixa-se introdução faz uma analogia com a “Gente vulgar” ou “Fado escravo” 2002 pela BMG. Mas tem gravações estreia, o trio dispara em várias tropeçar nas palavras) e hesita no mais refinada confeitaria no intuito de revelam, a cada nova audição, raras, como os duetos com Nelson direcções - o que é, ao mesmo tempo, registo, o que também sucede, mais agradar a todos os gostos. pequenos motivos de encanto. Além Gonçalves em “Valsinha”, Fafá de a sua força e a sua fraqueza. adiante, com “São saudades”; as A antologia é composta por dez deles há, no disco, versões afadistadas Belém em “Fado tropical” ou “Acordes c/arroz”, a canção que já versões de “Duas lágrimas de orvalho” canções em inglês, quatro em italiano, de canções brasileiras (“Gota d’água” Marianna Leporace em “Tororó”. Por lhes conhecemos há muito, flui entre e “Fria claridade” ficam aquém do três em francês e três em castelhano e “Amor alheio”, ambas de bom gosto) fim, o DVD “Chico ou o Pais da serenidade de guitarras dedilhadas e emocionalmente exigido pelos (entre as quais “Passava Amor su arco e um tema final, “Desamparinho”, Delicadeza Perdida” (1990, 73min), já sons de caixinha de música, e originais e a de “Lisboa garrida” é desarmado”, do romance pastoril onde a fadista, nascida em editado separadamente pela BMG em controlada explosão rock’n’roll no infeliz. Se algum recado este disco “Diana”, do português Jorge de Moçambique, se transfigura em 2003, é um excelente documentário refrão. Para apimentar a coisa, atiram deixa é que Joana Costa tem muito por Montemor) e uma peça para alaúde cantora brasileira. O alaúde de Pedro encomendado em 1989 pela televisão ali a meio um ritmo quebrado, onde crescer. Isto se escolher um solo de John Dowland. Nenhuma das Jóia e a guitarra de José Peixoto, como francesa, estreando-se na FR3 em arraçado de reggae, e que tudo isto caminho seu, que lhe defina o canto e composições é atribuída a Robert as vozes de Francis Hime, Tito Paris Maio de 1990. seja tricotado sem revelar marcas de crie raízes duradouras. Nessa altura, o Dowland que terá sido apenas o ou Olívia Byington, ajudam a dar Com realização de Walter Salles e costura é prova de talento em acção - recado será outro. N.P. editor. Além de John Dowland, entre consistência a este objecto deveras Nelson Motta, incluiu o show está no extremo oposto de uma os compositores representados singular. Nuno Pacheco comemorativo dos 25 anos de carreira planagem sónica, infelizmente encontram-se Giulio Caccini, de Chico Buarque, gravado na subdesenvolvida, intitulada “A.T.L.”. Clássica Domenico Megli, Pierre Guédron, Fundição Progresso, na Lapa do Rio Atentos aos pormenores, os Anthony Holborne, Daniel Batchelar, Chico Buarque de Janeiro, em Março de 1990. E se na doismileoito apreciam tanto dedicar- Richard Martin e anónimos. São Essencial verdade ainda há mais música se a cuidadas pinceladas sonoras (mui miniaturas de um grande refinamento 4CD+1DVD Sony Music Um “essencial” em Chico Buarque do que “indie” a “digitalia” etérea de musical, frequentemente de temática mmmmn a escolhida, certo é que o conjunto, 56 “Cabanas (Peterpanismo)”) quanto a amorosa e com pendor melancólico, canções e filme, forma um lote de total falta de descrição de ritmos banquete mas existem também referências a Chico Buarque será, de respeito. Que acaba por ter vida tonitruantes e guitarras em ebulição personagens e episódios históricos. todos os cantores própria, a par dos muitos discos onde (conferir a rockalhada pós-grunge de musical A soprano Monika Mauch e o brasileiros vivos, o se alimentou. N.P. “Caratequide”). alaúdista Nigel North propõe mais antologiado, ora Através deste álbum que, ainda que interpretações serenas e delicadas em simples vivido em clima de euforia juvenil destes peças, que apostam na doismileoito Deliciosa versão da antologia colectâneas de êxitos (temperada pelo meticuloso trabalho subtileza em detrimento de uma (doismileoito) de canções para voz e alaúde ora em leituras de produção), arranja espaço para expressão mais enfática das emoções. EMI Music Portugal transversais da sua baladas acústicas em tom confessional compilada por Robert A cantora alemã Monika Mauch, obra (à semelhança da mmmnn (a muito interessante “so05/so06 e a Dowland em 1610. Cristina colaboradora de vários agrupamentos série editada em 2002 mais banal “Tempo a mais”), os Fernandes vocais especializados na música pela Polygram, agora Universal, com Despachemos já a doismileoito apresentam-se com antiga, possui uma voz muito títulos como “O malandro”, “O questão. Os estrondo à sua geração. É uma óptima cristalina e uma emissão clara. A sua Musical Banquet trovador”, “O cronista”, “O político”, doismileoito, apresentação. O grande álbum, a pronúncia das várias línguas é atenta e Monika Mauch (soprano) “O amante”, “O sambista”, etc.). pessoal da Maia com surgir, chegará depois. M.L. a ornamentação cuidada. O timbre é Nigel North (alaúde) “Essencial”, com 4 CD e 1 DVD, títulos de canções algo uniforme no plano da cor e ECM New Series 1938 476 6397 inclui-se nesta última categoria. Não tão porreiros quanto Mauch poderia arriscar mais nos Joana Costa trazendo novidades do ponto de vista “Acordes c/arroz” ou “Caratéquide”, contrastes, mas o resultado é, mesmo Recado mmmmn documental, nem sequer uma leitura gostam de guitarras enfurecidas, de assim, portador de uma generosa Ed. Autor, Distri. Compact Records crítica (inovadora ou não) que baixos a caminho do funk e de gritar Em 1610, Robert Dowland (1591-1641), musicalidade que se centra na sustente a escolha das canções para refrões lá no alto - descarga de energia mmnnn filho do célebre alaúdista e componente intimista do repertório. cada disco, permite contudo uma a que, espera-se, se junte a malta que compositor John Dowland (1562-1626), Nigel North é um alaúdista de audição lógica de canções os ouve cá em baixo. Cantam com Nascida no Ribatejo e com actuações publicava em Londres uma colecção primeira água (membro do

Eifh_dY_fW_ij[cWiZeikfb[c[djedWlepZ[gk[cei[iYh[l[ [gk[ceil_l[$C‘i_YW"b_lhei"Y_d[cW"ZWd‚W"j[Wjhe"[nfei_‚[i

Ípsilon • Sexta-feira 30 Janeiro 2009 • 29 Hyperon CDA67694 Stephen Rice,direcção The BrabantEnsemble Motetos eLamentações Magnificat: Morales Lute Lessons”. por Robert Dowland: “A Varietie of extraídas editada deoutra colecção algumasdelas solísticas, nas peças einspiradasprestações com acantora proporciona umaexcelente sintonia asolo),que de umabrilhantecarreira mmmmn 30 dirige oagrupamento vocal inglêshá experiente maestro StephenRice,que Ensemble sobadirecção do vozes. vozes omnes”aseis ouno“Beati acontece no“Speminalium” acinco como inquietantes dedissonância, momentos polifónico ereservam harmónico, revelam grande domínio estrutura dasobras. Doponto de vista nomeadamente noque dizrespeito à abordar orepertório sacro, conjunto ilustramdiferentes estilosde emEspanha. Noseu compostas como oRegina Caeli,foram Outras, naCapelaSistina. cantadas paraserem emItália foram escritas que encerraodisco, o Magnificat inquestionável. como Algumaspeças, qualidade Morales, sendoasua de em obras menosconhecidas Opresente foca-se perpétuas. disco linhas eharmoniadestas beleza pela Palestrina terásidomarcado Pedro, ondeopequeno Giovanni em lugares deS. comoaBasílica permaneceram norepertório sacro, asobras morte, dasua Málaga. Depois deToledocargos nascatedrais e Espanha desempenhouimportantes apósoseuregresso Capela Sistina, a deQuinhentos. primeira metade músico conceituado mais espanholda (1500-1553), deMorales o Cristóbal assim poderíamosdescrever aobra de Uma deimpériodossentidos: espécie paraodeslumbramento. inquietação magnitude, dasombra paraaluz,da paraa damaiorsimplicidade partindo belas esurpreendentes harmonias, Cantadas pelo The Brabant peloTheBrabant Cantadas Tenor duranteváriosanosna ensemble La Romanesca e detentor Romanesca edetentor ensemble La •ÍpsilonSexta-feira 30 Janeiro 2009 Discos revelando asmais continuidade vai linha de nasua hesitante perfeito masquase Um equilíbrio mmmnn Zig-Zag Territoires ZZT080901 Claire Chevallier(pianoÉrard 1905) Erik Satie Um Satieascético maestro. ao programa daautoria dopróprio acompanhado porelucidativas notas e técnica, óptima qualidade todo oseuesplendornum de disco sãodesvendados em e Lamentações dezanos,estesMotetos precisamente como se se tratasse de um frio bloco deumfriobloco como setratasse expressivas, preferindo esculpir osom degrandesnuances límpida, abdica muito uma“toucher” despojada. Com algo exótico misticismo edeumaarte ideiadeum leva àletraesta 1905 debelasonoridade,apianista “Gnosiennes” (1889-91). célebres “Gymnopédies” (1888)eas as medieval,etambém de arte gregoriano pelos estudosdecanto e peloestilogótico pelo seufascínio e quatro “Ogives” inspiradas (1886), Chevalier, que gravou as também interessantes interpretações deClaire corresponde peça umadasmais esta acordes sonoridades.A comoriginais blocosde formadoporestáticos ciel”, “Prélude héroïque delaporte du (!), oque sereflecte noesotérico Mestre deCapelaeoúnicomembro daqual era oúnico Conductor”, “Igreja Metropolitana deJesus daArte tarde opróprioMais Satiefundoua filsdesétoiles” (1892).(1891) e“Le SonneriesdelaRose-Croix”“Les Cruz. Foi nestecontexto que compôs ligadaaomovimento Rosa cabalística aderiu em1891aumaordem docompositor,período místico que Satie (1866-1925), no centrando-se coerente emtorno damúsicadeErik procurou construirumpercurso recente,o seuCDmais apianista gravações naZig-Zag Territoires. Para 1920, algunsdelesusados nassuas entre 1842e deconstrução com datas pianosfranceses cinco actualmente compreende colecção sua tardio A eminstrumentos históricos. explorar repertório relativamente Público Espaço Recorrendo aumpianoÉrárd de Rui Pereira Rui tem-se dedicado a a dedicado tem-se Claire Chevallier Jos vanImmerseel), emaestro pianista mestre (o cravista, doseu À semelhança mais comprida, quem tinha a pilinha quem tinhaapilinha e cowboys para ver Nos idosanosnoventa, quando os Oasis e os quando osOasis eos Blur sedivertiam a brincar aos índios brincar aosíndios Cocker Cocker seus incendiavam asterras de Sua deSua com com Majestade literária umapop mais entusiasmantes. mais deváriosoutros bem registos objecto “Gymnopédies” enas“Gnosiennes”, elimitativa forçada nas mais resulta ela adimensãoenigmática, acentua gravadas dedistanciamento essavisão excêntrica .Senamaioriadasobras ealgo sempre desconcertante abordagem criativo porSatieé doacto chamado “períodomístico” -a ausente totalmente do não está tardias,nas obras mais mastambém que osentidodehumor visível émais Écerto irreverência característica. ascético, deironia isento edasua de mármore. éumSatie Oresultado mmmmn Mbari dist. Pirouet, Am IAsking Too Much John Ruocco Rodrigo Amado e invulgarmente directo. sofisticado elegante, câmara, dotrio.na arte Jazz de Um novo capítulo,notável, de mais? Será pedir Jazz Much”, John Ruocco, doclarinetista passado, este “Am IAsking Too Pulp Jarvis e os e os

roda, lançando-senuma tentar inventar denovo a anos,Jarviscom 45 vai nome homónimo. Agora, uma aventura asoloem estado intercalado com videoclips para outros, para unsearealização de entre aescrita decanções permanecendo algures estado deinvisibilidade, regressou aoseuadorado do fi muito, muito sexo. Depois espírito nostálgicoe carregada de ironia, m dosPulp, Jarvis lançados o ano oano lançados interessantes mais registos conjunto de do directamente Recuperado C.F.

carreira entrecarreira aHolanda eaBélgica, Europa desenvolvendo umasólida Ruocco mudou-se cedo paraa Bremen“Flight, 1961”. em álbunscomo“Free Fall” ou aquiloexactamente que fezGiuffre simples domundo. Afinal, mais nacoisa tranformando-a rodeios epretensiosismos, sem tocada sofisticada, música contrabaixo, Ruocco desenvolve uma piano eRiccardo DelFra no grandesmúsicos,dois John Taylor no pela excepcional clareza dofraseado. e forma comoétrabalhadoosilêncio músico, Jimmy Giuffre, pelosom,pela ouniversoevoca poéticodeoutro Jimmy Giuff de outro músico o universo poético John Ruocco evoca Natural dos Estados Unidos,Natural dosEstados de comacolaboração Contando Técnico de Comunicação 35 anos Pedro Miguel Silva cocker-pulp-pop-music. music/2008/nov/24/jarvis- http://www.guardian.co.uk/ prestigiado “Guardian” em de Jarvis Cocker ao Tempo para ler aentrevista conquistada. Curiosos? termo àinvisibilidade literatura, pondo um música, dançaemuita vai misturar espectáculo, digressão mundial que de ErikSatie à volta damúsica um percurso coerente procurou construir Claire Chevallier re deste um registo especial. especial. deste umregisto que permanente sentidoderisco faz intensa entre ostrês músicos eoseu acomunicação decididamente de Ruocco. Noentanto, é pelosopro projectadas eforça beleza acompanhamento, formasãoa detal clarinete, semqualquer aouvirapenaso poderíamos ficar tema doálbum,sentimosque quarto Em“Benebe”, clarinetista. natural extensão dascomposiçõesdo improvisadas que surgem como dassecções espontaneidade pela e intemporal,acentuado Asking Too Much” umtoque clássico musical, conferediscurso a“Am I no dosilêncio na incorporação emtemposlentose um especialista Konitz. como BillEvans, ChetBaker ouLee jazzdetrás dosgrandes poetas tipo deforça que seescondepor revelar evelada, oculta umaforça o surpreende-nos ao intimista, Baron. Osomdotrio, líricoe Morelenbaum, ouJoey Greg Cohen aindaJacquesparticipam Myriam onde Alter(Enja),registo dacompositora último disco no reforçada pelaparticipação algumavisibilidade, conquistar finalmentea 56 anos,começa BigBand.Agora com Conservatory Dutch Jazz Orchestra ouaDenHaag aformações comoaassociado A escolha do pianista John Taylor,A escolhadopianista ¬Mau ☆Medíocre ☆☆Razoável ☆☆☆Bom ☆☆☆☆Muito Bom ☆☆☆☆☆Excelente

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Pop prolongar-se-á até sábado, dia 7. cinema têm entrada gratuita, Possivelmente, nunca mais voltaram Estão programados “Dreadful mediante levantamento de senha 30 a atingir o esplendor daqueles Memories: The Life Of Sarah Ogan minutos antes do seu início. Os primeiros discos. Mas há doze anos Festas e Gunning” (quarta, dia 4), bilhetes para os concertos de Mike havia guitarras angulares, uma documentário, realizado por Mimi Seeger e Ira Bernstein & Riley tensão enorme nas linhas melódicas, Pickering, sobre a cantora filha de Baugus têm o preço de 5 euros, o de teias harmónicas criando sufoco e histórias mineiros que foi guardiã do Tony Trischka, 18 euros. Até aos 30 electricidade, electricidade bruta. repertório que a antecedeu e deu anos, o preço único é de 5 euros. Era a herança dos Slint combinada folk na voz às lutas sociais do seu tempo com a melhor qualidade do pós- (nascida em 1910, acompanharia rock: desenhar escarpas sónicas em Guthrie e Seeger nos anos 40, Mogwai + Errors que um tipo tem vontade de se Culturgest gravando o seu primeiro álbum na despenhar. E faz sentido recordar década de 1960). Lisboa. Aula Magna. Alam. Universidade. esses tempos, porque em “The 5ª, 5, às 21h00 (portas abrem às 20h). A Culturgest propõe, a partir No dia seguinte, Ira Bernstein e Tel.: 217967624. 22€ a 30€. Hawk Is Howling”, disco do ano de segunda-feira, um festival Riley Baugus, da Carolina do Norte, transacto e última edição da banda, oferecem uma visita guiada às Quase doze anos depois da edição eles regressaram às guitarras sujas, “Hootennany”. Ou seja, músicas e danças do Appalaches, de “Young Team” os Mogway já não capazes de provocar tétano em que música popular americana, num espectáculo em que os violinos, são o prato do dia, a próxima grande se digne a ouvi-las. O assunto é peso interpretada em palco e vista cânticos ou sapateados próprios da promessa do indie rock, se assim se e força - e desde que o rock’n’roll foi região se abrem a manifestações pode definir música que está longe inventado, é isso que se espera de em tela. Mário Lopes populares similares (e dos de assentar no formato canção e que quem pega numa guitarra: que nos Appalaches a viagem chegará a era, maioritariamente, instrumental. ponha doer os ouvidos. O que faz Festival Hootennany Inglaterra ou à África do Sul). Por um momento ali, entre “Come com que o concerto de Domingo, na Para os dois últimos dias, estão On, Die Young” (99) e “Rock Action” Aula Magna, possa vir a ser mais Lisboa. Culturgest. Rua Arco do Cego - Edifício da CGD. De 2ª, 2, a sáb., 7. 21h30, No Pequeno reservados uma antologia vídeo de (2001), foram os reis das guitarras interessante do que os últimos anos Auditório. M/12. actuações ao vivo de Doc Watson, angulares e abrasivas - e depois da banda fariam, à partida, prever. veterano histórico, guitarrista e seguiram o caminho destinado a João Bonifácio Joan Baez disse em tempos que tocador de banjo (“Fingerpicking e quem cinzelou um som que ao início “hootenanny” é para a folk o mesmo Flatpicking”, sexta, dia 6), e, no parecia novidade: primeiro que as jam sessions são para o jazz. encerramento, um concerto de Tony aprofundaram a matriz inicial (e Clássica Já Pete Seeger recorda-se de ter Trishcka, músico cuja carreira e foram causados de repetição), ouvido o termo pela primeira vez no banjo, do qual é considerado um dos depois experimentaram desvios, e final dos anos 1930, aplicado às mais relevantes intérpretes da em “Happy Songs For Happy As cumplici- acções de recolhas de fundos de actualidade, se cruza com nomes People”, de 2003, chegaram mesmo associações ligadas ao New Deal de como Earl Scruggs, Pete Seeger, Bill a incluir pianos e electrónicas. dades de Franklin Roosevelt. As origens do Evans ou Ornette Coleman. termo são incertas, o que, de resto, Todas as sessões têm início às faz sentido: no início do século XX, 21h30. A entrada para as sessões de Maria João era utilizado na linguagem corrente para designar aquilo para o qual não Pires havia nome definido. Certo é que, adoptado por Pete Seeger e Woody Guthrie, tornar-se-ia A pianista prossegue a sinónimo de celebração musical sua residência artística popular despida da formalidade de Concertos um concerto “oficial”. Depois, no CCB em companhia difundido entre a geração do do violoncelista Pavel revivalismo folk da década de Gomziakov e 1960, passaria a ser usado em referência a qualquer um dos seus espectáculo de música popular. compositores de A Culturgest, em Lisboa, eleição. Cristina propõe, a partir de segunda- Fernandes feira, um festival “Hootennany”. Ou seja, música popular Maria João Pires e americana, interpretada em palco e Pavel Gomziakov vista em tela. O ciclo, comissariado Com Maria João Pires (piano), por Ruben de Carvalho, traz a Pavel Gomziakov (violoncelo). Portugal Mike Seeger (irmão de Pete Seeger, fundador na década de 1950 Lisboa. Centro Cultural de Belém. Praça do Império. 6ª, 30 às 21h00. Tel.: 213612400. 10€ a dos históricos New Lost City 30€ (sujeito a descontos). No Grande Auditório. Ramblers, conhecedor profundo e M/12. intérprete virtuoso e multifacetado Com o estatuto de artista associada do da folk americana). A actuação, terça- Ira Bernstein e Riley Baugus, da Carolina do Norte, CCB nesta temporada, Maria João feira, 3 de Fevereiro, marca o oferecem uma visita guiada às músicas e danças do Appalaches Pires regressa aos palcos de Lisboa segundo dia do ciclo, que arranca com a projecção de “American Patchwork - Appalachian Journey”, um dos episódios da série “American Patchwork”, gravada pelo etnomusicólogo Alan Lomax entre 1978 e 1985 e difundida em 1991. Em 60 minutos, Lomax mergulha na rica tradição musical e popular dos Appalaches, registando como do encontro de colonos britânicos, africanos traficados como escravos e cultura indígena nasceu uma expressão cultural única. Intercalando a experiência única dos concertos com o olhar contextualizante do cinema documental, o ciclo Hootenanny

Ípsilon • Sexta-feira 30 Janeiro 2009 • 31 paredes atravessam várias daqueles que calibre 800mm, quando podiaser Era sócalibre 250mm, tinham tidosorte. Ayman achou que 32 Coelho Lucas Alexandra •ÍpsilonSexta-feira 30 Janeiro 2009 Concertos 6º andar Al Zahra City, Viagens com bolso [email protected] morangos sãomesmo bons. de Gaza de morango. City, Háum pequeno pomar emAlZahra eos renda parairem àescola.Heba delaranja fez e compota meninas prepararam asfardas àsrisquinhas easgolas de noite voltou As 24,enasegunda aInternet. horas emcada econtinuou seis fechada,masjáhaviaaberta electricidade fora. mantendo asmãosnovolante, eguioufi que, debaixo defogo, ele simplesmentebaixou acabeça, que temmedomaspossolembrar-me vezes deduas em Os palestinianosnunca dizemque têmmedo. Ayman diz três assustador.para sul,commais vizinhosparanãosertão bolso elevou para cima. água que tinhasidoummilagre. Apanhou abala,meteu-ano abriuosolhosvizinhosestavampartir-se. Quando adizer quepara osol.Efoi ouviuumzumbidoetijoloa então virado ele sesentouporummomentonum tijoloàporta, sol nocorpo, aofi andares desceuosseis eatravessouQuando sentiuo aporta teve porque mesmodedesceràrua, jánãohavia água. como umbicodepássaro. Foi noprimeiro diaemque ele várias paredes. Tem daminhamão. otamanho 800mm,daqueles podiasercalibre quando que atravessam Achou que 250mm, Erasócalibre tinhamtidosorte. Osvidrosda farmácia. rebentaram nasjanelaseforam a haver deruínasa200metros ummontefumegante governamental epassou entre City osprédios deAlZahra dia daguerra,oexército fezexplodir israelita umedifício chão dacozinha, interior. opontomais Logo noprimeiro escuras, sempre eédenoite. que nãoháelectricidade com mochilas,mãesbebés,toda agente sobeapé.Eàs porqueescadas oprédio nãotemelevador. Velhos, crianças no Inverno subirpelas fazmesmodiferença,eépreciso parecem ascoisas prontas a habitar. édifícil Gaza dafarmácia. cima Mini eNunu, no6ºandarpor paraumdosapartamentos Ayman mudou-se comamulher, Heba, eastrês fi avançouconstrução anosdepois nobaldioaolado edois vermelhos, osseusbarbecueseoseuaramefarpado. fi de Netzarim Vazioda CidadedeGaza. porque ocolonatoisraelita prédios que foiconstruídonum terreno vazioasul N No dia em que cheguei a farmácia ainda não estava aindanãoestava No diaemqueafarmácia cheguei vez decomida Na segunda emque saiu,foiembusca O outro “souvenir” deAyman pequeno, émais ecurvo, Durante 22dias,Ayman easmeninasdormiram no Durante aguerrafoicomosefossesempre denoite. nãotêmvidros,No prédio asescadas oque dafarmácia, Não écomosetudojáestivesse pronto ahabitar, masem oscolonossaíram, àforçaeaosgritos,a Quando Éumconjuntode nãoéumacidade. City Al Zhara da farmácia, 6ºandar.da farmácia, por exemplo, City, éassim:AlZhara prédio têm endereço. deAyman, acasa Para chegar enviar pilhaselivros). Muitasmoradasnem ão hácorreio (obrigadaaquem emGaza quis cava ali perto, com os seus telhadinhos cava aliperto, comosseustelhadinhos m de tantos dias. Aquilo foi tão forte que dias.Aquilo que m detantos forte foitão mo no dia em que eu cheguei. mo nodiaemque eucheguei. o projéctil nochãoemostrou- Aymanda cabeceira. encontrou deumpunhoaolado tamanho foi acorrer eviuumburacodo deAymanquarto eHeba. Ela Nenhuma delasgritou. nabarrigadopai. a cabeça que anos,escondia sótemseis se levantavam dochão. Nunu, dias, Ayman easmeninasmal Emalguns emcasa. fechou-se atrás doprédio deAyman. decorpos encontrados bocados Um dia houve um “boom” no Um diahouve no um“boom” daqui, City AlZhara A partir rmemente dali para rmemente dalipara Esperanza SpaldingnoCCB lhas, Lulu, de A. Glazunov) e “La lugubre lugubre Glazunov)de A. e“La menor, op. 25, nº7(transcrição piano doEstudoemDósustenido com umaversão para violonceloe serãoouvidasemconjunto disco do algumas dasrestantes peças compositor polaco. obrae Esta às derradeiraspáginasdo dedicado âmbito deumprojecto para violoncelo, deChopin,no Deutsche Grammophon, aSonata egravaram, asiáticas paraa salas europeias, e americanas emvárias músicosdois tocaram anos,os Chopin. Nosúltimosdois a inteiramentededicado quase Pavel Gomziakov, num programa duo comojovem russo violoncelista masretomado últimoconcerto), o sublimesmomentos alguns dosmais tenor Rufus Muller (responsável por vez acompanhadapeloexcelente asolo. vez peças Desta que não toca presentes em mesmonasocasições comamigoscumplicidades músicos, porenriquecedoras individuais que trocoupianista, osrecitais recente da mais percurso artístico Tem dominante do anota sidoesta emconjunto. o prazerdefazermúsica 00h00. Tel.: 262598549. Clinic.R.Eng.Alcobaça. Bernardo Villa Nova, às Bunnyranch Portugueses”. M/6. ApresentaçãoEstudante: 20€a23€. de“Os República, às21h30. Tel.: 22€a25€. 239855636. Coimbra. Teatro Académico deGilVicente. Pç. Ensemble Rodrigo Leão&Cinema 213467090. 7€. Maxime.Pç. às22h30.Lisboa. Alegria, Tel.: 58, + TóTrips &Gabriel Abrantes Sir Richard Bishop Era”.de “Golden e sénior: 7,5€. NoGrande Auditório. Apresentação Mayor, às21h30. Tel.: 262889650. 10€.Estudante Rua daRainha. das Caldas Leonel Doutor Sotto Centro daRainha. Caldas Cultural eCongressos Rita Redshoes Vargas,de Pinho Côrte-Real eBrahms. 19, às21h30. Tel.: Tradição 261338131.2,5€. -obras Torres Vedras. Teatro-Cine. Av. Tenente Valadim, Hélder Marques (piano). Filipe Quaresma (violoncelo), (violino), Reyes Gallardo (viola), Hebe(comentários), Mens Vargas AntónioPinho Com Ensemble Darcos Alto,Bairro às23h00. Tel.: 213430205. 8€. 59 Rua GaleriaZédos - Bois. Lisboa. daBarroca, Evangelista +ChesSmith 214815330. DedosdeJazz.Dois Informações: Entrada livre. Humberto às21h30. IIdeItália, Tel.: 214848900. Centro CulturalCascais. Av. deCascais. Rei Sofi concerto”. M/12. descontos). NoPequeno Auditório. “Isto nãoéum Império, às21h00. Tel.: 213612400. (sujeitoa 12,5€ Centro CulturalLisboa. Praça deBelém. do OrchestrUtopica The Greatest HitsTour. 30€. (portas abrem às20h30).Tel.: 217967624. 20€a AulaLisboa. Universidade, Alam. Magna. às21h30 The Stranglers 30 Sexta Agenda pondo mais uma vez em evidência umavezpondo mais emevidência aRibeiro +Marc Demuth Maria João Pires Vítor Rua. Compositor: Marecos (voz). Margarida Santos (voz), Alves dos (voz), Marco Hélder Bento Arabesco, AnaFerreira (voz), John (piano),Quarteto Tilbury Schiaffini (tubaetrombone), (saxofone), Giancarlo DanielKientzy electrónica), Vítor e Rua (computador Eddie Prévost (percussão), demovimento),Galante (direcção demovimento),(direcção João Abreu (vídeo),AnaBorralho VítorMusical: Rua. Paulo Com RuiCenografia: Chafes. Direcção Uma Vaca Flatterzunge The Greatest HitsTour. 22h00 (portasabrem às21h).Tel.: 222011913. 20€. 47, Praça daBatalha, Batalha. Porto. Cinema às The Stranglers Tel.: 253203800. 10€.NaSalaPrincipal. Braga. Theatro Circo. Av. Liberdade, 697, às21h30. Sir Richard Bishop Heads”. M/6. Apresentação de“Off With Their 35€. 21h00 (portasabrem às20h).Tel.: 223394947. 28€ a Porto. ColiseudoR.Passos Manuel, 137, às + Dananananaykroyd Kaiser Chiefs Sábado 31 Cezimbra”. Apresentação de“Nº1Sessão às22h00.Gemil, Tel.: 707313435. Entrada livre. Coimbra. Fnac(Fórum Coimbra). QuintadeSão João Coração a divulgar deCezimbra” Sessão “Nº1 Sir Richard Bishop emLisboaeBraga Kaiser ChiefsemPortugal início da residência artística no CCB, noCCB, daresidência artística início ziakov do aoÍpsilon porocasião disse de 2007, emMadrid), Pavel Gom- tocou comMariaJoão (emJunho Pires nº4, deChopin. op.Mazurcas nºs2e4,op. 67 68 nº3,interpreta aSonata op. 58,eas AsoloMariaJoãopiano, Pires deLiszt. gondola”, paraviolonceloe também Lado”. Apresentação de“Canção ao Lopes dos Santos, às21h30. Tel.: 249839309. 10€. Torres Novas. Teatro Virgínia. Largo SãoJosé Deolinda M/6. “DoAmor”. No Auditório. Apresentação de Tel.: 284315090. 8€. TeatroBeja. Pax-Júlia. Largo SãoJoão, às21h30. Paulo deCarvalho eBach. Händel, Leclair Na Sala2.ObrasdeCorelli, Albuquerque. Sáb. às12h00. Tel.: 220120220. 5€. Pç. daMúsica. Porto. Casa Mouzinhode Quaresma (violoncelo). Gallardo (violino),Filipe HuwCom Daniel(violino),Reyes Casa daMúsica daOrquestraSolistas Barroca em www.nokia.pt/onlive). NokiaOn.LiveConcerto (convites 21h30. Tel.: 217967624. 15€ a17,5€. AulaLisboa. Universidade, Alam. Magna. às Wraygunn M/12. 30 anos: 5€.NoGrande Auditório. Duração: 1h30. CGD. às21h30. Sáb. Tel.: eDom. 217905155. 18€. - Culturgest.Lisboa. Rua Arco da doCego -Edifício RuiEncenação: Chafes. em Setembro de2008:“Foi uma o sommagnífico” eo “o mágico, seu‘toucher’ personalidade acima dela” e admira dela”personalidade acima eadmira seu “sentido dogosto A propósito daprimeiravez que revelação, oentendimentomusical sem nunca colocar o seu ego ou oseuego ou colocar sem nunca perfeito.” absolutamente “dá primaziaàprópria música, classificando-a como alguém que comoalguémque classificando-a foi muito simples, era a primeira foi muito simples,eraaprimeira encarnação.” O violoncelista Ovioloncelista encarnação.” vez mas sentíamo-nos como se vez comose massentíamo-nos feito música de câmara noutra noutra decâmara feito música juntoshámuito tocássemos tempo, comosejátivés-semos João Coração continua

VERA MARMELO Wraygunn na Aula Magna

Rodrigo Leão & Cinema Ensemble em Coimbra

Bunnyranch

temporadas musicais de Lisboa. www.thephiladelphiaorchestra.com. Orquestra Depois da empolgante actuação da Será dirigida pelo pianista e maestro Sinfónica do Teatro Mariinsky de São alemão Christoph Eschenbach, Petersburgo, dirigida por Valery também ele detentor de uma carreira atenta ao Gergiev, no passado dia 17, a próxima internacional notável e o o titular da visita (dia 4) traz-nos uma das mais formação entre 2003 e 2008 (será futuro reputadas orquestras americanas. substituído por Charles Dutoit a partir Trata-se da Orquestra de Filadélfia, da presente temporada). que conta com mais de um século de O outro grande atractivo do A Orquestra de Filadélfia e existência - foi fundada em 1900 - e concerto em Lisboa é a presença do o violinista grego Leonidas com um currículo invejável, quer pela violinista Leonidas Kavacos na qualidade artística, quer pelo carácter interpretação do Concerto para Kavacos num concerto inovador da sua acção, sempre atenta Violino op. 47, de Sibelius. O restante imperdível. aos novos desenvolvimentos programa inclui a Abertura “Egmont”, Cristina Fernandes tecnológicos. Foi a primeira orquestra op. 84, de Beethoven, e a Sinfonia nº sinfónica a fazer gravações através de 5, op. 100, de Prokofiev. O nome de meios eléctricos (1925), a primeira a Kavacos encontra-se particularmente Orquestra de Filadélfia realizar a sua própria emissão de ligado ao do compositor finlandês, Com Leonidas Kavacos (violino). rádio comercial (em 1929, na NBC), a uma vez que o violinista grego foi o Maestro: Christoph Eschenbach. primeira a participar na banda sonora vencedor do prestigiado Concurso Lisboa. Coliseu dos Recreios. R. Portas St. Antão, 96, de uma longa-metragem (“The Big Sibelius em 1985 (e do Concurso 4ª, 4, às 21h00. Tel.: 213240580. 20€ a 60€. Camarotes: 150€ a 300€. Broadcast”, de 1937, dos estúdios Paganini em 1988) e gravou as duas Paramount), a primeira a apresentar- versões do Concerto para Violino de Ciclo Grandes Orquestras Mundiais. se numa emissão de TV a nível Sibelius num registo da etiqueta BIS Obras de Beethoven, Sibelius e nacional (em 1948, na CBS) e a muito elogiado pela crítica e vencedor Prokofiev. primeira grande orquestra a dar um do prémio Gramophone de 1991. Contemplando algumas das mais concerto através da Net (1997). Desde Activo como solista e como músico de importantas formações instrumentais 2006, proporciona também a câmara, Kavacos é também o do planeta, o ciclo Grandes oportunidade de descarregar via Net responsável por um festival anual em Orquestras Mundiais constitui um dos interpretações recentes e de arquivo Atenas e maestro titular da Camerata eventos mais marcantes das Christoph Eschenbach maestro da Orquestra de Filadélfi a através da sua própria loja on-line: Salzburg.

António Pinho Vargas Com António Anjos Baixa da Banheira. Fórum Cultural José (violino), Bin Chao (violino), Manuel Figueiredo. Rua José Vicente, às Massimo Mazzeo (viola), 22h00. Tel.: 210888900. 8€. Varoujan Bartikian Ena Pá 2000 (violoncelo), Miguel Lisboa. Maxime. Pç. Alegria, 58. Sáb. Carvalhinho às 23h00. Tel.: 213467090. 10€. (guitarra). Rita Redshoes Ena Pá 2000: paródia, Lisboa. Fundação e Museu ConcertosConccertoscertcertos paródia e mais paródia. E Calouste Gulbenkian. Avenida de música sem papas na língua. Berna, 45A. 2ª às 19h00. Tel.: 217823700. 10€. Big Up Drum’n’Bass: Friction No Auditório Dois. Obras + Dirtyphonics + Moving de Haydn, Boccherini e Fusion Schubert. Porto. Teatro Sá da Bandeira. R. Sá da Bandeira, 108. Sáb. às 00h00. Tel.: Quarta 4 BranB andeburdebur- 222003595. 15€. Pré-venda: 12,5€. Com Pat Mac, Zé Guilhas, Dogz Macacos do Chinês United, Trap, T-Rex e MC Smoke1. Aveiro. Teatro Aveirense. Pç. República. 4ª às Informações: 234484025. 22h00. Tel.: 234400922. 4€. Na Sala Estúdio. Música Fora Joana Costa Horas. Senhora da Hora. Fnac (NorteShopping). Rua Sara Afonso, 205, às 18h30. Tel.: 707313435. Nouvelle Vague guesesguegug ess Entrada livre. Guimarães. São Mamede - Centro de Artes e Espectáculos. R. Dr. José Sampaio, 17-25, às 22h00. Heavenwood Tel.: 253547028. 15€ a 20€. + Demon Dagger + Decay Na Sala Principal. SÁB 07 FEV

Porto. Porto-Rio. Rua do Ouro - Barco Gandufe, às www.casadamusica.com | T 220 120 22h00. Tel.: 917871912. 8€. Quinta 5 18:00 SALA SUGGIA Domingo 1 Maria Anadon + Victor Zamora ORQUESTRA BARROCA CASA DA MÚSICA Com Maria Anadon (voz), Victor Esperanza Spalding Zamora (piano). Com Esperanza Spalding LAURENCE CUMMINGS cravo e direcção musical Em concerto, de Carlos Seixas, a mais Lisboa. Centro Cultural de Belém. Praça do HUW DANIEL violino emblemática obra concertante do Barroco (contrabaixo e voz), Ricardo Vogt Império. 5ª às 22h00. Tel.: 213612400. Entrada (viola), Leo Genovese (piano), Otis livre. MARTA GONÇALVES flauta português, assim como os mais célebres exemplos do concerto grosso de Bach. Maestro Brown (bateria). Benjamin Tehoval Lisboa. Centro Cultural de Belém. Praça do Império. Carlos Seixas Concerto em Lá maior e cravista britânico, Lawrence Cummings Guarda. Teatro Municipal da Guarda. Rua Dom. às 21h00. Tel.: 213612400. 15€ a 35€. para cravo e orquestra é também solista nesta obra marcada pelo No Grande Auditório. Apresentação Batalha Reis, 12. 5ª às 22h00. Tel.: 271205241. 4€. Café-concerto. InBlues - Festival J.S. Bach Concertos Brandeburgueses apelativo estilo do período Galante e um marco de “Esperanza”. M/12. de Blues da Guarda 2009. M/4. n.ºs 3 e 5; Abertura da Suite n.º 2, BWV 1067 incontornável da nossa história da música. Piotr Anderszewski Porto. Casa da Música. Pç. Mouzinho de Beat It’09 - Sessões Albuquerque, às 18h00. Tel.: 220120220. 25€. de Música Electrónica Porto. Plano B. R. Cândido dos Reis, 30. 5ª às Na Sala Suggia. Obras de Bach, APOIO INSTITUCIONAL MECENAS DA CASA DA MÚSICA Schumann, Janacek e Beethoven. 00h00.6ª às 22h00. Tel.: 222012500. 10€ (dia/ consumíveis). Segunda 2 Com The Juan Maclean DJ Set, CNTN (dia 5); Thieves Like Us, Mr. Solistas da Orquestra Mitsuhirato, Phillips & Justamine, SEJA UM DOS PRIMEIROS A APRESENTAR HOJE ESTE JORNAL COMPLETO NA CASA DA MÚSICA E GANHE UM CONVITE Gulbenkian Nite Xift (dia 6). DUPLO PARA ESTE CONCERTO. OFERTA LIMITADA AOS PRIMEIROS 10 LEITORES.

Ípsilon • Sexta-feira 30 Janeiro 2009 • 33 34 ou menosabastada vivendas daclassemédiamais contexto americano, signifi subúrbios –e“subúrbios”, no Yates éumnotável cronista dos •ÍpsilonSexta-feira 30 Janeiro 2009

ca as Livros d’Escritas I d’Escritas mmmmn €17 Civilização, (Trad. deIsabelBaptista) Richard Yates Revolutionary Road Mexia burguesa. decepção deummestreportuguesa da motivou enfimaedição de “Revolutionary Road” cinematográfica A adaptação mente habitual- Viver Ficção obsessão com a decepção eo obsessão comadecepção ecos autobiográficos, euma linguagem acessível,cronológica, um enredo definido, umasequência decontostêm colectâneas e duas John Cheever. Osseussete romances porexemplo,sofisticação, deum embora sema importantes, burguesa, Yates édosautores mais e daliteraturarealista americana merece. Éque dentro datradição talvez como elevolte aocânone, de“Revolutionaryao cinema Road”, Yates vivo. Eagora, comaadaptação Andre Dubus)mantiveram onome Carver, Tobias Wolff, Richard Ford, novosescritores mais (Raymond em eaevidenteinfluência Styron) Williams, Kurt Vonnegut, William (Tennessee dosseuscolegas elogios livrarias Ospersistentes americanas. Correntes desapareceram das bem, ecomosanos venderam muito livros nunca masosseus crítica, respeitado pela Yates eraumautor em 1992, Richard morreu,Quando Varzim, serálançado“O a 15deFevereiro, Póvoa de Correntes de11 d’Escritas, Na 10ª ediçãodas Mundo”, aautobiografi romanceada de José Millás de Narrativa 2008) Pedro Pedro Prémio Nacional Prémio Planeta 2007e (Prémio (Prémio Como viverComo e umavidaética naferida. uma redundância, tocam se“moraldiscutem convencional” é Frank eApril Quando estabilidade. pela “mentira sentimental”que éa comoavidadeadulto passa analisa Yatesconceito defamíliatradicional, do subúrbio umamaterialização realidade afastada”. Sendoo “a ideia dossubúrbioseramantera umaideiacentral: espelha também da comunidade, oromancista Alémdosrituais menos abastada). vivendas ou daclassemédiamais contexto as americano,significa subúrbios (e“subúrbios”, no Actual”). Avenue, Americana ou daSociedade dos Subúrbios,oudaMadison ou absorventes doConformismo, indefinidos masinfinitamente triviais oupretensiosas (os“temas com osamigos para conversas com garagem, serões eorganizam com aspersores nosrelvados ecasas Moram num bairro daqueles pacato, quase naalturaalmoçar; deir”). naalturade quase para tomarcafé; que “quase está naaltura dedescer rodeado derelatórios (eapensar Frank noseuescritório de Bovary”); desastroso (fazendo“umaimitação April num teatrinho amador revelam ofiascodaquelas vidas: cenasdeconjuntoque perfeição inteligentes. Yates constrói na dosburgueses insatisfação amigos, massentemotédioea filhos,umgrupode dois casa, financeira,estabilidade umaboa que Têm detesta. alguma trabalha num emprego burocrático frustrada e ele Ela éumaactriz que dos trinta vive noConnecticut. April àbeira Wheelersãoumcasal diálogos ecoloquialismos. demonstra umouvidoduro em que váriasvezestradução infelizmente numaportuguês, doromance em justificou aedição estreia dofilmedeSamMendes Parade” (1976) ouoscontos.A Yatesianos Easter prefiram “The conhecido, emboraalguns continua oseutítulomais primeiro romance deYates, e doméstica. emchaveo SonhoAmericano nomeadamenteconjugal.É fracasso, continuarão frágeis, neuróticos e em todooladoaqueles dois espúria,porque umafantasia mais “exílio americano tão europeu” é inesperada gravidez deApril. Maso Yates éumnotável dos cronista decorre em1955.A acção Franke “Revolutionary Road” (1961)foio Juan Juan obstáculo aessamudança: a obstáculo a Albuquerque, outra das literário crítico Sergi Dória Ruiz Zafón”, dojornalistae da Barcelona deCarlos Fevereiro Etambémo“Guia na segundasemanade às livrarias portuguesas editora Planetaquechegam É umdoslivros danova com apresença doautor. satisfatória, quando quando satisfatória, o nascimento deum o nascimento toda a existência toda aexistência o romance conta anda àvolta de “encontrar”, e rotinas, possam negócios, que se eufemismos? Europa para ir paraa sonham em Os Wheeler ¬ Mau ☆ burguês. talvez justodizer: osonho sejamais produto: osonhoamericano. Ou venderWheeler nãoconseguiu oseu início, que ovendedor Frank sabemos oque jáintuíamosdesdeo àsúltimaspáginase Chegamos coreografia cinematográfica. perfeitoeuma emocional têmumtom algumas sequências e metafóricos, nos episódios rítmico danarração, nunca exagera verdade. einconvenientes.cínicas Diza super-ego, cruas, diztodasascoisas nãotem psicanalítica: altamente comunidade nesta específica que mental cumpre umafunção personagem secundária,umdoente que dizaverdade éuma pessoa douradas” (pág.259). Aúnica como omundo daspessoas desesperadamente inalcançável etrémula, distante tão tão a honestidade,todaverdade estava mundo’, toda equando sedáconta, maravilhosa mais a coisa evaliosado razão’ e‘como achares e‘és melhor’ dizer ‘desculpa, claro que tens parar. Embreve apessoaestava a começar, eraterrivelmente difícil piedosas: “Porque, dese depois ementirassonhos imprecisos páginas, aqueles vivem dois entre tragédia. 300 Durantequase em Yates, através sóéconseguido da comoquase sempreisso, nestecaso umdooutro. total independência E Wheeler algumavez terãoéa estofos doPontiac”. edos das galochascrianças dos cheiros degasolina, misturados bêbedos num automóvel, “no meio entrega aoutro homem,meios se lhe estragaavidaetambém April pensaemlivrar-se dobebéque inventários. Parágrafo...’” (pág.211). travessão. Issoéocontrolo de o que éque podedispensar, aquilo deque vírgula,saber precisa, ‘saberna gravação doDictaphone, vírgula’, diziaavoz humana activa “’Saber aquilo que você tem, com oseuentedianteemprego: se comadultérios e comsecretárias corpo eumasóalma.Frankdistrai- fingirqueconseguem sãoumsó vidas independentes, enão Mas elesvivemseus conhecidos. edelinguagem dos defeitos físicos comos escritores esãocruéis umpoucoarticulados, snobes,citam recriminações. OsWheelersão emtrocas deacusaçõese descamba todo omomentoapaztácita masa (aparente) deauto-estima, ealgumexcessograndes ideais masculinidade charmosadele.Têm dela,elacoma patrícia beleza arrebatada”, coma elefascinado Keats, e éuma“paixão modesta comodizaepígrafede casamento, que sesentedemeia-idade.Oseu preenche. Elessãoumjovem casal burguesa dosWheelernãoos eafelicidade “viver habitualmente”, éfeliz apenascomo dedos detesta sofrimento. Ninguémcomdois honestidade acerca do uma brutal estranhos umpara ooutro. Medíocre Yates temumóptimodomínio que independência os A única “Revolutionary Road” propõe estrangeiros. de autores nacionaise para adultos ejuvenil, com fi um catálogo generalista, A PlanetaemPortugal terá nas Correntes d’Escritas. O autor iráestartambém grupo editorial espanhol). apostas destaeditora (do ☆☆ cção e não-fi Razoável ☆☆☆ cção, Bom ☆☆☆☆ Ed. Dom Quixote Dom Ed. Neto) (Trad. deSimonetta Goliarda Sapienza A ArtedaAlegria Helena Vasconcelos abalaram oséculoXX. epicentro defuracõesque personagensas suas no Goliarda colocou Sapienza A leoparda mmmmm ver comosdoautor de“O Leopardo”. e oseuestiloliterário pouco tenhama trajectória emboraasua Lampedusa, Alguns compararam-na aTomasi de comoliterários. termos pessoais em tanto umestranhocaso, Sapienza, narrativa éGoliarda ambiciosa sexual. movimentos delibertação eos italiano “boom” docinema como períododopós-guerra agitado e,ainda,o italiano nacionalista processoo complicado doafã anarquismo, aascensãodofascismo, osexcessos socialistas, do Iª eIIªGrandes Guerras,osideais comoa doséculo,acontecimentos tais estreita relação comos uma nasce em1900-,oque implica longo de60anos-Modesta demais da Alegria” éorelato vida,ao desta etragédias. alegrias vinganças, “A Arte homens emulheres, e alianças complexas relações amorosas com familiar, num mundo ondeimperam própria princesaeguardiã daherança porsetornar ela Modesta acaba eprudência, astúcia Com Brandiforti. religiosa, aorgulhosaevelha princesa família, ondeérecebida pelamãeda da élevadaparaacasa Modesta excepcionais. jovem, umainteligência ebeleza mulher nobre que na vislumbra, tutelada pelaMadre Superiora, onde serebela contraasfreiras masé impetuosa, éfechadanum convento, todo oseuuniverso. Demasiado dodesejosão primeiras cintilações de(um suposto)paieas brutalidade da irmã,aindiferença damãe,a adeficiência ParaModesta, católica. agrilhoadapelaIgreja fatalmente pelaprópria geografiasufocada e meio rural primitivo, numa Sicília num afomeeviolência, ignorância, ondeimperam a pobreza abjecta, anos parece destinadaaviver numa A belaeexcêntrica autora desta protectora, dasua amorte Com Muito Bom literário Sapienza, umestranho caso A belaeexcêntrica Goliarda Com quatro ou cinco quatroCom oucinco cruz. asua carrega uma meninaque já terreno lamacento, de madeiraporum umtronco arrastar a uma criança temos delaéade que A primeiravisão ☆☆☆☆☆ Excelente O cubano António biografi a imaginária Orlando Rodríguez, de uma personagem Correntes autor de “Chiquita”, real, Espiridiona Cenda, d’Escritas II Prémio Alfaguara de jovem cubana de apenas Romance em 2008, vinte e seis polegadas estará também na de altura que chega à Póvoa do Varzim, no Nova Iorque dos fi nais Estamos online. Clique em Correntes d’Escritas. do século XIX com o Internet www.ipsilon.pt. É o mesmo Este romance, editado desejo de triunfar como suplemento, é outro desafi o. em Portugal pela bailarina e cantora. Venha construir este site QuidNovi, é uma connosco.

É verdade que foram - o livro acaba com uma grande festa e mas seria preciso esperar mais 27 anos nádegas. [...] Agarrei-lhe a nuca por contemporâneos, que ambos com um anti-climax apaziguador - Pierre & pelo terceiro, “Charité” (1985). A baixo e esmaguei-lhe mais a cara. A nasceram na Sicília, foram críticos e mãe e filho conversam e Modesta diz partir dos anos 1990, publicou cerca sua língua violou-me [...] eu sentia- de uma sociedade decadente e que não está disposta a submeter-se a de vinte títulos, entre contos, me mais viril, pois a minha força escolheram para personagens das chantagens, neste caso psicológicas. Gérard romances, peças de teatro e narrativas inspirava essa homenagem e o suas obras - ambas publicadas (Não cedeu aos mais velhos quando para a infância. “Os Anjos Maus” homem que em mim havia gostava de postumamente - representantes da era nova e está decidida a não ceder Subversivo, disse a justiça chega à edição portuguesa quase em se dar ao luxo de um prazer passivo.” nobreza, colocando-os no epicentro aos mais novos quando ela própria em 1955, enquanto a simultâneo com “Barba Azul, Papão E Não admira que o puritanismo do dos furacões ideológicos, pessoais e envelheceu, mesmo correndo o risco C.ia” (Cavalo de Ferro), colectânea de pós-guerra se tenha sentido sociais que abalaram a primeira de perder o filho.) Não tenciona intelligentzia assobiava para contos infantis de 1986, prefaciada por ameaçado. O silêncio dos intelectuais metade do século XX. abdicar da prática continuada da o lado. Julien Green e ilustrada por Paula continua a ser um mistério. No entanto, as comparações ficam liberdade (que lhe propicia a “alegria” Eduardo Pitta Rego, que concebeu o projecto com por aqui. Lampedusa era filho de um feita arte) como exaltação da Jourdan. Contrariamente às histórias príncipe, enquanto que Sapienza coragem, fruto da apetência para a de fadas deste Perrault pós-moderno, Ensaio Os Anjos Maus nasceu em Catânia, em 1924, numa solidão e para o prazer da prática “Os Anjos Maus” é sobretudo uma Éric Jourdan família socialista/anarquista. O pai era amorosa sem constrangimentos. Ao “história de amor sobre aquilo que (Trad. Ana Moura) um advogado sindicalista e a mãe, longo da vida, Modesta desembaraçar- nos dá uma protecção eterna contra a Bico de Pena O segredo uma figura histórica da esquerda, que se-á de todos os entraves a esta velhice: o sangue e a pele da inspirou muitos dos episódios de “A cruzada e rechaçará a pobreza, a mmmmn juventude.” Pierre e Gérard são Arte da Alegria”, era directora do religião, a família, o casamento, os primos, estão dispostos a tudo, e vão É uma espécie de livro de Jornal “Grido del Popolo” onde tabus do sexo, os mitos da Em 1955, a França de pagar caro a paixão que os une. Como “auto-ajuda”, guia para Gramsci foi chefe da redacção. O maternidade e do amor filial, as René Coty interditou diz o narrador, “o homem próprio nome de “Goliarda” - os imposições dos ideais políticos e o “Les Mauvais harmonizava-se com a sua “fazer amigos e conquistar “goliardos” eram, na Idade Média, peso da tradição. A narrativa é feita de Anges”, de Éric necessidade.” pessoas” influentes, clérigos e estudantes que levavam registos irregulares - fruto do longo Jourdan (n. 1938), Jourdan faz parte de uma plêiade de manifesto moral e político. uma vida desregrada de trovadores tempo de maturação -, salta de género sob a alegação de escritores franceses contemporâneos ambulantes, gostando de fazer para género, fazendo uso de obscenidade e declaradamente homossexuais que a Foi escrito no século XVI. chacota da Igreja - mostra como os confissões, memórias, dramaturgia, atentado ao pudor. crítica ortodoxa (incluindo a dos Mário Santos seus progenitores desejaram marcar o poesia e prosa panfletária, alterna As leis da Quarta estudos de género) tem seguido com carácter da filha que cresceu imbuída entre narradores, passa da primeira República eram mal disfarçado enfado: Renaud O Livro do Cortesão de espírito revolucionário, tendo para a terceira pessoa do singular e implacáveis em matéria de costumes, Camus, Yves Navarre, Tony Duvert, de Baldesar Castiglione recebido uma educação ateia e sofre o impacto de desacertos que os e o autor escapou à prisão por ter certo modo também Hervé Guibert. (Trad. de Carlos Aboim de Brito) socialista, uma vez que os pais nunca críticos mais implacáveis não apenas 17 anos e um advogado como (Sem a dramatização da Sida, Guibert, Campo das Letras, € 18,90 quiseram que ela frequentasse as deixaram passar. Paul Boncour, muito influente nos que filmou a fase terminal da doença, escolas, contaminadas pelo espírito Não é um livro perfeito e não possui meios políticos. O patrocínio de não teria vencido a barreira da língua mmmmn fascista da era Mussolini. a universalidade das grandes sagas de, Robert Margerit e de Max-Pol Fouchet, francesa.) Como eles, Jourdan não Em 1940, com 16 anos, partiu para por exemplo, Tolstói ou de Di que escreveram textos justificando a atingiu o patamar de consagração A presente edição de Roma e ingressou na Academia de Lampedusa, perdendo por vezes o obra, de nada serviu. A censura durou reservado a Monther-lant, Genet, “O Livro do Artes Dramáticas, tendo-se tornado ritmo e a tensão narrativa para se até 1984, ano em que a interdição foi Barthes, Tournier ou mesmo Domini- Cortesão”, de actriz de sucesso na década alongar em tiradas onde é visível um levantada, mas o livro manteve-se que Fernandez. Baldesar (dantes seguinte. Viveu com o realizador certo moralismo didáctico. Mas a “clandestino”. A segunda edição saiu Se nos abstrairmos da pouca idade aportuguesava-se e Francesco Maselli e trabalhou, singularidade do conteúdo, a escrita só em 2001. Agora temos “Os Anjos de Jourdan em 1955, a polémica à escrevia-se Baltasar) ainda, com Visconti (“Senso”) e com directa, com frases de uma beleza Maus” em português. volta do livro não faz sentido. Afinal Castiglione (Mântua, Alessandro Blasetti. No início dos cintilante e poderosamente física, a Num breve prefácio, Jourdan - filho de contas, estamos na pátria de Sade e 1478-Toledo, 1529), é anos 60 passou a dedicar-se à escrita aparente simplicidade de relações adoptivo do escritor americano Julien Huysmans; a mesma onde, em 1944, publicada no âmbito e iniciou um ciclo de seis romances bem profundas entre as personagens Green - relata o modo como esse texto Roger Peyrefitte publicou “As de um série de traduções patrocinada autobiográficos que foi escrevendo e a estranheza da forma deste cântico escrito aos 15 anos chegou à edição. À Amizades Particulares”, obtendo com pela Comissão da União Europeia até perto da morte, em 1996, meses à vida, merece bem leitura atenta. época, ainda não conhecia Green (que esse primeiro livro o Prémio para a Educação, Audiovisual e antes da publicação de “A Arte da lhe terá aberto muitas portas), e tudo Renaudot. Mas Peyrefitte era Cultura e que visa “contribuir para o Alegria”, obra a que consagrou dez aconteceu a partir de uma conversa diplomata e tinha então 37 anos. Não é melhor conhecimento por parte dos anos da sua vida. fortuita com a proprietária da vulgar que um rapaz de 15 anos leitores portugueses de alguns dos A personagem de Modesta serve Librairie Sainte-Beuve do boulevard escreva com desembaraço o lado mais importantes clássicos da para a autora veicular ideias e as suas Saint-Germain. A esta distância, o negro da paixão: “O sangue sempre literatura europeia”. “A Língua Posta a opções de vida, na qual a liberdade e a tumulto gerado pela sua estreia me fascinou. [...] Tinha a cabeça cheia Salvo”, de Elias Canetti, “Wallenstein”, responsabilidade individual ocupam precoce lembra aos desatentos que o de ruído, desse vão ruído do sangue de Schiller, e “Guzmán de Alfarache”, lugar primordial. Mas as suas opiniões conceito de liberdade, igualdade e refluindo nas fontes como se subisse de Mateo Alemán, são os outros livros não são consensuais: para a esquerda, fraternidade é sempre relativo... uma escada gigantesca. Por eu ser desta série já publicados pela Campo Sapienza é demasiado individualista e Ainda sob o efeito do escândalo, sensual, o meu primo era para mim, das Letras. decadente, com o seu fascínio pelas Jourdan publicou em 1958 o segundo em primeiro lugar, um ser de carne “O Livro do Cortesão”, do cortesão, grandes famílias, da riqueza e da romance, “Les Penchants obscurs”, [...] boca, coxas, um cheiro de jovem diplomata e letrado humanista nobreza; para a direita, representa o macho.” À medida que a narrativa Castiglione, é apenas um dos mais caos, na forma de uma mulher sem O puritanismo avança, o tom elegíaco dá lugar à afortunados e influentes livros da sentido de família, sem instinto sentiu-se ameaçado secura dos factos: “Matei por amor. Renascença italiana e teve primeira maternal e teimosamente anticlerical. por “Os Anjos Maus” Recordo toda a noite. Pierre estava publicação no ano de 1528, em Goliarda e Modesta confundem-se e alegou obscenidade preso a uma trave baixa; eu tinha Veneza. Esta primeira edição, a crer neste romance que mistura cultura e atentado ao pudor atado os seus punhos com uma na dedicatória inicial a “dom Miguel pagã com a tradição literária italiana, corda. [...] O chicote era o meu braço da Silva, bispo de Viseu”, terá sido com ecos de Bocaccio e Dante, [...] Eu deixara de ser um rapaz, era a apressada por curiosa mas não chegando até Ignazio Silone e Alberto violência com rosto de rapaz.” Gérard incomum circunstância. Tendo Moravia. Personagens como Carmine, viola e mata Pierre por ciúmes. É uma oferecido uma cópia a Vittoria um fauno dos bosques, uma espécie cena brutal: “Vi que havia feito amor Colonna, marquesa de Pescara e de deus Pã, Pietro, o gigante dócil e no sangue.” O suicídio é o corolário. assinalável poeta, Castiglione estava implacável, Mimmo, o jardineiro, A história é contada a dois em Espanha como enviado do Papa Beatrice, a vestal, Joyce, a compassos: primeiro a narrativa Clemente VII (morreria vitimado pela prostituta sagrada, de Pierre, nimbada de lirismo e “peste”, em Toledo) quando soube Argentovito, a criada melancolia; depois a de que a marquesa, “contra a promessa alcoviteira, Gaia, a mãe-terra, Gérard, sem poupar no sua”, mandara transcrever parte do e muitos outros vivem - e grafismo, em particular livro, que já circulava “nas mãos de morrem - dentro do espaço Baldesar Castiglione, nos episódios numerosas pessoas”. O receio de que de influência de Modesta, cortesão, diplomata envolvendo terceiros. imprimissem a obra sem o seu aval a grande sacerdotisa, na e letrado humanista Com Philippe, por apressou Castiglione, que afirma ter vibrante paisagem exemplo: “O seu preferido que ele fosse siciliana. Já quase no final perfil abriu-me as “insuficientemente corrigido”

Ípsilon • Sexta-feira 30 Janeiro 2009 • 35 36 próprio príncipe servido (por vezes de (porvezespróprio servido de príncipe e o cortesã esquecido -,aperfeita é filosóficos, nenhum aspecto exemplo), elevadose aosmais mundanos (aroupa eocabelo, por comezinhose dosmais -pois cortesão que devemorais teroperfeito e intelectuais físicas, qualidades Abordar-se-ão, sucessivamente, as espevitadores oupausas retóricas. interlocutores edonarradorcomo asintervençõesfuncionando dos sobre umconviva emparticular, conversa diálogo recaem emcada da Canossa,etc. Asdespesasda Bernardo Bibbiena,Aretino, Ludovico Ottaviano Fregoso, Pietro Bembo, determinados: historicamente Urbino, sendotodos osinterlocutores sucessivas doduque de nacorte decorrem noites emoutras tantas por quatro extensos diálogos que noutra apena”, diriaCamões). (“Numa mãosempreacção aespadae comprometidohumanista coma o renascentista, do homemdecorte perfeito doideal cortesão”, éapoética ser aquele que merece onomede “moção” sobre “de que maneiradeve seu livro éumprograma, uma eventualmente “realista”, o descrição doqueá evidenteque, uma mais doséculoXVI,no início mastornar-se- como “umretrato” deUrbino dacorte defineo seulivroCastiglione também escreverá sobre ideal. ocortesão ideal eCícero sobre ooradorideal,ele ideal,Xenofonterepública sobre orei escreveulatinos: sePlatão sobre a Castiglione sãoosclássicosgreco- vive eescreve), osmodelosde emque oautor (considerada aépoca vivas”,“forças hoje). dir-se-ia responsabilidade daselitesou ea (é sobre aspráticas próximo dosoberano oudopríncipe assim dizer“cidadão” o dacorte, deveres do“perfeito” cortesão, opor filosófico sobre asqualidades eos didáctico- emoral,umtratado estética excelente prosa doutrinalcívica, dizer que “O Livro doCortesão” é Será, porém, justoeapropriado mais que écostume,claro, ebemescrito. político. emmaiordo Mastudoisto influentes, ummanifestomoral e “fazer amigos pessoas” econquistar maneiras”, umguiapara de “boas de livro de“auto-ajuda”, ummanual “O Livro doCortesão” éumaespécie modernas eexpeditas livrarias) que de“Livrosecção prático” dasnossas ver aobradeCastiglioneirparar à poderíamos dizer(correndo de orisco eespectaculares, forçadas analogias Castiglione? as Senostentassem Aldeia”). Rodriguesportuguês (“Corte na Lobo daPrudência”)Manual ouo eArte (“OGracián Discreto” e“Oráculo autores comooespanholBaltasar possível rastrear em influência asua XVI. Um éainda séculodepois aolongo dúzia delínguas doséculo edições efoitraduzidoparameia deQuinhentos,teve dezenasde escala Europa, umverdadeiro à “bestseller” obra foiumsucessoemtodaa dilacerado pelamãodeoutrem”. A Formalmente, olivro écomposto nãopodiadeixar deser Como O que aobrade éedeque trata pela sua mão“dopela sua que totalmente •ÍpsilonSexta-feira 30 Janeiro 2009 Livros Público Espaço facetos). eexemplosepisódios anedóticose de diálogo hámesmoumacompilação o humor deCastiglione(nosegundo temas porvezes graves, comaironia e com alevezade comque setrata exemplo), nãodeixarádesimpatir saber, edovirtuoso daeducação nossa contemporânea, dabondade do exemplo, ouaprópria afirmação, tão melhor doque opresente, por ideia deque opassadofoisempre combativo da erenovador (acrítica optimismo comcerto “identificar” comum nãodeixarádesepoder é claramenteafirmativa eesseleitor o “leitorcomum” dehoje.Aresposta setemaindainteresseperguntar para “especializados”, poder-se-á para leitores edocumental histórico ideais. por essescortesãos dir-se-á) cínica, maneira tacticamente mmmnn Relógio d’Agua, €14 (Trad. MiguelSerrasPereira) Slavoj Zizek A Monstruosidade deCristo André Barata moral. consciência que sua da pós-modernidade do revela-se menosumcrítico Julgando comojulga,Zizek iconoclasta Zizek, o Intolerância”), não Intolerância”), não exemplo em“O da Elogio Zizek (defendido por liberal. como formasdechantagem entendimento ediálogo de necessidade detolerância, assimquetambém Zizekdenuncia a eimediata”. seria directa Eé a crença que, semorecurso aessesprocessos, etc.) traduzoreceio subjacentede irónico (uso deaspas, distanciamento recurso aprocessos constante de que “a necessidade pós-moderna do anos Zizekafirmava, porexemplo, modernidade. dapós- cínica atitude ideologicamente oque defendejustificações, sera desmascarar,propõe-se nassuas e vigilantedosdiscursos formatação irreverência daexcepção, confronta a a fazaregra.correcto Com num tempoemque opoliticamente é autor de umpensamentoanómalo domundo), todas asgrandes cidades Liubliana (eque ensinaumpouco por este professor daUniversidade de noantigocriado regime jugoslavo, Babel, editada entre nós colecção ABibliotecade Poe, ooitavo livro damítica Roubada”, deEdgar Allan Terminei hádias“A Carta “Manuscrito Encontrado uma morteaprisionada -, pela Presença. Além do pela Presença. Alémdo - retrato sobrenatural de Tendo estelivro evidenteinteresse Do ponto de vista de de Do pontodevista É assim,semrodeios, que hájáuns conto “A CartaRoubada” Caso deM.Valdemar” “A Verdade Sobre o - oelogiodoraciocício outras preciosidades: simples -,olivro oferece anos, nascido e e anos, nascido Esloveno, de59 internacional. ensaísmo terrible” do exuberante “enfant omais década, cerca deuma Slavoj Zizeké,há do ensaísmointernacional exuberante “enfant terrible” Slavoj Zizek, omais escada que já não existe, li escada quejánãoexiste,li no último degrau deuma de setenta anos,sentado Borges escreve: cerca “Há a colecção, Jorge Luis não sóestelivro mastoda sufi prefácio, razão sóporsi tortura emcrescendo. No - terror narrativo deuma - e“OPoço eoPêndulo” solidão noestadosubmerso “O Homem naMultidão” -a alucinação emalto mar-, Numa Garrafa” -poderosa ciente para comprar o que faz o que faz com elaatéàmorte, comprometendo-se própria criação, nasua precipita transcendente ese posição a sua deus que abandona encontramos um seu lugar cordelinhos -em oculto que move os como osenhor universo, Deus garante osentidodo transcendente que perderem oDeus realidade receiam é Homem’, aquilo que na palavras que dizem:Elefez-se profundos porque as as‘assustam desentidos imaginam todaaespécie aspessoas “(...)Quando citar: responsabilidade porelas.Vale apena inteiro asescolhasea constrangendo-nos aassumirpor paternal, transcendência perdersofrimentos, fazendo-nos asua humanas para padecerdosmesmos ao corpo, àdoresensibilidade mas Eleseterfeitohomem,vindo que Zizektememmente-nãoCristo, amonstruosidade essa encarnação deCristo. É daencarnação fantasma Pereira), Zizekconfronta-nos como livro (traduzidoporMiguelSerras dos respectivos nestenovo partidos, naorganização inteiramente focados ambos,eleeLenine, leninista, São Paulo comootrabalho deum Zizek descrevia doapóstolo amissão eoAnão”. Marionenta Senessaobra que jáforatemade“Acristianismo do retomada aleituramaterialista Monstruosidade deCristo”, é reinvenção leninista. moderno porassimdizer, de àantiga,pré-pós- um marxismo Também porisso, Zizekreclama-se de desumanidade docapitalismo. a mascarar que visa ideológico entender, doque odispositivo mais moderno. Estenãoseria,noseu aopós- pelacrítica Zizek, segundo passe, aocapitalismo que acrítica do“rostopela retórica humano”. Pelo disfarçado menos doque capitalismo removida nada nadamais, amáscara, palavra, opós-modernismo, seriam, ou,numa edatolerância diferença relativistas,multiculturalistas, da genuínas. Noseuconjunto, asideias ainterdição deconvicções disfarçaria invertido,racismo eorelativismo, que multiculturalismo, que um mascararia mesmo modo, recusa o claramentepolémico.de Zizek, Do desentendimento. Esteéopontobase apesar dainultrapassável de condição que nosajudeagarantir aconvivência sim,deumcódigo isso Precisamos, não temos dequerer dialogar. temos dequerer entenderosoutros, No livro que agora “A sepublica,

RUI GAUDÊNCIO técnico de Comunicação Pedro Miguel Silva, 35anos, calafrios em10. onde reina oassombro. 9 um regresso aestaprisão aqui, prometo também abismo semfundo”. Por se vai comprimindoeao prisão quadrangular que vez equevoltarei aindaà àúltima ainda nãocheguei que que molessem;sei que, depois,oli,reli oupedi já meesquecidasvezes The pit andthependulum; ou nos Estados Unidos. Os fatos Unidos. Osfatos ou nosEstados naAlemanha estejamos emFrança, consoante despejam aságuas maneiras diferentes comoassanitas sobre as lado qualquer adissertar correcto, ounoutropoliticamente as dimensõesalvitrantes do chão, entre aperorar sanitas, sobre exemplo, no encontrá-losentado Youtube, épossível, enosquais por próprio emvídeosconsultáveis no Eslovénia, asi oradocumentando-se àpresidência da candidatando-se ora dointelectual, pública aparição ateia deperceber ocristianismo. e escreve umamaneiramaterialista são algumasdaslinhasporque se como seupróprio pressuposto.” Estas próprio género, estabelecendo-o que retrospectivamente redefine oseu heréticadecristianismo é umaespécie propósito: “O contemporâneo ateísmo do contrário? Escreve Zizeka fundadonum emvez ateísmo cristão eseestivessefeita: omonoteísmo finalizar, a subversão deumaideia divina. transcendência Ou,a absoluta doIslão deuma da concepção masnãoo doscristãos, da concepção no seuentender, oDeus condicionaria XVI emredor daracionalidade que, recentes declarações doPapaBento por exemplo, asproporcionadas pelas ainda estimulantes reflexões como, deavaliar. difícil muita teologia E e Hegel, deLacan muita psicanálise demuita filosofiade daevocação está, além,claro Hitchcock eBergman, de paisagens cinematográficas atravessandoobra deChesterton, as ap deanálise, capacidade prodigiosa asua Zizek aplica consequências dessaspalavras?” hoje arecear demasiadotodasas do próprio deus.Não continuaremos divina e,portanto, destino dacriação liberdade edaresponsabilidade pelo quecoisa nãosejaoterrível fardo da superior que olhepornós,semoutra fiquemos semqualquer Poder com que nós,seres humanos, Zizek subverte ojogo também da excelente desta A partir pergunta, Armani caindo em fino emfino Armani caindo recorte sobre a apesar detudo, elegância jovial elegância continua aser, linguagem e dos pensadores- Mas tudo isto é é Mas tudoisto iconoclasta. iconoclasta. estrela, um pensador um pensador um exímio exactamente exactamente roveit irónica de irónica de como os como os novos novos iconografia iconografia à auto- políticos em Zizek, em Zizek, dão lugar, europeus, ando a ando a uso uso António Mega Ferreira também às suas fontesreligiosas, àssuas também âmago daculturacontemporânea,e nos religa, páginasobre página,ao linguagemnesta poderosa comque uma Europa quase semgás, esteja última bolhadoborbulharculturalde “fenómeno Zizek”nosreserva, derradeira. legitimição sua mesmo, ponto defugae,porisso a bem terno“fenómenoZizek”oseu correcto, quedo politicamente pode de arabescos parapossível desfrute neste livro, temáticas errâncias feito sobre oque for. comoas Aliás,tal pós-moderno dalinguagem, sejaela para assim julgar da nossa situação para assimjulgardanossasituação entre um lisboeta eumaestrangeira.entre umlisboeta deamor acompanham ahistória fotos tiradasentre 1988e1990 Amy Yoes. Song”as16 Em“Lisboa americana daartista fotografias Che. Che. antesdesetornarnomítico Latina alcunha doautor, pelaAmérica idealizaram amentedacriança. idealizaram procurando aformacomo eles Carroll ouJ.K.Lewis Rowling, personagens deDickens, dissecadas Biografia Ensaio Saídas Ficção Poesia expostas emmuseus portugueses. pinturas sobre Mariaque estão Maria emconjuntocomvárias poemas sobre avidadaVirgem Talvez aironia maiorque este num mundo agitado. Ejulgando como julga,Zizekrevela-se menos um crítico dapós- menos umcrítico modernidade do que sua modernidade doque sua consciência moral. moral. consciência com “Calica”, com “Calica”, viagem deErnesto última a relata “Do ErnestoaoChe” Guerra ePaz Santos) (Trad. AntónioCosta FerrerCarlos Calica Do ErnestoaoChe inspirado pelas inspirado pelas texto escreveu este FerreiraMega Sextante Editora Yoes Fotografia: Amy Ferreira;Mega Narrativa: António Lisboa Song reunidos osvários estão português) bilingue (alemão/ edição Nesta Portugália Editora Dias Furtado) Teresa(Trad. Maria Rainer MariaRilke A Vida deMaria Neste livro são de palmoemeio. povoada deheróis A literaturaestá Quetzal Helena Vasconcelos Desconhecido Território A InfânciaÉUm Sétimo Céu Teatro/Dança alta alguns artigos de jornal e algunsartigosalta dejornale Willie não costumafalar: lê emvoz buraco juntoaomonte para dormir. antigosjornais ouesconder-se num pode sentar-se aapanharSoleler do monte.Ao contráriodeWinnie, que diz. ideia deque omaridoaindaouve o ea mala, ondetem coisas, assuas Osseusúnicosconfortos sãoa peça. duranteamaioriada mantém calma quase infantilqueoptimismo a gosta derecordar opassadoetemum afalhar,memória começa masWinnie sempre mudo marido, Willie. A quase ummonólogo comoseuquase falar emantém umaconversa que é Winnie situação, recusa-se adeixar de tem deacordar. Apesar dasua define quando podedormirequando controladas que porumacampainha abrasador. acçõessão Assuas expostaconstantemente aumSol eamantém pela cintura monte derelva que aprende artificial como contrasta grisalho e cabelo cinzento oseucasaco Com libertar-se. engolida pelaterrasemconseguir teatro”, dizBrunoBravo, oencenador. que procura ser“umareflexão sobre o de umprojecto e éaprimeirapeça “Lindos Dias”,estreia 4deFevereiro, Winnie.principal, são aspalavras dapersonagem de“LindosDias” oessencial Lisboa, sem palcodoespaçoONegócio, em tinha desupérfluo. Napequena sala vidatiraraoteatro tudooque sua Samuel Beckett procurou durantea 21 34302 05. De4a21/02. De4ªasáb., 21h30. 7,5 € ONegócio. RuaLisboa. deOSéculo nº9porta5.Tel. Amorim. Gonçalo Bruno Bravo. Raquel Com Diase De Samuel de Beckett. Encenação Lindos Dias Mourão Henrique de4Fevereiro.a partir Dias” deBeckett, n’O Negócio, Bruno Bravo encena“Lindos lindo dia Vai serum Willie, omarido, vive dooutro lado aserlentamente Winnie está “Happy Days”, aqui traduzidapor experimentar. querealista tinhamcuriosidadeem e autores naturalista detradição eStrindberg, dois obras deIbsen eporserem femininas emdestaque porterem personagens outras peças Dias” desde“Endgame”,escolheuas grupo, que queria encenar“Lindos textos num cenárioreduzido”. O objectivo éver “o que sobrevive destes O Sintomas comagaleriaZédosBois. pelacompanhiaPrimeiros organizada de Henrik numa Ibsen, trilogia August Strindberge“Hedda Gabler” encenações de“Menina Júlia” de acrescenta. fazersejaoquerisco for emteatro”, medos. “Éumrisco, masésempre um concentrar-se notexto eignoraros dramaturgo irlandês. Ogrupotentou responsabilidade deinterpretar o da consciente com “Endgame”,eestá representou Samuel Beckett em2004, “uma hora emeia depoesia”. encenador que descreve como apeça dizo desconstruir ealterarBeckett, alterações. “Éperigoso” a estar o texto esem originalsemcortes segue Apeça foiconsultada. também versão porBeckett parafrancês feita versão originaleminglês,masa na principalmente Silva baseia-se salvar, considera. personagens paraas éinsuficiente salvação, das aqui odiscurso onde aspalavras oua são“a luz” clássicos gregos oudeShakespeare, Aosão suficientes”. contrário dos uma tragédia ondeaspalavras “não descreve BrunoBravo. Existe aqui perdida, sempalcoepúblico,” Winnie écomouma“personagem deumacampainha. com otocar interminável etermina que começa presa aumarotina, num discurso “Lindos Dias”existe umapersonagem o teatro, oencenador. analisa Em a formacomoodramaturgo comenta nãoignorar maséimportante Beckett, possíveis de leiturasparaapeça vidaouoabsurdosua davidasão acrescenta. “sublinha asolidãodeWinnie”, ausente presença asua peça, Willie à limitações, éfundamental Apesardecadência”. dassuas “pelainércia epela limitado deserecordar”,capaz maseleestá Bruno Bravo. Ela“ainda falaeaindaé muitoestá piordoque Winnie”, diz raramente responde aWinnie. “Willie “Lindos Dias” será seguida pelas pelas “Lindos Dias”será seguida A companhiaPrimeiros Sintomasjá deJoão PauloA tradução Esteves da A solidãodeumamulher nofinalda

MOS IO LE SÉRG ¬ Mau ☆ Medíocre Duarte Silva. Silva. Duarte Rogério Vieira, Sofia Jacques, Pedro Górgia, Mário Mascarenhas, Alberto, Luis Luis José Airosa, José Fidalgo, Sampaio, João Didelet, Augusto Portela, Igor Com Afonso Malão, Rui Encenação: Mendes. deQueiroz,De Eça AntónioTorrado. Os MaiasnoTrindade Ver textopág. 16 e17 às 16h.Tel.: 15€ e10€. 223401905. 30/01 a28/02. 3ª,4ª,5ª,6ªeSáb. às21h30. Dom. Porto. Teatro Carlos Alberto. R.Oliveiras, 43. De Santos. Queirós, Paulo Calatré, Rodrigo Carvalho, Nuno Preto, Patrícia Daniel Pinto, Ivo Bastos,Joana AnabelaNóbrega, Santos. Com Ricardo Alves,Encenação: Rodrigo De Ricardo Alves, SalgueirinhoMaia. A CidadedosQuePartem Estreiam Agenda De Rob Becker. António Encenação: Caveman 226063000. e 21h45. Sáb. às16h00. às16h00 e21h45. Dom. Tel.: Até 18/03. 3ª,4ªe5ªàs10h3014h30. 6ªàs14h30 Porto. Teatro Alegre. doCampo R.dasEstrelas s/n. Trupe. De ChicoBuarque. Seiva Companhia: Os Saltimbancos às17h00.Dom. Tel.: 218689245. do Bispo.Até 01/02. 4ª,5ª,6ªeSáb. às21h30. TeatroLisboa. R.doAçúcar, Meridional. 64-Poço Romeu Costa. Raquel Castro, Ricardo Gageiro, David Garnel, Almeida,Mónica AinhoaVidal, AntónioFonseca,Com De Pedro Pedro Gil.Encenação: Gil. Mona LisaShow 213880089. 15€, 12€e7,5€ 5ª, 6ªeSáb. às16h00. às21h30. Dom. Tel.: TeatroLisboa. Aberto. Pç. Até Espanha. 31/12. 4ª, Pedro Carraca. Adriano Carvalho, André Patrício, SofiadePortugal. Com Encenação: De FriedrichKarl Waechter. Eu e Tu às 21h30. às16h00. Dom. Tel.: 214670320. Av. Fausto Figueiredo. Até 22/02. 4ª,5ª,6ªeSáb. TeatroMonte Estoril. Municipal MiritaCasimiro. Praia, SofiaNicholson,entre outros. Fernanda João Grosso, Lapa, Sérgio Fernanda AmadeuNeves, Com Lapa. Churchill.De Caryl Encenação: Sétimo Céu ou 55€ (4 bilhetes). Até 30/01. 4ª,5ªe6ªàs20h45. Tel.: 232480110. 15€ TeatroViseu. Viriato. Lg.MouzinhoAlbuquerque. Michiel Soete,entre outros. de Pourcq, SimoneMilsdochter, Peter Lieve Encenação: DeBie.Com Laika. Companhia Companhia: Me Gusta com. 918547050, 918541945 ouproducao@teatropraga. e Sáb. às22h00. Reservas: 5€e3€(alunos ESMAE). Porto. Fábrica. R.daAlegria, 341.Até 07/02. 5ª,6ª Penim, André e.Teodósio. André e.Teodósio. Pedro Com De Pedro Penim, Pedroso, Martim Eurovision Continuam Tel.: 213965360. De 31/01 a29/03. às15h. 5ª,6ªeSáb. Dom. às20h. ABarracaLisboa. -Teatro LgSantos, 2. Cinearte. Lello, Pedro Giestas. De Tennessee Williams. Rita Com Peça Para Dois 16h. Tel.: 213420000. 10€a15€ 4ª, 5ª,6ªeSáb. às às21h30. Dom. Trindade, 7A.De05/02 a26/04. TeatroLisboa. daTrindade.Lg. ☆☆ Razoável ☆☆☆ Eurovision Bom ☆☆☆☆ Ípsilon •Sexta-feira 30 Janeiro 2009• 213880089.7,5€ a15€. 01/02. 4ª,5ª,6ªeSáb. às16h00. às21h30. Dom. Tel.: Até 01/02. 4ª,5ª,6ªeSáb. às16h00. às21h30. Dom. TeatroAlmada. Av. Municipal. Professor Egas Moniz. Simão. CarlaUnidos. Galvão, Com António De EndaWalsh. Artistas Companhia: Acamarrados 7,5€. às 5ª, 6ª,Sáb. eDom. Chapitô.R.Costa 1/7. doCastelo, Lisboa. Até 01/03. Cerqueira, Tiago Viegas. John Mowat. Jorge Com Cruz,Marta De William Shakespeare. Encenação: A Tempestade às19h00. Tel.:Dom. 217154057. 7.Pontinha, Até 28/02. 4ª,5ª,6ªeSáb. às21h30. doArtista-Teatro Casa Lisboa. ArmandoCortez. Est. Jorge Com Pires. Mourato. 21h30. Tel.: 234400922. 8€ a15€ (sujeitoadescontos). 21h30. Tel.: 227340469. 7€ (c/ descontos) Sáb. às Espinho. Auditório. 31/01. R.34,884. Dia Sáb. às Soares (música aovivo). Rosa, Alexandre SóniaCunha.Com Bruno Teixeira, Joana Castro, Pedro NéBarros.Coreografia: Bailarino: Plano Segundo Aveiro. Teatro Aveirense. Pç. República. 31/01. Dia Gonçalves. Margarida Erika Guastamacchia, Keil,Leonor Lambeck, Elisabeth PauloCoreografia: Ribeiro. Bailarino: Ribeiro. DeNuno Rebelo (música). Paulo Companhia Companhia: Feminine 03/02. 3ªàs21h30. Tel.: 223394947. 10€a30€. Porto. Coliseu doPorto.R.Passos Manuel, 137. Dia Charles Adam. Moldávia. Compositor: Adolphe da BalletNacional Companhia: Giselle 21h30. Tel.: 256370222. 20€e 13€. Congressos. Espargo 31/01. Dia deBaixo. Sáb. às Santa MariadaFeira. Europarque -Centro de 04/02. 4ªàs21h30. Tel.: 254612656. TeatroLamego. Ribeiro Conceição. Lg.doRossio. Dia Wagner. AntonWebern,Compositor: Richard Roriz. Gruppo Assurd. Com Musicale Bigonzetti, Vasco Wellenkamp, Olga Bailado. Mauro Coreografia: de Nacional Companhia Companhia: de Cordas +Isolda Cantata +Lento para Quarteto 266899856. Saudação. De30/01 a31/01. 6ªeSáb. às21h30. Tel.: OEspaçodoTempo.Montemor-o-Novo. Convento da 05/02 a06/02. 5ªe6ªàs21h30. Tel.: 213427605. R.LuzSoriano,671º.De Suicida. Bomba Lisboa. Vítor Roriz (conceitoeinterpretação). Sofia Dias(conceitoeinterpretação), De SofiaDias(música original).Com Outra vez do início Again from / theBeginning 4ª às21h30. Tel.: 253203800. 25€a30€ Braga. Theatro Circo. Av. Liberdade, 697. 04/02. Dia 25€ a30€ República. 05/02. Dia 5ªàs21h30. Tel.: 239855636. Coimbra. Teatro Académico deGilVicente. Pç. Charles Adam. Moldávia. Compositor: Adolphe da BalletNacional Companhia: Giselle Estreiam Dança Muito Bom Quimbé, Rini Luiks. Quimbé, RiniLuiks. Barros, Pedro Ramos, Rosado, Irene Cruz,Luís Pestana, Inês Francisco Santos, CátiaRibeiro, Carlos Carmen Pisco, Nave, Trindade, AnaRita Azenha, AnaBrandão, Ana João Lourenço. Amílcar Com De DeaLoher. Encenação: Imaculados Lisboa. TeatroLisboa. Aberto. Pç. Até Espanha. Tel.: 212739360. 11€ e8€. Me Gusta 22h00. Tel.: ☆☆☆☆☆ 218855550. 10€ e 218855550. 10€e Excelente 37

38 “Malmequer, bem-me-quer” Humor docemente universal: •ÍpsilonSexta-feira 30 Janeiro 2009 DVD das tartes O triunfo Televisão É enternecedora. Ocharme “Malmequer, Bem-me-quer”. Pela estruturanarrativa, pela do elencoéirresistível. fotografia e pelo tratamento da epelotratamento fotografia Mesmo a edição em Mesmo aedição imagem, esobretudo pelo tom de aspiração (não no tom deaspiração Malmequer, Bem-me- sentido da sucção do sentido dasucção DVD éapetitosa. quer Pusging Daisies Pusging Edição: Warner;Edição: 3discos vácuo, masnosentido realistas) realistas) Joana Amaral Cardoso suporte, sejamos suporte, em qualquer outro ver noFox Life(ou Amélie Poulain” ao Fabuloso Destinode lembrou de“O corroborar quem se impossível não eé televisão de fadas para a É comoumconto mmnnn Extras mmmmn do desejo veemente por algo melhor, mais belo,mais cinema simples). A TV e

universal. masdocemente português, determo em inglês àfalta -humor,outra coisa “quirky” no “Malmequer, tem Bem-me-quer” versão conteúdosextra. elenco servem desobremesa em dasérieerespectivocom ocriador nove escassas Depois, entrevistas culpa édagreve dosargumentistas. queepisódios, sabemapouco, masa noveda série,éapetitosa. Escassos de menu Hole, doPie alojadetartes emDVD,mesmo aedição emforma charme doelencoéirresistível e éincomparável,direcção artística o longe degajas”. A deser“umacoisa temperada comprogesterona, mas que éenternecedora,suavemente temporada,mas passar dasegunda “gimmick”, que nãoconseguiu com éotítulotradicional da ABC) “Malmequer, (ambas Bem-me-quer” televisivada nova americana, ficção bemsucedidasexportações das mais sem“gimmick”tradicional euma episódio. refinada dedetectives por história interpretada porAnnaFriel)euma “Pushing Nedtem opoder Daisies”. “gimmick”, otruque echamarizde tem umdom.Eaqui entrao que Pace),ofazedordetartes (Lee pelopercurso deNed o espectador donarradoraguiar com avoz “off” uma estruturanarrativa clássica, “Malmequer, tem Bem-me-quer” mundo. àparte, Lamechices popular, todoslevamosdeste aqueles que, dizasabedoria valores elevados, esentimentosmais simplese,noentanto, comos coisas Trek:“Star com DeepSpace9”)joga Fuller(“Heróis”,série deBryan personagens, porGlenn das depois dacriação em cinema? 20anos eDetetective”“Modelo (e omundo): osanos70 A épocaquemudou Hollywood Se “IrmãoseIrmãs”éasérie rapariga chamada Chuck, sempre amada,a asua sê-lo, sob pena de matar para sê-lo, sobpenadematar paixão não carnal (nãopode paixão nãocarnal amor. Amor, uma tartes, mesmo quando seage por que tudotemumpreço, de fábula, comamoral básica morrer. nofundo, É, uma imediações, que tem de pessoa, normalmentenas alguém,háoutra ressuscita devez.matar Equando nunca mais, sobpenadeos nunca mais, de ressuscitar qualquer ser de ressuscitar Gordon vivo emque morto lhes podetocar, Caron, grande para o o autor transpor desejaria toque, dapaixão tartes. Masnão tartes. fabricar as suas assuas fabricar que usapara vidaàfruta sua entusiasmado Willis teráfi Inrockuptibles”, Bruce indica arevista “Les Bruce Willis. Ao que por Cybill Shepherd e foram interpretadas David Addison Jr. -que de MaddieHayes e asaventurasecrã ¬ Mau ☆ Cinema ideia adaptou dele)essa Kenneth Bowser menor grau que nodocumentário primas). Hánolivro (eem deBiskind obras- antipático, deu-nosnostálgicas comomuito visto casalinho com anamoradinhaCybillShepherd, (a droga), Peter Bogdanovich (que, Scorsese(aasma...),Ashbyinfância), Altman, Coppola (apoliomielite na (fazia sexo comasmeiascalçadas...), infantilidade sexual deSpielberg fobias, porexemplo, pela pelos indivíduos, pelasmanias, LaGravenese eTed Demme.) de dodocumentário vista (oponto teriadeescapar? de cinema todas asrevoluções, porque é que o de esclarecido -deBiskind), adécada -embora umtablóide tablóide Hollywood “pulp”, mais (avisão mais sexo, drogas erock’n’roll que salvou de70causa éadécada eageração do diferenças... Bulls”, dePeter Ereparar Biskind. nas RidersandRaging se leu,“Easy Para ver selê,aindanão enquanto os anos 70 “Blow up”sobre para aRTP realizoude Almeida televisiva queBruno Chega aDVD asérie Medíocre Biskind interessa-seBiskind sobretudo aqui oque em está Antes demais: cado de que de que ☆☆ Razoável mmnnn Midas Ted Demme LaGravenese e de Richard the Influence A Decadeunder revolução Uma décadaem ☆☆☆ Bom ☆☆☆☆ que foramosanos70. comogostamosgritante depensar édesregrado, excessivobate-o: e revoluções. Nessecampo, Biskind correcto, que àalturadas nãoestá forma. Maséformatodemasiado filmes oudescobri-los,dequalquer eufórico. Faz-nos querer regressar aos dos anos70 que háunsanosfoi “h do alto ponto o aproveitará jánão filme éde2003), ecertamente muito “Blow Up”, éalgo tardia (o ou Truffaut. Godard, Kurosawa, Fellini, Bergman tiveram de70 nosamericanos não sesobrepõem que àinfluência referência àsmeiasdeSpielberg,elas musical. Nãoesperem encontrar inclui revolução sexual mastambém movimento dacontracultura,que bases, oindivíduo do éemanação outros Desceàs actores dessadécada. JohnChristie, Voight, PamGriereos os outros autores, Julie mastambém Bogdanovich, MilosForman, Lumete Ted Demmeconvocaram Altman, democrático. Richard LaGravenese e emrevolução”- Uma década émais individual, enfim,dogénio. desequilíbrio, daturbulência tudo aconteceporcausa do realizou para aRTP eque seestreou televisiva que Bruno deAlmeida finalmenteaDVDChega asérie mmnnn Extras mmmmn ValentimEdição deCarvalho De BrunodeAlmeida Forma deVida Amália, Uma Estranha mínimos. embalagem deserviços masuma documental, Um devalor objecto mínimos Serviços Música Esta edição, pela Midas, com capa edição, pelaMidas,comcapa Esta “O dosanos70 Cinema Americano Muito Bom Nuno Pacheco ☆☆☆☆☆ Vasco Câmara Vasco Excelente ype” ype” isso éreferido.isso Serásódesleixo? palavra texto docurto dacontracapa emnenhuma seractual, de aedição sequer, que Amáliamorreu. Apesar quem compraroDVD nãosaberá, Mas simplesnãotêmhistória.” coisas Porque aminhaémuito simpleseas naquela acreditar que nãoéaminha. sobre mim.Etodaagente vai morrer, vãoescrever muitas histórias Amália dizernofinal:“Quando eu assim comoépossível voltar aouvir Amália”, limpadeinterferências; of Art usada paraoscréditos em“The o“Fadoem instrumental, Malhoa”), seouve, (enquanto último capítulo de imagens que surge nofimdo possível, agora, rever abelasequência na velocidade É daversão compacta. envolvência que sedispersava visual, da vidadeAmáliacominegável de Almeida,retrata todosos passos Joaquim doactor Amália, enarração Vítor Pavão de dos Santos, biógrafo série éatéhojeímpar. texto Com de mínimos. serviços numadocumental embalagem de deinegável umobjecto mercado valor da editora,que no preferiu colocar realizador. Tal nãofoioentendimento milhares) como ouaumaentrevista mesmotelevisivos materiais, (há sempre possível recorrer aoutros sentido repetir anterior, aoferta seria damesmaeditora,nãofazia edição erageneroso.capítulo, Ese,numa ofAmália”, Art nesse nada. “The nembibliografia, Nem discografia, Alémdisso, nãoháextras.países. deoutros Amália dizemjornalistas oque de descodificar do espectador àdisponibilidade legendas, ficando essas passagens surgem sem oucondecorada, aqui distinguida ondesemostraAmáliaaser israelita, francesa, espanhola,italiana, passagens dastelevisões transcritas legendar (veja-se oquinto episódio) Amália” houve em preocupação of Art “The Pior: senodocumentário esemesforço. emcasa duplicador fariaomesmo, cidadão comum cenas.Qualquer o acessoacertas paramelhorar dividido emcapítulos foi episódio conteúdo decada imagem foimelhorada,nemo oestéreo (mantém-se original),nema Nemosomfoimexido adicional. DVDpara dois semqualquer trabalho surgiu pelaprimeiravez nomercado) (ondeasérie videocassetes cinco dopacote de simples transcrição porém, doque merecia mais a 285 minutos. emDVD, edição Asua num de umahoracada, quase total de episódios porcinco composta “Uma Estranha Forma deVida” é da série,quase umvideoclipextenso), minutos (oque ofaziaparecer, àvista enquanto essetinhaapenas90 ofAmália”. Art Simplesmente, dosEUA,nas salasdecinema “The destinadoaserexibido documentário Retenha-se, porém, a oessencial: outro outro delaum partir Almeida feza 2004, Brunode forma dedizer: em Finalmente, é deAmália. morte anos antes da em 1995, quatro anos 70: “Milk” acabou, SãoFrancisco, sexo, A evocação deummundo que Cinema assumidamente gay asereleitopara homossexual (oprimeiro político deSãoFrancisco, da câmara ele dizerque ofilmesobre oautarca homossexual.Sant –umcineasta Quis ‘straight’” dosfilmesdeGusVanmais que pegou: escreveu que “Milk”é“o lançouuma“boutade” Comment”, Nathan narevista “Film Lee, O crítico 14h10, 17h20, 21h10, 00h10; NorteShopping: 5ª6ªSábadoDomingo 2ª3ª4ª 16h25, 19h10, 00h45; 22h, ZONLusomundo Domingo 2ª13h45, 16h25, 19h10, 00h45 22h, 3ª4ª 21h50; UCIArrábida 20:Sala 5ª6ªSábado Sábado Domingo 2ª3ª4ª14h10, 16h50, 19h20, Porto: Medeia doPorto:Sala2:5ª6ª Cidade 12h55, 15h50, 18h40, 21h25,00h20; Almada Fórum: 5ª6ªSábadoDomingo 2ª3ª4ª 12h55, 15h40, 18h25,21h10, 00h10;ZONLusomundo Vasco daGama:5ª6ªSábado Domingo 2ª3ª4ª 15h50, 18h40, 21h30, 00h20;ZONLusomundo Colombo: 5ª6ªSábadoDomingo 2ª3ª4ª12h55, 12h40, 15h25, 18h10, 21h10, ZONLusomundo 23h55; CascaiShopping: 5ª6ªSábado Domingo 2ª3ª4ª 18h40, 21h30, 00h10;ZONLusomundo 5ª 6ªSábadoDomingo 2ª3ª4ª13h10, 15h50, 18h50, 21h40, 00h30;ZONLusomundoAmoreiras: 5ª 6ªSábadoDomingo 2ª3ª4ª13h10, 16h, 19h10, 21h50, 00h30;ZONLusomundoAlvaláxia: 19h10, 21h50, 00h30Domingo 11h30, 14h, 16h35, Inglés: Sala13:5ª6ªSábado2ª3ª4ª14h, 16h35, 19h20, 21h50, -ElCorte 00h20;UCICinemas 5ª 6ªSábadoDomingo 2ª3ª4ª14h20, 16h50, 19h15, 21h45; Medeia SaldanhaResidence: Sala6: 19h15, 21h45, 00h10Domingo 11h35,14h20, 16h45, 19h15, 21h45, 00h10Sábado 11h35,14h20, 16h45, 3ª 4ª14h20, 16h45, 19h15, 21h45 6ª14h20, 16h45, ClassicAlvalade: Sala1:5ª2ª CinemaCity 23h50; Domingo 2ª3ª4ª12h45, 15h20, 18h30, 21h20, Lopes -Loures Shopping: Sala 2:5ª6ªSábado Sábado 13h10, 18h40, 16h, 21h40, 00h15; Castello Domingo 2ª3ª4ª13h10, 16h, 18h40, 21h406ª Villa: Lopes-Cascais Lisboa: Castello Sala1:5ª MMMMn M/16Brolin. com SeanPenn, EmileHirsch, Josh De GusVan Sant, Milk Vasco Câmara luminosidade portentosa. que– coisa faladenóscom deumafábula o criador over therainbow”. Como nos, leva-nos“somewhere Gus Vant Santarrebata- do arco-íris outro lado vez... do Era uma Projecto ¬ Mau ☆ argumento dePeter e “A Rainha”, novo Deal” Depois de“The mundo imaginário, onírico, paraum arrebata-nos. Leva-nos Forrester” (2000)–,orealizador Rebelde” ou“Finding (1997) convencionais como“O Bom doquemais defilmes,essessim, (2005) –deque próximo, “Milk”está Days”“Elephant” (2003) ou “Last (2002), experimentais, como“Gerry” aprendeu nosseusfilmesmais elas,ecomaquiloCom que Van Sant dasimagens dearquivo.utilização filme comoventíssimo, da oresultado assinalável, eéapedra detoque deste que nosacompanhaem“Milk”–,jáé previa que lheiriaacontecer, éavoz deserassassinado, que o caso coisa o “testamento” que Milkdeixou, para nãoéproeza – narrado porummorto “Sunset Boulevard” (1950), umfilme de umaepopeiahumana. com que em“Milk”avibração sesinta atodosnós),faz (edaAmérica ao país pessoas, gay ounão, essesaltodarua passo emfrente, detodas as àhistória de muitas pessoasgay um e,mais individual àhistória passar dahistória um filmepolítico.) Eessaforma de gay. –eumarua rua (“Milk”émesmo convencional. convencional, nãotemnadade Isto deseraparentemente Washington, é,apedirpalavra. isto Mr.pôs James Stewart, Smith,air de SãoFrancisco, comoFrank Capra Milk goes doCastro, é,àCâmara isto miraculosamente desaparece: Mr. personagem emque SeanPenn razoavelmente burlesco Milk, Podemos dizer, aliás,do cultivouamericano nopassado. “desvios”, que clássico ocinema “centro” e sempermitir dascoisas que eramuitotradicional, sobre o faz “americana”, essegénero gay daHistória história GusVan Sant mesmo:comuma Éisso americanas. para serem exaltadas asqualidades desaparecida Hollywood inventava daqueles fossearua filmesquerua a Dan White,em1978) –comoseessa decâmara, porumcolega ser morto onde Milkchegou, viuevenceu (até –aCastro deumarua história Street, comoquem a destas conta história tem deconvencional uma contar gostaríamos deperceber oque éque etudo. com voz “off” um filmebiográfico, um“biopic”, filme... convencional. Isso, “straight”, gay,hoje éíconedamilitância eraum aspirações deumacomunidade eque umviveiroSão Francisco paraas nos anos70), que ajudouafazerde um cargo públiconosEUA, estávamos Morgan sobre oex- Medíocre Concedendo que, depois de que, de Concedendo depois numa étodaaAmérica Portanto: éirresistível. A “boutade” Mas primeiro-ministro Blair. Depoisdas Sheen terceira vez britânico. Epela relações entre Blaire seráTony ☆☆ Razoável Michael ☆☆☆ Special Relationship”. Título provisório: “The entre 1997e2000. Blair eBillClinton sobre asrelações entre ele alevá-lo aoecrã) argumento (vai ser Morgan escreveu um e arainha IsabelII, Gordon Brown eBlair Bom ☆☆☆☆ Ípsilon •Sexta-feira 30 Janeiro 2009• é umfilme“convencional”? que sim. “Attitude”, GusVan Santconcedia americano. Numa àrevista entrevista Obama aaparecer nocinema este éoprimeiro deBarack fantasma Tem-sedizia Harvey Milk. ditoque dar-lhestodos. “Épreciso esperança”, de renascimento, éumfilmepara umahipótese afinal, deixa emaberto “Milk”, pedaçodefantasmagoria que, é paraosque sesentemexcluídos. abrangente, inteira, éparaaAmérica muito doque isso, mais oolharé sexo...? mas também, Sim,disso depessoasdomesmo casamento Califórnia, negou apossibilidade de Proposição 8,que hoje,namesma derrotar essaproposta legislativa), à serem professores (Milkajudou a 70 quis impediroshomossexuais de hoje. DaProposição 6, que nosanos deixou legado. “Milk”falaconnosco, aqui e passou,porquem jáéHistória olhados, interpelados,porquem já deque aser estamos sensação espantosasde“Milk”éa mais um extremado sentimentodeperda. sobrando nostálgica, mais da fantasia os anos70 retidos nodomínio ficaram morreu, veio depois aSida,eosexo e damemória?). Milk mistificação (seráquenão volta existiu mais oufoi Desaparecida, que de umacidade. e americana um períododaHistória de umcronista desesperada fantasia), mais despojado eentregue àsua deJudythe Rainbow” Garland é gayiconografia (o“Somewhere over –,umprestidigitador da portentosa nós comumaluminosidade uma fábula–daquelas que falamde de um sófôlego, ocriador torna-se “somewhere over De therainbow”. 16h20, 18h40, SábadoDomingo 21h30, 23h50 Alegro Alfragide: 5ª 6ª2ª3ª4ª13h55, Cinemax: 4ª 13h30, 16h,18h40, 21h40, 24h; CinemaCity Shopping: Sala4:5ª6ªSábadoDomingo 2ª3ª 19h15, 21h45, 00h15; Castello Lopes-Loures 14h15, 16h45, 19h15, 21h45 6ªSábado 14h15, 16h45, Lopes -Londres: Sala2:5ªDomingo 2ª3ª4ª 15h30,Sábado 13h, 18h10, 21h50, 00h20;Castello Domingo 15h30, 2ª3ª4ª13h, 18h10, 21h506ª Villa:21h30; Castello Lopes-Cascais Sala5:5ª 15h30, 21h30SábadoDomingo 15h30, 18h15, Sala1:5ª6ª2ª3ª4ª Lisboa: Atlântida-Cine: MMnnn M/16 KathyWinslet, Bates. com Leonardo Kate DiCaprio, De SamMendes, Revolutionary Road de fazer. MiguelOliveira Luís mostrar oque sãocapazes quando for preciso portfólio Road” poderáservir-lhes de gama toda.“Revolutionary –a agridem-se tocam-se, riem,choram, se, traem-se, Winslet eDiCaprioamam- americana a beleza Ainda dizer que E aindaalguémconsegue Por dascoisas falardosmortos: Muito Bom ☆☆☆☆☆ Excelente 39

40 doentes edosidosos? Antes doshomens, serem asprimeiras? tradição deassenhoras Como équechegámos à Reis Bárbara •ÍpsilonSexta-feira 30 Janeiro 2009 Cinema “Ladies first”“Ladies Coff “fragilitas” dodireito“fragilitas” romano, “fragilidade” atal damulher. sobre oséculoXIX,quando encontrei umareferência à Duby. volumes. cinco Acabei acompraro4, Bertrand, sempre oDuby, jáeraassimnoliceu,acabava sempre no Mulheres’, talvez láencontres.” Georges Duby denovo, cavalheiresca, masnãosaímosdaí.“Vai das à‘História dos códigos doscavaleiros decortesia edosmanuais um amigo, porque dearte, historiador não? Falou-me Ligueia depistas! preciso umtelefonema.Pistas, Mais Mértola ondevive agora, nemotelemóvel. Nadafeito. resolvido. caso Mattoso. Elesabe,tenhoacerteza, culto?historiador Sómeocorreu umnome.LigueiaJosé oVascocrónica, culto doque Quemémais este mata-me. era “frágil” naAntiguidade? o“ladiesfi Pratica-se encontrar aorigem certo? exacta”. Seráesteocaminho fragilidade damulher, diaspara dedois mas“precisaria tarde. émais Aspessoas esquecem-se que isso sóno a defi cavalheiro” enasregras que, noséculoXVIII, começaram “ethos” masculino, naideiado“comportar-se comoum Talvez tenhaorigem nafi culto. aindamais “Nãosei”,foiaresposta. um historiador origem de‘ladiesfi a umadvogado culto. Seráque começounoDireito? “A primeiro”, lino“NewYork Times”. no rioHudson, emNova Iorque. “Mulheres ecrianças primeiras asairquando umavião emqueda amarou naufragouTitanic semanasvoltámos aseras eháduas as primeiras aentrarnosbotessalva-vidas quando o oquequem queremos. perguntam Em1912,fomos os empregados entregam osmenus easprimeirasa elevador, somosasprimeirasaquem, num restaurante, Antes detodos,doshomens,doenteseidosos? deassenhorasserem asprimeiras? àtradição chegámos sobre aorigem enemumapista nisto de“ladies first”. feudal aorenascimento, Um diaeumanoite amesmacoisa. ovolume chamadas, inútil II,daEuropa Seguiu-se portanto. interessantíssimas, masqueLi coisas nãosãoparaaqui de ArièseGeorges Duby –doImpérioRomano aoanomil. Primeiro daVidade história. oclássico“História Privada I”, origem daspalavras ezero denovo. livros Passoseguinte: [email protected] chegar, crónica. esta acabo saberei comoo“ladies fi direitosnegar forenses. “fragilidade” ea“ligeireza deespírito” damulher para lhe a defi Santos Justo.de A. Teve que ser. Foi sóaíque encontrei imaginei ter: ovolume IVdo“Direito Privado Romano”, que nunca umobjecto momento, naminhabiblioteca, gastei45eurosa resposta, livros emdois etenhoneste P Público Espaço Em que fi Mas Mattosonãoatendeu,nemofi Já háumasemanaeaindanãotenho andonisto Ao terceiro dia,mudei Mandeiume-mail deestratégia. Somos asprimeiras aentrarnuma salaou num expressão? desta éahistória Qual éque Como Um euros dia,commais amigos, eaajuda de mais nição de “fragilitas” –aleiromana de“fragilitas” invocavanição a nir o padrão de comportamento europeu. “Mas nir o padrãodecomportamento ee-break nunca medeixa mal,ezero. da Fuiaodicionário direita àletra“L” Webster, noDicionário que largueianetepasseipara opapel.Fui coisa, efoi amesma horas noGoogle pesquisei duas rimeiro fuiàWikipedia enada, aseguir camos? nãoencontrei Emtrês factos: tristes rst’? Nunca penseinisso.” Telefonei a rst” noséculoXXIporque amulher Woody Allen rst” começou. E, quando aí quando aí rst” começou. E, dalguia provençal inglesa, no algo irregular na está cheiadereferênciasestá à o historiador. aBíblia Bom, fi a desviar-nos do“ladies cultural.”Estamos potência a económica de potência passou imensas obrasdearte, queriquíssimas compravam rico domundo comelites mais opaís que eraentão século XIXéque aInglaterra, rst”. Éverdade, concedeu sua produção. Desde fi temsido xo, em dacasa lmes mais “patetas”, clássicos, os últimos grandes pelos passando têm sido anos Allen estáaquerer dizer- atribulado derelações, apresentar umconjunto “relativista” estálá.Ao mas asua mensagem seus melhores fi Barcelona Este quase obsessiva. mundo” éumaconstante em quea“amoralidade do presenteados comfi “Vicky Cristina Domingo 2ª3ª4ª14h, 16h30, 21h30, 19h, 24h; 00h20; ZONLusomundoGlicínias:5ª6ªSábado Domingo 2ª3ª4ª13h10, 15h50, 18h40, 21h30, Lusomundo Parque Nascente: 5ª6ªSábado 12h40, 15h40, 18h40, 21h40, 00h40;ZON NorteShopping: 5ª6ªSábadoDomingo 2ª3ª4ª 15h40, 18h20, 21h20, 00h10;ZONLusomundo Shopping: 5ª6ªSábado Domingo 2ª3ª4ª13h, 18h30, 21h20, 00h10;ZONLusomundoMar 13h10, 15h50, 18h30, 21h206ªSábado13h10, 15h50, Lusomundo MaiaShopping: 5ªDomingo 2ª3ª4ª Sábado 12h50, 15h20, 18h10, 21h40, 00h15; ZON Domingo 2ª3ª4ª12h50, 15h20, 18h10, 21h406ª 00h10 ;ZONLusomundoGaiaShopping: 5ª Domingo 2ª3ª4ª12h50, 15h30, 18h20, 21h20, Lusomundo Dolce Vita Porto:5ª6ªSábado 12h50, 15h30, 18h20, 21h20, 00h10;ZON Dolce Vita Porto:5ª6ªSábadoDomingo 2ª3ª4ª 16h35, 19h15 3ª4ª16h35, 19h15; ZONLusomundo 20: Sala2:5ª6ªSábadoDomingo 2ª13h55, Domingo 2ª3ª4ª21h50, 00h35;UCIArrábida Porto: UCIArrábida 20:Sala1:5ª6ªSábado 21h35, 00h15; Sábado Domingo 2ª3ª4ª13h15, 15h55, 18h35, 00h10; ZONLusomundoFórum Montijo: 5ª6ª Domingo 2ª3ª4ª12h50, 15h40, 18h30, 21h20, Lusomundo Almada Fórum: 5ª6ªSábado Domingo 13h50, 16h20, 18h50, 21h40;ZON Sábado 13h50, 16h20, 18h50, 21h40, 00h20 18h50, 21h406ª16h20, 18h50, 21h40, 00h20 00h15; UCIFreeport: Sala5:5ª2ª3ª4ª16h20, Domingo 2ª3ª4ª13h25,16h, 18h40, 21h45, Lopes -RioSul Shopping: Sala2:5ª6ªSábado 15h30,Sábado 13h, 18h20, 21h30, 00h10;Castello Domingo 15h30, 2ª3ª4ª13h, 18h20, 21h306ª 21h30, 00h20;Castello Lopes-Barreiro: Sala 2:5ª 6ª SábadoDomingo 2ª3ª4ª13h10, 16h, 18h50, 21h30, 00h15 ;ZONLusomundo Vasco daGama:5ª 6ª SábadoDomingo 15h45, 2ª3ª4ª13h, 18h30, 21h25, 00h10;ZONLusomundoTorres Vedras: 5ª Sábado Domingo 15h50, 2ª3ª4ª13h, 18h40, ZONLusomundoOeiras23h55; Parque: 5ª6ª Domingo 2ª3ª 4ª12h45, 15h30, 18h15, 21h10, 00h15; ZONLusomundoColombo: 5ª6ªSábado Domingo 15h40, 2ª3ª 4ª13h, 18h20, 21h30, Lusomundo CascaiShopping: 5ª6ªSábado 3ª 4ª13h05, 15h50, 18h30, 21h20, 00h10;ZON Lusomundo Alvaláxia: 5ª6ªSábadoDomingo 2ª Domingo 11h30, 14h, 16h30, 21h30, 19h, 00h05; ZON Sábado 2ª3ª4ª14h, 16h30, 21h30, 19h, 00h05 -ElCorteInglés:00h30; UCICinemas Sala9:5ª6ª Sábado Domingo 2ª3ª4ª14h30, 19h30, 17h, 22h, 22h; Medeia SaldanhaResidence: Sala5:5ª6ª Sábado Domingo 2ª3ª4ª14h15, 19h30, 17h, Medeia Fonte 21h25,23h50; 19h, Nova: Sala1:5ª6ª SábadoDomingo 11h55,21h25, 23h50 14h20, 16h40, Touros: Sala1:5ª6ª2ª3ª4ª14h20, 16h40, 19h, Pequeno Campo Praça CinemaCity de 23h55; Domingo 11h45, 14h05, 16h25, 18h45, 21h35, 2ª 3ª4ª14h05, 16h25, Sábado 18h45, 21h35,23h55 Beloura CinemaCity Shopping:23h50; Sala1:5ª6ª 11h35,13h55, 16h20, 18h40, 21h30, de Sidney Lumet) e de Sidney Lumet)e Saiba que Morreste” no “Antes que oDiabo num pequeno papel de William Friedkin(e protagonista do“Bug” Shannon, que vimoscomo Michael justa: absolutamente empapelsecundário)é actor uma dasnomeações(ademelhor atégostávamosÓscares, dedizerque agora, enãovoltaremos afalarde sem incorrer nafúriadoleitor. Já Road” emtompoucoentusiasmado possível falarde“Revolutionary até nosdájeito, assimtalvez pois seja favoritismo esfriou umpouco. Oque se verificou que eramapenastrês esse mas agora que saíramasnomeaçõese cerimónia deentrega dosÓscares, a“estrela”candidato dapróxima Era tidocomoumpotencial ” nãoédos lmes, lmes 28 anos, Lisboa Luís Coelho, fi alcalinas. que nosparecem tão sentido divino acoisas sendo difícilatribuir um derivam deacidentes, que asrelações humanas patente amensagemde tem deAbsoluto. Ficabem dados” equeoamornada joga aos nos que“Deus ¬ Mau ☆ Mendes não ir muito para além disto – Mendes nãoirmuito – paraalémdisto deo“programa” facto deSam pouco entusiasmo? Diríamosque do bons,deondevem sãotão o actores fazer. éassim,e se os Oraseisto de mostrar oquepreciso sãocapazes servir-lhes quando for deportfólio futuro “Revolutionary Road” poderá –corremagridem-se agamatoda,no riem,choram, tocam-se, traem-se, que elessesaembem.Amam-se, possível paraque setorneevidente décor fosseumpalcoteatral,fazo trabalhando muitas cenascomoseo bemeSamMendes, saem-se ao fim, filme édelesdoprincípio escuro edeformador. imagem que osreflecte num espelho assombra Winslet eDiCaprio, oua que comoumfantasma melancólica, amargura resignada eviolência personagem,com asua plenade surge of life” americano) nascenas das expectativas ao“way associadas opressiva deste sentimento(acarga expressão perfeita Shannon, amais em evoltandotodo ocaso, ainsistir anos 50, Em aeuforia dopós-guerra). way“american oflife” (estávamos nos entre o“sonho americano” eo comoestando poderá serdescrito como convencionais, dealgo que pelas expectativas, promissoras tão matrimónio, precipitada pelopesoe deum dadesintegração crónica desta marido eamulher protagonistas livros], elessãoocentro detudo, o [ver texto de naspáginasdecrítica oromanceadapta deRichard Yates barro àparede). limitava-se, semmuito tino, aatiraro museu decera rígido, e“Jarhead” mas “Road toPerdition” eraum Americana” graça tinhaasua (“Beleza continuar asersobrevalorizado Americana” nosparece “Beleza que aindaàboleiadosucessode dos filmesdeSamMendes, realizador normal que sejamomelhor osactores dofilme.Deresto,a melhorcoisa é Shannon,elessão Com nem estamos. deles (deWinslet eDiCaprio)mas Leonardo DiCaprio. ao “duo maravilha” KateWinslet/ roubar todas ascenasemque entra de uma presençaespantosa,capaz “desarranjado” Wheeler, docasal é vizinho psicologicamente aqui reencontramos napeledo Medíocre sioterapeuta, Mas Winslet eDiCaprio, sim.O Em “Revolutionary Road”, que Parece que adizermal estamos DiCaprio, doprincípioaofi O fi lme édeles,Winslet e ☆☆ uma boa caução uma boacaução competentemente competentemente actores tomado como tomadocomo actores dos e obrilhantismo ilustrada (oromance) Razoável “nec plusultra”. Tudo muito Tudo muito ☆☆☆ Bom m ☆☆☆☆ Charlotte Rampling. M/12 com Keira Knightley, Ralph Fiennes, De Saul Dibb, The Duchess A Duquesa desinteressada. progressivamentefim decontas, friae,no umaadmiração arranca-nos Rowlands), não é Gena também não éCassavetes, eKateWinslet cuidadosamente aparados(Mendes excessos eosdesequilíbrios sempre limpo, tudomuito nítido, comos 21h20, 00h05 ; Sábado Domingo 2ª3ª4ª13h10, 15h55, 18h40, 00h20; ZONLusomundoFórum Aveiro: 5ª6ª 18h30, 15h30, 21h206ªSábado13h, 18h30, 21h20, Avenida: Sala2:5ªDomingo 15h30, 2ª3ª4ª13h, 13h20, 16h, 18h50, 21h30, 00h20;Castello Lopes-8ª NorteShopping: 5ª6ªSábadoDomingo 2ª3ª4ª 4ª 16h45, 19h20, 21h50, 00h20;ZONLusomundo Domingo 2ª14h15, 16h45, 19h20, 21h50, 00h203ª Porto: UCIArrábida 20:Sala 14: 5ª6ªSábado 21h10, 23h55; 6ª SábadoDomingo 15h45, 2ª3ª4ª13h, 18h30, ZONLusomundoAlmada Fórum:21h05, 5ª 23h50; Sábado Domingo 15h35, 18h15, 2ª3ª4ª13h, 21h20, 24h;ZONLusomundoVasco daGama:5ª6ª Sábado Domingo 2ª3ª4ª12h55, 15h35, 18h15, ZONLusomundoOeiras23h30; Parque: 5ª6ª Domingo 2ª3ª4ª13h15, 15h40, 18h05, 21h, 00h20; ZONLusomundoColombo:5ª6ªSábado Domingo 11h30, 14h15, 16h40, 19h15, 21h55, Sábado 2ª3ª4ª14h15, 16h40, 19h15, 21h55, 00h20 -ElCorte Inglés:00h10; UCICinemas Sala14: 5ª6ª Domingo 2ª3ª4ª14h10, 16h40, 19h10, 21h40, Saldanha Residence: Sala8:5ª6ªSábado 14h30, 16h50, 19h10, 21h40, 00h05; Medeia 19h10, 21h40, 00h05 SábadoDomingo 11h45, Touros: Sala5:5ª6ª2ª3ª4ª14h30, 16h50, Pequeno Campo Praça CinemaCity de 23h55; Domingo 11h40, 13h50, 16h, 18h15, 21h35, 2ª 3ª4ª13h50, Sábado 18h15, 16h, 21h35,23h55 Alegro Alfragide:Lisboa: CinemaCity Sala8:5ª6ª MMMnn poderia chamar“qualidade inglesa”, bom exemplo daquilo aque se reinventar aroda, “A Duquesa” éum Sem descobrirapólvora nem aoshomens. limites desconhecidos exercido discreto, tem demodomais classe damulher, cujopoder, desegunda olhar paraoestatuto classes, masaqui Dibbdesviaoseu de senãodaluta falam deoutracoisa inglesesnão os dramasdeépoca inglesa.Nofundo, todos aristocrata moralidade dúbiadasociedade usadocomo“revelador” casa, da sua a convida paraumatemporada em Foster Elizabeth com Lady amizades e gera setrava Georgiana quando de improvável triânguloamoroso que se como orealizador desenhao contemporâneanomodo vibração secundário, mascomumapeculiar ínfimo interpretações domais reconstituição doperíodoàs comtudonosítio, fabricação, desdea ingleses parecem terosegredo de impecáveis deque drama os deépoca Saul Dibbfazcomelaéumdaqueles venta, românticaeimpetuosa.Oque personagem apaixonada depêlona antepassada daprincesaDiana, Inglaterra doséculoXVIII e poderosas mais da aristocratas Devonshire umadas porcasamento, Spencer Cavendish, duquesa de “A Duquesa” dotítuloéGeorgiana particularmente bem servido bemservido particularmente Muito Bom pelos actores (atenção à à (atenção pelos actores de Charlotte Rampling). extraordinária presença Ralph Fienneseà de precisa modulação Jorge Mourinha Jorge ☆☆☆☆☆ Excelente Jorge Luís M. Mário Vasco As estrelas do público Mourinha Oliveira J. Torres Câmara O Complexo Baader Meinhof nnnnn nnnnn nnnnn mnnnn Contrato Mnnnn mnnnn mnnnn nnnnn A Duquesa MMmnn nnnnn nnnnn nnnnn O Estranho Caso de Benjamin Button MMmnn mnnnn mmmnn nnnnn Esta Noite nnnnn mmnnn nnnnn mnnnn Frost/Nixon Mnnnn nnnnn mnnnn nnnnn Milk mmmmm mmmmn mmmmm mmmmn “A Duquesa”: qualidade Revolutionary Road nnnnn mmnnn nnnnn nnnnn inglesa Second Life a a nnnnn nnnnn Vicky Cristina Barcelona mnnnn mmmnn mmmnn mnnnn

despregadas com isto) é que é Barreiro: Sala 4: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª Shopping: Sala 5: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª O Complexo Baader Meinhof Second Life lamentável. Se actualmente fazer um 13h10, 16h30, 21h40; Castello Lopes - C. C. 4ª 23h55; UCI Freeport: Sala 2: 5ª 6ª Sábado Der Baader Meinhof Komplex De Miguel Gaudêncio, Alexandre Jumbo: Sala 1: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª Domingo 2ª 3ª 4ª 15h20, 18h35, 21h55; ZON “sucesso comercial” em Portugal De Uli Edel, Valente, 13h10, 16h30, 21h30; Castello Lopes - Rio Sul Lusomundo Almada Fórum: 5ª 6ª Sábado significa arrancar pessoas de diante Shopping: Sala 3: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª Domingo 2ª 3ª 4ª 13h30, 17h, 21h, 00h25; ZON com Martina Gedeck, Moritz com Lúcia Moniz, Piotr Adamczyk, da televisão para as levar a uma sala, 4ª 13h05, 16h10, 21h10; Castello Lopes - Rio Sul Lusomundo Fórum Montijo: 5ª 6ª Sábado Bleibtreu, Johanna Wokalek. M/12 Luis Figo. M/16 “Second Life” encontra a solução (?) Mnnnn a óbvia e dá-lhes mais televisão. Um elenco cheio de “caras” conhecidas Lisboa: Medeia King: Sala 3: 5ª Domingo 3ª 4ª Lisboa: Castello Lopes - Loures Shopping: Sala 6: 5ª das revistas e da TV, de Fátima Lopes 13h10, 16h, 18h50, 21h40 6ª Sábado 2ª 13h10, 16h, 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h, 15h10, 17h10, a (por amor de Deus!) José Carlos 18h50, 21h40, 00h30; ZON Lusomundo Alvaláxia: 19h, 21h50, 00h15; CinemaCity Alegro 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h50, 17h, 21h, Alfragide: Sala 9: 5ª 6ª 2ª 3ª 4ª 13h40, 15h30, Malato, passando por Luis Figo (num 00h20; ZON Lusomundo Amoreiras: 5ª 6ª Sábado 17h30, 19h30, 21h50, 24h Sábado Domingo 11h50, cena de “lap dancing” que faz mais Domingo 2ª 3ª 4ª 13h50, 17h, 21h10, 00h20; 13h40, 15h30, 17h30, 19h30, 21h50, 24h; CinemaCity pela destruição da sua dignidade do Beloura Shopping: Sala 6: 5ª 6ª 2ª 3ª 4ª 14h15, Porto: ZON Lusomundo Dolce Vita Porto: 5ª 6ª 16h10, 18h, 20h05, 22h05, 00h05 Sábado Domingo que uma sucessão de passes falhados Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 14h15, 17h30, 21h10, 12h15, 14h15, 16h10, 18h, 20h05, 22h05, 00h05; UCI 00h25; ou cartões vermelhos). A isto Cinemas - El Corte Inglés: Sala 5: 5ª 6ª Sábado 2ª adicionam-se as “cenas escaldantes” 3ª 4ª 14h, 16h, 18h, 20h, 22h, 24h Domingo 11h30, 14h, 16h, 18h, 20h, 22h, 24h; ZON Lusomundo que a promoção também refere Alvaláxia: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h, (umas raparigas em trajes menores a 15h15, 17h25, 19h30, 21h50, 24h; ZON Lusomundo brincarem com copos de CascaiShopping: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 12h50, 15h, 17h10, 19h20, 21h40, 23h50; ZON champanhe). Embrulha-se tudo num Lusomundo Colombo: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª amontoado de cenas confusas, 3ª 4ª 12h50, 15h10, 17h20, 19h30, 21h45, 24h; ZON filmadas e montadas de qualquer Lusomundo Odivelas Parque: 5ª 2ª 3ª 4ª 15h10, 17h20, 19h30, 21h40 6ª 15h10, 17h20, 19h30, 21h40, maneira, e deixa-se correr em fundo 24h Sábado 13h, 15h10, 17h20, 19h30, 21h40, 24h um argumento carregado de Domingo 13h, 15h10, 17h20, 19h30, 21h40; ZON pretensões de profundidade Lusomundo Vasco da Gama: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h15, 15h25, 17h30,19h40, filosófica. A pobreza disto tudo é 21h45, 24h; Castello Lopes - Barreiro: Sala 1: 5ª inenarrável. Há mais densidade Domingo 2ª 3ª 4ª 12h40, 15h20, 17h30, 19h40, psicológica num porno, maior 21h40 6ª Sábado 12h40, 15h20, 17h30, 19h40, 21h40, 23h50; Castello Lopes - Rio Sul sofisticação dramatúrgica nos Shopping: Sala 1: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª “Morangos com Açúcar”. Triste o 4ª 13h10, 15h20, 17h20, 19h20, 21h30, 23h45; UCI filme que tem dos seus espectadores Freeport: Sala 1: 5ª 2ª 3ª 4ª 15h15, 17h15, 19h15, 21h15 6ª 15h15, 17h15, 19h15, 21h15, 23h45 Sábado uma ideia tão má, triste o povo em Comparando a forma como o 13h15, 15h15, 17h15, 19h15, 21h15, 23h45 Domingo nome de quem se fazem filmes material de arquivo é usado em 13h15, 15h15, 17h15, 19h15, 21h15; ZON Lusomundo destes. Raramente se viu pior (aqui ou Almada Fórum: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª “Milk” (outra estreia desta semana) e 13h15, 15h15, 17h20, 19h20, 21h25, 23h25; ZON na China). L.M.O. em “O Complexo Baader Meinhof”... Lusomundo Fórum Montijo: 5ª 6ª Sábado no filme de Van Sant sobre Harvey Domingo 2ª 3ª 4ª 13h10h, 15h15, 17h15, 19h15, 21h20, 23h45; Milk, figura mítica da militância Continuam Porto: UCI Arrábida 20: Sala 12: 5ª 6ª Sábado homossexual, as imagens de época Domingo 2ª 13h55, 16h, 18h05, 20h10, 22h15, transportam-nos, falam-nos sobre 00h40 3ª 4ª 16h, 18h05, 20h10, 22h15, 00h40; ZON O Estranho Caso de Benjamin uma era, a América dos anos 1970, e Lusomundo GaiaShopping: 5ª Domingo 2ª 3ª 4ª Button é como se nos falassem de hoje – é 13h10, 15h10, 17h20, 19h20, 21h30 6ª Sábado 13h10, 15h10, 17h20, 19h20, 21h30, 00h20; ZON The Curious Case of Benjamin um filme politicamente interventivo; Lusomundo NorteShopping: 5ª 6ª Sábado Button em “O Complexo Baader Meinhof” Domingo 2ª 3ª 4ª 13h, 15h20, 17h40, 20h, 22h20, De David Fincher, (sobre o grupo terrorista que baleou 00h35; ZON Lusomundo Parque Nascente: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 12h50, 14h50, 17h10, com Brad Pitt, Cate Blanchett, Tilda a Alemanha dos anos 70) essas 19h30, 21h50, 00h10; Swinton. M/12 imagens são uma bengala, uma tentativa de dar a espessura de um A “obsessão comercial” que grassa no MMMnn tempo a um guarda-roupa, a cinema português, bem suportada penteados, patilhas e óculos pelas televisões e por alguma opinião Lisboa: Atlântida-Cine: Sala 2: 5ª 6ª 2ª 3ª 4ª escuros. Uli Edel não deve acreditar publicada, ainda não parou de gerar 15h15, 21h45 Sábado Domingo 15h15, 18h30, 21h45; Castello Lopes - Cascais Villa: Sala 4: 5ª 6ª na verdade do seu docudrama e na equívocos e monstruosidades. Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h20, 16h30, sua capacidade de nos fazer Abstemo-nos, a propósito de “Second 21h30; Castello Lopes - Cascais Villa: Sala 2: 6ª acreditar, e recorre às imagens de Life”, de ir mais longe na lengalenga Sábado 00h10; Castello Lopes - Feira Nova: Sala 1: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h10, 16h30, arquivo para elas fazerem esse pedagógica do que isto: não, não há 21h30; Castello Lopes - Loures Shopping: Sala 1: 5ª trabalho. Pior a emenda: afasta-nos nada de essencialmente repugnante 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 12h50, 16h10, ainda mais da crença na na ideia de um “cinema popular”, 21h30; Castello Lopes - Loures Shopping: Sala 3: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 23h30; CinemaCity reconstituição. Que é uma narrativa nem aqui nem na China. O problema Alegro Alfragide: Sala 3: 5ª 6ª Sábado Domingo aos soluços, sem conseguir dar é que “Second Life” é um pequeno 2ª 3ª 4ª 13h35, 16h50; CinemaCity Alegro espessura e continuidade às apogeu da degradação da própria Alfragide: Sala 2: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 21h, 00h15; CinemaCity Beloura personagens – num momento esses ideia de um “cinema popular”. Que o Shopping: Cinemax: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª guerrilheiros que se zangaram com a filme anuncie, no seu material 4ª 13h40, 16h55, 21h, 00h15; CinemaCity Campo geração dos pais, pelo pacto feito promocional, o desejo de ser “o mais Pequeno Praça de Touros: Sala 2: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 14h, 17h15, 21h, com o nazismo, com o imperialismo visto do ano”, é lá com ele; que isso 00h15; CinemaCity Classic Alvalade: Sala 3: 5ª e com o Estado, são patetas; logo a depois sirva como justificação para a Domingo 2ª 3ª 4ª 14h, 17h15, 21h 6ª Sábado 14h, seguir são militantes aguerridos. Por maior indigência (artística, 17h15, 21h, 00h15; Medeia Fonte Nova: Sala 3: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 14h30, 18h, isso “O Complexo Baader Meinhof” certamente, mas também comercial: 21h30; Medeia Monumental: Sala 4 - Cine Teatro: 5ª fica sem possibilidade de nos falar o mais oportunista dos produtores de 6ª Sábado 2ª 3ª 4ª 15h, 18h15, 21h30, 00h30 de hoje. V.C. Hollywood havia de se rir a bandeiras Domingo 12h, 15h, 18h15, 21h30, 00h30; UCI Cinemas - El Corte Inglés: Sala 6: 5ª 6ª Sábado “Second Life”: raramente se viu pior (aqui ou na China) Domingo 2ª 3ª 4ª 14h15, 17h30, 21h, 00h10; ZON Lusomundo Alvaláxia: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 12h55, 16h30, 21h05, 00h25; ZON Lusomundo Amoreiras: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h, 16h30, 21h, 00h20; ZON Lusomundo CascaiShopping: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h10, 17h, 21h, 00h30; ZON Lusomundo Colombo: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h, 17h, 21h, 00h25; ZON Lusomundo Dolce Vita Miraflores: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 15h, 18h30, 22h; ZON Lusomundo Odivelas Parque: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 15h, 18h30, 22h; ZON Lusomundo Oeiras Parque: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h05, 16h30, 21h, 00h20; ZON Lusomundo Torres Vedras: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h30, 17h, 21h, 00h25; ZON Lusomundo Vasco da Gama: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 12h50, 16h15, 21h, 00h15; Castello Lopes -

Ípsilon • Sexta-feira 30 Janeiro 2009 • 41 enchiam num debate assalas sara Nelson aparecia sempre queonomede na Book ExpoAmerica, Frankfurt, deLondres e Nas feiras doLivro de 42 a3611.asp articles/cache/ mediabistro.com/ http://www. MediaBristro.com co.uk/ bookbrunch. http://www. BookBrunch is-laid-off publishers-weekly- top-editor-at- com/2009/01/26/ blogs.nytimes. http://artsbeat. Arts Beat 47210.html Sara+Nelson/ com/Community/ publishersweekly. http://www. Weekly” na “Publishers Sara Nelson Crónicas de Coutinho Isabel •ÍpsilonSexta-feira 30 Janeiro 2009 Cinema / Ciclo É anossa vida Ciberescritas edição estariam a chegar aofi achegar estariam edição quede acreditar osdespedimentosnomundo da deBarackObamaàCasaBranca, vinha-lhe dachegada Weekly”. da“Publishers no “website” Estealento segunda-feira colunasemanalcolocada ela, nasua esperança”, escrevia semanasintoumacerta mas esta agentes literáriosdetodoomundo. “Publishers Weekly” (PW),arevista lidaporeditores e da e“editor-in-chief” literária norte-americana ecrítica que aconteceuaSaraNelson,famosajornalista ciberescritas) (Ciberescritas jáéumblogue http://blogs.publico.pt/ [email protected] depression orworry willever change that fact.”) book people,afterall-andnoamount ofrecession or vão mudar people are isso.” (“Book bookpeopleare nem arecessão ouadepressão ouaspreocupações são aspessoasdoslivros sãoaspessoasdos livros -e dizendo: “Apesarcrónica detudo, aspessoasdoslivros éanossavida”. daedição: Eterminava“mas trata-se a considerado um“fi fi deautor.em edição que tinhapassadoo Diziatambém fazerem recensões delivros que tinhamsidopublicados você mesmo)dandoapossibilidade aosleitores de leitores. Tinhacomotítulo“Review (critique ItYourself” dos directa no“site” comparticipação darevista rubrica umamigo umanovauma festa lhedeuaideiadecriar (ed. Putnam,2003). SoLittleTime:AYearBooks, ofPassionate Reading” divulgava osQuillAwards eéautora dolivro “SoMany num elaquem debateassalasenchiam.Eratambém Expo sempreBook America, que oseunomeaparecia era polémica. queimplacável faziaaosector. nascríticas Por vezes, domundo eerasempredas tendências daedição e que podemserlidas“online”, algumas iatraçando queNas crónicas assinava Weekly”, na“Publishers NewYork“The NewYork Post” eno“The Observer”. fi para que literária, sepoupassedinheiro. Antigacrítica Journal” Weekly”, na“Publishers fossemintegrados Journal” eo“SchoolLibrary (parabibliotecários) agora Sarapropôs ositeBookBrunch, que o“Library grande desafi grupo Reed BusinessInformation -que a possui também sido despedida nasequência dareestruturação que o NewYork“The que SaraNelsontinha Times”noticiou dojornal Beat Arts oblogue mesma segunda-feira, momentos... Mas nessa odestinoprega partidas: N m-de-semana alerlivros. atépodeser Paraalgunsisso m-de-semana colunasdeopiniãoquer no pelassuas cou conhecida “Podem chamar-me crédula ouimpressionável, Na última crónica à frente da “PW” conta que àfrente durante conta Na últimacrónica da“PW” Nas feirasdoLivro deLondres ena deFrankfurt, de fi privilegiar adivulgação encontro regular irá Cultural Malaposta sextas domês,no irá acontecer, nasúltimas programação mensalque Malaposta éumanova Encontros deCinemana confrontar comadura ver realidade. Basta o porse acabam pensam que escapam claro. Derepente, mesmoaqueles que ficou mais semanaisso Eesta difíceis. estão ão hádúvida nenhuma deque ostempos o pelafrente. Oanopassado, divulgou lmes portugueses m-de-semana detrabalho”, escrevia, m-de-semana ¬ Mau ☆ online) esabiaque tinhaum que aindapodeserlida entrevista aoMediabristo deuuma ideias (nessaépoca Janeiro de2005,tinhamuitas entrou em paraarevista, Quando da“PW”. a cara Sara Nelson,52anos,foi Howell da“PW”. DevereauxElizabeth eKevin executiva) eoseditores (editora Maryles Daisy Não sóela,mastambém afazer. -está “Variety” revista Medíocre Nos últimosquatro anos, m, pelomenosporuns Centro Centro . Este ☆☆ Razoável pela organização associação responsável Zero emComportamento, Mais Um”, CartaBranca à 30, às21h30 e documentário. animação, experimental e géneros: fi de váriaslinguagens ☆☆☆ cção, : “Eu, oOutro: “Eu, e Bom Domingo 2ª3ª4ª13h45, 00h35; 17h25, 21h, 00h30; ZONLusomundoGlicínias:5ª6ªSábado 16h40,13h, 16h40, 21h6ªSábado 13h, 21h, Lusomundo Fórum Aveiro: 5ªDomingo 2ª3ª4ª Sábado Domingo 2ª3ª4ª12h40, 16h, 21h30;ZON 00h40; Castello Lopes-8ªAvenida: Sala1:5ª6ª Sábado Domingo 2ª3ª4ª13h30, 21h, 17h, 00h30; ZONLusomundoParque Nascente: 5ª6ª Sábado Domingo 2ª3ª4ª13h10, 16h50, 20h50, 00h30; ZONLusomundoNorteShopping: 5ª6ª Domingo 2ª3ª 4ª13h30, 17h10, 21h10, Lusomundo MarShopping: 5ª6ªSábado 21h 6ªSábado13h25,17h10, 00h35;ZON 21h, MaiaShopping: 5ªDomingo 2ª3ª4ª13h25,17h10, 13h50, 17h25, 20h50, 00h25;ZONLusomundo Domingo 2ª3ª4ª13h50, 17h25, 20h506ªSábado 00h20;ZONLusomundoGaiaShopping:21h, 5ª 5ª Domingo 2ª3ª4ª15h50, 21h6ªSábado15h50, 16h30, 00h30;ZONLusomundoFerrara 21h, Plaza: Porto: 5ª6ªSábadoDomingo 2ª3ª4ª13h, 17h35, 21h05, 00h30;ZONLusomundoDolce Vita Domingo 2ª14h10, 17h35, 21h05, 00h303ª4ª 21h30; UCIArrábida 20:Sala15: 5ª6ªSábado Sábado Domingo 2ª3ª4ª14h40, 18h20, 21h30; Medeia doPorto:Sala3:5ª6ª Cidade 17h30, 21h30, 00h35Domingo 15h,17h30, 15h30, 21h306ª15h30, 21h30, 00h35Sábado15h, -Penafiel:Porto: Cinemax Sala1:5ª2ª3ª4ª Domingo 2ª3ª4ª13h20, 17h20, 00h20; 21h, 21h45, 24h;ZONLusomundoColombo: 5ª6ª Sábado Domingo 2ª3ª4ª13h15, 18h30, 16h, 24h; ZONLusomundoCascaiShopping: 5ª6ª Domingo 2ª3ª4ª13h40, 16h, 18h30, 21h40, ZONLusomundoAmoreiras:23h50; 5ª6ªSábado Domingo 15h30, 2ª3ª4ª13h, 17h50, 21h30, 24h; ZONLusomundoAlvaláxia: 5ª6ªSábado Domingo 11h30, 14h30, 16h45, 19h10, 21h45, Sábado 2ª3ª4ª14h30, 16h45, 19h10, 21h45, 24h -ElCorteInglés:00h15; UCICinemas Sala12:5ª6ª Domingo 2ª3ª4ª13h45, 15h45, 17h50, 22h, 20h, Medeia Monumental:Sala1:5ª6ªSábado 23h45; Domingo 11h50, 14h15, 16h15, 18h15, 21h30, 3ª 4ª14h15, 16h15, 18h15, 21h30, Sábado 23h45 PequenoCampo Praça deTouros: Sala4:5ª6ª2ª 13h50, 15h50, 17h50, 19h55, 21h55, 24h;CinemaCity 17h50, 19h55, 21h55, 24hSábadoDomingo 11h50, Shopping: Sala3:5ª 6ª2ª3ª4ª13h50, 15h50, Beloura19h45, 21h45, CinemaCity 23h45; SábadoDomingo23h45 11h45, 13h45, 15h45, 17h45, 6ª 2ª3ª4ª13h45, 15h45, 17h45, 19h45, 21h45, Alegro18h50, Alfragide: 21h;CinemaCity Sala7: 5ª 3: 5ª6ªSábadoDomingo 2ª3ª4ª13h20, 15h50, 21h30, 24h;CastelloLopes-Loures Shopping: Sala 16h30, 21h306ªSábado14h, 19h, 16h30, 19h, Lopes -Londres: Sala1:5ªDomingo 2ª3ª4ª14h, Sábado 13h40, 15h50, Castello 21h10, 18h, 23h50; Domingo 2ª3ª4ª13h40, 15h50, 21h106ª 18h, Villa: Lopes-Cascais Lisboa: Castello Sala3:5ª MMnnn M/12 Scarlett Johansson, Rebecca Hall. com Penélope Javier Bardem, Cruz, De Woody Allen, Vicky Barcelona Cristina economia narrativa. commaiorsíntesee (ainda mais) desmedida: ofilmesóteria aganhar Pena numa insistir extensão épossível (edesejável).distanciada deque areinvençãonoção sem grande risco, mascomaperfeita hollywoodiana.sentimental Tudo mulheres”, adesvergonha Scott Fitzgerald, o“filmede modernovirar doavessocinema autoreflexão sobre ashipótesesdeo serve decobaiaparaasua espectador manipular, namedidaemque o manipula equer construção: de trama, ospróprios mecanismos pordentropoucos eanalisa, da os processos demontagem como sempre,Como domina orealizador que fogem aoromanesco tradicional. deatmosferas como nodacriação nosentidomelodramático, tanto dogrande“romance”, a tradição complexa estruturaemmosaicocom uma Button” articular consegue “O EstranhoCasodeBenjamin “Se7en”, semelhantesprofundidades, de atingiu,depois mais nunca Se éverdade que David Fincher Hoje, dia ☆☆☆☆ Muito Bom um debate comopúblico. presentes nasessão, para Paulo Ares, queestarão Xavier, Pedro Madeira e LuísZepe, Fonseca, Rui realizadores Pedro Pinho, por 5curtasdos programação écomposta do IndieLisboa.A M.J.T. ☆☆☆☆☆ Excelente suas férias em Espanha “Juan Antonio Antonio fériasemEspanha“Juan suas Talvez Woody devesse terchamadoàs 16h50, 19h20, 21h50, 00h20; Glicínias: 5ª6ªSábadoDomingo 2ª3ª4ª14h10, 14h, 16h30, 19h15, 00h45; 22h, ZONLusomundo NorteShopping: 5ª6ªSábadoDomingo 2ª3ª4ª 4ª 16h35, 19h05, 21h35,00h15; ZONLusomundo Domingo 2ª14h15, 16h35, 19h05, 21h35,00h15 3ª 22h; UCIArrábida 20:Sala16: 5ª6ªSábado Sábado Domingo 2ª3ª4ª14h, 20h, 18h, 16h, Porto: Medeia doPorto:Sala1:5ª6ª Cidade 13h10, 15h30, 17h55, 21h35,24h; Almada Fórum: 5ª6ªSábadoDomingo 2ª3ª4ª 4ª 13h30, 15h30, 18h20, 21h50;ZONLusomundo Shopping: Sala 5:5ª6ªSábadoDomingo 2ª3ª 21h20, Castello Lopes-RioSul 23h40; Sábado Domingo 2ª3ª4ª12h35,15h15, 18h, 21h30 -SalaFélix Ribeiro De Anthony Mann The BambooBlonde 19h30 -SalaLuísdePina De ClintEastwood A Perfect World Um Mundo Perfeito 19h -SalaFélix Ribeiro De Arthur Penn andClydeBonnie eClydeBonnie 15h30 -SalaFélix Ribeiro De Federico Fellini Ginger eFred 30 Sexta, R. Barata Salgueiro, 39 Tel. Lisboa. 213596200 Cinemateca Portuguesa De ArneSucksdorff Det Stora äventyret A Grande Aventura 19h -SalaFélix Ribeiro De Anthony Mann Desperate Desesperado 15h30 -SalaFélix Ribeiro De Raoul Walsh Twenties The Roaring Heróis Esquecidos 02Segunda, 22h -SalaLuísdePina De Kenneth Anger. 6 Curtas DeKenneth Anger 21h30 -SalaFélix Ribeiro De Michelangelo Antonioni Le Amiche 19h30 -SalaLuísdePina De André Antoine La Terre A Terra 19h -SalaFélix Ribeiro De Lowell Sherman She Done HimWrong Uma Loira Para Três 15h30 -SalaFélix Ribeiro De Federico Fellini Amarcord Sábado, 31 22h -SalaLuísdePina De Frank Capra American Madness Loucura Americana pectiva em retros- Mann Anthony Woody Allen ponto anual de marcação de Barcelona”: a “Vicky Cristina York” “O Sargento Cooper, Gary De Anthony Mann Railroaded! 15h30 -SalaFélix Ribeiro De Fred Zinnemann The Men O Desesperado Terça, 03 22h -SalaLuísdePina De George Pallu A Rosa do Adro 21h30 -SalaFélix Ribeiro De ClintEastwood CountyThe BridgesofMadison As Pontes DeMadison County 19h30 -SalaLuísdePina 22h -SalaLuísdePina 19h -SalaFélix Ribeiro De MichaelCimino Thunderbolt andLightfoot A Última Golpada 15h30 -SalaFélix Ribeiro De Howard Hawks York Sergeant Sargento York Quarta, 04 22h -SalaLuísdePina De Anthony Mann Desperate Desesperado 21h30 -SalaFélix Ribeiro De ClintEastwood Absolute Power Poder Absoluto 19h30 -SalaLuísdePina De António daCunhaTelles Meus Amigos 19h -SalaFélix Ribeiro De ClintEastwood CountyThe BridgesofMadison quando Penélope entra emcena, davelha Europa; com oencanto parolos americanos confrontados sobre de comédiaturística passara deumarremedo preguiçoso Até Barcelona” Cristina aí,“Vicky não e MariaElena,amusa desequilibrada. Antonio,por Juan opintorcharmoso, ibéricoformado tempestuoso casal boémia, eseconcentra no ainsegura neurótica, eCristina, deVicky, seafasta câmara ainsegura apenas descolaameio, quando a Maria ElenaCristina” –porque ofilme Railroaded! De Anthony Mann 19h30 -Sala LuísdePina Madison County Um Eléctrico As Pontes De Chamado Desejo A Streetcar Named 21h30 -SalaFélix Ribeiro De EliaKazan Desire Aproveitei um destes metáfora sobre o dedico 8.25 benjamins quando e uma fi m-de-semana para crescimento, uma visão em 10. “Não havia grande bola cor de Espaço ler “O Estranho Caso certeira do preconceito, recordações penosas no laranja para a qual Público de Benjamin Button”, um retrato cruel dos seu sono infantil; não Nana apontava conto com pouco mais confl itos geracionais, lhe acudiam lembranças pouco antes da de setenta páginas que um olhar desacreditado dos seus arrojados anos sua crepuscular deu asas à imaginação sobre o amor de longa na faculdade, dos anos hora de dormir e de David Fincher para duração, um mergulho esplendorosos em que a que chamava realizar um fi lme com reconfortante na solidão, fi zera palpitar o coração ‘Sol’”. mais de duas horas. um profundo desejo de muitas raparigas. Pedro Miguel Através de uma vida de esquecimento. Um Havia apenas os lados Silva, 35 vivida em marcha livro escrito com uma brancos e seguros do seu anos, Técnico de atrás, F. Scott Fitzgerald por vezes assustadora berço, Nana e um homem Comunicação apresenta uma irónica racionalidade a que que o visitava de vez em

tudo se parece encaminhar para uma 00h20 Sábado Domingo 11h30, 20h05, 22h10, 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h40, 16h15, curioso, mas nunca sabe o que fazer Contrato “screwball comedy” latinizada, com 00h20; CinemaCity Beloura Shopping: Sala 2: 5ª 18h30, 21h40, 23h55; com ele, sem arrancar de uma De Nicolau Breyner, 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 18h40, 21h40, Porto: ZON Lusomundo Dolce Vita Porto: 5ª 6ª uma invulgar componente sensual 23h45; CinemaCity Campo Pequeno Praça de modorra televisiva, com cenas com Pedro Granger, Nicolau Breyner, Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 14h, 16h20, 19h, trazida pela câmara de Javier Touros: Sala 3: 5ª 6ª 2ª 3ª 4ª 14h05, 18h40, atrevidas (mas ridículas) e a sua dose 21h40, 24h; ZON Lusomundo Mar Shopping: 5ª Cláudia Vieira, José Wallenstein, 21h55, 24h Sábado Domingo 14h05, 21h55, Aguirresarobe. É sol de pouca dura, 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 12h50, 15h, 17h20, de piscadelas de olho ao consumidor Pedro Lima. M/0 24h; ZON Lusomundo Amoreiras: 5ª 6ª Sábado 19h40, 22h10, 00h20; ZON Lusomundo mesmo quando Allen introduz no Domingo 2ª 3ª 4ª 18h, 21h20, 23h30; ZON de novelas. Falta sobretudo coragem NorteShopping: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 19h, último terço uma bem-vinda nota de Lusomundo CascaiShopping: 5ª 6ª Sábado para descolar do óbvio, do esquema Mnnnn 21h20, 23h45 3ª 4ª 19h, 23h45; desencanto; sempre que Penélope e Domingo 2ª 3ª 4ª 21h50, 00h10; ZON premeditado, executado por Lusomundo Colombo: 5ª 6ª Sábado Domingo Javier Bardem estão fora de cena, Lisboa: Castello Lopes - Loures Shopping: Sala 5: 2ª 3ª 4ª 17h55, 21h25, 23h50; Castello Lopes - Rio Ainda não foi desta que o chamado cartilha. A composição de Pedro “Vicky Cristina Barcelona” revela-se 5ª 6ª 2ª 3ª 4ª 15h40, 19h10, 21h15, 23h40 Sul Shopping: Sala 4: 5ª 6ª 2ª 3ª 4ª 15h25, “cinema comercial” português se Lima merecia melhor personagem. Sábado Domingo 19h10, 21h15, apenas a marcação de ponto anual do 17h30, 19h30, 22h, 24h Sábado Domingo 19h30, elevou acima da mediocridade e da Mas, como já se disse e repetiu, há 23h40; CinemaCity Alegro Alfragide: Sala 2: 5ª 22h, 24h; ZON Lusomundo Almada Fórum: 5ª 6ª realizador, confirmando que “Match 6ª 2ª 3ª 4ª 18h30; CinemaCity Alegro Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h20, 15h40, 18h05, inépcia narrativa. “O Contrato” tem bem pior e com bastante mais Point” foi mesmo um fogacho. J.M. Alfragide: Sala 3: 5ª 6ª 2ª 3ª 4ª 20h05, 22h10, 21h30, 23h50; ZON Lusomundo Fórum Montijo: um argumento que poderia resultar pretensões. M.J.T.

Esta Noite Nuit de Chien De Werner Schroeter, com Pascal Greggory, Nuno Lopes, Bruno Todeschini. M/12 Mnnnn

Lisboa: Medeia King: Sala 2: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 14h30, 17h, 22h; Porto: Medeia Cine Estúdio do Teatro Campo Alegre: Cine-Estúdio: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 18h30, 22h;

Agradecendo sempre a maravilhosa música que Schroeter nos dá a ouvir, “Esta Noite” faz-se de sobras de um “kitsch” pessoal que já se tornou inofensivo (neste sentido: já não nos submete). São quadros (já) sem fantasmagoria nem vício, só esgares, em que uma série de actores fazem o seu número. V.C.

Frost / Nixon De Ron Howard, com Frank Langella, Michael Sheen, Sam Rockwell, Kevin Bacon. M/12 Mnnnn

Lisboa: CinemaCity Classic Alvalade: Sala 2: 5ª 2ª 3ª 4ª 14h10, 16h35, 19h, 21h30 6ª 14h10, 16h35, 19h, 21h30, 24h Sábado 11h30, 14h10, 16h35, 19h, 21h30, 24h Domingo 11h30, 14h10, 16h35, 19h, 21h30; Medeia Nimas: Sala 1: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 14h15, 16h45, 19h15, 21h40; UCI Cinemas - El Corte Inglés: Sala 2: 5ª 6ª Sábado 2ª 3ª 4ª 14h10, 16h40, 19h15, 21h50, 00h20 Domingo 11h30,14h10, 16h40, 19h15, 21h50, 00h20; ZON Lusomundo Amoreiras: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 12h50, 15h30, 18h10, 20h50, 23h20; ZON Lusomundo Dolce Vita Miraflores: 5ª Domingo 2ª 3ª 4ª 15h10, 18h10, 21h10 6ª Sábado 15h10, 18h10, 21h10, 00h10; ZON Lusomundo Odivelas Parque: 5ª 2ª 3ª 4ª 15h40,18h25, 21h10 6ª 15h40,18h25, 21h10, 23h50 Sábado 13h05, 15h40,18h25, 21h10, 23h50 Domingo 13h05, 15h40,18h25, 21h10; ZON Lusomundo Oeiras Parque: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 21h10, 23h50; Porto: UCI Arrábida 20: Sala 7: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 13h55, 16h35, 19h15, 21h55, 00h35 3ª 4ª 16h35, 19h15, 21h55, 00h35; ZON Lusomundo Parque Nascente: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h, 15h30, 18h20, 21h10, 24h; ZON Lusomundo Fórum Aveiro: 5ª Domingo 2ª 3ª 4ª 14h50, 17h45, 21h30 6ª Sábado 14h50, 17h45, 21h30, 00h20;

Ron Howard nunca foi grande espingarda, apesar de ter atingido o alvo do panteão hollywoodiano, premiado e saudado quase como autor. “Frost/Nixon” é a prova dos noves da sua incapacidade para transformar material relativamente interessante (uma peça bem carpinteirada) num filme que vá para além do tremendo bocejo de grande produção vazia. Não está sequer em questão a oportunidade do produto, em fim de era Bush (oportunismo é coisa falta a Howard, veja-se o horrendo “Uma Mente Brilhante”), mas a insuportável pretensão “artística” com que a montanha pariu um minúsculo rato. M.J.T.

Ípsilon • Sexta-feira 30 Janeiro 2009 • 43 realizado porJean Rouch em1959 Pyramide Humaine”, “La tem oseuprincípionofi Four“The Chambered Heart”,

lme Exposições em em confundidos e, erealidade sãotestados, ficção atrás daqual,aliás,oslimites entre a deJean Rouch, dacâmara influência “livre”, coma totalmente conta pois porém,acções. Ainteracção, não é e argumento edebatemosseuspapéis que interpretam eimprovisam um doMarfim, brancos enegros daCosta relação entre umgrupodeestudantes, ao “cinema-verité”, a documenta Jean Rouch em1959. Obraassociada Humaine”,Pyramide realizado por e que nofilme“La tem oseuprincípio emHolon, Art forDigital Israeli Center desenvolvido em2007, pelaartista, no Chambered projecto Heart”, Fourintroduz opúblicoa“The espaço expositivo. num modos efazerespecíficos, sons eimagens, e comumahistória conjunto determinadode enquanto sublinhar: aexperiência docinema, temvindoa trabalho deFilipaCésar resumir que umdosaspectos o que podemos E énessadialéctica Circulamos fotografias. entre asobras. e imobilidade émenossolicitada, encontramos outro filme,ondetal àfrente termina aqui: mais quem semovimenta, sãoasimagens. mensagem éclara: nãosomosnós A diantedoecrã. várias cadeiras pequena saladeprojecção, estão sente eveja numa umfilme.Como (Porto, 1975), éque se fazaovisitante Chambered deFilipaCésar Heart”, FourA primeiraproposta que “The mmmmn Filme, Fotografia, Outros. 21/02. Sáb. 3ªa6ªdas11hàs20h. das12hàs20h. Tel.: 213959559. 33. Até Estrela, à António Santo CristinaGuerraLisboa. Rua Art. -Contemporary De FilipaCésar. The Four Chambered Heart José Marmeleira de identidades. einterrogação construção serevelao cinema enquanto uma notável exposição onde regressaFilipa César com das imagens Por detrás Eis, portanto, a situação que que asituação portanto, Eis, A exposição, noentanto, não que se salienta. A artista fotografou a a fotografou Aartista que sesalienta. Penguinsobretudo FilmReview” “The Humaine”, Pyramide masé “La dos estudantes, outrasasbobinesde projecto. Algumasmostramasescolas aolongo realizadas de fotografias do do filmedeJean Rouch enuma série um contexto assinaladonaprojecção Como? apresença de Documentando realidade determinadaetangível. Lida deformainteligente comuma num ensimesmado. cinema registo do condições daprodução daarte deixamos deseractores? averdade? ecomeça ficção Onde fazerumfilme? a Como Ondeacaba filme? Oque mostrar num filme? oqueperguntas: escolherpara um uma série de para encadear (Palestina,colonialismo) histórica com umarealidade ou concreta delidar então, momentaneamente, falamos empúblico). (porexemplo, sociais actores quando em que nosrevemos, afinal,enquanto e comoespectadores nos projectamos personas,emque máscaras, adoptam imagens Todos vãosersujeitas. denunciando amontagem aque as aexperiência, desmontar devolvem oolharou ameaçam desconforto, outros resistem, escapar-lhe. Algunsrevelam aquiintervenientes eali tentam cena quem os fala,enquanto se fluidadeixando, porvezes, forade move- Acâmara linguagem, ocinema. a o conflitoisraelo-palestinano, deJean Rouch,colonialista aEuropa, César, perspectiva asuposta sobre opapeleprojecto deFilipa ecomentários acusações, críticas esgares que serevelam nosdiscursos. se deter naspausas, hesitações, recorrente(opção obra),para nasua privilegia grandesplanosdosrostos francês contrário docineasta presença deumaobjectiva, masao coma Rouch, confronta-os aartista Humaine”. Pyramide Tal“La como diferentes), adiscutir, exactamente, árabes ehebreus (deescolas decinema, vários estudantes israelitas Four Chambered aofilmar Heart” em“The secoloca que FilipaCésar organizados. última análise, Mas a artista não interroga as nãointerroga as Mas aartista Four“The Chambered deixa Heart” emergem, Da discussão então, semelhante Ora énuma posição de AnaPérez-Quiroga “Chinoiserie”, edição de 1948 da revista e, de1948darevista e, edição em particular, aspáginas de um capítulo dedicado à à dedicado de umcapítulo produção de filmes na produção defilmesna Palestina onde vários Palestina ondevários sublinhados aludem ao sublinhados aludemao cinema como como cinema instrumento na criação instrumento nacriação (montagem, (montagem, encenação) de uma deuma encenação) identidade, neste identidade, neste caso, política, caso, política, colectiva. E, assim, assim, E, colectiva. regressamos àsala dos estudantes, a dos estudantes, a “The Four“The Chambered Chambered Heart” e a Jean ea Jean Heart” Rouch. ¬ Mau ☆ Medíocre Inaugura 5/2 às19h. das 10hàs18h(Encerra Feriados). Pavilhão Preto. Grande, 245. Tel.: 217513200 .Até 29/03. 3ªaDom. Campo deLisboa. Museu daCidade Lisboa. Potrc, entre outros. Neto, ThomasSheibitz,Marjetica JonathanLeonilson, Monk, Ernesto Elmgreen &IngarDragset, Reis,Cabrita Rui Chafes,Michael Alÿs,PedroFrancis Barateiro, Pedro Olafur Eliasson,FranzAckermann, De Mark Dion,Trisha Donnelly, Madeira Corporate Services Desenhos A-Z,Colecção Desenho. das16h às18h30. Dom. 6ªeSáb. 5ªdas10hàs13h. 18h. das15h às18h. 213420000. De02/02 a08/02. 2ªa4ªdas15h às Nova daTrindade-Teatro daTrindade.Tel.: Espaço RoundLisboa. TheCorner-Porta9F/9G. R. De Joana Escoval. Um Projecto Dias aSete Inauguram Agenda Porto. Museu de Serralves. Rua D. João deCastro, Christopher Wool, Porto -Köln Fotografia, Outros. (c/descontos). deSerralves. NaCasa às 19h(última admissãoàs18h30). Bilhetes: 5euros 210. Tel.: 226156500. Até 15/03. das10h 3ªaDom. Porto. Museu deSerralves. Rua D. João deCastro, Nikolai Nekh. De David Infante,MarianaSilva, BES Revelação 2008 Outros. Escultura,Fotografia,Pintura, Vídeo, das10h às13hedas14h30 4ªaDom. 18h. às18h. T.da Cadeia. 268637150. Até 30/6. 3ªdas14h30 às Elvas. Museu deArteContemporânea deElvas. Rua Sanches, entre outros. Pedro Rui Proença, Chafes,Rui Adriana Molder, André Gomes, De Pedro Reis, Cabrita Rosa Almeida, Corpo, DensidadeeLimite Desenho,Pintura, Outros. Sáb. das14h19h. edom. às19h. T.Nacional. 213642909. Até 29/3. 3ªa6ªdas10hàs AvenidaNacional. daCordoaria daÍndia-Edifício GaleriaTorreãoLisboa. Nascente daCordoaria EugenioErnst, Granell,entre outros. Brauner,Víctor HansBellmer, Max Calvet, AnaHatherly, Paula Rego, Pereira, Vespeira, Pedro Oom,Carlos Fernando José Moniz Francisco, O´Neill, Alfredo Margarido, Seixas, MárioCesariny, Alexandre Cruzeiro De Carlos EuricodaCosta, Miranda Fundação Cupertino de O Surrealismo naColecção Fotografia. 18h. T.16-18. 213913275. Até 30/4. 2ªaSáb. das10hàs Fernando Casa Lisboa. Pessoa. R.Coelho daRocha, De Jorge Colombo. Lisboa Revisitada Fotografia. 18h. 210028120. Até 15/03. das10hàs 3ªaDom. Brasília Central -Edifício Tejo. Tel.: Museu daElectricidade.Lisboa. Avenida De AntónioJúlio Duarte. Jesus Never Fails Escultura,Vídeo. Instalação, Desenho,Pintura, Fotografia, 18h. 210028120. Até 15/03. das10hàs 3ªaDom. Brasília Central -Edifício Tejo. Tel.: Museu daElectricidade.Lisboa. Avenida outros. Petit, entre Gerald da Mata, De Manuela Marques, Francisco Lá Fora Filme, Escultura, Outros. (última admissãoàs17h45). 222098116. Até 04/04. 2ªaSáb. das10hàs18h Porto. Culturgest. Av. CGD. Aliados, 104.Ed. Tel.: Alexander Gutke Continuam Desenho, Outros. ☆☆ Razoável ☆☆☆ Bom Elvas de no Museu Rosa Manuel ☆☆☆☆ Pintura, Desenho,Pintura, Vídeo, Outros. 10h às13hedas14h às18h. 239840754. Até 14/3. Sábdas 3ªa6ªdas10hàs18h. Coimbra. Chiado.Rua Edifício Ferreira Borges, 85.T. De AntónioOlaio. Planeta Coimbra Desenho. Objectos, 12h30 às20h. Cardoso, 31.Tel.: 210170765. Até 21/02. 3ªaSáb. das 3+1ArteContemporânea.Lisboa. Rua AntónioMaria De AnaPérez-Quiroga. Chinoiserie Desenho. Escultura, Instalação, descontos). (última admissãoàs18h30).Bilhetes: 5euros (c/ Tel.: 226156500. Até 24/02. das10hàs19h 3ªaDom. Porto. Museu deSerralves. Rua D. João 210. deCastro, De Juan Muñoz. Juan Muñoz: Uma Retrospectiva Pintura. descontos). 19h (última admissãoàs18h30).Bilhetes: 5euros (c/ 210. Tel.: 226156500. Até 15/03. das10hàs 3ªaDom. r/c. Tel.: Até 253515408. 05/03. 3ªaSáb. 10h30às19h. Guimarães. Alves GaleriaGomes 123 R.daRainha, 2. De Pedro Proença. Tangos Uma Tanga naManga eOutros Desenhos, Outros. 30/04. Sáb. das14h edom. às16h. EspaçoAvenida.Lisboa. Av. daLiberdade, 211,4º.Até outros. Maranha,entre Saldanha, Marta Simões, Jorge Queiroz, Diogo Pedro Tropa, Teresa Santos,Thierry Tropa, Francisco De AntónioBolota, Colectiva -Avenida 211, 4ºAndar Outros. Escultura,Fotografia,Pintura, Vídeo, Bilhetes: 1euro (c/descontos). eFeriadosa Sáb. Dom. das10hàs19h. das14h às19h. Afonso Henriques, 701. Tel.: 253424700. Até 11/04. 3ª Guimarães. Centro Cultural Vila Flor. Avenida D. José AlmeidaPereira. Barbosa, Nuno Florêncio, Carlos Lobo, Machado, Jorge Fernandes, José Emílio Fúlvio Mendes, Castro, Cristiano Nuno Max Fernandes, Mauro Cerqueira, Ribeiro,De Luís Cardoso, Engrácia MV/C+V Fotografia. 13h às20h. Stephens, 4.Tel.: 213476280. Até 07/03. 3ªaSáb. das GaleriaQuadradoLisboa. Largo Azul -Lisboa. dos De Paulo Nozolino. Lonely Bone Pintura. das 10hàs20h. Manutenção, 80. Tel.: Até 218624122. 07/03. 3ªaSáb. GaleriaFilomenaSoares.Lisboa. Rua da De Jean-Marc Bustamante. Pedigree Opções eFuturos -Colecção Video, Desenho. 14h 19h. às das Sáb. a 3ª 210993660. 28/2. Até Appleton Square.Lisboa. Rua Acácio Paiva, 27-r/c. T. De Carlos Roque. Conspiração, Profecia eUtopia Instalação, Escultura. Escultura. Instalação, 3ª a 6ª das 11h às 19h. Sáb. 3ª a6ªdas11hàs19h. das15h às20h. 24 deJulho, Tel.: 54-1ºE. 213950177. Até 21/02. PLMJ -Aquisições Recentes Lisboa. VeraLisboa. Cortês-Agência deArte.Avenida De Alexandre Farto. Muito Bom Race, You’re StillaRat Even IfYou Win The Rat Fotografia, Vídeo. 14/3. 5ªaSábdas15h às19h. Rodrigues Sampaio,29. T. 210964103. Até Pintura, Desenho, Escultura, Desenho,Pintura, Escultura, Lisboa. EspaçoFundação PLMJ.Lisboa. R. Leitão. Angélico, Sofia Ricardo Pistola, De AnaRito, André Cepeda, Crespo, Sara eAndré, Ricardo Arlindo Silva, BrígidaMendes, Martinho Costa, Nelson Nelson Costa, Martinho Filipe Santos, Marco Mendes, Barreiros, Luís IsraelPimenta, Domingos Loureiro, Gonçalo em “Desenhos A-Z”em “Desenhos Pedro Barateiro ☆☆☆☆☆ Excelente JACINTA CANTA SONGS OF FREEDOM SÃO ÊXITOS DOS ANOS LUIZ 6O, 7O E 8O JAN ~ FEV O9 29 JAN A 7 FEV Quinta a Sábado, às 22h00 M/6

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SÃO LUIZ TEATRO MUNICIPAL RUA ANTÓNIO MARIA CARDOSO, 38 BILHETEIRA: EHGK;IJH7D79?ED7B:EFEHJE EGEAC, EM 1200-027 LISBOA / T: 213 257 640 TODOS OS DIAS DAS 13H00 ÀS 20H00 WWW.EGEAC.PT [email protected] T: 213 257 650 '+C7H GK7HJ;JEI78?Ü IEB?IJ7I:7EDF 13, 14, 2O E 21 FEV SÃO Sexta e Sábado, às 23h3O '+C7H @EÁE:ED7JE Um espectáculo de música para ;9EDL?:7:EI quatro músicos e quatro actores LUIZ M/6 FEV O9 WWW.TEATROSAOLUIZ.EGEAC.PT

A PARTIR DE TEXTOS DE MIGUEL CASTRO CALDAS MÚSICA PAULO CURADO FIGURINOS JOSÉ PEDRO CAVALHEIRO – ZEPE DIRECÇÃO ARTÍSTICA TERESA SOBRAL www.casadamusica.com | T 220 120 220 OS “OU” SÃO DORA BERNARDO CO-PRODUÇÃO: EDUARDO RAON SLTM / QUATRELCOLECTIVO JOÃO SABOGA JOSÉ SALGUEIRO PAULO CURADO RICARDO FREITAS TERESA SOBRAL VICTOR GONÇALVES VICTOR JORGE Lonely p “Terra Natal” é o título da exposição que reúne até 15 de Março, na F e o urbanista Paul Virilio. Das línguas em vias de extinção às migrações m onde também se defi ne a “ultracity”, a cidade localizada em todo o l

É um curto monólogo. O tempo de tani e Associados (1994), onde, nas problema, pois tais movimentos sem- ... a lentidão do fotógrafo... atravessar a Passage d’Enfer, em Paris: paredes em vidro, foram instaladas pre existiram, já a ideia do velho con- No interior da Fundação Cartier, a 160 metros de comprimento por dez seis imagens verticais, de grandes tinente deixar de ter camponeses, exposição “Terra Natal”, que tem de largura. Ali, entre casas dos anos dimensões, a preto e branco e a cores, situação devida ao êxodo rural, essa, como subtítulo “noutro lugar 1950, nesse lugar onde antes se situ- de Raymond Depardon. Esses estáti- sim, segundo o historiador, era uma começa aqui” (“ailleurs commence ava o Bois d’Enfer, sítio de má reputa- cos ecrãs apontam, desde logo, para realidade nunca vista. O filósofo pro- ici”), encontra-se dividida em duas ção, Paul Virilio introduz “Terra determinadas oposições, desenvol- longa esta reflexão e vai mais bas- partes. No rés-do-chão é possível Natal”, a exposição que partilha, ou vidas depois nas salas da Fundação tante mais longe, ao afirmar que hoje assistir a duas obras realizadas por melhor, divide com Raymond Depar- Cartier. Tratam-se, aquelas, sobre- vivemos o tempo do êxodo urbano Depardon para a ocasião: num ecrã don, na Fundação Cartier, instituição tudo, de dicotomias relacionadas - Virilio chega a falar de deportação, é exibido “Donner la Parole”, vizinha dessa pequena artéria peonal com o modo de habitar o mundo: de com todo o alcance desta palavra, enquanto numa outra sala tem lugar oitocentista, em forma de L, que liga um lado a metrópole a perder de nomeadamente quando associada a a dupla projecção “Le Tour du o Boulevard Raspail à rua Campagne- vista, o congestionamento automó- determinados genocídios - do qual Monde en 14 Jours”, que actualiza Première. Registado em vídeo, o pas- vel, a apressada solidão urbana; do irá emergir uma Europa sem cidades, em imagens “A Volta ao Mundo em seio no inferno - diz-se que Rimbaud outro a paisagem gelada, infinita, a “onde tudo flui, onde tudo escapa”, Oitenta Dias”, de Júlio Verne. escreveu parte da sua obra por essas estrada vazia, a velhice com os pés algo de inédito. Nesse novo mundo, Segundo o realizador, o primeiro bandas; e lembre-se o título de um dos assentes na terra. A velocidade do a identidade do indivíduo, até agora filme “não é uma curta-metragem, seus livros maiores, “Une Saison en urbanista em contraste com a lenti- ligada ao lugar do nascimento, à não é uma reportagem, parece-se Enfer” -, local onde também se situou dão do fotógrafo: assim se pode resu- “terra natal”, irá ser substituída por com um soco.” Nele, o cineasta a Escola Freudiana de Paris, dirigida mir “Terra Natal”, mostra onde o uma “trajectividade”: uma pessoa entrevista, dando-lhes a palavra, por Jacques Lacan, termina com um desaparecimento das línguas meno- passa a ser o seu trajecto, puro e sim- representantes de povos cuja língua desafio lançado pelo peripatético filó- res, minoritárias, é confrontado com ples, sendo, com esse objectivo, “sub- está em vias de extinção. Afar (Etió- sofo e urbanista ao visitante: “a rua é outro acontecimento que lhe é con- metida a uma permanente televigi- pia), Bretão (França), Chipaya (Bolí- o nosso futuro ou o nosso passado?” temporâneo, a migração de mil lância, através de sistemas codifica- via), Guarani (Brasil), Kawésqar milhões de pessoas até 2040. dos, ondas, etc.” Esta mutação coloca (Chile), Mapuche (Chile), Ocitânio A velocidade do urbanista... Paul Virilio recorda que, se para em causa a sedentariedade, a locali- (França), Quechua (Bolívia) e Yano- A exposição arranca na fachada do Fernand Braudel, a migração, na zação, em benefício de uma mobili- mami (Brasil) são os nomes dessas edifício de Jean Nouvel, Emanuel Cat- Europa, não constituiria em si um dade em permanente controle. línguas ameaçadas por motivos eco-

46 • Ípsilon • Sexta-feira 30 Janeiro 2009 y planet a Fundação Cartier, em Paris, o fotógrafo e cineasta Raymond Depardon s massivas da população, uma mostra sombria, apesar do aparato visual, o lado que nos chega através do telemóvel. Óscar Faria, em Paris

nómicos, políticos e sociais. Como Diller Scofidio+Renfro, Mark Han- A velocidade adquire a dimensão de uma praga, nota Depardon, este trabalho, “fala sen, Laura Kurgan e Bem Rubin. A tal é o enxame que se desloca, impa- de uma certa dor, da solidão, do cenografia é composta pelo vídeo do urbanista em rável, de sítio em sítio -, e “Dos mares orgulho de ser uma minoria.” registado na Passage d’Enfer - o que sobem, das cidades que desapa- “A Volta ao Mundo em 14 Dias” é urbanista surge ali, à nossa escala, contraste com a recem.” o reverso de “Dar a Palavra”. Agora confrontando o espectador, recorde- Oiça-se ainda Virilio, agora no site as imagens revelam uma deriva pelas se, com a pergunta “a rua é o nosso lentidão do fotógrafo: dedicado à exposição. Fala-nos da Simulação da metrópoles, os dias consomem-se futuro ou o nosso passado?” -, por assim se resume “omnipolis”, a cidade que está em instalação proposta numa perpétua viagem, um périplo um “furacão de imagens” emitidas todo o lado e em lado nenhum, essa por Virilio na cave da sem vozes, apenas esse trajecto soli- por 50 ecrãs alinhados no tecto - “Terra Natal”, urbe que se antes era o lugar de elei- Fundação Cartier e (à tário, do Leste para o Oeste, uma uma régie vídeo que dá a ver uma ção, agora é o território de ejecção: esquerda) imagens espécie de zapping geográfico pon- realidade com origem em “arquivos mostra onde o “stop eject”. Caminhamos para a dos filmes de tuado pelo nome de cidades: provenientes de telejornais, docu- “ultracidade”, a cidade localizada em Depardon, Washington, Los Angeles, Honolulu, mentários e fotografias” - e, final- desaparecimento das todo o lado, no mesmo instante, “a projectados nos Tóquio, Cidade de Ho Chi Minh, Sin- mente, por uma sala onde é revelada línguas minoritárias cidade da sincronização, da ‘tracibi- andares superiores gapura e Cidade do Cabo. No fim, “uma cartografia inédita, que ofe- lidade’, quer dizer, da circulação tudo se assemelha, as diferenças dei- rece uma visualização dinâmica das é confrontado com habitável, onde, graças aos telemó- xam de ser perceptíveis, há uma inin- migrações de populações, e das suas veis, os sedentários estão em todo o terrupta urbe ligada por rápidos causas, através de uma projecção outro acontecimento lado em casa - no elevador, no avião meios de transportes, telemóveis, circular que cria um ambiente imer- -, e onde os nómadas estão em lugar redes digitais. Lonely planet. sivo.” Os dados coligidos neste que lhe é nenhum, excepto na rua, em campos, espaço e apresentados de forma contemporâneo, em tendas...” Tudo isto põe em causa ... e um furacão de imagens dinâmica foram divididos em quatro “não só a identidade local de um indi- Na cave do edifício encontra-se a “animações” temáticas: “População a migração de mil víduo, as fronteiras de um estado, ou instalação proposta por Virilio, que, e migrações urbanas”, “Dos fluxos de uma cultura, mas também a habi- para a sua materialização, contou de homens e de dinheiro”, “Refugia- milhões de pessoas tação.” Virilio propõe então outra com a colaboração de uma equipa dos políticos e migrações forçadas” questão: “Terra natal, terra fatal”, de artistas e arquitectos formada por - aqui, o fluxo visível nos mapas até 2040 cabe-lhe a si escolher.

Ípsilon • Sexta-feira 30 Janeiro 2009 • 47