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> PROA | Entrevista PROA: Revista de Antropologia e Arte | Unicamp | 10 (1) | P. 239 - 249 | Jan - Jun 2020

> Entrevista com o baterista e percussionista Dom Um Romão

por Frank Colon > Percussionista

Traduzida por João Casimiro Kahil Cohon1 a e v i s t r n t E | Foto 1 - Dom Um Romão roa

> P 1 Professor na Escola de Música e Artes Cênicas, Universidade Federal de Goiás. 240 > P r o a | E n t r e v i s ta 2020 241 un - J an | 10 (1) | P. 239 - 249 | J - 249 239 | P. 10 (1) | Copyright with permission of Modern amp nic | U te r A e a logi ropo nt A de a evist PROA: R PROA: 2 Introdução original 2 Introdução - con quando são sinônimos nomes dois Estes e a bossa nova: Romão Um Dom 1 Apresentação do tradutor 1 Apresentação Ro - Um Dom com Colon Frank realizada pelo percussionista Esta entrevista, - esses e ou acadêmico de pesquisar e estudar esforço recente um Brasil no Há - e percussão dos Estados Uni bateria sobre comerciais revistas das principais , uma 2 2 Link com o número da Modern Drummer de novembro de 1990, que contem a entrevista em inglês: https:// contem a entrevista 2 Link com o número da Modern Drummer de novembro de 1990, que Drummer Magazine | Copyright com permissão da Revista Modern Drummer. www.moderndrummer.com/wp-content/uploads/2017/06/md132cs.pdf sideramos suas contribuições à música brasileira e internacional, seja de maneira in- seja de maneira e internacional, brasileira à música contribuições suas sideramos Quase tido poderíamos sem teríamos um, não dizer que de seu conjunto. ou dividual Independente Um. relação a Dom em esta seria mas injusta afirmação uma outro, o teria deixado sua ainda Romao Um Dom viessesurgir, a que movimento do estilo ou mão, foi originalmente publicada em inglês, em novembro de 1990 pela Modern Drum 1990 pela de - Modern em novembro em inglês, publicada originalmente foi mão, mer dos, existente desde 1977 e hoje presente em mais de 60 países. A sessão de entrevistas países. de 60 A sessão de entrevistas em mais presente desde 1977 e hoje dos, existente brasileiros e percussionistas bateristas sendo da revista, que números nos é recorrente - du o Brasil deixaram que aqueles principalmente entrevistados, vezes diversas foram Estados nos vida uma melhor tentando 1964, em começou que militar a ditadura rante Airto do Moreira, também mas Romão, o caso é Um do Dom como Europa, ou Unidos da da história a construção para importante fonte Sendo é uma assim, e outros. Nenê fora tempo muito esses artistas ficaram que ao vermos principalmente brasileira, bateria esseperíodo. durante eles sobre conteúdo nenhum quase ou pouco há e aqui do Brasil entrevista, a presente com deparei me essa que razão por Foi brasileiros. bateristas tros Entendendo Romão. Um Dom da dissertação (2018) sobre do Gilberto Favery através já que e pesquisa brasileira, da bateria história para são importantes entrevistas tais que e usadas português trabalhoso em para acadêmicos, tradução a sãorecorrentemente es- pareceu me divulgação, ampla de acadêmica revista gratuita uma em publicação como a partir vivências de minhas evidente mais ainda se tornou demanda sencial. Tal a dificuldade de acesso, é perceptível onde Goiás, de Federal Universidade na professor essa tradução, então Publico em inglês. produzidos aos materiais parte dos alunos, por essa de que esperança na Colon, cedida Drummer pela e Frank Modern gentilmente e visemtrabalhos difusão a que ampla outros para inspiração uma setorne iniciativa brasileiro. de pesquisa em território produção para de conteúdo democrática PROA: Revista de Antropologia e Arte | Unicamp | 10 (1) | P. 239 - 249 | Jan - Jun 2020

marca inconfundível na história musical como um ousado e incrivelmente talentoso músico inovador. Aos 16 anos de idade, Dom Um já se apresentava profissionalmente com regularidade, tocando com diversas bandas e orquestras, em clubes e salões de baile de toda a cidade3. Sempre buscando caminhos diferentes para seus talentos, Dom Um fez parte do núcleo de músicos do Rio que experimentava uma nova forma musi- cal: a bossa nova. O que desde então se tornou um grande estilo de música brasileira (que teria repercussões artísticas e econômicas em todo o mundo) nasceu e foi criado em uma pequena viela no . Foi assim, em dois ou três pequenos e pouco iluminados clubes, que Dom Um e alguns de seus colegas, Antonio Carlos Jobim, Jorge Ben, Elis Regina, Nara Leão, Edison Machado, e Sérgio Mendes, fizeram suas primeiras tentativas de criar um novo idioma brasileiro que refletisse sua identida- de tropical e ao mesmo tempo permitisse a auto-expressão dos instrumentistas. Uma vez que a bossa nova se estabeleceu no Brasil e foi reconhecida no exte- rior, Dom Um foi um dos primeiros a viajar pelo mundo apresentando estes sons ino- vadores. De 1962 a 1970, ele se apresentou com artistas como João e Astrud Gilberto, Antonio Carlos Jobim, Oscar Castro Neves, Julian “Cannonball” Adderley, , Stanley Turrentine, e Oscar Brown Jr.. Ele também foi um dos integrantes do grupo Sérgio Mendes Brasil 66. Em 1971 testemunhou o surgimento de uma nova e diferente banda de no cenário mundial, uma banda a ser conhecida pelo nome de . Ao lado de , , e , Dom Um foi um ingrediente primordial no desenvolvimento do pulso rítmico audacioso da banda. Ele permaneceu com o grupo por três anos e meio, contribuindo com seus talentos e algu- mas composições para quatro álbuns do grupo. Desde que saiu do Weather Report, Dom Um atuou em diversos trabalhos, fo- cando principalmente nos internacionais. Além de gravar com Blood, Sweat & Tears e o grupo suíço Om, ele gravou três álbuns nos Estados Unidos como líder - aclamado pela crítica musical mundial. a

e v i s t 3 Entrevista r n t

E Frank Colon (FC): Pode nos contar um pouco da sua história musical pessoal?

| Dom Um Romão (DUR): Eu nasci no Rio de Janeiro, Brasil, e cresci entre a roa Zona Sul e Zona Norte da cidade. Meu pai, Joaquim Romão, tocava bateria, percussão

> P 3 Nota do tradutor: Dom Um Romão nasceu e viveu no Rio de Janeiro até a década de 1960. 242 > P r o a | E n t r e v i s ta 2020 243 un - J an | 10 (1) | P. 239 - 249 | J - 249 239 | P. 10 (1) | amp nic | U te r A e a logi ropo nt A passou a ser possível no Brasil, muitas vezes eu era o único vezes muitas Brasil, no a serpassou possível de a evist PROA: R PROA: Os primeiros discos dos quais participei foram os discos de en- os discos de samba participei foram discos dos quais primeiros Os FC: Como você começou a gravar? DUR: Como era a gravação no Brasil naquela época? naquela Brasil no a gravação era FC: Como a básicas, onde em máquinas época, discos feitos desse tipo eram Naquela DUR: Brasil? no álbuns muitos gravou FC: Você Copa Os - Cin com gravei também Eu discos samba. de muitos gravei Eu DUR: popular e percussão com a orquestra sinfônica do Rio de Janeiro. Em casa nós ouvíamos casa Em ouvíamos nós do Rio de Janeiro. sinfônica a orquestra percussão e com popular e jazz. Além clássica música ouvíamos também mas brasileira, música principalmente minha a era família Toda um instrumento. tios todos tocavam meus os pai, do meu crian- quando Então, percussão. de instrumentos tocar E todos sabiam musical. muito Quando de percussão. instrumentos eram eu toquei que instrumentos ça, os primeiros banda. numa bateria eu já tocava anos, eu tinha oito redo - os que são lançados alguns meses antes do Carnaval, apresentando as novas novas as apresentando do Carnaval, meses alguns antes são lançados que - os redo uma tocar eu costumava álbuns, Nesses ano. aquele para das escolas de músicas de percussão. variedade de instrumentos - ne Era um disco em um de cera em branco. diretamente vivo”, “ao era gravada música - come você tinha que erro, um grande Se alguém cometesse sógócio de uma tentativa. multi-faixa. fitas em feitas eram não ainda gravações desde o início! As de novo tudo çar en- aspectos nos da técnicos gravação, interessado época, muito estava eu não Naquela - bem ensaia chegava A banda pelas salas de controle. muito andando tão ficava eu não iaem e depois vezes, duas ou uma tudo revisava todos os instrumentos, da, montava - mis nenhum não era música carnavalesca A vez de uma ao fim, só. do começo frente, tava passadas vezes, algumas melodias eram várias as que assim então nós, tério para problema. nenhum tínhamos não conhecíamos, todos nós que era algo O ritmo pronto. Purim disco de Flora o primeiro produzi Eu Paulo. e Pedro Moura Paulo Meireles, co, a com ela para Consegui acordo um Cipó. Mestre amigo pelo meu arranjado Brasil, no eu fazia parte da os anos Todos participei e também da Brasil gravação. no Victor RCA principais músicas das as contendo do Carnaval, “oficial” o álbum lançava que banda - o gran durante musicais categorias em várias competiam depois que escolas de samba, A partirmomento do a bateria. como assim faziaEu a percussão, de desfile de Carnaval. a técnica de overdubbingque - de pan um par caixas, algumas surdos, fazia três discos. Eu a fazer a percussão nestes de chocalhos, e um monte de agogôs, um par apitos, alguns tamborins, quatro deiros, em um dia. - tudo coisas outras algumas PROA: Revista de Antropologia e Arte | Unicamp | 10 (1) | P. 239 - 249 | Jan - Jun 2020

FC: No que diz respeito ao seu jeito de tocar bateria, você foi influenciado por algum estilo específico?4 DUR: Eu acho que eu sou muito um baterista brasileiro5 - um sambista até o fim. Eu gosto muito de bateria de samba - você sabe, o samba cruzado - e eu nunca gos- tei muito de bateria de rock. FC: Quando você veio para os EUA pela primeira vez? DUR: Em 1962, quando a primeira onda de música brasileira chegou a este país. Isso foi com o grupo Sexteto Bossa Rio. Fizemos um show no Carnegie Hall, que foi a primeira vez que a bossa nova foi apresentada aqui. Esse grupo contava com Sérgio Mendes, Antonio Carlos Jobim, João e Astrud Gilberto, e Menescal. Gravamos ime- diatamente o sexteto com participações de e . Stan Getz também entrou na onda e partiu nesta nova direção. Aconteceu de ser bom para ele, assim como para a música brasileira. FC: Você tinha um grupo no Rio chamado Copa Trio, certo? DUR: Sim. O grupo também incluía Manoel Guzman e Dom Salvador. Isso foi na época do Beco das Garrafas, que era essa rua no Rio onde a música experimental era criada. Nessa época no Rio, não havia trios ou quartetos que tocavam música brasileira. Você tocava principalmente em big bands ou em algumas outras casas de shows, mas sempre tocando temas de jazz e tal. Isso não era para mim; eu nunca me considerei um baterista de jazz, e ainda não me considero. Mas no meu grupo eu comecei a política de todos terem solos durante nossas apresentações. Isto foi muito estranho naquela época; definitivamente não estava indo de acordo com a norma. Mas o estilo logo pegou, e de repente, havia um monte de grupos tocando nesse estilo e se soltando musicalmente. Meu trio se expandiu para um quinteto, o Copa Cinco, que era eu, Toninho, Meireles, , Pedro Paulo, e Otávio Bene Jr. Gravamos um álbum com o mesmo nome, que hoje é um item de colecionador.

a FC: Então este foi o nascimento da música improvisada no Brasil? DUR: Bem, não exatamente. No chorinho sempre houve muito improviso, que e v i s t r n t 4 Nota do tradutor: Nesta pergunta, Frank Colon utiliza a palavra trapset para se referir à bateria. Trapset foi E um dos primeiros nomes que a bateria ganhou nos EUA. Ela era composta pela base bumbo, caixa, chimbal e

| prato, mas possuía também inúmeros acréscimos de instrumentos de percussão como agogô, cowbell, blocos de madeira, chocalhos. roa 5 Nota do tradutor: Dom Um Romão por sua vez responde “I’m very much a Brazillian trap drummer”, no- vamente usando trap, que vem de contraption (engenhoca), em vez de drumset, dando a entender que ele gosta > P de usar instrumentos de percussão brasileiros na sua forma de tocar bateria. 244 > P r o a | E n t r e v i s ta 2020 245 un - J an | 10 (1) | P. 239 - 249 | J - 249 239 | P. 10 (1) | amp nic | U te r A e a logi ropo nt A de a evist PROA: R PROA: Sim, e eu me senti muito bem aqui. Nós fomos muito bem recebidos. Eu Eu bem recebidos. muito fomos Nós bem aqui. muito senti e eu me Sim, Então você estava no Brasil durante a tomada do poder pelos militares em militares pelos poder do a tomada durante Brasil no estava você Então Muitas pessoas acreditam que a bossa nova foi uma adaptação brasileira do do brasileira adaptação uma foi nova a bossa que acreditam pessoas Muitas Então em 1962 você veio para os Estados Unidos para tocar aqui no Carnegie Carnegie no aqui tocar para Unidos Estados os para veio você em 1962 Então Isso não é verdade! Uma não teve nada a ver com a outra. A bossa nova A bossa nova a outra. com nada a ver teve não Uma é verdade! não Isso DUR: FC: FC: DUR: DUR: FC: um perío difícil Brasil, todos- no para muito um momento foi Este Sim. DUR: foi algo que foi criado totalmente independente da influência do jazz. Foi também uma uma também Foi do jazz. da influência independente criado totalmente foi que algo foi e primeiro, na linguagem Foi e vice-versa. tempos, os refletia a música Brasil; era no novo ser gíria uma “algo para costumava “Bossa” um estilo musical. sedepois tornou di- mas novas, necessariamente não - bonitas Se roupas você tivesse e emocionante”. co- Quando “bossa”. parecendo você estava - então “legais” e definitivamente ferentes aceitavam os únicos que eram - que clubes nestes música esta nova a tocar meçamos a “nova sobre outros aos uns estilo época na a contar pessoas - as novo começaram este e todo um colou, “bossa rua. nesta nova” Logo o nome acontecendo estava que bossa” de os anos entre foi O período criativo mais desde então. evoluiu musical movimento a bossa. refinando realmente estávamos nós quando 58 e 62. Foi jazz. remete ao longo do tempo, e que tem suas raízes em Portugal. Mas a bossa nova era um era um a bossa nova Mas em Portugal. raízes suas tem que e tempo, do longo ao remete um de seus principais como a improvisação com brasileira estilo moderno de música ingredientes. Hall. cá permanentemente. para mudar me queria e decidi que país deste do espírito gostei a minha vida endireitar para apenas da banda o resto com o Brasil para eu voltei Então - requisi todos os tendo satisfeito Em 1965, definitiva. de fazer a mudança pessoal antes na casa fiquei chegar, Ao imigrante. como os EUA para de volta viajei burocráticos, tos deu. me que toda por a ajuda Gostaria de agradecer publicamente ele Silver. do Horace Elerealmente e eu Brasil. no vez pela conheci primeira que Granz, ao Norman Também tarde e mais Brasil, no um disco do Copa Trio Ele produziu amigos. bons tornamos nos cheque me deu um ele Brasil, no ainda estava Enquanto ele aqui. disco com outro eu fiz Mais aos EUA”. chegar quando isso e desconte com fique e disse: “Aqui, de 500 dólares Re- Pablo na Hotmosphere, chamado Granz Norman com aqui um álbum gravei tarde cords. e à torto tudo censurando estavam militares Os história. em nossa negativo do muito 1964. PROA: Revista de Antropologia e Arte | Unicamp | 10 (1) | P. 239 - 249 | Jan - Jun 2020

à direito, e muitos artistas estavam indo para a cadeia ou sendo exilados por causa de suas idéias “subversivas” ou estilos de vida. Isto contribuiu muito para a minha pressa em reunir os meus documentos de viagem para que eu pudesse deixar essa loucura para trás. FC: Quando se mudou para os E.U.A. em 1965, o que aconteceu? DUR: Eu trabalhei um pouco com Astrud Gilberto e Charlie Mariano. Depois saí de Nova York para Chicago para trabalhar com Oscar Brown Jr. Acabei ficando em Chicago por um ano e meio. Enquanto estava em Chicago, Antonio Carlos Jobim me chamou para fazer um som em Los Angeles. Bem, esse som acabou por virar o álbum de bossa nova do Frank Sinatra e A.C. Jobim. Uma vez em Los Angeles, eu fiz algumas outras apresentações aqui e ali quando, de repente, Sérgio Mendes me telefonou ofere- cendo-me um trabalho com sua banda, que se chamava então Brasil 66. Aceitei a oferta dele e fiquei com a banda por três anos e meio, tocando bateria e gravando três ou qua- tro álbuns e viajando pelo mundo todo. FC: Eu ouvi dizer que você foi a primeira pessoa a apresentar o berimbau ao pú- blico americano. É isso mesmo? DUR: É verdade. Se bem me lembro, isso foi por volta de 1965 ou ‘66, e foi durante uma série de shows com Sérgio Mendes e Brasil 66, no Carnegie Hall. Cada noite eu abria o show com um solo de berimbau. Além de tocar bateria com Sérgio, às vezes eu tocava outros instrumentos de percussão brasileiros. Até então, tudo o que se tocava aqui eram instrumentos de percussão afro-cubana - congas, timbales, maracas, chocalhos - e os caras normalmente só tocavam um desses de cada vez. Mas depois que comecei a tocar com muitos instrumentos no palco, percebi que talvez houvesse um mercado para este tipo de coisa. Por isso, deixei de tocar bateria e segui o trabalho como percussionista de multi-instrumentos. Como sempre, quando se começa algo diferente, leva um pouco de tempo para se desenvolver, e sob essa luz foi um sacrifício que as- sumi: manter a minha ideia até que finalmente traga frutos. Sinto orgulho de ter sido

a um inovador neste sentido. Hoje em dia há todo o tipo de percussionistas tocando em todos os tipos de música do mundo. e v i s t

r FC: Como surgiu a sua associação com o Weather Report? n t

E DUR: Airto foi o primeiro percussionista a trabalhar com o Weather Report.

| Eles estavam sempre no estúdio do ’s Boogie Woogie, tocando e ensaian- do. Cannonball Adderley costumava ensaiar lá o tempo todo, e Joe, Airto e Booker roa tocavam na banda. Depois que Airto gravou o primeiro álbum do Weather, ele entrou > P 246 > P r o a | E n t r e v i s ta 2020 247 un - J an | 10 (1) | P. 239 - 249 | J - 249 239 | P. 10 (1) | amp nic | U te r A e a logi ropo nt A de a evist PROA: R PROA: Eu acho que nós tocamos primeiro na Filadélfia, e depois continuamos Filadélfia, continuamos na e depois primeiro tocamos nós que acho Eu Dependendo da minha agenda, eu recebo os alunos e os ensino em minha e os ensino os alunos eu recebo Dependendo da minha agenda, Isso foi por volta da época em que você se mudou para a Europa e começou a e começou a Europa para se mudou você em que época da volta por foi Isso Então você partiu no dia seguinte com eles? com seguinte dia no partiu você FC: Então DUR: FC: e contatou e Om me fazer algum para trabalho, fui a Suíça para Eu Sim. DUR: viajando? está não quando estudantes aceita FC: Você DUR: - nos dis Toquei meio. e anos Report Weather três por o com fiquei Eu pela costa leste. “Sweetnighter”. e Traveler”, “Mysterious Tokyo”, In “Live The Sing Body Electric”, cos “I unida. época muito naquela banda estava A mim. para bom períodoum foi muito Este num feitas sempre eram sessions jam essas e todo, o tempo juntos, muito Tocávamos - gostáva nós próprio; tinha A banda um certo espírito musical. de exploração ambiente O pessoal varia- não da banda o outro. um com de estar e gostávamos outro um do mos finalmente eu Quando tarde. mais acontecer a passou como tempos naqueles tanto va pessoal. projeto próprio meu produzir para foi a banda, deixei eles alguns por turnê com e fiz uma gravei ao grupo Eu deles. juntar eu me pediu para e Alemanha. Suíça Iorque, Nova entre tempo meu dividido eu tenho Desdeanos. então, diante. por e assim seis outro, meses no passo vezes seis meses em um lugar, Às para o grupo do e seguiu por esse caminho. Aí aconteceu que eu encontrei eu encontrei que aconteceu Aí esse caminho. por e seguiu o grupopara Davis do Miles sobre comigo conversaram Ambos clubes. um dos em noite uma e Wayne o Zawinul dia seguinte. no eles com pediram ensaio ir a um e me para eles percussão com tocar do de percussãofui e prédios a um dos instrumentos dos meus alguns reuni Então de Zawinul antes hora uma de cerca por Tocamos ensaiando. estavam eles S.I.R.,onde mesmo, assim está bom Isso mais. ensaiar precisamos não cara, “Sim, dizer de repente: turnê.” numa pequena partir vamos amanhã está! Enfim, Deixa como meu. o grupo Om? com turnê fazer casa. Estas aulas podem ser de bateria ou de percussão. Já ministrei muitos workshops workshops muitos ministrei Já podem percussão. de casa.ou Estas aulas ser bateria de um período incluem de preparação workshops Meus e aqui. Itália Alemanha, Suíça, na de coordenação com corridas em conjunto algumas fazemos onde física e aquecimento, para vocais exercícios alguns fazemos Depois contra-tempo. no ou palmas, tempo no diafragma.Seguindode e em respiração de exercícios alguns depois e libertarespírito, o todos possam que para em grupo, sessão uma podemos de massagem ter então frente, Em se- sessão primários. de gritos numa podemos Depois, entrar totalmente. relaxar Eu criem grupos em pequenos composição. uma que os alunos para guida, eu separo neste ajudando que está fazendo, cada um deles o verificando de grupo em grupo, vou PROA: Revista de Antropologia e Arte | Unicamp | 10 (1) | P. 239 - 249 | Jan - Jun 2020

ou naquele ponto. Tem sido muito bom quando consigo organizar estes workshops ao longo de alguns dias ou de um fim-de-semana. FC: E o estúdio que você costumava ter, Black Beans? DUR: Isso foi por volta de 1984. O estúdio pertencia a mim e a um sócio meu. Não durou muito, porque eu estava sempre na estrada por longos períodos de tempo. Se você não está lá para supervisionar o dia-a-dia do seu negócio, ele simplesmente não se mantém sozinho. Depois de vários meses perdendo dinheiro, tive que abandonar. Foi uma pena, porque o lugar tinha se tornado um centro de cultura brasileira. Muita gente usava o estúdio para ensaios - pessoas como Gerry Mulligan, , McCoy Tyner, Slide Hampton, e Olatunji. Mas também começamos a ter problemas com os vizinhos por conta do barulho e do número de pessoas lá depois de uma certa hora da noite. Aos domingos, tínhamos jam sessions e uma feijoada à tarde. Eu gostaria de abrir outro estúdio, mas hoje em dia está muito mais caro. Acabei de organizar um “Black Beans Revival” no Cuando, um clube no Lower East Side. Todos os artistas brasileiros que vivem em Nova York participaram, desde Antonio Carlos Jobim, passando por , até Astrud Gilberto... e por aí vai. É impossível que algum produtor conseguisse juntar esse elenco de estrelas em um só lugar para um único show. A repercussão foi simplesmente incrível! Infelizmente, não foi recolhido dinheiro suficiente para restabelecer os Black Beans novamente. FC: Você já lançou três álbuns como líder, certo? DUR: Sim: Dom Um Rom, pela Muse Records, e Spirit Of The Times e Hotmos- phere, pela Pablo Records. Eu estive longe da cena de gravação por um tempo - acho que em parte por causa de alguma insatisfação com o resultado financeiro desses pro- jetos. Mas agora estou pronto para voltar ao estúdio e fazer outro álbum com o grupo com o qual estou trabalhando. O conceito será mais no sentido de alcançar as minhas raízes brasileiras novamente. E não haverá instrumentos eletrônicos neste disco!

a FC: Você diz isso com uma certa ênfase, como se não fosse muito amigável com esses instrumentos. e v i s t

r DUR: Você está certo. Eu não gosto dessas novas baterias eletrônicas e de todas

n t essas máquinas com samplers que existem agora. Essas máquinas estão tirando traba- E lhos dos músicos, e isso não está certo. É uma pena, porque os ouvidos das pessoas se | tornaram orientados para a máquina, e agora os músicos têm que aprender a programar roa estas máquinas ou então aprender a tocar para que soem como uma máquina. Antes ha- via mais gravações onde tudo era feito “ao vivo”, enquanto agora a participação humana > P 248 > P r o a | E n t r e v i s ta 2020 249 un - J an | 10 (1) | P. 239 - 249 | J - 249 239 | P. 10 (1) | amp nic | U te r A e a logi ropo nt A de a evist PROA: R PROA: Eu os aconselharia a ouvir e estudar os velhos mestres - como Bela - como Bartok mestres os velhos e estudar a ouvir os aconselharia Eu Qual seria o seu conselho para a juventude de hoje, no que diz respeito a respeito diz que no hoje, de a juventude para seria o seu conselho Qual FC: DUR: DUR: está reduzida a um mínimo. Também não são apenas os percussionistas e bateristas que que e bateristas os percussionistas são não apenas Também a um mínimo. está reduzida por mudanças por estão todos passando que músicos muitos conheço Eu sãoafetados. serão acús- todos instrumento os álbum próximo meu no isso, Por desta situação. causa Se incendiar álbum. eu pudesse neste tocando máquina nenhuma quero não ticos. Eu [risos] o faria. que eu acho eletrônicos, todos os instrumentos avançar na sua buscaavançar de realização musical? seus colocando índios dos primeiro veio a música que Lobos - e lembrar Villa e Heitor mensageiros de tambores e dos toques da natureza, os sons ouvindo chão, no ouvidos tomando a tecnologia com Cuidado disso. lembrar nos Devemos sempre africanos. dos na o seu instrumento com direto deve permanecer em contato da vida. sua Você conta pura. mais forma sua