Universidades Lusíada

Zêzere, André Filipe Pratas dos Santos Mourato, 1972- A revisitação do inquérito à arquitectura popular em : o concelho de http://hdl.handle.net/11067/3320

Metadados Data de Publicação 2017-05-25 Resumo A presente dissertação desenvolve-se a partir de uma revisitação ao Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal, numa abordagem focada no Concelho de Ponte de Sor. Assim, pretende-se elaborar uma comparação entre épocas, com especial ênfase na época do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal decorrido entre 1955 e 1960, comparando-o com os dias de hoje, 2016. Trata-se de uma análise de habitações, edifícios religiosos, edifícios de instrução primária e moinhos de água, fazendo-o recorrendo... Palavras Chave Arquitectura vernacular - Portugal - Ponte de Sor, Arquitectura vernacular - Portugal - Século 20, Ponte de Sor (Portalegre, Portugal) - Edifícios, estruturas, etc. Tipo masterThesis Revisão de Pares Não Coleções [ULL-FAA] Dissertações

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UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA

Faculdade de Arquitectura e Artes

Mestrado Integrado em Arquitectura

A revisitação do inquérito à arquitectura popular em Portugal: o concelho de Ponte de Sor

Realizado por: André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere Orientado por: Prof. Doutor Arqt. Filipe Alexandre Duarte González Migães de Campos

Constituição do Júri:

Presidente: Prof. Doutor Horácio Manuel Pereira Bonifácio Orientador: Prof. Doutor Arqt. Filipe Alexandre Duarte González Migães de Campos Arguente: Prof. Doutor Arqt. Fernando Manuel Domingues Hipólito

Dissertação aprovada em: 19 de Maio de 2017

Lisboa

2016

U NIVERSIDADE L USÍADA DE L ISBOA

Faculdade de Arquitectura e Artes

Mestrado Integrado em Arquitectura

A revisitação do inquérito à arquitectura popular em Portugal: o concelho de Ponte de Sor

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere

Lisboa

Dezembro 2016

U NIVERSIDADE L USÍADA DE L ISBOA

Faculdade de Arquitectura e Artes

Mestrado Integrado em Arquitectura

A revisitação do inquérito à arquitectura popular em Portugal: o concelho de Ponte de Sor

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere

Lisboa

Dezembro 2016

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere

A revisitação do inquérito à arquitectura popular em Portugal: o concelho de Ponte de Sor

Dissertação apresentada à Faculdade de Arquitectura e Artes da Universidade Lusíada de Lisboa para a obtenção do grau de Mestre em Arquitectura.

Orientador: Prof. Doutor Arqt. Filipe Alexandre Duarte González Migães de Campos

Lisboa

Dezembro 2016

Ficha Técnica

Autor André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere

Orientador Prof. Doutor Arqt. Filipe Alexandre Duarte González Migães de Campos

Título A revisitação do inquérito à arquitectura popular em Portugal: o concelho de Ponte de Sor

Local Lisboa

Ano 2016

Mediateca da Universidade Lusíada de Lisboa - Catalogação na Publicação

ZÊZERE , André Filipe Pratas dos Santos Mourato, 1992-

A revisitação do inquérito à arquitectura popular em Portugal : o concelho de Ponte de Sor / André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere ; orientado por Filipe Alexandre Duarte González Migães de Campos . - Lisboa : [s.n.], 2016. - Dissertação de Mestrado Integrado em Arquitectura, Faculdade de Arquitectura e Artes da Universidade Lusíada de Lisboa.

I - CAMPOS, Filipe Alexandre Duarte González Migães de, 1972-

LCSH 1. Arquitectura vernacular - Portugal - Ponte de Sor 2. Arquitectura vernacular - Portugal - Século 20 3. Ponte de Sor (Portalegre, Portugal) - Edifícios, estruturas, etc. 4. Universidade Lusíada de Lisboa. Faculdade de Arquitectura e Artes - Teses 5. Teses – Portugal - Lisboa

1. Vernacular architecture - Portugal - Ponte de Sor 2. Vernacular architecture - Portugal - 20th century 3. Ponte de Sor (Portalegre, Portugal) - Buildings, structures, etc. 4. Universidade Lusíada de Lisboa. Faculdade de Arquitectura e Artes - Dissertations 5. Dissertations, Academic – Portugal - Lisbon

LCC 1. NA1328.Z49 2016

AGRADECIMENTOS

Ao Professor Filipe Alexandre Duarte González Migães de Campos, pelo apoio e orientação prestados no decorrer do trabalho. Pela proposta de realização deste trabalho, o qual foi sugestão do mesmo.

À Dr.ª Ana Isabel Coelho Silva, responsável pelo Arquivo Histórico Municipal de Ponte de Sor, pela sua grande ajuda e cooperação na realização desta dissertação e ainda pela entrevista dada a qual serviu de enquadramento histórico geral e particular ao longo do trabalho, a qual se encontra em Apêndice B.

Ao Mestre Carlos Faísca, pelo seu acompanhamento e ajuda, com especial enfoque nos moinhos de água, ao qual agradeço por me ter feito uma visita guiada a todos eles, agradecendo ainda a entrevista dada presente no Apêndice A.

À Câmara Municipal de Ponte de Sor, em especial, ao Presidente da Câmara Municipal, Hugo Luís Pereira Hilário, à Vereadora da Educação, Cultura e Geminações, Sérgia Marina Andrade Bettencourt Martins, ao Chefe de Divisão de Gestão Urbanística, Arquitecto Pedro Álvares e a todos os funcionários da Câmara Municipal, pela ajuda e apoio no desenvolvimento do presente trabalho.

À população do Concelho de Ponte de Sor, aos quais agradeço toda a cooperação e partilha de informações históricas, agradecendo ainda a todos os que foram por mim abordados, confrontados com fotografias antigas com o objectivo de querer saber mais da sua história e de pretender saber o local onde estas se localizavam. A Luís Maximiano de Oliveira pelas fotografias de Galveias cedidas, e informação das mesmas.

Agradeço à minha família, em especial aos meus pais que sempre ajudaram na realização deste trabalho e que sempre se demonstraram incansáveis no decorrer do mesmo e de toda a formação académica que me puderam proporcionar.

Aos meus colegas e amigos, por todo o apoio dado no decorrer do desenvolvimento do trabalho.

A todos eles dedico este trabalho, por sem eles não ter sido possível a sua realização.

A todos,

Muito Obrigado!

À INSTITUIÇÃO ACOLHEDORA

Agradeço à instituição, Universidade Lusíada de Lisboa.

A todos os professores que tornaram o ensino da Arquitectura uma aprendizagem em desenvolvimento progressivo.

OUTROS AGRADECIMENTOS

Câmara Municipal de Ponte de Sor

Junta de Freguesia de Ponte de Sor

Junta de Freguesia de Longomel

Junta de Freguesia de Vale de Açor

Junta de Freguesia de Tramaga

Junta de Freguesia de Galveias

Junta de Freguesia de Montargil

Junta de Freguesia de Foros do Arrão

Casa da Cultura de Galveias

Associação Nova Cultura de Montargil

Centro de Artes e Cultura de Ponte de Sor

Biblioteca Municipal de Ponte de Sor

Biblioteca e Mediateca da Universidade Lusíada de Lisboa

Nota à Ortografia:

Esta Dissertação não Cumpre com o acordo de ortografia unificada de língua Portuguesa aprovado em Lisboa, em 12 de Outubro de 1990, pela academia das Ciências de Lisboa, Academia Brasileira de Letras e delegações de Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, com a adesão da delegação de observadores da Galiza.

APRESENTAÇÃO

A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: O Concelho de Ponte de Sor

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere

A presente dissertação desenvolve-se a partir de uma revisitação ao Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal, numa abordagem focada no Concelho de Ponte de Sor.

Assim, pretende-se elaborar uma comparação entre épocas, com especial enfase na época do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal decorrido entre 1955 e 1960, comparando-o com os dias de hoje, 2016.

Trata-se de uma análise de habitações, edifícios religiosos, edifícios de instrução primária e moinhos de água, fazendo-o recorrendo a fotografias do próprio Inquérito, bem como imagens encontradas nos diversos arquivos do Concelho de Ponte de Sor, enquadrando, registando e perpetuando a informação gráfica em registo diacrónico apresentando esses mesmos edifícios nos dias de hoje, fotografados maioritariamente nos mesmos ângulos, de modo a que a análise possa ser mais coerente e focada não só no edifício em si como também na envolvente do mesmo.

Palavras-chave: Ponte de Sor; Montargil; Galveias; Foros do Arrão; Tramaga; Vale de Açor; Longomel; Habitações; Habitantes; Edifícios Religiosos; Edifícios de Instrução Primária; Moinhos de Água.

PRESENTATION

The Revision of the Inquiry of Popular Architecture in Portugal: The County of Ponte de Sor

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere

This dissertation is developed from a review of the survey on popular architecture in Portugal, focusing on the county of Ponte de Sor.

Thus, it is intended to draw a comparison between epochs, with special emphasis on the period of the survey of popular architecture in Portugal between 1955 and 1960, comparing it with today, 2016.

It is an analysis of housing, religious buildings, primary education buildings and water mills, using photographs of the inquiry itself, as well as images found in various archives of the county of Ponte de Sor, framing, registering and perpetuating the graphic information in diachronic register presenting these same buildings in the present day, photographed mostly at the same angles, so that the analysis can be more coherent and focused not only on the building itself but also on the surroundings of it.

Keywords: Ponte de Sor; Montargil; Galveias; Foros do Arrão; Tramaga; Vale de Açor; Longomel; Housing; Population; Religious Buildings; Primary Education Buildings; Water Mills.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Ilustração 1 - Carta Corográfica do Reino 1:100 000 (Folha 21). (Portugal. Direção Geral do Território, 1871)...... 43 Ilustração 2 - Série Cartográfica Nacional 1:50 000 (Folha 32A). (Portugal. Direção Geral do Território, 1906)...... 43 Ilustração 3 - Série Cartográfica Nacional 1:50 000 (Folha 31D). (Portugal. Direção Geral do Território, 1904)...... 44 Ilustração 4 - Série Cartográfica Nacional 1:50 000 (Folha 32C). (Portugal. Direção Geral do Território, 1917)...... 44 Ilustração 5 - Carta de Portugal 1:100 000 (Folha 32). (Portugal. Direção Geral do Território, 1971)...... 44 Ilustração 6 - Carta de Portugal 1:200 000 (Folha 6). (Portugal. Direção Geral do Território, 1974)...... 44 Ilustração 7 – “Vista geral sobre Ponte de Sor”, 1930?. ( Mata et al., 2012, p. 17.). ... 46 Ilustração 8 - Vista geral sobre Ponte de Sor. (Ilustração nossa, 2016)...... 46 Ilustração 9 – “Vista geral de Ponte de Sor”, 1950?. (Mata et al., 2012, p. 17.)...... 46 Ilustração 10 - Vista geral de Ponte de Sor. (Ilustração nossa, 2016)...... 46 Ilustração 11 – “Fabrico de tijolo”. (Ordem dos Arquitectos, 1955c)...... 50 Ilustração 12 – Fabrico de Tijolo nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 50 Ilustração 13 - Número de fogos em Galveias e Ponte de Sor. ([adaptado a partir de:] (Silva, Abril 2014g); Milheiras 1997 p. 266 ; Andrade, 2010, p. 68, 158)...... 51 Ilustração 14 – “Família convidada para um casamento. Longomel, anos 1950”. (Mata et al., 2012, p. 269)...... 53 Ilustração 15 – “Trabalhador rural”, Constantino. (Mata et al., 2012, p. 128)...... 53 Ilustração 16 - Número de habitantes do Concelho de Ponte de Sor. ([adaptado a partir de:] (Silva, Abril 2014g) ; Neves, 1941 p. 10, 11 ; Velez Milheiras, 1997, p. 266)...... 53 Ilustração 17 – “Rua Vaz Monteiro”. (Mata et al., 2012, p. 43)...... 55 Ilustração 18 - Rua Vaz Monteiro nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 55 Ilustração 19 – “Antiga Rua Grande (Actual Rua Vaz Monteiro)”, 1894. (Mata et al., 2012, p. 42)...... 56 Ilustração 20 - Antiga Rua Grande (Actual Rua Vaz Monteiro) nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 56 Ilustração 21 – “Rua Vaz Monteiro”, 1930?. (Mata et al., 2012, p. 46)...... 56 Ilustração 22 - Rua Vaz Monteiro nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 56 Ilustração 23 – “Desfile da banda na Rua Vaz Monteiro”. (Mata et al., 2012, p. 176). 58 Ilustração 24 - Rua Vaz Monteiro nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 58 Ilustração 25 – “Rua Vaz Monteiro”, entre 1930 – 1970?. (Mata et al., 2012, p. 47). .. 58 Ilustração 26 - Rua Vaz Monteiro nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 58

Ilustração 27 –“ Rua Vaz Monteiro”, 1894. (Mata et al., 2012, p. 45)...... 59 Ilustração 28 - Rua Vaz Monteiro nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 59 Ilustração 29 – “Antiga Rua Grande (Actual Rua Vaz Monteiro)”, 1894. (Mata et al., 2012, p. 42)...... 60 Ilustração 30 - Antiga Rua Grande (Actual Rua Vaz Monteiro) nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 60 Ilustração 31 - Mapa de localização da habitação de Primo Pedro da Conceição Freire d’ Andrade ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 60 Ilustração 32 - Legenda do projecto,1947. (Ilustração nossa, 2016)...... 61 Ilustração 33 – Planta topográfica 1:1000, 1947. (Ilustração nossa, 2016)...... 61 Ilustração 34 – Alçado de frente, 1947. (Ilustração nossa, 2016)...... 62 Ilustração 35 – Planta do piso, 1947. (Ilustração nossa, 2016)...... 62 Ilustração 36 - Alçado principal da habitação de Primo Pedro da Conceição Freire d' Andrade nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 62 Ilustração 37 - Habitação de Primo Pedro da Conceição Freire d' Andrade nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 62 Ilustração 38 – “Rua do Jardim. Montargil, anos 1970”. (Mata et al., 2012, p. 69)...... 63 Ilustração 39 - Rua do Jardim nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 63 Ilustração 40 - “Actual Rua do Comércio, anteriormente designada por Rua Direita e, mais tarde, por Rua Grande. Montargil, anos 1920”. (Mata et al., 2012, p. 62)...... 64 Ilustração 41 - Actual Rua do Comércio anteriormente designada por Rua Direita e mais tarde por Rua grande, nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 64 Ilustração 42 – “Rua da Misericórdia, anos 1960”. (Mata et al., 2012, p. 64)...... 64 Ilustração 43 - Rua da Misericórdia nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 64 Ilustração 44 – “Camioneta da carreira. Montargil, anos 1950”. (Mata et al., 2012, p. 154)...... 65 Ilustração 45 - Vista do Cruzamento entre a Rua do Comércio, Rua da Misericórdia, Rua Primeiro de maio e a Rua Luís de Camões nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 65 Ilustração 46 – “Alto de São Sebastião. Montargil, início do século XX”. (Mata et al., 2012, p. 64)...... 65 Ilustração 47 - Alto de São Sebastião nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 65 Ilustração 48 – “Pavimentação em paralelepípedos de granito. Afonsas, Montargil, anos 1950”. (Mata et al., 2012, p. 63)...... 66 Ilustração 49 - Rua da Fonte nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 66 Ilustração 50 – “Casa com Três contra-fortes”. (Ordem dos Arquitectos, 1955b) ...... 67 Ilustração 51 - Ilustração 35 - Casa com Três contra-fortes nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 67 Ilustração 52 – “Porta duma peixaria”. (Ordem dos Arquitectos, 1955e)...... 67

Ilustração 53 - Porta duma (antiga) peixaria nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 67 Ilustração 54 – “Rua da Ponte a partir do Largo Comendador José Godinho de Campos Marques”. (Mata et al., 2012, p. 54)...... 68 Ilustração 55 - Rua da Ponte a partir do Largo Comendador José Godinho de Campos Marques nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 68 Ilustração 56 – “Rua de Santo António”. (Mata et al., 2012, p. 55)...... 69 Ilustração 57 - Rua de Santo António nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 69 Ilustração 58 - Habitação típica na Rua José Régio. (Ilustração nossa, 2016)...... 70 Ilustração 59 - Habitação típica na Rua José Régio. (Ilustração nossa, 2016)...... 70 Ilustração 60 - Habitação típica na Rua Dona Clotilde. (Ilustração nossa, 2016)...... 70 Ilustração 61 - Habitação típica na Rua Catarina Eufémia. (Ilustração nossa, 2016). . 70 Ilustração 62 - Habitação na Rua Principal nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 71 Ilustração 63 - Habitações na Rua Principal nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 71 Ilustração 64 - Habitações na Travessa Dona Maria nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 71 Ilustração 65 - Habitações na Travessa Dona Maria nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 71 Ilustração 66 – “Casa com bancos à entrada”. (Ordem dos Arquitectos, 1955a)...... 72 Ilustração 67 - Casa com bancos à entrada nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 72 Ilustração 68 – “Pormenor de porta de barbeiro”. (Ordem dos Arquitectos, 1955d). ... 73 Ilustração 69 - Pormenor de porta de (antigo) barbeiro nos dias de hoje (janela). (Ilustração nossa, 2016)...... 73 Ilustração 70 – “Rua 1.º de Dezembro. Vale de Açor, anos 1940”. (Mata et al., 2012, p. 60)...... 73 Ilustração 71 - Rua 1.º de Dezembro nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 73 Ilustração 72 – “Rua 1.º de Dezembro. Vale de Açor, anos 1990”. (Mata et al., 2012, p. 60)...... 74 Ilustração 73 - Rua 1.º de Dezembro nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 74 Ilustração 74 - Habitação típica na Travessa das Espadinhas. (Ilustração nossa, 2016)...... 75 Ilustração 75 - Ilustração 61 - Habitação típica na Rua Manuel Nunes Marques Adegas. (Ilustração nossa, 2016)...... 75 Ilustração 76 - Habitação típica na Rua Manuel Nunes Marques Adegas. (Ilustração nossa, 2016)...... 75 Ilustração 77 - Habitação típica na Avenida da Marginal. (Ilustração nossa, 2016). ... 75 Ilustração 78 - Mapa de localização dos Edifícios Religiosos de Ponte de Sor ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 77

Ilustração 79 – Mapa de localização da antiga Igreja Matriz ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 77 Ilustração 80 - Largo do Município, local de implantação da antiga Igreja Matriz nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 78 Ilustração 81 - Largo do Município, local de implantação da antiga Igreja Matriz nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 78 Ilustração 82 – Mapa de localização da Capela de S. Pedro ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 78 Ilustração 83 - Capela de S. Pedro nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 79 Ilustração 84 – Alçado Lateral da Capela de S. Pedro nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 79 Ilustração 85 - Mapa de localização da Capela do Senhor das Almas ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 80 Ilustração 86 - Capela do Senhor das Almas nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 80 Ilustração 87 – Alçado frontal da Capela do Senhor das almas nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 80 Ilustração 88 - Mapa de localização da Igreja Nova ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 81 Ilustração 89 - Igreja Matriz, 1930?. (Mata et al., 2012, p. 77)...... 82 Ilustração 90 - Igreja Nova (actual Igreja Matriz) nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 82 Ilustração 91 – “Passagem de uma manifestação pela Avenida da Liberdade durante o PREC (Período Revolucionário Em Curso)”, 1970. (Mata et al., 2012, p. 235)...... 82 Ilustração 92 - Vista da Avenida da Liberdade para a Igreja Nova (actual Igreja Matriz) nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 82 Ilustração 93 - Mapa de localização dos Edifícios Religiosos de Montargil ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 85 Ilustração 94 - Mapa de localização da Igreja Matriz ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 85 Ilustração 95 – “Igreja Matriz. Montargil, anos 1950”. (Mata et al., 2012, p. 79)...... 86 Ilustração 96 - Igreja Matriz nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 86 Ilustração 97 - Planta da Igreja Paroquial, Vicente Miguel, 2011. (Alves, 2011, p. 33).87 Ilustração 98 - Mapa de localização da Capela de Santo António ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 87 Ilustração 99 – Capela de Santo António. (Oliveira, 2011)...... 88 Ilustração 100 - Capela de Santo António nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016). 88 Ilustração 101 – “Implantação da Capela de Santo António na paisagem”, Ricardo Oliveira, 2011. (Alves, 2011, p. 40)...... 88 Ilustração 102 - Capela de Santo António nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016). 88

Ilustração 103- Planta da capela de Santo António, Vicente Miguel, 2011. (Alves, 2011, p. 41)...... 89 Ilustração 104 - Mapa de localização da Igreja da Misericórdia ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 90 Ilustração 105 – “Obras de restauro da Igreja da Misericórdia de Montargil”, 1993. (Mata et al., 2012, p. 79)...... 90 Ilustração 106 - Igreja da Misericórdia de Montargil nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 90 Ilustração 107 – “Igreja da Misericórdia, construção quinhentista. Fachada Principal com portal maneirista caiado a amarelo forte”, Ricardo Oliveira, 2011. (Alves., 2011, p. 45)...... 90 Ilustração 108 - Igreja da Misericórdia de Montargil nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 90 Ilustração 109- Planta da Igreja da Misericórdia, Vicente Miguel, 2011. (Alves, 2011, p. 44)...... 91 Ilustração 110 - Mapa de localização da Capela de São Sebastião ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 92 Ilustração 111 – “Igreja de São Sebastião em ocasião festiva”, 1930. (Mata et al., 2012, p. 63)...... 92 Ilustração 112 - Capela de São Sebastião nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 92 Ilustração 113 – “Capela de São Sebastião localizada no Outeiro. Frontaria apilastrada, de respaldo com olhal sineiro ao centro entre outros elementos setecentistas”, Ricardo Oliveira., 2011. (Alves, 2011, p. 49)...... 92 Ilustração 114 - Capela de São Sebastião nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 92 Ilustração 115- Planta da capela de São Sebastião, Vicente Miguel, 2011. (Alves, 2011, p. 48)...... 93 Ilustração 116 - Mapa de localização da Capela de São Pedro ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 94 Ilustração 117 – “Capela de São Pedro de fachada com frontão triangular e portal de verga recta ladeado por duas janelas”, Ricardo Oliveira, 2011. (Alves, 2011, p. 53). . 94 Ilustração 118 - Capela de São Pedro nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016). .... 94 Ilustração 119- Planta da Capela de São Pedro, Vicente Miguel, 2011. (Alves, 2011, p. 53)...... 95 Ilustração 120 - Mapa de localização da Capela do Senhor das Almas ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 95 Ilustração 121 – “Capela do Senhor das Almas com frontaria simples apilastrada e frontão com telhado de duas águas”, Ricardo Oliveira, 2011. (Alves, 2011, p. 56). .... 96 Ilustração 122 - Capela do Senhor das Almas nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 96 Ilustração 123- Planta da Capela do Senhor das Almas, Vicente Miguel, 2011. (Alves, 2011, p. 57)...... 96

Ilustração 124 - Mapa de localização da Capela de Farinha Branca ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 97 Ilustração 125 – “Capela de Farinha Branca de fachada com portal de verga recta, ladeado por duas entradas de luz em forma de cruz e encimado por janelão rectangular. Respaldo recordado por duas volutas e ao centro a torre sineira”, Ricardo Oliveira, 2011. (Alves, 2011, p. 59)...... 97 Ilustração 126 - Capela da Farinha Branca nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 97 Ilustração 127- Planta da Capela de Farinha Branca, Vicente Miguel, 2011. (Alves, 2011, p. 59)...... 98 Ilustração 128 - Mapa de localização dos Edifícios Religiosos de Galveias ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 99 Ilustração 129 - Mapa de localização da Capela do Senhor das Almas ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 100 Ilustração 130 - Capela do Senhor das Almas nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 100 Ilustração 131 - Capela do Senhor das Almas nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 100 Ilustração 132 - Mapa de localização da Capela do Lar ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 101 Ilustração 133 – Capela do Lar, Gama Reis, 1955. (Oliveira, 2016a)...... 101 Ilustração 134 - Capela do Lar nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 101 Ilustração 135 – Capela do Lar, Gama Reis, 1955. (Oliveira, 2016a)...... 101 Ilustração 136 - Capela do Lar nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 101 Ilustração 137 - Mapa de localização da Capela de São Pedro ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 102 Ilustração 138 – Capela de São Pedro, Gama Reis, 1950-1960?. (Oliveira, 2016b). 102 Ilustração 139 - Capela de São Pedro nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016). .. 102 Ilustração 140 – Capela de São Pedro, Gama Reis, 1950-1960?. (Oliveira, 2016b). 103 Ilustração 141 - Capela de São Pedro nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016). .. 103 Ilustração 142 – Capela de São Pedro, Gama Reis, 1950-1960?. (Oliveira, 2016b). 103 Ilustração 143 - Capela de São Pedro vista lateral nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 103 Ilustração 144 - Capela de São Pedro. (Ilustração nossa, 2016)...... 103 Ilustração 145 - Capela de São Pedro nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016). .. 103 Ilustração 146 - Mapa de localização da Capela de São Saturnino ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 104 Ilustração 147 - Capela de São Saturnino. (Ilustração nossa, 2016)...... 105 Ilustração 148 - Capela de São Saturnino nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 105 Ilustração 149 - Capela de São Saturnino. (Ilustração nossa, 2016)...... 105

Ilustração 150 - Capela de São Saturnino nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 105 Ilustração 151 - Mapa de localização da Capela de São Sebastião ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 106 Ilustração 152 - Capela de São Sebastião. (Ilustração nossa, 2016)...... 106 Ilustração 153 - Capela de São Sebastião nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 106 Ilustração 154 - Mapa de localização da Capela de Santo António ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 107 Ilustração 155 - Capela de Santo António. (Ilustração nossa, 2016)...... 108 Ilustração 156 - Capela de Santo António nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 108 Ilustração 157 - Mapa de localização da Capela de São João ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 109 Ilustração 158 - Capela de São João. (Ilustração nossa, 2016)...... 109 Ilustração 159 - Capela de São João nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016). .... 109 Ilustração 160 - Mapa de localização da Igreja Matriz da Freguesia de Galveias ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 110 Ilustração 161 – Igreja Matriz. (Ilustração nossa, 2016)...... 110 Ilustração 162 - Igreja Matriz nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 110 Ilustração 163 - Igreja Matriz. (Ilustração nossa, 2016)...... 111 Ilustração 164 - Igreja Matriz nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 111 Ilustração 165 - Mapa de localização da Capela da Misericórdia ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 113 Ilustração 166 – Capela da Misericórdia, cedido por: Dra. Ana Isabel Coelho Silva. 114 Ilustração 167 - Capela da Misericórdia nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016). 114 Ilustração 168 - Capela da Misericórdia. (Ilustração nossa, 2016)...... 114 Ilustração 169 - Capela da Misericórdia nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016). 114 Ilustração 170 - Capela da Misericórdia. (Ilustração nossa, 2016)...... 114 Ilustração 171 - Capela da Misericórdia nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016). 114 Ilustração 172 - Mapa de localização dos Edifícios Religiosos de Foros do Arrão ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 116 Ilustração 173 – “Início da construção da Igreja de Forros de Arrão financiada pelo povo, mas que nunca chegou a ser concluída”, 1970. (Mata et al., 2012, p. 79)...... 116 Ilustração 174 - Igreja abandonada na Freguesia de Foros do Arrão nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 116 Ilustração 175 - Mapa de localização da Igreja Matriz da Freguesia de Foros do Arrão ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 116 Ilustração 176 - Igreja Matriz da Freguesia de Foros do Arrão. (Ilustração nossa, 2016)...... 117

Ilustração 177 - Igreja Matriz da Freguesia de Foros do Arrão. (Ilustração nossa, 2016)...... 117 Ilustração 178 - Mapa de localização da Primeira Capela de Foros do Arrão ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 117 Ilustração 179 – “Primeira capela em Foros de Arrão”, 1950. (Mata et al., 2012, p. 93)...... 118 Ilustração 180 - Primeira capela em Foros de Arrão nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 118 Ilustração 181 – Primeira Capela em Foros do Arrão nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 118 Ilustração 182 - Placa de restauro da Primeira Capela da Freguesia de Foros do Arrão. (Ilustração nossa, 2016)...... 118 Ilustração 183 - Mapa de localização da Igreja Matriz da Freguesia de Tramaga ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 119 Ilustração 184 - Igreja Matriz nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 120 Ilustração 185 - Igreja Matriz nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 120 Ilustração 186 - Mapa de localização da Igreja Matriz da Freguesia de Vale de Açor ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 120 Ilustração 187 - Igreja Matriz nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 121 Ilustração 188 - Igreja Matriz nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 121 Ilustração 189 - Mapa de localização da Capela de Nossa Senhora dos Prazeres ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 121 Ilustração 190 - Capela de Nossa Senhora dos Prazeres nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 122 Ilustração 191 - Capela de Nossa Senhora dos Prazeres nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 122 Ilustração 192 - Capela de Nossa Senhora dos Prazeres nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 123 Ilustração 193 - Capela de Nossa Senhora dos Prazeres nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 123 Ilustração 194 - Mapa de localização da Igreja Matriz da Freguesia de Longomel ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 123 Ilustração 195 - Igreja Matriz nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 124 Ilustração 196 - Igreja Matriz nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 124 Ilustração 197- “Criança na escola primária”, 1959. (Mata et al., 2012, p. 164)...... 129 Ilustração 198 - Mapa de localização da Escola Primária do Largo da Igreja ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 129 Ilustração 199 – Escola Primária do Largo da Igreja, em Ponte de Sor - 1928. (Escola Primária, 1928)...... 130 Ilustração 200 - Escola Primária do Largo da Igreja em Ponte de Sor nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 130

Ilustração 201 – “Edifício de Escola Primária. Rua José de Deus”, 1950?. (Mata et al., 2012, p. 165)...... 131 Ilustração 202 - Edifício de Escola Primária nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 131 Ilustração 203 - Mapa de localização da Escola na Avenida Garibaldino de Andrade ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 131 Ilustração 204 – “Edifício de Escola Primária, Avenida Garibaldino de Andrade”, 1950. (Mata et al., 2012, p. 165)...... 132 Ilustração 205 - Edifício de Escola Primária nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 132 Ilustração 206 - Mapa de localização do Externato Camões e do Colégio D.ª Filipa de Vilhena ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 132 Ilustração 207 – “Corpo Docente e Discente do Externato de Camões”, 1950. (Mata et al., 2012, p. 176)...... 133 Ilustração 208 - Externato de Camões nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016). .. 133 Ilustração 209 - Colégio D.ª Filipa de Viena nos dias de hoje (Ilustração nossa, 2016)...... 133 Ilustração 210 - Colégio D.ª Filipa de Viena nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 133 Ilustração 211 – Mapa de localização da Escola Primária de Montargil ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 134 Ilustração 212 – “Escola Primária de Montargil”, 1970. (Mata et al., 2012, p. 168). .. 134 Ilustração 213 - Escola Primária de Montargil nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 134 Ilustração 214 – “Alunos da Escola Primária de Montargil, mascarados por ocasião do Carnaval”, 1970. (Mata et al., 2012, p. 173)...... 135 Ilustração 215 - Escola Primária de Montargil nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 135 Ilustração 216 - Mapa de localização da Escola Primária de Galveias ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 135 Ilustração 217 – “Edifício da Escola Primária”, 1940?. (Mata et al., 2012, p. 166). ... 136 Ilustração 218 - Edifício da Escola Primária de Galveias nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 136 Ilustração 219 - Mapa de localização da Escola Primária de Foros do Arrão (Plano dos Centenários) ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 136 Ilustração 220 - Escola Primária de Foros do Arrão nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 137 Ilustração 221 - Escola Primária de Foros do Arrão nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 137 Ilustração 222 - Mapa de localização da Escola Primária de Foros do Arrão ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 137

Ilustração 223 - Vista exterior da Escola Primária da Freguesia de Foros do Arrão. (Ilustração nossa, 2016)...... 138 Ilustração 224 - Escola Primária da Freguesia de Foros do Arrão. (Ilustração nossa, 2016)...... 138 Ilustração 225 - Vista exterior da Escola Primária da Freguesia de Foros do Arrão. (Ilustração nossa, 2016)...... 138 Ilustração 226 - Interior de uma antiga sala de aulas da Escola Primária da Freguesia de Foros do Arrão. (Ilustração nossa, 2016)...... 138 Ilustração 227 - Mapa de localização da Escola Primária de Tramaga ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 139 Ilustração 228 - Escola Primária de Tramaga nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 139 Ilustração 229 - Escola Primária em Tramaga nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 139 Ilustração 230 - Mapa de localização da Escola Primária de Vale de Açor ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 140 Ilustração 231 – “Primeira Escola Primária”, 1940. (Mata et al., 2012, p. 167)...... 140 Ilustração 232 - Primeira Escola Primária em Vale de Açor nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 140 Ilustração 233 - Mapa de localização da antiga Escola Primária e Casa do Povo de Longomel ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 141 Ilustração 234 – “Escola Primária e Casa do Povo de Longomel”, 1950?. (Mata et al., 2012, p. 167)...... 141 Ilustração 235 - Local onde existia a Escola Primária e Casa do Povo de Longomel nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 141 Ilustração 236 - Mapa de localização da Escola Primária de Longomel ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 142 Ilustração 237 - Edifícios da Escola Primária de Longomel nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 142 Ilustração 238 - Edifício da Escola Primária de Longomel nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 142 Ilustração 239 – “O Rodizio”. (Martins, Martins e Martins, 2005, p. 207)...... 146 Ilustração 240 – “Azenha de Cheleiros”. (Martins, Martins e Martins, 2005, p. 21). .. 147 Ilustração 241 - Mapa de localização geral dos moinhos ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 147 Ilustração 242 – “Fábrica de Moagem e Descasque de Arroz”, 1970. (Mata et al., 2012, p. 43)...... 148 Ilustração 243 - Fábrica de Moagem e Descasque de Arroz nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 148 Ilustração 244 – “Fábrica de Moagem e Descasque do Arroz”, 1970. (Mata et al., 2012, p. 158)...... 148

Ilustração 245 - Fábrica de Moagem e Descasque do Arroz nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 148 Ilustração 246 – “Fábrica de Moagem e Descasque de Arroz”, 1970. (Mata et al., 2012, p. 158)...... 148 Ilustração 247 - Fábrica de Moagem e Descasque do Arroz nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 148 Ilustração 248 – “Fábrica de Moagem e Descasque do Arroz”, 1970. (Mata et al., 2012, p. 159)...... 149 Ilustração 249 - Fábrica de Moagem e Descasque do Arroz nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 149 Ilustração 250 - Mapa de localização do Moinho do Pinheiro ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 149 Ilustração 251 - Moinho do Pinheiro nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 150 Ilustração 252 - Moinho do Pinheiro nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 150 Ilustração 253 - Mapa de localização do Moinho da Fazenda ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 150 Ilustração 254 - Moinho da Fazenda nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 151 Ilustração 255 - Moinho da Fazenda nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 151 Ilustração 256 - Mapa de localização do Moinho da Pedreira ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 151 Ilustração 257 - Moinho da Pedreira nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 152 Ilustração 258 - Moinho da Pedreira nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 152 Ilustração 259 - Mapa de localização dos Moinhos do Laranjal ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 152 Ilustração 260 - Moinhos do Laranjal nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016). .... 153 Ilustração 261 - Moinhos do Laranjal nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016). .... 153 Ilustração 262 - Moinhos do Laranjal nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016). .... 153 Ilustração 263 - Casal de mós nos Moinhos do Laranjal. (Ilustração nossa, 2016). .. 153 Ilustração 264 - Mapa de localização do Moinho da Zona Ribeirinha ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 154 Ilustração 265 - Moinho da zona Ribeirinha nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 154 Ilustração 266 - Moinho da zona Ribeirinha nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 154 Ilustração 267 - Mapa de localização do Moinho da Sobreira ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 155 Ilustração 268 – “Moinho da Sobreira. Ponte de Sor, anos 1960”. (Mata et al., 2012, p. 28)...... 156 Ilustração 269 - Moinho da Sobreira nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 156 Ilustração 270 – Mapa de localização do Moinho da Pontinha ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 156

Ilustração 271 - Moinho da Pontinha nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 157 Ilustração 272 - Moinho da Pontinha nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 157 Ilustração 273 – Mapa de localização do Moinho Novo ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016)...... 157 Ilustração 274 – “Moinho Novo”. (Mata et al., 2012, p. 30)...... 158 Ilustração 275 - Moinho Novo nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 158 Ilustração 276 – “Moinho Novo”, 1942. (Mata et al., 2012, p. 30)...... 159 Ilustração 277 - Moinho Novo nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016)...... 159

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Numero de fogos no tempo de D. João III...... 52 Tabela 2 - Tabela relativa ao numero de fogos no ano de 1867...... 52 Tabela 3 - Tabela relativa ao numero de habitantes em 1867...... 54 Tabela 4 - Numero de habitantes em 1950...... 54 Tabela 5 - Tabela relativa ao estado de conservação dos Edifícios Religiosos do Concelho de Ponte de Sor...... 125 Tabela 6 - Tabela relativa ao estado de conservação dos Edifícios de Instrução Primária no Concelho de Ponte de Sor...... 143 Tabela 7 - Tabela relativa ao estado de conservação dos moinhos de água no Concelho de Ponte de Sor...... 160

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E ACRÓNIMOS

A.C. - Antes de Cristo C.M.P.S. Câmara Municipal de Ponte de Sor D. - Dom D.ª - Dona Dr. - Doutor Dr.ª - Doutora Exma. - Excelentíssima Gwh - Gigawatt-hora Hm2 - Hectómetro Quadrado I.A.P.P. - Inquérito à Arquitectura Popular Portuguesa I.P.P. - Imóvel de Interesse Publico Km - Quilómetro Km2 - Quilómetro Quadrado M - Metro N 243 - Estrada Nacional 243 N 244 - Estrada Nacional 244 N.A. - Não Aplicável R/C - Rés do Chão S. - São Séc. - Século

SUMÁRIO

1. Introdução ...... 33 1.1. Motivações ...... 33 1.2. Objectivos ...... 33 1.3. Metodologia de Investigação ...... 34 1.4. Limitações ...... 34 1.5. Organização do Trabalho ...... 35 2. História do Concelho ...... 37 3. Caracterização Geográfica ...... 43 4. O Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal e o edificado. Passado e presente47 4.1. Habitações e Habitantes ...... 48 4.1.1. Ponte de Sor ...... 54 4.1.2. Montargil ...... 62 4.1.3. Galveias ...... 66 4.1.4. Foros do Arrão ...... 69 4.1.5. Tramaga ...... 70 4.1.6. Vale de Açor ...... 71 4.1.7. Longomel ...... 74 4.1.8. Breves considerações relativas a habitações no Concelho de Ponte de Sor ...... 75 4.2. Edifícios Religiosos ...... 76 4.2.1. Ponte de Sor ...... 76 4.2.2. Montargil ...... 83 4.2.3. Galveias ...... 98 4.2.4. Foros do Arrão ...... 115 4.2.5. Tramaga ...... 119 4.2.6. Vale de Açor ...... 120 4.2.7. Longomel ...... 123 4.2.8. Breves considerações relativas a edifícios religiosos no Concelho de Ponte de Sor ...... 124 4.3. Edifícios de Instrução Primária ...... 126 4.3.1. Ponte de Sor ...... 129 4.3.2. Montargil ...... 133 4.3.3. Galveias ...... 135 4.3.4. Foros do Arrão ...... 136

4.3.5. Tramaga ...... 138 4.3.6. Vale de Açor ...... 139 4.3.7. Longomel ...... 140 4.3.8. Breves considerações relativas a edifícios de instrução primária no Concelho de Ponte de Sor ...... 142 4.4. Moinhos de àgua ...... 144 4.4.1. Breves considerações relativas a moinhos de àgua no Concelho de Ponte de Sor ...... 159 5. Considerações Finais ...... 161 Referências ...... 165 Bibliografia ...... 173 Apêndices ...... 175 Lista de apêndices ...... 177 Apêndice A ...... 179 Apêndice B ...... 187

A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

1. INTRODUÇÃO

1.1. MOTIVAÇÕES

O trabalho que se segue foi desenvolvido em seguimento da proposta do Orientador do mesmo, Professor Filipe Alexandre Duarte González Migães de Campos, para a realização de uma revisitação ao Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal.

Agarrando num Concelho do interesse do Autor, Ponte de Sor, local que este conhece desde sempre, embora nunca tenha habitado permanentemente no local, formou-se assim o interesse de desenvolvimento do tema, o qual despertou o interesse do Autor desde o inicio tendo este sofrido um aumento no decorrer do processo de desenvolvimento do trabalho.

1.2. OBJECTIVOS

O presente trabalho tem como objectivos:

Acrescentar informação de carácter arquitectónico à informação existente no Município de Ponte de Sor.

Formar uma análise comparativa entre as épocas retratadas neste trabalho e os dias de hoje mais concretamente em edifícios habitacionais, edifícios religiosos, edifícios escolares e moinhos de água, indicando o estado em que estes se encontram nos dias de hoje.

Compilar a história do Concelho de Ponte de Sor disponível em alguns livros dispersos ao longo das várias Freguesias, num único trabalho.

Contribuir para que edifícios em ruína no Concelho de Ponte de Sor, de referir que o número de casos é bastante reduzido, estando alguns abandonados e esquecidos ao longo dos anos, possam vir a ser restaurados, dando-lhes um outro uso, ou o mesmo para o qual foram edificados.

Documentar numa visão diacrónica o património edificado de modo a registar um processo de transformação constante e em curso, criando ligações passado/presente com vista a um futuro melhor.

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 33 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

1.3. METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO

O presente trabalho foi desenvolvido com base em fotografias do I.A.P.P, as quais no Concelho de Ponte de Sor, se encontram em numero reduzido, assim foram recolhidas junto do Arquivo Municipal de Ponte de Sor e nas múltiplas Freguesias do Concelho diversas fotografias de várias épocas históricas.

De referir que no decorrer do trabalho, tendo estado o autor nos diversos locais retratados nos vários capítulos, foram partilhadas histórias e vivências de outros tempos por parte da população para com o autor, retratando outros tempos, contando histórias dos diversos locais e dos diversos edifícios, tendo sido este trabalho formado junto da população através da recolha de testemunhos pessoais e colectivos.

1.4. LIMITAÇÕES

No processo de desenvolvimento do trabalho aqui apresentado, foram encontrados vários obstáculos os quais se tornaram limitações.

Em parte, tratando-se de um trabalho com uma base fotográfica, não foi possível encontrar fotografias de todos os edifícios retratados, o que dificultou, em muito, na forma comparativa entre outras épocas e os dias de hoje.

Por outro lado, a distância entre Lisboa e Ponte de Sor não facilitou a recolha de informação e o desenvolvimento do trabalho, bem como a grande área geográfica que ocupa o Município, envolvendo assim grandes distâncias entre os diferentes edifícios aqui tratados.

Por último, a informação disponível sobre o Concelho foi uma das principais limitações, na medida em que a pouca que existe, envolve-se mais na cultura e nas tradições locais ao invés de retratar o edificado, ou temas arquitectónicos.

O trabalho foi realizado exclusivamente com recursos económicos do agregado familiar do autor, sem apoio financeiro externo o que, per si, limitou a extensão da abordagem apresentada.

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 34 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

1.5. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

O trabalho desenvolve-se em cinco capítulos onde se inclui uma introdução (capítulo 1) e considerações finais (capítulo 5).

No segundo capítulo é descrita a história do Concelho de Ponte de Sor com o objectivo de fazer um enquadramento ao que é referido mais á frente em cada edifício estudado.

O terceiro capítulo é introduzido de forma a ser feita uma caracterização da superfície geográfica onde o Concelho de Ponte de Sor assenta de forma a ser percetível o tipo de arquitectura aqui realizada em função do terreno onde assenta.

O quarto capítulo aborda as características presentes no Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal, com especial enfoque na zona 5 onde se encontra o Concelho de Ponte de Sor, fazendo uma abordagem ao passado em comparação com o presente.

Este divide-se em quatro subcapítulos, sendo no primeiro realizado uma caracterização generalizada das habitações e dos habitantes do Concelho de Ponte de Sor, com especial foque nas várias freguesias na sua caracterização habitacional. Apresenta uma abordagem fotográfica comparativa entre várias épocas apresentando as habitações no estado em que se encontram nos dias de hoje. Apresenta-se, no fim do primeiro subcapítulo, breves considerações finais relativas a habitações no Concelho de Ponte de Sor.

No segundo subcapítulo do quarto capítulo são analisados os vários edifícios religiosos presentes no Concelho de Ponte de Sor tendo sido dividido por Freguesias. Estes são comparados recorrendo a fotografias de diversas épocas apresentando-se também nos dias de hoje. No fim deste subcapítulo apresentam-se breves considerações finais relativas a edifícios religiosos no Concelho de Ponte de Sor.

O terceiro subcapítulo presente no quarto capítulo descreve e analisa os vários edifícios de instrução primária presentes no Concelho de Ponte de Sor, sendo especificados dentro de cada Freguesia do Concelho. Aqui são também introduzidas fotografias de épocas passadas e comparadas com os dias de hoje, sendo também introduzidas fotografias das mesmas nos dias de hoje. No fim deste subcapítulo surgem breves considerações finais relativas a edifícios de instrução primária no Concelho de Ponte de Sor.

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 35 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

No quarto subcapítulo do capítulo quarto são referenciados os Moinhos de água presentes no Concelho de ponte de Sor apresentando, à semelhança dos capítulos anteriormente referidos, fotografias de épocas passadas bem como dos dias de hoje sob a forma comparativa. No fim deste subcapítulo apresentam-se breves considerações finais relativas a moinhos de água no Concelho de Ponte de Sor.

O quinto capítulo apresenta-se como considerações finais num remate do trabalho fazendo aqui uma apreciação geral das temáticas abordadas nos capítulos anteriormente referidos.

De referir ainda a presença de bibliografia e de obras citadas no trabalho, e de Apêndices os quais se apresentam como entrevistas.

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 36 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

2. HISTÓRIA DO CONCELHO

“[...] No Bispado de Portalegre, dez legoas de Thomar para o Sul além do rio Tejo, sete da Chamusca para o Nascente, cinco ao Sueste de Abrantes, & duas ao Nordeste das Galveyas, em hum agreste valle tem seu assento a Villa da Ponte do Sor, que tomou o nome de huma grande ponte, que fundàrão os Romanos sobre a caudalosa ribeyra do Sor, que banha pela parte Oriente, & era a estrada; que faziam de Santarem a Merida, como testemunhão ainda huns Padroens de pedra com letras Romanas que estão pelo mato junto à estrada. [...]” (Costa apud Andrade, 2010, p. 38)

A História do actual Concelho de Ponte de Sor, ao que é possível saber nos dias de hoje,é que já teria começado no tempo do Imperador Marco Aurélio Pombo (121-180) visto ter sido encontrado um marco miliário junto à estrada que se dirige para Alter do Chão, o qual se encontra no Museu Arqueológico dos Jerónimos, denotando assim que a ponte já existia no tempo deste Imperador (Andrade, 2010, p. 17, 18).

De acordo com este mesmo marco miliário, que no tempo do Imperador Marco Aurélio Pombo já havia sido construído a importante cidade de Matusarum ou Matusauro, cidade essa que se encontrava na rota da terceira via milenaria romana, rota essa que fazia a ligação entre Olissipo e Mérida passando por Benavente e Alter do Chão como referido por Neves (1941, p. 1). Por outro lado, como é referido por Primo Pedro da Conceição Freire d’ Andrade (2010, p. 19) nada indica que essa mesma cidade de Matusauro tivesse existido no local onde onde se encontra Ponte de Sor.

O local onde hoje se encontra o Concelho de Ponte de Sor fora conquistado aos mouros, incluindo ainda a zona de Abrantes a qual neste tempo viria até ao Rio Sor, território esse que passou a pertencer à Coroa sendo Comenda da Ordem dos Templários (Andrade, 2010, p. 19). Mais tarde estas terras foram tomadas de novo pelos mouros a comando do mouro Almousôr, vindo depois a perde-las aos poucos a favor da Ordem de Évora tendo sido posteriormente entregues ao seu Bispo (Neves, 1941, p. 1).

D. Sancho I (1154-1211) fundou várias colónias de francos, uma delas em Ponte de Sor, em todas estas colónias o Rei ordenou aos Munícipes, que estes atribuíssem territórios aos colonos para que estes pudessem cultivar e nestes locais e aí poderem viver. Ainda assim não se sabe ao certo se esta colonia chegou realmente a ser fundada, se fora efectivamente fundada e mais tarde destruída, ou ainda se fora abandonada mais tardiamente por estes. Certo é que no reinado de D. Afonso III (1210-1279) Ponte de Sor ainda não existia como povoação, segundo o Historiador Mário Sá, existindo, no entanto, neste local uns moinhos que o rei doou ao chanceler Estevão Julião.

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Anos mais tarde, foi aqui formada uma pequena povoação a mando do rei D. Diniz (1261-1325) a qual tinha a mesma delimitação que hoje existe em Ponte de Sor, dando assim autonomia em relação a Abrantes. Assim tal decisão não fora bem recebida pela população de Abrantes, os quais viram o seu território reduzido, assim sempre que possível, a população de Abrantes pilhava os montes, propriedades, colheitas e montados de Ponte de Sor, levando estes a apresentar queixa ao rei por tais actos, ameaçando o abandono da povoação caso não fossem respeitados (Neves, 1941, p. 1- 8). Posteriormente, já no reinado de D. Afonso IV dando grande valor à vila de Abrantes deu a esta a jurisdição de Amêndoa, Ponte do Sor e da aldeia de Longomel, tal como é dito por Primo Pedro da Conceição Freire d’ Andrade (2010, p. 25, 26) e ainda referido por Neves (1941, p. 1-8).

Posteriormente, o rei D. Fernando (1345-1383) observou a despovoação do território levando-o a tomar medidas para evitar que tal facto se continuasse a desenvolver. Assim, a estes territórios foram dadas múltiplas mais-valias e privilégios, como é exemplo a isenção de contribuições e ainda a benesse de os habitantes homens não tivessem de ir para as guerras.

No ano de 1438, a peste assolou Portugal de Norte a Sul, deste modo o rei D. Duarte (1391-1438) planeou com os infantes e com toda a sua corte que se espalhassem pelo território Português de forma a evitar o contágio. Assim o rei partiu para Évora mais tarde para Avis e depois para Ponte de Sor, local onde havia mandado construir uma cerca fortificada de forma a garantir alguma segurança, muralha essa que não chegou a ser concluída visto o rei ter partido para Tolosa. Essa mesma cerca encontra-se ainda hoje praticamente intacta em Ponte de Sor, junto à zona ribeirinha.

Em 29 de Agosto de 1514, o rei D. Manuel I (1469-1521) concedeu foral de vila a Ponte de Sor atribuindo-lhe assim múltiplos privilégios como é referido por Neves (1941, p. 1- 8).

Como é referido pelo mesmo autor (1941, p. 1-8) Ponte de Sor possuiu um pelourinho de quatro degraus e armas de ferro, localizado no largo dos Passos do Concelho, local onde já não se encontra. Não possui brasão próprio, e se noutros tempos possuiu, desconhecem-se os emblemas que o constituíam. Existe no entanto, de acordo com Neves (1941, p. 1-8), um brasão nos Passos do Concelho no qual se encontra a ilustração de uma ponte sobre o rio, dois choupos e uma coroa moral de três castelos, no entanto este brasão não é oficial.

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O actual Concelho de Ponte de Sor é composto pelas freguesias de Ponte de Sor, Montargil, Galveias, Foros do Arrão, Tramaga, Vale de Açor e Longomel.

No caso especifico de Montargil, de acordo com Ana Isabel Coelho Silva sabe-se que se trata de uma povoação já ocupada desde a pré-história.

É sabido que durante o período romano, Montargil pertenceu à província de Hispânia Ulterior passando mais tarde (finais do séc. I antes de cristo) a pertencer à província da Lusitânia. Posteriormente e com novas divisões judiciais em cada província, Montargil ficou na região de fronteira entre Scallabitanus (Santarém) e Pacensis (Beja).

Aqui se localizavam duas importantes vias romanas, uma delas passava junto a Perna Seca uma zona a Norte de Montargil fazendo ligação de Emerita Augusta (Mérida) e Scalabis (Santarém), fazendo depois ligação a Olissipo (Lisboa), a outra via fazia ligação entre Ebora (Évora) a Sellium (Tomar), atravessando povoações como Montargil.

Após a queda do Império Romano, Montargil bem como todos as restantes localidades do território pertencente ao Concelho de Ponte de Sor tornaram-se locais despovoados durante vários séculos, facto que fora ultrapassado após D. Sancho I ter ordenado a ocupação de Montalvo de Sor em 1199, local entre Canha e o Tejo.

Ainda referente a Montargil, o dado histórico de maior relevância dos tempos passados é certamente a construção da barragem de Montargil, projecto realizado em 1954, após o estudo e levantamento topográfico do vale do Sorraia em 1930. A Construção da Barragem veio a ser concluída em 1958.

Quanto à Freguesia de Galveias, segundo registos e de acordo com Ana Silva (2014b), fora designada noutros tempos como Vila Nova do Laranjal, dado que aqui a tradição assenta em múltiplos pilares, sendo um deles o cultivo de laranjas, o que leva ainda a frisar o facto de estarem presentes no brasão da Freguesia de Galveias.

No decorrer da reconquista cristã durante os séculos XII e XIII, as povoações de Montargil e de Galveias foram integradas no património da Ordem de Calatrava mais tarde com o nome de Ordem de Avis. Assim, a propriedade de Cabeças da Galveia fora adquirida pelo Convento de Avis em finais do séc. XIII ao Cavaleiro Leonigo Afonso, sendo este um Mestre da Ordem de Avis, o seu objectivo era o de povoar a então povoação de Galveias no decorrer do ano 1304 ao qual foi atribuído anos mais tarde o

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nome de Póvoa do Mestre atribuindo este foro a quem nela viesse habitar e usufruir das suas terras.

No entanto a povoação foi-se desenvolvendo lentamente, tal como no resto do País, algo que se notou desde o final do séc. XIV e durante o séc. XV também na povoação de Galveias.

Facto tal só fora alterado quando foram concedidos múltiplos privilégios à povoação, voltando a ser povoada e viu os seus habitantes subirem de numero.

Anos mais tarde, D. João III declarou a 2 de Outubro de 1538 que Galveias seria autónoma à vila de Avis concedendo-lhe jurisdição própria.

Em Galveias, a mando do rei D. Pedro II em 1691 fora atribuído o primeiro título de Conde de Galveias a D. Dinis de Melo e Castro (1624-1709) surgindo posteriormente dez condes, tendo sido o último D. José Lobo de Almeida e Castro falecido em 1940.

Relativamente à história mais recente da Freguesia de Galveias, é vasto o seu património, dado o facto de aqui ter habitado a Família Marques Ratão tendo esta surgido na segunda metade do século XIX e tendo criado um vasto património próprio ligado à Casa Agrícola Marques Ratão e da Fundação Maria Clementina Godinho de Campos fundada em 1956.

No que respeita à actual Freguesia de Foros do Arrão, de acordo com Ana Isabel Coelho Silva (2014a), a origem da povoação deriva do ano de 1912 tendo neste tempo o nome de Herdade do Arrão, propriedade de Pedro Aleixó Falcão, formado aqui aforamento dividindo este pela população que começou a habitar a herdade vindos essencialmente de Mação, Chamusca e Abrantes. Assim, dado o aforamento de terrenos existentes na herdade, o nome alterou-se para Foros do Arrão.

Tramaga, Freguesia de Ponte de Sor possuiu noutros tempos o nome de Água todo o ano, tal como é referido por Primo Pedro da Conceição Freire d’ Andrade (2010, p. 206, 207) em que o seu nome provém da sua aproximada localização ao Rio Sor. Não existe registo de quando terá surgido, no entanto segundo o mesmo autor, esta povoação já existia em 1864 por esta vir mencionada no primeiro recenseamento populacional feito neste mesmo ano.

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Localiza-se junto à antiga estrada de Montargil, assim, o seu desenvolvimento, deveu- se não só a esta aproximação como também a alguns proprietários de terrenos aqui sitiados tendo estes dividido os terrenos e aforado os mesmos, desenvolvendo de forma progressiva a povoação.

O nome Tramaga surge mais tarde, por aqui se localizarem em grande numero tramagas, uma planta existente nestes terrenos. Foi local de reduzidas dimensões até se ir apropriando de pequenas povoações que a ladeavam como é exemplo Caldeirão e Casas Novas.

No Caso da Freguesia de Vale de Açor e de acordo com Primo Pedro da Conceição Freire d’ Andrade (2010, p. 214-217) o nome da povoação deverá derivar do nome uma ave, mais concretamente uma espécie conhecida como Açor, por esta se localizar num local onde existiam inúmeras aves desta espécie.

Não é conhecido o inicio da povoação, no entanto Andrade atribui cerca de 500 anos no tempo em que este escrever cinzas do passado.

O primeiro documento onde surge referência a Vale de Açor remonta ao tempo do rei D. João III mais concretamente em 1527 surgindo este documento para uma contagem do numero de habitantes.

Foi noutros tempos proprietário de Vale de Açor o general João Joaquim Caldeira Pires, passando posteriormente a propriedade a um lavrador de nome Joaquim Antunes.

Por último surge a Freguesia de Longomel que, de acordo com Freire d’ Andrade (2010, p. 218) teve a sua origem, sendo esta alterada com o passar dos anos, com os nomes de Lago-mill, Lagomiel, Logonnell, Logomel, Lagomel, Longo-Mel Lõgomel e Longomel como é hoje conhecido, por existência de inúmeros lagos e pântanos ao longo da ribeira de Longomel.

Segundo Ana Isabel Coelho Silva (2014c) a povoação terá começado a Norte do território onde hoje se encontra a freguesia de Margem pertencente ao Concelho de Gavião junto a uma antiga via romana que fazia a ligação entre Aritium Praetorium (Abrantes) e Abelterium (Alter do Chão) via conhecida noutros tempos por estrada dos almocreves, passava em povoações como Longomel e Torre das Vargens, não passando em Ponte de Sor.

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 41 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

A Localização de Longomel a Norte do território de Margem perdurou ao longo dos anos até ao séc. XVI.

«O logar de Longomel à travessia da ribeira deste nome, por onde passava o caminho, não era o Longomel da jurisdição de Marja. O antigo localizava-se no curso alto da ribeira, dentro do concelho de Gavião, e onde hoje se chama S. Bartolomeu e Vale da Missa. A Ribeira tirou o nome do primitivo Longomel, a qual, o transmitiu ao segundo. Este surgiu no sítio das velhas estalagens das Casas Brancas, poiso de almocreves, na estrada ariciense. Até aqui 25 km, desde Abrantes.»(Saa apud Andrade, 2010, p. 218)

No reinado de D. Afonso IV surge uma carta do rei no ano de 1327 na qual a aldeia de Lagomel (actualmente Longomel) pertencia ao Concelho de Abrantes e como tal era território pertencente à Coroa. No decorrer do Séc. XIV concretamente em 1359 surge a instituição de um morgado na quinta de lagomel atribuído por Gomes Martins, vassalo de D. Pedro I. Esta propriedade fora integrada em 1422 no património da Casa de Bragança surgindo na doação de D. Nuno Álvares Pereira a D. Fernando seu neto.

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3. CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA

O Concelho de Ponte de Sor é composto pelas Freguesias de Foros do Arrão, Montargil, Ponte de Sor, Tramaga, Vale de Açor, Galveias e Longomel sendo que estas delimitam o perímetro do Concelho que conta com 839,71 Km2 de área, fazendo fronteira a Norte com Gavião e Crato, a Leste com Alter do Chão, a Sueste com Avis e Mora, a Sudoeste com Coruche, a Noroeste com Chamusca e Abrantes (Visitar Portugal, 2016b) o qual atingiu a sua área actual no decorrer do século XIX com a Freguesia de Galveias e a Freguesia de Montargil (Faísca e Silva, 2012, p. 15,16).

Ponte do Sor, progressiva e risonha vila, está situada num vale pouco ameno na margem direita do rio Sor, rio pitoresco e bonançoso, que serpenteia por estas ubérrimas terras alto-alentejanas.

Pertence, presentemente, ao distrito de Portalegre e à Província do Ribatejo. (Neves, 1941, p. 1)

Encontramos o Concelho de Ponte de Sor numa zona entre o litoral e o interior, o Sul e o centro, estando por tanto entre o Alentejo e o Ribatejo como é possível observar pela Ilustração 1 de 1871, Ilustração 5 de 1971 e ainda pela Ilustração 6 de 1974. Dada a sua localização geográfica, o Concelho de Ponte de Sor possui características geográficas das duas regiões referidas anteriormente, Alentejo e Ribatejo, aqui encontram-se espécies florestais como a Azinheira, a Oliveira o Pinheiro e o Salgueiro, espécies existentes ao longo do território do Concelho o qual é caracterizado por grandes extensões de planícies como também de suaves elevações criando vales e montes tal como é referido por Faísca e Silva (2012, p. 15,16).

Ilustração 1 - Carta Corográfica do Reino 1:100 000 (Folha 21). Ilustração 2 - Série Cartográfica Nacional 1:50 000 (Folha 32A). (Portugal. Direção Geral do Território, 1871). (Portugal. Direção Geral do Território, 1906).

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Ilustração 3 - Série Cartográfica Nacional 1:50 000 (Folha 31D). Ilustração 4 - Série Cartográfica Nacional 1:50 000 (Folha 32C). (Portugal. Direção Geral do Território, 1904). (Portugal. Direção Geral do Território, 1917).

Ilustração 5 - Carta de Portugal 1:100 000 (Folha 32). (Portugal. Ilustração 6 - Carta de Portugal 1:200 000 (Folha 6). (Portugal. Direção Geral do Território, 1971). Direção Geral do Território, 1974).

Encontra-se numa das maiores áreas florestais de sobreiro do planeta sendo também uma das mais produtivas, esta é utilizada na industria corticeira assim torna-se a principal economia local, com aproximadamente 420 Km2 de ocupação no Concelho de Ponte de Sor o sobreiro ocupa uma das espécies mais importantes para esta região (Ponte de Sor. Câmara Municipal, 2015r).

O termo da região é pouco acidentado e pobre, mas bem cultivado.

As principais culturas são: Trigo, milho, arroz, aveia e todos os outros cereais.

A horticultura ocupa um lugar de destaque na vila da gente dos subúrbios da séde do concelho, que diáriamente abastecem o mercado com muita abundância de produtos. As suas frutas são excelentes; destacando-se sobre as outras regiões, as melancias, os pécegos maratões e as apreciadas laranjas de Galveias que nada ficam a dever às de Setubal.

Em ponte do Sor encontra-se quási toda a vegetação existente no país, predominantemente o sobreiro que produz muitos milhares de arrobas de cortiça. Os frutos do mesmo e da azinheira servem para a engorda de porcos que, apesar-de não ser aqui excercida numa escala muito importante, tem, pelo menos, uma produção mais

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que suficiente para o grande consumo da região. Exportam-se ainda grande número dêstes animais.

É também apreciável a criação de outros animais como o ovino que produz anualmente milhares de arrôbas de lã de primeira qualidade.

O gado caprino também existe em grandes rebanhos dando-nos, assim como o ovino, o seu leite que é utilizado na confecção de: queijo, manteiga e atabefe.

A caça também se encontra em abundância havendo até algumas pessoas que vivem dela.

No Sor há peixe ( Barbo ) e há também quem tenha viveiros principalmente de lampreias e enguias. (Neves, 1941, p. 15,16)

Na área do Concelho encontra-se a forte presença da Barragem de Montargil pertencente à bacia hidrográfica do Tejo. Projectada em 1954 pela então Direção-Geral dos Serviços Hidráulicos (Visitar Portugal, 2016a) e concluída em 1958 , esta encontra- se propriedade da Associação de Regantes e Beneficiários do Vale do Sorraia.

Localizada no centro-sul de Portugal Continental mais concretamente na região do Alto Alentejo no curso do Rio Sor próximo do bordo do substrato Varisco da zona de Ossa Morena surge em três cartas da Série Cartográfica Nacional à escola 1:50 000 referido por Dias e Pais (2008) como é possível observar pela Ilustração 2 de 1906, a Ilustração 3 de 1904 e a Ilustração 4 de 1917.

Possui uma capacidade de 165,3 hm3 e uma área inundada de 1646 hectares (Ponte de Sor. Câmara Municipal, 2015a) com capacidade média anual produtiva de 5,9 Gwh constituindo assim um papel de extrema importância para a rega dos campos de cultivo do Alto Alentejo e para a produção de electricidade (Visitar Portugal, 2016a) utilizada ainda para a prática de despostos náuticos dada a sua extensão de aproximadamente 20 Km (Faísca e Silva, 2012, p. 15,16).

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Ilustração 7 – “Vista geral sobre Ponte de Sor”, 1930?. ( Mata et Ilustração 8 - Vista geral sobre Ponte de Sor. (Ilustração nossa, al., 2012, p. 17.). 2016).

Ilustração 9 – “Vista geral de Ponte de Sor”, 1950?. (Mata et al., Ilustração 10 - Vista geral de Ponte de Sor. (Ilustração nossa, 2012, p. 17.). 2016).

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 46 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

4. O INQUÉRITO À ARQUITECTURA POPULAR EM PORTUGAL E O EDIFICADO. PASSADO E PRESENTE

O Inquérito à Arquitectura Portuguesa, realizado entre 1955 e 1960, trata-se de um levantamento da arquitectura tradicional em Portugal dita rural ou até em alguns casos, vernácula tendo sido realizado por 6 equipas compostas por um total de 18 arquitectos (Oliveira, 2011, p. 44) divididos por 6 Zonas sendo a Zona 1 a região do Minho, Zona 2 a região de Trás-os-Montes, Zona 3 a região de Beiras, Zona 4 a região de Estremadura, Zona 5 a região de Alentejo e Zona 6 a região de Algarve (Ordem dos Arquitectos, 2004, p. 14).

Tratando-se assim de uma obra desenvolvida de 1955 a 1960, esta fora iniciada pelo Arquitecto Francisco Keil do Amaral o qual pertencia no inicio dos anos 50 ao grupo de Arquitectos de duas gerações com tendências racionalistas, que dirigia o Sindicato Nacional dos Arquitectos. Keil do Amaral inicia a proposta para o arranque do Inquérito considerando urgente a sua realização de forma a que seja feito o levantamento do património então em degradação e também para a realização do objectivo do regime o qual pretendia a elaboração de um estilo nacional (Dias et al., 2004, p. 11, 12).

De acordo com Oliveira (2011, p. 8, 16) o Inquérito à Arquitectura Portuguesa possui o objectivo de retratar múltiplas áreas, da paisagística à arquitectónica passando pela tipológica de arquitectura popular através de um conjunto de fotografias as quais se constituem como uma “construção fotográfica”. Este possuiu o nome inicial de Inquérito da Arquitectura Regional sendo que o termo regional se destinava a frisar que este seria desenvolvido de forma a retratar as características de cada região, teoria defendida pelo Estado Novo a qual defendia que cada região possuía características típicas em termos de construção.

Uma arquitectura realizada sem arquitectos como é a arquitectura popular poderia ser considerada sem importância ou sem interesse para a arquitectura de estatuto oposto, ou seja, a arquitectura erudita. No entanto a arquitectura popular é de facto, aos olhos de especialistas, uma arquitectura simples e sem grandes exigências especulativas o que faz dela uma importante peça que surpreende os eruditos e os leva a analisarem melhor dada a sua simplicidade (Neves, 2010, p. 3).

No entanto, apesar do inquérito ter sido realizado, na sua maioria, sobre a arquitectura popular, podem-se nele encontrar referências sobre exemplares de arquitectura erudita [...]. Contudo, é de facto sobre exemplos da primeira, em todas as suas manifestações,

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 47 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

casas de lavoura, espigueiros, moinhos, noras cobertas, capelas de beira-mar, etc., que se fez verdadeiramente o Inquérito. (Neves, 2010, p. 3)

No anteriormente referido Inquérito à Arquitectura Portuguesa, fazendo um enquadramento do Concelho de Ponte de Sor, encontra-se a Zona 5 a qual se foca no Alentejo local que acolhe o Concelho de Ponte de Sor.

A Zona 5 foi limitada a sul e a oeste por uma linha poligonal, cujos vértices assentam em Aljustrel, Alcácer do Sal e Vendas Novas, estendendo-se esta linha até ao Tejo, limite norte, até à fronteira, que a extrema pelo leste. (George, Gomes e Antunes, 2004, p. 125)

Esta Zona é caracterizada por um ser um grande anfiteatro voltado para o Atlântico com presença de algumas subtis serras como a de S. Mamede, a da Ossa e a de Portel, que atribuem a este lugar uma beleza própria onde as tonalidades das múltiplas cores se misturam e tornam este lugar aos olhos do viajante, num espaço de abrandamento.

O capítulo que se segue divide-se em 5 grupos os quais constituem as tipologias mais significativas do Município de Ponte de Sor, atendendo ao seu uso e relevância para as populações, sendo estes a habitação, edifícios religiosos, Edifícios de Instrução Primária e Moinhos de água.

Por uma razão operativa apresentam-se divididos por Freguesias sendo elas, Ponte de Sor, Montargil, Galveias, Foros do Arrão, Tramaga, Vale de Açor e Longomel. Embora as Freguesias de Ponte de Sor, Tramaga e Vale de Açor se encontrem unidas, foram aqui divididas para desta forma ser mais fácil analisar cada um dos territórios e dos edifícios que os compõem.

Acrescentaram-se Ilustrações obtidas no arquivo da C.M.P.S. e nos arquivos das várias Freguesias do Concelho, que se vieram a constituir um importante suporte atendendo à escassez de fotografias especificas e dedicadas a Ponte de Sor constantes no I.A.P.P.

4.1. HABITAÇÕES E HABITANTES

Falemos de casas

Do sagaz exercício de um poder

tão firme e silencioso como só houve

no tempo mais antigo (Helder apud Roseta, 2004, p. V)

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 48 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Por terras alentejanas passaram civilizações que aqui deixaram a sua marca, culturas essas como a romana, a visigótica, a muçulmana e a cristã, sendo que todas elas deixaram as suas marcas. A habitação enquanto edifício é algo que resiste e perdura ao passar do tempo e às influências, assim a habitação alentejana resulta de uma evolução no decorrer do tempo (George, Gomes e Antunes, 2004, p. 142).

O Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal localiza o Concelho de Ponte de Sor na sub-região de Barros, nome proveniente da composição do solo. Aqui a habitação tem como ponto fundamental a cozinha sendo esta a divisão com mais peso e importância na habitação. Aqui encontra-se o marco mais imponente na habitação tradicional desta zona, a chaminé, localizada geralmente na fachada. A tipologia mais comum de se encontrar é a de piso térreo, sendo a frequência do segundo piso em menor quantidade (George, Gomes e Antunes, 2004, p. 188).

Habitação – a casa é de rés do chão com seis divisões e quintal. Nêste tem o celeiro, a casa do forno, uma cabana para os animais e a pocilga com dois porcos – o que é antigiénico e causa muita vêz mau cheiro.

A casa é feita de cal e pedra e o chão de ladrilho.

A cozinha é o maior de todos os compartimentos. Tem a porta que dá para a rua e que está sempre aberta. Todos os quartos têm janela excepto um. A dispensa também não tem.

O mobiliário é pouco. Na cozinha vemos a clássica cantareira com pratos grandes e pequenos, sendo alguns antigos; dois tachos de arame e pouco mais cousas. Há uma mesa grande e outra pequena, quatro cadeiras, uma grande com meia duzia de peças de esmalte – com trem de cozinha, umas panelas de barro e um lavatório.

Na salinha encontramos: a máquina de costura, uma prateleira com alguma louça, duas cadeiras e uma mala.

No quarto dos pais: um leito para casal, de ferro, uma arca grande, uma mesa, uma cadeira e uma mala. Os outros dois quartos têm cada um o seu leito – só para uma pessoa – duas cadeiras e umas arcas. (Neves, 1941, p. 35, 39)

No que diz respeito à Zona 5, Alentejo, são múltiplos os aspectos construtivos próprios da região, diferindo na sua localização geográfica dado o facto de se encontrarem ou não nesse local (ou próximo) esses mesmos materiais.

Enquanto ponto comum de todos, a cal enquanto revestimento é um material marcante na habitação alentejana o “pencel”, objecto em muito semelhante a uma vassoura, e o pote de cal constituem ainda objectos presentes na habitação alentejana. Por outro lado,

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o tijolo enquanto material possui também um importante peso na região, sendo o seu fabrico artesanal (George, Gomes e Antunes, 2004, p. 153, 154) como é possível observar pela Ilustração 11 e Ilustração 12.

Ilustração 11 – “Fabrico de tijolo”. (Ordem dos Arquitectos, Ilustração 12 – Fabrico de Tijolo nos dias de hoje. (Ilustração 1955c). nossa, 2016).

A taipa é também uma técnica construtiva frequente de encontrar ao longo do Alentejo, sendo esta uma argamassa composta por brita, grãos de areia e argila, sendo a ultima o material ligante. Esta difere de região para região estando a sua execução anexa à experiência de quem a fabrica, no entanto, encontra-se dependente do local onde se encontra, dado o facto de não ser possível encontrar em todo o Alentejo material constante para o seu fabrico, assim as suas proporções diferem consoante a sua localização. Por ser um material de origem natural, incombustível e isotérmico a sua aplicação no ramo da construção alentejana depende de uma volumetria plana. Assim as paredes das habitações edificadas com este material variam de espessura entre 0, 45 m a 0,70 m (George, Gomes e Antunes, 2004, p. 153, 154).

No caso de existência de vãos, os cunhais e o guarnecimento dos vãos são ambos executados em alvenaria de tijolo, e as paredes interiores construídas em tijolo.

No caso dos pavimentos, a habitação alentejana utiliza o ladrilho para esta função com dimensões que variam de 0,30 x 0,80 x 0,35 e 0,30 x 0,15 x 0,35 a 0,004. Se a habitação for em piso térreo, a aplicação do ladrilho é feita directamente em cima de terra batida recorrendo a argamassa de cal e areia. Em habitações modestas o ladrilho encontra-se sob a forma de quadrados, e no caso de habitações menos modestas encontra-se ladrilho rectangular (George, Gomes e Antunes, 2004, p. 158, 159).

O uso da madeira é também frequente no Alentejo sendo utilizada para travejamento de telhados, guarnições de vãos e ainda para construção de estrados para assentar pavimento (George, Gomes e Antunes, 2004, p. 171).

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Por ultimo encontra se a aplicação de materiais diversos como é o das canas, as quais, justapostas formam uma câmara de ar ao nível da cobertura, substituindo o forro e a ripa da cobertura (George, Gomes e Antunes, 2004, p. 173).

No gráfico (Ilustração 13) que se segue é possível observar a evolução do numero de fogos nas Freguesias de Galveias e Ponte de Sor.

Ilustração 13 - Número de fogos em Galveias e Ponte de Sor. ([adaptado a partir de:] (Silva, Abril 2014g); Milheiras 1997 p. 266 ; Andrade, 2010, p. 68, 158).

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Tabela 1 - Numero de fogos no tempo de D. João III. Tabela 2 - Tabela relativa ao numero de fogos no ano de 1867.

Localidade Fogos Freguesias Fogos Vila de Alter do Chão 578 Ponte de Sor 584

Vila de Arronches 717 Galveias 365

Vila de Avis 320 Avis 319 Vila de Campo Maior 632 Aldeia Velha 92

Vila de Castelo de Vide 885 Benavila 127

Vila do Crato 391 Montargil 416 Cidade de Elvas 1.916 Valongo 73

Vila de Fronteira 488 Seda 139 Vila do Gavião 32 Chancelaria 232

Vila de Marvão 363 Margem 160 Vila de Monforte 660 Atalaia 110

Vila de Nisa 295 Gavião 441

Vila de Ponte do Sor 27 Alvéga 543 Vila de Portalegre 1.224 S. Facundo 210

Total: 8528 Bemposta 199

Fonte: Adaptada a partir de (Andrade, 2010, p. 68). Total: 4.010 Fonte: Adaptada a partir de (Andrade, 2010, p. 158).

Os habitantes do Concelho de Ponte de Sor segundo Neves (1941, p. 11) são gente alentejana, gente conhecida pelo seu lado hospitaleiro, forte e trabalhador. Desde cedo se tornou, nestas vastas paisagens, um local de passagem, e por assim se caracterizar num local esplendido relativamente à sua localização geográfica , aqui assentaram pessoas vindas de todas as partes do país, segundo Neves (1941, p. 11) esta é constituída por povoação das Beiras.

Os homens assumiram um papel importante na sociedade, nos lugares administrativos e na política; na família, partilharam a responsabilidade do sustento do lar com as mulheres nas saídas diárias para os trabalhos nos campos. Todos juntos, os homens e as mulheres do concelho de Ponte de Sor, ergueram com a sua História e pelas suas épocas uma terra de paz e de prosperidade. (Carapinha, 2012, p. 259, 260)

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Ilustração 14 – “Família convidada para um casamento. Ilustração 15 – “Trabalhador rural”, Constantino. (Mata et al., Longomel, anos 1950”. (Mata et al., 2012, p. 269). 2012, p. 128).

No gráfico que se segue (Ilustração 16), é possível observar a evolução do número de habitantes no Concelho de Ponte de Sor e nas Freguesias de Montargil, Ponte de Sor e Galveias.

Ilustração 16 - Número de habitantes do Concelho de Ponte de Sor. ([adaptado a partir de:] (Silva, Abril 2014g) ; Neves, 1941 p. 10, 11 ; Velez Milheiras, 1997, p. 266).

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Tabela 3 - Tabela relativa ao numero de habitantes em 1867. Tabela 4 - Numero de habitantes em 1950.

Freguesias Habitantes Concelho População Ponte de Sor 2311 Ponte de Sor 21.937

Galveias 1419 Elvas 29.969

Avis 1300 Avis 9.365

Aldeia Velha 394 Nisa 19.920

Benavila 537 Monforte 8.295

Montargil 1802 Portalegre 28.074 Valongo 344 Alter do Chão 9.553

Seda 533 Crato 9.973

Chancelaria 952 Arronches 7.280

Margem 594 Gavião 11.023

Atalaia 438 Sousel 11.702

Gavião 1721 Castelo de Vide 7.178

Alvéga 2009 Fronteira 7.808

S. Facundo 850 Campo Maior 10.064

Bemposta 933 Marvão 8.290

Total: 16.137 Total: 194.431

Fonte: Adaptada a partir de (Andrade, 2010, p. 158). Fonte: Adaptada a partir de (Andrade, 2010, p. 49).

4.1.1. PONTE DE SOR

Procede-se em seguida à comparação entre Ilustrações de épocas passadas e Ilustrações dos dias de hoje, relativamente ao edificado da antiga Rua Grande actualmente designada de Rua Vaz Monteiro.

De acordo com Primo Pedro da Conceição Freire d´Andrade (2010, p. 139, 140) esta é a Rua mais antiga de Ponte de Sor, a qual deverá ter tido o nome inicial de Rua Direita, nome comum atribuído a ruas que davam entrada e saída das povoações que atravessavam. O seu nome fora então alterado para Rua Grande, em parte pela sua dimensão como também pela sua importância, fora em 1911 novamente alterado o seu nome para Rua do Comércio e novamente alterado o seu nome para Rua Vaz Monteiro, nome que ainda hoje se mantem, embora tenha existido uma nova mudança para Rua do Comércio, e novamente para Rua Vaz Monteiro.

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Recorrendo a uma análise comparativa entre a Ilustração 17 a Ilustração 18 e a Ilustração 19 comparativamente com a Ilustração 20, é possível observar ao fundo na lateral esquerda das mesmas, o edifício onde hoje se encontram as Galerias Pinheiro, um edifício facilmente identificável pela Ilustração 19 com a sua cobertura de quatro águas.

De acordo com Dr.ª Ana Isabel Coelho Silva (vide Apêndice B) este edifício pertenceu noutros tempos à família Goes e fora edificado nos finais do século XIX mais concretamente entre 1877 e 1878, o qual veio a ser construído em lugar de um outro que aqui existia denominado de Solar dos Menezes, pertencente à família Menezes, a mesma que possuía o morgado de Ponte de Sor. O Solar terá sido então demolido pelos novos proprietários, e construído o edifício que hoje ainda lá se encontra e que é visível nas quatro Ilustrações.

Anexo a este, existia um outro de dimensões mais reduzidas, o qual albergava o Posto dos Correios de Ponte de Sor, ou Posto de Telégrafo-Postal de Ponte de Sor, o qual é ainda visível na Ilustração 17 e Ilustração 19. Nos dias de hoje esse edifício já não existe, por ter sido demolido aquando do alargamento da antiga Estrada da Estação, actual Avenida da Liberdade, sendo ainda possível observar na fachada lateral do edifício Goes o contorno do edifício e da sua cobertura.

Ilustração 17 – “Rua Vaz Monteiro”. (Mata et al., 2012, p. 43). Ilustração 18 - Rua Vaz Monteiro nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016).

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Ilustração 19 – “Antiga Rua Grande (Actual Rua Vaz Monteiro)”, Ilustração 20 - Antiga Rua Grande (Actual Rua Vaz Monteiro) 1894. (Mata et al., 2012, p. 42). nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016).

Analisando a Ilustração 21 com a Ilustração 22, é possível observar algumas alterações ao nível do edificado. Na Ilustração 21 é possível observar a empena lateral do edifício da Família Vaz Monteiro edificado em finais do século XIX, o qual não possuía o torreão que hoje é visível pela Ilustração 22 de acordo com Dr.ª Ana Isabel Coelho Silva (vide Apêndice B).

Ilustração 21 – “Rua Vaz Monteiro”, 1930?. (Mata et al., 2012, Ilustração 22 - Rua Vaz Monteiro nos dias de hoje. (Ilustração p. 46). nossa, 2016).

Através da comparação entre a Ilustração 23 com a Ilustração 24, e da Ilustração 25 com a Ilustração 26 identifica-se na lateral esquerda das quatro Ilustrações o local onde hoje se encontra um parque de estacionamento visível na Ilustração 24 bem como na Ilustração 26. De acordo com Dr.ª Ana Isabel Coelho Silva (vide Apêndice B) este local onde noutros tempos existia o Largo do Pelourinho, dada a existência de um neste local o qual fora desmantelado e as suas pedras vendidas em parte, e as restantes utilizadas

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na construção da cadeia, existente no piso térreo do edifício dos Passos do Concelho, local a partir da qual as quatro Ilustrações foram tiradas. Este fora então desmantelado e aqui foi edificado o Hotel Canha como é visível através da Ilustração 23, o qual dividia a actual Rua de Olivença em duas Ruas, estando o Hotel no eixo entre as duas. Uma das Ruas fazia seria então do edifício A. B. Carvalho (identificável através da Ilustração 24, Ilustração 25 e Ilustração 26 na lateral esquerda das mesmas) até ao Hotel Canha, e a outra seria do Hotel Canha até ao edifício dos Passos do Concelho, sendo na Ilustração 23 a rua mais próxima do canto inferior esquerdo. Anos mais tarde (não tendo sido possível identificar com exatidão a época) o Hotel fora demolido e foi então construído um Posto da Policia de Viação e Transito como é possível observar pela Ilustração 25 no canto inferior esquerdo da mesma. Este fora então demolido e no local onde este se encontrava, foi então construído o parque de estacionamento que hoje é possível encontrar neste local (vide Apêndice B).

Numa análise comparativa entre a Ilustração 25 e a Ilustração 26 é possível identificar na lateral direita de ambas, o edifício que hoje funciona como Lar da Nossa Senhora do Amparo. De acordo com Dr.ª Ana Isabel Coelho Silva (vide Apêndice B), este edifício fora propriedade de D. Margarida Vaz Monteiro de Matos e Silva Camossa Saldanha, a qual possuía aqui a sua habitação particular. Esta doou em 1972 a sua habitação à Santa Casa da Misericórdia de Ponte de Sor, que aqui instalou o lar. De acordo com documentos presentes no Arquivo da Misericórdia de Ponte de Sor e segundo Dr.ª Ana Isabel Coelho Silva, este edifício enquanto habitação particular possuía três pisos e um sótão.

Como é possível observar através da comparação entre a Ilustração 25 e a Ilustração 26, o edifício sofreu um acrescento de um piso, alteração essa que é possível observar já na Ilustração 26 dos dias de hoje.

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Ilustração 23 – “Desfile da banda na Rua Vaz Monteiro”. (Mata Ilustração 24 - Rua Vaz Monteiro nos dias de hoje. (Ilustração et al., 2012, p. 176). nossa, 2016).

Ilustração 25 – “Rua Vaz Monteiro”, entre 1930 – 1970?. (Mata Ilustração 26 - Rua Vaz Monteiro nos dias de hoje. (Ilustração et al., 2012, p. 47). nossa, 2016).

Como é possível observar pela Ilustração 27 comparativamente com a Ilustração 28 nas quais é possível observar ao fundo do lado direito das mesmas, encontra-se o edifício dos passos do Concelho. Antes de este aqui existir, um outro havia sido edificado, o qual encontrava-se em ruinas em finais do século XIX e que mais tarde fora demolido para a construção deste que ainda hoje se encontra edificado e em boas condições como é possível observar pela Ilustração 28.

Também na Ilustração 27 comparativamente com a Ilustração 28, o mesmo edifício que hoje podemos encontrar, denominado de passos do concelho já existia em 1894 como é possível observar pela Ilustração 27 do mesmo ano tal como é dito por Dr.ª Ana Isabel Coelho Silva (vide Apêndice B).

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Ilustração 27 –“ Rua Vaz Monteiro”, 1894. (Mata et al., 2012, p. Ilustração 28 - Rua Vaz Monteiro nos dias de hoje. (Ilustração 45). nossa, 2016).

Analisando a Ilustração 29 de 1894 com a Ilustração 30 dos dias de hoje, é possível identificar um edifício que de acordo com Dr.ª Ana Isabel Coelho Silva (vide Apêndice B) funcionava como posto anti-sezonático, doença que afetava esta região dado o facto de existirem águas paradas no curso da ribeira do Sor, ribeira de Longomel e nos múltiplos campos de cultivo de arroz que aqui existiam, desta forma a propagação de sezões era feita pelo mosquito que aqui encontrava as condições ideais. Este mesmo posto anti-sezonático era fruto da criação de uma vasta rede de combate ao sezonismo em Portugal, encontrando se um em Ponte de Sor, identificável como sendo, relativamente à Ilustração 29 e Ilustração 30, o segundo edifício do lado esquerdo da antiga Rua Grande, hoje denominada de Rua Vaz Monteiro. Este edifício como é visível através da comparação entre ambas as Ilustrações sofreu um acrescento de um piso, sendo, no entanto, ainda possível identificar o mesmo dado o facto de este manter o traçado original que se encontra visível na Ilustração 29.

Mantendo ainda a comparação relativamente à Ilustração 29 com a Ilustração 30 alterando agora o lado da rua, passando assim para o lado direito de ambas as Ilustrações, é possível observar uma alteração significativa no edificado.

De acordo com Silva (2016) (vide Apêndice B) no lugar onde hoje se encontra o Lar Residencial da Ponte, edifício visível a branco junto à lateral direita da Ilustração 30, existiu um outro, edifício que possuía função de Hotel ou Pensão mandado construir por José Vaz Monteiro o qual ainda se encontrava em funcionamento no ano de 1930. Mais tarde este Hotel ou Pensão fora adaptado para um outro denominado de Pensão a Ponte o qual se encontrava em funcionamento em 1980 e posteriormente fora adaptado para o edifício que hoje encontramos no local, visível na Ilustração 30 (vide Apêndice B).

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Ilustração 29 – “Antiga Rua Grande (Actual Rua Vaz Monteiro)”, Ilustração 30 - Antiga Rua Grande (Actual Rua Vaz Monteiro) 1894. (Mata et al., 2012, p. 42). nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016).

O edifício retratado de seguida, pertenceu a Primo Pedro da Conceição Freire d’ Andrade1 tal como é visível na Ilustração 32, sendo este localizado na Rua Sacadura Cabral em Ponte de Sor, próximo do campo do tal como é visível na Ilustração 31.

Ilustração 31 - Mapa de localização da habitação de Primo Pedro da Conceição Freire d’ Andrade ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

1 Primo Pedro da Conceição Freire d’ Andrade, autor de Cinzas do Passado, secretário da Câmara Municipal de Ponte de Sor, proprietário da tipografia “Minerva Alentejana” e cofundador do Jornal “A Mocidade”. Pessoa que revelou grande interesse pela sua terra, Ponte de Sor, tornou-se curioso e autodidata, publicou textos em “Álbum Alentejano”, os quais foram mais tarde base fundamental para a criação de “Cinzas do Passado” (vide Apêndice B).

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Ilustração 32 - Legenda do projecto,1947. (Ilustração nossa, Ilustração 33 – Planta topográfica 1:1000, 1947. (Ilustração 2016). nossa, 2016).

Como é visível pela Ilustração 34 comparativamente com a Ilustração 36, a habitação fora projectada com o desenho de fachada representado na Ilustração 34, embora como é visível na Ilustração 36, esse mesmo desenho projectado não fora cumprido na construção da mesma.

Embora o desenho da porta e das janelas pudesse ter sido alterado há alguns anos, a moldura das janelas e da porta não apresenta quaisquer semelhanças com o que hoje se encontra visível.

A habitação apresenta um piso térreo e como é visível através da Ilustração 35, com 12,70m x 7,80 m, esta apresenta uma malha ortogonal bem definida, sendo a distribuição das divisões feita através de um corredor central o qual faz a ligação entre a porta principal e a porta das traseiras, sendo que a porta de entrada principal se encontra ao centro da fachada, rodeada por duas janelas as quais transmitem luz para o interior da habitação.

De acordo com a Ilustração 35, a habitação apresenta uma sala identificável na Ilustração com o numero 1, dois quartos identificáveis na legenda com o numero 2 e 3 sendo que um deles, o número 2 da Ilustração 35, não possui qualquer abertura à excepção de uma porta de acesso do corredor para o interior do mesmo, um varandim identificável na legenda com o numero 4, uma cozinha identificável na legenda com o numero 5, uma despensa identificável com o numero 6, e uma sala de jantar identificável com o numero 7.

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Ilustração 34 – Alçado de frente, 1947. (Ilustração nossa, 2016). Ilustração 35 – Planta do piso, 1947. (Ilustração nossa, 2016).

Ilustração 36 - Alçado principal da habitação de Primo Pedro da Ilustração 37 - Habitação de Primo Pedro da Conceição Freire Conceição Freire d' Andrade nos dias de hoje. (Ilustração nossa, d' Andrade nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016). 2016).

4.1.2. MONTARGIL

Passando agora para a Freguesia de Montargil e analisando a Ilustração 38 comparativamente com a Ilustração 39 ambas localizadas na Rua do Jardim, é identificável as habitações que existiam em 1970 e que hoje se encontram em muito semelhante nos dias de hoje.

Na lateral direita de ambas as Ilustrações é possível observar três habitações. A primeira, sendo a mais à direita de ambas as Ilustrações, apresentava-se com três vãos, porta, janela, porta, no ano de 1970. Nos dias de hoje surgem alterações na mesma, a qual apresenta ainda três vãos, embora agora estes seja, janela, janela, porta, sendo porém esta a única alteração visível na comparação entre as Ilustrações.

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Passando para a segunda habitação, esta apresentava-se em 1970 com um piso térreo e com apenas uma porta. Nos dias de hoje a mesma habitação apresenta mais um piso, e é visível pela Ilustração 39 o acrescento de mais vãos na fachada. Esta perdeu a sua caracterização enquanto habitação alentejana.

Analisando agora a terceira habitação, que como é visível pela Ilustração 38 de 1970 já contava com dois pisos (piso térreo e primeiro andar), o mesmo se mantém nos dias de hoje, sendo esta a que das três se mantivera igual ao que seria em 1970.

Ilustração 38 – “Rua do Jardim. Montargil, anos 1970”. (Mata et Ilustração 39 - Rua do Jardim nos dias de hoje. (Ilustração al., 2012, p. 69). nossa, 2016).

Numa análise comparativa entre a Ilustração 40 de 1920 e a Ilustração 41 dos dias de hoje, ambas na Rua do Comércio na Freguesia de Montargil, é possível observar pelas habitações na lateral esquerda que estas se mantêm num estado em muito semelhante ao que haviam sido no ano de 1920, porém, no extremo oposto da Ilustração, são múltiplas as alterações visíveis. Esta lateral, como visível na Ilustração 40, apresentava edifícios de habitação de piso térreo caracterizados pela existência de apenas portas neste troço, nos dias de hoje é notória a alteração dos mesmos, sendo agora possível observar pela Ilustração 41 a existência de edifícios descontextualizados com dois pisos (piso térreo e primeiro andar) sendo ainda visível a escala que a rua teria em 1920 na relação entre um habitante que atravessava a Rua do Comércio, e a escala que qualquer habitante terá ao atravessar a mesma Rua do Comércio nos dias de hoje.

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 63 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Ilustração 40 - “Actual Rua do Comércio, anteriormente Ilustração 41 - Actual Rua do Comércio anteriormente designada por Rua Direita e, mais tarde, por Rua Grande. designada por Rua Direita e mais tarde por Rua grande, nos Montargil, anos 1920”. (Mata et al., 2012, p. 62). dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016).

Analisando a Ilustração 42 comparativamente com a Ilustração 43 é possível observar ao nível do edificado, o reduzido numero de alterações neste troço da Rua da Misericórdia. É possível observar, no entanto, como é exemplo o edifício que se encontra na lateral esquerda de ambas as Ilustrações, a inversão das cores, embora a Ilustração 42 seja a preto e branco, é visível a cor predominante escura, e as decorações da fachada numa tonalidade clara, o inverso surge nos dias de hoje, como é possível observar pela Ilustração 43 onde a mesma habitação inverteu as cores. À semelhança desta, o mesmo se nota noutras habitações na Freguesia de Montargil.

Ilustração 42 – “Rua da Misericórdia, anos 1960”. (Mata et al., Ilustração 43 - Rua da Misericórdia nos dias de hoje. (Ilustração 2012, p. 64). nossa, 2016).

No caso comparativo entre a Ilustração 44 de 1950 e a Ilustração 45 dos dias de hoje, é visível ao nível de alterações arquitectónicas, que estas são mínimas, destacando apenas a alteração da cobertura do edifício que se encontra na lateral direita de ambas as Ilustrações e o desaparecimento da chaminé que existia neste edifício tal como é visível na Ilustração 44.

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 64 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Ilustração 44 – “Camioneta da carreira. Montargil, anos 1950”. Ilustração 45 - Vista do Cruzamento entre a Rua do Comércio, (Mata et al., 2012, p. 154). Rua da Misericórdia, Rua Primeiro de maio e a Rua Luís de Camões nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016).

Em comparação entre a Ilustração 46 e a Ilustração 47, é visível à semelhança das Ilustrações 42 e 43 anteriormente referidas, a alteração cromática nas habitações da Freguesia de Montargil, como é visível em ambas as Ilustrações 46 e 47 observando a habitação mais à direita da Ilustração 46 que apresentava uma tonalidade escura, dado o facto da Ilustração ser a preto e branco, embora nos dias de hoje a mesma habitação se encontrar no mesmo estado, sem alterações embora apresente uma tonalidade clara, neste caso um ocre.

Poderá observar-se também, dado o facto de ambas as Ilustrações terem sido fotografadas no Alto de São Sebastião, a diferença entre as habitações da Ilustração 46, que na sua grande maioria se apresentavam com um só piso térreo, e as habitações visíveis na Ilustração 47 onde se observa a existência de habitações com mais de um piso e a introdução de elementos decorativos na fachada do edifício à esquerda.

Ilustração 46 – “Alto de São Sebastião. Montargil, início do Ilustração 47 - Alto de São Sebastião nos dias de hoje. século XX”. (Mata et al., 2012, p. 64). (Ilustração nossa, 2016).

Por último em análise na Freguesia de Montargil, comparando a Ilustração 48 de 1950 e a Ilustração 49 dos dias de hoje, é possível observar à semelhança do referido anteriormente, em ambas as Ilustrações, nas habitações presentes na lateral esquerda, a inversão de cores em relação a ambas as Ilustrações.

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 65 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

À parte disso, são mínimas as alterações visíveis nas Ilustrações comparativas localizadas na Rua da Fonte.

Ilustração 48 – “Pavimentação em paralelepípedos de granito. Ilustração 49 - Rua da Fonte nos dias de hoje. (Ilustração Afonsas, Montargil, anos 1950”. (Mata et al., 2012, p. 63). nossa, 2016).

4.1.3. GALVEIAS

Recorrendo a uma análise comparativa entre a Ilustração 50 e a Ilustração 51 sendo a primeira de 1955 e a segunda dos dias de hoje, é possível observar a actual Rua Gilberto P. Varela. Como é possível observar pela ficha do I.A.P.P. presente na Ilustração 50, a mesma apresentava uma habitação com três contra-fortes, numa rua de habitações em ambos os lados demarcada pelas escadas, como visível na Ilustração 50, que faziam a ligação entre a Rua Joaquim Barradas de Carvalho, localizada na zona inferior de ambas as Ilustrações, e a Rua da Ladeira, ao topo das Ilustrações. Hoje essas escadas que faziam a ligação já não existem, como é possível observar pela Ilustração 51. A habitação encontra-se no mesmo estado que fora documentada em 1955, possuindo ainda os três contra-fortes a que a ficha do I.A.P.P. se refere, apresentando-se hoje com um embasamento sob a cor amarela, a qual não é visível na Ilustração 50, apesar de esta ser a preto e branco, seria visível um contraste entre a fachada e o dito embasamento.

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 66 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Ilustração 50 – “Casa com Três contra-fortes”. (Ordem dos Ilustração 51 - Ilustração 35 - Casa com Três contra-fortes nos Arquitectos, 1955b). dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016).

Analisando a Ilustração 52 comparativamente com a Ilustração 53, é visível na primeira, uma ficha de 1955 do I.A.P.P. a documentação de uma imagem de um edifício que apresentava uma placa na parte superior à verga da porta, alusiva a uma peixaria. Este método era frequentemente utilizado, dado o facto de grande parte da população ser analfabeta, utilizando-se assim simbologias e figuras que ilustravam o que ali se poderia adquirir. Foi possível identificar a mesma, graças à descrição por parte da população local da Freguesia de Galveias, que aqui garante ter sido a peixaria visível na Ilustração 52. A mesma apresenta nos dias de hoje uma habitação a qual já não possui a placa da peixaria, e apresentando ainda algumas alterações, como é exemplo a porta e o tipo de revestimento do edifício, como é visível na Ilustração 53.

Ilustração 52 – “Porta duma peixaria”. (Ordem dos Arquitectos, Ilustração 53 - Porta duma (antiga) peixaria nos dias de hoje. 1955e). (Ilustração nossa, 2016).

No que concerne ao Largo Comendador José Godinho de Campos Marques, que de acordo com Jerónimo Velez Milheiras (1997, p. 203) é o largo central e principal da Freguesia de Galveias. Este possuiu o nome original de Largo do Terreiro, mais tarde, após a implantação da república fora alterado para Largo 5 de Outubro, posteriormente

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 67 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

tornou ao nome original de Largo do Terreiro, e hoje apresenta-se como sendo o Largo Comendador José Godinho de Campos Marques desde 10 de Junho de 1967.

Comparando a Ilustração 54 com a Ilustração 55, o largo presenciou múltiplas alterações, sendo a maioria ao nível estético e decorativo de fachadas. Observando as Ilustrações mencionadas anteriormente, é possível observar no edifício encostado à esquerda de ambas as Ilustrações, que o mesmo ainda se encontra edificado no mesmo local, embora seja possível observar pela janela presente no primeiro piso, que esta perdera a sua dimensão, encontrando-se hoje numa escala de proporção diferente, e de frisar também que a mesma perdeu a padieira redonda e se encontra hoje com uma verga de nível.

Ainda observando o mesmo edifício, constata-se que o mesmo possuía elementos de adereço em reboco como é possível observar pela Ilustração 54, sendo que os mesmos já não são visíveis nos dias de hoje como é possível observar pela Ilustração 55.

No edifício que faz frente pela Rua da Ponte, o mesmo é possível observar, a diminuição de escala dos vãos, e a perda de elementos de adereço em reboco como é visível na Ilustração 54, o qual se encontra hoje revestido por azulejo como é possível observar pela Ilustração 55.

Ilustração 54 – “Rua da Ponte a partir do Largo Comendador Ilustração 55 - Rua da Ponte a partir do Largo Comendador José Godinho de Campos Marques”. (Mata et al., 2012, p. 54). José Godinho de Campos Marques nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016).

Analisando a Ilustração 56 comparativamente com a Ilustração 57 localizadas na mesma rua, denominada de Rua de Santo António. Possuiu noutros tempos, de acordo com Jerónimo Velez Milheiras (1997, p. 207, 208) a designação de Rua Boto Machado.

Como é visível pela Ilustração 56, as habitações presentes nesta rua eram compostas por uma porta e nada mais se apresentava na fachada, dada a sua reduzida dimensão,

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 68 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

assim como a presença da chaminé junto à fachada, a qual não permitia a existência de vãos. Por outro lado, nos dias de hoje é visível na Ilustração 57, as mesmas encontram- se nos dias mantendo ainda as portas, mas apresentando janelas bem como embasamentos coloridos, como é visível, sob as cores ocre, verde e azul, não sendo as mesmas visíveis na Ilustração 56, embora a preto e branco, esta não apresenta contraste entre a fachada e o pavimento, sugerindo que esse embasamento colorido não existiria, sendo apenas uma fachada caiada a branco.

Ilustração 56 – “Rua de Santo António”. (Mata et al., 2012, p. Ilustração 57 - Rua de Santo António nos dias de hoje. 55). (Ilustração nossa, 2016).

4.1.4. FOROS DO ARRÃO

Na Freguesia de Foros de Arrão, observando as Ilustrações 58, 59, 60 e 61 é possível observar um modelo de cariz arquitectónico, o qual parece ser repetido um pouco por todo o Concelho de Ponte de Sor.

Este apresenta-se em habitações com três vãos, duas janelas nos extremos e uma porta ao centro, tal como é visível pela Ilustração 58 e Ilustração 59 nas quais é possível observar habitações da Freguesia, encontrando-se estas na Rua José Régio.

Por outro lado, no caso da chaminé e consequentemente da cozinha se localizar numa divisão junto à fachada principal da habitação, torna-se impossível a abertura de um vão no local onde se encontra chaminé.

Assim o modelo altera-se, como é visível pela Ilustração 60 e Ilustração 61, as quais apresentam apenas dois vãos, janela, porta, e no lugar onde se encontraria o terceiro vão, janela, este não se encontra no local dado o facto de ali assentar a chaminé, impossibilitando a abertura do mesmo, tal como é possível observar pela Ilustração 60

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 69 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

e Ilustração 61 ambas habitações na Rua Catarina Eufémia na Freguesia de Foros do Arrão.

Ilustração 58 - Habitação típica na Rua José Régio. (Ilustração Ilustração 59 - Habitação típica na Rua José Régio. (Ilustração nossa, 2016). nossa, 2016).

Ilustração 60 - Habitação típica na Rua Dona Clotilde. Ilustração 61 - Habitação típica na Rua Catarina Eufémia. (Ilustração nossa, 2016). (Ilustração nossa, 2016).

4.1.5. TRAMAGA

À semelhança do referido anteriormente, o mesmo é possível observar na Freguesia de Tramaga a qual apresenta edifícios típicos como os que anteriormente foram referenciados sendo, no entanto, uma minoria visto aqui se encontrarem múltiplas habitações construídas recentemente recorrendo a betão, perdendo assim as técnicas e os traçados originais que estes locais possuíam noutros tempos.

Não tendo sido possível encontrar Ilustrações de épocas passadas, procede-se à análise do que hoje se encontra edificado.

Como é possível observar pelas Ilustrações 62 a 65, é possível observar edifícios que ainda apresentam o modelo de habitação alentejano de três vãos, janela, porta, janela, e no caso de existência de chaminé numa divisão junto à fachada principal, um dos vãos

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 70 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

janela desaparece como é possível observar pela Ilustração 62 e Ilustração 63 as quais apresentam habitações localizadas na Rua Principal na Freguesia de Tramaga.

Assim pela análise da Ilustração 64 e Ilustração 65, é visível a aplicação deste modelo nas habitações que figuram em ambas as Ilustrações localizadas na Travessa Dona Maria na Freguesia de Tramaga.

Ilustração 62 - Habitação na Rua Principal nos dias de hoje. Ilustração 63 - Habitações na Rua Principal nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016). (Ilustração nossa, 2016).

Ilustração 64 - Habitações na Travessa Dona Maria nos dias de Ilustração 65 - Habitações na Travessa Dona Maria nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016). hoje. (Ilustração nossa, 2016).

4.1.6. VALE DE AÇOR

No caso da Freguesia de Vale de Açor, e numa análise comparativa entre a Ilustração 66 de 1955 do I.A.P.P. e a Ilustração 67 dos dias de hoje, é patente um módulo de construção tradicional do Alentejo.

As habitações correspondentes à Ilustração 66 e Ilustração 67 encontram-se na Rua 1º de Dezembro possuindo como marca própria, e sendo esta identificada na ficha do I.A.P.P., o facto de existirem bancos na fachada principal das habitações. Assim, estes bancos ou poiais, designação popular para os mesmos, são um dos elementos

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 71 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

arquitectónicos que marcam estas habitações, os quais perduram nos dias de hoje, embora estas se encontrem em mau estado de conservação.

Ilustração 66 – “Casa com bancos à entrada”. (Ordem dos Ilustração 67 - Casa com bancos à entrada nos dias de hoje. Arquitectos, 1955a). (Ilustração nossa, 2016).

Analisando de seguida a Ilustração 68 comparativamente com a ilustração 69, e à semelhança das Ilustrações 52 e 53 em Galveias, é visível na Ilustração 68 um objecto suspenso por cima da verga da porta, no caso em apreço uma navalha de barbeiro. Mais uma vez, à semelhança da Ilustração 52 de Galveias, era frequente o uso de objectos, placas ilustrativas ou outros motivos simbólicos alusivos à venda de produtos ou prestação de serviços, dado o facto de grande parte da população ser analfabeta, e se encontrar deste modo uma forma de simples identificação do serviço prestado ou do produto em venda, neste caso sendo uma porta de um barbeiro.

Com o auxilio, uma vez mais, da população, foi possível identificar o local onde se encontraria a porta do barbeiro que em 1955 prestava serviço em Vale de Açor. Nos dias de hoje o barbeiro já não se encontra em funcionamento e o local onde este exercia a profissão fora adaptado para uma habitação que é possível encontrar, tal como se observa na Ilustração 69, apresentando o vão que outrora servia de entrada para a barbearia, e que hoje fora transformado em janela da habitação que hoje se encontra no local, apresentando diferenças visíveis nas Ilustrações, ao nível de telha, cor, reboco e a introdução de cabos eléctricos na fachada.

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 72 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Ilustração 68 – “Pormenor de porta de barbeiro”. (Ordem dos Ilustração 69 - Pormenor de porta de (antigo) barbeiro nos dias Arquitectos, 1955d). de hoje (janela). (Ilustração nossa, 2016).

Numa análise à Ilustração 70 comparativamente com a Ilustração 71 é possível observar algumas alterações correspondentes ao troço visível nas Ilustrações da Rua 1º de Dezembro. Assim é possível observar na lateral esquerda da Ilustração 70 múltiplas edificações habitacionais as quais possuíam apenas um piso térreo, as quais, já na Ilustração 71 dos dias de hoje, apresentam-se já em alguns casos com a adição de mais um piso. Por outro lado, na lateral esquerda de ambas as Ilustrações, é visível alterações como é o caso da habitação encostada à margem esquerda de ambas as Ilustrações, a qual sofreu já alterações profundas, tendo sido demolida a inicial a qual pelo que é visível na Ilustração 70 presentava-se de um só piso com a adição de um forno exterior, que nos dias de hoje se apresenta completamente alterada e sem a presença do forno, como é possível observar pela Ilustração 71.

Ilustração 70 – “Rua 1.º de Dezembro. Vale de Açor, anos Ilustração 71 - Rua 1.º de Dezembro nos dias de hoje. 1940”. (Mata et al., 2012, p. 60). (Ilustração nossa, 2016).

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 73 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Fazendo agora uma análise às Ilustrações 72 e 73 ambas da Rua 1º de Dezembro na Freguesia de Vale de Açor, é possível identificar na lateral direita das mesmas, as habitações anteriormente referidas, Ilustração 66 e Ilustração 67.

Como é possível observar pela Ilustração 72, e sendo esta de 1990, esta zona já sofrera várias alterações, como é o caso das habitações referidas, que se prolongavam até ao fim da praça que aqui se encontra, e que até agora já sofreram múltiplas alterações, tendo sido ampliadas, crescendo em altura, como é o caso de uma delas, e até tendo outras sido demolidas.

Ilustração 72 – “Rua 1.º de Dezembro. Vale de Açor, anos Ilustração 73 - Rua 1.º de Dezembro nos dias de hoje. 1990”. (Mata et al., 2012, p. 60). (Ilustração nossa, 2016).

4.1.7. LONGOMEL

Por último, procede-se à análise das habitações presentes na Freguesia de Longomel, de referir o facto de não ter sido possível encontrar fotografias de épocas passadas, procedendo-se a uma análise do edificado existente nos dias de hoje.

Aqui também se verifica o modelo anteriormente referido de três vãos, janela, porta, janela, ou no caso de presença de cozinha numa divisão junto à fachada, apenas dois vãos, janela e porta tal como é possível observar este último pela Ilustração 75, Ilustração 76 e Ilustração 77.

Por outro lado, encontra-se na Travessa das Espadinhas na Freguesia de Longomel, um complexo de edifícios de habitação em estado de ruínas, local onde se encontra o edifício figurado na Ilustração 74, o qual mostra a composição das paredes, o seu revestimento de acabamento, o vão também em corte, cobertura em telha, e na sua fachada bancos, ou poiais, à semelhança dos referidos anteriormente na Freguesia de Vale de Açor.

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 74 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Ilustração 74 - Habitação típica na Travessa das Espadinhas. Ilustração 75 - Ilustração 61 - Habitação típica na Rua Manuel (Ilustração nossa, 2016). Nunes Marques Adegas. (Ilustração nossa, 2016).

Ilustração 76 - Habitação típica na Rua Manuel Nunes Marques Ilustração 77 - Habitação típica na Avenida da Marginal. Adegas. (Ilustração nossa, 2016). (Ilustração nossa, 2016).

4.1.8. BREVES CONSIDERAÇÕES RELATIVAS A HABITAÇÕES NO CONCELHO DE PONTE DE SOR

Numa análise ao edificado habitacional do Concelho de Ponte de Sor, observa--se ainda a existência de habitação tradicional, como foi referido anteriormente, as quais apresentam-se segundo o modelo de três vãos, janela, porta, janela, sendo este aplicado nos casos em que a divisão correspondente à cozinha não se encontra encostada à fachada, ou no caso da chaminé se encontrar nas traseiras ou lateral da habitação.

Por outro lado, a existência da variável onde surge a chaminé na fachada, alterando assim o modelo de três vãos, para apenas dois, janela, porta, abdicando da última janela por neste local se encontrar a chaminé e consequentemente se encontrar encostada à fachada pelo lado interior a divisão correspondente à cozinha.

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 75 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Embora se tenha verificado um grande numero de habitações onde este possível modelo se enquadra, não é possível afirmar o mesmo, deixando assim a questão em aberto, se existirá efectivamente este modelo.

4.2. EDIFÍCIOS RELIGIOSOS

4.2.1. PONTE DE SOR

Ponte de Sor, enquanto paróquia, esteve ligado à Sé da Guarda, através da doação feita por D. Fernando aquando da sua visita à Vila de Elvas a 25 de Janeiro de 1375. Nesta altura o Bispo da Guarda recebia da comenda de Ponte de Sor 16.000 reis anualmente, facto que decorreu até à criação da Diocese de Portalegre, Diocese de Elvas e a Diocese de Abrantes, mandadas criar por D. João III em 1550 por bula do então Papa, Paulo III a 21 de Agosto de 1549, a partir de então passou a pertencer à Diocese de Abrantes.

A Primeira Igreja a ser construída em Ponte de Sor fora a Antiga Igreja Matriz edifício que já não existe, mas que se sabe ter sido edificado no actual largo do Município.

Só anos mais tarde, no tempo de D. Pedro II, é que foram edificadas as Capelas de Santa Maria Madalena, a de S. Pedro e a de Santo António todas fora da vila de Ponte de Sor, e todas elas construídas por iniciativa própria da população embora hoje já não se encontram edificadas.

Encontram-se hoje edificados em Ponte de Sor a Igreja Matriz (Igreja Nova), a Capela de São Pedro e a Capela do Senhor das Almas (Andrade, 2010, p. 124-127) Ilustração 78.

De referir a existência de obras religiosas não produzidas enquanto arquitectura popular, sendo no entanto, exemplos de grande impacto para os vários locais e para a população, tendo sido feito o levantamento das mesmas para futura referência e abordagem.

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 76 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Ilustração 78 - Mapa de localização dos Edifícios Religiosos de Ponte de Sor ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

Antiga Igreja Matriz

A Antiga Igreja Matriz tal como referido já não existe, no entanto é ainda possível descrever com alguma exatidão o local onde esta se localizava, que seria onde hoje se encontra o Largo do Município mais precisamente no local onde hoje podemos ver o monumento a Dr. Felicíssimo tal como patente na Ilustração 79, Ilustração 80 e Ilustração 81.

Ilustração 79 – Mapa de localização da antiga Igreja Matriz ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

Era um edifício sóbrio, com dois corpos de fraca Arquitectura. A parte da frente, de maior altura, com porta larga, e por cima desta um óculo para dar claridade ao coro. Ao lado esquerdo, em baixo, o baptistério. Na Frontaria, à esquerda, uma torre sineira. A Igreja estava virada a poente.

O segundo corpo do edifício, isto é, a parte do altar-mor, era mais baixo, tendo à direita a sacristia. (Andrade, 2010, p. 127)

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 77 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Ilustração 80 - Largo do Município, local de implantação da Ilustração 81 - Largo do Município, local de implantação da antiga Igreja Matriz nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016). antiga Igreja Matriz nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016).

Construída no interior das velhas muralhas, sendo esta a denominação popular para designar a cerca que não chegou a ser concluída e cujo perímetro não é possível de reconhecer, esta não foi ainda possível de descrever com precisão o seu ano de construção, no entanto o documento mais antigo que se refere a esta igreja data do ano de 1359. Esta começou a ser demolida no dia 12 de Setembro de 1887. (Andrade, 2010, p. 127, 128).

Capela de S. Pedro

Esta capela terá sido construída por volta do tempo de D. Pedro II ou um pouco antes pois havia sido referida em 1707 em “Corografia Portugueza”.

Localiza-se fora da vila, especificamente na parte sul de Ponte de Sor, num largo junto ao Rossio, denominado noutros tempos de largo de São Pedro como é possível observar na Ilustração 82, nome atribuído a este pela localização junto à capela com o nome do Santo (Andrade, 2010, p. 128,129).

Ilustração 82 – Mapa de localização da Capela de S. Pedro ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

Esta é composta por uma só nave, interiormente dividida em dois corpos sendo o primeiro (segundo vestígios) um alpendre com um arco de cada lado e o segundo a

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 78 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

própria capela. Possui um único altar e por cima deste encontram-se colunas de alvenaria adornadas com torcidos terminando em arco, estas fechadas com pinturas de flores. O segundo corpo possui uma entrada em forma de arco culminando num tecto abobadado, em concordância com (Ponte de Sor. Câmara Municipal, 2015f).

Ilustração 83 - Capela de S. Pedro nos dias de hoje. (Ilustração Ilustração 84 – Alçado Lateral da Capela de S. Pedro nos dias nossa, 2016). de hoje. (Ilustração nossa, 2016).

A frente volta-se para Norte com a entrada feita por uma porta larga com ombreiras de cantarias de granito. Tem também cunhais2 na frontaria também eles em granito, mas revestidos por cal.

Possui também um campanário localizado na parte superior do frontispício (Andrade, 2010, p. 128,129).

No presente momento a Capela de S. Pedro apresenta-se em boas condições, no entanto não é possível observar se existiram alterações, por falta de Ilustrações antigas (Ilustração 83 e 84).

Capela do Senhor das Almas

Este monumento religioso encontra-se na Vila de Ponte de Sor e é a capela de menores dimensões existente neste local.

Esta localiza-se no Largo do Senhor das Almas, um largo de dimensões reduzidas como é possível observar na Ilustração 85. Desconhece-se a data da sua criação, sendo no entanto anterior à construção da capela de Santo António, capela de S. Pedro e capela de Sta. Maria (Andrade, 2010, p. 131).

2 Quinais segundo Andrade (2010 p. 128)

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 79 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Ilustração 85 - Mapa de localização da Capela do Senhor das Almas ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

Ilustração 86 - Capela do Senhor das Almas nos dias de hoje. Ilustração 87 – Alçado frontal da Capela do Senhor das almas (Ilustração nossa, 2016). nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016).

É muitas vezes chamada pelos habitantes de capela de S. João, por neste local se realizar por altura dos santos populares os arraiais em seu louvor.

Está voltada a Norte, e possui, apesar da sua reduzida dimensão, um tecto em abóbada ornamentado.

No centro do frontispício possui a inscrição:

“Ó vós todos que ides passando / Lembrai-vos de nós, Pois nós sofrendo / Por vós esperando. “

(Andrade, 2010, p. 131) Trata-se de uma capela de planta bastante simples com dimensões bastante reduzidas, criada no século XIX, apresentando um portal recto rodeado por duas pilastras acompanhadas de um frontão contracurvado com decoração simples, apresentando acrotérios de alvenaria nas extremidades.

No interior, apresenta um altar em alvenaria com um nicho em baixo-relevo que se encontra em mau estado de conservação sendo, no entanto ainda visível os temas das almas no Purgatório.

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 80 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Estão aqui representadas as figuras de Nossa Senhora da Ascensão e a de São Francisco de Assis, seguidos de dois anjos que seguram um coração e dentro deste surge a figura de Cristo.

Apresenta um tecto abobadado decorado em estuque (Ponte de Sor. Câmara Municipal, 2015h).

Encontra-se em boas condições como é possível observar pelas Ilustrações 86 e 87, num local movimentado onde é muita a circulação automóvel. Não é possível observar se existiu algum tipo de alteração nesta capela por falta de Ilustração antiga.

Igreja Nova

É a actual Igreja Matriz, e de todas as outras é a que possui maiores dimensões.

Está localizada junto aos Passos do Concelho como é possível observar na Ilustração 88, local escolhido pela Câmara Municipal em 1885.

Ilustração 88 - Mapa de localização da Igreja Nova ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

A construção desta Igreja começou no dia 10 de Outubro de 1887, visto que a Igreja Velha fora destruída um mês antes a 12 de Setembro.

Possui uma planta com características fora do comum, idealizada pelo antigo professor da Escola Industrial de Portalegre, Ângelo Coelho.

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 81 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

A sua construção fora bastante demorada pelo que se arrastou por dezasseis anos devido a falta de verbas (Andrade, 2010, p. 132-136).

Ilustração 89 - Igreja Matriz, 1930?. (Mata et al., 2012, p. 77). Ilustração 90 - Igreja Nova (actual Igreja Matriz) nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016).

Ilustração 91 – “Passagem de uma manifestação pela Avenida Ilustração 92 - Vista da Avenida da Liberdade para a Igreja da Liberdade durante o PREC (Período Revolucionário Em Nova (actual Igreja Matriz) nos dias de hoje. (Ilustração nossa, Curso)”, 1970. (Mata et al., 2012, p. 235). 2016).

Foi nela construída uma torre que possuía o único relógio público instalado em 1886.

A entrada está virada a Oriente e possui apenas uma nave com um tecto em abóbada pintado com a imagem do orago da freguesia, S. Francisco de Assis e ainda pinturas representativas de S. João de Deus, Santo António, Rainha Santa Isabel e beato Nuno de Santa Maria, possuindo nas laterais pequenas janelas, facto que ao contrário da maioria dos templos religiosos lhe confere bastante luz no seu interior (Andrade, 2010, p. 132-136).

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 82 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Este edifício religioso apresenta-se com traços neogóticos nos quais a fachada é demarcada pela torre sineira culminando num coruchéu octogonal como visível nas Ilustração 89 e 90.

Possui três corpos, no primeiro onde se encontra o corredor que dá acesso à nave, inclui ainda o guarda-vento possuindo este um vitral em homenagem a S. Francisco de Assis e mais ainda o batistério na lateral esquerda. O segundo corpo é onde se encontra a parte central da Igreja, surgindo duas capelas laterais de estilo barroco-joanino da primeira metade do século XVIII, os quais deverão ter sido transferidos para aqui provenientes da antiga Igreja Matriz. Por fim, o terceiro corpo onde se encontra a capela- mor, local de culto no qual se encontram as imagens de Cristo ao centro, de São Francisco de Assis e de Nossa Senhora dos Prazeres nas laterais.

O tecto da Igreja Matriz de Ponte de Sor é abobadado, decorado com frescos datados de 1959 (Ponte de Sor. Câmara Municipal, 2015n).

Na capela-mor encontra-se a inscrição:

Esta capela-mor que o Pe. Joaquim José de Freitas ampliou em 1942, foi nesse ano dotada do actual altar e tribuna que a Exma. Senhora D. Margarida Vaz Monteiro Camossa Saldanha custeou e decorada em 1952 a expensas de sua mãi, Senhora Comendadeira Dona Margarida Vaz Monteiro e Silva (Andrade, 2010, p. 135,136)

A Igreja Matriz encontra-se actualmente em obras, na reformulação dos Passos do Concelho. Em termos de Conservação, encontra-se em bom estado tanto interior como exterior como é visível na Ilustração 89 comparativamente com a Ilustração 90, bem como a Ilustração 91 comparativamente com a Ilustração 92.

4.2.2. MONTARGIL

A Freguesia de Montargil tem origem nas primeiras épocas da monarquia Portuguesa, sendo esta região fundada por D. Diniz em 1315 (Neves, 1941, p. 10).

Montargil sentiu um aumento da sua população entre a segunda metade do século XIII e meados do século XIV, pelos mais variados motivos, desde o aumento das trocas comerciais, à melhoria dos transportes e acessos, até ao aumento da produção agrícola, este aumento populacional sentiu-se não só na região de Montargil, como também um pouco por Portugal de Norte a sul.

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 83 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Dado os factos, foi notório o desenvolvimento da região de Montargil, neste sentido é visível o património edificado na Freguesia de Montargil, em especial o património religioso.

Assim, surgem Igrejas como a Matriz, datada de finais do século XVI tendo esta sofrido múltiplas alterações no decorrer do século XVIII, a Capela de Santo António, A Igreja da Misericórdia, a Capela de São Sebastião, a Capela de São Pedro, a Capela do Senhor das Almas e ainda a Capela da Farinha Branca (Ponte de Sor. Câmara Municipal, 2015p).

Património que perdura ao longo dos tempos, e que é aqui tratado e comparado segundo informações históricas e fotografias comparativas entre o tempo que já passou e o que hoje vivemos.

Assim encontramos a Igreja Matriz retratada, a Capela de Santo António, a Igreja da Misericórdia, a Capela de São Sebastião, a Capela de São Pedro, a Capela do Senhor das Almas e a Capela da Farinha Branca tal como é possível observar a sua localização na Ilustração 93, embora nesta não surja a Capela da Farinha Branca por se localizar na povoação de Farinha Branca, um local fora do centro de Montargil.

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 84 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Ilustração 93 - Mapa de localização dos Edifícios Religiosos de Montargil ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

Igreja Matriz/Torre Sineira

A Igreja Matriz de Montargil, conhecida como Igreja Paroquial de Montargil, tem como padroeiro o Santo Ildefonso. Localiza-se numa das zonas mais altas da Freguesia mais concretamente no Largo da Igreja fazendo frente com a Rua da Misericórdia, a Rua do Comércio e a Rua São João de Deus, como visível na Ilustração 94, sendo esta uma construção da época medieval (Alves, 2011, p. 32).

Ilustração 94 - Mapa de localização da Igreja Matriz ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

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Ilustração 95 – “Igreja Matriz. Montargil, anos 1950”. (Mata et Ilustração 96 - Igreja Matriz nos dias de hoje. (Ilustração nossa, al., 2012, p. 79). 2016).

Trata-se de um edifício com planta em cruz latina de uma nave com uma torre à esquerda, tal como visível na Ilustração 97, com quatro olhais de volta perfeita e cúpula semi-esférica com um remate em coruchéu. É um edifício de cor branca com portal de verga recta em madeira onde se encontra por cima deste um janelão do coro com vitrais em cruz latina, sendo este antecedido por um adro que forma uma estrela de oito pontas e uma escadaria semi-circular com oito degraus em granito e uma rampa. Esta mesma estrela de oito pontas é repetida no tecto em madeira do vestíbulo, separado do corpo da igreja por um guarda-vento.

Possui um tecto ovoide datado do século XX em madeira pintada, e paredes revestidas a lambrim decorado com azulejos. Nos pavimentos, surgem mosaicos hidráulicos lisos e cinzentos, e na zona do baptistério surge de novo o padrão da estrela de oito pontas (Alves, 2011, p. 32-39).

Uma Igreja de finais do século XVI, tendo esta sofrido bastantes alterações nos séculos XVIII e XX.

No Interior é de destacar o estilo Rocaille, com decoração dedicada ao Santo Ildefonso, Arcebispo de Toledo. Na lateral do mesmo encontra-se um cruzeiro de granito mandado construir em 1950.

Nas traseiras da Igreja Matriz, existiu até ao século XX uma prisão, sendo que esta depois de desativada foi anexada à Igreja (Ponte de Sor. Câmara Municipal, 2015o).

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Tal como visível na Ilustração 95 e Ilustração 96 são poucas as alterações sentidas pela Igreja Matriz. Esta encontra-se tanto a nível exterior como interior em bom estado de conservação, e é de notar a afluência por parte da população a este templo religioso, o que o torna um elemento querido pela população.

Ilustração 97 - Planta da Igreja Paroquial, Vicente Miguel, 2011. (Alves, 2011, p. 33).

Capela de Santo António

Uma Capela localizada num dos pontos mais elevados desta região com acesso pela Rua Capitães de Abril tal como é possível observar na Ilustração 98, com uma agradável vista sobre a barragem de Montargil localizada nas proximidades, esta capela tão querida da população tem um sentido espiritual e pitoresco devido não só ao local onde se encontra como também à paz e tranquilidade do local de implantação (Alves, 2011, p. 40-43).

Ilustração 98 - Mapa de localização da Capela de Santo António ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

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Ilustração 99 – Capela de Santo António. (Oliveira, 2011). Ilustração 100 - Capela de Santo António nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016).

Ilustração 101 – “Implantação da Capela de Santo António na Ilustração 102 - Capela de Santo António nos dias de hoje. paisagem”, Ricardo Oliveira, 2011. (Alves, 2011, p. 40). (Ilustração nossa, 2016).

Apresenta uma planta rectangular, adaptada possivelmente a partir do primitivo nártex coberto, aberto para o exterior por dois arcos laterais tal como visível na Ilustração 103.

De acordo com Maria Alves (2011, p. 40) a planta centrada é de origem oriental e estará ligada a funções fúnebres ou baptismais, sendo possivelmente esta a única capela em Portugal que apresenta estas características.

Não existe qualquer dúvida que inicialmente esta capela era de planta circular e cúpula hemisférica, de influência helenística e oriental que tinha o objectivo de aumentar a mística dos fiéis pelo envolvimento que a estrutura circular comportava e oferecia. (Alves, 2011, p. 40).

Esta capela apresenta pinturas decorativas aplicadas sobre as paredes do altar-mor, sendo estas aplicadas sobre um revestimento tradicional à base de argamassa de cal e pó de mármore, funciona assim como uma camada de apresentação estética que tenciona imitar a mesma aparência dada pela pedra mármore.

Por outro lado, as paredes circulares possuem uma aparência de mármore branco, surgindo ainda do lado direito uma janela em trompe-l’oeil imitando assim a janela que se encontra no extremo oposto. Esta apresenta colunas torsas, decoradas com uvas, pássaros e outros elementos decorativos, fazendo assim uma possível ligação a um

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 88 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

efeito expressivo típico do período barroco. A capela foi alvo de uma intervenção com o objectivo de a preservar e conservar, sendo esta realizada em 2010. (Alves, 2011, p. 41,42)

A Capela de Santo António, é sem dúvida um local místico, cheio de recordações locais e a fama de casamenteiro do santo padroeiro tornou-a muito querida entre os montargilenses. (Alves, 2011, p. 42)

A capela apresenta dois corpos, sendo um deles a capela-mor de planta circular, e o outro uma nave única de planta rectangular provavelmente adaptada a partir de um antigo vestíbulo, tal como visível na Ilustração 103.

Ao nível do interior encontra-se um retábulo de madeira de estilo barroco, datado do final do século XVIII (Ponte de Sor. Câmara Municipal, 2015c).

A Capela apresenta-se em bom estado de Conservação, sendo notório a preservação da mesma tal como visível nas Ilustrações 99, 100, 101 e 102.

Ilustração 103- Planta da capela de Santo António, Vicente Miguel, 2011. (Alves, 2011, p. 41).

Igreja Da Misericórdia

Uma Igreja Localizada no centro de Montargil mais concretamente na Rua da Misericórdia como é possível observar na Ilustração 104, apresenta uma construção quinhentista de nave única e uma capela-mor num corpo anexo de largura igual.

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Ilustração 104 - Mapa de localização da Igreja da Misericórdia ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

Ilustração 105 – “Obras de restauro da Igreja da Misericórdia Ilustração 106 - Igreja da Misericórdia de Montargil nos dias de de Montargil”, 1993. (Mata et al., 2012, p. 79). hoje. (Ilustração nossa, 2016).

Ilustração 107 – “Igreja da Misericórdia, construção Ilustração 108 - Igreja da Misericórdia de Montargil nos dias de quinhentista. Fachada Principal com portal maneirista caiado a hoje. (Ilustração nossa, 2016). amarelo forte”, Ricardo Oliveira, 2011. (Alves., 2011, p. 45).

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 90 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Segundo Maria Alves (2011, p. 44) a igreja data do século XVI, a igreja sofreu várias obras de conservação ao longo dos séculos XVII, XVIII e XIX, na primeira década de setecentos, foi acrescentado o coro-alto, bem como em meados do século XIX fora adicionado ao original a construção dos pisos superiores, bem como estuque decorativo nas abóbadas, assim sendo pouco se mantém do edifício original.

Apresenta uma planta longitudinal composta por três corpos: o central, o da igreja propriamente dita; à direita a sacristia e antigo consultório médico; e à esquerda, a capela mortuária, antiga enfermaria e sala de autópsias. O telhado é de duas águas sobre o corpo da igreja e de uma água em cada um dos corpos laterais. (Alves, 2011, p. 44)

Apresenta-se com um portal maneirista amarelo, com pilastras estreitas com capiteis decorados com motivos florais encimadas por arquitrave e cornija, com uma janela de sacada rodeada por duas colunas coríntias que sustentam um frontão com a coroa Portuguesa ao centro.

No interior, encontra-se a nave com abóbada de volta perfeita, ornamentada, apresenta paredes lisas desprovidas de decoração apenas as paredes laterais da capela-mor são decoradas com arco cego de volta perfeita assente em pilastras.

Esta Igreja sofreu a ultima intervenção de conservação entre os anos de 1991 e 1993 com projecto da autoria de Paiva Lopes. (Alves, 2011, p. 44-47)

A Igreja da Misericórdia encosta, pelo lado esquerdo, ao antigo hospital de Montargil, edificado no século XVIII, e pelo lado direito pela sacristia e o antigo Consistório (Ponte de Sor. Câmara Municipal, 2015k).

É visível o bom estado de preservação desta Igreja, nas Ilustrações 105 a 108.

Ilustração 109- Planta da Igreja da Misericórdia, Vicente Miguel, 2011. (Alves, 2011, p. 44).

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Capela de S. Sebastião

A capela de São Sebastião, localizada no largo com o mesmo nome, localiza-se na zona do Outeiro (Ilustração 110) a zona urbanizada mais antiga de Montargil.

Ilustração 110 - Mapa de localização da Capela de São Sebastião ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

Ilustração 111 – “Igreja de São Sebastião em ocasião festiva”, Ilustração 112 - Capela de São Sebastião nos dias de hoje. 1930. (Mata et al., 2012, p. 63). (Ilustração nossa, 2016).

Ilustração 113 – “Capela de São Sebastião localizada no Ilustração 114 - Capela de São Sebastião nos dias de hoje. Outeiro. Frontaria apilastrada, de respaldo com olhal sineiro ao (Ilustração nossa, 2016). centro entre outros elementos setecentistas”, Ricardo Oliveira., 2011. (Alves, 2011, p. 49).

São muitas as capelas existentes na zona do Alentejo com o mesmo nome, como é exemplo em Ferreira do Alentejo, Sousel ou até a de Almeirim.

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Esta Capela vem referida em “Memórias Paroquiais” de 1758, sendo, no entanto, grande a probabilidade de ser anterior a sua construção (Ponte de Sor. Câmara Municipal, 2015l).

Segundo Alves (2011, p. 48-50) esta capela apresenta uma construção aparentemente de origens medievais com decorações do século XVIII que lhe conferem certo barroquismo, tais como uma frontaria apilastrada, um olho sineiro centrado na capela, enrolamentos laterais e ainda dois fogaréus piriformes em alvearia, sendo estes setecentistas.

A capela de São Sebastião apresenta uma planta rectangular com uma entrada composta por oito degraus em granito tal como visível na Ilustração 115, a fachada principal simples quase desprovida de decoração, característica que permanece ainda no seu interior. Possui um arco de cruzeiro de volta perfeita assente em duas pilastras, de gosto rocaille, característica que continua pela capela-mor, quadrada com uma abóbada perfeita.

Na capela-mor encontra-se uma porta-volante na pilastra esquerda do arco de cruzeiro, utilizada como confessionário.

Apresenta-se em estado razoável de conservação, sendo necessárias algumas obras de conservação da fachada, embora estas se fixem na pintura da fachada e em pequenos detalhes de restauro tal como visível nas Ilustrações comparativas, Ilustração 111, Ilustração 112 e pela Ilustração 113 comparativamente com a Ilustração 114.

Ilustração 115- Planta da capela de São Sebastião, Vicente Miguel, 2011. (Alves, 2011, p. 48).

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Capela de S. Pedro

A Capela de São Pedro é uma construção do século XIX de pequenas dimensões (Alves, 2011, p. 52) localiza-se na Rua do Senhor de São Pedro tal como possível observar na Ilustração 116.

Apresenta uma planta rectangular com uma nave tal como patente na Ilustração 119 e capela-mor sem transepto. Na fachada apresenta-se um frontão triangular e portal de verga recta ladeado por duas janelas de pequenas dimensões (Ilustração 117 e 118).

Ilustração 116 - Mapa de localização da Capela de São Pedro ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

Ilustração 117 – “Capela de São Pedro de fachada com frontão Ilustração 118 - Capela de São Pedro nos dias de hoje. triangular e portal de verga recta ladeado por duas janelas”, (Ilustração nossa, 2016). Ricardo Oliveira, 2011. (Alves, 2011, p. 53).

No interior encontra-se pavimento em tijoleira e tecto em madeira.

Apresenta uma capela-mor que contrasta com a nave revelando uma pintura mural a seco sobre o tecto e as paredes, por outro lado a nave apresenta-se em branco, cor proveniente da cal.

No tecto encontramos uma abóbada de volta perfeita decorada com uma rosácea central.

Esta capela em termos de decoração é das mais pitorescas que podemos encontrar na região pela mistura de influências das diversas áreas decorativas (Alves, 2011, pp. 52- 55).

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Encontra-se em bom estado de Conservação mantendo o traçado original embora tenham sido alteradas as cores da sua fachada como é possível observar pela Ilustração 117 comparativamente com a Ilustração 118.

Ilustração 119- Planta da Capela de São Pedro, Vicente Miguel, 2011. (Alves, 2011, p. 53).

Capela do Senhor das Almas

Este edifício de cariz Religioso denominada de Capela do Senhor das almas, apresenta pequenas dimensões, localizando-se na Rua do Senhor das Almas tal como é possível observar na Ilustração 120, sendo esta construída em 1930, tal como apresentado pela inscrição na fachada (Alves, 2011, p. 56).

Ilustração 120 - Mapa de localização da Capela do Senhor das Almas ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

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Ilustração 121 – “Capela do Senhor das Almas com frontaria Ilustração 122 - Capela do Senhor das Almas nos dias de hoje. simples apilastrada e frontão com telhado de duas águas”, (Ilustração nossa, 2016). Ricardo Oliveira, 2011. (Alves, 2011, p. 56).

Apresenta uma fachada simples com frontão e telhado de duas águas.

No interior da mesma encontramos um tecto em abóbada de volta perfeita e chão em tijoleira rodeado de paredes caiadas a branco como é visível na Ilustração 123 (Alves, 2011, p. 56, 57).

Apresenta-se em bom estado de conservação tal como visível na Ilustração 122.

Ilustração 123- Planta da Capela do Senhor das Almas, Vicente Miguel, 2011. (Alves, 2011, p. 57).

Capela da Farinha Branca

Esta é uma capela localizada num lugar algo isolado, rodeado por vegetação e com acesso por um caminho de terra batida (Ilustração 124) (Alves, 2011, p. 58-60).

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Ilustração 124 - Mapa de localização da Capela de Farinha Branca ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

Trata-se de uma construção do século XX de planta longitudinal sem transepto (Ilustração 127). Apresenta um portal de verga recta na fachada principal rodeado por duas entradas de luz em forma de cruz e ainda um janelão rectangular de vinte e oito vidros. No interior encontramos pavimento em tacos de madeira e uma escada em caracol dando acesso ao coro-alto.

Possui duas capelas na nave com entrada por um arco de volta perfeita elevadas por um degrau. O arco triunfal de volta perfeita é simples e desprovido de decoração, a capela-mor dá acesso pela direita à sacristia

Encontra-se em razoável estado de conservação, tal como é possível observar na Ilustração 126.

Ilustração 125 – “Capela de Farinha Branca de fachada com Ilustração 126 - Capela da Farinha Branca nos dias de hoje. portal de verga recta, ladeado por duas entradas de luz em (Ilustração nossa, 2016). forma de cruz e encimado por janelão rectangular. Respaldo recordado por duas volutas e ao centro a torre sineira”, Ricardo Oliveira, 2011. (Alves, 2011, p. 59).

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Ilustração 127- Planta da Capela de Farinha Branca, Vicente Miguel, 2011. (Alves, 2011, p. 59).

4.2.3. GALVEIAS

A Freguesia de Galveias foi noutros tempos um priorado da Ordem de Avis sendo que esta estava sob a jurisdição eclesiástica da Ordem de Avis. Deste modo a população deste local teria de se deslocar até à Vila de Avis para assistir a todos os actos religiosos, sendo esta uma deslocação longa, envolvendo grandes perdas de tempo e grandes custos para a população.

Esta questão apenas foi resolvida quando Galveias passou à categoria de Vila e Foral, assim depois desta ascensão foram construídos os primeiros edifícios de carácter religioso em Galveias, aparecendo assim a Capela da Misericórdia em primeiro lugar e posteriormente a Igreja Matriz.

Foi atribuído a Galveias S. Lourenço como sendo o Santo Padroeiro, um mártir romano falecido em 258, sendo este alvo de celebrações na Freguesia de Galveias em cada dia 10 de Agosto (Velez Milheiras, 1997).

Dentro do Património Religioso da Freguesia de Galveias, destacam-se as já referidas Capela da Misericórdia, edifício classificado como Imóvel de Interesse Público declarado em 1977, sendo esta uma capela barroca obedecendo às habituais construções das Misericórdias sendo uma Capela com consistório anexo, apesar de esta ter sido reconstruída durante o século XVIII, bem como as restantes Capelas de construção barroca como é exemplo a Capela do Senhor das Almas do século XVIII, a Capela de São Pedro do século XVII, a Capela de Santo António do século XVII e a Capela de São Saturnino do século XVIII. É ainda de referir a Igreja Matriz construída no decorrer do século XVI embora seja elevado o numero de alterações realizadas à

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 98 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

mesma, bem como a Capela do Lar, a Capela de São Sebastião e a Capela de São João (Silva, 2014f) (Ilustração 128).

Ilustração 128 - Mapa de localização dos Edifícios Religiosos de Galveias ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

Capela do Senhor das Almas

Esta capela localiza-se a cerca de dois quilómetros da Freguesia de Galveias na estrada de ligação entre Galveias e Ponte de Sor (N244) (Ilustração 129).

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Ilustração 129 - Mapa de localização da Capela do Senhor das Almas ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

Ilustração 130 - Capela do Senhor das Almas nos dias de hoje. Ilustração 131 - Capela do Senhor das Almas nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016). (Ilustração nossa, 2016).

Trata-se de um edifício de construção simples com frontaria de espaldar recortada ente pilastras de alvenaria adornadas com coruchéus, sendo esta ladeada por uma pequena sacristia como é possível observar pela Ilustração 130 e 131 (Velez Milheiras, 1997, p. 102).

No interior desta capela podemos encontrar um altar em estuque rodeado por colunas coríntias, possuindo ainda um frontão contracurvado decorado com motivos florais. Ao centro do altar, uma pintura do autor Álvaro Eliseu colocada em 1954, quando esta Capela fora reconstruída, com temas alusivos ao das Almas (Ponte de Sor. Câmara Municipal, 2015i). Não tendo sido possível obter Ilustrações antigas, o que impossibilita obter um termo comparativo entre o estado em que se encontrava a Capela na data da sua construção e anos seguintes. No entanto é possível observar pela Ilustração 130 e Ilustração 131 que hoje a Capela do Senhor das Almas se encontra em bom estado de conservação.

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Capela do Lar

A Capela do Lar localiza-se no interior do Lar Dona Maria Clementina Godinho de Campos, edifício que se encontra na Alameda da Fundação Maria Clementina Godinho de Campos (Ilustração 132).

Ilustração 132 - Mapa de localização da Capela do Lar ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

Ilustração 133 – Capela do Lar, Gama Reis, 1955. (Oliveira, Ilustração 134 - Capela do Lar nos dias de hoje. (Ilustração 2016a). nossa, 2016).

Ilustração 135 – Capela do Lar, Gama Reis, 1955. (Oliveira, Ilustração 136 - Capela do Lar nos dias de hoje. (Ilustração 2016a). nossa, 2016).

Esta capela fora mandada edificar ao mesmo tempo do antigo asilo.

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A construção é dita como moderna e neste local encontram-se as imagens de Nossa Senhora de Fátima, Santa Ana e de São José.

Foi bastante utilizada no tempo em que decorria o restauro da Igreja Matriz (Velez Milheiras, 1997, p. 103).

É possível observar através da Ilustração 133 comparativamente com a Ilustração 134 e 135 comparativamente com a Ilustração 136, que o estado em que se encontra a Capela do Lar nos dias de hoje é em muito semelhante ao tempo em que esta fora construída apresentando-se em bom estado de conservação.

Capela de São Pedro

Esta capela situa-se num dos limites da Freguesia de Galveias junto à Rua do Outeiro tal como é possível observar na Ilustração 137.

Ilustração 137 - Mapa de localização da Capela de São Pedro ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

Ilustração 138 – Capela de São Pedro, Gama Reis, 1950- Ilustração 139 - Capela de São Pedro nos dias de hoje. 1960?. (Oliveira, 2016b). (Ilustração nossa, 2016).

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 102 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Ilustração 140 – Capela de São Pedro, Gama Reis, 1950- Ilustração 141 - Capela de São Pedro nos dias de hoje. 1960?. (Oliveira, 2016b). (Ilustração nossa, 2016).

Ilustração 142 – Capela de São Pedro, Gama Reis, 1950- Ilustração 143 - Capela de São Pedro vista lateral nos dias de 1960?. (Oliveira, 2016b). hoje. (Ilustração nossa, 2016).

Ilustração 144 - Capela de São Pedro. (Ilustração nossa, Ilustração 145 - Capela de São Pedro nos dias de hoje. 2016).3 (Ilustração nossa, 2016).

Construído no século XVIII, esta capela de pequenas dimensões serviu noutros tempos de refúgio para mendigos e ciganos tempos antes de ser mandada construir pela Exma. Senhora D.ª Arcangela Valadares Couceiro.

No exterior apresenta um portal e um janelão de alvenaria decorado. Possui um frontão alto recortado com pilastras nas extremidades com capitéis adornados No tecto desta capela é visível uma abóbada tal como podemos observar através das Ilustrações 142 a 145 (Velez Milheiras, 1997, p. 101). Esta Capela é composta por dois corpos, o

3 Ilustração acessível na Casa da Cultura de Galveias.

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 103 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

primeiro possui uma planta rectangular e o segundo planta circular correspondendo à capela-mor. No interior do templo é visível o altar-mor em alvenaria com a imagem de São Pedro entre pilastras e colunas coríntias, com frontão em contracurva com decoração floreada e ainda duas figuras de anjos (Ponte de Sor. Câmara Municipal, 2015e).

Através das Ilustrações comparativas apresentadas, Ilustração 138 comparativamente com a Ilustração 139, Ilustração 140 comparativamente com a Ilustração 141, Ilustração 142 comparativamente com a Ilustração 143 e pela Ilustração 144 comparativamente com a Ilustração 145 é possível dizer que a Capela apresenta-se em boas condições de conservação bem como o espaço que a rodeia.

Capela de São Saturnino

Esta Capela localiza-se a 600 m. da Freguesia de Galveias mais concretamente numa estrada em terra batida acedida através da rua com o mesmo nome da capela, tal como é possível observar através da Ilustração 146.

Ilustração 146 - Mapa de localização da Capela de São Saturnino ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 104 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Ilustração 147 - Capela de São Saturnino. (Ilustração nossa, Ilustração 148 - Capela de São Saturnino nos dias de hoje. 4 2016). (Ilustração nossa, 2016).

Ilustração 149 - Capela de São Saturnino. (Ilustração nossa, Ilustração 150 - Capela de São Saturnino nos dias de hoje. 2016).5 (Ilustração nossa, 2016).

Esta Capela foi construída no século XVIII sob uma outra capela que existira no mesmo local do século XVI.

Possui uma imagem em pedra de S. Saturnino, obra do século XVI.

A capela fora construída por falta de existência de um templo religioso neste local, assim a Condessa de cor mandara construir esta capela, de acordo com lenda popular.

O Local de implantação da Capela de São Saturnino é bastante elevado na Freguesia de Galveias, sendo possível ver da Serra da Gardunha, Serra da Estrela à Serra da Ossa no sentido Norte-Sul, e no sentido Este-Oeste a Serra de S. Mamede até à de Montargil. Fazendo deste local um dos que possui uma das melhores e mais privilegiadas vistas da região (Velez Milheiras, 1997, p. 103).

Através da comparação das ilustrações 147 com 148 e 149 com 150 é possível observar que esta se encontra em bom estado de conservação.

4 Ilustração acessível na Casa da Cultura de Galveias. 5 Ilustração acessível na Casa da Cultura de Galveias.

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 105 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Capela de São Sebastião

De acordo com Jerónimo Velez Milheiras (1997, p. 102, 103) esta Capela localiza-se no lado nascente da vila mais concretamente na Rua da Cortiçada como é possível observar na Ilustração 151, esta fora mandada construir no século XVII e perdura até aos dias de hoje.

Ilustração 151 - Mapa de localização da Capela de São Sebastião ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

Ilustração 152 - Capela de São Sebastião. (Ilustração nossa, 6 Ilustração 153 - Capela de São Sebastião nos dias de hoje. 2016). (Ilustração nossa, 2016).

Trata-se de um edifício de carácter religioso de construção simples e de dimensões reduzidas com apenas uma nave onde nela se encontra o altar-mor construído em alvenaria.

6 Ilustração acessível na Casa da Cultura de Galveias.

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 106 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

No seu interior podemos encontrar nas paredes quatro frescos dois de cada lado da nave, com uma frase em latim onde se pode ler:

“Hic est vere Martyr, qui pro Christi nomine sanguinem suum fudit” “(Este é o verdadeiro mártir, que derramou o seu sangue em nome de Cristo) (Ponte de Sor. Câmara Municipal, 2015g) Ainda no interior na Capela, o tecto possui também ele um fresco, o qual é alusivo a temas florais, tema abordado em múltiplos locais nesta Capela (Ponte de Sor. Câmara Municipal, 2015g).

É possível observar através da Ilustração 152 e 153 que o estado actual da Capela de São Sebastião não é a melhor, sendo necessário múltiplos reparos como é exemplo a porta de entrada e a própria pintura que a envolve, por estes motivos o estado de conservação da mesma é considerado razoável.

Capela de Santo António

Esta Capela localiza-se no largo de Santo António, junto à Rua Pedro Paulo de Carvalho (Ilustração 154).

Ilustração 154 - Mapa de localização da Capela de Santo António ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

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Ilustração 155 - Capela de Santo António. (Ilustração nossa, Ilustração 156 - Capela de Santo António nos dias de hoje. 2016).7 (Ilustração nossa, 2016).

Julga-se que tivesse sido construído no século XVII embora não existam provas documentais que o comprovem.

No século XIX esta capela era frequentemente utilizada por famílias abastadas para as mais variadas celebrações matrimoniais.

No interior encontra-se o altar-mor e por cima deste no tecto encontra-se a abóbada. Aqui também se encontram várias iluminarias pintadas à mão, em estado degradado (Velez Milheiras, 1997, p. 101).

No exterior desta Capela é possível observar uma fachada simples com um único vão, com especial destaque para a cúpula visível na parte posterior do edifício, construída em tijolo de fabrico tradicional.

Possui múltiplos frescos da segunda metade do século XVII, estes estando localizados na parte superior das paredes e na cúpula. Estes frescos são de carácter tardo- maneirista, sendo estes dez no total. Na cúpula sobre a capela-mor encontram-se frescos com decoração floral e brutesca inspirados um pouco no que se fazia em Itália, populares em Portugal durante o século XVII (Ponte de Sor. Câmara Municipal, 2015d).

Através da comparação entre a Ilustração 155 e a Ilustração 156 é visível que esta foi alvo de reparações tendo mesmo sido alterada a sua cor de castanho para azul escuro visível nos dias de hoje, deste modo a Capela de Santo António encontra-se em bom estado de conservação.

7 Ilustração acessível na Casa da Cultura de Galveias.

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Capela de São João

A Capela de São João localiza-se na rua com o mesmo nome da Capela (Ilustração 157).

Ilustração 157 - Mapa de localização da Capela de São João ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

8 Ilustração 158 - Capela de São João. (Ilustração nossa, 2016). Ilustração 159 - Capela de São João nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016).

Esteve durante vários anos abandonada, tendo sido restaurada entre 1945 e 1950, possuindo uma construção de carácter simples (Velez Milheiras, 1997, p. 102).

É em múltiplos aspectos visível a semelhança entre a Capela de São João e a Capela de São Saturnino sendo esta observação suportada através da comparação entre as Ilustrações 147, 148, 149 e 150 referentes à Capela de São Saturnino e as Ilustrações 158 e 159 referentes à Capela de São João.

Através da comparação entre a Ilustração 158 e a Ilustração 159 é possível observar que a Capela de São João se encontra nos dias de hoje em bom estado de conservação.

8 Ilustração acessível na Casa da Cultura de Galveias.

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 109 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Igreja Matriz

Esta Igreja localiza-se numa eminência na parte sul da Freguesia de Galveias mais concretamente no Largo da Igreja fazendo frente com a Rua Manuel Marques Godinho de Campos (Ilustração 160), sendo esta dedicada à evocação de São Lourenço (Velez Milheiras, 1997, p. 91).

Ilustração 160 - Mapa de localização da Igreja Matriz da Freguesia de Galveias ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

9 Ilustração 161 – Igreja Matriz. (Ilustração nossa, 2016). Ilustração 162 - Igreja Matriz nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016).

9 Ilustração acessível na Casa da Cultura de Galveias.

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 110 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

10 Ilustração 163 - Igreja Matriz. (Ilustração nossa, 2016). Ilustração 164 - Igreja Matriz nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016).

Esta Igreja fora construída no século XVI embora modificada pelas múltiplas obras de conservação e de restauro decorridas ao longo dos tempos até aos dias de hoje.

De acordo com (Velez Milheiras, 1997, p. 96-99) esta Igreja ao longo do seu tempo terá servido para múltiplos usos, terá sido utilizada como celeiro e até como centro de convívio.

Apenas em 1933 é que começou a surgir uma maior aproximação entre a população e esta Igreja.

No início da sua construção, esta era apenas utilizada para as múltiplas celebrações católicas, não existindo uma frequência de missas nesta época, apenas anos mais tarde se tornou um edifício religioso com ocupação a tempo inteiro.

Apenas no tempo em que o Padre Manuel Tavares Folgado era pároco nesta Igreja é que esta teve obras de restauro, sendo criado nesta altura o salão paroquial bem como outras instalações.

Pelo exterior é visível uma fachada com um corpo central possuindo um frontão recortado e duas torres nas extremidades de planta quadrada com cúpulas assimétricas, sendo que uma possui uma sineira sobreposta, um relógio e olhais entaipados e a outra

10 Ilustração acessível na Casa da Cultura de Galveias.

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 111 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

uma cúpula recortada possuindo ainda quatro olhais tal como é possível observar pelas Ilustrações 161 a 164.

Segundo Jerónimo Velez Milheiras (1997, p. 92, 93) encontra-se no exterior da Igreja numa das paredes, uma lápide com uma inscrição cujo tempo apagou parte das letras.

Por um lado, acredita-se que a inscrição seja:

“L. BESA. L. VES. I. EAN. H. S. E. S. T. S. III.” (Velez Milheiras, 1997, p. 92) Não sendo ainda descoberto o que esta poderá querer dizer, existe ainda uma outra hipótese, defendida por Dr. Leite Vasconcelos que a visitou em Agosto de 1893 apresentando a hipótese:

“LOBESA. LOVESI F AN. L. H. S. EST. S. T. T. L. “ (Velez Milheiras, 1997, p. 93) Sendo que esta fora interpretada como “Lobesa, filha de Loveso, de 50 anos de idade, está aqui sepultada. A Terra te seja leve.”

Pelo interior encontramos uma nave apresentando-se uma capela-mor caracterizada pelo estilo barroco-joanino construída na primeira metade do século XVIII sendo a nave coberta por uma abóbada de berço.

Segundo Jerónimo Velez Milheiras (1997, p. 91-99) no interior desta Igreja encontra-se o coro, assente em três arcos, sendo os laterais assentes em mísulas e o central abatido, possuindo duas pilastras em granito de forma quadrada.

Acredita-se que a pia baptismal existente no baptistério desta Igreja seja anterior à construção da Igreja pelas suas grandes dimensões e com formato redondo.

Possui nas laterais, dois altares, à esquerda o de Santa Teresinha e à direita o do Senhor dos Passos, ambos construídos em alvenaria.

De acrescentar também a existência de duas capelas laterais, uma delas à Nossa Senhora do Rosário. Nos cantos do arco do cruzeiro ainda se encontram o altar de São

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 112 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Miguel, bem como o de Nossa Senhora dos Remédios (Ponte de Sor. Câmara Municipal, 2015m).

Através da comparação da Ilustração 161 com a 162 bem como da Ilustração 163 com a 164 é visível que esta se encontra em bom estado de conservação sendo ainda possível observar a alteração cromática que esta sofreu, passando de ser branca na integra, para os dias de hoje, apresentando-se com as cores branco, cinzento no corpo da Igreja e vermelho e branco em ambas as torres sineiras.

Capela da Misericórdia

Esta capela localiza-se na praça principal da Freguesia de Galveias mais concretamente fazendo frente com o Largo Comendador José Godinho de Campos Marques e com as ruas General José Garcia e Joaquim Barradas de Carvalho, tal como é possível observar através da Ilustração 165.

Ilustração 165 - Mapa de localização da Capela da Misericórdia ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

Trata-se de um edifício de pequenas dimensões que fora reconstruído no século XVIII, possui na fachada uma porta com frontão interrompido com uma janela sobreposta, sendo esta uma frontaria de respaldo recortado.

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 113 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Ilustração 166 – Capela da Misericórdia, cedido por: Dra. Ana Ilustração 167 - Capela da Misericórdia nos dias de hoje. Isabel Coelho Silva. (Ilustração nossa, 2016).

Ilustração 168 - Capela da Misericórdia. (Ilustração nossa, Ilustração 169 - Capela da Misericórdia nos dias de hoje. 2016).11 (Ilustração nossa, 2016).

Ilustração 170 - Capela da Misericórdia. (Ilustração nossa, Ilustração 171 - Capela da Misericórdia nos dias de hoje. 2016).12 (Ilustração nossa, 2016).

A Capela fora construída no século XVI, sendo entregue posteriormente à Misericórdia no ano de 1666.

11 Ilustração acessível na Casa da Cultura de Galveias. 12 Ilustração acessível na Casa da Cultura de Galveias.

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 114 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Por cima da porta encontra-se gravado a seguinte inscrição:

“MISERICÓRDIA TUA MAGNA / EST SUPER ME M D C C C I I I “ (Velez Milheiras, 1997, p. 83) No interior da Capela da Misericórdia encontra-se a capela-mor. Podemos também encontrar no seu interior uma sala onde outrora existia o Consistório da Santa Casa da Misericórdia, com o tecto em estuque esculpido à mão.

Segundo este, faz muitos anos que o interior desta Capela se encontra degradado, o que torna este local religioso, um sitio sem culto.

Foi conseguido no D.L. nº. 129 de 9 de Setembro de 1977 que esta Capela fosse declarada como Imóvel de Interesse Público (I.I.P.), pelo Instituto Português do Património Arquitectónico e Arqueológico (Velez Milheiras, 1997, pp. 83-85).

A Capela da Misericórdia foi restaurada, sendo este concluído em 2005 (Ponte de Sor. Câmara Municipal, 2015b). Através da comparação entre a Ilustração 166 e 167, a Ilustração 168 com a 169 e ainda a Ilustração 170 com a Ilustração 171 é visível que esta se encontra em bom estado de conservação.

4.2.4. FOROS DO ARRÃO

Foros do Arrão, uma pequena localidade a cerca de 18 Km de Montargil e a 32 Km de Ponte de Sor. Trata-se da Freguesia mais afastada de Ponte de Sor e encontra-se no limite entre o Distrito de Portalegre e o Distrito de Santarém, fazendo ainda parte do de Portalegre (Silva, 2014e).

Aqui encontra-se uma localidade marcada pelo eixo viário (N243) sendo esta a principal via da localidade. Assim a população local denomina dentro desta Freguesia, Foros de cima, e Foros de baixo, separados por terreno não edificado criando assim uma separação dentro da Freguesia de Foros do Arrão. É possível encontrar neste local edifícios religiosos tal como é possível observar pela Ilustração 172, dado o numero de população que aqui se encontra. Desta forma deparamo-nos com a primeira capela edificada em Foros do Arrão. Encontra-se ainda a Igreja Matriz, e uma construção de uma Igreja que outrora fora financiada pela população mais posteriormente abandonada, a qual ainda hoje se encontra edificada nos termos em que outrora fora

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 115 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

abandonada, tal como é visível na Ilustração 173 de 1970 comparativamente com a Ilustração 174 dos dias de hoje.

Ilustração 172 - Mapa de localização dos Edifícios Religiosos de Foros do Arrão ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

Ilustração 173 – “Início da construção da Igreja de Forros de Ilustração 174 - Igreja abandonada na Freguesia de Foros do Arrão financiada pelo povo, mas que nunca chegou a ser Arrão nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016). concluída”, 1970. (Mata et al., 2012, p. 79).

Igreja Matriz

A Igreja Matriz da Freguesia de Foros do Arrão localiza-se na Rua 25 de Abril (Ilustração 175).

Ilustração 175 - Mapa de localização da Igreja Matriz da Freguesia de Foros do Arrão ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 116 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Apresenta-se com dimensões consideradas médias, não sendo um edifício de grande envergadura, nem de pequenas dimensões. Deste modo é considerada pela população como sendo adequada para o local onde se encontra.

Encontra-se actualmente em obras de restauro não só no corpo da Igreja, como também no espaço que a rodeia, sendo possível observar a plantação de árvores ao seu redor tal como é possível observar pela Ilustração 176 e Ilustração 177.

Por este motivo é possível dizer que esta se encontra em bom estado de conservação.

Ilustração 176 - Igreja Matriz da Freguesia de Foros do Arrão. Ilustração 177 - Igreja Matriz da Freguesia de Foros do Arrão. (Ilustração nossa, 2016). (Ilustração nossa, 2016).

Primeira Capela

A Primeira Capela da Freguesia de Foros do Arrão localiza-se junto à estrada nacional nº 243 dentro da povoação de Foros do Arrão, tal como é possível observar pela Ilustração 178.

Ilustração 178 - Mapa de localização da Primeira Capela de Foros do Arrão ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 117 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Ilustração 179 – “Primeira capela em Foros de Arrão”, 1950. Ilustração 180 - Primeira capela em Foros de Arrão nos dias de (Mata et al., 2012, p. 93). hoje. (Ilustração nossa, 2016).

Ilustração 181 – Primeira Capela em Foros do Arrão nos dias Ilustração 182 - Placa de restauro da Primeira Capela da de hoje. (Ilustração nossa, 2016). Freguesia de Foros do Arrão. (Ilustração nossa, 2016).

Trata-se de uma capela de dimensões bastante pequenas, como é possível observar pelas Ilustrações 179, 180 e 181.

Noutros tempos, era grande a afluência de população a este edifício de cariz religioso, no entanto nos tempos que correm o mesmo não se constata.

Encontra-se modificada em relação ao que fora, tal como é possível observar pela Ilustração 179 comparativamente com a Ilustração 180 e 181. É visível que esta seria alpendrada (Ilustração 179) embora hoje já não o seja, tendo este sido fechado (Ilustração 180).

Fora restaurada pelo povo em 1977 tal como é visível na pequena plana que hoje se encontra por cima da porta de acesso possível de confirmar pela Ilustração 182. No entanto o estado em que hoje se encontra não é o melhor, necessitando de obras de restauro, por este motivo é considerada em estado razoável.

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 118 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

4.2.5. TRAMAGA

A Freguesia de Tramaga, localiza-se a cerca de 3 Km de Ponte de Sor, junto ao Rio Sor.

Denominada noutros tempos como água todo o ano, uma povoação já existente em 1864 de acordo com Andrade (2010, p. 206, 207), mais tarde tomou a designação de Tramaga, por neste local se encontrarem um grande numero de Tramagas.

Faz ligação com as povoações que a rodeiam através da Rua Principal e pela Estrada da Tramaga. Trata-se de uma povoação de pequenas dimensões e com um numero reduzido de população, deste modo o numero de edifícios religiosos é reduzido a apenas um, a Igreja Matriz da Freguesia de Tramaga.

Igreja Matriz

A Igreja Matriz da Freguesia de Tramaga localiza-se na Avenida 11 de Julho (Ilustração 183).

Ilustração 183 - Mapa de localização da Igreja Matriz da Freguesia de Tramaga ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

Trata-se de um edifício religioso diferente dos restantes do Concelho de Ponte de Sor, no qual é possível observar o seu traçado característico de uma arquitectura diferente das restantes edificações religiosas, sendo esta do século XX.

Tal como é possível observar na Ilustração 184 e Ilustração 185 a Igreja Matriz da Freguesia de Tramaga encontra-se em bom estado de conservação e é bastante utilizada pela população dado o facto de ser a única da povoação e a acrescer ao facto de estar no centro da povoação.

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 119 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Ilustração 184 - Igreja Matriz nos dias de hoje. (Ilustração Ilustração 185 - Igreja Matriz nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016). nossa, 2016).

4.2.6. VALE DE AÇOR

Possui como edifícios religiosos, a Igreja Matriz, localizada no dentro da povoação e a Capela de Nossa Senhora dos Prazeres, localizada a cerca de 3 Km do centro da Freguesia de Vale de Açor.

Vale de Açor conta com múltiplas festividades, tal como é exemplo as festas em honra de Nossa Senhora dos Prazeres no primeiro fim de semana de Maio, a romaria de Castelo de Vide a 8 de Setembro entre outras.

Igreja Matriz

A Igreja Matriz, localiza-se no centro da Freguesia de Vale de Açor, mais concretamente na Rua 1º de Maio (Ilustração 186).

Ilustração 186 - Mapa de localização da Igreja Matriz da Freguesia de Vale de Açor ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

Este Edifício de carácter religioso, foi edificado em meados do século XX e possui uma grande afluência por parte da população, em parte por se localizar no centro da Freguesia de Vale de Açor.

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 120 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Encontra-se em bom estado de conservação, tal como é visível na Ilustração 187 e 188.

Ilustração 187 - Igreja Matriz nos dias de hoje. (Ilustração Ilustração 188 - Igreja Matriz nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016). nossa, 2016).

Capela de Nossa Senhora dos Prazeres

A Capela de Nossa Senhora dos Prazeres localiza-se a cerca de 3 Km do centro da Freguesia de Vale de Açor acedendo apenas por estradas de terra batida como é possível observar na Ilustração 189.

Ilustração 189 - Mapa de localização da Capela de Nossa Senhora dos Prazeres ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

A actual capela de Nossa Senhora dos Prazeres teve o seu inicio numa antiga capela. Com a ruina desta, terá sido construída no mesmo local uma outra, que foi ao longo dos tempos transformada até aos dias de hoje, formando aquela que hoje conhecemos como Capela da Nossa Senhora dos Prazeres.

A primeira referência desta capela remonta ao ano de 1707, embora se acredite que a construção desta seja anterior a essa mesma data (Ponte de Sor. Câmara Municipal, 2015j).

Não se sabe ao certo como começou esta festividade à imagem mais venerada pelo Povo de Ponte do Sor. Diz a lenda que Nossa Senhora apareceu uma vez dentro de uma toca de uma azinheira. Um pastor de Castelo de Vide, que apascenava o seu rebanho

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 121 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

por ali, encontrou a imagem e levou-a, um dia, para a Igreja da sua terra. Tempos depois, Nossa Senhora voltou a aparecer no local da primeira aparição. Novamente o pastou a encontrou e voltou a levá-la. E quantas vezes a Senhora foi levada para Castelo de Vide, quantas vezes voltou a aparecer ali. Então, diz ainda a lenda, o povo mandou construir no local uma Igreja, cujo altar-mor é no sítio da própria azinheira, que para todo o efeito foi serrada. (Andrade, 2010, p. 115)

Esta mesma capela apresentava-se num pequeno edifício de planta rectangular (Ponte de Sor. Câmara Municipal, 2013) alterações sucessivas no decorrer dos anos resultaram na Capela que hoje se apresenta com uma planta rectangular com múltiplas águas com uma galilé de três arcos sendo hoje visível num deles as marcas desse mesmo arco, mas que nos dias de hoje se encontra tapado. A acrescer a estes marcos, é também visível uma torre sineira á esquerda da fachada principal da Capela de Nossa Senhora dos Prazeres, tal como é visível na Ilustração 190 (Ponte de Sor. Câmara Municipal, 2015j).

A romaria à Capela de Nossa Senhora dos Prazeres perdura ao longo dos tempos com poucas alterações, da célebre missa, passando pelo almoço em piquenique tão tradicional por estas banda, onde a população estende as mantas por baixo das azinheiras e assim disfruta de um dia mágico e com grande parte da população de Ponte de Sor, Vale de Açor e arredores, e até mesmo às bombas lançadas pela população de forma a que todos soubessem que a imagem de Nossa Senhora estava a passar (Andrade, 2010, p. 113 - 119).

A Capela encontra-se hoje em bom estado de conservação, sendo esta muito estimada e cuidada por parte da população tal como é visível na Ilustração 190 a 193.

Ilustração 190 - Capela de Nossa Senhora dos Prazeres nos Ilustração 191 - Capela de Nossa Senhora dos Prazeres nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016). dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016).

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 122 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Ilustração 192 - Capela de Nossa Senhora dos Prazeres nos Ilustração 193 - Capela de Nossa Senhora dos Prazeres nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016). dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016).

4.2.7. LONGOMEL

Igreja Matriz

A Igreja Matriz da Freguesia de Longomel localiza-se na Rua Manuel Nunes Marques Adegas, como é possível observar pela Ilustração 194.

Ilustração 194 - Mapa de localização da Igreja Matriz da Freguesia de Longomel ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

A Igreja Matriz de Longomel fora edificada em 1962, como é visível na placa que se encontra na lateral esquerda da porta de entrada da mesma.

Apresenta-se num edifício de planta rectangular, caracterizado pela torre sineira localizada na lateral esquerda do alçado como é visível na Ilustração 195, e pelos contra-fortes que suportam as paredes laterais da mesma tal como é visível na Ilustração 196. Encontra-se em bom estado de conservação, tratando-se de um edifício de grande estima para a população de Longomel.

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 123 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Ilustração 195 - Igreja Matriz nos dias de hoje. (Ilustração Ilustração 196 - Igreja Matriz nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016). nossa, 2016).

4.2.8. BREVES CONSIDERAÇÕES RELATIVAS A EDIFÍCIOS RELIGIOSOS NO CONCELHO DE PONTE DE SOR

Com o decorrer dos anos, a população manteve-se até aos dias de hoje com uma crença religiosa católica, a qual leva muitos a recorrer a estes espaços de culto.

Tratando-se de monumentos em muitos casos de origem popular, é de referir o elevado numero de edifícios religiosos no Concelho, os quais fazem parte das crenças religiosas de parte da população.

Numa análise a estes, de uma forma geral, encontram-se no mesmo estado em que se apresentavam nas épocas retratadas em cada uma das Ilustrações referidas anteriormente, como é possível observar pela Tabela 5, a qual indica o estado de conservação nos dias de hoje de cada um dos edifícios religiosos referidos anteriormente introduzindo-se como legenda: (N.A.) – não aplicável, (+) - bom estão de conservação, (+/-) - razoável estado de conservação e (-) - mau estado de conservação.

De frisar em muitos casos a alteração dos esquemas de cores exteriores desses mesmo edifícios. É assim possível afirmar que o estado geral de conservação dos edifícios religiosos do Concelho de Ponte de Sor é bom existindo, no entanto, alguns casos que necessitam de reparações embora nenhum se apresente em mau estado de conservação.

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 124 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Tabela 5 - Tabela relativa ao estado de conservação dos Edifícios Religiosos do Concelho de Ponte de Sor.

Freguesia Nome Conservação

Antiga Igreja Matriz N.A. Capela de São Pedro + Ponte de

Sor Capela do Senhor das + Almas

Igreja Nova +

Igreja Matriz +

Capela de Santo + António

Igreja da Misericórdia +

Capela de S. +/- Montargil Sebastião

Capela de S. Pedro +

Capela do Senhoras das Almas +

Capela da Farinha +/- Branca

Capela do Senhor das + Almas

Capela do Lar +

Capela de São Pedro +

Capela de São + Saturnino

Galveias Capela de São +/- Sebastião

Capela de Santo + António

Capela de São João +

Igreja Matriz +

Capela da + Misericórdia

Foros do Igreja Matriz + Arrão Primeira Capela +/-

Tramaga Igreja Matriz +

Vale de Igreja Matriz + Açor Capela de Nossa + Senhora dos Prazeres

Longomel Igreja Matriz +

Fonte: (tabela nossa, 2016).

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 125 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

4.3. EDIFÍCIOS DE INSTRUÇÃO PRIMÁRIA

Devido ao aumento populacional a nível nacional, surgiu na década de 40, a necessidade de criar edifícios escolares para desta forma reduzir o numero de alfabetos a nível nacional.

O espaço escolas constitui um local de desenvolvimento, um espaço de aprendizagem.

Como resultado, surgiu entre 1941 e 1974 o plano dos centenários, plano esse que tinha como objectivo a construção de múltiplas escolas ao longo de Portugal, de Norte a Sul levado para a frente pelo Estado Novo.

Este plano tinha como objectivo a construção de 11 458 salas de aulas correspondendo a 6809 edifícios a serem construídas ao longo de um período de 10 anos. (Pouca, 2012, p. 15)

Como plano de arranque, Duarte Pacheco manda iniciar a construção de 200 edifícios sendo que o numero de escolas e de salas por freguesia seria determinado na altura pelas quatro Direções Regionais, da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, ficando cada uma responsável pela análise da localização de 50 escolas.

Assim estas seriam determinadas em função das condições existentes distrito a distrito e concelho a concelho de acordo com alguns pontos fulcrais das condições que estes apresentavam relativamente aos existentes edifícios escolares. (Pouca, 2012, p. 15)

Deste modo seriam analisados se estes se apresentariam em mau estado, o numero de crianças inscritas em função da frequência, a facilidade na aquisição de terrenos, ofertas locais de materiais de construção e ainda a falta de salas para que fosse possível separar o sexo feminino do sexo masculino (Pouca, 2012, p. 14).

Dada a urgência na construção destes edifícios e a acrescer aos novos projectos ainda não estarem prontos, foram edificados dependendo da região, projectos tipo Raul Lino e Rogério de Azevedo de acordo com as novas alterações exigidas pelo plano dos centenários. Deste modo, em edifícios com mais de uma sala de aula seriam germinados, garantindo a separação de sexos de forma física.

Estes projectos regionais, teriam de corresponder de forma harmónica com as características de cada local, não só sob a forma dos materiais utilizados na sua

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 126 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

construção, como também correspondendo com as características da arquitectura própria de cada região.

Os projectos do Arquitecto Raul Lino destinavam-se às zonas mais a Sul do país, com soluções que iam de uma sala de aula até um máximo de quatro salas de aulas. Os projectos com três ou quatro salas de aula, seriam desenvolvidos em edifícios de dois pisos.

Os seus projectos apresentavam sempre o mesmo desenho em planta, alterando o aspecto da fachada consoante a região, variando de cantaria (utilizada na zona da Extremadura) até ao tijolo (utilizado na zona do Alentejo e Algarve) (Pouca, 2012, p. 16).

Por outro lado, os projectos do Arquitecto Rogério de Azevedo eram localizados na região Centro e Norte do País, apresentando soluções de uma, duas, duas sobrepostas, três e quatro salas de aula com algumas características em comum com as soluções de Raul Lino, como é exemplo nos casos de salas com três e quatro salas de aula, estas seriam construídas em edifícios com dois pisos, e ainda o facto de todos os edifícios terem um desenho em planta igual, sendo que esta é diferente do desenho proposto por Raul Lino.

A planta que Rogério de Azevedo propunha, consistia numa planta em L variando no entanto, à semelhança das propostas de Raul Lino, com a região onde se encontrava, dos recursos naturais existentes, e das características da arquitectura local.

Desta forma, são conhecidos seis tipos soluções propostas pelo Arquitecto Rogério de Azevedo, sendo estas o Tijolo (na região do Minho), o Granito (da região do Alto Minho), o Granito (da região do Douro), o Granito (da região da Beira Alta), as Cantarias (na região da Beira Litoral) e por último o Xisto (na região de Trás-os-Montes) (Pouca, 2012, p. 15, 16).

Quando por fim o Plano dos Centenários estava concluído, este apresentava soluções de edifícios escolares com salas de aulas variáveis entre seis e oito, sendo estas estudadas como ampliações dos projectos aprovados em 1944 propostos pelos Arquitectos Raul Lino e Rogério de Azevedo, mantendo de uma forma geral os mesmo aspectos gerais, como as fachadas, e os interiores (Pouca, 2012, p. 13-16).

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 127 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Agarrando no caso específico de Ponte de Sor, este local devido ao seu numero de habitantes, teve desde cedo uma necessidade de possuir infraestruturas de formação escolar.

Assim a instrução escolar começou no ano de 1822 iniciando com a disciplina de “primeiras letras” na vila de Ponte de Sor. Sabe-se que o Estado Novo investiu na construção de novos edifícios escolares com o objectivo de instruir a população com a instrução primária, tentando diminuir o numero de analfabetos de Norte a Sul do País.

Durante o século XIX e o inicio do século XX, foi visível a criação de aulas de instrução primária, primeiramente dedicadas apenas ao sexo masculino, e posteriormente criadas para o sexo feminino. Foi apenas visível em 1926, a criação de infraestruturas escolares devidamente preparadas para receber ambos os sexos, e assim poderem dar instrução primária de igual modo, surgiu assim a Escola Primária localizada no actual Largo da Igreja.

Posteriormente surgiram equipamentos pós-escolares, embora estes apenas no século XX, denominado de “Colégio”, este apareceu com carácter privado fundado pelo médico Dr. Pires Pais Miguéns e a médica Dr.ª Jovita de Carvalho, subdividido em duas partes, respetivamente uma instituição feminina e uma masculina, Externato Camões (secção masculina) e D.ª Filipa de Vilhena (secção feminina).

Só anos mais tarde, surgiu o ciclo preparatório D. Manuel I, esta fundada como uma instituição publica (Silva, 2012, p. 163).

De referir a existência de edifícios de instrução primária referidos no presente capítulo, as quais não foram produzidas enquanto arquitectura popular, sendo no entanto exemplos de grande impacto para os vários locais e para a população, tendo sido feito o levantamento das mesmas para futura referência e abordagem.

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 128 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Ilustração 197- “Criança na escola primária”, 1959. (Mata et al., 2012, p. 164).

4.3.1. PONTE DE SOR

Escola Primária do largo da Igreja

A escola edificada junto à actual Igreja Matriz, tal como é visível na Ilustração 198, fora inaugurada em 1928, sendo esta contruída com base num subsidio atribuído em 1917 à Camara Municipal no valor de 2.000$00 para que esta fosse construído um edifício escolar para ambos os sexos em Ponte de Sor, face ao numero de alunos matriculados, esta era uma importante construção para garantir uma instrução primária de maior e melhor qualidade (Faísca e Silva, 2016, p. 14).

Ilustração 198 - Mapa de localização da Escola Primária do Largo da Igreja ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

Actualmente encontra-se em obras o Largo Marquês de Pombal em Ponte de Sor, um local muito utilizado pelos Pontesorenses, um Largo que faz frente não só com o edifício da escola primária, como também com a Igreja Matriz.

O Projecto trará alterações ao edifício da antiga escola primária, a qual nos dias de hoje assume funções de Escola de Artes do Norte Alentejano. Irão ser retirados os muros

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 129 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

que fazem frente á escola e que a rodeiam nas suas duas frentes, tanto para a Rua João de Deus como para a Avenida da Liberdade, como é possível observar na ilustração 199 comparativamente com a Ilustração 200.

Também o pavimento será alterado, apostando numa calçada Portuguesa, tratando com um maior cuidado todas as acessibilidades, que ao contrário do que existiu até aos dias de hoje, passeios elevados, esta nova aposta será com cotas mais baixas entre si, facilitando a acesso a todos (Traquete, 27 de Outubro de 2015b).

Este novo desenho para o Largo Marquês de Pombal, prevê uma maior afluência da população a este local, bem como um novo visual para o centro de Ponte de Sor, sendo uma requalificação espacial de forte impacto.

Um trabalho que segundo Traquete (Traquete, 12 de Abril de 2016a) tem como objectivo a requalificação do Largo Marquês de Pombal, e consequentemente da escola primária surge com a intenção da regeneração urbana que se tem notado um pouco por todo o concelho de Ponte de Sor e que pretende dar uma visão mais contemporânea a este local, um dos locais mais antigos da cidade.

Nos dias de hoje, a Escola Primária do Largo da Igreja adquiriu uma nova função, é hoje a Escola de Artes do Norte Alentejo – secção de Ponte de Sor.

Não obstante, a escola encontra-se em bom estado tanto a nível interior como exterior, de frisar o desaparecimento do muro que ladeava a escola, por esta zona fazer parte do novo plano para o Largo Marquês de Pombal tal como visível nas Ilustrações comparativas que a seguir se apresentam, respetivamente, Ilustração 199, Ilustração 200, Ilustração 201 e Ilustração 202.

Ilustração 199 – Escola Primária do Largo da Igreja, em Ponte Ilustração 200 - Escola Primária do Largo da Igreja em Ponte de Sor - 1928. (Escola Primária, 1928). de Sor nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016).

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 130 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Ilustração 201 – “Edifício de Escola Primária. Rua José de Ilustração 202 - Edifício de Escola Primária nos dias de hoje. Deus”, 1950?. (Mata et al., 2012, p. 165). (Ilustração nossa, 2016).

Escola Primária da Avenida Garibaldino de Andrade

A Escola Primária da Avenida Garibaldino de Andrade faz frente com a Avenida com o mesmo nome, e com a Rua Manuel Nunes Marques Adegas tal como é visível na Ilustração 203.

Ilustração 203 - Mapa de localização da Escola na Avenida Garibaldino de Andrade ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

Está dividida em três corpos de edifícios, onde dois deles são semelhantes embora um possua dimensões um pouco maiores em relação ao outro. Quanto ao terceiro edifício que compõe a Escola na Avenida Garibaldino de Andrade este não apresenta o mesmo traçado que os restantes, o que leva a crer que este tenha sido contruído posteriormente aos dois restantes.

A Escola na Avenida Garibaldino de Andrade possui ainda a função de escola primária funcionando aqui também nos dias de hoje a Delegação de Ponte de Sor da Cruz Vermelha Portuguesa. Encontra-se em bom estado de conservação e é também visível, entre a Ilustração 204 comparativamente com a Ilustração 205, hoje o grande numero de árvores que se encontram tanto na Avenida Garibaldino de Andrade como na Rua Manuel Nunes Marques Adegas.

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 131 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Ilustração 204 – “Edifício de Escola Primária, Avenida Ilustração 205 - Edifício de Escola Primária nos dias de hoje. Garibaldino de Andrade”, 1950. (Mata et al., 2012, p. 165). (Ilustração nossa, 2016).

Externato Camões e Colégio D.ª Filipa de Vilhena

As Instituições, Externato Camões e o Colégio D.ª Filipa de Vilhena surgiram no século XX como instituições pós-escolares sendo estas privadas.

Foram fundados pelo médico Dr. Pires Pais Miguéns e pela médica Dr.ª Jovita de Carvalho, localizam-se no mesmo lote, embora estes possuam características construtivas diferentes (Silva, 2012, p. 163).

O Externato Camões, funcionou como secção masculina, e apresentava-se num edifício de dois andares (r/c e primeiro piso) notando-se na sua fachada uma relação directa entre os vãos superiores e os inferiores estando estes alinhados.

Por outro lado, o Colégio D.ª Filipa de Vilhena apresenta-se em dois edifícios separados entre si, ambos em piso térreo.

Localizados na Avenida da Liberdade sendo que o Externato Camões fazia ainda frente com a Rua Dom Sancho (Ilustração 206).

Ilustração 206 - Mapa de localização do Externato Camões e do Colégio D.ª Filipa de Vilhena ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 132 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Relativamente ao seu estado de conservação, é possível observar pela Ilustração 207 e 208, que o estado geral do edifício se manteve, apesar de este ter sido utilizado para uma finalidade diferente da qual fora projectado, hoje é um edifício de habitação colectiva. Não foi possível encontrar uma Ilustração antiga relativamente ao Colégio D.ª Filipa de Vilhena, no entanto é possível observar que hoje é utilizado como escola de musica para a orquestra ligeira de Ponte de Sor.

Tal como é possível observar na Ilustração 209 e 210, este edifício encontra-se em bom estado de conservação, não só exterior como também interior.

Ilustração 207 – “Corpo Docente e Discente do Externato de Ilustração 208 - Externato de Camões nos dias de hoje. Camões”, 1950. (Mata et al., 2012, p. 176). (Ilustração nossa, 2016).

Ilustração 209 - Colégio D.ª Filipa de Viena nos dias de hoje Ilustração 210 - Colégio D.ª Filipa de Viena nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016). (Ilustração nossa, 2016).

4.3.2. MONTARGIL

Escola Primária

A Escola Primária de Montargil faz frente com a Rua Dom Fernando e a Rua Heróis do Ultramar (Ilustração 211).

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 133 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Ilustração 211 – Mapa de localização da Escola Primária de Montargil ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

Observando a Ilustração 212, comparativamente com a Ilustração 213, bem como pela Ilustração 214 com a Ilustração 215, a Escola encontra-se em boas condições, tal como visível nas Ilustrações do ano de 1970 (Ilustração 212 e Ilustração 214) as poucas coisas alteradas tanto na escola como no espaço que a rodeia são a criação de uma estrada que não surgia visível nos anos 1970 e que hoje surge tal como visível nas Ilustrações 213 e 215. Também é notória a diferença visível nas imagens comparativas, as quais hoje revelam espaços arborizados o que revela um cuidado a nível ambiental por parte da Freguesia de Montargil.

São também visíveis as semelhanças entre a Escola Primária de Montargil com a Escola na Avenida Garibaldino de Andrade em Ponte de Sor, sendo visível pela Ilustração 204 comparativamente com a Ilustração 212 e a 214.

Esta é ainda hoje utilizada para a mesma finalidade que possuía noutros tempos, serve ainda de escola primária e é aqui que são dados os primeiros ensinamentos de instrução básica, encontrando-se assim em bom estado de conservação.

Ilustração 212 – “Escola Primária de Montargil”, 1970. (Mata et Ilustração 213 - Escola Primária de Montargil nos dias de hoje. al., 2012, p. 168). (Ilustração nossa, 2016).

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 134 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Ilustração 214 – “Alunos da Escola Primária de Montargil, Ilustração 215 - Escola Primária de Montargil nos dias de hoje. mascarados por ocasião do Carnaval”, 1970. (Mata et al., 2012, (Ilustração nossa, 2016). p. 173).

4.3.3. GALVEIAS

Escola Primária

A Escola Primária de Galveias localiza-se no cruzamento da Estrada nacional 244 com a Rua Pedro Paulo de Carvalho tal como é visível na Ilustração 216.

Ilustração 216 - Mapa de localização da Escola Primária de Galveias ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

Apresenta-se como um edifício datado de 1941, com uma arquitectura muito própria. Este fora mandado construir pela Câmara Municipal de Ponte de Sor na altura em que o presidente era José Nogueira Vaz Monteiro.

De acordo com Jerónimo Velez Milheiras (1997, p. 230) este edifício era frequentado por 300 crianças, funcionando aqui duas salas masculinas no primeiro piso, e duas salas femininas do piso térreo. Possuía quatro salas de grandes dimensões, quatro gabinetes sendo que num deles se encontrava a secretaria, noutro a sala de visitas, num outro ainda funcionava a biblioteca, e no último existia o museu geográfico. Nas suas traseiras localizavam-se as instalações sanitárias. Devido a exigências por parte do ministério da educação e mesmo por falta de espaço, os quatro gabinetes já sofreram alterações

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 135 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

relativamente à sua disposição original. Embora sejam várias as alterações realizadas no seu interior, o seu estado de conservação é bom, tanto a nível interior como exterior tal como é visível na Ilustração 217 comparativamente com a Ilustração 218.

Ilustração 217 – “Edifício da Escola Primária”, 1940?. (Mata et Ilustração 218 - Edifício da Escola Primária de Galveias nos al., 2012, p. 166). dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016).

4.3.4. FOROS DO ARRÃO

Escola Primária (Plano dos Centenários)

A Escola Primária da Freguesia de Foros do Arrão faz frente com a Rua Luís de Camões e a Avenida da Liberdade (Ilustração 219).

Ilustração 219 - Mapa de localização da Escola Primária de Foros do Arrão (Plano dos Centenários) ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

Possui o traçado característico das Escolas Primárias edificadas de acordo com o plano dos centenários, e assim se apresenta hoje com as mesmas características que se acredita terem permanecido ao longo dos tempos.

Encontra-se em bom estado tal como visível na Ilustração 220 e Ilustração 221 sendo que hoje é ainda utilizada para a mesma finalidade que fora construída, é aqui que as gerações actuais aprendem a instrução básica.

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 136 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Ilustração 220 - Escola Primária de Foros do Arrão nos dias de Ilustração 221 - Escola Primária de Foros do Arrão nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016). hoje. (Ilustração nossa, 2016).

Escola Primária

A Escola Primária da Freguesia de Foros do Arrão localiza-se na Rua Catarina Eufémia tal como visível na Ilustração 222.

Ilustração 222 - Mapa de localização da Escola Primária de Foros do Arrão ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

Encontra-se num estado de conservação que não é o melhor, embora ainda não aparente estar degradada como é visível pela Ilustração 223, 224 e 225 sendo considerado razoável o estado de conservação da mesma.

Fora abandonada das suas funções de Escola Primária segundo a população por falta de alunos, estando esta à semelhança da Escola Primária do plano dos centenários anteriormente tratada na Freguesia de Foros do Arrão, uma Freguesia de pequenas dimensões, na qual o numero de crianças não é suficiente para a existência de duas escolas.

Embora esta tenha sido construída posteriormente, relativamente à Escola Primária da Avenida da Liberdade, anteriormente referida, a distância entre elas é ainda considerável, no entanto na zona onde se encontra a Escola Primária aqui retratada

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 137 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

existe um numero inferior de crianças comparativamente com a parte mais a Norte da Freguesia de Foros do Arrão, o que levou ao abandono desta Escola.

Por outro lado, esta Escola é hoje utilizada como edifício de apoio para grupos locais, como é exemplo o grupo de combatentes do Ultramar de Foros do Arrão.

Ilustração 223 - Vista exterior da Escola Primária da Freguesia Ilustração 224 - Escola Primária da Freguesia de Foros do de Foros do Arrão. (Ilustração nossa, 2016). Arrão. (Ilustração nossa, 2016).

Ilustração 225 - Vista exterior da Escola Primária da Freguesia Ilustração 226 - Interior de uma antiga sala de aulas da Escola de Foros do Arrão. (Ilustração nossa, 2016). Primária da Freguesia de Foros do Arrão. (Ilustração nossa, 2016).

4.3.5. TRAMAGA

Escola Primária

A Escola Primária da Freguesia de Tramaga faz frente com a Avenida 11 de Julho e a Travessa da Ribeira estando esta localizada ao lado da Igreja Matriz da Freguesia de Tramaga tal como é visível na Ilustração 227.

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 138 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Ilustração 227 - Mapa de localização da Escola Primária de Tramaga ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

Nos dias de hoje a Escola Primária da Freguesia de Tramaga já não é utilizada como estabelecimento de ensino primária, esta função fora transferida para um outro edifício mais recente localizado em frente à mesma.

Esta escola possui o mesmo traçado arquitectónico da Escola Primária do Plano dos centenários da Freguesia de Foros do Arrão, e como visível na Ilustração 228 e Ilustração 229 encontra-se em bom estado de conservação.

Ilustração 228 - Escola Primária de Tramaga nos dias de hoje. Ilustração 229 - Escola Primária em Tramaga nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016). (Ilustração nossa, 2016).

4.3.6. VALE DE AÇOR

Escola Primária

A Escola Primária da Freguesia de Vale de Açor localizava-se na Rua 1º de Maio num pequeno edifício em frente à actual Igreja Matriz de Vale de Açor como é visível na Ilustração 230.

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 139 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Ilustração 230 - Mapa de localização da Escola Primária de Vale de Açor ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

Embora hoje a Escola Primária já não possua a função de ensino de outros tempos, o edifício perdura até aos dias de hoje sendo, no entanto, visíveis múltiplas alterações, tendo o edifício perdido espaço para a direita, tal como é visível na Ilustração 231 comparativamente com a Ilustração 232 observa-se que efectivamente existiam três janelas no alçado original da Ilustração 231, sendo estas localizadas à esquerda da porta. Hoje é visível apenas duas janelas à esquerda da porta tendo, no entanto, um novo acrescento à direita da mesma porta, onde é visível pela Ilustração 232 uma nova janela e um aumento do tamanho do edifício para a sua direita. Encontra-se em bom estado de conservação como é visível na Ilustração 232.

Ilustração 231 – “Primeira Escola Primária”, 1940. (Mata et al., Ilustração 232 - Primeira Escola Primária em Vale de Açor nos 2012, p. 167). dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016).

4.3.7. LONGOMEL

Antiga Escola Primária

A antiga escola primária da Freguesia de Longomel localizava-se na Rua Manuel Nunes Marques Adegas (Ilustração 233).

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 140 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Ilustração 233 - Mapa de localização da antiga Escola Primária e Casa do Povo de Longomel ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

Possuía um traçado muito característico tal como é visível pela Ilustração 234, a qual apresentava uma porta com verga triangular, e rodeada por duas janelas ambas com verga triangular.

No local onde se localizava a antiga escola primária da Freguesia de Longomel encontramos hoje o Centro Comunitário de Longomel tal (Ilustração 235), um edifício implantado no sitio onde noutros tempos havia existido a Escola Primária.

Ilustração 234 – “Escola Primária e Casa do Povo de Ilustração 235 - Local onde existia a Escola Primária e Casa do Longomel”, 1950?. (Mata et al., 2012, p. 167). Povo de Longomel nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016).

Escola Primária

A escola primária da Freguesia de Longomel localiza-se na Rua Manuel Nunes Marques Adegas, a mesma onde existia noutros tempos a antiga escola primária referida anteriormente tal como é visível na Ilustração 236.

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 141 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Ilustração 236 - Mapa de localização da Escola Primária de Longomel ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

Apresenta um traçado próprio do plano dos centenários, estando esta dividida em dois edifícios de tamanho idêntico.

Encontra-se em pleno funcionamento como escola de instrução primária, apresentando- se em bom estado de conservação tal como é visível na Ilustração 237 e Ilustração 238.

Ilustração 237 - Edifícios da Escola Primária de Longomel nos Ilustração 238 - Edifício da Escola Primária de Longomel nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016). dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016).

4.3.8. BREVES CONSIDERAÇÕES RELATIVAS A EDIFÍCIOS DE INSTRUÇÃO PRIMÁRIA NO CONCELHO DE PONTE DE SOR

Analisando os edifícios de instrução primária do Concelho de Ponte de Sor, e através do referido anteriormente, identificam-se múltiplos edifícios construídos de acordo com o Plano dos Centenários que ainda se encontram em funcionamento nos dias de hoje.

O estado de conservação em que hoje se encontram é referido na Tabela 6 à qual se introduz como legenda: (N.A.) – não aplicável, (+) – bom estado de conservação, (+/-) – razoável estado de conservação e (-) – mau estado de conservação.

Recorrendo à análise da Tabela 6, é possível constatar que o estado em que se encontram hoje os edifícios de instrução primária do Concelho de Ponte de Sor é bom,

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 142 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

não existindo de acordo com os analisados, nenhum que se encontre em mau estado de conservação, embora um não se encontre em funcionamento.

Nos dias de hoje, são ainda, na sua grande maioria, utilizadas para o ensino primário, fim para a qual foram projectadas, levando os alunos aos mesmos locais de aprendizagem, onde outrora, gerações passadas também aprenderam.

Tabela 6 - Tabela relativa ao estado de conservação dos Edifícios de Instrução Primária no Concelho de Ponte de Sor.

Freguesia Nome Conservação

Escola Primária do Largo da + Igreja

Escola Ponte de Primária da Sor Avenida + Garibaldino de Andrade

Externato Camões e

Colégio D.ª + Filipa de Vilhena

Montargil Escola + Primária

Galveias Escola + Primária

Escola Primária Foros do (Plano dos + Arrão Centenários)

Escola +/- Primária

Tramaga Escola + Primária

Vale de Escola + Açor Primária

Antiga N.A. Escola Longomel Primária

Escola + Primária

Fonte: (tabela nossa, 2016).

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 143 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

4.4. MOINHOS DE ÀGUA

Moinhos (bis)

Perdidos pelos caminhos

A rodar (bis)

São a alma das levadas

Que murmuram encantadas

A sonhar (bis)

(Andrade, 2010, p. 183)

Desde o inicio dos tempos, o Homem necessitou de procurar alimento, como tal surgiram produtor agrícolas os quais hoje conhecemos como cereais. Estes foram inicialmente ingeridos sob a sua forma de produção, sem serem tratados para a produção de farinhas ou outros produtos, no entanto, rapidamente o Homem com a evolução do pensamento, foram desenvolvidas múltiplas ferramentas, sendo que algumas destas se destinariam à alimentação. Deste modo foram desenvolvidas formas de processamento de cereais, inicialmente com ferramentas manuais, e mais tarde com sistemas de processamento que aproveitariam a força dos elementos naturais para a transformação deste alimento.

Surgiram mós feitas em pedra, com objectivo de transformar o cereal em farinha, inicialmente movidas manualmente, e só mais tarde foram adicionadas a sistemas com roldanas, rodas dentadas entre outros.

Segundo se sabe, as primeiras referencias a estes sistemas surgem no decorrer do século I A.C. em textos gregos, sendo aqui retratados moinhos de água sob duas formas, moinhos de rodízio e moinhos de azenha (Martins, Martins e Martins, 2005, p. 5-9)

As azenhas e os rodízios, aproveitando os caudais dos rios, distinguem-se, sobretudo, por possuírem, as primeiras, uma grande roda vertical no exterior da sua construção e os segundos uma ou duas rodas horizontais no seu interior.(Martins, Martins e Martins, 2005, p. 11)

Os moinhos de água que aqui são tratados visíveis na Ilustração 241, terão sido construídos antes de existir a vila de Ponte de Sor pertencendo na altura tanto ao antigo

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concelho de Seda e também à freguesia da Ervideira como é referido por Andrade (2010, p. 185).

Estes foram mandados oferecidos por D. Afonso III ao chanceler Estevão João, tal como demonstrado por uma carta régia datada de 13 de Julho de 1256.

Os Moinhos de água de rodizio, estão localizados no Rio Sor e sempre próximos dos respetivos açudes, parte fundamental para o funcionamento do Moinho de água, transformando a força da corrente do rio em movimento para girar os rodízios.

Estes terão surgido em meados do século XII e mantiveram-se em funcionamento permanente até à segunda metade do século XX. O uso destes moinhos era parte fundamental para a vivência nas províncias alentejanas, utilizados para a moagem de cereais como o trigo, milho ou até o centeio.

As águas do Rio Sor, podiam ser utilizadas livremente para fazer estes moinhos trabalharem, por outro lado na Freguesia de Montargil o mesmo não acontecia, por volta do século XVIII os moleiros estavam obrigados a pagar 7,5 alqueres de trigo por cada mó que moesse o cereal, quantia paga ao Comendador da Vila, o qual tinha o uso exclusivo das águas.

Estes moinhos de água, foram muitas vezes arrendados a quem quisesse e tivesse interesse em explora-los, tornando-os num bem imóvel para os seus proprietários (Ponte de Sor. Câmara Municipal, 2015q).

Assim, em Ponte de Sor encontramos moinhos de água, maioritariamente de rodízio e ainda um exemplar do que resta de um moinho de azenha.

Os moinhos de rodizio são caracterizados pela existência de uma obra hidráulica a qual permite o aceleramento das águas de um curso de água de forma a mover um eixo. A água é travada por um açude, uma espécie de barragem, muralha ou dique, depois a água é canalizada por uma levada até ao moinho e depois conduzidas novamente para o curso natural do curso de água.

O rodizio é em si uma roda horizontal com dimensão que ronda 1 metro de diâmetro com múltiplas palas em madeira ou metal dispostas radialmente ao longo dessa mesma roda. A água ao embater nessas mesmas palas do rodízio vem conduzida pela seteira

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sob a forma de um jacto, o que provoca a rotação do rodizio o qual se encontra ligado à mó, tal como é visível pela Ilustração 239 (Martins, Martins e Martins, 2005, p. 19, 20).

Ilustração 239 – “O Rodizio”. (Martins, Martins e Martins, 2005, p. 207).

Por outro lado, os moinhos de azenha funcionariam de uma outra forma, sendo variável a fonte de água podendo esta ser superior ou inferior relativamente à azenha tal como é visível na Ilustração 240. No caso de a água ser encaminhada para a parte superior esta é desviada do seu curso natural e dirigida para o moinho através de uma levada, sendo esta conduzida à roda do moinho, caindo depois em vários compartimentos pequenos fechados, denominados de copos provocando a rotação da azenha.

No caso de a água incidir na parte inferior da azenha, esta é colocada no leito do rio, não sendo desta forma necessário o desvio de água do curso natural da água para o moinho.

Este funciona através da rotação produzida através do embate da água nas palas da azenha, sendo depois transmitida essa rotação sob a forma de energia para as rodas horizontais de dimensão inferior denominadas de rodízios (Martins, Martins e Martins, 2005, p. 21-22).

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Ilustração 240 – “Azenha de Cheleiros”. (Martins, Martins e Martins, 2005, p. 21).

Ilustração 241 - Mapa de localização geral dos moinhos ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

No concelho de Ponte de Sor havia em 1850 dezasseis moleiros, produzindo um total de 50 moios de farinha por ano, fazendo um total de cerca de 900.000 réis.

Em 1952, e de acordo com um relatório oficial do Ministério da Economia, existiam 27 moinhos de água na freguesia de Ponte de Sor, 17 moinhos de água na freguesia de Montargil, e 1 moinho de água na freguesia de Galveias. Estes moíam todos os anos uma quantidade que rondava 33 toneladas de centeio, 250 toneladas de trigo e 615

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toneladas de milho, sendo que cada moleiro cobrava 10% do cereal moído. Mais tarde surgiu em Ponte de Sor a Fábrica de Moagem e Descasque de Arroz, a qual existe ainda nos dias de hoje embora já não se encontre a laborar. Aqui funciona dos dias de hoje o Centro de Artes e Cultura de Ponte de Sor como é visível na Ilustração 242 comparativamente com a Ilustração 243, a Ilustração 244 com a 245, a Ilustração 246 com a 247 e a Ilustração 248 com a Ilustração 249.

Ilustração 242 – “Fábrica de Moagem e Descasque de Arroz”, Ilustração 243 - Fábrica de Moagem e Descasque de Arroz nos 1970. (Mata et al., 2012, p. 43). dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016).

Ilustração 244 – “Fábrica de Moagem e Descasque do Arroz”, Ilustração 245 - Fábrica de Moagem e Descasque do Arroz nos 1970. (Mata et al., 2012, p. 158). dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016).

Ilustração 246 – “Fábrica de Moagem e Descasque de Arroz”, Ilustração 247 - Fábrica de Moagem e Descasque do Arroz nos 1970. (Mata et al., 2012, p. 158). dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016).

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Ilustração 248 – “Fábrica de Moagem e Descasque do Arroz”, Ilustração 249 - Fábrica de Moagem e Descasque do Arroz nos 1970. (Mata et al., 2012, p. 159). dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016).

Moinho do Pinheiro

Localizado a Norte dos restantes Moinhos aqui retratados, este localiza-se numa estrada de difícil acesso em terra batida tal (Ilustração 250).

Ilustração 250 - Mapa de localização do Moinho do Pinheiro ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

Este era um dos 52 Moinhos de água que em 1945 laborava na ribeira do Sor. Apresenta uma planta típica de uma habitação com planta rectangular e apresenta ainda vestígios de telha podendo assim concluir que seria esse o material utilizado na cobertura do mesmo. É ainda possível observar três bocas13 na fachada Sul do Moinho tal como é possível observar pela Ilustração 252. Trata-se de um moinho de rodízio, apresentando ainda mós no seu interior. No local, e como é possível observar na Ilustração 251 este encontra-se próximo do canal de água que noutros tempos lhe atribuía funcionamento. Este aparenta ser um moinho de construção mais recente relativamente a muitos outros retratados mais á frente, no entanto o seu estado de conservação é pior relativamente a esses. É propriedade privada e como tal a sua conservação depende dos seus

13 (Martins, Martins e Martins, 2005 p. 115) saída de água de um moinho de rodízio.

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proprietários, estando, no entanto, em mau estado de conservação como é possível observar pela Ilustração 252 (vide Apêndice A).

Ilustração 251 - Moinho do Pinheiro nos dias de hoje. Ilustração 252 - Moinho do Pinheiro nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016). (Ilustração nossa, 2016).

Moinho da Fazenda

O Moinho da Fazenda possui este nome por se localizar próximo da povoação com o mesmo nome (Ilustração 253).

Ilustração 253 - Mapa de localização do Moinho da Fazenda ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

À semelhança do Moinho do Pinheiro, o Moinho da Fazenda apresenta também ele uma planta quadrangular estando esta adaptada a cheias. Possui também ele vestígios de telha como é possível observar pela Ilustração 254 o que indica o seu uso para a cobertura deste moinho no decorrer dos teus tempos de funcionamento. É ainda visível no interior deste moinho, três casais de mós sendo que dois dos quais ainda se encontram no seu local original. Por outro lado, à semelhança do Moinho do Pinheiro, este encontra-se próximo do curso de água, no entanto difere do Moinho do Pinheiro por se localizar a uma cota mais elevado do curso de água, o qual teria de ser desviado e acelerado através de uma garganta para garantir o bom funcionamento do mesmo. Possui duas bocas na alçado virado a Sul, o qual se encontra virado directamente para

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 150 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

o curso do rio tal como é visível pela Ilustração 255. É também ele propriedade privada, e encontra-se em mau estado de conservação como é possível observar na Ilustração 254 e 255 (vide Apêndice A).

Ilustração 254 - Moinho da Fazenda nos dias de hoje. Ilustração 255 - Moinho da Fazenda nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016). (Ilustração nossa, 2016).

Moinho da Pedreira

Localizado em zona de difícil acesso, o Moinho da Pedreira encontra-se próximo aos edifícios que se encontram dentro da propriedade não se encontrando visível pela estrada de acesso como é visível na Ilustração 256.

Ilustração 256 - Mapa de localização do Moinho da Pedreira ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

À semelhança do Moinho da Zona Ribeirinha, do Moinho da Sobeira e do Moinho da Pontinha retratados mais à frente, este apresenta uma cobertura com curvatura de forma a tornar o moinho mais hidrodinâmico (vide Apêndice A). Possui bocas de saída de água ainda visíveis apesar do estado em que este se encontra, podendo ainda ser visível na cobertura parte do rodizio.

Não possui entrada aparente sendo, porém, de supor que esta se encontra no interior da habitação que se encontra anexa ao moinho. Encontra-se em propriedade privada, com habitação em mau estado bem como o moinho que se encontra em mau estado também, como é visível pela Ilustração 257 e 258 (vide Apêndice A).

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Ilustração 257 - Moinho da Pedreira nos dias de hoje. Ilustração 258 - Moinho da Pedreira nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016). (Ilustração nossa, 2016).

Moinhos do Laranjal

Localiza-se perto de Ponte de Sor, numa zona mais urbanizada relativamente aos restantes Moinhos aqui apresentados (Ilustração 259).

Ilustração 259 - Mapa de localização dos Moinhos do Laranjal ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

Neste local é possível encontrar três Moinhos, a relativa pouca distância entre si.

Apresentam planta quadrangular à semelhança dos Moinhos apresentados anteriormente, como é exemplo o do Pinheiro e o da Fazenda, coberturas em telha visíveis ainda os seus vestígios e uma construção em tijolo burro.

Aqui encontram-se dois Moinhos de rodizio e um de azenha como visível na Ilustração 260, o único que se conhece no Concelho de Ponte de Sor, embora seja possível que noutros tempos existissem mais. Por terem o mesmo objectivo, as mesmas necessidades diferindo apenas no modo de funcionamento este encontra-se num local adequado para a função que desempenhou noutros tempos, por se encontrar próximo da ribeira que corre próxima deste.

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É ainda possível observar num dos dois Moinhos de rodizio duas mós no seu interior como visível na Ilustração 263, embora estes se encontrem em mau estado de conservação, e à semelhança dos anteriormente retratados são também propriedade privada tal como é visível na Ilustração 260 a 262 (vide Apêndice A).

Ilustração 260 - Moinhos do Laranjal nos dias de hoje. Ilustração 261 - Moinhos do Laranjal nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016). (Ilustração nossa, 2016).

Ilustração 262 - Moinhos do Laranjal nos dias de hoje. Ilustração 263 - Casal de mós nos Moinhos do Laranjal. (Ilustração nossa, 2016). (Ilustração nossa, 2016).

Moinho da Zona Ribeirinha

Enquadrado dentro da malha urbana de Ponte de Sor tal como é visível na Ilustração 264, o Moinho da Zona Ribeirinha encontra-se no local com o mesmo nome, um local público, de passagem e de lazer utilizado por grande parte dos Pontesorenses visível na Ilustração 265.

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Ilustração 264 - Mapa de localização do Moinho da Zona Ribeirinha ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

Apresenta-se restaurado, tendo sido uma intervenção da Câmara Municipal de Ponte de Sor há poucos anos, estando, no entanto na opinião de Carlos Faísca (vide Apêndice A) frisando que o objectivo não seria o de restaurar o Moinho para o que teria sido o seu original, mas sim realizar uma reinterpretação do mesmo, partilhando a opinião de achar que este se encontra descontextualizado comparativamente com os restantes Moinhos de água, o qual apresenta uma porta de entrada de entrada centrada com o eixo simétrico do Moinho, que não teria sido neste local, dado o facto de este não ser um dos típicos moinhos de planta quadrada, estaria a porta num dos extremos da fachada, cobertura em telha, a qual seria típica de um moinho de planta quadrada e cobertura de duas águas, ao contrário do que hoje é visível, apresentando uma cobertura arredondada, a qual encontramos noutros moinhos retratados mais a frente, os quais não apresentam coberturas em telha como é visível pela Ilustração 266, e ainda pavimento em tijoleira. De todos os Moinhos aqui apresentados, este é o único que é propriedade da Câmara Municipal de Ponte de Sor, o qual se encontra em bom estado (vide Apêndice A).

Ilustração 265 - Moinho da zona Ribeirinha nos dias de hoje. Ilustração 266 - Moinho da zona Ribeirinha nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016). (Ilustração nossa, 2016).

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Moinho da Sobreira

A Ilustração 267 localiza o Moinho da Sobreira, o primeiro entre Ponte de Sor e a freguesia de Tramaga. Como visível na Ilustração, este encontra-se junto do seu açude.

Ilustração 267 - Mapa de localização do Moinho da Sobreira ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

Este moinho, denominado como Moinho da Sobreira é de acordo com Andrade (2010, p. 184) este era um moinho com bastante frequência por parte da população local, estando localizado onde era frequente encontrar pescadores, onde se realizavam pândegas e se ia a banhos.

Apresenta uma cobertura com uma curvatura distinta, a qual apenas se encontra no seu estado original neste Moinho e no Moinho da Pontinha retratado mais á frente. Esta curvatura foi desenvolvida e alterada ao longo dos anos de forma a ser hidrodinâmica (vide Apêndice A) no caso de cheias no Rio Sor, apresentando uma janela e um buraco na cobertura, para o caso de ocorrência de cheias e de este ser afetado, a água ter forma de escoamento mais rápido. Existe na cobertura deste Moinho, pequenas escadas de acesso à cobertura, direcionadas a esse mesmo buraco de escoamento de água, as quais ainda hoje se encontram presentes na cobertura como é possível observar pela Ilustração 268 comparativamente com a Ilustração 269. Encontra-se em propriedade privada e em razoável estado de conservação como é possível observar pela Ilustração 269 (vide Apêndice A).

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Ilustração 268 – “Moinho da Sobreira. Ponte de Sor, anos Ilustração 269 - Moinho da Sobreira nos dias de hoje. 1960”. (Mata et al., 2012, p. 28). (Ilustração nossa, 2016).

Moinho da Pontinha

Tal como visível no Ilustração 270, encontra-se neste local, junto à actual estrada da Tramaga o Moinho da Pontinha, num local de acesso reservado, por se encontrar actualmente dentro de propriedade privada o Moinho da Pontinha. Junto a este podemos também encontrar um açude à semelhança do Moinho da Sobreira e do Moinho Novo.

Ilustração 270 – Mapa de localização do Moinho da Pontinha ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

Seguindo o caminho de Ponte de Sor para a freguesia de Tramaga, encontra-se o moinho da Pontinha.

Pertenceu segundo (Andrade, 2010, p. 184) ao moleiro João Marcelino, que segundo este, afirmava a existência, junto ao seu Moinho, um peixe de dimensões tão grandes que este chegava a ir durante a noite alimentar-se das galinhas que eram sua propriedade.

À semelhança do Moinho da Sobreira, este possui também uma cobertura com curvatura de forma a facilitar a passagem da água no caso de cheias, tornando-o assim

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mais hidrodinâmico (vide Apêndice A) como é visível pela Ilustração 271 e Ilustração 272.

Encontra-se em estado razoável de conservação, comparativamente com os restantes Moinhos retratados.

Ilustração 271 - Moinho da Pontinha nos dias de hoje. Ilustração 272 - Moinho da Pontinha nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016). (Ilustração nossa, 2016).

Moinho Novo

O Moinho Novo é o mais conhecido e no qual podemos encontrar uma maior afluência da população não só por motivos piscatórios como também por lazer, desde o início da sua construção tal como visível na Ilustração 274 e Ilustração 276, onde é possível ver grupos de pessoas junto deste.

Este é o que possui o maior açude em comparação com o Moinho as Sobreira e o Moinho da Pontinha como é possível observar pela Ilustração 273.

Ilustração 273 – Mapa de localização do Moinho Novo ([Adaptado a partir de:] Google inc., 2016).

Continuando o caminho entre ponte de Sor e a freguesia de Tramaga junto ao rio Sor, deparamo-nos com o último moinho, conhecido por Moinho novo, segundo Andrade ( 2010, p. 185) este terá a mesma idade dos restantes Moinhos conhecidos como

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Moinhos da Tramaga, sendo estes o Moinho da Sobreira, o Moinho da Pontinha e o Moinho Novo, no entanto terá sido este o último a ser contruído dos três.

Também aqui podemos encontrar uma zona piscatória, local com muita abundância de peixe por se localizar junto a um pego, fazendo deste local o sitio ideal para a pesca à cana.

Neste local é possível atravessar entre margens, aqui a transição entre margens é feita recorrendo a uma ponte assente em rochas em ambas as margens do rio.

Foi utilizado até há cerca de quatro ou cinco anos de acordo com Carlos Faísca (vide Apêndice A) como habitação estando, no entanto, o moinho em desuso.

A Habitação que aqui se encontra anexa aparenta ter sido construída posteriormente à construção do Moinho Novo, tendo possivelmente sido adaptada a uma habitação de moleiro que aqui deverá ter existido noutros tempos.

Ao contrário dos restantes Moinhos aqui apresentados, este não possui qualquer semelhança, apresentando-se num corpo circular junto ao Rio Sor como é possível observar pela Ilustração 274 comparativamente com a Ilustração 275 e pela 276 quando comparada com a 277.

Encontra-se em razoável estado de conservação e em propriedade privada (vide Apêndice A).

Ilustração 274 – “Moinho Novo”. (Mata et al., 2012, p. 30). Ilustração 275 - Moinho Novo nos dias de hoje. (Ilustração nossa, 2016).

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Ilustração 276 – “Moinho Novo”, 1942. (Mata et al., 2012, p. Ilustração 277 - Moinho Novo nos dias de hoje. (Ilustração 30). nossa, 2016).

4.4.1. BREVES CONSIDERAÇÕES RELATIVAS A MOINHOS DE ÀGUA NO CONCELHO DE PONTE DE SOR

Em análise aos moinhos de água presentes no Concelho de Ponte de Sor, e em análise paralela com a Tabela 7 a qual demonstra o estado de conservação dos mesmos nos dias de hoje, introduzindo-se como legenda: (N.A.) – não aplicável, (+) – bom estado de conservação, (+/-) – razoável estado de conservação e (-) – mau estado de conservação.

Analisando a Tabela 7 e o referido anteriormente é possível dizer que o estado em que os moinhos de água do Concelho de Ponte de Sor se encontram é mau (vide apêndice A), embora existam alguns em estado razoável considera- -se aqui o razoável enquanto estrutura, não estando em ruínas, de frisar apenas um em bom estado de conservação.

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Tabela 7 - Tabela relativa ao estado de conservação dos moinhos de água no Concelho de Ponte de Sor.

Freguesia Nome Estado de Conservação

Moinho - do Pinheiro

Moinho - da Fazenda

Moinho - da

Pedreira Ponte de Sor Moinhos - do

Laranjal

Moinho + da Zona Ribeirinha

Moinho +/- da Sobreira

Moinho +/- da Pontinha

Moinho +/- Novo

Fonte: (tabela nossa, 2016).

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A titulo de considerações finais, e enquadrando o anteriormente referido com o Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal, o trabalho analisa os vários tipos de edificado vernáculo, ou seja, de construção popular, tendo sido incluídos alguns exemplos que não o são, fazendo assim um levantamento à semelhança do que fora realizado no I.A.P.P. embora este tenha sido realizado à escala nacional, e consequentemente com menos peso local.

Revisitou-se o inquérito com especial enfoque no Concelho de Ponte de Sor, tendo sido aqui revistos os vários edifícios referenciados pelo I.A.P.P. em 1955-1960, e tendo sido acrescentados vários outros, os quais se consideram parte fundamental da vivência local, sendo assim considerados como património local.

Em virtude do que foi referido anteriormente nos vários subcapítulos do quarto capítulo é possível analisar múltiplas alterações nos edifícios apresentados, de acordo com a comparação entre Ilustrações de épocas passadas com Ilustrações dos dias de hoje.

Ao nível das transformações constatadas e referidas anteriormente, dividindo por função do edifício, ao nível das habitações observa-se uma evolução do edificado, apresentando várias alterações ao que era construído na época do I.A.P.P. frisando o facto de se tratar de épocas diferentes, numa altura em que estes eram edificados sob a forma dita vernácula, ou seja, edificada sem projecto, e de forma popular.

Assim estas apresentam múltiplas alterações, como visível no subcapítulo 4.1. do presente trabalho, como é o caso das cores apresentadas nas fachadas das habitações, os adornos e motivos decorativos que existiam, e que se foram perdendo com o passar dos tempos, apresentando-se hoje com cores invertidas em vários dos casos analisados anteriormente, bem como fachadas alteradas em relação ao que se encontrava na altura do Inquérito entre 1955 e 1960.

Levanta-se a questão, ao nível da habitação enquanto edifício vernácula, se estes efectivamente possuem correspondência entre si, ou seja, como foi referenciado no capítulo 4.1. observou-se a existência de edifícios nos quais a fachada se torna em muito semelhante a tantos outros, estes apresentam-se com três vãos, janela, porta, janela, pela ordem referida, e no caso de existência de chaminé no alçado principal, apresentam-se apenas dois vãos, janela, porta, sendo a ultima janela eliminada dado o

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 161 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

facto de existir no local da mesma a chaminé. Levanta-se assim a questão, para futura análise detalhada.

Por outro lado, ao nível dos edifícios religiosos, estes apresentam-se em muito semelhantes ao que seriam na época do I.A.P.P. bom base nas Ilustrações encontradas referentes a cada um dos edifícios. Apresentam-se em muitos casos com alterações de cores nos alçados, sendo esta, maioritariamente a alteração mais relevante a referir.

Em parte, é possível que estes tenham sofrido poucas alterações dado o facto de encontrar-se no Concelho uma população religiosa (Católica) a qual frequenta com bastante regularidade este tipo de espaços. Dando-lhes um uso frequente, estes mantêm-se ao longo dos anos com poucas, ou até em muitos casos, nenhumas alterações ao nível estético, funcional e material comparando com as várias Ilustrações das diversas épocas retratadas no capítulo 4.2.

Por se ter revelado uma necessidade de extrema importância, tal como referido no subcapítulo 4.3., a construção de edifícios de instrução primária dado o elevado numero de analfabetos no país, encontram-se vários exemplos destes edifícios ao longo do Concelho de Ponte de Sor.

Estes, na sua grande maioria, foram edificados a quando do plano dos centenários, tornando-os assim construções eruditas, fugindo à temática da construção vernácula. No entanto, considera-se que estes são parte fundamental do património edificado do Concelho de Ponte de Sor, embora tenham sido projectados e seguido múltiplas regras, contrariamente aos restantes edifícios abordados.

Ao nível de alterações observadas em comparação com as múltiplas Ilustrações presentes no subcapítulo refente aos edifícios de instrução primária, são poucas, ou em vários casos nenhumas, tendo sido as alterações cuidadas, dado o facto de se tratarem de edifícios com uso bastante frequente.

No que respeita aos moinhos de água, estes são certamente os que apresentam menos alterações comparativamente ao que havia sido encontrado na época do I.A.P.P. e nas várias épocas apresentadas nas Ilustrações do capítulo 4.4.

Em parte, as poucas, ou na maioria dos casos, nenhumas alterações realizadas a estes, devem-se ao facto do abandono dos mesmos por parte da população, por falta de trabalho (produção de farinha), tendo sido no entanto referido no capítulo o facto de

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surgirem nos dias de hoje, nichos de mercado, para a produção de farinhas de elevada qualidade, as quais poderão trazer alguma produtividade, e consequentemente, alterações funcionais (dado o facto de muitos de encontrarem em ruína nos dias de hoje) sendo por tanto tipo de edificado que poderá vir a sofrer alterações.

Poderá assim, este trabalho ser dividido por vários tipos de património, por um lado o património civil, no qual se inclui as habitações, o comércio e os moinhos de água, o património religioso, o qual incorpora as igrejas e capelas existentes no Concelho, e o património Municipal e/ou Nacional, fazendo parte deste os edifícios de instrução primária, dado o facto de estes, como anteriormente referido, possuírem planos nacionais, e cumprirem regras e tipologias tanto nacionais como locais, não sendo assim parte integrante de arquitectura vernácula.

Considera-se assim, um trabalho de interesse não só municipal como também nacional, dado o facto de, à semelhança do que foi realizado aquando do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal, ter sido feito um levantamento do edificado existente com carácter vernáculo, incluindo-se alguns exemplos de arquitectura mais erudita, considerada pelos locais como sendo património.

Assim, considera-se o edificado anteriormente referido, não tendo sido em muitos casos, anteriormente referido em nenhuma obra, como parte fundamental da história do Concelho de Ponte de Sor, com valores e características próprias locais, as quais poderão vir a ser futuramente estudadas, no caso de futuros projectos nos vários locais referenciados no trabalho.

Mantém-se a questão em torno do edificado municipal no que respeita às regras de intervenção futura. Por um lado a preservação da memória e identidade local que este trabalho pretende perpetuar e registar e por outro numa abordagem mais prospectiva onde se poderão, no futuro, lançar bases para uma criação de novas arquitecturas locais, inspiradas no passado mas voltadas para o futuro.

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REFERÊNCIAS

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APÊNDICES

A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

LISTA DE APÊNDICES

Apêndice A - Entrevista a Mestre Carlos Manuel Faísca – Moinhos de água Apêndice B - Entrevista a Dr.ª Ana Isabel Coelho Silva – Habitações, Rua Vaz Monteiro; Primo Pedro da Conceição d’ Andrade

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APÊNDICE A Entrevista a Mestre Carlos Manuel Faísca – Moinhos de Água

A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Entrevista a Mestre Carlos Manuel Faísca

Assunto: Moinhos de água

Data da entrevista: 09/11/2016

Licenciado em História pela Universidade Nova de Lisboa

Mestre em Ciências da Informação e da Documentação pela Universidade Nova de Lisboa

Estudos avançados em História:

Área de especialização em Instituições e Desenvolvimento Económico pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa

Doutorando em Economia Aplicada na Universidade da Extremadura

P: Estamos junto ao Moinho de Água do Pinheiro, pergunto a Carlos Faísca se nos poderá fornecer mais informações relativamente a este moinho.

R: Encontramo-nos aqui num dos 52 moinhos que em 1945 ainda laboravam ao longo da ribeiro do Sor e seus afluentes. Este moinho encontra-se em ruínas, e ao contrário de muitos outros, possui uma estrutura absolutamente normal, ou seja, apresenta um traçado arquitectónico semelhante ao de uma casa, com uma planta quadrangular possuindo uma cobertura em telha e conseguimos ainda ver o sítio onde se encontrava um dos rodízios, sendo por esta forma um moinho de água de rodizio.

Ouvimos perfeitamente o barulho da água, e eu diria que pela sua construção, embora não tenha documentação que o comprove, é um moinho mais recente do que muitos outros que se mantêm e que não se encontram neste estado de ruína.

P: Passando agora para o moinho no denominado (nome popular) Moinho de Água da Fazenda, por se encontrar próximo da povoação com o mesmo nome, à semelhança do anterior moinho (Moinho de Água do Pinheiro) este possui também uma planta próxima do que encontramos no Moinho do Pinheiro, possuindo ainda vestígios de cobertura em telha, pergunto a Carlos Faísca, se terá mais informações relativamente a este moinho de água.

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R: Bom, na realidade se quisermos definir uma tipologia para este moinho, este é igual ao anterior (Moinho de Água do Pinheiro), ou seja, apresenta uma planta quadrangular.

Localiza-se a uma cota mais elevada do que é comum nos restantes moinhos, possivelmente para evitar no decorrer de cheias, que este fosse inundado.

Possuiu noutros tempos uma cobertura em telha, embora hoje se apresente em estado de ruína é ainda visível o mesmo.

É aqui visível a existência de três casais de mós, dois dos quais é possível observar que ainda hoje se encontram no mesmo local.

Não é possível dizer qual era a sua finalidade, à semelhança do anterior (Moinho de Água do Pinheiro) por na sua maioria serem utilizados para a produção de farinha, embora existissem alguns utilizados para descasque do arroz, sendo por isso difícil de identificar, no estado em que hoje se encontra não existe forma como distinguir qual seria a sua função noutros tempos.

Este não se encontra a uma grande distância do leito do rio, encontra-se sim a uma cota totalmente diferente, sendo que o rio se encontra metros abaixo do Moinho. Aqui a água era desviada, utilizando um pouco de energia cinética, trazendo o leito do rio forma suficiente para que a água chegasse ao moinho.

P: Qual seria então a diferença entre um moinho utilizado para a produção de farinha e um que serviria para o descasque do arroz?

R: A diferença assentaria principalmente ao nível das mós, ou seja, os moinhos utilizados para descasque de arroz tinham uma maior distância entre as mós de forma a que este não moesse e não fosse produzida farinha, retirando apenas a casca. Era possível regular a altura entre as mós recorrendo a uma estrutura que teria essa mesma função.

P: O Moinho onde nos encontramos (Moinho de água da Fazenda) é propriedade privada?

R: Eu penso que todos eles são de propriedade privada, à excepção do Moinho da Zona Ribeirinha.

P: Como considera o estado de conservação deste moinho (Moinho de Água da Fazenda)?

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R: Encontra-se em ruína completa.

P: Já no Moinho de Água da Sobreira podemos identificar uma cobertura distinta de algumas vistas anteriormente como é o caso do Moinho do Pinheiro e o Moinho da Fazenda. É do seu conhecimento o porquê de este e muitos outros como é exemplo o Moinho da Pedreira, Moinho da Pontinha, o Moinho da Zona Ribeirinha, o Moinho Novo possuírem uma cobertura com uma curvatura que lhes é distinta dos restantes?

R: Esta arquitectura era feita para resistir às cheias, e até podemos ver um buraco na cobertura para no caso de cheias e de inundação do próprio moinho, a água teria forma de sair, neste caso pela cobertura.

No decorrer das cheias, era “analisado” pela população a forma como este se comportava ao receber água, ou seja, era feito uma espécie de estudo hidrodinâmico. Sendo depois alterada ou não na sua curvatura.

Podemos observar no Moinho da Sobreira, umas escadas de acesso à cobertura, as quais dariam acesso ao buraco de escoamento de águas no caso de cheias.

P: Já nos Moinhos das Hortas do Laranjal, encontramos vários moinhos separados entre si, podemos identificar três moinhos no interior de três edifícios separados entre si. Aqui podemos identificar dois de rodízio e um outro de azenha. Pergunto a Carlos Faísca se seria de seu conhecimento mais informações relativamente a estes Moinhos.

R: Aqui encontramos moinhos cuja planta é quadrangular, com cobertura em telha, construídos já com tijolo burro, dando ideia de serem mais recentes.

Encontramos aqui dois moinhos de rodízio e um moinho de azenha, o único moinho de azenha que tenho conhecimento no Concelho, eventualmente poderiam ter existido mais. A ribeira que aqui passava vai depois entroncar no Rio Sor.

P: Perguntava-lhe relativamente a estes moinhos das Hortas do Laranjal, se sabe o porquê de aqui se encontrar um moinho de azenha, dado o facto de no concelho de Ponte de Sor não existir mais nenhum.

R: Do pouco que eu tenho investigado de moinhos, e não sendo a minha área de especialização sendo esta a parte corticeira, há mais moinhos de rodizio do que de azenha, no entanto eles são os dois quase iguais, a diferença está na posição das rodas,

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 183 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor ou seja, nas de rodízio a roda está na horizontal e quando a água passa, faz o rodízio rodar, que por sua vez está encavado numa peça de madeira e que faz a mó girar. Por outro lado, a azenha faz a mó girar com recurso a uma roda dentada, estando a azenha na vertical a peça de madeira está na horizontal e a mó está paralela.

Não sendo engenheiro, eu diria mesmo que o moinho de rodizio tem menos atrito que o moinho de azenha.

P: Relativamente ao Moinho mais conhecido do Concelho de Ponte de Sor, o Moinho Novo, que se enquadra em três moinhos conhecidos como Moinhos da Tramaga, pergunto-lhe se o facto de ter uma habitação, possibilitou um outro uso até mais tarde e assim conseguiu manter-se até mais tarde comparativamente com os restantes, no entanto parecendo a habitação uma construção posterior à construção do moinho, parecendo que esta fora utilizada até à relativamente pouco tempo.

R: Sim ela foi realmente utilizada até à bem pouco tempo, quatro ou cinco anos, mas a questão aí é a seguinte, todo o património que tem utilização acaba por, das duas uma, ou é conservado ou ser adulterado, e no caso do Moinho Novo foi um pouco das duas, basta olhar para a configuração, parecendo estranho. Não tendo quaisquer parecenças com os restantes.

P: Dado o facto de ter dito que possui uma configuração estranha, considera que o Moinho Novo parece uma adaptação de uma casa, ao local onde existia já um moinho, qual é a sua opinião relativamente a este moinho?

R: Efectivamente é o que parece sim, e provavelmente foi isso mesmo que aconteceu. Os moleiros ou habitavam dentro do moinho, ou viviam numa casa anexa ao moinho, e o que deve ter acontecido, sendo aquele dos últimos a funcionar, à medida que o tempo foi avançando, as pessoas foram ficando mais exigentes até na qualidade da sua habitação, e no caso daquele moinho, ele manteve ocupação humana e as pessoas que lá habitaram tentaram adaptar a uma casa ao lado do moinho.

P: Saberá dizer-nos em que altura os moinhos foram abandonados?

R: Há semelhança de todos os outros moinhos, estes caíram em desuso à trinta, quarenta anos atrás, mais quarenta do que trinta, sendo que este foi dos últimos a laborar até por volta de finais dos anos 60, início dos anos 70.

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Num Concelho aqui perto, o Concelho de Mora, ainda existiam moinhos a funcionar até ao início dos anos 80, no entanto, nos últimos 30 anos, este tipo de estrutura deixou de ser usada.

Agora há um mini regresso, por pessoas que possuem ideias de produzir farinha de elevada qualidade destinada a mercados gourmet, e por isso nota-se uma reabilitação deste tipo de estruturas, mas, no entanto, não sei no que isso dará.

P: Pergunto a sua opinião sobre o porquê dos moinhos terem caído em desuso, isto porque com a introdução de uma fábrica de moagem de cereais aqui em Ponte de Sor, penso que seja normal pressupor que os moinhos tenham caído em desuso com o inicio da fábrica.

R: Bom, a fábrica começa a laborar em 1920, estes moinhos trabalharam mais quarenta anos, portanto não me parece existir uma ligação directa entre a fábrica e os moinhos, isso era uma coisa que teria de se investigar mais aprofundadamente, no entanto, a moagem e as actividades industriais durante o período do Estado Novo, estavam sujeitas à lei do condicionamento industrial e todas tinham uma cota, não podiam produzir mais do que x, era um tipo de economia de planeamento central no típico dos regimes autoritários, coisa que acontecia por exemplo na União Soviética, e o que acontecia era no caso da produção ser excedentária aqui na região e que a própria sociedade industrial que geria a fábrica de moagem de cereais não tinha cota para moer todo o cereal, iam moer aos moinhos, às vezes até de forma ilegal, por vezes até à noite às escondidas das autoridades.

Por tanto, a meu ver, a queda dos moinhos foi como é obvio a economia de mercado e foi a globalização económica do ponto de vista em que essa globalização, um termo que se fala muito, não sendo mais do que acabar com as restrições ao livre comércio internacional, fazendo com que tendencionalmente os preços se uniformizem. À medida que a economia portuguesa se foi abrindo cada vez mais, primeiro ao nível interno e depois ao nível internacional, estas estruturas pela sua baixa produtividade, pela abertura de grandes cadeias de retalho, não devem ter sido economicamente viáveis, e isso deve ter ditado o seu fim. Mas é uma mera opinião e especulação.

P: Como considera o estado geral dos moinhos?

R: O estado geral é mau, entre o péssimo e o mau, com excepção do moinho da zona ribeirinha que foi reabilitado pelo Município há uns anos, no entanto na altura da reabilitação, questionei o Arquitecto com a história de ter achado que o moinho fora

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 185 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor descaracterizado, e este respondeu-me que o seu objectivo não era fazer um restauro, o objectivo era o de fazer uma reinterpretação do moinho e por isso ficou diferente do que haveria sido anos antes, onde por exemplo, ele colocou a porta ao centro, no eixo simétrico, colocou-lhe telha, um chão de tijoleira, ou seja foram realizadas essas alterações, tendo sido uma reinterpretação como disse.

À margem desse, os moinhos estão por si, ou seja, enquanto resistirem aos agentes de desgaste da natureza.

P: Por último pergunto-lhe se prevê um futuro diferente ou igual àquele que tiveram noutros tempos, ou seja haver uma reconstrução dos moinhos para o uso a que foram destinados noutros tempos, ou até se possivelmente conseguiria atribuir um novo uso aos moinhos.

R: Então é o seguinte, existe alguma vontade de lhes dar de facto algum uso, já existiram ideias de projectos ao nível da educação ambiental, já existiram ideias de projectos ao nível de preservação do património histórico, de turismo de natureza, etc. Existe um grande constrangimento ao facto de eles (moinhos) serem propriedade privada e os proprietários nem sempre estarem dispostos a tal. Existem duas maneiras de o fazer, ou alguém investe, e é necessário alguém ter capital e que do ponto de vista económico, trata-se de um investimento que não vai ter retorno. Se o Município tiver oportunidade, tenho a certeza que quer o executivo camarário, quer os técnicos onde eu me incluo, têm interesse nisso, no entanto existe essa grande barreira, no entanto não poderíamos preservar todos, pois são muitos e seria impossível preservar todos, recuperava-se um ou dois mais exemplificativos ou às vezes, como foi o caso da zona ribeirinha, por se encontrar no sítio certo à hora certa, já incluído na malha urbana e haveria uma reabilitação daquele espaço, que era um espaço público, não era um espaço privado.

Existe ainda um outro movimento, que parece estar a surgir de pessoas que estão a querer reabilitar estas estruturas para produção de farinha para nichos de mercado gourmet, fora de Ponte de Sor. No entanto, um nicho de mercado é sempre uma parte pequena, ou seja, estes moinhos (Moinhos de Água, Moinhos de Vento, Moinholas e Moinhos de Sangue) quando foram construídos eram para alimentar toda a população Portuguesa, não existiam outros, ou seja, agora existe a possibilidade de reabilitar alguns Moinhos para que entrem de novo em produção, no entanto nunca será uma percentagem significativa, visto que só uma pequena parte da população eventualmente consumirá o que estes “novos” moinhos irão produzir.

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APÊNDICE B Entrevista a Dr.ª Ana Isabel Coelho Silva – Habitações, Rua Vaz Monteiro; Primo Pedro da Conceição Freire d’ Andrade

A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

Entrevista a Dr.ª Ana Isabel Coelho Silva

Assunto: Habitações, Rua Vaz Monteiro; Primo Pedro da Conceição Freire d’ Andrade

Data da entrevista: 10/11/2016

Técnica superior de História

Responsável pelo Arquivo Histórico Municipal de Ponte de Sor

Licenciada em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra

Doutoranda em História Contemporânea pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra

P: Pergunto-lhe relativamente à Rua Vaz Monteiro, na zona especifica dos Paços do Concelho onde entre quatro imagens comparativas (Ilustração 19, Ilustração 20, Ilustração 21 e Ilustração 22) poderia identificar nestas Ilustrações relativamente aos edifícios que podemos identificar presentes nestas Ilustrações, e que hoje ainda se encontram no mesmo local, se poderia identificar esses mesmos edifícios e que sejam conhecidos aqui no Arquivo Municipal de Ponte de Sor.

R: Bom, esta Rua, atual Rua Vaz Monteiro, era a chamada Rua Grande, sendo a principal artéria da vila de Ponte de Sor. A zona onde hoje temos o antigo edifício dos Paços do Concelho é aquela onde sempre se sediaram os paços do concelho aqui em Ponte de Sor; antes deste edifício, que começou a ser construído em 1886, havia um outro de que temos registo, que já estava em ruinas no final do século XIX e que foi demolido para se construir o que hoje lá se encontra.

Portanto, essa zona que ficava em frente ao edifício dos Paços do Concelho, onde hoje temos um parque de estacionamento, era o Largo do Pelourinho. Também temos conhecimento da existência de um Pelourinho, cujas pedras foram em parte vendidas, outras utilizadas para a construção da cadeia, localizada no piso térreo do edifício dos Paços do Concelho. Assim, o Pelourinho foi desmantelado e nesse largo posteriormente existiram outros edifícios, como é visível na Ilustração x, onde se identifica já o Hotel Canha na parte virada para a Rua Grande, dividindo a atual praça em duas ruas, uma que ia do edifício da A. B. Carvalho até ao Hotel e outra que ia do Hotel até aos Paços

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 189 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor do Concelho. Mais tarde, não se sabendo exatamente quando, esse hotel desapareceu e foi ali construído um posto da Polícia de Viação e Trânsito, idêntico a um outro que ainda existe hoje em dia perto do supermercado “Intermarché”. Já posteriormente, esse posto foi demolido e foi construído ali o parque de estacionamento que ainda hoje lá se encontra. Portanto, deixou de haver uma divisão em duas artérias.

P: Ainda aqui nesta zona, no lado oposto relativamente à Rua Vaz Monteiro, encontramos o edifício que actualmente funciona como lar. Uma das coisas que se nota em termos de alteração do edifício é o facto de este ter sofrido um acrescento em altura. Possui informações relativamente ao que este fora noutros tempos, e parte da sua história?

R: Sim, esse edifício era habitação particular de D. Margarida Vaz Monteiro de Matos e Silva Camossa Saldanha, que em 1972 o doou à Santa Casa da Misericórdia de Ponte de Sor, com a condição de ali ser instalado um estabelecimento para abrigo de pessoas idosas de ambos os sexos; assim viria a acontecer, fundando-se o Lar de Nossa Senhora do Amparo, que ainda hoje ali se encontra. Na altura da doação, como podemos ver em documentos pertencentes ao Arquivo da Misericórdia de Ponte de Sor, o prédio consistia numa casa de habitação com três pavimentos e sótão. A doadora reservava cinco divisões no 1.º andar para sua residência, enquanto vivesse.

P: Seguindo o rumo da Rua Vaz Monteiro, existe um outro edifício visível na Ilustração 23, que ainda existe actualmente, pergunto-lhe se existe algum interesse particular neste, e se é conhecida a sua história.

R: Sim, é conhecido como Casa Goes, embora já não pertença a essa família, e é o local onde hoje se encontra o estabelecimento “Galerias Pinheiro”. Este edifício foi construído em finais do século XIX (1877/78), para substituir um outro, apalaçado, que aí existia, o solar dos Menezes, a família que detinha o morgado de Ponte de Sor. Quem comprou este edifício terá demolido o solar e construiu esta casa que hoje ainda lá vemos. Nas traseiras do edifício, numa parte que fica hoje no quintal da casa, ainda existe uma cantaria pertencente ao antigo solar, sendo, no entanto, o único vestígio que dele resta.

Anexa a esta casa, existiu em tempos uma outra, a qual foi demolida para alargar a atual Avenida da Liberdade, antiga Estrada da Estação, sendo ainda hoje visível na parede lateral da Casa Goes o limite do seu telhado. Foi o primeiro posto dos Correios de Ponte de Sor, ou Posto Telégrafo-Postal, e é identificável ainda na Ilustração x.

André Filipe Pratas dos Santos Mourato Zêzere 190 A Revisitação do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal: o Concelho de Ponte de Sor

P: Mais à frente, encontramos um outro edifício, visível na Ilustração 21, a qual ainda se mantem num estado muito aproximado do que seria o original, tem conhecimento da sua história?

R: Sim, era o edifício da Família Vaz Monteiro, também datado de final do século XIX. Inicialmente não incluía o chamado torreão, que foi construído mais tarde.

P: No local onde hoje se encontra o Lar Residencial Da Ponte visível na Ilustração 25, é visível que noutros tempos neste local se encontravam habitações tal como visível na Ilustração 26 tem conhecimento histórico deste local?

R: O atual Lar Residencial da Ponte é uma adaptação do edifício que noutros tempos foi a Pensão da Ponte (em funcionamento na década de 1980) e, antes disso, um Hotel ou Pensão, mandado construir por José Vaz Monteiro (aparece numa fotografia da década de 1930). Também este prédio foi doado à Santa Casa da Misericórdia de Ponte de Sor, em 1972, por D. Margarida Vaz Monteiro Camossa Saldanha, consistindo então numa casa de rés-do-chão, 1.º e 2.º andar e águas furtadas, com dezenas de divisões destinadas a quartos de pensão, para além de uma dependência separada com mais quartos, uma garagem aberta, uma área de esplanada e um quintal.

P: No lado oposto ao local onde hoje se encontra o Lar Residencial Da Ponte, existem edifícios que em comparação entre a Ilustração 15 e a Ilustração 26 ainda hoje se encontram, com poucas alterações. Tem conhecimento histórico de alguns destes edifícios?

R: Sim, havia um edifício que funcionava como posto anti-sezonático. Ponte de Sor era uma zona afetada por sezões (o mesmo que malária ou paludismo), devido às águas paradas da Ribeira de Sor e sobretudo da Ribeira de Longomel, e em ligação também com a cultura do arroz, que exige grandes extensões de água, as quais, estagnadas, favorecem o desenvolvimento do mosquito que transmite a malária; portanto, historicamente é uma zona afetada por esta doença. Nos anos de 1930 foi criada uma rede de combate ao sezonismo em Portugal, com vários postos e dispensários anti- sezonáticos, e Ponte de Sor era sede de um Posto anti-sezonático.

P: Pergunto-lhe se saberá mais informações relativamente a Primo Pedro da Conceição Freire d’ Andrade, se poderia acrescentar, com base histórica, informações relativamente à pessoa que foi Primo Pedro, Autor do livro Cinzas do Passado, revisto à pouco tempo por si.

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R: Ele era secretário da Câmara Municipal de Ponte de Sor, muitos dos documentos que temos aqui no Arquivo Histórico relativos à época em que ele trabalhou foram redigidos e/ou assinados por ele. Paralelamente, tinha uma tipografia, chamada “Minerva Alentejana”, que ficava no edifício onde hoje se encontra a casa comercial “Prolar”, que é visível na Ilustração x, onde se imprimia o jornal A Mocidade, do qual Primo Pedro foi um dos fundadores e director, função na qual foi também sucedido pelo seu filho, o escritor Garibaldino de Andrade.

A família Freire d’Andrade, que merece ser melhor estudada, e nós temos esse projeto, produziu ilustres figuras da história pontessorense nos séculos XIX e XX, muitas delas ligadas à instrução, professores primários. Por exemplo, o bisavô de Primo Pedro, Francisco Manuel Freire d’Andrade, foi um dos primeiros professores contratados pela Câmara Municipal, no início do século XIX.

Primo Pedro era uma pessoa que se interessava muito pela sua terra, pela história da sua terra; sendo um curioso e autodidata, pesquisava na documentação da Câmara, à qual tinha acesso por trabalhar lá, e relacionava-se com pessoas que lhe davam informações preciosas, como o escritor Mário Saa. Como não tinha sido ainda registado em nenhuma obra aquilo que se sabia sobre a história de Ponte de Sor, Primo Pedro quis deixar esse registo e os primeiros textos que mais tarde vieram a ser usados no livro Cinzas do Passado foram publicados ainda nos anos de 1930, numa obra chamada Álbum Alentejano, da qual saiu uma separata só sobre o concelho de Ponte de Sor. Mais tarde ele, o autor foi pesquisando alguns assuntos, foi acrescentando informações e acabou por deixar este registo.

Recentemente, eu fiz a revisão critica da obra. Essencialmente este trabalho consistiu em acrescentar notas críticas ao texto original, para além de uma bibliografia e uma listagem de fontes. Nas notas são indicadas as fontes documentais que Primo Pedro usou, sempre que foi possível localizá-las, visto na altura não ter havido essa preocupação, incluindo a indicação dos arquivos e das cotas onde podem ser encontradas; são também desenvolvidos alguns assuntos, dos quais tomei conhecimento no decorrer das minhas próprias investigações sobre a história local, e expostos determinados pontos em que não concordo com o autor, explicando porquê. De qualquer forma, reconheço, e isso está bem claro na introdução da edição crítica, o mérito desta obra, que foi a primeira e durante muito tempo a única que existiu e que ainda hoje serve de referência sobre a história de Ponte de Sor.

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