Valdir Arruda Tradição E Renovação: a Arquitetura Dos Mosteiros
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Valdir Arruda Tradição e Renovação: a arquitetura dos mosteiros beneditinos contemporâneos no Brasil Dissertação de mestrado apresentada à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo sob a orientação da Prof. Dra. Mônica Junqueira São Paulo 2007 1 Agradecimentos À prof. Dra. Mônica Junqueira pela amizade, confiança, apoio e orientação ao longo dos anos. Aos profs. Drs. Fernanda Fernandes da Silva e Carlos Eduardo Uchôa Fagundes Jr. OSB, pelo incentivo, comentários e sugestões fornecidas durante o exame de qualificação. Ao arquiteto Hans Broos, pela generosidade com que nos recebeu, permitindo o acesso a seu organizado acervo de projetos e, acima de tudo, pela excepcionalidade de sua arquitetura religiosa. Ao arquiteto Ubiratan Silva, por sua colaboração ao nosso trabalho, disponibilizando projetos e imagens de sua produção arquitetônica. Aos arquitetos Celso Ono, Dalva Thomaz e Ricardo Mendes pela amizade. Ao arquiteto Valderson de Souza, por compartilhar essa trajetória. Aos caríssimos monges e monjas beneditinos: Dom Geraldo Gonzáles y Lima OSB, e comunidade da Cela de São José, onde fui introduzido à vida beneditina; e a Dom José por permitir nosso acesso ao mosteiro e sua biblioteca. Madre Abadessa Martha Lúcia Teixeira OSB, e comunidade da Abadia N.Sra. da Paz, pelo estimulo, orientação, amizade e orações; agradeço ainda às Ir. Maria Luiza Freire e Ir. Miriam Teixeira de Almeida e Ir. Maria Cruz, minhas guias na clausura. Dom Abade Mathias Tolentino Braga OSB, e comunidade da Abadia N.Sra. da Assunção, que possibilitaram meu aprendizado acerca da filosofia e da tradição monástica; Dom Paulo Panza OSB, e comunidade do Mosteiro de São Bento de Vinhedo, pela amizade e auxílio prestado ao longo do tempo; Madre Abadessa Maria Teresa Amoroso Lima OSB, e comunidade de Santa Maria, em especial Ir. Maria Letícia Pereira de Campos, pela visita guiada, e zelo arquivístico; Dom Abade Roberto Lopes OSB, e comunidade da Abadia NSra. do Monserrate, pela acolhida e visita guiada; Dom Abade André Martins OSB, e comunidade da Abadia da Ressurreição, pela acolhida, amizade, generosidade, confiança e orientação; afinal, foi por meio de sucessivos retiros feitos nesse mosteiro, ritmados pelo trabalho e oração, que pudemos experimentar um pouco do Mistério e do cotidiano de uma comunidade monástica beneditina. 2 Resumo Estudo sobre a arquitetura dos principais mosteiros beneditinos construídos no Brasil na segunda metade do século XX, quando simultaneamente à evolução dos costumes e às novas interpretações das regras religiosas monásticas, os trabalhos construtivos empreendidos dentro dos claustros adquirem um novo significado. Desse processo de renovação resultou uma produção heterogênea, que introduz modificações no programa arquitetônico tradicional dos mosteiros e que requer para sua compreensão um estudo especifico e aprofundado, face à escassez de informações sistematizadas disponíveis. Por meio da análise de seis obras contemporâneas e exemplares dessa produção, duas delas de autoria do arquiteto Hans Broos, o trabalho pretende identificar as contribuições arquitetônicas presentes nesses projetos para mosteiros beneditinos e analisar sua adequação aos propósitos de uma vida comunitária consagrada, vinculada com a liturgia e com a arte, elucidando assim os requisitos básicos para o reconhecimento e crítica dessa modalidade de produção. Desse modo, o estudo pretende contribuir para a análise do processo de renovação da arquitetura religiosa brasileira, um tema pouco explorado no panorama da historiografia da arquitetura nacional. Abstract Study about architecture of main Benedictine monasteries built in Brazil during second half of XXth. Century, when the concurrency of evolutive habits and new commentaries of religious monastic rules, lead to new meanings of the monastic building. From this renovation process an heterogeneous production was resulted, introducing changes in the traditional architectonic program of the monasteries, and to know them requires an specific and deeper analysis, because they have a few systematic data available. By the analysis of six contemporary and emblematic works from that production, a couple by Hans Broos, this study aims identify the architectonical contributions in the projects for Benedictine monasteries and to investigate their adequacy to the devises of a consecrated communitarian life, linked with liturgy and fine arts, clarifying basic requirements to a knowing and critics of this kind of production. Most of all, the study aims to contribute to an analysis of the process of renovation of Brazilian religious architecture, a very few researched theme in the panorama of national architectonic history. 3 Sumário Introdução .........................................................................................................................6 Parte I. Tradição e Assimilação. 1.1. Origens da tradição monástica beneditina..................................................................16 1.2. Origens da arquitetura monástica beneditina..............................................................19 1.3. A expansão do monaquismo ocidental e a origem do românico................................27 1.4. A Regra de São Bento e o programa arquitetônico beneditino...................................33 1.5. Introdução da arquitetura monástica beneditina no Brasil – período colonial ...........43 1.6. Mosteiros beneditinos brasileiros nos séculos XVI a XIX.........................................46 1.6.1. Arquiabadia de São Sebastião (Salvador, BA)........................................48 1.6.2. Abadia de São Bento de Olinda (Olinda, PE).........................................52 1.6.3. Abadia de N.Sra. do Monserrate (Rio de Janeiro, RJ)............................54 1.6.4. Abadia de N.Sra. da Assunção (São Paulo, SP)......................................59 1.7. A restauração da Congregação Beneditina Brasileira no século XX e seus efeitos sobre a arquitetura dos mosteiros. .....................................................................................62 Parte II. Tradição e Renovação 2.1. A decadência da arte sacra e as origens da renovação da arquitetura religiosa..........70 2.2. A renovação da arquitetura monástica na Europa.......................................................74 2.3. A renovação da arquitetura monástica na América do Norte.....................................88 2.4. A renovação da arquitetura monástica no Brasil........................................................92 Parte III. Tradição e Contradições 3.1. A renovação dos mosteiros beneditinos brasileiros contemporâneos.........................99 3.2. Mosteiro N.Sra. das Graças (Belo Horizonte, MG)..................................................101 3.3. Mosteiro de São Bento (Vinhedo, SP)......................................................................107 3.4. Abadia de Santa Maria (São Paulo, SP)....................................................................115 3.5. Mosteiro N.Sra. da Paz (Itapecerica da Serra, SP)...................................................125 3.6. Abadia da Ressurreição (Ponta Grossa, PR).............................................................135 3.7. Cela de São José (Itapecerica da Serra, SP)..............................................................144 4 Parte IV Considerações finais.......................................................................................152 Índice das ilustrações.....................................................................................................159 Bibliografia.....................................................................................................................163 Arquivos consultados.....................................................................................................169 5 Introdução O tema da dissertação é a arquitetura religiosa brasileira contemporânea, em particular a arquitetura dos mosteiros beneditinos. Essa modalidade tradicional de arquitetura, introduzida no Brasil por meio das ordens religiosas, já foi objeto de inúmeros estudos e pesquisas, centrados notadamente no período compreendido entre os séculos XVI e XVIII. Em sua maioria, tais estudos têm como premissa as relações existentes entre as diferentes ordens religiosas – jesuítas, franciscanos, carmelitas, beneditinos e dominicanos – e as ordens arquitetônicas. Neles encontramos informações precisas acerca da introdução, assimilação e desenvolvimento da arquitetura religiosa brasileira durante o período colonial. São raras, entretanto, as pesquisas que têm como foco as trajetórias e o intenso processo de renovação da arquitetura religiosa brasileira ao longo do século XX, fato inexplicável se considerarmos sua relevância no âmbito do conhecimento e da cultura. Em nossa historiografia recente, os ousados edifícios religiosos que pontuam a obra de Oscar Niemeyer são considerados marcos do processo de renovação da arquitetura contemporânea. Trata-se de uma arquitetura que propõe uma ruptura com a tradição e que, em detrimento de seu sucesso internacional, não obteve reconhecimento imediato por parte das autoridades eclesiásticas. No Brasil, o movimento pioneiro de renovação da arquitetura religiosa foi fruto de condições excepcionais ligadas ao desenvolvimento do país, e deriva da obra de Oscar Niemeyer sob o mecenato de Juscelino Kubistschek. O que equivale a dizer que esse movimento de renovação da arquitetura religiosa brasileira não contou, em sua origem, com qualquer apoio das conservadoras autoridades eclesiásticas