Monitorização do Património Natural da Albufeira de Pedrógão
Relatório Final
Julho de 05
Coordenação geral:
Prof. Doutor Diogo Figueiredo
Índice Geral
1 INTRODUÇÃO...... 7 2 SISTEMA DE GESTÃO DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA ...... 8 2.1 INTRODUÇÃO ...... 8 2.2 EDIÇÃO DE INFORMAÇÃO BASE ...... 8 2.3 OUTPUTS GRÁFICOS ...... 11 2.4 BIBLIOGRAFIA...... 17 3 FLORA E VEGETAÇÃO ...... 18 3.1 PRÓLOGO ...... 18 3.2 INTRODUÇÃO ...... 18 3.2.1 Caracterização ecológica da área de estudo...... 19 3.2.2 Importância florística...... 20 3.2.3 Selecção das espécies ...... 21 3.2.4 Selecção dos habitats...... 21 3.2.5 Objectivos e estrutura de trabalho ...... 22 3.3 CARTOGRAFIA E DISTRIBUIÇÃO DAS ESPÉCIES ALVO...... 23 3.3.1 Caracterização das espécies...... 23 3.3.2 Metodologia...... 25 3.3.3 Resultados e discussão ...... 27 3.4 CARTOGRAFIA DOS HABITATS ...... 45 3.4.1 Caracterização dos habitats...... 45 3.4.2 Metodologia...... 46 3.4.3 Resultados e discussão ...... 47 3.5 CONCLUSÕES ...... 52 3.6 MEDIDAS DE COMPENSAÇÃO E MINIMIZAÇÃO ...... 53 3.7 BIBLIOGRAFIA...... 57 4 MAMÍFEROS NÃO VOADORES...... 59 4.1 INTRODUÇÃO ...... 59 4.2 METODOLOGIA...... 61 4.3 RESULTADOS...... 73 4.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS...... 131 4.5 BIBILIOGRAFIA...... 132 5 RÉPTEIS ...... 134 5.1 INTRODUÇÃO ...... 134 5.2 MATERIAL E MÉTODOS ...... 134 5.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO...... 135 5.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...... 143 5.5 BIBLIOGRAFIA...... 143 6 ANFÍBIOS...... 144 6.1 INTRODUÇÃO ...... 144 6.2 MATERIAL E MÉTODOS ...... 144 6.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO...... 146 6.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...... 155 6.5 BIBLIOGRAFIA...... 155 7 AVES...... 156 7.1 INTRODUÇÃO ...... 156 7.2 METODOLOGIA...... 157 7.3 AMOSTRAGEM “ATLAS” ...... 157 7.4 AMOSTRAGEM “ESTIMATIVAS POPULACIONAIS” ...... 158 7.4.1 Aves aquáticas...... 158 7.4.2 Aves de rapina diurnas...... 159 7.4.3 Aves estepárias ...... 163 7.4.4 Passeriformes dos matos ripícolas ...... 167
2 7.4.5 Outras espécies...... 167 7.5 RESULTADOS...... 172 7.5.1 Resultados por espécie ...... 172 7.5.2 Áreas prioritárias para as aves na área de estudo...... 226 7.5.3 Principais impactes negativos sobre a avifauna ...... 233 7.5.4 Propostas de medidas de minimização e compensação de impactes...... 235 7.6 BIBLIOGRAFIA...... 237 8 MACROINVERTEBRADOS TERRESTRES...... 242 8.1 INTRODUÇÃO ...... 242 8.2 METODOLOGIA...... 243 8.2.1 Ordem Coleoptera (Cerambyx cerdo) ...... 243 8.2.2 Ordem Odonata (Coenagrion mercuriale e Oxygastra curtisii)...... 243 8.2.3 Ordem Lepidoptera...... 244 8.3 RESULTADOS...... 244 8.3.1 Ordem Coleoptera (Cerambyx cerdo) ...... 244 8.3.2 Ordem Odonata...... 248 8.3.3 Ordem Lepidoptera...... 251 8.4 DISCUSSÃO ...... 257 8.5 BIBLIOGRAFIA...... 258
3 Índice figuras
Figura 1 – Percentagem de registos na Base de dados para cada grupo biológico...... 10 Figura 2 – Número de espécies identificadas e registadas na base de dados...... 11 Figura 3 – Classificação com nove classes...... 13 Figura 4 - Classificação com oito classes...... 14 Figura 5 - Classificação com sete classes...... 15 Figura 6 - Classificação com seis classes...... 16 Figura 7 - Espécies contempladas neste trabalho. A. Eryngium galioides, B. Linaria ricardoi, C. Marsilea batardae, D. Narcissus cavanillesii, E. Narcissus serotinus, F. Salix salviifolia. Não se encontra incluída foto de Picris willkommii...... 25 Figura 8 - Distribuição de Eryngium galioides na área de estudo (Carta Militar 500)...... 28 Figura 9 - Distribuição de Eryngium galioides na área de estudo (Carta Militar 501)...... 29 Figura 10 - Distribuição de Eryngium galioides na área de estudo (Carta Militar 511)...... 30 Figura 11 - Distribuição de Linaria ricardoi na área de estudo...... 31 Figura 12 - Distribuição de Marsilea batardae na área de estudo (Carta Militar 501)...... 32 Figura 13 - Distribuição de Marsilea batardae na área de estudo (Carta Militar 511)...... 33 Figura 14 - Colheita de esporocarpos de Marsilea batardae e pormenor do seu habitat perto da ponte de Pedrógão (Junho de 2002)...... 34 Figura 15 - Aspecto geral de uma das localidades de Narcissus serotinus próximas do rio Guadiana. ....35 Figura 16 - Distribuição de Narcissus serotinus na área de estudo (Carta Militar 500)...... 36 Figura 17 - Distribuição de Narcissus serotinus na área de estudo (Carta Militar 501)...... 37 Figura 18 - Distribuição de Narcissus serotinus na área de estudo (Carta Militar 502)...... 38 Figura 19 - Distribuição de Narcissus serotinus na área de estudo (Carta Militar 511)...... 39 Figura 20 - Distribuição de Salix salviifolia na área de estudo (Carta Militar 500)...... 40 Figura 21 - Distribuição de Salix salviifolia na área de estudo (Carta Militar 501)...... 41 Figura 22 - Distribuição de Salix salviifolia na área de estudo (Carta Militar 511)...... 42 Figura 23 - Comparação das áreas ocupadas pelas cinco espécies encontradas...... 43 Figura 24 - Efeito da albufeira sobre as espécies alvo. Situação de referência antes da construção da barragem (branco) e após a criação da albufeira de Pedrógão (azul)...... 44 Figura 25 - Distribuição de Habitats segundo Directiva 92/43/CEE...... 49 Figura 26 - Comparação do número de unidades cartográficas ocupadas por cada habitat...... 50 Figura 27 - Efeito da albufeira sobre as unidades cartográficas dos Habitats seleccionados. Situação de referência antes da construção da barragem (branco) e após a criação da albufeira de Pedrógão (azul)...... 51 Figura 28 - Localização das áreas de mitigação...... 54 Figura 29- Cartas militares 1: 25 000 e respectivas quadrículas 2x2 Km...... 62 Figura 30 – Armadilhas utilizadas (Tipo Shermann) para a captura de micromamíferos...... 64 Figura 31 – Locais onde se realizou a armadilhagem fotográfica e número de espécies de mamíferos fotografadas em cada um...... 66 Figura 32 – Máquina usada na armadilhagem fotográfica...... 67 Figura 33 – Exemplo de uma estação de cheiro...... 67 Figura 34 – Localização da área amostrada com estações de cheiro...... 68 Figura 35 – Grelha de amostragem de estações de cheiro...... 69 Figura 36 - Cartas militares 1: 25 000 e quadrículas 2x2 Km...... 71 Figura 37– Indícios de presença encontrados de algumas espécies de mamíferos: trilho lontra (A), cadáver de lontra (B), pegada de toirão (C), latrinas de texugo (D), dejectos de rata-de-água (E) e latrina de geneta (F)...... 74 Figura 38 – Localização das ocorrências de ouriço-cacheiro, Erinaceus europaeus...... 76 Figura 39 – Localização das ocorrências de Toupeira, Talpa occidentalis...... 77 Figura 40 - Localização das ocorrências de lebre, Lepus granatensis...... 78 Figura 41 - Localização das ocorrências de coelho-bravo, Oryctolagus cuniculus...... 79 Figura 42 – Densidade de latrinas de coelho-bravo, Oryctolagus cuniculus...... 80 Figura 43 - Localização das ocorrências de rato-de-água, Arvicola sapidus...... 81 Figura 44 – Localização das ocorrências de rato-cego-mediterrânico, Microtus duodecimcostatus...... 82 Figura 45- Localização das ocorrências de raposa, Vulpes vulpes...... 83 Figura 46 - Localização das ocorrências de doninha, Mustela nivalis...... 84 Figura 47 - Localização das ocorrências de toirão, Mustela putorius...... 85 Figura 48- Localização das ocorrências de fuinha, Martes foina...... 86 Figura 49- Localização das ocorrências de texugo, Meles meles...... 87
4 Figura 50- Localização das ocorrências de lontra, Lutra lutra...... 88 Figura 51 - Localização das ocorrências de gineto Geneta geneta...... 89 Figura 52 - Localização das ocorrências de sacarrabos, Herpestes ichneumon...... 90 Figura 53 - Localização das ocorrências de gato-bravo, Felis silvestris...... 91 Figura 54 - Localização das ocorrências de javali, Sus scrofa...... 92 Figura 55 - Riqueza especifica de mamíferos não voadores, por quadrícula 2x2 Km...... 94 Figura 56 – Distribuição dos indícios das espécies de mamíferos encontrados na área de estudo por habitat...... 95 Figura 57 – Foto de raposas resultante da armadilhagem fotográfica...... 98 Figura 58 - Foto de texugos resultante da armadilhagem fotográfica...... 98 Figura 59 - Foto de lebre resultante da armadilhagem fotográfica...... 99 Figura 60 - Foto de gineto resultante da armadilhagem fotográfica...... 99 Figura 61 - Foto de sacarrabos resultante da armadilhagem fotográfica...... 100 Figura 62 - Foto de fuinha resultante da armadilhagem fotográfica...... 100 Figura 63 - Foto de coelho-bravo resultante da armadilhagem fotográfica...... 101 Figura 64 – Foto de javalis resultante da armadilhagem fotográfica...... 101 Figura 65 – Estações de cheiro onde foi confirmada a presença de raposa...... 103 Figura 66 - Estações de cheiro onde foi confirmada a presença de toirão...... 103 Figura 67 - Estações de cheiro onde foi confirmada a presença de fuinha...... 104 Figura 68 - Estações de cheiro onde foi confirmada a presença de texugo...... 104 Figura 69 - Estações de cheiro onde foi confirmada a presença de lontra...... 105 Figura 70 - Estações de cheiro onde foi confirmada a presença de gineto...... 105 Figura 71 - Estações de cheiro onde foi confirmada a presença de sacarrabos...... 106 Figura 72 Localização dos poisos de Bufo real e Coruja-das-torres onde foram recolhidas plumadas. .107 Figura 73 - Níveis de probabilidade de ocorrência de raposa estimados pelo modelo de regressão logística para a área estudo...... 113 Figura 74 - Níveis de probabilidade de ocorrência de toirão estimados pelo modelo de regressão logística para a área estudo...... 113 Figura 75 - Níveis de probabilidade de ocorrência de fuinha estimados pelo modelo de regressão logística para a área estudo...... 114 Figura 76 - Níveis de probabilidade de ocorrência de texugo estimados pelo modelo de regressão logística para a área estudo...... 114 Figura 77 - Níveis de probabilidade de ocorrência de sacarrabos estimados pelo modelo de regressão logística para a área estudo...... 115 Figura 78 - Valores de marginalidade global para as espécies estudadas...... 116 Figura 79 - Valores de tolerância global para as espécies estudadas...... 116 Figura 80 - Modelo preditivo para a distribuição da raposa, utilizando a ENFA...... 118 Figura 81 - Modelo preditivo para a distribuição do toirão, utilizando a ENFA...... 119 Figura 82 - Modelo preditivo para a distribuição da fuinha, utilizando a ENFA...... 121 Figura 83 - Modelo preditivo para a distribuição do texugo, utilizando a ENFA...... 122 Figura 84 – Modelo preditivo para a distribuição da lontra, utilizando a ENFA...... 123 Figura 85 - Modelo preditivo para a distribuição da geneta, utilizando a ENFA...... 124 Figura 86 - Modelo preditivo para a distribuição do sacarrabos, utilizando a ENFA...... 125 Figura 87 - Áreas prioritárias para a conservação de mamíferos...... 130 Figura 88 - Presença do cágado-mourisco Mauremys leprosa...... 138 Figura 89 - Presença do cágado-de-carapaça-estriada Emys orbicularis...... 139 Figura 90 - Presença do fura-pastos pentadáctilo Chalcides bedriagai...... 140 Figura 91 - Presença da cobra-de-ferradura Coluber hippcrepis...... 141 Figura 92 - Presença da cobra-de-capuz Macroprotodon cucullatus...... 142 Figura 93 - Repartição de anfíbios (seis anuros prioritários) na área de estudo...... 148 Figura 94 - Presença da rã-de-focinho-pontiagudo Discoglossus galganoi...... 149 Figura 95 - Presença do sapo-parteiro ibérico Alytes cisternasii...... 150 Figura 96 - Presença do sapo-de-unha-negra Pelobates cultripes...... 151 Figura 97 - Presença do sapinho-de-verrugas-verdes ibérico Pelodytes ibericus...... 152 Figura 98 - Presença do sapo-corredor Bufo calamita...... 153 Figura 99 - Presença da rela-meridional Hyla meridionalis...... 154 Figura 100– Localização dos troços de rio...... 161 Figura 101 – Localização dos transectos em veículo todo-o-terreno...... 162 Figura 102 - Localização dos transectos em estepe cerealífera...... 166
5 Figura 103 - Pontos de escuta para detecção do bufo-real e respectivos “buffers” de determinação da área prospectada...... 171 Figura 104 – Abundância relativa (indiv./km) de corvo-marinho-de-faces-brancas Phalacrocorax carbo nos principais cursos de água da área de estudo durante o Inverno...... 175 Figura 105 – Abundância relativa (indiv./km) de garça-branca-pequena Egretta garzetta nos principais cursos de água da área de estudo durante o Inverno e Primavera...... 178 Figura 106 – Abundância relativa (indiv./km) de garça-real Ardea cinerea nos principais cursos de água da área de estudo durante o Inverno e Primavera...... 181 Figura 107 – Abundância relativa (indiv./km) de cegonha-branca Ciconia ciconia nos principais cursos de água da área de estudo durante o Inverno e Primavera...... 184 Figura 108 – Localização dos ninhos e colónias de cegonha-branca Ciconia ciconia na área de estudo...... 186 Figura 109 – Abundância relativa (indiv./km) de pato-real Anas platyrhynchos nos principais cursos de água da área de estudo durante o Inverno e Primavera...... 189 Figura 110 - Abundância média (indiv./km) de sisão Tetrax tetrax em áreas de estepe cerealífera durante a Primavera. Os valores (e respectivos erro padrão e desvio padrão) são apresentados para cada uma das classes de uso do solo. A dimensão da amostra de cada classe encontra-se entre parêntesis...... 203 Figura 111 - Variação da abundância relativa (indiv./km) de gaivota-de-asa-escura Larus fuscus nos principais cursos de água da área de estudo durante o Inverno...... 207 Figura 112 - Territórios de Bufo-real com base nos dados dos pontos de escuta e da prospecção a pé. O número 2 corresponde ao indivíduo não reprodutor “floater”, os restantes números correspondem a territórios...... 211 Figura 113 - Abundância média (indiv./km) de calhandra Melanocorypha calandra em áreas de estepe cerealífera durante a Primavera. Os valores (e respectivos erro padrão e desvio padrão) são apresentados para cada uma das classes de uso do solo. A dimensão da amostra de cada classe encontra- se entre parêntesis...... 215 Figura 114 - Abundância média (indiv./km) de calhandrinha Calandrella brachydactyla em áreas de estepe cerealífera durante a Primavera. Os valores (e respectivos erro padrão e desvio padrão) são apresentados para cada uma das classes de uso do solo. A dimensão da amostra de cada classe encontra- se entre parêntesis...... 216 Figura 115 - Abundância relativa (indiv./km) de cotovia-montesina Galerida theklae nos matos ripícolas durante a Primavera...... 218 Figura 116 - Abundância média (indiv./km) de cotovia-montesina/cotovia-de-crista Galerida spp. em áreas de estepe cerealífera durante a Primavera. Os valores (e respectivos erro padrão e desvio padrão) são apresentados para cada uma das classes de uso do solo. A dimensão da amostra de cada classe encontra-se entre parêntesis...... 219 Figura 117 - Abundância relativa (casais/km) de rouxinol-do-mato Cercotrichas galactotes nos matos ripícolas durante a Primavera...... 221 Figura 118 - Abundância média (indiv./km) de chasco-ruivo Oenanthe hispanica em áreas de estepe cerealífera durante a Primavera. Os valores (e respectivos erro padrão e desvio padrão) são apresentados para cada uma das classes de uso do solo. A dimensão da amostra de cada classe encontra- se entre parêntesis...... 222 Figura 119 - Localização das áreas prioritárias para as aves...... 228 Figura 120 - Distribuição das ocorrências de Cerambyx velutinus (localização das árvores)...... 245 Figura 122 - Distribuição do montado de sobro e azinho na área de estudo...... 246 Figura 124 - Ocorrências de C. velutinus na área de estudo (por quadrícula)...... 247 Figura 126 - Pontos de amostragem da Ordem Odonata...... 249 Figura 128 - Riqueza específica da Ordem Odonata...... 250 Figura 129 - Localização dos pontos correspondentes a registos de Lepidópteros Ropalóceros durante os anos de 2004 e 2005...... 253 Figura 131 - Localização por quadrícula das ocorrências de Papilio machaon na área de estudo, durante os anos de 2004 e 2005...... 255 Figura 133 - Localização por quadrícula das ocorrências de Thymelicus acteon na área de estudo, durante os anos de 2004 e 2005...... 256
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1 Introdução
De acordo com o programa de trabalhos, o presente documento corresponde ao relatório final do Contrato de prestação de serviços relativo à Monitorização do Património Natural na Área da Albufeira de Pedrógão.
São apresentados os resultados da monitorização das espécies prioritárias dos seguintes grupos biológicos: Flora e Vegetação, Anfíbios, Répteis, Mamíferos (excepto quirópteros) e Macroinvertebrados Terrestres. Em alguns grupos são acrescentadas outras espécies, consideradas pertinentes. As distribuições são georreferenciadas e integradas numa Base de Dados. Simultaneamente, é apresentada a distribuição dos habitats.
Para cada grupo taxonómico com espécies prioritárias com presença assinalada, são definidos locais prioritários do ponto de vista biológico, propostas medidas de conservação e medidas a tomar no período de desmatação/desarborização. São igualmente propostas algumas medidas de compensação de forma a mitigar os efeitos de enchimento da Albufeira de Pedrógão.
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2 Sistema de Gestão de Informação Geográfica
Equipa responsável: Manuela Correia Miguel Pereira
Coordenação: Miguel Pereira
2.1 Introdução
A gestão e manipulação de conjuntos de dados é inseparável das tecnologias de informação. Os sistemas de informação geográfica (SIG) afiguram-se como ferramentas ideais na sistematização e preparação de informação com finalidades muito diversas. Por exemplo, como suporte de decisão fundamentada em conhecimento, sistematizado em dados recolhidos. Na bibliografia encontramos vários exemplos de programas de monitorização do património natural em albufeiras com utilização de ferramentas SIG {Tsou 2004 2943 /id}{Manos, Bournaris, et al. 2004 2944 /id}{Mouafo, Fotsing, et al. 2002 2945 /id} ; {Smith, Szilβgyi, et al. 2002 2956 /id}. Os trabalhos efectuados em SIG tiveram por base o desenvolvimento de projectos nas aplicações ArcView e Idrisi, que permitiram a edição e manipulação dos dados de campo e da imagem de satélite. O conjunto dos temas editados em formato digital, segue no CD-ROM que acompanha este relatório. A descrição do conteúdo do CD-ROM está disponível no Anexo I.
2.2 Edição de informação base
Esta categoria de informação estrutura-se em três componentes, objecto de trabalho finalizado:
Detecção Remota
Para identificar o tipo de coberto na área de estudo foi utilizada uma imagem Landsat7 ETM+ (path/row 203-34) de 23 de Agosto de 2001. Para o processamento e classificação da imagem de satélite recorreu-se ao software Idrisi32. Seleccionaram-se aleatoriamente 80 quadrados de 1 Km de lado (20 quadrados em cada Carta Militar 1:25 000) que foram fotointerpretados. O resultado desta fotointerpretação foi posteriormente confirmado no campo. Os polígonos obtidos com o trabalho de fotointerpretação foram cruzados com uma grelha de quadrados de 100x100 m e utilizaram-se na classificação apenas os quadrados completos. Para a classificação foi utilizada uma legenda que considerou nove classes de tipo de coberto: 1- Estepe; 2- Montado aberto; 3- Montado denso; 4- Montado com matos; 5- Matos; 6- Florestação; 7- Olival; 8- Regadio; 9- Água.
As classificações iniciais foram entretanto corrigidas relativamente ao erro. Para isso, seleccionaram-se novos quadrados de 100x100 m e eliminaram-se outros. Os novos quadrados foram obtidos muitas vezes fora dos quadrados de 1 Km iniciais. Acrescentaram-se quadrados principalmente para as classes que apresentavam os erros de classificação mais elevados e para as quais existiam também menos quadrados disponíveis para a classificação. Os quadrados foram eliminados quando representavam
8 situações que não definiam perfeitamente a classe em questão, por exemplo quando um quadrado de estepe apresentava algum montado disperso. Em cada classe seleccionaram- se aleatoriamente 25% dos quadrados de 100x100 m, que foram reservados como realidade no terreno, para calcular o erro da classificação. Com os restantes quadrados construíram-se as assinaturas espectrais de cada classe.
Os algoritmos de classificação foram testados e foram seleccionados os que obtiveram menor erro. Na classificação com nove classes o algoritmo utilizado foi o maxlike (maximum likelihood). Com este algoritmo os pixels são atribuídos à classe com maior semelhança, com base numa comparação com a probabilidade de pertencerem a cada uma das assinaturas espectrais consideradas (Eastman 1997). Nas classificações com oito, sete e seis classes utilizou-se o algoritmo maxset (maximum set basic probability classifier), que identifica as classes consideradas e também todas as combinações entre elas (Eastman 1997). Estas combinações de classes foram eliminadas nos casos em que representavam áreas inferiores a 500 ha, dispersos pela área de estudo. A estes pixels atribuíram-se os valores das classes mais próximas. As restantes foram integradas nas classes originais de maneira a minimizar o erro.
Na classificação com nove classes o erro obtido foi de 25%. Na classificação com oito classes o erro obtido foi de 24%. Utilizando sete classes de tipo de coberto o erro da classificação foi 18%. Na classificação com seis classes o erro foi de 16%. Os erros parciais (por classe) mais elevados na classificação com nove classes resultaram principalmente da confusão de Montado aberto com Estepe, de Montado denso com Montado aberto e com Olival, e de Matos com Montado com matos e Florestação. Para a classificação com oito classes os erros parciais mais importantes verificaram-se nas classes Matos e Montado, que se confundiram respectivamente com Montado com matos e com Estepe. Na classificação com sete classes o erro mais elevado corresponde à classe Montado denso, que se confundiu com Estepe e Montado aberto e com Montado com matos e Matos. Devido à agregação adoptada na classificação com seis classes, que juntou numa classe única o Montado denso, o Montado com matos e os Matos, foram reduzidos os erros parciais destas classes e também o erro global.
As classificações foram cortadas pela área de estudo e foi aplicado um filtro, para eliminar áreas muito pequenas e criar imagens mais homogéneas. Foram integrados também nas classificações o regolfo de Pedrógão e a parte do regolfo de Alqueva incluída na área de estudo. Acrescentou-se ainda uma área de olival localizada na Carta Militar 511. Este polígono foi cartografado com o auxílio de GPS. Esta área não foi classificada correctamente com imagem de satélite por ser relativamente recente e por isso o tamanho das árvores não permitiu a sua identificação como pertencendo à classe Olival.
Informação de localização
Em relação aos temas editados para cada grupo biológico, foram referenciados na cartografia militar série M888 - 524 e 131 pontos de Anfíbios e Répteis, respectivamente, para o grupo Herpetofauna; 1808 pontos para Aves; 1289 pontos para Mamíferos; 181 pontos de Macroinvertebrados terrestres e 2217 quadrículas de 100x100m para Flora e vegetação. Edição de tema cartográfico com planos de água dentro da cota 84,8m, para a localização e suporte do grupo Herpetofauna, na totalidade da área de estudo.
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Modelo de dados
O modelo de dados desenvolvido inclui os dados referentes às análises e levantamentos de campo efectuados nesta monitorização. A selecção dos dados de espécies permite a visualização espacial em pontos, por via de uma ligação ODBC ao projecto ArcView. Permite a consulta em função de critérios, dependentes das variáveis registadas. O número de registos existentes na base de dados corresponde a: 774 registos de Herpetofauna (643 de Anfíbios e 131 de Répteis); 1933 registos de Aves; 1336 registos de Mamíferos, 544 registos de Macroinvertebrados terrestres e 2217 registos de Plantas. Para além destes, existem ainda 113 registos relativos a armadilhas e máquinas fotográficas de Mamíferos, áreas de conservação para Aves e Mamíferos e transectos de Aves (Figura 1).
Macro Outros invertebrados 2% 8%
Plantas 32%
Aves 28%
Anfibios Mamiferos 9% Répteis 19% 2%
Figura 1 – Percentagem de registos na Base de dados para cada grupo biológico.
Os registos armazenados na base de dados correspondem a um universo de 145 espécies identificadas e distribuídas pelo conjunto dos grupos estudados (Figura 2).
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Plantas 5 Mamiferos 18
Macro Répteis invertebrados 6 53
Anfibios 7
Aves 56
Figura 2 – Número de espécies identificadas e registadas na base de dados.
2.3 Outputs gráficos
O trabalho foi executado em conformidade com as exigências cartográficas da proposta inicial, assim como das necessidades específicas de cada grupo de trabalho. Foram realizados os seguintes outputs gráficos:
Cartografia de espécies
Foram produzidos os seguintes mapas por grupo: Aves Presença de espécies Transectos a pé ou em veiculo. Riqueza específica de sub-grupos de espécies Índice espécie/Km. Colónias ou ninhos de cegonha