Juliana Sena Calixto Reflorestamento

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Juliana Sena Calixto Reflorestamento JULIANA SENA CALIXTO REFLORESTAMENTO, TERRA E TRABALHO: ANÁLISE DA OCUPAÇÃO FUNDIÁRIA E DA FORÇA DE TRABALHO NO ALTO JEQUITINHONHA, MG Dissertação apresentada à Universidade Federal de Lavras como parte das exigências do Curso de Mestrado em Administração, área de concentração em Gestão Social, Ambiente e Desenvolvimento, para a obtenção do título de “Mestre”. Aprovada em 03 de fevereiro de 2006 Prof. Dr. Áureo Eduardo Magalhães Ribeiro (DAE/UFLA) Prof. Dr. Renato Luiz Grisi Macedo (DCF/UFLA) Prfa. Dra. Flávia Maria Galizoni (DAE/UFLA) Prof. Dr. Áureo Eduardo Magalhães Ribeiro Orientador LAVRAS MINAS GERAIS - BRASIL Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de Processos Técnicos da Biblioteca Central da UFLA Calixto, Juliana Sena Reflorestamento, terra e trabalho: análise da ocupação fundiária e da força de trabalho no Alto Jequitinhonha, MG. / Juliana Sena Calixto. -- Lavras : UFLA, 2006. 130p. : il. Orientador: Áureo Eduardo Magalhães Ribeiro Dissertação (Mestrado) – UFLA. Bibliografia. 1. Reflorestamento. 2. Distribuição fundiária. 3. Força de trabalho. 4. Desenvolvimento. 5. Jequitinhonha. I. Universidade Federal de Lavras. II. Título. CDD- 331.87 - 634.956 1 SUMÁRIO RESUMO..............................................................................................................3 ABSTRACT..........................................................................................................4 1 INTRODUÇÃO E OBJETIVOS .......................................................................5 2 METODOLOGIA...........................................................................................11 3 A MONOCULTURA DE EUCALIPTO NAS CHAPADAS ........................19 3.1 O modelo brasileiro de desenvolvimento no período militar........................20 3.2A siderurgia como um projeto nacional e mineiro.........................................23 3.3 A questão do carvão vegetal .........................................................................27 3.4 O reflorestamento em Minas Gerais .............................................................30 3.5 A exploração dos cerrados............................................................................34 3.6 Populações, recursos comuns e privatização ................................................39 3.7 O Distrito Florestal do Vale do Jequitinhonha .............................................43 4 TRÊS OLHARES SOBRE O REFLORESTAMENTO..................................49 4.1 “A chegada do estranho” ..............................................................................49 4.2 O setor público..............................................................................................57 4.3 As empresas reflorestadoras .........................................................................60 4.4 Os Sindicatos e as ONG’s.............................................................................64 4.5 Um processo dialógico em construção .........................................................67 5 TERRA, TRABALHO E RENDA NA MRH DE CAPELINHA....................71 5.1 Transformações fundiárias............................................................................72 5.3 Renda, ocupação da terra e da força de trabalho na silvicultura...................86 5.4 Renda, ocupação da terra e da força de trabalho na agricultura familiar......94 5.5 Renda, ocupação da terra e da força de trabalho na cafeicultura................101 5.6 Renda, ocupação da terra e da força de trabalho na pecuária .....................103 5.4 Síntese dos resultados.................................................................................105 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................111 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................................115 8 – ANEXOS ....................................................................................................124 2 RESUMO CALIXTO, Juliana Sena. Reflorestamento, terra e trabalho: análise da ocupação fundiária e da força de trabalho no Alto Jequitinhonha, MG. 2005. 130p. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG.1 Esta dissertação tem como objetivo discutir o reflorestamento como projeto de desenvolvimento para a região do alto Jequitinhonha. Toma como unidade de análise a Microrregião Homogênea de Capelinha (MRH 31011), quantificando a geração de emprego, renda e produto do reflorestamento na MRH, comparando-a com outros usos da terra (agricultura familiar, cafeicultura e pecuária). Analisa a influência do reflorestamento sobre a distribuição de terras na microrregião e o posicionamento de atores da sociedade local sobre os impactos do reflorestamento na região. Pôde-se perceber pelas análises realizadas que o reflorestamento, em termos de geração de emprego, renda e produto para a região estudada mostrou-se pouco expressivo em relação à área que ocupa, ao passo que a agricultura familiar mostrou-se a atividade mais intensiva em ocupação de mão-de-obra e produtos para a MRH de Capelinha. Estes resultados permitem questionar a eficácia dos grandes projetos, como foi o caso dos incentivos fiscais ao reflorestamento, como propulsores efetivos de desenvolvimento, e vislumbrar a importância produtiva e ocupacional que a agricultura familiar - uma atividade considerada muitas vezes como apenas de subsistência – tem para a região do alto Jequitinhonha, e a necessidade de se encarar este setor do rural brasileiro como um potencial gerador de riquezas, e não apenas como um setor fragilizado que precisa de recursos financeiros para não sucumbir. 1 Orientador: Áureo Eduardo Magalhães Ribeiro – UFLA. 3 ABSTRACT CALIXTO, Juliana Sena. Reforestation, land and work: analysis of the agrarian occupation e work force in the Alto Jequitinhonha, MG. 2005. 130p. Dissertation (Master Degree in Administration) – Federal University of Lavras, Lavras, Minas Gerais, Brazil.2 This dissertation has as an objective to discusses reforestation as a development project for the area of the high Jequitinhonha, taking as unit of analysis the Homogeneous Micro-region of Capelinha (MRH 31011), quantifying the generation of employment, income and product of the reforestation in the MRH, comparing it with other land uses in the micro-region (family agriculture, coffee growing and livestock); analyzing the influence of reforestation on land distribution in the micro-region; and knowing the position of the actors of local society on the impacts of reforestation in the area. From the analyses done it could be noticed that reforestation, in terms of generation of employment, income and product for the studied area, was shown quite inexpressive in relation to the area that it occupies, while the family agriculture was shown the most intensive activity in labor occupation and products for MRH of Capelinha. These results allow one to question the effectiveness of the large government projects, as is the case of the fiscal incentives to reforestation, as effective propellents of development, and to highlight the productive and occupational importance that family agriculture - an activity often considered to be of mere subsistence - has for the area of the AltoJequitinhonha, and the need to face this sector of the rural Brazil as a sector of high potential for the generation of wealth, and not just as a weakened sector that needs financial resources not to succumb. 2 Adviser: Áureo Eduardo Magalhães Ribeiro – UFLA. 4 1 INTRODUÇÃO E OBJETIVOS Cada novo governo brasileiro traça metas para o crescimento do país. Quase sempre pretende diminuir as desigualdades sociais, por meio de geração de emprego e da distribuição mais eqüitativa da renda. Neste trabalho será analisada a política de incentivos fiscais ao reflorestamento, criada pelo projeto nacional-desenvolvimentista militar e suas conseqüências para uma região de Minas Gerais, o alto vale do rio Jequitinhonha. A década de 1970 foi marcada pelo desenvolvimentismo do regime militar, caracterizado pelo incentivo a grandes projetos, justificados pela necessidade de crescimento econômico. Durante o auge desse regime, o bioma Cerrado, considerado na época como um grande “vazio”, sofreu uma ocupação intensiva, balizada pela denominada Revolução Verde. Avanços nas ciências agrárias, difusão de técnicas de preparo do solo, fertilização e controle de pragas permitiram o cultivo em terras até então consideradas inférteis e improdutivas, que serviam apenas para aumentar distâncias; era uma fronteira a ser desbravada. Foram criados vários projetos de ocupação do cerrado, que excluíram as populações locais, já que o cerrado era considerado também um vazio populacional. No alto vale do rio Jequitinhonha, região marcada pela vegetação de cerrado, naturalmente diversa, a população rural viu seus pés de pequi, cagaita e mangaba serem substituídos pela monocultura de eucalipto, motivada pela política de incentivos fiscais concedidos pelo governo, para o abastecimento da siderurgia a carvão vegetal e da indústria de papel e celulose. A ocupação das chapadas, áreas de relevo altiplano, utilizadas em comum pelas comunidades rurais para extração de frutos, lenha, plantas medicinais e criação de gado em 5 regime de “solta” foi abrupta e uniformizou o ambiente, restringindo o acesso dessas comunidades aos recursos naturais. A privatização das áreas comuns do Alto Jequitinhonha foi facilitada pela ausência de documentos que comprovassem a sua posse pelas comunidades locais, o que fez com que as terras fossem consideradas como devolutas.
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