Migração Rural E Estrutura Agrária No Oeste Catarinense
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Instituto de Planejamento e economia Agrícola de Santa Catarina Secretaria de Estado da Agricultura e Política Rural MIGRAÇÃO RURAL E ESTRUTURA AGRÁRIA NO OESTE CATARINENSE Apoio financeiro Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Santa Catarina – FETAESC e Fundo Estadual de Pesquisa Agropecuária - FEPA AGOSTO/03 ESTADO DE SANTA CATARINA GOVERNADOR DO ESTADO Luis Henrique da Silveira VICE-GOVERNADOR Eduardo Pinho Moreira SECRETÁRIO DE ESTADO DA AGRICULTURA E POLÍTICA RURAL Moacir Sopelsa SECRETÁRIO EXECUTIVO DO INSTITUTO CEPA/SC Ademar Paulo Simom ELABORAÇÃO Eng. Agrº Cesar Augusto Freyesleben Silva C.Soc. Francisco Carlos Heiden Eng. Agrª Vilênia Venâncio Porto Aguiar Engº Agrº José Maria Paul REVISÃO/EDITORAÇÃO Joares A. Segalin Sidaura Lessa Graciosa Zélia Alves Silvestrini REVISÃO TÉCNICA Eng. Agrº Luiz Toresan CAPA Mônica Kestering Vieira COLABORAÇÃO Acad. Luciana Nogueira Lavina SILVA F. C. A.; HEIDEN, F. C.; AGUIAR, V. V. P.; PAUL, J. M. Migração rural e estrutura agrária no oeste catarinense. 2. ed. rev. e atual. Florianópolis: InstitutoCepa/SC, 2003. 99 p. ISBN 85-88974-14-2 Migração-SC, Êxodo rural-SC, Estrutura agrária - SC. Este trabalho foi desenvolvido com apoio financeiro da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Santa Catarina - FETAESC, conforme Contrato de Prestação de Serviços firmado em 12 de junho de 1997 e publicado no Diário Oficial do Estado de Santa Catarina, nº 15.695, em 16 de junho de 1997 e atualizado e complementado, no segundo semestre do ano de 2002, com o apoio financeiro do Fundo Estadual de Pesquisa Agropecuária – FEPA. INSTITUTO DE PLANEJAMENTO E ECONOMIA AGRÍCOLA DE SANTA CATARINA Rodovia Admar Gonzaga, 1486 – 88.034-001 - Florianópolis/SC CP 1587 - Tel. (048) 239.3900 – Fax (048) 334-2311 www.icepa.com.br - e-mail - [email protected] APRESENTAÇÃO O objetivo central deste trabalho é fornecer subsídios para a formulação de propostas de políticas públicas para o setor rural e de diretrizes para a consolidação de um processo de desenvolvimento sustentável. As informações aqui levantadas buscam contribuir para a compreensão de alguns aspectos subjacentes do desenvolvimento rural que vêm limitando o acesso de um grande contingente de trabalhadores à ocupação econômica e às oportunidades de geração de renda, levando ao desemprego e à exclusão de parcela significativa da população rural. O presente estudo aborda aspectos relacionados à realidade agrária da mesorregião Oeste Catarinense. Assim sendo, serão enfocadas questões referentes a fluxos migratórios, renda, ocupação da mão-de-obra, evolução da estrutura fundiária, êxodo rural e seus impactos no desenvolvimento regional. O trabalho encontra-se estruturado em quatro partes. Nas duas primeiras, descreve-se o referencial teórico e metodológico para sua realização. A terceira parte faz uma breve reconstituição histórica do processo do desenvolvimento econômico da região, bem como apresenta as suas principais características socioeconômicas. Na quarta parte são analisados alguns indicadores do desenvolvimento rural regional, tais como: estrutura fundiária, demografia, relações de trabalho, sistemas de produção, capitalização e renda. A quinta parte traz, com base nos dados analisados, a discussão sobre migração e conflitos de terra no oeste catarinense. Por fim, tecem-se algumas considerações a partir das quais se fazem algumas propostas de política para o setor rural. Deve-se destacar, também, que o presente estudo foi atualizado e complementado pelo Instituto Cepa/SC com o apoio financeiro do Fundo Estadual de Pesquisa Agropecuária – FEPA. Ademar Paulo Simon Secretário Executivo do Instituto Cepa/SC verso apresentação SUMÁRIO 1. Introdução ................................................................................................................... 7 2. Procedimentos Metodológicos .................................................................................... 10 3. Caracterização Geral da Mesorregião Oeste Catarinense ......................................... 14 3.1. Divisão Geográfica ................................................................................................... 14 3.2. O Processo de Ocupação e de Desenvolvimento Econômico Inicial ..................... 14 3.3. Características Socioeconômicas Predominantes.................................................. 17 4. Aspectos Recentes do Desenvolvimento Rural Regional ......................................... 18 4.1. Uso e Posse da Terra............................................................................................... 18 4.1.1. Estrutura Fundiária ................................................................................................ 18 4.1.2. Condição de Posse da Terra ................................................................................. 25 4.1.3. Distribuição de Uso da Terra ................................................................................. 25 4.2. Dinâmica Populacional............................................................................................. 30 4.2.1. Evolução e Distribuição Espacial da População Rural e Urbana ........................ 30 4.2.2. Demografia Rural .................................................................................................. 39 4.2.3. Composição da População Rural por Gênero e Idade .......................................... 42 4.3. Sistemas de Produção Agrícola Predominantes ..................................................... 44 4.4. Capitalização, Formação e Distribuição da Renda Agrícola.................................... 47 5. Composição e Ocupação da Mão-de-Obra Agrícola .................................................. 64 5.1. Alteração na Estrutura Ocupacional da Mão-de-Obra Agrícola .............................. 64 5.2. Migração, Êxodo Rural e Conflitos de Terras ........................................................... 68 6. Considerações Finais e Proposições de Políticas ..................................................... 84 Bibliografia ....................................................................................................................... 89 Lista de Gráficos ............................................................................................................. 93 Lista de Mapas ............................................................................................................... 93 Lista de Tabelas .............................................................................................................. 93 verso sumário Migração Rural e Estrutura Agrária no Oeste Catarinense 1. INTRODUÇÃO processo na sua totalidade (Renk, 1991; Abramovay, 1997). No entanto, este estudo limi- Nas últimas décadas, o estado de Santa ta-se à análise dos fatores estruturais e/ou Catarina vem apresentando um acentuado êxodo conjunturais, evitando absolutizar o fenômeno rural, responsável pelo aumento das populações do êxodo rural; ou seja, trata-se de considerá-lo urbanas, e uma escassa absorção da população como um traço imanente à própria noção de de- migrante pela “economia urbana”. A consequência senvolvimento, preocupação que vem sendo deste processo tem sido o aumento do contin- salientada por alguns estudiosos do meio rural gente populacional econômica e socialmente (Abramovay e Camarano,1997). marginalizado, acompanhado do acirramento dos conflitos por terra, especialmente na região Oes- Mesmo considerando que outros proces- te do estado. sos sociais tenham contribuído para a conforma- ção desse fenômeno, como salienta Palmeira A relação imediata que se estabelece en- (1989), no Sul do país sua intensificação esteve tre o êxodo rural e a emergência de conflitos por intrinsecamente relacionada à chamada “moder- terra gera a necessidade de se investigar e lan- nização da agricultura”, sendo considerado pela çar questões sobre alguns fatores percebidos maioria dos estudiosos do assunto como um dos como relevantes para a compreensão do movi- “efeitos perversos” de um desenvolvimento agrí- mento migratório da população rural no oeste cola que esteve assentado na especialização e catarinense. O pressuposto é de que alterações centralização da produção, na produção inten- socioeconômicas concretas levam uma popula- siva e no domínio dos recursos naturais (Mattei, ção (direta ou indiretamente) a se colocar em 1998). Este processo resultou em profundas movimento e que a sua direção é condicionada transformações na base técnica e pelas possibilidades, reais ou não, de conseguir socioeconômica da agricultura, especialmente a alguma melhoria da qualidade de vida. partir do período que vai de meados da década de 60 até a década de 80. Através dessas mu- Segundo Abramovay e Camarano danças, o setor agrícola passou a incorporar os (1997:1), “examinar os processos migratórios chamados insumos modernos ao seu processo sob a ótica das transformações produtivo, tecnificando e mecanizando a produ- socioeconômicas que os determinam é impor- ção e integrando-se aos modernos circuitos de tante, mas insuficiente. A migração é um recur- comercialização. so que se encontra à disposição dos indivíduos na organização de suas vidas: ela não pode ser Estas características constituíram-se nas encarada como o simples e passivo resultado particularidades de um modelo de desenvolvi- de fatores objetivos que a determinam de ma- mento que se baseou no modelo norte-america- neira inelutável, mas também como produto de no. Assentou-se nos princípios da revolução ver- uma decisão”. de, que se pautou pela obtenção de ganhos