Garamond, Dans Le Cadre Des Célébrations Nationales En France
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Cadernos de Tipografia e Design Nr. 21 / Outubro de 2011 Lancement du site dédié au graveur du caractère Garamond, dans le cadre des Célébrations nationales en France. À l’occasion du 450éme anniversaire de la mort de Claude Garamont (1490–1561), ce site aborde les aspects patrimoniaux de son héritage et présente Gun panorama des techniques utilisées en composition. www.garamond.culture.fr Cadernos de Tipografia e Design / Nr. 21 / Outubro de 2011 / Página 2 Cadernos, 21 3ª versão. 9 de Dezembro de 2011. Assim, sim! á muito tempo que não chegavam boas notícias de França. No plano Hcultural, diversas pessoas vinham- Te ma s -nos alertando para as insolentes ameaças do Prólogo ..............................................................................3 governo de Sarkozy, que está a tentar fechar insti- Nicolas, o filho perdido ...................................................... 7 tuições culturais de primeira importância. Final- mente, algo positivo: o Ministério da Cultura fez 1. A juventude francesa da Tipografia moderna .. 9 um web-site para Garamond, em francês. Fomos Tailleur de caractères, fondeur de lettres ..............................11 ver www.garamond.culture.fr – e gostámos! Trés Augereau, o mestre de Garamond ...................................... 15 bien! Parabéns à Agence Pepper Only e aos mui- Geoffroy Tory ...................................................................16 tos especialistas que contribuíram com textos, Robert Estienne, teólogo impressor .................................. 20 fotos e análises. Idade de Ouro da Tipografia de França ...............................24 lguns perguntar-se-ão: fará alguma O valor dos tipos! ............................................................. 31 lógica fazer um site para um tipó- La Parade des Garamonds ................................................. 35 Agrafo que viveu há 450 anos? Claro A Sabon .......................................................................... 44 que faz. O hoje celebrado foi uma figura deter- minate na evolução da Imprensa. Nas mãos 2. Os franceses na Holanda .............................. 46 de Claude Garamond, o typeface design con- François Guyot ................................................................ 47 sagrou-se profissão a tempo inteiro. À exce- Frank Heine: Tribute ........................................................50 lente mecânica de precisão do alemão Guten- Guillaume Le Bé ............................................................... 51 berg aliou-se a elegância renascen tista do fran- Van den Keere .................................................................. 53 cês, que tratou de copiar bem os padrões tipo- gráficos italianos. Desenhador de tipos e 3. O Arquitipógrafo Régio ............................... 54 gravador de punções, Garamond foi tam- Christoffel Plantin ............................................................ 55 bém fundidor, até impressor e editor. A sua Os holandeses portugueses ................................................61 magnífica letra Romain foi classificada Monu- ment Historique. Agora, é a nossa vez de pres- 4. Provas de texto, com várias Garamondes ....... 65 tar homenagem ao grande francês. Com um Bibliografia comentada .....................................................71 Caderno dedicado à sua obra. Civilité, a gótica cursiva francesa ........................................73 Boa Leitura! Paulo Heitlinger. 5. Um logótipo mutante .................................. 78 O excelente design gráfico da Casa da Música .................... 80 Aconselhamos os nossos 6. Notação musical, apontamentos .................. 86 leitores a usar a versão 10 Breve síntese .....................................................................87 do Acrobat Reader Antifonários do Canto moçárabe ...................................... 90 – a versão X. Antifonário de León: música notada há 1.300 anos ..............91 Esta ferramenta, mais Um manuscrito flamengo renascentista, em Coimbra........ 97 evoluída, não só permite clicar todos os hiperlinks Glifos para notação musical, de Van den Keere ................. 101 inseridos neste texto Acompanhamento de missas, etc .....................................102 digital, como lhe Johann Gottlob Immanuel Breitkopf .............................. 108 permite adicionar os Knowhow, Talento ..........................................................112 seus comentários. Deste Índice remissivo ..............................................................113 modo, pode personalizar Modo de usar os Cadernos ..............................................120 melhor esta sua cópia do Caderno 21 ! Cadernos de Tipografia e Design / Nr. 21 / Outubro de 2011 / Página 3 Prólogo uando Claude Garamond (1490–1561) come- çou a produzir tipos de metal em Paris, ainda se Qsentia o gélido espírito medieval em França – e na maioria dos outros países da Europa. No campo da cul- tura, «medieval» significava: eclesiástico, limitado à vida religiosa e à indoctrinação cristã, obscurantista. Os pri- meiros livros impressos (designam-se por «incunábulos» os impressos realizados até 1500) imitavam os cânones da estética medieval dos manuscritos: letra gótica, muito apertada, iluminuras pintadas sobre o pergaminho. Só ao longo das primeiras décadas do século xvi é que se fará sen- tir o brilho do novo sol, humanista, que iré quebrar o gelo medievalista. urante a primeira geração da Tipografia, que invade toda a Europa, os impressores profissio- Dnais foram, na sua maioria, alemães. Já antes de 1470 começaram a transpor fronteiras. A destruição da Autor anónimo. Le Roman de Tristan [tome I]. cidade de Mainz, em 1462, tem sido apontada como uma (Imprime a paris par anthoine verard libraire das causas principais do abandono deste «Berço da Tipo- demourant sus le pont nostredame a l’enseigne grafia». Em curto espaço de tempo, já funcionavam fora da sainct jehan levangeliste: ou au palais au premier Alemanha seis oficinas de tipografia; as melhores eram as pillier Devant la chappelle ou on chante la messe de de Veneza, onde os alemães Johann e Wendelin Speyer (ou messeitgneurs de parlement. Spire) se estabeleceram em 1468. Incunábulo francês, impresso nos canônes estéticos tardo-medievais. A fonte usada neste livro é uma Também na vizinha França se estabeleceram tipógrafos Bastarda francesa. Impresso em 1496. alemães. O alemão Ulrich Gering de Constança e mais dois companheiros – Michel Friburger e Martin Krantz – ins- talaram em Paris em 1470 uma oficina tipográfica próxima da Sorbonne (talvez até no interior desta universidade) por solicitação de dois socii, ambos humanistas. As ofici- nas tipográficas começavam a substituir as lojas dos copistas manuais associadas às universidades e fortemente controla- das pelas mesmas. O decénio 1470 – 1480 viu a Imprensa multiplicar-se pela Alemanha (em 26 localidades novas, incluindo a Suíça e os Paí ses Baixos), mas principalmente na Itália (44 locali- dades novas). Entretanto, a França, com oficinas em Albi, Angers, Caen, Lyon, Poitiers, Toulouse e Vienne, a Península Ibé- rica (oito implantações) e a Inglaterra (quatro implanta- ções: Londres, Westminster, St. Alban’s, Oxford) tam- bém haviam entrado no movimento espiral. Em Espanha, e depois em Portugal, aparecem impressores «com a caixa de tipos às costas». Como prototipógrafos em solo português temos judeus em Faro, Lisboa e Leiria, e depois um morávo – Valentim Fernandes – e ale- mães e italianos. Cinco milhões de incunábulos ntre 1481 e 1500, registam os his- toriadores 28 novas implantações Ena França, 19 na Penín sula Ibé- rica... mas nenhuma na Inglaterra. A Alemanha (com 21 novas oficinas) e a Itália (com 26) conservaram a vanguarda, que aparece ainda mais nitidamente se considerarmos a quantidade de livros pro- duzidos. Por volta de 1.500 havia oficinas impressoras em mais de 240 centros euro- peus e estas haviam produzido umas 28 mil edições. Este será o número aproximado de incunábulos, os livros impressos até 1.500. Fazendo uma estimativa de aproxima- O primeiro impresso tipográfico francês, realizado em Paris, damente 200 exemplares por edição, have- composto com Proto-romanas. Epistolae. Edição de Johannes ria então algo como 5 ou 6 milhões de livros Heynlin dito «de Lapide». Impressores: Ulrich Gering, impressos numa Europa de 100 milhões de Martin Krantz e Michael Friburger, 1470, in 4°. No texto habitantes (excluindo-se o mundo orto- em cima mostrado, o poema final indica os três primeiros doxo, que escrevia em grego, russo ou impressores activos em França: Michel [Friburger], Ulrich [Gering] e Martin [Krantz]. eslavo eclesiástico). Das 28.000 edições anteriores a 1.500, a produção provinha, em maioria, da Itália (44%) e da Alema- nha (35%); em seguida vinham 15% de edi- ções francesas e todos os outros países da Europa repartiam os cinco por cento res- tantes. Cadernos de Tipografia e Design / Nr. 21 / Outubro de 2011 / Página 5 Na Idade Média, a posse e a consulta de livros, frequentemente luxuriosamente decorados, eram privilégios reservados a aristocratas, ecle siásticos e académicos religiosos. Le Roman de Tristan. Incunábulo francês, impresso nos canônes estéticos tardo- medievais, em 1496. Livros «para todos»: tiragens astronómicas Na Idade Média, o problema seria a escassez de livros; e na Idade Média a posse e a consulta de livros eram no século xvi, o problema já era o da abundância. Anton- privilégios reservados a aristocratas, ecle siásticos e francesco Doni, escritor italiano, em 1550 já se queixava da Sacadémicos religiosos, o livro impresso