ANTONIAFIGUEIRAVANDEKOKEN

EVOLUÇÃOMOLECULAREM:COMPORTAMENTODE POUSOEMZYGOPTERAETEMPODEDIVERGÊNCIAEM () Dissertação apresentada à Universidade Fe deral de Viçosa, como parte das exigências doProgramadePósGraduaçãoemEntomo logia, para obtenção do título de Magister Scientiae . VIÇOSA MINASGERAIS–BRASIL 2010

ANTONIAFIGUEIRAVANDEKOKEN

EVOLUÇÃOMOLECULAREMODONATA:COMPORTAMENTODE POUSOEMZYGOPTERAETEMPODEDIVERGÊNCIAEM LIBELLULIDAE(EPIPROCTA) Dissertação apresentada à Universidade Fe deral de Viçosa, como parte das exigências doProgramadePósGraduaçãoemEntomo logia, para obtenção do título de Magister Scientiae . APROVADA:08defevereirode2010.

“Seaprincípioaidéianãoéabsurda,entãonãoháesperançaparaela”.

AlbertEinsten.

ii AGRADECIMENTOS

AgradeçoàUniversidadeFederaldeViçosaeàFAPEMIG,queproporcionaram ainfraestruturaeoapoiofinanceiro,necessáriosparaexecuçãodoprojeto.

AgradeçoàminhaorientadoraKarla,pelaenormepaciênciacomminhasinúme rasdúvidas,porseuvastoconhecimentoembiologia,pelaconfiançaepelaboaconvi vência.Semasuaajudaotrabalhonãoseriaomesmo.Suaopiniãoévaliosaparamim.

ÀProfessoraSílviaPompolo,quemeaceitounoprograma e confiou em meu trabalho,semsuabondadeeunãoteriaachancedeentrarnocurso.

AoscompanheirosdoLaboratóriodeBiologiaMolecular,quemeajudaramem todososprocedimentoseaquemeurecorrianashorasdepânicoeaflição.Àprofessora

Tânia,quemeajudoudiversasvezesemepermitiuutilizarolaboratório.

Aosodonatólogos,pelaajudabibliográficaeteóricadocapítuloum,Geovanni

RibeiroLoiola,JhonTrueman,DennisPaulson,KlausReinhardt,RosserGarrison,eem especialFredericoLencioni.Aosodonatólogosquemeajudaramnocapítulodois,Kari naFurieri,DanielaResende,JhonTrueman,MikeMayeJessicaWare,emespecialà

KarinaeDanielapelaidentificaçãodasespéciesdessecapítulo.

Ao amigo e professor Rodrigo Lemes Martins, que me orientou na graduação comlibélulas,mesmonãosendoodonatólogo,emeensinouapensarembiologia,com portamentoeevolução.

AlgumaspessoasdaUFVtiverampapelessencialnessajornada,CarlinhoseRi tadotrailer,sempreamigáveis,Miriam,quemeajudavacomtodaaparteburocrática doPrograma,equesempremetransmitiapazeluz,osprofessoresquemederamaula, portodoconhecimentoesabedoria,emespecialPauloFiúza,pelos“choques”queeu levava.ÀDuka,quemealegravaemqualquermomentododia.

iii Aosamigos,vocêsforamaemoçãoduranteminhaestadiaporessacidadefriae calculista.Àsmeninasdaminharepública,pelaamizadeepeloaprendizado,emespeci alLuíza,quemerecebeueacolheuaquiemViçosa,semprecommuitoamoresinceri dade,damesmaformaAlex,que,aliás,formamumaduplaúnica.ÀRaquelpelaamiza de,aostrancosebarrancosaprendimuitoconvivendocomvocê.ÀSílviaeClaudinei pelaamizadedesdetaxonomia–thebestof .AoMarcelo,pelaamizadedeirmãoepelos inúmerosconselhosemdiversasáreas.Etodasasoutraspessoasenvolvidasnessafolia queeraquandonosreuníamos,comdireitoaviolão,pandeiroetamborim,lembrando queamúsicanosfazpessoasmelhores.

AoamorLuizGustavo,quefoimeumaiorapoio,nãomedeixousaircorrendo deViçosaemefezcrescercomoprofissionalecomopessoa.Vocêéaparteprincipal doalicerce,apontadoiceberg,aasadalibélula,oolhodofuracão,oquehouvedemais importanteparamimnessacidadeeoquehádemais importantepara a minha vida, juntocomminhafamília.Minhavidatomouumnovosentidodepoisquevocêsurgiuno meucaminho!Eseiqueaindateremosmuitoscaminhospelafrente,semprejuntos,for teseparaoquederevier.Assimseja.Euteamomuito.

Aos meus pais e familiares, que acreditaram em mim e me deram força para maisessaetapadaminhavida.Apesardosdiasemqueasaudadebatiaforte,eusabia queestavamtodosmeesperando,sempredebraçosabertos,independentedequalquer coisa,poisfamíliaéassim,eessafamíliaémuitounida!Brigamporqualquerrazão, masacabampedindoperdão.Amotodosvocês.Aosmeussogros,que meacolheram emsuasvidas,assimcomotodaasuafamília,sempremetratandocomoumafilha.A nossaconvivênciaémuitoespecial.Tambémamovocês.

Muitoobrigada!

iv BIOGRAFIA

AntoniaFigueiraVandeKoken,nascidaàs20horase20minutosdodia19deDezem brode1983,emVitória,“cidadesolcomocéusempreazul”,estadodoEspíritoSanto.

FilhadeJoãoLuizVandeKokeneMargarethLeiteFigueira.

Prestouvestibularparadireito,poiséumatradiçãonafamília,massabiaquenãoera esseoseucaminhoeoptouporestudaravida:graduouemCiênciasBiológicas,esua iniciaçãocientíficafoicomecologiaecomportamentodeOdonata–“euvilibélulasa voar”.

Comotérminodagraduação,houveumperíododeaprendizadoemoutraárea,abotâ nica. Foi em seuperíodo trabalhando na SecretariaMunicipaldeMeioAmbiente,no setordearborização.

Comumconvite,novoscamposforamabertos,eeisquesurgiaaBiologiaMolecular emseucaminho.Omestradocomfilogeniamolecular!Umgrandedesafio,poistudo eranovo,tudoaserdescobertoainda,porémnuncasedevenegarumdesafio,pormaior queeleseja.Eaindatrabalhandocomárvores!Benditassejamasárvores!

v ÍNDICE ÍNDICE DE TABELAS ...... viii ÍNDICE DE FIGURAS ...... ix RESUMO ...... xii ABSTRACT ...... xiii INTRODUÇÃO GERAL ...... 1 AspectosGeraisdaOrdemOdonata...... 1 Objetivos...... 5 MétodosFilogenéticos...... 5 MétodosComparativos...... 11 RelógioMolecular...... 16 CAPÍTULO 1-Evolução do comportamento de pouso em Zygoptera ...... 19 Introdução...... 19 MaterialeMétodos...... 25 EspéciesEstudadas...... 25 AnálisedasSequênciaseConstruçãodeHipótesesFilogenéticas...... 25 OMonofiletismodeZygoptera...... 26 ReconstruçãodoEstadoAncestraleAnáliseComparativa...... 26 Resultados...... 29 InferênciaFilogenética...... 29 ReconstruçãodeAncestraleAnáliseComparativa...... 30 Discussão...... 36 InérciaFilogenética...... 36 Novashipótesesaseremtestadas...... 37 AsasAbertasPermitemRespostasRápidas? ...... 37 OIndivíduoFicaMenosEvidentecomAsasFechadas? ...... 38 RespostasRápidaseComportamentoCríptico ...... 39 CAPÍTULO 2 – Filogenia e Evolução de Libellulidae (Odonata) baseada em fragmentos de DNA mitocondrial ...... 41 Introdução...... 41 HistóricotaxonômicodeOdonata...... 42 RelaçõesfilogenéticasdentrodeLibellulidae...... 44 MaterialeMétodos...... 46 Coletadomaterialbiológico...... 46

vi Escolhadasequênciagênica...... 46 ExtraçãodoDNA...... 47 AmplificaçãodoDNA...... 48 SequenciamentodoDNA...... 52 AlinhamentodoDNA...... 53 Análisesfilogenéticas...... 53 Estimativadotempodedivergênciaentreasespécies...... 54 Resultados...... 55 Análisesfilogenéticas...... 55 Estimativadotempodedivergênciaentreasespécies...... 57 Discussão...... 59 AgrupamentodeespéciesdentrodafamíliaLibellulidae...... 59 DatasdedivergênciadentrodeLibellulidae...... 61 CONCLUSÕES GERAIS ...... 65 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...... 67

vii ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: Parâmetrosaseremestimadospelomodeloindependente,ondeoscaracteres x e ysemodificamentreosdoisestadospossíveisdemaneira independente. A tabelapoderepresentarocaráter xou y....... 13

Tabela 2: Parâmetrosaseremestimadospelomodelodependente,ondeoscaracteres x e y se modificam entre os dois estados possíveis de maneira dependente. Na determinaçãodosestados,onúmeroàdireitaserefereaocaráter xeonúmeroà esquerdaserefereaocaráter y....... 13

Tabela 3: Sequênciasdasespéciesutilizadas,obtidasno GenBank ,indicandofamília, mododepouso,tipodeforrageioenúmerodeacesso.Osdadoscomportamentais foramretiradosdePaulson(2004)....... 27

Tabela 4: ModeloDependente,apresentandoastaxasdetransiçõesentreosestadosdos caracteres, onde q12: x(0→0), y(0→1); q13: x(0→1), y(0→0); q21: x(0→0), y(1→0); q24: x(0→1), y(1→1); q31: x(1→0), y(0→0); q34: x(1→1), y(0→1); q42: x(1→0), y(1→1) e q43: x(1→1), y(1→0). As taxas onde as mudanças foram simultâneasnãoforamconsideradas. x=0(pousocomasasfechadas), x=1(pouso comasasabertas), y=0( gleaner ),y=1( sallier )....... 28

Tabela 5: Testedehipóteses,apresentandoospressupostos,osmodeloseosvaloresdo BayesFactors encontrados....... 35

Tabela 6: Espécies coletadas, utilizadas no presente trabalho, e suas respectivas subfamíliaselocalidadesemqueforamcoletadas....... 49

Tabela 7: SequênciasdaregiãorRNA12S16Sdisponíveisno GenBank dediferentes espécieseseusrespectivosnúmerosdeacesso....... 50

Tabela 8: Primers utilizadosparaaamplificaçãoeseqüenciamentodofragmento...... 52

Tabela 9: Concentrações e volumes (em l) dos reagentes utilizados nas soluções básicas MIX C e F, utilizadas na amplificação do 12S16S mitocondrial em diferentesespécies....... 52

Tabela 10: Dataçõesdefósseisutilizadasparaacalibraçãodasdivergênciasentreos nós.MAA–milhõesdeanosatrás...... 55

Tabela 11: Valores de estimativas de divergência entre cada ramo, obtidos pelo programaBEAST.Osnósestão representadosnafigura18.MAA–Milhõesde anosatrás....... 59

viii ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: Acasalamento de Heteragrion consors , mostrando uma sequência de comportamentos:a)tandemprécopulatório,b)conviteàcópula,c)toquegenital, d)cópula.RetiradodeLoiola(2005)....... 1

Figura 2: DiversidadedeOdonataporregiãobiogeográfica.Osnúmerosrepresentam númerodeespécies/númerodegêneros.PA–Paleártico;NA–Neártico;NT– Neotropical;AT–Afrotropical;OL–Oriental;AU–Australasiano;PAC–Ilhas doOceanoPacífico;ANT–Antártica.RetiradodeKalkman etal .(2008)....... 3

Figura 3: Aanisóptera Perithemis sp.eazigoptera Hetaerina sp.Fotos:LuizGustavo SoutoSoares....... 3

Figura 4: Representaçãodevaloresrelativosdeverossimilhança.OeixoYrepresenta valores crescentes de Verossimilhança. Dois ótimos locais (picos à direita e à esquerda)eumótimoglobal(picomaioraocentro)....... 10

Figura 5: Árvore hipotética, na qual foram mapeados os estados atuais de dois caracteres, xe y(representadosporseusestados0ou1nosnósAaH)einferidos os estados ancestrais destes mesmos caracteres, que foram mapeados nos nós ancestrais(IaO)....... 12

Figura 6: Transições entre estados de caracteres no modelo A) independente e B) dependente.ModificadodePagel(2004)...... 14

Figura 7: EsquemassimplificadosdetrabalhosqueapresentamasubordemZygoptera comoumgrupoparafilético....... 20

Figura 8: EsquemassimplificadosdetrabalhosqueapresentamasubordemZygoptera comoumgrupomonofilético....... 20

Figura 9: ÁrvorefilogenéticaobtidaapartirdaAnálise Bayesiana .Osvaloresaolado dosnósdaárvorecorrespondemàprobabilidadeposterior.Osnúmerosdentrodos quadradosnosnósinternossãoosidentificadoresdecadanó.Quadradosecírculos coloridos ao lado de cada espécie e cada nó correspondem aos estados do comportamentodepousoeforrageio,respectivamente.Oasteriscoaoladodeum quadrado ou círculo indica que a verossimilhança de um estado é significativamente maior que o do outro. Quadrado verde: pouso com asas fechadas, quadrado vermelho: pouso com asas abertas. Círculo verde: comportamento de forrageio gleaner , círculo vermelho: comportamento de forrageio do tipo sallier , círculo branco: comportamento de forrageio desconhecido....... 32

ix Figura 10: Distribuiçãodasprobabilidadesposterioresdainferênciaancestraldosnós internos da árvore representada na figura 9. Cada combinação de estados de caracteres foi representada por uma cor diferente, sendo azul x = 0 e y = 0; vermelho x=0e y=1;verde x=1e y=0;erosa x=1e y=1.Quantomaisparaa direita, maior a probabilidade posterior de uma determinada combinação de caracteresparacadanó.( x=0:pousocomasasfechadas; x=1:pousocomasas abertas; y=0:forrageiodotipo gleaner ; y=1:forrageiodotipo sallier )....... 33

Figura 11: Logdaverossimilhançadediferentescombinaçõesdetaxasdetransição.a) azul:unrestrict:semrestrições,todasastaxassãoindependentes.b)Vermelho( q31 = q42):mododepousopodemudardeasaabertaparafechadaindependentedo tipodeforrageio.c)Verde( q21= q43):otipodeforrageiopodemudarde sallier para gleaner independentedomododepouso.d)Rosa( q13 = q24):omodode pouso pode mudar de asa fechada para asa aberta independente do tipo de forrageio.e)Preto( q12 = q34):otipodeforrageiopodemudarde gleaner para sallier independentedomododepouso....... 35

Figura 12: RiquezarelativadasfamíliasdeEpiprocta.RetiradadeMisof(2002)....... 41

Figura 13: AsaposteriordeLibellulidaerealçandoaalçaanalemformadepé.Retirada dewww.sonic.net....... 42

Figura 14: Rencorduliasinica (Araripelibellulidae),espéciefóssildescritabasicamente por caracteres de venação alar, devido à melhor preservação das asas do que do corpo.RetiradadeFleck etal .(2008c)....... 45

Figura 15: Produtosdeamplificaçãovisualizadosporeletroforeseemgeldeagarosea 1,5%paraquantificaçãodasbandasobtidas....... 53

Figura 16: ExemplodevisualizaçãodecromatogramasnoprogramaConsed(Gordon 2004)....... 54

Figura 17: Árvorefilogenéticaobtidapormeiodeanálisebayesiana.Osvaloresaolado dosnósinternosdaárvorecorrespondemàsprobabilidadesposterioresdecadanó. Àdireitadosnomesdasespéciesestãorelacionadasasrespectivassubfamílias.B– Brachydiplacinae, S – Sympetrinae, Z – Zygonichinae, T – Trameinae, U – Urothemistinae,Te–Tetrathemistinae,Tr–Trithemistinae,L–Leucorrhininae,Li – Libellulinae,P–Palpopleurinae eO–Onychothemistinae. Para simplificar a árvore, sempre que espécies de um mesmo gênero agruparam em um grupo monofilético com PP > 0,95, estas espécies foram representadas pelo nome do gêneroseguidoporspp.Osnomesdasespéciesestãoespecificadosnastabelas6e 7....... 56

Figura 18: Árvorefilogenéticalinearizada,comtamanhosderamosproporcionaisaos tempos de divergência, em milhões de anos, representados na barra horizontal abaixodaárvore.Osnúmerosemvermelhocorrespondemàidentificaçãodosnós, cujos tempos de divergência encontramse na tabela 11. Os círculos vermelhos marcamosnóscalibradospeloregistrofóssil...... 58

x ABREVIATURAS E SIGLAS . BayesFactor . InferênciaBayesiana . ExtinçãoemmassaentreoCretáceoeoTerciário . LikelihoodRatiotest . Veiamédia . MilhõesdeAnosAtrás . MarkovChainMonteCarlo . MetropolisCoupledMarkovChainMonteCarlo . MidairFlier . MédiaHarmônica . MaximumLikelihood . MáximaParcimônia . MidairPercher . MostRecentCommonAncestor . MáximaVerossimilhança. . NeighborJoining . OperationalTaxonomicUnit. . Espéciesquepousamdeasasabertas . Espéciesquepousamdeasasfechadas . ParqueEstadualdoRioDoce . PhylogeneticInertiaHypothesis . ProbabilidadePosterior . QuickTakeoffHypothesis . VeiaRadial . RotaçõesPorMinuto . ShinyWingHypothesis . TermorregulationHypothesis . time totheMostRecentCommonAncestor . WingDisplayHypothesis

xi RESUMO

VANDEKOKEN,AntoniaFigueira,M.Sc.,UniversidadeFederaldeViçosa,fevereiro de2010. Evolução molecular em Odonata: comportamento de pouso em Zygoptera e tempo de divergência em Libellulidae (Epiprocta) .Orientadora:KarlaSuemyCle menteYotoko.Coorientadores:DanielaChavesResendeeJorgeAbdalaDergamdos Santos.

A ordem Odonata é atualmente subdividida em duas subordens, Zygoptera e Epiprocta. Estes insetos apresentam alta variabilidade morfológica e comportamental, queforamrelativamentepoucoestudadasemtermosevolutivos.Nestetrabalho,foram utilizadas hipóteses filogenéticas baseadas em sequências de DNA mitocondrial para testar hipóteses relacionadas ao comportamento depouso (com as asas abertas ou fe chadas)emZygoptera(capítulo1),eparaestudarasubdivisãotaxonômicadafamília Libellulidae(Epiprocta)–capítulo2.Aposiçãodasasasduranteopousoéumcaráter filogeneticamenterestrito,quedeveestarassociadotantoaocomportamentodeforra geio,maisespecificamenteàvelocidadederespostasdo,quantoàhabilidadede semantercrípticoaospredadores:seumaespécieforsuficientementerápidapodeser conspícua(pousardeasasabertas),eseforcríptica(pousardeasasfechadas),podeser lenta.Nocapítulo2,testouseasubdivisãodeLibellulidaeemsubfamílias.Estasubdi visãonãotinhasidorecuperadaporoutrostrabalhosenvolvendoafilogeniamolecular dafamília,oquepoderiaseratribuídoàamostrageminsuficientedeespécies,umavez que estavam ausentes gêneros e subfamílias da América do Sul. A inclusão de mais espéciesnãoresolveuasubdivisão.Porém,concluisequeLibellulidaeéumafamília muitoantiga,quesobreviveuàgrandeextinçãoemmassaKT(finaldoCretáceoeinício doTerciário)eapresentatrêsmomentosdeexpansãodonúmerodeespécies:oprimeiro devido à expansão das angiospermas, que se iniciou há 100 milhões de anos atrás (MAA);osegundohá65MAA,logoapósagrandeextinção KT; e o terceiro há 34 MAA,duranteumresfriamentodaTerraquesubstituiuflorestasúmidasporgramados, permitindoaexpansãodeespéciesqueocorrememáreasabertas.Estessãoosprimeiros resultadosdeumasériedeestudosenvolvendomembrosdaordemOdonata,quesedes tinamacompreender,atravésdetestesdehipóteses,aevoluçãodediferentescompor tamentosecaracteresmorfológicos.

xii ABSTRACT

VANDEKOKEN,AntoniaFigueira,M.Sc.,UniversidadeFederaldeViçosa,february, 2010. Molecular evolution in Odonata: behavior of landing in Zygoptera and time of divergence in Libellulidae (Epiprocta) .Adviser:KarlaSuemyClementeYotoko. Coadvisers:DanielaChavesResendeandJorgeAbdalaDergamdosSantos.

TheorderOdonataiscurrentlydividedintotwosuborders,ZygopteraandEpi procta. These present considerable morphological and behavioral variability, whichwererelativelypoorlystudiedinevolutionaryterms.Inthisstudy,weusedphy logenetichypothesesbasedonmitochondrialDNAsequencestotesthypothesesrelated tothebehavioroflanding(withthewingsopenorclosed)inZygoptera(Chapter1),and checkthetaxonomicsubdivisionofthefamilyLibellulidae(Epiprocta)Chapter2.The results of Chapter 1 suggest that the landing wing position is a phylogenetically re strictedcharacter,whichshouldbeassociatedwitheithertheforagingbehavior(specifi callythespeedofresponsesoftheanimal)andtheirabilitytoremaincryptictopreda tors.Ifonespeciesisfastenough,itcanbeconspicuous(landwithopenwings),andif itiscryptic(landwithwingsclosed),itcanbeslow.InChapter2wetestedthesubdivi sionofLibellulidaewithinsubfamilies,whichwasnotfoundinothermolecularphylo geneticsstudies.Thislackofresolutioncouldbeattributedtoinsufficientsamplingspe ciessincegeneraandsubfamiliesofSouthAmericawereabsent.However,theinclu sionofmorespeciesdidnotsolvethesubdivision.Wefound,usingmolecularclock techniquesthatLibellulidaeisanoldfamily,whichsurvivedtothegreatmassextinc tionKT(lateCretaceousandearlyTertiary,65Mya).Inaddition,itsufferedthreeex pansionsofthenumberofspecies:thefirstdueto expansion of angiosperms (which began100Mya),thesecondafterthegreatKTextinction;andthethirdduringacooling oftheEarththatreplacedrainforestsbylawns,allowingtheexpansionofspeciesfound inopenareaswas34Mya.Thesechaptersrepresentthebeginningofaseriesofstudies involvingtheorderOdonata,whichhavetheobjectiveofunderstand,throughhypothe sistests,theevolutionofdifferentbehaviorsandmorphologicalcharacters.

xiii . INTRODUÇÃO GERAL

Aspectos Gerais da Ordem Odonata OsrepresentantesdaordemOdonatasãoinsetospredadorescujaslarvasvivem emambientesaquáticoseapresentamaltadiversidadeemdomíniostropicais.Aslarvas sãopredadoresgeneralistasaquáticos(algumassemiaquáticas),enquantoosadultossão predadoresgeneralistasaéreos(Corbet1999).Estãoentreosinsetosaladoscomcaracte rísticasmaissemelhantesaosestadosmaisprimitivos(Bybee etal. 2008),incluídosno grupoPaleoptera(OdonataeEphemeroptera).

Umadascaracterísticasmaisestudadasdogrupoéadiversidadedesistemasde acasalamento, os quais provavelmente surgiram em decorrência da forte competição espermática em algumas espécies (Waage 1979, Corbet1999).Adefesadeterritório podeserpréoupóscópula.Noprimeirotipo,osmachosdefendemoterritórioatéa conquistadeumafêmeaeoacasalamentoéfinalizadocomacópula(Figura1).Nose gundotipopodehaveraguardadafêmeapelomacho,tantoporcontatofísico(guarda por contato), quanto apenas visualmente, onde o macho monitora a fêmea (Alcock

1982),garantindoqueseuespermanãosejaremovidoporoutromachoatéaoviposição pelafêmea.

a) b) c) ♂ d)

Figura 1:Acasalamentode Heteragrionconsors ,mostrandoumasequênciadecomportamentos:a)tan demprécopulatório,b)conviteàcópula,c)toquegenital,d)cópula.RetiradodeLoiola(2005).

1 A genitália masculina é o principal órgão da competição espermática (Fincke

1997,Artiss2001)eestimasequetenhaevoluídorapidamente,gerandoagrandevaria bilidade observada em resposta à forte competição espermática (Miller 1995, Artiss

2001),provavelmente guiadaporseleçãosexual(Cordero et al .1995,Sawada1998,

Artiss2001).Aseleçãosexualpóscopulatóriaémaisintensaquandofêmeascopulam múltiplasvezesecomdiversosmachos,estocandoespermaeadiandoafertilização(Si vaJothy&Hooper1996;CórdobaAguilar2005).

AordemOdonataédivididaemduassubordens,Zygoptera e Epiprocta (Ani soptera + Epiophlebiidae) (Corbet 1999, Bybee et al . 2008), com aproximadamente

5.680espéciesde643gênerosdistribuídosem34famílias(Schorr etal. 2007),sendo

2.739espéciesem19famíliasdeZygopterae2.941espéciesem15famíliasdeEpi procta.

Estimasequeaindahajacercade1000a1500espéciesnãodescritasemOdo nata(Kalkman etal .2008).Deacordocomestesautores,asregiõesOriental,Australi anaeprincipalmenteaNeotropicalsãoasregiõesnasquaisaordemapresentaamaior diversidadeeprovavelmentepossuemamaiorquantidadedeespéciesaindanãodescri tas(Figura2).

Asanisópteras(subordemEpiprocta)sãonormalmentegrandeserobustas,com cabeçasglobularesecomdiferentesformatosdasasasposterioreseanteriores,enquanto aszigópterassãotipicamentepequenas,olhosalongadostransversalmente,asasposteri oreseanterioressimilaresevôoslentos(Corbet1999).Amaioriadaszigópteraspousa comasasasfechadas,equasetodasasanisópteraspousamcomasasasabertas(Figura

3).

2

Figura 2:DiversidadedeOdonataporregiãobiogeográfica.Osnúmerosrepresentamnúmerodeespécies /númerodegêneros.PA–Paleártico;NA–Neártico;NT–Neotropical;AT–Afrotropical;OL–Orien tal;AU–Australasiano;PAC–IlhasdoOceanoPacífico;ANT–Antártica.RetiradodeKalkman etal . (2008).

Figura 3:Aanisóptera Perithemis sp.eazigóptera Hetaerina sp.Fotos:LuizGustavoSoutoSoares.

TodasasespéciesdeZygoptera(comexceçãoemPseudostigmatidae)sãopou sadoras,ouperchers (quepermanecemamaiorpartedotempoemumpoleiro),enquan

3 to algumas espécies de Epiprocta são voadoras, ou fliers (em constante atividade de vôo),comexceçõesemalgunsmembrosdeGomphidaeedeLibellulidae.Existeainda umaterceiraclassificação,porémutilizadaparaumgruporestrito,membrosdeTramei nae (como Pantala e Tramea ), denominado gliders (planadoras), que inclui espécies comumgrandedesenvolvimentodocampoanaldaasaposterior.Emgeralsãoespécies migratórias,quepossuemacapacidadedeplanarutilizandocorrentesdeventos,oque permitequevoemporlongasdistânciascomgastomínimodeenergia(Corbet1999).

OsadultosdeOdonatasealimentamdepresasvivas,quepodemsercapturadas noar(midair )ouemsubstratos(gleaning )(Corbet1999).Omodo midair ésubdividido emdois: midairflier(MF )eo midairpercher(MPe ). MFémaisdiversoevariáveldo queMPe ,egeralmenteoforrageioocorreduranteapatrulhadeadultos,frequentemente em torno de copas de árvores e em alturas diferentes,ondeoindivíduomuitasvezes utilizacorrentesdearparaplanar.OvôodomodoMPe consiste em uma decolagem repentina,emdireçãoàpresa,e,apósacapturadapresa,oindivíduoretornaaopoleiro deorigem. Fliers e perchers forrageiampelomodoMF ,esomente perchers forrageiam pelomodo MPe (Corbet1999) .Emoutraclassificação,Paulson(2004)denominoues péciesqueforrageiamnomodoMPe como salliers easqueforrageiamnosubtratoco mo gleaners .

HipótesesesugestõessobreaevoluçãodeOdonatapodemsermaisbemresol vidasporinferênciasfilogenéticasemconjuntocomanálisescomparativas.Asrelações filogenéticasentreasfamíliasdeOdonata,econsequentementedesuassubordens,ain danãoestãoesclarecidas.Amaioriadosestudosnesseâmbitofoibaseadaemcaracteres morfológicos(Fraser1957,Carle1982,Pfau1991,Trueman1996),masexisteumcres cente aumento de estudos moleculares (Saux et al . 2003, Hasegawa & Kasuya 2006,

Pilgrim&VonDohlen2008,Ware etal .2007,Fleck etal .2008a).

4 Objetivos

OpresentetrabalhovisaexplorarduasquestõesdentrodeOdonata:aprimeira abordaasubordemZygoptera,verificandopormeiodeanálisescomparativassehási nalfilogenéticoparaoscaracteresdecomportamentodevôoecapturadepresas.Ase gundadiscussãoabordaafamíliaLibellulidae(Epiprocta)esuasdivisõesemsubfamí lias,assimcomoinferênciasfeitasapartirdorelógiomoleculararespeitodostempos dedivergênciaentreasespécies.

Métodos Filogenéticos

Atualmentenãoexisteumconsensoquantoàdefiniçãodequalsejaomelhor métododeinferênciafilogenética. Osmétodos mais utilizados são: NeighborJoining

(NJ )(Saitou&Nei1987); MáximaParcimônia (MP );MáximaVerossimilhança (MV )

(CavalliSforza&Edwards1967,Felsenstein1981);eInferênciaBayesi ana(IB )(Yang

&Ranalla1997).Todosestesmétodosapresentamvantagensedesvantagens.

O NJ éummétodobaseadoemdistânciasentreassequências.Suaprincipalvan tageméarápidaobtençãodaárvore,bemcomodasárvoresdaspseudoreplicações,o quepermiteaobtençãorápidado bootstrap(Efron etal. 1996).Aprincipalobjeçãoa estemétodoéofatodegerarapenasumaárvore,baseadanasdistânciasentreas OTUs

(UnidadesTaxonômicasOperacionais,ouseja,assequênciasemestudo).

Poroutrolado,osmétodosde MP e MV sãométodosdebuscadamelhorárvore segundodoiscritériosdiferentes.A MP sebaseianaidéiadequeaevoluçãodeveter acontecidodaformamaissimplespossível,ouseja,naidéiadequeanaturezaéparci moniosa,edequehipóteses adhoc devemserevitadas,semprequepossível.Nocaso deestudoscomcaracteresmoleculares,énecessáriotestartodasastopologiasnabusca

5 daquelaqueapresenteomenornúmerodesubstituiçõesnucleotídicaspossível.A MV se baseiaemummodeloquedescreveosdados,ouseja,queindicaquaisasprobabilida desdemudançadeumdeterminadonucleotídeoparaoutroemdiferentesregiõesdas sequênciasemestudo.Apartirdestemodelo,ométodobuscapelatopologiaquemais seajusteaomodeloeaoalinhamentoproposto.

Adependerdonúmerode OTUs ,tanto MP quanto MV podemsermuitolentos, oquesetornaumproblemaaindamaiordadaanecessidadedetestaraconfiabilidade dos nós internos da árvore apartir do teste de bootstrap ,querequerpelomenos100 replicações(abuscadamelhorárvoreélenta,eabuscaporumapseudoreplicaçãode bootstrap étãolentaquantoabuscadamelhorárvore.Portanto,énecessáriomultiplicar otempodebuscadeumaúnicaárvorepelonúmerodereplicaçõesde bootstrap ).A MP ofereceaindaadesvantagemdenãofornecerboasestimativasdetamanhosderamos, muitoimportantesnainterpretaçãodosdados.

A IB tambémpoderequererumtempograndeparaestimarahipótesefilogené tica.Noentanto,temavantagemdebuscar,dentrodouniversodetopologias,tamanhos deramoseparâmetrospossíveis,aquelesqueapresentemamelhorprobabilidadeposte riordeexplicarosdados(oalinhamentodassequências).

Asárvoresobtidasnopresentetrabalhoforaminferidaspela IB .Estemétodo o fereceumprocedimentoestatísticoparaocálculodeumaprobabilidadeposterior,queé dadapelaseguinteequação:

6 Onde:

i. Héomodelo,queincluiatopologiadaárvore,tamanhosderamos,esti

mativasretiradasdaanálisedassequências,comoproporçãodecadauma

dasquatrobases;bemcomoparâmetrosdesubstituiçãodenucleotídeos

como taxas de transiçãotransversão , proporção de sítios invariáveis,

probabilidadesdemudançadecadaumadasbasesparaqualqueroutrae

dados sobre a heterogeneidade da sequência, medido pelo parâmetro

gamma;

ii. Dsãoosdadosemanálise,nocasoda IB ,oalinhamentodassequências.

Comisso,

iii. éaprobabilidadeposteriordeumdeterminadomodelodado

umdeterminadoconjuntodedados;

iv. éaprobabilidade apriori deumdeterminadomodelo(quepode

serchamadodemodelo1);

v. éaverossimilhançadosdadosconsiderandoomodelo1;e

vi. éasomadasverossimilhançasdosdadossobtodososmodelos

possíveis(1,2,3,..., n).

Vistaassim,aestimativapodeparecermuitocomplexa,umavezqueénecessá riosaberaprobabilidade apriori decadamodelo.Considerandoqueonúmerodemo delospossíveistendeainfinito,umavezquepequenas variações em cada parâmetro modificamomodelo,évirtualmenteimpossíveldeterminaraprobabilidade apriori de cadaum.Comisso,podemosconsiderarquetodososmodelospossíveissãoigualmente prováveis,criandoumadistribuição flat ouplana,demodelos apriori .

Outradificuldadequepodesurgirnestaanáliseéadeterminaçãododenomina dordestaequação.EsteproblemaéfacilmenteresolvidocomousodeumaCadeiade

7 MarkovavaliadapeloalgoritmodeMonteCarlo( MarkovChainMonteCarlo ,também conhecidocomo MCMC ),ummétododebuscapassoapasso,quetemcomoprincípio geralofatodequeopasso2sódependedopasso1.

Paraaanálisebayesiana,podemosconsiderarqueomodelo1éopasso1.Este modelodevetertodososparâmetrosdefinidosnoitem iacima.Naprática,omodelo1

éummodeloqualquer,deumatopologiaqualquercomquaisquertamanhosderamos.

Parapassardopasso1parao2,énecessáriomodificaromodelo.Estamodificaçãoé feitaemapenasumdosparâmetrosdomodelo,eéuma modificação muitopequena.

Comisso,podemosrepresentarosdoismodelosconsecutivosdaseguintemaneira:

Paracompararosdoismodelos,énecessárioapenassaberarazãoentreaproba bilidadeposteriordomodelo2eomodelo1:

Comoasprobabilidades apriori dosmodelos1e2sãoidênticas,bemcomoa

,entãoépossíveleliminarestestermosdoladodireitodaequação,restando:

8 Ouseja,arazãodaprobabilidadeposteriordomodelo2sobreomodelo1éi gualàrazãodeverossimilhançaentreosdoismodelos.Comisso,bastacalcularave rossimilhançadecadaumdeles,demodoque:

Se R>1 ,entãoomodelo2passaaseromodelodereferência,ouseja,vaiterum deseusparâmetrosmodificadoparageraromodelo3,queserácomparadodamesma maneira.

Se R<1 ,entãoénecessáriolevaremcontaovalorde R.Comisso,omodelo1 passaráaseromodelodereferênciacomprobabilidade R.Ouseja,quantomaiorova lorde R,maisprováveléaaceitaçãodomodelo2.Paraaceitarourejeitaromodelo2,é geradoumnúmeroaleatórioentre0e1.Seonúmerogeradoformenorque R,omodelo

2éaceito,seformaiorque R,omodelo2érejeitado.Casoomodelo2sejarejeitado,o modelo1continuaaserareferência,edeveteroutroparâmetromodificado,ousermo dificadodeoutramaneira.

Comesteprocedimento,ummodeloaleatórioaospoucosvaisendomodificado eaprobabilidadeposteriorvaiaumentando.Alimitaçãodestealgoritmoéqueaanálise podeficarparalisadanumótimolocal.Afigura4dáumanoçãodocenáriodevalores possíveisdeverossimilhança,eapresentaumexemplográficodeótimoslocaiseumde

ótimoglobal.

Paracontornaroproblemadeanálisesqueficamestagnadas em ótimos locais quenãopodemsertranspostos,utilizaseamodificação de Metrópolis, o que gera o algoritmo Metropolis Coupled Markov Chain Monte Carlo , ou MCMCMC . Através destealgoritmo,umconjuntodecadeiaséiniciado,demodoquesejapossívelcomparar

9 opontoemqueseencontracadaumaeverificarqualdelasestánopontodemelhor verossimilhança.

Figura 4:Representaçãodevaloresrelativosdeverossimilhança.OeixoYrepresentavalorescrescentes deVerossimilhança.Doisótimoslocais(picosàdireitaeàesquerda)eumótimoglobal(picomaiorao centro).

Sãoemgeralutilizadosdoisconjuntos,cadaumcom4cadeias.Destasquatro cadeias,trêssãoconsideradascadeiasquenteseumaéconsideradacadeiafria.Adife rençaentreestascadeiaséaquantidadedemodificaçõesfeitaspor“passo”dacadeiade

Markov.Nascadeiasquentes,os“passos”sãomaislargos,oquesignificaqueosparâ metrosmudammaisdeumpassoparaooutrodoquenacadeiafria,naqualospassos sãobempequenos(umapequenamudançaemapenasumparâmetro).Oalgoritmofun cionademodoqueacadeiaqueestejanaposiçãomaisaltadocenárioéacadeiafria,as demaissãocadeiasquentes.Comisso,épossíveltestarváriosparâmetros,topologiase tamanhosderamosdistintos.O status “cadeiafria”sealternaaolongodacorrida,de modoqueseumacadeiaquenteatingirumlocalmaisaltopassaaseracadeiafria.Co mosãoutilizadosdoisconjuntosde4cadeias,cadaumcom3cadeiasquentese1fria,a convergência das corridas é testada pela convergência das cadeias frias. Depois que ambasatingiremomesmopico,considerasequeaanáliseencontrouumpotencialóti moglobal.Apartirdaíascadeiascorrempormaisalgunsmilharesoumilhõesdepas soseaanálisepodeserterminada.

10 Terminada a análise, os últimos passos das cadeias frias são utilizados para a construçãodeumaárvoreconsenso.Cabelembrarquecadapassocorrespondeauma

árvore,comsuatopologia,tamanhosderamoseparâmetrosdomodelodesubstituição.

Osúltimospassosdaanálisecorrespondemaoconjuntodemelhoreshipótesesparaex plicarosdados,ouaoconjuntodemelhoreshipótesesfilogenéticas.

Estamesmaanáliseéfeitapelomenoscincovezes.Seemtodasascincovezeso métodorecuperaramesmatopologiaconsenso,comosmesmosparâmetros,considera sequeométodoatingiuumótimoglobal.

Métodos Comparativos Osmétodoscomparativosfilogenéticosbuscamevidênciasdeevoluçãoadapta tiva investigando como certas características dos organismos, como tamanho, forma, históriadevidaecomportamento,evoluemjuntasoudeformacorrelacionada(Harvey

&Pagel1991,Pagel2004).Ométodocomparativoéatécnicamaiscomumenteutiliza daparafazerperguntassobrepadrõesdemudançasevolutivas(Harvey&Pagel1991).

Estudoscomparativosdediferentesespéciesmostramaamplitudedeestratégiasqueos animaisadotamnanatureza,eummétodopoderosoparaestudaradaptaçãoéacompa raçãodegruposdeespéciesrelacionadas(Krebs&Davies1996,Pagel1999).

Ascorrelaçõesentrecaracterísticasencontradasemgruposdeorganismoscon temporâneospodemseroresultadodeadaptaçõesdefatocorrelacionadasouterrazão histórica,umavezquepodemtersidoherdadasdeespéciesancestraisqueapresentavam estasmesmascaracterísticas(Pagel1999).

Algunstestesforamdesenvolvidosparaverificarascorrelaçõesentrecaracteres discretosdemodoadesconsiderarofatorhistórico(Ridley1983,Maddison1990).Para tanto,énecessárioinferirafilogeniadosorganismosemestudoedepoisinferirosesta 11 dosancestraisdosnósinternosdestasfilogenias.Afigura5mostraumexemplodeár vorefilogenéticanaqualforammapeadososestadosatuaisdedoiscaracteresbinários, einferidososestadosancestraisdecadacaráteremcadanóinterno.

Figura 5:Árvorehipotética,naqualforammapeadososestadosatuaisdedoiscaracteres, xe y(represen tadosporseusestados0ou1nosnósAaH)einferidososestadosancestraisdestesmesmoscaracteres, queforammapeadosnosnósancestrais(IaO).

Pagel(1994)propôsumanovaabordagemparadetectarevoluçãocorrelacionada decaracteresdiscretos,livredadependênciadeestadosinferidosnosnósinternos.Nes temodelo,todasastransiçõespossíveisentreestadosdecaracteressãoestudadas,me dindosuaprobabilidadedeocorrênciaeutilizandoainformaçãodetamanhosderamos.

EssaabordagemutilizaomodeloMarkovtempocontínuo,que,demaneirase melhante aos modelos de substituição nucleotídica (Jukes & Cantor 1969, Kimura

1980),definetaxasinstantâneasparaestimarmodificações de estado (transições) em paresdecaracteresbinários.Essemodelocalculaaprobabilidadedemodificaçõesem caracteresdiscretosdeacordocomdoismodelosdeevolução.

Noprimeiromodelo,denominadomodeloindependente,oscaracteres x e yevo luemindependentementenaárvore.Cadacaráterédescritoporumamatriz2x2naqual cadacaráteradotadoisestados,0ou1.Issocriadoisparâmetrosporcaráter(Tabela1).

12 Tabela 1:Parâmetrosaseremestimadospelomodeloindependente,ondeoscaracteres xe ysemodifi camentreosdoisestadospossíveisdemaneiraindependente.Atabelapoderepresentarocaráter xou y. Estado 0 1

0 q01

1 q10

Nosegundomodelo,denominadomodelodependente,oscaracteresevoluemde forma correlacionada,deformaqueataxademodificaçãodeumcaráterdependedo estadodooutrocaráter.Omodelodependenteadotaquatroestados,umparacadacom binaçãodosdoiscaracteresbinários(0,0;0,1;1,0;1,1).Estesestadossãorepresentados natabela2eastaxasdetransiçãodescrevemtodasasmodificaçõespossíveisemum carátermantendoooutroconstante.Omodelonãolevaemcontatransiçõesduplas(si multâneasemambososcaracteres),umavezqueastransiçõessãoinstantâneaseapro babilidadedequeosdoisparâmetrossemodifiquem exatamente ao mesmo tempo é desprezível.Afigura6mostraastransiçõespossíveisnosmodelosdependenteeinde pendente.

Tabela 2:Parâmetrosaseremestimadospelomodelodependente,ondeoscaracteres xe ysemodificam entreosdoisestadospossíveisdemaneiradependente.Nadeterminaçãodosestados,onúmeroàdireita serefereaocaráter xeonúmeroàesquerdaserefereaocaráter y. Estado 0,0 0,1 1,0 1,1

0,0 q12 q13

0,1 q21 q24

1,0 q31 q34

1,1 q42 q43

13 A B

Figura 6:TransiçõesentreestadosdecaracteresnomodeloA)independenteeB)dependente.Modifica dodePagel(2004). Paradeterminarseummodeloexplicaosdadosencontradosdemaneirasignifi cativamentemelhordoqueooutro,podemserutilizadosváriostestesestatísticos,dos quais dois serão destacados por serem os maisamplamente utilizados. O Likelihood

Ratiotest(LR )éfrequentementeutilizadoparacompararduasverossimilhançasderiva dasdemodelosaninhados( nestedmodels ,ouseja,umdosmodelospodeserconsidera doumcasoespecialdooutro).O LR podesercalculadocomo:

LR= 2[logLikelihood(melhormodelo)–loglikelihood(piormodelo)]

O LR apresentaadistribuiçãodeχ2eonúmerodegrausdeliberdadeécalculado peladiferençaentreonúmerodeparâmetrosentreosmodelos.Nocasodosdoismode losemquestão,otestedeveserrealizadoconsiderandoquatrograusdeliberdade(g.l.= n=8–4=4) .

Quandoosmodelosnãosãoaninhados,nãoénecessárioutilizaradistribuição de χ2eoLR éutilizadoparacompararasverossimilhançasdehipótesesalternativas.Se

LR>│2│(umadiferençamaiorouiguala2emmódulo),adiferençaéconsideradasig nificativa(ahipótesecommaiorverossimilhançaésignificativamentemelhor).

OproblemadoLR épresumirqueaverossimilhançaéouestámuitopróximade seuvalormáximo.

14 Quando cadeias de Markov (MCMC) são utilizadas, é recomendável testar a significânciadasdiferençaspeloBayesFactor( BF ).Alógicaésimilaràdo LR ,porém asverossimilhançasmarginaisdosdoismodelossãocomparadas,aoinvésdasmáximas verossimilhanças.

Averossimilhançamarginaldeummodeloéaintegraldasverossimilhançasdos modelosemtodososvaloresdeparâmetrosemtodasasárvorespossíveis 1.Naprática,a verossimilhançamarginalédifícilde estimar,porém foi demonstrado empiricamente queseaproximadamédiaharmônicadasverossimilhançasquandoacadeiadeMarkov

écalculadapormilhõesdegerações(Pagel&Meade2006a).

OprogramaBayesTraits(PageleMeade2006b)calculaologaritmodamédia harmônicadasverossimilhançasàmedidaqueéexecutado,eignoraasverossimilhan

çasencontradasduranteoperíodode burnin ,enquantoosresultadosaindanãoconver giram.Asmédiasharmônicas( MH )sãoentãocomparadasdaseguintemaneira:

2{log[MH(melhormodelo)]–log[MH(piormodelo)]}

Qualquervalorpositivofavoreceomodelodependente(commaisparâmetros), masconvencionalmenteumvalormenorque3nãoéconsideradosignificativo;valores entre312sãoconsideradosevidênciassignificativas,maioresque12evidênciasfortes emaioresque150muitofortes(Raftery1996).

1 Como as árvores filogenéticas apresentam vários s pontode incerteza, evidenciados por politomias, é necessáriolevaremcontatodasaspossibilidadesdesoluçãodecadapolitomia.Conformeexplicitadona sessão“MétodosFilogenéticos”,aIBgeraumaárvoreconsenso,cujosvaloresdosnósinternoscorres pondemàprobabilidadeposteriordecadanó,calculadaapartirdafrequênciadeaparecimentodestesnós noconjuntodemelhoresárvoresobtidosnaanálise.Paracalcularaverossimilhançamarginaldosmode losdeevoluçãodecaractereséentãoconsideradoumconjuntode“melhoresárvores”.Porumaquestão detempocomputacionalrequerido,nestetrabalhoforamconsideradasas500melhoresárvoresdaIB. 15

Relógio Molecular Orelógiomolecularpartedoprincípioqueataxadesubstituiçãodeaminoácidos nassequênciasdeproteínaséaproximadamenteconstanteaolongodotempoemtodas aslinhagensevolutivas(Zuckerkandl&Pauling1965),apesardonúmerorealdesubsti tuiçõesserobjetodeerrosestocásticos(Nei&Kumar2000).Semacromoléculasevolu ememtaxasconstantes,entãopodemserusadasparadatartemposdeespeciaçãoeou trostiposdeeventosevolutivos,exatamentecomoéfeitaadataçãodetemposgeológi cosusandoelementosradioativos.

Oconceitoderelógiomolecularpossuiumalongahistóriadecontrovérsiasea indaéamplamentediscutido.Acontrovérsiaécentradaprincipalmentenaacuráciado relógioenosmecanismosdesubstituiçãodenucleotídeosouaminoácidos.Umagrande partedacontrovérsiaresidenateorianeutradeKimura(1968),quepredizqueavasta maioriadasmutaçõesdepontoencontradasnogenomanãoafetaovaloradaptativodos organismos.

Seahipótesedesubstituiçõesneutrasforverdadeira,eseataxadesubstituições neutrasemumaproteínaoumoléculadeDNAnãosofrermudançascomotempo,a taxadeevoluçãonessamacromoléculapodeserconsiderada constante, e, portanto, a divergênciaentreassequênciasétantomaiorquantomaiorforotempoquesepassou desdequesesepararam(Bromham&Penny2003).

Parautilizarasdistânciasgenéticasnaestimativadotempodedivergênciaentre táxons,énecessáriocalibrarorelógio,poisastaxasdemudançapodemvariarentreos organismoseentreosgenes.Acalibraçãoéusualmentecalculadaparacadaconjuntode dados(alinhamento)utilizandoumoumaispontosdecalibraçãoconhecidos.Estespon tossãogeralmentefornecidospeloregistrofóssil,quenormalmenteédatadopelataxa

16 desubstituiçãodeumisótoporadioativo,sendoamaiscomumdelasataxadesubstitui

çãodocarbono14pelocarbono12.Porexemplo,sedesejarmossaberqualadatada divergênciaentreZygopteraeEpiprocta,énecessáriorecorreraosfósseisdisponíveise verificarqualoregistromaisantigodequalquerumadasduassubordens.Estaaborda gempartedoprincípiodeque,seumorganismofóssiljáapresentavaascaracterísticas deumadassubordens,entãoaseparaçãodasduasjáhaviaocorrido.Comisso,oponto decalibraçãoéaidademínimadadivergênciaentreostáxons.Existem,porém,outras maneiras de datar a divergência entre organismos, como as datações de formação de ilhaseregistrosgeográficosegeológicos(Bromham&Penny2003).

Dacalibraçãodependeaprecisãodaestimativa,umavezqueasestimativasde tempodedivergênciadiferem,emmuito,deacordocom diferentes calibrações (Bro mham etal. 1999).Poucosestudosapresentamdataçõescomintervalosdeconfiança, queretratamavariâncianorelógiodevidoaoruídodataxa,oudavariaçãonastaxasdas linhagens.Essesintervalosdeconfiançapermitemusaradataçãomolecularparatestar hipótesesevolutivas(Bromham&Penny2003).

17

CAPÍTULO 1-Evolução do comportamento de pouso em

Zygoptera

Introdução AsubordemZygopterapossuiaproximadamente2.739espéciesdistribuídasem

19 famílias. Seu monofiletismo é controverso. Embora estudos morfológicos tenham usadodiferentescaracterespararesolverasrelaçõestaxonômicasdeOdonata,amaioria delesseconcentraemcaracteresbaseadosemveiasalareseestruturascopulatórias,que, devidoàgrandevariabilidadequeapresentam,nãoforneceramconclusõesrobustasaté então(Fraser1957,Carle1982,Pfau1991,Trueman1996).

DiversostrabalhosabordaramafilogeniadetodososOdonataatuais.Anisoptera sempreaparececomogrupomonofilético,tendoemgeralEpiophlebiidaecomogrupo irmão. Juntos, Anisoptera e Epiophlebiidae compõem a subordem Epiprocta (Bechly

1996;Trueman1996;Rehn2003;Hasegawa&Kasuya2006;Bybee etal. 2008;Fleck etal .2008a).Zygoptera,porsuavez,aparececomoumgrupoparafilético(Figura7)em algunstrabalhos(Trueman1996,Sauxetal.2003,Hasegawa&Kasuya2006,Fleck et al. 2008a),ecomoumgrupomonofilético(Figura8)emoutros(Bechly1996;Rehn

2003; Bybee et al . 2008; Carle et al . 2008). Apesar de seus resultados, Fleck et al.

(2008a)afirmamquenãodesconsideramapossibilidadedequeZygopteracomponha umpossívelgrupomonofilético,equeénecessáriaumamelhorresoluçãonabaseda inferênciafilogenética.

Bybee etal .(2008)propuseramainferênciafilogenéticamaisrecenteemaisin clusivadaordemOdonata.Tratasedeumestudoquesebaseiaemcaracteresmorfoló gicosemoleculares,queincluitantolinhagensexistentes,quantofósseis.Das34famí liasexistentesdeOdonata,apenas4nãoforamamostradasemseutrabalho.Hámonofi letismodeZygopteraedealgumasdesuasfamílias,excetoAmphipterygidae,Coena 19 grionidae,Protoneuridae,MegapodagrionidaeeSynlestidae,quenãoforamconsidera das.

Figura 7:EsquemassimplificadosdetrabalhosqueapresentamasubordemZygopteracomoumgrupo parafilético.

Figura 8:EsquemassimplificadosdetrabalhosqueapresentamasubordemZygopteracomoumgrupo monofilético.

20 Estes problemas taxonômicos relacionados à subordem Zygoptera podem ser explicadospelagrandediversidadedeformaseadaptaçõesapresentadaspelasespécies incluídas nesta subordem. Existem diversas especializações dentro da subordem, seja paratiposespecíficosdeambientequeocupamouparadiferentesestratégiasreproduti vas.

AfamíliaPseudostigmatidaeéconhecidaporsuasespéciesvistosas,grandes,de vôolentoereproduçãoemfitotelmata,inclusiveocosdeárvores(Lencioni2005),sendo a única família dentro de Zygoptera considerada flier (Corbet 1999). Outras espécies tambémsereproduzememfitotelmata,como Leptagrion e Bromeliagrion ,gênerosde

Coenagrionidaequeutilizambroméliastanqueparaodesenvolvimentolarval(Lencioni

2005). Algumas famílias, como por exemplo, Perilestidae e Megapodagrionidae, são exclusivasdeflorestasbempreservadas(Lencioni2005).Ogênero Heteragrion éco nhecidoporhabitarlocaisbempreservados,equeabriguemriachos(Hartung2002),e apresentaaltasensibilidadeaalteraçõesambientais,oqueresultouemduasespéciesnas listagensdasameaçadasdeextinção(Machado etal .1998).Podehaveraindapreferên ciaspordeterminadostiposdeambiente,e,dentrodeumaúnicafamília,comopore xemploCoenagrionidae,encontramseespéciesdeáguasparadaselagos,comoasper tencentesaogêneroAcanthagrion ;deambienteslóticos,comoaspertencentesaogêne rosArgia ;ouespéciesqueocupamdiversosambientes,desdepoçasd’águaaté ribei rões,comoaspertencentesaogêneroIschnura (Lencioni2005,2006).

Umasdascaracterísticasmaismarcantesde Zygopteraéque agrandemaioria das espécies apresenta comportamento de pousar com as asas fechadas, diferente de

Epiprocta,ondetodasasespécies,excetoCordulephyapygmaea ,pousamcomasasas abertas(Corbet1999).AlgumasfamíliasemZygoptera,noentanto,possuemespécies quepousamcomasasabertas,comoLestidae,SynlestidaeeMegapodagrionidae,Dip hlebiidae,PerilestidaeeDicteriadidae(Paulson2004,Lencioni2005). 21 Em2004,Paulsonfezumarevisãodetodasashipótesesjásugeridasparatentar explicarporquealgumasespéciespousamdeasasabertaseoutrasdeasasfechadas.Em resumo, ele citou hipóteses relacionadas à termorregulação ( Thermoregulation Hypo thesis –TH ),propostasporJacobsem1955,queafirmaumarelaçãoentreaposiçãodas asas e seu efeito termorregulatório no indivíduo; à inércia filogenética ( Phylogenetic

InertiaHypothesis –PIH ),propostaporHeymerem1975,naqualmododepousose deveàmanutençãodoestadoancestral;eaodisplaysexual( WingDisplayHypothesis –

WDH ),tambémpropostaporHeymerem1975ereforçadapelopróprioPaulson,em

1981,queafirmaqueaposiçãodasasasestárelacionadacomdisplaysexual.

ParaSimpson(1944),queutilizouotermo“inérciaevolutiva”,ainérciafiloge néticarepresentaumpadrãodeevoluçãoretilíneo,resultantedeseleçãonatural.Wilson

(1975)propôs,aocontrário,queainérciafilogenéticarepresentafatoresqueresistemà seleção, incluindo préadaptações. Mais tarde, Ridley (1983) propôs que um caráter compartilhadoentreespéciesrelacionadasseriaumindíciodeinérciafilogenética.Por

último,Burt(2001)apresentouumaanalogiacomainérciadafísica:“umacaracterísti cacomumestadonãomudadopermaneceránãomudado,eumacaracterísticaqueex perimenteumamudançadirecionalconsistentemanteráessepadrãoevolutivoentrera mosdaárvorefilogenética,amenosqueumaforçaexternaatue”(seleçãonaturalese xual,mutação,derivagenéticaoufluxogênico).

Paulson(2004)aindapropôsmaisduashipótesesadaptativas,aprimeiraafirma quehávantagensrelacionadasàmaioragilidadedo vôoemespéciesquepousamde asasabertas( QuickTakeoffHypothesis –QTH ),quepoderiamsairdopousomaisrapi damentenacapturadepresasoumesmodefêmeas;easegundasugerevantagensrela cionadas a permanecer menos evidente para os predadores nas espécies que pousam comasasasfechadas( ShinyWingHypothesis –SWH ).

22 A QTH partedoprincípioquepousardeasasabertaséumavantagememOdo nata,umavezquequaseatotalidadedosEpiproctapousanestaposição.Assumindoque estasejaumavantagemtambémparazigópteras,Paulsonsugeriuquezigópterasque pousam de asas abertas apresentam respostas mais rápidasdoqueasquepousamde asasfechadas,ouseorientammaisrapidamentenovôoequeissopodeestarcorrelacio nadocomaspectosdeforrageio,fugaoucomportamentoreprodutivo.

Considerandoapenasoforrageio,a QTH assumequeforrageadoresdotiposenta eespera,quecapturampresasvoandoequereceberamadenominaçãodesalliers por

Paulson 2,podemserbeneficiadosporumarespostamaisrápida.Poroutrolado,aqueles queforrageiamsuaspresasnosubstrato,classificadosporPaulsoncomo gleaners ,po demnãotersofridoseleçãopararespostasrápidas.

Essahipótesepredizque: i. arespostaaestímulosémaisrápidaemespéciesque pousamdeasasabertas(PAA )doquenasquepousamdeasasfechadas(PAF ),eque ii. espécies PAA forrageiamtipicamenteduranteovôo( sallying ),eespécies PAF recolhem suaspresasdosubstrato( gleaning ).

DeacordocomPaulson(2004),aoassumirumavantagemnovôoparaespécies

PAA ,haveriaumafortepressãoseletivacontrazigópterascomasasfechadasnopouso.

Porém,asasrefletemluzsolar,etambémhávantagensemsercrípticoparapotenciais predadores.A SWH predizque: i. espéciesmenorescorremmaioresriscosdepredação, umavezquequantomaiorapresa,menoronúmerodepredadoresqueconseguempre dála,e,portanto,émaiscomumqueespéciesmenorespousemdeasasfechadas; ii. o habitatpodeinfluenciarnaposiçãodasasas,entãoémaisprovávelquezigópterasque

2Emcomunicaçãopessoal,Paulsonexplicouqueostermos sallier e gleaner sãooriundosdaornitologia. Sallier serefereaumaave(oulibélula)quesaidorepouso(poleiro)especificamenteparacapturarum insetoemvôo. Gleaner ,emornitologia,especificaumaavequecapturasuapresaapartirdosubstrato, emgeralnomesmosubstratoemqueestápousado.Paulsonesclareceuqueestetermodeveseraplicado deformadiferentealibélulas,umavezqueestasvoamdurante muitotempo.Com isso,eleutilizouo termo gleaner parasereferiraespéciesquecapturamsuaspresas,queestãonosubstrato,duranteovôo. 23 pousamàsombraofaçamdeasasabertas,umavezqueestasnãobrilhamàsombra,o queportantoreduziriaosriscosdepredação.

Paulsonsugeriuestashipóteseseapresentouumatabela,contendo35gênerosde

Zygoptera,comseusrespectivoscomportamentosdepouso(asasabertasoufechadas)e de forrageio ( salliers ou gleaners ).Destesgêneros,oitopousamcomasasasabertas, sendotodoselesclassificadoscomo salliers ,e28comasasasfechadas,dosquais10 foramclassificadoscomo salliers e18como gleaners .Apartirdestesresultados,Paul sonconcluiuqueasevidênciasafavorda QTH sãoesparsas,masquenãoháevidências robustascontraestahipóteseequeseriamnecessáriosmaisdadosparaobterrespostas maisconclusivas.

No entanto, testes de hipótesespara caracteres adaptativosemorganismosde vemserfeitossobopontodevistafilogenético.ApesardePaulsonterdescartadoahi pótesedeinérciafilogenética(PIH )paraocomportamentodepouso,espéciespróximas podem compartilhar caracteres (inclusive comportamentos,depousooudeforrageio) simplesmente porque os herdaram de um ancestral comum (Harvey & Pagel 1991).

Com isso, para poder correlacionar diferentes caracteres, como o comportamento de pousoeodeforrageio,énecessáriosebasearemumahipótesefilogenética,quedeve serobtidaapartirdedadosindependentesdaquelesqueserãotestados.

Estetrabalhoapresentaumtestedehipótesespara estes dois comportamentos emZygopterautilizandométodoscomparativos,baseadosemumahipótesefilogenética construídaapartirdecaracteresmoleculares.

24

Material e Métodos Espécies Estudadas Para obter a hipótese filogenética, foi feita uma busca no GenBank

(http://www.ncbi.nlm.nih.gov )porsequênciasdeespécieslistadasporPaulson(2004) comcomportamentodepousoeforrageio.Dassequênciasdisponíveis,asderRNA28 S nuclearforamasencontradasparaomaiornúmerodeespécies.

Ousodemétodoscomparativosrequerumaárvoreenraizada.Portantofoine cessáriaainclusãodeumgrupoexterno.SeguindoosresultadosdeRehn(2003)eBy bee etal .(2008),quesugeremZygopteracomoumgrupomonofilético,foramincluídas trêsespéciespertencentesàfamíliaLibellulidae,queapresentammododepousocom asasabertas,comogrupoirmão.Otipodeforrageionãofoiconsiderado,poisnãofoi encontradanenhumadescriçãodestecomportamentoparaessasespéciesouparaqual queroutraespéciedasubordemEpiprocta.

Análise das Sequências e Construção de Hipóteses Filogenéticas AssequênciasdorRNA28 Sforamobtidasapartirdo GenBank eposteriormente alinhadasutilizandooprogramaMuscle(Edgar2004),apósoqualfoifeitaumainspe

çãovisual,comoauxíliodoprogramaMEGA4.0. (Tamura etal .2007).

Ahipótesefilogenéticafoiconstruídautilizandoa IB ,comoauxíliodoprogra maMrBayes3.1(Huelsenbech&Ronquist2001).OprogramaMrModelTest(Nylander

2004)foiutilizadoparadeterminarquaisparâmetrosdeveriamsercalculadospeloMr

Bayes. Foramrealizadas10.000.000geraçõescomduas corridas, cada uma contendo umacadeiafriaetrêscadeiasquentes.Comoascadeiasconvergiramrapidamente,25% dasprimeirastopologiasgeradasforamdescartadasparaocálculodaárvoreconsensoe dostamanhosderamos,quefoiutilizadacomobaseparatodasasanálisesdopresente trabalho.

25 O Monofiletismo de Zygoptera Aárvorefilogenéticaapresentadanestetrabalhofoiconstruídadeformaquea subordemZygopteraaparecessecomoumgrupo monofilético,conforme sugeridopor trabalhosrecentes(Bechly1996,Rehn2003,Bybee etal .2008eCarle etal .2008).A questãoenvolvendoomonofiletismodasubordemébastantecontroversa.Algunstraba lhossugeremoparafiletismodeZygoptera,no entanto, estes trabalhos ou são muito antigos, e, portanto precedem os métodos de sistemática filogenética sugeridos por

Hennig(1966),comoéocasodotrabalhodeFraser(1957);ouincluíramumpequeno númerodeespécies(Saux etal .2003,Hasegawa&Kasuya2006).Comisso,ahipótese domonofiletismodeZygopterapareceusermaisrazoávelefoiutilizadacomopressu postodopresentetrabalho,que,portanto,incluiuapenasumafamíliadentrodeEpiproc ta,maisespecificamentetrêsespéciesdeLibellulidae,comogrupoexterno.

Reconstrução do Estado Ancestral e Análise Comparativa Das 20 espécies utilizadas no presente trabalho (Tabela 3), sete apresentam comportamento de pouso com asas abertas, 13 apresentam comportamento de pouso comasasfechadas,14apresentamtipodeforrageiosallier ecincoapresentamotipo gleaner .Ogênero Pseudagrion éconhecidoporapresentarosdoistiposdeforrageio,e, paraefeitosdeanálise,foiconsideradocomodadoambíguo,paraevitardesvios.

Asinformaçõesrelativasaomododepousoetipodeforrageiodasespéciesfo ramadquiridasnotrabalhodePaulson(2004),sendox=0(asasfechadas),x= 1(asas abertas),y=0(gleaner )ey=1(sallier ).Essasinformaçõesforaminseridasnahipótese filogenéticaobtidaparaqueosestadosdosnósancestraisfossemestimadosnoprogra maDiscretedopacoteBayesTraits(Pagel&Meade,2006a).

26 OBayesTraitséumpacotecomputacionalutilizadoparaanalisaraevoluçãode

caracteresemgruposdeespéciesfilogeneticamenterelacionadas.Umavezqueoresul

tadofinalda IB éumaárvoreconsensodoconjuntodemelhoresárvoresencontradas

pelométodo,oBayesTraitsavaliaaevoluçãodoscaracteresemestudoapartirdeum

conjuntodeárvores,oquepermiteavaliaraspolitomiasencontradasdemaneiraacon

siderartodasaspossibilidades.Foramentãoutilizadasas500melhoresárvoresobtidas

pela IB .Ascorridasforamfeitaspor MCMC ,tendocomoresultadosasmédiasharmô

nicas.

Tabela 3:Sequênciasdasespéciesutilizadas,obtidasno GenBank ,indicandofamília, mododepouso, tipodeforrageioenúmerodeacesso.OsdadoscomportamentaisforamretiradosdePaulson(2004). Família Espécie mododepouso tipodeforrageio AcessoNCBI Diphlebiidae Diphlebiacoerulescens PAA S FJ009945 Philogangavetusta PAA S EU055308 Calopterygidae Calopteryxamata PAF S FJ009949 Hetaerinaamericana PAF S FJ009952 Coenagrionidae Argiamoesta PAF S FJ009939 Argianahuana PAF S EU055319 Austroagrionwatsoni PAF G FJ009938 Enallagma sp. PAF G EU055235 Ishnurabarberi PAF G EU055231 Pseudagrionaureofrons PAF EU055256 Isostictidae Rhadinostictasimplex PAF G EU055249 Lestidae Archilestesgrandis PAA S FJ009954 Austrolestesannulosus PAF S EU055255 Lestesrectangularis PAA S FJ009953 Sympecmapaedisca PAF S EU055289 Megapodagrionidae Austroargiolestesicteromelas PAA S EU055234 Heteragrion sp. PAA S EU055311 Platystictidae Protostictasanguinostigma PAF S EU055293 Pseudostigmatidae Pseudostigmaaberrans PAF G FJ009934 Synlestidae Synlestesweyersii PAA S FJ009955 Libellulidae Brachydiplaxdenticauda PAA EU055265 Tramealacerata PAA EU055269 Trithemisaurora PAA EU055301 PAA =pousodeasasabertas; PAF =pousodeasasfechadas, S=sallier, G =Gleaner.

Parainferiromelhormodeloaserutilizadonaanálise,foramrealizadasvárias

análisespreliminares,queforamcomparadasemfunçãodadistribuiçãodasprobabili

dadesposteriorespelo BayesFactor .Omodelo apriori escolhidotemdistribuiçãonor

malcom ratedev= 50 eaceitaçãodosparâmetrosde20%.Foramfeitas100.000.000de

27 replicaçõescomum burnin de1.000.000.Asanálisesmostraramtambémqueq13= q31= q43=0(vertabela4).

Umavezdefinidoomodeloaserutilizadonasanálises,osestadosdosdoisca racteresdosnósancestraisforamestimadospelométododoancestralcomummaisre cente (MRCA most recent common ancestor ), também implementado no programa

BayesTraits.Porestemétodo,éatribuídoumvalordeverossimilhançaparacadaestado ancestralpossível(0ou1emcadaumdoscaracteres).Asverossimilhançassãocompa radasatravésdo LR ,eumadiferençamaiorque2sugerequeumdosestadosémais provávelqueooutro(ver“métodoscomparativos”naparteintrodutóriadadissertação.

Estaestimativafoifeitanas500melhoresárvoresobtidaspeloMrBayes,eumestado foiconsideradomaisprovávelqueooutrose (seamédiadosLRdas500ár voresconsideradasformaiorouiguala2,emmódulo)(Pagel&Meade2006b).

Tabela 4:ModeloDependente,apresentandoastaxasdetransiçõesentreosestadosdoscaracteres,onde q12: x(0→0), y(0→1);q13: x(0→1), y(0→0);q21: x(0→0), y(1→0);q24: x(0→1), y(1→1);q31: x(1→0), y(0→0);q34: x(1→1), y(0→1);q42: x(1→0), y(1→1)e q43: x(1→1), y(1→0).Astaxasondeasmudan çasforamsimultâneasnãoforamconsideradas.x=0(pousocomasasfechadas),x=1(pousocomasas abertas),y=0(gleaner ),y=1(sallier ). Estado 0,0 0,1 1,0 1,1

0,0 q12 q13

0,1 q21 q24

1,0 q31 q34

1,1 q42 q43

Paratestarseastaxassãodefatoindependentes,ouseja,se xpodemodificarde

0para1independentementedoestadode y,énecessárioverificarseaprobabilidadede, por exemplo, x(0→1) quando y(0→0) é igual à probabilidade de x(0→1) quando y(1→1),oqueequivaleatestar H1,ouseq13= q24.Otesteemquestãovisaverificarse

épossívelmodificaraposiçãodaasaduranteopousodefechadaparaabertaqualquer 28 quesejaocomportamentodeforrageio.Casoestastaxassejamdiferentes,amodifica

çãodexde0para1édependentedoestadode y(0ou1),ouseja,ocomportamentode pousoédependentedo comportamentodeforrageio.Caso contrário, é independente.

Paratestarestahipótese,énecessáriocalcularadistribuiçãodaprobabilidadeposterior domodeloquetemosoitoparâmetrosapresentadosnatabela4,ecalcularadistribuição daprobabilidadeposteriordomodelocomseteparâmetros,noqual q13= q24.SeoBF

>3,modificarocomportamentodepousodeasasfechadasparaabertasestácondicio nadoaocomportamentodeforrageioeportantooscaracteressãodependentes.

Alémdesta,foramtestadasoutrashipóteses:

i. H2 Otipodeforrageiopodemudarde gleaner para salliery(0→1) indepen dentedomododepouso,ouseja,q12= q34.

ii.H3 Omododepousopodemudardeasaabertaparaasafechadaindepen dentedotipodeforrageio,ousejaq31= q42.

iii.H4 Otipodeforrageiopodemudarde sallier para gleaner ,independentedo mododepouso,ouseja:q21= q43.

Resultados Inferência Filogenética OalinhamentodassequênciasdogeneribossomalnuclearRNA28 Sresultouem

3.893sítiosalinhados,dosquais676sãovariáveis.Afigura9mostraasrelaçõesfiloge néticasencontradasentreasespéciesestudadas,tendotrêsespéciesdeLibellulidaeco mo outgroup .Depoisdestaseparação,Zygopterasedividiuemdoisgruposbemsusten tados,oprimeirocontendoespéciesdasfamíliasLestidae,queapresentoumonofiletis mo,eSynlestidae,eosegundocontendoorestantedasfamílias.

29 Calopterygidaetambémapresentoumonofiletismo,oquetambémfoiencontrado porMisof etal. (2000).TodososrepresentantesdafamíliaCoenagrionidaeforamagru padosemumgrupobemsustentado,porémcomainclusãode Pseudostigmaaberrans

(Pseudostigmatidae).Houve também a formação de uma politomia contendo: Philo gangavetusta , Protostictasanguinostigma , Heteragrion sp.+ Diphlebiacoerulescens e

Rhadinosticta simplex agrupando com Coenagrionidae + Pseudostigmatidae. Outros trabalhostambémapresentamumarelaçãopróximaparaCoenagrionidaeePseudostig matidae(Carle etal .2008)

De forma geral, os valores deprobabilidadeposteriorforamaltos,observando umaboadefiniçãoparaasfamíliasLestidae,Synlestidae,Isostictidae,Coenagrionidaee

Calopterygidae.Comoasoutrasfamíliasestãoinseridasemumapolitomiacombaixo valordeprobabilidadeposterior,nãohácomosaberaocertosuadefiniçãodeacordo comaárvoreaquiapresentada.

Reconstrução de Ancestral e Análise Comparativa Notestedecorrelaçãoentreoscaracteres,omodeloquemelhorexplicouosda dosfoiodeevoluçãodependente,aceitandoseassimacorrelaçãodoscaracteres.Por tanto,todasasanálisesforamfeitascommodelosdependentes.Asanálisespreliminares indicaramquealgumastransiçõessãoimprováveisde ocorrer, como as representadas pelastaxasq13,q31,q43.

Osresultadosobtidosparacadaestadoancestraldecadanóforamrepresentados emhistogramas(Figura10).OsresultadossugeremqueoancestralcomumentreZy gopteraeEpiproctapousavacomasasasabertaseforrageavacomoumgleaner (nó20).

Onó17,ancestraldosZygoptera,forrageavacomoumsallier ,eaindapousavadeasas abertas.Apartirdaí,houveumamodificaçãononó3,noqualocomportamentodepou sopassouaserdeasasfechadas,comretornodopousocomasasabertasnonó1.O pousodeasasfechadassurgiupelomenosmaisduasvezes,nonó5enonó13,sem 30 retornoparaasasabertas.Amudançadoforrageioparaotipo gleaner ocorreuumaúni cavez,nonó13,comretornoparaotipo salliernonó7.

Ostestesdehipótesesarespeitodastaxasinstantâneasdetransiçãoentreestados decaracteresparacomportamentodepouso( PAF ou PAA )ecomportamentodeforra geio( gleaner ou sallier )mostraramque(Figura11eTabela5):

i. q12= q34,ouseja,modificaçõesdomododeforrageio gleaner para sal

lier independemdomododepouso.Issofoievidenciadoporumvalor

deBF de0,013,quesignificaqueummodelocomduastaxasdiferen

tespara q12e q34nãoésignificativamentemelhorqueomodelocom

asduastaxasiguais.

ii. q31= q42,ouseja,modificaropousode PAA para PAF independedo

comportamento de forrageio. Este resultado também foi evidenciado

porumvalorde BF positivo,2,414;masnãosignificativo(seoresul

tadofosse>3.0,astaxaspoderiamserconsideradasdiferentes)

iii. q21> q43,ouseja,émaisprovávelmodificarocomportamentode salli

er para gleaner quandoaespéciepousacomasasasfechadas.O BF

paraestaestimativafoipositivoesignificativo(BF =53.837,4).Con

siderandoqueasanálisespreliminaressugeremqueq43=0,atransi

çãode sallier para gleaner jamaisocorreuquandoaespéciepousavade

asasabertas.

iv. q24> q13,ouseja,émaisprovávelmudarocomportamentode PAF para

PAA quandoocomportamentodeforrageioédotipo sallier .(BF =

14,793positivoesignificativo).Considerandoqueasanálisespreli

minaressugeremque q13=0,atransiçãodePAF para PAA jamaiso

correuquandoocomportamentodeforrageioeradotipo gleaner .

31

Figura 9:ÁrvorefilogenéticaobtidaapartirdaAnálise Bayesiana .Osvaloresaoladodosnósdaárvore correspondemàprobabilidadeposterior.Osnúmerosdentrodosquadradosnosnósinternossãoosidenti ficadoresdecadanó.Quadradosecírculoscoloridosaoladodecadaespécieecadanócorrespondemaos estadosdocomportamentodepousoeforrageio,respectivamente.Oasteriscoaoladodeumquadradoou círculoindicaqueaverossimilhançadeumestadoésignificativamentemaiorqueodooutro.Quadrado verde:pousocomasasfechadas,quadradovermelho:pousocomasasabertas.Círculoverde:comporta mentodeforrageio gleaner ,círculovermelho:comportamentodeforrageiodotipo sallier ,círculobranco: comportamentodeforrageiodesconhecido.

32

Figura 10:Distribuiçãodasprobabilidadesposterioresdainferênciaancestraldosnósinternosdaárvore representadanafigura9.Cadacombinaçãodeestadosdecaracteresfoirepresentadaporumacordiferen te,sendoazulx=0e y=0;vermelhox=0e y=1;verdex=1e y=0;erosax=1e y=1.Quantomais paraadireita,maioraprobabilidadeposteriordeumadeterminadacombinaçãodecaracteresparacada nó.(x=0:pousocomasasfechadas;x=1:pousocomasasabertas;y=0:forrageiodotipo gleaner ;y= 1:forrageiodotipo sallier ).

33

Figura 10 –Continuação. 34 Figura 11:Logdaverossimilhançadediferentescombinaçõesdetaxasdetransição.a)azul:unrestrict: semrestrições,todasastaxassãoindependentes.b)Vermelho(q31= q42):mododepousopodemudar deasaabertaparafechadaindependentedotipodeforrageio.c)Verde(q21= q43):otipodeforrageio podemudarde sallier para gleaner independentedomododepouso.d)Rosa(q13= q24):omodode pousopodemudardeasafechadaparaasaabertaindependentedotipodeforrageio.e)Preto(q12= q34): otipodeforrageiopodemudarde gleaner para sallier independentedomododepouso.

Tabela 5:Testedehipóteses,apresentandoospressupostos,osmodeloseosvaloresdo BayesFactors encontrados. Hipótese Pressuposto modelo BF

H1 Mudançadeasafechadaparaasaaberta,in q13= q24 14,793 dependentedotipodeforrageio

H2 Mudançade gleaner para sallier , q12= q34 0,013 independentedomododepouso

H3 Mudançadeasaabertaparaasafechada,in q31= q42 2,414 dependentedotipodeforrageio

H4 Mudançade sallier para gleaner , q21= q43 53.837,4 independentedomododepouso

35 Discussão Inércia Filogenética Aprimeiraquestãoaserdiscutidaemfaceaosresultadosapresentadosseriauma resposta à pergunta de Paulson (2004): “Porque alguns zigópteras pousam com asas abertas?”Aresposta,emparte,ébastantesimples:porcausadaancestralidade,oque estádiretamenterelacionadoàquestãodainérciafilogenética.

Ahipótesedeinérciafilogenética( PIH )(Heymer1975)sugerequeocompor tamentodepousocomasasabertasésimplesmenteamanutenção,nãoadaptativa,da condiçãoancestral.Paulson(2004)refutouessahipótese,poisgêneros PAA sãoencon tradosnomínimoemcincofamíliasdeZygoptera(Amphipterygidae,Euphacidae,Les tidae,SynlestidaeeMegapodagrionidae)eporissoháumanecessidadedeexplicações adaptativasparaessecomportamento.Noentanto,Paulson(2004)rejeitoua PIH sem utilizarumaabordagemfilogenéticaesemdefinirotermoinérciafilogenética.

Otermoinérciafilogenéticanãoéamplamenteadotado.Asdiscussõesemevo luçãosãofeitassobrerestrições,earelaçãoentreinérciaerestriçãonãoéclara.Uma definiçãoconsensodelivrostextodeevoluçãopararestriçõespodeser:“umaproprie dadedeumacaracterísticaque,apesardepossivelmenteadaptativanoambienteemque originalmentesurgiu,atualimitandoaproduçãodenovasvariantesfenotípicas(Blom berg&Garland2002).

Ahipótesefilogenéticamostradanestetrabalhosugere forte sinal filogenético paraaposiçãodasasasduranteopouso,comapenastrêstransiçõesentrepousocom asasabertasparapousocomasasfechadas,queocorreramdonó4parao3,do16para o5edo14parao13;eumatransiçãodefechadaparaaberta,donó3paraonó1(ver figura9).Deveserlevadoemconsideraçãoqueissototalizaquatromudanças,numa

árvorequepermitiria17.Umarestriçãomaisintensaéverificadaquandootipodefor

36 rageioéconsiderado,sendoverificadaumatransiçãode gleaner para sallier (donó8 parao7);eumatransiçãode sallier para gleaner ,donó14parao13.Portanto,háuma forteindicaçãodeterhavidorestriçõesnahistóriaevolutivadessasespécies,oqueestá deacordocomahipótesedeinérciafilogenética.

Novas hipóteses a serem testadas AsasAbertasPermitemRespostasRápidas? Ahipótesedarespostarápida(QTH ),sugeridaporPaulson(2004),predizquea posiçãodepousocomasasabertasfacilitaumasaídamaisrápidaeummelhorajustena orientaçãodovôo,equeespéciescompousodeasasabertas( PAA )apresentariamfor rageio do tipo sallier e aquelas PAF do tipo gleaner .Comisso, salliers seriam mais

ágeise gleaners maislentos.PorémPaulson(2004)chegouapenasàconclusãodeque nãoháevidênciasquerefutemsuahipótese.Samways(2006)apóiaa QTH ,porémafir maquearespostarápidanãoéajustadapeloforrageioesimpordefesaterritorial.

Deacordocomosresultadosaquiapresentados,estudandoastaxasdetransição entreosestadosdecaracteresdosdoistiposdecomportamento:mododepousoetipo deforrageio,foipossíveldetectarumaforterestriçãocontraoforrageiodotipo gleaner , que só é apresentado por espécies PAF . Espécies PAA , conforme já mencionado por

Paulson(2004),sóapresentamforrageiodotipo sallier .Noentanto,esteresultadonão significa que espécies PAA forrageiam por sentaespera (sallier ) mais frequentemente doqueespécies PAF ,conformediscutidoporReinhardt(2006),quesugeriuqueapre diçãodeveseroinversodaqueladadaporPaulson:sepousarcomasasabertasoferecer benefíciosparaoforrageiodotiposallier ,indivíduos salliers irãoapresentarpousocom asasabertasmaisfrequentementedoque gleaners ,enãonecessariamenteespécies PAA apresentarãotipodeforrageio sallier maisfrequentementedoqueespécies PAF .

37 Portanto,osresultadosaquiapresentadosnãosuportamahipótesedequeespé ciesquepousamdeasasabertastenhamrespostasmaisrápidasqueespéciesquepou samdeasasfechadas.

OIndivíduoFicaMenosEvidentecomAsasFechadas? Algumasconsiderações podemserfeitasapartirde outra hipótese do Paulson, a

ShinyWingHypothesis (SWH ),cujasprediçõessão:

1) Espécies menores são mais vulneráveis à predação, então PAF deve ser mais

comumemespéciesmenores,demodoqueastornammaiscrípticas;

2) Espéciesquepousampreferencialmenteemlocaissombreadosseriam PAA eas

compreferênciasalocaisensolaradosseriam PAF .

Partindodoprincípioquepredarapartirdosubstrato(forrageiodotipo glea ner )nãorequerrespostasrápidas,épossívelconsiderarqueespéciescomtipodeforra geio sallier sejammaisrápidas,eportantotenhamcapacidadedeescapardepredadores deformamaisrápidaeeficiente.Partindodestespressupostos,épossívelfazeroutras predições,relacionandoocomportamentodepousocomodeforrageio:

3) espéciescomtipodeforrageio gleaner deveriamserespécies PAF (asafechada

tornaoindivíduomaiscríptico,portantoanecessidadedefugarápidadiminui),

4) espéciescomforrageiodotipo sallier poderiamterambososmodosdepouso,

tantocomasasabertasquantocomasasfechadas,poisobenefíciodeteruma

respostarápidapermitequalquermododepouso.

Essasprediçõesestãodeacordocomosresultadosaquiapresentados,umavez queforamencontradasduasrestriçõesparaastransições: i. nãoéprovávelmodificaro comportamentode PAF para PAA seocomportamentodeforrageiofor gleaner ,ouseja, espécieslentasnãopoderiamseexportanto;e ii. nãoéprovávelmudarocomportamen

38 to de sallier para gleaner se o comportamento de pouso for PAA , ou seja, espécies conspícuasnãopodemserlentas.

TodasessasconsideraçõesestãorestritasàsespéciesquePaulsondefiniuemseu trabalhocomotendocomportamentodepousocomasaabertaoucomasafechada.Rei nhardt (2006) argumentou que em algumas espécies, como as pertencentes à família

Coenagrionidae,édifícildefinirocomportamentodepousoadotado,poiséobservado umcomportamentointermediário,osemiaberto.Oautoraindadiscutiuqueaexclusão detaisintermediárioséproblemática,poisalgumasfunçõesrelacionadascompousode asasabertas,comotermorregulação,irãofavorecerumamaiorplasticidadedaposição dasasasduranteopouso.

Emresposta,Paulson(2006)afirmouquenãoutilizouespéciesquepousamcom asas semiabertas na categoria depouso com asas abertasemseutrabalhode2004e afirmouquenãoconcordacomReinhardt(2006)sobreadificuldadededefinirocom portamentodepousoparaalgumasespécies.DeacordocomPaulson(2006),apesarde alguns indivíduos apresentarem um comportamento de pouso com asas entreabertas, essaposiçãodasasasnãopermanecemaisdoquealgunspoucossegundos,oquenão colocaemdúvidaocomportamentodepouso(PAA ou PAF )adotadoporcadaespécie.

RespostasRápidaseComportamentoCríptico Assim como a maior parte dos caracteres encontradosemqualquerespécie,o comportamentodepouso,comasasabertasoufechadasemZygoptera,requerexplica

çõescomplexasedificilmentepodeserexplicadoatravésdehipótesesqueconsiderem fatoresisolados.Émaisprovávelquedevaserexplicadoporumaconjunçãodediferen tesfatores,comoainérciafilogenética,ofatodeestarounãoevidenteaospredadorese avelocidadedasrespostas.

39 Todosestesresultados( i. a iv. )requeremumacombinaçãodefatoresadaptativos queestãorelacionadosàagilidadeeàcamuflagemdasespécies.Seumaespécieécríp tica( PAF ),podetercomportamentorápidooulento(forrageiodotipo sallier ou glea ner ), evidenciado pelo teste ( i. ). Do mesmo modo, se uma espécie é rápida ( sallier ), podesercríptica( PAF )ouconspícua( PAA )(teste ii. ).Noentanto,seélenta( gleaner ), nãopodeserconspícua,oqueexplicaoresultado iii. ,damesmaformaqueserforcons pícua( PAA )nãopodeserlenta( gleaner )(teste iv. ).

40 CAPÍTULO 2 – Filogenia e Evolução de Libellulidae

(Odonata) baseada em fragmentos de DNA mitocondrial

Introdução Libellulidaeéumafamíliaconsideradacosmopolita,representadapor141gêne rose969espécies,sendoumadasfamíliasmaisrepresentativas dentro de Epiprocta

(Figura12).Essafamíliaéfacilmentereconhecidapelapresençadeumaalçaanalmais longaquelarga,emformadepé(Figura13).NoBrasil,ocorrem35gêneroseaproxi madamente210espécies(Costa etal. 2002;Paulson2007),dasquais38sãoendêmicas

(Paulson2007).

Figura 12:RiquezarelativadasfamíliasdeEpiprocta.RetiradadeMisof(2002). Agrandevariabilidadepresentedentrodafamílialevouàsuasubdivisãoem12 subfamílias(Fraser1957).Estasubdivisão,noentanto,precedeosmétodosfilogenéti cos(portantonãolevouemconsideraçãohomologiasesinapomorfias)efoibaseadaem características de venação alar, situação típica da classificação taxonômica em toda a ordemOdonata.Maisrecentemente,Bridges(1994)reduziuonúmerodefamíliaspara

41 11,masotrabalhosereduzaumacatalogaçãodostáxonsdentrodeLibellulidae,sem umadefiniçãoclaradoscaracteresquedistinguemassubfamílias.

Figura 13: Asa posterior de Libellulidae realçando a alça anal em forma de pé. Retirada de www.sonic.net . Histórico taxonômico de Odonata Linnaeus(1758)identificouasprimeirasespéciesdaordemOdonataFabricius

1793,quesomavam20espécies,todasclassificadasnogênero Libellula ,dentrodeum amplogrupodaordemchamadaNeuroptera(incluindoasordens:Ephemeroptera,Ple coptera,Neuroptera,Mecoptera,Megaloptera,RhaphidiopteraeTrichoptera). Libellula depressa foidefinidacomoaespécietipodogênero,eposteriormentedaordem.

Posteriormente,Fabricius(1775)subdividiu Libellula emtrêsgrupos: i. Libellu la, formadoporespéciesempoleiradorasdecorpocurto; ii. Aeshna, compostoporespé ciesplanadorasdecorpomaior;e iii.Agrion, queincluíaespéciestipicamentemenores emaisdelgadas.Duranteofinaldoséculo18einíciodoséculo19,muitosgênerosfo ramdescritos,principalmentepor Leach(1815)eRambur (1842). A ordem Odonata permaneceudentrodoamploconceitolineanodaordemNeuropteraaté1923,quando

Martynovdividiuosinsetosaladosemdoisgrandesgrupos:NeopteraePaleoptera.O primeiroébemaceitocomoumgrupomonofiléticoatualmente,masostatusdePaleop

42 tera,quecompreendeOdonata,Ephemeropteraeoutrasordensextintas,temsidomuito debatido.

OentomólogoEdmunddeSelysLongchamps(Selys),noséculo19,descreveu maisde1000espéciesdeOdonataeseumaisnotáveltrabalhofoiacriaçãodoprimeiro sistemadeclassificaçãodestaordem.OsistemaSelysianosebaseavaemumaclassifi cação bastante incomum, que reunia espécies em gêneros e estes em “legiões”, uma categoriacriadaporSelys.Enquantoataxonomiadeoutrosgruposdeinsetosfoipadro nizadaemterminologiasbaseadasemgêneros,famíliaseordens,Odonataadquiriuuma nomenclatura própria. Hoje, cada “legião” de Selys corresponde aproximadamente às famílias ou superfamílias da nomenclatura padrão. Selys introduziu ainda os termos

AnisopteraeZygoptera.

O sistema de classificação proposto por Selys se baseou principalmente nos complexospadrõesdevenaçãodasasas.Paratanto,Selyscriouumadetalhadanomen claturaparaasveiasalaresqueseaplicamapenasàsasasdeOdonata,semrelaçãocom asveiasalaresdeoutrosinsetos.Outrosautorestambémestudaramaclassificaçãoda ordemOdonata,tambémutilizandoospadrõesdeveiasalares.Amaioriadestestraba lhoséanterioraosmétodospropostosporHennig(1966),comoComstock&Needham

(1898), Tillyard (1917), Tillyard & Fraser (1938) e Fraser (1957). Algumas revisões maisrecentesadotarammétodoscladísticospropostosporHennig(1966),comoBechly

(1996),Trueman(1996)eRehn(2003).

Trueman(2007)fezumarevisãodetodoohistóricodaclassificaçãodeOdonata econcluiuqueadecisãoporqualquersistemadeclassificaçãosópoderáserfeitaapósa resoluçãodoproblemaPaleopteraedasrelaçõesentresubordensdeOdonata.

43 Relações filogenéticas dentro de Libellulidae Estudos moleculares sustentam o monofiletismo da superfamília Libelluloidea

(Fleck etal .2008b,Misof etal. 2001,Saux etal .2003),quecompreendequatrofamí lias:Gomphomacromiidae,Macromiidae,CorduliidaeeLibellulidae(Ware etal .2007).

Filogenias utilizando caracteres morfológicos, principalmente aqueles relacionados à venaçãoalar,sustentamomonofiletismodafamília Libellulidae(Trueman1996,Re sende2005,Bybee etal. 2008).Noentanto,asubdivisãoemsubfamíliasaindaéobscu ra,poisédefinidaporpoucoscaracteresdenervuras,dosquaisnãoconstamsinapomor fias.PraticamentetodaaclassificaçãodeOdonataenvolvecaracteresdevenação,desde a classificação de fósseis (Figura 14), até a de espécies atuais. Porém, muitos destes caracteressãoconsideradoshomoplásticos(Pilgrim&VonDohlen2008,Fleck etal.

2008b),oquepoderesultarematribuiçõeserrôneas.

Filogeniasbaseadasemdadosmolecularesreforçamomonofiletismodafamília

Libellulidae(Misof etal. 2001,Bechly2002,Saux etal. 2003,Ware etal. 2007).Po rém,das11subfamíliasdescritas,estesdadossósuportamomonofiletismodasubfamí liaLibellulinae(Pilgrim&VonDohlen2008).Esteresultadopodeestarrelacionadoao fatodequeassubfamíliasdeLibellulidaenãoseremtáxonsnaturaisousimplesmente decorrerdasubamostragemdeespécies,umavezquemuitosdosgênerosendêmicosdo

BrasiledaAméricadoSulnãoforamamostrados.

Outrofatorquepodeprejudicaraobtençãodefilogeniasbemresolvidaséapos sibilidadedotáxonemestudotersobrevividoagrandesextinções,seguidosdeperíodos deradiaçãoadaptativa,quetambémpodemterocorridoporalteraçõesambientaisque podemteraumentadooudiminuídoonúmerodeespécies,contribuindoparaafaltade resoluçãoatual.Paraquesepossainferirestetipodeefeitonasfilogenias,énecessário obterumaboadataçãodoseventosdeespeciaçãodentrodafamíliaLibellulidae.Esti masequeafamíliatenhasurgidonoCretáceo(131,5a94,5milhõesdeanosatrás–

44 MAA ) (Fleck et al. 1999), período crucial para o desenvolvimento de angiospermas, commaioresmudançasnavegetaçãodeambientesaquáticos,oquepodeterfavorecido mudançasimportantesnafaunadeOdonata(Kalkman etal. 2008).Ware etal. 2008, utilizandoestimativasdorelógiomolecular,restringiramumpoucomaisestaestimati va,einferiramqueafamíliapodetersurgidohá57,7 MAA ouhá86,6 MAA .Noentan to,estesautoresutilizaramapenasumapartedosregistrosfósseisdisponíveisnalitera tura,oquepodeterprejudicadosuasconclusõesefeitocomqueasestimativasestejam subestimadas.

10mm

Figura 14:Rencorduliasinica (Araripelibellulidae),espéciefóssildescritabasicamenteporcaracteresde venaçãoalar,devidoàmelhorpreservaçãodasasasdoquedocorpo.RetiradadeFleck etal .(2008c). Oprincipalobjetivodopresentetrabalhofoiconstruirumahipótesefilogenética maisabrangenteparaafamíliaLibellulidae,incluindosequênciasdeespéciesjárepre sentadas em outras hipóteses filogenéticas, bem como novas sequências, de espécies queocorremnoBrasil,natentativadeobterumamelhorresoluçãodasrelaçõesentre suassubfamíliaseumamelhorcompreensãodaevoluçãodogrupo.Baseadanestahipó tesefilogenética,foramfeitasestimativasdostemposdedivergênciaentreosmembros dafamíliaLibellulidae,atravésdorelógiomolecular,nosentidodetentarcompreender ospadrõesevolutivosencontradosnestaeemoutrasinferênciasfilogenéticasenvolven doafamília. 45 Material e Métodos Coleta do material biológico Atabela6mostraas25espéciescoletadasparaestetrabalho.Acoletafoireali zadaemquatrolocalidadesdiferentes:

*ParqueEstadualdoRioDoce( PERD ),MinasGerais.

*RioSãoBartolomeu,localizadonasproximidadesdeViçosaMG.

*3localidadesdoestadodoEspíritoSanto:Vitória,VilaVelha,eSantaTeresa.

*Belém,Pará.

Ascoletasforamconcentradasnoperíododas10às14horas,horáriodemaior atividadedasespécies(DeMarco&Resende2002),econsistiramnacapturaativapor meioderedesentomológicas.Semprequepossível,foramcoletadostrêsindivíduospor espécie,sendoumdelespreparadoemacetona PA paraserdepositadocomomaterial testemunhoemcoleçõesentomológicas.Osdemaisforampreservadosemetanolabso lutoparaaposteriorextraçãodoDNAtotal.

Aescolhadestas25espéciesfoifeitaemfunçãodaabundânciadasmesmasnos locaisondeforamcoletadasepelafacilidadedeacessoaesteslocais.Omaterialutili zadoparaapadronizaçãodastécnicasnolaboratório(extraçãodeDNA,amplificaçãoe sequenciamentodosfragmentos)foicoletadonoentornodomunicípiodeViçosa.

Escolha da sequência gênica Porsetratardaconstruçãodafilogeniadeumafamíliapoucoexploradaemter mosfilogenéticos,éimpossívelestabelecer apriori seosgênerosdentrodeLibellulidae sãopredominantementepróximosoudistantes.Paratentardefinirasrelaçõesfilogenéti casdentrodogrupoegarantiraeficiênciadabuscaemquaisquerníveisdesimilaridade entreasespéciesaseremamostradas,foifeitaumabuscapréviano GenBank porse quênciasdefragmentosdeDNAdeespéciesdeLibellulidaedisponíveis.Dentreasse

46 quênciasdisponíveis,aqueapresentavaamaiorrepresentatividadeemtermosdenúme ro de espécies por gênero e subfamília foi um fragmento de DNA mitocondrial, que incluipartedoRNAribossomal12 S,oRNAtransportadordaValinaepartedoRNA ribossomal16 S(rRNA12 S16 S)(Tabela7).

Com isso, o presente trabalho inclui seis gêneros ainda não representados no

GenBank : Oligoclada (Brachydiplactinae), Planiplax (Leucorrhininae), Diastatops

(Palpopleurinae), Idiataphe , Tauriphila (Trameinae) e Elasmothemis (Trithemistinae).

Foramincluídasnaanálise,comogrupoirmão,espéciesdafamíliaCorduliidae,queé classificadajuntocomLibellulidaenasuperfamíliaCavilabiata(Misof2002,Pilgrim&

VonDohlen2008),eumaespéciedeGomphidae.

Extração do DNA AextraçãodoDNAtotalfoifeitalogoapóscadacoletaefoiutilizadooprotoco lo padrão de extração com FenolClorofórmioálcool isoamílico recomendado por

Waldschmidt etal.(1997),comadaptaçõesnatemperaturadeincubaçãodasamostrase nautilizaçãodefenolclorofórmio.

Emumaprimeiraetapa,acabeçaeotóraxdecadaindivíduoforammacerados emgraaldeporcelana,ouemmicrotubode2,0 ml (e ppendorf )contendo8001000 l de tampão de extração gelado: CTAB 2% (Hexadecil Trimetil Brometo de Amônio);

EDTA(ÁcidoTetraacéticoDiaminaEtileno)20 mM (pH8,0);NaCl1,4M;TrisHCl

100 mM (pH8,0),águaMilliQe100gml deprotease.Omaceradofoiincubadoa

55 oCpor30minutos.Adesproteinizaçãofoifeitaemdoispassos,oprimeirodelescom umvolumedefenolclorofórmio(1:1),seguidodeumanovadesproteinizaçãocomclo rofórmioálcoolisoamílico(24:1).

Após cada desproteinização, o macerado foi centrifugado a 13.000 rpm por 8 minutosemumacentrífugaEppendorf5415C.Aprecipitaçãodoácidonucléicofoifeita

47 comumvolumedeisopropanolseguidadeincubaçãoa20 oCpor24horas.Omaterial foientãosubmetidoàcentrifugaçãoa14.000 rpm por30minutoseoprecipitadofor madofoilavadoduasvezescometanol70%esecoàtemperaturaambiente.Oácido nucléicofoiressuspensoem100 ldeTE(TrisHCl10mM,pH8,0;EDTA1mM,pH

8,0).

Em seguida, as amostras foram submetidas à eletroforese em gel de agarose

0,8% contendo 0,2 gml debrometodeetídio,paraverificaraintegridade, pureza e quantificaroDNAextraído.Emumasegundaetapa,todososprocedimentosacimades critosforamrealizadosutilizandoapenasomúsculotorácico,paraverificarapossibili dadedeinibidorescontidosnoexoesqueletodessesanimais.Finalizando,oDNAextra

ídofoiarmazenadoemcongeladora80 oC.

Amplificação do DNA Foram utilizados seis primers para a amplificação e sequenciamento do frag mentorRNA 12 S16 S (Tabela8).Resultadosanterioresobtidosnolaboratóriomostra ramqueénecessárioousodediferentes primers paratentaramplificarsequênciasde

DNAdediferentesespéciesdafamília,portantoascondiçõesdePCRforamotimizadas para cada uma das espécies. As condições para a amplificação foram padronizadas a partir dos protocolos descritos em Yamauchi et al. (2004) e Pilgrim & Von Dohlen

(2008),commodificaçõesnaconcentraçãodoscomponentesdareaçãodeamplificação edoprogramadeamplificação.

48 Tabela 6:Espéciescoletadas,utilizadasnopresentetrabalho,esuasrespectivassubfamíliaselocalidades emqueforamcoletadas. Sub-família Espécie Localidade Brachydiplacinae Micrathyriaartemis ViçosaMG Micrathyriacatenata TimóteoMG Micrathyriahesperis SantaTeresaES Micrathyriaspuria TimóteoMG Nephepeltiaphryne CaratingaMG Leucorrhininae Brachymesia cf furcata CaratingaMG Brachymesiaherbida CaratingaMG Planiplaxphoenicura CaratingaMG Libellulinae Orthemisdiscolor SantaTeresaES Palpopleurinae Diastatopsobscura CaratingaMG Perithemisicteroptera SantaTeresaES Perithemislais CaratingaMG Perithemismooma ViçosaMG Sympetrinae Erythemis cf phoenicura CaratingaMG Erythemishaematogastra TimóteoMG Erythemisperuviana TimóteoMG Erythemisvesiculosa VilaVelhaES Erythrodiplaxbasalis BelémPA Erythrodiplax cf ochracea IpabaMG Erythrodiplaxlatimaculata TimóteoMG Erythrodiplaxmedia ViçosaMG Trameinae Trameabinotata CaratingaMG Tauriphilaxiphea ViçosaMG Idiataphe cf amazonica CaratingaMG Trithemistinae Elasmothemiscannacrioides ViçosaMG Apóspadronização,aamplificaçãodoDNAfoifeitaapartirdeduassoluções básicasprincipais,MIXCeMIXF(Tabela9).Aprimeirafoiutilizadaem20espécies easegundaemoutras5.Foramrealizadoscontrolesnegativos(comtodososreagentes, exceto o DNA) para verificar possíveis contaminações.

49 Tabela 7: SequênciasdaregiãorRNA12S16Sdisponíveisno GenBank dediferentes espéciese seus respectivosnúmerosdeacesso.

Subfamília Espécie Nº de acesso Brachydiplactinae Chalcostephiaflavifrons EU477716 Micrathyriaatra EF640386 Micrathyriadidyma DQ021421 Nannothemisbella EF640388 Porpaxrisi EF640389 Uracisinfumata EF640391 Corduliidae Corduliaaenea EU477707 Epithecabimaculata EU477708 Somatochloraflavomaculata EU477704 Gomphidae Ophiogomphusseverus AF266076 Stylurusamnicola EU477657 Leucorrhininae Brachymesiagravida EF640392 Celithemiselisa EU477751 Celithemiseponina EF640393 Leucorrhiniadubia EU477718 Leucorrhiniaglacialis EF640394 Leucorrhiniahudsonica EF640395 Leucorrhiniaintacta EF640396 Leucorrhiniapectoralis EU477752 Leucorrhiniaproxima EF640397 Libellulinae Agrionopterainsignis EU477738 Cratillametallica EU477737 Ladonadepressa EU477730 Ladonafulva EU477728 Lathrecistaasiatica EF640398 Libellulaforensis EF640399 Libellulanodistica EF640400 Libellulaquadrimaculata EU477729 Libellulasaturata EF640401 Lyriothemiselegantissima EU477735 Misagriaparana EU477748 Orthemiscultriformis EU477734 Orthemisferruginea EF640402 Orthetrumalbistylum EU477732 Orthetrumbrunneum DQ021416 Orthetrumpruinosum EF640403 Orthetrumsabina EF640404 Oxythemisphoenicosceles EF640405 Plathemissubornata EF640406 Potamarchacongener EF640407 Thermorthemismadagascariensis EU477736 Onychothemistinae Onychothemistestacea EF640408 50 Continuação Subfamília Espécie Nº de acesso Sympetrinae Acisomapanorpoides EF640410 Brachythemisleucosticta EF640412 Bradinopygacornuta EF640413 Crocothemisnigrifrons EF640415 Crocothemisservilia EF640416 Deieliaphaon EF640417 Diplacodeslefebvrei EF640419 Erythrodiplaxunimaculata EF640427 Nannodiplaxrubra EF640428 Nesogoniablackburni EF640429 Neurothemistullia EF640432 Pachydiplaxlongipennis EF640433 Philonomonluminans EF640434 Pseudoleonsuperbus EF640435 Rhodopygiahinei EF640437 Rhodothemisrufa EU477744 Sympetrumdanae EU477740 Sympetrumfonscolombii EF640440 Sympetrummeridionale EU477742 Sympetrumobtrusum EF640443 Sympetrumpedemontanum EF640444 Sympetrumsanguineum EF640445 Sympetrumvulgatum EU477739 Trithetrumnavasi EF640448 Tetrathemistinae Malgassophlebiaaequatoris DQ021433 Neodythemisafricana DQ021435 Notiothemisrobertsi EU477725 Tetrathemisirregularis EU477726 Tetrathemispolleni DQ021430 Trameinae Miathyriamarcella EF640449 Pantalaflavescens EF640450 Rhyothemisimperatrix EU477720 Rhyothemisvariegata EF640451 Tholymistillarga EF640452 Trithemistinae Brechmorhogamendax EF640453 Dythemisfugax EF640454 Paltothemislineatipes EF640455 Trithemisarteriosa EF640456 Trithemisaurora EU477749 Trithemis cf africana EU477756 Urothemistinae Macrodiplaxbalteata EF640459 Macrodiplaxcora EU477722 Urothemis cf signata EU477723 Zygonichinae Zygonyxiris EF640461 Zygonyxtorrida EU477724

51

Tabela 8: Primers utilizadosparaaamplificaçãoeseqüenciamentodofragmento Primer Sequência (5'-3') Referência liblsuFa GTAAGAGTTTAAASGTCGAACAGA Pilgrim&VonDohlen(2008) libssuR AGGATTAGATACCCTTTTATTTTAAATG Pilgrim&VonDohlen(2008) 16 SF TTACGCTGTTATCCCTAA Kambhampati&Charlton(1999) 16 SR CGCCTGTTTATCAAAAACAT Kambhampati&Charlton(1999) lib_mtRintF AAAATATAGAGCTTATCCCC Pilgrim&VonDohlen(2008) libssuRa ATAAGATAAGTCGTAACATAGTAGG Pilgrim&VonDohlen(2008)

Oprogramadeamplificação consistiuemumpassoinicialdedesnaturaçãoa

94 oCpor3minutos,seguidode39ciclosa92 oCpor1minuto,50 oCpor1minuto(mé diadatemperaturadepareamentodos primers utilizados),e64 oCpor1,5minuto;mais umpassodeextensãofinala72 oCpor10minutos,apósosquaisasamostraseramman tidasa4oCatésuaretiradadotermociclador.

Tabela 9:Concentraçõesevolumes(em μl)dosreagentesutilizadosnassoluçõesbásicasMIXCeF, utilizadasnaamplificaçãodo12S16Smitocondrialemdiferentesespécies. Reagente Concentração MIX-C MIX-F Tampão 1X* 5 5 dNTP 1,6mM 2 4 primerForward 1mM 0,5 0,8 primerReverse 1mM 0,5 0,8 3,0mM 2,5 3 TaqDNAPolimerase 0,1U** 0,25 0,25 DNAmolde 1030ng 1 1 águamiliQ 13,25 10,15 *GoTaq FlexiBuffer(10mMTrisHCl,pH8,3;50mMKCl); **GoTaq Flexi DNApolymerase(Promega) Osprodutosdasamplificaçõesforamvisualizadosequantificadosporeletrofo reseemgeldeagarosea1,5%contendo0,2 μgml debrometodeetídioefotodocumen tadosutilizandoosistemaAlphaDigiDoc®TMAD1201(Figura15).

Sequenciamento do DNA OsprodutosdePCRobtidosforamenviadosparapurificaçãoesequenciamento nolaboratóriodaempresaMacrogen(http://dna.macrogen.com), localizada na Korea, deacordocomasespecificaçõessugeridaspelolaboratório(mínimode20 μlporamos

52 tranumaconcentraçãode100ngμl).Foramenviadosquatro primers paraosequencia mento, sendo um reverse e três forward : P1LibssuR, P2LiblsuFa, P3–16sF e P4

LibmtRintF(Tabela8,acima).

Figura 15 :Produtosdeamplificaçãovisualizadosporeletroforeseemgeldeagarosea1,5%paraquanti ficaçãodasbandasobtidas.

Alinhamento do DNA Umavezobtidasassequências,estasforamavaliadascomoauxíliodoprogra maConsed(Gordon2004)(Figura16),que,juntamente com oprogramaphredPhrap

(Ewing&Green1998,Ewing etal. 1998)permiteaverificaçãodaqualidadedosdados alémdeformaros contigs paraposterioranálise.Apósestaprimeiraavaliação,asse quênciasforamalinhadascomoauxíliodoprogramaMuscle(Edgar2004).

Análises filogenéticas AanáliseBayesianafoifeitacomoauxíliodoprogramaMrBayes(Huelsenbech

&Ronquist2001).OprogramaMrModelTest(Nylander2004)foiutilizadoparadeter minarquaisparâmetrosdeveriamsercalculadospeloMrBayes.Aanálisefoifeitacom astrêspartições(rRNA12S,tRNAValerRNA16S)emseparadoeconcatenadas.Para produzir cada árvore, foram geradas 1.000.000 de gerações com duas corridas, cada umacontendo4cadeias,umafriaetrêsquentes.Depoisdeproduzidas,asárvoresfo ramcomparadasatravésdotestedeShimodairaHasegawa(1999).

53

Figura 16 :ExemplodevisualizaçãodecromatogramasnoprogramaConsed(Gordon2004). Estimativa do tempo de divergência entre as espécies ParacalcularostemposdedivergênciaentreasespéciesdentrodafamíliaLibel lulidae,foiutilizadooprogramaBEAST(Drummond&Rambaut2007),quesebaseia emanálisebayesianaeestimaotempodedivergênciadasespéciesapartirdacalibração dealgunsnósdaárvore(Drummond&Rambaut2007).Acalibraçãofoifeitaatravésde registros fósseis datadospresentes na literatura (Tabela 10). Foram calculadas 50 mi lhões de gerações, com as configuraçõespadrão ( default ) doprograma. O modelo de evolução utilizado foi o Speciation: Yule Process , recomendado quando a datação é feitaemgruposquecontémdiferentesespécies.OarquivogeradopeloBEASTfoiana lisado pelo pacote TRACER (Rambaut & Drummond 2007), que fornece uma ferra mentagráficaparaanálisesdearquivosgeradospor MCMC. Adataçãoobtidaparacada nófoiutilizadanaconstruçãodeumaárvorelinearizada,queéumarepresentaçãoes quemática,ondeasespéciesatuaissãoalinhadasàdireitaeadivergênciaentreelaso bedeceàdataçãoestimadaetemtamanhoproporcionalàescaladetempoutilizada.

54 Tabela 10:Dataçõesdefósseisutilizadasparaacalibraçãodasdivergênciasentreosnós.MAA–mi lhõesdeanosatrás. Idade(MAA) Nó Referênciacomaevidênciafóssil Máxima Mínima Gomphidae 190 Misof(2002) Libellulidae 131,5 94,5 Fleck etal .(1999) Corduliidae 134 131,5 Jarzembowski&Nel(1996) Libellula 36 25 Artiss etal. (2001)

Resultados Análises filogenéticas Oalinhamentodassequênciasdaspartiçõesgênicas(rRNA12S,tRNAValerR

NA16S)resultouem1907sítiosalinhados,dosquais 1881 são variáveis. Foi feita a exclusão de partes duvidosas, provavelmente regiões loops , em que o alinhamento é incerto. A árvore consenso obtida pela inferência bayesiana (Figura 17) utilizando as trêspartiçõesgênicas(rRNA12S,tRNAValerRNA16S)concatenadasnãofoidiferente dasárvoresresultantesdecadaumadasdiferentespartiçõesemseparado,portantoape nasumatopologiafoiapresentadanestetrabalho.

Afigura17sugereque,considerandoGomphidaecomogrupoexterno,seguindo osresultadosdeMisof(2002),CorduliidaeaparececomogrupoirmãodeLibellulidae, comaltaprobabilidadeposterior(PP=1).ApósaseparaçãodeCorduliidae,todasas espéciesdeLibellulidaeagruparamemumgrupomonofilético(PP=1).DentrodeLi bellulidae,amaioriadosgruposrecentes(maisàdireitadafigura)apresentoualtosva loresdeprobabilidadeposterior(PP),enquanto os ramosmaisprofundos(maisàes querda)permaneceramsemresolução,formandoumapolitomiaecombaixosvaloresde

PP.

55

Figura 17:Árvorefilogenéticaobtidapormeiodeanálisebayesiana.Osvaloresaoladodosnósinternos daárvorecorrespondemàsprobabilidadesposterioresdecadanó.Àdireitadosnomesdasespéciesestão relacionadasasrespectivassubfamílias.B–Brachydiplacinae,S–Sympetrinae,Z–Zygonichinae,T– Trameinae,U–Urothemistinae,Te–Tetrathemistinae, Tr – Trithemistinae, L – Leucorrhininae, Li – Libellulinae,P–PalpopleurinaeeO–Onychothemistinae.Parasimplificaraárvore,semprequeespécies deummesmogêneroagruparamemumgrupomonofiléticocomPP>0,95,estasespéciesforamrepre sentadaspelonomedogêneroseguidoporspp.Osnomesdasespéciesestãoespecificadosnastabelas6e 7.

56 AocontráriodoquefoiencontradoporPilgrim&VonDohlen(2008),asubfa míliaLibellulinaeapareceucomoumgrupoparafilético,queinclui Neodythemisafrica na ,umaespéciepertencenteàsubfamíliaTetrathemistine.TrêsdasespéciesdeTetra themistinae, Notiothemisrobertsi , Tetrathemisirregularis e Tetrathemispolleni forma ram um grupo monofilético, enquanto Malgassophlebia aequatoris agrupou no grupo incluindoTrithemistinae+Onychothemistinae.Parafacilitaravisualizaçãodaárvore, semprequetodasasespéciesdomesmogêneroagruparamemumgrupomonofilético, omesmofoirepresentadoporapenasumadelas.Nafigura17,porexemplo, Tethrathe mis spp.representa T.irregularis e T.polleni.

Asúnicassubfamíliasqueapareceramcomogruposmonofiléticosnestetrabalho foramZygonichinaeeUrothemistinae,noentantoénecessárioenfatizarqueforamre presentadasporapenas2e3espécies,respectivamente.

Todasasoutrassubfamíliasincluídasnotrabalhonãoapareceramcomogrupos monofiléticos,comrepresentantesespalhadosaolongodetodaatopologia.

Estimativa do tempo de divergência entre as espécies A árvore linearizada (Figura 18), com tamanhos de ramos proporcionais aos temposdedivergência,apresentaasmedianasdotempoestimadoparacadanó,cujas datasestimadasestãoapresentadasnatabela11.Deacordocomasestimativasfeitasa partirdosregistrosfósseismostradosnatabela10,asubordemEpiproctasurgiuhá190 milhõesdeanosatrás(MAA).AorigemdafamíliaCorduliidae,provavelmenteocorreu há127MAA.Aestimativadotempoparaoancestralcomummaisrecente( timetothe mostrecentcommonancestor TMRCA)entreoramodasfamíliasCordullidaeeLibel lulidaeéde152MAA,eaestimativaparaaorigemdeLibellulidaeéde122MAA.

57

Figura 18:Árvorefilogenéticalinearizada,comtamanhosderamosproporcionaisaostemposdediver gência,emmilhõesdeanos,representadosnabarrahorizontalabaixodaárvore.Osnúmerosemverme lhocorrespondemàidentificaçãodosnós,cujostemposdedivergênciaencontramsenatabela11.Os círculosvermelhosmarcamosnóscalibradospeloregistrofóssil. 58

Afigura18tambémevidenciatrêsperíodosondehouvegrandediversificaçãona família,oprimeiroapósagrandediversificaçãodasangiospermas,há100MAA,ose gundoapósagrandeextinçãoKT(finaldoCretáceo,iníciodoTerciário),há65MAA,e oterceiroduranteumresfriamentodoPlaneta,queocorreuhácercade30MAA

Tabela 11 Valoresdeestimativasdedivergênciaentrecadaramo,obtidospeloprogramaBEAST.Osnós estãorepresentadosnafigura18.MAA–Milhõesdeanosatrás. Nó Data Nó Data Nó Data (MAA) (MAA) (MAA) 1 189,852 18 82,812 35 82,083 2 152,097 19 48,42 36 49,135 3 127,836 20 62,477 37 32,543 4 122,225 21 46,757 38 104,777 5 107,926 22 103,816 39 96,664 6 86,904 23 87,426 40 73,817 7 58,365 24 57,3 41 63,306 8 63,889 25 59,312 42 61,453 9 32,964 26 26,51 43 30,473 10 11,195 27 77,665 44 83,131 11 120,425 28 52,024 45 3,688 12 51,716 29 80,575 46 67,269 13 120,34 30 59,663 47 57,794 14 60,315 31 48,631 48 57,138 15 47,439 32 58,978 49 48,777 16 60,42 33 79,64 50 26,731 17 38,913 34 94,604 51 6,357

Discussão Agrupamento de espécies dentro da família Libellulidae Conformejáapresentadoporoutrostrabalhos(Trueman1996,Misof etal. 2001,

Bechley2002,Saux etal. 2003,Resende2005,Ware etal. 2007,Bybee etal. 2008,

Pilgrim&VonDohlen2008),afamíliaLibellulidaeapareceucomoumgrupomonofi léticobemsustentado.Adivisãoemsubfamílias,noentanto,nãopôdeserrecuperada. 59 Asduasúnicassubfamíliasqueapareceramcomogruposmonofiléticosnestetrabalho foramUrothemistinaeeZygonichinae,representadasporapenas3e2espécies,respec tivamente.OtrabalhodePilgrim&VonDohlen(2008)mostraumatopologiamuito próximaàdafigura17,comaexceçãodainclusãoderepresentantesdasubfamíliaTe trathemistinae,dafaltademonofiletismodeUrothemistinae(apenas2espéciesforam incluídasenãoagruparamemummesmogrupo),edo agrupamento das espécies de

Libellulinae,queapareceucomoumgrupomonofilético.Caberessaltarquenopresente trabalhoLibellulinaenãoapareceucomoumgrupomonofiléticojustamenteporquein cluiuumaespéciedeTetrathemistinae,subfamílianãoestudadaporPilgrim&VonDo hlen(2008).

As subfamíliaspropostaspor Fraser (1957) não foram originalmente definidas comogruposmonofiléticosdiagnosticadosporsinapomorfiaseamaioriadassubfamí liasfoidefinidapor2a4caracteresdevenaçãoalar.Oproblemaéquecadaumdestes caracterespodesercompartilhadoporpelomenosmaisumasubfamília,e,emalguns casos,todososmembrosdeumasubfamílianãocompartilhamtodasascaracterísticas dasubfamíliaaquepertencem(Pilgrim&VonDohlen2008).Épossívelqueoscarac teresalaresconvirjamemdiferentestáxonsoumesmoquesetratedepolimorfismoan cestral,demodoquesuautilizaçãonasubdivisãotaxonômicasejacomprometida,uma vezquetantoahomoplasiaquantoopolimorfismoancestralsãoimportantesfontesde incongruênciaemreconstruçõesfilogenéticas(O’hUigin etal. 2002).

Épossívelqueasubdivisãotradicionalemsubfamíliaspossaaindaserrecupera dacomousodemaiscaracteres,tantomorfológicosquantomoleculares.Noentanto, diantedosresultadosaquiapresentadosedohistóricodaclassificaçãodeLibellulidae,é possíveladmitirahipótesedequeestasubdivisãosejaartificial.Poroutrolado,aclassi ficação em gêneros parece mais sustentada, tanto por caracteres moleculares quanto

60 morfológicos.Paracertificarsedomonofiletismodosgêneros,porém,seránecessáriaa inferênciafilogenéticadafamíliautilizandomaisespéciesdecadagênero.

Datas de divergência dentro de Libellulidae OprimeirofóssilconhecidodeLibellulidaedataentre94,5e131,5MAA(Fleck etal. 1999).Nestetrabalho,osurgimentodafamíliafoidatadoem122MAA Seguindo asdataçõesobtidas,épossívelobservarpelomenostrêsperíodosdegrandediversifica

çãonafamília.Oprimeiroseiniciouháaproximadamente100MAAeseestendeuaté

85MAA,quandohouveumaumentosignificativodonúmerodeespéciesdeLibelluli dae.Esteaumentopodeserexplicadopelofatodequehácercade100MAAhouvea grandediversificaçãodasangiospermas,queporsuavezlevouàdiversificaçãodosin setosfitófagos,equetambémpodeterlevadoàdiversificaçãodeseuspredadores,entre elesaslibélulas.

OovipositordeLibellulidaeémodificadoparaoviposiçãoexofítica,ouseja,não depositamseusovosdentrodetecidosdeplantasesimapenassobreaplantaouágua.

Provavelmenteocorreuumprocessodereduçãodecaráteremseusancestrais,emres postaaolimitadonichodeambienteaquáticoduranteoTriássicoeaoaumentodepre dadoresnolocaldeoviposição.Comoaoviposiçãoexofítica é mais rápida do que a endofítica,essetipopodereduziraprobabilidadedequeoindivíduosejapredadoen quantooviposita.Portantoaoviposiçãoexofíticapodetertidosucessoemrespostaà diversificaçãodepredadoresdosancestraisdeLibellulidae(Ware etal .2008).Ecomo surgimentodessanovaestratégiaparadepositarseusovos,Libellulidaepôdediversifi caremambientes aquáticoscomadiversificaçãodeplantasaquáticas,quepodemter sidoutilizadaspelasnáiades.Essaassociaçãodasnáiadescomplantasaquáticasjáfoi encontradapararegistrosfósseisdeespéciesdeZygoptera,queforamassociadascom

Typha (Nel&Jarzembowski1999).

61 AtransiçãoCretáceoTerciário (KT)marcaoiníciodeoutrafasedeexpansão dasespéciesdeLibellulidae(Figura18).Tratasedointervalodetempomaisbemestu dadonahistóriadaTerra,umavezqueabrangeaúltimagrandeextinçãoemmassa,há cercade65MAA(Brown&Lomolino2006).Postulaseque,apósgrandesextinções, vários ambientes ficam vagos, sendo posteriormente ocupados por descendentes das espéciessobreviventes.ApósoKTahistórianãodevetersidodiferente,eafigura18 evidenciaumaumentoexpressivononúmerodeespéciesdeLibellulidaeapós65MAA.

Um aumento do número de espécies em um intervalo relativamente curto de tempoédenominadoirradiaçãoadaptativa,queocorrequandoumpequenonúmerode espéciesancestraisdeumtáxonsediversificaemumnúmeromaiordeespéciesdescen dentes,ocupandoumavariedademaisampladenichosecológicos(Brown&Lomolino

2006).AconsequênciamaisconhecidadoKTfoiaextinçãodosdinossauros,maseste evento teve também grande impacto nas populações e espécies de insetos fitófagos

(Wahlbergetal. 2009),oqueprovavelmenteteveumforteimpactosobreseuspredado res,dentreosquaisaslibélulassedestacam.

OutroeventoimportantenadiversificaçãodeLibellulidaeocorreuentreoEoce noeOligoceno(cercade34MAA),quandoocorreuumresfriamentonaTerraeflores tasúmidasforamsubstituídasporgramados(Willis&McElwain2002). Esseresfria mentofoiocasionadoprincipalmentepelaseparaçãodaGondwanaemAméricadoSul,

Austrália e Antártica, permitindo correntes oceânicas frias resfriarem o sul da região polar.Comisso,épossívelespecularqueespéciesdeáreasabertas,dentreelasasper tencentesaos gêneros Leucorrhinia , Sympetrum , Libellula e Erythemis ,possamterse diversificadonesseperíodo.

Os resultados apresentados neste trabalho sugerem que Libellulidae seja uma famíliamuitoantiga,quesobreviveuapelomenosuma grande extinção em massa e passouporpelomenostrêsgrandeseventosdediversificação.Diantedisso,qualquer 62 tentativadeclassificaçãoacimadoníveldegênerospodesercomprometida,umavez queépossívelqueoselosentreestesgênerostenhamseperdidonumpassadoremoto.

Aspolitomiaspodemresultardeeventosderadiaçãoadaptativaedeextinções,quepre judicamadetecçãodasligaçõesentreasespéciesatuais 3.

Os caracteres de venação alar, que são os principais caracteres utilizados na classificaçãodentrodeLibellulidae,podemsermuitoimportantesemtermosdequali dadedovôo,comissopodeseinferirquesubfamíliasdiferentes,casodefatoexistam, compartilhemalgunsdestescaracteresporconvergênciaadaptativa.Poroutrolado,es tesmesmoscaracterespodemtersidomantidosaolongodotempo,demodoquedife rentes gêneros (pertencentes a diferentes subfamílias) compartilhem estes caracteres pelamanutençãodepolimorfismoancestral.Éimportantelembrarqueumacaracterísti capodenãosemodificarporquenãohouvepressãoseletivaqueamodificasseou,de outraforma,porquehouvepressãoseletivaparaamanutenção.

3 Épossíveltambémqueestaspolitomiassimplesmentereflitamfaltadesinalfilogenéticodassequências utilizadas.Noentanto,todosostrabalhosquetratamdefilogeniasdentrodeLibellulidaeapresentamo mesmopadrão,oquepodeindicarquetodasassequênciasutilizadasatéentãonãosejamapropriadasou quesetratemdepolitomiasreais. 63 64 CONCLUSÕES GERAIS

Osdoiscapítulosapresentadosnestadissertaçãorepresentamdiferentesaborda gensquepodemserfeitasutilizandocomobasehipótesesfilogenéticas,quevêmsendo obtidasparaosmaisdiversosgruposdeorganismos,utilizandoprincipalmentecaracte resmoleculares.Destacasenestadissertaçãoofatodequeamaioriaabsolutadasse quênciasutilizadasteremsidoobtidaspormeiodebancosdedados,oquepermitiua inclusãodeespéciesqueocorrememoutroscontinentes,oqueseriamuitodispendioso deoutramaneira.

No primeiro capítulo, foi apresentada a primeira tentativa de uso de métodos comparativosnoestudodecaracterescomportamentais em Odonata. Mais especifica mente,foipossívelrelacionarocomportamentodepouso(comasasabertasouasasfe chadas)comocomportamentodeforrageioemespéciesrepresentativasdasdiferentes famíliasdasubordemZygoptera.Foiaindapossíveltentarexplicarambososcompor tamentosemtermosdeagilidadeparaoescapedeeventuaispredadoresecapacidadede semantercrípticoaeles.EstascorrelaçõesjátinhamsidosugeridasantesporPaulson

(2004),que,noentanto,nãorealizoutestesdehipóteses,umavezqueosorganismosem estudosãoaparentados,enãopodemsertratadoscomoobservaçõesindependentes.

Nosegundocapítulo,foiexploradaahipótesedesubdivisãodeLibellulidaeem subfamílias.Trabalhosanteriores,tambémutilizandosequênciasdeDNAouproteínas, nãorecuperaramtalsubdivisão,eumadashipótesesparaexplicarestafaltadedefinição seriaofatodequeaamostragemdeespéciesestavaincompleta,devidoàausênciade espéciesdaAméricadoSul.Comisso,foramincluídassequênciasdeespécieslocais, nointuitodemelhoraraamostragemdeespécies.Apesardoaumentodaquantidadede espécies e subfamílias representadas, a filogenia continuou mal resolvida. É possível queaindasetratedeumproblemadeamostragemdeespéciesoumesmodainadequa

65 çãodassequênciasdeDNAatéentãoutilizadas,masissodeveráserestudadoemtraba lhosposteriores.Noentanto,umadashipótesesparaqueumafilogeniasejamalresol vidasãopossíveiseventosdeextinçãoemmassaseguidosdeeventosderadiaçãoadap tativa.Paratestarestahipótese,serianecessáriaumadataçãodoseventosdeespeciação, oquefoipossívelgraçasamétodosquepermitemadataçãoatravésdaintegraçãode filogeniasmolecularescomregistrosfósseisdatados.Comoresultado,foipossívelcons tatarqueafamíliaLibellulidaeébastanteantiga,equeosperíodosnosquaishouve grandeseventosderadiaçãonafamíliadefatocoincidemcomadiversificaçãodeangi ospermas(100MAA),comaextinçãoKT(65 MAA)e comoresfriamentodaTerra entreoEocenoeoOligoceno(34MAA).

Apesardeserumgrupocomamplaspossibilidadesparaestudosevolutivos,por conteraltavariabilidadetantomorfológicaquantodeestratégiascomportamentais,estu dosemOdonataquevisemtestesdehipótesesparaesclarecerquestõesevolutivassão bastanteescassos.Defato,pelomenosdoquepodeserlevantadoparaestetrabalho,não háestudosenvolvendométodoscomparativosparatestesdehipótesesdecomportamen tosemlibélulaseoúnicotrabalhoenvolvendoalgumatentativadedataçãodadiversifi caçãodentrodaordem(Ware etal. 2008)sebaseouemumasubamostragemdosregis trosfósseisdisponíveis,comprometendoasconclusões.

Esteéoprimeiroresultadodeumasériedeestudosenvolvendomembrosdaor demOdonata,quesedestinamacompreender,pormeiodetestesdehipóteses,aevolu

çãodediferentescomportamentosecaracteresmorfológicos.

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