Pontifícia Universidade Católica Do Rio Grande Do Sul Faculdade De Filosofia E Ciências Humanas Departamento De História Programa De Pós-Graduação Em História
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA José Antonio Moraes do Nascimento DERRUBANDO FLORESTAS, PLANTANDO POVOADOS: A intervenção do poder público no processo de apropriação da terra no norte do Rio Grande do Sul Prof. Dr. René Ernaini Gertz Orientador Porto Alegre, Março de 2007 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA DERRUBANDO FLORESTAS, PLANTANDO POVOADOS: A intervenção do poder público no processo de apropriação da terra no norte do Rio Grande do Sul José Antonio Moraes do Nascimento Tese apresentada ao Programa de Pós - Graduação em História, como requisito parcial e último para obtenção do grau de Doutor em História, na área de concentração em História das Sociedades Brasileira e Ibero-Americanas, sob a orientação do Professor Doutor René Ernaini Gertz. Instituição Depositária: Biblioteca Central Irmão José Otão Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Porto Alegre, RS – Brasil 2007 Sumário Lista de Tabelas---------------------------------------------------------------------------------------------- IV Resumo--------------------------------------------------------------------------------------------------------- V Introdução ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 01 1 – A política de terras do governo imperial------------------------------------------------------------- 07 1.1 – A declaração no Registro Paroquial de Terras ------------------------------------------------16 1.2 – A apropriação das áreas florestais --------------------------------------------------------------48 1.3 – A atuação do poder público----------------------------------------------------------------------76 2 – Um projeto político de ocupação do norte do Estado-------------------------------------------- 101 2.1 – O estabelecimento de ordem na ocupação--------------------------------------------------- 111 2.2 – A instituição de um aparato legal para controlar o acesso à terra ----------------------- 137 2.3 – A comercialização estatal de terras ---------------------------------------------------------- 154 2.4 – A atuação da companhia de colonização de Hermann Meyer ---------------------------- 187 3 – A atuação da Diretoria de Terras e Colonização para manter o controle da terra ------------ 237 3.1 – A intensificação do controle da terra --------------------------------------------------------- 245 3.2 – O direcionamento da movimentação final da fronteira ------------------------------------ 289 3.3 – A consolidação do controle da terra com o Regulamento de 1922 ---------------------- 333 Considerações Finais--------------------------------------------------------------------------------------- 368 Fontes Consultadas ----------------------------------------------------------------------------------------- 376 Referências Bibliográficas -------------------------------------------------------------------------------- 387 IV Lista de Tabelas TABELA 1: Distribuição da terra por distrito – Cruz Alta-------------------------------------------- 13 TABELA 2: Forma de aquisição, uso e local das áreas------------------------------------------------ 14 TABELA 3: Tamanho das áreas em hectares (ha)------------------------------------------------------ 16 TABELA 4: Genealogia de Vidal José do Pillar-------------------------------------------------------- 20 TABELA 5: Genealogia de Manoel José da Encarnação---------------------------------------------- 26 TABELA 6: Genealogia de Athanagildo Pinto Martins ----------------------------------------------- 34 TABELA 7: Legitimação de terras em m² ------------------------------------------------------------- 128 V Resumo A ampliação do povoamento e da apropriação do norte do Rio Grande do Sul esteve ligada diretamente às ações de intervenção e atuação do poder público. Agindo no território dos municípios de Cruz Alta e Palmeira das Missões, do final do século XIX, influenciou no processo que acabou derrubando as florestas e plantando povoados . As regiões florestais foram tomadas e surgiram vários aglomerados populacionais sem, no entanto, conseguir evitar os inúmeros conflitos entre os diferentes grupos sociais e étnicos que disputavam a terra. Essa situação se deu porque o Estado condicionou a intervenção aos seus interesses, ou seja, migrações espontâneas, seguindo com projetos imperiais de colonização e redirecionados pelos republicanos riograndenses. Com a mudança do regime para República houve rupturas entre as ações governamentais, propiciando uma intervenção tardia do poder público, deixando livre a atuação das companhias particulares, que compraram e/ou se apropriaram de áreas e revenderam-nas aos imigrantes. Tais procedimentos foram executados tendo em vista garantir uma ocupação rendosa para os cofres públicos ou para as elites locais, com a comercialização das terras. Entretanto, no final do período estudado, na década de 1920, quando já havia sido estabelecida a base da estrutura agrária, com apossamento de quase todas as áreas florestais, desarticulação do sistema coletivo de coleta da erva-mate e expropriação das terras indígenas, o Estado procurou garantir o controle sobre a terra, com políticas estaduais bem definidas, entre elas, nova legislação agrária. Palavras-chave: Terra – Povoamento – Cruz Alta – Caboclos – Migrantes. 1 Introdução A intervenção e atuação do poder público no processo de ocupação, apropriação e povoamento do norte do Rio Grande do Sul, mais especificamente, na região que envolve, no final dos oitocentos, os então municípios de Cruz Alta e Palmeira das Missões acabou derrubando florestas e plantando povoados . Ou seja, trouxe a ampliação da apropriação das regiões florestais e o surgimento de vários aglomerados populacionais que, de um município e alguns pequenos núcleos no início do período de investigação, isto é, meados do século XIX, passou para quase uma dezena de novos municípios, além de vários outros núcleos, em 1928, data-limite final para esta pesquisa. Foi proposto, como tese central, investigar os motivos, bem como os procedimentos, que levaram a uma intervenção e ação do poder público nesse processo iniciado com a migração espontânea do centro do país para o sul, seguido da colonização desenvolvida pelo governo imperial e acentuada pelos republicanos positivistas gaúchos. Aparentemente não houve uma continuação dos projetos imperiais pelos republicanos, levando a uma intervenção tardia destes últimos, justamente depois das companhias particulares já terem comprado e/ou se apropriado de muitas áreas tidas como públicas, mas, na maioria, originalmente, ocupadas por indígenas e caboclos, e revendidas aos imigrantes. Uma das questões a serem respondidas ao longo do trabalho é o motivo da interferência estatal somente após essas ocupações e apropriações, já no século XX. Também se pretende analisar o projeto governamental de colonização, identificando os segmentos sociais e políticos interessados na colonização efetiva da região e, em seguida, estudar as experiências particulares de colonização. O aumento populacional com os migrantes e, depois com os imigrantes e seus descendentes, o conflito com caboclos e indígenas, a derrubada das matas, novos produtos agrícolas, a estrada de ferro são elementos que estão interligados e serão considerados para compreender o motivo e a forma da intervenção tardia do Estado no processo de ocupação e interiorização do Rio Grande do Sul. Ação desenvolvida basicamente via atuação da Diretoria de Terras e Colonização que, na região norte do estado, somente foi estabelecida em 1908, e, em Palmeira das Missões, a partir de 1917. Dessa forma, a questão central a ser investigada é o motivo desta intervenção tardia do Estado, uma vez que o governo Imperial vinha desenvolvendo programas e projetando ações colonizatórias, pelo menos, desde o início do século XIX, os quais foram interrompidos e/ou ignorados provocando o seu fim ou sua não execução. Essa atitude do poder público nesse campo apontou para três possibilidades de justificativa dessa ação. Um primeiro elemento foi garantir uma ocupação rendosa para o Estado ou para as elites locais, com a comercialização das terras. Um segundo aspecto que ficou 2 evidente foi que a intervenção ocorreu somente para evitar conflitos iminentes, ou seja, agiu-se para regularizar as áreas quando havia a necessidade de impedir a expansão dos conflitos entre imigrantes e seus descendentes com caboclos e indígenas e, finalmente, para garantir o controle do Estado sobre a terra, com políticas estaduais bem definidas, entre elas, a redução das áreas dos indígenas e dos caboclos, liberando as áreas para novos povoadores. Esses acontecimentos ligados à questão da ocupação e da apropriação da terra serão analisados a partir de um dos campos recentes de investigação dos historiadores, ou seja, a história agrária enquanto integrante da história social. A presente pesquisa foi realizada no âmbito deste território dos historiadores, partindo da idéia de que o objeto da história é o homem em sociedade, que se relaciona com diferentes grupos sociais e com o Estado. A história social, ao abordar acontecimentos, estruturas, comportamentos e “relações entre os diversos grupos sociais” 1, cria possibilidades para descobrir as articulações entre o econômico, o político e o mental, estabelecendo os laços para entender