Rosa Da Fonseca Origens E Legado Para O Brasil
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Rosa da Fonseca Origens e legado para o Brasil Elisangela Bezerra Francisco* Introdução Para a realização do presente estudo, desenvolveu-se uma pesquisa bibliográfica Diretoria do Patrimônio Histórico com levantamento de fontes primárias e se- e Cultural do Exército, por inter- cundárias, e foi feita, ainda, entrevista com o médio do seu Centro de Estudos e pesquisador e descendente de José de Car- A 1 Pesquisas de História Militar (CEPHiMEx), re- valho Pedrosa, Sr. Davi Rodrigues de Sena alizou em setembro de 2016 um Ciclo de Estu- e com o historiador e especialista nos estudos dos de História Militar com o tema “O legado biográficos sobre Rosa da Fonseca, Sebastião de D. Rosa da Fonseca para a Família Militar”. Heleno. Esse Ciclo atendeu a determinações das Porta- Este trabalho de pesquisa sobre Rosa rias: nº 650, de 10 de junho de 2016 (Diretriz da Fonseca apresenta documentos compro- para entronização de D. Rosa Maria Paulina da batórios, com as devidas fontes. Inicia pelo Fonseca como Patrona da Família Militar), e nº seu Batismo, discorre sobre a divergência de 255-EME, de 4 de julho de 2016 do chefe do sua paternidade e seus supostos irmãos e, Estado-Maior do Exército, que aprova a Dire- também, elabora um resumo da vida de seus triz para a implantação do Projeto Raízes, Valo- filhos. Registra, também, suas contribuições res e Tradições (PRVT) do Exército Brasileiro. para a pátria, com honras, méritos, valores e Esta pesquisa tem como objetivo apre- alicerces que se mantêm até os dias de hoje. sentar as origens familiares de D. Rosa da Sua valorosa prole constituiu-se de dez Fonseca, tratando como focos principais a di- filhos. Oito eram varões, que engajaram na ficuldade de identificação de sua data de nas- vida de caserna assim como seu pai, Mano- cimento e também de sua paternidade. Busca el Mendes da Fonseca. Sete deles combate- destacar ainda, em face do difícil contexto de ram no teatro de operações da Guerra da sua criação e formação, a forte figura femini- Tríplice Aliança, onde três sucumbiram. Os na em que se tornou Rosa da Fonseca. Res- sobreviventes continuaram a contribuir com salta, finalmente, a valorosa família que cons- a pátria, destacando-se o marechal Deodoro tituiu e que legou à História Institucional do da Fonseca, proclamador da República, e o Exército Brasileiro. médico e literário, general João Severiano da * Concluinte do II Curso de Atualização em História Militar, Política e Biográfica do CEPHiMEx, bacharel em Ciências Contábeis (Universidade Presbiteriana Mackenzie, Rio de Janeiro-RJ). Cursando Especia- lização em História Militar pela UNISUl. 50 REB Fonseca, atual patrono do Serviço de Saúde Fonseca nasceu nas Alagoas em 1802. Ânge- do Exército Brasileiro. la Canuto, médica e escritora, em Mulheres Alagoanas, a respeito de D. Rosa da Fonseca, O nascimento de Rosa da Fonseca registra: “Nasceu em Anadia em 18 de outu- bro de 1802”; Cícero Rafael, em História de No ano de 1802, Alagoas fazia parte da Anadia, diz que “D. Rosa Maria Paulina da capitania de Pernambuco; apenas em 1817 Fonseca nasceu na cidade das Alagoas, em houve a sua emancipação. Em 1822, Alago- 18 de outubro de 1802”, mas, sobre seus pais as passou a ser Província e apenas em 1899 não há informação. Prof. Moacir Medeiros tornou-se estado federativo. de Santana, em Efemérides Alagoanas, diz que Sobre Rosa Maria Paulina de Barros “D. Rosa Maria Paulina da Fonseca nasceu Cavalcante, assim chamada, em seu nasci- em Marechal Deodoro, em 18 de outubro mento, há apenas um consenso entre os his- de 1802” e não apresenta sua filiação. No site toriadores, o ano e o local de nascimento: História de Alagoas (www.historiadealagoas. 1802 em Alagoas. Diversas datas foram apre- com.br/manoel-mendes-da-fonseca.html), o sentadas, mas a que esta pesquisadora julga professor e pesquisador de História e Folclo- sustentável, após os estudos realizados, é a de re, José Maria Tenório da Rocha, apenas in- 18 de setembro daquele ano. forma: “D. Rosa da Fonseca, nascida em 18 A igreja até hoje sugere os primeiros de outubro de 1802”, não apresentando da- meses de vida para o Batismo, então é acei- dos que pudessem esclarecer se o nascimento tável a data de 30 de outubro de 1802, consi- teria sido em Anadia ou na Cidade das Alago- derando seu nascimento em 18 de setembro as. Também não informa quanto aos pais de de 1802. Com base nesse raciocínio, questio- D. Rosa. Pondera, ainda, que não há um con- namos a data de nascimento de Rosa apre- senso sobre o assunto entre os historiadores. sentada pela maioria dos historiadores, 18 de No mais recente livro lançado, Rosa da Fonseca outubro, uma vez que a diferença de apenas e seus filhos, o autor, general médico Alberto 12 dias seria pequena tendo em vista as con- Martins da Silva, baseando-se também em dições em relação ao puerpério para o deslo- outros autores, indica que seu nascimento se camento até o local de batismo — atualmente, deu em 18 de outubro de 1802. Anadias e Marechal Deodoro possuem uma distância de 63,4km e estão, em média, a uma Busca genealógica sobre a paternidade hora de viagem uma da outra. de Rosa da Fonseca Sobre seus pais, pouco se comenta ou se tem registro por motivos culturais daquela épo- O professor historiador, Sebastião He- ca, em que a mulher não tinha muito destaque, leno, afirma em seu livro, Marechal Deodoro: e apenas as informações dos homens, feita por a primeira Capital de Alagoas: “D. Rosa Paulina homens, possuem registros e notoriedade. de Barros Cavalcante nasceu em 18 de setem- O historiador Craveiro Costa, em His- bro de 1802 e era filha de Antônia Maria de tória das Alagoas, diz apenas que D. Rosa da Barros e José de Carvalho Pedrosa”. REB 51 Por que não consta o sobrenome Pe- de Maceió ou em microfilme do Arquivo da drosa, suposto pai, ao nome de Rosa? Con- Igreja dos Mórmons, em seu Departamento siderando-se o contexto histórico da época, SHF – Centro da História da Família. Micro- Rosa da Fonseca é mais uma pessoa cuja pa- filme nº. 1365894. ternidade não está registrada e, portanto, há Eram comuns as variações José Carva- ausência do sobrenome paterno ao nome de lho Pedrosa ou José de Carvalho Pedrosa e, Rosa da Fonseca. Na Figura 1, uma cópia di- às vezes, encontramos também a grafia José gitalizada do livro de Batismos da Paróquia de Carvalho Pedroza. Ângela Custódia do de N. S. da Conceição 1802/1810, na pag. 17 Nascimento aparece, de vez em quando, com v. Registro de Batismo de Roza, datado de 30 a grafia Angélica Custódia do Nascimento e de outubro de 1802. também encontramos Ângela Maria e Anna. A mãe de Rosa, Antônia Maria, era Conforme apresentado, José de Carvalho Pe- solteira. Não há citação de seu cônjuge. Pro- drosa, em 1813, era menor, e estava contrain- vavelmente os pais de Rosa não eram casa- do núpcias; não poderia ser pai de Rosa da dos conforme as normas da igreja católica. Fonseca, nascida em 1802. Sobre sua suposta paternidade, José de Car- valho Pedrosa, segue a cópia de assento do Supostos irmãos de Rosa casamento, xerografada do livro nº 1 da freguesia de N. S. da Conceição de Marechal Segundo Sebastião Heleno, dona Rosa Deodoro, Alagoas. O documento original se tinha, por parte de “pai”, os seguintes ir- encontra no Arquivo da Cúria Metropolitana mãos: Felicidade Perpétua, Maria da Costa, Figura 1 – Registro de Batismo de Roza, datado de 30 de outubro de 1802 Fonte: livro de Batismos da Paróquia de N. S. da Conceição, 1802-1810, pág. 17 v. Transcrição: Aos trinta de oitubro de mil oitocentos e dois nesta Matriz, batizei e dei Santos Óleos a párvula Roza filha de Antônia Maria solteira, sendo padrinhos José Sebastião de Mello casado e Ana Delfina solteira, moradores nesta Villa. 52 REB Figura 2 – Assento do casamento de José de Carvalho Pedrosa e Ângela Custódia do Nascimento Fonte: livro nº 01 da freguesia de N. S. da Conceição (Marechal Deodoro-Al) Transcrição: Aos dezoito de fevereiro de mil oitocentos e treze na Capela de Santa Rita nova, em presença do padre Manoel Teixeira Pinheiro, de minha licença, sendo Testemunhas: José Francisco Salgueiro e Miguel Antônio Esteves casados, ambos desta Freguesia, se receberam em Matrimônio na forma do Sagrado Concílio Tridentino, corridos os banhos sem impedimento, o Contraente justificado menoridade em que veio de sua natural Freguesia, o Contraente José de Carvalho Pedrosa com a Contraente Ângela Custódia do Nascimento, ele natural da Freguesia de São Julião do Calendário do Arcebispado de Braga, filho de Domingos Carvalho e Maria Narciza, ela natural desta Freguesia, filha de Antônio Carvalho Monteiro e Joana Francisca. O mesmo Padre lhes deu as bênçãos e eu fiz este assento. O Vigário Antônio Gomes Coelho Ana Maria da Costa, Pedro Carvalho da Cos- de Carvalho Pedrosa teria sido casado, tam- ta e Mariana da Costa. Pelo exposto, José de bém, com Ângela Custódia do Nascimento e Carvalho Pedrosa teria tido outra esposa com teve os filhos que se seguem. o sobrenome “da Costa”. O autor, em sua 1. Maria Magdalena do Espírito Santo, pesquisa de campo, obteve suas informações batizada na capela de Santa Rita em a partir de visitas e conversas com os morado- 5 de maio de 1816. Foi casada com res locais e afirma que há registros na igreja José Gregório de Carvalho. de Nossa Senhora da Conceição sobre sua fa- 2. Romão, falecido, ainda criança. mília. Com base nas informações obtidas pela 3. Theresa Maria de Jesus, que foi casa- pesquisa do professor Sebastião Heleno, José da com luiz de Carvalho.