Estrelas Be: Fotosferas, Envelopes e Evolu¸c˜ao na Seq¨uˆencia Principal

Ronaldo Savarino Levenhagen

Orientador: Prof. Dr. Nelson Vani Leister

Tese apresentada como requisito para a obten¸c˜ao do grau de Doutor em Ciˆencias

Departamento de Astronomia Instituto de Astronomia, Geof´ısica e Ciˆencias Atmosf´ericas Universidade de S˜ao Paulo Brasil Outubro 2004 Dedicada

`a minha querida Rose e meu pequeno Bruno Estrelas Be: Fotosferas, Envelopes e Evolu¸c˜ao na Seq¨uˆencia Principal

Ronaldo Savarino Levenhagen

Resumo

As estrelas Be compreendem uma grande faixa de massas e temperaturas. Por defini¸c˜ao, s˜ao objetos de tipo B com classe de luminosidade entre V e III que apre- sentam, ou apresentaram alguma vez, linhas de Balmer em emiss˜ao (eventualmente metais uma vez ionizados) e/ou linhas com padr˜oes de absor¸c˜ao shell1, possivelmente formadas em um envelope circunstelar. Embora se saiba h´a muito tempo que esses objetos s˜ao rodadores r´apidos e que giram pelo menos 1,5 a 2 vezes mais r´apido do que as estrelas B normais, ainda ´e incerto se esses objetos s˜ao ou n˜ao em m´edia rodadores cr´ıticos, n˜ao obstante as re- centes observa¸c˜oes interferom´etricas de HD 10144 (Achernar)2 (uma estrela Be t´ıpica) indicarem se tratar de um rodador cr´ıtico. Devidoas ` suas altas taxas de rota¸c˜ao, as quais originam distor¸c˜oes geom´etricas e distribui¸c˜oes n˜ao uniformes de temperatura dependentes da latitude estelar, os valores de velocidade de rota¸c˜ao derivados por m´etodos cl´assicos s˜ao sistematicamente subes- timados. Al´em disso, os efeitos da rota¸c˜ao, aliadosapresen¸ ` ca do envelope circunstelar, mascaram as condi¸c˜oes f´ısicas desses objetos, resultando em diferen¸cas significativas em seus est´agios evolutivos na seq¨uˆencia principal. Neste trabalho apresentamos os resultados do estudo espectrosc´opico de estrelas Be em duas vertentes. Na primeira tratamos o tema da forma¸c˜ao e estrutura do envelope circunstelar de estrelas Be, atrav´es das an´alises de duas estrelas, HD 127972 (η Cen) e HD 10144 (Achernar). Nesse estudo identificamos e caracterizamos seus

1Neste trabalho, palavras, express˜oes e siglas estrangeiras, `a exce¸c˜ao de nomes pr´oprios, ser˜ao apresentadas em it´alico. 2As estrelas ser˜ao referenciadas, sempre que poss´ıvel, por seus c´odigos Henry-Drapper (HD). No caso de estrelas muito conhecidas, estas ser˜ao explicitadas com seus nomes entre parˆenteses. iv modos de pulsa¸c˜ao, os quais se constituem em um poss´ıvel mecanismo de perda de massa e forma¸c˜ao do envelope. Al´em disso, estudamos a estrutura de seus envelopes circunstelares atrav´es da modelagem de perfis de Balmer em emiss˜ao. Na segunda vertente quantificamos as condi¸c˜oes f´ısicas de 141 estrelas de campo, onde 114 s˜ao de tipo Be e 27 estrelas s˜ao B normais. Nesse estudo, comparamos os est´agios evolutivos desses objetos obtidos atrav´es de m´etodos cl´assicos com os est´agios evolutivos corrigidos dos efeitos da rota¸c˜ao elevada. Concluimos que o “fenˆomeno Be” pode ocorrer em todas as fases da evolu¸c˜ao estelar na seq¨uˆencia principal. Be : , Envelopes and Evolution in the Main Sequence

Ronaldo Savarino Levenhagen

Abstract

Be stars encompass a large mass and temperature range. By definition, they are B-type objects with classes V to III that have, or have shown at least once, Balmer lines in emission (eventually single-ionized metals) and/or lines with shell ab- sorption patterns possibly formed in a circumstellar envelope. Though it has long been known that these objects are fast rotators and that they rotate at least 1.5 to 2 times faster than normal B stars, it is still uncertain whether or not these objects are in average critical rotators, although recent interferometric observations on Achernar (a typical Be ) pointed it out to be a critical rotator. Due to their high rotation rates which originate geometrical distortions and non- uniform temperature distributions dependent on the stellar latitude, the rotation velocity values derived from classical methods are systematically underestimated. Moreover, the rotation effects allied to the continuum emission due to the presence of a circumstel- lar envelope disguise the physical conditions of these objects, resulting in significative differences of their main-sequence evolutionary stages. In this work we present the results of the spectroscopic study of Be stars in two approaches. In the first one we treat the subject of formation and structure of the cir- cumstellar envelope of Be stars through the analyses of two stars, HD 127972 (η Cen) and HD 10144 (Achernar). In this study we identify and characterize their pulsation modes, which constitute in a possible mechanism of mass loss and envelope formation. Moreover we study the structure of their circumstellar envelopes through the modelling of Balmer profiles in emission. In the second approach we quantify the physical condi- tions of 141 field stars, where 114 are Be-type stars and 27 stars are normal B stars. In this study, we compared the evolutionary stages of these objects obtained through classical methods with evolutionary stages corrected for high rotation effects. We con- vi clude that the “Be phenomenon” can occur at whatever stage of the on the main sequence. Agradecimentos

Ao meu orientador Prof. Dr. Nelson Vani Leister pela orienta¸c˜ao, confian¸ca, amizade, paciˆencia e incentivo. Ao Prof. Dr. Jean Zorec pela acolhida durante meu est´agio no Institut d’Astrophysique de Paris, pela ajuda, incentivo, amizade e discuss˜oes acadˆemicas. Aos meus pais, irm˜aos e familiares pelo apoio e carinho. A` minha esposa Roseli e meu filho Bruno, por tudo. Aos colegas do IAG pelos bons momentos... em especial ao Eduardo Amˆores, Mauro, Marcus Vin´ıcius, Anselmo, Fab´ıola e C´assio. Ao pessoal da secretaria, Marina, Carminha, Ana L´ucia e Concei¸c˜ao. Aos colegas do IFUSP pela amizade, em especial ao Henady, Benˆe, Haddad, Lamas, AlbertoeAlexandreSanches. A` FAPESP pelo suporte financeiro sob contrato 00/10029-6 e aux´ılio 1998/10138-8.

vii “En fait de decouvertes nouvelles, il ne faut pas trop se presser de raisoner, quoiqu’on en ait toujours assez d’envie: et les vrais philosophes sont comme les ´el´ephants, qui en marchant ne posent jamais le second pied `a terre que le pre- mier ne soit bien affermi.” Fontenele (si`ecle XVII) ´Indice

Resumo iii

Abstract v

Agradecimentos vii

1 Introdu¸c˜ao 1 1.1 Descri¸c˜aodaTese...... 3

2 Fundamentos Te´oricos 5 2.1AsestrelasBe...... 5 2.1.1 Defini¸c˜ao do “fenˆomenoBe”...... 5 2.1.2 Caracter´ısticasdosperfisespectrais...... 6 2.1.3 Caracter´ısticas do cont´ınuo...... 8 2.1.4 Variabilidades ...... 10 2.2 Parˆametros fundamentais da estrela central ...... 15 2.2.1 Propor¸c˜aodeestrelasBe...... 15 2.2.2 Rota¸c˜ao...... 16 2.2.3 Temperatura efetiva, massa e luminosidade ...... 17 2.2.4 Idades...... 19 2.3EnvelopescircunstelaresdeestrelasBe...... 20 2.3.1 Modelos baseados na rota¸c˜aoelevada...... 20 2.3.2 Modelos baseados em ventos impulsionados por radia¸c˜ao.... 21 2.3.3 Modelos baseados em ventos e rota¸c˜ao...... 22 2.3.4 Mecanismos adicionais de forma¸c˜aodoenvelope...... 23

ix ´Indice x

2.4 Teoria das Pulsa¸c˜oes N˜aoRadiais...... 24 2.4.1 Caracteriza¸c˜aodosmodospulsacionais...... 26

3 Amostragem e redu¸c˜ao de dados 28 3.1 Dados: origens, caracter´ısticas e redu¸c˜ao...... 28

4An´alise sismol´ogica e circunstelar 36 4.1 HD 127972 ...... 36 4.1.1 Varia¸c˜oesdosperfisdelinhaobservadas...... 36 4.2 HD 10144 ...... 45 4.2.1 Varia¸c˜oesobservadasdosperfisdelinha...... 45 4.3 Modelagem de perfis de Balmer em emiss˜ao...... 47 4.3.1 Modelagem para HD 127972 e HD 10144 ...... 55

5 Estudo da fotosfera de estrelas Be 59 5.1 S´ınteseespectral...... 59 5.1.1 Modelos de atmosferas estelares e transferˆencia radiativa . . . . 59 5.2 M´etodo cl´assico de estimativa de parˆametros fotosf´ericos...... 61 5.3 Dependˆencia das raz˜oesdelinhasdeh´elio com a abundˆancia...... 67 5.4 Corre¸c˜ao dos parˆametros por efeitos da rota¸c˜ao...... 71 5.5Resultados...... 73

6 Data¸c˜ao do “fenˆomeno Be” 80 6.1 Ocorrˆencia do “fenˆomenoBe”...... 80 6.2Idades,luminosidadesemassas...... 82

7 Conclus˜oes e perspectivas 92

Bibliografia 95

Anexo 107

A Trabalhos publicados 107 A.1Anaisdecongresso...... 107 A.2Artigoscompletos...... 110 Lista de Figuras

2.1 Localiza¸c˜ao no diagrama HR dos principais grupos de estrelas vari´aveis (adaptado de Unno et al. 1989)...... 24

4.1 Amostragem de espectros observados no MCT/LNA, centrados em He i λ 6678 A...... ˚ 37 4.2 Periodograma da linha de He iλ6678 A˚ de HD 127972, obtido a partir de espectros observados no MCT/LNA no per´ıodo 1997/1998...... 38 4.3 Espectros dinˆamicos da linha de He iλ6678 A,˚ obtido a partir dos res´ıduos de todos os 652 espectros observados no MCT/LNA. (Esquerda) Dia- grama em fase com o sinal de 1,48 c/d. (Centro) Diagrama em fase com o sinal de 3,8 c/d. (Direita) Diagrama em fase com o sinal de 5,3 c/d. . 38 4.4 Varia¸c˜oes em velocidade radial, largura equivalente e largura a meia altura das linhas de He iλ6678 A˚ de HD 127972, obtidos a partir de espectros observados no MCT/LNA no per´ıodo de 1996 a 2000. . . . . 40 4.5 Curva de luz de HD 127972 constru´ıda a partir de dados de fotometria obtidos com o sat´elite Hipparcos no per´ıodo de 1990 a 1992, em fase com a principal freq¨uˆencia detectada em an´alises fotom´etricas e espec- trosc´opicas(1,5c/d)...... 40 4.6 Periodogramas (esquerda) e diagramas de n´ıveis de significˆancia (direita) para as ´epocas de 1996, 1997/1998 e 2000, relativos ao cont´ınuo adja- cente `a linha He i λ6678 A.˚ As regi˜oes azul e vermelha foram sobrepostas em umaunicaescalapositivadevelocidades...... ´ 42

xi Lista de Figuras xii

4.7 Diagramas de amplitude e fase para os sinais detectados nas vpl. (Painel superior esquerdo) Diagrama para o sinal de 9,2 c/d; (Painel superior direito) Diagrama para os sinais de 5,3 e 10,3 c/d; (Painel inferior es- querdo) Diagrama para o sinal de 1,5 c/d; (Diagrama inferior esquerdo) Diagramaparaosinalde3,8c/d...... 44 4.8 (Esquerda) Periodograma dos resultados de todas as s´eries temporais de espectros de 1997 at´e 1999, onde ao lado se encontra um diagrama com os n´ıveis de significˆancia. (Direita) Periodograma com os resultados das s´eries temporais de espectros centrados em He iλ 6678 A˚ obtidos durante a campanha de 1997 no MCT/LNA, onde o respectivo perfil de linha m´edio ´emostradonopainelinferior...... 47 4.9 Diagramas de amplitude e fase para os sinais de 0,76 (esquerda), 1,27 (centro)e1,72c/d(direita)...... 47 4.10 Estrutura do envelope circunstelar de uma estrela Be...... 49 4.11 Esquematiza¸c˜ao do modelo de envelope circunstelar para estrelas Be em

rota¸c˜ao e expans˜ao (com velocidades VΩ e Vr respectivamente) adotado neste trabalho. As zonas (1) e (2) representam a parte frontal do anel, em rela¸c˜ao ao observador, enquanto (3) e (4) s˜ao as regi˜oes traseiras. . 51 4.12 Esquematiza¸c˜ao do modelo de envelope circunstelar na aproxima¸c˜ao plano-paralela. As placas (a) e (b) representam respectivamente a parte

traseira e frontal do anel, em rela¸c˜ao ao observador, enquanto se e s∗ representam respectivamente aarea ´ total da placa e aarea ´ projetada pelaestrelanamesma...... 52 4.13 Esquema em que se mostram os deslocamentos Doppler necess´arios para oc´alculo de perfis em emiss˜ao. A curva maior representa o perfil de linha observado, enquanto as gaussianas representam a intensidade de emiss˜ao/absor¸c˜ao de cadaatomoindividual...... ´ 53 4.14 Perfis m´ediosdeHα de HD 127972 para as ´epocas de 1996, 1997, 1998, 2000 e 2001 (linhas cheias) e seus respectivos ajustes (pontilhado). . . . 56 Lista de Figuras xiii

4.15 Perfis m´edios de Hα de HD 10144 para as ´epocas de 1991, 1993, 1994, 1995, 1998, 2000 (linhas cheias) e seus respectivos ajustes (pontilhado). As ordenadas representam a intensidade de cada perfil em seu respectivo painel, enquanto que as abscissas representam a velocidade radial em km s−1. Os perfis foram subtra´ıdos de suas componentes fotosf´ericas, de modo que o n´ıvel do cont´ınuoiguala-seazero...... 58

5.1 Transformada de Fourier de um perfil de He iλ4471A˚ da estrela HD 10144. A an´alise de seu primeiro m´ınimo em freq¨uˆencia indicou uma velocidade de rota¸c˜ao de ∼ 223 km.s−1...... 64 5.2 Diagrama de Kiel com as solu¸c˜oes de temperatura e gravidade da estrela HD 127972...... 65 5.3 Raz˜oes de larguras equivalentes para linhas de He i em fun¸c˜ao da tem- peratura e abundˆancia, com log g =3.0 dex; Em (a) vemos que raz˜oes de larguras equivalentes de He i 4144/He i 4026 e em (b) He i 4388/He i 4144 apresentam pouca dependˆencia com a abundˆancia; O mesmo ocorre no caso de raz˜oes de He i 4438/He i 4026 (c) e He i 4438/He i 4121 (d); Em (e) temos raz˜oes de He i 4471/He i 4121 e em (f) de He i 4471/He i 4144, as quais apresentam grande dependˆencia com a abundˆancia. . . . 69 5.4 Raz˜oes de larguras equivalentes para linhas de He i em fun¸c˜ao da tem- peratura e abundˆancia, com log g =4.0dex;Raz˜oes de larguras equiva- lentes de He i 4144/He i 4026 (a) e He i 4388/He i 4144 (b) apresentam pouca dependˆencia com a abundˆancia de He i; O mesmo ocorre no caso de raz˜oesdeHei 4438/He i 4026 (c) e He i 4438/He i 4121 (d); Raz˜oes de He i 4471/He i 4121 (e) e He i 4471/He i 4144 (f) apresentam grande dependˆencia com a abundˆancia...... 70 5.5 Espectros te´oricos calculados para uma estrela B2IV com V sin i = −1 150kms , diferentes inclina¸c˜oes i e taxas de velocidades angulares Ω/Ωc (Fr´emat et al. 2002)...... 74 Lista de Figuras xiv

5.6 Espectros de algumas estrelas Be ajustados com o algoritmo AMOEBA. (Pain´eis superiores da primeira linha) HD 10144 e HD 104582; (Pain´eis da segunda linha) HD 105435 e HD 105937; (Pain´eis da terceira linha) HD 112091 e HD 112078; (Pain´eis daultima ´ linha) HD 164947 e HD 37490...... 75

6.1 (Painel superior)Diagrama HR de 114 estrelas Be de campo constru´ıdo a partir das interpola¸c˜oes bilineares de parˆametros fundamentais obtidos

pelo m´etodo cl´assico (esquerda). Diagrama τ/τSP X massa para 114 es- trelas Be de campo (direita). (Painel central) Freq¨uˆencia de estrelas Be

de baixa massa (< 7M) em fun¸c˜ao do est´agio evolutivo na seq¨uˆencia principal (esquerda). Freq¨uˆencia de estrelas Be de massa intermedi´aria

(entre 7 e 14M)emfun¸c˜ao do est´agio evolutivo na seq¨uˆencia princi- pal (direita). (Painel inferior) Freq¨uˆencia de estrelas Be de alta massa

(acima de 14M) em fun¸c˜ao do est´agio evolutivo na seq¨uˆencia principal. 88 6.2 (Painel superior)Diagrama HR de 114 estrelas Be de campo constru´ıdo a partir das interpola¸c˜oes bilineares de parˆametros fundamentais cor-

rigidos da rota¸c˜ao estelar elevada (esquerda). Diagrama τ/τSP X massa para 114 estrelas Be de campo (direita). (Painel central) Freq¨uˆencia

de estrelas Be de baixa massa (< 7M) em fun¸c˜ao do est´agio evolu- tivo na seq¨uˆencia principal (esquerda). Freq¨uˆencia de estrelas Be de

massa intermedi´aria (entre 7 e 14M) em fun¸c˜ao do est´agio evolutivo na seq¨uˆencia principal (direita). (Painel inferior) Freq¨uˆencia de estrelas

Be de alta massa (acima de 14M) em fun¸c˜ao do est´agio evolutivo na seq¨uˆenciaprincipal...... 90 Lista de Tabelas

3.1 Observa¸c˜oes espectrosc´opicas de HD 127972 e HD 10144 utilizadas nos estudosdevpl...... 30 3.2 Caracteriza¸c˜ao dos espectros da amostragem de estrelas analisadas. . . 32 3.2 Continua¸c˜ao...... 33 3.2 Continua¸c˜ao...... 34 3.2 Continua¸c˜ao...... 35

4.1 Resultados das an´alises de vpl em todos os perfis de linha de HD 127972. 39 4.2 Sinais detectados em fotometria e espectroscopia (em c/d)...... 41 4.3 Parˆametros fundamentais de HD 127972...... 42 4.4 Resultados dos parˆametros  e |m|...... 43 4.5 Freq¨uˆencias detectadas com valores de significˆancia maiores que 70% para todos as ´epocas e linhas. Um asterisco marca os sinais que s˜ao interpretadoscomoaliases...... 46 4.6 Parˆametros fundamentais de HD 10144...... 46 4.7 Parˆametro pulsacional  para as freq¨uˆenciasdevpl...... 48 4.8 Parˆametros do envelope circunstelar de HD 127972...... 55 4.9 Parˆametros do envelope de HD 10144...... 57

5.1 Caracter´ısticas das linhas de h´elioestudadas...... 68 5.2 Raz˜oes de for¸cas de oscilador log gf...... 71 5.3 Parˆametros f´ısicos cl´assicos e corrigidos da rota¸c˜ao...... 76 5.3 Continua¸c˜ao...... 77 5.3 Continua¸c˜ao...... 78 5.3 Continua¸c˜ao...... 79

xv Lista de Tabelas xvi

6.1 Estimativas de idades, massas e luminosidades para 114 estrelas Be. . . 84 6.1 Continua¸c˜ao...... 85 6.1 Continua¸c˜ao...... 86 6.1 Continua¸c˜ao...... 87 Cap´ıtulo 1

Introdu¸c˜ao

As estrelas Be (estrelas de tipo espectral B com linhas em emiss˜ao) foram descobertas pelo padre Angelo Secchi em 1867 com a observa¸c˜ao da estrela HD 5394 (γ Cas). As estrelas B e Be s˜ao objetos que ocupam o mesmo dom´ınio do diagrama HR, situadas entre a seq¨uˆencia principal de idade zero (ZAMS)easeq¨uˆencia principal terminal (TAMS), por´em possuem caracter´ısticas diferenciadas em seus espectros. Em princ´ıpio, as estrelas B normais s˜ao objetos cujo espectro n˜ao apresenta variabilidades, enquanto queasestrelasBes˜ao objetos onde os padr˜oes de variabilidade est˜ao praticamente sempre presentes. Tais variabilidades se manifestam em todos os dom´ınios espectrais, desde o ultravioleta distante ao infravermelho. Uma estrela Be ´e, por defini¸c˜ao, um objeto de tipo B cujo espectro apresenta, ou apresentou em algum dado momento, emiss˜oes em linhas de Balmer ou metais, e/ou apresenta (ou j´a apresentou alguma vez) absor¸c˜oes denominadas shell em suas linhas de Balmer. O grau de emiss˜ao e/ou absor¸c˜ao shell ´e diferente de uma estrela a outra e costuma ser vari´avel com o tempo para um mesmo objeto. Tanto os padr˜oes de emiss˜ao como os de absor¸c˜ao shell em um espectro Be podem desaparecer momen- taneamente, dando ent˜ao ao espectro desse objeto uma aparˆencia de um espectro B normal. O “fenˆomeno Be” tamb´em est´a presente em algumas estrelas O e A, as quais s˜ao conhecidas como Oe e Ae. Os fenˆomenos de emiss˜ao e absor¸c˜ao shell se manifestam tamb´em no espectro cont´ınuo de uma estrela Be, especialmente em comprimentos de onda pr´oximosades- ` continuidade de Balmer. Esses fenˆomenos produzem uma segunda descontinuidade de

1 Cap´ıtulo 1. Introdu¸c˜ao 2

Balmer, de car´ater vari´avel e que, dependendo da ´epoca e do objeto, se apresentam em emiss˜ao ou em absor¸c˜ao. A primeira explica¸c˜ao do “fenˆomeno Be” foi proposta por Otto Struve em 1931 e foi baseada nas propriedades de politropos em rota¸c˜ao r´ıgida, formuladas por Jeans em 1919. De acordo com a hip´otese de Struve, o envelope circunstelar que produz a emiss˜ao e/ou a absor¸c˜ao shell, se forma atrav´es da eje¸c˜ao de mat´eria pelo equador da estrela, a qual gira com velocidade de ruptura. Um dos problemas enfrentados por esse modelo ´e que, nessa ´epoca, n˜ao haviam ind´ıcios observacionais que confirmassem ahip´otese de rota¸c˜ao cr´ıtica entre estrelas B e Be. Al´em disso, o modelo de Struve n˜ao explica as mudan¸cas de fase das estrelas Be. Chamamos de fase de uma estrela Be a um dos poss´ıveis aspectos de seu espectro: o aspecto B normal, B com emiss˜ao, B com absor¸c˜ao de tipo shell,ouumacombina¸c˜ao qualquer desses aspectos. Essas varia¸c˜oes, assim como as caracter´ısticas de emiss˜ao e shell s˜ao supostas devidasapresen¸ ` ca de um envelope circunstelar. A mudan¸ca de fase das estrelas Be ´eumadascaracter´ısticas principais da variabilidade de seus espectros no dom´ınio do vis´ıvel. Entre os principais problemas relacionadosas ` estrelas Be, ainda em aberto, podemos citar dois, que ser˜ao abordados neste trabalho:

1. Origem e estrutura de seus envelopes circunstelares;

2. Origem do “fenˆomeno Be”.

Dado que as estrelas Be rodam, em m´edia, com velocidades pr´oximas a valores cr´ıticos, por´em ainda assim inferiores, ent˜ao a rota¸c˜ao elevada ainda ´e insuficiente para explicar os fenˆomenos de perda de massa e forma¸c˜ao do envelope circunstelar (item 1). Atualmente, os mecanismos mais aceitos que, atuando em conjunto com a rota¸c˜ao elevada, poderiam levar a eje¸c˜ao de mat´eria, s˜ao (Slettebak 1988):

• Ventos estelares;

• Transferˆencia de mat´eria em um sistema bin´ario;

• Campos magn´eticos; 1.1. Descri¸c˜ao da Tese 3

• Pulsa¸c˜oes n˜ao radiais.

Dentre os modelos existentes para estrelas Be, o mais aceito atualmente explica o fenˆomeno de forma¸c˜ao do envelope circunstelar atrav´es de perdas discretas de massa geradas pelo acoplamento de energia entre os modos de oscila¸c˜ao n˜ao radiais e/ou pelo alcance da velocidade cr´ıtica devido ao campo de velocidade adicional introduzido pelas oscila¸c˜oes. Em rela¸c˜aoa ` quest˜ao descrita no item 2, esse problema ainda hoje se constitui em um assunto em aberto. O problema fundamental consiste em saber se o “fenˆomeno Be” ocorre em estrelas B normais em todos os est´agios evolutivos na seq¨uˆencia principal ou se ´eumprodutodaevolu¸c˜ao desses objetos entre a ZAMS eaTAMS.

1.1 Descri¸c˜ao da Tese

Os objetivos deste trabalho consistem em basicamente duas etapas: (1) busca de ind´ıcios de ocorrˆencia de atividade fotosf´erica (aqui interpretadas como oscila¸c˜oes n˜ao radiais) atrav´es de an´alises de s´eries temporais de espectros de duas estrelas Be bri- lhantes, HD 127972 (η Cen) e HD 10144 (Achernar) de modo a obter ind´ıcios para responder ao problema do item 1; (2) atrav´es da redu¸c˜ao e an´alise de uma amostragem de espectros de estrelas Be (114 objetos), monitoradas no Brasil e no Chile, obtemos estimativas de seus parˆametros f´ısicos fotosf´ericos, como temperatura efetiva, gravidade superficial e velocidade de rota¸c˜ao projetada e, por interpola¸c˜ao em modelos de estru- tura interna, obtemos suas idades e massas. Com esse processo, procedemos a uma data¸c˜ao do “fenˆomeno Be” em estrelas de campo e obtemos elementos importantes para tentar responder ao problema do item 2. Esta tese se subdivide como segue: Cap´ıtulo 2: definimos estrelas de tipo Be, descrevemos brevemente os fundamentos te´oricos sobre pulsa¸c˜oes n˜ao radiais (PNR’s) nesses objetos, bem como a problem´atica de seus envelopes circunstelares. Cap´ıtulo 3: apresentamos a amostragem de estrelas Be observadas e os procedi- mentos de redu¸c˜ao dos espectros. Cap´ıtulo 4: apresentamos os resultados obtidos das an´alises de s´eries temporais 1.1. Descri¸c˜ao da Tese 4 dos espectros observados de duas estrelas Be, HD 127972 e HD 10144. Apresentamos tamb´em os resultados de modelagem num´erica de seus envelopes circunstelares. Cap´ıtulo 5: descrevemos os procedimentos de an´alise dos espectros dos objetos apresentados no cap´ıtulo anterior, de modo a obter os parˆametros fundamentais de suas fotosferas. Apresentamos tamb´em o m´etodo de Transformada de Fourier para obter estimativas das velocidades de rota¸c˜ao projetadas (V sin i). Cap´ıtulo 6: apresentamos as idades das estrelas Be observadas e seus est´agios evo- lutivos na seq¨uˆencia principal em fun¸c˜ao da massa. Cap´ıtulo 7: conclus˜oes e perspectivas deste trabalho. Cap´ıtulo 2

Fundamentos Te´oricos

2.1 As estrelas Be

2.1.1 Defini¸c˜ao do “fenˆomeno Be”

AsestrelasBes˜ao usualmente definidas como estrelas B com classe de luminosidade entre V e III (pertencentes `aseq¨uˆencia principal) que apresentam, ou apresentaram alguma vez, linhas de hidrogˆenio (e/ou metais) em emiss˜ao em seus espectros e/ou absor¸c˜oesdetiposhell (Jaschek et al. 1981). Atualmente, esta defini¸c˜ao n˜ao abrange t˜ao somente as estrelas B, mas foi extendida tamb´em para estrelas de tipo O tardio at´e Aavan¸cado que apresentam a mesma fenomenologia, a qual chegou at´e a ser conhecida como “fenˆomeno OBAe” (Frost & Conti 1976; Andrillat et al. 1986; Marlborough 2000) ou, mais comumente, “fenˆomeno Be”. As estrelas supergigantes B n˜ao est˜ao inclu´ıdas neste grupo por se tratarem de objetos em est´agios evolutivos muito diferentes: s˜ao muito mais massudas e intrinsecamente mais luminosas do que as Be an˜as ou gigantes e, em geral, apresentam apenas as linhas de Balmer em emiss˜ao. Os espectros de estrelas Be podem mostrar linhas em emiss˜ao com uma invers˜ao central mais ou menos intensa (espectro Be) ou podem ainda apresentar o que se chama um espectro de tipo shell, caracterizado pela presen¸ca de linhas de absor¸c˜ao de hidrogˆenio e metais ionizados com regi˜oes centrais estreitas e profundas, que po- dem ou n˜ao apresentar emiss˜oes nas asas (tipos Be-shell ou B-shell, respectivamente). Um mesmo objeto pode apresentar um espectro de tipo Be em uma ´epoca e evoluir

5 2.1. As estrelas Be 6 para um de tipo B-shell ou mesmo Be-shell em outra. Estes espectros s˜ao representa- tivos de diferentes fases de uma mesma fenomenologia, conhecida genericamente como “fenˆomeno Be”. A origem das linhas em emiss˜ao ´e comumente atribu´ıdaapresen¸ ` ca de envelopes gasosos extensos que orbitam a estrela. Dada a ampla variedade de objetos compreendidos pela defini¸c˜ao de estrelas Be, bem como `a complexidade morfol´ogica de seus espectros, ´e muito prov´avel a existˆenciademaisdeumfenˆomeno f´ısico respons´avel pelas emiss˜oes. Al´emdasestrelasBecl´assicas, existem outros grupos de objetos que apresentam linhasdehidrogˆenio em emiss˜ao e que n˜ao est˜ao inclu´ıdos na defini¸c˜ao acima men- cionada. Esses objetos compartilham, n˜ao obstante, de caracter´ısticas comunsas ` es- trelas Be cl´assicas e os fenˆomenos f´ısicos que neles ocorrem poderiam, eventualmente, possuir v´ınculos com a origem das estrelas Be. Entre esses objetos se encontram as estrelas B[e], as quais se diferenciam das Be cl´assicas por apresentarem linhas proibidas em emiss˜ao na regi˜ao do espectro vis´ıvel, bem como um forte excesso no infravermelho atribu´ıdoa ` poeira circunstelar. As estrelas B[e] constituem uma categoria muito hete- rogˆenea de objetos, compreendendo basicamente cinco subtipos diferentes de objetos (Lamers et al. 1998) em est´agios evolutivos distintos, a saber:

• estrelas B[e] supergigantes da classe LBV;

• nebulosas planet´arias compactas;

• estrelas simbi´oticas;

• objetos Ae/Be de Herbig;

• um grupo peculiar ainda n˜ao classificado devidoa ` complexidade de seus espectros.

O estudo do “fenˆomeno Be” pode ser sumarizado em termos de dois temas globais: a natureza da estrela central e a origem, estrutura e evolu¸c˜ao do envelope circunstelar. Os aspectos mais relevantes desses temas ser˜ao detalhados nas se¸c˜oes seguintes.

2.1.2 Caracter´ısticas dos perfis espectrais

Na regi˜ao do vis´ıvel, a caracter´ıstica mais marcante do “fenˆomeno Be” constitui a presen¸ca de linhas de Balmer em emiss˜ao. O car´ater morfol´ogico da emiss˜ao ´emuito 2.1. As estrelas Be 7 peculiar e difere de um objeto a outro, al´em de sofrer varia¸c˜oes com o passar do tempo para uma mesma estrela. A emiss˜ao pode variar em intensidade e na quantidade de linhas da s´erie de Balmer em que ocorre, onde com freq¨uˆencia a intensidade tende a decrescer dos membros inferiores da s´erie em dire¸c˜ao aos membros superiores (p. ex. de Hα at´eHδ). Por outro lado, o car´ater da emiss˜ao pode ser d´ebil e confinado ao interior da linha de Balmer. Em termos estat´ısticos, a intensidade da emiss˜ao nas linhas da s´erie de Balmer decresce dos subtipos espectrais B mais avan¸cados (early-type) aos mais tardios (late-type), por´em existem grandes dispers˜oes nessas estimativas (Briot 1971; Briot & Zorec 1981). Essa dispers˜ao ´e na verdade uma conseq¨uˆencia dos padr˜oes de variabilidade e da individualidade das estrelas Be. As linhas de Balmer em emiss˜ao nesses objetos exibem uma grande variedade morfol´ogica, sendo freq¨uente a ocorrˆencia de picos duplos em emiss˜ao, relativamente sim´etricos, bem como outros tais como em formato de “garrafa”, perfis shell com de- press˜oes centrais abaixo do n´ıvel do cont´ınuo ou ainda perfis altamente assim´etricos (Hubert-Delplace & Hubert 1979; Andrillat 1983; Slettebak et al. 1992; Hanuschik 1996; Ballereau et al. 1995). Dado que as emiss˜oes em Hα s˜ao superpostas ao espectro de absor¸c˜ao da estrela, em geral ´edif´ıcil separar as contribui¸c˜oes da fotosfera estelar das do envelope. Isto ocorre tamb´em com as linhas de He i, as quais podem apresentar em alguns casos perfis compostos com asas em emiss˜ao. Em muitas estrelas Be ´ecomumtamb´em a presen¸ca de linhas em emiss˜ao de metais uma vez ionizados. Cerca de 25% das estrelas estudadas por Slettebak (1982) apre- sentaram emiss˜ao em Fe ii. Muito embora os primeiros membros da s´erie de Balmer apare¸cam esporadicamente em emiss˜ao para todos os subtipos Be, as linhas de Fe ii aparecem em emiss˜ao somente para subtipos mais quentes que B5. Al´em do ferro, nos espectros de estrelas Be costumam aparecer tamb´em linhas de outros metais ioniza- dos. Alguns objetos apresentam linhas em emiss˜ao de Si ii eMgii, enquanto alguns espectros de estrelas Be-shell exibem linhas finas em absor¸c˜ao de Ti ii eCrii. Na regi˜ao infravermelha do espectro, algumas estrelas Be n˜ao s˜ao distingu´ıveis das B normais, enquanto outras apresentam emiss˜oes nas linhas de Paschen, bem como no O i λλ 7774, 8446, no tripleto do Ca ii (λλ 8498, 8542, 8662) e na linha de Fe ii λ 7712. Em termos estat´ısticos, a emiss˜ao nas linhas de Paschen decresce desde os subtipos B 2.1. As estrelas Be 8 avan¸cados at´e os subtipos A, sendo dif´ıcil encontrar emiss˜oes al´em do subtipo espectral B6. E´ interessante notar que, embora as emiss˜oes nas linhas de Balmer geralmente apare¸cam somente nos trˆes primeiros membros da s´erie, as emiss˜oes nas linhas de Paschen chegam freq¨uentemente at´eovig´esimo termo. O espectro ultravioleta das estrelas Be ´e muito rico em linhas em absor¸c˜ao de metais de baixa ioniza¸c˜ao. Al´em disso, se observam linhas intensas de ressonˆancia de elementos altamente ionizados como O vi,Nv,Siiv eCiv que podem ser assim´etricas, indicando a poss´ıvel presen¸ca de ventos, ou ainda apresentar componentes m´ultiplas em absor¸c˜ao deslocadas em dire¸c˜ao ao violeta. As transi¸c˜oes correspondentes a elementos muitas vezes ionizados tamb´em s˜ao observados em estrelas OB normais de subtipos espectrais mais avan¸cados que B3 e t˜ao tardios quanto B8 (Kogure & Hirata 1982). Este fenˆomeno ´e conhecido como superioniza¸c˜ao e implica na existˆencia de uma fonte de energia n˜ao radiativa, uma vez que o campo de radia¸c˜ao de uma estrela de tipo B tardio n˜ao ´e suficiente para induzir essas transi¸c˜oes.

2.1.3 Caracter´ısticas do cont´ınuo

Uma das caracter´ısticas principais do cont´ınuo de estrelas Be consiste na presen¸ca de um duplo salto na descontinuidade de Balmer. A primeira descontinuidade ocorre em 3750 A˚ e corresponde ao fluxo proveniente da estrela central, sendoutil ´ na deter- mina¸c˜ao da temperatura efetiva da estrela (Barbier & Chalonge 1939; Divan 1979; Zorec 1985) bem como da gravidade superficial (Zorec 1985, 1986) de acordo com o m´etodo de classifica¸c˜ao BCD (Chalonge & Divan 1952; Divan & Zorec 1982). A se- gunda descontinuidade de Balmer aparece em dire¸c˜ao a comprimentos de onda mais curtos (3647 A),˚ o que implica que se forma em um meio com menor densidade que a fotosfera. Essa descontinuidade pode estar em absor¸c˜ao ou em emiss˜ao, e est´arela- cionada com os fenˆomenos que tomam lugar no envelope circunstelar. De acordo com a fase Be em que se encontra, uma mesma estrela pode apresentar a segunda compo- nente da descontinuidade de Balmer em emiss˜ao ou em absor¸c˜ao. Emiss˜oes intensas nas linhas de Balmer costumam em geral estar acompanhadas de uma descontinuidade em emiss˜ao, enquanto que as fases intensas shell espectrosc´opicas se caracterizam por apresentar uma segunda descontinuidade em absor¸c˜ao. 2.1. As estrelas Be 9

As estrelas Be apresentam tamb´em importantes excessos no infravermelho pr´oximo (Gehrz, Hackwell & Jones 1974) e distante (Cote & Waters 1987) atribu´ıdos `a emiss˜ao livre-livre e livre-ligado origin´aria do envelope circunstelar. No infravermelho distante, a o´ındice espectral a (Sν ∝ ν ) observado assume valores de 0,6 a valores maiores que 1 para comprimentos de onda correspondentesaregi˜ ` ao de r´adio, indicando uma mudan¸ca estrutural em regi˜oes distantes da estrela (Waters et al. 1991; Waters & Marlborough 1994). Algumas observa¸c˜oes realizadas no infravermelho e no r´adio de estrelas Be fornecem ind´ıcios da presen¸ca de poeira, a qual poderia ser um remanescente de etapas evolutivas pr´evias da estrela e n˜ao ter rela¸c˜ao com o “fenˆomeno Be”. A maioria das estrelas Be emitem luz polarizada no cont´ınuo (Wood, Bjorkman & Bjorkman 1997; Yudin 2001) sendo essa polariza¸c˜ao de car´ater vari´avel, podendo atingir valores da ordem de at´e 2%. Poeckert, Bastien & Landstreet (1979) sugeriram uma correla¸c˜ao entre a porcentagem de polariza¸c˜ao e a intensidade de emiss˜ao nas linhas, ainda que em alguns casos ocorra uma defasagem na mesma. At´e este momento, as tentativas de detec¸c˜ao de polariza¸c˜aoemperfisdelinhasn˜ao tˆem fornecido resultados satisfat´orios (Shorlin et al. 2002), mas t˜ao somente um limite superior para o campo magn´eticodaordemde103 gauss (Floquet et al. 2002). Oavan¸co das t´ecnicas interferom´etricas tem permitido a obten¸c˜ao das primeiras evidˆencias diretas da forma dos envelopes circunstelares de estrelas Be assim como dos diˆametros angulares das estrelas centrais. Os primeiros estudos deste tipo realiza- dos parecem indicar que as Be est˜ao envolvidas por envelopes achatados no equador (Dougherty & Taylor 1992). De acordo com Quirrenbach et al. (1993, 1994) as es- trelas com espectros Be-shell possuem envelopes com achatamentos maiores que as estrelas Be, e os ˆangulos de polariza¸c˜ao s˜ao sempre perpendiculares ao eixo maior do envelope (Quirrenbach et al. 1997). Recentemente, conseguiu-se obter a primeira me- dida do achatamento rotacional de uma estrela Be (HD 10144) com um quociente de semi-eixos de 1,56 (Domiciano de Souza et al. 2003). Em compara¸c˜ao com as estrelas B normais, a maioria das estrelas Be n˜ao bin´arias possuem luminosidades em raios X qualitativamente similares, ainda que com valores ligeiramente maiores (Cohen, Cassinelli & Macfarlane 1997; Cohen 2000). Por outro lado, as estrelas Be em sistemas bin´arios exibem aumentos no fluxo de raios X por um 2.1. As estrelas Be 10 fator 10 ou maior, que se repetem em escalas de tempo de semanas a anos (Coe 2000).

2.1.4 Variabilidades

A variabilidade ´e uma caracter´ıstica intr´ınseca das estrelas Be, as quais apresentam varia¸c˜oes tanto no espectro de linhas como no cont´ınuo, em todas as regi˜oes do espectro, desde o ultravioleta at´e o infravermelho e em escalas diferentes de tempo de horas a d´ecadas. A variabilidade difere em geral de uma estrela a outra, e para uma estrela dada entre uma ´epoca e outra. Em alguns casos, observam-se longos per´ıodos de relativa quiescˆencia (da ordem de d´ecadas) seguidos de per´ıodos curtos, muito ativos (da ordem de anos). Em outros casos existe uma oscila¸c˜ao mais ou menos regular das varia¸c˜oes, as quais tomam lugar em escalas de tempo de dias, meses ou mesmo anos. As estrelas Be se comportam de uma maneira muito individual, o que torna imposs´ıvel predizer seu comportamento. Descreveremos a seguir algumas das varia¸c˜oes mais relevantes.

Mudan¸cas de fase: B ⇔ Be ⇔ Be-shell

As mudan¸cas de fase s˜ao transforma¸c˜oes de um espectro Be em um espectro shell ou ainda em um espectro B normal. O intervalo de tempo entre duas fases Be, duas fases shell ou duas fases normais (meses, anos ou d´ecadas) pode variar de uma ´epocaaoutra, para uma dada estrela. Por exemplo, a estrela HD 5394 (γ Cas) exibiu apenas duas fases shell separadas por quatro anos em um s´eculo (Baldwin 1939, 1940, 1941). Os intervalos de tempo diferem de uma estrela a outra. Para a estrela HD 200120 (59 Cyg) o intervalo de tempo entre suas duasultimas ´ fases shell foi de um ano (Barker 1982), enquanto que para HD 23862 (Pleione) foi de 35 anos (Gulliver 1977). O aparecimento de espectros de tipo Be e Be-shell foi originalmente atribu´ıdo a um efeito geom´etrico dependente do ˆangulo de inclina¸c˜ao do eixo de rota¸c˜ao da estrela, atrav´es do qual se esperava encontrar transi¸c˜oes entre um tipo de espectro e outro. Hummel (1998) propˆos que as varia¸c˜oes Be ⇔ Be-shell poderiam ser explicadas supondo que o plano equatorial da estrela e o plano orbital do envelope, suposta uma geometria disc´oide, estivessem inclinados um em rela¸c˜ao ao outro, de modo que os efeitos de precess˜ao seriam capazes de fazer com que o disco apresentasse distintas orienta¸c˜oes em rela¸c˜ao ao observador. A maior dificuldade deste modelo reside no fato de que os efeitos de precess˜ao deveriam 2.1. As estrelas Be 11 ser necessariamente peri´odicos, enquanto que as mudan¸cas de fase mencionadas n˜ao s˜ao necessariamente peri´odicas. O modelo de disco em precess˜ao foi idealizado para explicar as varia¸c˜oes fotom´etricas de HD 5394. Zorec et al. (2000) explicam com maior fidelidade a curva de luz observada para esse objeto, supondo a ocorrˆencia de uma eje¸c˜ao discreta de mat´eria como uma protuberˆancia gigante. Depois da eje¸c˜ao, esse material rapidamente teria entrado emorbita ´ e em seguida teria se dissipado. Esse cen´ario poderia explicar de maneira mais razo´avel as varia¸c˜oes fotom´etricas irregulares observadas. As varia¸c˜oes Be ⇔ B poderiam indicar uma forte mudan¸ca na distribui¸c˜ao de material circunstelar, implicando em alguns casos na perda completa do envelope cir- cunstelar e sua posterior reconstru¸c˜ao. Como exemplo, a estrela HD 138749 (θ CrB) mostrou um intenso espectro shell at´e 1980, depois do que seu espectro se converteu em um tipo B normal. Depois de mais de 20 anos a atividade circunstelar recome¸cou (Adelman 2003). Fenˆomenos similares a este foram observados nas estrelas HD 217675 (o And) (Gulliver, Bolton, & Poeckert 1980) e em HD 47670 (ν Pup) (Rivinius et al. 1999). O estudo dessa fenomenologia pode fornecer muita informa¸c˜aoutil ´ sobre o mecanismo que d´a origem ao envelope (Gayley, Owocki & Cranmer 1999).

Varia¸c˜oes V/R

Os perfis em emiss˜ao com duplo pico de muitas estrelas Be apresentam o que se chama varia¸c˜ao V/R. Trata-se da varia¸c˜ao do quociente entre a intensidade da emiss˜ao da asa violeta (V) e da asa vermelha (R) do perfil de linha. Este tipo de varia¸c˜ao foi inicialmente estudada por McLaughlin (1937), o qual descobriu uma oscila¸c˜ao quase peri´odica (da ordem de anos a d´ecadas) desse quociente em certas estrelas Be, as quais foram chamadas vari´aveis c´ıclicas V/R. O comportamento quase peri´odico dura por al- gum tempo e desaparece, n˜ao constituindo uma caracter´ıstica permanente que permita distiguir uma categoria particular dentro das Be. Essa varia¸c˜ao ocorre principalmente nas linhas de hidrogˆenio, notadamente na linha de Hα, muito embora j´a tenha sido observada tamb´em em linhas de He iλ 6678 A,˚ como no caso da estrela HD 127972 (Le- venhagen et al. 2003). Na tentativa de explicar a origem dessas varia¸c˜oes, sugeriu-se apresen¸ca de um anel equatorial el´ıptico de mat´eria circunstelar emorbita ´ Kepleri- 2.1. As estrelas Be 12 ana (McLaughlin 1961). Este modelo, posteriormente desenvolvido por Huang (1972, 1973) e por Albert & Huang (1974) alcan¸ca um bom acordo com algumas observa¸c˜oes atrav´es de ajustes de parˆametros geom´etricos. N˜ao obstante, ele n˜ao ´e capaz de ex- plicar, entre outras coisas, o caso no qual V/R < 1 para os membros baixos da s´erie de Balmer e V/R > 1 para os membros altos. Al´em disso, esse modelo falha ao tentar explicar espectros de duplo pico observados em estrelas vistas a partir do p´olo (Cidale 1998). Outra teoria para explicar essa fenomenologia ´e a de oscila¸c˜oes globais do disco (Okazaki 1991, 2000). Segundo essa abordagem, ondas de densidade originadas por perturba¸c˜oes em discos Keplerianos seriam as respons´aveis pelas varia¸c˜oes V/R.

Varia¸c˜oes fotom´etricas e espectrofotom´etricas

Domesmomodocomooespectrodelinhas,oespectrocont´ınuo das estrelas Be tamb´em sofre varia¸c˜oes com o passar do tempo. Essas varia¸c˜oes foram observadas com maior freq¨uˆencia na regi˜ao do espectro vis´ıvel e s˜ao em geral irregulares, com escalas de tempo que v˜ao desde fra¸c˜oes de dia at´ed´ecadas. Um estudo estat´ıstico de estrelas Be (Feinstein 1968) mostrou que aproximadamente metade das 72 estrelas observadas durante 3 anos variavam mais do que 0,06 magnitudes em V; um ter¸co delas variavam mais de 0,06 magnitudes em (U-V) e um quinto variavam mais de 0,06 magnitudes em (B-V). A varia¸c˜ao fotom´etrica das estrelas Be foi confirmada por estudos posteriores (Nordh & Olofsson 1977; Harmanec et al. 1982; Levenhagen et al. 2003). Em geral, as estrelas Be apresentam um excesso de fluxo de car´ater vari´avel, positivo ou nega- tivo no cont´ınuo de Paschen e que est´a correlacionado com a temperatura efetiva da estrela central devidoa ` emiss˜ao livre-livre/ligado-livre eadifus˜ ` ao eletrˆonica no meio circunstelar (Zorec & Briot 1991). As varia¸c˜oes fotom´etricas observadas podem ser peri´odicas ou irregulares e ocorrem em diferentes escalas de tempo. As varia¸c˜oes peri´odicas ou multiperi´odicas de curto per´ıodo ocorrem em escalas de tempo da ordem de um dia (Balona 1990, 1995; Oudmai- jer & Drew 1997) e podem ser tamb´em acompanhadas de varia¸c˜oes espectrosc´opicas. O fato de apresentarem per´ıodos t˜ao curtos sugere que elas se originariam em uma zona muito pr´oxima da fotosfera estelar. Dado que n˜ao se sabe com seguran¸ca se a rota¸c˜ao r´apida desses objetos ´e suficiente para dar origem ao envelope circunstelar (Slettebak 2.1. As estrelas Be 13

1987)(ainda que seja poss´ıvel que as velocidades de rota¸c˜ao projetadas calculadas at´e hoje em dia possam estar subestimadas), as varia¸c˜oes de curto per´ıodo se constituem chaves importantes para identificar mecanismos adicionais para que uma estrela B em rota¸c˜ao r´apida se transforme em uma Be. Essas varia¸c˜oes encontram-se na maioria das Be avan¸cadas (Penrod 1986) por´em n˜ao aparecem em estrelas Be de tipos mais tardios do que B5 (Baade 1989). A origem das varia¸c˜oes de curto per´ıodo ´e usualmente atribu´ıdaas ` pulsa¸c˜oes n˜ao radiais (Baade 1982; Rivinius et al. 2003; Levenhagen et al. 2003) (assunto esse que ser´a abordado mais adiante) ainda que existam outros cen´arios poss´ıveiscomoaid´eia de que as varia¸c˜oes de curto per´ıodo sejam moduladas pela rota¸c˜ao estelar e essa modula¸c˜ao seja mantida pela presen¸ca de um campo magn´etico (Sareyan et al. 2002). Al´em das varia¸c˜oes de curto per´ıodo (da ordem de fra¸c˜oes de dia), ocorrem tamb´em em estrelas Be varia¸c˜oes fotom´etricas quase c´ıclicas ou irregulares, com escalas de tempo relativamente grandes, da ordem de meses, anos ou d´ecadas (Percy et al. 1988). Essas varia¸c˜oes tamb´em s˜ao acompanhadas de varia¸c˜oes espectrofotom´etricas que compreen- dem uma ampla faixa espectral (Barbier & Chalonge 1941; Divan 1979). O compor- tamento espectrofotom´etrico de grande per´ıodo tem sido estudado em muitas estrelas Be (Moujtahid et al. 1998, 1999) e estaria relacionado com a estrutura de densidade e temperatura do envelope circunstelar na regi˜ao pr´oximaa ` estrela central, podendo resultar essencialmente de varia¸c˜oes na opacidade do envelope e refletir varia¸c˜oes no fluxo de massa ou mesmo mudan¸ca da sua estrutura.

Varia¸c˜oes de velocidade radial

As medi¸c˜oes de perfis de linhas em emiss˜ao e/ou linhas shell permitem estimar o estado cinem´atico do envelope circunstelar, se este est´a se expandindo, contraindo ou em uma situa¸c˜ao est´atica. Tipicamente, as velocidades radiais dos envelopes medidos na faixa vis´ıvel do espectro s˜ao baixas, da ordem de cerca de 50 kms−1, podendo alcan¸car ou mesmo exceder 100 kms−1 em certas ´epocas de alta atividade. O comportamento das velocidades radiais no envelope tem sido estudado em grande detalhe a partir de espectros shell,devido`a boa precis˜ao com que se pode determinar a posi¸c˜ao de seus centr´oides. Em muitas estrelas, as velocidades radiais desses centr´oides possuem 2.1. As estrelas Be 14 valores distintos para diferentes perfis da s´erie de Balmer. A varia¸c˜ao da velocidade em fun¸c˜ao do n´umero de linhas da s´erie de Balmer define a chamada progress˜ao de Balmer. Merrill (1952) estudou a evolu¸c˜ao da progress˜ao de Balmer com o tempo para um grande n´umero de estrelas Be. Em princ´ıpio, podendo-se localizar a regi˜ao na qual cada uma das linhas da s´erie se forma, ent˜ao o sinal da progress˜ao informa se a expans˜ao ou a contra¸c˜ao est´a acelerada ou desacelerada. Dessa forma, o comportamento da progress˜ao de Balmer pode prover informa¸c˜ao importante sobre o campo de velocidades no envelope. De modo geral, sup˜oe-se que os membros mais altos da s´erie de Balmer (por exemplo Hδ) se formam em camadas mais profundas que os membros mais baixos (Hα).

Erup¸c˜oes

Gra¸cas a numerosos levantamentos fotom´etricos realizados foi poss´ıvel confirmar a existˆencia de abrilhantamentos repentinos em estrelas Be (Mennickent et al. 1994; Pavlovski et al. 1997). Os primeiros ind´ıcios dessa fenomenologia foram observados na estrela HD 37490 (Ω Ori), onde as varia¸c˜oes fotom´etricas foram seguidas de varia¸c˜oes nas emiss˜oes nas linhas, bem como varia¸c˜oes polarim´etricas (Guinan & Hayes 1984; Brown & Wood 1992). Usando observa¸c˜oes provenientes do sat´elite Hipparcos, Hubert & Floquet (1998) detectaram aumentos repentinos de brilho em escalas de tempo cur- tas (dias) e longas (anos) para uma grande amostragem de estrelas Be. Conhecidas na literatura por erup¸c˜oes (outbursts), essas variabilidades podem ser interpretadas como resultantes de mudan¸cas abruptas na profundidadeoptica ´ de camadas ejetadas pela estrela (Hubert et al. 2000), ou ainda como eje¸c˜oes discretas de mat´eria (Zorec et al. 2000). Recentemente, publicaram-se levantamentos efetuados durante os experimentos MACHO e OGLE de comportamentos fotom´etricos similares detectados em milhares de estrelas Be nas Nuvens de Magalh˜aes (Cook et al. 1995; Keller et al. 2002).

Componentes discretas em absor¸c˜ao

De maneira similaras ` estrelas OB luminosas (Prinja & Howarth 1986), muitas estrelas Be apresentam componentes discretas em absor¸c˜ao, as quais s˜ao linhas finas sobrepostas ao perfil de linhas de ressonˆancia como Si iv,Civ e outros metais superionizados, 2.2. Parˆametros fundamentais da estrela central 15 recorrentes em intervalos de tempo de dias ou horas. Essas linhas no entanto n˜ao est˜ao presentes em estrelas B normais (Underhill & Doazan 1982), sugerindo serem parte integral do “fenˆomeno Be”. As componentes discretas em absor¸c˜ao provavelmente refletem varia¸c˜oes de densidade que podem ser devidas `a instabilidade do vento, ou ainda ser desencadeadas pela variabilidade da estrela central (Owocki et al. 1999). Grady et al. (1987) interpretam essa fenomenologia como devidas a eje¸c˜oes de massa que podem ser favorecidas nas zonas equatoriais.

2.2 Parˆametros fundamentais da estrela central

2.2.1 Propor¸c˜ao de estrelas Be

As estrelas Be representam, em m´edia, cerca de 17% das estrelas B. De acordo com Zorec & Briot (1997), o n´umero relativo de estrelas Be alcan¸ca um m´aximo no subtipo espectral B1 (∼ 34%), onde essa distribui¸c˜ao independe da classe de luminosidade (V a III). Este resultado sugere que o fenˆomeno Be n˜ao est´a confinado a uma fase evolutiva particular. N˜ao obstante, tanto a propor¸c˜aodeestrelasBeemnossaGal´axia como nas Nuvens de Magalh˜aes varia significativamente de aglomerado a aglomerado, chegando em alguns casos a ser da ordem de 40%. Essa superabundˆanciadeestrelasBeem certos aglomerados ´e atribu´ıdaaumfenˆomeno evolutivo e foi sugerida uma correla¸c˜ao entre metalicidade e abundˆancia de Be (Maeder, Grebel & Mermilliod 1999). Com a estat´ıstica atual ainda n˜ao ´eposs´ıvel chegar a uma conclus˜ao definitiva a respeito, restando ainda sem resposta definitiva a pergunta sobre a natureza da estrela central: esses objetos nascem como Be ou evoluem de B a Be? A distribui¸c˜ao da freq¨uˆencia observada de estrelas Be em fun¸c˜ao do tipo espectral se explica relacionando a probabilidade de observar uma estrela Be com a intensidade de emiss˜ao nas linhas de Balmer. Essas intensidades est˜ao correlacionadas com a temperatura efetiva da estrela, dado o car´ater radiativo dominante de suas fun¸c˜oes fonte. Multiplicando essa probabilidade pela distribui¸c˜aodetodasasestrelasBn˜ao supergigantes, obtem-se a distribui¸c˜ao das estrelas Be (Zorec & Fr´emat 2004). Isto implicaria que o “fenˆomeno Be” tem a mesma probabilidade de produzir-se em todos os subtipos espectrais desde O tardio at´eAavan¸cado. Em todos os subtipos espectrais 2.2. Parˆametros fundamentais da estrela central 16

O a propor¸c˜ao de estrelas Be ´ebaixaporduasraz˜oes:

1. A ioniza¸c˜ao elevada do meio circunstelar faz decrescer o n´umero de recombina¸c˜oes do hidrogˆenio;

2. A evolu¸c˜ao r´apida das estrelas de maior massa, que as faz passar ao estado p´os seq¨uˆencia principal em comparativamente poucos anos.

A distribui¸c˜ao das fra¸c˜oes nos tipos espectrais tardios se explica unicamente com a fun¸c˜ao fonte das linhas de Balmer, as quais decrescem de maneira sens´ıvel para temperaturas mais baixas do que para subtipo B7.

2.2.2 Rota¸c˜ao

As estrelas Be possuem em m´edia velocidades de rota¸c˜ao maiores do que as correspon- dentes a uma estrela B normal do mesmo subtipo espectral e classe de luminosidade. As velocidades de rota¸c˜ao projetadas (V sin i)m´ediasdeestrelasBeemfun¸c˜ao do tipo espectral e classe de luminosidade s˜ao maiores do que para as estrelas B normais por um fator da ordem de 1,5 a 2. Por esse motivo, esses objetos s˜ao denominados “rodadores r´apidos”, uma vez que apresentam velocidades de rota¸c˜ao pr´oximos aos valores cr´ıticos. As linhas fotosf´ericas em absor¸c˜ao apresentam larguras (em unidades de velocidade) de v´arias centenas de kms−1 (Slettebak 1982; Uesugi & Fukuda 1982). Essas larguras re- presentam a velocidade de rota¸c˜ao das estrelas projetadas na dire¸c˜ao da linha de visada (V sin i), ainda que nem sempre V sin i esteja relacionada linearmente com a largura das linhas fotosf´ericas. Muitos autores tentaram estimar V atrav´es de diferentes m´etodos (Balona 1975; Chen & Huang 1987; Porter 1996; Chauville et al. 2001; Levenhagen & Leister 2004). Os resultados desses trabalhos sugerem que as estrelas Be n˜ao atingem suas velocidades cr´ıticas de rota¸c˜ao uma vez que suas velocidades de rota¸c˜ao est˜ao, em m´edia, entre 70% a 80% da velocidade cr´ıtica. Stoeckley (1968), Collins & Truax (1995) e Townsend et al. (2004) observaram que, para estrelas com rota¸c˜ao pr´oxima a 80% da velocidade cr´ıtica, as linhas possuem larguras que subestimam a velocidade de rota¸c˜ao real da estrela devido ao efeito de obscurecimento gravitacional causado pela rota¸c˜ao elevada (essa quest˜ao ser´a abordada mais adiante). Por outro lado, a deter- mina¸c˜ao da distribui¸c˜ao de velocidades de rota¸c˜aodasestrelasBe´e muito importante 2.2. Parˆametros fundamentais da estrela central 17 no estudo da forma¸c˜ao de seus envelopes circunstelares, uma vez que este estudo imp˜oe v´ınculos aos modelos de forma¸c˜ao do envelope extendido. Ainda que n˜ao se saiba com certeza se as estrelas Be s˜ao rodadores cr´ıticos, como parecem sugerir as observa¸c˜oes interferom´etricas de Domiciano de Souza et al. (2003), as estrelas Be tardias e/ou de classes de luminosidade III se aproximam muito mais da rota¸c˜ao cr´ıtica do que as mais avan¸cadas (Zorec & Fr´emat 2004).

2.2.3 Temperatura efetiva, massa e luminosidade

A determina¸c˜ao dos parˆametros fundamentais das estrelas Be n˜ao ´e um processo simples e est´a sujeita a grandes incertezas. A presen¸ca de envelopes circunstelares extendidos afeta tanto o espectro de linhas desses objetos como o cont´ınuo da estrela central, di- ficultando sobremaneira a determina¸c˜ao de tipos espectrais e classes de luminosidade e, por extens˜ao, de uma temperatura efetiva apropriada para cada estrela. A variabi- lidade intr´ınseca e o excesso de fluxo do cont´ınuo e das linhas torna dif´ıcil tamb´em a determina¸c˜ao de suas magnitudes visuais. Desse modo, n˜ao se pode tomar a magnitude visual de uma Be obtida em uma ´epoca arbitr´aria, uma vez que ´e necess´ario conhecer ahist´oria observacional da estrela e o tipo de correla¸c˜ao existente entre o brilho e a intensidade da emiss˜ao. Al´em disso, para a maioria das estrelas Be, n˜ao existe in- forma¸c˜ao direta da inclina¸c˜ao de seus eixos de rota¸c˜ao, bem como da dependˆencia da temperatura superficial com a latitude, devidaa ` rota¸c˜ao r´apida, o que constitui uma incerteza adicional em rela¸c˜aoa ` suas classes espectrais. As estimativas das massas das estrelas Be, por outro lado, n˜ao apresentam precis˜ao satisfat´oria. Em geral as estrelas Be se encontram em sistemas bin´arios, pertencendo a sistemas semi-separados ou interativos, nos quais existe uma forte transferˆencia de massa entre as componentes, o que deforma as curvas de luz e afeta as estimativas de massas e raios (Slettebak 1987). N˜ao obstante tenham sido obtidos alguns progressos nos m´etodos de an´alise das curvas de luz e de velocidade em sistemas com discos de acres¸c˜ao, que permitem obter raios e massas com certa confiabilidade (Maxted et al. 1995; Hill et al. 1997), ainda hoje n˜ao existem m´etodos diretos adequados para obten¸c˜ao das massas das estrelas Be uma vez que, na maioria dos casos, sup˜oem- se massas normais correspondentes `a suas temperaturas efetivas (Harmanec 1988). 2.2. Parˆametros fundamentais da estrela central 18

De maneira geral, esses valores variam entre 3,5 M (B8V) e 16 M (B0V) segundo Popper (1980). Uma maneira mais plaus´ıvel de obten¸c˜ao de valores de massas mais confi´aveis seria atrav´es do estudo da curva de velocidade radial da Be principal e suas companheiras em bin´arias visuais. Os candidatos para esse m´etodo s˜ao sistemas com per´ıodos orbitais suficientemente curtos e com elementos orbitais bem conhecidos, derivados da interferometria Speckle, como por exemplo para a estrela HD 143275 (δ Sco). Os raios das estrelas Be tamb´em podem ser obtidos como fun¸c˜ao da magnitude visual observada (corrigida do avermelhamento), atrav´es de uma estimativa da tem- peratura efetiva, da corre¸c˜ao bolom´etrica e da paralaxe. As incertezas na temperatura efetiva e na magnitude visual j´a mencionadas, assim como os erros na paralaxe afetam bastante essas determina¸c˜oes. Em geral, os raios mais confi´aveis s˜ao aqueles correspon- dentes a estrelas Be em aglomerados abertos n˜ao muito distantes, com paralaxes bem determinadas (Harmanec 2000). Outra maneira de se obter raios estelares consiste em usar as paralaxes e as determina¸c˜oes interferom´etricas dos diˆametros angulares (Code et al. 1976; Vakili et al. 1984). Em geral, os raios se encontram na faixa de 2,7 R

(para uma B8V) e 7 R (para uma B0V). A temperatura efetiva pode ser estimada supondo-se um campo de radia¸c˜ao isotr´o- pico e conhecendo-se o diˆametro angular e o fluxo total da estrela, integrando sobre todos os comprimentos de onda recebidos fora da atmosfera (Code et al. 1976). Por outro lado, podem-se obter temperaturas efetivas de maneira menos direta mediante acompara¸c˜ao de modelos com observa¸c˜oes no espectro cont´ınuo e de linhas. Como j´a mencionamos anteriormente, esses espectros s˜ao observados distorcidos pela presen¸ca dos envelopes. Assim, as estrelas Be mostram normalmente excesso de fluxo tanto no vis´ıvel (Zorec & Briot 1991) como no infravermelho, saltos de Balmer at´ıpicos e deficiˆencias ou excessos de fluxo no ultravioleta (Underhill & Doazan 1982; Snow & Stalio 1987). Por outro lado, se considerarmos que a fotosfera subjacenteas ` Be ´e similaras ` estrelas B, ent˜ao ´eposs´ıvel adotar-se as temperaturas desses objetos como representativas. N˜ao obstante, devemos ter em conta que a rota¸c˜ao r´apida das estrelas Be pode produzir efeitos de obscurecimento gravitacional e que, nessas circunstˆancias, o termo temperatura efetiva deixaria de ter significado. Igualmente, ´e usual tomar- 2.2. Parˆametros fundamentais da estrela central 19 se os valores das temperaturas de estrelas B normais como valores estimativos das temperaturas de estrelas Be, encontrando-se tipicamente entre 12000 K (B8) e 30000 K (B0) (Underhill & Doazan 1982). Antes da miss˜ao Hipparcos, as magnitudes absolutas das estrelas Be eram determi- nadas atrav´es de m´etodos indiretos, como estrelas pertencentes a sistemas bin´arios, aglomerados abertos ou associa¸c˜oes, ou m´etodos estat´ısticos baseados em sua dis- tribui¸c˜ao espacial e cinem´atica. Dada a baixa qualidade e pouca quantidade de estrelas analisadas, os resultados obtidos eram muitas vezes contradit´orios. Atrav´es de medidas de paralaxe efetuadas pelo sat´elite Hipparcos, Briot & Robichon (2000) determinaram valores mais precisos para as magnitudes absolutas. Seus resultados confirmaram que as estrelas Be, em m´edia, s˜ao mais brilhantes (0,5 mag) do que as estelas B do mesmo tipo espectral e que, al´em disso, essa diferen¸ca aumenta com o tipo espectral (Zorec & Briot 1991).

2.2.4 Idades

Como mencionado anteriormente, a propor¸c˜ao de estrelas Be parece n˜ao apresentar dependˆencia com a classe de luminosidade, a qual poderia indicar que o “fenˆomeno Be” pode aparecer em qualquer etapa da evolu¸c˜ao de uma estrela Be. Atrav´es do estudo de estrelas Be em aglomerados, Feinstein (1990) e Fabregat & Torrej´on (2000) encontraram um ind´ıcio de que o “fenˆomeno Be” possui maiores probabilidades de ocorrˆencia na segunda metade da vida de uma estrela B sobre a seq¨uˆencia principal. Em um estudo detalhado das idades individuais de 50 estrelas Be com observa¸c˜oes

BCD,Zorec&Fr´emat (2004) observaram que a rela¸c˜ao idade/τsp (onde τsp ´e o tempo de vida de uma estrela de massa M sobre a seq¨uˆencia principal antes de chegara ` fase de contra¸c˜ao secund´aria) cresceamedidaemqueamassadaestrelaBediminui. `

Tomando-se a m´edia das rela¸c˜oes idade/τsp sobre todas as faixas de massa, Zorec & Fr´emat (2004) obtˆem o resultado estat´ıstico de Feinstein (1990) e Fabregat & Torrej´on (2000). N˜ao obstante, ´e importante notar que o “fenˆomeno Be” em estrelas B de alta massa aparece para uma fra¸c˜ao idade/τsp menor do que nas estrelas B tardias. Por outro lado, mencionamos anteriormente que a rota¸c˜ao de estrelas menos massudas ´e maior do que nas estrelas Be avan¸cadas, sugerindo que estas devem rodar mais 2.3. Envelopes circunstelares de estrelas Be 20 rapidamente e por mais tempo para que apare¸ca o “fenˆomeno Be”. Este fato pode ter implica¸c˜oes importantes nos fenˆomenos de redistribui¸c˜ao de momento angular interno esuasconseq¨uˆencias no surgimento do “fenˆomeno Be”.

2.3 Envelopes circunstelares de estrelas Be

Os modelos propostos para explicar a forma¸c˜ao e estrutura dos envelopes de estrelas Be baseiam-se em diferentes mecanismos capazes de dar origem ao envelope, sendo os principais a rota¸c˜ao estelar elevada e os ventos estelares.

2.3.1 Modelos baseados na rota¸c˜ao elevada

Modelos de disco

Omodelob´asico de atmosfera de uma estrela Be foi proposto por Struve (1931) o qual sugeriu que, pelo fato desses objetos serem rodadores r´apidos, ent˜ao o envelope se originaria a partir da eje¸c˜ao de material na regi˜ao equatorial. O material assim ejetado acumular-se-ia em um envelope em forma disc´oide onde o g´as, ionizado pela radia¸c˜ao ultravioleta proveniente da estrela, seria o respons´avel pela presen¸ca de linhas em emiss˜ao. A diversidade dos perfis observados se explicaria de acordo com a orienta¸c˜ao entre o envelope circunstelar e a linha de visada do observador. Marlborough (1969), Poeckert & Marlborough (1978) e Waters (1986) propuseram modelos de disco considerando um envelope isot´ermico confinadoaregi˜ ` ao equatorial da estrela, em rota¸c˜ao e expans˜ao. Devidoageometriadomodelo,oparˆ ` ametro de maior importˆancia na forma dos perfis calculados ´e a inclina¸c˜ao do eixo de rota¸c˜ao com rela¸c˜aoa ` linha de visada do observador. Esse modelo descreve satisfatoriamente as observa¸c˜oes de perfis de Hα,apolariza¸c˜ao do cont´ınuo e a distribui¸c˜ao de energia em algumas de suas regi˜oes, por´em falha ao tentar descrever o comportamento de perfis de Hβ. 2.3. Envelopes circunstelares de estrelas Be 21

Modelos ad-hoc de disco

Os principais modelos ad-hoc de disco foram propostos por Waters et al. (1987) e Hanuschik (1996), os quais sup˜oem que o envelope (ainda disc´oide) possui uma escala de altura dependente da distˆanciaa ` estrela. Uma das dificuldades desses modelos reside no fato de que, segundo as observa¸c˜oes, a componente de radia¸c˜ao cont´ınua no vis´ıvel deve ser produzida pr´oxima da estrela (Stee 1998) enquanto que, de acordo com esses modelos de disco (que s˜ao abertos) quase n˜ao h´amat´eria pr´oximoa ` estrela, o que impossibilita a emiss˜ao de radia¸c˜ao cont´ınua observada.

Modelos de an´eis

Huang (1972) e Albert & Huang (1974) propuseram um modelo de anel el´ıptico onde o material circunstelar se encontra fortemente concentrado no plano equatorial, em um anel el´ıptico com campo de velocidades Kepleriano. Atrav´es deste modelo, pode-se explicar as varia¸c˜oes V/R como efeito do movimento orbital uniforme do anel, por´em o modelo falha em explicar os casos onde as varia¸c˜oes V/R n˜ao s˜ao peri´odicas.

2.3.2 Modelos baseados em ventos impulsionados por radia¸c˜ao

Modelos com simetria esf´erica

Doazan & Thomas (1982) propuseram um modelo de envelope circunstelar formado por v´arias regi˜oes fora dos equil´ıbrios radiativo e hidrost´atico que comp˜oem a transi¸c˜ao entre uma fotosfera, em equil´ıbrio, e o meio interestelar. O envelope, neste caso geo- metricamente esf´erico, come¸ca com uma cromosfera, seguida por uma coroa com ven- tos acelerados e termina com uma regi˜ao de freamento. A principal vantagem deste modelo reside na previs˜ao da presen¸ca de linhas de elementos superionizados no ultra- violeta distante, por´em falha ao tentar explicar a polariza¸c˜ao observada, bem como em justificar a geometria esf´erica adotada, uma vez que as observa¸c˜oes interferom´etricas (Quirrenbach et al. 1997) sugerem que os envelopes de estrelas Be n˜ao s˜ao esf´ericos. 2.3. Envelopes circunstelares de estrelas Be 22

2.3.3 Modelos baseados em ventos e rota¸c˜ao

Modelos que implicam em zonas de alta ioniza¸c˜ao

Aobserva¸c˜ao de elevados fluxos de mat´eria e a presen¸ca de linhas de elementos alta- mente ionizados no ultravioleta n˜ao s˜ao contempladas pelos modelos de disco. Essas observa¸c˜oes sugerem a presen¸ca de uma componente quente de g´as circunstelar, al´em da componente que d´aorigem`a emiss˜ao no infravermelho e em linhas. O modelo de disco foi ent˜ao adaptado de modo a incorporar o caso em que o material ´e impulsionado em forma de vento pela press˜ao de radia¸c˜ao (Castor, Abbott & Klein 1975), uma vez que este tenha escapado do equador da estrela, a qual roda com velocidade cr´ıtica. As solu¸c˜oes decorrentes da presen¸ca de ventos poderiam incluir pequenas flutua¸c˜oes em densidade, as quais poderiam eventualmente crescer e formar ondas de choque, originando desta maneira a emiss˜ao em raios X bem como a ocorrˆencia de esp´ecies altamente ionizadas (Marlborough 1987; Bjorkman 1994). O modelo de disco apre- senta muitas dificuldades, entre elas a limita¸c˜ao de que todas as estrelas rodam com velocidade cr´ıtica, bem como o cen´ario de eje¸c˜oes de mat´eria apenas pelo equador, uma vez que as observa¸c˜oes no ultravioleta sugerem que a mat´eria seja ejetada em todas as dire¸c˜oes desde a superf´ıcie estelar (Snow 1981). Com esses modelos n˜ao ´eposs´ıvel explicar tamb´em as transi¸c˜oes de fase entre um espectro de tipo Be-shell e Be, B ou shell e vice-versa.

Bi-estabilidade de ventos e envelopes

Lamers & Pauldrach (1991) e Lamers & Cassinelli (1999) propuseram o modelo de bi-estabilidade induzido por rota¸c˜ao como mecanismo de forma¸c˜ao do disco. Em um vento conduzido por radia¸c˜ao, Pauldrach & Puls (1990) encontraram duas solu¸c˜oes est´aveis em condi¸c˜oes f´ısicas diferentes. A rota¸c˜ao r´apida das estrelas Be poderia induzir a transi¸c˜ao do vento de uma solu¸c˜ao para outra dentro do envelope; a existˆencia simultˆanea das duas solu¸c˜oes asseguraria um vento polar tˆenue e r´apido, bem como um vento equatorial denso e lento, configura¸c˜ao essa que explica algumas das observa¸c˜oes. Este modelo,util ´ no estudo de estrelas B[e], n˜ao prevˆe densidades suficientes no equador de forma a gerar o disco circunstelar nas estrelas Be. O mecanismo de bi-estabilidade 2.3. Envelopes circunstelares de estrelas Be 23 combinado com a rota¸c˜ao ´e utilizado nos modelos de Stee & Ara´ujo (1994) em forma ad-hoc, atrav´es da parametriza¸c˜ao do incremento da densidade do vento na regi˜ao equatorial.

Modelo de vento comprimido

No modelo de vento comprimido (WCD) de Bjorkman & Cassinelli (1993) a rota¸c˜ao de um vento (impulsionado pela radia¸c˜ao) produz um fluxo de g´as em dire¸c˜ao ao equador. Se a rota¸c˜ao for suficientemente alta, as linhas de fluxo de hemisf´erios opos- tos se interceptam no equador, formando uma regi˜ao de choque densa e confinada ao plano equatorial, onde supostamente ocorreria a forma¸c˜ao de esp´ecies altamente ioni- zadas. Esse modelo foi calculado supondo que o gradiente de press˜ao ´e desprez´ıvel, uma hip´otese v´alida para regi˜oes distantes do disco. N˜ao obstante, quando o material chega ao equador da estrela, a densidade aumenta e esses gradientes se tornam impor- tantes, o que requer um estudo hidrodinˆamico do problema. Esse estudo foi realizado por Owocki et al. (1994), o qual concluiu que, quando as componentes de for¸cas n˜ao radiais s˜ao levadas em conta, a compress˜ao do vento desaparece e, adicionando-se ainda ao modelo o efeito do obscurecimento gravitacional, observa-se uma intensifica¸c˜ao do vento polar (Owocki, Cranmer, & Gayley 1996; Petrenz & Puls 2000). Esse resultado ´eoposto`as predi¸c˜oes originais da teoria de WCD, o qual falha tamb´em em reproduzir o excesso infravermelho observado (Porter 1997).

2.3.4 Mecanismos adicionais de forma¸c˜ao do envelope

Do exposto at´e aqui torna-se evidente que a rota¸c˜ao, e mesmo os ventos impulsiona- dos pela press˜ao de radia¸c˜ao, ainda que sejam fatores importantes e necess´arios para explicar a forma¸c˜ao do envelope, n˜ao s˜ao suficientes sozinhos para prover um modelo consistente com todas as observa¸c˜oes. Em particular, ´eimposs´ıvel explicar algumas das variabilidades das estrelas Be como as mudan¸casdefaseBe⇔ B ou Be-shell sem recorrer a algum outro mecanismo desencadeante adicional. Outras teorias alternativas ou complementares que favorecem a forma¸c˜ao do envelope s˜ao:

1. eje¸c˜oes discretas de mat´eria; 2.4. Teoria das Pulsa¸c˜oes N˜ao Radiais 24

Figura 2.1: Localiza¸c˜ao no diagrama HR dos principais grupos de estrelas vari´aveis (adaptado de Unno et al. 1989).

2. mecanismos de transferˆencia de massa em sistemas bin´arios;

3. pulsa¸c˜oes n˜ao radiais;

4. campos magn´eticos.

2.4 Teoria das Pulsa¸c˜oes N˜ao Radiais

O estudo das pulsa¸c˜oes n˜ao radiais (PNR) em estrelas early-type teve seu in´ıcio a par- tir do trabalho realizado por Ledoux em 1951, o qual demonstrou que o longo per´ıodo fotom´etrico (de ∼ 50 horas) observado na estrela HD 44743 (β CMa) poderia ser explicado em termos de um fenˆomeno de batimento entre dois modos de pulsa¸c˜ao. Investiga¸c˜oes realizadas posteriormente mostraram que um grande n´umero de objetos apresenta variabilidades similares, aparecendo confinadas a regi˜oes espec´ıficas do dia- grama Hertzprung-Russell (doravante diagrama HR) conforme ilustra a Figura (2.1). Historicamente, os efeitos das pulsa¸c˜oes n˜ao radiais sobre os perfis de linha espec- trais foram iniciados por Osaki (1971), cujo trabalho demonstrou que as oscila¸c˜oes introduzem varia¸c˜oes peri´odicas em larguras equivalentes e profundidades de perfis es- pectrosc´opicas. As pesquisas das assim chamadas varia¸c˜oes dos perfis de linhas (vpl) 2.4. Teoria das Pulsa¸c˜oes N˜ao Radiais 25 em outras al´em das da classe das β Cephei apresentou poucos avan¸cos at´eoadvento do trabalho de Smith & Karp (1976), atrav´es do qual verificou-se a incidˆencia de vpl de pequenas amplitudes em perfis de estrelas O8 e B5. No ano seguinte, Smith (1977), baseado nas previs˜oes de Osaki (1971), mostrou que as vpl poderiam ser explicadas com sucesso como um efeito das PNR, e sugeriu que esse fenˆomeno se extende al´em da regi˜ao das β Cephei no diagrama HR. O desenvolvimento das t´ecnicas de modelagem das vpl em anos seguintes (Smith 1978; Buta & Smith 1979; Smith 1981) estabeleceu uma nova classe de pulsadores, as vari´aveis 53 Per, distinta das β Cephei por n˜ao exi- birem varia¸c˜oes em velocidade radial de longo termo nem varia¸c˜oes de grande escala temporal, ocupando uma regi˜ao mais extensa do diagrama HR. Uma caracter´ıstica peculiar das estrelas 53 Per reside no fato de apresentarem linhas espectrais estreitas, indicando que suas velocidades de rota¸c˜ao s˜ao baixas. A primeira detec¸c˜ao de vpl em estrelas early-type com linhas alargadas foi feita por Walker et al. (1979), o qual observou padr˜oes em emiss˜ao (com intensidades inferiores a 1% do cont´ınuo) migrando do azul para o vermelho no interior da linha de He iλ6678 Ada˚ estrela HD 149757 (ζ Oph). Os autores desse trabalho sugeriram que os assim chama- dos bumps eram gerados pela migra¸c˜ao de manchas (spots) ao longo do disco estelar. Contudo, Vogt & Penrod (1983) mostraram que as variabilidades observadas em HD 149757 eram modeladas com sucesso por frentes de onda migrat´orias na superf´ıficie estelar (PNR). Nos anos subseq¨uentes, foram detectadas vpl em muitas outras estre- las early-type com linhas alargadas, o que levouacria¸ ` c˜ao de uma segunda classe de estrelas conhecida como vari´aveis ζ Oph. A` semelhan¸ca das vari´aveis 53 Per, as estre- las dessa nova categoria encontram-se ao longo de tipos espectrais O e B, com classes luminosidade entre I e V. Para que um modo de PNR seja excitado em uma estrela qualquer, ´e necess´aria a existˆencia de um mecanismo atrav´es do qual a energia t´ermica proveniente do n´ucleo estelar seja convertida em vibra¸c˜oes ac´usticas. A natureza desses mecanismos f´ısicos, no caso das vari´aveis ζ Oph e 53 Per, continua at´eosdiasdehojeaserumaquest˜ao em aberto. No caso das vari´aveis β Cephei e SPB (slowly pulsating B stars), atribui-se aocorrˆencia de vpl ao chamado mecanismo-κ (Cox et al. 1992), similar ao presente nas vari´aveis δ Cephei. Esse mecanismo ´e caracterizado por varia¸c˜oes abruptas na 2.4. Teoria das Pulsa¸c˜oes N˜ao Radiais 26 opacidade da zona de ioniza¸c˜ao devidoapresen¸ ` ca de elementos do grupo do ferro, o que impede a livre passagem do fluxo radiativo e a energia excedente ´e convertida em energia de oscila¸c˜ao. As estrelas vari´aveis de tipos ζ Oph e 53 Per, por outro lado, ocorrem em regi˜oes pobres em ferro, como as Nuvens de Magalh˜aes e aglomerados de baixa metalicidade, e dessa forma ´epoucoprov´avel que esse mecanismo seja o respons´avel pela excita¸c˜ao de modos de pulsa¸c˜ao para esses objetos. Uma possibilidade para essas estrelas reside no mecanismo proposto por Lee & Saio (1986, 1987), onde a convec¸c˜ao, presente nas regi˜oes centrais da estrela, produz oscila¸c˜oes de modo-g de alta ordem queentramemressonˆancia com as camadas superficiais e induzem o aparecimento de oscila¸c˜oes n˜ao radiais.

2.4.1 Caracteriza¸c˜ao dos modos pulsacionais

Como as amplitudes das oscila¸c˜oes n˜ao radiais s˜ao relativamente pequenas se compara- das com o diˆametro da estrela, podemos trat´a-las como perturba¸c˜oesemumestado de equil´ıbrio esf´erico. Desprezando-se os efeitos da rota¸c˜ao da estrela ou de campos magn´eticos e, assumindo que o estado n˜ao perturbado est´aemequil´ıbrio independente m iσt do tempo, ent˜ao as perturba¸c˜oes da vari´aveis f´ısicas s˜ao proporcionais a Y (θ, φ)e , m onde Y s˜ao harmˆonicos esf´ericos, θ ´e a colatitude, φ ´eoˆangulo azimutal, σ ´ea freq¨uˆencia angular e t o tempo. Pode-se descrever um modo pr´oprio de oscila¸c˜ao da estrela (modo normal) atrav´es de trˆes quantidades, n,  e m, e a perturba¸c˜ao total em umpontodaestrela´e a soma das perturba¸c˜oes introduzidas por cada modo pr´oprio de oscila¸c˜ao:

m iσnt ξn,,m(r, θ, φ, t)= ξn(r)Y (θ, φ)e (2.1) n,,m onde n (ordem radial) corresponde ao n´umero de nodos que satisfazemarela¸ ` c˜ao

ξn(ri)=0, (grau) corresponde ao n´umero total de planos nodais que cortam a superf´ıcie da estrela e m (ordem azimutal) ´eon´umerodeplanosnodaisquecortam perpendicularmente o equador da estrela. Aequa¸c˜ao (2.1) permite interpretarmos as perturba¸c˜oes como sendo formadas por ondas estacion´arias, bem como por ondas que se propagam com velocidade de fase: 2.4. Teoria das Pulsa¸c˜oes N˜ao Radiais 27

dφ ω = − (2.2) dt m Entretanto, quando existe rota¸c˜ao e/ou campo magn´etico, apenas as ondas em pro- paga¸c˜ao podem representar modos normais de oscila¸c˜ao, pois as freq¨uˆencias tamb´em depender˜ao de m. Neste caso, m>0 representa modos retr´ogrados e m<0modos pr´ogrados em rela¸c˜aoa ` rota¸c˜ao da estrela. Cap´ıtulo 3

Amostragem e redu¸c˜ao de dados

3.1 Dados: origens, caracter´ısticas e redu¸c˜ao

Os dados espectrosc´opicos utilizados neste trabalho foram obtidos a partir de ob- serva¸c˜oes realizadas com trˆes espectr´ografos, dois deles associados ao telesc´opio de 1,52 m do ESO (La Silla - Chile) e o terceiro ao telesc´opio de 1,60 m do MCT/LNA (Bras´opolis - Brasil). No ESO foram utilizados o espectr´ografo FEROS (sucessor do HEROS) e o espectr´ografo Chalonge, enquanto que no MCT/LNA foi usado o es- pectr´ografo Coud´e. Os espectros do MCT/LNA utilizados nas an´alises de s´eries temporais das estrelas HD 127972 e HD 10144 foram coletados com uma cˆamera EMI CCD de 1152 x 770 pixels e uma rede de difra¸c˜ao de 1800 l/mm, e cobrem uma pequena regi˜ao em comprimento de onda, centrada nas linhas de He iλ6678 A,˚ He iλ4471 AeH˚ α, com alta resolu¸c˜ao (R ∼ 40000) e alta rela¸c˜ao sinal-ru´ıdo (∼ 250). Os espectros do MCT/LNA utilizados na determina¸c˜ao de parˆametros f´ısicos de outras estrelas B e Be foram adquiridos com uma cˆamera CCD 098 e uma rede de difra¸c˜ao de 600 l/mm, fornecendo uma cobertura mais ampla (3939A˚ a 5060A)˚ e resolu¸c˜ao um pouco mais baixa. Os espectros provenientes do ESO (La Silla) com o espectr´ografo FEROS foram obtidos com alta resolu¸c˜ao (R ∼ 48000) e rela¸c˜ao sinal-ru´ıdo (∼ 300), fornecendo uma cobertura espacial de 3560 A˚ a 9200 A˚ ao longo de 38 ordens no detetor, tendo sido usados tanto para an´alises temporais como para estudos de parˆametros f´ısicos fo- tosf´ericos. Os espectros coletados no ESO com o espectr´ografo Chalonge foram obtidos

28 3.1. Dados: origens, caracter´ısticas e redu¸c˜ao 29 com baixa resolu¸c˜ao e dispers˜ao rec´ıproca de 8 A/pixel˚ na regi˜ao da descontinuidade de Balmer. As principais caracter´ısticas dos espectros utilizados nas an´alises tempo- rais das estrelas HD 127972 e HD 10144 (provenientes do ESO e do MCT/LNA) s˜ao ilustradas na Tabela (3.1), enquanto que a Tabela (3.2) indica os espectros de 141 objetos B e Be utilizados na determina¸c˜ao de parˆametros f´ısicos fotosf´ericos. 3.1. Dados: origens, caracter´ısticas e redu¸c˜ao 30

Epoca´ Telesc´opio Espectr´ografo Cobertura No espectros

HD 127972 Maio 1978 ESO 1,52 m Chalonge 3200 - 6400 A12˚ Maio/Junho 1996 LNA 1,60 m Coud´e 6666 - 6691 A˚ 539 6528 - 6614 A2˚ Maio 1997 LNA 1,60 m Coud´e 6666 - 6691 A26˚ 6528 - 6614 A5˚ Junho 1998 LNA 1,60 m Coud´e 6666 - 6691 A31˚ 6528 - 6614 A4˚ Abril 2000 ESO 1,52 m FEROS 3560 - 9200 A33˚ Maio 2000 LNA 1,60 m Coud´e 6666 - 6691 A56˚ 6528 - 6614 A4˚ Abril 2001 ESO 1,52 m FEROS 3560 - 9200 A59˚ HD 10144 Outubro 1979 ESO 1,52 m Chalonge 3200 - 6400 A12˚ Novembro 1991 LNA 1,60 m Coud´e 6528 - 6614 A4˚ Agosto/Outubro 1993 LNA 1,60 m Coud´e 6528 - 6614 A3˚ Novembro 1994 LNA 1,60 m Coud´e 6528 - 6614 A1˚ Novembro/Dezembro 1995 LNA 1,60 m Coud´e 6528 - 6614 A3˚ Novembro 1997 LNA 1,60 m Coud´e 6666 - 6691 A˚ 169 Novembro/Dezembro 1998 LNA 1,60 m Coud´e 6666 - 6691 A˚ 115 6528 - 6614 A3˚ Outubro 1999 ESO 1,52 m FEROS 3560 - 9200 A˚ 123 Outubro 2000 LNA 1,60 m Coud´e 6643 - 6731 A20˚ 6528 - 6614 A5˚ 4436 - 4553 A60˚

Tabela 3.1: Observa¸c˜oes espectrosc´opicas de HD 127972 e HD 10144 utilizadas nos estudos de vpl. 3.1. Dados: origens, caracter´ısticas e redu¸c˜ao 31

Os perfis espectrais descritos acima (obtidos no MCT/LNA) foram tratados com o pacote IRAF 1 utilizando-se o procedimento padr˜ao de redu¸c˜ao de dados. Os espectros obtidos no ESO (La Silla) foram reduzidos atrav´es do pop-up dispon´ıvel no pr´oprio observat´orio.

1IRAF - Image Reduction and Analysis Facility - ´e distribu´ıdo pelo NOAO,oqual´e operado pela Association of Universities for Research in Astronomy - AURA, Inc., sob acordo cooperativo com a National Science Foundation 3.1. Dados: origens, caracter´ısticas e redu¸c˜ao 32 ˚ A) ´ Epoca Cobertura ( opio (J2000) Telesc´ δ (J2000) α ao dos espectros da amostragem de estrelas analisadas. c˜ (o) b (o) 290,84225,38 -58,79267,12 -69,74 1 37170,76 -62,24 42 2143,59 23 -52,21 0 2 -57 26203,36 14 -10,73 59 12 2 39267,15 -55,13 28 -29 37 02 ESO 10 54 -47 1,52 00223,65 42 m -42,23 13 03 15 ESO 45245,40 0 -39,36 1,52 Outubro/1999 19 m LNA 42 47 1,60 09 4271,32 m 39 24 -36,21 6 -16 Outubro/2001 4 49 38 43238,07 3560 -35,91 16 LNA Julho/2003 - 1,60 ESO 9200 m 1,52 5 m196,93 8 -32,61 -57 ESO 26 15 1,52 3560 11 m - Julho/2003 -24 5 9200 201,19 39 7 -15,95 Outubro/2001 30 12 5 21 Outubro/2001 ESO 3939195,05 -17,25 16 -40 1,52 - 54 m 5060 ESO 44 1,52 5209,01 3560 m 25 -11,99 -61 - 7 48 9200 3939 Setembro/2002 18 5 3560 - -34 28 ESO200,73 - 5060 20 -19,38 48 1,52 9200 Outubro/2001 42 m 5 ESO238,81 35 -14,03 1,52 3560 8 m - 6 ESO Outubro/2001 5 9200 20 1,52 35 58276,51 m 3560 -28,86 17 2 - 9 9200 Outubro/2001 5 52 39244,10 -32,10 11 Outubro/2001 3560 ESO 9 5 - 1,52 56 39 9200 203,42 -5 m 5 -23,20 38 23 15 3560 ESO 5 - 1,52 36 9200 224,13 m 4 3560 55 Setembro/2002 -5,13 07 - 17 9200 6 ESO 12 ESO252,20 -34 1,52 -15,15 49 1,52 Outubro/2001 4 m m 26 3560 -66226,06 6 - 33 -24,71 ESO 15 9200 37 1,52 40 06 Setembro/2002 Setembro/2002 m 16 ESO 07221,58 -37 3560 -14,27 1,52 4 - m 53 06 9200 ESO 15 1,52 Abril/2001 56240,47 m -11,80 3560 3560 - - -16 06 9200 Outubro/2001 6 9200 37 22 3 ESO 04 41230,96 58 -18,59 1,52 Outubro/2001 m -44 06 37 24 10 20217,53 -14,35 ESO -17 1,52 3560 06 Outubro/2001 57 m - 28 3560 ESO 21 9200 39 -202,94 1,52 3560 9200 ESO -7,56 m - -12 1,52 06 9200 57 m 30 Outubro/2001 42 38206,21 +2,20 ESO -32 1,52 3560 Outubro/2001 22 m - 06 Outubro/2001 16 9200 221,28 32 +0,80 ESO 43 -22 1,52 06 19 m 3560 40 Outubro/2001 18240,50 - 58 ESO 9200 -6,79 3560 1,52 06 - m 3560 41 -07 9200 Outubro/2001248,84 - 59 30 -14,73 ESO 9200 32 +09 1,52 53 m 3560 06 44 Outubro/2001211,84 - 42 -17,84 9200 12 +06 06 ESO 20 45 3560 1,52 43 Outubro/2001 31247,13 ESO - m 1,52 9200 -0,42 m 06 46 3560 -10 03242,36 ESO - 29 -17,18 1,52 9200 Outubro/2001 53 m -30 Outubro/2001 56 3560 06 56 - 47 -14,49 9200 57 -39 06 ESO Outubro/2001 32 46 1,52 24 12 m 3560 ESO - 1,52 06 3560 9200 +00 m 49 - 46 50 9200 34 ESO Outubro/2001 -37 1,52 3560 46 m - Outubro/2001 31 9200 ESO -32 1,52 30 m Outubro/2001 30 3560 ESO - 1,52 9200 m 3560 Outubro/2001 - ESO 9200 1,52 m 3560 Outubro/2001 - 9200 3560 Abril/2000 - 9200 3560 - 9200 3560 - 9200 Objeto HD 10144 HD 14850 HD 15371 HD 16582 HD 17891 HD 20340 HD 28248 HD 29557 HD 33453 HD 33599 HD 35165 HD 35468 HD 36012 HD 36861 HD 37023 HD 37490 HD 37795 HD 37935 HD 43122 HD 43285 HD 43544 HD 43789 HD 44743 HD 44996 HD 45871 HD 46131 HD 46380 HD 47839 HD 48099 HD 48282 HD 49131 HD 49319 HD 49330 HD 49336 HD 50013 Tabela 3.2: Caracteriza¸ 3.1. Dados: origens, caracter´ısticas e redu¸c˜ao 33 ˚ A) ´ Epoca Cobertura ( ao. opio c˜ (J2000) Telesc´ δ (J2000) Tabela 3.2: Continua¸ α (o) b (o) 296,37274,25 -8,32296,73 48,86296,00 11 33 2,95 25294,39 11 36 11,57 40296,78 20,93 -70 12 11 2 41298,18 35 12 10,03 8 -9 21 48298,15 8 12 8 LNA 3,13 54 1,60 m301,96 -59 12 20 11 13 39 6,14 -50 43302,05 LNA Junho/2003 20 1,60 12 -0,20 m 14 -41 01 13303,35 ESO 53 1,52 12 -52 m 3,72 16 Maio/2001 22 LNA 59 6 1,60303,37 12 m 42 3,72 50 3939 -59 LNA Agosto/2001 - 23 1,60303,44 5060 48 m Maio/2003 12 5,70 44 -56 LNA 37 24 1,60303,78 24 m Julho/2003 12 10,38 3939 -63 54 LNA - 3 39 1,60303,87 5060 3560 31 m - Fevereiro/2003 12 9200 3,78 54 LNA -59 36 1,60307,98 12 9 m 3939 54 36 Maio/2001 - -8,63 41 5060 -59 LNA 3939308,22 3939 8 1,60 - - 48 m Maio/2001 5060 12 -0,71 5060 58 -57 00309,16 10 ESO 7 1,52 Julho/2003 -4,44 -52 13 m 29 3 2 5314,24 LNA 13 4279 1,60 36 - -0,72 m 20 -59 4720 Agosto/2001 05 LNA 03 13 4279 1,60 45 19,12 - m 18 4720 Julho/2003 ESO 1,52 -71 13 3939 m 28 46 - -63 32 32 5060 Julho/2003 LNA 8 1,60 13 3560 44 m 49 - Abril/2001 -66 36 9200 45 16 -62 LNA 55 Maio/2001 3939 1,60 24,13 - m LNA 5060 1,60 -42 m 3939 ESO 28 ESO - 1,52 25 Julho/2003 1,52 5060 m m 3560 - Julho/2003 9200 Julho/2002 4279 Julho/2002 LNA - 1,60 4720 m 3939 - 5060 Julho/2003 3939 - 5060 3560 3560 - - 9200 9200 3939 - 5060 213,28213,10 +0,03224,98 +0,74 06229,61 52 10 -5,44 06228,70 54 22 -7,65223,81 -00 06 17 53 -6,68 43 52 +00228,33 06 10 54 54 -3,25 09217,31 06 ESO 56 -13 1,52 -5,52 08 11 m 09 ESO209,52 1,52 06 +3,97 m 59 -18 42 17 Outubro/2001 10257,26 +11,68 06 59 -17 ESO Outubro/2001 46 03 1,52 07 15 m251,17 13 -12,53 34 -11 ESO 07 09 3560 1,52 27 26 - m 09242,66 9200 Outubro/2001 3560 -16 -5,90 ESO - 12 1,52 07 9200 02 m246,56 29 -02 Outubro/2001 48 +4,92 04 ESO 39 +08 1,52 17 3560 m223,25 21 07 Outubro/2001 - +5,87 45 9200 ESO 55 1,52 08 3560 m280,22 -44 08 +26,32 Outubro/2001 ESO - 54 19 1,52 9200 42 LNA m 1,60 08 3560285,15 m 21 Outubro/2001 - 13 -36 9200 -9,61 08 29 43 Outubro/2001 53 3560 13 -23 ESO Maio/2001 - 37 1,52 9200 -1,98 04 m 3560 -26 09 - 19 11 9200 LNA 59 16 +03 3560 1,60 Outubro/2001 23 - m 55 10 9200 ESO 22 1,52 53 m 4279 Maio/2001 ESO - -62 1,52 4720 LNA 3560 19 m 1,60 - Abril/2001 01 m 9200 -59 37 Abril/2001 28 Maio/2001 LNA 1,60 m 4279 - 4720 LNA 3560 1,60 - m Maio/2001 9200 3560 - 4279 Maio/2003 9200 - 4720 4279 - 4720 3939 - 5060 HD 100889 HD 104582 HD 105435 HD 105521 HD 105937 HD 106309 HD 106793 HD 110432 HD 110699 HD 112078 HD 112091 HD 112107 HD 112512 HD 113120 HD 118094 HD 119423 HD 119682 HD 120324 Objeto HD 50209 HD 50696 HD 50737 HD 50850 HD 51309 HD 52159 HD 52244 HD 55606 HD 58715 HD 59868 HD 63150 HD 67698 HD 70461 HD 74280 HD 79447 HD 90177 HD 100546 3.1. Dados: origens, caracter´ısticas e redu¸c˜ao 34 ˚ A) ´ Epoca Cobertura ( ao. c˜ opio (J2000) Telesc´ δ (J2000) Tabela 3.2: Continua¸ α (o) b (o) 6,28 23,59 16 37 9 -10 34 1 ESO 1,52 m Abril/2000 3560 - 9200 313,84305,94 14,42316,38 -20,53 13 53317,93 57 4,86 14 24 22315,59 7,71 -47331,15 7 14 41 27 -82 1,49 56 50 53318,93 14 34,91 30 32 LNA 1,60 -55322,77 ESO 14 m 28 1,52 31 10 9,25 m 45 14 -52 30353,72 15 40 Maio/2001 16,67 20 ESO Julho/2002 1,52 -58317,22 14 m 53 51,97 32 22 37 -22 ESO 14 27 1,52 35320,76 39 m 30 Agosto/2001 -0,77 ESO 14 1,52 -50 45324,10 m 4279 27 30 ESO Agosto/2001 - 25 6,43 3560 1,52 4720 - m -42 14 9200 317,37 9 50 28 11,94 Agosto/2001 50 LNA 3560 1,60 - Abril/2001316,69 0 14 m 9200 43 -4,06 50 2 41 ESO 3560 -60 14 1,52 - 17 53325,46 m 9200 10 22 Maio/2001 -6,96 3560 - -52324,57 15 9200 15 LNA 4 Abril/2000 ESO 52 7,89 1,60 56 -45 1,52 m 3560 51 15 m326,86 - 20 13 9200 12 6,09 ESO Maio/2001 1,52324,60 Abril/2000 15 m 4279 -63 ESO 11 - 8,05 7 1,52 56 4720 52 m -65313,85 58 3560 15 Agosto/2001 9 - 2,47 13 9200 2 Abril/2001 -48329,81 ESO 15 -14,01 44 1,52 18 16 m 32 ESO 4279 3560 1,52 -327,41 15 - m 4720 25 9200 9,40 -50 15 55 LNA 3560 44 31 Abril/2000 1,60 - 6 -47 30325,82 m 9200 52 -1,11 Agosto/2001 30 3560 -53332,29 - 15 46 Julho/2003 9200 ESO -3,21 28 -73 15 1,52 17 23 LNA m 22 1,60341,31 15 m 56 2,91 5 LNA 3560 3560 1,60 - - Abril/2001333,23 15 LNA m 9200 9200 Julho/2003 57 13,00 1,60 -45 7 m 8 5330,81 3939 Maio/2001 - -54 16 3,74 5060 57 Julho/2003 3 9 9 16327,66 -57 2 34 ESO -0,12 38 48 1,52 m 3560 3939 ESO - - 1,52 -5,69 9200 16 5060 m -48 4 ESO 43 2 -35 1,52 Abril/2001355,60 16 21 4279 15 m 8 - 3939 11 55 4720 - Abril/2001 16 5060 338,13 19 14,83 ESO 55 Agosto/2001 1,52 ESO -47 m 1,52 28338,61 -51 m 33 57 -0,54 43 16 3560 -58 40 Agosto/2001339,90 - 10 17 Abril/2001 ESO -0,31 9200 1 1,52 3560 ESO 3560 m 16 - 1,52 -343,65 42 9200 m 9200 -0,21 16 -23 ESO 53 1,52 Agosto/2001336,78 16 45 m 43 3560 Agosto/2001 1,62 7 - 9200 16 -47340,64 47 0 3560 ESO -4,64 30 56 - Agosto/2001 1,52 9200 m -46 16 30 -2,18 52 3560 23 59 - -45 ESO 3560 9200 Abril/2000 27 1,52 - 16 37 m 9200 56 8 ESO 3560 16 -41 1,52 - 58 24 m 9200 56 ESO Agosto/2001 27 1,52 m -50 40 Agosto/2001 29 ESO 3560 1,52 -46 - Agosto/2001 m 7 9200 44 ESO 3560 1,52 - m 9200 Setembro/2001 ESO 3560 1,52 - m 9200 3560 Agosto/2001 - 9200 3560 - 9200 Agosto/2001 3560 - 9200 3560 - 9200 HD 124639 HD 126527 HD 126986 HD 127112 HD 127208 HD 127381 HD 127972 HD 129956 HD 130437 HD 130534 HD 131168 HD 132947 HD 134401 HD 134481 HD 134671 HD 135734 HD 136968 HD 137387 HD 137518 HD 142237 HD 142349 HD 143545 HD 143578 HD 143700 HD 144555 HD 146531 HD 149757 HD 150288 HD 150422 HD 151113 HD 152060 HD 152478 HD 152979 Objeto HD 120991 HD 150193 3.1. Dados: origens, caracter´ısticas e redu¸c˜ao 35 ˚ A) ´ Epoca Cobertura ( ao. c˜ opio (J2000) Telesc´ δ (J2000) Tabela 3.2: Continua¸ α (o) b (o) 6,066,05 -1,206,11 -1,336,12 18 3 -1,36 56 18 4 -1,48 257,95 18 -24 4 18 41 45 18 -24 5 -6,73 23 10 8 LNA 1,60 -24 m 20 54 18 -24 ESO 29 23 1,52 21 Junho/2003 54 m LNA 1,60 m -25 ESO Julho/2002 15 1,52 23 m Junho/2003 3939 - ESO 5060 Outubro/2001 1,52 m 3560 - 3939 9200 Agosto/2001 - 3560 5060 - 9200 3560 - 9200 30,99 13,37 18 0 1514,51 4 22 7 1,3813,67 LNA 1,6018,49 m 18 -4,58 11 5035,73 Julho/2003 -2,3411,40 18 -15 32 40 16 47 6,51 18 33 -7,78 8 ESO25,95 1,52 -19 3939 18 m 13 - 33 1 5060 1722,64 18 -13 40 Setembro/2002 54 -3,49 11 43 ESO 1,52 m 5 -5,46 26 -22 ESO 4362,12 3560 39 1,52 18 - 49 m 51 9200 Agosto/2001 941,15 18 52 ESO 16 ESO Setembro/2002 4,57 1,52 1,52 m70,58 m -7 -7,62 47 55 -11 356037,68 Julho/2002 37 - 3560 Agosto/2001 19 57 9200 - 30 7,89 9200 4531,94 19 ESO 33 -30,10 1,52 36 LNA m 1,6015,64 m 27 19 -44,99 57 35 3560 20 54 48 - 3560 47 Julho/200278,79 9200 - 40 Maio/2001 3 9200 -52,59 45 40 21 37 LNA 04 36 1,60 -49,61 56 m 21 -9 40 59 29 ESO 55 44 1,52 -19 m Julho/2003 3560 27 23 - 57 LNA 3 4279 9200 1,60 52 - m -31 LNA 4720 31 1,60 Julho/2002 32 m LNA 1,60 Julho/2003 m Maio/2001 3 LNA 3939 49 1,60 - 12 m Julho/2003 5060 3560 Maio/2001 - 9200 LNA 1,60 3939 m - 5060 4279 - 4720 3939 Julho/2003 - 5060 4279 - 4720 3939 - 5060 343,04339,57 -0,52353,32 -4,54 16353,77 59 56 3,33349,05 17 2,93 6 7 -43 13340,76 17 14 -0,98 15 33345,28 17 -8,83 18 ESO 20 -48 1,52 25 17 m -32356,59 7 20 41 -7,10 50 23 17 -32356,14 Abril/2001 31 33 -0,69 50 ESO 11 ESO 1,52 17 1,52 -38 m 37 m 39 -3,14 13 8 ESO -49 1,52 52 17 m Agosto/2001 34 40 Abril/2001 1 ESO 17 -45 3560 1,52 48 9 - m Abril/2001 51 26 ESO 9200 1,52 m -32 Julho/2002 3560 12 - 3 -33 ESO 9200 51 1,52 Abril/2000 3560 45 m - 9200 ESO 3560 1,52 LNA - Agosto/2001 m 1,60 9200 m 3560 - 9200 Abril/2001 3560 Maio/2001 - 9200 3560 - 9200 3560 - 4279 9200 - 4720 333,61 -23,87 18 52 13355,25 -21,80 -62 11 15 19 13 44 LNA 1,60 m -42 24 Julho/2003 48 ESO 1,52 m 3939 - Abril/2001 5060 311,30359,46 -50,71359,89 -1,08 23 3560 59 - 54344,99 9200 -1,75 17335,40 48 35 -65 1,63 34 37 17 52 -1,30 13 -29 57 LNA 16 28 1,60 57 m 23 -29 16 55 34 52 43 ESO 1,52 Julho/2003 m -40 21 ESO 39 1,52 m -49 Abril/2001 33 9 ESO 1,52 Abril/2001 m 3939 - ESO 5060 1,52 m Agosto/2001 3560 - 9200 Setembro/2002 3560 - 9200 3560 - 3560 9200 - 9200 HD 154154 HD 155851 HD 156325 HD 156702 HD 158427 HD 159489 HD 160202 HD 161774 HD 164284 HD 174513 HD 183914 HD 316341 HD 316587 HD 322422 HD 330950 Objeto HD 153199 HD 164906 HD 164947 HD 165052 HD 166566 HD 170835 HD 164816 HD 170235 HD 171054 HD 171219 HD 172256 HD 173948 HD 174705 HD 179253 HD 184279 HD 185037 HD 198001 HD 205637 HD 208886 HD 217891 HD 224686 Cap´ıtulo 4

An´alise sismol´ogica e circunstelar

4.1 HD 127972

A estrela Be HD 127972 (η Cen, HR 5440, SAO 225044, MWC 232) ´e uma estrela Be-shell brilhante e quente da associa¸c˜ao Scorpio-Centaurus, tendo apresentado nas ultimas´ d´ecadas uma variabilidade fotom´etrica da ordem de 0,1 mag (Jaschek et al. 1964; Feinstein & Marraco 1979; Steflˇ et al. 1994). Essa variabilidade ´e possivelmente causada pela presen¸ca de um envelope circunstelar vari´avel, o que explicaria tamb´em as diferentes classifica¸c˜oes espectrais efetuadas (de B1V a B3III segundo Steflˇ et al. 1994). Esse objeto ´e classificado como uma estrela vari´avel de tipo ζ Oph, cujos membros s˜ao caracterizados como estrelas pulsantes de rota¸c˜ao r´apida, apresentando Vsini ∼ 310 km s−1. Assim como as vari´aveis de tipo 53 Persei, as vari´aveis de tipo ζ Oph localizam-se pr´oximasas ` vari´aveis β Cephei no diagrama HR.

4.1.1 Varia¸c˜oes dos perfis de linha observadas

Conforme foi visto no cap´ıtulo 3, HD 127972 foi observada espectroscopicamente no Observat´orio do Pico dos Dias (MCT/LNA) em quatro ´epocas, 1996, 1997, 1998 e 2000 (Figura 4.1) e no ESO (La Silla - Chile) em duas (2000 e 2001). O conjunto de espectros observados no MCT/LNA concerne a espectros de alta resolu¸c˜ao (R ∼ 40000) ealtarela¸c˜ao sinal/ru´ıdo (S/R ∼ 250) centrados em He iλ6678 A,˚ enquanto que os observados no ESO (La Silla) compreendem uma larga faixa espectral (3560 - 9200 A)˚ com R ∼ 48000 e S/R ∼ 300. Os perfis de He iλ6678 A˚ usados nas an´alises temporais 36 4.1. HD 127972 37

Figura 4.1: Amostragem de espectros observados no MCT/LNA, centrados em He i λ 6678 A.˚ foram apenas aqueles observados no MCT/LNA, uma vez que os do ESO apresentaram problemas relacionados a colunas defeituosas do CCD nessa regi˜ao do espectro. No caso de outras regi˜oes espectrais, utilizamos apenas as observa¸c˜oes do ESO uma vez que n˜ao foram observadas no MCT/LNA. Em rela¸c˜aoas ` an´alises temporais de He iλ6678 A,˚ os espectros foram agrupados em quatro conjuntos, 1996, 1997/1998, 2000 e 1996/2000. Para cada conjunto foram criadas 141 s´eries temporais, de 6664,9 A˚ a 6688,9 A˚ com passo de 0,1 A.˚ Todas as s´eries foram analisadas com passos em freq¨uˆencia de 0,2 a 0,0006 c/d, dependendo da resolu¸c˜ao em freq¨uˆencia do conjunto analisado. Todos os conjuntos foram analisados utilizando-se o algoritmo Cleanest (Foster 1995) e as freq¨uˆencias devidas a varia¸c˜oes nos perfis de linha (vpl) com significˆancias maiores que 75% s˜ao mostradas na Tabela (4.1), juntamente com os resultados de s´eries temporais constru´ıdos para outros com- primentos de onda de He i,Feii,Mgii eSiii (obtidos no ESO). A Figura (4.2) mostra um periodograma com as principais freq¨uˆencias de vpl detectadas em He iλ6678 Ano˚ conjunto 1997/1998, as quais constam da Tabela (4.1). Conforme mostrado na Tabela (4.1), os sinais de maior n´ıvel de significˆancia s˜ao

0, 61 ± 0, 05 (ν1), 1, 48 ± 0, 05 (ν2), 3, 81 ± 0, 28 (ν3)e5, 31 ± 0, 19 (ν4). Como as amplitudes desses sinais s˜ao altas, ´eposs´ıvel colocar os espectros em fase com essas 4.1. HD 127972 38

Figura 4.2: Periodograma da linha de He iλ6678 A˚ de HD 127972, obtido a partir de espectros observados no MCT/LNA no per´ıodo 1997/1998.

Figura 4.3: Espectros dinˆamicos da linha de He iλ6678 A,˚ obtido a partir dos res´ıduos de todos os 652 espectros observados no MCT/LNA. (Esquerda) Diagrama em fase com o sinal de 1,48 c/d. (Centro) Diagrama em fase com o sinal de 3,8 c/d. (Direita) Diagrama em fase com o sinal de 5,3 c/d. 4.1. HD 127972 39

Tabela 4.1: Resultados das an´alises de vpl em todos os perfis de linha de HD 127972. Perfil de linha Epoca´ Freq¨uˆencias detectadas (c/d)

ν1 ν2 ν3 ν4

Fe ii 5169 A˚ Abril 2000/2001 0,61 1,51 5,33 He i 4026 A”˚ 0,62 1,30 1,48 He i 4121 A”˚ 1,49 He i 4144 A”˚ 0,58 1,47 1,78 He i 4388 A”˚ 1,28 3,52 He i 4471 A”˚ 0,61 1,48 1,79 He i 4922 A”˚ 0,57 1,50 1,82 3,51 Mg ii 4481 A”˚ 0,63 1,71 Si ii 4131 A”˚ 0,62 1,29 1,50 1,70 3,81 He i 6678 A˚ Maio 2000 0,58 1,47 1,71 3,52 5,31 He i 6678 A˚ Maio 1997/Junho 1998 0,61 1,48 3,81 5,31 He i 6678 A˚ Maio/Junho 1996 0,61 1,48 3,81 5,31 He i 6678 A˚ 1996 a 2000 0,61 1,48 3,81 5,31

freq¨uˆencias (Figura 4.3). As altas freq¨uˆencias, 9, 24 ± 0, 19 (ν5)e10, 35 ± 0, 13 (ν6), foram detectadas somente em He i 6678 A˚ no conjunto 1997/1998. Os sinais de 1,48, 1,78 e 5,31 c/d foram detectados em trabalhos anteriores sobre esse objeto na linha de He i 6678 A˚ (Leister et al. 1994; Janot-Pacheco et al. 1999), bem como um sinal de 4,52 c/d, encontrado apenas em He i 4471 A.˚ Como esse sinal pode ser um alias de 3,52 c/d, n˜ao o inclu´ımos na Tabela (4.1). Al´em da ocorrˆencia de vpl, as estrelas Be em geral s˜ao caracterizadas por exibirem outros tipos de variabilidades. Podemos agrup´a-las em dois grupos importantes, as de cunho espectrosc´opico, como varia¸c˜oes em larguras equivalentes, em velocidades radiais (isto ´e, varia¸c˜oes na posi¸c˜ao do centr´oide da linha), varia¸c˜oes na largura a meia altura (FWHM)evaria¸c˜oes na raz˜ao V/R (raz˜ao entre as intensidades da asa azul e vermelha da linha), e as de cunho fotom´etrico. De modo a cotejar as freq¨uˆencias detectadas nas vpl com outros tipos de variabilidades, realizamos um estudo das s´eries temporais de dados fotom´etricos obtidos com o sat´elite Hipparcos (ESA 1997) e dados de larguras a meia altura, larguras equivalentes, velocidades radiais e raz˜oes V/R e obtivemos sinais pr´oximos aos encontrados nas an´alises de vpl (Figuras 4.4, 4.5 e Tabela 4.2). 4.1. HD 127972 40

Figura 4.4: Varia¸c˜oes em velocidade radial, largura equivalente e largura a meia altura das linhas de He iλ6678 A˚ de HD 127972, obtidos a partir de espectros observados no MCT/LNA no per´ıodo de 1996 a 2000.

Figura 4.5: Curva de luz de HD 127972 constru´ıda a partir de dados de fotometria obtidos com o sat´elite Hipparcos no per´ıodo de 1990 a 1992, em fase com a principal freq¨uˆencia detectada em an´alises fotom´etricas e espectrosc´opicas (1,5 c/d). 4.1. HD 127972 41

Tabela 4.2: Sinais detectados em fotometria e espectroscopia (em c/d). vpl EW RV FWHM V/R Fotometria

0,6 0,5 0,6 0,7 0,5 1,5 1,6 1,6 1,5 1,5 3,8 3,6 5,3 5,0 9,2 10,3

Em princ´ıpio, as vpl associadas com modos de pulsa¸c˜ao na superf´ıcie estelar devem ocorrer no interior dos perfis de linha, assumindo-se a existˆencia de um mapeamento Doppler de car´ater biun´ıvoco entre os comprimentos de onda do perfil de linha e a superf´ıcie da estrela (Vogt & Penrod 1983). Assim, de modo a caracterizar a natureza das vpl detectadas (se est˜ao relacionadas a processos fotosf´ericos ou circunstelares) estudamos a ocorrˆencia destes nas regi˜oes do cont´ınuo adjacentesa ` linha de He i λ6678 A˚ (Figura 4.6), e verificamos que o sinal de 0,6 c/d ´e o que ocorre com maior amplitude na regi˜ao do cont´ınuo, enquanto que o sinal de 1,5 c/d ocorre nas regi˜oes das asas da linha. Uma vez conhecidas as freq¨uˆencias das vpl, ´e importante determinar os parˆametros fundamentais de temperatura e gravidade desse objeto, necess´arios para efetuar uma estimativa do raio da estrela e sua freq¨uˆencia de rota¸c˜ao. Essa an´alise permite di- ferenciar periodicidades associadas com a rota¸c˜ao estelar daquelas relacionadas com as PNR. Escolhemos determinar os parˆametros de temperatura e luminosidade a par- tir do m´etodo espectrofotom´etrico BCD (Chalonge & Divan 1952), o qual ´ebaseado na an´alise da posi¸c˜ao (λ1)edosalto(D∗) da descontinuidade de Balmer. Por sua natureza, esse m´etodo possui a vantagem de fornecer estimativas livres de extin¸c˜ao in- terestelar e emiss˜oes/absor¸c˜oes devidas ao meio circunstelar. Nessa an´alise utilizamos 12 espectros de baixa resolu¸c˜ao observados no ESO (La Silla, Chile) em Maio/1978 com o “espectr´ografo Chalonge” (Baillet et al. 1973). Os resultados dessa an´alise podem ser vistos na Tabela (4.3). Atrav´es da an´alise BCD, a freq¨uˆencia de rota¸c˜ao foi estimada entre 1,12 c/d e 1,24 4.1. HD 127972 42

Figura 4.6: Periodogramas (esquerda) e diagramas de n´ıveis de significˆancia (direita) para as ´epocas de 1996, 1997/1998 e 2000, relativos ao cont´ınuo adjacentea ` linha He i λ6678 A.˚ As regi˜oes azul e vermelha foram sobrepostas em umaunica ´ escala positiva de velocidades.

Tabela 4.3: Parˆametros fundamentais de HD 127972.

λ1 = 51,4±1,5 A˚

D∗ = 0,159±0,017 dex

Teff (λ1,D∗) = 20455±946 K

log g(λ1,D∗) = 3,80±0,07 dex

log L(λ1,D∗)/L = 3,753±0,155 dex

R(λ1,D∗)/R =6,00±0,61 4.1. HD 127972 43 c/d, dependendo dos valores de velocidade de rota¸c˜ao poss´ıveis (Levenhagen et al. 2003, ver adendo). Dessa forma, ´emaisprov´avel que a freq¨uˆencia de 0,61 c/d determinada nas vpl seja relacionada com o envelope circunstelar do que com um modo de PNR, enquantoqueosinalem1,48c/d,muitoacimadotetode1,24c/d,deveserdevidoa um modo de PNR. Assim, as freq¨uˆencias ν2 a ν6, encontradas nas an´alises de vpl, s˜ao aqui atribu´ıdas a modos de pulsa¸c˜oes n˜ao radiais (PNR). Um modo de estimar os parˆametros pulsacionais  (grau) e |m| (ordem) dos sinais de vpl detectados consiste em utilizar a formula¸c˜ao proposta por Telting & Schrijvers (1997a,b), a qual ´e baseada nas varia¸c˜oes de fase do sinal ao longo do perfil de linha, bem como de seu primeiro harmˆonico. Esse m´etodo ´e baseado em um estudo estat´ıstico, realizado com modelos de modos esferoidais, das rela¸c˜oes entre  e a diferen¸ca de fase da freq¨uˆencia principal (∆Ψ0) e entre |m| e a diferen¸ca de fase de seu primeiro harmˆonico

(∆Ψ1). De modo geral, esses parˆametros relacionam-se por  ≈ 0, 10 + 1, 09|∆Ψ0|/π e |m|≈−1, 33 + 0, 54|∆Ψ1|/π,demodoque´eposs´ıvel realizar-se estimativas com incertezas em  da ordem de ±1eem|m| de ±2 (Telting & Schrijvers 1997a,b). A partir dos diagramas de amplitude e fase dos sinais de vpl (Figura 4.7), obtivemos os valores de  e |m| conforme mostra a Tabela (4.4). A maioria dos sinais apresentados n˜ao possui estimativas da ordem azimutal (|m|)poisn˜ao foram detectados primeiros harmˆonicos, sendo que apenas em um dos casos (5,3 - 10,3 c/d) foi poss´ıvel obter |m|.

Tabela 4.4: Resultados dos parˆametros  e |m|. Freq¨uˆencias c/d  (±1) |m| (± 2)

ν2 1,5 3

ν3 3,8 5

ν4; ν6 5,3; 10,3 5 4

ν5 9,2 7 4.1. HD 127972 44

Figura 4.7: Diagramas de amplitude e fase para os sinais detectados nas vpl. (Painel superior esquerdo) Diagrama para o sinal de 9,2 c/d; (Painel superior direito) Diagrama para os sinais de 5,3 e 10,3 c/d; (Painel inferior esquerdo) Diagrama para o sinal de 1,5 c/d; (Diagrama inferior esquerdo) Diagrama para o sinal de 3,8 c/d. 4.2. HD 10144 45 4.2 HD 10144

A estrela HD 10144 (Achernar, α Eri, HR 472), pertencentea ` constela¸c˜ao de Eridanus, ´e a Be mais brilhante do c´eu. Sua natureza Be foi estabelecida por Andrews & Breger (1966). Classificada como uma vari´avel de tipo ζ Oph, cujos membros caracterizam- se como pulsadores de rota¸c˜ao r´apida, ela exibe variabilidade em escalas de tempo da ordem de alguns anos (Dachs et al. 1977). Perfis de linha assim´etricos no ultra- violeta, indicando forte perda de massa, foram detectados em outubro de 1972 com osat´elite Copernicus (Snow & Marlborough 1976). O tipo espectral desse objeto ´e controverso; Hiltner et al. (1969) indicam se tratar de uma B3IV, Slettebak (1982) uma B4V e Balona et al. (1987) uma B3-B4III. Esse fato ilustra a dificuldade em se determinar as caracter´ısticas da fotosfera desses objetos. Balona et al. (1987) apresen- taram um vasto estudo sobre HD 10144, baseado em extensas observa¸c˜oes fotom´etricas e espectrosc´opicas. Encontraram uma periodicidade de 1,26 c/d, tanto em velocidade radial quanto em varia¸c˜oes fotom´etricas. Recentemente, HD 10144 foi ainda alvo de observa¸c˜oes interferom´etricas com o VLT-VINCI (Domiciano de Souza et al. 2003), os quais determinaram com precis˜ao in´edita um achatamento extremamente elevado para esse objeto, aparentemente mais alto do que o esperado pelo modelo de Roche, o que sujeita a estrela a fortes efeitos de obscurecimento gravitacional.

4.2.1 Varia¸c˜oes observadas dos perfis de linha

A` semelhan¸ca do trabalho realizado com HD 127972, HD 10144 foi observada tanto no MCT/LNA como no ESO (La Silla - Chile). Conforme o exposto na Tabela (3.1), HD 10144 foi observada no MCT/LNA em Novembro/1997, Novembro/Dezembro/1998, e Outubro/2000 com alta resolu¸c˜ao e alta rela¸c˜ao sinal/ru´ıdo, e no ESO (La Silla) em Outubro/1999, perfazendo um total de 376 espectros centrados em He iλ 6678 Ae˚ 123 espectros com cobertura de 3560 a 9200A.˚ Neste trabalho, estudamos as varia¸c˜oes nos perfis de linha de curto per´ıodo em quatro linhas de He i: λλ 4388, 4471, 4922 e 6678A,˚ al´em do Mg ii λ4481 A.˚ As an´alises temporais foram realizadas com o algoritmo Cleanest (Foster 1995) em v´arios conjuntos de dados, trˆes deles correspondentes ao per´ıodo 1997/1998/2000, onde os conjuntos de 1997 e 1998 concernem a perfis de He iλ 4.2. HD 10144 46

6678 A,˚ enquanto quatro conjuntos de 1999 concernemaslinhasdeHe ` iλλ 4388, 4471, 4922 AeMg˚ iiλ 4481 A.˚ As freq¨uˆencias detectadas nos conjuntos s˜ao sumarizadas na Tabela (4.5).

Tabela 4.5: Freq¨uˆencias detectadas com valores de significˆancia maiores que 70% para todos as ´epocas e linhas. Um asterisco marca os sinais que s˜ao interpretados como aliases. Freq¨uˆencia (c/d) Significˆancia

0,49 ± 0,04 92 % 0,76 ± 0,09 97 % 1,27 ± 0,12 90 % 1,72 ± 0,15 80 % 2,32* ± 0,10 72 % 3,30* ± 0,20 72 %

Tabela 4.6: Parˆametros fundamentais de HD 10144.

λ1 = 39,2±1,3 A˚

D∗ = 0,235±0,015 dex

Teff (λ1,D∗) = 14960±346 K

log g(λ1,D∗) = 3,26±0,05 dex

log L(λ1,D∗)/L = 3,490±0,110 dex

R(λ1,D∗)/R =8,3±0,60

Dentre os sinais apresentados na Tabela (4.5) e Figura (4.8), apenas os sinais de 0,76, 1,27 e 1,72 c/d s˜ao interpretados em termos de PNR. A partir das an´alises com espectrofotometria BCD, a freq¨uˆencia de rota¸c˜ao estelar ´e de 0,64 c/d (Tabela 4.6). Dessa forma, o sinal de 0,49 c/d est´a possivelmente relacionado ao meio circunstelar, tendo sido detectado durante um per´ıodo no qual foi observada uma ligeira emiss˜ao nasasasdosperfisdeHeiλ 6678 A.˚ As freq¨uˆencias de 2,32 e 3,30 c/d s˜ao possivel- mente aliases do sinal de 1,27 c/d. Aplicando-se a formula¸c˜ao de Telting & Schrijvers (1997a,b), obtivemos apenas o parˆametro pulsacional  para cada um dos sinais de vpl 4.3. Modelagem de perfis de Balmer em emiss˜ao 47

Figura 4.8: (Esquerda) Periodograma dos resultados de todas as s´eries temporais de espectros de 1997 at´e 1999, onde ao lado se encontra um diagrama com os n´ıveis de significˆancia. (Direita) Periodograma com os resultados das s´eries temporais de espec- tros centrados em He iλ 6678 A˚ obtidos durante a campanha de 1997 no MCT/LNA, onde o respectivo perfil de linha m´edio ´e mostrado no painel inferior. desse objeto uma vez que n˜ao foram detectados harmˆonicos, conforme mostra a Figura (4.9) e a Tabela (4.7).

4.3 Modelagem de perfis de Balmer em emiss˜ao

Como foi mostrado por Dyson & Hartquist (1992), a intera¸c˜ao entre as eje¸c˜oes discretas de mat´eria e um vento estelar cont´ınuo podem ser capazes de formar estruturas cir-

Figura 4.9: Diagramas de amplitude e fase para os sinais de 0,76 (esquerda), 1,27 (centro) e 1,72 c/d (direita). 4.3. Modelagem de perfis de Balmer em emiss˜ao 48

Tabela 4.7: Parˆametro pulsacional  para as freq¨uˆencias de vpl. Freq¨uˆencia  (c/d)

0,76 3 – 4 1,27 2 – 3 1,72 3 – 4 cunstelares possuindo trˆes regi˜oes que se distinguem por suas caracter´ısticas dinˆamicas (Figura 4.10). A primeira delas correspondeas ` regi˜oes pr´oximasa ` estrela, onde o meio, caracterizado por suas baixas densidades, ´e dominado por um vento estelar acel- erado. Um pouco mais afastado da estrela, h´a uma segunda zona que comporta frentes de choque e cujo movimento ´e dominado pela quantidade de momentum cedido pelo ventoaregi˜ ` ao circunstelar resultante das intera¸c˜oes entre o vento e a mat´eria acu- mulada no exterior. Essa regi˜ao caracteriza-se por ser desacelerada, onde a densidade cresce com o raioa ` quarta potˆencia. O bordo externo dessa zona ´e determinado pelo limite onde a velocidade de expans˜ao (vexpans˜ao) se igualaavelocidadet´ ` ermica local

(vt´ermico). A partir deste bordo, afastando-se no sentido do meio interestelar, o movi- mento do g´as ´e dominado por efeitos de press˜ao, o que produz uma acelera¸c˜ao do g´as e um decr´escimo exponencial da densidade do meio (ρ(R)) com o quadrado do n´umero de Mach M (onde M = vexpans˜ao/vt´ermico) com a forma:

− 1 M 2 ρ(R) ∝ e 2 (4.1)

Como a segunda regi˜ao ´e a que apresenta maior densidade, ent˜ao ela deve contribuir de maneira mais eficaz na produ¸c˜ao das emiss˜oes espectrosc´opicas observadas, de tal modo que, para fins de an´alise num´erica, podemos imaginar o envelope como reduzido a um toro gasoso com altura H e delimitado por um raio interno Ri e outro externo

Re. Consideremos um sistema de referˆencia (x, y, z)noqualoplanodoc´eu coincide com o plano (x, y)eoeixoz ´e dirigido na dire¸c˜ao do observador. Seja P um ponto situado sobre o c´ırculo de raio R cujo raio-vetor forma umangulo ˆ θ com o eixo z e 4.3. Modelagem de perfis de Balmer em emiss˜ao 49

Figura 4.10: Estrutura do envelope circunstelar de uma estrela Be. consideremos µ =cosθ. Desejamos calcular a profundidadeoptica ´ do anel para um feixedeluzquepassaporP ,nadire¸c˜ao do observador. Uma trajet´oria dz do feixe no anel corresponde a uma dire¸c˜ao radial dR = dzµ.Seαλ ´e o coeficiente de absor¸c˜ao monocrom´atico e N ´eon´umero deatomos ´ absorvedores por unidade de volume, a profundidadeoptica ´ na dire¸c˜ao z ´e dada por:

z(R ) R e e dR τλ = αλN(z)dz = αλN(z) (4.2) z(Ri) Ri µ Como a profundidadeoptica ´ ´e uma quantidade integrada na dire¸c˜ao radial dividida por µ, podemos substituir a zona toroidal por um anel equivalente com a mesma profundidadeoptica ´ que o meio original. Assim, o anel possui uma altura H como o toro de origem, por´em sua espessura ´e desprez´ıvel em rela¸c˜ao ao raio. Uma vez reduzido o envelope toroidal a uma forma de anel equivalente fino, devemos ter uma id´eia do valor de seu raio. Para isso, consideraremos que a massa M do anel seja a mesmadotoroinicial.SeR ´eoraiodoanel,ent˜ao:

Re M =2πR2Hσ =4πH N(R)RdR (4.3) Ri 4.3. Modelagem de perfis de Balmer em emiss˜ao 50 onde σ ´e a densidade superficial do anel. Para simplificar o problema, vamos supor que a densidade do envelope original N(R) possui apenas dependˆencia radial dada por:

β R0 N(R)=N0 (4.4) R onde R0 ´eumraiodereferˆencia e β uma constante. Al´em disso, por defini¸c˜ao:

Re σ = N(R)dR (4.5) Ri que correspondea ` densidade de coluna relativa ao caminhooptico ´ do feixe de luz analisado, onde a profundidadeoptica ´ do anel e do meio original s˜ao as mesmas. A partir da equa¸c˜ao (4.3) temos:    β−2 R 1 − i R 1 − β  Re  =   β−1  (4.6) R∗ 2 − β R 1 − i Re onde assumimos que a distribui¸c˜ao de densidade radial no disco ´e dada por uma lei −β de potˆencias da forma ρ(r) ∼ r de modo que o disco com raio externo Re produz um anel equivalente de raio R dado pela equa¸c˜ao (4.6) acima. Uma vez que todas as caracter´ısticas da distribui¸c˜ao de densidades do envelope circunstelar est˜ao vincu- ladasaoajustedoparˆametro de profundidadeoptica ´ τ0,n˜ao necessitamos em princ´ıpio especificar os valores de β. Arepresenta¸c˜ao do campo de radia¸c˜ao emergente do sistema estrela-anel ´ebaseada na solu¸c˜ao integrada da equa¸c˜ao de transporte radiativo em cada ponto do sistema projetado sobre o plano de fundo do c´eu:

τλ(x,y) 0 − τλ(x,y) − tλ(x,y) tλ(x, y) Iλ(x, y)=Iλ(x, y)e µ + Sλ(x, y)e µ d (4.7) 0 µ 0 onde Iλ ´e a contribui¸c˜ao da estrela central para o campo de radia¸c˜ao, e o fluxo ser´a dado por:

F (x, y)= Iλ(x, y)dxdy (4.8) S onde S ´e a superf´ıcie do sistema projetada sobre o plano de fundo do c´eu. Para resolver aequa¸c˜ao (4.7), consideramos uma aproxima¸c˜ao onde o campo de radia¸c˜ao total ´e 4.3. Modelagem de perfis de Balmer em emiss˜ao 51

Figura 4.11: Esquematiza¸c˜ao do modelo de envelope circunstelar para estrelas Be em rota¸c˜ao e expans˜ao (com velocidades VΩ e Vr respectivamente) adotado neste trabalho. As zonas (1) e (2) representam a parte frontal do anel, em rela¸c˜ao ao observador, enquanto (3) e (4) s˜ao as regi˜oes traseiras. composto da sobreposi¸c˜ao da contribui¸c˜ao de diferentes setores do disco, conforme ilustra a figura (4.11). Aproximando as partes traseira e frontal do envelope por placas paralelas, onde (a) representa a parte traseira e (b) a parte frontal, em rela¸c˜ao a um observador, se a´area de cada uma das placas, s∗ a´area projetada da estrela sobre uma placa (Figura 4.12), e considerando ainda Sλ = S0 = constante nessas placas paralelas (pois consideramos um anel fino de raio R), ent˜ao a solu¸c˜ao da equa¸c˜ao (4.7) ser´a:

  −τ −τ −τ −τ F = I0s∗e + Sse 1 − e + S (se − s∗) 1 − e e (4.9)

Para a faixa de temperaturas efetivas caracter´ısticas das estrelas B, a fun¸c˜ao fonte da linha de Hα, SHα, pode ser considerada dominada por processos de ioniza¸c˜ao e re- combina¸c˜ao radiativas (Thomas 1965, Jefferies 1968). Dessa forma, ´ev´alida a seguinte dependˆencia da fun¸c˜ao fonte com a profundidadeoptica ´ no anel:   1/2 ∗ η B para τ0 ≤ 1 SH (τ0)= (4.10) α  1/2 ∗ 1/2 η B τ0 para τ0 > 1

τ0 ´e a profundidadeoptica ´ no centro da linha de Hα. Para temperaturas eletrˆonicas < 13 −3 Tc ∼ 0, 8 Tef e densidades eletrˆonicas Nc ∼ 10 cm (t´ıpicas de estrelas B), as ex- press˜oes para η e B∗ tornam-se respectivamente: 4.3. Modelagem de perfis de Balmer em emiss˜ao 52

Figura 4.12: Esquematiza¸c˜ao do modelo de envelope circunstelar na aproxima¸c˜ao plano-paralela. As placas (a) e (b) representam respectivamente a parte traseira e frontal do anel, em rela¸c˜ao ao observador, enquanto se e s∗ representam respectiva- mente aarea ´ total da placa e aarea ´ projetada pela estrela na mesma.

  η  R3k/A32  −1 (4.11)  ∗ 2hν3 hν/kT R R  e 3k k2 − B 2 e 1 c R2k Rk3

Rnk e Rkn s˜ao respectivamente as taxas de ioniza¸c˜ao e recombina¸c˜ao do n´ıvel atˆomico n e A32 ´e a taxa de emiss˜ao espontˆanea. Assumindo que os efeitos de alargamento por press˜ao no perfil de linha s˜ao desprez´ıveis no envelope, a profundidadeoptica ´ monocrom´atica na linha de Hα pode ser escrita como:

τλ = τ0Φ(∆λ) (4.12) onde Φ pode ser uma fun¸c˜ao gaussiana ou uma fun¸c˜ao de Voigt. Por simplicidade, vamos supor Φ dada por um perfil de Gauss, de modo que:

 2 − ∆λ τλ = τ0e ∆λD (4.13)

Para levar em conta a influˆencia do campo de velocidades sobre o perfil de linha, devemos considerar a contribui¸c˜ao de cada um dosatomos ´ constituintes do envelope da estrela. Vamos supor que um dessesatomos ´ esteja localizado em uma parte do anel que produz um deslocamento Doppler em dire¸c˜ao ao vermelho, enquanto um 4.3. Modelagem de perfis de Balmer em emiss˜ao 53

Figura 4.13: Esquema em que se mostram os deslocamentos Doppler necess´arios para oc´alculo de perfis em emiss˜ao. A curva maior representa o perfil de linha observado, enquanto as gaussianas representam a intensidade de emiss˜ao/absor¸c˜ao de cadaatomo ´ individual. outro se encontra em uma zona que contribui para um deslocamento para o azul com rela¸c˜aoaradia¸ ` c˜ao do primeiroatomo. ´ Seja λ um comprimento de onda do perfil de linha observado e λ0 o comprimento de onda central da transi¸c˜ao de umatomo ´ sem efeitos Doppler macrosc´opicos. Assim, o comprimento de onda observado λ encontra- se deslocado de δλ com respeitoaabsor¸ ` c˜ao central doatomo, ´ a qual tamb´em est´a deslocada devido ao movimento do meio em rela¸c˜ao ao observador (Figura 4.13). Dessa forma, a intensidade da absor¸c˜ao (ou emiss˜ao) com a qual contribui oatomo ´ em λ ´e dada por Φ(δλ):

Φ(δλ)=Φ(λ − λ0 − ∆λ) (4.14) onde

Vr ∆λ = λ0 (4.15) c com Vr sendo a velocidade radial total macrosc´opica doatomo ´ em rela¸c˜ao ao obser- vador. Convertendo o argumento do perfil de Gauss na rela¸c˜ao (4.14) para velocidades, temos: 4.3. Modelagem de perfis de Balmer em emiss˜ao 54

  λ − λ0 − ∆λ λ − λ0 Vr λ0 V − Vr = − = (4.16) ∆λD λ0 c ∆λD VD onde V mede o deslocamento λ − λ0 no perfil observado em unidades de velocidade. Dessa forma, a express˜ao para a profundidadeoptica ´ pode ser reescrita:

 2 V −Vr τV = τ0e VD (4.17) onde Vr < 0 indica um deslocamento em dire¸c˜ao ao azul e Vr > 0emdire¸c˜ao ao vermelho. Adotando-se o esquema exposto na Figura (4.11), o campo de velocidades para cada uma das zonas do anel ´e dado por:   (1) 2 1/2  Vr = −Veµ − VΩ (1 − µ )   (2) 2 1/2 Vr = −Veµ + VΩ (1 − µ ) (4.18)  (3) 2 1/2  Vr =+Veµ + VΩ (1 − µ )   (4) 2 1/2 Vr =+Veµ − VΩ (1 − µ ) onde µ =cosθ ´e medido na dire¸c˜ao radial, na linha de visada, e os sinais variam de acordo com a posi¸c˜ao do quadrante em rela¸c˜ao ao observador. O perfil de linha em emiss˜ao ser´adadopor:

2   −τ φ(λ) SλRe −2τ φ(λ) 0 − 0 Ψ(λ)=φ(λ)e + 2 1 e (4.19) I0R∗ 4.3. Modelagem de perfis de Balmer em emiss˜ao 55

4.3.1 Modelagem para HD 127972 e HD 10144

A determina¸c˜ao dos parˆametros f´ısicos que caracterizam a estrutura do envelope cir- cunstelar em cada ´epoca observada s˜ao importantes no sentido de estimar os efeitos da atividade estelar nas mudan¸cas sofridas pelo envelope. Valendo-se do modelo simplifi- cado descrito anteriormente, os perfis de Hα de HD 127972 e HD 10144 foram ajustados atrav´es do m´etodo de m´ınimos quadrados, onde R, H, Vr, VΩ e τ0, respectivamente a extens˜ao do disco, a altura a partir do equador estelar, a velocidade de expans˜ao, a velocidade de rota¸c˜ao do disco e a profundidadeoptica ´ radial, s˜ao parˆametros livres.

As velocidades Vr e VΩ fornecem aproxima¸c˜oes poss´ıveis para a escala de velocidade no disco, mas n˜ao podem ser usadas para inferir a lei de velocidades. De modo geral, a velocidade radial Vr reproduz as assimetrias observadas nos perfis, VΩ determina a separa¸c˜ao de picos, embora esta dependa tamb´em de τ0. Alarguraameiaalturado perfil em emiss˜ao ´efixadaporVΩ, R e τ0. Para um dado valor de R,osparˆametros

H e τ0 determinam a intensidade da emiss˜ao dos picos bem como a profundidade da absor¸c˜ao central. No caso da estrela HD 127972, as emiss˜oes na linha de Hα aumentaram de 1996 a 2000, havendo em seguida um ligeiro decr´escimo em 2001 (Figura 4.14). O ajuste de modelos aos perfis de Hα indica que a varia¸c˜ao observada de 1996 a 2000 ´e consistente com um aumento na quantidade de mat´eria acumulada na regi˜ao emissora, bem como um alargamento em sua extens˜ao (Tabela 4.8). A transi¸c˜ao de 2000 a 2001 pode ser interpretada como uma retra¸c˜ao e compacta¸c˜ao do envelope.

Tabela 4.8: Parˆametros do envelope circunstelar de HD 127972.

Epoch τo R/R∗ H/R∗ VΩ Vr km s−1

1996 0,9 3,5 3,1 260 40 1997 1,5 3,9 3,6 280 0 2000 0,7 7,3 5,5 260 0 2001 1,3 6,3 4,7 260 0

Com respeito a HD 10144, pode-se notar que quase todos os perfis dispensam 4.3. Modelagem de perfis de Balmer em emiss˜ao 56

...... 1.0 ...... 1996 H ...... 0.75 ...... 1.0 ...... 1997 ...... 0.75 ...... 1.5 ...... 1.25 ...... 1.0 ...... 2000 ...... 0.75 ...... 1.5 ...... 1.25 ...... 1.0 ...... 2001 ...... 0.75 -800 -600 -400 -200 0 200 400 600 800 V km s-1

Figura 4.14: Perfis m´edios de Hα de HD 127972 para as ´epocas de 1996, 1997, 1998, 2000 e 2001 (linhas cheias) e seus respectivos ajustes (pontilhado). 4.3. Modelagem de perfis de Balmer em emiss˜ao 57 ajustes de velocidade na dire¸c˜ao radial (Tabela 4.9 e Figura 4.15), havendo por outro lado uma forte expans˜ao do disco no ano 2000. Nesse per´ıodo a emiss˜ao em Hα ´epouco intensa, correspondendo a um envelope com extens˜ao de R ∼ 3, 4R∗. Neste caso, as observa¸c˜oes interferom´etricas realizadas por Domiciano de Souza et al. (2003) podem estar superestimando o valor do raio da estrela, pois embora realizadas em um per´ıodo de aparente quiescˆencia, a existˆencia de uma emiss˜ao residual em Hα n˜ao deve ser descartada. Al´em disso, de modo a reproduzir a emiss˜ao observada nesse per´ıodo, o disco n˜ao deve ter uma estrutura fortemente achatada, pois H ∼ 2, 2R∗.

Tabela 4.9: Parˆametros do envelope de HD 10144.

Epoca´ τo R/R∗ H/R∗ VΩ Vr km s−1

1991 0,15 3,8 3,8 280 0 1993 1,18 6,0 3,5 200 0 1994 0,70 5,9 3,8 183 0 1995 0,25 5,5 3,5 170 -10 1998 0,09 3,8 3,5 300 50 2000 0,08 3,4 2,2 180 255 4.3. Modelagem de perfis de Balmer em emiss˜ao 58

0.15 H 2000 0.0

0.15 1998 0.0

0.45

0.3

0.15 1995 0.0

0.75

0.6

0.45

0.3

0.15 1994 0.0

0.75

0.6

0.45

0.3

0.15 1993 0.0

0.15 1991 0.0

-600 -400 -200 0 200 400 600 km s-1

Figura 4.15: Perfis m´edios de Hα de HD 10144 para as ´epocas de 1991, 1993, 1994, 1995, 1998, 2000 (linhas cheias) e seus respectivos ajustes (pontilhado). As ordenadas representam a intensidade de cada perfil em seu respectivo painel, enquanto que as abscissas representam a velocidade radial em km s−1. Os perfis foram subtra´ıdos de suas componentes fotosf´ericas,demodoqueon´ıvel do cont´ınuo iguala-se a zero. Cap´ıtulo 5

Estudo da fotosfera de estrelas Be

5.1 S´ıntese espectral

O conjunto de ferramentas utilizadas na determina¸c˜ao de parˆametros f´ısicos da fotosfera de estrelas Be engloba os modelos de atmosferas estelares e o c´odigo de transferˆencia radiativa, atrav´es do qual realiza-se a s´ıntese espectral. A seguir descreveremos breve- mente o processo de s´ıntese e forneceremos um esquema dos procedimentos empregados no processo de an´alise.

5.1.1 Modelos de atmosferas estelares e transferˆencia radia- tiva

Uma extensa grade de modelos fotosf´ericos foi calculada atrav´es do c´odigo TLUSTY (Hubeny 1988), cobrindo uma ampla faixa de valores de temperaturas efetivas (9000 K ≤

Tef ≤ 40000 K com passos de 100 K) bem como de gravidades superficiais (2, 0dex≤ log g ≤ 5, 0 dex com passos de 0,1). Para temperaturas efetivas elevadas, muitos dos modelos com gravidades superficiais baixas n˜ao convergem e dessa forma foram ex- clu´ıdos da grade. Foram calculados dois tipos de modelos, em equil´ıbrio termodinˆamico local(ETL)eforadoequil´ıbrio (NETL). No primeiro caso foram assumidas as seguintes suposi¸c˜oes:

• geometria plano-paralela;

• atmosfera cinza; 59 5.1. S´ıntese espectral 60

• equil´ıbrio hidrost´atico.

Os modelos ETL foram calculados a partir dos dados atˆomicos fornecidos pelos autores. As abundˆancias para cada modelo s˜ao explicitamente ajustadas para valo- res solares, para cada elemento. Os modelos n˜ao empregam corre¸c˜ao para convec¸c˜ao (Castelli, Gratton, & Kurucz 1997) pois os efeitos de convec¸c˜ao n˜ao s˜ao significativos para temperaturas efetivas superiores a 8500 K. Todos os modelos foram calculados com uma velocidade de microturbulˆencia constante de 5 km/s, correspondenteam´ ` edia das velocidades de microturbulˆencia deduzidas por Korotin et al. (1999) a partir de modelos NETL para estrelas Be. Em seguida, foram calculados modelos NETL a partir dos modelos ETL calculados previamente (Hubeny & Lanz 1995). Os perfis de linha te´oricos foram sintetizados a partir dos modelos de atmosferas com oaux´ılio do programa SYNSPEC (Hubeny, Hummer, & Lanz 1994) e s˜ao caracterizados basicamente pelo coeficiente de absor¸c˜ao na linha, lλ e pela opacidade do cont´ınuo, κc. Analiticamente, o coeficiente de absor¸c˜ao na linha ´e dado por:

2  πe 2 √H(a, u) − −hc/λkT lλ = 2 λ gfαP 1 e (5.1) mec π∆λD onde α representa a abundˆancia do elemento em unidades de n´umero de part´ıculas poratomo ´ de hidrogˆenio, λ ´e o comprimento de onda central, gf ´e o produto do peso estat´ıstico g pela for¸ca de oscilador f,P´e a popula¸c˜ao do estado inferior dividido pelo peso estat´ıstico, ∆λD ´e a largura Doppler da linha e H(a, u)´e a fun¸c˜ao de Hjertings, com a qual ´e calculado o perfil de linha. Essaultima ´ fun¸c˜ao ´e dependente de u e a, dados por:

∆λ u = (5.2) ∆λD e

λ2γ a = (5.3) 4πc∆λD onde γ = γ6 + γnatural + γ4 explicita a dependˆencia dos perfis de linha intr´ınsecos com os efeitos de alargamento natural (γnatural), Stark (γ4), e colisionais (γ6), todos in- clu´ıdos em listas de dados atˆomicos, juntamente com as for¸cas de oscilador para cada 5.2. M´etodo cl´assico de estimativa de parˆametros fotosf´ericos 61 transi¸c˜ao. Os dados atˆomicos s˜ao agrupados em arquivos que tratam separadamente cada elemento qu´ımico e o n´umero de n´ıveis de energia. As for¸cas de oscilador e se¸c˜oes de choque de fotoioniza¸c˜ao s˜ao provenientes do Opacity Project database - TOPbase, enquanto que os n´ıveis de energia prov´em de valores experimentais extra´ıdos do NIST atomic spectra database. No caso de estrelas de tipo espectral B, o mecanismo domi- nante de alargamento intr´ınseco ´e o efeito Stark quadr´atico (γ4). A opacidade do cont´ınuo, no caso de estrelas de tipo espectral B, ´e dominada principalmente pelo hidrogˆenio neutro devidoas ` altas temperaturas. O perfil de linha resulta do contraste entre a absor¸c˜ao na linha e no cont´ınuo. Uma vez calculados, todos os perfis foram alargados por rota¸c˜ao atrav´es de uma lei de obscurecimento centro bordo quadr´atica (Wade & Rucinski 1985).

5.2 M´etodo cl´assico de estimativa de parˆametros fotosf´ericos

Os principais v´ınculos para a s´ıntese espectral de estrelas quentes s˜ao a abundˆancia qu´ımica de elementos (H, He, C, N, O, Fe), a velocidade de microturbulˆencia, a tem- peratura efetiva, a gravidade superficial e a velocidade de rota¸c˜ao. No entanto, devido `a escassez de informa¸c˜oes referentes `a abundˆancia qu´ımica, assumimos a priori acom- posi¸c˜ao como solar (Grevesse & Sauval 1998). Por outro lado, como as estrelas Be constituem objetos com velocidades m´ediasderota¸c˜ao elevadas (Ω/Ωc ∼ 0, 95) a ve- locidade de microturbulˆencia ´e desprez´ıvel se comparada com a velocidade de rota¸c˜ao. Por essa raz˜ao, no procedimento de s´ıntese espectral adotado neste trabalho apenas a temperatura, a gravidade e a velocidade de rota¸c˜ao projetada foram consideradas como parˆametros livres. Esses parˆametros foram estimados inicialmente a partir de m´etodos complementares. A estimativa dos valores iniciais das velocidades de rota¸c˜ao projetadas ´e baseada no c´alculo do primeiro zero da transformada de Fourier dos perfis de linha de He iλ4471A˚ (Gray 1992; Carroll 1933). Esse m´etodo ´e baseado na rela¸c˜ao entre a rota¸c˜ao estelar easfreq¨uˆencias para as quais a transformada de Fourier atinge um m´ınimo (Figura 5.1). Considerando-se uma lei de obscurecimento centro-bordo quadr´atica (Wade & 5.2. M´etodo cl´assico de estimativa de parˆametros fotosf´ericos 62

Rucinski 1985) da forma:

2 I(µ)=I(1)[1 − 1(1 − µ) − ω(1 − µ) ] (5.4) onde µ =cosθ, podemos escrever a fun¸c˜ao de alargamento rotacional como:

2 1/2 2 2 2 G(y)=C1(1 − y ) + C2(1 − y )+C3(1 − y ) (5.5) onde

2 1 − 1 C1 = ( ) (5.6) π 1 − 1/3+ω/6

1 1 + ω C2 = ( ) (5.7) 2 1 − 1/3+ω/6 e

4 ω C3 = − ( ) (5.8) 3π 1 − 1/3+ω/6 s˜ao constantes dependentes dos coeficientes de obscurecimento centro-bordo linear e quadr´atico. A transformada de Fourier da fun¸c˜ao de alargamento rotacional ser´adada por:

1 J1(α) 2 2 sin α − J2(α) g(α)=2 G(y)cosσbydy = C1π + C2( ) ( cos α)+3πC3 2 (5.9) 0 α α α α 2 − onde sabemos, por recorrˆencia, que J2(α)= α J1(α) J0(α), de modo que a transfor- mada pode ser reescrita finalmente como:

J1(α) 6 C3 2 2 sin α − − J0(α) g(α)=C1π (1 + 2 )+C2( ) ( cos α) 3πC3 2 (5.10) α α C1 α α α e o valor da velocidade de rota¸c˜ao ser´a dado por:

c α1 V sin i = (5.11) λ0 2πν1 5.2. M´etodo cl´assico de estimativa de parˆametros fotosf´ericos 63 onde α1 ´e o primeiro zero da transformada de Fourier da fun¸c˜ao de alargamento rota- cional, ν1 ´e o primeiro zero da transformada de Fourier do perfil observacional e λ0 ´e o comprimento de onda central da linha em quest˜ao. A transi¸c˜ao de He iλ4471A˚ foi escolhida para a realiza¸c˜ao de estimativas de ve- locidades de rota¸c˜ao projetadas pois ´eumadasmaisintensasentreaslinhasdeHei no espectrooptico ´ de estrelas O e B, sendo constitu´ıda de um blend formado por um tripleto 23P − 43D e uma componente proibida 23P − 43Femλ4470 A.˚ N˜ao obstante o fato de as estrelas O e B serem caracterizadas por numerosas atividades fotosf´ericas (Smith 1994) as quais poderiam alterar as condi¸c˜oes “normais” da regi˜ao de forma¸c˜ao das linhas na fotosfera, o campo de radia¸c˜ao e a temperatura de estrelas pertencentes a esses tipos espectrais s˜ao muito baixos para povoar substancialmente o n´ıvel superior da transi¸c˜ao He i λ4471 A˚ (Osterbrok 1989), excluindo a possibilidade de que uma atividade intensa venha a perturbar essa linha. Om´etodo de Fourier aplicado neste trabalho fornece em princ´ıpio estimativas de velocidades de rota¸c˜ao concordantes com valores da literatura (Levenhagen & Leister 2004, ver adendo), entretanto sofre das seguintes deficiˆencias:

1. Os coeficientes de obscurecimento centro-bordo, calculados por Wade & Rucinski (1985), est˜ao relacionados com o espectro cont´ınuo, n˜ao levando em conta a dependˆencia de λ no perfil de linha (Collins & Truax 1995);

2. O m´etodo n˜ao leva em conta os efeitos do obscurecimento gravitacional na de- termina¸c˜ao de V sin i (Townsend et al. 2004).

Uma vez obtida uma estimativa inicial para a velocidade de rota¸c˜ao projetada (V sin i), calculamos as temperaturas e gravidades atrav´es do ajuste de linhas de Balmer (Hβ,Hγ eHδ)eraz˜oes de larguras equivalentes de linhas de He e Si, as quais produzem trajet´orias no diagrama (Tef ,log g), tamb´em conhecido como diagrama de Kiel, as quais muitas vezes se interceptam. O baricentro da regi˜ao compreendida entre as trajet´orias representa o conjunto de solu¸c˜oes almejado. O ajuste de perfis de linha de Balmer produz usualmente uma s´erie de linhas quase paralelas, enquanto que os ajustes de He e Si produzem curvas que as interceptam (Figura 5.2). 5.2. M´etodo cl´assico de estimativa de parˆametros fotosf´ericos 64

Figura 5.1: Transformada de Fourier de um perfil de He iλ4471A˚ da estrela HD 10144. Aan´alise de seu primeiro m´ınimo em freq¨uˆencia indicou uma velocidade de rota¸c˜ao de ∼ 223 km.s−1. 5.2. M´etodo cl´assico de estimativa de parˆametros fotosf´ericos 65

24000

22000

20000

18000 3 3.2 3.4 3.6 3.8

Figura 5.2: Diagrama de Kiel com as solu¸c˜oes de temperatura e gravidade da estrela HD 127972.

No caso em que as linhas de Balmer apresentam emiss˜oes (mesmo que pequenas), resultantes do velamento produzido pelo excesso no fluxo do cont´ınuo devido ao meio circunstelar, as medidas de larguras equivalentes foram realizadas em perfis corrigidos conforme descrito em Chauville et al. (2001). Nesse processo, a componente em emiss˜ao ´e separada do perfil observado atrav´es da determina¸c˜ao do perfil fotosf´erico de fundo usando o seguinte perfil de linha emp´ırico:

   −1 b ψ(λ)=exp − a (λ − λc) + c (5.12) onde a, b e c s˜ao constantes determinadas usando apenas trˆes pontos no perfil de linha observado. Temos por defini¸c˜ao:

  obs −1 yi = − ln ψ (λi) (5.13) e xi = λi − λc, onde λc ´e o comprimento de onda central do perfil observado. Ent˜ao dois pontos, x1 e x2,s˜ao escolhidos livremente e o terceiro ´e determinado por: 5.2. M´etodo cl´assico de estimativa de parˆametros fotosf´ericos 66

1/2 x3 =(x1x2) (5.14) e as constantes a, b e c s˜ao ent˜ao determinadas por:   (y y −y2) c = 1 2 3 (y1+y2−2y3)  (5.15) ln (yi − c)=b ln xi + a Os ajustes realizados com as express˜oes 5.12 e 5.15 s˜ao v´alidos apenas para perfis com velocidades de rota¸c˜ao V sin i maiores do que 50 km s−1. A diferen¸ca entre as solu¸c˜oes dos ajustes de perfis de Hγ eHδ mostrados na Figura 5.2 pode ser explicada pelo preenchimento diferenciado desses perfis causado pela emiss˜ao do envelope circunstelar. Em ambos os casos a emiss˜ao residual produz valo- res de gravidade menores e temperaturas maiores do que o obtido atrav´es do m´etodo BCD para esse objeto. No caso dos ajustes de raz˜oes de larguras equivalentes de Si e He, a separa¸c˜ao deve-se a um efeito de sele¸c˜ao na regi˜ao de forma¸c˜ao dessas linhas. Pelo teorema de von Zeipel, a temperatura efetiva de HD 127972 varia de 22700 K no p´olo a 19900 K no equador. Como as larguras equivalentes dessas linhas s˜ao fun¸c˜oes crescentes de Tef nessa faixa de temperaturas, ent˜ao a diferen¸ca nas solu¸c˜oes implica em que a regi˜ao polar favorece mais o fluxo radiativo das linhas de Si do que das li- nhas de He. Esse efeito seletivo ´e percept´ıvel tamb´em nas estimativas de velocidades a partir dessas linhas, uma vez que para as linhas de Si temos que V sin i = 250kms−1, enquantoqueparalinhasdeHetemosV sin i = 310km s−1.

Ap´os a determina¸c˜ao dos valores iniciais de V sin i, Tef elogg foi realizado um ajuste com perfis sint´eticos atrav´es do algoritmo downhill simplex (AMOEBA) (Nelder & Mead 1965) na regi˜ao de He iλ4471AeMg˚ iiλ4481A˚ de modo a obter valores mais coerentes para os parˆametros f´ısicos. 5.3. Dependˆencia das raz˜oes de linhas de h´elio com a abundˆancia 67 5.3 Dependˆencia das raz˜oes de linhas de h´elio com a abundˆancia

No m´etodo de determina¸c˜ao de temperaturas e gravidades atrav´es do diagrama de

Kiel (Tef ,log g) conforme exposto anteriormente, utilizam-se normalmente ajustes de larguras equivalentes de linhas de Balmer e raz˜oes de larguras equivalentes de He i/He ii eSiii/Siiii, nos casos onde ocorrem tais transi¸c˜oes. O uso de raz˜oesdelinhasdeele- mentos em est´agios diferentes de ioniza¸c˜ao possui a vantagem de terem pouca de- pendˆencia com a abundˆancia qu´ımica. Entretanto, muitas estrelas pertencentes `a amostragem usada neste trabalho, mais espec´ıficamente aquelas com temperaturas inferiores a 25000 K, exibem em seus espectros apenas linhas de He i eSiii,al´em das linhas de hidrogˆenio, na faixa de comprimento de onda estudada (entre 4000 e 5000 A).˚ Nesses casos, optamos por utilizar apenas ajustes com linhas de hidrogˆenio eh´elio. Uma maneira de tentar contornar esse problema consiste em selecionar quais raz˜oes de larguras equivalentes de linhas de h´elio possuem menor dependˆencia com a abundˆancia. Para tanto, constru´ımos uma grade de espectros sint´eticos (atrav´es dos programas descritos anteriormente) para valores de temperatura efetiva na faixa de 10000 a 30000 K, gravidades de 3,0 e 4,0 dex e abundˆancias [He/H] entre 0,001 e 0,3. Essa an´alise foi realizada para as linhas de He iλλ 4009, 4026, 4121, 4144, 4388, 4438, 4471 e 4922 A,˚ as quais s˜ao as linhas mais intensas de He i na faixa de comprimentos de onda dispon´ıvel. Em seguida, para cada uma dessas linhas determinamos suas larguras equivalentes em fun¸c˜ao da temperatura efetiva, gravidade e abundˆancia de h´elio, e estudamos o comportamento das raz˜oes de larguras equivalentes para todas as combina¸c˜oes poss´ıveis (Figura 5.3). 5.3. Dependˆencia das raz˜oes de linhas de h´elio com a abundˆancia 68

Dentre todas as combina¸c˜oes poss´ıveis de raz˜oes de linhas, apenas algumas possuem pouca dependˆencia com a abundˆancia de h´elio. Elas s˜ao caracterizadas por serem raz˜oes de singletos e por possu´ırem raz˜oes de for¸cas de oscilador com valores pr´oximos a 1 (Tabelas 5.1 e 5.2). Isso ocorre pois os tripletos dependem em maior grau da abundˆancia uma vez que o peso estat´ıstico dessas transi¸c˜oes ´e maior do que para os singletos. Por outro lado, as transi¸c˜oes com log gf alto produzem perfis com absor¸c˜oes mais profundas e mais dependentes da abundˆancia do elemento. Ao variar log g nos modelos, as raz˜oes de larguras equivalentes de tripletos apresentam maiores diferen¸cas na dependˆencia com a abundˆancia do que as raz˜oes de singletos (Figuras 5.3 (e,f) e 5.4 (e,f)). Para as an´alises de parˆametros f´ısicos usando os diagramas de Kiel utilizamos apenas raz˜oes de larguras equivalentes de linhas de singletos e, entre elas, aquelas com raz˜oes de for¸cas de oscilador pr´oximasa ` unidade.

Tabela 5.1: Caracter´ısticas das linhas de h´elio estudadas. Linha (A)˚ Tipo Transi¸c˜ao log gf (*)

4009 Singleto 1P 0 −1 D -1,473 4026 Tripleto 3P 0 −3 D -1,449 4121 Tripleto 3P 0 −3 S -1,961 4144 Singleto 1P 0 −1 D -1,196 4388 Singleto 1P 0 −1 D -0,883 4438 Singleto 1P 0 −1 S -2,034 4471 Tripleto 3P 0 −3 D -2,203 4922 Singleto 1P 0 −1 D -0,435

(*) Proveniente do NIST database. 5.3. Dependˆencia das raz˜oes de linhas de h´elio com a abundˆancia 69

Figura 5.3: Raz˜oes de larguras equivalentes para linhas de He i em fun¸c˜ao da tem- peratura e abundˆancia, com log g =3.0 dex; Em (a) vemos que raz˜oes de larguras equivalentes de He i 4144/He i 4026 e em (b) He i 4388/He i 4144 apresentam pouca dependˆencia com a abundˆancia; O mesmo ocorre no caso de raz˜oesdeHei 4438/He i 4026 (c) e He i 4438/He i 4121 (d); Em (e) temos raz˜oes de He i 4471/He i 4121 e em (f) de He i 4471/He i 4144, as quais apresentam grande dependˆencia com a abundˆancia. 5.3. Dependˆencia das raz˜oes de linhas de h´elio com a abundˆancia 70

Figura 5.4: Raz˜oes de larguras equivalentes para linhas de He i em fun¸c˜ao da tem- peratura e abundˆancia, com log g =4.0dex;Raz˜oes de larguras equivalentes de He i 4144/He i 4026 (a) e He i 4388/He i 4144 (b) apresentam pouca dependˆencia com a abundˆancia de He i; O mesmo ocorre no caso de raz˜oes de He i 4438/He i 4026 (c) e He i 4438/He i 4121 (d); Raz˜oes de He i 4471/He i 4121 (e) e He i 4471/He i 4144 (f) apresentam grande dependˆencia com a abundˆancia. 5.4. Corre¸c˜ao dos parˆametros por efeitos da rota¸c˜ao 71

Tabela 5.2: Raz˜oes de for¸cas de oscilador log gf. Linhas (A)˚ 4026 (T) 4121 (T) 4144 (S) 4438 (S) 4922 (S) 4388 (S) 4471 (T)

4009 (S) 0,98 1,33 0,81 1,38 0,30 0,60 1,50 4026 (T) 1,35 0,83 1,40 0,30 0,61 1,52 4121 (T) 0,61 1,04 0,22 0,45 1,12 4144 (S) 1,70 0,36 0,73 1,84 4438 (S) 0,21 0,43 1,08 4922 (S) 2,03 5,06 4388 (S) 2,49 (S) - Singleto (T) - Tripleto

5.4 Corre¸c˜ao dos parˆametros por efeitos da rota¸c˜ao

At´e esta etapa, o processo de determina¸c˜ao de parˆametros fotosf´ericos adotado n˜ao levou em conta os efeitos causados pela rota¸c˜ao elevada (conhecido como obscureci- mento gravitacional ou gravity darkening). Quando uma estrela roda muito r´apido, a superf´ıcie estelar ´e deformada, resultando em um raio equatorial maior do que o raio polar, o que implica em uma distribui¸c˜ao de temperaturas e gravidades na superf´ıcie da estrela dependentes da colatitude:

β g(θ) T (θ)=Tp (5.16) gp onde β =0, 25 (von Zeipel 1924a,b). A dependˆencia dos perfis de linha com T (θ)eg(θ) implica em que as linhas de algumas esp´ecies qu´ımicas s˜ao formadas em regi˜oes polares, enquanto outras em regi˜oes equatoriais. Nessas condi¸c˜oes, o potencial gravitacional efetivo da estrela pode ser escrito como:

GM 1 2 2 2 Φeff = + Ω R(θ) sin θ (5.17) R(θ) 2 e o vetor gravidade ´e expresso por:

g = −∇ Φeff (5.18) onde R(θ) indica que, para uma taxa de rota¸c˜ao Ω diferente de zero, o raio estelar 5.4. Corre¸c˜ao dos parˆametros por efeitos da rota¸c˜ao 72 passa a ser uma fun¸c˜ao da colatitude θ devidoa ` deforma¸c˜ao centr´ıfuga. Temos:

GM GM 1 2 2 = + Ω Re (5.19) Rp Re 2 onde Rp = R(θ =0)eRe = R(θ = π/2) e  R 1 e  R =1+2 η  p  Ω2R3  η = e GM (5.20) R (ω) Ω 2 e 3  =(Ω ) ( R )  c c  Ω  ω = Ωc Por outro lado, a velocidade no equador pode ser expressa por:

Ω Re(ω) Ve(ω)=Vc (5.21) Ωc Rc onde Vc ´e a velocidade equatorial cr´ıtica. No trabalho de Chauville et al. (2001) mostra-se que para as estrelas Be vale a rela¸c˜ao:

Re(ω) =0, 724 + 0, 276 × η (5.22) Rc aqualcont´em em m´edia a informa¸c˜ao da varia¸c˜ao de Rp com a massa e com ω.Para avelocidadecr´ıtica temos:

Ro 1/2 R 1/2 Mo 1/2 −1 Vc = 436, 7( ) × ( ) × ( ) km s (5.23) Rc Ro R onde Ro ´e o raio da estrela sem deforma¸c˜ao por efeito da rota¸c˜ao, isto ´e,oraioquese obt´em dos parˆametros log L/Lo e Tef corrigidos dos efeitos de obscurecimento gravita- cional. Como a priori n˜ao se conhece o valor de Ro, deve-se iterar a rela¸c˜ao acima a partir de um valor inicial Ro/R proveniente dos parˆametros log L/Lo e Teff obtidos por t´ecnicas cl´assicas, isto ´e, aqueles modificados por efeitos rotacionais. Com as rela¸c˜oes acima, obtemos:

Ω 1 Ve Ve = × × [1 − 0, 276( )2] (5.24) Ωc 0, 724 Vc Vc aqual´e usada para determinar Ω/Ωc, e a velocidade de rota¸c˜ao projetada relaciona-se atrav´es de: 5.5. Resultados 73

V sin i = Ve(ω)sini (5.25)

Adotando-se uma taxa de rota¸c˜ao de ω =0, 95 (Chauville et al. 2001; Zorec & Fr´emat 2004), a partir das rela¸c˜oes (5.20), (5.21), (5.22), (5.23) e (5.25) pode-se deduzir sin i. Pode-se notar que entre ω e η estabelece-se uma rela¸c˜ao de terceira ordem em η, assim dado uma das inc´ognitas pode-se inferir a outra:

η ω2 = (5.26) (0, 724 + 0, 276η)3 Os parˆametros deduzidos a partir de modelos cl´assicos de atmosferas estelares n˜ao s˜ao adequados para se efetuar uma descri¸c˜ao quantitativa das condi¸c˜oes f´ısicas de uma estrela com rota¸c˜ao elevada pois representam apenas valores m´edios sobre a sua superf´ıcie. Devidoa ` deforma¸c˜ao geom´etrica, a parte equatorial da estrela ´emenos quente e contribui menos para o fluxo total da linha, sendo entretanto essa regi˜ao aquela que roda mais r´apido. Esse fato ´erespons´avel pelos erros na determina¸c˜ao da velocidade de rota¸c˜ao de estrelas Be usando-se os m´etodos cl´assicos.

De modo a corrigir os valores de Tef ,logg e V sin i inferidos pelo m´etodo cl´assico, usamos os fatores de corre¸c˜ao obtidos por Fr´emat et al. (2004) a partir de um grande conjunto de modelos te´oricos calculados para estrelas deformadas por rota¸c˜ao (Figura 5.5). A partir desses fatores de corre¸c˜ao, parametrizados pela massa (M), gravidade

(log g), luminosidade (L),angulo ˆ de inclina¸c˜ao (i) e taxa de velocidade angular (Ω/Ωc), realiza-se uma interpola¸c˜ao assumindo ad hoc que a taxa de rota¸c˜ao m´edia das estrelas Be ´edaordemde Ω ∼ 0, 95 (Chauville et al. 2001; Zorec & Fr´emat 2004). Ωc

5.5 Resultados

Adotando o m´etodo cl´assico descrito anteriormente, calculamos a primeira estimativa das velocidades de rota¸c˜ao projetadas (V sin i0) de 114 estrelas Be atrav´es de trans- formadas de Fourier de perfis de He iλ4471A.˚ Uma vez determinados seus valores, estimamos valores iniciais de (Tef0,logg0) atrav´es de ajustes de larguras equivalentes de linhas de Balmer e raz˜oes de larguras equivalentes de linhas de He e Si, obtendo-se um diagrama de Kiel por objeto. Uma vez obtidos os valores iniciais (Tef0,logg0, 5.5. Resultados 74

Figura 5.5: Espectros te´oricos calculados para uma estrela B2IV com V sin i = −1 150kms , diferentes inclina¸c˜oes i e taxas de velocidades angulares Ω/Ωc (Fr´emat et al. 2002).

V sin i0), estimamos os valores finais atrav´es de ajustes das linhas de He 4471 e Mg 4481 utilizando-se o m´etodo AMOEBA (Figuras 5.5, 5.6 e Tabela 5.3, colunas 2, 3 e 4). Os resultados dos parˆametros f´ısicos corrigidos dos efeitos da rota¸c˜ao s˜ao mostrados na Tabela (5.3) (colunas 5, 6, 7 e 8). 5.5. Resultados 75

Figura 5.6: Espectros de algumas estrelas Be ajustados com o algoritmo AMOEBA. (Pain´eis superiores da primeira linha) HD 10144 e HD 104582; (Pain´eis da segunda linha) HD 105435 e HD 105937; (Pain´eis da terceira linha) HD 112091 e HD 112078; (Pain´eis daultima ´ linha) HD 164947 e HD 37490. 5.5. Resultados 76 3 4 3 6 6 2 1 2 1 4 2 1 1 2 1 3 1 2 2 3 1 1 2 1 1 4 2 1 1 4 4 1 1 2 1 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± (graus) i ) 1 − ao. c˜ 17231923 47 24 34 22 34 24 54 14 67 16 25 16 49 19 32 12 28 23 71 21 45 16 38 19 34 32 49 42 13 38 19 49 1911 17 17 26 21 45 17 27 19 42 21 35 28 33 19 47 23 29 21 45 22 22 16 37 13 46 17 50 40 18 44 11 12 (kms ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± cor i sin V 10 76 10 103 101511 254 11 170 16 211 10 378 11 314 10 207 11 367 11 192 10 179 10 317 11 286 16 264 11 271 16 287 11 292 290 10 309 1616 127 10 200 11 260 10 214 15 247 16 224 16 192 11 296 16 239 10 328 10 124 10 222 15 358 258 11 280 297 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , (dex) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± cor g 57 67 83 63 87 33 88 14 12 68 77 84 64 17 12 91 99 34 77 57 32 67 00 81 69 99 75 17 51 63 66 09 75 79 15 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , 508 3 521 3 635563 3 473 3 498 3 446 4 515 3 545 4 517 4 519 3 447 3 629 3 631 3 528 4 423 4 538 3 646 3 700 4 3 702586 3 533 4 607 3 534 4 513 3 456 3 640 3 624 3 654 4 572 4 570 3 552 3 422 4 469 3 3 582 4 (K) log ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± assicos e corrigidos da rota¸ ef cor T ) 1 − 152018 15873 22 13829 22 19933 21 21032 23 15281 13 23889 15 23433 15 22428 18 19729 11 14319 22 26527 19 17467 15 22719 18 15979 30 21529 21000 12 22728 1818 30800 10 19723 15 22389 20 27500 15 17514 18 24745 20 12665 26 23154 17 23074 22 20586 20 18417 20 22957 15 28803 13812 15 26209 16856 10 25585 11 18139 ısicos cl´ ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± (kms i sin V 101510 223 10 150 15 200 10 355 10 290 10 200 10 350 10 180 10 170 10 300 10 265 15 237 10 260 15 255 10 275 10 275 10 293 15 70 15 115 10 188 10 245 10 200 15 220 15 210 15 173 10 281 15 230 10 310 10 110 10 210 15 335 10 230 10 260 90 266 ametros f´ , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 (dex) ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± g 65 56 65 00 60 03 77 52 59 58 63 00 91 70 72 05 50 50 53 10 40 00 59 58 00 50 00 20 50 50 10 61 75 55 95 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , 600550 3 450 3 450 3 400 4 500 3 500 4 500 3 500 3 400 3 600 3 600 3 500 4 400 3 500 3 600 3 650 4 500 3 700 3 550 3 500 4 600 3 500 4 500 3 450 3 600 4 600 3 600 4 550 4 550 3 550 3 400 4 450 3 500 3 550 3 3 (K) log ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ef T 15000 13500 18950 19000 13700 23200 21500 21700 19000 12800 25300 16600 21500 15100 20000 19500 21100 25200 30700 18520 21000 27200 16400 24100 12500 21700 22200 18900 17700 22170 28700 13100 25150 17400 15940 Tabela 5.3: Parˆ HD 48099 HD 70461 HD 14850 HD 20340 HD 29557 HD 33453 HD 33599 HD 35165 HD 36012 HD 37490 HD 37795 HD 43122 HD 43285 HD 43544 HD 43789 HD 45871 HD 46131 HD 46380 HD 47839 HD 48282 HD 49319 HD 49330 HD 49336 HD 50013 HD 50209 HD 50696 HD 50737 HD 50850 HD 52159 HD 52244 HD 55606 HD 58715 HD 63150 HD 67698 Objeto HD 10144 5.5. Resultados 77 1 5 6 4 1 3 1 3 1 3 1 1 5 1 4 2 1 9 5 5 4 1 6 2 3 1 2 3 1 1 1 7 4 2 1 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± (graus) i ) 1 − 18321929 29 22 31 33 20 16 40 22 63 22 75 21 29 22 54 21 45 34 48 16 40 22 61 18 47 17 26 33 26 28 20 22 23 57 22 52 2126 26 21 35 23 43 26 57 21 20 21 29 22 52 22 27 22 48 26 57 41 32 41 62 23 22 17 16 (kms ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± cor i sin V 151010 179 11 240 16 170 10 262 10 303 11 441 11 163 10 331 15 258 11 217 15 221 16 341 10 267 15 195 10 217 10 137 10 141 257 15 263 1011 131 16 165 15 325 10 353 11 105 10 197 16 393 10 160 11 278 11 308 15 235 260 316 10 97 10 79 10 11 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , (dex) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± cor g 03 18 67 78 80 01 70 98 75 59 80 66 00 11 96 85 66 67 80 67 55 11 75 62 83 12 99 97 97 76 10 91 47 53 64 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , ao. c˜ 506677 4 566 4 528 3 495 3 688 3 512 3 497 3 591 3 414 3 415 3 537 3 575 3 624 4 552 4 567 3 512 3 642 3 471 3 3 509509 3 645 3 535 4 407 3 518 3 546 3 506 4 422 3 535 3 424 3 527 3 416 4 3 601 3 406 3 408 3 (K) log ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ef cor T ) 1 − 163218 13675 28 23162 20 19752 30 23234 15 15274 20 28698 20 15362 19 19104 20 17742 20 12425 30 14726 15 24508 20 14103 16 17679 16 32000 30 23188 25 22514 13599 20 13817 2020 14241 25 12223 20 22050 22 26446 25 14941 19 22786 19 24235 20 11833 19 15493 21 14407 25 17326 22650 26946 5 14392 20 11774 15 12179 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± (kms i sin V Tabela 5.3: Continua¸ 101510 85 10 159 10 240 15 160 10 250 10 277 10 400 10 150 10 300 15 230 10 200 15 199 15 320 10 239 15 180 10 200 10 125 10 130 10 237 15 235 10 70 10 115 15 150 15 310 10 335 10 100 10 185 15 375 10 146 10 250 10 280 15 207 250 300 10 10 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 (dex) ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± g 50 00 00 50 58 53 00 62 62 50 58 69 42 90 95 00 75 57 50 67 54 63 55 80 52 55 70 77 00 81 80 57 90 82 58 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , 600500 3 650 4 550 4 500 3 450 3 650 3 500 3 450 3 550 3 400 3 400 3 500 3 550 3 600 3 550 3 550 4 500 3 600 3 450 3 400 3 500 3 500 3 600 3 500 3 400 3 500 3 500 3 500 3 400 4 500 3 400 3 500 3 400 3 3 400 3 (K) log ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ef T 11750 13500 22230 19200 22000 13880 27100 15000 17300 16500 12000 14180 22800 13500 17000 31910 22500 22000 12700 13200 12000 14000 12000 20500 24700 14700 22000 22200 11700 14700 13470 16350 21500 25900 14100 HD104582 HD105435 HD105521 HD106309 HD106793 HD110432 HD110699 HD112078 HD112091 HD112107 HD112512 HD113120 HD118094 HD119423 HD119682 HD120324 HD120991 HD124639 HD126527 HD126986 HD127112 HD127208 HD127972 HD130437 HD130534 HD131168 HD134401 HD134481 HD134671 HD135734 HD136968 HD137387 HD137518 HD100546 Objeto HD 90177 5.5. Resultados 78 9 2 5 1 1 5 4 4 4 2 3 1 5 4 4 5 9 2 2 3 3 3 1 1 1 4 1 1 1 1 1 3 3 2 2 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± (graus) i ) 1 − 28283218 60 21 46 24 58 28 37 21 36 43 24 47 27 49 2113 40 24 37 21 29 20 17 27 48 32 34 27 32 27 45 26 53 19 36 24 33 12 43 21 23 42 21 23 22 35 19 34 24 17 21 28 11 38 21 39 20 33 16 17 17 15 1112 9 6 (kms ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± cor i sin V 101116 364 10 284 10 391 10 185 11 243 10 288 293 11 360 1010 262 15 285 11 193 11 116 11 316 15 203 10 204 16 312 10 362 11 206 10 273 11 284 15 184 16 247 115 15 232 10 273 10 130 11 184 10 274 1010 319 142 222 10 73 10 100 1015 57 46 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , (dex) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± cor g 78 92 01 63 74 89 94 09 78 93 88 73 07 69 89 70 73 71 14 75 08 78 64 77 93 08 54 91 19 75 75 59 67 68 09 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , ao. c˜ 506573 3 601 3 412 4 521 3 471 3 540 3 651 3 4 475418 3 622 3 516 3 542 3 523 4 523 3 528 3 723 3 521 3 515 3 584 4 514 3 535 4 504 3 418 3 3 552515 3 4 502531 3 3 526516 4 417 3 3 411 3 512 3 510 3 564 4 (K) log ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ef cor T ) 1 − 272530 26316 16 17308 20 25152 23 13901 25 23984 20 25101 18348 23 27041 2620 23234 12 26240 22 22493 20 22718 19 21446 25 21947 30 21143 24 26383 26 31000 25 16354 18 25465 21 23506 10 26416 20 17883 13312 20 23196 20 30800 18 23684 23 26325 20 23363 1020 25233 22720 23079 15 11309 15 20497 10 22418 10 22562 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± (kms i sin V Tabela 5.3: Continua¸ 101015 345 10 250 10 370 10 164 10 230 10 275 10 260 10 340 10 65 10 250 15 270 10 180 10 105 10 295 15 190 10 190 15 290 10 335 10 180 10 265 10 270 15 170 15 220 10 100 15 220 10 95 10 255 10 120 10 50 15 170 10 260 10 40 10 310 130 210 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 (dex) ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± g 65 70 70 55 60 73 67 00 58 58 83 71 64 75 51 68 65 65 57 01 55 04 55 65 60 53 95 00 60 50 69 00 02 65 60 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , 500550 3 550 3 400 3 500 3 450 3 500 3 650 3 400 4 450 3 400 3 600 3 500 3 500 3 500 3 500 3 500 3 700 3 500 3 500 3 550 4 500 3 500 4 500 3 400 3 500 3 550 3 500 3 500 4 500 3 500 3 550 3 500 4 500 4 400 3 3 (K) log ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ef T 26000 16600 23000 13500 23000 24000 17000 27000 11000 22000 25100 21700 22000 19800 21000 20200 25000 30000 15700 24700 22150 25700 16700 13200 22200 20000 30700 23000 22000 26200 22000 22000 24000 22000 22150 HD142349 HD143545 HD143578 HD143700 HD144555 HD146531 HD149757 HD150193 HD150288 HD150422 HD151113 HD152060 HD152478 HD152979 HD153199 HD154154 HD155851 HD156325 HD156702 HD158427 HD159489 HD160202 HD161774 HD164284 HD164816 HD164906 HD164947 HD166566 HD170835 HD171054 HD173948 HD174705 HD170235 HD172256 Objeto HD142237 5.5. Resultados 79 4 1 8 1 2 3 3 3 1 ± ± ± ± ± ± ± ± ± (graus) i ) 1 − 14182222 25 43 17 65 16 32 16 18 28 27 17 16 11 8 (kms ± ± ± ± ± ± ± ± ± cor i sin V 101510 129 10 243 302 10 218 1015 132 206 186 10 103 10 66 , , , , , , , , , (dex) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 ± ± ± ± ± ± ± ± ± cor g 69 02 16 11 66 89 65 08 05 , , , , , , , , , ao. c˜ 511604 3 526 4 462 4 4 503508 3 553 3 3 609 4 501 4 (K) log ± ± ± ± ± ± ± ± ± ef cor T ) 1 − 131620 15114 20 13297 13680 15 15413 1515 30200 26094 26868 15 15744 10 26743 ± ± ± ± ± ± ± ± ± (kms i sin V Tabela 5.3: Continua¸ 101510 120 10 220 10 280 10 200 10 90 15 120 10 190 170 60 , , , , , , , , , 0 0 0 0 0 0 0 0 0 (dex) ± ± ± ± ± ± ± ± ± g 62 00 00 01 00 54 90 65 00 , , , , , , , , , 500600 3 500 4 450 4 600 4 500 4 500 3 550 3 500 3 4 (K) log ± ± ± ± ± ± ± ± ± ef T 14800 13200 13000 15000 15500 30000 25700 26700 26700 HD183914 HD185037 HD208886 HD217891 HD316341 HD316587 HD322422 HD330950 Objeto HD179253 Cap´ıtulo 6

Data¸c˜ao do “fenˆomeno Be”

6.1 Ocorrˆencia do “fenˆomeno Be”

O est´agio evolutivo de estrelas Be ´eat´ehojeumtemafreq¨uentemente suscitado e em aberto. A principal quest˜ao envolvida consiste em determinar as causas do “fenˆomeno Be”, se este ocorre em um dado est´agio do trajeto evolutivo de todas as estrelas B, ou se ´eorigin´ario das condi¸c˜oes de forma¸c˜ao de algumas estrelas. Sabe-se que esses objetos ocupam usualmente posi¸c˜oes anˆomalas nos diagramas cor-magnitude, ocorrendo as vezes abaixo da regi˜ao da seq¨uˆencia principal, sendo esse fato devido aos efeitos da emiss˜ao cont´ınua do envelope circunstelar sobre os ´ındices fotom´etricos, bem como efeitos de obscurecimento gravitacional. As primeiras tentati- vas de explicar o “fenˆomeno Be” sugeriram que a sua ocorrˆencia tinha lugar durante a fase de contra¸c˜ao secund´aria seguida da exaust˜ao do hidrogˆenio (Schmidt-Kaler 1964). Mais tarde, contudo, foi observado que uma fra¸c˜ao significativa de estrelas Be ocorrem pr´oximoa ` ZAMS (Schild & Romanishin 1976). Atualmente ´e aceito que o fenˆomeno tem lugar em toda a faixa da seq¨uˆencia principal em diferentes est´agios evolutivos (Mermilliod 1982; Slettebak 1985) e portanto n˜ao estaria confinado a nenhuma fase evolutiva particular. Extensos estudos sobre a abundˆancia de estrelas Be em aglome- rados abertos foram realizados por Mermilliod (1982) e Grebel (1997), concluindo que as estrelas Be ocorrem em aglomerados de todas as idades, entretanto com m´aximo em freq¨uˆencia em aglomerados com turn-off em tipos espectrais B1-B2. Todavia, esses estudos sofrem de dificuldades que os tornam incertos, tais como na determina¸c˜ao da

80 6.1. Ocorrˆencia do “fenˆomeno Be” 81 idade dos aglomerados, na contagem de estrelas Be e diferencia¸c˜ao entre estrelas Be cl´assicas e estrelas Herbig Be. Por outro lado, foi sugerido tamb´em que as estrelas Be poderiam ser o resultado da evolu¸c˜ao de sistemas bin´arios fechados, onde a transferˆencia de mat´eria e momentum angular acelerariam a rota¸c˜ao da estrela a valores elevados. Nesse contexto, os produtos gerados da evolu¸c˜ao de sistemas bin´arios seriam bons candidatos a desenvolverem o “fenˆomeno Be” (Pols et al. 1991). Al´em disso, muitas estrelas Be s˜ao sistemas p´os transferˆencia de massa, como no caso dos sistemas Be/raios X, onde uma estrela de nˆeutrons orbita uma Be e acreta a mat´eria oriunda do vento estelar, gerando raios X. Entretanto, a interpreta¸c˜ao do “fenˆomeno Be” como subproduto da evolu¸c˜ao de sistemas bin´arios enfrenta problemas importantes, de natureza te´orica e observacional. Os c´alculos de Pols et al. (1991) levam em conta somente a metade da popula¸c˜ao de estrelas Be. Os estudos de van Bever & Vanbeveren (1997) com modelos atualizados de evolu¸c˜ao de sistemas bin´arios revelaram que somente um pequeno grupo de estrelas Be (entre 5 a 20%) tˆem sua fenomenologia relacionadaaevolu¸ ` c˜ao de sistemas bin´arios. Sob o enfoque observacional, os modelos de evolu¸c˜ao de sistemas bin´arios prevˆeem uma popula¸c˜ao de sistemas bin´arios Be/an˜as brancas dez vezes mais abundante do que os sistemas Be/raios X, onde os sistemas Be/an˜as brancas seriam detectados como fontes de baixa luminosidade de raios X. O trabalho observacional conduzido por Meurs et al. (1992) falhou na detec¸c˜ao da popula¸c˜ao prevista de sistemas Be/an˜as brancas, dessa forma o modelo de evolu¸c˜ao de sistemas bin´arios n˜ao fornece uma explica¸c˜ao satisfat´oria para o entendimento do “fenˆomeno Be”. Al´em disso, deve-se frisar que esse modelo ´e ad-hoc, uma vez que ele somente justifica a forma¸c˜ao de estrelas B de alta rota¸c˜ao, mas n˜ao explica o surgimento do “fenˆomeno Be”. Na literatura moderna existe um n´umerocadavezmaiordeevidˆencias que indicam que esses objetos sofrem varia¸c˜oes durante seus est´agios evolutivos na seq¨uˆencia prin- cipal. Lyubimkov (1998) mostra que as abundˆancias de h´elio e nitrogˆenio em estrelas O e B aumentam durante a evolu¸c˜ao na seq¨uˆencia principal. Esse aumento n˜ao pos- sui car´ater monotˆonico, assim a abundˆancia inicial de h´elio (He/H = 0,08 - 0,09) ´e mantida constante durante a primeira metade do trajeto evolutivo. Logo ap´os, h´a um aumento abrupto, por um fator 2, em um pequeno intervalo evolutivo, entre 0,5 e 6.2. Idades, luminosidades e massas 82

0,7, e em seguida os valores de He/H se mantˆem constantes at´e o final da evolu¸c˜ao na seq¨uˆencia principal. Esse efeito poderia ser explicado atrav´es da existˆencia de correntes convectivas induzidas pela rota¸c˜ao desses objetos, as quais seriam respons´aveis pelo en- riquecimento da superf´ıcie estelar com os produtos gerados no ciclo CNO (Denissenkov 1994; Maeder 1997). Seguindo essa mesma corrente filos´ofica, Fabregat & Torrej´on (2000) realizaram um estudo sobre a abundˆancia de estrelas Be em aglomerados aber- tos como fun¸c˜ao da idade do aglomerado, calculando as idades atrav´es de fotometria Str¨omgren uvby. Esse trabalho, que foi o primeiro a considerar separadamente as es- trelasBecl´assicas das estrelas Herbig Be, forneceu ind´ıcios de que o aparecimento do “fenˆomeno Be” poderia estar relacionado a um efeito evolutivo que ocorreria durante a segunda metade da trajet´oria evolutiva de uma estrela B na seq¨uˆencia principal.

6.2 Idades, luminosidades e massas

Os parˆametros de temperatura efetiva e gravidade superficial determinados a partir da an´alise de linhas espectrais mostrada no cap´ıtulo 5 proporciona n˜ao apenas a possi- bilidade de realizar-se uma modelagem razo´avel dos espectros estelares, mas tamb´em de efetuar estimativas de idades estelares, massas e luminosidades bolom´etricas. Essas estimativas foram realizadas atrav´es de interpola¸c˜oes bilineares dos parˆametros Tef e log g nos modelos de estrutura interna de Schaller et al. (1992) com metalicidade solar (Z =0, 02). Como os modelos por eles publicados n˜ao fornecem diretamente os valores de log g, podemos calcul´a-los atrav´es da massa estelar, luminosidade e temperatura efetiva dispon´ıveis:

M L log g =log − log +4logTef − 10, 6113 (6.1) M L Dessa forma, a partir da rela¸c˜ao (6.1) pode-se obter log g nos modelos de Schaller et al. (1992) a partir da massa M, luminosidade bolom´etrica L e temperatura efetiva

Tef . Os resultados de idades, luminosidades e massas para as estrelas Be analisadas s˜ao mostrados na Tabela (6.1) (colunas 2, 3 e 4). 6.2. Idades, luminosidades e massas 83

A partir da Figura (6.1) e dos dados mostrados na Tabela (6.1) (colunas 2, 3 e 4), pode-se observar que todos os objetos estudados encontram-se ainda na seq¨uˆencia principal, com cerca de 38% pr´oximosaseq¨ ` uˆencia principal terminal (TAMS). Para calcular seus est´agios evolutivos na seq¨uˆencia principal, usamos a idade da estrela (Tabela 6.1), a idade inicial na ZAMS eaidadefinalnaTAMS (a partir dos modelos de estrutura interna). Em seguida, comparamos os est´agios evolutivos desses objetos em fun¸c˜ao de suas massas, conforme mostrado na Figura (6.1). De modo equivalente, a partir dos valores de massas da Tabela (6.1), separamos as 114 estrelas em trˆes grupos, o primeiro com estrelas de baixa massa (M<7M), um com massas intermedi´arias

(7M 14M). A partir da Figura (6.1), sem efetuar corre¸c˜oes para a rota¸c˜ao elevada, nota-se que cerca de 73% dos objetos estudados encontram-se na segunda metade de suas trajet´orias evolutivas na seq¨uˆencia principal. Al´em disso, a Figura (6.1) indica que, independentemente da faixa de massas observada, o fenˆomeno parece ocorrer com maior freq¨uˆencia a partir da segunda metade do trajeto na seq¨uˆencia principal. Esse resultado ´e consistente com o estudo realizado por Fabregat & Torrej´on (2000) com estrelas Be em aglomerados abertos, onde o “fenˆomeno Be” poderia ser qualificado como produto de um efeito evolutivo que ocorre a partir da segunda metade do per´ıodo de vida na seq¨uˆencia principal. Dentre as principais deficiˆencias encontradas no estudo realizado por Fabregat & Torrej´on (2000) podemos enumerar:

1. Os resultados das freq¨uˆencias de ocorrˆencia de estrelas Be em aglomerados aber- tos provˆem de conjuntos de dados escassos e inomogˆeneos (segundo os pr´oprios autores), conduzindo a componentes especulativas acerca de suas conclus˜oes;

2. A determina¸c˜ao das idades dos aglomerados estudados foi estimada com base em dados fotom´etricos que n˜ao levam em conta corre¸c˜oes para a emiss˜ao cont´ınua proveniente do envelope circunstelar;

3. A rota¸c˜ao elevada modifica a luminosidade do objeto (obscurecimento gravita- cional) e n˜ao foi considerada. 6.2. Idades, luminosidades e massas 84 4 20 21 9 7 10 20 4 4 4 7 6 6 9 4 3 3 5 3 5 3 7 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , 0 1 2 4 1 2 1 1 2 2 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 2 1 0 corr ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 9 2 8 6 6 0 3 4 6 0 0 1 0 6 0 1 7 0 , , , , , , , , , , , , , , , , , , 00 40 00 00 M/M , , , , 13 4 10 5 1010 5 9 24 8 26 6 12 4 1210 9 15 11 11 34 47 10 5 1211 9 9 21 4 13 5 10 5 09 7 10 7 32 15 10410 24 15 12 20 14 23 11 25 10 13 15 12 7 13 7 13 5 13 7 25 8 25 12 16 8 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , corr 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± L/L 6 7 1 8 6 7 3 6 , , , 97 96 93 71 64 32 85 01 61 16 96 72 71 81 91 86 26 26 58 14 33 42 17 09 39 61 26 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , 13 2 05 2 1923 2 11 3 3 21 3 20 2 22 2 0513 4 4 22 4 0905 2 3 2019 3 13 3 13 3 2 12 2 28 2 24 3 21 2 93 93 53 24 4 0610 5 4 07 4 04 4 16 4 34 22 4 20 4 14 3 (anos) log , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 13 0 0 0 0 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± corr 9 9 7 6 , , , , 08 85 48 97 21 64 00 01 29 01 91 85 46 97 97 47 96 79 03 64 51 98 71 29 12 15 99 20 25 56 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , log idade 97 37 46 1010 8 20 5 7 2010 7 20 6 20 7 5 10 7 10 6 10 8 47 77 36 36 57 57 37 76 98 36 87 57 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , 0 0 0 26 16 17 17 17 16 16 corr 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 17 17 17 / s ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 1 7 9 0 8 2 0 9 7 0 0 7 8 9 0 , , , , , , , , , , , , , , , 98 00 00 35 58 99 97 00 62 00 , , , , , , , , , , M/M 1010 5 10 4 09 7 10 7 10 5 10 9 20 9 1020 9 8 30 4 1010 12 5 10 8 10 5 10 8 10 6 10 10 10 13 1020 24 7 1010 12 11 05 7 3025 14 3 1009 9 8 20 5 15 8 1210 12 20 14 4 1010 13 8 5 corr , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , / 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 s ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± L/L 99 06 68 29 99 79 76 06 93 87 46 96 68 99 86 28 08 61 17 34 43 20 56 54 44 06 72 90 99 36 35 78 42 68 87 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , (anos) log 080605 2 09 3 02 3 13 3 10 2 02 3 09 3 12 4 09 3 08 2 09 4 05 2 08 3 06 2 05 3 06 3 04 4 20 4 05 5 20 3 20 4 02 4 20 3 10 4 10 2 20 4 08 3 04 2 25 3 07 4 10 4 14 2 10 4 3 2 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 corr ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± / s 90 97 48 84 90 12 13 42 37 00 20 65 18 90 29 84 30 12 75 18 20 00 58 05 22 42 16 99 41 17 81 22 11 56 69 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , 7 7 7 6 7 7 7 7 7 8 7 7 7 7 7 6 7 7 6 7 7 7 7 7 8 7 7 5 7 7 6 8 7 7 7 log idade HD 29557 HD 50696 HD 47839 HD 50209 HD 33453 HD 37795 HD 46380 HD 52159 HD 49330 HD 49336 HD 52244 HD 50850 HD 33599 HD 43544 HD 70461 HD 14850 HD 20340 HD 35165 HD 36012 HD 43122 HD 43789 HD 45871 HD 46131 HD 50013 HD 58715 HD 63150 HD 48099 HD 49319 HD 37490 HD 43285 HD 48282 HD 50737 HD 55606 HD 67698 Objeto HD 10144 Tabela 6.1: Estimativas de idades, massas e luminosidades para 114 estrelas Be. 6.2. Idades, luminosidades e massas 85 13 18 29 18 10 23 5 8 6 4 5 4 4 3 4 4 9 4 7 9 3 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , 1 1 2 1 1 1 5 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 corr ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 4 9 3 6 0 0 7 0 0 0 2 9 6 6 7 , , , , , , , , , , , , , , , 00 00 21 00 30 00 M/M , , , , , , 05 7 14 4 09 4 20 10 11 4 2014 3 15 5 4 20 3 12 5 20 5 1820 7 5 22 5 141417 10 4 21 5 23 4 5 1726 8 12 13 11 8 9 17 8 11 11 12 12 13 19 35 27 4 25 9 544 21 5 13412 7 11 8 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , corr 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± L/L 8 2 1 6 , , , 44 66 63 99 73 22 91 70 49 06 20 53 99 82 12 92 99 68 02 56 37 86 79 63 12 33 74 69 93 12 53 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , 0815 3 2 12 2 25 3 15 2 111116 2 2 2 17 2 1502 3 28 3 10 3 2 29 2 141409 4 11 2 20 2 2 19 3 09 3 10 4 22 3 3 24 3 43 1016 4 5 09 4 13 4 18 4 10 3 10 2 10 3 13 3 19 3 (anos) log , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± corr 7 , 44 19 98 23 22 27 79 94 09 95 87 84 56 90 53 28 00 90 20 93 07 29 94 02 01 21 37 16 55 15 61 98 56 00 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , ao. c˜ log idade 20 7 77 1318 7 8 20 7 18 8 102020 8 7 7 87 36 57 47 77 57 47 57 38 37 48 37 97 47 46 97 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , 0 0 17 56 17 16 17 corr 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 18 18 17 17 17 / s ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 9 0 6 0 7 1 0 0 9 5 0 0 3 2 9 0 7 , 89 , , , , , , , , , , , , , , , , 00 00 00 00 30 11 00 , , , , , , , , M/M 30 5 251710 4 4 25 8 0710 9 21 11 5 2003 11 5 16 7 14 6 15 4 06 5 0820 12 4 10 5 1113 10 20 14 8 17 4 17 5 20 4 10 5 16 4 09 8 20 14 1111 5 8 20 9 09 3 10 5 10 4 1524 7 8 15 corr , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , / 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 s ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± L/L 80 60 64 96 21 12 28 23 48 44 69 12 43 59 91 82 16 06 92 02 80 14 69 61 61 07 90 76 24 02 59 45 70 53 16 Tabela 6.1: Continua¸ , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , (anos) log 101015 2 10 2 10 3 10 3 04 4 02 3 03 5 10 3 15 3 06 3 05 2 04 3 13 4 10 2 25 2 02 4 09 4 08 4 11 2 20 3 15 2 10 3 02 2 13 3 09 4 12 3 08 3 05 3 05 2 15 3 18 2 17 3 3 4 03 3 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 corr ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± / s 22 09 02 39 18 98 71 85 51 82 21 98 22 09 79 70 21 42 11 93 22 94 21 23 00 97 34 13 34 89 09 68 18 93 91 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , 8 8 7 7 7 7 6 7 7 7 8 7 7 8 7 6 7 7 8 7 8 7 8 7 7 7 7 7 8 7 8 7 7 6 7 log idade HD 112091 HD 112512 HD 119423 HD 127972 HD 134671 HD 135734 HD 136968 HD 105521 HD 100546 HD 120991 HD 124639 HD 105435 HD 110432 HD 112078 HD 113120 HD 119682 HD 126527 HD 126986 HD 127112 HD 127208 HD 130437 HD 134401 HD 134481 HD 137518 HD 104582 HD 106309 HD 106793 HD 118094 HD 120324 HD 131168 HD 137387 HD 112107 HD 130534 HD 110699 Objeto HD 90177 6.2. Idades, luminosidades e massas 86 25 20 23 5 7 4 20 16 10 22 10 20 8 7 5 4 5 6 3 3 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , 0 0 0 3 1 0 0 0 2 2 1 2 1 1 1 1 2 4 1 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 corr ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 0 9 1 0 7 0 9 9 9 9 6 , , , 28 93 68 , , , , , , , , 00 49 87 85 00 00 , , , M/M , , , , , , 1618 15 12 23 10 10 12 11 11 09 5 11 6 08 3 1009 7 11 1022 7 4 19 9 13 14 311 1609 10 12 27 10 15 4 1122 9 8 11 8 08 8 1511 11 16 8 8 16 10 13 10 1112 12 12 23 10 17 18 20 12 20 7 317 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , corr 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± L/L 0 6 , , 91 31 60 55 11 53 78 71 58 04 88 30 06 45 12 21 08 99 86 90 86 93 17 81 64 05 80 17 10 07 86 56 30 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , 10 2 2215 3 2 1320 3 4 1721 3 2 33 3 24 4 2214 4 19 5 1021 3 4 4 15 4 0908 4 4 15 4 13 2 1220 3 3 10 3 08 3 2411 4 26 3 11 3 4 43 1926 4 4 1820 4 4 21 4 09 3 44 (anos) log , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± corr 6 1 , , 79 56 25 26 24 56 22 97 00 98 69 89 12 77 97 16 00 26 08 29 34 29 37 20 23 02 27 03 75 26 81 89 58 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , ao. c˜ log idade 20 7 2020 6 20 6 2020 6 7 6 46 57 47 37 20 7 1610 7 8 2010 7 7 1020 7 8 20 6 58 57 47 57 67 37 37 37 56 57 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 17 17 16 17 16 16 corr 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 17 / s ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 3 3 9 9 1 9 9 9 2 9 9 7 0 9 , , , , 95 90 22 43 93 80 , , , , , , , , , , 00 51 90 93 99 00 77 03 , , , , , , , , , , , , , , M/M 1008 14 20 5 10 11 20 5 0810 12 10 12 6 0812 12 3 08 11 10 11 15 8 08 8 08 7 10 8 10 8 15 11 20 24 1010 10 7 10 11 10 11 10 7 08 4 0515 12 9 1510 20 9 10 8 1010 15 8 10 8 10 9 10 8 11 corr , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , / 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 s ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± L/L 53 96 25 10 33 25 35 16 62 22 25 90 06 61 06 90 46 14 60 95 33 13 56 98 29 99 87 82 06 72 86 76 71 93 33 Tabela 6.1: Continua¸ , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , (anos) log 140823 4 05 2 36 4 18 3 21 4 20 4 15 3 09 4 03 2 11 4 18 4 09 3 08 4 09 3 03 4 14 3 08 4 12 5 10 3 14 3 17 4 10 4 16 3 08 2 20 4 20 3 09 4 12 3 09 4 09 4 18 3 05 3 10 3 3 4 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 corr ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± / s 01 85 07 96 15 08 62 91 27 18 07 34 42 36 42 34 20 71 62 04 15 92 58 04 18 38 77 23 42 06 29 26 97 37 15 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , 7 7 7 7 7 7 7 6 8 7 7 7 7 7 7 7 7 6 7 7 7 6 7 8 7 7 6 7 7 7 7 7 6 7 7 log idade HD 143545 HD 149757 HD 150288 HD 152979 HD 161774 HD 166566 HD 155851 HD 156325 HD 142349 HD 150422 HD 151113 HD 143700 HD 152060 HD 152478 HD 153199 HD 154154 HD 164906 HD 171054 HD 172256 HD 158427 HD 159489 HD 160202 HD 164284 HD 173948 HD 146531 HD 150193 HD 164816 HD 170835 HD 143578 HD 144555 HD 156702 HD 164947 HD 170235 HD 174705 Objeto HD 142237 6.2. Idades, luminosidades e massas 87 6 3 3 10 6 5 8 6 , , , , , , , , 0 0 0 2 0 0 0 0 0 corr ± ± ± ± ± ± ± ± ± 9 8 9 0 0 8 6 , , , , , , , 55 M/M , 16 4 16 5 10 5 1122 11 16 14 11 17 3 34 20 20 , , , , , , , , , corr 0 0 0 0 0 0 0 0 0 ± ± ± ± ± ± ± ± ± L/L 7 , 17 46 87 20 58 16 43 91 , , , , , , , , 06 3 171713 2 2 2 172223 4 4 4 42 64 (anos) log , , , , , , , , , 0 0 0 0 0 0 0 0 0 ± ± ± ± ± ± ± ± ± corr 0 8 , , 86 77 64 69 00 98 91 , , , , , , , ao. c˜ log idade 67 36 36 10 7 88 67 57 57 , , , , , , , , 0 0 0 26 corr 0 0 0 0 0 / s ± ± ± ± ± ± ± ± ± 9 7 9 9 0 0 0 , , , , , , , 58 , M/M 1015 5 15 3 20 4 16 5 20 5 1015 19 11 15 14 11 corr , , , , , , , , , / 0 0 0 0 0 0 0 0 0 s ± ± ± ± ± ± ± ± ± L/L 20 52 51 91 91 94 25 74 20 , , , , , , , , , Tabela 6.1: Continua¸ (anos) log 063505 3 09 2 09 2 55 2 15 2 21 4 21 4 4 4 , , , , , , , , , 0 0 0 0 0 0 0 0 0 corr ± ± ± ± ± ± ± ± ± / s 87 16 93 79 79 85 07 06 00 , , , , , , , , , 7 8 7 7 7 6 7 7 7 log idade HD 183914 HD 185037 HD 217891 HD 208886 HD 316341 HD 322422 HD 330950 HD 316587 Objeto HD 179253 6.2. Idades, luminosidades e massas 88

Figura 6.1: (Painel superior)Diagrama HR de 114 estrelas Be de campo constru´ıdo a partir das interpola¸c˜oes bilineares de parˆametros fundamentais obtidos pelo m´etodo cl´assico (esquerda). Diagrama τ/τSP X massa para 114 estrelas Be de campo (direita).

(Painel central) Freq¨uˆencia de estrelas Be de baixa massa (< 7M)emfun¸c˜ao do est´agio evolutivo na seq¨uˆencia principal (esquerda). Freq¨uˆencia de estrelas Be de massa intermedi´aria (entre 7 e 14M) em fun¸c˜ao do est´agio evolutivo na seq¨uˆencia principal

(direita). (Painel inferior) Freq¨uˆenciadeestrelasBedealtamassa(acimade14M) em fun¸c˜ao do est´agio evolutivo na seq¨uˆencia principal. 6.2. Idades, luminosidades e massas 89

Face aos problemas expostos acima, em especial o relacionado no item (3), faz-se necess´ario considerar uma corre¸c˜ao para o obscurecimento gravitacional nos parˆametros f´ısicos. Devido a esse efeito, j´aexpostonocap´ıtulo anterior, a luminosidade L da estrela decresce pois a massa estelar aparente diminui como efeito da acelera¸c˜ao centr´ıpeta, implicando em que a estrela evolui como se tivesse menos massa, ou seja, ela vive mais tempo do que uma estrela de igual massa sem rota¸c˜ao. Considerando-se os valores de temperatura efetiva e gravidade superficial corrigidos por esse efeito calculados no cap´ıtulo anterior e realizando-se interpola¸c˜oes nos mode- los evolutivos de Schaller et al. (1992), obtivemos novos valores de idades, massas e luminosidades, conforme mostra a Figura (6.2) e a Tabela (6.1) (colunas 5, 6 e 7). 6.2. Idades, luminosidades e massas 90

Figura 6.2: (Painel superior)Diagrama HR de 114 estrelas Be de campo constru´ıdo a partir das interpola¸c˜oes bilineares de parˆametros fundamentais corrigidos da rota¸c˜ao estelar elevada (esquerda). Diagrama τ/τSP Xmassapara114estrelasBedecampo

(direita). (Painel central) Freq¨uˆenciadeestrelasBedebaixamassa(< 7M) em fun¸c˜ao do est´agio evolutivo na seq¨uˆencia principal (esquerda). Freq¨uˆencia de estrelas Be de massa intermedi´aria (entre 7 e 14M) em fun¸c˜ao do est´agio evolutivo na seq¨uˆencia principal (direita). (Painel inferior) Freq¨uˆencia de estrelas Be de alta massa (acima de

14M) em fun¸c˜ao do est´agio evolutivo na seq¨uˆencia principal. 6.2. Idades, luminosidades e massas 91

Analisando-se os est´agios evolutivos corrigidos em fun¸c˜ao da massa para esses ob- jetos (Figura. 6.2), podemos verificar que as estrelas Be ocorrem para todas as idades

τ/τSP ,n˜ao se encontrando pr´oximasa ` TAMS. O diagrama da Figura (6.7) mostra queasestrelasBen˜ao aparecem, em m´edia, para τ/τSP =0, 5 ou mais tarde, como afirmam Fabregat & Torrej´on (2000), mas aparecem a qualquer momento no inter- valo 0 <τ/τSP < 1. Na Figura (6.8), o histograma mostra que as estrelas Be com massas M<7M possuem em m´edia um dom´ınio de valores τ/τSP maior do que no caso 7M

Be com massas M<7M para τ/τSP > 0, 7. No caso das estrelas de alta massa

(M>14M), os resultados s˜ao coerentes com a possibilidade de terem desenvolvido suas caracter´ısticas Be em τ/τSP < 0, 5, por´em a evolu¸c˜ao desses objetos ´e muito r´apida ´eposs´ıvel que, ao se formarem mais ou menos ao mesmo tempo que as demais, j´ase encontrem em um est´agio evolutivo pr´oximoa ` TAMS. Em particular, na Figura (6.7) vemosque,paraasestrelascomM>14M, quanto maior a massa da estrela mais ela se encontra pr´oxima da TAMS. O fato de n˜ao existirem estrelas para τ/τSP > 0, 7 implica que se tratam efetivamente de estrelas que desenvolveram o “fenˆomeno Be” desde quando eram jovens, por´em que j´aalcan¸caram um est´agio evolutivo elevado, uma vez que evoluem rapidamente. Essa rapidez ´et˜ao maior quanto maior for a massa da estrela. Cap´ıtulo 7

Conclus˜oes e perspectivas

Este trabalho teve por escopo apresentar um panorama geral sobre as principais carac- ter´ısticas das estrelas Be e aprofundar-se em dois temas fundamentais, ainda hoje sem resposta definitiva, relacionados com as condi¸c˜oes f´ısicas do envelope circunstelar e o surgimento do “fenˆomeno Be”. O primeiro deles, relativoaproblem´ ` atica da forma¸c˜ao e da estrutura f´ısica dos envelopes circunstelares desses objetos, foi desenvolvido com base no estudo espec- trosc´opico de duas estrelas vari´aveis de tipo ζ Oph t´ıpicas, HD 127972 e HD 10144. As- sumimos que a forma¸c˜ao do envelope dessas estrelas esteja relacionada com o paradigma das eje¸c˜oes discretas de massa, o que ´ecompart´ıvel, quantitativa e qualitativamente, com as observa¸c˜oes da linha de Hα realizadas para esses objetos. N˜ao obstante a mode- lagem num´erica das linhas de Hα ser baseada em um modelo simplificado de envelope, os parˆametros geom´etricos (altura do disco e extens˜ao) e f´ısicos (profundidadeoptica ´ e campo de velocidades) oriundos das an´alises permitem inferir, em primeira aproxi- ma¸c˜ao, um dentre v´arios cen´arios estruturais poss´ıveis. Uma forma mais consistente e segura de se caracterizar fisicamente os envelopes de estrelas Be e impˆor restri¸c˜oes `a geometria reside na utiliza¸c˜ao de observa¸c˜oes interferom´etricas. No caso de HD 10144, as observa¸c˜oes com o VLT/VINCI (Domiciano de Souza et al. 2003) revelaram que esse objeto apresenta um grande achatamento devidoa ` rota¸c˜ao elevada, apresentando um quocientedesemi-eixosde1, 56 ± 0, 05. Esse resultado gera grandes implica¸c˜oes nas condi¸c˜oes f´ısicas desse objeto, uma vez que a aproxima¸c˜ao de Roche, supondo rota¸c˜ao r´ıgida, n˜ao se aplica a essa estrela (Domiciano de Souza et al. 2003).

92 Cap´ıtulo 7. Conclus˜oes e perspectivas 93

Foram expostos neste trabalho os principais mecanismos, atualmente aceitos, de perda de massa em estrelas Be, os quais seriam respons´aveis pela forma¸c˜ao do envelope. Dentre eles, escolhemos o de pulsa¸c˜oes n˜ao radiais (PNR) para justificar as varia¸c˜oes nos perfis de linha (vpl) detectadas em HD 127972 e HD 10144. Cabe ressaltar que a ado¸c˜ao desse mecanismo n˜ao exclui a existˆencia de outros. O segundo tema abordado neste trabalho concerne ao aparecimento do “fenˆomeno Be” em estrelas O, B e A normais. Para tanto, realizamos um estudo quantitativo em uma amostragem significativa de estrelas (114 Be e 27 estrelas OBA normais) de modo a determinar os parˆametros f´ısicos que caracterizam suas fotosferas. Atrav´es desse estudo foi poss´ıvel estimar os est´agios evolutivos dessas estrelas na seq¨uˆencia principal erealizar-seumadata¸c˜ao do fenˆomeno. Nesse estudo foram considerados dois casos. No primeiro caracterizamos todos os objetos no diagrama HR a partir de parˆametros fotosf´ericos sem levar em conta os efeitos gerados pelo obscurecimento gravitacional, enquanto que no segundo caso introduzimos uma corre¸c˜ao para esse efeito, o qual ´e expressivo no caso de estrelas com velocidades de rota¸c˜ao elevadas. Segundo os estudos conduzidos por Feinstein (1990) e Fabregat & Torrej´on (2000) com estrelas Be pertencentes a aglomerados abertos, o fenˆomeno de perda de massa e surgimento do envelope poderia ser qualificado como produto de um efeito evolutivo que ocorre a partir da segunda metade do per´ıodo de vida na seq¨uˆencia principal, onde adifus˜ao turbulenta respons´avel pelo s´ubito enriquecimento de h´elio na superf´ıcie es- telar, acopladaa ` alta velocidade de rota¸c˜ao, seria capaz de gerar campos magn´eticos por efeito d´ınamo e dar origema ` fenomenologia. Os resultados por n´os obtidos sem levar em conta o obscurecimento gravitacional conduzem a resultados semelhantes aos obtidos por Fabregat & Torrej´on (200). Por outro lado, ao corrigir-se as temperaturas e gravidades dessas estrelas pelo efeito da rota¸c˜ao elevada obtemos um cen´ario total- mente diverso, onde as estrelas Be ocorrem em todas as fases da seq¨uˆencia principal. Esse resultado ´e, em princ´ıpio, compat´ıvel com o cen´ario proposto inicialmente por Mermilliod (1982) e Slettebak (1985). De modo a se resolver esse impasse, alguns aspectos importantes devem ser considerados. Primeiramente, a corre¸c˜ao do efeito de obscurecimento gravitacional aqui empre- gada adotou como v´ınculo comum a todos os objetos uma taxa de rota¸c˜ao de Ω/Ωc ∼ Cap´ıtulo 7. Conclus˜oes e perspectivas 94

0, 95, a qual ´e produto de observa¸c˜oes interferom´etricas para umunico ´ objeto (HD 10144). Assim, um estudo conclusivo sobre a origem do “fenˆomeno Be” requer neces- sariamente uma estat´ıstica com uma amostragem maior de objetos observados, bem como um maior n´umero de estrelas estudadas por interferometria. Al´em disso, a de- termina¸c˜ao de parˆametros f´ısicos corrigidos dos efeitos da rota¸c˜ao elevada permitir˜ao efetuar futuramente estimativas de distˆancias para esses objetos, de grande valia para estudos posteriores sobre suasorbitas ´ na Gal´axia e regi˜oes de forma¸c˜ao estelar. Em particular, isto permitir´a a realiza¸c˜ao de um estudo sobre eventuais correla¸c˜oes entre velocidades de rota¸c˜ao e velocidades peculiares para estrelas que se formaram em uma mesma regi˜ao em uma mesma ´epoca. Por outro lado, as estimativas de parˆametros f´ısicos realizadas a partir de larguras equivalentes (diagrama de Kiel) e ajustes de modelos te´oricos a espectros observados carregam intrinsecamente os efeitos da presen¸ca do envelope circunstelar, e as tenta- tivas de se corrigir esse efeito por ajuste de perfis emp´ıricos (Chauville et al. 2001) permitem apenas a obten¸c˜ao de estimativas de temperaturas e gravidades em primeira ordem. Esse problema pode tamb´em ser melhor contornado a partir de observa¸c˜oes com interferometria, contanto que os objetos sejam estudados em seus per´ıodos de quiescˆencia. Bibliografia

[1] Adelman, S.J. 2003, IAU Inform. Bull. Var. Stars, 5460, 1

[2] Albert, E. Huang, S. S., 1974, ApJ, 189, 479

[3] Andrews, P. J., & Breger, M. 1966, Observatory, 86, 108

[4] Andrillat, Y. 1983, A&AS, 53, 319

[5] Andrillat, Y., Jaschek, M., & Jaschek, C. 1986, A&AS, 65, 1

[6] Baade, D. 1982, A&A, vol. 110, 15

[7] Baade, D. 1989, A&AS, vol. 79, no. 3, p. 423

[8] Baldwin, R. B. 1939, ApJ, 89, 255

[9] Baldwin, R. B. 1940, ApJ, 92, 82

[10] Baldwin, R. B. 1941, ApJ, 93, 333

[11] Baillet, A., Chalonge, D., & Divan, L. 1973, Nouv. Rev. Optique, Vol. 4, No 3, 151

[12] Ballereau, D., Chauville, J., Zorec, J. 1995, A&AS, 111, 457

[13] Balona, L.A. 1975, MNRAS, 173, 449

[14] Balona, L.A., Engelbrecht, C.A., Marang, F. 1987, MNRAS, 227, 123

[15] Balona, L.A. 1990, MNRAS, 245, 92

[16] Balona, L.A. 1995, MNRAS, 277, 1547

95 Bibliografia 96

[17] Barbier, D., & Chalonge, D. 1939, ApJ, 90, 627

[18] Barbier, D., Chalonge, D. 1941, Annales d’Astrophysique, Vol. 4, p.30

[19] Barker, P. K. 1982, ApJS, 49, 89

[20] Bjorkman, J.E., & Cassinelli, J.P. 1993, ApJ, 409, 429

[21] Bjorkman, J.E. 1994, Astrophysics and Space Science, vol. 221, no. 1-2, p. 443

[22] Briot, D. 1971, A&A, 11, 57

[23] Briot, D., & Zorec, J. 1981 In: Spectral type dependence of the characteristics of Be-stars, workshop: pulsating B-stars: Nice, France, p.109

[24] Briot, D., & Robichon, N. 2000, In: The Be Phenomenon in Early-Type Stars, IAU Colloquium 175, ASP Conference Proceedings, Vol. 214, edited by Myron A. Smith and Huib F. Henrichs. Astronomical Society of the Pacific, p.117

[25] Brown, J. C., Wood, K. 1992, A&A, 265, 663

[26] Buta, R. J., & Smith, M. A. 1979, ApJ, 232, 213

[27] Carroll, J. A. 1933, MNRAS, 93, 478

[28] Castelli, F., Gratton, R. G., Kurucz, R. L. 1997, A&A, 318, 841

[29] Castor, J. I., Abbott, D. C., Klein, R. I. 1975, ApJ, 195, 157

[30] Chalonge, D., & Divan, L. 1952, Ann. Astrophys., 15, 201

[31] Chauville, J., Zorec, J., & Ballereau, D. et al. 2001, A&A, 378, 861

[32] Chen, H., Huang, L., 1987, Chinese Astronomy and Astrophysics, vol. 11, p. 10

[33] Cidale, L. S. 1998, ApJ, 502, 824

[34] Code, A. D., Bless, R. C., Davis, J., Brown, R. H. 1976, ApJ, 203, 417

[35] Coe, M. J. 2000 In: The Be Phenomenon in Early-Type Stars, IAU Colloquium 175, ASP Conference Proceedings, Vol. 214, edited by Myron A. Smith and Huib F. Henrichs. Astronomical Society of the Pacific, p.656 Bibliografia 97

[36] Cohen, D. H., Cassinelli, J. P., & Macfarlane, J. J. 1997, ApJ, 487, 867

[37] Cohen, D. H. 2000, The Be Phenomenon in Early-Type Stars, IAU Colloquium 175, ASP Conference Proceedings, Vol. 214, edited by Myron A. Smith and Huib F. Henrichs. Astronomical Society of the Pacific, p.156

[38] Collins II, G.W., & Truax, R.J. 1995, ApJ, 439, 860

[39] Cook, K., Alcock, C., Purdue, P., Allsman, R., Alves, D., Axelrod, T., Freeman, K., Peterson, B., Rodgers, A., Becker, A., et al. 1995, In: 187th AAS Meeting, Bulletin of the American Astronomical Society, Vol. 27, p.1428

[40] Cote, J., Waters, L. B. F. M.1987, A&A, 176, 93

[41] Cox, A. N., Morgan, Siobahn M., Rogers, Forrest J., Iglesias, Carlos A. 1992, ApJ, 393, 272

[42] Dachs, J., Maitzen, H. M., Moffat, A. F. J., Sherwood, W. A., & Stift, M. 1977, A&A, 56, 417

[43] Denissenkov, P. A. 1994, A&A, 287, 113

[44] Divan, L., 1979 In: Spectral Classification of the Future, IAU Coll. 47, Vatican City, vol. 9, p. 247

[45] Divan, L., & Zorec, J. 1982, in: Be stars: Proceedings of the Symposium, Munich, West Germany, D. Reidel Publishing Co., p. 61

[46] Doazan, V., Thomas, R. N. 1982, In: ESA 3rd European IUE Conf. p 287-290 (SEE N83-11889 02-88)

[47] Domiciano de Souza, A., Kervella, P., Jankov, S., Abe, L., Vakili, F., di Folco, E., Paresce, F. 2003, A&A, 407, p.L47

[48] Dougherty, S. M., Taylor, A. R., 1992 Nature, vol. 359, no. 6398, p. 808

[49] Dyson, J. E., & Hartquist, T. W. 1992, Astro. Lett. and Comm., 28, 301

[50] ESA 1997, The Hipparcos and Tycho Catalogues, ESA SP-120 Bibliografia 98

[51] Fabregat J., & Torrej´on J.M 2000, A&A, 357, 451

[52] Feinstein, A. 1968, Zeitschrift f¨ur Astrophysik, Vol. 68, p.29

[53] Feinstein, A., Marraco, H.G. 1979, AJ, 84, 1713

[54] Feinstein, A. 1990, Rev. Mex. Astron. Astrofis., 21, 373

[55] Floquet, M., Neiner, C., Janot-Pacheco E., Hubert, A. M., Jankov S., Zorec J., Briot D., Chauville J., Leister N. V., Percy J. R, Ballereau D., Bakos A. G. 2002, A&A, 394, 137

[56] Foster, G., 1995, AJ, 109, 1989

[57] Fr´emat, Y., Levenhagen, R., Zorec, J., Leister, N., Hubert, A.M., Floquet, M., Neiner, C., Martayan, C. 2002, in Semaine de l’Astrophysique Fran¸caise, EdP- Sciences (Editions de Physique), Conference Series, p. 525

[58] Fr´emat, Y., Zorec, J., Hubert, A.M., Floquet, M. 2004, A&A (submetido)

[59] Frost, S.A., & Conti, P.S. 1976, In: Be and Shell Stars, IAU Symp No 70, eds. A. Slettebak, Reidel Publ. Co., p. 139

[60] Gayley, K. G., Owocki, S. P., & Cranmer, S. R. 1999, ApJ, 513, 442

[61] Gehrz, R. D., Hackwell, J. A., Jones, T. W. 1974, ApJ, 191, 675

[62] Grady, C. A., Sonneborn, G., Wu, C.; Henrichs, H. F. 1987, ApJS, 65, 673

[63] Gray, D. F. 1992, in The observations and analysis of stellar photospheres, ed. Cambridge Uni. Press, 368

[64] Grebel, E. K. 1997, A&A, 317, 448

[65] Grevesse, N., & Sauval, A. J. 1998, Space Science Reviews, v. 85, Issue 1/2, p. 161

[66] Guinan, E. F., Hayes, D. P. 1984, ApJ, 287, 39

[67] Gulliver, A. F. 1977, ApJS, 35, 441 Bibliografia 99

[68] Gulliver, A. F., Bolton, C. T., Poeckert, R. 1980, PASP, 92, 774

[69] Hanuschik, R. W. 1996, A&A, 308, 170

[70] Harmanec, P.; Horn, J.; Koubsky, P., 1982, In: Be Stars: I.A.U. Symp.98 - Munich p.269

[71] Harmanec, Petr, 1988, Astronomical Institutes of Czechoslovakia, Bulletin vol. 39, no. 6, p. 329

[72] Harmanec, P. 2000, In: The Be Phenomenon in Early-Type Stars, IAU Coll. No 175, (eds.) M.A. Smith, H.F. Henrichs, & J. Fabregat, ASP Conf. Ser. Vol. 214, p. 13

[73] Hill, G., Harmanec, P., Pavlovski, K., Bozic, H., Hadrava, P., Koubsky, P., Ziznovsky, J., 1997, A&A, 324, 965

[74] Hiltner, W.A., Garrison, R.F. & Schild, R.E. 1969, ApJ 157, 313

[75] Huang, S. 1972, ApJ, 171, 549

[76] Huang, S. 1973, ApJ, 183, 541

[77] Hubeny, I. 1988, Computer Physics Comm. 52, 103

[78] Hubeny, I., Hummer, D.G., & Lanz, T. 1994, A&A, 282, 151

[79] Hubeny, I., & Lanz, T. 1995, ApJ, 439, 875

[80] Hubert-Delplace, A.M., Hubert, H. 1979, An atlas of Be stars, Paris-Meudon Observatory

[81] Hubert, A. M., & Floquet, M. 1998, A&A, 335, 565

[82] Hubert, A.M., Floquet, M.,& Zorec, J. 2000, In: The Be Phenomenon in Early- Type Stars, IAU Coll. No 175, (eds.) M.A. Smith, H.F. Henrichs, & J.Fabregat, ASP Conf. Ser. Vol. 214, p. 348

[83] Hummel, W., 1998, A&A, 330, 243 Bibliografia 100

[84] Janot-Pacheco E., Jankov S., Leister N.V., et al. 1999, A&AS, 137, 407

[85] Jaschek, C., Jaschek, M., Kucewicz, B. 1964, ZAp, 59, 108

[86] Jaschek, M., Slettebak, A., & Jaschek, C. 1981, Newsl., 4, 9

[87] Jeans, J.H. 1919, MNRAS, 79, 319

[88] Jefferies, J.T. 1968, Spectral Line Formation, Blaisdell Publishing Company, Massachusetts

[89] Keller, S. C., Bessell, M. S., Cook, K. H., Geha, M., Syphers, D. 2002, AJ, 124, 2039

[90] Kogure, T., & Hirata, R. 1982, Astron. Soc. of India Bulletin v. 10:4, p.281

[91] Korotin, S.A., Andrievsky, S.M., & Luck, R.E. 1999, A&A, 351, 168

[92] Lamers H.J.G.L.M., & Pauldrach, A.W.A. 1991, A&A, 244, L5

[93] Lamers H.J.G.L.M., Zickgraf, F.J., de Winter, D., Houziaux, L., Zorec, J. 1998, A&A, 340, 117

[94] Lamers, H. J. G. L. M., Cassinelli, J. P. 1999, Irish astronomical journal, vol. 26, no.2,p.171

[95] Ledoux, P. 1951, ApJ, 114,373

[96] Lee, U., Saio, H. 1986, MNRAS, 221, 365

[97] Lee, U., Saio, H. 1987, MNRAS, 225, 643

[98] Leister, N.V., Janot-Pacheco, E., Hubert, A.M., et al. 1994, A&A, 287, 789

[99] Levenhagen, R.S., Leister, N.V., Zorec, J., Janot-Pacheco, E., Hubert, A.M., Floquet, M. 2003, A&A, 400, 599

[100] Levenhagen, R.S., & Leister, N.V. 2004, AJ, 127, 1176

[101] Lyubimkov, L. S. 1998, Astronomy Reports, vol. 42, p. 52 Bibliografia 101

[102] Maeder, A. 1997, A&A, 321, 134

[103] Maeder, A., Grebel, E.K., & Mermilliod, J.C 1999, A&A, 346, 459

[104] Marlborough, J. M. 1969, ApJ, 156, 135

[105] Marlborough, J. M., 1987, In: Physics of Be stars; Proceedings of the Ninety- second IAU Colloquium, Boulder, CO, Cambridge University Press, p. 316-335

[106] Marlborough, J.M. 2000 in ASP Conf. Ser. 214, IAU Coll. 175 eds. M.A. Smith, H.F. Henrichs & J. Fabregat, 272

[107] Maxted, P. F. L., Hill, G., Hilditch, R. W., 1995, A&A, 301, 141

[108] McLaughlin, D. B., 1937, ApJ, 85, 181

[109] McLaughlin, D. B., 1961, ApJ, 134, 1015

[110] Mennickent, R. E., Vogt, N., Sterken, C., 1994, A&AS, 108, 237

[111] Mermilliod, J. C. 1982, A&A, 109, 48

[112] Merrill, P. W., 1952, ApJ, 116, 501

[113] Meurs, E. J. A., Piters, A. J. M., Pols, O. R., Waters, L. B. F. M., Cote, J., van Kerkwijk, M. H., van Paradijs, J., Burki, G., Taylor, A. R., de Martino, D. 1992, A&A, 265, L41

[114] Moujtahid, A., Zorec, J., Hubert, A. M., Garcia, A., Burki, G., 1998, A&AS, 129, 289

[115] Moujtahid, A., Zorec, J., Hubert, A. M. 1999, A&A, 349, 151

[116] Nelder, J. A., & Mead, R. 1965, Computer Journal, vol. 7, 308

[117] Nordh, H. L.,& Olofsson, S. G., 1977, A&A, 56, 117

[118] Okazaki, A. T., 1991, PASJ, 43, 75 Bibliografia 102

[119] Okazaki, A. T., 2000, In: The Be Phenomenon in Early-Type Stars, IAU Col- loquium 175, ASP Conference Proceedings, Vol. 214, edited by Myron A. Smith and Huib F. Henrichs. Astronomical Society of the Pacific, p.409

[120] Osaki, Y. 1971, PASJ, 23, 485

[121] Osterbrok, D. E. 1989, Astrophysics of Gaseous Nebulae and Active Galatic Nuclei, University Science Books

[122] Oudmaijer, R. D., Drew, J. E. 1997, A&A, 318, 198

[123] Owocki, Stanley P., Cranmer, Steven R., Blondin, John M. 1994, ApJ, 424, 887

[124] Owocki, S. P., Cranmer, S. R., Gayley, K. G. 1996, ApJ, 472, 115

[125] Owocki, Stanley P.; Cohen, D. H. 1999, ApJ, 520, 833

[126] Pauldrach, A. W. A., Puls, J. 1990, A&A, 237, 409

[127] Pavlovski, K., Harmanec, P., Bozic, H., Koubsky, P., Hadrava, P., Kriiz, S., Ruzic, Z., Stefl,ˇ S., 1997, A&AS, 125, 75

[128] Penrod, G. D., 1986, In: Workshop on the Connection between Nonradial Pul- sations and Stellar Winds in Massive Stars, Boulder, CO, Astronomical Society of the Pacific, Publications, vol. 98, p. 35

[129] Percy, J. R., Coffin, B. L., Drukier, G. A., Ford, R. P., Plume, R., Richer, M. G., Spalding, R. 1988, PASP, vol. 100, p. 1555

[130] Petrenz, P., Puls, J., 2000, A&A, 358, 956

[131] Poeckert, R., Bastien, P., & Landstreet, J. D. 1979, AJ, 84, 812

[132] Poeckert, R.; Marlborough, J. M. 1978, ApJS, 38, 229

[133] Pols, O. R., Cote, J., Waters, L. B. F. M., Heise, J. 1991, A&A, 241, 419

[134] Popper, D. M., 1980, In: Annual review of astronomy and astrophysics, volume 18, Palo Alto, Calif., Annual Reviews, Inc., 1980, p. 115-164 Bibliografia 103

[135] Porter, J. M. 1996, MNRAS, 280, 31

[136] Porter, J. M., 1997, A&A, 324, 597

[137] Prinja, R. K.; Howarth, I. D., 1986, ApJS, 61, 357

[138] Quirrenbach, A., Hummel, C. A., Buscher, D. F., Armstrong, J. T., Mozurkewich, D., Elias, N. M., II, 1993, Astrophysical Journal Letters v.416, p.L25

[139] Quirrenbach, A., Buscher, D. F., Mozurkewich, D., Hummel, C. A., Armstrong, J. T. 1994, A&A, vol. 283, no. 2, p. L13

[140] Quirrenbach, A., Bjorkman, K. S., Bjorkman, J. E., Hummel, C. A., Buscher, D. F., Armstrong, J. T., Mozurkewich, D., Elias, N. M., II, Babler, B. L. 1997, ApJ, 479, 477

[141] Rivinius, Th., Stefl,ˇ S., Baade, D. 1999, A&A, 348, 831

[142] Rivinius, Th., Baade, D., Stefl, S. 2003, A&A, 411, 229

[143] Sareyan, J. P., Chauville, J., Alvarez, M., Guerrero, G., Arellano Ferro, A., Math- ias, P., Pea, J. 2002, In: IAU Colloquium 185: Radial and Nonradial Pulsations as Probes of Stellar Physics, ASP Conference Proceedings, Vol. 259. Edited by Conny Aerts, Timothy R. Bedding, and Jrgen Christensen-Dalsgaard, p.238

[144] Schaller, G., Schaerer, D., Meynet, G., et al. 1992, A&AS, 96,269

[145] Schild, R., Romanishin, W. 1976, ApJ, 204, 493

[146] Schmidt-Kaler, Th. 1964, Zeitschrift f¨ur Astrophysik, vol. 58, p. 217

[147] Secchi, A. 1867, Astron. Nachrichten, 68, 63

[148] Shorlin, S. L. S., Wade, G. A., Donati, J.-F., Landstreet, J. D., Petit, P., Sigut, T. A. A., Strasser, S. 2002, A&A, 392, 637

[149] Slettebak, A. 1982, ApJS, 50, 55

[150] Slettebak, A. 1985, ApJS, 59, 769 Bibliografia 104

[151] Slettebak, A. 1987, In: Physics of Be stars; Proceedings of the Ninety-second IAU Colloquium, Boulder, CO, Aug. 18-22, 1986. Cambridge and New York, Cambridge University Press, p. 24

[152] Slettebak, A. 1988, PASP, 100, 770

[153] Slettebak, A., Collins, G.W.II, Truax, R. 1992, ApJS, 81, 335

[154] Smith, M. A.,& Karp, A. H. 1976, In: A. N. Cox & Deupree (eds.), Solar and Stellar Pulsation, Los Alamos Publications, Los Alamos, p. 289

[155] Smith, M. A. 1977, ApJ, 215, 574

[156] Smith, M. A. 1978, ApJ, 223, 221

[157] Smith, M. A. 1981, ApJ, 248, 214

[158] Smith, M. A. 1994,in Pulsation, Rotation and Mass Loss in Early-Type Stars, IAU Symp. No. 162, eds. L. Balona, H. Henrichs, J. M Le Contel, p. 241

[159] Snow, T. P., Jr., & Marlborough, J. M. 1976, ApJ, 203, L87

[160] Snow, T. P. 1981, ApJ, 151, 139

[161] Snow, T. P., Stalio, R., 1987, In: Exploring the universe with the IUE satellite (A88-22626 07-90). Dordrecht, D. Reidel Publishing Co., p. 183

[162] Stefl,ˇ S., Baade, D., Harmanec, P., Balona, L.A., 1994 in Pulsation, rotation and mass loss in early-type stars: proceedings of the 162nd symposium of the International Astronomical Union, Ed. by Luis A. Balona, Huib F. Henrichs and Jean M. Contel, Kluwer Academic Publishers, Dordrecht, p. 307

[163] Stee, Ph., de Araujo, F. X. 1994, A&A, 292, 221

[164] Stee, Ph. 1998, A&A, 336, 980

[165] Stoeckley, T. R. 1968, MNRAS, 140, 141

[166] Struve, O. 1931, ApJ, 73, 94 Bibliografia 105

[167] Telting, J.H., & Schrijvers, C. 1997a, A&A, 121, 343

[168] Telting, J.H., & Schrijvers, C. 1997b, A&A, 317, 742

[169] Townsend, R. H. D., Owocki, S. P., Howarth, I. D., 2004, MNRAS, 350, 189

[170] Thomas, R.N. 1965, Non-Equilibrium Thermodynamics in the Presence of a Ra- diation Field, Univ. Colorado Press, Boulder, Colorado

[171] Uesugi, A., & Fukuda, I., 1982, Catalogue of Stellar Rotational Velocities, 2nd edition, Dept. Astron. Univ. Kyoto

[172] Underhill, A., Doazan, V. (eds.), B stars with and without emission lines, 1982, NASA/CNRS SP 456 monograph

[173] Unno, W., Osaki, Y., Ando, H., Saio, H., Shibahashi, H., 1989, Nonradial oscil- lations of stars, Tokyo: University of Tokyo Press, 2nd ed

[174] Vakili, F., Granes, P., Bonneau, D., Noguchi, M., Hirata, R., 1984, PASJ, 36, 231

[175] van Bever, J., Vanbeveren, D. 1997, A&A, 322, 116

[176] Vogt, S. S., & Penrod, G. D. 1983, ApJ, 275, 661

[177] von Zeipel, H. 1924a, MNRAS, 84, 665

[178] von Zeipel, H. 1924b, MNRAS, 84, 684

[179] Wade, R. A., Rucinski, S. M. 1985, A&A, 60, 471

[180] Walker, G. A. H., Yang, S., & Fahlman, G. G. 1979, ApJ, 233, 199

[181] Waters, L. B. F. M., 1986, A&A, 162, 121

[182] Waters, L. B. F. M.; Cote, J.; Lamers, H. J. G. L. M., 1987, A&A, 185, 206

[183] Waters, L. B. F., Marlborough, J. M., van der Veen, W. E. C., Taylor, A. R., Dougherty, S. M. 1991, A&A, 244, 120 Bibliografia 106

[184] Waters, L. B. F. M., & Marlborough, J. M. 1994, In: Pulsation, rotation, and mass loss in early-type stars: proceedings of the 162nd symposium of the Inter- national Astronomical Union, Edited by Luis A. Balona, Huib F. Henrichs, and Jean Michel Contel, Kluwer Academic Publishers, Dordrecht, p.399

[185] Wood, K., Bjorkman, K. S., Bjorkman, J. E., 1997, ApJ, 477, 926

[186] Yudin, R. V. 2001, A&A, 368, 912

[187] Zorec, J. 1985, Rev. Mex. Astron. Astrofis., 10, 277-281

[188] Zorec, J. 1986, PhD Thesis, Paris: Universit´eVII

[189] Zorec, J., & Briot, D. 1991, A&A, 245, 150

[190] Zorec, J., & Briot, D. 1997, A&A, 318, 443

[191] Zorec, J., Fr´emat, Y., & Hubert, A.M. 2000, In: The Be Phenomenon in Early- Type Stars, IAU Coll No 175, eds. M.A. Smith, H.F. Henrichs, J. Fabregat, ASP Conf. Series 214, p. 330

[192] Zorec, J., & Fr´emat, Y., 2004, A&A, in press Anexo A

Trabalhos publicados

A.1 Anais de congresso

• Line profile and photometric variations of the Be star η Cen

R. Levenhagen, N. Leister, E. Janot-Pacheco, J. Zorec, A.M. Hubert, M. Floquet

Radial and Nonradial Pulsations as Probes of Stellar Physics, IAU Coll. No 185, eds. C. Aerts, T.R. Bedding, J. Christensen-Dalsgaard, ASP CS, 259, 252, 2002

• Multiperiodic variations of the Be star HD 127972

R. Levenhagen, N. Leister, J. Zorec, E. Janot-Pacheco, A.M. Hubert, M. Floquet

XR´eunion R´egional Latinoamericana de Astronom´ıa, Rev. Mex.AA (S´erie de Conf.), 2002, Vol. 14, p. 112

• Multiperiodicity and NRP in Be stars

E. Janot-Pacheco, N. Leister, R. Levenhagen, M.V.M. Fernandes, A.M. Hubert, M. Floquet, J. Zorec, S. Jankov, A. Domciano de Souza Jr., C. Neiner

XR´eunion R´egional Latinoamericana de Astronom´ıa, Rev. Mex.AA (S´erie de Conf.), 2002, Vol. 14, p. 115

• Chemical composition of early-type Be stars

Y. Fr´emat, J. Zorec, R. Levenhagen, N.V. Leister, A.M. Hubert, M. Floquet, C. Neiner

107 A.1. Anais de congresso 108

CNO in the Universe, ASP Conf. Series, Vol. 304, eds. C. Charbonnel, D. Schaere, G. Meynet, 2003

• Chemical composition of Be stars

Y. Fr´emat, R. Levenhagen, J. Zorec, N.V. Leister, A.M. Hubert, M. Floquet, C. Neiner,C.Martayan

Modelling of stellar Atmospheres, IAU Symp. No. 210, eds. N.E. Piscunov, W.W. Weiss, D.F. Gray, 2002, CD-ROM, paper E17

• Rotational velocities of “field”Be stars

J. Zorec, R. Levenhagen, J. Chauville, F. Royer, N.V. Leister, Y. Fr´emat, D. Ballereau

Stellar Rotation, IAU Symp. No. 215, eds. A. Maeder, Ph. Eenens, 2002, in press

• The initial mass function of Be stars

J. Zorec, R. Levenhagen, J. Chauville, Y. Fr´emat, D. Ballereau, A.M. Hubert, M. Floquet, N.V. Leister

Stellar Rotation, IAU Symp. No. 215, eds. A. Maeder, Ph. Eenens, 2002, in press

• Correlation between V sin i and the peculiar velocities of Be stars

J. Zorec, J. Chauville, R. Levenhagen, N.V. Leister, D. Ballereau

Stellar Rotation, IAU Symp. No. 215, eds. A. Maeder, Ph. Eenens, 2002, in presse

• Fast rotating stars: effect of the aspect angle on line profiles

Y. Fr´emat, J. Zorec, A.M. Hubert, M. Floquet, N.V. Leister, R. Levenhagen, J. Chauville, D. Ballereau

Stellar Rotation, IAU Symp. No. 215, eds. A. Maeder, Ph. Eenens, 2002, sous presse A.1. Anais de congresso 109

• CNO abundances in early type Be stars

Y. Fr´emat, J. Zorec, R. Levenhagen, N.V. Leister, A.M. Hubert, M. Floquet, C. Neiner

Stellar Rotation, IAU Symp. No. 215, eds. A. Maeder, Ph. Eenens, 2002, in presse

• Determination of chemical abundnaces in fast rotating stars

Y. Fr´emat, R. Levenhagen, J. Zorec, N.V. Leister, A.M. Hubert, M. Floquet, C. Neiner,C.Martayan

Scientific Highlights-SF2A, 2002, eds. F. Combes, D. Barret, p. 525

• Are Be stars critical rotators ?

J. Zorec, Y. Fr´emat, J. Chauville, D. Ballereau, A.M. Hubert, M. Floquet, R. Levenhagen, N.V. Leister

Scientific Highlights-SF2A, eds. F. Combes, D. Barret, T. Contini and L. Pagani, 2003, p. 617

• ?Las estrellas Be, son rotadores crticos? Zorec, J.; Frmat, Y.; Chauville, J.; Ballereau, D.; Hubert, A. M.; Floquet, M.; Levenhagen, R.; Leister, N. V. Boletin de la Asociaci´on Argentina de Astronom´ıa 2003, Vol.46, 45

• Activity in the Be star alpha Eri Fernandes, M.V.M., Leister, Levenhagen, R.S., J. Zorec Boletin de la Asociaci´on Argentina de Astronom´ıa 2003, Vol.46, 47

• Estrellas Be en Cmulos Abiertos Cidale, L. S., Zorec, J., Frmat, Y., Hubert, A. M., Floquet, M., Levenhagen, R., Leister, N. V. Boletin de la Asociaci´on Argentina de Astronom´ıa 2003, Vol.46, 31 A.2. Artigos completos 110 A.2 Artigos completos A&A 400, 599–612 (2003) Astronomy DOI: 10.1051/0004-6361:20030068 & c ESO 2003 Astrophysics

NRPs and circumstellar activity in HD 127972?

R. S. Levenhagen1, N. V. Leister1,J.Zorec2, E. Janot-Pacheco1,A.M.Hubert3, and M. Floquet3

1 Instituto de Astronomia, Geof´ısica e Ciˆencias Atmosf´ericas da Universidade de S˜ao Paulo, CUASO 05508-900 S˜ao Paulo, Brazil 2 Institut d’Astrophysique de Paris, 98bis Boulevard Arago, 75014 Paris, France 3 Observatoire de Paris-Meudon, GEPI, FRE/2459, 92195 Meudon Cedex, France

Received 8 July 2002 / Accepted 19 December 2002

Abstract. Line profile variations (lpv) in He ,Fe,Mg and Si  transitions were detected in the Be star η Cen (HD 127972) by means of high resolution and S/N spectroscopic observations obtained in six epochs from May 1996 to April 2001. They were interpreted in terms of nonradial pulsations (NRPs). Time analysis was performed using Cleanest algorithm and showed the following frequencies with high order of significance: 0.61 c/d, 1.48 c/d, 3.81 c/d, 5.31 c/d, 9.24 c/d and 10.35 c/d. From phase variation diagrams we estimated mode degrees ` in the range 3–8. If the 10.35 c/d frequency is considered the first harmonic of 5.31 c/d, the corresponding azimuthal number of the mode is m = 4 2. Except for 0.61 c/d, all other frequencies | | ± are compatible with NRPs. During the period of progressive activity enhancement in the He  6678 line, a strengthening of Balmer emission lines was observed. From Mar. 12 to Mar. 23, 2000, we noticed rapid variations of both Hα peak separation and V/R ratios. Using a simple model for the Hα line emission formation, we outlined an explanation for the season-averaged Hα emission variation in terms of changes of the mass density in the circumstellar envelope. The fundamental parameters of η Cen were analyzed using several methods. The adopted ones account for the stellar fast rotation, which helped us not only to estimate the stellar rotational frequency, but also to show that the star is in the middle of its main sequence life span.

Key words. stars: emission-line, Be – stars: oscillations – stars: individual: η Cen – stars: fundamental parameters – techniques: spectroscopic – line: profiles

1. Introduction evolutionary status in order to generate these characteristics, and how do they produce the CE? In the spatial UV spec- The classic Be phenomenon has been known since the dis- trum of Be stars there are signatures indicating the presence covery of emission lines in the spectrum of γ Cas by Secchi 9 of winds with average mass loss of the order of 10− to (1867). Although for a long time this phenomenon was con- 11 1 10− M yr− (Snow 1987). So, neither once assumed criti- sidered to be limited to the B spectral type, today its charac- cal rotation (Struve 1931) nor a stationary wind alone can ac- teristics are recognized to be present in other spectral types count for the total mass flux in the CE where particle densities and so it could be named the “OBAe phenomenon”, as it is 12 3 are 10 cm− . Combined wind-rotation mechanisms were shared by non-supergiant late O to early A spectral type stars put∼ forward to produce the CE (Lamers & Pauldrach 1991; that have shown at least once some emission in H Balmer lines Bjorkman & Cassinelli 1993). Contrasting with the above con- (Frost & Conti 1976; Andrillat et al. 1986; Marlborough 2000). tinuing mass loss related phenomena, evidence is accumulat- Apart from the many spectroscopic, photometric, spectropho- 11 ing on recurrent small-scale or moderate ∆M < 10− M (cf. tometric and polarimetric characteristics seen in the spectral Hanuschik et al. 1993; Floquet et al. 2000, 2002)∼ to large-scale domain ranging from visible to the IR, which are attributed 10 ∆M > 10− M discrete mass ejections (Hubert et al. 2000; to both photospheric activity and circumstellar envelope (CE), Zorec∼ et al. 2000a,b). Ando (1983, 1986), Kambe et al. (1993) Be stars stand out by their high rotation, though undercriti- and Rivinius et al. (1999) suggested that the coupling of two cal with Ω/Ω 0.8 (Chauville et al. 2001). For simplic- c ∼ nonradial pulsations (NRP) modes could supply the energy re- ity, we will refer in this paper to all of these stars and phe- quired to produce discrete ejections. The detection of line pro- nomena as “Be stars” and “Be phenomenon” respectively. Two file variations (hereafter lpv) and their interpretation as NRP main questions concern these objects: what is their nature and were made for the Be star η Cen (HD 127972, B1.5Vne) for the first time by Janot-Pacheco et al. (1991) in the He λ6678 Å Send offprint requests to: R. S. Levenhagen, line. Leister et al. (1994) detected at least 6 bumps moving e-mail: [email protected] across the same line and attributed it to a tesseral NRP mode ? Based on observations made at the MCT/LNA Observatory, with pulsational parameters ` = 7and m = 6, a phenomenon Bras´opolis – Brazil, and at ESO/La Silla – Chile. | | 600 R. S. Levenhagen et al.: NRPs and circumstellar activity in HD 127972 also discussed by Telting & Schrijvers (1997b). Basing their FEROS is R 48 000. Spectra studied and shown in this paper studies of lpv of the He  λ6678 Å line on η Cen on time se- are reduced to∼ the heliocentric frame. ries analysis with “Clean” (Roberts et al. 1974) and “Cleanest” The log of spectroscopic observations carried out on (Foster 1995) algorithms, Janot-Pacheco et al. (1999) showed HD 127972 is presented in Table 1. A selected sample of that the star displayed a multiperiodic character. He  6678 Å line profiles obtained in each observing is Long-term () photometric variations of η Cen were shown in Fig. 1. In the present paper we study only lpv asso- reported by Jaschek et al. (1964) and Feinstein & Marraco ciated with NRP. The temporary appearance of emissions in (1979). Short time-scale photometric variations of this object the outer line wings of the He  6678 Å line, dimples (Smith & were first reported by Cuypers et al. (1989). Though the lat- Polidan 1993), central quasi emissions, etc. will be discussed ter were sometimes interpreted as due to corotating features, elsewhere. they can also be atributed to NRP due to effects of compres- sion/expansion phenomena associated with the local temper- ature variations caused by the passage of waves through the 3. Analysis of observations stellar surface (Smith 1977). 3.1. Algorithm used The aim of this paper is to present new Fourier analysis of the lpv in He  λλ4026, 4121, 4144, 4388, 4471, 4922, 6678 Å, The search for lpv multiperiodicities in HD 127972 spectra was Si  λ4131 Å, Mg  λ4481 Å and Fe  λ5169 Å lines. On the made by means of the Fast Fourier Transform (FFT) with the other hand, this star also underwent photometric monitoring by “Cleanest” algorithm (Foster 1995; Emilio 1997). It is known the Hipparcos satellite from 1990 to 1992. The variations de- that the use of FFT without a frequency search criterion yields tected are worth studying in some detail. Observations of η Cen periodograms with a very large number of frequencies, where were also made in the BCD spectrophotometric system, which the signal appears convolved with the time sampling (aliasing), allows us to derive an independent set of stellar fundamen- and the detection of periodicities becomes somewhat risky and tal parameters unperturbed by CE emission/absorption. Once uncertain. However, some constraints on the selection of the these parameters are corrected for rotational effects, we can detected periods can be imposed by filtering signals from the determine the evolutionary status of the central object. Their data sampling with well-founded criteria. One of such meth- comparison with fundamental parameters derived using stellar ods is the Cleanest algorithm which considers the series as model atmospheres will also help us to discuss the effects in- data vectors represented linearly on a given vectorial base. The duced by the rapid rotation on the stellar surface. Finally, we method proceeds by steps by subtracting sequentially from the will report Hα emission line profiles obtained from 1996 to residuals, obtained once the FFT was applied to the vector data, 2001 whose variations can give us new insights on CE forma- a model function derived using each new frequency peak con- tion characteristics. sidered as statistically significant by a χ2 test. Once the last significant peak in a step cycle has been found, a new vectorial base is constructed with the last vectors plus the contribution 2. Observations of the last detected signal. The process goes on until there are no more statistically significant peaks or simply because the The high resolution and signal-to-noise spectra obtained are process reaches a stop condition, such as the imposed maxi- distributed over 30 nights. From May 1996 to May 2000 obser- mum number of possible frequencies. The last model function vations were performed during 17 nights with the Coud´e spec- is formed by a basis with 2n + 1 tentative functions. An im- trograph at the Brazilian Laborat´orio Nacional de Astrof´ısica portant feature of Cleanest is that it does not assume the aver- (Pico dos Dias) (LNA) 1.60 m (B&C) telescope using a age signal present in each time residual to be zero, as does the EMI CCD camera (1152 770 pixels). For 13 nights, from × “Clean” method (Roberts et al. 1987). The assumption of zero- April 2000 to April 2001, observations were carried out with averaged signals in time residuals leads to the unprobable fact the fiber-fed extended range optical spectrograph (FEROS) at that the sample data are modulated by signals with an integer the ESO – La Silla 1.52m telescope. The LNA spectra were number of cycles which can hinder the performance of signal taken with a 1800 l/mm grating (first inverse order) cen- detection (Emilio 1997; Levenhagen 2000). tered on the He  λ6678 Å line, with sporadic Hα (λ6563 Å) The reliability of the resulting power spectrum can be ques- measurements. This arrangement yields a spectral resolution tioned by the time data sampling. It implies a finite extent of ob- of R 40 000 with a reciprocal dispersion of 0.08 Å/pixel. servational missions, an unequal time distribution of data and The signal-to-noise∼ ratio is typically 250 for exposure times the strong 24 hours periodicity of data sampling. It is thus im- around 300 s. Bias, flat-field and Th-Ar∼ comparison lamp were portant to test the performance of the algorithm of time analy- taken during each night, and observations were reduced with sis used in adverse sampling conditions. This can be achieved the IRAF1 package. ESO spectra were taken in a spectral cover- in principle by applying the method to a set of synthetic spec- age of 3560–9200 Å, recorded in 38 orders on the detector, with tra affected by the same noise and time distribution as the real typical S/N 300 (near He  6678 Å). The resolution power of ∼ spectra. In this way one can infer the effects of the convo- 1 IRAF is distributed by the National Optical Astronomy lution of the NRP signals with the spectral window. For this Observatories, which is operated by the Association of Universities purpose, we created a set of 652 synthetic spectra composed for Research in Astronomy (AURA), Inc., under cooperative agree- of four sinusoidal signals, whose frequencies are the same as ment with the National Science Foundation. those detected in real data (see Sect. 3.2), namely ν = 0.6, R. S. Levenhagen et al.: NRPs and circumstellar activity in HD 127972 601

Table 1. Log of HD 127972 spectroscopic observing campaigns.

Epoch Observing Telescope Instrument Spectral range No of nights No of spectra season 1May/June 1996 LNA 1.60 m Coud´eHe 6678 Å 7 539 2 May 1997 LNA 1.60 m Coud´eHe 6678 Å 3 26 3 June 1998 LNA 1.60 m Coud´eHe 6678 Å 2 31 4 April 2000 ESO 1.52 m FEROS 3560–9200 Å 10 33 5 May 2000 LNA 1.60 m Coud´eHe 6678 Å 5 56 6 April 2001 ESO 1.52 m FEROS 3560–9200 Å 3 59

1.5, 3.8 and 5.3 c/d, with the same time distribution as the 1996–2000 LNA data set. These spectra have been affected by random noise with a Gaussian distribution, whose FWHM represents about 30% of total amplitude of the input signal. The frequencies used in this test were the same as those found in the actual spectra, and all the synthetic spectra were generated with phase-dependence along the wavelength bins. From this set, we constructed 241 time series formed at each 0.1 Å across Normalized spectra the line profile in the same way as we had done with real data. The series were then analyzed with the Cleanest algorithm with appropriate frequency step, of around 0.0005 c/d, correspond- ing to the total time span. The resulting periodogram is shown in Fig. 2. In order to discover whether the frequencies detected by this method are actually related to the star signal or whether they simply reflect the time sampling of data, we carried out 0.1 to another test by shuffling the synthetic intensities at random, though taking care that the original time sampling was pre- 0.0 served. The resulting periodogram is shown in Fig. 3. A study of the frequency of detected signals in Fig. 3 shows that none is 6660 6670 6680 6690 statistically significant. Further analyses taking different com- binations of the data sampling also yielded similar results. This Fig. 1. Spectroscopic sampling of LNA spectra, centered on shows that all periods displayed in Fig. 2 are robust against He  6678 Å line profile. random selection of the data points. On the other hand, as the signals displayed in the periodogram of Fig. 2 as well as the amplitude of the simulation noise are close to those of the real bad columns of CCD in that wavelength region. Results con- data, our results should not be strongly affected by the window cerning lines other than He  λ6678 Å correspond to the 2000- spectrum. 2001 epoch. Figure 6 pictures in a grey scale the dynamic spectra of the pulsation cycles for He  λ6678 Å line. A total of 652 spectra 3.2. Results on lpv from 1996 to 2000 were sorted. All spectra falling into the same LNA spectra were arranged in four main sets: 1996, 1997 phase bin were averaged to minimize the influence of other to 1998, 2000 and 1996 to 2000. Each data set was divided variabilities and noise (i.e. no prewhitening was applied). They into 241 time series, from 6664.9 Å to 6688.9 Å with steps are presented as residuals from the respective mean profiles and of 0.1 Å. All series were analyzed with frequency steps in the folded with frequencies ν2 (left), ν3 (center) and ν4 (right). range 0.2 to 0.0006 c/d, depending on the sample to be stud- The signals with high degree of confidence are 0.61 ± ied. The lpv frequencies with highest significance ( 75% con- 0.05 c/d(ν1), 1.48 0.05 c/d(ν2), 3.81 0.28 c/d(ν3)and fidence level) detected with Cleanest in all data sets≥ concerning 5.31 0.19 c/d(ν ).± The highest considered± frequencies, 9.24 ± 4 ± He ,Fe,Mg and Si  lines are shown in Table 2. Figure 4 0.19 c/d(ν5) and 10.35 0.13 c/d(ν6) were found only in shows the resulting periodogram for the 1997 to 1998 data. The He  λ6678 Å. The uncertainty± related to time sampling for confidence diagram resulting from a χ2 test for the periodici- these signals is of the order 0.05 c/d, considering the aver- ties found in the He  λ6678 Å line is shown in Fig. 5. We can aged data span of 1996, 1997-1998∼ and 2000 sets, weighted by readily see that, besides a signal with ν = 2.5c/d, frequencies the number of observed spectra. A number of frequencies dis- greater than 6 c/d are of lower significance, so they are less played in Table 2 are in agreement with our previous results trustworthy. The He  λ6678 Å lpv was analyzed using only for this star, like 1.48 c/d, 1.78 c/d, 5.31 c/d (Janot-Pacheco LNA spectra, since ESO spectra presented problems related to et al. 1999). As in Janot-Pacheco et al. (1999), we have also 602 R. S. Levenhagen et al.: NRPs and circumstellar activity in HD 127972

Fig. 2. Periodogram of synthetic residuals with time distribution (win- Fig. 4. Periodogram of He  6678 Å line profiles obtained at LNA in dow spectrum) equal to that of LNA spectra, from 1996 to 2000. 1997/1998.

Fig. 5. Diagram of confidence level for periodicities found in He  6678 Å line profiles. The horizontal line indicates 75% confi- dence level.

3.3. Global line profile variations Fig. 3. Periodogram of synthetic residuals with the same time distri- Besides the lpv analyzed in the previous section, variabilities bution as Fig. 2, but the input signals were randomly shuffled. Notice in (RV), equivalent width (EW) and full width that none of the previous frequencies were found, suggesting that they half maximum (FWHM) measurements in He  λ6678 Å line are not strongly dependent on data sampling. profiles were also detected. Table 3 compares the frequencies obtained from these global line profile variations with those found in the previous section. Figure 7 shows the RV, EW and FWHM variations of the He  6678 line from 1996 to 2000 where the mid-term variation of the line profile can be seen. found a signal at 4.52 c/d, but only in the He  λ4471 line. Since There is a noticeable anticorrelation between the EW and the this signal can be an alias of 3.52 c/d, we do not report it in FWHM of the line. Table 2. The frequencies found in the lpv analyses (ν2 to ν6) are attributed to NRP modes. The 0.61 c/d signal (ν1)isdis- 3.4. Photometric variations cussed in Sect. 6, where it is shown that it is compatible with the presence of an ejected orbiting shell. In Sects. 4.1 and 4.2 Photometric data of HD 127972 from the Hipparcos satellite it is shown that the 1.3 c/d signal can be associated with stellar (ESA 1997) obtained from 1990 to 1992 were also analyzed. rotation, since it was determined from the continuum and line In this case, the time series analysis with Cleanest indicated a spectra, and was also found in the lpv analyses of He λλ4026, strong signal with frequency νphot = 1.55 c/d. The photometric 4388 Å and Si  λ4131 Å whose detection could be assured data folded with this frequency are shown in Fig. 8. These data through the presence of inhomogeneities such as spots (Balona cannot be recast into a neat phase-dependent diagram with a 1990). lower frequency, in particular with 1.3 c/d, since the amplitude R. S. Levenhagen et al.: NRPs and circumstellar activity in HD 127972 603

Fig. 6. Grey-scale of spectroscopic residuals centered at He  6678 Å, folded with ν2 (left), ν3 (centre) and ν4 (right).

Table 2. Results of time series analysis in all profiles. Since we did not find first harmonics with significant am- plitudes for most frequencies in the He  λ6678 Å line profile, it Line Profile Epoch Detected frequencies (c/d) was not possible to calculate their m values by this method. We | | ν1 ν2 ν3 ν4 attempted to do this only for ν4, whose detected harmonic was Fe  5169 Å 4-6 0.61 1.51 5.33 supposed to be ν6 (see Table 4 and Fig. 9). Figure 9 are shown He  4026 Å ” 0.62 1.30 1.48 the IPS diagrams for frequencies ν2 to ν6. The upper panels He  4121 Å ”1.49 show the phase diagram across the He  6678 line profile and He  4144 Å ” 0.58 1.47 1.78 the lower panels present their respective amplitudes. Figure 9 He  4388 Å ” 1.28 3.52 shows clearly the asymmetrical aspect of the amplitude of sig- He  4471 Å ” 0.61 1.48 1.79 nals corresponding to frequencies ν4 and ν6. The same phe- He  4922 Å ” 0.57 1.50 1.82 3.51 nomenon was also seen by Floquet et al. (2000) in EW Lac. Mg  4481 Å ” 0.63 1.71 The 10.35 c/d signal could perhaps be considered the first har- Si  4131 Å ” 0.62 1.29 1.50 1.70 3.81 He  6678 Å 5 0.58 1.47 1.71 3.52 5.31 monic of 5.31 c/d (scenario A). However, its power distribution He  6678 Å 2-3 0.61 1.48 3.81 5.31 does not exhibit the same behavior over the entire line profile, He  6678 Å 1 0.61 1.48 3.81 5.31 as can be expected for two harmonics, even when there are non- He  6678 Å 1 to 5 0.61 1.48 3.81 5.31 adiabatic effects (Schrijvers & Telting 1999). Thus, we also considered the possibility that the two signals are independent (scenario B). In scenario A, IPS analysis leads to a pulsational of the photometric signal is much more significant than the last degree l = 5 and order m = 4, while in scenario B we obtain | | one. We argue that 1.55 c/d could be associated with NRPs for ν4 and ν6 l = 5andl = 8 respectively. It can also be seen rather than with stellar rotation (see Sect. 4.1). from this figure that the signal ν4 is not symmetrical around the line center, which should not be the case for NRP. However, the occurrence of central quasi-emissions in He  6678 Å transition 3.5. Characteristics of the NRPs at the 1996–1998 epoch could be partially responsible for the An approach to infer the pulsational degree ` and the azimuthal assymmetry observed in ν4 around the line center. order m was proposed by Telting & Schrijvers (1997a) with the intensity| | period search method (IPS). This method takes 4. Fundamental parameters into account the phase variation across the line profile of a Once the lpv frequencies are obtained, it is also important to frequency and its first harmonic. It is mainly an empirical determine the fundamental parameters of η Cen. This will allow formulation based on analyses of phase diagrams derived from us, on the one hand, to distinguish the periodicities associated generated time series of absorption line profiles of a non- with rotation from those related to NRP and, on the other hand, radially pulsating early-type star. For diagnostic purposes, us- to determine the evolutionary state of the star. ing a Monte Carlo simulation these authors quantified the rela- tion between ` and ∆Ψ (phase difference of main frequency), 0 4.1. Parameters derived from the continuum spectrum and that between m and ∆Ψ1 (phase difference of its first har- monic) for spheroidal| | modes. They found that the fitted coeffi- To determine the fundamental parameters of HD 127972 we cients are remarkably stable throughout the parameter space. used its BCD spectrophotometric data (Chalonge & Divan From the stability of the coefficients they concluded that it 1952). They were derived from 12 low resolution spectra is possible to derive good estimates for the pulsation param- observed at ESO (La Silla, Chile) in May 1978 with the eters ` and m by evaluating the phase differences across the “Chalonge spectrograph” (Baillet et al. 1973). The advantages line profile.| The| typical uncertainties on ` and m by using of using this system for Be stars were widely discussed in Zorec the IPS method are estimated to be 1and 2,| respectively.| & Briot (1991). It provides observational parameters that de- ± ± Considering the previous detected lpv frequencies ν2, ν3, ν4, ν5 scribe the photospheric Balmer discontinuity (BD) of the star and ν6 as due to NRP, their pulsation parameters thus derived and which are free from interstellar and circumstel- are given in Table 4. lar emission/absorption perturbations. As they concern stellar 604 R. S. Levenhagen et al.: NRPs and circumstellar activity in HD 127972

Fig. 8. Photometric Hipparcos light curve (ESA 1997) of HD 127972 folded modulo with its main detected frequency (1.5 c/d).

Table 4. Results of ` and m parameters. | | Frequencies c/d ` ( 1) m ( 2) ± | | ± ν2 1.5 3 ν3 3.8 5 ν4; ν6 5.3; 10.3 5 4 Fig. 7. Radial velocity (RV), equivalent width (EW)andFWHM for ν5 9.2 7 all LNA spectra from 1996 to 2000.

stellar rotationless parameters that underlie the observed ones. Table 3. Comparative results among detected signals (c/d). We disregarded subtle mixing effects on the stellar evolution produced by rotationally induced hydrodynamical instabilities lpv’s EW RV FWHM V/R (Endal & Sofia 1979; Zahn 1983; Meynet & Maeder 2000). We 0.6 0.5 0.6 0.7 0.5 write then:

1.5 1.6 1.6 1.5 L(λ1, D ) = Lo(M, t)FL(M,ω,i, t) ∗ 3.8 3.6 D = Do(M, t)FD(M,ω,i, t)  λ ∗ = λo(M, t)F (M,ω,i, t)  , (1) 5.3 5.0 1 1 λ1  Re(M,ω,t)  9.2 V sin i = Vc(M, t) ω sin i  Rc(M,t)   10.3 o  where Lo, Do and λ1 are respectively the bolometric luminos- ity, the BD and the λ1 parameter of the star if it were rota-

tionless; FL, FD and Fλ1 are functions calculated assuming the layers where the continuum spectrum is formed, they origi- stars are rigid rotators. M is taken as the “actual” , nate in regions that can be assumed to be less perturbed by ω =Ω/Ωc is the angular velocity ratio (Ωc is the critical angu- the stellar activities affecting the outermost atmospheric layers lar velocity), i is the stellar aspect angle, t is the stellar age, Vc and commonly seen in spectral lines. The (λ1, D ) parameters is the critical linear equatorial velocity, Rc is the critical equato- ∗ (λ1 = mean spectral position of the BD; D = energy jump rial radius and Re the “actual” equatorial radius at its rotational ∗ measured at λ = 3700 Å) represent the photospheric flux emit- rate ω. The function FL, FD and Fλ1 were obtained assuming a ted by the observed stellar hemisphere, which in fast rotators Roche model for the stellar deformation and von Zeipel’s law is neither spherical nor has uniform surface temperature and for the effective temperature distribution, as previously done by gravity (Tassoul 1978). The emitted spectrum is then aspect many authors (cf. Maeder & Peytremann 1970, 1972; Collins & angle dependent and may depict on average an object cooler Sonneborn 1977; Collins et al. 1991). They were already used and more evolved than it really is (Moss & Smith 1981). Thus, in Zorec & Briot (1997), Floquet et al. (2000, 2002), Fr´emat the observed spectral and photometric parameters do not re- et al. (2002), Zorec et al. (2002a,b). flect the actual stellar mass and its evolutionary stage, if the The observed (λ1, D ) parameters used to solve observed quantities are interpreted simply using the current cal- Eqs. (1) are given in Table∗ 5. The corresponding appar- ibrations of fundamental parameters, as it the star were rota- ent (log L/L , Teff, log g)(λ1,D ) parameters obtained with tionless. Since the rotational energy of a rigid rotator is less calibrations suited to normal,∗ rotationless B stars (Divan & than 1% of its gravitational energy (Zorec et al. 1988), we can Zorec 1982) are also reproduced in Table 5. The observed assume that the evolutionary state of the star on the main se- bolometric luminosity log L/L introduced in (1) was es- quence is described, in a first approximation, by models of timated, however, using integrated fluxes over the entire non-rotating stars. So, to estimate the stellar mass and age spectrum and the Hipparcos of η Cen. The method from the usual evolutionary tracks, we need to determine the used to obtain it also helps us to test the consistency of the R. S. Levenhagen et al.: NRPs and circumstellar activity in HD 127972 605

Fig. 9. IPS diagram for the detected lpv signals from ν2 to ν6. Upper panels show the phase diagram across the He  6678 Å line profile. Lower panels present their respective amplitudes. Vertical lines indicate V sin i. ±

(λ1, D ) calibration dependent fundamental parameters. By (Code et al. 1976). On the other hand, Code’s et al. (1976) were definition∗ − the flux effective temperature of a star is: calculated from the OAO-2 satellite far-UV energy measure- 4 f ments, which are overestimated as compared to those obtained T 4 = (2) since then with TD1 and IUE satellites. They may endanger the eff σ θ2 SB reliability of BC estimates for hot stars. The difference noticed where θ is the angular diameter of the star, in radians, f is the in Teff might be due to the use of ubvyβ Str¨omgren’s photome- flux received on earth, corrected from ISM extinction and in- try and the calibrations by Moon & Dworetsky (1985), which tegrated over the full extent of the spectrum and σSB is the can lead to systematic deviations in the estimation of funda- Stefan-Boltzmannˇ constant. The angular diameter of the star mental parameters (Fr´emat & Zorec 2002). Steflˇ et al. (1995) is given by: obtained Teff = 21 860 480 K also using ubvyβ photometry, but with Napiwotzki’s et± al. (1993) calibration. The use of pho- θ = 2( f /F )1/2 (3) λ λ tometric data can easily lead to overestimated effective tem- where fλ is the absolute monochromatic flux received on peratures, mostly for hot Be stars, because even a slight CE earth, corrected from ISM extinction, and Fλ is the absolute emission, which is difficult to clear up, can affect the u mag- monochromatic flux emitted in the star. f was calculated us- nitude. Steflˇ et al. (1995) obtained Teff = 21100 1370 K ± ing: 1) the 13-color photometry of Johnson & Mitchell (1975) by fitting spectral lines with model atmospheres. This value is calibrated in absolute fluxes; 2) the UV flux observed by IUE in no far from the temperature we derived by a similar method 1982 and TD-1 satellite. The 13-color photometry of η Cen ap- (Sect. 4.2), but which we did not adopt for the present study. parently corresponds to a stellar non-emission phase, as it can The stellar mass and radius determined by Harmanec (2000) be controlled by its V(V = 2.24 0.03 mag are similar to those we inferred in this paper, but neither the o ± dereddened; E(B V) = 0.030 0.01 mag) and the BD starting Teff and log L/L parameters nor the methods used to

D = 0.161 0.013− dex obtained from± the 13-color absolute obtain them are the same in the two attempts. fluxes.∗ The wavelength± interval used to derive θ is λλ 0.5 to The system (1) was solved using a Monte Carlo 0.7 µm. The fluxes F and those employed to complete f in λ method for the trials of the input set of parameters the non-observed spectral region are from the non-rotating nor- (log L/L , D ,λ1, V sin i). Each parameter, X,wassampledin mal stellar atmosphere models of Kurucz (1994). Adopting the ∗ turn between two extreme values, X ∆X where the ampli- log g(λ , D ) parameter, we iterated relations (2) and (3) until 1 tudes ∆X are quoted in Table 5. We discarded± about 10% of the adifference∗ ∆T = 1 K was attained between two consecu- eff solutions obtained, those which lead to ω>1and/or sin i > 1. tive steps. The values of T , f and θ thus obtained are given eff The average values of reliable solutions of (1) derived from the in Table 5. From the Hipparcos parallax of η Cen we have its remaining 90% trials are given in Table 5. The quoted disper- distance d = 94.6+8.1 pc that from f leads to the estimate of HIPP 6.9 sions do not represent errors, but the range of acceptable so- the stellar bolometric− luminosity log L f /L used in this work. lutions. The relations between , masses and stellar With θ we can also obtain the stellar radius R f /R . These pa- ages used are from the evolutionary tracks of non-rotating stars rameters are also given in Table 5. It is worth noting the close calculated by Schaller et al. (1992) for Z = 0.02. resemblance of the bolometric luminosities, temperatures and radii obtained using these two completely different methods. Noting that V sin i is a key parameter to solve relations (1) For comparison, let us quote the fundamental parameters of and that the difference between Chauville’s et al. (2001) and η Cen recently determined by some authors. Harmanec (2000) Slettebak’s (1982) determinations is of the same order as their +0.5 obtained Teff = 22 400 K, log L/L = 3.876, R /R = 5.7 0.4 uncertainties, we sought the higher V sin i that, together with and M = 9 M . As compared with our determination,∗ − the the above quoted uncertainties, still leads to reliable solutions 1 slightly higher value of log L/L obtained by Harmanec (2000) of (1). We thus obtained V sin i = 370 km s− . Solutions pre- could be due to its Teff determination, which carries a dif- sented in Table 5 encompass the input V sin i values centered 1 1 ference of 0.23 mag in the bolometric correction (BC) used once on V sin i = 310 km s− that range from 266 to 354 km s− 606 R. S. Levenhagen et al.: NRPs and circumstellar activity in HD 127972

1 24000 and then values centered on V sin i = 370 km s− ranging from 1 326 to 414 km s− .

Finally, we calculated the rotational frequency νr = 0.02[V sin i/ sin i])/[Re(ω)/R ]c/d, also given in Table 5, which can be compared with those obtained from time se- ries analysis of lpv. They are, however, average values of only 22000 27 determinations from the possible combinations of (V sin i ± ∆V sin i, i ∆i, Re ∆Re ) parameters, where each parameter takes in turn three± values± X ∆X, X and X +∆X. The frequency derived from lpv time series− analysis that more closely resem- bles νr is ν = 1.3c/d. A frequency ν = 1.29 c/d was actu- ally observed by Janot-Pacheco et al. (1999). Finally, we note 20000 that not only the rotational frequency νr is far from the “crit- ical” rotational frequency νc, which ranges from 1.34 c/dto 1.39 c/d, depending on the value of V sin i adopted, but that it only marginally approaches the frequency ν = 1.5c/d suited for some lpv and the photometric variations. 18000 Since for a star with mass M 8.6 M the main se- 3 3.2 3.4 3.6 3.8 quence (MS) life time is t 3.0 10∼ 7 yr, the ages estimated MS ' × imply that η Cen displays the Be phenomenon at t 0.6tMS, Fig. 10. Teff and log g solutions from fitting of the observed Hγ and Hδ roughly the earliest epoch at which this phenomenon∼ seems to line with predicted profiles by non-LTE model atmospheres and model appear in open clusters (Fabregat & Torrej´on 2000). Only if representation of Si λ4131/Si λ4553 and He λ4388/He λ4686 equivalent width ratios. we adopted the observed fundamental parameters (Teff, L/L ) without correcting them from rotational effects would the star apparently be at the end of its MS life span (t = 2.8 107 yr), app Notice the difference between the solutions obtained for as expected from theoretical predictions (Maeder &× Meynet 2000). In these models, the high stellar rotation and hence, the the Si and He equivalent width ratios. Both series of lines are Be phenomenon, are meant to appear as the consequence of the currently assumed to be little affected by circumstellar emis- sion/absorption. On the other hand, according to von Zeipel’s evolution of the stellar internal rotational law. theorem, the local effective temperature of η Cen ranges from 22 700 K at the pole to 19 900 K at the equator. As equiva- 4.2. Parameters derived from the line spectrum lent widths of the studied lines are increasing functions of Teff in this range of temperatures, the difference between solu- Unfortunately the only spectra we have at our disposal of tions for the Si and He line ratios means that the stellar po- HD 127972 covering a large spectral range are for the years lar region more strongly favors the radiation fluxes in the Si 2000 and 2001, when this star displayed well developed Hα than in He lines. This selection effect on formation region is emission. In spite of the fact that the estimation of fundamen- also seen in the V sin i estimates, since from the Si we ob- 1 tal parameters from these spectra brings in the influence of tain (V sin i)Si = 250 km s− , while from He lines it assumes 1 the CE, it can in principle furnish an extreme limit for these (V sin i)He = 310 km s− . This fact warns against the use of photospheric lines for V sin i determinations in fast rotators values. We calculated a grid of models with Teff and log g whose intensity increases with higher temperatures, since this around the values displayed in Table 5 with steps ∆Teff = 200 K parameter may result in underestimation. and ∆log g = 0.1 dex using the codes of non LTE model at- mospheres TLUSTY (Hubeny 1988) and SYNSPEC (Hubeny et al. 1994) to synthesize line profiles. Fundamental param- 5. Line activity eter determination was attempted employing Wolf’s (1973) method with a χ2 controlled fit of Hγ and Hδ absorption lines 5.1. Observations combined with reproduction of the Si λ4131/Si λ4553 and He λ4388/He λ4686 equivalent width ratios. The results are 5.1.1. Hα line summed up in Fig. 10. From this figure it seems that from the HD 127972 showed Hα emission intensity strengthening from spectral lines used, the stellar parameters are Teff = 21 600 1996 through 2000 and a slight fading in 2001; this last was 960 K and log g = 3.34 0.16 dex (marked “x” in Fig. 10). ± ± accompanied by increased central absorption. The average Hα The difference between the solutions attempted for the Hγ emission line profiles observed in the 1996, 1997, 1998, 2000 and Hδ lines is explained by a different amount of line filling and 2001 epochs are shown in Fig. 11. This pattern of Hα line in with circumstellar emission. It can also be noted that Hδ is profiles variation resembles that displayed by the star in the not clean from this emission. In both cases the residual emis- 1987-1993 period (Hanuschik et al. 1996), but in the opposite sion leads to a lower gravity and to a hotter stellar temperature sense. Putting both patterns together, a kind of cyclic emission estimation. variation of about 6–7 years appears. R. S. Levenhagen et al.: NRPs and circumstellar activity in HD 127972 607

From 34 Hα emission line profiles obtained from Mar. 12 Table 5. Fundamental parameters of η Cen. to Mar. 23, 2000, a rapid cyclic variability of the V/R emission peak intensity ratio (Fig. 12) and a rough increase, followed λ1 = 51.4 1.5Å by a rapid decrease in the separation of the emission peaks, ± D = 0.159 0.017 dex was observed (Fig. 13). The total peak separation change is ∗ ± 1 Teff(λ1, D ) = 20455 946 K not greater than 15 km s− . Let us note also that the highest ∗ ± peak separation corresponds to the highest V/R value. After log g(λ1, D ) = 3.80 0.07 dex ∗ ± this maximum, the V/R ratio and the peak separation decreased. log L(λ1, D )/L = 3.753 0.155 dex ∗ ± These changes were accompanied by a general wiggling of R(λ1, D )/R = 6.00 0.61 the line emission profile, characterized by a noticeable pulling ∗ ± T f = 20560 600 K down of the whole blue emission wing that produced the ob- eff ± θ 108 = 0.r279 0.003 served V/R decreasing ratio. This drop of the emission inten- × ± sity on the blue side of the emission line profile was followed ( f = L/4πd2) 105 = 1.975 0.049 × ± by an increase of the red wing, but of much smaller ampli- log L f /L = 3.742 0.080 dex ± tude. The maximum intensity changes in the blue wing were R f /R = 5.86 0.55 ∆I 0.1(I is the intensity normalized to the local continuum) ± 1 ∼ V sin i in km s− = 310 370 44 and they were produced in the spectral region from V 350 ± 1 ∼− to 800 km s− , while the intensity variation in the remaining ω =Ω/Ωc = 0.86 0.90 0.10 profile− was ∆I 0.05. Transient sharp absorption spikes were ± ∼ M/M = 8.5 8.7 1.1 also observed far out in the wings. ± Re(ω)/R = 6.2 6.3 0.8 ± i = 66o 70o 12o ± 5.1.2. He I 6678 line Ro/R = 5.3 5.2 0.8 ± t/108 yr = 0.199 0.178 0.035 Each epoch corresponding to four season-averaged Hα emis- ± sion line profiles shown in Fig. 11 is also characterized by a νr in c/d = 1.12 1.24 0.18 1 ± different spectral extent of the He  6678 lpv. Figure 14 displays Vc in km s− = 485 494 55 ± the mean absolute deviations of the lpv across the He 6678 line ν in c/d = 1.34 1.39 0.18 c ± profile, as defined by Walker (1991). It can be seen in this fig- ure that the wavelength interval showing profile variability sys- tematically widens from 1996 through 2000. The wavelength the NRP modes decrease in intensity as the mass dissipates in interval where the variability of highest significance extends the extended envelope. 1 beyond the V sin i limit, from roughly 390 km s− in 1997 to We studied the He  6678 lpv beyond the V sin i limit. In about 450 km s 1 in 2000. This behavior± was also observed in ± − order to obtain the characteristic frequencies, the red and the other Be stars and in particular in λ Eri by Kambe et al. (1993 blue sides of the line profiles were folded into a unique posi- and references therein). tive velocity scale. The periodograms that resulted for the peri- Regarding the uncertainties in the determination of V sin i ods 1996, 1997/1998 and 2000, and the respective diagrams of we can adopt, using the data in Table 5, Vc sin i = confidence levels of the signals found are shown in Fig. 15. o 1 490 sin 66 km s− as the reference value for the projected In the confidence level estimations we excluded the points 1 critical rotational velocity. Then, the line activity that ex- at V < 310 km s− . Since roughly in the interval 400 to 1 1 ± tends up to 450 km s− could imply that the stellar layers 500 km s− the emission shoulders seen in the line profiles are where the He± 6678 line is formed may be in critical rotation. ±probably formed in the circumstellar regions, we can consider However, this rotation is somewhat puzzling, because from the frequencies ν<νr as due to circumstellar orbiting matter. If so, He  4471 line observed in April and May 2000 we obtained ν = 0.1 0.1c/d could represent a perturbation produced at dis- 1 ± V sin i = 310 km s− (Sect. 4.2). At least two explanations can tances 3.3 to 6.4R away from the star, depending on whether be put forward for this discrepancy: 1) the main contributions to we consider Keplerian∗ or angular momentum conservation ro- He  6678 and He  4471 lines come respectively from different tation law respectively. From the diagrams of Fig. 15 we see atmospheric layers [as expected from the ratio of their respec- that the signal ν = 0.1 0.1c/d disappears gradually from 1996 tive oscillator strengths f (6678)/ f (4471) = 5.6], so that while to 2000, as it would be± overtaken by matter gathered elsewhere the uppermost layers are accelerated to the critical rotational and with a more significant contribution to the line profile. On velocity, the lower ones would be left unscathed; 2) the con- the contrary, the signal ν = 0.6 0.1c/d is ubiquitous and its tribution to the He  6678 line wings at velocities V > V sin i significance grows from 1996 to± 2000 (the confidence peaks is due to exophotospheric or circumstellar material travelling| | must be regarded relative to each other only within a given di- 2 2 1/2 > 1 at velocities up to (vradial + vtangential) 450 km s− .The agram). It may correspond to perturbations centered from 1.3 first possibility recalls the scenario proposed∼ by Osaki (1986) to 2.0R in the CE, depending on the rotational law assumed. and Saio (1994), where the prograde NRP modes accelerate the As emission∗ in the Hα line also grows from 1996 to 2000, we outer stellar atmospheric equatorial layers up to the critical ro- may consider there is an increasing amount of matter gathered tational velocity. These layers may give rise to mass loss and in these CE regions. This picture seems to be confirmed by an 608 R. S. Levenhagen et al.: NRPs and circumstellar activity in HD 127972

1.0 that the CE is represented by a rotating cylindrical disc seen 1996 H edge-on. It can also be simultaneously expanding or contract- 0.75 ing. Since the main radiation transfer effects are controlled by the optical depth, which is an integrated quantity, the disc can 1.0 1997 be treated in a first approximation as a rotating/expanding (or 0.75 contracting) ring with the same radial optical depth as the CE is thought to have (Floquet et al. 2000). The ring has a radius R 1.0 and a total height h = 2 H. × 1998 It has long been known that the source function S Hα of 0.75 the Hα line in B stars is strongly dominated by radiative ion- ization and recombination processes (Thomas 1965; Jefferies 1.5 1968). In a slab, as the one represented by the ring facing the central star, we can then use the following dependence of the 1.25 source function with the optical depth (Mihalas 1978):

1/2 1.0 η B∗ for τo 1 2000 S Hα(τo) = 1/2 1/2 ≤ (4) ( η B∗τo for τo > 1, 0.75 1.5 where τo is the optical depth at the center of the Hα transition. For radiative fields around B stars, CE electron temperatures 1.25 of the order of Te 0.8 Teff and electron densities Ne < 13 3 ∼ × ∼ 10 cm− , it can be shown that: 1.0 2001 η R3k/A32 0.75 ' 2hν3 1 , (5) Hα hνHα/kTe R3k Rk2 −  B∗ 2 e 1 6540 6555 6570 6585 ' c R2k Rk3 −  (Ao ) h i  where Rnk and Rkn are the radiative ionization and recombi- Fig. 11. Average Hα line profiles for the 1996, 1997, 1998, 2000 nation rates to the n-atomic level respectively and A32 is the and 2001 epochs. spontaneous emission rate. The wavelength-dependent H α line optical depth was assumed to be: increasing CE density derived using a simple model of the Hα line emission presented in Sect. 5.2. The widening of the wave- τλ = τoΦ(∆λ)(6) length interval of lpv in the He  6678 line could be then asso- where Φ is the Voigt function given in the approximation sug- ciated with a period of increased mass ejection. gested by Dobrichev (1984) and recommended by Piskunov There is also the prevalent frequency ν = 1.5 0.1c/dthat ± (1992). The wavelength displacement ∆λ is produced by the could be due to the central star, which as seen in Sect. 3.2. is total velocity of the ring projected along the line of sight 2 1/2 quite outstanding in the data analyzed in the present paper. µVr (1 µ ) VΩ [µ = cos (radial direction, line of sight)] Let us finally note that if V sin i actually changed from 310 where± ± the− signs are chosen according to the sector of the ring 1 to 450 km s− , this would represent a variation of only 14% facing the observer and whether it concerns the front or rear in Ω/Ωc, while the 45% variation of V sin i = Re(Ω)Ω sin i is part of the ring. provided mainly by rotational stretching of the equatorial ra- From (5) we see that the radiation field of the underly- dius Re(Ω). ing star determines the value of the source function, so that 1/2 η B∗ 0.05. The rotationally broadened photospheric ab- sorption' line profile is obtained using the flux H α calculated 5.2. Modeling 1 for V sin i = 0kms− from Kurucz’ codes and using the funda- One of the most difficult questions relating to Be stars concerns mental stellar parameters presented in Table 5. The fit of each their CE formation. It is then important to determine the rele- observed mean Hα line profile (Fig. 11) is then obtained us- vant parameters that characterize the CE structure at each ob- ing R, H, Vr, VΩ and τo as free parameters. Vr determines the served emission phase. This may help us to estimate the effects eventual asymetry seen in the emission peaks. It was deter- of stellar activity on the observed CE changes. In particular, mined only for the 1996 line profile; in other cases we con- 1 if the apparently increasing activity detected in the He  6678 sidered Vr = 0kms− . The separation of the emission peaks is line from 1996 to 2000 also implied conspicuous mass ejec- determined mainly by VΩ, but it also depends on τo.Thefull tions, the average density of the CE must have changed per- width of the emission line on its half intensity and on the low ceptibly, so that we can detect it by studying the emission in the side of wings approaching the continuum level is fixed by R and Hα line. In order to obtain a rough insight on the scale factors τo.ForagivenvalueofR, H and τo determine the emission in- characterizing the CE structure, we use first physical principles tensity in the peaks. The ratio H/R and τo establish the depth and a simple representation of the envelope. From Sect. 4.2 it of the central absorption. The fits thus obtained are shown in seems that η Cen is seen nearly equator-on. We assume then Fig. 16 (dashed lines) and the corresponding CE parameters R. S. Levenhagen et al.: NRPs and circumstellar activity in HD 127972 609

Fig. 12. Hα V/R ratio between Mar. 12 and Mar. 23, 2000.

Fig. 14. Time evolution of mean absolute deviations of line profile variations detected in He λ6678 Å in four periods, 1996, 1997, 1998 and 2000. Notice the increase of variability beyond the limits of V sin i from 1996 to 2000, in apparent correlation with the strengthening of emission in the Hα line.

parameters presented in Table 5, the frequency ν1 = 0.6c/d can also be interpreted as being due to an orbiting perturbation ei- ther at R/R 2.0 for a Keplerian velocity law or at R/R 1.3 if an angular∗ ' momentum conservation law is prevailing.∗ ' For comparison, we give in Table 6 the semi-separation 1 of emission peaks VP (in km s− )intheHα line profiles and the radius (R/R )K associated with VP assuming the CE is in ∗ Keplerian rotation. We see that R/R (1.7 0.3)(R/R )K ∗ ∼ ± ∗ while VΩ (1.5 0.3)VP (VΩ and VP are both aspect angle projected velocities).∼ ± This peculiar behavior is due to the CE opacity effect (Hummel 1994; Chauville et al. 2001), accord- ing to which for line profiles of 1996–1998 type our simula- tions show that keeping the parameters (VΩ, R, H) unchanged, the line emission peak separation widens as τ increases from Fig. 13. Hα peak separation between Mar. 12 and Mar. 23, 2000. o τo = 0 to 1.0. It stretches down again for still higher values of τo. In line profiles of 2000-2001 type, the separation of the are given in Table 6. We considered the 1998 Hα emission line emission peaks reduces for increasing values of τo. Due to this profile as essentially the same as in 1997, so we did not produce effect, it is difficult to infer from the present numerical simu- a fit for this line. lation the characteristics of the CE rotational law. Such a de- duction is further hindered by the fact that VΩ is an average rotational velocity that probably resumes the kinematic charac- 6. Discussion teristics of the whole CE from the star up to an external radius In our previous work (Janot-Pacheco et al. 1999), a signal with RE/R R/R . Let us still note that for τo 1, because of the 1/2 ∗  ∗  0.78 c/d was detected and interpreted as due probably to a NRP τo -dependence of the source function, our model line profiles mode. Keeping in mind the mechanism of mass ejection based become bottle-shaped. on prograde modes proposed by Osaki (1986), such a signal Noting that for the sake of a simple order of magnitude esti- is not expected to produce mass ejection, as it is retrograde. A mation we can write τ N2dR ( /πR2H)2R,where o ∝ e ∼ Ne Ne similar signal was not detected in this work, but another was is the total electron numberR in the CE region studied, we can found with 0.6 c/d. According to the fundamental stellar draw the following conclusion concerning the CE evolution as 610 R. S. Levenhagen et al.: NRPs and circumstellar activity in HD 127972

...... 1.0 ...... 1996 H ...... 0.75 ...... 1.0 ...... 1997 ...... 0.75 ...... 1.5 ...... 1.25 ...... 1.0 ...... 2000 ...... 0.75 ...... 1.5 ...... 1.25 ...... 1.0 ...... 2001 ...... 0.75 -800 -600 -400 -200 0 200 400 600 800 V km s-1 Fig. 16. Fits of observed Hα line emission profiles. The photospheric absorption component is also shown.

Table 6. CE parameters from fits of Hα emission line profiles.

Fig. 15. Periodograms and confidence level diagrams for epochs 1996, Epoch τo R/R H/R VΩ Vr VP (R/R )K 1997/98 and 2000 of periodicities found in the wings of the He  6678 ∗ ∗ ∗ km s 1 line beyond v sin i. The red and blue sides of line profiles were folded − into a unique positive velocity scale. 1996 0.9 3.5 3.1 260 40 210 2.2 1997 1.5 3.9 3.6 280 0 230 1.8 2000 0.7 7.3 5.5 260 0 150 4.3 derived from the Hα line emission changes: from 1996 to 1997 2001 1.3 6.3 4.7 260 0 140 4.9 these changes implied an increase of the emitting region by about 40% and an increase of by 60%; the 1997-2000 tran- Ne sition is characterized by an increase of the emitting region ex- interpreted as due to NRP modes. From phase variation di- tent by a factor 5.5 and e by a factor 2.2; the 2000-2001 tran- agrams we estimated ` parameters in the range 3–7. If the N sition is almost passive as the emitting region shrank by about 10.35 c/d frequency is considered the first harmonic of 5.31 c/d, 60%, while e changed very little. The high NRP activity no- the corresponding azimuthal number of the mode is m = 4 2. N ticed in this work in the 2000 epoch may then correspond to an The observed multiperiodicity is in agreement with| our| latest± effective CE replenishing phase. Moreover, it is worth notic- works (Janot-Pacheco et al. 1999). The detected signal with ing that the nearly spectroscopic “shell” aspects of the Hα line 1.48 c/d is probably due to an NRP mode rather than to rota- in the 1996 and 1997 epochs that could be interpreted at first tion, which is νr 1.12 to 1.24 c/d(atmostνr = 1.39 c/dif glance as due to an extended, highly absorbing disc, are actu- the star were to be' regarded as a critical rotator). The 3.81 c/d ally produced by a CE region which accretes the ejected mass frequency could be interpreted as the multiple of 1.8 c/d(3.8 from the star in such a way that the region is rather close to the 2 1.9), but 1.8 c/d was not found in LNA spectra (He  6678 Å).∼ central star and that the extent of the region changes little. It× was detected in other wavelengths of ESO spectra. If this sig- nal really existed, 3.81 c/d could be also interpreted as due to NRP. The only instance where we detected at the same time 7. Conclusions both a signal and its first harmonic was in the case of 5.31 c/d In this paper we presented Fourier analysis of lpv of He ,Fe, and 10.35 c/d signals, though the significance level of the latter Mg  and Si  lines in the Be star η Cen (HD 127972) ob- frequency is less than 75%. In this case, the IPS method yields served in six epochs at high resolution and S/N ratio from May a tesseral mode ` = 5, m = 4. 1996 to April 2001. The lpv were interpreted in terms of non- The photometric variations| | of HD 127972 observed by radial pulsations (NRPs). Time analysis was performed using Hipparcos from 1990 to 1992 were also considered. They could Cleanest algorithm and showed the following frequencies with be folded with a frequency νphot = 1.55 c/d. According to the high order of significance: 0.61 c/d, 1.48 c/d, 3.81 c/d, 5.31 c/d, fundamental stellar parameters, this signal cannot be attributed 9.24 c/d and 10.35 c/d. All signals except the first are to stellar rotation. R. S. Levenhagen et al.: NRPs and circumstellar activity in HD 127972 611

The fundamental stellar parameters were determined by Emilio, M., MSc Thesis 1997, IAGUSP taking into account the first order effects produced by fast stel- Endal, A. S., & Sofia, S. 1979, ApJ, 232, 531 lar rotation on the BCD spectrophotometric quantities used to ESA 1997, The Hipparcos and Tycho Catalogues, ESA SP-120 estimate them. According to these parameters, the star should Fabregat, J., & Torrejon, J. M. 2000, A&A, 357, 451 be in the midst of its MS life span as expected by Fabregat Feinstein, A., & Marraco, H. G. 1979, AJ, 84, 1713 & Torrejon (2000) for Be stars in open clusters. This also im- Floquet, M., Hubert, A. M., Hirata, R., et al. 2000, A&A, 362, 1020 Floquet, M., Neiner, C., Janot-Pacheco, E., et al. 2002, A&A, 394, 137 plies that, if the star becomes a fast rotator due to evolutionary Foster, G. 1995, AJ, 109, 1989 effects as predicted by Maeder & Meynet (2001), the object Fr´emat, Y., & Zorec, J. 2002, in Modelling of Stellar Atmospheres, would need to be a rapid rotator on the ZAMS. IAU Symp. No 210, ed. N. E. Piskunov, W. W. Weiss, & D. F. The Hα line profile was observed from May 1996 to April Grey (in press) 2001. Its emission increased from 1996 to 2000 and then de- Fr´emat, Y., Zorec, J., Hubert, A. M., et al. 2002, A&A, 385, 986 creased slightly in 2001. The season-averaged Hα line emis- Frost, S. A., & Conti, P. S. 1976, in Be and Shell Stars, ed. A. Slettebak sion strengthening was correlated with an increase of the lpv (Reidel Publ. Co.), IAU Symp, 70, 139 wavelength extent in the He  λ 6678 line (Figs. 11 and 14). The Hanuschik, R. W., Hummel, W., Sutorius, E., et al. 1996, A&AS, 116, activity with high confidence level extended beyond the V sin i 309 limit by 26% in 1997 and 45% in 2000. The signal ν = 0.6 0.1 Hanuschik, R. W., Dachs, J., & Baudzus, M., et al. 1993, A&A, 274, in the He  λ 6678 line wings beyond the V sin i limit has an± in- 356 Harmanec, P. 2000, in The Be Phenomenon in Early-Type Stars, IAU creasing level of significance from 1996 to 2000, which may Coll. No 175, ed. M. A. Smith, H. F. Henrichs, & J., Fabregat, indicate that the amount of matter gathered in the CE regions ASP Conf. Ser., 214, 13 near the central star was growing during this period. Hauck, B., & Mermilliod, M. 1998, A&AS, 129, 431 We used a simple model to study the characteristics of the Hubeny, I. 1988, Comp. Phys. Comm., 52, 103 season-averaged Hα line emission profiles. The fit of model Hubeny, I., Hummer, D. G., & Lanz, T. 1994, A&A, 282, 151 emission line profiles indicates that the Hα variation from 1996 Hubert, A. M., Floquet, M., & Zorec, J. 2000, in The Be Phenomenon to 2000 is consistent with an increase of the amount of accu- in Early-Type Stars, IAU Coll. No 175, ed. M. A. Smith, H. F. mulated matter in the emitting region and with an enlargement Henrichs, & J. Fabregat, ASP Conf. Ser., 214, 348 of its extent. The 2000 to 2001 transition phase can be inter- Hummel, W. 1994, A&A, 289, 458 preted as due to shrinkage of the CE emitting region, where the Janot-Pacheco, E., Leister, N. V., Hubert, A. M., Floquet, M., & amount of stored mass remained nearly unchanged. Hubert, H. 1991, Information Bulletin on Variable Stars, 3651, 1 Janot-Pacheco, E., Jankov, S., Leister, N. V., et al. 1999, A&AS, 137, Acknowledgements. RSL expresses his thanks to Dr. S. Andrievsky 407 for fruitful discussions and help with line profile synthesis. He also Jaschek, C., Jaschek, M., & Kucewicz, B. 1964, ZAp, 59, 108 thanks Dr. I. Huben´y and Dr. T. Lanz for assistance with SYNSPEC Jefferies, J. T. 1968, Spectral Line Formation (Blaisdell Publishing and TLUSTY codes. We greatly appreciate and are greatful for the Company, Massachusetts) valuable comments and suggestions made by an anonymous referee. Johnson, H. L., & Mitchell, R. I. 1975, Rev. Mex. Astron. Astrofis., 1, This research was supported by Funda¸c˜ao de Amparoa ` Pesquisa do 299 Estado de S˜ao Paulo through grants no. 98/00497-0 and 00/10029-6 Kambe, E., Ando, H., & Hirata, R. 1993, A&A, 273, 435 and Conselho Nacional de Desenvolvimento Cient´ıfico e Tecnol´ogico Kurucz, R. L. 1994, SAO CDROM N19 through grant no. 130710/1998-9. Lamers, H. J. G. L. M., & Pauldrach, A. W. A. 1991, A&A, 244, L5 Leister, N. V., Janot-Pacheco, E., Hubert, A. M., et al. 1994, A&A, 287, 789 Levenhagen, R. S., MSc Thesis 2000, IAGUSP References Maeder, A., & Meynet, G. 2001, A&A, 361, 101 Maeder, A., & Peytremann, E. 1970, A&A, 7, 120 Ando, H. 1983, A&A, 35, 343 Maeder, A., & Peytremann, E. 1972, A&A, 21, 279 Ando, H. 1986, A&A, 163, 97 Marlborough, J. M. 2000, in IAU Coll. 175, ed. M. A. Smith, H. F. Andrillat, Y., Jaschek, M., & Jaschek, C. 1986, A&AS, 65, 1 Henrichs, & J. Fabregat, ASP Conf. Ser., 214, 272 Baade, D. 1990, in ed. L. A. Willson, & R. Stalio, Angular Momentum and Mass Loss for Hot Stars, NATO ASI Series C, 316, 177 Moon, T. T., & Dworetsky, M. M. 1985, MNRAS, 217, 305 Baillet, A., Chalonge, D., & Divan, L. 1973, Nouv. Rev. Opt., 4, 3, Meynet, G., & Maeder, A. 2000, A&A, 361, 101 151 Mihalas, D. 1978, Stellar Atmospheres (San Francisco: W. H. Balona, L. A. 1990, MNRAS, 245, 92 Freeman, & Co.) Balona, L. A. 1995, MNRAS, 277, 1547 Moss, D., & Smith, R. C. 1981, Rep. Prog. Phys., 44, 831 Balona, L. A. 1999, MNRAS, 306, 407 Napiwotzki, R., Sch¨onberner, D., & Wenske, V. 1993, A&A, 268, 653 Bjorkman, J. E., & Cassinelli, J. P. 1993, ApJ, 409, 429 Osaki, Y. 1986, PASP, 98, 30 Chalonge, D., & Divan, L. 1952, Ann. Astrophys., 15, 201 Piskunov, N. E. 1992, in Stellar Magnetism, Proc. of International Chauville, J., Zorec, J., & Ballereau, D., et al. 2001, A&A, 378, 861 Meeting on Physics and Evolution of Stars, ed. Y. V. Glagolevskij, Cuypers, J., Balona, L. A., & Marang, F. 1989, A&AS, 81, 15 & I. I. Romanyuk (Saint Petersburg: Nauka), 92 Collins II, G. W., & Sonneborn, G. H. 1977, ApJS, 34, 41 Rivinius, Th., Stefl,ˇ S., & Baade, D. 1999, A&A, 348, 831 Collins II, G. W., Truax, R. J., & Cranmer, S. R. 1991, ApJS, 77, 541 Roberts, D. H., Lehar, J., & Dreher, J. W. 1987, AJ 93, 968 Divan, L., & Zorec, J. 1982, ESA-SP, 117, 101 Saio, H. 1994, in Pulsation, Rotation and Mass Loss in Early-Type Dobrichev, V. 1984, Comptes Rendus de l’Acad´emie Bulgare des Stars, ed, L. A. Balona, H. F. Henrichs, & J. M. Le Contel Sciences, 37(8), 991 (Kluwer), IAU Symp., 162, 287 612 R. S. Levenhagen et al.: NRPs and circumstellar activity in HD 127972

Schaller, G., Schaerer, D., Meynet, G., et al. 1992, A&AS, 96, 269 Wolf, R. E. A. 1973, A&A, 26, 127 Secchi, A. 1867, Astron. Nachrichten, 68, 63 Zahn, J. P. 1983, in Astrophysical Processes in Upper Main Sequence Slettebak, A., Collins II, G. W., Boyce, P. B., et al. 1975, ApJS, 29, Stars, 13th Advanced Course of Saas Fee, Observatoire de 137 Gen`eve, 253 Slettebak, A. 1982, ApJS, 50, 55 Zorec, J., & Briot, D. 1991, A&A, 245, 150 Smith, M. A. 1977, ApJ, 215, 574 Zorec, J., & Briot, D. 1997, A&A, 318, 443 Smith, M. A., & Polidan R. S. 1993, ApJ, 408, 323 Zorec, J., Fr´emat, Y., & Hubert, A. M. 2000a, in The Be Phenomenon Snow, T. P. 1987, in Physics of Be Stars, ed. A. Slettebak, & T. P. in Early-Yype Stars, IAU Coll 175, ed. M. A. Smith, H. F. Snow (Cambridge Univ. Press), IAU Coll, 92, 250 Henrichs, & J. Fabregat, ASP Conf. Ser., 214, 330 Stefl,ˇ S., Baade, D., Harmanec, P., et al. 1995, A&A, 294, 135 Zorec, J., Fr´emat, Y., Hubert, A. M., & Floquet, M. 2002a, in Radial Schrijvers, C., & Telting, J. H. 1999, A&A, 342, 453 and Nonradial Pulsations as probes of Stellar Physics, IAU Coll. Struve, O. 1931, ApJ, 73, 94 No. 185, ed. C. Aerts, T. R. Bedding, & J. Christensen-Dalsgaard, Tassoul, J. L. 1978, Theory of Rotating Stars (Princeton University ASP Conf. Ser., 259, 244 Press, Princeton, New Jersey) Zorec, J., Fr´emat, Y., Hubert, A. M., et al. 2002b, in Modeling of Telting, J. H., & Schrijvers, C. 1997a, A&A, 121, 343 Stellar Atmospheres, IAU Symp. 210, ed. N. E. Piskunov, W. W. Telting, J. H., & Schrijvers, C. 1997b, A&A, 317, 742 Weiss,&D.F.Gray,inpress Thomas, R. N. 1965, Nno-Equilibrium Thermodynamics in the Zorec, J., Hubert, A. M., & Moujtahid, A. 2000b, in The Be Presence of a Radiation Field (Univ. Colorado Press, Boulder, Phenomenon in Early-Type Stars, IAU Coll 175, ed. M. A. Smith, Colorado) H. F. Henrichs, & J. Fabregat, ASP Conf. Ser., 214, 448 Walker, G. A. H. 1991, in Rapid Variability of OB-Stars: Nature and Zorec, J., Mochkovitch, R., & Divan, L. 1988, C. R. Acad. Sci. Paris, Diagnostic Value, ESO Conference and Workshop Proceedings 306, 1265 No. 36, ed. D. Baade (ESO), 27 The Astronomical Journal, 127:1176–1180, 2004 February # 2004. The American Astronomical Society. All rights reserved. Printed in U.S.A.

PHYSICAL PARAMETERS OF SOUTHERN B- AND Be-TYPE STARS R. S. Levenhagen and N. V. Leister Instituto de Astronomia, Geofı´sica e Cieˆncias Atmosfe´ricas, Universidade de Sa˜o Paulo, CUASO 05508-900 Sa˜o Paulo, SP, Brazil; [email protected] Received 2003 July 31; accepted 2003 October 29

ABSTRACT In this paper we present new results on stellar fundamental parameters for early B and Be field stars observed in the southern hemisphere: , superficial gravity, and projected stellar rotation velocity. The estimation of their projected rotation velocities is made by two successive methods. We first obtain an initial value based on Fourier transforms of the He i k4471 line for 34 B and Be field stars with magnitudes in the range 0.5 mv 10, followed by a more accurate fitting procedure of observed lines with non-LTE model line profiles. This procedure yields stellar rotation velocity estimates that are in agreement with those of the literature. We derive also Teff and logg values by fitting equivalent widths and profiles of NLTE model spectra to the observed ones. Finally, we give estimates of stellar ages, masses, and bolometric luminosities derived from interpolations in the evolutionary tracks calculated by Schaller. Key words: line: profiles — stars: emission-line, Be — stars: fundamental parameters — stars: rotation — techniques: spectroscopic

1. INTRODUCTION formation of circumstellar envelopes (Levenhagen et al. 2003). It is also worth noticing that most of our stellar targets have B-type stars encompass a large mass and temperature range. never been studied before in previous surveys, such as Due to the fact that these stars are all hot and blue, with tem- Slettebak et al. 1975 and Uesugi & Fukuda 1982. Some of peratures ranging from 10,000 K at B9 to nearly 30,000 K at them also belong to one of the two sky regions where the B0, their spectral line details vary widely. Their spectra are characterized by the first appearance of neutral He line profiles COROT satellite (Baglin et al. 2000) will be able to observe for asteroseismological programs. at about type B9, they strengthen up to about B2 and fade at On the other hand, the knowledge of physical parameters of earlier subspectral types. Most metallic lines are weak or B-type stars is very important for metallicity estimates, which even absent, except from some absorption lines of the higher are fundamental for studies of structure and evolution of the ionization states of silicon, oxygen, and carbon. Galaxy. Due to the fact that main-sequence B-type stars are Among the many subsets of B-type stars, there is one known generally bright and possess atmospheres that can be studied as classical Be stars, defined as B-type stars with luminosity without great difficulties, even distant B stars can be well ob- classes V to III that have, or have shown at least once, hydrogen served to determine their chemical composition from spec- lines in emission formed in a fast rotating circumstellar enve- troscopic analyses. This way, these objects can serve as probes lope (Jaschek et al. 1981). Besides the presence of emission in Balmer (sometimes also to estimate chemical abundances of regions that are far away from the solar neighborhood. Together with the analysis of in metal lines), Be-type objects are also characterized by a vis- H ii regions, the metallicity of B-type stars may reflect the ible continuum emission excess due to the circumstellar enve- lope (CE) that disables an easy stellar fundamental parameter enrichment of the interstellar medium due to processed matter by earlier stellar generations and gives important clues to the determination (Levenhagen et al. 2003; Zorec et al. 1996). stellar evolution and star formation rates. However, in order to Today it is still widely discussed the nature and physical prop- perform these studies, their fundamental parameters are still erties that CE is supposed to have. In general, it is accepted they needed. are colder than the central star and denser at equatorial regions. Classical Be stars are known to be high rotators since the 2. OBSERVATIONS early 1930s (Struve & Elvey 1931), when it was pointed out a relation between rotation velocities and width of absorption High-resolution and signal-to-noise ratio (S/N) spectro- lines. Since then, it has been argued the role of high rotation scopic observations were carried out in the southern hemi- rates in many important areas including the origin of angular sphere with the FEROS spectrograph associated to the 1.52 m momentum, mass loss, internal circulation, and magnetic field telescope at ESO/La Silla (Chile) and with the coude´ spec- generation, etc. trograph at the 1.60 m telescope of MCT/LNA (Brazil). ESO ˚ This paper is concerned with the estimation of physical spectra were taken with a spectral coverage of 3560–9200 A, parameters V sin i, T ,andlogg.TheV sin i estimation is with typical S/N 200. LNA spectra were obtained with a eff ˚ attempted with Fourier transform (FT) computations of He i WI098 CCD from 3939 to 5060 A, with a reciprocal disper- sion of 0.24 A˚ pixel1. All data reduction was accomplished k4471 profiles. Teff and logg are determined with the adjusting 1 of the equivalent width and observed profiles with model using the IRAF package. The log of observational data spectra. The knowledge of stellar rotation velocity values is carried out on these objects is presented in Table 1. important for suitable interpretations of stellar seismological results, mainly to distinguish periodicities associated with 1 IRAF is distributed by the National Optical Astronomy Observatory, rotation from those related to nonradial pulsations (NRP) and which is operated by the Association of Universities for Research in Astron- for a treatment of problems related to stellar activity and omy, Inc., under cooperative agreement with the National Science Foundation. 1176 SOUTHERN B AND Be TYPE STARS 1177

TABLE 1 Log of Stellar Fundamental Parameters Estimated for the Target Objects

Teff log g log Age 1 Object Sp. T. Mv V sin i (km s ) (K) (dex) (yr) log L/L M/M

HD 10144 ...... B3Vpe 0.50 223 15 15000 600 3.65 0.10 7.80 0.08 3.24 0.10 5.7 0.4 HD 43285* ...... B6Ve 6.05 237 11 16600 600 4.00 0.10 7.68 0.08 2.99 0.10 5.3 0.2 HD 46380* ...... B2Vne 8.05 293 30 21100 650 3.50 0.10 7.30 0.05 4.15 0.10 9.8 0.9 HD 48282* ...... B3III 8.78 188 18 18520 550 4.10 0.15 7.35 0.20 3.11 0.10 6.0 0.7 HD 49330* ...... B0:nnpe 8.95 200 10 27200 600 4.00 0.10 6.89 0.20 4.20 0.10 12.4 0.4 HD 50209* ...... B9Ve 8.36 173 15 12500 450 4.00 0.15 8.10 0.20 2.23 0.30 3.5 0.9 HD 50696* ...... B1:V:nne 8.87 281 18 21700 600 3.50 0.15 7.30 0.10 4.12 0.25 10 1 HD 50737 ...... B2Vnne 8.70 230 20 22200 600 4.00 0.15 7.20 0.10 3.71 0.10 8.6 0.3 HD 50850 ...... B3:Vnne 9.22 310 26 18900 600 4.20 0.10 7.11 0.20 3.09 0.09 6.1 0.1 HD 52159 ...... B5Vne 9.63 110 17 17700 550 3.50 0.15 7.60 0.08 3.65 0.20 7.2 0.8 HD 52244 ...... B2:III:npe 9.19 210 22 22170 550 3.50 0.10 7.20 0.04 4.33 0.15 12 1 HD 55606* ...... B1:V:nnpe 9.04 335 20 28700 550 4.10 0.10 6.65 0.25 4.25 0.12 14 1 HD 100546 ...... B9Vne 6.69 85 20 11750 600 3.50 0.10 8.20 0.10 2.65 0.25 4 1 HD 104582 ...... B8/B9II/III 9.50 159 16 13500 500 4.00 0.15 8.00 0.10 2.51 0.17 3.9 0.8 HD 105435 ...... B2IVne 2.56 240 32 22230 650 4.00 0.10 7.20 0.15 3.70 0.10 8.6 0.3 HD 105521 ...... B3IVe 5.41 160 18 19200 550 3.50 0.10 7.40 0.10 4.00 0.25 9 1 HD 105937 ...... B3V 3.95 110 20 19500 600 3.95 0.10 7.42 0.04 3.41 0.07 6.95 0.17 HD 112091...... B5Vne 5.02 230 20 16500 550 3.50 0.10 7.70 0.10 3.57 0.16 6.6 0.7 HD 118094...... B8Vn... 7.92 239 30 13500 550 3.90 0.15 8.03 0.04 2.59 0.08 4.2 0.2 HD 119423...... B4:Vne 7.50 180 15 17000 600 3.95 0.15 7.67 0.13 3.14 0.20 5.7 0.4 HD 119682...... O+... 7.91 200 20 31910 550 4.00 0.10 6.60 0.10 4.64 0.10 18 1 HD 124639 ...... B8Ve 6.42 237 30 12700 600 3.50 0.10 8.10 0.09 2.88 0.14 4.4 0.3 HD 127972 ...... B1.5Vne 2.30 310 20 20500 600 3.80 0.10 7.30 0.10 3.75 0.16 8.5 0.9 HD 134481 ...... B9.5Vne 3.82 146 19 11700 500 4.00 0.10 8.24 0.08 2.17 0.20 3.2 0.1 HD 135734 ...... B8Ve 4.18 280 20 13470 500 3.80 0.10 8.04 0.05 2.73 0.10 4.3 0.2 HD 149757 ...... O9V 2.58 340 20 27000 650 4.00 0.10 6.89 0.20 4.20 0.10 12 1 HD 164906 ...... O+... 7.45 255 20 30700 550 3.95 0.15 6.72 0.20 4.59 0.15 17 1 HD 164947 ...... B2V:n... 8.87 120 20 23000 500 4.00 0.10 7.17 0.20 3.75 0.15 8.9 0.2 HD 171219* ...... B8 7.65 190 25 13500 500 3.80 0.15 8.02 0.11 2.77 0.20 4.5 0.3 HD 174513* ...... B1V:npe 8.70 180 15 27500 600 3.50 0.10 6.86 0.05 4.95 0.10 19 1 HD 183914 ...... B8Ve 5.03 220 16 13200 600 4.00 0.15 8.00 0.35 2.36 0.15 3.7 0.8 HD 184279* ...... B0.5IV 6.98 200 22 30400 600 3.90 0.10 6.77 0.07 4.60 0.10 17 1 HD 185037 ...... B8Vne 5.95 280 20 13000 500 4.00 0.10 8.10 0.05 2.39 0.15 3.6 0.6 HD 217891 ...... B6Ve 4.48 90 15 15500 600 4.00 0.10 7.80 0.09 2.81 0.16 4.7 0.5

Changes on the continuum level have incidence on the line 3. MEASUREMENT OF PROJECTED profile and distort the shape of the FT, modifying thus the ROTATIONAL VELOCITIES position of the relative minima. This is particularly important The adopted method for the initial estimation of projected for high V sin i values, which produce high line shallowing. rotational velocities V sin i is based on the computation of the The frequency steps can also be important error sources in first zero of FTs of line profiles (Carroll 1933; Gray 1992). It is basedontherelationbetweenV sin i and the frequencies where the FT of the rotation profile reaches a relative mini- mum (Fig. 1). We adopted a quadratic limb-darkening law (Wade & Rucinski 1985) to determine the rotational broad- ening function. In the next step we proceeded to improve the accuracy of the V sin i obtained by fitting the observed spectra with synthetic non-LTE ones calculated for temperatures and gravities determined in x 3 and using a 2 test. If the spectral resolution is rather high (R k 20,000), the instrumental profile may add relative minima to the FT at high frequencies that do not contaminate the transform of the line profile. Whereas some methods of determining rotational ve- locities are based on the comparison of observed line profiles with a grid of standard stars having different values of V sin i or on the measurement of a particular parameter characterizing the spectral lines (e.g., FWHM), which require building calibrations of rotational velocities, the FT method provides calibration-independent V sin i measurements. The main Fig. 1.—Fourier transform of He i k4471 line profile of HD 10144. The sources of uncertainties in this method come from the con- analysis carried out with quadratic limb-darkening law led to V sin i 223 tinuum placement, sampling frequency steps and line blends. 15 km s1. 1178 LEVENHAGEN & LEISTER Vol. 127

Fig. 2.—Fit curves of hydrogen and silicon in the Kiel diagram of HD Fig. 4.—Relation between V sin i values obtained in this work and the 119423. The best solution is achived from intersection. measured FWHM of He i k4471.

4. ESTIMATION OF SURFACE TEMPERATURES V sin i calculations. Taking in consideration that the resolu- AND GRAVITIES tion of our observations is R 22,500, the lowest V sin i value that can be achieved is of the order 5 km s1,well The determination of effective temperatures and gravities is below the current values of V sin i of Be stars. The presence based on the comparison of model hydrogen, helium, and sil- of blends is also a limiting factor to V sin i determinations. icon lines with those observed. The theoretical line profiles In this paper our choice was to analyze the He i k4471 line were synthesized with code SYNSPEC (Hubeny, Hummer, & profile, since it has few blends and is free from a strong Lanz 1994) from a grid of non-LTE stellar atmosphere models pressure broadening. generated with TLUSTY code (Hubeny 1988). The parameters

Fig. 3.—Comparison between model spectrum (dotted line) and observed spectrum (solid line)ofHei k4471 and Mg ii k4481 lines for some target stars No. 2, 2004 SOUTHERN B AND Be TYPE STARS 1179

chemical abundance (Kilian et al. 1991), one cannot, however, proceed exactly in the same way as with Balmer lines. One way to cope up with this difficulty is to use equivalent width ratios of lines in two neighboring ionization stages (e.g., Si iii k4553/Si ii k4131, He ii k4686/He i kk4471, 4388, 4922) for the hottest stars and He i kk4471, 4388, 4922 for the coolest ones. Hydrogen lines, on one hand, and helium and silicon lines, on the other, have differentiated dependencies with ef- fective temperature and gravity. This leads to two groups of fit curves inclined to each other where the intersection points yield to possible sought solutions, as well as to their mean errors. An example of a Kiel diagram is given in Figure 2. Once the parameters are established, we proceeded to adjust the He i k4471 and Mg ii k4481 line profiles with a grid of model spectra around the values of temperature, gravity, and rotational velocity inferred above using a 2 test. Some fits are Fig. shown in Figure 3. We note that in some Be stars, mostly those 5.—Comparison between V sin i values obtained in this work with P 1 those given in Slettebak (1982). The dotted line stands for the one-to-one with V sin i 100 km s , which are probably seen pole-on, relation. emission in the H line can be present that make uncertain the fit of the line with models. In such cases we used either the method of Chauville et al. (2001) to determine the photo- of these models are in the range 11,000 K Teff 32,000 K spheric component of the H line, or we estimated the Teff and and 2.0 dex logg 5.0 dex with steps Teff =100Kand logg parameters using only the H line where the emission, if logg = 0.1 dex. All profiles were broadened for rotation any, is much lower. using a quadratic limb-darkening law (Wade & Rucinski 1985). 5. RESULTS Since most of our present targets were almost never studied, The fundamental parameters determined as explained in xx they do not have rotational velocity estimates. In principle, it 3and4arepresentedinTable1.Thespectraltypesandlu- should be possible to determine Teff and logg only from hy- minosity classes presented are taken from the Centre de drogen lines, because of their rather strong dependence on Donne´es de Strasbourg (CDS). Asterisks identify stars of the these parameters. Reasonably good fits of lines can be per- COROT program. formed over a wide range of values of these fundamental Figure 4 shows a calibration of He i k4471 FWHM against parameters to draw well-defined continuous lines in the (Teff, our estimations of V sin i.InFigure5itisshownacompar- logg) diagrams, sometimes called Kiel diagram (Kilian et al. ison of our V sin i with those of Slettebak (1982), where ap- 1991). Each of the Balmer line, H ,H ,andH can be used parently there is no systematic deviation. The only case of to produce a series of almost parallel spectral line fit–depen- discrepancy occurs for HD 135734 ( Lup), where our dent curves. The scatter of these curves is a measure of the measurements lead to V sin i 280 km s1, while Slettebak uncertainty that can be committed in determining the funda- (1982) gives V sin i 160 km s1. On the other hand, the mental parameters. same object has been studied by Uesugi & Fukuda (1982), We note that in Be stars these lines are usually perturbed by where V sin i 400 km s1. Chauville et al. (2001) have some emission. We estimated their underlying photospheric- obtained V sin i 278 km s1 for this star, in agreement with like component using the Chauville’s et al. (2001) method. our estimations. In Table 2 is shown a brief comparison of our The information supplied by the hydrogen line fits can be V sin i estimates for these stars studied also by Uesugi & supplemented by the same procedure applied to lines of other Fukuda (1982) (UF), Slettebak (1982), and Chauville et al. elements and/or excitation potentials, such as helium and sil- (2001). Fundamental parameters for the remaining program icon. Since these lines show a strong dependence on the Be stars are determined here for the first time.

TABLE 2 Comparison of V sin i Values Determined in This Work with Others

Object V sin i (this work) V sin i (Slettebak) V sin i (UF) V sin i (Chauville) FWHM

HD 10144 ...... 223 225 250 235 4.77 HD 43285 ...... 237 250 310 ... 5.19 HD 105435 ...... 240 220 155 260 6.32 HD 105521 ...... 160 130 265 120 3.51 HD 112091...... 230 220 255 210 4.94 HD 127972 ...... 310 350 345 310 7.80 HD 134481 ...... 146 160 205 180 3.93 HD 135734 ...... 280 160 400 278 4.88 HD 149757 ...... 340 320 385 348 7.05 HD 183914 ...... 220 250 265 220 4.53 HD 185037 ...... 280 300 405 285 5.52 HD 217891 ...... 90 100 130 95 2.86 1180 LEVENHAGEN & LEISTER

oretical isochrones for log age(yr) = 7 and 8. According to Figure 6, almost all observed B and Be stars are in the main sequence in a region before the secondary contraction phase.

7. SUMMARY AND DISCUSSION In this paper we presented new results on effective tem- perature, gravity, and projected rotation velocity determination of 34 field B and Be stars, obtained using high-resolution spectra. These parameters were estimated using spectroscopic procedures based on calculation of equivalent width ratios and adjustment of line profiles of Si iii k4553/Si ii k4131, He ii k4686/He i kk4471, 4388, 4922 for the hottest stars and He i kk4471, 4388, 4922 for the coolest ones and adjustment of He i k4471 and Mg ii k4481 line profiles with non-LTE models of stellar atmospheres. Furthermore, location in the HR dia- gram indicates that those stars are main-sequence B-type objects, where most of them are rather far from the secondary Fig. 6.—Location of the observed stars in the HR diagram (log L/L, Teff) with the evolutionary tracks (solid lines) and isochrones (dashed lines)from contraction phase. We note also that the spectral classification Schaller et al. (1992). of the studied stars given in the literature are probably only a rough approximation, as in most cases they do not correspond to our fundamental parameter calculation. 6. ESTIMATION OF STELLAR AGES The values of effective temperature and gravity determined from the analysis of line spectra allow not only a reasonable We are grateful and in debt to J. Zorec and A. M. Hubert for modeling of the observed lines but also a reliable positioning their advice and fruitful discussions, and to an anonymous of studied stars in the HR diagram. They can also help to referee for his valuable comments and suggestions. R. S. L. determine their ages and bolometric luminosities. To this also thanks to I. Hubeny and T. Lanz for the assistance in the purpose we used the Schaller’s et al. (1992) theoretical evo- spectral synthesis procedures. This research was supported by lutionary tracks of stars with Z = 0.02. Figure 6 shows the Fundac¸a˜o de Amparo a` Pesquisa do Estado de Sa˜o Paulo location of all objects in the HR diagram, as well as the the- through grants 00/10029-6 and 1998/10138-8.

REFERENCES Baglin, A., et al. (and the COROT team). 2000, J. Astrophys. Astron., 21, 319 Schaller, G., Schaerer, D., Meynet, G., & Maeder, A. 1992, A&AS, 96, 269 Carroll, J. A. 1933, MNRAS, 93, 478 Slettebak, A. 1982, ApJS, 50, 55 Chauville, J., Zorec., J., Ballereau, D., Morrell, N., Cidale, L., & Garcia, A. Slettebak, A., Collins, G. W., Boyce, P. B., White, N. M., & Parkinson, T. D. 2001, A&A, 378, 861 1975, ApJS, 29, 137 Gray, D. F. 1992, in The Observations and Analysis of Stellar Photospheres Struve, O., & Elvey, C. T. 1931, MNRAS, 91, 663 (2d ed.; Cambridge: Cambridge Univ. Press), 368 Uesugi, A., & Fukuda, I. 1982, Catalogue of Stellar Rotational Velocities Hubeny, I. 1988, Comput. Phys. Commun., 52, 103 (2d ed.; Kyoto: Dept. Astron., Univ. Kyoto) Hubeny, I., Hummer, D. G., & Lanz, T. 1994, A&A, 282, 151 Wade, R. A., & Rucinski, S. M. 1985, A&AS, 60, 471 Jaschek, M., Slettebak, A., & Jaschek, C. 1981, Be Star Newsl., 4, 9 Zorec, J., Israelian, G., Ballereau, D., & Chauville, J. 1996, A&A, 308, 852 Kilian, J., Becker, S. R., Gehren, T., & Nissen, P. E. 1991, A&A, 244, 419 Levenhagen, R. S., Leister, N. V., Zorec, J., Janot-Pacheco, E., Hubert, A. M., & Floquet, M. 2003, A&A, 400, 599 Astronomy & Astrophysics manuscript no. (will be inserted by hand later)

Stellar and circumstellar activity in the Be star α Eridani

M. V. M. Fernandes.1 ,N.V.Leister1 ,R.S.Levenhagen1 and J. Zorec2

1 Instituto de Astronomia, Geof´ısica e Ciˆencias Atmosf´ericas da Universidade de S˜ao Paulo, CUASO, 05508-900 S˜ao Paulo SP, Brazil 2 Institut d’Astrophysique de Paris, 98bis Boulevard Arago, 75014 Paris, France

Received/Accepted

Abstract. High resolution and high S/N spectroscopic observations of the Be star α Eridani (HD 10144) carried out from November 1991 to October 2000 showed line profile variations in the Hα,Hei and Mg ii lines. The variations detected in the He i lines were interpreted as due to non-radial pulsations (NRP). Time series analysis of variations were performed with the cleanest algorithm, which enabled us to detect the following frequencies: 0.49, 0.76, 1.27 and 1.72 c/d. The lower frequency is due to circumstellar environment during an epoch of slight emission in the wings of He i λ6678 A˚ line profiles. The frequencies of 0.76, 1.27, 1.72 c/d are interpreted as due to non-radial pulsations, which yield the following pulsation parameters of  ∼ (3 − 4) for ν =0.76c/d, ∼ (2 − 3) for ν = 1.27 c/d and  ∼ (3−4) for ν = 1.72 c/d. The study of the absolute deviation of the He i λ6678 Aspectral˚ line evidenced mass ejections between 1997 and 1998. The long-term variations in the Hα line seem to confirm a 12 years cyclic BBe phase transition of α Eri.

Key words. Line: Hα,Hei – Stars: emission-line – Be-stars: line profile, circumstellar disk, outburst – Variability: non-radial pulsation– Technique: spectroscopy

1. Introduction shaped (cf. Marlborough 1976, Waters & Marlborough 1994). Interferometric and linear polarization measure- Late O, all B sub-spectral types and early A-type non- ments give further confirmation that there is a somewhat supergiant stars that have or have shown at least once flattened CE around Be stars (Gies et al. 1990, Stee et some emission in Balmer lines are considered to display al. 1995, Quirrenbach et al. 1997, Yudin 2001). Struve the Be phenomenon (Jaschek et al. 1981). Discovered in (1931) attempted to explain the origin of the CE in Be 1867 by Secchi (γ Cas), Be stars represent 17 % of the stars in terms of matter ejected by critical rotators. Line B non-supergiant star population in our Galaxy, with a and continuum emissions are produced by hydrogen re- maximum frequency at B1-B2 spectral types (Zorec & combination in the flattened CE formed around the stars. Briot 1997). Statistically, the emission intensity in the According to this model emission line profiles character- Balmer lines decreases with the effective temperature izing pole-on or equator-on Be stars, respectively Be and (Briot 1971). Among the most outstanding characteris- Be-shell spectroscopic aspects, are function only of the in- < < tics of these stars is their fast rotation, 0.8 ∼ Ω/Ωc ∼ 1.0 clination angle i under which is seen the flattened CE. (Zorec et al. 2003, Townsend et al. 2004) and, their phase However, this kind of models fail to explain the observed   BBeBe-shell transitions, evidenced by the emission phase transitions that undergoes the same star. The sec- intensity and profile shape variations of Balmer lines, ond worth noting problem of CE is their near Keplerian as well as by changes in the visible energy distribution, motion, which on one hand justifies to interpret them as mostly near the Balmer discontinuty (Moujtahid et al. flattened structures, but on the other hand it requires that 1998). These changes are interpreted as due to varia- the angular momentum of the ejected mater is somehow tions of the size and physical structure of the circum- increased after it leaves the star. stellar envelope (hereafter CE) created by the star it- self. Most authors interpret the CE as being disk-like According to several authors, variations in line profiles and in the continuum energy distribution can be consid- Send offprint requests to: M.V.M. Fernandes, e-mail: ered of short- (minutes to few days), intermediate- (weeks [email protected] to months) and long-term (years to decades) (Hanuschik Based on observations made at the MCT/LNA et al. 1995, 1996, Hubert & Floquet 1998, Balona 2000, Observatory, Bras´opolis – Brazil, and at ESO/La Silla – Floquet et al. 2000, Moujtahid et al. 1999). The causes of Chile. short- to long-term line and flux variations can roughly be 2 M.V.M. Fernandes et al.: Activity in the Be star α Eri considered as ranging from stellar to circumstellar origin. a flaw in the CCD detector (private communication from Though the formation of CEs is still not well understood the ESO technical staf) which is difficult to eliminate com- (cf. Smith 2000), authors like Vogt & Penrod (1983), Osaki pletely in the reduction procedure of spectra. So, despite (1986), Ando (1991), Rivinius et al. (1998, 2001), Steflˇ et this line could be used to short-term analyses (once the al. (2003a) have made links between non-radial pulsations, flaw was restricted to the blue wing of the line), it could periodic outbursts and temporal evolutions of CEs. These not be studied to obtain information on the stellar and last are assumed to be due to changes of the density dis- circumstellar activity of α Eri during our 1999 observ- tribution in the CE regions near the star produced by the ing run. The log of spectroscopic observations is shown in ejected matter that underly the observed light outbursts. Table ??, where are made explicit the observing seasons In spite of the numerous unknowns that still underly and the number of spectra obtained each night. the Be phenomenon and thus, the formation of CEs, the aim of this paper is to study the spectroscopic variations 3. The central star of α Eri observed in photospheric lines, in order to relate them, if possible, with those that are meant to be produced in The brightest star in the southern Eridanus the CEs. To this purpose, we observed the Be star α Eri (The River) and known as α Eridani or Achernar (HD for over about 10 years. This star is known for its short- 10144, HR 472, SAO 232481) is also the brightest Be star and long-term spectroscopic variations, though its short- in the sky, and it had its Be nature established for the term variations have low amplitudes and are difficult to first time in 1965 by Andrews & Breger (1966), when they study. We attempted, however, to specify its short-term found a strong emission in the Hα line. variability in terms of non-radial pulsations (NRP). We The spectral type attributed to the central star is also tried to find out whether they are related with the somewhat uncertain: Hiltner et al. (1969) classified the variability observed in the He i line emission wings and star as a B3IV, Slettebak (1982) as a B4V and Balona et the long-term changes of the Hα emission. The purpose is al. (1987) as a B3-B4III. The difficulty in the determina- to see if there are relations between the detected stellar tion of the physical characteristics of Be stars is caused activities and the supply of mass to the CE. in general by the presence of a variable circumstellar en- velope. α Eri is classified as a ζ Oph variable-type star, whose members are characterized as rapidly rotating pul- 2. Observations sating stars, withV sin i ∼> 170 km s−1 (Unno et al. 1989). Recently, α Eri has been observed by interferometry We have obtained high resolution and high S/N spectra of with the VLT-VINCI equipment (Domiciano de Souza et the Be star α Eri for about 10 years, from November 1991 al. 2003). These authors found that the star has an ex- to October 2000. These observations total 510 spectra that tremely high flattening, which seems to be higher than cover a significant part of the BBe activity cycle of this  expected from a Roche model of surface equipotentials in star. From Nov. 1991 to Dec. 1995 only the Hα line was a critical rigid rotator. The star is subject then to strong observed. From Nov. 1997 to Oct. 2000 several He i lines, gravitational darkening effects. Using models of stellar at- as well as the Hα line were observed. Observations were mospheres for rotating stars, we shall try to understand carried out at the Laborat´orio Nacional de Astrof´ısica at the apparent spectrum of this object in terms of the hemi- Pico dos Dias (Brazil) with the coud´e spectrograph in- sphere averaged (Teff , log g,log L/L) set of parameters stalled in the 1.60m B&C telescope with an EMI CCD and conciliate them with the data obtained by Domiciano camera (1152x770 pixels). We used an 1800/mm disper- de Souza et al. (2003). To this aim we shall use the newly sion grating (first inverse order), centered at He i λ6678 A˚ obtained spectroscopic data, as well as the spectrophoto- plus one or two spectra of the Hα line per night. The spec- metric data of the star at our disposal. This will be helpful tral resolution is R ∼ 40000 with a reciprocal dispersion of to discuss several issues: the stellar rotational frequency, 0.08A/pixel˚ over a coverage of 90A.˚ The typical S/N ratio the possible evolutionary state of the star and the inclina- is ∼ 200 for exposure times ∼ 100 s. The suitable cor- tion angle of the object that will be useful, in particular, rections for bias, flat field, heliocentric velocity and wave- to interpret the observed Hα emission line profiles. length calibration with a Th-Ar lamp were made using the iraf1 software package. The 1999 season spectra were obtained with the fiber-fed extended range optical spec- 3.1. Fundamental parameters derived from the BCD trograph (feros) at the ESO - La Silla 1.52m telescope spectrophotometry (Chile). The ESO spectra have a coverage of about 4900A˚ The (λ1,D) spectrophotometric BCD parameters (from ∼ 3600 to ∼ 8500A)˚ with a spectral resolution R (Chalonge & Divan 1952) of α Eri were obtained from ∼ 48000 and typical S/N ratios ∼ 300. We note, however, low dispersion spectra in the λλ 3200-6400 A˚ region at that in the He i λ6678 region of feros spectra there is ESO (La Silla, Chile) from 3 to 12 Oct. 1979. From the 1 iraf is distributed by the National Optical Astronomy calibrations of (λ1,D) in fundamental stellar parameters Observatories, which is operated by the Association of of rotationless B stars (Divan & Zorec 1982) we derived Universities for Research in Astronomy (AURA), Inc., under the (log L/L,Teff , log g) set of parameters given in Table cooperative agreement with the National Science Foundation. ??. The BCD spectral type of the star is B4-5III, which M.V.M. Fernandes et al.: Activity in the Be star α Eri 3

Table 1. Log of spectroscopic observations of α Eri

Epoch Site Number of spectra Range or individual spectral lines Nov 1991 LNA/Brazil 4 Hα -- Aug-Oct 1993 LNA/Brazil 3 Hα -- Nov 1994 LNA/Brazil 1 Hα -- Nov-Dec 1995 LNA/Brazil 3 Hα -- Nov 1997 LNA/Brazil 169 - He i 6678A-˚ Nov-Dec 1998 LNA/Brazil 118 Hα He i 6678A-˚ Oct 1999 ESO/Chile 123 from 3600 until 8500A˚ Oct 2000 LNA/Brazil 89 Hα He i 6678AMg˚ ii4481A˚

is cooler than the classifications reported in Sect. ??.The firm support to the hemisphere-averaged Teff determined av cooler spectral type obtained with the BCD system and from f (called below Teff ). Using the hipparcos parallax +1.1 the low effective temperature thus derived, deserve to be of α Eri [distance dHipp = 44.1−1.2 pc (Perryman 1997)] tested by another, direct method of effective temperature and the average angular diameter θ, we derived the ap- determination. The effective temperature is in fact an parent equivalent spherical radius Rsph of the star. We important clue to characterize this star. did the same with f to obtain its bolometric luminosity. These quantities are given in Table ??. They can be com- pared with those obtained by Harmanec (2000): Teff = 3.2. Fundamental parameters from integrated fluxes +0.23 14500 K, log L/L = 3.160, R∗/R = 9.01−0.22. and interferometry The flattening of a rigid rotator predicted by the Roche 2 c 3 The continuum energy distribution of α Eri was observed model is Re/Rp =1+(1/2)ω (Re/Re) , where Re and c in the spatial UV and in the visible spectral range up Rp are the equatorial and polar radius respectively, Re is to the near IR wavelengths during periods of low, if any, the equatorial radius at critical rotation and ω =Ω/Ωc is emission in the Hα line. We can use then these fluxes to the ratio of the angular velocity to the critical one. From c c calculate the effective temperature and its angular diam- this relation we have that for a critical it is Re/Rp = eter as it were an emissionless B-normal star using the 1.5. Assuming the stellar disc has uniform brightness, the definition of Teff : interferometric measurements carried out by Domiciano  interf ± 4 2 de Souza et al. (2003) led to Re =12.0 0.4R and Teff =4f/σθ interf ± 1/2 (1) Rp =7.7 0.2R. In what follows, we shall show that θ =2(fλ/Fλ) α Eri can be considered as a rigid critical rotator to a good where f is the flux received on Earth corrected from ISM approximation. extinction and integrated over the full extent of the spec- The distance-reduced bolometric flux we ob- ˇ tained above for an equivalent spherical star trum, σ is the Stefan-Boltzmann constant, θ is the an- 4 2 2 gular diameter of the star, fλ is the absolute monochro- f = Soσ(Teff ) /4πd , where So =4πRsph,canbe rewritten for a rotationally deformed star as: matic flux received on Earth corrected from ISM extinc-  tion and Fλ is the absolute monochromatic flux emitted av 4 2 f = Sω,iσ(Teff ) /4πd 2 (2) by the star. f was determined using the 13-color photo- Sω,i = φω,iRe (ω) metry of Johnson & Mitchell (1975) calibrated in absolute av fluxes and the UV fluxes observed by the TD-1 satellite. where Re is the ω-dependent equatorial radius, Teff is the We used E(B−V )=0.0 as the star is not far from the Sun. average effective temperature of the observed stellar hemi- The wavelength interval used to determine θ ranges from sphere, Sω,i is the area of the observed stellar hemisphere λλ 0.5 to 0.7 µm. The fluxes Fλ and those employed to (cf. Maeder & Peytremann 1970, Collins 1973) and d is the complete f in the non-observed spectral regions are from stellar distance. To be as close as possible to the conditions non-rotating Kurucz’ (1994) LTE model atmospheres. We implied by the measured stellar flattening by interferom- iterated the relation (??) until two consecutive steps pro- etry, we assume the star is seen equator on. Adopting von duced differences δTeff ∼< 1. The values of Teff and θ thus Zeipel’s (1924a,b) gravity darkening, by numerical inte- obtained are given in Table ??. We can notice that the gration over the Roche surface for i = π/2andω =1.0 effective temperature determined with the BCD system we obtain φ1/4π =0.6. From the obvious condition that av and that issued form integrated fluxes are quite the same. S(ω=1,i=π/2) = So and Teff = Teff we obtain:  The angular diameter of α Eri was measured by inter- c Re =1.3Rsph =11.4 ± 0.5R ferometry by Hanbury Brown et al. (1974) and Domiciano c c (3) R = R /1.5=7.6 ± 0.3R de Souza et al. (2003) and obtained θ =1.85 ± 0.07 mas. p e Our determination of θ from absolute fluxes is in excel- that within the measurement uncertainties can be consid- lent agreement with the measured ones, which brings a ered approaching closely the interferometric determina- 4 M.V.M. Fernandes et al.: Activity in the Be star α Eri

Table 2. Fundamental parameters of α Eri dealing with rotationless models (ω=0). From the models of rotating stars (Meynet & Maeder 2000) it comes up that BCD parameters the actual age of α Eri might be 30-40% higher. However, MS λ1 = 39.2±1.3 A˚ the factor affecting both τo and τo to reach the actual D∗ = 0.235±0.015 dex stellar age may be quite the same, so that the obtained

Teff (λ1,D∗) = 14960±346 K age estimation indicates that the star is nearly at the end log g(λ1,D∗) = 3.26±0.05 dex of its main sequence core hydrogen burning phase. On the log L(λ1,D∗)/L = 3.490±0.110 dex other hand, the extrapolation in the Meynet & Maeder’s −1 R(λ1,D∗)/R =8.3±0.60 (2000) models for vinit = 400 km s (assumed ZAMS ro- tation for α Eri) would imply a stellar mass slightly lower Parameters from integrated fluxes than the estimated above: M ∼ 7.3M for τ/τMS ∼ 1. Teff = 15000±200 K θ =1.84mas log L/L = 3.542±0.080 dex 3.4. Rotational velocity and the rotational frequency Rsph/R =8.7±0.4 We estimated the projected rotation velocity V sin i us- ing the Fourier transform of the He i λ4471 A˚ line profile tions by Domiciano de Souza et al. (2003). The discussion (Gray 1992), since in our spectra this line among those in Sects. ?? and ?? on the Hα line emission in α Eri will that is the less affected by pressure broadening effects. −1 show that the 5% difference in the equatorial radius deter- The estimated V sin i = 223 ± 15 km s was obtained mination could be due to a tiny Hα emission that was not from the first zero of Fourier transform (Fig. ??). We as- ferret out from the spectra at the time of the interferomet- sumed a quadratic limb-darkening law of the continuum ric observations. The existing circumstellar matter might to calculate the rotation broadening function (Wade & then be influencing with IR radiation somewhat the mea- Rucinski 1985). The corresponding limb-darkening coeffi- surements. The results displayed in (??)alsoshowthat cients were obtained using the Teff and log g parameters there it may not be need for a model of α Eri with a inferred in the above sections of this paper. Though in strong internal angular momentum content, as implied by the Fourier method we cannot take into account the limb- the recent calculations by Jackson et al. (2004). darkening dependent on the wavelength within the spec- tral line, our V sin i estimate is in agreement with those previously determined by Slettebak (1982) and Chauville 3.3. Mass and evolutionary stage et al. (2001). Assuming von Zeipel’s (1924a,b) approximation of the α Eri was assumed to be a critical rotator seen equator- gravitational darkening effect and integrating over a on. Using the stellar parameters derived above: Re = Roche equipotential surface at critical rotation seen 11.4R and M =8.0M, its critical rotational velocity −1 equator-on (i = π/2), we calculated hemisphere averaged is Vc = 365 km s .TheV sin i parameter should then av o av o c effective temperature Teff /Teff and luminosities L /L benearorequaltoV . However, we notice that there is o o c ratios. Teff and L stand for effective temperatures and a strong difference between V and the obtained V sin i. bolometric luminosities of model stars at rest. The ratios There must be then a strong underestimation of about −1 obtained are almost insensitive to log g ranging from 4.0 130 km s which could be due to a less effective con- to 3.5. They are given in Table ??. tribution to the He i broadening by the rapidly rotating stellar equatorial regions. In fact, the local equatorial ef- fective temperature is strongly lowered by the rotation- Table 3. Hemisphere averaged effective temperature and bolo- ally induced gravitational darkening effect (Townsend et metric luminosity ratios al. 2004). The rotational frequency can now be determined by o av o av o Teff Teff /Teff L /L demanding V sin i = Vc. This gives: 15000 0.823 0.477 Vc 22500 0.828 0.496 νrot =0.02 c =0.64 c/d (4) 30000 0.843 0.534 Re

av 3.5. Stellar atmospheric parameters derived from By interpolating in Table ?? with Teff = 15000 K and av spectroscopy log L /L = log L/L = 3.542, we obtained the values o o Teff = 18180 K and log L /L = 3.855 that correspond in Given that the hemisphere averaged effective temperature the Schaller’ et al. (1992) models to a non-rotating star we obtained Teff = 15000 K leads to a set of stellar funda- 7 with mass M =8.0M and age τo =3.15×10 yr. This im- mental parameters which are consistent, within error bars, MS MS plies that τo/τo =0.92, where τo is the life-time spent with the interferometric data, we adopted it and made an in the main sequence before the secondary contraction. attempt at finding what log g parameter and He/H ra- We used the subindex ‘o’ to indicate explicitly that we are tio of non-rotating model atmosphere could fit better the M.V.M. Fernandes et al.: Activity in the Be star α Eri 5

Fig. 1. Fourier transform of the observed He i λ4471 A˚ line Fig. 2. Full line: observed spectrum of α Eri in the He i λ4388 profile. A˚ line region. Dashed line: model spectrum for Teff = 15000 K and log g =3.30 dex, broadened with V sin i = 223 km s−1. observed He i lines. To fit the He i λλ4388, 4471, 4922 A˚ lines we used model spectra generated with code synspec (Hubeny 1994) from tlusty’s non-LTE model stellar at- mospheres (Hubeny 1990) for non-rotating stars. These models were calculated for Teff = 15000 K, gravity pa- rameters 2.0≤ log g ≤ 5.0 dex and He abundance in num- ber ratios 0.1 ≤ (He/H) ≤ 0.3. In order to compare the synthetic spectra with the observed ones we broadened −1 them using the standard V sin i = 223 km s and not Vc, to mimic with classical models the rotationally distorted star and the concomitant gravity darkening. The fitting procedure was achieved with a χ2 test. The most reliable fit of helium lines was achieved with the following param- eters Teff = 15000K, log g =3.3 dex and (He/H) = 0.18. In Figs. ??, ?? and ?? are shown the fits thus obtained of Fig. 3. Same as fig.2, but for the He i λ4471 AandMg˚ ii λ4481 the observed He i λλ4388, 4471, 4922 AandMg˚ ii λ4481 A˚ line profiles. A˚ line profiles. The extremely high (He/H) ratio obtained with this procedure cannot be explained with models of stellar rotation with rotation (Meynet & Maeder 2000). It is not excluded that an equivalent gravity and effective temperature-uniform stellar disc may not account in de- tail the sensitivities of the He i lines studied to the gravita- tional darkening effect. This failure may perhaps demand a (He/H) ratio that looks unreliable. On the other hand, we also calculated models for (He/H) = 0.10, for the same grid of gravities and effective temperatures in the range 11000 ≤ Teff ≤ 32000 K. We found that an equivalent fit of observed lines can be obtained with Teff = 19000 K and log g = 3.5 dex. This effective temperature cannot, how- ever, lead to radii estimates consistent neither with the in- terferometric ones, nor with those derived from integrated Fig. 4. Same as fig.2, but for the He i λ4922 A˚ line profile. fluxes and the BCD system. Unless further observations confirm the exceptional flattening found by Domiciano de Souza et al. (2003), which can be due to a higher amount of angular momentum stored by the star than expected for critical rigid rotators that might perhaps produce mixing of chemical elements as high as inferred above, the present classical models of uniform atmospheres for rotating stars attempt of determining (He/H) points out that the use of is inadequate. 6 M.V.M. Fernandes et al.: Activity in the Be star α Eri

4. Short-term lpv In the present work we have studied the short-term line profile variations (lpv)ofα Eri in four He i lines: λλ4388, 4471, 4922 and 6678 A.˚ We also analyzed the Mg ii λ4481 line observed in Oct. 1999. The excitation potential of the lower levels of He i lines is about 21 eV, which is quite higher than the average exciting thermal energy in the CE, so that they could be considered of photospheric ori- gin. However, among these He i lines the λ6678 A˚ has the highest log gf value. This can make the line more eas- ily perturbed by circumstellar contributions than the re- maining He i lines studied here. The lower level of the Mg ii λ4481 line has a much smaller excitation potential, 8.8 eV, and its log gf is three times larger than that of He i λ6678. The Mg ii line can then be easily perturbed by Fig. 5. Window functions of radial velocity for the He i and the emission/absorptions of circumstellar origin. Thus, the Mg ii line group. He i λλ4388, 4471 and 4922 lines have been considered as witness of the photospheric activity, while the He i λ6678 and Mg ii λ4481 lines as carrying information related with Table 4. Detected frequencies whose significance levels (statis- the activity of the CE regions near the star (Steflˇ et al. tical reliability) are higher than 70%. The uncertainties shown 2003b). Though the Fe ii λ5169 and Si ii λ6347 A˚ were also here are the values at half maximum of each frequency. The fre- quencies marked with an asterisk are considered to be aliases. frequently studied in the NRP frame (Rivinius et al. 1998, Levenhagen et al. 2003) which enter the feros spectral domain and can also bring information on the circumstel- Frequency (c/d) Significance lar activity, are not present in our spectra. 0.49 ± 0.04 92 % 0.76 ± 0.09 97 % 1.27 ± 0.12 90 % 4.1. Rotation and non-radial pulsation frequencies 1.72 ± 0.15 80 % ± Time series analysis of line variations were carried out us- 2.32* 0.10 72 % 3.30* ± 0.20 72 % ing the Fast Fourier Transform (fft) with the cleanest algorithm (Foster 1995). This method treats the tempo- ral series as vectors that are decomposed in a vectorial base. Using an iterative process, the algorithm sequen- tially select the most convenient frequencies for the model functions of the data vectors. The procedure also analyzes detected in the He i λ6678 A˚ line, where the last one is the statistical meaning of each frequency according to a much less reliable. Recently, Rivinius et al. (2003) have χ2 test (Em´ılio 1997, Levenhagen et al. 2003). reported the 1.29 c/d frequency, which is close to one of Temporal analyses were performed on several line data ours. sets: three of them correspond to the 1997+1998+2000 It has long being known that α Eri presents short-term epoch, where 1997 and 1998 concern the He i λ6678 line spectral variability which are difficult detection because of profiles; four sets of the 1999 epoch are for the He i λλ4388, their low amplitude (lpv amplitude are lower than 1% of 4471, 4922 and the Mg ii λ4481 A˚ line profiles. The de- the continuum). Since we are dealing with data collected tected frequencies are given in Table 4. The window func- during low circumstellar emission phases, we expect the tions of radial velocity for the He i and Mg ii line group is detected frequency to reflect the photospheric variability presented Fig. 5. The periodogram for all time series stud- reliably. ied in this work is shown in the left panel of Fig. 6. In the We propose the following interpretation of the frequen- right hand panel of Fig. 6 is reproduced the periodogram cies given in Table 4: a) As from Sect. ?? we know that of the He i λ6678 A˚ corresponding to the 1997 epoch, to the rotational frequency of the star is 0.64 c/d, 0.49 c/d illustrate the corresponding frequencies detected in this may correspond to some CE activity. The 0.49 c/d fre- line. Note that for the 1997 epoch, the time span covered quency was also present in the He i λ6678 A˚ line profiles by the data do not enable us to detect frequencies lower from 1997 to 1999. According to Fig. 8 and 13 (Section than 1 c/d. 4.4 and 5.2) the star was undergoing the Be→Btransi- In previous photometric and spectroscopic campaigns, tion and presented an overall small activity; b) The 0.76, Balona et al. (1987) found a variability of 0.79 c/d with 1.27 and 1.72 c/d frequencies were seen in all epochs, so amplitude of 0.02 mag in both radial velocity and light that they can be considered as due to NRP; c) The 2.32 variation. Leister et al. (2000) also confirm the presence and 3.30 c/d are seen with high confidence levels (∼> 70%), of this frequency and other three: 1.36, 1.90 and 2.60 c/d they are likely to be aliases of the 1.27 c/d frequency. M.V.M. Fernandes et al.: Activity in the Be star α Eri 7

Fig. 6. Left panel: periodogram for all time series from 1997 until 1999 epoch. On the right side is displayed the diagram of confidence levels. The frequencies discussed in this work are those whose confidence level is higher than 70%. Right panel: periodogram for the He i λ6678 A˚ time series obtained during the 1997 LNA epoch. The respective mean line profile is showed in the bottom.

4.2. Mode determination of NRPs Using a Monte Carlo simulation, Telting & Schrjivers (1997a,b,c) have derived two different relations to infer the pulsation degree  and the azimuthal order |m| from the phase differences analyses. Their method is based on the use of the intensity period search method (ips)ap- plied to synthetic time series of absorption line profiles in non-radially pulsating early-type stars. We considered 0.76, 1.27 and 1.72 c/d frequencies as fundamental NRPs and constructed for them the corre- sponding phase diagrams that are shown in Fig. 7. Using the ips method of Telting & Schrivers (1997a,b,c) we ob- Fig. 7. ips diagrams for the detected fundamental frequencies, tained the pulsation degrees  presented in Table 5. The from left to right: 0.76, 1.27 and 1.72 c/d. The filled circles uncertainties in  values calculated by this method are show the phase diagram across the line profile. The amplitude roughly ±1. Finally, we note that the amplitude profiles of signals are represented by open circles. The phase scale is shown in Fig. 7 are characteristic for g-modes (Leister et displayed on the left, whereas the amplitude scale is displayed al. 2000). on the right of the diagram.

Table 5. Obtained pulsation degrees  non exploitable spectra (Oct. 1999). As aforementioned, the blue wing of line profile could not provide reliable Fundamental  measurements. Thus, observations could be studied only frequency (c/d) over six nights. Fig. 8 displays, according to a vertical 0.76 3 – 4 time spacing, the obtained nightly averaged He i λ6678 1.27 2 – 3 line profiles. The 1997-epoch averaged line profile shows 1.72 3 – 4 noticeable deformations in the inner spectral regions at |RV | ∼< 200 km s−1. These deformations are almost completely washed out in the line profiles of the 1998- epoch, but the emission shoulders, centered roughly at |RV |300 km s−1, are clearly seen in both wings. The av- 4.3. Mean absolute line profile deviations erage line profile of the 2000-observation night has neither any apparent emission nor some clearly developed internal The He i λ6678 line was observed in four different epochs asymmetry. At first glance, the Hα line profile observed in (see Table 1) of which, unfortunately, one of them gave this epoch does not display any detectable emission. We 8 M.V.M. Fernandes et al.: Activity in the Be star α Eri

Fig. 9. Mean absolute deviation for 1997 (open circles), 1998 (filled circles), and 2000 epoch (solid line). The vertical dashed lines are the aforementioned radial velocity edges of [-291; 298 km s−1], while the vertical dotted lines displays the critical velocity limits.

where y and yi are the wavelength dependent intensities in the ‘photospheric’ and individual lines profiles respec- tively, and n is the number of spectra considered. σλ gives us an ‘image’ of how do the stellar and circumstellar activ- ities affect different regions of the line profile. The mean Fig. 8. Average line profiles of each night for the He i λ6678 A˚ absolute deviations σλ calculated for the 1997, 1998 and from 1997 to 2000 epoch. The profiles are vertically displaced 2000 epochs are shown in Fig. 9. Judging from the abso- in time. Dates are indicated at right. The relative flux scale is lute deviations in profiles of the 2000 observation run, we indicated at the bottom left by the double arrow. The vertical can conclude that the line profile we adopted as represent- dashed lines give the narrowest base width of the absorption ing a quiet may still be affected somewhat by profile ever present in our data sample [-291; 298 km s−1]. The a sort of activity that acts mainly in the center and the vertical dotted lines displays the critical velocity limits. red side of the line. We notice, however, that the σλ devia- tions corresponding to the other two epochs are sensitively higher than in the quasi-quiescent 2000 period, and that: can consider then that the 2000- He i λ6678 average 1) σλ are on average larger in 1997 than in 1998; 2) in line profile as the one that more closely approaches the un- 1997 σλ extends asymmetrically from about −400 to +500 perturbed photospheric line. In this apparently He i λ6678 −1 km s ; 3) in 1998 σλ ranges roughly from −350 to +350 ‘unperturbed’ line profile we see that the radial velocity −1 km s ; 4) two outstanding ‘activity maxima’ in the σλ limits up to which extends the stellar photosphere absorp- −1 distribution of 1998 around RV ±300 km s of which tion is |RV |294 ± 1kms−1,whichis∼ 70 km s−1 nar- the red one is the strongest. According to Kambe et al. rower than expected for the stellar V sin i = 365 km s−1. (1993) the σλ deviations that extend from the He i λ6678 There are two explanations to this difference: a) the gravi- RV edges towards higher velocities could be indicative of tational darkening effect, which makes that the very equa- mass ejection events. torial velocities do not contribute effectively to the line It is also interesting to note the strong global changes broadening; b) some emission to orbiting clouds near the that occur from night to night in the σλ amplitudes. star that fill up the the extreme borders of the line pro- Fig. 10 shows the nightly averaged σλ in the 1997 and files. However, having no other approach to the genuine 1998 observing epoch. In the 1997 epoch, σλ changes stellar He i λ6678 line profile, we used the 2000-year as the from a vaulted shape that cover roughly the (−400, +500 one that better represents the photosphere and compared km s−1)-interval on Nov. 11 to another symmetric one to it all the individual He i λ6678 profiles to derive the λ- shrank into the (−200, +200 km s−1)-interval on Nov. 12 dependent mean absolute deviation per observing period and ending in a roughly constant distribution of low am- as follows (cf. Kambe et al. 1993): plitude from (−200, +200 km s−1)-interval on Nov. 13. n   On the other hand, in the 1998-epoch, the σλ deviations 1   changes from a distribution with large amplitudes in the σλ = yi(λ) − y(λ) (5) − −1 n i ( 100, +350 km s )-interval to a reversed one the next M.V.M. Fernandes et al.: Activity in the Be star α Eri 9

Fig. 10. Deviations showing the nightly contributions to the total mean absolute deviation in 1997 (left panel) and 1998 (right panel) epoch. Dates are indicated at right. The profiles are vertically displaced in time, and the scale is indicated by the double arrow on the left. The vertical dashed lines are the radial velocity edges mentioned in the text. The vertical dotted lines indicate the limits due to the critical velocity. night, but with lower amplitudes ranging from +100 to increase of emissions, which also operates in some hours, +300 km s−1. a slight and progressive decrease of the emission in both The noted asymmetry in the σλ amplitudes over the sides is noticed during the second night. line profile that moved from the blue to red side of the line in two successive nights might be revealing a sudden, sort of balistic ejection of an elongated cloud that the day 4.5. Line behavior and mass-ejection after the ejection is seen orbiting around the star in a In accordance with the behavior of the absolute devia- phase where much of its material was seen having radial tion σλ presented in the preceding sections, the emissions > velocities RV ∼ 0. that produce them could only have origin in some ejected For comparisons sake we have drawn in Fig. 9 to 10 the matter orbiting the star. It was already noted by sev- radial velocity limits corresponding to the critical velocity eral authors (cf. Cidale & Ringuelet 1989, Hummel 1994, of the the star. Chauville et al. 2001) that the separation of the emission peaks produced in the circumstellar media depends both 4.4. Peak separation and equivalent widths on their kinematic characteristics and opacity. The inten- sity of the He i λ6678 line emission can be scaled as E ∼ 2 −τ In the 1998 epoch, the He i λ6678 A˚ line profiles show SλR (1 − e λ ), where Sλ is the source function, R is a emission shoulders in both blue and red wings (cf. Fig. 8) length scale (radius) of the emitting region and τλ is the whose centroids are roughly at −300 and +308 km s−1, optical depth in the line. The increase of the emission, respectively. Some Be stars may present He i lines varia- mainly in the red wings, can then be understood as due tions even during the photospheric CE quiescent phases to a rapid supply of matter by the star to the circum- (Rivinius et al. 1998). This variability concerns, in par- stellar environment, whose occupation volume grows as it ticular, the separation of emission peaks in the line wings reaches the orbiting phase with dominating positive radial and their intensity. Rivinius et al. (1998) pointed out that velocities. It was shown in Floquet et al. (2000) that the in µ Cen the separation of the emission peaks reaches He i λ6678 line has a collisional dominated source function its maximum during a precursor phase of outbursts. This and that an expansion of matter near the star maintains separation then progressively diminishes in the relaxation Sλ  constant. As the average R of the ejected matter phase of outbursts, during which the He i lines are the first may increase during its movement around the star, the to attain the quiescence. We have measured the equivalent emission intensity increases as E ∝ R2. The peak sepa- widths of the emission peaks in the He i λ6678 line and ration should then increase slightly as τλ decreases with −3 their separation in the 1998 epoch. The upper panel of increasing R, because τλ ∝ NHeIdR and NHeI ∝ R . Fig. 11 shows the behavior of the separation peaks, while Nevertheless, for low opacities the peak separation can the lower panel shows their equivalent widths. We can see be dominated by the kinematics of the emitting layers. that the separation changes from about 640 km s−1 to 620 In a spiral like movement of the ejecta around the star km s−1 from one to the other night and that this change that implies a growing distance R (increasing orbital ra- occurs in few hours. Simultaneously, the equivalent width dius), there may be a lowering of the tangential velocity of the emission peaks in both wings increase, being four component vφ that consequently reduces the separation of times larger in the red side than in the blue. After the emission peaks, as observed. 10 M.V.M. Fernandes et al.: Activity in the Be star α Eri

0.15 H 2000 0.0

0.15 1998 0.0

0.45

0.3

0.15 1995 0.0

0.75

0.6

0.45

0.3

0.15 1994 Fig. 11. The upper panel shows the pick separation behavior 0.0 of blue and red emissions in the He i λ6678A˚ line during the 1998 epoch against time. The error bars represent the standard 0.75 mean absolute deviations. The lower panel shows the respective 0.6 equivalent widths of blue and red emissions. The open triangles 0.45 represent measurements of the red emission, while the filled 0.3 triangles represent measurements of the blue emission. The nights are indicated on top of the first panel. The abscissas 0.15 1993 axis has a cut to omit the separation by one diurnal lapse of 0.0 time between consecutive observations. 0.15 1991 0.0 5. Long-term lpv analyses -600 -400 -200 0 200 400 600 -1 There is stellar activity, detected through the lpv of pho- km s tospheric lines, which may reveal phases when physical Fig. 12. Hα line profiles from 1991 (lower) to 2000 (upper). conditions in the outermost stellar layers are attained to The ordinates axis displays the subtracted intensity of each produce ejection of a great amount of matter to feed the line profile in their respectively painel. The abscissa axis dis- CE. On the other hand, there is the long term variation of plays the radial velocity in km s−1. These profiles have the lines formed in the CE, which bring testimony of global dy- photosferic line component subtracted, so that the continuum namical and/or physical evolution of the CE. The changes level is set to zero. in the characteristics of the CE are probably not only due to one discrete mass ejection, but to the piling up phe- absorption which later on transformed into an absorption nomenon of matter coming from many such ejections and profile with very weak violet and red emission peaks in to the relentless action of the more or less variable stel- the line wings (Freitas-Pacheco 1982). In June 1985 no lar wind on these ejecta (Hartquist et al. 1986, Dyson & emission was found in the Hα and Hβ profiles of α Eri Hartquist 1992, Arthur et al. 1994). There may then be (Balona et al. 1987). More recently, according to Leister little chance to detect well defined correlations between et al. (2000), α Eri resumed its emission phase in the be- the observed rapid variations of photospheric lines and ginning of the 1990s and reached a maximum between the long term changes of lines raised in the CE. It is, how- 1993 and 1994. Afterwards, the emission decreased and in ever, interesting to know at which phase of the long term 1995 the Hα appeared as a broad photospheric line with variations we detected what seems to be the signature of both V and R emission peaks above the continuum level. a discrete mass ejection and what are the scales of masses According to data in Hanuschik’s et al. (1995) atlas, this involved to produce the emission in the He i λ6678 line emission phase is also present at the beginning of 1992. and in the Hα respectively. The Hα line profiles we observed are shown in Fig. 12. The 1999 line profile seems to have no emission compo- 5.1. Hα emission and the circumstellar phase nents due to circumstellar matter and therefore could be transitions assumed as a pure absorption profile. To describe properly the evolution of the emission in Hiltner et al. (1969) identified in α Eri wide lines with nar- the Hα line, the equivalent width we would rather have row central absorptions, but without any emission com- for each observation date is: ponents. Between 1974 and 1978, Dachs et al. (1981) ob-  ∞ served a progressive change in the Hα line from a pure ∗ ∗ W = (fλ − fλ )/fc dλ (6) absorption profile to a strong emission with a weak central −∞ M.V.M. Fernandes et al.: Activity in the Be star α Eri 11

∗ where fλ is the absolute flux in the emission line, fλ is the since then, we may infer that the time needed to build up flux in the photospheric absorption component at an emis- a circumstellar environment that is able to produce de- ∗ sionless phase of the star and fc is the stellar continuum tectable emissions and reach its maximum in Hα ranges energy flux emitted by the stellar photosphere. Let us de- from 1 to 2 years. However, the full reach of the maximum fine the measurable quantity E(λ)=fλ/fc as the emission requires from 5 to 6 years. line profile, where fc is the flux emitted in the continuum by the star+CE system. In the same way, let be A(λ)= ∗ ∗ 5.2. The CE characteristics fλ /fc the line profile of the photospheric Hα absorption ∗ −0.4∆mHα component. Knowing that fc/fc =10 is the con- In this section we study the emission in the Hα line in or- ∗ tinuum flux excess at Hα (∆mHα = mHα − mHα is the der to estimate the scale factors that characterize the CE magnitude difference measured during the emission/shell- at each observed emission phase. This could bring some absorption and normal-like phases, respectively), relation hints on the way the envelope is built up. To this end we (5) transforms into: use a simple model to produce line emission, where the ro-  ∞ tating CE, shaped like a disc of uniform height h =2×H, W = [E(λ)10−0.4∆mHα − A(λ)]dλ (7) is reduced to an equivalent line emitting ring. According −∞ to the discussion in Sect. ??, the star-disc system is seen Very few photometric measurements exist in the literature equator-on. Assuming that the radial density distribution in the disc is given by a power law ρ(r) ∼ r−β, the re- that would allow us to estimate ∆mHα. However, as the duction of the disc of external radius RE, produces an equivalent width of Hα line emission component We = equivalent ring of radius R given by: [1 − E(λ)]dλ ≤ 0 does not exceed |We|∼10 A,˚ it is ex-  β−2 pected that ∆mHα 0 might be a good approximation. R (1 − β) [1 − (R∗/RE) ] Thus, writing the equivalent width of the absorption com- = β−1 (9)  R∗ (2 − β) [1 − (R∗/RE) ] ponent as Wa = [1 − A(λ)]dλ ≥ 0 we used the following relation to approximate (6): Since all characteristics of the density distribution in the CE are cramped in the fitting opacity parameter τo,wedo W = Wa − We (A˚) (8) not need to specify the value of β. For effective temper- atures suited to B stars, the source function SHα of the Wa was calculated using the absorption Hα line profile Hα line can be considered dominated by radiative ioniza- observed during the 1999 observation run. tion and recombination processes (Thomas 1965, Jefferies α Eri was observed many times, but not regularly. 1968). Then, in the ring holds the following dependence of As much as we could, we collected the existing spectro- the source function with the optical depth (Mihalas 1978): scopic and photometric observations of the Hα line and  1/2 ∗ studied its changes as a function of time. The data used η B for τo ≤ 1 SHα(τo)= 1/2 ∗ 1/2 (10) are from Jaschek et al. (1964), Andrews & Breger (1966), η B τo for τo > 1, Dachs et al. (1977, 1981, 1986, 1992), Slettebak (1982), Freitas-Pacheco (1982), Balona et al. (1987), Porri and where τo is the optical depth at the center of the Hα transi- Stalio (1988), Hanuschik et al. (1996). The photometric tion. At electron temperatures Te ∼ 0.8×Teff and electron 13 −3 measurements of the Hα line given in some of the above densities Ne ∼< 10 cm , the expressions for the sink and ∗ papers were transformed into equivalent widths. the source factors η and B become respectively: The variation of the Hα line emission observed be- η  R3k/A32 fore 1991 and quantified according to (6) is shown in Fig. 3  −1 ∗ 2hνHα hνHα/kTe R3k Rk2 , (11)  2 − 13a. The changes of the Hα emission from 1991 to 2000 B c e R2k Rk3 1 is shown in Fig. 13b. The cyclic variation of this emis- sion before 1991 is not well defined. The data are rather where Rnk and Rkn are the radiative ionization and re- scarce, but a sort of period between 11 to 13 years seems combination rates to the n-atomic level respectively and to be present, either for the emission maxima or for the A32 is the spontaneous emission rate. B-normal like aspects. The behavior depicted in Fig.13b We assumed that the pressure broadening effects in the reveals a lapse of time of about 11 years between two suc- line profile can be neglected in the CE. The wavelength- cessive B-normal like phases. dependent H α line optical depth was then written as: It is interesting to see that the activity detected in the τλ = τoΦ(∆λ) (12) He i λ6678 line, mainly the one in 1998 that we interpreted as witnessing a possible mass ejection, happened during where Φ is the Gauss function. The wavelength displace- a phase of the Hα emission decline. Unfortunately, the ment ∆λ is produced by the total velocity of the ring 2 1/2 records we have of the He i λ6678 line in 1999 cannot be projected along the line of sight ±µVr ± (1 − µ ) VΩ used, so no information of the stellar activity and/or pos- [µ = cos(radial direction, line of sight)] where the signs sible mass ejection in this epoch is available. However, as are chosen according to the quadrant of the ring facing the emission in the Hα line seems to increase from 2000 the observer and whether it concerns the front or rear and according to data at our disposal, it has not decreased part of the ring. 12 M.V.M. Fernandes et al.: Activity in the Be star α Eri

Fig. 13. Variation of the equivalent width EW in the Hα line profiles. Left panel: dots and the solid lines joining the observed points are meant to sketch the cycles of phase transitions. Between two maxima of each cycle there is an interval of about 13 years. Right panel: Measured EW from our data against HJD time. The EW values used are defined in text. Each point is for a different year. The zero point means no circumstellar features detected in the line profile. The dotted line is not a mathematical fit, but it simply draws the trend of the EW behavior.

From (??) we see that the radiation field of the un- Table 6. CE parameters from fits of Hα emission line profiles derlying star determines entirely the value of the source 1/2 ∗ function. We obtain η B /F∗ = 0.08 where F∗ is the Epoch τo R/R∗ H/R∗ VΩ Vr −1 stellar continuum flux. Since the photospheric absorption km s line profile was subtracted from each observed Hα line 1991 0.15 3.8 3.8 280 0 profile (see Fig. 12), we do not need to take it into ac- 1993 1.18 6.0 3.5 200 0 count explicitly in our modeling. The fits of the Hα line 1994 0.70 5.9 3.8 183 0 profiles were obtained using a least squares minimizing 1995 0.25 5.5 3.5 170 -10 method where R, H, Vr, VΩ and τo are the free param- 1998 0.09 3.8 3.5 300 50 2000 0.08 3.4 2.2 180 255 eters. In general Vr accounts for the asymmetry seen in the emission peaks. The separation of the emission peaks is determined mainly by VΩ, but it also depends on τo. The full width of the emission line at its half intensity is In the first part we discuss the fundamental param- fixed by VΩ, R and τo. For a given value of R, H and eters of α Eri to understand better the short-term line τo determine the emission intensity in the peaks and the variability observed in three epochs: Nov. 1997, Nov.-Dec. depth of the central absorption. The fits thus obtained 1998 and Oct. 2000. Line profile variability of He i λλ4388, are shown in Fig. ?? (dashed lines). The corresponding 4471, 4922, 6678 A˚ were interpreted in terms of non-radial CE parameters are given in Table ??. Using the Gauss pulsations. They are characterized by four detectable fre- function to represent Φ we could not obtain a good fit of quencies: ν = 0.49, 0.76, 1.27 and 1.72 c/d. The frequen- the Hα line emission wings in 1993. The wide wings can cies of 2.32 and 3.30 c/d are believed to be aliases of ν = also be due to changes in the photospheric average Hα 1.27 c/d. Using three of the detected frequencies we esti- line profile, which can be produced by the highly unstable mated the following pulsation degrees:  ∼ 3 − 4forν = stellar surface rotating at critical velocity. In our approach 0.76 c/d,  ∼ 2 − 3forν = 1.27 c/d and  ∼ 3 − 4for these changes are overlooked, because we used a single ab- ν = 1.72 c/d. The Mg ii λ4481 and He i λ6678 were be- sorption photospheric line profile for all observed epochs. lieved carrying information also on the activity in the CE Similar phenomena could also be present in the 1998 line near the central star. In fact, in the Mg ii λ4481 only one profile. outstanding frequency was detected: ν = 0.49 c/d, while the other frequencies observed in the He i lines were not i 6. Discussion and conclusions seen. The ν = 0.49 c/d is, however, present also in the He λ6678 line profiles with different degrees of statistical reli- The present paper has taken advantage of two different ability. The ratio νr/ν  1.3 may then imply the existence sets of observational data. Accordingly, it has two different of clouds at R/R∗  1.2, if the specific angular momentum parts. is assumed to be conserved, or at R/R∗  1.7, if they have M.V.M. Fernandes et al.: Activity in the Be star α Eri 13

Keplerian velocities. These clouds can result from discrete the quite stable value of the effective extent of the disc mass ejections, but we can not assert they are related with around R  6R∗ from 1993 to 1995 when the emission is the non-radial pulsations described in this paper. We also still a rather conspicuous. Since the observed emission in studied the average absolute deviations of the He i 6678 A˚ this period implies a variable value of τo, this means that line profiles with respect to the unperturbed photospheric each observed epoch requires a different couple of values line occurred in 1997, 1998 and 2000 observing epochs. We (RE,β). If we assume that a fully developed emission, like found that the stronger absolute deviations in 1997 are in 1993, is produced by a disc at its maximum emitting confined essentially within a maximum asymmetric radial effectiveness, we may guess that β  0. The decrease of −1 velocity interval −400 ∼< RV ∼< 500 km s and within τo from 1993 to 1995-1998 can then be thought of due to −1 |RV | ∼< 350 km s in 1998, though the photospheric line a progressive decrease of RE. In order to make R ∼ con- profile seems not to extend further out than |RV | ∼< 294±1 stant, according to (7) the value of β must increase, which km s−1. Assuming that the star rotates at its critical veloc- implies that the decrease of the Hα emission is character- ity V sin i = 365 km s−1, possible activities in the circum- ized by progressively steeper density distributions in an stellar matter are directly evidenced at radial velocities expanding/dissipating CE. Though this behavior is con- |RV | ∼> 365 km s−1. According to the results shown by sistent with the viscous model dissipation, the viscosity Zorec et al. (2004), the line behavior of He i λ6678 shown coefficient α suited for α Eri should be lower than the in Fig. 8 can easily be explained as due to elongated clouds value today expected for Be stars. orbiting near the star. This is consistent with the presence Finally, let us note that the weak, almost unseen Hα of the ν = 0.49 c/d frequency. Unfortunately, the timing emission in the 2000 epoch corresponds, however, to an of our observations does not cover the entire circulation effective extent radius R  3.4R∗. This can explain that cycle of these clouds. This explains that their presence is even during the interferometric observations of α Eri made evidenced only by the emissions in the red side of the line by Domiciano de Souza et al. (2003) no Hα emission is profiles. Depending on the length of clouds, they can, how- noticeable, there could be some circumstellar gas that ever, be present alternatively in both sides of the line pro- produced a 5% larger equatorial radius than the one we files. We may then conclude that the absolute deviations obtained in this paper from spectrophotometric observa- shown in Fig. 9 may represent the sum of photospheric tions. oscillations and of light fluctuations produced by orbiting clouds. Acknowledgements. MVMF expresses his thanks to Dr. A. M. In the second part of this paper we collected data on Hubert and M. Floquet for the fruitful discussions. This re- search was supported by Funda¸c˜ao de Amparoa ` Pesquisa the Hα emission of α Eri and noticed there is a long-term,  do Estado de S˜ao Paulo through grants no. 99/12436-9 and roughly cyclical BBe phase variation of about 12 years. 02/00036-0. The rise to a maximum emission takes about 1-2 years, while the decrease of the emission lasts about 7 years. If the evolution, formation and subsequent dissipation, of the References CE in α Eri had to be understood in terms of a viscous de- Ando, H. 1991, in: Eso Conf. Workshop Proc. 36, Rapid cretion disc model (Porter 1999, Okazaki 2001), from the Variability of OB-stars: Nature and diagnostics Value, expected average viscous time scales for Be star envelopes D.Baade (eds) Garching, ESO, p. 303 t ∼ 60/α, where α characterizes the viscosity (Clark et al. Andrews, P. J., & Breger, M. 1966, Observatory, 86, 108 2003), we would derive 0.02 ∼< α ∼< 0.03, which is about Arthur, S.J., Dyson, J.E., & Hartquist, T.W. 1994, MNRAS, 4 times smaller than the value α  0.1 expected in discs 269, 1117 of Be stars (Blondin & Negueruela 2001, Matsumo 1999, Balona, L. A. 2000, MNRAS, 319, 606 Clark et al. 2003). Balona, L. A., Engelbrecht, C. A., & Marang, F. 1987, MNRAS, 227, 123 In order to have a rough quantitative description of the Blondin, J. M., & Negueruela, I. 2001, A&A, 377, 161 Hα line emission behavior from 1991 to 2000, we fitted the Briot, D. 1971, A&A, 11, 57 observed line profiles using a simple model of circumstellar Chalonge, D., & Divan, L. 1952, Ann. Astrophys., 15, 201 disc, where the free parameters are: the radial opacity in Chauville, J., Zorec, J., Ballereau, D., Morrell, N., Cidale, L., the center of Hα line, its rotational and expansion veloci- & Garcia, A. 2001, A&A, 378, 861C ties, the height from the equator and its effective extent. Clark, J. C., Tarasov, A. E., & Panko, E. A. 2003, A&A, 403, The velocities obtained enable us to explain the width of 239 the profiles as well as their peak separation. They give us Cidale, L. S., & Ringuelet, A. E. 1989, PASP 101, 417 velocity scales in the disc, but they can not be used to Collins, G.W. 1973, A&A, 26, 315 infer the velocity law in the disc. We see, however, that Dachs, J., Eichendorf, W., Schleicher, H., Schmidt-Kaler, T., Stift, M., & Tueg, H. 1981, A&AS, 43, 427 while almost all profiles require no velocity in the radial Dachs, J., Hanuschik, R., Kaiser, D., Ballereau, D., & Bouchet, direction, there must be a rather strong expansion of the P. 1986, A&AS, 63, 87 disc in the 2000 epoch. It is remarkable that in order to Dachs, J., Hummel, W., Hanuschik, R. W. 1992, A&AS, 95, obtain the emission intensity observed in the Hα line, the 437 disc is far from having strongly flattened structure, be- Dachs, J., Maitzen, H. M., Moffat, A. F. J., Sherwood, W. A., cause H ∼ 3.6R∗. The other noticeable characteristic is & Stift M. 1977, A&A, 56, 417 14 M.V.M. Fernandes et al.: Activity in the Be star α Eri

Divan, L., & Zorec, J. 1982, in: Be stars, IAU Symp., 98, eds. Meynet, J., & Maeder, A. 2000, A&A, 361, 101 M. Jaschek, & H. G. Groth (Reidel Publ. Co.), 61 Moujtahid, A., Zorec, J., & Hubert, A. M. 1999, A&A, 349, Domiciano de Souza, A., Kervella, P., Jankov, S., et al. 2003, 151 A&A, 408, L47 Moujtahid, A., Zorec, J., Hubert, A. M., Garcia, A., & Burki, Dyson, J.E., & Hartquist, T.W. 1992, Astro. Lett. and Comm., G. 1998, A&AS, 129, 289 28, 301 Okazaki, A. T., 2001, PASJ, 53, 119 Em´ılio M., MSc Thesis 1997, IAGUSP Osaki, Y. 1986, PASP, 98, 30 Floquet, M., Hubert, A. M., & Hirata, R., et al. 2000, A&A, Perryman, M. A. C. 1997, Proc. of the ESA Symposium 362, 1020 ‘Hipparcos - Venice 97’, ESA SP-402, p. 1 Foster, G. 1995, AJ, 109, 1889 Porri,A.,&Stalio,R.1988,A&AS,75,371 Freitas-Pacheco, J. A. 1982, MNRAS, 199, 591 Porter, J. M. 1999, A&A, 348, 512 Gies, D. R., McKibben, W. P., Kelton, P. W., Opal, C. B., & Quirrenbach, A., Bjorkman, K.S., Bjorkman, J.E., et al. 1997, Sawyer, S., 1990, AJ, 100, 1601 ApJ, 479, 477 Gray, D. F. 1992, British Astron. Assoc. JNL, Vol. 102, n. 4, Rivinius, Th., Baade, D., Stefl,ˇ S., et al. 1998, A&A, 333, 125 230 Rivinius, Th., Baade, D., Stefl,S.,&Maintz,M.2001,A&A,ˇ Hanbury Brown, R., Davis, J., & Allen, L. R. 1974, MNRAS, 379, 257 167, 121 Rivinius, Th.; Baade, D.; Stefl,ˇ S. 2003, A&A, 411, 229 Hanuschik, R. W., Hummel, W., Dietle, O., & Sutorius, E. Schaller, G., Schaerer, D., Meynet, G., et al. 1992, A&AS, 96, 1995, A&A, 300, 163 269 Hanuschik, R. W., Hummel, W., Sutorius, F., Dietle, O., & Secchi, A. 1867, Astron. Nachr, 68, 63 Thimm, G. 1996, A&AS, 116, 309 Slettebak, A. 1982, ApJS, 50, 55 Harmanec, P. 2000, in: The Be Phenomenon in Early Type Smith, M. A. 2000, Be Star Newsletter 34, 14 Stars, ed. M. A. Smith, H. F. Henrichs, & J. Fabregat, Stee, P., Bonneau, D., Lawson, P., et al. 1995, IAU Symposium ASP Conf. Ser. 214, IAU Colloq., 175, p. 13 166, eds. E. Hog, P. Kenneth Seidelmann, p. 149 Hartquist, T.W., Dyson, J.E., Pettini, M., & Smith, L. J. 1986, Stefl,ˇ S., Baade, D., Rivinius, Th. et al. 2003a, A&A, 402, 253 MNRAS, 221, 715 Stefl,ˇ S., Baade, D., Rivinius, Th. et al. 2003b, A&A, 411, 167 Hiltner, W. A., Garrison, R. F. & Schild, R. E. 1969, ApJ, 157, Struve,O.1931,ApJ,73,94 313 Telting, J. H., & Schrijvers, C. 1997a, A&A, 121, 343 Hubeny, I. 1994, A&AS, 184, 3401 Telting, J. H., & Schrijvers, C. 1997b, A&A, 317, 723 Hubeny, I. 1990, in: Properties of hot luminous stars, Telting, J. H., & Schrijvers, C. 1997c, A&A, 343, 742 Proceedings of the First Boulder-Munich Workshop, Thomas, R. N. 1965, Non-Equilibrium Thermodynamics in Boulder, CO, San Francisco, CA, ASP, 1990, p. 93 the Presence of a Radiation Field, Univ. Colorado Press, Hubert, A. M., & Floquet, M. 1998, A&A, 335, 565 Boulder, Colorado Hummel, W. 1994, A&A, 289, 458 Towsend, R. H. D., Owocki, S. P., & Howard, I. D. 2004, Jackson, S., MacGregor, K.B., & Skumanich A. 2004, ApJ 606, MNRAS, 350, 189 1196 Unno, W., Osaki, Y., Ando, H. & Shibahashi, H. 1989, Jaschek, C., Jaschek, M., & Kucewicz, B. 1964, Zeits. Astroph., Nonradial Oscillations of Stars, 2nd ed., Univ. of Tokyo Vol. 59, 108 Press Jaschek, M., Slettebak, A., & Jaschek, C. 1981, Be Stars Vogt, S. S., & Penrod, G. 1983, ApJ, 275, 661 Newsletter, 4, 9 von Zeipel, H. 1924a, MNRAS, 84, 665 Jefferies, J.T. 1968, Spectral Line Formation, Blaisdell von Zeipel, H. 1924b, MNRAS, 84, 684 Publishing Company, Massachusetts Wade, R. A., Rucinski, S. M. 1985, A&AS, 60, 471 Johnson, H. L., & Mitchell, R. I. 1975, Rev. Mex. Astron. Waters, L. B. F. M., & Marlborough, J. M. 1994, IAU Symp. Astrofis, 1, 299 no 162, eds. Luis A Balona, Huib F. Henrichs, and Jean Kambe, E., Ando, H., Hirata, R., Walker, G.A.H., et al. 1993, Michel Contel, p. 399 PASP, 105, 1222 Yudin, R. V. 2001, A&A, 368, 912 Kurucz, R. 1994, Kurucz CD-ROM No. 19, 20, 21, Cambridge Zorec, J., & Briot, D. 1997, A&A, 318, 443 Mass.: Smithsonian Astrophysical Observatory Zorec, J., Fremat, Y., Ballereau, D., et al. 2003, SF2A- Leister, N. V., Janot-Pacheco, E., Leyton, J. Z., Hubert, A. M., 2003: Semaine de l’Astrophysique Franaise, meeting held Floquet, M. 2000, in: The Be Phenomenon in Early Type in Bordeaux, France, June 16-20, 2003. Eds.: F. Combes, Stars, ed. M. A. Smith, H. F. Henrichs, & J. Fabregat, ASP D. Barret, T. Contini, and L. Pagani. EdP-Sciences, Conf. Ser. 214, IAU Colloq., 175, p. 273 Conference Series, p. 617 Levenhagen, R. S., Leister, N. V., & Zorec, J., et al. 2003, Zorec, J., Fremat, Y., Leister, N. V. 2004, SF2A-2004: A&A, 400, 599 Semaine de l’Astrophysique Francaise, meeting held in Mihalas, D. 1978, Stellar Atmospheres, W.H. Freeman & Co., Paris, France, June 14-18, 2004, Eds.: F. Combes, D. San Francisco Barret, T. Contini, F. Meynadier and L. Pagani EdP- Maeder, A., & Peytremann, E. 1970, A&A, 7, 120 Sciences, Conference Series, p. 328 Marlborough, J. M. 1976, in Be and shell stars, Proc. of the Merril-McLaughlin Memorial, IAU Symposium 70, eds. A. Slettebak, p. 335 Matsumoto, R. 1999, in Disk Instabilities in Cose Binary Systems, eds. S. Mineshige, & J. C. Weeler (Tokyo: Universal Academy Press.), p. 303