2019 CONFLITOS NO CONFLITOS BRASIL CAMPO

ISSN 1676-661X

2019

CONFLITOS NO CONFLITOS BRASIL CAMPO Expediente Diretoria da CPT

Dom André Marie Gerard Camilla de Witte - Presidente Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira– Vice-Presidente

Coordenação Executiva Nacional Confitos no Campo Brasil 2019 Isolete Wichinieski Jean Ann Bellini Paulo César Moreira dos Santos É uma responsabilidade do Centro de Docu- Ruben Alfredo de Siqueira mentação Dom Tomás Balduino – CPT Conselho Editorial Secretaria Nacional Antônio Canuto Cássia Regina da Silva Luz Rua 19, n° 35, 1° andar – Centro - 74030-090 Cristiane Passos Melo e Silva Elvis Fagner Ferreira Marques Flávio Marcos Gonçalves de Araújo Ítalo Borges Rezende Goiânia-GO Lira Furtado Moreno Márcio Antônio Cruzeiro Mário Braz Manzi Muniz Fone: (62) 4008-6466 Múria Carrijo Viana Thays Pereira Oliveira Rodrigues

Regionais Endereço eletrônico: [email protected] Célio Lima da Silva – Acre Sisto Magro – Amapá Maria Agostinha de Souza/Tiago Maiká Muller Schwade – Amazonas Lorrany Lourenço Neves/Evandro Rodrigues dos Anjos/Antônia Laudeci Sítio: www.cptnacional.org.br Oliveira Moraes – Araguaia/Tocantins Roseilda Cruz da Conceição – Bahia Thiago Valentim Pinto Andrade – Ceará Comissão Pastoral da Terra é um organis- Priscila Viana Alves/Viviane Ramiro – Espírito Santo/Rio de Janeiro Lucimone Maria de Oliveira/Saulo Ferreira Reis – Goiás mo ligado à Comissão para o Serviço da Ronilson Costa/Silmara Moraes dos Santos – Maranhão Elizabeth Fátima Flores/Welligton Douglas Rodrigues da Silva – Mato Caridade, da Justiça e da Paz, da CNBB. Grosso Roberto Carlos de Oliveira – Mato Grosso do Sul Letícia Aparecida Rocha/Gilsilene Maria Mendes – Marluce Melo/Renata Costa Cézar de Albuquerque/Maria Aparecida Ro- A CPT é membro da Pax Christi Internacio- drigues – Nordeste (AL, PB, PE e RN) Andréia Aparecida Silvério dos Santos/José Batista Gonçalves Afonso – nal Goiânia, abril de 2020 Pará Dirceu Fumagalli/Isabel Cristina Diniz – Paraná Altamiran Lopes Ribeiro/Teresinha de Jesus Soares de Menezes Pereira Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) – Piauí José Iborra Plans – Rondônia Bibliotecário responsável : Enderson Medeiros CRB1: 2276 Wilson Dallagnol – Rio Grande do Sul José Valmeci de Souza – Santa Catarina Diego Moura Tramarim – São Paulo

Assessoria Prof. Dr. Carlos Walter Porto-Gonçalves Geógrafo – UFF Prof. Dr. José Paulo Pietrafesa Sociólogo – UFG

Assessoria Administrativa Ludimila Lelis Ataides Miquicelany Linhares Gomes de Souza

Revisão Centro de Documentação Dom Tomás Balduino e Setor de Comunicação da Secretaria Nacional

Diagramação: Carmelo Fioraso

Seleção de fotos Cristiane Passos Melo e Silva

Foto Capa Andressa Zumpano

Arte da capa Carmelo Fioraso

Apoio PPM Pão Para o Mundo CCFD Comité Catholique contre la Faim et pour le Développement D&P Development and Peace Misereor In Memoriam

Dom Enemésio Ângelo Lazzaris

Homem “fel ao Deus dos pobres, à terra de Deus e aos pobres da terra”. Pertencia à Con- gregação da Pequena Obra da Divina Providência (Religiosos Orionitas).

Nasceu no município de Siderópolis (SC), em 19/12/1948. Faleceu em Araguaína, vítima de câncer de pâncreas, no dia 02/02/2020. Padre e Bispo da Igreja Católica Apostólica Romana, na diocese de Balsas, estado do Maranhão.

Foi presidente da Comissão Pastoral da Terra de 2012 a 2018. Homem de presença sim- ples, serena e sorridente, doou a vida nas lutas por terra, água, justiça e igualdade social, junto aos povos e comunidades do campo.

Aos irmãos e irmãs vítimas do crime cometido pela Vale no rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, (MG), em 25/01/2019. Nossa singela homenagem com seus nomes na contra capa dessa edição. Confitos noCampo Brasil 2019 5

Sumário Apresentação ...... 7 Metodologia ...... 10 Tabela 1 - Comparação dos Confitos no Campo 2010 - 2019 ...... 20

Confitos no Campo Defender os direitos nas ruas e nos territórios: a esperança habita em nós .....22 Flávio Marcos Gonçalves de Araújo, José Plácido da Silva Junior, Marluce Cavalcanti de Melo Thorlby, Renata Costa Cézar de Albuquerque Tabela 2 - Confitos no Campo Brasil ...... 33 Violência contra as mulheres. O patriarcado e as institucionalidades públicas nos confitos no campo ...... 89 Maria Cristina Vidotte Blanco Tarrega

Terra Confitos por Terra em 2019, uma introdução ...... 100 Antônio Canuto, Márcio Antônio Cruzeiro, Paulo César Moreira dos Santos, Ruben Alfredo de Siqueira A miliciarização da Amazônia: como o crime vira lei e o criminoso “cidadão de bem” na maior foresta tropical do mundo ...... 105 Eliane Brum Tabela 3 - Violência contra a Ocupação e a Posse ...... 115 Judicialização e Reforma Agrária ...... 116 Carlos Marés Tabela 4 - Confitos por Terra...... 125 Por uma outra reforma agrária ...... 126 Refexão coletiva da Campanha De olho aberto para não virar escravo, da Comissão Pastoral da Terra

Água O fetiche do progresso tecnológico desmancha-se em face do aprofundamento da questão agrária no campo brasileiro: a destruição da vida revelada nos Confitos pela Água em 2019 ...... 136 Claudemir Martins Cosme Confitos noCampo Brasil 2019

Tabela 5 - Confitos pela Àgua ...... 144 Brumadinho: um testemunho eclesial ...... 145 Dom Vicente Ferreira Brumadinho um ano depois: a luta é pelo direito de viver em paz ...... 147 Ione de Cássia Bandeira Rochael, Eduarda Souza

Trabalho Trabalho e condições humanas: Uso do solo e relações produtivas ...... 154 José Paulo Pietrafesa Tabela 6 - Confitos Trabalhistas ...... 164

Violência contra a pessoa Tabela 7 - Violência contra a Pessoa ...... 166 O confito de cada dia nos dai hoje ...... 167 Nancy Cardoso Tabela 8 - Assassinatos ...... 170 Não sejamos cúmplices! Violência e impunidade no campo em 2019 ...... 172 Diogo Cabral Tabela 9 - Tentativas de Assassinatos ...... 180 Governo Bolsonaro: o retrato da barbárie contra os povos indígenas e a vida ..182 Sônia Guajajara

Manifestações O Parlamento e o Executivo na luta contra a reforma agrária e a preservação da natureza ...... 196 Marco Antonio Mitidiero Junior, Lucas Araújo Martins, Brenna da Conceição Moizés Tabela 11 - Manifestações ...... 206

Notas da CPT Notas ...... 208 Siglas dos Movimentos sociais, Organizações e entidades ...... 227 Fontes de Pesquisa ...... 235 7 Apresentação

A 34ª edição do relatório anual da CPT, Nesse sentido, ao compulsar os números da “Confitos no Campo Brasil 2019”, talvez se CPT, alguns articulistas identifcaram que torne uma espécie de divisor de águas ou a luta dos movimentos sociais do campo converta-se em um marco histórico, por pela terra e território sofreu uma transfor- discorrer sobre um ano peculiar, forjado mação estratégica, deslocando-se das ações em têmpera diferente, de brutal tenacidade. de ocupações/retomadas e acampamentos Ano de ascensão da violência e do ódio con- para as manifestações. Trata-se do maior tra os pobres, os negros, as comunidades número de ações de protesto e reivindica- e o povo do campo, protagonizados por f- ção no longo de uma década examinada. guras públicas, dentre elas, principalmente, Ocorreram, em 2019, 1.301 manifestações, o presidente da república. Diante disso, os a envolver 243.712 pessoas, o que resultou povos gritam e o confito se expande e ganha na média histórica de 3,5 atos por dia País dimensões inimagináveis. afora, como nos mostra o texto “Defender os direitos nas ruas e nos territórios: a esperan- Trata-se do primeiro ano do governo de Jair ça habita em nós”. Bolsonaro, eleito por uma conjunção de “es- tranhos” fatores, que relegaram a verdade, a Este afrma que a primazia das manifesta- realidade, a sensatez e o zelo pela democra- ções, sobre um reduzido número de ocu- cia a um plano irrelevante, de sorte a redu- pações/retomadas e acampamentos, não zir as relações político-sociais a um “diálogo signifca o arrefecimento da luta das comu- de surdos”. nidades e movimentos sociais do campo, se- não uma tentativa de manter a resistência Dentre os textos que compõem este relató- diante de um cenário de grande adversida- rio e que nos ajudam a entender esse ce- de, marcado pela total paralisação da polí- nário, a pastora Nancy Cardoso afrma que tica de Reforma Agrária e, mais grave, pela “o confito é expressão de inquietude; NÃO é classifcação institucional – de forma desta- o fator que gera desarmonia, desequilíbrio e cada nas palavras do presidente da Repú- morte. Ao contrário, o confito é justamente o blica – dos movimentos sociais do campo estranhamento, a compreensão e a denúncia como “criminosos”, terroristas” e “inimigos das estruturas de segregação e de morte e a do Estado”. Esse discurso estimulou e ava- afrmação da vida”. lizou a reação de latifundiários, grileiros, madeireiros, garimpeiros e outros atores É nesse contexto, dos primeiros 365 dias de revestidos de uma película artifcial de le- Jair Bolsonaro da presidência da Repúbli- galidade, como grandes corporações que ex- ca, que a CPT debruçou-se, uma vez mais, ploram atividade minerária e o agronegócio, sobre a realidade do campo, de suas comu- contra as comunidades campesinas, qui- nidades, suas organizações, seus movimen- lombolas e indígenas e movimentos que as tos sociais, para oferecer uma narrativa que representam. pretende desnudar, não apenas a história como trajetória humana, senão a História Com efeito, a luta pela terra, como carac- escrita pelos que constroem o mundo, em terística das manifestações, protagonizou a sua maioria oprimidos e, portanto, priva- maior parcela entre todos os eixos constitu- dos de deixar gravada sua própria versão do ídos pela CPT. Foram 516 atos enquadrados “real”. no eixo Terra (39,6% do total). Em seguida Confitos noCampo Brasil 2019

aparecem os eixos Trabalhista, embalado edição da Medida Provisória 910/2019. De pelos protestos contra a Reforma da Previ- acordo com Brum, esta cria as condições dência, com 359 ocorrências (27,6%); Ques- tão esperadas pelos ruralistas, em que “você tão Indígena, alvo preferencial do discurso rouba do patrimônio público, destrói a fo- utilitarista e inconstitucional de Bolsonaro, resta amazônica e, um ano depois, vira lati- que tenta abrir os territórios dos povos ori- fundiário legalizado e vai gozar a vida como ginários para atividades econômicas, com ‘cidadão de bem’”. 226 (17,4%); e Água, responsável por 184 eventos (14,2%), parte considerável ligada A face trágica dessa realidade também se aos atingidos pelo rompimento da barragem mostrou nos Confitos pela água, que acu- do Córrego do Feijão, em Brumadinho-MG, mularam o maior número de ocorrências de propriedade da Vale. desde que a CPT começou a registrá-los, em 2002. Foram 489 confitos, ante 276 As ruas foram, portanto, um espaço privi- no ano anterior, um acréscimo de 77%. Mi- legiado de resistência e enfrentamento aos nas Gerais, muito por conta do inominável ataques institucionais e materiais aos po- crime socioambiental que representou o vos, comunidades e movimentos sociais do rompimento da barragem de Brumadinho- campo. -MG, com seus 272 mortos, 11 ainda não resgatados da lama, e danos permanentes Quem nos mostra, de forma brilhante, essa ao bioma regional, foi responsável por 128 apoteose do trágico é a jornalista Eliane ocorrências, ou 26,2% do total. Junto a Brum, com o artigo “A miliciarização da isso, o litoral nordestino foi colhido por um Amazônia: como o crime vira lei e o crimino- vazamento de óleo em alto mar, cuja origem so ‘cidadão de bem’ na maior foresta tropi- ainda hoje é desconhecida, que se espalhou cal do mundo”. Ela analisa a violência no pelas praias da região, estendendo-se até o campo, na Amazônia, com destaque para o Sudeste. Milhares de famílias pescadoras momento atual, dada a intensifcação dos e marisqueiras foram impactadas e graças ataques promovidos contra a foresta e seus ao vazamento, a região Nordeste fcou em povos, sob o patrocínio de Bolsonaro, cuja evidência nos Confitos pela Água, a somar clara intenção é abrir os recursos naturais 234 eventos, ou 47,9% do total. amazônicos à exploração predatória do agro- negócio e da mineração, sem poupar sequer É de vital importância destacar nesse pre- as terras indígenas e quilombolas, áreas âmbulo a Questão Indígena, uma vez que o constitucionalmente protegidas e destina- presidente Bolsonaro estabeleceu como al- das ao usufruto perene dos povos aos quais vos preferenciais os povos indígenas e seus pertencem. Destaca que 60% dos confitos territórios, dentro dos quais ele pretende de terra ocorridos no Brasil em 2019 se de- legalizar atividades econômicas, algo abso- ram na Amazônia, que também concentrou lutamente inconstitucional. Sônia Guajaja- a violência extremada, com 27 (84,4%) dos ra denuncia o estado de barbárie imposto 32 assassinatos registrados pela CPT. sobre os povos e considera que a política ainti-indígena representa um “genocídio, et- Caso emblemático foram os incêndios que nocídio e ecocídio”. Uma verdadeira guerra se alastraram por todo o território e que fa- contra os povos! zendeiros, grileiros e madeireiros batizaram como “Dia do fogo”, fomentados pelo dis- E, neste clima de guerra, em que fnaliza- curso bolsonarista. E, enquanto a foresta mos esta edição, o mundo acompanha, apa- queima, no Planalto garante-se a institucio- vorado, a proliferação do coronavírus, que nalização da grilagem de terras, através da já enterrou milhares de pessoas em vários 9 países. E, como se não bastasse, o presiden- nasceu da nossa missão, de quem aprende te do Brasil, cinicamente, banaliza e descon- e quer ajudar, de quem acredita no fortale- sidera a gravidade, ao mesmo tempo que se cimento e organização dos povos e na cons- reúne com empresários para apoiá-los, com tante busca de construção de alternativas o objetivo de retirar o que ainda sobra de populares, que possam nos conduzir à ver- direitos dos trabalhadores e trabalhadoras. dadeira paz e a justiça. Estamos sob a égide da perversidade políti- ca, algo não menos cruel do que os sistemas Boa leitura! ditatoriais.

Enfm, este relatório é um instrumento que Comissão Pastoral da Terra. Confitos noCampo Brasil 2019

Metodologia

A Comissão Pastoral da Terra (CPT), desde Até 1988, os registros eram feitos à mão a sua criação, em 1975, se defronta com os em fchas. Nesse referido ano, já com aces- confitos no campo e o grave problema da so à informática, criou-se o primeiro banco violência contra o que se convencionou no- de dados dBase, onde foram registrados os mear como trabalhadores e trabalhadoras confitos até 1999. Em 2000, houve uma re- da terra, termo que engloba diversas cate- estruturação e criou-se o DataCPT; os da- gorias de camponeses, indígenas, assala- dos foram migrados para SQL server. Em riados rurais, comunidades tradicionais e 2018, iniciou-se uma nova reestruturação pescadores artesanais que vivem em seus do banco de dados da CPT, visando à junção espaços e têm, no uso da terra e da água, das duas bases de dados anteriores. Proje- seu sistema de sobrevivência e dignidade tou-se a conclusão e disponibilidade de tra- humana1. Desde o início, também faz o le- balho na base de dados unifcada, a partir vantamento de dados sobre as lutas de re- do fnal do mês de abril de 2020. sistência pela terra, defesa e conquista de direitos e denuncia a violência sofrida atra- A CPT tornou-se a única entidade a reali- vés de diversos meios, sobretudo o seu Bo- zar tão ampla pesquisa sobre os confitos letim. no campo em âmbito nacional. Com esse trabalho, formou um dos mais importantes Já no fnal dos anos 1970, promoveu uma acervos documentais sobre as lutas e for- pesquisa em âmbito nacional sobre os con- mas de resistência dos trabalhadores e tra- fitos e a violência que afetavam os traba- balhadoras da terra e das águas, bem como lhadores e suas comunidades. Os dados sobre a defesa e conquista de direitos, que dessa pesquisa foram sistematizados e pu- serve como fonte de seu banco de dados. blicados, em 1983, no livro CPT: Pastoral e Tais documentos dizem respeito a confitos Compromisso, uma co-edição Editora Vo- ocorridos desde os anos de 1960. zes/CPT, que incluiu relatos de confitos até dezembro de 1982. Ao iniciar a digitalização, em 2008, a CPT priorizou os que se referem aos confitos A partir de então, a CPT continuou a regis- que aconteceram de 1985 a 2007, já siste- trar sistematicamente os dados que eram matizados em seus bancos de dados. Estes publicados em seu Boletim. Em 1985, ini- foram identifcados, organizados por temas ciou a publicação anual, intitulada Confi- e digitalizados. Por sua vez, os documentos tos no Campo Brasil, com os registros das anteriores ao banco de dados – período de ocorrências de confito e de violência sofri- 1960 a 1985 - foram digitalizados e organi- das pelos trabalhadores e trabalhadoras da zados por , sem sistematização quan- terra. titativa e qualitativa das informações. Os documentos referentes a confitos a partir

1 No registro de confitos, além das categorias citadas neste parágrafo, o Centro de Documentação Dom Tomás Balduino, uti- liza também: assentados, sem terra, posseiros (principalmente na década de 1980), pequenos proprietários, parceleiros, pe- quenos arrendatários, trabalhadores rurais, garimpeiros; comunidades tradicionais (caiçaras, camponeses de fecho e fundo de pasto, faxinalenses, geraizeiros, marisqueiras, pescadores, quilombolas, retireiros, ribeirinhos, seringueiros, vazanteiros); extrativistas (castanheiros, palmiteiros, quebradeiras de coco babaçu, seringueiros) e povos indígenas. A categoria atingidos por barragens inclui comunidades tradicionais em geral, assentados, sem terra, camponeses e outros. Ressalta-se que em alguns casos específcos utiliza-se as denominações lideranças, sindicalistas, missionários/as, pastores/as, religiosos/as, agentes pastorais, aliados etc. Porém, têm-se a compreensão de que não se trata de categorias de identidade camponesa, mas de termos a elas relacionadas. 11 de 2008 já foram acessados em forma digi- sujeito e protagonista de sua história. tal, bem como identifcados, sistematizados e salvos no banco de dados Datacpt. Pedagógica – porque o conhecimento da realidade ajuda a reforçar a resistência dos Com este processo de digitalização, a CPT trabalhadores e a forjar a transformação ne- disponibiliza o acervo pelo site: www.cptna- cessária da sociedade. cional.org.br, ou via Google Drive < goo.gl/ TJ10G>. Histórica – porque todo esforço e toda luta dos trabalhadores de hoje não podem cair Por que documentar? no esquecimento e devem impulsionar e ali- mentar a luta das gerações futuras. A CPT é uma ação pastoral das igrejas, tem sua raiz e fonte no Evangelho e, como des- Científica – porque o rigor, os procedimen- tinatários de sua ação, os trabalhadores e tos metodológicos e o referencial teórico per- trabalhadoras da terra e das águas. Por f- mitem sistematizar os dados de forma coe- delidade “[...] ao Deus dos pobres, à terra rente e explícita. A preocupação de dar um de Deus e aos pobres da terra”, como está caráter científco à publicação existe não em explícito na defnição de sua Missão, a CPT assumiu a tarefa de registrar e denunciar os si mesma, mas para que o acesso a estes confitos de terra, água e a violência contra dados possa alimentar e reforçar a luta dos os trabalhadores e seus direitos, criando o próprios trabalhadores, em seu enfrenta- setor de documentação. Em 2013, foi reno- mento com o latifúndio. Não se trata sim- meado “Centro de Documentação Dom To- plesmente de produzir meros dados estatís- más Balduino”, em homenagem a um dos ticos, mas de registrar a história da luta de seus fundadores. uma classe que secularmente é explorada, excluída e violentada. A tarefa de documentar tem uma dimensão teológica, porque de acordo com a tradição O que a CPT documenta? bíblica, Deus ouve o clamor do seu povo e está presente na luta dos trabalhadores e Os procedimentos, metodologias, conceitos trabalhadoras (Ex 3, 7-10). Esta luta é, em e variáveis temáticas apresentadas nos re- si mesma, um ritual celebrativo desta pre- latórios Confitos no Campo Brasil foram sença e da esperança que anima o povo. construídos coletivamente, envolvendo as várias equipes de documentação e contan- Além deste aspecto, a CPT fundamenta seus do com a participação dos agentes de base registros em outras dimensões, que são: éti- da CPT e movimentos sociais que atuam no ca, política, pedagógica, histórica e científ- espaço rural. Alguns conceitos foram assu- ca. midos pelo setor a partir da existência deles em leis, declarações, estudos e censos. Ética – porque a luta pela terra é uma ques- tão de justiça e deve ser pensada no âmbito A CPT entende que questões ambientais e de uma ordem social justa. direitos humanos podem estar presentes em todos os confitos cadastrados, sistema- Política – porque o registro da luta é feito tizados e analisados pelo Centro de Docu- para que o trabalhador, conhecendo melhor mentação. sua realidade, possa com segurança assu- mir sua própria caminhada, tornando-se 1. Ambiente representa o conjunto dos ele- Confitos noCampo Brasil 2019

mentos naturais em sua forma original e são digitados e sistematizados em tabelas, que, a partir da relação com o ser humano, gráfcos e mapas dos confitos. De cada con- sofre transformações, porém estas devem fito é elaborado um histórico que reúne to- levar em consideração a possibilidade de so- das as informações que lhe são característi- brevivência da maioria das espécies de vida cas, possibilitando sua análise. ali presente. A CPT, também considera que o conceito de natureza é socialmente cons- É importante destacar que o processo de truído (MONTIBELLER Filho, 2004; POR- inserção e revisão dos confitos no campo TO-GONÇALVES, 2004; e, BELLEN, 2006), é contínuo. Entre outras dimensões, isso e o conceito de ambiente também. Neste quer dizer que após cada publicação anual sentido, se faz necessário perceber qualquer é comum ocorrer registros de anos anterio- ação que envolva humanos e natureza como res, dos quais o Centro de Documentação uma relação entre as espécies viventes nos da CPT não teve conhecimento na época do espaços (sejam eles físicos, culturais, eco- fato. nômicos, políticos e sociais). Neste sentido, quando identifca e apresenta a existência A pesquisa documental “[...] vale-se de ma- de um confito no espaço rural, especifca- teriais que não receberam ainda um trata- mente neste espaço, entende que há, tam- mento analítico, ou que ainda podem ser bém, um confito ambiental. reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa” [...] (GIL, 2007, p. 66). Existem 2. Direitos humanos. A CPT, sendo sig- documentos de primeira mão, que não re- natária do Comitê Plataforma de Direitos ceberam qualquer tratamento analítico, tais Humanos, Econômicos, Sociais, Culturais como: documentos ofciais, reportagens de e Ambientais (DHESCA)2 assume compro- jornal, cartas, contratos, diários, flmes, fo- misso com a lógica de que a conquista ou tografas e gravações. a agressão aos Direitos Humanos é situa- ção integrante das várias condições de vida Após a obtenção desses materiais, o ato de dos trabalhadores e trabalhadoras da terra “Documentar não é sinônimo de acumular e de suas organizações nos espaços em que textos e recortes [...]. Não é o caso também atuam. A Plataforma DHESCA tem como de armazenar, sem critério [...]”. Documen- objetivo contribuir para que o Brasil adote tar é organizar o material que tem impor- um padrão de respeito aos direitos huma- tância signifcativa para a pesquisa que se nos, tendo por fundamento a Constituição realiza. E essa importância está relacionada Federal do Brasil promulgada em 1988, o com o objetivo primeiro de seu estudo (AL- Programa Nacional de Direitos Humanos, MEIDA JÚNIOR, 2000, p. 111). os tratados e convenções internacionais de proteção aos direitos humanos ratifcados Para o centro de documentação da CPT, pelo Brasil e as recomendações dos/as Re- portanto, três objetivos são importantes ao latores/as da ONU. fazer a coleta de dados. 1. Buscar as fontes primárias de informações para construir o O Banco de Dados banco de dados (a partir de relatos e de in- formações obtidas com os agentes de base As informações e os dados são organizados da CPT) e de denúncias de movimentos so- por meio de formulários temáticos do Da- ciais populares relatadas em seus veículos tacpt – Banco de Dados dos Conflitos no de comunicação; 2. buscar fontes secun- Campo – Comissão Pastoral da Terra - e dárias em jornais, documentos ofciais, 3.

2 Maiores informações sobre a Plataforma ver no site os conceitos fundamentais dos Direitos humanos: http://www.dhesc- brasil.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=330:quem-somos&catid=46:organizacao&Itemid=134 13 processar, sistematizar e analisar os dados, Situações de violência e confitos que en- transformando-os em registros para funda- volvam povos indígenas e comunidades tra- mentação de denúncias sobre violações de dicionais, como quilombolas, pescadores, direitos cometidas contra os camponeses e caiçaras, dentre outros, mesmo em espaços suas organizações, bem como fazer ecoar urbanos, mas que vivenciam modo de vida suas resistências na defesa dos seus modos rural, são registrados e contabilizados. de ser e da produção e reprodução da vida. No registro das manifestações prolongadas Critérios de inclusão e de exclusão (marchas, jornadas etc.), para a dos participantes, considera-se o maior nú- Como primeiro critério de inclusão no ban- mero de pessoas informadas na última data co de dados, tem-se que as informações são e registram-se os atos realizados em cada obtidas por meio de pesquisas primária e se- lugar durante o trajeto ou o período da ma- cundária. As primárias são feitas por agen- nifestação. tes pastorais dos Regionais da CPT, e envia- dos à Secretaria Nacional, em Goiânia. As Registram-se os confitos que ocorreram du- fontes enviadas pelos agentes podem conter rante o ano em destaque. Confitos antigos declarações, cartas assinadas, boletins de e não resolvidos só fguram no relatório se ocorrência, relatos repassados pelos movi- tiverem algum fato novo que indique sua mentos sociais, igrejas, sindicatos e outras continuidade. organizações e entidades diretamente liga- das à luta dos trabalhadores e trabalhado- São excluídos dos registros: ras da terra. As pesquisas secundárias são realizadas por meio de levantamentos feitos 1. Casos de violência, inclusive assassina- em revistas, jornais de circulação local, es- tos, que acontecem no âmbito rural e não tadual e nacional, boletins e publicações de tenham relação com confitos pela disputa, diversas instituições, partidos e órgãos go- posse, uso ou ocupação da terra, ou pelo vernamentais, entre outros. Uma vez identi- acesso ou uso da água, ou na defesa de di- fcada a existência de confito nesses docu- reitos por trabalho realizados no campo; mentos a ocorrência é registrada. 2. casos de confitos pela posse, uso ou ocu- Quando se percebe que os números forneci- pação da terra em áreas urbanas. Excetu- dos pelas fontes secundárias não coincidem am-se os casos em que a disputa pela terra com os apurados pelos Regionais da CPT, se dá por povos indígenas e comunidades considera-se a fonte primária como dado de tradicionais (quilombolas, pescadores arte- registro. Ainda é importante destacar que, sanais etc.), mesmo que se dê em área urba- com a ocorrência de vários confitos em um na, pois defendem um modo de vida rural; mesmo imóvel, para evitar duplicações de dados, registra-se as ocorrências em cada 3. confitos entre latifundiários ou grandes data e, como o número de famílias pode va- empresários do agronegócio; e riar, registra-se o maior número na última ocorrência. Para registro de datas, quando 4. casos de trabalho escravo em atividades não há informação do dia do fato, ele é re- urbanas (são apenas citados na publicação gistrado no último dia daquele mês e ano, como nota de rodapé). caso não tenha informação do mês, regis- tra-se no último dia daquele ano ou na data Conceitos utilizados na publicação do da fonte pesquisada. Centro de Documentação Confitos noCampo Brasil 2019

O objeto de pesquisa do centro de documen- que reconquistam seus territórios, diante tação são os documentos enumerados an- da demora do Estado no processo de demar- teriormente. Uma vez processados busca-se cação das áreas que lhe são asseguradas analisar os confitos e a violência sofrida por direito. em espaços rurais e urbanos que envolvam ações dos trabalhadores e trabalhadoras da Acampamentos são espaços de luta e for- terra e suas organizações. mação, fruto de ações coletivas, localizados no campo ou na cidade, onde as famílias Conflitos são as ações de resistência e en- sem terra organizadas, reivindicam assen- frentamento que acontecem em diferentes tamentos. Em nossa pesquisa registra-se contextos sociais no âmbito rural, envolven- somente o ato de acampar. do a luta pela terra, água, direitos e pelos meios de trabalho ou produção. Estes con- Conflitos trabalhistas compreendem os ca- fitos acontecem entre classes sociais, entre sos em que a relação trabalho/capital indi- os trabalhadores ou por causa da ausência cam a existência de trabalho escravo e su- ou má gestão de políticas públicas. perexploração.

Os registros são catalogados por situações Na compreensão do que é Trabalho escra- de disputas em confitos por terra, confitos vo, a CPT segue o defnido pelo artigo 149, pela água, confitos trabalhistas, confitos do Código Penal Brasileiro, atualizado pela em tempos de seca, confitos em áreas de Lei nº 10.803, de 11.12.2003, que o carac- garimpo e, em anos anteriores, foram regis- teriza por submeter alguém a trabalhos for- trados confitos sindicais. çados ou a jornada exaustiva, ou por sujei- tá-lo a condições degradantes de trabalho, ou quando se restringe, por qualquer meio, Conflitos por terra são ações de resistência sua locomoção em razão de dívida contraída e enfrentamento pela posse, uso e proprie- com o empregador ou preposto, ou quando dade da terra e pelo acesso aos recursos na- se cerceia o uso de qualquer meio de trans- turais, tais como: seringais, babaçuais ou porte por parte do trabalhador, com o fm castanhais, dentre outros (que garantam o de retê-lo no local de trabalho, ou quando direito ao extrativismo), quando envolvem se mantém vigilância ostensiva no local de posseiros, assentados, quilombolas, gerai- trabalho ou se apodera de documentos ou zeiros, indígenas, pequenos arrendatários, objetos pessoais do trabalhador, com o fm camponeses, ocupantes, sem terra, serin- de retê-lo no local de trabalho. gueiros, camponeses de fundo de pasto, quebradeiras de coco babaçu, castanheiros, faxinalenses etc. As situações de superexploração aconte- cem na esfera salarial e dizem respeito às ocorrências em que as horas de trabalho As ocupações e os acampamentos são tam- não pagas excedem a taxa normal de explo- bém classifcados na categoria de confitos ração do trabalho. Geralmente estes casos por terra. estão ligados a precárias condições de tra- balho e moradia. Ocupações e ou retomadas são ações co- letivas das famílias sem terra, que por meio Conflitos pela água são ações de resistên- da entrada em imóveis rurais, reivindicam cia, em geral coletivas, que visam a garantir terras que não cumprem a função social, ou o uso e a preservação das águas; contra a ações coletivas de indígenas e quilombolas apropriação privada dos recursos hídricos, 15 contra a cobrança do uso da água no campo governamentais ou exigem o cumprimento e de luta contra a construção de barragens e de acordos e promessas. açudes. Este último envolve os atingidos por barragem, que lutam pelo território do qual A composição das famílias: O Centro de são expropriados. Documentação acolhe o conceito de família apresentado pelo IBGE (Instituto Brasilei- Conflitos em tempos de seca são ações co- ro de Geografa e Estatística) em seu censo letivas que acontecem em áreas de estiagem demográfco de 2010. “Família é conjunto prolongada e reivindicam condições básicas de pessoas ligadas por laços de parentes- de sobrevivência e ou políticas de convivên- co, dependência doméstica ou normas de cia com o semiárido. convivência, residente na mesma unidade domiciliar, ou pessoa que mora só em uma Conflitos em áreas de garimpo são ações unidade domiciliar”. [...]. “Consideram-se de enfrentamento entre garimpeiros, empre- como famílias conviventes as constituídas sas e o Estado. de, no mínimo, duas pessoas cada uma, que residam na mesma unidade domiciliar (do- Conflitos sindicais são ações de enfren- micílio particular ou unidade de habitação tamento que buscam garantir o acompa- em domicílio coletivo) (PNAD 1992, 1993, nhamento e a solidariedade do sindicato 1995, 1996)”. (IBGE, 2010). Além disso, a aos trabalhadores, contra as intervenções, composição das famílias em pessoas tam- as pressões de grupos externos, ameaças e bém segue a base de cálculo proposta pelo perseguições aos dirigentes e fliados. IBGE, qual seja, multiplicar a quantidade de famílias por 4, para se obter um indicador. Estes três últimos só são publicados quan- do é expressiva sua ocorrência, ou quando o Estrutura do Banco de Dados – DATA CPT contexto em que se desenrolaram indicar a pertinência de uma análise a respeito. Do Banco de Dados retiram-se tabelas espe- cífcas para a página eletrônica da CPT, bem Além disso, são registradas as manifesta- como para a publicação anual impressa. ções de luta e as diversas formas de vio- lência praticadas contra os trabalhadores e Tabelas disponibilizadas na página ele- trabalhadoras: assassinatos, tentativas de trônica: assassinato, ameaças de morte, prisões e outras. 1. Áreas em conflito, entendidas como si- tuações ou lugares dos litígios. Nesta tabela Por Violência entende-se: o constrangimen- constam o nome do imóvel, o número de fa- to, danos materiais ou imateriais; destrui- mílias envolvidas e área em hectares. ção física ou moral contra os trabalhadores e seus aliados. Esta violência está relacio- 2. Ocorrências de conflitos, constam deta- nada aos diferentes tipos de confitos regis- lhes do número de vezes que aconteceram trados e às manifestações dos movimentos ações de violência contra as famílias. Numa sociais do campo. mesma área podem ter acontecido diversos fatos, em datas diferentes. Cada aconteci- As Manifestações são ações coletivas dos mento é registrado como um confito. Aqui, trabalhadores e trabalhadoras da terra que registra-se o tipo de propriedade e sua res- protestam contra atos de violência sofrida pectiva situação jurídica, o número de famí- ou de restrição de direitos, reivindicam dife- lias vítimas de despejo e expulsão – despejo rentes políticas públicas, repudiam políticas acontece quando há retirada das famílias, Confitos noCampo Brasil 2019

via mandado judicial; expulsão quando a cias e quantas denúncias foram recebidas; retirada das famílias se dá por ação priva- outra coluna indica o número de trabalha- da; as vezes que as famílias tiveram bens dores na denúncia; uma terceira informa destruídos durante as violências sofridas. o número de trabalhadores libertados pela ação do Estado e uma última coluna apre- 3. Uma terceira tabela com as Ocupações/ senta o número de crianças e adolescentes Retomadas de terra. envolvidos.

4. Uma quarta tabela com os Acampamen- As situações de Superexploração dizem tos. É importante dizer que se registra ape- respeito aos casos em que o desrespeito aos nas o ato de acampar do respectivo ano. direitos dos trabalhadores é muito grave, Não se faz o acompanhamento do número mas não se encaixa nas características do de famílias acampadas no país. trabalho escravo.

Os dados das três últimas tabelas são so- Além das tabelas que registram os confitos, mados, de maneira a totalizar o número de uma outra série de tabelas e de informações ocorrências e famílias na tabela síntese, fe- descrevem a violência sofrida pelos traba- chando o eixo Terra, denominado “Violên- lhadores. cia contra Ocupação e a Posse”. Os tipos de violência estão assim registra- Os Conflitos pela água são reunidos numa dos: tabelas de assassinatos, tentativas tabela em que constam os seguintes regis- de assassinato, ameaças de morte e uma tros: diminuição ou impedimento de aces- tabela síntese denominada Violência con- so à água, (quando um manancial ou parte tra a pessoa, em que além dos dados das dele é apropriado para usos diversos, em tabelas anteriores constam as mortes em benefício particular, impedindo o acesso conseqüência do confito (aborto, omissão das comunidades); desconstrução do his- de socorro, acidente, inanição), torturas, tórico-cultural dos atingidos; ameaça de agressões físicas, ferimentos, prisões ou de- expropriação; falta de projeto de reassen- tenções. Outra tabela apresenta o detalha- tamento ou reassentamento inadequado ou mento da violência contra a pessoa, na não reassentamento; não cumprimento de qual além das informações acima constam procedimentos legais (ex: EIA-Rima, audi- ainda sequestros, ameaças de prisão, cárce- ências, licenças), divergências na comuni- re privado, humilhações, intimidações. dade por problemas como a forma de evitar a pesca predatória ou quanto aos métodos E por último, uma tabela em que estão re- de preservar rios e lagos etc; destruição e gistradas as Manifestações de Luta feitas ou poluição (quando a destruição das matas pelos diferentes movimentos sociais ou ou- ciliares ou o uso de agrotóxicos e outros po- tras organizações durante o ano. luentes que diminuem o acesso à água ou a tornam imprópria para o consumo), cobran- ça pelo uso da água. Estrutura do Relatório Impresso

Os Conflitos trabalhistas compreendem os Os dados coletados e organizados pela CPT casos de trabalho escravo e superexplora- são publicados anualmente, desde 1985, ção. em um relatório impresso que tem por títu- lo Conflitos no Campo Brasil. A partir de Na tabela referente ao Trabalho escravo 2008 ele sofreu algumas alterações e fcou uma coluna mostra o número de ocorrên- com a seguinte estruturação: 17

Quatro tabelas detalhadas e organizadas mações: número de ocorrências de confitos por Estado em ordem alfabética e seis ta- por terra, ocupações, acampamentos, se- belas sínteses agrupadas nas cinco regiões guidas do número de famílias. geográfcas defnidas pelo IBGE. TABELA 5 - Água TABELA 1 - Comparação dos Conflitos no Campo Retrata a síntese dos confitos pela água por estado, com as seguintes informações: nú- É uma síntese do último decênio. Dispõe os mero de ocorrências de confitos e quantida- dados de cada tema: terra, água, trabalho de de famílias envolvidas. e outros (quando tem casos de confitos em tempos de seca, garimpo, etc) e o total dos TABELA 6 - Trabalho confitos no campo brasileiro. Sintetiza os confitos trabalhistas por es- TABELA 2 - Conflitos no Campo Brasil tado, com dois blocos de informações: 1. Trabalho escravo: consta o número de Esta tabela registra detalhadamente os con- ocorrências, quantidade de trabalhadores fitos por terra, trabalhistas, água e outros envolvidos na denúncia e ou libertados, se houver, com as seguintes informações: número de crianças e adolescentes. 2. Su- município, nome do confito, data, número perexploração: número de ocorrências, de famílias ou de pessoas envolvidas e um quantidade de trabalhadores envolvidos na campo com informações específcas confor- denúncia e ou resgatados, número de crian- me o tema. ças e adolescentes.

TABELA 3 - Violência contra a ocupação TABELA 7 - Violência contra a pessoa e a posse Agrupa o número das ocorrências registra- É a síntese da soma das ocorrências dos das em Terra, Água, Trabalho, o número de Confitos por Terra, Ocupações e Acampa- pessoas envolvidas e as violências sofridas mentos por estado, o número de famílias pelos trabalhadores e trabalhadoras: os as- envolvidas em cada bloco, a área, o número sassinatos, as tentativas de assassinato, de famílias expulsas, despejadas, ameaça- os mortos em conseqüência de confitos, os das de despejo ou que sofreram tentativa ou ameaçados de morte, bem como os tortura- ameaça de expulsão, o número de casas, ro- dos, presos e agredidos. ças e bens destruídos, e o número de famí- lias que estão sob ameaças por pistoleiros. TABELAS 8, 9 e 10 - Assassinatos, tenta- Além destes registros, a Tabela 3 também tivas de assassinato, ameaças de morte apresenta o número de famílias que sofrem algum tipo de violência com invasões de Contém as seguintes informações: municí- suas terras ou posses por parte de minera- pio, nome do confito, data, nome, quanti- doras, madeireiras etc. dade, idade e categoria da vítima.

TABELA 4 - Terra TABELA 11 – Manifestações

Sistematiza o eixo terra organizado em três Relatório síntese por estado. Informa o nú- blocos: Confitos por Terra, Ocupações e mero de ocorrências e a quantidade de ma- Acampamentos. Contém as seguintes infor- nifestantes. Confitos noCampo Brasil 2019

As tabelas vêm acompanhadas de textos de de 11.12.2003. Altera o art. 149 do Decreto-Lei análise produzidos por professores de di- 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, ferentes universidades e pelos agentes de para estabelecer penas ao crime nele tipifcado e pastoral da própria CPT, religiosos ou al- indicar as hipóteses em que se confgura condi- gum outro especialista na temática. ção análoga à de escravo. Disponível em http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/ l10.803.htm A última parte do Confitos no Campo re- produz notas emitidas pela CPT, só ou em GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pes- parceria, ou outros documentos sobre as di- quisa social. 5 ed. São Paulo. Editora Atlas. ferentes situações de confito e de violação 2007. dos direitos humanos. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRÁFIA E ES- TATÍSTICA (PNAD). Senso Demográfco de 2010. Referências Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/ ALMEIDA JÚNIOR, João Baptista de. O estudo estatistica/populacao/condicaodevida/indica- como forma de pesquisa. In.: Construindo o sa- doresminimos/conceitos.shtm ber. CARVALHO, Maria Cecília de (org). 10. ed. MONTIBELLER FILHO, G. O mito do desenvol- Campinas – SP, Papirus Editora. 2000. vimento sustentável. Meio ambiente e custos BELLEN, Hans Michael van. Desenvolvimento sociais no moderno sistema produtor de merca- sustentável: diferentes abordagens conceituais dorias. Santa Catarina: Editora da UFSC. 2004. e práticas. In: ______. Indicadores de sustenta- PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter. O desafo bilidade: uma análise comparativa. 2. ed. Rio de ambiental. Coleção Os porquês da desordem Janeiro: Editora FGV. 2006. mundial. Organização, SADER, Emir. Rio de Ja- BRASIL. Código Penal Brasileiro, Lei nº 10.803, neiro-São Paulo. Editora Record, 2004. 19

Organograma dos temas publicados

O organograma a seguir apresenta os temas documentados, os nomes dos formulários utilizados na sistematização e as respectivas tabelas derivadas dos registros. Confitos noCampo Brasil 2019

Tabela 1 - Comparação dos Conflitos no Campo Brasil (2010 - 2019)

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 Conflitos por Terra Nº de Ocorrências (1) 638 805 816 763 793 771 1.079 989 964 1.206 Ocupações/Retomadas 180 200 238 230 205 200 194 169 143 43 Acampamentos 35 30 13 14 20 27 22 10 17 5

Total (2) 853 1.035 1.067 1.007 1.018 998 1.295 1.168 1.124 1.254 Assassinatos 30 29 34 29 36 47 58 70 25 28 Pessoas Envolvidas 351.935 458.675 460.565 435.075 600.240 603.290 686.735 530.900 590.400 578.968 Hectares 13.312.343 14.410.626 13.181.570 6.228.667 8.134.241 21.387.160 23.697.019 37.019.114 39.425.494 53.313.244 Conflitos Trabalhistas Trabalho Escravo 204 230 168 141 131 80 68 66 86 89 Assassinatos 1 1 Pessoas Envolvidas 4.163 3.929 2.952 1.716 2.493 1.760 751 530 1.465 880 Superexploração 38 30 14 13 10 4 1 31 Assassinatos 1 2 11 23 Pessoas Envolvidas 1.643 466 73 142 294 102 2 12 3 Total Conf. Trab. (4) 242 260 182 154 141 84 69 66 89 90 Conflitos pela Água Nº de Conflitos 87 68 79 93 127 135 172 197 276 489 Assassinatos 2 22 22111 Pessoas Envolvidas 197.210 137.855 158.920 134.835 214.075 211.685 222.355 177.090 368.465 279.172

Outros (3) Nº de Conflitos 4 36 12 Assassinatos Pessoas Envolvidas 4.450 26.005 1.350 Total dos Conflitos no Campo Brasil Nº de Conflitos 1.186 1.363 1.364 1.266 1.286 1.217 1.536 1.431 1.489 1.833 Assassinatos 34 29 36 34 36 50 61 71 28 32 Pessoas Envolvidas 559.401 600.925 648.515 573.118 817.102 816.837 909.843 708.520 960.342 859.023 Hectares 13.312.343 14.410.626 13.181.570 6.228.667 8.134.241 21.387.160 23.697.019 37.019.114 39.425.494 53.313.244

(1) Os dados do nº de ocorrências referem-se aos despejos e expulsões, ameaças de despejos e expulsões, bens destruídos, pistolagem e invasões.

(2) Em 2019, foram registrados 1.254 no total de ocorrências de conflito por terra. Numa mesma área, um conflito pode ter desdobramentos diversos. Cada um deles corresponde a uma ocorrência. Neste ano, as áreas ou localidades em conflito somam 931. Para saber as Áreas em Conflito, ver no sitewww.cptnacional.org.br.

(3) Outros: Conflitos em Tempos de Seca, Política Agrícola e Garimpo.

(4) Errata: Total Conflitos Trabalhistas referente ao ano 2018 somam 89. Foto: Ana Mendes Conflitos no Campo Confitos noCampo Brasil 2019

Defender os direitos nas ruas e nos territó- rios: a esperança habita em nós

Flávio Marcos Gonçalves de Araújo1 José Plácido da Silva Junior2 Marluce Cavalcanti de Melo Thorlby3 Renata Costa Cézar de Albuquerque4

Desaceleração das ocupações, retomadas cas; e o quase completo corte de verbas para e acampamentos atender as demandas mais básicas da po- pulação. Todo esse projeto de governo, para A não realização da Reforma Agrária, bem deixar a situação mais grave, está alicerça- como a não demarcação e titulação de ter- do em bases ideológicas fascistas, anticivili- ritórios tradicionais, já eram realidades em zatórias, violentas, de extermínio do outro, governos anteriores. Em verdade, não há neste caso, do povo empobrecido do campo em toda a história do Brasil um só governo e da cidade. que propôs seriamente a realização da tão sonhada e necessária distribuição de terras Se, de um lado, os governos brasileiros em no país. É como se a desigualdade fundiá- nossa história não realizaram a tão sonha- ria fosse algo imutável em nossa estrutura da e necessária Reforma Agrária, por outro social. Nem mesmo os governos que se ali- lado, a pressão necessária dos movimentos/ nhavam à esquerda deram a devida impor- grupos/povos do campo, através de ocupa- tância à pauta. A novidade de agora é que o ções/retomadas e acampamentos, está cada atual governo não se limita ao não cumpri- vez menor. Esse é o fato mais preocupante. mento da legislação nacional, que trata do Os dados da Comissão Pastoral da Terra cumprimento da função social da terra e da (CPT) demonstram a desaceleração da pres- devolução de territórios aos/às seus/suas são pela Reforma Agrária através da luta di- habitantes ancestrais. reta contra o latifúndio, ou seja, através de ocupações/retomadas e de acampamentos. O que temos agora é que a própria política de combate à desigualdade fundiária está Ano após ano, o número de acampamentos sendo colocada em xeque, está sendo nega- no Brasil vem diminuindo. Em 2019, a CPT da por toda a estrutura do Estado e pelos registrou apenas cinco (05) novas ocorrên- discursos fascistas vigentes. No pacote de cias de acampamentos com 1.064 famílias maldades, tem cabido o sucateamento de envolvidas nos estados de SP (03), BA (01) e órgãos responsáveis pela implementação de PA (01). Este é o menor número registrado direitos; a extinção de várias políticas públi- em 10 anos (Gráfco 01).

1 Mestrando do Programa de Pós-graduação em Geografa da Universidade Federal de Goiás, membro do grupo Trabalho Ter- ritório Política Pública TRAPPU e integrante do Centro Documentação Dom Tomás Balduíno . Email de contato: faviosolgo@ gmail.com 2 Geógrafo, Agente Pastoral da CPT NE II. 3 Agente Pastoral da CPT NE II. 4 Comunicadora Social, Agente Pastoral da CPT NE II. 23

Com relação às ocupações/retomadas, em 2019, a CPT registrou 43 ocorrências em todo território nacional, com 3.476 famílias envolvidas. Esse número também é o menor dos últimos dez anos (Gráfco 02). Mesmo com essa diminuição, das 27 unidades da Federação, 20 tiveram alguma dessas ações registradas. Os estados com maior número de ocupações/retomadas foram BA (08), PA (06), AC (03) e MT (03). O que a desaceleração dessas ações pode demonstrar? Demonstra uma mudança na dinâmica da luta pela terra e pelo territó- rio no país, já que até bem pouco tempo os acampamentos e as ocupações/retomadas eram duas das principais estratégias de en- frentamento direto contra o latifúndio. Essa realidade parece ser resultado de uma série de fatores: crise, como um todo, dos movi- mentos sociais do campo; medo de repres- são; avanço da despolitização do povo opri- mido, com nítidas interferências de setores de igrejas conservadoras católicas e protes- Ainda com relação às ocupações/retoma- tantes e do pensamento fascista; desmonte das, ao distribuímos os dados por região, de políticas públicas que eram efetivadas perceberemos que o Norte apresenta o maior por meio da pressão feita com ocupações/ número de ocorrências (14), seguido da re- retomadas e acampamentos; descrença de gião Nordeste (13) (Gráfco 03). No entan- que o atual governo cederia às demandas to, é no Nordeste onde há o maior número populares. A estratégia de exigir Reforma de famílias envolvidas nessas ações (1.145) Agrária e demarcação de territórios tradicio- (Gráfco 04). As duas regiões, juntas, repre- nais, por meio de acampamentos e ocupa- sentam 62,79% das ocorrências de ocupa- ções/retomadas, vem perdendo força entre ções/retomadas realizadas no Brasil em movimentos/grupos/povos do campo, o que 2019. Nessas regiões, ocorre uma maior re- não signifca dizer, sob hipótese alguma, -existência no que diz respeito ao processo que a terra perdeu centralidade na questão de reterritorialização camponesa. agrária brasileira, como veremos a seguir. Confitos noCampo Brasil 2019

Diante da violência institucionalizada, as bientais no país. Cerca de 11,7 milhões de ruas foram o caminho metros cúbicos de rejeitos invadiram a re- gião, causando centenas de mortes. Os da- De modo geral, em 2019 pairou um senti- nos ambientais e sociais são incalculáveis, mento de permissividade. Pior: é como se a impossíveis de serem sanados por quais- violência, escancaradamente, fosse parte da quer medidas reparativas. política de Estado. É a violência um com- ponente estrutural do projeto capitalista e Outra situação que chocou o planeta foi o colonizador. Sem ela não há capitalismo, alto índice de queimadas na Amazônia, no tampouco colonização. Expressando tal pro- início do segundo semestre de 2019. Con- jeto, uma das obsessões do atual governo é forme dados do Instituto Nacional de Pes- a fexibilização do acesso às armas de fogo quisas Espaciais (INPE), até o mês de agosto no Brasil. Para provar sua lealdade com a foram registrados cerca de 72 mil focos de bancada ruralista, com o latifúndio e com incêndio na foresta, representando um au- o agronegócio, Jair Bolsonaro sancionou a mento de 84% em relação ao mesmo período chamada “posse rural estendida”, que per- do ano anterior. O fogo na região é associa- mite que a posse de arma de fogo se estenda por toda a propriedade rural, dando segu- do ao desmatamento e a áreas degradadas, rança jurídica ao latifúndio para se armar. prática já conhecida que faz parte do chama- A medida irresponsável, comemorada pela do “ciclo do desmatamento na Amazônia”. bancada ruralista e pelos setores mais con- O comportamento do Governo Federal para servadores da sociedade, tende a aumentar lidar com o crime foi lamentável, chegando a violência no campo. Ao invés de desapro- a atribuir, inclusive, as queimadas à atu- priar imóveis rurais que não cumprem sua ação de Organizações Não Governamentais função social, conforme prevê a Constitui- (ONGs) que atuam em defesa da foresta. ção Brasileira, o atual governo opta por le- gitimar o crime e a violência contra quem No fnal de 2019, outro crime de grande pro- defende o cumprimento da Carta Magna. porção causou danos incalculáveis ao meio Quanto mais se arma, mais violência e mais ambiente e à vida das populações de todo mortes. o litoral nordestino. Um derramamento de óleo, cuja origem ainda hoje é desconheci- Da mesma forma que sem violência não há da, atingiu toda a costa nordestina e algu- capitalismo e colonização, sem exploração mas praias de estados do Sudeste. Milha- da natureza também não há. Na América res de pescadores e pescadoras artesanais, Latina, esta afrmação adquire uma inten- além de comunidades pesqueiras e RESEXs sidade ainda maior, já que a região foi esco- sofreram os danos do derramamento, agra- lhida pela geopolítica mundial colonizadora vado pela inércia governamental. para ser o quintal das corporações, o lugar que - graças ao saque de seus bens natu- Além desses crimes, a desastrosa política rais - permitiria aos países ricos continua- ambiental implementada pelo Governo bra- rem sendo ricos. O ano de 2019 foi marcado sileiro jogou a pauta ambiental no abismo. por crimes ambientais de grandes propor- Durante a montagem do governo, o atual ções. Logo no início do ano, o Brasil viveu o presidente anunciou o fm do Ministério do terror que foi o rompimento da barragem de Meio Ambiente. Recuou em seu propósito rejeitos, provenientes da produção de ferro, por infuência dos alertas preocupados do na Mina no Córrego do Feijão, da empresa setor agrícola, com o risco de prejuízo em Vale, em Brumadinho (MG), o que resultou exportações diante de pressões externas. em um dos mais impactantes crimes am- Tal condição parece ter sido a principal mo- 25 tivação que o fez mudar de estratégia, pas- festações com sendo as sando a operar um verdadeiro desmonte do Ministério e seus órgãos vinculados. ações coletivas dos trabalhadores e tra- balhadoras da terra que protestam contra Dentre as medidas com este fm, destacam- atos de violência sofrida ou de restrição -se o esvaziamento da própria pasta, com de direitos, reivindicando diferentes polí- a transferência de serviços para outros mi- ticas públicas e ou repudiam políticas go- nistérios; o bloqueio de verbas de comba- vernamentais ou exigem o cumprimento te a incêndios; a extinção da Secretaria de de acordos e promessas (CONFLITOS NO Mudanças Climáticas e Florestas; a redução CAMPO BRASIL, p. 20, 2018). das operações de fscalização na Amazônia; a redução da participação da sociedade ci- vil no Conselho Nacional de Meio Ambiente Essas manifestações, diferente das ocupa- (CONAMA), que antes era composto por 96 ções/retomadas de terra/território, ocor- conselheiros, passando somente para 23; e reram em todas as Unidades da Federação a nomeação de militares para ocupar cargos (UF) (Gráfco 05). O Estado da BA (162) con- no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e centrou o maior número de manifestações Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e no no ano, seguido dos Estados de MG (131), Instituto Chico Mendes de Biodiversidade RS (104), PR (91) e MA (84). (ICMBio), como uma estratégia de acabar com o “viés ideológico” na defesa do meio ambiente.

Outro triste aspecto, tanto para a agricultu- ra quanto para o povo brasileiro, foi a libe- ração recorde do licenciamento de agrotó- xicos. Em 2019, foram 503 novos produtos autorizados pelo Governo. A maior parte é de produtos tão lesivos às pessoas e ao ecossistema que são proibidos nos países Em termos regionais, o Nordeste se desta- sedes das empresas que os produzem. Todo cou como a região que concentrou o maior esse veneno está agravando a contaminação número de manifestações (516), seguida do da fora e da fauna brasileira e vem sendo Sudeste (251) (Gráfco 06). No que diz res- consumido pela população brasileira que, peito ao número de participantes nas mani- sem saber, tem a sua saúde agredida a cada festações, o Nordeste também foi a região refeição. em que mais pessoas estiveram mobilizadas (106.451), seguida, desta vez, da Região Sul Todas essas iniciativas desastrosas do go- (52.950) (Gráfco 07). Os dados que apon- verno brasileiro e de seus aliados foram tam ser o Nordeste a região com maior nú- repudiadas pelas organizações/grupos/ mero de manifestações e de pessoas envolvi- povo do campo. O número de manifestações das são coerentes com a movimentação ocorridas em 2019 foi o maior dos últimos vista nas eleições presidenciais de 2018, dez anos. Foram 1.301 manifestações re- quando a Região se posicionou contrária ao alizadas em todo território nacional, com projeto do atual presidente da República, 243.712 pessoas envolvidas. É importante tento este perdido a votação em todos os es- relembrar que a CPT compreende as Mani- tados nordestinos. Confitos noCampo Brasil 2019

taram 57,42% do total das manifestações ocorridas em 2019. A questão trabalhista foi o segundo tema que reuniu o maior número de mobilizações no país. (Gráfco 08).

A distribuição espacial das manifestações, tendo como foco seus temas e caracterís- ticas (Tabela 01), nos permite enxergar as especifcidades conjunturais de cada região brasileira. O Sudeste foi a região que con- centrou o maior número de mobilizações em torno da Água (79). O dado foi impulsionado pelo estado de Minas Gerais, que sofreu o rompimento da barragem da Mina do Córre- go do Feijão, da empresa Vale, motivo pelo qual foram realizados inúmeros protestos. O Nordeste foi a segunda região do país com o maior número de mobilizações em torno da Água (57), sendo muitas relacionadas ao derramamento de óleo no litoral.

Mobilizações caracterizadas pelo tema dos Ao adentrar no universo das manifesta- Direitos Humanos concentraram-se nas re- ções realizadas em 2019, percebe-se que, giões Centro-Oeste e Nordeste. Já as mobili- das sete características mapeadas pela CPT zações caracterizadas por abordar a questão (Gráfco 08), o tema da Terra foi o que ad- indígena ocorreram, em primeiro lugar, no quiriu maior importância (516). Norte do País (79), e em segundo, na região Centro-Oeste (49). A região Sudeste concen- trou 02 das 06 mobilizações que tiveram como a principal pauta a questão quilombo- la. Foi também nessa região que ocorreu a única mobilização sobre a questão ambien- tal registrada pela CPT (Tabela 01).

O Nordeste foi a região que concentrou o maior número de manifestações com o tema da Terra (184). Ressalta-se que os estados nordestinos têm uma tradição de lutas cam- ponesas, a exemplo dos Quilombos dos Pal- mares, de Caldeirão, de Pau de Colher e das Mesmo que as ocupações/retomadas e Ligas Camponesas. Além desse histórico de acampamentos tenham diminuído, a ter- resistência, a Região destaca-se por con- ra permaneceu sendo tema central para o centrar o maior número de população rural campo brasileiro, não perdendo espaço e do país e por possuir 59,4% dos estabeleci- importância nas reivindicações dos movi- mentos com menos de 10 hectares no Bra- mentos/grupos/povos em seus protestos e sil, segundo dados do mais recente Censo mobilizações. Somados, o tema da terra, as Agropecuário, realizado pelo Instituto Brasi- questões indígenas e quilombolas represen- leiro de Geografa e Estatística (IBGE). 27

Foi também no Nordeste onde a CPT regis- O Brasil tem uma população rural cada vez trou o maior número de manifestações com mais envelhecida, devido, inclusive, às mi- o tema Questões trabalhistas (235), onde se grações da juventude para os centros ur- incluem os protestos contra a Reforma da banos por falta de oportunidade de geração Previdência. Por concentrar o maior núme- de renda no campo. Por isso, a aposentado- ro de famílias camponesas do país, a apo- ria tem um grande peso no volume de re- sentadoria rural tem grande importância na cursos injetados nos municípios. Segundo renda dessa população. Por isso, a Reforma dados levantados no estudo “A Previdência da Previdência, que tomou o debate no pri- Social e a Economia dos Municípios” (Bra- meiro semestre de 2019, foi um forte motivo sília: ANFIP, 2019), o volume de pagamento para que as famílias camponesas e suas or- de benefícios previdenciários efetuados pelo ganizações realizassem inúmeras manifes- Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) tações. supera o do Fundo de Participação dos Mu- nicípios (FPM). Em muitos casos, é a apo- sentadoria rural que sustenta essas cida- des. É ela quem movimenta a economia dos municípios, fxa as pessoas em seus locais de origem, diminui o êxodo para as grandes cidades, evita as migrações que inchariam ainda mais as favelas superpovoadas. Como se sabe, essas transferências são funda- mentais para a vida das cidades, nas quais o comércio e os serviços giram em torno dos benefícios previdenciários recebidos pelas famílias camponesas. Os protestos contra a aprovação da Reforma da Previdência certamente surtiram efeito Conforme Gráfco 09, abaixo, e segundo ob- para as populações rurais, pois não foram servações apontadas anteriormente neste incluídas na reestruturação previdenciária. texto, as ocupações/retomadas de terra/ Contudo, os impactos para a população, de território e os acampamentos vêm dimi- modo geral, são previsivelmente desastro- nuindo gradativamente. Os acampamentos, sos. A proposta da Reforma era desumana e de 2010 a 2019, só diminuem, com algumas afetava não só a população rural, mas tinha variações durante o período de 2017 e 2018. refexo também nos municípios de pequeno Por outro lado, as manifestações aumen- e médio porte que possuem ligação estreita taram, quando levamos em consideração com o mundo camponês. As mudanças pro- o período entre 2010 a 2019, com exceção postas pelo governo para Previdência Rural de uma pequena baixa nos anos de 2017 e seria o aumento da idade mínima da mulher 2018. Em 2019, no entanto, foi registrado o em cinco (05) anos para a aposentadoria; maior número de manifestações no período criava a obrigatoriedade de comprovação de analisado. Ao contrário do que se falava a contribuição por 20 anos; mudava as regras respeito do primeiro ano do governo Bolso- para a obtenção do direito ao Benefício de naro, de que seria o momento para deixar Prestação Continuada (BPC), passando a ver o que aconteceria, foi um ano intenso de ser exigida a idade de 70 anos para o be- mobilizações em todo território nacional. No nefciário poder receber o valor de um (01) ano de 2019, em comparação ao de 2018, as salário mínimo, sendo que a partir de 60 manifestações mais que dobraram, pulando anos a proposta estabelecia o pagamento de de 538 para 1.301 ocorrências de manifes- somente R$ 400,00. tação. Confitos noCampo Brasil 2019

líticas necessárias para acessar a terra e o território, sem necessariamente se confron- tar diretamente com a grande propriedade rural. Está em curso uma institucionaliza- ção da luta social no campo.

O outro lugar da re-existência5

Há muitos anos, neste relatório de Confitos no Campo, são realizadas análises a respei- to das resistências dos povos e comunida- des tradicionais, do campesinato e de suas Quando observamos as ações de resistên- organizações, a partir das variáveis ocupa- cia a partir das três variáveis ocupações/re- ções/retomadas, acampamentos e manifes- tomadas, acampamentos e manifestações, tações. São ações em que os movimentos/ nos últimos 10 anos (2010 - 2019), verif- grupos/povos do campo estão ativamente camos um descompasso entre elas, o que reivindicando o direito à terra e ao território. torna visível a estratégia assumida pelos Essas análises são importantíssimas para movimentos/grupos/povos do campo nesse a compreensão das lutas sociais no cam- período. Enquanto, de um lado, verifcamos po brasileiro. No entanto, queremos suge- a tendência de diminuição das ocupações/ rir uma agregação de outras variáveis para retomadas e acampamento, do outro, obser- ampliar a análise sobre os processos de re- vamos o aumento signifcativo das manifes- sistências no campo. Trata-se das variáveis tações no ano de 2019. tentativas/ameaças de expulsão e de des- pejo. Essas variáveis são registradas como Os movimentos/grupos/povos no campo ações de violências contra povos, grupos e quando realizam as ocupações e os acam- comunidades camponesas. Em nosso en- pamentos, além de reivindicarem o direito tendimento, esses eventos revelam mais que à terra e ao território, questionam a gran- a violência sofrida pelos povos do campo. de propriedade, seja produtiva ou não, que Revelam um processo intenso de re-existên- não cumpre sua função social. O que está cia-territorial, uma vez que indicam a não em jogo, neste quesito, é a mudança da es- realização da desterritorialização campone- trutura fundiária brasileira, é a correção da sa, ou seja, são despejos e expulsões que extrema desigualdade no acesso à terra. A não se concretizaram, que foram frustrados luta direta pela terra foi, por muitos anos, pela re-existência camponesa. a principal forma de luta de territorializa- ção camponesa e de povos e comunidades Para compreender tal perspectiva, quere- tradicionais. Os dados da CPT indicam que, mos chamar a atenção para três processos nos últimos anos, as ocupações/retomadas que ocorrem no campo. O primeiro deles é o e acampamentos, ao menos nesse recorte processo de desterritorialização, que acon- temporal, não são mais a principal forma de tece quando famílias são expulsas pela ação luta pelo acesso à terra e ao território. As do poder privado ou despejadas de suas co- manifestações se apresentam como a luta munidades pela ação do poder do Estado. prioritária para reivindicar do Estado as po- O segundo é o de reterritorialização campo-

5 A sugestão de analisar as variáveis tentativa e ameaças de despejos e expulsões com sendo parte da resistência camponesa, ocorreu no debate da defesa da tese “QUANDO OS INVISIBILIZADOS FALAM: Lutas territoriais, violência institucionalizada e feita pelas mãos do poder privado nos confitos por terra Brasil [1985 – 2017]”, defendida em março de 2019 na UFF – Uni- versidade Federal Fluminense, por José Plácido da Silva Junior, orientada por Carlos Walter Porto-Gonçalves. Neste texto não tivemos a pretensão de aprofundar o debate, apenas de apresentar e iniciar as discussões em torno desta ideia. 29 nesa, quando famílias expropriadas reivin- sociais do campo, impedindo que tais ações dicam o direito à terra e ao território atra- de violência galgassem seus objetivos. Sig- vés de ocupação/retomada e/ou por meio nifca dizer que variadas estratégias de de- de acampamentos. O terceiro processo é o fesa-territorial estão em curso no país. Nas que chamaremos aqui de Defesa-Territo- ameaças e tentativas de expulsão e despejo rial, quando as famílias já estão na terra/ há, certamente, que se denunciar a violên- território e resistem às ações de violência do cia, mas há que se compreender, principal- poder do Estado ou do poder privado que mente, que em cada uma dessas ações, pre- buscam retirá-las de seus espaços de vida. domina a re-existência no território. Trata-se da tentativa ou ameaça a dester- ritorialização camponesa não concluída, in- Conforme apontam os dados da CPT, essa terrompido pela força da re-existência. Em defesa-territorial se torna mais efciente outras palavras, são famílias que, com suas quando o confito envolve o poder privado. lutas e re-existências, asseguram suas ter- Do total das violências que visaram à des- ritorialidades, com suas cosmovisões, cul- territorialização, praticada por este tipo de turas, conhecimentos ancestrais, em seus poder, 94% não se concretizam (a expulsão territórios. não foi efetivada) (Gráfco 12). Com relação ao poder do Estado, há uma diferença: 71% Os dados da CPT demonstram que, em dessas ações não se concretizaram em des- 2019, ocorreram 616 ações de violência territorialização (o despejo não foi efetivado) contra as diversas categorias sociais em (Gráfco 11). Em outras palavras, a mão do processo de subalternização no campo bra- Estado pesa muito mais que a mão do poder sileiro. Consideramos ações de violência a privado. Claro, os despejos são solicitados somatória dos despejos e das ameaças de pelo poder privado, através de processos ju- despejo, protagonizados pelo Estado, e as diciais, no entanto, é o Estado quem os jul- expulsões e tentativa/ameaças de expulsão, ga e quem os executa. protagonizadas pelo poder privado. Do total dessas 616 violências, 122 foram de despe- jos e expulsões, realizadas pelo poder do Es- tado e pelo poder privado, respectivamente. Em termos percentuais, do total dessas in- vestidas violentas contra os povos do cam- po, 20% atingiram o resultado desejado por quem praticou as ações, que foi a desterri- torialização (Gráfco 10).

Por outro lado, daquele total, 494 ocorrên- cias foram de tentativas/ameaças de expul- são e despejo. Signifca dizer que 80% das ações de violência que visaram à desterri- torialização não atingiram o resultado fnal almejado (Gráfco 10).

A pergunta é: por que as investidas do po- der do Estado e do poder privado não foram concluídas conforme planejadas? A respos- ta sugerida é de que houve um processo de defesa-territorial por parte das categorias Confitos noCampo Brasil 2019

De um total de doze (12) categorias campo- Outra característica reveladora que os da- nesas identifcadas pela CPT, a que mais dos da CPT apontam é que a violência con- sofreu com as tentativas de desterritoriali- tra a pessoa6 é signifcativamente maior nas zação provenientes do Estado foi a catego- tentativas e ameaças de expulsão e despejo, ria Sem Terra, representando 46,67%. Em do que nos despejos e expulsões propria- seguida, foram as famílias posseiras, com mente ditos. O poder público e o poder pri- 23,25%, e as comunidades tradicionais, vado são, portanto, muito mais violentos com 22,86%. Já com relação às tentativas contra comunidades, grupos, povos e movi- de expulsão protagonizadas pelo poder pri- mentos sociais que re-existem coletivamen- vado, as Comunidades Tradicionais foram te para permanecer em suas terras e territó- as que mais sofreram este tipo de violência, rios. As pessoas sofrem muito mais violência correspondendo a 45,76%. Em seguida, fo- nos processos de defesa-territorial do que ram as famílias posseiras, com 30,50%, e as nas próprias remoções forçadas (despejos e famílias Sem Terra, com 16,10%. expulsões). Eis a característica da violência, muitas vezes mortal, que pesa sobre aque- Este processo também tem peculiaridades les e aquelas que re-existem e que defendem e diferenças quando distribuído no territó- suas terras e territórios. rio nacional (Gráfco 13). Essa diferença no espaço e no território não implica em ações A força dessa defesa-territorial só pode ser contraditórias, mas sim em ações comple- enxergada quando a compreendemos em mentares por parte dos variados movimen- suas dimensões material e simbólica. Defen- tos, grupos e povos do campo. Por exemplo, der a terra, sua cultura, sua ancestralidade o maior número de ocorrências de ações é defender a própria existência da comu- de violência provocadas pelo poder privado nidade/grupo. O conceito de re-existência encontra-se no Nordeste, sendo as defesas (Gonçalves, 2001), valorosa contribuição do territoriais da região, portanto, mais dire- professor Porto-Gonçalves, contribui para cionadas para o enfrentamento deste tipo de a compreensão desse processo. A luta pela poder. Nas regiões Sudeste, Norte e Sul, o existência dos povos/grupos/comunidades predomínio das defesas territoriais acontece se associa à luta contra quem tenta ou ame- em relação à violência cometida pelo poder aça a sua própria existência. Essas lutas do Estado. Se há uma combinação entre o implicam na permanência no território, na poder privado e o poder do Estado, para re- manutenção de sua territorialidade. tirar as famílias das terras e dos territórios, em uma relação dialética, essas famílias im- As lutas territoriais atravessam os tempos, primem no território um processo de luta com ascensos e descensos na dinâmica dos que qualifca o processo de re-existência povos em estado de opressão. Algumas de nos territórios em que vivem. suas expressões máximas podem ser os exemplos de Palmares, de Canudos, da Ca- banagem, de Porecatu, de Trombas e For- moso e das Ligas Camponesas, que foram experimentadas há algum tempo. Hoje, as lutas em defesa da vida no campo se ins- piram nesses legados. Desde 1984, a CPT apresenta em seus relatórios uma lista gi- gantesca de mártires que doaram e doam

6 A CPT registra como violência contra pessoa as ameaças de morte, ameaças de prisão, tentativas de assassinato, assas- sinatos, prisões, cárcere privado, contaminação por agrotóxico, contaminação por minérios, danos, detenção, ferimento, humilhação, intimidação, morte em consequência de confito, omissão/conivência, terrorismo, tortura etc. 31

- infelizmente quase todos os dias - a vida teza: a primeira é que a mudança virá - e ela pela terra, pelas forestas e pelas águas. virá - necessariamente de baixo, construída na luta e no afeto do povo injustiçado. A se- Esse Brasil é a cena de um flme chamado gunda coisa é a necessidade de nos reco- América Latina, onde os contraditórios go- nhecermos enquanto natureza, integrados/ vernos progressistas, ao mesmo tempo em as de maneira profunda na complexidade e que retiraram milhões da linha da pobreza, na beleza que é a vida e a Mãe Terra. Por aprofundaram a devastação da natureza e isso, defender a natureza é defender a nós a nossa posição como lugar a ser explorado mesmos/as, a nossa existência, o nosso no sistema mundo colonial. Esses governos lugar de memória, a reprodução da vida, a decidiram manter o pacto com o capital, não morada dos encantados e das encantadas, mexendo nos bolsos dos mais ricos e das orixás, mártires, a Casa comum. É aqui que grandes corporações. Agora, o fascismo en- habita a esperança. tra no jogo, e o Estado, que até então dava com uma mão e tirava com as duas, nem Referências sequer reconhece o direito à existência dos povos do campo. COMISSÃO PASTORAL DA TERRA. Confitos no campo Brasil, 1985. CPT, Comissão Pastoral da Essa fgura de um Estado - que tem o poder Terra, 2018. de dar, mas também de reprimir e de criar MINGOLO, Walter. Historias locales/diseños dependências, vícios e medos - tende a sair globales. Colonialidad, conocimientos subal- do horizonte utópico. Ao olhar para cima, ternos y pensamiento fronterizo, Madrid: Akal, para o lugar reservado ao Estado, corremos 2003. o grande risco de não reparar o caminho, de PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter. Amazônia, não olhar para frente. Corremos o grande Amazônia. São Paulo: Contexto, 2001. risco de não olhar para o lado e ver quem SILVA JUNIOR, José Plácido da. QUANDO OS caminha conosco. Corremos o grande risco INVISIBILIZADOS FALAM: Lutas territoriais, de não olhar para trás, negligenciando a me- violência institucionalizada e feita pelas mãos mória das lutas e dos/as mártires e deixan- do poder privado nos confitos por terra Brasil do de fazer a importantíssima pergunta ao [1985 – 2017]. Tese (Doutorado) - Universidade tempo sobre o que ele tem para nos ensinar. Federal Fluminense, Niterói, 2019. Corremos o risco, enfm, de não olhar para http://www.incra.gov.br/sites/default/fles/in- baixo, invisibilizando as diversas localida- cra-processosabertos-quilombolas-v2.pdf. des em processo de defesa territorial. Como http://www.funai.gov.br/arquivos/conteudo/ disse Karl Marx, “a classe trabalhadora não ascom/2013/img/12-Dez/encarte_censo_indi- pode simplesmente apropriar-se da máqui- gena_02%20B.pdf. na do Estado tal qual é e utilizá-la para seus próprios objetivos. O instrumento político http://www.contag.org.br/index.php?mo- de sua escravidão não pode servir como ins- dulo=portal&acao=interna&codpag=101&i- d=11952&mt=1&nw=1 trumento político de sua emancipação”. http://www.contag.org.br/index.php Estamos em tempos de nos re-entender, de modulo=portal&acao=interna&codpa- senti-pensar a nossa posição no mundo, os g=555&ap=1&nw=1 caminhos a seguir e com quem caminhar. https://www.fetape.org.br/noticias-detalhe/ Os mais de 500 anos de tentativa de genocí- populacao-rural-na-mira-da-reforma-da-previ- dio deixaram alguns ensinamentos, que às dencia/5928#.XmkVSpNKiM8 vezes ouvimos, às vezes não. Duas coisas, https://www.anfp.org.br/publicacoes/a-previ- porém, parecem ganhar cada vez mais cer- dencia-social-e-a-economia-dos-municipios-2/ Confitos noCampo Brasil 2019

https://congressoemfoco.uol.com.br/opiniao/ https://www.cptne2.org.br/publicacoesnoti- colunas/a-previdencia-social-e-a-economia- cias/noticias/5217-cpt-ne-2-balanco-da-refor- -dos-municipios/ ma-agraria-2019 33

Tabela 2 - Conflitos no Campo

Acre TERRA Conflitos por Terra Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Rio Branco, Acrelândia Fazenda Jéssica 10/08/2019 72 Posseiros Acrelândia Seringal Fortaleza 30/05/2019 60 Posseiros Acrelândia Ramal Campo Novo 20/05/2019 45 Posseiros Acrelândia Fazenda do Dr. Roberto 06/05/2019 60 Posseiros Acrelândia Seringal Porto Dias 21/09/2019 80 Extrativistas Acrelândia Ocupação do Baiano 12/09/2019 38 Posseiros Faz. da Rondobrás/BR-364/Km 105/Gleba Acrelândia 22/07/2019 12 Posseiros Porto Luiz Rio Branco, Acrelândia Faz. do Zé Capim/BR-364/Km 105 05/08/2019 40 Posseiros Acrelândia Faz. Graúna/BR-364 15/08/2019 80 Posseiros Acrelândia Fazenda Zé Juína 26/08/2019 50 Posseiros Acrelândia Faz. Girassol/Ocup. do Brito 05/08/2019 14 Posseiros Acrelândia Faz. Sará/Gleba Porto Luiz 01/07/2019 30 Posseiros Acrelândia Fazenda Canaã 13/09/2019 72 Posseiros Acrelândia Seringal Triunfo/Ramal do Pelé 05/06/2019 129 Posseiros Faz. do Senhor Viana/Ramal da 7/Estrada Rio Branco, Acrelândia 27/08/2019 28 Posseiros AC-475/Gl. Porto Luiz Bujari Seringal Mercês 04/11/2019 300 Sem Terra Rio Branco, Bujari Faz. Canary/Ramal do Cacau 30/01/2019 400 Posseiros Plácido de Castro, Senador Seringal Capatará 05/02/2019 97 Seringueiros Guiomard, Capixaba, Rio Branco Rio Branco, Cruzeiro do Sul Seringal Valparaíso 15/06/2019 130 Seringueiros Cruzeiro do Sul Comunidade Socó 02/06/2019 14 Posseiros Cruzeiro do Sul Seringal Russas 15/06/2019 80 Seringueiros T. I. Katukina/Kaxinawa/Aldeias Paredão/ Rio Branco, Feijó 20/02/2019 314 Indígenas Paroá/Pupunha/Belo Monte Manoel Urbano Seringal Santa Cruz 05/08/2019 20 Seringueiros Manoel Urbano Seringal Porto Central 15/08/2019 18 Seringueiros Manoel Urbano Seringal Barcelona 04/06/2019 15 Seringueiros Manoel Urbano Seringal Mercejana 10/09/2019 15 Seringueiros Manoel Urbano Seringal Itatinga 15/08/2019 21 Seringueiros Manoel Urbano Seringal Auente 03/11/2019 20 Seringueiros Manoel Urbano Seringal Areis 01/10/2019 101 Posseiros Manoel Urbano Seringal São Salvador 16/08/2019 15 Seringueiros Manoel Urbano Seringal Novo Destino 15/09/2019 70 Seringueiros Plácido de Castro Faz. Luiz Gomes/Seringal Capatará 26/06/2019 80 Posseiros Porto Walter Ramal do Besouro/Seringal Nazaré 14/06/2019 100 Posseiros Rio Branco Seringal São Bernardo 15/02/2019 Seringueiros Rio Branco Seringal Humaitá 13/06/2019 20 Seringueiros Rio Branco Seringal Perseverança 20/08/2019 25 Extrativistas Rio Branco Seringal 13/06/2019 100 Seringueiros Rio Branco Seringal São Francisco do Iracema 13/06/2019 300 Seringueiros Rio Branco Seringal São Francisco do Espalha 13/06/2019 350 Seringueiros Rio Branco, Boca do Acre Seringal Macapá 26/07/2019 114 Seringueiros Rio Branco Seringal Andaraí 25/06/2019 120 Posseiros Rio Branco Seringal Macapá 13/06/2019 300 Seringueiros Rio Branco Seringal Igarapé Grande 20/07/2019 26 Posseiros Rio Branco Seringal Bananeira 23/06/2019 26 Extrativistas Rio Branco Seringal Cajueiro 10/08/2019 25 Seringueiros Rio Branco Faz. União/Cruzeirinho 12/08/2019 214 Posseiros Rio Branco, Boca do Acre Seringal Entre Rios/Ramal do 52 05/08/2019 39 Posseiros Rio Branco Seringal Europa 15/02/2019 30 Extrativistas Rio Branco Seringal Entre Rios/Ramal do 64 25/06/2019 15 Posseiros Confitos noCampo Brasil 2019

Ramal do 37/Seringal Entre Rios/ Rio Branco 15/08/2019 31 Posseiros do Sto. Antônio/Gl. Pauene Rio Branco Seringal Cametá 01/06/2019 30 Seringueiros Rio Branco Ramal do Garrafa 04/08/2019 60 Posseiros Gl. Novo Axioma Redenção/Ramal do Km Rio Branco, Boca do Acre 15/08/2019 33 Posseiros 104 Gl. Novo Axioma Redenção/Km 90/Ramal Rio Branco 05/06/2019 28 Posseiros Sta. Helena Ocup. do Vinha/Ramal São Francisco/Km Rio Branco 08/09/2019 25 Posseiros 60 Rio Branco Seringal /Ramal do Espigão 17/05/2019 300 Posseiros Rio Branco Seringal Porto Central 02/09/2019 300 Seringueiros Rio Branco Gleba Francisco Sevalha 10/09/2019 180 Extrativistas Rio Branco P. A. Monte 01/09/2019 700 Assentados Rio Branco Seringal Bom Lugar/Com. Nova Vida 15/06/2019 69 Seringueiros Rio Branco Seringal São Bernardo 20/08/2019 Seringueiros Rio Branco Seringal São Bernardo 16/08/2019 Seringueiros Rio Branco Seringal São Bernardo 06/08/2019 Seringueiros Rio Branco Seringal Cachoeira 13/06/2019 7 Seringueiros Rio Branco Seringal São Bernardo 02/02/2019 Seringueiros Rio Branco Seringal São Bernardo 29/01/2019 Seringueiros Seringal Novo Axioma Redenção/Ocup. Rio Branco, Boca do Acre 17/09/2019 48 Posseiros do Diva Seringal Entre Rios/Ramal São Francisco/ Rio Branco, Boca do Acre 16/08/2019 28 Posseiros Faz. do Km 60/Faz. Savana Rio Branco, Boca do Acre Faz. Palotina/Seringal Novo Natal 04/12/2019 160 Posseiros Rio Branco, Boca do Acre Faz. Palotina/Seringal Novo Natal 22/11/2019 Posseiros Rio Branco, Boca do Acre Faz. Palotina/Seringal Novo Natal 28/08/2019 Posseiros Rio Branco Seringal Codó/PAE Antimary 20/06/2019 23 Seringueiros Centro Huwã Karu Yuxibu/Com. Indígena Rio Branco 22/08/2019 10 Indígenas Huni Kuin/APA do Igarapé São Francisco Rio Branco Seringal São Bernardo 27/09/2019 22 Seringueiros Rio Branco Seringal São Bernardo 10/09/2019 Seringueiros Rio Branco Seringal São Bernardo 03/09/2019 Seringueiros Rio Branco Seringal São Bernardo 30/08/2019 Seringueiros Seringal Novo Amparo/Ramal do 38/ Sena Madureira 10/10/2019 15 Seringueiros Ramal do Ouro Sena Madureira Seringal Novo Amparo/Ramal do 15 10/10/2019 15 Seringueiros Sena Madureira Seringal Novo Amparo/Ramal do 17 10/10/2019 15 Seringueiros Sena Madureira Seringal Novo Amparo/Ramal do 25 10/10/2019 15 Seringueiros Xapuri Seringal São Pedro 22/11/2019 15 Seringueiros Xapuri Seringal Nova Esperança 22/11/2019 19 Seringueiros Xapuri Seringal Lua Cheia 22/11/2019 15 Seringueiros Rio Branco, Boca do Acre Seringal 15/07/2019 322 Seringueiros

Subtotal: 85 6809 Ocupações/Retomadas Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Bujari Seringal Mercês 05/01/2019 300 Sem Terra Seringal Entre Rios/Ramal São Francisco/ Rio Branco, Boca do Acre 10/02/2019 28 Posseiros Faz. do Km 60/Faz. Savana Rio Branco, Boca do Acre Faz. Palotina/Seringal Novo Natal 13/12/2019 160 Posseiros

Subtotal: 3 488

Total conflitos por terra - Acre: 88 6809

Total dos Conflitos no Campo - Acre: 88 Pessoas: 27236 Alagoas TERRA Conflitos por Terra Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Feliz Deserto Fazenda Mangabeira 11/04/2019 Sem Terra 35

Flexeiras Assentamento Sebastião Gomes 06/07/2019 114 Sem Terra Ibateguara Fazenda Catangy 17/06/2019 Sem Terra Ibateguara Fazenda Catangy 02/10/2019 Sem Terra Sítio Copaoba/CC Empreendimentos Japaratinga 24/09/2019 Sem Terra Imobiliários Sítio Copaoba/CC Empreendimentos Japaratinga 31/08/2019 Sem Terra Imobiliários Porto Calvo, Maragogi Faz. Junco/Us. Central Barreiros 18/12/2019 250 Sem Terra Maragogi Fazenda Carão 18/03/2019 15 Sem Terra Marechal Deodoro Área da Carhp/Acamp. Boca da Caixa 03/04/2019 30 Sem Terra Murici Faz. Tabocal/Duarte/Ilha 12/06/2019 25 Sem Terra Murici Faz. Tabocal/Duarte/Ilha 15/05/2019 Sem Terra Flexeiras, Murici, Maceió Fazenda Bota Velha 07/09/2019 100 Sem Terra Flexeiras, Murici, Maceió Fazenda Bota Velha 23/07/2019 Sem Terra Porto Calvo Fazenda Boa Esperança 15/01/2019 87 Sem Terra Porto Calvo Fazenda Mata Redonda 08/10/2019 102 Sem Terra São Miguel dos Milagres Sítio Dona Bela 16/10/2019 Sem Terra Fazenda Itabatinga/Povoado Porto da Rua/ São Miguel dos Milagres 21/03/2019 80 Sem Terra Acamp. Cabanos Taquarana Fazenda Andre Quice 14/11/2019 Sem Terra União dos Palmares, Maceió Usina Laginha 16/04/2019 Sem Terra

Subtotal: 19 803 Ocupações/Retomadas Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Ibateguara Fazenda Catangy 15/06/2019 Sem Terra União dos Palmares, Maceió Usina Laginha 09/04/2019 Sem Terra

Subtotal: 2

Total conflitos por terra - Alagoas: 21 803 ÁGUA Conflitos pela Água Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação Com. de Marisqueiros de Coruripe/ Uso e Destruição e ou Coruripe 31/10/2019 13 Vazamento de Óleo preservação poluição Colônia de Pescadores Z-1/Almirante Uso e Destruição e ou Maceió 31/12/2019 1500 Jaceguay/Vazamento do Óleo preservação poluição Pov. de São Bento/Colônia de Pescadores Uso e Destruição e ou Maragogi 30/10/2019 685 Z-15/Vazamento de Óleo preservação poluição Colônia de Pescadores Z-25/Praia do Uso e Destruição e ou Porto de Pedras 28/10/2019 22 Patacho/Vazamento de Óleo preservação poluição

Subtotal: 4 2220

Total dos Conflitos no Campo - Alagoas: 25 Pessoas: 12092 Amapá TERRA Conflitos por Terra Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Amapá São Roque/Redondo 01/09/2019 30 Posseiros Base Aérea/Localidade Próxima ao Amapá 28/02/2019 40 Posseiros Cruzeiro Com. ao Longo do Rio Laranjeiras/ Amapá 30/08/2019 20 Posseiros Amapá Grande/Piquiá Amapá Faz. Minerva/CAPAB 30/05/2019 1 Posseiros Amapá Faz. Itapoã/Amcel/Piquiá 30/06/2019 15 Posseiros Amapá Fazenda Espírito Santo 31/01/2019 10 Posseiros Calçoene Cunani e 7 Ilhas 30/03/2019 30 Posseiros Calçoene Juncal 30/07/2019 30 Posseiros Calçoene Ramal Ilha Grande 30/07/2019 15 Posseiros Cutias, Macapá Alta Floresta/Gurupora 30/04/2019 34 Posseiros Ferreira Gomes Terra Preta 30/05/2019 1 Posseiros Confitos noCampo Brasil 2019

Ferreira Gomes Antiga Faz. Zebulândia/Campinho 19/09/2019 4 Posseiros Ferreira Gomes Igarapé do Palha/Amcel 30/05/2019 25 Posseiros Itaubal Com. Quil. São Miguel do Macacoari 30/03/2019 20 Quilombolas Pedra Branca do Amapari, T. I. Waiãpi/Aldeia Mariry 30/07/2019 300 Indígenas Macapá, Laranjal do Jari Pedra Branca do Amapari, T. I. Waiãpi/Aldeia Mariry 22/07/2019 Indígenas Macapá, Laranjal do Jari Macapá Santo Antônio da Pedreira 30/07/2019 30 Ribeirinhos Macapá Ariri 30/04/2019 20 Quilombolas Santa Luzia/São Tomé/Rio Pacuí/10 Macapá 17/09/2019 200 Pescadores Comunidades Próximas ao Rio Pacuí Macapá Quilombo Conceição do Macacoari 30/06/2019 20 Quilombolas Macapá Piririm/Pacuí 01/09/2019 30 Posseiros Macapá Bailique-Foz 30/08/2019 20 Posseiros Assent. Osmar Ribeiro/Ramal do Macapá 01/09/2019 80 Assentados Abacate/Km 34/BR-156 Macapá Abacate do Pedreira/Rio Fugido 30/07/2019 20 Ribeirinhos Mazagão Assentamento Pancada do Camaipi 28/02/2019 400 Assentados Porto Grande Área da Codepa/Km 92 11/07/2019 22 Posseiros Porto Grande Área no Km 54 da BR-156 30/04/2019 30 Posseiros Porto Grande Sítio São Francisco/Igarapé Gravata 17/09/2019 2 Posseiros Porto Grande Km 117 da EFA 17/09/2019 30 Posseiros Pracuúba Retiro Boa Esperança 30/01/2019 2 Posseiros Santana Ilha Santana 30/08/2019 20 Ribeirinhos Santana Assentamento Anauerapucu 30/01/2019 1 Posseiros Serra do Navio Ramal da Raquel 30/07/2019 20 Posseiros Ramal Nova Canaã/Colônia de Itaubal/ Tartarugalzinho Faz. Santa Isabel/Amcel/Pedreiro/Boca 01/09/2019 27 Posseiros do Braço Área na Margem Direita do Rio Itaubal/ Tartarugalzinho 30/06/2019 2 Posseiros São Raimundo Tartarugalzinho Redenção do Araguari 30/08/2019 5 Posseiros Tartarugalzinho Uapezal/Ponto do Socorro e Vareiro 01/09/2019 70 Posseiros Tartarugalzinho 01/09/2019 1 Posseiros Tartarugalzinho Faz. Novo Horizonte 28/02/2019 5 Posseiros Tartarugalzinho Comunidade ao Longo do Rio Aporema 30/01/2019 1 Posseiros Áreas em Itaubal/Agronegócio Sinal Macapá 17/09/2019 20 Posseiros Verde/Boa Vista da Pedreira Itaubal Jupati 27/03/2019 15 Ribeirinhos

Subtotal: 42 1668 Ocupações/Retomadas Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Porto Grande Área no Km 54 da BR-156 30/01/2019 30 Posseiros

Subtotal: 1 30

Total conflitos por terra - Amapá: 43 1668 ÁGUA Conflitos pela Água Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação Barragens e Não cumprimento de Ferreira Gomes UHE Coaracy Nunes 25/04/2019 Açudes procedimentos legais Barragens e Não cumprimento de Ferreira Gomes UHE Ferreira Gomes 25/04/2019 500 Açudes procedimentos legais Macapá, Ferreira Gomes, Porto Barragens e Não cumprimento de UHE Cachoeira Caldeirão 22/01/2019 20 Grande Açudes procedimentos legais

Subtotal: 3 520

Total dos Conflitos no Campo - Amapá: 46 Pessoas: 8752 Amazonas TERRA 37

Conflitos por Terra Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Jutaí, São Paulo de Olivença, Atalaia do Norte, Tabatinga, T. I. Vale do Javari 21/09/2019 1000 Indígenas Benjamin Constant Jutaí, São Paulo de Olivença, Atalaia do Norte, Tabatinga, T. I. Vale do Javari 19/07/2019 Indígenas Benjamin Constant Jutaí, São Paulo de Olivença, Atalaia do Norte, Tabatinga, T. I. Vale do Javari 06/09/2019 Indígenas Benjamin Constant Jutaí, São Paulo de Olivença, Atalaia do Norte, Tabatinga, T. I. Vale do Javari 18/06/2019 Indígenas Benjamin Constant T. I. Murutinga/Tracajá/Aldeia Terra Autazes 09/08/2019 383 Indígenas Preta Manaus, Autazes T. I. Jauary 17/10/2019 315 Indígenas Autazes T. I. Patauá 30/03/2019 Indígenas Autazes T. I. Patauá 05/08/2019 47 Indígenas Autazes T. I. Patauá 30/06/2019 Indígenas Maués, Parintins, Barreirinha T. I. Andirá-Marau 11/11/2019 3337 Indígenas Maués, Parintins, Barreirinha T. I. Andirá-Marau 29/05/2019 Indígenas T. I. Jaminawa do Caiapucá/Aldeia Boca do Acre 17/02/2019 Indígenas Samaúma Boca do Acre Resex Arapixi 08/03/2019 300 Extrativistas Canutama Faz. Jaó/Km 32/BR-319 21/03/2019 Posseiros Canutama Resex/Com. Nova Vista 08/04/2019 15 Extrativistas Canutama Floresta Estadual/Com. Vila Souza 08/04/2019 17 Extrativistas Km 46/BR-319/P. A. São Francisco/Linha Canutama 05/02/2019 65 Assentados 4/Vicinal Cajuí Careiro T. I. Lago do Piranha 20/08/2019 50 Indígenas Careiro T. I. Lago do Piranha 15/08/2019 Indígenas Iranduba Gleba Igarapé do Bode 30/05/2019 120 Assentados Manacapuru, Iranduba, Novo Airão Comunidade Grande Vitória 25/10/2019 31 Posseiros Com. Rondon I e II/N. Sra. Aparecida do Manaus, Itacoatiara 09/03/2019 600 Ribeirinhos Jamanã/Jesus é Meu Rei Novo Airão, Manaus, Urucará, T. I. Waimiri Atroari/Linhão de Tucuruí/ 01/03/2019 350 Indígenas Itacoatiara, Presidente Figueiredo PAC Aldeia Nova Canaã/T. I. Paraná do Boá- Nova Olinda do Norte, Japurá 03/05/2019 30 Indígenas Boá Santa Isabel do Rio Negro, Japurá, T. I. Médio Rio Negro I 11/02/2019 497 Indígenas São Gabriel da Cachoeira Lábrea Seringal São Domingos 02/11/2019 140 Posseiros Lábrea Seringal São Domingos 30/03/2019 Posseiros Lábrea Ramal Tauaruhã 25/06/2019 40 Pequenos proprietários Lábrea Com. Capiaã/Capiã 05/02/2019 150 Posseiros Manacapuru Ocupação Lula Livre 05/04/2019 120 Posseiros Manaus Comunidade Urucaia 27/02/2019 Indígenas Com. do Km 13/Estrada Manoel Manaus 25/10/2019 148 Pequenos proprietários Urbano/Ramal 13 Manaus Cemitério dos Índios 06/08/2019 380 Indígenas Manaus Cemitério dos Índios 03/08/2019 Indígenas Manaus Cemitério dos Índios 13/06/2019 Indígenas Acamp. dos Povos Indígenas Manaus 13/08/2019 200 Indígenas Remanescentes de Tarumã Manaus Uberê/Ramal do Brasileirinho 02/06/2019 36 Posseiros Manaus Cemitério dos Índios 08/01/2019 Indígenas Manaus Comunidade Nova Jerusalém 13/08/2019 700 Indígenas Com. Indígenas e Ribeirinhas/Assoc. Maués 05/06/2019 150 Ribeirinhos dos Produtores da Região de Maués Presidente Figueiredo Comunidade Jardim Floresta 12/12/2019 200 Posseiros Presidente Figueiredo Com. Nova Floresta/BR-174/Km 126 12/12/2019 84 Posseiros Presidente Figueiredo Com. Nova União II/BR-174/Km 135 12/12/2019 60 Posseiros Presidente Figueiredo Com. Castanhal/BR-174/Km 135 12/12/2019 115 Posseiros Presidente Figueiredo Com. Canastra/BR-174/Km 137 12/12/2019 39 Posseiros Presidente Figueiredo, Manaus Com. Terra Santa//Km 152/BR-174 21/08/2019 34 Posseiros Confitos noCampo Brasil 2019

Presidente Figueiredo Comunidade Boa Esperança 12/12/2019 374 Posseiros Rio Preto da Eva Com. Ifibram/Km 84 12/06/2019 38 Posseiros Rio Preto da Eva Comunidade Bons Amigos 1, 2 e 3 18/06/2019 111 Posseiros São Gabriel da Cachoeira T. I. Alto Rio Negro 10/07/2019 1100 Indígenas Índios Yanomami/Aldeias Maturacá e São Gabriel da Cachoeira 24/08/2019 Indígenas Ariabu/Contaminação por Mercúrio São Gabriel da Cachoeira T. I. Alto Rio Negro 11/02/2019 Indígenas

Subtotal: 52 11376

Total conflitos por terra - Amazonas: 52 11376 ÁGUA Conflitos pela Água Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação Uso e Pauini Comunidade no Rio Pauini 04/03/2019 50 Destruição e ou poluição preservação Barragens e Não cumprimento de Presidente Figueiredo Hidrelétrica Balbina 10/04/2019 192 Açudes procedimentos legais

Subtotal: 2 242

Total dos Conflitos no Campo - Amazonas: 54 Pessoas: 46472 Bahia TERRA Conflitos por Terra Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Antônio Gonçalves Com. Salgada 31/05/2019 Camponeses de fundo de pasto Antônio Gonçalves Com. Brejão da Grota 31/05/2019 Camponeses de fundo de pasto Antônio Gonçalves Mucambo 31/05/2019 Camponeses de fundo de pasto Antônio Gonçalves Com. Baixinha 31/05/2019 Camponeses de fundo de pasto Antônio Gonçalves Com. Olho d' Água 31/05/2019 Camponeses de fundo de pasto Antônio Gonçalves Com. Lagoa Grande 31/05/2019 Camponeses de fundo de pasto Apuarema Acamp. Belo Monte/Faz. Bom Prazer 27/06/2019 30 Sem Terra Barra Com. da Cachoeira 30/01/2019 80 Camponeses de fundo de pasto Barra Com. Quilombola Igarité 09/05/2019 500 Quilombolas Barra Com. Queimadas/Gavião/Cachoeira 30/05/2019 56 Camponeses de fundo de pasto Barra Fazenda Encosta 10/01/2019 37 Sem Terra Belmonte Fazenda Jaguar Eireli 02/09/2019 51 Sem Terra Belmonte Fazenda Jaguar Eireli 27/06/2019 Sem Terra Faz. Santa Fé/Itapiroca/Acamp. Mãe Boa Vista do Tupim 11/06/2019 80 Sem Terra Terra Faz. Santa Fé/Itapiroca/Acamp. Mãe Boa Vista do Tupim 24/02/2019 Sem Terra Terra Boa Vista do Tupim Fazenda Bela Vista 16/10/2019 70 Sem Terra Faz. Santa Fé/Itapiroca/Acamp. Mãe Boa Vista do Tupim 23/02/2019 Sem Terra Terra Bom Jesus da Lapa Com. Quilombola Bebedouro/Fiol 01/07/2019 55 Quilombolas Bom Jesus da Lapa Com. Quil. Araçá-Volta/Fiol 01/07/2019 152 Quilombolas Brotas de Macaúbas Com. Mata de Eufrásio 30/04/2019 15 Posseiros Brotas de Macaúbas Comunidade Mangabeira 30/01/2019 50 Camponeses de fundo de pasto Cachoeira Terreiro Icimimó/Terra Vermelha 28/02/2019 Quilombolas Cachoeira Com. Quilombola da Vitória 18/12/2019 Quilombolas Cachoeira Quilombo Caimbogo Velho 16/07/2019 Quilombolas Cachoeira Terreiro Icimimó/Terra Vermelha 27/02/2019 Quilombolas Guanambi, Caetité Com. Rio Grande/Fiol 18/03/2019 Pequenos proprietários Guanambi, Caetité Com. Invernada/Fiol 18/03/2019 Pequenos proprietários Caetité Com. Curral Velho/Fiol 18/03/2019 80 Pequenos proprietários Cairu Moreré/Ilha de Boipeba 22/03/2019 Pescadores Cairu São Francisco/Ilha de Boipeba 12/03/2019 Pescadores Cairu Velha Boipeba/Ilha de Boipeba 12/03/2019 Pescadores Cairu Monte Alegre/Ilha de Boipeba 22/03/2019 Pescadores 39

Com. Cova da Onça/São Sebastião/Ilha Cairu 22/03/2019 190 Pescadores de Boipeba/Vazamento de Óleo Campo Alegre de Lourdes 8 Comunidades de Angico dos Dias 24/09/2019 Camponeses de fundo de pasto Campo Alegre de Lourdes 8 Comunidades de Angico dos Dias 10/10/2019 400 Camponeses de fundo de pasto Campo Formoso Comunidade Queimada da Lage 31/05/2019 Camponeses de fundo de pasto Campo Formoso Comunidade Barreiros 31/05/2019 Camponeses de fundo de pasto Campo Formoso Com. Santo Antônio 31/05/2019 80 Pequenos proprietários Campo Formoso Comunidade Papagaio 31/05/2019 Camponeses de fundo de pasto Campo Formoso Comunidade Ilhote 31/05/2019 Camponeses de fundo de pasto Campo Formoso Com. Lagoa do Mato 31/05/2019 Camponeses de fundo de pasto Campo Formoso Comunidade Tanque Novo 31/05/2019 Camponeses de fundo de pasto Campo Formoso Com. Alagadiço de Borda da Mata 31/05/2019 Camponeses de fundo de pasto Campo Formoso Comunidade Alvaçã 31/05/2019 Camponeses de fundo de pasto Perímetro Irrigado Senador Nilo Casa Nova 15/01/2019 Sem Terra Coelho/Acamp. Irmã Dorothy Perímetro Irrigado Senador Nilo Casa Nova 17/06/2019 Sem Terra Coelho/Acamp. Irani de Souza Perímetro Irrigado Senador Nilo Casa Nova 25/11/2019 60 Sem Terra Coelho/Acamp. Irmã Dorothy Casa Nova Riacho Grande/Ladeira Grande 11/05/2019 Camponeses de fundo de pasto Com. de Areia Grande/Salininha/ Casa Nova Riacho Grande/Salina da Brinca/ 11/05/2019 1000 Camponeses de fundo de pasto Jurema/Melancia/Salininha Perímetro Irrigado Senador Nilo Casa Nova 25/11/2019 175 Sem Terra Coelho/Acamp. Irani de Souza Casa Nova Comunidade de Cacimbas 15/10/2019 23 Camponeses de fundo de pasto Cordeiros Comunidade Renegada 03/09/2019 34 Camponeses de fecho de pasto Correntina Fecho de Pasto Capão do Modesto 28/04/2019 50 Camponeses de fecho de pasto Correntina Comunidade Brejo Verde 17/11/2019 200 Camponeses de fecho de pasto Correntina Comunidade Catolés 26/06/2019 Camponeses de fecho de pasto Correntina Comunidade Catolés 03/12/2019 500 Camponeses de fecho de pasto Correntina Comunidade Catolés 18/07/2019 Camponeses de fecho de pasto Faz. Mutum Conjunto Cedro/Sítio Belmonte, Eunápolis 02/07/2019 Sem Terra Esperança Faz. Mutum Conjunto Cedro/Sítio Belmonte, Eunápolis 27/06/2019 Sem Terra Esperança Faz. Mutum Conjunto Cedro/Sítio Belmonte, Eunápolis 20/07/2019 10 Sem Terra Esperança Eunápolis Fazenda Primavera 11/04/2019 60 Sem Terra Feira de Santana Faz. Areias/Acamp. Cajueiro 27/08/2019 30 Sem Terra Formosa do Rio Preto Com. Marinheiro/Condomínio Estrondo 13/12/2019 4 Camponeses de fundo de pasto Com. Baixa Funda/Condomínio Formosa do Rio Preto 31/01/2019 10 Camponeses de fundo de pasto Estrondo Formosa do Rio Preto Com. Cachoeira/Condomínio Estrondo 07/04/2019 Camponeses de fundo de pasto Com. Aldeia/Mutamba/Condomínio Formosa do Rio Preto 31/01/2019 25 Camponeses de fundo de pasto Estrondo Formosa do Rio Preto Com. Cachoeira/Condomínio Estrondo 17/08/2019 7 Camponeses de fundo de pasto Com. Cacimbinha/Arroz/Condomínio Formosa do Rio Preto 31/01/2019 22 Camponeses de fundo de pasto Estrondo Formosa do Rio Preto Com. Cachoeira/Condomínio Estrondo 30/05/2019 Camponeses de fundo de pasto Formosa do Rio Preto Com. Cachoeira/Condomínio Estrondo 31/01/2019 Camponeses de fundo de pasto Formosa do Rio Preto Com. Gatos/Condomínio Estrondo 31/01/2019 4 Camponeses de fundo de pasto Com. Brejo do Tatu/Condomínio Formosa do Rio Preto 31/01/2019 12 Camponeses de fundo de pasto Estrondo Com. Descanso/Mato do Meio/Retiro/ Gentio do Ouro Sacatruz/São Gonçalo/Gentio das 31/01/2019 35 Camponeses de fundo de pasto Chagas/Silvério Ruy Barbosa, Itaberaba Faz. Santa Maria/Acamp. Olga Benário 14/05/2019 120 Sem Terra Ruy Barbosa, Itaberaba Faz. Santa Maria/Acamp. Olga Benário 26/04/2019 Sem Terra Ruy Barbosa, Itaberaba Faz. Santa Maria/Acamp. Olga Benário 22/04/2019 Sem Terra Ruy Barbosa, Itaberaba Faz. Santa Maria/Acamp. Olga Benário 27/04/2019 Sem Terra Jacobina Pilões 30/10/2019 15 Posseiros Barreiras, Eunápolis, Canudos, Área do Projeto de Irrigação Salitre/ 25/11/2019 462 Sem Terra Juazeiro, Itamaraju Acamp. Abril Vermelho Barreiras, Eunápolis, Canudos, Área do Projeto de Irrigação Salitre/ 17/06/2019 Sem Terra Juazeiro, Itamaraju Acamp. Abril Vermelho Confitos noCampo Brasil 2019

Faz. Mariad I/Mariat/Projeto Curaçá/ Juazeiro 27/09/2019 56 Sem Terra Acamp. Palmares Assentamento Santo Antônio e São Lajedinho 15/10/2019 20 Assentados José Salvador, Lauro de Freitas Com. Quilombola Quingoma 14/07/2019 Quilombolas Salvador, Lauro de Freitas Com. Quilombola Quingoma 28/07/2019 Quilombolas Salvador, Lauro de Freitas Com. Quilombola Quingoma 28/11/2019 578 Quilombolas Maragogipe Com. Quilombola Girau Grande 22/03/2019 30 Quilombolas Maragogipe Com. Quilombola Guerém 22/03/2019 33 Quilombolas Maragogipe Com. Quilombola Tabatinga 22/03/2019 30 Quilombolas Maragogipe Com. Quilombola Baixão do Guaí 22/03/2019 50 Quilombolas Maragogipe Com. Quilombola Quinzanga/Quizanga 22/03/2019 30 Quilombolas Maragogipe Com. Quilombola Porto de Pedra 22/03/2019 30 Quilombolas Maragogipe Com. Quilombola Guaruçu/Guraçu 22/03/2019 33 Quilombolas Com. Umbiguda/Fundo de Pasto da Mirangaba 23/11/2019 90 Camponeses de fundo de pasto COMTRAFP Com. Paranazinho/Fundo de Pasto da Mirangaba 23/11/2019 200 Camponeses de fundo de pasto COMTRAFP Com. Riacho/Fundo de Pasto da Mirangaba 23/11/2019 50 Camponeses de fundo de pasto COMTRAFP Com. Mangabeira/Fundo de Pasto da Mirangaba 30/03/2019 100 Camponeses de fundo de pasto COMTRAFP Muquém de São Francisco Com. Quilombola Fazenda Grande 21/03/2019 180 Quilombolas Nilo Peçanha Barra dos Carvalhos 15/05/2019 Pescadores Com. Quilombola Lagoa da Cruz/Lipari Nordestina 14/03/2019 50 Quilombolas Mineração Com. Quilombola Lages das Cabras/ Nordestina 14/03/2019 33 Quilombolas Lipari Mineração Com. Quilombola Palha/Lipari Nordestina 14/03/2019 65 Quilombolas Mineração Com. Quilombola Poças/Lipari Nordestina 14/03/2019 30 Quilombolas Mineração Com. Quilombola Lagoa das Salinas/ Nordestina 14/03/2019 85 Quilombolas Lipari Mineração Com. Quilombola Caldeirão do Sangue/ Nordestina 14/03/2019 51 Quilombolas Lipari Mineração Com. Quilombola Caldeirão dos Nordestina 14/03/2019 11 Quilombolas Padres/Lipari Mineração Com. Quilombola Lagoa dos Bois/Lipari Nordestina 14/03/2019 55 Quilombolas Mineração Com. Quilombola Bom Sucesso/Lipari Nordestina 14/03/2019 15 Quilombolas Mineração Com. Quilombola Tanque Bonito/Lipari Nordestina 14/03/2019 11 Quilombolas Mineração Com. Quilombola Fumaça/Lipari Nordestina 14/03/2019 42 Quilombolas Mineração Com. Quilombola Grotas/Lipari Nordestina 14/03/2019 7 Quilombolas Mineração Itambé, Itaju do Colônia, Itapetinga, Itabuna, Pau Brasil, T. I. Caramuru Catarina Paraguassu 14/03/2019 700 Indígenas Canavieiras Ponto Novo Acampamento União 05/12/2019 56 Sem Terra Itapetinga, Potiraguá Fazenda Esmeralda 06/08/2019 30 Indígenas T. I. Cahy-Pequi/Comexatiba/Aldeia Prado 30/09/2019 75 Indígenas Cahy/Mexatibá/Cumuruxatiba T. I. Cahy-Pequi/Comexatiba/Aldeia Prado 10/09/2019 Indígenas Cahy/Mexatibá/Cumuruxatiba Remanso Comunidade Salinas Grande 29/11/2019 45 Camponeses de fundo de pasto Ribeirão do Largo Fazenda Guarani 15/10/2019 50 Indígenas Santa Cruz Cabrália Faz. Tucum/Acamp. Nova Esperança 02/08/2019 55 Sem Terra Ponta Grande/Aldeia Nova Coroa/ Santa Cruz Cabrália, Eunápolis, Itapororoca/Sarã Mirawê/Mirapé/Txihi 22/03/2019 350 Indígenas Porto Seguro Kamayurá/Novos Guerreiros/T. I. Coroa Vermelha Santa Cruz Cabrália Faz. Tucum/Acamp. Nova Esperança 30/07/2019 Sem Terra Aguada Poço de Dentro/Com. de Santa Maria da Vitória 01/08/2019 40 Camponeses de fecho de pasto Salobro São Francisco do Conde Com. Quilombola Monte Recôncavo 11/01/2019 700 Quilombolas Senhor do Bonfim Com. Barroca do Faleiro de Baixo 30/10/2019 51 Pequenos proprietários 41

Senhor do Bonfim Com. Barroca do Faleiro de Cima 30/10/2019 40 Posseiros Sento Sé Comunidade Brejo de Dentro 21/02/2019 120 Camponeses de fundo de pasto Santana, Tabocas do Brejo Velho, Larga da Porteira Santa Cruz/Luiz 15/03/2019 92 Camponeses de fecho de pasto Baianópolis, Serra Dourada Martins/Torrada/Cachoeira/Cercado Salvador, Simões Filho Com. Quilombola Rio dos Macacos 06/12/2019 43 Quilombolas Com. São Domingos/Projetos de Souto Soares 13/08/2019 Camponeses de fundo de pasto Energia Eólica Buerarema, Ilhéus, Eunápolis, Ibicuí, Salvador, Itamaraju, Serra do Padeiro/Povo Tupinambá 08/02/2019 130 Indígenas Itabuna, Olivença, Una Camacan Faz. Guanabara/Com.Terra Sagrada 17/09/2019 25 Sem Terra

Subtotal: 130 9351 Ocupações/Retomadas Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Faz. Santa Fé/Itapiroca/Acamp. Mãe Boa Vista do Tupim 14/06/2019 160 Sem Terra Terra Camamu Fazenda São Cosme 14/06/2019 150 Sem Terra Faz. Mutum Conjunto Cedro/Sítio Belmonte, Eunápolis 01/07/2019 10 Sem Terra Esperança Morada dos Pássaros/Região do Parque Ilhéus 13/08/2019 15 Indígenas de Olivença Iramaia Fazenda Iracema 14/06/2019 150 Sem Terra Ruy Barbosa, Itaberaba Faz. Santa Maria/Acamp. Olga Benário 13/05/2019 120 Sem Terra Itapetinga, Potiraguá Fazenda Esmeralda 05/08/2019 30 Indígenas Ribeirão do Largo Fazenda Guarani 13/10/2019 50 Indígenas

Subtotal: 8 685 Acampamentos Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Ruy Barbosa, Itaberaba Faz. Santa Maria/Acamp. Olga Benário 22/04/2019 120 Sem Terra

Subtotal: 1 120

Total conflitos por terra - Bahia: 139 9746 TRABALHO Trabalho Escravo Trab. na Município(s) Nome do Conflito Data Libertos Menores Tipo de Trabalho denúncia Baianópolis Fazenda de Café 18/07/2019 18 Café Ilhéus Fazenda Felicidade 15/10/2019 5 Cacau Ipirá Faz. Santa Rita e Sussuarana 18/03/2019 4 2 Pecuária Ribeirão do Largo Fazenda Guanabara 30/12/2019 3 3 Pecuária Uruçuca Fazenda Campinheiro 30/12/2019 11 Cacau

Subtotal: 5 31

Total Conflitos Trabalhistas - Bahia: 5 31 ÁGUA Conflitos pela Água Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação Colônia de Pescadores Z-24/ Uso e Destruição e ou Alcobaça 06/11/2019 Vazamento de Óleo preservação poluição Apropriação Diminuição do acesso à Andaraí P. A. Rio Utinga 15/05/2019 68 Particular Água Apropriação Diminuição do acesso à Andaraí Comunidade Pau de Colher 15/05/2019 50 Particular Água Apropriação Diminuição do acesso à Andaraí Comunidade Nova Aliança 15/05/2019 23 Particular Água Uso e Diminuição do acesso à Andorinha Açude Itê/Mineradora Ferbasa 22/08/2019 52 preservação Água Colônia de Pescadores Z-21/ Uso e Destruição e ou Belmonte 15/11/2019 Vazamento de Óleo preservação poluição Belmonte, Una, Arataca, Resex de Canavieiras/Com. de Uso e Não cumprimento de 30/09/2019 2300 Canavieiras Campinhos preservação procedimentos legais Confitos noCampo Brasil 2019

Com. Quilombola /Barragem Barragens e Ameaça de Boninal, Piatã 16/07/2019 150 de Baraúnas Açudes expropriação São Francisco do Paraguaçu/ Uso e Destruição e ou Cachoeira 22/10/2019 Vazamento de Óleo preservação poluição Pov. Barreiro/Projeto Pedra de Ferro/ Uso e Diminuição do acesso à Pindaí, Caetité 01/10/2019 33 Bamin preservação Água Com. Flores/Projeto Pedra de Ferro/ Uso e Diminuição do acesso à Caetité 01/10/2019 21 Bamin preservação Água Com. Araticum/Projeto Pedra de Ferro/ Uso e Diminuição do acesso à Caetité 01/10/2019 18 Bamin preservação Água Com. Casa da Roda/Projeto Pedra de Uso e Diminuição do acesso à Caetité 01/10/2019 18 Ferro/Bamin preservação Água Com. Rancho do Meio/Projeto Pedra de Uso e Diminuição do acesso à Caetité 01/10/2019 9 Ferro/Bamin preservação Água Com. Olho d' Água dos Pires/Projeto Uso e Diminuição do acesso à Caetité 01/10/2019 7 Pedra de Ferro/Bamin preservação Água Uso e Diminuição do acesso à Caetité Com. Curral Velho/Fiol 01/10/2019 50 preservação Água Uso e Diminuição do acesso à Caetité Com. João Barroca/Bamin/BML 01/10/2019 160 preservação Água Com. Cova da Onça/São Sebastião/Ilha Uso e Destruição e ou Cairu 05/11/2019 de Boipeba/Vazamento de Óleo preservação poluição Uso e Destruição e ou Camaçari Jauá/Vazamento de Óleo 14/10/2019 preservação poluição Uso e Destruição e ou Camaçari Guarajuba/Vazamento de Óleo 14/10/2019 preservação poluição Porto de Arembeque/Vazamento de Uso e Destruição e ou Camaçari 14/10/2019 Óleo preservação poluição Porto do Campo/Colônia de Pescadores Uso e Destruição e ou Camamu 20/11/2019 Z-17/Vazamento de Óleo preservação poluição Com. Boa Vista dos Pauzinhos/ Apropriação Impedimento de acesso Campo Formoso Saquinho dos Pauzinhos/Algodões dos 13/12/2019 200 Particular à água Pauzinhos/Vilas Uso e Destruição e ou Campo Formoso Comunidade Borda da Mata 31/05/2019 preservação poluição Colônia de Pescadores Z-20/ Uso e Destruição e ou Canavieiras 22/11/2019 625 Vazamento de Óleo preservação poluição Uso e Destruição e ou Caravelas Praia de Iemanjá/Vazamento de Óleo 19/11/2019 preservação poluição Uso e Destruição e ou Alcobaça, Caravelas, Nova Viçosa Resex Cassurubá 29/01/2019 1600 preservação poluição Uso e Destruição e ou Conde Poças/Vazamento de Óleo 14/10/2019 preservação poluição Uso e Destruição e ou Conde Sítio do Conde/Vazamento de Óleo 14/10/2019 preservação poluição Uso e Destruição e ou Conde Buri/Vazamento de Óleo 16/10/2019 preservação poluição Uso e Destruição e ou Conde Barra do Itariri/Vazamento de Óleo 14/10/2019 preservação poluição Uso e Destruição e ou Jandaíra, Conde Siribinha/Vazamento de Óleo 14/10/2019 preservação poluição Uso e Destruição e ou Entre Rios Massarandupió/Vazamento de Óleo 14/10/2019 preservação poluição Uso e Destruição e ou Entre Rios Porto Sauípe/Vazamento de Óleo 14/10/2019 preservação poluição Subaúma/Colônia Z-83/Vazamento de Uso e Destruição e ou Entre Rios 14/10/2019 Óleo preservação poluição Uso e Destruição e ou Esplanada Baixio/Vazamento de Óleo 14/10/2019 preservação poluição Colônia de Pescadores Z-65/ Uso e Destruição e ou Igrapiúna 10/11/2019 Vazamento de Óleo preservação poluição Com. Quilombola Antas e Palmitos/ Uso e Não cumprimento de Ipirá, Guanambi, Pindaí 01/10/2019 15 Bamin preservação procedimentos legais Uso e Iraquara Com. Quilombola Riacho do Mel 09/02/2019 180 Divergência preservação Uso e Destruição e ou Itaberaba Com. Vila São Vicente 10/10/2019 4000 preservação poluição Vila de Pescadores da Barra de Uso e Destruição e ou Ituberá 26/10/2019 Serinhaém/Vazamento de Óleo preservação poluição Uso e Destruição e ou Jandaíra, Salvador, Taperoá Mangue Seco/Vazamento de Óleo 14/10/2019 preservação poluição 43

Uso e Destruição e ou Jandaíra Pov. Abadia/Vazamento de Óleo 14/10/2019 preservação poluição Uso e Destruição e ou Jandaíra Pov. Coqueiro/Vazamento de Óleo 14/10/2019 preservação poluição Uso e Destruição e ou Jandaíra Pov. Costa Azul/Vazamento de Óleo 14/10/2019 preservação poluição Apropriação Diminuição do acesso à Lajedinho P. A. Biabas 15/05/2019 44 Particular Água Apropriação Diminuição do acesso à Lajedinho P. A. Novo Horizonte 15/05/2019 26 Particular Água Apropriação Diminuição do acesso à Lajedinho P. A. Nova Vida 15/05/2019 40 Particular Água Uso e Destruição e ou Lauro de Freitas Buraquinho/Vazamento de Óleo 14/10/2019 preservação poluição Apropriação Diminuição do acesso à Lençóis P. A. Padre Cícero 15/05/2019 25 Particular Água Apropriação Diminuição do acesso à Lençóis P. A. Bela Flor 15/05/2019 25 Particular Água Apropriação Diminuição do acesso à Lençóis Comunidade Estado 15/05/2019 48 Particular Água Apropriação Diminuição do acesso à Lençóis Povoado São José 15/05/2019 70 Particular Água Apropriação Diminuição do acesso à Lençóis P. A. Jaraguá 15/05/2019 30 Particular Água Apropriação Diminuição do acesso à Lençóis P. A. Jaboticabal 15/05/2019 20 Particular Água Uso e Destruição e ou Mata de São João Itacimirim/Vazamento de Óleo 14/10/2019 preservação poluição Uso e Destruição e ou Mata de São João Imbassaí/Vazamento de Óleo 14/10/2019 preservação poluição Uso e Destruição e ou Mata de São João Porto Campinas/Vazamento de Óleo 14/10/2019 preservação poluição Praia do Forte/Colônia Z-38/Vazamento Uso e Destruição e ou Mata de São João 14/10/2019 de Óleo preservação poluição Com. Queimada Grande/Fundo de Apropriação Impedimento de acesso Mirangaba 19/12/2019 100 Pasto da COMTRAFP Particular à água Uso e Destruição e ou Mucuri Colônia Z-35/Vazamento de Óleo 12/12/2019 preservação poluição Colônia de Pescadores Z-72/ Uso e Destruição e ou Nilo Peçanha 25/10/2019 Vazamento de Óleo preservação poluição Uso e Destruição e ou Nova Viçosa Colônia Z-29/Vazamento de Óleo 12/12/2019 preservação poluição Rompimento de Barragens/Quati/Boa Barragens e Destruição e ou Coronel João Sá, Pedro Alexandre 11/07/2019 Sorte/Lotero/Angico/Trapirá Açudes poluição Com. Tábuas/Projeto Pedra de Ferro/ Uso e Diminuição do acesso à Pindaí 01/10/2019 5 Bamin preservação Água Uso e Diminuição do acesso à Pindaí Com. Guirapá/Bamin/BML 01/10/2019 500 preservação Água Com. Cachoeira de Cima/Projeto Pedra Uso e Diminuição do acesso à Pindaí 01/10/2019 17 de Ferro/Bamin preservação Água Com. Cachoeira de Baixo/Projeto Pedra Uso e Diminuição do acesso à Pindaí 01/10/2019 30 de Ferro/Bamin preservação Água Com. Pau Ferro/Projeto Pedra de Ferro/ Uso e Diminuição do acesso à Pindaí 01/10/2019 10 Bamin preservação Água Com. Baixa Preta/Projeto Pedra de Uso e Diminuição do acesso à Pindaí 01/10/2019 19 Ferro/Bamin preservação Água Com. Poço Comprido/Projeto Pedra de Uso e Diminuição do acesso à Pindaí 01/10/2019 27 Ferro/Bamin preservação Água Com. Barriguda/Projeto Pedra de Ferro/ Uso e Diminuição do acesso à Pindaí 01/10/2019 33 Bamin preservação Água Com. Barra dos Crioulos/Projeto Pedra Uso e Diminuição do acesso à Pindaí 01/10/2019 6 de Ferro/Bamin preservação Água Com. Piripiri/Projeto Pedra de Ferro/ Uso e Diminuição do acesso à Pindaí 01/10/2019 5 Bamin preservação Água Com. Paga Tempo/Projeto Pedra de Uso e Diminuição do acesso à Pindaí 01/10/2019 50 Ferro/Bamin preservação Água Com. Açoita Cavalo/Projeto Pedra de Uso e Diminuição do acesso à Pindaí 01/10/2019 Ferro/Bamin preservação Água Com. Tapera/Projeto Pedra de Ferro/ Uso e Diminuição do acesso à Pindaí 01/10/2019 30 Bamin preservação Água Confitos noCampo Brasil 2019

Com. Novo Horizonte/Projeto Pedra de Uso e Diminuição do acesso à Pindaí 01/10/2019 30 Ferro/Bamin preservação Água Com. Brejo/Projeto Pedra de Ferro/ Uso e Diminuição do acesso à Pindaí 01/10/2019 30 Bamin preservação Água Com. Rega Pé/Projeto Pedra de Ferro/ Uso e Diminuição do acesso à Pindaí 01/10/2019 8 Bamin preservação Água Com. Lagoa da Pedra/Projeto Pedra de Uso e Diminuição do acesso à Pindaí 01/10/2019 60 Ferro/Bamin preservação Água Com. Vargem/Projeto Pedra de Ferro/ Uso e Diminuição do acesso à Pindaí 01/10/2019 30 Bamin preservação Água Uso e Piripá Comunidade Bonito 05/06/2019 22 Divergência preservação Colônia de Pescadores Z-22/ Uso e Destruição e ou Porto Seguro 26/11/2019 100 Vazamento de Óleo preservação poluição Paraíso dos Pataxós/Aldeia Xandó/ Uso e Destruição e ou Porto Seguro Bugigão/Outras Localidades/ 21/11/2019 preservação poluição Vazamento de Óleo Praia do Quati/Guaratiba/Centro/ Amendoeira/Praia do Rio/Assoc. de Uso e Destruição e ou Prado 10/11/2019 Corumbau/Colônia do Prado/Assoc. de preservação poluição Cumuruxatiba/Vazamento de Óleo Salvador, Candeias, Madre de Território Quil. da Ilha de Maré/Porto de Uso e Destruição e ou 11/06/2019 1500 Deus Aratu preservação poluição Colônia de Pescadores Z-04/Ilha de Uso e Destruição e ou Salvador 19/12/2019 Maré/Vazamento de Óleo preservação poluição Uso e Destruição e ou Santa Cruz Cabrália Distrito de Guaiú/Vazamento de Óleo 09/11/2019 preservação poluição Com. Ribeirinha do Bairro 135/ Barragens e Não cumprimento de São Félix 16/07/2019 Barragem Pedra do Cavalo Açudes procedimentos legais Com. Pesqueira em Taperoá/ Uso e Destruição e ou Taperoá 22/10/2019 Vazamento de Óleo preservação poluição Com. de Pescadores de Guaibim/Praia Uso e Destruição e ou Valença 23/11/2019 de Guaibim/Vazamento de Óleo preservação poluição Apropriação Diminuição do acesso à Wagner P. A. Lagoa Nova 15/05/2019 42 Particular Água Apropriação Diminuição do acesso à Wagner Comunidade Retiro 15/05/2019 29 Particular Água Apropriação Diminuição do acesso à Wagner Comunidade Pau Ferro 15/05/2019 10 Particular Água Apropriação Diminuição do acesso à Wagner P. A. Rio Bonito 15/05/2019 43 Particular Água Apropriação Diminuição do acesso à Wagner Assentamento São Sebastião 15/05/2019 92 Particular Água Apropriação Diminuição do acesso à Wagner Comunidade Cachoeirinha 15/05/2019 140 Particular Água Apropriação Diminuição do acesso à Wagner Comunidade Chamego 15/05/2019 15 Particular Água Apropriação Diminuição do acesso à Wagner Comunidade Canta Galo 15/05/2019 10 Particular Água Apropriação Diminuição do acesso à Wagner Comunidade Pé de Serra 15/05/2019 30 Particular Água

Subtotal: 101 12930

Total dos Conflitos no Campo - Bahia: 245 Pessoas: 90735 Ceará TERRA Conflitos por Terra Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Itapipoca P. A. Maceió 20/11/2019 338 Assentados Mauriti, Fortaleza Faz. Gravatá/Acamp. Vida Nova 28/03/2019 30 Sem Terra Pacatuba, Pacatuba, Maracanaú T. I. Pitaguary/Emp. Britaboa 31/01/2019 1150 Indígenas Santana do Acaraú Faz. Canafístula/Acamp. 17 de Abril 11/08/2019 30 Sem Terra

Subtotal: 4 1548 Ocupações/Retomadas Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria 45

Área da Mineradora Globest Participações Quiterianópolis 14/06/2019 150 Sem Terra Ltda.

Subtotal: 1 150

Total conflitos por terra - Ceará: 5 1698 ÁGUA Conflitos pela Água Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação Marisqueiras de Pontal de Maceió e outras Uso e Fortim, Aracati 27/11/2019 500 Destruição e ou poluição Com./Vazamento de óleo preservação Barragens e Impedimento de acesso Arneiroz Pescadores do Açude de Arneiroz 29/11/2019 Açudes à água Barragens e Impedimento de acesso Parambu Pescadores do Açude de Parambu 29/11/2019 Açudes à água Com. Bandarro/Globest Participações Uso e Quiterianópolis 17/02/2019 75 Destruição e ou poluição Ltda. preservação Uso e Quiterianópolis Com. Besouro/Globest Participações Ltda. 17/02/2019 Destruição e ou poluição preservação Barragens e Diminuição do acesso à Quixadá Comunidade São Francisco/Açude Cedro 31/01/2019 17 Açudes Água Barragens e Tamboril Pescadores do Açude Carão 29/11/2019 50 Destruição e ou poluição Açudes Barragens e Ubajara Ribeirinhos do rio Jaburu/Açude Granjeiro 16/03/2019 250 Ameaça de expropriação Açudes

Subtotal: 8 892

Total dos Conflitos no Campo - Ceará: 13 Pessoas: 10360 Espírito Santo TERRA Conflitos por Terra Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Vila Velha, Conceição da Barra, Com. Quilombola do Linharinho/ 18/12/2019 48 Quilombolas Vitória, Aracruz Aracruz Fundão Assentamento Piranema 07/08/2019 50 Assentados Nova Venécia Faz. Neblina/Acamp. Ondina 13/04/2019 Sem Terra Nova Venécia Faz. Neblina/Acamp. Ondina 23/04/2019 70 Sem Terra Vila Velha Fazenda na Barra do Jucu 25/09/2019 150 Sem Terra Vila Velha Fazenda na Barra do Jucu 02/09/2019 Sem Terra São Mateus, Conceição da Barra, Aracruz/Vila do Riacho/Caieiras Velhas/ 22/01/2019 1200 Indígenas Montanha, Aracruz Fibria/Votorantim/Tupiniquim

Subtotal: 7 1518 Ocupações/Retomadas Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Área em Palhal/Complexo-Gás- Linhares 14/06/2019 100 Sem Terra Químico/Petrobras Pinheiros Área S 105/Margens da BR-101/Suzano 19/10/2019 50 Sem Terra

Subtotal: 2 150

Total conflitos por terra - Espírito Santo: 9 1668 TRABALHO Trabalho Escravo Trab. na Município(s) Nome do Conflito Data Libertos Menores Tipo de Trabalho denúncia Fundão Sítio Nova Esperança 18/03/2019 1 1 Café

Subtotal: 1 1

Total Conflitos Trabalhistas - Espírito Santo: 1 1 ÁGUA Conflitos pela Água Confitos noCampo Brasil 2019

Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação Ald. Córrego d' Ouro/Olho d' Água/ Uso e Pinheiros, Vitória, Aracruz Tupinikim/Guarani M'Bia/Mineradora 13/03/2019 950 Destruição e ou poluição preservação Samarco-Vale-BHP Billiton Pescadores de Barra do Raicho/ Uso e Aracruz 09/12/2019 12 Destruição e ou poluição Mineradora Samarco-Vale-BHP Billiton preservação Uso e Desconstrução do Aracruz /Vazamento de Óleo 24/11/2019 preservação histórico-cultural Uso e Aracruz Localidade Putiry/Vazamento de Óleo 23/11/2019 Destruição e ou poluição preservação Uso e Aracruz Praia Formosa/Vazamento de Óleo 11/11/2019 Destruição e ou poluição preservação T. I. Comboios/Mineradora Samarco- Barragens e Não cumprimento de Baixo Guandu, Aracruz 13/03/2019 Vale-BHP Billiton Açudes procedimentos legais Com. Ribeirinha Mascarenhas/ Uso e Baixo Guandu 13/03/2019 300 Destruição e ou poluição Mineradora Samarco-Vale-BHP Billiton preservação Ilha das Orquídeas/Rio Doce/ Barragens e Baixo Guandu 13/03/2019 1 Destruição e ou poluição Mineradora Samarco-Vale-BHP Billiton Açudes Várias Com. Ribeirinhas do Rio Doce/ Uso e Colatina, Vitória, Linhares, Serra 13/03/2019 116 Destruição e ou poluição Mineradora Samarco-Vale-BHP Billiton preservação Uso e Conceição da Barra Praia Guaxindiba/Vazamento de Óleo 18/11/2019 Destruição e ou poluição preservação Uso e Conceição da Barra Praia de Guriri/Vazamento de Óleo 21/12/2019 Destruição e ou poluição preservação Vila de Itaúnas/Parque Est. de Itaúnas/ Uso e Conceição da Barra 13/11/2019 Destruição e ou poluição Aracruz Celulose/Vazamento de Óleo preservação Uso e Conceição da Barra Praia Pontal do Sul/Vazamento de Óleo 16/11/2019 Destruição e ou poluição preservação Com. Indígena de Areal/Botocudos/ Uso e Linhares Tupinikim/Comboios/Petrobras/ 28/10/2019 200 Destruição e ou poluição preservação Vazamento de Óleo Com. das Praias de Barra Seca e Barragens e São Mateus, Linhares Urussuquara/Transpetro/Petrobras/ 13/03/2019 375 Destruição e ou poluição Açudes Mineradora Samarco-Vale-BHP Billiton Barra do Riacho/Barra do Sahy/ Barragens e Linhares Mineradora Samarco/Superporto 13/03/2019 120 Destruição e ou poluição Açudes Manabi Com. de Regência/Mineradora Uso e Linhares 13/03/2019 60 Destruição e ou poluição Samarco-Vale-BHP Billiton preservação Balneário de Povoação/Mineradora Barragens e Linhares 13/03/2019 155 Destruição e ou poluição Samarco-Vale-BHP Billiton Açudes Com. Degredo/Mineradora Samarco- Barragens e Linhares 13/03/2019 175 Destruição e ou poluição Vale-BHP Billiton Açudes Pontal do Ipiranga/Mineradora Barragens e Linhares 13/03/2019 220 Destruição e ou poluição Samarco-Vale-BHP Billiton Açudes Lagoa Monsarás/Rompimento da Barragens e Linhares Barragem da Samarco-Vale-BHP 13/03/2019 190 Destruição e ou poluição Açudes Billiton Com. Nativo de Barra Nova/Mineradora Barragens e São Mateus 25/04/2019 27 Destruição e ou poluição Samarco-Vale-BHP Billiton Açudes Campo Grande/Barra Nova/Mineradora Uso e São Mateus Samarco-Vale-BHP Billiton/Vazamento 08/11/2019 50 Destruição e ou poluição preservação de Óleo Campo Grande/Barra Nova/Mineradora Barragens e São Mateus Samarco-Vale-BHP Billiton/Vazamento 13/03/2019 Destruição e ou poluição Açudes de Óleo Uso e São Mateus Praia do Bosque/Vazamento de Óleo 18/11/2019 Destruição e ou poluição preservação Com. Ilha Preta/Mineradora Samarco- Barragens e São Mateus 13/03/2019 70 Destruição e ou poluição Vale-BHP Billiton Açudes Faz. Ponta/Mineradora Samarco-Vale- Barragens e São Mateus 13/03/2019 27 Destruição e ou poluição BHP Billiton Açudes Com. São Miguel/Mineradora Samarco- Barragens e São Mateus 13/03/2019 11 Destruição e ou poluição Vale-BHP Billiton Açudes Com. Gameleira/Mineradora Samarco- Barragens e São Mateus 13/03/2019 75 Destruição e ou poluição Vale-BHP Billiton Açudes Barragens e São Mateus Com. Ferrugem/Mineradora Samarco 13/03/2019 105 Destruição e ou poluição Açudes Patrimônio da Lagoa/Rio Doce/ Uso e Sooretama 15/07/2019 25 Destruição e ou poluição Mineradora Samarco-Vale-BHP Billiton preservação 47

Com. da Praia do Suá/Foz do Rio Doce/ Barragens e Serra, Vitória Rompimento da Barragem da 13/03/2019 125 Destruição e ou poluição Açudes Samarco-Vale-BHP Billiton

Subtotal: 32 3389

Total dos Conflitos no Campo - Espírito Santo: 42 Pessoas: 20229 Goiás TERRA Conflitos por Terra Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Alto Paraíso de Goiás Faz. Esusa/Reserva Ambiental/PDS 31/12/2019 53 Assentados Faz. Agropastoril Dom Inácio "João de Anápolis 15/03/2019 Sem Terra Deus" Faz. Agropastoril Dom Inácio "João de Anápolis 01/04/2019 100 Sem Terra Deus" Assent. Oziel de Baliza/Córrego Meia Baliza 02/07/2019 15 Assentados Lua Acamp. Recanto da Paz/Fazenda Sete Bom Jesus de Goiás 13/05/2019 13 Sem Terra Irmãos/Grupo Filmaro/Us. Goiasa Faz. Boa Sorte/Palmeiras do Maranhão/ Campinaçu 11/06/2019 1 Posseiros Córrego da Vaca Campinaçu Fazenda Veredas 18/12/2019 1 Posseiros Catalão Comunidade Macaúba/Vale 20/07/2019 30 Pequenos proprietários Com. Mata Preta/Coqueiros/Macaúba/ Catalão 28/11/2019 40 Pequenos proprietários Chapadão/Mosaic/Cmoc/Vale Cavalcante, Monte Alegre de Goiás Com. Engenho II/Quilombo Kalunga 19/06/2019 250 Quilombolas Com. Vão de Almas/Hidrelétrica Santa Cavalcante, Monte Alegre de Goiás 26/09/2019 600 Quilombolas Mônica/Kalunga Com. Quilombola São Domingos/Tatu/ Cavalcante 18/11/2019 70 Quilombolas São José/Mineradora Brazman/Zeus Corumbá de Goiás Centro de Formação Santa Dica 20/02/2019 Sem Terra Assent. Vale do Macacão/Rio Paranã/ Flores de Goiás 07/12/2019 5 Assentados Rio Praim/Rio Macaquinho Flores de Goiás Assentamento São Vicente 07/12/2019 400 Assentados Guapó, Palmeiras de Goiás, Faz. Palmeiras/Assent. Canudos 02/01/2019 450 Assentados Campestre de Goiás Faz. Buriti/Corumbá Velho/Pré-Assent. Ipameri 30/04/2019 Assentados Ana Ferreira Faz. Buriti/Corumbá Velho/Pré-Assent. Ipameri 17/04/2019 Assentados Ana Ferreira Faz. Ouro Verde/Acamp. José Belmiro/ Catalão, Ipameri 20/09/2019 33 Sem Terra Olga Benário Faz. Buriti/Corumbá Velho/Pré-Assent. Ipameri 30/05/2019 25 Assentados Ana Ferreira Itaberaí Assentamento Dom Fernando 07/11/2019 54 Assentados Jaupaci Fazenda em Jaupaci 10/09/2019 46 Sem Terra Minaçu Comunidade do Carmo 10/12/2019 5Posseiros Com. Minas Boa Vista/Olaria/ Morro Agudo de Goiás 30/11/2019 30 Pequenos proprietários Mineradora Mosaic/CMOC Piranhas P. A. Nascente de São Domingos 30/08/2019 2 Assentados Faz. Itauna/Empresa Igarashi/Córrego Planaltina 31/10/2019 3 Assentados Lapinha Goiânia, Crixás, Formosa, Bom Jardim de Goiás, Goiás, Santa Helena Usina Santa Helena 10/09/2019 800 Sem Terra de Goiás, Mozarlândia, Rio Verde, Ipameri Silvânia Assent. São Sebastião da Garganta 07/12/2019 200 Sem Terra

Subtotal: 28 3226 Ocupações/Retomadas Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Faz. Agropastoril Dom Inácio "João de Anápolis 13/03/2019 100 Sem Terra Deus"

Subtotal: 1 100 Confitos noCampo Brasil 2019

Total conflitos por terra - Goiás: 29 3226 ÁGUA Conflitos pela Água Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação Uso e Diminuição do acesso à Iporá, Arenópolis P. A. José Elton da Silva/Rio Caiapó 30/08/2019 5 preservação Água Uso e Diminuição do acesso à Caiapônia Fazenda Nossa Senhora Aparecida 30/08/2019 preservação Água Com. Levantado/Salina/Belo/Córrego Apropriação Diminuição do acesso à Iaciara 18/09/2019 30 Brejo do Fogo Particular Água Faz. Buriti/Corumbá Velho/Pré-Assent. Uso e Destruição e ou Ipameri 17/04/2019 25 Ana Ferreira preservação poluição Comunidade João de Deus/Boa Vista Uso e Diminuição do acesso à Silvânia 07/12/2019 45 dos Macacos/Lajes/Santa Rita preservação Água

Subtotal: 5 105

Total dos Conflitos no Campo - Goiás: 34 Pessoas: 13324 Maranhão TERRA Conflitos por Terra Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Com. Quil. Araú Novo/Centro de Alcântara 27/05/2019 5 Quilombolas Lançamento de Alcântara Com. Quil. Vila Valdeci/Centro de Alcântara 27/05/2019 5 Quilombolas Lançamento de Alcântara Com. Quil. Porto do Aru/Centro de Alcântara 27/05/2019 2 Quilombolas Lançamento de Alcântara Com. Quil. Pacuri/Centro de Alcântara 27/05/2019 19 Quilombolas Lançamento de Alcântara Com. Quil. Mocajubal/Centro de Alcântara 27/05/2019 27 Quilombolas Lançamento de Alcântara Com. Quil. Galego/Centro de Alcântara 27/05/2019 13 Quilombolas Lançamento de Alcântara Com. Quil. Camarajó/Centro de Alcântara 27/05/2019 2 Quilombolas Lançamento de Alcântara Com. Quil. Vista Alegre/Centro de Alcântara 27/05/2019 32 Quilombolas Lançamento de Alcântara Com. Quil. Retiro/Centro de Alcântara 27/05/2019 3 Quilombolas Lançamento de Alcântara Com. Quil. Brito/Centro de Alcântara 27/05/2019 45 Quilombolas Lançamento de Alcântara Com. Quil. Itapera/Centro de Alcântara 27/05/2019 18 Quilombolas Lançamento de Alcântara Agrovila Só Assim/Centro de Alcântara 04/07/2019 Quilombolas Lançamento de Alcântara Com. Quil. Mamuninha/Centro de Alcântara 27/05/2019 4 Quilombolas Lançamento de Alcântara Agrovila Ponta Seca/Centro de Alcântara 04/07/2019 17 Quilombolas Lançamento de Alcântara Com. Quil. Canelatiua/Centro de Alcântara 27/05/2019 67 Quilombolas Lançamento de Alcântara Com. Quil. Mato Grosso/Centro de Alcântara 27/05/2019 7 Quilombolas Lançamento de Alcântara Agrovila Peru/Centro de Lançamento Alcântara 04/07/2019 123 Quilombolas de Alcântara Agrovila Pepital/Centro de Alcântara 04/07/2019 46 Quilombolas Lançamento de Alcântara Agrovila Cajueiro/Centro de Alcântara 04/07/2019 59 Quilombolas Lançamento de Alcântara Com. Quil. Santa Maria/Centro de Alcântara 27/05/2019 138 Quilombolas Lançamento de Alcântara Com. Quil. Folhal/Centro de Alcântara 27/05/2019 30 Quilombolas Lançamento de Alcântara Com. Quil. Mãe Eugênia/Centro de Alcântara 27/05/2019 2 Quilombolas Lançamento de Alcântara Com. Quil. Periaçu/Centro de Alcântara 27/05/2019 26 Quilombolas Lançamento de Alcântara 49

Com. Quil. São João de Cortes/Centro Alcântara 27/05/2019 151 Quilombolas de Lançamento de Alcântara Agrovila Espera/Centro de Alcântara 04/07/2019 13 Quilombolas Lançamento de Alcântara Com. Quil. Baracatatiua/Centro de Alcântara 27/05/2019 11 Quilombolas Lançamento de Alcântara Agrovila Marudá/Centro de Alcântara 04/07/2019 Quilombolas Lançamento de Alcântara Com. Quil. Águas Belas/Cema/Centro Alcântara 27/05/2019 2 Quilombolas de Lançamento de Alcântara Com. Quil. Tacaua/Centro de Alcântara 27/05/2019 5 Quilombolas Lançamento de Alcântara Com. Quil. Rio Verde/Centro de Alcântara 27/05/2019 5 Quilombolas Lançamento de Alcântara Com. Quil. Ponta d' Areia/Centro de Alcântara 27/05/2019 80 Quilombolas Lançamento de Alcântara Com. Quil. Canavieira/Centro de Alcântara 27/05/2019 5 Quilombolas Lançamento de Alcântara Com. Quil. Bom Viver/Centro de Alcântara 27/05/2019 8 Quilombolas Lançamento de Alcântara Com. Quil. Mamuna/Mamona/Centro Alcântara 27/05/2019 80 Quilombolas de Lançamento de Alcântara Pov. Gostoso, Barro I e II, Pati, Bom 25/12/2019 23 Posseiros Sucesso/TG Agroindústria Pov. Gostoso, Barro I e II, Pati, Bom Aldeias Altas 20/12/2019 Posseiros Sucesso/TG Agroindústria Alto Alegre do Maranhão Com. Arame 25/06/2019 16 Assentados , Junco do Com. Vilela/Gleba Campina 14/09/2019 Posseiros Maranhão, Amapá do Maranhão Boa Vista do Gurupi, Junco do Com. Vilela/Gleba Campina 30/07/2019 Posseiros Maranhão, Amapá do Maranhão Boa Vista do Gurupi, Junco do Com. Vilela/Gleba Campina 16/09/2019 100 Posseiros Maranhão, Amapá do Maranhão Boa Vista do Gurupi, Junco do Com. Vilela/Gleba Campina 23/08/2019 Posseiros Maranhão, Amapá do Maranhão Boa Vista do Gurupi, Junco do Com. Vilela/Gleba Campina 22/03/2019 Posseiros Maranhão, Amapá do Maranhão Amarante do Maranhão T. I. Governador 03/10/2019 164 Indígenas , Buriticupu, , , Amarante T. I. Arariboia/92 Aldeias/Etnias 18/01/2019 Indígenas do Maranhão, Pindaré-Mirim, Guajajara, Gavião e Guajá Arame Bom Jesus das Selvas, Buriticupu, Buritirana, Imperatriz, Amarante T. I. Arariboia/92 Aldeias/Etnias 30/09/2019 Indígenas do Maranhão, Pindaré-Mirim, Guajajara, Gavião e Guajá Arame Bom Jesus das Selvas, Buriticupu, Buritirana, Imperatriz, Amarante T. I. Arariboia/92 Aldeias/Etnias 01/11/2019 1329 Indígenas do Maranhão, Pindaré-Mirim, Guajajara, Gavião e Guajá Arame Amarante do Maranhão Comunidade Belo Monte 3 15/05/2019 35 Assentados Comunidade 26/02/2019 12 Posseiros Anapurus Buritizinho 07/08/2019 Posseiros Zé Doca, Centro Novo do Maranhão, Maranhãozinho, Araguanã, Araguanã, Centro do T. I. Alto Turiaçu 17/01/2019 360 Indígenas Guilherme, Santa Luzia do Paruá, Nova Olinda do Maranhão Araioses Pau Ferrado 07/08/2019 74 Posseiros Araioses Baixão da Subida 07/08/2019 Posseiros Araioses Baixão das Vassouras 07/08/2019 Posseiros Com. Capim Açu 27/04/2019 Posseiros Arari Com. Taboa/Búfalos 16/09/2019 Posseiros Arari Com. Igarapé do Arari/Búfalos 16/09/2019 Posseiros Arari Com. Félix/Búfalos 16/09/2019 Posseiros Arari Com. Juncal II/Búfalos 16/09/2019 Posseiros Com. Laranjeira Campo do Carmo I e Arari 27/04/2019 Posseiros II Arari Com. Boca de Mel 27/04/2019 Posseiros Arari Com. Moitas 27/04/2019 Posseiros Confitos noCampo Brasil 2019

Arari Cedro/Búfalos 28/02/2019 5 Posseiros Arari, São Luís Com. Flexeiras/Búfalos 13/09/2019 Posseiros Arari Com. Ilhota I/Búfalos 16/09/2019 Posseiros Arari Com. Flexal 27/04/2019 Posseiros Arari Com. Rabela/Búfalos 16/09/2019 Posseiros Arari Com. Estiva/Búfalos 16/09/2019 Posseiros Arari Povoado Mata 27/04/2019 Posseiros Arari Com. Mutum II 27/04/2019 Posseiros Arari Com. Passa Bem/Búfalos 16/09/2019 Posseiros Pov. Santa Quitéria e Pequi 30/09/2019 700 Posseiros Balsas P. A. Gado Bravinho 31/08/2019 21 Assentados Balsas Baixa Funda 18/12/2019 34 Posseiros , Fernando Falcão, T. I. Porquinhos 07/05/2019 169 Indígenas , Grajaú Andreza 07/08/2019 Posseiros Barreirinhas Rio Grande dos Lopes 07/08/2019 Posseiros Barreirinhas Passagem do Gado 07/08/2019 Posseiros Barreirinhas Jurubeba 07/08/2019 Posseiros Santo Amaro do Maranhão, Com. Tradicionais do Parque Nacional 26/02/2019 1375 Extrativistas Barreirinhas, dos Lençóis Maranhenses Barreirinhas Assentamento Mamede II 07/08/2019 60 Assentados Brejo Quilombo Alto Bonito 22/05/2019 Quilombolas Brejo Quilombo Alto Bonito 25/10/2019 46 Quilombolas Com. Quilombola Saco das Almas/Vila Buriti, Brejo 17/04/2019 1859 Quilombolas das Almas Buriti Areias 07/08/2019 Posseiros Buriti Comunidade Brejão 25/09/2019 30 Pescadores Buriti Povoado Carrancas 07/08/2019 12 Posseiros Com. Quilombola Barro Vermelho 07/08/2019 26 Quilombolas Chapadinha Pov. Sangue/Chapada do Sangue 07/08/2019 36 Posseiros Pov. Bem Feito/Faz. Chapada do Formosa da Serra Negra 05/07/2019 Posseiros Bacuri/Gl. São José/Data Alegre Pov. Bem Feito/Faz. Chapada do Formosa da Serra Negra 07/12/2019 12 Posseiros Bacuri/Gl. São José/Data Alegre Pov. Bem Feito/Faz. Chapada do Formosa da Serra Negra 01/11/2019 Posseiros Bacuri/Gl. São José/Data Alegre Pov. Bem Feito/Faz. Chapada do Formosa da Serra Negra 28/10/2019 Posseiros Bacuri/Gl. São José/Data Alegre Pov. Bem Feito/Faz. Chapada do Formosa da Serra Negra 24/10/2019 Posseiros Bacuri/Gl. São José/Data Alegre Pov. Bem Feito/Faz. Chapada do Formosa da Serra Negra 15/07/2019 Posseiros Bacuri/Gl. São José/Data Alegre Pov. Bem Feito/Faz. Chapada do Formosa da Serra Negra 29/03/2019 Posseiros Bacuri/Gl. São José/Data Alegre Pov. Bem Feito/Faz. Chapada do Formosa da Serra Negra 03/05/2019 Posseiros Bacuri/Gl. São José/Data Alegre Pov. Bem Feito/Faz. Chapada do Formosa da Serra Negra 20/05/2019 Posseiros Bacuri/Gl. São José/Data Alegre Pov. Bem Feito/Faz. Chapada do Formosa da Serra Negra 22/10/2019 Posseiros Bacuri/Gl. São José/Data Alegre Pov. Bem Feito/Faz. Chapada do Formosa da Serra Negra 22/09/2019 Posseiros Bacuri/Gl. São José/Data Alegre Pov. Bem Feito/Faz. Chapada do Formosa da Serra Negra 04/04/2019 Posseiros Bacuri/Gl. São José/Data Alegre Pov. Bem Feito/Faz. Chapada do Formosa da Serra Negra 29/06/2019 Posseiros Bacuri/Gl. São José/Data Alegre T. I. Bacurizinho/Aldeias Kamihaw Grajaú 03/10/2019 915 Indígenas Guajajara/Nazaré/Pedra/Planalto T. I. Cana Brava/Aldeias Coquinho/ Grajaú, Jenipapo dos , Barra Coquinho II/Ilha de São Pedro/Silvino/ 03/10/2019 Indígenas do Corda Mussun/Nova Vitoriano Grajaú, Itaipava do Grajaú T. I. Urucu-Juruá 03/10/2019 208 Indígenas T. I. Cana Brava/Aldeias Coquinho/ Grajaú, , Barra Coquinho II/Ilha de São Pedro/Silvino/ 07/12/2019 1127 Indígenas do Corda Mussun/Nova Vitoriano Igarapé do Meio Vila Diamante/P. A. Jutaí/Vale 27/04/2019 400 Assentados 51

Jenipapo dos Vieiras, Itaipava do T. I. Lagoa Comprida/Aldeias Leite/ 12/02/2019 Indígenas Grajaú Decente Jenipapo dos Vieiras, Itaipava do T. I. Lagoa Comprida/Aldeias Leite/ 07/12/2019 201 Indígenas Grajaú Decente Povoado Cheiroso 27/08/2019 20 Posseiros Itapecuru Mirim Com. Quilombola Colombo 19/12/2019 45 Quilombolas T. Q. Sta. Rosa dos Pretos/Barreira Itapecuru Mirim, , Funda/Alto São João e Outros/ 23/10/2019 800 Quilombolas São Luís Duplicação BR-135 do Maranhão Acamp. Marielle Franco 30/07/2019 152 Sem Terra Luís Domingues, São Luís Gleba Negra Velha 18/12/2019 50 Posseiros Comunidade Patos 30/04/2019 Pescadores Território Sesmaria do Jardim/ Matinha, São Luís 13/01/2019 65 Quilombolas Quilombo São Caetano Território Sesmaria do Jardim/ Matinha 13/01/2019 58 Quilombolas Quilombo Bom Jesus Matinha Povoado Salva Terra 02/08/2019 Pescadores Com. Tanque de Rodagem/São João/ Matões 02/04/2019 100 Quilombolas Faz. Castiça Matões do Norte Com. Quilombola Lago do Coco 24/09/2019 30 Quilombolas Matões do Norte Com. Quilombola Lago do Coco 09/07/2019 Quilombolas Milagres do Maranhão Borrachudo 07/08/2019 Posseiros Miranda do Norte T. Q. Joaquim Maria 28/10/2019 14 Quilombolas Amarante do Maranhão, Montes T. I. Krikati 12/06/2019 254 Indígenas Altos, Sítio Novo, Lajeado Novo Paço do Lumiar Parque Guarujá III 16/01/2019 100 Posseiros Com. Quilombola Cocalinho 02/04/2019 152 Quilombolas Parnarama, São Luís Pov. Guerreiro/Faz. Cana Brava 30/07/2019 Quilombolas Parnarama, São Luís Pov. Guerreiro/Faz. Cana Brava 04/08/2019 80 Quilombolas Comunidade Água Riquinha 28/08/2019 Posseiros Com. Quilombola Salgado/Território , Coroatá 14/11/2019 240 Quilombolas Aldeia Velha/11 Comunidades Com. Quilombola Salgado/Território Pirapemas, Coroatá 14/08/2019 Quilombolas Aldeia Velha/11 Comunidades Com. Quilombola Salgado/Território Pirapemas, Coroatá 31/07/2019 Quilombolas Aldeia Velha/11 Comunidades Santa Inês, Santa Inês Acampamento Bananal 23/07/2019 Sem Terra Santa Inês Com. Quilombola no Povoado Onça 08/11/2019 Quilombolas Santa Quitéria do Maranhão Vertentes 07/08/2019 80 Posseiros Santa Quitéria do Maranhão, Com. Quilombola Barra da Onça 07/08/2019 260 Quilombolas Santa Inês Santa Quitéria do Maranhão Com. Baixão da Coceira 07/08/2019 70 Posseiros Santa Quitéria do Maranhão Cabeceira da Tabatinga 07/08/2019 35 Posseiros Santa Rita Pov. Sítio do Meio 27/04/2019 45 Posseiros Santa Rita Com. Outeiro dos Pires 27/04/2019 120 Posseiros São Benedito do Rio Preto Santo Antônio 12/06/2019 53 Posseiros São Benedito do Rio Preto Faz. Guarimã/Data Cumbre 07/08/2019 12 Posseiros São José de Ribamar, São Luís Com. Tremembé do Engenho 05/06/2019 Indígenas São José de Ribamar, São Luís Com. Tremembé do Engenho 10/04/2019 Indígenas São José de Ribamar, São Luís Com. Tremembé do Engenho 06/09/2019 Indígenas São José de Ribamar, São Luís Com. Tremembé do Engenho 26/10/2019 Indígenas São José de Ribamar, São Luís Com. Tremembé do Engenho 30/07/2019 Indígenas São José de Ribamar, São Luís Com. Tremembé do Engenho 05/11/2019 60 Indígenas São José de Ribamar, São Luís Com. Tremembé do Engenho 02/09/2019 Indígenas São Luís Comunidade Cajueiro 09/05/2019 Assentados São Luís Com. Vila Maranhão 30/04/2019 50 Pequenos proprietários São Luís Comunidade Cajueiro 12/08/2019 500 Assentados São Luís Com. Residencial Natureza 25/09/2019 20 Posseiros São Luís Com. Residencial Natureza 04/07/2019 Posseiros São Luís Gonzaga do Maranhão Quilombo Monte Alegre 15/08/2019 Quilombolas São Luís Gonzaga do Maranhão Quilombo Monte Alegre 27/08/2019 200 Quilombolas São Luís Gonzaga do Maranhão Quilombo Monte Alegre 24/07/2019 Quilombolas São Luís, , Faz. Cipó Cortado/Rolete/Assent. Cipo Imperatriz, Amarante do 07/05/2019 140 Assentados Cortado Maranhão, João Lisboa Confitos noCampo Brasil 2019

São Luís, Serrano do Maranhão Com. Açude/Iteno/Vista Alegre 10/06/2019 Quilombolas São Luís, Serrano do Maranhão Com. Açude/Iteno/Vista Alegre 18/08/2019 32 Quilombolas Faz. São Raimundo/Pov. Santa Maria/ Jaqueira/Cavalo Morto/São Carlos/São 13/08/2019 Posseiros Lourenço/Poço do Boi Faz. São Raimundo/Pov. Santa Maria/ Timbiras Jaqueira/Cavalo Morto/São Carlos/São 30/03/2019 Posseiros Lourenço/Poço do Boi Faz. São Raimundo/Pov. Santa Maria/ Timbiras Jaqueira/Cavalo Morto/São Carlos/São 15/08/2019 Posseiros Lourenço/Poço do Boi Faz. São Raimundo/Pov. Santa Maria/ Timbiras Jaqueira/Cavalo Morto/São Carlos/São 19/08/2019 200 Posseiros Lourenço/Poço do Boi Belágua, Estiva do Cangati 07/08/2019 30 Posseiros Urbano Santos Comunidade São Raimundo 07/08/2019 36 Posseiros Urbano Santos Capãozinho 07/08/2019 Posseiros , São Bernardo, Cantanhede, Itapecuru Mirim, Com. Quilombola de Santa Maria 26/02/2019 80 Quilombolas Urbano Santos Urbano Santos Com. Santa Rosa/ 07/08/2019 60 Posseiros Viana, São Luís Pov. de Bahias/Santero/Povo Gamella 23/08/2019 250 Indígenas Zé Doca Povoado Centro do Totó 18/12/2019 Liderança Grajaú, Zé Doca, Turiaçu, Bom Jardim, São João do Carú, Área Indígena Awá - Guajá 17/01/2019 90 Indígenas Alto Alegre do Pindaré, Bom T. I. Caru 17/01/2019 100 Indígenas Jardim, São João do Carú , São Domingos do Azeitão, Formosa da Serra Negra, São Raimundo das Parque Estadual do Mirador 25/06/2019 260 Posseiros Mangabeiras, Fernando Falcão, Mirador, Loreto, São Félix de Balsas

Subtotal: 173 15342 Ocupações/Retomadas Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria São José de Ribamar, São Luís Com. Tremembé do Engenho 10/01/2019 60 Indígenas

Subtotal: 1 60

Total conflitos por terra - Maranhão: 174 15342 TRABALHO Trabalho Escravo Trab. na Município(s) Nome do Conflito Data Libertos Menores Tipo de Trabalho denúncia Balsas Pé de Pequi 30/12/2019 3 3 Carvoaria Bom Jesus das Selvas Fazenda do Pipi 17/04/2019 3 Roçagem juquira Buriti, Buriticupu Fazenda Minas Gerais 09/09/2019 22 Roçar juquira Fazenda Macapá/Agronegócios 07/03/2019 2 Catar raízes Fortaleza dos Nogueiras Fazenda Macapá 07/03/2019 22 29 1 Catar raízes Governador Edison Lobão Fazenda VL 01/03/2019 1 1 Pecuária Fazenda Maravilha 10/04/2019 6 5 1 Pecuária Roçagem juquira e Santa Luzia Fazenda Thâmia 13/05/2019 19 19 2 serviços gerais

Subtotal: 8 76

Total Conflitos Trabalhistas - Maranhão: 8 76 ÁGUA Conflitos pela Água Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação Tutóia, São Luís, Santo Amaro do Maranhão, Araioses, Alcântara, Vazamento de Óleo/Várias Uso e Destruição e ou 29/11/2019 1926 Barreirinhas, , Paulino Localidades Atingidas preservação poluição Neves 53

Forquilha I, II e III/Região do Matopiba/ Uso e Destruição e ou 22/11/2019 19 Ilha Veneza preservação poluição Uso e Território Pesqueiro no Rio Parnaíba 17/10/2019 Divergência preservação Rompimento da Barragem do Rio Barragens e Destruição e ou Pinheiro Pericumã/28 Com. Ribeirinhas 11/02/2019 Açudes poluição Atingidas Apropriação Impedimento de acesso Santa Helena Janubeira/Janaubeira/Bem Fica 31/08/2019 70 Particular à água

Subtotal: 5 2015

Total dos Conflitos no Campo - Maranhão: 187 Pessoas: 69504 Mato Grosso TERRA Conflitos por Terra Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Água Boa T.I. Areões/Xavante 28/08/2019 336 Indígenas Barão de Melgaço T. I. Baía dos Guató/Guató 10/01/2019 50 Indígenas Barão de Melgaço Comunidade Retiro de São Bento 09/02/2019 100 Pequenos proprietários Barra do Garças T.I. São Marcos/Xavante 01/03/2019 700 Indígenas Barra do Garças, General Carneiro T.I. Merure 01/03/2019 164 Indígenas Brasnorte T.I. Erikpatsá/Rikbaktsa 22/10/2019 169 Indígenas Brasnorte T.I. Manoki 06/09/2019 63 Indígenas Cuiabá, Brasnorte T.I. Irantxe/Manoki 06/09/2019 88 Indígenas Nova Xavantina, Campinápolis T. I. Parabubure/Xavante 20/08/2019 955 Indígenas Campo Novo do Parecis P. A. Rio Verde 28/05/2019 Assentados Campo Novo do Parecis P. A. Rio Verde 12/06/2019 107 Sem Terra Campo Novo do Parecis Fazenda Morro Azul 11/06/2019 48 Sem Terra Gaúcha do Norte, Canarana T. I. Pequizal do Naruvôtu 16/08/2019 17 Indígenas Castanheira Faz. Cristo Rey/Acamp. São Sebastião 17/04/2019 150 Sem Terra Chapada dos Guimarães Gleba/Assent. Jangada Roncador 19/04/2019 278 Assentados Colniza, Aripuanã Resex Guariba-Roosevelt 28/02/2019 Extrativistas Área da Cooper-Roosevelt/P. A Colniza 04/09/2019 Posseiros Taquaruçu do Norte Área da Cooper-Roosevelt/P. A Colniza 09/09/2019 630 Posseiros Taquaruçu do Norte Faz. Bauru/Magali/Acamp. Gleba Colniza 12/01/2019 Posseiros União Faz. Bauru/Magali/Acamp. Gleba Colniza 19/02/2019 Posseiros União Faz. Bauru/Magali/Acamp. Gleba Colniza 15/01/2019 Posseiros União Área da Cooper-Roosevelt/P. A Colniza 19/04/2019 Posseiros Taquaruçu do Norte Faz. Bauru/Magali/Acamp. Gleba Colniza 02/04/2019 Posseiros União Faz. Bauru/Magali/Acamp. Gleba Colniza 05/01/2019 Posseiros União Colniza, Aripuanã Resex Guariba-Roosevelt 31/03/2019 300 Extrativistas Faz. Bauru/Magali/Acamp. Gleba Colniza 24/06/2019 Posseiros União Faz. Bauru/Magali/Acamp. Gleba Colniza 28/09/2019 340 Posseiros União Comodoro, Pontes e Lacerda T.I. Sararé/Pirineus de Souza 04/12/2019 47 Indígenas Comodoro, Pontes e Lacerda T.I. Sararé/Pirineus de Souza 12/06/2019 Indígenas Comodoro, Colniza T. I. Kawahiva do Rio Pardo 25/02/2019 17 Indígenas Comodoro Agromehl Agropecuária S/A 15/05/2019 110 Sem Terra Confresa P.A. Independente I 19/08/2019 279 Assentados Cotriguaçu P. A. Juruena 30/06/2019 Assentados Cotriguaçu P. A. Juruena 01/08/2019 Assentados Cotriguaçu Fazenda Pau D'alho 20/09/2019 247 Sem Terra Cotriguaçu P. A. Juruena 08/08/2019 468 Assentados Faz. em Feliz Natal/Assoc. dos Trab. Feliz Natal 01/08/2019 200 Sem Terra Rurais Vale do Rio Ferro Confitos noCampo Brasil 2019

Tabaporã, Apiacás, Nova Canaã do T. I. Batelão/Apiacá- Kayabi/Ald. 17/09/2019 38 Indígenas Norte, Juara, Paranaíta Kururuzinho//Muruvi/Dinossauro Juína Gleba Rio Verde/Fazenda Esmeralda 24/09/2019 30 Sem Terra Cuiabá, Juína Faz. Tarciana/Assent. Vale do Juinão 18/03/2019 133 Assentados Nortelândia, Diamantino Faz. Barreirão/P.A. Raimundo Rocha 26/11/2019 150 Sem Terra Cuiabá, Nossa Senhora do Sesmaria Boa Vida/Quilombo Mata 01/11/2019 418 Quilombolas Livramento Cavalo/Mutuca Com. Quilombola Jacaré de Cima/dos Nossa Senhora do Livramento 18/09/2019 20 Quilombolas Pretos Cuiabá, Nossa Senhora do Sesmaria Boa Vida/Quilombo Mata 01/10/2019 Quilombolas Livramento Cavalo/Mutuca Com. de Brejal e outras/VM Nossa Senhora do Livramento 14/10/2019 54 Pequenos proprietários Mineração Com. de Brejal e outras/VM Nossa Senhora do Livramento 01/10/2019 Pequenos proprietários Mineração Nova Bandeirantes Gleba Japuranã/Faz. Japuranã 10/05/2019 382 Sem Terra Faz. Acaraí e Matrinchã/Madeireira Nova Bandeirantes 10/05/2019 43 Sem Terra Juara/Gl. Japuranã Nova Ubiratã, Paranatinga, Marcelândia, Canarana, Gaúcha Parque Indígena do Xingu 15/05/2019 1875 Indígenas do Norte, São Félix do Araguaia, Feliz Natal, Querência Nova Ubiratã, Paranatinga, Marcelândia, Canarana, Gaúcha Parque Indígena do Xingu 30/04/2019 Indígenas do Norte, São Félix do Araguaia, Feliz Natal, Querência Faz. Araúna/Acamp. Boa Esperança/ Novo Mundo 28/09/2019 Sem Terra Gl. Nhandu Gl. Nhandú/Faz. Recanto/5 Estrelas/ Novo Mundo 11/10/2019 141 Sem Terra PDS Nova Conquista II Faz. Araúna/Acamp. Boa Esperança/ Novo Mundo 31/10/2019 162 Sem Terra Gl. Nhandu Gl. Nhandú/Faz. Recanto/5 Estrelas/ Novo Mundo 09/05/2019 Sem Terra PDS Nova Conquista II Gl. Nhandú/Faz. Recanto/5 Estrelas/ Novo Mundo 16/07/2019 Assentados PDS Nova Conquista II Paranaíta Fazenda Vitória 05/03/2019 129 Sem Terra Paranaíta Assentamento São Pedro II 25/02/2019 32 Sem Terra Paranatinga Fazenda Itália/Capital 28/02/2019 260 Sem Terra Paranatinga, Planalto da Serra T.I. Bakairi/Aldeia Pakuera/Paxola 07/11/2019 184 Indígenas Peixoto de Azevedo Fazenda Serra Dourada II 04/11/2019 150 Sem Terra Peixoto de Azevedo Fazenda Serra Dourada II 17/04/2019 Sem Terra Nova Guarita, Colíder, Peixoto de Gleba do Gama/Lt.12/P. A. Renascer 29/07/2019 39 Posseiros Azevedo Poconé, Nossa Senhora do Com. Quilombola São Gonçalo II 29/04/2019 19 Quilombolas Livramento Poxoréo, Rondonópolis T.I. Jarudore/Bóe-Bororo/Aldeia Nova 31/07/2019 25 Indígenas Poxoréo, Rondonópolis T.I. Jarudore/Bóe-Bororo/Aldeia Nova 28/06/2019 Indígenas Primavera do Leste Área pública em Primavera do Leste 19/03/2019 120 Sem Terra Santa Terezinha, Confresa T. I. Urubu Branco/Tapirapé 31/07/2019 Indígenas Santa Terezinha, Confresa, Vila Gl. Reunidas II/Faz. Santa Terezinha/ 01/07/2019 300 Sem Terra Rica Assoc. Novo Horizonte Santa Terezinha, Confresa T. I. Urubu Branco/Tapirapé 19/08/2019 200 Indígenas Santa Terezinha, Confresa T. I. Urubu Branco/Tapirapé 10/05/2019 Indígenas Santo Afonso Fazenda Lagoa Bonita 24/01/2019 2000 Sem Terra Santo Antônio do Leste T.I. Ubawawe/Xavante 29/08/2019 Indígenas Santo Antônio do Leste T.I. Ubawawe/Xavante 12/09/2019 100 Indígenas Santo Antônio do Leverger T.I. Tereza Cristina 02/08/2019 127 Indígenas Santo Antônio do Leverger T.I. Tereza Cristina 21/03/2019 Indígenas Cuiabá, São Félix do Araguaia, T. I. Marãiwatsedé/Xavante/Faz. Suiá- Bom Jesus do Araguaia, Alto Boa 20/08/2019 225 Indígenas Missu Vista Cuiabá, São Félix do Araguaia, T. I. Marãiwatsedé/Xavante/Faz. Suiá- Bom Jesus do Araguaia, Alto Boa 21/01/2019 Indígenas Missu Vista Cuiabá, São Félix do Araguaia, T. I. Marãiwatsedé/Xavante/Faz. Suiá- Bom Jesus do Araguaia, Alto Boa 09/02/2019 Indígenas Missu Vista 55

Cuiabá, São Félix do Araguaia, T. I. Marãiwatsedé/Xavante/Faz. Suiá- Bom Jesus do Araguaia, Alto Boa 08/07/2019 Indígenas Missu Vista Tangará da Serra T.I Pareci/Faz.Valter Dantas 20/08/2019 230 Indígenas Assent. Antônio Conselheiro/Faz. Tangará da Serra 22/05/2019 877 Assentados Tapirapuã Conquista D'Oeste, Vila Bela da T.I. Paukalirajausu 12/06/2019 29 Indígenas Santíssima Trindade, Nova Lacerda Água Boa, Barra do Garças, T. I. Pimentel Barbosa/Xavante 20/08/2019 1000 Indígenas Ribeirão Cascalheira, Canarana

Subtotal: 83 15355 Ocupações/Retomadas Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Campo Novo do Parecis Fazenda Morro Azul 28/02/2019 48 Sem Terra Campo Novo do Parecis P. A. Rio Verde 31/01/2019 107 Sem Terra Cotriguaçu Fazenda Pau D'alho 31/10/2019 247 Sem Terra

Subtotal: 3 402

Total conflitos por terra - Mato Grosso: 86 15346 TRABALHO Trabalho Escravo Trab. na Município(s) Nome do Conflito Data Libertos Menores Tipo de Trabalho denúncia Barra do Garças Assentamento Brilhante 05/12/2019 2 2 Pecuária Faz. Sonho Mineiro/Gleba Cruzeiro do Itaúba 25/04/2019 2 2 Pecuária Sul Reserva do Cabaçal Fazenda do Itamar 22/05/2019 3 3 1 Pecuária Santa Carmem Fazenda Santa Rita 18/10/2019 7 7 Soja Carvoaria Juscelino/Carvoaria do União do Sul 05/11/2019 2 2 Extração de madeira Antônio

Subtotal: 5 16

Total Conflitos Trabalhistas - Mato Grosso: 5 16 ÁGUA Conflitos pela Água Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação Com. Fátima do São Lourenço/PCH Barragens e Não cumprimento de Juscimeira 11/04/2019 José Fernandes Açudes procedimentos legais PCHs no Rio Teles Pires/PAC/UHE São Barragens e Diminuição do acesso à Sinop, Paranaíta, Juara 22/07/2019 221 Manoel Açudes Água Uso e Destruição e ou Santo Antônio do Leverger Com. de Nova e Itapeva 05/06/2019 20 preservação poluição UHE Sinop/Colônia de Pescadores Barragens e Destruição e ou Sinop 05/02/2019 70 Z-16/PAC Açudes poluição

Subtotal: 4 311

Total dos Conflitos no Campo - Mato Grosso: 95 Pessoas: 62644 Mato Grosso do Sul TERRA Conflitos por Terra Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Nhanderu Marangatu/Fronteira/Morro Campo Grande, Antônio João, Alto/Ita BSB/Pequiri Sta. Creuza/ 21/10/2019 150 Indígenas Mundo Novo, Dourados Primavera/Pedro/Barra/Soberania Aquidauana Faz. Água Branca/Território Agachi 01/08/2019 200 Indígenas Miranda, Aquidauana, Campo Faz. Esperança/T. I. Taunay Ipegue 02/03/2019 78 Indígenas Grande Faz. Yvu/Ivu/Tekoha Torapaso/Kunumi Aquidauana, Caarapó Poty Vera/T. I. Dourados Amambai 30/08/2019 40 Indígenas Peguá Caarapó T. I. Guyraroká 12/08/2019 32 Indígenas Confitos noCampo Brasil 2019

Caarapó T. I. Guyraroká 06/03/2019 Indígenas Faz. Santa Maria/Tekoha Toropaso/T. I. Caarapó 30/08/2019 24 Indígenas Dourados Amambai Peguá Caarapó T. I. Guyraroká 09/08/2019 Indígenas T. I. Pindo Roky/Itaguá/Retomada das Caarapó Mães/Faz. Novilho/Nhandeva/T. I. 30/08/2019 150 Indígenas Dourados Amambai Peguá Caarapó T. I. Guyraroká 09/05/2019 Indígenas Campo Grande Faz. Matinha/Acamp. Matinho 08/01/2019 45 Posseiros Corumbá Com. Porto Esperança 11/11/2019 62 Ribeirinhos Dois Irmãos do Buriti Acamp. às Margens da BR-262 30/04/2019 300 Sem Terra Dourados Acamp. Nhu Vera/Ñu Vera 12/09/2019 Indígenas Retomadas Avae’te e Aratikuty/ Dourados Imediações das Aldeias Bororo e 12/10/2019 Indígenas Jaguapiru Retomadas Avae’te e Aratikuty/ Dourados Imediações das Aldeias Bororo e 02/11/2019 Indígenas Jaguapiru Dourados Acamp. Nhu Vera/Ñu Vera 23/07/2019 Indígenas Dourados Acamp. Nhu Vera/Ñu Vera 24/07/2019 Indígenas Dourados Acamp. Nhu Vera/Ñu Vera 29/07/2019 Indígenas Aldeias Bororo e Jaguapiru/Reserva Campo Grande, Dourados 08/07/2019 3755 Indígenas Indígena Dourados Dourados Acamp. Nhu Vera/Ñu Vera 11/09/2019 Indígenas Dourados Acamp. Nhu Vera/Ñu Vera 05/11/2019 45 Indígenas Retomadas Avae’te e Aratikuty/ Dourados Imediações das Aldeias Bororo e 05/11/2019 30 Indígenas Jaguapiru Com. Apyka'y/Acamp. na BR-463/Km Dourados 26/05/2019 5 Indígenas 10/Próximo à Faz. Serrana Iguatemi, Japorã Faz. Glassuri/T. I. Ivy Katu 01/03/2019 115 Indígenas Iguatemi, Japorã Faz. Mato Sujo/T. I. Ivy Katu 01/03/2019 102 Indígenas Iguatemi, Japorã Faz. São Miguel/T. I. Ivy Katu 01/03/2019 103 Indígenas Iguatemi, Japorã Faz. Chaparral/T. I. Ivy Katu 01/03/2019 250 Indígenas Iguatemi, Japorã Faz. Paloma/T. I. Ivy Katu 01/03/2019 105 Indígenas Iguatemi, Japorã Faz. São José/T. I. Ivy Katu 01/03/2019 30 Indígenas Japorã Faz. Remanso Guaçu/T. I. Ivy Katu 30/08/2019 250 Indígenas Jardim Fazenda Roça Grande 27/03/2019 Indígenas Paranhos T. I. Arroio Korá/Proteiro Corá 22/04/2019 101 Indígenas Faz. Sto. Antônio da Nova Esperança/ Rio Brilhante 01/04/2019 45 Indígenas Com. Laranjeira Nhanderu Douradina, Itaporã, Dourados, T. I. Panambi/Acamp. Guyra Kambi’y/ 14/06/2019 20 Indígenas Campo Grande Gwyrakambiy

Subtotal: 35 6037 Ocupações/Retomadas Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Aquidauana Faz. Água Branca/Território Agachi 01/08/2019 200 Indígenas Área na Região do Bolsão/Complexo Inocência 13/05/2019 150 Sem Terra Faz. Barraca e Sabiá

Subtotal: 2 350

Total conflitos por terra - Mato Grosso do Sul: 37 6187 TRABALHO Trabalho Escravo Trab. na Município(s) Nome do Conflito Data Libertos Menores Tipo de Trabalho denúncia Aquidauana Fazenda Copabana 10/09/2019 9 9 Pecuária Bela Vista Carvoaria na Fazenda Roseira 15/07/2019 1 Carvoaria Bela Vista Fazenda Boa Vista 15/10/2019 7 7 Extração de madeira Caracol Faz. Rodoserv IV/Faz. Rubi 03/10/2019 6 6 Pecuária Corguinho Fazenda em Corguinho 08/08/2019 6 Pecuária Porto Murtinho Fazenda Nova Paradouro 30/12/2019 9 9 Pecuária Rochedo Fazenda São Judas Tadeu 11/04/2019 6 6 Carvoaria 57

Subtotal: 7 44

Total Conflitos Trabalhistas - Mato Grosso do Sul: 7 44 ÁGUA Conflitos pela Água Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação Uso e Diminuição do acesso à Amambai, Aquidauana Aldeia Limão Verde 05/03/2019 preservação Água Hidrelétrica Porto Primavera/Sérgio Barragens e Não cumprimento de Anaurilândia 15/05/2019 Motta Açudes procedimentos legais Uso e Diminuição do acesso à Corumbá Com. Antônio Maria Coelho 16/05/2019 preservação Água Com. Porto dos Bispos/Assoc. de Barragens e Sonora Ribeirinhos do Rio Correntes/UHE 19/06/2019 200 Destruição e ou poluição Açudes Ponte de Pedra

Subtotal: 4 200

Total dos Conflitos no Campo - Mato Grosso do Sul: 48 Pessoas: 25592 Minas Gerais TERRA Conflitos por Terra Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Fazenda Rio Preto 28/05/2019 12 Sem Terra Faz. São Francisco/Acamp. Princesa Almenara 05/07/2019 300 Sem Terra do Vale Faz. São Francisco/Acamp. Princesa Almenara 28/02/2019 Sem Terra do Vale Com. Quilombola dos Luízes/ Belo Horizonte, 01/10/2019 30 Quilombolas Construtora Patrimar Com. Quilombola Vila Teixeira Soares/ Belo Horizonte 30/06/2019 16 Quilombolas Bairro Santa Tereza , Chapada do Várias Comunidades Quilombolas do Norte, , , 05/11/2019 60 Quilombolas , Com. Parque da Cachoeira/Romp. da Belo Horizonte, Brumadinho 25/01/2019 15 Pequenos proprietários Barragem Mina do Feijão/Vale Belo Horizonte, , Faz. Ariadnópolis/Assent. Quilombo 19/07/2019 450 Sem Terra Santo Antônio do Amparo Campo Grande Faz. Piripa Campo Limpo/Us. Canápolis 11/10/2019 55 Trabalhador Rural Triaálcool/Grupo João Lyra Faz. Germina/Us. Triaálcool/Grupo Canápolis 11/10/2019 55 Trabalhador Rural João Lyra Faz. Norte América/Acamp. Recanto , Capitão Enéas 29/01/2019 Sem Terra das Águias Faz. Norte América/Acamp. Recanto Montes Claros, Capitão Enéas 11/12/2019 140 Sem Terra das Águias Faz. Norte América/Acamp. Recanto Montes Claros, Capitão Enéas 23/01/2019 Sem Terra das Águias , Montes Claros, , Pirapora, Contagem, Almenara, , Santo Antônio Acamp.Terra Prometida/Nova Alegria/ do Amparo, Uberlândia, Frei 10/11/2019 56 Sem Terra Aliança Inocêncio, Governador Valadares, Belo Horizonte, Jequitinhonha, Teófilo Otoni Acamp. Beira Rio/Us. Destilaria Rio Fronteira 15/09/2019 Sem Terra Grande S/A Acamp. Beira Rio/Us. Destilaria Rio Fronteira 28/12/2019 138 Sem Terra Grande S/A Grão Mogol, Josenópolis, Belo Faz. Rio Rancho/Buriti Pequeno/Com. 03/07/2019 Geraizeiro Horizonte Geraizeiros do Vale das Cancelas Grão Mogol, Josenópolis, Belo Faz. Rio Rancho/Buriti Pequeno/Com. 20/10/2019 230 Geraizeiro Horizonte Geraizeiros do Vale das Cancelas Com. Quil. da Lapinha/Faz. Lagoa da , Montes Claros 19/07/2019 170 Quilombolas Lapinha Matias Cardoso, Montalvânia, Belo Faz. 3J Mata do Japoré/Com. Olaria 09/07/2019 52 Sem Terra Horizonte, Miravânia Barra do Mirador Confitos noCampo Brasil 2019

Matias Cardoso, Montalvânia, Belo Faz. 3J Mata do Japoré/Com. Olaria 25/01/2019 Sem Terra Horizonte, Miravânia Barra do Mirador Com. dos Mendes 10/ MIneradora Muriaé 01/11/2019 6 Pequenos proprietários CBA Paracatu Fazenda Paiol 10/07/2019 96 Sem Terra Pedras de Maria da Cruz Fazenda Arapuim 04/07/2019 300 Posseiros Faz. Sta. Bárbara/Acamp. Bela Vista/ 21/07/2019 30 Sem Terra Replasa Área de Valderce e Francisco/GAR 30/06/2019 1 Pequenos proprietários Mineração Com. Exp. Imp. S.A. Sabinópolis Com. Quilombola Córrego Mestre 04/07/2019 52 Quilombolas Com. Cabeceira do Piabanha 09/05/2019 Extrativistas Salto da Divisa Com. Cabeceira do Piabanha 27/11/2019 Extrativistas Salto da Divisa Com. Cabeceira do Piabanha 09/12/2019 8 Extrativistas Com. São Pedro/Mineradora ZMM 27/08/2019 Pequenos proprietários Uberlândia Fazenda Sobradinho 22/07/2019 34 Sem Terra

Subtotal: 32 2306 Ocupações/Retomadas Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Abadia dos Dourados Fazenda Rio Preto 07/03/2019 12 Sem Terra Jenipapo de Minas, Chapada do Várias Comunidades Quilombolas do Norte, Minas Novas, Berilo, 05/11/2019 60 Quilombolas Jequitinhonha Coronel Murta, Virgem da Lapa

Subtotal: 2 72

Total conflitos por terra - Minas Gerais: 34 2306 TRABALHO Trabalho Escravo Trab. na Município(s) Nome do Conflito Data Libertos Menores Tipo de Trabalho denúncia Fazenda Agrícola Minas Norte 07/10/2019 47 42 Feijão Fazenda Alvorada do Campo 11/08/2019 51 51 2 Café Coração de Jesus Fazenda Alvação 11/02/2019 6 6 Carvoaria Córrego Danta Fazenda Fetais 07/01/2019 4 4 Carvoaria Diamantina Fazenda Riacho das Varas 20/03/2019 6 6 Carvoaria Grão Mogol Fazendas São Francisco/Lamarão 09/07/2019 4 4 Carvoaria Grão Mogol Fazenda Ribeirão Santana 11/02/2019 3 3 Carvoaria Grão Mogol Fazenda Ribeirão das Piabanhas 11/02/2019 3 3 Carvoaria Fazenda Santa Maria e São Ibiá 12/11/2019 32 10 Carvoaria Bartolomeu Ibiá Fazenda Campo Alegre 12/11/2019 3 3 Carvoaria Jacutinga Fazenda Nova Fronteira 30/12/2019 4 4 Café Fazenda Sapé 23/04/2019 10 10 Eucalipto Ninheira Carvoarias na Fazenda Tamboril 23/04/2019 23 23 1 None Fazenda Santa Fé 18/06/2019 17 17 Café Cond. Empregadores Rurais Santa Paracatu 03/05/2019 67 67 1 Milho Maria Paracatuzinho Patrocínio Fazenda Chapadão dos Borges 31/07/2019 12 12 Carvoaria Faz. da Onça/Atoleiro 30/09/2019 10 10 Eucalipto Fazenda Urucaia 25/05/2019 18 18 Café Santa Rosa da Serra Faz. Aliança/Pov. do Cardoso 11/08/2019 8 8 Café São Roque de Minas Faz. Cardão e Três Barras 30/09/2019 7 7 Eucalipto São Roque de Minas Faz. Cardão e Três Barras 22/09/2019 21 7 Carvoaria Fazenda Curvel 22/10/2019 16 13 Carvoaria Tapira Fazenda Tamboril/Seara 12/07/2019 5 5 Carvoaria Turvolândia Faz. Varginha/Sítio Sonho Meu 04/07/2019 7 7 Café Agrocol Agropecuária Comércio e 30/12/2019 8 6 Eucalipto Participações Ltda

Subtotal: 25 392

Total Conflitos Trabalhistas - Minas Gerais: 25 392 59

ÁGUA Conflitos pela Água Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação Com. Goiabeira/Rompimento da Uso e Não cumprimento de Barragem da Samarco/Vale/BHP 04/06/2019 25 preservação procedimentos legais Billiton Com. Sto. Antônio do Rio Doce e Uso e Não cumprimento de Aimorés Outros/Rompimento da Barragem da 18/09/2019 preservação procedimentos legais Samarco/Vale/BHP Billiton Uso e Não cumprimento de Alfenas Colônia de Pescadores de Alfenas 14/02/2019 365 preservação procedimentos legais Com. Ribeirinha de / Uso e Não cumprimento de Alpercata Rompimento da Barragem da 18/09/2019 preservação procedimentos legais Samarco/Vale/BHP Billiton Com. Socorro/Barragem Sul Superior/ Uso e Ameaça de Barão de Cocais, Santa Bárbara 08/02/2019 125 Mina Gongo Soco/Vale preservação expropriação Com. de Mandioca/Rompimento da Uso e Barragem da Samarco/Val/BHP 18/09/2019 20 Não reassentamento preservação Billiton Com. Floresta/Rompimento da Uso e Barra Longa Barragem Fundão/Samarco/Vale/BHP 18/09/2019 Não reassentamento preservação Billiton Com. Ribeirinha de Barra Longa/ Uso e Barra Longa Rompimento da Barragem da 10/02/2019 136 Divergência preservação Samarco/Vale/BHP Billiton Com. Ocidente/Rompimento da Uso e Não cumprimento de Barra Longa Barragem Fundão/Samarco/Vale/BHP 18/09/2019 preservação procedimentos legais Billiton Com. Vista Alegre/Rompimento da Uso e Não cumprimento de Barra Longa Barragem Fundão/Samarco/Vale/BHP 18/09/2019 preservação procedimentos legais Billiton Com. Tanque/Rompimento da Uso e Não cumprimento de Barra Longa Barragem Fundão/Samarco/Vale/BHP 18/09/2019 preservação procedimentos legais Billiton Com. de Gesteira/Rompimento da Uso e Não cumprimento de Barra Longa Barragem da Samarco-Vale-BHP 18/09/2019 20 preservação procedimentos legais Billiton Com. Onça/Rompimento da Barragem Uso e Barra Longa 18/09/2019 Não reassentamento Fundão/Samarco/Vale/BHP Billiton preservação Com. Apago Fogo/Rompimento da Uso e Não cumprimento de Barra Longa Barragem Fundão/Samarco/Vale/BHP 18/09/2019 preservação procedimentos legais Billiton Com. Jurumirim/Rompimento da Uso e Não cumprimento de Barra Longa Barragem Fundão/Samarco/Vale/BHP 18/09/2019 preservação procedimentos legais Billiton Com. São Gonçalo/Rompimento da Uso e Barra Longa Barragem Fundão/Samarco/Vale/BHP 18/09/2019 Não reassentamento preservação Billiton Com. Corvinas/Rompimento da Uso e Não cumprimento de Barra Longa Barragem Fundão/Samarco/Vale/BHP 18/09/2019 preservação procedimentos legais Billiton Com. Barreto/Rompimento da Uso e Barra Longa Barragem Fundão/Samarco/Vale/BHP 18/09/2019 Não reassentamento preservação Billiton Com. Capela Velha/Rompimento da Uso e Não cumprimento de Barra Longa Barragem Fundão/Samarco/Vale/BHP 27/12/2019 preservação procedimentos legais Billiton Com. Ribeirinha de / Uso e Não cumprimento de Belo Horizonte, Belo Oriente Rompimento da Barragem da 26/08/2019 200 preservação procedimentos legais Samarco/Vale/BHP Billiton Com. Rural dos Pintos/Rio / Uso e Destruição e ou 19/03/2019 25 Complexo Maré/Vale preservação poluição Com. Quil. Boa Morte/Rio Paraopeba/ Uso e Destruição e ou Belo Vale 04/02/2019 Complexo Maré/Vale preservação poluição Com. Quil. Chacrinha dos Pretos e Uso e Destruição e ou Belo Vale Boa Sorte/Romp. Barragem Mina do 25/01/2019 60 preservação poluição Feijão/Vale Com. Rural dos Pintos/Rio Paraopeba/ Uso e Destruição e ou Belo Vale 04/02/2019 Complexo Maré/Vale preservação poluição Com. Ribeirinha de Citrolândia/ Uso e Destruição e ou Colônia Santana/Romp. da Barragem 25/01/2019 preservação poluição Mina do Feijão/Vale Confitos noCampo Brasil 2019

Faz. /Vinhático/Acamp. 2 Uso e Destruição e ou Belo Horizonte, Betim, Juatuba de Julho/Romp. da Barragem Mina do 25/01/2019 50 preservação poluição Feijão/Vale Com. Rural do Cruzeiro/Romp.da Uso e Destruição e ou Betim 25/01/2019 Barragem Mina do Feijão preservação poluição Colônia Vila Izabel/Romp. da Uso e Destruição e ou Betim 25/01/2019 Barragem Mina do Feijão preservação poluição Com. de / Uso e Não cumprimento de Bom Jesus do Galho Rompimento da Barragem da 18/09/2019 preservação procedimentos legais Samarco/Vale/BHP Billiton Com. Tejuco/Romp. da Barragem Mina Uso e Destruição e ou Brumadinho 25/01/2019 do Feijão/Vale preservação poluição Com. Quil. Ribeirão/Rompimento da Uso e Destruição e ou Brumadinho 25/01/2019 Barragem Mina do Feijão/Vale preservação poluição Com.Quil. Sesmaria/Romp. da Uso e Destruição e ou Brumadinho 25/10/2019 Barragem Mina do Feijão/Vale preservação poluição Com. Quil. Córrego do Feijão/Romp. Uso e Destruição e ou Brumadinho 25/01/2019 Barragem Mina do Feijão/Vale preservação poluição Com. Quil. Marinhos/Romp. Barragem Uso e Destruição e ou Brumadinho 25/01/2019 80 Mina do Feijão/Vale preservação poluição Sítio no Distrito Córrego do Feijão/ Uso e Destruição e ou Brumadinho 01/02/2019 1 Mineração Ibireté Ltda preservação poluição Com. Quil. Maçangano/Romp. da Uso e Destruição e ou Brumadinho 25/01/2019 Barragem Mina do Feijão/Vale preservação poluição Com. Quil. Sapé/Romp. Barragem Uso e Destruição e ou Brumadinho 25/01/2019 50 Mina do Feijão/Vale preservação poluição Mariana, Montes Claros, Januária, Juatuba, Brumadinho, , Com. Córrego do Feijão/Rompimento Uso e Destruição e ou 25/01/2019 350 Governador Valadares, , da Barragem Mina do Feijão/Vale preservação poluição Belo Horizonte, Mário Campos Com. Quil. Rodrigues/Rompimento da Uso e Destruição e ou Brumadinho 25/01/2019 Barragem Mina do Feijão/Vale preservação poluição Com. Rural Caju/Romp. da Barragem Uso e Destruição e ou Brumadinho 09/12/2019 Mina do Feijão preservação poluição Com. Rural de Pires/Romp. da Uso e Destruição e ou Brumadinho 25/01/2019 70 Barragem Mina do Feijão preservação poluição Com. Rural de Cantagalo/Romp. da Uso e Destruição e ou Brumadinho 25/01/2019 Barragem Mina do Feijão preservação poluição Com. Rural Ponte das Almorreimas/ Uso e Destruição e ou Brumadinho 25/01/2019 Romp. da Barragem Mina do Feijão preservação poluição Com. Rural Ponte das Almorreimas/ Uso e Destruição e ou Brumadinho 09/12/2019 200 Romp. da Barragem Mina do Feijão preservação poluição Com. Rural Caju/Romp. da Barragem Uso e Destruição e ou Brumadinho 25/01/2019 Mina do Feijão preservação poluição Com. Rural Toca de Cima/Romp. da Uso e Destruição e ou Brumadinho 25/01/2019 Barragem Mina do Feijão preservação poluição Com. Rural Toca de Cima/Romp. da Uso e Destruição e ou Brumadinho 09/12/2019 Barragem Mina do Feijão preservação poluição Com. Rural Guaribas/Romp. da Uso e Destruição e ou Brumadinho 25/01/2019 Barragem Mina do Feijão preservação poluição Com. Rural Guaribas/Romp. da Uso e Destruição e ou Brumadinho 09/12/2019 Barragem Mina do Feijão preservação poluição Uso e Destruição e ou Brumadinho Assentamento Pastorinhas 25/01/2019 200 preservação poluição Com. Ribeirinha de / Uso e Não cumprimento de Bugre Rompimento da Barragem da 18/09/2019 preservação procedimentos legais Samarco/Vale/BHP Billiton Com. de /Rompimento da Uso e Não cumprimento de Caratinga Barragem da Samarco/Vale/BHP 18/09/2019 200 preservação procedimentos legais Billiton Com. Ribeirinha de / Uso e Não cumprimento de Conselheiro Pena Rompimento da Barragem da 04/04/2019 preservação procedimentos legais Samarco/Vale/BHP Billiton Com. Ribeirinha de Coronel Uso e Não cumprimento de Fabriciano/Rompimento da Barragem 18/09/2019 preservação procedimentos legais da Samarco/Vale/BHP Billiton Com. Ribeirinha de Córrego Novo/ Uso e Não cumprimento de Córrego Novo Rompimento da Barragem da 18/09/2019 preservação procedimentos legais Samarco/Vale/BHP Billiton Uso e Diminuição do acesso à Cristália Reas. Santa Cruz II/UHE Irapé 09/09/2019 35 preservação Água Uso e Diminuição do acesso à Cristália Reas. Santa Cruz I/UHE Irapé 09/09/2019 35 preservação Água 61

Com. de Cachoeira do Choro/Romp. Uso e Destruição e ou 20/04/2019 700 da Barragem Mina do Feijão/Vale preservação poluição , Mariana, Barragens e Não cumprimento de Hidrelétrica de Fumaça 15/03/2019 Açudes procedimentos legais Com. Baixa Verde e Outros/ Uso e Não cumprimento de Dionísio Rompimento da Barragem da 18/09/2019 preservação procedimentos legais Samarco/Vale/BHP Billiton Com. Ribeirinha de Fernandes Uso e Não cumprimento de Tourinho/Rompimento da Barragem 18/09/2019 preservação procedimentos legais da Samarco/Vale/BHP Billiton Com. Ribeirinha de Governador Uso e Não cumprimento de Governador Valadares Valadares/Rompimento da Barragem 18/09/2019 preservação procedimentos legais da Samarco/Vale/BHP Billiton Com. Geraizeiras Vale das Cancelas/ Grão Mogol, Belo Horizonte, Uso e Não cumprimento de Mineroduto Vale do Rio Pardo/ 20/03/2019 1900 Araçuaí preservação procedimentos legais Mineradora SAM Com. Ribeirinha de /Rompimento Uso e Não cumprimento de Iapu da Barragem da Samarco/Vale/BHP 18/09/2019 preservação procedimentos legais Billiton Com. Ribeirinha de / Uso e Não cumprimento de Ipatinga Rompimento da Barragem da 18/09/2019 preservação procedimentos legais Samarco/Vale/BHP Billiton Com. Pinheiro/ArcelorMittal/Mina Uso e Ameaça de Itatiaiuçu 04/07/2019 77 Serra Azul preservação expropriação Com. Ribeirinha de / Uso e Não cumprimento de Itueta Rompimento da Barragem da 18/09/2019 preservação procedimentos legais Samarco/Vale/BHP Billiton Com. Veredeira Brejinho/APA Rio Apropriação Impedimento de acesso Januária 18/10/2019 Pandeiros Particular à água Com. Veredeira Barra do Tamboril/APA Uso e Impedimento de acesso Januária 18/10/2019 Rio Pandeiros preservação à água Com. Quil. Croatá/Rio São Francisco/ Uso e Destruição e ou Januária Romp. da Barragem Mina do Feijão/ 10/06/2019 64 preservação poluição Vale Com. Veredeira Poções/APA Rio Apropriação Impedimento de acesso Januária 18/10/2019 Pandeiros Particular à água Com. Veredeira Cabeceira de Apropriação Impedimento de acesso Januária 18/10/2019 Mocambinho Particular à água Com. Geraizeiras/Grupo Plantar/ Apropriação Impedimento de acesso Januária 18/10/2019 Grupo Rima Particular à água Com. Veredeira Barra do Pindaibal/ Apropriação Impedimento de acesso Januária 18/10/2019 APA Rio Pandeiros Particular à água Com. Quil. Bananal/Romp. da Uso e Destruição e ou 25/10/2019 Barragem Mina do Feijão/Vale preservação poluição Com. Quil. Casinhas/Romp. da Uso e Destruição e ou Jeceaba 25/10/2019 Barragem Mina do Feijão/Vale preservação poluição Com. Quil. Tartária/Romp. da Uso e Destruição e ou Jeceaba 25/10/2019 Barragem Mina do Feijão/Vale preservação poluição Com. Quil. Mato Félix/Romp. da Uso e Destruição e ou Jeceaba 25/10/2019 Barragem Mina do Feijão/Vale preservação poluição Com. Quil. Machado/Romp. da Uso e Destruição e ou Jeceaba 25/10/2019 Barragem Mina do Feijão/Vale preservação poluição Com. Rural de Francelinos/Romp. da Uso e Destruição e ou Juatuba 25/01/2019 Barragem Mina do Feijão/Vale preservação poluição Com. de Pescadores de Juatuba/ Uso e Destruição e ou Juatuba Romp. da Barragem Mina do Feijão/ 25/01/2019 preservação poluição Vale Com. Rural Bairro Satélite/Romp. da Uso e Destruição e ou Juatuba 25/01/2019 Barragem Mina do Feijão/Vale preservação poluição Com. de Pedras/Rompimento da Uso e Não cumprimento de Mariana Barragem da Samarco/Vale-BHP 04/06/2019 75 preservação procedimentos legais Billiton Com. Ribeirinha de Águas Claras/ Uso e Não cumprimento de Mariana Rompimento da Barragem da 18/09/2019 preservação procedimentos legais Samarco/Vale/BHP Billiton Mariana, Tumiritinga, Ponte Nova, Com. Bento Rodrigues/Rompimento Barra Longa, Acaiaca, Governador Uso e da Barragem da Samarco/Vale-BHP 10/09/2019 225 Divergência Valadares, Belo Horizonte, Ouro preservação Billiton Preto, Paracatu Com. Ponte do Gama/Rompimento da Uso e Impedimento de acesso Mariana Barragem Fundão/Samarco-Vale-BHP 18/09/2019 preservação à água Billiton Confitos noCampo Brasil 2019

Com. de Cachoeira/Rompimento da Uso e Não cumprimento de Mariana Barragem da Samarco/Vale-BHP 18/09/2019 preservação procedimentos legais Billiton Com. Camargos/Rompimento da Uso e Não cumprimento de Mariana Barragem Fundão/Samarco-Vale-BHP 18/09/2019 preservação procedimentos legais Billiton Com. Cava Grande e Outras/ Uso e Não cumprimento de Marliéria Rompimento da Barragem da 18/09/2019 preservação procedimentos legais Samarco/Vale/BHP Billiton Com. Quil. Coqueiro Espinho/Romp. Uso e Destruição e ou 25/10/2019 da Barragem Mina do Feijão/Vale preservação poluição Com. Ribeirinha de / Uso e Não cumprimento de Naque Rompimento da Barragem da 26/08/2019 40 preservação procedimentos legais Samarco/Vale/BHP Billiton Complexo Rio do Peixe/Mineradora Uso e Ameaça de Nova Lima 20/02/2019 ITM Vargem Grande-Vale preservação expropriação Com. São Sebastião das Águas Uso e Ameaça de Nova Lima 16/02/2019 50 Claras/Vale preservação expropriação Com. Engenheiro Correira/Barragens Uso e Ameaça de Ouro Preto 20/02/2019 8 Forquilha I, II e III/Vale preservação expropriação Com. Paracatu de Baixo/Rompimento Uso e Paracatu da Barragem/Samarco/Vale-BHP 18/09/2019 80 Não reassentamento preservação Billiton Com. Ribeirinha Córrego do Barro/ Uso e Destruição e ou Pará de Minas Romp. da Barragem Mina do Feijão/ 20/05/2019 60 preservação poluição Vale Com. Quilombola de Pontinha/Romp. Uso e Destruição e ou Paraopeba 17/07/2019 300 da Barragem Mina do Feijão/Vale preservação poluição Com. de Pedra Corrida e Outras/ Uso e Não cumprimento de Rompimento da Barragem da 18/09/2019 200 preservação procedimentos legais Samarco/Vale/BHP Billiton Com. Ribeirinha de Pingo d' Água/ Uso e Não cumprimento de Pingo-d'Água Rompimento da Barragem da 18/09/2019 preservação procedimentos legais Samarco/Vale/BHP Billiton Assentamento Queima Fogo/Romp. Uso e Destruição e ou Pompéu 25/01/2019 35 da Barragem Mina do Feijão/Vale preservação poluição Com. Ribeirinha de / Uso e Não cumprimento de Raul Soares Rompimento da Barragem da 18/09/2019 preservação procedimentos legais Samarco/Vale/BHP Billiton T. I. Krenak/Rompimento da Barragem Uso e Destruição e ou , Governador Valadares 18/09/2019 126 da Samarco/Vale/BHP Billiton preservação poluição Com. Ribeirinha de Resplendor/ Uso e Não cumprimento de Resplendor Rompimento da Barragem da 18/09/2019 preservação procedimentos legais Samarco/Vale/BHP Billiton Com. Ribeirinha / Uso e Não cumprimento de Rio Casca Rompimento da Barragem da 18/09/2019 preservação procedimentos legais Samarco/Vale/BHP Billiton Com. / Uso e Não cumprimento de Rio Doce Rompimento da Barragem da 18/09/2019 60 preservação procedimentos legais Samarco/Vale/BHP Billiton Com. Soberbo Velho/Novo Soberbo/ Uso e Não cumprimento de Rio Doce UHE Candonga/Romp. da Barragem 18/09/2019 120 preservação procedimentos legais da Samarco/Vale/BHP Billiton Com. Ribeirinha Rio Doce/ Uso e Não cumprimento de Rio Doce Rompimento da Barragem da 18/09/2019 220 preservação procedimentos legais Samarco/Vale/BHP Billiton Uso e Diminuição do acesso à Rio Pardo de Minas Com. Geraizeira do Moreira 01/04/2019 preservação Água , Muriaé, Rosário da Com. Ancorado/Belisário/Serra do Uso e Destruição e ou 13/08/2019 Limeira Brigadeiro/Mineradora CBA preservação poluição Com. Tradicional Cigana/Área do Uso e Não cumprimento de Belo Horizonte, Santa Bárbara 05/04/2019 15 Antigo Matadouro preservação procedimentos legais Com. Ribeirinha Sta. Cruz do Uso e Não cumprimento de Escalvado/Rompimento da Barragem 18/09/2019 preservação procedimentos legais da Samarco/Vale/BHP Billiton Com. de Santana do Paraíso/ Uso e Não cumprimento de Santana do Paraíso Rompimento da Barragem da 18/09/2019 preservação procedimentos legais Samarco/Vale/BHP Billiton Com. Ribeirinha de São Domingos do Uso e Não cumprimento de São Domingos do Prata Prata/Rompimento da Barragem da 18/09/2019 preservação procedimentos legais Samarco/Vale/BHP Billiton Aldeia Naô Xohã/Povo Pataxó Hã Hã Belo Horizonte, São Joaquim de Uso e Destruição e ou Hãe/Romp. Barragem Mina do Feijão/ 25/01/2019 preservação poluição Vale 63

Compl. Fazs. de Eike Batista/Acamp. Pátria Livre/Zequinha/José Nunes/ Uso e Destruição e ou São Joaquim de Bicas, Brumadinho 25/01/2019 Romp. da Barragem Mina do Feijão/ preservação poluição Vale Aldeia Naô Xohã/Povo Pataxó Hã Hã Belo Horizonte, São Joaquim de Uso e Destruição e ou Hãe/Romp. Barragem Mina do Feijão/ 02/09/2019 61 Bicas preservação poluição Vale Aldeia Naô Xohã/Povo Pataxó Hã Hã Belo Horizonte, São Joaquim de Uso e Destruição e ou Hãe/Romp. Barragem Mina do Feijão/ 06/07/2019 Bicas preservação poluição Vale Compl. Fazs. de Eike Batista/Acamp. Pátria Livre/Zequinha/José Nunes/ Uso e Destruição e ou São Joaquim de Bicas, Brumadinho 17/12/2019 1000 Romp. da Barragem Mina do Feijão/ preservação poluição Vale Com. Ribeirinha de São José da Uso e Destruição e ou São José da Varginha Varginha/Romp. da Barragem Mina do 02/05/2019 30 preservação poluição Feijão/Vale Com. Ribeirinha São José do Goiabal/ Uso e Não cumprimento de São José do Goiabal Rompimento da Barragem da 18/09/2019 preservação procedimentos legais Samarco/Vale/BHP Billiton Com. Ribeirinha São Pedro dos / Uso e Não cumprimento de São Pedro dos Ferros Rompimento da Barragem da 18/09/2019 preservação procedimentos legais Samarco/Vale/BHP Billiton Assent. Dom Orione/Romp. da Uso e Destruição e ou Sarzedo 25/01/2019 39 Barragem Mina do Feijão preservação poluição Com. Ribeirinha Sem Peixe/ Uso e Não cumprimento de Sem-Peixe Rompimento da Barragem da 18/09/2019 preservação procedimentos legais Samarco/Vale/BHP Billiton Com. Ribeirinha de Sobrália/ Uso e Não cumprimento de Periquito, Sobrália Rompimento da Barragem da 26/08/2019 preservação procedimentos legais Samarco/Vale/BHP Billiton Uso e Diminuição do acesso à Teixeiras Com. São Pedro/Mineradora ZMM 01/03/2019 50 preservação Água Com. de Timóteo/Rompimento da Uso e Não cumprimento de Timóteo Barragem da Samarco/Vale/BHP 18/09/2019 preservação procedimentos legais Billiton Com. Lago do Cisne/Represa Três Uso e Destruição e ou Três Marias Marias/Rio São Francisco/Romp. da 31/12/2019 70 preservação poluição Barragem Mina do Feijão Com. Ribeirinha de Tumiritinga/ Uso e Não cumprimento de Tumiritinga Rompimento da Barragem da 18/09/2019 500 preservação procedimentos legais Samarco/Vale/BHP Billiton

Subtotal: 128 8352

Total dos Conflitos no Campo - Minas Gerais: 187 Pessoas: 43024 Pará TERRA Conflitos por Terra Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Tomé-Açu, Acará Com. Quil. Alto Acará/Biovale 31/01/2019 650 Quilombolas Altamira, Anapu, São Félix do E. Eco. Terra do Meio/Serra do Pardo 20/08/2019 Sem Informação Xingu Área de Proteção Ambiental-APA Altamira, São Félix do Xingu 20/08/2019 2000 Extrativistas Triunfo do Xingu/Terra do Meio Altamira, Senador José Porfírio T.I. Araweté/Aldeia Iagarapé 25/08/2019 117 Indígenas Altamira, Novo Progresso Gleba Gorotire/Big Vale 23/10/2019 270 Sem Terra Altamira, Novo Progresso Gleba Gorotire/Big Vale 02/09/2019 Sem Terra T. I. Cachoeira Seca do Iriri/Índios Altamira, Rurópolis, Uruará, Arara/UHE Belo Monte/Belo Sun 03/01/2019 75 Indígenas Medicilândia Mineradora/PAC Altamira, Senador José Porfírio T.I. Ituna/Itatá 30/08/2019 Indígenas Altamira T.I. Baú/Kayapó 30/08/2019 47 Indígenas Altamira, Senador José Porfírio T.I. Ituna/Itatá 28/02/2019 Indígenas Agroindustrial e Comercial Palmira/ Anajás 18/02/2019 3 Ribeirinhos Ribeirinhos do rio Mocoões Anapu Gl. Bacajá/Lote 44/Faz. Sta. Maria 09/12/2019 Sem Terra Altamira, Vitória do Xingu, Anapu, T. I. Paquiçamba/Juruna/UHE Belo 26/02/2019 24 Indígenas Senador José Porfírio Monte/PAC Confitos noCampo Brasil 2019

Gl. Bacajá/Lotes 96 e 97/Fazs. Bom Anapu 08/12/2019 Sem Terra Jesus e Berrante Anapu Gl. Bacajá/Lt. 68/Mata Preta 10/11/2019 50 Sem Terra Gl. Bacajá/Lotes 96 e 97/Fazs. Bom Anapu 12/12/2019 80 Sem Terra Jesus e Berrante Anapu Gl. Bacajá/Lote 44/Faz. Sta. Maria 04/12/2019 Sem Terra Anapu Gl. Bacajá/Lote 44/Faz. Sta. Maria 31/12/2019 41 Sem Terra Gl. Bacajá/P. A. Pilão Poente II/ Anapu 07/08/2019 250 Sem Terra Lote-69-71-73/Mata Preta Anapu Gl. Manduacari/Lote 2 10/11/2019 40 Sem Terra G. Belo Monte/PDS Virola Jatobá/L. Anapu 10/11/2019 30 Sem Terra 108/ Milton Lemos Anapu Gleba Belo Monte/Lote 126 10/11/2019 46 Sem Terra G. Bacajá/PDS Esperança/L. Anapu 10/11/2019 20 Sem Terra 59-60-61-62/ Júlio César Gl. Bacajá/Lotes 96 e 97/Fazs. Bom Anapu 10/11/2019 Sem Terra Jesus e Berrante Gleba Bacajá/PDS Esperança/ Belém, Anapu 10/11/2019 178 Assentados Assassinato da Ir. Dorothy Gleba Bacajá/PDS Esperança/ Belém, Anapu 19/09/2019 Assentados Assassinato da Ir. Dorothy Gl. Bacajá/Lotes 96 e 97/Fazs. Bom Anapu 07/12/2019 Sem Terra Jesus e Berrante Gl. Bacajá/P. A. Pilão Poente II/ Anapu 20/02/2019 Sem Terra Lote-69-71-73/Mata Preta Anapu Gl. Bacajá/Lote 44/Faz. Sta. Maria 31/07/2019 Sem Terra Faz. Bom Sucesso/Acamp. Chico Benevides 10/12/2019 90 Sem Terra Mendes Bom Jesus do Tocantins, Abel Fazenda Gaúcha 23/09/2019 350 Sem Terra Figueiredo Faz. Boa Sorte/Faz. Liberdade/Acamp. Breu Branco 30/05/2019 10 Sem Terra Perpétuo Socorro Belém, Cachoeira do Arari Com. Quil. de Gurupá 18/08/2019 200 Quilombolas Acamp. Serra Dourada/Complexo São Canaã dos Carajás 12/02/2019 300 Sem Terra Luís/P. A. Carajás/Vale/Projeto S11D Conceição do Araguaia Fazenda Pau Brasil 12/09/2019 40 Sem Terra Fazenda Safita/Acamp. Vitória da Conceição do Araguaia 31/07/2019 Sem Terra União Fazenda Safita/Acamp. Vitória da Conceição do Araguaia 25/09/2019 Sem Terra União Conceição do Araguaia Fazenda Pau Brasil 02/09/2019 Sem Terra Conceição do Araguaia Fazenda Capivara 31/01/2019 8 Sem Terra Fazenda Safita/Acamp. Vitória da Conceição do Araguaia 26/09/2019 50 Sem Terra União Conceição do Araguaia Fazenda Pau Brasil 09/08/2019 Sem Terra Cumaru do Norte, Santa Maria das Gleba 490 31/01/2019 80 Sem Terra Barreiras São Félix do Xingu, Cumaru do Norte, Tucumã, Redenção, T. I. Kayapó 20/08/2019 907 Indígenas Ourilândia do Norte Eldorado do Carajás, Piçarra, Faz. Surubim/Acamp. Osmir Venuto 03/12/2019 250 Sem Terra Curionópolis, Xinguara da Silva Eldorado do Carajás Faz. Peruano/Acamp. Lourival Santana 01/02/2019 450 Sem Terra Eldorado do Carajás Fazenda Santa Maria 27/11/2019 196 Sem Terra Eldorado do Carajás Complexo Iraque/Acamp. Jerusalém 25/03/2019 60 Sem Terra Igarapé-Açu Fazenda Dom Bosco 16/09/2019 50 Sem Terra Marabá, Eldorado do Carajás, Agrop. Sta. Bárbara/Faz. Mª Bonita/ 24/05/2019 212 Sem Terra Irituia Acamp. Dalcídio Jurandir T. I. Sawré Muybu/Munduruku/PCHs Trairão, Itaituba 18/09/2019 Indígenas Ta p a j ó s T. I. Sawré Muybu/Munduruku/PCHs Trairão, Itaituba 14/10/2019 170 Indígenas Ta p a j ó s Itaituba Com. Ribeirinha São Luiz do Tapajós 18/09/2019 Ribeirinhos Itaituba, Santarém Reserva Indígena Praia do Índio 30/11/2019 31 Indígenas T. I. Sawré Muybu/Munduruku/PCHs Trairão, Itaituba 23/04/2019 Indígenas Ta p a j ó s Itaituba T.I. Sawré Jaybu/médio Tapajós Km 43 06/09/2019 12 Indígenas PAE Mangabal e Montanha/PCH's Itaituba 31/10/2019 101 Assentados Ta p a j ó s 65

T. I. Sawré Muybu/Munduruku/PCHs Trairão, Itaituba 23/07/2019 Indígenas Ta p a j ó s Itupiranga Fazenda Novo Mundo 14/01/2019 70 Sem Terra Jacundá Fazenda Bela Vista 04/10/2019 130 Sem Terra Aveiro, Juruti Peaex Mamuru 11/11/2019 300 Assentados Marabá P. A. Diamante 24/08/2019 Ribeirinhos Marabá, Itupiranga Faz. Arapari/Acamp. Nova Vitória 05/09/2019 82 Sem Terra Marabá Fazenda São João 20/01/2019 30 Sem Terra Marabá P. A. Diamante 22/09/2019 40 Ribeirinhos Marabá P. A. Diamante 16/08/2019 Ribeirinhos Faz. Santa Clara/Acamp. Boa Marabá 10/03/2019 20 Sem Terra Esperança Marabá, Eldorado do Carajás, Comp. da Faz. Três Poderes/Faz. 08/04/2019 Sem Terra Brejo Grande do Araguaia Fortaleza/Acamp. Helenira Rezende Marabá Com. Ribeirinha Lago dos Macacos 30/09/2019 197 Ribeirinhos Com. Ribeirinha Associação Flor do Marabá 30/09/2019 Ribeirinhos Brasil Faz. Santa Tereza/Acamp. Santa Marabá 22/11/2019 450 Sem Terra Ernestina/Acamp. Hugo Chávez Marabá, Eldorado do Carajás, Comp. da Faz. Três Poderes/Faz. 21/10/2019 300 Sem Terra Brejo Grande do Araguaia Fortaleza/Acamp. Helenira Rezende Moju Território Quilombola do Jambuaçu 19/03/2019 788 Quilombolas PAE Lago Grande/Com. Aldeia/ Monte Alegre, Santarém 16/11/2019 8500 Assentados Jacarecapá/Passagem e outras PAE Lago Grande/Com. Aldeia/ Monte Alegre, Santarém 10/05/2019 Assentados Jacarecapá/Passagem e outras Assent. Praia Alta Piranheira/Cupu/ Nova Ipixuna, Marabá 31/10/2019 332 Assentados Passe Bem/Mamona Assent. Praia Alta Piranheira/Cupu/ Nova Ipixuna, Marabá 25/07/2019 Assentados Passe Bem/Mamona Novo Progresso PDS Terra Nossa 28/02/2019 Assentados Novo Progresso PDS Terra Nossa 31/01/2019 Assentados Novo Progresso PDS Terra Nossa 30/04/2019 Assentados Novo Progresso Floresta Nacional do Jamanxim 20/08/2019 Sem Informação Floresta Nacional do Jamanxim/ Novo Progresso 20/08/2019 200 Sem Terra Acamp. Assoc. Bom Futuro Novo Progresso PDS Terra Nossa 10/08/2019 Assentados Novo Progresso PDS Terra Nossa 27/09/2019 300 Assentados Óbidos T. I. Zo'é 28/11/2019 75 Indígenas Com. Quilombola Boa Vista e Outras/ Oriximiná 08/02/2019 500 Quilombolas Empresa Mineração Rio do Norte PAE Sapucuá-Trombetas/Madeireiras Oriximiná 07/10/2019 800 Assentados Ebata e Golf Com. Ribeirinha do Acari/Madeireiras Oriximiná 07/10/2019 40 Ribeirinhos Ebata e Golf Ourilândia do Norte Fazenda Mil e Duzentos 02/05/2019 Sem Terra Ourilândia do Norte Fazenda Mil e Duzentos 25/04/2019 Sem Terra Ourilândia do Norte Fazenda Mil e Duzentos 19/10/2019 70 Sem Terra Ourilândia do Norte Fazenda Mil e Duzentos 14/04/2019 Sem Terra Paragominas Fazenda Oriente 04/02/2019 250 Sem Terra Parauapebas Vila Cedere 01 05/08/2019 450 Pequenos proprietários Faz. Carajás/P.A. Palmares I e II/ Parauapebas 21/01/2019 1250 Assentados Assent. Carlos Fonseca/CVRD Parauapebas, Marabá, Ourilândia do Norte, Altamira, Senador José T. I. Xikrin do Cateté 09/07/2019 325 Indígenas Porfírio Pau D'Arco, Marabá, Redenção, Faz. Santa Lúcia/Acamp. Nova Vida/ Rio Maria, Pau D'Arco, Belém, 24/05/2019 200 Sem Terra Jane Júlia Ourilândia do Norte Rio Maria Assassinato de Carlos Cabral Pereira 11/06/2019 Sindicalista Rondon do Pará Fazenda Três Lagoas 23/11/2019 Sem Terra Rondon do Pará Fazenda Três Lagoas 20/02/2019 Sem Terra Rondon do Pará Fazenda Três Lagoas 27/11/2019 10 Sem Terra Rurópolis PAC Araipacupu 26/03/2019 Sem Terra Rurópolis PAC Araipacupu 19/12/2019 361 Sem Terra Salvaterra Com. Quilombola Siricari 17/05/2019 Quilombolas Salvaterra Com. Quilombola Providência 17/05/2019 Quilombolas Confitos noCampo Brasil 2019

Salvaterra Com. Quilombola Deus Ajude 17/05/2019 Quilombolas Salvaterra Com. Quilombola Boa Vista 17/05/2019 42 Quilombolas Salvaterra Com. Quilombola Mangueiras 17/05/2019 Quilombolas Santa Cruz do Arari Com. Ribeirinha das Terras do Taisou 06/12/2019 100 Extrativistas Santa Maria das Barreiras Faz. Pontal/Acamp. Lagoa Azul 31/01/2019 70 Sem Terra Parte da Faz. Vale do Rio Cristalino/ Santana do Araguaia 31/01/2019 100 Sem Terra Agrop. Sta. Bárbara Santana do Araguaia Fazenda Ouro Verde 25/04/2019 Sem Terra Santana do Araguaia Fazenda Ouro Verde 04/11/2019 153 Sem Terra Santana do Araguaia Fazenda Ouro Verde 19/01/2019 Sem Terra Redenção, Santana do Araguaia, Faz. Estrela de Maceió/Acamp. 11/06/2019 400 Sem Terra Cumaru do Norte Cangaia-Brilhante Santarém T. I. Munduruku/Planalto Santareno 15/05/2019 150 Indígenas Santarém Com. Quilombola Tiningu 17/10/2019 90 Quilombolas Gl. Pacoval/Corta-Corda/Raisan/PDS Prainha, Santarém 04/11/2019 460 Assentados Sta. Clara/PAE Curuá II Santarém Flona Tapajós 20/08/2019 1000 Ribeirinhos Altamira, São Félix do Xingu, T. I. Apyterena/Apyterewa/Parakanã 20/08/2019 Indígenas Vitória do Xingu Altamira, São Félix do Xingu, T. I. Apyterena/Apyterewa/Parakanã 25/10/2019 176 Indígenas Vitória do Xingu Complexo Divino Pai Eterno/Acamp. São Félix do Xingu 31/01/2019 Sem Terra Novo Oeste Complexo Divino Pai Eterno/Acamp. São Félix do Xingu 31/08/2019 147 Sem Terra Novo Oeste São João do Araguaia Fazenda Landi 27/11/2019 80 Sem Terra Bom Jesus do Tocantins, São T.I. Mãe Maria/Índios Gaviões/Ferrovia Geraldo do Araguaia, São João do 21/01/2019 300 Indígenas Carajás/CVRD Araguaia, Marabá São João do Araguaia P. A. Pimenteira 16/09/2019 135 Assentados São João do Araguaia Fazenda Landi 25/09/2019 Sem Terra Gl. Bacajaí/T. I. Arara da Altamira, Senador José Porfírio 23/08/2019 37 Indígenas do Xingu Vitória do Xingu, Anapu, Senador Com. Ilha da Bela Vista/T.I. 26/02/2019 Ribeirinhos José Porfírio Paquiçamba/UHE Belo Monte/PAC Oriximiná, Faro, Terra Santa Floresta Nacional de Saracá-Taquera 11/12/2019 Ribeirinhos Tomé-Açu T. I. Tembé/Turé-Mariquita I e II 15/05/2019 47 Indígenas Trairão P. A. Areia II/Com. São Mateus 12/04/2019 300 Assentados Tucuruí, Baião P. A Salvador Allende Piratininga 22/03/2019 137 Assentados PDS Santa Clara/Com. Bênção de Uruará 14/10/2019 230 Assentados Deus T. I. Trincheira-Bacajá/Índios Xikrin/ Altamira, Anapu, São Félix do UHE Belo Monte/Mineradora Belo Sun/ 25/08/2019 Indígenas Xingu, Senador José Porfírio PAC Jacareacanga, Belterra, Itaituba, T. I. Munduruku/UHE Tapajós/PAC 18/09/2019 Indígenas Santarém, Belém Faz. Marajaí/Acamp. Luís Inácio Lula Canaã dos Carajás 10/03/2019 42 Sem Terra da Silva T. I. Trincheira-Bacajá/Índios Xikrin/ Altamira, Anapu, São Félix do UHE Belo Monte/Mineradora Belo Sun/ 31/10/2019 187 Indígenas Xingu, Senador José Porfírio PAC Jacareacanga, Belterra, Itaituba, T. I. Munduruku/UHE Tapajós/PAC 20/08/2019 Indígenas Santarém, Belém Jacareacanga, Belterra, Itaituba, T. I. Munduruku/UHE Tapajós/PAC 14/10/2019 1630 Indígenas Santarém, Belém Gl. Belo Monte/PDS Virola Jatobá/ Altamira, Anapu, Medicilândia 07/10/2019 160 Assentados Dorothy São Domingos do Capim, Cachoeira do Piriá, Garrafão do Norte, Nova Esperança do Piriá, T.I. Alto Rio Guamá/Tembé 31/05/2019 Indígenas Belém, Benevides, Capitão Poço, Paragominas, Santa Luzia do Pará Jacareacanga, Belterra, Itaituba, T. I. Munduruku/UHE Tapajós/PAC 23/07/2019 Indígenas Santarém, Belém São Domingos do Capim, Cachoeira do Piriá, Garrafão do Norte, Nova Esperança do Piriá, T.I. Alto Rio Guamá/Tembé 27/08/2019 300 Indígenas Belém, Benevides, Capitão Poço, Paragominas, Santa Luzia do Pará 67

Subtotal: 143 30031 Ocupações/Retomadas Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Canaã dos Carajás Área próxima ao Friogorífico Rio Maria 02/04/2019 12 Sem Terra Conceição do Araguaia Fazenda Pau Brasil 10/09/2019 40 Sem Terra Itupiranga Fazenda Novo Mundo 11/01/2019 70 Sem Terra Marabá Fazenda São João 20/01/2019 30 Sem Terra Faz. Santa Clara/Acamp. Boa Marabá 10/03/2019 20 Sem Terra Esperança Rondon do Pará Fazenda Três Lagoas 26/11/2019 10 Sem Terra

Subtotal: 6 182 Acampamentos Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Rurópolis PAC Araipacupu 30/03/2019 13 Sem Terra

Subtotal: 1 13

Total conflitos por terra - Pará: 150 30043 TRABALHO Trabalho Escravo Trab. na Município(s) Nome do Conflito Data Libertos Menores Tipo de Trabalho denúncia Benevides Curvão Extração de Saibro 17/06/2019 1 Mineração (Saibro) Medicilândia Fazenda em Medicilândia 30/12/2019 5 5 Pecuária Medicilândia Fazenda Bom Jesus 25/01/2019 8 2 Roçagem de juquira Medicilândia Sítio Castanhal 30/12/2019 2 2 Pecuária Novo Repartimento Fazenda Três Irmãos 30/01/2019 8 6 Pecuária Novo Repartimento Faz. Murici/Rancho do Leite 15/03/2019 1 Pecuária Pacajá Fazenda Guarapuava 30/12/2019 22 Pecuária Portel Serraria/Extração de Madeira 31/08/2019 12 12 Extração de Madeira Tucuruí Faz. Marivete/Carvoaria do Santiago 09/04/2019 11 11 Carvoaria Uruará Fazenda Alto Paraíso 10/09/2019 88 Pecuária Uruará Fazenda Vitória Régia 10/09/2019 10 10 Pecuária

Subtotal: 11 68 Superexploração Trab. na Município(s) Nome do Conflito Data Libertos Menores Tipo de Trabalho denúncia Baião Fazenda na Vicinal da Martins 24/03/2019 3 Caseiro/tratorista

Subtotal: 1 3

Total Conflitos Trabalhistas - Pará: 12 71 ÁGUA Conflitos pela Água Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação Uso e Destruição e ou Abaetetuba Comunidades do Curuperé-Grande 28/04/2019 400 preservação poluição T. I. Xipáia Kuruáia/UHE Belo Monte/ Barragens e Destruição e ou Altamira 26/02/2019 43 PAC Açudes poluição Barragens e Não cumprimento de Altamira T.I. Kararaô 26/03/2019 15 Açudes procedimentos legais Vitória do Xingu, Altamira, Santana do Araguaia, Itaituba, UHE Belo Monte/Consórcio Norte Barragens e Reassentamento 13/03/2019 20 Santarém, Belém, Senador José Energia/Mineradora Belo Sun/PAC Açudes inadequado Porfírio Altamira, Vitória do Xingu, Anapu, T. I. Paquiçamba/Juruna/UHE Belo Barragens e Diminuição do acesso à 26/02/2019 Senador José Porfírio Monte/PAC Açudes Água Com. Nova Conquista/Rio das Pedras/ Barragens e Diminuição do acesso à Anapu 26/02/2019 UHE Belo Monte/PAC Açudes Água Com. Renascer com Cristo/ Barragens e Destruição e ou Barcarena 19/03/2019 Mineradora Hydro Alunorte Açudes poluição Confitos noCampo Brasil 2019

Com. Bom Futuro/Mineradora Hydro Barragens e Não cumprimento de Barcarena 11/02/2019 25 Alunorte Açudes procedimentos legais Com. Vila Nova/Mineradora Hydro Barragens e Não cumprimento de Barcarena 11/02/2019 25 Alunorte Açudes procedimentos legais Com. Gibrié de São Lourenço/Hydro Barragens e Não cumprimento de Barcarena 11/02/2019 270 Alunorte Açudes procedimentos legais Com. Burajuba/Codebar/Itupanema/ Barragens e Destruição e ou Barcarena 04/11/2019 350 Caripi/Hydro Alunorte Açudes poluição Barragens e Não cumprimento de Barcarena Com. Sítio São João/Hydro Alunorte 19/03/2019 200 Açudes procedimentos legais Com. Vila do Conde/Furo do Arrozal/ Barragens e Não cumprimento de Barcarena 19/03/2019 200 Multinacional Bunge/Hydro Alunorte Açudes procedimentos legais Com. Quil. Cupuaçu Boa Vista/Hydro Barragens e Não cumprimento de Barcarena 11/02/2019 900 Alunorte Açudes procedimentos legais São Félix do Xingu, Cumaru do Uso e Destruição e ou Norte, Tucumã, Redenção, T. I. Kayapó 04/02/2019 preservação poluição Ourilândia do Norte São Félix do Xingu, Cumaru do Uso e Não cumprimento de Norte, Tucumã, Redenção, T. I. Kayapó 28/05/2019 preservação procedimentos legais Ourilândia do Norte Uso e Destruição e ou Itaituba, Santarém Reserva Indígena Praia do Índio 18/02/2019 preservação poluição Parauapebas, Marabá, Ourilândia Uso e Destruição e ou do Norte, Altamira, Senador José T. I. Xikrin do Cateté 21/01/2019 preservação poluição Porfírio Parauapebas, Marabá, Ourilândia Uso e Não cumprimento de do Norte, Altamira, Senador José T. I. Xikrin do Cateté 28/05/2019 preservação procedimentos legais Porfírio Uso e Não cumprimento de Santarém T. I. Munduruku/Planalto Santareno 04/06/2019 preservação procedimentos legais Com. Quilombola Saracura e Uso e Destruição e ou Santarém 01/05/2019 150 Arapemã preservação poluição Uso e Não cumprimento de Santarém Quilombo Bom Jardim 04/06/2019 70 preservação procedimentos legais Uso e Não cumprimento de Santarém Com. Quil. Pérola do Maicá 04/06/2019 15 preservação procedimentos legais Uso e Não cumprimento de Santarém Com. Quilombola Maria Valentina 04/06/2019 104 preservação procedimentos legais Uso e Não cumprimento de Santarém Com. Quilombola de Murumurutuba 04/06/2019 preservação procedimentos legais Uso e Destruição e ou Santarém T. I. Munduruku/Planalto Santareno 29/08/2019 preservação poluição Vitória do Xingu, Anapu, Senador Com. Ilha da Bela Vista/T.I. Barragens e Diminuição do acesso à 26/02/2019 José Porfírio Paquiçamba/UHE Belo Monte/PAC Açudes Água Barragens e Não cumprimento de Senador José Porfírio Vila Itatá/UHE Belo Monte/PAC 26/02/2019 150 Açudes procedimentos legais Gl. Bacajaí/T. I. Arara da Volta Grande Barragens e Diminuição do acesso à Altamira, Senador José Porfírio 26/02/2019 do Xingu Açudes Água Com. Vila da Ressaca/UHE Belo Barragens e Diminuição do acesso à Senador José Porfírio 26/02/2019 330 Monte/Belo Sum Mineradora/PAC Açudes Água Com. Ilha da Fazenda/UHE Belo Barragens e Diminuição do acesso à Senador José Porfírio 26/02/2019 64 Monte/Belo Sum Mineradora/PAC Açudes Água Garimpos Grota Seca/Galo/Ouro Barragens e Diminuição do acesso à Senador José Porfírio Verde/Vila da Ressaca/T. I. Arara e 26/02/2019 670 Açudes Água Juruna/Mineradora Belo Sun/PAC Barragens e Diminuição do acesso à Vitória do Xingu Com. São Pedro/UHE Belo Monte/PAC 26/02/2019 5 Açudes Água T. I. Trincheira-Bacajá/Índios Xikrin/ Altamira, Anapu, São Félix do Barragens e Diminuição do acesso à UHE Belo Monte/Mineradora Belo Sun/ 30/08/2019 Xingu, Senador José Porfírio Açudes Água PAC

Subtotal: 34 4006

Total dos Conflitos no Campo - Pará: 195 Pessoas: 136267 Paraíba TERRA Conflitos por Terra Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Faz. Garapu/Acamp. D. José Maria Alhandra 30/08/2019 300 Sem Terra Pires 69

Campina Grande, Alhandra, Destilaria Tabu-Grupo João Santos/ 24/09/2019 250 Indígenas Conde, Pitimbu Emp. Elizabethy/T. I. Tabajara Campina Grande, Alhandra, Destilaria Tabu-Grupo João Santos/ 06/03/2019 Indígenas Conde, Pitimbu Emp. Elizabethy/T. I. Tabajara Caaporã Fazenda Ouro Verde 30/08/2019 37 Sem Terra Cacimbas Com. Quilombolas Chã e Aracati 23/08/2019 30 Quilombolas Cuité Com. Serra do Bom Bocadinho 18/09/2019 500 Pequenos proprietários Damião Comunidade Chã da Tapioca 18/09/2019 23 Posseiros Guarabira Sítio Santa Amélia 30/08/2019 Sem Terra João Pessoa Fazenda Ponta de Gramame 30/08/2019 53 Posseiros Com. Ribeirinha Porto do Capim/Vila João Pessoa 31/03/2019 162 Ribeirinhos Nassau Manaíra Comunidade Quilombola Fonseca 02/12/2019 42 Quilombolas Mogeiro, Pilar Fazenda Paraíso 30/08/2019 27 Posseiros Nova Palmeira Com. Quilombola Serra do Abreu 18/09/2019 70 Quilombolas Alhandra, Pedras de Fogo, Cruz Mamoaba Agro Pastoril S/A/Acamp. 30/08/2019 200 Sem Terra do Espírito Santo Arcanjo Belarmino João Pessoa, Pilar Fazenda Paraíso 30/08/2019 51 Posseiros Santa Luzia Com. Serra de Santa Luzia 18/09/2019 800 Pequenos proprietários São João do Tigre Com. Quilombola Cacimba Nova 18/09/2019 80 Quilombolas São José do Sabugi Com. Redinha/Parque Eólico Canoas 18/09/2019 58 Pequenos proprietários São José dos Ramos Faz. São José/Pau-a-Pique 30/08/2019 70 Posseiros Sapé Sítio Várzea Grande 30/08/2019 Sem Terra

Subtotal: 20 2753

Total conflitos por terra - Paraíba: 20 2753 TRABALHO Trabalho Escravo Trab. na Município(s) Nome do Conflito Data Libertos Menores Tipo de Trabalho denúncia Mineração (Gesso e Junco do Seridó Sítio Galo Branco 04/06/2019 4 4 Caulim) Junco do Seridó Sítio Galo Branco 04/06/2019 4 4 Mineração Salgadinho Sítio Olho d' Água da Viração 13/05/2019 12 12 Mineração

Subtotal: 3 20

Total Conflitos Trabalhistas - Paraíba: 3 20 ÁGUA Conflitos pela Água Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação Uso e Diminuição do acesso à Bananeiras Comunidade Jandaia 28/03/2019 preservação Água Uso e Diminuição do acesso à Bananeiras Comunidade Tabuleiro 28/03/2019 preservação Água Uso e Diminuição do acesso à Bananeiras Comunidade Jaracatiá 28/03/2019 preservação Água Uso e Diminuição do acesso à Bananeiras Comunidade Chã do Lindolfo 28/03/2019 preservação Água Uso e Diminuição do acesso à Bananeiras Comunidade Caraubinha 28/03/2019 preservação Água Barragens e Diminuição do acesso à Barra de São Miguel Faz. Melancia/ P.A. Bom Jesus I 05/04/2019 22 Açudes Água Cabaceiras, Boqueirão, Barra de Ribeirinhos do Açude Epitácio Pessoa/ Barragens e Ameaça de 08/05/2019 209 São Miguel Boqueirão Açudes expropriação Colônia de Pescadores de Cabedelo/ Uso e Cabedelo 25/10/2019 3000 Destruição e ou poluição Vazamento de óleo preservação Barragens e Falta de projeto de Itatuba Com. Cajá/Barragem de Acauã 23/05/2019 122 Açudes reassentamento Barragens e Falta de projeto de Itatuba Com. Melancia/Barragem de Acauã 23/05/2019 150 Açudes reassentamento Barragens e Falta de projeto de Itatuba Com. do Costa/Barragem de Acauã 25/06/2019 120 Açudes reassentamento Barragens e Falta de projeto de Itatuba Com. Riachão/Barragem do Acauã 25/06/2019 169 Açudes reassentamento Confitos noCampo Brasil 2019

Barragens e Falta de projeto de Itatuba Com. Água Paba/Barragem do Acauã 25/06/2019 169 Açudes reassentamento Barragens e Diminuição do acesso à Monteiro Vila Produtiva Rural Lafayette 08/03/2019 66 Açudes Água Barragens e Falta de projeto de Itatuba, Aroeiras Com. Pedro Velho/Barragem de Acauã 25/06/2019 169 Açudes reassentamento

Subtotal: 15 4196

Total dos Conflitos no Campo - Paraíba: 38 Pessoas: 27816 Paraná TERRA Conflitos por Terra Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Querência do Norte, Alvorada do Faz. Palheta/Acamp. Ester Fernandes/ 21/10/2019 Sem Terra Sul Atalla Querência do Norte, Alvorada do Faz. Palheta/Acamp. Ester Fernandes/ 31/10/2019 50 Sem Terra Sul Atalla Cascavel Fazenda Jangadinha 15/05/2019 11 Sem Terra Cascavel Fazenda Jangadinha 10/05/2019 Sem Terra Cascavel Complexo Cajati/ Assent. Valmir Mota 15/12/2019 200 Sem Terra Faz. Capão Cipó/Fundação ABC/ Castro 05/07/2019 200 Sem Terra Acamp. Maria Rosa do Contestado Fazenda Quem Sabe/Assent. Maria Centenário do Sul 25/11/2019 40 Assentados Lara Clevelândia Fazenda Morro Alto/Olvepar 30/04/2019 30 Sem Terra Maringá, Clevelândia Fazenda Três Capões/Olvepar 30/04/2019 15 Sem Terra Faz. Moraes/Madereira Campos de Clevelândia 30/04/2019 24 Sem Terra Palmas/Acamp. Mãe dos Pobres 2 Faz. São Francisco/Acamp. Terra Livre/ Clevelândia 30/04/2019 Sem Terra Olvepar Faz. Nossa Sra. do Carmo/Brasileira/ Ortigueira, Faxinal 27/09/2019 400 Sem Terra Acamp. Maila Sabrina T. I. Guarani Mbya/Tekohá Mirim/ Guaíra, Curitiba 10/05/2019 10 Indígenas Guasu Guavirá/Itaipu T. I. Guarani Mbya/Tekohá Tatury/ Guaíra 09/04/2019 Indígenas Mineradora Andreis/Itaipu T. I. Guarani Mbya/Tekohá Ara Porã/ Guaíra 09/04/2019 36 Indígenas Guasu Guavirá/Itaipu Porto Paragem/Loteamento Bacia/ Guaíra 21/01/2019 21 Ribeirinhos Ibama T. I. Guarani Mbya/Tekohá Tatury/ Guaíra 10/05/2019 8 Indígenas Mineradora Andreis/Itaipu T. I. Guarani Mbya/Tekohá Marangatu/ Guaíra 10/05/2019 61 Indígenas Guasu Guavirá/Itaipu T. I. Guarani Mbya/Tekohá Karumbe'y/ Guaíra 10/05/2019 21 Indígenas Guasu Guavirá/Itaipu T. I. Guarani Mbya/Tekohá Jevy/Guasu Guaíra 14/11/2019 Indígenas Guavirá/Itaipu T. I. Guarani Mbya/Tekohá Guarani/ Guaíra 09/04/2019 Indígenas Emp. Mate Laranjeira/Itaipu T. I. Guarani Mbya/Tekohá Ara Porã/ Guaíra 11/03/2019 Indígenas Guasu Guavirá/Itaipu T. I. Guarani Mbya/Tekohá Marangatu/ Guaíra 09/04/2019 Indígenas Guasu Guavirá/Itaipu T. I. Guarani Mbya/Tekohá Karumbe'y/ Guaíra 09/04/2019 Indígenas Guasu Guavirá/Itaipu T. I. Guarani Mbya/Tekohá Jevy/Guasu Guaíra 09/04/2019 Indígenas Guavirá/Itaipu T. I. Guarani Mbya/Tekohá Yhovy/ Guaíra 09/04/2019 Indígenas Guasu Guavirá/Itaipu T. I. Guarani Mbya/Tekohá Mirim/ Guaíra, Curitiba 09/04/2019 Indígenas Guasu Guavirá/Itaipu T. I. Guarani Mbya/Tekohá Jevy/Guasu Guaíra 10/05/2019 Indígenas Guavirá/Itaipu T. I. Guarani Mbya/Tekohá Yhovy/ Guaíra 10/05/2019 21 Indígenas Guasu Guavirá/Itaipu 71

T. I. Guarani Mbya/Tekohá Guarani/ Guaíra 10/05/2019 15 Indígenas Emp. Mate Laranjeira/Itaipu T. I. Guarani Mbya/Tekohá Jevy/Guasu Guaíra 18/11/2019 69 Indígenas Guavirá/Itaipu Honório Serpa Faz. Chopim II/Olvepar 30/04/2019 24 Sem Terra Faz. Pinho Fleck/Olvepar/Acamp. Sete Honório Serpa 30/04/2019 24 Sem Terra Povos das Missões T. I. Avá Guarani/Tekohá Yva Renda/ Itaipulândia 11/03/2019 15 Indígenas Itaipu Binacional Fazenda Prudentina/Acamp. José Laranjal 19/09/2019 54 Sem Terra Rodrigues Lindoeste Fazenda Gasparetto 13/04/2019 15 Sem Terra Faz. Marília/Acamp. Quilombo dos Londrina 30/07/2019 167 Sem Terra Palmares Faz. Marília/Acamp. Quilombo dos Londrina 04/04/2019 Sem Terra Palmares Faz. Ronda/Invernada do Nardo/ Mangueirinha 11/07/2019 19 Sem Terra Acamp. União pela Terra/Olvepar Faz. Ronda/Invernada do Nardo/ Mangueirinha 13/05/2019 Sem Terra Acamp. União pela Terra/Olvepar Mariluz Faz. Santa Luzia/Acamp. Santa Rita 08/04/2019 9 Sem Terra Faz. Nova Jerusalém/Área Próxima ao Nova Cantu 15/10/2019 5 Sem Terra Assent. Nova Jerusalém Palmas Faz. Sta. Maria/T. I. Kaingang 29/08/2019 150 Indígenas Pinhão, Pinhão Faxinal Bom Retiro 27/07/2019 Faxinalenses Pinhão, Pinhão Vila Alecrim/Madeireira Zattar 02/09/2019 100 Pequenos proprietários Pinhão, Pinhão Faxinal Bom Retiro 05/10/2019 Faxinalenses Pinhão, Pinhão Faxinal Bom Retiro 21/10/2019 10 Faxinalenses Pinhão, Pinhão Vila Alecrim/Madeireira Zattar 15/02/2019 Pequenos proprietários Faz. Variante/Acamp. Fidel Castro/Us. Porecatu, Centenário do Sul 25/11/2019 400 Sem Terra Central/Grupo Atalla Fazenda São Francisco/Acamp. Querência do Norte 26/09/2019 Sem Terra Companheiro Sétimo Garibaldi Fazenda São Francisco/Acamp. Querência do Norte 03/12/2019 50 Sem Terra Companheiro Sétimo Garibaldi Faz. Água do Bugre/Acamp. Valdair Querência do Norte 26/09/2019 40 Sem Terra Roque Roncador Fazenda Rio Azul 12/09/2019 50 Sem Terra T. I. Avá Guarani/Tekoha Curva Santa Helena, Santa Helena 11/03/2019 14 Indígenas Guarani /Itaipu Binacional T. I. Ava Guarani/Tekoha Mokoi Joegua Santa Helena, Santa Helena 11/03/2019 20 Indígenas - Dois Irmãos/Itaipu Binacional T.I. Avá Guarani/Tekoha Pyhau/Itaipu Santa Helena 11/03/2019 12 Indígenas binacional Faz. Tamarana/parte da área T.I. Tamarana 26/03/2019 50 Indígenas Kaingang T. I. Guarani Mbya/Tekohá Tajy Poty/ Terra Roxa, Terra Roxa 10/05/2019 7 Indígenas Guasu Guavirá/Itaipu T. I. Guarani Mbya/Tekohá Terra Roxa, Terra Roxa 10/05/2019 6 Indígenas Nhemboete/Guasu Guavirá/Itaipu T. I. Guarani Mbya/Tekoha Araguajy/ Terra Roxa, Terra Roxa, Guaíra 09/04/2019 Indígenas Guasu Guavirá/Itaipu T. I. Guarani Mbya/Tekohá Pohã Terra Roxa, Terra Roxa 10/05/2019 25 Indígenas Renda/Guasu Guavirá/Itaipu T. I. Guarani Mbya/Tekohá Araguaju/ Guaíra, Terra Roxa, Terra Roxa 09/04/2019 Indígenas Pôr do Sol/Itaipu T. I. Guarani Mbya/Tekohá Araguaju/ Guaíra, Terra Roxa, Terra Roxa 10/05/2019 36 Indígenas Pôr do Sol/Itaipu T. I. Guarani Mbya/Tekohá Yvyraty Terra Roxa, Terra Roxa 10/05/2019 36 Indígenas Porã/Faz. São Paulo/Itaipu T. I. Guarani Mbya/Tekohá Pohã Terra Roxa, Terra Roxa 09/04/2019 Indígenas Renda/Guasu Guavirá/Itaipu T. I. Guarani Mbya/Tekoha Araguajy/ Terra Roxa, Terra Roxa, Guaíra 10/05/2019 100 Indígenas Guasu Guavirá/Itaipu T. I. Guarani Mbya/Tekohá Tajy Poty/ Terra Roxa, Terra Roxa 09/04/2019 Indígenas Guasu Guavirá/Itaipu T. I. Guarani Mbya/Tekohá Yvyraty Terra Roxa, Terra Roxa 09/04/2019 Indígenas Porã/Faz. São Paulo/Itaipu T. I. Guarani Mbya/Tekohá Terra Roxa, Terra Roxa 09/04/2019 Indígenas Nhemboete/Guasu Guavirá/Itaipu Confitos noCampo Brasil 2019

Lindoeste Fazenda Trento 31/05/2019 40 Sem Terra

Subtotal: 70 2710 Ocupações/Retomadas Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria T. I. Guarani Mbya/Tekohá Jevy/Guasu Guaíra 17/11/2019 Indígenas Guavirá/Itaipu Lindoeste Área do CTG 16/04/2019 15 Sem Terra

Subtotal: 2 15

Total conflitos por terra - Paraná: 72 2725 TRABALHO Trabalho Escravo Trab. na Município(s) Nome do Conflito Data Libertos Menores Tipo de Trabalho denúncia Agroorestal Schultz/Linha Santa Bituruna 30/12/2019 5 5 Erva-mate Terezinha - Papuã

Subtotal: 1 5

Total Conflitos Trabalhistas - Paraná: 1 5 ÁGUA Conflitos pela Água Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação Nova Prata do Iguaçu, Cascavel, Planalto, Capanema, Curitiba, Barragens e Não cumprimento de UHE Baixo Iguaçu/PAC 22/04/2019 1025 Capitão Leônidas Marques, Açudes procedimentos legais Realeza Colônia de Pescadores Z-12/UHE Uso e Não cumprimento de Foz do Iguaçu, Guaíra 06/01/2019 140 Itaipu preservação procedimentos legais Colônia de Pescadores Z-13/UHE Uso e Não cumprimento de Guaíra 14/01/2019 758 Itaipu preservação procedimentos legais

Subtotal: 3 1923

Total dos Conflitos no Campo - Paraná: 76 Pessoas: 18597 Pernambuco TERRA Conflitos por Terra Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Eng. São Bento/Dois Rios II/Us. Goiana, Aliança 05/06/2019 60 Posseiros Maravilha Eng. Ilha/Complexo Suape/Vazamento Cabo de Santo Agostinho 31/12/2019 250 Posseiros de Óleo Cabo de Santo Agostinho Eng. Jasmim/Complexo Suape 27/08/2019 330 Posseiros Cabo de Santo Agostinho Eng. Serraria/Complexo Suape 03/05/2019 9 Posseiros Cabo de Santo Agostinho Eng. Serraria/Complexo Suape 22/02/2019 Posseiros Cabo de Santo Agostinho Eng. Serraria/Complexo Suape 16/01/2019 Posseiros Com. Jatobá/Transposição do Rio são Cabrobó 03/12/2019 160 Quilombolas Francisco Caruaru Faz. Normandia/Assent. Che Guevara 05/09/2019 41 Assentados Caruaru, Belém de Maria Fazenda Bananeiras 18/12/2019 150 Sem Terra Garanhuns Quilombo Castainho 17/09/2019 Quilombolas Garanhuns Quilombo Castainho 24/10/2019 450 Quilombolas Goiana Eng. Belo Horizonte/Us. Maravilha 25/02/2019 450 Sem Terra Ipojuca Eng. Tabatinga/Complexo Suape 14/05/2019 150 Posseiros Ipojuca Eng. Tabatinga/Complexo Suape 28/02/2019 Posseiros Com. Vila do Campo/Casa do Ipojuca 31/07/2019 40 Posseiros Governador Eng. Caixa d' Água/Várzea Velha/Us. Jaqueira 20/08/2019 80 Posseiros Frei Caneca Maraial, Jaqueira Eng. Fervedouro/Us. Frei Caneca 30/01/2019 Posseiros Maraial, Jaqueira Eng. Fervedouro/Us. Frei Caneca 22/05/2019 Posseiros 73

Maraial, Jaqueira Eng. Fervedouro/Us. Frei Caneca 23/05/2019 Posseiros Maraial, Jaqueira Eng. Fervedouro/Us. Frei Caneca 13/11/2019 Posseiros Maraial, Jaqueira Eng. Fervedouro/Us. Frei Caneca 04/11/2019 Posseiros Maraial, Jaqueira Eng. Fervedouro/Us. Frei Caneca 19/05/2019 Posseiros Maraial, Jaqueira Eng. Fervedouro/Us. Frei Caneca 29/04/2019 Posseiros Maraial, Jaqueira Eng. Fervedouro/Us. Frei Caneca 12/08/2019 Posseiros Eng. Caixa d' Água/Várzea Velha/Us. Jaqueira 27/05/2019 Posseiros Frei Caneca Com. do Eng. Colônia II/Laranjeira/Us. Jaqueira 27/05/2019 48 Posseiros Frei Caneca Maraial, Jaqueira Eng. Fervedouro/Us. Frei Caneca 22/11/2019 71 Posseiros Maraial, Jaqueira Eng. Fervedouro/Us. Frei Caneca 01/04/2019 Posseiros Maraial, Jaqueira Eng. Fervedouro/Us. Frei Caneca 06/08/2019 Posseiros Maraial, Jaqueira Eng. Fervedouro/Us. Frei Caneca 20/08/2019 Posseiros Engenho Várzea Velha/Us. Frei Jaqueira 27/05/2019 70 Posseiros Caneca/Negócios Imobiliária S/A Com. Bem Querer de Baixo/T.I. Jatobá 30/08/2019 75 Indígenas Pankararu Moreno Eng. Xixaim/ Acamp. Margarida Alves 19/09/2019 55 Sem Terra Moreno Eng. Xixaim/ Acamp. Margarida Alves 16/09/2019 Sem Terra Tacaratu, Jatobá, Petrolândia, T. I. Pankararu 21/05/2019 917 Indígenas Recife Pesqueira, Agrestina, Petrolina, Proj. Irrigação Nilo Coelho/Mª Tereza/ 20/09/2019 300 Sem Terra Recife Codevasf Assent. Alegre/São Gregório/Us. Gameleira, Ribeirão 14/11/2019 200 Assentados Estreliana São Joaquim do Monte, Brejo da Faz. Jabuticaba/4 Irmãos 05/06/2019 45 Sem Terra Madre de Deus, Recife Com. Pesqueiras/Rio Sirinhahém/Us. Ipojuca, Sirinhaém, Recife 04/09/2019 Pescadores Trapiche Tamandaré Engenho Canoinha 15/02/2019 Posseiros Tamandaré Engenho Canoinha 08/03/2019 Posseiros Tamandaré Engenho Canoinha 31/05/2019 65 Posseiros Timbaúba Eng. Beleza/Us. Cruangi 31/10/2019 80 Sem Terra Eng. Colônia I/Barro Branco/Us. Frei Belém de Maria, Jaqueira 27/08/2019 77 Posseiros Caneca Eng. Colônia I/Barro Branco/Us. Frei Belém de Maria, Jaqueira 20/08/2019 Posseiros Caneca Eng. Colônia I/Barro Branco/Us. Frei Belém de Maria, Jaqueira 19/08/2019 Posseiros Caneca Eng. Colônia I/Barro Branco/Us. Frei Belém de Maria, Jaqueira 10/08/2019 Posseiros Caneca Eng. Colônia I/Barro Branco/Us. Frei Belém de Maria, Jaqueira 20/03/2019 Posseiros Caneca

Subtotal: 48 4173 Ocupações/Retomadas Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Lagoa Grande Fazenda Riacho Fundo 14/06/2019 250 Sem Terra

Subtotal: 1 250

Total conflitos por terra - Pernambuco: 49 4423 TRABALHO Trabalho Escravo Trab. na Município(s) Nome do Conflito Data Libertos Menores Tipo de Trabalho denúncia Araripina Casa de Farinha São Pedro 24/05/2019 5 5 Farinha (lavoura) Plantação de frutas e Arcoverde Fazenda Malhada 10/04/2019 10 10 verduras Condado Engenho Jangadeiro 03/10/2019 17 2 Cana-de-açúcar

Subtotal: 3 32

Total Conflitos Trabalhistas - Pernambuco: 3 32 ÁGUA Confitos noCampo Brasil 2019

Conflitos pela Água Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação Com. Pescadores de Cabo/Vazamento Uso e Destruição e ou Recife, Cabo de Santo Agostinho 20/10/2019 1500 de Óleo preservação poluição Eng. Ilha/Complexo Suape/Vazamento Uso e Destruição e ou Cabo de Santo Agostinho 01/11/2019 250 de Óleo preservação poluição Mangue da Praia Suape/Complexo Uso e Destruição e ou Cabo de Santo Agostinho 23/10/2019 500 Portuário Suape/PAC preservação poluição Com. Ponta de Pedra/Colônia Z-3/ Uso e Destruição e ou Goiana 12/11/2019 118 Vazamento de Óleo preservação poluição Praia de Serrambi e Enseadinha/ Uso e Destruição e ou Ipojuca 24/10/2019 Colônia Z-12/Vazamento de Óleo preservação poluição Uso e Destruição e ou Ipojuca Ilha de Tatuoca/Complexo Suape/PAC 24/10/2019 50 preservação poluição Com. Quil. Ilha de Mercês/Complexo Uso e Destruição e ou Ipojuca, Cabo de Santo Agostinho 20/10/2019 268 Suape preservação poluição Com. Brasília Teimosa/Colônia Z-1/ Uso e Destruição e ou Recife 30/10/2019 1800 Vazamento de Óleo preservação poluição Com. Pesqueira Ilha de Deus/ Uso e Destruição e ou Recife 07/11/2019 Vazamento de Óleo preservação poluição Colônia de Pescadores Z-1 e Z-25/ Uso e Destruição e ou Jaboatão dos Guararapes, Recife 03/12/2019 1900 Petrobrás/Vazamento de Óleo preservação poluição Com. Ponte do Limoeiro/Vazamento de Uso e Destruição e ou Recife 07/11/2019 Óleo preservação poluição Com. Vila da Imbiribeira/Vazamento Uso e Destruição e ou Recife 07/11/2019 de Óleo preservação poluição Uso e Destruição e ou Recife Comunidade Bode/Vazamento de Óleo 07/11/2019 preservação poluição Com. Abreu do Una/Vazamento de Uso e Destruição e ou São José da Coroa Grande 29/11/2019 Óleo preservação poluição Com. Pesqueiras/Rio Sirinhahém/Us. Uso e Destruição e ou Ipojuca, Sirinhaém, Recife 20/09/2019 Trapiche preservação poluição

Subtotal: 15 6386

Total dos Conflitos no Campo - Pernambuco: 67 Pessoas: 43268 Piauí TERRA Conflitos por Terra Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Santa Filomena, Baixa Grande Comunidade Morro d' Água 10/01/2019 Posseiros do Ribeiro Santa Filomena, Baixa Grande Comunidade Morro d' Água 07/02/2019 9 Indígenas do Ribeiro Com. Melancias/Morro d' Água/Gata/ Gilbués, Santa Filomena, Bom Barra do Correntina/Riacho dos 17/03/2019 Assentados Jesus Cavalos/Brejo das Éguas/Serra Partida/ Assent. Rio Preto Com. Melancias/Morro d' Água/Gata/ Gilbués, Santa Filomena, Bom Barra do Correntina/Riacho dos 03/06/2019 Assentados Jesus Cavalos/Brejo das Éguas/Serra Partida/ Assent. Rio Preto Com. Melancias/Morro d' Água/Gata/ Gilbués, Santa Filomena, Bom Barra do Correntina/Riacho dos 04/08/2019 Assentados Jesus Cavalos/Brejo das Éguas/Serra Partida/ Assent. Rio Preto Com. Melancias/Morro d' Água/Gata/ Gilbués, Santa Filomena, Bom Barra do Correntina/Riacho dos 04/11/2019 41 Assentados Jesus Cavalos/Brejo das Éguas/Serra Partida/ Assent. Rio Preto Com. Melancias/Morro d' Água/Gata/ Gilbués, Santa Filomena, Bom Barra do Correntina/Riacho dos 02/10/2019 Sem Terra Jesus Cavalos/Brejo das Éguas/Serra Partida/ Assent. Rio Preto Bom Jesus Comunidade Corrente dos Matões 02/11/2019 41 Posseiros Com. Melancias/Morro d' Água/Gata/ Gilbués, Santa Filomena, Bom Barra do Correntina/Riacho dos 29/08/2019 Assentados Jesus Cavalos/Brejo das Éguas/Serra Partida/ Assent. Rio Preto Cristino Castro Comunidade de Vão de Santana 30/07/2019 8 Sem Terra 75

Com. Baixio dos Belos/Mineradora Curral Novo do Piauí 09/02/2019 24 Pequenos proprietários Bemisa Assentamento Data Coité/Vila Esperantina 12/04/2019 Quebradeiras de coco babaçu Esperança Isaías Coelho, Campinas do Piauí Com. Quil. Sabonete/Rio Canindé 15/02/2019 47 Quilombolas Paulistana Comunidade Barro Vermelho 26/11/2019 21 Pequenos proprietários Paulistana, Simplício Mendes Com. Quill. Contente/Transnordestina 26/11/2019 47 Quilombolas Santa Filomena Área em Chupé/Grupo Pompeu/JAP 03/10/2019 13 Ribeirinhos Teresina Assent. Jacarandá/Povoado Tapúia 24/02/2019 Assentados Teresina Assent. Jacarandá/Povoado Tapúia 18/03/2019 45 Assentados

Subtotal: 18 296

Total conflitos por terra - Piauí: 18 296 TRABALHO Trabalho Escravo Trab. na Município(s) Nome do Conflito Data Libertos Menores Tipo de Trabalho denúncia Serviços gerais Antônio Almeida Fazenda Campo Grande 04/06/2019 11 11 (lavoura) Bom Jesus Fazenda Santa Clara 07/10/2019 29 29 Soja Bom Jesus Fazenda Estrela 07/10/2019 15 15 Pecuária Santa Cruz do Piauí Pedreira no Povoado Tabuleiro 14/05/2019 11 11 Mineração São João da Serra Carnaúbal no Povoado Santa Rosa 14/08/2019 12 12 Carnaúba (Extrativismo) São João da Serra Carnaúbal no Povoado Ladeira 14/08/2019 13 13 Carnaúba (Extrativismo) São José do Peixe Fazenda Mocambo 30/12/2019 14 14 Carvoaria

Subtotal: 7 105

Total Conflitos Trabalhistas - Piauí: 7 105 ÁGUA Conflitos pela Água Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação Com. Melancias/Morro d' Água/Gata/ Gilbués, Santa Filomena, Bom Barra do Correntina/Riacho dos Uso e Destruição e ou 14/02/2019 38 Jesus Cavalos/Brejo das Éguas/Serra Partida/ preservação poluição Assent. Rio Preto Praia em Cajueiro da Praia/Vazamento Uso e Destruição e ou Cajueiro da Praia 09/12/2019 6 do Óleo preservação poluição Ilha Grande/Rio Parnaíba/Vazamento de Uso e Destruição e ou Ilha Grande 19/11/2019 45 Óleo preservação poluição Praia de Peito de Moça/Vazamento do Uso e Destruição e ou Luís Correia 09/12/2019 6 Óleo preservação poluição Praia Pedra do Sal/Praia do Pontal/Praia Uso e Destruição e ou Luís Correia, Parnaíba Peito de Moça/Ilhas do Delta Parnaíba/ 16/11/2019 preservação poluição Vazamento de Óleo Uso e Destruição e ou Parnaíba Comunidade Pedra do Sal 09/12/2019 7 preservação poluição Barragens e Desconstrução do Piripiri Projeto Açude Caldeirão 19/02/2019 Açudes histórico-cultural Uso e Destruição e ou Santa Filomena Barra da Lagoa 16/02/2019 11 preservação poluição

Subtotal: 8 113

Total dos Conflitos no Campo - Piauí: 33 Pessoas: 1741 Rio de Janeiro TERRA Conflitos por Terra Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Macaé, Rio de Janeiro Fazenda Bom Jardim 31/08/2019 63 Assentados Acamp. Edson Nogueira/ Unidade Macaé 26/02/2019 150 Sem Terra Pedagógica Mangaratiba, Rio de Janeiro Faz. Santa Justina/Acamp. Olga Benário 15/04/2019 57 Quilombolas Niterói Comun. Pesqueira da Praia Bom Sossego 01/11/2019 5 Pescadores Confitos noCampo Brasil 2019

Niterói Colônia de Pescadores Z-7 17/03/2019 9 Pescadores Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, Duque Assent. Terra Prometida/Tinguá 01/05/2019 60 Assentados de Caxias Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, Duque Assent. Terra Prometida/Tinguá 15/04/2019 Assentados de Caxias Rio de Janeiro, Niterói Aldeia do Imbuhy 18/10/2019 28 Extrativistas São João da Barra, Campos dos Com. Água Preta/Complexo Portuário 26/02/2019 15 Pequenos proprietários Goytacazes Açu/Minas-Rio/PAC

Subtotal: 9 387

Total conflitos por terra - Rio de Janeiro: 9 387 ÁGUA Conflitos pela Água Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação Uso e Destruição e ou Rio de Janeiro, Duque de Caxias Com. do Rio Sarapuí/Baía de Guanabara 11/06/2019 preservação poluição Colônia de Pescadores Z-10/Baía de Uso e Destruição e ou Rio de Janeiro 03/11/2019 Guanabara preservação poluição Uso e Destruição e ou São Francisco de Itabapoana Praia dos Sonhos/Vazamento de Óleo 26/11/2019 preservação poluição Uso e Destruição e ou São João da Barra Praia de Grussaí/Vazamento de Óleo 01/12/2019 preservação poluição

Subtotal: 4

Total dos Conflitos no Campo - Rio de Janeiro: 13 Pessoas: 1548 Rio Grande do Norte TERRA Conflitos por Terra Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Área do Estado/Acamp. Antônio Afonso Bezerra, Alto do Rodrigues 01/08/2019 100 Sem Terra Batista João Câmara Faz. Baixa Verde/Pecol Agropecuária 27/03/2019 60 Sem Terra São Gonçalo do Amarante, São Parque Nac. das Nascentes/Rio 07/08/2019 300 Sem Terra Gonçalo do Amarante Golandim Touros, São Miguel do Gostoso Acampamento Maria Aparecida 31/05/2019 32 Sem Terra

Subtotal: 4 492

Total conflitos por terra - Rio Grande do Norte: 4 492 TRABALHO Trabalho Escravo Trab. na Município(s) Nome do Conflito Data Libertos Menores Tipo de Trabalho denúncia Carnaúba Açu Carnaúbal do Sítio Panon 1 17/10/2019 10 10 (Extrativismo) Carnaúba Carnaubais Carnaúbal 17/10/2019 4 4 (Extrativismo) Equador AK Mineração/Sítio Tanquinho 06/06/2019 10 4 Mineração (Caulim)

Subtotal: 3 24

Total Conflitos Trabalhistas - Rio Grande do Norte: 3 24 ÁGUA Conflitos pela Água Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação Uso e Destruição e ou Baía Formosa Área Baía Formosa/Vazamento de Óleo 07/09/2019 preservação poluição Uso e Destruição e ou Baía Formosa Praia do Sagi/Vazamento de Óleo 08/11/2019 preservação poluição Barragens e Ameaça de Jucurutu, Caicó Barragem de Oiticica/PAC 14/09/2019 240 Açudes expropriação 77

Rio do Fogo, Maxaranguape, Colônia de Pescadores de Maracajaú Uso e Destruição e ou 17/09/2019 40 To u r o s Z-05/APARC/Vazamento de Óleo preservação poluição Uso e Destruição e ou Natal Praia de Alagamar/Vazamento de Óleo 24/09/2019 preservação poluição Praia da Via Costeira/Vazamento de Uso e Destruição e ou Natal 17/11/2019 Óleo preservação poluição Uso e Destruição e ou Nísia Floresta Praia de Malembá/Vazamento de Óleo 10/11/2019 preservação poluição Praia de Barra de Tabatinga/ Uso e Destruição e ou Nísia Floresta 10/11/2019 Vazamento de Óleo preservação poluição Localidade de Sibaúma/Das Minas/ Uso e Destruição e ou Tibau do Sul 11/09/2019 Vazamento de Óleo preservação poluição

Subtotal: 9 280

Total dos Conflitos no Campo - Rio Grande do Norte: 16 Pessoas: 3112 Rio Grande do Sul TERRA Conflitos por Terra Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Carazinho Com. Kaingang/Parque da Cidade 28/01/2019 28 Indígenas Encruzilhada do Sul Assentamento Segredo Farroupilha 31/12/2019 Sem Terra Nonoai T. I. Nonoai Rio da Várzea 12/02/2019 Indígenas Faz. Ponta do Arado/T. I Guarani Porto Alegre 15/09/2019 7 Indígenas Mbya Faz. Ponta do Arado/T. I Guarani Porto Alegre 11/01/2019 Indígenas Mbya Faz. Ponta do Arado/T. I Guarani Porto Alegre 14/01/2019 Indígenas Mbya Faz. Ponta do Arado/T. I Guarani Porto Alegre 11/07/2019 Indígenas Mbya Porto Alegre Quilombo dos Machados 31/10/2019 20 Quilombolas Taquari Área da Antiga Fepagro 21/10/2019 50 Sem Terra Taquari Área da Antiga Fepagro 19/10/2019 Sem Terra

Subtotal: 10 105 Ocupações/Retomadas Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Carazinho Com. Kaingang/Parque da Cidade 05/12/2019 30 Indígenas Taquari Área da Antiga Fepagro 17/10/2019 50 Sem Terra

Subtotal: 2 80

Total conflitos por terra - Rio Grande do Sul: 12 107 TRABALHO Trabalho Escravo Trab. na Município(s) Nome do Conflito Data Libertos Menores Tipo de Trabalho denúncia Farroupilha Sítio na Linha Julieta 08/08/2019 11 Frutas Venâncio Aires Fazenda em Venâncio Aires 15/04/2019 1 1 Fumo

Subtotal: 2 2

Total Conflitos Trabalhistas - Rio Grande do Sul: 2 2

Total dos Conflitos no Campo - Rio Grande do Sul: 14 Pessoas: 430 Rondônia TERRA Conflitos por Terra Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Faz. Nova Zelândia/Gl. Santa Rosa/ Pimenteiras 30/01/2019 43 Sem Terra Linha 11 Alta Floresta D'Oeste Fazenda Surubim 09/09/2019 Sem Terra Confitos noCampo Brasil 2019

Rolim de Moura, Alto Alegre dos Acamp. Che Guevara/Faz. Sol 17/06/2019 130 Sem Terra Parecis Nascente Gl. Burareiro/Lote 160/Km-52/Faz. Ariquemes 18/02/2019 12 Sem Terra Normann Jaru, Ji-Paraná, Porto Velho, Acamp. Canaã/Faz. Arroba/Só Cacau 21/11/2019 200 Sem Terra Ariquemes Ariquemes Acampamento Renato Nathan 2 12/08/2019 40 Sem Terra Porto Velho, Ariquemes Acamp. São Francisco/RO-257 12/08/2019 67 Sem Terra Faz. Cauan/Galhardi/Acamp. Raio do Ariquemes 12/08/2019 40 Sem Terra Sol/Linha C-19/Trav. 1 da Linha 45 Faz. Lourinho/P. A. Santa Helena/Linha Buritis 05/11/2019 20 Sem Terra 02 Acamp. Igarapé Preto/Faz. do Cabixi 28/02/2019 80 Sem Terra Gauxinho Cacoal, Ji-Paraná T. I. Sete de Setembro 27/02/2019 Indígenas Cacoal, Ji-Paraná T. I. Sete de Setembro 11/09/2019 345 Indígenas Nova Mamoré, Campo Novo de Resex Jaci-Paraná 04/01/2019 Extrativistas Rondônia, Porto Velho Faz. Cinco Estrelas e Rio Azul/Acamp. Buritis, Campo Novo de Rondônia 15/12/2019 40 Posseiros Jacinópolis II Campo Novo de Rondônia P. A. Nova Floresta 12/08/2019 34 Assentados Candeias do Jamari P. A. Rio Preto do Candeias 12/08/2019 Assentados Agrop. Rio Candeias/Faz. Urupá/ Candeias do Jamari, Porto Velho Assent. Flor do Amazonas/Acamp. 15/08/2019 Assentados Boa Sorte Candeias do Jamari Com. Ramal São Sebastião 29/05/2019 47 Posseiros Agrop. Rio Candeias/Faz. Urupá/ Candeias do Jamari, Porto Velho Assent. Flor do Amazonas/Acamp. 24/01/2019 Assentados Boa Sorte Candeias do Jamari Lote 105/P. A. Flor do Amazonas 2 12/08/2019 700 Assentados Agrop. Rio Candeias/Faz. Urupá/ Candeias do Jamari, Porto Velho Assent. Flor do Amazonas/Acamp. 20/08/2019 80 Assentados Boa Sorte Agrop. Rio Candeias/Faz. Urupá/ Candeias do Jamari, Porto Velho Assent. Flor do Amazonas/Acamp. 12/07/2019 Assentados Boa Sorte Agrop. Rio Candeias/Faz. Urupá/ Candeias do Jamari, Porto Velho Assent. Flor do Amazonas/Acamp. 17/07/2019 Assentados Boa Sorte Candeias do Jamari PAF Jequitibá 12/08/2019 514 Assentados Cerejeiras Gleba Guaporé/Lote 167 06/02/2019 Sem Terra Área do Lixão/Fundo do Parque Ind. Cerejeiras Aurélio Miliiorança/Assoc. dos Peq. 15/05/2019 25 Sem Terra Prod. Rurais Nossa Sra. Aparecida Faz. Estrela/Pai Herói/Lotes 52 e 53/ Vilhena, Chupinguaia Linhas 80 e 85/Gl. Corumbiara/Assoc. 21/10/2019 50 Posseiros Nossa Sra. Aparecida Gleba Corumbiara/Lote 52/Setor 07/ Chupinguaia 21/10/2019 107 Posseiros Assoc. Nossa Sra. Aparecida Acamp. Manoel Ribeiro/Faz. ZC/Gl. Corumbiara Corumbiara/Lote 100/Linha 155/Setor 11/01/2019 Sem Terra 110 Acamp. Manoel Ribeiro/Faz. ZC/Gl. Corumbiara Corumbiara/Lote 100/Linha 155/Setor 01/02/2019 50 Sem Terra 110 Acamp. Manoel Ribeiro/Faz. ZC/Gl. Corumbiara Corumbiara/Lote 100/Linha 155/Setor 09/01/2019 Sem Terra 110 Costa Marques Com. Quilombola de Santa Fé 05/10/2019 12 Quilombolas Linha 106/Região Soldado da Cujubim 23/10/2019 Posseiros Borracha Espigão D'Oeste Reserva Indígena Roosevelt 27/02/2019 240 Indígenas Guajará-Mirim Ramal do Bom Sossego/Km 22 06/12/2019 60 Posseiros Ji-Paraná T. I. Igarapé Lourdes 01/08/2019 246 Indígenas Machadinho D'Oeste Resex Aquariquara 05/03/2019 91 Extrativistas Machadinho D'Oeste Fazenda Jatobá 27/11/2019 30 Sem Terra Mirante da Serra Assentamento Padre Ezequiel 12/08/2019 193 Assentados Faz. na Linha 70/Área Revolucionária Mirante da Serra 12/08/2019 60 Sem Terra Paulo Bento Monte Negro Acamp. Élcio Machado/Linha A2 12/08/2019 300 Sem Terra 79

Faz. Padre Cícero/Acamp. Monte Monte Negro, Buritis, Porto Velho 03/12/2019 90 Sem Terra Verde Nova Brasilândia D'Oeste, Porto Acampamento Paulo Freire 2 12/08/2019 45 Sem Terra Velho Acamp. Conquista/Faz. Primavera/ Nova Mamoré 13/06/2019 38 Sem Terra Gleba Buriti/Distrito de Jacinópolis Acamp. Dois Irmãos/Dois Amigos/Faz. Nova Mamoré, Porto Velho 31/12/2019 105 Posseiros do Bispo/Linha 29 C Acamp. Dois Irmãos/Dois Amigos/Faz. Nova Mamoré, Porto Velho 06/02/2019 Posseiros do Bispo/Linha 29 C Nova Mamoré, Guajará-Mirim, T. I. Karipuna 10/10/2019 58 Indígenas Porto Velho Acamp. Conquista/Faz. Primavera/ Nova Mamoré 25/04/2019 Sem Terra Gleba Buriti/Distrito de Jacinópolis Lote 30-A/Gleba 7/Projeto Integrado Ouro Preto do Oeste 07/10/2019 15 Posseiros de Colonização Ouro Preto Pimenta Bueno Fazenda Santo Expedito 12/07/2019 4 Sem Terra Pimenta Bueno Faz.Triângulo/El Karana 19/02/2019 6 Sem Terra Acamp. Nova Esperança/Boa Alto Paraíso, Porto Velho Esperança/Título Definitivo São 09/01/2019 Posseiros Sebastião/Flona Bom Futuro Gl. Rio Garças/Colônia Areia Branca/ Porto Velho 21/03/2019 60 Posseiros Lote 4 Porto Velho Acamp. Linha 5/Distrito Bandeirantes 25/04/2019 58 Posseiros Porto Velho Área do Militão/Setor Chacareiro 17/07/2019 600 Posseiros Porto Velho Área do Militão/Setor Chacareiro 11/02/2019 Posseiros Faz. Camim/Camia/Kamias/Linha G da Porto Velho 31/12/2019 35 Posseiros F/Acamp. Fruto da Terra Porto Velho Linha C-10/Km 32 12/08/2019 Posseiros Acamp. Nova Esperança/Boa Alto Paraíso, Porto Velho Esperança/Título Definitivo São 13/04/2019 Posseiros Sebastião/Flona Bom Futuro Acamp. Nova Esperança/Boa Alto Paraíso, Porto Velho Esperança/Título Definitivo São 10/09/2019 419 Posseiros Sebastião/Flona Bom Futuro Porto Velho Área do Militão/Setor Chacareiro 22/02/2019 Posseiros Rio das Garças/Faz. Alexandria/ Porto Velho 03/04/2019 418 Posseiros Acamp. São Cristovão Acamp. Bacuri/Linha 105/C-95/Km 30/ Rio Crespo 01/08/2019 66 Sem Terra Gl. Burareiro/Lotes 14, 15, 16/Gl. 01 São Francisco do Guaporé, Porto Com. Quilombola de Pedras Negras/ 11/10/2019 20 Quilombolas Velho Resex São Miguel do Guaporé Com. Quilombola do Senhor Jesus 14/11/2019 8 Quilombolas São Miguel do Guaporé, Seringueiras, Guajará-Mirim, Governador Jorge Teixeira, Costa Marques, Monte Negro, Jaru, Nova T. I. Uru-Eu-Wau-Wau 13/08/2019 Indígenas Mamoré, Mirante da Serra, Cacaulândia, Alvorada D'Oeste, Campo Novo de Rondônia São Miguel do Guaporé, Seringueiras, Guajará-Mirim, Governador Jorge Teixeira, Costa Marques, Monte Negro, Jaru, Nova T. I. Uru-Eu-Wau-Wau 23/01/2019 Indígenas Mamoré, Mirante da Serra, Cacaulândia, Alvorada D'Oeste, Campo Novo de Rondônia São Miguel do Guaporé, Seringueiras, Guajará-Mirim, Governador Jorge Teixeira, Costa Marques, Monte Negro, Jaru, Nova T. I. Uru-Eu-Wau-Wau 10/12/2019 115 Indígenas Mamoré, Mirante da Serra, Cacaulândia, Alvorada D'Oeste, Campo Novo de Rondônia Faz. Bom Futuro/Acamp. Enilson Seringueiras 07/01/2019 Sem Terra Ribeiro Seringueiras P. A. Riacho Doce 12/08/2019 75 Assentados São Miguel do Guaporé, Seringueiras, Guajará-Mirim, Governador Jorge Teixeira, Costa Marques, Monte Negro, Jaru, Nova T. I. Uru-Eu-Wau-Wau 11/01/2019 Indígenas Mamoré, Mirante da Serra, Cacaulândia, Alvorada D'Oeste, Campo Novo de Rondônia Confitos noCampo Brasil 2019

Faz. Bom Futuro/Acamp. Enilson Seringueiras 07/09/2019 400 Sem Terra Ribeiro Nova Brasilândia D'Oeste, Faz. Riacho Doce/Acamp. Paulo Freire 12/08/2019 75 Sem Terra Seringueiras, Porto Velho 4 Glebas Iquê e Pesqueira/Cooperativa Vilhena 25/11/2019 150 Posseiros Cooperfrutas Vilhena Linha 115/Lote 25/Gl. Corumbiara 27/03/2019 Posseiros Vilhena Acamp. Flor da Serra 06/02/2019 64 Posseiros Vilhena Lote 52 /Linha 85/Setor 07 21/10/2019 40 Posseiros Vilhena P. A. Águas Claras 25/11/2019 64 Assentados Gl. Corumbiara/Setor 12/Lote 52/Faz. Vilhena 06/02/2019 50 Posseiros Duarte/Assoc. Canarinho Lotes 62, 63, 64/Sítio 90-A/Linha 85/ Vilhena 18/10/2019 70 Posseiros Setor 08/Faz. Vilhena/Gl. Corumbiara Lote 58/Setor 07/Linha 85/Barão de Vilhena, Pimenta Bueno 26/02/2019 38 Posseiros Melgaço/Gl. Corumbiara

Subtotal: 81 7042 Ocupações/Retomadas Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Gl. Burareiro/Lote 160/Km-52/Faz. Ariquemes 15/01/2019 12 Sem Terra Normann

Subtotal: 1 12

Total conflitos por terra - Rondônia: 82 7042 TRABALHO Trabalho Escravo Trab. na Município(s) Nome do Conflito Data Libertos Menores Tipo de Trabalho denúncia Pimenta Bueno Fazenda Santa Rita de Cássia 03/09/2019 17 17 Pecuária Desmatamento e Pimenta Bueno Fazenda Santa Rita de Cássia 12/09/2019 17 17 eucalipto São Miguel do Guaporé Farinheira 18/12/2019 5 Farinha de mandioca

Subtotal: 3 39

Total Conflitos Trabalhistas - Rondônia: 3 39 ÁGUA Conflitos pela Água Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação Barragens e Ameaça de Machadinho D'Oeste, Ji-Paraná UHE Tabajara/28 Comunidades/PAC 04/04/2019 3639 Açudes expropriação Barragens e Destruição e ou Machadinho D'Oeste Rompimento de Barragens/Mineração 29/03/2019 100 Açudes poluição Com. do Distrito de Nazaré/UHE Jirau Barragens e Não cumprimento de Porto Velho 14/02/2019 e Sto. Antônio Açudes procedimentos legais Com. do Distrito de Calama/UHE Jirau Barragens e Não cumprimento de Porto Velho 14/02/2019 e Sto. Antônio Açudes procedimentos legais Com. de São Carlos/Bom Será/Itacoã/ Barragens e Não cumprimento de Porto Velho 14/02/2019 900 UHE Jirau e Sto. Antônio Açudes procedimentos legais Com. de Mutuns/UHE Jirau e Sto. Barragens e Não cumprimento de Porto Velho 22/02/2019 48 Antônio Açudes procedimentos legais Com. São Miguel/UHE Jirau e Sto. Barragens e Não cumprimento de Porto Velho 22/02/2019 Antônio Açudes procedimentos legais Com. de Maravilha I/UHE Jirau e Sto. Barragens e Não cumprimento de Porto Velho 22/02/2019 80 Antônio Açudes procedimentos legais Com. Maravilha II/UHE Jirau e Sto. Barragens e Não cumprimento de Porto Velho 22/02/2019 Antônio Açudes procedimentos legais Ramal São Sebastião/UHE Jirau e Sto. Barragens e Não cumprimento de Porto Velho 22/02/2019 Antônio Açudes procedimentos legais Barragens e Não cumprimento de Porto Velho Abunã/UHE Jirau e Sto. Antônio 22/02/2019 Açudes procedimentos legais Com. Boca do Jamari/UHE Jirau e Sto. Barragens e Não cumprimento de Porto Velho 27/02/2019 Antônio Açudes procedimentos legais Com. de Bom Jardim/UHE Jirau e Sto. Barragens e Não cumprimento de Porto Velho 27/02/2019 50 Antônio Açudes procedimentos legais 81

Barragens e Não cumprimento de Porto Velho Com. Boa Fé/UHE Jirau e Sto. Antônio 27/02/2019 Açudes procedimentos legais Com. Cujubim Grande/UHE Jirau e Barragens e Não cumprimento de Porto Velho 27/02/2019 Sto. Antônio Açudes procedimentos legais Com. de Belmont/UHE Jirau e Sto. Barragens e Não cumprimento de Porto Velho 02/03/2019 Antônio Açudes procedimentos legais Com. Terra Caída/UHE Jirau e Sto. Barragens e Não cumprimento de Porto Velho 10/03/2019 Antônio Açudes procedimentos legais Com. Cavalcante/UHE Jirau e Sto. Barragens e Não cumprimento de Porto Velho 10/03/2019 Antônio Açudes procedimentos legais Assent. Aliança/UHE Jirau e Sto. Barragens e Não cumprimento de Porto Velho 25/03/2019 Antônio Açudes procedimentos legais Assent. Joana Darc I, II e III/UHE Jirau Barragens e Não cumprimento de Porto Velho 16/09/2019 286 e Sto. Antônio/PAC Açudes procedimentos legais Nova Mutum e Jaci Paraná/UHE Jirau e Barragens e Não cumprimento de Porto Velho 04/04/2019 1564 Santo Antônio Açudes procedimentos legais

Subtotal: 21 6667

Total dos Conflitos no Campo - Rondônia: 106 Pessoas: 54875 Roraima TERRA Conflitos por Terra Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria São João da Baliza, São Luís, Boa T. I. Waimiri Atroari 14/11/2019 502 Indígenas Vista São João da Baliza, São Luís, Boa T. I. Waimiri Atroari 01/03/2019 Indígenas Vista T.I. Macuxi e Wapixana/ Reserva Alto Alegre, Boa Vista 14/03/2019 116 Indígenas Boqueirão Alto Alegre Assentamento Novo Planalto 30/09/2019 120 Pequenos proprietários Amajari Maloca Três Corações 17/05/2019 Indígenas Amajari T. I. Anaro/Maloca do Anaro 17/05/2019 11 Indígenas Amajari Maloca Ananás 17/05/2019 3 Indígenas Gleba Murupu/Com. Baixadão do Bem- Boa Vista 26/03/2019 36 Sem Terra Te-Vi/Reg. Bom Intento Cantá, Bonfim T.I. Wapixana/ Reserva Muriru 04/04/2019 46 Indígenas Cantá Gleba Tacutú/Com. de Chácaras 06/06/2019 Posseiros Cantá Gleba Tacutú/Com. de Chácaras 30/09/2019 52 Posseiros T.I. Wapixana/ Maloca Recanto da Cantá 04/04/2019 Indígenas Saudade (NS) Caracaraí P. A. Cupiuba 01/12/2019 36 Assentados Caracaraí Área Cojubim Beira Rio 04/05/2019 Sem Terra Caracaraí Área Cojubim Beira Rio 07/05/2019 67 Sem Terra Caroebe, Boa Vista, Cantá P. A. Jatapu 05/04/2019 1878 Assentados Mucajaí Fazenda Tocantins/Acamp. Lula Livre 18/12/2019 100 Sem Terra Mucajaí Assentamento Vila Nova/Samaúma 26/11/2019 1 Assentados Mucajaí Fazenda Tocantins/Acamp. Lula Livre 30/04/2019 Sem Terra Caracaraí, Alto Alegre, Mucajaí, T. I. Yanomami/Apiauí/Papiu/Yawaripé 29/05/2019 1142 Indígenas Boa Vista Caracaraí, Alto Alegre, Mucajaí, T. I. Yanomami/Apiauí/Papiu/Yawaripé 21/01/2019 Indígenas Boa Vista T. I. São Marcos/Macuxi/Wapixana/ Pacaraima 14/03/2019 Indígenas Taurepang T. I. São Marcos/Macuxi/Wapixana/ Pacaraima 16/10/2019 1460 Indígenas Taurepang Rorainópolis T. I. Pirititi 20/05/2019 13 Indígenas Uiramutã, Boa Vista, Pacaraima, T. I. Raposa Serra do Sol/Jawari/Brilho 31/01/2019 Indígenas Mucajaí, Normandia do Sol/S. Miguel Uiramutã, Boa Vista, Pacaraima, T. I. Raposa Serra do Sol/Jawari/Brilho 14/03/2019 6400 Indígenas Mucajaí, Normandia do Sol/S. Miguel Assent. Nova Amazônia/Faz. Amajari, Boa Vista Bamerindus/Gl. Truaru/ Aldeia Lago da 04/04/2019 547 Assentados Praia

Subtotal: 27 12530 Confitos noCampo Brasil 2019

Ocupações/Retomadas Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Mucajaí Fazenda Tocantins/Acamp. Lula Livre 28/04/2019 100 Sem Terra

Subtotal: 1 100

Total conflitos por terra - Roraima: 28 12530 TRABALHO Trabalho Escravo Trab. na Município(s) Nome do Conflito Data Libertos Menores Tipo de Trabalho denúncia Iracema Fazenda Reunidas 20/06/2019 8 8 Pecuária Mucajaí Fazenda Rio Branco 12/05/2019 2 2 Pecuária Fazenda Estrela Zil/Vicinal 21/Gleba Extração de madeira São João da Baliza 10/02/2019 6 6 Baliza (desmatamento)

Subtotal: 3 16

Total Conflitos Trabalhistas - Roraima: 3 16

Total dos Conflitos no Campo - Roraima: 31 Pessoas: 50136 Santa Catarina TERRA Conflitos por Terra Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Abelardo Luz T. I. Toldo Imbu/Kaingang 28/01/2019 61 Indígenas Balneário Barra do Sul, Araquari T.I. Tarumã/Guarani M'bya 08/02/2019 5 Indígenas Campos Novos, Monte Carlo, Com. Quilombola Invernada dos 08/02/2019 170 Quilombolas Joaçaba, Florianópolis Negros T. I. Toldo Chimbangue/Kaingang/Sede Chapecó 11/01/2019 133 Indígenas Trentim Doutor Pedrinho, Itaiópolis, T. I. Xokleng Bugio/Duque de Caxias/ Ibirama, Florianópolis, Penha, Ibirama-La Klaño/B. Norte/Bom 15/02/2019 Indígenas Vitor Meireles, José Boiteux Sucesso Doutor Pedrinho, Itaiópolis, T. I. Xokleng Bugio/Duque de Caxias/ Ibirama, Florianópolis, Penha, Ibirama-La Klaño/B. Norte/Bom 29/04/2019 514 Indígenas Vitor Meireles, José Boiteux Sucesso Monte Carlo Com. Quilombola Campo dos Polí 25/11/2019 30 Quilombolas Palhoça T. I. Praia de Fora/Guarani 12/09/2019 4 Indígenas T. I. Morro dos Cavalos/Itaty/Guarani Palhoça, Florianópolis 06/02/2019 75 Indígenas M'Bya Paulo Lopes Com. Quilombola Toca de Santa Cruz 15/10/2019 38 Quilombolas Rio do Campo Área da Rohden S.A./Serra do Mirador 28/03/2019 12 Sem Terra

Subtotal: 11 1042 Ocupações/Retomadas Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Monte Carlo Com. Quilombola Campo dos Polí 25/11/2019 30 Quilombolas

Subtotal: 1 30

Total conflitos por terra - Santa Catarina: 12 1042 TRABALHO Trabalho Escravo Trab. na Município(s) Nome do Conflito Data Libertos Menores Tipo de Trabalho denúncia Passos Maia Fazenda São Marcos III 16/09/2019 5 5 Pinus

Subtotal: 1 5

Total Conflitos Trabalhistas - Santa Catarina: 1 5 ÁGUA Conflitos pela Água 83

Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação São José do Cerrito, Curitibanos, Barragens e Falta de projeto de UHE São Roque 09/05/2019 50 Vargem, Frei Rogério, Brunópolis Açudes reassentamento Doutor Pedrinho, Itaiópolis, T. I. Xokleng Bugio/Duque de Caxias/ Barragens e Reassentamento Ibirama, Florianópolis, Penha, Ibirama-La Klaño/B. Norte/Bom 20/09/2019 514 Açudes inadequado Vitor Meireles, José Boiteux Sucesso Pescadores Artesanais de SC/Seguro Uso e Não cumprimento de Florianópolis 29/01/2019 8000 Defeso preservação procedimentos legais Balneário Camboriú, Navegantes, Col. de Pesc. Z-5/Z-6/Z-7/Z-36/Apape/ Uso e 06/11/2019 1098 Destruição e ou poluição Itajaí, Penha Porto de Itajaí preservação Com. Ribeirão das Pedras/PCH Rudolf Barragens e Ta i ó 23/02/2019 1 Destruição e ou poluição Heidrich Açudes

Subtotal: 5 9663

Total dos Conflitos no Campo - Santa Catarina: 18 Pessoas: 42825 São Paulo TERRA Conflitos por Terra Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Agudos Faz. Tangará/Marruá 25/06/2019 25 Sem Terra Acamp. Paulo Kageyama/Assent. Araras Araras 26/04/2019 400 Sem Terra IV Barra do Turvo Com. Quilombola Cedro/Vale do Ribeira 14/05/2019 23 Quilombolas Boa Esperança do Sul Fazenda Cachoeirnha 29/10/2019 29 Sem Terra Castilho Área em Castilho 05/01/2019 130 Sem Terra Faz. Paraíso/Vitória/Santa Fé/Assent. Gália 07/03/2019 18 Sem Terra Luiz Beltrame Iacanga Acampamento Guaricanga 24/10/2019 500 Sem Terra 14 Com. Caiçara na Est. Eco. Juréia São Paulo, Iguape 04/07/2019 300 Caiçara Itatins 14 Com. Caiçara na Est. Eco. Juréia São Paulo, Iguape 18/06/2019 Caiçara Itatins T. I. Ka' Aguy Hovy/Guarani Mbya/Vale Iguape 27/08/2019 Indígenas da Ribeira Parque Ecológico Municipal Manoel Itapetininga 01/04/2019 10 Sem Terra Silvério Itirapina Acamp. Três de Setembro 26/11/2019 Sem Terra Limeira Área do Horto de Limeira 06/05/2019 Sem Terra Limeira Área do Horto Florestal de Limeira 05/06/2019 110 Sem Terra Aldeia Ko'e Ju/T.I. Amba Porã/Guarani Miracatu 27/08/2019 16 Indígenas Mbya/Vale do Ribeira T.I. Djaiko - Aty/Guarani Mbya e Miracatu 27/08/2019 10 Indígenas Ñandeva/Vale do Ribeira T.I. Ka' Aguy Mirim/Guarani Mbya/Vale Miracatu 27/08/2019 28 Indígenas da Ribeira Mogi Guaçu Fazenda Campininha 22/04/2019 400 Sem Terra Mongaguá, Itanhaém T. I. Itaóca/Guarani Mbya e Ñandeva 27/11/2019 22 Indígenas Panorama Acamp. Sesp-Bandeirantes 26/11/2019 Sem Terra Ribeirão Preto Acamp. Plantio Verde 26/11/2019 Sem Terra Riversul Fazenda Can-Can 20/05/2019 Sem Terra Riversul Fazenda Can-Can 27/05/2019 Sem Terra Riversul Fazenda Can-Can 23/08/2019 23 Sem Terra São Carlos Fazenda Capão das Antas 26/11/2019 216 Sem Terra Ubatuba Com. Caiçara do Cedro 09/10/2019 Caiçara Ubatuba Com. Caiçara de Ubatumirim 31/08/2019 Caiçara Ubatuba Com. Caiçara de Ubatumirim 17/03/2019 Caiçara Ubatuba Com. Caiçara da Almada 09/10/2019 Caiçara Valinhos Faz. Eldorado/Acamp. Marielle Vive 12/08/2019 1000 Sem Terra Valinhos Faz. Eldorado/Acamp. Marielle Vive 18/07/2019 Sem Terra São Paulo, São Vicente, T. I. Tenondé Porã/Kaliptory/Guyrapaju/ Mongaguá, São Bernardo do Krukutu/Tape Miri/Grexakã/Kuaray 24/04/2019 250 Indígenas Campo Rexakã

Subtotal: 32 3510 Confitos noCampo Brasil 2019

Ocupações/Retomadas Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Castilho Área do CESP/CTG 14/06/2019 80 Sem Terra

Subtotal: 1 80 Acampamentos Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Acamp. Paulo Kageyama/Assent. Araras Araras 23/04/2019 400 Sem Terra IV Castilho Fazenda Rancho do Abrigo 01/12/2019 500 Sem Terra Limeira Área do Horto Florestal de Limeira 05/06/2019 31 Sem Terra

Subtotal: 3 931

Total conflitos por terra - São Paulo: 36 4149 ÁGUA Conflitos pela Água Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação Colônia de Pescadores de Bertioga/Com. Uso e Bertioga 07/09/2019 Divergência Pesqueiras do Litoral Norte preservação Colônia de Pescadores Z-8/Com. Uso e Caraguatatuba 07/09/2019 Divergência Pesqueira do Litoral Norte preservação Uso e Cubatão, Santos Colônia de Pescadores 15/02/2019 200 Destruição e ou poluição preservação Uso e Não cumprimento de Pirassununga Colônia de Pescadores de Pirassununga 31/01/2019 20 preservação procedimentos legais Colônia de Pescadores Z-14/Com. Uso e São Sebastião 07/09/2019 Divergência Pesqueira do Litoral Norte preservação Colônia de Pescadores de Ubatuba/Com. Uso e Cuiabá, Ubatuba 27/07/2019 2000 Divergência Pesqueiras do Litoral Norte preservação

Subtotal: 6 2220

Total dos Conflitos no Campo - São Paulo: 42 Pessoas: 25476 Sergipe ÁGUA Conflitos pela Água Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação Apropriação Destruição e ou Aracaju Comunidade Atalaia Velha 04/06/2019 Particular poluição Uso e Destruição e ou Aracaju Praia Boa Viagem/Vazamento de Óleo 21/11/2019 preservação poluição Uso e Destruição e ou Aracaju Praia dos Náufragos/Vazamento de Óleo 21/11/2019 preservação poluição Uso e Destruição e ou Aracaju Ilha dos Namorados/Vazamento de Óleo 21/11/2019 preservação poluição Comunidade Mosqueiro/Vazamento de Uso e Destruição e ou Aracaju 30/08/2019 Óleo preservação poluição Uso e Destruição e ou Aracaju Comunidade Atalaia Velha 30/08/2019 preservação poluição Uso e Destruição e ou Aracaju Praia Viral/Vazamento de Óleo 14/10/2019 preservação poluição Uso e Destruição e ou Aracaju Praia de Aruanã/Vazamento de Óleo 30/08/2019 preservação poluição Apropriação Destruição e ou Aracaju Com. Boca do Rio/Farolândia 04/06/2019 Particular poluição Comunidade Atalaia Nova/Vazamento de Uso e Destruição e ou Barra dos Coqueiros 30/08/2019 Óleo preservação poluição Uso e Destruição e ou Barra dos Coqueiros Praia do Porto/Vazamento de Óleo 30/08/2019 preservação poluição Com. de Barra dos Coqueiros/Vazamento Uso e Destruição e ou Barra dos Coqueiros 30/08/2019 de Óleo preservação poluição Apropriação Destruição e ou Barra dos Coqueiros Povoado Touro 04/06/2019 Particular poluição Uso e Destruição e ou Barra dos Coqueiros Povoado Jatobá/Vazamento de Óleo 30/08/2019 preservação poluição 85

Uso e Destruição e ou Barra dos Coqueiros Praia da Costa/Vazamento de Óleo 30/08/2019 preservação poluição Comunidade Carapitanga/DESO/ Uso e Destruição e ou Brejo Grande 23/11/2019 128 Vazamento de Óleo preservação poluição Apropriação Destruição e ou Brejo Grande Pov. Samarém/Saramém 04/06/2019 Particular poluição Apropriação Destruição e ou Brejo Grande Com. Quilombola Brejão dos Negros 04/06/2019 277 Particular poluição Apropriação Destruição e ou Brejo Grande Comunidade Resina 04/06/2019 57 Particular poluição Uso e Destruição e ou Brejo Grande Colônia Z-16/Vazamento de Óleo 30/08/2019 preservação poluição Com. de Foz do Rio São Francisco/ Uso e Destruição e ou Brejo Grande 30/08/2019 241 Vazamento de Óleo preservação poluição Uso e Destruição e ou Brejo Grande Ilha da Costinha/Vazamento de Óleo 21/11/2019 241 preservação poluição Uso e Destruição e ou Brejo Grande Praia do Cabeço/Vazamento de Óleo 21/11/2019 241 preservação poluição Apropriação Destruição e ou Estância Povoado Ouricuri 04/06/2019 Particular poluição Apropriação Destruição e ou Estância Povoado Tibúrcio 04/06/2019 Particular poluição Apropriação Destruição e ou Estância Pov. Miranga/Miranguinha 04/06/2019 Particular poluição Apropriação Destruição e ou Estância Povoado Muculanduba 04/06/2019 Particular poluição Apropriação Destruição e ou Estância Povoado Farnaval 04/06/2019 25 Particular poluição Apropriação Destruição e ou Estância Povoado Gravatá 04/06/2019 Particular poluição Uso e Destruição e ou Estância Com. Praia do Abaís/Vazamento de Óleo 30/08/2019 preservação poluição Apropriação Destruição e ou Estância Povoado Massadiço 04/06/2019 17 Particular poluição Apropriação Destruição e ou Estância Pov. Manoel Dias 04/06/2019 50 Particular poluição Apropriação Destruição e ou Estância Com. Praia do Saco/Vazamento de Óleo 04/06/2019 Particular poluição Apropriação Destruição e ou Estância Pov. Porto do Mato 04/06/2019 769 Particular poluição Apropriação Destruição e ou Indiaroba Povoado Cajueirinho 04/06/2019 Particular poluição Com. Mangue de Indiaroba/Vazamento de Uso e Destruição e ou Indiaroba 30/08/2019 Óleo preservação poluição Apropriação Destruição e ou Indiaroba Povoado Ribuleirinhas 04/06/2019 Particular poluição Apropriação Destruição e ou Indiaroba Povoado Santa Terezinha 04/06/2019 Particular poluição Apropriação Destruição e ou Indiaroba Pov. Terra Caída 04/06/2019 350 Particular poluição Apropriação Destruição e ou Indiaroba Com. Pontal da Barra 04/06/2019 150 Particular poluição Apropriação Destruição e ou Indiaroba Povoado Preguiça 04/06/2019 350 Particular poluição Apropriação Destruição e ou Indiaroba P. A. Sete Brejos 04/06/2019 Particular poluição Uso e Destruição e ou Itaporanga d'Ajuda Povoado Caueiras/Vazamento de Óleo 30/08/2019 preservação poluição Apropriação Destruição e ou Itaporanga d'Ajuda Pov. Água Boa 04/06/2019 Particular poluição Apropriação Destruição e ou Itaporanga d'Ajuda Ilha Mem de Sá 04/06/2019 Particular poluição Apropriação Destruição e ou Itaporanga d'Ajuda Pov. Nova Descoberta 04/06/2019 Particular poluição Uso e Destruição e ou Itaporanga d'Ajuda Com. Mangue/Vazamento de Óleo 30/08/2019 preservação poluição Apropriação Destruição e ou Itaporanga d'Ajuda Povoado Costa do Pau D'arco 04/06/2019 Particular poluição Uso e Destruição e ou Neópolis Colônia Z-07Vazamento de Óleo 30/08/2019 preservação poluição Confitos noCampo Brasil 2019

Uso e Destruição e ou Neópolis Ilha das Flores/Vazamento de Óleo 30/08/2019 preservação poluição Comunidade Pacatuba/Vazamento de Uso e Destruição e ou Neópolis 30/08/2019 Óleo preservação poluição Apropriação Destruição e ou Pacatuba Pov. Santana dos Frades 04/06/2019 Particular poluição Praia de Ponta dos Mangues/Vazamento Uso e Destruição e ou Pacatuba 30/08/2019 de Óleo preservação poluição Apropriação Destruição e ou Pacatuba Povoado Tigre 04/06/2019 63 Particular poluição Apropriação Destruição e ou Pacatuba Povoado Junça 04/06/2019 28 Particular poluição Apropriação Destruição e ou Pacatuba Pov. Pontas dos Mangues 04/06/2019 Particular poluição Uso e Destruição e ou Pirambu Praia do Pirambu/Vazamento de Óleo 30/08/2019 preservação poluição Apropriação Destruição e ou Pirambu Pov. Água Boa 04/06/2019 Particular poluição Apropriação Destruição e ou Pirambu Pov. Lagoa Redonda 04/06/2019 Particular poluição Apropriação Destruição e ou Pirambu Comunidade Bebedouro 04/06/2019 Particular poluição Apropriação Destruição e ou Pirambu Povoado Aningas 04/06/2019 Particular poluição Apropriação Destruição e ou Pirambu Pov. Santa Isabel 04/06/2019 Particular poluição Apropriação Destruição e ou Pirambu Comunidade Aguilhadas 04/06/2019 Particular poluição Apropriação Destruição e ou Santa Luzia do Itanhy Povoado Taboa 04/06/2019 Particular poluição Apropriação Destruição e ou Santa Luzia do Itanhy Povoado Crasto 04/06/2019 Particular poluição Apropriação Destruição e ou Santa Luzia do Itanhy Povoado Rua da Palha 04/06/2019 Particular poluição Apropriação Destruição e ou Santa Luzia do Itanhy Povoado Pedra Furada 04/06/2019 Particular poluição Apropriação Destruição e ou Santa Luzia do Itanhy Povoado Cajazeiras 04/06/2019 100 Particular poluição Uso e Destruição e ou Aracaju Praia Coroa do Meio/Vazamento de Óleo 30/08/2019 preservação poluição

Subtotal: 69 3087

Total dos Conflitos no Campo - Sergipe: 69 Pessoas: 12348 Tocantins TERRA Conflitos por Terra Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Almas Comunidade Quilombola Baião 19/02/2019 25 Quilombolas Loteamento Caju Manso/Lt. 2/Faz. Araguaína 09/05/2019 23 Posseiros Pinheiro/Com. Gurgueia Araguaína P. A. Paraíso 02/07/2019 127 Assentados Muricilândia, Araguaína, Faz. Volta Grande/Assent. Manoel 11/11/2019 94 Assentados Luzinópolis Alves Bié Chaparral Agropecuária Ltda./Fazenda Araguaína 13/06/2019 40 Sem Terra Chaparral I Chaparral Agropecuária Ltda./Fazenda Araguaína 04/04/2019 Sem Terra Chaparral I Babaçulândia UHE Estreito/Acamp. Ilha Verde 10/09/2019 35 Ribeirinhos Babaçulândia UHE Estreito/Acamp. Ilha Verde 19/02/2019 Ribeirinhos Babaçulândia Faz. Aruanã I, II, III e IV/Taboca 18/03/2019 Sem Terra Babaçulândia Faz. Aruanã I, II, III e IV/Taboca 20/03/2019 70 Sem Terra Tocantinópolis, Barra do Ouro Gleba Tauá 21/08/2019 Posseiros Tocantinópolis, Barra do Ouro Gleba Tauá 09/12/2019 80 Posseiros Tocantinópolis, Barra do Ouro Gleba Tauá 10/05/2019 Posseiros Gleba Garimpo/Faz. Serrinha/ Barra do Ouro 07/10/2019 32 Sem Terra Comunidade Serrinha 87

Tocantinópolis, Barra do Ouro Gleba Tauá 26/03/2019 Sem Terra Barra do Ouro Gleba São José/Com. São José 20/11/2019 Sem Terra Barra do Ouro Gleba São José/Com. São José 05/12/2019 64 Sem Terra Tocantinópolis, Barra do Ouro Gleba Tauá 31/01/2019 Posseiros Tocantinópolis, Barra do Ouro Gleba Tauá 08/05/2019 Sem Terra Tocantinópolis, Barra do Ouro Gleba Tauá 30/10/2019 Posseiros Conceição do Tocantins Comunidade Quilombola Água Branca 19/02/2019 35 Quilombolas Conceição do Tocantins Comunidade Quilombola Matões 19/02/2019 38 Quilombolas Darcinópolis Assentamento Destilaria 22/04/2019 47 Assentados Filadélfia UHE Estreito/Acamp. Dom Bosco 28/02/2019 35 Ribeirinhos Formoso do Araguaia P.A. Caracol 08/05/2019 127 Assentados Formoso do Araguaia, Lagoa da Ilha do Bananal/Mata do Mamão// 04/11/2019 Indígenas Confusão, Pium Indígenas isolados "Cara Preta" Goiatins Gleba Sítio Taquari/Faz. Pau D'Óleo 06/02/2019 6 Posseiros Faz. Pântano do Papagaio/Acamp. Ipueiras 30/01/2019 40 Sem Terra Clodomir Santos de Morais Cristalândia, Gurupá, Lagoa da T. I. Mata Alagada/Loroty/Faz. Planeta/ 26/04/2019 31 Indígenas Confusão Krahô Kanela Luzinópolis Faz. São Joaquim I e II/Ass. Água Boa 19/04/2019 Sem Terra Luzinópolis Faz. São Joaquim I e II/Ass. Água Boa 02/11/2019 Sem Terra Luzinópolis Faz. São Joaquim I e II/Ass. Água Boa 18/06/2019 Sem Terra Luzinópolis Faz. São Joaquim I e II/Ass. Água Boa 19/03/2019 Sem Terra Luzinópolis Faz. São Joaquim I e II/Ass. Água Boa 11/12/2019 40 Sem Terra Luzinópolis Faz. São Joaquim I e II/Ass. Água Boa 01/11/2019 Sem Terra Nova Olinda, Nova Olinda Faz. Santa Maria/Gleba Anajá/Pombas 04/10/2019 30 Sem Terra Faz. Recreio/Freitas/Acamp. Bom Palmeirante 19/03/2019 19 Sem Terra Jesus/Gabriel Filho Formoso do Araguaia, Lagoa da Parque Indígena do Araguaia 20/08/2019 875 Indígenas Confusão, Pium Porto Alegre do Tocantins Comunidade Quilombola 19/02/2019 40 Quilombolas Porto Alegre do Tocantins Comunidade Quilombola São Joaquim 19/02/2019 68 Quilombolas São Bento do Tocantins Fazenda Estrela de Davi 28/11/2019 80 Sem Terra Maurilândia do Tocantins, Palmas, T. I. Apinajé/Apinayés/UHE Serra Tocantinópolis, Augustinópolis, 07/11/2019 227 Indígenas Quebrada/PAC Araguaína Wanderlândia Fazenda Santa Maria 21/05/2019 50 Sem Terra

Subtotal: 43 2378 Ocupações/Retomadas Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria Crixás do Tocantins Fazenda Consolação 14/09/2019 200 Sem Terra Luzinópolis Faz. São Joaquim I e II/Ass. Água Boa 30/04/2019 40 Sem Terra

Subtotal: 2 240

Total conflitos por terra - Tocantins: 45 2578 TRABALHO Trabalho Escravo Trab. na Município(s) Nome do Conflito Data Libertos Menores Tipo de Trabalho denúncia Bernardo Sayão Fazenda Macedônia 01/01/2019 4 4 Pecuária

Subtotal: 1 4

Total Conflitos Trabalhistas - Tocantins: 1 4 ÁGUA Conflitos pela Água Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação UHE Estreito/Reassentamento Bela Barragens e Reassentamento Babaçulândia 28/02/2019 19 Vista Açudes inadequado Barragens e Reassentamento Babaçulândia UHE Estreito/Reassentamento Baixão 28/02/2019 19 Açudes inadequado UHE Estreito/Reassentamento Santo Barragens e Reassentamento Babaçulândia 28/02/2019 19 Estevo Açudes inadequado Confitos noCampo Brasil 2019

UHE Estreito/Reassentamento Barragens e Reassentamento Babaçulândia 28/02/2019 19 Mirindiba Açudes inadequado

Subtotal: 4 76

Total dos Conflitos no Campo - Tocantins: 50 Pessoas: 10620 Tabela 2 - Conflitos no Campo

Brasil

Conflitos Pessoas

Terra 1254 578968

Trabalho 90 883

Água 489 279172

Seca

Total Brasil 1833 859023

11

* Foi divulgado número bem maior onde houve ocorrências de vazamento de petróleo em praias brasileiras, essas podem ser consultadas no endereço eletrônico http://www.ibama.gov.br/manchasdeoleo-localidades-atingidas . A CPT regis- trou como confito as comunidades as quais conseguimos fontes que contivessem nome da localidade, nome da comuni- dade, data aproximada do fato e em alguns casos número de famílias. Foto: Andressa Zumpano

Violência contra as mulheres. O patriarcado e as institucionalidades públicas nos conflitos no campo

Maria Cristina Vidotte Blanco Tarrega1

Introdução como entes unitários, reforça a forma de po- der a ser desconstruída, que suplanta uma A violência tem aumentado no mundo con- mera distinção entre sexos para signifcar temporâneo. A violência contra as mulheres, uma dominação sobre a vida. sobretudo. A violência como campo do agir masculino, num sistema patriarcal orienta- Žižek (2014) afrma que precisamos perce- do pelo neoliberalismo. Os sujeitos da vio- ber os contornos dos cenários que engen- lência, no seu ato, têm gênero defnido. A dram as explosões de violência, nas quais violência é sempre contra a mulher ou, em podemos identifcar claramente o violenta- outras palavras, é contra o que o feminino dor e o violentado. Precisamos nos afastar representa na sociedade. Ela é fncada na em direção às origens da violência. Mister representação de sujeitos individualizados se faz compreender ainda a violência simbó- pertencentes ao masculino e ao feminino. lica, encarnada na linguagem, impondo um A ideia de individuação dos sujeitos, vistos certo universo de sentido e por outro lado, a

1 Mestre e Doutora em Direito. Professora Titular na Universidade Federal de Goias e na Universidade de Ribeirão Preto. Confitos noCampo Brasil 2019

violência sistêmica determinante das bases ponesa é, nesse sentido, o espaço político do nosso sistema político e econômico. novo, é a nova esfera pública que desafa as verdades consolidadas a respeito do gênero, Nesse sentido, pode-se pensar que a violên- da raça, da propriedade da terra, do capital cia contra a mulher, enquanto fundamento e permite aos seus sujeitos sair da invisibi- do patriarcado, é a base de todas as outras lidade e se expor por uma nova política. E formas de violência e dominação (SEGATO, ao fazê-lo sofrem agressões porque violaram 2018 ). Ela é a fonte primeira das assime- o conforto das coisas naturalizadas violen- trias dentro do que podemos entender como tamente. violência sistêmica. O patriarcado como um sistema político e econômico estabelecido a A resistência camponesa é uma força per- partir de linguagens determina um universo turbadora num contexto sócio-histórico ra- de sentido violentador, agressivo, destruidor dical. A mulher, na reivindicação da terra e do campo feminino ali mesmo criado, retro- das territorialidades, fere a noção de gênero alimentando a hegemonia do que o mascu- naturalizada nas concepções de proprieda- lino representa. de da terra patriarcal, masculina capitalis- ta. Nessa perspectiva, a partir dos diversos ca- sos colhidos do repositório da Comissão Pas- O patriarcado e a violência contra a mu- toral da Terra (CPT), se propõe refetir sobre lher as muitas agressões sofridas pelas pessoas do campo, violentadas no sistema mundo Rita Segato (2018, p.221) afrma que o pa- patriarcal, em que o Estado é estruturado triarcado é o centro do problema da violên- em favor de sua apropriação pelas elites do- cia contra as mulheres e, portanto, o cen- minantes e cujo atuar é comprometido pelo tro de todas as formas de violência. Atacar fsiologismo. Um Estado cujas instituições o patriarcado é desmantelar as estruturas polarizam-se entre defender direitos consti- que sustentam as violências sociais con- tucionalmente assegurados e defender inte- temporâneas. Estruturas que se apresen- resses de grupos hegemônicos e propostas tam em assimetrias binárias que se revelam desenvolvimentistas. como político e privado, vida política e extra política, ignorando o não claramente políti- Com Judith Butler e Athena Athanasiou co. Ignorando, no nosso entendimento, as (2018) refetir sobre o pertencimento a gru- muitas expressões de poder nas relações pos e a despossessão, e a exposição das ex- privadas. Mascarando as tensões e hegemo- cluídas e dos excluídos, numa nova esfera nias existentes em todos os espaços sociais. política. Para as autoras, o domínio dessa Ignorando o que Segato (2018) denomina aparição política supõe um contexto de nor- de mandato de masculinidade que sustenta matividade social, aceita, acomodada, na- esta assimetria. turalizada na trama social. Sob esse tecido estão invisibilizados os excluídos. E essa é Esse sistema mundo patriarcal binário mi- a primeira violência sofrida pela mulher. O sógino, com suas linguagens violentas pro- desafo de resistir é o de mobilizar a apari- duz uma verdade masculina, universal, de ção, questionando as premissas epistemo- interesse geral dominadora e outras de im- lógicas naturalizadas. É violar as normas portância marginal.( SEGATO, 2018, p. 211) estabilizadoras fundadas sobre gênero, se- xualidade, racialidade, normalidade psíqui- No mundo da agrariedade, a verdade uni- ca, propriedade de terras e capital (BUTLER versal hegemônica masculina é aquela do e ATHANASIOU, 2016). A resistência cam- agronegócio. A concepção binária reproduz 91 essa ideia. O agronegócio, a exportação a com que os ingressos de divisa variem num produção de commodities - isso é a verda- sistema que difculta a alimentação das gen- de dominante, o político, o masculino. É a tes. Segundo a FAO, os modelos prevalentes verdade da propriedade capitalista, numa de mercado interno são mais estáveis. Onde perspectiva epistemológica naturalizada. se planta para comer, a fome é menor. Isso O mundo dos camponeses, das mulheres vale para as nações. Há menos fome, menos camponesas, dos povos tradicionais, da subnutrição. Ao contrário, onde se planta agricultura agroecológica, dos extrativismos para o mercado verifca-se mais fome, me- tradicionais é considerado universo de mo- nos qualidade alimentar. Há, entre outros delos periféricos frente à grande verdade do males, o aumento de obesidade. “agro” discutida nas esferas internacionais de negociação, interferente nos sistemas A expressão feminina no conflito econômico, creditício e monetário mun- diais. O espaço de existência da camponesa O caráter masculino da violência produz si- é aquele produzido e excluído pela violência tuações espetaculares às quais as mulhe- dos esquemas neocoloniais capitalistas2. A res, ao se expor atuando no campo das re- agricultura das famílias camponesas, das sistências e rompendo o véu das ideias de comunidades quilombolas, extrativistas, gênero naturalizadas no mundo patriarcal cuja expressão já as coloca no plano extra capitalista, são expostas. A agressão contra político, privado, da existência das pessoas as mulheres, ou como quer Segato - a guer- cujos valores não são considerados de inte- ra contra as mulheres (2018) -, potencializa resse geral e universal, são expressões não o reconhecimento espetacular nas relações hegemônicas e, portanto, a face feminina intersubjetivas, institucionais, sociais. Po- violentada do patriarcado rural contempo- de-se observar que, em vários momentos râneo. de aparição pública, as mulheres tornam- -se protagonistas de espetáculos em que a Entretanto, aquela verdade reconhecida suas identidades são profanadas, por meio como verdade universal mostra-se bastante de ataques. Ora são xingadas, ora são des- discutível e em realidade não responde às consideradas e humilhadas. necessidades das pessoas, destinatárias úl- timas das ações de interesse geral. Francisco Bosco (2017), na obra “Violência e sociedade de espetáculo” afrma que o espe- A apresentada “verdade hegemônica” do táculo é uma instância do reconhecimento mundo ruralista, naturalizada na proprie- social diretamente associada ao menor re- dade individual privada e nos esquemas de conhecimento jurídico dos cidadãos. Assim, regulação capitalista, se põe contrariamen- o espetáculo produzido no campo da violên- te aos interesses dos grupos humanos que cia contra as mulheres é antes de tudo a precisam do alimento, razão primeira da exclusão do campo jurídico. É a evidência agricultura- o sustento das pessoas. Segun- de que no patriarcado naturaliza-se a ideia do a FAO (Food Alimentation Organization, segundo a qual a cidadania das mulheres 2019), a fome aumenta nos países onde há comporta menos direitos, é inferior àquela o predomínio da monocultura para o culti- masculina. vo de commodities. Vale dizer que os países dependentes do mercado externo de commo- Essa percepção da inferioridade da cidada- dities agrícolas são famélicos porque esse nia feminina, revelada no espetáculo públi- mercado varia conforme a escassez ou a co, é mostrada no relato das ofensas contra abundância de oferta dos produtos. Isso faz Raquel Aguiar no momento da eleição da

2 Numa referência a Athena Athanasiou (BUTLER E ATHANASIOU, 2016, p.169) Confitos noCampo Brasil 2019

representação do Povo Tremembé no Comi- Einstein em “Por que a guerra” e o consenso tê Regional da FUNAI, no Maranhão. Ao ser entre os autores de que o homem carrega exposta como possível representante é agre- em si um instinto de ódio e de destruição dida verbalmente, humilhada e impedida de que o mobiliza. E, com Alain (2017, p.12) se eleger, segundo relato da CPT, baseado afrma que qualquer paixão justifca-se por em fonte do Conselho Indigenista Missioná- ela mesma, que a verdadeira causa do ódio rio, datado de 10 de abril de 2019. é o ódio, que cresce no próprio movimento. Esse ódio e esse ímpeto de destruição são Há um enfraquecimento da cidadania da identifcáveis nos contextos dos confitos do mulher tutelado pelo Estado. Segundo Bos- campo, sobretudo na violência contra a mu- co (2017, p.18), “o enfraquecimento do es- lher. pírito público signifca o enfraquecimento da instância do reconhecimento jurídico (já Bosco lembra que a realidade da existência que é na política que se defnem os proces- humana é intersubjetiva. As paixões huma- sos de ampliação de direitos)”. Isso promove nas aí estão. Não há realidade autônoma. a ascensão do espetáculo como instância do “Para ser humanamente real, para se sen- reconhecimento, obedecendo a uma outra tir parte constitutiva da realidade humana, lógica de formação de esferas públicas. para ser humano enquanto tal, o indivíduo deve ser reconhecido pelos outros” (BOSCO, Adauto Novaes, ao organizar a obra “Fon- 2017, p.14). Assim se dá com aqueles que tes passionais da violência”, (2017) bus- deixam parte de si para se aliar à luta, à ca responder, com vários pensadores con- resistência. O reconhecimento das mulhe- temporâneos, “qual o papel das violências res camponesas pelos seus pares, pela so- passionais nos destinos da humanidade”, ciedade, pelo Estado é fundamental para a lembrando que a violência é uma força superação dos problemas encontrados no apaixonada. E o autor conduz o pensamen- cotidiano. A falta de reconhecimento amea- to para refetir com Leopoldo e Silva que a ça o sentimento de si, a segurança sobre a violência é parte do humano, como dialética própria existência objetiva. Na luta pelo re- da criação e da destruição, presentes nas conhecimento enfrentam, no âmbito estatal relações sociais, que tentam escondê-la e na e institucional, no mais das vezes, o intento política, que tenta racionalizá-la. da destruição do outro, não pela sua morte, mas pela sua supressão dialética. Essa su- Há, no processo de colonização perene ao pressão dialética pode ser identifcada nos qual se sujeita o Brasil, a tentativa de ocul- casos relatados à Comissão Pastoral da Ter- tamento e da racionalização da violência ra. Nas falas ameaçadoras e humilhantes destrutiva dos povos camponeses, e antes contra as mulheres, como aquela contra Ra- de tudo das mulheres camponesas, e por quel Aguiar, que chocam e impedem a conti- consequência da democracia brasileira ins- nuidade da reunião. trumentalizada pela força apaixonada do humano. Na busca pelos reconhecimentos, e na guerra que aí se estabelece, há uma cone- Há um discurso de ódio contra os grupos xão dos corpos femininos como territórios. de resistência, aqueles que Butler e Athana- Bosco afrma que “a relação de reconheci- siou (2016) entendem tributários da despos- mento é constitutivamente uma luta e po- sessão. Há contra eles o ódio e o ímpeto de tencialmente violenta” em que a busca de destruição que impulsionam homens atrás reconhecimento reage de forma a “suprimir das instituições, notadamente políticas. No- realmente o outro que é fonte de sua an- vaes (2017, p.10), cita o diálogo de Freud e gústia de inexistência objetiva.” (BOSCO, 93

2017,p.14). Nesta sociedade espetacular As institucionalidades do Estado contra é preciso destruir o outro no embate pelo o feminino reconhecimento. E no patriarcalismo en- frenta-se a ideia de que é preciso destruir a Em muitos dos casos relatados, as institui- mulher que luta porque, na perspectiva de ções do Estado têm sido coniventes com a gênero, ela está sob a custódia masculina. violência fundada na lógica neoliberal da Destruí-la é demonstrar a impotência mas- mercantilização da terra, do patriarcado. culina daquele que tinha por mister prote- Por uma herança colonial (colonialismo que gê-la3. Por outro lado, impõe-se a punição persiste até os dias de hoje), a relação do da transgressora que rompe a imagem da Estado com a sociedade tanto na perspecti- mulher submissa, subjugada aos autorita- va das leis, quanto na das políticas públicas rismos misóginos, que extrapola o teto das e do atuar das instituições, têm assegurado verdades naturalizadas pelo patriarcado, a violência contra os denominados despos- alçando vôos de reconhecimentos, criando suídos, no sentido butlleriano/athanasiano. novos espaços políticos e reivindicando uma outra cidadania. Isso se agrava quando no espaço de apari- ção têm-se uma mulher, como é o caso das Nessa luta, as mulheres sofrem forte opres- militantes dos Movimento dos Atingidos por são. Esse é um objetivo para se alcançar a Barragem (MAB), como Ana Flavia do Nas- meta de destruir a coesão moral do grupo. cimento, 46, de Rondônia, que vem sendo Por isso se diz hoje que a guerra se feminili- ameaçada por lutas em favor de compensa- zou (SEGATO, p.230) ções ambientais, por se opor, junto com sua comunidade, à ampliação do reservatório de A construção de pertencimento a um gru- uma usina e por pleitear o pagamento de po, ou a participação a uma comunidade de indenizações aos sujeitos da comunidade resistência política e ações transformadoras atingidos por obras, na região de Jaci Para- pressupõem alianças afetivas comunitárias ná, distrito de Porto Velho. Em casos como que vão se somar às individuais pré-exis- esse, a atuação das instituições estatais tentes. Essas alianças são produzidas nos pouco revelam o cumprimento do dever do processos de exclusão e violência dos es- Estado de proteger os cidadãos e as cidadãs. quemas neocoloniais capitalistas, raciais, Por outro lado, observa-se uma polarização sexuais e de gênero, que criam esses grupos das instituições ligadas ao aparelho estatal, e os excluem, criando novas esferas de rei- posicionando-se algumas em favor dos di- vindicação política. (ATHANASIOU, 2016). reitos das pessoas e dos grupos oprimidos Esquemas que geram a coesão moral dos e outras em favor das elites dominantes, excluídos e posteriormente os violentam. revelando o perene fsiologismo do Estado brasileiro. No caso em apreço, enquanto o Nesses novos espaços da ação política, nos Ministério Público Federal (MPF) tomou me- territórios dos grupos, há a exposição do fe- didas de proteção em favor de Ana Flávia minino e com ela a violência, porque aí se Nascimento, o governo do estado de Ron- revela a possibilidade de uma outra política, dônia determinou o fechamento da base da de uma outra democracia com efetiva par- Polícia Militar localizada no distrito, fragili- ticipação e igualdade. A violência subjetiva zando a sua segurança e de sua da comu- (no sentido zizekiano) contra a mulher ocor- nidade. Essa deliberação da política local re, muitas vezes, nas novas esferas da polí- encoraja a violência dos grupos detentores tica, em espaços de aparição como ataques do poder econômico, atuando na lógica neo- diretos à democracia. liberal contra os excluídos dela.

3 Nesse sentido Rita Segato. (2018) Confitos noCampo Brasil 2019

A fala do representante do MPF é muito re- Segundo Segato, “a violação opera a destrui- veladora da contribuição dos atos do Esta- ção moral do grupo corporizado que supõe do local no fortalecimento da violência - “Os estar na tutela dos corpos agredidos” (2018, ameaçadores são cada vez mais ousados e a p.227). gente fca cada vez mais preocupado com a segurança dela.”(CAVICHIOLI, 2019). A mulher é exponencialmente mais vítima nos territórios de resistência que ocupa por- No caso de Ana Flavia Nascimento, o caráter que no imaginário arcaico de gênero ela é misógino dos atos praticados contra a expo- um corpo pacífco. Rita Segato (2018, p.228 sição da mulher no espaço de resistência re- e 229) explica que a forma de tomar deter- vela-se na maneira como são realizadas as minados territórios e afrmar o controle e a ameaças e como a própria vítima ameaçada total discricionariedade sobre eles é atacan- vê isso. do com crueldade os corpos inocentes, os corpos pacífcos, em vez daqueles que estão A presença de representações fálicas nas em combate. A crueldade contra os corpos ameaças praticadas pelos agressores são femininos não tem uma instrumentalidade denunciadas no relato da vítima: bélica, mas informativa no sentido de rea- frmação de domínio daquele campo de dis- Já entraram na minha residência por vá- puta. Assim tem uma força simbólica com rias vezes. Algumas vezes, sem subtrair grande potencial destrutivo. objetos. Deixaram uma faca em cima da minha cama, uma enxada, preservativo A profanação de um corpo é a desmorali- masculino... já fui vítima de perseguições zação não apenas da pessoa, mas também por carro, recebi mensagem no WhatsApp, daqueles que deveriam cuidar dela, como motos e carros fcam rondando minha casa uma exibição do arbítrio, do controle juris- e meu trabalho. (MAB, 2019, apud CPT) dicional sobre territórios e vidas. Exibe-se a impunidade. (SEGATO, 2018, p. 229) Por outro lado, no depoimento da ameaça- da, quando ela afrma temer o modo da pos- Para alguns grupos que discutem o feminis- sível agressão a ser praticada contra si, po- mo institucional, a estratégia e as institu- de-se dar conta de que a crueldade contra a cionalidades públicas não têm sido exitosas mulher é prática rotineira nesses territórios no sentido de conter a violência letal e de de embates contra os processos neoliberais evitar as formas de crueldade sofridas pe- de aniquilamento de determinados grupos. las mulheres. As instituições do Estado não têm agido em combate à misoginia e não in- -“Não tenho medo da morte, mas da covar- corporam a proteção da mulher e de outros dia, de que forma isso poderia acontecer”. excluídos da racionalidade do sistema neo- liberal. Historicamente, o ataque contra as mulhe- res expostas, nas novas esferas de disputa A institucionalidade fca comprometida pela política, tem tido requintes de crueldade, captura e pela posterior fsiologia no âmbi- fortalecendo a ideia de subjugo do gênero to do Estado. A estrutura dos Estados la- feminino e também do grupo em que aquela tino-americanos garante, desde sua funda- mulher está inserida, vez que, numa pers- ção, a sua apropriação pelas elites, o que pectiva conservadora do imaginário pa- se agrava pelos pactos feitos com o merca- triarcal de gênero (em que se acomodam os do e as grandes empresas. E aqui, no seio agressores), os homens devem proteger as das institucionalidades do Estado, opera a mulheres do seu grupo. Há desonra em não racionalidade de regulação dos esquemas o fazê-lo (SEGATO, 2018). 95 neo-coloniais, capitalistas, raciais, sexuais gurando as instituições. A democracia pres- e de gênero. O Estado instrumentaliza o pa- supõe responsabilidades políticas que não triarcado. têm tido presença nas relações do Estado com os grupos de resistência, nos momen- Há uma perene apropriação do Estado nos tos de confitos desses com o mercado, com contextos do colonialismo avançado, que as elites proprietárias. Os deveres político- fca evidente nos casos relatados pela do- -institucionais dos agentes institucionais cumentação da Comissão Pastoral da Terra. públicos deveriam ser conformados pela obediência responsável à ética e ao direito, A atuação do Estado referente aos proble- no espaço público que cada um deles ocu- mas sofridos com a implantação de linhas pa. Isso não ocorre e, facilmente, se observa de transmissão de energia elétrica é posta nos relatos e notícias trazidas à CPT. em questão pelas comunidades geraizeiras (Buriti/São Lourenço e Vale das Cancelas) No Maranhão, grupos de lavradores foram e quilombolas (Baú) do norte de Minas Ge- desterritorializados e denunciam grilagem rais. As lideranças denunciam a cooptação de terras e confitos em que atuaram irre- do poder público revelada pela atuação do gularmente agentes públicos de diferentes judiciário e do executivo, notadamente no esferas de poder, notadamente do judiciá- que diz respeito à fragmentação e à inade- rio e da segurança pública. Numa situação quação dos processos de licenciamento am- violenta e complexa, permeada por muitas biental (relatório ambiental simplifcado), a arbitrariedades de autoridades públicas e ausência de cumprimento do dever de con- envolvendo irregularidades no processo ju- sulta e informação, o não pagamento de in- dicial, as instituições públicas se polarizam denizações aos atingidos pelas obras (CPT). na defesa dos direitos dos camponeses e contra eles. Não é outro o questionamento referente ao atuar institucional do Estado declinado pela No Maranhão, o Povo Indígena Tremembé família de posseiros de Campinaçu, que de- foi alvo de ataques e destruição com envol- nunciam ter sido despejados depois de mais vimento do poder público e atitudes misógi- de quatro décadas de posse contínua sem nas contra liderança. Houve despejo contra notifcação, por determinação judicial em eles em seu território e posterior retomada. favor de portadores de títulos de proprie- Houve falhas processuais graves, ausência dade emitidos pelo extinto Instituto de De- de atuação institucional e da necessária senvolvimento Agrário do Estado de Goiás. proteção estatal de direitos. Essa família foi ameaçada e em seu favor foi pedida proteção ao MPF. A esse caso tam- Todos os sujeitos políticos, em todos os ní- bém foi associada a ocorrência de degrada- veis e esferas de poder afetados pelos con- ção ambiental por desmatamento sem licen- fitos e ataques a grupos excluídos da lógica ça. Em regra, os ataques contra os grupos e dos processos neoliberais necessitam ser tradicionais territorializados na área rural responsabilizados. “Responsabilizar o sujei- confguram casos de racismo ambiental. to político é lembrar-lhe que ele nunca pode se manter completamente isento do sistema Nos embates e nos ataques sofridos pelos do qual participa e das violências sociais grupos de resistência, verifca-se a vulne- e econômicas que esse sistema produz.” rabilidade do espírito público no âmbito do (GROS, 2017, p.23) Estado brasileiro, que revela a fragilidade de uma ética pública e de responsabilida- Um caso emblemático de descaso com os des dos sujeitos políticos, que estão conf- economicamente desfavorecidos e a coni- Confitos noCampo Brasil 2019

vência do poder público com as arbitrarie- propostas agressivas de exploração de re- dades das elites locais, ocorre no Tocantins, cursos e por desenvolvimento agrícola em no município de Barra do Ouro, em que confronto com formas não capitalistas de uma trabalhadora rural comparece à Dele- apropriação, uso e atribuição de signifca- gacia de Polícia para noticiar vários crimes dos ao território, vinculadas por interações e vê-se impossibilitada de fazê-lo, neces- com a natureza. A produção neoliberal afeta sitando comparecer no Ministério Público o modo de vida local, provoca a disputa pela do Estado para que providências sejam to- apropriação formal do conhecimento tradi- madas. Informava, a trabalhadora, crimes cional, gera a desterritorialização e o racis- ambientais, ameaças a pessoas, destruição mo ecológico. As coletividades que vivem no de estradas, provocando o impedimento de campo resistem e, dessa maneira, instala-se acesso escolar às crianças, entre outros. Ve- o confito. Confito que redundará em ganho rifca-se aqui a equivocada consideração da fnanceiro para o capital especulativo. inferioridade da cidadania da mulher impe- dida do exercício de seus direitos. Vários são os relatos de violência contra povos tradicionais. O caso do Quilombo do Os conflitos ecológicos e o racismo am- Baú em Araçuaí, Minas Gerais, que resiste biental contra o avanço da mineração e a contami- nação das águas, desde 2013. Ali 35 famí- A violência estabelecida contra povos e co- lias foram alvo de armas de fogo, 2000 pes- munidades tradicionais acerca do uso dos soas foram desterritorializadas em razão do recursos naturais e da contaminação, estão pânico provocado pelo ataque, o presidente relacionados aos padrões sociais, espaciais, da Associação e sua esposa foram ameaça- temporais de acesso à natureza e à sobre- dos e fcaram sob a proteção do Estado e, vivência humana. Segundo Leff (2003), a posteriormente, foram presos em fagrante distribuição ecológica dá conta das exter- por porte de arma de fogo (por informação nalidades ambientais. As comunidades tra- de grupos hegemônicos contrários) quan- dicionais contribuem para diminuição das do se dirigiam à sede do Ministério Público devastações e das contaminações mas são para denunciar as ameaças sofridas. A co- vítimas constantes da desterritorialização munidade considera a prisão injusta tendo determinada pelo avanço da proposta de- em vista que o porte da arma se deu em ra- senvolvimentista. Isso tem custos conside- zão de ameaças de morte sofridas. rados na fnanceirização da natureza, so- bretudo da terra. Sauer, ao tratar da demanda global, con- sidera a infuência dos confitos e a im- No Brasil há uma intensifcação da violência portância estratégica dos sujeitos do cam- contra as comunidades tradicionais rurais, po. Afrma a existência de um movimento nos últimos anos. Os confitos originários de fnanceirização voltado aos setores ali- da disputa por territórios têm se intensifca- mentar e agrícola, gerando uma volatilidade do, sobretudo com a expansão da fronteira dos preços, fruto das especulações, o que agrícola e com o avanço do neoextrativismo, afeta diretamente a demanda global - pre- da mineração. Os relatórios de confitos dos ços, disputas e confitos - por terras e por últimos anos da Comissão Pastoral da Ter- recursos naturais, promovendo a expansão ra apontam signifcativo aumento de áreas das fronteiras agrícolas. “Esta é a conexão de confito e de assassinatos (CPT, 2018, e a atualização da questão agrária, dando 2019). importância à terra, para além da histórica concentração da estrutura fundiária, reedi- As disputas por territórios decorrem de tando a importância estratégica dos sujeitos 97 do campo.” (2016, p.80). Não raras vezes es- uma polarização dos agentes públicos que, sas terras são ocupadas por comunidades se de um lado, alguns procuram ser garan- tradicionais, muitas delas por grupos de tidores dos direitos constitucionalmente pessoas afrodescendentes, como os quilom- conquistados, de outro, muitos atendem bolas. aos interesses capitalistas hegemônicos, re- velando as raízes elitistas do Estado brasi- Considerações finais leiro, cujas estruturas permitem sua apro- priação privada, o fsiologismo em seu corpo A violência contra as mulheres da resistên- e a prevalência de interesses neoliberais. cia camponesa há de ser analisada no con- texto de um sistema mundo orientado pelo O avanço das fronteiras agrícolas, a cons- capitalismo avançado e por um patriarcado trução de geradoras de energia e estradas de raiz, que naturaliza e impõe concepções e o neoextrativismo, atendendo a interesses existenciais que criam e afrontam o univer- mercadológicos, têm agravado os confitos so feminino. e a desterritorialização dos povos tradicio- nais. Num contexto de racismo ambiental, o A violência no mundo latino-americano con- Estado muitas vezes se divide fazendo vistas temporâneo, como força motriz de domina- grossas à devastação ambiental. A mulher, ção da vida, funda-se na individualização de nesses casos, é frequentemente a protago- sujeitos separados conforme os universais nista da luta e a exemplarmente punida. de gênero, raça, sexo, naturalizados no pa- triarcalismo. Ela se dá sempre contra o que Mudar esse cenário requer responsabilida- o feminino representa na sociedade e alcan- des institucionais e políticas. A democra- ça os despossuídos que afetam suas vidas cia pressupõe responsabilidades políticas e pela participação em grupos de resistência, responsabilização efetiva dos agentes públi- por meio da ação política. A ação política en- cos pelo descumprimento de seus deveres gendra a aparição de novas esferas políticas político-institucionais, pela desobediência que rompem com a estrutura tradicional da à ética e ao direito, no espaço público por política estatal, em que ocorrem os enfren- eles ocupados. Os casos ocorridos em todo o tamentos resultantes dos estranhamentos Brasil demonstram o contrário, a apropria- entre os grupos hegemônicos representados ção do Estado pelos interesses privados e a pelas elites locais e os grupos divergentes ausência de responsabilização. do sistema neoliberal; esses sempre violen- tados. Nesse cenário, intensifcam-se as investidas de destruição da agricultura das famílias O atuar das institucionalidades públicas camponesas, das comunidades quilombo- frente aos confitos no campo protagoniza- las, extrativistas, postas fora do âmbito po- dos por mulheres revela, no mais das vezes, lítico, como sujeitos cujos valores não são um Estado patriarcal onde predominam considerados de interesse geral e universal atos misóginos, marcados tanto pela vio- e, portanto, a face feminina violentada do lência física quanto pela simbólica, forjando patriarcado rural contemporâneo. uma cidadania feminina inferior. Referências bibliográficas No mais das vezes, nas respostas das insti- tuições públicas às denúncias de agressões ALVARADO, G. et al. Gestión ambiental y con- e ameaças de homens e mulheres integran- ficto social en Amé- rica Latina, Buenos Aires, tes de grupos de resistência, nas diversas Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales – esferas de poder e nos diferentes níveis, há CLACSO, 2008 Confitos noCampo Brasil 2019

BARRICK GOLD CORPORATION Barrick’s Com- VAES, Adauto. Mutações: Fontes passionais pliance Hotline. – [Web portal]. Disponível em da violência. Ebook.São Paulo, Edições SESC, https://secure, 2015 2017. BOSCO, Francisco. Violência e sociedade do es- NOVAES, Adauto. Org. Mutações: Fontes pas- petáculo. In NOVAES, Adauto. Mutações: Fontes sionais da violência. Ebook.São Paulo, Edições passionais da violência. Ebook.São Paulo, Edi- SESC, 2017. ções SESC, 2017. SEGATO. Rita. La guerra contra las mujeres. BUTLER, Judith e ATHANASIOU, Athena. Buenos Aires, Prometeo Libros, 2018. Dépossesion. Berlim, Diaphanes, 2016. ZIZEK, Slavov. Violência. São Paulo, Boitempo, GROS, Frédéric. A ética da obediência. in NO- 2014. Foto: Ana Mendes Terra Confitos noCampo Brasil 2019

Conflitos por Terra em 2019, uma introdução

Antônio Canuto1 Márcio Antônio Cruzeiro2 Paulo César Moreira dos Santos3 Ruben Alfredo de Siqueira4

Um dos principais capítulos dos relatórios didos. Esses confitos são registrados como anuais publicados pela CPT desde 1985 Ocupações / Retomadas e Acampamentos. – “Confitos no Campo Brasil” – trata dos Confitos por Terra, que podem divididos em Ocupações / Retomadas se defnem quando duas categorias. famílias entram numa área que pretendem conquistar, ou tentam retomar uma terra A primeira refere-se aos confitos provoca- ou um território de onde foram expulsas ou dos por grileiros, proprietários, supostos despejadas. Acampamentos, por sua vez, se proprietários, agentes ou órgãos do Esta- constituem quando famílias montam barra- do, registrados na tabela Confitos no cam- cas próximas de uma área improdutiva que po como Ocorrências de confito e, também, querem desapropriada ou às margens de expressos na tabela intitulada Violência uma estrada próxima, como forma de pres- contra a ocupação e a posse. São eventos são sobre o governo para assentá-las na- que se caracterizam pelas seguintes violên- quela ou em outra área, privada ou pública. cias coletivas contra as famílias ocupantes das áreas em disputa: expulsão ou des- pejo; ameaças de expulsão ou de despejo; Muitas vezes, os confitos, sejam aqueles destruição de casas, roças e outros bens; e provocados pelos agentes agressores ou re- ação de pistoleiros e milícias privadas, nas sultantes da ação dos movimentos de luta quais é comum a participação de membros pela terra (ou território), são acompanhados das forças públicas de segurança, como Po- de diversas formas de violência individual, lícias Civil e Militar. que aparecem na tabela Violência contra a pessoa e envolvem as seguintes situações: A segunda categoria trata das ações de Mo- Assassinatos, Tentativas de Assassinato, vimentos Sociais do Campo, que podem se Ameaças de Morte, Torturas, Prisões, Agres- dar por parte de trabalhadores rurais sem sões e Mortes em Consequência. terra para conquistar e garantir um pedaço de terra onde viver e produzir o sustento de Esta 34ª edição do relatório de Confitos da suas famílias, ou por parte de povos e co- CPT revela um ano peculiar, que introduziu munidades tradicionais em defesa ou reto- uma nova dinâmica nos confitos por terra, mada de seus territórios ameaçados ou per- trágica e preocupante.

1 Jornalista e assessor dos setores de Comunicação e Cedoc Dom Tomás Balduino - CPT 2 Documentalista do Cedoc Dom Tomás Balduino - CPT. 3 Coordenação Executiva Nacional da CPT 4 Coordenação Executiva Nacional da CPT 101

Crescem os Conflitos por Terra No entanto, os números de Ocupações / Re- tomadas e Acampamentos são os menores Em 2019, o campo brasileiro experimentou já registrados pela CPT. O Gráfco compara um signifcativo aumento de confitos, moti- as variáveis. Se não signifca um recuo da vado, em boa parte, pelo incendiário e vio- iniciativa de luta pela terra, pode ser uma lento discurso do Governo Federal em favor mudança de estratégia, que responde à ne- dos grandes proprietários rurais e grileiros, cessidade de maior autoproteção das famí- do agronegócio, das atividades garimpeira e lias e movimentos sociais no contexto nacio- madeireira ilegais e contra os Movimentos nal e local de maior violência. Estimulada Sociais do Campo, considerados e tratados, pelo Estado e muitas vezes praticada por em particular pelo presidente Bolsonaro, ele, a violência em 2019 evidenciou-se cres- como organizações delinquenciais. cente contra as populações camponesas, in- dígenas e quilombolas e as organizações que Nesse contexto, o total dos confitos por ter- as representam. No contrafuxo da redução ra atingiu 1.254 ocorrências, 12% a mais das Ocupações / Retomadas e Acampamen- do que em 2018, que contabilizou 1.124 tos houve expressivo aumento de Manifes-

eventos. O montante de 2019 é dividido tações, que levaram centenas de milhares em: 1.206 Ocorrências, 25% a mais que de mulheres e homens às ruas para exigir a no ano anterior, com 964; 43 Ocupações / retomada do programa de Reforma Agrária e Retomadas, 70% menos que em 2018; e 05 cobrar outras políticas e ações públicas es- Acampamentos, que teve uma redução de senciais para o campo. 71%. O número de famílias envolvidas foi de 144.742, 23% maior que em 2018, com O Gráfco mostra uma curva interessante, 118.080. que pode servir de parâmetro analítico para o atual momento. Nota-se que, de 1996 a O nº de Ocorrências em 2019 foi o maior 2001, as Ocupações / Retomadas eram registrado para a categoria em toda a série em maior número que as ações dos agen- histórica documentada pela CPT, e signif- tes agressores, que chamamos Ocorrências cou uma média de 3,3 confitos por dia. de Confito. Para frear essa luta crescente, o governo Fernando Henrique Cardoso edi- Outro número que surpreende é o tamanho tou a Medida Provisória 2.183-56, de 24 de da área envolvida nos confitos, 53.312.543 agosto de 2001, proibindo que uma terra ha, a maior em toda a série histórica docu- ocupada fosse desapropriada. Essa medida mentada e 35% superior à de 2018, que já conteve o avanço das ocupações e, de certa tinha sido 6% maior que em 2017. forma, estimulou os fazendeiros e grileiros a Confitos noCampo Brasil 2019

avançar sobre áreas ocupadas, o que poten- tas, essas três unidades federativas foram cializou a violência contra as comunidades responsáveis por 463 confitos, ou 36,9% do do campo. total de 1.254.

A saída para manter a luta pela Reforma As famílias seguem vítimas das violên- Agrária foi criar Acampamentos, cujo ob- cias estatal e privada jetivo é pressionar o poder público a desa- propriar terras e destiná-las a projetos de As comunidades do campo no Centro-Oes- assentamento. te, Norte e Sul também foram as que mais sofreram ações de despejo judicial, acresci- As linhas temporais também nos permitem das, no somatório total, de 16% mais em re- uma análise histórica fundamental, pois de- lação ao ano anterior, conforme a Tabela 2. monstra o impulso que as ações confituo- Quanto às Expulsões, violência privada pra- sas, provocadas pelos agentes agressores, ticada pelos supostos proprietários das ter- tiveram a partir de 2016. Esse crescimen- ras, à margem da Justiça e, em geral, com to se inicia no contexto da ruptura políti- uso de pistolagem, houve uma redução de ca ocorrida com o impeachment que retirou 20% frente a 2018. Essas duas variações, Dilma Rousseff da presidência. Decisivos isto é, o aumento dos despejos judiciais e a para esta ruptura, os ruralistas fortaleci- redução das expulsões, sugerem alguns ce- dos promoveram um aumento signifcativo nários. O primeiro é o aumento da violência da confitividade no campo: entre 2016 e estatal, a partir da maior acolhida, por par- 2019, a média de Ocorrências de confito foi te da Justiça, dos pedidos de reintegração de 1.059 por ano, quando de 2011 a 2015 de posse, apresentados pelos postulantes tinha sido de 789, um incremento de 34,2 % a donos da terra. Essa opção do Judiciário entre os dois períodos. pelo “direito à propriedade privada” também pode estar relacionada à deliberada parali- Distribuição dos Conflitos por Terra por sia administrativa que estagnou a Reforma região geográfica Agrária. Nesse sentido, muitas decisões ju- diciais argumentam que, em não havendo Uma rápida análise dos confitos por região possibilidade de solução mediada entre Es- evidencia, com base na Tabela 1, que três tado e proprietário, a Justiça tem que deci- das cinco grandes regiões brasileiras expe- dir pelo direito deste à manutenção da pos- rimentaram aumento do número de Con- se, o que não tem ocorrido em em favor dos fitos, somados Ocorrências, Ocupações / povos do campo. De outra parte, a queda Retomadas e Acampamentos. No Sul houve das expulsões pode signifcar que, embora um acréscimo de 84,6%, no Centro-Oeste as comunidades e Movimentos Sociais do 63,4%, no Norte 24,5%. Campo tenham refuído nas Ocupações/ Retomadas e Acampamentos, mantêm a re- Tabela 1 sistência nas áreas e territórios ocupados, de forma a rechaçar os ataques que visam a expulsá-las.

Com relação aos estados que apresentaram o maior número de famílias despejadas, des- tacaram-se: Mato Grosso, com 3.359; São Entre os estados mais confituosos, apre- Paulo, 1.175; Bahia, 1.061; Amazonas, 900; sentam-se: Maranhão, com 174 ocorrên- Rondônia, 864; Paraná, 561 e Minas Gerais, cias, Pará como 150 e Bahia com 139. Jun- 435. Essas sete unidades federativas foram 103 responsáveis por 80,6% do total de famílias gestão de Bolsonaro, adquire contornos removidas das áreas ocupadas, pela ação do ainda mais dramáticos, pois uma das pro- Poder Judiciário (Tabela 3). messas de campanha do presidente é abrir a Floresta Amazônica para a exploração Tabela 2 agropecuária e minerária, mesmo em áreas protegidas, como Terras Indígenas. Outros 6 assassinatos ocorreram no Nordeste, 4 no Centro-Oeste, 1 no Sudeste e 1 no Sul.

Entre os estados mais violentos, todos loca- lizam-se na região amazônica. O Pará, com 12 vítimas, 37,5% do total, lidera, seguido do Amazonas com 6, Maranhão com 4 e Mato Grosso com 3.

Tabela 3 No que concerne à distribuição dos assassi- natos por eixos de confitos, segundo a me- todologia da CPT, as mortes se deram, em sua grande maioria, nos Confitos por Terra – 28, 87,5%. As disputas por Água fzeram uma vítima e as trabalhistas três.

Com relação às Tentativas de Assassinato, o Centro-Oeste liderou em 2019 com 12 das 30 ocorrências, 40%. Apenas o Mato Grosso foi responsável por 10 eventos. Em seguida A violência contra a pessoa não dá trégua aparece o Nordeste com 8, sendo 4 no Mara- nhão; o Norte também com 8, sendo 5 delas Além da violência coletiva, contra as fa- no Pará; e, por fm, o Sudeste com 2, ambas mílias, os Confitos por Terra revelam, em em São Paulo. 2019, mais um trágico aumento de violên- cia individual, que a CPT chama de Violên- Os ataques contra os povos e comunidades cia contra a pessoa, por vezes extrema, a do campo são permanentes e a pressão con- promover a eliminação física de campone- tra famílias e lideranças são materializadas ses, camponesas, indígenas, quilombolas e em ameaças de morte, utilizadas como es- lideranças de suas lutas e resistências. Os tratégia do poder agrário para estancar a dados principais: Assassinatos – 32, 14,3% luta pela terra. Em 2019, houve 201 ocor- mais que as 28 em 2018; Tentativas de As- rências desse tipo de violência, assim dis- sassinato – 30, 7,1% mais que as 28 do ano tribuídas regionalmente: Centro-Oeste - 18 anterior; Ameaças de Morte - 201, 21,8% (8,9%); Nordeste - 58 (28,8%); Norte – 116 mais que as 165 de 2018. (57,7%); Sudeste – 6 (3%); e Sul – 3 (1,5%).

A região Norte segue a trajetória anterior de Na divisão por unidade federativa, observa- concentrar a violência extrema, o assassi- mos uma vez mais a prevalência dos estados nato: em 2019 foi responsável por 20 das 32 amazônicos, com absoluto destaque para o mortes, 62,5%. Trata-se de um movimento Pará (39 casos – 19,4%), seguido de: Acre histórico de disputa agrária na Amazônia, (30 – 14,9%), Maranhão (29 – 14,4%), Ama- que se desenrola há décadas e, a partir da zonas (22 – 10,9%), Rondônia (18 – 8,9%) e Confitos noCampo Brasil 2019

Mato Grosso (14 – 7%). No Nordeste, desta- Posseiros vieram em seguida, com 29.257 caram-se Bahia e Piauí, com 17 e 6 casos, famílias, 20,2%, e quilombolas com 13.687 respectivamente; no Sudeste, Minas Gerais, famílias, 9,5%. 4; e no Sul, Paraná, 3. Em relação à quantidade de ocorrências A violência contra as mulheres tem sido uma de confitos por terra, os indígenas foram constante no campo brasileiro e em 2019, parte em 244, 19,5% do total e sofreram 102 camponesas, indígenas, quilombolas e as seguintes violências: 320 famílias foram lideranças foram vitimadas por: Assassina- expulsas (30,7% do total); 930 despejadas to – 3, Tentativa de Assassinato – 3, Ameaça (9%); 26.621 tiveram seus territórios ou ca- de Morte – 47, Prisão – 5; Intimidação – 15 e sas invadidos (67%). outras formas de violência – 29. No plano da violência individual, os povos Os indígenas nos conflitos de 2019 originários também foram vítimas preferen- ciais, o que resultou nos seguintes núme- Durante sua campanha, Bolsonaro reiterou ros: 9 assassinatos (28% do total); 9 tenta- inúmeras vezes que “não iria demarcar nem tivas de assassinato (30%); 39 ameaças de mais um centímetro de terra indígena”. Ele morte (19,4%); 11 agressões (30,5%); 10 fe- cumpre sua promessa, destinada aos rura- rimentos; e 16 intimidações. listas, madeireiros, garimpeiros e minera- doras, ávidos por explorar as riquezas dos Enfm, 2019 foi um ano atípico e preocu- territórios originários, em sua maioria na pante para o campo brasileiro, em que um Amazônia (98.25% da extensão de todas as antípoda diferente foi alçado ao poder, o que TIs do país). O discurso do agora presidente talvez tenha imposto e exigido novas formas foi o estopim perfeito para avalizar e legiti- de compreensão, resistência e enfrentamen- mar ataques contra as Terras Indígenas, de to, que nos alerta para tempos difíceis de modo que, em 2019, de cada três famílias luta e radicalidade evangélica. Assim cami- envolvidas em confito por terra, uma é indí- nham as mulheres e os homens do campo, gena. Do total de 144.742 famílias, 49.750 vozes que a CPT, há mais de quatro décadas eram indígenas, 34,4%, o que faz da cate- não deixa serem silenciadas, como não dei- goria a mais envolvida na luta pela terra. xará neste intempestivo 2019. 105 A miliciarização da Amazônia: como o crime vira lei e o criminoso “cidadão de bem” na maior floresta tropical do mundo

Eliane Brum1 A cerimônia de 15 anos da execução de Do- indiciado criminalmente e preso em março rothy Stang compõe a fotografa deste mo- de 2018 numa operação espalhafatosa das mento na Amazônia. Era 12 de fevereiro de polícias da região: 15 homens e várias via- 2020. A comunidade de Anapu, no Pará, co- turas para prender um padre desarmado locou uma cruz ao lado do túmulo da mis- que se preparava para as tribulações do dia. sionária. Nela, estavam todos os assassina- O religioso foi tratado como um Al Capone dos no município, por causas ligadas aos da Amazônia e parte da imprensa achou di- confitos de terra, desde a morte de Dorothy. vertido fazer uma brincadeira com o título Segundo a Comissão Pastoral da Terra, os do romance de Eça de Queiroz: “O crime do mortos somam 22. É importante assinalar, Padre Amaro”. Um olhar mais acurado per- porém, que 19 dos 22 homicídios ocorreram ceberia que os fatos apontavam para algo a partir de 2015. Apenas em dezembro de um tanto diferente: os crimes contra o pa- 2019, num intervalo de cinco dias, foram dre Amaro. assassinados dois homens. A semeadura de cadáveres cresce – e a impunidade está es- O religioso fcou preso por três meses no tabelecida. presídio de Altamira, o mesmo que, em ju- lho de 2019, produziria o segundo maior É necessário ampliar o alcance desta foto- massacre da história do Brasil, só fcando grafa, avançando o olhar para aqueles que atrás do Carandiru. Sua cela era vizinha prestam suas homenagens diante do túmu- a de Regivaldo Galvão, o Taradão, um dos lo de Dorothy. Eles e elas temem mudar de mandantes da execução da missionária. Pa- lugar no próximo ano. Sua existência será dre Amaro responde hoje ao processo em então reduzida a um nome. A mais um nome liberdade, mas teve sua ação pastoral para- naquela cruz. É isso o que tem acontecido. lisada, cumprindo o objetivo daqueles que Transmuta-se de um lugar a outro sem que articularam sua criminalização, e não pôde nenhum dos poderes do Estado barre este comparecer à homenagem da velha amiga. massacre. Onde cada um estará no próxi- mo aniversário da morte de Dorothy Stang? Também não estão lá dezenas de campone- Essa pergunta vem se tornando a cada ano ses que temem ser vistos e sofrer atentados mais sinistra em Anapu, município que se na volta para casa porque há espiões entre tornou uma fotografa 3X4 da Amazônia a cruz com os mortos e os ameaçados de, brasileira. no próximo ano, partilharem da cruz como mortos. É necessário olhar ainda mais longe. Olhar para quem não está lá, mas segue formal- 1) As novas velhas táticas: criminaliza- mente vivo, como o padre Amaro Lopes. Pá- ção para uns, morte para outros roco de Anapu e uma das pessoas que car- regava o trabalho de Dorothy adiante, ele foi Anapu é um microcosmo da violência con-

1 Jornalista, escritora e documentarista, colunista do El País. Confitos noCampo Brasil 2019

tra os camponeses na Amazônia. Há, po- aos pistoleiros que matassem na cidade, na rém, muitas Amazônias. Na maioria delas o zona urbana, para difcultar a relação do chão é tingido pelo sangue de indígenas e crime aos confitos de terra. de outros povos da foresta, como os quatro Guajajara assassinados entre novembro e A prisão – em vez da morte – de Padre Ama- dezembro. Em 2019, 60% dos confitos de ro Lopes revela um novo modo de operação. terra aconteceram na Amazônia Legal. A Aos anônimos, a morte. Aos mais conhecidos brutalidade também é maior nesta região: e ligados a instituições, a criminalização e a 84% – 27 das 32 vítimas fatais no Brasil – destruição da reputação. Na Amazônia, os tombaram ali. Isso não acontece por acaso mandantes de crimes parecem ter dedicado nem se deve “à terra sem lei”, um clichê que mais cuidado nos últimos anos ao decidir nunca foi justifcado pelos fatos. Sempre quem deve morrer e quem deve ser converti- houve lei na Amazônia. Há questão é qual do em morto-vivo. Em 2018, para um Padre lei. E quem manda na lei. Hoje, esta questão Amaro vivo, mas com reputação arruinada alcança signifcados ainda mais monstruo- e ação paralisada, houve três camponeses sos. mortos em Anapu. A luta do padre e a dos camponeses era a mesma. As mortes são o ato extremo. E elas persis- tem. Grileiros são grandes ladrões de ter- A criminalização do Padre Amaro foi pre- ras públicas. Em campo, eles agem com cursora do que seria feito em novembro de pistoleiros para “limpar” a área de árvores 2019 com os quatro brigadistas em Alter do e humanos. No mundo dos papeis, atuam Chão, também no Pará, presos pela acusa- pela cooptação de funcionários dos órgãos ção estapafúrdia de provocarem incêndios. de segurança e judiciais do Estado, assim Matar quatro jovens de classe média alta de como donos e funcionários de cartórios, São Paulo poderia ser complicado, mesmo para forjar a documentação necessária para no Brasil de Bolsonaro, mas criminalizá-los se apossar da terra e poder vendê-la. Alguns cumpre o efeito de paralisá-los e dar exem- parágrafos adiante teremos que revisar essa plo a outros que estejam pensando em atu- defnição. Por enquanto, fquemos com ela. ar contra a devastação da foresta. Aqueles que a destroem e acumulam lucros robustos Sem compreender estes personagens não com a conversão da Amazônia em madeira, é possível compreender nenhum confito soja, boi, minério e terra para especulação na Amazônia. Os grileiros aprenderam algo não querem ninguém atrapalhando, menos com a execução de Dorothy Stang. Apren- ainda pessoas cuja voz tem mais alcance deram que alguns assassinatos chamam porque romperam as barreiras entre o Sul muita atenção. Alguns mortos são capazes e o Norte. de, mesmo cessada a respiração, obrigar o Estado a cumprir seu dever constitucio- Os grileiros parecem ter compreendido um nal. Alguns mortos dão mais trabalho como pouco mais. Se matar segue sendo um mé- mártires do que como vivos. Foi o que acon- todo de eliminar a resistência, aterrorizar teceu a partir de 2005, quando os seis ti- pode ser mais efciente e deixa menos ras- ros disparados contra Dorothy chamaram a tros. Além disso, chama menos atenção. O atenção do mundo para Anapu e órgãos do medo passou a ser um elemento tão presen- Estado passaram a atuar na região, atrapa- te no cotidiano quanto o ar para muitas li- lhando os lucros da grilagem. Desde então, deranças e camponeses. Quem já viveu com os mandantes das mortes de camponeses e medo sabe que respirar o medo junto com o pessoas ligadas ao movimento de campone- oxigênio é uma das sensações mais aniqui- ses passaram a ter o cuidado de determinar ladoras que existe. Se a pessoa está cons- 107 ciente, ela sabe que está viva porque sen- bola, ribeirinho e indígena na Amazônia si- te medo. Dormir, passar ao esquecimento tiada por grileiros, madeireiros e fazendei- necessário para a recomposição do cérebro ros. Como esses moradores da foresta, os e do equilíbrio, vai se tornando impossível, periféricos urbanos das grandes cidades porque o temor é não acordar deste sono. do Centro-Sul sabem que não podem con- Não é a “pequena morte” da qual falavam os tar com as forças de segurança dos estados flósofos. É morte. para protegê-los nem com a estrutura do Estado para garantir seus direitos básicos. É assim que muitas lideranças, agriculto- Ao contrário, seguidamente as polícias são res familiares, indígenas, quilombolas e ri- os principais agentes de repressão e extor- beirinhos têm vivido na Amazônia. As esta- são contra eles – e outros setores do Estado tísticas da CPT mostram que as ocupações com frequência se convertem em muros in- de terra e outros movimentos diminuíram. transponíveis. A causa é facilmente detectável: a elevação do risco. Mesmo com menos ações e ocupa- O problema é que aqueles que moram no ções, porém, a violência aumentou. centro expandido de São Paulo, no plano- -piloto de Brasília ou na zona sul do Rio têm Em 2019, o número de famílias que so- difculdades para compreender a realidade freram invasões de suas casas e terras na tanto das periferias urbanas de suas pró- Amazônia Legal cresceu 87% comparado a prias cidades quanto da foresta amazôni- 2018, que já foi um ano muito difícil, por ca tratada como periferia. Têm difculdades conta da brutal campanha eleitoral bolso- para compreender a centralidade real destas narista. Do total de famílias que sofreram periferias para defnir a realidade do Brasil. invasão por grileiros, madeireiros e fazen- deiros em 2019, 64% estão na Amazônia: Essa é uma das explicações possíveis para 25516 famílias de um total de 39.697 em a crença de que o Brasil ainda é uma demo- todo o país. Também é a Amazônia que con- cracia. É possível discutir o quanto ainda centra 73% das tentativas de assassinato e resta de democracia no Brasil e lutar muito 79% dos ameaçados de morte no Brasil por fortemente pelo que ainda resta. Mas afr- confitos de terra: 158 pessoas de um total mar o Brasil como um país democrático é de 201. deixar de enxergar várias porções do país e milhões de brasileiros que vivem à mar- 2) Só os falsos centros do Brasil acredi- gem do Estado democrático. Em regiões tam que o país é uma democracia como Anapu, para permanecer no mesmo exemplo, muitos têm vivido com a certeza Este é o cotidiano que aqueles que se pre- de poder contar apenas com os movimentos tendem moradores do centro político, eco- sociais, cada vez mais criminalizados, para nômico e cultural do Brasil têm difculdades se manterem – literalmente – vivos. A vida para compreender. Historicamente, o centro de exceção já é o dia a dia destas pessoas. de decisões para o Brasil e de produção de análises sobre o Brasil é composto por São O Natal de 2019 foi revelador da realidade Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. É lá que vivida por parcelas da população brasilei- estão as principais universidades e as sedes ra. Enquanto toda a publicidade enaltecia a da imprensa mais infuente. Os moradores festa mais familiar do ano, para lideranças das periferias destas cidades do centro-sul amazônicas era o momento de abandonar são capazes de compreender com bastante casa e família para escapar da morte. Du- clareza o que vive um camponês, um sem rante o ano, essas lideranças ainda contam terra, um assentado ou mesmo um quilom- com o que resta de democracia, basicamen- Confitos noCampo Brasil 2019

te o Ministério Público Federal (MPF) e as uma democracia. Ou mesmo tentar explicar Defensorias da União e dos Estados, capa- a importância da democracia às crianças da zes de acionar a Polícia Federal em caso de Maré que têm pesadelos com os helicópte- necessidade. Isso nas poucas cidades em ros da polícia porque sabem que o rosnado que essas instituições se fazem presentes de suas hélices antecipa o sangue. e funcionam. Também contam com as Or- ganizações Não Governamentais (ONGs) É indecente dizer que o Brasil é ainda uma nacionais. Quando tanto as instituições en- democracia para quem vive essa realidade. traram em recesso de fnal do ano quanto E quem vive essa realidade não é minoria. as grandes ONGs em férias coletivas, o de- Os muros colocados entre a foresta e as fa- samparo foi quase total. Lideranças viaja- velas urbanas das grandes cidades do cen- ram para onde tinham algum conhecido ou tro-sul apenas impedem que as periferias alguma rede de proteção mínima. Alguns só que reivindicam ser centro compreendam o contavam com “vaquinhas” feitas por pes- quanto têm em comum: como viver em tem- soas próximas para dar um jeito de sumir pos de exceção enquanto outros afrmam de até o que resta de democracia voltar a ope- suas salas de jantar que as instituições são rar. Ao retornar para casa, uma destas li- sólidas o sufciente no Brasil para garantir deranças encontrou seus cachorros mortos leis e direitos. Ou que apenas é necessário a tiros, suas galinhas envenenadas e seus “corrigir alguns excessos” de Jair Bolsonaro terneiros com as pernas quebradas. “A pró- e sua corte. xima é você”, este é o recado. 3) Bolsonaro e o projeto de “humaniza- Outra, ao retornar para sua casa e comuni- ção” dos indígenas dade, estava tão afetada por ter passado Na- tal e Ano Novo sozinha em uma cidade es- A Amazônia Legal é a região com maior nú- tranha, sem poder andar livremente porque mero de confitos, mortes e ameaças por- seguia em risco em qualquer lugar do país, que todos os governos compreenderam a que era claramente necessário um suporte foresta como um corpo para exploração. A psicológico. Não tem sido difícil encontrar ditadura militar (1964-1985) compôs, pela um psicólogo, psicanalista ou psiquiatra propaganda, o imaginário sobre a Amazô- que aceite atender aos ameaçados de mor- nia que vigora até hoje. Palavras e slogans te. O problema é que não há como garantir como “deserto verde”, “terra sem homens a segurança destas pessoas entre a precá- para homens sem terra” e “integrar para ria proteção que têm em sua comunidade e não entregar” persistem como atualidade. o longo caminho até a cidade para ver um Mostraram-se ativos inclusive em governos psicólogo ou um médico. É na estrada onde de centro-esquerda como os de Lula (2003- tudo pode acontecer – e com frequência 2010) e de Dilma Rousseff (2011-2016), do acontece. Se, ao contrário, é o profssional Partido dos Trabalhadores, ressalvadas as que vai até a casa do ameaçado de morte, é diferenças entre um e outro. mais um que passa a estar em risco. A polí- cia pode ajudar? Risos nervosos. A foresta segue sendo vista por grande parte da população e tratada por governos É assim que muitos brasileiros têm vivido, de diferentes matizes ideológicos como um em diferentes escalas de medo e risco. Dizer território a ser invadido e explorado. Seus a uma destas pessoas que o Brasil é uma povos eram os não humanos que não esta- democracia é o mesmo que dizer a uma das vam lá para a ditadura. A partir da Consti- mães das crianças mortas por balas “perdi- tuição de 1988, a Carta Magna que marcou das” da polícia militar do Rio que o Brasil é a redemocratização do país e reconheceu a 109 existência, a identidade e os direitos dos po- mano como nós”? Bolsonaro então explica vos da foresta, eles passaram a ser tratados que o índio quer ter o direito de “empreen- como “entraves ao desenvolvimento”. Se na der” e de “evoluir”, o índio quer poder ven- ditadura parte deles foi exterminada para a der e arrendar a sua terra. Mas, atenção, construção de rodovias como a Transama- ele avisa: “Os índios não querem ser latifun- zônica e outras grandes obras, na democra- diários”. No entender de Bolsonaro, ser hu- cia parte deles foi convertida em pobres nas mano latifundiário o índio não quer ser, só periferias urbanas pela imposição de gran- humano arrendatário e humano que vende des obras, entre elas as grandes hidrelétri- a terra para ir morar na periferia da cidade. cas – Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira, Belo Monte, no rio Xingu, e Teles Pires, no É importante compreender que houve uma rio Teles Pires, são as mais emblemáticas. mudança de tática signifcativa entre a “ve- lha” direita e a “nova” direita representada Os povos indígenas, os mais antigos habi- por Bolsonaro. Antes do bolsonarismo, a tá- tantes humanos da foresta, resistem con- tica da direita era dizer que os índios não tra todas as tentativas de eliminá-los sécu- eram mais índios. Era duvidar da “autenti- lo após século. As ações de extermínio se cidade”. Como se um indígena usar celular iniciaram mais de 500 anos atrás. Durante o tornasse menos indígena. Ao deixarem de boa parte da trajetória do que se conven- ser considerados indígenas, os diferentes cionou chamar de Brasil, as elites intelec- povos perderiam o direito constitucional à tuais acreditaram que seriam assimilados terra. – ou seja, um outro tipo de aniquilação que já não exigia a destruição dos corpos. Não Essa tática ainda persiste. Mas a extrema- aconteceu. Como diz o antropólogo Eduardo -direita representada por Bolsonaro é mais Viveiro de Castro, os indígenas entendem de esperta. Ela não nega o indígena explicita- fm do mundo porque o mundo deles aca- mente, e sim afrma uma suposta igualda- bou em 1500. E eles foram capazes de viver de do indígena ao branco. Não para que os além dele. indígenas mantenham seus direitos consti- tucionais, mas exatamente para que os per- Jair Bolsonaro, porém, lançou a exploração cam, ao “conquistar o direito” de comercia- da foresta em um nível sem precedentes lizar suas terras com os brancos, porque é desde a redemocratização. Já na campa- isso que, segundo Bolsonaro, todos os “hu- nha eleitoral de 2018 tornou-se claro que a manos” querem. Amazônia era o principal projeto do bolso- narismo, capaz de unir todos os diferentes O que o discurso do “ser humano como nós” grupos que disputam internamente o poder. encobre? Pela Constituição de 1988, as ter- Desde a campanha, a meta de abrir as áre- ras dos indígenas são de domínio da União. as protegidas da foresta para a exploração Aos indígenas cabe o usufruto exclusivo de era explícita. Se a mensagem costuma ser suas terras ancestrais. Elas seguem, po- tosca na forma, porém, ela é intrincada no rém, sendo públicas. Uma das principais conteúdo. missões de Bolsonaro é justamente abrir essas terras públicas para a exploração e os Desde a campanha eleitoral, Bolsonaro afr- lucros privados. mou várias vezes: “O índio é ser humano como nós”. Quem será que pensava que o Uma parcela signifcativa delas está na fo- índio não era humano antes de Bolsonaro resta amazônica. Fazem limite com grandes levantar o tópico? É importante seguir per- lavouras de soja e pastos para criação de guntando. O que é, neste contexto, “ser hu- boi. Têm sido pressionadas – e invadidas – Confitos noCampo Brasil 2019

para o cumprimento do ciclo: desmatamen- ginários, ainda mais perverso que o ante- to da foresta para comércio ilegal de ma- rior. deira, colocação de meia dúzia de cabeças de boi para garantir a posse da terra, venda Sem poder converter os corpos dos indí- da terra para plantação de soja. Em algum genas em mercadoria, já que a escravidão momento do processo, legalização do “gri- (ainda) não voltou a ser aceitável no século lo” pelo governo do momento, com anistia 21, Bolsonaro quer converter os indígenas aos ladrões de terras públicas – ou aos que em brancos. O “nós” de Bolsonaro é “nós, os compram as terras públicas roubadas pelos brancos, que tratamos a foresta, a terra e ladrões. tudo o que está nela como commodity”. Essa é a ideia que sustenta a “evolução” dos indí- O lucro maior não está nem mesmo na ex- genas para “um humano como nós”. Como ploração e produção de “recursos”, como a maioria dos povos indígenas se percebe e apontam pesquisadores como Maurício Tor- se afrma como parte da natureza, para que res, professor da Universidade Federal do o projeto de explorar a foresta siga adiante Pará, mas na especulação com uma terra é preciso mudar essa relação, afrmando-a que não custa quase nada aos seus futuros como um entrave à integração à sociedade “donos”, já que é pública. Para roubá-las, os dominante, que representaria a humanida- grileiros só precisam pagar seus pistoleiros, de “verdadeira”. os trabalhadores braçais que vão desmatá- -la e abrir picadas, estes com frequência em Parece subjetivo, mas é bem objetivo. Aca- situação análoga à escravidão, e os funcio- bar com os direitos constitucionais dos in- nários de cartórios e repartições públicas dígenas é possível, mas mais demorado. As que vão garantir a fraude no papel. Depois forças que Bolsonaro representa têm pres- essa terra será comercializada pelo valor de sa. Assim, o antidemocrata aposta na cor- mercado. Pode haver melhor negócio? rupção de lideranças indígenas para que lutem pelo “direito” de se tornarem “proprie- No momento em que estudantes do mundo tários” e então poderão arrendar e vender a inteiro fazem greve escolar para chamar a foresta para os não indígenas. É a forma atenção para a emergência climática, como mais rápida de abrir as áreas protegidas da avançar sobre as terras indígenas e acelerar Amazônia para a exploração privada. Des- o desmatamento da foresta? Criando ideo- tituídos de suas terras, os indígenas serão logias. O bolsonarismo vem disseminando a convertidos a essa categoria genérica cha- ideia de que todo indígena quer ser capita- mada “pobres”, completando o processo de lista e que mudança climática é um “com- “humanização”. plô marxista”. É assim que convencem seus crentes a entregar a Amazônia em nome do nacionalismo – um nacionalismo contra o O projeto de conversão de indígenas em Brasil e contra o bem comum dos brasilei- pobres tem ritmo acelerado pela violência: ros. em 2019, 67 áreas indígenas, onde vivem 26.621 famílias, foram invadidas no Brasil No início de 2020, Bolsonaro foi ainda mais para exploração predatória e ilegal. Mais de longe, ao declarar, em 23 de janeiro, que 80% destas invasões ocorreram na Amazô- o “índio está evoluindo” e “cada vez mais é nia Legal. No conjunto de confitos, as co- um ser humano igual a nós”. Ao estabele- munidades tradicionais da foresta (indíge- cer agora os indígenas como parcialmente nas, quilombolas e ribeirinhos) compõem humanos, Bolsonaro está inaugurando um 45% das vítimas. Sem terra e assentados novo conceito de assimilação dos povos ori- são 32%. 111

4) Sob o Ministério Contra o Meio Am- por improbidade administrativa. Quando biente, a Amazônia literalmente queima era secretário de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, na gestão de Geraldo Alckmin No Brasil governado por Bolsonaro, as rela- (PSDB), Salles fraudou documentos e ma- ções interpessoais estão envenenadas, e as pas, além de ameaçar servidores públicos, redes sociais contaminadas. Como tudo se para benefciar, entre outros interesses, o literaliza, porém, a toxidade não é apenas de mineradoras. Salles tinha o currículo metáfora. O bolsonarismo está literalmente perfeito para o que o bolsonarismo preten- envenenando a população. Já nos primeiros dia inaugurar, como parte de sua “” meses, o governo Bolsonaro imprimiu uma para o Brasil: a posse do primeiro ministro velocidade inédita na aprovação de agrotó- contra o meio ambiente. xicos: média de mais de um por dia. Com o ministério da Agricultura comandado pela Salles mal entrou e já foi extinguindo a Se- ruralista Tereza Cristina, mais conhecida cretaria de Mudanças do Clima e Florestas. como “musa do veneno”, em nenhum outro Explicou que “a discussão sobre aqueci- mandato os pesticidas foram liberados com mento global é secundária”. Com velocidade tanta rapidez e volume, o que mais uma vez espantosa começou a desmontar o sistema aponta a quem o governo serve. Em 2019, de proteção ambiental construído em dé- primeiro ano do governo, foram aprovados cadas pelos governos anteriores, derrubou 503 agrotóxicos. técnicos de carreira de cargos de comando e, junto com Bolsonaro, desautorizou fscais Antes de tomar posse, Bolsonaro jogou a do Ibama que autuavam desmatadores, co- casca de banana de que, no desenho do seu locando-os em risco de morte. Também de- ministério, a pasta do Meio Ambiente pode- nunciou organizações não governamentais, ria ser deletada. Escrevi em 7 de novembro com trabalho sólido e reconhecido, a partir de 2018, em minha coluna de opinião no El de acusações sem fundamento, com o ob- País, intitulada “Bolsonaro quer entregar a jetivo de tirá-las da foresta. Em seguida, Amazônia”: começou a minar o Fundo Amazônia, f- nanciado pelos governos da Noruega e da “Ninguém se iluda com o vaivém da fusão Alemanha, fundamental para a proteção da ou não do Ministério do Meio Ambiente com foresta. Ricardo Salles tornou-se o grande o da Agricultura. É jogo de cena. Bolsonaro vilão, mas ele é apenas o offce-boy do agro- pode fngir que é democrata e ouviu a popu- negócio, que é governo. lação, especialistas e o suposto agronegócio moderno, fngir que recuou porque escuta, Os incêndios na foresta, exibidos nas telas mas o fato é que já está tudo decidido. Não é do mundo inteiro em agosto de 2019, são a necessário fundir os ministérios para fazer o literalização do que signifca para a Amazô- serviço sujo de abrir ainda mais a Amazônia nia a ascensão de Bolsonaro e seu projeto para a exploração. Se concluir que é mais de exploração da foresta. Em 5 de agosto, conveniente manter o ministério, basta es- o jornal de Novo Progresso anunciava que colher um ministro identifcado com o pro- “fazendeiros” da região haviam marcado o jeto de comercializar a foresta”. Dia do Fogo, em apoio ao discurso presiden- cial. Ninguém – nada – os impediu. E, em 10 Como previsto, Bolsonaro fngiu ouvir a de agosto, como divulgado, a foresta quei- população e a comunidade internacional mou: um aumento de mais de 300% dos fo- e manteve o Ministério do Meio Ambiente. cos de incêndio em Novo Progresso e mais Para comandá-lo botou Ricardo Salles, ru- de 700% em Altamira. Segundo a CPT, 28 ralista condenado em primeira instância áreas da Amazônia legal sofreram incêndios Confitos noCampo Brasil 2019

em 2019: 75% delas eram terras indígenas. cancelou os títulos. Áreas públicas e fnan- ciamentos públicos, portanto, produziram e 5) Sem memória não se faz justiça alimentaram um mercado de especulação de terras na Amazônia e um ciclo de grilagem Os confitos de Anapu, para seguirmos nos- e de pistolagem que ainda perdura. O que sa análise com a necessária iluminação do testemunhamos hoje, em várias regiões da processo histórico, são produtos da Tran- Amazônia, é resultado direto do projeto de samazônica. Nos anos 1970, a ditadura exploração da foresta forjado na ditadura dividiu a região em dois polos, chamados militar e nunca sufcientemente reformado “Transa Oeste” e “Transa Leste”. A primeira na democracia que se instalou após 1985. porção vai de Altamira até Placas e recebeu maioria de assentados da região Sul do Bra- Para estancar a espiral de violência na dis- sil. Esta é a área da rodovia que foi destina- puta de terras que ainda hoje pertencem à da à colonização ofcial, para produção agrí- União, ou seja, são o patrimônio comum de cola. Já na Transa Leste, entre Altamira e todos os brasileiros, seria necessário fazer a Marabá, autores apontam que predominou reforma agrária que nunca foi feita. A me- uma colonização espontânea, daqueles que lhor chance histórica de estancar o sangue são sempre esquecidos nos programas pú- depois da retomada da democracia ocorreu blicos ofciais, com migrantes vindos princi- nos governos do Partido dos Trabalhadores, palmente do nordeste brasileiro. Estes não de 2003 a 2016. Embora algumas ações e tiveram apoio governamental para ocupar políticas tenham sido implementadas, po- terras que eram consideradas menos pro- rém, a reforma agrária fcou longe de ser re- dutivas. Sem esquecer, que todas as terras, alizada por completo. E a oportunidade foi a leste e a oeste, tinham sido por séculos perdida. ocupadas pelos povos indígenas. Os Projetos de Desenvolvimento Sustentável Nesta mesma região, a ditadura implantou (PDS) foram criados em lotes que o Instituto também uma política de concentração da Nacional de Reforma Agrária (Incra) decla- terra, pelos chamados Contratos de Aliena- rou serem improdutivos no fnal dos anos ção de Terras Públicas (CATPs). Estes con- 1990. Em 2003, no primeiro ano do gover- tratos eram títulos provisórios para lotes de no Lula (PT), foram criados quatro PDS nas 3 mil hectares. Eles foram oferecidos pre- glebas Belo Monte e Bacajá, para o assen- ferencialmente para pessoas de fora da re- tamento de 600 famílias. Aqueles que ha- gião amazônica. Com frequência, os contra- viam se apossado destas terras públicas e tos eram acompanhados de fnanciamentos também de gordos fnanciamentos públicos da Superintendência de Desenvolvimento da SUDAM reagiram com violência, na base da Amazônia (Sudam), uma sigla que fcou da pistolagem, de incêndios criminosos e de famosa pelos escândalos de corrupção que derrubada da foresta. A missionária Doro- produziria. thy Stang documentava e denunciava cada um dos ataques, exigindo providências das Para que pudessem ganhar o título da terra, autoridades. A freira deixava claro que, para os candidatos a proprietários tinham que a preservação da foresta, seria necessário comprovar, em cinco anos, a instalação de fazer antes a regularização fundiária. Foi empresa agropecuária. Muitas destas terras executada. foram repassadas a terceiros antes mesmo de ter título defnitivo. Em grande parte dos Ao longo dos mais de 13 anos no poder, os casos, não houve criação de empresa agro- governos do PT foram se aproximando cada pecuária, mas mesmo assim o governo não vez mais dos grandes latifundiários, a ponto 113 de Kátia Abreu ter se tornado ministra da 6) A legalização da grilagem e a conver- Agricultura de Dilma Rousseff. Mas, no pri- são dos grileiros em fazendeiros meiro mandato de Lula, o compromisso com os pequenos agricultores ainda era forte As mortes recentes de indígenas e pessoas também na prática. Não tão forte para uma ligadas a confitos agrários, assim como as reforma agrária efetiva, mas forte o sufcien- prisões abusivas e a crescente criminaliza- te para colocar o Estado na região após o ção das ONGs deixam claro uma ofensiva assassinato de Dorothy. da grilagem e de seus apoiadores, dentro e fora do Estado, em toda a região amazônica. Os negócios da grilagem não cessaram, lon- Os sinais de que a violência só vai aumentar ge disso. Mas foram difcultados. Os grilei- estão por toda a parte. Por que agora? ros necessitavam agir com cautela. De 2006 até 2014, mantiveram uma atuação persis- O cientista social Maurício Torres aponta al- tente, mas discreta. Em Anapu, não houve guns caminhos de refexão: nenhuma morte ligada a confitos de terra. A partir de 2015, a violência no município “A grilagem acontece em dois planos. Um refetiu o aumento do poder dos ruralistas no chão, onde se toma a área materialmen- não só no Congresso, mas também no Exe- te. Pistoleiros ‘limpam’ a terra de seus ocu- cutivo, com o recrudescimento dos assas- pantes legítimos (indígenas e camponeses), sinatos. No ano seguinte, 2016, o impea- e a foresta é derrubada para consolidar a chment sem base legal da presidente eleita apropriação. Outro plano é no papel: quan- Dilma Rousseff repercutiu entre os grileiros do, por meio da química mágica dos cartó- como autorização para recuperarem a an- rios ou dos órgãos fundiários, acontece o tiga desenvoltura. Em 2018, uma lista de destacamento da terra do erário público e marcados para morrer circulava em Anapu sua transferência para o patrimônio privado do grileiro. A violência é o principal instru- como se fosse uma lista de compras de ma- mento de controle de terras griladas. Quan- terial escolar. Em novembro de 2019, a ten- do esse mercado sujo de terras agita-se, a são quase podia ser tocada. Em dezembro, violência, como mecanismo da grilagem, é tornou-se alarmante. Todos os sinais mos- mais acionada. A MP 910, desde quando tram que a situação ruma para o total des- ainda era uma especulação, incendiou esse controle. mercado”.

A principal causa dos confitos nos anos re- A Medida Provisória 910 é a MP da Grila- centes, além da impunidade que gera mais gem produzida por Bolsonaro em 10 de de- impunidade, é a omissão do Estado em fa- zembro de 2019. Antes dela, houve a MP da zer as ações de reforma agrária previstas em Grilagem de Lula, em 2009, e a MP da Gri- lei, abandonando o lado mais frágil, o dos lagem de Michel Temer (MDB), em 2017. É agricultores familiares, a uma luta desigual importante recuperar o processo histórico, com os grandes grileiros e suas milícias ar- do contrário não é possível compreender o madas. Como a luta é desigual, o resultado presente. é o massacre de trabalhadores rurais e das pessoas que os apoiam. Ainda hoje, parte O programa Terra Legal, de 2009, ainda no da sociedade e mesmo dos ambientalistas governo Lula, é citado por Torres e outros não entende que lutar pela reforma agrária pesquisadores como um marco no processo é lutar pela foresta em pé. Sem justiça so- de legalização da grilagem na Amazônia. Ele cial na Amazônia não haverá justiça climá- foi instituído pela Medida Provisória 458, tica. sancionada na forma da lei 11.952. Entre Confitos noCampo Brasil 2019

outras ações, regularizava todos os imóveis vai gozar a vida como “cidadão de bem”. O em terras públicas na Amazônia Legal, com anúncio desse milagre no mundo do crime até 1.500 hectares, desde que ocupados até fez com que grileiros avançassem sobre áre- dezembro de 2004. No discurso, o progra- as ocupadas por agricultores familiares que ma serviria para regularizar a situação dos as reivindicam para reforma agrária e tam- pequenos posseiros, aqueles que viviam na bém sobre terras indígenas não demarca- terra e viviam da terra. Na prática, o progra- das. Grileiros passaram também a investir ma serviu para regularizar a grilagem prati- contra outros grileiros para se apossar de cada pelos grandes. terras que podem entrar no escopo da MP. A série de MPs da grilagem provam aos cri- O novo e controverso Código Florestal, de minosos que não há melhor negócio do que 2012, aprimorou ainda mais a produção invadir terras públicas e derrubar a foresta. de legalidade onde antes havia crime. Mais Basta ser persistente que logo o governante tarde, com Michel Temer e um Congresso da vez vai legalizar a coisa toda. explicitamente corrupto, dominado pelos ruralistas, o processo se aprimorou e ace- Como alguém acredita que vai sobrar fores- lerou. A lei 13.465/17, nascida da Medida ta amazônica com o estímulo ofcial para sa- Provisória 759, foi sancionada em julho de queá-la? Neste início de 2020, as duas ame- 2017 por Temer. Com a desculpa de “regu- aças mais visíveis à legalização do crime é larizar” a situação de pessoas que muitos a MP de Bolsonaro virar lei e seu projeto de anos atrás ocuparam áreas públicas “de boa mineração em terra indígena ser aprovado fé”, para viver nela, a lei permitiu que grilei- pelo Congresso. Mas estamos apenas no iní- ros que invadiram terras públicas sabendo cio do ano e tudo indica que 2020 será bru- que eram públicas até 2011 pudessem “re- tal de maneiras que ainda não somos capa- gularizar” seus “grilos” no generoso limite zes de imaginar. Ano de eleições municipais, de 2.500 hectares. Bastava expandir a pro- as que mais movimentam a região amazô- dução de “laranjas” e os grilos eram legali- nica, na qual grileiros se tornam prefeitos, zados de 2.500 em 2.500 hectares. porque sempre é útil controlar diretamente a máquina pública, a tensão crescente já é Ao fnal do primeiro ano de governo, Bolso- palpável nas ruas das cidades amazônicas. naro criou a sua MP da Grilagem. Não há precedentes de algo tão escandaloso, pelo Neste ponto, se faz necessária a atualização menos não no que formalmente tem se cha- do conceito de grilagem. Com a legalização mado de democracia. A MP da Grilagem de do crime e a premiação dos criminosos, o Bolsonaro é uma “masterpiece” da legaliza- grileiro em breve já não precisará cooptar ção do crime. Com a mesma desculpa usada nenhum funcionário público. O crime vai se por Lula e depois por Temer, a da “regula- convertendo em lei. Em muitos casos, tam- rização fundiária”, agora é possível legalizar bém há fortes indícios de que as polícias já terras roubadas da União até dezembro de cumprem o papel que tradicionalmente per- 2018. Até ontem, portanto. tencia aos pistoleiros. Seguindo o caminho das milícias cariocas, a grilagem na Amazô- Em resumo: você rouba do patrimônio pú- nia vai deixando de ser um poder paralelo blico, destrói a foresta amazônica e, um com ramifcações no Estado para se tornar ano depois, vira latifundiário legalizado e o próprio Estado. 115

Tabela 3 - Violência Contra a Ocupação e a Posse

Tentativa ou Famílias Famílias Ameaçadas Casas Roças Bens UF Ocorrências* Famílias Área Ameaça Pistolagem Invasão Expulsas Despejadas de Despejo Destruídas Destruídas Destruídos de Expulsão Centro-Oeste DF GO 29 3226 286351 101 171 824 76 MS 37 6187 49716 200 1520 640 1 315 315 MT 86 15346 4847161 11 3359 1464 1889 161 70 1125 2068 2288 Subtotal 152 24759 5183228 211 3460 3155 3353 162 70 1125 2383 2679 Nordeste AL 21 803 3580 647 127 100 53 78 53 100 BA 139 9746 769489 170 1061 1161 3567 309 146 1220 1413 3338 CE 5 1698 3784 30 30 10 10 30 30 MA 174 15342 2027998 100 22 869 1256 168 220 149 918 5398 PB 20 2753 17950 744 185 59 23 PE 49 4423 19583 1 135 1171 1600 129 623 427 1361 673 PI 18 296 1200 7 45 92 295 41 RN 4 492 800 300 60 32 100 100 32 SE Subtotal 430 35553 2844384 578 2000 4226 7113 669 1156 1879 3933 9464 Norte AC 88 6809 1198216 160 1531 3260 7 10 186 948 1002 AM 52 11376 12867467 900 2343 525 201 47 1 307 8252 AP 43 1668 818418 49 198 165 41 80 80 896 PA 150 30043 13625373 104 333 4569 1104 25 282 303 1222 5922 RO 82 7042 2879346 864 2761 227 9 1 463 322 1488 RR 28 12530 12181739 5 97 300 8 5 125 120 7858 TO 45 2578 1409729 80 185 499 101 115 94 106 40 98 Subtotal 488 72046 44980288 184 2496 11998 5682 406 519 1264 2959 25516 Sudeste ES 9 1668 154372 220 270 20 1200 MG 34 2306 23029 435 1945 449 106 67 536 805 829 RJ 9 387 5600 15 227 145 SP 36 4149 35767 2 1175 1776 75 403 400 405 50 Subtotal 88 8510 218768 21845 4218 669 509 467 941 875 2029 Sul PR 72 2725 13239 69 561 1682 445 80 560 RS 12 107 19353 105 22 21 SC 12 1042 53283 162 5 5 9 Subtotal 96 3874 85875 69 561 1949 472 80 565 21 9 Brasil 1254 144742 53312543 1044 10362 25546 17289 1826 2212 5774 10171 39697

a1

* O número de ocorrências e famílias envolvidas refere-se à soma de Ocupações/Retomadas, Acampamentos e Ocorrências de Confito por Terra. Foto: Amanda Costa Judicialização e Reforma Agrária

Carlos Marés1 1. A Constituição de 1988 movimentos sociais foram tratados de tal forma que houve grande avanço legal, mas Embora a Assembleia Nacional Constituinte foram construídas travas que viriam difcul- brasileira não tenha sido eleita diretamen- tar sua aplicação. Assim, Meio Ambiente, te para esse fm, tratando-se de um arran- Povos Indígenas, Quilombolas, Direitos do jo pouco ortodoxo na teoria constitucional Trabalhador, Patrimônio Cultural, Direitos porque o próprio Congresso se proclamou Humanos e, obviamente, Reforma Agrária Constituinte, os debates foram intensos e estão estabelecidos na Constituição com be- a participação popular foi grande. Por isso, los e profundos textos, mas com armadilhas muitos temas introduzidos na Constitui- capazes de os tornar de difícil aplicação. ção foram contrários ao gosto das elites dominantes que se empenharam em dif- No tema da Reforma Agrária, a elite domi- cultar sua aplicação confando no controle nante se empenhou em introduzir armadi- que sempre mantiveram sobre os Poderes lhas e artimanhas tão sutis que viriam a Executivo, Legislativo e Judiciário. As eli- difcultar não só sua aplicação direta, como tes tinham consciência de sua pouca força, a formulação posterior de leis civis para portanto trataram de difcultar a aplicação não permitir sua aplicação literal. A Cons- posterior. Os temas mais relevantes para os tituição não indica com clareza, por exem-

1 Carlos Frederico Marés de Souza Filho. Professor Titular de Direito Agrário e Socioambiental no programa de Pós Gra- duação em Direito da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Doutor em Direito do Estado. Foi Procurador Geral do INCRA (2003) e Presidente da FUNAI (1999/2000). 117 plo, qual o castigo ou pena ou consequên- de e consequentemente o da posse de quem cia jurídica que terá uma propriedade que não cumpre a função social seria desastro- não faça a terra cumprir sua função social. so para a ideologia ruralista e latifundiária, Quem lê a Constituição pode imaginar que mas também difícil de ser contraposta na- a propriedade será perdida se o proprietário quele momento histórico da Constituinte, não cumprir a obrigação da função social, por isso, as armadilhas feitas de tal forma porque é um dever do direito, e quem não que, tanto as novas leis civis e regulamen- cumpre seu dever, perde seu direito. Quer tadoras da reforma Agrária, como as deci- dizer, tantas vezes e tão enfaticamente a sões judiciais acerca do tema viessem a ser Constituição associa o direito de proprie- protetoras da propriedade, mesmo das que dade à sua função social que parece esta- não cumprem sua função social, invertendo belecer que o proprietário que não age no o espírito do direito de propriedade da Cons- sentido de fazer cumprir a função social da tituição, sempre atrelada à função social. terra, perde-a, ou não tem direito a ela. Se- ria então legítimo entender que se uma terra Ao estabelecer o direito de propriedade sobre não cumpre a função social não há sobre ela a terra, a Constituição lhe deu uma condi- direito de propriedade, mas que o proprietá- ção de existência, de reconhecimento social rio, detentor do título de propriedade, pode e jurídico, que é cumprir a função social. passar a usar a terra de forma funcional e Ao não cumprir essa condição imposta pela integralizar, ou dar vida ao título que estava lei, não pode, o detentor de um título, invo- moribundo. Não há, porém, norma legal que car a mesma lei para proteger-se de quem possibilite ao Estado declarar a nulidade ou quer fazer daquela terra o que a lei determi- inexistência de um título de propriedade na que se faça. O proprietário da terra cujo cuja terra não esteja cumprindo a função uso não cumpre a função social não está social. É uma lacuna jamais preenchida2. protegido pelo Direito, não pode utilizar-se dos institutos jurídicos de proteção, como Por outro lado, a Constituição faculta à as ações judiciais possessórias e reivindica- União Federal desapropriar uma terra que tórias para reaver a terra de quem as use, não cumpra a função social. Isto é, quando especialmente se quem as usa está fazendo o proprietário age de forma nociva ao meio cumprir a função social, isto é, está agindo ambiente, não cumpre as leis para com os conforme a lei. trabalhadores, não promove o bem estar, ou simplesmente não usa a terra, é possível Para que a interpretação acima não viesse a ao Estado corrigir ou punir a violação, mas ser hegemônica, a primeira providência da para desconstituir o título somente o pode elite latifundiária foi introduzir um vírus de fazer por meio de desapropriação, como dei- inefcácia em cada afrmação da Constitui- xa claro a Constituição. O direito de proprie- ção. Assim, onde a Constituição diz como se dade que não faz cumprir a função social cumpre a função social, se lhe acrescentou não merece, por outro lado, a proteção do que necessitaria de ter uma lei para estabe- Estado nem Administrador, nem Juiz. lecer os “graus e exigências”. Isto impediria os Tribunais de aplicar a Constituição sem Quer dizer, a faculdade de desapropriar f- uma lei menor que comandasse a sua exe- cou clara, mas a perda da propriedade ou da cução. Contavam os ruralistas com a boa proteção ao direito de propriedade não fcou vontade dos Tribunais e das maiorias futu- clara. A interpretação de que o Judiciário ras do Congresso. não poderia garantir o direito de proprieda-

2 Maiores aprofundamentos desta situação em: SOUZA FILHO, Carlos Frederico Marés. A função social da terra. Porto Ale- gre: SAFabris, 2003. Confitos noCampo Brasil 2019

Entre as armadilhas criadas, fcou estabe- rural) ingressar não contra pessoas espe- lecido que apenas a União Federal, isto é, o cífcas, mas contra quem quer que esteja Governo Federal, poderia promover a desa- ocupando sua propriedade, de forma ge- propriação de glebas que não cumprissem a ral. As decisões passaram a ser genéricas função social. Ao aceitar as armadilhas do e sem qualquer análise de casos concretos texto constitucional e as normas inferiores individuais. Estas ações possessórias foram produzidas para o seu não cumprimento, ganhando força entre os juízes e Tribunais. a Reforma Agrária fca quase impossível e Finalmente passou a ser desimportante realizável apenas em terras públicas, de- a letra da Lei Processual. O velho Código volutas (o que não é reforma agrária, mas de Processo Civil de 1973, que vigorou até colonização), e nos latifúndios improdutivos 2015, estabelecia, em seu artigo 47, que segundo critérios muito baixos de produtivi- quando houvesse litisconsórcio (mais de dade. Em relação às terras devolutas houve uma parte de um lado da ação, como ocorre um crescendo de facilitação para o grande com as ocupações coletivas) todos deveriam capital ir se apropriando delas, ainda que ser citados em nome próprio. Contudo, os ilegalmente, o que culminou com a Medida Tribunais passaram a descumprir esta nor- Provisória nº 190/2019, analisada adinate. ma sempre que a ocupação fosse coletiva. Em 2015, com o novo Código de Processo Desta forma, todo o avanço que trouxe a Civil foi acrescentado um artigo referente ao Constituição foi travado pelos ruralistas no chamado litisconsórcio unitário, art. 116, Legislativo e Judiciário. Foi a aposta que de tal forma que a citação de um ocupante fzeram em 1988 e aos poucos foram con- bastaria para dar início à ação. A Lei não seguindo minar interpretações mais favorá- deixa isso claro, mas basta uma insinuação veis e adequadas à Reforma Agrária. para que o Poder judiciário aja em defesa da propriedade privada contra o uso da terra, 2. A flexibilização do processo civil mesmo que este uso esteja a dar cumpri- mento à função social. Este é um exemplo O processo civil é forma jurídica que teori- claro de como a Constituição e sua função camente serve às garantias dos direitos das social passaram a ser desimportantes para pessoas. Para a propriedade da terra estão as ações judiciais. estabelecidos dois processos ou ações que são diferentes entre si, as chamadas ações Os processos ou ações possessórias são possessórias, que protegem a posse e as para discutir posse e não propriedade, mas chamadas reivindicatórias, que protegem a o Judiciário passou a interpretar que a pos- propriedade ou o título de propriedade de se fcta do proprietário, pelo fato de apre- alguém. Estas ações são sempre entre pes- sentar um título registrado em cartório, era soas, quer dizer devem ser nominadas as superior ao fato da posse de um grupo de pessoas de um e outro lado, que são chama- pessoas que a tornaram produtiva. Portan- das “partes”. As partes são pessoas indivi- to, permitiu que proprietários que não cum- duais sujeitas ou detentoras de direitos. Os priam a função social, e não tinham posse, direitos de uma parte e de outra parte é que reclamassem-na de quem estava fazendo são cotejados em juízo, sejam possessórios cumprir a função social, numa clara inver- ou reivindicatórios. são da lógica constitucional.

A primeira mudança interpretativa destas Se por um lado o Judiciário fazia a fexibi- ações e dos princípios que regiam o pro- lização da citação para facilitar a proteção cesso se deu no privilégio de uma parte (o da propriedade latifundiária e improdutiva presumível proprietário da terra urbana ou e fazia vistas grossas ao cumprimento da 119 função social, por outro, passou a exigir for- nº 8.629, de 1993. malismos excessivos para abertura de pro- cedimentos de desapropriação por interesse O processo civil foi sendo usado, cada vez social para fns de Reforma Agrária. O ex- com mais força, como garantia da proprie- cessivo formalismo se iniciou com a Lei nº dade latifundiária da terra, legítima ou não, 8.629, de 1993, que regulamentou os dispo- com ou sem cumprimento da função social, sitivos constitucionais relativos à Reforma contra a Reforma Agrária. A partir dessa Agrária3. concepção construída pelos três poderes, os despejos arbitrários foram sendo cons- 3. A timidez das leis civis sobre proprie- tantes e cada vez mais rápidos. Os juízes dade privada concedendo ordens liminares sem ouvir os ocupantes e sem analisar a função social da Em 2001, por Medida Provisória, foi acresci- propriedade, apesar do Novo Código de Pro- da à Lei nº 8.629, de 1993, um § 6º ao artigo cesso Civil estabelecer de forma diferente. A 1º que criou uma imunidade de dois anos Lei estabelece que compete ao autor da ação aos imóveis que tivessem ocupação “motiva- provar a continuação da posse, embora tur- da por confito agrário ou fundiário de caráter bada, na ação de manutenção; na ação de coletivo”. Era o cerco para não permitir que reintegração, a prova da posse do proprie- movimentos sociais pressionassem por Re- tário, porém, deve ser feita comprovando o forma Agrária. Além disso, estabelecia como cumprimento da função social. Nos despe- pena aos membros dos movimentos sociais jos nunca é, sequer, analisada a função so- que participassem de ocupações de caráter cial da propriedade. coletivo a proibição de serem assentados e a exclusão de seus nomes nos programas de Em 2002 foi promulgado o Novo Código Ci- Reforma Agrária. Era o Congresso Nacional vil. O processo legislativo de discussão e cumprindo o desmanche da reforma Agrá- maturação do Código foi longo e, obviamen- ria conquistada na Constituição cidadã, por te, o Congresso teve que enfrentar a dis- proposta do Poder Executivo. cussão da propriedade segundo a previsão constitucional. Apesar do fato da Constitui- No ano de 2003 o Supremo Tribunal Fede- ção utilizar a expressão função social todas ral (STF) em decisão majoritária no Manda- as vezes que usa a palavra propriedade (oito do de Segurança nº 24.547, do Distrito Fe- vezes), o Código Civil (CC) de 2002 usa a deral, com voto condutor da Ministra Ellen expressão apenas duas vezes. A primeira, Gracie, declarou nulo decreto expropriatório no artigo 421 para dizer que a “liberdade porque os agentes do INCRA não puderam contratual será exercida nos limites da fun- entregar pessoalmente a intimação ao pro- ção social do contrato” e a segunda, no pa- prietário que os impedira com violência de rágrafo único do artigo 2.035 para estabe- se aproximar do imóvel, apoiado por outros lecer que “nenhuma convenção prevalecerá proprietários da região e seus funcionários. se contrariar preceitos de ordem pública, ... Dois pesos e duas medidas fcaram estabe- para assegurar a função social da proprie- lecidos: contra os ocupantes que fazem a dade e dos contratos”. No longo e detalhado terra cumprir a função social, a fexibiliza- Título que trata da propriedade, com seus ção da norma processual, a favor dos títulos nove capítulos e 140 artigos, o CC não usa o de propriedade, ainda que sem posse, o ri- termo função social. O dispositivo que mais gor da norma processual estabelecida na Lei se acerca é o § 1º do artigo 1.228: “O direito

3 Para aprofundamento ver: Lei nº 8.629/1993 Comentada por Procuradores Federais. 2ª Edição revisada e atualizada. Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - Incra, Procuradoria Federal Especializada junto ao Incra - PFE/ Incra. - Brasília: Incra, 2018. http://www.incra.gov.br/sites/default/fles/uploads/publicacoes/lei_8629-1993_-_comenta- da_por_procuradores_federais_2o_ed._-_web.pdf acessada em fevereiro de 2020 Confitos noCampo Brasil 2019

de propriedade deve ser exercido em conso- social e econômico relevante”. E no 5º: “No nância com as suas fnalidades econômicas caso do parágrafo antecedente, o juiz fxará e sociais e de modo que sejam preservados, a justa indenização devida ao proprietário; de conformidade com o estabelecido em lei pago o preço, valerá a sentença como título especial, a fora, a fauna, as belezas natu- para o registro do imóvel em nome dos pos- rais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio his- suidores”. tórico e artístico, bem como evitada a polui- ção do ar e das águas”. Este é o caso de muitos assentamentos ur- banos e rurais no Brasil, mas devido a sua Pode-se ver, então que as elites latifundiá- ambiguidade, a norma pode ser interpretada rias conseguiram manter o conceito de pro- de várias formas até o ponto de inviabilizar priedade anterior à Constituição, esquivan- sua aplicação como fez, de fato, o Judiciá- do o texto constitucional, certamente não rio. O dispositivo carece de aprofundamen- afrontando a letra da Constituição, mas não to teórico e aplicabilidade jurisprudencial. a aplicando ou utilizando. Desta forma o in- Com quase duas décadas de vida no siste- térprete pode manter a velha e ignominio- ma jurídico, o dispositivo é ainda visto com sa tradição de fazer prevalecer o título de desconfança pelos juízes e teóricos, mas é propriedade acima do direito à vida e à ali- claro que é perfeitamente condizente com a mentação e à função social da propriedade, ideia de propriedade da terra abraçada pela mantendo despejos sumários ainda que em Constituição Federal de 1988 e os reconhe- terra cuja produção tivesse sido promovida cimentos havidos em tratados internacio- pela ocupação. nais assinados pelo Brasil, no sentido de que a propriedade da terra tem que alcan- Durante a longa discussão para a elabo- çar uma fnalidade social e ambiental para ração do Código Civil os juristas conserva- garantir a vida da humanidade no planeta. dores não adotaram os avanços da Consti- tuição. A proposta progressista que chegou Trata-se de uma restrição ao direito de pro- mais perto de concretizar a Constituição priedade da terra. O Código não permite que foi a tentativa de criar uma usucapião co- o proprietário exerça o direito de reaver a letiva, para grupos de famílias, agricultores terra se a ocupação se dá coletivamente e ou moradores urbanos que, em conjunto e por mais de cinco anos. Quer dizer, a ocu- de forma solidária, explorassem a terra ou pação nestes moldes não é injusta, nos ter- nela morassem, fazendo-a cumprir sua fun- mos da Lei. É uma espécie de usucapião ção social, rural ou urbana. Esta propos- coletiva, que a doutrina vem chamando de ta ajudaria a concretização do que estava usucapião judicial. estabelecido na Constituição vinculando a propriedade privada à sua função social. Os doutrinadores conservadores come- Deturpada pelos juristas conservadores e çaram a ver tropeços na norma, primeiro pelos parlamentares, a proposta se tornou criando um empecilho com o termo “imóvel um dispositivo ambíguo e controverso, dis- reivindicado”, interpretando como sendo so- posto no § 4º e 5º do artigo 1.228: “O pro- mente um imóvel objeto de ação reivindica- prietário também pode ser privado da coisa tória e não de possessórias, como são quase se o imóvel reivindicado consistir em extensa todas disputas pela Reforma Agrária. Quer área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por dizer, se o proprietário não ingressar com mais de cinco anos, de considerável número nenhuma ação ou com uma ação que não de pessoas, e estas nela houverem realiza- seja reivindicatória, não há direito dos ocu- do, em conjunto ou separadamente, obras e pantes. O que é um absurdo do ponto de serviços considerados pelo juiz de interesse vista jurídico. O segundo empecilho formu- 121 lado é de que o pagamento do preço deve ser vos tradicionais e à proteção do meio am- feito pelos ocupantes, que obviamente, não biente. O § 4º do artigo 225 da Constitui- teriam recursos para adquirir a área. ção considera os biomas brasileiros como patrimônio nacional, dispondo: “A Floresta Caso exemplar é o da Fazenda Santa Filo- Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a mena, no Paraná, grande área de 1.800 ha, Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense onde aproximadamente cem famílias - algo e a Zona Costeira são patrimônio nacional, em torno de 500 pessoas - viviam no local e sua utilização far-se-á, na forma da lei, em 2012, produzindo alimentos. Na terra dentro de condições que assegurem a pre- havia lavouras de subsistência, criação de servação do meio ambiente, inclusive quan- gado, rede de energia elétrica e de distri- to ao uso dos recursos naturais. Quando a buição de água, além da escola, com 700m², Lei se propõe a regularizar terras ocupadas contendo 11 salas, além das casas das fa- irregularmente está fazendo vista grossa a mílias. A situação fática se enquadrava à ocupações criminosas em relação à natu- perfeição a norma do artigo 1228, §§ 4º e 5º reza, principalmente quando é editada logo do Código Civil. Mas o Judiciário, em 2018, após um ano de barbáries com a Amazônia, negou a aplicação da norma alegando que como as queimadas de certa forma incenti- não se enquadrava porque a ação não era vadas pelo Poder Público e executadas por reivindicatória e a Justiça federal não tinha interesses de grileiros da região. competência para o julgamento4. A Medida Provisória amplia o tamanho da O Poder Judiciário é a permanente apos- área máxima a ser regularizada e dispensa ta do latifúndio proprietário para manter a vistoria para a regularização. Esta MP apro- estrutura fundiária e ser cada vez mais a funda a desconsideração com as terras pú- garantia da terra mercadoria. Apesar das blicas realizada pela Lei 13.465, de 2017, tentativas de avanço nas leis, ainda que tí- estendendo sua aplicação a todo território midas, ao chegar ao Judiciário são transfor- nacional. A Lei anterior era restrita à Ama- madas em letra morta. Há exceções, é ver- zônia. Esta regularização de ocupação pre- dade, mas apenas confrmam a regra. datória de terras públicas, somada à inércia do Poder Público em relação às terras indí- 4. A Medida provisória 190 de 2019 genas e de outros povos tradicionais, tem o poder de produzir genocídios e etnocídios, Em 10 de dezembro de 2019 foi lançada a incentivando a destruição de terras ocupa- Medida Provisória 190, instituindo novas das por povos tradicionais, especialmente regras para a regularização de terras públi- na Amazônia, como é o caso dos indígenas cas, tendo como principal objetivo a titula- isolados da terra Ituna/Itatá que teve um ção de grandes posses irregulares de terras enorme aumento criminoso de devastação da União, proporcionando, assim, a legali- no ano de 2019. zação da grilagem, que em geral é antecedi- A MP estimula o desmatamento e permite a da de destruição da natureza e de povos que regularização mesmo que haja passivo am- nela residem. biental bastando, para isso, que o preten- dente regularize a área junto ao CAR - Ca- A Medida Provisória é um convite à especu- dastro Ambiental Rural - e frme Termo de lação imobiliária da Amazônia e recua em Compromisso aderindo ao PRA - Programa relação à Constituição, aos direitos dos po- de Regularização Ambiental. A MP proposta

4 SOUZA FILHO, Carlos Frederico Marés. Desapropriação judicial ou usucapião onerosa. REVISTA JURÍDICA DA FACULDA- DE UNIÃO. Ponta Grossa, ano 08, vol 1, n. 1, p. 57-67. 2014.ISNN 1982-0860 Confitos noCampo Brasil 2019

em dezembro de 2019 será votada em 2020. licitação, alimentos produzidos pela agri- 4. A flexibilização do processo penal cultura familiar não necessariamente orgâ- nicos e tem a fnalidade de, além de apoiar a agricultura familiar, manter um banco de Garantia de liberdade é a fnalidade do Pro- alimentos de qualidade para escolas, hospi- cesso Penal. A Lei Penal pode ser duríssima, tais e cozinhas comunitárias. O Programa, mas o processo de responsabilização deve criado no âmbito das políticas de combate à ser fxo, restrito e formal para que as garan- fome possibilitou que a agricultura familiar tias constitucionais de liberdade inscritas pudesse se estruturar, em algumas regiões, principalmente nos artigos 5º e 6º da Cons- em pequenas cooperativas ou associações e tituição de 1988 sejam respeitadas. O Po- garantir a venda direta à CONAB, sem in- der Judiciário, porém, da mesma forma que termediários, a partir daí criar feiras e es- age em defesa da propriedade privada ain- paços de venda direta ao consumidor, de tal da quando não cumprida sua função social, forma que o alimento, quase todo orgânico, na esfera penal tem fexibilizado o processo chegasse a preços baixos aos consumidores para perseguir militantes e organizações so- ou diretamente aos necessitados por ação ciais. Na defesa da propriedade latifundiária do Estado, com um preço justo ao produtor. da terra e de interesses ligados ao agrone- Sem intermediários! Esse Programa fez com gócio e agricultura industrial, o Judiciário que os agricultores familiares melhorassem tem usado o Direito Penal para criminalizar signifcativamente a renda, não sufciente lideranças e desestruturar movimentos. para comprar iates, carros de luxo ou joias, mas para ter vida digna com flhos na escola O caso mais emblemático, mas não o único, e bem alimentados em casa, calçados e ves- foi o ocorrido no Paraná e que se chamou tidos. Não havendo intermediários, o consu- “Operação Agro Fantasma”. Em setembro midor pagava pouco e o produtor recebia o de 2013, antes mesmo de pegarem a enxa- valor justo. O Programa em si desagradava da para sair ao trabalho, os agricultores de muitos interesses econômicos além de ser Irati, sudeste do Paraná viram entrar por- um modelo politizado de crítica ao sistema tão adentro muitos policiais fortemente ar- agro-empresarial e de alimentos contamina- mados, para cumprir mandado de busca dos por agrotóxicos. e apreensão determinado pelo Juiz Sérgio Moro. A busca era por iates, carros de luxo, O Ministério Público e Polícia Federal rece- joias e outras riquezas supostamente des- beram autorização do juiz Sérgio Moro para viados e subtraídos do Programa de Aquisi- prender os agricultores alegando que es- ção de Alimentos (PAA). Nada foi encontra- tariam sendo entregues alimentos diferen- do nas casas dos camponeses que pudesse tes dos contratados. Os agricultores foram chamar a atenção pelo valor, nada foi apre- mantidos presos por 43 dias sob forte inter- endido, mas todos foram presos e assim se- rogatório. Nada confessaram. O que confes- riam mantidos por período sufciente para sariam? Tudo o que podiam dizer do Progra- desestruturar a produção, criar na cidade e ma e de sua atuação era exatamente o que a arredores a imagem de que aquelas lideran- lei determinava, não havia sequer um único ças de agricultores familiares eram bandi- indício de crime. A Polícia Federal e o Mi- dos, acabar com as feiras de produtos orgâ- nistério Público Federal não conseguiram as nicos da cidade, humilhar as pessoas5. provas tão desejadas. O que procuravam, na realidade, não eram provas de autoria, mas O PAA, foi criado em 2003 e adquire, sem ao menos indício ou convicção de que tinha 5 PIMENTEL, Anne Geraldi et alii. A repressão político-judicial do Estado: a violência legítima da operação agro-fantasma e suas consequências para os agricultores campesinos da região Sudeste do Paraná”. Revista Emancipação, Ponta Grossa, 17(2): p. 246-264, 2017. https://www.revistas2.uepg.br/index.php/emancipacao/article/view/10401/6301 123 havido algum crime. Não buscavam provas, de facas6. O mandante, o grileiro Fernando buscavam um crime para punir o Programa Ferreira Rosa Filho foi preso rapidamente e os produtores. Não encontraram. pela Polícia do Pará. Em dezembro de 2019 continuava preso tendo tido indeferidos vá- Depois de 43 dias que podem ser considera- rios Habeas Corpus, inclusive no Superior dos como tortura, os agricultores foram sol- Tribunal de Justiça. tos, mas denunciados responderam a pro- cessos criminais, prestaram depoimentos, Esta história de violência e rápida prisão do apresentaram testemunhas, tiveram que mandante não é a regra que se tem visto ir várias vezes a Curitiba, não podiam sair nem no Brasil, nem no Pará. Ao contrário, da Comarca de Irati, viram sua associação a impunidade é a regra. Entre 1985 e 2019, e reputação destruídas, as feiras fechadas, 1.973 pessoas foram executadas em confi- a produção abandonada, os compradores tos por terra, água e trabalho no Brasil e desapareceram, o medo se instalou. Foram 1.376 desses casos continuam sem qual- quatro anos de martírio. Não havia crime! O quer responsável julgado ou preso. Estes juiz Sérgio Moro se desinteressou pelo caso, dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) não quis dar a sentença de absolvição por apontam a impunidade e falta de julgamen- falta de provas e deixou que uma colega sua tos e ação policial no período7. Os mais pro- o fzesse em oportunas férias. Eufemistica- tegidos são os mandantes, mas os executo- mente todos foram absolvidos por falta de res também são pouco punidos. Em 2019, provas, embora a verdadeira razão tenha apesar da exceção acima apontada, a situ- sido a falta de crime. ação mantém-se com tendência ao agrava- mento, como se vê pelo relatório. Neste episódio sórdido houve absolvição da pena de prisão, mas os agricultores tiveram A impunidade não se dá apenas porque não a vida destruída, assim como desestrutura- há ação policial adequada, mas também da a Associação que ganhava importância porque o Judiciário age com todo o formalis- na cidade e na região. Mas a utilização de mo que o processo penal exige. Quer dizer, inquéritos e prisões arbitrárias para apurar a fraca ação policial gera a possibilidade do posteriormente a existência de crime como formalismo processual não atingir a puni- no exemplo exposto continua cada vez com ção dos responsáveis, principalmente quan- mais intensidade, por isso, em 2019 houve do acompanhados por efcientes advogados. 107 prisões em consequência de confitos de terra e de ação de movimentos sociais. Esta situação de impunidade de mandantes e executores contrasta com a criminalização 5. A impunidade como regra das lideranças e dos movimentos sociais. As ações de milicianos, jagunços e matadores Os assassinatos de gente do campo e de e seus mandantes têm sido frequentes e a lideranças de movimentos sociais começa- punição, ou mesmo a investigação pelas po- ram em 2019 com o massacre que vitimou lícias, tem estado muito aquém da necessi- Dilma Ferreira de Castro, coordenadora do dade social, servindo como incentivo à ação Movimento dos Atingidos por Barragens criminosa. Portanto a balança da Justiça (MAB), seu marido, Claudinor Costa da pende fortemente para um lado e a venda Silva e Hilton Lopes. Os três foram amor- que deveria encobrir seus olhos está visivel- daçados, torturados e executados a golpes mente diáfana.

6 Notícia sobre o ocorrido em: https://www.brasildefato.com.br/2019/03/26/policia-prende-fazendeiro-suspeito-da-mor- te-de-dilma-silva-militante-do-mab-no-para , acessado em fevereiro de 2020. 7 https://www.cptnacional.org.br/index.php/biblioteca-virtual-2/jornal Confitos noCampo Brasil 2019

6. Conclusão: prática judicial tem a vio- propriedade, ou do uso inadequado da ter- lência e o retrocesso como resultado ra. Como as leis civis mantêm o formalismo proprietário intacto é difícil promover a Re- O Estado tem, formalmente, três poderes, forma Agrária porque sempre é estancada todos subordinados ao interesse econômi- no Judiciário. co. Na luta por direitos ora se avança em um, ora há retrocesso em outro. O Judiciá- rio, entretanto, por ser o menos democráti- Mas a demonstração do uso do Judiciário co e o mais formalista é onde a propriedade para criminalização de lideranças e de mo- privada da terra tem mais garantias. Mas vimentos sociais, na esfera penal, indepen- as decisões poderiam ser diferentes para dentemente do formalismo, deixa claro que os interesses econômicos se as leis fossem não é só uma questão de leis ruins, mas mais claramente e determinassem as con- também da estrutura pouco democrática sequências da violação da Função Social da dos poderes. 125

Tabela 4 - Conflitos por Terra

Conflitos por Terra* Ocupações/Retomadas Acampamentos Total UF UF Ocorrências Famílias Ocorrências Famílias Ocorrências Famílias Ocorrências Famílias Centro-Oeste DF GO 28 3226 1 100 29 3226 MS 35 6037 2 350 37 6187 MT 83 15355 3 402 86 15346 Subtotal 146 24618 6852 152 24759 Nordeste AL 19 803 2 21 803 BA 130 9351 8 685 1 120 139 9746 CE 4 1548 1 150 5 1698 MA 173 15342 1 60 174 15342 PB 20 2753 20 2753 PE 48 4173 1 250 49 4423 PI 18 296 18 296 RN 4 492 4 492 SE Subtotal 416 34758 13 1145 1120 430 35553 Norte AC 85 6809 3 488 88 6809 AM 52 11376 52 11376 AP 42 1668 1 30 43 1668 PA 143 30031 6 182 1 13 150 30043 RO 81 7042 1 12 82 7042 RR 27 12530 1 100 28 12530 TO 43 2378 2 240 45 2578 Subtotal 473 71834 14 1052 113 488 72046 Sudeste ES 7 1518 2 150 9 1668 MG 32 2306 2 72 34 2306 RJ 9 387 9 387 SP 32 3510 1 80 3 931 36 4149 Subtotal 80 7721 5302 3931 88 8510 Sul PR 70 2710 2 15 72 2725 RS 10 105 2 80 12 107 SC 11 1042 1 30 12 1042 Subtotal 91 3857 5125 96 3874 Brasil 1206 142788 43 3476 510641254144742

q1

* Os dados da primeira coluna, denominada confitos por terra, referem-se à soma das ocorrências em que as famílias foram despejadas, expulsas, ameaçadas de despejo ou expulsão, tiveram seus bens destruídos ou sofreram ações de pistolagem. Confitos noCampo Brasil 2019

Por uma outra reforma agrária

Refexão coletiva da Campanha De olho aberto para não virar escravo, da Comissão Pastoral da Terra1 Quinhentos anos desde que as primeiras a não demarcação de terras indígenas e qui- plantations de cana se instalaram no Brasil lombolas, reduziu o Incra e acelerou a emis- e seguimos submetidos ao caráter colonial, são de títulos de propriedade a assentados, racista e patriarcal da perversa estrutura de em um movimento para desestruturar os poder da sociedade brasileira2. Ele continua assentamentos e devolver as terras ao mer- a se expressar na apropriação e na explo- cado. Na esteira disso, a grilagem e outras ração dos bens comuns, na concentração atividades criminosas serão legalizadas. fundiária e no desprezo pelo trabalho. Den- tre as consequências desse modelo, está o O momento terrível que vivemos, no entan- trabalho escravo contemporâneo. to, não nos faz esquecer que os governos do PT pouco fzeram no combate ao latifúndio, Não se combate o trabalho escravo sem com- que avançou sobre territórios e riquezas. O bater a concentração fundiária e sem pen- processo de acumulação capitalista, colo- sar em novas possibilidades de vida digna nial, patriarcal e extrativista, concentrador que garantam às comunidades autonomia e e explorador de terras, forestas, águas, mi- bem viver. Não se combate o trabalho escra- nério e trabalho, foi tocado a pleno vapor vo sem reforma agrária. E, hoje, não pode- nos ditos governos progressistas, enquanto mos pensar em reforma agrária sem atribuir o debate e as ações sobre a reforma agrá- a ela outros sentidos e outras perspectivas ria perderam espaço nacionalmente, apesar para superar os desafos que se apresenta- dos confitos no campo se acirrarem. ram até agora. O que aprendemos nesses anos todos de Questionar a reforma agrária em seu sentido avanço do Capital apoiado pelo Estado so- clássico é uma tentativa de avaliar os rumos bre os territórios? O que nos ensinaram os que ela tomou no período que se iniciou com enfrentamentos, as mobilizações e as refe- o fm da ditadura civil-militar (1964-1985) xões realizadas pelos povos e comunidades e de aprender, imaginar e construir outras do campo, suas resistências? Sabemos já há possibilidades de presente e de futuro. O algum tempo que, para além da luta pela atual governo de extrema-direita assumiu terra, as comunidades estão em luta pelos o poder com um discurso de ódio aos mo- territórios, o que signifca uma ampliação vimentos sociais e aos camponeses, em es- do debate, com a participação de outros ato- pecial aos povos originários e quilombolas, res e outras formas de se relacionar com a mas não só. Prometeu armar latifundiários terra – e com o mundo. Foi nesse sentido e abrir territórios para exploração, declarou que a CPT se manifestou publicamente, em

1 Entre os dias 30 de setembro e 2 de outubro de 2019, agentes dos estados de Bahia, Ceará, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Rondônia e Tocantins, da Campanha De olho aberto para não virar escravo, da Comissão Pastoral da Terra, estivemos reunidos na Casa Dona Olinda, em Araguaína, Tocantins, para mais um módulo de formação. Esta é uma síntese dos debates realizados nestes 3 dias, com texto de Carolina Motoki, assessoria do professor Carlos Walter Porto-Gonçalves e do sociólogo Ruben Siqueira e a participação de agentes da CPT arrolados ao fnal desse texto. 2 O caráter capitalista colonial se entranhou ao ponto de originar um adjetivo pátrio raro, terminado em -eiro: brasileiro. E brasileiro era o nome dado no período colonial ao português que voltava rico do Brasil. Assim como mineiro vive de explorar a mina, o madeireiro de explorar a foresta, brasileiro era aquele que vivia de explorar o Brasil. 127

2009, Por Uma Reforma Agrária Ressignif- sem-terra, pelos posseiros, pelos trabalha- cada. dores rurais. Há muito tempo, a máxima de que “não basta terra para uma reforma Essa outra ideia de reforma agrária se opõe agrária efetiva” vem sendo repetida. O aban- à visão econômica e urbana que tem pre- dono dos assentamentos, a ausência de in- dominado à direita e à esquerda, na qual fraestrutura para acesso às áreas e escoa- o mundo indígena, quilombola e camponês mento do que é produzido, a defciência no (seja nos assentamentos ou nas posses, seja atendimento dos direitos mais essenciais, nas comunidades de fundo e fecho de pasto, a falta de incentivo à produção, os ínfmos caiçaras, geraizeiras e tantas outras) é pen- recursos destinados à agricultura familiar sado por sua eventual contribuição ao de- em benefício do agronegócio são realidades senvolvimento econômico. Assim, a econo- bastante conhecidas e que acabaram por mia impõe uma política, quando o elemento contribuir com uma posição ideológica de central da reforma agrária deveria ser supe- que a “reforma agrária não dá certo”, ao cul- rar a concentração de poder que se funda pabilizar assentados e assentadas e ao atri- na concentração das condições metabólicas buir-lhes incompetência para fazerem seus de reprodução da vida (terra, água, fotos- lotes prosperarem e por venderem a terra síntese/vida). Não basta transformar o lati- conquistada. fúndio improdutivo em latifúndio produtivo, como o agronegócio, que só faz acentuar a Ao mesmo tempo, esse vácuo de ações por concentração de poder e a injustiça. parte do Estado – uma omissão que é delibe- rada, uma omissão que se faz ação – abriu Até aqui, nesse modelo, é o Estado que vem espaço ao assédio sobre os assentamentos, pautando a forma como se dá a reforma com reconcentração de lotes, grilagem, vio- agrária. Como ir além dele? Como pautar a lência, roubo de madeira, desmatamento e reforma agrária de baixo para cima, a par- queimadas. Em muitos locais, verdadeiras tir do chão dos territórios, da autonomia máfas se apoderaram da fragilidade a que de cada comunidade, da sua própria for- foram relegadas as famílias e formam um ma de se governar? Assim, esperamos que poder paralelo, sempre violento3. este texto traga refexões que nos permitam avançar ainda mais no nosso trabalho como agentes e na refexão em âmbito nacional Nesse contexto, os processos colegiados, sobre a reforma agrária. com ações e estratégias coletivas do povo organizado como “sem-terra”, vão por água 1. Somos tomados por inquietações, an- abaixo a partir do momento em que assu- gústias e dificuldades no acompanha- mem a condição de “clientes de reforma mento de grupos em luta pela reforma agrária”, quando se dá a delimitação dos lo- agrária hoje tes e quando o acesso às políticas de reforma agrária passa a se dar de forma individual. A reforma agrária das últimas décadas em Se a identidade “sem-terra” agrega, a iden- sua forma concreta entra em confronto com tidade “assentado” desagrega. Tudo passa a a reforma agrária sonhada e almejada, de- ser assunto individualizado. O fato de um fendida e buscada a custo de sangue e suor mesmo assentamento congregar famílias de pelos movimentos de luta pela terra, pelos diferentes estados torna-se um obstáculo e

3 Sobre isso, ver “Por debaixo da foresta: Amazônia paraense saqueada com trabalho escravo”, produzido pela Comissão Pastoral da Terra e o Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmen Bascarán. Disponível para download na página da CPT: www.cptnacional.org.br Confitos noCampo Brasil 2019

não uma riqueza4. É um salve-se quem pu- ria deve tomar outros contornos der. O conceito de terra se expande para o con- ceito de território e inclui no debate a diver- Ao mesmo tempo, a agricultura “moderni- sidade e a riqueza cultural dos povos, que zante” penetra os assentamentos por meio não se dissocia da defesa da “natureza” (de do incentivo ao uso intensivo de agrotó- que somos parte). Tomamos território como xicos, à criação de boi, à aquisição de se- a união dessas duas esferas, cultura e na- mentes e insumos industriais, muitas vezes tureza, conceito que vem sendo reinventado condições para obtenção de fnanciamento. pelos povos aos quais temos escutado aten- O tráfco de substâncias ilícitas e outras for- tamente. mas de violência encontram nesses espaços de desagregação terreno fértil, e acabam in- terferindo nas disputas e nos confitos agrá- Até os anos 1970, território era o espaço ge- rios. ográfco do Estado nacional. Quilombolas e indígenas – como também diversas outras Nesse contexto, muitos assentados migram comunidades camponesas – passam a mos- para longe ou transitam pelas fazendas de trar que dentro de um território nacional sua região em busca de trabalho, subme- estão contidas múltiplas territorialidades. tidos a péssimas condições, quando não O conceito de território foi politizado. Os a trabalho escravo5. Jovens se veem sem povos do campo, por meio de sua cultura, perspectivas e envergonham-se de assu- atribuem diversos sentidos à natureza. De- mir a identidade camponesa, ridiculariza- nunciam o colonialismo interno, mais difícil da como inferior. As mulheres, essenciais de combater do que o outro. na articulação do dia a dia, na construção Pensar no território sempre pressupõe dis- de alternativas e na manutenção do lote na cutir as relações de poder: quem manda no presença e na ausência dos homens, são território? Quem dá sentido à vida nesse completamente invisibilizadas nos espaços pedaço de terra? No bojo dessas perguntas, de decisão das comunidades. surge a forte e potente discussão sobre a autonomia e o autogoverno dos povos, por- Que redes de cuidado e reciprocidade po- que a quebra de poder não passa somente dem ser tecidas nesse contexto? Que afetos pela quebra do monopólio da terra: passa são construídos em torno da vida campone- também pela maneira como o poder é cons- sa? Em que momento o assentamento pas- truído nos territórios. Poder não se toma, se sa a ser um território de pertença? Como constrói! romper com os ideais capitalistas que nos atravessam e construir pontes em vez de er- A autonomia se apresenta como uma carac- guer cercas? terística do campesinato que, como detentor dos meios de produção e do trabalho fami- 2. A importância da reforma agrária no liar, pode se apoiar e se fortalecer ao acessar seu sentido tradicional, como grupo de os vizinhos e as redes de amizade por meio políticas que objetiva quebrar o monopó- do mutirão. Se a autonomia camponesa não lio da terra e do poder, deve ser ratifica- se exerce, hoje, em muitos assentamentos da. Ao mesmo tempo, essa reforma agrá- de reforma agrária, é porque essas áreas se-

4 O Assentamento Contestado, do MST, no município da Lapa, no Paraná, com sua opção radical pela agroecologia, pode desfrutar da cultura diversa de lidar com a terra dos camponeses e camponesas de diversas origens. Enfm, aquilo que é apontado como um aspecto negativo tornou-se ali, com a agroecologia, uma potência. Outra experiência positiva é a 5 Sobre isso, ver “Entre idas e vindas: Novas dinâmicas de migração para o trabalho escravo”, produzido pela CPT e pelo Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmen Bascarán. Disponível para download na página da CPT: www. cptnacional.org.br. 129 guem a estrutura do Estado que não quer Na busca por terra, é comum ver comuni- e impede – com as forças dominantes – que dades e movimentos tentando se enquadrar as comunidades se auto-organizem. Se nos em uma das categorias de assentamento acampamentos os protagonistas são os pró- propostas pelo Estado e é cada vez mais ób- prios interessados, nos assentamentos, com vio que elas não dão conta da diversidade de raras exceções, é o Estado quem protagoni- modos de vida e de formas de se organizar za. que frutifcam no chão dos territórios. En- tão nos questionamos: o que é considerado A discussão sobre o Estado plurinacional, como reforma agrária? A luta é orientada na Bolívia e no Equador, aponta nessa di- pelos instrumentos existentes, que já sabe- reção, ao questionar a estrutura, ainda que mos insufcientes, ou estamos no processo os desafos na prática sejam imensos. De- de produção e criação de outras formas de seja-se o viver bem, o Bem Viver, não o de- se fazer reforma agrária, orientadas, no sen- senvolvimento. Desejam-se alternativas ao tido oposto, pela luta e pelas formas de viver desenvolvimento. das comunidades? 3. Na outra reforma agrária, não trans- Sabemos que muito da lógica da reforma ferimos ao Estado a responsabilidade de agrária implementada no Brasil seguiu a nos organizar. Nessa outra reforma agrá- lógica imposta pelo Banco Mundial. A que ria, não é o Estado que nos governa, mes- interesses ela serve? mo que não possamos ignorá-lo Por exemplo, quando o Estado faz conces- Historicamente, a luta dos movimentos so- são de uso a determinada comunidade de ciais se orientou pela conquista de direitos, fundo e fecho de pasto na Bahia, ela se dá referendados pelo Estado. Assim foi apro- por um curto espaço de tempo para comu- vada uma constituição cidadã e institui- nidades que são centenárias, numa contra- ções democráticas foram consolidadas. No dição abissal. O Estado não esconde seu campo da reforma agrária, diversos instru- interesse naquelas terras tão ricas, que po- mentos foram criados a partir das reivindi- dem ser retomadas “em nome do interesse cações e dos enfrentamentos: os projetos nacional”. E ignora um fato básico: essas de assentamento, os projetos de desenvol- comunidades já estão em posse real de uso vimento sustentável, os projetos agroextra- antes mesmo que o Estado se interesse por tivistas e as reservas extrativistas (dentro suas terras. Assim, mais que concessão de do escopo das unidades de conservação), direito real de uso, essas comunidades exi- além dos processos para demarcação de ter- gem o reconhecimento de suas formas origi- ras indígenas e quilombolas. Se o governo nárias de criar direitos. atual aponta para a fragilidade desses ins- trumentos – e, até mesmo, para explicitar Quando um grupo passa de acampado a o seu (não) funcionamento a partir de uma assentado, acaba refém da dependência lógica burguesa, colonial, racista e misógina do Estado. Passa a ser “cliente de reforma – tampouco os governos ditos progressistas agrária”, um nome que explicita uma polí- deram conta de tornar o aparato do Esta- tica e uma visão clientelistas, paternalistas, do um instrumento de desconcentração do concentradoras de poder, que só resultam poder e da riqueza. O que se passa hoje na em dependência e tornam a autonomia um América Latina é exemplar de que a estru- horizonte distante. tura do Estado burguês capitalista, colonial e patriarcal não é capaz de resolver a desi- Vivemos, porém, inseridos nessa estrutura. gualdade. O sistema está em colapso. O Estado é uma necessidade em determina- Confitos noCampo Brasil 2019

dos momentos, mas é onde a política é sepa- cra, um “benefciário” da reforma agrária. E rada do povo. É preciso lidar com o Estado, o que se faz então? As difculdades se apre- ele atravessa e organiza a nossa vida. Mas sentam. não é o fm. O lugar da liberdade pode até passar pelo Estado, mas, com certeza, não “O agronegócio não produz só grão, produz acaba nele. As várias experiências do século também muitos sem-terra”. De onde vêm os XX – e mesmo as desse início do século XXI sem-terra? Quando ouvimos as histórias de – já nos mostraram o fracasso da estratégia suas famílias é a história da desterritoriali- de primeiro conquistar o Estado para depois zação, da expulsão do campo, da migração mudar o mundo. O primeiro passo foi dado, para a cidade, da vida em condições insalu- mas o segundo, não. O Estado pode até se bres nas periferias, do trabalho escravo e, fazer uma necessidade, mas com certeza por fm, do sonho da terra retomada onde não é o lugar da virtude. jorra leite e mel.

4. Quem são os protagonistas da reforma As comunidades são atravessadas pela mo- agrária? dernidade, as subjetividades são moldadas pelo individualismo, pela competição, pelo As comunidades devem ser as protagonistas consumo. Como são recuperados os laços da reforma agrária e, cada vez mais, assu- comunitários? Como refazer os mutirões mem e gritam para o mundo suas formas para construção do mundo e reconstrução de existir, em diferentes nomes: povos indí- de si mesmo? Como retomar a humanização genas, quilombolas, comunidades tradicio- que foi sugada pela exploração? O que se nais e camponesas (quebradeiras de coco, pode aprender com os povos do campo que faxinalenses, fundo e fecho de pasto etc.). conseguiram resistir e construir e reafrmar outras formas de se relacionar com a vida? A identidade não é algo essencial ao qual as comunidades e as pessoas estão con- As redes, as teias, as articulações que se denadas. Os seringueiros trabalhavam na formam atualmente em diferentes lugares seringa 20 dias por ano quando nos anos do Brasil apontam um caminho diferente. 1970 reivindicaram a identidade seringuei- Todas trazem a ideia de que, sozinho, nada ra. Eles afrmaram sua identidade histórica se consegue. De que as lutas estão interliga- para evitar a expulsão e disseram: “fomos das e a expulsão de uma comunidade signi- nós, seringueiros, que conquistamos o Acre fca a expulsão da outra num futuro breve. para o Brasil”. Foi uma estratégia política, Os laços de solidariedade que se criam são uma carta legítima no jogo da luta social. A cada vez mais importantes. história do grupo é elemento importante e que deve ser respeitado. Sempre haverá sonhos e planos individuais – e familiares. Mas os sujeitos e suas famí- Quando chegamos aos grupos que tradicio- lias estão inseridas no todo. Não é preciso nalmente estão associados à reforma agrá- coletivizar tudo. Talvez nem possível seja. ria, sem-terra e assentados, esbarramos Mas é no comunitário – e não no coletivo – na difculdade de se aprofundar um senti- que a vida se multiplica. mento comunitário e de pertença ao terri- tório. Como se constrói o mundo a partir Por exemplo, no assentamento Contestado, do “sem”? Como se constrói identidade com na Lapa, no Paraná, a diversidade cultural gente de toda parte, quando o conhecimento dos homens e mulheres de diversos lugares camponês é embasado no local? Se deixa de se juntou em torno da agroecologia, que foi ser sem-terra e se torna um “cliente” do In- o elemento agregador e de junção. A diversi- 131 dade e a heterogeneidade foram transforma- Só para se ter uma ideia: um habitante ur- das em elemento positivo. E o assentamento bano consome, em média, nove vezes mais se tornou uma experiência potente, porque água que um habitante rural. a agroecologia é política que aponta para a autonomia, sobretudo. Esses dados também apresentam um ou- tro lado da moeda: a população rural era, As comunidades do Maranhão têm nos em 1960, de 1,8 bilhão de habitantes e, em mostrado como a colonização nos atraves- 2015, de 3,4 bilhões. A população mundial sa e atravessa as comunidades. Como diz total, em 1960, era de 3 bilhões de habitan- Kum’tum Gamella, ela cria cercas dentro tes e só a população rural, em 2015, era de da gente e vai nos separando. A coloniali- 3,4 bilhões; ou seja, a população rural do dade aponta a noção de individualismo, da planeta é hoje maior que a população mun- propriedade privada, do Estado como pai. dial de 55 anos atrás. Nunca tivemos tanta E a dominação dos corpos e territórios é gente no campo em toda a história da hu- patriarcal. A dominação e exploração sem manidade como hoje. limites da natureza, separada do ser huma- no, é patriarcal, e é a forma como o Capi- tal atua sobre os territórios. Como derrubar Todo esse processo se dá de modo desigual essas cercas? É um processo contínuo de e combinado na geografa mundial. O Bra- desconstrução. No entanto, se tem luta é sil, por exemplo, viu sua população rural porque não fomos totalmente colonizados. decrescer, inclusive em termos absolutos, desde 1960 com um intenso processo de 5. Garantir o território das comunidades desruralização e sub-urbanização. No en- é um ganho para toda humanidade tanto, na geografa social brasileira a Ama- zônia viu sua população rural crescer em Olhemos para alguns números que apon- termos absolutos colocando em risco não só tam crescimento da população mundial e esse bioma riquíssimo em sua diversidade, que mostram a pressão de grande magnitu- como também o conhecimento milenar de de que a humanidade atravessa, e que está seus povos originários e o conhecimento se- presente em cada canto do planeta de modo cular de suas diversas campesinidades, in- mais ou menos intenso: clusive de quilombolas. E não só a Amazô- nia: os cerrados vêm sendo palco de um dos fronts mais violentos do país, onde o Capi- tal, ao se territorializar, desterritorializa po- vos e comunidades diversas, pondo em risco um dos maiores patrimônios da sociedade brasileira, a água de seus rios e aquíferos; A população urbana mundial mais que tri- as caatingas e os pampas também enfren- plicou nesses 55 anos, segundo a ONU. tam o avanço do Capital em suas diversas Assim, é enorme a pressão que sofre o me- modalidades, com os negócios da energia tabolismo do planeta para garantir o abas- hidrelétrica e eólica, do agro, do hidro e da tecimento dessa população. A urbanização mineração. e o modelo de consumo provocam enorme pressão sobre a Terra, com gente concentra- A ruptura metabólica que no mundo apare- da em pouco espaço demandando matéria ce como mudança climática e pandemias na para suprir necessidades (muitas vezes in- escala nacional, aparece, ora como escassez ventadas como “fabricação capitalística da de abastecimento de água nos grandes cen- subjetividade”, como disse Felix Guatarri). Confitos noCampo Brasil 2019

tros urbanos, como recentemente em São que impuseram barreiras ao capitalismo. Paulo, por exemplo, ora como enchentes e E, por isso, são tão ameaçadas. As forestas deslizamentos de encostas que matam por tropicais são guiadas pela diversidade, não todo lado. pela monocultura. Os povos que as habitam, hoje já sabemos, são criadores de diversida- A pressão para abastecer uma população de. Há concentrações de castanha e pupu- urbana, que exponencialmente cresceu, se nha, por exemplo, em determinadas áreas dá sobre campos e forestas que jamais ti- da Amazônia, pois a foresta foi manejada. veram tanta gente. A urbanização é a urba- Os povos que lá vivem, porém, nunca tra- nização capitalista, do consumo que não se balharam com a monocultura porque o solo esgota e do conforto e facilidade a qualquer amazônico só é compatível com a foresta. custo. E o capitalismo, com seu centro no Somente com a foresta, com a diversidade, lucro, para produzir riqueza no seu senti- o solo é extremamente produtivo. Sem ela, o do profundo – ou seja, algo que se desfrute solo sofre erosão, lixiviação, laterização, em- em suas qualidades concretas – necessita pobrecimento. de algo que o trabalho humano não produz: terra (solo e subsolo-minério), água, fotos- Nos territórios, assim, se expressam inúme- síntese. ras culturas, conhecimentos e saberes. A resistência, muito já se falou, é pelo direito Quem paga por isso são os grupos que não e pela possibilidade de continuar existindo. podem usufruir desse consumo. E para É, portanto, única opção para que diversas acessar essas condições necessárias para a comunidades não morram. A migração do produção e reprodução da vida, em regiões campo para as cidades signifca uma re- hoje mais ocupadas do que nunca, o Capi- gressão cultural não só dos sujeitos que vão tal cada vez mais faz uso da violência: essa desempenhar trabalhos subalternos nos pressão se expressa violentamente sobre os centros urbanos, mas de toda humanidade. povos do campo e seus territórios. Eis o ce- Todo um complexo conhecimento sobre as nário que se aponta já, aqui e agora, se não matas, os campos, os rios e lagos se perde pensarmos uma outra relação com a vida. com a migração. É importante enxergar a riqueza que a humanidade tem ao poderem se expressar essas culturas. Em um momento de catástrofe ambiental, muito se tem falado sobre a contribuição dos povos do campo para salvar o planeta Assim, o patrimônio cultural e material de de uma situação que não foi provocada por que são portadoras as comunidades campo- eles. Por isso, o debate ecológico se coloca nesas não interessa apenas a elas. Na con- como tema central no debate sobre a refor- tramão da modernidade colonizadora, há ma agrária. São as chamadas populações muitas formas de viver e de se relacionar tradicionais – mas também poderíamos di- com o meio em que se vive, em ser natureza zer as comunidades camponesas em senti- e produzir, em produzir e manter vivas as do amplo – que estão sobre as águas e os forestas e as águas das quais se depende. biomas com pujança de vida. O debate sobre a reforma agrária, portan- to, ganha importância urbana e para toda a população mundial. A reforma agrária se As forestas são muito produtivas e forne- apresenta contra a exploração, a opressão, cem possibilidades para as pessoas serem a desumanização, mas tem uma dimen- livres. Ofereceram condições que foram são propositiva imensa para a humanidade aproveitadas pelos povos e comunidades e 133 como um todo: é a favor dessa riqueza. A reforma agrária é realizada de acordo com o contexto sociocultural dos diferentes po- E o Brasil tem um fundo territorial extre- vos, já dizia Chico Mendes. É preciso sem- mamente rico, justamente porque é o lugar pre considerar os aspectos culturais das de morada dessas comunidades, como po- comunidades e ouvi-las: são elas que dirão demos perceber nos números abaixo: que reforma agrária querem.

A reforma agrária ataca o latifúndio e a grande propriedade para que as pessoas te- nham acesso à terra, tendo a terra um sen- tido mais profundo, no qual se inserem as diversas formas de vida criadas pelo cam- pesinato.

A reforma agrária aprende com os povos e comunidades tradicionais, com a resistên- Esse patrimônio dos brasileiros deve ser cia, as retomadas e as autodemarcações. A defendido junto com as comunidades que humanidade não tem uma forma única de sempre o ocuparam e preservaram. Nas uni- viver e ser. É preciso respeitar as diferen- dades de conservação, há gente há milênios. ças e compreender como foram produzidas, Não são espaços vazios. As áreas de assen- mas, quando necessário for, juntar as dife- tamento são maiores do que a área plantada renças, tecer, fazer mutirão. do agronegócio. O número de territórios qui- A reforma agrária só é possível com autono- lombolas provavelmente está subestimado, mia, e não com dependência do Estado. pois menos de 5% das áreas reconhecidas como quilombolas pela Fundação Cultural A reforma agrária é por territórios e corpos Palmares foi titulada pelo Incra. A conside- livres de cercas. Territórios livres, Já! rar essa área reconhecida como uma esti- mativa da área total de comunidades qui- A reforma agrária tem como protagonistas lombolas em processo de reconhecimento os jovens, suas contribuições, seus sonhos. teríamos que multiplicá-la por 20, o que nos daria uma área aproximada de 54 milhões A reforma agrária tem como protagonistas hectares ou 6,4% do território nacional. as mulheres. E o olhar das mulheres im- prime novos sentidos à reforma agrária. As 6. Lutar contra o Capital não é suficiente mulheres reconfguram as relações de po- para criar um outro mundo. Somos con- der. tra o Capital, mas somos a favor de quê? Afinal, que reforma agrária? A reforma agrária não se baseia no funda- mentalismo religioso, que separa em vez de A reforma agrária desconcentra a terra, o unir, e não entra na disputa por qual con- poder e questiona as estruturas. ceito de deus está correto. Afnal, todos e todas somos flhos e flhas da terra, de onde A reforma agrária é nutrida pelos saberes, vêm as palavras humanidade e húmus. pelos conhecimentos, pela ancestralidade, pela relação dos povos com a natureza e Na reforma agrária, a agroecologia é políti- com os outros, pela memória. O ato da re- ca, não somente técnica. É uma prática das forma agrária é contínuo e sem fm. comunidades que expressa o território autô- 134 nomo: a comunidade com controle do fuxo Camila Mudrek (BA), Carla De Fátima Sil- de matéria e energia para que ganhe o máxi- va Pereira (MA), Carlos Walter Porto-Gon- mo de autonomia, para que precise cada vez çalves (Universidade Federal Fluminense), menos de insumos externos. Carolina Falcão Motoki (Campanha De olho aberto para não virar escravo), Dhiogo Tho- A reforma agrária questiona o individua- maz Costa Lobato (TO), Edinaldo de Oliveira lismo e valoriza o comunitário, ao recordar (BA), Elizabete Fátima Flores (MT), Elmara Paulo Freire: “Ninguém liberta ninguém. De Sousa Guimarães (PA), Evandro Rodri- Ninguém se liberta sozinho. Nos liberta- gues dos Anjos (TO), Felipe Eduardo Lopes mos em comunhão”. Nenhum ser humano é Oliveira (TO), Geuza Morgado (PA), Gilber- completamente autônomo. Somos parte da to da Silva Santos (PA), Gislene Alves Dias natureza. O indivíduo só existe por meio do (MG), Jaqueline Freitas Vaz (MA), Jônatas todo. O mutirão, prática do povo, é ajuda Vieira Moreira (Comunidade Brasil Verde, mútua. Breu Pranco, PA), José Hamilton Pereira Por fm, não podemos congelar o termo “re- (BA), José Raimundo Sousa de Santana forma agrária”. A reforma agrária baseia-se (PA), Linalva Cunha Cardoso (MA), Maria do na autonomia, no autogoverno, no que vem Socorro Vieira (CDVDH, MA), Maria Socor- de dentro e do chão. ro de Lima (CE), Marlus Dourado Mesquita (TO), Meiriely Patrícia Costa Ferreira (PA), Participaram das discussões que resulta- Rafael Oliveira (TO), Raimundo Valdenir ram neste texto: Conceição (Associação João Canuto, Tucu- ruí, PA), Raimundo Moreira da Conceição Ana Maria Delazeri (RO), Ângela Liberato (MA), Ruben Siqueira (CPT Nacional), Sirlei de Negreiros (PA), Benedita Gomes Cabral Carneiro da Silva (PA), Wellington Douglas Costa (MA), Brígida Rocha dos Santos (MA), da Silva (MT) e Xavier Plassat (TO) Foto: Thomas Bauer - CPT Bahia Água Confitos noCampo Brasil 2019

O fetiche do progresso tecnológico desmancha-se em face do aprofundamento da questão agrária no campo brasileiro: a destruição da vida revelada nos Conflitos pela Água em 2019

Claudemir Martins Cosme1 A técnica é um meio, e não um fm em si tura que avaliava as mudanças técnicas de própria. E por isso somente vale em fun- forma absoluta, ou seja, sem levar em conta ção do fm a que se destina e dos proble- a totalidade das circunstâncias e processos mas concretos que com ela se objetiva de um espaço agrário marcadamente desi- resolver. Doutro lado, o progresso tecno- gual. Na realidade, as decisões políticas es- lógico não signifca necessariamente uma melhoria de condições do trabalhador. E, tatais das últimas seis décadas, nos diferen- às vezes, até pelo contrário, pode agravá- tes contextos e governos federais no Brasil, -las. Caio Prado Jr. (2000, p. 27), em “A seguiram a crença fetichista em soluções questão agrária no Brasil”. tecnológicas nos termos de Harvey (2018), portanto, ancoradas nos princípios e pa- A crença fetichista em soluções tecnológi- cotes técnico-químicos da revolução verde, cas sustenta a visão naturalista segundo sem passar pela democratização da terra, a qual o progresso tecnológico é ao mesmo consequentemente, no acesso, posse e uso tempo inevitável e bom, e não há nenhu- dos demais bens comuns naturais ligadas a ma maneira de podermos ou até mesmo ela, a exemplo da água. tentarmos controlá-lo ou redirecioná-lo coletivamente, muito menos circunscre- Nesse bojo, assumimos a leitura de que a vê-lo. Mas é característico dos construtos questão agrária nacional, que ainda tem, na fetichistas tornar a ação social sujeita a concentração fundiária, o cerne estrutural crenças míticas. Embora tenham um fun- do material, essas crenças escapam das dos problemas no campo, exigindo assim a restrições materiais para, uma vez apli- realização efetiva da reforma agrária (AB’SA- cadas, acarretar consequências materiais BER, 1999; WANDERLEY, 2000; OLIVEI- muito claras. David Harvey (2018, p. 123), RA, 2007; DELGADO, 2014; COSME, 2019, em “A loucura da razão econômica: Marx e 2017), tornou-se complexa e aprofundou as o capital no século XXI”. contradições no Brasil do século XXI. As- sim, um caminho fértil para a análise foi Desde o processo de modernização conser- apontando por Fernandes (2013), quando vadora da agricultura brasileira, ocorrida escreveu que o conceito de confitualidade mais intensamente a partir do golpe empre- deve ser central para a análise dessa ques- sarial-latifundista-militar de 1964, o Estado tão agrária. Para ele, a confitualidade no opta por renovar a ideologia do progresso campo, que é um processo constante, terri- tecnológico como contraponto à realização torial e muito além de se reduzir apenas aos da reforma agrária. Já naquele período, Pra- confitos por terra, é gestada e alimentada do Jr. (2000) denunciava o equívoco da lei- pelas contradições e desigualdades do pró- 1 Doutor em Geografa. Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Alagoas (IFAL), Campus Pi- ranhas. E-mail: [email protected]. 137 prio capitalismo. movimentos e organizações sociais do cam- po em luta pela reforma agrária. A subor- O ano de 2019, que iniciou de forma trági- dinação absoluta do governo Bolsonaro e, ca, com o maior crime da mineração no país majoritariamente, do Congresso Nacional e em número de vítimas – 272 vidas ceifadas, do Judiciário aos interesses do agronegócio com 11 delas ainda desaparecidas -, ocor- e da mineração, em detrimento da reforma rido no município de Brumadinho, em Mi- agrária, do campesinato, do trabalhador ru- nas Gerais, e meses depois viu surgirem as ral, dos povos indígenas e quilombolas, fa- primeiras manchas de óleo no litoral da re- vorece a escalada da violência, portanto, do gião Nordeste e parte do Sudeste, corrobora aumento da confitualidade corroborada por essa leitura. Ao latifúndio transmutado em esses números sobre as disputas territoriais agronegócio pela modernização conservado- e as relações sociais no tocante aos confitos ra, com suas velhas relações pautadas em pela água. violências diversas, confitos, concentração, exploração social e depredação da nature- za, levados a cabo pelos grandes proprietá- rios capitalistas da terra, vieram se somar, entre outros, os graves problemas oriundos da intensifcação sem limites das atividades extrativas mineradora e petrolífera. Como veremos, o fetiche do progresso tecnoló- gico desmancha-se, no caso dos Conflitos pela Água, em meio à lama e ao óleo, ma- terializando, contraditoriamente, a des- truição da vida em todas as dimensões no Fonte: CEDOC Dom Tomás Balduino (2019)/ espaço agrário do país. Elaboração: COSME, C. M.

Ao longo de 2019, a CPT registrou 489 De José Sarney a Fernando Collor de Mello, Confitos pela Água com o envolvimento de Itamar Franco a Fernando Henrique Car- de 69.793 famílias. Conforme o Gráfco 1, doso, de Luiz Inácio Lula da Silva a Dilma houve um crescimento desses confitos na Rousseff, todos, estruturalmente em suas ordem de 77% com relação a 2018. Se, de decisões e opções para o campo brasileiro, 2002 a 2014, a média era de 65 confitos embebidos pela ideologia do progresso e sem por ano, de 2015 a 2019, esse número che- romper com o ideário neoliberal, assumiram ga a 254. Notemos que, desde 2015, quando o mito da efciência técnica/tecnológica e o se iniciaram as primeiras movimentações discurso do desenvolvimento sustentável que resultaram no golpe midiático-parla- (COSME, 2016). Ocorre que, com o golpe de mentar-judicial contra a Presidente Dilma 2016, que elevou à condição de presidente Rousseff, há um crescimento lento dos con- Michel Temer, e, especialmente, com a che- fitos pela água, que se acelera de 2017 para gada de Jair Bolsonaro ao Palácio do Pla- 2018, passando de 197 para 276, atingindo nalto, é radicalizado esse ideário neoliberal seu ápice no primeiro ano de Jair Bolsona- e o fetiche da efciência técnica/tecnológica. ro à frente da República, um quadro previ- O resultado, ou sendo mais claro, o estrago sível, diante da disseminação do ódio e do promovido por esses dois últimos governos, incentivo à violência, promovidos, durante junto ao aumento substancial do número a campanha presidencial de 2018, pelos de confitos pela água, foi o de famílias en- integrantes do atual governo federal, nota- volvidas. A média era de 27,5 mil famílias damente pelo próprio presidente, contra os entre 2002 e 2014, saltando para 53 mil no Confitos noCampo Brasil 2019

intervalo de 2015 a 2019. Os anos de 2018 e Por isso, sublinhamos a centralidade da mi- 2019, saturados pelo discurso bolsonarista, neração e da exploração das reservas petro- são os mais responsáveis por esse aumento líferas sem limites no Brasil, com consequ- em praticamente 100% de famílias envol- ências perversas para a sociedade e a vidas nos confitos pela água, com 73.693 natureza, como justifcativa da supremacia e 69.793, respectivamente (Ver Gráfco 2). da confitualidade envolvendo os processos Importante registrar que a diminuição do – lutas, resistências, danos – confitos de número de famílias envolvidas, em um con- uso e preservação da água em 2019. O nú- texto de aumento do número de confitos, mero de famílias envolvidas fortalece mais entre 2018 e 2019, justifca-se pela difcul- ainda essa linha de interpretação: do total dade em contabilizar a real quantidade de geral, 68,80% (48.020 famílias) na categoria atingidos pela lama em Brumadinho e pelo “Uso e preservação”, 26,16% (18.257) em óleo nas praias. Portanto, esse dado de 2019 “Barragens e açudes” e 5,04% (3.516) em tende a aumentar ainda mais diante das “Apropriação particular”. elevadas proporções negativas, territoriais e populacionais, desses dois crimes contra a sociedade e a natureza no Brasil, centrais nas análises dos confitos pela água nesse último ano.

Fonte: CEDOC Dom Tomás Balduino (2019)/ Elaboração: COSME, C. M.

Fonte: CEDOC Dom Tomás Balduino (2019)/ Elaboração: COSME, C. M.

Podemos averiguar, no Gráfco 3 e no Qua- dro 1, quanto à categorização2 dos 489 Con- fitos pela Água, ocorridos em 2019, que es- tes se deram predominantemente pelo uso e Fonte: CEDOC Dom Tomás Balduino (2019)/ pela preservação da água (59,51% ou 291 Elaboração: COSME, C. M. confitos), seguidos dos oriundos da luta contra a construção de barragens e açudes No tocante à espacialização dos confitos (25,77% ou 126 confitos) e, por fm, dos pelas regiões brasileiras, levando em conta confitos contra a apropriação privada dos as três categorias aludidas, a região Nordes- recursos hídricos e a cobrança do uso da te foi a que mais sofreu os impactos, com água no campo (14,72 % ou 72 confitos). 47,85% do número total de confitos (234) 2 A Comissão Pastoral da Terra (CPT) elegeu três categorias para enquadramento dos Confitos pela Água: “Uso e preser- vação”, “Barragens e açudes” e “Apropriação particular”. Recomendamos a leitura do item Metodologia dessa publicação para maiores detalhes. 139 e 46,02% das famílias envolvidas (32.119), sendo os confitos enquadrados na catego- ria “Uso e preservação” predominantes, com 63% (148 confitos) e 83% (26.730 famílias envolvidas) do total geral ocorrido especif- camente nessa região. Ao longo de todo o ano, reportagens, vídeos e fotos da tragédia do petróleo contaminando as praias do lito- ral, sobretudo o nordestino, inundaram as redes sociais, mesmo com o desprezo dado pela grande mídia e pelo governo federal. Fonte: CEDOC Dom Tomás Balduino (2019)/ A título de exemplo, o jornal El País, em Elaboração: COSME, C. M. 25/10/2019, estampou e resumiu o quadro do sofrimento e desespero da população: “Nós, nordestinos, fomos esquecidos: gover- no e imprensa nacional demoraram a reagir, enquanto voluntários limpavam e fotógrafos nordestinos mostravam a realidade”3.

A reportagem sublinha, entre outros pro- cessos, a paralisia do governo Bolsonaro em tratar o gravíssimo problema, apostando apenas “em fomentar batalhas ideológicas”; a demora da grande mídia em dar a atenção Fonte: CEDOC Dom Tomás Balduino (2019)/ que o problema exigia e, por fm, a ação da Elaboração: COSME, C. M. população “[...] que decidiu tomar a frente e mitigar, ela mesma, os danos causados pelo Apenas três Unidades da Federação, Minas óleo”. A região Sudeste, que além da presen- Gerais, Bahia e Sergipe, com 128, 101 e 69 ça do crime da mineração em Brumadinho confitos cada, respectivamente, somam juntas 61% (298) do total geral dos confitos também foi prejudicada pela presença do (489). Se acrescentarmos a elas os estados óleo em parte do seu litoral, foi a segunda do Pará, Espírito Santo e de Roraima, com região nos registros dos Confitos pela Água, 34, 32 e 21 confitos, respectivamente, che- com 34,76% do total (170 confitos) e 20% gamos a 78% de todos os confitos ocorridos (13.961 famílias envolvidas). Nela também nacionalmente (Ver Gráfco 6). têm destaque os confitos por uso e pre- servação, com 69% (118 confitos) e 74% (10.410 famílias envolvidas). A região Nor- te segue em terceiro lugar, com 13,09% (64 confitos) e 16,49% (11.511 famílias), sendo a maioria absoluta dos confitos enquadra- da na categoria “barragens e açudes”: 78%.

3 Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/10/25/opinion/1572038992_634690.html. Acesso em: 09 de mar. 2020. Confitos noCampo Brasil 2019

No caso de Minas Gerais, os 128 confitos tal, essas quatro categorias 86% dos 101 foram registrados da seguinte forma: 71,8% confitos no estado da Bahia. Foi no campo (92) por “Uso e preservação; 24,2% (31) na baiano o único registro de assassinato em categoria “Barragens e açudes” e apenas Confitos pela Água. Trata-se de mais uma 3,9% (5) “Apropriação particular”. A catego- ambientalista que tem sua vida ceifada, em ria causadora da ação em 91,4% (117) dos um país onde mais se matam os que lutam confitos foram mineradoras nacionais ou por direito a terra e território e pela causa internacionais, tanto relacionados à tragé- sócioambiental. Rosane Santiago Silveira, dia de Brumadinho, como ao trágico rompi- de 59 anos, foi assassinada brutalmente do mento da barragem do Fundão, localizada dia 29/01/2019, em Nova Viçosa, Sul da no Distrito de Bento Rodrigues, município Bahia. Ela fazia parte do Conselho da Re- de Mariana, ocorrido em 2015. As famílias serva Extrativista de Cassurubá e lutava atingidas em Mariana ainda sofrem com a para criar uma associação de proteção da negligência do Estado e das empresas, que Ilha de Barra Velha, que fazia parte da área não cumprem os procedimentos legais, da reserva. A ambientalista também travava como, por exemplo, a construção das mo- uma luta contra a expansão do monocultivo radias para parte dos que perderam tudo, do eucalipto. Os movimentos e as organiza- mantendo a confitualidade sempre presen- ções sociais acompanham o caso e exigem te. Na categoria que sofreu a ação, estão os justiça4. ribeirinhos em primeiro lugar, com 36,7% (47 confitos), seguidos pelos pequenos pro- No estado de Sergipe, foram registrados prietários, com 25% (32), e os quilombolas, confitos apenas nas categorias “Apropria- com 13,2% (17). Juntas essas três catego- ção particular”, com 60,8% (42) dos 69 ca- rias totalizam, praticamente, 75% de todos sos, e “Uso e preservação”, com 39,2% (27). os confitos em Minas Gerais. Em 100% dos casos, a categoria empresário nacional ou internacional foi a causadora Já com relação à Bahia, 74,2% (75 confitos) da ação, bem como os pescadores sofreram foram de “Uso e conservação, 22,7% (23) de 100% da ação. Trata-se de um dos estados “Apropriação particular” e apenas 2,97% (3) nordestinos que mais foi prejudicado com o de “Barragens e açudes”. No tocante à cate- vazamento de óleo em suas praias. Entre- goria causadora da ação, no campo baiano tanto, é mister ressaltar os processos con- a realidade é mais complexa: os empresá- fituosos entre os empresários e as comu- rios internacionais, ligados à exploração pe- nidades não litorâneas, nas disputas pela trolífera, portanto, aos confitos decorrentes apropriação e preservação dos recursos hí- do vazamento de óleo, ocupam o primeiro dricos. lugar com 40,5% (41) do total geral de 101 confitos, seguidos pelas mineradoras na- O quadro muda um pouco quando anali- cionais ou internacionais, com 32,6% (33), e samos o número de famílias envolvidas em dos fazendeiros, com 22,7% (23), juntos so- Confitos pela Água por Unidades da Fe- mam 95,5%. Os pescadores, com 43,5% (44 deração. A Bahia assume o primeiro lugar confitos) do total geral, foi a categoria que da confitualidade, com 18,5% (12.930) do mais sofreu a ação no território baiano, os total geral nacional de 69.793, seguida por geraizeiros seguem em segundo lugar, com Santa Catarina, com 13,8% (9.663) e Minas 21,7% (22), os assentados, com 10,8% (11), Gerais, com 11,9% (8.352). Roraima e Per- e os ribeirinhos, com 9,9% (10), fecham o nambuco fecham os cinco primeiros luga- terceiro e quarto lugares, somando, no to- res, com 9,5% (6.667) e 9,1% (6.386), res- 4Ativista assassinada na Bahia resistia à expansão do eucalipto em reserva. Disponível em: https://www.redebrasilatual. com.br/cidadania/2019/02/ativista-assassinada-em-nova-vicosa-tinha-recebido-ameacas-de-morte/. Acesso em: 09 de mar. 2020. 141 pectivamente. Juntos esses cinco estados ra do rio Paraguaçu, a comunidade, além de totalizaram 62,8% (43.998) do total geral de sofrer com o descaso por parte da empresa famílias (Ver Gráfco 7). responsável pelo tratamento de água, luta contra os impactos causados por grandes plantações de capim para feno à beira do referido rio, com o uso de agrotóxicos pelos fazendeiros. Já em Santa Catarina, 8.000 famílias de pescadores travam uma batalha contra o governo federal para garantir o di- reito ao seguro-defeso, em atraso devido às mudanças ocorridas no Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) no ano de 2019.

Assim, acreditamos que a relação dialética entre espaço e lugar, materializada na con- Fonte: CEDOC Dom Tomás Balduino (2019)/ quista das diversas frações territoriais de Elaboração: COSME, C. M. resistência camponesa, indígena e quilom- bola, é central para se compreenderem as Os Confitos pela Água ocorrem no coti- contradições, portanto, as confitualidades diano das comunidades, em sua maioria inerentes ao movimento do capital no espa- passando de forma invisível pela grande ço e no tempo. Como observamos ao longo mídia. Trata-se de confitos que se inse- do texto, a contradição que permeia essa rem na longa e incansável luta da classe relação contrapõe as classes/grupos/sujei- camponesa, dos indígenas e quilombolas tos que sofrem com a confitualidade e os no campo brasileiro pelo enraizamento no que causam a ação confituosa. No primeiro lugar, muitas das vezes um território – as- grupo, estão à frente os pescadores (41% - sentamento, reserva indígena, comunidade 199 confitos) e os ribeirinhos (22% - 106), quilombola – conquistado a duras penas no juntos somando 63% do total geral dos Con- enfrentamento ao latifúndio, à mineradora, fitos pela Água. Os pequenos proprietários à hidrelétrica ou ao próprio Estado. Uma re- seguem um pouco distantes, mas sofreram sistência estrutural pela água, para garan- em 9% (43 casos), juntamente com os qui- tir a própria existência social coletiva desses lombolas em 6% (31) (Ver gráfco 8). sujeitos. Harvey (2018, p. 133), afrma que “a resistência local aos poderes disruptivos, vinculados à acumulação infndável, é uma importante frente de luta anticapitalista”. Assim, complementa esse autor: “o anseio e a busca por relações sociais e relações com a natureza não alienadas não podem des- prezar os processos de construção de lugar como um caminho para construir uma vida melhor”.

Fonte: CEDOC Dom Tomás Balduino (2019)/ Corroborando essa leitura, na Bahia, na Elaboração: COSME, C. M. Comunidade Vila São Vicente, município de Itaberaba, foi registrado o confito envolven- do pescadores e fazendeiro, com cerca de No segundo grupo, os principais causado- 4.000 famílias prejudicadas. Situada à bei- res dos Confitos pela Água 2019, conse- Confitos noCampo Brasil 2019

quentemente, da violência e da barbárie – timas. Mais do que lembrar é essencial exi- assassinato, ameaça de morte e tentativa gir justiça, bem como é imprescindível que de assassinato – no campo brasileiro, são a a sociedade brasileira como um todo refita mineração (39% - 189 confitos) e os empre- e se sensibilize acerca das perversidades sários (36% - 177 confitos) à frente; segui- cometidas pela mineração. Brumadinho foi dos pelas hidrelétricas (11% - 54 confitos) um crime que não sensibilizou o governo e pelos governos nas três esferas (7% - 33 Bolsonaro e os setores retrógrados do Con- confitos) (Ver Gráfco 9). gresso Nacional. Aliás, desses setores e de um governo fnanciado, portanto, abraçado com o agronegócio e a mineração, não há de se esperar essa sensibilização. Na realida- de, o governo Bolsonaro segue sua agenda de campanha no caso da questão agrária, incentivando o avanço da mineração sem limites, inclusive sobre os territórios indíge- nas6. A contrarreforma agrária se aprofunda no Brasil. Sem dividir a terra e a água, em favor e sob o controle dos sujeitos sociais historicamente oprimidos e explorados no campo, restam a violência e a destruição da natureza. Fonte: CEDOC Dom Tomás Balduino (2019)/ Elaboração: COSME, C. M. Continuaremos aceitando que os bens co- muns naturais – terra, água, fora, fauna, Os dados ratifcam o profundo impacto da ar, entre outros – sejam tratados como mer- contaminação das nossas águas pelo óleo cadorias, privatizados em pouquíssimas e, principalmente, a confitualidade gera- mãos e vendidos como commodities à revelia da pela atividade extrativa e predatória da dos interesses da sociedade em geral? Con- mineração. Em síntese, em 2019, foram re- tinuaremos apostando e crendo alienada- gistrados 1905 ou 38,8% do total de confi- mente nas soluções tecnológicas, sem levar tos envolvendo a mineração, com 16.391 - em conta as realidades social e ambiental 23,4% do total geral de famílias envolvidas nas quais essas técnicas são inseridas, mes- no Brasil. Nesse contexto, é mister ressaltar mo diante de tragédias criminosas como a as violências diversas levadas a cabo pelas de Brumadinho e do vazamento de óleo em mineradoras contra aqueles(as) que resis- nosso litoral? Continuaremos acreditando tem no campo. Os 40 casos de violência, que o atual modelo de desenvolvimento para envolvendo 156 pessoas, ao longo do ano, o campo, ancorado no agronegócio, na mi- envolvem agressão (6), contaminação por neração e na exploração da natureza sem li- mercúrio (7), ameaça de morte (4), danos mites, propalado ideologicamente como pro- (5), humilhação (3), intimidação (2), morte gresso, mas que destrói a vida em todas as em consequência da violência (8) e omis- dimensões, é o único e inexorável caminho são/conivência (5). a se seguir?

Nessa refexão, é preciso, mais uma vez, re- Acreditamos que a complexifcação da ques- lembrar Brumadinho e suas centenas de ví- tão agrária neste século XXI, materializada

5 Somando os 189 confitos em que a categoria causadora da ação é mineradora nacional ou internacional mais um caso no qual o causador é um garimpeiro. 6 Cf. A mineração em terra indígena com nome, sobrenome e CNPJ. Disponível em: https://brasil.elpais.com/bra- sil/2020-03-02/a-mineracao-em-terra-indigena-com-nome-sobrenome-e-cnpj.html. Acesso em: 10 mar. 2020. 143 aqui nos Confitos pela Água, exige respos- NUTO, Antônio et al. (Coord.). Confitos no Cam- tas dos diversos setores da sociedade brasi- po – Brasil 2017. Goiânia: CPT Nacional – Brasil, leira que permanecem alheios e passivos, e, 2017. Disponível em: https://www.cptnacional. acima de tudo, um posicionamento diante org.br. Acesso em: 10 mar. 2020. dessas refexões. Os quilombolas, os indí- COSME, Claudemir Martins. Crítica à transfor- genas e o campesinato há muito tempo já mação capitalista da água em mercadoria: águas entenderam o que um dia escreveu Martins para a vida, não para a morte. In. CANUTO, An- (1994, p. 12-13): “na verdade, a questão tônio et al (Coord.). Confitos no Campo – Brasil agrária engole a todos e a tudo, quem sabe 2016. Goiânia: CPT Nacional – Brasil, 2016, pp. 120-131. Disponível em: https://www.cptnacio- e quem não sabe, quem vê e quem não vê, nal.org.br. Acesso em: 10 mar. 2020. quem quer e quem não quer”. Falta, princi- palmente, uma parte da sociedade urbana CPT. Comissão Pastoral da Terra. Carta da 31ª compreender esse enunciado e, assim, so- Assembleia Estadual da Pastoral da Terra de mar-se à luta pela reforma agrária, que na Alagoas. Palmeira dos Índios, Alagoas, 2020. Disponível em: http://cptalagoas.blogspot. atualidade deve concentrar-se no processo com/2020/03/carta-da-31-assembleia-estadu- de desmercadorização da terra, da água e al-da.html. Acesso em: 9 mar. 2020. dos demais bens comuns naturais. A exem- plo do tema do V Congresso Nacional da DELGADO, Guilherme Costa. Questão agrária CPT, é necessário “Romper as cercas do ca- hoje. In. ABRA. Associação Brasileira de Refor- ma Agrária. Questão agrária e desigualdades no pital e tecer as teias do Bem Viver na Casa Brasil. Reforma Agrária, São Paulo, v. 1, n. 2, Comum: Somos Terra, Somos Água, Somos 2014. Vida” (CPT, 2020). FERNANDES, Bernardo Mançano. Questão agrária: confitualidade e desenvolvimento terri- Referências torial. In: STÉDILE, João Pedro. (Org.). A ques- tão agrária no Brasil. 7ed. São Paulo: 2013, v. 7, AB’SABER, Aziz Nacib. Sertões e sertanejos: p. 173-238. uma geografa humana sofrida. Estudos Avan- çados, São Paulo, v. 13, n. 36, 1999. Disponível HARVEY, David. A loucura da razão econômica: em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=s- Marx e o capital no século XXI. Tradução: Artur ci_arttext&pid=S0103-40141999000200002. Renzo. São Paulo: Boitempo, 2018. Acesso em: 10 mar. 2020. MARTINS, José de Souza. O poder do atraso. COSME, Claudemir Martins. A resistência do São Paulo: Hucitec, 1994. campesinato assentado em uma formação ter- OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de. Modo capita- ritorial marcada pela contrarreforma agrária: lista de produção, agricultura e reforma agrária. da luta pela terra à luta para permanecer no São Paulo: FFLCH/Labur Edições, 2007. Dispo- território dos assentamentos rurais no Sertão nível em: http://gesp.ffch.usp.br/sites/gesp. alagoano. 522f. Tese (Doutorado em Geografa). ffch.usp.br/fles/modo_capitalista.pdf. Acesso Universidade Federal de Pernambuco, Recife, em: 8 mar. 2020. 2019. Disponível em: https://repositorio.ufpe. br/handle/123456789/35353. Acesso em: 9 PRADO JR., Caio. A questão agrária no Brasil. 5. mar. 2020. ed. São Paulo: Brasiliense, 2000. COSME, Claudemir Martins. Luta camponesa, WANDERLEY, Maria de Nazareth Braudel. A va- indígena e quilombola face à barbárie do agro- lorização da agricultura familiar e a reivindica- negócio no Brasil: a contrarreforma agrária se ção da ruralidade no Brasil. Desenvolvimento e aprofunda em tempos-espaços de golpe. In. CA Meio Ambiente. Curitiba, n. 2, 2000. Confitos noCampo Brasil 2019

Tabela 5 - Conflitos pela Água

No de UF Famílias Ocorrências Centro-Oeste DF GO 5 105 MS 4 200 MT 4 311 Subtotal 13 616 Nordeste AL 4 2220 BA 101 12930 CE 8 892 MA 5 2015 PB 15 4196 PE 15 6386 PI 8 113 RN 9 280 SE 69 3087 Subtotal 234 32119 Norte AC AM 2 242 AP 3 520 PA 34 4006 RO 21 6667 RR TO 4 76 Subtotal 64 11511 Sudeste ES 32 3389 MG 128 8352 RJ 4 SP 6 2220 Subtotal 170 13961 Sul PR 3 1923 RS SC 5 9663 Subtotal 811586 Brasil 489 69793 145 Brumadinho: um testemunho eclesial

Dom Vicente Ferreira1

Desde 2017 sou bispo Auxiliar da Arqui- tir do Evangelho de Jesus, numa corajosa diocese de Belo Horizonte. Uma de minhas exigência de tempos novos. A árdua missão principais atividades é acompanhar a Região evangelizadora, ao longo de 2019, foi mar- Episcopal Nossa Senhora do Rosário (REN- cada pela acolhida, amparo, presença, espi- SER), cuja sede está em Brumadinho, MG. ritualidade, celebrações e fortalecimento de Ajudo a construir um projeto pastoral que nossas lideranças comunitárias nos vários conjuga o aprofundamento da fé e a cons- setores nos quais elas se encontram. Mo- cientização dos valores culturais e ambien- radores do centro e das periferias, grupos tais de nossa Região. A partir do dia 25 de dos familiares das vítimas, comunidades janeiro de 2019, com a tragédia criminosa dos agricultores que perderam suas hortas, da Vale que matou 272 pessoas destruindo indígenas que fcaram sem o rio, comunida- o Rio Paraopeba e o meio ambiente, minha des sem terra, quilombolas, que perderam presença se fez ainda mais intensa. Ao par- estradas e tantas outras situações. tilhar essa experiência, espero que consiga transmitir um pouco do testemunho de uma Passado um ano da tragédia/crime da Vale, Igreja que procura realizar o sonho do Papa noto que um grande caminho foi percorrido. Francisco, de ser uma Igreja misericordiosa, A presença misericordiosa da Igreja perma- em saída. nece, assim como sua voz profética, anun- ciadora do Reino de Deus, que é de justiça Num primeiro momento, pós-tragédia, en- e paz. Criamos um Coletivo Arquidiocesano frentamos um longo caminho de solida- de Atingidos pelo Crime da Vale em Bruma- riedade material e espiritual. Doações que dinho, buscamos fortalecer nossa equipe chegaram de todos os cantos foram distri- de trabalho pastoral da Região Episcopal buídas com muita prontidão pelas valentes Nossa Senhora do Rosário (RENSER), tudo lideranças de nossas comunidades eclesiais numa perspectiva da Ecologia Integral. Em e, juntos, buscamos confortar as famílias 25 de janeiro de 2020, realizamos a 1ª Ro- com orações, visitas ou um simples abraço. maria Arquidiocesana pela Ecologia Integral Nas Celebrações Eucarísticas e da Palavra, a Brumadinho. Foi um movimento bonito em vários momentos de oração, procura- como espaço de memória das vítimas, de so- mos marcar os dias, os ciclos de um luto lidariedade para com as famílias e também tão doloroso. Como foi difícil ver o desespero de clamor por uma conversão ecológica. No de tanta gente esperando por uma notícia, entanto, sofremos resistências que não são acompanhar os sepultamentos. Ao longo do poucas. Muitas vezes não estamos acostu- ano, várias outras necessidades foram sur- mados com uma Igreja que vai às ruas para gindo, depois desse terrível drama inicial. pedir justiça. E, infelizmente, em muitos ca- sos, nossa evangelização convive com uma Destaco o árduo trabalho de nossa Equipe esquizofrenia entre fé e promoção da justiça da Região Episcopal na articulação de nos- social. sas comunidades, sempre com o objetivo de dar voz aos atingidos, numa postura fr- É triste, também, conviver com um mode- me de denúncia e pedido de justiça, a par- lo minerário que além de dominar o solo,

1 Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte Confitos noCampo Brasil 2019

matar nossa gente e a natureza, combate criou um Vicariato Episcopal para tratar de ostensivamente qualquer narrativa que seja questões específcas do meio ambiente. Que contrária a esse modelo. Para muitos, é es- bom que temos a Rede Igrejas e Mineração. tranho ver um bispo, por exemplo, dizendo Isso me dá muita esperança, no meio de que a sustentabilidade do extrativismo mi- tanta destruição. nerário, a partir desse crime socioambien- tal, em Brumadinho, é inviável. Que insistir Termino dizendo, como disse em várias in- nesse modelo é contrário à nossa fé cristã. cidências no Brasil, na América Latina e em Por quê? Porque está pautado no lucro, no cinco países da Europa: é fundamental que dinheiro e não na defesa da vida das pesso- a Igreja não abandone os territórios onde as e do planeta. Confesso que comecei, por vivem os atingidos, porque aí ela será sal isso, a partir de 25/01/2019, a viver um e luz. Por isso, tenho convicção que minha processo de conversão ecológica, levando a missão, se quiser ser fel ao Bom Pastor, sério que Deus fez a criação e a entregou ao ser humano para que ele cuidasse, sendo não pode estar distante das ovelhas. Para Seu parceiro. A rotina de minha vida pesso- muitos desafos não tenho resposta, mas al e minha missão de bispo mudou muito. de uma coisa estou certo, as respostas de- Tive que aprender, apressadamente, pro- vem nascer a partir da voz, do protagonismo cessos que até então nem imaginava. Por das vítimas, de sua fé, de sua esperança e exemplo, em Minas existem pelos menos 40 de seu amor. Para mim não funciona mais barragens com risco de rompimento. Tudo querer uma evangelização, uma sociedade, isso ameaça nosso povo, nossas comuni- uma Igreja que somente escuta os peritos, dades. E o que fazemos, como Igreja, para os documentos que nascem em escritórios tentar mudar essas coisas? Somos um país etc. Confesso que estou preocupado com que amarga as consequências desastrosas essa Pandemia do Coronavírus. Depois de de um neocolonialismo, manipulado pelas perdermos tanta gente, numa virose glo- grandes multinacionais, colocando em risco balizada, não é possível que iremos querer a vida de tantas pessoas, dos nossos rios, continuar com o mesmo sistema capitalis- de nossas forestas, de nossas comunidades ta global. Não é possível que Brumadinho indígenas, e não podemos conviver de ma- também não tenha nos trazido alguma lição neira indiferente com isso. Graças a Deus, para nossa sobrevivência nessa Casa Co- a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil mum. Enfm, caro leitor, caso se interesse, (CNBB), criou a Comissão Episcopal de Eco- sugiro a leitura de meu livrinho, de prosa e logia Integral e Mineração, da qual também poesia, da Editora Expressão Popular, Bru- faço parte. A Arquidiocese de Belo Horizon- madinho: 25 é todo dia. É um testemunho te, coordenada pelo Arcebispo Dom Walmor, de fé e vida. Foto: Andressa Zumpano

Brumadinho um ano depois: a luta é pelo direito de viver em paz

Ione de Cassia Bandeira Rochael1 Eduarda Souza2 Córrego do Feijão, 25 de Janeiro de 2019, mais veio comprar meus queijos, perdeu um Cris acordou cedo, como todos os dias, pre- monte. Tivemos que vender nossas vacas e parou o café, os flhos foram para escola, parar nossa produção”. o marido para o trabalho. Sua lida começa bem antes do sol se levantar… Logo de ma- Um ano depois, é forçoso avaliar as conse- nhãzinha tirou o leite das vacas para fazer quências e outas implicações do crime (rein- os queijos que vende para ajudar no susten- cidente, vide Mariana 2015) da mineradora to da família. Ela conta angustiada: Vale S. A. e suas associadas e congêneres. Daí que urge discutir o modelo atual de mi- “no dia que a barragem rompeu era o dia do neração no Brasil e no mundo. comerciante que pega 40 queijos em minha mão vir buscar a encomenda aqui no Córrego Há dois meses, não só Cris, mas todos os do Feijão, onde moro. Ele saiu daqui pouco moradores e moradoras de Brumadinho, antes do horário que a lama veio e destruiu MG, se viram em um cenário assustador de tudo. Depois que isso aconteceu ninguém destruição humana e ambiental. Mas a vida

1 Graduada em Ciencias Biológicas, Uneb, Comunicadora Popular (fotografa), ambientalista, militante (MAM). 2 Militantes do Movimento Pela Soberania Popular na Mineração – MAM, em Brumadinho – MG. Confitos noCampo Brasil 2019

não era fácil antes! Para quem mora em um pios estão longe de cobrir ou compensar os território de mineração, tudo se torna mais danos causados pela mineração. difícil assim que a mineradora se instala. Na conjuntura atual, vivemos a crise mun- O repertório é sempre o mesmo. As mine- dial do capitalismo atrelado ao pós-boom da radoras antes de chegar, dizem que vão mineração – fase de desvalorização dos pre- trazer desenvolvimento, muitos empregos. ços dos minérios após o ciclo de alta –, situa- Elas até empregam o povo das comunida- ção que ocorre desde 2013. As mineradoras des para o trabalho pesado da construção tendem a acelerar o processo de exploração das estruturas. Quando fcam prontas elas do minério para manter e continuar aumen- demitem todo mundo e traz gente estudada tando o lucro, eliminando procedimentos de fora para trabalhar. Daí em diante elas que poderiam garantir a extração mineral não se preocupam com mais nada, só com de forma segura. Contudo, o que as minera- a exploração intensa do minério a qualquer doras fazem é pressionar agências públicas custo, mesmo que custe vidas, elas só que- de licenciamento para liberar o mais rápido rem lucrar”. possível os empreendimentos, o que agrava o risco de todas as formas de vida existen- Boom da mineração e o seu modelo cri- tes na região a minerar. Para obter o má- minoso ximo lucro no tempo mais rápido possível vale tudo, em especial laudos fraudulentos A região do Quadrilátero Ferrífero em Minas e avaliações incompletas que não mostram Gerais – onde estão localizadas Mariana e para a sociedade os reais riscos e impactos Brumadinho – compreende uma extensão de socioambientais do projeto. 7.160km², sendo uma grande área de con- centração de ferro com alto teor. A empresa Quando uma barragem de rejeitos mine- Vale S. A. retira por ano 185 milhões de to- rários se rompe é a expressão terminal e neladas de ferro da região, convertidas em monstruosa da eliminação de todos os direi- lucros exorbitantes, que não voltam para os tos humanos e da natureza que a minerado- territórios de onde ela extrai o minério, nem ra responsável relegou. Não restando mais como benefício público e familiar, muito direitos a serem usurpados, ela tira a vida menos como segurança dos trabalhadores e e, para quem fca, deixa o rastro de lama, moradores do entorno das minas. O modelo contaminação e destruição que inviabiliza vigente de mineração é, por essência, preda- os modos de reprodução da vida. tório, pois visa a exploração em larga escala do minério sem levar em conta toda a vida “A Vale matou meu irmão, matou nosso rio humana e a natureza impactadas violenta- Paraopeba que era onde a gente pescava mente em todas as fases do processo. peixe para ajudar no nosso sustento. Nosso rio chora minério, chora água e chora san- A arrecadação da Compensação Financei- gue. Tem muito mais gente morta do que ela ra pela Exploração de Recursos Minerais tá dizendo. Vamos ver até onde ela vai com (CFEM) pela União, Estados e Municípios essa situação. A gente quer que ela pare de minerados é ínfma frente aos valores lucra- causar os problemas que ela vem nos cau- dos pelas empresas mineradoras. O Brasil sando” (Izabel André – moradora do Tejuco, apresenta taxas de CFEM inferiores às de em Brumadinho). outros países e é o único país que utiliza o faturamento líquido como base de cálculo, A Vale despejou no meio ambiente 12 mi- o que diminui ainda mais os valores arreca- lhões de m³ de rejeitos da mineração de dados. Os valores que fcam para os municí- ferro, confgurando o maior acidente traba- 149 lhista do Brasil, o segundo no mundo. Fo- re-inventar outros modos de produção, no- ram contabilizadas 272 mortes de pessoas vas moradias e formas de lazer, no Córrego enterradas vivas, trabalhadores da minera- do Feijão, no Parque da Cachoeira e em ou- dora e a população do entorno por onde a tras comunidades de Brumadinho. As pes- avalanche de lama passou. Para os sobrevi- soas passam muito tempo fora de casa em ventes, aquele dia 25 nunca passou e nem luta, em audiências, fóruns, a reivindicar vai passar. direitos que a Vale continua negando, ou concedendo poucas e insufcientes medidas “Por todo o território de Brumadinho não há paliativas. Comunidades dependem de doa- um só coração que não esteja quebrado. To- ção de garrafas de água mineral para beber dos perderam, pai, mãe, tio, flho, alunos, e de ajuda emergencial que não contempla vizinho. O meu flho do coração se foi.” (Ro- a renda que os produtores tiravam de suas sangela Flores, professora e moradora de hortas, lavouras, criatórios de animais e ou- Brumadinho). tras atividades econômicas.

Nas primeiras horas após o rompimento, A terra e o ar estão contaminados, continua com a chegada do resgate, deram-se vá- a mortandade de animais, as pessoas ado- rios episódios que se assemelham a flmes ecidas, sem perspectivas, sem assistência de terror. Em contrapartida, também mui- médica e ganho sufciente para o sustento ta solidariedade entre os vizinhos, amigos, de suas famílias. Perderam moradia, água, conhecidos e desconhecidos que entraram trabalho, respeito. A dor de quem, em Bru- na lama resgatando gente, bichos, corpos madinho, perdeu tudo em poucos minutos inteiros e destroçados. Um choque de re- não é diferente das outras comunidades alidade se abateu por toda Brumadinho, atingidas como a do Parque da Cachoeira, córrego abaixo e o Rio Paraopeba, afuente com cerca de 1.500 habitantes, local de do Rio São Francisco, preocupando toda a maior número de residências destruídas. população ribeirinha a jusante. Populações Nas antigas ruas só se veem lama, escom- próximas à mineradora nunca tiveram co- bros, urubus e alguns homens revolvendo o nhecimento de que existia uma barragem de barro em busca de corpos. rejeitos naquele lugar. “Toda rotina, conceitos e realidades foram “Quando meu neto chegou falando ‘Arrumei rompidos, quebrados junto com a barragem. um serviço na Vale, vó!’ - fquei tão feliz, mas Me formei em Relações Internacionais um hoje quando olho pra lá e só vejo destruição, dia antes do rompimento, pensando nessa tudo assim acabado, me dá uma tristeza, formação técnica para trabalhar na Vale. lembro do meu neto”. Essas são palavras Na minha infância, minha alegria era dese- de Dona Carmen, moradora do Córrego do nhar trenzinhos, ouvir o barulho deles. Nos Feijão, que faleceu de desgosto cinco meses encontros eu falava com muito orgulho que após o rompimento da barragem. Mulher nasci em uma cidade minerária, nunca me doce, de voz calma, terna, de muita sabe- importei com a lógica que o trem vai cheio doria, artesã, não suportou a dor diária de e volta vazio, com a modifcação da paisa- ver o lugar amado de sua infância, de seus gem – isso tudo era naturalizado dentro de ancestrais, de toda sua descendência, virar mim até aquele dia” (Marina, moradora de lama e dor. Brumadinho).

Reinventar a vida e a luta Na margem direita do Rio Paraopeba, que foi totalmente contaminado, a 16 km de A vida se converte agora em tentativas de Brumadinho, se encontra uma aldeia dos Confitos noCampo Brasil 2019

indígenas Pataxó e dois acampamentos de gigantescos. sem-terra ligados ao Movimento dos Tra- balhadores Sem Terra (MST), Pátria Livre e Quando se trata de mineração, é tudo muito Zequinha Nunes. Nestes, criados em 2017, gigantesco, principalmente o maquinário, o mais de mil famílias vivem do cultivo da consumo (e poluição) de água e de energia e terra (culturas de milho, mandioca, feijão, o prejuízo ambiental, social e econômico lo- hortigranjeiros, leguminosas e folhosas), cal, estadual e federal. Assim como também que depende diretamente do rio para a agri- os lucros, por consequência da Lei Kandir, cultura orgânica de subsistência e comer- de 1996, que isenta do Imposto sobre Cir- cialização do excedente nas feiras livres da culação de Mercadorias e Serviços (ICMS) região. De todos os atingidos pelos crimes os produtos e serviços destinados à expor- da Vale, os acampados e os indígenas são tação. Mais uma evidência de que o atual os que mais têm sofrido racismo ambiental, modelo de mineração é insustentável. com a total negação do reconhecimento de seus direitos pela empresa. A morte do Rio Paraopeba não só impactou Brumadinho – segundo produtor de cítri- Surto de dengue, viroses, doenças de pele, cos de Minas Gerais –, como boa parte do pressão alta, ansiedade, stress, depressão, abastecimento de água de Belo Horizonte e medo, insônia, falta de segurança e pers- toda a Bacia do Rio São Francisco abaixo. pectiva de futuro assolam o território de Em Januária – MG, desde março de 2019, Brumadinho, como em Mariana (MG), desde há quem não use a água do rio para beber, o rompimento da barragem de rejeitos em por medo da contaminação em Brumadi- 05 de novembro de 2017. Dor, saudades, nho. Desconfa-se da qualidade do pescado. insatisfação, revolta, traumas são tratados Comprometido estará também o abasteci- como doenças. Crianças, jovens e adultos, mento hídrico das cidades e povoados ribei- com suas famílias, que tinham uma vida re- rinhos do Rio São Francisco e de muitos ou- lativamente tranquila e saudável passaram tros distantes da rio, mas que captam nele. a viver à base de remédios. A pergunta que deve ser feita é se a Vale Famílias inteiras estão destroçadas pela tenta, a todo custo, fazer com Brumadinho perda de entes queridos. Onze delas ain- e o Paraopeba o que ela vem fazendo em Ma- da não puderam sepultar seus mortos que riana, ao negar direitos dos atingidos e per- continuam soterrados. Duas crianças (Ana sistir nessa lógica mortífera do capitalismo Elisa e Lourenço) que estavam nos ventres entreguista que troca vidas por dinheiro. de suas mães mortas não tiveram a chan- Imerso no sofrimento pelas perdas de fami- ce de nascer. Todo instante é de apreensão liares, amigas, amigos, vizinhas, vizinhos, para os excluídos da categoria de “atingi- não obstante e por causa dele, os morado- dos” – condição essa que ninguém imagina- res de Brumadinho resistem e se levantam ria ou desejaria pertencer. Tal é o caso da movidos pelo amor que têm por suas assas- comunidade do Tejuco, em cuja área têm sinadas e seus assassinados e pela insaciá- quatro mineradoras de extração de ferro, vel sede de justiça. Com esse espírito, saem a desmatar, suprimir e serras, po- em procissão pelas ruas da cidade com ve- luir e ameaçar suas nascentes de água na las e fotos dos parentes mortos, na compa- Serra dos Três Irmãos. O Tejuco sequer tem nhia do bispo auxiliar de Belo Horizonte, D. ambulância, as vias de acesso são estreitas, Vicente Ferreira, em protesto e clamor pelos sem acostamento e, quando há tráfego, o direitos soterrados pela Vale. pedestre é obrigado a entrar no mato para dar passagem aos caminhões cada vez mais O hino entoado pela população diz “Vale 151

Assassina!” e a luta é pelo direito de viver 169 da Organização Internacional do Traba- em paz. Sem sirene, sem helicópteros, sem lho (OIT), subscrita pelo Brasil, o povo tem máquinas, sem mortes causadas pela ânsia direito à “consulta livre, prévia e informada” por lucros astronômicos. Essa luta exige a a respeito de empreendimentos explorató- diversifcação da economia dos municípios rios em seus territórios, o que implica sobe- minerados, para que não haja uma depen- rania inegociável. dência exclusiva da mineração e se desen- volvam outras formas de geração de renda. Por um país soberano e sério! Contra o sa- Além disso, como prescreve a Convenção que dos nossos minérios! Confitos noCampo Brasil 2019 Foto: Thomas Bauer - CPT Bahia. Trabalho Confitos noCampo Brasil 2019

Trabalho e condições humanas: Uso do solo e relações produtivas

José Paulo Pietrafesa1 Introdução espoliação e confitos. Segundo Millôr Fer- nandes, “[...] o Brasil tem um longo passado O presente estudo tem três dimensões que pela frente”2; a segunda refere-se à “nova” dialogam entre si. A primeira refere-se à roupagem do Brasil a partir de 2016, em identifcação do fator trabalho enquanto especial a partir de 2019, identifcando um criação que compõe a subsistência biológica turbilhão de ações organizadas contra a do ser humano (produção de algo material classe trabalhadora no geral e algumas ca- que tem valor de uso e dá suporte à existên- tegorias sociais em particular, por exemplo cia humana). A segunda dimensão analisa índios, quilombolas, mulheres e alguns se- a questão do uso e posse da terra enquan- tores como educação (fm de vários progra- to espaço de expansão e consolidação do mas a exemplo do PRONERA, Educação do capital agrário e dos confitos gerados por Campo) e saúde (corte de verbas para des- este processo, na esfera das disputas hege- monte de programas como Mais Médicos, mônicas pelo controle das terras. A terceira Saúde da Família). Para além destas ações, refere-se ao locus de confitos trabalhistas o atual governo utiliza-se de propagandas enquanto negação dos direitos sociais, con- midiáticas, via redes sociais, para dissemi- fgurando o trabalho análogo à escravidão nar ódio de classe, incentivando ações gene- contemporânea. ralizadas de indivíduos e criando clima de violência social sem precedentes na história A partir das refexões no campo sócio-histó- do Brasil. rico para percebermos a concretude das re- lações de trabalho, seu conceito e a criação O trabalho, a terra e as ações humanas de relações entre o ser humano, a natureza e a construção de suas organizações sociais. A sobrevivência humana é resultante de um Posteriormente, apresenta-se um conjunto conjunto de relações que cada indivíduo e de informações sobre as formas degradan- sua coletividade mantém com a natureza e tes da utilização da força física humana (o com um outro ser, criando e recriando re- trabalho) nas relações de produção agrope- lações sociais em diferentes períodos his- cuária. tóricos. Esse processo, que não é uniforme no tempo, garante a reprodução social do Duas advertências se fazem necessárias: a ser humano enquanto modos de vida em primeira remete aos dados apresentados, suas dimensões econômicas, sociais, polí- até o ano de 2019, nos serviram como pon- ticas, culturais e espirituais. Este conjunto to de encontro entre o passado, marcado de ações, que potencializa a sobrevivência por suas contradições e memórias, que ao de nossa espécie, identifcamos como sen- mesmo tempo, permanece vivo, como que do o trabalho. Esta ação humana, mediada disposto a continuar num eterno presente pela utilização de suas forças, seja ela física (JAMESON, 2002), com suas estruturas de (força motriz), seja ela parte da construção

1 Professor de Sociologia da Educação – UFG (FE-PPGE) 2 Disponível em: https://www.google.com.br/webhp?sourceid=chrome-instant&ion=1&espv=2&ie=UTF-8#q=Mill%C3%- B4r+Fernandes+%E2%80%9Co+Brasil+tem+um+longo+passado+pela+frente%E2%80%9D 155 sociocultural e política (produção de conhe- o trabalhador mesmo se torna um objeto...” cimento que gera ferramentas de trabalho), (Manuscritos econômicos-flosófcos, Marx, dinamizaram e transformaram as relações 1844, p. 143-144). sociais (MARX, 1980). A ocorrência ou não de transformações nestas relações são or- É nesse processo de compra e venda de tra- ganizadas por sujeitos históricos (MARX; balho que se fundamenta e se estrutura o ENGELS, 1978; GRAMSCI, 1979) o que pro- capital e resultado desta relação pode ser vocou, e provoca, desde o início da moder- visto na consolidação do sistema fabril de nidade, contradições também identifcadas produção, bem como no cercamento das com cada tempo histórico. terras coletivas, e sua transformação em terra de negócios em contraposição à sua Dentre as múltiplas formas de contradições utilização para terra de trabalho. geradas nas sociedades modernas ociden- tais (a partir da revolução industrial inicia- Na junção das transformações internacio- da no século XVIII) destacam-se as relações nais ocorridas nos séculos XVIII e XIX po- de trabalho “livre”, de trabalho assalariado, demos identifcar o cenário brasileiro frente defnidas por grupos de pessoas que con- à posse e o uso da terra. Neste contexto o trolavam os meios de produção e outros Brasil não tem apresentado sua credencial que “livremente” vendiam sua força física de entrada no século XXI, pois permanece (seu único meio de sobrevivência, o traba- com grandes dívidas sociais, econômicas lho). O fruto deste processo acelerou a pro- e políticas, referentes ao século XIX. Uma dução de bens (as mercadorias) e serviços, das maiores, senão a maior, é a questão da consolidando o capitalismo enquanto modo utilização e do controle da posse fundiária. de produção e o trabalho conquistou a cen- Desde a metade do século XIX (1850) a elite tralidade nas relações sociais. “A grandeza agrária apresentou ao país a “Lei de Terra”, do valor de uma mercadoria varia na razão inviabilizando o acesso a este meio de pro- direta da quantidade, e na inversa da pro- dução à população despossuída de renda, dutividade do trabalho que nela se aplica”. dinheiro ou riqueza. Trinta e oito anos de- (MARX, 1980, p. 47). pois (1888), parcela signifcativa da popula- ção “ganhou” um indulto, que deixava para Se por um lado o trabalho consolidou-se trás a escravidão negra. Esta população como o exposto por Marx (1980), por outro conquistou a condição de trabalhadores li- transformou-se em elemento de alienação, vres e possuidores de força física (o traba- uma vez que separou as atividades produ- lho) disponível a ser vendida no sistema de tivas, distanciando as relações entre ser produção de mercadorias. Só não foram in- humano, natureza e o produto do seu tra- formados que sem acesso aos meios de pro- balho. O trabalhador perde a noção (no sen- dução não havia e não há liberdade. tido de ideia, de sentimentos) de um valor criado pelo seu esforço físico, pelo seu tra- Este processo que se estruturou a partir balho. O trabalho se torna estranhado, algo da relação senhor-escravo deu origem à externo ao trabalhador. Deixa de pertencer travessia para relações capital-trabalho no ao sujeito que exerce a força física no ato de decorrer do século XX (ALVES, 2010). Con- produzir (MARX, 1980). “O trabalhador se solidou-se a centralidade da propriedade torna tanto mais pobre quanto mais rique- fundiária no cenário socioeconômico e po- za produz, quanto mais a sua produção au- lítico brasileiro (PRADO Jr, 1979). Por sua menta em poder e extensão. O trabalhador vez estes traços de domínio no uso e posse se torna uma mercadoria tão mais barata da terra foram palco de enfrentamentos do quanto mais mercadoria que cria” [...] Sim capital em expansão frente aos camponeses Confitos noCampo Brasil 2019

aposseados nestes espaços, ou ainda, en- teira agrícola do mundo”. (FIAN, RSJDH, tre esse capital e as populações extorquidas CPT, 2018) das terras no processo de expansão, sendo liberadas para vender sua força de trabalho Este novo projeto de desenvolvimento re- enquanto assalariados (MARTINS, 1986). gional pode ser considerado uma expansão Essas disputas podem ser consideradas do Programa de Cooperação Nipo-Brasilei- ações políticas que evidenciam as diferen- ro para o Desenvolvimento dos Cerrados ças, distorções e concentração de riquezas (PRODECER) que desenvolveu atividades na sociedade civil, além de estabelecer con- agropecuárias a partir dos anos de 1970 no fitos ideológicos colocando, na ordem do Centro-Oeste do Brasil, abrindo a fronteira dia, a consolidação de hegemonias ou suas agrícola para as lavouras de soja, milho, sor- possíveis rupturas. go, algodão, e expandiu essa fronteira para a região Norte. O PRODECER, além de ace- Neste sentido, a “Marcha para o Oeste” (LE- lerar o processo de modernização conser- NHARO, 1986), é uma das referências nessa vadora da agropecuária nacional, ampliou engrenagem de ocupação espacial e abertu- os números de casos de grilagens, assassi- ras de fronteiras agropecuárias nos esta- natos de posseiros, surgimento de trabalho dos da região Centro-Oeste do Brasil (Goiás escravo nas derrubadas de forestas nativas e Mato Grosso e Mato Grosso do Sul). Ela (nos anos de 1970-2000 as carvoarias e as está relacionada à ampliação quantitativa implantações das pastagens eram locus de da população e, também, da modernização denúncia de trabalho escravo). dos sistemas agropecuários nestes estados. Essa marcha nacional, favoreceu o capital As disputas por hegemonias e, por isso, agrário a consolidar-se também na região possibilidades de geração de confitos so- Norte, foi signifcativamente importante ciais, tem produzido um locus “[...] esvazia- para a expansão da fronteira amazônica. do, concentrado, homogeneizado, destruído, contaminado pela artifcialização imposta Entre a primeira e segunda década dos anos pelos complexos do agro e de outros negó- 2000 o país passou a contar com mais um cios. Um rural da mercadorização do traba- polo de expansão, o MATOPIBA3 (intersec- lho e da natureza […]” (MAZZETTO SILVA, ção entre os estados do Maranhão, Tocan- 2012, p. 96). Isso criou bolsões de exceden- tins, Piauí e Bahia). Esta “nova” e ao mesmo tes populacionais nas cidades em condições tempo antiga fronteira de extrema marginalização social com falta de políticas públicas, além de precarizar as [...] inclui áreas adjacentes de três estados relações de trabalho, com fortes tendências do Nordeste brasileiro (Maranhão, Bahia ao desemprego e a sujeição a atividades de- e Piauí) e de um estado da região Nor- gradantes. te (Tocantins), e abrange 337 municípios em uma área total de 73.173.485 ha. MA- Individualmente o ser humano não conse- TOPIBA é uma delimitação territorial, cria- guiria atender suas necessidades essen- da por meio de um acordo de cooperação ciais de sobrevivência, mesmo que a ideia técnica, assinado em 2014 por diferentes ministérios e agências federais, para deli- disseminada na sociedade de “indivíduo” li- mitar [...] em uma região frequentemente vre (ou ideologia, no refetir de MÉZÁROS, descrita pelo governo como “a última fron- 2004) seja um dos marcos centrais do perí-

3 Para obtenção de informações sobre esta região ver: 1 Os impactos ambientais e humanos no negócio de terras: o caso do MATOPIBA, Brasil (relatório de pesquisa realizado por FIAN, Rede Social de Justiça e Direitos Humanos e CPT, 2018). 2 FAVARETO, Arilson; NAKAGAWA, L.; PÓ, M.; SEIFER, P.; KLEEB, Suzana. Entre chapadas e baixões do Matopiba - dinâm- icas territoriais e impactos socioeconômicos na fronteira de expansão agropecuária no Cerrado. 1. ed. São Paulo: Prefxo Editorial/Ilustre Editora, 2019. v. 1. 272 p. 157 odo moderno. A necessidade de se deslocar, cia nas relações sociais diminuíram no ca- enquanto movimentos de ações coletivas pitalismo contemporâneo, deixando de ter (VAKALOULIS, 2000) possibilita qualif- sua dupla função, trabalho útil e produtor car as demandas de caráter individual em de mercadorias e trabalho abstrato, coleti- propostas e projetos de caráter social. Nos vo, produtor de mais valor ao capital que lhe coletivos os sujeitos “[...] se percebem en- paga salário, como entender a manutenção quanto força política, reconfguram sabe- de situações em que esta atividade humana res, e constituem suas identidades, se co- é exercida nas condições análogas à escravi- locando enquanto ser social” (PIETRAFESA, dão, em que o capital extrai a totalidade do 2016). Estes atores coletivos evidenciam valor produzido pela força física humana? as contradições do modelo de acumulação implementado de forma fexível (HARVEY, Algumas hipóteses: 1989), rejeitando a racionalidade do capital e de seu organizador, o Estado, com vistas 1) Identifcamos que as ações humanas para à construção de novos padrões de produção sua sobrevivência, o trabalho, em espaços e trabalho, buscando se contrapor à cultura rurais, tanto pode ser de subordinação con- hegemônica. tratual quanto de ultra exploração, ou seja condições de trabalho análogas à escravi- As movimentações sociais, mediadas pelas dão e as situações de superexploração. suas contradições e, a partir delas os con- fitos gerados, agem em pelo menos duas 2) A invisibilidade social do sujeito traba- formas substantivas. A primeira promove lhador rural assalariado o coloca na linha e agrega as ações diretas dos sujeitos em limite de sobrevivência, ou seja, o conjun- processos organizativo, potencializando o to da sociedade não “se importa”, não “vê” surgimento de novos protagonistas e, a se- este ator social, uma vez que é descartável, gunda, funciona como elemento formador e igualmente é descartável a mercadoria que educador. Agir e pensar requerem o ato de ele produz, pois nas relações sociais con- planejar, criam propostas alternativas, de- temporâneas não se tem conhecimento, por senvolvem saberes. Neste sentido “[...] po- exemplo, de como se produz carvão para as demos afrmar que a vivência no movimen- siderúrgicas de ferro e aço. to social é humanizadora, e que [...] pode ser compreendido como matriz educativa”. 3) Perdemos a noção e o sentido de como se (CALDART, PALUTO e DOLL, 2006, p. 55). E dá o processo de produção, de construção só é humanizador quando acende a inquie- de relações sociais mediante a convivência tude do ser, quando busca a superação da com o outro, o diferente. E neste campo a degradação humana. sociedade como um todo perdeu sua liber- dade, seus direitos e tem aceitado estas per- Estas ações são organizadas por “sujeitos das como normais, naturalizadas. históricos” (MARX; ENGELS, 1978; GRAMS- CI, 1979), transformando demandas indi- 4) O capital (fnanceiro, comercial, midiá- viduais em propostas coletivas em que os tico, industrial, dentre outros) lançou sua sujeitos sociais se percebem enquanto força “vingança” contra o “Estado do Bem-Estar política e consolidam saberes num processo Social” em seus aspectos gerais e contra os educativo permanente. trabalhadores em particular. Um vasto se- tor que controla a economia aliou-se a ca- Quando o passado insiste em permanecer madas médias urbanas e a setores conser- vadores no campo religioso (principalmente Se a centralidade do trabalho e sua relevân- em sua vertente cristã ocidental) e deu gol- Confitos noCampo Brasil 2019

pes de Estado em vários países, incluindo A CPT em seus relatórios de Confitos no o Brasil. Este, beira as orientações fascis- Campo Brasil, seção Metodologia, defne da tas, com grande parcela de sua população seguinte maneira: anestesiada, acreditando que somente com a destruição do Estado e a perda total de [...] a CPT segue o defnido pelo artigo 149, direitos sociais o Brasil voltará a crescer; do Código Penal Brasileiro, atualizado pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003, que o ca- 5) As mobilizações sociais organizadas con- racteriza por submeter alguém a traba- lhos forçados ou a jornada exaustiva, ou tinuaram a fazer um conjunto de ações, se- por sujeitá-lo a condições degradantes jam elas de protestos, de reivindicações, de de trabalho, ou quando se restringe, por denúncias. Outras organizações propõem qualquer meio, sua locomoção em razão alternativas de organização do sistema na- de dívida contraída com o empregador ou cional de produção. Diferentemente de ou- preposto, ou quando se cerceia o uso de tros períodos históricos, não se consegue qualquer meio de transporte por parte do sensibilizar o conjunto dos trabalhadores trabalhador, com o fm de retê-lo no local acerca de suas perdas. Ao mesmo tempo, de trabalho ou quando se mantém vigilân- em sua vertente midiática, o capital blindou cia ostensiva no local de trabalho ou se os meios de comunicação sobre a situação apodera de documentos ou objetos pesso- ais do trabalhador, com o fm de retê-lo no de confitos em que o país se encontra. local de trabalho. Frente ao panorama indicado acima, a par- Segundo o MPF, entre o ano de 2010 e tir de 2010 a Comissão Pastoral da Terra 2014, os procedimentos extrajudiciais ins- (CPT), juntamente com o Ministério Público taurados aumentaram mais de 800%. As Federal (MPF), a Organização Internacional ações penais quase dobraram. Isso traduz do Trabalho (OIT), além de organizações dos o empenho em combater os crimes relati- Movimentos Sociais (CONTAG, por exemplo) vos à escravidão contemporânea e, assim, criaram um espaço de intervenção e ação garantir a efetivação de um dos princípios contra o trabalho escravo identifcado como norteadores da República Federativa, que Campanha Nacional de Combate e Preven- é a dignidade da pessoa humana (MPF-TO, ção ao Trabalho Escravo Contemporâneo. 2014). Este procedimento com alto grau de efcácia perdurou até o ano de 2015, quan- O MPF, em conformidade com a legislação do o Estado brasileiro mudou seu curso po- brasileira e com a Organização Internacio- lítico-ideológico, apostando na desregulação nal do Trabalho (OIT), defne condições de de direitos e de serviços estatais, diminuin- trabalho análoga à escravidão como: do drasticamente suas ações.

É tipifcada pelos crimes de redução a con- O Centro de Documentação Dom Tomás dição análoga à de escravo (artigo 149 do Código Penal), frustração de direitos tra- Balduino (Cedoc) da CPT identifcou em seu balhistas (artigo 203 do Código Penal) e levantamento de dados, que em dez anos aliciamento de trabalhadores (artigo 207 (2010-2019) o trabalho análogo à escravi- do Código Penal). Os trabalhadores alicia- dão contemporânea ocorreu em todas as dos são submetidos a condições degradan- regiões do Brasil e em quase todos os Es- tes e, em muitos casos, são obrigados a tados. Isto predomina em números de ocor- contrair dívidas com o aliciador, que nun- rência nas áreas de fronteira, mais especi- ca se pagam. Documentos pessoais e de fcamente nos estados do Pará (294 casos), trabalho são apreendidos e não é realizado Tocantins (122), e Maranhão (125). Não são o recolhimento dos direitos trabalhistas. fronteiras recentes, a novidade tem sido a (MPF, 2014) mudança no uso e na posse da terra a partir 159 da criação dos grandes projetos de mono- matamento, roçado de pastos, construção cultura, dentre eles o MATOPIBA, conforme de cercas - carvoarias, mineração e serra- mencionado anteriormente. rias - com predominância dos registros de trabalho escravo, uma vez que são elas que Na região Nordeste do Brasil, os três princi- abrem as fronteiras. Essas atividades são pais estados com esta situação são perten- as que podem ser identifcadas como as que centes ao projeto MATOPIBA (Bahia com 49 absorvem pouca tecnologia, a fscalização é casos e Piauí com 35, além do Maranhão). limitada por questões logísticas e por pres- Nestes cinco estados concentram-se 625 ca- são e “mando” dos gerentes do capital agrá- sos de áreas fscalizadas e identifcadas com rio, ou seja a velha e permanente política de trabalho análogo à escravidão (49,29% das controle e violência das regiões fronteiriças. ocorrências) no Brasil (1.269 casos). Nesta região o destaque é o estado do Pará que registrou 4.419 trabalhadores libertos Estes dados apenas confrmam a velha e da escravidão. permanente dívida que o Brasil tem com a classe trabalhadora rural (camponeses e Na região Sudeste, o trabalho escravo foi re- assalariados) desde o século XIX. Principal- gistrado nas atividades de cana de açúcar, mente com a parcela negra dessa popula- café, carvoarias e mineração, frutas, pinus ção. Reportagem realizada por Daniela Pe- e pecuária. Algumas atividades se asseme- nha (Repórter Brasil, 2019) indicou que: lham com a região Norte, mas outras, como café, cana de açúcar e frutas são organiza- A cada cinco trabalhadores resgatados em das com alto padrão tecnológico e em região situação análoga à escravidão entre 2016 que a fronteira teve sua expansão no fnal e 2018, quatro são negros. Pretos e pardos do século XIX e meados do XX. É possível representam 82% dos 2,4 mil trabalha- afrmar que as relações trabalhistas criado- dores que receberam seguro-desemprego ras de situações análogas à escravidão são após resgate. Entre os negros resgatados tão capilares no Brasil, quanto a própria estão principalmente homens (91%), jo- atividade agropecuária, não se identifcan- vens de 15 a 29 anos (40%) e nascidos em estados do Nordeste (46%). O levanta- do “atraso ou avanços” nos meios de produ- mento foi feito pela Repórter Brasil, com ção, mas a constância histórica da espolia- base em dados obtidos da Subsecretaria ção dos trabalhadores. No Sudeste do Brasil de Inspeção do Trabalho, por meio da Lei destacou-se o estado de Minas Gerais (133 de Acesso à Informação. ocorrências, num total regional de 191) e 2964 trabalhadores libertos. É o estado em No caso brasileiro a situação da população que tem a maior variação de atividades de- negra que perdura deste o século XIX, repe- nunciadas e fscalizadas (além dos já cita- te-se no século XXI e, de certo modo, como dos a carvoaria, mineração, pecuária, des- naquele século, com a naturalização da si- matamento e feijão). tuação por parcelas da população, e por se- tores do capital agrário. A região Sudeste destacou-se também (en- tre 2010-2019) por concentrar o maior nú- Na região Norte do Brasil foram identifca- mero de crianças e jovens na condição de dos 6.988 trabalhadores na condição de escravos. O Cedoc identifcou 80 trabalha- escravos em 511 casos fscalizados. Em se- dores “menores” de 18 anos nesta condição. guida vem a região Sudeste que somaram O estado de Minas Gerais esteve à frente 4.930 indivíduos em 191 ocorrências. A re- dos demais com 57 identifcações, tendo o gião Norte, a “nova fronteira”, tem nesta si- maior número de ocorrências no Brasil (to- tuação as atividades agropecuárias de des- tal nacional foi de 280 casos). Em seguida, Confitos noCampo Brasil 2019

a região Sul com 70 ocorrências. Rio Gran- gumas informações necessárias a trabalha- de do Sul, 31 casos (atividades fscalizadas: rem sem danifcar máquinas e equipamen- erva mate, frutas-maçã e fumo), seguido de tos; Santa Catarina com 22 (atividades: frutas- -maçã, pinus, lavouras de acácia e minera- 3) Então, se isso também é uma verdade, ção) e Paraná com 17 (atividades: erva mate rouba-se das crianças, dos adolescentes e e pinus). dos jovens duas coisas que lhes são funda- mentais: 1º a infância e o brincar tão neces- As regiões Sul e Sudeste concentram 54% sários para que elas descubram a própria de trabalhadores menores identifcados em vida, que lhes deveria ser a razão da existên- situação análoga à escravidão. As duas con- cia e a sua inserção no “mundo dos adultos” tam com maior índice de utilização de tecno- e 2º, o futuro, pois condena-se estes seres logias, a fronteira agrícola é a mais antiga. humanos a serem eternamente, como que Mesmo assim, as duas regiões despontam um tempo presente contínuo, destituídos de com a utilização de trabalho de menores de conhecimentos e com isso fornecedores de 18 anos e em condições aviltantes. Uma va- mão de obra desqualifcada, despreparada, riável possível é que nesta região a fscaliza- sujeitas a “qualquer tipo de trabalho”. ção se realiza com maior efcácia e, por isso, maior volume de “libertos”. Outra variável, Entre os séculos XVIII e XIX, na Europa oci- alguns setores do capital agrário não têm dental, se identifcava um conjunto de de- limites para a extração do valor produzido núncias sobre trabalho infantil, que após pelo trabalho humano, e no caso dos meno- fscalizações e pressão dos movimentos so- res estes setores preferem correr riscos de ciais da época, estas condições de trabalho denúncias e processos a perderem a mar- foram abolidas. gem dos seus ganhos. Em 1861, 48 043 pessoas estavam ocu- O trabalho infantil e juvenil no Brasil é uma padas em trançar palha e fazer chapéus das situações mais degradantes nas rela- de palha, das quais 3 815 do sexo mas- ções entre o capital (comprador) e o assa- culino em todos os grupos etários, as ou- lariado (vendedor). Destacamos algumas hi- tras do sexo feminino, das quais 14 913 póteses para refexões desta temática: com menos de 20 anos de idade, sendo 7 mil crianças. No lugar das escolas de bor- dados, surgem as straw plait schools (es- 1) Assim como os assalariados rurais, as colas de entrançamento de palha). Aí as crianças e as mulheres são invisibilizadas crianças começam a aprender a entrançar com maior intensidade pelas formas estru- palha com 4 anos de idade [...]. Educação, turais das relações sociais organizadas pelo naturalmente, não recebem nenhuma (gri- capital. Naturalizou-se na sociedade brasi- fo nosso). (MARX, 1996, p. 99). leira a afrmação que é melhor uma criança trabalhar com os pais, mesmo que seja em O trabalho infantil é mais recorrente do que situações impróprias, do que “fcar nas ruas se imagina. Para além dos espaços rurais, à disposição de trafcantes e do crime orga- está presente nas relações de trabalho em nizado”; muitos ramos produtivos urbanos. Os da- dos sobre trabalho análogo à escravidão 2) Se assim for verdade, não necessitamos têm sido o lado mais perverso do contexto. de muitas escolas em regiões agropecuárias Mesmo considerando que os números de- (no sentido de educação) visando à formação nunciados são baixos (280 casos de meno- integral das crianças. Bastaria às crianças, res em 10 anos) frente ao total de trabalha- aos adolescentes e aos jovens receberem al- dores na condição a escravos (20.725), eles 161 apenas confrmam análises indicando que durou cerca de três anos. O Brasil é o pri- não há limites para a extração dos valores meiro país condenado pela OEA nessa ma- criados pelos trabalhadores. Ou, nos dize- téria. [...]. res de Harvey (1989), a espoliação fexível permanente. O terceiro contexto nos reporta informações de ações dos trabalhadores. O Cedoc catalo- Elencamos a seguir cinco contextos fnali- gou, no período de 2010 a 2019, a ocorrên- zando esta proposta de análise: O primeiro cia de 64 ações de trabalhadores com confi- refere-se à diminuição das ocorrências de tos trabalhistas em espaços rurais. O setor trabalho escravos no Brasil entre os anos de trabalhadores com maior efciência nas de 2015 a 2019. Os representantes dos Au- ações está no sistema de produção sucro- ditores Fiscais do Trabalho (AFT) têm de- energético. Ocorreram greves por salários, nunciando desde 2018 que estão com falta ocupações de usinas, bloqueio de estradas, de servidores para execução das atividades por mais segurança nos locais de trabalho de fscalização. De acordo com o site “Fo- em oito estados (GO, MT, AL, PE, RN, MG, lha Dirigida” o “[...] cargo de auditor fscal SP e PR). Destes, Alagoas destacou-se com do trabalho conta com 6.276 vagas. Deste 25 ações de sindicatos em defesa dos traba- total 3.057 estão aposentados, 1.065 inati- lhadores canavieiros, seguido pelo estado do vos e apenas 2.154 em exercício. A maior Pernambuco com 8 ações. O estado do Rio concentração de servidores localiza-se no Grande do Norte fez uma ação. O Nordes- Sudeste com 34% da força de trabalho. As te brasileiro, apesar de não ter os maiores regiões Norte e Nordeste têm apenas 23,9% números de ocorrências de confitos traba- dos servidores”. O setor está com défcit de lhistas, nem tão pouco ser região de “novas 1.250 vagas e não obtém autorização para fronteiras”, é a região que mais reagiu frente realização de concursos. Diminuição drás- a violação de direitos no setor sucroenergé- tica da abrangência capilar de fscalização, tico, totalizando 36 ações e 54,2% das mo- uma vez que os espaços rurais são grandes, bilizações em defesa dos assalariados rurais assim como o número de denúncias4. em confitos no Brasil. A região Sudeste realizou o segundo maior O segundo contexto que pode ter interferido volume de ações dos trabalhadores. São na diminuição dos casos refere-se a conde- Paulo teve 10, todas no setor sucroenergéti- nação do Estado brasileiro pela Organização co e Minas Gerais sete (seis em canaviais e dos Estados Americanos (OEA) por violação uma na mineração). A região Sul, apesar da dos direitos humanos em não coibir ativida- maioria das ocorrências de confitos se dar des agropecuárias com trabalhos análogos nas lavouras de erva mate, pinus e de frutas à escravidão. Segundo o Jornal O Globo de os trabalhadores destas culturas não reali- 19 dezembro de 2016, zaram ações em defesa da categoria. Apenas no ano de 2010 aconteceram três ações no A Corte Interamericana de Direitos Huma- nos, uma instituição judicial autônoma estado do Paraná no setor sucroenergético da Organização dos Estados Americanos e uma em Santa Catarina na construção de (OEA), responsabilizou internacionalmen- hidroelétrica. Estas duas regiões do Brasil te o Brasil por não prevenir a prática de têm na estrutura sindical e na formação dos trabalho escravo moderno e de tráfco de movimentos sociais forte traços de pressão. pessoas. A sentença do caso “Trabalhado- Mas em relação às ações de combate ao tra- res da Fazenda Brasil Verde Vs. Brasil” foi balho análogo à escravidão existem poucos dada nesta semana em um processo que registros.

4 Para mais informações ver site: https://folhadirigida.com.br/noticias/concurso/mt/sem-concurso-aft-defcit-favore- ce-trabalho-escravo-no-brasil) Confitos noCampo Brasil 2019

Uma quarta questão que surgiu refere-se Considerações finais às regiões de fronteiras (Norte e MATOPIBA, em especial) registrou-se apenas três ocor- Ao fnal deste estudo pode-se dizer que hou- rências de ações dos trabalhadores. Uma ve um misto de sentimentos e questiona- em Rondônia, no ano de 2010, na constru- mentos. Primeiramente, uma certa satisfa- ção de hidroelétrica, uma no Maranhão no ção, como que alívio, com a diminuição do setor pecuário em 2014 e uma no estado da número de ocorrência de trabalhos análogo Bahia em 2012. O estado do Pará, onde há à escravidão contemporânea entre os anos mais ocorrências de confitos trabalhistas e de 2015-2019. Mas em seguida nos vem, maior em identifcação de trabalho escravo, de súbito a indignação, pois a diminuição não houve informações e registro de ações dos casos está relacionada à falta de “von- organizadas. tade política” governamental, uma vez que impede a realização de concursos para fs- No setor pecuário não se tem informações cal do trabalho e ao mesmo tempo em que sobre ações organizadas para o enfrenta- há um discurso ofcial de “liberdade total” mento ao setor em contraposição ao tra- para a defesa da propriedade, para o por- balho degradante. Contudo, isso não quer te de armas e para a “justiça com as pró- dizer que não houve ações. Os movimentos prias mãos”. O conjunto dos discursos no ambientalistas e de direitos humanos têm campo ideológico, a criminalização dos mo- denunciado confitos em terras indígenas, vimentos sociais e a propaganda em redes em situação de degradação ambiental. As sociais contra qualquer busca de defesa dos Federações de Trabalhadores Rurais, junta- direitos humanos auxiliam a mascarar a re- mente com a Contag participam, em parce- alidade. Ferem-se os acordos internacionais ria com o Ministério Público Federal e a CPT, assinados pelo Brasil nas áreas de direitos na coordenação da Campanha Nacional de humanos e ambientais. Combate e Prevenção ao Trabalho Escravo Contemporâneo, buscam pressionar o Esta- Os confitos gerados nos espaços rurais a do, as empresas (agropecuárias, carvoarias, partir da expansão do capital agrário con- madeireiras) e os latifundiários contra as frontam-se com as necessidades imediatas práticas de espoliação do trabalho. dos camponeses (terra e trabalho) - aqui está a centralidade da questão. Neste mo- O quinto contexto refere-se à expressão vimento (ações e reações), os camponeses e mais acabada da violência nas relações so- os assalariados rurais, ao se posicionarem ciais, em particular, nas relações de traba- como sujeitos de direitos, criam condições lho, o fm último da invisibilidade. Entre os para construir novos saberes e novas poten- anos de 2010 a 2019 o Cedoc registrou con- cialidades de organização social. Este é, jus- taminação de trabalhadores assalariados tamente, o processo humanizador dos mo- por agrotóxicos (20 casos), agressões físicas vimentos sociais, uma vez que as possíveis (19), ameaças de morte (56), intimidações conquistas tiram a vivência destes atores da (13), tentativas de assassinato (15), mortes miséria, do desemprego, da violência e do em consequência (16) e assassinatos (12). êxodo rural (dentre um conjunto de outras Em dez anos de registros, estes números situações degradantes) em que o capital são baixos frente ao quadro geral de confi- agrário os lançou. tos trabalhistas. Não são somente os núme- ros que importam, mas os fatos em si, pois Referências as relações sociais no mundo do trabalho ultrapassam a livre concorrência de compra ALVES, A. I. Quem deu à luz: A formação de tra- e venda entre trabalho e capital, rompendo balhadores rurais pela CPT. Tese defendida pelo o limite da barbárie. 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Tabela 6 - Conflitos Trabalhistas

Trabalho Escravo Superexploração Total UF Trab. na Trab. na Trab. na UF Ocorrências Libertos Menores Ocorrências Resgatado Menores Ocorrências Denúncia Denúncia Denúncia Centro-Oeste DF GO MS 7 44 37 7 44 MT 5 16 16 1 5 16 Subtotal 12 60 53 1 12 60 Nordeste AL BA 5 31 6 5 31 CE MA 8 76 59 4 8 76 PB 3 20 20 3 20 PE 3 32 15 2 3 32 PI 7 105 105 7 105 RN 3 24 18 3 24 SE Subtotal 29 288 223 6 29 288 Norte AC AM AP PA 11 68 56 2 13 12 71 RO 3 39 34 3 39 RR 3 16 16 3 16 TO 144 14 Subtotal 18 127 110 2 13 19 130 Sudeste ES 111 11 MG 25 392 346 4 25 392 RJ SP Subtotal 26 393 347 4 26 393 Sul PR 155 15 RS 222 22 SC 155 15 Subtotal 4 12 12 4 12 Brasil 89 880 745 13 31 90 883

*Além destes dados de trabalho escravo rural, houve 41 denúncias de trabalho escravo na área urbana, envolvendo 328 trabalhadores, dos quais 305 foram resgatados. Foto: João Zinclar Violência contra a pessoa Confitos noCampo Brasil 2019

Tabela 7 - Violência Contra a Pessoa

Pessoas Tentativas de Mortos em Ameaçados UF Conflitos* Assassinatos Torturados Presos Agredidos envolvidas Assassinatos conseqüência de Morte Centro-Oeste DF GO 34 13324 1 10 MS 48 25592 1 2 4239 MT 95 62644 3 10 3 14 19 Subtotal 177 101560 4 12 3 18 25 28 Nordeste AL 25 12092 BA 245 90735 1 3 17 15 21 CE 13 10360 2 MA 187 69504 4 4129 96 PB 38 27816 PE 67 43268 1 4 PI 33 1741 6 RN 16 3112 1 SE 69 12348 Subtotal 693 270976 681 58 24 27 Norte AC 88 27236 30 19 31 AM 54 46472 6 3 22 1 AP 46 8752 1 2 PA 196 136267 12 5 39 1 20 3 RO 106 54875 1 18 20 1 RR 31 50136 1 TO 50 10620 42 Subtotal 571 334358 20 8 116 22 71 5 Sudeste ES 42 20229 MG 187 43024 28 4 6 19 RJ 13 1548 SP 42 25476 1 2 2 1 Subtotal 284 90277 1228 6 7 19 Sul PR 76 18597 1 3 3 RS 14 430 SC 18 42825 Subtotal 108 61852 1 3 3 Brasil 1833 859023 32 30 32 201 24 107 82

d1

* Número de confitos e de pessoas envolvidas refere-se à soma das ocorrências de confitos por terra, água e trabalho. 167 O conflito de cada dia nos dai hoje

Nancy Cardoso1

“Só vivendo a noite escura dos pobres é possível viver o Dia de Deus.” Pedro Casaldáliga

Atrás de cada confito existe um profundo vidade. Uma inteligência sobre as relações processo de afrmação da vida, de direitos desiguais de poder, afrmação de fé de que e de Deus. Atrás de cada confito existe um somos iguais e que podemos ser melhores. tempo apertado de avaliar a vida, tomar de- O confito é abertura dessa pergunta neces- cisão e de criar respostas contra a desigual- sária sobre a vida e a história. E por isso só dade, a violência e a negação de cidadania quem conhece, experimenta e convive com e de pertença a um território. O confito é a noite escura dos pobres pode entender o aquele clarão, aquela luz que surge do atrito confito como lugar especial da experiência inteligente, de sabedorias antigas que pre- de Deus. E de Pastoral. cisam se dizer de novo, de gente que se re- cusa a aceitar a paz dos fortes e poderosos. A Comissão Pastoral da Terra (CPT) vivencia O confito é a gente pobre querendo ter vez, esta fdelidade na luta dos pobres da ter- ter voz, lugar. É a noite escura dos pobres ra como lugar teológico e de espiritualida- – homens e mulheres – apressando a luz do de. Revisitamos a Palavra de Deus viva nos Dia de Deus. confitos como chave de interpretação da tradição de fé e como ação do Espírito que O confito é expressão de inquietude; NÃO é atualiza em nós o que os confitos nos reve- o fator que gera desarmonia, desequilíbrio e lam da vida e de Deus entre nós. morte. Ao contrário, o confito é justamente o estranhamento, a compreensão e a denún- Neste contexto a narrativa de Caim e Abel cia das estruturas de segregação e de morte (Gênesis 4) é fundamental. O texto faz a e a afrmação da vida. Pessoas e comunida- memória dos modos de vida, trabalho e as des que sabem que têm direitos, que sabem relações com a divindade. Abel era pastor que a terra e a água são bens comuns, que de ovelhas e Caim cultivava o solo. Esta é sabem que o mundo é pra ser partilhado, a única informação que o texto apresenta: que existem limites a serem respeitados e dois modos distintos de organizar as rela- cuidados necessários para refazer a vida. A ções com a terra e o trabalho e as relações resposta violenta e desagregadora das elites humanas. que concentram terra, riqueza, oportunida- des e poder quer negar esta capacidade e di- Feita a oferenda - Caim apresenta produtos reito das maiorias pobres a des-naturalizar do solo como oferta e Abel oferece de seus a pobreza e a desigualdade. Nesse momen- animais: primogênitos e a gordura - Deus to, o confito criativo e libertador é confgu- vai se agradar de Abel e sua oferta. Deus rado como subversão e legitima a violência não vai se agradar de Caim e sua oferta. contra os pobres, a terra e a resistência. Simples assim. Diversas explicações já fo- ram apresentadas para o entendimento des- Nesse sentido, o confito é saúde e criati- ta situação. Por que Deus preferiu Abel e

1 Assessora de Formação da CPT, Assessora Bíblica Popular (Cebi) e Pós-Doutora em História Antiga pela Unicamp Confitos noCampo Brasil 2019

sua oferta? ção divina. Chama Abel para o campo - por- que afnal de contas é disso que se trata: Assumo a possibilidade do texto fazer a me- a terra! Caim mata Abel. Aparentemente a mória entre dois modos de vida, duas for- decisão de matar Abel foi tomada a partir da mas de organização do trabalho e das rela- rejeição que Caim sofreu da parte de Deus. ções com a terra na antiguidade. Se Caim Neste sentido... Deus está no confito! representa a agricultura já sob controle da acumulação, deve ser entendido como par- Ou... a violência contra Abel já estava es- te de um sistema econômico de exploração, truturada na oferta de Caim e, por isso, ele movido a corvéia e tributo provavelmente no não agradou a Deus. O modo de vida e pro- âmbito das cidades-estados em Canaã sob dução de Caim incluía a negação da vida de infuência egípcia. Abel e outros grupos humanos e, assim, foi reprovado. Abel então representaria os grupos huma- nos que se dedicavam a estratégias sócio- As ofertas não se ofertam por si mesmas. -econômicas diferentes não monopolizadas A função da religião nas trocas econômicas pelas cidades-estado, seus tributos e cor- não está no estabelecimento de regras e pro- véias. O Abel pastor deve ser procurado cedimentos, mas na conferência de valor, entre a população Cananéia dos planaltos, isto é, na formulação dos valores econômi- que resistiam e sobreviviam a partir de pe- cos formatando hierarquias e consolidando quenas lavouras, pastoreio transumante, mecanismos de mensuração. estratégia de tropas mercenárias ou comer- ciais, quer como mercadores ou carregado- Na troca/oferta ritual está contido o me- res de mercadoria. canismo cultural de expressar valor, isto é aquilo que pode ser dado e trocado e as O importante é que Deus escolhe, elege, coisas que são guardadas, preservadas. Não prefere este modo de vida e não aquele! são valores essenciais dos seres ou coisas Deus prefere a oferta de Abel. Ao fazer isto que criam a diferença entre o que é preser- o confito se explicita! Caim fca enfurecido vado e o que é aceitável na forma da oferta, e de cabeça baixa! Deus diz: “Se você agis- mas são as lógicas sociais que conferem va- se bem andaria com a cabeça erguida. Mas lor e consolidam medidas de signifcado e como não age bem... pecado está junto à por- função nas trocas rituais. ta, como fera acuada. Será que você pode do- miná-la?” (Gênesis 4, 6 e 7). Deus reaparece no texto fazendo a pergunta criadora do mundo: ONDE ESTÁ SEU IR- A representação das ofertas poderia masca- MÃO? rar a violência, escondendo a fera... se Deus acolhesse as duas ofertas. Mas o Deus desta A resposta de Caim é conhecida: NÃO SEI! memória se recusa a legitimar a oferta que POR ACASO EU TOMO CONTA DO MEU IR- é fruto da ação violenta e do pecado. Caim MÃO? sai do ritual das ofertas de cabeça baixa! Foi reprovado. Não! Caim não pode dominar a Deus responde: O que você fez? Ouço o san- violência de seu modo de vida... porque é gue de seu irmão clamando da terra para sistêmica. Esta a função do ritual: avaliar, mim! escrutinar, revelar os metabolismos de pro- dução... e eleger. Preferir! Este é um dos textos mais exigentes de nossa tradição. Um diálogo: Deus, o irmão Caim não suporta conviver sem a legitima- violento e o irmão violentado que fala como 169 sangue derramado na terra. Esta radicali- nhum lugar é indiferente. Por isso fazer a dade de Deus que prefere, que avalia, que memória, documentar, publicar, socializar é faz as perguntas difíceis atravessa toda a tarefa teológica e pastoral importante. memória bíblica, se atualiza em Jesus – que prefere a oferta da viúva pobre e radicaliza É tarefa pastoral também denunciar os na ação contra os cambistas no templo. violentos, nomear os governos, polícia, mi- lícias, juízes, latifundiários e agiotas do Uma Pastoral que assume o confito como agronegócio, da mineração, das barragens lugar de discernimento faz esta escolha e faz assassinas: Deus rejeita vocês! as ofertas de seus rituais, metodologias e prioridades de vocês não são aceitas! afrmação teológica que recusa a “oferta” dos poderosos, denuncia sua incapacidade ... o pecado está junto à porta, como fera acu- de gerar paz e justiça e amplifca a pergun- ada... e vocês não podem dominá-la? ta do sangue derramado na terra: onde está sua irmã? onde está seu irmão? A lida com os confitos exige da CPT o con- tínuo discernimento metodológico: não dei- No texto do Gênesis a morte de Abel vai ter xar que os poderosos defnam a luta do povo desdobramentos importantes. A memória de como violência, não deixar que o povo mes- Abel vai ser mantida no seguimento da ge- mo não entenda seu potencial criador, ge- nealogia. O texto se recusa a esquecer Abel rador de confito que move a luta, o confito e vai projetar na história seu nome (Genesis que aciona alternativas, redefne poderes... 4, 25). constrói comunidade.

Esta é a tarefa também da Pastoral: fazer A partir dos confitos no campo a CPT apren- memória dos confitos, não deixar que ne- de e ensina, fortalece e organiza e pode nhuma história se perca, que os nomes das contribuir na construção de alternativas pessoas e lugares não sejam esquecidas. populares de paz com justiça. Esta nossa Nenhum confito é pequeno demais, ne- fdelidade junto aos pobres da terra. Confitos noCampo Brasil 2019

Tabela 8 - Assassinatos

Municípios Nome do Conflito Data Nome da Vítima Vítimas Idade Categoria Amapá Pedra Branca do Liderança T. I. Waiãpi/Aldeia Mariry 22/07/2019 Emyra Waiãpi 69 Amapari Indígena Subtotal 1 Amazonas Nemis Machado de Lábrea Seringal São Domingos 30/03/2019 50 Liderança Oliveira Lábrea Seringal São Domingos 02/11/2019 Denis 38 Posseiro Cacique Francisco de Liderança Manaus Comunidade Urucaia 27/02/2019 53 Souza Pereira Indígena Cacique Willames Liderança Manaus Cemitério dos Índios 13/06/2019 42 Machado Alencar Indígena Carlos Alberto Oliveira Liderança Manaus Cemitério dos Índios 06/08/2019 44 de Souza, "Mackpak" Indígena Maxciel Pereira dos Funcionário Tabatinga T. I. Vale do Javari 06/09/2019 31 Santos Público Subtotal 6 Bahia Rosane Santiago Nova Viçosa Resex Cassurubá 29/01/2019 59 Ambientalista Silveira, "Rô" Subtotal 1 Maranhão Bom Jesus das T. I. Arariboia/92 Aldeias/Etnias Guajajara, Liderança 01/11/2019 Paulo Paulino Guajajara 26 Selvas Gavião e Guajá Indígena Jenipapo dos T. I. Cana Brava/Aldeias Coquinho/Coquinho II/ Cacique Firmino Prexede Liderança 07/12/2019 45 Vieiras Ilha de São Pedro/Silvino/Mussun/Nova Vitoriano Guajajara Indígena Jenipapo dos Raimundo Benício Liderança T. I. Lagoa Comprida/Aldeias Leite/Decente 07/12/2019 38 Vieiras Guajajara Indígena Francisco Sales Costa de Zé Doca Povoado Centro do Totó 18/12/2019 60 Liderança Sousa Subtotal 4 Mato Grosso Chapada dos Edmar Valdinei Gleba/Assent. Jangada Roncador 19/04/2019 59 Assentado Guimarães Rodrigues Branco Colniza Faz. Bauru/Magali/Acamp. Gleba União 05/01/2019 Elizeu Queres de Jesus 38 Posseiro Cotriguaçu P. A. Juruena 01/08/2019 Sr. Gilberto* A Liderança Subtotal 3 Mato Grosso do Sul Dourados Acamp. Nhu Vera/Ñu Vera 29/07/2019 Romildo Martins Ramires 14 (o)Indígena Subtotal 1 Pará Márcio Rodrigues dos Anapu Gl. Bacajá/Lote 44/Faz. Sta. Maria 04/12/2019 33 Liderança Reis* Gl. Bacajá/P. A. Pilão Poente II/Lote-69-71-73/ Marciano dos Santos Anapu 20/02/2019 A Liderança Mata Preta Fosalusa Anapu Gl. Bacajá/Lote 44/Faz. Sta. Maria 09/12/2019 Paulo Anacleto 51 Aliado Baião P. A Salvador Allende Piratininga 22/03/2019 Dilma Ferreira Silva 45 Liderança Claudionor Amaro Costa Baião P. A Salvador Allende Piratininga 22/03/2019 42 Assentado da Silva Baião P. A Salvador Allende Piratininga 22/03/2019 Milton Lopes 38 Assentado Raimundo de Jesus Baião Fazenda na Vicinal da Martins 24/03/2019 A Trab. Rural Ferreira Baião Fazenda na Vicinal da Martins 24/03/2019 Marlete da Silva Oliveira A Trab. Rural Baião Fazenda na Vicinal da Martins 24/03/2019 Venilson da Silva Santos A Trab. Rural Conceição do Fazenda Safita/Acamp. Vitória da União 26/09/2019 José Araújo dos Santos A Sem - terra Araguaia Ourilândia do Alexandre Coelho Fazenda Mil e Duzentos 19/10/2019 A Liderança Norte Furtado Neto Rio Maria Assassinato de Carlos Cabral Pereira 11/06/2019 Carlos Cabral Pereira 58 Sindicalista Subtotal 12 Paraná 171

Municípios Nome do Conflito Data Nome da Vítima Vítimas Idade Categoria T. I. Guarani Mbya/Tekohá Jevy/Guasu Guavirá/ Guaíra 14/11/2019 Demilson Ovelar Mendes 28 (o)Indígena Itaipu Subtotal 1 Pernambuco Brejo da Madre Aluciano Ferreira dos Faz. Jabuticaba/4 Irmãos 05/06/2019 41 Sem - terra de Deus Santos Subtotal 1 Rondônia Acamp. Manoel Ribeiro/Faz. ZC/Gl. Corumbiara/ Corumbiara 11/01/2019 Gustavo José Simoura 30 Sem - terra Lote 100/Linha 155/Setor 110 Subtotal 1 São Paulo Valinhos Faz. Eldorado/Acamp. Marielle Vive 18/07/2019 Luiz Ferreira da Costa 73 Sem - terra Subtotal 1 Total 32 Foto: Juliana Pesqueira

Não sejamos cúmplices! Violência e impunidade no campo em 2019

Diogo Cabral1 A Comissão Pastoral da Terra (CPT) vem co- apontam que 2019 foi mais um ano muito letando dados desde 1985 sobre os confi- violento no campo, com registro de 32 as- tos rurais no país. De acordo com os dados, sassinatos, 14% a mais em relação ao ano no Brasil, as últimas três décadas foram de 2018. Destacamos que em 2019, houve marcadas por extrema brutalidade contra aumento no número de lideranças indíge- camponeses, com registro de um aumento nas mortas em confitos no campo, o maior vertiginoso da violência nos espaços rurais, nos últimos 10 (dez) anos, sendo 7 lideran- sobretudo ameaças de morte e assassina- ças indígenas assassinadas nos estados do tos. Amapá (1), Amazonas ( 3) e Maranhão (3).

No primeiro ano do governo de extrema di- Da análise dos dados, conclui-se que as reita de Jair Bolsonaro, os dados da CPT pessoas assassinadas em 2019 eram, em

1 Advogado, Associado da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos 173 grande parte, lideranças de movimentos dos 2019, ambos no município de Baião. trabalhadores rurais e indígenas, que luta- vam incansavelmente em defesa da Reforma Os assassinatos de lideranças indígenas se Agrária e que realizavam denúncias de gri- inserem no contexto de ataque generalizado lagem de terras, de extração ilegal de madei- promovido pelo Governo Bolsonaro3 contra ra, de invasão de garimpeiros. Povos Indígenas, com o enfraquecimento dos órgãos de proteção e fscalização indí- Os crimes estão diretamente vinculados aos gena e ambiental, como a Funai e o Ibama, incessantes confitos agrários, tendo como estimulo às atividades garimpeira, de mine- mandantes pessoas com grande poder eco- ração e ampliação das fronteiras agrícolas nômico, que exercem alguma infuência na sobre as terras indígenas. região das ocorrências, além da suspeita de participação de membros das forças públi- A Amazônia brasileira é o bioma com maior cas de segurança, a agravar em grande me- concentração do número de assassinatos dida o quadro de violações. em 2019, com 27 vítimas, o que correspon- de a 84% de todos os homicídios. Na análise dos dados de assassinato do ano de 2019, observa-se uma tendência de con- Entre novembro e dezembro de 2019, qua- tinuidade no tocante à territorialização da tro indígenas do povo Guajajara, na Amazô- violência, avançando sobretudo nas áreas nia maranhense, foram assassinados. de expansão da fronteira agrícola e na Ama- zônia brasileira. Em Anapu, nos primeiros dez dias do mês de dezembro de 2019, duas lideranças fo- Destacamos que, em 2019, houve registro ram assassinadas4. De acordo com Eliane de assassinatos em todas as regiões do Bra- Brum5, se a tensão e a violência aumenta- sil - Norte (20), Nordeste (6), Centro-Oeste ram desde a eleição de Bolsonaro, em no- (4), Sudeste (1) e Sul (1). Os Estados da fe- vembro houve um agravamento de cenário deração com maior número de assassinatos em diversas regiões da Amazônia. Em de- em 2019 são Pará (12), Amazonas (6) e Ma- zembro, tornou-se ainda mais alarmante. ranhão (4). Todos os sinais mostram que a situação ruma para o total descontrole. É neste con- O Pará é o epicentro da violência no campo texto que Márcio Rodrigues dos Reis, 33 no Brasil. Em 2019, foram registrados dois anos, pai de quatro flhas, foi assassinado massacres, um no Projeto de Assentamento em 4 de dezembro, em Anapu. O assassino Salvador Allende Piratininga, com três víti- fngiu ser um cliente do seu mototáxi e o mas2, ocorrido em 22 de março de 2019 e matou com um golpe de faca no pescoço. A outro na Fazenda Vicinal da Martins, com garganta cortada, segundo repetem na cida- três vítimas, ocorrido em 24 de março de de, assinala quem teria “morrido por falar

2 No massacre foi assassinada a liderança camponesa Dilma Ferreira da Silva e mais duas pessoas, seu companheiro, Clau- dionor Costa da Silva e um amigo do casal, Hilton Lopes 3 Em seu primeiro dia no cargo, Bolsonaro transferiu a responsabilidade pela demarcação e regulação dos territórios indíg- enas da Fundação Nacional do Índio (Funai) para o Ministério da Agricultura. Essa manobra teve a clara intenção de impe- dir qualquer proteção adicional de terras indígenas. A nova ministra da Agricultura, Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias, ex-líder da bancada ruralista, que aceitou uma doação de campanha de um fazendeiro acusado de ordenar o assassinato de um líder indígena. O funcionário encarregado das questões fundiárias é Nabhan Garcia, ex-presidente da União Democrática Ruralista (UDR) e que lutou contra as demarcações dos territórios indígenas durante décadas. 4 Márcio Rodrigues dos Reis era testemunha de defesa do Padre José Amaro Lopes de Sousa. Entre 2015 e 2019, foram as- sassinadas 19 pessoas em razão de confitos agrários somente em Anapu (PA). 5 Eliane Brum, Protejam Erasmo: ele pode ser assassinado a qualquer momento, disponível em https://brasil.elpais.com/ opiniao/2019-12-20/protejam-erasmo-ele-pode-ser-assassinado-a-qualquer-momento.html Confitos noCampo Brasil 2019

demais”. agrária e ambiental. Nesse cenário, grupos criminosos que atuam para se apropriar de A violência contra a pessoa humana coin- terras públicas (de solo e subsolo), fazem cide com um crescimento da destruição do uso sistemático de violência, terror e amea- próprio Bioma. O último balanço anual de ça para consolidar seus feitos. desmatamento é o pior da última década. A Amazônia perdeu 9.700 km² entre agosto Os principais atores deste processo de apro- de 2018 e julho de 2019, segundo dados do priação ilegal, contínua e sistemática sobre INPE de novembro de 2019. os territórios de sobrevivência (antes) pú- blicos e livres são grandes empresas, na- O discurso agressivo do presidente Bolso- cionais e internacionais, além de grileiros naro soou como aval aos criminosos para e aventureiros de toda espécie. Esses pre- ampliarem a grilagem em terras públicas e dadores têm se aproveitado da ausência da atacarem com maior violência os territórios autoridade pública para se apropriar de for- ocupados pelas populações tradicionais. ma ilegítima de grandes extensões de terra Despejos de camponeses, expulsões de indí- em toda a Amazônia, desrespeitando desca- genas, ataques aos quilombolas, desmata- radamente os direitos seculares desta popu- mentos em Unidades de Conservação e ou- lação aí residente7. tros territórios ocupados por vários grupos sociais encontrados na foresta amazônica, Os casos de homicídios seguem um padrão em especial, passaram a ser praticados em fxo: omissão do órgão fundiário federal (IN- uma velocidade e violência nunca imagina- CRA/FUNAI) e estadual quanto ao confito da6. agrário, quadrilhas de grileiros, garimpei- ros, madeireiros, pistoleiros, milícias arma- Na Amazônia, a situação é ainda mais alar- das, empresas de segurança, além de inqué- mante devido ao caos fundiário que predo- ritos policiais viciados ou que sequer foram mina na região, o alto índice de impunida- instaurados, denúncias mal elaboradas de dos crimes contra os trabalhadores e a pelo Ministério Público, processos judiciais relação promíscua de agentes públicos com que se arrastam há décadas sem qualquer o crime organizado no campo. Entre 2010 julgamento, parcialidade de magistrados, e 2019, foram assassinadas em decorrên- seletivismo. cia de confitos agrários 417 pessoas, sendo 320 na Amazônia brasileira (76,7% de todos Esses registros revelam, dentre outras coi- os assassinatos). sas, o impressionante desrespeito às leis por parte de todas as instâncias que compõem Impunidade, injustiça e mais violência o sistema de justiça criminal, mormente no que diz respeito aos prazos legais que o Có- No Brasil, a situação no campo é caracte- digo de Processo Penal fxa para a conclusão rizada por intensa disputa histórica por do inquérito policial ou para o oferecimento terras, agravada pela degradação ambien- da denúncia penal pelo Ministério Público8. tal e potencializada pela falta de execução de políticas públicas adequadas nas áreas Tais situações evidenciam a intolerância

6 Nota contra os crimes e criminosos da Amazônia, disponível em https://www.cptnacional.org.br/publicacoes/noticias/ar- ticulacao-cpt-s-da-amazonia/4878-nota-contra-os-crimes-e-criminosos-da-amazonia 7 MESQUITA, Benjamin Alvino de. O desenvolvimento desigual da agricultura: a dinâmica do agronegócio e da agricultura familiar. São Luis, UFMA/CCSO, 2010. 8 GUIMARÃES, Ed Carlos de Sousa. A violência desnuda: justiça penal e pistolagem no Pará. 2010. 253 f. Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Pará, Instituto de Filosofa e Ciências Humanas, Belém, 2010. Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais 175 continuada, de confrontos prolongados e Em 35 anos de pistolagem, ele prestou ser- sem perspectiva imediata de resolução por viços para o Exército brasileiro e às forças parte das autoridades competentes9. As- de repressão no combate à guerrilha do Ara- sassinatos dessa natureza e praticados no guaia. Matou homens, mulheres, crianças, contexto rural raramente são solucionados, jovens e idosos a serviço de prefeitos, de- ainda mais quando as vítimas são lideran- putados, fazendeiros, agiotas, empresários, ças camponesas, indígenas, quilombolas, garimpeiros e quem mais pudesse pagar. pequenos agricultores. Em três décadas, Júlio Santana foi preso uma única vez, em 11 de maio de 1987, em Entre 1985 e 2019, dos 1.496 casos envol- Tocantinópolis (TO) e, como o delegado era vendo 1.973 vítimas assassinadas no cam- corrupto, no outro dia o pistoleiro foi solto. po, somente 120 casos foram julgados, com a condenação de 35 mandantes e 106 exe- Nessa direção, percebe-se a difculdade es- cutores condenados e com a absolvição de trutural do Sistema de Justiça e Segurança 19 mandantes e 204 executores. Os dados Pública do Brasil em encaminhar a esse tipo revelam impunidade em percentual assus- de questão. Os dados revelam a incapaci- tador, fomentando-se, assim, o ciclo de vio- dade em garantir efetiva proteção aos ame- lência no campo. açados de morte, o retardamento dos pro- cessos judiciais, a morosidade em prender O sistema de justiça brasileiro tende a con- os executores e mandantes dos crimes. As solidar o entendimento que criminaliza mo- raras condenações revelaram claramente os vimentos sociais e povos do campo, ao pas- estreitos laços que uniam o público e o pri- so em que imuniza as ações criminosas de vado no meio rural brasileiro12. grileiros, empresários rurais, o que reforça estruturas sociais de desigualdade, apoia- Ilustra bem a manifestação do Fórum de Di- das pelo Estado e suas instituições10. reitos Humanos e da Terra de Mato Grosso e a Comissão Pastoral da Terra – CPT/ MT, Em O Nome da Morte11, o jornalista Kles- de outubro de 2018: ter Cavalcanti ilustra com grande clareza a rede de violência e impunidade no campo A violência agrária no estado de Mato brasileiro. No livro, o autor conta a histó- Grosso parece não ter fm: prisões, as- ria do pistoleiro profssional, Júlio Santana, sassinatos, pistolagem, trabalho escravo, nascido em (MA), que matou despejos e expulsões são realidades coti- dianas. Mesmo sob denúncias e avisos, 492 pessoas. Santana atuou, sobretudo, na estas violências teimam em permanecer. região do Araguaia-Tocantins. À época, aos A morosidade e a permissividade do Esta- 17 anos, em 7 de agosto de 1971, matou do legitimam e, por vezes, institucionali- pela primeira vez. Em agosto de 2006, aos zam estas ações. Por este motivo, o confito 52 anos, decidiu “aposentar-se” como mata- armado que acontece nesse momento na dor de aluguel para viver como sitiante em Fazenda Agropecuária Bauru (conhecida uma cidade próxima a Palmas, capital do como Fazenda Magali), no município de Tocantins. Colniza, região noroeste do Mato Grosso, nos preocupa. São quase 200 famílias que

9 Alfredo Wagner Berno de Almeida- Rituais de Passagem entre a chacina e o genocídio: confitos sociais na Amazônia, in Cha- cinas e massacres no campo/Maristela de Paula Andrade. V4-São Luís: Mestrado em Políticas Públicas.-UFMA,1997. 10 ANDRADE, Vera Regina Pereira de Andrade. Sistema penal máximo X cidadania mínima: códigos da violência na era da globalização. Porto Alegre: Livraria do advogado, 2003, pp. 140-141.\ 11 avalcanti, Klester O Nome da Morte: a história real de Júlio Santana, o homem que já matou 492 pessoas/ Klester Caval- canti.- 2.ed.-São Paulo: Planeta do Brasil, 2018, 232 p 12 MEDEIROS, Leonilde Servolo de. Dimensões políticas da violência no campo, disponível em https://www.historia.uff.br/tempo/artigos_livres/artg1-7.pdf Confitos noCampo Brasil 2019

ocuparam parte da área, na última segun- pública, o trabalhador rural Elizeu Queres da-feira (29), e que agora, após um man- de Jesus foi assassinado em mais uma ten- dado de despejo emitido pela juíza da Vara tativa de massacre realizada em na área em Agrária de Cuiabá, estão na mira de pelo confito, localizada em Colniza (MT). menos 30 pistoleiros (guaxebas). De 1995 Esta violência, articulada entre público e a 2017, 11.487 pessoas estiveram sob privado, tem objetivo claro e preciso, con- ação de pistoleiros no estado; 239 pessoas foram ameaçadas de morte; 2.352 famílias forme Treccani: foram expulsas por pistoleiros e 22.117 famílias despejadas. Já de 1985 até 2017 A violência do latifúndio tentou desarticu- ocorreram 136 assassinatos em confitos lar os movimentos de trabalhadores rurais no campo em Mato Grosso, sem nenhum que resistiam e lutavam pela manutenção e mandante preso. São dados que assus- regularização de suas posses, assassinan- tam, mas mostram uma triste realidade: do preferencialmente lideranças sindicais no campo mato-grossense compensa ma- e os aliados da luta dos trabalhadores, isto tar. Colniza possui um grave histórico de é, advogados e religiosos (TRECCANI, 2001: assassinatos no campo. É uma Terra Sem Lei. De 2003 até agora foram registrados 318). 16 assassinatos em confitos agrários no município. O recente massacre de nove Sobre os processos de eliminação física de posseiros, em 2017, na Gleba Taquaru- lideranças camponesas a fm de garantir çu do Norte, é um dos mais conhecidos. É apropriação fraudulenta de bens públicos, uma região onde os confitos agrários são notadamente terras no sul do Amazonas, construídos sob a situação obscura da re- parte da denúncia do Ministério Público gularização fundiária; sob a ganância do Federal do Amazonas, no bojo da opera- lucro; sob a morosidade do Judiciário; sob ção Ojuara14, revela o modus operandi dos a permissividade do Estado; sob a intensa presença de pistoleiros; sob a exclusão do grupos criminosos que atuam na Amazônia acesso à terra para trabalhadores e traba- brasileira: lhadoras rurais. É baseado nesse histórico que tememos o pior. Das quase 200 famí- Investiga-se, nos presentes autos, uma lias que lá estão sob a mira dos pistoleiros organização criminosa responsável por in- na Fazenda Agropecuária Bauru, algumas vasões de terras da União e desmatamen- são posseiras, outras compraram o direi- tos em larga escala nos estados do Acre to de estar na terra, e já moram em seus e Amazonas, mais precisamente no muni- lotes há algum tempo. Produzem e criam cípio de Boca do Acre/AM. Para garantir animais. São pessoas que apostaram no a continuidade e a impunidade de suas sonho de construir uma vida com o suor atividades criminosas, latifundiários da do trabalho. Não podemos deixar que mais região recorreram ao uso de violência con- um massacre aconteça, que mais uma tra pequenos agricultores e coletores, pa- violência aconteça a estas pessoas que já gamentos de propina, lavratura de autos nasceram vulneráveis e que, por sua con- de infração em nome de “laranjas” e apre- dição de pobreza, já nasceram em estado sentação de defesas administrativas ela- de exceção. Se algo acontecer, é uma mor- boradas pelo próprio Superintendente do te anunciada13. IBAMA no Estado do Acre. No período com- preendido entre 2014 e o dia 08/05/2019 (data da defagração da Operação Ojuara), Dois meses após a referida manifestação os fazendeiros SEBASTIÃO GARDINGO,

13 Disponível em https://cptnacional.org.br/publicacoes/noticias/confitos-no-campo/4537-urgente-organizacoes-so- ciais-do-mato-grosso-denunciam-possibilidade-de-novo-massacre-na-regiao-de-colniza 14 Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Acre, responsável pela fscalização de uma das áreas de maior pressão de desmatamento atualmente: o Sul do Amazonas, nos municípios de Lábrea (AM) e Boca do Acre (AM). Segundo apurado, servidores do Ibama no Acre/AM favoreciam grileiros e pecuaristas ligados a desmatamento na região. 177

JOSÉ LOPES e ADAMIR HOSODA MON- Relatório da Comissão Pastoral da Terra co- TEIRO constituíram e custearam uma lacionado aos autos, reunindo dados sobre milícia particular formada pelos policiais os confitos e violência no campo, registra militares SALOMÃO ALENCAR FARIA, mais de 40 mortes somente nos anos de WALDSON FRANCISCO DA SILVA, JAR- 2016 e 2017, especialmente na região do DEY MONTEIRO DE OLIVEIRA e ANTÔ- NIO FERREIRA DANTAS, que eram pagos Vale do Jamari (Alto Paraíso, Ariquemes, pelos fazendeiros para cometerem crimes Buritis, Cacaulândia, Campo Novo, Cuju- na defesa dos seus interesses, garantin- bim, Machadinho d’Oeste, Monte Negro e do, assim, a posse das terras da União por Rio Crespo). São vítimas comuns nos últi- eles invadidas e desmatadas no municí- mos anos líderes da Liga dos Camponeses pio de Boca do Acre. Os policiais militares Pobres. O Estado pouco interfere nesse es- SALOMÃO ALENCAR FARIA, WALDSON paço social de constante confito e, na re- FRANCISCO DA SILVA, JARDEY MONTEI- pressão a ilícitos praticados nesse contexto, RO DE OLIVEIRA e ANTÔNIO FERREIRA DANTAS receberam pagamentos para ex- não vem conseguindo dar respostas inte- pulsar posseiros e extrativistas de terras grais e efetivas aos envolvidos e à sociedade. públicas da União, promover a segurança É possível aferir que, no âmbito estadual, os de trabalhadores e equipamentos mobili- processos criminais e as investigações rela- zados para a realização do desmatamento tivas aos crimes praticados no campo, pos- ilegal e também para cobrar os devedores sivelmente decorrentes de confito agrário, dos seus patrões e de quem mais os con- quando instaurados, pouco avançam, sem tratava. O avanço da investigação revelou alcançar desfecho. que o líder dos milicianos era o policial militar SALOMÃO ALENCAR FARIA, que, acompanhado dos policiais militares WAL- Segundo a Procuradoria Geral da Repúbli- DSON FRANCISCO DA SILVA, JARDEY ca, há no estado um percentual assustador MONTEIRO DE OLIVEIRA e ANTÔNIO de impunidade, que tem fomentado o ciclo FERREIRA DANTAS, utilizava-se da for- de violência no campo. Pará, Maranhão e ça intimidatória da farda e de viaturas da Rondônia são os estados com maior concen- polícia militar Até o Comandante do Bata- tração de homicídios no campo, nas últimas lhão de Polícia Militar de Boca do Acre/AM três décadas. sabia que os policiais militares SALOMÃO ALENCAR FARIA, WALDSON FRANCISCO Da totalidade dos casos analisados, perce- DA SILVA, JARDEY MONTEIRO DE OLI- VEIRA e ANTÔNIO FERREIRA DANTAS be-se um gravíssimo histórico de arquiva- eram verdadeiros “jagunços” a serviço dos mento ou indefnição de inquéritos e proces- fazendeiros ora denunciados15. sos, uma intensa relação de promiscuidade entre as forças de segurança pública, gru- Em relação à violência sistemática no esta- pos criminosos e proprietários de terras, a do de Rondônia, a então Procuradora-Geral incapacidade do aparato estatal para con- da República, Raquel Dodge, apresentou ao duzir as investigações de homicídios em Superior Tribunal de Justiça (STJ), em se- contexto de confitos agrários. tembro de 2019, um Incidente de Desloca- mento de Competência (IDC) para transferir Representa a situação o assassinato de José à Justiça Federal, em caráter de urgência, Maria Lino, conhecido como Zé Enedina, 68 investigações de mortes e torturas no esta- anos, liderança rural da comunidade Santa do de Rondônia, decorrentes do grave con- Rosa, em Araioses, Maranhão, que no dia 19 fito agrário instalado na região16. De acordo de julho de 2014, desapareceu nas imedia- com a PGR: ções do Povoado Santa Rosa e no dia 21 de

15 http://www.mpf.mp.br/am/sala-de-imprensa/docs/denuncia-ojuara-crime-de-milicia 16 Disponível em http://www.mpf.mp.br/pgr/noticias-pgr/pgr-pede-federalizacao-de-investigacoes-sobre-mortes-e-tortu- ras-decorrentes-de-confito-agrario-em-rondonia Confitos noCampo Brasil 2019

julho do mesmo ano, seu corpo foi encontra- Conclusão do, com marcas de pancada na cabeça. Zé Enedina lutava, há décadas, pela regulari- O extermínio de pessoas que lutam por ter- zação das terras de Santa Rosa e, em razão ra, trabalho e liberdade não pode ser tole- do confito, registrou várias ocorrências, por rado e naturalizado. A sociedade brasileira ter sido ameaçado. Passados cinco anos de tem a missão de fazer o enfrentamento ne- seu assassinato, o Inquérito Policial nunca cessário à maquinaria fascista nacional que foi concluído pela Polícia Civil do Maranhão. tem promovido o ódio e patrocinado a elimi- O próprio Ministério Público solicitou o ar- nação física de centenas de lideranças do quivamento do inquérito, em razão de não campo e da cidade. haver indícios sufcientes de autoria, bem como outras diligências a serem realizadas, Estamos diante de um aparato estatal que é e diante da impossibilidade de individuali- conivente com o assassinato de lideranças e zação da autoria do delito. com a impunidade dos mandantes e execu- tores, que patrocina a perseguição política, Evidencia-se a recorrência da prática de cri- a violência bruta e a humilhação dirigida a mes nesse mesmo contexto, sem que o Es- grupos específcos, com maior relevância tado dê mostras de que age para mitigar o para os povos e comunidades tradicionais. problema. Ao contrário. Nesse contexto de violência, o presidente Jair Bolsonaro san- Atualmente, assistimos a um rápido pro- cionou em 17 de setembro de 2019, o pro- cesso de destruição das instituições civis e jeto de Lei 3.715/19, que amplia a posse destituição, por completo, dos direitos fun- de armas de fogo em propriedades rurais. damentais da população civil, em ações le- A medida foi aprovada pela Câmara dos gitimadas por forças políticas que invisibi- Deputados em 21 de agosto de 2019 e foi lizam as execuções realizadas em plena luz sancionada sem vetos pelo presidente. An- do dia. A violência no campo indica a exis- tes da aprovação do projeto, era permitida a tência de uma face da sociedade incapaz de posse de armas de fogo apenas na sede da reconhecer direitos e negociar interesses, propriedade rural. A nova regra compreende visto que nega o outro. Nenhum autoritaris- toda a propriedade rural como extensão da mo se instala ou se mantém sem a cumpli- residência ou domicílio do cidadão com por- cidade da maioria. É o que a história nos te de arma, o que possibilita que capangas ensina19. de fazendeiros possam transitar livremente armados, inclusive em áreas griladas. O aumento do número de assassinatos e da A impunidade no campo deve ser analisada violência no campo se conecta, diretamen- a partir das diversas articulações entre pú- te, com o discurso e ações realizadas pelo blico e privado, e envolve uma multiplicida- governo Bolsonaro, que em plena abertura de de agentes públicos e privados, eviden- da Assembleia Geral da ONU, em setembro ciando relações sociais de dominação, com de 2019, afrmou que “o Brasil não vai au- profundo comprometimento do Poder Judi- mentar para 20% sua área já demarcada ciário17, em benefício dos interesses ligados como terra indígena”, que fez aprovar junto à propriedade da terra.18 ao Congresso Nacional o Acordo de Salva-

17 De acordo com Joaquim Shiraishi Neto, para se compreender o processo de legitimação e consagração do Direito é neces- sário apreender as relações que se estabelecem fora deste campo, mas que também se encontram submetidas a distintos domínios de poder. O Direito também depende de outras instâncias que o determinam e condicionam, sendo que suas transformações se relacionam aos confitos entre os diversos agentes. 18 MEDEIROS, Leonilde Servolo de. Dimensões políticas da violência no campo, disponível em https://www.historia.uff.br/ tempo/artigos_livres/artg1-7.pdf 19 Eliane Brum, Os Cúmplices, disponível em https://brasil.elpais.com/opiniao/2020-01-01/os-cumplices.html 179 guardas Tecnológicas para uso comercial da violência na era da globalização. Porto Alegre: do Centro de Lançamento de Alcântara, Livraria do advogado, 2003, pp. 140-141. que põe em risco mais de 190 comunida- CAVALCANTI, Klester. O Nome da Morte: a his- des quilombolas maranhenses, que editou tória real de Júlio Santana, o homem que já ma- a Medida Provisória 910/2019, que preten- tou 492 pessoas/ Klester Cavalcanti.- 2.ed.-São de regularizar 600 mil imóveis situados, em Paulo: Planeta do Brasil, 2018, 232 p. grande parte, na Amazônia e que promete BRUM, Eliane. Protejam Erasmo: ele pode ser enviar ao Congresso Nacional projeto de lei assassinado a qualquer momento, disponível em que autoriza o emprego da Garantia da Lei e https://brasil.elpais.com/opiniao/2019-12-20/ da Ordem (GLO) para reintegração de posse protejam-erasmo-ele-pode-ser-assassinado-a- de propriedades rurais. -qualquer-momento.html ______. Os Cúmplices, disponível em ht- Nesse período, de exceção declarada e vivida, tps://brasil.elpais.com/opiniao/2020-01-01/ é fundamental nossa resistência para res- os-cumplices.html gatar o presente das mãos dos déspotas19, GUIMARÃES, Ed Carlos de Sousa. A violência da unidade entre campo e cidade, de pautar desnuda: justiça penal e pistolagem no Pará. a Amazônia como centro do mundo, de de- 2010. 253 f. Tese (Doutorado) - Universidade safar os muros e as estruturas arruinadas Federal do Pará, Instituto de Filosofa e Ciências que insistem em voltar e pautar, como ban- Humanas, Belém, 2010. Programa de Pós-Gra- deira de esperança, a Solidariedade, o Bem duação em Ciências Sociais. Viver, a defesa dos Direitos da Natureza e MEDEIROS, Leonilde Servolo de. Dimensões po- dos Direitos Humanos, da Democracia e da líticas Paz. Temos de usar todas as formas de re- da violência no campo, disponível em https:// sistência conhecidas e inventar outras para www.historia.uff.br/tempo/artigos_livres/ vencer esse projeto de morte. artg1-7.pdf MESQUITA, Benjamin Alvino de. O desenvolvi- Não sejamos cúmplices! mento desigual da agricultura: a dinâmica do agronegócio e da agricultura familiar. São Luis, Referências UFMA/CCSO, 2010. SHIRAISHI NETO, Joaquim.O Campo Jurídico ALMEIDA, Alfredo Wagner Berno de. Rituais de em Pierre Bourdieu: a produção de uma verda- Passagem entre a chacina e o genocídio: confi- de a partir da noção de propriedade privada nos tos sociais na Amazônia, in Chacinas e massa- manuais de Direito. cres no campo/Maristela de Paula Andrade. V4, São Luís: Mestrado em Políticas Públicas.-UF- Sociedade Maranhense de Direitos Humanos. MA,1997. Revista Catirina. Disponível em https://smdh- vida.files.wordpress.com/2014/12/catirina- ANDRADE, Vera Regina Pereira de Andrade. Sis- 0dez2014.pdf tema penal máximo X cidadania mínima: códigos Confitos noCampo Brasil 2019

Tabela 9 - TentativasTabela de Assassinatos 9 - Tentativas de Assassinato

Municípios Nome do Conflito Data Nome da Vítima Vítimas Idade Categoria Amazonas Boca do Acre T. I. Jaminawa do Caiapucá/Aldeia Samaúma 17/02/2019 Não Informado A (a)Indígena Não Informado Boca do Acre T. I. Jaminawa do Caiapucá/Aldeia Samaúma 17/02/2019 (Adolescente 14 (a)Indígena Jaminawa) Não Informado (Criança Boca do Acre T. I. Jaminawa do Caiapucá/Aldeia Samaúma 17/02/2019 0 (a)Indígena Jaminawa) Subtotal 3 Bahia Formosa do Rio Camponês de fundo e Com. Cachoeira/Condomínio Estrondo 31/01/2019 Jossinei Lopes Leite A Preto fecho de pasto Formosa do Rio Com. Cachoeira/Condomínio Estrondo 31/01/2019 Adão Batista Gomes A Liderança Preto Formosa do Rio Camponês de fundo e Com. Cachoeira/Condomínio Estrondo 17/08/2019 Fernando Ferreira Lima A Preto fecho de pasto Subtotal 3 Maranhão Bom Jesus das T. I. Arariboia/92 Aldeias/Etnias Guajajara, Láercio Souza Silva 01/11/2019 A Liderança Indígena Selvas Gavião e Guajá Guajajara Jenipapo dos T. I. Lagoa Comprida/Aldeias Leite/Decente 12/02/2019 Joãozinho Guajajara A Liderança Indígena Vieiras T. I. Cana Brava/Aldeias Coquinho/Coquinho Jenipapo dos II/Ilha de São Pedro/Silvino/Mussun/Nova 07/12/2019 Neucy Cabral Vieira A (o)Indígena Vieiras Vitoriano T. I. Cana Brava/Aldeias Coquinho/Coquinho Jenipapo dos II/Ilha de São Pedro/Silvino/Mussun/Nova 07/12/2019 Nico Alfredo A (o)Indígena Vieiras Vitoriano Subtotal 4 Mato Grosso Colniza Faz. Bauru/Magali/Acamp. Gleba União 05/01/2019 Milton José da Silva APosseiro Colniza Faz. Bauru/Magali/Acamp. Gleba União 05/01/2019 Moisés Ferreira APosseiro Colniza Faz. Bauru/Magali/Acamp. Gleba União 05/01/2019 Valmir Nunes Januário A Posseiro Colniza Faz. Bauru/Magali/Acamp. Gleba União 05/01/2019 Antônio José Maia Silva APosseiro Manoel Ferreira Colniza Faz. Bauru/Magali/Acamp. Gleba União 05/01/2019 APosseiro Barbosa Marcos Martins do Colniza Faz. Bauru/Magali/Acamp. Gleba União 05/01/2019 APosseiro Prado Colniza Faz. Bauru/Magali/Acamp. Gleba União 05/01/2019 Nalbes Apolinário APosseiro Colniza Faz. Bauru/Magali/Acamp. Gleba União 05/01/2019 Tahik Bruno Oliveira APosseiro Colniza Faz. Bauru/Magali/Acamp. Gleba União 05/01/2019 Tiago Alves Lopes APosseiro Derisvaldo Ferreira de Colniza Faz. Bauru/Magali/Acamp. Gleba União 19/02/2019 A Liderança Sá, "Baiano"* Subtotal 10 Mato Grosso do Sul Retomadas Avae’te e Aratikuty/Imediações Dourados 12/10/2019 Não Informado 21 (o)Indígena das Aldeias Bororo e Jaguapiru Dourados Acamp. Nhu Vera/Ñu Vera 05/11/2019 Não Informado A (o)Indígena Subtotal 2 Pará Acará Com. Quil. Alto Acará/Biovale 31/01/2019 Erinaldo Lopes A Quilombola Altamira T.I. Ituna/Itatá 30/08/2019 Não Informado 2 Funcionário Público Gl. Bacajá/Lotes 96 e 97/Fazs. Bom Jesus e Anapu 12/12/2019 Erasmo Alves Teófilo 31 Liderança Berrante Novo Progresso PDS Terra Nossa 31/01/2019 Antônio Marcos Lacerda A Liderança Subtotal 5 Rio Grande do Norte Alto do Área do Estado/Acamp. Antônio Batista 01/08/2019 Não Informado A Sem - terra Rodrigues Subtotal 1 São Paulo Riversul Fazenda Can-Can 20/05/2019 Não Informado A Liderança 181

Municípios Nome do Conflito Data Nome da Vítima Vítimas Idade Categoria Valinhos Faz. Eldorado/Acamp. Marielle Vive 18/07/2019 Carlos Filipe Tavares 59 Jornalista Subtotal 2 Total 30 Foto: Andressa Zumpano Governo Bolsonaro: o retrato da barbárie contra os povos indígenas e a vida

Sônia Guajajara1 1. Introdução das de luta do movimento indígena.

Desde a posse de Jair Bolsonaro à presidên- O principal foco dos ataques são os terri- cia da República, em janeiro de 2019, sofre- tórios tradicionais, seja para a exploração mos uma intensa e grave ofensiva contra os de madeira, minério, expansão agrícola de direitos dos povos indígenas no Brasil. Já fazendas, agronegócio ou especulação imo- no primeiro dia do novo governo, vimos o biliária. Com isso a vida, de todo mundo que discurso anti-indígena, que marcou a car- luta em defesa da Terra e do meio ambiente reira política e a campanha de Bolsonaro, se está em risco. Por decisão política todos os materializar em ataques aos povos indíge- processos de demarcações estão paralisa- nas, a seus direitos e à política indigenista dos. O presidente afrmou que não demar- do Estado brasileiro, construída em déca- caria nenhuma Terra Indígena (TI) em seu

1 Coordenação Executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil-APIB 183 governo. Para começar a por em prática a é, dos representantes do agronegócio, sobre sua decisão, transferiu a Fundação Nacio- o órgão indigenista. Em junho de 2019, por nal do Índio (Funai) para o Ministério de pressão do setor, o General Franklinberg de Direitos Humanos, da Mulher e da Família, Freitas foi exonerado do cargo de presiden- e suas principais atribuições relacionadas te do órgão. Em entrevista, Freitas afrmou com a demarcação de Terras Indígenas e o que sua exoneração teve infuência direta licenciamento ambiental para o Ministério do Secretário Especial de Assuntos Fundi- da Agricultura, Pecuária e Abastecimento ários do MAPA, Nabhan Garcia, presidente (MAPA). A decisão fez parte na reforma mi- licenciado da União Democrática Ruralista nisterial, por meio da Medida Provisória n. (UDR), o qual, segundo o ex-presidente da 870/2019. O Congresso Nacional, por meio Funai, “saliva ódio aos indígenas”. da Frente Parlamentar mista em defesa dos direitos indígenas, alinhada com o movi- Diante disso, foi nomeado um antigo aliado mento indígena e várias entidades de apoio, ruralista para presidir o órgão, o delegado modifcou-a em diversos pontos, inclusive da Polícia Federal Marcelo Augusto Xavier conseguindo retornar para a Funai a atri- que, em 2017, atuou como assessor dos ru- buição de demarcar os territórios indígenas. ralistas na Comissão Parlamentar de Inqué- Contudo, o presidente publicou uma nova rito (CPI) da Funai e do Instituto Nacional Medida Provisória, de número 886/2019, de Reforma Agrária (INCRA). A CPI foi uma retomando a demarcação para o MAPA, con- iniciativa da bancada ruralista e indiciou lí- trariando a decisão do Congresso Nacional deres comunitários, antropólogos, servido- e incorrendo em uma inconstitucionalidade, res públicos, indigenistas e procuradores. visto que é proibida a reedição de medida Em setembro, o Ministro da Justiça, Sérgio provisória na mesma legislatura que tenha Moro, indicou a advogada Silmara Veiga de sido rejeitada pelo poder legislativo. Souza, que atuou como advogada na con- testação do procedimento administrativo da Por força de decisão do Supremo Tribunal Funai de identifcação e delimitação da Ter- Federal (STF), a demarcação voltou para a ra Indígena Ka’aguy Hovy, do povo Guarani Funai. Em decisão monocrática, o Ministro Mbya, localizada no município de Iguape, no Luiz Roberto Barroso anulou a proposta, litoral sul de São Paulo, para ser a titular da pois “medida provisória nenhuma pode ser Diretoria de Proteção Territorial do órgão. reeditada, constitucionalmente, na mesma sessão legislativa” (Art. 62 da CF) e porque, O cenário, portanto, é de grande infuência segundo a decisão do Ministro, atenta con- do agronegócio sobre o procedimento da de- tra a separação dos poderes. Esta decisão foi marcação de Terras Indígenas, o que aponta depois confrmada pelo Suprema Corte em para um período de estagnação dos proces- sessão plenária. Por fm, o STF decidiu, por sos já em andamento, de rejeição a novas unanimidade, que a demarcação de TIs deve demandas territoriais, e mesmo de tentati- permanecer na Funai que, por sua vez, deve vas de reverter demarcações já concretiza- fcar no Ministério da Justiça. Para além de das. Passado um ano de governo, nenhuma um debate jurídico, as medidas legislativas Terra Indígena foi demarcada. do governo demonstram uma intenção a qualquer custo de impedir a demarcação de A atribuição da Funai de opinar sobre o li- terras indígenas. cenciamento ambiental de obras que pos- sam impactar direta ou indiretamente os A Funai vem sendo aparelhada pelo go- territórios indígenas também está sob ata- verno Bolsonaro, que busca por diferentes que no governo Bolsonaro. Para o presiden- meios instaurar um domínio ruralista, isto te, tal prerrogativa da Funai, fundamental Confitos noCampo Brasil 2019

para a defesa dos direitos e dos territórios ritário. indígenas, é um “entrave ao desenvolvimen- to” – que deve ser removido para a concre- Diante da acelerada infexão nos direitos in- tização de grandes empreendimentos, sem dígenas que presenciamos, chamo atenção qualquer consideração pelos possíveis im- para os acontecimentos que delineiam um pactos às populações indígenas. Em agosto, cenário de profundo agravamento das vio- Bolsonaro criticou a atuação do órgão indi- lações. genista em processos de licenciamento am- biental, usando como exemplo uma obra de 2. Intensificação dos ataques aos povos e construção de um terminal de contêineres Terras Indígenas no Paraná: “Há anos o terminal de contêiner do Paraná, se não me engano, não sai do Não temos dúvidas que o aumento dos ata- papel porque precisa agora também de um ques e da violência contra os povos e terri- laudo ambiental da Funai. O cara vai lá e se tórios está sendo estimulado pelo discurso encontra, já que tá na moda, um cocozinho anti-indígena de Bolsonaro. As falas racis- petrifcado de índio, já era, não pode fazer tas do presidente e suas críticas públicas mais nada ali”, afrmou. ao que classifca como “exagerada” exten- são das Terras Indígenas e a defesa de sua Ao mesmo tempo, no Congresso Nacional exploração econômica, têm estimulado in- tramitam aceleradamente Projetos de Lei vasões e desmatamento por madeireiros, que buscam fexibilizar o licenciamento am- garimpeiros e grileiros, que promovem lote- biental, com a fnalidade de expandir o dito amentos ilegais e práticas de esbulho pos- desenvolvimento para os territórios tradicio- sessório, apostando, com o aval do governo, nais, com isso abrindo-os para exploração que tais ações são fatos consumados. agropecuária, minerária e energética, com pouca ou, até mesmo, nenhuma participa- Segundo dados da Comissão Pastoral da ção dos povos indígenas. Dentre os princi- Terra (CPT), ocorreram 244 confitos no ano pais projetos está a proposta de Lei Geral de 2019 em territórios indígenas, envolven- de Licenciamento Ambiental (Projeto de Lei do a expulsão de famílias indígenas dos ter- N.º 3.729/2004) que isenta de licenciamen- ritórios, tentativas ou ameaças de expulsão, to os empreendimentos que afetarem terri- despejos ou ameaças de despejo, casas des- tórios indígenas que estejam em processo truídas, roças destruídas, pertences destru- de demarcação. O projeto aponta que são ídos, pistolagem e a invasão a territórios. passíveis de licenciamento obras incidentes apenas em Terras Indígenas homologadas, Entre os confitos, destacam-se os casos: TIs desconsiderando assim as que estão com Uru-Eu-Wau-Wau e Karipuna, em Rondô- procedimento demarcatório em curso ou nia; Arariboia e Awa, no Maranhão; Arara e apenas reivindicadas pelos povos indígenas. Trincheira-Bacajá, no Pará; Vale do Javari, Pelo texto, 163 TIs em processo de demarca- no Amazonas; Marãiwatsédé, no Mato Gros- ção deixariam de ser consideradas nos pro- so e Aldeia Ponte do Arado no Rio Grande do cessos de licenciamento. Sul. Destaca-se, também, a TI Yanomami, em Roraima, onde estima-se a presença de A Funai, nas proposições do governo Bolso- cerca de 20 mil garimpeiros. naro, deve se tornar, novamente, um ente gestor dos interesses dos povos indígenas Criminalização, perseguição e ameaças de no processo de implementação de empreen- morte contra lideranças indígenas têm se dimentos, inclusive minerários, signifcan- intensifcado consideravelmente. Vale deta- do a volta da tutela e do indigenismo auto- lhar alguns dos casos aqui citados. 185

Em janeiro de 2019, lideranças da TI Uru- tel, na TI Cana Brava. Foram vítimas: Rai- -Eu-Wau-Wau enviaram uma carta ao su- mundo Guajajara, da Aldeia Descendência perintendente do Ibama no estado de Ron- Severino, da TI Lagoa Comprida, e Firmino dônia na qual denunciaram a invasão de 40 Silvino Prexedes Guajajara, da Aldeia Silvi- grileiros. Os invasores adentraram à região no da TI Cana Brava - mais dois fcaram fe- da aldeia Linha 623 com o objetivo de gri- ridos. Pode-se afrmar que tais crimes este- lar a terra indígena. Os Uru-Eu-Wau-Wau jam ligados ao aumento da escalada de ódio expulsaram os invasores, porém o chefe da e intolerância. Para aumentar as estatísti- invasão ameaçou que voltaria com mais 200 cas de crimes no Maranhão, no dia 13 de invasores e, se os indígenas resistissem, eles dezembro, o jovem Erisvan Guajajara, de 15 matariam crianças para que sentissem dor. anos, da TI Araribóia foi encontrado morto Em abril, uma nova invasão foi denuncia- com sinais de tortura. A certeza da impuni- da pelas lideranças. À época, estimava-se a dade só aumenta essa violência brutal. presença de mil grileiros dentro do territó- rio. O caso da TI Karipuna é exemplar de como as críticas de Bolsonaro, à extensão dos ter- Em maio, lideranças Yanomami denuncia- ritórios indígenas e a intenção do governo de ram a presença dos 20 mil garimpeiros na abrir essas áreas para exploração do agro- TI Yanomami. Como relataram lideranças, negócio e minerária, têm estimulado a inva- os garimpeiros estão espalhados por quatro são às TIs. Em agosto, o Ministério Público rios da região, inclusive a de Auaris, onde Federal (MPF) denunciou nove pessoas e estimava-se a presença de 7 mil deles - que duas empresas pelos crimes de organização construíram uma vila com casas de madei- criminosa, estelionato, invasão de terras da ra, balsas e pistas de pouso. Quatro rios da União, desmatamento sem autorização e la- TI estão poluídos por mercúrio, e os casos vagem de dinheiro. Invasores fagrados den- de malária têm aumentado na região. Em tro do território alegaram que havia boatos audiências nos Ministérios da Justiça e da de que a terra seria regularizada, e que não Defesa e na Funai, lideranças Yanomami era mais Terra Indígena. Os lotes estavam pediram providências do governo Bolsona- sendo comercializados no valor de 9,5 mil ro, mas até o momento nenhuma medida foi reais, além de uma taxa mensal paga à tomada. Associação dos Produtores Rurais de Boa Esperança (Asprube), do distrito de União Em junho, a Associação Kanamary do Vale Bandeirantes, área próxima à TI. Um lau- do Javari denunciou a presença de mais de do pericial da Polícia Federal (PF) descreve 10 dragas no rio Jutaí, dentro da TI Vale do – com apresentação de imagens dos locais, Javari. Em agosto, os Xikrin denunciaram nas quais se identifca grandes áreas des- a presença de 300 invasores na TI Trinchei- matadas – construções e outros elementos ra-Bacajá, que ameaçaram os indígenas de que evidenciam a existência de loteamento morte e provocaram queimadas no territó- da área para ocupação humana. Segundo rio. No primeiro dia de novembro de 2019, esse laudo, existem desmatamentos da ve- o guardião da foresta Paulo Paulino Guaja- getação nativa para a substituição da fores- jara foi brutalmente assassinado e Laércio ta por áreas destinadas à agropecuária. Guajajara foi baleado dentro de seu terri- tório, a TI Araribóia, no município de Ama- Outros ataques a territórios e lideranças rante do Maranhão. Passados 35 dias, logo indígenas foram notifcados desde o início no início de dezembro, foram assassinados do governo Jair Bolsonaro. Um dia após as mais dois indígenas do povo Guajajara na eleições, em outubro de 2018, uma escola BR 226 entre as Aldeias Boa Vista e El Be- e um posto de saúde da aldeia Bem Querer Confitos noCampo Brasil 2019

de Baixo, do povo Pankararu, no Pernam- 3. Violação do direito à consulta livre, buco, foram incendiados. Meses antes do prévia, informada e de boa-fé ataque, a Justiça Federal iniciou processo de retirada de posseiros no território indíge- O governo considera irrelevante a imple- na; em dezembro daquele ano, uma base da mentação do direito à consulta prévia, livre Funai de proteção aos índios isolados, na TI e informada no país, apesar da ratifcação Vale do Javari, foi atacada a tiros, o que se da Convenção 169 da Organização Interna- repetiu em julho de 2019. Em setembro, o cional do Trabalho (OIT), pelo Estado brasi- indigenista Maxciel dos Santos, que atuava leiro, por meio do Decreto n. 5.051/2004 e há mais de uma década na Funai, na fsca- dos protocolos autônomos de consulta ela- lização da TI Vale do Javari, especializado borados pelos povos indígenas. A Conven- na proteção aos povos indígenas em isola- ção 169 determina esse procedimento para mento voluntário na região, foi assassinado medidas administrativas e legislativas que por um pistoleiro na cidade de Tabatinga. possam afetar os povos indígenas e seus ter- No dia 3 de fevereiro, a aldeia guarani mbya ritórios. Diversas obras e empreendimentos Ka’aguy Hovy Porã, em Maricá, no Rio de são planejadas e executadas sem a obser- Janeiro, foi vítima de um incêndio crimino- vância deste direito. No Congresso Nacional, so. Em 10 de fevereiro noticiou-se que a li- inúmeras proposições de leis são discutidas derança indígena Rosivaldo Ferreira da Sil- sem consulta aos povos atingidos. va, o cacique Babau, do povo Tupinambá, da Bahia, pediu proteção ao Governo Esta- Nem mesmo os protocolos de consulta au- dual e ao MPF após ter recebido informa- tônomos elaborados pelos povos indígenas, ções sobre um plano para assassiná-lo e a que já somam 11 em todo país, têm sido membros de sua família. As violências e as- respeitados, como no caso do povo Waimi- sassinatos seriam motivados pelo interesse ri Atroari. Apesar de terem elaborado e pu- de fazendeiros locais em reaver as terras da blicado um protocolo de consulta próprio, TI Tupinambá de Olivença, ainda em pro- o governo busca meios para se esquivar da cesso de demarcação. Babau e outras 52 li- obrigação de consultá-los sobre o projeto de deranças indígenas da Bahia são assistidas construção de linha de transmissão de ener- atualmente por um programa de proteção, gia que vai ligar Manaus (AM) a Boa Vista por estarem sob diversos tipos de ameaças, (RR), a qual atravessaria 125 quilômetros inclusive de morte. da TI. O projeto prevê a construção de 250 torres de transmissão com uma base de 50 por 50 metros, além do trânsito permanente A intensifcação da luta pelo território tra- de um grande número de pessoas para fazer dicional tem desencadeado ameaças e a a manutenção, implicando desmatamento, criminalização das lideranças, assim como aumento da violência e restrições à autono- violências simbólicas contra as comunida- mia do povo indígena sobre o seu território, des através do racismo e do preconceito. A inclusive difcultando o controle sobre o in- não-conclusão dos procedimentos de de- gresso de terceiros. Em fevereiro de 2019, o marcação contribui de forma decisiva para Conselho de Defesa Nacional (CDN), órgão a violência contra a pessoa. No ano de 2019 de consulta do presidente da República para foram registrados 46 casos envolvendo 131 assuntos relacionados à soberania nacional vítimas casos de violência contra indígenas, e à defesa do Estado democrático, caracteri- dos quais 40 ameaças de morte, 13 agres- zou a construção da linha de energia como sões, 12 ferimentos, 9 tentativas de assas- “Alternativa Energética Estratégica para so- sinato, 9 assassinatos e 16 intimidações, de berania e Defesa Nacional”, o que permitiria acordo com os dados da CPT. ao governo dar andamento às obras sem o 187 consentimento dos Waimiri Atroari. Devi- Saúde dos Povos Indígenas e todo o proces- do à falta de consulta, o Ministério Publi- so de gestão do Subsistema de Atenção à co Federal (MPF) do Amazonas entrou com Saúde Indígena (SasiSUS) no Sistema Único duas ações pedindo a nulidade do leilão e de Saúde (SUS), enquanto responsabilida- da licença prévia expedida pelo Ibama. Nas de do governo federal, vêm sofrendo graves duas ações, o MPF sustenta que o leilão da ataques e retrocessos. Dentre estes, a redu- linha de transmissão contém uma nulidade ção de orçamento, a reestruturação do pro- insanável, que consiste na defnição de um grama Mais Médicos (que gerou uma perda traçado do empreendimento sem a consulta de 81% do quadro de médicos que atuavam livre, prévia e informada do povo Waimiri- nos Distritos Sanitários Especiais Indíge- -Atroari. Essa defnição administrativa da nas) e a tentativa de extinção da SESAI e localização do empreendimento, conforme consequentemente do SasiSUS, por meio da defende o órgão, já deveria ter levado em municipalização ou estadualização dos ser- conta o processo de consulta, já que se trata viços de atendimento aos povos e comunida- de etapa obrigatória na decisão do Estado. des. No período de 8 a 27 de março de 2019, As ações foram vitoriosas no julgamento em os povos indígenas realizaram uma grande primeira instância, mas o governo federal mobilização nacional e conseguiram rever- recorreu, levando as ações a um novo jul- ter a intenção de municipalização porém, gamento. foram assinados pelo presidente dois novos decretos que voltaram a fragilizar a saúde As medidas citadas anteriormente referen- indígena. O decreto n. 9.975 de 17 de maio tes à Funai, também foram tomadas sem de 2019, reestruturou os órgãos internos e qualquer consulta aos povos indígenas e competências do Ministério da Saúde e eli- à revelia das manifestações de repúdio da minou o Departamento de Gestão da SESAI, Articulação dos Povos Indígenas do Brasil que fornecia uma maior autonomia ao Sub- (APIB). As diversas manifestações de lide- sistema. Já o segundo decreto, n. 9.759 de ranças indígenas contrárias às medidas, 11 de abril de 2019, extinguiu vários conse- não dissuadiram o presidente de suas de- lhos da sociedade civil – criados a partir de cisões, que foram barradas pelo Congresso decretos e outras normas infralegais. Nacional e pelo STF. Para piorar a situação, o governo Bolsonaro Por fm, Bolsonaro também pretende regu- publicou, em 1º de agosto de 2019, a Me- lamentar a mineração e o garimpo em TIs dida Provisória n. 890, na qual “Institui o e, mais uma vez, sem qualquer evidência Programa Médicos pelo Brasil, no âmbito da de que haverá consulta aos povos indíge- atenção primária à saúde no Sistema Único nas. No âmbito do poder legislativo, vários de Saúde, e autoriza o Poder Executivo Fe- projetos de lei e de propostas de emendas deral a instituir serviço social autônomo de- constitucionais que versam sobre direitos nominado Agência para o Desenvolvimento dos povos indígenas e comunidades tradi- da Atenção Primária à Saúde (ADAPS)”. cionais tramitam no Congresso Nacional, sem nenhum tipo de processo de consulta a As mudanças propostas impactam os servi- exemplo do Projeto de Lei 490/2020. ços oferecidos pelo SUS e o subsistema de saúde indígena. Os povos indígenas e suas 4. Ataques à saúde indígena instâncias representativas, mais uma vez, não foram consultados, conforme estabele- A Secretaria Especial de Saúde Indígena ce a Convenção 169 da OIT. Nem mesmo o (SESAI), responsável por coordenar e execu- Conselho Nacional de Saúde foi ouvido. Na tar a Política Nacional de Atenção Básica à composição do Conselho da ADAPS, está Confitos noCampo Brasil 2019

prevista a participação de entidades priva- ção civil, espaços fundamentais para a par- das, mas não dos povos indígenas. ticipação social na formulação e no moni- toramento das políticas públicas nacionais. O governo cria o Programa Médicos pelo Com este decreto, foram afetados a Comis- Brasil, em substituição do Programa Mais são Nacional de Educação Escolar Indíge- Médicos, mas na verdade, a intenção de na e o Fórum de Presidentes dos Conselhos fundo é criar a ADAPS, uma justifcativa Distritais de Saúde Indígena (FPCondisi), para abrir a atenção primária como merca- evidenciando a indisposição do governo Bol- do para o setor privado. E o mais grave, é sonaro em dialogar com os povos indígenas. que o governo já cogita a possibilidade de contratar empresas para cuidar da saúde Extinguiu-se, também, o Conselho Nacio- indígena. Essas mudanças vão revelando o nal de Segurança Alimentar (CONSEA) e, no caráter antidemocrático e anti-indígena. No mês de setembro, interviu no Conselho Na- velado propósito de colocar índios contra cional de Direito Humanos (CNDH), interdi- índios, o governo Bolsonaro tem nomeado tando a sua página virtual e exonerando a indígenas sem conexão com o movimento e, secretária executiva do órgão. em muitos casos, aliados às causas que vio- lam direitos dos povos indígenas, além de O posicionamento do presidente acerca das não demonstrar nenhuma experiência na Organizações Não Governamentais (ONGs) área da gestão pública, muito menos dos é outro aspecto que ressalta sua postura órgãos responsáveis pela execução das po- contrária à atuação da sociedade civil. Em líticas indígenas. Enquanto isso, a gestão e diferentes ocasiões, Bolsonaro afrmou que o atendimento que já era precário, em mui- as ONGs indigenistas são obstáculos para o tos casos, na ponta, agravou-se, sobretudo plano do governo de integrar estes povos à a partir do fm do Programa Mais Médicos, sociedade brasileira, já que manipulariam e da fragilização do controle social, dos atra- explorariam os índios, levando-os a reivindi- sos no pagamento de salário, da carência de carem terras e o direito à autodeterminação. recursos e remédios, da não realização de Para o presidente, as políticas indigenistas exames e a falta de remoção de doentes para e socioambientais dos governos anteriores os centros de referência. alimentariam uma “indústria da demarca- ção”, responsável pelo “atraso” de algumas Tudo indica que continua o propósito de regiões do país resultante do excesso de ter- acabar com o subsistema e com a SESAI por ritórios indígenas demarcados. inanição. Certamente para justifcar, mais uma vez, o propósito da municipalização, Em agosto, Bolsonaro acusou ONGs que que reiteradas vezes, foi recusada pelo mo- atuam na Amazônia de terem provocado as vimento indígena. graves queimadas que assolaram a foresta, para “chamar a atenção contra o governo” 5. Fim da participação social em colegia- e como reação à perspectiva de fnalização dos e conselhos e perseguição às ONGs do Fundo Amazônia. Os fatos, no entanto, demonstraram que grupos criminosos, em- Sob o pretexto de enxugar a máquina pública presários, madeireiros e garimpeiros que e reduzir custos, em abril Bolsonaro deter- compõem a base eleitoral do governo, auto- minou, por meio do decreto n. 9.759/2019, rizados pelo discurso do presidente, partici- a extinção de todos os colegiados ligados à param dessas ações ecocidas. O presidente, administração pública federal, criados por ainda durante a campanha, já havia decla- decreto ou ato normativo inferior, atingindo rado que acabaria com toda forma de ativis- conselhos e comitês em que há participa- mo no Brasil. 189

6. Conclusão a Constituição Federal de 1988, os direitos territoriais estão formalmente reconhecidos O conjunto dessas violações impacta nos como direitos originários, assim como o di- direitos e na vida dos povos indígenas au- reito à organização social, aos costumes e mentando os confitos, as violências e as tradições, bem como o usufruto exclusivo práticas de racismo, resultando em verda- do solo, dos rios e dos lagos neles existen- deiro genocídio, etnocídio e ecocídio contra tes. os povos indígenas. Essas práticas não são conjunturais, fazem parte de uma estrutura Entretanto, o reconhecimento constitucio- do Estado Brasileiro e são legitimadas pelo nal dos direitos dos povos indígenas não atual governo, que tem se omitido em de- implicou a sua efetivação e nem o fm das marcar as Terras Indígenas e também pro- invasões aos seus territórios, recursos na- duzido a impunidade dos crimes praticados turais e do preconceito. Em geral, somen- contra os povos indígenas. te mediante resistência foram assegurados. Desde a colonização até os dias atuais, os Portanto, mesmo com a proteção constitu- povos indígenas do Brasil resistem. Nossos cional e de normas internacionais, há uma territórios tradicionais são constantemente reprodução das práticas e concepções colo- ameaçados e invadidos, colocando a nossa niais que buscam extinguir física e/ou sim- existência física e cultural em risco. Desde bolicamente os povos indígenas. Confitos noCampo Brasil 2019

Tabela 10 - Ameaças de Morte

Municípios Nome do Conflito Data Nome da Vítima Vítimas Idade Categoria Acre T. I. Katukina/Kaxinawa/Aldeias Paredão/ Liderança Feijó 20/02/2019 Ninawá Huni Kui 40 Paroá/Pupunha/Belo Monte Indígena Rio Branco Seringal São Bernardo 29/01/2019 Não Informado 5 Seringueiro Rio Branco Seringal São Bernardo 29/01/2019 Raimundo Nonato A Seringueiro Rio Branco Seringal São Bernardo 06/08/2019 Maurir de Souza 24 Seringueiro Rio Branco Seringal São Bernardo 06/08/2019 Francivaldo Santos 25 Seringueiro Rio Branco Seringal São Bernardo 16/08/2019 Antônia Valéria A Seringueira Rio Branco Seringal São Bernardo 30/08/2019 Damiana A Seringueira Rio Branco Seringal São Bernardo 30/08/2019 Rosimeire A Seringueira Rio Branco Seringal São Bernardo 10/09/2019 Francildo A Seringueiro Rio Branco, Boca do Faz. Palotina/Seringal Novo Natal 04/12/2019 Não Informado 17 Posseiro Acre Subtotal 30 Amapá Ferreira Gomes Igarapé do Palha/Amcel 30/05/2019 Não Informado A Posseira Pedra Branca do T. I. Waiãpi/Aldeia Mariry 30/07/2019 Não Informado (Jovem) A (o)Indígena Amapari Subtotal 2 Amazonas Anderson da Encarnação Autazes T. I. Patauá 30/06/2019 31 (o)Indígena Moreno Euvileno Machado da Autazes T. I. Patauá 05/08/2019 21 (o)Indígena Silva Autazes T. I. Murutinga/Tracajá/Aldeia Terra Preta 09/08/2019 Adailton Batista A (o)Indígena Autazes T. I. Murutinga/Tracajá/Aldeia Terra Preta 09/08/2019 Arailton Pinheiro A (o)Indígena Cacique José Correia Liderança Boca do Acre T. I. Jaminawa do Caiapucá/Aldeia Samaúma 17/02/2019 A Jaminawa Indígena Liderança Boca do Acre T. I. Jaminawa do Caiapucá/Aldeia Samaúma 17/02/2019 Martim Cantu Jaminawa A Indígena Careiro T. I. Lago do Piranha 15/08/2019 Indígenas Mura 2 (o)Indígena Lábrea Seringal São Domingos 30/03/2019 Elias Brum A Posseiro Lábrea Seringal São Domingos 30/03/2019 Pedro Maciel A Posseiro Lábrea Seringal São Domingos 30/03/2019 Nelson de Andrade A Posseiro Lábrea Seringal São Domingos 30/03/2019 Isaque Andrade A Posseiro Lábrea Seringal São Domingos 30/03/2019 Enedir A Posseiro Lábrea Seringal São Domingos 30/03/2019 Samuel de Andrade A Posseiro Lábrea Seringal São Domingos 30/03/2019 Samuel Gonçalves A Posseiro Lábrea Seringal São Domingos 30/03/2019 Renilda A Posseira Lábrea Seringal São Domingos 30/03/2019 Irene A Posseira Lábrea Seringal São Domingos 30/03/2019 Íngride Andrade A Posseira Lábrea Seringal São Domingos 30/03/2019 Iran Zacarias A Posseiro Lábrea Seringal São Domingos 30/03/2019 Denis+ 38 Posseiro Lábrea Seringal São Domingos 30/03/2019 Antônio Tavares A Posseiro Carlos Alberto Oliveira de Liderança Manaus Cemitério dos Índios 03/08/2019 44 Souza, "Mackpak" + Indígena Subtotal 22 Bahia Boa Vista do Tupim Faz. Santa Fé/Itapiroca/Acamp. Mãe Terra 23/02/2019 Não Informado A Sem - terra Mariléia Aparecida dos Presidente de Brotas de Macaúbas Comunidade Mangabeira 30/01/2019 A Passos STR Eunice Francisca de Brotas de Macaúbas Comunidade Mangabeira 30/01/2019 A Liderança Araújo Maristélia Aparecida dos Dirigente Brotas de Macaúbas Comunidade Mangabeira 30/01/2019 A Passos sindical Rosivaldo Ferreira da Liderança Buerarema Serra do Padeiro/Povo Tupinambá 08/02/2019 44 Silva, "Cacique Babau" Indígena Liderança Buerarema Serra do Padeiro/Povo Tupinambá 08/02/2019 José Aécio, "Tete" A Indígena 191

Municípios Nome do Conflito Data Nome da Vítima Vítimas Idade Categoria Givaldo Ferreira da Silva, Liderança Buerarema Serra do Padeiro/Povo Tupinambá 08/02/2019 A "Gil" Indígena Liderança Buerarema Serra do Padeiro/Povo Tupinambá 08/02/2019 Jurandir A Indígena Buerarema Serra do Padeiro/Povo Tupinambá 08/02/2019 Stéfani 18 (a)Indígena Buerarema Serra do Padeiro/Povo Tupinambá 08/02/2019 Jéssica A (a)Indígena Antônio Santos, "Pai Cachoeira Terreiro Icimimó/Terra Vermelha 28/02/2019 A Liderança Duda" Campo Alegre de 8 Comunidades de Angico dos Dias 10/10/2019 Edinei Dias Soares A Liderança Lourdes Ana Lúcia dos Santos Liderança Lauro de Freitas Com. Quilombola Quingoma 28/07/2019 A Silva, "Donana" Quilombola Muquém de São Manoel Cláudio Moreira Liderança Com. Quilombola Fazenda Grande 21/03/2019 A Francisco Araújo, "Du Galego" Quilombola Muquém de São Com. Quilombola Fazenda Grande 21/03/2019 Maria Fernandes Pinto A Quilombola Francisco T. I. Cahy-Pequi/Comexatiba/Aldeia Cahy/ Prado 30/09/2019 Não Informado A (a)Indígena Mexatibá/Cumuruxatiba Ribeirão do Largo Fazenda Guarani 15/10/2019 Mangtxay Pataxó A (a)Indígena Subtotal 17 Ceará Santana do Acaraú Faz. Canafístula/Acamp. 17 de Abril 11/08/2019 Não Informado 2 Liderança Subtotal 2 Maranhão Amarante do José Soares dos Santos, Comunidade Belo Monte 3 15/05/2019 A Liderança Maranhão "Zé Filho" Bacabeira Pov. Santa Quitéria e Pequi 30/09/2019 Zé do Pequi A Posseiro Bom Jesus das T. I. Arariboia/92 Aldeias/Etnias Guajajara, Liderança 30/09/2019 Paulo Paulino Guajajara+ 26 Selvas Gavião e Guajá Indígena Bom Jesus das T. I. Arariboia/92 Aldeias/Etnias Guajajara, Láercio Souza Silva Liderança 30/09/2019 A Selvas Gavião e Guajá Guajajara Indígena Bom Jesus das T. I. Arariboia/92 Aldeias/Etnias Guajajara, Liderança 30/09/2019 Auro Guajajara A Selvas Gavião e Guajá Indígena Bom Jesus das T. I. Arariboia/92 Aldeias/Etnias Guajajara, Liderança 30/09/2019 Olímpio Guajajara A Selvas Gavião e Guajá Indígena Raimundo Nonato Liderança Brejo Quilombo Alto Bonito 25/10/2019 57 Gomes, "Seu Tereza" Quilombola Formosa da Serra Pov. Bem Feito/Faz. Chapada do Bacuri/Gl. Raimundo Nonato 03/05/2019 52 Liderança Negra São José/Data Alegre Rodrigues Filho*** Formosa da Serra Pov. Bem Feito/Faz. Chapada do Bacuri/Gl. Conceição da Silva 03/05/2019 45 Liderança Negra São José/Data Alegre Ramos, "Concita"** Formosa da Serra Pov. Bem Feito/Faz. Chapada do Bacuri/Gl. 29/06/2019 Irisnete da Conceição 48 Posseira Negra São José/Data Alegre Formosa da Serra Pov. Bem Feito/Faz. Chapada do Bacuri/Gl. Valdivino Pereira da 29/06/2019 41 Posseiro Negra São José/Data Alegre Conceição Formosa da Serra Pov. Bem Feito/Faz. Chapada do Bacuri/Gl. Manoel da Conceição 01/11/2019 A Posseiro Negra São José/Data Alegre Ramos, "Neis" Formosa da Serra Pov. Bem Feito/Faz. Chapada do Bacuri/Gl. Helena Ribeiro dos 01/11/2019 43 Posseira Negra São José/Data Alegre Santos Formosa da Serra Pov. Bem Feito/Faz. Chapada do Bacuri/Gl. Ricardo da Conceição 28/10/2019 60 Posseiro Negra São José/Data Alegre Santos Raimundo Bernadinho Junco do Maranhão Com. Vilela/Gleba Campina 16/09/2019 A Posseiro Milanês Castro Com. Quilombola Salgado/Território Aldeia José da Cruz Conceição Liderança Pirapemas 31/07/2019 59 Velha/11 Comunidades Monteiro* Quilombola Com. Quilombola Salgado/Território Aldeia Artur Monteiro da Cruz Pirapemas 31/07/2019 M Quilombola Velha/11 Comunidades (Criança) São Luís Gonzaga Cleudivan Ferreira, Quilombo Monte Alegre 15/08/2019 A Quilombola do Maranhão "Cleud" Raimundo Nonato São Luís Gonzaga Quilombo Monte Alegre 24/07/2019 Carneiro Brandão, 50 Quilombola do Maranhão "Dadinho" São Luís Gonzaga Marcione Ribeiro dos Quilombo Monte Alegre 27/08/2019 A Aliado do Maranhão Santos São Luís Gonzaga Quilombo Monte Alegre 27/08/2019 Kleidianny Ferreira Sousa A Quilombola do Maranhão São Luís Gonzaga Stela Maria Ferreira de Quilombo Monte Alegre 27/08/2019 M Quilombola do Maranhão Sousa (criança) Confitos noCampo Brasil 2019

Municípios Nome do Conflito Data Nome da Vítima Vítimas Idade Categoria Faz. São Raimundo/Pov. Santa Maria/Jaqueira/ Timbiras Cavalo Morto/São Carlos/São Lourenço/Poço 13/08/2019 Egino Santos de Brito 66 Posseiro do Boi Faz. São Raimundo/Pov. Santa Maria/Jaqueira/ Raimunda Pereira Araújo Timbiras Cavalo Morto/São Carlos/São Lourenço/Poço 13/08/2019 A Posseira de Brito do Boi Faz. São Raimundo/Pov. Santa Maria/Jaqueira/ Antônio Domingues Timbiras Cavalo Morto/São Carlos/São Lourenço/Poço 15/08/2019 44 Posseiro Fernandes do Boi Faz. São Raimundo/Pov. Santa Maria/Jaqueira/ Francisco das Chagas dos Timbiras Cavalo Morto/São Carlos/São Lourenço/Poço 15/08/2019 53 Posseiro Santos do Boi Faz. São Raimundo/Pov. Santa Maria/Jaqueira/ Timbiras Cavalo Morto/São Carlos/São Lourenço/Poço 15/08/2019 Misaías Saraiva Alves 38 Posseiro do Boi Faz. São Raimundo/Pov. Santa Maria/Jaqueira/ Domingos Siqueira da Timbiras Cavalo Morto/São Carlos/São Lourenço/Poço 15/08/2019 60 Posseiro Silva do Boi Faz. São Raimundo/Pov. Santa Maria/Jaqueira/ José Francisco Pereira da Timbiras Cavalo Morto/São Carlos/São Lourenço/Poço 15/08/2019 47 Posseiro Silva do Boi Subtotal 29 Mato Grosso Aripuanã Resex Guariba-Roosevelt 31/03/2019 Ailton Pereira dos Santos A Liderança Raimundo Rodrigues dos Aripuanã Resex Guariba-Roosevelt 31/03/2019 A Liderança Santos Derisvaldo Ferreira de Sá, Colniza Faz. Bauru/Magali/Acamp. Gleba União 19/02/2019 A Liderança "Baiano"* Colniza Faz. Bauru/Magali/Acamp. Gleba União 12/01/2019 Valmir Nunes Januário 42 Posseiro Área da Cooper-Roosevelt/P. A Taquaruçu do Colniza 04/09/2019 Não Informado A Posseiro Norte Área da Cooper-Roosevelt/P. A Taquaruçu do Colniza 09/09/2019 Não Informado A Posseiro Norte Cotriguaçu P. A. Juruena 30/06/2019 Sr. Gilberto+ A Liderança Cotriguaçu P. A. Juruena 08/08/2019 Alvina Lopes Costa Filha A Liderança Nossa Senhora do Sônia Beatriz Monteiro Com. de Brejal e outras/VM Mineração 14/10/2019 A Liderança Livramento Maciel Faz. Araúna/Acamp. Boa Esperança/Gl. Novo Mundo 31/10/2019 José Reis A Liderança Nhandu Faz. Araúna/Acamp. Boa Esperança/Gl. Novo Mundo 31/10/2019 Não Informado 4 Sem - terra Nhandu Subtotal 14 Mato Grosso do Sul Liderança Caarapó T. I. Guyraroká 06/03/2019 Tito Vilhalva A Indígena Caarapó T. I. Guyraroká 12/08/2019 Erileide Domingues A (a)Indígena Dois Irmãos do Acamp. às Margens da BR-262 30/04/2019 Priscila Gonçalves A Sem - terra Buriti Dois Irmãos do Acamp. às Margens da BR-262 30/04/2019 Não Informado A Sem - terra Buriti Subtotal 4 Minas Gerais Sítio no Distrito Córrego do Feijão/Mineração Pequena Brumadinho 01/02/2019 Rejane Moraes 73 Ibireté Ltda proprietária Sítio no Distrito Córrego do Feijão/Mineração Pequeno Brumadinho 01/02/2019 Ricardo Moraes 73 Ibireté Ltda proprietário Área de Valderce e Francisco/GAR Mineração Pequena Romaria 30/06/2019 Valderce A Com. Exp. Imp. S.A. proprietária Área de Valderce e Francisco/GAR Mineração Pequeno Romaria 30/06/2019 Francisco A Com. Exp. Imp. S.A. arrendatário Subtotal 4 Pará Laelson Siqueira de Liderança Acará Com. Quil. Alto Acará/Biovale 31/01/2019 A Souza* Quilombola Não Informado (Irmão do Acará Com. Quil. Alto Acará/Biovale 31/01/2019 A Quilombola Nazildo) Acará Com. Quil. Alto Acará/Biovale 31/01/2019 Erinaldo Lopes A Quilombola Acará Com. Quil. Alto Acará/Biovale 31/01/2019 Ruth Amaral de Brito A Quilombola Altamira Gleba Gorotire/Big Vale 23/10/2019 Silvanira A Liderança 193

Municípios Nome do Conflito Data Nome da Vítima Vítimas Idade Categoria Gl. Bacajá/P. A. Pilão Poente II/Lote-69-71-73/ Anapu 07/08/2019 D. O. 58 Liderança Mata Preta Anapu Gl. Bacajá/Lt. 68/Mata Preta 10/11/2019 Não Informado 3 Liderança Anapu Gl. Bacajá/Lote 44/Faz. Sta. Maria 09/12/2019 Romildo (nome fictício) A Liderança Anapu Gl. Bacajá/Lote 44/Faz. Sta. Maria 31/07/2019 Paulo Anacleto+ 51 Aliado Gl. Bacajá/Lotes 96 e 97/Fazs. Bom Jesus e Anapu 12/12/2019 Erasmo Alves Teófilo 31 Liderança Berrante Gl. Bacajá/Lotes 96 e 97/Fazs. Bom Jesus e Anapu 08/12/2019 Gilberto Marques A Professor Berrante Gl. Bacajá/Lotes 96 e 97/Fazs. Bom Jesus e Anapu 08/12/2019 Anderson Serra A Professor Berrante Liderança Jacareacanga T. I. Munduruku/UHE Tapajós/PAC 14/10/2019 Maria Leuza Munduruku A Indígena Marabá P. A. Diamante 24/08/2019 Não Informado 2 Ribeirinha Marabá P. A. Diamante 24/08/2019 Não Informado A Ribeirinha Marabá P. A. Diamante 24/08/2019 Não Informado 2 Criança Assent. Praia Alta Piranheira/Cupu/Passe Claudeci Ribeiro dos Nova Ipixuna 31/10/2019 A Outros Bem/Mamona Santos Assent. Praia Alta Piranheira/Cupu/Passe Raimunda Silva dos Nova Ipixuna 31/10/2019 A Outros Bem/Mamona Santos Assent. Praia Alta Piranheira/Cupu/Passe Claudenor Ribeiro dos Nova Ipixuna 31/10/2019 A Outros Bem/Mamona Santos Assent. Praia Alta Piranheira/Cupu/Passe Claudelice Silva dos Nova Ipixuna 31/10/2019 37 Extrativista Bem/Mamona Santos Assent. Praia Alta Piranheira/Cupu/Passe Nova Ipixuna 31/10/2019 Claudina Santos A Outros Bem/Mamona Maria Márcia Elpídia de Novo Progresso PDS Terra Nossa 28/02/2019 A Liderança Melo* Novo Progresso PDS Terra Nossa 30/04/2019 Não Informado SI Assentado Novo Progresso PDS Terra Nossa 31/01/2019 Antônio Marcos Lacerda A Liderança Joel Vieira Santos, Novo Repartimento Faz. Murici/Rancho do Leite 16/03/2019 46 Trab. Rural "Macarrão" Liderança Paragominas T.I. Alto Rio Guamá/Tembé 31/05/2019 Não Informado 2 Indígena Rurópolis PAC Araipacupu 26/03/2019 Não Informado 3 Liderança Rurópolis PAC Araipacupu 19/12/2019 Valdenir Ferreira A Liderança T. I. Trincheira-Bacajá/Índios Xikrin/UHE Belo Liderança São Félix do Xingu 25/08/2019 Bekoro A Monte/Mineradora Belo Sun/PAC Indígena Osvalinda Maria Trairão P. A. Areia II/Com. São Mateus 12/04/2019 A Liderança Marcelina Alves Pereira* Trairão P. A. Areia II/Com. São Mateus 12/04/2019 Daniel Alves Pereira* A Assentado Trairão P. A. Areia II/Com. São Mateus 12/04/2019 Antônio de Paula Silva* A Assentado Subtotal 39 Paraná T. I. Guarani Mbya/Tekohá Jevy/Guasu Guaíra 18/11/2019 Gilberto Kunomi Reko A (o)Indígena Guavirá/Itaipu T. I. Guarani Mbya/Tekohá Jevy/Guasu Guaíra 18/11/2019 Wilfrido Benitez Espindola A (o)Indígena Guavirá/Itaipu Pinhão Faxinal Bom Retiro 27/07/2019 Família Ferreira Siva ** Faxinalense Subtotal 3 Pernambuco Cabo de Santo Eng. Ilha/Complexo Suape/Vazamento de Vera Lúcia Domingos de 31/12/2019 A Liderança Agostinho Óleo Melo Com. Jatobá/Transposição do Rio são Cabrobó 03/12/2019 Joana Angélica A Liderança Francisco Garanhuns Quilombo Castainho 17/09/2019 José Carlos Lopes 63 Liderança Maria Nazareth dos Sirinhaém Com. Pesqueiras/Rio Sirinhahém/Us. Trapiche 04/09/2019 A Santos Subtotal 4 Piauí Baixa Grande do Comunidade Morro d' Água 10/01/2019 Adaildo Alves A Liderança Ribeiro Baixa Grande do Comunidade Morro d' Água 10/01/2019 Etelvina Alves A Sem - terra Ribeiro Baixa Grande do Comunidade Morro d' Água 10/01/2019 Adileuda Alves A Sem - terra Ribeiro Esperantina Assentamento Data Coité/Vila Esperança 12/04/2019 Helena Gomes da Silva A Liderança Confitos noCampo Brasil 2019

Municípios Nome do Conflito Data Nome da Vítima Vítimas Idade Categoria Santa Filomena Comunidade Morro d' Água 07/02/2019 Mark Isan 30 Liderança Santa Filomena Comunidade Morro d' Água 07/02/2019 Rogerio Pereira de Sousa 28 Liderança Subtotal 6 Rondônia Cacique Almir Liderança Cacoal T. I. Sete de Setembro 27/02/2019 46 Narayamoga Suruí Indígena Agrop. Rio Candeias/Faz. Urupá/Assent. Flor Candeias do Jamari 24/01/2019 Amado Pedro da Silva 66 Liderança do Amazonas/Acamp. Boa Sorte Guajará-Mirim Ramal do Bom Sossego/Km 22 06/12/2019 Valmir Furtado Dantas 79 Liderança Guajará-Mirim Ramal do Bom Sossego/Km 22 06/12/2019 Luizão A Posseiro Guajará-Mirim Ramal do Bom Sossego/Km 22 06/12/2019 Acreano A Posseiro Guajará-Mirim Ramal do Bom Sossego/Km 22 06/12/2019 Edvaldo A Posseiro Liderança Jaru T. I. Uru-Eu-Wau-Wau 10/12/2019 Awapu*** A Indígena Liderança Jaru T. I. Uru-Eu-Wau-Wau 10/12/2019 Juwi A Indígena Acamp. Nova Esperança/Boa Esperança/ Porto Velho Título Definitivo São Sebastião/Flona Bom 09/01/2019 Delson Pinto de Souza 46 Posseiro Futuro Nova Mutum e Jaci Paraná/UHE Jirau e Santo Porto Velho 04/04/2019 Ana Flávia do Nascimento 46 Liderança Antônio Liderança Porto Velho T. I. Karipuna 10/10/2019 Batiti Karipuna A Indígena Liderança Porto Velho T. I. Karipuna 10/10/2019 Aripã Karipuna 72 Indígena Liderança Porto Velho T. I. Karipuna 10/10/2019 Eric Karipuna A Indígena Liderança Porto Velho T. I. Karipuna 10/10/2019 Adriano Karipuna A Indígena Liderança Porto Velho T. I. Karipuna 10/10/2019 André Karipuna A Indígena Porto Velho Área do Militão/Setor Chacareiro 22/02/2019 Gabriela Ortiz Camargo 46 Liderança Acamp. Dois Irmãos/Dois Amigos/Faz. do Marcos Carvalho de Porto Velho 31/12/2019 31 Liderança Bispo/Linha 29 C Araújo Porto Velho T. I. Karipuna 10/10/2019 Povo Karipuna A (o)Indígena Subtotal 18 Roraima Dário Vitório Kopenawa Liderança Mucajaí T. I. Yanomami/Apiauí/Papiu/Yawaripé 29/05/2019 A Yanomami Indígena Subtotal 1 São Paulo Ubatuba Com. Caiçara de Ubatumirim 31/08/2019 Não Informado A Caiçara Ubatuba Com. Caiçara de Ubatumirim 09/10/2019 Vereador Junior JR A Político Subtotal 2 Tocantins Araguaína Faz. Volta Grande/Assent. Manoel Alves Bié 11/11/2019 Vágner A Liderança Araguaína Faz. Volta Grande/Assent. Manoel Alves Bié 11/11/2019 Sirlei A Assentado Araguaína Faz. Volta Grande/Assent. Manoel Alves Bié 11/11/2019 Márcio A Assentado Nova Olinda Faz. Santa Maria/Gleba Anajá/Pombas 04/10/2019 Paulo Cardoso Cavalcante A Sem - terra Subtotal 4 Total 201 Foto: Andressa Zumpano Manifestações Confitos noCampo Brasil 2019

O Parlamento e o Executivo na luta contra a reforma agrária e a preservação da natureza

Marco Antonio Mitidiero Junior1 Lucas Araújo Martins2 Brenna da Conceição Moizés3 Completado um ano do chamado “Governo de leis nocivas aos homens e mulheres do Bolsonaro”, uma pauta política de retroces- campo e à natureza caem como cascata das sos é a marca d´água da atual administração duas casas legislativas e vem imprimindo federal. Na verdade, é uma pauta absoluta uma paisagem perversa e medieval para a de retrocessos e destruição que deveria fazer produção de leis nesse país; a análise dessa qualquer pessimista ou qualquer otimista conjuntura é o objetivo do presente texto. assombrar-se. Nada de bom à coletividade aconteceu nesse primeiro ano de governo, Parlamento e Executivo na contramão da muito pelo contrário. Nem o mais pessimis- justiça social ta militante político de esquerda, muito me- nos o mais otimista dos homens brancos da O novo Congresso, ou melhor, a 56ª Legis- direita política e econômica brasileira, po- latura (2019-2022) iniciou os seus traba- deria ter projetado essa conjuntura durante lhos com uma marca difícil de se acreditar: as manifestações de 2013, o Golpe de 2016 o atual Congresso é ainda mais conserva- e na campanha eleitoral de 2018. Estamos à dor que o da 55ª Legislatura (2015-2018). beira da barbárie diante de um governo com É bom lembrar que nas eleições de 2014, feições miliciana e fascista, dedicado a des- mesmo com a vitória da esquerda para pre- truir o Estado nacional. Moro, Weintraub, sidente da República, os deputados e sena- Damares, Salles, Araújo, Família Bolsonaro dores eleitos representavam uma guinada etc., são sujeitos desse processo e boa parte à direita e ao conservadorismo. Não foi por do Parlamento e do Judiciário está com eles. acidente do destino que nessa Legislatura ocorreu um escandaloso e covarde golpe po- É nesse contexto que retomamos as refe- lítico contra a democracia brasileira. Pois xões sobre o que denominamos de “ataques bem, o novo congresso é pior ainda! aos povos do campo” - presentes nas últi- mas publicações do “Confitos no Campo De fato, houve uma grande renovação par- Brasil/CPT” -, cientes de que a noção de lamentar nas últimas eleições. Na Câmara ataques, amplamente difundida pós-Gol- foram eleitos 268 novos deputados, corres- pe de 2016, vem deixando de ter potência pondendo a uma renovação de 52%. Desse explicativa, talvez devendo ser substituída total, 141 novos deputados nunca tiveram pela noção de “atentados”. As proposições experiência política anterior. No Senado,

1 Professor Doutor do Departamento de Geociências da Universidade Federal da Paraíba. 2 Graduado em Geografa pela Universidade Federal da Paraíba. Bolsista do Programa Institucional de Iniciação Científca, projeto: “Território e Política no Brasil: ataque legislativo aos direitos dos povos do campo”; mestrando no Programa de Pós-Graduação em Geografa da Universidade Paulista (UNESP-Presidente Prudente) 3 Graduanda em Geografa pela Universidade Federal da Paraíba. Bolsista do Programa Institucional de Iniciação Científca, projeto: “Território e Política no Brasil: ataque legislativo aos direitos dos povos do campo”. 197 a renovação foi de 85% (em relação às 54 pautas; e o PSL, que elegeu um pouco de vagas que estavam em disputa), entretan- tudo do que há de mais perverso na socieda- to, a novidade nos números não refete a de brasileira, e mesmo que o Partido tenha novidade na política. Segundo análise do sido implodido pela saída do presidente da Departamento Intersindical de Assessoria República, deputados e senadores continu- Parlamentar (DIAP) (2018, p. 18), “em ter- am propondo e votando pautas retrógradas mos quantitativos, portanto, a renovação na nocivas à população. Esses partidos, junto Câmara foi signifcativa. Mas há sérias dú- com outros menores, compõem as bancadas vidas sobre a qualidade dessa renovação. E suprapartidárias, as mais fortes delas são como evidência da dúvida, basta dizer que conhecidas como BBB (3 B’s): bancadas do a maioria absoluta dos novos foi eleita por Boi (ruralistas), da Bala (fabricantes de ar- ser liderança evangélica, policial linha dura, mas, militares e policiais) e da Bíblia (evan- celebridade ou parente de políticos tradicio- gélicos neopentecostais). O que na verdade nais”. Por isso a radiografa feita pelo DIAP são 5 B’s, porque deve-se somar aos três an- afrmou, antes mesmo do bonde começar teriores o B da Bula (setor fármaco-químico a andar e descarrilhar, que esse congresso e de agrotóxicos) e o B dos Bancos (grande “será mais liberal na economia, mais conser- capital fnanceiro). Todos os B’s signifcam vador nos costumes, e mais atrasado em re- muitos partidos encaminhando uma agen- lação aos direitos humanos e meio ambiente da de retrocessos inimaginável. do que o atual (...) será o mais conservador desde a redemocratização”. Especifcamos a atuação de apenas uma dessas afliações políticas: a Bancada Ru- A composição partidária das duas casas ralista. Legislatura atrás de legislatura, os legislativas atualmente é nada mais nada ruralistas vêm ditando muito mais do que a menos que enorme, se comparada a de ou- política agrícola e agrária, mas, sim, toda a tros países. Na Câmara são 30 partidos com política. Após o Golpe de 2016, a força des- representantes eleitos e no Senado 22 par- sa bancada no Executivo foi potencializada. tidos. Contraditoriamente, a grande quan- Não podemos esquecer que 50% dos votos tidade de partidos não signifca pluralidade que derrubaram a presidente Dilma Rous- de ideias, democratização na representação, seff vieram dos ruralistas, o que fez do Golpe aumento da possibilidade de debate com a um Agrogolpe. Tal força resume-se, hoje, em sociedade etc., mas, sim, a formação de um uma super bancada composta por 285 par- bloco conservador com atuação diretamente lamentares (247 deputados e 38 senadores), destrutiva em relação ao Estado brasileiro e o que dá mais sentido ao termo “supremacia seu povo. E o que vimos nesse primeiro ano ruralista” (CASTILHO, 2018) ou “plenitude de legislatura é que mesmo a renovação ten- do agronegócio” (TEIXEIRA, 2018). do sido conquistada por discursos de crítica e negação da política tradicional, a política Essa super bancada vem protagonizando o do “toma lá, dá cá” vem imperando. maior ataque/atentado legislativo aos direi- tos e conquistas dos povos do campo e da Os partidos que mais representam esse blo- preservação da natureza. Os dados apre- co são: o DEM, de perfl declaradamente sentados nos gráfcos abaixo expressam neoliberal; o PP, dominado pelos ruralistas; quantitativamente uma rajada de propos- o PR, PRB, PSC ungido pelos evangélicos; tas de lei vindas do poder Legislativo e do o PTB e PSD, que tentam estar do lado de Executivo, nos quais os ruralistas são parte qualquer governo eleito; o PSDB e MDB que fundamental. Contabilizamos as propostas declaram autonomia e apoio condicionado, legislativas - sobretudo em forma de Proje- mas votam contra o povo nas principais tos de Lei (PL’s) – os quais julgamos nocivos Confitos noCampo Brasil 2019

a temas dramáticos e perenes da história tros PL’s de caráter conservador tentando brasileira: reforma agrária, populações indí- reverter sua raiz positiva. genas, preservação da natureza etc. O gráfco 1 expressa a quantidade de pro- Antes de analisarmos os dados é importante postas legislativas consideradas ataques esclarecer o leitor que o período de tempo aos direitos dos povos do campo, distribuí- compreendido nos gráfcos extrapola o pe- dos por ano de proposição. Os anos de 2015 ríodo que consideramos como o de intensi- a 2019 signifcaram a intensifcação de pro- fcação dos ataques - que se inicia em 2008 postas legislativas de caráter retrógrado, com a crise do capitalismo fnanceiro mun- período que coincide justamente com o Gol- dializado, se fortalece com a crise política pe à democracia. Esse momento da história brasileira que culmina em um golpe político política brasileira despertou nos ruralistas em 2016, e elege um governo de extrema di- o deleite de que tudo podiam, porém, como reita em 2018, com seu primeiro ano de atu- não sabiam até quando duraria esse perío- ação em 2019. Considerar propostas antes do, aproveitaram para propor e desarquivar desse período justifca-se pela forma como a maior quantidade possível de projetos de as tramitações são feitas na Câmara, ou lei em seu favor, a fm de garantir o que eles seja, no período de intensifcação dos ata- denominam de “segurança jurídica” (o que ques não foram apenas novos projetos que entendemos como insegurança jurídica aos surgiram, mas, também, o desarquivamen- povos do campo e à natureza). São 202 pro- to de propostas conservadoras que já exis- postas legislativas que, vistas pela lente teó- tiam. Não importa, por exemplo, que o PL rico-conceitual crítica, parecem querer rea- seja de 1996, mas, sim, o fato de ele ter sido lizar a acumulação primitiva do capital pela retomado nessa conjuntura. Outro adendo propositura de leis. Basta olharmos para o importante, versa a respeito do apensamen- gráfco 2, que distribui os dados por temas: to de propostas. Isso quer dizer que aque- destruir a possibilidade de realização da re- las que versam sobre o mesmo tema podem forma agrária, expulsar as comunidades in- ser juntadas independentemente de seu dígenas e quilombolas e garantir a liberação objetivo, se progressista ou conservador. O e envenenamento do território, é o objetivo que observamos em nossa pesquisa é que primaz. existem muitos PL’s de caráter conservador apensados e muitos outros com os mesmos

Fonte dos dados: Câmara dos Deputados, Frente Par- Fonte dos dados: Câmara dos Deputados, Frente Par- lamentar da Agropecuária, Senado Federal (2019). Org. lamentar da Agropecuária, Senado Federal (2019). Org. Martins, Lucas Martins, Lucas O gráfco 3 representa 245 propostas de lei objetivos; e também PL’s de caráter mais estudadas por nós, que visam, de alguma progressista nos quais são apensados ou- forma, a fragilizar ou destruir leis de pro- 199 teção da natureza4. O tema das leis que li- Violência legislativa: três projetos de lei mitam os níveis de exploração da natureza diabólicos sempre foram um gargalo ao grande inves- tidor capitalista, sobretudo ao agronegó- Desde 2016 (Mitidiero et al, 2016, 2017, cio. Por isso, podemos notar que em 2007 e 2018, 2019) tentamos pensar essa ofensiva 2013, antes dos golpistas e a extrema-direi- orquestrada contra os direitos dos povos do ta chegarem no poder, já havia uma pressão campo e da natureza, sob a ótica da noção nessa pauta. Contudo, de 2015 a 2019 uma de violências política, institucional e legis- avalanche de tentativas para destruir a pro- lativa. Por exemplo, a aprovação de apenas teção ao meio ambiente são despejadas na um projeto de lei, apenas um desses que Câmara e Senado. Propostas para explorar compõem os gráfcos expostos, pode signif- (e abusar) economicamente terras indíge- car a alteração e o retrocesso de conquistas nas protegidas e inalienáveis, para implodir do povo, piorando dramaticamente as con- sistemas de proteção ambiental e por mais dições de vida e reprodução social de uma liberação de agrotóxicos lideram no quanti- constelação de pessoas. tativo das propostas (gráfco 4). Como o quantitativo dos gráfcos pode aler- tar, somado à composição do Congresso e de quem comanda o Executivo atualmente, esses projetos de Lei têm um real e efetivo potencial para destruir conquistas sociais históricas. Destacamos para análise a PEC 80/2019, a MP 910/2019 e o PL 2362/2019.

A PEC 80 tem como primeiro proponente o senador Flávio Bolsonaro (PSL/RJ), in- Fonte dos dados: Câmara dos Deputados, Senado cluindo mais 27 outros senadores, e tem Federal, Frente Parlamentar da Agropecuária, 2018. como objetivo alterar “os artigos 182 e 186 Org. Moizés, Brenna. da Constituição Federal para dispor sobre a função social da propriedade urbana e ru- ral”. Na explicação da ementa, encontramos o texto: “regulamenta a função social da propriedade urbana e condiciona a desapro- priação da propriedade urbana e da rural à prévia autorização do poder legislativo ou de decisão judicial, observando-se em ambos os casos o valor de mercado da propriedade na indenização”. Na prática, a proposta visa a fragilizar ao máximo o estatuto da função social da propriedade (que é cláusula pétrea na CF), ao ponto que tornar-se-á quase im- Fonte dos dados: Câmara dos Deputados, Senado Fe- possível executá-la. São três estratégias ex- deral, Frente Parlamentar da Agropecuária, 2018. Org. plícitas e uma implícita presentes na PEC. Moizés, Brenna.

4 Em recente entrevista, o Deputado Federal Rodrigo Agostinho (PSB-SP), presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câm- ara, informou existir “quase mil projetos que tramitam hoje na Câmara e no Senado propondo algum retrocesso na legislação ambiental” (Folha de São Paulo, 4 de fevereiro de 2020). Não tivemos acesso a essa base de dados e trabalharemos com os dados coletados no processo de pesquisa, no qual encontramos 245 projetos de leis nocivos à natureza (preservação do meio ambiente). Confitos noCampo Brasil 2019

A primeira delas é acabar com a simulta- a grande maioria dos processos de desa- neidade das exigências que asseguram a propriação de terras para reforma agrária. realização da função social da propriedade, Destarte, encontra-se no texto da PEC um e, portanto, garantem a propriedade priva- retrocesso medieval de compreensão do que da. Hoje, segundo o Art. 186 da CF, para é a propriedade privada: “tendo em vista realizar a função social a propriedade deve que é um bem sagrado e deve ser protegi- cumprir: I) aproveitamento racional e ade- do de injustiças”. Dessa forma, a noção de quado; II) utilização adequada dos recur- propriedade volta a ser entendida como um sos naturais disponíveis e preservação do direito absoluto, de caráter individual, o que meio ambiente; III) observância das dispo- detonaria as noções de direito coletivo - in- sições que regulam as relações de traba- clusive na CF está expresso que o direito co- lho; IV) exploração que favoreça o bem-es- letivo deve sobrepor o direito individual, o tar dos proprietários e dos trabalhadores. que mostra a inconstitucionalidade da nova Na nova redação, caso aprovada, basta o proposta. proprietário cumprir “ao menos um dos re- quisitos” e sua propriedade é reconhecida A segunda estratégia é mudar o poder de como cumpridora da função social e estará quem decreta o processo de desapropriação. assegurada contra um possível processo de Hoje é o presidente da República, na PEC 80 desapropriação para reforma agrária. Uma passaria a ser a partir de prévia autorização sorte de possibilidades ilustra a perversida- do poder Legislativo ou por decisão judicial. de dessa proposta. Por exemplo: 1) um juiz No parágrafo 5 encontra-se: “O descum- pode levar em consideração o inciso IV, que primento da função social de que trata o § é o mais subjetivo dentre todos, a partir de 2°somente será declarado por ato do Poder depoimentos de trabalhadores empregados Executivo, mediante autorização prévia do de que eles estão satisfeitos no seu traba- Poder Legislativo, ou por decisão judicial”. lho/emprego, com isso a propriedade esta- Não precisamos de muita refexão sobre essa ria cumprindo a função social (existem pes- mudança, pois os dados mostram o poder quisas que trazem depoimentos de vítimas que a Bancada Ruralista tem no Congresso, libertadas de escravidão contemporânea ao ponto de que não é difícil afrmar que um rural que relatam a preferência desses su- processo de desapropriação de uma proprie- jeitos de estarem empregados sob quaisquer dade rural que chegaria na Câmara nunca circunstâncias - mesmo naquelas ativida- seria votado em plenário. Mas também fca des extremamente precárias e degradan- a cargo do Judiciário decidir pela desapro- tes - do que estarem desempregados); 2) a priação e, como sabemos, como ocorre na propriedade rural pode ser considerada im- história dos confitos agrários, o juiz cos- produtiva, negando o inciso I, porém possui tuma pensar com a cabeça do fazendeiro, uma reserva ambiental cumprindo o inciso por isso afrmamos que seriam raríssimas II, o que levaria ao impedimento de um pro- as desapropriações vindas do Judiciário. E cesso de desapropriação; 3) a propriedade não é só, o parágrafo supracitado diz que é altamente produtiva, porém desrespeita a autorização prévia será do Legislativo ou a legislação ambiental, desmatando matas Judiciário, mas o decreto será do Executivo, ciliares e, ainda, é descoberta empregando ou seja, edifca-se uma série de barreiras à trabalho escravo em sua fazenda. Segundo realização da reforma agrária. Vamos supor a PEC proposta por Flávio Bolsonaro, esse que um processo de desapropriação passe fazendeiro não poderá sofrer processo de pelo Legislativo ou Judiciário (o que seria desapropriação já que cumpre o artigo I. raro como argumentamos nesse texto), ele ainda dependeria de decreto do Executivo, Tal mudança na lei, impediria, na prática, portanto, dependendo da orientação ideoló- 201 gica de quem está com a caneta nas mãos. que ele desmatou toda a sua fazenda, co- Arriscamos dizer que se nesse atual gover- metendo vários crimes ambientais, e que é no chegar um processo de desapropriação comprovada em sua propriedade superex- para reforma agrária, supostamente depois ploração dos seus empregados assalariados de passar pelo caminho proposto pela PEC, e até casos de trabalho escravo, e que ain- e que essa desapropriação é fruto de luta ela da sua propriedade não atinge os índices de terra, o atual presidente da República não produtividade exigidos para ser considerado só não assinaria o decreto, como rasgaria uma terra produtiva, no ato da desapropria- ou botaria fogo na papelada5. ção ele será premiado com uma indenização em dinheiro e no valor de mercado. A terceira estratégia explícita é a obrigação do Estado pagar indenização no valor de Há uma estratégia implícita na proposta da mercado, retirando o pagamento em Títulos PEC 80/2019 que é absolutamente danosa da Dívida Agrária (TDA’s), que podem ser à democracia e a sociedade civil. Fragilizar resgatáveis em até 20 anos. O pagamento a esse ponto o estatuto da função social da em dinheiro vivo e imediatamente à desa- propriedade privada é retirar o principal ar- propriação passa a ser um prêmio a quem gumento político, discursivo e técnico-judi- não cumpre a função social – de caráter cial a favor dos movimentos sociais de luta punitivo, a lei passaria a ser premiativa. A pela terra (e moradia). A luta pela terra vista obrigatoriedade de pagamento em valor de como uma luta para que a lei seja cumpri- mercado jogaria por terra os processos de da, uma luta constitucionalista, seria in- vistoria dos técnicos do Instituto Nacional viabilizada, ajudando na confecção de um de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). ambiente político e judicial para a criminali- Se esses avaliarem que a propriedade rural zação dos movimentos sociais. está muito degradada, com solo em péssi- mas condições e sem recursos hídricos, o O segundo ataque que analisaremos trata- que faria, evidentemente, reduzir o preço -se, na verdade, de um atentado em vias de no mercado, na PEC 80 paga-se o valor de aprovação, contra a sociedade e o território brasileiro. Muito provavelmente, quando mercado sem levar em consideração essas este texto for publicado, a Medida Provisória circunstâncias. Por fm, impõe-se uma bar- 910/2019, proposta pelo presidente da Re- reira econômica perante essa exigência. Pa- pública Jair Bolsonaro, que versa sobre uma gar a terra desapropriada em dinheiro e pelo nova legislação para a regularização fundi- valor do mercado oneraria muito o Estado, ária em terras da União, poderá signifcar a este podendo barrar processos de reforma maior transferência de terras públicas para agrária pelo discurso de que o governo não o capital privado da história recente, ou até tem recursos (para um Estado em crise fs- de toda história brasileira. Por essa razão, cal, como aventa o governo todos os dias, a MP ganhou o título de “MP da grilagem” e seria um prato cheio para arquivar todo e vem assombrando pesquisadores, ambien- qualquer processo de desapropriação). talistas e movimentos sociais. Em verdade, essa MP signifcará um dos maiores roubos Se colocarmos na mesa a primeira e a ter- institucionalizados de terra da nossa histó- ceira estratégias, elas produzirão uma situ- ria. Trata-se pura e autenticamente de acu- ação dramaticamente injusta. Vamos supor mulação primitiva de capital. que um proprietário rural foi enquadrado como não cumpridor da função social, por- A MP da grilagem é fruto de promessa de

5 Indo mais fundo nesse parágrafo 5º, ele também pode ser entendido como uma afronta à separação dos poderes, bloquean- do a autonomia que o Executivo tem de colocar em prática a Constituição Federal. A desapropriação, por exemplo, é uma atribuição administrativa, fruto de vistorias e avaliações pelo INCRA, que não precisa da bênção dos outros poderes. Confitos noCampo Brasil 2019

campanha do presidente aos ruralistas. É as chances de ser aprovada. A MP como um fruto também da queda de braço entre o pre- todo é um retrocesso histórico, vale apontar sidente do INCRA, o general João Correia, os pontos mais prejudiciais. com o Secretário de Assuntos Fundiários, o ruralista Nabhan Garcia. De um lado, o ge- A autodeclaração praticamente continuou neral querendo colocar “ordem” no INCRA, no texto, apenas houve um aumento de bu- em um surto nacionalista raro aos milita- rocracia. Em resumo, na maior parte dos res de hoje, e, de outro, o fazendeiro com os casos, os futuros proprietários deverão en- dentes afados para realizar a principal ta- tregar os documentos, não haverá vistoria refa para a qual ele foi empossado: legalizar na área, cabendo ao Estado analisar os do- a grilagem de terra. Ganhou o segundo, e o cumentos e regularizar a propriedade. general foi demitido do seu cargo. Saiu do cargo e revelou os bastidores ao afrmar que Em realidade, a autodeclaração será permi- o INCRA é “um esgoto e existe uma organi- tida até 15 módulos fscais, o que pode che- zação criminosa”, acusando Nabhan Garcia gar a 1.650 hectares de terra, sendo que a de “operar em favor de interesses escusos”. vistoria na área só ocorrerá, supostamente, quando encontrados documentos duvido- A principal normativa da MP, que apareceu sos, se a área tiver infração ambiental, se na mídia antes mesmo de ser proposta, é de apresentar mais de 15 módulos fscais e se que a regularização fundiária seria feita por tiver confito declarado na ouvidoria agrária autodeclaração6. Bastava o ocupante (o in- nacional. Vale comentar que as exigências vasor ou o grileiro)7 declarar a posse e apre- e limitações da provável nova lei de regu- sentar o georreferenciamento que ele teria larização fundiária é mel na chupeta dos a regularização da terra requerida. Dada a grileiros, mestres em documentação e buro- forma como se desenvolveu a apropriação cracia. Assim, os 15 módulos fcais podem privada das terras brasileiras, a autodecla- se multiplicar, basta o grileiro distribuir as ração chamou a atenção negativamente de regularizações entre familiares, laranjas vários setores da sociedade. Algum barulho empregados, que ele pode somar uma área foi feito pela mídia, muitos protestos e re- enorme, como já aconteceu com o Projeto púdios apareceram, muitos pesquisadores Terra Legal na Amazônia. E a checagem tiveram espaço para fazer a crítica, até que disso tudo é muito pouco provável, dado o o governo recuou não recuando. A autode- sucateamento do INCRA. Sauer, Tubino e claração foi retirada do texto, mas ela conti- Leite (2019, p. 5) professam: “a checagem nuou, como veremos. será feita como se fosse possível, diante dos processos históricos de apropriação de No dia 10 de dezembro de 2019 o Presiden- terras públicas, verifcar a legitimidade e o te da República editou a MP, sendo que ela cumprimento da função socioambiental por tem 120 dias para ser votada e transforma- sensoriamento remoto”. da em Lei. Com o Congresso que descreve- mos acima, afrmamos que a MP tem todas Também podemos apontar como indício de 6 O Secretário Nabhan Garcia comparou positivamente a autodeclaração de terras à declaração do imposto de renda. Nem precisamos perder tempo aqui para mostrar que são coisas altamente distintas e que um possível desvio de conduta na au- todeclaração tem efeitos diferentes: se na declaração do imposto de renda quer se declarar menos, na declaração de terras quer se declarar mais, muito mais terra. Em entrevista a Cristiane Prizibisczki (2020), o professor Rodrigo Zeidan alertou: “No caso do IR, se o cara não pagou o imposto devido, não há nenhum efeito social disso, simplesmente ele foi desonesto e vai ter que pagar. No caso da regularização por autodeclaração, se o cara declarar errado ou tiver confito de terra, pode gerar externalidade para a sociedade: o desmatamento preventivo, confitos por terras que foram declarados por pessoas diferentes...”. 7 Há uma diferença sociológica, territorial e jurídica muito grande entre as fguras do ocupante (posseiro) e do invasor grilei- ro. O primeiro ocupa produtivamente com sua família pequenas porções de terra, o segundo, em geral, invade grandes áreas de terras para vendê-las posteriormente. 203 fracasso os diversos problemas que apare- Por fm, a MP premia quem desmatou áre- ceram com a autodeclaração do Imposto as, ou seja, quem cometeu crime ambiental. Territorial Rural (ITR) e com do Cadastro O desmatamento, que sempre foi o pontapé Ambiental Rural (CAR), este último já de- inicial para a grilagem, principalmente na nunciado por declarar ocupação dentro de Amazônia, passa a ser uma prova de ocupa- terra indígena, ou seja, terras inalienáveis ção para regularização. Junto com fccional da nação, de usufruto imemorial dos índios. exigência de uma declaração de que não é escravocrata, a MP 910 premiará desmata- A proposta de lei chega a exigir documento dores10 e escravocratas. declaratório de que o requerente não man- tém trabalho escravo na área ocupada/inva- Dentre tantos projetos de lei de ataque à dida, portanto, seria histórico um grileiro ou natureza, destacaremos o PL 2362/2019 - invasor, por exemplo, lavrar um documento também de autoria do senador Flávio Bolso- e declarar que é escravocrata contemporâ- naro (PSL/RJ) em conjunto com o senador neo. Sem contar que a utilização de traba- Marcio Bittar (MDB/AC) – justamente por lho escravo pode se dar, como é frequente, ele versar sobre um tema que teve ampla na abertura da fazenda. Estando a fazenda repercussão internacional em 2019 devido consolidada, o fazendeiro pode pedir tran- ao “dia do fogo”, isto é, o PL visa a isentar quilamente a regularização. de punição o proprietário rural que desmata sua propriedade. Outro grande problema na MP é a altera- ção do marco temporal de comprovação da A ementa do projeto objetiva revogar “o Capí- ocupação e exploração direta. Antes a data tulo IV - Da Reserva Legal, da Lei nº 12.651, era julho de 2008, passando a ser maio de de 25 de maio de 2012, que dispõe sobre a 2014, em uma primeira situação, e 2018, proteção da vegetação nativa, para garantir em uma segunda situação. Até 2014 o re- o direito constitucional de propriedade”; na querente poderá regularizar a terra com um explicação da ementa fca mais claro: “Re- super desconto8, tendo que pagar ao Esta- voga, no código forestal, as áreas de reser- do de 10% a 50% do valor mínimo da terra. va legal, a fm de possibilitar a exploração Essa mudança privilegia e amplia, no tempo econômica dessas áreas”. Sem rodeios, o PL e no espaço, a possibilidade da grilagem le- quer acabar com a obrigatoriedade da reser- galizada. Para ocupações até 2018 o reque- va legal dentro de uma propriedade privada. rente terá que pagar sem desconto o valor Em outras palavras, é o “dia do fogo” com mínimo da terra. Para quem conhece bem toda a liberdade. O argumento central é de a história ruralista/agronegócio, calotes, que a lei em vigor “colide” com o direito de arrolamento, perdão de dívidas, subsídios propriedade, assim sendo, mais uma vez, o e incentivos fazem parte do modus operan- senador Flávio Bolsonaro empurra à socie- di desse setor, não sendo difícil conjecturar dade a noção vencida pelas democracias de que o pagamento pela terra pode ser uma que a propriedade é um direito sagrado e miragem9. absoluto.

8 Segundo Prizibisczki (2020), “como exemplo, um hectare de terra no município de Paragominas, no Pará, à época da pu- blicação da MP, era de cerca de R$ 10 mil, pelo valor de mercado. Ao se aplicar as regras previstas nesta Medida Provisória, o governo poderia cobrar R$ 45 na sua regularização. Por tais motivos, a lei foi considerada “uma anistia à grilagem”. Em uma simulação realizada pelo Ministério Público Federal, a regularização de um hectare em Nova Andradina (MS) custará entre R$ 351,50 e R$ 1.757,50, o que pode signifcar apenas 1% do preço de mercado, que é de 30 mil reais (Folha de São Paulo, 15/02/2020). Também a Imazon concluiu que, “em 2018, o preço máximo estabelecido para regularização fundiária em terras públicas não declaradas era de 42% do valor médio de mercado da terra”. 9 Essa MP já prevê renegociação de dívidas de quem já tinha regularizado, mas não efetuou o pagamento. 10 Entre agosto de 2018 e julho de 2019, portanto pegando uma fração temporal para regularização na MP, constatou-se que o desmatamento foi 61% maior que o mesmo período de 2017 a 2018. Confitos noCampo Brasil 2019

No primeiro parágrafo da Justifca- parte da Amazônia brasileira já estão nas ção do PL 2362/2019 encontramos: pesquisas científcas e denúncias dos povos tradicionais e movimentos sociais. Destruir Certamente, quando se examina a reali- essa lei será agravar uma situação já em dade da preservação ambiental no Brasil, curso e bastante preocupante. chega-se à conclusão de que o país é um dos que mais preserva sua vegetação no Considerações finais mundo. Não são poucos os dados que de- monstram o país como exemplo interna- cional de preservação da foresta e de sua Logo no início do livro “O colapso da demo- vegetação. Nenhuma outra nação pode cracia no Brasil”, Luiz Felipe Miguel (2019, dar receitas prontas de conservação para p. 11) sintetiza que “tudo aquilo que, com o Brasil. Não há pertinência no clamor esforço, fora construído a partir do fnal da ecológico fabricado artifcialmente por eu- ditadura militar, em termos de democracia e ropeus, norte-americanos e canadenses e promoção de justiça social, foi destruído em imposto ao país e a seus produtores rurais, pouco tempo”. É como pensarmos em um chegando a determinar, segundo interes- prédio implodido: a construção pode levar ses políticos e comerciais estrangeiros, o meses e anos, a implosão leva segundos. rumo de nossa produção, desenvolvimento e legislação ambiental. Da ameaça do então Senador e candidato à presidência da República Aécio Neves e do Senador Aloísio Nunes, logo após a derro- Em meio à mentira (fake news) de que o ta eleitoral de 2014, de que iriam “sangrar” Brasil é um exemplo de preservação da na- o governo Dilma, à eleição de um governo tureza, argumento que se sustenta apenas de extrema direita, muito da democracia já em quem está interessado no fm das leis sangrou e vem sangrando. ambientais, apresenta-se um discurso mar- cado por dois argumentos frequentes: 1) o Brasil preserva muita natureza que pode No atual estágio de existência do modo de ser explorada e que traria desenvolvimento produção capitalista, a democracia burgue- (econômico!); 2) e uma teoria da conspira- sa parece não cumprir mais o seu papel ou ção, na qual outros países ricos já desmata- vivemos em um momento que esse tipo de ram suas reservas, por isso são ricos, mas democracia fragilizará todos os seus requi- querem bloquear o desenvolvimento brasi- sitos institucionais - é isso que indica essa leiro. A conclusão é uma só: preservar a na- pesquisa de acompanhamento das propos- tureza é um atraso. Esses argumentos aca- tas de leis dos poderes Legislativo e Execu- bam tendo respaldo em parte da população. tivo. Quando intitulamos, por exemplo, os acontecimentos de 2016 como Golpe polí- tico/parlamentar/jurídico/midiático (MITI- Na lei em vigor, as reservas legais variam de DIERO, MARTINS, MOIZÉS, 2019) signifca 20% a 80% conforme a dimensão da área, que todos os poderes estavam envolvidos na o tipo de cobertura vegetal e da região do construção dessa conjuntura, ao passo que país. Por exemplo, as propriedades rurais transformar os seus desejos em Leis é ape- na Amazônia Legal têm reserva legal estabe- nas uma dimensão da totalidade dos obje- lecida em 80%; no Cerrado, 35%; e outras tivos. regiões esta porcentagem é de 20%. Não há como dimensionar precisamente o que sig- nifcaria acabar com essas limitações. Algo Referências como “terra arrasada” nós já vivenciamos em muitas regiões do país. Os efeitos am- CASTILHO, ALCEU. A SERPENTE FORA DO OVO: a frente do agronegócio e o supremacismo bientais, climáticos e sociais da ocupação ruralista. Revista OKARA. Geografa em Deba- massiva do agronegócio do Cerrado e de 205 te. Programa de Pós-Graduação em Geografa/ Grandes Empreendimentos: do Estado de Direi- UFPB, v.12. n. 02, 2018. to ao Estado de Exceção. In: Confitos no Cam- po - Brasil 2017, Goiânia, Comissão Pastoral da DIAP. Radiografa do novo congresso. Legislatu- Terra, v. 34, 2018. ra 2019-2023. Brasília: Departamento Intersin- dical de Assessoria Parlamentar, 2018 MITIDIERO Jr, Marco; MARTINS, Lucas A.; MOIZÉS, Brenna C. CONTRA O POVO: Ataque MIGUEL, LUIZ F. O colapso da demoraria no parlamentar aos direitos dos povos do campo Brasil. Da Constituição ao Golpe de 2016. São e da natureza. In: Confitos no Campo - Brasil Paulo: Expressão Popular/Fundação Rosa Lu- 2018, Goiânia, Comissão Pastoral da Terra, v. xemburgo, 2019. 34, 2019. MITIDIERO Jr, Marco. Ataque aos direitos dos SAUER, S., TUBINO, NILTON, LEITE, ACACIO povos do campo. In: Confitos no Campo - Brasil Z. Governo Bolsonaro amplia a grilagem de ter- 2015, Goiânia, Comissão Pastoral da Terra, v. ras com mais uma medida provisória. Presidente 32, 2016. Prudente: Boletim Dataluta, NERA, dez. 2019. MITIDIERO Jr, Marco; MARTINS, Lucas Araújo; TEIXEIRA, GERSOM. O governo Bolsonaro e a SILVA, Ana Mikaelly dos Santos; NASCIMENTO plenitude do agronegócio. (não publicado), 2018. André Paulo. Ataque aos Direitos dos Povos do campo: as ações do Legislativo e Executivo Fe- PRIZIBISCZKI, CRISTIANE. Os perigos da regu- deral. In: Confitos no Campo - Brasil 2016, Goi- larização fundiária por autodeclaração. Disponi- ânia, Comissão Pastoral da Terra, v. 33, 2017. vel em: https://www.oeco.org.br/reportagens/ os-perigos-da-regularizacao-fundiaria-por-auto- MITIDIERO Jr, Marco; MORAIS, Hugo B., MAR- declaracao/, acesso em: 14/02/2020. TINS, Lucas A.; MOIZÉS, Brenna C.. Leis e Confitos noCampo Brasil 2019

Tabela 11 - Manifestações

No de UF Pessoas Ocorrências

Centro-Oeste Distrito Federal 37 2025 Goiás 17 80 Mato Grosso do Sul 35 2780 Mato Grosso 33 4431 Subtotal 122 9316

Nordeste Alagoas 44 8245 Bahia 162 47920 Ceará 49 7590 Maranhão 84 5989 Paraíba 32 19805 Pernambuco 80 9130 Piauí 31 6745 Rio Grande do Norte 13 420 Sergipe 21 607 Subtotal 516 106451

Norte Acre 15 780 Amazonas 25 3291 Amapá 10 310 Pará 78 9246 Rondônia 35 6840 Roraima 14 3243 Tocantins 12 1960 Subtotal 189 25670

Sudeste Espírito Santo 20 1190 Minas Gerais 131 34723 Rio de Janeiro 23 150 São Paulo 77 13262 Subtotal 251 49325

Sul Paraná 91 29359 Rio Grande do Sul 104 10771 Santa Catarina 28 12820 Subtotal 223 52950 Brasil 1301 243712 Foto: Juliana Pesqueira - Yará Sateré Mawé participa do ato do 8 de março em Manaus - AM

Notas da CPT Confitos noCampo Brasil 2019

NOTA PÚBLICA PASTORAIS DO CAMPO - A esperança luminosa dos pobres vence- rá a escuridão

O ano de 2019, início do governo Bolsonaro, portantes ecossistemas do Rio Paraopeba, como já se temia, começou sob o signo da tragédia a chegar em breve ao já combalido tragédia. No dia 05 de janeiro um trabalha- Rio São Francisco, alardeado “rio da unida- dor rural foi assassinado e outros nove fca- de nacional”. Nesse contexto é extremamen- ram feridos, três gravemente, em um ataque te grave a fexibilização da política ambien- por seguranças privados de uma fazenda em tal brasileira e o sucateamento dos órgãos Colniza (MT), grilada por poderosos políticos responsáveis, o que possibilita menos rigor do estado. No mesmo município, em maio nos processos de licenciamentos de ativida- de 2017, ocorreu um massacre, que resul- des desse porte como também não garante tou na morte de nove camponeses. A região condições de uma fscalização adequada e é cobiçada por suas imensuráveis riquezas rigorosa. em madeira e minério. As decisões já tomadas e os discursos do A violência marca geneticamente a estrutu- presidente e dos que assumiram ministérios ra agrária do País, base do poder até hoje, e altos cargos no Executivo, como também responsável por milhares de mortes de cam- as primeiras decisões do Congresso Nacio- poneses, indígenas e quilombolas, quase nal, ainda mais conservador, ameaçam tem- totalidade impunes. Além de desterritoria- pos ainda mais sombrios para comunidades lizar e provocar migração forçada, promove rurais, tradicionais, quilombolas, migrantes o trabalho análogo ao trabalho escravo. Há internos e indígenas, alvos preferenciais da sinais de que 2019 vai ratifcar o proces- expansão ilimitada dos empreendimentos so histórico de violência e injustiça contra do capital fnanceiro-agrário-minerário. homens e mulheres do campo, das águas e das forestas. A bancada ruralista impera absoluta. Ao Mi- nistério da Agricultura, entregue à ex-pre- A invasão ilegal e criminosa de Terras Indí- sidente da Frente Parlamentar da Agrope- genas foi intensifcada, indicando a prática de uma nova fase de esbulho possessório cuária, conhecida também como “bancada destas terras no Brasil. Por meio de discur- ruralista”, foram transferidas competências sos preconceituosos e iniciativas adminis- até então dos Ministérios do Meio Ambien- trativas, de modo especial a Medida Provi- te, como o Serviço Florestal Brasileiro, e do sória 870/19, que reestrutura os órgãos do Desenvolvimento Social e da Secretaria Es- governo federal, o governo agride frontal- pecial de Agricultura Familiar. A criada Se- mente a Constituição Brasileira e os direitos cretaria Especial de Assuntos Fundiários, indígenas nela consagrados. alojada na Agricultura, terá a competência da identifcação, delimitação, demarcação e A tragédia de Brumadinho (MG), em 25 de registro de terras ocupadas tradicionalmen- janeiro, anunciada e calculada, sinaliza que te por indígenas e quilombolas, competên- já vivemos tempos de barbárie. Uma grande cias que eram exclusivas da FUNAI (Funda- mineradora, estatal privatizada, se reitera no crime de permitir o rompimento de uma ção Nacional do Índio) e do INCRA (Instituto barragem de rejeitos tóxicos. Mais de 300 Nacional de Colonização e Reforma Agrária), vidas humanas ceifadas e destruídos im- esvaziados e entregues a militares. À frente dela ninguém menos do que o presidente da 209

UDR (União Democrática Ruralista), expres- tário de Assuntos Fundiários quando asse- são mais acabada do reacionarismo agrário. verou que não terá nenhum diálogo com o Também nesta pasta está colocada a políti- MST, no que teve que voltar atrás, após pro- ca de Pesca e Aquicultura, que se mantém nunciamento do Ministério Público. Claro como secretaria, sob a liderança do setor da está que para os movimentos sociais o que pesca industrial do sul do país. Os discur- está reservado é policiamento e criminali- sos recentes do secretário dão indícios de zação. Com base em posições ideológicas que o foco da política de pesca é favorecer a torpes e malformadas, o presidente tenta pesca industrial e a aquicultura através de romper as ligações institucionais próprias mudanças drásticas na legislação ambien- dos governos democráticos, a intersecção tal e enfraquecimento dos órgãos de fsca- necessária – preservadas as autonomias – lização e gestão. Em paralelo, um discurso entre o poder constituído e os movimentos e organizações sociais. duro e perspectivas de ações cada vez mais rigorosas para diminuir e controlar o acesso dos pescadores artesanais ao seguro defe- Não escapa a Igreja Católica, monitorada e ameaçada, quando se coloca ao lado das so. A Medida Provisória 870/19 propõe uma maiores vítimas destes desmandos cruéis, ruptura com a legislação atual que garante através das pastorais sociais, como o CIMI a gestão compartilhada como princípio para e a CPT, que com a CNBB constituiriam a ordenamento e gestão da pesca. Se for apro- “banda podre da Igreja Católica”, conforme vada a gestão será entregue apenas ao setor declaração do então candidato Bolsonaro. privado, com consequências drásticas para Torna-se ela também vítima preferencial, a pesca e o consumo de pescado no país. quando se põe a conhecer melhor a reali- dade e os riscos que corre a Amazônia, com As demais atribuições da FUNAI vão fcar suas imensas riquezas. A Rede Eclesial sob a responsabilidade do Ministério da Pan-Amazônica (REPAM) tem colaborado Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, de forma decisiva na preparação do Síno- totalmente subalternas. O cargo estratégico do dos Bispos sobre a Amazônia, convocado de Ouvidor Agrário, antes ocupado por um pelo Papa Francisco, para outubro de 2019, desembargador, agora fca em mãos de um em Roma. O processo de escuta das bases Coronel de Infantaria, revelando qual vai ser eclesiais das dioceses e prelazias suscitou o tratamento do governo militarizado para uma tomada de consciência da necessidade os confitos no campo. de a Igreja se aproximar mais dos povos da Amazônia, em seus históricos e crescentes As populações do campo estão sendo rotu- desafos. ladas com termos pejorativos e preconceitos retrógrados. Os indígenas como lenientes e A anunciada Reforma da Previdência ao se manipulados, os quilombolas como inúteis tornar capitalizada pelos bancos, sob a fal- e preguiçosos e os sem-terra como crimino- sa propaganda de maior justiça na cobran- sos, massa de manobra de bandidos, e as ça das contribuições e de fortalecimento do Estado, será nova estratégia de tirar dos po- escolas dos acampamentos e assentamen- bres para dar aos ricos. Passa ao real gera- tos como “fabriquinhas de ditadores”. O di- dor do défcit da Previdência, as dívidas não reito à propriedade é erigido em direito su- cobradas de empresas e os privilégios, e sa- premo, acima da posse efetiva e produtiva, crifca ainda mais os pobres com mais tem- jogando ao lixo a exigência constitucional po de trabalho e de contribuição, limitando da função social para a propriedade. e redefnindo o pagamento de valores abaixo do salário mínimo. Impõe aos segurados es- Patente está que o novo governo aposta peciais, em especial do meio rural, a mesma tudo na desconstrução de canais de diálogo, proposta para os demais trabalhadores, não como afrmou com todas as letras o Secre- observando as condições específcas desse Confitos noCampo Brasil 2019

grupo social. espaços horizontais de real diálogo e cons- truções conjuntas de alternativas. Nisto, é Para as Pastorais do Campo, a gravidade do imprescindível a solidariedade internacio- momento requer de todas e todos nós, cida- nal. Precisamos acreditar na resistência e dãos e cidadãs, povos, comunidades, movi- resiliência ancestrais das comunidades, que mentos e organizações da cidade e do cam- há séculos enfrentam opressores e seus car- po, igrejas e demais entidades civis, clareza, rascos. É na mais densa escuridão da noite criatividade e unidade, para compreender e que se aproxima a aurora de um novo dia: combater com destemor a aliança nefasta O Deus de Jesus Cristo Libertador está co- formada entre uma casta política nacional nosco e não abandona os pobres e peque- colonizada e militarizada, e os interesses do nos, jamais! capital fnanceiro-agrário-minerário global. Como diz o canto bíblico de nossas comu- nidades, “se calarem a voz dos profetas, as Desde o fm do regime militar, em meados pedras falarão. Se fecharem os poucos ca- dos anos 1980, o diálogo tem sido garantidor minhos, mil trilhas nascerão”! de um equilíbrio mínimo de forças dentro da arena sócio-política, assim não permitindo o Pastorais Sociais do Campo: desequilíbrio em desfavor das categorias so- ciais mais frágeis e vulneráveis. A negação Conselho Indigenista Missionário (CIMI), do diálogo entre o aparato legal, constitu- Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP), cional inclusive, e as populações do campo, Pastoral da Juventude Rural (PJR), mediado por suas legítimas representações sociais, resultará no agravamento desta já trágica realidade fundiária no Brasil. Serviço Pastoral dos Migran- tes (SPM), Cáritas Brasileira e Co- missão Pastoral da Terra (CPT) Urge persistir e reinventar formas mais efcientes da luta pela vida, tecidas na es- perança invencível dos povos, garantindo Brasília, 27 de fevereiro de 2019. 211 CARTA PÚBLICA - Carta aberta das Pasto- rais Sociais do Campo ao Governo e à sociedade brasileira

“Serás libertado pelo direito e pela justiça” fnancistas com o incentivo à previdência (Is 1,27) - CF 2019. privada, o golpe contra os direitos dos asse- gurados especiais do campo, sendo as mu- As Pastorais Sociais do Campo, da Igreja lheres as mais prejudicadas, provocaria um Católica, estamos convencidas que a reali- enorme empobrecimento e esvaziamento do dade no Brasil está caminhando, a passos mundo rural, com o aumento da migração acelerados, para a eliminação de direitos forçada. Frequentemente essas populações e o agravamento das condições de vida de são deslocadas forçosamente de territórios seus cidadãos. Com as diversas reformas onde secularmente viveram e de onde não de cunho neoliberal executadas e propostas desejariam sair. Milhares de pessoas são re- e, ao mesmo tempo, com negociatas que en- assentadas em locais sem condições de sus- tregam os bens naturais existentes nas di- tentabilidade, submetidas à precarização do ferentes regiões, em especial na Amazônia, trabalho e, não raro, a condições análogas o governo submete os interesses do Brasil ao trabalho escravo, devido também a ca- e dos brasileiros a outros países, especial- rência de políticas públicas efcazes. mente aos Estados Unidos da América, e de grandes conglomerados fnanceiros e em- Isto é tudo o que os ruralistas e as grandes presariais multinacionais. corporações internacionais do agronegócio almejam, a fm de estender ainda mais seu É verdade que o ataque aos direitos traba- domínio e hegemonia no setor, aumentando lhistas e previdenciários já vêm ocorrendo, assim seus já estratosféricos lucros e afe- na forma de “minirreformas” há algum tem- tando radicalmente a soberania territorial e po, mas o que assistimos agora é uma ten- alimentar de nosso país. tativa de “golpe fnal” aos direitos dos mais explorados em nosso país. Após enfraquecer São inúmeras as tentativas de efetivação da ainda mais os sindicatos, eliminar direitos e ocupação dos espaços amazônicos e da ra- fragilizar os trabalhadores na relação com pina dos bens naturais neles existentes. O os empregadores, a reforma trabalhista, recente anúncio das intenções do governo realizada sob a justifcativa de que geraria brasileiro de explorar a Amazônia em con- milhões de empregos e até acabaria com o junto com o governo estadunidense revela, desemprego no país, tem seus resultados no entanto, o interesse e a articulação ar- efetivos revelados nos últimos levantamen- quitetada para avançar na empreitada ex- tos que demonstram a existência de mais de ploratória, no saque das riquezas naturais e 13 milhões de desempregados, sem contar das populações locais de forma ainda mais aqueles que nem mais procuram emprego e acelerada, submissa e entreguista. as pessoas que fazem trabalhos informais. A postura governamental de atacar os direi- Com a mesma propaganda e discursos fala- tos territoriais dos povos indígenas, quilom- ciosos de salvar o Brasil, está sendo “nego- bolas e demais grupos tradicionais, facilita ciada” a Reforma da Previdência. Para nós a entrega do território brasileiro aos interes- é evidente que o objetivo, mais uma vez, é ses do capital nacional e internacional. As prejudicar os trabalhadores e as trabalha- declarações recorrentes do presidente Bol- doras da cidade e do campo. Além de favo- sonaro de que pretende não demarcar se- recer fortemente os interesses de grupos quer um centímetro de terra e rever todas Confitos noCampo Brasil 2019

as demarcações possíveis situam-se nesse territórios e os bens naturais. contexto e intencionalidade. A transferên- cia da responsabilidade de demarcação de Na véspera da celebração do Massacre de terras indígenas do Ministério da Justiça Eldorado do Carajás, no Pará (17 de abril para o Ministério da Agricultura, que histo- de 1996), e do dia Internacional da Luta ricamente defende os interesses do latifún- Campesina, lembramos as palavras do Papa dio, é uma medida concreta para efetivar es- Francisco em sua Exortação Evangelii Gau- tas agressões à Constituição brasileira. dium, ao afrmar que “assim como o manda- mento ‘não matar’ põe um limite claro para Não satisfeitos em ameaçar o direito consti- assegurar o valor da vida, assim também tucional de homologar e regularizar territó- hoje devemos dizer ‘não a uma economia rios indígenas e comunidades tradicionais, da exclusão e da desigualdade social’. Esta o governo investe fortemente na perspecti- economia mata.” va do extermínio cultural e dos modos pró- prios de vida destes povos. O incentivo po- lítico-ideológico e fnanceiro a métodos do Por isso, repudiamos esta postura devasta- agronegócio de produção em larga escala dora do atual governo, geradora de morte. de commodities agrícolas para exportação, Conclamamos a todos os povos do campo, com uso intensivo de agrotóxicos, sementes suas organizações, as Igrejas e a socieda- transgênicas e adubação química nas ter- de em geral a somar na resistência contra ras da agricultura familiar e territórios dos as diversas ameaças orquestradas contra o povos indígenas, quilombolas e comunida- povo brasileiro. des tradicionais, além de favorecer os inte- resses das empresas fornecedoras, acelera o etnocídio colonizador presente no Brasil Brasília (DF), 16 de abril de 2019. há séculos. Além disso, com esta iniciativa, o governo enfraquece radicalmente a múl- Comissão Pastoral da Terra - CPT tipla variedade de alimentos saudáveis e ataca fortemente a soberania alimentar dos Conselho Indigenista Missionário - CIMI povos do Brasil, tornando-os dependentes Serviço Pastoral dos Migrantes - SPM da aquisição e consumo de produtos “enla- tados” e carregados de veneno, provocando Cáritas Brasileira prejuízos fnanceiros e à saúde destas po- Conselho Pastoral dos Pescadores - CPP pulações. Pastoral da Juventude Rural - PJR O projeto armamentista do atual governo potencializa a grilagem de terras e a ação criminosa contra o ambiente. Dentre os re- fexos destes primeiros três meses de gover- no, o aumento da violência e do desmata- mento no campo são evidentes. Os dados da CPT, na sua publicação Confitos no Campo Brasil 2018, registram que foram afetadas por violência, no ano passado, quase um milhão de pessoas, enquanto o território em disputa soma pelo menos 39,4 milhões de hectares, dos quais 92% estão na Amazônia.

Nossa constatação sobre os primeiros cem dias do novo governo acena que os próxi- mos anos podem ser muito piores e que o caminho traçado é de uma crueldade sem precedente contra os povos do campo, seus 213 NOTA DE REPÚDIO DA CPT-“Ajudar a violência no campo” é o que quer o Presidente Bolsonaro

A CPT vem a público repudiar a fala do pre- da violência contra os povos e comunidades sidente Bolsonaro, no dia 27 de abril, na do campo e trabalhadores do setor agríco- Agrishow, em Ribeirão Preto (SP). la. Os registros da Comissão Pastoral da Ter- ra (CPT) dão conta de que de 1985 a 2019, Ele anunciou a intenção de enviar um proje- 1.938 trabalhadores e trabalhadoras foram to de lei à Câmara Federal, que na realida- assassinados em confitos no campo, em de seria mais uma licença para matar: “É 1.466 ocorrências. Destas ocorrências so- um projeto de lei que será enviado para mente 117 responsáveis pelos assassinatos Câmara, vai dar o que falar, mas é uma foram a julgamento, tendo sido condenados maneira de ajudar a violência no campo. apenas 101 executores e 33 mandantes. Por É fazer com que, ao se defender sua pro- estes números vê-se que o “excludente de priedade privada ou sua vida, o ‘cidadão ilicitude” já existe na prática! de bem’ entre no excludente de ilicitude, ou seja, ele responde, mas não tem punição”. Esta fala do presidente se soma a muitas outras que jogam sobre as costas dos mais Como disse com suas próprias palavras, frágeis e dos que são considerados descar- “é uma maneira de ajudar a violência no táveis, toda a carga dos preconceitos, do campo”. Mas, como sempre, alguém pre- machismo e racismo existentes, como a cisa traduzir o que ele queria dizer. Neste declaração recente em que ofereceu as mu- caso é jogar a culpa da violência no cam- lheres brasileiras a deleite de estrangeiros, po nos sem-terra que lutam por um peda- fazendo apologia para o turismo sexual in- ço de terra para sobreviver, nos indígenas ternacional. e quilombolas que buscam defender ou re- aver territórios dos quais foram espoliados. Com o profeta Habacuc (1, 2-4), ousamos cla- O projeto em curso do presidente é facilitar mar: “Até quando, Senhor, pedirei socorro, sem ao máximo e a qualquer custo o avanço dos que me escutes? Até quando clamarei: ‘Violên- empreendimentos do capital global sobre os cia’, sem que me salves? bens naturais protegidos por estes povos e comunidades, alguns há centenas, outros Porque me fazes ver a iniquidade e contemplar há milhares de anos. a desgraça? Diante de mim só vejo opressão e violência, nada mais do que discórdias e conten- Na sua fala o presidente reafrma mais de das. Por isso a lei perde a sua força e o direito uma vez que a propriedade é sagrada, sem desaparece defnitivamente; porque o ímpio cer- se atentar para a “função social da proprie- ca o justo e, por isso, o direito sai falseado”. dade”, como reza a Constituição Federal Até quando, nós, cidadãos e cidadãs deste (arts. 185 e 186). Deixa de lado, também, País, vamos tolerar na Presidência da Repú- a forma como foram constituídas tais “pro- blica estas sandices e suas intenções anti- priedades”, muitas delas frutos de esbulho -Nação? e violências contra os povos tradicionalmen- te ocupantes dessas terras, e outras tantas oriundas de grilagem. Goiânia, 30 de abril de 2019.

A fala irresponsável do presidente dá carta Diretoria e Coordenação Nacional branca a quem historicamente tem usado da Comissão Pastoral da Terra Confitos noCampo Brasil 2019

NOTA PÚBLICA - Dois anos do massacre de Pau D’Arco: É preciso pôr fim à barbárie no campo!

Há exatamente dois anos, os corpos de 10 grilagem, como a Fazenda Santa Tereza/ trabalhadores rurais assassinados no Pará Acampamento Hugo Chavez em Marabá. desflavam pelas ruas do município de Re- Mesmo as terras desapropriadas pelo Esta- denção amontoados nas caçambas de via- do e destinadas à reforma agrária, como a turas do estado. No dia 24 de Maio de 2017, área denominada Fazenda 1.200, constituí- uma mulher e nove homens foram covarde- da por reconcentração de terras em área de mente executados por policiais no interior assentamento, ao arrepio da lei e por isso da fazenda Santa Lúcia, em Pau D’arco. ocupada desde 2006, está sob iminente des- pejo em razão da reintegração de posse con- O episódio, embora tenha se tornado in- cedida à um grileiro. ternacionalmente conhecido como um dos maiores massacres que o confito no campo Sequer a morte de dez trabalhadores rurais já produziu no Brasil, permanece impune. no Massacre de Pau D’Arco é sufciente para inibir o Estado a ter uma política agrária Familiares e sobreviventes estão desampa- com clara predileção ao latifúndio. Passa- rados. Não há notícias das investigações so- dos mais de cinco anos de discussão judi- bre os mandantes. cial acerca da legitimidade do título apre- sentado pelos supostos proprietários da A fazenda Santa Lúcia, local do massacre área da Fazenda Santa Lúcia - família que e ainda hoje ocupada por 200 famílias que concentra terras em área superior ao muni- desejam um pedaço de terra para produzir, cípio de Belo Horizonte - não se teve ainda tem uma ordem de despejo autorizada pela uma decisão conclusiva acerca da origem do Vara Agrária de Redenção. Pelo menos ou- título de propriedade, existindo possibilida- tras 10 comunidade estão na iminência de de de sobreposição da fazenda com área do sofrerem reintegrações de posse na região assentamento Nicolina Riveti - e, na falta de sul e sudeste do Pará. Áreas de ocupação clareza acerca da regularidade fundiária, o consolidada, como a fazenda Maria Bonita, Estado julga que é mais justo que a área em Eldorado dos Carajás, estão ameaçadas permaneça na mão de uma única família ao pela onda de despejos. invés de mais de duzentas famílias.

O caos fundiário que sempre interessou as Os sobreviventes e familiares das vítimas oligarquias rurais e a formação do latifúndio igualmente até hoje não receberam nenhum e que foi sutilmente ameaçado pela previsão suporte do Estado, seja de ordem material, da criação de Varas Agrárias pela Consti- seja apoio psicológico para se recompor de tuição Federal de 1988 tem o processo de crime tão violento. Uma mãe que perdeu dois combate a grilagem de terras duramente flhos no massacre veio a óbito por não ter silenciado pelo Poder Judiciário brasileiro, mais quem a assistisse face a graves proble- que ante o que denominou de “doutrina da mas renais: o quadro clínico que antes era melhor posse” autoriza sucessivas reinte- crítico apenas em razão da inefciência do grações de posse em áreas com indícios de SUS, contou agora com um quadro depres- 215 sivo que garantiu o avanço fatal da doença. ciais: “eu vou morrer de pé”.

Como resposta, o atual governo federal imo- De pé, também exigimos o fm da impuni- bilizou o Incra, paralisou a Reforma Agrária dade e da violência no campo, pelo direito à e decretou a liberação do uso de armamen- Vida, à Terra e à Justiça! tos pesados em áreas rurais. Isto reforçará ainda mais as animosidades no confito fun- diário, onde as relações sociais entre clas- - Familiares das Vítimas do Mas- sacre de Pau D’Arco ses foram moldadas por séculos de violên- cia, desigualdade e injustiça social. - Acampamento Jane Júlia - Jus- tiça para os 10 de Pau d’Arco É preciso pôr fm a esta barbárie. Os man- dantes precisam ser responsabilizados! Pela - Comissão Pastoral da Terra - CPT mãe que enterrou o próprio flho, no dia do aniversário dele. Pelas crianças que fcaram -Sociedade Paraense de Defesa órfãs, e pelos sobreviventes que fugiram dos Direitos Humanos - SDDH pela foresta e escaparam da morte naque- le dia, mas tiveram suas vidas para sempre - Terra de Direitos destroçadas. - Justiça Global Uma das vítimas, num último suspiro de imensa coragem - quem conta essa histó- - Comitê Brasileiro de Defenso- ria são os próprios policiais - ao ver o irmão res de Direitos Humanos ser assassinado no chão, se levanta, e, se- gundos antes de ser executado, diz aos poli- 24/05/2019 Confitos noCampo Brasil 2019

NOTA PÚBLICA - Linhão na terra do povo Kinja (Waimiri Atroari): A velha política contra os indígenas

Uma nova política do governo em relação ao nas terras indígenas. O atual governo, outra povo Kinja necessariamente deveria consi- vez, apela para o esdrúxulo argumento do derar a história recente deste povo indíge- interesse da segurança nacional, também na, vítima do crime de genocídio, que ma- usado pelos governos militares, para justif- tou mais de 2.500 indígenas, por ocasião car a construção das estradas na Amazônia, da construção da BR 174, da construção que rasgaram as terras indígenas, deixan- da hidrelétrica de Balbina e da mineração do um rastro de destruição e morte. Beira em seu território. Com esse cuidado, outras a má fé afrmar que a consulta aos Kinja possibilidades para garantir a segurança sobre a construção do linhão signifca um energética do estado de Roraima deveriam risco a integridade do território nacional ou ser estudadas, como por exemplo, a energia uma ameaça de agressão externa ou interna solar fotovoltaica, sugerida como alternativa aos interesses nacionais. É a banalização por três especialistas em sistemas energé- completa desse conceito, esvaziando-o de ticos de universidades brasileiras, em nota seu conteúdo. Se ele serve para tudo, deixa técnica recebida pelo Ministério Público de servir para coisa alguma, a não ser para Federal (MPF/AM). Mas a tragédia que di- justifcar o abuso de poder do Estado. zimou aquele povo não tem sido sufciente para sensibilizar as autoridades que insis- Os indígenas, particularmente os Kinja, tem na velha política colonialista, intrinse- guardam fundo na memória o que signifca camente violenta, para impor, ao arrepio da em termos de violência e de usurpação de lei, a construção do linhão. seus territórios, serem tratados pelo Estado como cidadãos de segunda categoria fada- Ao contrário do que afrma o governo, o im- dos a desaparecer. pacto ambiental da construção do linhão sobre a Terra Indígena Waimiri Atroari e As entidades abaixo relacionadas se solida- consequentemente os transtornos para a rizam com o povo Kinja nesta luta em defesa vida do povo indígena são consideráveis. O dos seus direitos ameaçados, pela reparação projeto prevê a construção de 250 torres de dos danos causados na abertura da rodovia transmissão com uma base de 50 por 50 BR-174 (Manaus-Boa Vista) e para que pos- metros, além do trânsito permanente de um sam viver em paz no seu território e fazem grande número de pessoas para fazer a ma- um apelo para que as forças democráticas nutenção, implicando em desmatamento e se unam em defesa da Amazônia e de seus em restrições a autonomia do povo indígena povos, fazendo prevalecer a justiça frente ao sobre o seu território, inclusive difcultando autoritarismo do governo. No mesmo senti- o seu controle sobre o ingresso de terceiros. do, diante da iminência do povo Kinja ter, outra vez, os seus direitos violados, as en- Invocar força maior para burlar os dispo- tidades destacam a relevância da ação do sitivos legais, muitas vezes acompanhado MPF para garantir o cumprimento integral de atos de barbárie, tem sido uma prática da legislação e a proteção ao povo indígena. recorrente dos sucessivos governos, ao lon- go da história, quando têm algum interesse Manaus, 10 de junho de 2019 217

Comitê de Direito a Verdade, a Memória e a Comissão Pastoral da Terra – CPT/RR Justiça do Amazonas Comissão Pastoral da Terra – CPT/Santa- Articulação Comboniana de Direitos Huma- rém nos Conselho Indígena de Roraima – CIR Articulação de Mulheres do Amazonas – AMA Conselho Indigenista Missionário – Cimi Coordenação das Organizações Indígenas da Articulação pela Convivência com a Amazô- Amazônia Brasileira - COIAB nia – ARCA Coordenação das Organizações Indígenas do Associação dos Docentes da Universidade Amazonas - COIPAM Federal do Amazonas - ADUA Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Associações das Mulheres Indígenas do Alto Entorno – COPIME Rio Negro – AMARN Deputado Federal José Ricardo – integrante da Cáritas Arquidiocesana da Manaus Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Direi- tos dos Povos Indígenas Cáritas Diocesana de Roraima Equipe Itinerante Casa da Cultural do Urubuí Federação das Organizações e Comunidades In- Central de Movimentos Populares - CMP dígenas do Médio Purus – FOCIMP Central Sindical e Popular Conlutas - CSP Federação Indígena do Povo Kukami-Kukamiria - Conlutas do Brasil, Peru e Colômbia -TWRK Fórum de Educação Escolar e Saúde Indígena Centro Migrações e Direitos Humanos - do Amazonas – FOREEIA CMDH Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social – Coletivo de Mulheres Indígenas Suraras do FMCJS Tapajós Frente Amazônica de Mobilização em Defesa dos Coletivo Mura de Porto Velho Direitos Indígenas - FAMDDI Grupo de Estudo Interdisciplinar sobre Frontei- Comissão de Defesa dos Direitos Humanos ras: Processos Sociais e Simbólicos - GEIFRON/ de Parintins UFRR Comissão do Laicato – Regional Norte I Instituto Madeira Vivo – IMV Comissão Pastoral da Terra – CPT Arquidio- Laboratório Dabukuri Planejamento e Gestão do cesana de Manaus Território na Amazônia/UFAM Movimento Articulado de Mulheres da Amazônia Comissão Pastoral da Terra – CPT Diocesa- – MAMA na de Parintins Movimento dos Estudantes Indígenas do Ama- Comissão Pastoral da Terra – CPT/Amazo- zonas - MEIAM nas Organização das Lideranças Indígenas Mura do Comissão Pastoral da Terra – CPT/Pará Careiro da Várzea - OLIMCV Comissão Pastoral da Terra – CPT/Prelazia Organização dos Professores Indígenas de Rorai- de Itacoatiara ma – OPIRR Confitos noCampo Brasil 2019

Pastoral Indigenista da Arquidiocese de Manaus Rede um Grito pela Vida - PIAMA Serviço Amazônico de Ação, Refexão e Edu- Pastoral Indigenista da Diocese de Roraima cação Socioambiental -SARES Pastoral Operária – PO/Manaus Serviço e Cooperação com o Povo Yanomami – SECOYA Pastoral Social da Arquidiocese de Santarém União dos Povos Indígenas do Vale do Java- Rede Eclesial Pan Amazônica – REPAM ri – UNIVAJA 219 Dom Moacyr Grechi, primeiro presidente da CPT, terminou sua carreira

A Diretoria e Coordenação Nacional da CPT Porto Velho, na Rondônia. juntam-se a todas e todos que hoje choram a morte de Dom Moacyr Grechi, ocorrida no Como fel seguidor do Mestre Jesus, Dom dia de ontem, e dão graças a Deus pela ri- Moacyr dedicou sua vida aos mais pobres e queza do seu testemunho de vida. deserdados deste mundo, de modo particu- lar, na realidade amazônica, aos indígenas, A história da CPT está profundamente en- seringueiros, posseiros, aos que não conta- trelaçada com a de Dom Moacyr. Foi ele vam para o sistema. quem, em nome da CNBB, presidiu a reu- nião de bispos e prelados da Amazônia, em Dom Moacyr acreditava e apostava na sabe- 1975, que deu origem à Comissão Pastoral doria e força do povo, por isso incentivava da Terra. as Comunidades Eclesiais de Base e os mo- vimentos populares. Foi ele quem comunicou ofcialmente a to- dos os bispos brasileiros o resultado des- A lucidez com que Dom Moacyr analisava te histórico encontro e dos primeiros pas- os fatos e a frmeza com que se posicionava sos dados em direção à consolidação desta ao lado dos mais frágeis compõem a histó- pastoral. Ele também foi o seu presidente ria da Igreja da Amazônia, às vésperas da desde o primeiro momento até 1983, acom- realização do Sínodo convocado pelo Papa panhando com muito carinho e atenção os Francisco, para refetir sobre os caminhos a primeiros passos que a CPT deu. seguir neste imenso bioma.

Dom Moacyr, catarinense de nascimento, foi um grande missionário nas terras ama- Goiânia, 18 de junho de 2019. zônicas identifcando-se com os povos que ali habitavam. Primeiro como bispo do Acre, A Diretoria e a Coordena- durante 25 anos, e depois como bispo de ção Nacional da CPT Confitos noCampo Brasil 2019

NOTA PÚBLICA - Não à regularização de ter- ras griladas no estado do Pará

As entidades e organizações da sociedade de legalidade. civil abaixo subscritas, vem a público, por meio desta nota, manifestar seu repúdio e A lei aprovada é temerária e preocupante, preocupação com a aprovação do Projeto de porque além de possibilitar a regularização Lei n. 129/2019, que versa sobre a regula- de terras griladas, apresenta dispositivos rização de terras públicas urbanas e rurais que criminalizam membros dos movimentos no Estado do Pará. sociais, impedindo que sejam benefciados pela política de regularização fundiária do Este projeto de Lei foi aprovado no dia 11 de Estado do Pará; permite a legitimação de junho de 2019, com votação em 1o e 2o tur- títulos de posse emitidos pelo Estado ain- nos no mesmo dia na Assembleia Legislativa da no século XIX, sem que o ITERPA tenha do Estado do Pará (ALEPA) e agora aguar- apresentado dados e informações referentes da sanção do governador do estado, Helder aos números de títulos emitidos, hectares Barbalho. O trâmite e a aprovação relâm- e quantidade de processos em análise, tão pago do projeto de lei que trata de um dos pouco tenha realizado estudos de identifca- temas mais sensíveis do Estado do Pará, se ção da atual situação fundiária desses lotes; deram após manobra do Presidente Rela- além de dispositivos que podem aumentar tor da Comissão de Constituição e Justiça ainda mais os confitos no campo e na es- (CCJ), Deputado Ozório Juvenil, que apre- peculação imobiliária de terras. Por tanto, sentou projeto com alterações e submeteu este projeto está na contramão da garantia a proposta para aprovação em reunião con- e defesa dos direitos humanos daqueles que junta da CCJ e Comissão de Fiscalização Fi- lutam e sonham pela efetivação de uma po- nanceira e Orçamentária (CFFO) da ALEPA. lítica de reforma agrária em nosso estado e O projeto foi apresentado pelo governo do em nosso país. estado em 15 de maio de 2019, e em me- nos de um mês foi aprovado, sem diálogo Por ser um tema caro à sociedade paraen- e debate com a sociedade, e o mais grave é se e que pode afetar a vida de milhares de que este projeto de lei não resolve os graves famílias que atualmente vivem no campo e confitos agrários existentes no estado, pelo aguardam do Estado respostas à grave si- contrário, pode agrava-los. Diversos estu- tuação de confitos, repudiamos com vee- dos já apontaram que a grilagem de terras mência a forma como a proposta tramitou públicas foi um dos principais mecanismos na ALEPA, recomendando ao governador do de apropriação ilegal de terras, por parte de Estado o veto integral do Projeto para que se grandes latifundiários, no Estado do Pará. dê espaço ao debate público sobre a política Prática que a recente lei aprovada na ALEPA fundiária a ser adotada no Pará. objetiva chancelar, possibilitando que títu- los podres sejam regularizados e revestidos Pará, 18 de junho de 2019. 221 Nota de Solidariedade da CPT ao Povo do Equador

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) vem a povos tradicionais, além da diminuição sig- público manifestar sua solidariedade às na- nifcativa dos espaços democráticos. A esses ções indígenas do Equador por sua coragem povos sobra somente o direito de protestar, e determinação no enfrentamento aos des- mobilizar e arriscar suas vidas no enfren- mandos e políticas governamentais perver- tamento às polícias ou, ainda, às milícias sas que submetem nossos povos aos piores armadas. No caso do Equador, a submissão confitos possíveis. Tal dramática situação ao FMI, com o corte dos subsídios do petró- e a heróica resistência do povo equatoriano leo, Decreto 883, ameaçava gerar uma cri- apelam à nossa sensibilidade pastoral e nos se que afetaria brutalmente a vida de toda incitam a uma atitude de fé, esperança e so- a população. Foi uma vitória parcial, mas lidariedade, confantes no Senhor da Histó- contundente, que após 12 dias de luta, o ria, que se põe nela junto dos pobres. povo organizado sob a coordenação da CO- NAIE saiu ganhador desta queda de braço Acompanhamos há décadas diversas situ- com um governo que se porta fel às políti- ações de traições políticas de dirigentes no cas do Fundo Monetário Internacional. Equador e o consequente peso sobre a po- pulação e os seus direitos corajosamente Repudiamos toda ação violenta do governo conquistados, como também a organização equatoriano e o autoritarismo que tem tra- desses povos, representados pela Confe- tado o problema. Manifestamos nossa soli- deração das Nacionalidades Indígenas do dariedade a todas as organizações políticas Equador (CONAIE). e sociais que perflaram lado a lado com a CONAIE, que, imediatamente, após a der- É triste sentir, nas diversas imagens que rogação do Decreto 883, retrocedendo o fm correm o mundo, a violência e o autoritaris- dos subsídios a derivados fundamentais de mo com que o governo tem tratado os povos gasolina, passaram a ser alvos de acusações indígenas, assim como a perda de direitos absurdas e perseguições injustifcadas. As- sociais e garantias do mundo do trabalho. sim queremos oferecer todo o nosso apoio Lenín Moreno foi eleito com um programa e às organizações populares e indígenas do governa com as propostas do rival banquei- Equador, que têm se colocado na primeira ro derrotado nas urnas e sob o comando linha dessa luta pela vida e pelos direitos. do Fundo Monetário Internacional (FMI). A submissão ao capital tem tornado governos Avante Povos Originários! Avante irmãs meros despachantes dos seus interesses, e irmãos latino-americanos! Em frente em detrimento da vida e direitos de suas po- heróico povo equatoriano! Até a Vitória, pulações. sempre, companheiros e companheiras!!!

A situação atual de pressão e violação de Coordenação Executiva Nacional da CPT todos os direitos humanos, encabeçada por diversos governos, como por exemplo no Brasil e no Equador, em função da submis- são às políticas neoliberais, tem signifcado, Goiânia (GO), Brasil, 17 de ou- concretamente, perseguições e mortes aos tubro de 2019. Confitos noCampo Brasil 2019

Nota de Solidariedade da CPT às comunida- des atingidas pelo óleo

O Conselho Nacional da Comissão Pastoral Mas é necessário que essa indignação seja da Terra, reunido em Hidrolândia – GO, en- transformada em luta para que os respon- tre os dias 28 a 30 de outubro de 2019, se sáveis sejam punidos, medidas sejam toma- solidariza com os pescadores e pescadoras das para ouvir as comunidades pesqueiras artesanais e demais pessoas impactadas e garantir seus direitos, inclusive para evi- pelo vazamento do óleo que atingiu o litoral tar que crimes como este se repitam. nordestino. O Papa Francisco, em seu pontifcado, tem Este crime ambiental, igualmente a tantos alertado a todas as pessoas do mundo intei- outros crimes ambientais que têm atingi- ro sobre a necessidade urgente do cuidado do milhares de famílias em todo o Brasil e com a Casa Comum, a defesa do meio am- destruído ecossistemas, tem consequências biente em todas as suas formas de vida. A negativas por períodos longos sobre todas Encíclica Laudato Si e o recente Sínodo para as formas de vida. Além dos impactos am- Amazônia apresentam os grandes desafos bientais e para a saúde humana dos pesca- da humanidade para a defesa da natureza e dores e pescadoras artesanais e de quem se denunciam os ataques do capitalismo sobre alimenta do pescado, está inviabilizando as os ecossistemas e os povos que neles vivem, atividades econômicas e de geração de ren- causando muito sofrimento e dor. da de famílias que vivem nas zonas costei- ras. A CPT se soma à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e ao Conselho Pas- Repudiamos o descaso do Governo Federal toral dos Pescadores (CPP), em suas mani- com este crime ambiental, quando demorou festações de solidariedade e denúncia atra- a tomar providências para resolver o proble- vés de notas emitidas recentemente, bem ma, ao mesmo tempo em que destacamos a como desenvolvendo ações de apoio às lutas valiosa e decisiva ação popular de pescado- das comunidades atingidas, como visitas e res e pescadoras artesanais, moradores de campanhas, através de dioceses, agentes comunidades atingidas e turistas para reco- pastorais e colaboradores diversos. lher o óleo e conter seu avanço, promovendo a limpeza dos ambientes, mesmo colocando Portanto, são inaceitáveis os crimes am- em risco sua saúde, pois sabem da impor- bientais e exigimos que a justiça seja feita tância do mar e de toda a vida que há nele. em favor das pessoas atingidas e da nature- za destruída. O aparecimento de tartarugas, peixes e ou- tros seres vivos marítimos contaminados e Hidrolândia – Goiás, 30 de outubro de 2019. mortos revela a gravidade do crime e tem gerado tristeza, preocupação e indignação. Conselho Nacional da CPT 223

NOTA PÚBLICA - A cana será devastadora para a Amazônia e insustentável para o planeta

“Dessa maneira, a Igreja se compromete a nos produtores, com o objetivo de transfor- ser aliada dos povos amazônicos para de- mar o território de vida do campesinato nas nunciar os ataques à vida das comunidades monoculturas da morte do agronegócio. indígenas, os projetos que afetam o meio ambiente, a falta de demarcação de seus Já é comprovado que os problemas ambien- territórios e o modelo econômico. De desen- tais e sociais da monocultura da cana atin- volvimento predatório e ecocida.” Documen- gem diretamente os povos indígenas e as co- to Final do Sínodo da Amazônia, n. 46 munidades tradicionais, afetando todos os camponeses com a contaminação dos entor- A perspectiva da sustentabilidade e do bem nos dos canaviais pelo uso de agrotóxicos. viver na Amazônia só tende a piorar depois A monocultura adoece as pessoas, emprega do Decreto 10.084 de 05 de Novembro de com superexploração ou por trabalho escra- 2019 do Governo Federal, que aguardou vo, contamina o solo e as águas, envenena a fnalização do Sínodo da Amazônia para a vegetação e os animais, provoca insegu- revogar o zoneamento ambiental de 2009 e rança alimentar e a morte dos peixes, dos liberar a produção de cana-de-açúcar para campos naturais e dos cultivos das várzeas. etanol na Amazônia e no Pantanal. As co- O plantio de cana no Pantanal incidirá di- munidades amazônidas e pantaneiras de- retamente no turismo regional e intensiva- vem resistir e se opor mais uma vez, como mente nas áreas indígenas. Considerando em 2005, contra o plantio de cana e as usi- inicialmente que a cana compete com áreas nas de etanol, que ameaçam expandir o la- da soja e pecuária, na Amazônia produz-se tifúndio e originar mais violência e confitos o deslocamento da fronteira agrícola para agrários, pois prejudicam especialmente os os limites das áreas protegidas e territórios territórios da Amazônia e do Pantanal, de- tradicionais, traduzindo-se em mais grila- sequilibrando os ecossistemas e a vida em gem, desmatamento, violência e confitos no dois dos biomas naturais mais importantes campo. Ainda, a queima da cana para a co- do Brasil. lheita traz mais risco de incêndios e queima- das. Assim o plantio também será respon- A liberação do plantio de cana-de-açúcar sável direta e indiretamente pela redução já estava prevista e agora aparece clara- das chuvas fornecidas pelos rios voadores, mente como um dos fatores que provocou que carregam umidade da Bacia Amazônica o aumento da grilagem e das queimadas para o Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Bra- este ano, assim como o acirramento dos sil, Um cenário que contribui com o aqueci- despejos de camponeses em 2019, criando mento global e agrava os efeitos das mudan- mais cobiça e pressão fundiária acima dos ças climáticas, com resultados negativos na territórios das comunidades tradicionais e redução de emissões brasileiras de carbono. de pequenos agricultores. Antes mesmo do decreto, promotores de usinas de etanol já É uma falácia achar que o uso da porcenta- estavam incentivando o cultivo intensivo de gem de etanol na gasolina dos carros, seja cana em algumas regiões amazônicas, como aqui ou na União Europeia, faz mais sus- no Estado do Acre e em Porto Velho (RO), tentável o transporte. O etanol na Amazô- oferecendo supostas vantagens aos peque- nia e no Pantanal representa um cenário de Confitos noCampo Brasil 2019

mais violência, morte e destruição para os bientalista Francisco Anselmo (Francelmo) povos e para os biomas atingidos, que tam- e a persistência das comunidades abenço- bém não resultará em maiores lucros para adas pela Criação Divina, que protegem e o setor sucroalcooleiro, pois deve motivar guardam as águas, os campos e as forestas a redução das exportações sujas com as tropicais da Amazônia e do Pantanal, não cinzas das forestas amazônicas, e inclusi- serão em vão. ve comprometer os programas europeus de uso de etanol. Articulação das CPT’s da Amazô- O sacrifício em novembro de 2005 do am- nia, 14 de Novembro de 2019 225 NOTA PÚBLICA - Governo cede aos ruralis- tas e ameaça vida no campo

A Diretoria e Coordenação Executiva Nacio- prometido pelo capitão-presidente aos que nal da CPT juntam-se hoje ao coro de indig- bancaram sua viciada eleição. nação que se levanta em todos os cantos do país, diante da anunciada intenção do pre- Repudiamos o desmonte contínuo das ins- sidente Jair Bolsonaro de criar uma Ga- tituições que garantem os direitos das e dos rantia da Lei e da Ordem – (GLO) do campo, cidadãos, neste caso proposto com a inter- para autorizar a intervenção federal quando venção federal na esfera estadual. O dever governadores estaduais protelarem a execu- principal do Estado em cada esfera é de ga- ção de mandados judiciais de reintegração rantir a integridade física das pessoas. O de posse. Assim atenderia ao acordo feito atual Presidente da República propõe utili- com os grileiros, fazendeiros, madeireiros e zar a força do Estado para garantir os inte- milicianos rurais, incomodados pela demo- resses do capital e a propriedade privada. ra na execução dos mandados. No último sábado, o jornal Folha de São O presidente taxa os que lutam para de- Paulo trouxe uma matéria em que informa fender ou conquistar um pedaço de terra que há engavetados 66 projetos de assen- para trabalhar, como “marginais que inva- tamentos que cumpriram todas as etapas dem uma propriedade rural”. Os indígenas, legais exigidas e estão prontos para serem quilombolas, comunidades tradicionais, executados, só falta a assinatura do presi- trabalhadores e trabalhadoras rurais, bem dente. No entanto, nenhum deles foi assi- como os sem-terra vivem dias nefastos e sob nado até o momento e, consequentemente, constante insegurança. Isto é o que quer o nenhuma família foi assentada. Ao mesmo presidente, submisso aos interesses ruralis- tempo há um projeto de lei do deputado tas: atropelar prerrogativas estaduais e ga- Eduardo Bolsonaro, que visa descaracteri- rantir impunidade a policiais e militares que zar a função social da propriedade da terra, alvejarem pessoas em reintegração de pos- para favorecer os grandes proprietários. se de propriedades rurais ocupadas ou já com posse efetiva. É uma licença para ma- Neste contexto também cresce a violência tar! Seria estender ao campo o projeto de do Estado contra os povos do campo. Na lei enviado ao Congresso no dia 21/11 que segunda-feira (25) deu-se o despejo de 700 tem o objetivo de isentar de punição agen- famílias ligadas ao Movimento dos Traba- tes de segurança que cometerem crimes e lhadores Rurais Sem Terra – MST na Bahia, excessos durante outras operações de GLO que, desde 2012, cultivavam a terra nos (“excludente de ilicitude”), acampamentos Abril Vermelho, no Projeto Salitre, em Juazeiro (BA), e Irmã Dorothy e O apelo a este incremento da violência do Iranir de Souza, no Projeto Nilo Coelho, em Estado corresponde às pressões do capi- Casa Nova (BA), áreas públicas da estatal tal agrário e minerário pela expansão sem Companhia de Desenvolvimento dos Vales freios dos seus empreendimentos danosos do São Francisco e do Parnaíba – CODE- contra a terra, a água, a foresta e as pes- VASF. soas. Até um novo AI-5 tem sido reiterada- mente aventado como meio de entregar o Os despejos foram violentos, apesar de a Confitos noCampo Brasil 2019

Polícia Federal ter dito em nota que a de- A CPT se pergunta: até quando os pobres socupação ocorreu de maneira pacífca em desta terra serão vistos e tratados como po- todas as áreas. A PM ignorou a Resolução tenciais infratores das leis que precisam ser No. 10 de 2018 do Conselho Nacional de Di- combatidos e contidos à força, quando na reitos Humanos, que trata exclusivamente verdade são cidadãos portadores de direi- dos despejos, e violou os direitos humanos tos, inclusive à propriedade, produzem os das pessoas nos acampamentos. alimentos saudáveis que comemos e cui- dam das águas, das matas e da qualidade A ação teve início ainda na madrugada, do meio-ambiente da qual todos depende- quando foram jogadas sobre os acampados mos para viver? bombas de gás e utilizado spray de pimen- ta. As casas foram destruídas, trabalhado- Assim como Deus se fez presente no meio res fcaram feridos e as famílias estão sem do seu povo, indo com ele para o exílio e, ter para onde ir. Muitas crianças e idosos por fm, perseguido e crucifcado em Jesus acordaram com falta de ar por conta da fu- Cristo, acreditamos que a sua presença maça e chegaram a desmaiar. Isso mostra o continua viva e atuante junto às sofredoras total desrespeito das forças policiais às re- e sofredores deste mundo. comendações que, após o Massacre de El- dorado dos Carajás – PA, em 1997, foram Goiânia, 25 de novembro de 2019. determinadas a esses tipos de operações. Recomendações essas que a GLO do campo, Diretoria e Coordenação Exe- de Bolsonaro, quer suprimir. cutiva Nacional da CPT 227

Siglas dos Movimentos sociais, organizações e entidades *Utilizamos as letras iniciais das entidades para identifi- car aquelas cujo nome é apresentado por extenso.

AAV Agente Ambiental Voluntário ABU Associação Brasileiros Unidos AMA-JF Aliança do Meio Ambiente de ACAM* Associação Camponesa do Amazonas Associação Catarinense dos Criadores de Ama Amigos do Meio Ambiente ACCS Suínos APR Animação Pastoral e Social no Meio Rural Associação Comunidade dos Trabalhadores ACTRU* Articulação Central de Associações Rurais Rurais de Unaí Acaram Associação Comunidade Unida de de Ajuda Mútua ACUTRMU Trabalhadores Rurais AEFP Articulação Estadual de Fundo de Pasto ACBP Associação Comunitária Bom Pastor Articulação Nacional das Mulheres ANP Associação Comunitária dos Agricultores Pescadoras Acaf Articulação Nacional das Mulheres Familiares de ANMTR Trabalhadoras Rurais Acordi Associação Comunitária Rural de Imbituba ASA Brasil Articulação no Semiárido Brasileiro ACSJT* Associação Comunitária São José do Tomé Articulação Pop. pela Revitalização da Associação da Comunidade Remanescente APRBSF* Arqpedra Bacia do São Francisco do Quilombo Pedra do Sal APPF Articulação Puxirão dos Povos de Faxinais Associação da Comunidade São Miguel ACSMAC Articulação Rosalino dos Povos e Arcanjo das Cachoeiras ARPCT* Associação das Comunidades dos Comunidades Tradicionais ACRQ Remanescentes de Quilombos Vazanteiros Articulação Vazanteiros em Movimento AQC* Associação das Quebradeiras de Coco Ass. dos Prod. Rurais do P. A. do Seringal APRAASSA Associação de Advogados e Advogadas dos Santo Antônio AATR Trabalhadores Rurais APMG* Assembleia Popular de Minas Gerais Associação de Apoio aos Assentamentos e Aacade-PB APRJ* Assembleia Popular do Rio de Janeiro Comunidades Afro-descendentes Associação de Aquicultores e Pescadores de Aconeruq/ Assoc. das Com. Negras Rurais AAPP Pedra de Guaratiba MA Quilombolas do Maranhão Associação de Comunidades Quilombolas Assoc. das Comunidades da Região Juruti Acquilerj Acorjuve do Estado do Rio de Janeiro Velho Associação de Marisqueiras e Pescadores Assoc. dos Moradores de Igaci e AMPCV Amigreal de Curral Velho Microrregiões do Estado de Alagoas Assoc. dos Peq. Prod. e Artesãos da Agric. AMA/Moeda Associação de Meio Ambiente de Moeda APPAAFCNF Familiar de Congonhas Nossa Família Associação de Moradores e Agricultores Assoc. dos Produtores Agropecuários da Amarqualta Agrofran Quilombolas do Alto Acará Gleba S. Francisco Associação de Moradores e Amigos de Amajar APAO Assoc. dos Produtores Amigos Organizados Jaraguá Associação de Moradores e Proprietários de Assoc. dos Trabalhadores Agroextrativistas AJIN ATRAMAG Jurerê Internacional da Reserva de Mata Grande Associação de Pequenos Agricultores Assoc. Quilombola Zumbi dos Palmares do Asparmab Arquizumbi Rurais de Marabá Igarapé Vilar Associação Agroextrativista da Ilha do APL* Associação de Pescadores e Lavradores AAIA Arapari Associação de Remanescentes de Quilombo Associação Agrop. Mista dos Produtores Arqimar AAMPRP* da Ilha de Marambaia Rurais de Pacajá AST* Associação de Sem Terra AAC* Associação Antônio Conselheiro Associação de Trabalhadores Rurais da ATRCMS* AAI* Associação Arco Íris Colônia Monte Sinai ADC Associação Direito e Cidadania ABA Associação Brasileira de Antropologia Associação do Movimento dos Pequenos Ampa ABI Associação Brasileira de Imprensa Agricultores Associação do Projeto de Assentamento Abra Associação Brasileira de Reforma Agrária Apapap Praia Alta Piranheira Confitos noCampo Brasil 2019

Associação do Território Remanescente do Associação dos Produtores do ATRQPC* Apapats* Quilombo Pontal dos Crioulos Assentamento Tutuí Associação dos Agricultores Extrativistas Associação dos Produtores do Projeto de Atesf Aspparp Santa Fé Assentamento Rio do Peixe Associação dos Agricultores Familiares do Associação dos Produtores Rurais da Gleba AAGRIFPOM APRGER* Pombal Entre Rios Associação dos Agricultores Sem-terra do Associação dos Produtores Rurais de Nova AASTSP* APRNE Sul do Pará Esperança Associação dos Produtores Rurais do Aaico Associação dos Amigos da Ilha de Colares Apracf* Assentamento Carlos Fonseca AAU Associação dos Assentados de Uruará Associação dos Produtores Rurais do Aprocel* Associação dos Assentados do Projeto São Projeto Poranga AAPSF Francisco Asprim Associação dos Produtores Rurais e Imóveis Associação dos Atingidos pela Barragem de Associação dos Reassentados de Campos AABSS Arcan São Salvador Novos Associação dos Auditores Fiscais do Associação dos Remanescentes de Aaft Arquig Trabalho Quilombo de Gurupá Associação dos Bananicultores do Norte de Associação dos Remanescentes de Abanorte ARQM Minas Quilombo de Muquém Associação dos Barqueiros de Associação dos Remanescentes de ABB* ARQS* Babaçulândia Quilombos de Santana AC* Associação dos Chacareiros ASTST* Associação dos Sem Terra e Sem Teto Associação dos Docentes da Universidade Associação dos Trabalhadores Adufba ATDST Federal da Bahia Desempregados Sem Terrra Associação dos Docentes da Universidade Associação dos Trabalhadores na Adufro ATAFCZ Federal de Rondônia Agricultura Familiar de Cerro Azul Associação dos Docentes da Universidade Adufpr Federal do Paraná ATR Associação dos Trabalhadores Rurais Associação dos Docentes da Universidade Associação dos Trabalhadores Rurais de Aduferj Atri Federal do Rio de Janeiro Ipaú Associação dos Docentes da Universidade Associação dos Trabalhadores Rurais do Aduff Atrust Federal Fluminense Município de Montes Claros Associação dos Trabalhadores Rurais do AGB Associação dos Geógrafos Brasileiros ATRB* PDS Brasília Associação dos Micropodutores Rurais de Associação dos Trabalhadores Sem Terra AMRP* Astelivra Petrolândia de Livramento Associação dos Moradores da Chapada do Associação dos Trabalhadores Sem Terra AMCA* Astelira A de Nossa Senhora do Livramento Associação dos Moradores da Vila do Associação dos Trabalhadores Unidos da AMVJ* Atuva Jaraguá Vila Aparecida AMC* Associação dos Moradores de Cupiúba Associação em Áreas de Assentamento no Assema Associação dos Moradores de Prainha do Estado do Maranhão AMPCV* Campo Verde ADT* Associação em Direito da Terra Associação dos Moradores do Riozinho do Fruto da Amora Associação Fruto da Terra Anfrísio Terra Associação dos Pequenos Agricultores de Associação Homens e Mulheres do Mar da APAJ* Ahomar Jarauçu Baía da Guanabara Associação dos Pequenos Agricultores e Apapais Pescadoras Assent. do Sabiaguaba AIMM* Associação Independente Morro da Mesa Associação dos Pequenos Agricultores Aparast AIP Associação Indígena Pussuru Rurais do Assentamento Santa Terezinha Associação dos Pequenos Produtores AIM Associação Intermunicipal de Mulheres Terra Nossa Rurais da Agricultura Familiar Terra Nossa Associação Livre de Pescadores e Amigos da Associação dos Pequenos Produtores Alpapi APPRBV Praia de Itaipu Rurais de Boa Vista Associação dos Pequenos Produtores Rurais Amda Associação Mineira de Defesa do Ambiente Aprusfa Associação Nacional dos Advogados da de Santa Fé do Araguaia e Muricilândia Anauni Associação dos Pequenos Produtores União Asproja Rurais do Rio Jaru Antep Associação Naviraiense Terra e Paz Associação dos Pequenos Produtores APPRP* Rurais do Sul do Pará ASPJ* Associação Padre Josimo Associação para Taxação das Transações APJ* Associação dos Pescadores de Jatobá ATTAC Associação dos Pescadores dos Cantos dos Financeiras e Ajuda ao Cidadão Apescari Rios PRORURAL Associação Prorural Associação dos Prod. Rurais do Oeste de Apromar AQI* Associação Quilombo de Ivaporunduva Machadinho Associação Quilombola das Comunidades APA Associação dos Produtores Alternativos AQCNJ Nativas de Jaíba 229

Associação Quilombola de Conceição das AQCC CDH Comissão de Direitos Humanos Crioulas Aspoqui Associação Quilombola de Quilombo Cediter Comissão Ecumênica dos Direitos da Terra AQM* Associação Quilombola do Machadinho CEH Comissão Estadual dos Hortos Comissão Municipal de Meio Ambiente de Codema AQSN* Associação Quilombola do Sapê do Norte Munhuaçu Comissão Nacional pela Erradicação do ARTS Associação Renovação dos Sem Terra Conatrae Trabalho Escravo Associação Rural dos Posseiros de Rio dos ARPRC* Couros CPT Comissão Pastoral da Terra Comissão pela Preservação da Serra da ASA Associação Santo Antônio CPPSM* Moeda Associação Solidária Econômica e Ecológica Asseefa de Frutas da Amazônia CRMA* Comissão Regional de Meio Ambiente Comitê de Defesa das Vítimas de Santa ATP Associação Terra e Paz Codevise Elina AUV Associação União da Vitória Comitê de Desenvolvimento Sustentável de CDS Porto Moz Astrarural Astrarural CPN* Comitê de Proteção às Nascentes Brigada Brigada Indígena - ES Comitê Pop. de Combate e Errad. ao Trab. CPCETEDNNF CLST Caminho de Libertação dos Sem Terra Escravo e Degrad. no N e NO Fluminense Cáritas CEBs Comunidades Eclesiais de Base Cáritas Brasileira Brasileira Conf. Nac. das Fed. e Ass. de Pescad Central das Organizações de Agricultura Confapesca COAFBRS* Artesanais, Aquicultores e Ent. de Pesca Familiar do Baixo Rio São Francisco CGT Confederação Geral dos Trabalhadores CPM Central de Movimentos Populares Confederação Nacional de Agricultores CNAP CAR Central dos Assentados de Roraima Portugueses Confederação Nacional dos Agricultores Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras Conafer CTB Familiares do Brasil Confederação Nacional dos Pescadores e Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras CNPA CTR - Brasil Aquicultores Rurais do Brasil Confederação Nacional dos Trabalhadores Contag CUT Central Única dos Trabalhadores na Agricultura CMC* Centro das Mulheres do Cabo CRB Conferência dos Religiosos do Brasil CAA Centro de Agricultura Alternativa CNBB Conferência Nacional dos Bispos do Brasil Centro de Apoio e Promoção ao Pequeno Conselho de Trabalhadores Assentados na Cepagri Cotrec Agricultor Região de Cáceres Centro de Articulação de Populações Conselho Deliberativo da Reserva Ceap CDRRI Marginalizadas Extrativista Rio Ituxi Centro de Assessoria aos Movimentos Campo Vale Coema Conselho Estadual do Meio Ambiente Populares do Vale do Jequitinhonha CIR Conselho Indígena de Roraima CCL Centro de Cidadania e Liderança Conselho Indígena Munduruku do Alto Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Cimat CDVDH Tapajós Humanos Centro de Direitos Humanos Henrique Cimi Conselho Indigenista Missionário CDHHT Trindade CNS Conselho Nacional dos Seringueiros Centro de Documentação Eloy Ferreira da Cedefes Silva CP** Conselho Paroquial Centro de Estudo, Integração, Formação e Ceifar Assessoria Rural CPP Conselho Pastoral dos Pescadores Conselho Regional de Engenharia e Cepami Centro de Estudos da Pastoral do Migrante Crea Arquitetura CJG Centro de Justiça Global Conselho Regional dos Atingidos pela CRABI Centro de Organização e Apoio aos Barragem de Itaipu COAAMS Assentados de Mato Grosso do Sul CP* Consulta Popular Cebi Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos Cooperativa Agrícola Mista de Produção Cooperosevelt Centro Estadual das Associações de Rooselvelt Ceapa Cooperativa de Mineração do Garimpo de Assentados e de Pequenos Agric. de Alagoas Coomigasp Centro pelo Direito à Moradia contra Serra Pelada Cohre Cooperativa de Mulheres Trabalhadoras Despejos CMTRCR Rurais de Cáceres e Região CTV* Centro Terra Viva Coopemard Cooperativa de Pescadores Marcílio Dias CPMG Colônia dos Pescadores de Minas Gerais Cooperativa dos Lavradores na Luta pela Comissão de Assentamento do Estado do Cooterra Comasses Terra Espírito Santo Confitos noCampo Brasil 2019

Cooperativa Ecológica de Mulheres Federação dos Trabalhadores na Cemem Fetag/PB Extrativistas de Marajó Agricultura do Estado da Paraíba Cooperativa Mista Agroextrativista de Federação dos Trabalhadores na Comag* Fetag/AL Gurupá Agricultura do Estado de Alagoas Federação dos Trabalhadores na Coopervida Coopervida Fetaeg Agricultura do Estado de Goiás Ceqneq Coord. Est. das Com. Negras e Quil. da PB Federação dos Trabalhadores na Fetagri/MT Coordenação das Organizações Indígenas Agricultura do Estado de Mato Grosso COIAB da Amazônia Brasileira Federação dos Trabalhadores na Fetagri/MS Agricultura do Estado de Mato Grosso do CMS Coordenação dos Movimentos Sociais Sul Coordenação Estadual das Comunidades Federação dos Trabalhadores na CECQESCZ* Fetape Quilombolas do ES Zacimba Gaba Agricultura do Estado de Pernambuco Coordenação Nacional de Articulação das Federação dos Trabalhadores na Conaq Fetagro Comunidades Quilombolas Agricultura do Estado de Rondônia Federação dos Trabalhadores na Conlutas Coordenação Nacional de Lutas Fetag/RR Agricultura do Estado de Roraima CRQ Coordenação Regional dos Quilombolas Federação dos Trabalhadores na Fetaesc CSBP Coordenação Sindical do Bico do Papagaio Agricultura do Estado de Santa Catarina Federação dos Trabalhadores na Fetase Cese Coordenadoria Ecumênica de Serviço Agricultura do Estado de Sergipe Federação dos Trabalhadores na Fetaet Diocese Diocese Agricultura do Estado de Tocantins Federação dos Trabalhadores na DCE Diretório Central dos Estudantes Fetraece Agricultura do Estado do Ceará DJP Dominicans for the Justice and Peace Federação dos Trabalhadores na Fetaes Agricultura do Estado do Espírito Santo Eeacone Eeacone Federação dos Trabalhadores na Estágio Interdisplinar de Vivência de Minas Fetaema EIV-MG Agricultura do Estado do Maranhão Gerais Federação dos Trabalhadores na Fetagri/PA Fuvi Famílias Unidas do Vale do Ivinhema Agricultura do Estado do Pará/Amapá Federação dos Trabalhadores na Fetaep FAF Federação da Agricultura Familiar Agricultura do Estado do Paraná Federação das Associações de Pescadores Federação dos Trabalhadores na Fapesca Fetag/PI Artesanais do Estado do RJ Agricultura do Estado do Piauí Federação das Associações e Conselhos Federação dos Trabalhadores na FAMCC Fetaerj Comunitários do Estado Agricultura do Estado do Rio de Janeiro Federação dos Trabalhadores na FCP* Federação das Colônias dos Pescadores Fetarn Agricultura do Estado do Rio Grande do Federação das Comunidades Quilombolas NGolo Norte do Estado de MG Federação dos Trabalhadores na Federação das Comunidades Quilombolas Fetag/RS FACQRS Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul do Estado do RS Federação dos Trabalhadores na Federação das Comunidades Quilombolas Fetraf FCQPR Agricultura Familiar do Paraná Federação dos Trabalhadores na Federação de Pescadores Artesanais do Fetrafsul Fepaemg Agricultura Familiar da Região Sul Estado de Minas Gerais Federação dos Trabalhadores Rurais do DF Federação de Pescadores Artesanais e Fetadef Fepearo e Entorno Aquicultores do Estado de Rondônia Federação dos Empregados Rurais FIST Federação Internacionalista dos Sem Teto Feraesp Federação Sindical e Democrática dos Assalariados do Estado de São Paulo FSDM-MG Federação dos Estudantes de Agronomia Metalúrgicos de MG Feab Federeção de Órgãos para Assistência do Brasil Fase Federação dos Pescadores do Estado do Rio Social e Educacional FPERJ de Janeiro Fisco-Fórum Fisco-Fórum Federação dos Pescadores do Rio Grande FPRN* do Norte FTR Força dos Trabalhadores Rurais Federação dos Pescadores Profssionais de FPPMG FS Força Sindical Minas Gerais Federação dos Trabalhadores na Fórum Araripense de Prevenção e Combate Fetaemg FAPCD Agricultura do Estado de Minas Gerais à Desertifcação Federação dos Trabalhadores na Fórum Cearense de Sobrevivência no Semi- Fetaesp FCSSA Agricultura do Estado de São Paulo Árido Federação dos Trabalhadores na Fetacre FAOR Fórum da Amazônia Oriental Agricultura do Estado do Acre Federação dos Trabalhadores na FE* Fórum das Entidades Fetag/RJ Agricultores do Estado do Rio de Janeiro FPS Fórum das Pastorais Sociais Federação dos Trabalhadores na Fetag/BA Agricultura do Estado da Bahia FAF* Fórum de Agricultura Familiar 231

Fórum de Lutas por Terra, Direito e FLTDC* GTA Grupo de Trabalho da Amazônia Cidadania Fórum de Meio Ambiente dos Xambrê Grupo Xambrê FMADT* Trabalhadores IEAB Igreja Episcopal Anglicana do Brasil FMA Fórum de Mulheres da Amazônia Igreja Evangélica de Confssão Luterana no IECLB FMGBH* Fórum de Mulheres da Grande BH Brasil Fompe* Fórum de Mulheres de Pernambuco Índios Indígenas Fomes Fórum de Mulheres do Espírito Santo Inesc Instituto de Estudos Sócio Econômicos Focampo Fórum do Campo Potiguar IMS Instituto Marista de Solidariedade Instituto para o Desenvolvimento Idesc FVJ Fórum do Vale do Jetiquinhonha Sustentável do Vale do Ribeira FDDI Fórum em Defesa dos Direitos Indígenas ISA Instituto Socioambiental Fórum Estadual de Prevenção e Fetetipe Inst. Vidagua Instituto Vidagua Erradicação do Trabalho Infantil Fórum Mineiro de Comitês de Bacias Intersindical Intersindical FMCBH Hidrográfcas Fórum Municipal de Luta por JG* Justiça Global FMLTCS* Trabalho,Cidadania e Soberania Jufra Juventude Franciscana Brasileira Fórum Nacional contra a Violência no FNCVC* Campo LCC Liga Camponesa Corumbiara FNF Fórum Nacional do Fisco LCP Liga dos Camponeses Pobres FNL Frente Nacional de Luta LOC Liga Operária e Camponesa Fórum Nacional pela Reforma Agrária e FNRAJC MMM Marcha Mundial das Mulheres Justiça no Campo Fórum Paraense de Cidadania e Direitos Mobilização dos Povos Indígenas do FPCDH* Mopic Humanos Cerrado Fórum Paraense de Luta por Trabalho, Montanha FPLTTC* Montanha Viva Terra, Cidadania Viva Fórum pela Vida no Semiárido da FVSMS MAP Movimento Agrário Popular Microrregião de Sobral MACDV* Movimento Alerta Contra o Deserto Verde FST Fórum Social do Triângulo MBB Movimento Bandeira Branca FSM* Fórum Social Mineiro MTB** Movimento Brasil Sem Terra FSPA Fórum Social Pan-Amazônico MBST Movimento Brasileiro dos Sem Terra FTPV* Fórum Teles Pires Vivo Movimento Brasileiro dos Trabalhadores MBTR FDA Frente de Defesa da Amazônia Rurais Movimento Brasileiros Unidos Querendo FOE Frente de Oposição de Esquerda MBUQT Terra FPRT* Frente de Proteção ao Rio Tibagi MCC Movimento Camponês Corumbiara FRP Frente de Resistência Pataxó MCP Movimento Camponês Popular FTL Frente de Trabalhadores Livres MCXV Movimento Capão Xavier Vivo FNP Frente Nacional dos Petroleiros MCNT Movimento Conquistando Nossa Terra Fata Fundação Agrária de Tocantins/Araguaia MTI* Movimento da Terceira Idade Movimento das Mulheres Camponesas de Funáguas Fundação Águas MMCQ Quilombo Furpa Fundação Rio Parnaíba MATR Movimento de Apoio ao Trabalhador Rural FSOSMA* Fundação SOS Mata Atlântica MEB Movimento de Educação de Base FVPP Fundação Viver, Produzir e Preservar MLST Movimento de Libertação dos Sem Terra GE* Global Exchange Movimento de Libertação dos Sem Terra de MLST-L Greenpeace Greenpeace Luta Movimento de Libertação dos MLTRST BF* Grupo Bento Fala Trabalhadores Rurais Sem Terra Grupo de Apoio e Defesa dos Direitos MLT Movimento de Luta pela Terra GADDH Humanos Grupo de Defesa Ambiental e Social de MMA Movimento de Mulheres Agricultoras Gdasi Itacuruçá MMC Brasil Movimento de Mulheres Camponesas GDN Grupo de Defesa da Natureza AMTBRAN Movimento de Mulheres de Brasil Novo Confitos noCampo Brasil 2019

Movimento de Mulheres Trabalhadoras MMTR MG* Movimento Geraizeiro Rurais M8M* Movimento Dia 08 de Março MGA* Movimento Grito das Águas MAST Movimento dos Agricultores Sem Terra MIG Movimento Indígena Guarani Movimento Interestadual das Quebradeiras MIQCB Moab Movimento dos Ameaçados por Barragens de Côco Babaçu MAAP Movimento dos Assentados do Amapá MJA* Movimento Juriti em Ação Movimento dos Atingidos pela Base Movimento Nacional de Defesa dos Direitos MABE MNDDH Espacial Humanos MAB Movimento dos Atingidos por Barragens MND Movimento Nacional de Desempregados MCST Movimento dos Carentes Sem Terra Monape Movimento Nacional dos Pescadores MCP* Movimento dos Conselhos Populares MNU Movimento Negro Unifcado Movimento dos Expropriados da MEHT MPT Movimento Pacífco pela Terra Hidrelétrica de Tucuruí MPA Movimento dos Pequenos Agricultores MPST Movimento Pacífco Sem Terra Movimento dos Pescadores Artesanais do Movimento para Reforma Agrária e Mopear Moral Paraná Liberdade Movimento dos Pescadores do Estado do MPL Movimento Passe Livre Mopepa Pará Movimento pela Preservação da Serra do Movimento dos Pescadores e Pescadoras MPSG MPPA Gandarela Artesanais Movimento dos Pescadores e Pescadoras do MUP Movimento pela Universidade Popular Mopeba Estado da Bahia MV* Movimento pela Vida - SC MSA Movimento dos Sem Água MSAMG* Movimento pelas Serras e Águas de Minas MSAR Movimento dos Sem Água do Riachão Movimento pelo Desenvolvimento da MDTX MT Movimento dos Trabalhadores Transamazônica e Xingu Movimento dos Trabalhadores Acampados MPRA Movimento Popular pela Reforma Agrária MTAA/MT e Assentados do Mato Grosso MPRD Movimento Pró Rio Doce Movimento dos Trabalhadores Brasileiros MTBST Sem Terra Moquibom Movimento Quilombola Movimento dos Trabalhadores MTD MRL Movimento Radicais Livres Desempregados MTC Movimento dos Trabalhadores do Campo Moriba Movimento Ribeirinho de Abaetetuba Movimento dos Trabalhadores e MTM MNF Movimento Sem Terra Nova Força Garimpeiros na Mineração Movimento Sindical dos Trabalhadores MSTR MTR Movimento dos Trabalhadores Rurais Rurais Movimento dos Trabalhadores Rurais e MTRUB MSST Movimento Social dos Sem Terra Urbanos Movimento dos Trabalhadores Rurais MSO Movimento Social Organizado MTRI Independentes Movimento Socialista Trabalhista de Movimento dos Trabalhadores Rurais no MSTR* MTB Rondônia Brasil MSONT Movimento Sonho da Terra Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem MST Terra MTV* Movimento Tapajós Vivo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem MST*** Terra (do Pontal SP) MTB* Movimento Terra Brasil Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem MTRSTB Terra Livre Movimento Terra Livre Terra Brasileiros Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem MTL Movimento Terra Trabalho e Liberdade MTRSTP Terra do Paraná MTV Movimento Terra Vida MTST Movimento dos Trabalhadores Sem Teto Movimento dos Trabalhadores Sem Terra MTEM Movimento Terra, Educação e Moradia MSTI Movimento Terra, Trabalho e Liberdade, Independente MTL-DI Ecovida* Movimento Eco Vida Democrático e Independente MTP Movimento Trabalhista de Poconé Mespe Movimento Ecossocialista de Pernambuco Movimento em Defesa das Baías de MTP* Movimento Trabalho e Progresso MDBF* Florianópolis MTST Movimento Tucuruiense Sem Terra Movimento Estadual de Trabalhadores Ceta Assentados, Acampados e Quilombolas MUL Movimento União dos Lavradores MFP Movimento Fé e Política Must Movimento Unido dos Sem Terra 233

MUT Movimento Unidos pela Terra Rejuind Rede da Juventude Indígena Rede de Assistência Comunitária dos MVAB Movimento Vantuy Agroecológico no Brasil Raaca-Sul Assentados e Acampados do Sul da Bahia MVT Movimento Via do Trabalho Rede de Informação e Ação pelo Direito a se Fian Alimentar MXV* Movimento Xingu Vivo Roda Rede de Organizações em Defesa da Água NDH Núcleo de Direitos Humanos RGC* Rede Grita Cerrado OAB Ordem dos Advogados do Brasil Rede Mato-Grossense de Educação Remtea OAC Organização Agrária Camponesa Ambiental Rede Nacional de Advogados e Advogadas Renap OLC Organização da Luta no Campo Populares OAS Organização de Articulação do Semi-Árido SI Sem informação OMR* Organização de Moradores da Resex SS Sem Sigla Organização de Mulheres Assentadas e Omaquesp SAB Serviço de Animação Bíblica Quilombolas do Estado de SP SFJP Serviço Franciscano de Justiça e Paz OPI Organização de Produtores de Ipirá SAF Sindicato da Agricultura Familiar OSR Organização dos Seringueiros de Rondônia Sindbancários Sindicato dos Bancários OI Organização Independente Sindicato dos Economistas do Rio de SERJ* Ong Organização Não Governamental Janeiro Organização para a Libertação de Sem OLST SER Sindicato dos Empregados Rurais Terra Organização para Direitos Humanos e SGSP Sindicato dos Garimpeiros de Serra Pelada Humanitas Cidadania SJP* Sindicato dos Jornalistas Profssionais OPA Organização Popular SM Sindicato dos Metalúrgicos OTL Organização Terra e Liberdade Sindicato dos Pequenos e Médios SINPRA Paróquias Paróquias Produtores Rurais Assentados SQP Sindicato dos Químicos e Petroleiros PCB Partido Comunista Brasileiro SRBH Sindicato dos Rodoviários de Belo Horizonte PT Partido dos Trabalhadores Sindicato dos Servidores Federais do Mato Sindsepe PSOL Partido Socialismo e Liberdade Grosso Past. da Sindicato dos Trabalhadores e das Pastoral da Criança STTR Criança Trabalhadoras Rurais Sindicato dos Trabalhadores em Água, PJMP Pastoral da Juventude do Meio Popular Sintaema Esgotos e Meio Ambiente de SP Sindicato dos Trabalhadores em Educação PJR Pastoral da Juventude Rural Sintero do Estado de Rondônia PR Pastoral Rural Sindicato dos Trabalhadores em Educação Sindiupes Pégazus Pégazuz Pública Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Sintraf Pescadores Pescadores Familiar Sindipetro- Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Planeta Vida Planeta Vida RJ do Petróleo - RJ PSRF* Pólo Sindical do Recôncavo e Feira STL Sindicato dos Trabalhadores na Lavoura Preá Preá Sindsaúde Sindicato dos Trabalhadores na Saúde Sindicato Estadual dos Profssionais de Prelazia Prelazia SEPE Ensino do Rio de Janeiro Koinonia Presença Ecumênica e Serviço Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Sinait Proj. Trabalho Projeto Manuelzão Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Manuelzão Sinpaf Codevasf e da Embrapa PPE Projeto Padre Ezequiel Sindicato Único dos Trabalhadores em Sind-UTE Quilombolas Quilombolas Educação de MG Sinergia Sinergia RL* Radicais e Livres SDS Social Democracia Sindical Rede Alerta Rede Alerta contra o Deserto Verde Sapê Sociedade Angrense de Proteção Ambiental Reapi Rede Ambiental do Piauí Sociedade Maranhese de Defesa dos SMDDH RCONGs Rede Cerrado de Ongs Direitos Humanos Confitos noCampo Brasil 2019

Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos SPDDH Uniterra União dos Movimentos Sociais pela Terra Humanos SOS USST União dos Santanenses Sem Terra SOS Cachoeirão Cachoeirão União dos Trabalhadores Rurais Sem Terra USTN SOS Capivari SOS Capivari do Norte TD* Terra de Direitos UEE-RJ União Estadual dos Estudantes do RJ Tupã 3E Tupã 3E UFT União Força e Terra UNASFP União das Associações de Fundo de Pasto UNE União Nacional dos Estudantes UMP União das Mulheres Piauienses UST* União Socialista pela Terra Via Via campesina UAPE União dos Agricultores de Pernambuco Campesina 235 Fontes de Pesquisa

*Declaração e informes dos 21 Regionais da CPT Conselho Indigenista Missionário - Cimi

*Depoimentos pessoais de campo- Conselho Pastoral dos Pescadores - CPP neses e trabalhadores rurais Documentos de Dioceses *Informes de Parlamentares Esta- duais e Federais Igreja Episcopal Anglicana do Brasil - IEAB

CPT’s Igreja Evangélica de Confssão Luterana no Brasil - IECLB Campanha de Combate e Erradicação do Trabalho Escravo - CPT Jufra - Juventude Franciscana no Brasil

Comissão Pastoral da Terra Secretaria Nacional - O Muriçoquinha - Paróquia Sta. Luzia - Anapu - PA http://www.cptnacional.org.br O Roceiro - Crateús-CE Comissão Pastoral da Terra - CPT AL - http://cptala- goas.blogspot.com.br/ Pastoral da Juventude do Meio Popular - PJMP

Comissão Pastoral da Terra - Regional NE 2 - http:// Pastoral da Juventude Rural - PJR www.cptne2.org.br/ Pastoral Operária - PO Comissão Pastoral da Terra Regional BA - http:// www.cptba.org.br/ Porantim - Brasília - DF

Comissão Pastoral da Terra Regional CE - http://cp- Ressurreição e Vida - Senhor do Bonfm - BA tce.blogspot.com.br/ ONGs

Comissão Pastoral da Terra Regional MS - http://cpt- Agência de Notícias da Repórter Brasil - https://re- ms.blogspot.com.br/ porterbrasil.org.br

Comissão Pastoral da Terra Regional PI - http//cptpi. Boletim Informativo Alerta Contra o Deserto Verde - blogspot.com ES

Comissão Pastoral da Terra Regional RS - http:// Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva - Ce- cptdors.blogspot.com.br/ defes

Comissão Pastoral da Terra Regional SP - http:// Corte Interamericana de Direitos Humanos - OEA - www.cptsp.com.br/ CDH-CP

Notícias da Terra - Boletim Informativo da CPT - RO - Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos - www.cptrondonia.blogspot.com CDVDH

Pastoral da Terra - CPT Nacional - Goiânia - GO Centro de Educação, Pesquisa e Assessoria Sindical Igrejas Popular - Cepasp

Agência de Informação Frei Tito para América Latina Centro de Estudos, Pesquisa e Direitos Humanos - - Adital CEPDH

Alvorada - Prelazia de São Félix do Araguaia - MT Combate Racismo Ambiental

A Poronga - Diocese de Santarém - PA Confapesca - Conf. Nac. das Federações e Assoc. de Pescadores Artesanais, Aquicultores e Entidades de Cáritas Brasileira - http://caritas.org.br Pesca

Comissão Brasileira de Justiça e Paz - CBJP Centro Santo Dias de Direitos Humanos/SP - CSDDH

Cebi - Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos Federação de Orgãos para Assessoria Social e Educa- cional - Fase Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB Foodfrst Information e Action Network - Fian Confitos noCampo Brasil 2019

Greenpeace Movimentos dos Trabalhadores Desempregados - MTD Grupo de Trabalho Amazônico - GTA Movimento dos Trabalhadores do Campo - MTC Instituto de Formação e Assessoria Sindical “Sebas- tião Rosa da Paz” - Ifas Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST Jornal do Grupo Tortura Nunca Mais - GTNM Movimento Ecossocialista de Pernambuco Justiça Global - www.global.org.br Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Justiça nos Trilhos - www.justicanostrilhos.org Babaçu - MIQCB

Núcleo de Direitos Humanos - NDH Movimento Juruti em Ação

Instituto Socioambiental - ISA Movimento Mundial de Mulheres - MMM

Portal Ecodebate Movimento pela Soberania Popular na Mineração - MAM Rede Social de Justiça e Direitos Humanos Movimento Terra Livre (antigo MTL - DI) Serviço de Assessoria às Organizações Populares Ru- rais - Sasop Movimento Terra, Trabalho e Liberdade - MTL

Sociedade Maranhense de Defesa dos Direitos Huma- Movimento Xingu Vivo nos - SMDH Revista Sem Terra Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos - SPDDH Via Campesina

Terra de Direitos Movimento Sindical

Movimentos Sociais Agência Contag de Notícias - Brasília - DF

Movimento de Trabalhadores Assentados, Acampados Central Única dos Trabalhadores - CUT e Quilombolas - Ceta Central Sindical e Popular - Conlutas Conselho Nacional dos Seringueiros - CNS Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricul- Frente Nacional de Luta - FNL tura - Contag

Frente Revolucionária Mulheres em Luta - FRML Federações dos Trabalhadores na Agricultura Fami- liar - Fetraf Jornal do MST - São Paulo - SP Federações dos Trabalhadores na Agricultura - Fetag Liga dos Camponeses Pobres - LCP Federações dos Trabalhadores na Ind. Da Const. Pe- Notícias da Amazônia - Secretaria do MST Pará - Ma- sada - Fenatracop rabá Sindicatos dos Servidores da Justiça Federal - Sind- Movimento Camponês Popular - MCP jus

Movimento dos Atingidos por Barragens - MAB Sindicatos dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais - STTR Movimento dos Atingidos pela Base Espacial de Al- cântara/MA- Mabe Sindicatos dos Trabalhadores na Agricultura Familiar - Sintraf Movimento de Mulheres Camponesas - MMC Sindicato dos Trabalhadores Federais em Saúde e Movimento de Libertação dos Sem Terra - MLST Previdência

Movimento de Luta pela Terra - MLT Associações

Movimento dos Pequenos Agricultores - MPA Associação Quilombola Unidos Rio do Capim - AQURC

Movimento dos Pescadores do Estado da Bahia - Mo- Agricultura Familiar e Agroecologia - AS-PTA peba Associação Agropecuária Mista dos Produtores Rurais 237 de Pacajá Articulação Nacional das Pescadoras - ANP

Associação da Comunidade Remanescente do Qui- Associação dos Servidores da Fundação Oswaldo lombo Pedra do Sal Cruz - Asfoc

Associação das Comunidades da Região de Juruti Ve- Blogs lho - Acorjuve Comissão de Assuntos Indígenas - CAI Associação de Aquicultores e Pescadores de Pedra de Guaratiba - AAPP Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana - CDDPH Associação de Advogados e Advogadas de Trabalhado- res Rurais - AATR Coletivo Amazônia de Formação e Ação Revolucioná- ria - Cefar Associação do Projeto de Assentamento Praia Alta Pi- ranheira - Apapap Centro Alternativo do Norte de Minas

Associação dos Moradores de Igaci e Microrregiões do Centro de Estudos Ambientais Estado de Alagoas Comitê Dorothy - PA Associação dos Pequenos Agricultores Paz e Alegria Comitê Rio Maria Associação Indígena Pusuru - AIP Comunidade Quilombola Brejo dos Crioulos Associação Nacional de Cooperação Agrícola Conselho Estadual de Povos Indígenas Associação Nacional dos Advogados da União - Anau- ni Conselho Indígena Munduruku do Alto Tapajós - Ci- mat Associação Quilombola de Conceição das Crioulas - AQCC Delegacia de Polícia Civil

Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil Departamento de Medicina Legal - CTB Diário da Justiça União de Associações Comunitárias de Congonhas - Unaccon Documentos Gerais

Rede Data Luta Facebook

UNESP - Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Fórum Carajás Reforma Agrária - NERA Fórum da Amazônia Oriental - FAOR

UFU - Laboratório de Geografa Agrária - LAGEA Fórum de Comunidades Tradicionais - FCT

UNIOESTE - Laboratório de Geografa das Lutas no Fórum de Direitos Humanos e da Terra de Mato Gros- Campo e na Cidade - GEOLUTAS so - FDHT/MT

UFRGS - Núcleo de Estudos Agrário - NEAG Fórum de Entidades Nacionais de Direitos Humanos

UFPB - Grupo de Estudos sobre Espaço, Trabalho e Fórum do Campo Potiguar Campesinato Fórum em Defesa da Zona Costeira do Ceará Universidade Federal de Sergipe - UFS Fórum Mineiro de Comitês de Bacias Hidrográfcas Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT Fórum pela Reforma Agrária e Justiça no Campo UFES - Observatório dos Confitos no Campo no Es- pírito Santo Fórum pela Vida no Semiárido da Microrregião de So- bral Outras fontes Fórum Suape Agência 10envolvimento - BA Fundação Oswaldo Cruz - Fiocruz Anistia Internacional Instituto Brasileiro do Meio Ambiente - Ibama Articulação Nacional de Agroecologia - ANA Confitos noCampo Brasil 2019

Instituto Brasileiro de Geografa e Estatística - IBGE www.institutopaulofonteles.org.br

Instituto Humanitas Unisinos - IHU www.intersindicalcentral.com.br

Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária www.irpaa.org - Incra www.pib.socioambiental.org/pt Informe Agropecuário - Epamig - Belo Horizonte - MG www.portaldomar.org.br Ministério Público Estadual - MPE www.portalkaingang.org Ministério Público Federal - MPF www.preservareresistir.org Ministério Público do Trabalho - MPT www.resistenciacamponesa.com Observatório dos Confitos Rurais em São Paulo www.riosvivos.org.br Observatório do Pré-Sal e da Indústria Extrativa Mi- neral Imprensa

Observatório Quilombola - www.koinonia.org.br A Crítica - Manaus - AM

Ofícios A Folha - São Carlos - SP

Organização Internacional do Trabalho - OIT-ONU A Gazeta - Cuiabá - MT

Organização das Nações Unidas - ONU A Gazeta - Rio Branco - AC

Ordem dos Advogados do Brasil - OAB A Gazeta - Vitória - ES

Ouvidoria Agrária A Notícia - Chapecó - SC

Plataforma Dhesca Brasil - Direitos Humanos Ecôno- A Notícia - Pará micos, Sociais, Culturais e Ambientais A Nova Democracia - Rio de Janeiro - RJ REDECCAP A Província do Pará - Belém-PA Rede de Cooperação Alternativa - RCA A Região - Itabuna - BA Redmanglar Internacional - Cogmanglar A Tarde - Salvador - BA Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares - Renap A Tribuna - AC

Revista da Faculdade de Ciência e Tecnologia - UNESP A Tribuna - Criciúma - SC

Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Rio A Tribuna - MT Grande do Sul - SINPRO/RS A Tribuna - Santos - SP Superintendência Regional do Trabalho e Emprego - SRTE A Tribuna - Vitória - ES

Universidade Federal do Pará - UFPA A Tribuna do Povo - Umuarama - PR

Universidade Federal da Paraíba - UFPB Afropress - Agência de Informação Multiétnica

Universidade Federal de Goiás - UFG Agecon - Agência Contestado de Notícias Populares

Universidade Federal de Pernambuco - UFP Agence France - Press - Paris - FR

Universidade Federal Fluminense - UFF Agência Alagoas www.br.radiovaticana.va Agência Amazonas de Notícias www.caa.org.br - Centro de Agricultura Alternativa Agência Brasil - Rio de Janeiro - RJ do Norte de Minas Agência da Notícia - MT www.indiosnonordeste.com.br Agência Estado - São Paulo - SP 239

Diário do Amapá - Macapá - AP Folha do Estado - Cuiabá - MT

Diário do Amazonas - Manaus - AM Folha do Paraná - Curitiba - PR

Diário do Comércio - Belo Horizonte - MG Folha do Povo - Campo Grande - MS

Diário do Grande ABC - Santo André - SP Folha Popular - Palmas - TO

Diário do Iguaçu - Chapecó - SC Folha Regional - Andradina - SP

Diário do Jequi - Almenara - MG Folha Regional - MG

Diário do Nordeste - Fortaleza - CE Gazeta de Alagoas - Maceió - AL

Diário do Noroeste - Paranavaí - PR Gazeta de Ribeirão - Ribeirão Preto - SP

Diário do Pará - Belém - PA Gazeta Digital - Guararapes - SP

Diário do Povo - Dourados - MS Gazeta do Alto Piranhas - Cajazeiras - PB

Diário do Povo - Teresina - PI Gazeta do Oeste - Mossoró - RN

Diário do Rio Doce - Governador Valadares - MG Gazeta do Pantanal - MS

Diário do Sudoeste - PR Gazeta do Paraná - Cascavel - PR

Diário do Vale - Rio de Janeiro - RJ Gazeta do Povo - Curitiba - PR

Diário dos Campos - Ponta Grossa - PR Gazeta do Sul - Santa Cruz do Sul - RS

Diário Ofcial da União-DOU - Brasília - DF Gazeta Mercantil - São Paulo - SP

Diário Popular - São Paulo - SP Gazeta Nacional - Rio de Janeiro - RJ

Dourados News - Dourados - MS Gazeta Nossa - Recife - PE

Envolverde - Revista Digital de Meio Ambiente e De- Gazeta Online - Vitória - ES senvolvimento Globo Minas Época - Rio de Janeiro - RJ Globo News Estado de Minas - Belo Horizonte - MG Globo Rural Expresso Santiago - RS GP1 - O 1º Grande Portal do Piauí Extra - Rio de Janeiro - RJ Hoje em Dia - Belo Horizonte - MG Folha da Baixada - Cuiabá - MT http://correiocentral.com.br Folha da Manhã - Campos dos Goytacazes - RJ Informativo Stúdio Rural - Campina Grande - PB Folha da Manhã - MG Informe Agropecuário - Campo Grande-MS Folha da Região - Araçatuba - SP Isto É - São Paulo - SP Folha de Boa Vista - RR Isto É Dinheiro - São Paulo - SP Folha de Carajás - Redenção - PA Jornal A Cidade - Ribeirão Preto - SP Folha de Londrina - Londrina - PR Jornal Agora - Porto Alegre - RS Folha de Pernambuco - Recife - PE Jornal Amazônia Hoje - Belém - PA Folha de Rondônia - Ji-Paraná - RO Jornal Aqui - RJ Folha de São Paulo - São Paulo - SP Jornal - Nova Mutum - MT Folha do Amapá - Macapá - AP Jornal Bom Dia - Bauru - SP Confitos noCampo Brasil 2019

Jornal Cidade de Rio Claro - SP Novo Extra - Maceió - AL

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Jornal da Manhã - Aracaju - SE O Diário de São Paulo - São Paulo - SP

Jornal da Manhã - Uberaba - MG O Estado de São Paulo - São Paulo - SP

Jornal da Paraíba - Campina Grande - PB O Estado do Maranhão - São Luís - MA

Jornal da Tarde - São Paulo - SP O Estado do Paraná - Curitiba - PR

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Jornal de Brasília - Brasília - DF O Estado do Triângulo - MG

Jornal de Cuiabá - MT O Falcão - Abelardo Luz - PR

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Jornal de Santarém - PA O Imparcial - São Luís - MA

Jornal do Brasil - Rio de Janeiro - RJ O Jornal - Maceió - AL

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Le Monde - Paris - FR Opinião - Marabá - PA

Marco Zero - Macapá - AP Página 20 - Rio Branco - AC

Meio Norte - Teresina - PI Paraná Online - Curitiba - PR

Monitor Campista - RJ Portal A Notícia - Florianópolis - SC

Nova Fronteira - Salvador - BA Portal de Notícias Conexão Tocantins 241

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Portal ORM www.100preconceitopa.com.br

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Portal RPC www.40graus.al

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Portal Uol www.ac24horas.com

Radiobrás - Agência Brasil - São Paulo - SP www.abrilabril.pt

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Revista República - São Paulo - SP www.acritica.net

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Revista Sina - MT www.agenciafreeelancer.com

Revista Tempo e Presença - Rio de Janeiro - RJ www.agorasantaines.com.br

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Revista Valor - Portugal www.alagoasdiario.com.br

Tododia - Americana - SP www.alagoasnoticias.com.br

Tribuna da Bahia - Salvador - BA www.alagoastempo.com

Tribuna da Imprensa - Rio de Janeiro - RJ www.alertarondonia.com.br

Tribuna da Produção - Palmeira das Missões - RS www.amazonasnoticias.com.br

Tribuna de Alagoas - Maceió - AL www.amazonia.org.br

Tribuna de Petrópolis www.amazoniadagente.org.br

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Tribuna do Ceará - Fortaleza - CE www.anoticiamais.com.br

Tribuna do Cricaré - São Mateus - ES www.aquidauananews.com

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Tribuna do Norte - Apucarana - PR www.araguainanoticias.com.br

Tribuna do Norte - Natal - RN www.araraquara.com

Tribuna do Planalto - Goiânia - GO www.asemanacuritibanos.com.br

Umuarama Ilustrado - Umuarama - PR www.atalaiaagora.com.br

Valor Econômico - São Paulo - SP www.auonline.com.br www.acidadeon.com - Campinas - SP www.bahianoticias.com.br www.confitosagrarios.com.br www.bahiatodahora.com.br Confitos noCampo Brasil 2019

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Agência Estadual de Notícias do Paraná Correio da Cidadania - São Paulo - SP

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Alves * Izabela Barroso Camara Pinto * Janice Helena do Nascimento * Jhobert Donanne Gonçalves Mendes * João Marcos Ferreira Ferreira * João Marcos Mendes Douglas Gonçalves * Icaro Donanne Barbosa * Jhobert Maxs * Hugo do Elias Nascimento Morais Helena * Junior Janice Pinto Camara * Hernane Filho Barroso da Máximo Lima * Izabela Prates Alves Ribeiro * Heitor Júnior * Hermínio Sousa Santos * Gustavo Vilhena Xavier Cunha Andrie da * Helbert Moreira Cunha * Gustavo * Gisele Silva da Costa da Leandro Paulo * Glayson * Giovani Amaral Silva da Silva da José Conceição Marques * Gilmar * Gislene * Francis Filho Soares de Medeiro Erick * * Geraldo Francis Nascimento do Fialho de Oliveira Batista * Flaviano Conceição de Almeida da * George Fernanda * Damian Almeida * Fernanda Henriques Oliveira de Silva da José Fabricio * Felipe * Ferreira Cristhiane Miranda Lopes * Silva Fernanda da Everton * Douglas Gomes Fauller * Faria Ferreira Lucio Fabricio * Guilherme Silva Everton * * Santos Eva Reis dos 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Moreira Braz Cristina * Luiz Almeida *Cleiton Cristiano * Moreira Rodrigues Aparecido Leandro Mascarenhas *Cleidson Claudio * Silva Coelho Resende Pereira Dias José *Claudio Cláudio * Santos Pereira dos * Carlos Marcio Silva Deusdedit Cruz Carlos *Claudio * Cassio * Roberto Souza Martins de Souza * Carlos Eduardo Santos Silveira da Carlos * Regina Roberto Pereira Cassia * * Carlos Pereira Santos Silva da dos Roberto Roberto Augusto * Carlos de Faria Carlos * Henrique Pereira * Carlos Borges da Faria Eduardo Carla Ribeiro * Bruno * Taliberti Amaral Campos de * do Camila de Faria Lelis Lelis de Santos Bruna * * Camila Camilo * Silva Oliveira de Silva Fonseca da Ferreira Aparecida Aroldo * * Camila Grissi Rodrigues Roggi Rocha * Bruno Silva da Gomes Eduardo * Armando * dos Ribas Damasceno Coelho * Anízio Lemos Pessoa Fernandes Silva da Antonio Gabriel Alisson * * * Angelo Ávila Silva Santos da Souza de Luiz Aparecida * * Anderson Angélica Lima Martins Pereira Souza Ferreira * Alisson * Andrea Anailde * Cruz da Santos Almeida Costa Geraldo Luiz * André * Amauri Jesus Ferreira Cesar de Lourdes Alexis * * Amarina Alex * Silva de Araújo Silva Bispo da Amanda Moraes Mário Alex * Adriano Teixeira Reis Alexis * Alano * Piedade Ferreira Lucio Rafael Alaércio * Ribei- Oliveira de Cruz * da Adriano Braga Wagner Junio * Adriano Adriano * Anjos dos Silva da ro Gonçalves * Adriano do Amaral do Nascimen- Caldeira da Silva * Adriano * Adnilson de Souza Lamounier Aguiar Saturnino to * * Adriano Adilson Bispo * Ademário Rodrigues Custodio * Adair Junior Santos dos Adail Oliveira * Luis Felipe Alves * Luiz Carlos Silva Reis * Maria de Lurdes da Costa Bueno * Nathalia de Oliveira Porto Araujo * Noel Noel * Araujo Porto Oliveira de Silva da Antônio Nathalia * *Uberlândio Bueno Silva da Costa Tadeu Mendes da de *Tiago de Sousa Lurdes de Lecilda * Eustáquio Maria Silva * *Renato Reis Resende Pinto de Silva Gomes *Olímpio Creizimar Carlos Borges Luiz Juliana * * Angelita * Alves Oliveira de Tomaz João * Felipe encontradas não Luis Campos * ainda Antunes * Vítimas * Oliveira Alves Cristiane Oliveira * de Felizardo Lage Assis de Jorge Zilber * Freitas Willian * Souza de Assis de Andrade Cristiane Eduardo Vinicius Wesley * Wiryslan * Chagas das Silva da José Antonio * Wenderson Wesley * Wilson Rodrigues Belo Campos Antonio * Wellington Weslei * Benigno Passos Alvarenga Ferreira * Wellington Sabino Marques Wanderson * Gomes Ferreira Paixão * Warley * da Weberth Mota Moreira Eduardo Soares * Wanderson Lopes Walisson * * Warley Silva da Paulo Silva * Wanderson da Valeriano Candido Vinicius * Augusto de Junhior Oliveira Tiago * Medeiros Wanderson * Walaci * Pereira Sousa de Costa Carlos Valdeci * Miranda Valmir Carlos Mateus Silva Wagner da * Sérgio Thiago * * Ferreira Nascimento Vagner * Valentim Santana Leite Carmo do Leandro Divino Henrique Thiago Coutinho * Tiago * Sebastião Marcos * Silva da Fátima Samara de * Barbosa Goncalves Sueli Tiago * * Sobrinho Andrade Favarini Ribeiro Antonio Sandro * Brito de Ruberlan * Barbosa Sirlei * Mattar Silva da Pizzani Samuel Rodrigues * Ozorio Souza Rosilene * Santos Rodrigo * dos Ferreira Souza Santos Robson dos Cristina * Sales Teodoro * Miranda Roselia Rosiane * Cunha da Ruan Dias Rodrigo Silva * * Rosaria Robert Costa da * Von Rodrigues Olair Oliveira * de Ronnie Teds Lara Pereira Alves Veppo * Roliston Henrique Santos dos Henrique Rodrigo * Antonio * Rogerio Ricardo Oliveira Costa * de * * Monteiro Paulino Silva Caldeira Guimarães da Sander Vieira Eduardo Rodney * Renato * Fernandes Maia Ricardo * Gonçalves Reinaldo Rodrigues * Máximo Renato * Silva Nascimento Rafael da Silva * da do Silva Rodrigues Reginaldo Aparecido Elen * Renato * Januário Renildo Priscila * Oliveira de dos Carmo Simão do Ribeiro Reinaldo * Geovane Rangel Nunes * Paulo * Gonçalves Firmino Pinto Cunha Reinaldo da Peterson Junior * Prates Ramon Sena * de Pâmela * Oliveira Bernardino Coelho de Pedro * Mateus Henrique Oliveira de Olavo * Natanael Rodrigues Paulo * Sanção Noé Santos * Pinto Nascimento Dilermando * Brito Nilson Andrade de da Silva Ninrode Fernanda * * Natalia de Sales * Mira- * de Moreira Moisés Jesus Xisto Sobrinho * Milton Antonio de Medeiros * * Elias Miramar * Max Rosa Carmo de do Lemos Lauro ceibel Tadeu Ventura * Maurício *Marcus Ribas Barcelos * Martinho Santos Gonçalves Aurélio *Marco Rodrigues Marlon Mascarenhas Pena Barbosa Flávio * Paulo Márcio *Marcio Silva da Flávio * Filho Arantes Márcio Grilo de de Silveira Oliveira * Freitas Márcio da * Marciel Messias Mascarenhas Severino Manoel * Barbosa de Araujo Silva Coelho * da Márcio Prado * Marciano Silva da Ribeiro de Oliveira * Marciléia Taliberti Alves Luiz * * Marcelo Silva Rodrigues Cangussu * Lucio Porto Rocha Oliveira de * Marcelle de Almeida Luiz * Araújo Pereira Sousa * Luciano Alves Cordeiro Luiz * Ferreira Caetano * Luciana Paulo Rocha Luis * da Dias Mendanha Ferreira * Lourival Rosa * Letícia Silva da de Almeida * Anízio Mara Diniz Gonçalves * Letícia Cardoso de Souza * Levi Pires Martins Souza Arrudas de * Leonardo * Lenilda Godoy Andrade Gabrielle Silva da Lays * Cavalcante * Leonardo Mendes Diniz * Lenilda Alves Gisele Conceição da Kátia * Leonardo Silva Rodrigues da * Leandro Aparecida Silva Kátia * Antônio Silva * Leandro Cesar Passos * Soares Julio dos Lopes Ferreira Parreiras * Juliana Jussara * Aguiar Cruz da Santiago Esteves Dome- * Teixeira Juliana Silva Carlos da * José Ferreira Oliveira * Josué Luiz * Valadares Jorge Santos Nunes de André Souza * Pizzani Jonis * Josiane Paulo João * neguete Nascimento Valadão Lima Amorim * Jonatas Santos Ferreira dos Paulo de Fátima João * * Joiciane Borges Mattar Almeida de Paulo João * Altino Paulo João * Silva da

Foto capa: Andressa Zumpano