Freddie Mercury
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1 Tradução Fabiana Barúqui 1ª edição Rio de Janeiro | 2013 CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ. 2 Jones, Lesley-Ann J67f Freedie Mercury/Lesley-Ann Jones; tradução: Fabiana Barúqui. — Rio de Janeiro: BestSeller, 2012.Tradução de: Freddie Mercury : the definitive biographyFormato: ePub Requisitos do sistema: Adobe Digital Editions Modo de acesso: World Wide Web ISBN978-85-7684- 673-4 (recurso eletrônico)1. Mercury, Freddie, 1946-1991. 2. Músicos de rock — Inglaterra — Biografia. 3. Rock — Inglaterra — História. I. Título. 4. Livro eletrônico CDD: 927.8166 CDU: 929:78.067.26 Texto revisado segundo o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Título original inglês FREDDIE MERCURY: THE DEFINITIVE BIOGRAPHY Copyright © 2011 by Lesley-Ann Jones Copyright da tradução © 2012 by Editora Best Seller Ltda. Publicado primeiramente na Grã-Bretanha em 2011 pela Hodder & Stoughton, um selo da Hachette UK. Capa: Gabinete de Artes Editoração eletrônica da versão impressa: FA Studio Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, no todo ou em parte, sem autorização prévia por escrito da editora, sejam quais forem os meios empregados. Direitos exclusivos de publicação em língua portuguesa para o Brasil adquiridos pela EDITORA BEST SELLER LTDA. Rua Argentina, 171, parte, São Cristóvão Rio de Janeiro, RJ — 20921-380 que se reserva a propriedade literária desta tradução Produzido no Brasil ISBN978-85-7684-673-4 Seja um leitor preferencial Record. Cadastre-se e receba informações sobre nossos lançamentos e nossas promoções. Atendimento e venda direta ao leitor: [email protected] ou (21) 2585-2002 3 Aos meus pais e a Mia, Henry & Bridie SUMÁRIO INTRODUÇÃO - Montreux CAPÍTULO UM - Live Aid CAPÍTULO DOIS - Zanzibar CAPÍTULO TRÊS - Panchgani CAPÍTULO QUATRO - Londres CAPÍTULO CINCO - Queen CAPITULO SEIS - O vocalista CAPÍTULO SETE - Mary CAPÍTULO OITO - Trident CAPÍTULO NOVE - EMI CAPÍTULO DEZ - Aos trancos e barrancos CAPÍTULO ONZE - Rapsódia CAPÍTULO DOZE - Fama CAPÍTULO TREZE - Os campeões CAPÍTULO CATORZE - Munique CAPÍTULO QUINZE - Phoebe CAPÍTULO DEZESSEIS - América do Sul CAPÍTULO DEZESSETE - Barbara CAPÍTULO DEZOITO - Jim CAPÍTULO DEZENOVE - Break Free CAPÍTULO VINTE - Ao vivo CAPÍTULO VINTE E UM - Budapeste CAPÍTULO VINTE E DOIS - Garden Lodge 4 CAPÍTULO VINTE E TRÊS - Barcelona CAPÍTULO VINTE E QUATRO| A saideira CAPÍTULO VINTE E CINCO| A lenda AGRADECIMENTOS CRÉDITOS DAS FOTOGRAFIAS CRONOLOGIA|DISCOGRAFIA REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS | INTRODUÇÃO MONTREUX Não escrevíamos de imediato. Anotávamos, como os jornalistas faziam na época. Decorávamos as citações, dávamos alguma desculpa e corríamos para o banheiro, onde rascunhávamos nos cadernos antes que a bebida fizesse efeito. Tínhamos gravadores, é claro, mas não podíamos usá-los. Eles acabavam com qualquer conversa, ainda mais se estivéssemos em algum lugar comprometedor. Não seria uma boa revelarmos que éramos jornalistas autônomos. Nós, alguns redatores e um fotógrafo, havíamos nos separado da imprensa aglomerada na rua do centro de conferências e escapado para relaxar tomando uma cerveja no único pub da avenida principal de Montreux. O White Horse, ou Blanc Gigi, como o chamavam, era pequeno e aconchegante. Freddie calhou de estar lá naquela noite, com alguns amigos de calças justas que deveriam ser suíços ou franceses. O pub, tipicamente inglês, era um de seus favoritos, e acho que sabíamos disso. Freddie não precisava de guarda-costas. Precisava de cigarros. O novo rapaz do Express era viciado, sempre carregava quatro maços. As noites eram longas para os jovens repórteres do showbiz. Estávamos preparados. Não era a primeira vez que eu encontrava Freddie. Já havia estado em sua companhia em diversas ocasiões. Fã de rock desde 5 criança — aos 11 anos, conheci Bowie, e Hendrix morreu no meu aniversário em 1970 (só podia ser um ―sinal‖, como tudo na vida, não?) —, fui apresentada à música eletrizante e complexa do Queen no verão em que saí da escola, através das irmãs Jan e Maureen Day, fãs vindas de Aldershot. Foi então que viajei com elas num ônibus caquético a caminho de Barcelona e das praias da Costa Brava. Na época, todos tinham uma guitarra e uma palheta que havia pertencido a George Harrison. Nem com todos os exercícios de dedilhado do mundo eu conseguiria tirar algum som do instrumento. Como eu não estava destinada a ser uma Chrissie Hynde nem uma Joan Jett, do início da década de 1980, até por volta de 1992 escrevi matérias sobre rock e pop para os jornais Daily Mail, Mail on Sunday e seu suplemento, a revista You, e para o The Sun. Foi como jornalista iniciante do grupo Associated Newspapers que tive meu primeiro encontro com o Queen. Num dia de 1984, fui enviada ao escritório da banda em Notting Hill para entrevistar Freddie e Brian. Estabeleceu-se, assim, uma relação desigual: eles chamavam, eu ia. Os anos que se seguiram, agora, parecem surreais.Naquela época, era mais simples atuar no ramo. Era comum artistas e jornalistas pegarem o mesmo voo, andarem na mesma limusine, ficarem no mesmo hotel, comerem à mesma mesa e curtirem juntos a vida noturna de cidades distantes. Poucas e preciosas amizades desse tipo perduraram. Hoje em dia, isso é raríssimo de acontecer. São muitos empresários, agentes, organizadores, relações-públicas, representantes de gravadoras e aproveitadores, todos a postos. Quem não é, finge ser. O maior interesse deles é manter gente como eu à distância. Naquele tempo, sempre dávamos um jeito de entrar, com ou sem o crachá ou a credencial de acesso irrestrito. Às vezes até os escondíamos, só para não perder a prática. Persuadir fazia parte da diversão. No ano anterior, eu havia assistido da coxia à apresentação do Queen no Live Aid, no estádio de Wembley — não teria essa chance hoje —, e fui convidada a acompanhá-los a vários destinos durante a turnê ―Magic Tour‖, de 1986. Em Budapeste, fui a uma festa fechada em homenagem à banda na embaixada britânica e presenciei o histórico show na Hungria, feito atrás da Cortina de 6 Ferro, talvez o melhor momento ao vivo do Queen. Gosto de pensar que eu não destoava da multidão: era só mais uma garota de vinte e poucos anos, magrela e sardenta, que adorava rock. Sempre me surpreendi com o fato de Freddie ser menor do que a imagem que tínhamos dele. Talvez fosse a dieta à base de nicotina, vodca, vinho, cocaína, pouca comida e muito entusiasmo artístico. Sua presença de palco era tanta que esperávamos que ele fosse imponente na vida real. Não era. Pelo contrário. Parecia bem pequeno e tinha um jeito encantador de menino. Dava vontade de cuidar dele, e era o que todas as garotas faziam. Freddie despertava os mesmos instintos que o andrógino Boy George, do Culture Club, que virou o queridinho das donas de casa após ―confessar‖, mesmo que não tenha sido sincero, que preferia uma boa xícara de chá a sexo. No White Horse, Freddie olhava ao redor, com as sobrancelhas erguidas, murmurando ―cigarrinho‖ com aquela voz inconfundivelmente clara e afetada. Naquela noite, percebi o quanto ele era contraditório. Podia ser humilde e modesto fora do palco e arrogante em ação. Mais tarde, eu o ouvi sussurrar ―pipi‖ num tom infantil, e observei, fascinada, quando um de seus companheiros o levou ao banheiro masculino. Pronto, aquilo me encantou de vez. Eu queria levá-lo para casa, preparar-lhe um banho quente e pedir à minha mãe que fizesse uma carne assada. Agora, pensando bem, o superastro do rock não podia estar mal a ponto de não conseguir ir ao sanitário sozinho. Freddie devia ser o alvo mais vulnerável num banheiro. Roger Tavener, o rapaz do Express, ofereceu a ele um Marlboro vermelho. Freddie hesitou antes de aceitar: preferia um Silk Cut. Ele nos observava de longe com vago interesse enquanto discutíamos com os clientes do bar. Talvez por não termos lhe dado muita atenção, voltou para pedir outro cigarro. Onde estávamos hospedados? No Montreux Palace: resposta certa. Freddie havia morado lá, teve sua própria suíte. Ele e o Queen eram donos do Mountain Studios, o único complexo de gravação do respeitado resort suíço. Na época, o Mountain era considerado o melhor estúdio da Europa. Era a vez de Freddie pedir a próxima rodada: o mesmo que bebemos antes. Cerca de uma hora depois: 7 — É óbvio que vocês me conhecem — disse ele, com um brilho súbito nos olhos de ébano. Bem, era óbvio. Estávamos lá por causa dele. Algumas vodcas- tônicas a menos e Freddie teria acertado os nossos nomes. Enviados pelos editores dos jornais ao festival e prêmio anual de televisão Rosa de Ouro (o Rose d‘Or estava no ápice em Montreux em maio de 1986), também cobrimos seu evento paralelo: uma noite de gala com show de rock de grande exibição na TV e que servia de desculpa esfarrapada para a imprensa se comportar mal. Pensamos que ele não quisesse ser incomodado, mas era Freddie quem parecia ansioso para falar. De maneira geral, não gostava de jornalistas. Como já havia sido ridicularizado e citado erroneamente, confiava em poucos do nosso meio. David Wigg — na época, editor da seção de entretenimento do Daily Express e que também estava na cidade — era um grande amigo de Freddie. Na maioria das vezes, era ele quem conseguia os furos de reportagem. Estávamos ficando íntimos demais e sabíamos que desperdiçávamos a chance de fazer uma entrevista oficial. Quando amanhecesse, ele iria nos desmascarar. Pior ainda, os empresários e os relações-públicas também. Achariam que havíamos passado do limite, e provavelmente nunca mais conseguiríamos nos aproximar de Freddie. Era o bar dele, o território dele. Mesmo assim, ele parecia vulnerável e angustiado, bem diferente do astro que pensávamos conhecer. — Foi por isso que vim para cá — disse ele. — Estamos só a duas horas de Londres, mas aqui consigo respirar, pensar, compor, gravar e sair para dar uma volta.