Caracterização Da Geodiversidade Da Bacia Hidrográfica Do Rio Preto-Ma
Total Page:16
File Type:pdf, Size:1020Kb
CARACTERIZAÇÃO DA GEODIVERSIDADE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PRETO-MA Idevan Gusmão Soares (a), Luiz Carlos Araujo dos Santos (b) (a) Mestrando do Programa de Pós-Graduação, em Geografia, Natureza e Dinâmica do Espaço, Universidade Estadual do Maranhão - UEMA, Email: [email protected] (b) Prof. Departamento de História e Geografia, Universidade Estadual do Maranhão - UEMA, Email: [email protected] Eixo: DINÂMICA E GESTÃO DE BACIAS HIDROGRÁFICAS Resumo A bacia hidrográfica do rio Preto-MA na região Nordeste do estado do Maranhão, constituída por quatorze municípios, sendo dez deles pertencentes à Mesorregião Leste e os outros quatro pertencentes à Mesorregião Norte Maranhense. O objetivo do trabalho foi caracterizar a geodiversidade da bacia do rio Preto. Para atingir os objetivos realizou-se uma revisão bibliográfica; aplicação de técnicas de geoprocessamento e sensoriamento remoto para realizar o mapeamento e processamento dos dados; trabalho de campo priorizando a observação dos elementos direto do espaço geográfico, seguida de registros fotográficos. A geodiversidade da área é caracterizada por uma expressiva litoestratigrafia constituída por Formação Codó, Itapecuru, Barreiras, Depósitos Eólicos Continentais Antigos e Depósitos Aluvionares; o relevo é predominante de áreas planas e suaves onduladas; solos com baixa fertilidade natural, porém na região se encontram as atividades agrícolas, assim como o cultivo de eucalipto e as paleodunas. Palavras chave: Geodiversidade. Bacia Hidrográfica. Rio Preto. 1. Introdução A bacia hidrográfica é uma área de captação natural da água de precipitação que faz convergir o escoamento para um único ponto de saída. A bacia hidrográfica compõe-se de um conjunto de superfícies vertentes e de uma rede de drenagem formada por cursos de água que confluem até resultar em um leito único no seu exutório (TUCCI, 2002). Aspectos relacionados à geologia, geomorfologia, tipo de solo e clima compreendem um conjunto de fatores que ao se relacionarem influenciam a dinâmica de uma bacia hidrográfica. ISBN: 978-85-7282-778-2 Página 1 O estudo dos elementos físicos do meio ambiente e suas características são essenciais para entender a dinâmica e estrutura das bacias hidrográficas. Esses estudos oferecem subsídios para tomadas de decisão por parte dos gestores públicos no que tange a gestão de bacias hidrográficas, garantindo assim a conservação dos recursos hídricos da bacia. Nesse contexto o trabalho aborda a geodiversidade, sendo esta entendida conforme Pfaltzgraff e Bandeira (2013), como sendo o estudo da natureza abiótica (meio físico) constituída por uma variedade de ambientes, composição, fenômenos e processos geológicos que dão origem a paisagens, rochas, minerais, águas, fósseis, solos, clima e outros depósitos superficiais que propiciam o desenvolvimento da vida na Terra, tendo como valores intrínsecos a cultura, o estético, o econômico, o científico, o educativo e o turístico. O conhecimento da geodiversidade auxilia na identificação das aptidões e restrições de uso do meio físico de uma área, assim como os impactos advindos de seu uso inadequado. Além disso, ampliam-se as possibilidades de melhor conhecer os recursos minerais, os riscos geológicos e as paisagens naturais inerentes a determinada região composta por tipos específicos de rochas, relevo, solos e clima (PFALTZGRAFF; BANDEIRA, 2013). Diante do exposto o trabalho tem como objeto de estudo a bacia do rio Preto-MA. Os levantamentos dos aspectos ambientais desta bacia produzirão informações sobre a sua estrutura e dinâmica de funcionamento, visando fornecer informações para a sua gestão. Sendo assim, o objetivo do estudo foi caracterizar a geodiversidade da bacia do rio Preto. 2. Materiais e Métodos 2.1 Área de estudo A bacia hidrográfica do rio Preto está localizada na região nordeste do Estado do Maranhão (Figura 1) e ocupa uma área de 5.235,63 km2. Afluente da bacia hidrográfica do rio Munim, está situado entre as coordenadas geográficas: 3° 40’ - 4° 00’ S e 42° 56’ - 43° 52’ W. Após percorrer 270,92 km, deságua no rio Munim, na localidade de Nina Rodrigues. ISBN: 978-85-7282-778-2 Página 2 Apresenta uma hierarquia fluvial com cursos de água de 1ª a 8ª ordem de acordo com a classificação adotada por Horton (1945), modificada por Strahler (1964). Figura 1 – Mapa de localização da bacia hidrográfica do rio Preto-MA A bacia do rio Preto abrange quatorze municípios maranhenses, sendo dez deles pertencentes à Mesorregião Leste Maranhense, a saber: Anapurus (561.23 km2)1, Chapadinha (482.59 km2), Mata Roma (548.32 km2), Buriti (540.19 km2), Brejo (232.17 km2), Urbano Santos (994.75 km2), Belágua (471.82 km2), São Benedito do Rio Preto (848.23 km2), Milagres do Maranhão (33.98 km2), Santa Quitéria do Maranhão (9.83 km2) - com exceção deste último, os demais pertencem à Microrregião de Chapadinha. Já os quatro municípios restantes: Nina Rodrigues (210.27 km2), Presidente Vargas (69.24 km2), Cachoeira Grande (7.27 km2) e Morros (225.34 km2), pertencem à Mesorregião Norte Maranhense. 1 Corresponde à área em km2 do município que é banhado ou abrangido pela bacia. ISBN: 978-85-7282-778-2 Página 3 2.2 Procedimentos metodológicos Para alcance do objetivo proposto realizou-se os seguintes procedimentos: revisão bibliográfica; trabalho de campo onde priorizou-se a observação dos elementos direto do espaço geográfico, seguida de registros fotográficos. Para tanto, percorreu-se nos dias 29 e 30 de junho de 2018 e também no dia 01 de julho do mesmo ano, áreas de alguns municípios da bacia verificando as condições ambientais da área de estudo. Realizou-se aplicação de técnicas de geoprocessamento e sensoriamento remoto para realizar o mapeamento e processamento, a saber: delimitação e extração automática da rede de drenagem e hierarquização fluvial da bacia, utilizando dados de altimetria do Shuttle Radar Topography Mission (SRTM), folhas 03S45_ZN e 03S435_ZN, disponíveis no site: <http://www.webmapit.com.br/inpe/topodata/>. Empregou-se para esses processamentos as ferramentas do provedor Terrain Analysis Using Digital Elevation Models (TauDEM) do Sistema de Informação Geográfica (SIG) Quantum GIS (QGIS) 2.18.16, e por fim mapeamento dos aspectos geoambientais, dentre eles: geologia, solos, unidades geomorfológicas e declividade. Utilizou-se a base de dados vetoriais em escala de 1:750.000 da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM, 2012), no que se refere as unidades litoestratigráficas. Já para as classes de solos e unidades geomorfológicas, recorreu-se a base de dados do Zoneamento Ecológico-Econômico do Maranhão (ZEE-MA, 2013), em escala de 1:1000.000. Para ambos os dados realizou-se o download dos vetores no site dos órgãos mencionados e, por conseguinte reprojeção para o sistema Universal Transversa de Mercator (UTM), Datum SIRGAS-2000, Zona 23S e recorte dos vetores tendo como plano de corte a área da bacia. Para esses procedimentos utilizou-se o ArcGIS 10.2.2 (licença EFL999703439). Em se tratando do mapeamento do gradiente de declividade da bacia, utilizou-se os mesmos dados SRTM das folhas 03S45_ZN e 03S435_ZN. Esses dados foram importados para o QGIS 2.18.16 onde realizou-se mosaicagem, reprojeção e, por conseguinte visando ISBN: 978-85-7282-778-2 Página 4 obter a declividade em termos percentuais, recorreu-se ao algoritmo slope (declividade). Após essa etapa realizou-se a reclassificação das classes de declividade seguindo a proposta de classificação da EMBRAPA (1979). Para este fim utilizou-se o algoritmo r.reclass do QGIS. Depois da reclassificação efetuou-se o recorte do dado processado para o limite da bacia. 3. Resultados e discussões 3.1 Clima O clima da região, de acordo com a classificação feita pelo laboratório de meteorologia da Universidade Estadual do Maranhão, caracteriza-se como subúmido, com totais pluviométricos anuais que variam de 1.600 a 2.000 mm, a distribuição das chuvas não é homogênea ao longo de sua extensão, observando-se duas estações bem distintas: uma chuvosa, no primeiro semestre, e outra seca, no segundo semestre do ano. Considerando-se os dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), da estação automática de Chapadinha (82382), a temperatura ambiente da área-objeto apresenta uma média máxima anual de 33°C e temperatura mínima média anual de 22,70°C. 3.2 Caracterização geoambiental Após a realização dos procedimentos metodológicos, identificou-se que a bacia do rio Preto-MA apresenta as seguintes unidades litoestratigráficas: Formação Codó (12,04 km2), Grupo Itapecuru (1.644,51 km2), Grupo Barreiras (1.381,68 km2), Depósitos Eólicos Continentais Antigos (1.945,04 km2) e Depósitos Aluvionares (252,36 km2) (Figura 2). A Formação Codó é constituída, dominantemente, por folhelhos negros, argilitos calcíferos, pelitos, calcário e arenito com gipso de ambiente lagunar. Já o Grupo Itapecuru é um conjunto de formações composto por variados tipos de rochas, como arenitos argilitos, siltitos, folhelhos intercalados com arenitos depositados em vários ambientes (fluvial, deltaico e lagunar) (LOPES; TEIXEIRA, 2013). Já o Grupo Barreiras é constituído por arenitos com inúmeras intercalações de folhelhos de origem fluvial, estuarina e marinha. ISBN: 978-85-7282-778-2 Página 5 Figura 2 – Mapa de unidades geológicas da bacia hidrográfica do rio Preto-MA Os Depósitos Eólicos Continentais Antigos são caracterizados por campos de dunas fixas, constituídas por areias esbranquiçadas, de granulometria fina a média, bem selecionadas e maturas (LOPES; TEIXEIRA, 2013). Os autores expõem ainda os Depósitos