ASPECTOS DAS FORMAÇÕES VEGETAIS/ USO E OCUPAÇÃO DO SOLO - FOLHA MIR-276 - RIO IRIRI NOVO - FOLHA MIR-301 - SÃO JOSÉ DO XINGU - MEMÓRIA TÉCNICA Parte 2: Sistematização de Informações Temáticas NÍVEL COMPILATÓRIO DSEE-VG-US-MT-007 PLANO DA OBRA

PROJETO DE DESENVOLVIMENTO AGROAMBIENTAL DO ESTADO DE - PRODEAGRO

ZONEAMENTO SÓCIO-ECONÔMICO-ECOLÓGICO: DIAGNÓSTICO SÓCIO- ECONÔMICO-ECOLÓGICO DO ESTADO DE MATO GROSSO E ASSISTÊNCIA TÉCNICA NA FORMULAÇÃO DA 2ª APROXIMAÇÃO

Parte 1: Consolidação de Dados Secundários

Parte 2: Sistematização das Informações Temáticas

Parte 3: Integração Temática

Parte 4: Consolidação das Unidades

Governo do Estado de Mato Grosso Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenação Geral - SEPLAN Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD)

PROJETO DE DESENVOLVIMENTO AGROAMBIENTAL DO ESTADO DE MATO GROSSO - PRODEAGRO

ZONEAMENTO SÓCIO-ECONÔMICO-ECOLÓGICO: DIAGNÓSTICO SÓCIO- ECONÔMICO-ECOLÓGICO DO ESTADO DE MATO GROSSO E ASSISTÊNCIA TÉCNICA NA FORMULAÇÃO DA 2ª APROXIMAÇÃO

ASPECTOS DAS FORMAÇÕES VEGETAIS/ USO E OCUPAÇÃO DO SOLO - FOLHA MIR-276 - RIO IRIRI NOVO - FOLHA MIR-301 - SÃO JOSÉ DO XINGU - MEMÓRIA TÉCNICA Parte 2: Sistematização das Informações Temáticas NÍVEL COMPILATÓRIO

MARCO ANTONIO VILLARINHO GOMES MÁRIO VITAL DOS SANTOS

CUIABÁ

FEVEREIRO, 2001

CNEC – Engenharia S.A. GOVERNADOR DO ESTADO DE MATO GROSSO Dante Martins de Oliveira

VICE-GOVERNADOR José Rogério Salles

SECRETÁRIO DE ESTADO DE PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL Guilherme Frederico de Moura Müller

SUB SECRETÁRIO João José de Amorim

GERENTE ESTADUAL DO PRODEAGRO Mário Ney de Oliveira Teixeira

COORDENADORA DO ZONEAMENTO SÓCIO-ECONÔMICO-ECOLÓGICO Márcia Silva Pereira Rivera

MONITOR TÉCNICO DO ZONEAMENTO SÓCIO-ECONÔMICO-ECOLÓGICO Wagner de Oliveira Filippetti

ADMINISTRADOR TÉCNICO DO PNUD Arnaldo Alves Souza Neto

EQUIPE TÉCNICA DE ACOMPANHAMENTO E SUPERVISÃO DA SEPLAN

Coordenadora do Módulo Biótico/Uso do Solo LUZIA IVO DE ALMEIDA ARIMA (Geógrafa)

Coordenadora do Módulo Sócio-Econômico/ Jurídico-Institucional MARILDE BRITO LIMA (Economista)

Coordenadora do Módulo Cartografia/Geoprocessamento LIGIA CAMARGO MADRUGA (Engª Cartógrafa)

Supervisores de Tema

DALILA VARGAS OLIVARES SIFUENTE (Geógrafa) LIGIA CAMARGO MADRUGA (Enga. Cartógrafa) LUZIA IVO DE ALMEIDA ARIMA (Geógrafa) JOÃO BENEDITO PEREIRA LEITE SOBRINHO (Engo Agrônomo) MARIA APARECIDA CERCI DE PAIVA (Enga. Agrônoma)

Consultor PNUD para o Módulo Biótico/ Uso do Solo RICARDO RIBEIRO RODRIGUES (Biólogo/Botânico)

Consultor PNUD para o Módulo Sócio-Econômico/ Jurídico Institucional SÉRGIO ADÃO SIMIÃO (Engo. Agronômo)

Consultor PNUD para Geoprocessamento/ Banco de Dados EMÍLIO CARLOS BOCHÍLIA (Analista de Organização, Sistemas e Métodos de Informações – OIM)

Supervisão do Banco de Dados GIOVANNI LEÃO ORMOND (Administrador de Banco de Dados) VICENTE DIAS FILHO (Analista de Sistema)

EQUIPE TÉCNICA DE EXECUÇÃO

CNEC - Engenharia S.A.

GERÊNCIA E COORDENAÇÃO

LUIZ MÁRIO TORTORELLO (Gerente do Projeto)

KALIL A. A. FARRAN (Coordenador Técnico)

MARCO A. V. GOMES (Coordenador Técnico do Meio Sócio- Econômico/Jurídico Institucional)

MÁRIO VITAL DOS SANTOS (Coordenador Técnico do Meio Físico- Biótico)

MARIA MADDALENA RÉ (Coordenadora de Uso e Ocupação do Solo)

EQUIPE TÉCNICA DE CAMPO

ADRIANA ROZZA (Engª Agrônoma)

FRANCISCO O. DE CARVALHO (Estagiário)

GÉZA ARBOCZ (Engº Agrônomo)

LAURA CRISTINA FEINDT URREJOLA (Geógrafa)

LUÍS CARLOS BERNACCI (Biólogo)

MÁRCIA VISIBELLI (Geógrafa)

MARIA TEREZINHA MARTINS (Geógrafa)

MARTA CAMARGO DE ASSIS (Bióloga)

MÔNICA TAKAKO SHIMABUKURO (Bióloga)

NATÁLIA M. IVANAUSKAS (Engª Agrônoma)

PAULA PINTO GUEDES (Bióloga)

RENATO GOLDENBERG (Engº Agrônomo)

RUBENS ANTÔNIO ALVES BARRETO (Engº Florestal)

SALVADOR RIBEIRO FILHO (Engº Florestal)

EQUIPE TÉCNICA DE FOTOINTERPRETAÇÃO

LAURA CRISTINA FEINDT URREJOLA (Geógrafa)

MÁRCIA VISIBELLI (Geógrafa)

MARIA TEREZINHA MARTINS (Geógrafa)

PAULA PINTO GUEDES (Bióloga)

RUBENS ANTÔNIO ALVES BARRETO (Engº Florestal)

EQUIPE TÉCNICA DE GABINETE

DENISE TONELLO (Arquiteta)

EDUARDO CECONELO (Eng.º Civil)

FRANCISCO O. DE CARVALHO (Estagiário)

MADALENA LÓS (Bióloga)

MARCELO DE PAULA FERREIRA (Arquiteto)

MÁRCIA VISIBELLI (Geógrafa)

MARIA TEREZINHA MARTINS (Geógrafa)

PAULA PINTO GUEDES (Bióloga)

PENÉLOPE LOPES (Arquiteta)

VERA MÁRCIA ARRIGHI (Arquiteta)

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 001

2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E OPERACIONAIS ESPECÍFICOS ÀS FOLHAS RIO IRIRI NOVO E SÃO JOSÉ DO XINGU 003

2.1. DOCUMENTAÇÃO 003

2.2. INTERPRETAÇÃO DAS IMAGENS 003

2.3. TRABALHOS DE CAMPO 005

2.4. INTEGRAÇÃO E SISTEMATIZAÇÃO DOS DADOS 007

3. CARACTERIZAÇÃO DAS UNIDADES DE MAPEAMENTO 007

3.1. FORMAÇÕES VEGETAIS 007

3.1.1. Formações Savânicas e Campestres 007

3.1.1.1. Sd - Savana Florestada (Cerradão) 007

3.1.1.2. Sa - Savana Arborizada (Cerrado) 008

3.1.1.3. Saf - Savana Arborizada com floresta- de-galeria 008

3.1.1.4 Sp - Savana Parque 008

3.1.1.5 Spf - Savana Parque com Floresta de Galeria 009

3.1.1.6 Sgi - Savana Gramíneo- Lenhosa(Campos Úmidos) 009

3.1.2. Formações Ripárias 010

3.1.2.1. Fj - Formação Justafluvial 010

3.1.2.2. Ca - Complexo Aluvial 010

3.1.2.3. Fa - Floresta Aluvial 011

3.1.3. Formações Florestais 011

3.1.3.1. Fe - Floresta Estacional 011

3.1.3.2. Fp - Floresta Associada ao Planalto dos Parecis 012

3.1.4. Formações de Contatos 012

3.1.4.1. FoFe – Contato Floresta Ombrófila/ Floresta Estacional 012

3.1.4.2. FeS – Contato Floresta Estacional/ Savana 013

3.1.5. Formações Antropizadas 014

3.1.5.1. Fr - Floresta Remanescente 014

3.1.5.2. Fs – Formação Secundária 014

3.2. USO E OCUPAÇÃO DO SOLO 014

3.2.1. Aspectos Gerais: Ocupação e Estruturação do Território 014

3.2.2. Usos Agropecuários 018

3.2.2.1. Ap – Uso Agropecuário em Pequenas Propriedades 018

3.2.2.2. Agp – Usos Agropecuários em Médias e Grandes Propriedades 021

3.2.3. U - Usos Urbanos 022

3.2.4. Ui - Uso Antrópico em Terra Indígena 022

4. CARACTERÍSTICAS DO MEIO FÍSICO ASSOCIADAS ÀS FORMAÇÕES VEGETAIS E AO USO DO SOLO 022

4.1. FEIÇÃO DE PAISAGEM – PLANALTO DOS PARECIS 022

4.2. FEIÇÃO DE PAISAGEM – DEPRESSÃO DA AMAZÔNIA MERIDIONAL E PLANALTOS RESIDUAIS 025

5. BIBLIOGRAFIA 027

ANEXOS

ANEXO I - RELAÇÃO DAS FICHAS DE CAMPO CAMPANHA DAS FORMAÇÕES VEGETAIS/ USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

ANEXO II – RELAÇÃO DAS ÁREAS DAS FORMAÇÕES VEGETAIS/ USO E OCUPAÇÃO SOLO POR MUNICÍPIO

ANEXO III - FOTOGRAFIAS

ANEXO IV – FOLHAS RIO IRIRI NOVO E SÃO JOSÉ DO XINGU

A001 FORMAÇÕES VEGETAIS/ USO E OCUPAÇÃO DO SOLO – MIR – 276 – RIO IRIRI NOVO

A002 FORMAÇÕES VEGETAIS/ USO E OCUPAÇÃO DO SOLO – MIR 301 – SÃO JOSÉ DO XINGU

LISTA DE QUADROS

001 CHAVE DE IDENTIFICAÇÃO DOS PADRÕES INTERPRETADOS 004

002 PRINCIPAIS PADRÕES DE USO E RESPECTIVOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO OBSERVADOS NA REGIÃO HOMOGÊNEA. – AHP1. PARTICIPAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS EM NÚMERO (%) E EM ÁREA OCUPADA (%) 019

003 PRINCIPAIS PADRÕES DE USO E RESPECTIVOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO OBSERVADOS NA REGIÃO HOMOGÊNEA. – AHP2. PARTICIPAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS EM NÚMERO (%) E EM ÁREA OCUPADA (%) 019

004 PRINCIPAIS PADRÕES DE USO E RESPECTIVOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO OBSERVADOS NA REGIÃO HOMOGÊNEA. – AHP13. PARTICIPAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS EM NÚMERO (%) E EM ÁREA OCUPADA (%) 020

LISTA DE FIGURAS

001 LOCALIZAÇÃO DAS FOLHAS RIO IRIRI NOVO E SÃO JOSÉ DO XINGU NO ESTADO 002

002 LOCALIZAÇÃO DAS CAMPANHAS DE CAMPO 006

003 DIVISÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA E ELEMENTOS DE INFRA- ESTRUTURA 016

004 PRINCIPAIS FEIÇÕES DE PAISAGEM 024

1

1. INTRODUÇÃO

A presente Memória Técnica refere-se aos trabalhos de Mapeamento das Formações Vegetais/ Uso e Ocupação do Solo executados na Folha São José do Xingu – MIR-301 (SC.22- Y-A) e na parte da Folha Rio Iriri Novo – MIR-276 (SC.22-V-C) compreendida no Estado de Mato Grosso, situadas entre os paralelos 9o00’ e 11o00’ de latitude sul e os meridianos 54o00’ e 52o30’ de longitude oeste de Greenwich (Figura 001). As Folhas Rio Iriri Novo e São José do Xingu em análise situam-se na porção nordeste do Estado de Mato Grosso, na divisa com o Estado do Pará.

As Folhas Rio Iriri Novo e São José do Xingu compreendem parte do território dos municípios de Peixoto Azevedo, São José do Xingu, Marcelândia, Santa Cruz do Xingu e pequena parcela dos municípios de Matupá, São Félix do Araguaia e .

A rodovia MT-322 cruza o território, orientada aproximadamente leste-oeste, propiciando ligação entre a região nordeste do Estado, na bacia do Rio Araguaia, e a porção centro-norte. São José do Xingu, lindeira à MT-322, é a única sede municipal presente neste território, em sua porção sudoeste.

A região é compreendida pela bacia do Rio Xingu, que cruza o território numa orientação aproximada sul-nordeste. A área envoltória ao rio é abarcada no Parque Nacional do Xingu, na porção sul da Folha MIR-301, na Terra Indígena Capoto Jarina, que ocupa grande parcela do território de ambas as Folhas em análise e na Terra Indígena Mekragnoti, na extremidade norte do Estado (MIR-276).

A região está inserida, a norte, na Depressão da Amazônia Meridional e na Serra dos Jurunas; na porção centro-sul, no Planalto dos Parecis.

A grande extensão das terras indígenas, proporcionalmente ao território abarcado nas Folhas Rio Iriri Novo e São José do Xingu, e as precárias condições de acessibilidade fazem com que as áreas de ocupação antrópica se concentrem no município de São José do Xingu; na porção oeste do território ocorrem de forma fragmentada, permanecendo o predomínio das formações florestais na porção central da Folha MIR-301 e no território mapeado da Folha MIR-276. Nas áreas de uso, predominam grandes estabelecimentos empresariais com atividades de pecuária, sendo a presença de pequenas propriedades restrita às proximidades de São José do Xingu.

Nas formações vegetais predominam os ambientes florestais – a Floresta associada ao Planalto dos Parecis em toda a porção centro-meridional do território; ambientes de contato a norte, função das diferentes litologias e formas de relevo – Contato Ombrófila/ Estacional, Estacional/ Savana e extensas formações savânicas.

63°00' 61°30' 60°00' 58°30' 57°00' 55°30' 54° 52°30' 51°00' 49°30' 7° 7° SB 21 YD

220 8° 8° SC 20 XA SC 20 XB SC 21 VA SC 21 VB

244 245 246 247 9° 9° SC 20 XC SC 20 XD SC 21 VC SC 21 VD SC 21 XC SC 21 XD SC 22 VC SC 22 VD SC 22 XC

270 271 272 273 274 275 276 277 278 10° 10° SC 20 ZA SC 20 ZB SC 21 YA SC 21 YB SC 21 ZA SC 21 ZB SC 22 YA SC 22 YB SC 22 ZA

295 296 297 298 299 300 301 302 303 11° 11° SC 20 ZD SC 21 YC SC 21 YD SC 21 ZC SC 21 ZD SC 22 YC SC 22 YD SC 22 ZC

316 317 318 319 320 321 322 323 12° 12° SD 20 XBSD 21 VA SD 21 VB SD 21 XA SD 21 XB SD 22 VA SD 22 VB SD 22 XA

336 337 338 339 340 341 342 343 13° 13° SD 20 XD SD 21 VC SD 21 VD SD 21 XC SD 21 XD SD 22 VC SD 22 VD SD 22 XC

353 354 355 356 357 358 359 360 14° 14° SD 20 ZB SD 21 YA SD 21 YB SD 21 ZA SD 21 ZB SD 22 YA SD 22 YB SD 22 ZA

369 370 371 372 373 374375 376 15° 15° SD 20 ZD SD 21 YC SD 21 YD SD 21 ZC SD 21 ZD SD 22 YC SD 22 YD

385 386 387 388 389 390 391 16° 16° SE 20 XB SE 21 VA SE 21 VB SE 21 XA SE 21 XB SE 22 VA SE 22 VB

401 402 403 404 405 406 407 17° 17° SE 21 VD SE 21 XC SE 21 XD SE 22 VC

417 418 419 420 18° 18° SE 22 YA

433 19° 19° 63°00' 61°30' 60°00' 58°30' 57°00' 55°30' 54°00' 52°30' 51°00' 49°30'

500 100 200 300 km

CONVENÇÕES ADOTADAS

NN 00 NN Código da Base Cartográfica

000 Código MIR

Localização da Folha no Estado

Figura 001

DIAGNÓSTICO SÓCIO-ECONÔMICO-ECOLÓGICODO ESTADO DE MATO GROSSO E ASSISTÊNCIA TÉCNICA NA FORMULAÇÃO DA SEGUNDA APROXIMAÇÃO DO ZONEAMENTO SÓCIO-ECONÔMICO-ECOLÓGICO

Localização do Encarte Folhas Mir 276/301 no Estado

ESCALA : gráfica Fonte: CNEC Engenharia, 2000 3

2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E OPERACIONAIS ESPECÍFICOS ÀS FOLHAS RIO IRIRI NOVO E SÃO JOSÉ DO XINGU

A metodologia geral que norteou os trabalhos do mapeamento das Formações Vegetais /Uso e Ocupação do Solo na escala 1:250.000 encontra-se detalhada no Relatório DSEE-VG/US-RT-001 - “Formações Vegetais e Uso e Ocupação do Solo - Aspectos Gerais: Procedimentos Metodológicos e Atividades Realizadas”, onde são tratados os aspectos gerais do trabalho, tais como: dados secundários utilizados; procedimentos metodológicos seguidos no decorrer dos trabalhos; critérios de interpretação utilizados na identificação dos padrões das imagens; procedimentos específicos às diversas campanhas de campo; correlação de dados secundários e relativos a outros setores de estudo relacionados ao tema.

2.1. DOCUMENTAÇÃO

Os trabalhos de cunho regional utilizados, que abrangem as Folhas Rio Iriri Novo e São José do Xingu, referem-se a:

− Projeto RADAMBRASIL Folha SC.22 Tocantins, 1981, escala 1:1.000.000.

− Na delimitação dos padrões de uso e ocupação e das formações vegetais, abrangendo totalmente a área das folhas estudadas, foram utilizadas as imagens de satélite LANDSAT TM5 226/67 e 226/68 (12/07/94), 225/67 e 225/68 (19/06/94), composição colorida, bandas 3, 4 e 5; para definição de padrões duvidosos (nuvens, queimadas) foi também consultado o mosaico de RADAR SC.22-Y-A (Projeto RADAMBRASIL), todos na escala 1:250.000.

− Devido a defasagem temporal entre as imagens interpretadas (1994) e o estágio atual dos trabalhos, consultou-se as Folhas São José do Xingu e Rio Iriri Novo do trabalho – Mapa da Dinâmica de Desmatamento do Estado de Mato Grosso (1999, escala 1:250.000), elaborado pela FEMA – Fundação Estadual do Meio Ambiente. No Mapa Temático, foram demarcadas as áreas desmatadas entre esta data e 1997 (imagem mais recente interpretada pela FEMA).

2.2. INTERPRETAÇÃO DAS IMAGENS

No território mapeado predominam formações florestais preservadas, em correspondência as terras indígenas e entre as áreas de ocupação. As condições de acessibilidade, entretanto, não possibilitaram a checagem de todos os padrões observados, principalmente nas terras indígenas e em relevos acidentados.

A principal alteração efetuada em relação à legenda do Projeto RADAM foi quanto à denominação das formações florestais presentes no Planalto dos Parecis, na porção centro- meridional da Folha MIR-301, mapeadas no RADAM como Contato Ombrófila / Estacional, que foram, no atual trabalho, discriminadas com a denominação Floresta Associada ao Planalto dos Parecis.

Foram também melhor descritas formações na Depressão da Amazônia Meridional, nos relevos residuais e Serra dos Jurunas, na porção setentrional da MIR-276 e na MIR-301, mapeados no RADAM como Contato Savana / Ombrófila, com extensas ocorrências de Savana

4

Arborizada e de Savana Parque e encraves de Savana Florestada. Nesta região, as manchas foram mais detalhadas, tendo sido discriminados Contato de Florestas Ombrófila e Estacional a noroeste (região drenada pelo Rio Iriri Novo); Contato de Savana e Floresta Estacional na transição entre a Depressão Amazônica e o Planalto dos Parecis e formações savânicas a norte (Savanas Florestada, Arborizada e Parque) com encraves de Floresta Estacional.

A antropização ocorrida na região faz com que tenham sido delimitadas, além das zonas de uso, formações florestais alteradas (Florestas Remanescentes e Formações Secundárias).

Foram mapeados 16 padrões relativos às formações vegetais e 4 padrões característicos de áreas antropizadas. Estes padrões foram, em situações específicas, correlacionados, constituindo legendas compostas. A legenda definida pelos padrões das imagens, corroborada pelas informações de campo é apresentada no Quadro 001, a seguir:

QUADRO 001 CHAVE DE IDENTIFICAÇÃO DOS PADRÕES INTERPRETADOS

LEGENDA PADRÃO DA IMAGEM OBSERVAÇÕES

FORMAÇÕES VEGETAIS Sd – Savana Florestada Tons de verde escuro Ocorrência em relevos dissecados, (Cerradão) amarronzado, textura rugosa. associada a solos rasos. Sa – Savana Arborizada Tons de marrom médio, textura Ocorrência restrita aos relevos dissecados, (Cerrado) rugosa; quando presentes também associada a solos rasos. formações ciliares, alinhamentos Saf – Savana Arborizada com de verde escuro rugoso ao longo Floresta de Galeria das drenagens. Sp – Savana Parque Tons de marrom claro rugoso a Formação associada a topos de relevos. (Campo Cerrado) liso, com alinhamentos verde escuro rugosos acompanhando Spf – Savana Parque com as drenagens. Floresta de Galeria Sgi – Savana Gramíneo Tons de verde escuro com textura Ocorrência associada às áreas aluviais do (campos úmidos) lisa. Rio Auiá-Muçu. Fj – Formação Justafluvial Tons de verde escuro. Ocorre ao longo de algumas drenagens. Ca – Complexo Aluvial Tons de verde escuro rugoso com Ocorrência presente nas amplas planícies manchas marrom claro, rosa aluviais do Rio Xingu. escuro e tons de preto. Fa – Floresta Aluvial Tons de verde escuro. Ocorre ao longo de algumas drenagens, associada a planícies fluviais. Fe – Floresta Estacional Tons de verde escuro a claro com Ocorrência em relevo dissecado. mosqueamento marrom esverdeado. Fp – Floresta Associada ao Tons de verde escuro a médio, Presença expressiva na Folha MIR-301, em Planalto dos Parecis textura lisa a rugosa. relevo de interflúvios tabulares amplos, Fp* - Floresta Associada ao drenados pelo Rio Xingu. Planalto do Parecis com corte seletivo FoFe – Contato Floresta Tons de verde escuro a médio, Ocorrência restrita à porção noroeste da Ombrófila / Floresta textura de lisa a rugosa, com Folha MIR-301 e à porção oeste da MIR-276. Estacional tonalidades mais claras nos fundos de vale. FeS – Contato Floresta Tons de verde médio a claro, Formação associada a relevos residuais e ao Estacional / Savana textura rugosa. contato entre o Planalto dos Parecis, a Depressão da Amazônia Meridional e a Serra dos Jurunas. (continua...)

5

QUADRO 001 CHAVE DE IDENTIFICAÇÃO DOS PADRÕES INTERPRETADOS (...continuação) Fr – Floresta Remanescente Tons de verde escuro de liso a Fragmentos de formações florestais entre rugoso. áreas de pastagem. Fs – Formações Secundárias Tons de verde claro mosqueado. Ocorrência entremeando zonas de ocupação. USO DO SOLO Ap – Uso Agropecuário, em Tons de rosa claro a médio,com Ocorrência restrita ao entorno da área pequenas propriedades. grande fracionamento. urbana de São José do Xingu. Agp – Uso Agropecuário em Tons de rosa claro a escuro, Ocorrência expressiva na porção centro-leste médias e grandes mosqueado. da MIR- 301 e, de forma mais descontínua, a propriedades com predomínio oeste. de Pastagens U – Usos Urbanos Tons rosa acinzentados, claros, Corresponde à área urbana de São José do com padrão geométrico. Xingu. Ui- Uso Antrópico em T.I. Tons de rosa, textura lisa. Próximo ao Rio Xingu e estrada Estadual 322. FONTE: CNEC, 1997.

Na ocorrência de formações savânicas, diferentes tipologias encontram-se associadas em manchas não mapeáveis na escala do trabalho, tendo sido agrupadas em legendas compostas, onde o primeiro componente é dominante. Áreas de ocupação também aparecem entremeadas por remanescentes de formações florestais; ainda, em áreas florestais ocorrem zonas antropizadas com dimensões não mapeáveis na escala de trabalho.

2.3. TRABALHOS DE CAMPO

A Folha São José do Xingu foi coberta pelas seguintes Campanhas de Campo, cujos roteiros são esquematizados na Figura 002:

− 02 campanhas relativas ao levantamento dos padrões das formações vegetais / uso e ocupação do solo, realizadas nos meses de outubro-novembro de 1996 (parte do Roteiro 1) e agosto de 1997 (parte do Roteiro 3), quando foram percorridas a rodovia MT-322 e algumas vias locais transitáveis. Foram relevados os padrões de uso e das formações vegetais ao longo dos percursos, tendo sido amostrados, para definição dos padrões, 13 pontos, apresentados no Anexo I.1 e locados nas Folhas temáticas (Pontos 01 a 13). Na maior parte do território não houve condições de acessibilidade para as averiguações de campo.

− A Pesquisa Sócio-Econômica-Agronômica realizou, neste território, entrevistas que possibilitaram a qualificação das atividades e do perfil do produtor.

Os pontos amostrados encontram-se localizados nas Folhas Rio Iriri Novo e São José do Xingu - Formações Vegetais/Uso e Ocupação do Solo e sua descrição consta dos respectivos relatórios técnicos consolidados.

54°00 53°00 52°30'

09°30' i Irir Rio Estado do Ig. de Pedra MIR 276 Pará

o v o i N Irir o i

R

u g in X o Ri 10°00 MIR 301

Vila Santa Cruz / 0 BR 158 T 43 M

Antas s Ribeirão da

Matupá / BR 163

BR Ri 08 o 0 / MT 322 P a t u r i

Rio São José Hua ia Miçu do Xingu

Bituca M

T Cana Brava do Norte / 3 BR 158 2 11°00 2 a Miçu aú Rio niss Ma Alô Brasil / BR 158

100 20 40 60 km

CAMPANHAS DE CAMPO CONVENÇÕES CARTOGRÁFICAS

Uso do Solo / Vegetação: Limite Municipal Roteiro 01 Limite Estadual Roteiro 03 Sede Municipal Distrito e/ou Localidade Viário Principal Hidrografia/Lago Terra Indígena

Figura 002

DIAGNÓSTICO SÓCIO-ECONÔMICO-ECOLÓGICODO ESTADO DE MATO GROSSO E ASSISTÊNCIA TÉCNICA NA FORMULAÇÃO DA SEGUNDA APROXIMAÇÃO DO ZONEAMENTO SÓCIO-ECONÔMICO-ECOLÓGICO

Campanhas de Campo Encarte Folhas Rio Iriri Novo / São José do Xingu - SC. 22-V-C / SC. 22-Y-A Mir 276 / 301

ESCALA : 1:1.500.000 Fonte: CNEC Engenharia, 2000 7

2.4. INTEGRAÇÃO E SISTEMATIZAÇÃO DOS DADOS

Como descrito na Metodologia Geral (Relatório DSEE-VG/US-RT-001), na interpretação preliminar e no acompanhamento da campanha de campo, foram utilizados dados de outros setores de estudo, relacionados ao tema em tela, notadamente no que diz respeito aos aspectos de solos, formas do relevo, padrões da ocupação, presença de equipamentos de infra-estrutura.

Após as campanhas de campo e a revisão do mapeamento preliminar dos padrões de uso e das formações vegetais, foi realizado trabalho de sistematização das informações de outros temas, necessárias à compreensão dos processos de ocupação e à descrição das formações vegetais presentes na região. Os dados primários utilizados para o processo de correlação referem-se essencialmente às observações de campo; aos levantamentos florísticos, fitossociológicos, e faunísticos; aos resultados da pesquisa Sócio-Econômica- Agronômica; aos relatórios temáticos de Geologia, Geomorfologia e Solos específicos as Folhas MIR-276 e MIR-301. A correlação dos dados permitiu a definição da legenda dos padrões que constam nas Folhas MIR-276 e MIR-301- Formações Vegetais/ Uso e Ocupação do Solo.

3. CARACTERIZAÇÃO DAS FORMAÇÕES VEGETAIS/ SO E OCUPAÇÃO DO SOLO

3.1. FORMAÇÕES VEGETAIS

3.1.1. Formações Savânicas

3.1.1.1. Sd – Savana Florestada (Cerradão)

É a expressão florestal das formações savânicas, que se desenvolve sobre solos profundos e de média fertilidade, freqüentemente podzólicos e latossolos. As árvores que constituem o dossel possuem troncos geralmente grossos, com espesso ritidoma porém sem a marcante tortuosidade geralmente observada nas savanas. A estratificação é simples e o componente arbóreo é perenifólio. Não há um estrato arbustivo nítido e o estrato graminoso esparso é entremeado de espécies lenhosas de pequeno porte. Atinge altura em torno de 15m, podendo chegar a 18m. Tem composição florística diversificada, contendo espécies das expressões mais abertas das savanas, que assumem hábito arbóreo, e da floresta estacional, raramente presentes em outras formações savânicas. Epífitas são raras. É também denominada “Cerradão” ou “Savana Arbórea Densa”.

São características do estrato superior espécies como: sucupira-branca (Pterodon pubescens), sucupira-preta (Bowdichia virgilioides), jatobá (Hymenaea courbaril), tingui (Magonia pubescens), pau-terra (Qualea sp), pau-santo (Kielmeyera coriacea), pau-de-sobre (Emmotum nitens), jacarandás (Machaerium sp e Dalbergia sp).

Esta formação está presente a norte do encarte em relevos mais movimentados da Amazônia Meridional onde ocorrem solos rasos, geralmente associada a Savanas Arborizadas.

8

3.1.1.2 Sa – Savana Arborizada (Cerrado)

Corresponde à formação savânica propriamente dita, caracterizando-se pelo aspecto xeromorfo do componente arbustivo-arbóreo e pelo expressivo estrato herbáceo, onde predominam gramíneas cespitosas (que formam touceiras). Variações fisionômicas e estruturais, decorrentes de características pedológicas diferenciadas e de perturbações antropogênicas expressam-se pela distribuição espacial irregular de indivíduos, ora com adensamento do estrato arbustivo-arbóreo, ora com maior predomínio do componente herbáceo, com altura variando entre 2 e 7m. Apresenta, como característica marcante, estrato arbóreo composto de exemplares de troncos e galhos retorcidos, casca espessa e folhas grandes, muitas vezes coriáceas.

Constitui uma formação vegetal relativamente aberta, geralmente manejada com fogo, podendo representar feições alteradas de Savanas Florestadas, submetidas a pressões antrópicas.

É denominada, em sentido amplo, como “Cerrado”. Ocorre sobre vários tipos de solos, mais freqüentemente em latossolos álicos, mas também em solos tipo podzólicos, concrecionários e Areias Quartzosas. Espécies características: jatobá-do-cerrado (Hymenaea stigonocarpa), ipê-do-cerrado (Tabebuia caraiba), araticum (Annona coriacea), pequizeiro (Caryocar brasiliensis), mangaba (Hancornia speciosa), lixeirinha (Davilla elliptica), colher-de- vaqueiro (Salvertia convallariaeodora), lixeira (Curatella americana), pau-santo (Kielmeyera sp), pau-terra (Qualea sp), muricis (Byrsonima sp), entre outras. A ocorrência de lianas não se dá de forma agressiva, sendo, em sua maioria, herbáceas ou semi-lenhosas.

Presente de maneira expressiva a norte do encarte (MIR-276), geralmente em associação com formações florestadas ou campestres, tipo Savana Parque. Na Folha 301 ocorre em pequenas manchas descontínuas em meio ao contato de Savana e Floresta Estacional, bem como no limite deste com a Floresta Associada ao Planalto dos Parecis.

3.1.1.3. Saf – Savana Arborizada com floresta-de-galeria

Esse padrão é constituído pela fisionomia da Savana Arborizada associado a Formações Ripárias. Porém, devido às pequenas extensões desta, não foi possível sua individualização através de mapeamento, na escala do trabalho.

Estas Formações Ripárias formam estreitas faixas e na seqüência, onde o solo é mais fértil permite o desenvolvimento de florestas, estando presentes espécies como ingás (Inga sp), figueiras (Ficus sp), pinha-do-brejo (Talauma ovata), pindaíba-do-brejo (Xylopia emarginata). Ao lado destas essências tipicamente ripárias, ocorrem ainda elementos estacionais, uma vez que estas formações não estão submetidas ao estresse hídrico verificado no ambiente savânico. Por constituírem faixas contínuas que se destacam na paisagem de formações abertas, recebem a denominação de Florestas-de-Galeria.

Ocorrência freqüente nos encraves de savanas situados a norte do encarte.

3.1.1.4. Sp – Savana Parque

Nesta formação, prevalece o componente herbáceo e arbustivo com indivíduos arbóreos presentes de forma esparsa, compondo uma das expressões campestres das savanas, denominada também “Campo Cerrado”. É encontrada sob diversas condições, desde

9 planícies de inundação até topos ou encostas pedregosas, podendo ter origem natural, decorrente das condições do substrato, ou ser resultante de ação antrópica, pelo manejo anual de queimadas para uso agropecuário. Embora prevaleçam gramíneas no estrato herbáceo, são também freqüentes espécies das famílias botânicas de compostas e de leguminosas sendo, portanto, a composição florística bastante diversificada. Já os componentes arbustivos e arborescentes (altura entre 1 a 2 m) constituídos de plantas características da Savana Arborizada, são pobres em espécies. Alguns dos representantes lenhosos são: cajuzinho (Anacardium humile), araticum (Annona coriacea), faveira (Dimorphandra mollis), marmelo (Alibertia sp), lobeira (Solanum lycocarpum), colher-de-vaqueiro (Salvertia convallariaeodora).

Significativas áreas desta formação estão presentes a nordeste do encarte, na margem direita do Rio Xingu, em associação com Savanas Arborizadas, e na porção centro- norte do encarte, no interflúvio de tributários do Rio Iriri Novo, em topos de relevos dissecados (Serra dos Jurunas).

3.1.1.5. Spf – Savana Parque com Floresta de Galeria

Esse padrão representa áreas de Savanas Parque onde Formações Ripárias estão presentes porém, devido às pequenas extensões, não é possível sua individualização através de mapeamento, realizado na escala do trabalho.

Estas formações ripárias formam estreitas faixas e na seqüência onde o solo é mais fértil permite o desenvolvimento de florestas, estando presentes espécies como ingás (Inga sp), figueiras (Ficus sp), pinha-do-brejo (Talauma ovata), pindaíba-do-brejo (Xylopia emarginata). Ao lado destas essências tipicamente ripárias, ocorrem ainda elementos estacionais, uma vez que estas formações não estão submetidas ao estresse hídrico verificado no ambiente savânico. Por constituírem faixas contínuas que se destacam na paisagem de formações abertas, recebem a denominação de Florestas-de-Galeria ou Florestas Ciliares.

De modo geral, todas as ocorrências de Savanas Parques apresentam Florestas de Galeria.

3.1.1.6. Sgi – Savana Gramíneo-Lenhosa (Campos Úmidos)

Corresponde à vegetação presente em áreas deprimidas, sobre solos hidromórficos, onde o lençol freático aflora ou é muito superficial, geralmente em localidades caracterizadas por nascentes, lagoas, corixos e riachos. Caracteriza-se pela presença de flora hidrófila, isto é, que se desenvolve em ambientes úmidos. Também denominada de “Campos Úmidos”.

Desenvolve-se também sobre afloramentos rochosos ou solos muito rasos, freqüentemente com camada de laterita superficial, podendo-se encontrar campos úmidos onde a rocha é superficial, em topos de morros testemunhos e em alguns platôs em torno de buritizais e Florestas-de-Galeria.

No período chuvoso, estes campos permanecem encharcados, impedindo o crescimento de vegetação arbóreo-arbustiva. Assim, a vegetação apresenta apenas estrato herbáceo, sendo as espécies encontradas extremamente seletivas. São muito freqüentes as ciperáceas, gramíneas, além de outras herbáceas como cruz-de-malta (Ludwigia sp), Xyris sp, jalapa (Mandevilla sp), bem como minúsculas plantas “carnívoras” do gênero Utricularia.

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Localmente, podem apresentar micro relevo constituído de pequenas elevações, onde é comum a ocorrência de espécies lenhosas arbustivas. Neste caso, recebem a denominação de “Campos de Monchões” ou “Campos de Murunduns”.

3.1.2. Formações Ripárias

3.1.2.1. Fj – Formação Justafluvial

Compreende diversas formas de vegetação associadas a cursos d’água, que recebem distintas denominações, de acordo com suas peculiaridades, reflexo das condições do substrato onde se desenvolvem: “Veredas”, “Matas de Brejo”, “Floresta-de-Galeria” ou “Floresta Ciliar”.

Em domínio de savanas, estas formações começam, em geral, em pequenos brejos ou nascedouros de ribeirões, sob a forma de alamedas de buritis (Mauritia sp), formando “Veredas”. Ao longo dos cursos d’água, as veredas vão progressivamente adquirindo outras espécies de árvores, dentre as quais citam-se embaúba (Cecropia pachystachya), ingá (Inga uruguensis), copaíba (Copaifera langsdorffii), tapiriri (Tapirira guianensis), congonha (Ilex sp), mulungu (Erythrina aff. mulungu), encorpando e passando a constituir faixas que margeam as linhas de drenagem. Adquirem caráter peculiar, por se destacar na paisagem caracterizada por formações abertas e xeromorfas, e recebem a denominação de “Floresta-de-Galeria” ou “Floresta Ciliar”. Por vezes, passam gradualmente a ocupar as “rampas” do interflúvio, em uma transição para as formações adjacentes. Quando estas florestas se fundem no interflúvio, considera-se o fim da área nuclear do domínio das savanas.

Em sítios com impedimentos de drenagem formam-se matas paludosas denominadas “Matas de Brejo”, onde predominam espécies hidrófilas, como olandi (Calophyllum brasiliensis) e sarão-do-brejo (Ficus sp), pindaíba (Xylopia emarginata) e buritirama (Maurtiella armata).

Quando em domínio florestal, as Formações Justafluviais apresentam-se bem desenvolvidas , com estrutura semelhante à das florestas com as quais se associam, sendo de difícil discriminação no mapeamento. Possuem composição florística particular, sendo encontradas, além de essências da flora do interflúvio, as seguintes espécies arbóreas: cambará (Vochysia cf. divergens), anani (Symphonia globulifera), jequitibá-vermelho (Cariniana rubra), novateiros (Triplaris sp), olandi (C. brasiliense), leiteiro (Sapium sp) e sangra-d’água (Croton cf. urucurana) entre outras. No domínio da Floresta Ombrófila ou em regiões de contato desta, é característica a presença de sororoca (Phenakospermum guianense), como dominante no subosque.

Está presente de forma esparsa ao longo de alguns cursos d’água afluentes ao Rio Xingu.

3.1.2.2. Ca – Complexo Aluvial

Formações ciliares complexas associadas ao Rio Xingu e aos cursos d’água que a ele afluem, constituindo mosaico de Formações Ripárias, Savânicas e Florestais que ocorrem associadas indistintamente. Essa legenda foi utilizada para caracterizar uma situação específica em que a imagem de satélite aponta uma condição de intensa mistura de padrões que ocorrem na Bacia Hidrográfica do Rio Xingu. Os padrões indicam a existência de Florestas Aluviais, “Mata de Brejo”, Savana Parque associada a Pantanais e Savana Gramíneo-Lenhosa, descritas sucintamente a seguir:

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Floresta Aluvial: Ocorre em solos aluviais de planícies de inundação dos rios. Apresenta elementos botânicos estacionais e ombrófilos. Sua composição florística, contudo, é relativamente distinta e menos diversa em relação às formações florestais de interflúvios, devido às restrições decorrentes do substrato periodicamente encharcado.

“Mata de Brejo”: Forma-se em sítios com impedimentos de drenagem constituindo matas paludosas, onde predominam espécies hidrófilas, como olandi (Calophyllum brasiliensis) e leiteiro (Sapium sp), pindaíba (Xylopia emarginata).

Savana Gramíneo-Lenhosa: Vegetação presente em áreas deprimidas, sobre solos hidromórficos, onde o lençol freático aflora ou é muito superficial. Caracteriza-se pela presença de flora hidrófila, isto é, que se desenvolve em ambientes úmidos. Também denominada de “Campos Úmidos”.

Savana Parque associada a Pantanais: formação associada às planícies inundáveis com solos caracterizados por saturação hídrica periódica, diferenciando de Campos Úmidos por apresentar espécies arbóreas e arbustivas. Localmente podem apresentar micro relevo constituído de pequenas elevações onde o solo mais enxuto favorece a presença de arbustos e arvoretas. Neste caso, recebem a denominação de “Campos de Monchões” ou “Campos de Murunduns”.

Forma ampla faixa contínua ao longo do Rio Xingu até aproximadamente a foz do Rios Jarina ou , constituindo formação diferenciada em relação às formações florestais adjacentes.

3.1.2.3. Fa – Floresta Aluvial

Ocorre seletivamente em solos aluviais, em planícies de inundação sazonal dos rios. Apresenta elementos botânicos estacionais e ombrófilos, predominando estes ou aqueles, de acordo com o domínio em que se insere. Sua composição florística, contudo, é relativamente distinta e menos diversa em relação às formações florestais de interflúvios, devido às restrições decorrentes do substrato periodicamente encharcado. Verificam-se espécies seletivas higrófilas, dentre as quais destacam-se: ingás (Inga sp), jenipapo (Genipa americana), olandi (Calophyllum brasiliensis), ingás (Inga sp) e leiteiro (Sapium sp). As palmeiras são indicadoras do tipo e das condições hídricas do solo, uma vez que maripá (Attalea maripa), bacuri (Attalea phalerata) e bacaba (Oenocarpus sp) dominam nas planícies aluviais. Em grotas e outros sítios de maior umidade ocorrem ainda paxiúbas (Iriartea sp) e palmiteiro (Euterpe precatoria). O baixo potencial madeireiro, a impossibilidade de exploração agrícola e a ausência de fogo, colocam este tipo de vegetação, de modo geral, em situação privilegiada em relação à sua preservação.

Ocorre em faixa contínua ao longo do Rio Iriri Novo e seu tributário (MIR-276), bem como em afluentes do Rio Xingu, sendo mais expressiva no Rio Jarina ou Juruna.

3.1.3. Formações Florestais

3.1.3.1. Fe – Floresta Estacional

Formação pluriestratificada, apresentando dossel de 25-30m de altura, com emergentes. Tem ocorrência associada à estacionalidade climática e a solos geralmente mais férteis do que aqueles observados sob as savanas. A maior relação com a estacionalidade ocorre na região centro/sul do Estado, onde o período seco varia entre 3 a 5 meses (maio a

12 agosto). Na região norte esta formação está relacionada aos relevos mais dissecados onde ocorrem afloramentos rochosos e portanto solos mais rasos com menor disponibilidade de água. Apresenta grande complexidade estrutural e elevada biomassa, constituindo comunidades bastante diversas. Lianas e epífitas são freqüentes. São características, entre outras, as seguintes espécies: cedro (Cedrela fissilis), guatambu e peroba (Aspidosperma sp), cabreúva (Myroxylon peruiferum), paineira (Chorisia speciosa), mamica (Zanthoxylum riedelianum) e pau-jangada (Apeiba tibourbou).

Esta floresta é denominada semidecidual ou decidual dependendo da densidade menor (até 50%, geralmente em torno de 20%) ou maior (acima de 50%) de espécies decíduas, respectivamente. Dentre as árvores que perdem total ou parcialmente as folhas no período desfavorável destacam-se: ipês (Tabebuia roseo-alba, T. serratifolia, T. impetiginosa), guatambus e perobas (Aspidosperma sp), embiruçus (Pseudobombax longiflorum e P. tomentosum), gonçalo-alves (Astronium fraxinifolium), angicos (Anadenanthera macrocarpa e A falcata), e aroeira-preta (Myracrodruon urundeuva).

Há também ocorrência de palmeiras como inajá (Attalea maripa), bocaiuva (Acrocomia sclerocarpa) e babaçu (Orbignia speciosa), esta última muito favorecida com as queimadas.

Ocorre de forma descontínua a nordeste, norte e centro-norte do território, sobre relevos dissecados, entremeando formações savânicas e Contato de Floresta Estacional / Savana.

3.1.3.2. Fp – Floresta Associada ao Planalto dos Parecis

Corresponde à formação florestal que se desenvolve sobre o Planalto dos Parecis, na faixa intermediária entre os Domínios da Savana e da Floresta Amazônica.

Constitui um ecótono entre as Florestas Ombrófila e Estacional, onde os diferentes tipos de vegetação se misturam em um mosaico específico e a identidade ecológica é dada pelas especificidades florísticas e fisionômicas resultantes. Em relação à composição florística, possui elementos estacionais e ombrófilos, em freqüências variáveis. Dentre as espécies encontradas podem ser citadas louro-branco (Ocotea guianensis), carapanaúba (Aspidosperma carapanauba), quaresma (Miconia lepidota), maçaranduba (Manilkara sp) angelim-de-saia (Parkia pendula), angelim-pedra (Dinizia excelsa) pindaíba (Xylopia discreta), goiaba-de-anta (Bellucia glossularioides), bacaba (Oenocarpus distichus), pinho-cuiabano (Shizolobium parahyba var. amazonica), castanheira (Bertholletia excelsa) e seringueira (Hevea brasiliensis).

Fisionomicamente, apresenta densa cobertura foliar, dossel bastante homogêneo, com aproximadamente 20m de altura e grande densidade de indivíduos. Em geral, apresenta escassa serapilheira e raras epífitas. A baixa freqüência de exemplares caducifólios confere pequeno grau de deciduidade a estas comunidades vegetais, um dos aspectos que as diferenciam da Floresta Estacional que ocorre em outras regiões do Estado de Mato Grosso.

Embora aparentemente uniforme em sua grande extensão, apresenta heterogeneidades locais, tanto estruturais quanto florísticas, não evidenciadas por meio de imagens de satélite. Observações de campo indicam variações associadas ao modelado do terreno, uma vez que estas formações são freqüentemente mais vigorosas à medida em que se aproximam dos canais de drenagem. Espécies de valor econômico, pouco comuns nos interflúvios, estão aí representadas, tais como peroba (Aspidosperma sp), cedro-rosa (Cedrela fissilis), cumaru (Dipteryx sp), entre outras.

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É a formação mais expressiva do encarte, caracterizando toda sua porção centro-sul. Encontra-se bem preservada no território das Terras Indígenas porém, fora destes limites, verifica-se forte pressão antrópica. Especialmente a sudeste, esta floresta encontra-se em grande parte substituída por áreas de uso agropecuário.

3.1.4. Formações de Contato

3.1.4.1. FoFe – Contato Floresta Ombrófila / Floresta Estacional

Corresponde a uma formação de transição, onde ambos os tipos de vegetação se alternam em padrão de mosaico, mantendo sua identidade. Verifica-se, portanto, agrupamentos tipicamente de Floresta Ombrófila, com presença de espécies características como: seringueira (Hevea brasiliensis), itaúba (Mezilaurus itauba), palmiteiro (Euterpe precatoria) e sororoca (Phenakospermum guianense), e povoamentos característicos da Floresta Estacional, cuja composição florística inclui mamica (Zanthoxylum sp), jaracatiá (Jaracatia sp), jatobá (Hymenaea courbaril), todas decíduas no período de estiagem.

Ocorrem em complexo mosaico, onde ambas as formações florestais se alternam, em função das características do substrato, com elementos ombrófilos predominando em solos profundos e úmidos, próximo às linhas de drenagem, enquanto a Floresta Estacional se estabelece nas parte mais elevadas do relevo, formando encraves.

Fisionomicamente apresenta características de ambas as formações, com porte elevado, entre 20-30m de altura e emergentes de até 35m, apresentando-se perenifólia nas porções rebaixadas, enquanto que nos relevos residuais assume feição decídua.

Presente a noroeste do encarte, limitada a leste aproximadamente pelo Rio Iriri e seu afluente. Estende-se a sul até o limite da Depressão da Amazônia Meridional com o Planalto dos Parecis, onde extensas áreas de uso antrópico encontram-se implantadas e onde desmatamentos recentes foram identificados.

3.1.4.2. FeS – Contato Floresta Estacional / Savana

Corresponde a uma formação de transição, onde os tipos de vegetação se alternam em padrão de mosaico, mantendo sua identidade. Corresponde a um contato entre duas fisionomias florestais, a Floresta Estacional e a Savana Florestada, onde, há significativa contribuição de espécies comuns a ambas formações vegetais. Dentre estas podem ser citadas: mandiocão (Didymopanax morototoni), gonçalo-alves (Astronium fraxinifolium), maricá (Physocalymma scaberrimum), cumaru (Dipteryx sp), tarumaí (Rhamnidium elaeocarpus).

Fisionomicamente apresenta-se como uma floresta mais aberta que a estacional, com menor quantidade de epífitas e lianas e com estratificação menos complexa. O dossel apresentam distintos graus de deciduidade, dependendo das espécies prevalecentes.

Está presente na Depressão da Amazônia Meridional, formando ampla faixa entre as formações associadas ao Planalto dos Parecis, situadas a sul, e as formações savânicas presentes na parte setentrional do encarte.

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3.1.5. Formações Antropizadas

3.1.5.1. Fr – Floresta Remanescente

Ocorre em áreas intensamente ocupadas, onde florestas remanescentes estão presentes, porém com sinais de perturbações, notadamente relacionadas com a retirada seletiva de madeira. Apesar de manter elementos da floresta primária, apresenta-se com composição florística empobrecida e estrutura alterada, com redução da altura dossel, que se apresenta descontínuo e irregular. Nesta matas, espécies de valor madeireiro tornaram-se escassas.

Associada às áreas de uso antrópico a oeste e a leste do território. Nesta última região, ocorre em matriz da Floresta associada ao Planalto dos Parecis, denotando intensa exploração madeireira desta formação.

3.1.5.2. Fs – Formação Secundária

Remanescente de Floresta que, devido às perturbações causadas por retirada seletiva de madeiras, abertura de clareira e efeitos de borda, não apresenta características originais de estrutura, tendo altura menor, dossel irregular e raras emergentes. A composição florística é empobrecida em relação à floresta original, prevalecendo espécies secundárias e de baixo valor econômico. Geralmente apresenta pequenas extensões e encontra-se em áreas antropizadas.

Enquanto nas florestas preservada, as lianas tem uma ocorrência discreta, nas formações secundárias as perturbações favorecem seu estabelecimento nas bordas, clareiras e interior, formando cortinas e colunas sobre as árvores. Entre as lianas mais comuns encontram-se representantes das famílias Bignoniaceae, Malpighiaceae, Sapindaceae, Mimosaceae, Caesalpiniaceae, Curcubitaceae, Vitaceae, Dioscoriaceae, Apocynaceae e Convolvulaceae, entre outras.

Esta formação é presente a oeste, nas proximidades da MT-322 e junto às áreas de uso agropecuário situadas no limite do Contato entre Florestas Ombrófila e Estacional. Também a leste, nas imediações de São Félix do Xingu e Vila Santa Cruz, formações secundárias estão presentes, associadas a áreas de uso.

3.2. USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

3.2.1. Aspectos Gerais: Ocupação e Estruturação do Território

As Folhas Rio Iriri Novo e São José do Xingu abrangem parte do território dos Municípios de São José do Xingu, Santa Cruz do Xingu, Peixoto Azevedo, Marcelândia, Matupá, São Félix do Araguaia e Feliz Natal (Figura 003).

São José do Xingu é a única sede municipal compreendida neste território, assentada no interflúvio entre os Rios Preto e Paturi, afluentes da margem direita do Rio Xingu. São ainda presentes as localidades Santa Rosa, Cical, Conquista, Barra do Dia, no entorno de São José do Xingu.

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A rodovia MT-322, não pavimentada, cruza a Folha MIR-301, orientada aproximadamente leste-oeste, ligando São José do Xingu à região centro-norte do Estado, a Marabá e à rodovia BR 163 (MIR-300) cruzando, por balsa, o Rio Xingu.

De São José do Xingu, a MT-322 segue para sudeste, conectando-se à BR-158 em correspondência à localidade Alô Brasil (MIR-342); na localidade Bituca (MIR-302), conecta-se à MT-430 que propicia acesso a norte de Santa Cruz do Xingu e a noroeste, a Confresa e à BR-158 (MIR-302). São ainda presentes vias locais, de acesso a propriedades rurais a partir de São José do Xingu e na extremidade sudoeste da Folha MIR-301. A maior parte da região é desprovida de infra-estruturas viárias, não existindo acesso à porção de território compreendido na Folha MIR-276, a não ser por via fluvial.

54°00 53°00 52°30'

09°30' i Irir Rio Estado do Ig. de Pedra MIR 276 Pará 01

o 06 v o 02 i N Irir o i

R

u g in X o Ri 10°00 MIR 301

02 Vila Santa 01 Cruz Confresa / 0 BR 158 03 T 43 M

Antas s Ribeirão da

Matupá / BR 163

BR Ri 04 08 o 0 / MT 322 P a t u r i

Rio São José Hua ia Miçu 04 do Xingu 03

Bituca M

05 T Cana Brava do Norte / 3 BR 158 2 11°00 2 a Miçu aú Rio niss Ma Alô Brasil / BR 158

100 20 40 60 km

MUNICÍPIOS CONVENÇÕES CARTOGRÁFICAS

01. Limite Municipal 02. Vila Santa Cruz Limite Estadual 03. Marcelândia 04. São José do Xingu Sede Municipal 05. São Félix do Araguaia Distrito e/ou Localidade 06. Matupá Viário Principal Hidrografia/Lago TERRAS INDÍGENAS Terra Indígena 01. Panará 02. Menkragnoti 03. Capoto / Jarina 04. Parque Nacional Xingu Figura 003 DIAGNÓSTICO SÓCIO-ECONÔMICO-ECOLÓGICODO ESTADO DE MATO GROSSO E ASSISTÊNCIA TÉCNICA NA FORMULAÇÃO DA SEGUNDA APROXIMAÇÃO DO ZONEAMENTO SÓCIO-ECONÔMICO-ECOLÓGICO

Divisão Político-Administrativa e Elementos de Infra Estrutura Encarte Folhas Rio Iriri Novo / São José do Xingu - SC. 22-V-C / SC. 22-Y-A Mir 276 / 301

ESCALA : 1:1.500.000 Fonte: CNEC Engenharia, 2000 17

Nas proximidades de São José do Xingu são presentes as glebas de reassentamento do INCRA Yamin e Aymoré.

No âmbito das Folhas Rio Iriri Novo e São José do Xingu não se tem registro de presença de jazimentos minerais.

Terras Indígenas têm presença marcante neste território. Correspondem a:

- Parque Nacional do Xingu – com extensão total de 2.642.003 ha, tem sua porção setentrional compreendida na porção centro-sul da Folha MIR-301. Localiza-se a sul da rodovia MT-322, que constitui seu limite setentrional, abarcando território em ambas as margens do Rio Xingu. Na Folha, a terra indígena está compreendida nos municípios de São José do Xingu e São Félix do Araguaia, a leste do Rio Xingu e de Marcelândia a oeste. A área abarca ambientes preservados da Floresta associada ao Planalto dos Parecis, sendo presentes, na calha do Rio Xingu, expressivas formações Florestais Aluviais, inseridas no Complexo Aluvial. A ocupação antrópica delimita a Terra Indígena na porção leste e nordeste, na área de influência do núcleo urbano de São José do Xingu. A oeste, a ocupação lindeira é menos significativa, representada por usos agropecuários e áreas alteradas ao longo da MT-322.

- Terra Indígena Capoto-Jarina – com extensão de 636.372 ha, a área desenvolve-se também em ambas as margens do Rio Xingu , delimitada a sul pela MT-322, que a separa do Parque Indígena do Xingu. A porção da reserva a leste do Rio Xingu é compreendida nos municípios de São José do Xingu e Santa Cruz do Xingu; a oeste, no município de Peixoto de Azevedo. A reserva abarca grande parte do território das Folhas Rio Iriri Novo e São José do Xingu em análise. A Área está inserida em ambientes florestais, com amplas extensões de Floresta associada ao Planalto dos Parecis caracterizando sua porção centro-sul, enquanto que a norte desenvolvem-se formações de Contato de Floresta Estacional e Savanas (Serra dos Jurunas). Manchas de ambas as formas vegetacionais se alternam, por vezes em extensões significativas, estando associadas às variações de substrato. Complexas formações aluviais também ocorrem no trecho do Rio Xingu abarcado nesta Terra Indígena.

- Terra Indígena Mekragnoti – com extensão de 130.463 ha, tem pequena parcela de seu território compreendido no Estado de Mato Grosso, estendendo- se no Estado do Pará. É limitada a sul pela terra indígena Capoto-Jarina, na vertente da margem esquerda do Rio Xingu e na bacia do Rio Iriri, compreendida na Folha MIR-276, no município de Peixoto Azevedo. Na porção da área abarcada no Estado predominam formações savânicas, representadas por um mosaico de distintas formações, sendo freqüente a associação de Savana Florestada e Savana Arborizada, bem como desta e Savana Parque. Contatos entre Savanas e Floresta Estacional também estão representados, bem como áreas recobertas de Floresta Estacional, presentes entre as formações savânicas.

- Terra indígena Panará – com extensão total de 113.120 ha, ocupa pequena parcela na extremidade noroeste da Folha MIR-276, no alto vale do Rio Iriri, município de Peixoto Azevedo; estende-se na Folha MIR-275 e a norte, no Estado do Pará. A área está sendo reocupada pelos índios do Povo Panará, que haviam sido transferidos para o Parque Nacional do Xingu na década de 70. Caracterizam esta parcela do território formações de Contato entre as Florestas Ombrófila e Estacional e entre Floresta Estacional e Savanas.

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3.2.2. Usos Agropecuários

A descrição dos padrões de uso ocorrentes neste território está baseada no mapeamento resultante da interpretação das imagens de satélite, e dos levantamentos efetuados através das campanhas de campo; sua caracterização é, ainda, baseada na Pesquisa Sócio-Econômica Agronômica, realizada junto aos estabelecimentos rurais do Estado. Os resultados desta pesquisa referem-se aos sistemas de produção agropecuária característicos de 13 Regiões Homogêneas, delimitadas com base em critérios explicitados no Relatório Técnico DSEE-VG/US-RT–002.

Do conjunto de sistemas de produção agropecuária detectados em cada uma destas Regiões Homogêneas, foram correlacionados, nesta caracterização, os sistemas predominantes quanto à expressão em termos de área ocupada pela atividade agropecuária e quanto à expressão representada pelo número de estabelecimentos existentes.

O território das Folhas Rio Iriri Novo e São José do Xingu em tela insere-se em três regiões homogêneas – AHP 1 na parte centro noroeste do território (municípios de Peixoto de Azevedo e Matupá), AHP 2 na porção sul (município de Marcelândia) e AHP 13 na porção leste do território (municípios de Vila Santa Cruz e São José do Xingu).

A região homogênea AHP 13 é separada das outras duas por Terras Indígenas delimitadas em ambas as margens do Rio Xingu, permanecendo as duas regiões isoladas, tendo sofrido processos de ocupação diferenciados, interligadas apenas pela rodovia BR-080, com condições de trafegabilidade precárias.

As regiões AHP 1 e AHP 2 são polarizadas por e pelo eixo da rodovia BR-163, a oeste; a região AHP 13 insere-se na região polarizada pela rodovia BR-158, tendo suas relações funcionais com as cidades desenvolvidas na bacia do Rio Araguaia e com Barra do Garças.

Estas regiões homogêneas têm abrangência maior que o território mapeado nas Folhas Rio Iriri Novo e São José do Xingu; as características dos sistemas de produção predominantes neste território pressupõem portanto um grau de generalização, parcialmente corrigido pelas observações das campanhas de campo e pela interpretação da imagem de satélite.

3.2.2.1. Ap - Uso Agropecuário em Pequenas Propriedades

Padrão de mapeamento caracterizada pelo predomínio do uso pecuário e secundariamente pela agricultura (mandioca, feijão, milho, arroz, café, banana). Nesta Região Homogênea, esta tipologia de ocupação caracteriza-se por estabelecimentos de pecuária de média e baixa tecnologia, associados ao produtor familiar de pequeno porte econômico (Quadro 004).

Ocorre com pequena expressão territorial, no entorno de São José do Xingu, correspondendo a áreas de assentamento, onde predominam as atividades de pecuária e a agricultura de subsistência.

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QUADRO 002 PRINCIPAIS PADRÕES DE USO E RESPECTIVOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO OBSERVADOS NA REGIÃO HOMOGÊNEA. – AHP1. PARTICIPAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS EM NÚMERO (%) E EM ÁREA OCUPADA (%) Padrão Principais Sistemas de Produção *¹ Participação em Participação em Área de Uso Número (%)*² (%)*² Ap Pecuária de média tecnologia -- • Produtor familiar de médio porte econômico Pecuária de baixa tecnologia • • Produtor empresarial de pequeno porte econômico Pecuária de baixa tecnologia • • • • Produtor familiar de pequeno porte econômico Agricultura de baixa e pecuária de média tecnologia • • -- Produtor familiar de pequeno porte econômico Agricultura e pecuária de baixa tecnologia • • -- Produtor familiar de pequeno porte econômico Agp Pecuária de média tecnologia -- • • • • Produtor empresarial de grande porte econômico Pecuária de média tecnologia -- • • • • Produtor empresarial de muito grande porte econômico Pecuária de média tecnologia -- • Produtor empresarial de médio porte econômico FONTE: CNEC, 1997. (*¹) A metodologia para definição dos sistemas de produção é descrita com detalhes no Relatório Técnico (DSEE- VG/US-RT-002). (*²)*intervalos de porcentagem – conforme relacionado a seguir

QUADRO 003 PRINCIPAIS PADRÕES DE USO E RESPECTIVOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO OBSERVADOS NA REGIÃO HOMOGÊNEA. – AHP2. PARTICIPAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS EM NÚMERO (%) E EM ÁREA OCUPADA (%)

Padrão Principais Sistemas de Produção *¹ Participação em Participação em Área de Uso Número (%)*² (%)*² Ap Pecuária de média tecnologia • • • • Produtor familiar de pequeno porte econômico Pecuária de média tecnologia • • • Produtor empresarial de pequeno porte econômico Agricultura de baixa e pecuária de média tecnologia • -- Produtor empresarial de pequeno porte econômico Agricultura de baixa tecnologia • -- Produtor familiar de pequeno porte econômico Pecuária de baixa tecnologia • -- Produtor familiar de pequeno porte econômico Aga Agricultura de alta tecnologia -- • Produtor empresarial de muito grande porte econômico Agp Pecuária de média tecnologia • • • • Produtor empresarial de médio porte econômico Pecuária de média tecnologia -- • • • Produtor empresarial de grande porte econômico Pecuária de baixa tecnologia -- • Produtor empresarial de grande porte econômico FONTE: CNEC, 1997. (*¹) A metodologia para definição dos sistemas de produção é descrita com detalhes no Relatório Técnico (DSEE- VG/US-RT-002). (*²)*intervalos de porcentagem – conforme relacionado a seguir:

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QUADRO 004 PRINCIPAIS PADRÕES DE USO E RESPECTIVOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO OBSERVADOS NA REGIÃO HOMOGÊNEA. – AHP 13. PARTICIPAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS EM NÚMERO (%) E EM ÁREA OCUPADA (%) Padrão Principais Sistemas de Produção *¹ Participação em Participação em Área de Uso Número (%)*² (%)*² Ap Pecuária de baixa tecnologia • • • -- Produtor familiar de pequeno porte econômico Pecuária de média tecnologia • -- Produtor familiar de pequeno porte econômico Pecuária de média tecnologia • • • • • • Agp Produtor empresarial de grande porte econômico Pecuária de média tecnologia -- • Produtor empresarial de muito grande porte econômico Pecuária de média tecnologia -- • Produtor empresarial de médio porte econômico Pecuária de média tecnologia • -- Produtor empresarial de pequeno porte econômico Agp/ Pp Pecuária de tecnologia rudimentar • • Produtor empresarial de pequeno porte econômico Pecuária de tecnologia rudimentar • • • Produtor empresarial de médio porte econômico (*¹) A metodologia para definição dos sistemas de produção é descrita com detalhes no Relatório Técnico (DSEE- VG/US-RT-002). (*²)*intervalos de porcentagem – conforme relacionado a seguir Percentual, em número, do sistema de produção no Percentual, em área, do sistema de produção em relação total dos estabelecimentos pesquisados: ao total de área dos estabelecimentos pesquisados: -- menor que 5% -- menor que 5% • de 5% a 10% • de 5% a 10% • • de 10,1 a 15% • • de 10,1 a 15% • • • de 15,1 a 20% • • • de 15,1 a 20% • • • • maior que 20% • • • • maior que 20% FONTE: CNEC, 1997.

As principais características dos sistemas de produção predominantes nas Folhas Rio Iriri Novo e São José do Xingu em tela, obtidas na Pesquisa Sócio-Econômica-Agronômica e constantes dos Quadros 002, 003 e 004 correspondem são:

− Nos estabelecimentos de pecuária com manejo rudimentar, há utilização das pastagens naturais, com pequena aplicação de capital e baixo padrão zootécnico do rebanho;

− A pecuária, quando de baixa tecnologia, caracteriza-se pela utilização de pastagens naturais ou plantadas, com rebanhos de baixo padrão zootécnico. O manejo incorpora pequena aplicação de capital, podendo haver melhorias quanto ao uso de insumos e preparação das terras;

− Na agricultura de baixa tecnologia, a atividade é marcada pela força de tração manual, eventualmente complementada pela tração animal. Há uma baixa utilização de insumos, denotada pela qualidade das sementes e pelo nível de utilização de fertilizantes químicos e de calcário, com pequena aplicação de capital no manejo, melhoramento e conservação das terras e lavouras;

− Quando de média tecnologia, a atividade pecuária é marcada pela presença de pastagens plantadas, sendo que as atividades, de forma geral, incorporam o uso de insumos e melhor padrão zootécnico do rebanho. Caracteriza-se pela média aplicação de capital nas técnicas de manejo, melhoramento e conservação das terras e pastagens;

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− Na agricultura de alta tecnologia é utilizada força de tração mecanizada, eventualmente complementada pela tração animal. Há um médio a alto uso de insumos, denotado pela qualidade das sementes e pelo nível de utilização de fertilizantes químicos e de calcário;

− Nas gestões onde o caráter é familiar, a maior parte da força de trabalho é fornecida pelos familiares do produtor, eventualmente complementada por empregados permanentes ou temporários. Nos sistemas onde a gestão é empresarial, a maior parte da força de trabalho é contratada, constituída por empregados permanentes, eventualmente complementada por empregados temporários;

− Em todos os sistemas associados a estas categorias de uso, os estabelecimentos de pequeno rendimento econômico têm receitas anuais médias inferiores a R$ 15.000,00. Nos estabelecimentos de porte econômico médio, a receita anual situa-se entre R$ 15.000,00 e 60.000,00; entre R$ 60.000,00 e 300.000,00 nos de grande porte econômico; é superior a R$ 300.000,00 nos de muito grande porte econômico (valores de dezembro de 1996).

3.2.2.2. Agp - Uso Agropecuário em Médias e Grandes Propriedades com Predomínio de Pastagens

Padrão de mapeamento caracterizado pelo predomínio de pastagens, sendo inexpressiva a participação de culturas. Estas tipologias de ocupação se caracterizam por um conjunto diversificado de sistemas de produção (Quadros 002, 003 e 004), onde predominam estabelecimentos com pecuária de média tecnologia, associados a produtores empresariais de médio, grande e muito grande porte econômico. Na Região Homogênea AHP 2, é também presente a pecuária de baixa tecnologia associada ao produtor empresarial de grande porte.

Na área mapeada, estes padrões de uso também correspondem a estabelecimentos rurais com baixo grau de exploração ou mesmo inexplorados.

Nas Regiões Homogêneas AHP 1 e AHP 2, a ocupação é descontínua, limitada pelas precárias condições de acessibilidade. Destacam-se, na AHP 1 (Depressão Amazônica), a presença de fazendas territorialmente muito extensas e de propriedades de menor porte.

Na AHP 2 (Planalto dos Parecis), o Agp 2 corresponde a uma ocupação fragmentada no quadrante sudoeste da Folha MIR 301, ocorrendo ao longo da rodovia MT-322 e, de forma esparsa, às margens dos afluentes do Rio Xingu (Huiá Miçu e outros).

Nestas Regiões Homogêneas é também presente um padrão de ocupação em pequenas propriedades, que ocorre de forma dispersa, muitas vezes com expressão territorial não mapeável na escala do trabalho; ocorre, de forma fragmentada, às margens de afluente do Rio Iriri Novo, na porção noroeste do território, em áreas mapeadas como Agp. Corresponde a estabelecimentos com pecuária de baixa tecnologia associada ao produtor familiar de pequeno porte.

A tipologia de ocupação associada à Região Homogênea AHP 13 se caracteriza por um conjunto diversificado de sistemas de produção, conforme indicado no Quadro 004. No território da Folha São José do Xingu, predominam os estabelecimentos de pecuária de média tecnologia associada ao produtor empresarial de grande porte. A ocupação por este padrão de uso é expressiva, estendendo-se em toda a porção sudeste do território, em ambiente da Floresta associada ao Planalto dos Parecis, delimitando a leste o Parque Nacional do Xingu e a

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Terra Indígena Capoto-Jarina (município de São José do Xingu). A norte (município Santa Cruz do Xingu), na Depressão Amazônica, a ocupação é pouco expressiva, com propriedades de menores dimensões.

3.2.3. U - Usos Urbanos

O núcleo urbano mais relevante na Folha é formado pela cidade de São José do Xingu, situada na região sudeste. A cidade encontra-se sob a influência de Vila Rica. que é qualificada como centro de função urbana regional, caracterizando-se pelo atendimento das necessidades básicas da população.

3.2.4. Ui - Uso Antrópico em Terra Indígena

Regiões desmatadas foram diagnosticadas nas porções norte e sul das bordas internas da Terra Indígena de Capoto-Jarina, indicando um aumento da pressão antrópica externa sobre a área .

4. CARACTERÍSTICAS DO MEIO FÍSICO ASSOCIADAS ÀS FORMAÇÕES VEGETAIS E AO USO DO SOLO

O território situa-se em região de Clima Equatorial Continental quente e úmido, com uma estação seca definida, mas moderada. A baixa latitude e as altitudes entre 100 – 300m definem uma condição megatérmica, onde as temperaturas médias anuais oscilam entre 24,7 - 25,7oC, com máximas entre 32 – 33oC e mínimas entre 19,5 – 21oC. As maiores diferenças térmicas estão associadas ao ciclo dia e noite e não ao ciclo estacional – a amplitude térmica diária varia entre 10 – 12ºC, enquanto que a amplitude anual fica entre 1 – 2oC. O total pluviométrico médio é da ordem de 2.000 – 2.500mm; a estação seca ocorre de junho a setembro (4 meses), com uma deficiência hídrica de 200 – 250mm. O excedente hídrico é elevado, variando entre 1.000 – 1.200mm, ocorrendo ao longo de 8 meses (outubro a abril).

Progressivamente para sudoeste, há uma transição para um clima Tropical Continental, com o aumento das deficiências hídricas, mantendo-se elevado o excedente hídrico.

O território das Folhas Rio Iriri Novo e São José do Xingu está inserido na bacia do Rio Xingu; este rio recebe como afluentes da margem direita os Rios Preto e Paturi e afluentes de primeira e segunda ordem, e na margem esquerda os Rios Huiá-Miçu, Jarina (ou Juruna) e afluentes de primeira e segunda ordem. A extremidade noroeste do território (MIR-276) é drenada pelo Rio Iriri Novo e por formadores do Rio Iriri, afluente do baixo curso do Rio Xingu.

Geomorfologicamente, o território contido nas Folhas Rio Iriri Novo e São José do Xingu está inserido na extremidade nordeste do Planalto dos Parecis, na Serra dos Jurunas e em parte da Depressão da Amazônia Meridional (Figura 004).

As características do embasamento e das formações vegetais fazem com que possam ser consideradas, na área mapeada, duas grandes feições de paisagem, correspondentes a:

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− As superfícies de aplanamento do Planalto dos Parecis, que se estende na porção centro sul da Folha MIR-301;

− A região compreendida na Depressão Amazônica, que abarca formações serranas (Serra dos Jurunas) e relevos residuais.

4.1. FEIÇÃO DE PAISAGEM - PLANALTO DOS PARECIS

O Planalto dos Parecis ocupa toda a porção centro-meridional do território, correspondendo a uma superfície de aplanamento suavemente dissecada, em altitudes entre 300 – 360 m, com declives suaves e vales pouco entalhados. Os arenitos da Formação Utiariti propiciaram o desenvolvimento de Latossolos Vermelho-Escuros e, subordinadamente, Latossolos Vermelho-Amarelos. Estes solos que ocorrem em grandes extensões, são muito profundos, com boas condições físicas, mas com baixa fertilidade natural; subdominantes e de forma localizada, ocorrem Areias Quartzosas, cujas características de textura e de baixa fertilidade natural limitam o uso agrícola.

Nas extensas planícies fluviais, ocorrem solos hidromórficos, cortando esta feição no sentido norte-sul, destacam-se os aluviões quaternários da planície fluvial do Rio Xingu; com largura média de cerca de 5 Km, acompanham o curso do rio até o contato com a Depressão da Amazônia Meridional.

Esta planície fluvial caracteriza-se pela presença de um complexo mosaico de formações hidrófilas, que se destaca na paisagem dominada pela Floresta associada ao Planalto dos Parecis.

Esta feição é cruzada, no sentido leste-oeste, pela rodovia MT-322; a leste, a MT-430 segue em direção norte, aproximadamente até o limite setentrional da feição. A ocupação antrópica concentra-se na porção leste do território, permanecendo ambientes naturais nas terras indígenas. A oeste a ocupação é descontínua, restrita às zonas lindeiras à rodovia MT- 322 e as fazendas de pecuária, na porção sudoeste da Folha MIR-301.

As formações florestais, extensas e contínuas no Parque Nacional do Xingu, encontram-se, junto às áreas de uso, fragmentadas e muitas vezes exploradas, sendo presentes Florestas Remanescentes e Formações Secundárias. Na maior parte da região, a matriz florestal corresponde às Florestas associadas ao Planalto dos Parecis. Apenas a noroeste (altos cursos dos Rios Jarina, córrego do Alto Xingu) predomina o Contato Floresta Estacional/Savana.

Nos municípios de São José do Xingu e Santa Cruz do Xingu o padrão do uso das terras caracteriza-se pela concentração de grandes e muito grandes propriedades de pecuária de corte, orientadas para cria, recria e principalmente engorda, tais como as Fazendas São Paulo (Ponto 07), Fazenda Alto Xingu (Ponto 01), Fazenda Santa Emília (Ponto 04) e inúmeras outras. Na formação dos pastos, utiliza-se o braquiarião, sendo que outras gramíneas, como braquiária humidícola, andropogon e colonião, são utilizadas em casos específicos. São geralmente utilizadas a queimadas para renovação das pastagens.

No setor leste da feição, são razoavelmente expressivas as áreas desmatadas no período 94-97 (Mapas da FEMA), ampliação de áreas de uso pré-existentes e abertura de novas frentes de uso, na matriz florestal.

54°00 53°00 52°30'

09°30' Bacia do Iriri Bacia do Rio Xingu

Serra de São Pedro

10°00 Feição 02

Feição 01 Vila Santa Cruz

Bacia do Rio Teles Pires

São José do Xingu

Bituca

11°00

100 20 40 60 km

LEGENDA

Depressão da Amazônia Meridional (Plataforma Amazônica) Planaltos Residuais da Amazônia Meridional (Plataforma Amazônica) Serra dos Jurunas - Depressão (Cobertura Sedimentar de Plataforma) Serra dos Jurunas - Serra (Cobertura Sedimentar de Plataforma) Chapada e Planalto dos Parecis - Depressão (Cobertura Sedimentar de Plataforma) Planície e Terraço Fluvial (Sedimentos da Bacia do Amazonas)

FEIÇÕES

Feição 01 - Planalto dos Parecis Feição 02 - Depressão da Amazônia Meridional / Serra dos Jurunas/Planaltos Residuais Figura 004 DIAGNÓSTICO SÓCIO-ECONÔMICO-ECOLÓGICODO ESTADO DE MATO GROSSO E ASSISTÊNCIA TÉCNICA NA FORMULAÇÃO DA SEGUNDA APROXIMAÇÃO DO ZONEAMENTO SÓCIO-ECONÔMICO-ECOLÓGICO

Principais Feições de Paisagem Encarte Folhas Rio Iriri Novo / São José do Xingu - SC. 22-V-C / SC. 22-Y-A Mir 276 / 301 Fonte: CNEC. Compartimentação Geomorfológica Preliminar ESCALA : 1:1.500.000 do Estado de Mato Grosso, 1997 25

A agricultura restringe-se às pequenas propriedades, que utilizam o sistema de “roça de toco” para cultivos de subsistência. A ocorrência de pequenas propriedades é, nesta região, limitada aos assentamentos Yamin (Ponto 11) e Aymoré (Ponto 10), nas proximidades da sede administrativa de São José do Xingu. Estes assentamentos são formados por pequenas propriedades com atividades voltadas para a pecuária de corte destinada a cria e a recria, e à agricultura de subsistência.

A oeste do Parque Nacional do Xingu, nos municípios de Marcelândia e Peixoto de Azevedo, o uso é mais descontínuo, concentrado ao longo da rodovia BR-080, sendo significativa a presença de formações florestais muito alteradas, tanto na matriz da Floresta associada ao Planalto dos Parecis como na extremidade noroeste da feição, onde ocorrem formações de Contato Floresta Estacional / Savana. Desmatamentos recentes observam-se na porção oeste da Folha São José do Xingu.

Atividades de extrativismo vegetal são expressivas em toda a região.

4.2. FEIÇÃO DE PAISAGEM - DEPRESSÃO DA AMAZÔNIA MERIDIONAL E PLANALTOS RESIDUAIS

Esta feição estende-se na porção centro-oeste e setentrional da Folha MIR-301 e em todo o território mapeado da MIR-276, caracterizando-se pela grande diversidade de formas de relevo, solos, ambientes naturais e pela presença restrita de áreas de uso.

A Depressão da Amazônia Meridional caracteriza-se pelas superfícies aplanadas com topos tabulares e convexos, em altitudes entre 280 e 380 m, declives suaves e vales pouco entalhados. É recoberta principalmente por solos do tipo Podzólico Vermelho-Amarelo produto da alteração de rochas dos grupos Iriri e Cubencranquém. Os aluviões são restritos, não chegando a constituir uma paisagem distinta, limitam-se às ilhas e pequenas praias arenosas do curso do Rio Xingu que apresenta, neste trecho, áreas de depósitos aluviais e corredeiras, e à planície meandriforme do Rio Iriri Novo, onde depositam-se sedimentos quaternários. Nestas situações, os solos são hidromórficos (Glei pouco Húmico).

A depressão é intercalada por relevos mais movimentados, formações residuais que chegam a altitudes de até 450 m, com declividades localmente elevadas. A Serra e a Depressão dos Jurunas ocupam extensas áreas na porção centro-meridional da feição, com altitudes entre 350 – 400 m, relevo variando de médio a fortemente ondulado, topos convexos e aguçados e vales encaixados. Nestas situações, predominam solos litólicos, associados aos podzólicos fase rasa.

Os solos podzolizados que predominam na feição apresentam grande variação em suas características, sendo presentes caráter plíntico e fases pedregosas. De modo geral, apresentam baixa fertilidade natural e predisposição à erosão, fatores limitantes ao uso agrícola, principalmente quando associados a relevos acidentados. Outras ocorrências de solos subdominantes – plintossolos, em topos aplanados com deficiências de drenagem, cambissolos, solos litólicos, concrecionários, também apresentam baixa fertilidade natural e/ou elevada susceptibilidade à erosão e presença de pedras, que limitam seu aproveitamento para o uso agrícola.

Mesmo os solos hidromórficos (Glei pouco Húmico e Solos Aluviais) apresentam, pelo elevado teor de água, baixa fertilidade e fragilidade, limitações ao uso agrícola e à intervenção antrópica em geral, como a retirada da vegetação.

Nesta feição, os ambientes encontram-se, em sua maior parte, preservados. Toda a fachada meridional deste território, no limite com o Planalto dos Parecis, corresponde a uma

26 extensa faixa de contato entre Floresta Estacional e Savanas, com encraves da Floresta Estacional e de formações savânicas, estas associadas aos solos mais rasos.

Na porção noroeste, estendendo-se a sul nos vales de drenagens afluentes ao Xingu (Rio Juruna, ribeirão Kuramoro), predominam formações de Contato entre as Florestas Ombrófila e Estacional, com encraves de formações estacionais, em relevos dissecados. Na extremidade setentrional, são presentes extensas formações savânicas (Savana Arborizada) na margem direita do Rio Xingu e o predomínio da Savana Florestada nas áreas drenadas pelos afluentes da margem direita do Rio Iriri Novo e por afluente ao Xingu. No Complexo dos Jurunas, ocorrem formações campestres (Savana Parque) e Savana Arborizada, associada ao Contato Floresta Estacional/Savana e à Floresta Estacional.

É no limite com o Planalto dos Parecis, na porção oeste do território, que ocorrem as mais extensas áreas de ocupação na feição, correspondentes a grandes estabelecimentos empresariais e a propriedades de menor porte. Nestas situações, é expressiva a ampliação das áreas de uso, representada pelos desmatamentos ocorridos no período 94-97 (Mapa FEMA), em grandes glebas, em ambientes de Contato Ombrófila / Estacional e Estacional / Savana.

Deve-se destacar que, apesar da ausência de indícios de minerações neste território, foram detectadas, no imageamento, duas áreas de mineração, uma em afluente ao Rio Xingu (extremidade centro-norte da MIR-301), outra às margens de tributário ao Iriri Novo (MIR-276).

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5. BIBLIOGRAFIA

BITTENCOURT, M. D. & PIVELLO, V. R., 1998. SIG e sensoriamento remoto orbital auxiliando o zoneamento ecológico. Investigaciones Geográficas, 36, 42p. BRASIL – Dep. Nacional de Produção Mineral.. Projeto RADAMBRASIL, 1981 – Levantamento de Recursos Naturais. Folha Tocantins (SC-22). Rio de Janeiro. IBGE, 1992. Manual técnica da vegetação brasileira / Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas, Departamento de Recursos Naturais e Estudos Ambientais. - Rio de Janeiro: 92p. VELOSO, H.P., RANGEL-FILHO, A.L.R, LIMA, J.C.A. 1991. Classificação de vegetação brasileira, adaptada a um sistema universal. IBGE. Rio de Janeiro. 124 p. MATO GROSSO.

ANEXOS

ANEXO I – RELAÇÃO DAS FICHAS DE CAMPO CAMPANHA DAS FORMAÇÕES VEGETAIS/ USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

MIR 301 Padrão de Imageamento Roteiro Ponto US Coord. Relevo Solo * (1:1.500.000) Vegetação Uso Côr Tonalidade Textura 194.756 03 1 8.832.832 suave ondulado LVd ------197.152 floresta remanescente 03 2 8.833.678 suave ondulado LVd verde clara lisa (estacional) pastagem 210.178 03 3 8.836.029 suave ondulado LVd verde clara mosqueada --- pastagem 215.225 03 4 8.834.106 suave ondulado LVd ------225.086 03 5 8.835.804 suave ondulado LVd verde escura mosqueada floresta associada ao Parecis --- 254.393 03 6 8.816.930 suave ondulado LVd verde escura mosqueada floresta associada ao Parecis --- 292.498 03 7 8.828.470 suave ondulado LVd verde escura mosqueada floresta remanescente pastagem 297.591 03 8 8.819.545 suave ondulado LVd verde escura mosqueada floresta remanescente pastagem 302.161 03 9 8.821.310 suave ondulado LVd rosa escura lisa --- pastagem 10o35'26'' exploração 01 10 53o51'44'' dissecado ------contato estacional / ombrófila madeireira 307.383 suave 03 11 8.807.300 ondulado LVd rosa clara mosqueada --- pastagem 315.543 suave 03 12 8.804.134 ondulado LVd rosa clara mosqueada --- pastagem 328.822 suave 03 13 8.798.734 ondulado LVd verde escura lisa floresta estacional pastagem * SEPLAN - MT, Prodeagro. Mapa Exploratório de Solos. Escala 1:1.500.000

ANEXO II – RELAÇÃO DAS ÁREAS DAS FORMAÇÕES VEGETAIS/ USO E OCUPAÇÃO DO SOLO POR MUNICÍPIO

ANEXO III - FOTOGRAFIAS

RELAÇÃO DAS ÁREAS DAS FORMAÇÕES VEGETAIS/USO E OCUPAÇÃO DO SOLO POR MUNICÍPIO - MIR 276 FORMAÇÕES VEGETAIS/USO E MUNICÍPIO ÁREA (km²) OCUPAÇÃO DO SOLO Fa 18,76 MATUPA FeS 91,30 FoFe 720,02 Agp 1 27,04 Agp 1 + Fr 17,62 Agp 1 + Saf 3,89 Fa 77,22 Fe 149,80 FeS 686,46 FoFe 851,23 Fr 2,16 Fs 2,37 PEIXOTO DE AZEVEDO L 22,69 Sa 26,81 Saf 24,75 Saf + Sd 72,12 Saf + Sp 55,63 Saf + Spf 452,83 Sd + Saf 1.639,30 Spf 30,48 Spf + Sa 473,16 Fa 8,54 Fe 31,29 FeS 71,25 L 21,75 SANTA CRUZ DO XINGU Saf 26,81 Saf + Sp 0,15 Saf + Spf 681,59 Sd + Saf 113,83 Spf 13,51 FONTE: CNEC, 2001

ANEXO IV - FOLHAS RIO IRIRI NOVO E SÃO JOSÉ DO XINGU