População E Família Mestiça Nas Freguesias De Aracati E Russas-Ceará, 1720/1820
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1 U UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA POPULAÇÃO E FAMÍLIA MESTIÇA NAS FREGUESIAS DE ARACATI E RUSSAS-CEARÁ, 1720/1820 Elisgardênia de Oliveira Chaves Belo Horizonte, 2016 2 Elisgardênia de Oliveira Chaves POPULAÇÃO E FAMÍLIA MESTIÇA NAS FREGUESIAS DE ARACATI E RUSSAS-CEARÁ, 1720/1820 Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em História da Universidade Federal de Minas Gerais, com área de concentração em História Social da Cultura, sob orientação do Prof. Dr. Tarcísio Rodrigues Botelho. Belo Horizonte, 2016 3 981.31 Chaves, Elisgardênia de Oliveira C512p População e família mestiça nas freguesias de Aracati e 2016 Russas-Ceará, 1720/1820 [manuscrito] / Elisgardênia de Oliveira Chaves. - 2016. 290 f. Orientador: Tarcísio Rodrigues Botelho . Tese (doutorado) - Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. Inclui bibliografia 1.História – Teses. 2. Mestiços – Condições sociais – Teses 3. Aracati (CE) - História 4.Russas (CE) - História. I. Botelho , Tarcísio Rodrigues . II. Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. III.Título. Catalogação da Fonte: Biblioteca 4 5 ―O documento que dorme nos arquivos é não somente mudo, mas órfão; os testemunhos que encerra desligaram-se dos autores que os puseram no mundo; estão submetidos aos cuidados de quem tem competência para interrogá-los‖. (RICOEUR, 2007, p. 179). 6 Para Francisca Martins Chaves (in memorian), Deoclessio Baltazar Costa (in memorian), Maria Martins Freire (in memorian) e Maria de Fátima de Chaves (in memorian). 7 AGRADECIMENTOS No decorrer dos últimos quatro anos, através de pesquisas, leituras e escritas, dediquei parte de minha vida à construção deste estudo. Durante esse tempo, muitas foram as colaborações de pessoas e instituições. Listar todos a quem sou grata pelo apoio recebido neste trajeto de pesquisa é uma tarefa difícil; como corro o risco de esquecer alguém que me auxiliou em momentos precisos, desde já gostaria de agradecer a vocês que sabem que tiveram participação nessa caminhada, mesmo que não mencionados aqui nominalmente. O contato com a documentação do Arquivo da Diocese de Limoeiro do Norte (ADLN), desde a graduação, tem me possibilitado voos que por ora culminam na escrita da tese. Em razão disso, agradecimentos aos funcionários do Arquivo que me permitiram, durante meses a fio, fazer o trabalho de transcrição e de digitalização de milhares de registros paroquiais: ao Bispo Dom José e as secretárias Laudeci, Patrícia e Carla pela disponibilidade sempre que precisei e pelo zelo e carinho com que tratam este Arquivo. Agradeço também a disponibilidade dos funcionários do Arquivo Público do Estado do Ceará (APEC) e da Biblioteca Pública Governador Menezes Pimentel (BPGMP). No Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) agradeço especialmente aos professores Vanicléia Santos, Douglas Libby, Eliana Dutra, Regina Horta, Betânia Gonçalves, Eduardo Paiva e Tarcísio Botelho que, nas variadas disciplinas, contribuíram com sugestões, críticas e profundas discussões de ordem teórica, metodológica e historiográfica. Nesse sentido, os mesmos agradecimentos se estendem aos professores Clotilde Paiva e Mário Rodarte do curso de Economia dessa instituição. Aos professores Marcelo Godoy (Departamento de Economia da UFMG) e Eduardo Paiva pelas excelentes contribuições que fizeram a este trabalho, quando da participação na banca de qualificação. Ao meu orientador, Professor Tarcísio Botelho, pela dedicação, leituras, análises, questionamentos, sugestões e orientações que subsidiaram o desenvolvimento da tese. Meus agradecimentos ao Departamento de História da UFMG se estendem ainda aos Professores e Coordenadores da Pós-Graduação José Newton Coelho Menezes e Luiz Carlos Villalta, bem como a todos os funcionários, especialmente a Edilene e o 8 Maurício, cujo trabalho de ordem burocrática e administrativa foi de fundamental importância. Gratidão especial às alunas e às ex-alunas da Graduação e Pós-Graduação em História da UFMG: Geisiane, Natália, Lidiane e Denise pelo excelente trabalho de digitação dos registros paroquiais e formação de bancos de dados, principal arcabouço documental deste trabalho. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão de bolsa durante o doutorado e pelo incentivo financeiro imprescindível destinado a esta pesquisa. Na vinda e estadia em Belo Horizonte agradeço pela acolhida, disponibilidade e ajuda sempre que precisei aos amigos cearenses do Dinter (Doutorado Interinstitucional entre a UFMG e a UECE): Cleidimar Rodrigues, Welington Soares, Lucide Batisde, Manoel Carlos, Lenúcia Moura e especialmente a Edmilson Maia Júnior, com quem inicialmente tive o prazer de compartilhar a casa e a Ivaneide Ulisses, amiga de longas datas que tem me ajudado a segurar a barra em momentos cruciais. Meus agradecimentos a outros grandes amigos pela convivência em Belo Horizonte, estreitamento dos laços e apoio: Ghil Brandão, Danilo Patrício, Viviane Lima, Inez Martins, Juliana Simonato e Kellen Silva. Em Fortaleza, agradecimentos especiais a Leila Velez, Jési Firmino, Lailson Silva, Jaisson Castro, Joelma Tito, Ana Paula Cruz, Silvana Pinho e Glésia Batista. Amigos também de longas datas, pelo apoio, pela torcida, confiança, altos papos e por me emprestarem o ouvido tantas vezes para que eu falasse dos medos, das angústias, alegrias e descobertas na escrita da tese. A toda minha família e amigos, enfim, minha base, especialmente a minha mãe Raimunda Sousa, pelo amor, por toda ajuda, compreensão e apoio de sempre. Agradecimentos também a Ivo José, pelo companheirismo, força e incentivos incansáveis. 9 RESUMO O estudo analisa como pessoas de ―qualidades‖ (brancos, índios, pretos, crioulos, mestiços, mulatos, pardos, cabras e mamelucos) e de condições jurídicas (livre, liberto e escravo) variadas formaram famílias mestiças, legítimas ou consensuais, nas freguesias de Aracati e Russas, no período de 1720 a 1820. Na capitania do Ceará, além de outras sertanejas, a exemplo do Piauí, da Paraíba e do Rio Grande do Norte, o início do processo de colonização se deu a partir do século XVII, haja vista a implementação das fazendas de criar e o desenvolvimento da agricultura. De modo geral, nesses espaços se desenvolveu uma formação social baseada no trabalho livre e escravo. No período de 1720 a 1820, mais precisamente nas freguesias de Aracati e Russas, partes integrantes da ribeira do Jaguaribe no Ceará, o estudo sobre os registros paroquiais possibilitou perceber como essa realidade social foi construída e/ou reconstruída por diferentes agentes que viviam e frequentavam esses espaços sertanejos de fronteiras tênues e que marcavam múltiplas relações e conformações biológicas e culturais. A par das nupcialidades e natalidades entre os elementos sociais de naturalidades, qualidades e condições sociais múltiplas no que diz respeito à formação populacional e familiar, pude compreender que através da mobilidade geográfica, ao emaranhar-se pelos percursos dos rios, as pessoas foram se entrecruzando, se miscigenando biológica e culturalmente, formando proles e redes de sociabilidades expressas nas diferentes formas de constituírem família: legítimas (uniões sacramentadas pelo casamento cristão), endogâmicas (cônjuges escravos, independentemente de pertencerem ao mesmo senhor), exogâmicas (um cônjuge escravo e o outro forro ou livre) e mistas (compostas por casais de qualidades distintas: brancos, negros, mulatos, pardos, etc.). Em razão disso, o estudo pauta-se em dinâmicas de mestiçagens biológicas e culturais envolvendo europeus, africanos, nativos e nascidos na colônia. Palavras-chave: formação sociofamiliar, dinâmicas de mestiçagens, condição social, freguesias de Aracati e Russas-CE. 10 ABSTRACT The study analyzes how people of "qualities" (whites, Indians, blacks, Creoles, mestizos, mulattos, browns, goats and Mamelukes) and varied legal conditions (free and slave) formed mixed race, legitimate or consenting families, in the parishes of Aracati and Russian, from 1720 to 1820. In the captaincy of Ceara, and other hinterlands, such Piaui, Paraiba and Rio Grande do Norte, the beginning of the colonization process was from the seventeenth century, with the implementation of farms to create and the development of agriculture. In general, these spaces developed a social structure based on free and slave labor. In the period 1720-1820, more precisely in the parishes of Aracati and Russian, parts of the riverside Jaguaribe in Ceará, the study about parish registers possible to see how this social reality was built and/or rebuilt by different agents who lived and attended these hinterland spaces with tenuous borders that marked multiple relationships, besides biological and cultural conformations. And aware of nuptialities and natalities between the social elements of naturalities, qualities and multiple social conditions about population and family background, I understood that through geographic mobility, when entangle the paths of rivers, people were crisscrossing and biologically and culturally mixing, forming ―proles‖ and sociability networks expressed in different ways to start a family: legitimate (unions blessed by Christian marriage), inbred (slaves spouses, regardless belong to the same master), outbred (a slave spouse and the other lining or free) and mixed (composed of distinct qualities couples: white, black, mulatto, brown, etc.).