Tatiana Dassi “O(S) Perigo(S) De Uma Única História”
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIA HUMANAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL Tatiana Dassi “O(s) perigo(s) de uma única história”: uma etnografia de políticas públicas com crianças em um Projeto Social em Florianópolis, SC Florianópolis 2019 1 Tatiana Dassi “O(s) perigo(s) de uma única história”: uma etnografia de políticas públicas com crianças em um Projeto Social em Florianópolis, SC Tese submetida ao Programa de Pós-graduação em Antropologia Social do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina, para a obtenção do título de Doutora em Antropologia Social. Orientador: Prof. Dr. Theóphilos Rifiotis Florianópolis 2019 2 3 Tatiana Dassi “O(s) perigo(s) de uma única história”: uma etnografia de políticas públicas com crianças em um Projeto Social em Florianópolis, SC O presente trabalho em nível de doutorado foi avaliado e aprovado por banca examinadora composta pelos seguintes membros: Dr. Theóphilos Rifiotis (PPGAS/UFSC – Orientador) Dra. Patrice Schuch (PPGAS/UFRGS) Dra. Sonia Weiner Maluf (PPGAS/UFSC) Dra. Antonella Tassinari (PPGAS/UFSC) Certificamos que esta é a versão original e final do trabalho de conclusão que foi julgado adequado para obtenção de título de doutora em Antropologia Social ____________________________________ Prof. Dr. Jeremy Paul Jean Loup Deturche Coordenador do PPGAS/UFSC ___________________________________ Theóphilos Rifiotis Orientador Florianópolis, 2019. 4 À Patrick Cristóvão Pereira (Tistu), em memória. 5 Agradecimentos Agradeço ao CNPq por ter possibilitado esta pesquisa através da concessão de minha Bolsa de Doutorado. E à Universidade Federal de Santa Catarina por oferecer educação superior de excelência gratuitamente. Agradeço às funcionárias e funcionários do Conselho de Moradores do Saco Grande, em especial à Tati, Marilda, Nina e Aristides. Obrigada pela acolhida generosa, pela paciência e pela abertura. Agradeço às crianças com as quais convivi, pelas brincadeiras, conversas e risadas. Obrigada pela confiança e por me ensinarem muito mais do que poderei explicar. Agradeço ao meu orientador, Prof. Dr. Theóphilos Rifiotis, pelos anos de parceria, paciência e inspiração. Obrigada por me apoiar nas idas e vindas desta tese e por respeitar o tempo que foi preciso para que ela fosse escrita. Às professoras Dra. Sonia Weiner Maluf e Dra. Silvia Maria Fávero Arend e aos professores Dr. Rafael Devos, Dr. Márnio Teixeira Pinto pela participação no processo de qualificação da tese, pelas sugestões e críticas que acabaram por tornar o desafio da escrita mais estimulante. Às professoras e professores do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFSC, pelas aulas, leituras e conversas. Em especial, à professora Dra. Sonia W. Maluf por aulas realmente inspiradoras e por me acolher no TRANSES de forma tão generosa. Também à Prof. Dra. Antonella Tassinari, ao Prof. Dr. Oscar Calavia Saez, ao Prof. Rafael José de Meneses Bastos. A sala de aula é um lugar potente e inspirador, mas, graças a vocês, ela também foi um lugar de possibilidades infinitas. Vocês me ajudaram a mudar e multiplicar meu(s) mundo(s). Às professoras Dra. Maria José Reis, Dra. Neusa Maria Sens Bloemer e Dr. Aloísio dos Reis, meus primeiros professores de Antropologia. Graças a vocês estou aqui. Obrigada por me permitirem realizar minha primeira pesquisa etnográfica e por acreditarem que seria possível. Minha paixão pela antropologia nasceu graças a vocês três. Aos meus colegas. Bianca Ferreira de Oliveira, Kaio Hoffman, Izomar Lacerda, Sandra Carolina Portela Garcia. Obrigada pelas conversas, pelas leituras, pelas serestas; não teria terminado sem vocês. À Mirela Alves de Brito, Fernanda Guimaraes Cruz, Rose Mary Gerber e Dalva Maria Soares, obrigada pelas risadas e pela leveza que conversar inspirava. À Heloísa Regina Souza, pela parceria durante o período de reingresso. 6 À Laura Castillo Lacerda, por ter me mostrado o caminho do Saco Grande (e por todas as delicadezas Laurita, sou grata). À Shayla, a definição de amizade, por estar sempre tão presente mesmo estando tão longe. Sem você eu seria menor. À minha família. À minha mãe, por ser tantas (mãe, amiga, editora, conselheira, enfermeira, amor, pensadora, mulher, escritora) e tão constante. Por ter me dado os livros, as asas com as quais escolho voar. Ao meu pai, por ter me ensinado, na prática, a “positividade do conflito” e ao meu irmão por ser, ao mesmo tempo, meu irmão mais novo e mais velho. Ao Marcelo Barbosa Spaolonse. Por tudo sou grata: pelas aventuras e brigas, pelo companheirismo e paciência, pelo respeito e imperfeições, pelas risadas e irritações. Juntos fazemos mágica. 7 “As feras, aquela semana, não comeram um só guarda”. Maurice Druon - O Menino do Dedo verde “Eu sou uma contadora de histórias e gostaria de contar para vocês algumas histórias sobre o que gosto de chamar de ‘o perigo de uma única história’”. Chimamanda Ngozi Adichie “’Como é admirável e espantosa a sua história’. Ela respondeu: ‘Na próxima noite eu irei contar-lhes algo mais espantoso e admirável do que isso’”. Livro das Mil e Uma Noites. 8 Resumo O objetivo na presente tese é pensar sobre as políticas contemporâneas da infância, a partir da etnografia do cotidiano em um projeto social desenvolvido pelo Conselho de Moradores do Saco Grande em Florianópolis (SC). O Projeto Renascer recebe crianças “em situação de vulnerabilidade”, moradoras do bairro, no contraturno escolar. Lá as crianças participam de atividades educacionais e lúdicas. O trabalho etnográfico nos permitirá explorar como a infância (e as crianças) podem ser abordadas hora enquanto uma “questão social” e hora como uma “questão moral”, e quais os efeitos que estas diferentes perspectivas produzem no cotidiano e na implementação das políticas públicas destinadas a esta parcela da população. Para tanto, parto da análise de Fassin sobre economias morais, notadamente, o humanitarismo, um modo de governo que diz respeito a qualquer situação caracterizada pela precariedade, no qual as questões morais passam ao primeiro plano dos debates e intervenções políticas, tornando possível que ações privadas e públicas sejam validadas através de sentimentos e julgamentos morais. Tendo em mente que, ao abordar os modos de governo, faço referência à concepção foucaultina de governo e seus dois eixos constituintes, o governo dos outros e o governo de si. Isto é, os modos como o sujeito aparece como objeto das relações entre saber e poder e as maneiras como se relaciona consigo mesmo (o modo como o sujeito se constitui como sujeito moral). Palavras-chave: economia moral, humanitarismo, políticas públicas, infância, vulnerabilidade, projeto social. 9 Abstract This thesis focuses on the contemporary policies for children. The aim is to discuss such policies based on an ethnography of a “social project” implemented by the Conselho de Moradores do Saco Grande, a local neighborhood association, in the suburb of Saco Grande, in Florianopolis, Santa Catarina, Brazil. Projeto Renascer is a “social project”, namely, an after- school facility for impoverish children, “children in situation of vulnerability”. The ethnographical work will allow us to explore how the childhood (and the children) can be addressed either as a “social issue” or as a “moral issue”, the effects these different approaches produce in the daily life of the institution, as well as in the enforcement of the public policies design for this population. To this end, Fassin’s analyses of moral economies, above all the humanitarian reason, is essencial. According to Fassin, the humanitarianism is a mode of government which focuses on the precarity. In the humanitarian government moral questions became the foreground for political debates and political interventions, making it possible to justify political and private actions through moral feelings and reasoning. Furthermore, the notion of government here is used in reference to the foucaultian concept of government, in its two dimensions: the government of others and the government of the self. In other words, the ways in which the subject appears as an object of the power and knowledge relations and the ways in which the subject relates to her/him self (the ways the subject constitutes her/him self as a moral subject). Key words: moral economies, humanitarism, public policies, childhood, vulnerability. 10 LISTA DE IMAGENS Imagem 1 Vista aérea parcial do Saco Grande ....... 56 Imagem 2 Vista aérea do Comosg ........................... 66 11 SUMÁRIO Introdução ..................................................................................................................... 13 1. O início da história...................................................................................................... 13 2. A pesquisa .................................................................................................................. 19 2.1. A “descoberta” do Comosg e do Projeto Renascer ............................................ 19 2.2. Sobre jovens e crianças: de onde estamos falando? ........................................... 22 3. Tecendo Horizontes Teóricos .................................................................................... 28 3.1. O Projeto Renascer, o Estado e os Sujeitos ......................................................... 30 3.2. Economia Moral, Subjetividades Morais e Razão Humanitária ......................... 36 4. Estrutura da tese ................................. ......................................................................