Forum Vai Elevar Braga a Patamar De Excelência
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braga P.08 região P.18 braga P.10 AGRUPAMENTO VIANA VAI TER DR. FRANCISCO SEGURANÇA SOCIAL LABORATÓRIO SANCHES RECONHECE PAPEL DE MAR LEVA DÁDIVA DA IGREJA COM MINISSUBMARINO DE SANGUE NO ACOLHIMENTO E AQUÁRIO PARA A RUA DE IDOSOS Avelino Lima Avelino SÁBADO.28.ABR 2018 WWW.DIARIODOMINHO.PT 0,90 € Diretor: DAMIÃO A. GONÇALVES PEREIRA | Ano XCIX | n.º 31744 Ana Marques Pinheiro Marques Ana REGIÃO P.14 Famalicão integra rede europeia para beneficiar a economia local Forum vai elevar Braga DR a patamar de excelência BRaga P.13 ENTREVISTA O presidente da Câmara Municipal de Braga afirma, em entrevista ao Diário PRAIA DE ADAÚFE do Minho, que o “Forum Braga”, uma infraestrutura de 9 milhões de euros, «vai elevar VAI JUNTAR o concelho a um patamar de excelência a nível cultural, desportivo e económico». Ricardo Rio fala ainda sobre os objetivos deste mandato, prometendo trabalhar BANDEIRA AZUL para que a escolha da capital do Minho seja uma excelente opção para quem aqui A ÁGUA EXCELENTE quer estudar, trabalhar e investir. P.04-07 FUTSAL E ANDEBOL DA AAUM DESPORTO P.22-23 DESPORTO P.24 CAMPEÕES UNIVERSITÁRIOS STAND Nº1 DESPORTO P.28 MOREIRENSE SALVADOR PERDE PEDE AUDITORIA EM GUIMARÃES EXTERNA NOS MINUTOS ÀS CONTAS FINAIS DO SC BRAGA ǁǁǁ͘ĂƵƚŽĮdž͘Ɖƚ 02 DIÁRIO DO MINHO / SÁBADO / 28.04.18 www.diariodominho.pt carlos nuno vaz Manuel Antunes da Cunha* [email protected] 113 A ALEGRIA DO AMOR – Maldita seja a guerra… A pergunta de Emanuel: e bem me lembro, era uma noite de Outono-1983. estará no céu, o meu papá? Tinham-me dito que iríamos visitar um vizinho, já acamado, ex-combatente da Primeira Guerra Era ateu, mas era um bom homem Mundial. Do alto dos meus 11 anos, fiquei sur- preendido com o facto de ainda poder encon- trar uma testemunha do tempo das trincheiras. o dia 15 de Abril, o Papa Francisco gar um bom pai? Diante de um pai não crente, que SO Tio Serafim da Veiga, como era conhecido na aldeia, encon- visitou uma paróquia da periferia de foi capaz de baptizar os filhos e lhes deu testemu- trava-se já bastante debilitado, pelo que não lhe ouvi qualquer Roma, denominada «Corviale», um nho daquela bravura e bondade, pensais que Deus referência à Grande Guerra. Quando era mais novo – dizem- dos grandes monstros arquitectóni- será capaz de deixar aquele pai longe de Si? Pen- -me – referia-se, por vezes, a algum termo ou localidade fran- cos da cidade eterna, construído nos sais isso de verdade?» pergunta o Papa às pessoas cesa sem se alongar demasiado sobre aquele penoso parênte- anos 80 do século XX. Ali vivia um que estão à sua frente, pessoas que representam o sis (1916-1918) da sua vida. Nhomem que, apesar de ateu, fez baptizar os 4 fi- povo fiel de Deus. «Jesus não veio trazer a salvação No passado dia 8 de Abril, na companhia da Maire de Paris lhos. Morreu cedo, deixando os filhos ainda muito num laboratório; não prega como se fala num la- Anne Hidalgo, Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa des- pequenos. Emanuel tem uma pergunta crucial que boratório, separado das pessoas. Ele está no meio cerraram uma placa comemorativa na Avenue des Portugais, quer fazer ao Papa, mas diante do microfone não das pessoas», tinha ele já dito em 8 de Fevereiro. a dois passos dos Campos Elíseos, seguindo-se uma pequena consegue falar. Apenas chora convulsamente. O Pa- Para aquelas pessoas simples de um bairro de- cerimónia junto ao túmulo do soldado desconhecido, debai- pa pede que o aproximem dele, abraça-o com ter- gradado, mas gente/povo de Deus, Francisco ape- xo do Arco de Triunfo. No dia seguinte, já com a presença do nura e escuta a pergunta: «Papá era ateu. Mas fez- la ao critério objectivo de quem faz o bem: quem presidente Emmanuel Macron, a comemoração do centená- -nos baptizar a nós, os quatro filhos. Era um bom e dá bons frutos é uma árvore boa; quem faz bons e rio da batalha de La Lys prosseguiu a mais de 200 quilóme- bravo homem. Está no Céu, o meu papá?» bravos filhos só pode ser um bom e bravo pai. E um tros a Norte de Paris, no cemitério com o mesmo o nome – O pequeno Emanuel é apenas uma criança que bom e bravo pai, segundo o sentir do povo santo e onde hoje estão sepultados 1 831 soldados portugueses, dos é assaltada pelas perguntas que nós adultos procu- fiel de Deus, só pode estar entre os bons do Paraí- quais 238 sem identificação – assim como no vizinho monu- ramos afogar nos oceanos das palavras. Ele quer sa- so; entre aqueles que talvez nem saibam que, to- mento de La Couture. ber se é possível que um Deus bom trate mal um das as vezes que fizeram algo de bom aos mais pe- Na hora dos discursos, o presidente português considerou pai bom. Mesmo sabendo que seu pai não acredi- queninos, o fizeram a Jesus. E as crianças sabem, tratar-se do “nosso maior luto militar desde Alcácer Quibir”, tava que fosse possível a existência de um Deus que intuem que só pode ser assim. com mais de 7000 baixas, destacando a heroicidade de Aní- tinha permitido a existência de um bairro assim. Pouco tempo depois, o mesmo Emanuel, com bal Augusto Milhais (o soldado “Milhões”) e dos seus compa- Francisco não filosofa, não diz que o inferno não uma voz cheia de ternura, pôde dizer: «estava quase nheiros da 2.ª divisão do Corpo Expedicionário Português que seguro que meu pai tinha ido para o paraíso, mas então lutavam “por Portugal, pela sua pátria, pela sua gente, quis ter a confirmação do Santo Padre». pela sua terra, à época pelo seu império”. Também o seu ho- O pequeno Emanuel é Homem bom, melhor ainda que jogador de fu- mólogo francês – embora tenha aproveitado a ocasião para apenas uma criança que é tebol, é Salah, o genial avançado do Liverpool, for- relembrar o perigo dos nacionalismos emergentes na Euro- te candidato à bota de ouro de 2018. A atitude que pa – não deixou de dar o seu contributo para uma narrativa assaltada pelas perguntas ele tem perante a vida e a situação dos outros, a co- que situa La Lys algures entre a epopeia gloriosa e a oblação que nós adultos meçar pelos concidadãos egípcios sujeitos a enor- colectiva, rotulando-a mesmo de “Verdun português”. mes carências de toda a ordem comprova-o. Um No meio da multidão, sobressaía a figura franzina de Feli- procuramos afogar nos dos gestos mais emblemáticos foi a construção de cidade Glória d’Assunção Pailleux (92 anos), terceira de quinze oceanos das palavras. um hospital e de uma escola para raparigas, que filhos de João Assunção, soldado originário de Ponte da Bar- assim já não terão que viajar de autocarro para fo- ca que, tendo-se apaixonado por uma jovem francesa, acabou ra da cidade para poderem ir às aulas. Criou ain- por se instalar definitivamente na região. Embora ainda ho- da uma fundação, através da qual procura ajudar je não saiba falar português – a mãe nunca lho permitiu, para existe, mas diz que é Deus quem decide quem en- os habitantes de Nagrig, sua aldeia natal. Foi assim que não fosse estigmatizada pela população local – Felicidade tra no Céu. E serve-se da lição do Evangelho que que comprou a primeira ambulância que existe na nunca deixou de levar a nossa bandeira para as comemorações afirma que uma árvore se conhece pelos seus fru- região; criou uma rede de supermercados de baixo anuais de La Lys. Aos jornalistas que a entrevistavam neste cen- tos; a oração não é uma soma de palavras, mas uma custo geridos pelo município, com os quais gasta tenário, não se cansou sobretudo de testemunhar o amor filial vida que se oferece a Deus para dar um testemu- mais de 4.500 euros mensais para garantir tal aju- e a admiração pelo percurso de vida de seu pai. Em regra geral, nho visível da bondade de um Deus paterno, como da alimentar. É por isso com orgulho e razão que quem viveu a Guerra ou sentiu os seus efeitos não perde mui- o fez aquele menino testemunhando que seu pai os seus conterrâneos lhe chamam «fazedor de feli- to tempo com discursos revivalistas ou mitologias nacionais. era um bom e bravo homem. Sinal de que aquele cidade». Ele utiliza o dinheiro que ganha para aju- Tanto o Tio Serafim da Veiga e o João Assunção, como os homem tinha dado um belíssimo testemunho aos dar os mais desfavorecidos. Foi aliás isso que ele so- outros 55 000 compatriotas mobilizados na Grande Guerra seus filhos. E «se foi capaz de fazer filhos assim, era nhou: «vir a ser rico para ajudar as pessoas». Longe – e todos soldados de todas as guerras – são sobretudo ho- na verdade um bravo homem», reafirma o Papa. de esquecer as origens humildes e os muitos sacri- mens e mulheres que sofrem na pele os conflitos que outros Só Deus decide quem vai para o céu, mas Ele fícios que a vida lhe exigiu, mostra alegria em po- decretam. Nas comemorações centenárias de La Lys, uma as- não decide por capricho, nem por uma misericór- der ajudar os seus conterrâneos a terem as possi- sociação de portugueses residentes em França (Memória Viva) dia mal entendida. O seu julgamento é um julga- bilidades que ele então não teve. Trocou a oferta fez também questão de organizar uma viagem-homenagem mento de pai que se fundamenta sobre os frutos do de uma mansão luxuosa por medicamentos para e um programa-paralelo.