Mapa Da Violência Contra a Mulher 2018
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Mapada ^ violenciac o n t r a a Mulher 2018 1 Expediente CÂMARA DOS DEPUTADOS 55ª LEGISLATURA – 4ª SESSÃO LEGISLATIVA COMISSÃO DE DEFESA DOS DIREITOS DA MULHER Presidenta Ana Perugini (PT/SP) 1ª Vice-presidenta Luizianne Lins (PT/CE) 2ª Vice-presidenta Laura Carneiro (DEM/RJ) 3ª Vice-presidenta Zenaide Maia (PHS/RN) TITULARES SUPLENTES Carmen Zanotto (PPS/SC) Benedita da Silva (PT/RJ) sumário Dâmina Pereira (PODE/MG) Carlos Henrique Gaguim (DEM/TO) Elcione Barbalho (MDB/PA) Christiane de Souza Yared (PR/PR) Gorete Pereira (PR/CE) Diego Garcia (PODE/PR) Janete Capiberibe (PSB/AP) Erika Kokay (PT/DF) Jô Moraes (PCdoB/MG) Flávia Morais (PDT/GO) Keiko Ota (PSB/SP) Flavinho (PSC/SP) PREFÁCIO 03 Luana Costa (PSC/MA) Jean Wyllys (PSOL/RJ) Maria Helena (MDB/RR) Marcos Reategui (PSD/AP) Norma ayub (DEM/ES) Professora Marcivania (PCdoB/AP) metodologia 05 Raquel Muniz (PSD/MG) Tia Eron (PRB/BA) Rosângela Gomes (PRB/RJ) Vicentinho (PT/SP) estupro 06 Yeda Crusius (PSDB/RS)) Assessores técnicos e revisores da CMULHER violência doméstica 22 Anne Martins de Paula Marcel Eduardo Vieira Moraes Marcelle Rodrigues Campello Cavalcanti feminicídio 52 Marília Amora de Queiroz Secretária-executiva: Valéria Pessoa Proj. Gráfi co e diagramação: José Jance Marques violência online 62 Conteúdo: José Jance Marques importunação sexual 70 Fotos: Zeca Ribe iro Banco de Notícias: Linear Clipping Análise e geração de dados: HABRA Câmara dos Deputados Anexo II – Pav Superior - Sala 150, Ala B Praça dos Três Poderes - CEP: 70160-900 Brasília/DF Telefones: (61) 3216-6961 E-mail: [email protected] 4 Prefácio uando falamos sobre violência contra a mulher, muitas pessoas pensam em figuras distantes. Mas se pedirmos para pensar nas cinco mulheres mais Qimportantes da sua vida e dissermos que pelo menos uma delas pode já ter sofrido violência, a interpretação muda de figura. A violência contra a mulher existe em diversas formas e atinge diferentes classes sociais, credos e grupos econômicos. Só para citar um exemplo, dentro do ambiente doméstico, segundo a Lei Maria da Penha, uma mulher pode sofrer violência física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. Levantamentos como este ajudam a identificar os cenários em que essa mulher está inserida. Como não há um banco de dados nacional, sistematizado, com parâmetros iguais para identificar os crimes, fomos buscar em fontes indiretas as informações necessárias para desenhar esse estudo. Analisamos mais de 140 mil notícias e identificamos mais de 68 mil casos de violência contra a mulher que ocorreram ao longo de 2018. Conhecemos histórias de mulheres vítimas de estupro, importunação sexual, violência online, violência doméstica e feminicídio. A maioria dessas vítimas de violência é agredida pelos seus companheiros ou pelos seus exs companheiros, 5 tanto em casa como na rua, e isso informações estarrecedoras. acontece o tempo todo. Os dados mostram também que a maioria dos Mais ainda, trouxemos todas as abusadores sexuais, em especial das mudanças de lei que ocorreram crianças, guardam laços sanguíneos nessa última legislatura (2015-2019) e afetivos com a vítima, como pais, que surgiram como respostas de avós, tios, primos, vizinhos. Pessoas parlamentares para enfrentar essa que deveriam resguardar as meninas realidade. Vale registrar que foi mas as submetem a situações de nessa legislatura que criamos a violência e as deixam traumatizadas Lei do Feminicídio, alteramos a Lei para toda a vida. Maria da Penha para garantir mais rigor ao agressor que desrespeitar A cada 17 minutos uma mulher é as medidas protetivas e criamos agredida fisicamente no Brasil. De novas figuras penais com penas mais meia em meia hora alguém sofre severas para os crimes de estupro violência psicológica ou moral. A (estupro coletivo, estupro virtual e cada 3 horas, alguém relata um caso estupro corretivo) e importunação de cárcere privado. No mesmo dia, sexual (que antes era punido com oito casos de violência sexual são multa). descobertos no país, e toda semana 33 mulheres são assassinadas por A ideia dessa cartilha é ser um parceiros antigos ou atuais. O ataque material informativo, ilustrativo, que é semanal para 75% das vítimas, ajude a esclarecer dúvidas acerca situação que se repete por até cinco da natureza dos crimes e auxilie as anos. Essa violência também atinge a vítimas a procurar a ajuda adequada. parte mais vulnerável da família, pois a maioria dessas mulheres é mãe e Gratidão! os filhos acabam presenciando ou sofrendo as agressões. Ana Perugini Presidenta da Comissão de Defesa Além de trazer os dados, dos Direitos da Mulher contamos algumas histórias para contextualizar, dar um rosto a essas 6 metodologia ara a realização deste estudo Mesmo que houvesse mais de uma foram analisadas 140.191 notícias notícia sobre cada caso, o episódio veiculadas pela imprensa brasileira só foi registrado uma vez. Da mesma Pentre os meses de janeiro e novembro forma, quando uma notícia registrava de 2018. mais de um episódio de violência contra mulheres ou meninas, os A base de dados utilizada como registros eram feitos no número fonte das informações foi o banco de de vítimas, singularizando cada matérias da Linear Clipping, empresa agressão. O critério utilizado para especializada em monitoramento essa categorização foi a classificação estratégico de notícias. A análise da própria reportagem. Se a matéria inicial e identificação dos casos foi identificava a mulher como vítima de realizada pela Associação de Educação estupro, por exemplo, ela era assim do Homem de Amanhã de Brasília categorizada. (HABRA). Para cada notícia, eram preenchidos Dessa forma, a Comissão de Defesa cinco critérios no formulário de dos Direitos da Mulher da Câmara dos pesquisa: data do episódio, tipo de Deputados, agradece à Linear Clipping crime, unidade federativa onde o e à Associação de Educação do crime ocorreu, idade da vítima e Homem de Amanhã de Brasília (HABRA) relação dela com o agressor. Os filtros pelo fornecimento do banco de dados de classe, orientação sexual e cor não de reportagens e a análise prévia das puderam ser utilizados porque nem informações, ambos essenciais para a todas as matérias identificavam esses viabilidade desse estudo. critérios nas vítimas. Vale registrar que as notícias sobre estupro, havia A partir dessa análise, foram identificados uma classificação adicional para 68.811 casos de violência contra a identificar a natureza do crime: mulher divididos em cinco categorias: comum, coletivo ou virtual. Os dados importunação sexual, violência online gerados foram cruzados para (crimes contra a honra), estupro, chegarmos a um nível de informação feminicídio e violência doméstica. de qualidade. 7 crime de estupro é definido como qualquer conduta, com emprego de violência ou grave ameaça, Oque atente contra a dignidade e a liberdade sexual de alguém. O elemento mais importante para caracterizar esse crime é a ausência de consentimento da vítima. É importante salientar que não é preciso haver penetração para que o crime se caracterize como estupro. Desde 2009 o Código Penal Brasileiro prevê, no artigo 213, que o estupro acontece quando há, com violência ou grave ameaça, “conjunção carnal ou prática de atos libidinosos”, prevendo penas que variam de seis a dez anos de prisão, podendo ser agravadas caso o crime resulte em morte, lesões corporais graves ou for praticado contra adolescentes. No caso de menores de 14 anos, a questão do consentimento é ignorada. O ato sexual será considerado estupro, pois vítimas dessa idade não possuem Estupro o discernimento necessário para consentir com a prática sexual. O mesmo acontece quando a vítima, independentemente da idade, não tiver condições de consentir ou resistir ao ato como, por exemplo, pessoas muito embriagadas ou desacordadas. 8 Os dados trazidos pela pesquisa redes sociais, caso não atenda às apresentam cenários preocupantes. A exigências libidinosas do abusador. mídia brasileira veiculou 32.916 casos Em 2018, foram encontrados 137 casos de estupro no País entre os meses de de estupro virtual na imprensa. janeiro e novembro de 2018. A cultura do estupro está presente O levantamento criou três categorias em todas as fases da vida da mulher. diferentes desse crime: estupro Mais do que um desejo de atender comum, estupro coletivo e estupro a um impulso sexual, o estupro é um virtual. instrumento de poder, dominação. Cerca de 43% das vítimas desse O tipo comum de estupro é aquele crime possuem menos de 14 anos de cometido por um único autor idade. Esse é o chamado estupro de presencialmente contra uma ou mais vulnerável. Meninas em formação vítimas. Foram registrados 29.430 ficam paralisadas sem compreender casos desse estupro nas notícias que quem deveria protegê-las é seu veiculadas pela mídia brasileira no principal abusador. Este dado mostra período. o quão é urgente tratar das violências às quais as meninas estão expostas. Por outro lado, o estupro coletivo é aquele cometido por dois ou mais O grupo de jovens com idade entre indivíduos contra uma ou mais vítimas 15 e 18 anos vítimas de estupro em de forma presencial. Entre janeiro e 2018 representam 18% dos casos novembro de 2018, foram identificados analisados, com 5.760 episódios 3.349 casos de estupro coletivo no registrados. Brasil. Cerca de 35% dos casos de estupro Já o estupro virtual é uma categoria registrados pela imprensa brasileira recente na classificação dos crimes tiveram como vítimas mulheres sexuais, mas em nada difere da com idades entre 18 e 59 anos. Essa noção de relação sexual abusiva. proporção representa 11.708 episódios Neste cenário, a mulher sofre a de violência sexual em 2018. ameaça de ter seu corpo exposto nas 9 As mulheres idosas também são número de estupros que acontecem vítimas desse crime, com 1.240 no ambiente doméstico e com casos noticiados pela imprensa, relações de parentesco. São pessoas representando 4% do total que, de alguma forma, têm laços contabilizado. familiares com a vítima e que abusam dessa confiança para cometer os Outro aspecto relevante é o alto crimes.