Rafael Barrett: Um Intelectual Sem Pátria (1876-1910)

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Rafael Barrett: Um Intelectual Sem Pátria (1876-1910) FÁBIO LUIZ DE ARRUDA HERRIG RAFAEL BARRETT: UM INTELECTUAL SEM PÁTRIA (1876-1910) DOURADOS – 2019 FÁBIO LUIZ DE ARRUDA HERRIG RAFAEL BARRETT: UM INTELECTUAL SEM PÁTRIA (1876- 1910) Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História, Faculdade de Ciências Humanas, Universidade Federal da Grande Dourados (PPGH/ FCH/ UFGD). Área de concentração: Fronteiras, Identidade e Representações Orientador: Prof. Dr. Eudes Fernando Leite DOURADOS – 2019 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP). H566r Herrig, Fabio Luiz De Arruda Rafael Barrett: Um intelectual sem pátria (1876-1910) [recurso eletrônico] / Fabio Luiz De Arruda Herrig. -- 2019. Arquivo em formato pdf. Orientador: Eudes Fernando Leite. Coorientadora: Gabriela Dalla-Corte Caballero. Tese (Doutorado em História)-Universidade Federal da Grande Dourados, 2019. Disponível no Repositório Institucional da UFGD em: https://portal.ufgd.edu.br/setor/biblioteca/repositorio 1. Rafael Barrett. 2. Anarquismo. 3. Pátria. 4. América platina. 5. História. I. Leite, Eudes Fernando. II. Caballero, Gabriela Dalla-corte. III. Título. Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a). ©Direitos reservados. Permitido a reprodução parcial desde que citada a fonte. FÁBIO LUIZ DE ARRUDA HERRIG RAFAEL BARRETT: UM INTELECTUAL SEM PÁTRIA (1876- 1910) TESE APRESENTADA PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE DOUTOR EM HISTÓRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA – PPGH/FCH/UFGDUFGD Aprovada em ______ de __________________ de 2019. BANCA EXAMINADORA: Presidente e orientador: Eudes Fernando Leite (Dr. UFGD)__________________________________________ 1º Examinador: Gabriela Pellegrino Soares (Dra. USP)_______________________________________ 2º Examinador: Anibal Herib Caballero Campos (Dr. UNICAN)________________________________ 3º Examinador: Leandro Baller (Dr. UFGD)________________________________________________ 4° Examinador: Fernando Perli (Dr. UFGD)________________________________________________ Com amor e carinho, à minha esposa e companheira, Carol, que esteve ao meu lado nessa dura e prazerosa jornada. AGRADECIMENTOS A História não era a primeira opção. Meu desejo era ser arquiteto. Mas, parafraseando Manuel Bandeira, fui arquiteto falhado. O interesse só veio no segundo ano da graduação. Mas, quando chegou, foi arrebatador. Decidi que queria estudar algo de minha região, interior de Mato Grosso do Sul, e acreditava que a erva mate era o símbolo mais representativo da minha identidade. O primeiro passo foi em direção a um texto de literatura, de Hernâni Donato, intitulado Selva trágica: a gesta no sulestematogrossense, publicado em 1959, que tratava da exploração dos paraguaios que trabalhavam na extração da erva mate. Dessa pesquisa inicial resultou a monografia apresentada como trabalho de conclusão de curso ao curso de História, da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS). Seguiu-se a isso o mestrado em Letras, ao qual escolhi por influência da professora Márcia Maria de Medeiros, que me orientou no TCC; nesse momento pude vivenciar outro crescimento sob a orientação da professora Adna Candido de Paula. Ancorei-me em dois pilares: minha mãe, Arlene, que sempre me apoiou e a quem devo não apenas o resultado dessa tese, pelo empenho que ela (minha mãe) teve em minha formação, mas também em meu caráter, pela educação que me deu em casa; e a Carol, minha esposa e mãe de meus dois filhos, Alice e Levi, respectivamente. Um nasceu no final do meu mestrado e o outro, no início do doutorado. E, tal como disse Benedict Anderson, nunca respeitaram a sacralidade de meu escritório. Carol foi, ainda, quem, frente à minha difícil situação financeira para conseguir os livros da seleção do mestrado, me emprestou o dinheiro de sua poupança para que eu adquirisse o material. Felizmente, ingressei de primeira. No mês em que a Alice nasceu, em 2012, coincidência ou não, eu recebi a última parcela referente à bolsa do mestrado. Foi uma época muito difícil. Eu não tinha emprego e não sabia o que fazer – se dava aulas ou se tentava um doutorado –, estava tudo muito turvo ainda. Voltei para Amambai/MS e comecei a dar aulas de música em um projeto criado por Jamil, um amigo que também foi ímpar em minha formação, e de história na Escola Agrícola do município, foi onde iniciei minha atuação profissional. Em 2013, cansado da sala de aula, já que não propiciava, como professor substituto, uma possibilidade melhor de trabalho e nem de formação, considerando o fato de que eu não atuava somente como professor de história, mas também de áreas afins, tentei ingressar no doutorado. Não deu certo. Tentei no outro ano e aí, sim, pude iniciar essa etapa. Sentia-me eufórico e renovado. Junto com o início das aulas veio o Levi, meu filho mais novo. Mais trabalho e mais um motivo para eu continuar estudando. Houve, no correr do curso, muitas mudanças, como a do objeto da pesquisa e, em consequência, a do projeto. Mas foi algo positivo. Fui orientado de forma aberta, com debates e sugestões, fui livre para escolher e sempre ciente dessas escolhas, de forma que as falhas foram sempre decorrentes das minhas posições. Hoje, ao ler essa tese, sinto-me satisfeito, mas, ao mesmo tempo, penso que poderia ter escrito de outro jeito, ou melhor. Reportei isso ao Eudes, a quem agradeço imensamente a companhia, as opiniões (chamaria de conselhos, mas acho que ele não gostaria) e as orientações desses anos; e ele sempre me dizendo que era assim mesmo. Parece que isso reflete o quanto mudamos. Eu, em particular, acredito que mudei para melhor, pois estive ao lado de pessoas boas, pessoas inteligentes, pessoas que, a cada momento, me fizeram pensar sobre quem eu sou, sobre o que eu faço e sobre qual é o meu papel na sociedade e no mundo. Apesar de continuar me questionando (não sei se encontrarei resposta) sinto que isso é o que importa. Com essas palavras, quero agradecer também à minha família, sempre ao lado de minhas escolhas, comemorando e sofrendo junto; aos professores, com os quais estudei e tive a oportunidade, em alguns casos, de lecionar ao lado; em especial, agradeço aos professores do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal da Grande Dourados (PPGH/UFGD), já que essa tese foi produzida aqui e com o apoio direto ou indireto deles, bem como à secretaria do programa que sempre esteve à disposição para ajudar. Agradeço também ao professor Herib, pelas inúmeras sugestões e pela recepção em Asunción, juntamente com Carlos Gómez Florentín; agradeço e a Cielo Zaidenwerg e Gabriela Dalla Corte Caballero, pela recepção e o apoio em Barcelona, no curso do Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE), financiado pela CAPES. Lamentavelmente, a professora Gabriela faleceu cerca de cinco meses após minha volta ao Brasil. Ainda sobre a Espanha, não posso, de forma alguma, deixar de lado meu primo, Pilincho, sua esposa Patrícia e o pequeno Eric, que me acolheram nos meses de estudo no ―Velho Mundo‖. Institucionalmente, agradeço ao fomento da CAPES, com a bolsa de doutorado no Brasil, e também com a bolsa PDSE, para o doutorado sanduíche na Espanha. Agradeço ao Archivo Nacional de Asunción, bem como à Biblioteca Nacional del Paraguay; agradeço ao Centro de Documentação Histórica da UFGD; ao Archivo Histórico de la Ciudad de Barcelona e à Biblioteca Nacional de España; à Biblioteca Nacional de Uruguay; e à Biblioteca Nacional Mariano Moreno na Argentina. Por último, agradeço aos docentes que compõem a banca. ―La vida es un aire sutil, invisible y veloz, cuyos remolinos agitan un instante el polvo que duerme en los rincones. El inmortal torbellino pasa, torna a la pura atmósfera, torna a ser invisible, y el polvo se desploma inerte en su rincón. Los sabios no ven más que el polvo: palpan minuciosamente los cadáveres‖ (Rafael Barrett) Resumo: Rafael Barrett (1876-1910) foi um escritor, em geral, associado ao anarquismo; poucos estudos têm sido realizados sobre a obra que ele deixou. Chama a atenção o caráter de denúncia e o humanismo presentes em seus textos. A tese tem como objetivo, por meio da análise da trajetória de vida e de intelectual do escritor, apresentar as relações estabelecidas por ele com a Europa e com a América Platina. Busca-se compreender o modo como Barrett se relacionou com os ambientes pelos quais passou e o como esses processos o levaram a se assumir, em 1908, como anarquista. A assunção de seu anarquismo é o que justifica o título da tese, já que, ao se posicionar de tal forma, nega-se a integrar uma pátria por opção ideológica. O trabalho está composto por duas partes, cada uma com dois capítulos. Na primeira, há uma estrutura descritiva que apresenta a vida e a obra de Rafael Barrett, observando-se seus trânsitos: Espanha, Argentina, Paraguai, Brasil, Uruguai, França; bem como as suas mudanças intelectuais e políticas. A segunda destina-se a uma análise mais específica do momento no qual ele se identificou com o anarquismo. Nesse interim, o objetivo foi o de demonstrar o porquê Rafael Barrett pode ser considerado um intelectual sem pátria, por meio da análise da sua obra e da realidade que o circundou em seus trânsitos até sua morte, em 1910, em decorrência da tuberculose. Palavras-chave: Rafael Barrett; Anarquismo; Pátria; América Platina; História. Abstract: Rafael Barrett (1876-1910) was a writer, generally associated with anarchism and with few studies done on the work he left behind. The character of the denunciation and the humanism present in his writings drew attention to him. The aim of this thesis is to present the relations that Barrett established with Europe and América Platina through the analysis of his life and intellectual trajectory, trying to understand how he related to the environments through which he passed and how these processes led him to assume, in 1908, like anarchist. The manifestation of his anarchism is what justifies the title of this thesis, he refused to integrate a homeland, by ideological option, by positioning himself in such a way.
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