“NOS CAMINHOS DA MEMÓRIA, NAS ÁGUAS DO JAGUARIBE”. Kamillo
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE HUMANIDADES DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA SOCIAL “NOS CAMINHOS DA MEMÓRIA, NAS ÁGUAS DO JAGUARIBE”. Memórias das enchentes em Jaguaruana-CE. (1960, 1974, 1985) Kamillo Karol Ribeiro e Silva Fortaleza, abril de 2006 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE HUMANIDADES DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA SOCIAL “NOS CAMINHOS DA MEMÓRIA, NAS ÁGUAS DO JAGUARIBE”. Memórias das enchentes em Jaguaruana-CE. (1960, 1974, 1985) Kamillo Karol Ribeiro e Silva Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em História Social da UFC, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre, sob a orientação da Profa. Kênia Souza Rios. Fortaleza, abril de 2006 3 Ficha Catalográfica 4 “NOS CAMINHOS DA MEMÓRIA, NAS ÁGUAS DO JAGUARIBE”. Memórias das enchentes em Jaguaruana-CE. (1960, 1974, 1985) Kamillo Karol Ribeiro e Silva Dissertação defendida e aprovada pela banca examinadora constituída pelos professores ___________________________________ Dra. Kênia Sousa Rios – Orientadora, UFC _____________________________________ Dra. Denise Bernuzzi de Sant’Ana– PUC - SP _____________________________ Dr. Eurípides Antônio Funes, UFC Fortaleza, 20 de abril de 2006 5 “O sertão vai virar mar! O Mar vai virar sertania! É uma previsão do fim, O profeta já dizia. Pois deste fim só escapa, O poeta e a poesia”. Do cordel Salvem os poetas populares Sabiá Jaguaruanense. 6 A Weber e Lucília, com amor. A Ana Daniella, com prazer. A Marieta, com louvor. A Luzanira, quem jamais vou esquecer. 7 “NOS CAMINHOS DA MEMÓRIA, NAS ÁGUAS DO JAGUARIBE”. Memórias das enchentes em Jaguaruana-CE. (1960, 1974, 1985) Sumário. Pág Agradecimentos.................................................................................................08 Lista de Ilustrações............................................................................................09 Resumo / Abstract.............................................................................................10 Considerações Iniciais – O Espetáculo das Águas nos trabalhos da memória.........................................11 Capítulo 1 – Retirantes das Águas – Memórias do Cotidiano de quando as águas chegam e se vão.....................................................................................19 1.1 – “Não tem jeito, o jeito que tem é sair”..................................................19 1.2 – “A Casa dos outros”. Lugares de abrigo durante as enchentes..................36 1.3 – “A calamidade não é só lá, é quando se volta”....................................55 Capítulo 2 – “Fazer o quê?” Narrativas sobre trabalho, doenças e políticas públicas em tempos de enchente......................................................................67 2.1 – “Quase não tem como trabalhar”.........................................................67 2.2 – “A gente adoece, viu. É muito ruim”.....................................................83 2.3 – “O Governo passou a mão por cima”...................................................99 Capítulo 3 – “Para um povo desabrigado”. – O Vale do Jaguaribe na cheia de 1974 e A construção da Vila do Padre............................................................114 3.1 – A cheia de 1974 na memória e na imprensa......................................114 3.2. – “Vou me embora pros Cardeais, lá tudo é fácil”.................................134 3.3 – Lembranças, cimento, areia e barro – (re)Construída a Vila do Padre...............................................................................................................147 Considerações finais – “Aí o céu se abriu, a chuva passou...”.............................................................164 Bibliografia.......................................................................................................170 8 Agradecimentos A Deus, muito citado pelos entrevistados: “Graças a Deus!”, “Olhe, Deus que cuidou de nós!”, “Só Deus, mesmo, só Ele!”. Eu repito: só Ele, só ele. A FUNCAP, pelo apoio durante os dois anos em que desenvolvi esta pesquisa. A Kênia. No primeiro dia, eu disse: - Que tal sermos amigos? Ela aceitou! A Regina Jucá, pelo compromisso com seu ofício e pela nossa amizade, desde meu primeiro dia no mestrado, até o último, e para sempre, assim espero; e a Sílvia, pela sinceridade e sobretudo, pelo sorriso, desde seu primeiro dia no mestrado até o meu último. A Gizafran Jucá, por ter recebido um e-mail de um desconhecido a 3 anos atrás e, sem questionamentos, ter-se disposto a ajudar sempre. Ao professor Eurípides, por dispor sua grande experiência para o bom andamento desta pesquisa, sempre preocupado do jeito dele. Ao professor Fred, coordenador do programa, pela disposição em me ouvir mesmo sempre estando tão atarefado. Ao professor Régis, pela admiração que tenho por ele e por preciosas considerações durante a qualificação. A Mônica Emanuela, por ter me recebido e ter dito, um dia, talvez em sonho, que eu não estava só. Aos mais próximos, Terezinha, Tácito, Carlos Eduardo e Rodrigo, por serem amigos preciosos durante o processo da vida; e a Emília, Fábio, Egberto, Wagner, Isac, Túlio, Yuri, Carla, Lindercy e Soraya, por saber que, mesmo pouco se vendo, a amizade e admiração permanecem. Grandes companheiros! Aos funcionários do Departamento de História e a Constantino, a quem por um ano chamei de Guilhermino, mas ele nem, nem... Ao professor Manfredo de Cássio Borges, por confiar em mim, tendo esperado tanto tempo e por sua recepção e simpatia. A Chico Pequeno, Avani, Alfredo, D. Cota, D. Eliza, D. Lourdes, Maria Sulina, Ferreira, Seu Joselias, Mãe-da-Lua, Chagas Serafim, Sebastião da Farmácia, Joaquim Cariri, Dionísia e Ducéu; por suas memórias, matéria-prima deste trabalho. Sem vocês ... ai....ai... , não gosto nem de pensar. A Ana Daniella, simplesmente por acreditar em mim desde o princípio. 9 Lista de Ilustrações Ilustrações pág Mapa de Jaguaruana 28 Foto 01 Estiva sobre o Rio Jaguaribe 74 Foto 02 Criança tomando banho nas águas da enchente 87 Foto 03 Armazenando água da chuva 88 Foto 04 Primeira rua da Vila do Padre – Cardeais 145 Foto 05 Detalhe dos tijolos – Vila do Padre - Cardeais 151 10 Resumo Este trabalho refere-se a experiência da memória de homens e mulheres moradores da cidade de Jaguaruana – CE sobre as enchentes ocorridas nos anos de 1960, 1974 e 1985. Trabalhando com fonte orais, jornais e documentos oficiais, procura-se ver como as cheias do Rio Jaguaribe marcaram as lembranças do entrevistados e a forma como estas foram contadas. Percebendo também a materialidade do ato enunciativo através da performance, busca-se um entendimento das várias nuances e dos vários temas apontados pelas memórias. O trabalho está divido em três capítulos. O primeiro capítulo trás narrativas sobre o momento da saída e retorno para casa durante a enchente. No segundo capítulo, discute-se outros temas que figuravam nas entrevistas como as histórias sobre o trabalho, as doenças e as políticas públicas em tempos de enchente. O terceiro capítulo, centra-se na necessidade de ouvir as histórias sobre a construção da Vila do Padre. Abstract This work refers the experience of the men and women’s memory residents of the city of Jaguaruana - CE on the inundations happened in the years of 1960, 1974 and 1985. Working with oral source, newspapers and official documents, tries to see her as the full of Rio Jaguaribe they marked the interviewees' memories and the form as these they were counted. Also noticing the material form of the act enunciated the performance, an understanding of the several nuances is looked for and of the several pointed themes for the memoirs. The work is I divide in three chapters. The first chapter back narratives on the moment of the exit and return home during the inundation. In the second chapter, other themes that represented in the interviews as the histories on the work, the diseases and the public politics in times of inundation is discussed. The third chapter is centered in the need of hearing the histories about the construction of the Priest's Villa. 11 Considerações Iniciais O Espetáculo das águas nos trabalhos da memória. “Se considerarmos a memória um processo, e não um depósito de dados, poderemos constatar que, à semelhança da linguagem, a memória é social, tornando-se concreta apenas quando mentalizada ou verbalizada pelas pessoas. A memória é um processo, que ocorre em um meio social dinâmico, valendo-se de instrumentos socialmente criados e compartilhados. Em vista disso, as recordações podem ser semelhantes, contraditórias ou sobrepostas. Porém, em hipótese alguma, as lembranças de duas pessoas são – assim como as impressões digitais, ou a bem da verdade, como as vozes – exatamente iguais”. Alessandro Portelli A idéia de se fazer pesquisa usando como fonte primária as memórias orais, ou seja, os relatos orais, passa por questões metodológicas sérias e por um compromisso com a escrita da história que fui descobrindo aos poucos durante a trajetória do curso de mestrado; fui percebendo que tal história não precisava ser rotulada, como alguns assim fazem chamando-a de “história oral”, como se o conhecimento histórico produzido a partir de narrativas orais fosse ou tivesse caráter e função diferentes da história que se conhece. Pensei assim, a partir das idéias de Mercedes Vilanova, que propõem chamar simplesmente de História, sem adjetivos, aquelas que usam como fontes os relatos orais, os dados, imagens e textos1. Passando por questões importantes como a ética que o trabalho com oralidade necessita2, tomei a decisão