AUTONOMIA PRIVADA E PRIVACIDADE NAS REDES SOCIAIS Renunciabilidade E Responsabilidade Por Danos
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THIAGO FERREIRA CARDOSO NEVES AUTONOMIA PRIVADA E PRIVACIDADE NAS REDES SOCIAIS Renunciabilidade e responsabilidade por danos G Z EDITORA Rio de Janeiro 2019 IV THIAGO FERREIRA CARDOSO NEVES 1ª edição – 2019 © Copyright Thiago Ferreira Cardoso Neves Presidente do Conselho Editorial Nelson Nery Costa Diagramação Olga Martins CIP – Brasil. Catalogação-na-fonte. Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ. N428a Neves, Thiago Ferreira Cardoso Autonomia privada e privacidade nas redes sociais : renunciabilidade e responsabilidade por danos / Thiago Ferreira Cardoso Neves. - 1. ed. - Rio de Janeiro : LMJ Mundo Jurídico, 2019. 208 p.; 24 cm. Inclui bibliografia e índice ISBN 978-85-9524-063-6 1. Direito civil - Brasil. 2. Personalidade (Direito). 3. Direito à privacidade - Brasil. 4. Internet - Legislação - Brasil. 5. Redes sociais on-line. I. Título. 19-56765 CDU: 347(81) O titular cuja obra seja fraudulentamente reproduzida, divulgada ou de qualquer forma utilizada poderá requerer a apreensão dos exemplares reproduzidos ou a suspensão da divulga- ção, sem prejuízo da indenização cabível (art. 102 da Lei nº 9.610, de 19.02.1998). Quem vender, expuser à venda, ocultar, adquirir, distribuir, tiver em depósito ou utilizar obra ou fonograma reproduzidos com fraude, com a finalidade de vender, obter ganho, vanta- gem, proveito, lucro direto ou indireto, para si ou para outrem, será solidariamente responsável com o contrafator, nos termos dos artigos precedentes, respondendo como contrafatores o importador e o distribuidor em caso de reprodução no exterior (art. 104 da Lei nº 9.610/98). As reclamações devem ser feitas até noventa dias a partir da compra e venda com nota fiscal (interpretação do art. 26 da Lei nº 8.078, de 11.09.1990). Reservados os direitos de propriedade desta edição pela GZ EDITORA [email protected] www.editoragz.com.br Av. Erasmo Braga, 299 – Sala 202 – 2º andar – Centro CEP: 20020-000 – Rio de Janeiro – RJ Tels.: (0XX21) 2240-1406 / 2240-1416 – Fax: (0XX21) 2240-1511 Impresso no Brasil Printed in Brazil Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste? Bem-aventurados os que creram sem ver. Jo 20:29 Dedico, em primeiro lugar e sempre, ao meu Senhor Jesus, o único digno de toda honra, glória e poder. Depois, e espe- cialmente, à minha pequena Bruna, para quem este texto foi escrito, ainda que sem figuras, com a esperança de que ela saiba utilizar, com sabedoria, essas novas ferramentas de comunicação, bem como todas aquelas que, por força da inteligência humana, venham a existir no futuro. À minha mãe Sonia, que mesmo após me dar à luz, continua ilu- minando meus caminhos. À Isabela, que com seu olhar e sorriso faz minha vida mais leve e doce.” AGRADECIMENTOS Na vida é sempre importante agradecer. A gratidão é uma dádiva e uma alegria, tanto para quem recebe, quanto para quem dá. Em primeiro lugar agradeço a Deus, o meu Pai, que no meio de tantas dificul- dades me conduziu, com mãos firmes e seguras, até aqui, especialmente naqueles momentos em que acreditei, verdadeiramente, que não iria conseguir prosseguir na caminhada. A Ele meu infinito amor e temor. Em seguida, àquelas pessoas que fazem minha vida muito melhor. Primeiro, às “minhas” mulheres: a pequena Bruninha, a herança que recebi do Senhor. Embora ainda incapaz de compreender as dificuldades e aflições da vida, me deu todo o apoio com seus sorrisos, abraços e um amor que transparece nos olhos. Com ela aprendi verdadeiramente o sentido do amor incondicional, e é por ela que levanto todas as manhãs, para dá-la uma vida melhor; minha mãe Sonia, uma das maiores bênçãos que recebi de Deus, pois sem ela não poderia sonhar em chegar até aqui. Deu-me todo o suporte afetivo e material, e no meio de tantas lutas e angústias, sempre re- velou e externou, a cada dia, seu imensurável amor; minha linda Isabela, que não é bela apenas no nome, e que entrou em minha vida tornando-a mais apaixonante, e provando que é possível conciliar, com perfeição, a leveza e a intensidade de uma relação a dois; e à minha avó Lourdes, cujo avanço da sua idade é proporcional ao aumento do amor, da afetividade, do carinho e do respeito que nutro por ela. Digo, hoje e sempre, que o amor pelo Direito herdei dela, o maior presente que poderia me dar. Afora as mulheres, uma pessoa muito especial não poderia jamais ser esquecida: meu pai Paulo, cuja distância física não é capaz de afastar a proximidade do coração. Embora as vistas não se cruzem com frequência, o amor nos liga ininterruptamente. Também não é possível esquecer os amigos, que é a família que escolhemos. Agradeço aos amigos de fé e do coração, João Carlos e Marcelo, pela compreensão nas minhas ausências e pelo suporte afetivo e espiritual em todos os momentos. Sem nossos encontros e orações, dificilmente chegaria até aqui. À Juliana de Almeida cujo convívio diário, não apenas no ambiente de trabalho, durante a longa e desa- fiadora jornada do mestrado, trouxe a paz e a alegria necessárias ao fim da caminha- da. Tornou-se, verdadeiramente, uma irmã que sei que sempre estará ao meu lado. Igualmente a Nelson de Almeida, mais que um amigo, e que sempre me incenti- vou e esteve ao meu lado, dando todo carinho e força, quando precisei. À Melissa Meirelles, um talento nato que Deus me permitiu conhecer, uma amiga para todas horas e cujo futuro já se revela brilhante. Ao amigo e professor Sylvio Capanema, um agradecimento especial por tudo o que vivemos. Minha vida profissional se confun- diu, por muitos anos, com a dele, e não poderia deixar de agradecer por todo apoio, incentivo, e encorajamento que sempre me deu ao longo de 13 anos juntos. Aos ami- gos e professores Alexandre Câmara, Marco Aurélio Bezerra de Melo, Roger Aguiar, Guilherme Calmon, José Eduardo Cavalcanti Albuquerque, Alexandre Ferreira Assumpção, Maria Celina Bodin de Moraes, Gisela Sampaio, Mônica Gusmão, Cristiano Chaves de Farias, José Guilherme Vasi Werner, Carlos Santos de Oliveira e Melhim Chalhub por todo carinho, incentivo e ajuda, muitas vezes em pequenos gestos, que tornaram os meus dias muito mais claros. Por fim, aos amigos da vida e de X THIAGO FERREIRA CARDOSO NEVES longa data, que sempre compreenderam minhas ausências, como é o caso dos irmãos que escolhi no meu coração, Luís e Fernando, e também à Duda e à Mariana, que de alunas se tornaram amigas para toda uma vida. Da UERJ, um agradecimento especial ao meu orientador, Carlos Konder, o Caíto, pela paciência, compreensão e, também, carinho, diante das grandes dificul- dades pessoais que enfrentei durante os dois anos do mestrado. Além disso, con- tribuiu com seu conhecimento oceânico para o desenvolvimento deste texto, com sugestões valiosíssimas e indicações preciosas de textos. Posso afirmar, com todas as letras, que tive um verdadeiro orientador. É preciso agradecer, também, ao Professor Gustavo Tepedino. A grandiosidade de sua figura não é menor que a grandiosidade de sua generosidade em me acolher com palavras de incentivo e gestos de carinho, inclusive por aceitar, em meio a tantos compromissos, integrar minha banca de dis- sertação. As aulas, por certo, foram inesquecíveis, com lições não só jurídicas, mas também de vida. Também ao Professor Anderson Schreiber pela agradável acolhi- da e pela imprescindível participação na banca de qualificação, com comentários, críticas e ideias que muito contribuíram para a versão final deste texto. Ainda da Universidade do Rio de Janeiro devo um agradecimento especial ao Professor Luís Roberto Barroso, em me acolher. Sou eternamente grato por sua compreensão, paci- ência e amizade ao longos dos anos em que eu, um fã inveterado, lhe pedi auxílio e socorro, tendo sempre recebido como resposta palavras e gestos de carinho. Na UERJ também encontrei amigos que tornaram a vida acadêmica muito mais aprazível, fa- zendo desta experiência inesquecível. Aproveito, assim, para agradecer especialmen- te aos queridos André Farah, João Quinelato, Rodrigo da Guia, Francisco Viégas, Micaela Fernandes, Felipe Schvartzman, Rodrigo Requena, Lívia Leal, Livia Maia, Mariana Siqueira, Victor Wilcox, Diana Castro, Roberta Leite, Eduardo Horácio, Rodrigo Corrêa e Matheus Escossia. Por fim, não posso deixar de agradecer à Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, instituição que leciono quase com exclusividade há mais de 10 anos, especialmente na pessoa do Diretor de Ensino José Renato Videira, querido amigo, a quem muito devo, especialmente pela compreensão diante da necessidade das mi- nhas ausências. PREFÁCIO As redes sociais, como reflexo das ambiguidades que marcam o período em que vivemos, vêm atraindo a atenção dos pesquisadores mais corajosos, os quais contra- põem as fantásticas benesses ofertadas pela tecnologia com os custos sociais e cultu- rais a serem pagos pela sua fruição. O saudoso sociólogo Zygmunt Bauman, perplexo com a facilidade para se criar e desfazer “amizades”, destacou como a experiência na rede serve apenas a mascarar a solidão, sem oferecer uma real experiência comuni- tária: “A diferença entre a comunidade e a rede é que você pertence à comunidade, mas a rede pertence a você”.1 De um lado, ao restringir as interações aos iguais, pre- viamente selecionados, a rede cobra um preço da sociedade: ela inviabiliza o contato com a alteridade, o diálogo com a diferença, o que, como se vem observando, preju- dica o debate democrático e exacerba polarizações, já que “é mostrado o que se acha que é de nosso interesse, mas nos é ocultado aquilo que desejamos ou eventualmente precisamos ver”.2 De outro lado, a participação cobra um preço também do usuário: a auto exposição. A busca por “likes” cria verdadeira dependência pelo comparti- lhamento de imagens e informações até então limitadas à esfera privada: “A pessoa é obrigada a expor seu próprio eu, sua própria persona, com consequências que vão além da simples operação econômica e criam uma espécie de posse permanente da pessoa por parte de quem detém as informações a seu respeito”.3 As repercussões desse preço já alcançaram o mundo do direito, como se per- cebe pelo aumento maciço de litígios envolvendo a responsabilização de usuários e provedores por danos decorrentes da exposição desses dados na rede.