<<

Ano XVIII - 2009 * NÚMERO 107 ISSN 1415 - 2460 - 1415 ISSN

DANIEL PEIXOTO Fascinado pelo risco

E MAIS: PENTACROSTIC - ANDRALLS - ZEBRA ZEBRA Cidadão Instigado - MARCIO BARALDI - E MAIS: HERBERT VIANNA - - E MUITO MAIS!

Edição 107 - novembro/dezembro/2009 1 Edição 107 - novembro/dezembro/2009 2 índice

13 Pentacrostic 21 Andralls

17 Zebra Zebra 03 Índice 04 Editorial 25 Cidadão 32 Daniel Peixoto Instigado + Expediente 29 Márcio Baraldi 05 News 09 Shows 11 Fora do Eixo 48 Jukebox 46 Cinema 47 Play 12 Shows internacionais 38 Ears Up

Edição 107 - novembro/dezembro/2009 3 editorial

Dynamite sempre teve uma Dynamite # 107 * Outubro/Novembro/2009 política de dar capa para artistas Publisher e jornalista responsável: A com álbuns já lançados ou pelo André “Pomba” Cagni – Mtb: 34553 ([email protected]) menos com lançamento já bem próximo. Editor: Bruno Palma Fernandes ([email protected]) Foram poucas as exceções. Mas, Diagramação: Rodrigo “Khall” Ramos ([email protected]) como as regras existem para serem Foto da capa: Lívia Palma Hanilton Scofield ([email protected]) quebradas, cá estamos mais uma vez. Marketing: Inti Anny Queiroz ([email protected]) O disco de estreia de Daniel Peixoto Webmaster: Daniel Zsigmond ([email protected]) como cantor solo só sai no ano que Administrativo: Alexandre Carvalho ([email protected]) vem, mas ele está aqui em destaque. Relações Públicas: Lílian Vituzzo ([email protected]) E nada mais justo. Não se trata aqui Colaboraram nesta edição: Bruno Palma Fernandes, André “Pomba” Cagni, de uma aposta ou uma tentativa de Lívia Palma, Marcelo Teixeira, Micki Mihich, Simone Mihich Bueno, Dum de Lucca criar ou ecoar um hype, mas, sim, no Neto, Everton “Pardal” Soares, Rodrigo “Khall” Ramos, Saulo Wanderley, Hanilton reconhecimento de um trabalho. Daniel Scofield, Nando Marques, Pepe Brandão, Deise de Oliveira, Jacqueline Conrado, já provou ter nascido para os palcos André Felipe “Foca”, Humberto Finatti, Rudja Catarine, Alexandre Carvalho Pereira, Nilson “Rizada”, Diego “Edu” Fernandes – não importando o tamanho – cantando à frente da dupla cearense de electro punk Montage, que se separou no início do ano. É de se Correspondentes: esperar, pela entrevista concedida à Dynamite, que ele ainda tenha Paraná: Herik Correia Rocha ([email protected]) muito mais a mostrar agora, nessa nova etapa de sua carreira. Rio de Janeiro: Guilherme Sorgine ([email protected]) Luciano Santos ([email protected]) Além da entrevista, Daniel ainda posou para a revista numa sessão de Santa Catarina: Minas Gerais: Fábio Ferreira de Medeiros ([email protected]) fotos clicadas por Lívia Palma. Internacionais: E essa edição ainda tem muito mais, com matérias com as bandas New York: Micki Mihich ([email protected]) Zebra Zebra, Andralls, Pentacrostic e Cidadão Instigado, e com o Los Angeles: Silvia Mendes ([email protected]) cartunista mais rock’n’roll do Brasil: Marcio Baraldi. Na coluna Cinema, Redação / Publicidade: Fone/Fax: (11) 3064-1197 o filme “Herbert de Perto”, documentário sobre Herbert Vianna, Rua dos Pinheiros, 730 – sala 1 - CEP: 05422-001 - Pinheiros - São Paulo/SP frontman do Paralamas do Sucesso; na Play, a busca por soluções para problemas de equalização no áudio da televisão; e na Jukebox, DYNAMITE é uma publicação sem fins lucrativos aberta a qualquer tipo de uma pincelada na carreira do Living Colour, que se apresentou colaboração não remunerada em qualquer forma de expressão. Envie e-mail para [email protected] ou xerox dos seus textos/trabalhos/ensaios para a recentemente pelo Brasil. Caixa Postal 11253 - CEP: 05422-970 - SP/SP, com seu endereço e fone para Por enquanto é isso, mas logo mais tem mais. contato. Caso seu material seja aprovado, entraremos em contato. A opinião dos nossos colaboradores não representa necessariamente a opinião da revista. A Bruno Palma Fernandes - Editor cópia ou reprodução total ou parcial das fotos e matérias aqui contidas é permitida, desde que citada a fonte e a autoria.

DYNAMITE é uma publicação da ASSOCIAÇÃO CULTURAL DYNAMITE, CNPJ 07.157.970/0001-44

Edição 107 - novembro/dezembro/2009 4 By Bruno Palma Fernandes Imagens: reprodução NEWS No começo do próximo O trio norueguês a-ha, formado no início dos anos 80, anunciou ano, os integrantes da banda que encerra sua carreira no ano que vem. De acordo com uma inglesa Deep Purple se declaração da banda, os músicos pretendem trabalhar em novos juntarão para trabalhar em projetos artísticos e se concentrar em outros aspectos da vida, tais material para um novo álbum, como trabalho humanitário e política. O a-ha, que lançou o álbum sucessor de “Rapture Of The “Foot Of The Mountain” em junho, fará sua última apresentação Deep”, que saiu em 2005. no dia 04 de dezembro em sua cidade-natal Oslo. M O lançamento desse disco, sobre o qual ainda pouco se Uma sorveteria inglesa começou a vender um sorvete sabe, é esperado para o meio chamado The Sex Pistol. Como se não bastasse a do ano que vem. M similaridade com o nome da banda inglesa de punk rock The Sex Pistols, a companhia ainda utiliza o slogan “God Save The Cream” para divulgar o produto - uma alusão a “God Faleceu Dickie Peterson, que Save The Queen”, clássico do conjunto. A Icecreamists, a tocou baixo e cantou à frente tal sorveteria, foi mais além e ainda afirma em publicidade da banda californiana de O Bloc Party já havia anunciado que tiraria umas férias que seu produto é “mais Sid & Nancy do que Ben & Jerry”, blues rock Blue Cheer, que assim que encerrasse sua atual turnê. O baterista Matt uma referência ao casal formado por Sid Vicious (que tocou encerrou e retomou atividades Tongue deu uma declaração posteriormente, falando sobre baixo no Sex Pistols) com Nancy Spungen, em comparação por várias vezes, dos anos 60 a probabilidade de não fazer mais parte do grupo quando com a sorveteria norte-americana Ben & Jerry. O Sex Pistols – quando foi formada – até o a banda britânica de rock dançante resolver voltar à ativa. não gostou e está pensando em entrar com um processo. A presente. Dickie, que estava Segundo Matt, os demais integrantes certamente estarão lá. banda quer que a Icecreamists pare de utilizar os trocadilhos com 61 anos de idade, sofreu “Quanto a mim, não sei. Não me importaria em fazer alguma e pague por infração de direitos autorais. M nos últimos tempos com outra coisa por uns tempos”, disse o músico. M câncer na próstata e no fígado. O músico morreu devido à Foi anunciado esse ano que a banda irlandesa de rock Chi Cheng, baixista do contração de um vírus após alternativo The Cranberries, separada desde 2003, está Deftones que sofreu um grave uma cirurgia. M preparando uma volta aos palcos para o ano que vem. De acidente de automóvel há quase acordo com a vocalista e guitarrista Dolores O’Riordan, ela um ano e ficou alguns meses A banda norte-americana de e os demais integrantes do quarteto não se juntarão apenas inconsciente, foi removido do indie rock Pavement, que se para shows, e também trabalharão na composição músicas hospital para sua casa, onde separou em 1999, fará shows novas. Esse material poderá resultar num novo álbum, que tem feito fisioterapia. Chi, de reunião no ano que vem. seria o primeiro de inéditas do Cranberries desde “Wake Up que tem respondido perguntas O primeiro show da volta do And Smell The Coffee”, que saiu em 2001. M através de piscadas de olho, quinteto será no ATP Festival, está tentando formar palavras. na Inglaterra, que acontece no De acordo com o vocalista Wayne Coyne, a banda norte- O Deftones, que se apresenta mês de maio. O percussionista americana de rock experimental Flaming Lips está no primeiro dia do festival Bob Nastanovich já se regravando um clássico da banda inglesa Pink Floyd. E Maquinaria, que acontece nos Jerry Cantrell, guitarrista da banda de grunge metal Alice adiantou em dizer que o não, não é apenas um cover. Segundo Wayne, sua banda dias 07 e 09 de novembro, em In Chains, e Scott Ian, guitarrista da banda de thrash metal Pavement não tocará nada está regravando o álbum “The Dark Side Of The Moon” São Paulo, está tocando com o Anthrax, estão abrindo um barzinho em Las Vegas, chamado inédito nessas apresentações. inteirinho. Wayne também já adiantou que esse trabalho baixista Sergio Vega, que fez Dead Man’s Hand. O estabelecimento, cuja proposta é ter Bob foi além e disse que a contará com participações especiais de nomes como Peaches parte do extinto Quicksand e já uma atmosfera rock’n’roll, ainda terá uma banda da casa, na banda não deve seguir adiante e Henry Rollins. M substituiu Chi no passado. M qual tocarão seus céleres proprietários. M após essa turnê. M

Edição 107 - novembro/dezembro/2009 5 NEWS

O baterista Phil Selway está gravando músicas para seu O cantor inglês Peter Gabriel anunciou para janeiro o Faleceu no dia 26 de setembro primeiro trabalho solo. O disco, no qual Phil assume os lançamento de um novo álbum. Para esse disco, intitulado o baixista Brian Redman, que vocais, conta com participações especiais de nomes como “Scratch My Back”, Peter gravou apenas clássicos do pop, todos tocou na banda canadense o percussionista Glenn Kotche e o multi-instrumentista com arranjos para instrumentos de orquestra. Todas as músicas de metal 3 Inches Of Blood Pat Sansone, ambos integrantes da banda norte-americana do disco foram gravadas duas vezes, sob a produção de Bob entre 2004 e 2006. Brian, que de alternative country Wilco. Ainda não há previsão de Ezrin. Uma gravação foi feita em estúdio e a outra ao vivo com estava com 31 anos de idade, lançamento para esse trabalho, cujo título também não foi orquestra. Após a mixagem, que está sendo feita no momento, foi vítima de um acidente de definido até o momento.M Peter Gabriel decidirá quais músicas entrarão nesse disco. M automóvel em Tacoma, nos Estados Unidos. M Corey Taylor, vocalista da banda de nu metal norte-americana Slipknot, anunciou a formação de uma nova banda, chamada Um músico alemão, Junk Beer Kidnap Band. De acordo com Corey, que ainda canta chamado Ulrich Schnauss, O Radiohead entrará em à frente do Stone Sour, esse novo projeto é bem diferente das abriu um processo contra a estúdio entre o final desse outras duas bandas das quais ele faz parte. O Junk Beer Kidnap banda Guns N’Roses, devido ano e o começo do próximo Band já fez algumas apresentações pelos Estados Unidos, mas a direitos autorais. De acordo para começar a trabalhar em ainda não anunciou o lançamento de nenhum material. M com Ulrich, Axl e companhia novas composições para um copiaram, sem autorização, as próximo álbum, sucessor de De acordo com o vocalista Maynard James Keenan (que músicas “Wherever You Are” “In Rainbows”, que saiu em também canta no Tool e no Puscifer), o A Perfect Circle e “A Strangely Isolated Place” 2007. A produção desse novo planeja se juntar no ano que vem para trabalhar num novo – composições do alemão – em disco ficará mais uma vez a álbum – seu primeiro desde “Emotive”, que saiu em 2004 – e “Riad N’ The Bedouins”, faixa cargo de Nigel Godrich, que fazer uma turnê. A formação que gravou “Emotive” contava que apareceu em “Chinese produziu todos os álbuns com o guitarrista e cabeça do projeto Billy Howerdel, o baixista Democracy”, álbum que o da banda inglesa de rock Jeordie White (também conhecido como Twiggy Ramirez no Guns lançou no ano passado. experimental desde “OK Marilyn Manson), o baterista Josh Freese (que já tocou com Ulrich quer um milhão de Computer”, que saiu em 1997. inúmeras bandas, incluindo Guns N’ Roses, Nine Inch Nails Adam Yauch, integrante do trio nova-iorquino de rap Beastie dólares no processo. O Guns, O guitarrista Ed O’Brien já e Devo) e o guitarrista James Iha (da formação original do Boys diagnosticado em julho com um tumor cancerígeno contudo, nega as acusações. M se adiantou em afirmar que Smashing Pumpkins), além de Maynard. Não está claro com em sua glândula salivar esquerda, revelou estar se sentindo esse próximo trabalho, ainda qual formação a banda trabalhará no próximo ano. M melhor após a operação de remoção do nódulo. O rapper previsão de lançamento, sairá conta que buscou tratamento na Índia, com médicos tibetanos, em formato físico. M e que no momento ele está fazendo uma dieta vegan, devido a recomendações desses doutores. Adam espera que o A cantora canadense Avril lançamento do novo álbum do Beastie Boys, que deveria ter Lavigne e Deryck Whibley, acontecido no mês passado (o que não ocorreu devido a seu líder da banda conterrânea estado de saúde), finalmente ocorra no próximo semestre. M de pop punk, anunciarão que estão se separando. O casal, Mike Alexander, baixista do Evile, ficou muito doente que começou o namoro em repentinamente durante a passagem da banda inglesa de thrash 2004, oficializou o enlace metal pela Suécia, onde o quarteto estava para tocar ao lado da em 2005. De acordo com banda local Amon Amarth, com a qual esteve excursionando declarações de ambos, a pela Europa. O músico piorou e foi levado a um hospital, mas separação foi amigável. M acabou falecendo no dia 05 de outubro. M

Edição 107 - novembro/dezembro/2009 6 NEWS A banda californiana de Pete Doherty, que foi chutado do Libertines em 2004, pouco hardcore Pennywise agendou antes de a banda encerrar atividades de vez, declarou esse ano uma apresentação em um que estava planejando reunir o quarteto britânico de garage rock festival no final do mês e uma para o ano que vem. De acordo com Pete, o baixista John Hassall turnê pela Europa no ano que e o baterista Gary Powell já haviam topado, faltando apenas a vem. Nessas datas, Zoli Téglás, confirmação de Carl Barat, com quem ele dividia as guitarras e vocalista da banda conterrânea os vocais na banda. Carl, contudo, declarou recentemente que no também de hardcore Ignite, ano que vem nada feito, pois está muito ocupado e pretende lançar ficará a cargo dos vocais, já seu primeiro álbum solo no ano que vem. Apesar da negativa, que Jim Lindberg resolveu Carl deixou no ar uma possibilidade de reunião para 2011. M A banda de rock alternativo deixar em agosto a banda Smashing Pumpkins está que ajudou a fundar, no final Os integrantes do Poison The Well deixavam um hotel para trabalhando em material para dos anos 80. Zoli, contudo, é pegar a van e partir para Chicago, onde daria continuidade à um próximo álbum, sucessor de um substituto temporário, e o turnê que está fazendo com o Billy Talent. No estacionamento “Zeitgeist”, que saiu em 2007. Pennywise ainda procura por do hotel, contudo, a banda de metalcore percebeu que sua van Esse novo trabalho da banda, alguém que preencha o posto e trailer, com todo o equipamento dos músicos e material de que agora tem apenas o líder em definitivo. M merchandising, haviam sido roubados. Ainda com esse triste Billy Corgan representando Thurston Moore, vocalista e guitarrista da banda nova- percalço, o quinteto de Miami deu um jeito de continuar com a formação original, se iorquina de rock experimental Sonic Youth, abriu sua própria os shows programados. M chamará “Teargarden By editora, chamada Ecstatic Peace Library. Os primeiros Kaleidoscope”, e trará a lançamentos dessa nova empreitada de Thurston serão Freddy Cricien, vocalista da banda nova-iorquina de hardcore bagatela de 44 músicas. Cada livros de arte do cineasta Dave Markey, do artista Raymond Madball, está se preparando para lançar seu primeiro trabalho uma das faixas desse imenso Pettibon e de sua mulher, Kim Gordon, que toca baixo e como artista solo. Esse disco, no qual Freddy trabalhou com a trabalho será disponibilizada também canta no Sonic Youth, todos esperados para o ano colaboração do DJ Stress, conta ainda com uma participação para download gratuito. Além que vem. O Sonic Youth é uma das atrações da próxima de integrantes do Rancid numa releitura de “London Calling”, desse lançamento virtual, esse edição do festival Planeta Terra, que acontece no dia 07 de clássico do The Clash. O lançamento do álbum, intitulado álbum também sairá numa novembro em São Paulo, no Playcenter. M “Catholic Guilt”, está marcado para o dia 04 de novembro. M série limitada de 11 EP’s. O lançamento ainda não está Danger Mouse, produtor Falceu Chris Puma, guitarrista que ajudou a formar a marcado, mas acontece até o e integrante do Gnarls banda nova-iorquina de metalcore Candiria. Puma tocou no final do ano. M Barkley, anunciou um novo Candiria entre 1992 e 1997. A causa da morte do músico, projeto, formado com James que deixa dois filhos pequenos, não foi revelada.M Rob Halford, vocalista Mercer, vocalista e guitarrista da banda inglesa de heavy da banda indie The Shins. A banda paulistana de rock alternativo Ecos Falsos revelou metal Judas Priest, está A dupla por enquanto se alguns detalhes a respeito do álbum que está gravando no preparando um presente chama Broken Bells, mas já momento. O disco, ainda sem previsão de lançamento, para o final do ano. O cantor adiantou que o nome poderá se chamará “Quase”. De acordo com a banda, cada uma lançará um álbum chamado ser alterado. Os dois lançam das faixas desse trabalho contará com pelo menos uma “Halford III – Winter Songs”. o álbum de estreia desse novo participação especial. Entre os convidados do Ecos estão Além de composições projeto no começo do ano que Martin Mendonça (Pitty), Alejandro Marjanov (do extinto inéditas, esse disco trará vem e já estão trabalhando Detetives), Érika Martins (ex-Penélope), Martim (Zefirina ainda a interpretação de Rob em seu sucessor. M Bomba) e Rafael Laguna (Capim Maluco). M para canções natalinas. M

Edição 107 - novembro/dezembro/2009 7 NEWS Detetives de Sussex, Surgiram nos últimos meses dois boatos a respeito do na Inglaterra, decidiram Rolling Stones. O primeiro foi o de que Charlie Watts havia dar mais uma analisada decidido deixar o posto de baterista do Rolling Stones, o nas circunstâncias que mais tarde foi revelado como sendo pura invenção. O envolvendo a morte de outro foi o de que Mick Taylor, que tocou guitarra na banda Brian Jones, guitarrista entre 1969 e 1974, sendo substituído em 1975 por Ronnie do Rolling Stones, há 40 Wood, estava ameaçando abrir um processo contra seus ex- anos. Os oficiais tomaram colegas devido a dinheiro referente a royalties. Jeff Allen, o essa decisão devido à empresário de Mick, negou tudo. M importância que novos documentos têm no caso, No ano passado, o guitarrista virtuose Joe Satriani abriu um mas ainda não sabem dizer processo contra o Coldplay, alegando que a música “Viva La se uma nova investigação Vida”, faixa-título do álbum mais recente da banda de britpop, chegará a ser aberta. Brian era um plágio de “If I Could Fly”, uma de suas composições. Jones foi encontrado A disputa entre ambas as partes na justiça chegou ao fim. Os morto em julho de 1969 detalhes da resolução não foram revelados, mas especula-se O Creed, que confirmou no fundo de uma piscina, que tenha rolado um acerto financeiro na parada.M reunião há alguns meses após cerca de um mês após ter cinco anos de separação, sido dispensado do Rolling O Public Image Ltd., banda que conta com os vocais de A banda indie nova-iorquina TV On The Radio decidiu lança no início de novembro Stones. O falecimento foi John Lydon (Sex Pistols) e que está parada desde 1992, que agora ficará parado por cerca de um ano. Durante esse o lançamento de um novo tido como acidental, mas voltará à ativa em dezembro. A banda fará alguns shows tempo os integrantes poderão trabalhar em outros projetos. O álbum, intitulado “Full sempre circularam rumores pela Inglaterra nesse mês para comemorar os 30 anos de vocalista Tunde Adebimpe deve se dedicar ao Nowheremen, Circle”, o primeiro trabalho sobre a possibilidade de lançamento de “Metal Box”, seu segundo álbum. Até o projeto de rap que formou com e ; o da banda de pop rock da um assassinato. M momento não se sabe se o PiL continuará se apresentando guitarrista e vocalista se voltará a sua carreira Flórida desde “Weathered”, após esses shows comemorativos. M solo, na qual utiliza o codinome Rain Machine; o produtor que saiu em 2001. M David Sitek, por sua vez, também está trabalhando num O The Get Up Kids, reunido desde o ano passado, revelou novo projeto. M Rob Zombie lançaria no ter gravado nove novas músicas. Essas faixas estão sendo dia 17 de novembro o disco mixadas no momento. De acordo com uma declaração da “Hellbilly Deluxe 2: Noble banda emo, contudo, esse material não será lançado num Jackals, Penny Dreadfuls novo disco. Segundo essa declaração, essas músicas serão And The Systematic lançadas em vinis e outros lançamentos em edição limitada. Dehumanization Of Cool”, O último álbum do Get Up Kids, “Guilt Show”, foi lançado continuação de “Hellbilly em 2004. M Deluxe”, álbum de estreia de Rob como artista solo, O vocalista Lukas Rossi (ex-Rockstar Supernova), o lançado em 1998. O guitarrista Marcos Curiel (P.O.D.), o baixista Joe Loeffler lançamento desse novo (ex-Chevelle) e o baterista Dave Bruckner (ex-Papa Roach) trabalho do cantor e cineasta se juntaram para formar um novo projeto. Essa banda se norte-americano, contudo, chama Daylight Division. O quarteto já está gravando foi adiado para o ano que músicas, mas ainda não anunciou o lançamento de seu vem, em data ainda não trabalho de estreia. M definida. M

Edição 107 - novembro/dezembro/2009 8 SHOWS Shows para todos os gostos na banda é melhor ainda. Veteranos do Amorphis fazem bonito Mostra do Prêmio Dynamite de Música Independente Os guitarristas Tomás e abrindo para o Children Of Bodom 03 e 04/10/2009 – São Paulo – SESC Pompéia Diogo tocam com muita 12/09/2009 – São Paulo – Via Funchal garra, mas os olhos primeira banda a se apresentar na Mostra do Prêmio Dynamite são constantemente de Música Independente foi o Instiga. O trio de Campinas/SP atraídos para o A.aqueceu os presentes com sua peculiar mistura de indie rock vocalista Lucas, com a mpb de nomes como Chico Buarque e Belchior. Durante descalço, que se move sua apresentação, o como se sentisse a Instiga fez os que já música passando por conheciam cantarem dentro de seu corpo. junto e despertou Na sequência veio a curiosidade nos que Rock Rocket dupla brasiliense Lucy ainda não estavam And The Popsonics, familiarizados com sua com seu electro rock modernoso, tocando músicas dançantes, Amorphis música. como “Garota Rock Inglês”, “Chick Chick Boom”, “Eletronische Dando continuidade à Musik” e “Coração A longa espera acabou. O público brasileiro Mostra, o Seychelles, Empacotado”. É finalmente teve a oportunidade de conferir a da capital paulista, fez necessário dizer que banda finlandesa Amorphis ao vivo. Mesmo um show com uma Fernanda canta todas sendo banda de abertura de uma das Instiga pegada bem diferente as músicas exatamente novas (mas nem tanto) sensações do metal da banda que havia do mesmo jeito, o que mainstream – seus conterrâneos do Children acabado de se apresentar. Apesar da diferença de postura – um faz com que todas elas Of Bodom –, os veteranos conseguiram saciar tanto mais polida –, o Seychelles divide com o Instiga a mistura de fiquem extremamente a sede de vê-los tocando ao vivo por aqui. referências da música internacional (que vão do rock psicodélico parecidas e com que O grupo tocou músicas de quase toda a à música eletrônica) com inspirações brasileiras, como o Secos & o show logo cause sua discografia, deixando de fora alguns Molhados. O Seychelles usou boa parte do tempo para apresentar cansaço. Além disso, álbuns importantes de sua carreira, como músicas de seu álbum mais recente, “Nananenen”, como “No a versão electro para o primeiro e mais pesado “The Karelian Caminho de Shangri-la”, “Highway” e “Poperô”. “Refuse/Resist”, do Insthmus” (1992), “Tuonela” (1998) e “Far Para encerrar a noite, Sepultura, não colou R.Sigma From The Sun” (2003), mas agradou em os também paulistanos de jeito nenhum. cheio ao executar com maestria clássicos do Rock Rocket, A última banda a se apresentar foi a recifense Rádio de Outono, de sua carreira, como “Black Winter notadamente a atração quarteto de pop rock que começou carreira sem guitarra, com Day”, “Against Widows”, e “Alone”, além mais aguardada, que melodias guiadas por um teclado simpático, e que apresentou de músicas da nova fase, com o atual incendiou o palco nesse show uma nova formação, agora com guitarra e sem teclado. vocalista Tomi Joutsen, como “Seaves com seu rock sujo, Nesse novo formato Scar” e “Toward And Against”. Do novo Rádio de Outono simples e direto. a banda mostrou lançamento, “Skyforger” (2009), tocaram Tocaram músicas versões diferentes, “Sampo” e “Silver Bride”, abrindo com a como “Ninfomaníaca”, inevitavelmente mais introdução do novo disco. Tomi assumiu “Por Um Rock’n’Roll pesadas, de músicas perfeitamente os vocais do Amorphis, não Mais Alcoólatra e como “Espelhos deixando a desejar tanto em suas músicas I n c o n s e q u e n t e ” , Seychelles Quebrados”, por como de seus antecessores Pasi Koskinen “Cerveja Barata” (que exemplo. O Rádio e Tomi Koivusaari. A espera valeu a pena. foi cantada em coro) e “Puro Amor Em Alto Mar”, que serviu para o de Outono encerrou E pela terceira vez tivemos tocando por encerramento da apresentação, regada a cerveja. a Mostra com um aqui o Children Of Bodom, que passeou A segunda noite da mostra iniciada com a banda carioca R.Sigma, show animado, bem por toda sua discografia, tocando quinteto que funde em seu som influências diversas e distantes. O sob uma belíssima músicas de todos os seus álbuns. M resultado da junção dessas referências é uma identidade sonora iluminação.M bastante interessante, com um excelente trabalho instrumental e Texto: Rodrigo “Khall” Ramos uma preocupação bacana com as letras. Para melhorar, em ação a Texto: Bruno Palma - Fotos: Hanilton Scofield Foto: Pepe Brandão

Edição 107 - novembro/dezembro/2009 9 SHOWS

Pet Shop Boys faz melhor show de sua carreira de 25 anos Prodigy tem ponto alto nos antigos hits em show em São Paulo 13/10/2009 – São Paulo – Credicard Hall 23/10/2009 - São Paulo - Via Funchal

om conceitos tão marcantes s fãs do electro punk e eletrônico Daniel Peixoto quanto suas melodias, a dupla aguardavam impacientes o Csubiu no palco do Credicard lançamento do quinto álbum dos Hall com pouco menos de meia hora O britânicos do Prodigy, “Invaders Must Die”. de atraso, já impressionando os E nós, brasileiros amantes do estilo pesado, desavisados com uma performance ficamos alucinados com a noticia da turnê do do clássico “Heart”, usando cubos grupo, e de quebra com a formação clássica coloridos na cabeça. do primeiro álbum “Fat Of The Land”, com Cubos, cubos, e mais cubos. A dupla Liam Howlett, Keith Flint e Maxim. explorou de todas as formas possíveis Não só a formação antiga está de volta. o conceito da arte de seu décimo Os beats alucinantes e a antiga pegada álbum, “Yes”, visto do começo ao electro fazem presença nesse novíssimo fim do espetáculo. O próprio cenário trabalho. consiste em duas paredes feitas de A última apresentação da banda foi cubos, que servem como telões para em 2006, no Skol Beats, e o público a projeção dos vídeos psicodélicos brasileiro esperou ansiosamente que acompanham os hits cuidadosamente escolhidos para embalar a multidão de fãs. pelo retorno do Prodigy, pois a Após o animado primeiro bloco, que incluiu um trecho da favorita “Can You Forgive apresentação nessa ocasião foi Her”, meticulosamente mixada com a inédita “Pandemonium” (que dá nome à turnê), memorável. a parede de cubos é derrubada durante “Building A Wall” – a dupla é chegada em Mesmo sendo um evento com várias ironia – e são revelados ainda mais cubos previamente posicionados para receber as atrações, inclusive internacionais, a projeções, sempre criativas. banda foi recebida por seu público Uma versão do hino “Go West” misturada com samples do lado B “Paninaro” fez a fiel e simpatizantes, todos a postos casa toda dançar e imitar a coreografia dos dançarinos, que pareciam se divertir com para ouvir os sons dos álbuns aquilo. Os fãs mais hardcore se deliciaram com a performance da antiguíssima “Two antigos e de maior sucesso. Divided By Zero”, nunca antes incluída nos show da dupla, recauchutada pelo genial Prodigy A abertura do evento contou com diretor musical da turnê, Stuart Price (Les Rythmes Digitales). Daniel Peixoto (ex-Montage), As batidas cessaram por alguns minutos com o início do bloco de baladas, todas Mixhell (de Iggor Cavalera, ex-Sepultura e atual Cavalera Conspiracy) e do acompanhadas por coreografias de dança contemporânea – muito adequado e fantástico DJ Marky, que, com seu inconfundível DJ Marky classudo. A escolha de canções favoreceu o conceito do show e não a popularidade, drum’n’bass, fez ferver o público antes da com “Do I Have To” e “King’s Cross” tomando o lugar de favoritas como “Love Comes entrada da atração principal. Quickly”, manobra que acabou por não prender muito a atenção do público. Os incendiários entraram às 23h40, O ritmo foi retomado com “Se A Vida É” e trechos de “Discoteca” e “Domino Dancing”, aproximadamente, e o show rendeu quase 90 que serviram de introdução para a grande surpresa da noite: um cover de “Viva La Vida”, minutos, com os pontos fortes nos já conhecidos do Coldplay. Os vocais de Neil Tennant deram um toque único à canção, assim como seu e ensurdecedores hits “Breathe”, “Poison”, figurino de rei, com direito a coroa dourada e capa esvoaçante. O público vibrou e cantou “Firestarter” e “Smack My Bitch”. a pedido do vocalista, que sem dúvida deveria considerar uma regravação do hit. Outro ponto O show encerrou com uma repaginada “It’s A Sin”, cantada em coro pelo público da casa forte que notei em meio à chuva de papéis picados. Neil e Chris saem do palco, mas voltam logo em foram os efeitos seguida com chapéus extravagantes para o bis – a nostálgica “Being Boring” e a primeira de luz dando música de sua carreira, “West End Girls”, ambas com arranjos simples e eficientes. um brilho maior E assim, os Pet Shop Boys, agora cinquentões, mais uma vez provam que música à sonorização pop pode ser inteligente e despretensiosa, com um espetáculo à altura dos monstros expressiva da comerciais de hoje em dia. M banda. M

Texto: André Felipe “Foca” Texto: Nando Marques Hanilton Scofield Foto: Produgy Fotos: Everton “Pardal” Soares

Edição 107 - novembro/dezembro/2009 10 FORA DO EIXO Tiny Cables Ink Festival Rockingá apresenta a nata da música independente maringuense 13 e 14/09/2009 – Maringá/PR – Fernandes Bar

primeira atração da primeira lembrando bastante Radiohead e noite foi a menina prodígio Nina Coldplay. A banda comove com suas Nina Nobrega A Nóbrega, minha próxima aposta melodias. Os Bandidos Molhados no rock’n’roll. Nina ainda tem pouca A segunda atração foi o Brian idade (apenas 13 aninhos), mas muita Oblivion e Seus Raios Catódicos, atitude e técnica. Nina é uma musicista banda do circuito surf music e uma das completa. Suas letras são divertidas, mais tradicionais da cidade. A banda Brian Oblivion & Seus Raios Catódicos e as canções convidativas, ora tocou desfalcada de seu baixista. estranhas, mas com muita sofisticação Em compensação, o guitarrista na levada. Na apresentação, mostrou Gustavo e o batera Paulo mostraram total segurança e muita alegria, competência e muita técnica. Foi uma conquistando a todos. apresentação contagiante, memorável Na sequência veio o N.O.V.A., oriunda e bastante envolvente. Nova do punk maringaense. Seu trabalho Umas das bandas que mais me flui com muita particularidade entre chamou atenção pelo requinte e o punk, pós-punk e o eletrônico. As qualidade técnica foi o Hospital letras, cantadas em português, dão Doors. Mandando super bem na o tom soturno numa atmosfera dark apresentação, com destaque para as por meio da guitarra e os recursos guitarras dissonantes e o vocal com eletrônicos. boa entonação e muito marcante, a Os ex-cabeludos d’Os Bandidos banda faz um indie rock bem dançante Molhados foram a terceira banda a e que pode agitar as pistas e festas alternativas. Professor Astromar & Os Criadores De Lobisomem se apresentar, com um surf music cheio de técnica. Com atitude e muita Assim como a banda Professor energia contagiaram o Fernandes Astromar & Os Criadores de Bar, que ficou pequeno pra eles. Lobisomem, o José Ferreira e Seus O Professor Astromar & Os Criadores Amigos também estavam fazendo Hospital Doors de Lobisomem, que veio depois, faz teste com o novo baterista, e nada um punk e rock nacional cantado em melhor do que um festival para português, despretensioso e cheio de tal. A banda mostrou no Rockingá humor ácido. A banda aproveitou o suas músicas cheias de requintes, festival para testar o novo baterista vivências e histórias pessoais. Josué, que arrebentou. A Inimitável Fábrica de Jipes, que Um dos shows mais esperados e encerrou o evento, tocou em trio, performáticos da noite era o do Betty com um batera tocando cajon. Mas By Alone, que fechou em grande não fizeram feio. Aliás, tiraram onda José Ferreira & Seus Amigos Betty By Alone estilo a primeira noite do festival com com um indie pop que contagia de seu indie pesado, músicas cantadas verdade, com muita qualidade técnica A Inimitável Fábrica De Jipes em inglês, riffs de guitarra fortes e e criatividade e letras cantadas em uma galera agitando muito, apesar do português, com uma simplicidade pouco espaço. poética e um estilo pé na estrada todo A primeira banda da segunda noite especial. M foi o Tiny Cables Ink, que fez uma apresentação bastante intimista, Texto e fotos: Everton “Pardal” Soares

Edição 107 - novembro/dezembro/2009 11 SHOWS INTERNACIONAIS Primal Fear mostra por que é uma das maiores bandas de metal do mundo em Nova York Festival Outside Lands entra de vez para lista dos melhores do mundo 12/09/2009 – Nova York – Blender Theater at Gramercy 28 a 30/08/2009 – São Francisco – Golden Gate Park

s primeiros a tocar Pearl Jam foram o Martyrd, banda Orecente, o que fica aparente pela pouca idade de seus membros. O som deles tenta reviver o thrash metal clássico, só que o mais puxado para as bandas mais técnicas, como Testament e Megadeth. Ou seja, nada de novo, mas pelo menos foge do lixo atual. A segunda banda, Arctic Flame, entrou com pinta de profissional, mas acabou sendo amadora. Em primeiro ão Francisco é o berço da cultura hippie dos anos 60 e uma cidade muito musical. lugar, cada um tem um Tão musical que seria muito injusto se ela continuasse sem um festival de grande visual totalmente diferente, Sporte e que durasse mais de um dia. Felizmente, desde o ano passado, com a parecendo serem pessoas de primeira edição do festival Outside Lands no Golden Gate Park, São Francisco agora está bandas diferentes. Esta disparidade visual, somada ao fato de serem duros no palco e de volta à cena cultural e musical com uma produção e um line up de dar inveja. saírem do tempo algumas vezes, fizeram com que um som e uma musicalidade superiores No primeiro dia, chegamos cedo e conseguimos ver a primeira banda em um dos (comparados aos da primeira banda) não fossem tão aproveitados. palquinhos pequenos: Duke Spirit. Havia pouca gente para ouvi-los, mas os poucos por lá Quando entrou o Primal Fear esqueci de imediato tudo o que havia ouvido antes. Claro, a estavam curtindo bastante. O The National também se apresentou e agradou muito. Set banda principal tem direito a uma melhor qualidade de som, mas a qualidade das músicas, list perfeito e com uma ótima apresentação. Built To Spill foi a surpresa da noite. Reuniu dos músicos, da técnica e das performances estava anos-luz de distância do que havia muita gente no palco principal, pelo qual ainda passou o Incubus, que animou a galera com passado antes naquele mesmo palco. O Primal Fear detonou os pobres coitados e mostrou um set list que misturou músicas antigas e novas. Para fechar a noite, duas horas de Pearl porque é uma das melhores bandas do metal mundial. Jam. A banda continua grande e com fãs de todo o mundo. A intro é tocada no P.A.’s enquanto a banda entra no palco. Por ela sabemos que a No segundo dia tivemos a oportunidade de ver uma banda de música africana chamada primeira música do show é “Under The Radar”, do excelente último álbum “16.6 (Before Extra Golden. Logo em seguida, a nova banda de Tom Morello. O Street Sweeper Social The Devil Knows You’re Dead)”. Club agitou a galera e pôs muita gente pra pular. Jason Mraz também se apresentou neste “Battalions Of Fate” e “Killbound” abrem espaço para a velocidade da clássica “Nuclear dia, mas não agradou muito a galera, que estava lá era para ver o Black Eyed Peas. Os Fire”. Neste ponto o público já está delirando e canta furiosamente o refrão de “Six Mutantes também se apresentaram com um repertório de músicas do novo CD e das Times Dead (16.6)”. “Angel In Black” entra rasgando e precede um interessante duelo de antigas. O grupo Black Eyed Peas de fato tem uma presença de palco marcante e que guitarras entre Henny Wolter e Magnus Karlsson, que termina com os dois detonando em chama todo mundo pra dançar. Muita gente cantando as músicas e Fergie até deu uma uníssono. palhinha de seu trabalho solo. Para fechar a noite, duas horas e meia de show com Dave A banda volta completa ao palco e “Sign Of Fear” mostra o lado mais robhalfordiano de Mattews Band. Com um set focado no último álbum do grupo, deixou de lado os grandes Ralf. Logo ele é acompanhado por Pamela Moore para cantarem juntos a balada “Fighting sucessos como “Crash Into Me” e “#41”. Dave Mattews estava bem animado, brincou com The Darkness”. “Riding The Eagle” entra com tudo e não deixa pedra sobre pedra. Após a a platéia o tempo todo e dançou bastante. A mulherada foi ao delírio. breve introdução fantasmagórica, “Final Embrace” continua o massacre, que é completado No último dia, a nova banda de Jack White, The Dead Weather, subiu ao palco com um por um dos maiores hinos contemporâneos do heavy metal: “Metal Is Forever”, dedicada público bem curioso para vê-lo, sem muito se importar com a sua música. Logo em seguida, pela banda a todos os fãs de metal. foi a vez do Modest Mouse subir no palco principal, que agradou aos ouvidos dos que Para o bis, os músicos pegaram cadeiras e tocaram a semi-acústica “Hands Of Time”, com estavam por lá. M.I.A. também cantou neste mesmo palco, com muita gente simplesmente os membros da banda se revezando nos vocais. A introdução com teclado trouxe “Seven a fim de dançar e se divertir, apesar de o show não ter sido dos melhores. A Band Of Horses Seals”, uma vez que já estávamos em “território mais calmo”. Só que a coisa não ficou foi outra grande surpresa. Com uma pegada meio country, conseguiram agradar e segurar assim não: a noite foi fechada com “Chainbreaker”, a primeiríssima música que a banda o público até o fim do show. Para fechar o festival de uma maneira bem triste, ao invés de compôs lá atrás, em 1997, e não surpreendentemente bem no estilo do Judas Priest. M termos os Beastie Boys – por conta do câncer de garganta de Adam Yauch –, o Tenacious D subiu ao palco. Jack Black é bem engraçado, mas a decepção de não ouvir o trio, me fez Texto: Micki Mihich - Foto: Simone Mihich Bueno ir embora mais cedo. M Texto: Deise de Oliveira - Foto: Jacqueline Conrado

Edição 107 - novembro/dezembro/2009 12 Texto e fotos by Rodrigo “Khall” Ramos

ompletando 20 anos de estrada, o Pentacrostic lança seu quarto álbum, intitulado “The Meaning Of Life”, que conta com as participações de Fábio Jhásko (Sarcófago) e Di Lalo (ex-Andralls) e traz uma nova formação, que hoje conta com Marcelo Sanctun (baixo e vocal), André Gubber (guitarra), Ricardo Costa (guitarra) e LeandroC Gavazzi (bateria). Falamos com Marcelo Sanctum, também conhecido como Franja, e com o novo guitarrista Ricardo Costa. Eles nos contaram a quantas anda a banda, uma veterana na cena underground brasileira.

PENTACROSTIC 20 anos na cena do metal underground

Edição 107 - novembro/dezembro/2009 13 PENTACROSTIC

Dynamite: Para alguns desavisados, parece que a banda deu uma Cada um cuida de uma parada. Conte para os leitores o que a banda andou fazendo nos últimos tempos. porção da banda e estão todos Marcelo Sanctum: Nunca paramos. Estamos sempre ensaiando e se saindo muito bem, tanto compondo, e o motivo de não aparecermos muito em shows era pela formação, que estávamos que o resultado está aí, com o tentando estabilizar esse tempo todo. tão aguardado lançamento de Dyna: Qual é o motivo de a banda “The Meaning Of Life”. aparecer tão pouco na cena nacional? Ricardo Costa: Talvez essa sumida que você citou tenha trazido essa consequência. Mas estamos recuperando nosso espaço aos poucos, e o lançamento do “The Meaning Of Life” está trazendo mais oportunidades para a banda aparecer novamente, até alcançar o seu devido lugar no cenário nacional. Essa turnê com o Otargos [banda de black metal da França] também será bastante importante para esse momento que a banda está vivendo o ressurgimento.

Dyna: Nos últimos anos houveram algumas mudanças na formação. Você acredita que essa atual dure mais que as anteriores? E como chegaram a essa formação, afinal? Ricardo: Esperamos que dure para sempre, igual ao Rolling Stones (risos). Estamos todos bem cientes sobre o que fazer. Cada um cuida de uma porção da banda e estão todos se saindo muito bem, tanto que o resultado está aí, com o tão aguardado lançamento de “The Meaning Of Life”, turnê pelo sul e sudeste do Brasil em outubro e novembro, relançamento do primeiro álbum, “The Pain Tears”, no início do ano que vem, e o lançamento da demo “Welcome To The Suffering” em split CD nos Estados Unidos. Por esse motivo, eu acredito que seja uma formação duradoura a atual, se não definitiva.

Edição 107 - novembro/dezembro/2009 14 PENTACROSTIC

Dyna: O novo disco, “The Meaning Of Life”, que a banda acaba de lançar, parece ser o álbum mais trabalhado da banda. Comente como foi sua criação. Marcelo: Queremos crescer cada vez mais musicalmente, sem perder as características da banda, e foi com muita dedicação que consegui criar esse trabalho. Nunca é fácil, mas tem que ter muita dedicação para ser um Pentacrostic.

Dyna: A produção ficou por conta do guitarrista Di Lallo, que tocou no Andralls e também participou de algumas faixas, assim como o Fabião, do Sarcófago. Como você reuniu essas pessoas para realizar esse trabalho? Marcelo: Bom, eu combinei com o Leandro que agente teria que gravar algo novo para o Pentacrostic, e assim nos dedicamos juntos para realizar e foi aí que veio a ideia de convidar o Di lallo e o Fabio para participar nos solos do CD, já que os dois guitarristas da banda não queriam nada com nada. Hoje, ambos são ex-integrantes por esse motivo.

Dyna: Esse disco foi o primeiro da banda lançado sem o apoio da Hellion. Quais foram as dificuldades de lançá-lo? Tem que ter muita dedicação para ser um Pentacrostic.

Ricardo: As dificuldades são enormes. Bancar tudo sozinho não é para qualquer bolso, principalmente na atual situação do País. Batemos em muitas portas, mas todo mundo se recusou a colocar a mão no bolso para fazer esse lançamento. Aí encontramos o Medey, que está começando um trabalho bem sério com o seu selo, o Old Pride Records, e ele resolveu lançar o álbum junto com a banda. Está dando tão certo essa parceria que relançaremos o “The Pain Tears” com alguns bônus em março do ano que vem aqui no Brasil. Depois disso, veio a parceria com o Silvio e a Voice Music.

Dyna: Quais são os planos da banda para a promoção desse CD? Ricardo: Não dão muito espaço para divulgarmos nada por aqui, a não ser os sites e revistas especializadas. Por esse motivo estamos focando mais para a divulgação lá fora, através de contatos que temos e do próprio MySpace. Hoje mantemos tudo atualizado a respeito do que acontece com a banda e estamos partindo para outros veículos, como o site ReverbNation.com, onde a gente tem uma página também. Lá disponibilizamos alguns sons para ouvir em streaming, e, quem quiser, também pode comprar as músicas, ou o CD, online. Contamos também com essa grande parceria que fechamos com a Voice Music, que será responsável pela divulgação do mesmo na mídia impressa e digital, e distribuição em algumas lojas também.

Edição 107 - novembro/dezembro/2009 15 PENTACROSTIC

Dyna: Vocês pretendem lançar lá fora também? Ricardo: Inicialmente, o álbum terá distribuição em países como Portugal e Alemanha, através de pequenos selos desses países. Estamos correndo atrás de outros selos em outros países, como o Japão, por exemplo, só que a atual crise está dificultando um pouco esse trabalho. Mas estamos bastante confiantes e acreditamos na distribuição do mesmo em outros países.

Dyna: O Pentacrostic tocou recentemente em Minas Gerais e no Rio de Janeiro. Como foram esses shows, e por onde mais a banda tocará? Marcelo: Os shows foram legais. Estamos apenas começando a aparecer, até porque nunca fomos uma banda de tocar muito, e agora queremos tocar muito. Entramos numa turnê com o Otargos, na qual tocaremos em cidades como São Paulo, Campinas/SP, Sorocaba/SP, Curitiba, Juiz de Fora/MG, Rio de Janeiro e também no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.

Dyna: Você é o único membro da formação inicial e a banda está fazendo 20 anos de estrada. Quando você fundou a banda você imaginaria que chegaria tão longe assim? Marcelo: Sim. Sempre gostei de tocar, e quando montei o Pentacrostic isso se tornou a minha vida. Sempre coloquei em primeiro a banda.

Gravadoras, shows furados, formação, Gente falando mal, família, foram algumas dificuldades que tivemos que enfrentar.

Dyna: Quais foram as dificuldades encontradas pelo caminho durante essas duas décadas? Marcelo: Foram muitas. Gravadoras, shows furados, muitos tapas na cara, formação, gente falando mal, família... Essas foram algumas dificuldades que tive que enfrentar e partir para cima, mas a vontade sempre foi muita de tocar no Pentacrostic. Hoje eu vejo desgraça com um bom humor. Nada mais me atrapalha.

Dyna: Quais os motivos da saída dos membros anteriores e o que eles estão fazendo hoje em dia? Vocês ainda mantêm contato? Marcelo: Os motivos foram a dedicação. Ficamos perdendo tempo com uns caras que na verdade só faziam festa nos ensaios e nada de levar as coisas a sério. Para tocar no Pentacrostic, eu vejo assim: você tem que gostar muito de música e dedicar sua vida totalmente a ela, se não você não consegue mesmo se manter na banda. Esse sempre foi o problema. Não sei o que esses caras estão fazendo, e também nem quero saber; não tenho contato, não tenho tempo para ficar querendo saber o que os outros estão fazendo. Quero muita distância de gente parada. Quem fica parado é poste (risos).

Dyna: Deixe o contato do Pentacrostic para que os fãs consigam encontrar o novo disco. Ricardo: É fácil adquirir o novo álbum. É só entrar em contato com a gente através do nosso e-mail ([email protected]) ou diretamente pela página da banda no MySpace (www.myspace.com/pentacrosticbr) e ReverbNation (www.reverbnation.com/ pentacrosticbr). O álbum também estará disponível na Galeria do Rock, em São Paulo, e em sites de vendas online, como o iTunes, Napster e Amazon.com. M

Edição 107 - novembro/dezembro/2009 16 By Everton “Pardal” Soares Imagens: divulgação Zebra Zebra Buscando fazer diferente

ormada em 2001 por Kenney (vocal e guitarra), Eric (guitarra), Paulo Jotaerre (baixo) e Leonardo (bateria), a banda Same Joke faturou em 2007 o prêmio Demofest Estudantil, iniciativa realizada pela Dynamite. FNo ano passado, a banda surgida em São Vicente, no litoral paulista, que já havia mudado seu nomes para Zebra Zebra, faturou dois prêmios pelo clipe para “Sobre Mulheres e Flores” no festival Curta Santos na categoria “Videoclipe Caiçara”: melhor videoclipe e melhor direção. Em 2009, o quarteto lançou seu álbum de estreia, intitulado “Cabeças Novas Também Mofam”, e faturou mais dois prêmios na mesma categoria do Curta Santos, dessa vez pelo clipe de “Já dizia a minha vó”: melhor performance e, novamente, melhor videoclipe. Kennedy Lui, o frontman do Zebra Zebra, deu uma entrevista à Dynamite, contando um pouco sobre essa trajetória da banda até aqui e as expectativas para o futuro. Confira:

Edição 107 - novembro/dezembro/2009 17 ZEBRA ZEBRA

Dynamite: Qual o motivo da mudança do nome de Same Joke para Zebra Zebra? E como tem sido a repercussão desse novo trabalho, “Cabeças Novas Também Mofam”? Kennedy Lui: Chegamos num momento em que percebemos que Same Joke não representava nosso som, não nos representava como banda e como pessoas. Nunca cantamos em inglês e, definitivamente, Same Joke não nos representava mais. Então escolhemos um nome intrigante, em português e que tivesse algo ligado ao Brasil, a alguma gíria que sugerisse imprevisibilidade. Daí surgiu Zebra Zebra. O “Cabeças Novas Também Mofam” é o nosso primeiro álbum. Ele realmente apresenta o som da banda e qual a nossa proposta. A resposta tem sido ótima. Boas críticas. O disco chegou a ser apontado como um dos melhores discos do ano de 2009 entre alguns veículos e blogs. Nós liberamos o disco para download gratuito no nosso site (www.zebrazebra.com.br) e ele tem se espalhado rapidamente, o que é ótimo para nós.

Dyna: Qual a expectativa da banda diante desse disco? Neste álbum vocês mantêm a mesma linha de trabalho, as mesmas influências? Kennedy: Nossa expectativa é levar as músicas para lugares que antes pareciam impossíveis de alcançar, tocar em outras cidades e divulgar o Zebra Zebra no Brasil inteiro. A nossa origem é no hardcore, mas nesse disco nós ampliamos muito os nossos horizontes. Temos muita influência de samba rock, bossa nova e rock alternativo, entre outros. Os fãs de Zebra Zebra devem esperar sempre uma banda que busca originalidade de fato, por mais clichê que isso possa parecer. Podem esperar quatro caras que buscam o melhor possível dentro de suas limitações. Não somos virtuosos e nem queremos ser previsíveis. Somos Zebra Zebra e isso diz muito para nós. Temos orgulho do que fazemos e do que sabemos que podemos alcançar.

Dyna: De onde o Zebra Zebra busca inspiração para seu trabalho? Kennedy: Nós ouvimos muita coisa. Alguns artistas são unanimidades entre os integrantes, como Jorge Ben Jor, Arctic Monkeys, Bloc Party, Street Bulldogs e Garage Fuzz. Eu escuto bastante também Beck, Björk, Ben Harper, Beastie Boys e Tim Maia. Esses artistas formam nossa influência musical. Mas todo tipo de informação que recebemos vira inspiração. Quem compõe fica sempre com a antena ligada para o mundo. De um filme sai uma idéia. De uma discussão sai um riff, de um grafite sai um tema. Dyna: Em quanto tempo vocês gravaram esse disco? Comentem sobre a produção. Kennedy: Gravamos o disco em exatamente um ano. Como em toda banda independente no Brasil, os quatro integrantes têm trabalhos paralelos, e por isso gravamos o disco só nos finais de semana. Por isso demoramos tanto. O disco tem 13 faixas, sendo 11 faixas oficiais e duas bônus. Procuramos fazer tudo com muito cuidado. O produtor é o Fabrício de Souza, baixista do Garage Fuzz. Ele nos ajudou muito com a experiência dele em timbres e etc. Foi muito bom trabalhar com ele e espero que isso se repita. Gravamos em Santos, no Estúdio Noname, com Victor Fernandez, que é um cara bem detalhista. Fizemos boas escolhas e nos dedicamos para nos orgulharmos do resultado. E aconteceu.

Edição 107 - novembro/dezembro/2009 18 Dyna: Além da exibição de clipes do Zebra Zebra em alguns veículos de mídia, como internet e TV, o que você diria que levou a banda ao status adquirido na cena indie brasileira? Kennedy: Na verdade, não sabemos bem qual esse status adquirido. Quem vai aos shows gosta muito da execução das músicas e da energia que aplicamos na performance. Isso conta bastante. O que a gente procura fazer é produzir bastante coisa que nos ligue ao nosso público, como o nosso podcast Zebra Zebra TV, promoções na internet, shows beneficentes... Buscamos propostas diferenciadas. O show de lançamento do disco foi um exemplo completo disso. Fizemos num lugar bacana em Santos, na Cadeia Velha, com apenas duas bandas: a gente e o Ecos Falsos. E a entrada era um livro usado. Os livros foram doados para uma escola municipal de São Vicente. Tudo isso virou um episódio do nosso podcast. São tantas ferramentas possíveis na internet que é preciso atuar em algumas delas de forma diferenciada. Então acho que, independente do veículo, boas idéias sempre são bem vistas.

Dyna: Como vocês avaliam a cena musical atual? Kennedy: Eu não sou daqueles que gostam de falar mal da cena atual. Acho que existem centenas de bandas interessantes, basta estar interessado em encontrá-las. Fato é que a grande mídia ainda trabalha com o famoso jabá. Então quem pode mais aparece mais. Mas também dá para perceber que até a grande mídia está correndo atrás de novas bandas, pois os medalhões O momento do Zebra Zebra é de estão caindo um a um. Sobre shows não mudou muito o que sempre aconteceu. Tem as casas bacanas que promovem shows bacanas, mas também tem aqueles shows com 30 bandas liberar mp3 de graça, e torcer para que vendendo 30 convites cada. Ninguém sai ganhando, a não ser o produtor. O público está mais isso se espalhe. exigente – amém – por causa da grande opção de bandas.

Dyna: Com o advento da internet, as bandas ganharam uma ferramenta importante para divulgação. Contudo, não basta apenas ter algo para mostrar, mas ter também um trabalho de qualidade associado à qualidade musical dos integrantes dos grupos. Com isso, os shows atualmente adquiriram uma importância fundamental para os músicos serem bem sucedidos, não é? Kennedy: De fato, a internet abriu as portas para a divulgação. E todo mundo divulga. Por isso é preciso ter diferencial. Qualidade não é uma questão de mercado, é uma questão de seriedade. Se fizermos um show e não sair do jeito que gostamos, todos nós ficamos nos cobrando muito. E quando dá certo é revigorante. Um bom show sempre foi o principal diferencial para a estabilidade da banda. É a hora que você mostra a cara, que dá a cara a tapa; ou bate ou apanha. Nós nos importamos muito, sim. Tentamos fazer um show com diferencial. A gente toca as músicas do disco, além de rolar transições e instrumentos inusitados, como gaita, zabumba, agogô, tamborim, metalofone, violoncelo. É uma farra deliciosa.

Dyna: E qual sua opinião sobre os downloads de mp3 sem autorização dos artistas e a pirataria digital em geral na cena musical? Kennedy: O mercado passa por toda essa reformulação. O momento do Zebra Zebra é de liberar mp3 de graça, e torcer para que isso se espalhe. Quem já tem uma carreira bem sólida está buscando outras formas. DVD me parece a saída mais utilizada hoje. Muitos novos esquemas de comercialização estão surgindo e, enquanto isso, a internet é terra de ninguém; é terra de todo mundo. Eu ainda compro CD. Só os de artistas que valorizam a própria arte. Outros eu baixo mesmo. Se eu gostar eu compro depois.

Edição 107 - novembro/dezembro/2009 19 Dyna: A vitória de vocês no festival Demofest em 2007, ainda como Same Joke, realmente deu uma guinada na vida da banda e abriu novas oportunidades? Kennedy: Para falar a verdade, a gente participa de poucos festivais competitivos. Os poucos que entramos tivemos a sorte de ganhar ou ficar em boa posição. O Zebra Zebra procura entrar mais em festivais audiovisuais com clipes e curtas. É uma forma bacana de levar a banda para outros públicos, outros climas. Só de pensar que o Demofest nos deu a oportunidade de gravar nosso primeiro clipe, e esse clipe foi vencedor do Curta Santos em 2008... E por conta desse prêmio, o nosso clipe foi exibido em dezembro na TV Globo para todo o litoral paulista, para milhões de pessoas. Negar a importância do Demofest seria no mínimo injusto. Foi muito bacana pra gente, além de dar um gás entre os integrantes. Passamos a confiar mais em nós mesmos, na banda, nas músicas.

Dyna: Gostaria que cada um dos integrantes escolhesse a faixa do álbum “Cabeças Novas Também Mofam” com a qual mais se identifica e fizesse um comentário, não importando se for a mesma. Leonardo (baterista): A minha favorita é “Já Dizia Minha Vó”, a primeira faixa. Ela é suingada, dançante, divertida e ao mesmo tempo pesada. Sem contar que é a primeira música desse disco que vai virar clipe. Em breve vamos começar a divulgar. Paulo Jotaerre (baixista): Sei que vai soar clichê ou frase pronta, mas todas as músicas são especiais e únicas. Não é tarefa fácil escolher uma favorita, mas vamos lá. Eu acredito que temos músicas favoritas para momentos diferentes, por isso vou escolher a minha música favorita atualmente (nada É muito bom poder se juntar e criar impede que mude amanhã). A música “O Bicho e o Diamente”, a faixa quatro, é minha escolha. Um filme vem a minha cabeça com facilidade. A letra é fantástica e o instrumental acompanha muito bem. É algo que não existia minutos atrás. suingado na hora certa e prepara o terreno para o final, que é marcante e direto. Eric (guitarrista): Me identifico muito com a “Já Dizia Minha Vó” porque acho que é a música que melhor nos representa. Tem peso, tem suingue e mostra nossas influências. Se uma pessoa quer conhecer a banda por uma música, “Já Dizia Minha Vó” é a mais indicada. Sem contar que eu me empolgo muito tocando. Kennedy: Poxa, é difícil escolher uma música só. Todos nós temos composições que começaram isoladas ou composições em conjunto. Eu admiro o lado criativo do Leonardo, admiro a objetividade do Eric. Deixa eu parar de enrolar e falar logo uma música. Hoje vou escolher “Está Tudo Bem”, a número nove, por ser uma música bem diferente do que estamos habituados a tocar. Tem os arranjos de violoncelo e metalofone. Eu toco violão nessa música. E a letra foi uma verdadeira válvula de escape num momento bem complicado. Mas todas são queridas.

Dyna: Qual o papel da música na vida de vocês? Kennedy: A música e o Zebra Zebra formam a combinação que faz quatro irmãos se juntarem, rirem, brigarem, se concentrarem. Enfim, é o que nos mantém unidos. É como um escape da vida real, mas levado a sério. É muito bom poder se juntar e criar algo que não existia minutos atrás. Para nós, a música representa a felicidade de poder fazer isso. M

www.zebrazebra.com.br [email protected] www.twitter.com/bandazebrazebra www.fotolog.com/bandazebrazebra

Edição 107 - novembro/dezembro/2009 20 By Marcelo Teixeira Imagens: divulgação ANDRALLS Simplesmente Fasthrash!

Edição 107 - novembro/dezembro/2009 21 ANDRALLS

Andralls, formado em São Paulo em 1998, está lançando seu quinto trabalho, intitulado simplesmente “Andralls”. O álbum, aliás, está matador. ONesta entrevista exclusiva para a Dynamite o baterista Alexandre Brito (Xandão), super simpático, fala das mudanças que ocorreram recentemente na banda: a saída do guitarrista Alex Coelho e a posterior entrada de Cleber Orsioli em seu lugar, a decisão da banda virar um trio e, como não podia deixar de ser, o novo disco. Confira aqui os melhores momentos desta entrevista:

Dynamite: O último trabalho de vocês leva o nome da própria banda. Por quê? Algo a ver com simplicidade ou uma nova proposta? Alexandre Brito (Xandão): A gente resolveu dar o nome apenas de “Andralls” porque quando ouvimos o material percebemos que o disco estava realmente a nossa cara, e, além disso, ele representava um novo passo para a banda.

Dyna: Você destacaria uma faixa ou faixas em especial? Xandão: É difícil destacar uma faixa ou outra. Cada um de nós tem suas preferências no álbum. Eu, particularmente, gosto muito da “Crosses Shall Burn”, da “Dynamite” e “Rage Empire”. Mas, no fundo, acho que o disco ficou bom como um todo. Ele está bem compacto, bem direcionado.

Dyna: Gostei muito da música “Dynamite”! É alguma homenagem à nossa revista (risos)? Xandão: (risos) Cara, na real, essa letra é minha, e eu quis homenagear uma banda que gostamos muito que é o AC/DC, por causa daquele som “TNT”, saca? Isso com o titulo da música, pois a temática não tem nada a ver com AC/DC. A gente não tem essa capacidade (risos).

Dyna: Como foi o processo de criação e a gravação de “Andralls”? Xandão: O processo de criação do disco foi igual ao que sempre fizemos: nos juntamos e começamos a ensaiar, e assim vão pintando as ideias, aí um ou outro traz um riff feito ou uma ideia e começamos a trabalhar em cima disso e vamos deixando o som fluir. Já o processo de gravação foi diferente do que estávamos acostumados. A gente optou por gravar no Da Tribo porque lá tivemos a liberdade O processo de criação do disco foi igual de trabalhar do jeito que queríamos. O Milliano e o Treck cuidaram de todo o processo de captação e o Fabiano cuidou da finalização (mixagem e masterização). ao que sempre fizemos: nos juntamos O resultado final nos agradou bastante. Estamos muito satisfeitos com o disco e só e começamos a ensaiar, e assim vão temos a agradecer a todos que se envolveram no projeto. pintando as ideias. Dyna: Por que escolheram Willian Fernandez e Fabiano Penna para a produção? Xandão: A gente os escolheu porque confiamos 100% no trabalho deles, sem falar que os dois são nossos amigos de longa data e têm participação em um monte de vitórias na carreira do Andralls.

Edição 107 - novembro/dezembro/2009 22 ANDRALLS

Dyna: Como está a divulgação do novo trabalho? Xandão: A divulgação começou a ser feita há alguns meses e a gente está satisfeito com o trabalho da Free Mind/Distro Records. A gente já fez cerca de 20 shows por todo o País e o CD está rodando por aí. Acho que o lance é a banda trabalhar em conjunto com o selo e correr atrás das coisas; sem isso, não tem divulgação que vá bem. No momento, a gente acabou de licenciar o disco para o mercado mexicano, para gravadora American Line, e também licenciamos o disco para a gravadora espanhola Xtreem Music, que ficará responsável pelo lançamento mundial. Os lançamentos estão previstos para outubro, tanto no México quanto na Europa e resto do mundo. Agora é trabalhar e fazer muitos shows para divulgar o álbum o máximo possível.

Dyna: Vocês têm alguma turnê marcada? Xandão: Estamos terminando essa primeira parte da turnê nacional, que vai totalizar cerca de 30 shows, passando por todas as regiões do País até novembro. No meio de novembro partiremos para nossa segunda turnê européia. Faremos cerca de 25 shows em países como Itália, Espanha, França, Alemanha, Holanda, Bélgica, Áustria e Suíça.

Dyna: Gostaria que você comentasse a arte do CD, feita por Gustavo Sazes. Xandão: A gente escolheu o Gustavo porque ele vem fazendo ótimos trabalhos ultimamente. Passamos as letras e as músicas para ele e demos liberdade para ele trabalhar. Acredito que essa capa é sem dúvida a melhor capa do Andralls. Estamos contentes com o trabalho final. Ficou bem a cara da banda mesmo.

Dyna: Como foi a parceria com a Free Mind e a Distro Rock? Xandão: Foi uma coisa meio providencial, pois o Rodrigo (Free Mind) já havia esboçado a vontade de trabalhar conosco, e o André (Distro Records) é um amigo nosso de longa data, e ele também tinha o interesse em trabalhar conosco. Eles já haviam feito uma parceria para lançar o Coldblood, que estava dando certo. Aí foi só juntar a fome com a vontade de comer (risos). A gente está bem feliz com o trabalho deles. Tem sido uma ótima parceria e está funcionando bem. Fizemos alguns shows como trio e decidimos ficar nessa formação. Dyna: Como foram as saídas do Di Lallo e Alex Coelho e a entrada do Cleber Orsioli? Xandão: O Di lallo saiu da banda em 2007. Ele havia acabado de se casar e resolveu passar mais tempo em casa e cuidando do estúdio dele. Aí chamamos o Fabiano Penna para dar uma força na turnê que já estava marcada e continuamos trabalhando o disco, que na época estávamos começando a gravar. Como o Penna mora em outro Estado, ficou um pouco difícil conciliar ensaios, shows etc. Fizemos alguns shows como trio e decidimos ficar nessa formação, mesmo porque percebemos que não tinha perdido em nada a potência do som do Andralls. A saída do Alex aconteceu logo depois de terminarmos o CD. Estávamos com a turnê toda marcada, com o lançamento do CD marcado.

Edição 107 - novembro/dezembro/2009 23 ANDRALLS

Aí ele simplesmente falou que não poderia fazer a turnê porque não poderia se ausentar por muito tempo e blá blá blá. O que a gente sabe é que ele tinha começado a namorar uns meses atrás e que a namorada dele não estava contente com a idéia de ele ficar viajando direto. Aí ele optou por ficar com a namorada e nós optamos por continuar. Encontramos rapidamente o Cléber, fizemos alguns ensaios e tudo está rolando lindo e maravilhoso. O Cléber é um puta frontman e está acrescentando muito à banda. Já fizemos uns 20 shows com ele e a galera tem tecido apenas elogios. Acredito que chegamos na formação perfeita.

Dyna: Por que a decisão de voltar a ser um trio? Xandão: Cara, trio é a formação rock, né? Basicão mesmo: bateria, baixo e guitarra. Acho que para a nossa sonoridade se encaixou perfeitamente, pois nosso som é mais baseado em energia, saca? Sem falar que também é bem melhor em outros aspectos: menos gente para viajar, para encher o saco (risos). Até para tirar foto é melhor.

Dyna: Você tem contato com o Di Lallo e o Alex Coelho? Xandão: Com o Denis tenho, afinal somos amigos de infância e nossas famílias moram na mesma rua e no mesmo bairro. Nós nos trombamos de vez enquanto por aqui. Já o Alex eu não vejo tem um tempo. Ele não mora tão perto de casa. Além do mais, ele saiu da banda por e-mail e até hoje não teve a manha de dar uma passadinha aqui na Vila Sacrifício.

Dyna: Vocês foram muito influenciados pelo Slayer. O Korzus, outra banda brasileira influenciada pelo Slayer, foi estigmatizado pela mídia justamente por isso, como se não tivesse identidade musical. Vocês não tiveram receio de serem estigmatizados também? Xandão: Na realidade, não, pois se você pegar para ouvir Slayer e logo depois Andralls, vai perceber que há várias diferenças entre as duas bandas. Somos muito influenciados pelo Slayer, isso não tem como negar, mas acredito que já conseguimos achar nosso caminho dentro da música. Hoje sabemos usar as várias influências que adquirimos durante esses anos e mesclar tudo isso para poder fazer o som do Andralls, um som autêntico, que, para quem conhece a banda, basta ouvir um pouquinho que já dá para identificar. Somos muito influenciados pelo Slayer, Dyna: Vocês encarnam o espírito do thrash. Já pensaram em fazer algo isso não tem como negar, mas acredito diferente, como o Sepultura fez em “Roots”? Xandão: Sinceramente, não, nunca pensamos. Eu, particularmente, gosto muito que já conseguimos achar nosso do “Roots”, mas acho que a gente não está nessa pegada ainda. Vamos fazendo caminho dentro da música. os sons e deixando a pedra rolar.

Dyna: Quais serão os próximos passos do Andralls? Xandão: Agora a gente está se preparando para fazer a nossa segunda turnê na Europa e voltar para o Brasil e tocar. Tocar é a parada; espalhar o som ao máximo.M

Edição 107 - novembro/dezembro/2009 24 By Bruno Palma Fernandes Imagens: divulgação Cidadão Instigado Da maior tranquilidade à extrema loucura

Edição 107 - novembro/dezembro/2009 25 Cidadão Instigado

epois de longos quatro anos de espera, o Cidadão Instigado finalmente lança um novo álbum, sucessor do “Método Tufo de Experiências”. Com o curioso título “UHUUU!”, esse novo trabalho apresenta algumas diferenças na exótica culinária Dmusical promovida pelo conjunto cearense radicado há anos em São Paulo. A atual formação do Cidadão – com Fernando Catatau (voz, guitarra e teclado), Regis Damasceno (guitarra, violão e voz), Rian Batista (baixo e voz), Clayton Martin (bateria acústica e eletrônica) e Kalil Alaia (técnico de som) – gravou esse trabalho mais recente no estúdio Totem, de Kalil, contando com participações de diversos convidados, entre elas Arnaldo Antunes e Edgard Scandurra. Foi no próprio Totem, após um ensaio da banda, que a reportagem da Dynamite conversou com Catatau e Regis sobre “UHUUU!”. Confira:

Dynamite: Para começar, eu gostaria que você me tirasse uma dúvida. Qual sua função no Cidadão Instigado? Você é um homem de frente, é um líder, é o dono da banda ou o quê? Fernando Catatau: Eu que idealizei o projeto, lá no começo. Já passamos por diversos momentos na banda, desde 1996, quando a montamos. E a banda também já teve várias formações. Hoje em dia a gente é um grupo mesmo, uma banda. Isso aconteceu por um processo natural. As músicas são minhas, mas isso aqui é uma banda; não tem como não ser ou falar que não é. Eu sinto isso.

Dyna: Existe um espaço de tempo de quatro anos entre “O Método Tudo de Experiências” e esse novo trabalho, “UHUUU!”, um tempo bem considerável. Por que demorou tanto? Catatau: Foi tudo, desde conseguirmos fechar todas as músicas até falta de grana mesmo. Ficamos um tempão tocando o repertório do disco anterior e também não nos vimos preocupamos em gravar logo. A gente começou a gravar em setembro aqui [estúdio Totem] e aí tivemos um problema com o gravador de rolo e perdemos quase todo o disco. Conseguimos aproveitar algumas bases, alguns baixos e baterias de algumas músicas, e continuamos.

Dyna: Em comparação com o disco anterior, este atual tem mais instrumentos, com mais integrantes tocando mais coisas e também muitas participações especiais. Isso também causou parte dessa demora? Catatau: Eu acho que não. Acho até que os outros discos demoraram muito mais do que esse. Acho que o “Método Tufo” demorou um ano para ficar pronto. Régis Damasceno: A parte de composição não demora porque o Fernando faz as músicas e pronto. Gravar às vezes demora mais, mas nada muito além de três ou quatro takes. Catatau: A gente gravou coisa até demais e depois teve que ficar tirando, limando, até ficar bem certinho.

Dyna: A gravação no Totem tornou o processo mais tranquilo, já que não existia a necessidade de se ficar controlando um relógio para pagar a conta do aluguel do estúdio? Catatau: É, existe essa questão do tempo também. A gente fez com bastante tranquilidade e até passamos do prazo um pouquinho (risos). Mas isso é porque o estúdio funciona para outras gravações também e tal.

Edição 107 - novembro/dezembro/2009 26 Cidadão Instigado

Dyna: Eu senti que o “UHUUU!” mantém as mesmas temáticas surreais do “Método Tufo”, porém mais universal e menos urbano. É por aí mesmo? Catatau: Não sei. Na realidade, eu nem tenho muita noção enquanto estou fazendo as músicas. Depois que o disco estava pronto, que algumas pessoas vinham me perguntar algumas coisas, foi que eu comecei a ter uma noção do que era o conteúdo das letras. E no disco eu falo de várias coisas, como loucura e tal, mas eu não parei pra pensar nesses temas na hora de compor.

Dyna: O Cidadão sempre teve uma influência da música brega e ela aparenta estar mais forte nesse álbum, especialmente nos teclados e sintetizadores. Existe uma razão para isso? Catatau: Qualquer influência que eu ou qualquer integrante da banda tenha é algo muito natural. Muita gente fala sobre essa questão do brega, mas eu acho que às vezes isso vem de uma visão meio rala. O “Método Tufo”, por exemplo, começava e terminava com uma balada, e daí o resto do disco não era levado em consideração. O espírito da gente, pra mim, sempre foi de rock, que é a nossa base e sempre foi. O resto vai sendo agregado.

Dyna: Muitas músicas do álbum atual trazem instrumentos de sopro. E ao vivo? Chamam a galera ou adaptam essas músicas? Catatau: Isso a gente tem resolvido com o Dustan e o Régis. Régis: Não fazemos programações. Nós tocamos mesmo. A única programação que tem é a da bateria eletrônica, e ainda assim é com o Clayton tocando nos padzinhos. Mas dos metais não tem nada programado. Catatau: Os metais são tocados pelos dois com guitarra, teclado e synth de guitarra. Mas de repente, quando fizermos algum show que tenha a ver chamar, vamos chamar a galera dos metais. Eu estava até meio receoso com essa solução que nós demos, mas tem funcionado muito bem ao vivo.

Dyna: E como surgiu a ideia de convidar o Arnaldo Antunes e o Edgard Scandurra para participarem? Catatau: Eu produzi o novo disco do Arnaldo. Aí conheci o Arnaldo e o Edgar. E aí foi tudo No disco eu falo de várias coisas, como muito natural. Eu estou familiarizado com o trabalho dos dois desde a adolescência. E eu chamei os dois porque achei que as músicas tinham a ver e pediam essas participações. Não chamei loucura e tal, mas eu não parei pra só porque eram o Arnaldo e o Edgar. No começo eu até tinha a ideia de não chamar ninguém. pensar nesses temas na hora de compor. Pensei que seria melhor fazermos só a gente. Mas a coisa foi caminhando pra isso.

Edição 107 - novembro/dezembro/2009 27 Cidadão Instigado

Régis: E quase que não rola também. Foi tudo em cima da hora. As participações foram gravadas quando a gente já estava no processo de mixagem. Catatau: “Doido” é uma música que tinha um solo de guitarra, e a gente nunca conseguiu ficar satisfeito com esse solo. Aí a gente resolveu abolir o solo e fazer uma coisa totalmente nova. E aí chamamos o Arnaldo e ele fez essas improvisações.

Dyna: E de onde ele tirou as falas que entraram no lugar desse solo? Catatau: Coisas que ele improvisou mesmo. Essa música eu fiz num dia que eu fiquei com medo porque tinha faltado a energia e eu comecei a ouvir vozes. Eu fiquei com medo porque pra você ficar doido basta um tilt na cabeça. E nessa participação do Arnaldo ele fez justamente essas vozes.

Dyna: Muita gente já deve ter perguntado, mas o título realmente gera curiosidade. O que significa? Catatau: É isso aí mesmo. Uhuuu!

Dyna: Quando eu te entrevistei pela primeira vez, falamos muito sobre preconceito, já que era um tema bem trabalhado nas músicas do “Método Tufo”, e você disse que era algo que você ainda sentia em São Paulo. De lá pra cá, algo mudou? Pra você ficar doido basta um tilt na cabeça. Catatau: Cara, essa coisa de preconceito é do ser humano mesmo; tem em todo canto, a toda hora. Eu sinto às vezes. Às vezes não. As coisas que eu escrevi foram minhas vivências. Mas é comum ver alguém tratando uma pessoa de forma preconceituosa, e por vários motivos. Existe preconceito contra nordestino, negro, mendigo, contra quem é rico...

Dyna: Você vê isso acabando um dia? Catatau: Não. Isso não tem jeito mesmo; é coisa do homem. Acaba só no dia que acabar todo mundo.

Dyna: Os integrantes do Cidadão têm uma diversidade de outros projetos. É difícil conciliar tudo? Catatau: Eu, falando por mim, digo que o Cidadão é a minha prioridade. A gente já conversou bastante sobre isso. Estamos tentando focar bem na banda pra poder fazer funcionar. Às vezes as agendas batem, mas no geral tudo funciona bem. A gente sempre toca com artistas independentes e a maioria não costuma ter muitos shows seguidos. Quando bate, a gente conversa e tem que decidir o que fazer.

Dyna: No comecinho da entrevista falamos sobre a demora do “Método Tufo” para o “UHUUU!” e agora, para terminar, quero saber se você já tem alguma ideia se o sucessor desse trabalho recém-lançado vai demorar outros quatro anos. Catatau: A gente nem pensa nisso agora (risos). Acabamos de lançar um disco. Se as músicas estiverem todas prontas sai rapidinho. Se tiver grana também, claro. M

Edição 107 - novembro/dezembro/2009 28 By Humberto Finatti Imagens: divulgação MÁRCIO BARALDI cartum, atitudE e rock’n’roll

le tem 39 anos de idade e é cartunista há 20. E ainda conserva o espírito inquieto, indignado e rocker de sua adolescência, quando Emorava em Santo André/SP e começou a desenhar, aos 15 anos de idade. Duas décadas depois, Márcio Baraldi é nome mais do que conhecido nas HQ’s brasileiras. Além de conhecido, também é referência para as novas gerações de cartunistas. Com seu traço anárquico, debochado, totalmente voltado à crítica política, religiosa e social, e com total influência do rock’n’roll, que todos nós amamos, Baraldi já criou incontáveis personagens, como o Roko-Loko, e publicou suas histórias e tiras nas principais revistas e sites roqueiros do Brasil, como a Dynamite, a Rock Brigade, a Comando Rock etc. E de alguns anos pra cá, com o prestígio alcançado por seu trabalho artístico, Baraldão (como é conhecido pelos amigos mais próximos) ampliou sua área de atuação: agora ele também investe nas plataformas dinâmicas e virtuais proporcionadas pela web para divulgar seu trabalho, além de continuar publicando seus livros – o último, “Os Quadrinhos Mais Revoltados do Mundo!”, foi editado no começo deste ano, em parceria da Opera Graphica com a Grrrrr. Agora, até o final de 2009, o cartunista prepara mais um lançamento, além de investir em jogos de vídeo game que têm como heróis os personagens criados por Márcio ao longo dos últimos 20 anos. Nesta entrevista, Márcio conta um pouco mais sobre sua trajetória e afirma que, sim, é possível viver de HQ’s rockers e alternativas no Brasil. Confira:

Edição 107 - novembro/dezembro/2009 29 MÁRCIO BARALDI Dynamite: Você é cartunista há mais de duas décadas e está com 39 anos de idade. O que mais lhe deu satisfação nessa longa trajetória profissional? Marcio Baraldi: Conseguir viver 100% da profissão de cartunista! Como toda profissão ligada às artes, esta não é das mais fáceis para se estabelecer no Brasil. E eu consigo isso a vida inteira. Desde adolescente que não tenho outro ganha-pão que não sejam meus cartuns e quadrinhos. E, modéstia à parte, ainda consegui ter um bom destaque no ramo; sou um dos profissionais que mais agita e lança produtos nesse mercado. Meu vídeo game “Roko-Loko no Castelo do Ratozinger”, por exemplo, é um produto totalmente pioneiro, o primeiro game para adolescentes 100% brasileiro. Nem o Maurício de Souza tinha lançado um produto assim antes. É o Baraldão saindo na frente e fazendo escola!

Dyna: Você conseguiu construir um patrimônio com seu trabalho de cartunista? É possível viver bem de desenho no Brasil, especificamente trabalhando com algo mais underground, como é o caso das HQ’s que você cria, muitas delas ambientadas no mundo do rock’n’roll? Baraldi: Não consegui ficar rico (risos), mas eu vivo bem. Tenho um bom padrão de vida e uma boa estrutura para me autossustentar e bancar meus próprios lançamentos e projetos. Sempre tive um espírito muito independente e trabalho duro a vida inteira para realizar meus sonhos e projetos. Acho o Brasil um país maravilhoso, onde qualquer um pode realizar seus sonhos e se estabelecer, desde que seja prático, honesto e trabalhador, e que acredite em si próprio, como eu sempre fiz. Sempre coloquei em pratica o lema “Faca você mesmo”, que aprendi com o movimento punk.

Dyna: Como você foi parar no Sindicato dos Bancários e o que você faz nele, especificamente? Baraldi: Comecei minha carreira como chargista no Sindicato dos Químicos do ABC e com o tempo fui prestando serviço para vários outros sindicatos, entre eles o dos Bancários do ABC, onde sou chargista do Jornal Folha Bancária há mais de 15 anos. Nasci no ABC paulista, onde convivi com um movimento sindical muito combativo e um movimento punk e roqueiro muito politizado também. Então, desde moleque, cresci respirando esse cima militante e raivoso, o que afetou o meu trabalho definitivamente. Já fiz milhares de cartuns e quadrinhos militantes para todos os sindicatos e movimentos sociais que você possa imaginar: negros, mulheres, índios, ecológico, GLS, idosos, deficientes etc.

Dyna: Ao longo desses anos, quantos personagens no total você criou? Qual o seu preferido entre eles, e qual o que você menos curtiu? Baraldi: Nunca contei o número de personagens, mas deve ter passado de 50. Sempre gostei de todos porque, como criei personagens com muitos perfis diferentes, usei cada um para me comunicar com um público específico. E eu gosto de falar com todo tipo de gente, de tudo quanto e faixa etária e nível social, então cada personagem cumpriu bem seu papel de locutor de uma determinada mensagem. Mas claro que há alguns que conseguiram extrapolar o seu público- alvo e acabaram angariando a simpatia de um público maior, como foi o caso do Roko-Loko. Eu o criei para a revista Rock Brigade, e, portanto, para o publico roqueiro. Porém, para minha surpresa, ele acabou conquistando os filhos desses roqueiros também. Virou um personagem para a família toda! Isso me deixa muito feliz, pois é um caso em que o personagem alcançou muito mais repercussão e sucesso do que eu havia planejado inicialmente.

Edição 107 - novembro/dezembro/2009 30 MÁRCIO BARALDI Dyna: Sendo cartunista, você deve ter seus ídolos na arte dos cartuns. Poderia citar quais autores de HQ’s você mais curte? Baraldi: Eu sou muito fiel às minhas raízes, então até hoje eu sou fã dos três mestres com os quais aprendi a ler: Maurício de Souza, Ziraldo e Monteiro Lobato. Estes foram os três primeiros autores que eu li na vida e, por coincidência, os três maiores mestres do assunto no Brasil em todos os tempos. Tenho a honra de ter um prefácio do Ziraldão, que guardo como um tesouro. Depois descobri outros grandes mestres como Rodolfo Zalla, Eugênio Collonese, Primaggio, Franco de Rosa, Getulio Delphim etc. Para minha felicidade, a vida deu voltas e hoje não sou mais apenas fã, mas sim amigo pessoal de todos eles.

Dyna: Sua biografia informa que Queen e Kiss são duas grandes paixões suas no rock. Além dos dois, quais outras bandas você curte? Das atuais, você gosta de alguma? Baraldi: Eu descobri o rock ainda na infância, com o Queen e na sequência o Kiss. Foram essas duas bandas que me apresentaram ao rock’n’roll. Então, guardo o maior carinho pelas duas eternamente. Mas com o tempo fui descobrindo outras coisas, como o punk rock, por exemplo, que influenciou muito minha personalidade. Descobri os Ramones, Pistols, Clash e depois o New Model Army, que acabou virando minha banda do coração. Mas, no geral, eu gosto de tudo: rockabilly, metal, hard rock, hardcore, progressivo, pop, blues etc. Até forró eu estou ouvindo agora, porque minha mulher está me obrigando a aprender a dançar (risos).

Dyna: Você já pensou em ser outra coisa, que não cartunista? Músico, por exemplo? Se sim, porque não tentou abraçar as duas profissões? Baraldi: Eu gosto muito de música. Acho que componho com muita facilidade, mas não sirvo para ser músico profissional, pois não gosto de viajar nem de pegar avião. Seria um músico apenas de estúdio e produtor; para isso eu seria muito bom, pois sou detalhista e obcecado por trabalho. Também seria um excelente delegado de polícia, pois gosto do ofício e tenho um perfil de militar, bem adequado para o cargo.

Dyna: Hoje em dia, suas histórias têm conteúdo mais rocker ou estão mais voltadas para assuntos políticos? Baraldi: Tudo ao mesmo tempo agora (risos). Sempre misturei tudo no meu trabalho e sempre deu tudo muito certo. Rock, política, sexo, diversão, humor, consciência crítica, paz, saúde, progresso, espiritualidade... Tudo isso faz muito bem para o ser humano. É disso que as pessoas precisam cada vez mais e é essa mensagem que eu sempre quis levar através do meu trabalho.

Dyna: Quantos livros você publicou até hoje? E qual vendeu mais? Baraldi: Vou lançar agora em novembro “Roko-Loko – Hey Ho, Lets Go!”, quarto livro do Roko-Loko e décimo segundo da minha carreira. Todos venderam muito bem e me estimularam a lançar um novo livro todo ano. Eu só tenho em estoque um pouco dos três últimos, os demais já estão todos esgotados. Não sou o Harry Potter, mas me garanto (risos).

Dyna: Além dos livros, quais outras plataformas você utiliza atualmente para veicular seu trabalho? Baraldi: As trocentas revistas e jornais onde publico todo mês, programas de TV e a internet: YouTube, Twitter, Orkut e zilhões de sites e blogs.

Dyna: Pra encerrar: com o trampo, sobra tempo para a vida pessoal e social? Você é casado ou solteiro? Baraldi: Sou solteiro por opção e por ter juízo (risos). Mas sempre namorei e, apesar do ritmo intenso de trabalho, sempre garanti minha cota de diversão e lazer. Também sou filho de Deus, né? Abraços e visitem meu site: www.marciobaraldi.com.br. M

Edição 107 - novembro/dezembro/2009 31 By Bruno Palma Fernandesi Imagens: Lívia Palma Daniel Peixoto Fascinado pelo risco

pós quatro anos viajando pelo Brasil, levando seu punk eletrônico a palcos dos mais diversos (de pequenas casas noturnas a grandes festivais), a Adupla cearense Montage encerrou atividades no começo do ano. Uma série de fatores ocasionou a dissolução do duo, mas podemos resumir tudo dizendo que problemas de geografia e logística foram os principais motivos para tal. Isso será explicado mais adiante, na entrevista concedida à reportagem da Dynamite por Daniel Peixoto, vocalista que fundou o Montage com o produtor Leco Jucá. Falemos, pois, de Daniel. O fim do Montage não fez com que o cantor desistisse de sua carreira musical. Muito pelo contrário, até. Daniel decidiu seguir carreira solo. Seria relativamente simples trabalhar na mesma sonoridade com a qual o Montage estava associado, utilizando simplesmente seu próprio nome. Daniel Peixoto, contudo, preferiu o risco, sensação pela qual parece ter grande fascínio. Basta refletir sobre a trajetória do próprio Montage para se tirar essa conclusão. Daniel decidiu mudar um pouco no som com pitadas de música brasileira. Mas outros aspectos também foram ganhando novas formas: as estruturas das músicas, os vocais e sua própria postura em cena. Para a realização desse trabalho, Daniel convocou um timaço de amigos, com os quais se sentiu à vontade o suficiente para apresentar suas atuais propostas. O lançamento desse trabalho, que ainda está sendo gravado, deve acontecer no começo do ano que vem, e em solo estrangeiro. Mas não é só na música Daniel ousa. O rapaz, com 27 anos de idade, também encara artes plásticas, cinema, performance e literatura. Dani arregaça as mangas e mete as caras. São os novos desafios que dão sabor a sua vida. Foi sem as vestimentas chamativas e andróginas, com as quais é facilmente reconhecido, que Daniel encontrou a reportagem, em um boteco paulistano. À vontade, com roupas de fazer mercado, o bem humorado rapaz contou sobre o trabalho solo, os milhares de projetos com os quais está envolvido e também sobre a sua maior aventura no momento: a paternidade. Confira como foi a nossa conversa:

Edição 107 - novembro/dezembro/2009 32 DANIEL PEIXOTO

Dynamite: Para começar, em que estágio está a gravação desse seu primeiro disco solo? Daniel Peixoto: Estou terminando de gravar. Faltam umas quatro faixas. São 12 no total. Era para ser um EP, que seria lançado no final de outubro. Eu vou fazer um lançamento, exclusivamente virtual, de três faixas e remixes dessas faixas. O álbum completo sai em janeiro. Eu estou gravando esse trabalho como um álbum mesmo. Não é mais essa história de gravar uma música e jogar na internet. Estou construindo um disco para a pessoa ouvir num CD player, da primeira à última música.

Dyna: Quem se encarregará desse lançamento? Daniel: Eu tenho conversado com o Larry Tee, da Electroclash, de Nova York. A coisa já está toda certa; só não está confirmado porque eu ainda não assinei nenhum papel. Mas a gente é amigo e já vem conversando há um tempo sobre essa possibilidade. As pessoas que estão produzindo meu disco são pessoas que estão produzindo coisas para ele, então está todo mundo em casa.

Dyna: Você está negociando um lançamento no exterior. E o mercado brasileiro? Daniel: Por enquanto, o formato físico será lançado no exterior. Mas a proposta é também lançar pelo iTunes, e aí qualquer pessoa de qualquer lugar poderá ter acesso ao disco. Eu também pretendo fazer alguma coisa Eu precisava de uma outra sonoridade para não através de algum site nacional, disponibilizando músicas. ser um CD do Montage com o meu nome. Dyna: O plano, pelo que eu entendi, é fazer algo bem diferente do Montage. Quão diferente é seu trabalho solo e por que a opção por seguir um novo rumo? Daniel: O Leco é um produtor muito foda. Sou fã número um do trabalho dele. Mas como eu vou lançar um CD com o meu nome, eu precisava de uma outra sonoridade para não ser um CD do Montage com o meu nome. Esse disco tem duas faixas produzidas pelo Leco, mas eu trabalhei com muitas outras pessoas, e o que eu pedi a todas elas é que fizessem algo no mesmo sentido do que eu já fiz até agora, que é a música eletrônica, só que com uma pegada tropical, sabe? Pedi algo que transmitisse alguma coisa de Brasil nessas músicas, alguma coisa de latinidade. Aí está uma grande diferença. Com o Montage a gente se preocupava em não fazer justamente isso. A coisa mais próxima do nacional que a gente fez foi funk. Nesse novo trabalho o que eu quero são pitadas, não aquela coisa caricata de misturar música eletrônica com samba ou forró. São referências muito sutis, e todas de muito bom gosto. Tem pandeiro, atabaque, um tamborzão mais fernético, mas não é uma caricatura. Além disso, o Montage era uma banda de electro punk. As músicas eram gritadas. Eu fiz umas sessões de fono e tenho feito aula de canto. Tenho cantado mais baixo, o que também influencia na minha performance como cantor também.

Edição 107 - novembro/dezembro/2009 33 DANIEL PEIXOTO

Dyna: Você já adiantou que o disco tem produções do Leco e eu sei que também tem uma parceria com o George M, do Las Bibas From Vizcaya. Quem mais participou do disco? Daniel: Luca Lauri, do No Porn, Killer On The Dancefloor, Database e Blood Shake. É um time da pesada. Essa galera toda eu já conheço de festival, de outros projetos de música eletrônica, de tocar junto... Todos viraram amigos. Eu fui atrás dessas pessoas dizendo “Olha, eu estou fazendo um disco sozinho, e eu quero a sua ajuda”. Eu sabia que teria liberdade de trabalhar dentro da minha proposta com essas pessoas. No fim, vai ser quase uma coletânea da música eletrônica nacional. Além dessas produções ainda tem os remixes, e aí tem outras pessoas envolvidas, como o Chernobyl, o Edu K e o Xis.

Dyna: No Montage você cantava em português e em inglês. Com essa preocupação que você está tendo com latinidade, como ficou a parte linguística do trabalho? Daniel: Vai ser meio a meio. Eu tinha pensado em fazer versões em inglês para algumas músicas em português. Só que fazer essa tradução sem perder a ideia do que se quer dizer é muito complicado. Tem uma música, chamada “Mastigando Humanos”, que a letra é do Santiago Nazarian. Ele é tradutor dos livros do JT LeRoy, então acho que aí, sim, poderia funcionar. Mas eu não tenho essa facilidade. E música em português eu só gravo quando tenho certeza que ficou muito legal porque eu acho muito fácil acabar ficando com um clima engraçadinho, e não é isso o que eu quero.

Dyna: A gente já falou do trabalho com a sonoridade e com o idioma. E o conteúdo das letras, segue ou não o que você já fazia no Montage? Daniel: “I Trust My Dealer”, que foi a primeira música do Montage, foi ganhando várias versões, vários remixes, inclusive oficiais. O Leco fez alguns. Ele meio que ia “atualizando” a música com o passar do tempo. Eu já mandei a faixa de voz dessa música para um monte de gente, então aqui ela já está meio rodada. Mas eu sei que no exterior ela ainda tem um potencial. Só que eu tenho buscado falar sobre coisas que eu não falava antes. Algumas coisas acontecem e a gente vai mudando; é um processo natural. Mas eu não fiquei bonzinho (risos).

Dyna: Do que é que você está falando nesse trabalho? Daniel: Cara, eu falo de amor. No Montage era um personagem, que era sempre o fodão que ganhava. Agora eu estou muito mais aberto, falando de dor também. Essa coisa de ter filho também me mudou bastante. Não que eu tenha virado careta e vá começar a mandar mensagens de paz. Mas é uma outra história mesmo. Estou tentando fazer coisas com mais conteúdo. De repente, pode até rolar algo com uma pegada mais “proibida”, mas com uma informação mais bacana. Fora que no Montage a gente fazia músicas de refrão. E agora eu estou trabalhando com verso, refrão e verso. É bem mais pop; é isso o que eu quero.

Edição 107 - novembro/dezembro/2009 34 DANIEL PEIXOTO

Dyna: Já vi você falando que estava interessado em atingir um outro público agora em carreira solo. A qual outro público você se referia? Daniel: O Montage ficou muito num lance de banda marginal. A gente vendia muito isso, e o que deu pra gente fazer nesse circuito a gente fez. Rodamos festivais independentes e mainstream, a gente apareceu nas revistas... Só que teve uma hora que as pessoas começaram a ficar com medo da gente por conta da agressividade da música, da letra, da performance, do visual. Eu acho que o meu trabalho sozinho poderia atingir outras pessoas, além das que já me acompanham desde o Montage, que eu tenho certeza que continuam comigo, até por causa da internet, que permite uma troca muito grande.

Dyna: E o visual? Vai pegar mais leve? Daniel: Não sei. Eu fiquei muito estigmatizado como “o cantor andrógino do Brasil”. Eu acho isso massa; acho lindo esse título. Agora eu acho que visto uma roupa que qualquer cara vestiria, só que com alguma coisinha feminina ali. Eu estou me permitindo tudo. Não estou proibido de usar salto ou passar um batom. Mas eu quero me vestir de outras formas também. Eu gosto de pessoas que conseguem transformar narcisismo ou egocentrismo em arte. Tem gente que acha que é um defeito, mas eu acho massa. Mas, acima de tudo, se a música não for sólida, não há imagem que a sustente.

Dyna: Agora que você é pai, você vai continuar cantando músicas como “I Trust My Dealer”? Daniel: A chegada do meu filho foi uma coisa que mexeu muito comigo. E esse trabalho solo é um registro desse momento da minha vida, então eu queria fazer uma coisa bonita, que falasse de várias coisas. Mas eu não canto sobre coisas que não existem. Eu continuo cantando “I Trust My Dealer” e tenho certeza que o dia que meu filho tiver idade suficiente para entender tudo isso ele vai achar massa. Ele vai ser educado num lar onde ele vai compreender meu trabalho e vai me respeitar. Tenho certeza absoluta disso.

Dyna: Você acredita em diálogo aberto entre pai e filho, então? Daniel: Com certeza; Eu acho uó essa coisa de mentir para criança. Eu fui criado num ambiente muito legal. Meus pais sempre foram muito verdadeiros, e eu tinha noção desde o começo de como as coisas aconteciam. Por causa disso, quando eu me deparei com certas coisas mais tarde, eu pude encará-las de boa e pude continuar conversando normalmente com meus pais. Eu pretendo fazer o mesmo que meus pais. Não sei se na prática eu vou dar uma “encaretada” (risos), mas a ideia é essa.

Dyna: Voltando a falar do Montage, o que de fato aconteceu com a banda? Daniel: No final do ano passado o Leco decidiu voltar para Fortaleza. Ele voltou para lá em janeiro. A gente foi tentando manter a agenda, fazendo as viagens, mas começou a ficar muito complicado, até porque o Leco foi para lá para viver uma outra história. Foi uma coisa muito mais pessoal do que do nosso trampo. Também fui me apresentando com outros DJ’s usando o nome do Montage para não cancelar shows já marcados; fiz isso até pouco tempo atrás. Mas eu acho que isso não é verdadeiro com os fãs. O Montage era o Daniel e o Leco. De Fortaleza, o Leco se mudou pra Manaus, o que inviabilizou ainda mais. Tenho certeza que ele está super feliz lá, vivendo a vida dele. Não deve briga, como geralmente acontece nas bandas que se separam. Foi uma parada de rumos diferentes, e a gente se respeita tanto que tudo aconteceu de maneira muito natural. Eu torço por ele, e tenho certeza que ele também torce por mim.

Edição 107 - novembro/dezembro/2009 35 DANIEL PEIXOTO

Dyna: Você sabe se ele continua trabalhando com música? Daniel: Ele tem feito algumas coisas. Esses dias ouvi coisa nova no MySpace dele; coisa bem diferente, com uma pegada bem trip hop, que é uma coisa que ele sabe fazer muito bem. Do caralho. Sei que ele está lá em Manaus trabalhando com as coisas do pai dele, morando com a mulher e o filho. Ele está feliz lá, fazendo as coisas dele, e sem esse ritmo frenético de viagem, como a gente tinha.

Dyna: Existe alguma chance de o Montage voltar um dia, ou pelo menos fazer alguma coisa esporadicamente? Daniel: Quem sabe? Não descarto essas possibilidades. Falo por mim, não sei do Leco. Eu acho que não seria algo tão inviável. Mas acho que agora não é o momento. Vamos esperar uns 10 anos, daí a gente lança um CD, faz uma turnê de reunião super lindos e malhados, com nossos filhos adolescentes tocando na banda (risos).

Dyna: Agora vamos voltar à sua carreira solo. Esse disco de estreia já tem um título? Daniel: O EP inicialmente se chamaria “Mastigando Humanos”, que é o nome de uma música que eu gostei muito. Mas eu não decidi ainda.

Eu gosto muito de poder misturar diversos Dyna: Você já gravou até clipes para algumas dessas músicas. tipos de arte num mesmo trabalho. Conte um pouco sobre eles. Daniel: Eu gravei um em Belém e um em Natal. Em Natal eu gravei no ano passado. O vídeo é para uma música chamada “My Love Has Green Lips”, que era um trip hop do repertório do Montage, mas a gente nunca lançou. A letra dessa música veio de uma obra de arte do Leonilson, que era um artista plástico cearense que morava aqui em São Paulo. Ele pintou nessa obra o que eu usei na letra da música. Eu musiquei a obra dele. A gente, na verdade, nem gravou em Natal. A gente passou uma semana gravando no sertão do Rio Grande do Norte, divisa com a Paraíba. Quem dirigiu esse foi o Ricardo San Martin, o mesmo que dirigiu “Hi Oprah”, do Montage. O que eu gravei agora em Belém quem fez foi a Priscilla Brasil, que ganhou o prêmio de melhor filme no Mix Brasil com o documentário “As Filhas de Chiquita”. Esse vídeo é para “Come To Me”, que é com o Killer On The Dancefloor. Esse clipe é o nível pop que eu queria atingir, e ela soube expressar isso muito bem. A gente alugou um restaurante super rústico lá e botou uma galera meio clubber. A locação tem tudo a ver com o tom de brasilidade que eu quero. Tem uma ONG lá em Belém que tem um ônibus carbon free que eles transformaram em uma boate, com luzes e lasers e tudo mais. A gente encheu esse ônibus de figurantes, um monte de gente bonita, meio freak, gente vestida de sapo, de ET, e gravou lá também. É um clipe bem pop.

Edição 107 - novembro/dezembro/2009 36 DANIEL PEIXOTO

Dyna: Seu primeiro disco solo será lançado no exterior. Você vai para fora para divulgá-lo? Daniel: No final de novembro vou passar por alguns países da América Latina, como eu fiz no ano passado. Também existem dois outros projetos. O Bruno Zanardo, um fotógrafo, fez uma exposição que tinha todo um projeto, que incluía uma performance minha, e talvez essa exposição vá para Paris e Londres. Também tem o lançamento do álbum, em Nova York. Eu estou super disposto, mas também estou super de boa, muito paciente. Ser um artista só agora também facilita um pouco na hora de viajar e tal.

Dyna: Fiz essa pergunta sobre turnê no exterior porque você passou um belo de um aperto em Londres com o Montage, com direito a deportação. Está se preparando para que isso não ocorra mais uma vez? Daniel: Revendo essa história, depois de quase dois anos, eu também tive certa culpa. Eu pequei pelo despreparo, pela ingenuidade. Não só eu, mas também as pessoas que trabalhavam comigo. Ninguém tinha feito uma viagem internacional e não sabia como se portar diante de uma imigração; ninguém sabia quão ríspidos eles eram. Eu fui uma vítima por ter sido tolo, e eles se aproveitaram disso. Eu poderia ter passado ileso se fosse um pouquinho mais astuto. Mas agora eu já estou mais preparado, já fui devidamente instruído. Com essa exposição do Zanardo é mais tranquilo também, pois existe uma grande produção por trás dela; muito mais seguro do que três caras se jogando para a Europa querendo tocar.

Dyna: Você tem feito alguns trabalhos com cinema. Conte mais sobre esses projetos. Daniel: Eu fiz no ano passado o “Augustas”, do Francisco Cesar Filho, que ainda está inédito. Eu atuei no filme e fiz duas faixas para a trilha sonora. A minha participação no filme é tocando ao vivo; eu, o Leco e outro músico, que era um ator. A gente estava interpretando o Akira S, que era a banda do Alex Antunes nos anos 80. Eu interpretava o Akira. A gente gravou duas músicas: uma do Akira S e uma de uma outra banda do Alex, que eu esqueci o nome. A gente transformou essas músicas; elas viraram coisas completamente diferentes do que eram originalmente. No outro filme, “Rania”, da Roberta Marques, eu vou fazer um papel maior. É um advogado que curte punk rock e que sede ao sistema para poder manter a banda, e ele também tem uma segunda banda, que toca em bailes, coisas como Frank Sinatra. Em outubro eu começo a fazer laboratório. Eu acredito que as músicas desse filme vão ser todas covers. Acho que não vou compor nada.

Dyna: Nessa entrevista nós falamos sobre música, sobre visual, performance, artes plásticas, cinema... Onde mais você se enxerga trabalhando? Daniel: Eu gosto muito de poder misturar diversos tipos de arte num mesmo trabalho. E o mais legal de tudo isso é que eu não faço nada disso só. Tenho uma leva de amigos muito talentosos, que acreditam em mim assim como eu acredito neles, e eles colaboram de várias formas para que essas coisas aconteçam. E dá certo! M

Edição 107 - novembro/dezembro/2009 37 www.marciobaraldi.com.br

Edição 107 - novembro/dezembro/2009 38 EARS UP Co t a ç ã o : MMMMM (Excelente); MMMM (Ótimo); MMM (Bom); MM (Regular); M (Fraco) RESURRECTURIS – Non Voglio Morire (Casket) se renova em algumas musicas, não deixando de dois discos de áudio contêm o show principal, de Zeche  fora a característica conquistada em seus 25 anos de Bochum. “The Year Of The Voyager” impressiona O Resurrecturis vem carreira. Destaque para “No Regrets”. (ACP) também pela qualidade gráfica. Sua capa lembra um representando o death pôster de filme de terror/suspense, e a embalagem metal italiano há mais de JORG VERSANNU – Ritmo aos Versos lembra um livro de séculos atrás. (RKR) uma década, com seu ( I n d e p e n d e n t e ) som bem trabalhado e  FOTOGRAMA – Trilha Sonora Intuitiva digno de rodas e moshes. Sem sombra de dúvida (Independente)  “Non Voglio Morire” este rapper da zona Instrumentação e está aí para provar isso norte de São Paulo melodias igualmente e registrar o nome da é uma das maiores bucólicas e melancólicas banda na cena extrema revelações dos últimos perpassam o folk mundial. Rolam alguns 10 anos, com um estilo mezzo pop do quinteto flertes com o industrial, dando um clima mórbido a próprio, vocal marcante paulistano Fotograma, faixas como “The Artist”, que, além da atmosfera e uma produção de cair que lançou há pouco desesperadora aliada a vocais femininos, mostra que o o queixo, com bases seu primeiro disco, Resurrecturis continua não se prendendo a regras das produzidas por Duck Jam “Trilha Sonora Intuitiva”. britadeiras. “Save My Anger” mostra a banda trilhando e participações especiais de E.Beilli (Apocalipse 16), Formado há quatro anos por caminhos inusitados como o atual nu metal norte- Kleber Ferraz, que fez um solo de sax maravilhoso, e tendo em seu line up americano, assim como “Calling Our Name”, na qual Fel, Davi, DJ Vand e Aline Silmara. “Ritmo aos Versos” a vocalista Mariana Cetra (que também toca flauta vocais limpos desfilam por dedilhados melódicos. foi um dos melhores álbuns de rap que já ouvi nos e piano), o guitarrista Luiz Campos Jr. (que também “Walk Through Fire” volta à desgraceira metálica, últimos anos. Este artista pode decolar assim que canta e compõe boa parte das canções do grupo), enquanto “In Retrospective” fecha o disco, quase conseguir entrar na mídia, como deve. Vale muito o também guitarrista Paulo Matos, o baixista Carlos que acusticamente. Enfim, uma boa dose de tudo o conferir as faixas “Brasileiro que soul”, “Recomeça”, Costa (o popular Carlinhos, dono da conhecida loja que o metal pode oferecer. “Non Voglio Morire” conta “Um bom som”, “Numa folha”, “Obrigado mãe” e Sensorial Discos, e que também toca no Continental ainda com um DVD com um videoclipe da música “Álbum de fotografia”, que é um verdadeiro primor. Combo) e o batera Fábio Barbosa, o conjunto foi “The Fracture”, making of do mesmo, galeria de fotos Simplesmente demais! (RZD) burilando suas músicas sobre, como diz o guitarrista e uma apresentação no IX Fuck The Comerce Fest na e letrista Luiz, “a deterioração do ser humano, com Alemanha em 2006. (RKR) NEVERMORE – The Year Of The Voyager (Nuclear desdobramentos para visões otimistas e românticas” Blast)  (declaração dele dada à nossa linda e amada colega AGNOSTIC FRONT – Warriors (Rock Brigade Lançamento duplo Natasha Ramos, no blog Palco Alternativo). O Records)  ao quadrado dos resultado saiu na forma de canções doces, suaves Neste seu décimo norte-americanos do e com bastante apelo pop e radiofônico. A grande segundo álbum, a Nevermore. São dois maioria cantada por Mariana (em algumas, é o vocal banda nova-iorquina DVD’s e dois CD’s que de Luiz que conduz o instrumental), sendo que gaitas de hardcore – uma das integram o mesmo pacote e sopros vão se imiscuindo aqui e ali nas melodias, percussoras do estilo que compõe “The Year Of tornando-as mais bucólicas e prazerosas aos ouvidos. –, com Roger Miret The Voyager”, cujo palco As minhas preferidas são mesmo “Filhos de Zinco” nos vocais, Vinnie na principal foi o de Zeche (que abre o CD), “Reticências” (com intervenções de guitarra e vocais, Joseph Bochum, em 2008, na flautas e vocais divididos entre Luiz e Mariana), “A Janes na guitarra, Mike Alemanha, que enche o Vida nos Bosques” (com suas gaitas fofas e bandolins) Gallo no baixo e Steve disco 1 do DVD. O disco 2 traz parte de shows, como e “A Brisa”, embora todo o álbum mantenha uma boa Gallo na bateria, volta Gigantour (2005), Metal Mania Festival (2006), Wacken qualidade instrumental – e aí seria o caso de Luiz tentar às origens, fazendo um hardcore típico, com bateria (2006), Roxy (2001), além dos oito videoclipes oficiais aprimorar um pouco mais algumas letras, versos e de pedais duplos, riffs de guitarra rápidos, e baixo da banda, como “What Tomorrow Knows”, “Next In rimas, que são talvez o ponto fraco do Fotograma em acompanhando muito bem a fúria e a velocidade da Line”, “Believe In Nothing”, “I, Voyager”, “Enemies Of algumas faixas. Mas nada que comprometa o bom banda. Com algumas pitadas de crossover, a banda Reality”, “Final Product”, “Born” e “Narcosynthesis”. Os resultado final do disco. (HF) Edição 107 - novembro/dezembro/2009 39 EARS UP DEATH ANGEL – Sonic German Beatdown – Live In CIDADÃO INSTIGADO – UHUUU! (Instituto) e companhia mostram que ainda podem fazer o Germany (Nuclear Blast)   bom e velho rock’n’roll setentista atualmente sem Toda a energia e fúria do No terceiro álbum de que fique com aquela áurea de músicas datadas. thrash metal oitentista do sua carreira, esta banda Agora basta deixar a meia luz na sala, acender seus Death Angel, grupo que cearense radicada em incensos e tirar os calçados para se sentir na era do ficou famoso na cena da São Paulo segue com flower power e boa viagem. (RKR) Bay Área, na Califórnia, a mesma proposta: ao vivo na Alemanha, em uma mistura inusitada KISS – Kissology – The Ultimate Kiss Collection dois shows esmagadores. de sonoridades, na Vol. 02 1978/1991 (ST2) O primeiro foi no Rock qual se fundem rock,  Hard Festival em 2007, psicodelia, música brega A segunda parte da onde a família thrasher e experimentações das coletânea “Kissology” levou o público presente à mais diversas. Músicas presenteia os fãs dos loucura. O segundo foi no como “Contando Estrelas” e “Escolher Pra Quê?” quarto mascarados do ano seguinte na cidade de Adelsheim, no Live Factory, soam quase pop, principalmente pelos teclados e rock’n’roll com quatro impressionando pela mesma competência que levou a sintetizadores, mas as letras e as estruturas viajadas DVD’s que englobam a banda ao reconhecimento já comprovado anteriormente. provocam uma desconstrução, resultando em algo carreira da banda entre De bônus, o DVD traz os clipes das músicas “Thicker que poderia ser descrito como pop surrealista. A os anos de 1978 a 1991. Than Machine” e “Dethroned” (na versão sem censura) influência da música brega, assumida pelo Cidadão, O disco 1 traz o filme e mais um CD de áudio com a apresentação do Rock se faz presente na brilhante “Como As Luzes” e na “Kiss And The Phantom Hard Festival. Haja pescoço!!! (RKR) balada “Dói”, de refrão intenso e com direito a uma Of The Park”, de 1979, e uma entrevista no programa declamação bem no meio, no maior estilo Barry The Tomorrow Show With Tom Snider, do mesmo AMORPHIS – Skyforger (Nuclear Blast/Laser White. Chegando ao final do disco, depois de um ano. O disco 2 traz o videoclipe da música “Shandi”, Company)  pouco de rock, com pitadas de pop, brega e outros de 1980, uma entrevista com Peter Criss, trechos do Este novo trabalho gêneros, o Cidadão flerta um pouquinho com o metal Rockpop, com duas músicas, um documentário com dos finlandeses do na densa “A Radiação na Terra”, surpreendentemente o Kiss na Austrália, assim como uma apresentação Amorphis, que estiveram não destoando do restante das faixas. “Doido” (com da banda no país dos aborígenes (já com Eric recentemente no Brasil, participação de Arnaldo Antunes, falando uma Carr na bateria) e trechos da apresentação nos dividindo o palco com porção de frases desconexas em meio a um monte programas Fridays e Top Pop, em 1982. O disco 3 o Children Of Bodom, de barulho) e “Deus é uma Viagem” fazem por contém a apresentação que o grupo fez no estádio decepcionará alguns merecer seus respectivos títulos. Doideira e viagem do Maracanã, no Rio de Janeiro, em 1983 (com o fãs mais radicais, não faltam no som da banda, ainda uma das mais guitarrista Vinny Vincent), o especial da MTV, no pois é recheado de interessantes do cenário independente brasileiro, qual a banda já aparece sem maquiagem, trechos pitadas psicodélicas/ sem sombra de dúvidas. (BPF) de shows em Portugal, em 1983, onde a banda progressivas, inclusive se apresentou pela primeira vez sem maquiagem, com bastante uso de teclados. A banda se mostra em THE BLACK CROWES e na Philadelphia, em 1987, onde estreou o constante evolução. Não faltam passagens vocais – Warpaint Live (ST2) guitarrista Bruce Kulick, terminando o disco com guturais que se misturam a passagens melódicas, mas  uma apresentação em Detroit, em 1990, a aparição nada de death metal melódico. E sobram canções boas, Registo ao vivo do Black no Day In Rock, de 1991, além do vídeo da música com instrumentais excelentes, como “From The Heaven Crowes, de Atlanta, no “God Gave Rock’n’Roll To You II”. O disco 4 é um Of My Heart” e “Highest Star” e também a introdução da qual a banda apresenta bônus com um show em Budokan, no Japão, em maravilhosa faixa-título, que contém algumas passagens as músicas de seu último 1988. Acompanham esses quatro DVD’s um livreto, guturais no final. Outra faixa que se destaca é “From álbum, “Warpaint”. A com comentários dos membros da banda sobre cada Earth I Rose”, com teclados que nos remetem aos anos gravação aconteceu episódio aqui contido, além de uma réplica de um 70. Muito bom! O trabalho fecha com “Godlike Machine”, no The Wiltern, em ingresso do show em Valencia, na Califórnia, onde com um baixo excelente. Altamente recomendado para Los Angeles, no ano foi filmado o show que está no filme “Kiss And The os fãs de boa música. (MT) passado. Chris Robison Phantom Of The Park”. (RKR) Edição 107 - novembro/dezembro/2009 40 EARS UP HELLSAKURA e KAMISORI – Split (Karasu Killer) FELIPE MAVICHIAN – Guitarra – Primeiros Toques guitarras limpas, que lembram o King Diamond, e nos  (Flat Cortez Music) solos dobrados. Jorg, que se destacou no Stratovarius Neste CD split, em  pela sua velocidade, aqui demonstra bastante técnica. primeiro temos a banda Vídeo–aula de guitarra Uma das surpresasdo CD é a versão bem legal de “18 Hellsakura, liderada por para nível iniciante, And Life”, do Skid Row. Isso mesmo, Skid Row! E ficou Cherry nos vocais e este ótimo DVD contem bem legal na voz de Schmier e com arranjos instrumentais guitarra, Napalm no baixo explicações gerais sobre muito bons. “Backs To The Wall”, por sua vez, se destaca e Barte na bateria. A banda o instrumento, como pelos riffs fortes. A produção também ficou ótima. Ouça traz uma sonoridade afinação, divisão rítmica, sem medo! (MT) voltada para o metal série cromática, união punk rock, com bases mão direita e esquerda, MUSE – The Resistance (Warner)  de guitarras simples, riffs primeiras digitações Logo de cara, a impressão bem bolados e alguns e modos gregorianos. é que a primeira faixa, solos, um baixo competente, porém um pouco baixo, e Felipe Mavichian é um ótimo músico, que começou “Uprising”, parece demais uma bateria corrida, tudo isso acompanhado pela voz aos 15 anos de idade, e se dedica à didática musical com a “Knights Of aguda de Cherry. Nas letras (duas são em inglês e seis desde 1999, ministrando aulas e coordenando os Cydonia”. Mas ela abre em português), a banda aborda temas de consciência cursos de guitarra de escolas livres, a exemplo de seu bem o disco, lembrando humanista, egoísmo, destruição e amor destruído. próprio Instituto Mavichian, que abriga vários músicos que é, sim, o bom e Destaque para “You Punk You Rock” e “Janela Suja”. de níveis musicais diferentes. Na Expomusic 2009, velho Muse. A segunda, Já os japoneses do Kamisori trazem um grindcore Felipe fez uma grande apresentação no stande da “Resistance”, é linda. Para bastante agressivo e bem executado. Kuma, nos vocais gravadora e editora Flat Cortez. Atualmente estuda corações apaixonados. enfurecidos, roucos e graves, é acompanhado pelo harmonia no conservatório musical Heitor Villa Lobos Matt se supera cantando-a. baixista Hitoshi, as guitarras de Yama e Mitsu, bastantes e Faculdade Mozarteum, de São Paulo. Vale muito ver Aí o disco parece que vai soladas, e a bateria elétrica de Kuma. A banda traz sete este DVD para quem gosta de saber tudo sobre os começar a cair, com a pop “Undisclosed Desires”, que músicas, sendo a maioria com pouco mais de um minuto. primeiros passos de um guitarrista. (RZD) mais parece um cover da Britney Spears. Fala sério! A Destaque para “Kamisori Boy Kamisori Girl”. (ACP) única coisa que salva, mas nem tanto, ainda é o vocal do HEADHUNTER – Parasite Of Society (AFM Records/ Matt, que mais uma vez arrebenta tudo e encanta pela CAPS LOCK – Um Pouco Mais (Independente) Laser Company/ Rock Brigade Records)  sua sensibilidade. É então que começa o que eu chamo  Headunter é o outro grupo de “mutação Muse”. Sem avisar, sem preparar, eles A banda Caps Lock foi de Schmier, vocalista e surpreendem com a exótica “United States Of Eurasia”. Ela formada há cinco anos por baixista do Destruction, um começa com uma sonoridade clássica, com pianinho e Max Matta (voz), Carlinhos monstro do thrash alemão. muita suavidade. E de repente vira um Queen, totalmente (bateria) e Sté (guitarra) Completam a formação sem vergonha! Para completar, a música toma um tom e Thiago (baixo). Este Schmuddel na guitarra, e meio oriental. “I Belong To You (+Mon cœur s’ouvre à ta primeiro CD foi produzido Jorg Michael (ex-Saxon voix)” é eletroniquinha, tipo electro rock chatinho, sabe? É por Rick Bonadio e Rodrigo e atual Stratovarius) na a piorzinha do álbum. A genial “Exogenesis: Symphony”, Castanho. A banda vem bateria. O trabalho começa como o nome já diz, é uma sinfonia dividida em três partes. na mesma pegada de com uma canção bem ao Bem grandiosa, ela lembra demais aquelas óperas que NX Zero, com aquelas estilo de bandas alemãs, tocavam nos filmes antigos. De um modo geral, “The músicas que as garotas como Hellowen e Accept, Resistance” é um trabalho totalmente diferente dos na faixa dos 15 anos adoram. As faixas que valem a emendando a faixa-título, muito legal. Este trabalho está outros. Apesar de manter a identidade, o Muse arriscou, pena ouvir e merecem destaque são “Tudo começa mais para o power metal do que para thrash, flertando um buscou novas inspirações e novas sonoridades. E deu aqui”, “Descobrir de novo”, “É Claro”, “Doce Vingança”, pouco com o metal tradicional. A voz de Schmier é única, muito certo. Apesar de cada música ser totalmente “Começar do Zero” e a faixa-título. Não deve demorar mas o som é bem diferente do Destruction. É pesado diferente da outra, tudo acaba se encaixando e fazendo muito para eles decolarem, já que seu videoclipe já esta e rápido, mas bem melódico. Destacam-se no trabalho muito sentido. É um álbum bonito, bem feito e prazeroso nas paradas da MTV. Para as menininhas de plantão: as ótimas guitarras de Schmuddel em faixas como de ser ouvido. O Muse continua sendo uma das melhores corram atrás porque é legal. (RZD) “Remission” e “Silverskull”. O músico é brilhante com bandas da atualidade. (RC) Edição 107 - novembro/dezembro/2009 41 EARS UP PENTACROSTIC – The Meaning Of Life (Old Pride) contemplativas em quem impressionando. Ela é um tapa na cara e faz o álbum  ouve o disco. Os vocais começar sem enrolação; vai direto ao ponto. O problema Para quem achava masculino e feminino, é que continua assim durante as próximas 10 músicas que os veteranos do divididos entre Romy (o álbum todo), e, se você estiver distraído ouvindo, Pentacrostic tinham Croft e Baria Qureshi, são nem vai sentir a diferença entre elas. Isso não tira a parado no meio do invariavelmente dolentes qualidade de nenhuma, claro. Mas lá pelo meio você fica caminho, o quarteto solta - sussurrados muitas meio cansado, pois os riffs começam a ficar repetitivos. seu quarto álbum de vezes. É como se, ao Senti falta de alguma coisa diferente nas músicas, um estúdio, “The Meaning ouvir as canções, você se solo que seja, ou uma bateria mais trabalhada. Mas Of Life”. O único membro sentisse em Londres em o som deles é punk puro. Dá pra variar muito? Acho da formação original é algum momento do final que não. Posso dizer então que eles fazem bem o que o vocalista e baixista dos anos 80, início dos 90, se propõem a fazer. O que dá para sentir sem dúvida Marcelo Sanctum, junto e caminhasse por ruas escuras e gélidas de madrugada, nenhuma é uma personalidade, uma identidade única, com o batera Leandro Gavazzi, que o acompanha de capotão preto, tomando doses de whisky barato e e segurança. Algumas vezes lembra Ultraje a rigor, desde a turnê de seu segundo álbum, “De Profundis”. pensando que o tempo poderia parar naquele instante outras Rage Against The Machine, e até Engenheiros Completam a atual formação os guitarristas André e nunca mais avançar, tal como Dorian Gray almejava do Hawaii. É um som seco, que não engana, mas Gubber (Siegrid Ingris, Nervochaos e Skullkrusher) e a eterna juventude enquanto sua imagem em uma tela, também não surpreende. O álbum ganha pelas letras, Ricardo Costa. Essa pode ser considerada a formação conspurcada pela degradação moral, definhava. 11 extremamente politizadas. O curioso é que a capa do mais entrosada da carreira do Pentacrostic. O álbum é músicas, 11 momentos de plena satisfação. Da faixa “Novos Dias” lembra muito a estrela do PT, além de ser um forte candidato a clássico do death metal, tamanha instrumental que abre o álbum, passando pela dolência toda vermelha. O que na verdade é um R, parece muito maestria com que se encaixam as bases em suas de “Islands”, pelos eflúvios de Portishead em “Fantasy” um 13 dentro da estrela. Enfim, se você quer um rock melodias, escancaradas logo de cara em “Morbid (com seus vocais estranhos, processados em eco), puro, meio punk, mas totalmente adulto e sério, dê uma Desires”, que abre a desgraça. Uma tempestade pelas timbragens pós-punk de “Shelter”, e até chegar ouvida no som dos caras. Vale a pena. (RC) anuncia a próxima, que chama “The Enemy Of Life’s às sombrias emanações oitentistas de “Basic Space” e Enemy”, que traz os últimos resquícios do doom que “Infinity”, o disco de estreia do quarteto (que ainda é HELLSAKURA - Fubuki Sakura (Kasaru Killer) a banda executava outrora, mesclado com a tijolada à completado por Oliver Sim e Jamie Smith) mostra que  qual a banda se dedica recentemente. “Mistake” lembra o XX resgata com prazer e perfeição a musicalidade de Fugindo à regra, a os primórdios do velho Morbid Angel, assim como “Sign um tempo em que o rock inglês tornava nossa existência banda Hellsakura traz Of Betrayal”, a mais curta do petardo. A faixa-título tem menos dolorosa. (HF) músicas dedicadas como intro a música “Vampire Hunters”, da trilha sonora exclusivamente para o do filme “Drácula de Bram Stoker”, dirigido por Francis REVERSA – Novos Dias (Subversão)  rock pesado, com riffs de Ford Coppola. “Canons Of Pain” é a herança do ex- “Novos Dias” é o título guitarra bem agudos e guitarrista e brother Roberto Jr., uma faixa bastante do queridinho álbum solos entre uma estrofe coesa e certeira, assim como “Is Death... An Illusion da banda Reversa, que e outra das canções, Of Pain?”. É ouvir para crer. “Damnation For All” é uma se apresenta de forma aliados aos vocais marcha para a guerra, bastante cadenciada, da mesma forte e agressiva neste agudos da guitarrista forma que “World’s Devastation”, que a princípio daria primeiro trabalho. Os Cherry, o baixo obscuro o nome ao novo disco. Fechando o trabalho temos uma caras são de São Paulo e eficiente de Napalm e a bateria perfeita e eficaz em versão para “Welcome To The Suffering”, do primeiro e já batalham no tortuoso todos os momentos de Pitchu. Os estilos se misturam play da banda. (RKR) mundo musical há algum entre o punk rock, hardcore e o metal, sempre bem tempo. A banda é formada executados e com colocações bem sacadas, sem THE XX – xx (Rough Trade)  por Marcio Rizzato (voz e agredir a nenhum dos estilos. As letras, cantadas Em seu primeiro disco, o The XX apresenta uma guitarra), Fernando Rizatto em inglês, tratam de assuntos de contestação, ódio sonoridade suave, doce, bucólica e algo melancólica (guitarra) Alexandre do Carmo “Maninho” (bateria) e e conflitos. O álbum contém seis músicas muito bem às vezes. Melodias oníricas, engendradas por guitarras Marcio Gonzalez (baixo). Falando sobre o “Novos Dias”, feitas. Destaque para “Hate”, e “Orgasmabomb”, que, esparsas e de frases econômicas (sem muitos solos senti que é um álbum nervoso, cheio de guitarras fortes além de lembrar Motörhead, tem uma pegada original. ou distorções) projetam luzes, sombras e ambiências e pesadas. A primeira faixa, “Globalização”, já começa Vale a pena conferir. (ACP) Edição 107 - novembro/dezembro/2009 42 EARS UP – Skullage (ST2)  a torna divertida e leve aos ouvidos. “Seria Assim”, na trabalhadas. O disco começa com a ótima “Fatal ficou sequência, é um pouco mais pesada, abrindo caminho Warning”, sem introduções, indo diretamente ao metal, mundialmente conhecido para “2 Cordas”, baladinha bem pop. Mas a melhor do passando para “Dead Of Dawn” e “Forever”, que possui como o fiel escudeiro do Mr. disco é a seguinte, a meio obscura “Conta-Gotas”, que um bom trabalho de piano e um solo de guitarra muito Madman , sintetiza todo o potencial musical e lírico do Dilei. Com legal. “Echoes” é uma balada bonita, também com acompanhando-o por um começo desses, fico animado ao tentar imaginar o um solo de guitarra bem trabalhado. Aliás, os solos e duas décadas a fio e que essa banda fará no futuro. (BPF) os riffs melódicos, a cargo dos ótimos Andrew Lee e deixando nitidamente sua Evan Christopher, são a tônica deste CD. “Waiting” é marca na banda do velho EPYDEMYC – Obscure Death (Philosofic Art’s) um power melódico, no qual o baixo de Paul Michael Ozz. Paralelamente,  Stewart se sobressai. “Secluison” é outra faixa legal, ele vinha cultivando seu Death metal old school que começa como uma balada, mas de repente vira Black Label Society e já bem elaborado, com um metal tradicional. Outro destaque deste bom CD é há um bom tempo que suas bases sujas e “So Many Reasons”, devido aos arranjos instrumentais vinha colhendo de seu fruto, e agora pode alçar vôos pitadas doom. É isso o excelentes, principalmente as guitarras, assim como a maiores com a banda sem estar preso à agenda de Mr. que encontramos em faixa seguinte, “Chase The Lies”. O CD fecha com a Osboune. Neste “Skullage” temos algumas amostras “Obscure Death”, EP ótima “Every Last Thing”, com belos solos e um piano disso, como algumas músicas ao vivo, mostrando do Epydemic, quarteto ao fundo. Isso sem falar dos vocais. (MT) ainda a parceria com Rob Trujillo (Metallica, Suicidal mineiro de Uberlândia. A Tendencies), com quem trabalhou ao lado na banda música “Dracula – The EVERGREY – Torn (Hellion Records)  do comedor de cabeça morcego, além de vídeos Beginning”, da trilha Os suecos do oficiais das músicas “Stillborn”, “Suicide Messiah”, sonora do filme “Drácula Evergrey trazem seu “In This River”, “Fire It Up” e “New Religion”, e uma de Bram Stoker”, do compositor polaco Wojciech Kilar, metal progressivo bem apresentação ao vivo no Lehigh Valley. (RKR) é seguida por “Feeling Insane” e “Kiss Of Death”, trabalhado, com um duas bem cadenciadas, enquanto “Black Forest Of excelente trabalho de DILEI – Olhar O Mundo Com Os Pés (Baritone Mutilation” e “Obscure Death” são mais rápidas e guitarras, a cargo de Records)  certeiras. Fechando o disco, a faixa “Blood Storms” Henrik Danhage. O Em seu trabalho de é um épico death metal, com mais de oito minutos trabalho começa com estreia, o Dilei mostra de duração. Ótimo para fãs que curtem o som de “Broken Wings”, que traz ser uma banda de rara Benediction e Mortification. (RKR) um ótimo teclado, dando sensibilidade. Não um clima bem prog à estou falando aqui de CIRCLE II CIRCLE – Delusions Of Grandeur (AFM música. “Soaked” é uma sentimentalismo barato, Records/Laser Company/Rock Brigade Records) faixa mais melódica, na qual o vocalista e guitarrista de dor de cotovelo e outros  Tom S. Englund se destaca, enquanto a faixa seguinte, quetais. A sensibilidade Muita gente classifica “Fear”, começa com um groove ótimo, seguido de um do Dilei está em unir este trabalho de Zack teclado muito bem colocado pelo competente Rikard guitarra, baixo e bateria – Stevens (ex-Savatage) Zander. “Fail” é uma bela e pesada balada, com solos instrumentos tradicionais como metal progressivo, melódicos legais e teclados criando um clima de fundo, do rock – com pífano, bandolim, samples e violoncelo, mas na realidade fica enquanto a faixa seguinte, “Numb”, tem um baixo pra criando inteligentemente uma sonoridade muito própria, difícil classificá-lo, pois lá de competente. A faixa-título é mais tranquila, mas mas que ainda assim pode ser chamada simplesmente há muitos elementos de nem por isso perde o pique, pois é bem cadenciada e de pop rock. O título do disco é um tema discorrido nele heavy metal tradicional e muito legal. A cozinha, formada por Jonas Ekgahl e pelo todo, em todas as letras. Todas, muito bem escritas, também de power metal, estreante Jarí Kainulainen, também está bem entrosada. abordam o aprendizado, o desprendimento, o ir além. principalmente pela “Nothing Is Erased” é bem trabalhada; ótima! O Evergrey O disco abre com “Poeira Onde Havia Areia”, pequeno velocidade da bateria, caprichou e acertou a mão. Todas as faixas são ótimas, poema declamado, que serve de introdução para “Vende- executada por Robert T. Drennan. Mas uma coisa nenhuma destoa, e você pode ouvir várias vezes, sem se um pandeiro e um pequinês”, letra em forma de um podemos afirmar: é metal de qualidade, principalmente cansar. Isso sem falar na capa e no belo trabalho gráfico conto tocante, mas tocada num ritmo quase ska, que nos vocais de Zack. E as músicas são muito bem do encarte, com cores frias e sombrias, belíssimas. (MT) Edição 107 - novembro/dezembro/2009 43 EARS UP PEARL JAM – Backspacer (Universal)  THE MOODY BLUES – Threshold Of A Dream – Live acontece em outros momentos, como em “Face “Backspacer” pode ser At The Isle of Wight Festival (ST2)  On Video” e “I’ll Be Around”. Outros destaques em considerado um disco Em meados de 1970, “The First Way” são a bela balada “Grace”, o flerte quase tão poderoso o grupo Moody Blues com o reggae em “We Are Wrong”, e “Glory And quanto “Riot Act” ou tocava no lendário Hope”, a que mais transita entre a música regional mesmo quase tão bom festival Isle Of Wight e o metal, com um excelente baixo nos versos e quanto “Vitalogy”. O para mais de meio um teclado criando um clima sombrio no refrão. vocal de Eddie Vedder milhão de pessoas, Bons músicos, disco bem gravado e canções que continua forte, com que se espremiam primam pela originalidade. Perfeito. (BPF) modulação grave e em frente ao palco imune à passagem para ver os ingleses JET – Shaka Rock (Warner)  dos anos. As guitarras na apresentação O novo álbum dos de Stone Gossard e que rendeu enorme australianos recupera Mike McCready se mostram bastante furiosas, sucesso comercial e o poder de fogo e as principalmente nas melodias aceleradas e de approach que embalou a ascensão do grupo que já estava guitarras em brasa que punkster/garageiro que dominam a primeira metade trilhando seu caminho de ouro, quando o mesmo a banda mostrou em de um álbum que é curto (menos de 40 minutos de migrava do blues para o então rock psicodélico seu primeiro CD. E isso duração), mas bem intenso na maior parte do tempo. tão em evidencia na época, antes de descambar já fica evidente na faixa Tanto é que “Gonna See My Friends”, “Got Some”, para o rock progressivo, que marcou a carreira que abre o disco, “K.I.A. “The Fixer” (o primeiro single do disco) e “Johnny do mesmo. O DVD contém também cenas de (Killed In Action)”, com Guitar” (esta, a minha preferida, com seu andamento entrevistas que marcaram o filme atribuído ao e Cameron anfetamínico e excelente para pular até cansar num diretor Murray Lerner. (RKR) Muncey disparando riffs show do grupo ou em uma pista rocker alternativa), contagiantes dentro formam um quarteto arrasador, abrindo o álbum sem THE WAYS – The First Way (Bis)  de uma melodia não muito acelerada, mas bem deixar espaço para o ouvinte respirar. Mas é claro Este é o primeiro álbum pesada. Já “Beat On Repeat” faz uso de acordes em que o grupo não deixou seu lado melancólico de fora da banda paraense The eco e corinhos de “yeah, yeah” após Nic cantar o do trabalho, e ele surge forte em “Just Breathe”, com Ways. O que ouvimos nome da música, o que confere à faixa um tom algo Vedder cantando de maneira tristonha, acompanhado ao longo das faixas é psicodélico além de deixá-la com bastante swing. de percussão suave e arranjos de cordas sintetizadas. um misto revigorante A boa progressão melódica do álbum segue com Na mesma linha vem também “Unthought Known”, de estilos conhecidos “She’s A Genius”, não por acaso a faixa escolhida outra balada em que Eddie canta em tom de lamento, pelo tradicionalismo, para ser o primeiro single do disco: com um baixo mas com potência nas inflexões, e em uma música como o metal e o hard potente abrindo a canção, vocais anfetamínicos dos cuja melodia é quase toda conduzida por pianos, algo rock, com batuques dois guitarristas e instrumental acelerado, ela é uma não muito usual nas composições da banda. Ainda regionais. “On My road-rocker-song fodona, com o mesmo impacto que “Amongst The Waves” seja uma road song rocker Own”, que abre o disco, que o hit “” teve nas pistas que oscila entre a suavidade e o peso (e que se por exemplo, tem uma alternativas há seis anos. Fora isso, “Shaka Rock” torna outro grande momento do CD) e “Supersonic” guitarra oras zeppeliniana oras à la Maiden e um ainda tem momentos de pura festa (“ retome a aceleração punkster das primeiras faixas, vocal com jeitão de heavy metal mesmo (a voz do On Fire” é um hard garage rock setentista à la Dust a porção final de “Backspacer” se mostra menos vocalista Marcelo Silva remete a grandes nomes, tesudaço), a dose habitual de baladas compostas empolgante. Talvez porque “Speed Of Sound” soe como Bruce Dickinson e Andre Mattos, com muita pelo quarteto (que conta ainda com o baixista Marc dramática em excesso, talvez porque “Force Of competência). A levada, porém, é mais suingada, Wilson e o batera ), sendo que estas Nature” (mesmo sendo um rock razoavelmente e no meio da música foi encaixado um trechinho oscilam entre as boas (“She Holds A Grudge” fecha vigoroso) peque pelo título brega e pela letra algo de rap em português (a única parte no idioma o trabalho de maneira doce e bucólica, com a inocente e piegas. Assim chega-se a “The End”, a natal da banda em todo o disco). “A Better World” banda fazendo uso de pedal steel) e as ótimas, última faixa, com apenas cordas, percussão dolente é bem hard rock, lembrando até um pouco Van como a “estradeira” “Everything Will Be Alright”, e Vedder mais uma vez emoldurando a melodia com Halen, mas a percussão de Nonato Cavalcante que infelizmente parece constar apenas na edição um vocal triste, sombrio. (HF) dá um toque todo diferente à música. O mesmo japonesa (como faixa bônus) do álbum. (HF) Edição 107 - novembro/dezembro/2009 44 Fi q u e p o r d e n t r o d o s ú l t i m o s lançamentos d e CDs. EARS UP O s i t e d a r e v i s t a (w w w .d y n a m i t e .c o m .b r ) t r a z m a i s lançamentos . GAMMA RAY – Hell Yeah!!! The Awesome Foursome mais contidas e suaves aos agudos com desenvoltura conhece a banda já sabe o que vem pela frente. Quem And The Finnish Keyboarder Who Didn’t Want To e naturalidade), deambula com facilidade pelo folk, não conhece, é bom não perder tempo e ir logo atrás, Wear His Donald Duck Costume – Live In Montreal pelo rock de contornos mais hard e sulista, pelo country ainda mais os fãs de thrash metal. Da intro, “Sermon (Hellion)  e até por melodias que remetem aos Beatles. Tudo Of Sacrilege”, até a última faixa, “The Final Godsend”, Eis aqui uma banda que isso está em seu novo álbum solo, “My Old, Familiar é uma porrada na orelha atrás da outra, sem dó nem dispensa qualquer tipo de Friend”, que saiu em agosto passado nos Estados piedade. Músicas que podem perfeitamente ser a trilha apresentação. Afinal, são Unidos e é seu primeiro trabalho individual após gravar sonora do apocalipse embalam o ritmo em seu decorrer, quase 20 anos de estrada, dois discos com os Raconteurs (a “outra” banda de como as ótimas “House Of Possession”, “Black Wings trilhados por um dos pilares um certo Jack White). São 11 faixas, pouco mais de Of Yog-Sothoth” e “Necrosophic Blessing”. “Cult Of The do power metal melódico, 40 minutos de música. E é o suficiente. Produzido por Dead” traz ainda de bônus um DVD com todas as faixas o alemão Kai Hansen, Gil Norton (que já trabalhou com os Foo Fighters), o do disco ao vivo em estúdio para os fãs conferirem a também fundador do CD foi totalmente gravado apenas pelo músico, que performance das novas músicas. (RKR) Helloween, que começou toca vários instrumentos (guitarras, baixos, bateria e como guitarrista na atual teclados e arranjos de cordas). Tudo já começa muito SEKS COLLIN – Reflexo da Noite (Independente) banda e assumiu os vocais rocker e animadão com “A Whole Lot Better”, mezzo  há 15 anos. Neste DVD duplo o Gamma Ray mostra sessentista, com teclados Farfisa fazendo a festa e A música tema do filme que ainda tem muito mais pela frente. Aqui conferimos a violões e guitarras aceleradas compondo uma road “Heróis Trapalhões – apresentação que o grupo realizou na cidade canadense song que deixa o ouvinte com vontade de sair em Uma Aventura Na Selva”, de Montreal em 2006, na qual visitaram boa parte de sua disparada por alguma estrada deserta, tomando vento de 1988, é “As Palavras”, discografia, principalmente do disco “Somewhwre Out no rosto e se entupindo de cerveja. Fora que chama um dueto da cantora In Space”, além, é claro, de “I Want Out”, de sua antiga a atenção - e muito - como uma canção como “Poised Angélica com o grupo banda. No segundo disco, encontramos um documentário And Ready” pode soar tão deliciosamente como um Dominó. Alguém se sobre a turnê do álbum “Majestic” na América do Norte, êmulo dos Traveling Wilburys (ou de Tom Petty) e, lembra dessa música? videoclipes das músicas “Space Eater”, “One With The ainda assim, ser bacanésima. E, sim, há ainda rocks Mais de vinte anos se World”, “Gamma Ray”, “Rebellion In A Dreamland”, “Send poderosos no álbum (“Eyes On The Horizon”, “Don’t passaram, mas foi a Me A Sign”, “Heavy Metal Universe”, “Eagle” e “Into The Wanna Talk” e “Borrow”), canções que são pura candura primeira coisa que me Storm”, uma pequena apresentação nas edições de 2003 pop (como “Misery”, com seus corinhos fofíssimos) veio à cabeça ao ouvir esse novo álbum do Seks Collin. e 2006 do festival Wacken Open Air e muito mais. (RKR) e baladas lindonas - aí você pode escolher entre os Os duetos dos vocalistas Beto e Thais por todo o disco, violões, cordas e pianos que adornam “You Make A tomado por músicas românticas, são a grande arma BRENDAN BENSON – My Old, Familiar Friend Fool Out Of Me” ou a algo cinza “Leasson Learned”. pop da banda. O Seks Collin parece fazer parte de uma (Importado)  Uma delícia cremosa sônica, enfim, e que já tem o nova safra de bandas que, a exemplo do fenômeno Nascido em novembro meu voto para figurar entre os melhores álbuns deste Cine, cruza o já ultrapassado e simplório emo com a de 1970, o compositor, 2009 que já caminha para o fim. (HF) nata do pop oitentista nacional, mais especificamente cantor e multi- as “boy bands”. A sonoridade, obviamente, não é a instrumentista Brendan LEGION OF THE DAMNED – Cult Of The Dead mesma, afinal duas décadas se passaram. O Seks Benson é, hoje, de fato, (Nuclear Blast)  Collin brinca um pouquinho de rap aqui, coloca algo um dos nomes mais hot Os holandeses do de eletrônico acolá. Mas o som é pop. Não tem nada e queridos do indie rock Legion Of The Damned de indie rock com música eletrônica e hip hop, como norte-americano. Na parecem não se cansar a banda afirma. É pop, e só pop. Não me entendam ativa como músico desde de registrar novos sons, mal com isso, pois não acho que pop seja uma palavra 1996 (quando editou seu pois nem bem esfriaram de valor negativo. Mas sejamos francos, por favor. primeiro álbum, “One os motores de seus “Reflexos da Noite” é muito bem feito e tem músicas Mississippi”), Benson foi adquirindo fama e respeito lançamentos anteriores mais grudentas que Super Bonder, como “Sem Mais entre crítica e público graças à sua imensa habilidade e já aparecem com “Cult Desculpas” (a melhor do disco) e a divertidíssima “Ela em compor canções que abarcam uma enorme gama Of The Dead”, seu quarto É Uma Groupie”. Tem tudo pra tocar muito e fazer um de influências e referências. Brendan, que possui um álbum consecutivo em bocado de sucesso. Não acrescenta muito, mas pop é registro vocal bastante agradável (ele vai das inflexões três anos. Quem já música para se divertir, não para pensar. (BPF) Edição 107 - novembro/dezembro/2009 45 By Diego “Edu“ Fernandes Imagens: reprodução CINEMA

Herbert de Perto Por trás dessas lentes também bate um coração

documentário musical “Herbert de Perto” tem todas as características que se espera de uma produção desse gênero. A mais importante delas, quando Ose pensa na posteridade da obra, é a pesquisa, que conseguiu colecionar algumas imagens preciosíssimas da carreira de Herbert Vianna, vocalista e guitarrista do Paralamas do Sucesso. Em alguns momentos, há espaço para belas comparações, usando situações próximas em atitude e distantes em cronologia. Um exemplo dessa inteligente ferramenta é a edição paralela da primeira apresentação da banda liderada por Herbert no histórico Circo Voador e a volta dos músicos à casa, décadas depois. Como o objeto de estudo do filme é o frontman do trio, a música tem uma participação fundamental. Para quem já é fã assumido, será necessário autocontrole para não sair cantando no meio da sala de cinema. Para quem não tem muito conhecimento do assunto, pode se descobrir mais amante da banda do que se tinha noção, semelhante à experiência de assistir a “Titãs – A Vida Até Parece uma Festa”. Ainda no assunto música, há depoimentos de muitos parceiros de Herbert. Além dos outros integrantes d’Os Paralamas do Sucesso, depoimentos de Dado Villa- Lobos e Fito Paez, por exemplo, atestam a importância das composições dele não só no Brasil, mas também para sua legião de fãs em outros países, especialmente na Argentina. Muita emoção pode ser experimentada na sessão de “Herbert de Perto”, conforme assuntos delicados são abordados. O exemplo mais forte é o trágico acidente aeronáutico que vitimou a esposa de Herbert e o deixou paraplégico. Apesar de não haver restrições para falar dessa questão, passagens importantes da vida do músico foram deixadas de lado. A maior falta é o relacionamento que ele teve com Paula Toller, vocalista do Kid Abelha. Se ele dedicou a ela versos como “Eu tive fora uns dias, eu te odiei uns dias, eu quis te matar”, é claro o impacto que a participação dela teve em sua vida. Mesmo assim, assistir a esse documentário será uma deliciosa viagem no tempo para qualquer pessoa que conheça ao menos um pouco do repertório da banda. M

Edição 107 - novembro/dezembro/2009 46 By Saulo Wanderley Imagens: reprodução PLAY Abaixa o som que entrou o comercial!

ocê já deve ter pulado do sofá de susto ao automaticamente os sinais da programação de TV entrarem os comerciais da TV e o volume dar um e os enviam para uma saída 5.1, seja a origem um Vsalto abrupto. É a videosurdez dos técnicos das estéreo comum, ou mesmo uma decodificação de emissoras da TV aberta ou paga. Eles acham que os até 16 canais de áudio, com direito a encoders Dolby telespectadores são audioidiotas e consideram normal a Digital (AC-3) e outras firulas. sua falha ao não equalizar os volumes da transmissão de Fisicamente, os sinais entram por um conector de várias fontes, filmes, comerciais e outras atrações. nove pinos serial ou são extraídos dos 16 canais por O assunto foi discutido na feira de engenharia de uma entrada HD-SDI. O áudio e vídeo são analisados TV, rádio e telecomunicações Broadcast & Cable, e e monitorados pelo protocolo ITU BS.1770. Qualquer no paralelo 11º Congresso de Tecnologia e Televisão canal, par de canais ou mixagens são monitorados SET, quando começou a ser esboçada a Lei do por poderosos amplificadores, subwoofers, e seguem Loudness, que pretende regular os volumes para por saídas balanceadas ou AES. não agredir o telespectador. Autoridades do tema A NOC (US Network Operations Center) disponibiliza estiveram debatendo: Carlos Ronconi e Luis Fausto em seu site um vídeo com três exemplos com da Rede Globo, Thomas Lund da TC Electronic aplicação do Dolby E com saídas em 5.1, com áudio (Dinamarca), Michael Prouix da Miranda (Canadá), e vídeo nos mesmos moldes da TV coreana. Os Tony Zare da Evertz (Canadá) e Mathias Bendull, da exemplos mostram como o uso da tecnologia Dolby Dolby (EUA). A moderação foi de Alexandre Sano, do facilita as implementações para a transmissão de SBT. Pelo menos uma vez Globo e SBT pararam de áudio em tempo real. M brigar para dar atenção ao telespectador. Eles se basearam em pareceres de entidades como a ITU (International Telecommunication Union) e a AES (Audio Engineering Society). No encontro latino- americano desta última entidade o tema foi exatamente áudio para HDTV, quando os presentes puderam ouvir sonorizações em até 22 canais de áudio simultâneos. Para entender o tamanho da encrenca, o leigo precisa saber – e ouvir – que o velho estéreo já está no bico do corvo há anos. Apenas dois canais de áudio, o tecnicamente conhecido 2.0, já é uma raridade nas salas dos telespectadores brasileiros, e poucos têm sistemas de home theater com o 5.1, com seis canais de áudio. Além da limitação do número de canais, as variações de volume esquentam as orelhas de muita gente boa mundo afora. Um canal da Coreia – a QOOK TV – está testando um sistema chamado Linear Acoustic, que gerencia os volumes de transmissão com um monitor chamado Lambda, que por sua vez usa o sistema Dolby para corrigir as diferenças de áudio. O sistema é equipado com controles múltiplos de loudness, mixers e outros periféricos, que detectam

Edição 107 - novembro/dezembro/2009 47 By Dum de Lucca Neto Imagens: divulgação JUKEBOX Living Colour Living Colour surgiu na cena hard rock Discurso anti-segregacionista mundial em 1984. A formação original trazia O , guitarrista inglês radicado nos Estados Unidos, o baterista William Calhoun, o fundamentado em música de qualidade baixista Muzz Skillings e o vocalista . Mais do que mais uma banda, entre várias que surgiam todos os dias nos acalorados anos 80, o Living Colour veio para mexer e remexer o caldeirão do rock, seja com uma completa fusão de ritmos, seja revirando e lançando por terra conceitos e pré- conceitos que dominavam o meio musical da época. Bandas integradas somente por negros não tinham muito espaço no rock e ficavam restritas ao cenário hip hop. Mas de nada teria adiantado o discurso anti- segregação racial do grupo se não houvesse também uma boa fundamentação musical e isso, sem exagerar, sobrava no Living Colour. Seus integrantes, músicos virtuosos advindos do jazz, passeavam com maestria também por elementos como rock, funk, punk, rap, heavy metal e, com facilidade, ganharam fama nos principais clubes de Nova York. Em pouco tempo já eram a nova cara do funk rock alternativo. Claro que talento também precisa daquela dose de sorte, o “estar no lugar certo na hora certa”, e ela veio quando um encantado Mick Jagger surgiu em um dos clubes nova-iorquinos em que o quarteto se apresentava e quis conhecer os músicos. Dali até o popstar se prontificar a produzir a demo da banda foi um pulinho. Entrar, por meio dessa fita demo, na gravadora Epic... Outro pulinho. E Mr. Jagger ainda deu canja no álbum de estréia “Vivid”, que saiu em 1988. Na turnê abrindo para o Rolling Stones, a música “Cult Of Personality” virou hit absoluto, ecoou por quase todo o planeta e deu ao Living Colour o Grammy 1989 de “Melhor Performance de Hard Rock”.

Edição 107 - novembro/dezembro/2009 48 LIVING COLOR

O Living Colour tinha demarcado seu espaço e o mercado fonográfico também se rendia, abrindo mais portas para bandas de rock formada por negros. Com isso o grupo pôde lançar seu segundo álbum: “Time’s Up”. Como no primeiro, muita inspiração e ecletismo estavam presentes também nesse segundo trabalho. Resultado: mais um sucesso de vendas e outro Grammy. Claro que mudanças causadas por opiniões divergentes também fazem parte da história da banda e, em 1992, o baixista Skillings sai e é substituído por , músico talentoso e um dos pioneiros do contrabaixo no hip hop. Em 1993, mais um lançamento fonográfico: “Stain”. Talvez o trabalho mais “pesado” do Living Colour. E o de repercussão mais discreta, também. Em 1994, sem muitas explicações e às portas da gravação do quarto álbum, Vernon Reid, líder fundador da banda, deixa os parceiros e encerra um ciclo. Sem ele, os outros não quiseram continuar. Foram seis anos de separação. Durante esse período os músicos se dedicaram a outras bandas e trabalhos individuais. Em 2000, juntaram-se novamente para apresentações no CBGB, clube de Nova York onde tudo havia começado. Em grande parte os créditos pelo ressurgimento da banda são atribuídos aos próprios fãs, sobretudo os tupiniquins, com os quais o baterista teve muito contato em suas diversas vindas ao Brasil. “CollideOscope”, álbum de 2003, reflete bem essa nova fase e soma elementos eletrônicos à sonoridade da banda , mas o resultado final não agradou muito os músicos. O grupo veio pela primeira vez ao Brasil em 1992, para a terceira edição do Hollywood Rock. Apesar de não ser tratado pela organização do evento como a maior atração, roubou totalmente a cena, atraiu a atenção do público e, sem muita firula e munido de competência e som contagiante, fez de sua apresentação vibrante e barulhenta o melhor show do festival. Platéia e crítica se juntaram em rasgados elogios para o que, até hoje, é considerado um dos mais memoráveis shows de rock realizados em nosso país. O quarteto voltou mais algumas vezes. Em 2004 e 2007 fez apresentações contagiantes e cheias de empatia com seu público fiel. Em mais de duas décadas de carreira, o Living Colour continua a todo vapor, com uma trajetória marcada muito mais pela preocupação com a qualidade e coerência artística do que com modismos comerciais. Mistura musical e racial, fusões ricas de ritmos e sons que acabam se transformando em sucesso de público e crítica. Em outubro de 2009, a banda aterrissou por aqui com a turnê “”, nome de seu primeiro álbum de estúdio após uma lacuna de cinco anos. M

Edição 107 - novembro/dezembro/2009 49 m 2009, a revista Dynamite atingiu um marco: 19 anos de vida! Mais do que sobreviver às inconstâncias do mercado editorial e pacotes econômicos, ela provou que credibilidade e independência têm sua recompensa para com o público. A grande novidade é que agora a Erevista é gratuita e de conteúdo aberto! Isso mesmo, a revista deixou de ser impressa para se voltar inteiramente a web e todo o conteúdo da revista pode ser acessado on-line. O portal Dynamite Online (http://www.dynamite.com.br) foi lançado em 2002, em mais uma revolução no nosso país, pois foi o primeiro portal de notícias musicais com atualização em tempo real. No portal, o internauta tem acesso a uma vasta gama de opções, como news, acontece, shows, podcast, blogs, rádio, lançamentos, MP3s, classificados, além de poder acessar o conteúdo online da revista. Mas a Dynamite continua mantendo o espírito de sempre: de quem no início da década de 90, antecipou a onda alternativa que varreria o mundo, ao propor uma revista de rock mais eclética, tantos nos estilos cobertos, quanto ao agregar outros assuntos como política, esportes radicais, comportamento, quadrinhos, moda, atingindo um público jovem antenado e participativo.

Audiência auditada/mês Visitantes únicos 54.278 Numero de visitas 73.988 (1.36 visitas/visitante) Impressões 579.829 (7.83 páginas/visita) Page views 2.821.516 (38.13 hits/visita) Tráfego 18.66 GB (264.48 KB/visita)

>> A tabela de Publicidade no site promocional é:

PACOTES REVISTA ONLINE - PLANO PROMOCIONAL: 1 página colorida + banner full bottom rotativo no site por 30 dias por R$ 1.500,00.

PACOTES - SITE HOME + PÁGINAS INTERNAS

SUPERBANNER EXCLUSIVO HOME (728px x 90px) - R$ 5.000,00 PERÍODO 1 MÊS INTEGRAL

SUPERBANNER ROTATIVO HOME (728px x 90px) - R$ 3.000,00 PERÍODO 1 MÊS PARCIAL (MAX. 3 ANUNCIANTES)

FULLBANNER EXCLUSIVO BOTTOM HOME PERÍODO 1 MÊS INTEGRAL - R$ 2.000,00

FULLBANNER ROTATIVO BOTTOM HOME - R$ 1.000,00 PERÍODO 1 MÊS PARCIAL (MAX. 3 ANUNCIANTES )

REVISTA ONLINE (novidade em promoção) 1 página cor R$ 1.000,00 (tela inteira) 1/2 página cor R$ 500,00 (meia tela) 1/4 página cor R$ 250,00 (1/4 tela)

Contatos Publicidade: Tel/Fax: (11) 3064.1197 Hanilton Scofield - [email protected] André “Pomba” - [email protected] Edição 107 - novembro/dezembro/2009 50