Corumbiara: O Massacre Dos Camponeses
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA CORUMBIARA: O MASSACRE DOS CAMPONESES. RONDÔNIA, 1995 Helena Angélica de Mesquita São Paulo 2001 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA CORUMBIARA: O MASSACRE DOS CAMPONESES. RONDÔNIA, 1995 HELENA ANGÉLICA DE MESQUITA Tese de doutorado apresentada ao programa de pós-graduação em Geografia Humana do Departamento de Geografia FFLCH/USP como requisito para a obtenção do título de Doutora. Orientador: Prof.o Dr. Ariovaldo Umbelino de Oliveira. São Paulo 2001 Dedico este trabalho a todos os camponeses que estavam na fazenda Santa Elina, e, em especial, aos sobreviventes do massacre de Corumbiara, pois eles e esta tese, podem de alguma forma garantir a memória de uma história que a História não registra. O poder encontra hoje, mais que em outras épocas, formas, diversas, de se impor. E muitas delas são autoritárias. Estas são contra a natureza e a solução para implantá-las é o totalitarismo no qual estamos vivendo. O que se propõe e que se faz contraria todas as aspirações mais profundamente humanas e isso traz, como consequência, a brutalidade. Por isso vivemos num mundo brutal. As pessoas se admiram e se chocam com a violência, buscando razões que as justifique. Mas poucos compreendem que a violência é provocada exatamente por estas formas/forças de poder. Milton Santos O caso Corumbiara é um caso bem típico porque põe o conjunto da sociedade organizada, juizes, políticos, poder executivo, poder legislativo, tudo de um lado só, do lado do latifúndio, contra a organização dos camponeses. Dom Tomás Balduíno Presidente da CPT AGRADECIMENTOS Esta tese á o resultado de uma longa caminhada.. Neste percurso foram muitos que me deram a mão, andaram comigo, indicaram caminhos, especialmente Maria, Geraldinho, Zé Francisco, Eliane, João Carlos, Damásio, Irmã Terezinha, Dom Geraldo, Bá, Marcelo, Vanderlei, Penha, Dora, Adelino, Cícero, Claudemir, Cléia, Jair, Adilson, Lívia, Paulo, Aninha, Antônio, Rose, Amália, Dirce, Fátima Cleide, Marta, Luiz, Elizeu, Job, Vicentina, Chico, João Antônio, Valdir, Diniz, Edilson, Queiroga, Carolaine, Messias, Izidoro, Nélia. A todos sou grata. Agradeço ao INCRA. Agradeço a CPT. Agradeço ao CNPq e a Prefeitura de Catalão. Agradeço ao meu orientador Profo Dr. Ariovaldo Umbelino de Oliveira. Agradeço a minha família, em especial a Françoise, Luciana e o pequeno João. 9 SUMÁRIO 1. Apresentação...............................................................................................................15 2. Introdução....................................................................................................................24 3. Capítulo I – A Produção do Espaço Agrário..............................................................46 3.1. As Correntes de Análise do Campo Brasileiro.........................................................47 3.2. A Produção do Espaço em Rondônia.......................................................................59 3.2.1. A Fazenda Santa Elina...........................................................................................80 3.2.2. A Mobilização para a Ocupação da Fazenda Santa Elina.....................................85 4. Capítulo II – O Conflito da Santa Elina/O Massacre de Corumbiara........................89 4.1. O Conflito da Santa Elina.........................................................................................91 4.2. O Massacre de Corumbiara....................................................................................113 4.3. Quem Estava no Acampamento da Santa Elina?....................................................135 5. Capítulo III – O Sonho não Acabou........................................................................145 5.1. Os Camponeses Subvertem o Xadrez das Terras...................................................152 5.2. O PA Nova Vanessa ou PA Fazenda Guarajus......................................................160 6. Capítulo IV – O Massacre dos Camponeses se Estende ao/no Júri.........................167 6.1. O Julgamento em Porto Velho – 14 de agosto a 6 de setembro de 2000...............171 7. Capítulo V – Iconografia da Luta pela Terra............................................................192 8. Considerações Finais.................................................................................................229 9. Bibliografia................................................................................................................236 10. Fontes Documentais................................................................................................246 11. Anexos.....................................................................................................................248 10 ÍNDICE DE FIGURAS 1. Figura 1 – Localização da área de estudo....................................................................27 2. Figura 2 – Municípios do Estado de Rondônia...........................................................62 3. Figura 3 – A organização territorial – 1975................................................................63 4. Figura 4 – Fluxo migratório para Rondônia................................................................68 5. Figura 5 – Setores 9 e 10 da gleba Corumbiara...........................................................84 6. Quadro 1 – Distribuição das terras de Rondônia por tipo de ocupação – Rondônia 1995.........................................................................................75 7. Quadro 2 – Informações gerais sobre PIC, PAD, PAR e PA de junho de 1970 a agosto de 2001 ....................................................................154 8. Tabela 1 – Crescimento populacional de Rondônia/Região Norte/Brasil 1950/ 2000...............................................................................................60 9. Tabela 2 – População e taxa geográfica média de crescimento anual segundo Zona de Localização – Rondônia – 1950 / 2000......................................65 10. Tabela 3 – Comparativo de desenvolvimento demográfico dos principais municípios de Rondônia 1980 / 1991...................................................... 66 11. Tabela 4 – As Transformações no espaço agrário de Rondônia de 1970, 1975, 1980, 1985 e 1995 / 1996........................................................................79 11 SIGLAS E ABREVIATURAS ALE – Assembléia Legislativa CEPAMI – Centro de Estudos da Pastoral do Migrante CETREMI – Centro de Triagem de Migrantes COE – Companhia de Operações Especiais COOTRARON – Cooperativa de Trabalhos Múltiplos de Rondônia CPT – Comissão Pastoral da Terra FETAGRO – Federação dos Trabalhadores da Agricultura de Rondônia (Ji Paraná) INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária IPL – Inquérito Civil IPM – Inquérito Policial Militar ITERON – Instituto de Terras de Rondônia MCC – Movimento Camponês Corumbiara MPA – Movimento de Pequenos Agricultores MST – Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra OAB – Ordem dos Advogados do Brasil PA – Projeto de Assentamento PAD – Projeto de Assentamento Dirigido PAR – Projeto de Assentamento Rápido PIC – Projeto Integrado de Colonização PLANAFLORO – Plano de Gerenciamento do Recursos Naturais de Rondônia PM – Polícia Militar PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento QG – Quartel General SEDAM – Secretaria de estado do Desenvolvimento Ambiental SR – Setor Regional do INCRA STR – Sindicato dos Trabalhadores Rurais UA – Unidade Avançada do INCRA UFG – Universidade Federal de Goiás UNESP – Universidade do Estado de São Paulo USP – Universidade de São Paulo 12 VOCABULÁRIO REGIONAL Amansar a terra - O trabalho feito pelos camponeses em terra “virgem”. Os sem terra são colocados nos lotes, derrubam a floresta, fazem os primeiros plantios e depois têm que ceder a terra para os fazendeiros. Arremar- A gente vai arremando- vai vivendo precariamente. Arremando o capim - Alguém vai na frente de um grupo ou de um indivíduo abrindo passagem no capim ou na capoeira, especialmente quando o capim está muito alto. Bolicho - Boteco, pequeno comércio, vendinha. Cageta - É o mesmo que alcagüete. Camisa de onze varas - Situação complicada. Carreador - Caminho feito por toreros e madeireiros, arremedo de estrada. Casa de Material – Casa de alvenaria. Como a maioria das casas é feito de madeira cobertas de telha de amianto ou cobertas de folhas de palmeiras, a casa de alvenaria é denominada por eles de: “casa feita de material”. Catanas – Espécie de raízes expostas, coladas ao tronco de algumas árvores como a figueira e o pariri. As catanas da figueira no alto do acampamento da Santa Elina eram tão grandes que abrigavam barracos em seus vãos. Celebrim - Cilibrim - Celibrim - Zé Edilson (filho do Tira Gosto) morador do assentamento Adriana explica: É um tipo da boca de um farol na bateria, aquilo avista distância longe, a base de cem metros a gente enxerga. O cara alumeia assim, aquilo avista longe. É mesma coisa de um farol forte. Eles avista a gente longe mas a gente num avista eles porque quando vai chegando perto a gente fica ceguinho (02/05/1998). Defunto sem choro – diz-se de quem não tem família ou alguém que se incomode com ele. Jagunço e pistoleiro é defunto sem choro, por isso acredito que muitos morreram na Santa Elina e ficou por isso mesmo, ninguém reclamou suas vidas e menos sua morte. Vigário de Colorado. Fundiária – Denominação da parte dos fundos dos terrenos. Guaxeba – Guacheba – Guaxeba e jagunço são