ANÁLISE CONJUNTA DO ENSAIO REGIONAL DE LINHAGENS DE AVEIA BRANCA CONDUZIDO EM 2017 Marcelo T. Pacheco1, Klever M. A. Arruda2, C
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ANÁLISE CONJUNTA DO ENSAIO REGIONAL DE LINHAGENS DE AVEIA BRANCA CONDUZIDO EM 2017 Marcelo T. Pacheco1, Klever M. A. Arruda2, Carlos R. Riede2, Elir de Oliveira3, Nadia C. Lângaro4, Juliano L. de Almeida5, José A. G. da Silva6, Antonio C. de Oliveira7 A cultura da aveia tem aumento em área cultivada no Brasil no últimos anos, voltando a patamares próximos aqueles registrados em 2005 e 2006, segundo dados da CONAB, quando a área cultivada de aveia caiu drasticamente, em virtude da súbita elevação dos preços do trigo. O sucesso da cultura da aveia no Brasil, considerada mundialmente como uma “cultura órfão”, dá-se pelo esforço conjunto de universidades, instituições de pesquisa, cooperativas e indústrias, além dos próprios agricultores. Grande parte desse sucesso deve ser creditado à Comissão Brasileira de Pesquisa de Aveia (CBPA), que congrega as instituições públicas e privadas interessadas no desenvolvimento da cultura da aveia no Brasil. A CBPA coordena uma rede de ensaios de aveia que visam à identificação de genótipos superiores de aveia, que venham a contribuir com a cultura no país. A rede é formada por três níveis, nos dois primeiros níveis são testadas linhagens de aveia, desenvolvidas pelos programas de melhoramento genético, com intuito de identificar aquelas que têm potencial para serem lançadas comercialmente como novas cultivares de aveia. O último nível é representado pelo Ensaio Brasileiro de Cultivares de Aveia Branca, onde as cultivares disponíveis são anualmente avaliadas, auxiliando nas tomadas de decisão por técnicos e produtores. No primeiro nível da rede de ensaios de aveia encontra-se o Ensaio Regional de Linhagens de Aveia Branca, onde novas linhagens são indicadas, pelos programas de melhoramento genético, para serem testadas em diferentes locais, a fim de identificar aquelas que têm potencial para passar para a fase seguinte, que é o Ensaio Brasileiro de Linhagens de Aveia Branca. Desta forma, este trabalho tem por objetivo apresentar os dados obtidos no Ensaio Regional de Linhagens de Aveia Branca em 2017, nos diferentes locais onde foi conduzido. No ano de 2017, o Ensaio Regional de Linhagens de Aveia foi conduzido em nove locais, sendo quatro locais no RS (Pelotas, Eldorado do Sul, Augusto Pestana, Passo Fundo) e cinco locais no Paraná (Ponta Grossa, Guarapuava, Santa Tereza do Oeste, Londrina, Mauá da Serra). O Ensaio foi conduzido através delineamento de blocos casualizados com quatro repetições. As unidades experimentais foram constituídas de parcelas de 5 linhas de semeadura, espaçadas 0,20 entre si, com 5 metros de comprimento, totalizando 5 m2. O ensaio foi conduzido sem aplicação de fungicida para controle de moléstias fúngicas. O ensaio contou com três cultivares 1 Eng. Agr., Ph.D., Professor do Dep. de Plantas de Lavoura, Faculdade de Agronomia, UFRGS. E-mail: [email protected] 2 Eng. Agr., Ph.D./Dr,, Pesquisador do IAPAR, Estação Experimental de Londrina, PR. 3 Eng. Agr., Dr., Pesquisador do IAPAR, Estação Experimental de Santa Tereza do Oeste, PR. 4 Eng. Agr., Dra, Prof. da Faculdade de Agronomia, UPF, Passo Fundo, RS. 5 Eng. Agr., Dr., Pesquisador da Fund. Agrária de Pesquisa Agropecuária (FAPA), Entre Rios, Guarapuava, PR. 6 Eng. Agr., Dr., Prof. do Departamento de Estudos Agrários, UNIJUI, Ijuí, RS. 7 Eng. Agr., Ph.D., Prof. da Faculdade de Agronomia, UFPel, Pelotas, RS. testemunhas, sendo elas: URS 21, URS Corona e URS Altiva (tratamentos 1 a 3). Foram avaliadas 21 linhagens de aveia (tratamentos 4 a 24), conforme pode ser visto na Tabela 1. Um resumo dos resultados contidos nas Tabelas 2 a 12 é apresentado na Tabela 1, a qual contém as médias de cada caráter avaliado, obtidas para cada genótipo. Nas Tabelas 2 a 12 são exibidas as médias locais, utilizadas para compor a média geral de cada genótipo. Na Tabela 1 dados em negrito indicam que a média daquele caráter, para aquele genótipo, foi superior a média da melhor testemunha ou de destaque. Na Tabela 1 é possível notar que a cultivar URS Altiva foi a melhor testemunha para dez dos 12 caracteres avaliados. Valores sombreados de azul indicam a média da melhor testemunha, para cada caráter (Tabela 1). O rendimento de grãos é o caráter mais importante de uma planta produtora de grãos, como é o caso das aveias brancas testadas no Ensaio Regional de Linhagens. Desta forma, a principal norma da CBPA da promoção de linhagens do Ensaio Regional para o Ensaio Brasileiro de Linhagens de Aveia é que a linhagem tenha alcançado rendimento de grãos igual ou superior a 105% do rendimento obtido pela melhor testemunha, na média de todos os locais de teste. A melhor testemunha para rendimento de grãos, na média dos locais, foi a URS Altiva, tendo sido superior às demais testemunhas em seis dos oito locais de teste (Tabela 2). De acordo com norma da CBPA, somente as linhagens AL 16020 (Trat 8) e UFRGS 146149-2 (Trat 12), as quais atingiram rendimento de grãos 13,7 e 5,6% superior ao melhor testemunha, respectivamente, podendo ser promovidas para o Ensaio Brasileiro de Linhagens de 2018. A linhagem AL 16020 foi superior a melhor testemunha local, em pelo menos 5%, em quatro locais de teste, conforme indicado pelos valores em negrito e sombreados de verde na Tabela 2. Enquanto a linhagem UFRGS 146149-2 foi superior, em pelo menos 5%, em apenas um local. Duas outras linhagens foram superiores, na média, ao rendimento da melhor testemunha, que foram as linhagens UFRGS 146025-3 (Trat 11) e UFRGS 156037-5 (Trat 15), em 4,2 e 2,2%, respectivamente. As condições desfavoráveis de ambiente em 2017 foram responsáveis por introduzir grandes variações dentro e entre ambientes, sendo que dentro de ambientes essa flutuação é observada pelos coeficientes de variação mais elevados (Tabela 2) e pelos menores coeficientes de regressão do modelo linear da análise de regressão (resultados não apresentados). Também denuncia essa variação entre ambientes é o fato de que todas as linhagens testadas foram superiores a melhor testemunha local, em 5% ou mais, em pelo menos um local, conforme pode ser visto pelas médias de rendimento de grãos em negrito e sombreadas de amarelo (Tabela 2). As médias de peso do hectolitro (PH) dos grãos são apresentadas na Tabela 3. A melhor testemunha para o caráter foi a URS Altiva, com média de 51,5 kg/hl. Essa cultivar foi superior às demais testemunhas em todos os ambientes, com exceção de Passo Fundo. As linhagens que foram superiores para rendimento de grãos, AL 16020 e UFRGS 146149-2, tiveram PH inferior ao da melhor testemunha em todos os locais de teste. Porém, AL 16020 teve média de PH superior às médias das outras duas testemunhas (URS 21 e URS Corona). Três linhagens, UFRGS 146182-5 (Trat 13), UFRGS 156037-5 (Trat 15) e UFRGS 156037-14 (Trat 16), mostram PH superior ao da melhor testemunha na média de locais, sendo superior à média local em pelo menos quatro ambientes (Tabela 3). URS Altiva também foi a melhor testemunha para massa de mil grãos, sendo superior as demais testemunhas em cinco dos oito ambientes que reportaram o caráter (Tabela 4). Sete linhagens tiveram média de massa de mil grãos igual ou superior ao da melhor testemunha, sendo elas: AL 16086 (Trat 10), UFRGS 156037- 5 (Trat 15), UFRGS 156037-14 (Trat 16), UFRGS 156079-1 (Trat 17), UFRGS 156115-4 (Trat 19), UFRGS 156115-5 (Trat 20) e UFRGS 156125-5 (Trat 22) (Tabela 4). Destas linhagens, aquelas correspondentes aos tratamentos 15 e 16 também foram superiores para peso do hectolitro (Tabela 3). Quanto ao ciclo entre a emergência e o florescimento, os locais onde foram observados as menores médias para o caráter foram Londrina, Eldorado do Sul e Ponta Grossa, com médias entre 65 e 66 dias. Enquanto os demais locais apresentaram médias de ciclo até o florescimento entre 73 e 79 dias (Tabela 4). URS Altiva foi a testemunha mais precoce, sendo 6 a 7 dias mais precoce que as outras duas cultivares testemunhas (Tabela 5). As linhagens UFRGS 156037-5 (Trat 15), UFRGS 156037-14 (Trat 16), UFRGS 156120-3 (Trat 21) e UFRGS 156125-5 (Trat 22) foram entre 1 e 2 dias mais precoces do que URS Altiva, no ciclo até o florescimento, na média dos ambientes. Por outro lado, a linhagem UPF 05H500-2-3- 1-2-4 foi de 7 dias mais tardia que a testemunha de maior ciclo, que foi a URS Corona. As demais linhagens tiveram ciclo muito similar ou inferior às testemunhas URS 21 e URS Corona (Tabela 5). O ciclo do florescimento até a maturação, que indica o período de enchimento dos grãos, foi extremamente curto em Ponta Grossa, com média de apenas 27 dias, porém chegando a 43 dias, na média do local Mauá da Serra (Tabela 6). A cultivar URS Altiva foi superior entre as testemunhas, enquanto cinco linhagens foram superiores à URS Altiva para esse caráter: AL 16014 (Trat 5), UFRGS 156037-5 (Trat 15), UFRGS 156037-14 (Trat 16), UFRGS 156120-3 (Trat 21) e UFRGS 156125-5 (Trat 22) (Tabela 6). Todas essas linhagens estavam entre as mais precoces no ciclo até o florescimento, citadas no parágrafo anterior, à exceção da linhagem AL 16014 (Trat 5), porém essa linhagem foi também muito precoce, sendo apenas 1 dia mais tardia que URS Altiva, na média de todos os ambientes (Tabela 5). Assim como para o ciclo entre o florescimento e a maturação, o ciclo total da planta, da emergência à maturação, foi muito curto em Ponta Grossa, com média de apenas 93,2 dias, seguido de Londrina, com média de 99,7 dias. Nos demais locais o ciclo médio da emergência até a maturação ficou entre 109,6 dias (Augusto Pestana) e 130,8 dias (Pelotas) (Tabela 7).