TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE Fls 1632. DIRETORIA DE CONTROLE DE ATOS DE PESSOAL

PROCESSO Nº: RLA-15/00465531 UNIDADE GESTORA: Prefeitura Municipal de RESPONSÁVEIS: Luis Arnaldo Napoli - Prefeito Municipal de 1º/01/2013 até a data da auditoria (14/08/2015) Heberton Luiz Stork – Tesoureiro Geral da Prefeitura Municipal de 1º/01/2013 até a data da auditoria (14/08/2015) ASSUNTO: Auditoria in loco relativa a atos de pessoal, com abrangência sobre o período de 1º/01/2014 a 14/08/2015 RELATOR Gerson dos Santos Sicca UNIDADE TÉCNICA Divisão 1 - DAP/COAP I/DIV1 RELATÓRIO Nº: DAP – 1436/2017 – Relatório Conclusivo

1. INTRODUÇÃO

Em atendimento à programação estabelecida e cumprindo as atribuições de fiscalização conferidas ao Tribunal de Contas pelo art. 59, inciso IV, da Constituição Estadual; art. 1º, inciso V, da Lei Complementar nº 202/2000 - Lei Orgânica do Tribunal de Contas; e art. 1º, inciso V, da Resolução nº TC 06/2001 – Regimento Interno do Tribunal de Contas, a Diretoria de Controle de Atos de Pessoal - DAP realizou Auditoria in loco na Prefeitura Municipal de Jaguaruna.

A Auditoria foi autorizada pelo Diretor Geral de Controle Externo, de acordo com o disposto no Memo. DAP 28/2015, de 29/07/2015 (fls. 03 e 04), sendo realizada efetivamente no período de 10 a 14/08/2015.

Através do Ofício TCE/DAP nº 14.011/2015, de 07/08/2015 (fl. 12), foi designada equipe de auditoria, com o intuito de verificar a regularidade dos atos de pessoal, com abrangência sobre remuneração/proventos, cargos de provimento efetivo e comissionado, cessão de servidores, contratação por tempo determinado, controle de frequência e controle interno, ocorridos a partir do exercício de 2014.

A Auditoria in loco constatou algumas restrições que foram apontadas no Relatório Técnico nº 6758/2015, acostado às fls. 398 a 439, o qual foi acolhido pelo Relator, que determinou a realização de Audiência dos responsáveis, nos

1 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. termos do art. 29, § 1º, c/c art. 35 da Lei Complementar nº 202/2000, de acordo com o Despacho nº GAC/CFF – 1131/2015 (fls. 440 e 440v)

As respostas à Audiência, efetuada pelos responsáveis, foram acostadas aos autos de acordo com o que segue:

- Luis Arnaldo Napoli – fls. 517 a 556, com anexos de fls. 557 a 1630. - Heberton Luiz Stork – fls. 511 e 512, com anexos de fls. 513 a 516.

2. ANÁLISE

Inicialmente, cabe ressaltar que a Auditoria in loco efetuada na Prefeitura Municipal de Jaguaruna apontou vinte e uma restrições, de acordo com o disposto no Relatório Técnico nº 6758/2015, as quais serão reapreciadas nos itens 2.1 a 2.21 deste relatório, de acordo com a sequência da presente instrução. Cabe ressaltar, entretanto, que serão analisadas primeiramente algumas razões preliminares trazidas aos autos pelo responsável Sr. Luis

Arnaldo Napoli, de acordo com os argumentos trazidos às fls. 517 a 524.

O gestor aduziu que assumiu a chefia do Poder Executivo Municipal em 1º/01/2013, sendo que a Chefia do Setor de Recursos Humanos era ocupada pelo servidor Wanderley Paulo Fernandes, pertencente ao quadro efetivo de pessoal da unidade gestora e que possuía experiência no setor em tela. De tal modo, tendo em vista a experiência do servidor na matéria e as atribuições do Departamento de Contabilidade, Administração Financeira e Orçamentária e de Recursos Humanos da Prefeitura Municipal, constantes do art. 42 da Lei nº 811/19981, o gestor asseverou que o Setor de Recursos Humanos controlava

1 Art. 42 - Compete ao Departamento de Contabilidade, Administração Financeira, Orçamentária e de Recursos Humanos: [...] XII - Elaborar e promover concursos públicos para admissão de pessoal necessário ao bom desempenho das ações da Prefeitura Municipal; XIII - recrutar, selecionar, admitir e treinar o pessoal que vier a pertencer ao quadro do Poder Executivo; XIV - cuidar das questões referentes à movimentação de pessoal, como o registro de admissão e demissão, anotações funcionais e remuneração, providenciando o efetivo cumprimento das obrigações e encargos sociais na forma estabelecida; XV - controlar a carga horária e o ponto dos servidores; XVI - realizar enquadramento, reenquadramento, transposição, promoção funcional, transferência e alteração de regime jurídico do pessoal pertencente ao quadro do Poder Executivo;

2 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1633. os procedimentos relativos aos atos de pessoal, cabendo ao Prefeito o “ato finalístico”, isto é, de assinar as portarias com os diversos atos do setor de pessoal.

Da mesma maneira, o gestor afirmou que a aposentadoria do referido servidor fez com que a chefia do Setor de Recursos Humanos fosse atribuída à outra servidora em 13/08/2014, Mayara dos Santos Molodon, a qual, ao assumir o cargo, propôs mudanças nos procedimentos administrativos da área de pessoal, tais como a revisão de carga horária dos servidores, ajuste do organograma, revisão de vantagens e gratificações salariais e implantação de procedimento de justificativa de horas extras.

De tal modo, com base em tais propostas, o gestor informou que o sistema de ponto eletrônico foi implantado no início de 2015 para testes, assim como algumas legislações foram editadas, com o objetivo de implementar as mudanças pretendidas pela administração municipal na área de recursos humanos. O gestor informou, ainda, que o ponto eletrônico foi instalado em praticamente todos os setores da unidade gestora ao final de 2015, restando a instalação dos referidos nas escolas municipais.

Na mesma toada, o gestor asseverou que as mudanças pretendidas na área de pessoal foram interrompidas por questões políticas, as quais dificultaram a edição e alteração de leis na Câmara Municipal, o que coincidiu com a realização da Auditoria in loco efetuada por este Corpo Técnico na Prefeitura Municipal de Jaguaruna, que foi executada ao mesmo tempo em que o Município de Jaguaruna tinha instituído uma “frente de trabalho” em busca da regularização do Setor de Recursos Humanos, com o aval do Prefeito.

O gestor afirmou, enfim, que deu sequência aos procedimentos administrativos existentes na Prefeitura Municipal quando assumiu a Chefia do Poder Executivo, os quais julgava regulares, tomando consciência das

XVII - promover sindicâncias, processos disciplinares e administrativos para apurar a denúncia de possíveis irregularidades cometidas por servidor municipal inerentes às atribuições deste setor; XVIII - cuidar das questões referentes à concessão de férias e licenças; XIX - conceder mérito funcional e elogio, após ato do Prefeito; XX - aplicar penalidades disciplinares ao servidor municipal em ilícito previsto em lei; XXI - cuidar para que sejam lavrados os apostilamentos funcionais;

3 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. necessidades do Setor de Recursos Humanos após a troca de servidores em exercício no referido setor.

Com base nas questões trazidas pelo gestor, é necessário destacar o disposto no art. 35, parágrafo único, da Lei Complementar Estadual nº 202/2000, que se trata da Lei Orgânica do TCE-SC, de acordo com o que segue: Art. 35. [...]

Parágrafo único. Audiência é o procedimento pelo qual o Tribunal dá oportunidade ao responsável, em processo de fiscalização de atos e contratos e na apreciação de atos sujeitos a registro, para justificar, por escrito, ilegalidade ou irregularidade quanto à legitimidade ou economicidade, passíveis de aplicação de multa.

Vislumbra-se da leitura do dispositivo supracitado que a audiência se refere aos atos eivados de ilegalidade ou irregularidades quanto à legitimidade ou economicidade, verificados pela fiscalização efetuada pelo Tribunal de Contas. No entender desta instrução, os atos supracitados são os atos perpetrados pelo gestor na consecução de suas funções, isto é, tais atos podem se tratar de um caso específico atrelado à implementação de uma situação fático-jurídica (nomeação de um servidor) ou a um ato de gestão (direção das atividades administrativas da unidade gestora).

De tal modo, as condutas atribuídas ao Sr. Luis Arnaldo Napoli, enumeradas no item 5 (intitulado “Proposta de Encaminhamento”) do Relatório de Audiência nº 6758/2015, se referem a atos praticados pelo gestor no desempenho de suas funções de Prefeito Municipal, conforme se constata da leitura do item 5.1.1 da referida instrução, que alude tanto a atos omissivos (alíneas “c”, “d”, “i”, “t” e “u” do item 5.1.1) como comissivos (alíneas “a”, “b”, “e”, “f” e “g”, “h”, “j”, “k”, “l”, “m”, “n”, “o”, “p”, “q” e “r”, “s” do item 5.1.1), ou ainda a atos normativos (alíneas “e” e “m” do item 5.1.1) ou de gestão (alíneas “c”, “f”, “g”, “i”, “k”, “n”, “t” e “u” do item 5.1.1).

Assim, não há como afastar a responsabilidade do Sr. Luis Arnaldo Napoli, tendo em vista que o referido era o dirigente máximo da unidade gestora à época dos fatos apontados pela auditoria in loco, assim como dispõe a Lei Orgânica do Município de Jaguaruna em seu art. 70, de acordo com o que segue:

4 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1634.

Art. 70. Compete, privativamente, ao Prefeito Municipal: [...] V - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para a sua fiel execução; [...] VII - dispor sobre a organização e o funcionamento da administração municipal, na forma da lei; [...] IX - nomear e exonerar servidores, segundo a lei; [...] XII - prover e extinguir os cargos públicos municipais na forma da lei; [...] De acordo com os dispositivos normativos supracitados, percebe-se a pertinência existente entre as condutas perpetradas pelo responsável e as atribuições vinculadas ao exercício do cargo de Prefeito Municipal, pois ao dirigir a administração municipal de acordo com a organização administrativa consagrada por lei, o gestor se responsabiliza por seu funcionamento geral, que diz respeito aos fatos a ele inquinados pelo Relatório de Audiência nº 6758/2015.

Da mesma maneira, não há como se responsabilizar o Setor de Recursos Humanos quando as questões apontadas como irregulares se alastram por todos os assuntos da área de pessoal de forma generalizada, demonstrando tratar-se de atos que deveriam ser conduzidos conforme orientações da alta gestão municipal.

Cabe trazer a esta instrução alguns excertos de voto exarado pela Auditora Substituta de Conselheiro Sabrina Nunes Iocken, que dissertam sobre a responsabilidade do gestor vinculada à fiscalização de atos na administração pública, de acordo com o que segue:

Quanto à legitimidade passiva dos Srs. Neodi Saretta e Hedo Gosenheimer, verifico que tem base na culpa in eligendo e in vigilando pelos atos praticados por seus subordinados. Mesmo não tendo ordenado a prática de atos irregulares, a culpa resulta do seu dever de fiscalizar. A autoridade máxima deve gerir com o máximo de esmero as ações dos servidores, especialmente dos subordinados mais próximos. Sendo assim, os gestores respondem com base na culpa in eligendo e in vigilando pelos atos praticados por seus subordinados. A propósito, Hely Lopes Meirelles ensina que a fiscalização hierárquica (Direito Administrativo Brasileiro. 25ª ed. São Paulo: Malheiros, 2000. p. 619):

É um poder-dever de chefia e, como tal, o chefe que não a exerce comete inexação funcional. Para o pleno desempenho da fiscalização hierárquica, o superior deve velar pelo cumprimento da lei e das normas internas, acompanhar a execução das atribuições de todo subalterno, verificar os atos e o recebimento do trabalho dos agentes

5 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. e avaliar os resultados, para adotar ou propor as medidas convenientes ao aprimoramento do serviço, no âmbito de cada órgão e nos limites de competência de cada chefia. (Decisão nº 3194/2010, no Processo nº REP 08/00091230. Prefeitura Municipal de Concórdia. Publicada em 28/07/2010)

Afastam-se, portanto, os motivos trazidos pelo Sr. Luis Arnaldo Napoli, os quais pretendiam mitigar a sua responsabilidade com relação aos fatos apontados pelo Relatório de Audiência nº 6758/2015, passando a presente instrução a analisar os achados de auditoria já citados anteriormente.

2.1. Pagamento irregular de adiantamento de remuneração para servidores públicos da Prefeitura Municipal, em descumprimento ao previsto no art. 37, caput, e inciso X da Constituição Federal; arts. 63, caput, e 68 da Lei Federal nº 4320/1964; art. 45 da Lei nº 1113/2005 e Prejulgado nº 1887 do TCE-SC

A situação encontrada pela Auditoria in loco evidenciou que a Prefeitura Municipal de Jaguaruna efetuou “adiantamento” irregular de remuneração a servidores da unidade gestora, tendo em vista que os referidos receberam verba remuneratória antecipada referente a mês posterior, no qual o efetivo exercício do cargo ainda não poderia ter sido devidamente comprovado. O quadro abaixo explicita os fatos supra relatados:

QUADRO 01 – Servidores que receberam adiantamento de remuneração na Prefeitura Municipal de Jaguaruna Servidor Cargo/ Data do Valor Mês de Valor Vínculo recebimento adiantado desconto do descontado do adiantamento adiantamento Jeremias Agente de 16/12/2014 R$ 300,00 01/2015 R$ 300,00 Medeiros dos Serviços 06/02/2015 R$ 350,00 03/2015 R$ 350,00 Santos Gerais/ACT 17/04/2015 R$ 100,00 04/2015 R$ 100,00 29/05/2015 R$ 100,00 06/2015 R$ 100,00 Raquel Titon Diretor de 27/01/2015 R$ 200,00 02/2015 R$ 200,00 Damian Departamento 30/03/2015 R$ 700,00 03/2015 R$ 700,00 V/Comissionado 17/04/2015 R$ 600,00 06/2015 R$ 600,00 03/06/2015 R$ 700,00 07/2015 R$ 700,00 Cristiane Assessor 11/02/2015 R$ 300,00 03/2015 R$ 600,00 Garcia I/Comissionado 17/03/2015 R$ 300,00 Pacheco 17/04/2015 R$ 500,00 04/2015 R$ 500,00 22/05/2015 R$ 170,00 06/2015 R$ 170,00 08/04/2015 R$ 600,00 07/2015 R$ 600,00

6 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1635.

Grazielle Secretária de 25/02/2015 R$ 200,00 03/2015 R$ 200,00 Luiz Goulart Administração e Albino Finanças/Agente Político Valdirene de Professor/Efetivo 13/12/2015 R$ 1000,00 03/2015 R$ 1000,00 Souza 20/03/2015 R$ 2000,00 05/2015 R$ 1000,00 Ferreira Savi 07/2015 R$ 1000,00 Elaine Telefonista/Efetivo Não consta Não consta 05/2015 R$ 300,00 Cristini Alves Paes Rodrigo Cruz Agente 16/06/2015 R$ 1500,00 07/2015 R$ 375,00 Bernardo Comunitário de Saúde/Emprego efetivo Fonte: Documentos acostados às fls. 13 a 48. A verificação dos dados acostados no Quadro 01 denota que alguns adiantamentos de remuneração são restituídos de forma parcelada em até mesmo três ou quatro meses após o recebimento pelo servidor, sem qualquer tipo de correção monetária, o que também não afastaria a irregularidade aqui constatada. Ademais, cabe destacar que alguns desses adiantamentos foram dados a servidores sem vínculo efetivo com a Prefeitura Municipal, os quais podem ter o seu vínculo rompido com a Prefeitura Municipal sem que tenham restituído os valores recebidos a título de adiantamento.

Destaca-se, ainda, o fato de que a Secretária Municipal de Administração e Finanças também recebeu adiantamento de remuneração no mês de fevereiro de 2015, avalizado pelo Tesoureiro-Geral da Prefeitura, conforme verifica-se às fls. 19, 20 e 27.

O critério utilizado para aferir o presente achado se encontra disposto, primeiramente, no art. 37, caput, Constituição Federal, que dispõe que a Administração Pública deve seguir os princípios de legalidade, impessoalidade e moralidade na consecução de seus serviços, aliado ao disposto no inciso X do mesmo artigo constitucional, que assevera ser necessária a existência de lei específica que discipline a remuneração de servidores público, de acordo com o que segue:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência [...] X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada

7 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices;

No caso em tela, verificou-se que a Prefeitura Municipal de Jaguaruna efetuou o adiantamento de verba remuneratória sem embasamento legal e sem que o fato gerador da despesa – o efetivo exercício da função pública – tenha sido verificado, visto que servidores perceberam valores relativos a serviço ainda não prestado na Prefeitura Municipal. A Lei nº 1113/2005, que trata do Regime Jurídico dos Servidores Públicos do Município de Jaguaruna, assim dispõe sobre a remuneração de seus servidores:

Art. 45 Remuneração é a retribuição pecuniária devida mensalmente ao servidor pelo efetivo exercício de cargo, correspondente ao vencimento acrescido das vantagens financeiras permanentes ou temporárias, previsto neste Estatuto. (grifo nosso)

A Lei Federal nº 4320/1964 aduz em seu art. 63, caput, que “a liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito”. O art. 68 do mesmo diploma legal dispõe sobre o regime de adiantamento de despesas, asseverando que tal caso deve ser alicerçado expressamente em dispositivo legal. A saber: Art. 68. O regime de adiantamento é aplicável aos casos de despesas expressamente definidos em lei e consiste na entrega de numerário a servidor, sempre precedida de empenho na dotação própria para o fim de realizar despesas, que não possam subordinar-se ao processo normal de aplicação. (grifo nosso)

Esta Corte de Contas já se pronunciou acerca do adiantamento de despesas, ressaltando a vedação deste expediente para o pagamento de salário de servidores. A saber:

Prejulgado 1887 1. De acordo com o disposto na Lei nº 4320/64 (arts. 58 a 63), as fases impostas à despesa pública são o empenhamento prévio, a liquidação da despesa e, por fim, seu pagamento. 2. Nos termos do estabelecido pela combinação dos arts. 65, 68 e 69 da Lei (federal) nº 4.320/64, o adiantamento é, na Administração Pública, aplicável a casos excepcionais, expressamente definidos em lei, para o fim de realizar despesas que não possam subordinar-se ao processo normal de aplicação, por esta razão, não pode ser utilizado pela Administração Pública para pagamento de salário de seus servidores ou de subsídios dos agentes políticos. [...] 5. As normas a serem aprovadas deverão disciplinar a forma a ser adotada pela Câmara para fixação dos períodos de pagamento dos salários e subsídios, atentando para a garantia do tratamento

8 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1636.

isonômico aos beneficiados, a disponibilidade financeira e respeito a todas as fases do processo normal de aplicação, tais como os controles de presença ao trabalho e a emissão dos contracheques exigidos por período, de forma que não se caracterize a figura do adiantamento. (Processo nº CON- 06/00023362. Câmara Municipal de . Relator Conselheiro Moacir Bertoli. Sessão de 25/07/2007)

A título de ilustração, cabe ressaltar que os únicos valores que podem ser adiantados no âmbito dos servidores da unidade gestora se referem ao pagamento de diárias, vinculados a questões específicas que não podem ser utilizadas como referência para o que foi verificado no presente achado, conforme se depreende da leitura do art. 33, § 1º, da Lei nº 1170/2007, no que segue: Art. 33. Tanto o regime de diárias como de indenização, o servidor municipal tem o direito a indenização de numerários antes de iniciado o deslocamento, devendo este apresentar relatório, por escrito, comprobatório, promovendo-se a tomada de conta, para restituição ou pagamento de eventuais diferenças, em no máximo 02 (dois) dias. § 1º Se o deslocamento não se realizar, por qualquer motivo, o numerário correspondente ao adiantamento será restituído dentro de 48 (quarenta e oito) horas.

2.1.1 – Respostas à audiência

Em resposta, o responsável Luis Arnaldo Napoli juntou suas justificativas (fls. 524 e 525) afirmando, no que tange ao presente achado, que teria tomado conhecimento da existência de “adiantamentos” por meio da Audiência efetuada por esta Corte de Contas, informando, ainda, que a autorização desse ato era efetuada pelo Tesoureiro Geral.

O gestor asseverou, ainda, que o pagamento de “adiantamento” era tido como normal pelo Município, sendo informado, inclusive, ao Sistema de Fiscalização Integrada de Gestão (e-Sfinge) desta Corte de Contas, o que foi suspenso a partir da realização da Auditoria in loco que ensejou a formação dos presentes autos. Do mesmo modo, o responsável juntou ao processo os documentos acostados às fls. 742 a 747, que demonstraria a exclusão do evento “adiantamento” do rol de rubricas constantes da folha de pagamento no sistema “Betha”, assim como informações relativas ao ressarcimento dos valores pagos a título de “adiantamento”.

9 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. O responsável Heberton Luiz Stork acostou suas justificativas (fls. 511 e 512) aduzindo, com relação ao presente achado, praticamente as mesmas razões do gestor, no sentido em que tais pagamentos eram considerados normais pelo Setor de Recursos Humanos.

2.1.2 - Ponderações concernentes à resposta à audiência

Cabe afirmar, primeiramente, que eventuais informações prestadas pela unidade gestora a este Tribunal de Contas, por meio do sistema e-Sfinge, não dirimem a irregularidade apontada, tendo em vista que o envio dos dados não significa a regularidade dos adiantamentos pagos aos servidores da Prefeitura Municipal.

Por outro lado, conforme já visto no período da Auditoria in loco, os valores pagos a título de adiantamento de salário foram devidamente adimplidos, o que afasta a necessidade de se apurar eventuais valores a serem restituídos ao erário com relação ao caso em tela. Tal fato, entretanto, não afasta a incidência de sanção aos responsáveis, tendo em vista a infração dos dispositivos legais e normativos que vedariam o pagamento de adiantamento de salário a servidores públicos, de acordo com os motivos já transcritos acima.

De tal maneira, mantém-se a presente restrição, pugnando-se por determinar à Prefeitura Municipal de Jaguaruna que se abstenha de efetuar “adiantamento” de remuneração aos seus servidores, em obediência ao art. 37, caput, e inciso X da Constituição Federal; arts. 63, caput, e 68 da Lei Federal nº 4320/1964; art. 45 da Lei nº 1113/2005 e Prejulgado nº 1887 do TCE-SC.

2.2. Irregularidades na concessão de adicional de insalubridade pela Prefeitura Municipal, tendo em vista o pagamento a servidores que não possuíam tal direito e em índices diversos daqueles previstos em laudo técnico, em desacordo ao disposto no art. 37, caput, da Constituição Federal; e art. 59, da Lei nº 1113/2005

10 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1637.

A situação encontrada evidenciou que a Prefeitura Municipal de Jaguaruna efetuou pagamento de adicional de insalubridade de forma irregular, de acordo com os itens que seguem:

a) A Prefeitura Municipal pagou, em julho de 2015, adicional de insalubridade a servidores que não tinham direito a tal percepção, conforme verificado em laudo técnico e demonstrado pelo quadro abaixo:

QUADRO 02 – Servidores que perceberam adicional de insalubridade em julho de 2015 sem direito a tal percepção Servidor Cargo/Função Lotação Adicional deValor recebido exercida insalubridade Irregularmente recebido irregularmente Antônio Agente deGabinete do Prefeito 20% R$ 157,60 Nascimento Serviços Gerais Goulart Antônio Agente deGabinete do Prefeito 20% R$ 157,60 Valdomiro Dias Serviços Gerais Maria RosaAgente deGabinete do Prefeito 20% R$ 157,60 Inês dos Santos Serviços Gerais Albertina InácioAgente deSecretaria de Adm. e20% R$ 157,60 da Silva Serviços Gerais Finanças Leia CoelhoAgente de Secretaria de Adm. e20% R$ 157,60 Gonçalves Serviços Gerais Finanças Maria Agente de Secretaria de Adm. e20% R$ 157,60 Aparecida Serviços Gerais Finanças Eufrazio Inez Marli Rodolfo Agente de Secretaria de Adm. e20% R$ 157,60 Serviços Gerais Finanças Maria Agente de Secretaria de Adm. e40% R$ 315,20 Conceição daServiços Gerais Finanças Rosa Gustavo Operador deSecretaria de Agric. Ind.20% R$ 157,60 Antônio Vieira Máquinas Com. M. Amb. e Pesca Ademir da SilvaAgente deSecretaria da Educação20% R$ 157,60 Anacleto Serviços Gerais e Cultura Alberto VazMotorista Secretaria da Educação 20% R$ 157,60 Cortes e Cultura Carmem Merendeira Secretaria da Educação 20% R$ 157,60 Ribeiro Jacinto e Cultura Pacheco Fabiana Agente deSecretaria da Educação 20% R$ 157,60 Figueiredo Serviços Gerais e Cultura Ribeiro Irma MariaAgente deSecretaria da Educação 20% R$ 157,60 Moretto da Silva Serviços Gerais e Cultura Jailson Agente deSecretaria da Educação 20% R$ 157,60 Rodrigues Serviços Gerais e Cultura Janice DelicioAgente deSecretaria da Educação 20% R$ 157,60 Frasson deServiços Gerais e Cultura Aguiar Juciane Agente deSecretaria da Educação 20% R$ 157,60 Marques Serviços Gerais e Cultura Madeira

11 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Mailza GomesAgente deSecretaria da Educação 20% R$ 157,60 Pereira Serviços Gerais e Cultura Margareth Agente deSecretaria da Educação 20% R$ 157,60 Anadir Goulart Serviços Gerais e Cultura Maria Agente deSecretaria da Educação 20% R$ 157,60 Aparecida deServiços Gerais e Cultura Souza Colossi Maria TerezinhaAgente deSecretaria da Educação 20% R$ 157,60 Crispim Aveline Serviços Gerais e Cultura Nadir CrispinAgente deSecretaria da Educação 20% R$ 157,60 Franco Serviços Gerais e Cultura Natalia RodolfoAgente deSecretaria da Educação 20% R$ 157,60 Medeiros Serviços Gerais e Cultura Rachel DuarteAgente deSecretaria da Educação 20% R$ 157,60 Mariano Serviços Gerais e Cultura Raquel Agente deSecretaria da Educação 20% R$ 157,60 Guimarães Serviços Gerais e Cultura Ferreira Rosane MariaAgente deSecretaria da Educação 20% R$ 157,60 Madeira daServiços Gerais e Cultura Silveira Roseli MariaAgente deSecretaria da Educação 20% R$ 157,60 Felisbino deServiços Gerais e Cultura Carvalho Zoe TerezinhaAgente deSecretaria da Educação 20% R$ 157,60 Paes de Freitas Serviços Gerais e Cultura Genoval Operador deSecretaria de Trans.20% R$ 157,60 Firmino Cruz Máquinas Obras Hab. e Serv. Urbanos Gilmar Motorista Secretaria de Trans.20% R$ 157,60 Zaccaron de Obras Hab. e Serv. Freitas Urbanos João FranciscoOperador deSecretaria de Trans.20% R$ 157,60 da Rosa Máquinas Obras Hab. e Serv. Urbanos Luiz OlindioOperador deSecretaria de Trans.20% R$ 157,60 Franco Máquinas Obras Hab. e Serv. Urbanos Nilson PlínioOperador deSecretaria de Trans.20% R$ 157,60 Pacheco Máquinas Obras Hab. e Serv. Urbanos Renato OriOperador deSecretaria de Trans.20% R$ 157,60 Schuler Máquinas Obras Hab. e Serv. Urbanos Valcenor Motorista Secretaria de Trans.20% R$ 157,60 Maurício Salvan Obras Hab. e Serv. Urbanos Volney AlvesOperador deSecretaria de Trans.20% R$ 157,60 Ricardo Máquinas Obras Hab. e Serv. Urbanos Eliandro deVigilante Secretaria da Saúde 20% R$ 157,60 Freitas Ramos Sanitário Elisete PereiraAssistente Secretaria da Saúde 20% R$ 157,60 Nunes Social Giani FerreiraAgente daSecretaria da Saúde 20% R$ 157,60 Tomaz Dengue - PSF Gláucia SilvanoFisioterapeuta Secretaria da Saúde 20% R$ 157,60 Rocha Carvalho

12 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1638.

Grayce Auxiliar deSecretaria da Saúde 20% R$ 157,60 Armiliato Consultório Gomes Dentário Janice da SilvaAuxiliar deSecretaria da Saúde 20% R$ 157,60 Souza Consultório Dentário Joel ProençaMédico Secretaria da Saúde 20% R$ 157,60 Feijo Psiquiatra Karen XavierPsicólogo Secretaria da Saúde 20% R$ 157,60 Fernandes Lenice Vargas Agente deSecretaria da Saúde 20% R$ 157,60 Saúde Pública Raquel RamosVigilante Secretaria da Saúde 20% R$ 157,60 Coelho Rebelo Sanitário Renata AbadiAgente daSecretaria da Saúde 20% R$ 157,60 Calvano Dengue - PSF Tays de SouzaAuxiliar deSecretaria da Saúde 20% R$ 157,60 Brunato Consultório Dentário Maria dasAgente deSecretaria da Família,20% R$ 157,60 Graças da SilvaServiços Gerais Assis. e Prom. Social dos Santos Maria deMerendeira Secretaria da Família,20% R$ 157,60 Oliveira Assis. e Prom. Social Sebastião Neide Agente deSecretaria da Família,20% R$ 157,60 Bitencourt Serviços Gerais Assis. e Prom. Social Fortunato da Silva Rosani SimeãoAgente deSecretaria da Família,20% R$ 157,60 Pereira Serviços Gerais Assis. e Prom. Social Terezinha AlvesAgente deSecretaria da Família,20% R$ 157,60 Kanarek Serviços Gerais Assis. e Prom. Social Fonte: Documentos acostados às fls. 49 a 75, 117 e 118 e 236 a 242. b) A Prefeitura Municipal pagou, em julho de 2015, adicional de insalubridade a servidores em valor diverso daquele disposto em laudo técnico, conforme dispõe o seguinte quadro:

QUADRO 03 – Servidores que perceberam adicional de insalubridade em julho de 2015 em valor diverso daquele previsto em laudo técnico Servidor Cargo/FunçãoLotação Adicional deValor recebidoAdicional deValor a exercida insalubridadeIrregularmente insalubridade ser recebido em devido derecebido percentual acordo com irregular laudo técnico Caroline Veterinário Secretaria 40% R$ 315,20 20% R$ 157,60 Prates de Agric. Luiz Ind. Com. M. Amb. e Pesca Oseas Veterinário Secretaria 40% R$ 315,20 20% R$ 157,60 Schmitz de Agric. de Souza Ind. Com. M. Amb. e Pesca

13 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Francisco Auxiliar de Secretaria 40% R$ 315,20 20% R$ 157,60 Cavalcanti Manutenção de Trans. Obras Hab. e Serv. Urbanos Salvador Dentista2 Secretaria 40% R$ 315,20 20% R$ 157,60 Teixeira da Saúde Fonte: Documentos acostados às fls. 49 a 75, 117 e 118 e 236 a 242. O critério utilizado para identificar as irregularidades na concessão de adicional de insalubridade pela Prefeitura Municipal é firmado, primeiramente, no princípio constitucional da legalidade, previsto no caput do art. 37 da Constituição Federal e já transcrito anteriormente, no sentido em que a Administração Pública só pode agir de acordo com o que dispõe a lei. Dessa forma, cabe trazer à baila o art. 59 da Lei nº 1113/2005, que disserta sobre a concessão de adicional de insalubridade para os servidores da unidade gestora, de acordo com o que segue:

Art. 59 O servidor que realize atividades em condições penosas, insalubres ou perigosas faz jus a um adicional nos termos ditados pelo Dec. Lei nº 5.452, de 01-05-43 (CLT), e alterações posteriores da Consolidação das Leis do Trabalho. § 1º Os adicionais não são acumuláveis por tipo de atividade, devendo o servidor optar por um deles. § 2º O direito ao adicional cessa quando deixar de realizar a atividade ou com a eliminação das condições ou riscos que deram causa à sua concessão. § 3º As funções e o respectivo grau, a qual incidirá o adicional de que trata o caput deste artigo serão definidas através de Laudo Técnico elaborado por profissional habilitado e regulamentado por decreto pelo Chefe do Poder Competente. § 4º Enquanto o Laudo Técnico não for elaborado e regulamentado, fica assegurado aos servidores o recebimento do respectivo adicional conforme previsto no art. 51, da Lei nº 826 de 22 de outubro de 1998. De tal maneira, foi verificada junto à unidade gestora a existência de “Laudo Técnico das Condições Ambientais do Trabalho – LTCAT” (fls. 49 a 56), datado de julho de 2013, que alicerçava a concessão de adicional de insalubridade aos servidores municipais de Jaguaruna. Cabe ressaltar que, mesmo que não haja regulamentação municipal específica acerca da concessão de referido benefício, foi constatado que o LTCAT juntado a estes autos é a referência existente para identificar quais cargos ou funções ensejariam o recebimento do adicional de insalubridade, com a designação de

2 Esta instrução entende que há identidade entre o exercício do cargo/função de Dentista e Odontólogo, sendo utilizado como referência, portanto, o adicional de insalubridade atribuído ao último.

14 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1639. locais insalubres e de graus de insalubridade a serem recebidos pelos servidores.

2.2.1 – Resposta à audiência

Em resposta, o responsável Luis Arnaldo Napoli juntou suas justificativas (fls. 524 e 525) asseverando, no que tange ao presente achado, que o novo Laudo Técnico das Condições Ambientais do Trabalho – LTCAT entrou em vigor em 1º/07/2015 (fls. 749 a 816), passando a nortear as concessões de adicional de insalubridades aos servidores da Prefeitura Municipal a partir dessa data. De tal maneira, o gestor afirmou que os apontamentos efetuados pela equipe de Auditoria in loco se deram com base em laudo diverso do vigente no momento em que se realizou a auditoria.

De tal modo, os servidores Antônio Nascimento Goulart, Antônio Valdomiro Dias e Maria Rosa Inês dos Santos, que executavam a função de Agente de Serviços Gerais no Gabinete do Prefeito em julho de 2015, desempenham atividade com grau de insalubridade de nível médio (fls. 756 e 809), a qual enseja o pagamento de adicional de insalubridade de 20% (vinte por cento) sobre o salário mínimo.

Os servidores Albertina Inácio da Silva, Leia Coelho Gonçalves, Maria Aparecida Eufrazio Inez, Marli Rodolfo e Maria Conceição da Rosa, que executavam a função de Agente de Serviços Gerais na Secretaria de Administração e Finanças em julho de 2015, desempenham atividade com grau de insalubridade de nível médio (fls. 761 e 809), a qual enseja o pagamento de adicional de insalubridade de 20% (vinte por cento) sobre o salário mínimo.

Os servidores Ademir da Silva Anacleto, Fabiana Figueiredo Ribeiro, Irma Maria Moretto da Silva, Jailson Rodrigues, Janice Delicio Frasson de Aguiar, Juciane Marques Madeira, Mailza Gomes Pereira, Margareth Anadir Goulart, Maria Aparecida de Souza Colossi, Maria Terezinha Crispim Aveline, Nadir Crispin Franco, Natalia Rodolfo Medeiros, Rachel Duarte Mariano, Raquel Guimarães Ferreira, Rosane Maria Madeira da Silveira, Roseli Maria Felisbino de Carvalho e Zoe Terezinha Paes de Freitas, que executavam a função de Agente de Serviços Gerais na Secretaria de Educação e Cultura em julho de 2015, desempenham atividade com grau de insalubridade de nível médio (fls.

15 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. 786 e 811), a qual enseja o pagamento de adicional de insalubridade de 20% (vinte por cento) sobre o salário mínimo.

Os servidores Maria das Graças da Silva dos Santos, Neide Bitencourt Fortunato da Silva, Rosani Simeão Pereira e Terezinha Alves Kanarek, que executavam a função de Agente de Serviços Gerais na Secretaria da Família, Assistência e Promoção Social em julho de 2015, desempenham atividade com grau de insalubridade de nível médio (fls. 783 e 810), a qual enseja o pagamento de adicional de insalubridade de 20% (vinte por cento) sobre o salário mínimo.

O servidor Gustavo Antônio Vieira, que executava a função de Operador de Máquinas na Secretaria de Agricultura, Indústria, Comércio, Meio Ambiente e Pesca em julho de 2015, desempenha atividade com grau de insalubridade de nível médio (fls. 770 e 809), a qual enseja o pagamento de adicional de insalubridade de 20% (vinte por cento) sobre o salário mínimo.

Os servidores Genoval Firmino Cruz, João Francisco da Rosa, Luiz Olindio Franco, Nilson Plínio Pacheco, Renato Ori Schuler e Volney Alves Ricardo, que executavam a função de Operador de Máquinas na Secretaria de Transporte, Obras, Habitação e Serviços Urbanos em julho de 2015, desempenham atividade com grau de insalubridade de nível médio (fls. 794 e 811), a qual enseja o pagamento de adicional de insalubridade de 20% (vinte por cento) sobre o salário mínimo.

As servidoras Giani Ferreira Tomaz e Renata Abadi Calvano, que executavam a função de Agente da Dengue na Secretaria da Saúde em julho de 2015, desempenham atividade com grau de insalubridade de nível médio (fls. 778 e 811), a qual enseja o pagamento de adicional de insalubridade de 20% (vinte por cento) sobre o salário mínimo.

A servidora Gláucia Silvano Rocha Carvalho, que executava a função de Fisioterapeuta na Secretaria da Saúde em julho de 2015, desempenha atividade com grau de insalubridade de nível médio (fls. 780 e 810), a qual enseja o pagamento de adicional de insalubridade de 20% (vinte por cento) sobre o salário mínimo.

16 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1640.

As servidoras Grayce Armiliato Gomes, Janice da Silva Souza e Tays de Souza Brunato, que executavam a função de Auxiliar de Consultório Dentário na Secretaria da Saúde em julho de 2015, desempenham atividade com grau de insalubridade de nível médio (fls. 776 e 810), a qual enseja o pagamento de adicional de insalubridade de 20% (vinte por cento) sobre o salário mínimo.

No que se refere ao servidor Joel Proença Feijo, que executava a função de Médico Psiquiatra na Secretaria da Saúde em julho de 2015, o LTCAT novo não dispõe sobre o pagamento de adicional de insalubridade a Médico Psiquiatra, somente fazendo referência ao pagamento do referido adicional aos Médicos das especialidades de Clínico Geral, Pediatria, Ginecologia- Obstetrícia e Cardiologia (fls. 773, 774 e 810), em que pese a afirmação do responsável.

No que tange aos servidores que recebiam adicional de insalubridade em índice maior ao previsto no LTCAT, o gestor também asseverou que o laudo datado de julho de 2015 esclareceu as situações apontadas pela Auditoria in loco, de acordo com o que segue:

 Os servidores Caroline Prates e Oseas Schmitz de Souza, que executavam a função de Veterinário na Secretaria de Agricultura, Indústria, Comércio, Meio Ambiente e Pesca em julho de 2015, desempenham atividade com grau de insalubridade de nível máximo (fls. 768 e 809), a qual enseja o pagamento de adicional de insalubridade de 40% (quarenta por cento) sobre o salário mínimo;

 O servidor Francisco Cavalcanti, que executava a função de Auxiliar de Manutenção na Secretaria de Transporte, Obras, Habitação e Serviços Urbanos em julho de 2015, desempenha atividade com grau de insalubridade de nível máximo (fls. 798 e 811), a qual enseja o pagamento de adicional de insalubridade de 40% (quarenta por cento) sobre o salário mínimo;

O responsável informou, também, que alguns servidores tiveram o pagamento do adicional de insalubridade suspenso em 1º/11/2015 por ocasião de auditoria interna efetuada em outubro de 2015 pelo Setor de Recursos Humanos, de acordo com o que segue:

17 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo.  Servidores Alberto Vaz Cortes, Gilmar Zaccaron de Freitas e Valcenor Maurício Salvan, que executavam a função de Motorista em julho de 2015 (fls. 854, 859 e 866);

 Servidoras Carmem Ribeiro Jacinto Pacheco e Maria Salete de Oliveira Sebastião, que executavam a função de Merendeira em julho de 2015 (fls. 824 e 851);

 Servidores Eliandro de Freitas Ramos e Raquel Ramos Coelho Rebelo, que executavam a função de Vigilante Sanitário em julho de 2015 (fls. 830 e 849);

 Servidora Elisete Pereira Nunes, que executava a função de Assistente Social em julho de 2015 (fl. 846);

 Servidora Karen Xavier Fernandes, que executava a função de Psicóloga em julho de 2015 (fl. 835);

 Servidora Lenice Vargas, que executava a função de Agente de Saúde Pública em julho de 2015 (fl. 832).

Por fim, o gestor informou que o servidor Salvador Teixeira, que desempenhava as funções de Dentista em julho de 2015, teve seu adicional de insalubridade reduzido de 40% (quarenta por cento) para 20% (vinte por cento), de acordo com as disposições do LTCAT de julho de 2015 (fls. 775, 810 e 820).

2.2.2 - Ponderações concernentes à resposta à audiência

De início, cabe afirmar que, de fato, o Laudo Técnico das Condições Ambientais do Trabalho – LTCAT acostado às fls. 749 a 816 traz novos percentuais relativos à concessão de adicional de insalubridade aos servidores da unidade gestora, o que esclarece, de certo modo, a situação apontada pela Auditoria in loco.

Por outro lado, algumas questões atinentes à irregularidade em tela não foram devidamente esclarecidas, de acordo com o que segue:

 No que tange aos servidores Antônio Nascimento Goulart, Maria Rosa Inês dos Santos, Leia Coelho Gonçalves, Maria Aparecida Eufrazio Inez,

18 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1641.

Gustavo Antônio Vieira, Fabiana Figueiredo Ribeiro, Irma Maria Moretto da Silva, Janice Delicio Frasson de Aguiar, Mailza Gomes Pereira, Margareth Anadir Goulart, Maria Terezinha Crispim Aveline, Nadir Crispin Franco, Natalia Rodolfo Medeiros, Rachel Duarte Mariano, Raquel Guimarães Ferreira, Roseli Maria Felisbino de Carvalho, Zoe Terezinha Paes de Freitas, Volney Alves Ricardo, Tays de Souza Brunato, Maria das Graças da Silva dos Santos, Neide Bitencourt Fortunato da Silva e Rosani Simeão Pereira, cabe afirmar que, em que pesem as disposições do novo LTCAT, vigente a partir do mês de julho de 2015, há que se verificar o pagamento de adicional de insalubridade no período anterior, que não permitia a percepção do referido adicional, de acordo com o laudo vigente na época e juntado aos autos às fls. 49 a 56. Dessa maneira, faz- se necessária a apuração, por meio de providências administrativas a serem tomadas pela unidade gestora, para que se verifique a percepção irregular de adicional de insalubridade no período anterior a julho de 2015, com relação aos citados servidores;

 A situação dos servidores Caroline Prates, Oseas Schmitz de Souza e Francisco Cavalcanti, que percebiam adicional de insalubridade em percentual diverso daquele disposto no LTCAT de julho de 2013, também deve ser apurada pois, em que pesem as disposições do novo LTCAT, vigente a partir do mês de julho de 2015, há que se verificar o pagamento de adicional de insalubridade no período anterior, com percentuais distintos e menores que os dispostos no laudo e juntado aos autos às fls. 49 a 56. Dessa maneira, faz-se necessária a apuração, por meio de providências administrativas a serem tomadas pela unidade gestora, para que se verifique a percepção irregular de adicional de insalubridade no período anterior a julho de 2015, com relação aos citados servidores. Do mesmo modo, no que tange ao servidor Salvador Teixeira, há que se apurar os valores pagos indevidamente com relação ao percentual indevido pago ao servidor, conforme o LTCAT de julho de 2013;

 Com relação aos servidores Antônio Valdomiro Dias, Albertina Inácio da Silva, Marli Rodolfo, Maria Conceição da Rosa, Ademir da Silva Anacleto, Jailson Rodrigues, Juciane Marques Madeira, Maria Aparecida de Souza Colossi, Rosane Maria Madeira da Silveira, Genoval Firmino Cruz, João Francisco da Rosa, Luiz Olindio Franco, Nilson Plínio Pacheco, Renato Ori

19 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Schuler, Giani Ferreira Tomaz, Grayce Armiliato Gomes, Janice da Silva Souza, Renata Abadi Calvano e Terezinha Alves Kanarek, observe-se o quadro abaixo, que demonstra que os referidos servidores percebiam adicional de insalubridade de forma indevida em período anterior ao LTCAT de julho de 2017, de acordo com o laudo vigente à época dos fatos apurados:

QUADRO 02A – Servidores que perceberam adicional de insalubridade em desacordo com o LTCAT de julho de 2013 Servidor Adicional deData da concessãoLocalização do ato insalubridade recebidodo adicional de concessão nos irregularmente autos Antônio Valdomiro Dias 20% 1º/07/2008 Fl. 879 Albertina Inácio da Silva 20% 29/05/2009 Fl. 877 Marli Rodolfo 20% 1º/04/2014 Fl. 876 Maria Conceição da Rosa 40% 1º/03/2013 Fl. 8743 Ademir da Silva Anacleto 20% 03/02/2014 Fl. 873 Jailson Rodrigues 20% 03/02/2014 Fl. 872 Juciane Marques Madeira 20% 02/01/2014 Fl. 871 Maria Aparecida de Souza20% 1º/05/2014 Fl. 870 Colossi Rosane Maria Madeira da20% 02/01/2014 Fl. 869 Silveira Genoval Firmino Cruz 20% 12/09/2013 Fl. 867 João Francisco da Rosa 20% 12/09/2013 Fl. 862 Luiz Olindio Franco 20% 12/09/2013 Fl. 860 Nilson Plínio Pacheco 20% 12/09/2013 Fl. 857 Renato Ori Schuler 20% 12/09/2013 Fl. 855 Giani Ferreira Tomaz 20% 04/06/2009 Fl. 842 Grayce Armiliato Gomes 20% 03/02/2012 Fl. 838 Janice da Silva Souza 20% 09/02/2012 Fl. 837 Renata Abadi Calvano 20% 07/02/2012 Fl. 828 Terezinha Alves Kanarek 20% 1º/03/2012 Fl. 822 Fonte: Portarias juntadas nos autos às fls. supracitadas na coluna “Localização do ato de concessão nos autos” Observa-se, ainda, que a concessão dos adicionais de insalubridade dos servidores Antônio Valdomiro Dias, Albertina Inácio da Silva, Giani Ferreira Tomaz, Grayce Armiliato Gomes, Janice da Silva Souza, Renata Abadi Calvano e Terezinha Alves Kanarek se deu em período anterior ao LTCAT de julho de 2013, o que deve ser verificado pela unidade gestora, para que seja apurada qual era a base normativa para o pagamento do adicional de insalubridade no período compreendido entre a data da concessão do adicional e a edição do LTCAT de julho de 2013, com a consequente verificação de valores pagos indevidamente no período supracitado.

3 No caso em tela, a percepção indevida se deu pelo percentual incorreto, que seria de 20%, o qual foi somente corrigido em 1º/11/2015 (fl. 875)

20 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1642.

 Em que pese a suspensão do pagamento de adicional de insalubridade aos servidores Alberto Vaz Cortes, Gilmar Zaccaron de Freitas, Valcenor Maurício Salvan, Carmem Ribeiro Jacinto Pacheco, Maria Salete de Oliveira Sebastião, Eliandro de Freitas Ramos, Raquel Ramos Coelho Rebelo, Elisete Pereira Nunes, Karen Xavier Fernandes e Lenice Vargas, entende-se que os valores pagos indevidamente aos referidos no período anterior à suspensão devem ser apurados pela unidade gestora, tendo em vista a irregularidade verificada no pagamento do adicional de insalubridade aos referidos servidores;

 No que se refere ao servidor Joel Proença Feijo, que executava a função de Médico Psiquiatra na Secretaria da Saúde em julho de 2015, repete- se o fato de que o LTCAT novo não dispõe sobre o pagamento de adicional de insalubridade a Médico Psiquiatra, assim como o anterior, somente fazendo referência ao pagamento do referido adicional aos Médicos das especialidades de Clínico Geral, Pediatria, Ginecologia-Obstetrícia e Cardiologia, o que faz com que a unidade gestora apure os valores pagos indevidamente ao servidor a título de adicional de insalubridade;

 Por fim, com relação à servidora Gláucia Silvano Rocha Carvalho, não é possível afirmar que a referida tinha direito ao pagamento de adicional de insalubridade à época da verificação efetuada pela Auditoria in loco, tendo em vista que a documentação acostada à fl. 841 não permite afirmar qual é a data e de que documento partiu a informação que a referida servidora, por desempenhar a função de Fisioterapeuta, teria direito à percepção do adicional de insalubridade, fazendo com que a unidade gestora verifique os valores pagos indevidamente a servidora com relação ao caso em tela.

Por tais fatos, entende esta instrução que as medidas tomadas pelo responsável não foram suficientes para dirimir a situação apontada pela Auditoria in loco, tendo em vista a ausência de medidas atinentes à restituição de valores pagos indevidamente a título de adicional de insalubridade a servidores da Prefeitura Municipal. Por tal modo, pugna-se por determinar à unidade gestora, na pessoa do Sr. Prefeito Municipal, que adote, de imediato, providências administrativas para apurar caso a caso, nos termos do art. 3º da

21 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Instrução Normativa nº TC-13/20124, visando ao ressarcimento aos cofres públicos do dano decorrente do pagamento de adicional de insalubridade para servidores que efetivamente não tinham direito ou em percentuais diversos do disposto no LTCAT de julho de 2013.

2.3. Ausência de quadro próprio de servidores ocupantes de cargo de provimento efetivo para o desempenho dos serviços jurídicos da Prefeitura Municipal, concomitante à existência de servidores ocupantes de cargo comissionado de Assessor Jurídico e à contratação de pessoa jurídica para a prestação de serviços de assessoria e consultoria jurídica técnica especializada, em burla ao instituto do concurso público e em descumprimento ao previsto no art. 37, incisos II e V da Constituição Federal; art. 74, § 2º da Lei Orgânica de Município de Jaguaruna; e Prejulgados 1579 e 1911 do TCE-SC

A situação encontrada pela auditoria in loco evidenciou que a Prefeitura Municipal não possuía quadro próprio de cargos efetivos para o desempenho dos serviços jurídicos da unidade gestora, apoiando-se exclusivamente nos serviços efetuados por Assessores Jurídicos comissionados e por escritório advocatício contratado através de processo licitatório, em burla ao instituto do concurso público.

O critério utilizado para aferir o presente achado encontra-se disposto, primeiramente, no art. 37, incisos II e V, da Constituição Federal, que aduzem sobre a primazia do instituto do concurso público para o preenchimento de

4 Art. 3º Compete à autoridade administrativa adotar providências administrativas para apuração de fatos, identificação dos responsáveis, quantificação do dano e obtenção do ressarcimento, quando for constatada qualquer das ocorrências previstas no artigo anterior. §1º A autoridade administrativa competente dará início às providências referidas no caput no prazo de cinco dias a contar da data: I - em que deveria ter sido apresentada a prestação de contas; II - do conhecimento de ocorrências mencionadas nos incisos II e III do artigo anterior; III - da determinação, pelo Tribunal de Contas, de adoção de providências administrativas ou de instauração de tomada de contas especial, contado do recebimento, pela unidade gestora, da comunicação da decisão. §2º A ausência de adoção das providências de que trata o caput caracteriza grave infração à norma legal, sujeitando a autoridade administrativa omissa à responsabilização solidária e às sanções cabíveis.

22 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1643. cargos na Administração Pública, designando os cargos comissionados para exercerem exclusivamente as funções de direção, chefia e assessoramento, conforme segue abaixo:

Art. 37. [...] II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; [...] V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento; No caso em tela, foi verificado que as atividades jurídicas da Prefeitura Municipal, de caráter técnico-administrativo e revestidas de perenidade, são desempenhadas somente por servidores comissionados ou por prestação de serviço efetuado por Pessoa Jurídica contratada, em burla ao instituto do concurso público, tendo em vista que a unidade gestora não possui, inclusive, uma Procuradoria-Geral, em desacordo com a previsão inserta na Lei orgânica do Município de Jaguaruna, que consagra a existência de tal órgão na estrutura do Município, de acordo com a seguinte disposição, que equipara a Procuradoria Geral a Secretaria Municipal:

Art. 74 Lei Complementar disporá sobre a criação, estruturação e atribuição das Secretarias Municipais. [...] § 2º A Procuradoria Geral do Município terá estrutura de Secretaria Municipal. A Assessoria Jurídica da Prefeitura Municipal, que desempenha os serviços jurídicos da unidade gestora, era formada exclusivamente por servidores comissionados ocupantes do cargo de Assessor Jurídico, que possuem diversas atribuições de cunho técnico-administrativo, as quais deveriam ser desempenhadas por servidores ocupantes de cargo de provimento efetivo, tendo em visto o seu caráter de permanência na Administração Pública Jaguarunense, conforme se infere dos dispositivos abaixo, encontrados no Anexo I-B da Lei nº 1557/2014:

CARGO: Assessor Jurídico GRUPO: Direção e Assessoramento de Provimento em Comissão - DAPC

23 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. ATRIBUIÇÕES: Desenvolve todas as funções atribuídas ao Advogado, cumulado com a chefia e organização do setor. Atividades de caráter jurídico, que consiste na representação judicial do Município nas demandas em que ele seja autor ou réu, oponente ou assistente; representá-lo extrajudicialmente; emitir pareceres sobre questões jurídicas, minutas de leis, decretos, portarias, contratos e outros atos normativos; orientar e preparar processos administrativos; prestar assessoramento jurídico ao Prefeito e demais órgãos da Administração; revisar os projetos de leis, decretos, portarias e outros atos normativos, antes de serem assinados e publicados; providenciar minutas de contratos, leis, decretos, portarias e outros atos normativos; providenciar a elaboração de razões de vetos a projetos de lei; contratar serviços profissionais de outros advogados para desenvolverem tarefas específicas e de relevância; substabelecer a outro advogado o mandato outorgado pelo Município, funcionando sempre em conjunto; exercer outras atividades inerentes à função. Excepcionalmente, poderá conduzir veículos da Administração Pública. (grifo nosso) Infere-se da leitura das atribuições dos Assessores Jurídicos que as funções são eminentemente técnico-administrativas, não se enquadrando nas funções de direção, chefia ou assessoramento, devendo, assim, ser realizadas por servidor ocupante de cargo de provimento efetivo. Ademais, cabe ressaltar que as funções de direção e chefia pressupõem a existência de subordinados, o que não se verificou no caso em tela.

Cabe trazer à baila, ainda, o Contrato nº 29/2015, de 04/05/2015, acompanhado de Ordem de Serviço que autorizou a Empresa “Mussoi e Cechinel Advogados Associados” a executar serviços jurídicos para o Município de Jaguaruna, no valor de R$ 144.000,00 (cento e quarenta e quatro mil reais), com base em Termo de Referência oriundo do Processo Licitatório nº 20/PMJ/2015, de 13/04/2015, que assim assevera:

1. Do Procedimento e do Objeto OBJETO: Contratação de serviços de natureza especializada em assessoria e consultoria jurídica a serem prestados por sociedade de advogados para execução de serviços técnicos especializados, com a locação de Serviços Técnicos de Assessoria ao Município de Jaguaruna, no campo do Direito Público (constitucional, administrativo, processual e tributário), Direito Trabalhista e Direito Cível. 2. Da Finalidade de Contratação Contratação de assessoria para assistir e dar suporte operacional e jurídico, elaboração de peças processuais, como petições em geral, defesas, recursos, expedição de pareceres, aconselhamentos, confecção de Contratos e Assessoria na área de elaboração e acompanhamentos dos mais diversos processos, além da realização de defesas e contestações onde o Município de Jaguaruna possa figurar no polo ativo ou passivo

24 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1644.

de demandas judiciais de 1º ou 2º instâncias, e de outras ações próprias com o campo de atuação do profissional. 3. Da Justificativa Funda-se na necessidade de diversos profissionais do Direito para atender aos serviços jurídicos de natureza ordinária da Administração Direta do Município de Jaguaruna. Estes serviços incluem a defesa judicial e extrajudicial, além da cobrança de dívida ativa. Pela necessidade de suprir a falta do cargo de advogado, assessor jurídico ou equivalente na estrutura administrativa da Prefeitura de Jaguaruna, que atualmente é diminuta e mostra-se necessário a ampliação do quadro de profissionais [...] Depreende-se da leitura do Termo de Referência supracitado que os serviços a serem prestados pela Empresa “Mussoi e Cechinel Advogados Associados” são típicos da Administração Pública, tais como elaboração de peças processuais e realização de defesas e contestações relativas a processos onde o Município de Jaguaruna possa figurar no polo ativo ou passivo da lide. Desta maneira, a contratação de escritório advocatício também ensejaria burla ao instituto do concurso público, tendo em vista que as atividades técnico-administrativas, como já explicitado anteriormente neste relatório, devem ser desempenhadas por servidores do quadro da Prefeitura Municipal, ocupantes de cargo efetivo.

Ademais, cabe ressaltar a afirmação inserta no próprio termo de referência supracitado, que aduz sobre a necessidade da “ampliação do quadro de profissionais” para atender às demandas jurídicas do Município de Jaguaruna, o que reforça a tese de que a unidade gestora deve formar quadro efetivo de servidores especializados nos serviços advocatícios, até porque em consulta efetuada no site do Poder Judiciário de Santa Catarina, foi verificado que, somente na Comarca de Jaguaruna, o Município de Jaguaruna figurava à época da auditoria como parte em mais de duas mil ações judiciais5.

Esta Corte de Contas pronunciou-se sobre casos semelhantes, robustecendo a necessidade de quadro próprio de advogados ou procuradores ocupantes de cargo de provimento efetivo para o desempenho dos serviços jurídicos das unidades gestoras, de acordo com os seguintes Prejulgados:

Prejulgado 1579

5 Disponível em . Acesso em 21/08/2015.

25 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. 1. O arcabouço normativo pátrio, com apoio doutrinário e jurisprudencial, atribui a execução das funções típicas e permanentes da Administração Pública a servidores de seu quadro de pessoal, ocupantes de cargos efetivos - admitidos mediante concurso público, nos termos do art. 37, II, da Constituição Federal - ou por ocupantes de cargos comissionados, de livre nomeação e exoneração. Contudo, deve-se atentar para o cumprimento do preceito constitucional inscrito no art. 37, inciso V, da Constituição Federal, segundo o qual os cargos em comissão são destinados exclusivamente ao desempenho de funções de direção, chefia e assessoramento, devendo ser criados e extintos por lei local, na quantidade necessária ao cumprimento das funções institucionais do Órgão, limitados ao mínimo possível, evitando-se a criação desmesurada e sem critérios técnicos, obedecendo-se também aos limites de gastos com pessoal previstos pela Lei Complementar nº 101/00. 2. Havendo necessidade de diversos profissionais do Direito para atender aos serviços jurídicos de natureza ordinária do ente, órgão ou entidade, que inclui a defesa judicial e extrajudicial e cobrança de dívida ativa, é recomendável a criação de quadro de cargos efetivos para execução desses serviços, com provimento mediante concurso público (art. 37 da Constituição Federal), podendo ser criado cargo em comissão para chefia da correspondente unidade da estrutura organizacional (Procuradoria, Departamento Jurídico, Assessoria Jurídica, ou denominações equivalentes). Se a demanda de serviços não exigir tal estrutura, pode ser criado cargo em comissão de assessor jurídico, de livre nomeação e exoneração. [...] 4. A contratação de profissional do ramo do Direito por inexigibilidade de licitação só é admissível para atender a específicos serviços (administrativo ou judicial) que não possam ser realizados pela assessoria jurídica dada a sua complexidade e especificidade, caracterizando serviços de natureza singular, e que o profissional seja reconhecido como portador de notória especialização na matéria específica do objeto a ser contratado, devidamente justificados, e se dará nos termos dos arts. 25, II, § 1º combinado com o art. 13, V e § 3º, e 26 da Lei Federal nº 8.666/93, observado o disposto nos arts. 54 e 55 da mesma Lei e os princípios constitucionais que regem a Administração Pública. Os serviços jurídicos ordinários da Prefeitura (apreciação de atos, processos, procedimentos e contratos administrativos, projetos de lei, defesa do município judicial e extrajudicial, incluindo a cobrança da dívida ativa) e da Câmara (análise de projetos de lei, das normas regimentais, e de atos administrativos internos) não constituem serviços singulares ou que exijam notória especialização que autorize a contratação por inexigibilidade de licitação [...] (CON-04/02691326, com a redação reformada pela Decisão nº 3000/09. Câmara Municipal de Mondaí. Rel. Conselheiro José Carlos Pacheco. Sessão de 30/08/2004)

Prejulgado 1911 1. É de competência da Câmara Municipal decidir qual a estrutura necessária para execução dos seus serviços jurídicos, considerando entre outros aspectos, a demanda dos serviços se eventual ou permanente; o quantitativo estimado de horas necessárias para sua execução; o quantitativo e qualificação dos servidores necessários para realização dos serviços; e a estimativa das despesas com pessoal. 2. De acordo com o ordenamento legal vigente a execução das funções típicas e permanentes da Administração Pública, das quais decorram atos administrativos, deve ser efetivada, em regra, por

26 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1645.

servidores de seu quadro de pessoal, ocupantes de cargos de provimento efetivo ou comissionado, estes destinados exclusivamente ao desempenho de funções de direção, chefia ou assessoramento, conforme as disposições do art. 37, II e V, da Constituição Federal. 3. Nas Câmaras de Vereadores cuja demanda de serviços jurídicos é reduzida, os serviços jurídicos poderão ser executados por servidor com formação específica e registro no Órgão de Classe (OAB), com a carga horária proporcional ao volume dos serviços (item 6.2.2.1 desta Decisão), nomeado para exercer cargo de provimento efetivo, através de prévio concurso público (art. 37, II, da Constituição Federal). 4. Sempre que a demanda de serviços jurídicos - incluindo a defesa judicial e extrajudicial - for permanente e exigir estrutura de pessoal especializado com mais de um profissional do Direito, é recomendável a criação de quadro de cargos efetivos para execução desses serviços, com provimento mediante concurso público (art. 37, II, da Constituição Federal), podendo ser criado cargo em comissão (art. 37, II e V, da Constituição Federal) para chefia da correspondente unidade da estrutura organizacional (Procuradoria, Departamento Jurídico, Assessoria Jurídica, ou denominação equivalente). (CON-07/00413421, com a redação reformada pela Decisão nº 3000/09. Câmara Municipal de Palmeira. Rel. Conselheiro Moacir Bertoli. Sessão de 27/08/2007)

2.3.1 – Resposta à audiência

Em resposta, o responsável Luis Arnaldo Napoli juntou suas justificativas (fls. 531 a 534) asseverando, com relação ao presente achado, que enviou projeto de lei para a criação do cargo de provimento efetivo de Advogado na unidade gestora, o qual foi oficializado com a edição da Lei nº 1642, de 19/10/2015 (fls. 613 a 617). Da mesma maneira, o gestor informou que encaminhou à Câmara Municipal o Projeto de Lei nº 60/2015 (fls. 629 e 630), que visava aumentar o número de vagas do cargo de advogado, o que foi concretizado pela Lei nº 1680/20166.

O responsável afirmou, ainda, que a contratação de pessoa jurídica para o desempenho das funções jurídicas da Prefeitura Municipal se deu com base em Prejulgado desta Corte de Contas, que autoriza a contratação de serviços jurídicos por meio de processo licitatório7 quando houvesse a necessidade de ampliação do quadro de profissionais na área jurídica. De tal maneira, o gestor

6 Disponível em . Acesso em 14/08/2017. 7 Em que pese a citação do Prejulgado nº 1549, verificou-se que, na realidade, o responsável pretendeu citar o Prejulgado nº 1579.

27 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. entendeu que tomou as medidas cabíveis de acordo com os dispositivos normativos concernentes à matéria em tela.

2.3.2 - Ponderações concernentes à resposta à audiência

Cabe ressaltar, primeiramente, que o Prejulgado utilizado como argumento pelo responsável traz algumas questões que devem ser destacadas com relação ao caso em tela, para que a situação apontada possa ser devidamente esclarecida.

O Prejulgado nº 1579, ao dispor sobre a contratação de serviços jurídicos por meio de processo licitatório, disserta que tal ato pode ser adotado em casos específicos, de natureza transitória, que venha a suprir a necessidade de ampliação do quadro de profissionais, de acordo com o que segue abaixo:

Prejulgado 1579 3. Para suprir a falta transitória de titular de cargo, quando não houver cargo de advogado, assessor jurídico ou equivalente na estrutura administrativa da Prefeitura ou Câmara, ou pela necessidade de ampliação do quadro de profissionais, e até que haja o devido e regular provimento, inclusive mediante a criação dos cargos respectivos, a Prefeitura ou a Câmara, de forma alternativa, podem adotar: a) contratação de profissional em caráter temporário, nos termos do inciso IX do art. 37 da Constituição Federal; b) contratação de serviços jurídicos por meio de processo licitatório (arts. 37, XXI, da Constituição Federal e 1º e 2º da Lei Federal nº 8.666/93), salvo nos casos de dispensa previstos nos incisos II e IV do art. 24 da Lei Federal nº 8.666/93, atendidos aos requisitos do art. 26 daquele diploma legal, cujo contrato deverá especificar direitos e obrigações e responsabilidades do contratado, a carga horária e horário de expediente, prazo da contratação e o valor mensal do contrato, observada a compatibilidade com a jornada de trabalho e o valor de mercado regional. As questões trazidas pelo gestor, atinentes à criação do cargo efetivo de Advogado, não foram devidamente demonstradas durante a realização da Auditoria in loco, o que denota que a criação do cargo citado se deu somente após a fiscalização efetuada pelo corpo técnico desta Corte de Contas. Ademais, conforme já demonstrado anteriormente, o contrato efetuado com o escritório de advocacia “Mussoi e Cechinel Advogados Associados” se deu para a realização de serviços típicos da Administração Pública, tais como elaboração de peças processuais e realização de defesas e contestações

28 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1646. relativas a processos onde o Município de Jaguaruna possa figurar no polo ativo ou passivo da lide, o que demandaria, desde aquele momento, a constituição de quadro próprio e efetivo para a prestação dos serviços jurídicos da Prefeitura Municipal.

É necessário ponderar, ainda, que o entendimento desta Corte de Contas, no que tange à matéria em tela, vem evoluindo ao longo do tempo, no sentido em que a prestação de serviços jurídicos permanentes deve ser efetuada por servidores ocupantes de cargo de provimento efetivo, relegando o exercício de cargo comissionado à chefia do setor jurídico da unidade gestora, conforme aduz o já citado Prejulgado nº 1911.

Do mesmo modo, cabe trazer à baila a informação de que o Edital de Concurso Público nº 001/2015, acostado às fls. 692 a 734, está suspenso por decisão concedida liminarmente nos autos da Ação Civil Pública nº 0000380- 51.2016.8.24.02828, em trâmite na Vara Única da Comarca de Jaguaruna, tendo em vista a existência de diversas irregularidades na realização do certame que visava, dentre outros, o provimento do cargo efetivo de Advogado. Observe-se alguns excertos da citada decisão, que demonstram a desídia da Administração Pública Municipal na realização do concurso público, o que impede a resolução dos fatos apontados pela Auditoria in loco com relação ao caso em tela:

Cuida-se de pedido liminar em Cautelar Inominada, preparatória de Ação Civil Pública, promovida pelo Ministério Público do Estado de Santa Catarina em face do Município de Jaguaruna, pessoa jurídica de direito público, representada pelo prefeito municipal, Sr. LUIZ ARNALDO NAPOLI, e da Infinity Assessoria Pedagógica LTDA ME, pessoa jurídica de direito privado, representada pelo Sr. CLÁUDIO VENTURA, com base no inquérito civil nº 06.2016.00000971-0 instaurado para apurar irregularidades existentes no Concurso Público do Município de Jaguaruna (Edital nº 1/2015), destinado ao provimento de vários cargos vagos. Pugna o Ministério Público pela suspensão do prosseguimento do concurso público e das consequentes nomeações dos candidatos

8 Disponível em . Acesso em 14/08/2017.

29 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. habilitados, até o julgamento da ação principal ou até que a administração promova a anulação do processo seletivo nº 001/2015 e lance novo concurso. Enumera como indicativo de fraude e irregularidades diversas denúncias feitas pelos candidatos, consubstanciadas em: a) acesso de candidatos à sala de provas com aparelhos de telefone celular, os quais ficaram expostos sobre a mesa; a.1) publicação da imagem fotográfica de um cartão-resposta preenchido na página da rede social "Facebook" durante o período em que as provas transcorriam (p. 11); b) permissão aos candidatos de manter consigo bolsas no momento da aplicação da prova; c) ausência de identificação dos candidatos nos cartões-resposta; d) acesso ao local de provas sem prévia conferência aos documentos de identificação dos candidatos; e) indicativos de que não foi constituída comissão de concurso para a realização do certame, tendo em vista que as impugnações ao edital ofertadas por candidatos não foram levadas ao conhecimento dos impugnantes; e.1) a empresa que realizou concurso não dispõe de CNPJ válido, de modo que não poderia sequer ter participado de procedimento licitatório, sendo a regularidade cadastral das pessoas jurídicas interessadas em participar de licitações requisito mínimo, consoante antevê o art. 29, I, da Lei nº 8.666/93; f) vários dos candidatos aprovados no concurso já exerciam funções comissionadas no Poder Executivo Municipal, "levando a crer que houve fraude no certame com o intuito de garantir a permanência irregular deles no Quadro de Agentes Públicos da Administração"; g) ofertas de dinheiro e/ou de vantagens patrimoniais aos primeiros classificados do concurso para desistirem de suas nomeações (declarações p. 98, 117 e 118) a fim de garantir que outros sejam nomeados. Das provas carreadas, há indicativos de atos para privilegiar correligionários, o que importa ofensa aos princípios da moralidade, da isonomia e da impessoalidade, dentre outros, com indícios da prática de atos ímprobos a eivar a validade do concurso em apreço. Ainda, infere-se elementos ainda mais contundentes de irregularidades na aplicação das provas, tais como a permissão de uso de celular pelos candidatos, conforme faz prova a imagem juntada à p. 11. Presente, pois, o fumus boni juris. Com o objetivo de apurar as delações apontadas, o presentante do Ministério Público instaurou inquérito civil nº 06.2016.00000971-0, no qual recomendou ao Prefeito, Sr. LUIZ ARNALDO NAPOLI, a suspensão do certame, requisitando informações, conforme documentos acostados à p. 76/77. Igualmente, foi oficiada a empresa que realizou o concurso impugnado para prestar informações. Entretanto, o Sr. Prefeito não acatou a recomendação, deixando de suspender o prosseguimento do concurso, homologando-o (p. 109/110), a despeito do conhecimento de que o certame está sob investigação, convocando às pressas os candidatos aprovados para nomeação e posse (p. 95). É certo que o prosseguimento do concurso, com a nomeação de candidatos, assunção a cargos públicos, acarretará prejuízos. Haverá

30 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1647.

significativos danos com a nomeação dos candidatos e o início do exercício das funções, com o aumento das despesas com a folha de pagamento do Poder Executivo Municipal, de modo que acaso o certame seja, com o ajuizamento da ação principal, anulado, haverá ainda maior oneração aos cofres públicos. Neste ponto, vislumbro o periculum in mora. Por todo o exposto, presentes indícios de irregularidades que podem revelar-se de extrema gravidade, na medida em que se denota a ocorrência de atos que implicam na nulidade do concurso público impugnado, além de elementos que indicam ofensa aos princípios da moralidade e da impessoalidade, e consequente violação ao princípio da isonomia entre os candidatos, com fulcro no art. 796 do CPC e art. 12 da Lei nº 7.347/85: I – CONCEDO a liminar para SUSPENDER o prosseguimento do concurso público e consequentes nomeações dos candidatos aprovados no Concurso Público nº 001/2015; De tal maneira, tendo em vista os fatos acima abordados, mantém-se a presente restrição, pugnando-se por determinar à Prefeitura Municipal de Jaguaruna que realize concurso público para o provimento efetivo do cargo de Advogado, firmando-se nos princípios da legalidade, impessoalidade, publicidade e moralidade administrativa, previstos no art. 37, caput, da Constituição Federal, o certame a ser realizado, além do respeito ao instituto do concurso público para a admissão de servidores que desempenhem atividades permanentes jurídicas da administração pública, nos termos do inciso II do mesmo artigo constitucional e do Prejulgado nº 1911 desta Corte de Contas.

2.4. Ausência de remessa dos atos de complementação de aposentadoria de três servidores inativos da Prefeitura Municipal para o Tribunal de Contas, em descumprimento ao previsto no art. 1º da Instrução Normativa nº TC-11/2011 do TCE-SC

A situação encontrada evidenciou a ausência de remessa dos atos de complementação de aposentadoria dos servidores inativos Liduardo Timoteo Correa, Renato Luiz da Silva e Wanderley Paulo Fernandes para esta Corte de Contas, impossibilitando a verificação da regularidade dos atos que ensejaram a referida complementação de proventos.

O critério utilizado para aferir o presente achado se encontra disposto no art. 1º da Instrução Normativa nº TC-11/2011 desta Corte de Contas, que trata da remessa, por meio eletrônico, de informações e documentos necessários ao

31 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. exame da legalidade de atos de admissão de pessoal e de concessão de aposentadoria, reforma, transferência para a reserva e pensão ao Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Observe-se a redação do artigo supracitado: Art. 1º As unidades jurisdicionadas devem remeter ao Tribunal de Contas, por meio eletrônico, as informações e documentos referentes aos atos de concessão de aposentadoria, pensão, reforma e transferência para a reserva remunerada, decorrentes do regime próprio de previdência dos servidores públicos, relacionados nos Anexos I e II desta Instrução Normativa. § 1º As informações e documentos referentes às melhorias posteriores à data da aposentadoria, pensão, reforma ou transferência para a reserva remunerada, que alterem o fundamento legal do ato concessório, devem ser encaminhadas ao Tribunal, na forma prevista no caput deste artigo. § 2º Constituem alteração do fundamento legal do ato concessório as eventuais revisões de tempo de serviço ou contribuição que impliquem alteração no valor dos proventos ou das pensões e as melhorias posteriores decorrentes de acréscimos de novas parcelas, gratificações ou vantagens de qualquer natureza, bem como a introdução de novos critérios ou bases de cálculo dos componentes do benefício, quando tais melhorias se caracterizarem como vantagem pessoal do servidor público civil ou militar e não tiverem sido previstas no ato concessório originalmente submetido à apreciação do Tribunal. Cabe ressaltar, a título de informação, o disposto no art. 59, inciso III, da Constituição do Estado de Santa Catarina, que dispõe sobre as competências relativas ao controle externo exercido pelo Tribunal de Contas do Estado, de acordo com o que segue:

Art. 59 - O controle externo, a cargo da Assembleia Legislativa, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas do Estado, ao qual compete: [...] III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório; (grifo nosso) O Regimento Interno do Tribunal de Contas (Resolução nº TC-06/2001) assevera em art. 36, inciso II e § 1º o que vem abaixo:

Art. 36. O Tribunal apreciará, para fins de registro, no âmbito estadual e municipal, mediante processo específico ou de fiscalização, na forma estabelecida em instrução normativa, a legalidade dos atos de: [...] II - concessão de aposentadorias, reformas, pensões e transferência para a reserva, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato inicial.

32 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1648.

[...] § 1º Constituem alteração na fundamentação legal do ato o acréscimo aos proventos de novas parcelas, gratificações ou outras vantagens de qualquer natureza, ou introdução de novos critérios ou bases de cálculo dos componentes do benefício, não previstos no ato concessório originariamente submetido à apreciação do Tribunal, quando se caracterizarem como vantagem pessoal e individual do servidor. No caso em tela, os atos de complementação dos proventos de aposentadoria dos servidores inativos Liduardo Timoteo Correa, Renato Luiz da Silva e Wanderley Paulo Fernandes não foram remetidos para fins de análise por este Tribunal de Contas, impedindo que este órgão de controle externo avalizasse a regularidade dos referidos atos, de acordo com as disposições constitucionais e legais concernentes a presente matéria.

2.4.1 – Resposta à audiência

Em resposta, o responsável Luis Arnaldo Napoli juntou suas justificativas (fls. 534 e 535) afirmando, com relação ao presente achado, que o Setor de Recursos Humanos desconhecia a obrigação de encaminhar o procedimento administrativo de complementação de aposentadoria ao Tribunal de Contas. De tal modo, não obtendo sucesso ao enviar as informações por meio eletrônico, juntou documentos às fls. 452 a 510, os quais dizem respeito à complementação de aposentadoria dos servidores citados no presente achado de auditoria.

2.4.2 - Ponderações concernentes à resposta à audiência

Cabe ressaltar, primeiramente, que a Instrução Normativa nº 11/2011, em sua redação original, não possuía regramento específico vinculado à remessa de informações quanto à complementação de aposentadoria de servidores, o que foi incluído pela Instrução Normativa nº TC-23/2016, nos seguintes termos:

Art. 1º. [...] § 5º As unidades jurisdicionadas devem remeter ao Tribunal de Contas os atos de concessão de complementação de aposentadoria ou pensão ao valor percebido do Regime Geral da Previdência Social, pagos pelo tesouro municipal, aplicando-se, no que couber, as

33 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. disposições desta Instrução Normativa e dos seus Anexos I, II, VIII e IX. De tal maneira, é necessário esclarecer que, à época da Auditoria in loco, não havia determinação normativa específica que obrigasse a unidade gestora a remeter a documentação atinente à complementação de aposentaria dos servidores em tela, o que afasta a incidência de sanção com relação à restrição apontada. Por outro lado, conforme o disposto no caput do art. 1º da Instrução Normativa nº 11/2011, a remessa dos documentos deve ser efetuada por meio eletrônico, não sendo possível a análise dos documentos acostados nos autos com relação às complementações citadas.

De tal modo, visto que a normatização específica da remessa de documentação concernente à complementação de aposentadoria se deu após a realização da Auditoria in loco, entende-se que a sanção do responsável deve ser afastada, pugnando-se, todavia, por determinar à Prefeitura Municipal de Jaguaruna que remeta, por meio eletrônico, a documentação atinente à complementação de aposentadoria dos servidores Liduardo Timoteo Correa, Renato Luiz da Silva e Wanderley Paulo Fernandes, nos termos do art. 1º, caput, e § 5º da Instrução Normativa nº TC-11/2011 do TCE-SC.

2.5. Admissão irregular de 12 (doze) servidores em caráter temporário (ACTs), de 05 (três) servidores comissionados e de 01 (um) Secretário Municipal, tendo em vista que o Poder Executivo se encontrava acima do limite prudencial de despesa com pessoal, em desacordo ao previsto no art. 169, caput, da Constituição Federal e no art. 22, parágrafo único, inciso IV, da Lei Complementar Federal nº 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF)

A situação encontrada à época da Auditoria in loco evidenciou que o Poder Executivo de Jaguaruna admitiu 12 (doze) servidores em caráter temporário (ACTs), 05 (cinco) servidores comissionados e 01 (um) Secretário Municipal a partir do mês de maio de 2015, ao mesmo tempo em que a despesa total com pessoal estava acima do limite prudencial previsto na Lei Complementar Federal nº 101/2000 – LRF, de acordo com Relatório de Gestão Fiscal de Despesa com Pessoal atinente ao 1º Quadrimestre de 2015, que

34 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1649. indica que os referidos gastos estavam em 52,73% (cinquenta e dois vírgula setenta e três) da Receita Corrente Líquida no final do referido período (abril de 2015).

O quadro abaixo relaciona os servidores admitidos em caráter temporário (ACTs) no período supracitado:

QUADRO 04 – Servidores admitidos em caráter temporário (ACTs) a partir de maio de 2015, em descumprimento à LRF Servidor Função exercida Data da admissão Cleide Pereira Soratto Agente de Serviços Gerais 01/06/2015 Aline Pires Alzemiro Soares Professor 01/05/2015 Daniela Aparecida Teixeira Professor 01/05/2015 Dante Mariga de Taunay Gentil Motorista 04/05/2015 Gabriela Fernandes Santos Agente Serviços Gerais 01/07/2015 Maiara Goulart Pereira Professor 20/05/2015 Paula de Souza Garcia Martins Professor 09/06/2015 Yana Zanette Martins Professor 06/07/2015 Camila de Souza Mota Agente Comunitário de Saúde 01/06/2015 Jaqueline Burato dos Santos Agente Comunitário de Saúde 07/05/2015 Lourdes Suzane da Rosa Lima Técnico de Enfermagem 08/05/2015 Rosângela Maria de Lima Enfermeira - ESF 04/05/2015 Fonte: Fls. 104 a 106. O quadro a seguir enumera os servidores comissionados nomeados em desrespeito ao previsto na Lei Complementar Federal nº 101/2000, no que vai abaixo:

QUADRO 05 – Servidores comissionados admitidos a partir de maio de 2015, em descumprimento à LRF Servidor Cargo Data da admissão Cristiano Melo Diretor de Departamento IV 04/05/2015 Mario Luiz dos Santos Diretor de Departamento IV 04/05/2015 Gilson Prates Bitencourt Diretor de Departamento IV 01/06/2015 Gregory Bernardini Duarte Diretor de Departamento IV 05/05/2015 Lidiane Gentil Correa Diretor de Departamento IV 22/07/2015 Fonte: Fls. 104 a 106.

Por fim, cabe destacar a admissão do Secretário Municipal de Transportes, Obras, Habitação e Serviços Urbanos, Sr. Geraldo José Garcia, em 07/05/2015, também efetuada quando o Poder Executivo de Jaguaruna estava acima do limite prudencial previsto na Lei Complementar Federal nº 101/2000.

O critério utilizado para aferir o presente achado é alicerçado pelo disposto no art. 169, caput, da Constituição Federal, que aduz que “a despesa

35 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar”.

A Lei Complementar Federal nº 101/2000 estabeleceu os limites de despesa com pessoal, no que tange aos entes federativos. Observe-se, a seguir, os parâmetros atrelados aos gastos com pessoal no âmbito dos Municípios:

Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Constituição, a despesa total com pessoal, em cada período de apuração e em cada ente da Federação, não poderá exceder os percentuais da receita corrente líquida, a seguir discriminados: [...] III - Municípios: 60% (sessenta por cento).

Art. 20. A repartição dos limites globais do art. 19 não poderá exceder os seguintes percentuais: [...] III - na esfera municipal: a) 6% (seis por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Município, quando houver; b) 54% (cinqüenta e quatro por cento) para o Executivo. [...]

Art. 22. A verificação do cumprimento dos limites estabelecidos nos arts. 19 e 20 será realizada ao final de cada quadrimestre.

Parágrafo único. Se a despesa total com pessoal exceder a 95% (noventa e cinco por cento) do limite, são vedados ao Poder ou órgão referido no art. 20 que houver incorrido no excesso: I - concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração a qualquer título, salvo os derivados de sentença judicial ou de determinação legal ou contratual, ressalvada a revisão prevista no inciso X do art. 37 da Constituição; II - criação de cargo, emprego ou função; III - alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa; IV - provimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoal a qualquer título, ressalvada a reposição decorrente de aposentadoria ou falecimento de servidores das áreas de educação, saúde e segurança; V - contratação de hora extra, salvo no caso do disposto no inciso II do § 6o do art. 57 da Constituição e as situações previstas na lei de diretrizes orçamentárias. (grifo nosso)

Verifica-se da leitura do dispositivo legal supracitado que o ente federativo que ultrapassar os gastos com pessoal em valores acima de 95% (noventa e cinco por cento) dos limites estabelecidos no art. 19 da LRF estará impedido de tomar uma série de medidas, entre as quais o provimento de cargos públicos e a contratação de pessoal a qualquer título. Esse limite de 95%, chamado de limite prudencial, tem como referência, no âmbito do Poder Executivo dos Municípios, o percentual de 51,30% (cinquenta e um vírgula trinta por cento).

36 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1650.

No caso em tela, constatou-se que foi ultrapassado o limite prudencial de despesa com pessoal a partir do 1º Quadrimestre do exercício de 2015, de acordo com o Relatório de Gestão Fiscal acostado à fl. 104, estando o total das despesas com pessoal do Poder Executivo em 52,73% (cinquenta e dois vírgula setenta e três) da Receita Corrente Líquida do Município de Jaguaruna. Por tal fato, a administração pública de Jaguaruna não poderia ter contratado os 12 servidores temporários constantes do Quadro 04, admitido os 05 servidores comissionados citados no Quadro 05 e admitido o Secretário Municipal citado anteriormente no presente relatório.

Esse é o entendimento do Tribunal de Contas do Estado:

Prejulgado 0978 [...] A nomeação de servidores para cargos efetivos, cargos em comissão e funções gratificadas, contratação em caráter temporário ou a qualquer título, estão vedadas quando as despesas totais com pessoal do Poder ou órgão estejam acima dos limites previstos no art. 22, parágrafo único, da LC 101/00 (acima de 95% dos limites estabelecidos no art. 20), salvo para reposição decorrente de aposentadoria ou falecimento de servidores nas áreas de educação, saúde e segurança. Também serão nulos os atos (art. 21 da LC 101/00) quando representarem aumento de despesas sem atendimento aos requisitos dos arts. 16 e 17 da Lei de Responsabilidade Fiscal, ainda que dentro dos limites legais (Processo nº CON-00/04892631. Decisão nº 513/2001. Secretaria de Estado da Administração. Rel. Aud. Thereza Apparecida Costa Marques. Pub. em 08/06/2001) (grifo nosso)

Ressalte-se, por fim, que a exceção prevista na parte final do inciso IV do parágrafo único do art. 22 da Lei de Responsabilidade Fiscal, que dispõe sobre a reposição de pessoal decorrente de aposentadoria ou falecimento de servidores das áreas de educação, saúde e segurança, não foi comprovada pela unidade gestora.

2.5.1 – Resposta à audiência

Em resposta, o responsável Luis Arnaldo Napoli juntou suas justificativas (fls. 535 e 536) aduzindo, com relação ao presente achado, que o Poder Executivo de Jaguaruna não estava, à época do período verificado pela Auditoria in loco, acima do limite prudencial de despesa com pessoal, de acordo com o Relatório de Gestão Fiscal acostado à fl. 883, que aponta que,

37 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. no primeiro quadrimestre de 2015, o índice estava em 50,56% (cinquenta vírgula cinquenta e seis por cento). Da mesma maneira, as informações prestadas pela unidade gestora a esta Corte de Contas, por meio do Sistema e-Sfinge, demonstrariam que o índice de despesa com pessoal estaria, no primeiro quadrimestre de 2015, em 51,15% (cinquenta e um vírgula quinze – fl. 885), também abaixo do limite prudencial, o que afastaria a irregularidade atinente às admissões apontadas na presente restrição.

2.5.2 - Ponderações concernentes à resposta à audiência

De fato, ao se consultar as informações constantes do Portal do Cidadão encontradas no site do Tribunal de Contas9, relativas à despesa de pessoal efetuada pela unidade gestora no primeiro quadrimestre de 2015, verifica-se o percentual de 51,15% (cinquenta e um vírgula quinze – fl. 885), índice abaixo do limite prudencial inserto pela LRF. Da mesma maneira, é necessário atentar ao disposto na Instrução Normativa nº TC-19/2015, de acordo com a redação prevista em seu art. 5º:

Art. 5º As certidões requeridas pelos municípios serão emitidas com base no resultado da análise da Prestação de Contas de Prefeito do último exercício apreciado e das informações encaminhadas por meio do Sistema de Fiscalização Integrada de Gestão – e-Sfinge -, para os exercícios ainda não analisados. §1º A certidão será emitida automaticamente no momento da confirmação das remessas relativas aos quadrimestres fiscais, tendo validade até o prazo final para confirmação da remessa do quadrimestre seguinte. §2º A certidão somente será emitida mediante a confirmação da remessa integral dos dados e informações requeridos pelo Sistema e- Sfinge relativas ao Poder Legislativo e aos órgãos e entidades integrantes da estrutura do Poder Executivo. §3º As certidões emitidas ficarão disponíveis para consulta pública no sítio eletrônico do Tribunal de Contas na Internet. Desse modo, tendo por base que as informações encontradas no Portal do Cidadão são alicerçadas nos dados fornecidos ao sistema e-Sfinge, e que os referidos dados servem como base para a emissão de certidão por esta Corte de Contas, entende esta instrução que a situação apontada foi

9 Disponível em . Acesso em 15/08/2017.

38 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1651. devidamente esclarecida, afastando-se a incidência de sanção ao responsável. Há que se recomendar, entretanto, à Prefeitura Municipal de Jaguaruna que consolide de forma exata os dados relativos ao Relatório de Gestão Fiscal de despesa de pessoal, para que não haja discrepâncias nos dados consolidados, nos termos dos arts. 54 e 55 da LRF.

2.6. Ausência de atribuições de cargos de provimento em comissão de Assessor Especial I, II, III; Assessor I, II e III; e de Diretor de Departamento I, II, III, IV e V da Prefeitura Municipal, tendo em vista que as atribuições existentes em lei são conferidas de forma genérica, sem diferenciar quais seriam as funções desempenhadas por cada tipo de Assessor e por cada tipo de Diretor de Departamento, em descumprimento ao previsto no art. 37, inciso V, e art. 39, § 1º, e incisos I, II e II da Constituição Federal; art. 2º, inciso II da Lei nº 1113/2005 e; art. 3º, inciso III, da Lei nº 1170/2007

A situação encontrada pela Auditoria in loco apontou que os cargos comissionados de Assessor Especial I, II, III; Assessor I, II e III; e de Diretor de Departamento I, II, III, IV e V, existentes na estrutura administrativa do Município de Jaguaruna, não possuem atribuições específicas definidas por lei, tendo em vista que as disposições normativas concernentes ao exercício dos cargos em tela são atribuídas de forma genérica, sem distinguir quais seriam as funções desempenhadas por cada cargo existente na unidade gestora.

O Anexo I-A da Lei nº 1557/2014 traz os citados cargos de acordo com a disposição constante na estrutura da Prefeitura Municipal, de acordo com o que segue:

ANEXO I-A GRUPO DE ASSESSORAMENTO DE PROVIMENTO EM COMISSÃO – APC GABINETE DO PREFEITO Nº DE DENOMINAÇÃO VENCIMENTO VAGAS [...] 01 Assessor Especial I 3.000,00 02 Assessor Especial II 2.000,00 02 Assessor Especial III 1.200,00

39 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo.

SECRETARIA MUNICIPAL DE ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS Nº DE DENOMINAÇÃO VENCIMENTO VAGAS [...] 02 Diretor de Departamento I 3.849,39 03 Diretor de Departamento II 3.174,30 04 Diretor de Departamento III 2.250,00 08 Diretor de Departamento IV 1.886,98 05 Diretor de Departamento V 1.200,00 05 Assessor I 1.200,00 05 Assessor II 1.000,00 05 Assessor III 800,00

SECRETARIA MUNICIPAL DE AGRICULTURA, INDÚSTRIA, COMÉRCIO E PESCA Nº DE DENOMINAÇÃO VENCIMENTO VAGAS [...] 05 Diretor de Departamento IV 1.886,98

SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE Nº DE DENOMINAÇÃO VENCIMENTO VAGAS [...] 01 Diretor de Departamento I 3.849,39 02 Diretor de Departamento IV 1.886,98

SECRETARIA MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL Nº DE DENOMINAÇÃO VENCIMENTO VAGAS [...] 04 Diretor de Departamento IV 1.886,98

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO E CULTURA Nº DE DENOMINAÇÃO VENCIMENTO VAGAS [...] 02 Diretor de Departamento IV 1.886,98

SECRETARIA MUNICIPAL DE TRANSPORTES, OBRAS, HABITAÇÃO E SERVIÇOS URBANOS Nº DE DENOMINAÇÃO VENCIMENTO VAGAS [...] 01 Diretor de Departamento III 2.250,00 06 Diretor de Departamento IV 1.886,98

SECRETARIA MUNICIPAL DE ESPORTE E TURISMO, JUVENTUDE E EVENTOS Nº DE DENOMINAÇÃO VENCIMENTO VAGAS

40 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1652.

[...] 03 Diretor de Departamento IV 1.886,98

Do mesmo modo, o Anexo I-B da referida lei traz as atribuições dos cargos comissionados existentes na estrutura do Poder Executivo de Jaguaruna, sem distinguir quais seriam as funções a serem desempenhadas por cada Assessor Especial, Assessor ou Diretor de Departamento, conforme é demonstrado abaixo:

ANEXO I-B QUADRO DE CARGOS DE PROVIMENTO EM COMISSÃO Descrição das atribuições, condições de trabalho e forma de recrutamento CARGO: Assessor GRUPO: Direção e Assessoramento de Provimento em Comissão - DAPC ATRIBUIÇÕES: Prestar assessoramento, aconselhamento e assistência, aos secretários municipais, em determinada área de experiência. Podendo ser vinculada a prática e cotidiano de uma tarefa ou função, bem como em área do conhecimento. CONDIÇÕES DE TRABALHO: a) Geral: Determinada no ato de nomeação. b) Especial: o exercício do cargo poderá exigir a prestação de serviços à noite, aos sábados, domingos e feriados. RECRUTAMENTO: a) Geral: Contratação por ato discricionário e exoneração "ad nutum".

CARGO: Assessor Especial GRUPO: Direção e Assessoramento de Provimento em Comissão - DAPC ATRIBUIÇÕES: Prestar assessoramento, aconselhamento e assistência, ao Prefeito, em determinada área de experiência. Podendo ser vinculada a prática e cotidiano de uma tarefa ou função, bem como em área do conhecimento. CONDIÇÕES DE TRABALHO: a) Geral: Determinada no ato de nomeação. b) Especial: o exercício do cargo poderá exigir a prestação de serviços à noite, aos sábados, domingos e feriados. RECRUTAMENTO: a) Geral: Contratação por ato discricionário e exoneração "ad nutum". [...]

CARGO: Diretor de Departamento

41 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. GRUPO: Direção e Assessoramento de Provimento em Comissão - DAPC ATRIBUIÇÕES: Desenvolve a direção, organização e estruturação da área de atuação dentro do setor ao qual foi designado. CONDIÇÕES DE TRABALHO: a) Geral: Determinada no ato de nomeação. b) Especial: o exercício do cargo poderá exigir a prestação de serviços à noite, aos sábados, domingos e feriados. RECRUTAMENTO: a) Geral: Contratação por ato discricionário e exoneração "ad nutum". (grifo nosso e deles) Depreende-se da leitura dos dispositivos insertos na Lei nº 1557/2014 que as atribuições dos cargos comissionados de Assessor, Assessor Especial e Diretor de Departamento são designadas de forma genérica, com a utilização de expressões como “determinada área de experiência”, “área do conhecimento”, “área de atuação dentro do setor ao qual foi designado”, sem especificar quais seriam as funções a serem desempenhadas por cada um dois níveis atrelados ao desempenho de cada cargo.

Ressalte-se, ainda, que a Lei nº 811/1998, que estabelece a Estrutura Administrativa da Prefeitura Municipal de Jaguaruna, traz somente as atribuições das Secretarias Municipais, não sendo possível inferir de referida normativa quais seriam as atribuições de cada assessoria ou diretoria de departamento.

O critério utilizado para o presente achado é alicerçado pelo art. 37, inciso V, e art. 39, § 1º, e incisos I, II e III, da Constituição Federal, que se referem às questões que envolvem a criação de cargos no serviço público, como se observa abaixo:

Art. 37 [...] [...] V – as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento. [...] Art. 39 A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão conselho de política de administração e remuneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Poderes. [...]

42 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1653.

§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais componentes do sistema remuneratório observará: I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos cargos componentes de cada carreira; II - os requisitos para a investidura; III - as peculiaridades dos cargos. (grifo nosso)

A Lei nº 1113/2005, que dispõe sobre o Estatuto e Regime Jurídico dos Servidores Públicos do Município de Jaguaruna, traz o conceito de cargo público para a Administração Pública Municipal. A saber:

Art. 2º Os empregos ocupados pelos servidores incluídos no Regime Jurídico Único existentes nos quadros lotacionais dos Poderes Executivo e Legislativo, criados pelas Leis 826/98, 806/98 e 937/01, ficam transformados em cargos, na data da vigência desta Lei, e para os efeitos deste estatuto: [...] II - cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades cometidas a um servidor, criado por Lei, em número certo, com denominação própria e remunerada pelos cofres públicos;

A Lei nº 1170/2007, que dispõe sobre o Plano de Carreira, Cargos e Salários dos Servidores Públicos do Município de Jaguaruna, assim dispõe em seu art. 3º, inciso III:

Art. 3º Para efeito da aplicação da presente lei, considera-se: [...] III - CARGO: Conjunto de atribuições, deveres e responsabilidades cometidas aos servidores públicos, de acordo com a área de atuação e formação profissional. Apesar da redação do inciso II do art. 2º da Lei nº 1113/2005 e do inciso III do art. 3º da Lei nº 1170/2007 definir o conceito de cargo público, prevendo que seu titular tem um conjunto de atribuições, deveres e responsabilidades, não há normativa que tenha estabelecido as atribuições específicas dos cargos em comissão de Assessor Especial I, II, III; Assessor I, II e III; e de Diretor de Departamento I, II, III, IV e V.

Ressalta-se que a especificação da atribuição de um cargo público de qualquer natureza serve, entre outros motivos, para a aquiescência do servidor no provimento do cargo e como parâmetro para a aferição da eficiência do servidor no exercício daquelas atribuições. Além disso, a definição da atribuição de cada cargo público possibilita a identificação, quando existente, do desvio de função, prevenindo, assim, que servidor admitido para determinado cargo realize tarefas inerentes a cargo de natureza diversa.

Considera-se ainda que especificar as atribuições de um cargo público de provimento em comissão contribui, sobremaneira, para o devido cumprimento

43 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. do art. 37, inciso V, da Constituição Federal, que assevera que cargos comissionados devem ser destinados às atribuições de direção, chefia e assessoramento.

2.6.1 – Resposta à audiência

Em resposta, o responsável Luis Arnaldo Napoli juntou suas justificativas (fls. 536 e 537) aduzindo, com relação ao presente achado, que o Poder Executivo encaminhou ao Poder Legislativo Municipal o Projeto de Lei nº 056, de 08/12/2015, acostado às fls. 644 a 658, o qual visa substituir a antiga estrutura administrativa existente na Prefeitura Municipal, regulamentando a estrutura das pastas municipais e dispondo sobre as funções de cargos comissionados. Da mesma maneira, o gestor informou que uma comissão formada pelo Setor de Recursos Humanos, Setor Administrativo, Assessoria Jurídica e Assessoria de Controle Interno estaria formulando um Regimento Interno que iria regulamentar as atividades dos cargos comissionados.

2.6.2 - Ponderações concernentes à resposta à audiência

A leitura do Projeto de Lei nº 056, de 08/12/2015, denota que a nova estrutura administrativa pretendida pela Administração Municipal mantém as mesmas inconsistências concernentes à ausência das atribuições dos cargos comissionados apontadas pela Auditoria in loco, tendo em vista que o projeto também não traz as atribuições dos cargos comissionados a serem criados pela nova estrutura administrativa.

Do mesmo modo, em consulta ao site que dispõe sobre a legislação do Município de Jaguaruna10, não foi constatada qualquer normativa atinente à mudança da estrutura administrativa da Prefeitura Municipal, ou mesmo da criação de Regimento Interno que disponha sobre as atribuições dos cargos de

10 Disponível em . Acesso em 15/08/2017.

44 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1654. provimento em comissão de Assessor Especial I, II, III; Assessor I, II e III; e de Diretor de Departamento I, II, III, IV e V.

De tal maneira, visto que não foram constatadas as providências vinculadas à resolução dos fatos apontados pela Auditoria in loco, mantém-se a presente restrição, pugnando-se por determinar à Prefeitura Municipal de Jaguaruna que estabeleça as atribuições dos cargos comissionados de Assessor Especial I, II, III; Assessor I, II e III; e de Diretor de Departamento I, II, III, IV e V de forma específica, que discrimine as atividades a serem desempenhadas por cada um dos servidores que vierem a ocupar os referidos cargos, nos termos do art. 37, inciso V, e art. 39, § 1º, e incisos I, II e II da Constituição Federal; art. 2º, inciso II da Lei nº 1113/2005 e; art. 3º, inciso III, da Lei nº 1170/2007.

2.7. Irregularidades no quadro funcional dos Departamentos de Controle Interno, Recursos Humanos e Ponto Eletrônico, tendo em vista a ausência de servidores ocupantes de cargo de provimento efetivo que sejam subordinados às chefias dos respectivos órgãos e a inexistência de cargos comissionados específicos atrelados ao desempenho das funções de direção de recursos humanos e ponto eletrônico, em desvirtuamento às atribuições de direção, chefia e assessoramento e em descumprimento ao art. 37, caput, e incisos II e V da Constituição Federal e à jurisprudência do Supremo Tribunal Federal

A situação encontrada pela Auditoria in loco evidenciou que os Departamentos de Controle Interno, Recursos Humanos e Ponto Eletrônico possuem um quadro funcional inadequado para o desempenho de suas funções, visto que existem somente servidores comissionados no exercício das respectivas funções, conforme demonstra o quadro a seguir:

QUADRO 06 – Quadro de servidores que exercem suas atividades nos Departamentos de Controle Interno, Recursos Humanos e Ponto Eletrônico Servidor Cargo ocupado Vínculo

45 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Glausi Heidemann Diretor de Controle Interno Comissionado Mayara dos Santos Modolon11 Diretor de Departamento I Comissionado Merillyn Inez Garcia Diretor de Departamento V Comissionado Fonte: Fls. 115 e 116 Ademais, foi verificado também pela auditoria in loco que os Departamentos de Recursos Humanos e Ponto Eletrônico não são devidamente delineados pela unidade gestora, tendo em vista que suas atribuições não foram especificadas, conforme já foi abordado no item 2.6 deste relatório. Cabe esclarecer que a auditoria in loco atestou que as servidoras ocupantes dos cargos comissionados de Diretor de Departamento I e Diretor de Departamento V eram, respectivamente, responsáveis pelos Recursos Humanos e Ponto Eletrônico através da Declaração emitida pela Diretora de Controle Interno, acostada à fl. 115.

O critério utilizado para identificar as irregularidades no quadro funcional dos Departamentos de Controle Interno, Recursos Humanos e Ponto Eletrônico encontra-se previsto no art. 37, caput, e incisos II e V, da Constituição Federal, já transcritos anteriormente, que traz os preceitos constitucionais que tratam do provimento de cargo público, principalmente no que diz respeito à realização de concurso público como regra basilar e nas atribuições de direção, chefia e assessoramento que devem reger o provimento de cargos comissionados.

O Supremo Tribunal Federal já tratou da questão do número de servidores comissionados na Administração Pública, conforme se verifica no Acórdão exarado pela Alta Corte na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 4.125, oriunda do Estado do Tocantins, publicada no Diário da Justiça nº 30, em 15/02/2011, e relatada pela Ministra Carmen Lúcia. Seguem abaixo alguns excertos dessa importante decisão:

[...] 3. O número de cargos efetivos (providos e vagos) existentes nos quadros do Poder executivo tocantinense e o de cargos de provimento em comissão criados pela Lei nº 1950/2008 evidencia a inobservância do princípio da proporcionalidade. 4. A obrigatoriedade de concurso público, com as exceções constitucionais, é instrumento de efetivação dos princípios da igualdade, da impessoalidade e da moralidade administrativa, garantidores do acesso aos cargos públicos aos cidadãos. A não submissão ao concurso público fez-se regra no Estado do Tocantins:

11 A servidora referida é ocupante de cargo efetivo, estando em exercício de cargo comissionado.

46 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1655.

afronta ao art. 37, inc. II, da Constituição da República. Precedentes. [...] 6. A criação de cargos em comissão para o exercício de atribuições técnicas e operacionais, que dispensam a confiança pessoal da autoridade pública no servidor nomeado, contraria o art. 37, inc. V, da Constituição da República. (grifo nosso) [...] 8. Ação julgada procedente, para declarar a inconstitucionalidade do art. 5º, caput; e parágrafo único; art. 6º; das Tabelas II e III do Anexo II e das Tabelas I, II e III do Anexo III; e das expressões “atribuições”, “denominações” e “especificações” de cargos contidas no art. 8º da Lei nº 1.950/2008. 9. [...] E, ainda, o número de cargos em comissão inicialmente criados [...] é maior do que o total de cargos efetivos preenchidos no Estado, o que poderia levar à constatação absurda de que para cada subordinado há, pelo menos, um “chefe, assessor ou diretor”, ocupante de cargo comissionado. (grifo deles) Observe-se o entendimento esposado pelo Procurador-Geral da República, encontrado no julgado supracitado:

Da comparação entre o número de cargos de provimento efetivo e os de provimento em comissão, no Estado do Tocantins, tem-se verificada evidente desproporção, suficiente a demonstrar a burla ao comando inscrito no inciso II do art. 37 da Constituição Federal. (...) De outro lado, a criação de cargos em comissão deve sempre ocorrer em número proporcional à necessidade do serviço, ou seja, precisa ter relação direta com a busca pelo funcionamento regular dos serviços prestados pela Administração. Nas hipóteses em que o interesse público é ignorado ou contrariado, objetivando a norma apenas assegurar interesses pessoais ou partidários, há de se reconhecer sua incompatibilidade com o texto constitucional. (...) No caso específico, repita-se, clara é a desproporção entre o número de cargos de provimento em comissão e os de provimento efetivo que, registre-se, sequer foram inteiramente preenchidos, estando configurado o desrespeito ao princípio da proporcionalidade e da moralidade administrativa”. (grifo nosso)

Muito embora apenas a investidura em cargo de provimento efetivo dependa de aprovação prévia em concurso público e o cargo de provimento em comissão seja de livre nomeação, em respeito aos Princípios da Proporcionalidade e Moralidade Administrativa, previstos no art. 37, caput, da Constituição Federal, quando o Administrador Público cria cargos e admite exclusivamente servidores comissionados para o desempenho de funções administrativas da unidade gestora, está configurando burla ao concurso público, além de desvirtuar as atribuições de direção, chefia e assessoramento que devem nortear o provimento de cargos comissionados, tendo em vista a

47 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. ausência de subordinados relativos aos servidores que exercem os cargos de Direção constantes do Quadro 06 deste relatório.

A Procuradoria do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas pugnou pela prevalência dos cargos de provimento efetivo em detrimento dos cargos em comissão, no sentido de que o instituto do concurso público é basilar para o preenchimento de cargos na administração pública, conforme demonstra o excerto abaixo aportado de parecer exarado pelo Parquet especial:

Assim, uma simples leitura de tal dispositivo evidencia que a obrigatoriedade da aprovação prévia em concurso público para a investidura em cargo ou emprego público é a regra no contexto nacional, ao passo que a nomeação para cargo em comissão é a exceção, ou seja, uma Unidade Gestora que deturpa tal sistema para manter um quadro em que a ampla maioria não se submeteu ao filtro do concurso público (já que fora nomeada para cargo em comissão), representa uma gritante fraude ao instituto do concurso público, significando um verdadeiro ranço de uma época de apadrinhamentos que já na metade da década de 80 não se mostrava compatível com a nova ordem constitucional que se aproximava – imagine, então, hoje, quase três décadas após tão distante e nebuloso período (Parecer nº 20583/2013, exarado pela Procuradora Cibelly Farias em 10/10/2013. Processo nº 12/00353592. Câmara Municipal de Chapecó)

2.7.1 – Resposta à audiência

Em resposta, o responsável Luis Arnaldo Napoli juntou suas justificativas (fls. 537 e 539) citando, no que tange ao presente achado, a edição da Lei nº 1642, de 19/10/2015 (já abordada no item 2.3 deste Relatório), a qual criou os cargos de provimento efetivo de Analista de Recursos Humanos e Analista de Controle Interno, os quais seriam providos por meio do Concurso Público de Edital nº 001/2015 e que fariam parte da estrutura do Setor de Recursos Humanos e do Setor de Controle Interno, respectivamente, com a consequente extinção do Departamento de Controle de Ponto após a admissão dos aprovados no referido certame.

2.7.2 - Ponderações concernentes à resposta à audiência

Inicialmente, repisa-se o fato, já abordado no item 2.3 deste relatório, de que o Concurso Público de Edital nº 001/2015 teve seu seguimento suspenso pelo Juízo da Vara Única da Comarca de Jaguaruna, que acatou pedido liminar

48 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1656. efetuado pelo Parquet Estadual, que apontou uma série de irregularidades no certame por meio de Ação Civil Pública, o que demonstra que a intenção do responsável de regularizar a situação aqui apontada não foi norteada pelos princípios básicos que devem alicerçar a Administração Pública na consecução de seus atos.

Dessa forma, tendo em vista os fatos acima abordados, mantém-se a presente restrição, pugnando-se por determinar à Prefeitura Municipal de Jaguaruna que componha os Departamentos de Controle Interno e Recursos Humanos com um número adequado de servidores em sua estrutura, com a readequação da estrutura administrativa quanto à necessidade da existência do Departamento de Ponto Eletrônico, de modo a que os ocupantes de cargo comissionado dos referidos cargos desempenhem exclusivamente funções de direção, chefia e assessoramento, com a consequente existência de subordinados que executem as funções técnicas e permanentes dos referidos setores, nos termos dos incisos II e V art. 37 da Constituição Federal.

2.8. Irregularidades na admissão de pessoal para os empregos públicos de Odontólogo – ESF, Enfermeiro – ESF, Técnico de Enfermagem – ESF, Auxiliar de Enfermagem – ESF e Médico - ESF, tendo em vista a adoção de regime celetista para o desempenho de respectivas funções, em desacordo ao previsto no art. 39, caput, da Constituição Federal (nos termos da Medida Cautelar deferida na ADI nº 2135-4, do Supremo Tribunal Federal); art. 1º da Lei nº 1113/2005 e Prejulgado 1083 do TCE-SC

A situação encontrada pela Auditoria in loco evidenciou que a Prefeitura Municipal admitiu pessoal para os empregos públicos de Odontólogo – ESF, Enfermeiro – ESF, Técnico de Enfermagem – ESF, Auxiliar de Enfermagem – ESF, Médico – ESF, todos da Estratégia de Saúde da Família, em contrariedade ao regime estatutário existente na unidade gestora, tendo em vista que os referidos empregados são regidos pelo regime celetista. O quadro abaixo demonstra a situação acima relatada:

49 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. QUADRO 07 – Servidores ocupantes dos empregos de provimento efetivo de Odontólogo – ESF, Enfermeiro – ESF, Técnico de Enfermagem – ESF, Auxiliar de Enfermagem – ESF e Médico – ESF, vigente em agosto de 2015 Nome Emprego Público Regime Data da admissão ocupado Bruna Wronski da Silva Odontólogo – ESF Celetista 02/02/2012 Carine Lima Rosa Enfermeiro – ESF Celetista 21/03/2012 Cintia Pacheco de Técnico de Enfermagem – Celetista 03/02/2012 Oliveira ESF Claudinete Vicente Auxiliar de Enfermagem – Celetista 03/04/2008 Schmitz ESF Dandara Medeiros Odontólogo – ESF Celetista 12/04/2012 Teixeira Daniela Cargnin Cunha Médico – ESF Celetista 01/02/2012 Guilherme Wronski Médico – ESF Celetista 01/02/2012 Anselmo Luana dos Santos Enfermeiro - ESF Celetista 15/04/2008 Medeiros Michelle Bichl Koch Técnico de Enfermagem - Celetista 02/07/2012 ESF Sibele da Silveira Enfermeiro - ESF Celetista 03/04/2008 Silvana de Souza Técnico de Enfermagem - Celetista 01/04/2012 Maximiano ESF Sinara Melo Enfermeiro - ESF Celetista 02/02/2012 Fonte: Fls. 117 a 124. O critério utilizado para identificar o presente achado encontra-se disposto, primeiramente, no caput do art. 39 da Constituição Federal, nos termos dispostos pela Medida Cautelar deferida na ADI nº 2135-4, do Supremo Tribunal Federal, em 14/08/2007, que assegurou a redação original do referido artigo constitucional.

De tal maneira, cabe fazer, na presente instrução, uma breve explicação acerca do que disciplina o direito constitucional e administrativo brasileiro com relação aos vínculos existentes entre a administração pública e seus servidores. A Constituição Federal de 1988, promulgada em 05/10/1988, assim dispunha no caput do art. 39:

Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da administração pública direta, autarquias e fundações públicas. (redação original) (grifo nosso) Dessa forma, a partir daquela data, os entes federados deveriam adotar regime jurídico único para regular a relação existente entre seus servidores e a administração pública, fosse ele estatutário ou celetista, desde que aplicável para todos os seus servidores. O Município de Jaguaruna, alicerçado nesse dispositivo constitucional, editou a Lei nº 1113/2005, que assim assevera em seu art. 1º:

50 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1657.

Art. 1º O Regime Jurídico das relações de trabalho dos servidores dos quadros de pessoal permanentes dos Poderes Executivo e Legislativo Municipal, bem como seus Fundos e Autarquia, instituídas e mantidas pelo Município, é o Estatutário, criado por esta Lei, que obedecerá ao disposto neste Estatuto. (grifo nosso) Retomando-se a exegese constitucional, verifica-se a promulgação da Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/1998, que tratou da reforma da administração pública brasileira. Tal mudança da Constituição Federal extinguiu a obrigatoriedade da instituição de regime jurídico único para a administração pública direta, autárquica e fundacional, assim dispondo na nova redação do art. 39, caput, da Carta Magna:

Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão conselho de política de administração e remuneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Poderes. (redação dada pela Emenda Constitucional nº 19/1998) A Emenda Constitucional nº 19/1998 foi contestada perante o Supremo Tribunal Federal através de Ação Direta de Inconstitucionalidade, impetrada por partidos políticos que questionaram a tramitação legislativa da referida mudança constitucional, a qual teria infringido o disposto no art. 60, § 2º da Constituição Federal.12 Em medida cautelar, o STF julgou parcialmente procedente o pedido formulado na petição inicial, suspendendo a eficácia da nova redação do art. 39, caput, da Carta da República e estabelecendo a validade da antiga redação, retornando-se à obrigatoriedade da adoção de regime jurídico único pela administração pública direta, autárquica e fundacional. Observe-se abaixo a ementa do acórdão editado pela Corte Constitucional brasileira:

MEDIDA CAUTELAR EM AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. PODER CONSTITUINTE REFORMADOR. PROCESSO LEGISLATIVO. EMENDA CONSTITUCIONAL 19, DE 04.06.1998. ART. 39, CAPUT, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. SERVIDORES PÚBLICOS. REGIME JURÍDICO ÚNICO. PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO, DURANTE A ATIVIDADE CONSTITUINTE DERIVADA, DA FIGURA DO CONTRATO DE EMPREGO PÚBLICO. INOVAÇÃO QUE NÃO OBTEVE A APROVAÇÃO DA MAIORIA DE TRÊS QUINTOS DOS MEMBROS DA CÂMARA DOS DEPUTADOS QUANDO DA APRECIAÇÃO, EM PRIMEIRO TURNO, DO DESTAQUE PARA VOTAÇÃO EM SEPARADO (DVS) Nº 9. SUBSTITUIÇÃO, NA

12 Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; [...] § 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.

51 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. ELABORAÇÃO DA PROPOSTA LEVADA A SEGUNDO TURNO, DA REDAÇÃO ORIGINAL DO CAPUT DO ART. 39 PELO TEXTO INICIALMENTE PREVISTO PARA O PARÁGRAFO 2º DO MESMO DISPOSITIVO, NOS TERMOS DO SUBSTITUTIVO APROVADO. SUPRESSÃO, DO TEXTO CONSTITUCIONAL, DA EXPRESSA MENÇÃO AO SISTEMA DE REGIME JURÍDICO ÚNICO DOS SERVIDORES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. RECONHECIMENTO, PELA MAIORIA DO PLENÁRIO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, DA PLAUSIBILIDADE DA ALEGAÇÃO DE VÍCIO FORMAL POR OFENSA AO ART. 60, § 2º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. RELEVÂNCIA JURÍDICA DAS DEMAIS ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL E MATERIAL REJEITADA POR UNANIMIDADE. 1. A matéria votada em destaque na Câmara dos Deputados no DVS nº 9 não foi aprovada em primeiro turno, pois obteve apenas 298 votos e não os 308 necessários. Manteve-se, assim, o então vigente caput do art. 39, que tratava do regime jurídico único, incompatível com a figura do emprego público. 2. O deslocamento do texto do § 2º do art. 39, nos termos do substitutivo aprovado, para o caput desse mesmo dispositivo representou, assim, uma tentativa de superar a não aprovação do DVS nº 9 e evitar a permanência do regime jurídico único previsto na redação original suprimida, circunstância que permitiu a implementação do contrato de emprego público ainda que à revelia da regra constitucional que exige o quorum de três quintos para aprovação de qualquer mudança constitucional. 3. Pedido de medida cautelar deferido, dessa forma, quanto ao caput do art. 39 da Constituição Federal, ressalvando-se, em decorrência dos efeitos ex nunc da decisão, a subsistência, até o julgamento definitivo da ação, da validade dos atos anteriormente praticados com base em legislações eventualmente editadas durante a vigência do dispositivo ora suspenso. 4. Ação direta julgada prejudicada quanto ao art. 26 da EC 19/98, pelo exaurimento do prazo estipulado para sua vigência. 5. Vícios formais e materiais dos demais dispositivos constitucionais impugnados, todos oriundos da EC 19/98, aparentemente inexistentes ante a constatação de que as mudanças de redação promovidas no curso do processo legislativo não alteraram substancialmente o sentido das proposições ao final aprovadas e de que não há direito adquirido à manutenção de regime jurídico anterior. 6. Pedido de medida cautelar parcialmente deferido. (STF. ADI 2.135/DF. Tribunal Pleno. Rel. Minº Néri da Silveira. Publicado no DJ em 02/08/2007) (grifo nosso) A leitura do item “3” do acórdão supracitado demonstra que a medida cautelar deferida pelo STF tem efeitos ex nunc, isto é, os atos perpetrados com base em legislação editada durante a vigência da redação atribuída pela Emenda Constitucional nº 19/1998 são válidos até o julgamento definitivo da ação.

52 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1658.

Ressalte-se, todavia, que somente estão válidos os atos praticados durante a vigência da redação suspensa pela ADI em comento, pois mesmo que as leis editadas com base na redação atribuída pela Emenda Constitucional em tela estejam vigentes (pois não foram diretamente contestadas em ADI específica), o seu efeito se adstringe ao período de 04/06/1998 (data da promulgação da Emenda Constitucional nº 19/1998) a 02/08/2007 (data da concessão da medida liminar pelo STF).

De tal modo, a Lei nº 1221, de 12/12/200713, alterada pelas Leis nº 1394/2011 e 1522/2013 e que criou os empregos efetivos de Odontólogo – ESF, Enfermeiro – ESF, Técnico de Enfermagem – ESF, Auxiliar de Enfermagem – ESF e Médico – ESF, está em contrariedade ao disposto no art. 39, caput, da Constituição Federal, nos termos da Medida Cautelar deferida pela Corte Suprema na ADI nº 2.135, de 14/08/2007, pois os referidos empregos deveriam seguir o regime estatutário, vigente no Município de Jaguaruna.

No que tange aos Agentes Comunitários de Saúde e Agentes da Dengue (cargo análogo ao Agente de Combate às Endemias), cabe trazer aos autos o disposto no art. 198, § 5º, da Carta Magna, com a redação dada pela Emenda Constitucional nº 63/2010, de acordo com o segue:

Art. 198. [...] § 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso salarial profissional nacional, as diretrizes para os Planos de Carreira e a regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e agente de combate às endemias, competindo à União, nos termos da lei, prestar assistência financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, para o cumprimento do referido piso salarial. (grifo nosso) Dessa forma, foi promulgada a Lei Federal nº 11.350/2006, que estabelece as diretrizes para o exercício das atividades de Agente Comunitário de Saúde e Agente de Combate às Endemias. Seguem abaixo alguns artigos da referida lei, que discorrem acerca das obrigações dos entes federados com relação ao desempenho das funções em tela:

13 Art. 1º Os empregos públicos criados no âmbito da Administração Direta, Autárquica e Fundacional do Município de Jaguaruna, objetivando operacionalizar a execução de programas descentralizados na área da saúde pública firmados através de convênios ou ajustes similares com o Governo Federal ou Estadual, serão regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e legislação trabalhista correlata e mais do que constar desta lei.

53 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Art. 8º Os Agentes Comunitários de Saúde e os Agentes de Combate às Endemias admitidos pelos gestores locais do SUS e pela Fundação Nacional de Saúde - FUNASA, na forma do disposto no § 4º do art. 198 da Constituição, submetem-se ao regime jurídico estabelecido pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, salvo se, no caso dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, lei local dispuser de forma diversa. De tal maneira, os Agentes Comunitários de Saúde e Agentes de Combate às Endemias (no caso de Jaguaruna, Agentes da Dengue) podem ser regidos por regime diverso daquele previsto para os servidores da unidade gestora, que vem a ser o estatutário no Município de Jaguaruna.

Esta Corte de Contas já se pronunciou acerca da situação aqui relatada, conforme demonstram os Prejulgados abaixo aportados:

Prejulgado 1083 1. Para atender os programas de caráter transitório, com recursos repassados pela União ou pelo Estado, o Município pode admitir pessoal em caráter temporário, atendidos os pressupostos do art. 37, IX, da Constituição do Brasil. Se os programas assumirem caráter de permanência e definitividade, ou se referirem a atividades típicas do Município (saúde, educação, saneamento, trânsito, etc.), o procedimento adequado é a admissão de pessoal em cargos de provimento efetivo (mediante concurso público). 2. Diante do caráter permanente da Estratégia Saúde da Família, lei municipal de iniciativa do Chefe do Poder Executivo, deverá estabelecer a forma e condições de realização do concurso público para os profissionais da saúde (médicos, enfermeiros, dentistas, técnicos em enfermagem, auxiliares de enfermagem, entre outros profissionais vinculados). 3. Para viabilizar a execução do Programa dos Agentes Comunitários de Saúde - PACS, a Administração Municipal, não dispondo de pessoal próprio suficiente e capacitado para a prestação dos serviços dentro de seu quadro de servidores, ou, ainda, não querendo o gestor propor a criação de cargos efetivos destinados aos Agentes Comunitários de Saúde, deverá implementar o regime de empregos públicos, que se submete às regras ditadas pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, não gerando estabilidade no serviço público (art. 41 da Constituição Federal); (Prejulgado reformado pela Decisão nº 4903/2014. Processo nº CON- 01/02035083. Associação dos Municípios da Região do Contestado. Rel. Cons. Wilson Rogério Wan-Dall. Sessão de 06/02/2002) (grifo nosso)

Prejulgado 2064 A ADI nº 2.135-4 não afetou as contratações dos agentes comunitários de saúde, uma vez que a volta da regra do regime jurídico único estatutário estabelecida pelo texto original do art. 39, caput, da Constituição Federal fica ressalvada pela norma do § 5º do art. 198 da Constituição Federal, mantendo-se, no entanto, o entendimento desta Corte de Contas firmado no Prejulgado 1867, no que tange à contratação dos referidos agentes. (Processo nº CON-

54 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1659.

08/00153952. Prefeitura Municipal de Presidente Nereu. Rel. Cons. Salomão Ribas Júnior. Sessão de 26/07/2010). Por fim, cabe trazer à baila o excerto do Parecer nº COG 404/2010, emitido pela Consultoria Geral desta Corte de Contas nos autos do Processo nº CON – 10/00435935, que aclara a situação aqui relatada:

Desta forma, preservadas a validade e vigência das legislações locais que criaram empregos públicos para contratação dos profissionais que atuam no saúde da família, editadas até 13/08/2007, dia anterior à publicação da decisão da medida cautelar, poderá haver contratação para preenchimento dos empregos vagos, aberto ou não concurso para tal finalidade. A partir do dia 14/08/2007, data da publicação da decisão medida cautelar na ADIN 2135-4 do Supremo Tribunal Federal e enquanto perdurarem seus efeitos, fica vedado aos Municípios, que tenham adotado o regime estatutário para seus servidores, editarem leis locais criando empregos públicos, cabendo à municipalidade criar os cargos necessários para formação das equipes de Saúde da Família, mediante lei de iniciativa do chefe do Poder Executivo, que definirá a forma e condições para realização do concurso, ressalva a situação dos agentes comunitários de saúde, que possuem regramento constitucional próprio (art. 198, §5°). Importante revelar, que posicionamento ora adotado só se aplica enquanto mantida a eficácia da liminar exarada na ADIN 2135-4 do STF, devendo ser revisto caso o STF modifique seu posicionamento quando do exame do mérito.

2.8.1 – Resposta à audiência

Em resposta, o responsável Luis Arnaldo Napoli juntou suas justificativas (fl. 539) aduzindo, com relação ao presente achado, que as contratações efetuadas se firmaram na Lei nº 1221, de 12/12/2007 (já citada anteriormente), e que foram efetuadas anteriormente ao mandato do responsável, que iniciou em 1º/01/2013.

Por outro lado, o gestor informou que o Poder Executivo remeteu ao Poder Legislativo Municipal o Projeto de Lei nº 59, de 15/12/2015, que pretendeu alterar o regime de contratação dos empregados públicos celetistas para o regime estatutário (fls. 632 a 635), com o consequente ajuste da restrição apontada pela Auditoria in loco.

2.8.2 - Ponderações concernentes à resposta à audiência

55 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. No que tange aos fatos apontados no presente achado de auditoria, esta instrução acata as razões trazidas pelo responsável, no sentido em que as contratações foram efetuadas com base em lei válida e em período anterior ao mandato do gestor. Da mesma forma, o Projeto de Lei nº 59, de 15/12/2015, que pretendeu alterar o regime de contratação dos empregados públicos celetistas para o regime estatutário, demonstra a intenção do responsável em sanar a irregularidade em tela.

De outro modo, em consulta ao site que dispõe sobre a legislação do Município de Jaguaruna14, verificou-se que a unidade gestora mantém o regime celetista para a admissão de Odontólogo – ESF, Enfermeiro – ESF, Técnico de Enfermagem – ESF, Auxiliar de Enfermagem – ESF e Médico – ESF, todos da Estratégia de Saúde da Família, em contrariedade ao regime estatutário existente na unidade gestora.

Dessa forma, mantém-se a presente restrição, afastando a sanção ao responsável, de acordo com os motivos acima expostos, pugnando-se, todavia, por determinar à Prefeitura Municipal de Jaguaruna que altere o regime jurídico dos Odontólogos – ESF, Enfermeiros – ESF, Técnicos de Enfermagem – ESF, Auxiliares de Enfermagem – ESF e Médicos – ESF para o regime estatutário, de acordo com o disposto no art. 39, caput, da Constituição Federal (nos termos da Medida Cautelar deferida na ADI nº 2135-4, do Supremo Tribunal Federal); art. 1º da Lei nº 1113/2005 e Prejulgado 1083 do TCE-SC.

2.9. Existência de irregularidades no controle da jornada de trabalho de servidores da Prefeitura Municipal, tendo em vista o registro meramente formal nas Secretarias Municipais de Saúde, Educação e Assistência Social e ausência de quaisquer registros de frequência nas Secretarias Municipais de Esporte e Turismo, de Obras, da Agricultura, do Planejamento e no Instituto do Meio Ambiente de Jaguaruna, no SINE, no setor de IPTU e no Conselho Tutelar, em descumprimento ao previsto no art. 37, caput, da Constituição Federal e decisões desta Corte de Contas

14 Disponível em . Acesso em 15/08/2017.

56 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1660.

A situação encontrada pela Auditoria in loco evidenciou a existência de irregularidades no controle da jornada de trabalho de servidores da Prefeitura Municipal, relativo ao período de junho e julho de 2015, de acordo com o que segue

a) Existência de servidores com controle de frequência meramente formal, que registram praticamente, todos os dias, os mesmos horários de entrada e saída do local de trabalho. Tal fato pode ser verificado pelos registros de frequência relativos a servidores das Secretarias Municipais da Saúde (fls. 182 a 196), da Educação (fls. 164 a 181) e da Assistência Social (fls. 154 a 163);

b) Ausência de quaisquer registros de frequência relacionados aos servidores que exercem suas funções nas Secretarias Municipais de Esporte e Turismo, de Obras, da Agricultura, do Planejamento e no Instituto do Meio Ambiente de Jaguaruna, no SINE, no setor de IPTU e no Conselho Tutelar.

Cabe destacar, ainda, que existem servidores que registram a sua jornada de trabalho diária através de ponto eletrônico, conforme se atesta às fls. 126 a 147, concernente aos servidores que exercem suas funções na Secretaria Municipal da Administração, e na Declaração juntada à fl. 125, que afirma que a unidade gestora estaria implantando o ponto eletrônico em seus órgãos, sendo que o único que já registra a freqüência de seus servidores através de forma eletrônica é a Secretaria Municipal de Administração. De tal maneira, demonstra-se ser possível a padronização do registro da jornada de trabalho por meio de um sistema que informe com mais exatidão o efetivo horário laborado pelo servidor.

O critério utilizado para aferir o presente achado se encontra disposto, primeiramente, no art. 37, caput, Constituição Federal, já transcrito anteriormente, que dispõe que a Administração Pública deve seguir os princípios de impessoalidade, moralidade e eficiência na consecução de seus serviços.

O devido controle da jornada de trabalho dos servidores públicos é imperativo para que se verifique o respeito aos Princípios Constitucionais que regem a Administração Pública, previstos no art. 37, caput, da Carta Magna, principalmente no que tange a eficiência e a moralidade no trato com o erário.

57 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Por oportuno, traz-se à colação a doutrina de José dos Santos Carvalho Filho, no que tange a aplicação do princípio constitucional da eficiência no serviço público:

O princípio da eficiência não alcança apenas os serviços públicos prestados diretamente à coletividade. Ao contrário, deve ser observado também em relação aos serviços administrativos internos das pessoas federativas e das pessoas a ela vinculadas. Significa que a Administração deve recorrer à moderna tecnologia e aos métodos hoje adotados para obter a qualidade total da execução das atividades a seu cargo, criando, inclusive, novo organograma em que se destaquem as funções gerenciais e a competência dos agentes que devem exercê-las.” (grifo nosso) (In: Manual de Direito Administrativo, 5ª Ed. Rio de Janeiro. Lumen Juris: 1999, Pág. 28) Por fim, cabe ressaltar que efetuar um controle de frequência adequado, através de registros de entradas e saídas, permite identificar, de maneira legítima, os servidores que desempenharam efetivamente suas jornadas de trabalho, ou que efetuaram eventual serviço extraordinário, servindo de suporte, portanto, para a liquidação da despesa, em cumprimento à Lei Federal nº 4.320/1964, em seu art. 63, caput, que afirma que “a liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito”.

Por tais motivos, entende esta instrução que, excetuando-se os agentes políticos, todos os outros servidores, efetivos ou comissionados, devem ter a sua frequência diária controlada pela administração pública.

O Tribunal de Contas de Santa Catarina já se pronunciou, em diversas ocasiões, acerca da importância de se controlar o devido cumprimento da jornada de trabalho dos servidores na administração pública, inclusive dos comissionados, como se observa nos excertos que seguem, extraídos de reiteradas decisões dessa Corte de Contas:

6.3. Alertar a Prefeitura Municipal de Timbó Grande que, caso ainda não tenha instalado o controle necessário, proceda à implantação imediata de registro de frequência de seus servidores através de rigoroso controle formal e diário da frequência, de maneira que fique registrado em cada período trabalhado os horários de entrada e saída, ressaltando-se que, quando o registro se der de forma manual, o ideal para evitar registro posterior ao dia trabalhado é a utilização de livro-ponto por setor ou lotação, com o registro obedecendo à ordem cronológica de entrada no local de trabalho, rubricado diariamente pelo responsável do órgão ou setor, em obediência aos princípios da eficiência e moralidade contidos o art. 37, caput, da Constituição Federal (Decisão nº 1361/2009. RLA nº 09/00292679, Prefeitura Municipal de Timbó

58 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1661.

Grande. Rel. Conselheiro Luiz Roberto Herbst, sessão de 26/05/2009) (grifo nosso)

6.4. Alertar a Prefeitura Municipal de Jaborá, na pessoa do Prefeito Municipal que: [...] 6.4.2. o controle de frequência de seus servidores deve ser formal e diário, de maneira que fique registrado em cada período trabalhado, os horários de entrada e saída, ressaltando-se que, quando o registro se der de forma manual, o ideal para evitar registro posterior ao dia trabalhado é a utilização de livro-ponto por setor ou lotação, com o registro obedecendo à ordem cronológica de entrada no local de trabalho, rubricado diariamente pelo responsável do órgão ou setor, em obediência aos princípios da eficiência e moralidade e interesse público (Decisão nº 1526/2009. RLA nº 09/00338768, Prefeitura Municipal de Jaborá. Rel. Auditora Sabrina Nunes Iocken, sessão de 16/12/2009) 6.3.2. mantenha um efetivo controle de frequência de todos os servidores, efetivos ou comissionados, através de rigoroso controle formal e diário da frequência, de maneira que fique registrado em cada período trabalhado os horários de entrada e saída, ressaltando-se que, quando o registro se der de forma manual, o ideal para evitar registro posterior ao dia trabalhado é a utilização de livro-ponto por setor ou lotação, com o registro obedecendo à ordem cronológica de entrada no local de trabalho, rubricado diariamente pelo responsável do órgão ou setor, em obediência aos princípios da eficiência e moralidade contidos o art. 37, caput, da Constituição Federal (Decisão nº 688/2012. RLA nº 10/00655110, Câmara Municipal de Palhoça. Rel. Luiz Roberto Herbst, sessão de 09/07/2012)

6.3. Recomendar à Prefeitura Municipal de que: 6.3.1. observe os princípios da eficiência, moralidade e interesse público, dando conhecimento aos Munícipes da jornada laboral de seus servidores, inclusive as jornadas especiais, por meio da afixação dessas informações no mural da Prefeitura, bem como instale o controle de frequência de seus servidores através de rigoroso controle formal e diário, de maneira que fique registrado em cada período trabalhado os horários de entrada e saída, ressaltando-se que, quando o registro se der de forma manual, deve ser utilizado livro-ponto por setor ou lotação, com o registro obedecendo à ordem cronológica de entrada no local de trabalho, rubricado diariamente pelo responsável do órgão ou setor (Decisão nº 1470/2009. RLA nº 09/00285117, Prefeitura Municipal de Gravatal. Rel. Conselheiro Wilson Rogério Wan-Dall, sessão de 25/11/2009) (grifo nosso)

2.9.1 – Resposta à audiência

Em resposta, o responsável Luis Arnaldo Napoli juntou suas justificativas (fls. 540 e 541) asseverando, no que se refere ao presente achado, que o ponto eletrônico foi estendido a todos os órgãos da Prefeitura Municipal, sendo regulado pelo Decreto nº 264, de 03/11/2015, que “dispõe sobre a instituição e regulamentação do sistema de registro eletrônico de

59 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. efetividade funcional dos servidores e empregados públicos municipais de Jaguaruna”, o qual foi acostado às fls. 660 a 666. Ademais, o gestor informou que somente as Escolas Municipais não possuem relógio ponto, adotando o sistema de livro ponto, o qual seria modificado para o sistema eletrônico no decorrer do exercício de 2016.

2.9.2 - Ponderações concernentes à resposta à audiência Verifica-se às fls. 896 a 1187, juntadas pelo responsável, que os servidores das Secretarias Municipais de Saúde, Assistência Social, de Esporte e Turismo, de Obras, da Agricultura, do Planejamento, do Instituto do Meio Ambiente de Jaguaruna, do SINE, do setor de IPTU e do Conselho Tutelar estão registrando sua frequência diária por meio do ponto eletrônico, o que demonstra que a unidade gestora resolveu, em parte, as questões apontadas pela Auditoria in loco.

De outra maneira, constatou-se que, no que tange à Secretaria Municipal de Educação, os servidores em exercício nas Escolas Municipais continuam registrando sua frequência de forma meramente formal, com o apontamento dos mesmos horários de entrada e saída nos estabelecimentos de ensino, o que impede de se constatar que os servidores exerceram, de fato, suas funções perante a administração pública municipal.

Cabe ressaltar, ainda, que o registro de ponto manual não impede que os servidores anotem seus horários de entrada e saída de forma exata, com o registro seqüencial e nominal de horário de chegada e saída aportado por dia de trabalho, enquanto o ponto eletrônico não é estendido para as Escolas Municipais.

Dessa forma, mantém-se parcialmente a presente restrição, pugnando-se, por determinar à Prefeitura Municipal de Jaguaruna que proceda ao registro da jornada diária de trabalho dos servidores em exercício nas Escolas Municipais de forma exata, com o apontamento dos horários de entrada e saída registrados de forma nominal e em sequência, até a adoção do ponto eletrônico para os estabelecimentos de ensino, nos termos do art. 37, caput, da Constituição Federal.

60 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1662.

2.9.3 – Processo nº REP 14/00241421 – Apensamento – Saneamento

A Representação de nº REP 14/00241421, que trata de irregularidades concernentes à ausência de controle de frequência dos servidores do Município de Jaguaruna que atuam no Setor de Planejamento, foi apensada aos autos desta RLA 15/00465531 por determinação do Conselheiro César Filomeno Fontes, Relator da Representação em tela, de acordo com o Despacho nº GAC/CFF – 497/2016, de 07/06/2016 (fls. 48 e 49 dos autos da Representação), tendo em vista a identidade material dos fatos apurados na Representação e no presente processo autuado a partir da Auditoria in loco realizada na Prefeitura Municipal de Jaguaruna.

Em que pese o apontamento efetuado nos autos da Representação, que pugnou pela aplicação de multa ao responsável (que vem a ser o mesmo do presente achado de auditoria – fls. 38 a 39v da Representação), a análise contextual dos fatos apontados em ambos os processos permite constatar que a questão vergastada nos autos da Representação foi devidamente corrigida pela unidade gestora, tendo em vista que os servidores que exercem suas atividades no Setor de Planejamento da unidade gestora estão registrando a sua jornada diária de trabalho, de acordo com o verificado às fls. 905, 936, 1050, 1066, 1077, 1115, 1136 e 1185. Dessa maneira, a permanência da irregularidade vislumbrada nos autos da Representação foi afastada, de modo que restou regularizada a situação apontada nos autos da REP 14/00241421.

2.10. Irregularidades no pagamento de Adicional pela Prestação de Serviços Extraordinários (Horas Extras), tendo em vista que foram feitos enquanto o Poder Executivo estava no limite prudencial de despesa com pessoal e sem a devida comprovação de seu cumprimento, em desacordo ao previsto no art. 37, caput, da Constituição Federal; no art. 22, parágrafo único, inciso V da Lei Complementar Federal nº 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF); e no art. 63 da Lei Federal nº 4.320/1964

A situação encontrada à época da Auditoria in loco verificou que a Prefeitura Municipal de Jaguaruna efetuou o pagamento de Adicional de Horas

61 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Extras a 63 (sessenta e três) servidores no mês de junho de 2015 e a 72 (setenta e dois) servidores no mês de julho de 2015, ao mesmo tempo em que o Poder Executivo estava com o total de despesas com pessoal acima do limite prudencial previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal no 1º Quadrimestre de 2015, de acordo com o já apontado no item 2.5 deste relatório. O quadro abaixo discrimina a situação supracitada:

QUADRO 08 – Servidores que receberam Adicional de Horas-Extras nos meses de junho e julho de 2015 JUNHO DE 2015 Servidor Horas Extras Horas Extras Valores totais 50% 100% pagos 01 Antônio Valdomiro Dias 9,00 51,00 R$ 791,78 02 Clair Duarte da Luz 10,00 50,00 R$ 525,76 03 Cláudio Machado de 9,00 50,00 R$ 791,71 Souza 04 Alexandre Alves 30,00 - R$ 228,10 05 Gustavo Antônio Vieira 36,00 - R$ 335,43 06 Ilson Roque 30,00 - R$ 228,10 07 Oseas Schmitz de Souza 26,00 - R$ 995,92 08 Paulo dos Anjos 30,00 - R$ 244,07 Machado 09 Sebastião da Silva dos 30,00 - R$ 228,10 Santos 10 Carlos Cunha Bayer 34,30 - R$ 279,05 11 Maria Salete de Oliveira 42,00 - R$ 337,67 Sebastião 12 Simone Osmar Machado 30,00 - R$ 688,28 13 Jucemar Galdino Luiz 30,00 - R$ 219,19 14 Celio Amandio Idalencio 30,00 - R$ 380,70 15 Crescencio de Pieri Vieira 42,00 - R$ 269,18 16 Francisco Cavalcanti 42,00 - R$ 492,05 17 Genoval Firmino Cruz 42,00 - R$ 480,75 18 Gilmar Zaccaron de 42,00 - R$ 503,11 Freitas 19 Jairo Hercilio Inacio 20,00 - R$ 137,15 20 Jeremias Medeiros dos 42,00 - R$ 318,82 Santos 21 Joaci Pereira Mota 38,00 - R$ 362,88 22 João Francisco da Rosa 42,00 - R$ 391,34 23 Joel Crescencio 25,00 - R$ 190,08 24 José Alfredo Madeira 30,00 - R$ 319,91 25 Lionete Rezin Francisco 40,00 - R$ 256,36 Paes 26 Nilson Plínio Pacheco 40,00 - R$ 372,70 27 Romildo Rafael Maurício 20,00 - R$ 137,15 28 Rosana Teresinha Cruz 42,00 - R$ 269,18 Luiz 29 Valdir de Oliveira Paes 40,00 - R$ 256,36 30 Volney Alves Ricardo 13,00 - R$ 133,58 31 Jackson Joelson 60,51 - R$ 1.596,61 Fernandes 32 Maria Conceição da Rosa 15,00 - R$ 139,58

62 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1663.

33 Nilton Garcia de Souza 30,00 - R$ 192,27 Júnior 34 Ademir da Silva Anacleto 60,00 - R$ 643,89 35 Alberto Vaz Cortes 60,00 - R$ 559,05 36 Alexandre Ribeiro 42,00 - R$ 344,55 Bernardo 37 Alexandrina Verena da 42,00 - R$ 306,87 Boit Ricardo 38 Anderson Eufrazio de 60,00 - R$ 488,13 Oliveira 39 Daniel da Silva Luiz 60,00 - R$ 488,13 40 Hernande Bittencourt 60,00 - R$ 488,13 41 Jailson Rodrigues 60,00 - R$ 616,97 42 Jamir José Cabral 60,00 - R$ 456,20 43 Karine Franco José 40,00 - R$ 274,31 44 Leandro Frederes 60,00 - R$ 456,20 Pacheco 45 Leonel Ricardo Espíndola 60,00 - R$ 679,74 46 Luciane Leal Buss 20,00 - R$ 137,15 Ramos 47 Manoel Pereira Roque 60,00 - R$ 488,13 48 Nercides Henrique 60,00 - R$ 488,13 Cardoso 49 Pedro Vieira 60,00 - R$ 679,74 50 Quirto Souza Brasil 60,00 - R$ 488,13 51 Ricardo Almeida Aveline 60,00 - R$ 488,13 52 Rosangela Aparecida 25,00 - R$ 160,23 Madeira 53 Sandro Fernandes 60,00 - R$ 520,07 54 Adilson Francisco Porto 57,00 - R$ 622,12 55 Apolonio Amandio 36,00 - R$ 335,43 Idalencio 56 Cristiana Paes Nunes 6,00 - R$ 58,34 57 Cristiano Coelho da Silva 23,30 - R$ 229,50 58 Gilson Justo 60,00 - R$ 456,20 59 Guiomar Santinoni 33,00 - R$ 289,92 Silvano 60 Jailson de Lima 20,00 - R$ 186,35 61 Jeferson Santian 60,00 - R$ 559,05 62 Roberto Moraitis 60,00 - R$ 527,12 63 Rodnei de Souza 60,00 - R$ 456,20 Medeiros TOTAL R$ 26.065,03 JULHO DE 2015 Servidor Horas Extras Horas Extras Valores totais 50% 100% pagos 01 Antônio Nascimento 9,00 50,00 R$ 608,34 Goulart 02 Antônio Valdomiro Dias 10,00 48,00 R$ 760,93 03 Clair Duarte da Luz 9,00 48,00 R$ 500,61 04 Cláudio Machado de 17,00 42,00 R$ 763,81 Souza 05 Alexandre Alves 30,00 - R$ 228,10 06 Gustavo Antônio Vieira 34,00 - R$ 316,80 07 Ilson Roque 30,00 - R$ 228,10 08 Paulo dos Anjos 12,00 - R$ 92,09 Machado

63 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. 09 Sebastião da Silva dos 30,00 - R$ 228,10 Santos 10 Carlos Cunha Bayer 32,50 - R$ 264,40 11 Maria de Fátima Alves da 16,00 - R$ 109,72 Veiga 12 Maria Salete de Oliveira 51,00 - R$ 410,02 Sebastião 13 Simone Osmar Machado 28,00 - R$ 642,40 14 Jucemar Galdino Luiz 28,00 - R$ 204,58 15 Marivaldo Gomes Pereira 18,00 - R$ 123,44 16 Celio Amandio Idalencio 25,00 - R$ 317,25 17 Crescencio de Pieri Vieira 40,00 - R$ 256,36 18 Francisco Cavalcanti 45,00 - R$ 527,20 19 Genoval Firmino Cruz 30,00 - R$ 343,40 20 Gilmar Zaccaron de 40,00 - R$ 479,15 Freitas 21 Jairo Hercilio Inacio 15,00 - R$ 102,86 22 Joaci Pereira Mota 37,00 - R$ 353,33 23 João Francisco da Rosa 45,00 - R$ 419,29 24 Joel Crescencio 20,00 - R$ 152,07 25 José Alfredo Madeira 25,00 - R$ 292,54 26 Kelly Vieira Bernardini 30,00 - R$ 219,19 27 Lionete Rezin Francisco 35,00 - R$ 224,32 Paes 28 Nilson Plínio Pacheco 35,00 - R$ 326,11 29 Obdulio Severino Duarte 15,00 R$ 96,14 Júnior 30 Romildo Rafael Maurício 15,00 - R$ 102,86 31 Rosana Teresinha Cruz 45,00 - R$ 288,41 Luiz 32 Valdir de Oliveira Paes 35,00 - R$ 224,32 33 Volney Alves Ricardo 45,00 - R$ 491,14 34 Dante Mariga de Taunay 36,00 - R$ 273,72 Gentil 35 Jackson Joelson 56,28 - R$ 1.485,00 Fernandes 36 Maria Conceição da Rosa 15,00 - R$ 140,81 37 Nilton Garcia de Souza 18,00 - R$ 115,36 Júnior 38 Ademir da Silva Anacleto 60,00 - R$ 643,89 39 Alberto Vaz Cortes 60,00 - R$ 559,05 40 Alexandre Ribeiro 40,00 - R$ 328,14 Bernardo 41 Alexandrina Verena da 40,00 - R$ 292,25 Boit Ricardo 42 Anderson Eufrazio de 60,00 - R$ 488,13 Oliveira 43 Daniel da Silva Luiz 60,00 - R$ 488,13 44 Hernande Bittencourt 60,00 - R$ 488,13 45 Jailson Rodrigues 60,00 - R$ 616,97 46 Jamir José Cabral 60,00 - R$ 456,20 47 Karine Franco José 40,00 - R$ 274,31 48 Leandro Frederes 60,00 - R$ 456,20 Pacheco 49 Leonel Ricardo Espíndola 60,00 - R$ 679,74 50 Manoel Pereira Roque 60,00 - R$ 488,13 51 Margareth Anadir Goulart 15,00 R$ 154,24

64 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1664.

52 Maria Terezinha Crispim 8,00 R$ 67,91 Aveline 53 Nercides Henrique 60,00 - R$ 488,13 Cardoso 54 Pedro Vieira 60,00 - R$ 679,74 55 Quirto Souza Brasil 60,00 - R$ 488,13 56 Ricardo Almeida Aveline 60,00 - R$ 488,13 57 Rosangela Aparecida 6,00 - R$ 38,45 Madeira 58 Rosineia D Stefani 13,30 - R$ 97,17 59 Sandro Fernandes 60,00 - R$ 520,07 60 Adilson Francisco Porto 52,00 - R$ 567,54 61 Apolonio Amandio 40,00 - R$ 372,70 Idalencio 62 Cristiano Coelho da Silva 29,00 - R$ 285,64 63 Daise Batista Saturnino 10,00 - R$ 97,23 64 Gilson Justo 41,00 - R$ 311,74 65 Guiomar Santinoni 59,00 - R$ 518,34 Silvano 66 Itraina Camargo da Silva 16,00 - R$ 128,64 67 Jailson de Lima 40,00 - R$ 372,70 68 Jeferson Santian 56,00 - R$ 521,78 69 Roberto Moraitis 42,00 - R$ 368,98 70 Rodnei de Souza 58,00 - R$ 440,99 Medeiros 71 Sandra Cardozo Mendes 20,00 - R$ 193,36 72 Silvana de Souza 10,00 - R$ 102,62 Maximiano TOTAL R$ 26.275,77 Fonte: Fls. 148 a 196. Além disso, foi constatado que o pagamento do referido adicional se deu sem a devida comprovação das horas extras efetivamente cumpridas, pois, de acordo com os documentos juntados às fls. 148 a 153, os relatórios onde constam as horas extras supostamente efetuadas pelos servidores no período em tela, quando cotejados com o livro ponto dos servidores beneficiários do adicional em contento (fls. 154 a 196) apresentaram inconsistências que não permitem verificar, de forma clara, o cumprimento das horas extras.

O critério utilizado como base para o achado encontra-se disposto nos Princípios da Legalidade, Moralidade e Eficiência, insculpidos no art. 37, caput, da Constituição Federal, já transcrito anteriormente.

O inciso V do parágrafo único do art. 22 da Lei Complementar Federal nº 101/2000, também já citado no presente relatório, veda a contratação de hora extra pelo Poder que estiver com a despesa total de pessoal acima do limite prudencial de 51,30% (cinquenta e um vírgula trinta por cento), percentual vinculado aos Municípios e atingido pelo Poder Executivo de Jaguaruna no 1º Quadrimestre de 2015, conforme já visto no item 2.5 deste relatório.

65 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. A Lei Federal nº 4320/1964, em seu art. 63, aduz que “a liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito”, o que, no caso em tela, corresponderia em verificar o devido cumprimento das horas extras para o seu eventual pagamento, o que não foi possível no caso em tela. A título de informação, cabe esclarecer o pagamento de Adicional pela Prestação de Serviços Extraordinários está previsto no art. 60 da Lei nº 1113/200515.

2.10.1 – Resposta à audiência

Em resposta, o responsável Luis Arnaldo Napoli juntou suas justificativas (fls. 541 e 542) aduzindo, com relação ao presente achado, as mesmas razões expostas no item 2.5.1 deste relatório, no sentido em que o Poder Executivo de Jaguaruna não estava acima do limite prudencial previsto pela LRF quando efetuou o pagamento de adicional de horas extras aos servidores constantes do Quadro 08 deste relatório. No que tange ao pagamento de adicional de horas extras sem a devida comprovação de seu cumprimento, o gestor não se pronunciou.

2.10.2 - Ponderações concernentes à resposta à audiência

De acordo com as razões trazidas pelo responsável, o pagamento de adicional de horas extras a servidores em descumprimento aos termos da Lei de Responsabilidade Fiscal foi esclarecido, conforme explicitado no item 2.5.2 desta instrução técnica.

15 Art. 60 O adicional pela prestação de serviço extraordinário será pago por hora de trabalho ou fração que exceda o período normal de expediente, acrescido de 50% (cinqüenta por cento) da hora normal de trabalho. § 1º O trabalho extraordinário prestado em domingos e feriados serão remunerados em 100% (cem por cento) da hora normal de trabalho, exceto para aqueles cargos onde o trabalho naqueles dias faz parte da escala normal de trabalho. § 2º O valor da hora normal de trabalho será determinado com base no vencimento do servidor, tomando-se como referência as horas mensais de trabalho. § 3º Somente será permitido serviço extraordinário para atender às situações excepcionais e temporárias, quando solicitado, respeitado o limite máximo de 02 (duas) horas diárias, ou 60 (sessenta) horas mensais.

66 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1665.

Por outro lado, mantém-se a presente restrição no que se refere ao pagamento de adicional de horas extras aos servidores constantes do Quadro 08 deste relatório sem a comprovação de que tenham exercido atividade extraordinária, o que enseja a determinação à unidade gestora, na pessoa do Sr. Prefeito Municipal, que adote, de imediato, providências administrativas, nos termos do art. 3º da Instrução Normativa nº TC-13/2012 (já citado anteriormente no item 2.2.2 deste relatório), visando ao ressarcimento aos cofres públicos do dano decorrente do pagamento de adicional de horas extras nos meses de junho e julho de 2015 aos servidores constantes do Quadro 08 deste relatório, tendo em vista a ausência de comprovação da prestação do serviço extraordinário.

2.11. Pagamento de Adicional de Horas Extras a servidor ocupante do cargo de provimento efetivo de Contador de forma habitual, em desacordo ao previsto no art. 60, § 3º, da Lei nº 1113/2005 e Prejulgado 2101 do TCE-SC

A situação encontrada pela auditoria in loco evidenciou que o servidor Jackson Joelson Fernandes, ocupante do cargo de provimento efetivo de Contador, recebeu adicional de horas extras de forma habitual entre os meses de fevereiro a agosto de 2014, de dezembro de 2014 a fevereiro de 2015 e de abril a junho de 2015, em desvirtuamento da excepcionalidade que deve permear a realização de serviço extraordinário na Administração Pública16. O quadro abaixo demonstra a habitualidade da realização de horas extras pelo servidor no período supracitado:

QUADRO 09 – Adicional de horas extras recebido pelo servidor Jackson Joelson Fernandes entre fevereiro de 2014 e junho de 2015 Mês/ano Quantidade de horas Valor recebido realizadas 02/2014 30,00 R$ 712,49 03/2014 30,00 R$ 712,49 04/2014 30,00 R$ 712,49 05/2014 30,00 R$ 753,88 06/2014 30,00 R$ 753,88

16 Cabe destacar que as questões atinentes à falta de comprovação da realização de horas extras e das irregularidades no controle de frequência da unidade gestora foram tratadas nos itens 2.9 e 2.10 deste relatório.

67 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. 07/2014 20,00 R$ 502,59 08/2014 50,00 R$ 1.256,47 12/2014 58,30 R$ 1.465,04 01/2015 51,08 R$ 1.283,61 02/2015 51,11 R$ 1.284,36 04/2015 60,00 R$ 1.507,76 05/2015 60,00 R$ 1.583,15 06/2015 60,51 R$ 1.596,61 Fonte: Documentos listados nas evidências do presente achado (item 2.11) O critério utilizado como base para o achado encontra-se disposto no art. 60, § 3º, da Lei nº 1113/2005, já transcrito anteriormente, que aduz que a realização de serviço extraordinário deve se restringir a situações excepcionais e temporárias. De tal modo, constatou-se que a realização de serviços extraordinários pelo servidor em tela burlou a excepcionalidade que deve permear a realização de horas extras, tendo em vista o quantitativo habitual de horas realizadas mensalmente, de acordo com o demonstrado pelo Quadro 09 acima aportado.

Esta Corte de Contas já se pronunciou acerca da regularidade do pagamento do adicional de horas-extras, aduzindo que tal percepção se dê em hipóteses eventuais e temporárias. A saber:

Prejulgado 2101

2. O Pagamento de horas extras aos servidores públicos, efetivos e comissionados, está condicionado às hipóteses excepcionais e temporárias, mediante prévia autorização e justificativa por escrito do superior imediato, sendo necessária a existência de lei que autorize tal pagamento (Processo nº CON-09/00578564. Relator Conselheiro Adircélio de Moraes Ferreira Junior. Sessão de 03.08.2011, Decisão nº 2072/2011)

2.11.1 – Resposta à audiência

Em resposta, o responsável Luis Arnaldo Napoli juntou suas justificativas (fl. 543) afirmando, no que tange ao presente achado, que a falta de servidores junto ao Setor Contábil demandou o pagamento de adicional de horas extras ao servidor Jackson Joelson Fernandes, atrelada à aposentadoria do servidor Liduardo Timoteo Correa, também ocupante do cargo de Contador, em 10/10/2014 (fl. 486).

Do mesmo modo, o gestor aduziu que a Lei nº 1642, de 19/10/2015 (já abordada no item 2.3 deste Relatório), criou o cargo de provimento efetivo de

68 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1666.

Auxiliar Contábil, o qual seria provido por meio do Concurso Público de Edital nº 001/2015 e comporia a estrutura do Setor Contábil da Prefeitura Municipal. O responsável informou, ainda, que o referido setor foi dotado de maior estrutura, com a lotação de dois Auxiliares Administrativos, o que fez com que o servidor realçado neste achado retornasse ao exercício normal de sua carga horária, sem horas extras. Da mesma maneira, o gestor acostou aos autos, às fls. 1310 e 1311, os contracheques do servidor Jackson Joelson Fernandes relativos aos meses de novembro e dezembro de 2015, os quais demonstrariam a cessação do pagamento de adicional de horas extras ao referido servidor.

2.11.2 - Ponderações concernentes à resposta à audiência

Observa-se dos documentos acostados aos autos que a percepção habitual de adicional de horas extras pelo servidor Jackson Joelson Fernandes, ocupante do cargo efetivo de Contador, se deu por fatos supervenientes, que demandaram o exercício de serviço extraordinário na unidade gestora, tendo em vista a aposentadoria do outro servidor ocupante do mesmo cargo efetivo.

Dessa maneira, com a mudança de estrutura efetuada no Setor Contábil, tanto pela relotação de Auxiliares Administrativos como pela criação do cargo efetivo de Auxiliar Contável, entende esta instrução que a presente restrição foi sanada. De outro modo, é recomendável que a Prefeitura Municipal, ao permitir a realização de serviço extraordinário, somente o faça em casos específicos e eventuais, nos termos do art. 60, § 3º, da Lei nº 1113/2005 e Prejulgado 2101 do TCE-SC.

2.12. Admissão de servidores em caráter temporário (ACTs) para substituir servidores ocupantes de cargo de provimento efetivo em licença sem vencimentos, em descumprimento ao previsto no art. 37, inciso IX, da Constituição Federal; art. 26 da Lei nº 1.170/2007 e Prejulgado nº 2046 desta Corte de Contas

69 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. A situação encontrada pela Auditoria in loco apontou que a Prefeitura Municipal de Jaguaruna contratou, em 2015, 15 (quinze) servidores em caráter temporário para substituir servidores ocupantes de cargo de provimento efetivo em gozo de licença sem vencimentos.

No caso em tela, tais contratações temporárias realizadas pelo Município de Jaguaruna foram efetuadas em desrespeito à necessidade temporária de excepcional interesse público, tendo em vista que, se existia a real necessidade do serviço, a Administração não deveria ter concedido a licença sem vencimentos, ou deveria ter requisitado o retorno dos servidores licenciados para que desempenhassem as suas funções na unidade gestora. O quadro abaixo demonstra a situação supracitada, discriminando os servidores ocupantes de cargo de provimento efetivo em licença sem vencimentos e os admitidos em caráter temporário (ACTs) para as respectivas funções:

QUADRO 10 – Relação de servidores contratados temporariamente (ACTs) que estão substituindo servidores de cargo de provimento efetivo em gozo de licença sem vencimentos, do serviço público de Jaguaruna Servidores Data da Função Lotação Motivo da contratação contratados contratação temporaria mente Marcia 11/02/2015 Professora Secretaria Licença sem vencimentos da Francisco da Educação servidora Andreza de Freitas Madeira C. Vieira Marques Maria 02/03/2015 Professora Secretaria Licença sem vencimentos da Aparecida da Educação servidora Anezia Bittencourt Nunes Gonçalves Martins Teodoro Marcia 11/02/2015 Professora Secretaria Licença sem vencimentos da Francisco da Educação servidora Carla Zulema Jardim Madeira C. Rosangela 04/05/2015 Enfermeira Secretaria Licença sem vencimentos da Maria de da Saúde servidora Cristina Sousa da Lima Silveira Maria de 19/02/2015 Professora Secretaria Licença sem vencimentos da Lourdes da Educação servidora Evelise Aparecida de Coelho Oliveira Correia Daiane de 13/04/2015 Merendeira Secretaria Licença sem vencimentos da Stefani da Educação servidora Ivete Constante Cardoso Joelma Maria 06/04/2015 Agente de Secretaria Licença sem vencimentos da Rodrigues Serviços de Educação servidora Janice dos Santos Gerais Garcia Bittencourt Katia Martins 02/03/2015 Professora Secretaria Licença sem vencimentos da Alano da Educação servidora Katia de Souza Anselmo de Medeiros Rosangela 04/04/2015 Merendeira Secretaria Licença sem vencimentos da Aparecida de Educação servidora Kenia Braga, Madeira

70 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1667.

Koralina do 02/03/2015 Professora Secretaria Licença sem vencimentos da Nascimento da Educação servidora Larissa Bittencourt Fernandes Pereira Delpizzo Sandra 01/04/2014 Auxiliar de Secretaria Licença sem vencimentos da Cardozo Enfermagem da Saúde servidora Luciane Felipe Ramos Mendes Eva 01/04/2015 Agente de Secretaria Licença sem vencimentos da Florentino Serviços da Educação servidora Marcia Salete Ramos Albino Gerais Gomes Claudia Titon 19/02/2015 Professora Secretaria Licença sem vencimentos da Paes da Educação servidora Marinalda Frandelino Rocha Botega Gabriela 01/07/2015 Merendeira Secretaria Licença sem vencimentos da Fernandes da Educação servidora Rogéria Mendes Santos Matildes Janice dos 19/02/2015 Professora Secretaria Licença sem vencimentos da Santos da Educação servidora Sueli Coelho Zago Garcia Bittencourt Fonte: Fls. 211 a 235 O critério utilizado para indicar a admissão irregular de servidores em caráter temporário (ACTs) para substituir servidores ocupantes de cargo de provimento efetivo em licença sem vencimentos se encontra aportado no art. 37, inciso IX, da Constituição Federal, que trata da contratação em caráter temporário de servidores para atender necessidade temporária de excepcional interesse público. Observe-se a redação deste dispositivo constitucional:

Art. 37. [...]

IX - A lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público (grifo nosso)

O art. 26 da Lei nº 1.170/2007 é o dispositivo normativo municipal que disciplina a contratação de pessoal por tempo determinado na Prefeitura Municipal de Jaguaruna. A saber:

Art. 26 - A contratação de pessoal por tempo determinado só poderá ser realizada nas seguintes hipóteses: I - atendimento de necessidades temporárias de excepcional interesse público; II - atender a termos de convênios, acordos ou ajustes para vigência do convênio; III - execução de obras especiais de trabalho instituídos por Decreto do Prefeito para atender necessidades conjunturais que demandam a atuação da Prefeitura; IV - preenchimento de cargos de classe inicial de carreira, até a realização de Concurso Publico; V - execução de serviço por profissional especializado que não exija a criação de cargo;

71 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. VI - situação de calamidade pública e combate a surtos epidêmicos que exijam suplementação da mão-de-obra; VII - outros casos autorizados pela Lei.

Esta Corte de Contas é taxativa ao vedar a contratação de servidores em caráter temporário para substituição de pessoal em licença para tratamento de interesse particular, de acordo com os Prejulgados descritos a seguir:

Prejulgado 2016

[...] 2. A cessão de servidor investido ou não em cargo declarado em lei em extinção ou a autorização para gozo de licença para trato de assuntos particulares, por se encontrarem na da discricionariedade administrativa, não constituem motivos razoáveis para a contratação por tempo determinado para sua substituição, posto que evidenciam a desnecessidade do serviço. À Administração cabe requisitar o servidor, fazendo cessar os efeitos do ato de cedência ou reverter a liberação da licença [...] (Decisão nº 4298/2009. CON-09/00480408. Prefeitura Municipal de Caçador. Rel. Cons. Salomão Ribas Júnior. Sessão de 28/10/2009) (grifo nosso)

Prejulgado 2046

1. Por se encontrar na seara da discricionariedade administrativa, o licenciamento para trato de interesse particular de servidor público não constitui motivo razoável para a contratação por tempo determinado para sua substituição, posto que a liberação do servidor não se coaduna com a necessidade do serviço. À Administração cabe requisitar o servidor, fazendo cessar os efeitos do ato administrativo concessivo caso verifique a premência do exercício das suas atribuições. 2. A suspensão da licença, para trato de interesse particular, por iniciativa da Administração, deve ser motivada e calcada no interesse público e na necessidade de serviço. 3. A edição de ato administrativo despido de justa motivação pode ser objeto de revisão administrativa ou judicial. Se inexistente os motivos alegados para a interrupção da licença para trato de interesse particular, o ato é invalido. As responsabilidades devem ser apuradas frente ao caso concreto. 4. A concessão de licença para trato de interesse particular, por depender do exame da conveniência e oportunidade administrativas e do interesse público, situa-se no âmbito da discricionariedade administrativa, daí não ser apropriada a sua integração ao rol das situações que autorizam a contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público, haja vista a possibilidade de cessação da licença por interesse da Administração Pública. 5. Os motivos autorizadores da interrupção de licença para trato de interesse particular, mesmo quando requerida pelo servidor, assim como do deferimento da licença, devem se prender à oportunidade e conveniência administrativas e ao interesse público. A elaboração de um rol de causas determinantes ao ensejo da interrupção de licença não pode ser considerado numerus clausus, mas hipóteses às quais

72 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1668.

se podem agregar situações que denotem a prevalência do interesse público em razão da necessidade de serviço. Verificada a ocorrência de necessidade, ainda que temporária, de excepcional interesse público, legitimada resta a interrupção da licença para trato de interesse particular concedida ao servidor, sendo, por isso, imprópria a contratação temporária prevista no art. 37, IX, da Constituição Federal. (Decisão nº 2125/2010. CON-10/00070406. Prefeitura Municipal de . Rel. Cons. Luiz Roberto Herbst. Sessão de 19/05/2010) (grifo nosso)

2.12.1 – Resposta à audiência

Em resposta, o responsável Luis Arnaldo Napoli juntou suas justificativas (fls. 541 e 542) afirmando, no que se refere ao presente achado, que o posicionamento do Setor de Recursos Humanos, anterior à orientação do TCE efetuada pela Auditoria in loco, era de ser possível a contratação de servidores temporários para a substituição de servidores em licença para trato de interesse particular, o que foi devidamente corrigido após o esclarecimento da matéria, com a exoneração dos servidores contratados temporariamente (fls. 1313 a 1321, 1338 e 1349) para substituir os servidores ocupantes de cargo de provimento efetivo em licença sem vencimentos. No que tange à situação da servidora temporária Rosângela Maria de Lima, o responsável informou que a referida não estaria substituindo outro servidor, de acordo com declaração efetuada pelo Secretário Municipal de Saúde.

Da mesma maneira, o gestor informou que houve a expedição de ofício relativo ao retorno de servidores aos seus postos de trabalho (fls. 1322 a 1332), tendo em vista a necessidade do serviço.

2.12.2 - Ponderações concernentes à resposta à audiência

Em que pesem as informações trazidas pelo responsável, não foi encontrada nos autos a portaria referente ao desligamento da servidora temporária Janice dos Santos Garcia Bittencourt. Do mesmo modo, não se verificou a informação atinente à contratação da servidora temporária Rosângela Maria de Lima, mantendo-se o apontado pela Auditoria in loco, no sentido em que a contratação foi efetuada para a substituição da servidora

73 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Cristina Sousa da Silveira, que estava em licença para tratamento de interesse particular.

Desse modo, mantém-se a presente restrição com relação às contratações temporárias das servidoras Janice dos Santos Garcia Bittencourt e Rosângela Maria de Lima, pugnando esta instrução por determinar à Prefeitura Municipal de Jaguaruna que comprove a esta Corte de Contas o desligamento das referidas servidoras do quadro funcional da unidade gestora, e ao mesmo tempo que abstenha-se de contratar servidores temporários para substituição de servidores ocupantes de cargo de provimento efetivo em licença para tratamento de interesse particular, nos termos do art. 37, inciso IX, da Constituição Federal; art. 26 da Lei nº 1.170/2007 e Prejulgado nº 2046 desta Corte de Contas.

2.13. Servidores contratados em caráter temporário sem a realização de Processo seletivo, em desrespeito ao art. 37, caput (princípio da impessoalidade) e inciso II da Constituição Federal, e ao Prejulgado nº 1927 do Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina

A situação encontrada pela Auditoria in loco evidenciou que a Prefeitura Municipal de Jaguaruna contratou e/ou mantinha contratados 82 (oitenta e dois) servidores temporários de forma direta, sem a realização de concurso público ou processo seletivo, para o exercício de diversas funções junto a Prefeitura Municipal, de acordo com que dispõe o quadro abaixo:

QUADRO 11 - Relação de Servidores Temporários Contratados sem processo seletivo Servidor Admissão Função Alexandre Alves 04/04/2014 Operador de Máquinas Ilson Roque 10/03/2014 Operador de Máquinas Jucelio Fernandes Silvano 01/04/2014 Agente de Serviços Gerais Maiara dos Santos 01/04/2014 Agente de Serviços Gerais Nilton Garcia de Souza Junior 20/03/2014 Agente de Serviços Gerais Wagner Rodolfo de Oliveira 20/03/2014 Agente de Serviços Gerais Crescencio de Pieri Vieira 20/03/2014 Agente de Serviços Gerais Jair Gomes Zago 10/03/2014 Mecânico Jeremias Medeiros dos Santos 20/03/2014 Agente de Serviços Gerais Joceni Rodrigues dos Santos 20/03/2014 Agente de Serviços Gerais Lionete Rezin Francisco Paes 20/03/2014 Agente de Serviços Gerais Marcelo Pacheco 20/03/2014 Agente de Serviços Gerais Obdulio Severino Duarte Junior 01/04/2014 Agente de Serviços Gerais

74 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1669.

Rosana Teresinha Cruz Luiz 20/03/2014 Agente de Serviços Gerais Valdir de Oliveira Paes 16/08/2014 Agente de Serviços Gerais Valdir Pereira Wyrebski 11/02/2015 Professor Adilson Andrini Nogueira 02/03/2015 Monitor de Transporte Escolar Aline Pires Alzemiro Soares 01/05/2015 Professor Andrea Rubia Machado Nunes 11/02/2015 Professor Angela Aparecida Lucio 11/02/2015 Professor Antonio Carlos Machado da Silva 09/04/2015 Professor Carina dos Santos de Souza C. 16/03/2015 Professor Cristiane Pereira de Pieri 01/04/2015 Professor Cristini de Freitas Zago 11/02/2015 Professor Daiane Correa da Silva 12/03/2015 Professor Daiane D` Stefani 13/04/2015 Agente de Serviços Gerais Daniela Aparecida Teixeira 01/05/2015 Professor Daniela Rodrigues Nunes 11/02/2015 Professor Deise Ramos Pacheco 02/03/2015 Professor Edvan Rodrigues Teixeira 13/03/2015 Professor Eliane Rodrigues dos Santos 11/02/2015 Professor Eva Florentino Albino 01/04/2015 Agente de Serviços Gerais Flavia de Medeiros Brasil 02/03/2015 Monitor de Transporte Escolar Flavia Tiburcio Pacheco da Silva 09/04/2014 Professor Gabriela Fernandes Santos 01/07/2015 Agente de Serviços Gerais Gilmara Garcia Coelho Dias 02/03/2015 Professor Giovani Honorato Duarte 02/03/2015 Professor Gislaine Bernardo Pereira 02/03/2015 Monitor de Transporte Escolar Ilana Jacinto Aguiar 11/02/2015 Professor Isalete Reus da Silva 02/03/2015 Monitor de Transporte Escolar Izabel Schafer 02/03/2015 Monitor de Transporte Escolar Jamir José Cabral 02/03/2015 Motorista Joelma Maria Rodrigues 06/04/2015 Agente de Serviços Gerais Juliana Peppler Pacheco 13/04/2015 Professor Juliana Peppler Pacheco 11/03/2015 Professor Julie Fagundes Ribeiro 02/03/2015 Monitor de Transporte Escolar Karoliny do Nascimento Fernandes 02/03/2015 Professor Laise Justino Ferreira 02/03/2015 Professor Lenir Ricardo Espíndola Aguiar 11/02/2015 Professor Maria do Carmo Craveiro 02/03/2015 Monitor de Transporte Escolar Maria Helena Craveiro Orige 02/03/2015 Monitor de Transporte Escolar Marli de Oliveira Ricardo Luiza 02/03/2015 Professor Miriam da Silva Souza 18/03/2015 Professor Neusa de Souza João 02/03/2015 Monitor de Transporte Escolar Patrícia Prudêncio de Souza 11/02/2015 Professor Paula de Souza Garcia Martins 09/06/2015 Professor Priscila Medeiro 13/04/2015 Professor Rafaela Tatiana Barreto dos S. 12/03/2015 Professor Reginaldo Alves Laureano 11/02/2015 Professor Renata dos Anjos Idalêncio P. 16/03/2015 Professor Rogério Pereira 01/04/2015 Professor Ronilda Ribeiro Garcia Nº 02/03/2015 Professor Rosana Mendes Cardoso 11/02/2015 Professor Rosangela Aparecida Madeira 01/04/2015 Agente de Serviços Gerais Rosilene Laureano Pereira 12/03/2014 Monitor de Transporte Escolar Salete Carvalho Napoli 11/02/2015 Professor Sandra Luizia dos Santos 11/02/2015 Professor Suelem Luiz Pereira 11/02/2015 Professor Valdirene Simão Nunes de oliveira 07/04/2015 Professor Valdir de Souza Nunes 02/03/2015 Professor Alessandra Cascaes Mendes 13/02/2015 Enfermeira

75 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Camila de Souza Mota 01/06/2015 Agente Comunitária de Saúde Gilson Justo 01/04/2015 Motorista Guilherme Medeiros Pereira 01/07/2015 Médico Clínico Geral Jaqueline Burato dos Santos 07/05/2015 Agente Comunitária de Saúde Lourdes Suzane da Rosa Lima 08/05/2015 Técnico de Enfermagem Auxiliar de Consultório Nelma Garcia Goulart 01/04/2015 Dentário Rodnei de Souza Medeiros 01/04/2015 Motorista Rosa Viana Alves 23/03/2014 Agente de Serviços Gerais Sandra Cardozo Mendes 01/04/2014 Técnico de Enfermagem Auxiliar de Consultório Tays de Souza Brunato 01/04/2014 Dentário Tobias Fretta Zappelini 02/03/2015 Médico Fonte: Fls. 215 a 235; 243 a 259 O critério utilizado para apontar a necessidade de realização de processo seletivo para a contratação de servidores em caráter temporário se encontra aportado no art. 37, caput (princípio da impessoalidade) e incisos II, da Constituição Federal, já transcritos anteriormente, que trata do instituto do concurso público como alicerce para o preenchimento de cargos na administração pública.

Salienta-se que a realização de processo seletivo para a seleção dos servidores em questão é requisito imperioso para as contratações temporárias, visto que mesmo para essas é necessária a realização de um certame para garantir o princípio da impessoalidade, embora esse seja mais simplificado que o concurso público, pois caso assim não se proceda estará sendo violado o disposto no art. 37, caput e inciso II da Carta Magna, já transcrito anteriormente.

Tal achado também se encontra alicerçado no Prejulgado nº 1927 deste Tribunal de Contas:

Prejulgado 1927 [...] 3. Para contratação do pessoal por tempo determinado a Administração deve promover o recrutamento do pessoal mediante prévio processo seletivo público, simplificado, devidamente normatizado no âmbito da Administração e em conformidade com as disposições da lei local, através de edital ou instrumento similar que defina critérios objetivos para a seleção, e que contenha informações sobre as funções a serem preenchidas, a qualificação profissional exigida, a remuneração, o local de exercício, carga horária, prazo da contratação, prazo de validade da seleção e hipótese de sua prorrogação ou não, e outros, sujeito à ampla divulgação, garantindo prazo razoável para conhecimento e inscrição dos interessados, observada a disponibilidade de recursos orçamentários e financeiros, bem como o limite de despesas com pessoal previsto pela LRF.

76 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1670.

[...] 7. A realização de processo seletivo constitui-se do meio próprio e regular para a habilitação de candidatos para contratação temporária no serviço público, tratando-se de ato vinculado para a Administração, razão pela qual é vedada a contratação de pessoas não-inscritas ou que tiveram sua inscrição indeferida. (grifo nosso). [...](Decisão exarada no Processo CON-07/00413340, Rel. Conselheiro Moacir Bertoli. Sessão de 18/12/2007) (grifo nosso) A contratação por tempo determinado é a exceção à regra do concurso público - forma constitucional regular de provimento efetivo de cargos públicos, inciso II, art. 37, Constituição Federal, sendo que para tanto, impõe-se que sejam atendidos os requisitos constitucionais necessários para tal tipo de contratação, nos termos do art. 37, inciso IX da Constituição Federal, quais sejam: a necessidade temporária e o excepcional interesse público. Assim, a eventual contratação temporária obrigatoriamente deve ocorrer apenas em casos excepcionais, em que a eventual demora na contratação de pessoal cause ofensa ao interesse público.

2.13.1 – Resposta à audiência

Em resposta, o responsável Luis Arnaldo Napoli juntou suas justificativas (fls. 544 a 546) aduzindo, no que tange ao presente achado, que a unidade gestora havia realizado processo seletivo para a contratação de servidores nas funções vislumbradas pelo Quadro 11 supracitado, de acordo com os Editais acostados às fls. 1459 a 1536. O gestor afirmou, ainda, que a lista de candidatos aprovados nos referidos certames teria se esgotado com relação às funções de Auxiliar de Serviços Gerais, Monitor de Transporte Escolar, Professor, Técnico de Enfermagem e Auxiliar de Consultório Dentário, não havendo aprovados para o desempenho da função de Mecânico e não havendo inscritos para a função de Médico. Da mesma forma, foi informado que, no caso de dois Agentes Comunitários de Saúde, não havia candidatos aprovados nas regiões ofertadas pelo Processo Seletivo.

De tal maneira, o gestor afirmou que o Setor de Recursos Humanos, com base na validade dos Processos Seletivos (31/12/2015) e do esgotamento de candidatos aprovados ou mesmo na ausência de candidatos inscritos,

77 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. entendeu ser possível a contratação de servidores de forma direta, respaldados pelo interesse público.

Com base nos apontamentos efetuados pela Auditoria in loco, o Setor de Recursos Humanos promoveu, portanto, novo Processo Seletivo nas áreas de Educação e Saúde do Município, visando suprir necessidades temporárias até o final do exercício de 2015. Do mesmo modo, o responsável afirmou que servidores que tiveram as contratações apontadas como irregulares, por terem sido efetuadas sem processo seletivo, foram exonerados em dezembro de 2015, e que eventual necessidade seria adimplida pelos cargos oferecidos no Concurso Público de Edital nº 001/2015.

2.13.2 - Ponderações concernentes à resposta à audiência

O Edital de Processo Seletivo acostado às fls. 1459 a 1493 ofereceu vagas para o desempenho de diversas funções perante a Prefeitura Municipal de Jaguaruna, dentre as quais se encontram as funções de Operador de Máquinas (03 vagas), Agente de Serviços Gerais (20 vagas), Mecânico (01 vaga), Monitor de Transporte Escolar (14 vagas), Motorista (01 vaga para Categoria B e 02 vagas para Categoria D), Agente Comunitário de Saúde (01 vaga ESF Camacho; 02 vagas ESF Olho D’Água; 01 vaga ESF Encruzo; 05 vagas ESF Riachinho; 03 vagas ESF Central), Médico (01 vaga), Técnico de Enfermagem (06 vagas) e Auxiliar de Consultório Dentário (01 vaga ESF Camacho; 01 vaga ESF Encruzo; 01 vaga ESF Riachinho). No que tange às vagas oferecidas para o desempenho da função de Professor, o Edital acostado às fls. 1494 a 1536 ofereceu, a princípio, 76 vagas para desempenho da referida função em diversas áreas de atuação, com a formação de reserva técnica para o desempenho das funções do cargo de Professor em outras áreas.

De tal modo, expostas as disposições atinentes aos Editais de Processo Seletivo supracitados, cabe ressaltar, de início, que não foram acostados aos autos quaisquer informações acerca da listagem de inscritos para o desempenho das funções oferecidas no referido certame, o que impede a comprovação de que não houve candidatos inscritos para exercer as funções

78 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1671. de Médico. Ademais, tal afirmação não se coaduna com o disposto à fl. 1491, onde se vislumbra a aprovação da candidata Ana Carolina Mendes Joaquim para o desempenho da função de médico.

Com relação aos Mecânicos e Operadores de Máquinas, a ausência da publicidade dos candidatos inscritos e não aprovados também prejudica o argumento trazido pelo responsável, tendo em vista não ser possível verificar se, de fato, não havia candidatos a serem chamados no Processo Seletivo. Da mesma maneira, os Processos Seletivos em tela demonstram não terem sido ofertadas vagas temporárias para o desempenho da função de Enfermeira, o que demonstra que a contratação direta efetuada para o exercício de tal função não foi precedida por qualquer tipo de seleção prévia.

No que tange aos Agentes de Serviços Gerais, verifica-se da listagem acostada à fl. 230 que a candidata Seloni Leonardo de Souza, aprovada em Processo Seletivo (fl. 1490) para o desempenho de referida função, não consta dentre os servidores em exercício no período verificado pela Auditoria in loco, o que vislumbra a possibilidade de que servidores tenham sido contratados de forma direta ao mesmo tempo em que havia candidata aprovada em processo seletivo. Da mesma maneira, a unidade gestora poderia ter realizado novo processo seletivo para a contratação de servidores para desempenhar as atividades de Agente de Serviços Gerais, tendo em vista o largo período existente entre a homologação do resultado final do certame (07/03/2014 – fl. 1488) e as contratações efetuadas sem processo seletivo (a última verificada em 13/04/2015 – fl. 230).

No que se refere aos Monitores de Transporte Escolar, verifica-se da listagem acostada à fl. 226 que o candidato Cleimar de Souza Cardoso, aprovado em Processo Seletivo (fl. 1489) para o desempenho de referida função, não consta dentre os servidores em exercício no período verificado pela Auditoria in loco, o que também vislumbra a possibilidade de que servidores tenham sido contratados de forma direta ao mesmo tempo em que havia candidato aprovada em processo seletivo. Da mesma maneira, a unidade gestora poderia ter realizado novo processo seletivo para a contratação de servidores para desempenhar as atividades de Monitores de Transporte Escolar, tendo em vista o largo período existente entre a homologação do

79 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. resultado final do certame (07/03/2014 – fl. 1488) e as contratações efetuadas sem processo seletivo (a última verificada em 02/03/2015 – fl. 226).

Com relação aos Agentes Comunitários de Saúde, constatou-se às fls. 1491 e 1492 que todas as regiões ofertadas no Processo Seletivo possuíam candidatos aprovados em número adequado ao oferecido para preenchimento no Edital de Processo Seletivo, o que afasta a argumentação oferecida pelo gestor.

No que tange aos Motoristas, verificou-se à fl. 1490 que os servidores Gilson Justo e Rodnei de Souza Medeiros realizaram processo seletivo para o desempenho da respectiva função, afastando-se a irregularidade com relação à contratação dos referidos. O servidor Jamir José Cabral, todavia, foi contratado de forma direta, enquanto havia outros candidatos aprovados no processo seletivo, de acordo com o disposto na fl. 1490.

No que se refere aos Técnicos de Enfermagem, verifica-se da listagem acostada à fl. 228 que a candidata Tatiana Fabíola de Souza, aprovada em Processo Seletivo (fl. 1492) para o desempenho de referida função, não consta dentre os servidores em exercício no período verificado pela Auditoria in loco, o que também vislumbra a possibilidade de que servidores tenham sido contratados de forma direta ao mesmo tempo em que havia candidata aprovada em processo seletivo. Da mesma maneira, a unidade gestora poderia ter realizado novo processo seletivo para a contratação de servidores para desempenhar as atividades de Técnico em Enfermagem, tendo em vista o largo período existente entre a homologação do resultado final do certame (07/03/2014 – fl. 1488) e as contratações efetuadas sem processo seletivo (a última verificada em 08/05/2015 – fl. 228).

Com relação aos Auxiliares de Consultório Dentário, verificou-se que nenhuma das candidatas aprovadas no Processo Seletivo (fl. 1492) foi chamada pela unidade gestora, que optou por efetuar a contratação direta de servidoras para o desempenho de referida função Cabe afirmar, ainda, que o exercício de tal função não é vinculado estritamente a uma região específica assim como os Agentes Comunitários de Saúde, o que não impediria a Prefeitura Municipal de chamar candidatas aprovadas para o exercício de função em outras regiões oferecidas pelo certame.

80 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1672.

No que tange aos contratados para a função de Professor, verifica-se da listagem acostada à fl. 216 a 219 que 70 (setenta) candidatos aprovados em Processo Seletivo (fls. 1528 a 1536) para o desempenho de referida função não constam dentre os servidores em exercício no período verificado pela Auditoria in loco, o que vislumbra a possibilidade de que servidores tenham sido contratados de forma direta ao mesmo tempo em que havia candidatos aprovados em processo seletivo. Da mesma maneira, a unidade gestora poderia ter realizado novo processo seletivo para a contratação de servidores para desempenhar as atividades de Professor, tendo em vista o largo período existente entre a homologação do resultado final do certame (09/12/2013 – fl. 1527) e as contratações efetuadas sem processo seletivo (a última verificada em 09/06/2015 – fl. 218).

Cabe afirmar, ainda, que a exoneração dos servidores contratados sem processo seletivo não elide o fato de que o gestor permitiu um volume muito grande de contratações sem processo seletivo, no sentido em que dos 208 (duzentos e oito) servidores contratados temporariamente no período verificado pela Auditoria in loco, 80 (oitenta) foram contratados sem processo seletivo17. Ademais, cabe trazer à baila informação acerca de Ação Civil Pública impetrada pelo Parquet Estadual que aborda a matéria em tela, a qual resultou no bloqueio de bens do responsável, o que demonstra a gravidade dos fatos apontados pela Auditoria in loco18. Por fim, destaca-se que não há nos autos qualquer informação sobre eventuais desistências de candidatos convocados às vagas.

Desse modo, tendo em vista que o responsável não justificou as oitenta contratações temporárias perpetradas sem processo seletivo, mantém-se a presente restrição, pugnando-se por determinar à Prefeitura Municipal de Jaguaruna que se abstenha de contratar servidores temporários sem processo seletivo, com a consequente comprovação a esta Corte de Contas de que o quadro de servidores temporários vigente na unidade gestora seja composto somente por servidores submetidos a prévio processo seletivo, nos termos do

17 A contratação dos servidores Gilson Justo e Rodnei de Souza Medeiros foi devidamente esclarecida, conforme já abordado anteriormente, o que diminuiu o numerário de contratações sem processo seletivo para 80. 18 Disponível em . Acesso em 17/08/2017.

81 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. art. 37, caput (princípio da impessoalidade) e inciso II da Constituição Federal e ao Prejulgado nº 1927 do TCE-SC.

2.14 Irregularidades na contratação de ACTs, tendo em vista haver somente servidores contratados temporariamente para o desempenho das atividades de Mecânico, Monitor de Transporte Escolar e Engenheiro Agrimensor; o excessivo número de servidores admitidos temporariamente para as funções de Técnico de Enfermagem e o expressivo número de servidores admitidos temporariamente para as funções de Professor, Engenheiro Civil e Auxiliar de Consultório Dentário, em desrespeito ao art. 37, incisos II e IX da Constituição Federal e à Lei 1170/2007

A situação encontrada pela auditoria in loco evidenciou que a Prefeitura Municipal de Jaguaruna efetuou algumas irregularidades na admissão em caráter temporário (ACTs) de servidores para o desempenho de diversas funções na unidade gestora, conforme os itens a seguir pretendem demonstrar:

a) Foi verificado que, em agosto de 2015, a unidade gestora possuía apenas servidores contratados temporariamente para o desempenho das atividades de Mecânico, Monitor de Transporte Escolar e Engenheiro Agrimensor, conforme denota o quadro abaixo:

QUADRO 12 – Quantitativo de servidores ocupantes dos cargos de provimento efetivo de Mecânico, Monitor de Transporte Escolar e Engenheiro Agrimensor e admitidos em caráter temporário (ACTs) para as funções em tela em agosto de 2015 Cargo Quantitativo Cargos Quantitativo de Quantitativo de legal vagos servidores servidores admitidos ocupantes de cargo em caráter temporário de provimento (ACTs) efetivo Mecânico 01 01 00 01 Proporcionalidade existente entre os 00 100 servidores ocupantes de cargo de provimento efetivo e ACTs Monitor de 14 14 00 14 Transporte Escolar Proporcionalidade existente entre os 00 100 servidores ocupantes de cargo de provimento efetivo e ACTs

82 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1673.

Engenheiro 01 01 00 01 Agrimensor Proporcionalidade existente entre os 00 100 servidores ocupantes de cargo de provimento efetivo e ACTs Fonte: Fls. 215 a 235; 260 a 320 b) Foi verificado que, em agosto de 2015, a unidade gestora possuía um número expressivo de servidores contratados temporariamente para o desempenho das atividades de Professor, Engenheiro Civil e Auxiliar de Consultório Dentário, conforme denota o quadro abaixo:

QUADRO 13 – Quantitativo de servidores ocupantes dos cargos de provimento efetivo de Professor, Engenheiro Civil e Auxiliar de Consultório Dentário e admitidos em caráter temporário (ACTs) para as funções em tela em agosto de 2015 Cargo Quantitativo Cargos Quantitativo de Quantitativo de legal vagos servidores servidores admitidos ocupantes de cargo em caráter temporário de provimento (ACTs) efetivo Professor 214 77 137 129 Proporcionalidade existente entre os 51,50 48,50 servidores ocupantes de cargo de provimento efetivo e ACTs Engenheiro 03 02 01 01 Civil Proporcionalidade existente entre os 50 50 servidores ocupantes de cargo de provimento efetivo e ACTs Auxiliar de 06 04 02 02 Consultório Dentário Proporcionalidade existente entre os 50 50 servidores ocupantes de cargo de provimento efetivo e ACTs Fonte: Fls. 215 a 235; 260 a 320

c) Em agosto de 2015, constatou-se que a unidade gestora possuía um número excessivo de servidores contratados temporariamente para o desempenho das atividades de Técnico de Enfermagem, maior do que aquele existente de servidores ocupantes de cargo de provimento efetivo referentes às funções em tela, conforme denota o quadro abaixo:

QUADRO 14 – Quantitativo de servidores ocupantes dos cargos de provimento efetivo de Técnico em Enfermagem e admitidos em caráter temporário (ACTs) para as funções em tela em agosto de 2015

83 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Cargo Quantitativo Cargos Quantitativo de Quantitativo de legal vagos servidores servidores admitidos ocupantes de cargo em caráter temporário de provimento (ACTs) efetivo Técnico de 02 00 02 07 Enfermagem Proporcionalidade existente entre os 22,22 77,78 servidores ocupantes de cargo de provimento efetivo e ACTs Fonte: Fls. 215 a 235; 260 a 320 O critério utilizado como base para o achado encontra-se aportado no art. 37, incisos II e IX, da Constituição Federal, já transcritos anteriormente, que trata do instituto do concurso público como alicerce para o preenchimento de cargos na administração pública e da contratação em caráter temporário de servidores para atender necessidade temporária de excepcional interesse público.

A Lei Complementar nº 1.170/2007, que é o dispositivo normativo municipal que disciplina a contratação de pessoal por tempo determinado para atender necessidade temporária de excepcional interesse público no Município de Jaguaruna, possui em seu art. 26, também já citado anteriormente, as disposições acerca do rol de motivações que ensejam a contratação temporária na unidade gestora.

No caso em tela, foi verificado que, em agosto de 2015, existia um número expressivo de profissionais admitidos em caráter temporário (ACTs) em relação aos ocupantes de cargo de provimento efetivo, conforme se vislumbra nos Quadros 11, 12 e 13, desvirtuando o fato de que as áreas da educação, saúde e operacional são vinculadas às funções permanentes, não temporárias, do ente público.

Ressalta-se, ainda, que se há a necessidade de mais vagas criadas por lei com relação aos cargos de provimento efetivo constantes dos quadros supracitados, devido à maior demanda de trabalho, deve a unidade gestora providenciar a criação de vagas por meio de dispositivo legal e preenche-las mediante aprovação prévia de servidores em concurso público, segundo preconiza a Carta Magna.

84 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1674.

A contratação temporária é modalidade que mitiga a necessidade de realização de concurso público. Por isso, latentes têm que ser o caráter excepcional e a temporariedade da situação.

Esta Corte de Contas já se pronunciou acerca do instituto da contratação temporária, no que se observa abaixo:

Prejulgado 2003

1. O art. 37, IX, da Constituição Federal autoriza contratações de pessoal de curto prazo, sem concurso público, desde que indispensáveis ao atendimento de necessidade temporária de excepcional interesse público, quer para o desempenho das atividades de caráter eventual, temporário ou excepcional, quer para o desempenho das atividades de caráter regular e permanente.

2. A contratação temporária de pessoal por excepcional interesse público deverá ser regulamentada através de lei de iniciativa do Poder Executivo, a ser aplicada no âmbito dos Poderes e órgãos do ente federado, devendo o instrumento legal estabelecer as condições em que serão realizadas as admissões temporárias de pessoal (Processo nº CON-08/00526490. Relatora Auditora Sabrina Nunes Iockenº Sessão de 24/08/2009) (grifo nosso)

No mesmo sentido, veja-se o entendimento do Tribunal de Justiça de Santa Catarina:

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI MUNICIPAL QUE PERMITE A CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA DE PROFESSORES. HIPÓTESES QUE NÃO CARACTERIZAM O EXCEPCIONAL INTERESSE PÚBLICO. EXEGESE DO ART. 21, § 2O, DA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL. PRECEDENTES JURISPRUDENCIAIS. INCONSTITUCIONALIDADE DA NORMA DECLARADA. EFEITOS EX NUNC PARA QUE SEJAM OBSTADAS NOVAS CONTRATAÇÕES, MANTENDO-SE, CONTUDO, INTACTOS OS SERVIDORES JÁ OCUPANTES DOS CARGOS QUESTIONADOS. "Nos termos das Constituições Estadual e Federal/88, a necessidade que enseja a contratação de pessoal temporário há que ser qualificada, sendo descogitável a admissão de pessoal no serviço público sem premente necessidade da prestação laboral, quer para professor temporário ou em caráter permanente. Deve-se ter presente, que a singela necessidade de admissão de pessoal subordinada ao desenvolvimento das atividades rotineiras da Administração que reclamam mais servidores ou por força de vacância dos cargos e do natural e paulatino aumento da demanda de serviços pela coletividade em geral, não justifica a imperiosidade de contratações de pessoal temporário para o serviço público; não que essa não seja útil, porém é imperioso que a mesma se torne indispensável pela premência no atendimento de situações emergenciais" (ADIN nº 2001.008846-0, de , rel. Des. Anselmo Cerello. Julgado em 02/10/2002) (grifo nosso) A necessidade temporária de excepcional interesse público deve estar caracterizada para que se possa contratar por tempo determinado na

85 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. administração pública, não podendo ser o instituto utilizado para a satisfação de necessidades permanentes do serviço público. Essa é a lição de Diógenes Gasparini:

A necessidade a ser atendida, além de temporária, há de ser de excepcional interesse público. Este não há de ser relevantíssimo, mas tão-só revelador de uma situação de exceção, de excepcionalidade, que pode ou não estar ligado à imperiosidade de um atendimento urgente. [...] O que não nos parece possível é o aproveitamento dessa faculdade para o atendimento de situações novas, tal qual a instituição e exploração de um serviço público ou a ampliação do já existente, vez que uma e outra decorrem de metas perfeitamente avaliadas a tempo, que inclusive permitem a promoção do competente concurso para a admissão dos servidores necessários à execução. (Direito Administrativo. 14ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2009. Págs. 161-162) (grifo do autor)

2.14.1 – Resposta à audiência

Em resposta, o responsável Luis Arnaldo Napoli juntou suas justificativas (fls. 546 e 547) asseverando, no que tange ao presente achado, que as contratações temporárias em tela foram efetuadas em novembro de 2013, por necessidade de serviço, sendo que tais contratos tiveram vigência, em alguns casos, até 31/12/2015.

Por tal maneira, o gestor aduziu que, a partir de um planejamento adequado, com base nas demandas para o preenchimento de cargos públicos, a Prefeitura Municipal realizou o Concurso Público de Edital nº 001/2015, com o objetivo de prover diversos cargos efetivos, dentre os quais os cargos de Mecânico, Monitor de Transporte Escolar, Engenheiro Agrimensor, Engenheiro Civil e Técnico em Saúde Bucal (que substituiu o cargo de Auxiliar de Consultório Dentário). No que tange ao cargo de Professor, o gestor aduziu que foi sancionada a Lei nº 1664, de 10/12/2015, que possibilita o aumento de carga horária até o limite de quarenta horas semanais, o que permitirá a substituição gradativa dos servidores temporários por servidores ocupantes de cargo de provimento efetivo com carga horária maior.

2.14.2 - Ponderações concernentes à resposta à audiência

86 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1675.

Cabe afirmar, de início, que a afirmação trazida pelo próprio responsável, de que as contratações temporárias aqui tratadas perduraram, em alguns casos, até o final do exercício de 2015, denota o desvirtuamento da necessidade temporária de excepcional interesse público e a burla ao instituto do concurso público, tendo em vista que, no entender desta instrução, haveria tempo hábil entre a contratação dos servidores temporários (as primeiras efetuadas em novembro de 2013) e a realização de certame para o provimento efetivo de cargos no quadro funcional da Prefeitura Municipal.

No que se refere aos servidores temporários em exercício da função de Professor, em que pese a edição da Lei que permitiu a alteração de carga horária dos servidores ocupantes do cargo de provimento efetivo em tela, não foram acostados aos autos quaisquer documentos e informações acerca das mudanças pretendidas na unidade gestora.

No que tange ao Concurso Público de Edital nº 001/2015, esta instrução reafirma os fatos apontados nos itens 2.3.2 e 2.7.2 deste relatório, no sentido em que o citado certame teve seu seguimento suspenso pelo Juízo da Vara Única da Comarca de Jaguaruna, que acatou pedido liminar efetuado pelo Parquet Estadual, o qual apontou uma série de irregularidades no certame por meio de Ação Civil Pública, o que demonstra que a intenção do responsável de regularizar a situação aqui apontada não foi norteada pelos princípios básicos que devem alicerçar a Administração Pública na consecução de seus atos.

Desse modo, mantém-se a presente restrição, pugnando-se por determinar à Prefeitura Municipal de Jaguaruna que realize concurso público regular, com base nos princípios da impessoalidade e moralidade administrativa, para o preenchimento dos cargos efetivos de Mecânico, Monitor de Transporte Escolar, Engenheiro Agrimensor, os quais não possuíam servidores ocupantes de cargo de provimento efetivo provido à época da Auditoria in loco, e para os cargos efetivos de Engenheiro Civil, Técnico em Saúde Bucal e Técnico de Enfermagem, para que a contratação temporária para estes três últimos cargos seja relegada a hipóteses de excepcional interesse público, readequando o seu quadro funcional com remanejamento de pessoal efetivo caso não seja necessária a admissão em caráter efetivo, com a consequente comprovação a esta Corte de Contas de que a mudança na carga

87 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. horária de professores da unidade gestora tenha reduzido efetivamente o número de servidores temporários no desempenho dessa última função, com a remessa do quadro de servidores ocupantes do cargo de provimento efetivo de professor e de servidores temporários exercendo a função de professor, nos termos do art. 37, incisos II e IX da Constituição Federal e à Lei 1170/2007.

2.15. Irregularidades na contratação de ACTs, tendo em vista a ausência de comprovação da habilitação exigida, em desrespeito ao art. 37, inciso I da Constituição Federal e à Lei nº 1170/2007 e alterações subsequentes

A situação encontrada pela Auditoria in loco evidenciou a ausência de comprovação da habilitação especificada no anexo único da Lei nº 1170/2007 e alterações subsequentes para a contratação por tempo determinado dos servidores abaixo relacionados:

QUADRO 15 – Servidores admitidos em caráter temporário (ACTs) para as funções em tela em agosto de 2015, sem Habilitação Servidor Função Data da Admissão Habilitação exigida desempenhada Tais de Souza Auxiliar de 01/04/2014 Certificado de conclusão Brunato Consultório de curso técnico em Dentário saúde bucal Nelma Garcia Auxiliar de 01/04/2014 Certificado de conclusão Goulart Consultório de curso técnico em Dentário saúde bucal Valéria Cristina Técnico em 01/04/2014 Certificado de conclusão da Luz Alano Enfermagem de curso técnico, com registro no órgão fiscalizador do exercício profissional Jucilene Nunes Técnico em 01/04/2014 Certificado de conclusão Martins Enfermagem de curso técnico, com registro no órgão fiscalizador do exercício profissional Sandra Cardoso Técnico em 01/04/2014 Certificado de conclusão Mendes Enfermagem de curso técnico, com registro no órgão fiscalizador do exercício profissional Fonte: Fls. 215 a 235.

O critério utilizado como base para o achado encontra-se aportado no anexo único da Lei nº 1170/2007 e alterações subsequentes (fls. 321 a 349),

88 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1676. que especifica a habilitação exigida para os cargos de Técnico em Enfermagem e Auxiliar de Consultório Dentário, quais sejam, certificado de conclusão de curso técnico, com registro no órgão fiscalizador do exercício profissional e certificado de conclusão de curso técnico em saúde bucal, respectivamente, e ainda, no art. 37, I, da Constituição Federal, no que tange à acessibilidade aos cargos, empregos e funções públicas atinente aos requisitos estabelecidos em lei, de acordo com o que segue:

Art. 37. [...] I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei;

2.15.1 – Resposta à audiência

Em resposta, o responsável Luis Arnaldo Napoli juntou suas justificativas (fls. 547 e 548) afirmando, com relação ao presente achado, que o Setor de Recursos Humanos expediu ofício às servidores constantes do Quadro 15 acima aportado para que apresentassem a documentação necessária para o desempenho da função pela qual ingressaram no serviço público municipal. De tal modo, as servidoras Valéria Cristina da Luz Alano e Sandra Cardoso Mendes comprovaram a sua habilitação, de acordo com os documentos acostados às fls. 1575 e 1577.

No que tange às servidoras restantes, não foi comprovado pelas referidas a habilitação necessária para o desempenho das respectivas funções, o que resultou na exoneração delas das citadas funções, de acordo com as Portarias acostadas às fls. 1415, 1416 e 1573. Por fim, o responsável asseverou que as contratações das servidoras em tela se deram antes da troca de servidores no Setor de Recursos Humanos, sendo que tal mudança teria possibilitado a análise de documentos e atos necessários à contratação de servidores.

2.15.2 - Ponderações concernentes à resposta à audiência

Em que pese os argumentos esposados pelo responsável, não há como se afastar a irregularidade apontada no presente achado, mesmo que as

89 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. servidoras sem habilitação para o desempenho das funções em tela tenham sido exoneradas, visto que as referidas exonerações foram efetuadas depois de praticamente um ano e meio de suas contratações, perpetuando a irregularidade por esse período.

Do mesmo modo, a existência de um ou outro servidor em exercício no Setor de Recursos Humanos não elide o fato de que as servidoras em tela, além de não possuírem habilitação necessária para o desempenho das funções em tela, foram contratadas sem processo seletivo, conforme o disposto no item 2.13, o que denota um problema de gestão inerente à estrutura da unidade gestora, que permitiu a admissão de servidores em desrespeito a princípios basilares como a legalidade e impessoalidade, insertos no caput do art. 37 da Carta Magna.

Desse modo, mantém-se a presente restrição com relação às contratações das servidoras Tais de Souza Brunato, Nelma Garcia Goulart e Sandra Cardoso Mendes, pugnando-se por determinar à Prefeitura Municipal de Jaguaruna que se abstenha de contratar servidores temporários sem a habilitação específica para o desempenho da função, nos termos do art. 37, inciso I da Constituição Federal e à Lei nº 1170/2007.

2.16. Admissão em caráter temporário (ACT) de servidor ocupante de cargo de provimento efetivo em licença sem vencimentos, em descumprimento ao previsto no art. 37, inciso XVI, da Constituição Federal; e Prejulgado nº 1817 desta Corte de Contas

A situação encontrada pela auditoria in loco evidenciou que a Prefeitura Municipal de Jaguaruna efetuou a admissão, em caráter temporário (ACT), de uma servidora ocupante do cargo de provimento efetivo de Agente de Serviços Gerais em licença sem vencimentos, para o desempenho da função de Professor, vago em razão de licença sem vencimentos da titular do cargo, que vem a ser a servidora Sueli Coelho Zago.

O quadro abaixo demonstra a situação supracitada:

90 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1677.

QUADRO 16 – Servidora ocupante do cargo de provimento efetivo de Agente de Serviços Gerais, em licença sem vencimentos e admitida em caráter temporário (ACT) para a funções em tela em agosto de 2015 Servidor Cargo Data da Função (ACT) efetivo Admissão na função Janice dos Santos Agente de 19/02/2015 Professor Garcia Bittencourt Serviços Gerais Fonte: Fls. 211 a 214.

O critério utilizado como base para o achado encontra-se aportado no art. 37, inciso XVI, da Constituição Federal, que trata da acumulação de cargos, empregos e funções públicas e na Decisão 39/1999 do TCU e no Prejulgado nº 1817 desta Corte de Contas, no que segue:

Constituição Federal

Art. 37. [...]

XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI:

a) a de dois cargos de professor; b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas;

Decisão nº 39/1999 - TCU [...] o servidor, ao ser licenciado para trato de interesses particulares, não adquire direitos novos, não previstos em lei, e não se desvincula do cargo. Continua a ser servidor público e sujeito a sua legislação. Admitir que o servidor licenciado sem remuneração possa acumular outro cargo, função ou emprego público, seria admitir que este servidor tem direitos que o servidor não licenciado não tem, o que, por absurdo, deve ser descartado pelo intérprete. Ademais, ante o princípio a legalidade que rege os atos da Administração Pública, só se é permitido fazer o que a lei autoriza. Assim, o fato de a Constituição proibir, expressamente, a acumulação remunerada, não significa que ampare a acumulação não remunerada. A permissão, por ser exceção, há de ser expressa, há de ser escrita para ser legítima. (Decisão nº 39/1999, proferida no Processo nº 006.854/1996-6) (grifo nosso).

Prejulgado 1817 – TCE

Excetuadas às hipóteses dos incisos XVI e XVII do artigo 37 da Constituição da República, a acumulação remunerada de cargos viola a Carta Magna, motivo pelo qual o servidor deve fazer opção e se exonerar de um deles. O professor efetivo do magistério municipal, em estágio probatório no magistério estadual, que estiver em gozo de licença sem remuneração no município, não poderá exercer cargo em comissão de atribuições técnicas ou científicas, mesmo que haja

91 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. compatibilidade de horário, uma vez que a licença sem remuneração não tem o condão de afastar a incidência da proibição de acumulação de cargos públicos, cujas únicas exceções estão previstas na alíneas "a", "b" e "c" do inciso XVI do art. 37 da Constituição Federal. O servidor municipal ocupante de cargo efetivo que estiver em licença sem remuneração e não se enquadre nas hipóteses excepcionais dos incisos XVI e XVII do artigo 37, não pode assumir cargo de provimento efetivo no Estado. A permissão do afastamento de servidor em estágio probatório, do exercício das funções inerentes ao cargo efetivo, para a assunção de cargo comissionado só é devida quando presente o interesse da Administração, ou seja, interesse público que supere a necessidade pública original que motivou a realização de concurso público para preenchimento de cargo vago; (Processo nº CON-06/00243990. Relator Wilson Rogério Wan-Dall. Sessão de 14/08/2006) (grifo nosso) No mesmo sentido se manifestou o Tribunal de Justiça de Santa Catarina, num caso análogo, como segue:

MANDADO DE SEGURANÇA - CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO - ACUMULAÇAO DO CARGO PÚBLICO DE SERVENTE DO MUNICÍPIO COM O DE PROFESSOR TEMPORÁRIO DO ESTADO - IMPOSSIBILIDADE - IRRELEVÂNCIA DE ESTAR O SERVIDOR EM LICENÇA NAO REMUNERADA DO PRIMEIRO CARGO - ORDEM DENEGADA.

"O servidor público, mesmo estando licenciado sem remuneração, não pode exercer outro cargo efetivo, sob pena de afronta ao disposto no art. 37, XVI da Constituição Federal. O que a Lei Maior veda não é simplesmente a acumulação remuneratória, mas também a ocupação simultânea de dois cargos fora das exceções que aponta"(TJSC, ACMS nº , Rel. Des. Luiz Cézar Medeiros, em 28/06/2005)."A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça assentou o entendimento de que o cargo público de técnico, que permite a acumulação com o de professor nos termos do art. 37, XVI, b, da Constituição Federal, é o que exige formação técnica ou científica específica"(STJ - RMS nº 32.031/AC, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki), o que não é o caso, evidentemente, do cargo de Servente. (MS 20130169452 SC 2013.016945-2 [Acórdão], Relator Des. Jaime Ramos, Julgamento 11/06/2013, Publicado em 20/06/2013, Edital 6074/2013, DJe nº 1654).

Salienta-se que o fato de que mesmo o servidor estando usufruindo de licença sem vencimentos não altera a inconstitucionalidade da acumulação. Isso porque o afastamento do servidor em licença para tratar de interesses particulares não altera o provimento do cargo que ele continua ocupando. O cargo está provido, só não é exercido. Assim, o vínculo com a instituição permanece.

2.16.1 – Resposta à audiência

92 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1678.

Em resposta, o responsável Luis Arnaldo Napoli juntou suas justificativas (fl. 548) aduzindo, no que se refere ao presente achado, que a contratação da servidora em tela se deu em 19/02/2015, época de grande volume de contratações temporárias, o que impediu que a irregularidade apontada fosse verificada pelo Setor de Recursos Humanos, tendo em vista que o sistema informatizado de controle de pessoal da unidade gestora não possuía nenhum tipo de alerta vinculado a tal situação, o qual poderia avisar sobre a ocorrência da restrição em tela.

O gestor aduziu ainda que, ao ser notificada da irregularidade, a servidora optou pela exoneração da função temporária e pelo retorno ao cargo de Agente de Serviços Gerais.

2.16.2 - Ponderações concernentes à resposta à audiência

Em que pese os documentos acostados às fls. 1578 a 1597, não foram juntados aos autos quaisquer atos que demonstrem que a servidora Janice dos Santos Garcia Bittencourt foi exonerada da função de Professor.

Cabe esclarecer, todavia, que esta Corte de Contas, em decisão recente de seu Tribunal Pleno, modificou o entendimento atinente à matéria em tela, de acordo com o que segue:

Prejulgado 1817 2. O servidor ocupante de cargo efetivo que estiver no gozo de licença sem remuneração e não se enquadre nas hipóteses excepcionais dos incisos XVI e XVII do art. 37, não pode assumir cargo de provimento efetivo em outro órgão ou entidade de quaisquer das esferas da federação. Resguardados os interesses da Administração que detém o vínculo efetivo com o servidor, mostra-se possível o afastamento sem remuneração do cargo efetivo e o provimento provisório de cargo em comissão ou função temporária. (@CON – 16/00439133. Decisão nº 301/2017. Sessão de 03/05/2017) Dessa maneira, tendo em vista a posição exarada pelo Tribunal de Contas com relação à matéria em tela, a qual permitiu a contratação temporária de servidor ocupante de cargo de provimento efetivo que esteja em licença sem vencimentos, afasta-se a presente restrição.

93 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. 2.17. Cessão de 02 (dois) servidores ocupantes de cargo de provimento efetivo da Prefeitura Municipal de Jaguaruna a outros órgãos, com ônus para o Município e sem a existência de lei específica, acordo, convênio, ato administrativo, ajuste ou congênere que embase tais cessões, em descumprimento ao art. 89 da Lei Municipal nº 1.113/2005, bem como ao princípio da legalidade, previsto no art. 37, caput, da Constituição Federal, e aos Prejulgados nº 1009 e 1056 desta Corte de Contas

A situação encontrada pela Auditoria in loco evidenciou a existência de 02 (dois) servidores titulares de cargo de provimento efetivo da Prefeitura Municipal de Jaguaruna, cedidos a outros órgãos, sendo um à Delegacia de Polícia Civil e o outro ao CIRETRAN – Circunscrição Regional de Trânsito de Jaguaruna, ambos estabelecidos no município, sem a existência de lei específica, acordo, convênio, ato administrativo, ajuste ou congênere, estabelecendo o prazo, ônus e demais condições, conforme demonstra o quadro a seguir: QUADRO 17 – Servidores cedidos pela Prefeitura Municipal de Jaguaruna à Delegacia de Polícia Civil e ao CIRETRAN Nome do servidor Cargo Órgão Cessionário 01 Deise Wanderlind Medeiros Pereira Telefonista Delegacia de Polícia Civil de Jaguaruna 02 Simone Goulart Cardoso Auxiliar Administrativo CIRETRAN de Jaguaruna Fonte: Fls. 350 a 353

Cumpre registrar, ainda, que a remuneração mensal dos aludidos servidores está sendo indevidamente arcada pelo Poder Executivo de Jaguaruna, como comprovam os contracheques de fls. 352 e 353, não obstante os serviços prestados serem de interesse direto dos órgãos cessionários.

O critério utilizado para aferir o presente achado está disposto no art. 37, caput, Constituição Federal, que dispõe sobre os princípios a serem observados pela Administração Pública na consecução de suas atividades, mais especificamente o princípio da legalidade.

A Lei Municipal nº 1.113/2005, de 23/12/2005, que dispõe sobre o Estatuto e o Regime Jurídico dos Servidores Públicos do Município de Jaguaruna, disciplina a cessão de servidores em seu artigo 89, nos seguintes termos:

94 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1679.

Art. 89. O servidor poderá ser cedido para ter exercício em Órgão ou Entidade dos poderes da União, dos Estados e dos Municípios, nas seguintes hipóteses: I - para exercício de cargos em comissão ou função de confiança; II - para desenvolver programas especiais do Município de Jaguaruna SC; III - em casos previstos em leis específicas ou convênios. § 1º Nas hipóteses do inciso I deste artigo, o afastamento será sem ônus para o Município. § 2º Na hipótese do inciso II, o servidor se desvinculará do quadro permanente enquanto permanecer no programa. § 3º A cessão far-se-á mediante ato do Chefe do Poder Executivo, com anuência do servidor. (grifamos)

Percebe-se, pelo dispositivo transcrito, que a cessão dos servidores, além de não se enquadrar em qualquer das hipóteses dispostas nos incisos I a III supra, ainda estão desprovidas de ato do Chefe do Poder Executivo, bem como da comprovação da anuência dos servidores cedidos, na forma estabelecida pelo § 3º.

O instituto da cessão é adstrito aos instrumentos normativos que alicerçam a sua aplicação, conforme entendimento desta Corte de Contas, representado pelo Prejulgado 1009, a seguir transcrito:

Prejulgado 1009

1. A disposição ou cessão de servidores a órgãos ou entidades públicas de outras esferas pode se dar desde que respaldada em autorização legislativa vigente, amparada em norma legal, formalizada por instrumento adequado (Portaria, Resolução, etc.), e constando do ato as condições da cessão. [...] (Processo CON-01/00120016. Câmara Municipal de Otacílio Costa. Relator Cons. Antero Nercolini. Sessão de 16/07/2001) (grifo nosso) No que tange ao pagamento das despesas com a remuneração de servidores cedidos, é o posicionamento deste Tribunal (Prejulgado 1056) que as mesmas devem ser arcadas pelo órgão cessionário, sendo excepcionalmente suportadas pelos cofres municipais quando houver autorização na lei de diretrizes orçamentárias e na lei orçamentária anual, além de convênio, acordo, ajuste ou congênere específico, condições as quais não foram evidenciadas no caso analisado. Observe-se alguns excertos do Prejulgado supracitado:

Prejulgado 1056 [...] O Município pode ceder servidores titulares de cargos efetivos para atender solicitação do Poder Judiciário (que difere da requisição), desde que atendidas as seguintes condições: demonstração do caráter excepcional da cessão; demonstração do relevante interesse público local na cessão do servidor efetivo; existência de autorização

95 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. legislativa para o Chefe do Poder editar ato regularizando a cessão; desoneração do município dos custos com remuneração e encargos sociais do servidor cedido, que devem ser suportados pelo órgão ou entidade cessionária; atendimento ao disposto no art. 62 da Lei Complementar nº 101/00 quando, excepcionalmente, os custos sejam suportados pelo Município (autorização na lei de diretrizes orçamentárias e na lei orçamentária anual e convênio, acordo, ajuste ou congênere específico); exclusivamente de servidores efetivos, vedada a cessão de servidores contratados em caráter temporário, de qualquer natureza, e de ocupantes de cargo em comissão. (grifo nosso)

2.17.1 – Resposta à audiência

Em resposta, o responsável Luis Arnaldo Napoli juntou suas justificativas (fls. 548 e 549) asseverando, com relação ao presente achado, que a autoridade policial responsável pelos órgãos de segurança estaduais com sede no Município de Jaguaruna foi notificada da irregularidade apontada pela Auditoria in loco, o que ensejou a edição de convênio entre a unidade gestora e a Secretaria de Estado da Segurança Pública de Santa Catarina (SSP), de acordo com os documentos acostados às fls. 1606 a 1612.

2.17.2 - Ponderações concernentes à resposta à audiência

De fato, os documentos acostados às fls. 1606 a 1612 demonstram que o convênio firmado entre a Prefeitura Municipal e a SSP (datado de 14/12/2015) regulamentou a situação em tela, permitindo a cessão de servidores da unidade gestora e estabelecendo o ônus ao órgão cedente, o que traz o saneamento da presente restrição.

Por outro lado, é necessário informar que o parágrafo único da Cláusula Segunda do Convênio dispõe que cabe à Prefeitura Municipal ceder servidores e estagiários, o que é vedado de acordo com os entendimentos esposados por esta Corte de Contas, conforme segue abaixo:

Prejulgado 1364 1. Não é permitida a contratação de pessoal pela Administração Pública fora dos casos previstos expressamente pela Constituição Federal. Não pode o Município contratar estagiários e cedê-los ao Fórum de Justiça da Comarca para atender à solicitação do MM. Juiz daquela Comarca. [...]

96 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1680.

3. A rigor, escapa à estrita competência municipal suportar despesas com a cessão de servidores municipais para atender a deficiências de pessoal do Poder Judiciário estadual, porquanto os servidores municipais devem exercer suas atividades nos órgãos e entidades a que estão vinculados e nas atribuições dos respectivos cargos, razão da admissão no serviço público municipal.Contudo, no campo cooperativo com outras esferas administrativas, será admissível a cessão de servidores para o Poder Judiciário quando atendidas às seguintes condições:a) demonstração do caráter excepcional da cessão;b) demonstração do relevante interesse público local na cessão do servidor efetivo;c) existência de autorização legislativa para o Chefe do Poder editar ato regularizando a cessão;d) desoneração do Município dos custos com remuneração e encargos sociais do servidor cedido, que devem ser suportados pelo órgão ou entidade cessionária;e) atendimento ao disposto no art. 62 da Lei Complementar nº 101/00 quando, excepcionalmente, os custos sejam suportados pelo Município (autorização na Lei de Diretrizes Orçamentárias e na Lei Orçamentária Anual e convênio, acordo, ajuste ou congênere específico);f) exclusivamente de servidores efetivos, vedada a cessão de servidores contratados em caráter temporário, de qualquer natureza, e de ocupantes de cargo em comissão. (CON-01/03400923. Câmara Municipal de . Relator. Conselheiro Otávio Gilson dos Santos. Sessão de 05/05/2003). Desse modo, pugna-se por recomendar à Prefeitura Municipal de Jaguaruna que se abstenha em ceder estagiários em qualquer hipótese, nos termos do Prejulgado nº 1364 do TCE-SC, com a consequente notificação à Secretaria de Estado da Segurança Pública de Santa Catarina com relação ao caso em tela, para que tome as providências que entender cabíveis para corrigir o fato apontado nesta restrição. Cabe recomendar à Prefeitura, ainda, que ao efetuar a cessão de servidor, edite ato que disponha sobre as suas condições (prazo da cessão, referência ao convênio e à lei de diretrizes orçamentárias), nos termos do Prejulgado 1009.

2.18. Cessão de servidor ocupante de cargo de provimento efetivo à Justiça Eleitoral por tempo indeterminado e sem ato administrativo que embase tal cessão, em descumprimento ao previsto no art. 37, caput, da Constituição Federal; art. 89 da Lei Municipal nº 1.113/2005; arts. 2º, § 1º, e art. 3º e §§ 1º e 2º da Lei Federal nº 6.999/1982 e Prejulgados 1056 e 1364 deste Tribunal

A situação encontrada pela auditoria in loco apontou que o servidor Humberto Moretto, ocupante de cargo de provimento efetivo de Auxiliar

97 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Administrativo, está cedido à Justiça Eleitoral de Tubarão por tempo indeterminado.

Ressalte-se, ainda, que aludido servidor foi cedido sem qualquer requisição por parte do órgão cessionário, bem como ato administrativo designando-o para o exercício da função, como se vislumbra da declaração expedida pela Diretoria de Recursos Humanos do Poder Executivo de Jaguaruna (fl. 354).

A título de informação acerca da referida cessão, além da declaração acima citada, consta a Portaria nº 2049/08, de 12 de agosto de 2008 (fl. 355), a qual concede "Gratificação de Auxiliar Eleitoral" ao servidor Humberto Moretto, com base na Lei Municipal nº 1271/2008, de 03 de julho de 2008, situação que será objeto de apontamento em tópico próprio.

O critério utilizado como base para o presente achado encontra-se insculpido nos princípios dispostos no caput do art. 37 da Constituição Federal, principalmente o da legalidade.

Ademais, a Lei Municipal nº 1.113/2005, de 23/12/2005, que dispõe sobre o Estatuto e o Regime Jurídico dos Servidores Públicos do Município de Jaguaruna, dispõe em seu artigo 89, parágrafo 3º, que "a cessão far-se-á mediante ato do Chefe do Poder Executivo, com anuência do servidor", requisito esse que não restou atendido no presente caso.

No que se refere à cessão de servidores, entende esta instrução que os dispositivos estabelecidos em lei municipal devem ser interpretados de forma sistemática, fazendo com que o afastamento do exercício do cargo seja visto como medida excepcional, temporária, que não se sobrepõe ao princípio basilar que vem a ser o efetivo desempenho das atribuições do cargo público para qual o servidor prestou o Concurso Público.

Sobre o exercício de cargo público, a doutrina afirma o seguinte:

[...] o exercício representa o efetivo exercício desempenho das funções atribuídas ao cargo. O exercício, como é óbvio, só se legitima na media em que se tenha consumado o processo de investidura. É o exercício que confere ao servidor o direito à retribuição pecuniária como contraprestação pelo desempenho das funções inerente ao cargo. (CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 23ª Ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010. p. 673) (grifo do autor)

98 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1681.

A interpretação sistemática das normas se alicerça por uma visão ampla do ordenamento jurídico, que relaciona a letra da lei aos preceitos constitucionais, jurisprudenciais e doutrinários que permeiam as relações jurídicas como um todo19.

No caso em tela, não há como chancelar a cessão de servidores por tempo indeterminado, mesmo que os dispositivos normativos que regulam a matéria pareçam assim autorizar, já que a cessão sem prazo determinado de servidores da unidade gestora para outras entidades desvirtua o fato de que o servidor deve exercer suas funções perante o ente público para o qual foi admitido.

Com relação à cessão do servidor municipal Humberto Moretto para a Justiça Eleitoral de Tubarão, a Lei Federal nº 6.999/1982, que dispõe sobre a requisição de servidores públicos pela Justiça Eleitoral e dá outras providências, é clara ao estabelecer prazos para a disposição de servidores, no que é descrito pelos excertos da lei supracitada transcritos abaixo:

Art. 2º - As requisições para os Cartórios Eleitorais deverão recair em servidor lotado na área de jurisdição do respectivo Juízo Eleitoral, salvo em casos especiais, a critério do Tribunal Superior Eleitoral. § 1º - As requisições serão feitas pelo prazo de 1 (um) ano, prorrogável, e não excederão a 1 (um) servidor por 10.000 (dez mil) ou fração superior a 5.000 (cinco mil) eleitores inscritos na Zona Eleitoral. [...]

Art. 3º - No caso de acúmulo ocasional de serviço na Zona Eleitoral e observado o disposto no art. 2º e seus parágrafos desta Lei, poderão ser requisitados outros servidores pelo prazo máximo e improrrogável de 6 (seis) meses. § 1º - Os limites estabelecidos nos parágrafos do artigo anterior só poderão ser excedidos em casos excepcionais, a juízo do Tribunal Superior Eleitoral. § 2º - Esgotado o prazo de 6 (seis) meses, o servidor será desligado automaticamente da Justiça Eleitoral, retomando a sua repartição de origem. § 3º - Na hipótese prevista neste artigo, somente após decorrido 1

19 Sobre o elemento sistemático de interpretação das normas, Paulo Nader aduz que “não há nenhum dispositivo, na ordem jurídica, que seja autônomo, auto-aplicável. A norma jurídica somente pode ser interpretada e ganhar efetividade quando analisada no conjunto de normas que dizem respeito à determinada matéria [...]. O elemento sistemático, que opera considerando os elementos gramatical e lógico, consiste na pesquisa do sentido e alcance das expressões normativas, considerando-as em relação a outras expressões contidas na ordem jurídica, mediante comparações. O interprete, por este processo, distingue a regra da exceção, o geral do particular. A natureza da norma jurídica revela-se também pelo elemento sistemático. O estudo leva à conclusão se a norma jurídica é cogente ou dispositiva, principal ou acessória, comum ou especial”. (In: Introdução ao Estudo do Direito. 26ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006. p. 278) (grifo do autor)

99 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. (um) ano poderá haver nova requisição do mesmo servidor. [...] (grifo nosso)

Depreende-se, da leitura do § 1º do art. 2º da lei supracitada que o prazo da requisição do servidor é de um ano, podendo ser prorrogado. Entende-se que tal prorrogação deve ser feita, no máximo, por igual período, pois o legislador, ao permiti-la, não teve a intenção de que essa fosse efetuada por período indeterminado, pois, assim, poderiam os servidores requisitados ficar indefinidamente cedidos à Justiça Eleitoral.

Este Tribunal de Contas, ao se pronunciar acerca da cessão de servidores municipais para o Poder Judiciário e sobre a requisição de servidores pela Justiça Eleitoral, destacou a excepcionalidade da questão, afirmando que o servidor deve, essencialmente, exercer as funções pelas quais foi admitido no serviço público, de acordo com o Prejulgado nº 1364, já citado anteriormente.

Nesta feita, entende-se que a excepcionalidade da cessão não se coaduna com a cessão de servidores por tempo indeterminado perpetrada pela unidade gestora, pois desvirtuaria o caráter extraordinário das referidas disposições.

Oportunamente, traz-se também o entendimento doutrinário sobre a matéria, que afirma “tratar-se a cessão de servidor de situação eminentemente temporária, pois, não há empréstimo perpétuo de funcionário; ao contrário, a cessão destina-se à consecução de um objetivo temporário”20.

2.18.1 – Resposta à audiência e ponderações concernentes à resposta à audiência

Em resposta, o responsável Luis Arnaldo Napoli juntou suas justificativas (fl. 550) afirmando, no que tange ao presente achado, que foi firmado convênio entre a Prefeitura Municipal e o Tribunal Regional Eleitoral do Estado de Santa Catarina, estabelecendo os termos e o prazo da cessão, de

20 OLIVEIRA, Antônio Flávio de. Servidor Público – Remoção, Cessão Enquadramento e Redistribuição. 2ª Ed. Belo Horizonte: Forum, 2005. p. 133)

100 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1682. acordo com o acostado às fls. 1599 e 1600 destes autos, o que saneia os fatos apontados pela Auditoria in loco.

Por outro modo, as informações prestadas pela unidade gestora demonstram que o servidor Humberto Moretto está cedido para exercício de função perante a Justiça Eleitoral desde 1988, o que demonstra um evidente descumprimento da legislação atinente ao desempenho de servidores requisitados pela Justiça Eleitoral, a qual dispõe, conforme visto anteriormente, que as requisições serão feitas pelo prazo de 1 (um) ano, prorrogável um só vez. As justificativas que poderiam avalizar o prazo excessivo a serem aportadas pelo Tribunal Superior Eleitoral, conforme a legislação acima aportada, também não foram juntadas aos autos. Dessa maneira, pugna-se por determinar à Prefeitura Municipal de Jaguaruna o retorno do servidor em tela às suas atividades na unidade gestora, de acordo com o disposto no art. 89 da Lei nº 1.113/2005; arts. 2º, § 1º, e art. 3º e §§ 1º e 2º da Lei Federal nº 6.999/1982 e Prejulgados 1056 e 1364 deste Tribunal.

2.19. Pagamento irregular de gratificação a servidor ocupante de cargo de provimento efetivo que está cedido a órgão estranho à estrutura da Prefeitura Municipal de Jaguaruna, em desacordo ao previsto no arts. 2º, e 54 a 57 da Lei Complementar nº 1.113/2005, que dispõe sobre o Estatuto e o Regime Jurídico dos servidores públicos do Município de Jaguaruna

A situação encontrada pela Auditoria in loco verificou que o servidor Humberto Moretto, ocupante do cargo de provimento efetivo de Auxiliar Administrativo, foi cedido pela Prefeitura Municipal de Jaguaruna para o desempenho de atividades junto à Justiça Eleitoral de Tubarão, objeto do achado anterior, sendo a ele atribuída, por intermédio da Lei nº 1271/2008, de 03/07/2008, "Gratificação de Auxiliar Eleitoral aos servidores à disposição da Justiça Eleitoral", verba essa que foi concedida ao servidor cedido, por meio da Portaria nº 2049/2008, de 12/08/2008.

Não obstante a existência de lei específica, verifica-se que a citada verba tem por fato gerador o desempenho de atividades de interesse exclusivo do órgão cessionário, sendo caracterizada como despesa estranha à competência

101 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. do Poder Executivo de Jaguaruna, o qual assumiu o ônus pelo seu pagamento mensal, como demonstram os contracheques de maio a julho de 2015, de fls. 359 a 361.

O critério utilizado como base para o achado encontra-se disposto, primeiramente, na Lei Complementar nº 1.113/2005, que dispõe sobre o Estatuto e o Regime Jurídico dos servidores públicos do Município de Jaguaruna. Tal lei aduz, em seu art. 2º, incisos II e III, sobre a denominação de cargo público e quadro de servidores, conforme segue:

Art. 2º. [...] II - cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades acometidas a um servidor, criado por Lei, em número certo, com denominação própria e remunerada pelos cofres públicos; III - quadro é o conjunto de cargos em comissão e cargos efetivos de cada poder, Fundos ou Autarquia instituída e mantida pelo Município; A Seção IV do mesmo diploma legal, que trata de gratificação pelo exercício de função, tem a seguinte redação:

SEÇÃO IV DA GRATIFICAÇÃO PELO EXERCÍCIO DE FUNÇÃO

Art. 54. Ao servidor público efetivo ou temporário, investido em cargo de direção, chefia, assessoramento e coordenação poderão ser concedidos uma função gratificada - FG. Parágrafo Único. Os valores e as funções gratificadas são estabelecidos em Lei própria.

Art. 55. A remuneração pelo exercício do cargo em comissão, bem como a gratificação de função, não será incorporada ao vencimento ou à remuneração do servidor, por se tratar de livre nomeação e exoneração.

Art. 56. O exercício da função gratificada ou cargo em comissão somente assegurará os direitos ao servidor durante o período em que estiver exercendo o cargo ou função de confiança. Parágrafo Único. Afastado do cargo em comissão ou função gratificada o servidor perderá a respectiva remuneração ou a função gratificada no ato de sua exoneração.

Art. 57. Ao servidor público do quadro permanente, nomeado para exercer cargo em comissão, será facultado optar pela sua remuneração, acrescido de função gratificada. Denota-se, assim, que os servidores municipais de Jaguaruna são aqueles pertencentes ao quadro de pessoal da estrutura da unidade gestora, e, por tal motivo, a concessão de gratificações deve estar atrelada ao exercício de cargos ou funções previstas no quadro do Poder Executivo Municipal.

102 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1683.

2.19.1 – Resposta à audiência

Em resposta, o responsável Luis Arnaldo Napoli juntou suas justificativas (fls. 550 e 551) aduzindo, com relação ao presente achado, que a gratificação concedida se ampara em lei específica, sendo que o servidor prestaria serviços na Justiça Eleitoral para demandas de interesse do Município. Da mesma maneira, o gestor informou que os serviços eleitorais são prestados no Município de Tubarão, sede da 33ª Zona Eleitoral, a qual pertence o Município de Jaguaruna, e que o pagamento de tal gratificação se dá para cobrir os custos de deslocamento do servidor até Tubarão, sem o qual não haveria servidores dispostos a exercer tais atividades.

2.19.2 - Ponderações concernentes à resposta à audiência

Em que pese a argumentação do responsável, esta instrução mantém o entendimento de que o pagamento de gratificação a servidor em exercício em órgão diverso daquele para o qual foi admitido em concurso público viola os dispositivos atinentes ao pagamento de vantagens remuneratórias na Prefeitura Municipal, mesmo que lei específica disponha sobre o pagamento da "Gratificação de Auxiliar Eleitoral aos servidores à disposição da Justiça Eleitoral".

Observe-se o entendimento esposado pelo Ministério Público de Contas em caso análogo, de acordo com o Parecer nº MPTC/35833/2015, exarado nos autos da RLA nº 13/00762958:

A gratificação dada a servidor cedido a órgão diverso não encontra respaldo legal, tendo em vista que o benefício se justifica somente na hipótese de serviços prestados à própria Administração Municipal. A Consultoria-Geral do Tribunal de Contas já se manifestou neste sentido21: Cessão de servidor público. Atribuição de funções diversas. Pagamento de gratificação. Impossibilidade. Não é possível o pagamento de gratificação pelo desempenho de atribuições além das previstas no cargo de origem do servidor cedido. (Grifo do original) O responsável reconheceu a irregularidade e se comprometeu a saná-la.

21 Processo nº CON-11/00048178. Parecer n° COG-92/2011. Data: 20-6-2011.

103 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. De tal forma, repisando-se o entendimento esposado no item 2.18.2, pugna-se por determinar à Prefeitura Municipal de Jaguaruna a cessação do pagamento da "Gratificação de Auxiliar Eleitoral aos servidores à disposição da Justiça Eleitoral” ao servidor Humberto Moretto, a qual deverá ser concomitante ao seu retorno às atividades de seu cargo de origem na unidade gestora, nos termos do arts. 2º, e 54 a 57 da Lei Complementar nº 1.113/2005. Do mesmo modo, recomenda-se à unidade gestora que envide esforços junto ao Poder Legislativo Municipal para a revogação dos dispositivos insertos na nº 1271/2008, cessando a possibilidade de pagamento de gratificação a servidor em exercício em órgão diverso daquele no qual ingressou de forma efetiva.

2.20. Ausência de ressarcimento, pelo órgão cooperado (Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina), ao órgão cooperante (Prefeitura Municipal de Jaguaruna), da remuneração mensal do servidor cedido para execução do convênio de cooperação técnico-institucional, em descumprimento à Cláusula Segunda do aludido Termo de Convênio e ao Prejulgado 1056 deste Tribunal

A situação encontrada pela Auditoria in loco demonstrou que a Prefeitura Municipal de Jaguaruna firmou convênio de cooperação técnico-institucional com a Assembléia Legislativa do Estado, objetivando "a troca de experiências nas diversas áreas de atuação dos Poderes", com vigência prevista de 1º de março a 31 de dezembro de 2015.

Dentre as disposições constantes do termo de convênio, encontra-se a obrigação do órgão cooperado (Assembléia Legislativa do Estado - ALESC), pelo ressarcimento ao órgão cooperante (Prefeitura Municipal de Jaguaruna) dos vencimentos e demais vantagens do servidor cedido, conforme se depreende da Cláusula Segunda daquele instrumento.

Para execução do objeto do referido convênio, a Prefeitura Municipal de Jaguaruna concedeu afastamento à servidora Rosiane Vieira, ocupante do cargo efetivo de Técnico em Agrimensura, por meio da Portaria nº 125/2015, a

104 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1684. qual passou a vigorar a partir da data de sua publicação, qual seja, 06 de março de 2015.

Não obstante a frequência da servidora junto ao órgão cooperado durante o período de março a julho de 2015, conforme documento emitido pela ALESC, não foi evidenciado o devido ressarcimento das despesas com sua remuneração mensal, as quais vem sendo arcadas pela Prefeitura Municipal de Jaguaruna, em contrariedade aos termos do convênio firmado, bem como ao entendimento deste Tribunal.

Ressalta-se que a ausência de ressarcimento, pela Assembléia Legislativa do Estado, da remuneração mensal da servidora cedida foi atestada pela Secretária de Administração e Finanças da Prefeitura Municipal de Jaguaruna, como se depreende da declaração acostada à fl. 380 dos autos.

Além disso, foi verificado que a servidora Rosiane Vieira exerce o cargo comissionado de Secretária Parlamentar na ALESC, percebendo a remuneração do referido cargo ao mesmo tempo em que recebe a remuneração atinente ao cargo que ocupa na administração municipal, mesmo que a referida servidora não esteja desempenhando suas funções perante o Município de Jaguaruna (fl. 382).

O critério utilizado para aferir o presente achado está disposto na Cláusula Segunda do Convênio de Cooperação Técnico-Institucional firmado entre a Assembléia Legislativa do Estado e a Prefeitura Municipal de Jaguaruna, a saber:

CLÁUSULA SEGUNDA A permuta de servidores dar-se-á através de ato de disposição ou cessão de pessoal com todos os direitos e vantagens do cargo que exercem, mediante acordo entre as partes. A cessão ou disposição funcional deverá ocorrer com ressarcimento para o órgão cooperante de origem, o que quer significar que os vencimentos e demais vantagens do servidor cedido ou colocado em disposição haverão de ser ressarcidos ao órgão que o cedeu ou disponibilizou. (grifamos) No âmbito deste Tribunal, o Prejulgado 1056, já transcrito anteriormente, pode ser aplicado por analogia ao presente caso, no que tange ao ressarcimento da cessão de servidor.

105 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. 2.20.1 – Resposta à audiência e ponderações concernentes à resposta à audiência

Em resposta, o responsável Luis Arnaldo Napoli juntou suas justificativas (fl. 551) asseverando, no que se refere ao presente achado, que a ALESC tem repassado à unidade gestora os valores referentes à cessão da servidora Rosiane Vieira, de acordo com a documentação acostada às fls. 1614 a 1629.

De fato, a verificação dos documentos acostados pelo responsável demonstra que a unidade gestora vem procedendo ao ressarcimento, junto à ALESC, da cessão da servidora Rosiane Vieira, inclusive com pagamento de valores concernentes aos meses que ainda não haviam sido adimplidos à Prefeitura Municipal, de acordo com o disposto à fl. 1616. Por tal fato, afasta-se a presente restrição, recomendando-se à Prefeitura Municipal de Jaguaruna que mantenha a cobrança de ressarcimento da cessão da servidora em tela, nos termos da Cláusula Segunda Termo de Convênio efetuado entre a Prefeitura Municipal de Jaguaruna e a ALESC, e do Prejulgado 1056 deste Tribunal.

2.21. Ausência de avaliação do estágio probatório dos servidores admitidos para cargos de provimento efetivo do Poder Executivo de Jaguaruna, em descumprimento ao previsto no art. 41, caput, e § 4º da Constituição Federal e arts. 40 e 41 da Lei nº 1.113/2005

A situação encontrada pela Auditoria in loco denotou a existência de servidores admitidos em concurso público e nomeados para cargos de provimento efetivo do Quadro de Pessoal do Poder Executivo de Jaguaruna sem a devida avaliação do estágio probatório por comissão especial constituída para esse fim, omissão que impossibilita a garantia da estabilidade no serviço público municipal. O critério utilizado para aferir o presente achado é firmado pelo disposto no art. 41, caput, e § 4º da Constituição Federal, que dispõe sobre o instituto do estabilidade para os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo e

106 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1685. sobre a avaliação especial de desempenho necessária para a aquisição da estabilidade. A saber:

Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público. [...] § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade. A Lei nº 1.113/2005, que trata sobre o Estatuto e o Regime Jurídico dos Servidores Públicos do Município de Jaguaruna, assim dispõe em seus arts. 40 e 41:

Art. 40. Estabilidade é o direito de permanência no serviço público municipal do servidor nomeado para o cargo de carreira, mediante concurso público, após cumprido o estágio probatório. Parágrafo Único. O servidor estável só perderá o cargo em virtude de sentença judicial transitada em julgado ou de processo administrativo disciplinar no qual lhe seja assegurada ampla defesa e o contraditório, observados os ditames constitucionais e a legislação federal sobre a matéria. (grifo nosso) Art. 41. Estágio probatório é o período de 03 (três) anos de efetivo exercício do cargo, durante o qual serão apurados os seguintes requisitos necessários à confirmação do servidor no cargo: I - idoneidade moral; II - assiduidade; III - disciplina; IV - eficiência; V - produtividade e qualidade; VI - responsabilidade. § 1º O estágio probatório obedecerá ao procedimento compatível com a natureza do cargo, definido em regulamento aprovado pela autoridade competente. § 2º O órgão responsável pelo procedimento de estágio acompanhará o desenvolvimento do estagiário e dentro de 36 (trinta e seis meses) meses da entrada em exercício do servidor, e, no prazo dos 04 (quatro) meses finais, deverá oferecer relatório circunstanciado sobre o seu desempenho e concluir por sua confirmação ou não no cargo. § 3º Se o relatório for desfavorável ao servidor, a ele será concedido o prazo de 10 (dez) dias para apresentar defesa escrita, assegurando sempre os princípios da ampla defesa e do contraditório. § 4º Recebida a defesa, o órgão responsável pelo procedimento do estágio submeterá a matéria, instruída com parecer final, à autoridade competente para decidir, sendo que, se a decisão tomada for a de exoneração do servidor, ser-lhe-á encaminhado o respectivo ato, caso contrário fica automaticamente ratificado o ato de nomeação. § 5º A apuração dos requisitos mencionados no "caput" deste artigo deverá processar-se de modo que a exoneração, se houver, possa ser feita antes de findo o período do estágio probatório. § 6º Os procedimentos descritos nos parágrafos 2º, 3º e 4º poderão ser aplicados a qualquer tempo, enquanto não findar o estágio probatório. (grifo nosso)

107 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. No caso em tela, foi constatado pela equipe de auditoria in loco que servidores admitidos em concurso público e nomeados para cargos de provimento efetivo não foram avaliados por comissão especial durante o período de estágio probatório, impossibilitando atestar sua capacidade para desempenho do referido cargo e aquisição da estabilidade no serviço público.

Nessa senda, observe-se o entendimento doutrinário sobre o assunto:

4 – Natureza jurídica do E. P.22 12. – Se consagrarmos um pouco de atenção ao fenômeno, veremos, desde logo, que, em todos os casos em que é possível ao servidor participante do quadro rígido, ou seja, o funcionário, vir a ser estável, deve ele submeter-se a um período de experiência dentro no qual, observado o seu comportamento no serviço administrativo, provará bem, ou provará mal, para o efeito de respectivamente ser confirmado, ou infirmado. A confirmação significa a persistência da relação de função pública, assinalando, daí por diante, a garantia de poder ser demitido, após procedimento administrativo; a infirmação significa a rescisão, previamente acordada pelo funcionário ao aceitar sua nomeação, da relação de função pública, e ocorre pela exoneração, de ofício, a qual, por isso que não tem caráter de pena, depende de um procedimento administrativo [...], porém sem natureza desciplinar (sic) (DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella; SUNDFELD, Carlos Ari (Org.). Direito Administrativo: agentes públicos e improbidade. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013. v. 7. p. 161- 172. Coleção Doutrinas Essenciais; v. 7. Direito administrativo)

2.21.1 – Resposta à audiência

Em resposta, o responsável Luis Arnaldo Napoli juntou suas justificativas (fl. 552) afirmando, no que tange ao presente achado, que não foi encontrado nenhum documento relativo à avaliação do estágio probatório na unidade gestora, informando ainda que nenhum concurso público teria sido efetuado pelo gestor até a realização da Auditoria in loco.

Da mesma maneira, foram editados os Decretos nº 287 e 288, ambos de 2015, os quais visaram a regularização da ausência de estágio probatório de servidores admitidos em caráter efetivo na Prefeitura Municipal, de acordo com o que segue:

Decreto nº 287/2015 CONSIDERANDO o art. 41 da Constituição Federal onde estabelece que são estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores

22 “Estágio Probatório”

108 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1686.

nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público. CONSIDERANDO que não se encontram nos arquivos do Município de Jaguaruna documentos que comprovem que os servidores efetivos em geral passaram por avaliação de estagio probatório, nos moldes do art. 40 c/c 41 da Lei 1.113 de 23 de Dezembro de 2005 que dispõe sobre o Estatuto e Regime Jurídico dos Servidores Públicos do Município de Jaguaruna. CONSIDERANDO que os todos os servidores dispostos neste decreto foram aprovados em concurso público e possuem mais de três anos de efetivo serviço ao Município de Jaguaruna, e não podem ser responsabilizados por uma possível omissão da administração pública quanto à guarda de documentos ao longo dos anos ou por não efetuar os procedimentos de avaliação, DECRETA: Art. 1º Fica reconhecido o direito a estabilidade dos servidores dispostos no Anexo Único deste decreto nos termos do art. 41 da Constituição Federal e do art. 41 da Lei Municipal 1.113 de 23 de Dezembro de 2005 que dispõe sobre o Estatuto e Regime Jurídico dos Servidores Públicos do Município de Jaguaruna. Parágrafo único. O direito dos servidores a estabilidade disposto no art. 1º deste decreto, não depende de comprovação de estágio probatório, haja vista o direito do servidor não poder ser atingido pela omissão da administração pública ao longo dos anos com a guarda de documentos ou não efetuar os procedimentos de avaliações adequados. Art. 2º Fica determinado ao responsável pelo Departamento de Recursos Humanos a juntada de cópia deste decreto na pasta funcional de cada servidor disposto no anexo único. Art. 3º Este decreto entra em vigor na data de sua publicação. Gabinete do Prefeito, Jaguaruna em 14 de Dezembro de 2015.

Decreto nº 288/2015 CONSIDERANDO o art. 41 da Constituição Federal onde estabelece que são estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público. CONSIDERANDO que não se encontram nos arquivos do Município de Jaguaruna documentos que comprovem que os servidores efetivos em geral passaram por avaliação de estagio probatório, nos moldes do art. 40 c/c 41 da Lei 1.113 de 23 de Dezembro de 2005 que dispõe sobre o Estatuto e Regime Jurídico dos Servidores Públicos do Município de Jaguaruna. CONSIDERANDO que os servidores dispostos neste decreto foram aprovados em concurso público e não possuem ainda três anos de efetivo serviço ao Município de Jaguaruna, DECRETA: Art. 1º Fica instituído Comissão de Avaliação de Estágio Probatório, para avaliar os servidores dispostos no anexo único deste decreto, nos termos do decreto municipal 238/2011 que estabelece os procedimentos de avaliação. Art. 2º A Comissão é composta pelos seguintes servidores, sob a presidência do primeiro: I - ANA CLAUDIA CRUZ RAMOS, matricula 2199;

109 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. II - SIMONI GOULART, matricula 3115; III - GRASIELE GOULART DOS SANTOS PACHECO, matricula 2691. Parágrafo único. Todos os servidores envolvidos nesta comissão devem possuir cargos efetivos, estáveis e com nível superior. Art. 3º Este decreto entra em vigor na data de sua publicação. Gabinete do Prefeito, Jaguaruna em 14 de Dezembro de 2015.

2.21.2 - Ponderações concernentes à resposta à audiência

Tendo em vista que o responsável tomou as devidas providências para corrigir a ausência da realização de estágio probatório na unidade gestora, fato que perdurava há muito tempo na Prefeitura Municipal, entende esta instrução que a irregularidade apontada pode ser considerada sanada. Por outro lado, pugna-se por determinar à Prefeitura Municipal de Jaguaruna que comprove a esta Corte de Contas a realização de estágio probatório dos servidores admitidos em caráter efetivo após a edição do Decreto nº 288/2015, nos termos do art. 41, caput, e § 4º da Constituição Federal e arts. 40 e 41 da Lei nº 1.113/2005.

3. DA RESPONSABILIDADE

As atribuições do Prefeito Municipal, vinculadas aos achados de auditoria constantes do item “2” deste relatório, estão dispostas na Lei Orgânica do Município de Jaguaruna, conforme segue:

Art. 70. Compete, privativamente, ao Prefeito Municipal: [...] V - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para a sua fiel execução; [...] VII - dispor sobre a organização e o funcionamento da administração municipal, na forma da lei; [...] IX - nomear e exonerar servidores, segundo a lei; [...] XII - prover e extinguir os cargos públicos municipais na forma da lei; [...]

110 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1687.

4. CONCLUSÃO

Diante do exposto, estando as irregularidades sujeitas à apuração por esta Corte de Contas, conforme as atribuições conferidas pelo art. 59 e incisos da Constituição Estadual, e tendo em vista que a argumentação da defesa não justificou a totalidade das restrições apontadas, entende este Corpo Instrutivo que este Tribunal de Contas, quando da apreciação do processo em epígrafe, decida: 4.1. Conhecer do Relatório DAP nº 1437/2017, que trata de Auditoria realizada na Prefeitura Municipal de Jaguaruna para verificar a legalidade dos atos de pessoal, ocorridos no período de 1º/01/2014 a 14/08/2015, o qual também congrega o objeto do processo apensado nº REP – 14/00214421.

4.2. Considerar irregular, com fundamento no art. 36, § 2º, alínea “a”, da Lei Complementar nº 202/2000:

4.2.1. o pagamento de adiantamento de remuneração para servidores públicos da Prefeitura Municipal, em descumprimento ao previsto no art. 37, caput, e inciso X da Constituição Federal; arts. 63, caput, e 68 da Lei Federal nº 4320/1964; art. 45 da Lei nº 1113/2005 e Prejulgado nº 1887 do TCE-SC (item 2.1 deste relatório);

4.2.2. a concessão de adicional de insalubridade pela Prefeitura Municipal a servidores que não possuíam tal direito e em índices diversos daqueles previstos em laudo técnico, em desacordo ao disposto no art. 37, caput, da Constituição Federal; e art. 59, da Lei nº 1113/2005 (item 2.2 deste relatório);

4.2.3. a ausência de quadro próprio de servidores ocupantes de cargo de provimento efetivo para o desempenho dos serviços jurídicos da Prefeitura Municipal, concomitante à existência de servidores ocupantes de cargo comissionado de Assessor Jurídico e à contratação de pessoa jurídica para a prestação de serviços de assessoria e consultoria jurídica técnica especializada, em burla ao instituto do concurso público e em descumprimento ao previsto no art. 37, incisos II e V da Constituição Federal; art. 74, § 2º da Lei

111 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Orgânica de Município de Jaguaruna; e Prejulgados 1579 e 1911 do TCE-SC (item 2.3 deste relatório);

4.2.4. a ausência de atribuições de cargos de provimento em comissão de Assessor Especial I, II, III; Assessor I, II e III; e de Diretor de Departamento I, II, III, IV e V da Prefeitura Municipal, tendo em vista que as atribuições existentes em lei são conferidas de forma genérica, sem diferenciar quais seriam as funções desempenhadas por cada tipo de Assessor e por cada tipo de Diretor de Departamento, em descumprimento ao previsto no art. 37, inciso V, e art. 39, § 1º, e incisos I, II e II da Constituição Federal; art. 2º, inciso II da Lei nº 1113/2005 e; art. 3º, inciso III, da Lei nº 1170/2007 (item 2.6 deste relatório);

4.2.5. o quadro funcional dos Departamentos de Controle Interno, Recursos Humanos e Ponto Eletrônico, tendo em vista a ausência de servidores ocupantes de cargo de provimento efetivo que sejam subordinados às chefias dos respectivos órgãos e a inexistência de cargos comissionados específicos atrelados ao desempenho das funções de direção de recursos humanos e ponto eletrônico, em desvirtuamento às atribuições de direção, chefia e assessoramento e em descumprimento ao art. 37, caput, e incisos II e V da Constituição Federal e à jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (item 2.7 deste relatório);

4.2.6. a admissão de pessoal para os empregos públicos de Odontólogo – ESF, Enfermeiro – ESF, Técnico de Enfermagem – ESF, Auxiliar de Enfermagem – ESF e Médico - ESF, tendo em vista a adoção de regime celetista para o desempenho de respectivas funções, em desacordo ao previsto no art. 39, caput, da Constituição Federal (nos termos da Medida Cautelar deferida na ADI nº 2135-4, do Supremo Tribunal Federal); art. 1º da Lei nº 1113/2005 e Prejulgado 1083 do TCE-SC (item 2.8 deste relatório);

4.2.7. o controle da jornada de trabalho de servidores da Prefeitura Municipal, tendo em vista o registro meramente formal na Secretaria Municipal de Educação, em descumprimento ao previsto no art. 37, caput, da Constituição Federal e decisões desta Corte de Contas (item 2.9 deste relatório);

112 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1688.

4.2.8. o pagamento de Adicional pela Prestação de Serviços Extraordinários (Horas Extras) sem a devida comprovação de seu cumprimento, em desacordo ao previsto no art. 37, caput, da Constituição Federal e no art. 63 da Lei Federal nº 4.320/1964 (item 2.10 deste relatório);

4.2.9. a admissão de servidores em caráter temporário (ACTs) para substituir servidores ocupantes de cargo de provimento efetivo em licença sem vencimentos, em descumprimento ao previsto no art. 37, inciso IX, da Constituição Federal; art. 26 da Lei nº 1.170/2007 e Prejulgado nº 2046 desta Corte de Contas (item 2.12 deste relatório);

4.2.10. a existência de 80 (oitenta) servidores contratados em caráter temporário sem a realização de Processo seletivo, em desrespeito ao art. 37, caput (princípio da impessoalidade) e inciso II da Constituição Federal, e ao Prejulgado nº 1927 do Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina (item 2.13 deste relatório);

4.2.11. a contratação de servidores temporários, tendo em vista haver somente servidores contratados temporariamente para o desempenho das atividades de Mecânico, Monitor de Transporte Escolar e Engenheiro Agrimensor; o excessivo número de servidores admitidos temporariamente para as funções de Técnico de Enfermagem e o expressivo número de servidores admitidos temporariamente para as funções de Professor, Engenheiro Civil e Auxiliar de Consultório Dentário, em desrespeito ao art. 37, incisos II e IX da Constituição Federal e à Lei 1170/2007 (item 2.14 deste relatório);

4.2.12. a contratação de servidores temporários sem comprovação da habilitação exigida para o desempenho da função, em desrespeito ao art. 37, inciso I da Constituição Federal e à Lei nº 1170/2007 e alterações subsequentes (item 2.15 deste relatório);

4.2.13. o pagamento de gratificação a servidor ocupante de cargo de provimento efetivo que está cedido a órgão estranho à estrutura da Prefeitura Municipal de Jaguaruna, em desacordo ao previsto no arts. 2º, e 54 a 57 da Lei Complementar nº 1.113/2005, que dispõe sobre o Estatuto e o Regime Jurídico dos servidores públicos do Município de Jaguaruna (item 2.19 deste relatório).

113 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. 4.3. Aplicar multa:

4.3.1. ao Sr. Luis Arnaldo Napoli (CPF nº 467.589.179-91), Prefeito Municipal de Jaguaruna de 1º/01/2013 até a data da auditoria (14/08/2015), na forma do disposto no art. 70, inciso II, da Lei Complementar Estadual nº 202/2000, e art. 109, inciso II, da Resolução nº TC-06/2001 (Regimento Interno do Tribunal de Contas), fixando-lhe o prazo de 30 (trinta) dias, a contar da publicação do acórdão no Diário Oficial Eletrônico do Tribunal de Contas, para comprovar a este Tribunal o recolhimento da multa ao Tesouro do Estado, sem o que fica desde logo autorizado o encaminhamento da dívida para cobrança judicial, observado o disposto nos arts. 43, inciso II, e 71 da Lei Complementar (estadual) nº 202/2000, pelas irregularidades explicitadas nos itens 4.2.1 a 4.2.5 e 4.2.7 a 4.2.13 da conclusão deste relatório;

4.3.2. ao Sr. Heberton Luiz Stork (CPF nº 056.518.149-14), Tesoureiro Geral da Prefeitura Municipal de 1º/01/2013 até a data da auditoria (14/08/2015), na forma do disposto no art. 70, inciso II, da Lei Complementar Estadual nº 202/2000, e art. 109, inciso II, da Resolução nº TC-06/2001 (Regimento Interno do Tribunal de Contas), fixando-lhe o prazo de 30 (trinta) dias, a contar da publicação do acórdão no Diário Oficial Eletrônico do Tribunal de Contas, para comprovar a este Tribunal o recolhimento da multa ao Tesouro do Estado, sem o que fica desde logo autorizado o encaminhamento da dívida para cobrança judicial, observado o disposto nos arts. 43, inciso II, e 71 da Lei Complementar (estadual) nº 202/2000, pela irregularidade explicitada no item 4.2.1 da conclusão deste relatório.

4.4. Determinar à Prefeitura Municipal de Jaguaruna, na pessoa do Prefeito Municipal, que:

4.4.1. no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, a contar da publicação desta deliberação no DOTC-e, comprove a esta Corte de Contas a realização de concurso público para o provimento efetivo do cargo de Advogado, firmando-se o certame a ser realizado nos princípios da legalidade, impessoalidade, publicidade e moralidade administrativa, previstos no art. 37, caput, da Constituição Federal, além do respeito ao instituto do concurso público para a admissão de servidores que desempenhem atividades permanentes jurídicas da administração pública, nos termos do inciso II do

114 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1689. mesmo artigo constitucional e do Prejulgado nº 1911 desta Corte de Contas (item 2.3 deste relatório);

4.4.2. no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, a contar da publicação desta deliberação no DOTC-e, remeta, por meio eletrônico, a documentação atinente à complementação de aposentadoria dos servidores Liduardo Timoteo Correa, Renato Luiz da Silva e Wanderley Paulo Fernandes, nos termos do art. 1º, caput, e § 5º da Instrução Normativa nº TC-11/2011 do TCE-SC. (item 2.4 deste relatório);

4.4.3. no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, a contar da publicação desta deliberação no DOTC-e, comprove a esta Corte de Contas o estabelecimento das atribuições dos cargos comissionados de Assessor Especial I, II, III; Assessor I, II e III; e de Diretor de Departamento I, II, III, IV e V de forma específica, que discrimine as atividades a serem desempenhadas por cada um dos servidores que vierem a ocupar os referidos cargos, nos termos do art. 37, inciso V, e art. 39, § 1º, e incisos I, II e II da Constituição Federal; art. 2º, inciso II da Lei nº 1113/2005 e; art. 3º, inciso III, da Lei nº 1170/2007 (item 2.6 deste relatório);

4.4.4. no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, a contar da publicação desta deliberação no DOTC-e, comprove a esta Corte de Contas a readequação do quadro funcional dos Departamentos de Controle Interno e Recursos Humanos, com a composição de um número adequado de servidores em sua estrutura e com a readequação da estrutura administrativa quanto à necessidade da existência do Departamento de Ponto Eletrônico, de modo a que os ocupantes de cargo comissionado dos referidos cargos desempenhem exclusivamente funções de direção, chefia e assessoramento, com a consequente existência de subordinados que executem as funções técnicas e permanentes dos referidos setores, nos termos dos incisos II e V art. 37 da Constituição Federal (item 2.7 deste relatório);

4.4.5. no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, a contar da publicação desta deliberação no DOTC-e, comprove a esta Corte de Contas a alteração do regime jurídico dos Odontólogos – ESF, Enfermeiros – ESF, Técnicos de Enfermagem – ESF, Auxiliares de Enfermagem – ESF e Médicos – ESF para o regime estatutário, de acordo com o disposto no art. 39, caput, da Constituição

115 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Federal (nos termos da Medida Cautelar deferida na ADI nº 2135-4, do Supremo Tribunal Federal); art. 1º da Lei nº 1113/2005 e Prejulgado 1083 do TCE-SC (item 2.8 deste relatório);

4.4.6. no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, a contar da publicação desta deliberação no DOTC-e, comprove a esta Corte de Contas o estabelecimento do registro da jornada diária de trabalho dos servidores em exercício nas Escolas Municipais de forma exata, com o apontamento dos horários de entrada e saída registrados de forma nominal e em sequência, até a adoção do ponto eletrônico para os estabelecimentos de ensino, nos termos do art. 37, caput, da Constituição Federal (item 2.9 deste relatório);

4.4.7. no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, a contar da publicação desta deliberação no DOTC-e, comprove a esta Corte de Contas o desligamento das servidoras Janice dos Santos Garcia Bittencourt e Rosângela Maria de Lima do quadro funcional da unidade gestora, com a consequente abstenção em contratar servidores temporários para substituição de servidores ocupantes de cargo de provimento efetivo em licença para tratamento de interesse particular, nos termos do art. 37, inciso IX e XVI, da Constituição Federal; art. 26 da Lei nº 1.170/2007 e Prejulgado nº 2046 desta Corte de Contas (item 2.12 deste relatório);

4.4.8. no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, a contar da publicação desta deliberação no DOTC-e, comprove a esta Corte de Contas, por meio de relatório circunstanciado, que o quadro de servidores temporários vigente na unidade gestora seja composto somente por servidores submetidos a prévio processo seletivo, com a indicação do servidor e do processo seletivo que possibilitou a admissão temporária, abstendo-se, por consequência, de contratar servidores temporários sem processo seletivo, nos termos do art. 37, caput (princípio da impessoalidade) e inciso II da Constituição Federal e ao Prejulgado nº 1927 do TCE-SC (item 2.13 deste relatório);

4.4.9. no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, a contar da publicação desta deliberação no DOTC-e, comprove a esta Corte de Contas a realização de concurso público regular, com base nos princípios da impessoalidade e moralidade administrativa, para o preenchimento dos cargos efetivos de Mecânico, Monitor de Transporte Escolar, Engenheiro Agrimensor, os quais

116 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1690. não possuíam servidores ocupantes de cargo de provimento efetivo provido à época da Auditoria in loco, e para os cargos efetivos de Engenheiro Civil, Técnico em Saúde Bucal e Técnico de Enfermagem, readequando o seu quadro funcional com remanejamento de pessoal efetivo caso não seja necessária a admissão em caráter efetivo, para que a contratação temporária seja relegada a hipóteses de excepcional interesse público, com a consequente comprovação a esta Corte de Contas de que a mudança na carga horária de professores da unidade gestora tenha reduzido efetivamente o número de servidores temporários no desempenho dessa última função, com a remessa do quadro de servidores ocupantes do cargo de provimento efetivo de professor e de servidores temporários exercendo a função de professor, nos termos do art. 37, incisos II e IX da Constituição Federal e à Lei 1170/2007 (item 2.14 deste relatório);

4.4.10. no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, a contar da publicação desta deliberação no DOTC-e, comprove a esta Corte de Contas a adoção de providências imediatas quanto ao retorno do servidor Humberto Moretto, que está cedido para exercício de função perante a Justiça Eleitoral desde 1988, às suas atividades na unidade gestora, com a consequente cessação do pagamento da "Gratificação de Auxiliar Eleitoral aos servidores à disposição da Justiça Eleitoral", de acordo com o disposto nos arts. 2º, 54 a 57 e 89 da Lei nº 1.113/2005; arts. 2º, § 1º, e art. 3º e §§ 1º e 2º da Lei Federal nº 6.999/1982 e Prejulgados 1056 e 1364 deste Tribunal (itens 2.18 e 2.19 deste relatório);

4.4.11. no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, a contar da publicação desta deliberação no DOTC-e, comprove a esta Corte de Contas a realização de estágio probatório dos servidores admitidos em caráter efetivo após a edição do Decreto nº 288/2015, nos termos do art. 41, caput, e § 4º da Constituição Federal e arts. 40 e 41 da Lei nº 1.113/2005 (item 2.21 deste relatório);

4.4.12. no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, a contar da publicação desta deliberação no DOTC-e comprove a este Tribunal de Contas a adoção, de imediato, de providências administrativas, nos termos do art. 3º da Instrução Normativa n. TC-13/2012, visando ao ressarcimento aos cofres públicos dos danos decorrentes do pagamento de adicional de insalubridade para servidores

117 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. que não tinham direito ou em percentuais diversos do disposto no LTCAT de julho de 2013, nos termos do art. 37, caput, da Constituição Federal; e art. 59, da Lei nº 1113/2005 (item 2.2 deste relatório) e do pagamento de adicional de horas extras nos meses de junho e julho de 2015 aos servidores constantes do Quadro 08 deste relatório, tendo em vista a ausência de comprovação da prestação do serviço extraordinário, nos termos do art. 37, caput, da Constituição Federal e do art. 63 da Lei Federal nº 4.320/1964 (item 2.10 deste relatório);

4.4.12.1 Caso as providências referidas no item anterior restarem infrutíferas, deve a autoridade competente proceder à instauração de tomada de contas especial, nos termos do art. 10, §1º, da Lei Complementar n. 202/2000, com a estrita observância do disposto no art. 12 da Instrução Normativa n. TC-13/2012, que dispõe sobre os elementos integrantes da tomada de contas especial, para apuração dos fatos descritos acima, identificação dos responsáveis e quantificação do dano, a partir da verificação das irregularidades, sob pena de responsabilidade solidária;

4.4.12.2. Fixar o prazo de 95 (noventa e cinco) dias, a contar da comunicação desta deliberação, para que a Prefeitura Municipal comprove a este Tribunal o resultado das providências administrativas adotadas (art. 3º, § 1º, da Instrução Normativa n. TC-13/2012) e, se for o caso, a instauração de tomada de contas especial, com vistas ao cumprimento do art. 7º da referida Instrução Normativa;

4.4.12.3. A fase interna da tomada de contas especial deverá ser concluída no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias, a contar da data de sua instauração, conforme dispõe o art. 11 da referida Instrução Normativa.

4.4.13. doravante se abstenha de efetuar “adiantamento” de remuneração aos seus servidores, nos termos do art. 37, caput, e inciso X da Constituição Federal; arts. 63, caput, e 68 da Lei Federal nº 4320/1964; art. 45 da Lei nº 1113/2005 e Prejulgado nº 1887 do TCE-SC (item 2.1 deste relatório);

4.4.14. doravante se abstenha de contratar servidores temporários sem a habilitação específica para o desempenho da função, nos termos do art. 37, inciso I da Constituição Federal e à Lei nº 1170/2007 (item 2.15 deste relatório);

118 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1691.

4.5. Recomendar à Prefeitura Municipal de Jaguaruna que:

4.5.1. consolide de forma exata os dados relativos ao Relatório de Gestão Fiscal de despesa de pessoal, para que não haja discrepâncias nos dados consolidados, nos termos dos arts. 54 e 55 da Lei Complementar Federal nº 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal) (item 2.5 deste relatório);

4.5.2. ao permitir a realização de serviço extraordinário, somente o faça em casos específicos e eventuais, nos termos do art. 60, § 3º, da Lei nº 1113/2005 e Prejulgado 2101 do TCE-SC (item 2.11 deste relatório);

4.5.3. se abstenha em ceder estagiários em qualquer hipótese, nos termos do Prejulgado nº 1364 do TCE-SC (item 2.17 deste relatório);

4.5.4. ao efetuar a cessão de servidor, edite ato que disponha sobre as suas condições (prazo da cessão, referência ao convênio e à lei de diretrizes orçamentárias), nos termos do Prejulgado 1009.

4.5.5. envide esforços junto ao Poder Legislativo Municipal para a revogação dos dispositivos insertos na nº 1271/2008, cessando a possibilidade de pagamento de gratificação a servidor em exercício em órgão diverso daquele no qual ingressou de forma efetiva (item 2.19 deste relatório);

4.5.6. mantenha a cobrança de ressarcimento da cessão de servidor para a ALESC, nos termos da Cláusula Segunda Termo de Convênio efetuado entre a Prefeitura Municipal de Jaguaruna e a ALESC, e do Prejulgado 1056 deste Tribunal (item 2.20 deste relatório);

4.6. Alertar a Prefeitura Municipal de Jaguaruna, na pessoa do Prefeito Municipal, da imprescindível tempestividade e diligência no cumprimento das determinações exaradas por este Tribunal, sob pena de aplicação das sanções previstas no art. 70, inciso III e § 1º da Lei Complementar Estadual nº 202/2000;

4.7. Determinar à Diretoria de Controle de Atos de Pessoal – DAP que monitore o cumprimento das determinações expedidas nesta decisão, mediante diligências e/ou inspeções in loco e, ao final dos prazos nela fixados, se manifeste pelo arquivamento dos autos quando cumprida a decisão ou pela adoção das providências necessárias, se for o caso, quando verificado o não

119 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. cumprimento da decisão, submetendo os autos ao Relator para que decida quanto às medidas a serem adotadas.

4.8. Dar ciência deste Acórdão, do Relatório e do Voto do Relator que o fundamentam, bem como do Relatório Técnico nº DAP – 1436/2017:

4.8.1. aos responsáveis e à Prefeitura Municipal de Jaguaruna;

4.8.2. ao Supervisor da Ouvidoria do TCE-SC, nos termos do item 2.9 deste relatório;

4.8.3. à Secretaria de Estado da Segurança Pública de Santa Catarina, para que tome as providências que entender cabíveis com relação aos apontamentos efetuados no item 2.17 deste relatório.

É o Relatório. Diretoria de Controle de Atos de Pessoal, em 25 de agosto de 2017.

RAPHAEL PERICO DUTRA Auditor Fiscal de Controle Externo

De acordo:

FERNANDA ESMERIO TRINDADE MOTTA Auditor Fiscal de Controle Externo Chefe da Divisão

Encaminhem-se os Autos à elevada consideração do Exmo. Sr. Relator Gerson dos Santos Sicca, ouvido preliminarmente o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas.

MARCOS ANTONIO MARTINS Diretor em Exercício da DAP

120 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo.