TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA Fls 1632
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA Fls 1632. DIRETORIA DE CONTROLE DE ATOS DE PESSOAL PROCESSO Nº: RLA-15/00465531 UNIDADE GESTORA: Prefeitura Municipal de Jaguaruna RESPONSÁVEIS: Luis Arnaldo Napoli - Prefeito Municipal de 1º/01/2013 até a data da auditoria (14/08/2015) Heberton Luiz Stork – Tesoureiro Geral da Prefeitura Municipal de 1º/01/2013 até a data da auditoria (14/08/2015) ASSUNTO: Auditoria in loco relativa a atos de pessoal, com abrangência sobre o período de 1º/01/2014 a 14/08/2015 RELATOR Gerson dos Santos Sicca UNIDADE TÉCNICA Divisão 1 - DAP/COAP I/DIV1 RELATÓRIO Nº: DAP – 1436/2017 – Relatório Conclusivo 1. INTRODUÇÃO Em atendimento à programação estabelecida e cumprindo as atribuições de fiscalização conferidas ao Tribunal de Contas pelo art. 59, inciso IV, da Constituição Estadual; art. 1º, inciso V, da Lei Complementar nº 202/2000 - Lei Orgânica do Tribunal de Contas; e art. 1º, inciso V, da Resolução nº TC 06/2001 – Regimento Interno do Tribunal de Contas, a Diretoria de Controle de Atos de Pessoal - DAP realizou Auditoria in loco na Prefeitura Municipal de Jaguaruna. A Auditoria foi autorizada pelo Diretor Geral de Controle Externo, de acordo com o disposto no Memo. DAP 28/2015, de 29/07/2015 (fls. 03 e 04), sendo realizada efetivamente no período de 10 a 14/08/2015. Através do Ofício TCE/DAP nº 14.011/2015, de 07/08/2015 (fl. 12), foi designada equipe de auditoria, com o intuito de verificar a regularidade dos atos de pessoal, com abrangência sobre remuneração/proventos, cargos de provimento efetivo e comissionado, cessão de servidores, contratação por tempo determinado, controle de frequência e controle interno, ocorridos a partir do exercício de 2014. A Auditoria in loco constatou algumas restrições que foram apontadas no Relatório Técnico nº 6758/2015, acostado às fls. 398 a 439, o qual foi acolhido pelo Relator, que determinou a realização de Audiência dos responsáveis, nos 1 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. termos do art. 29, § 1º, c/c art. 35 da Lei Complementar nº 202/2000, de acordo com o Despacho nº GAC/CFF – 1131/2015 (fls. 440 e 440v) As respostas à Audiência, efetuada pelos responsáveis, foram acostadas aos autos de acordo com o que segue: - Luis Arnaldo Napoli – fls. 517 a 556, com anexos de fls. 557 a 1630. - Heberton Luiz Stork – fls. 511 e 512, com anexos de fls. 513 a 516. 2. ANÁLISE Inicialmente, cabe ressaltar que a Auditoria in loco efetuada na Prefeitura Municipal de Jaguaruna apontou vinte e uma restrições, de acordo com o disposto no Relatório Técnico nº 6758/2015, as quais serão reapreciadas nos itens 2.1 a 2.21 deste relatório, de acordo com a sequência da presente instrução. Cabe ressaltar, entretanto, que serão analisadas primeiramente algumas razões preliminares trazidas aos autos pelo responsável Sr. Luis Arnaldo Napoli, de acordo com os argumentos trazidos às fls. 517 a 524. O gestor aduziu que assumiu a chefia do Poder Executivo Municipal em 1º/01/2013, sendo que a Chefia do Setor de Recursos Humanos era ocupada pelo servidor Wanderley Paulo Fernandes, pertencente ao quadro efetivo de pessoal da unidade gestora e que possuía experiência no setor em tela. De tal modo, tendo em vista a experiência do servidor na matéria e as atribuições do Departamento de Contabilidade, Administração Financeira e Orçamentária e de Recursos Humanos da Prefeitura Municipal, constantes do art. 42 da Lei nº 811/19981, o gestor asseverou que o Setor de Recursos Humanos controlava 1 Art. 42 - Compete ao Departamento de Contabilidade, Administração Financeira, Orçamentária e de Recursos Humanos: [...] XII - Elaborar e promover concursos públicos para admissão de pessoal necessário ao bom desempenho das ações da Prefeitura Municipal; XIII - recrutar, selecionar, admitir e treinar o pessoal que vier a pertencer ao quadro do Poder Executivo; XIV - cuidar das questões referentes à movimentação de pessoal, como o registro de admissão e demissão, anotações funcionais e remuneração, providenciando o efetivo cumprimento das obrigações e encargos sociais na forma estabelecida; XV - controlar a carga horária e o ponto dos servidores; XVI - realizar enquadramento, reenquadramento, transposição, promoção funcional, transferência e alteração de regime jurídico do pessoal pertencente ao quadro do Poder Executivo; 2 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1633. os procedimentos relativos aos atos de pessoal, cabendo ao Prefeito o “ato finalístico”, isto é, de assinar as portarias com os diversos atos do setor de pessoal. Da mesma maneira, o gestor afirmou que a aposentadoria do referido servidor fez com que a chefia do Setor de Recursos Humanos fosse atribuída à outra servidora em 13/08/2014, Mayara dos Santos Molodon, a qual, ao assumir o cargo, propôs mudanças nos procedimentos administrativos da área de pessoal, tais como a revisão de carga horária dos servidores, ajuste do organograma, revisão de vantagens e gratificações salariais e implantação de procedimento de justificativa de horas extras. De tal modo, com base em tais propostas, o gestor informou que o sistema de ponto eletrônico foi implantado no início de 2015 para testes, assim como algumas legislações foram editadas, com o objetivo de implementar as mudanças pretendidas pela administração municipal na área de recursos humanos. O gestor informou, ainda, que o ponto eletrônico foi instalado em praticamente todos os setores da unidade gestora ao final de 2015, restando a instalação dos referidos nas escolas municipais. Na mesma toada, o gestor asseverou que as mudanças pretendidas na área de pessoal foram interrompidas por questões políticas, as quais dificultaram a edição e alteração de leis na Câmara Municipal, o que coincidiu com a realização da Auditoria in loco efetuada por este Corpo Técnico na Prefeitura Municipal de Jaguaruna, que foi executada ao mesmo tempo em que o Município de Jaguaruna tinha instituído uma “frente de trabalho” em busca da regularização do Setor de Recursos Humanos, com o aval do Prefeito. O gestor afirmou, enfim, que deu sequência aos procedimentos administrativos existentes na Prefeitura Municipal quando assumiu a Chefia do Poder Executivo, os quais julgava regulares, tomando consciência das XVII - promover sindicâncias, processos disciplinares e administrativos para apurar a denúncia de possíveis irregularidades cometidas por servidor municipal inerentes às atribuições deste setor; XVIII - cuidar das questões referentes à concessão de férias e licenças; XIX - conceder mérito funcional e elogio, após ato do Prefeito; XX - aplicar penalidades disciplinares ao servidor municipal em ilícito previsto em lei; XXI - cuidar para que sejam lavrados os apostilamentos funcionais; 3 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. necessidades do Setor de Recursos Humanos após a troca de servidores em exercício no referido setor. Com base nas questões trazidas pelo gestor, é necessário destacar o disposto no art. 35, parágrafo único, da Lei Complementar Estadual nº 202/2000, que se trata da Lei Orgânica do TCE-SC, de acordo com o que segue: Art. 35. [...] Parágrafo único. Audiência é o procedimento pelo qual o Tribunal dá oportunidade ao responsável, em processo de fiscalização de atos e contratos e na apreciação de atos sujeitos a registro, para justificar, por escrito, ilegalidade ou irregularidade quanto à legitimidade ou economicidade, passíveis de aplicação de multa. Vislumbra-se da leitura do dispositivo supracitado que a audiência se refere aos atos eivados de ilegalidade ou irregularidades quanto à legitimidade ou economicidade, verificados pela fiscalização efetuada pelo Tribunal de Contas. No entender desta instrução, os atos supracitados são os atos perpetrados pelo gestor na consecução de suas funções, isto é, tais atos podem se tratar de um caso específico atrelado à implementação de uma situação fático-jurídica (nomeação de um servidor) ou a um ato de gestão (direção das atividades administrativas da unidade gestora). De tal modo, as condutas atribuídas ao Sr. Luis Arnaldo Napoli, enumeradas no item 5 (intitulado “Proposta de Encaminhamento”) do Relatório de Audiência nº 6758/2015, se referem a atos praticados pelo gestor no desempenho de suas funções de Prefeito Municipal, conforme se constata da leitura do item 5.1.1 da referida instrução, que alude tanto a atos omissivos (alíneas “c”, “d”, “i”, “t” e “u” do item 5.1.1) como comissivos (alíneas “a”, “b”, “e”, “f” e “g”, “h”, “j”, “k”, “l”, “m”, “n”, “o”, “p”, “q” e “r”, “s” do item 5.1.1), ou ainda a atos normativos (alíneas “e” e “m” do item 5.1.1) ou de gestão (alíneas “c”, “f”, “g”, “i”, “k”, “n”, “t” e “u” do item 5.1.1). Assim, não há como afastar a responsabilidade do Sr. Luis Arnaldo Napoli, tendo em vista que o referido era o dirigente máximo da unidade gestora à época dos fatos apontados pela auditoria in loco, assim como dispõe a Lei Orgânica do Município de Jaguaruna em seu art. 70, de acordo com o que segue: 4 Processo: RLA-15/00465531 - Relatório: DAP - 1436/2017 – Relatório Conclusivo. Fls 1634. Art. 70. Compete, privativamente, ao Prefeito Municipal: [...] V - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para a sua fiel execução; [...] VII - dispor sobre a organização e o funcionamento da administração municipal, na forma da lei; [...] IX - nomear e exonerar servidores, segundo a lei; [...] XII - prover e extinguir os cargos públicos municipais na forma da lei; [...] De acordo