As Interfaces De Dogville1

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As Interfaces De Dogville1 As Interfaces de Dogville1 Ândrea Cristina Sulzbach2 Resumo Esse trabalho analisa o conceito de cinema realista na linguagem cinematográfica do filme Dogville (2003), obra do cineasta dinamarquês Lars von Trier que nessa produção rompe com diversas regras do seu manifesto Dogma 95. Os suportes de seu processo criativo são estudados dentro das diferentes interfaces que o constitui. Percebe-se a influência das Artes Cênicas, o que origina um cenário não naturalista e convencional ao cinema hegemônico. No entanto em relação à partitura da interpretação e preparo de ator o cineasta se apóia em preceitos opostos, o antagônico presente em grande parte de sua filmografia caracteriza seu estilo visual e gera uma mídia reflexiva. Palavras-chave: cinema; teatro; comunicação. Introdução A primeira imagem em movimento pôde ser vista pela primeira vez em 1888 nos Estados Unidos através do cinescópio, aparelho desenvolvido por Thomas Alva Edison, essa invenção consistia em uma pequena caixa com uma lente, o espectador inseria uma moeda e observava, isoladamente, as imagens. O cinematógrafo, patenteado pelos Irmãos franceses Lumière, seguia um processo diferenciado, projetava a imagem em uma tela, muitas vezes essa tela era um simples lençol ou mesmo uma parede. Devido a essa diferença, em que o segundo aparelho se assemelha muito a forma de se exibir filmes atualmente, se legitimou como a primeira exibição cinematográfica oficial a data de 28 de dezembro de 1895, momento em que é fixada a inauguração do cinema com a mostra, proporcionada pelos Irmãos Lumiére, de vários filmes de curta duração e a cave _______________________________ ¹ Trabalho apresentado à disciplina Teorias da Comunicação do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Linguagens da Universidade Tuiuti do Paraná. 1º. Semestre de 2013. 2 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Linguagens da Universidade Tuiuti do Paraná. Linha de Estudos de Cinema e Audiovisual. E-mail:[email protected] 1 O cinema sofre um desenvolvimento gradativo desde sua primeira exibição pública, ampliação proporcionada por diferentes estilos visuais adquiridos por cineastas e também decorridas de novas tecnologias que surgiram principalmente no que se refere a câmeras cinematográficas e lentes. O mais recente degrau nessa escala de evolução é a câmera digital, a qual interfere diretamente na linguagem cinematográfica indiferente ao estilo visual do diretor. Ao ser premiado com a Palma de Ouro por seu filme Dançando no Escuro, o qual se tornou objeto de estudo ao utilizar em uma cena cerca de 100 câmeras digitais, o cineasta Lars Von Trier proporcionou um novo espaço no universo cinematográfico aos filmes que aderiram as recentes tecnologias. O facilitador desse processo, além do cineasta já possuir certo prestígio ganho com seus trabalhos anteriores como o filme Europa o qual recebeu duas premiações em Cannes no ano de 1991, se deve ao fato de Trier ser autor de um manifesto, o Dogma 95, que obteve ampla divulgação na mídia. O referido movimento se baseia em dez regras que definem os seus seguidores como monges cineastas, os quais utilizam técnicas não convencionais na realização de seus filmes, entre eles a utilização da câmera digital. A pesquisa em questão pretende contribuir na ampliação bibliográfica através da análise fílmica da obra de um cineasta de grande destaque que se ocupa da presente tecnologia vigente. O cinema digital invade vertiginosamente o cenário cinematográfico e constrói gradativamente novas teorias, por isso se faz necessário observar constantemente suas interfaces. Optou-se por verificar quais instrumentos Trier aplicou ao desenvolver em Dogville uma linguagem realista mesmo não seguindo os preceitos convencionais de cenografia e quais meios lhe serviram de suporte para alcançar esse propósito. O Manifesto e sua ruptura. Em 1919 Dziga Vertov cineasta nascido em Bialystok (região que pertencia à Polônia e depois a Rússia) cria o grupo de documentaristas-kinocs, o qual é regido por um manifesto intitulado Conselho dos Três que entre outras considerações alega que os filmes de aventura norte-americanos, apesar de contribuir com a evolução da linguagem cinematográfica é desordenado e de modo algum fundamentado sobre o estudo preciso do movimento. (XAVIER, 1977, p. 248). Em 1995 na Dinamarca, Lars von Trier e 2 Thomas Vinterberg criam também um manifesto o Dogma 95, seus preceitos encontram similaridade, e provavelmente influência, ao de Vertov principalmente no que concerne certo repudio a linguagem narrativa clássica do então cinema hegemônico norte- americano. Outra conexão encontrada nos dois manifestos seria o abandono das pesadas câmeras 35 mm, no caso de Dogma a substituição acontece através da câmera digital instrumento que anuncia uma nova forma de se fazer cinema. Apoiado em 10 mandamentos os intitulados monges cineastas configuram formas contrárias as consagradas até então no meio cinematográfico, a transgressão nutre o que poderia ser quase uma antropofagia e em forma de guerrilha conquista um espaço respeitável dentro da sétima arte. Através de recursos tecnológicos recentes e criatividade, Trier consegue proporcionar um acréscimo na evolução da linguagem cinematográfica. Sua carreira basicamente se inicia com uma trilogia, após concluir o curso de cinema produz o longa-metragem Elemento do crime (1984) um roteiro policial de sua autoria. “Passada na Europa, cheia de simbolismos, e retratada por imagens que criam um clima de frieza e estranhamento do começo ao fim da história. Seus enquadramentos, luzes e efeitos especiais eram milimetricamente sobrepostos a fim de obter o que o diretor desejava”. (MOURO, 2007, p. 04) Com esse filme Trier conquista o Prêmio Técnico no Festival de Cannes, seguindo sua trilogia em 1987 Trier lança o filme Epidemia com um roteiro metalinguístico inicia a introdução da câmera de mão e enquadramentos mais livres. No ano de 1991 fecha a tríade com Europa, ambientado na Alemanha Pós Segunda Guerra Mundial o filme lhe proporciona uma nova premiação no Festival de Cannes de 1991 em duas categorias: Grande Prêmio do Júri e Prêmio de Melhor Contribuição Artística. Quatro anos mais tarde Trier funda o movimento Dogma 95 e em 1998 os conceitos de seu manifesto são desenvolvidos em Os Idiotas que serve como um certificado de autenticidade dogmática, além de fazer parte de sua segunda trilogia intitulada Coração de Ouro composta pelo filme Ondas do destino de 1996 e Dançando no Escuro de 2000. E por fim a trilogia da Terra das Oportunidades inaugurada por Dogville (2003) e Mandarley (2005), Wasington que estava previsto para 2007 nunca foi filmado, ao menos até agora, em seu lugar surge Anticristo (2009) um filme que mais uma vez não segue o convencional, a maioria das críticas são negativas ou em alguns momentos 3 equivocadas ao ponto de afirmar que Trier estava perturbado e seu filme não passava de um pretenso gênero de terror mal feito. Lima discorda da crítica e afirma: Anticristo não é um filme de terror mal realizado simplesmente porque não é um filme de terror. Trier se vale de elementos do terror para criar um filme metafísico. A natureza do mal e sua relação com o feminino é o que interessa a Trier e não pregar sustos e chocar. Em segundo plano, temos uma das mais veementes sátiras às nossas modernas técnicas terapêuticas e à propalada segurança e racionalidade do macho. Trier nos diz que não há sublimação possível para o luto e o remorso, eleva a culpa a uma dimensão metafísica e, neste patamar, não há terapia ou psicanálise que possa ajudar. Resta à protagonista uma descida aos infernos, um retorno ao arquétipo da mulher-bruxa, que, como filha de Satã, não precisa mais temer sua casa, isto é, a Natureza (por isso, a personagem feminina, a certa altura, diz: “A Natureza é a igreja de Satã”). (LIMA, 2010, p. 01.) Além da provocação característica do diretor a questão da hipnose também é retomada em Anticristo, além das divisões em capítulos que inicia com o prólogo. “O prólogo não é desarticulado do restante do filme nem é um exercício esteticista estéril. Ele é uma síntese precisa do filme, articula praticamente todos os símbolos da narrativa e já mostra o entrelaçamento entre sexo, culpa e religião.” (LIMA, 2010, p.01). Melancolia (2011) segue o cinema característico de Trier o qual não se pretende entreter e sim suscitar uma reflexão, o filme narra a história de Justine (Kirsten Dunst), uma jovem noiva que demonstra certo descontentamento em concretizar o ato do matrimônio. Paralelo a isso existe a aproximação do gigantesco planeta Melancolia que ameaça colidir com a Terra. E para finalizar, seu último lançamento o longametragem Ninfomaniac (2013) conta a história de Joe (Charlotte Gainsbourg), uma ninfomaníaca auto-diagnosticada, que narra sua jornada erótica, desde jovem até os 50 anos. 4 A Arquitetura Teatral de Dogville. O cinema bebe na fonte do teatro desde seus primórdios, inclusive um de seus fundadores Georges Méliès pertencia ao teatro e até mesmo alimentou o cinema com suas experiências adquiridas nas Artes Cênicas. “Eisenstein foi um estudioso da arte oriental e à encenação teatral Kabuki, de relativa influência em seu trabalho.” (XAVIER, 2005, P.137). Em Dogville Trier recebe também influências dessa linguagem, as Artes Cênicas lhe empresta em um primeiro momento uma diferenciada concepção de cenário, pois segue os princípios da opacidade, termo que Xavier aplica ao descrever elementos do cinema que não seguem a narrativa clássica, os dispositivos interpelam o espectador, possibilitando distanciamento ao revelar a própria presença dos sujeitos, sabe-se que a casa do personagem do filme Ton Edison (Paul Betany) não é naturalista, mas existe dentro do espaço-tempo do filme um ambiente destinado a esse objeto que aos olhos do espectador passa a significar uma residência, esse recurso cenográfico escolhido por Lars Von Trier segue os preceitos do teórico teatral alemão Bertolt Brecht, em que o espectador é convidado a verificar a condição em que se encontra, quebra-se a sensação de ilusão.
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