Colônia Agrícola Sinimbú: Entre a Regularidade Do Espaço Projetado E Os Violentos Confrontos Do Espaço Vivido (Rio Grande Do Norte, 1850-1880)
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COLÔNIA AGRÍCOLA SINIMBÚ: ENTRE A REGULARIDADE DO ESPAÇO PROJETADO E OS VIOLENTOS CONFRONTOS DO ESPAÇO VIVIDO (RIO GRANDE DO NORTE, 1850-1880). JOÃO FERNANDO BARRETO DE BRITO 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: HISTÓRIA E ESPAÇOS LINHA DE PESQUISA I: RELAÇÕES ECONÔMICO-SOCIAIS E PRODUÇÃO DOS ESPAÇOS COLÔNIA AGRÍCOLA SINIMBÚ: ENTRE A REGULARIDADE DO ESPAÇO PROJETADO E OS VIOLENTOS CONFRONTOS DO ESPAÇO VIVIDO (RIO GRANDE DO NORTE, 1850-1880). JOÃO FERNANDO BARRETO DE BRITO Natal/2015 2 JOÃO FERNANDO BARRETO DE BRITO COLÔNIA AGRÍCOLA SINIMBÚ: ENTRE A REGULARIDADE DO ESPAÇO PROJETADO E OS VIOLENTOS CONFRONTOS DO ESPAÇO VIVIDO (RIO GRANDE DO NORTE, 1850-1880). Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre no curso de Pós-Graduação em História, Área de Concentração em História e Espaços, Linha de Pesquisa I: relações econômico-sociais e produção dos espaços, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sob a orientação da professora Dr.ª Juliana Teixeira Souza e a co-orientação da professora Dr.ª Fátima Martins Lopes. Natal/2015 3 UFRN. Biblioteca Central Zila Mamede. Catalogação da Publicação na Fonte Brito, João Fernando Barreto de. Colônia agrícola Sinimbú: entre a regularidade do espaço projetado e os violentos confrontos do espaço vivido (Rio Grande do Norte, 1850-1880) / João Fernando Barreto de Brito. – Natal, RN, 2015. 189 f. : il. Orientador: Prof. Dr.ª Juliana Teixeira Souza. Co-orientador: Prof. Dr.ª Fátima Martins Lopes Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Programa de Pós-Graduação em História. 1. Colônia Agrícola Sinimbú - Dissertação. 2. Trabalhadores pobres - Dissertação. 3. Rio Grande do Norte (séc. XIX) – Dissertação. I. Souza, Juliana Teixeira. II. Lopes, Fátima Martins. III. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV. Título. RN/UF/BCZM CDU 631.1.016(813.2) 4 JOÃO FERNANDO BARRETO DE BRITO COLÔNIA AGRÍCOLA SINIMBÚ: ENTRE A REGULARIDADE DO ESPAÇO PROJETADO E OS VIOLENTOS CONFRONTOS DO ESPAÇO VIVIDO (RIO GRANDE DO NORTE, 1850-1880). Dissertação aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre no Curso de Pós- Graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pela comissão formada pelos professores: _________________________________________ Dra. Juliana Teixeira Souza Orientadora _________________________________________ Dra. Fátima Martins Lopes Co-orientadora __________________________________________ Dr. Paulo Cruz Terra Avaliador Externo ________________________________________ Dra. Carmen Margarida Oliveira Alveal Avaliador Interno ____________________________________________ Dr. Muirakytan Kennedy de Macêdo Suplente Natal, _________de__________________de____________ 5 À Brito boy ... 6 Eu vou partir da minha terra Vou partir meu pão, pois muita gente espera Que o resto da sede que nos alimenta Não seja fruto da próxima guerra (ou eleição) Eu vou partir, vou deixar meu sertão Com esperança na alma e com a enxada na mão Já que o chão do meu mundo parece pequeno Já não há mais semente pra semear sequer um coração Que já está cansado e com sono De sonhar com um anjo e acordar com o demônio De plantar com Deus e colher com o diabo Pra que haja colheita Só se Santo Antônio Conversar com São Pedro e encomendar Dez dias de chuva pra gente plantar E um ano de vida pra gente poder colher E comemorar (esquecer de chorar) Banda Seu Zé Música: Plantando no céu e colhendo no inferno Compositor: Lipe Tavares 7 AGRADECIMENTOS Ouvi dizer de alguns amigos, colegas e professores com quem convivi durante o período em que estive debruçado na construção deste trabalho, que o tempo de escrita de uma dissertação seria uma tarefa árdua e solitária. As inúmeras barreiras e limitações impelidas pela falta de fontes, pelas leituras e transcrições documentais intermináveis, assim como pela própria dificuldade humana de ter que pôr fim as coisas, teriam sido intransponíveis sem a preciosa ajuda de muitas pessoas, as quais merecem ser lembradas e parabenizadas pela paciência de ouvir e discutir acerca de meus problemas pessoais e acadêmicos. Sem elas, certamente eu não teria conseguido encerrar mais um ciclo. Agradeço primeiramente a toda minha família, irmão e irmã, tias (muito especialmente a minha Tia-Mãe Ana Marluce) e tios, avô e avó, primos e primas, e, especialmente a meu pai João M. de Brito e minha mãe Suzy Barreto, que me ajudaram de uma maneira ou de outra, e sempre que puderam. Agradecer, sobretudo, à Juliana Teixeira Souza por me orientar de maneira sem igual, mostrando meus equívocos metodológicos, teóricos e às vezes minha insanidade em insistir em coisas que não levariam a lugar algum, ainda mais quando eu não conseguia cumprir com os prazos estabelecidos. Também dizer-lhe que não poderia ter confiado a outra professora, por sua competência e preciosismo com a História daqueles que compunham o mundo do trabalho no século XIX, em particular os homens pobres livres. Devo minha gratidão a Patrícia de Oliveira Dias, por sua paciência e pelas muitas vezes que se viu obrigada a escutar e discutir sobre os meus flagelados e colonos de 1877, como também por ter construído os mapas 1 e 2. Ela certamente já teve pesadelos com os muitos nomes dos atores sociais os quais eu insistentemente fazia questão de lhe lembrar. Quero agradecer à família Oliveira por ter me acolhido nos momentos em que eu precisei mudar de ares para escrever este trabalho e por Dona Conceição e Dona Rosilda terem feito todos aqueles pratos deliciosos que me renderam uns quilinhos mais. De maneira muito sincera, agradeço profundamente ao professor que me chamou para a pesquisa histórica, o prof. Rubenilson Brazão Teixeira, com que tive chance de discutir durante muitas manhãs acerca das transcrições dos Relatórios de Presidência e Governo do Rio Grande do Norte. Das conversas que tínhamos resultou o objeto desta pesquisa, bem como a ideia de tentar a seleção para o mestrado. Por isso, devo muito a este grande profissional, que por sua seriedade e competência, merece muito do meu respeito e admiração. 8 Meus sinceros obrigados à professora Fátima Martins Lopes, que desde a graduação quando ainda era seu bolsista no PIBID, ajudou-me prontamente, aceitando inclusive ser minha co-orientadora, em um momento crucial para a viabilidade deste trabalho, motivo pelo qual tive a oportunidade de conseguir uma gama de fontes, as quais foram imprescindíveis para o aprofundamento de diversas questões relativas aos homens pobres livres do Rio Grande do Norte na segunda metade do século XIX. Quero ainda agradecer também àquelas pessoas que contribuíram indiretamente para o desenrolar desta dissertação, aos amigos de infância do Guaíra e da banda Dessituados que me ajudaram em uma(s) e outra(s) cerveja(s), aliviando as tensões e a ansiedade de um pesquisador em constante ebulição. Dizer obrigado também à Gil Eduardo, Patrícia Oliveira, Ana Lunara e João Gilberto pela agradável companhia e amizade durante o mês em que estivemos em missão de pesquisa no Rio de Janeiro, quando nos perdemos nos muitos sebos e arquivos da cidade maravilhosa ao tempo que compartilhávamos risadas. Agradeço à Douglas, meu amigo de tempos da Ribeira e agora meu abstractman! Por fim, agradeço novamente à Juliana Teixeira Souza, por acreditar em um aluno que na graduação se mostrou desinteressado, mas que tomou gosto pela história novamente quando viu que alguém confiou nele. Este trabalho tem um pedacinho de cada um de vocês, obrigado! 9 RESUMO No ano de 1878, na província do Rio Grande do Norte, entre Ceará-Mirim e Extremoz, foi fundada a Colônia Agrícola de Sinimbú. Neste lugar chegaram a reunir-se cerca de 6.600 homens e mulheres pobres livres, fugindo da terrível seca de 1877, mas também motivados pela promessa de acesso aos gêneros de primeira necessidade, moradia e cuidados médicos, mediante trabalho, como defendiam os representantes do poder local e central. No entanto, não foi isso que os retirantes efetivamente encontraram, já que as condições dentro do estabelecimento agrícola chamavam atenção pela penúria e violência, conforme denúncia apresentada nos relatórios presidenciais daquela época. Este trabalho tem o objetivo de analisar os conflitos ocorridos na Colônia Sinimbú, procurando enfatizar as tensões e interesses dos representantes das elites locais e do governo central, relacionados à construção e posterior fechamento desse espaço, num contexto marcado pelos debates acerca do controle do trabalhador pobre livre. Assim, procuraremos demonstrar que, se por um lado, foram criados espaços institucionalizados que visavam submeter o nacional livre a uma lógica de trabalho pautada na disciplina do corpo, no controle do tempo e no ordenamento do espaço, por outro não se pode desconsiderar as diferentes formas de resistência impostas pelos homens e mulheres pobres livres, submetidos ao processo de reordenamento do mundo do trabalho. Palavras-chave: Colônia Agrícola Sinimbú, trabalhadores pobres, Rio Grande do Norte (séc. XIX). 10 ABSTRACT In 1878, at the province of Rio Grande do Norte, between Ceará-Mirim and Extremoz, was founded the Agricultural Colony of Sinimbú. On this location, about 6,600 freed men and women had gathered. They were not only fleeing from the terrible 1877 drought but also encouraged by the promise of accessing basic necessities, i.e. housing and medical assistance, upon work, as required by local and central representatives of power. However, the migrants faced otherwise reality, since conditions within the agricultural facility were of shortage and violence, as denounced on the presidential reports of that time. This work aims at analyzing the conflicts that took place at the Sinimbú Colony, while it seeks to emphasize how the tensions and interests of both local elite and central government representatives relate to the opening and closure of this space, on a context where the debate on the control over freed poor workers was on the rise.