PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS

Frederico Corrêa Campos

ANÁLISE DAS OCORRÊNCIAS DOS CRIMES AMBIENTAIS REGISTRADOS NA REGIÃO METROPOLITANA DO VALE DO AÇO –

CUIABÁ – MATO GROSSO 2019 Frederico Corrêa Campos

ANÁLISE DAS OCORRÊNCIAS DOS CRIMES AMBIENTAIS REGISTRADOS NA REGIÃO METROPOLITANA DO VALE DO AÇO – MINAS GERAIS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Ciências Ambientais da Universidade de Cuiabá - UNIC, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências Ambientais.

Orientador: Prof. Dr. Higo José Dalmagro

CUIABÁ – MATO GROSSO 2019

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS

FOLHA DE APROVAÇÃO

Título: ANÁLISE DAS OCORRÊNCIAS DOS CRIMES AMBIENTAIS REGISTRADOS NA REGIÃO METROPOLITANA DO VALE DO AÇO – MINAS GERAIS

Autor: FREDERICO CORRÊA CAMPOS

Dissertação defendida e aprovada em 17 de maio de 2019, pela comissão julgadora:

Prof. Dr. Higo José Dalmagro Universidade de Cuiabá – UNIC (Orientador)

Prof. Dr. Carlo Ralph de Musis Universidade de Cuiabá – UNIC (Examinador Interno)

Prof. Dr. Marcelo Paes de Barros Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT (Examinador externo) AGRADECIMENTOS

A Deus. Não tenho palavras para agradecer tua bondade, dia após dia me cerca com fidelidade, nunca me deixes esquecer que tudo o que tenho, tudo o que sou e o que vier a ser, vem de ti, Senhor.

A Thaís, pelo seu amor e incentivo na realização dos meus sonhos, por tudo o que você representa na minha vida, obrigado por me fazer feliz. Aos meus pais, José Francisco de Campos e Marilena Corrêa Campos, por toda a força e apoio incondicional que sempre me deram.

Aos meus irmãos, sobrinhos, sogro e cunhados (as), muito obrigado pelo amor e carinho sempre demonstrados.

Ao Professor Dr. Higo José Dalmagro, pela orientação no desenvolvimento deste trabalho e principalmente pelos ensinamentos valiosos para minha formação profissional e pelo exemplo de dedicação.

Aos professores, todos vocês contribuíram de alguma forma para a realização deste trabalho, obrigado pela disposição, cooperação e pelos ensinamentos transmitidos.

Aos meus amigos de turma, vocês foram importantes, obrigado pela amizade, pelo carinho, pelo apoio, pela compreensão e pelos ensinamentos.

A KROTON (UNIC/PITÁGORAS) pela oportunidade concedida contribuindo imensamente para meu crescimento pessoal e profissional.

A Polícia Militar Ambiental do Estado de Minas Gerais, a quem agradeço na pessoa do Tenente Warley Geraldo da Silva, pela disponibilidade e presteza em fornecer os dados essenciais para o desenvolvimento desse trabalho.

A todos aqueles que, embora não citados, contribuíram de alguma forma para a realização deste trabalho. EPÍGRAFE

“Viver e não ter a vergonha de ser feliz. Cantar a beleza de ser um eterno aprendiz...”

(Gonzaguinha)

RESUMO

O presente trabalho analisará as ocorrências de crimes ambientais registrados pela 2ª e 3ª Companhia do Batalhão de Polícia Militar Ambiental (2ª e 3ª Cia/BPMA) entre os anos de 2012 e 2017 na Região Metropolitana do Vale do Aço – Minas Gerais, composta pelas cidades de , Ipatinga, Santana do Paraíso e Timóteo. Os crimes ambientais ensejam preocupação em todas as regiões do país, sendo importante conhecer a realidade local, principalmente pelo fato da região possuir um patrimônio ambiental de expressão, constituído pelo Parque Estadual do Rio Doce (Mata Atlântica) e por curso d’água de grande porte, como o rio Piracicaba que desagua no rio Doce, numa região bastante industrializada e hoje metropolitana. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva utilizando o programa Microsoft EXCEL. A Região em questão mostrou uma situação preocupante quanto ao número de ocorrências dos crimes registrados no município de Ipatinga, ficou demonstrado um aumento nos crimes praticados contra a fauna e o grupo que apresentou o maior número de crime ambiental foi o da flora. O aspecto positivo foi a diminuição na prática de crimes ambientais entre os anos de 2012 a 2017. O resultado obtido permite o conhecimento sobre a atual situação da região, que servirá como base para nortear o poder público no planejamento de políticas para proteção do meio ambiente na Região Metropolitana do Vale do Aço.

Palavras Chaves: Meio Ambiente - Direito Ambiental - Crimes Ambientais - Região Metropolitana do Vale do Aço.

ABSTRACT

This paper will analyze the occurrences of environmental crimes registered by the 2nd and 3rd Company of the Environmental Military Police Battalion (2nd and 3rd CIA / BPMA) between 2012 and 2017 in the Metropolitan Region of the Vale do Aço - Minas Gerais, of Coronel Fabriciano, Ipatinga, Santana do Paraíso and Timóteo. Environmental crimes cause concern in all regions of the country, and it is important to know the local reality, mainly because the region has an environmental patrimony of expression, constituted by the State Park of the Rio Doce (Atlantic forest) and by a large watercourse port, such as the Piracicaba river that flows into the , in a region that is quite industrialized and now metropolitan. Data were analyzed using descriptive statistics using the Microsoft EXCEL program. The Region in question showed a worrying situation regarding the number of occurrences of the crimes registered in the municipality of Ipatinga, an increase in the crimes committed against the fauna was demonstrated and the group that presented the highest number of environmental crimes was the flora. The positive aspect was the decrease in the practice of environmental crimes between the years 2012 to 2017. The result obtained allows the knowledge about the current situation of the region, which will serve as a basis to guide the public power in the planning of policies to protect the environment in the Metropolitan Region of Vale do Aço.

Key Words: Environment - Environmental Law - Environmental Crimes - Metropolitan Region of the Vale do Aço.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Localização da Região Metropolitana do Vale do Aço – RMVA ...... 16 Figura 2 - Uso e ocupação do solo ...... 17 Figura 3 - Mapa Aglomerado Urbano Vale do Aço ...... 19 Figura 4 - Mapa evolução da mancha urbana da RMVA de 1979 a 2004 ...... 20 Figura 5 - Relevo da Região Metropolitana do Vale do Aço ...... 21 Figura 6 - Bacias Hidrográficas da RMVA ...... 22 Figura 7 - Cobertura Vegetal da RMVA e áreas vizinhas dos municípios limítrofes...... 23 Figura 8 - Cultivo de Eucalipto na RMVA e Parte do Colar Metropolitano ...... 25 Figura 9 - Mapa de localização dos bens imóveis protegidos na RMVA ...... 26 Figura 10 - Mapa da Região Metropolitana do Vale do Aço e Colar metropolitano ...... 49 Figura 11 - Total de crimes ambientais entre os anos de 2012 e 2017 ...... 54 Figura 12 - Acumulado dos crimes ambientais em 6 anos ...... 55 Figura 13 - Evolução ano a ano dos crimes ambientais ...... 57 Figura 14 - Crimes por cidade – Evolução 2012 a 2017 ...... 60 Figura 15 - Média dos crimes ambientais entre os anos de 2012-2017 ...... 61 Figura 16 - Ocorrências dos crimes ambientais registrados a partir de denúncias ...... 63 Figura 17 - Ocorrências dos Atendimentos de denúncia entre 2012 e 2017 ...... 63 Figura 18 - Atividades poluidoras nos municípios da RMVA ...... 64 Figura 19 - Crimes contra a Fauna nos municípios da Região Metropolitana do Vale do Aço ...... 69 Figura 20 - Crimes cntra a flora nos municípios da Região Metropolitana do Vale do Aço ...... 71 Figura 21 - Crimes contra o Patrimônio Cultural nos municípios da Região Metropolitana do Vale do Aço ...... 76 Figura 22 - Crimes de Pesca nos municípios da Região Metropolitana do Vale do Aço ...... 78 Figura 23 - Crimes contra os Recursos Hídricos nos municípios da Região Metropolitana do Vale do Aço ...... 81

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Extensão territorial dos municípios da RMVA ...... 17 Tabela 2 - Evolução da População da RMVA entre 1970 e 2018 ...... 18 Tabela 3 - Evolução da mancha urbana – porcentagem em relação à área total da RMVA .... 20 Tabela 4 - áreas de cobertura Vegetal – porcentagem em relação à área total da RMVA ...... 24 Tabela 5 - Crimes contra a fauna ...... 38 Tabela 6 - Crimes contra a flora ...... 41 Tabela 7 - Da poluição e outros crimes ambientais ...... 44 Tabela 8 - Dos crimes contra o ordenamento urbano e patrimônio cultural ...... 46 Tabela 9 - Dos crimes contra a administração ambiental ...... 47 Tabela 10 - Mapa da Região Metropolitana do Vale do Aço e do Colar metropolitano ...... 50 Tabela 11 - Ocorrências dos crimes ambientais relativos à Atividade Poluidoras ...... 65 Tabela 12 - Ocorrências dos crimes ambientais relativos à Fauna ...... 69 Tabela 13 - Ocorrências dos crimes ambientais relativos à Flora...... 71 Tabela 14 - Ocorrências dos crimes ambientais relativos ao Patrimônio Cultural ...... 76 Tabela 15 - Ocorrências dos crimes ambientais relativos à Pesca ...... 78 Tabela 16 - Ocorrências dos crimes ambientais relativos aos Recursos Hídricos ...... 81

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ADI Ação Direta de Inconstitucionalidade APA Área de Proteção Ambiental APP Área de Proteção Permanente ART Artigo CFRB Constituição da República Federativa do Brasil IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística LC Lei Complementar LCA Lei de Crimes Ambientais PDDI Plano Direto de Desenvolvimento Integrado PMMG Polícia Militar de Minas Gerais PNMA Política Nacional do Meio Ambiente RMVA Região Metropolitana do Vale do Aço RPPN Reservas Particulares do Patrimônio Natural STF Supremo Tribunal Federal UC Unidade de Conservação

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...... 10

2 JUSTIFICATIVA ...... 12

3 OBJETIVOS ...... 12

3.1 Objetivo Geral ...... 12

3.2 Objetivos Específicos...... 12

4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...... 14

4.1 Da Região Metropolitana do Vale do Aço ...... 14

4.1.1 Consolidação Metropolitana ...... 14

4.1.2 Ocupação Urbana ...... 16

4.1.2.1 População 18

4.1.3. Relevo ...... 21

4.1.4 Hidrografia 22

4.1.5 Cobertura vegeal ...... 23

4.1.6 Fauna 25

4.1.7 Patrimônio cultural ...... 26

4.1.8 Unidade de Conservação (UC) / Parque Estadual do Rio Doce (PERD) ...... 27

4.2 Do Meio Ambiente...... 27

4.3 Do Direito Ambiental ...... 30

4.4 Do Dano Ambiental ...... 33

4.5 Da Lei dos Crimes Ambientais ...... 34

4.6 Dos Crimes Ambientais ...... 36

4.6.1 Aspectos Gerais ...... 36

4.6.2 Dos Crimes Contra a Fauna ...... 37

4.6.3 Dos Crimes Contra a Flora ...... 40

4.6.4 Da Poluição e outros crimes ambientais ...... 43

4.6.5 Dos Crimes contra o ordenamento urbano e patrimônio cultural...... 45

4.6.6 Dos Crimes Contra a Administração Ambiental ...... 47

5 MATERIAL E MÉTODOS ...... 49

5.1 Área de estudo ...... 49

5.2 Coleta dos dados ...... 51

5.3 Análises dos dados ...... 52

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO...... 53

6.1 Análise descritiva ...... 53

6.1.1 Crimes ambientais ocorridos Região Metropolitana do Vale do Aço ...... 53

6.1.2 Evolução das ocorrências dos Crimes ambientais na Região Metropolitana do Vale do Aço 55

6.1.3 Total de crimes ambientais por município da Região Metropolitana do Vale do Aço 57

6.1.4 Ocorrência por grupo de crimes ambientais em relação aos municípios da Região Metropolitana ...... 62

6.1.4.1. Análise dos atendimentos de denúncias ...... 62

6.1.4.2. Análise dos crimes ambientais relacionados a Atividades Poluidoras ...... 64

6.1.4.3. Análise dos crimes ambientais relacionados à Fauna ...... 64

6.1.4.4. Análise dos crimes ambientais relacionados à Flora ...... 70

6.1.4.5. Análise dos crimes ambientais relacionados ao Patrimônio Cultural ...... 75

6.1.4.6. Análise dos crimes ambientais relacionados à Pesca ...... 77

6.1.4.7 Análise dos crimes ambientais relacionados aos Recursos Hídricos ...... 79

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...... 83

8 CONCLUSÕES ...... 85

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...... 86

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1. INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas a sociedade percebeu a necessidade de rever o modo de proteção ao meio ambiente, uma vez que as alterações do meio em que vivemos estão ocorrendo de modo frequente devido ao desenvolvimento e crescimento populacional. Outro fator de ameaça ao meio ambiente também são os crimes ambientais praticados pelo homem. Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, o meio ambiente tornou-se um direito fundamental de extrema importância para proteção e preservação da vida. O direito ao meio ambiente, como direito humano fundamental, encontra sua base normativa no Capítulo VI, do Título VIII, artigo 225, da Constituição Federal de 1988. Nesse contexto, nasceu o Direito Ambiental como o complexo de princípios e normas coercitivas reguladoras das atividades humanas que, direta ou indiretamente, possa afetar a sanidade do ambiente em sua dimensão global, visando à sua sustentabilidade para as presentes e futuras gerações (MILARÉ, 2007). Cumprindo a mencionada determinação constitucional, foi criada a Lei de Crimes Ambientais (LCA), Lei Federal nº 6.605/98, disciplinando as sanções penais e administrativas às pessoas físicas e jurídicas que violem as regras de garantia esperadas para manter o meio ambiente ecologicamente equilibrado. Os crimes contra o meio ambiente tipificados na LCA estão dispostos no capítulo V e compostos por cinco seções: crimes contra a fauna; crimes contra a flora; poluição e outros crimes ambientais; crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural; crimes contra a administração ambiental. Os crimes ambientais ensejam preocupação em todas as regiões do país. Logo, é importante que se conheça a realidade local, de modo fornecer informações úteis para nortear o poder público no planejamento de criação de políticas públicas mais eficientes na proteção do meio ambiente. No caso da Região Metropolitana do Vale do Aço, o trato das questões do meio ambiente é de grande relevância. A região possui um patrimônio ambiental de expressão, constituído pelo Parque Estadual do Rio Doce (Mata Atlântica) e por curso d’água de grande porte, o rio Piracicaba que desagua no rio Doce, numa região bastante industrializada e hoje metropolitana.

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Outro fator importante é que, em virtude da existência do parque estadual e de cursos d’água que banham diversos municípios e até mesmo outros estados da federação, as questões ambientais na Região Metropolitana do Vale do Aço acaba por impactar no Estado de Minas Gerais e até mesmo outros Estados. Recentemente tivemos dois grandes acontecimentos de crimes ambientais provocados por mineradoras que não só impactaram a região onde estão localizadas como diversas outras regiões de Minas Gerais e o Estado do Espirito Santo chegando até ao mar. O primeiro caso foi o de Mariana, com o rompimento da barragem do Fundão que causou uma grande mortandade da fauna e flora, poluiu rios e córregos destes Estados. Mais recentemente fomos surpreendidos com o rompimento da barragem de rejeitos da VALE em Brumadinho que, além da tragédia ambiental que provocou e ainda vem provocando a medida que os rejeitos percorrem o rio Paraopeba e atinge outros municípios, podendo chegar até o rio São Francisco que banha vários outros Estados, teve o lado mais estarrecedor que foi a enorme tragédia humana. Estes dois grandes casos de crimes ambientais que trouxeram prejuízos ainda incalculáveis, nos leva a refletir sobre a flexibilização do licenciamento ambiental, tratada em dois projetos de lei que tramitam no Congresso Nacional (um na Câmara dos Deputados e outro no Senado), que alteram os procedimentos de liberação de licenças ambientais para empreendimentos, colocando em risco toda a segurança ambiental da população brasileira. Assim, visando conhecer a realidade das ocorrências dos crimes ambientais, foi elaborado este estudo na Região Metropolitana do Vale do Aço – RMVA, uma aglomeração urbana com 493.773 habitantes, composta pelas cidades de Coronel Fabriciano, Ipatinga, Santana do Paraíso e Timóteo. A área total do núcleo metropolitano é de 806,584 km², dos quais 82,465 km² (10,22% do total) estão em área urbana (IBGE, 2018).

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2. JUSTIFICATIVA

Os crimes ambientais ensejam preocupação em todas as regiões do país, tendo em vista a crescente pressão das atividades antrópicas sobre os recursos naturais. Portanto, é importante compreender a realidade da Região do Vale do Aço, de modo a fornecer informações úteis que possam ser utilizadas pelo poder público no planejamento de políticas públicas mais eficientes na proteção do meio ambiente para direcionar as fiscalizações, planos de contenções, prevenção e parcerias com instituições privadas. Na RMVA não há um trabalho específico sobre a ocorrência dos crimes ambientais, portanto o conhecimento sobre a realidade local será uma ferramenta para nortear o poder público no planejamento de políticas públicas para proteção ao meio ambiente.

3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo Geral

Identificar as principais ocorrências dos crimes ambientais registrados na Região Metropolitana do Vale do Aço pela perspectiva da Lei de Crimes Ambientais, Lei nº 6.605/98 e associar com fatores como relevo, vegetação, crescimento populacional, urbanização, hidrografia, que podem influenciar nas ocorrências dos crimes ambientais.

3.2. Objetivos Específicos

 Pesquisar os aspectos geográficos da Região Metropolitana do Vale do Aço;

 Identificar as ocorrências de crimes ambientais registrados na região do Vale do Aço;

 Identificar os crimes ambientais mais recorrentes na região do Vale do Aço;

 Fazer um comparativo entre os municípios;

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 Avaliar a relação entre as variáveis geográficas e populacionais e as ocorrências dos crimes ambientais registrados na Região Metropolitana do Vale do Aço.

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4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

4.1. Da Região Metropolitana do Vale do Aço - RMVA

4.1.1. Consolidação metropolitana

O histórico da Região Metropolitana do Vale do Aço remonta ao ciclo do ouro no Brasil Colônia, onde a exploração dos recursos naturais da região teve início, e desde então, é marcado por práticas extrativistas exploratórias. Embora, a intensificação da instalação de indústrias tenha ocorrido a partir da década de 1940, os principais marcos que desencadearam os processos de transformação da paisagem datam do início do século XX (GUERRA, 1993, apud LUIZ, 2014). O primeiro impulso no sentido da urbanização da Região Metropolitana do Vale do Aço foi dado pela implantação da Estrada de Ferro Vitória-Minas, que teve sua construção iniciada em 1903 (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 1978), estratégica para atender a demanda pelos minerais metálicos do quadrilátero ferrífero1 (E-METROPOLIS, 2012). A ferrovia, sendo implantada em paralelo ao Rio Doce e Piracicaba, acabou originando condições de comércio das áreas urbanas, preenchendo pré-requisitos para a instalação das indústrias e da criação de um eixo de desenvolvimento em conjunto com a BR 381 (VASCONCELLOS, 2014). Ademais, o período desenvolvimentista que caracterizou o Brasil entre as décadas de 1950 e 1970 criaram as condições políticas e econômicas que levaram a região a ser escolhida, pelo governo brasileiro e pelo capital privado, para a instalação de importantes indústrias de bens de produção intermediários. Outros fatores considerados para que os municípios da região fossem escolhidos para a implantação de indústrias, foram: topografia relativamente plana para os padrões do estado de Minas Gerais, localização a meio caminho entre as fontes de matéria-prima (quadrilátero ferrífero) e os mercados consumidores (porto no estado do Espírito Santo), facilidade de

1 Região localizada no centro-sul do estado de Minas Gerais, que é a maior produtora nacional de minério de ferro, abrange os municípios de Caeté, Itabira, Itaúna, João Monlevade, Mariana, Ouro Preto, Rio Piracicaba, Sabará e Santa Bárbara.

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acesso a recursos hídricos (Rio Piracicaba, afluente do Rio doce) e, fundamentalmente, a proximidade Estrada de Ferro Vitória Minas (E-METROPOLIS, 2012). Portanto, a configuração urbana do vale do Aço formou-se, de maneira mais consistente, inicialmente com a fundação da ACESITA em Timóteo, posteriormente com a USIMINAS em Ipatinga, e por último a implantação da planta industrial da CENIBRA, em (VASCONCELLOS, 2014). A Região é chamada de Vale do Aço justamente por causa da concentração de empresas siderúrgicas. Segundo Costa (2002), a aglomeração do Vale do Aço poderia ser constituída por pelo menos seis municípios: Ipatinga, Coronel Fabriciano e Timóteo, que formam o Aglomerado Urbano do Vale do Aço (AUVA); o município de Santana do Paraíso, que tem seu território contíguo à área urbana de Ipatinga; o município de Mesquita, do qual Santana do Paraíso fazia parte, que tem sido palco de expansões da periferia norte de Ipatinga, e o município de Belo Oriente, onde está instalada a CENIBRA, que possui grande parte de seus trabalhadores morando no RMVA, especialmente Ipatinga. Porém, a Região Metropolitana do Vale do Aço foi institucionalizada com apenas quatro municípios: Ipatinga, Coronel Fabriciano, Timóteo e Santana do Paraíso (VASCONCELLOS, 2014). O processo de conurbação acompanhado por uma intensa integração funcional entre estes quatro municípios, que atualmente juntas tem aproximadamente 493.773 habitantes (IBGE, 2018), legitimou a criação da Região Metropolitana do Vale do Aço. Esta região foi reconhecida pela Lei Complementar nº 51, de 30 de dezembro de 1998, sendo efetivada como região metropolitana em 12 de janeiro de 2006. A Lei Complementar nº 90, de 12 de janeiro de 2006, criou o chamado colar metropolitano formado por outros 24 municípios (Figura 1). A Região se enquadra no grupo das regiões metropolitanas emergentes ou incipientes (OLIC, 2003), por não ter uma cidade que ocupe de forma contundente a função de metrópole. Para o padrão brasileiro, trata-se de uma pequena região metropolitana, composta por cidades médias e pequenas.

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Figura 1: Localização da Região Metropolitana do Vale do Aço – RMVA. Fonte: Google, 2018.

Os 26 municípios, quatro da RMVA e 22 do colar metropolitano, estão localizados na região leste de Minas Gerais, às margens do Rio Doce e Rio Piracicaba, em uma área atravessada por importantes rodovias, BR 381 e 458, e pela ferrovia Vitória Minas, a cerca de 220 km da capital estadual, Belo Horizonte, e no meio do Corredor de Exportação que é usado para escoamento da produção do quadrilátero ferrífero até o porto de Tubarão, no estado do Espírito Santo (E-METROPOLIS, 2012).

4.1.2. Ocupação Urbana

A ocupação efetiva e significativa do território de 806,58 Km² (IBGE, 2018) que hoje representa a Região Metropolitana do Vale do Aço é muito recente. No início do século XX a região ainda não tinha expressividade regional e detinha as maiores reservas de Mata Atlântica de Minas Gerais. Em 1950 havia 4.461 pessoas nas áreas urbanas, dentre uma população total de pouco mais de 22 mil pessoas no município de Coronel Fabriciano, incluindo-se os distritos de Ipatinga, com apenas quatrocentos e poucos habitantes, e Timóteo, com 900 habitantes. Assim, apenas a sede municipal de Coronel Fabriciano, com três mil habitantes, aparecia como um núcleo mais ou menos estruturado (FUNDAÇÃO JOÃO PINHERIO, 1978). Um impulso maior para a ocupação da região só veio acontecer com a instalação de três grandes indústrias (PDDI/UNILESTE, 2014), que levaram ao crescimento populacional que são: a Usiminas, localizada no município de Ipatinga, Aperam (antiga Acesita S.A),

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localizada no município de Timóteo e a Cenibra, que apesar de ser localizada no município de Belo Oriente, grande parte dos trabalhadores residem em uma das quatro cidades da RMVA. Os municípios constituintes da RMVA apresentam a seguinte extensão territorial:

Tabela 1: Extensão territorial dos municípios da RMVA.

ÁREAS DOS MUNICÍPIOS DA RMVA

Município Área (Km2) % Coronel Fabriciano 221,252 27,43 Ipatinga 164,884 20,44 Santana do Paraíso 276,067 34,23 Timóteo 144,381 17,90 RMVA 806,584 100,00 Fonte: IBGE, 2018. Elaborado pelo Autor.

A Figura 2 abaixo detalha a situação atual da RMVA em relação ao uso e ocupação do solo.

Figura 2: Uso e ocupação do solo. Fonte: PDDI/ UNILESTE, 2014.

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4.1.2.1. População

Em 2018, a população dos quatro municípios da Região Metropolitana do Vale do Aço, conforme censo demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), era de 493.773 habitantes. Ipatinga era o município mais populoso, com 261.344 habitantes, seguido por Coronel Fabriciano, com 109.505 habitantes; Timóteo, com 89.090 habitantes; e Santana do Paraíso, com 33.934. Em 1970, Ipatinga já se apresentava como o maior centro populacional da região, seguido de Coronel Fabriciano e Timóteo (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 1978). A RMVA possui densidade de 612,18 hab./km² (IBGE, 2018) e tem uma população predominantemente urbana, com um grau de urbanização de 98,69%, em 2010. Se considerar os municípios da RMVA e do Colar Metropolitano, a população ultrapassa 700.000 habitantes. Já o Colar Metropolitano apresentou um grau de urbanização de 75,51% (PPDI/UNILESTE, 2014).

Tabela 2: Evolução da População da RMVA entre 1970 e 2018.

POPULAÇÃO DA REGIÃO METROPOLITANA DO VALE DO AÇO 1970-2018

Municípios 1970 1980 1991 2000 2010 2018 Coronel Fabriciano 41.120 75.709 87.439 97.451 103.797 109.405 Ipatinga 47.882 150.322 180.069 212.496 239.177 261.344 Santana do Paraíso 18.155 27.258 33.934 Timóteo 32.760 50.607 58.298 71.478 81.119 89.090 RMVA 121.762 276.638 325.806 399.580 451.351 493.773 Fonte: IBGE, 2018. Elaborado pelo Autor.

A Figura 3 abaixo detalha a direção do crescimento populacional.

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Figura 3: Aglomeração Urbana da Região Metropolitana do Vale do Aço. Fonte: Fundação João Pinheiro, 2007.

Excetuando-se Coronel Fabriciano, cuja mancha urbana ainda encontra-se inserida em seu perímetro urbano, os demais municípios da RMVA têm sofrido pressão para expansão da mancha urbana sobre sua área rural (PDDI/UNILESTE, 2014). Dentre os municípios nesta situação, Timóteo possui uma expansão direcionada para uma Área de proteção ambiental (APA de Timóteo) e na zona de amortecimento do Parque Estadual do Rio doce – PERD, conforme figura 2 (PDDI/UNILESTE, 2014). A Figura 4 traz o Mapa evolução da mancha de ocupação urbana da RMVA de 1979 a 2004.

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Figura 4: Mapa evolução da mancha urbana da RMVA de 1979 a 2004 Fonte: PDDI, UNILESTE, 2014.

Tabela 3: Evolução da mancha urbana – porcentagem em relação à área total da RMVA

EVOLUÇÃO DA MANCHA URBANA

1979 1989 2004 2014 Município Área % Área % Área % Área % (Km2) (Km2) (Km2) (Km2) Coronel Fabriciano 4,83 16 10,63 21 14,52 19 17,74 19,00 Ipatinga 20,60 68 30,75 61 30,00 49 43,94 47,00 Santana do Paraíso - - 2,00 4 8,49 11 14,22 15,00 Timóteo 4,85 16 7,20 14 15,98 21 17,72 19,00 RMVA 30,28 100 50,58 100 76,99 100 93,30 100,00 Fonte: Ordenamento Territorial. Dados obtidos através de imagens do PDI - AUVA em 1979, Ortofotos Cemig em 1989 e Google Earth em 2004 e 2014. PDDI, UNILESTE, 2014. Elaborado pelo Autor.

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4.1.3. Relevo

A região está inserida na depressão interplanáltica do Vale do Rio Doce. O relevo é resultado de uma dissecação fluvial atuante nas rochas granito-gnáissicas do período pré- cambriano. A depressão caracteriza-se por uma topografia de colinas com declividade média, planícies fluviais colmatadas, rampas de colúvio e lagos de barragem natural (PDDI/UNILESTE, 2014). Esta característica morfológica do relevo na região representou um grande limitador da forma de ocupação dos núcleos urbanos primitivos e, posteriormente, da expansão urbana ocasionada com a chegada das siderúrgicas à região. A presença dos maciços da região dos Cocais, a noroeste da RMVA, representou uma barreira para a expansão urbana neste sentido (PDDI/UNILESTE, 2014). Além disto, a necessidade de áreas mais planas para seus parques industriais fizeram com que Aperam South América (antiga Acesita S.A) e Usiminas ocupassem terrenos de topografia mais favorável, construindo bairros operários em áreas mais privilegiadas em termos de relevo. Esta situação, de certa forma, pressionou a população de menor renda para uma ocupação das áreas de maiores declividades (PDDI/UNILESTE, 2014).

Figura 5: Relevo da Região Metropolitana do Vale do Aço Fonte: Global Mapper (base: ASTER GDEM WorldwideElevation Data). PDDI, UNIELSTE, 2014.

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4.1.4. Hidrografia

A RMVA encontra-se na Bacia Hidrográfica do Rio Doce e quase sua totalidade na sub- bacia do Rio Piracicaba. As principais microbacias são as do ribeirão Achado, em Santana do Paraíso; do ribeirão Ipanema, em Ipatinga; dos ribeirões Caladão e Caladinho (urbana) e ribeirão Cocais Pequeno (rural), em Coronel Fabriciano; do ribeirão Timotinho (urbana) e ribeirão Belém (rural) em Timóteo. As áreas de drenagem dessas bacias variam de 40 a 190 km². Apesar da grande extensão das bacias dos municípios da RMVA estarem dentro da mancha urbana, a maioria das nascentes encontra-se nas áreas rurais (PDDI/UNILESTE, 2014). No subsolo, abaixo de onde o rio Piracicaba deságua no rio Doce, está localizado um aquífero aluvionar, que é de onde é extraída a água utilizada para o suprimento da maior parte do Vale do Aço (PDDI/UNILESTE, 2014).

Figura 6: Bacias Hidrográficas da RMVA. Fonte: PDDI/UNILESTE, 2014.

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4.1.5. Cobertura vegetal

A vegetação da região faz parte do Bioma Mata Atlântica. A cobertura vegetal caracteriza-se por remanescentes de Floresta Atlântica, representada pela mata tropical latifoliada e pela mata ciliar das margens de rio, além de grande extensão atualmente ocupada pelo plantio do eucalipto para extração (PDDI/UNILESTE, 2014). Contudo, a maior parte da vegetação natural foi substituída por pastagens e reflorestamento, restando apenas 0,2 % dos remanescentes florestais de Mata Atlântica (PAULA, 1997, apud LUIZ, 2014).

Figura 7: Cobertura Vegetal da RMVA e áreas vizinhas dos municípios limítrofes. Fonte: PDDI/UNILESTE, 2014.

A Tabela 4 a seguir apresenta uma distribuição das áreas de mata nos municípios constituintes da RMVA e o percentual que representam em relação ao total de sua extensão territorial.

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Tabela 4: áreas de cobertura Vegetal – porcentagem em relação à área total da RMVA

RMVA – ÁREAS DE COBERTURA VEGETAL

Coronel Santana do RMVA Ipatinga Timóteo Fabriciano Paraíso Descrição

Área % Área % Área % Área % Área % (Km2) (Km2) (Km2) (Km2) (Km2) Área Total 806,584 100,00 221,252 27,43 164,884 20,44 276,067 34,23 144,381 17,90 Área de Eucalipto 307,380 38,11 133,800 43,53 32,750 10,65 140,830 45,82 - - Mata Atlântica 140,270 17,39 7,880 9,05 6,000 6,89 10,220 11,74 116,170 80,46 Fonte: PDDI/UNILESTE, 2014. Elaborado pelo Autor.

A maior extensão da Floresta Atlântica na região faz-se representar pelo PERD - Parque Estadual do Rio Doce que ocupa 6,6% da área total da RMVA, ocupação realizada no município de Timóteo. É significativa a área total ocupada pela plantação de eucalipto e pelo PERD. Juntos eles representam 44,71% do território da Região Metropolitana (PDDI/UNILESTE, 2014). O PERD cria uma barreira natural à expansão urbana na região leste de Timóteo. Outros remanescentes representativos encontram-se nos municípios de Santana do Paraíso e Ipatinga. Devido à exiguidade territorial da região, as áreas de matas naturais vêm sofrendo constante pressão para expansão urbana (PDDI/UNILESTE, 2014). A área atualmente ocupada com plantações de eucalipto, utilizado principalmente como matéria-prima para a produção de celulose, representa 38,11% da área total da RMVA, sendo mais expressiva essa ocupação nos municípios de Coronel Fabriciano (43,53%) e Santana do Paraíso (45,82%) (PDDI/UNILESTE, 2014). A alteração da cobertura vegetal, principalmente para plantio de eucalipto tem colaborado para a crescente diminuição da biodiversidade local e impactos diversos no ambiente (ECOPLAN–LUME, 2008, apud LUIZ, 2014). O eucalipto é um dos responsáveis pela redução da área de mata nativa que, ao longo dos anos, vem sendo diminuída e fragmentada, não somente nos municípios da RMVA como também os do Colar Metropolitano (Figura 8) (PDDI/UNILESTE, 2014).

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Figura 8: Cultivo de Eucalipto na RMVA e Parte do Colar Metropolitano Fonte: PDDI/UNILESTE, 2014.

4.1.6. Fauna

Apesar de ser uma região metropolitana com a presença de setor industrial forte, a fauna é muito diversificada, de acordo com levantamentos secundários realizados por pesquisadores no PERD, áreas da Cenibra e dados presentes no plano de manejo das Unidades de Conservação - UC’s. O PERD serve como dispersor da fauna local para os outros pequenos fragmentos. De acordo com os dados compilados na literatura, 16% das espécies registradas na RMVA são endêmicas deste Bioma, além de espécies que figuram na lista das ameaçadas de extinção do IBAMA (PDDI/UNILESTE, 2014). Existem cerca de 328 espécies de aves na região, e 132 delas dependem de ambientes florestais com graus variados de conservação, sendo 20% dessas espécies altamente sensíveis à alteração ambiental Metropolitana no Vale do Aço (PDDI/UNILESTE, 2014). Os diversos estudos da mastofauna realizados no PERD e entorno permitiram o registro de, aproximadamente, 77 espécies de mamíferos, distribuídas em nove ordens, ou seja, apenas nessa área há cerca de 30% de todas as espécies de mamíferos da Mata Atlântica (PDDI/UNILESTE, 2014).

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4.1.7. Patrimônio Cultural

A relação de bens protegidos nos municípios da RMVA até o ano 2012, divulgada pelo IEPHA/MG, denota a sua diversidade. Nesta relação incluem-se quadros e imagens sacras, documentos como a Carta de Nomeação do Coronel Fabriciano, a Locomotiva Maria Fumaça e seus carros de passageiros localizados na cidade de Ipatinga. Mas, sobretudo, os bens imóveis, dentre os quais se destacam: a Igreja Matriz de São Sebastião e seu acervo e a fachada do Colégio Angélica, em Coronel Fabriciano, a antiga Estação Ferroviária de Ipatinga, que abriga o Museu Estação Memória Zeza Souto, a Igreja Matriz de Santana do Paraíso, a Escola Técnica de Metalurgia, em Timóteo. Destaca-se ainda, em Timóteo, o registro de um patrimônio na modalidade denominada “Conjuntos Arquitetônicos, Paisagísticos, Naturais, Arqueológicos” – o Parque Estadual do Rio Doce (PERD) (PDDI/UNILESTE, 2014).

A Figura 9 a seguir apresenta a distribuição dos patrimônios culturais materiais nos municípios da RMVA.

Figura 9: Mapa de localização dos bens imóveis protegidos na RMVA. Fonte: PDDI/UNILESTE, 2014.

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4.1.8. Unidades de Conservação (UC) / Parque Estadual do Rio Doce (PERD)

O Parque Estadual do Rio Doce é considerado um dos maiores patrimônios da preservação de biodiversidade do Brasil. A Unidade de Conservação abriga a maior floresta tropical de Minas, em seus 35.976,43 hectares. O PERD é a primeira - UC estadual, criada em 14 de Julho de 1944, e foi tombado como patrimônio cultural pela Prefeitura Municipal de Timóteo. Esta UC abriga relevante biodiversidade, destacando-se algumas espécies ameaçadas de extinção, como: suçuarana (Puma concolor), onça-pintada (Panthera onca) e jaguatirica (Leopardus pardalis). Em fevereiro de 2010, o PERD foi incluído na lista de zonas úmidas de importância internacional, sendo a primeira e única área do estado denominada como Sítio Ramsar, por abrigar o terceiro maior sistema lacustre do Brasil, com, aproximadamente, 42 lagoas (PDDI/UNILESTE, 2014). Cinco empreendimentos em fase de implantação foram encontrados distribuídos na Zona de Amortecimento do PERD. Esses empreendimentos são construídos sem os devidos cuidados ambientais, principalmente com relação às lagoas e aos cursos d’água (PDDI/UNILESTE, 2014). Na Região Metropolitana do Vale do Aço e em seu Colar Metropolitano, são encontradas relevantes UC’s. Na categoria de parques, ao todo, somam nove. Dois são Parques Estaduais, e sete, Parques Municipais. Quanto às Áreas de Proteção Ambiental, existem 23 (APA), sendo 21 Municipais e duas Estaduais, além de nove Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN’s) - (PDDI/UNILESTE, 2014). Os municípios da Região Metropolitana do Vale do Aço possuem as seguintes APA: Coronel Fabriciano (APA Biquinha e APA Serra do Cocais), Ipatinga (APA Ipanema) e Timóteo (APA Municipal Serra do Timóteo). Contudo, todas as UC de uso sustentável da região foram criadas após a chegada das indústrias siderúrgicas e de papel e celulose. Por esse motivo, somado ao baixo nível de restrição das UC de uso sustentável, apenas as áreas com UC de proteção integral é que de fato restringem as transformações na cobertura da terra causadas por interferência antrópica (LUIZ, 2014).

4.2. Do Meio Ambiente.

O termo meio ambiente possui conceito no âmbito da Ecologia e no âmbito legal. Como conceito ecológico, Miller (2012, p.3) descreve Meio Ambiente como “tudo o que afeta

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um organismo vivo (qualquer forma de vida única)”, ou seja, tudo que envolve todos os seres vivos. A rigor, a Ecologia é a ciência que estuda as relações dos seres vivos entre si e o meio físico. Conforme Milaré (2007, p. 107), meio físico deve ser entendido “como o cenário natural em que esses seres se desenvolvem”, os seus elementos abióticos, como solo, relevo, recursos hídricos, ar e clima. O conceito legal de meio ambiente pode ser extraído no art. 3º, I, da Lei nº 6.938/81 (Lei da Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA):

Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.

Portanto, o meio ambiente relaciona-se a tudo aquilo que nos circunda, o que se conclui que a definição de meio ambiente é ampla, onde o legislador optou por trazer um conceito jurídico indeterminado, a fim de criar um espaço de incidência da norma, ou seja, cabe ao intérprete o preenchimento do seu conteúdo. O Supremo Tribunal Federal (STF), na Ação Direita de Inconstitucionalidade (ADI n º 3540) reconheceu quatro significados para a classificação do meio ambiente: meio ambiente natural, artificial, cultural e do trabalho. De acordo com Fiorillo (2012), meio ambiente natural é constituído pela atmosfera, pelos elementos da biosfera, pelas águas, pelo solo, pelo subsolo, pela fauna e flora, conforme se extrai do caput do art. 225 da Constituição Federal de 1988 (CF/88) e seu §1º, I,III e VII:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; (...) III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; (...) VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade (BRASIL, Constituição, 2017).

O meio ambiente artificial, diretamente relacionado ao conceito de cidade, é compreendido pelo espaço urbano construído, considerando o conjunto de edificações, ou

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seja, o espaço urbano fechado, e pelos equipamentos públicos, chamado de espaço urbano aberto. Fiorillo (2012, p.79) descreve que “o meio ambiente artificial recebe tratamento constitucional não apenas no art. 225, mas também nos artigos 182, ao iniciar o capítulo referente à política urbana; 21, XX, que prevê a competência material da União Federal de instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos, art. 5º, XXIII, entre alguns outros”, sendo importante frisar a Lei 10.257/2001, Estatuto da Cidade, norma vinculada a meio ambiente artificial. O conceito de meio ambiente cultural está no art. 216 da CF/88, que prescreve:

Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I - as formas de expressão; II - os modos de criar, fazer e viver; III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico (BRASIL, Constituição, 2017).

Ressalta Silva (2007), que o meio ambiente cultural é integrado pelo patrimônio histórico, artístico, arqueológico, paisagístico, turístico, que embora artificial, em regra, como obra do homem, difere do anterior (que também é cultural) pelo sentido de valor especial. E por último, a título de conhecimento, tendo em vista não envolver a presente pesquisa, o meio ambiente do trabalho que se refere ao local onde as pessoas desempenham suas atividades laborais relacionadas à sua saúde, seja remunerado ou não, cujo equilíbrio está baseado na salubridade do meio e na ausência de agentes que comprometam a incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores, conforme se extrai do art. 200, VIII, da CF/88. O conceito ecológico é diferente do conceito legal, pois o primeiro rege as relações dos seres vivos entre si e o seu ambiente e o segundo leva em consideração o homem como um ser social que somente atinge a plenitude de seu desenvolvimento no contato com os semelhantes, passando a abranger aspectos artificiais, culturais e do trabalho (SÉGUIN, 2006). A discussão em torno do meio ambiente não é uma novidade em nossa sociedade. Com o advento da Constituição Federal de 1988 esta questão tem tido cada vez mais significativo espaço, eis que a atual Constituição dedica um capítulo especial ao meio ambiente, um dos mais importantes e avançada, dada a relevância do tema.

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Assim, com o surgimento do Direito Ambiental como meio de proteção legal ao meio ambiente, verificou-se a necessidade de conceituar o meio ambiente em aspectos que o compõem para facilitar a identificação da atividade degradante e do bem imediatamente agredido, tendo em vista que o objetivo maior é tutelar a vida saudável.

4.3. Do Direito Ambiental

Machado (2016) assevera que o Direito Ambiental está em socorro de um meio ambiente ameaçado e, assim, busca uma relação harmoniosa e de equilíbrio entre o homem e a natureza. Nesse sentido, Milaré (2009, p. 815) conceitua o Direito Ambiental, ou Direito do Ambiente, como “o complexo de princípios e normas coercitivas reguladoras das atividades humanas que, direta ou indiretamente, possa afetar a sanidade do ambiente em sua dimensão global, visando à sua sustentabilidade para as presentes e futuras gerações”. O direito ao meio ambiente como direito humano fundamental encontra sua base normativa no Capítulo VI, do Título VIII, artigo 225, da Constituição Federal de 1988. As Constituições que precederam a de 1988 jamais se preocuparam com a proteção do ambiente de forma específica e global. Nelas, nem mesmo uma vez foi empregada a expressão meio ambiente, dando a revelar total inadvertência ou, até, despreocupação com o próprio espaço em que vivemos (MILARÉ, 2005, p.182). O confronto entre as várias Constituições brasileiras é possível extrair alguns traços comuns (Miralle,2005, p.182): “a) desde a Constituição de 1934, todas cuidaram da proteção do patrimônio histórico, cultural e paisagístico do país; b) houve constante indicação no texto constitucional da função social da propriedade, solução que não tinha em mira – ou era insuficiente para – proteger efetivamente o patrimônio ambiental; c) jamais se preocupou o legislador constitucional em proteger o meio ambiente de forma específica e global, mas, sim, dele cuidou de maneira diluída e mesmo casual, referindo- se separadamente a alguns de seus elementos integrantes (água, florestas, minérios, caça, pesca), ou então disciplinando matérias com ele indiretamente relacionadas (mortalidade infantil, saúde, propriedade)”. Sabidamente, a Lei Maior brasileira de 1988 procurou dar ao meio ambiente as proteções necessárias, sendo inovadora em vários aspectos. Atribuiu a todos a

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responsabilidade pela defesa de uma vida sadia para esta e para as futuras gerações. Há um dever público, que não exclui o dever dos cidadãos, conforme preceitua Freitas (2002). Antunes (2006, p.56) salienta que “além de ser dotada de um capítulo próprio para as questões ambientais, a Constituição Federal de 1988, ao longo de diversos outros artigos, trata das obrigações da sociedade e do Estado brasileiro com o meio ambiente” e esclarece que “houve um aprofundamento das relações entre o Meio Ambiente e a infra-estrutura econômica, pois nos termos da Constituição de 1988, é reconhecido pelo constituinte originário que se faz necessário a proteção ambiental de forma que se possa assegurar uma adequada fruição dos recursos ambientais e um nível elevado de qualidade de vida às populações”. A fruição de um meio ambiente saudável e ecologicamente equilibrado foi erigida em direito fundamental pela ordem jurídica constitucional vigente. Este fato, sem dúvida, pode se revelar um notável campo para a construção de um sistema de garantias da qualidade de vida dos cidadãos e de desenvolvimento econômico que se faça com respeito ao Meio Ambiente (ANTUNES, 2006). A responsabilidade pela defesa de uma vida sadia também é do povo, com efeito, o caput do artigo 225 da Constituição Federal de 1988, estabeleceu:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. (BRASIL, Constituição, 2017).

O Direito Ambiental vai além da perspectiva de Estado e engloba uma participação conjunta do Estado regulador e da sociedade, pois somente unindo os dois polos seria possível concretizar as ações de defesa ao meio ambiente (LEITE, 2013). Segundo a Constituição Federal, o meio ambiente é um bem de interesse coletivo, cabendo também à coletividade, portanto, sua defesa. Isso significa que qualquer cidadão, na mesma proporção em que tem o direito de usar, tem a obrigação de zelar pela proteção, manutenção e sustentabilidade do meio ambiente (MATOS, 2001). Eis o texto do artigo 225, com seus parágrafos e incisos, que atribui ao Poder Público as seguintes tarefas:

Art. 225 (...) § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

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I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade (BRASIL, Constituição, 2017).

O artigo 225 também apresenta normas destinadas aos particulares:

§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei; § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. § 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. § 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. § 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas (BRASIL, Constituição, 2017).

O capítulo do Meio Ambiente que se materializa no artigo 225 da Constituição Federal é de elevada importância para a tutela ambiental. Segundo Antunes (2006), o centro

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nevrálgico do sistema constitucional de proteção ao Meio Ambiente onde está muito bem caracterizada a interseção entre a ordem econômica e os direitos individuais. Reconheceu, portanto, o constituinte de 1988, expressamente, o direito de todos ao meio ambiente sadio e preservado em condições adequadas sob a ótica ecológica. Trata-se, à toda evidência, de um direito humano fundamental (MIRRA, 2002). Impõe o texto constitucional que o desenvolvimento ocorra de forma sustentável, preservando-se o meio ambiente para as presentes e futuras gerações. Segundo Mirra (2002) a abordagem do meio ambiente diz respeito a um direito fundamental de terceira geração. Direito este, de extrema importância para proteção e preservação da vida no nosso planeta. E, como tal, o direito ao meio ambiente é ao mesmo tempo individual e coletivo e interessa a toda a humanidade. O combate aos sistemas de degradação do meio ambiente convertera-se numa preocupação de todos. A proteção ambiental, abrangendo a preservação da Natureza em todos os seus elementos essenciais à vida humana e à manutenção do equilíbrio ecológico, visa a tutelar a qualidade do meio ambiente em função da qualidade de vida, como uma forma de direito fundamental da pessoa humana (SILVA, 2007). A defesa do meio ambiente tornou-se parte integrante do processo de desenvolvimento do Brasil, estando no mesmo plano de importância, de outros valores econômicos e sociais constitucionalmente protegidos. Nessa esteira, diante do que preconiza § 3º do art. 225 da CF/88 de que as “condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”, o legislador elaborou a Lei n. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, chamada de Lei de Crimes Ambientais - LCA, onde elenca a maioria dos crimes contra o meio ambiente. Antes da Constituição Federal de 1988, o País já contava com vários diplomas legais específicos, disciplinando aspectos da utilização de determinados recursos ambientais, porém o marco fundamental na estruturação de um abrangente sistema de proteção jurídica do meio ambiente, remota a aprovação da Lei 6.938/81, a qual estabeleceu as linhas fundamentais da denominada Política Nacional do Meio Ambiente.

4.4. Do Dano Ambiental

Dano ambiental é uma grave lesão, não insignificante, ao direito de todos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (MILARÉ, 2013).

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Respeitado autor enfatiza que essa definição traz a noção de dano como sendo uma lesão a bem, direito ou interesse jurídico que, nesta seara, refere-se ao bem jurídico ambiental em si, conforme preconizado no Constituição da República de 1988. O autor apresenta classificação do dano ambiental quanto à sua dimensão e quanto à natureza do interesse lesado. Na primeira categoria, ele incluiu o dano ambiental coletivo e dano ambiental individual e, na segunda, o dano ambiental patrimonial e o dano ambiental extrapatrimonial. Dano ambiental coletivo é aquele “causado ao meio ambiente globalmente considerado, em sua concepção difusa, como patrimônio coletivo” (MILARÉ, 2007, p. 320), haja vista que lesa uma coletividade indeterminada. O dano ambiental individual, por sua vez, é o “que atinge pessoas certas, através de sua integridade moral e/ou de seu patrimônio material particular” (MILARÉ, 2007, p. 320). Quanto à indenização, o dano ambiental coletivo, o montante cobrado é destinado a um fundo, cujos recursos serão utilizados para a reparação dos bens lesados. Já no dano ambiental individual, a indenização é cobrada para reparação individual dos prejuízos das vítimas. O dano ambiental patrimonial diz respeito à lesão a bens que importam em reparação, e o dano ambiental extrapatrimonial ou moral é aquele dano em que a lesão se dá a bens que não ensejam quantificação econômica e se evidenciam pelo sentimento de frustação e dor coletivos, diante de lesão ambiental patrimonial (MILARÉ, 2007).

4.5. Da Lei de Crimes Ambientais

Conforme descrito, nos termos do art. 225, da CF/88, as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas independentemente da obrigação de reparas os danos causados. Cumprindo a mencionada determinação constitucional, a LCA foi criada dez anos após a promulgação da Constituição Federal de 1988 (CF/88), sendo publicada em 13 de fevereiro de 1998, disciplinando as sanções penais e administrativas às pessoas físicas e jurídicas que violem as regras de garantia esperadas para manter o meio ambiente ecologicamente equilibrado. Segundo Milaré (2007, p. 94) a LCA “cumpriu ao mesmo tempo duas missões: deu efetividade ao ideário constitucional de apenar as condutas lesivas ao meio ambiente e

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atendeu a recomendações insertas na Carta da Terra e na Agenda 21, aprovadas na Conferência do Rio de Janeiro, exortando os Estados a formularem leis direcionadas à efetiva responsabilidade por danos ao ambiente e para a compensação às vítimas da poluição”. Na LCA um fato poderá ser considerado simultaneamente como crime, infração administrativa ou ilícito ambiental. Por serem diversos os bens jurídicos tutelados, consagrou- se a possibilidade de incidência conjunta de várias sanções, com fundamento na independência das esferas de responsabilidade civil, administrativa ou penal. A responsabilização civil ambiental visa à proteção direta do meio ambiente ecologicamente equilibrado, seja por meio da imposição de obrigações comissivas ou omissivas, seja pela imposição de medidas financeiras compensatórias (NOVELINO, 2012). Continuando em suas lições, descreve que a “responsabilização administrativa tem por fim assegurar a efetividade do poder de polícia ambiental na promoção do interesse público e proteção do meio ambiente”. A apuração de infrações administrativas é uma atividade estatal, exercida pela União, estados, Distrito Federal e municípios, haja vista ser matéria de competência comum, conforme preconiza o art. 23 da Constituição da República de 1988 e regulamenta a Lei Complementar n. 140/2011. Nos termos do art. 70 da LCA, o infrator será responsabilizado administrativamente quando sua conduta configurar em infração administrativa ambiental, que é “toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente” (BRASIL, Lei 9.605/98). Em âmbito federal, a Lei n. 9.605/1998 e o Decreto n. 6.514/2008 trazem o rol de condutas consideradas como infrações ambientais. Seguindo o tema sobre responsabilidade por dano ambiental, tem-se a responsabilização penal que visa a promover a preservação do meio ambiente enquanto bem jurídico fundamental, a Lei n. 9.605/1998 traz o rol dos crimes contra o meio ambiental. Os crimes contra o meio ambiente tipificados na LCA estão dispostos no capítulo V e compostos por cinco seções: (1) crimes contra a fauna; (2) crimes contra a flora; (3) poluição e outros crimes ambientais; (4) crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural; (5) crimes contra a administração ambiental. Dispondo sobre as sanções penais e administrativas contra condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, LCA representa um marco de desenvolvimento do ordenamento jurídico ambiental brasileiro no que tange à tutela do meio ambiente.

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Nesse contexto, a Lei 9.605/98 objetiva assegurar um uso sustentável do meio ambiente, prevendo instrumentos jurídicos para sua recuperação e continuidade dos seus serviços ecossistêmicos, em face de interferências negativas e degradantes.

4.6. Dos Crimes Ambientais

4.6.1. Aspectos Gerais

Antes de adentrarmos nos crimes ambientais previstos na LCA, importante tecer algumas considerações gerais. Embora denominada Lei dos Crimes Ambientais, trata-se, na verdade, de instrumento normativo de natureza híbrida, já que se preocupou também com infrações administrativas e com aspectos da cooperação internacional para a preservação do ambiente. Na LCA, encontram-se capitulados crimes contra a fauna (arts. 29 a 37), crimes contra a flora (arts. 38 a 53), crime de poluição (art. 54), crimes contra o ordenamento urbano e patrimônio cultural (arts. 62 a 65) e crimes contra a administração ambiental (arts. 69 a 69-A). Recebem tratamento especifico as atividades mineradoras exercidas em desconformidade com os requerimentos ambientais (art. 55); a importação, exportação, produção, processamento, embalagem, armazenamento, comercialização, transporte, uso e descarte indevido de produtos u substâncias tóxicas (art. 56); a construção, reforma, ampliação, instalação e funcionamento de estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem as devidas licenças ou autorização dos órgãos ambientais (art. 60) e a disseminação de doença ou praga ou espécies que possam causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora ou as ecossistemas (art. 61). Quanto à autoria na prática do crime, estabelece a Lei n. 9.605/1998 que poderá haver condenação penal pela prática de crimes ambientais tanto de pessoas físicas como jurídicas. Assim dispõe art. 2º da referida lei:

Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la (BRASIL, Lei 9.605/98).

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As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativamente, civil e penalmente, conforme o disposto na LCA, “nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade”, nos termos do art. 3º da referida lei.

4.6.2. Dos crimes contra fauna

A proteção da fauna está prevista no artigo 225, §1º, inciso VII, da Constituição Federal de 1988:

Art. 225. § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: (...) VII – proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade (BRASIL, Constituição, 2017).

Os crimes contra a fauna estão previstos na Seção I do Capítulo V da Lei 9.504/98 – LCA, em seus arts. 29 a 37 – Dos Crimes contra a fauna. De acordo com Milaré (2007, p. 244), “entende-se ordinariamente por fauna o conjunto dos animais que vivem numa determinada região, ambiente ou período geológico. A noção vulgar também se refere ao conjunto dos animais que habitam o Planeta na atualidade ou que nele viveram em épocas anteriores”. Na LCA, em seu artigo 29, § 3º, encontra-se o conceito jurídico de fauna silvestre:

Art. 29, § 3° São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras (BRASIL, Lei 9.605/98).

A Portaria nº 93, de 07 de julho 1998, do IBAMA estabeleceu os seguintes conceitos para fauna silvestre: “Fauna Silvestre Brasileira: são todos aqueles animais pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do Território Brasileiro ou águas jurisdicionais brasileiras. Fauna Silvestre Exótica: são todos aqueles animais pertencentes às espécies ou subespécies cuja distribuição geográfica não inclui o Território Brasileiro e as espécies ou subespécies introduzidas pelo homem, inclusive domésticas em estado asselvajado ou alçado. Também são consideradas exóticas as espécies ou subespécies que tenham sido introduzidas fora das fronteiras brasileiras e suas águas jurisdicionais e que tenham entrado em Território Brasileiro. Fauna Doméstica: Todos aqueles animais que através de processos tradicionais e sistematizados de manejo e/ou melhoramento zootécnico tornaram-se domésticas, apresentando características biológicas e comportamentais em estreita dependência

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do homem, podendo apresentar fenótipo variável, diferente da espécie silvestre que os originou” (BRASIL, Portaria IBAMA 93/98).

Segundo Milaré (2007, p. 945-946), a fauna pode ser doméstica, domesticada ou silvestre. “Fauna doméstica: é aquela representada por espécies que foram submetidas a processos tradicionais de manejo, possuindo características biológicas e comportamentais em estreita dependência do homem para sua sobrevivência, sendo passível de transação comercial e, algumas, de utilização econômica. Fauna domesticada: é a formada por espécies que são naturalmente encontradas na natureza, mas que por circunstâncias especiais passaram a conviver harmoniosamente com o homem, dele dependendo para sua sobrevivência, podendo ou não manter suas características comportamentais de animais silvestres. Fauna silvestre: é o conjunto de animais que têm seu habitat natural nas matas, florestas, rios e mares, e que normalmente não possuem adaptabilidade natural ao convívio humano”. De acordo com o conceito de fauna silvestre previsto em Lei, o mesmo abrange também os peixes, mamíferos marinhos e quaisquer outros animais de vida aquática. Séguin (2006, p. 441) conceitua fauna como “o conjunto de espécies animais de um determinado país ou região, tendo a LCA incluído os delitos referentes à pesca na seção que disciplina a Fauna. Utiliza-se a expressão caça para a captura de todos os animis exceto os peixes, cujo aprisionamento constitui a pesca”. O art. 36, da LCA apresenta o conceito legal de pesca como “todo ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico, ressalvadas as espécies ameaçadas de extinção, constantes nas listas oficiais da fauna e da flora”. Milaré (2007, p. 946) leciona que os animais que não pertençam à fauna silvestre não estão previstos no artigo 29, porém os mesmos não estão desamparados pela lei. Eles apenas estão protegidos pelo artigo 32 da LCA, onde prevê o crime de abuso e maus-tratos a animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos.

Tabela 5: – Crimes contra a fauna.

Artigo Crime Pena 29, caput Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da Detenção: 6 meses a

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fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a 1 ano e multa. devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida. 29, § 1º, I Impedir a procriação da fauna, sem licença, Detenção: 6 meses a autorização ou em desacordo com a obtida; 1 ano e multa. 29, § 1º, II Modificar, danificar ou destruir ninho, abrigo ou Detenção: 6 meses a criadouro natural. 1 ano e multa. 29, § 1º, Vender, expor à venda, exportar ou adquirir, guardar, ter Detenção: 6 meses a III em cativeiro ou depósito, utilizar ou transportar ovos, 1 ano e multa. larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente. 29, § 4º, I Contra espécie rara ou considerada ameaçada de Aumentada de extinção, ainda que somente no local da infração. metade 29, § 4º, II Em período proibido à caça. Aumentada de metade 29, § 4º, Durante a noite. Aumentada de III metade 29, § 4º, Com abuso de licença. Aumentada de IV metade 29, § 4º, Em unidade de conservação. Aumentada de V metade 29, § 4º, Com emprego de métodos ou instrumentos capazes de Aumentada de VI provocar destruição em massa. metade 29, § 5º Se o crime decorre do exercício de caça profissional. Aumentada até o triplo 30, caput Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e Reclusão: 1 a 3 anos répteis em bruto, sem a autorização da autoridade e multa. ambiental competente. 31, caput Introduzir espécime animal no País, sem parecer Detenção: 3 meses a técnico oficial favorável e licença expedida por 1 ano e multa. autoridade competente. 32, caput Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar Detenção: 3 meses a animais silvestres, domésticos ou domesticados, 1 ano e multa. nativos ou exóticos. 32, § 1º Realizar experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, Detenção: 3 meses a ainda que para fins didáticos ou científicos, quando 1 ano e multa. existirem recursos alternativos. 32, § 2º Se ocorrer morte do animal. Aumentada de um sexto a um terço 33, caput Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento de Detenção: 1 a 3 anos materiais, o perecimento de espécimes da fauna ou multa, ou ambas aquática existentes em rios, lagos, açudes, lagoas, cumulativamente. baías ou águas jurisdicionais brasileiras. 33, I Causar degradação em viveiros, açudes ou estações de Detenção: 1 a 3 anos aquicultura de domínio público. ou multa, ou ambas cumulativamente.

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33, II Explorar campos naturais de invertebrados aquáticos e Detenção: 1 a 3 anos algas, sem licença, permissão ou autorização da ou multa, ou ambas autoridade competente. cumulativamente. 33, III Fundear embarcações ou lança detritos de qualquer Detenção:1 a 3 anos natureza sobre bancos de moluscos ou corais, ou multa, ou ambas devidamente demarcados em carta náutica. cumulativamente. 34, caput Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em Detenção: 1 a 3 anos lugares interditados por órgão competente. ou multa, ou ambas cumulativamente. 34, I Pescar espécies que devam ser preservadas ou Detenção: 1 a 3 anos espécimes com tamanhos inferiores aos permitidos. ou multa, ou ambas cumulativamente. 34, II Pescar quantidades superiores às permitidas, ou Detenção: 1 a 3 anos mediante a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas ou multa, ou ambas e métodos não permitidos. cumulativamente. 34, III Transportar, comercializa, beneficia ou industrializa Detenção: 1 a 3 anos espécimes provenientes da coleta, apanha e pesca ou multa, ou ambas proibida. cumulativamente. 35, I Pescar mediante a utilização de: explosivos ou Reclusão: 1 a 5 anos. substâncias que, em contato com a água, produzam efeito semelhante. 35, II Pescar mediante a utilização de: substâncias tóxicas, Reclusão: 1 a 5 anos. ou outro meio proibido pela autoridade competente. Fonte: BRASIL, Lei 9605/1998. Elaborado pelo Autor.

4.6.3. Dos crimes contra flora

Como a fauna, a proteção da flora também está prevista no artigo 225, § 1º, inciso VII, da Constituição Federal. Os crimes contra a flora estão previstos na Seção I do Capítulo V da Lei 9.504/98 – LCA, em seus arts. 38 a 53 – Dos Crimes contra a flora. No rol dos crimes contra a flora, o legislador pretendeu proteger a flora, as florestas e as unidades de conservação. O conceito de flora e floresta se distingue, Flora é o conjunto de plantas de uma determinada região ou período listadas por espécies e consideradas como um todo, enquanto floresta é a formação arbórea densa, de alto porte, que recobre área de terra mais ou menos extensa (Milaré, 2007). As unidades de conversão descritas nos artigos 40, 40-A e 52 da LCA, têm sua definição na Lei Federal nº 9.985/2000, a qual dividiu as unidades de conversão em dois grandes grupos: Art. 7o As unidades de conservação integrantes do SNUC dividem-se em dois grupos, com características específicas: I - Unidades de Proteção Integral; II - Unidades de Uso Sustentável.

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§ 1o O objetivo básico das Unidades de Proteção Integral é preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos nesta Lei. § 2o O objetivo básico das Unidades de Uso Sustentável é compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais (BRASIL, Lei 9.605/98).

De acordo com Milaré (2007, p. 947), ambos os tipos de unidade de conversão estão tutelados na redação do § 1º do artigo 40 da LCA, e não somente as de proteção integral, como se poderia concluir. “Art. 40. Causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação e às áreas de que trata o art. 27 do Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, independentemente de sua localização: § 1o Entende-se por Unidades de Conservação de Proteção Integral as Estações Ecológicas, as Reservas Biológicas, os Parques Nacionais, os Monumentos Naturais e os Refúgios de Vida Silvestre” (BRASIL, Lei 9.605/98).

De acordo com Gomes (2015), em um primeiro momento, as infrações contra a flora estavam tipificadas no antigo Código Florestal (Lei 4.771/65). O art. 26 alínea a até alínea q, da Lei 4.771/65 definia várias contravenções penais florestais e o seu art. 45, §3º (acrescentado pela lei 7.803/89), considerava crime a comercialização ou utilização ilegal de motosserras. Com o advento da Lei 9.506/98, a maioria das infrações na vigência do Código florestal à época foram tacitamente revogados.

Tabela 6: Crimes contra a flora.

Artigo Crimes Pena 38, caput Destruir ou danificar floresta considerada de Detenção: 1 a 3 anos ou preservação permanente, mesmo que em multa, ou ambas as penas formação, ou utilizá-la com infringência das cumulativamente. normas de proteção. 38 A Destruir ou danificar vegetação primária ou Detenção: 1 a 3 anos ou secundária, em estágio avançado ou médio de multa, ou ambas as penas regeneração, do Bioma Mata Atlântica, ou cumulativamente. utilizá-la com infringência das normas de proteção: 39, caput Cortar árvores em floresta considerada de Detenção: 1 a 3 anos ou preservação permanente, sem permissão da multa, ou ambas as penas autoridade competente: cumulativamente. 40, caput Causar dano direto ou indireto às Unidades de Reclusão: 1 a 5 anos. Conservação 41, caput Provocar incêndio em mata ou floresta. Reclusão: 2 a 4 anos e multa. 42, caput Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que Detenção: 1 a 3 anos ou possam provocar incêndios nas florestas e multa, ou ambas as penas demais formas de vegetação, em áreas urbanas cumulativamente.

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ou qualquer tipo de assentamento humano.

44, caput Extrair de florestas de domínio público ou Detenção: 6 meses a 1 ano consideradas de preservação permanente, sem e multa. prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de minerais. 45, caput Cortar ou transformar em carvão madeira de lei, Reclusão: de 1 a 2 anos e assim classificada por ato do Poder Público, para multa. fins industriais, energéticos ou para qualquer outra exploração, econômica ou não, em desacordo com as determinações legais. 46, caput Receber ou adquirir, para fins comerciais ou Detenção: 6 meses. a 1 ano industriais, madeira, lenha, carvão e outros e multa. produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do vendedor, outorgada pela autoridade competente, e sem munir-se da via que deverá acompanhar o produto até final beneficiamento. Parágrafo Quem vende, expõe à venda, tem em depósito, Detenção: 6 meses a 1 ano único transporta ou guarda madeira, lenha, carvão e e multa. outros produtos de origem vegetal, sem licença válida para todo o tempo da viagem ou do armazenamento, outorgada pela autoridade competente. 48, caput Impedir ou dificultar a regeneração natural de Detenção: 6 meses a 1 ano florestas e demais formas de vegetação. e multa. 49, caput Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por Detenção: 3 meses a 1 ano qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação ou multa, ou ambas as de logradouros públicos ou em penas cumulativamente. propriedade privada alheia: 50, caput Destruir ou danificar florestas nativas ou Detenção: 3 meses. a 1 ano plantadas ou vegetação fixadora de dunas, e multa. protetora de mangues, objeto de especial preservação. 50A Desmatar, explorar economicamente ou degradar Reclusão: 2 a 4 anos e floresta, plantada ou nativa, em terras de domínio multa. público ou devolutas, sem autorização do órgão competente. 51, caput Comercializar motosserra ou utilizá-la em Detenção: 3 meses. a 1 ano florestas e nas demais formas de vegetação, sem e multa. licença ou registro da autoridade competente. 52, caput Penetrar em Unidades de Conservação Detenção: 6 meses a 1 ano conduzindo substâncias ou instrumentos próprios e multa. para caça ou para exploração de produtos ou subprodutos florestais, sem licença da autoridade competente. 53, I Resultar a diminuição de águas naturais, a erosão Aumentada de um sexto a do solo ou a modificação do regime climático. um terço 53, II Se crime é cometido: no período de queda das Aumentada de um sexto a sementes, no período de formação de vegetações, um terço

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contra espécies raras ou ameaçadas de extinção, ainda que a ameaça ocorra somente no local da infração, em época de seca ou inundação, durante a noite, em domingo ou feriado. Fonte: BRASIL, Lei 9605/1998. Elaborado pelo Autor.

4.6.4. Da poluição e outros crimes ambientais

A seção III da LCA trata dos crimes de poluição e outros crimes ambientais e possui previsão de crimes que tutelam, além do meio ambiente, outros bem jurídicos humanos, como a vida, a integridade física, o direito de moradia digna, o lazer das pessoas (Gomes, 2015). Para esses crimes, a LCA dispõe oito artigos, mas tipifica somente nos artigos 54, 55, 56, 60 e 61 as condutas criminosas praticadas por aqueles que causam poluição, entre outros crimes ambientais. O conceito de poluição está definido no artigo 3º, inciso III, da Lei nº 6.938/81 (Lei da Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA), sendo a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. Em sentido amplo, poluição é toda alteração das propriedades naturais do meio ambiente, causada por agente de qualquer espécie prejudicial à saúde, a segurança ou ao bem- estar da população sujeita aos seus efeitos (MEIRELLES, 2007). O art. 54 da LCA prescreve: “causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora”. O parágrafo segundo trata das espécies de poluição, ou seja, do solo (inciso I), atmosférica (inciso II) e hídrica (inciso III). Tipifica como criem a conduta de impedir ou dificultar o uso público das praias (inciso IV). Também considera crime o lançamento de resíduos sólidos, gasosos, detritos, óleos ou substâncias oleosas em desacordo com as exigências legais e regulamentares (inciso V). Também comete crime de poluição quem provoca, pela emissão de efluentes ou carreamento de materiais, o perecimento de espécimes da fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicionais brasileiras (art. 33 da Lei nº 9.605/98).

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Sirvinskas (2012) leciona que o caput do art. 54 está inserido em todo tipo de poluição, seja atmosférica, hídrica, do solo, sonora e visual. Quanto aos “outros crimes ambientais” descritos na seção III da LCA, o legislador reservou quatro artigos, ou seja, artigos. 55, 56, 60 e 61:

“Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente autorização, permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida: (...) Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos: (...) Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes: (...) Art. 61. Disseminar doença ou praga ou espécies que possam causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora ou aos ecossistemas: (...)”(BRASIL, Lei 9.605/98).

Tabela 7: Da poluição e outros crimes ambientais.

Artigo Crimes Pena 54, caput Causar poluição de qualquer natureza em níveis Reclusão: 1 a 4 anos e tais que resultem ou possam resultar em danos à multa. saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora. 54, § 1º Se o crime é culposo. Detenção: 6 meses a 1 ano e multa. 54, § 2º, I Se o crime: tornar uma área, urbana ou rural, Reclusão: 1 a 5 anos. imprópria para a ocupação humana; 54, § 2º, II Causar poluição atmosférica que provoque a Reclusão: 1 a 5 anos. retirada, ainda que momentânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população. 54, § 2º, III Causar poluição hídrica que torne necessária a Reclusão: 1 a 5 anos. interrupção do abastecimento público de água de uma comunidade. 54, § 2º, IV Dificultar ou impedir o uso público das praias. Reclusão: 1 a 5 anos. 54, § 2º, V Ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, Reclusão: 1 a 5 anos. líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos.

54, § 3º Quem deixar de adotar, quando assim o exigir a Reclusão: 1 a 5 anos. autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível.

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55, caput Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos Detenção: 6 meses a 1 ano minerais sem a competente autorização, e multa. permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida: Parágrafo Quem deixa de recuperar a área pesquisada ou Detenção: 6 meses a 1 ano único explorada, nos termos da autorização, permissão, e multa. licença, concessão ou determinação do órgão competente. 56, caput Produzir, processar, embalar, importar, exportar, Reclusão: 1 a 4 anos e comercializar, fornecer, transportar, armazenar, multa. guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos. 56, § 1º, I Abandonar os produtos ou substâncias referidas Reclusão: 1 a 4 anos e no caput ou os utiliza em desacordo com as multa. normas ambientais ou de segurança. 56, § 1º, II Manipular, acondicionar, armazenar, coletar, Reclusão: 1 a 4 anos e transportar, reutilizar, reciclar ou dar destinação multa. final a resíduos perigosos de forma diversa da estabelecida em lei ou regulamento. 56, § 2º Se o produto ou a substância for nuclear ou Aumentada de um sexto a radioativa. um terço. 58, I Se resultar dano irreversível à flora ou ao meio Aumentada de um sexto a ambiente em geral. um terço. 58, II Se resultar lesão corporal de natureza grave em Aumentada de um terço outrem. até a metade. 58, III Se resultar a morte de outrem. Aumentada até o dobro. 60, caput Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer Detenção: 1 a 6 meses ou funcionar, em qualquer parte do território multa, ou ambas as penas nacional, estabelecimentos, obras ou serviços cumulativamente. potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes. 61, caput Disseminar doença ou praga ou espécies que Reclusão: de 1 a 4 anos e possam causar dano à agricultura, à pecuária, à multa. fauna, à flora ou aos ecossistemas. Fonte: BRASIL, Lei 9605/1998. Elaborado pelo Autor.

4.6.5. Dos crimes contra o ordenamento urbano e patrimônio cultural

A proteção do meio ambiente cultural (artigos 215 e 216 da CF/88) e do meio ambiente artificial (artigos 182 e 183 da CF/88) também mereceu destaque na LCA, com imposição de sanções penais adequadas às necessidades de proteção do meio ambiente cultural (FIORILLO, 2012).

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Na seção IV do Capítulo V da LCA, o legislador reservou quatro artigos. Para os crimes contra o ordenamento urbano (artigos 64 e 65) e contra o patrimônio cultural (artigos 62 e 63), tipificando condutas delituosas praticadas contra bem público. O ambiente integra-se em um conjunto de elementos naturais, culturais e artificiais. A seção IV do Capítulo V da LCA trata do ambiente cultural, integrado pelo patrimônio artístico, histórico, turístico, paisagístico, arqueológico e espeleológico. Com base nessa dimensão ampla do meio ambiente, e atento ao impacto negativo resultante do caos experimentados pelas grandes cidades do país, procurou o legislador, na linha dos ordenamentos jurídicos mais modernos, catalogar como crimes vários atentados contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural (MILARÉ, 2007).

Tabela 8: Dos crimes contra o ordenamento urbano e patrimônio cultural

Artigo Crimes Pena 62, I Destruir, inutilizar ou deteriorar: bem Reclusão: 1 a 3 anos e especialmente protegido por lei, ato multa. administrativo ou decisão judicial. 62, II Destruir, inutilizar ou deteriorar: arquivo, Reclusão: 1 a 3 anos e registro, museu, biblioteca, pinacoteca, multa. instalação científica ou similar protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial. 63, caput Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou Reclusão:. 1 a 3 anos e local especialmente protegido por lei, ato multa. administrativo ou decisão judicial, em razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a concedida. 64, caput Promover construção em solo não edificável, ou Detenção: 6 meses a 1 ano no seu entorno, assim considerado em razão de e multa. seu valor paisagístico, ecológico, artístico, turístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a concedida. 65, caput Pichar ou por outro meio conspurcar edificação Detenção: 3 meses a 1 ano ou monumento urbano. e multa. 65, § 1º Se o ato for realizado em monumento ou coisa Detenção: 6 meses a 1 ano tombada em virtude do seu valor artístico, e multa. arqueológico ou histórico. Fonte: BRASIL, Lei 9605/1998. Elaborado pelo Autor.

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4.6.6. Dos crimes contra a administração ambiental

De acordo com Fiorillo (2012), com a finalidade de trazer utilidade ao comando constitucional, que impõe prioritariamente ao Poder Público o dever de defesa e preservação do meio ambiente, devendo assegurar a efetividade do direito ambienta é que a LCA revelou dar importância àqueles que concretamente atuam em nome do Estado Democrático de direito. O legislador, ao definir os crimes contra a administração ambiental, tipificou conduta na qual o agente, no exercício da função pública, possa comprometer a correta e eficiente gestão dos bens ambientais pelo Poder Público, seja por atos de improbidade, seja por omissão em cumprir obrigação de relevante interesse ambiental (MIRALÉ, 2017). Os arts. 66 e 67 definem crimes funcionais, ou seja, segundo Miralé (2017) trata-se da modalidade de crimes próprios, para cuja tipificação exige-se do sujeito ativo (aquele que pratica o ato) capacidade especial consistente no exercício de função pública, portanto, funcionário público. Os artigos 68 e 69 descrevem delitos comuns, cujo agente pode ser qualquer pessoa, particular ou funcionário público, que tenha o dever legal ou contratual de cumprir a obrigação ambiental (GOMES, 2015).

Tabela 9: Dos crimes contra a administração ambiental

Artigo Crimes Pena 66, caput Fazer o funcionário público afirmação falsa ou Reclusão: 1 a 3 anos e enganosa, omitir a verdade, sonegar informações multa. ou dados técnico-científicos em procedimentos de autorização ou de licenciamento ambiental. 67, caput Conceder o funcionário público licença, Detenção: 1 a 3 anos e autorização ou permissão em desacordo com as multa. normas ambientais, para as atividades, obras ou serviços cuja realização depende de ato autorizativo do Poder Público. 68, caput Deixar, aquele que tiver o dever legal ou Detenção: 1 a 3 anos e contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de multa. relevante interesse ambiental: 69, caput Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Detenção: 1 a 3 anos e Poder Público no trato de questões ambientais: multa. 69A Elaborar ou apresentar, no licenciamento, Reclusão: 3 a 6 anos e concessão florestal ou qualquer outro multa procedimento administrativo, estudo, laudo ou relatório ambiental total ou parcialmente falso ou enganoso, inclusive por omissão:

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69A, § 1º Se o crime é culposo Detenção: 1 a 3 anos. 69A, § 2º Se houver dano significativo ao meio ambiente, Aumentada um terço a em decorrência do uso da informação falsa, dois terços. incompleta ou enganosa. Fonte: BRASIL, Lei 9605/1998. Elaborado pelo Autor.

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5. MATERIAL E MÉTODOS

5.1. Área de estudo

A Área de estudo compreende a Região Metropolitana do Vale do Aço (RMVA), localizada no Vale do Rio Doce, no leste do Estado de Minas Gerais, Região Sudeste do país. Foi reconhecida pela lei complementar nº 51, de 30 de dezembro de 1998, sendo efetivada como região metropolitana em 12 de janeiro de 2006. É composta pelas cidades de Coronel Fabriciano, Ipatinga, Santana do Paraíso e Timóteo. A Lei Complementar nº 90, de 12 de janeiro de 2006 criou o colar metropolitano, que é constituído por outros 24 municípios, conforme figura 10. A RMVA é uma aglomeração urbana com 493.773 habitantes (IBGE, 2018), com densidade de 612,18 hab./km² (IBGE, 2018). Se considerar os municípios da RMVA e do Colar Metropolitano, a população ultrapassa 700.000 habitantes. A RMVA tem uma população predominantemente urbana, com um grau de urbanização de 98,69%, em 2010. Já o Colar Metropolitano apresentou um grau de urbanização de 75,51% (PPDI/RMVA, 2014).

Figura 10: Mapa da Região Metropolitana do Vale do Aço e Colar metropolitano. Fonte: FNEM – Fórum Nacional de Entidades Metropolitanas.

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A Região Metropolitana do Vale do Aço é conformada pelos vales definidos pela hidrografia local, com localização situada na bacia do Médio Rio Doce, pela presença do Parque Estadual do Rio Doce a Leste e pelos maciços com altitudes de até 1.200 metros a oeste, estando o centro geográfico da Região Metropolitana localizado nas coordenadas UTM 751917.966 e 7847538.664 (Lat/Lon: 19°27’2,7281”S, 42°36’1,7673”W) (PDDI/UNILESTE, p. 42-49). A área total do núcleo metropolitano é de 806,584 km² (IBGE), dos quais 82,465 km² (10,22% do total) estão em área urbana (PDDI/RMVA, p. 42-49) O município de Ipatinga é o terceiro município em área, porém concentra 44,65% da área urbana da região, maior população e mancha urbana. Já as áreas de expansão urbana previstas pelos quatros munícipios representam 22,10% da extensão territorial da RMVA, área superior a duas vezes e meia a área urbana atual da região. Coronel Fabriciano possui a segunda maior população e se destaca por possuir uma grande área do território destinada para a plantação de eucalipto (43,53%). Já município de Timóteo é o terceiro em população, mas possui a menor área territorial. Porém, destaca-se por possuir a maior parte do seu território (72,32%) de Mata Atlântica. O Município de Santana do Paraíso é o que apresenta a maior disponibilidade de área para expansão urbana (31,64%), sendo que hoje é o município que tem menor participação no total da área urbana da RMVA, (7,07%), porém também possui uma grade área de plantação de eucalipto (45,82%).

Tabela 10: Mapa da Região Metropolitana do Vale do Aço e do Colar metropolitano

ÁREAS DA RMVA

Coronel Santana do RMVA Ipatinga Timóteo Fabriciano Paraíso Descrição Área % Área % Área % Área % Área % (Km2) (Km2) (Km2) (Km2) (Km2) Área Total 806,584 100,00 221,252 27,43 164,884 20,44 276,067 34,23 144,381 17,90 Perímetro Urbano 261,535 32,43 63,406 24,24 76,397 29,21 70,738 27,05 50,994 19,50 Área Urbana 82,465 10,22 17,020 20,64 36,820 44,65 14,080 17,07 14,545 17,64 Área de expansão urbana 179,070 22,20 46,386 25,90 39,577 22,10 56,658 31,64 36,449 20,35

Área Rural (Inclui PERD) 545,049 67,57 157,846 28,96 88,487 16,23 205,329 37,67 93,387 17,73

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Área de Eucalipto 307,380 38,11 133,800 43,53 32,750 10,65 140,830 45,82 - - PERD 53,200 6,60 ------53,200 100,00 Mata Atlântica 87,070 10,79 7,880 9,05 6,000 6,89 10,220 11,74 62,970 72,32 Fonte: PDDI, UNILESTE, 2014. Elaborado pelo Autor.

5.2. Coleta dos dados

No âmbito da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais (PMMG), na Região Metropolitana do Vale do Aço, compete ao 2º e 3º Pelotão a proteção ao Meio Ambiente e à Ordem Urbanística e apurar os ilícitos ambientais, inclusive os maus tratos a animais silvestres, domésticos e o parcelamento irregular do solo. Foi disponibilizada pela PMMG os dados dos crimes registrados entre os anos 2012 e 2017, tendo em vista que a alimentação do banco de dados só veio a ocorrer a partir de 2012. A LCA possui cinco categorias tipificadas como crimes ambientais, a saber: (1) crimes contra a fauna; (2) crimes contra a flora; (3) crime de poluição, (4) crimes contra o ordenamento urbano e patrimônio cultural, (5) crimes contra a administração ambiental. Os dados foram analisados de acordo com o banco de dados fornecido pela PMMG sendo estabelecidos sete grupos de crimes ambientais: (1) Atendimento de denúncias; (2) atividades poluidoras; (3) crimes contra a fauna; (4) crimes contra a flora; (5) crime de pesca, (6) crimes contra recursos hídricos, (7) crimes contra o patrimônio cultural. Apesar de o crime de pesca ser uma espécie do gênero crimes contra a fauna, por questões didáticas, optou-se manter em uma categoria à parte, pelo volume de ocorrências. E mais, um dos grupos a serem apresentados, seguindo a base de dados da Polícia Militar Ambiental, é o de Atendimento de Denúncias. Este grupo contém os crimes ambientais cuja ocorrência foi registrada a partir de denúncias apresentadas por moradores dos municípios à Polícia. O Grupo Atendimento de Denúncias possui as espécies de crimes ambientais que caracterizaram a criação dos outros grupos, a saber: atividades poluidoras; crimes contra a fauna; crimes contra a flora; crime de pesca, crimes contra recursos hídricos, crimes contra o patrimônio cultural. Para cada crime praticado a partir de denúncias, a base de dados da Polícia Militar Ambiental não discrimina qual o tipo de ocorrência, mas apenas lança como crimes praticados nos grupos de crimes como acima descrito.

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5.3. Análise dos dados

Os dados referentes ao período analisado foram organizados e tratados por meio de estatística descritiva utilizando o programa Microsoft EXCEL (Sokal & Rohlf, apud Sothe e Goetten, 2017, p.3), considerando os seguintes parâmetros: “ano da ocorrência”, “cidade de ocorrência”, “grupos ambientais”, “tipo de ocorrência”.

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6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1. Análise Descritiva

6.1.1. Crimes ambientais ocorridos na Região Metropolitana do Vale do Aço – RMVA período de estudo (2012/2017).

Na Região Metropolitana do Vale do Aço, entre o ano de 2012 até 2017, foram registrados 2.662 ocorrências de crimes ambientais (Figura 11). O ano de 2012 apresentou o maior número de ocorrências, no total de 520. O ano de 2015 foi o de menor ocorrência, 406,. Nos demais anos foram registrados 451 ocorrências em 2013, 449 em 2014, 410 em 2016 e 426 em 2017. Ficou caracterizada uma diminuição de 18% no número de crimes ambientais entre 2012 e 2017, o que sugere um histórico de queda nos próximos anos, eis que apesar do pequeno aumento em 2015, nos anos seguintes as ocorrências foram menores do que dos anos anteriores a 2015. A queda dos crimes ambientais (Figura 11) decorreu do aumento das ações de prevenção e fiscalização praticadas pela Polícia Militar Ambiental como blitz educativas, palestras, articulações com diversos órgãos e serviços e visitas às propriedades rurais da região (DIÁRIO DO AÇO, 2014). Entre 2012 e 2017, constatou-se como positivo a queda de 18% nas ocorrências dos crimes ambientais na RMVA, porém esse valor pode ser mais significativo se os órgãos públicos intensificarem o combate tendo como ponto de partida os principais fatores que contribuem para pratica dos crimes, conforme demonstrado no presente estudo. Assim, importante manter projetos que visem a realização de ações para prevenir a pratica dos crimes ambientais, bem como aumentar a fiscalização pela Polícia Militar Ambiental para garantir efetividade na aplicação da Lei 9605/98 Lei de Crimes Ambientais.

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Total de Crimes Ambientais - 2012 a 2017 600

500 520

451 449 400 426 406 410 300

200

100

0 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Figura 11: Total de crimes ambientais entre os anos de 2012 e 2017 Fonte: Polícia Militar Ambiental de Minas Gerais. Elaborado pelo autor.

Com base no banco de dados fornecido pela PMMG, foram definidos 07 (sete) grupos de crimes ambientais: (1) Atendimento de denúncias; (2) atividades poluidoras; (3) crimes contra a fauna; (4) crimes contra a flora; (5) crime de pesca, (6) crimes contra recursos hídricos, (7) crimes contra o patrimônio cultural (Figuras 12). Os crimes de maior ocorrência foram os praticados contra a Flora no total de 922 ocorrências (35%); seguido por Atividade Poluidora, 527 ocorrências (20%); Fauna, 470 ocorrências (18%), Atendimentos de Denúncia, 484 ocorrências (18%); Pesca, 112 ocorrências (4%); Recursos Hídricos, 80 ocorrências (3%); Patrimônio Cultural, 55 ocorrências (2%) (Figura 13). Segundo Souza e Braga (2017), o IBAMA registrou 5.855 ocorrências ambientais no país em 2015, sendo 41,8% contra a fauna; 31,2% contra a flora; 22,8% de atividades potencialmente poluidoras e 4,2% relativas à pesca. A Polícia Ambiental do Rio de Janeiro registrou 1.696 ocorrências ambientais em 2014, sendo 33,78% contra a fauna; 26,06% contra a flora; 22,23% de atividades potencialmente poluidoras; 17,28% relativos à pesca e 0,65% contra recursos hídricos (SOUZA e BRAGA, 2017). Em Santa Catarina foram registradas, entre 2009 e 2015, 742 ocorrências, sendo 38,55% contra a flora; 27,35% contra a fauna; as atividades potencialmente poluidoras com 26,15% e 7,95% de pesca (SANTIAGO, 2015).

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Em Minas Gerais, Souza (2016) analisou 9.368 ocorrências ambientais em 47 municípios entre 2012 e 2015, sendo 37,83% de fauna, 32,74% de flora, 27,27% de atividades potencialmente poluidoras e 2,17% de pesca. Portanto, ao contrário da Região Metropolitana do Vale do Aço, verificou-se que no país, em outros Estados, há maior incidência de crimes ambientais contra a fauna, seguido de crimes contra a flora e de atividades poluidoras. Em contraste, no estado de Santa Catarina, observou-se a maior incidência de crimes contra a flora, seguido da fauna e de atividades potencialmente poluidoras.

Figura 12: Acumulado dos crimes ambientais em 6 anos Fonte: Polícia Militar Ambiental de Minas Gerais. Elaborado pelo autor.

6.1.2. Evolução das ocorrências dos Crimes ambientais na Região Metropolitana do Vale do Aço – RMVA

No que se refere às Atividades Poluidoras, o ano de 2012 foi o de maior ocorrência, totalizando 205 crimes. Nos anos seguintes houve uma queda, sendo registradas 137 ocorrências em 2013; 46 em 2014; 44 em 2015; 42 em 2016 e um leve aumento em 2017, totalizando 63 ocorrências registradas. Apesar do aumento em 2017, ficou caracterizada a queda nas ocorrências em relação ao ano de 2012 (Figura 13).

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Ainda assim, a região apresentou um número significativo de crimes Atividade Poluidora, tendo em vista ser um polo industrial e de grande expansão urbana. Quanto as ocorrências registradas dos crimes contra a Fauna, houve um aumento significativo entre os anos analisados, no percentual de 444%.Os demais grupos apresentaram queda ou ficaram estáveis. Verificou-se a concentração das ocorrências em Ipatinga, município de maior índice populacional, onde a cultura do tráfico de animais silvestres e maus tratos contra animais, em geral, é bastante presente. No ano de 2012 houve 18 ocorrências de crimes contra a Fauna, aumentou para 62 ocorrências em 2013; 89 ocorrências em 2014; 104 ocorrências em 2015; 99 ocorrências em 2016 e 98 ocorrências em 2017. Na região Metropolitana do Vale do Aço, o grupo que apresentou o maior número de ocorrências foi o da Flora, representando 35%. Ao longo do período de estudo houve queda nas ocorrências, porém com um pequeno aumento em 2017. Este fato não descaracteriza a queda das ocorrências se comparado aos anos anteriores. Em 2012 foram registrados 193 crimes; reduzindo para 145 em 2013; aumentaram em 2014, para 171; reduzindo em 2015, para 140, e em 2016, para 129. Por fim, em 2017 ocorreu um pequeno aumento nas ocorrências, no total de 144. Do total de crimes cometidos no Vale do Aço, os praticados contra a pesca representou 4%. No período de estudo ficou caracterizado queda no número de ocorrências, fato esse que pode ser explicado pela crise hídrica que assolou o Estado, em que os níveis das águas superficiais baixaram, significativamente, inviabilizando em diversas localidades a prática da pesca. O ano de 2012 totalizou 35 ocorrências, com queda em 2013 para 23 ocorrências; posteriormente para 17 ocorrências em 2014; 12 ocorrências em 2015; e por fim 13 ocorrências em 2017. Quanto às ocorrências dos crimes contra os Recursos Hídricos, ocorreu uma leve estabilidade no período da coleta dos dados. Ficou caracterizado um aumento em 2014, ano de maior ocorrência, com o total de 21 crimes. Nos demais anos foram registrados 13 ocorrências em 2012; 6 ocorrências em 2013; 13 ocorrências em 2015 e 2016; 14 ocorrências em 2017. Por fim, quanto ao grupo Patrimônio Cultural este apresentou menor número de ocorrências, totalizando 80, o que representa 2% dos crimes. Deste total, foram registrados 2 ocorrências em 2012; 5 em 2013; aumentou em 2014, totalizando 18 ocorrências; com queda nos anos seguintes, sendo 14 em 2015; 11 em 2016 e 5 em 2017.

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Logo, verifica-se que neste grupo, apesar do aumento em 2014, houve queda significativa nos anos seguintes, com uma representatividade aproximada do ano de 2012.

600

13 500 35 2 6 23 21 5 12 14 400 18 13 13 153 17 1 1 193 14 145 171 144 300 129 140 18

Ocorrências 62 200 98 89 99 104 205 137 46 42 63 100 44

91 104 89 53 73 74 0 2012 2013 2014 2015 2016 2017

AÇÕES DE DEFESA SOCIAL ATENDIMENTOS DE DENUNCIAS ATV. POLUIDORAS FAUNA FLORA PATRIMÔNIO CULTURAL PESCA RECURSOS HÍDRICOS

Figura 13: Evolução ano a no dos crimes ambientais Fonte: Polícia Militar Ambiental de Minas Gerais. Elaborado pelo autor.

6.1.3. Total de crimes ambientais por município da Região Metropolitana – RMVA

A Polícia Militar Ambiental registrou o total de 2.662 crimes ambientais na Região Metropolitana do Vale do Aço (2012 – 2017). O município de Ipatinga apresentou o maior número de ocorrências, no total de 969 (36%); seguido pelo município de Timóteo, 584 (22%); Coronel Fabriciano, 582 (22%) e Santana do Paraíso, 527 (20%), conforme figura 14. O município de Ipatinga foi o único que apresentou aumento no número das ocorrências no período de estudo, ou seja, de 157 para 168, aumento percentual de 7%. Nos demais municípios houve queda. Salienta-se, que a mancha urbana dos municípios da RMVA ocupa 10,22 % do território, sendo Ipatinga o terceiro município em área total, 20,44%, porém concentra 44,65% da área urbana da região e a maior população, totalizando 261.344 habitantes (IBGE, 2018), o

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que contribui para figurar como o município com maior número de ocorrências dos crimes ambientais. Com o crescimento populacional, a mancha urbana do município se estende para a área rural (Figura 2), principalmente às margens do Ribeirão Ipanema, dos riachos e córregos, que cortam a cidade e desaguam no Rio Piracicaba (Figura 6) fator que contribui para o aumento da pratica de crimes ambientais. E mais, o município possui 10,65% (tab. 10) do seu território utilizado para plantação de eucalipto e a noroeste possui a serra do cocais (Figura 5) força o crescimento populacional em direção áreas de florestas e áreas rurais (Figura 7). Os municípios de Coronel Fabriciano e Timóteo apresentaram dados muitos próximos quanto à quantidade de crimes, representando cada município 20% das ocorrências. Os números de habitantes destes dois municípios são bem próximas, 109.405 habitantes e 89.090 habitantes, respectivamente (IBGE,2018). Em Coronel Fabriciano houve uma diminuição dos crimes ambientais, de um total de 102 em 2012, para 93 em 2017, ou seja, 5%. Já Timóteo apresentou uma diminuição de 142 em 2012, para 87 ocorrências em 2017, no percentual de 38%. Nas últimas duas décadas, em Coronel Fabriciano a taxa de urbanização cresceu 0,70%; em Timóteo, a taxa de urbanização cresceu 5,85% (PDDI, UNILESTE, 2014), fator este que contribuiu para Timóteo, apesar de ter uma população inferior a de Coronel Fabriciano, possuir percentual semelhante de crimes ambientais. E mais, Coronel Fabriciano possui grande área do território destinada para a plantação de eucalipto (43,53%), com poucas áreas de florestas. Já o município de Timóteo se destaca por ter a maior parte do seu território (72,32%) ocupado pela Mata Atlântica, o que leva este município a apresentar número de crimes ambientais próximos ou até maiores do que Coronel Fabriciano. Outro fator a ser considerado é o relevo da Região. Coronel Fabriciano possui na sua região noroeste a serra do cocais com altas altitudes que dificulta a expansão urbana para áreas de floresta e área rural, enquanto Timóteo não possui este impedimento para sua expansão urbana, porém esta se dirige para área de florestas, principalmente nas proximidades do PERD. O município de Santana do Paraíso apresentou o menor percentual de ocorrências dos crimes ambientais, diminuindo de 119 em 2012, para 78 em 2017, o que representa 34,5% de queda. Este fato pode ser explicado tendo em vista que o município possui a menor população da região, 33.934 habitantes (IBGE, 2018), com maior disponibilidade de área para expansão

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urbana, 31,64%, bem como tem a menor participação no total da área urbana da RMVA, 17,07% (tabela 10). E mais, conforme citado anteriormente, possui uma grade área de plantação de eucalipto (45,82%) e uma área pequena de floresta, sendo 11,74% de mata atlântica (tabela 4 e Figura 7). Importante ressaltar, que na RMVA, o processo de industrialização e urbanização aconteceu concomitantemente, impondo mudanças na paisagem regional. Segundo Vasconcellos (2014), os interesses da indústria são expressos pelas construções impostas à natureza e os padrões espaciais da região. Para a produção do aço, é necessária, em primeiro lugar, a produção do urbano para garantir as condições gerais de produção das indústrias siderúrgicas. Porém, o planejamento urbano na RMVA não previu que as cidades crescessem, na maioria dos casos, alheia a esse urbanismo construído ou planejado. A esperança de oportunidades de emprego, que são inerentes ao processo de industrialização, faz com que a migração para esses polos de crescimento seja acima da capacidade de absorção pela infraestrutura existente, surgindo, assim, uma cidade marginal (VASCONCELLOS, 2014). Nesse sentido, afirma Braga (2000, p.329), “A urbanização desigual no Brasil proporcionou o aumento das populações marginalizadas, quadro agravado pela localização urbana dessas populações. Soma-se a isto a constituição de um meio ambiente urbano caracterizado por uma série de degradações promovidas pelos grandes complexos industriais e pelo rápido processo de urbanização e crescimento populacional".

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Figura 14: Crimes por cidade – Evolução 2012 a 2017 Fonte: Polícia Militar Ambiental de Minas Gerais. Elaborado pelo autor.

A Figura 15 monstra a média dos crimes ambientais no período de 2012 a 2017 no valor de 655,5 ocorrências. O município de Ipatinga apresentou número de ocorrências acima da média (969). Nos demais municípios o número está abaixo da média. A densidade demográfica na região é extremamente alta, sendo, especialmente em Ipatinga, várias vezes mais altas do que a densidade demográfica do estado e do país como um todo, fenômeno esse ligado à alta taxa de urbanização (PDDI, UNILESTE, 2014). Do ano de 2010 a 2018 a população de Ipatinga aumentou em 22.167 habitantes (tabela 2), muito significativo, eis que possui a menor área territorial. Este processo de crescimento populacional mais expressivo em Ipatinga, expressa também a expansão populacional na direção leste e nordeste da RMVA. Este processo é esperado uma vez que Ipatinga concentra a maior parte da produção industrial, do emprego e da renda regionais (COSTA e SANTOS, 2012). De acordo com o Relatório do Desenvolvimento Humano da ONU (ONU, 2011), o aumento geral da renda está associado à deterioração em indicadores ambientais básicos como emissões de CO2, qualidade do solo e da água, cobertura florestal, entre outros (SATHLER, 2012).

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Os demais municípios, Coronel Fabriciano, Santana do Paraíso e Timóteo tiveram um aumento populacional de 5.608, 6.676 e 7.971 habitantes respectivamente, com um aumento na RMVA de 42.422 habitantes. Aliado a isso, verifica-se que a área de expansão urbana em Ipatinga se direciona para a área rural e área de floresta, bem como margeando o Ribeirão Ipanema, que corta o município (fig. 2 e 6), fato que contribui para a prática de crimes ambientais como: desmatamento de florestas, poluição do solo e rios, caça de animais silvestres e danos aos recursos hídricos, além dos fatores expostos no capítulo 6.1.3. Da figura 15 e tabela 2 também se extrai o número de crimes ambientais por habitantes em todos os municípios. Ipatinga apresentou o valor de 269,70 crimes por habitantes; seguida pelo município de Coronel Fabriciano, 187,98; Timóteo, 152,55 e Santana do Paraíso, 64,39. Chama atenção neste resultado é Timóteo ser o segundo em número de ocorrências, porém ao analisar o número de crimes por habitante este munícipio aparece em terceiro, sendo superado por Coronel Fabriciano. Este fato pode ser explicado pelo fato de Coronel Fabriciano ter maior população.

969 655,5

582 584 527

CORONEL FABRICIANO IPATINGA SANTANA DO PARAISO TIMOTEO

Figura 15: Média dos crimes ambientais entre os anos de 2012-2017 Fonte: Polícia Militar Ambiental de Minas Gerais. Elaborado pelo autor.

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6.1.4. Ocorrência por grupo de crimes ambientais em relação aos municípios da Região Metropolitana do Vale do Aço

6.1.4.1. Análise dos atendimentos de denúncias

Conforme descrito no capítulo de material e métodos, foram definidos 07 (sete) grupos de crimes ambientais. O grupo Atendimento de Denúncias contém o registro das ocorrências a partir das denúncias apresentadas por moradores dos municípios. No total de 484 denúncias, Atividades Poluidoras foi o de maior ocorrência (280), seguido da Flora (134); Recursos Hídricos (43); Fauna (26) e Pesca (1). Não houve registro de denúncia de crime contra o Patrimônio Cultural. O município que apresentou o maior número de denúncias foi Ipatinga, com 175 ocorrências registradas; seguido por Coronel Fabriciano, 117; Timóteo, 104 e Santana do Paraíso com 88 ocorrências. Este resultado segue a tendência de Ipatinga figurar como o município com a maior prática de crimes ambientais, fator que pode ser explicado pelo número de habitantes, vegetação, crescimento populacional, relevo e hidrografia, conforme já exposto neste trabalho. Pode-se concluir que a quantidade de denúncias está proporcionalmente relacionada ao número de habitantes de cada município. Quanto maior o número de habitantes maior são os registros de denúncias. E mais, outro fato que levou ao aumento das denúncias, de 53 em 2012, para 89 em 2017,ou seja, aumento percentual de 67,92% (Figura 19), foram as ações de prevenção contra a prática de crimes ambientais realizadas pela Polícia Militar Ambiental como: blitz educativas, palestras, articulações com diversos órgãos e serviços e visitas às propriedades rurais da região (DIÁRIO DO AÇO, 2014), que levam a uma maior conscientização da população da importância da prevenção e punição contra a prática dos crimes que provocam danos ao meio ambiente e atinge toda uma coletividade.

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484 Denúncias

300 58%

280 250

200

150 28% 134 100

50 9% 5% 43 26 0 1 0 ATV. POLUIDORAS FAUNA FLORA PATRIMÔNIO PESCA RECURSOS CULTURAL HÍDRICOS

Figura 16: Ocorrências dos crimes ambientais registrados a partir de denúncias Fonte: Polícia Militar Ambiental de Minas Gerais. Elaborado pelo autor.

Atendimento de Denúncias

120

100 104 80 91 89

74 60 73

40 53

20

0 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Figura 17: Ocorrências dos Atendimentos de denúncia entre 2012 e 2017 Fonte: Polícia Militar Ambiental de Minas Gerais. Elaborado pelo autor.

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6.1.4.2. Análise dos crimes ambientais relacionados a Atividades Poluidoras

A seção III da Lei de Crimes Ambientais trata dos crimes de poluição e outros crimes ambientais e possui previsão de crimes que tutelam, além do meio ambiente, outros bem jurídicos humanos, como a vida, a integridade física, o direito de moradia digna, o lazer das pessoas (GOMES, 2015). Conforme citado neste trabalho, para esses crimes, a LCA dispõe oito artigos, mas tipifica somente nos artigos 54, 55, 56, 60 e 61 as condutas criminosas praticadas por aqueles que causam poluição, entre outros crimes ambientais, que podem afetar o meio ambiente natural. No período estudado foram registrados 537 ocorrências de crimes ambientais caracterizados como Atividades Poluidoras na Região Metropolitana do Vale do Aço (Figura 18). O de maior ocorrência foi de “funcionar sem autorização ambiental”, totalizando 321; seguido da prática de “outros crimes ambientais relativos à atividade poluidora”, no total de 132 (tabela 11). Uma inconsistência encontrada no banco de dados da PMMG foi o lançamento dos crimes ambientais apenas com a descrição “outros crimes ambientais” sem especificar quais. Este fato impede um estudo mais detalhado para desenvolvimento de políticas públicas voltadas para proteção do meio ambiente e ao combate dos crimes ambientais. Os crimes mais praticados enquadram no art. 60 da LCA, com pena de detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente (tabela 7).

537 Ocorrências

250 38% 200 204 150 23% 21% 100 18% 122 116 95 50

0 Coronel Fabriciano Ipatinga Santana de Paraíso Timóteo

Figura 18: Atividades poluidoras nos municípios da RMVA Fonte: Polícia Militar Ambiental de Minas Gerais. Elaborado pelo autor.

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Tabela 11: Ocorrências dos crimes ambientais relativos a Atividades Poluidoras

OCORRÊNCIAS TOTAL armazenar prod desacordo c/ normas ambientais vigentes 1 atividade potenc poluidora meio ambiente s/ licencas op 14 atividade potenc poluidora o meio ambiente sem licenca 5 causa poluicao ambiental c/ dano esp animais/vegetais 2 causar poluicao amb c/ dano patrim natural/cultural 1 causar poluicao ambiental prejudique seg/bem estar pop 9 causar poluicao atm prejud bem estar pop s/ dano saude 2 causar poluicao atmosferica c/ danos a saude humana 1 causar poluicao c/ dano animais c/ morte fauna aquatica 1 descumprir determinacao ou deliberacao do copam. 3 descumprir orient tec caso de aut ambiental 3 func s/aut amb s/termo ajust c/ poluicao ambiental. 32 func s/aut ambi s/termo ajust s/ poluicao ambiental. 321 instala ativid poluidora meio amb prop rural res legal 1 nao comunicar ocorrencia acidentes com danos ambientais 2 nao informar orgao ambiental mudanca resp tec 1 obstar acao fiscalizadora do copam/semad 1 outras infracoes ambientais rel atividades poluidoras 132 prestar informacao falsa ou adulterar dado tecnico 1 prod desacordo c/ norma ambiental dano amb/ rec hidrico 1 realizar ativid degradacao amb erosao unid conservacao 2 sonegar informacoes solicitadas pelo copam/urcs/semad 1 TOTAL 537 Fonte: Polícia Militar Ambiental de Minas Gerais. Elaborado pelo autor.

Coronel Fabriciano apresentou 122 ocorrências, o que representa 23% dos crimes, figurando em segundo entre os municípios. O município de Ipatinga apresentou o maior número de ocorrências, totalizando 204 (38%). O município de Santana do Paraíso totalizou 95 ocorrências (18%). O município de Timóteo foi o terceiro em ocorrências de crimes ambientais (21%). Importante registrar que a licença ambiental, registrado pela PMMG como “autorização ambiental” é o documento, com prazo de validade definido, em que o órgão ambiental estabelece regras, condições, restrições e medidas de controle ambiental a serem seguidas por uma empresa. Entre as principais características avaliadas para a liberação da licença é o potencial de geração de líquidos poluentes (despejos e efluentes), resíduos sólidos, emissões atmosféricas, ruídos e o potencial de riscos de explosões e de incêndios. Ao receber a Licença

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Ambiental, o empreendedor assume os compromissos para a manutenção da qualidade ambiental do local em que se instala. Em estudo realizado por Júnior e Costa (2013) sobre o licenciamento ambiental no município de Sorriso, Mato Grosso, ficou constatado que das empresas pesquisadas, 44% afirmaram não possuir o licenciamento ambiental, seja por falta de conhecimento ou por se negarem a se licenciarem. A falta de informações e de fiscalização faz com que estas empresas não busquem compreender quais problemas podem oferecer ao meio ambiente e de que maneiras poderiam minimizar os impactos provocados. Por outro lado, Santiago (2015, p.73) afirma que “grande parte dessas autuações é de empresas ou indústrias em funcionamento inadequado em relação as suas licenças ambientais ou mesmo sem qualquer tipo de licença ou autorização”. E mais, tais atividades, consideradas potencialmente causadoras de degradação ambiental, muitas vezes operam sem o devido licenciamento, em parte pelos altos custos para obtenção da licença, em parte devido à incapacidade técnica de instalar e manter funcionando adequadamente os controles ambientais (SANTIAGO, 2015). Conforme citado anteriormente, por concentrar 44,65% da área urbana da região, maior população (261.344 habitantes, IBGE, 2018), maior número de empresas instaladas em sua área, contribuiu para Ipatinga figurar como primeiro entre os municípios de maior número de crimes. Portanto, necessário uma maior fiscalização nas empresas para coibir as suas atividades sem a devida autorização ambiental. Ficou constatado que não há qualquer relação entre relevo, vegetação, hidrografia e a prática do crime de funcionar sem autorização ambiental. Portanto, no período compreendido entre 2012/2017, quanto aos crimes de poluição, Ipatinga foi o que apresentou o maior número de ocorrências, representando 41%, seguido por Coronel Fabriciano (21%), Timóteo e Santana do Paraíso, representando 19% cada.

6.1.4.3. Análise dos crimes ambientais relacionados à Fauna

A proteção à fauna está prevista no artigo 225, §1º, inciso VII, da Constituição Federal de 1988, bem como na Seção I do Capítulo V da Lei 9.504/98 – LCA, em seus artigos 29 a 37. No período de estudo foram registrados 470 crimes ambientais contra a Fauna na Região Metropolitana do Vale do Aço (Figura 20), sendo o único grupo que apresentou aumento nas ocorrências, no percentual de 444% entre 2012 e 2017.

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O crime mais praticado foi de “Ter em cativeiro espécimes de fauna silvestre sem licença”, totalizando 357 ocorrências; seguido da prática de “Abuso/maus tratos contra animais”, no total de 64 ocorrências (tabela 12). Os crimes mais praticados enquadram-se nos artigos 29 e 32 da LCA, que prevê pena de detenção de seis meses a um ano, e multa (tabela 5). Esses resultados se assemelham aos estudos realizados sobre a ocorrência dos crimes ambientais registradas em municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte, contatou- se que o crime de maior ocorrência o de “manter espécimes da fauna nativa em cativeiro sem licença”. No estado do Rio de Janeiro, o número quase total de ocorrências foi relacionado com “adquirir, guardar, ter em cativeiro ou depósito espécimes da fauna silvestre nativa sem licença” (SOUZA e BRAGA, 2017), ambos semelhantes à RMVA. Segundo Milaré (2007, p. 945-946), a fauna silvestre “é o conjunto de animais que têm seu habitat natural nas matas, florestas, rios e mares, e que normalmente não possuem adaptabilidade natural ao convívio humano”. O fato que contribuiu para esta prática é a existência na Região Metropolitana do Vale do Aço e em seu Colar Metropolitano relevantes Unidades de Conservação (UC’s), além do Parque Estadual do Rio Doce – PERD. Quanto às Áreas de Proteção Ambiental, existem 23 APA’s, sendo 21 Municipais e duas Estaduais, além de nove Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN’s), todas com grande biodiversidade (PDDI, UNILESTE, 2014). Em Coronel Fabriciano tem a APA Biquinha, APA Serra dos Cocais; Ipatinga tem a APA Ipanema; Santana do Paraíso, APA Santana do Paraíso e Timóteo, APA Municipal Serra do Timóteo. Os pequenos núcleos urbanos existentes nas áreas de proteção ambiental estão se ampliando de forma desordenada e destruindo o habitat dos animais silvestres, aumentando o tráfico de animais, bem como a proximidade dos núcleos urbanos com as APA tem levado a captura de animais silvestres pela população, principalmente pássaros, uma prática antiga, mas que ainda permanece nos tempos atuais (PDDI, UNILESTE, 2014). Em levantamento feito pela prefeitura de São Paulo houve um crescimento no número de crimes contra animais silvestres, eis que, segundo especialistas, o avanço da mancha urbana nas cidades tem levado a desmatamentos, incêndios, queimadas, que deixa os animais vulneráveis, além de novas modalidades de tráfico de animais pela internet (FOLHA DE SÃO PAULO, 2019). Em estudo realizado sobre as infrações ambientais registradas pela Polícia Ambiental no Litoral Centro-Norte de Santa Catarina, ficou constatado que a captura e manutenção de

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aves silvestres em cativeiro infelizmente representa a realidade da região e do país, culturalmente adepta dessa prática (SOTHE e GOETTEN, 2017). O número elevado de aves silvestres em cativeiro pode ser em função do forte apelo cultural de várias regiões do país. Lado outro, no Vale do Aço os chacreamentos instalados de forma irregular na Zona de Amortecimento do Parque Estadual do Rio Doce - PERD e nas APA, ampliando, ainda mais, a densidade populacional dessas áreas, ocasionam perda de biodiversidade, em decorrência da fragmentação e diminuição da área de vida destinada aos animais silvestres (PDDI, UNILESTE, 2014). Segundo Bechara (2003), “estudos desenvolvidos por G. Caughey” trazem como uns dos principais fatores relacionados à extinção das espécies silvestres a fragmentação e destruição dos habitats, a caça excessiva e o comércio ilegal. A caça é uma prática ainda verificada em várias UC da RMVA, devido à inexistência de pontos de fiscalização, além da grande ocorrência de animais mortos pela própria população em razão de invasões de domicílios por ratos, gambás, ataques de animais domésticos por jaguatiricas e lobo guará, além de atropelamentos e maus tratos de vários cachorros, sendo muitos abandonados nas ruas (PDDI, UNILESTE, 2014). Para Machado (2016), a caça incontrolada tem causado a extinção de espécies e ameaça a fauna silvestre não só no Brasil como de grande parte de outros países. Embora o comércio e a caça profissional e predatória sejam proibidos, tais condutas estão sendo praticado de forma crescente, o que faz do tráfico de animais silvestres o terceiro maior do mundo, perdendo apenas para o tráfico de drogas e armas. E mais, o comércio de vida silvestre, incluindo a fauna, a flora e seus produtos e subprodutos, é considerado a terceira maior atividade ilegal no mundo, atrás apenas do tráfico de armas e de drogas (DESTRO et al., 2012). Levando em consideração apenas o tráfico de animais silvestres no Brasil, é estimado que cerca de 38 milhões de exemplares sejam retirados anualmente da natureza e que aproximadamente quatro milhões deles sejam vendidos. Baseado em dados sobre animais capturados e o seu preço, estima-se que, no Brasil, esse comércio movimenta cerca de US$ 2,5 bilhões/ano (DESTRO et al., 2012). A abordagem da fiscalização e da punição tem se mostrado pouco efetiva. Acredita-se que investir em ações de cunho preventivo, como programas e parcerias com instituições de ensino e de pesquisa, buscando divulgar e implantar práticas alternativas de manejo e uso dos recursos naturais nas propriedades possa ter maior eficácia no combate aos crimes e infrações ambientais.

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Por fim, registra-se que os fatores relevo e hidrografia não influenciaram na prática de crimes contra a Fauna, sendo analisados nos crimes de pesca e flora.

470 Ocorrências

300

52% 250 243 200

150

21% 100 17% 100 10% 81 50 46 0 Coronel Fabriciano Ipatinga Santana de Paraíso Timóteo

Figura 19: Crimes contra a fauna nos municípios da Região Metropolitana do Vale do Aço Fonte: Polícia Militar Ambiental de Minas Gerais. Elaborado pelo autor.

Tabela 12: Ocorrências dos crimes ambientais relativos à Fauna

OCORRÊNCIAS TOTAL ferir animais silvestres/domesticos/nativos/exoticos 3 matar/cacar/apanhar especimes fauna silvestre s/aut 15 outras infracoes contra a fauna silvestre 16 praticar abuso/maus tratos contra animais 64 ter em cativeiro especimes fauna silvestre sem licenca 357 transportar especimes fauna silvestre nativa s/aut 8 utilizar animais fauna silvestre s/ aut 6 vender adquirir ovos/larva animais da fauna s/aut 1 TOTAL 470 Fonte: Polícia Militar Ambiental de Minas Gerais. Elaborado pelo autor.

O município de Coronel Fabriciano apresentou 100 ocorrências, 21% dos crimes. O município de Ipatinga apresentou o maior número de ocorrências, totalizando 243, 52% dos crimes, ou seja, mais da metade dos crimes praticados na Região Metropolitana do Vale do Aço ocorreram em Ipatinga.

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O município de Santana do Paraíso apresentou 46 ocorrências, 10% dos crimes, ou seja, o menor percentual. No que se refere ao município de Timóteo, este apresentou o total 81 ocorrências, 17% dos crimes. Conforme mencionado, entre os grupos de crimes ambientais, a fauna foi o único em que as ocorrências aumentaram ao longo do período de estudo. Portanto, as políticas públicas de proteção ao meio ambiente e as ações de combate aos crimes ambientais, para serem mais eficientes, devem ser elaboradas tendo por base estes dados. Lado outro, no período de 2012 a 2017 ficou constatado uma maior prática destes crimes nos meses de outubro a fevereiro. Portanto, verifica-se que nesses meses deve intensificar as ações de prevenção e combate aos crimes que envolvam animais silvestres, inclusive com companhas de educação ambiental, tendo em vista que, conforme citado neste trabalho, as campanhas educacionais são eficazes como forma de prevenção.

6.1.4.4. Análise dos crimes ambientais relacionados à Flora

A proteção da flora está prevista no artigo 225, § 1º, inciso VII, da Constituição Federal, bem como na Seção I do Capítulo V da Lei 9.504/98 – LCA, em seus artigos 38 a 53. No rol destes crimes, o legislador pretendeu proteger a flora, as florestas e as unidades de conservação, crimes relacionados ao meio ambiente natural. Na Região Metropolitana do Vale do Aço, entre os anos de 2012 a 2017, foram registrados 992 ocorrências de crimes contra a Flora (tabela 13). Estes crimes são os de maior ocorrência, representando 35% (Figura 12). Neste grupo o de maior ocorrência foi de “Explorar florestas, vegetação em área de preservação permanente sem autorização”, totalizando 383; seguido do crime de “provocar incêndio em florestas, matas, vegetação”, no total de 284 (tabela 13). Os crimes mais praticados se enquadram nos artigos 39, caput e 40, caput, da LCA, com pena de reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa (tabela 6). Estudos realizados sobre a ocorrência dos crimes ambientais registradas em municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte, contatou-se que o crime de maior ocorrência também foi relacionado com a “exploração de florestas em condição de APP ou área comum sem autorização” (SOUZA e BRAGA, 2017). Contudo, no relatório de ocorrências ambientais do estado do Rio de Janeiro, verificou- se a maior ocorrência do crime de “provocar incêndio em florestas, matas ou

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qualquer outra forma de vegetação” (SOUZA e BRAGA, 2017), sendo este o segundo crime em ocorrências na RMVA. Conforme citado nos crimes contra a fauna, os municípios da RMVA possuem várias Áreas de Preservação Ambiental (APA) e Áreas de Preservação Permanente (APP), que em sua maioria, coincidem com as suas zonas rurais (PDDI, UNILESTE, 2014). Como há uma pressão para a expansão urbana sobre a área rural, muitas edificações são feitas próximos a cursos d’água, como ribeirões, tendo suas margens caracterizadas como área de proteção, vindo a ser identificado um número expressivo de crimes caracterizados por exploração de florestas em área de preservação permanente, bem como de provocar incêndio. Os incêndios são, geralmente, provocados por meio da queima de roçado, limpeza de terreno baldio, queima de lixo, entre outras ações inclusive mínimas, como o descarte de ponta de cigarro em margens de estrada (DIÁRIO DO AÇO, 2015).

922 Ocorrências

300 29% 27% 250 264 253 23% 21% 200 213 192 150

100

50

0 Coronel Fabriciano Ipatinga Santana de Paraíso Timóteo

Figura 20: Crimes contra a flora nos municípios da Região Metropolitana do Vale do Aço Fonte: Polícia Militar Ambiental de Minas Gerais. Elaborado pelo autor.

Tabela 13: Ocorrências dos crimes ambientais relativos à Flora OCORRÊNCIAS TOTAL adquirir produtos da flora de floresta s/doc controle 1 armazena comercializa carvao emp s/ doc controle amb 13 armazenar produtos flora nativa s/ doc controle amb 2 comercializa prod flora nativa s/ doc controle amb 2

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cortar arvores esparsas em areas comuns s/ aut 7 cria ocorrencia incendio rod/ferro area presercao legal 1 deixar renovar cadastro orgao ambiental no prazo 1 desenvolver ativ dificulte regeneracao natural floresta 21 desmatar floresta terras dominio pub.ou devolutas s/aut 1 desrespeitar embargo ou suspensao atividades de flora 1 explora floresta veg especies area comuns s/aut 35 explorar florestas vegetacao unid conservacao s/aut 9 explorar florestas veg area preservacao perman s/aut 383 extrai floresta dominio pub pedra, areia, cal s/ aut 1 fazer queimada controlada c/ aut s/ precaucoes 2 fazer queimada sem autorizacao do orgao ambiental 25 iniciar ativid benef prod florestal s/ reg orgao amb 5 iniciar ativid comercio prod florestal s/ reg orgao amb 2 iniciar ativid consumo prod florestal s/ reg orgao amb 4 maltratar arvores/plantas logradouros publicos s/aut 41 outras infracoes ambientais contra a flora 29 provocar incendio em florestas, matas/vegetacao 284 realizar corte arvores areas preservacao permanente 5 realizar corte raso de arvores em lotes urbanos s/ aut 15 realizar o corte s/aut de arvore imune de corte 1 recebe prod flora s/ fins com/nd s/ doc controle amb 1 retirar veg p/ parcelam solo ou implantacao lote s/ aut 3 transporta carvao empacotado s/ doc controle ambiental 4 transportar motosserra e aparelhos s/ licenca ou venc 5 transportar prod flora de floresta s/doc controle 2 utilizar arvores madeira nobre p/ lenha ou carvao 2 utilizar doc controle / aut falsificado ou adulterado 1 utilizar documento de controle ou autorizacao furtado 1 utilizar motosserra s/ registro no orgao amb 1 utilizar trator esteira em floresta s/ registro 11 TOTAL 922 Fonte: Polícia Militar Ambiental de Minas Gerais. Elaborado pelo autor.

O município de Coronel Fabriciano apresentou 192 ocorrências, 21% dos crimes, menor percentual dos crimes contra a flora. O fator que influenciou este município a ter o menor número de ocorrências foi que, entre 2000 e 2010, a população teve uma taxa média de crescimento anual de 0,62%, uma redução significativa, considerando-se que na década anterior, de 1991 a 2000, a taxa média de crescimento anual foi de 1,21%. As taxas de crescimento experimentadas por Coronel Fabriciano ficaram entre as mais baixas da região (IBGE, censo 2010).

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Outro fator importante é sua extensa área de plantação de Eucalipto, ou seja, 43,53% (tabela 10) que provoca baixa existência de área rural. Ademais, ao contrário dos outros municípios, a mancha urbana de Coronel Fabriciano ainda encontra-se inserida em seu perímetro urbano (Figuras 2 e 8), o que pode ser explicado de possuir na região noroeste a Serra do Cocais, que devido a altitude, impede a expansão urbana para a área rural. No mesmo sentido, afirma Vasconcellos (2014, p.69) “geograficamente, o território do município de Coronel Fabriciano não possui grande capacidade de expansão. A sul, temos o rio Piracicaba como uma barreira natural a leste, o município de Ipatinga, a oeste o município de Antônio Dias e uma declividade bastante acentuada. Resta o sentido norte, porém, esse possui uma barreira natural de difícil ocupação, que é a Serra dos Cocais, pois topograficamente, não oferece condições para a sua expansão”. Ipatinga apresentou 253 ocorrências (27%), o que destoou em relação aos outros grupos de crimes ambientais, tendo em vista que não apresentou o maior número, sendo superado pelo município de Santana do Paraíso, que apresentou 29% dos crimes. Por possuir a maior população, Ipatinga aparece entre os de maior número de ocorrências, eis que possui menor área territorial, mas com grande expansão da área urbana em direção as áreas de florestas e área rural. Porém, um fator que contribui para Ipatinga ter menor ocorrência do que Santana do Paraíso é por possuir uma pequena área rural (16,23%), 10,65% do seu território é plantação de eucalipto, área pequena se comparada a outros municípios, bem como possui uma pequena de área de Mata Atlântica (6,89%), conforme tabela 10. Ademais, Ipatinga, hoje, não possui áreas para expansão urbana, pois os terrenos disponíveis são poucos para atender a demanda existente e crescente (VASCONCELLOS, 2014). O município de Santana do Paraíso foi o que apresentou o maior número de ocorrências de crimes ambientais, no total de 264 ocorrências (29%). Este município apresentou entre 2000 e 2010 uma taxa média de crescimento anual alta, 4,15% (IBGE, censo 2010), a maior de todos os municípios da RMVA, fator que contribuiu para o maior número de ocorrências. Entre 2004 e 2014, Santana de Paraíso teve a maior taxa anual de crescimento da mancha de ocupação urbana, ficando em torno de 5,82% ao ano. Assim, enquanto em 2004 representava apenas 11% da mancha de ocupação urbana da RMVA, em 2014 esse número teve um aumento considerável, passando para 15% (tabela 3). Portanto, a expansão da

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mancha urbana se intensificou no sentido à sua área rural e de áreas de florestas (Figura 2 e 3). E mais, com o surgimento das siderúrgicas no Vale do Aço, o município de Santana do Paraíso teve seu crescimento acelerado. Além disso, sua posição em relação aos eixos viários da região, como o coincidente entroncamento, tanto fluvial (Fozes dos Rios Piracicaba e Ipanema no Rio Doce), quanto ferroviário (EFVM), rodoviário (MG232, BR 381 e BR458) e aéreo (aeroporto regional) contribuiu e ainda contribui para tal desenvolvimento (VASCONCELLOS, 2014). Nesse cenário, Ipatinga exerce grande pressão de expansão urbana sobre o município de Santana do Paraíso, transbordando seu crescimento sobre o território do mesmo. Os bairros: Industrial, Parque Caravelas e Cidade Nova, assim como o distrito industrial de Santana do Paraíso, estão mais próximos do centro de Ipatinga do que da sede do município (VASCONCELLOS, 2014). A falta de um planejamento urbano no município de Santana do Paraíso, fará com que sofra essa pressão, originando vários loteamentos esparsos, de infraestrutura precária, dando condições a ocupações irregulares e inadequadas com desmatamentos, terraplanagem em áreas de acentuada declividade, abertura de vias sem drenagem (VASCONCELLOS, 2014). Segundo Silva Neto (2012, p.87) “a vegetação encontra severamente alterada, tendo sofrido ao longo do processo de ocupação humana, uma considerável depauperação, pela retirada de espécies para uso nobre em serraria, corte raso para implantação de culturas agrícolas e pastagens, além dos incêndios florestais”. Quanto ao relevo, verifica-se que a noroeste do município também se encontra a Serra do Cocais, porém, tendo em vista o tamanho do município, esta Serra não tem dificultado a expansão urbana para a área rural e áreas de florestas (Figura 2 e 5). Conforme figura 6, o crescimento urbano do município segue principalmente as margens do ribeirão do Achado, levando a grande desmatamento de área de proteção permanente. No que se refere a Timóteo, houveram 213 ocorrências, figurando em terceiro entre os municípios. Apesar de possuir uma área territorial e população menor do que Coronel Fabriciano, ele possui a maior extensão da Mata Atlântica na região (80,46%) representada pelo PERD, que cria uma barreira natural à expansão urbana na região leste de Timóteo (tabela 4) e devido à exiguidade territorial, a expansão urbana vem ocorrendo justamente no sentido a estas áreas (Figura 2,4 e 7).

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Ademais, o município não possui impedimento de crescimento populacional no que tange ao fator relevo, tendo em vista que a Serra do Cocais não se encontra dentro do seu limite territorial. Pelo contrário, o município possui regiões de menor altitude, por estar próximo aos rios e ribeirões, o que facilita a expansão urbana. Portanto, no período compreendido entre 2012/2017, o município de Santana do Paraíso apresentou o maior número de ocorrências registradas, representando 29%, seguido por Ipatinga, 27%, Timóteo, 23%, sendo que o município de Coronel Fabriciano menor percentual, 21%.

6.1.4.5. Análise dos crimes ambientais relacionados ao Patrimônio Cultural

A base de dados da PMMG possui o grupo de crimes contra o patrimônio, porém importante registrar que neste grupo também inclui os crimes contra o ordenamento urbano. Na seção IV do Capítulo V da LCA, o legislador reservou quatro artigos para os crimes contra o ordenamento urbano e patrimônio cultural, sendo que os praticados contra o ordenamento urbano estão previstos nos artigos 64/65 e contra o patrimônio cultural nos artigos 62/63. Nos termos da Lei 6.938/81, meio ambiente cultural consiste no patrimônio nacional, incluindo as relações culturais, turísticas, arqueológicas, paisagísticas e naturais. Já o meio ambiente artificial é formado pelos espaços urbanos. Na Região Metropolitana do Vale do Aço, entre os anos de 2012 a 2017, foram registrados 55 crimes que se enquadram no grupo do Patrimônio Cultural (tabela 14). Estes crimes são os de menor ocorrência na Região Metropolitana do Vale do Aço, totalizando 2% (Figura 12). O de maior ocorrência foi “Pichar, grafitar ou conspurcar edificações/monumento urbanos”, no total de 49, classificados como crimes contra o ordenamento urbano. Os crimes contra o patrimônio cultural são poucos se levarmos em consideração as ocorrências dos outros crimes, sendo positiva esta constatação (tabela 14). O crime mais praticados se enquadram no artigo 65 da LCA, com pena de Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa (tabela 8).

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55 Ocorrências

25 40% 38% 20 22 21

15 22%

12 10

5

0 0 Cel Fabriciano Ipatinga Santana do Paraíso Timóteo

Figura 21: Crimes contra o Patrimônio Cultural nos municípios da Região Metropolitana do Vale do Aço Fonte: Polícia Militar Ambiental de Minas Gerais. Elaborado pelo autor.

Tabela 14: Ocorrências dos crimes ambientais relativos ao Patrimônio Cultural. OCORRÊNCIAS TOTAL alterar estrutura edif ou local protegido por lei 1 outras infracoes c/ urb / pat. cultural / adm amb 4 pichar, grafitar ou conspurcar edif/monumento urbano 49 promover const em solo nao edificavel ou no entorno 1 TOTAL 55 Fonte: Polícia Militar Ambiental de Minas Gerais. Elaborado pelo autor.

O município de Coronel Fabriciano apresentou 22 ocorrências, o que representa 40%, maior registro dos crimes contra a o patrimônio cultural. O município de Ipatinga apresentou 21 ocorrências (38%). O município de Santana do Paraíso não apresentou ocorrência. Quanto ao município de Timóteo, este apresentou 12 ocorrências (22%). Os crimes de pichação são praticados principalmente em muros, casas, placas, prédios, lojas, muitas vezes associados a vandalismo por grupo de jovens na região, sendo o fator populacional com grande influência na prática destes crimes. Por serem mais populosas e possuir maior área urbana os município de Coronel Fabriciano e Ipatinga apresentaram o maior número de ocorrência.

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Os fatores como relevo, hidrografia e vegetação não se enquadram para a análise dos crimes deste grupo, tendo em vista a maior pratica de crimes foi contra o patrimônio urbano.

6.1.4.6. Análise dos crimes ambientais relacionados à Pesca

Apesar de o crime de pesca ser uma espécie do gênero crimes contra a fauna, por questões didáticas optou-se por manter em uma categoria à parte, pelo volume de ocorrências. Este crime está relacionado a danos ao meio ambiente natural. Na Região Metropolitana do Vale do Aço, entre os anos de 2012 a 2017, foram registrados 112 (tabela 14) o que corresponde a 4% dos tipos de crimes (Figura 23). O de maior ocorrência foi “outras infrações ambientais relativos à pesca”, no total de 25; seguido pelo crime de “guardar ou transportar aparelho de pesca de uso proibido”, no total de 21 (tabela 14). Os crimes mais praticados se enquadram no Art. 35 da LCA, com pena de reclusão de um ano a cinco anos (tabela 5). Assim como no grupo de Atividades Poluidoras, o grupo da Pesca possui inconsistência no banco de dados da PMMG, ou seja, registro apenas com a descrição “outros crimes ambientais”, o que impede uma análise mais detalhada para desenvolvimento de trabalhos voltados para proteção ao meio ambiente e para o combate dos crimes ambientais. Estudos realizados sobre a ocorrência dos crimes ambientais registradas em municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte, contatou-se que o crime de maior ocorrência foi o relacionado a “guardar ou transportar aparelho de pesca de uso proibido”. No estado do Rio de Janeiro, o de maior ocorrência foi de “realizar atos de pesca com técnicas ou métodos proibidos” (SOUZA e BRAGA, 2017). Logo, os crimes de pesca da RMVA se assemelham aos da Região Metropolitana de Belo Horizonte, mas se diferem do Rio de Janeiro. Quanto ao segundo crime de maior ocorrência “guardar ou transportar aparelho de pesca de uso proibido”, atualmente, os conjuntos de córregos, ribeirões e os rios da RMVA são caracterizados pelo entorno composto por centros urbanos onde ocorre muita pesca predatória, inclusive no período da piracema (PDDI, UNILESTE, 2014). No período de estudo ficou caracterizado uma queda no número de ocorrências, fato esse que pode ser explicado pela crise hídrica que assolou o Estado, em que os níveis das águas superficiais baixaram, significativamente, inviabilizando em diversas localidades a prática da pesca (SOUZA, 2016).

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A partir dos dados fornecidos, nos anos de 2012 a 2017, constata-se que as ocorrências dos crimes ambientais de pesca ocorreram principalmente nos meses de novembro a fevereiro, justamente no período da piracema. Portanto, o combate aos crimes de pesca deve ser intensificado neste período com maior número de ações para prevenções e combate a prática desta espécie de crime ambiental.

112 Ocorrências

50 45 38% 37% 40 43 41 35

30

25

20 13% 15 12% 15 10 13 5

0 Cel Fabriciano Ipatinga Santana do Paraíso Timóteo

Figura 22: Crimes de Pesca nos municípios da Região Metropolitana do Vale do Aço Fonte: Polícia Militar Ambiental de Minas Gerais. Elaborado pelo autor.

Tabela 15: Ocorrência dos crimes ambientais relativos à Pesca OCORRÊNCIAS TOTAL adquirir transp especime c/ tamanho inf ao permitido 1 dificultar acoes fiscalizadoras feita pelos agentes 2 fabricar transp aparelho pesca uso proib p/ toda categ 1 guardar ou transp aparelho pesca uso proibido p/ categ 21 manter ativ comercio/armazem pesca s/ reg org mbiental 8 manter atividade fabric/com equip pesca s/registro 2 nao realizar declaracao de estoque do pescado no prazo 19 outras infracoes ambientais rel. pesca 25 portar/ aparelho pesca s/licenca de pesca 4 praticar ato pesca estando s/licenca ou vencida 5 praticar ato pesca utilizando equip nao autorizados 3 realizar atos pesca locais proibidos/ interditados 9 realizar atos pesca com metodos proibidos 2 transportar prod pesca s/ doc comprovem a origem 2 utilizar aparelho pesca uso proibido p/ categ pesca 8 TOTAL 112 Fonte: Polícia Militar Ambiental de Minas Gerais. Elaborado pelo autor.

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Os quatro municípios da região metropolitana são cortados pelo rio Piracicaba onde iniciou as ocupações urbanas, inclusive por ser próximo ao local onde foram instaladas as grandes industriais da região. Com o crescimento populacional, a mancha urbana foi crescendo margeando os ribeirões destes quatro municípios (Figura 6) O município de Coronel Fabriciano apresentou 13 ocorrências, 12% dos crimes, menor percentual. O município de Ipatinga apresentou 43 ocorrências (38%), maior número. O município de Santana do Paraíso apresentou o percentual de 13%, no total de 15 ocorrências. No que se refere ao município de Timóteo, este apresentou o total 41 ocorrências, (37%). O município de Timóteo possui várias lagoas dentro do Parque Estadual do Rio Doce em que ocorre muita pesca ilegal devido à dificuldade de fiscalização. Portanto, no período compreendido entre 2012/2017, Ipatinga foi o município que representou o maior percentual de crimes de pesca, seguido do município de Timóteo, Santana do Paraíso e por último o município de Coronel Fabriciano.

6.1.4.7 Análise dos crimes ambientais relacionados aos Recursos Hídricos

Por questões didáticas foi estabelecido um grupo de crimes ambientais dos Recursos Hídricos, tendo em vista o banco de dados fornecido pela Polícia Militar de Minas Gerais. Outro aspecto a ser levado em consideração é que os crimes contra os recursos hídricos não se enquadram aos tipos previstos na LCA, mas sim ao crime de Usurpação de Águas previsto no Código Penal. A RMVA encontra-se na Bacia Hidrográfica do Rio Doce e quase sua totalidade na sub- bacia do Rio Piracicaba (Figura 6). Foram registradas 80 ocorrências de crimes contra os Recursos Hídricos, o que representa 3% do total de crimes na região (Figura 12). Destes, o de maior ocorrência foi de “causar intervenção com danos aos recursos hídricos”, totalizando 23 (tabela 15). De acordo com o Código Penal, art. 161, aquele que desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, águas alheias, que prevê pena detenção, de um a seis meses, e multa. Estudos realizados sobre a ocorrência dos crimes ambientais registradas em municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte, contatou-se que o crime de maior ocorrência foi o relacionado à “utilização e intervenção em recursos hídricos sem autorização” e na “captação ou derivação água superficial sem autorização”. Estes foram os mesmos crimes em recursos hídricos mais registrados no estado do Rio de Janeiro (SOUZA e BRAGA, 2017), portanto diferentes do crime mais praticado na RMVA.

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As principais causas que acarretam problemas em relação à disponibilidade de recursos hídricos em uma região são: poluição das águas; crescimento do consumo; o uso do solo (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 1977). As microbacias (item 4.1.4) induziram a ocupação urbana nos municípios da Região Metropolitana do Vale do Aço. Os loteamentos que surgiram na região foram ocupando as regiões de fundo de vale (PDDI, UNILESTE, 2014). Portanto, a ocupação do solo nestas microbacias apresenta como fator que contribuiu para os crimes contra os Recursos Hídricos. O tipo de utilização que é dado ao solo tem grande influência na situação dos recursos hídricos de uma dada bacia. Os constantes desmatamentos podem acarretar a diminuição das vazões dos cursos d'água. Entre os diversos usos da água pelo homem destacam-se os seguintes: abastecimento doméstico; abastecimento industrial; matéria prima para indústria; irrigação; transporte; diluição de despejos (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 1977). Portanto, os empreendimentos imobiliários implantados de forma irregular em unidades de conservação sem os devidos cuidados ambientais, principalmente em relação às lagoas e aos cursos d’água na região é fator que contribui para os danos aos Recursos Hídricos (PDDI/UNILESTE, 2014). Importante citar que estudos realizados sobre a análise dos impactos ambientais da urbanização sobre os recursos hídricos na sub-bacia do Córrego Vargem Grande em Montes Claros-MG, também constatou que o aumento do processo de ocupação urbana gera impactos nas sub-bacias, sendo os loteamentos urbanos um dos principais responsáveis pela remoção de vegetação e aumento do escoamento das águas pluviais a jusante (SILVA et al., 2016). E mais, conforme citado, os conjuntos de ribeirões, riachos e rios da RMVA são caracterizados pelo entorno composto por centros urbanos, áreas de produção agrícola, áreas de cultivo de eucalipto, bem como onde ocorrem diversas atividades antrópicas, como a mineração, desmatamento, que levam a prática de crimes ambientais (PDDI/UNILESTE, 2014).

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80 Ocorrências

35

30 36%

25 29

20 24% 20% 20% 15 19 16 16 10

5

0 Cel Fabriciano Ipatinga Santana do Paraíso Timóteo

Figura 23: Crimes contra os Recursos Hídricos nos municípios da Região Metropolitana do Vale do Aço Fonte: Polícia Militar Ambiental de Minas Gerais. Elaborado pelo autor.

Tabela 16: Ocorrências dos crimes ambientais relativos aos Recursos Hídricos OCORRÊNCIAS TOTAL captar ou derivar agua superficial sem autorizacao 3 causar intervencao c/ danos aos recursos hidricos 23 construir ou utilizar barragens s/aut 1 desativar poco cisterna s/ tamponamento conf criterios 2 desviar parcialmente cursos de agua sem a autorizacao 2 emitir lancar efluentes liquidos s/ aut 2 extrair agua sub.sem autorizacao 15 extrair captar agua p/ consumo humano s/aut 8 intervir p/ desassoreamento de cursos d'agua s/aut 1 outras infracoes contra os recursos hidricos 10 perfurar poco tubular s/ aut de perfuracao 3 poluir ou causar dano aos recursos hidricos 4 utilizar e intervir em recursos hidricos s/aut 6 TOTAL 80 Fonte: Polícia Militar Ambiental de Minas Gerais. Elaborado pelo autor.

O município de Coronel Fabriciano apresentou 16 ocorrências, o que representa 20% dos crimes. O município de Ipatinga apresentou 29 ocorrências (29%), maior número de crimes contra os Recursos Hídricos.

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Como citado, Ipatinga concentra 44,65% da área urbana da região e a maior população, totalizando 261.344 habitantes (IBGE, 2018), o que contribui para figurar como o município que apresenta o maior número de ocorrências dos crimes ambientais na Região. E mais, o ribeirão Ipanema sofre gravemente com a degradação ambiental, principalmente com o despejo de lixo e esgoto ao longo de seu curso, assoreamento das margens, poluição hídrica com esgotos domésticos e de pequenas indústrias, oficinas ou matadouros, extinção da biodiversidade local e erosão (PREFEITURA IPATINGA, 2010). O município de Santana do Paraíso apresentou o percentual de 24%, no total de 19 ocorrências. Já o município de Timóteo apresentou o total 16 ocorrências (20%). O fato do município de Santana do Paraíso figurar como segundo entre os municípios pode ser explicado por ter uma taxa média de crescimento anual alta, 4,15% (IBGE, 2010), a maior de todos os municípios da RMVA. Ademais, ao longo dos anos, o município tem sofrido pressão para expansão da mancha urbana sobre sua área rural (Figura 2 e 3). Com área de 4.570 ha, a bacia do Ribeirão da Garrafa, por abrigar o maior número de bairros do município, apresenta características de ocupação das mais diversas, ocasionando problemas de inundações e assoreamento nos fundos de vales (SILVA NETO, 2012). Ademais, entre 2004 e 2014, repita-se, o município de Santana de Paraíso teve a maior taxa anual de crescimento da mancha de ocupação urbana, ficando em torno de 5,82% ao ano. Assim o município que em 2004 representava apenas 11% da mancha de ocupação urbana da RMVA, em 2014 essa número teve um aumento considerável, passando para 15% (tabela 3). Portanto, a expansão da mancha urbana se intensificou no sentido à sua área rural que influência nos crimes contra os recursos hídricos (Figura 2 e 3). Para corroborar o fator acima, Leme (2007), em estudo sobre a bacia do Ribeirão Piracicarmirim/SP, estudos anteriores tem evidenciado que a região da Bacia do rio Piracicaba está sendo afetada por processos erosivos, desmatamento acentuado e ocupação de áreas de proteção ambiental, processos resultantes da ação antrópica. Portanto, especial atenção deve ser dada ao consumo de água que a cada dia cresce rapidamente devido principalmente, ao crescente aumento da população e surgimento vertiginoso de indústrias. A disponibilidade de água de boa qualidade torna-se a cada dia que passa mais escassa, principalmente nas bacias hidrográficas localizadas junto a regiões industrializadas, como é o caso da região do Vale do Aço.

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O panorama geral dos crimes ambientais no período de 2012 a 2017 mostrou uma situação preocupante, principalmente quanto ao número de ocorrência de crimes registrados no município de Ipatinga, o aumento dos crimes contra a fauna e o número elevado de crimes contra a flora na Região Metropolitana do Vale do Aço. O aspecto positivo foi a queda de 18% dos crimes ambientais no período de 2012 a 2017, que decorre do aumento das ações na região de prevenção contra infrações e crimes ambientais desencadeadas pela Polícia Militar Ambiental como blitz educativas, palestras, articulações com diversos órgãos e serviços e visitas às propriedades rurais da região. Portanto, importante manter projetos de ações para prevenção contra os crimes ambientais pela Polícia Militar Ambiental para garantir efetividade na aplicação da Lei 9605/98 (Lei de Crimes Ambientais). Ficou demonstrado que a média dos crimes ambientais no período de 2012 a 2017 foi de 655,5 ocorrências, sendo Ipatinga o único município com ocorrências acima da média apresentada, ou seja, 969 ocorrências. Os demais municípios da Região Metropolitana do Vale do Aço estão abaixo da média. Um dos fatores que leva Ipatinga a figurar na maioria dos casos analisados como o município com o maior número de ocorrências de crimes ambientais é por possuir a maior população, com uma área territorial pequena, mas com grande expansão da área urbana à margem dos córregos e ribeirões e direcionada para as áreas de florestas e área rural. Quanto às ocorrências registradas dos crimes ambientais contra a Fauna, houve um aumento significativo entre os anos analisados, no percentual de 444%. Dentre os grupos de crimes ambientais este foi o único que apresentou aumento no período da pesquisa. Nos demais grupo houve queda ou ficou estável. Constatou-se que nos meses de outubro a fevereiro ocorreu a maior parte destes crimes. Portanto, nestes meses devem ser intensificadas as ações voltadas para a prevenção e combate aos crimes contra a fauna, principalmente no que se refere ao tráfico de animais, bem como intensificar as companhas de educação ambiental, eis que, conforme citado neste trabalho, as campanhas educacionais são eficazes no combate aos crimes, porém o crime contra a fauna teve um aumento significativo.

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Quanto aos crimes contra a flora, os municípios da RMVA possuem várias Áreas de Preservação Ambiental (APA) e Áreas de Preservação Permanente (APP), que em sua maioria, coincidem com as suas zonas rurais. Como há uma pressão para a expansão urbana sobre a área rural, muitas edificações são feitas próximos a cursos d’água, como ribeirões, tendo suas margens caracterizadas como área de proteção, vindo a ser apontado como fator de grande número de ocorrências de exploração de florestas em área de preservação permanente. Lado outro, foi constatado uma inconsistência na base de dados da PMMG quando ocorre o registro dos crimes ambientais apenas com a descrição “outros crimes ambientais”, sem especificar quais os crimes, conforme pode ser observado no grupo de Atividades Poluidoras e Pesca. Muitas ocorrências foram registradas desta forma o que impede uma análise mais detalhada para servir de base no desenvolvimento de trabalhos voltados para o combate aos crimes ambientais e criação de políticas para proteção do meio ambiente. Portanto, deve ser estruturado o sistema que alimenta a base de dados dos crimes ambientais de forma a detalhar os tipos de crimes praticados. Verificou-se também que as ações de prevenções como campanhas educacionais, blitz educativas, palestras, articulações com diversos órgãos e serviços e visitas às propriedades rurais da região desencadeia maior conhecimento pela população dos tipos de crimes ambientais e proporciona uma maior conscientização para proteção ao meio ambiente e a denúncias de crimes praticados. Percebe-se isso, tendo em vista que, enquanto houve uma diminuição dos crimes ambientais entre os anos de 2012 e 2017, desencadeados por ações de prevenção, ocorreu um aumento das denúncias dos crimes ambientais ao longo do período de estudo, o que mostra a eficácia um programa de educação ambiental. Por fim, importante refletir sobre a flexibilização do licenciamento ambiental, tratado em projetos de lei que tramitam no Congresso Nacional e alteram os procedimentos de liberação de licenças ambientais para empreendimentos, colocando em risco toda a segurança ambiental da população brasileira, tendo em vista que a esta flexibilização faz acreditar que a maioria das empresas com atividade que podem causar dano ao meio ambiente não busquem compreender quais danos elas podem causar e de que maneira poderiam minimizar os impactos provocados.

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8. CONCLUSÃO

Este estudo procurou analisar as ocorrências dos crimes ambientais na Região Metropolitana do Vale do Aço. O destaque quanto ao município de Ipatinga, que apresentou o maior número de ocorrências, o aumento dos crimes contra a fauna e o número significativo de crimes contra a flora, é de extrema importância para que se direcionem as ações de combate e prevenção aos crimes ambientais. Fator preponderante para a preservação do Patrimônio Ambiental e Cultural é a Educação Ambiental. A Lei Federal Nº 9.795, de 1999, dispõe sobre a educação ambiental e institui a Política Nacional de Educação Ambiental. A referida lei define educação ambiental como os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e à sua sustentabilidade. Acredita-se que investir em ações de cunho preventivo, como programas e parcerias com instituições de ensino e de pesquisa, parcerias com os setores da comunidade e da Polícia Militar Ambiental, buscando divulgar e implantar práticas alternativas de manejo e uso dos recursos naturais possa ter maior eficácia no combate aos crimes e infrações ambientais. E mais, ações integradas voltadas à preservação do meio ambiente, recuperação da bacia hidrográfica, proteção das áreas de proteção ambiental dentro da RMVA devem ser inseridas nas políticas públicas para conter e evitar os crimes ambientais. Importante criar instrumentos que regulam, por meio de proibições, restrições e obrigações impostas, o uso de bens e serviços e a realização de atividades, aos indivíduos e organizações, sempre regulamentadas por normas ambientais.

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9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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